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As idéias Aqui, diversas sugestões se articulam: ouvir e contar histórias, teatralizar, gravar histórias, jogos corporais, recriações de histórias, jogos de palavras, poemas, canções, construção de brinquedos... Por que trabalhar as obras a partir das linguagens expressivas, a partir desta relação íntima entre Brincadeira e Arte? Sobre as idéias que estão por trás dessas sugestões, convido os educadores para a leitura do texto “Conviver, brincar, aprender, ensinar: um desafio para os adultos e suas crianças” – no Sáiti Gudáiti (veja abaixo). Essas sugestões, portanto, não são um amontoado de atividades e técnicas. Por falar nisso, convido os educadores para a leitura do conto “Receitas e moldes” – da obra Muitos Dedos: Enredos (páginas 47 a 49). Os motivos Agora, a pergunta fatal: – Quais os motivos que levaram o escritor a elaborar essas sugestões? Aqui, a resposta fatal: – Vários motivos... Primeiro: formar crianças dispostas a enfrentar a leitura literária é um trabalho tão criativo quanto a escrita literária. Segundo: também sou professor; formado Sugestões em Ziguezague Abordagens sobre as obras Galeio, Desvendério e Muitos Dedos: Enredos, de Francisco Marques (Chico dos Bonecos), lançadas pela Editora Peirópolis.

Sugestões em Ziguezague - editorapeiropolis.com.br · O volume 1 do meu Sáiti Gudáiti de Gurrunfáiti de Maracutáiti ... dois versos de sete sílabas métricas e com uma bela

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As idéiasAqui, diversas sugestões se articulam: ouvir e contar histórias, teatralizar, gravar histórias,

jogos corporais, recriações de histórias, jogos de palavras, poemas, canções, construção de brinquedos...

Por que trabalhar as obras a partir das linguagens expressivas, a partir desta relação íntima entre Brincadeira e Arte? Sobre as idéias que estão por trás dessas sugestões, convido os educadores para a leitura do texto “Conviver, brincar, aprender, ensinar: um desafi o para os adultos e suas crianças” – no Sáiti Gudáiti (veja abaixo).

Essas sugestões, portanto, não são um amontoado de atividades e técnicas. Por falar nisso, convido os educadores para a leitura do conto “Receitas e moldes” – da obra Muitos

Dedos: Enredos (páginas 47 a 49).

Os motivosAgora, a pergunta fatal:– Quais os motivos que levaram o escritor a elaborar essas sugestões?Aqui, a resposta fatal:– Vários motivos... Primeiro: formar crianças dispostas a enfrentar a leitura literária é um

trabalho tão criativo quanto a escrita literária. Segundo: também sou professor; formado

Sugestões em ZiguezagueAbordagens sobre as obras Galeio, Desvendério e Muitos Dedos: Enredos, de Francisco Marques (Chico dos Bonecos), lançadas pela Editora Peirópolis.

2 – Sugestões em Ziguezague

em Letras (UFMG), lecionei de quinta a oitava séries, e, especialmente, de segunda a quarta séries do Ensino Fundamental. Terceiro: desenvolvi muitas destas sugestões nas minhas salas de aula; atualmente, desenvolvo essas sugestões nas ofi cinas com os educadores. Quarto: sinto-me profundamente comprometido com o educador, tanto nas grandes questões fi losófi cas como nas tarefas pedagógicas cotidianas.

Os leitoresEssas sugestões se destinam aos educadores que trabalham com as crianças de primeira a

quarta séries. (Não são exclusivas para essas séries. Podem ser perfeitamente desenvolvidas nas quintas e sextas séries. Como podem, em muitos casos, ser desenvolvidas na Educação Infantil, com crianças em idade entre cinco e seis anos.)

Essas sugestões pressupõem um diálogo entre duas pessoas que gostam de criar: você, o leitor-professor, e eu, o leitor-escritor. Essas sugestões só fazem sentido, portanto, depois que o professor leu os respectivos poemas ou contos – aquela leitura atenta, sensível, e que muitas vezes se desdobra em releitura.

