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UNIVERSIDADE PAULISTA DANIELLE MAXENIUC SILVA COURA SUICÍDIO INFANTIL: ESTUDO DOS MULTIFATORES DE RISCO SUICIDA.

SUICÍDIO INFANTIL: ESTUDO DOS MULTIFATORES DE RISCO SUICIDA

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Trabalho de Conclusão de Curso de Danielle Maxeniuc Silva Coura - Pós-Graduação em Saúde Mental para Equipes Multiprofissionais - UNIP - São Paulo - Paraíso - Vida Mental Saúde Mental e Nutricional.

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Page 1: SUICÍDIO INFANTIL: ESTUDO DOS MULTIFATORES DE RISCO SUICIDA

UNIVERSIDADE PAULISTA

DANIELLE MAXENIUC SILVA COURA

SUICÍDIO INFANTIL: ESTUDO DOS MULTIFATORES DE RISCO SUICIDA.

SÃO PAULO

2013

Page 2: SUICÍDIO INFANTIL: ESTUDO DOS MULTIFATORES DE RISCO SUICIDA

DANIELLE MAXENIUC SILVA COURA

SUICÍDIO INFANTIL: ESTUDO DOS MULTIFATORES DE RISCO SUICIDA.

Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do

título de especialista em Saúde Mental para

Equipes Multiprofissionais apresentado à

Universidade Paulista – UNIP.

Prof. Coordenador do Curso: Hewdy Lobo Ribeiro.

Orientadora: Ana Carolina Schmidt de Oliveira.

SÃO PAULO

2013

Page 3: SUICÍDIO INFANTIL: ESTUDO DOS MULTIFATORES DE RISCO SUICIDA

DANIELLE MAXENIUC SILVA COURA

SUICÍDIO INFANTIL: ESTUDO DOS MULTIFATORES DE RISCO SUICIDA.

Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do

título de especialista em Saúde Mental para

Equipes Multiprofissionais apresentado à

Universidade Paulista – UNIP.

Prof. Coordenador do Curso: Hewdy Lobo Ribeiro.

Orientadora: Ana Carolina Schmidt de Oliveira.

Aprovado em:

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________/_______/__________

Prof. Hewdy Lobo

_____________________________________/_______/__________

Profª . Ana Carolina Schmidt de Oliveira

Page 4: SUICÍDIO INFANTIL: ESTUDO DOS MULTIFATORES DE RISCO SUICIDA

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus que possibilitou mais uma conquista em minha vida.

A minha querida família por dar forças e apoio em todos os momentos.

Ao meu marido Fernando Falcochio Coura, por investir em mim e sempre acreditar

em minha capacidade. Pelo amor e compreensão sempre demostrados.

Aos colegas, que mesmo poucos, juntos acreditamos que era possível. Por toda a

amizade, pelas valiosas discussões, bate-papos e novos aprendizados.

À Professora Ana Carolina Schmidt pela paciência e imprescindível orientação

acadêmica. É um grande prazer tê-la como integrante da banca examinadora.

Ao Professor Dr. Hewdy Lobo, pelo aprendizado constante, por abrir meus olhos ao

mundo da Saúde Mental e por mostrar que podemos fazer a diferença como

profissionais da área. Agradeço a oportunidade de conhecê-lo, todos os

ensinamentos fizeram de mim uma melhor profissional e pessoa.

E a todos que de alguma maneira direta ou indiretamente fizeram parte da

elaboração e execução deste trabalho.

Page 5: SUICÍDIO INFANTIL: ESTUDO DOS MULTIFATORES DE RISCO SUICIDA

“[...] não se pode esquecer que o suicídionão é nada mais que uma saída, uma ação,

um término de conflitos psíquicos.”Freud (1910).

Page 6: SUICÍDIO INFANTIL: ESTUDO DOS MULTIFATORES DE RISCO SUICIDA

RESUMO

O suicídio na infância ainda hoje é um tema considerado tabu pela sociedade,

famílias e acadêmicos. Sabe-se que em todo o mundo o número de crianças

suicidas vem gradativamente aumento. Poucos são os trabalhos científicos que

buscam saber quais os fatores de risco que podem ser desencadeadores da ideação

suicida na infância. Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de identificar e

discutir os multifatores na tentativa de auxiliar na prevenção, educação psicossocial

e tratamento das crianças suicidas. Com o desenvolvimento deste trabalho

constatou-se que o suicídio pode ocorrer de forma direta ou indireta, mas que ambas

segue o caminho da busca pela morte, ampliando ainda mais a problemática do

suicídio. Os resultados buscam contribuir para a literatura científica da área de

Saúde Mental e têm a intenção de através dos dados coletados intensificar os

estudos Brasileiros nessa área.

