38
jan/fev ’06 Sindicato dos Professores da Região Centro Rua Lourenço Almeida de Azevedo, 21 Apartado 1020 — 3001-552 Coimbra Telef.: 239 851 660 FAX: 239 851 666 E-Mail: [email protected] http//:www.sprc.pt Ficha Técnica Região Centro Informação Registo de Propriedade n.º 217964 Propriedade do Sindicato dos Professores da Região Centro Rua Lourenço de Almeida Azevedo, 21 Apartado 1020 — 3001-552 Coimbra Director — Mário Nogueira Chefe de Redacção — Luís Lobo Conselho de Redacção: Francisco Almeida, Graça Cardoso, Luís d’Almeida, Nelson Delgado, Paulo Santos, Vitor Januário Grafismo e Ilustração — Tiago Madeira Composição e Paginação — SPRC Periodicidade — Mensal Tiragem — 15500 exemplares Impressão — Sociedade Tipográfica, SA Estrada Nacional nº 10, km 108,3 Porto Alto - 2135-114 Samora Correia Embalagem e Expedição — Almeida Pereira - Embaladora, Lda Centro Operador de Marketing Redacção e Administração — Rua Lourenço Almeida de Azevedo, 21 Fotografias — Arquivo SPRC, Cadernos Pedagógicos — Coordenação de Margarida Fonseca Registo de Publicação n.º 117965 Depósito Legal n.º 228/84 EXECUTIVOS DISTRITAIS Aveiro Rua de Angola, 42 - B Urbanização Forca Vouga • 3800-008 Aveiro Telef.: 234 420 775 • FAX: 234 424 165 E-Mail: [email protected] Castelo Branco R. João Alves da Silva, 3 - 1.º Dt.º 6200-118 Covilhã Telef.: 275 322 387 • FAX: 275 313 018 E-Mail: [email protected] Coimbra Praça da República, 28 — 1.º Apartado 1020 3001-552 Coimbra Telef.: 239 851 660 • FAX: 239 851 668 E-Mail: [email protected] Guarda Rua Vasco da Gama, 12 — 2.º 6300 Guarda Telef.: 271 213 801 • FAX: 271 223 041 E-Mail: [email protected] Leiria R. dos Mártires, 26 — r/c Drtº Apartado 1074 2400-186 Leiria Telef.: 244 815 702 • FAX: 244 812 126 E-Mail: [email protected] Viseu Av Alberto Sampaio, 39 — 1.º Apartado 2214 3510-030 Viseu Telef.: 232 420 320 • FAX: 232 431 138 E-Mail: [email protected] DELEGAÇÕES Castelo Branco R. Pedro Fonseca, 10 — L 6000-257 Castelo Branco Telef.: 272 343 224 • FAX: 272 322 077 E-mail: [email protected] Figueira da Foz R. Calouste Gulbenkian, 62 - r/c Esq.º 3080-084 Figueira da Foz Telef.: 233 424 005 Douro Sul Av. 5 de Outubro, 75 — 1.º Apartado 42 5100-065 Lamego Telef.: 254 613 197 • FAX: 254 656 457 E-mail: [email protected] Seia Lg. Marques da Silva Edifício Camelo, 2.º Esquerdo 6270-490 Seia Telef.: 238 315 498 • FAX: 238 315 498 Editorial Ensino e Concorrência pág.4 EM DESTAQUE COMO PODEM SÓCRATES E OS SEUS MINISTROS SENTIR-SE ORGULHOSOS DO QUE FIZERAM EM 1 ANO?! Estudo/Encerramento Até quando?!... sem políticas de investimento, qualificação e de desenvolvimento sustentado? pág.7 Educação Pré-Escolar Afinal Educação Pré-Escolar é tam- bém alvo da fúria ministerial de encerrar estabelecimentos públicos de educação pág.28 Ensino Particular e Cooperativo Apagar fogos que outros incendiaram... pág.29 Ensino Secundário Direitos e Condições de Trabalho dos Docentes postos em causa! pág.30 Estudo/Segurança Social Ministro das Finanças no Prós e Contras pág.32 SUMÁRIORCI.JAN/FEV ’06 Sindicato dos Professores da Região Centro Assembleia Geral de Sócios Documentos para discussão e aprovação pág.15 Tem a Palavra Gostaria de boas notí- cias… O que me sugere? pág.33 O governo e os gover- nados pág.35 Deveriam envergonhar-se e pedir desculpa ao país. Mas não o fazem! pág.6

SUMÁRIORCI.JAN/FEV ’06 - SPRCaposentação e cálculo das pensões Calendário escolar. Despacho nº 3782/2006 de 16 de Fevereiro - Alteração do calendário ... gamento de horário

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jan/fev ’06

Sindicato dos Professores da Região CentroRua Lourenço Almeida de Azevedo, 21Apartado 1020 — 3001-552 CoimbraTelef.: 239 851 660FAX: 239 851 666E-Mail: [email protected]//:www.sprc.ptFicha TécnicaRegião Centro InformaçãoRegisto de Propriedade n.º 217964Propriedade doSindicato dos Professores da Região CentroRua Lourenço de Almeida Azevedo, 21Apartado 1020 — 3001-552 CoimbraDirector — Mário NogueiraChefe de Redacção — Luís LoboConselho de Redacção:Francisco Almeida, Graça Cardoso, Luís d’Almeida, Nelson Delgado, Paulo Santos, Vitor JanuárioGrafismo e Ilustração — Tiago MadeiraComposição e Paginação — SPRCPeriodicidade — MensalTiragem — 15500 exemplaresImpressão — Sociedade Tipográfica, SAEstrada Nacional nº 10, km 108,3Porto Alto - 2135-114 Samora CorreiaEmbalagem e Expedição — Almeida Pereira - Embaladora, LdaCentro Operador de MarketingRedacção e Administração — Rua Lourenço Almeida de Azevedo, 21Fotografias — Arquivo SPRC,Cadernos Pedagógicos — Coordenação de Margarida FonsecaRegisto de Publicação n.º 117965Depósito Legal n.º 228/84

EXECUTIVOS DISTRITAISAveiroRua de Angola, 42 - BUrbanização Forca Vouga • 3800-008 AveiroTelef.: 234 420 775 • FAX: 234 424 165E-Mail: [email protected] BrancoR. João Alves da Silva, 3 - 1.º Dt.º6200-118 CovilhãTelef.: 275 322 387 • FAX: 275 313 018E-Mail: [email protected]ça da República, 28 — 1.ºApartado 1020 3001-552 CoimbraTelef.: 239 851 660 • FAX: 239 851 668E-Mail: [email protected] Vasco da Gama, 12 — 2.º 6300 GuardaTelef.: 271 213 801 • FAX: 271 223 041E-Mail: [email protected]. dos Mártires, 26 — r/c DrtºApartado 10742400-186 LeiriaTelef.: 244 815 702 • FAX: 244 812 126E-Mail: [email protected] Alberto Sampaio, 39 — 1.ºApartado 22143510-030 ViseuTelef.: 232 420 320 • FAX: 232 431 138E-Mail: [email protected]

DELEGAÇÕESCastelo BrancoR. Pedro Fonseca, 10 — L6000-257 Castelo BrancoTelef.: 272 343 224 • FAX: 272 322 077E-mail: [email protected] da FozR. Calouste Gulbenkian, 62 - r/c Esq.º3080-084 Figueira da FozTelef.: 233 424 005Douro SulAv. 5 de Outubro, 75 — 1.ºApartado 425100-065 LamegoTelef.: 254 613 197 • FAX: 254 656 457E-mail: [email protected]. Marques da SilvaEdifício Camelo, 2.º Esquerdo6270-490 SeiaTelef.: 238 315 498 • FAX: 238 315 498

EditorialEnsino

e Concorrência pág.4

EM DESTAQUECOMO PODEM SÓCRATES E OS SEUS MINISTROS SENTIR-SE ORGULHOSOS DO QUE FIZERAM EM 1 ANO?!

Estudo/EncerramentoAté quando?!...sem políticas de investimento, qualificação e de desenvolvimento

sustentado? pág.7

Educação Pré-EscolarAfinal Educação Pré-Escolar é tam-bém alvo da fúria ministerial de encerrar estabelecimentos

públicos de educação pág.28

Ensino Particular e CooperativoApagar fogos que outros incendiaram... pág.29

Ensino SecundárioDireitos e Condições de Trabalho dos Docentes postos em

causa! pág.30

Estudo/Segurança SocialMinistro das Finanças

no Prós e Contras pág.32

SUMÁRIORCI.JAN/FEV ’06

Sindicato dos Professoresda Região Centro

Assembleia Geral de SóciosDocumentos para discussão e aprovação

pág.15

Tem a PalavraGostaria de boas notí-cias…

O que me sugere? pág.33

O governo e os gover-

nados pág.35

Deveriam envergonhar-se e pedir desculpa ao país. Mas não o fazem!

pág.6

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legislação RCI3

AlunosDecreto-Lei nº227/2005 de 28 de Dezembro - Define o regime de con-cessão de equivalência de habilitações de sistemas educativos estrangeiros a habilitações do sistema educativo português ao nível dos ensinos básico e secundário

Despacho Normativo nº 1/2006 de 6 de Janeiro - Regulamenta a constitu-ição, funcionamento e avaliação de turmas com percursos curriculares alternativos. Revoga o Despacho nº22/SEEI/96 de 20 de Abril

Informação nº 156/JM/SEE/2006 - Faltas dos alunos do ensino básico a actividades educativas decorrentes de ausência imprevista do docente titular de turma / disciplina

Ofº Circular de 21/10/2005 -Aplicação do estatuto de Trabalhador-estudante ao pessoal docente do ensino não superior

Despacho Normativo nº 7/2006 de 6 de Fevereiro - Estabelece princípios e normas orientadoras para implementa-ção acompanhamento e avaliação das actividades curriculares a desenvolver pelas escolas no domínio da língua portuguesa com língua não materna

Declaração de Rectificação nº 9/2006 de 6 de Fevereiro - Rectifica o Decreto-Lei nº 227/2005 que define o novo regime de concessão de equiv-alências de habilitações estrangeiras dos ensinos básico e secundário

Decreto-Lei nº 24/2006 de 6 de Fevereiro - Altera o Decreto-Lei nº74/2006 de 26 de Março que es-tabelece os princípios orientadores organização e gestão curricular, bem como da avaliação das aprendizagens de nível secundário da educação

AposentaçãoLei nº60/2005 de 29 de Dezembro – Estabelece mecanismos de con-vergência do regime de protecção social da função pública com o regime geral da segurança social no que respeita as condições de aposentação e cálculo das pensões

Decreto-Lei nº 229/2005 de 29 de Dezembro - Revê os regimes que consagram par determinados grupos de subscritores da CGA desvios às regras previstas no E.A. em matéria

de tempo de serviço, idade, aposenta-ção e fórmula de cálculo das pensões de forma a compatibilizá-los com convergência ao regime de protecção social no respeito às condições de aposentação e cálculo das pensões

Calendário escolarDespacho nº 3782/2006 de 16 de Fevereiro - Alteração do calendário escolar 2005-2006

ConcursosDecreto-Lei nº 20/2006 de 31 de Janeiro - Revê o regime do concurso para selecção e recrutamento do pes-soal docente da educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário, revogando o Decreto-Lei nº35/2003 com a redacção dada pelo Decreto-Lei nº 20/2005Decreto-Lei nº 27/2006 de 10 de Fevereiro – Cria e define os grupos de recrutamento para efeitos de selecção e recrutamento do pessoal docente da educação pré-escolar e dois ensinos básico e secundário

Aviso nº 2053/2006 de 16 de Fever-eiro - Transferência de educadores de infância e professores do ensino básico e secundário prevista no artº 45º do Decreto-Lei nº20/2005

Aviso nº 2174-A/2006 de 16 de Fevereiro - Concurso de educadores de infância e professores dos ensinos básico e secundário ano escolar 2006-2007

Contagem de tempo de serviçoLei nº 59/2005, de 29 de Dezembro – Primeira alteração à Lei nº5/2001 de 2 de Maio que considera o tempo de serviço prestado na categoria de auxiliar de educação pelos educado-res de infância habilitados com o curso de formação para efeitos da carreira docente

DiversosDespacho Conjunto nº 30/2006 de 11 de Janeiro - Intervenção precoce para crianças com deficiência ou em risco de atraso grave no desenvolvim-ento – constituição do grupo interde-partamental, coordenação

Portaria nº100/2006 de 3 de Fever-eiro - Actualiza o preço de venda das refeições nos refeitórios da Administra-ção Pública

Educação

Despacho Conjunto nº 1081/2005 de 12 de Dezembro - Cria uma equipa de coordenação do plano nacional de leitura, define as suas competências e coordenação

Despacho Conjunto nº 1074/2005 de 16 de Dezembro - Cria um grupo de trabalho com o objectivo de repensar o modelo de relacionamento das institu-ições que prestam serviço de ATL com as escolas

Despacho nº 25994/2005 de 16 de Dezembro - Constitui o grupo de trabalho com o objectivo de acompan-har as práticas das escolas no que respeita à organização e distribuição do serviço docente

Portaria nº 1310/2005 de 21 de Dezembro - Regulamento de conser-vação arquivística dos estabelecimen-tos de ensino básico e secundário

Despacho nº 26691/2006 de 27 de Dezembro - Medidas adequadas à organização e dinamização de uma estrutura da coordenação para as tecnologias da Informação e Comuni-cação – TIC

Despacho nº 3032/2006 de 8 de Fevereiro - Preparação do próximo período de programação de fundos estruturais 2007/2013 na área da educação

Despacho Conjunto nº 171/2006 de 10 de Fevereiro - Execução do Programa integrado de educação e formação (PIEF)

Educação pré-escolarOfº Circular nº31/2006 de 3 de Fevereiro - Educação pré-escolar / Inscrições a título excepcional de cri-anças que completam 3 anos de idade após 31 de Dezembro do ano lectivo em curso

1º CEBOfº Circular nº3/2006 de 6 de Ja-neiro- Escola a tempo inteiro – prolon-gamento de horário – despacho 16795/2005 de 3 de Agosto

1º 2º 3º CEB e SecundárioInformação nº 133/JM/SEE/2005 de 17 de Setembro - Componente não lectiva

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legislação RCI4

Informação nº183/JM/SEE/2005 de 13 de Dezembro - Serviço docente: despacho nº16795/2005 de 3 de Agosto e Despacho nº 17387/2005 de 12 de Agosto

Portaria nº 1329/2005 de 29 de Dezembro - Estabelece o ajustamento anual da rede escolar para 2005-2006cvom a consequente criação , extinção e transformação de escolas

Ensino SuperiorDespacho nº484/2006 de 9 de Ja-neiro - Avaliação global e avaliação da qualidade do sistema de ensino superior português - medidas comple-mentares

Portaria nº 231/2006 de 18 de Janei-ro - Orçamento de funcionamento base das actividades de ensino e formação das instituições de ensino superior

Despacho nº 1377/2006 de 19 de Ja-neiro - Regulamento do Programa de Doutoramento em Ciências da Saúde da Universidade de Coimbra

Despacho 1771/2006 de 23 de Ja-neiro - Programa de Doutoramento em Gestão , Ciência Aplicada à Decisão – ano lectivo 2006-2007

Aviso nº 1012/2006 de 26 de Janeiro - Regulamento dos doutoramentos da Universidade de Coimbra

Despacho 2248/2006 de 27 de Janeiro - Elenco de disciplinas opção livre – 1º semestre, 2005-2006, Univer-sidade de Aveiro

Despacho Normativo nº 6/2006 de 3 de Fevereiro - Homologa a terceira alteração dos Estatutos do I. P. Leiria

Despacho nº 2912/2006 de 7 de Fe-vereiro - Regulamento do Instituo de Formação Pós-graduada da Universi-dade de Aveiro

Faltas Férias e LicençasDespacho nº 3763/2006 de 16 de Fevereiro - Contingente máximo de licenças sabáticas 2006-2007FormaçãoRegulamento nº 82/2005 de 9 de Dezembro - Regulamento da medida V.6 - “Promoção e Divulgação Cientí-fica e Tecnológica “ : acções V.6.1 e V.6.2.

HabilitaçõesPortaria nº 88/2006 de 24 de Janeiro - Reconhece novos cursos do ensino superior como habilitação própria para a docência

VencimentosFolha Informativa GGF de 5 de Outu-bro - Lei nº 43/2005 de 29 de Agosto . Não contagem de tempo de serviço para efeitos de progressão. Pedido de esclarecimento

Circular série A nº 1323 da DGO - Contenção dos níveis de despesa dos serviços integrados e dos serviços e fundos autónomos no final do ano económico de 2005

Portaria nº 1316/2005 de 22 de Dezembro - Actualiza as pensões de invalidez, velhice e sobrevivência e doença profissional do subsistema previdencial e de solidariedade social

Decreto-Lei nº 238/2005 de 30 de Dezembro - Actualiza os valores da retribuição mínima mensal garantida para 2006

Ofº Circular nº 1/GGF/2006 de 6 de Janeiro - Convergência do regime de protecção social da função pública com o regime geral da segurança social. Pessoal docente

Circular nº1/GGF/2006 de 19 de Janeiro - Projecto de Orçamento para 2006 - Fontes de financiamento 110, 123, 230

Portaria nº132/2006 de 16 de Fever-eiro - Fixa o montante das prestações por encargos familiares bem como das prestações que visam a protecção de crianças e jovens com deficiência

Despacho nº 4038/2006 de 21 de Fevereiro - Tabelas de retenção na fonte IRS 2006

A semana nacional de luta contra os despachos 16795 e 17387, pela sua substituição e pela negociação das propostas apresentadas pela FENPROF ao Ministério da Educação, registou uma forte mobilização de professores e educa-dores.

Em toda a região centro, os docentes aderem a esta acção, exigindo os fim dos ataques continuados ao exercício da sua profissão e ao desenvolvimento do seu conteúdo funcional, violadores da lei e desrespeitadores das posições dos professores e das preocupações das escolas, as quais vivem um mal-estar crescente entre professores e alunos, fruto da aplicação dos referidos despachos.Numa greve cujo levantamento de dados de adesão foi muito muito mais difícil do que o habitual, pois dirigia-se fundamentalmente às ausências imprevistas de docentes (praticamente inexistentes por causa do baixo absentismo dos professores), nos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico e no ensino secundário, e aos períodos após as actividades lectivas da educação pré-escolar e 1.º ciclo do ensino básico, a forte adesão verificada manifestou-se através de prolongamentos de horário não realizados e da quase totalidade de substituições não verificadas.