Assim, o leitor-professor não encontrará, nessas sugestões, aquelas perguntas que se relacionam mais diretamente com a compreensão e a interpretação do poema ou do conto. Não que essas perguntas não sejam importantes – são importantíssimas. É o bom manejo dessas perguntas que garante o bom mergulho na leitura literária... Esse desafi o criativo, entretanto, deixo exclusivamente para o leitor-professor. A minha contribuição vai para o momento seguinte: relacionar com outro texto; ziguezaguear pelos poemas e contos das três obras; transformar em outra linguagem; recriar; reescrever...

Assim, o leitor-professor, sempre crítico, consciente de suas potencialidades, bom conhecedor de suas crianças, bom desafi ador de sua turma, saberá ler uma sugestão e discordar, e modifi car: “Eu vou começar logo com o teatro. Vou dividir a turma em cinco grupos e cada grupo vai encenar uma fábula”.

Observação importantíssima!O volume 1 do meu Sáiti Gudáiti de Gurrunfáiti de Maracutáiti Xiringabutáiti, citado

freqüentemente nessas sugestões, está hospedado no endereço eletrônico da Editora Peirópolis: www.editorapeiropolis.com.br. Todo o seu conteúdo – textos, vídeo e áudios – pode ser arquivado, copiado e reproduzido. Você pode gravar as histórias em um cedê e levar para escutar com as crianças. Você pode, por exemplo, imprimir o texto “Adivinhas que brincam com as palavras” e reproduzir para as crianças. O Sáiti Gudáiti, portanto, é um parceiro fundamental nestas leituras em ziguezague.

Sugestões em Ziguezague – 3

Galeio – antologia poética para crianças e adultosPara começo de conversa, e para a conversa começar, convido para a leitura dos textos “Galeio, o que é?” e “Os quatro barbantes” – no Sáiti Gudáiti.

DiálogosO diálogo imaginário entre coisas, idéias, sentimentos, bichos, pessoas.

Imaginações que povoam o nosso cotidiano... Por exemplo: como seria o diálogo entre o controle remoto da TV e o garfo?

Certa vez, li a placa de metal no poste: “Avenida Cantareira”. Logo em seguida, li a placa de papelão na árvore: “Conserta-se geladeira”. Imaginei que a árvore e o poste planejaram aqueles dois versos de sete sílabas métricas e com uma bela rima em “eira”... Daí nasceu o poema “O poste e a árvore” (página 22).

“A Especula-de-Rodinha e o Ajudante-Marca-Barbante” (página 23) é um poema que foi “pescado” da história “O balaio” – que está na obra Muitos Dedos: Enredos. Vocês podem escutar essa história no Sáiti Gudáiti, em “Histórias Gudórias de Gurrunfórias de Maracutórias Xiringabutórias”.

“O Ratinho da cidade e o Ratinho do campo” (página 22) brinca com uma fábula milenar e planetária – e inverte o seu fi nal tradicional. Na fábula original, o Rato do campo foi visitar o Rato da cidade. Assustado com a agitação e os perigos da cidade, o Rato do campo retorna à vida calma e saudável do interior.

E por falar em fábulas... Na obra Desvendério, na seção “Pescarias”, você encontrará a recriação recreativa de cinco fábulas. Na obra Muitos Dedos: Enredos, na seção “Primeira curva”, você encontrará a fábula “A saparia do Mundaú” – e as suas versões no estilo de Esopo, Fedro e La Fontaine.

No poema “A vogal e a consoante” (página 22), se casarmos aquelas consoantes com aquelas vogais formaremos a palavra “sapituca!”. Você sabe o que é sapituca?

Sugestões em Ziguezague – 3

4 – Sugestões em Ziguezague

– Essa menina não pára quieta. Parece que está com sapituca.

– Me deu uma sapituca de cantar...– Acordei com sapituca.– Está com sapituca no corpo?– Deu sapituca na turma.

É assim que esta palavra ganha vida e sentido na fala cotidiana. Ouvi essa palavra, pela primeira vez, na casa da Vó Maria.

Pra palavra “sapituca”

não precisa explicação.

É só falar “sapituca”

pra descobrir a razão.