Palavras Chaves: suicídio, infância, multifatores, ideação suicida.

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ABSTRACT

Suicide in childhood is still a topic considered taboo by society, families and

academics. It is known that around the world the number of child suicide is gradually

increased. Few scientific studies seeking to know what the risk factors that can be

triggers of suicidal ideation in childhood. This work was developed with the objective

to identify and discuss the multifactor attempting to assist in the prevention,

education and psycho-social treatment of child suicide. With the development of this

work it was found that suicide may occur directly or indirectly, but both follow the path

of seeking the death, further magnifying the problem of suicide. The results seek to

contribute to the scientific literature in the area of Mental Health and intend to step

through the data collected Brazilian studies in this area.

Key worlds: suicide, childhood, multifactor, suicidal ideation.

Page 8: SUICÍDIO INFANTIL: ESTUDO DOS MULTIFATORES DE RISCO SUICIDA

LISTA DE ABREVIAÇÕES

WISC – Escala de inteligência Wechsler.

CDS – Escala infantil de depressão.

CDS – Escala infantil de depressão.

ATQ – Escala de pensamentos automáticos negativos.

HSC – Escala de Desesperança de Beck.

SSI – Escala de ideação suicida.

SIS - Escala de intenção suicida.

Page 9: SUICÍDIO INFANTIL: ESTUDO DOS MULTIFATORES DE RISCO SUICIDA

SUMÁRIO

1 INDRODUÇÃO.....................................................................................................10

2 OBJETIVO............................................................................................................14

3 METODOLOGIA...................................................................................................15

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES.........................................................................16

5 CONCLUSÕES.....................................................................................................22

BIBLIOGRAFIA..........................................................................................................24

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1. INTRODUÇÃO

O suicídio permanece um tema tabu em nossa cultura, ainda mais quando o

assunto é o suicídio infantil. Famílias, profissionais e a sociedade muitas vezes

recusam-se a pensar na criança suicida, que abdica da própria vida em uma atitude

tão agressiva contra si mesma e por isso, pouco se conhece e é escrito sobre esse

tema tão polêmico e atual (CAPITÃO, 2007).

De acordo com Capitão (2007) o suicídio propriamente dito tem como gatilho

a ideação, que pode ser considerada um primeiro passo rumo à consumação do ato.

Além de contribuir para o resultado letal, a ideação suicida na infância pode ter como

fruto consequências negativas que ainda podem desencadear na possibilidade de

transtorno psiquiátrico futuro.

Pesquisas realizadas pelos autores Tishler, Reiss e Rhodes (2007) na

Universidade de Ohio (EUA) comprovam que o suicídio de fato é uma das causa de

morte em crianças com idade inferior a 12 anos. Os pesquisadores afirmam que o

assunto em questão não recebe a devida de importância, ainda mais quando

assunto é o suicídio na infância o qual deve ser tratado com um manejo

diferenciado.

De acordo com os dados estatístico da Organização Mundial de Saúde (OMS)

(2000) revelou-se que de 1980 à 2006, a taxa total de suicídio no Brasil cresceu de

4,4 para 5,7 mortes por 100.000 habitantes. Observou-se no grupo com idades entre

10-14 e 15-19, um crescimento de 20% e 30%, respectivamente. Desta maneira,

observamos quantitativamente que em nossa população de 10-14 anos o suicídio

começa a ser considerado um fator relevante de morte.

Dados publicados pela Revista Brasileira de Psiquiatria (SANTOS et al, 2005)

no ano de 2005 comprovavam que o suicídio entre os indivíduos na faixa etária 5-14

era pouco frequente, porém houve um aumento considerável. Neste período de 20

anos, a taxa de suicídio mundial aumentou 10 vezes. O maior aumento foi

observado em homens, aproximadamente 20 vezes. No ano de 2000, a proporção

de suicídio foi de 3 homens para cada mulher. Em 2004 foi publicado pela OMS

(2009) que o suicídio foi a quinta causa de óbito entre jovens com idade entre 10 e

19 anos.