Ministra anuncia substituições no

secundário

A FENPROF considera, ainda, que as declarações do Primeiro Ministro e da Ministra da Educação em relação à sua intenção de alargar este regime de horários ao ensino secundário, proferidas no primeiro dia desta greve, têm um sentido provocatório, de afronta aos professores e educadores, para além de revelarem uma absoluta ausência de atitude dialogante e negocial.Ao mesmo tempo, a FENPROF, conhecedora das dificuldades criadas às escolas com o regime de horários imposto, manifesta a sua grande peocupação com as declarações dos governantes portugueses por denotarem o seu total desinteresse pelo encontro de soluções que, no cumprimento da lei, sejam positivas e valorizadoras da escola pública e da qualidade

Em defesa do horário de trabalho e do conteúdo funcional da profissão docente

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Ensino e Concorrência

RCI5editorial

Luís Lobo, [email protected]

O problema do ensino, como alguns ultimamente voltaram a querer fazer crer, provavel-mente entusiasmados com a co-habitação Cavaco-Sócrates não, está na existência ou não de concorrência, mas sim nos processos que se adoptam para que a escolaridade de um qualquer aluno seja saudável, envolvida e marcante, de forma positiva.

O problema do ensino em Portugal é um problema de cidadania. Está também localizado na Escola, mas reside essencialmente a montante, nos problemas sociais, no pouco investimento dos governos na cultura, na tecnologia. Está no desemprego de meio milhão de trabalhadores e na pobreza que atinge dois milhões de portugueses, na infor-mação dos cidadãos e no analfabetismo de 10% da população portuguesa.

Compreendem-se as razões dos que defendem a competitividade como paliativo para o insucesso das nossas políticas educativas, pois querem obter alguns ganhos pessoais com isso. Mas, no entanto, é necessário fazer referência à tendência catastrófica para a adopção de políticas que têm vindo a progressi-vamente destruir o nosso sistema edu-cativo, pretendendo liberalizá-lo.

Ou seja, desde Roberto Carneiro que os governos têm optado por proteger o sector privado para aniquilar o sector público, quando teria sido mais vantajoso apostar, seriamente no sector público. Porquê? Porque é mais barato e obtém melhores resultados.

Ora vejamos. Os últimos dados divulgados sobre o sucesso dos alunos do ensino secundário no acesso ao ensino superior apontam para a ocu-pação de lugares cimeiros por colégios privados sem contrato de associação. E isso o que quer dizer? Apenas que os jovens de famílias economicamente favorecidas e culturalmente nutridas conseguem pagar um ensino com uma qualidade idêntica à das escolas públicas, mas têm aprendizagens mais significativas por todos serem potenciais alunos de sucesso, à partida.

O ensino privado com contrato de associação (com alunos desde o filho do desempregado até ao filho do quadro superior) tem normalmente piores resultados que as escolas públicas. Porque se prepara a ministra de um governo socialista para apostar mais fortemente no apoio ao ensino privado e porque o promove em todos os seus actos públicos?

O financiamento do sector privado não beneficia os alunos, mas sim os donos, as administrações, os patrões dos colégios. Financiar o sector privado de ensino é es-banjar dinheiro. É aposta contínua na perda sucessiva de oportunidades para investir no ensino público.

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em destaque RCI6

O Governo assinalou, com apar-ente orgulho, o seu primeiro ano de mandato.

Um ano passado sobre a sua eleição e posse, regista-se:

- Os professores têm as suas carrei-ras congeladas;

- É-lhes roubado cerca de ano e meio de tempo de serviço para pro-gressão na carreira;

- A idade para a aposentação au-mentou para os 65 anos;

- Os salários desvalorizaram-se com a imposição de uma “actualização” um ponto abaixo da inflação prevista;

- Foram revogadas diversas dispo-sições do Estatuto de Carreira Do-cente através da aprovação unilateral, pelo ME, do Dec-Lei 121/2005;

- Os estágios pedagógicos degra-daram-se com a não atribuição de turma aos estagiários;

- Foram eliminadas as reduções de componente lectiva para o exercício de cargos pedagógicos nas escolas;

- Foram subvertidos o horário de trabalho e as funções docentes com a eliminação efectiva dos períodos de redução, o acréscimo de mais duas horas aos horários e a atribuição de actividades lectivas aos professores a desenvolver na componente não lectiva;

- Os prolongamentos de horário em jardins de infância e escolas do 1º Ciclo são garantidos por professores e educadores que substituem os anima-dores e monitores anunciados, mas proibidos de contratar pelo ME;

- As substituições de professores em falta fazem-se ao arrepio da lei, através da criação de um “plantão” que é chamado quando se verifica alguma falta;

- A muitos professores e educadores foi imposto o cumprimento de horário em refeitórios e cantinas, em vigilân-cia de recreios, actividades que deve-

riam ser da responsabilidade de outros profissionais;

- Os concursos deixaram de ser anuais, impedindo os professores de concorrer, anualmente, para ingresso ou transferência de quadro;

- As escolas têm dificuldade em se organizar e viram aumentados os constrangimentos ao seu normal funcio-namento com a imposição, em Agosto dos despachos 16795 e 17387;

- Prevê-se o encerramento de 1500 estabelecimentos, ainda este ano, e de quase 5000 até final da Legislatura, num processo em que releva a falta de diálogo e a indiferença pelos problemas que serão criados a milhares de crianças com idades entre os 6 e os 10 anos;

- O currículo do 1º Ciclo é des-pojado de componentes importantes, como a língua estrangeira, o desporto ou as expressões, para que essas ac-tividades possam ser desenvolvidas por entidades privadas;

- O desemprego docente aumen-tou brutalmente, apesar do país continuar a viver, por vezes de forma agravada, situações ímpares, no con-texto europeu, de abandono e insucesso escolares, analfabetismo, e baixas qualificações;

A estes problemas específicos da Educação acrescem outros como a grande ofensiva contra a Administra-ção Pública, os serviços públicos, os direitos sociais e o mundo do trabalho. O desemprego atingiu a taxa dos 8%, a precariedade eleva-se acima dos 70%, a pobreza alastra provocando o aumento das bolsas de exclusão, serviços pú-blicos fundamentais para os cidadãos são eliminados (para além das escolas, também os centros de saúde), a deserti-ficação acentua-se, os preços de bens de primeira necessidade disparam…

COMO PODEM SÓCRATES E OS SEUS MINISTROS SENTIR-SE ORGULHOSOS DO QUE FIZERAM EM 1 ANO?! Deveriam envergonhar-se e pedir desculpa ao país. Mas não o

fazem! Não o fazem porque estas me-didas não afectam os seus interesses, que se consolidam do lado de lá dos direitos e interesses da generalidade dos portugueses. Os donos do poder político – os grandes grupos económicos e financeiros – vêem a sua vida a andar para a frente, aumentando escandalosa-mente os lucros e concentrando em si, cada vez mais, a riqueza nacional; ao mesmo tempo, os boys do Governo não param de aumenta. Segundo refere a comunicação social, José Sócrates tem 15 secretárias pessoais, 18 asses-sores e 13 adjuntos no seu gabinete de primeiro-ministro e, neste primeiro ano, o Governo já nomeou 2148 pessoas para gabinetes ministeriais e para o aparelho de Estado. Ou seja, os boys estão por toda a parte.

É contra este estado de coisas que teremos de manter a luta. Por ser muito forte o ataque, não basta lutar como até aqui, há que lutar mais e mais! Só nós, com a nossa força, a nossa deter-minação e a nossa unidade podemos, com êxito, contrariar este rumo dado pela governação e recuperar algum do terreno perdido.

Mário Nogueira, coordenador do SPRC

Como podem Sócrates e os seus ministrossentir-se orgulhosos do que fazem em 1 ano?!

O desemprego atingiu a taxa dos 8%, a precariedade eleva-se acima dos 70%, a pobreza alastra pro-vocando o aumento das bolsas de exclusão, ser-viços públicos fundamen-tais para os cidadãos são eliminados…

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Encerramento de escolas do 1º Ciclo

RCI7

SPRC defende diversidade de soluções no reordenamento da rede escolar do 1º Ciclo

estudo

Até quando?!...sem políticas de investimento, qualificação e de desenvolvimento sustentado?

COIMBRA, 1 DE FEVEREIRO DE 2006

medidas que toma, decidiu, agora, atacar no encerramento de escolas fingindo que promove um qualquer plano de reorde-namento da rede escolar.Foi com esse argumento que a ministra anunciou, em 20 de Outubro de 2005, que encer-raria, no final do ano lectivo, 512 escolas. Afinal, sabe-se agora, esse número poderá triplicar e 500 serão os estabelecimentos a encerrar só nos seis distri-tos da região centro. Distritos

como Guarda e Viseu verão encerrar, respectivamente, 41.5% e 30.1% dos seus estabelecimentos de ensino do 1º Ciclo do Ensino Básico.As consequências desta fúria são im-previsíveis, mas existirão. As vítimas serão, como sempre, os alunos e as

suas famílias, as comunidades rurais e os profissionais docentes.Em secretismo, sem negociar com as populações e com as organizações sindicais de professores e sem querer saber o que melhor serve, em cada caso, às comunidades e à promoção do sucesso escolar e educativo dos alunos, o Ministério da Educação de-cide encerrar escolas a eito porque, com isso, poupa dinheiro, sem se importar com o facto dessa poupança sair, num futuro que poderá nem ser muito afastado, extremamente dispen-diosa ao desenvolvimento integrado e equilibrado do país. Nessa altura, esta ministra, estes secret*rios de estado, este director regional... este Governo... já cá não estarão. Nesse momento - pensarão - quem estiver que feche a porta!

NOTA PRÉVIA

O Sindicato dos Professores da Região Centro está muito preocu-pado. Uma equipa ministerial comple-tamente insensível perante os graves problemas da Educação e indiferente às consequências nefastas das

OBJECTIVOS DO ESTUDO

Este estudo tem como principais objectivos ajudar a perceber a verda-deira dimensão e as consequências do encerramento das escolas do 1º Ciclo, quer numa dimensão macro (distrito), quer a um nível mais fino (concelho). Pretende-se, também, contribuir para o combate às políticas do actual Gov-erno nesta matéria, levando-o a recuar no dito processo de “reordenamento de escolas”.

Convém esclarecer que o SPRC não pretende provar que a solução seria manter as pequenas escolas em funcionamento, mas não defende, nem defenderá, nenhum encerramento de escolas tendo por base critérios uniformizadores, economicistas e re-dutores da qualidade da rede escolar do 1º Ciclo do Ensino Básico.

Por essa razão, o SPRC conti-nuará a combater esta medida no plano político, educativo e social.

DREC TENTOU ESCONDER SITUAÇÃO, MAS DIMENSÃO DO PROBLEMA NÃO O PERMITIU

Se o Ministério da Educação teimar em prosseguir a política de encerra-mento de escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico assente em critérios meramente estatísticos que não atentam às espe-cificidades das comunidades educativas locais, tendo apenas o número reduzido de alunos e a restrição da despesa como critérios únicos, as consequências serão dramáticas.

Com base nas decisões anunciadas pelo ME, o SPRC entendeu ser de suma importância actualizar os dados que tem vindo a recolher nos últimos anos para que se compreenda, com exactidão, o alcance deste “reordenamento escolar”. Deixamos aqui alguns dados do Estudo sobre REDE ESCOLAR do 1º CEB - Encerramento de Escolas, realizado entre Dezembro de 2005 e Janeiro de

2006, e a projecção do que pode vir a acontecer até ao final da actual Legis-latura se, entretanto, o Governo não arrepiar caminho das políticas que tem vindo a desenvolver.

A recolha dos dados foi realizada junto dos conselhos executivos dos agrupamentos de escolas e de algu-mas autarquias, uma vez que a DREC, entidade que possui todos os dados, não os forneceu apesar da insistência dos pedidos. Mas, mesmo sem ter sido possível completar o estudo (de Aveiro e Coimbra faltam algumas informações, pois, como antes se referiu, a DREC não as facultou, apesar de terem sido solicitadas oficialmente pelo SPRC) os números são já muito elevados e, por esse motivo, preocupantes. Esta sonegação de informação reforça a ideia que o SPRC tem sobre a falta de transparência de todo um processo, cuja responsabilidade principal cabe inteiramente ao ME e a um Governo que

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RCI8estudo

Distribuição por distrito das Escolas - Alvo Tipo 1 e 2

se orienta por critérios de ordem econo-micista e é indiferente às consequências da sua política.

MINISTRA DA EDUCAÇÃO NÃO FALOU VERDADE AO

ANUNCIAR ENCERRAMENTO DE (apenas) 512 EB1 EM 2006!

A Ministra da Educação, em entre-vista publicada a 20 de Outubro de 2005, afirmou que “meio milhar de estabeleci-mentos de ensino de reduzida dimensão e que são simultaneamente aqueles que apresentam taxas anormais de repetência já não vão funcionar no próximo ano”.

O SPRC sabe que o número de es-colas a encerrar ultrapassa, em muito, o meio milhar anunciado pela ministra, pois só na região centro atinge esse número. Condena-se a falta de verdade ao mesmo tempo que se repudia um reordenamento apressado, sem inves-timento, nem os necessários consensos, daí os diversos focos de contestação que já se vão sentindo. As soluções de reordenamento encontradas pelo ME, que não garantem as condições indispensáveis para a transferência de alunos para outras escolas fora das suas comunidades educativas, merecem total condenação e serão

alvo de denúncia pública.De um total nacional de 7349 escolas

do 1º Ciclo do Ensino Básico, o Minis-tério da Educação pretende encerrar a maior parte das 1584 escolas com menos de dez alunos, já a partir de 2006/07, e uma “boa parte” dos 1295 estabelecimentos que têm entre 10 e 20 alunos, até Março de 2009.

Segundo os dados preliminares do Gabinete de Informação e Avaliação do Sistema Educativo (GIASE) refer-entes a 2005/06, existem 2879 escolas públicas do 1º Ciclo com menos de 20 alunos, o que representa 39,1% da rede. Assim, apenas 4470 escolas são frequentadas por mais de 20 alunos.

De acordo com a mesma fonte, das 7349 EB1 públicas, 554 desses esta-belecimentos têm até 5 alunos, repre-sentando 7,5% do total da rede escolar do 1º Ciclo do Ensino Básico.

As escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico que possuem entre 5 e 9 alunos (que são quase o dobro das que possu-em até 5) perfazem um total de 1030 EB1. Estes dados permitem-nos con-cluir que existem 1584 escolas com menos de 10 alunos, representando 25,5% (ou seja, 1/4) do universo das EB1 existentes.DREC TIPIFICOU 554 ESCOLAS

VISEU E GUARDA SERÃO OS DISTRITOS MAIS PENALIZADOS

DO 1º CICLO A ENCERRAR

No caso da região centro, segundo notí-cias já veiculadas pela comunicação social, existia uma proposta de encerramento de 150 EB1, negociada entre a DREC, Autar-quias e Conselhos Executivos, cuja decisão estava dependente exclusivamente da Ministra da Educação. A juntar à centena e meia de escolas que a DREC pretendia encerrar, outros 250 estabelecimentos do 1º Ciclo do Ensino Básico aguarda-vam parecer favorável das autarquias para o seu encerramento na região. Para este efeito, foram tipificadas 140 escolas-alvo Tipo 1 - estabelecimentos de ensino com menos de 20 alunos e com taxas de aproveitamento escolar inferiores a 89% da média nacional; e as restantes são do Tipo 2 - estab-elecimentos de ensino com menos de 20 alunos que não são abrangidos pela classificação do Tipo 1.

De acordo com esta tipificação existem, na região centro, 554 escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico nessas condições, segundo números da DREC que chegaram a estar disponíveis no seu site. Os distritos mais penalizados pelo encerramento de escolas, de acordo com estes critérios serão, sem sombra de dúvida, os da Guarda (179 EB1) e

Apesar do anúncio inicial de encerramento de 150 EB1 em 2006/2007, na região centro, o SPRC concluiu, pelos dados que recolheu, que o número de escolas a encerrar atingirá o

meio milhar de estabelecimentos.

O encerramento de escolas do 1º CEB tem sido prática dos últimos anos. Segundo dados de estudos anteriores, entre os anos lectivos 2001/02 e 2005/06 encerraram na região centro 370 EB1 (13,7%).

Os dados revelam que todos os distritos foram alvo de encerramento de escolas com especial incidência para a Guarda que viu reduzida a rede escolar do 1º Ciclo em 20,7% e Castelo Branco em 17,7%.

No distrito de Viseu, nestes últimos quatro anos lectivos, encerraram 76 EB1 que correspondem a 9,7% e em Leiria, no mesmo período, 39 EB1 deixaram de funcionar (9,1%).

DADOS GLOBAIS SOBRE A REDE ES-COLAR DO 1º CEB

Fon

te: D

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RCI9estudo

Realidade actual

A rede escolar do 1º Ciclo da região centro caracteriza-se por um elevado número de escolas de pequena di-mensão, com especial incidência nos distritos e concelhos localizados no interior.

EB1 até 5 alunosOs dados recolhidos confirmam que é o distrito de Viseu o

detentor do maior número de escolas com 5 ou menos alunos (124 EB1), logo seguido pela Guarda com 103 EB1; no entanto é neste distrito que é atingida a maior percentagem de escolas desta tipologia (32,4%).

No total dos distritos as escolas com 5 ou menos alunos representam 13,1% da rede existente.

EB1 entre 6 e 10 alunosAs escolas do 1º ciclo desta tipologia representam em

relação ao total de EB1 existentes 18,0%.Os distritos de Viseu (21,8%) e Guarda (26,7%) destacam-

se dos restantes pela percentagem elevada de escolas desta dimensão. No entanto, registamos que mesmo nos distritos

de Castelo Branco e Coimbra existem 17,3% de escolas entre 6 e 10 alunos.

EB1 de 11 a 19 alunosNa região centro estas escolas representam um quarto

das existentes.Os distritos com maior número de escolas nesta categoria

são:• Viseu - 204 EB1 (28,7%);• Coimbra - 121EB1 (26,3%);• Castelo Branco - 102 (53,4%)

Assim, 54,2% das escolas da região centro têm menos de 20 alunos e correm o risco de encerrar, até ao final da actual Legislatura, se o Governo não alterar as suas intenções.