Cochichos e conchinhasPoemas de diferentes estilos: prosa poética (“A lata e as sete notas”, “Leilão” e “Esfar ra-

pado”), poema narrativo (“Sombra”), diálogo (“Escondido”), palavras soltas (“Tudobolô”), jogo de palavras (“Catiripapo”, “Poema para barbante e madeira”).

Você conhece o brinquedo chamado “jabolô” – ou “diabolô”, ou “diábolo”? No vídeo Tudobolô, que está no Sáiti Gudáiti, você vai conhecer vários tipos de jabolôs – além de muitos outros brinquedos milenares e planetários.

Os poemas “Catiripapo”, “Tudobolô” e “Poema para barbante e madeira” aparecem na obra Muitos Dedos: Enredos, no capítulo “Catitripapo (Peça radiofônica)”.

O poema “Vira-vira” (página 30) aparece na obra Desvendério, na seção “Palavramiga”.

FamiliaridadesPoesias que a gente pesca no relacionamento do dia-a-dia – neste caso, no relacionamento

com os meus fi lhos e a minha vó.Os nossos pais e avós costumam contar aquela história da nossa infância – uma história,

geralmente, repleta de poesia...A poesia está em todos os cantos – basta ter olhos de ver, ouvidos de ouvir, mãos de

pegar...

4 – Sugestões em Ziguezague

Sugestões em Ziguezague – 5Sugestões em Ziguezague – 5

A biblioteca dos bichosUm poema narrativo em cinco capítulos. Como o nome indica, o poema está preocupado

em “narrar uma história”. Ele também procura trabalhar poeticamente as palavras, mas é o fi o da narrativa que conduz o poema.

Assim como no poema “Sombra” (páginas 31 e 32), este poema é composto por estrofes de quatro versos – rimando sempre o segundo e o quarto versos. E todos os versos possuem o mesmo “tamanho”: sete sílabas métricas – que é o tipo de verso mais popular da Língua Portuguesa. Diversas canções usam a quadra de sete sílabas. Experimentem cantar esse poema utilizando estas melodias: “Ciranda cirandinha”; “Terezinha de Jesus”; “Como pode o peixe vivo”; “O cravo brigou com a rosa”; “Não sei se é fato ou se é fi ta”...

Neste poema aparecem vinte e sete bichos – além do bicho-homem e do curumim. Você conhece todos esses bichos?

Você conhece a expressão “abraço de tamanduá”?

“Tamanduabracadabra

deixou daquela ingresia.

Abraçando a enciclopédia

biqüetava a Geografi a.”

Você conhece as palavras “ingresia” e “biqüetava”? Mesmo sem saber os seus signifi cados, o contexto do poema traz algumas pistas...

“O Jacaré Cajaré,

veja bem – mas quem diria? –,

descobriu que era poeta

lendo Alguma Poesia.”

Este Alguma Poesia pode ser entendido, simplesmente, como “alguma poesia”. E pode ser entendido como um livro: Alguma

Poesia é o titulo do primeiro livro de Carlos Drummond de Andrade, publicado em 1930.

O poema termina sem acabar e acaba sem terminar... Como os bichos da Floresta de Olorum e da Floresta da Cidade vão se

entender? Vamos continuar escrevendo essa história em versos?

6 – Sugestões em Ziguezague6 – Sugestões em Ziguezague

TendepáVocê conhece a palavra “tendepá”? Ela signifi ca alvoroço, agitação, movimento. Este

capítulo é um alvoroço de poemas...O primeiro e o último poemas têm estruturas semelhantes: “Casas” (página 60) e

“Palavras” (página 91).O brinquedo jabolô (ou diabolô) surge outra vez no poema “Brinquedo” (página 87).O poema “Briguelos” (página 88) fala da cabaça. Você conhece este fruto? Na obra

Muitos Dedos: Enredos, no capítulo “Instrumentos de imaginar (Álbum de fotografi as)”, você vai encontrar, nas páginas 89 e 90, este fruto oco, de casca dura – e que serve para fazer briguelos (ou bonecos).

O poema “Repertório” (página 75) enumera diversos objetos. Vamos reescrever este poema com outros objetos?

