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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL SUBPRODUTOS AGROINDUSTRIAIS NA ALIMENTAÇÃO DE BOVINOS DE CORTE TERMINADOS EM CONFINAMENTO Pedro Leonardo de Paula Rezende Orientador: Prof. PhD. João Restle GOIÂNIA 2011

SUBPRODUTOS AGROINDUSTRIAIS NA ALIMENTAÇÃO DE …portais.ufg.br/up/67/o/semi2011_Pedro_Leonardo_1c.pdf · tropicais do gênero Brachiaria, ... físico ou termoquímico de extração

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

SUBPRODUTOS AGROINDUSTRIAIS NA ALIMENTAÇÃO DE BOVINOS DE

CORTE TERMINADOS EM CONFINAMENTO

Pedro Leonardo de Paula Rezende

Orientador: Prof. PhD. João Restle

GOIÂNIA

2011

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PEDRO LEONARDO DE PAULA REZENDE

UTILIZAÇÃO DE SUBPRODUTOS AGROINDUSTRIAIS NA ALIMENTAÇÃO

DE BOVINOS DE CORTE TERMINADOS EM CONFINAMENTO

Área de concentração:

Produção Animal

Orientador:

Prof. PhD. João Restle

Comitê de orientação:

Prof. Dr.Juliano José de Resende Fernandes

Prof. Dr. João Teodoro Pádua

GOIÂNIA

2011

Seminário apresentado na

disciplina seminários aplicados

do Programa de Pós-

Graduação em Ciência Animal

da Escola de Veterinária e

Zootecnia da Universidade

Federal de Goiás.

3

SUMÁRIO

Pág.

1 INTRODUÇÃO.......................................................................... 1

2 REVISÃO DE LITERATURA.................................................... 3

2.1 Subprodutos da produção de biodiesel................................ 3

2.2 Subprodutos da indústria sucroalcooleira........................... 7

2.3 Casca de soja........................................................................... 10

2.4 Subprodutos de fecularia...................................................... 13

2.5 Subproduto de cervejaria....................................................... 15

2.6 Polpa de cítrus......................................................................... 16

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................... 18

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................... 19

4

LISTA DE TABELAS pág

Tabela 1

Peso inicial (PI), peso final (PF), ganho em peso médio diário (GMD), consumo de matéria seca (CMS), conversão alimentar (CA), área de olho de lombo (AOL), espessura de gordura subcutânea (EGS) de bovinos terminados em confinamento alimentados com diferentes fontes de proteína

4

Tabela 2

Consumo de matéria seca (CMS), consumo de proteína bruta (CPB), consumo de fibra em detergente neutro (CFDN), consumo de fibra em detergente ácido (CFDA) de bovinos confinados recebendo dietas contendo farelo de mesocarpo de babaçu em substituição ao milho

6

Tabela 3

Consumo de matéria seca (CMS), ganho em peso médio diário (GMD), conversão alimentar (CA), peso da carcaça quente (PCQ), rendimento da carcaça quente (RCQ), comprimento da carcaça (CC), área de olho de lombo (AOL), espessura de gordura subcutânea (EGS) e força de cisalhamento (FC) de novilhos terminados em confinamento alimentados com níveis de glicerol

7

Tabela 4

Peso médio final (PF), ganho em peso médio diário (GMD), consumo de matéria seca (CMS) e eficiência alimentar (EA) de bovinos terminados em confinamento alimentados com níveis de bagaço de cana

8

Tabela 5

Peso da carcaça quente (PCQ), rendimento da carcaça quente (RCQ), peso do fígado (PFig) área de olho de lombo (AOL) e espessura de gordura subcutânea (EGS) de bovinos terminados em confinamento alimentados com níveis de bagaço de cana

9

Tabela 6

Peso inicial (PI), peso final (PF), ganho em peso médio diário (GMD), consumo de matéria seca (CMS) e eficiência alimentar (EA) de bovinos terminados em confinamento alimentados com níveis de bagaço de cana

10

Tabela 7

Peso inicial (PI), peso final (PF), ganho em peso médio diário (GMD), consumo de matéria seca (CMS) e eficiência alimentar (EA) de bovinos terminados em confinamento alimentados com diferentes fontes energéticas

11

Tabela 8

Peso da carcaça quente (PCQ), rendimento da carcaça quente (RCQ), quebra no resfriamento (QR), comprimento da carcaça (CC), área de olho de lombo (AOL) e espessura de gordura subcutânea (EGS) de bovinos terminados em confinamento alimentados com diferentes fontes energéticas

12

Tabela 9 Peso da carcaça quente (PCQ), rendimento da carcaça quente (RCQ), espessura de coxão (ECO), área de olho de lombo (AOL)

13

5

e espessura de gordura subcutânea (EGS) e comprimento da coxa (CCOX), comprimento de perna (CPER) e força de cizalhamento (FC) de novilhas terminadas em confinamento alimentadas com diferentes fontes energéticas no concentrado

Tabela 10

Ganho médio diário (GMD), rendimento de carcaça quente (RCQ), conversão alimentar (CA), espessura de gordura de subcutânea (EGS), área de olho de lombo (AOL), comprimento de perna (CP) e espessura de coxão (EC) de novilhos alimentados com diferentes teores de resíduo de fecularia desidratado