O cenário que antes se descreveu é o que a Minis-

tra da Educação quer ver concretizado até ao final da

Legislatura.O SPRC tudo fará para que

ele não venha a ser con-cretizado.

Os professores, as co-munidades educativas e as autarquias que estão

contra este reordenamento administrativo sabem que

podem contar com o SPRC para travar esta luta!

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* Oleiros - encerra 55,6% das EB1, ficam em funcionamento apenas 4;

* V. N. Foz Côa - encerram 87,5%; de um total de 16 EB1 ficam em funcionamento, apenas 2;* Fornos de Algodres - encerram 71,4%; de um total de 14 EB1 ficam em funcionamento, apenas 4.* Aguiar da Beira encerram 66,7%; de um total de 21 ficam apenas 7 em funcionamento.

NA REGIÃO CENTRO, MEIO MILHAR DE ESCOLAS BÁSICASDO 1º CICLO ENCERRAM JÁ NO FINAL DESTE ANO LECTIVO

RCI10estudo

Os dados do estudo sobre a rede escolar confirmam que o ME já aprovou o encerra-

mento de cerca de meio mil-har de escolas para a região

centro.

* O nº de EB1 a encerrar em 2006 não cor-responde ao total a atingir nos dois distritos assinalados, em virtude da dificuldade de obter essa informação junto da DREC e em alguns conselhos executivos, das áreas geográficas referenciadas.

O distrito da Guarda é aquele onde se regista a maior percentagem de escolas a encerrar: 132 EB1 (41,5%), num total de 318. Em segundo lugar, Viseu perde 214 EB1 (30,1%), ficando reduzida a rede a 496 estabelecimentos em funciona-mento no próximo ano lectivo; seguido do distrito de Castelo Branco (19,4%) que fica apenas com 154 escolas.

Assim, das 2321 escolas identificadas no estudo, 486 (20,9%) foi decidido que serão encerradas. Este número situar-se-á no meio milhar quando os dados dos distritos de Coimbra e Aveiro estiverem completos.

2006/2007 - REGIÃO CENTROUM NÚMERO SIGNIFICATIVO DE CONCELHOS

FICARÁ REDUZIDO A “MEIA DÚZIA” DE ESCOLAS

Análise a nível concelhioAo analisarmos os dados ao nível do concelho a percentagem de escolas a encerrar no final do presente ano lectivo atinge valores arrasadores em muitos dos concelhos! Alguns exemplos:

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RCI11estudo

* Castanheira de Pêra - encerram 60% das escolas; de um total de 5 ficam apenas em funcionamento 3;* Pedrógão Grande - encerram 57,1% das escolas; de um total de 7 ficam apenas em funcionamento 3;* Figueiró dos Vinhos - encerram 40% das escolas; de um total de 10 ficam em funcionamento 6.

* Sernancelhe - encerram 81% das escolas; de um total de 21 EB1 ficam em funcio-namento apenas 4;* Tabuaço - encerram 65% das escolas; de um total de 20 EB1 apenas 7 ficam em funcionamento;* Castro Daire - encerram 60,7% das escolas; de um total de 56 EB1 apenas 22 ficam em funcionamento.

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DOIS MIL ALUNOS DO 1º CEB TERÃO DE SER TRANSPORTA-

DOS PARA AS EB1 DE “ACOLHI-MENTO”

Uma das consequências directas do encerramento de escolas é a necessi-dade de deslocação dos alunos, para os designados estabelecimentos de “acolhimento”.

Na região centro, será necessário transportar bastante mais de 2000 crianças de diferentes localidades para as escolas do 1º Ciclo que irão receber estes alunos.

Só no distrito de Viseu, as autar-quias do distrito terão que, no conjunto, transportar 1158 alunos a distribuir por mais de uma centena de escolas de acolhimento. No distrito da Guarda ultrapassa o meio milhar de alunos que vão necessitar de transporte.

O SPRC defende que um dos cri-térios que deve presidir à escolha da escola de acolhimento deverá ser a distância a que fica das comunidades escolares que vai acolher. No nosso entender, estas escolas devem estar situadas a uma distância razoável de modo a evitar grandes e penosas des-locações para os alunos (nunca mais de 15 minutos de viagem).

No processo actual de encerramento de escolas isso nem sempre foi conside-rado como factor prioritário na escolha da escola de acolhimento.

Exemplo: A EB1 de Loriga foi escolhida para

acolher as crianças das escolas de Sazes (8 km), Teixeira de Cima (25 km), Teixeira de Baixo (20 km), Vasco Esteves (15 km) e Alvoco (8 km). As crianças das escolas de Teixeira de Cima e Teixeira de Baixo vão ter que no próximo ano lectivo percorrer 50 km e 40 km, respectivamente, para terem

RCI12estudo

direito a aprender!Na deslocação das crianças, o

SPRC exige que ele se efectue no mais estreito e escrupuloso cumprimento de todas as regras de segurança em vigor para os transportes escolares o que, já hoje, nem sempre acontece.

ESCOLAS DE ACOLHIMENTOIRÃO RECEBER OS ALUNOS

DAS EB1 ENCERRADAS

O SPRC considera que a escolha da EB1 de “acolhimento” deve respeitar critérios de qualidade e de razoabilidade. Estas escolas devem, obrigatoriamente, oferecer aos alunos deslocados melhores condições físicas, materiais e humanas do que aquelas de onde provêm.

As escolas de acolhimento devem possuir um serviço de refeições de qualidade e ocupação de tempos livres. Essa é uma competência das autarquias que o SPRC acompanhará de perto, denunciando todas as situações que revelem a falta de uma resposta social de qualidade nessas escolas.

SPRC EXIGE UM REORDE-NAMENTO DO 1º CEB

SUSTENTADO EM CONSENSOS, INVESTIMENTO E QUALIDADE

O SPRC recusa em absoluto o pro-cesso administrativo que o ME tem em curso com vista ao encerramento de escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico com menos de 20 alunos.

A aplicação desta medida à região centro, tal como na grande maioria de outros pontos do país, poderá ser desastrosa com graves consequências para muitas comunidades educativas e até para o próprio desenvolvimento sustentável e equilibrado das regiões.

O SPRC admite que a renovação

do 1º Ciclo do Ensino Básico passe pelo encerramento de escolas com pequena frequência de alunos, no entanto, exige que essa decisão seja negociada e acompanhada por inves-timento que possibilite requalificar muitas das existentes e/ou construir novas EB1 de média dimensão. Este caminho exige que essas novas es-colas (construídas de raiz ou requali-ficadas) sejam dotadas de espaços, serviços, equipamentos, materiais, recursos humanos e financeiros que rompam com a situação actual.

São ainda necessárias cantinas, re-feitórios, pavilhões desportivos, campo de jogos, salas específicas de educação musical, expressão plástica, informática, serviços administrativos, equipamentos audiovisuais, biblioteca, mediateca, materiais e equipamentos pedagógico-didácticos e espaços que permitam desenvolver actividades para ocupação de tempos livres, sob pena desses no-vos estabelecimentos de ensino serem apenas “mais do mesmo”.

No entanto, regiões há em que a solução deve passar por manter uma rede escolar bastante mais dispersa, que, por isso, exigirá maior atenção e investimento no quadro do Plano Nacio-nal de Emergência que a FENPROF reclama desde 2001 (aprovado no seu VI Congresso).

A reorganização da rede escolar do 1º ciclo não pode ser encarada apenas como um processo de racionalização de recursos. Neste domínio, o SPRC jamais aceitará a solução adminis-trativa de formato único que o ME pretende impor.

Sempre que as soluções encontra-das vão no sentido de encerrar peque-nas escolas, com a consequente concen-tração de crianças em estabelecimentos de ensino de maior dimensão, o SPRC

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RCI13estudo

exige que sejam observadas as seguintes condições:

a) o indispensável estabeleci-mento de consensos com as popula-ções e, em particular, as comuni-dades educativas.

Um processo deste tipo exige diálo-go, negociação e concertação com as comunidades envolvidas e, sobretudo, exige que seja assegurado às crianças a frequência de uma escola com melhores condições educativas e sociais.

b) a salvaguarda de razoabilidade nas deslocações das crianças tendo em conta três vertentes fundamentais: conforto/segurança, duração dos percur-sos e distâncias a percorrer;

c) o desenvolvimento de um processo específico de negociação entre o Governo e as organizações sindicais sobre todas as questões profissionais decorrentes do reorde-namento da rede escolar. Em causa está a estabilidade profissional e o emprego de milhares de professores, bem como o vínculo de muitos outros a lugares dos quadros de escola e de zona pedagógica. Num momento em que o ME já afirma ter 30% de profes-sores do 1º Ciclo em excesso, qual será a situação no futuro?! Esta questão, por si só, obriga à existência de diálogo com os Sindicatos, que não houve. A ministra parece indiferente perante a angústia de milhares de docentes que descon-hecem qual será o seu futuro. Esta é, para o SPRC, uma questão de grande importância ou não fosse este uma organização sindical de professores e educadores!

d) a deslocação das crianças para estabelecimentos de maior dimensão (escolas de acolhimento) que, de facto, correspondam a uma Nova Escola.

Esta solução exige que esses esta-belecimentos de ensino sejam dotados de espaços, serviços, equipamentos e materiais que claramente rompam com a situação actual. Refeitórios, pavilhões desportivos, campos de jogos, salas específicas de educação musical, ex-pressão plástica, informática, serviços administrativos, equipamentos audio-visuais, biblioteca, mediateca e um kit mínimo de material pedagógico forne-cido pelo ME têm que fazer parte dessa nova escola.

De igual forma, a Nova Escola do 1º Ciclo do Ensino Básico que se defende deve assentar, na sua organização ped-agógica, em equipas educativas consti-tuídas por um conjunto de professores

profissionalizados para a docência no 1º Ciclo e com formações diferenciadas, por forma a dar resposta às neces-sidades de organização pedagógica e de cumprimento do currículo que se encontra definido.

INICIATIVAS QUE O SPRC IRÁ DESENVOLVER

Nos planos regional e local

1. Contactos com representantes das autarquias (Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia), representantes do movimento associativo de pais, entre outros agentes educativos, com a promoção de iniciativas públicas sobre o problema;

2. Análise e divulgação dos dados

finais do estudo da rede escolar em cada um dos distritos da região centro;

3. Apoio e participação em iniciativas públicas de denúncia que outros agen-tes envolvidos no processo venham a tomar (Associações de Pais, autarquias, escolas, entre outras);

4. Convite à comunicação social para acompanharem o SPRC na visita a algumas escolas a encerrar e às de acolhimento dos alunos deslocados;

5. Colocação no site “www.sprc.pt”, para denúncia, de fotografias das escolas de acolhimento que não reúnam as condições mínimas de aprendizagem e de resposta social. Serão ainda dis-ponibilizadas fotografias que ilustrem soluções positivas para que se possam ser conhecidas;

6. Promoção de reuniões com os docentes que participam nos conselhos municipais de educação;

No plano nacional, integrado no trabalho a desenvolver pela FEN-PROF e de forma articulada entre todos os seus Sindicatos, o SPRC bater-se-á por:

1. Suspensão do actual processo de reordenamento escolar do 1º CEB, de forma a ser garantido o respeito pela opinião dos parceiros educativos com quem devem ser, consensualmente, construídas as soluções a adoptar;

2. Promoção de um rigoroso inquérito às condições em que são feitos os transportes escolares (dis-tância percorrida, duração da viagem, condições de segurança e de conforto, financiamento, etc);

3. Esclarecimento sobre como serão investidos (ou gastos?) os 1,8 milhões de euros anunciados para a 1ª fase do Reordenamento da Rede Esco-lar do 1º Ciclo do Ensino Básico, a que contas correspondem e a que medidas se destinam.

o SPRC divulgará este Estudo e as suas posições junto da Presidência da República, Governo, Ministério da Educação, Grupos Parlamentares e Comissão de Educação da Assem-bleia da República, Associação Nacional de Municípios, Associação Nacional de Freguesias, Movimento Associativo de Pais, Associações de Defesa do Consumidor, Associações de Defesa do Mundo Rural...

O SPRC bater-se-á pelo esclarecimento sobre como serãoinvestidos (ougastos?) os 1,8milhões de eurosanunciados para a 1ª fase do Reordenamento da Rede Escolar do 1º Ciclo do EnsinoBásico, a quecontascorrespondem e a que medidas se destinam.

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Depois de ter agravado as condições de aposentação, congelado a progressão na carreira e determinado a não contagem do tempo de serviço até Dezembro de 2006, o actual Governo decidiu também aumentar a carga lectiva dos professo-res e educadores, introduzindo na sua componente não lectiva actividades de substituição, de acompanhamento de alunos e de apoio pedagógico, num total desrespeito pelo Estatuto da Carreira Docente em vigor.

A sobrecarga e diversidade de trab-alho impostas aos professores, de forma unilateral e sem qualquer negociação com as organizações sindicais, além de descaracterizarem a função docente, têm vindo a acentuar o desgaste físico e psíquico decorrente do exercício da

De 20 a 24 de Fevereiro realizou-se em todo o país uma semana na-cional de luta pela su-pensão e substituição dos Despachos 16795 e 17387, que impõem prolongamentos de horários e uma nova or-ganização dos horários dos professores, ilegal e imoral, violadora do conteúdo funcional da profissão docente.Em todo o país dezenas de milhar de profes-sores aprovaram uma Moção“CONTRA A DEGRADA-ÇÃO DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO!POR UMA PROFISSÃO DIGNIFICADA!”, esper-ando-se, desta vez, que o ME reconheça a von-tade dos professores e aceite negociar as suas posições, já apre-sentadas, sobre pro-posta, pela FENPROF.

acção reivindicativa

Num momento em que se anuncia a revisão do ECD onde, a fazer fé em declarações da ministra da Educação, serão postos em causa direitos duramente conquistados pela luta dos professores e educadores, os professores (…)

1. Manifestam o seu repúdio pelas medidas postas em prática pelo ME desde o início do ano lectivo, que se têm vindo a traduzir no desrespeito pelo conteúdo funcional da sua profissão e por normas consagradas no ECD;

2. Denunciam a ausência de alcance pedagógico de muitas destas medidas, que não contribuem para a melhoria das aprendizagens dos alunos;

3. Exigem do ME a abertura de um processo de negociação que permita alterar as orientações relativas à organização dos horários, por forma a que se reponha a legalidade e se respeite a profissão docente;

4. Afirmam a sua intenção de acompanhar atentamente todo o processo de revisão do ECD e de agir de forma determinada contra quaisquer tentativas de desfigurar a carreira consagrada no actual Estatuto e de agravar o regime e as condições de exercício profissional aí definidos.

profissão.Estas medidas são tão

mais inaceitáveis quanto acarretam consequências muito negativas na qualida-de do ensino, nomeada-mente porque têm retirado aos professores o tempo necessário para o trab-alho exigente e demorado de preparação das aulas, elaboração de materiais didácticos e avaliação contí-nua dos alunos; têm obriga-do alguns professores a fal-tar às suas próprias aulas

depois de actividades desgastantes de substituição; têm levado à realização de reuniões de coordenação e articulação pedagógica fora de horas, em jornadas de 10 e mais horas de trabalho.

Esta situação, em relação à qual os docentes portugueses manifestaram o seu descontentamento generalizado, ao realizarem, no dia 18 de Novembro, a maior Greve Nacional dos últimos 15 anos, não só não foi corrigida pelas ori-entações posteriormente emanadas do ME, como se viu ainda agravada com a aplicação dos planos de recuperação previstos no Despacho 50/2005, que implicou em muitas escolas a inclusão de mais apoios pedagógicos no horário dos professores, acentuando a confusão

Contra a degradação das condições de trabalho!por uma profissão dignificada!

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Assembleia Geral de SóciosDocumentos para discussão e aprovação

16 de Março de 2006

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RCI16relatório de actividades 2005

2005 não foi um ano calmo. Bem pelo contrário, pois passou por dois actos eleitorais importantes para o futuro do país. O primeiro, com a susten-tação de um governo apoiado por uma maioria absoluta do Partido Socialista, foi interpretado, numa primeira análise cautelosa, como uma vitória importante da esquerda portuguesa, já que a acom-panhar o crescimento do partido do governo, também os restantes partidos à sua esquerda registaram importantes crescimentos eleitorais. Para o SPRC, esse terá sido um sinal claro da vontade do Povo, de cuja boa interpretação poderia ter nascido uma nova reali-dade política e resultado uma viragem extraordinária no plano da valorização e afirmação do regime democrático. Porém, os factos e as práticas governa-tivas e parlamentares vieram a afirmar a tendência oposta à vontade dos portu-gueses. Cresceu o autoritarismo, impôs-se o absolutismo das ideias emanadas do governo, endureceu o discurso anti-democrático, “clientelou-se” a direita nos organismos e nas chefias técnicas e políticas da administração central e hoje é evidente o afastamento entre o discurso eleitoral à esquerda e a acção política de direita, designadamente na área do Ministério da Educação. Um traço dominante da sua intervenção no plano nacional e local é o de tentar estabelecer novas capitanias no interior dos próprios conselhos executivos, a que muitos têm resistido, controladas remotamente pelas direcções regionais. Na região centro o titular da DREC tem sido mesmo o principal mentor de uma nova forma de fazer: primeiro decide-se, a seguir implementa-se, por último expli-ca-se, se for caso disso.

2005 fica também assinalado, inevi-tavelmente, pela criação de condições, no plano social, económico e institu-cional, para a eleição de uma perso-nalidade da direita para ocupar a Presidência da República. As suces-sivas medidas governativas, a pesada austeridade imposta por José Sócrates e pelo grande capital à grande massa de portugueses de baixos rendimentos,

a desvalorização das condições de vida e de trabalho de meio milhão de traba-lhadores da administração pública com reflexos nas suas famílias, constituiram a “sopa” sebastiânica que levaria à eleição, já em 2006, de Cavaco Silva. Um caldo minuciosamente preparado nos seis últimos meses do ano, a que a maioria política não se opôs, tendo mesmo, até, lançado a confusão entre os eleitores em relação às suas reais intenções.