O poema “Vozerio” (página 85) aparece na obra Desvendério, na seção “Palavramiga”. Você conhece a brincadeira da “Charada” (página 90)? No conto “Como decifrar?”, na página 46 do Desvendério, você vai entender como funciona esta brincadeira.

O poema “Viver” (página 67) aparece na obra Desvendério, na abertura do conto “A minha infância (foi mais ou menos assim)”.

Sugestões em Ziguezague – 7Sugestões em Ziguezague – 7

Desvendério – Quem conta um conto omite um ponto e aumenta três

TítuloDesvendério, o que é? Na verdade verdadeira, a palavra foi inventada. Ela nasceu do

embaralhamento das palavras “desvendar” e “mistério”.Este jogo verbal está presente no nosso cotidiano. Já ouviu a expressão “transmimento

de pensassão”? Uma verdadeira “transmissão de pensamento”...

Subtítulo“Quem conta um conto omite um ponto e aumenta três” é uma paródia do provérbio

“Quem conta um conto aumenta um ponto”.O que é paródia?Observe estes provérbios:

“O que os olhos não vêem, o coração não sente.”

“A ordem dos fatores não altera o produto.”

“Há males que vêm pra bem.”

“Quem ri por último ri melhor.”

“Em terra de cego, quem tem um olho é rei.”

“De grão em grão a galinha enche o papo.”

Observe as paródias daqueles provérbios:

“O que os olhos não vêem, o coração pressente.”

“A ordem dos tratores não altera o viaduto.”

“Há malas que vêm de trem.”

“Quem ri por último é porque não entendeu a piada.”

“Em terra de olho, quem tem um cego... Errei!”

“De não em não a gente muda o papo.”

8 – Sugestões em Ziguezague8 – Sugestões em Ziguezague

A paródia, portanto, brinca com as palavras, com as idéias e as imagens – e cria um novo sentido, ou cria, simplesmente, a falta de sentido, como no caso “há malas que vêm de trem”...

As IlustraçõesVamos apreciar, sentir, folhear, observar, comentar...Todos os desenhos incorporam pedaços dos contos. Palavras e traços se misturam.

O nome da frutaA própria história sugere diversas abordagens: os três “mas”; o “sair” e o “entrar” na

história; o escritor que se transforma em contador de história; o leitor que se transforma em ouvinte, participando de uma platéia de ouvintes; a aprendizagem do nome da fruta; descobrir que as histórias não têm início, nem meio, nem fi m; a chuva de travalínguas e línguas secretíssimas...

Sobre os travalínguas e as línguas secretas, que povoam as páginas 17 e 18, procure o texto “Malabarismos verbais” – no Sáiti Gudáiti. Nesse texto, você encontrará muitas idéias e sugestões para explorar criativamente o universo das palavras.

Ouça, com a turma, o autor narrando esta história – basta entrar no Sáiti Gudáiti, lá em “Histórias Gudórias de Gurrunfórias de Maracutórias Xiringabutórias”.

A história “O nome da fruta” é irmã da história “A bicharada novidadeira” – que está na obra Muitos Dedos: Enredos. Logo após, você encontrará a “Espalhadeira de recortes” – que traz algumas orientações sobre a arte de contar histórias.

Ouça, com a turma, o autor narrando “A bicharada novidadeira” – no cedê que acompanha a obra Muitos Dedos: Enredos.

No primeiro parágrafo da história, na página 11, o autor se refere ao livro Contos Populares

do Brasil, de Sílvio Romero. Procure este livro na biblioteca e leia para a turma a primeira parte do conto “O cágado e a fruta” – que serviu de inspiração para a história “O nome da fruta”. Como “quem conta um conto omite um ponto e aumenta três”, neste processo de criação, o que o autor “omitiu” e “aumentou”?

Sobre essa história de “omitir” e “aumentar”, ouça, com a turma, a história “Bicho Porongo” – o áudio e o texto estão no Sáiti Gudáiti, em “Histórias Gudórias de Gurrunfórias de Maracutórias Xiringabutórias”.