14

Tabela 11

Consumo de matéria seca (CMS), ganho médio diário (GMD), conversão alimentar (CA) de bezerros alimentados com teores de substituição do milho pela farinha de varredura de mandioca

15

Tabela 12

Consumo de matéria seca (CMS), consumo de matéria orgânica (CMO), consumo de proteína bruta (CPB), consumo de extrato etéreo (CEE), consumo de carboidratos totais (CCT), consumo de fibra em detergente neutro (CFDN), consumo de fibra em detergente ácido (CFDA) de bovinos alimentados com teores de subproduto de cervejaria

16

Tabela 13

Ganho médio diário (GMD), consumo de matéria seca (CMS), proteína bruta (CPB) e energia bruta (CEB), conversão alimentar (CA) da MS, rendimento de carcaça (RC) e gordura de cobertura (CG) de bovinos alimentados com diferentes teores de polpa cítrica

17

6

1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos o Brasil se consolidou como um dos maiores

produtores e exportadores de carne bovina do mundo, fazendo da atividade

agropecuária um dos principais responsáveis pelo crescimento econômico do

país. Este fato evidencia a necessidade de tecnificação da pecuária de corte,

visando alcançar níveis produtivos elevados associados à eficiência

econômica, para que seja possível atender a crescente demanda de carne

bovina do mercado interno e se manter competitivo no mercado externo.

Segundo REZENDE et al. (2011) a produção de bovinos de corte no

Brasil é desenvolvida em sua maioria de maneira extensiva, em pastagens

tropicais do gênero Brachiaria, fazendo com que o desempenho dos animais

seja limitado em decorrência do decréscimo quantitativo e qualitativo destas

gramíneas, principalmente nos períodos de estiagem. Dessa forma o sistema

de produção de bovinos em confinamento é uma alternativa que possibilita a

rápida terminação dos animais por meio de elevadas taxas de ganho em peso,

reduzindo a idade de abate (RESTLE et al., 2004).

Nos sistemas de terminação de bovinos em confinamento cerca de 70%

dos custos de produção são decorrentes da alimentação (PACHECO et al.

2006). Nesse tipo de sistema os alimentos concentrados têm a maior

participação na composição dos custos da dieta total, sendo o milho (Zea

Mayz) o componente que mais onera o custo total do concentrado.

A utilização do milho para fabricação de etanol nos EUA, associada ao

fato de que esse grão constitui a principal fonte alimentar energética para

maioria das espécies de interesse zootécnico (principalmente aves e suínos),

aumentam a demanda por milho no mercado, limitando sua utilização na

terminação de bovinos em confinamento em decorrência do aumento do seu

preço. Nesse aspecto fica nítida a necessidade da condução de estudos

científicos contemplando a utilização de alimentos alternativos como fontes de

proteína, energia e fibras para bovinos, possibilitando a elaboração de

estratégias nutricionais que resultem em eficiência técnica e econômica da

terminação de bovinos em confinamento.

Por se tratar de um país com elevado potencial agroindustrial, o Brasil

produz anualmente grande quantidade de resíduos provenientes do

7

beneficiamento de produtos agrícolas e fabricação de biocombustíveis. Alguns

desses subprodutos industriais possuem características nutricionais que

possibilitam sua utilização na alimentação de bovinos em confinamento, desde

que haja disponibilidade regional, contribuindo também com aspecto ambiental

já que toneladas de resíduos deixariam de ser descartados no meio ambiente

para serem aproveitados na alimentação animal. O uso de subprodutos

industriais na alimentação de bovinos é importante, haja vista sua grande

disponibilidade em mercados estruturados para sua comercialização e os

custos reduzidos (MENDES et al., 2005).

Assim, objetivou-se com a condução desta revisão de literatura, discutir

resultados de pesquisa publicados em trabalhos científicos, abordando a

utilização de alguns subprodutos agroindustriais na alimentação de bovinos de

corte terminados em confinamento.

8

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Subprodutos da produção de biodiesel

Segundo ABDALLA (2008), o biodiesel é fabricado por meio de processo

físico ou termoquímico de extração da gordura ou óleo vegetal resultando na

obtenção dos subprodutos (torta, farelo, glicerol, etc.) que possuem

características nutricionais que possibilitam sua utilização na alimentação de

ruminantes. Estima-se para 2013, produção de 8,9 bilhões de toneladas de

subprodutos provenientes da indústria de biodiesel. As principais oleaginosas

utilizadas para sua obtenção são: a soja (Glycine max), girassol (Helianthus

annuus), mamona (Ricinus communis), dendê (Elaeis guineensis), pinhão-

manso (Jatropha curcas), nabo forrageiro (Raphanus sativus), algodão

(Gossypium spp. L.), amendoim (Arachis hypogaea), canola (Brassica napus),

gergelim (Sesamum arientale), babaçu (Orrbignya speciosa) e a macaúba

(Acrocomia aculeata).

Os subprodutos provenientes da indústria brasileira do biodiesel

possuem particularidades no que diz respeito a cuidados antes do fornecimento

aos animais devido a fatores tóxicos ou antinutricionais, quantidades máximas

dentro da formulação das dietas e práticas de armazenamento, além disso, a

grande variação da constituição nutricional dos subprodutos originados dessa

atividade deve ser considerada nas formulações (ABDALLA, 2008).