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De um modo geral, dados da Revista Cubana Medicina General Integral

(2002) (REYES, 2002) revelam que em todo o mundo a importância do suicídio

aumentou entre as causas externas de mortalidade. Assim, em 1990, no mundo

morreram por suicídio aproximadamente 818.000 pessoas, a maioria deles

(267.000) entre as idades de 12-29 anos, ou seja, crianças, adolescentes e adultos

jovens.

A OMS estima que, até 2020, a incidência mundial de suicídio atinga cerca de

1,53 milhão de pessoas. Esta projeção global indica, portanto, que embora as

maiores taxas ainda pertençam ao público idoso, os membros da população mais

jovem estão cometendo suicídio com frequência cada vez maior.

De acordo com o exposto, tendo em vista o aumento do número de suicídio

como causa de morte entre crianças, justifica-se o estudo dos multifatores de risco

suicida nesta população com uma tentativa de prevenção.

1.1 CONCEPÇÕES SOBRE O SUICÍDIO

Sabemos que no mundo a cada ano o número de suicidas aumenta

consideravelmente independentemente de sua idade, condições sociais, raças, sexo

(CAPITÃO, 2007); somente sabemos que o ato suicida consumado deve receber a

devida importância, afinal conforme informado pela OMS (2000) o suicídio é um

problema de saúde pública que exige atenção, visando à prevenção e o controle.

A palavra suicídio então pode ser definida conforme palavras da autora abaixo:

"Chama-se suicídio todo caso de morte que resulte direta ou indiretamente de um ato positivo ou negativo, praticado pela própria vítima, sabedora de que devia produzir esse resultado. A tentativa é o ato assim definido, mas interrompido antes de resultar em morte." (Durkheim, 2000, p 11).

De acordo com Freud (1910) “Não se pode esquecer que o suicídio não é

nada mais que uma saída, uma ação, um término de conflitos psíquicos.”. Por essa

definição podemos entender que nem todo suicídio pode ter sua forma consciente,

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ou seja, o suicídio pode ocorrer por uma ação ou série de ações que levam a morte

do sujeito.

Nos textos de FREUD (1910, 1909, 1976) intitulados “Contribuições para uma

discussão acerca do suicídio” percebemos que o autor considera fortemente a

influencia da realidade sobre o sujeito e este por sua vez sobre seus atos. Nos

textos quando o autor comenta sobre o suicídio dos jovens estudantes Freud

saliente a importante do papel da escola na vida desses jovens no sentido de

conseguir mais do que não impelir seus alunos ao suicídio. Freud reforça que a

escola deve oferecer a sustentação em uma época em que os vínculos paternos

devem ser afrouxados dando força aos outros vínculos que serão estabelecidos na

escola.

Já no texto de FREUD (1917, 1987) “Luto e Melancolia”, o autor fala da

pulsão de morte e em suas implicações como perda do objeto amoroso

possibilitando o suicídio. No texto em questão Freud considera o estado melancólico

como um estado de perda objetal totalmente inconsciente, onde o próprio sujeito não

consegue localizar o que de si foi perdido, ou seja, existe uma ambivalência entre o

amor e ódio acrescida da identificação a esse objeto perdido, uma regressão da

libido para si e, ao mesmo tempo, uma busca por reparação. Nesse caso sobre o

olhar psicanalítico, o suicídio é considerado um homicídio, visando que o sujeito

tenta matar um outro dentro de si.

Para Durkheim (2000) o suicídio pode ocorrer como ações conscientes, como

um enforcamento, mas também de maneira inconsciente como, por exemplo:

negação de comer, que acarretará ao longo do tempo na morte.

De acordo com COSTA (2010) o suicídio derivado do latim sui (si mesmo) +

caederes (ação de matar), conotação usada para a morte intencional, provocada e

dirigida pelo próprio agente. O suicídio, portanto, de acordo com a autora é um ato

de autoagressão por morte causada voluntariamente, envolvido em três estágios

sucessivos chamado processo suicida: o desejo suicida, a ideia suicídio e suicídio

próprio ato.

Por outro lado afirma a autora é entendido como "comportamento suicida"

qualquer ação através do qual o indivíduo provoca lesão independente letalidade, o

método utilizado e o conhecimento real de sua intenção ocorre ou não a morte do

indivíduo.