Sugestões em Ziguezague – 9Sugestões em Ziguezague – 9

PescariasCinco recriações de fábulas milenares e planetárias.Quando falamos em “fábula”, pensamos ligeirinho na “moral da história”... Na verdade

verdadeira, a “moral” não pertencia ao texto original das fábulas. A “moral” foi acrescentada muito tempo depois, possivelmente na Idade Média, com o objetivo de transmitir valores, idéias. Justamente por isso, por ser um “acréscimo tardio”, muitas vezes a “moral” não se relaciona com as características da narrativa.

Nestas fábulas, a “Boa Pescaria!” brinca com as possibilidades de puxar mensagens da história – e ainda convida o leitor para realizar suas próprias pescarias.

Cada conto pode se transformar numa pequena peça teatral. Cada conto pode, também, se transformar numa peça radiofônica. Neste caso, a história será gravada: dois ou três locutores se alternam no papel de narradores; outros locutores fazem as personagens (o jardineiro Jardel, o jardineiro Jasmim e o locutor do rádio; o Sol e o Vento; o Galo e a Raposa; o Pernilongo e a Onça; o Tucano e o Coelho); outros locutores fazem a “Boa Pescaria!”. Na obra Muitos Dedos: Enredos, no capítulo “Catiripapo”, você encontrará uma peça radiofônica: composta de cinco quadros, esta peça tem dois locutores/apresentadores e vários locutores/narradores.

E por falar em fábula... Na obra Muitos Dedos: Enredos, no capítulo “Instrumentos de imaginar (Álbum de fotografi as)”, na página 89, a primeira foto traz a seguinte legenda: “A Árvore e a Mala – boa sugestão para uma fábula...”. Que tal? Aceita o desafi o?

Na obra Muitos Dedos: Enredos, o conto “A saparia do Mundaú” também foi inspirado numa fábula. Logo em seguida, a fábula é recontada, e reinventada, no estilo de Esopo, Fedro e La Fontaine. Ouça com a turma – no cedê que acompanha a obra.

Na obra Galeio, o poema “O Ratinho do campo e o Ratinho da cidade”, na página 21, brinca com uma fábula – e inverte o fi nal tradicional.

No conto “O Galo e a Raposa” surge a canção “Não sei se é fato ou se é fi ta...” Para conhecer esta canção, ouça a história “Bicho Porongo” ou “O balaio” – no Sáiti Gudáiti.

PalavramigaEste conto, repleto de poemas, está dividido em seis capítulos, ou melhor, seis

perguntas.Muitas das curiosidades, das descobertas e das perguntas do menino Hélder podem ser

colocadas como desafi os para os nossos leitores.A ilustração da capa se refere a este conto: a silhueta do menino Hélder está recortada;

as palavras surgem no fundo. Abra a orelha do livro e observe a ilustração por dentro.

10 – Sugestões em Ziguezague10 – Sugestões em Ziguezague

Na página 46 surge a brincadeira da “charada”. Você conhecia esta brincadeira? Na página 49 surge outra charada. Na obra Galeio, na página 90, você vai encontrar outras charadas.

E por falar em charada... Neste conto, aparecem duas vezes o número “cento e sessenta e cinco” – páginas 39 e 44. Em que situações eles aparecem? Podemos descobrir alguma semelhança nessas duas situações?

Na página 41 surge uma trova:

Leitura

O poema é a fruta.

A poesia, o sabor.

O poema está no livro.

A poesia, no leitor.

Na página 42 surgem duas trovas.

“Quanto mais a gente brinca

mais a brincadeira esquenta.

Não sei se são dez pras dez

ou se são nove e cinqüenta.”

“Ureré Uirapajé

Utiti Uirapaçu

Uaçá Uiratatá

Unaí Uirapuru.”

A trova, portanto, é um poema com apenas quatro versos, rimando o segundo e o quarto versos – podendo rimar também o primeiro e o terceiro versos. Vamos conhecer outras trovas?

“Meu companheiro, me ajude,

que eu não posso cantar só.

Eu sozinho canto bem,

com você canto melhor.”

“Quatrocentos guardanapos,

seis vinténs em cada ponta.