Para quantificar a presença de metabólitos secundários nas tortas e

farelos, é possível proceder a extração com metanol e/ou solução de acetona

sendo o extrato, analisado em cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE),

conforme metodologia específica para éster de forbol (MAKKAR & BECKER,

1999), gossipol (CAI et al., 2004), ricina (REYES & KODA, 2001) e flavonóides

(PEKKARINEN et al., 1999).

RIBEIRO et al. (2007) avaliando o desempenho na terminação de

bovinos em confinamento alimentados com diferentes fontes protéicas

constataram redução e aumento significativos (p<0,05) para o ganho em peso

médio diário (GMD) e conversão alimentar (CA), respectivamente, para as

dietas constituídas de farelo de algodão como fonte protéica, entretanto os

9

tratamentos não influenciaram (P>0,05) os parâmetros relativos a qualidade da

qualidade da carcaça (Tabela 1).

Tabela 1. Peso inicial (PI), peso final (PF), ganho em peso médio diário

(GMD), consumo de matéria seca (CMS), conversão alimentar

(CA), área de olho de lombo (AOL), espessura de gordura

subcutânea (EGS) de bovinos terminados em confinamento

alimentados com diferentes fontes de proteína

F. de soja F. de algodão p valor CV, %

PI, kg 306,30 309,00 n.s. 8,12 PF, kg 489,80 460,70 n.s. 7,71 GMD, kg/dia 1,64 1,35 0,057 12,85 CMS, kg/dia 7,76 7,47 0,012 14,82 CA, kgCMS/kgGMD 4,76 5,49 n.s. 7,89 AOL, cm2 71,91 70,55 n.s. 7,19 EGS, mm 3,49 3,48 n.s. 10,82

n.s. - não significativo; Fonte: adaptado de RIBEIRO et al. (2007)

CHIZZOTTI et al. (2005) observaram elevação do CMS sem alterar o

GMD ao estudarem a inclusão de casca de algodão como substituto parcial da

silagem de capim elefante (pennisetum purpurium) para novilhos de corte,

resultando em decréscimo da eficiência biológica e maior custo por unidade de

GMD. CRANSTON et al. (2006) estudaram o fornecimento de dietas contendo

caroço de algodão e seus subprodutos para bovinos confinados e não

constataram diferença significativa (P>0,05) no GMD dos animais.

DOMINGUES et al. (2010) ao estudarem o efeito da inclusão de níveis

de torta de girassol em substituição ao farelo de algodão para bovinos de corte

em confinamento, constataram comportamento cúbico (P<0,01) do CMS,

quando expresso em Kg/animal/dia. Entretanto, quando esta variável foi

expressa em percentual do peso vivo (%PV) ou g/kgPV0,75, constatou-se

comportamento linear decrescente (P<0,01). Segundo os autores esta redução

no CMS dos animais alimentados com dietas contendo maiores teores de torta

de girassol esteve relacionada aos ácidos graxos insaturados, presentes em

maior quantidade nesse subproduto, que têm ação tóxica sobre os

microrganismos fribrolíticos do rumem, o que pode acarretar decréscimo na

degradação da fibra da dieta, que resultaria em aumento do tempo de retenção

ruminal.

10

GARCIA et al. (2006) estudando a utilização do farelo de girassol na

dieta de bovinos alimentados em confinamento, constataram que o consumo

de matéria seca (CMS) e o GMD não foram influenciados até o nível de 45% de

substituição do farelo de soja pelo de girassol, evidenciando as potencialidades

de utilização desse subproduto.

Segundo BUENO et al. (2004), a torta de girassol pode ser fornecida a

ruminantes desde que respeitado o limite máximo de extrato etéreo da dieta

total, que segundo esses autores é de 7%, evitando desta maneira a possível

diminuição do CMS em conseqüência do decréscimo da digestibilidade da fibra

e de efeitos tóxicos a população fibrolítica do rumem.

BERAN et al. (2007) estudando o fornecimento de dietas contendo torta

de girassol para ruminantes determinaram a digestibilidade de componentes

nutricionais não degradados no rumem e verificaram que a digestibilidade total

da MS e da MO do grão integral de girassol foi maior (p<0,05) para todas as

taxas de passagem que a torta de girassol obtida por meio de prensagem. Os

autores justificaram que o teor de óleo não teve efeito negativo na digestão

desses componentes nutritivos.

COSTA et al. (2009) estudando o consumo e digestibilidade de dietas

com níveis de torta de dendê na alimentação de ruminantes constataram efeito

linear decrescente (p<0,05) dos níveis de adição do subproduto sobre o CMS

expresso em %PV. Os autores atribuem o menor valor de consumo ao elevado

teor de fibra da torta de dendê. Segundo os mesmos autores (COSTA et al.,

2009) as limitações da utilização da torta de dendê para ruminantes estão

relacionadas ao baixo teor de proteína e elevado percentual de FDN, que

resultam decréscimo dos coeficientes de digestibilidade e, conseqüentemente,

em baixo consumo voluntário.