Não fossem estes aspectos suficien-temente importantes no condicionamento da vida política e sindical, tendo em conta a gestão de calendários que ía sendo feita, os professores tiveram ainda de lutar pela afirmação das suas mais elementares convicções e pelos seus mais significativos direitos, no plano profissional e pessoal.

O Ministério da Educação/Governo não negociou, por vezes optou por decidir sem dar conhecimento prévio, impôs e implementou diversas medidas estruturantes da profissão e da Escola:

• Fê-lo, ainda com Carmo Seabra, em relação aos concursos de 2005: “Nenhuma das propostas apresen-tadas (…) foram tidas em conta. Tais como a vinculação de docentes, novos critérios para a abertura de lugares de quadro, a revogação das reconduções, o respeito absoluto pela graduação profissional como princípio a ter em conta em todas as colocações ou os incentivos à fixação de docentes em zonas isoladas e desfavorecidas, entre outras.” 2005 foi, aliás, um ano em que se confirmaram as piores expectativas de diminuição dos activos, com a saída para o des-emprego de mais 5.000 docentes a que se juntaram cerca de 7.000 novos diplo-mados (profissionalizados), fazendo aumentar o número de professores profissionalizados sem colocação para mais de 40.000. Neste sentido, o SPRC/FENPROF apresentou “13 medidas para combater o insucesso e o abandono escolar e para aumentar a estabilidade do corpo docente”, as quais vieram a ser declarada ou tacitamente recusadas

O Sindicato dos Professores da Região Centro realizou uma intensa e mobilizadora actividade durante todo o ano de 2005, assente essencialmente na promoção de iniciativas que permitissem a participação dos professores e educadores na construção de propostas, na análise de medidas de política educativa, económica e social dos governos e na preparação de acções no plano reivindicativo e da luta de massas. Esta, aliás, é uma característica afirmada nos Estatutos do Sindi-cato e reafirmada na revisão realizada já no final do ano, com ampla divulgação e recolha de opiniões.

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quer pelo governo de Santana Lopes, quer pelo de José Sócrates, numa clara coincidência de posições em relação a esta matéria.

• Fê-lo em relação à escola inclu-siva, mantendo uma atitude claramente discriminatória de milhares de crianças com necessidades educativas espe-ciais (com dificuldades de aprendiza-gem, relacionais e comportamentais e mesmo em casos de deficiência não comprovada com reflexos nas apren-dizagens), negando e desrespeitando a lei portuguesa e resoluções interna-cionais que subscreveu e diz promover, ao reduzir o número de docentes dos apoios educativos e não tomando em consideração as recomendações, nesta matéria, designadamente da FENPROF e do Conselho Nacional de Educação.

• Fê-lo ao optar pela penalização dos trabalhadores da Administração Pública no plano social, denegrindo a sua ima-gem para sustentar as suas medidas de redução salarial e do emprego, de con-trolo meritocrático dos diversos sectores (como forma de controlo da despesa). 2005 fica indubitavelmente marcado pelo congelamento das progressões e pelo roubo do tempo de serviço, o qual produzirá efeitos até final de 2006, com consequências para o futuro, des-ignadamente com o alongamento da carreira. Fica também tristemente as-sinalado pelas alterações ao regime de aposentação na administração pública, o qual é profundamente penalizador das condições de vida e de trabalho destes trabalhadores, em geral, e, no caso dos professores e educadores, em particular, não reconhece a especificidade do ex-ercício continuado de uma profissão de elevado desgaste físico e psíquico;

• Fê-lo com a imposição de dois des-pachos (16795 e 17387) que redefinem os horários dos professores, sujeitando os docentes a uma alteração ilegal do conteúdo funcional da profissão do-cente, alargando o horário de trabalho e agravando as condições de funcio-namento das escolas e de exercício da profissão, artificializando a resposta social da escola pública e criando na opinião pública a falsa ideia de que este governo tem uma visão progressista da escola portuguesa. Na verdade (o último trimestre de 2005 confirmou-o), aumen-taram os conflitos internos nas escolas, a indisciplina na sala de aula, e diminuiram os níveis de concentração de alunos e de professores, ao mesmo tempo que foram subjugados direitos fundamentais dos professores, consagrados aliás no seu estauto de carreira. A acção da FEN-PROF nesta matéria ficou bem vincada, com o envolvimento de mais de 100.000 professores na greve nacional realizada

a 18 de Novembro, com o encerramento de quase 50% das escolas e jardins de infância, contra a política do ME, nesta matéria, apoiado por algumas organi-zações sindicais que protocolaram com o governo leituras ainda mais gravosas dos referidos despachos.

• Fê-lo com a imposição de um calendário específico para a educação pré-escolar o qual não tem em conta os momentos de avaliação, os ritmos das crianças e as condições de exercício profissional dos educadores. Também nesta matéria os educadores de infân-cia afirmaram as suas posições, orga-nizados no SPRC, e largos milhares participaram nas diversas iniciativas realizadas ao longo do ano, como forma de pressão contra a imposição de um calendário que, pela primeira vez, não obteve sequer o parecer prévio das organizações sindicais, em mais uma manifestação autoritária da acção do Ministério da Educação.

• Fê-lo através da privatização de segmentos do sistema educativo no 1.º ciclo do ensino básico, tais como o ensino da língua estrangeira e a transformação da área curricular da expressão e educação físico-motora em área não curricular ou extra cur-ricular, permitindo a contratação de pessoal não qualificado e limitando a actividade educativa da escola à lec-cionação de domínios tradicionais das aprendizagens, tais como a Língua Portuguesa e a Matemática, e prepa-rando-se para transferir outras áreas curriculares para a responsabilidade das autarquias e de interesses privados, no que diz respeito às áreas da expressão e educação artística. Trata-se, aliás, de um traço dominante da acção do ME, o qual nunca, através dos seus principais responsáveis ou dos seus satélites da Direcção Regionais, negou o seu interes-se estratégico na transferência de re-sponsabilidades em relação à Educação e ao Ensino da população portuguesa para o sector privado.

Sobre este conjunto significativo, mas não esgotado, de matérias, o SPRC deixou claro que se é verdade que o Sin-dicato “não hesitará na denúncia destes abusos e ilegalidades, dando- -lhes o acompanhamento jurídico que eles merecem, todos temos de ter consciên-cia que só uma dinâmica de protesto, a iniciar dentro das escolas, pode, com sucesso, combater estas medidas. É essa a responsabilidade de cada um de nós, pois só é verdadeiramente profissional aquele que defende a sua profissionalidade”.

No plano das iniciativas, 2005 fica

marcado de forma positiva, pela con-cretização de duas importantes real-izações com reflexos indiscutíveis no plano interno da organização e externo dos professores e da Escola. Referimo-nos ao 7.º Congresso dos Professores do Centro que teve como lema “Um Sindicato combativo. Uma Educação mais Democrática. Um País mais Justo e Solidário” e às eleições dos corpos gerentes para o triénio 2005/2008, tendo sido eleita a lista proposta pela direcção do SPRC com 92% dos votos e com uma significa-tiva participação de cerca de 40% dos associados, apoiando dessa forma a continuidade da acção do SPRC e a consagração de um programa que colheu, nos princípios fundamentais e no conteúdo das propostas, as de-cisões e resoluções do Congresso.

O 7.º Congresso assumiu o SPRC como uma força social imprescindível para a Democracia, para a defesa dos Direitos dos Professores, Educadores e Investigadores, para a afirmação de uma esquerda interventiva e para o desenvolvimento social, económico e educativo da região e das suas popula-ções. Neste quadro rejeitou uma visão corporativa da profissão docente e impulsionou a unidade dos professores sem tutelas político-ideológicas como forma de combater tentativas exteriores à classe de controlo interno da profissão. O 7.º Congresso estabeleceu as bases dinâmicas de melhor organizar a vida sindical para defender os docentes e a escola pública de qualidade, demo-crática e inclusiva e salientou que as mudanças que fazem falta ao país são possíveis com uma acção sindical deci-siva, contra as políticas de sentido neo-liberal, pela afirmação do poder do Povo pelo voto e através do condicionamento político dos programas eleitorais dos partidos, com um combate tenaz à crise da Educação que garanta a estabilidade e a qualidade educativa, com a estabili-zação profissional dos docentes e com o reforço do SPRC e da FENPROF e o envolvimento e determinação geral dos professores e educadores.

O SPRC revelou ainda uma es-pecial atenção para com o mundo rural e, numa iniciativa conjunta com a Aliança para a Defesa do Mundo Rural Português (“A escola em meio rural — O mundo rural pode ter futuro”), defendeu uma mudança radical e um olhar diametralmente oposto ao que tem sido lançado sobre a realidade das populações do interior. Cresce a desertificação, encerram-se escolas numa dinâmica de continuidade com o desaparecimento de serviços públi-cos em vastas regiões do país interior

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da área de influência do SPRC – Aveiro, Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria e Viseu –, num total de 14 acções que abrangeram um total de 680 formandos, num total de 68,5 horas de formação. As acções versaram os seguintes temas:

• “Encruzilhadas da afectividades” (duas turmas);

• “Enquadramento da educação Am-biental no Percurso do Desenvolvimento Sustentável”:

• “Violência no espaço escolar” (duas turmas);

• “ Educação para a Saúde – estilos saudáveis de vida”;

• “Literacia – Aprendizagem da lei-tura e escrita”;

• “O Gosto pela leitura: despertar, cultivar, permanecer” (duas turmas);

• “Literacias: da avaliação às práti-cas”

• “Os Rankings e a situação das escolas”;

• “A Arte nas escolas: Relatos de Experiências”;

• “Diferenciar para respeitar a dife-rença”;

• “Educação para a cidadania”.No que diz respeito à formação

creditada e financiada pelo PRODEP, realizaram-se 12 acções de formação num total de 16 turmas. Dentro destas, 2 turmas foram oficinas de 30 horas de sessões presenciais e 30 horas de trab-alho autónomo, 9 turmas realizaram-se na modalidade de cursos de formação de 25 horas e as restantes na modali-dade de curso de 15 horas. Este tipo de formação foi realizado nos distritos de Aveiro (2), Castelo Branco (2), Coimbra (8), Guarda (2) e Leiria (2).

As temáticas abordadas nas diver-sas acções foram as necessidades edu-cativas especiais e a escola inclusiva, a educação para a cidadania, a aval-iação das aprendizagens, a gestão de conflitos na sala de aula e a educação sexual e a expressão musical na Edu-cação Pré-escolar e 1º ciclo do Ensino Básico. Outros temas abordados foram a construção de brinquedos e jogos com recurso ao desperdício e vários con-teúdos relacionados com a informática – PowerPoint, Excel e Internet.

A formação creditada e financiada pelo PRODEP abrangeu 276 formandos num total de 420 horas de formação.

Ao longo do ano de 2005 o Cen-tro de Formação do Centro do IIL deu cumprimento ao plano de formação aprovado pelo PRODEP, tendo-se realizado todas as acções aprovadas, à excepção de uma por ausência de formandos.

Definiram-se como modalidades prioritárias as oficinas, procurando

norte, centro e sul, e destroem-se as estruturas produtivas do interior. O movimento das populações, a sua migração para zonas que lhe garan-tam o pão, a habitação, a saúde e a educação, revela um país esquecido, fazendo lembrar a negritude de um passado ainda não tão longínquo quanto alguns querem fazer crer. Daí que a acção do Sindicato tenha, tam-bém, sempre, esta preocupação, mais uma vez revelada com a realização desta importante acção em defesa do mundo rural e das populações esquecidas.

Um dos aspectos mais negativos registados em 2005 foi a acção do Ministério da Educação com vista à redução dos direitos sindicais e de ci-dadania dos professores e educadores, bem evidenciada aquando da greve nacional de professores nos dias 20 a 24 de Junho, tendo a própria Ministra assumido o confronto e tentado impor medidas inconstitucionais impeditivas do exercício do direito à greve, do direito de manifestação, de reunião e do direito de opinião dos trabalhadores e dos portu-gueses. Medidas estas que tiveram em cada momento e, permanentemente o combate do SPRC e da FENPROF e o envolvimento de muitos milhares de docentes, quer nas acções realizadas, quer através da manifestação da sua opinião no interior das escolas e pub-licamente.

Acções e Iniciativas Realizadas em 2005

No ano de 2005, o Departamento de Formação do Sindicato de Professo-res da Região Centro (SPRC) centrou a sua actividade em torno do Centro de Formação que realizou várias ac-tividades formativas, nomeadamente Encontros, uma Feira de Material Pedagógico, Jornadas Pedagógicas e formação de longa duração.

Integrado nas comemorações do Dia Internacional da Mulher, foi realizado o Encontro “O papel da Mulher na educa-ção das sociedades”, no dia 8 de Março em que participaram 135 pessoas. Foi ainda organizada uma visita a locais importantes na vida e obra de Miguel Torga – “Revisitar a obra de Miguel Torga e conhecer locais importantes da vida do autor ”– nos meses de Maio e Junho.

A 6ª edição da Feira de Material Pedagógico foi organizada em colabo-ração com a Câmara Municipal da Lousã, tendo sido aqui realizada no mês de Junho.

As Jornadas Pedagógicas (não creditadas) compreenderam os distritos

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possibilitar aos formandos uma relação directa com

temas pertinentes para a sua acção pedagógica e um processo permanente de investigação – acção facilitador da introdução de novas práticas no quoti-diano da actividade docente, valorizando os processos de formação contínua.

As acções realizadas foram frequen-tadas por um total de 192 professores, e a maioria fez incidir as suas avaliações nos níveis 4 e 5 da escala (que ia de 1 a 5).

Para a generalidade dos itens de avaliação da acção pelo formando, as acções de formação foram consid-eradas a nível de “ Muito Bom” (5) e “Bom” (4).

A percentagem de formandos que terminaram com êxito a formação no Centro de Formação do Centro do IIL foi de 93% e apenas desistiram ou re-provaram 7%.

Relativamente ao número de for-mandos aprovados a financiamento e ao número de formandos que concluíram com êxito a formação, apresenta este Centro de Formação uma taxa de ex-ecução de 82,5%.

O Centro de Formação do IIL apre-sentou, ainda, um projecto de candi-datura à Agência Nacional para o Programa Sócrates e Leonardo da Vinci – Acção Grundtvig 2, com o ob-jectivo de estabelecer uma parceria de aprendizagem com países da CE: Itália, Roménia, Grécia e Dinamarca. O tema do projecto comum aos vários países é Educação para o Desenvolvi-mento Sustentável e para a Qualidade do Ambiente.

O Projecto a nível nacional assenta numa parceria com o Estabelecimento Prisional de Coimbra (regional e central) e com o Instituto Educativo dos Olivais, e visa desenvolver um trabalho de sen-sibilização à importância da protecção ambiental, sobretudo da floresta, junto dos adultos e jovens que se encontram institucionalizados.

O Projecto desenvolver-se-á durante 2006, podendo ser alargado por 1 ou 2 anos, dependendo da vontade dos parceiros e da aprovação da Agência Nacional.

O Centro de formação colaborou também com o Centro de Formação de Professores do SPRC na realização das Jornadas Pedagógicas que decorreram nos vários distritos da Região Centro.

Durante o mês de Setembro pro-cedeu-se ainda à elaboração e entrega do processo de candidatura ao finan-ciamento de acções de formação pelo PRODEP para 2006.

A PROF, Associação de Professores de Viseu, em colaboração com o Ex-

ecutivo Distrital de Viseu, organizou e levou à prática 18 acções de forma-ção financiadas pelo PRODEP III.

Janeiro a Abril – Participação em lutas de Comissões de Utentes e de Movimentos Cívicos – SPRC/Exec. Distrital de Viseu – Contra as porta-gens no IP5/A25 e Movimento Douro sem portagens

7, 10, 11 e 12 de Janeiro – Plenário Regional Descentralizado de Delegados Sindicais – SPRC – Concursos de professores e educadores: alteração ao quadro legal e posição sindical; as exigências a apresentar ao novo Governo – Alcobaça, Aveiro, Castelo Branco, Coimbra, Covilhã, Figueira da Foz, Guarda, Lamego, Leiria, Pombal e Viseu

21, 24, 28 e 31 de Janeiro – Encon-tros Distritais de Professores e Edu-cadores – SPRC – Estabilidade dos docentes: condição essencial para o desenvolvimento educativo – Aveiro, Castelo Branco, Coimbra, Covilhã, Figueira da Foz, Guarda, Lamego, Lei-ria, Seia e Viseu 31 de Janeiro – Estudo – SPRC – Frio nas escolas

Fevereiro – Inquérito – FENPROF–– Reorganização curricular do 2º e 3º ciclos do ensino básico e imple-mentação da reforma curricular do ensino secundário

Fevereiro a Abril – Reuniões sindi-cais para eleição de delegados ao VII Congresso dos Professores do Centro – SPRC – toda a região

1 de Fevereiro – Apresentação Pública da Campanha Nacional da Educação Pré-Escolar – FENPROF/APEI/MDM – Comemoração dos 28 anos de criação da rede pública de jardins-de-infância

4 de Fevereiro – Encontro Regional – SPRC – “Reforma Curricular do Ensino Secundário: Percursos, Imbró-glios, Incertezas… e o Futuro?!”– Co-imbra

11 de Fevereiro – Debate – FEN-PROF – Educação: as propostas dos vários grupos parlamentares com assento na Assembleia da República – Lisboa

14 de Fevereiro – Activação dos GAP na região centro – SPRC – gabi-netes de apoio aos concursos – toda a região

16 a 18 de Fevereiro– Plenários de Delegados e Diri-

gentes Sindicais da Educação Pré-Es-colar – SPRC – toda a região

17, 23, 24, 25 e 28 de Fevereiro – Reunião com estagiários – SPRC/Exec. Distrital de Viseu – Lamego, Mangualde e Viseu

25 de Fevereiro – Participação em Debate integrado no aniversário da

Escola Secundária de Gouveia – SPRC/Exec. Distrital da Guarda – A reforma do ensino secundário - Gouveia

Março – Divulgação de Iniciativas “Evocar Miguel Torga” – FENPROF – Concurso de Ensaio para jovens do ensino secundário; concurso texto dramático para professores; expo-sições e acções de formação

2 de Março – Acção de Informação Sindical – SPRC/Exec. Distrital de Leiria – Jovens Professores – que Futuro? - Leiria