Você diz que sabe tanto,

venha somar esta conta.”

Sugestões em Ziguezague – 11Sugestões em Ziguezague – 11

“Eu vou fazer um relógio

de um galhinho de poejo

para contar os minutos

do tempo que não te vejo.”

“Eu queria ter agora

um cavalinho de vento

para dar um galopinho

na estrada do pensamento.”

Experimentem cantar essas trovas usando a melodia da canção “Não sei se é fato ou se é fi ta”.

A minha infância (foi mais ou menos assim)Esta história – aparentemente sem pé nem cabeça – se desenvolve num cenário bem

próximo ao cotidiano dos nossos leitores. Portanto, antes de ler o conto, vamos esquentar as imagens e a imaginação dos nossos leitores...

À noite, a família assiste à televisão. O fi lho (ou a fi lha) mais novo, entretanto, não sabe o que é televisão, e fi ca tentando descobrir onde estaria aquela que é o centro das atenções, o alvo de todos os olhares. Você já se imaginou numa situação como essa? Como você procuraria solucionar este enigma? Alguma vez, assistindo à televisão, você desviou o olhar da tela e começou a observar os objetos próximos à TV? O que você começou a imaginar a partir desses objetos.

A ilustração da página 54 – a mesma que está na quarta capa do livro – mostra esse embaralhamento de olhares.

Do fi nal da página 59 até o início da página 62, a personagem narradora descreve um dos programas da “sua televisão”. Assim, os objetos ganham vida nas mãos das pessoas da família: as garrafas de água da Dona Maria Cândida, a mãe; as caixas de sapato do Senhor Pedro Marques, o pai; os livros da Catumbi Repolho, da irmã; a coleção de jabolôs do Maredro de Candarques, o irmão. Somente aqui as personagens ganham nomes. Mesmo assim, a personagem principal, a personagem narradora, continua misteriosamente sem nome...

E por falar neste “programa de televisão”... Como você interpretou a “terceira prateleira”?

Em diversos momentos, o conto brinca com as palavras, realizando um tipo de língua secreta: “Vou contar uma história gudória para vocês. (...) homenagem de gurrunfagem (...) velha de maracutelha (...) paciente xiringabutente”. (página 55) Já conhecemos esse jogo de palavras do texto “Malabarismos verbais”, do Sáiti Gudáiti. Na história “A bicharada

12 – Sugestões em Ziguezague12 – Sugestões em Ziguezague

novidadeira”, do livro Muitos Dedos: Enredos, toda a aventura se desenvolve em torno dessa língua secretíssima.

Essa história tem alguns parentescos com “O nome da fruta”: o diálogo com o leitor; o narrador que comenta a própria maneira de narrar; os três “seguinte”; o “sair” e o “entrar” na história; o narrador que se transforma em contador de história; os leitores que se transformam numa platéia de ouvintes:

“Para que fi que bem marcado o seu início xiringabutício, convido todo mundo a fi car em pé e respirar profundamente.” (página 55)

O terceiro “seguinte” traz os “três quês” (página 62). Você também se surpreendeu com estas revelações? E se essa história fosse contada de um outro ponto de vista? Por exemplo: o ponto de vista da irmã, ou do pai, ou do cachorro... Como seria a sua história contada de um outro ponto de vista?

Sugestões em Ziguezague – 13Sugestões em Ziguezague – 13

Muitos Dedos: Enredos– Um rio de palavras deságua num mar de brinquedos

Nas obras Galeio e Desvendério, a personagem central é a palavra – a sua expressão literária diante do olhar do leitor. Em Muitos

Dedos: Enredos, a palavra ganha outras formas de expressão. Na introdução, “No fundo destas águas” (páginas 7 a 9), você encontrará o mapa dessas diferentes linguagens.

Primeira curva“A saparia do Mundaú” é um convite para uma audição: ouvir o autor narrando a história

– no cedê que acompanha o livro. Para uma boa audição, precisamos preparar o ambiente: pouca luz, todos à vontade, cuidar para que o som não esteja muito baixo e nem muito alto. Antes, o professor faz uma pequena introdução para despertar a curiosidade e a atenção dos ouvintes.