MIOTTO (2011) estudando a utilização de subproduto proveniente da

extração do óleo de babaçu na alimentação de bovinos de corte terminados em

confinamento constataram que os consumo de MS e de nutrientes aumentaram

(p<0,01) à medida que o milho foi substituído pelo farelo do mesocarpo de

babaçu. Entretanto, o GMD não foi influenciado (P>0,05). Os autores

mencionam que, por elevar o consumo com o mesmo GMD, diminuindo

(p<0,05) a eficiência de conversão alimentar, o melhor nível de substituição

11

dependerá da relação de preço de mercado do subproduto e do milho por

ocasião da formulação das dietas. (Tabela 2).

Tabela 2. Consumo de matéria seca (CMS), consumo de proteína bruta (CPB),

consumo de fibra em detergente neutro (CFDN), consumo de fibra

em detergente ácido (CFDA) de bovinos confinados recebendo

dietas contendo farelo de mesocarpo de babaçu em substituição ao

milho

Níveis de farelo de babaçu, % Equação CV R2

0 25 50 75 100

CMS, Kg/dia 8,47 9,70 10,86 10,91 11,12 Ŷ =8,91+0,026x 14,3 0,84

CPB, Kg/dia 0,92 1,09 1,25 1,32 1,44 Ŷ =0,95+0,005x 14,9 0,98

CFDN, Kg/dia 2,75 3,25 4,08 4,56 5,11 Ŷ =2,75+0,024x 14,5 0,99

CFDA, Kg/dia 1,37 1,89 2,40 3,03 3,42 Ŷ = 1,37+0,021x 14,3 0,99

GMD, Kg/dia 1,55 1,57 1,72 1,53 1,36 Ŷ = 1,55 18,5 -

EA, GMD/CMS 0,18 0,16 0,15 0,14 0,12 Ŷ = 0,183 – 0,0005x 13,8 0,97 Fonte: adaptado de MIOTTO (2011)

JEAN (2011) estudando a utilização de glicerol na alimentação de

bovinos de aptidão leiteira terminados em confinamento não constataram efeito

significativo (P>0,05) dos níveis de inclusão desse subproduto na dieta sobre o

desempenho e características de carcaça dos animais, indicando que o glicerol

representa uma fonte energética alternativa que permite desempenho animal

similar ao de animais alimentados com milho como a principal fonte (Tabela 3).

12

TABELA 3. Consumo de matéria seca (CMS), ganho em peso médio diário

(GMD), conversão alimentar (CA), peso da carcaça quente (PCQ),

rendimento da carcaça quente (RCQ), comprimento da carcaça

(CC), área de olho de lombo (AOL), espessura de gordura

subcutânea (EGS) e força de cisalhamento (FC) de novilhos

terminados em confinamento alimentados com níveis de glicerol

Níveis de glicerol, % CV% p valor

0 6 12 24

CMS, kg/dia 11,53 9,71 9,89 10,51 15,85 0,28

GMD, kg/dia 1,49 1,49 1,56 1,59 25,32 0,98

CA, CMS/GMD 7,65 6,57 6,51 6,61 26,35 0,81

PCQ, kg 242,49 240,77 242,77 257,98 12,80 0,74

RCQ, kg 49,78 49,46 51,28 52,10 12,34 0,98

CC, cm 135,66 135,70 133,83 132,63 3,89 0,98

AOL, cm2 65,29 60,25 69,78 72,16 12,48 0,77

EGS, mm 3,66 6,25 4,50 6,33 41,03 0,89 FC, kg/cm3 8,46 7,14 7,02 8,26 22,98 0,22 Músculo, % 62,43 58,67 62,17 61,40 4,68 0,21

Osso, % 14,30 15,66 13,19 13,66 9,03 0,77

Gordura, % 24,32 26,18 26,17 26,27 11,38 0,35 Fonte: adaptado de JEAN (2011)

2.2 Subprodutos da indústria sucroalcooleira

O principal subproduto da indústria sucroalcooleira é o bagaço, material

fibroso proveniente da extração do caldo da cana. Ao final do processo, o

bagaço tem aproximadamente 30% da massa da cana com umidade em torno

de 50%. É o subproduto agroindustrial obtido em maior quantidade,

aproximadamente 280 Kg de bagaço/ton de cana moída, correspondendo a

cerca de 30% do total. Grande parte do bagaço produzido é utilizada pelas

próprias usinas no aquecimento de caldeiras e na geração de energia elétrica,

porém seu uso não está restrito a esse fim devido à grande quantidade

produzida e as suas propriedades físicas e químicas que possibilitam seu uso

na alimentação de ruminantes (SANTOS et al, 2005). Segundo LEME et al.

(2003) o bagaço de cana-de-açúcar pode ser uma alternativa interessante, já

que é um subproduto da agroindústria de grande excedente e baixo custo,

produzido na época de confinamento e escassez de forragem.

13

LEME et al. (2003) estudando a inclusão de níveis de bagaço de cana

como única fonte de fibras em dietas com elevada proporção de concentrados

para novilhos nelore terminados em confinamento, constataram efeito linear

decrescente (p<0,05) sobre o CMS em todas as formas de expressão desta

variável, com o aumento da inclusão de bagaço. Os resultados obtidos

poderiam ser explicados em parte, devido os efeitos de enchimento físico do

rumem resultantes do decréscimo da digestibilidade da dieta total com máxima

inclusão de bagaço. Entretanto apesar do decréscimo do CMS esta limitação

não foi suficiente para resultar em limitação dos demais parâmetros de

desempenho, sendo que o GMD médio foi de 1,43 kg/dia (Tabela 4). Os

autores complementam que os resultados positivos de desempenho obtidos

para todos os tratamentos poderiam ser atribuídos em parte a proporção de

amido relativamente baixa nas dietas com apenas 15% de volumoso.