Page 13: SUICÍDIO INFANTIL: ESTUDO DOS MULTIFATORES DE RISCO SUICIDA

13

De acordo com DURKHEIM (2000) as causas do suicídio podem ser

classificadas em dois grupos: gerais e específicas. A autora continua afirmando

que o indivíduo entende o suicídio como uma tentativa de fuga de uma situação de

vida que parece incontrolável. Muitos que tentam cometer suicídio estão buscando

alívio de: pensamentos ou sentimentos negativos, sentimentos de vergonha, culpa

ou sensação de um fardo para os seus familiares, sentimento de vítima, sentimentos

de rejeição, perda ou solidão.

Ainda de acordo com a autora o comportamento suicida pode ser

desencadeado por uma situação geral ou fato inerente a sua vontade, tais como:

envelhecimento, morte de um familiar querido, vícios, crise emocional, doença física

grave, desemprego e problemas financeiros.

Como causas específicas para DURKHEIM (2000) temos como

desencadeantes do ato suicida: fatores sociodemográficas, clínicos, neurobiológicas

e genéticos. Atualmente complementa a autora, sabe-se que é o suicídio pode ser

uma expressão de uma falha do mecanismos de adaptação do sujeito ao seu meio

ambiente, causada pela atual situação de conflito ou permanente, que gera um

estado de tensão emocional insuportável a esse indivíduo.

Muitas das tentativas de suicídio são executadas de um modo que seja

possível o resgate, essas tentativas representam um grito de ajuda, afinal de acordo

com a OMS (2000) sabe-se que as tentativas de suicídios são um número mais

significativo do que o número de suicídios consumados.

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2. OBJETIVO

O presente trabalho tem como objetivo identificar e discutir os multifatores que

levam ao crescimento significativo do suicídio infantil, tendo em vista contribuir para

uma melhor demarcação das características de risco, contribuindo assim, para

melhores abordagens preventivas e terapêuticas.

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3. METODOLOGIA

Para discutir a problemática do suicídio na infância foi realizada uma revisão

bibliográfica sistemática, na base de dados PUBMED e LILACS, para tal utilizaremos

uma busca com as palavras chaves “criança”, “suicídio”, “fator de risco” e “coorte”.

Os filtros utilizados foram: textos completos; idioma português, espanhol ou inglês;

ano de publicação de 1990 à 2013; limite “criança”, “pré-escolar”. Para a seleção dos

artigos encontrados, foram analisados títulos inicialmente, e em uma segunda etapa

os resumos. Foram excluídos estudo que abordavam apenas validação de

instrumentos e não contemplavam os fatores da causa do suicídio.

Por razão de falta de literatura brasileira, para a riqueza dos dados coletados

utilizaremos também artigos internacionais que possibilitam uma análise global do

suicídio e de seus multifatores.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram encontrados 5 estudos na base PUBMED utilizando as palavras

chaves e os filtros descritos na metodologia. Na base de dados LILACS foram

encontrados 4 artigos.

Dos 9 artigos, 4 atenderam ao critério de exclusão por falta de conteúdo

relativo com a pesquisa. Após a análise dos artigos foram selecionados 5, que

seguem resumidos na tabela 01:

Tabela 1 Sumário dos estudos incluídos na pesquisa.

Autores

AnoTítulo Metodologia Resultados Conclusão

Nok, K. M;

Kazdin E. A.

2002

Examination of

affective,

cognitive and

behavioral factors

and suicide-

related outcomes

in children and

young

adolescents.

Estudo coorte Humor deprimido,

pensamentos

automáticos

negativos,

desesperança sobre

o futuro, e anedonia

foram

significativamente

associados com as

crianças que

tentaram suicídio. Os

resultados foram

gerados atraves da

aplicação das

escalas WISC, CDS,

ATQ, HSC, SSI e

SIS.

Fatores afetivos,

cognitivos e

comportamentais

influenciam

diretamente na

ocorrência de

ideação suicida e

nas tentativas de

suicídio na infância.

Pelkonen. M;

Marttunen M.

2003

Child and

adoslescent

suicide.

Epidemiology,

risk factors and

approaches to

prevention.

Revisão da

literatura

Tratamentos

psicossociais

provaram ser úteis e

eficazes nos casos

de suicídio.

É de grande

importancia para

iniciar os tratamentos

As taxas de suicídio

no público infantil e

adolescente vêm

crescendo

rapidamente.