7 de Março – Reunião de Docentes do Particular e Cooperativo – SPRC/Exec. Distrital de Castelo Branco – Castelo Branco

8 de Março – Dia Internacional da Mulher – SPRC - Encontro – “O Papel da Mulher na Educação das Socie-dades”– Coimbra

8 de Março – Distribuição à Popu-lação –SPRC/Exec. Distrital de Cas-telo Branco – Postal comemorativo do Dia Internacional da Mulher – Cas-telo Branco

11 de Março – Plenários de Docentes do Pré-escolar e do 1º CEB – SPRC/Exec. Distrital de Castelo Branco – Covilhã e Fundão

11 e 12 de Março – Conferência Nacional do Ensino Superior e da Inves-tigação – FENPROF - Lisboa

17 de Março – Encontro Regional de Professores Aposentados – SPRC – Coimbra

17 e 18 de Março – Seminário – FENPROF/IIL – Percursos e De-safios da Formação de Professores - Lisboa

21 de Março – Plenário Nacional De-scentralizado de Educadores de Infância – FENPROF

22, 23 e 24 de Março – Encontros Dis-tritais de Educação Pré-escolar – SPRC – A relação jardim-de-infância/famí-lia; Direitos e deveres profissionais; Educação pré-escolar/1º.CEB – que articulação?; Educação afectiva/sex-ual no jardim-de-infância; Aos saltos bem altos pela história de Portugal; O papel do educador de infância em contexto hospitalar; Operacionalizar a avaliação no jardim-de-infância; A arte no jardim-de-infância – ex-periências e propostas de trabalho; Infância, aventura literária e diversi-dade; Atelier de expressão dramática; Componente de apoio à família: a experiência do Agrupamento de Mira d’Aire e Alvados; Diferenciação pedagógica na educação pré-esco-lar – avaliar e intervir. Participaram nestes Encontros 3.229 educadores – Aveiro, Castelo Branco, Coimbra, Covilhã, Fundão, Guarda, Lamego,

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Leiria e ViseuMarço e Abril – Estudo de Avalia-

ção – SPRC – Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação no 1º CEB – toda a região

6 de Abril – Distribuição de Docu-mentos à População – SPRC – Valori-zação da Educação Pré-escolar – toda a região

7 de Abril – Encontro sobre Saúde – SPRC/Exec. Distrital de Castelo Branco – Covilhã

8 de Abril – Conferência sobre Igualdade – SPRC/Exec. Distrital de Castelo Branco – Covilhã

14 e 15 de Abril – VII Congresso dos Professores do Centro – SPRC - Aveiro

25 de Abril – Dia da Liberdade -Iniciativas comemorativas do 25 de Abril e da Revolução – toda a região

26 a 28 de Abril– Participação nas Jornadas Ambi-

entais da AFAF- SPRC/Exec. Dis-trital de Castelo Branco – Castelo Branco

28 de Abril – Conferência de Imp-rensa – FENPROF – Apresentação pública do dossier reivindicativo e negocial a apresentar pela FEN-PROF à nova equipa do Ministério da Educação

Maio– Participação no Movimento

pela Universidade Pública de Viseu – SPRC/Exec. Distrital de Viseu

1 de Maio– Comemorações do 1º de Maio

– Uniões de Sindicatos – toda a região

6 de Maio – Encontro Nacional de docentes das IPSS – FENPROF – Reforçar os Direitos, Valorizar a Profissão – Lisboa

9 de Maio – Conferência – SPRC/Exec. Distrital de Castelo Branco/USCB – Os Desafios–da Escola Pública – Castelo Branco

12 de Maio– Plenário de Delegados Sindicais

– SPRC/Exec. Distrital de Viseu– Lamego12 de Maio– Semana Europeia de Mobilização

pela educação – SPRC – distribuição de folhetos à população pelo direito a uma educação pública emanci-padora, a todos os níveis e em todas as modalidades – toda a região

14 e 15 de Maio – Visita a Ponte de Lima – SPRC

20 de Maio – Encontro Nacional sobre Agrupamentos de Escolas – FENPROF - Porto

21 e 22 de Maio – Visita a Miranda do Douro – SPRC

27 de Maio – Encontros Distritais de Professores e Educadores – SPRC – Medidas anunciadas pelo ME, suas implicações e consequências para os professores e as escolas; contra-tação, carreira/avaliação e aposen-tação: ponto de situação e expecta-tivas para o próximo ano – Aveiro, Coimbra, Covilhã, Figueira da Foz, Guarda, Lamego, Leiria e Viseu

Junho – Manifesto – FENPROF/CGTP-IN/APEI/MDM – Pelo direito a uma educação pré-escolar pública e universal

2 de Junho – Eleições dos Cor-pos Gerentes do SPRC para o triénio 2005/2008 – toda a região

4 e 5 de Junho – Visita a Montalegre – SPRC

6 de Junho – Plenário de Delegados e Dirigentes Sindicais – SPRC/Exec. Distrital de Castelo Branco – Castelo Branco

17 de Junho – Manifestação Nacio-nal da Administração Pública – Frente Comum – Contra o congelamento das carreiras e a entrada em vigor de um novo regime de carreiras e remu-nerações; contra as novas regras para a aposentação – Lisboa

18 de Junho – Tomada de Posse dos Corpos Gerentes do SPRC para o triénio 2005/2008 - Coimbra

20 a 23 de Junho – Greve Nacional de Professores e Educadores - FEN-PROF

28 de Junho – Encontro Distrital de Educadores de Infância – SPRC – toda a região

28 de Junho – Jornada Nacional de Luta – CGTP – Manifestações e con-centrações em defesa dos direitos profissionais de todos os trabalha-dores – capitais de distrito de todo o país

15 de Julho – Plenário Nacional de Dirigentes e Delegados Sindicais – FENPROF– Situação negocial e debate das medidas impostas pelo Governo e pelo ME aos professores e às escolas – Lisboa

3 de Agosto – Divulgação de estudo sobre Ensino de Língua Estrangeira no 1º CEB – SPRC - Coimbra

7 e 8 de Setembro – Jornadas Sin-dicais – SPRC – Escola Pública/Escola Privada: uma Questão Ideológica; As Prioridades da Acção Sindical na Per-spectiva Sectorial; Negociação, ECD e Outras Matérias; Não são todos Iguais: percurso(s) do SPRC; entrega de Moção contra os Despachos 16 795/2005 e 17 387/2005 ao Governador Civil de Viseu e ao Secretário de Estado da Educação – Viseu

16 de Setembro – Concentração de dirigentes e delegados sindicais – SPRC

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RCI21relatório de actividades 2005

– Protesto contra um conjunto de medidas gravosas impostas pelo ME, criando um verdadeiro caos nas escolas, no início do ano lectivo – Figueira da Foz

27 de Setembro – Conferência de Imprensa de Abertura do Ano Lectivo – SPRC - Coimbra

Outubro – Abaixo-Assinado – FEN-PROF – Em defesa da dignidade profissional dos professores e edu-cadores portugueses

Outubro – Abaixo-Assinado – Frente Comum – Pela fiscalização preventiva da lei que pretende aumentar a idade legal da aposentação

Outubro – Abaixo-Assinado – FEN-PROF–– Contra a proposta de revisão do CCT do Ensino Particular e Coop-erativo para 2005/2006 apresentada pela AEEP

4 de Outubro – Comemoração do Dia Mundial do Professor – FENPROF Plenários Distritais de Professores e Educadores – SPRC – Em defesa do respeito pela profissão docente, por um ensino de qualidade, pelo Esta-tuto da Carreira Docente e contra a prepotente alteração do estatuto profissional dos professores – Avei-ro, Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Lamego, Leiria e Viseu

12 de Outubro – Encontro Regional de Professores Aposentados–– SPRC – Visita à Srª da Lapa: almoço e pales-tra sobre Aquilino Ribeiro - Viseu

20 de Outubro – Manifestação Nacional da Administração Pública – Frente Comum – Contra a ofensiva do Governo, pelos direitos e pela dignidade dos trabalhadores da Admi-nistração Pública – Lisboa

Outubro – Concentração de dirigen-tes e delegados sindicais – SPRC – Denúncia contra as medidas muito negativas que o Governo e o Minis-tério da Educação tomaram, criando graves constrangimentos ao regular funcionamento das escolas e levando à degradação das condições de tra-

balho dos seus profissionais, bem como à liquidação de direitos pro-fissionais e sociais – Coimbra

31 de Outubro – Plenário de Dirigen-tes e Delegados Sindicais da Educação Pré-Escolar e 1º CEB – SPRC/Exec. Distrital de Viseu

15 de Novembro – Plenário Distrital de Educação Especial – SPRC/Exec. Distrital de Leiria - Leiria

18 de Novembro – Greve Geral e Manifestação Nacional de Professores – FENPROF/outras organizações – Lisboa

Dezembro – Inquérito – FENPROF–– Situação laboral dos leitores e docentes de língua estrangeira no Ensino Superior em Portugal

2 de Dezembro – Plenário Distrital de Educação Especial – SPRC/Exec. Distrital da Guarda - Guarda

7 de Dezembro – Plenário Regional de Dirigentes e Delegados Sindicais – SPRC – Ponto da situação “negocial e acção reivindicativa dos professo-res e educadores (concursos, carrei-ras, autonomia das escolas); acção reivindicativa comum no âmbito da Administração Pública e de todos os trabalhadores; organização sindical e trabalho nas escolas – Coimbra

7 de Dezembro – Assembleia Geral Extraordinária de Sócios do SPRC – alterações ao Estatutos do SPRC – Coimbra

9 de Dezembro – Assembleia de Delegados Sindicais – SPRC/Exec. Distrital de Viseu – Viseu

13 de Dezembro – Cordão Humano e Iniciativa “Árvore de Natal – as prendas da Ministra aos professores””– SPRC/Exec. Distrital da Guarda - Guarda

14 de Dezembro – Participação na discussão pública sobre o Código do Trabalho – SPRC/Exec. Distrital de Viseu - Viseu

15 de Dezembro – Encontros Distri-tais de Professores e Educadores–– SPRC – Proposta entregue pelo ME sobre concursos e colocações de profes-

sores; precariedade e instabilidade de emprego; acção reivindicativa

16 de Dezembro – Participação na iniciativa sobre apoio judiciário/custas judiciais – SPRC/Exec. Distrital de Viseu – Viseu

17 de Dezembro – Participação na iniciativa “Árvore de Natal – as prendas que o Governo nos deu””– SPRC/Exec. Distrital de Viseu -Viseu

19 a 23 de Dezembro – Encontros de Educação Pré-Escolar – SPRC – Projecto educativo; Educação afectiva/sexual no jardim-de-infân-cia; Diferenciação pedagógica na educação pré-escolar; Modelos de avaliação em contexto de jardim-de-infância; Percursos de inclusão – o papel do jardim-de-infância; A descoberta da ciência na educação pré-escolar; O stress na profissão docente; Novos rumos para a profis-são docente – avanços ou recuos?; Desenvolver a auto-estima no jar-dim-de-infância; Contextos de inter-venção do educador de infância – a educação pré-escolar em meio pri-sional; É urgente educar para a arte; A arte no jardim-de-infância – expe-riências e propostas de trabalho; As novas tecnologias e a construção de materiais pedagógicos; Os sons do vento – instrumentos musicais eólicos; A cor das palavras e o som das cores: encontro entre leituras; Escola em meio rural – realidades e consequências; Educação para os valores/cidadania; Canções anima-das com sombras; A relação jardim-de-infância/família. Participaram nestes Encontros 2.969 educadores – Aveiro, Castelo Branco, Coimbra, Covilhã, Fundão, Guarda, Lamego, Leiria e Viseu.

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plano de acção para 2006RCI22

Lutar pela justiça e pelosdireitos, rejeitar as políticas anti-sociais do actual governoO ano de 2006 exigirá dos professores e educadores um grande empenha-

mento na defesa de uma escola democrática e de uma profissão valorizada.

Tal afirmação decorre da mais do que evidente constatação sobre o sentido

negativo das políticas do Governo para o nosso país e, em particular, no

plano da Educação.

O modelo de desenvolvimento do Governo de Sócrates não assenta na Educação. Não assenta na qualifica-ção dos portugueses, não assenta na qualidade dos serviços públicos, não assenta na valorização do trabalho e na estabilidade dos trabalhadores.

Pelo contrário, sendo um modelo de desenvolvimento neo-liberal, orienta-se em sentido contrário aos desígnios antes considerados.

O Governo na sua globalidade e a equipa ministerial levam por diante, designadamente na Educação, esse projecto neo-liberal com o objectivo de, no tempo da Legislatura, conseguirem subverter o sistema educativo português e o conceito de escola, conferindo a este serviço público características que já hoje marcam indelevelmente outros serviços públicos, com especial desta-que para a Saúde. Fecham-se escolas com poucos alunos, como na Saúde se

pretendem encerrar centros de saúde com poucos utentes; encerram-se es-colas públicas, incluindo secundárias, que são dispendiosas (ainda que se justifique a despesa, pelo serviço público que prestam), como na Saúde se encer-ram serviços que são dispendiosos, ainda que de grande importância para os cidadãos; mantêm-se e reforçam-se os “mega-agrupamentos” já criados porque, tal como na Saúde, é preciso constituir grandes unidades orgânicas nas quais se torne possível aplicar as designadas dinâmicas de gestão em-presarial, tão do agrado desses “no-vos pedagogos”, de entre os quais se destaca o patrão da Sonae; pretende-se qualidade paga-se, como na Saúde; começam a surgir, aqui e ali, situações contratuais de grande precariedade (nomeadamente na Escola da Ponte onde o quadro da escolas é extinto), porque se pretende, tal como na Saúde, generalizar os contratos individuais de trabalho que discriminam trabalhadores

obrigando-os a cumprir horários mais longos, apesar de se lhes pagar

salários mais baixos!Na Educação, os tempos que

se aproximam serão difíceis e complexos.

Para além das questões de carreira, de rede esco-

lar, de instabilidade e de-semprego que tenderão a agravar-se entre os

docentes, a gestão das escolas, pela abstenção

do grupo parlamentar do PS na Madeira, face ao modelo

inconstitucional apresentado no Parlamento Regional pelo Governo de Jardim, deverá ser um dos próximos ataques

do ME à escola democrática.Para além dos problemas mais es-

pecíficos do ensino, das escolas e dos professores, os docentes portugueses confrontar-se-ão com os problemas mais gerais dos trabalhadores portugueses, vendo os seus salários realmente redu-zidos, as carreiras congeladas devido ao roubo de tempo de serviço, as regras de aposentação agravadas, com a vida contributiva a prolongar-se e a de beneficiário a encurtar abruptamente. Vêem os serviços públicos a perder qualidade porque a alternativa privada ganha espaço e protagonismo desde que (bem) paga; vêem os portugueses, pais e mães dos seus alunos, a perder empregos, salários, direitos enquanto, logo ali ao lado, a banca aumenta os seus lucros em mais de 40% e os grandes grupos económicos concentram capital e tornam cada vez mais ricos os seus principais accionistas.

Estes desafios todos — dos docentes enquanto grupo profissional, dos trabalha-dores portugueses enquanto vítimas de uma crise que não criaram, dos cidadãos e cidadãs cada vez mais de-spojados de direitos — sendo muitos, merecem uma resposta, também ela muito forte, da parte dos professores e educadores.

Consciente da necessidade de unir os docentes da região e de os mobilizar para as lutas que vierem a ter lugar, o SPRC assumirá este ano, uma vez mais, as suas responsabilidades. Na região centro, no plano nacional integrado na FENPROF, no âmbito da Frente Comum quando estiverem em causa aspectos relacionados com a sua condição de trabalhadores da Administração Pública ou no quadro mais geral da CGTP-IN, o SPRC não frustrará os professores

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e educadores da região centro que se habituaram a ver este Sindicato como porta-voz dos seus anseios, das suas reivindicações, das suas exi-gências! Deste modo, a acção conjunta, relacionada com os problemas laborais gerais, será sempre uma prioridade que continuará a exigir uma participação empenhada e impulsionadora.

Interpretando a vontade dos do-centes da região em que intervém, o SPRC promoverá e envolver-se-á nas lutas que vierem a tornar-se necessárias com vista a alcançar uma escola pública de qualidade; a garantir o respeito pelos direitos dos seus representados e a defender uma dignidade que o ME e o Governo teimam em pôr em causa: a dignidade profissional dos professores e educa-dores portugueses.

Assim, sabendo objectivamente das intenções governativas para a or-ganização geral da profissão docente (direitos e deveres), para a gestão e autonomia dos estabelecimentos de educação e ensino, para a avaliação do desempenho e para a rede escolar, encetará acções reivindicativas que inviabilizem qualquer tentativa de fazer ruir perspectivas progressistas, decor-rentes das conquistas democráticas, e de submeter a Educação ao primado económico sobre o pedagógico, o social e o profissional. Procurará então, continuar a afirmar-se como um sindicato de transformação, que visa um desenvolvimento civilizacional solidário. Além disso, fará toda a mobilização necessária à luta pela reposição de direitos conquistados e, entretanto, confiscados, bem como pela garantia da estabilidade profissional. Serão então desenvolvidas, de forma com-bativa, persistente e constante, todas as iniciativas que se considerarem imprescindíveis.

Ao longo de 2006, o SPRC envol-ver-se-á também, de forma activa, na comemoração de datas que não podem transformar-se em meras efemérides, destituídas de sentido político. Destacam-se, de entre todas, o 25 de Abril, o 1º de Maio e o vigésimo quarto aniversário do SPRC.

Solidariamente, o SPRC e os seus dirigentes continuarão a envolver-se em movimentos de cidadãos que lutem por direitos das crianças, dos jovens, das comunidades, ou quaisquer outros que, considerados os seus objectivos, se confirmem como positivos para o desenvolvimento do país e da região centro e para o bem-estar das suas populações. | A Direcção

RCI23

Demostração de resultados em 31 de Dezembro de 2005

DESPESAS COM A ACTIVIDADE 1.127.203,24

DESPESAS COM A ESTRUTURA 697.843,44

IMPOSTOS 13.950,03

CUSTOS COM O PESSOAL 644.368,09

OUTROS CUSTOS OPERACIONAIS 300,00

CUSTOS E PERDAS FINANCEIRAS 20.948,12

AMORTIZAÇÕES DO EXERCICIO 24.099,72

CUSTOS E PERDAS EXTRAORDINÁRIAS 706,00

JORNADAS PEDAGÓGICAS 450,OO

QUOTIZAÇÕES 1.549,34

PROVEITOS E GANHOS FINANCEIROS

RESULTADO LIQUIDO 18.305,23

2.5247.723,87 2.547.723.87

Balanço em 31 de Dezembro de 2005

Balanço e demonstração de resultados 2005

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RCI24orçamento para 2006

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RCI26orçamento para 2006

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RCI27rede escolar

Na área da DREC, à medida que os números e outros dados vão sendo conhecidos, consolida-se a ideia de não existir qualquer ordem no reorde-namento da rede que, alegadamente está a ser feito.