Observem os sons que alinhavam a história. Observem que os sons não se misturam com as falas. Você consegue interpretar a origem desses sons? Na página 101 você encontrará uma pequena descrição dos objetos que produziram esses sons. Observem que a narração se desenvolve num ritmo calmo – para que o ouvinte tenha tempo de construir suas imagens.

Num momento posterior, vamos distribuir o texto da história para as crianças e ouvir novamente a história – mas agora acompanham as palavras no papel. Assim, as crianças poderão perceber como o leitor-locutor pode trazer, apenas pela voz, sentidos diferentes para as palavras. Essa experiência será muito importante para o momento em que as crianças enfrentarem o desafi o de “contar a história” ou “gravar a história”.

E ainda vamos ouvir/ler a mesma fábula nas versões, sempre recriadas, de Esopo, Fedro e La Fontaine. Com isto, podemos descobrir o que o autor omitiu e aumentou. Porque,

afi nal, quem conta um conto omite um ponto e aumenta três...

Na obra Desvendério, na seção “Pescarias”, você encontrará outras cinco fábulas milenares e planetárias...

14 – Sugestões em Ziguezague14 – Sugestões em Ziguezague

Segunda curvaAqui também teremos um convite para a audição... E depois um outro

convite para uma audição acompanhada do texto da história...O conto “A bicharada novidadeira”, entretanto, traz um desafi o a mais:

– Quem gostaria de contar essa história, contar mesmo, no estilo do “contador de história”, como o autor sugere?

Para isto, é importante ler e comentar a “Espalhadeira de recortes” com as crianças. Vários destes comentários são orientações para o “contador de história”: como se relacionar com a platéia; como valorizar as palavras; como incorporar a participação dos ouvintes...

A história pode ser contada por um grupo de cinco contadores. A história pode ser reescrita – para se adaptar ao estilo e à dinâmica do grupo. Podemos fazer uma primeira apresentação dentro da própria turma – para servir de laboratório, troca de experiências e comentários. Num momento seguinte, podemos organizar um Festival de Contadores de Histórias na escola. Por exemplo: cada grupo vai contar a história para uma turma da educação infantil.

Na obra Desvendério, o conto “O nome da fruta” é um outro bom desafi o para os contadores de histórias. Vocês poderão escutar o autor narrando esta aventura da Tartaruga na Floresta da Brejaúva – basta entrar no Sáiti Gudáiti, lá na seção “Histórias Gudórias de Gurrunfórias de Maracutórias Xiringabutórias”.

Terceira curva“O balaio” é uma peça para teatro de fantoches – mas pode ser também para atores. Aqui,

tudo é diálogo entre personagens – ou personagem pensando em voz alta. Além de dar vida às palavras, precisamos dar vida às personagens. As personagens “Maria” e “José” precisam ter características próprias: o jeito de falar, de olhar, de movimentar as mãos, de andar...

Antes de partir para encenar, vamos realizar leituras dramáticas: leituras em duplas, em voz alta, cada um assumindo uma personagem.

No Sáiti Gudáiti, vocês poderão ouvir essa história não como peça teatral – mas como um conto.

Se antes organizamos um Festival de Contadores de Histórias, agora podemos organizar um Festival de Teatro. Para ampliar o nosso repertório teatral, podemos encenar também as fábulas da seção “Pescarias”, da obra Desvendério.

Na obra Galeio, o poema “Escondido” (páginas 36 e 37) funciona como uma pequena cena teatral: Marina e Tio Joanico conversam sobre essa tal de “cidadania”.

Sugestões em Ziguezague – 15Sugestões em Ziguezague – 15

Quarta curva“Catiripapo” é uma reunião de pequenos

diálogos, contos e poemas – tudo isso, ali nha-vado, articulado, ganha a forma de uma peça radiofônica. Aqui, a leitura-em-voz-alta ganha um sentido radical: cada palavra deve ser tratada com muita expressividade, porque o ouvinte contará apenas com a minha locução para criar as suas imagens literárias.

Em primeiro lugar, vamos ler a peça radiofônica e buscar as intenções dos textos e as entonações das vozes.