Entende-se que os

níveis de atenção

primária, secundária

Page 17: SUICÍDIO INFANTIL: ESTUDO DOS MULTIFATORES DE RISCO SUICIDA

17

a definição dos reais

fatores de risco para

cada criança ou

adolescente.

e terciária devem

estar devidamente

preparados para

atuar no

reconhecimento dos

fatores de risco,

assim podendo

atuar mais

efetivamente no

tratamento e

prevenção dos

casos de suicídio.

Bella E. M;

Fernández A.

R.; Willington,

M. F.

2010

Identificación de

factores de riesgo

en intentos de

suicidio en niños

y adolescentes.

Estudo de caso-

controle

56% das crianças

que com inteção

suicida pertencem ao

sexo feminino. Os

fatores de risco

identificados para o

suicídio infantil

foram: transtornos de

conduta, problemas

familiares de

diversas naturezas.

Tentativas de

suicidio anteriores,

somadas à

transtornos mentais

e problemas

familiares são

fatores de risco em

crianças com

intenção suicida.

Buitrago. C.

S. C.

2011

Factores de

riesgo asociados

a conductas

suicidas en ninos

y adolescentes.

Revisão

Bibliográfica

A conduta suicida

infantil tem como

principais fatores de

risco: depressão,

abuso sexual e

problemas familiares.

Após identificar os

fatores de risco é de

grande importância

psicoeducar a

sociedade para que

consigam identificar

e prevenir o suicídio

na infância.

Fresia. U.C.

1993

Tentativas y

consumación de

suicidio en niños

y adolescentes.

Revisão

Bibliográfica

Estudar os

significados de

morte, da conduta

suicida, das

características das

crianças suicidas,

das circunstancias

familiares, das

tentativas de

Identificando que

depressão, violência

social, instabilidade

familiar e uso de

substâncias são

fatores de risco para

o suicídio infantil

são propostas

algumas medidas

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18

reincidência do

suicídio significa

entender os fatores

de risco para uma

melhor atuação na

prevenção do

suicídio na infância.

terapêuticas tais

como: tratamento

com psico-fármacos

e terapia individual e

familiar como

prevenção na

reincidência de

tentativas de

suicídio.

Nok e Kazdin (2002) examinaram o papel dos fatores afetivos, cognitivos e

comportamentais nas ocorrências de ideação suicida e tentativas de suicídio em 175

crianças e jovens adolescentes pacientes psiquiátricos internados. A amostra foi

composta de 122 meninos e 53 meninas, todos com idades entre 6 a 13 anos. Para

ser incluído na pesquisa, as crianças deveriam ter pelo menos 6 anos de idade e

não ter nenhuma evidência de comprometimento neurológico, convulsões e quadros

de demência.

O método da pequisa constituiu na aplicação de algumas escalas tais como: WISC,

CDS, CDS, ATQ, HSC, SSI e SIS que ajudaram os pesquisadores na obtenção dos

resultados. Todos os pacientes foram submetidos a testes de inteligência e variadas

escalas de avaliação de multifatores da intenção e ideação suicida. Quando foram

analisados os resultados percebeu-se que as meninas tinham duas vezes mais

probabilidade que os meninos de tentativa de suicídio.

Sabe-se que grande parte dos multifatores para a idealização suicida na

infância estão ligados a problemas diversos no desenvolvimento infantil. De acordo

com a Associação Brasileira de Psiquiatria (2009), os fatores de riscos são: as

alterações do desenvolvimento infantil, atrasos no desenvolvimento, problemas de

comportamentais, doenças crônicas ou deficiências, além das vulnerabilidades

relacionadas à família e à sociedade.

Nok e Kazdin (2002) relatam também que em suas pesquisas o suicídio tem

sua maior predominancia no sexo feminino onde de 53 meninas, 36 possuem

ideação ou já tentaram suicidio. Já no sexo masculino a proporção é melhor de 122

meninos somente 52 já têm ideação ou já tentaram suicidio. Percebeu-se também

que de 58 crianças negras, 30 delas tinham ideação suicida ou já tentaram suicídio.

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19

Foi perceptivel pelos autores que as crianças que tiveram maiores escores

nas escalas de ATQ e HSC relataram ter um número maior de tentativas prévias de

suicídio, assim fica claro que os fatores emocionais como humor deprimido,

pensamentos automáticos negativos, desesperança sobre o futuro e anedonia

estavam significativamente associadas com a ideação suicida e a presença de uma

nova tentativa de suicídio.