Os novos dados a que o SPRC teve acesso não deixam margem para dúvi-das. Senão vejamos:

• já não são 486, mas - 523 escolas do 1º Ciclo que, só na região centro estão condenadas ao encerramento no final do presente ano lectivo. Este número - 523 - confirma-se depois de conhecidos os números totais dos dis-tritos de Coimbra e Aveiro. Em Aveiro existem ainda seis casos por confirmar podendo o número final elevar-se a 529! Recorda-se que no início do ano a ministra anunciou 512 encerramentos em todo o país, tendo sido elaborada uma lista de 150 escolas a encerrar na região centro.

• os municípios, na sua grande maioria, não foram ouvidos no pro-cesso, tendo-lhes apenas sido comu-nicado, pela DREC, a decisão do Ministério da Educação. O SPRC tem já diversos dados que apontam nesse sentido e, em breve, estará em condições de divulgar informações precisas sobre esse “não diálogo” instituído pelo ME.

• são cada vez mais as populações e, em especial, as famílias das crian-ças a protestar pelo encerramento das escolas. As razões crescem de dia para dia, por exemplo:

• crianças cuja residência ficava próxima da escola, terão agora de se deslocar a pé ou ser transportadas pelos pais quando as distâncias não excedem 3 quilómetros, pois só a partir dessa distância as autarquias são obrigadas a garantir o transporte escolar.

• crianças com deficiência motora terão de ser transportadas em viaturas não adaptadas porque as outras não ex-istem. Há casos em que, por essa razão, as crianças estão a ser retiradas do ensino regular, em que se integravam, e a ser transferidas para instituições par-ticulares e só frequentadas por alunos com deficiência, interrompendo, assim, o seu processo de inclusão.

• as despesas das famílias aumen-tam, designadamente porque as refei-ções que as crianças tomavam em suas casas ou de familiares passarão a ser agora realizadas nos refeitórios esco-lares, ou em outros protocolados, tendo, por isso, de pagar o almoço.

• por fim, a Escola da Solum, em Coimbra que, alegadamente, será construída dentro deste espírito de reordenamento da rede. Será assim? Ou será que afinal este é o projecto que aguarda concretização desde o Governo de António Guterres, quando Guilherme de Oliveira Martins se comprometeu com o então presidente do Conselho Directivo da ESE, o Dr. Rui Antunes? Não será esta escola a alternativa à Escola nº 10 (Anexas ao ex-Magistério) que a ESE de Coimbra há muito reivin-dica que saia das suas instalações, pois pretende, e tem direito, a usufruir da área ocupada por aquele estabeleci-mento? Será que a construção de uma EBI naquele local (Solum) corresponde a uma necessidade da zona ou é apenas um artifício para justificar a inclusão de uma obra que a autarquia não quer assumir e que, assim, terá cabimento no Orçamento de Estado? Será que numa zona em que as EB2.3 Eugénio de Castro e Alice Gouveia não estão no limite da sua capacidade se justifica outra escola com turmas do 5º ao 9º anos? Que estudos demográficos se fizeram? Como resolverá uma EB1 na Solum o problema das 50 escolas do concelho (dados da DREC) com horário de desdobramento? Irão crian-ças da Escola 39, de Montes Claros, ser obrigadas a transferir-se para a Solum? E as crianças de São Martinho do Bispo, cuja escola funciona também em regime de desdobramento?

Há, pois, aqui uma história mal contada. Coimbra deve exigir que lha contem bem, porque é necessário compreender como é que, de repente, esta escola entra na história do reorde-namento. Ou será que afinal a história é só para esbater a brutalidade de um encerramento que atinge 523 escolas na região centro?

Reordenamentodesordenado…

Crianças cuja residên-cia ficava próxima da escola, terão agora de se deslocar a pé ou ser transportadas pelos pais quando as distân-cias não excedem 3 quilómetros, pois só a partir dessa distân-cia as autarquias são obrigadas a garantir o transporte escolar

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O Sindicato dos Professo-res da Região Centro teve acesso a um “mail” enviado pela DREC aos Presidentes dos Conselhos Executivos dando conta da intenção de encerrar cerca de 25% dos Jardins de Infância da região centro.Na sua comunicação, o director regional de edu-cação solicita aos presi-dentes dos conselhos ex-ecutivos que contactem com as autarquias (papel que não é da competência dos órgãos de gestão das escolas, mas que a DREC parece querer atribuir-lhes, penalizando-os ainda mais com trabalho cuja respon-sabilidade deveria ser da administração educativa) e, obtendo o seu acordo, enviem para o endereço [email protected], a “indicação do jardim a suspender e do de acol-himento”, até ao dia 31 de Março. Acompanha o mail, uma listagem de jardins de infância a suspender mas, acrescenta-se, pode”“ser proposta a suspensão de um jardim de infância não indicado na lista”.Para o SPRC esta é uma questão idêntica à do encer-ramento de escolas do 1.º Ciclo, agravada por cinco razões relevantes:

RCI28educação pré-escolar

Afinal Educação Pré-Escolar étambém alvo da fúria ministerial de encerrar estabelecimentospúblicos de educação

As crianças a deslocar são muito pequenas, com idades situadas entre os 3 e os 5 anos, inclusive. Assim, a resposta educativa, tal como a social a prestar a estas crianças deslocadas serão ainda mais complexas e exigem

uma qualidade muito elevada.

Tendo em conta a idade das crianças, é possível que muitos pais não estejam de acordo com a sua deslocação diária, em transportes esco-lares que, muitas vezes, não reúnem as condições mínimas de conforto

e segurança.

Não se integrando no âmbito da escolaridade obrigatória, o Ministério da Educação e as autarquias não serão obrigadas a garantir o transporte das

crianças ou, garantindo, a fazê-lo gratuitamente. Isso pode traduzir-se numa quebra de frequência da Educação Pré-Escolar.

Encerrando jardins de infância, mas indicando outros como de acolhimento, o ME poderá dizer que não baixou a taxa de cobertura da Educação

Pré-Escolar, mas, na verdade, o problema é o que terá acontecido à taxa de frequência. Esta é uma preocupação forte do SPRC, uma vez que a taxa de frequência bem como a taxa de cobertura da Educação Pré-Escolar, em Portu-gal, continua a ser das mais baixas da União Europeia, além de que tal medida contraria as orientações e princípios definidos desde 1996 no “Programa de Expansão da Educação Pré-Escolar”.

Haverá problemas acrescidos de emprego dos educadores de infância, com as medidas economicistas que o Governo, neste domínio, tem vindo

a desenvolver. A Educação Pré-Escolar é dos sectores com uma das mais elevadas taxas de desemprego docente. O encerramento de jardins de infância fará aumentar essa taxa no país em que a percentagem de crianças com acesso e frequência desta primeira etapa da educação básica é das mais baixas.

Confirma-se a lamentável e devastadora política do Governo de Sócrates, designadamente na área da Educação.

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RCI29ensino particular e cooperativo

De facto, ao não subscrever aquele Contrato, a FENPROF mantém em vigor, para os seus associados, o último CCT que subscreveu com a AEEP, ou seja, o CTT de 2004/2005, excepto no que se refere a Tabelas Salariais, já que a entidade patronal não poderá praticar vencimentos diferenciados.

De qualquer modo, e porque ambas as partes têm o enten-dimento de que seria desejável pôr fim à situação de existência de dois Contratos Colectivos de Trabalho dentro do sector, e porque temos consciência de que a aplicação do nosso Con-trato aos nossos associados tem uma limitação temporal, comunicámos à associação patronal o nosso interesse em exercer o direito de concluir as negociações que unilateralmente haviam interrompido, com carácter definitivo. Nesse sentido, as nego-ciações entre a Comissão Nego-ciadora Sindical da FENPROF e a AEEP, recomeçaram no dia 20 de Janeiro.

Em cima da mesa das nego-ciações estão matérias que nos são muito caras! Matérias como a Avaliação do Desempenho, Horários de Trabalho (compo-nente não lectiva no horário de trabalho), passagem do C. T. de horário completo a horário parcial, entre outras, e que os já referidos “sindicatos” haviam

Apagar fogos que outrosincendiaram...

subscrito (não se entende como é pos-sível!), são o principal objecto destas reuniões e que, estamos certos, em alguma coisa hão-de melhorar. Aliás, infelizmente não é a primeira vez que an-damos a apagar os fogos que os outros incendiaram! Recorde-se, há dois anos (no CTT que para nós se mantém em vigor) a FENPROF, usando este direito de conclusão de negociações sem ter de se submeter aos acordos que outros assinam de cruz, conseguiu, entre outras coisas, que os três novos índices de vencimento, abaixo do nível de ingresso, que os mesmos subscreveram sem qualquer contrapartida, se aplicassem, apenas, a quem ingressasse a partir de 1 de Janeiro seguinte.

É esta dificuldade, que outros, tam-bém chamados de sindicatos, nos criam e não se entende, que deverá levar os professores deste sub-sistema de ensino a meditar e concluir se valerá a pena continuarem a alimentá-los. É que já não nos bastam as dificuldades criadas pela entidade patronal, que encontram terreno propício nas politicas aprovadas para o mundo do trabalho, como ainda temos de contar com a colaboração que vem de onde não se deveria esperar! O tempo é de meditação!

E com as IPSS´S não é diferente...

Do mesmo modo, poderíamos aplicar o que acima se disse ao que se passa nas negociações do CTT das IPSS´S. De facto, ao longo dos últimos tempos temos vindo a negociar com a CNIS – Confederação Nacional das Institu-ições de Solidariedade, as alterações a um CCT que a FNE (mais uma vez!) assinou e que foi publicado no BTE nº 25, 1ª série, de 08/07/2005.

Chegamos ao fim das negociações. Felizmente, chegamos a acordo. O resultado não foi o que queríamos, mas foi o pos-sível, e entendemo-lo positivo. De realçar a unificação das duas tabelas salariais (que resultou numa tabela idêntica à dos bacharéis do Ensino Particular!) e a suavização da avaliação do desem-penho.

Desta negociação, enviaremos, brevemente, aos nossos sócios bem como às Direcções Pedagógicas das Instituições, os resultados sob a forma

O Contrato Colectivo de Trabalho assinado entre a AEEP-As-sociação dos Estabelecimentos do Ensino Particular e Coop-erativo e a FNE e o SINAPE, publicado no Boletim do Trabalho e Emprego n.º 46, 1.ª Série, de 15 de Dezembro de 2005, é, como é sabido, altamente lesivo dos interesses dos profes-sores e demais trabalhadores daqueles estabelecimentos. E aqui, é preciso chamar a atenção dos colegas sócios do SPRC ou de qualquer outro sindicato integrante da FENPROF de que o clausulado daquele CCT NÂO SE LHES APLICA.

António Caldeira, Direcção

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Desde 1989 que as diferentes equi-pas ministeriais se desresponsabili-zaram de estratégias que visassem o desenvolvimento e valorização do ensino e da formação profissional inicial; essa foi uma responsabilidade que passaram à iniciativa privada, com a criação das escolas profissionais. Foi através dos privados que o subsistema de ensino profissional cresceu e se constituiu como uma alternativa de formação para muitos milhares de jovens.

No seguimento destes, foram criados então pelo ME os Cursos de Educação e Formação (CEF), regulamentados pelo Despacho conjunto 453/2004, e que têm como prioridade a promoção do sucesso e a prevenção do abandono escolares, que ampliam a desqualifica-ção de activos. Estes cursos dirigem-se a jovens com idade igual ou superior a 15 anos em risco de abandono escolar ou que efectivamente abandonaram sem concluir a escolaridade obrigatória, bem como os que a concluíram sem qualquer qualificação profissional e que pretendam adquiri-la para ingressar no

mundo do trabalho.Regulamenta este diploma que o

cumprimento do plano de estudos e conclusão com aproveitamento implica que os alunos tenham frequentado no mínimo 90% da carga horária total de cada disciplina ou domínio. A carga horária destes cursos apresenta a seguinte composição:

- Mil e duzentas horas, corres-pondendo a 36 semanas - 30 em con-texto escolar e 6 em contexto de trabalho (sob a forma de estágio), em cursos com a duração de um ano;

- Duas mil e duzentas horas, corres-pondentes a 70 semanas - 64 em contexto escolar e 6 em contexto de trabalho (sob a forma de estágio), em cursos com a duração de dois anos lectivos.

Para tal, sempre que, em situações excepcionais, as aulas não sejam lec-cionadas, prevê a legislação que estas sejam repostas ou prolongadas, ou que sejam desenvolvidos mecanismos de recuperação das mesmas, da respon-sabilidade das escolas.

RCI30ensino secundário

Cursos de Educação e Formação

Direitos e Condições de Trabalho dos Docentes postos em causa!

Pesados no prato da balança os direitos dos docentes e dos alunos, para que não haja prejuízo dos últimos relativamente à conclusão dos cursos com aproveitamento, assistimos a casos em que os direitos dos docentes têm sido preteridos.

Tomemos como exemplo o caso de um colega que no início do ano foi colocado numa escola da região centro: foi-lhe atribuída uma turma dos CEF (no segundo ano de leccionação do curso), à qual lecciona três disciplinas; como no ano anterior estas ficaram com cerca de 80 horas em atraso, por colocação tardia do docente a quem coube então o horário, o executivo transitou-as para o presente ano lectivo atribuindo-as ao novo professor da turma. Assim o do-cente lecciona a carga horária normal e as oitenta horas de reposição! Sem que houvesse qualquer intenção de que lhe fosse pago esse trabalho extra…

Estamos perante uma situação injusta, por erro crasso do ME nos concursos, para a qual o colega não contribuiu, vendo-se forçado a cumprir

Nelson Delgado, Exec. Distrital de Coimbra

Ao longo dos anosconstatámos que as políticas educativas seguidas pelos vários governos, em relação ao ensino profissional, muito contribuíram para que este fosse en-carado como um ensino socialmente desvalori-zado e de “menor esta-tuto”.

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horas de reposição nas interrupções lectivas do Natal, Carnaval e Páscoa, excedendo em muito a carga horária da sua componente lectiva.

O mesmo panorama verificar-se-á se acrescentarmos a esta situação todas as possíveis faltas previstas pela lei (doença, idas a tribunais, greve, etc.).

Como poderão, então, articular-se faltas legalmente dadas ao abrigo da legislação em vigor, a que os docentes têm direito de recorrer, e a reposição das mesmas, imposta pelas escolas, para cumprimento de planos de cursos sem que haja sobrecarga dos docentes?

Sempre que se verifique uma situação

RCI31

que exija a reposição de horas, implicando sobrecarga da sua componente lectiva, devem os docentes exigir o pagamento das respectivas horas extraordinárias. O já aludido superior interesse dos alunos tem de ser garantido. Não deve e não pode, no entanto, ser garantido de forma cega, à custa de direitos e condições de trabalho estatuídos para o pessoal docente. Entre eles, estão por exemplo, disposições sobre o seu horário de trabalho, sobre interrupção da actividade docente ou, de forma geral, sobre férias, faltas e licenças.

Os responsáveis do ME têm afirmado que é necessário apostar no desenvol-vimento do sistema educativo e de formação profissional, melhorar e diversificar a sua oferta formativa, evitando a sub-qualificação e o abandono escolar que marcam o nosso país, como forma de alterar o modelo de desenvolvimento económico e social. Todos concordamos. Mas a que preço? Não pode ser à custa dos direitos e das condições de trabalho dos profissionais que leccionam estes cursos.

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RESUMO DESTE ESTUDO

O ministro das Finanças afirmou Programa Prós e Contra, que se trans-formou num programa de pensamento único devido ao monolitismo como são escolhidos os participantes, que daqui a 10 anos, portanto em 2015, poderia já não haver dinheiro para pagar as pensões. Esta afirmação, para além de ser irresponsável e alarmista, não corresponde à verdade. Ela só poderá ter como objec-tivo a preparação da opinião pública para medidas que o governo tenciona tomar agora contra os trabalhadores do sector privado e promove, objectivamente, os fundos de pensões privados porque gera medo e falta de confiança na Segurança Social pública.

A Segurança Social está a suportar as consequências da estagnação eco-

nómica prolongada devido à politica do governo centrada na redução do défice, e não no crescimento económico e no aumento do emprego. Devido ao elevado número de desempregados (*) – 550.000 –– prevê-se que a Segurança Social, em 2006, tenha despesas superiores a 1.800 milhões com subsídios de desem-prego e perda receitas de contribuições avaliadas em mais de 2.200 milhões de euros. Apesar de tudo isto, em 2006, de acordo com o Orçamento que foi apro-vado pela Assembleia da República, a Segurança Social não terá qualquer dé-fice. Se a politica do governo mudar, e a economia e o emprego aumentassem, a situação melhoraria signficativamente.

Para além disso, a Segurança Social tem um fundo de reserva, chamada Fundo de Estabilização Financeiro da Segurança Social, que tem mais de 5.000 milhões de euros (1.000 milhões de contos), para fazer face a qualquer

RCI32Estudo - Segurança Social

Ministro das Finanças no Prós e ContrasAfirmações sobre a segurança social são irresponsáveis, alarmantes e não são verdadeiras

QUADRO II – Evolução do PIB por empregado e da remuneraçãopor empregado entre 1953 e 2004 em euros

dificuldade. Esta reserva, por um lado, garante que a curto prazo a Segurança Social não terá problemas e, por outro lado, dá tempo suficiente para que possam ser tomadas medidas que assegurem a sustentabilidade financeira da Segurança Social a médio e longo prazo.