TABELA 4. Peso médio final (PF), ganho em peso médio diário (GMD),

consumo de matéria seca (CMS) e eficiência alimentar (EA) de

bovinos terminados em confinamento alimentados com níveis de

bagaço de cana

Níveis de bagaço, % Eq. Reg. R2

15 21 27

PF, kg 423,0 424,0 416,0 n.s. - GMD, kg/dia 1,5 1,4 1,3 n.s. - CMS, kg/dia 8,3 7,9 7,5 Y = 9,2993 – 0,0655X 0,21 CMS, % PV 2,4 2,3 2,2 Y = 2,6958 – 0,0179X 0,22 CMS, g PV 0,75 104,7 98,7 95,2 Y = 116,125 – 0,7917X 0,26 EA, kg GMD/CMS 0,19 0,18 0,18 n.s. -

n.s. - não significativo; Fonte: adaptado de LEME et al. (2003)

Nesse mesmo estudo (LEME et al., 2003) foi constatado comportamento

linear decrescente (p<0,05) em função dos níveis de bagaço para as

características de rendimento de carcaça quente (RCQ) e peso do fígado

(PFig), consistentes com os maiores teores de energia das dietas com menor

inclusão de bagaço de cana. Os autores justificaram esses resultados com

base no aumento da proporção de vísceras e conteúdo do trato gastrintestinal

resultante do decréscimo da digestibilidade da dieta dos animais alimentados

com maiores teores de bagaço. Entretanto, as demais características da

carcaça não foram influenciadas (P>0,05) pelos tratamentos e os autores

14

enfatizam os expressivos resultados obtidos na espessura de gordura

subcutânea com valores médios de 8,29 mm (Tabela 5).

TABELA 5. Peso da carcaça quente (PCQ), rendimento da carcaça quente

(RCQ), peso do fígado (PFig) área de olho de lombo (AOL) e

espessura de gordura subcutânea (EGS) de bovinos terminados

em confinamento alimentados com níveis de bagaço de cana

Níveis de bagaço, % Eq. Reg. R2

15 21 27

PCQ, kg 247,0 246,6 235,7 n.s. RCQ, % 58,3 58,2 56,7 Y = 60,4990 - 0,1322X 0,24 PFig, kg 5,1 4,7 4,5 Y = 5,7781 - 0,0490X 0,22 AOL, cm2 62,4 61,8 58,0 n.s. EGS, mm 8,75 8,12 8,0 n.s.

Fonte: adaptado de LEME et al. (2003); n.s. - não significativo.

Estudando o desempenho em confinamento de tourinhos cruzados

alimentados com dietas de alto teor de concentrado, com bagaço de cana in

natura (BIN) como único volumoso, BULLE et al. (2002) constataram diferença

significativa (p<0,05) para variável GMD em função dos níveis de inclusão de

BIN em que os animais do tratamento com 15% de inclusão apresentaram

ganho maior (1,36 kg/dia) que os animais do tratamento com 9% de BIN (1,20

kg/dia).

Nesse mesmo estudo (BULLE et al., 2002) constatou-se diferença

significativa (p<0,05) para o CMS em que os animais que receberam dieta com

15% de BIN consumiram mais que os animais do tratamento com 9% (7,93 vs

6,85 kg MS/dia), indicando que os animais que receberam níveis mais elevados

de concentrado (91% da matéria seca total) reduziram seu consumo.

Entretanto, essa diferença no CMS não foi suficiente para resultar em diferença

significativa entre os três níveis de inclusão do bagaço para eficiência alimentar

(Tabela 6).

15

TABELA 6. Peso inicial (PI), peso final (PF), ganho em peso médio diário

(GMD), consumo de matéria seca (CMS) e eficiência alimentar

(EA) de bovinos terminados em confinamento alimentados com

níveis de bagaço de cana

Níveis de bagaço, % CV,%

9 15 21

PI, kg 260,3 258,9 252,6 3,64 PF, kg 426,8ab 448,7a 424,8b 3,52 GMD, kg/dia 1,20b 1,36a 1,24ab 7,57 CMS, kg/dia 6,85b 7,93a 7,34ab 7,69 EA, kg GMD/CMS 0,17 0,17 0,16 7,48

Fonte: adaptado de BULLE et al. (2002); Médias seguidas de letras diferentes diferem significativamente (p<0,05)

2.3 Casca de soja

O Brasil é o maior exportador e o segundo maior produtor de soja do

mundo. Na safra 2010/2011, produziu o recorde de cerca de 67 milhões de

toneladas de soja (IBGE, 2011). Para cada tonelada de soja moída para ex-

tração de óleo, obtêm-se aproximadamente 180 kg de óleo, 710 kg de farelo e

cerca de 60 kg (5 a 8%) de cascas (BLASI et al., 2000). Esses dados apontam

para crescente disponibilidade de casca de soja para alimentação animal em

função dos altos níveis de produtividade da área plantada com soja, constatada

nos últimos anos no Brasil. Se considerarmos uma produção anual média de

60 milhões de toneladas de soja por ano e um rendimento médio de 8 kg de

casca de soja para cada 100 kg de soja esmagada, a produção de casca de

soja pode ser estimada em 4,8 milhões de toneladas.