Os autores prosseguem justificando que os estado psicológico de anedonia

pode ser considerado fator de proteção ao suicídio infantil quando comparado a

crianças que apresentam depressão, onde o prejuizo psíquico em alguns casos

pode ser irreparável.

Pelkonen e Marttunen (2003) afirmam que relação entre transtornos

psiquiátricos e suicídio na infância é intensa. Os transtornos de humor, abuso de

drogas e tentativas de suicídio anteriores estão fortemente relacionados com

suicídios no publico infantil e adolescente. Fatores relacionados à adversidade

família e alienação social também contribuem para o risco de suicídio.

Os autores acima ressaltam a importancia das relações familiares e do fator

psicossocial como estimulantes no suicídio na infância. Pais divorciados e o histórico

familiar de suicídio podem ser agravantes. Sabe-se que 30% dos suicídios na

infância e adolescencia possue histórico familiar de suicídio, além disso, de acordo

com os autores são também fatores de risco abuso de drogas e problemas mentais

nos pais.

Os autores Bella, Fernández, Willington (2010) realizaram um estudo com um

grupo de crianças e adolescentes hospitalizados por tentativa de suicídio e um grupo

controle de crianças sem tentativas no período de 2006-2007. Os estudos foram

realizados com base em entrevistas clínicas semiestruturadas, aplicação do teste

“Como é sua família” e estudo dos registros clínicos anteriores.

Seguem afirmando os autores que por falta de estudos científicos, as crianças

e adolescentes com comportamento suicída, eram associadas somente as

problemáticas familiares e até então somente os problemas familiares eram

suficientes para explicar as tentativas de suicídio. Esse entendimento levou a uma

tardia compreensão dos diversos multifatores envolvidos na conduta suicida. De

fato, uma das descobertas dos estudos feitos pelos autores é a alta freqüência de

Page 20: SUICÍDIO INFANTIL: ESTUDO DOS MULTIFATORES DE RISCO SUICIDA

20

fundo psicopatológico e transtornos mentais no grupo de crianças com tentativa de

suicídio.

Como resultados obtidos os autores Bella, Fernández, Willington (2010)

mostram que nas crianças a maior prevalência de suicídio é no sexo feminino,

porém, crianças do sexo masculino iniciam suas intenções suicidas com menor

idade. Foi observado também que psicoses, transtornos bipolares, depressão,

transtornos de conduta social, transtornos de personalidades e disfunções familiares

são diagnosticados em grande parte das crianças e adolescentes do grupo.

A autora Buitrago (2011) em sua revisão bibliográfica entende que o processo

suicida começa no momento em que os pensamentos de morte chegam até a

realização das primeiras tentativas de suicídio, com um aumento gradual na

letalidade da tentativa de alcançar o suicídio. Para a autora as manifestações

suicidas têm grande fundo emocional na maioria dos casos, e podem ser

consideradas como: atitudes de escape, vingança a si próprio, altruísmo, tendência

a ser percebido como um perdedor, baixa tolerância à frustração, dificuldade em

resolver conflito, desesperança e abandono.

Para a autora os principais fatores de risco para o suicído nas crianças e

adolescentes do sexo masculino são: depressão, uso de drogas, a perda de um

membro da família ou amigo por suicídio, fácil acesso a armas de fogo. Já para o

sexo feminino, os fatores podem ser diferenciados tais como: famílias

monoparentais (especialmente a ausência do pai), traços de personalidade

narcisista ou anti-social, pobreza, problemas de relacionamento, abuso físico ou

sexual, transtornos alimentares, conflito interno geral e funções executivas

neuropsicológicas deficientes.

Percebe-se que as autoras Fresia (1993) e Buitrago (2011) caminham no

mesmo sentido quando apontam os fatores de risco do suicídio em criança e em

adolescente. Fresia (1993) cita que os fatores precipitantes para o suicídio são:

problemas de rendimento e conduta escolar, problemas amorosos, abuso físico ou

sexual, conduta suicida de familiares ou amigos e problemas familiares de diversas

naturezas. A autora continua afirmando que o suicídio pode ter como significado

fuga de situaçãos problemáticas, busca por atenção ou até mesmo uma forma de

autopunição.