Um dos argumentos utilizados pelo ministro das Finanças é o envelhe-cimento da população, que está a determinar que o número de activos por reformado diminua. No entanto, o ministro esqueceu-se, por ignorância ou intencionalmente, que um trabalha-dor neste momento produz muito mais riqueza que no passado. Por ex., entre 1975 e 2004, o número de activos por pensionista baixou de 3,78 para 1,63, portanto diminuiu 2,3 vezes, mas a riqueza criada por trabalhador aumentou 41 vezes.

Eugénio Rosa, Economista

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tem a palavraGraça Ramos

Os professores são constantemente considerados os causadores da crise e são, por isso, os ausentes de dedicação. Uma ausência mal colocada nos braços de dezenas de milhar de docentes que, dando o seu melhor, são condenados na praça pública pelos carrascos da demo-cracia e dos professores.

O depoimento que se apresenta é apenas o retrato e partes de uma história

Gostaria de boas notícias…O que me sugere?Numa carta enviada à Direcção Regional de Educação e ao SPRC a professora Graça Ramos, num grito lancinante de desespero e raiva, dirige um apelo de inadiável atendimento. Do silêncio lúgubre dos gabinetes da 5 de Outubro ou da DREC poucas ou nenhumas são as preocupações voltadas para estes prob-

Por outro lado, se o governo afectas-se mais meios ao combate à evasão e à fraude, as receitas da Segurança Social aumentariam muito. Basta dizer o seguinte: em 2005, a recuperação das dividas atingiu 200 milhões de euros segundo o governo. Apesar disto as di-vidas à Segurança Social aumentaram, nesse mesmo ano, em 500 milhões de euros, portanto mais do dobro, e o

De acordo com a União Europeia (Eurostat), as despesas com pensões em Portugal (11,9% do PIB) são infe-riores à média da U.E. (12,6% do PIB). Para além disso, o valor das pensões em Portugal é muito baixo. Em 2006, cerca

valor recuperado representa apenas um décimo da receita que a Segurança Social perdeu nesse mesmo ano devido à evasão à fraude, a isenções e a taxas reduzidas.

É necessário também alterar o siste-ma de cálculo das contribuições para a Segurança Social. Estas são calculadas com base nas remunerações que repre-sentam apenas 40% da riqueza criada

pelas empresas. Se as contribuições das empresas passassem a ser calcu-ladas com base na totalidade da riqueza criada pelas empresas, alargar-se—ia a base de cálculo, poder-se-ia reduzir a taxa de contribuição das empresas para cerca de metade, acabar-se-ia com a concorrência desleal entre as empresas, e garantir-se-ia a médio e a longo prazo a sustentabilidade financeira

QUADRO V – Percentagem do PIB que as cotizações e contribuições para a segurança social represen-tam em média na União Europeia e em Portugal

de 1.100.000 reformados vão receber pensões inferiores a 300 euros, que é o limiar da pobreza; a pensão média do Regime Geral também em 2006, que abrange mais de 2.100.000 reformados é a seguinte: velhice apenas 480 euros;

invalidez 320 euros e a de sobrevivência 180 euros. E é para a redução destas prestações, já tão baixas, que o ministro das Finanças deste governo pretendeu preparar a opinião pública.|10 de Janeiro de 2006

RCI33Estudo - Segurança Social

de vida maltratada… diariamente!Exmos Senhores,É com uma vaga esperança de ser

ouvida e compreendida que vos dirijo esta mensagem.

Sou uma professora de Quadro de Escola desterrada no interior do nosso país, daquelas que eram obrigadas a concorrer aos QE de toda uma grande zona (Norte, Centro, Sul ou Algarve).

Dada esta situação, encontro-me a pagar duas casas (a minha, pelo emprés-timo ao banco, incluindo água, gás, luz, telefone e condomínio - ainda que pague os mínimos, os seus montantes são por vezes equivalentes aos que pagaria uma família, como é o caso do lixo) e outra junto à escola em que lecciono cuja renda acaba por ser superior às despesas que tenho com a minha casa.

FONTE: Eurostat

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RCI34

Além disso, pago ainda as longas deslocações de fim-de-semana ou quando tenho de recorrer a uma unidade hospitalar especializada.

Não esquecendo dos seguros do carro e da casa e da manutenção dos mesmos.

Como todos os docentes, os gastos em transportes e livros ou CD’s que adquiro para o meu trabalho (e que não estão disponíveis em bibliotecas esco-lares) não são dedutíveis no IRS.

Há ainda a registar que me encontro a leccionar os seguintes anos, discipli-nas e níveis: Francês : 7º ano nível um, 8º ano nível dois (duas turmas) 8º ano nível quatro(alunos de duas turmas), 10º ano recorrente nocturno iniciação, 10º ano recorrente APA ao não presencial - iniciação, 10º ano recorrente APA ao não presencial - continuação, 8º ano - nível quatro - aulas de recuperação, Língua Portuguesa - 9º ano, Formação Cívica - 8º ano, Direcção de Turma - 8º ano, Hora de Sala de Informática, Duas horas de aulas de substituição.

Desta variedade toda, ainda tenho de proceder a adaptações de estratégias e dar uma maior atenção a alunos com necessidades educativas especiais de quatro das turmas acima referidas, todos de níveis diferentes.

Além disso, cumpre acrescentar que tenho reuniões mensais de cinco turmas, de Departamento de Línguas, de Directo-res de Turma, de Grupo de Francês, de Grupo de Português e ainda as reuniões de final de período das anteriores turmas mais a da Turma do Ensino Recorrente Nocturno).

Quando vou a consultas deixo ma-teriais e actividades programadas para

as turmas fazerem durante as horas de substituição, de forma a não os prejudi-car com a minha ausência.

Tento dar sempre o melhor em tudo e promover actividades extra-aulas que contribua qualitativamente para a forma-ção dos jovens.

Refira-se que: não tenho tempo de preparar como gostaria as aulas, que não posso levantar trabalhos dos alunos frequentemente como o fazia, para uma maior atenção às dificuldades de cada um, e para uma correcção per-sonalizada.

Sinto com grande desilusão um desprezo total das nossas entidades administrativas nacionais e regionais pelos esforços feitos até hoje, por mim e outros docentes, no sentido de prestigiar a qualidade do noso trabalho, quer pro-movendo actividades extra-curriculares, como jogos didácticos, visitas de estudo, etc, quer aprofundando conhecimentos e experiências por acções de formação, por livre iniciativa na Internet ou junto de bibliotecas, quer ainda pelo esforço constante de dinamizar nas aulas ac-tividades adequadas e motivantes para a aprendizagem dos alunos e para a sua formação integral, mesmo lutando contra todas as dificuldades acima mencionadas.

Por outro lado, sinto-me vítima de uma profunda injustiça quando vejo cole-gas com menos graduação profissional e de curso serem colocados com horários completos em escolas muito mais próximas da minha residência. Sinto-me só, isolada, longe da família e amigos, impotente de concretizar os muitos ob-jectivos que pretendia alcançar (como um mestrado, por exemplo, que iria si-multaneamente valorizar o meu trabalho na escola). E pergunto-me: “Afinal de que me adiantou tanto esforço para obter uma melhor classificação de curso? De que me valem as muitas competências que fui adquirindo e desenvolvendo ao longo de doze anos?”

Os alunos podem fazer de tudo, nós não podemos contrariá-los, pois os pobrezinhos podem ficar traumatizados! Alguém se preocupou com isso na minha infância? Sempre ajudei os meus pais em casa e no campo (sem faltar às au-las); eles só têm a 4ª classe, nunca tive explicações e mesmo assim era sempre a melhor da turma! E fui das melhores do meu curso!

Na escola não há sala de não fuma-dores, e o regulamento interno, assinado pela respectiva Direcção Regional da Educação, prevê que os docentes

possam fumar livremente na sala dos professores.

Eu sofro de sinusite e estou na lista de espera há 3 anos para uma operação, e por outro lado, não tenho de fumar quando não quero (ainda mais sem fil-tro) e não acho justo não ter um espaço para cumprir as horas não lectivas em que devo estar na escola. Já fiz de tudo: alertei o Conselho Executivo, sensibilizei colegas que me apoiaram manifestando o seu desagrado com a situação em várias reuniões, abro as janelas, mas fecham-nas porque se perde o calor dos aquecedores ou porque está frio, já levei um queimador de óleos de plantas para anular os tabaco, mas apagam a vela!.....

Acresce ainda o facto de ter possivel-mente de abdicar de uma das disciplinas da minha formação: ou português ou francês. Pela análise que fiz com as colegas, se escolher o português (que corresponde a dois terços da formação do meu curso, sendo a literatura a minha grande paixão) vou ter de o fazer na quarta posição, mesmo que os outros candidatos tenham obtido menores resultados neste âmbito)....

Com tudo isto, é fácil ficar extrema-mente cansada, desalentada e atingir momentos de depressão, além das gripes e constipações a que poucos escapam... e por isso ter de ir ao hos-pital que dista 120 km da escola onde lecciono.

Francamente, quem conseguiria aguentar tanta pressão e enfrentar tantas despesas, tanto mais que tudo sobe ver-tiginosamente e os nossos vencimentos e carreiras se encontram congelados?

Acabei de saber que nos vão descon-tar os dias de consultas e de atestados...Mas, se parte das minhas doenças é causada por circunstâncias profission-ais inerentes à sobrecarga de trabalho, deslocações e isolamento....podemos usar algum seguro da escola?

Acumular e dar explicações não se pode.... Até porque com tantas tarefas da escola tal é completamente inviável!

Não tenho nem poderia pagar a uma funcionária de limpezas para cuidar do meu espaço, da minha roupa nem da minha comida.

Comer fora, nem pensar!!! Na cantina também não!

Como querem que nos sintamos moti-vados? Como querem que sobreviva-mos, ainda que vamos todos à feira e ao minipreço? Querem-nos ver a pedir esmola?

E a nossa saúde? Quem se respon-sabiliza pelos danos que nos são cau-

Acabei de saber que nos vão descontar os dias de consultas e de atesta-dos...Mas, se parte das minhas doenças é causa-da por circunstâncias profissionais inerentes à sobrecarga de trabalho, deslocações e isolamen-to....podemos usar algum seguro da escola?

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Se os governos governam contra os governados, não podem, necessariamente, permanecer, pois a lógica torna-se insa-nável, isto é, assume-se a aceitação, tácita ou explícita, de que não há remédio, de que nada se pode fazer porque quem tem poder manda e, portanto, o melhor é esperar que a vida decorra, como se tivesse havido um qualquer consílio de deuses para decidir que o percurso das nações seria traçado e jamais alterado até nova decisão. Este revelar-se-ia, certamente um princípio insano, o de se julgar que cada indivíduo nada mais seria do que um joguete sujeito a uma manipulação superior, ficando, pois, desprovido de qualquer vontade, dignidade e, até, identidade, visto que também esta dependeria sempre da existência de al-guém que lhe permitiria ter B.I., ou qualquer documento que reconhecesse a sua ex-istência com direitos e deveres.

Nunca a História da Humanidade se fez de traçados inevitáveis. Que raio! Então não houve até, por exemplo, o 25 de Abril! Também se considerava que nada havia a fazer, que estava tudo decidido, mas bastou alguns avançarem com coragem e logo os cidadãos deixaram de seguir o carreiro para passarem a andar em sentido contrário – nessa altura, ganharam B.I. a sério.

A qualquer colega ou vizinho não ad-mitimos que nos ultraje, que nos minore, que nos imponha soluções autoritárias excluindo-se a si mesmo. Jamais tolera-ríamos acções imorais e desprezíveis, porque sempre nos lembramos que a dignidade não se vende à hesitação, ao pequeno favor, à gélida inércia do medo, mas pode deixar-se vencer tanto pelo al-heamento como pelo orgulho resultante do desconhecimento.

Afinal, nada pode ser feito porque o governo está a fazer bem feito, ou nada se faz porque não se quer, não se pode, ou não se consegue fazer? O Governo está, certamente, a fazer tudo bem feito, feito à medida de uma classe possidente, empenhada em manter os mesmos privilégios em que outros, no tempo dos grandes feudos, se esmera-ram. Esta intenção de preservação de tipo aristocrático levou, no passado, homens e mulheres ao desespero, bem como à consequente e inevitável de-posição de todos os que impuseram os seus autoritarismos. É, pois, uma verda-deira provocação saída da arrogância de quem não se entende democraticamente com o poder, mas parece ter alimentado

a vontade de conseguir vantagens com a possibilidade de mandar.

Os limites do descaramento e do des-respeito absoluto têm sido atingidos, com frequência, pelos praticantes das actuais políticas. Prova disto encontra-se já na remota afirmação do primeiro ministro, enquanto secretário geral do seu partido, declarando que “quanto mais a luta aquece, mais força tem o PS”, para provar que o descontentamento dos trabalhadores é a bitola de que necessita para se empenhar nas suas acções políticas. Pior seria, even-tualmente, para ele se fossem os detentores das grandes riquezas a manifestar-se. Foi, certamente, seguindo este pensamento que se procedeu a uma “actualização” salarial de 1,5%, com o ministro das finanças a dizer que “é o valor possível tendo em conta a situação das finanças públicas”. Estão, obviamente, a gozar, descaradamente, connosco! Então e os salários de que não se fala? Para manter mordomias, por quantas décadas não necessitam de ser aumentados os proventos dos cerca de 7500 dirigentes e gestores da administração pública com remunerações que ultrapassam 10, 20 e 30 vezes o salário de um professor em nomeação definitiva com uma dúzia de anos de serviço, mas tendo as mes-mas habilitações e responsabilidades, embora sem o auxílio de assessores!? E os vencimentos dos assessores!? E as gratificações que ultrapassam o salário médio de um professor!? E os prémios de gestão dignos de um ver-dadeiro vencedor do euromilhões!? E os complementos com o mesmo valor?! E os planos complementares de reforma que tanto podem passar pelos 3000 como pelos 18000 Ä! Corta-se, então, na barriga (dos outros) para sobrar para os anéis dos mesmos, como sucedeu com os 3 cênti-mos de aumento no subsídio de refeição, apesar de “o governo [ter feito]“ um esforço adicional no sentido de poder ir um pouco mais além”, dizia o ministro das finanças. 3 cêntimos!? Quantas refeições abastadas paga o sr. ministro Teixeira por mês com o nosso dinheiro? Será justo aceitar esta inde-cência, esta afronta, esta imoralidade!?

Certamente que as dificuldades são grandes, mas é necessário enorme dis-ponibilidade para a luta, pois ainda nem sequer vai a meio a execução do plano governamental (assomam-se os contratos individuais de trabalho e os contratos de autonomia, numa perspectiva de escola-

empresa de altíssimo risco; a avaliação do desempenho controlada por quotas de promoção e de subserviência aos dirigentes das instituições; a ordem de despejo com os quadros de supranumerários).

As políticas que nos assolam têm alargado de tal forma o seu âmbito de intervenção que já atingem as relações laborais, subvertendo-as estrategicamente. De facto, ao serem, por exemplo, na Edu-cação, responsabilizados os órgãos de gestão pela organização da componente não lectiva e dos tempos disponibilizados para as aulas de recuperação, pretende criar-se a falsa ideia de colaboração a todos os profissionais deste sector. Esta actuação procura sobretudo constranger a capacidade reivindicativa dos docentes, confrontados com a dúvida de estarem a criar dificuldades aos colegas dos Conselhos Executivos. No entanto, é fundamental que estes assumam tam-bém um papel de incentivo à luta a fim de ser reposta a legalidade de direitos conquistados e inscritos no Estatuto da Carreira Docente.

A Escola está, hoje, marcada pelo desânimo, pela desmotivação. No entan-to, estes sentimentos não devem servir o propósito de quem executa as políticas de que somos alvo. Por isso, é urgente uma mobilização geral para mostrarmos a nossa indignação e alcançarmos a mudança necessária, porque não nos demitimos do nosso papel de cidadãos, tantas vezes ensinado aos nossos alu-

tem a palavraVitor Januário

O governo e os governados

Assomam-se os contratos individuais de trabalho e os contratos deautonomia, numaperspectiva de escola-empresa de altíssimo risco; a avaliação do des-empenho controlada por quotas de promoção e de subserviência aosdirigentes dasinstituições; a ordem de despejo com os quadros de supranumerários

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EB1 X.Em desdobramento, não seriam

aplicáveis os Despachos 16795/2005 e 17387/2005, por inexistência de espaço para prolongamento.

Assim, 3 professoras que trabalham na escola, (2 titulares de turma, 1 de edu-cação especial), apresentam-se no início de Outubro, de acordo com as ordens do Conselho Executivo, na EB1 Y, afastada 2 km daquela onde estão colocadas. Deslocação realizada no seu carro, com gasolina a expensas próprias.

Missão: cumprir o seu tempo de esta-belecimento no prolongamento de horário dos alunos da EB1 Y, alunos esses que nunca viram.

A lista de alunos que o Conselho Ex-ecutivo nunca chegou a entregar, não se-ria, sequer, provavelmente necessária: as actividades são facultativas e não se pode exactamente prever se os alunos virão ou não, ou que alunos virão ou não.

As professoras da EB1 X não conhe-cem os pais e encarregados de educação das crianças que “acompanham” na EB1 Y. Quando vem alguém buscar as crian-ças limitam-se a confiar na palavra de quem lhes diz que é familiar ou amigo da criança. E deixam-nas ir.

Como não existe conhecimento prévio sobre o número de crianças que ficam para o prolongamento – uns dias ficam umas, outros ficam outras – é muito difícil o controle efectivo das crianças no recinto da escola.

Das possíveis “actividades extra-cur-riculares”, realiza-se o Inglês, a Educa-ção Física e o Xadrez, (45 minutos por semana, cada).

A “supervisão” prometida e anunciada pela organização sindical que assinou acordo com o Governo, é realizada dentro da sala de aula, com os alunos, acom-panhando o professor que as realiza. Nos tempos em que não há Inglês, Educação Física ou Xadrez, intervindo directamente com os alunos.

Não existe qualquer planeamento e programação de actividades (a existir, onde entraria o tempo para a sua realização?)

Não existem reuniões de articulação e avaliação com os professores dos alu-nos acompanhados (a existirem, onde entraria o tempo para as realizar?)

Materiais? Espaços lúdicos? Verbas para a realização de actividades ou aquisição de equipamentos de “enrique-cimento curricular”?

Não há.