Segundo afirmações de LUDDEN et al. (1995), a casca de soja

apresenta valor estimado de 74 a 80% do valor nutricional do milho em grão

quando incluída de quantidades moderadas a altas em concentrados para

bovinos em fase de engorda. Muito embora o teor energético atribuído à casca

de soja seja inferior ao do milho, alguns experimentos (EZEQUIEL et al., 2006;

MENDES et al., 2005) têm demonstrado que, na maioria dos casos em que

essa substituição é feita, o desempenho dos animais não se altera.

MENDES et al. (2005) avaliaram a substituição parcial (de 56 e 70%) do

milho pela casca do grão de soja e pelo farelo de gérmen de milho em dietas

para bovinos em confinamento e não observaram efeito (P>0,05) sobre o GMD

16

e CMS dos animais que variaram de 1,11 a 1,17 e de 9,03 a 9,26 kg/dia,

respectivamente (Tabela 7). Essas substituições corresponderam, em média,

ao fornecimento de 1,0 a 1,8 kg/dia de casca do grão de soja ou do farelo de

gérmen de milho com a perspectiva de economia de pelo menos 10% na

aquisição de ingredientes.

TABELA 7. Peso inicial (PI), peso final (PF), ganho em peso médio diário

(GMD), consumo de matéria seca (CMS) e eficiência alimentar

(EA) de bovinos terminados em confinamento alimentados com

diferentes fontes energéticas

Tratamentos CV,%

Milho Casca de soja Farelo de Glúten

PI, kg 402,86 382,86 388,28 4,6 PF, kg 460,43 437,14 445,71 4,7 GMD, kg/dia 1,17 1,11 1,17 20,6 CMS, kg/dia 10,72 10,48 10,43 3,2 EA, kg GMD/CMS 0,81 0,77 0,87 19,1

Fonte: adaptado de MENDES et al. (2005)

Segundo THIAGO et al. (2000) a substituição de parte do amido do

milho por fibra de alta digestibilidade da casca de soja proporcionaria efeito

associativo positivo sobre a digestão da fibra dos demais ingredientes, gerando

então saldo energético positivo, que compensaria, por sua vez, o menor valor

energético da casca de soja.

MENDES et al. (2005) também não constataram diferenças significativas

nos parâmetros relativos as características de carcaça (Tabela 8). Segundo os

autores as diferentes características nutricionais das fontes energéticas,

principalmente com relação à digestibilidade da fibra, não foram suficientes

para resultar em alteração no tamanho das vísceras e trato gastrintestinal e

conseqüente decréscimo do rendimento de carcaça.

17

TABELA 8. Peso da carcaça quente (PCQ), rendimento da carcaça quente

(RCQ), quebra no resfriamento (QR), comprimento da carcaça

(CC), área de olho de lombo (AOL) e espessura de gordura

subcutânea (EGS) de bovinos terminados em confinamento

alimentados com diferentes fontes energéticas

Tratamentos CV,%

Milho Casca de soja Farelo de Glúten

PCQ, kg 239,79 236,79 232,93 5,90 RCQ, % 52,13 54,15 52,25 4,21 QR, % 2,51 2,67 2,55 13,13 CC, cm 125,11 124,50 124,66 2,09 AOL, cm2 27,48 27,88 25,27 9,03 EGS, mm 4,19 5,01 4,90 23,80

Fonte: adaptado de MENDES et al. (2005)

Segundo SANTOS et. al. (2005), o melhor desempenho médio de

animais suplementados com casca de soja, em relação ao uso do grão de

milho, provavelmente está ligado a modificações menos bruscas no ambiente

ruminal proporcionada por este tipo de alimento.

KAZAMA et al. (2008) estudando o efeito diferentes fontes energéticas

no concentrado associadas a um único volumoso à base de cascas de algodão

e de soja para novilhas terminadas em confinamento, não constataram

diferença significativa (P>0,05) nas características da carcaça, exceto para o

parâmetro comprimento de perna que foi maior (p<0,05) para as novilhas

alimentadas com farelo de gérmen de milho (67,25 cm) em relação ao milho

moído (63,00 cm), conforme descrito na tabela 9.

18

TABELA 9. Peso da carcaça quente (PCQ), rendimento da carcaça quente

(RCQ), espessura de coxão (ECO), área de olho de lombo (AOL)

e espessura de gordura subcutânea (EGS) e comprimento da

coxa (CCOX), comprimento de perna (CPER) e força de

cizalhamento (FC) de novilhas terminadas em confinamento

alimentadas com diferentes fontes energéticas no concentrado

Tratamentos CV,%

Milho moído Gérmen de milho Farelo de arroz

PCQ, kg 176,13 181,06 181,31 9,91 RCQ, % 51,00 50,90 52,40 3,22 ECO, cm 22,88 23,38 23,88 5,73 AOL, cm2 50,50 49,00 53,00 10,16 EGS, mm 3,03 3,00 3,98 41,65 CCOX, cm 127,69 130,19 128,38 2,98 CPER, cm 63,00b 67,25a 65,75ab 4,59 Musculo, % 55,82 56,79 56,12 7,02 Osso, % 18,75 19,02 18,50 9,95 Gordura, % 25,42 24,20 25,37 18,20 FC, kgf/cm3 4,41 5,00 5,10 28,29