Page 21: SUICÍDIO INFANTIL: ESTUDO DOS MULTIFATORES DE RISCO SUICIDA

21

Para a autora existem características psicológicas definidas para as crianças

e adolescentes suicidas dentre elas: comportamento ou sintomas de depressão,

imaturidade, instabilidade afetiva e impulsividade. Existem também características

no funcionamento familiar que ajudam na ideação suicida, tais como: separação dos

pais, ausência do pai ou da alguma figura parental, violência familiar, abuso físico ou

sexual e a falta de comunicação entre os pais e filhos.

Fresia (1993) afirma também que o individuo que já tenha realizado um

tentativa de suicídio tem cerca de 30 à 50% de probabilidade de repetir o ato, o risco

de reincidência é maior nos 3 meses seguintes à tentativa inicial. Sabe-se também

através do estudo que primeiras tentativas de suicídio letais são características de

sujeitos com algum tipo de desordem psicopatológicas, antecedentes de grandes

dificuldades de adaptação e rendimento escolar, familiar numerosas (mais de 4

filhos) e abuso de substâncias.

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5. CONCLUSÕES

O presente estudo teve como objetivo identificar e discutir os multifatores que

levam ao crescimento significativo da ideação suicida em crianças. Percebe-se que

ainda faltam estudos científicos publicados no Brasil que abordem o tema e

sinalizem que este é um problema crescente de saúde pública que exige atenção,

prevenção e controle das ocorrências.

Constatou-se com este estudo de revisão bibliográfica, que o suicídio é um

fenômeno complexo que atinge o indivíduo em seus aspectos biopsiossociais. O

suicídio seria toda morte induzida, de forma direta ou indireta, tendo no final como

resultado a morte provocada pelo próprio sujeito.

De acordo com os referencias teóricos utilizados na discussão podemos

destacar os principais fatores de risco do suicídio na infância, conforme tabela 02

abaixo:

Tabela 2 Principais fatores de risco do suicídio na infância.

Principais fatores:

1 – Crianças do sexo feminino.

2 – Abusos físicos e sexuais.

3 – Problemas psicológicos (Instabilidade afetiva, impulsividade, problemas escolares,

abandono, culpa, entre outros)

4 – Problemas familiares (relacionamento ou financeiros)

5 – Abuso de substâncias (álcool ou drogas ilícitas)

6 – Transtornos psicopatológicos (Depressão, transtorno de humos bipolar, psicoses,

transtornos de personalidade, dentre outros).

7 – Problemas sociais

Como falado anteriormente o suicídio é um fator amplo que atinge o sujeito

em todas as áreas da sua vida. Na criança o agravante é maior, pois sabe-se que o

psicológico infantil está em formação, ou seja, além de problemas psicopatológicos

que atuam como fatores desencadeantes dos suicídios grande parte dos fatores de

risco conforme tabela acima estão na dimensão social do sujeito.

De acordo com Freud (1910) em seu texto intitulado “Contribuições para uma

discussão acerca do suicídio” percebe-se a importância do social como fator protetor

Page 23: SUICÍDIO INFANTIL: ESTUDO DOS MULTIFATORES DE RISCO SUICIDA

23

para a ideação suicida. Freud (1910) considerava a influencia da realidade sobre o

sujeito e também sobre seu ato. Quando o autor comenta o suicídio dos estudantes

em seu texto, aponta o papel da escola na vida dos jovens, no sentido de conseguir

mais do que não impelir seus alunos ao suicídio.

Sendo assim, pode-se definir que fatores sociais, mais fatores

psicopatológicos quando agregados em crianças do sexo feminino em sua maioria

podem atuar como fatores desencadeantes da ideação suicida e para isso é de

suma importância o diagnóstico antecipado e, o trabalho de psicoeducação nas

famílias e na sociedade na qual essa criança está inserida. Sabe-se que o trabalho

de prevenção de acordo com a OMS (2000) vem sendo feito em diversos países,

porém, no Brasil este trabalho ainda é tímido e de certa forma é deixado de lado por

parte de familiares e profissionais por falta de informação e interesse sobre o

assunto.

Destaca-se a importância de se produzir pesquisas com ensaios clínicos de

intervenções para ideação suicida infantil, sendo de grande valia verificar a eficácia

dos estudos sobre a prevenção do suicídio infantil, preocupando-se com o contexto

do tema no Brasil.

Acredita-se que a identificação dos multifatores para a ideação suicida é um

início de um tema abrangente que necessita de empenho por parte da sociedade

científica. Entender os multifatores é apenas uma pequena parte de uma atmosfera

que carece de um trabalho assertivo de prevenção e de controle.

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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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