Nesta escola, para além de todas as lamentações, revoltas e indignações, os professores

têm preocupações de como lidar com imprevistos num local onde vão uma vez por semana cada um, sem criarem laços, sequer de conhecimento, (já nem falando de afectos...) com as crianças.

Preocupações básicas de segu-rança.

Preocupações de saber o que efecti-vamente estão lá a fazer.

EB1 Z.Duas turmas, regime normal.Das actividades de prolongamento de

horário previstas, apenas o Inglês está a ser realizado, uma vez por semana.

A escola não tem auxiliar de acção educativa, pelo que os professores têm que ficar na escola no dia do inglês, para abrir e fechar as portas da escola ao pro-fessor que vem (um dia para cada turma). E, na eventualidade de aquele não vir, “ocupar” as crianças, uma vez que os pais só virão buscá-las às 17 e 30.

Os dois professores da escola contem-plam no seu horário (para além da função de porteiro, que não é aí incluída) duas horas de estabelecimento.

De acordo com indicações do Con-selho Executivo, essas horas serão ocupadas no prolongamento de horário dos alunos em actividades de “estudo acompanhado”. Com os mesmos livros, os mesmos cadernos, sem biblioteca ou qualquer outro recurso, este “estudo acompanhado” traduz-se na realização dos trabalhos de “casa”, agora trabalhos de escola. Depois da escola, mais duas horas de escola, na mesma sala, nas mesmas mesas, nas mesmas cadeiras.

7 horas de trabalho, com algum tem-pito pelo meio de recreio (quando não chove: a escola tem duas salas e uma casa de banho. E é só).

Assim, na EB1 Z, os alunos têm duas tardes por semana de prolongamento.

(Que resposta social à família é esta?...)

Nesta escola, para além de todas as lamentações, revoltas e indignações, os professores questionam o seu papel, sobretudo no que respeita à relação ped-agógica que foram estabelecendo com os seus alunos. O que é que eu sou naquela tarde? Professor? Animador? Como resolvo as questões de disciplina? É um tempo em que admito mais, permito mais,

tolero, mais?... Ou mantenho a disciplina do resto do dia e nesse caso são verda-deiramente mais duas horas de escola? Com que direito lhes imponho mais duas horas de trabalho? Que contradições lhes crio se assumir papéis diferenciados?

É preciso melhor escola. Não mais escola.

Quais são as condições da maior parte das escolas do 1º ciclo (espaços, equipamentos, materiais…) para oferecer a tal escola a tempo inteiro?

Qual a motivação de professores e alu-nos para ensinar mais, aprender mais, ter mais sucesso, nas condições em que estar mais na escola só significa continuar na mesma sala de aula mais duas horas?

O tempo livre das crianças deve ser qualificadamente – e não improvisa-damente, (atabalhoadamente) preen-chido.

O tempo de trabalho não lectivo dos professores passa pelas suas condições de trabalho nas escolas. Passa por maior articulação e parcerias entre professores e outros técnicos, espaços e tempos de reflexão e cooperação entre si, plani-ficação e avaliação, desenvolvimento de processos de auto-formação e entrea-juda. São fundamentais os tempos de reflexão sobre as práticas, no sentido da sua transformação.

As horas que sobram do tempo lec-tivo, do tempo não lectivo com alunos e das inúmeras reuniões muitas vezes de carácter mais administrativo do que pedagógico, são insuficientes para efecti-vamente (na escola, ou noutro local) fazer aquilo que deve ser feito: reavaliar, reflec-

opiniãoRCI36Graça Cardoso, Dirigente do SPRC

Quantidade versus Qualidade

É fundamental substituir critérios de quantidade por critérios de efectivaqualidade.

Ou seja: fazer melhor es-cola.Não maisescola.

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O sistema educativo transmite um saber que se produz numa ordem social hierárquica e centralizada, o saber foi exclusivamente elaborado por homens adultos, brancos e de cultura ocidental. Os saberes das mulheres estão excluí-dos da cultura escolar, enquanto que as mulheres se incorporam nos saberes e nos trabalhos masculinos, o que leva à universalização do modelo masculino, o que acarretou um conjunto de conse-quências (Ballarin, 1993). Entre elas permitir a invisibilidade do contributo das mulheres, não as considerar como objec-tos de conhecimento, conceder categoria de universalidade às produções de al-guns homens e converter as diferenças em dicotomias, o que constitui o homem como paradigma do humano.

cadernos coeducaçãoRCI37

Eles estão nas aulas, elas também

Por outro lado, os livros de estudo são um espelho fiel destes saberes e conhecimentos. Uma análise dos livros de estudo de Ensino Básico (Garreta y Careaga, 1987) evidencia a forma como neles se reforça uma imagem discri-minatória do sexo feminino em todas as disciplinas e matérias de menor pre-sença feminina (só 21% face aos 79% dos homens) e qualitativamente diferen-te, uma vez que aparecem em activida-des de subordinação e auxiliares.

Os docentes e as docentes esque-cem-se do sexo dos alunos e tratam de o fazer em nome da igualdade de oportunidades, para que a educação seja “justa”, “neutra” e “correcta”. Os docentes procedem assim a uma discri-minação inconsciente, uma vez que

Datados de 1999, com estatísticas provavelmente sem alterações signifi-cativas, os cinco cadernos seleccio-nados pela redacção do RCI abordam a COEDUCAÇÃO nas seguintes temá-ticas: Educação para a Cidadania; Orientação e Identidade de género: a relação pedagógica; Des-fiar as vidas. Perspectivas biográficas, mulheres e cidadania; A narrativa na promoção da igualdade de género. Contributos para a educação pré-escolar. Identidade e género na prática educativa.

Cadernos Coeducação são o resul-tado do “Projecto Coeducação: do Princípio ao desenvolvimento de uma prática”, financiado pela Comissão Europeia (Direcção Geral V – Unidade Igualdade de Oportunidades entre mul-heres e homens e questões relativas às

10 títulos originais fazem parte desta extraordinária Colecção Cadernos Coeducação. No âmbito das comemorações do Dia Internacional da Mulher, faz sentido seleccionar para professores e profes-soras, cinco títulos fundamentais.

Cadernos COEDUCAÇÃO

julgam não exercer nenhuma forma de discriminação explícita e consciente (Bonal, 1997). Assim, os rapazes e as raparigas recebem qualificações e atri-buições diferentes na escola (Browne & France 1988). Os rapazes costumam ser qualificados como mais violentos, agres-sivos, criativos e inquietos, embora, por vezes, como tímidos e imaturos. Tudo isto é considerado característico de uma personalidade activa e forte e é-lhe dado um valor positivo, ainda que não de forma explícita. Pelo contrario, as raparigas são qualificadas como mais maduras, mais preocupadas com pormenores e mais trabalhadoras, mais tranquilas e submissas. Estas atitudes, aparentemente mais positivas, são na realidade consideradas como sinais de

famílias e às crianças), coordenado por Teresa Pinto, e “reúne sob a forma de cad-ernos temáticos, os materiais pedagógicos, destinados à formação inicial de docentes, produzidos pelas equipas do projecto que se constituiram nas diversas instituições nele envolvidas”, refere Teresa Pinto, para mais à frente, na nota prévia a todos os textos, defini-los como tendo “carácter transversal de forma a proporcionar (…) a incorporação da reflexão sobre as ques-tões de género nos currículos e programas da formação de professores”.

O RCI, por considerar o absurdo e extraordinário atraso do nosso país no que ao tratamento das questões da igual-dade de género em contexto escolar diz respeito, decidiu divulgar e disponibilizar, para consulta, este excelente trabalho re-alizado sob a coordenação da Comissão

para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres. | Luís Lobo

Nota: As próximas edições de RCI, durante todo o ano de 2006, passarão a integrar textos que contribuam e para a formação nesta área e, ao mesmo tempo, despertem o interesse e a curiosidade para a leitura e a abordagens dos aspectos relacionados com a COEDUCAÇÃO.

Para mais informações (SPRC): [email protected],Telef: 239 851 660, FAX: 239851666ou Comissão para a Igualdade e Direitos das Mulheres | Av. da República, 32 – 1.º, 1050-193 Lisboa | Telef: 21 798 3000

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falta de personalidade, de um carácter dócil, mesmo que isso não signifique que sejam estimuladas a portar-se mal, o que é mais duramente sancionado do que no caso dos rapazes.

Esta situação traduz-se em diferentes avaliações de rapazes e raparigas segundo estereótipos de género, valorizando-se neg-ativamente o estereótipo feminino. Face a um mesmo tipo de interrupção ou interven-ção na aula, os professores consideram-no de maneira diferente consoante se trate de um rapaz ou de uma rapariga. As raparigas são tratadas como rapazes de segunda como se fossem um rapaz desajeitado do qual se espera pouco rendimento. Enquanto que um erro de uma rapariga se aplica ao género no seu conjunto, um erro de um rapaz só se aplica de forma individual. Por seu lado os rapazes e as raparigas explicam de maneira diferente o êxito ou o fracasso escolar. As raparigas atribuem os maus resultados à “falta de esforço”. Por outro lado, o êxito numa tarefa é atribuído, pelas raparigas, ao factor sorte. Esta situação pode ter a sua origem na atitude dos pro-fessores que atribuem o fracasso a razões diferentes consoante o sexo: no caso dos rapazes, atribuem-no a uma falta de moti-vação o que permitirá a estes pensar que o seu fracasso se deve à uma falta de esforço e não tanto a uma falta de capacidade. O caso das raparigas é justamente o oposto: como os professores tem uma atitude posi-tiva em relação a elas, e sabem que elas são mais trabalhadoras e conscientes à partida, as raparigas não podem atribuir as observações dos professores ao seu mau comportamento mas a uma falta de capa-cidade. Cada uma destas interpretações inibe ou facilita a aprendizagem.

Outro aspecto do mesmo problema é o”tipo e quantidade de interacções verbais”que os professores mantêm na aula, dirigidas mais aos rapazes do que às raparigas. As aulas são espaços de rapazes, tanto pela sua maior participação como pela atenção que lhes é dada pelos professores (Torres, 1991). Face a esta situação, as raparigas inibem-se e cedem o protagonismo aos rapazes, deixando que estes ocupem os espaços centrais das salas de aula e pátios, que imponham os seus jo-gos e intervindo só o imprescindível. Apesar de tudo o até aqui exposto, para algumas autoras (Subirats, 1990), a discriminação sexista não faz com que as raparigas tenham piores classificações ou rejeitem a cultura escolar, antes pelo contrario, elas tendem a adoptar comportamentos de maior adesão à normas estabelecidas porque a sua ruptura não lhes traz vantagens e, por isso, tendem a ser mais estudiosas e a obter maiores êxitos académicos.

O anteriormente exposto tem uma série de consequências na construção da identi-

dade das raparigas:a) Enfraquecimento das aspirações das

raparigas e mulheres: A desvalorização das atitudes consideradas femininas e a menor atenção dada às raparigas como indivíduos, juntamente com as características sexistas da cultura, produz nas raparigas e mul-heres uns efeitos específicos que as faz ir perdendo confiança em si mesmas, nos seus próprios critérios e na sua capacidade de assumir responsabilidades. Produz-se nelas um enfraquecimento das aspirações pessoais e profissionais de que não aper-cebemos por continuar a considerá-las naturais. Esta socialização diferenciada faz com que os rapazes sejam impelidos a ser competitivos, a tomar iniciativas, a ter êxito e a ser independentes, enquanto que as raparigas são impelidas a ser dependentes, conformadas e cooperativas.

b) A escolha de um curso e a motivação para o êxito: Outro elemento que devemos ter em conta é o acesso desequilibrado das mulheres aos níveis mais altos do Sistema educativo (Anguita y Robles 1994). Parece que a escola abriu as suas portas às mul-heres, em todos os domínios, mas esta per-cepção não é correcta, visto que elas foram acedendo aos estudos médios e superiores considerados mais apropriados para elas, centrados sobretudo nos cursos de Letras e Ciências Sociais em geral, bem como nos cursos de Professoras Primárias. As escolhas que as mulheres fazem no âmbito académico estão directamente relacionadas com a motivação que têm de obter óptimos resultados, bem como as expectativas indi-viduais da sua própria execução das tarefas e a importância que se lhes dá nas mesmas. Nos níveis mais altos do sistema educativo, ser feminina pressupõe inibir a ambição , as capacidades intelectuais e o êxito, o que convida as raparigas a esconder os seus talentos e a que se produza o processo con-hecido como “medo do êxito” porque sabem que as relações com os homens são mais difíceis para as mulheres intelectualmente brilhantes (Ballarin 1993).

c) A presença desequilibrada de mulhe-res no mercado de trabalho: Uma das con-sequências a médio prazo da socialização desigual que a escola exerce sobre as mulheres podemos constatá-la na situação destas no mundo do trabalho, onde existe uma manifesta carência de modelos de mulheres a que estas possam aspirar na vida pública e nos diferentes âmbitos labo-rais, o que torna mais difícil a sua projecção social e profissional pela falta de modelos femininos de comportamento aceite social-mente (Alberdi e Alberdi 1984).

in “Identidade e Género na Prática Edu-cativa”, Cadernos COEDUCAÇÃO, CIDM,

1999

cadernos coeducação RCI37

Page 38: SUMÁRIORCI.JAN/FEV ’06 - SPRCaposentação e cálculo das pensões Calendário escolar. Despacho nº 3782/2006 de 16 de Fevereiro - Alteração do calendário ... gamento de horário

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jornais escolaresRCI39

Dom Egasn.º 17Escola ES/3 D. Egas Moniz - Resende

“Dom Egas” revela uma participação equilibrada entre docentes e alunos. Celebra o “Dia da Escola”, faz uma singela homenagem

a Manuel Rebelo Moniz, antigo presidente da Câmara de Resende, evidencia as múltiplas actividades levadas a cabo na escola e na comunidade e ainda tem um espaço para o “Cantinho da Poesia” onde alunos da escola participam com textos muito interessantes. Parabéns ao “Clube do Jornal Escolar” e a todos aqueles que colaboraram neste número.

Guardião n.º 13Escola Básica 2,3 - Guarda - Se-queira

“Guardião” tem excelente informa-ção sobre todas as actividades que se realizam na Es-

cola. Revela, também, informações sobre a comunidades educativa, pede a opinião alunos e professores sobre as aulas de substituição e dá notícias sobre as reivin-dicações dos professores e relata opin-iões dos alunos sobre o Apoio Educativo. Reserva ainda espaço para uma secção muito interessante denominada”“Contos de sempre no século XXI”. A última página propõe a leitura de “Tradições e lendas de N atal”. Um jornal com participação equili-brada de professores e alunos, bem estru-turado e de fácil leitura. Um abraço para todos que deram o seu contributo para a feitura deste número do “Guardião”.

Entre Nós n.º 17Escola E.B. 2,3/S de Vilar Formoso

“Entre Nós” é um jornal bem organizado com os assuntos bem arrumados e de leitu-ra agradável. O Clube de Jornalismo tem gente nova disposta

Pena Jovem n.º40Escola E.B. 2,3/S de Penalva do Castelo

“Pena Jovem” é um jornal feito por gente dinâmica e preocu-pa-se com a escola, com a comunidade educativa e com os acontecimentos da

região. Os alunos, os professores, auxili-ares de acção educativa e encarrega-dos de educação participam num jornal vivo, activo, jovem e bem organizado. A leitura estrutura-se à medida que se vai folheando o jornal. Gostámos de tudo, especialmente, das duas entrevistas, uma à escritora Olinda Beja e outra à profes-sora Isabel Fonseca. Força. Parabéns a todo o pessoal que colabora e faz o Pena Jovem.

Voz da Escola n.º 36Escola Secundária/3 Castro Daire

A Escola em acção, plena de actividade, neste 1.º período e com projectos para todo o ano lectivo. Notícias da escola, do concelho, do

pais e até do estrangeiro. “voz da Escola anuncia que a escola tem uma nova direcção da Associação de Estudantes, recolhe depoimentos sobre o que significa “Cidadania, entrevista ao Presidente da Câmara de Castro Daire, dá notícias da Biblioteca e proporciona opiniões sobre “o novo papel do Progresso” na escola de hoje “Voz da Escola” é um Jornal bem feito, claro e de leitura agradável. Um ab-raço a todos os que colaboram. Ficamos à espera do próximo número.

O Pretexton.º 30Escola Básica dos 2.º e 3.º Ciclos Dr. Pedrosa Veríssimo - Paião

Parabéns aos cinco magníficos,“Os Veríssimos”, eq-uipa que representou a vossa escola no programa “Dá-lhe

Gás” transmitido pela SIC. Duas páginas com opiniões de professores e alunos sobre as aulas de substituição, o contador de histórias na Biblioteca, entrevista e a página “Em Bom Português” recheiam e tornam “O Pretexto” atractivo. O jornal apresenta-se limpo e o azul-claro fica-lhe bem. Boa participação de alunos e profes-sores. Até ao número 31. Como pretexto, aqui vai um abraço para os que trabalham para, no e com o jornal.

a colaborar com os elementos que ano após ano vão desenvolvendo o projecto de divulgação das actividades levadas a cabo na escola e na comunidade. “reló-gios de Sol” é um trabalho interessante apresentado por elementos da”“Oficina da História e Arqueologia”, “O Farol das Letras” também revela alguma informação e dá uma ajuda à “Língua Portuguesa”. O pessoal do “Entre Nós” parece entusiasta e com muitas ideias. Parabéns. Força. As folhinhas do vosso jornal estarão sempre entre nós. Até ao próximo número.

O DiabreteJornal da Es-cola E.B. 1 - Bairro Norton de Matos - Coimbra

“O Diabrete” começa por dar notícias das ac-tividades levadas a cabo na escola no 1.º período. Os

alunos de todos os anos de escolaridade participam no jornal e dão o seu contribu-to com texto e desenhos muito engraça-dos. Gostámos muito dos desenhos dos meninos e das meninas do 1.º A. Apre-ciámos, ainda, a colaboração e dinam-ização de professores e encarregados de educação. Um abraço “endiabrado” para o pessoal do jornal. Até ao próximo.

Emir n.º 1 - Ano 2005/2006Agrupamento de Escolas do 1.º e 2.º Ciclos com Jardim de Infância de Mira

O “Emir” vem recheado de informações das

diversas escolas do Agrupamento. Al-guns testos são muito interessantes. As diversas disciplinas participam no jornal e a colaboração de alunos e professores parece equilibrada. Um abraço e até ao

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