Fonte: adaptado de KAZAMA et al. (2008); Médias seguidas de letras diferentes diferem significativamente (p<0,05)

2.4 Subprodutos de fecularia

Entre os subprodutos resultantes da industrialização da mandioca

(Manihot esculenta Crantz), o resíduo úmido da extração da fécula é um dos

mais promissores para a alimentação de bovinos, em razão da abundância nas

regiões produtoras, da composição bromatológica e do custo. Mesmo após a

extração do amido, o material descartado pelas indústrias de fécula apresenta

teor elevado de amido residual, médio de fibra e baixo de MS e proteína o que

os caracteriza como alimento concentrado energético (ABRAHÃO et al., 2006).

O subproduto da indústria da fécula é resultado da prensagem para

extração do amido, que pode representar entre 10 e 20% do peso das raízes

de mandioca utilizadas para produção do amido, sendo que o mesmo pode

conter até 60% de amido (BUITAGRO, 1990).

Algumas indústrias desidratam a massa de fecularia, formando um

subproduto com elevado teor de matéria seca (88 a 89%), conhecido como

subproduto desidratado de fecularia de mandioca. Além do aspecto de

agressão ambiental que esses resíduos apresentam, o não aproveitamento dos

19

mesmos constitui desperdício, pois estes podem ser utilizados de maneira

eficiente na alimentação de animais de produção, sendo sua utilização

bastante interessante devido ao reduzido custo dos mesmos, quando utilizados

próximos aos locais de produção (GERON, 2007).

DIAN (2004) estudando a substituição do milho em até 32,7% pelo

resíduo de fecularia de mandioca desidratado sobre o desempenho,

características de carcaça de bovinos confinados, não constatou alterações no

GMD, rendimento de carcaça, conversão alimentar, espessura de gordura,

área de olho de lombo, comprimento de perna e espessura de coxão (Tabela

10). O autor concluiu que o fator determinante no nível a ser utilizado até

32,7% de substituição do milho pelo resíduo de fecularia de mandioca

desidratado será o preço de mercado do milho e do resíduo e a disponibilidade

deste último no mercado.

Tabela 10. Ganho médio diário (GMD), rendimento de carcaça quente (RCQ),

conversão alimentar (CA), espessura de gordura de subcutânea

(EGS), área de olho de lombo (AOL), comprimento de perna (CP) e

espessura de coxão (EC) de novilhos alimentados com diferentes

teores de resíduo de fecularia desidratado

Níveis de subproduto de fecularia (%) CV (%)

0 12,5 22,8 32,7

GMD, kg/dia 1,99 2,05 2,17 1,93 14,14 RCQ, % 53,95 54,55 54,14 55,13 3,31 CA, CMS/GMD 6,92 6,12 5,79 6,06 18,76 EGS, mm 4,06 4,34 4,63 4,75 18,54 AOL, cm2 79,97 78,99 88,95 86,80 12,57 EP, cm 72,63 73,14 73,50 72,63 2,49 EC, cm 24,63 25,66 25,69 25,63 8,45

Adaptado de DIAN (2004); CV - coeficiente de variação.

A substituição do grão milho pela farinha de varredura de mandioca na

ração de bezerros Holandeses foi avaliada por JORGE et al. (2002), os quais

observaram que embora o GMD tenha sido reduzido com a inclusão de farinha

de varredura a conversão alimentar não foi alterada (Tabela 11).

20

Tabela 11. Consumo de matéria seca (CMS), ganho médio diário (GMD),

conversão alimentar (CA) de bezerros alimentados com teores de

substituição do milho pela farinha de varredura de mandioca

Níveis de substituição, % R2 Eq. Reg.

0 25 50 75 100

CMS, kg/dia 2,90 2,91 2,73 2,73 2,64 0,92 Y = 2,927 – 0,00351 X GMD kg/dia 1,00 1,03 0,94 0,99 0,86 0,60 Y = 1,027 – 0,00131 X CA, CMS/GMD 2,90 2,90 2,90 2,70 3,00 - n.s.

Fonte: Adaptado de JORGE et al. (2002); n.s. - Não significativo.

2.5 Subproduto de cervejaria

Estima-se que aproximadamente 3,0 milhões de toneladas de

subprodutos úmidos provenientes de cervejarias foram produzidos no Brasil em

2005 a partir da produção de 8,5 bilhões de litros de cerveja (GERON, 2006).

O processo de fabricação do malte é chamado de maltagem e envolve o

controle de umedecimento dos grãos, obtendo-se mudanças químicas e físicas

com perdas mínimas de energia pelo processo de respiração. Esse processo

promove a liquefação e a hidrólise do amido a açúcares, obtendo 65% de

extração dos sólidos totais do malte e de 80% a 90% quando se utilizam

misturas de cereais. Posteriormente, os grãos são desidratados por

aquecimento (50 C a 80 C), interrompendo a atividade enzimática, e

separados em três partes: malte, gérmen e raiz de malte. O grão maltado é

então prensado e umedecido, para formar o mosto de cerveja como produto

final. A parte sólida é separada e constitui o subproduto úmido de cervejaria,

que é comercializado dessa forma ou desidratado para formar o subproduto

desidratado. O final do processo de maltagem resulta na geração de até 40%

de resíduo de cervejaria úmido (CABRAL FILHO, 1999).