Para apresentar o “Catiripapo”, cada grupo deve ter, no mínimo, sete participantes. Cada grupo vai reler a peça e distribuir os papéis de acordo com os estilos de cada um. Os dois apresentadores – a Especula-de-Rodinha e o Ajudante-Marca-Barbante –, por exemplo, têm muitas falas, estão presentes em todos os quadros, são muito desinibidos e comunicativos. Não podemos esquecer da sonoplastia: uma ou duas pessoas precisam se dedicar ou se revezar na função de produzir sons sugestivos, adequados às passagens dos quadros e aos momentos da narração.

Vamos incentivar – e criar condições – para que os grupos possam gravar as peças. Para isto, basta um simples gravador, pequeno, portátil, ou um microfone plugado no aparelho de som – podemos gravar na fi ta ou no cedê. As condições técnicas são secundárias, porque a expressão prioritária está na palavra. Se a escola tiver uma sala com isolamento acústico e uma aparelhagem de gravação com mais recursos – ótimo, isso vai valorizar ainda mais o trabalho das crianças.

As peças radiofônicas podem, também, ser apresentadas “ao vivo”: é como se o grupo estivesse no estúdio gravando a peça, e a platéia estivesse ali, ao vivo, assistindo à gravação. A expressão prioritária continua sendo a palavra. Essa apresentação pode ser feita “às escondidas”: o grupo fi ca atrás de uma cortina. Assim, a platéia não corre o risco de se distrair ao observar as expressões faciais e os gestos dos locutores.

Aqui, também, pode surgir um Festival de Peças Radiofônicas – as fi tas e os cedês vão circular pela escola e, quem sabe?, até na rádio comunitária...

Depois de tanto mergulhar neste “Catiripapo”, vamos ao desafi o da recriação: apropriando-se da dinâmica dos apresentadores e da estrutura dos quadros, podemos criar novos diálogos, contos e poemas. Agora, cada grupo vai criar a sua peça radiofônica.

16 – Sugestões em Ziguezague16 – Sugestões em Ziguezague

A partir de toda essa experiência, podemos revisitar todos os contos e poemas e transformar tudo em peça radiofônica: “O nome da fruta” e as “Pescarias”, da obra Desvendério; “A lata e as sete notas” e “A biblioteca dos bichos”, da obra Galeio; “A saparia do Mundáú”, “A bicharada novidadeira”, “O balaio”...

Quinta curva“Menina Janaína” traz o desafi o da literatura corporal. Em primeiro lugar, vamos ler

as narrações e interpretar os gestos. “Interpretar os gestos”, aqui, signifi ca fazer os gestos, experimentar, mexer o corpo, movimentar os braços, as pernas... Portanto, não podemos realizar esta leitura com as crianças sentadas nas carteiras. Vamos para o pátio, fazemos a grande roda e vamos desenhando o gesto para cada uma das trinta e sete cenas...

Depois, o professor pode fazer a narração e as crianças desenvolvem os gestos.Quando a turma tiver mais experiência, podemos nos dividir em pequenos grupos – e

cada grupo vai e desenvolve a “história com gestos” com outra turma.Na Cena 3 aparece “aquela canção muito famosa” que faz a Janaína dormir... Vocês

podem escutar esta canção na faixa 9 do cedê.

MarApreciar as fotos, interpretar os objetos mirabolantes...No Sáiti Gudáiti, vocês poderão assistir ao vídeo Tudobolô – em quinze minutos vocês

poderão apreciar todos esses brinquedos em funcionamento.Observe a Escada de Maracá – este brinquedo feito com seis caixas de fósforos e quinze

pedaços de fi tas coloridas. Um brinquedo interessantíssimo, capaz de criar várias formas, um verdadeiro instrumento de imaginar e de contar histórias. Vamos construir este brinquedo? No Sáiti Gudáiti você encontrará a “Escada de Maracá” – um manual, em quadrinhos, passo a passo, para ensinar a construir este objeto mirabolante. Construa em casa, com a família, construa na escola, com outros professores, ganhe experiência e confi ança – e depois, só depois!, construa com a sua turma, com as suas crianças.