O subproduto úmido de cervejaria compõe-se das glumas do malte

prensado e de compostos que não chegaram a solubilizar-se durante o

processo de fabricação da cerveja, além de raízes de malte em quantidades

variáveis que são posteriormente adicionadas. A etapa seguinte do processo

de fabricação da cerveja consiste em adicionar o lúpulo e o fermento, o qual

gera outros subprodutos (PEREIRA et al., 1999).

Os altos teores de umidade, variando de 70% a 80%, dificultam o

transporte e armazenamento. Portanto, as alternativas para a sua conservação

21

seriam os métodos de ensilagem ou secagem, conforme mencionado por

GERON (2006).

Estudando a utilização de subproduto de cervejaria ensilado na

alimentação de bovinos, GERON et al., (2008) constataram que os níveis do

subproduto fermentado não influenciaram (P>0,05) o CMS e consumo de

nutrientes (Tabela 12). Com base nos resultados obtidos nos parâmetros

estudados os autores puderam concluir que é possível a inclusão do resíduo de

cervejaria ensilado até o nível máximo estudado (24%) nas rações.

Tabela 12. Consumo de matéria seca (CMS), consumo de matéria orgânica

(CMO), consumo de proteína bruta (CPB), consumo de extrato

etéreo (CEE), consumo de carboidratos totais (CCT), consumo de

fibra em detergente neutro (CFDN), consumo de fibra em

detergente ácido (CFDA) de bovinos alimentados com teores de

subproduto de cervejaria

Níveis de substituição, %

0 8 16 24 CV, %

CMS g/kg 0,75 79,4 77,2 78,3 67,1 11,5 CMO g/kg 0,75 77,2 76,0 76,2 66,0 9,8 CPB g/kg 0,75 9,0 8,6 7,9 6,6 13,1 CEE g/kg 0,75 1,9 2,1 2,2 1,7 20,9 CCT g/kg 0,75 66,3 65,3 66,0 57,5 9,1 CFDN g/kg 0,75 37,7 35,8 37,1 31,6 12,5 CFDA g/kg 0,75 17,7 16,8 16,5 13,4 17,5

Fonte: Adaptado de GERON et al., (2008)

2.7 Polpa de cítrus

A polpa citrus in natura ou peletizada é obtida por meio do tratamento de

resíduos sólidos e líquidos remanescentes da extração do suco da laranja.

Entre esses resíduos estão as cascas, as sementes e as polpas de laranjas.

Este material equivale a 50% do peso de cada fruta e tem uma umidade de

aproximadamente 82% logo após o processamento da laranja. Após passar

pelo processo de industrialização a polpa de citrus in natura é triturada e seca

até chegar a 12% de umidade, então o produto é peletizado gerando a polpa

de citrus peletizada (GERON, 2007).

22

A substituição do milho em 40%, 60%, 80% e 100% pela polpa de citrus

peletizada foi estudado por PRADO et al. (2000), em bovinos mestiços

confinados. Estes autores observaram que a substituição do milho pela polpa

de citrus peletizada não alterou (p<0,05) o GMD, consumo de MS, PB e

energia bruta, CA, rendimento de carcaça e gordura subcutânea de bovinos

machos inteiros (Tabela 13). Desta forma, PRADO et al. (2000), concluíram

que a polpa de citrus peletizada pode ser utilizada em substituição parcial ou

total ao milho, para bovinos confinados, sem causar prejuízo para o seu

desempenho.

Tabela 13. Ganho médio diário (GMD), consumo de matéria seca (CMS),

proteína bruta (CPB) e energia bruta (CEB), conversão alimentar

(CA) da MS, rendimento de carcaça (RC) e gordura de cobertura

(CG) de bovinos alimentados com diferentes teores de polpa

cítrica

Níveis de polpa cítrica peletizada, % CV (%)

40 60 80 100 GMD, kg/dia 1,35 1,39 1,35 1,38 35,49 CMS, kg/dia 7,57 7,98 7,21 7,74 14,99 CPB, kg/dia 2,77 3,02 2,74 3,03 14,70 CEB, Mcal/kg MS/dia 33,02 34,68 31,21 33,39 14,96 CA, CMS/GMD 6,74 6,36 5,77 6,30 41,61 RC, % 57,57 56,90 57,14 57,51 46,36 CG, mm 3,74 3,36 3,67 2,70 46,36

Adaptado de PRADO et al. (2000); CV - coeficiente de variação.

23

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A maioria dos estudos revisados demonstra que a utilização de

subprodutos agro-industriais na alimentação de bovinos de corte terminados

em confinamento, constitui uma alternativa eficiente quando o objetivo

primordial é a redução nos custos decorrentes da alimentação, desde que haja

disponibilidade em quantidade adequada nas épocas de maior demanda. O

aspecto ambiental da utilização dos subprodutos na nutrição de ruminantes

contribui para sustentabilidade do sistema produtivo, evitando o acúmulo

destes resíduos no meio ambiente.

24

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