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setembro ‘08 Sindicato dos Professores da Região Centro Rua Lourenço Almeida de Azevedo, 21 Apartado 1020 — 3001-552 Coimbra Telef.: 239 851 660 FAX: 239 851 666 E-Mail: [email protected] http//:www.sprc.pt Ficha Técnica Região Centro Informação Registo de Propriedade n.º 217964 Propriedade do Sindicato dos Professores da Região Centro Rua Lourenço de Almeida Azevedo, 21 Apartado 1020 — 3001-552 Coimbra Director — Mário Nogueira Chefe de Redacção — Luís Lobo Conselho de Redacção: Francisco Almeida, Marta Ferreira, José Pinto, Nelson Delgado, Paulo Santos, Vitor Januário Grafismo e Ilustração — Tiago Madeira Composição e Paginação — SPRC Periodicidade — Mensal Tiragem — 15.000 exemplares Impressão — Sociedade Tipográfica, SA Embalagem e Expedição — AP Direct Mail, Lda - Centro Operador de Marketing Redacção e Administração — Rua Lourenço Almeida de Azevedo, 21 Fotografias — Arquivo SPRC Registo de Publicação n.º 117965 Depósito Legal n.º 228/84 EXECUTIVOS DISTRITAIS Aveiro Rua de Angola, 42 - B Urbanização Forca Vouga • 3800-008 Aveiro Telef.: 234 420 775 • FAX: 234 424 165 E-Mail: [email protected] Castelo Branco R. João Alves da Silva, 3 - 1.º Dt.º 6200-118 Covilhã Telef.: 275 322 387 • FAX: 275 313 018 E-Mail: [email protected] Coimbra Praça da República, 28 — 1.º Apartado 1020 3001-552 Coimbra Telef.: 239 851 660 • FAX: 239 851 668 E-Mail: [email protected] Guarda Rua Vasco da Gama, 12 — 2.º 6300-772 Guarda Telef.: 271 213 801 • FAX: 271 223 041 E-Mail: [email protected] Leiria R. dos Mártires, 26 — r/c Drtº Apartado 1074 2400-186 Leiria Telef.: 244 815 702 • FAX: 244 812 126 E-Mail: [email protected] Viseu Av Alberto Sampaio, nº 84 Apartado 2214 3510-030 Viseu Telef.: 232 420 320 • FAX: 232 431 138 E-Mail: [email protected] DELEGAÇÕES Castelo Branco R. Pedro Fonseca, 10 — L 6000-257 Castelo Branco Telef.: 272 343 224 • FAX: 272 322 077 E-mail: castelo [email protected] Figueira da Foz R. Calouste Gulbenkian, 62 - r/c Esq.º 3080-084 Figueira da Foz Telef.: 233 424 005 E-mail: sprcfi[email protected] Douro Sul Av. 5 de Outubro, 75 — 1.º Apartado 42 5100-065 Lamego Telef.: 254 613 197 • FAX: 254 656 457 E-mail: [email protected] Seia Lg. Marques da Silva Edifício Camelo, 2.º Esquerdo 6270-490 Seia Telef.: 238 315 498 • FAX: 238 315 498 E-mail: [email protected] Breves (ou o mesmo será dizer) para ler no Jornal da FENPROF pág. 4 SUMÁRIORCI.SETEMBRO ’08 Sindicato dos Professores da Região Centro Desdobrando- -se em múltiplas iniciativas como se se tratasse de uma agência de marketing e publicidade os nossos governantes distribuiram estrategicamente o “Magalhães” no dia 23 de Setembro. Em Castelo Branco o SPRC esteve lá e levou um envelope para a ministra. Do seu conteúdo damos conta na página 11. O SPRC estava lá! Editorial As Coisas não são como Sócrates diz que são pág. 5 Em Destaque O fracasso da Ministra, segundo a própria pág. 6 Desemprego docente “Facilidades”, Sr. Primeiro-Ministro? “Facilidades”?! pág. 7 Entrevista a António Morais No Trilho da Esperança págs. 8 e 9 MAIL VERDE liga Escolas, Professores e o Sindicato A derrota deste modelo depende da revelação da realidade págs. 12 e 13 Direitos do consumidor Portugueses vão pagar à banca, em 2008, mais de 5.749 milhões de euros, só de juros pág. 16 IPSS e Misericórdias Contrato Colectivo de Trabalho assinado entre a CNIS e a FENPROF pág. 18

SUMÁRIORCI.SETEMBRO ’08 - sprc.pt · rações dos CCT entre a CNIS - Con-federação Nacional das Instituições de Solidariedade e a Federação Portuguesa dos Sindicatos do Comércio

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setembro ‘08

Sindicato dos Professores da Região Centro

Rua Lourenço Almeida de Azevedo, 21Apartado 1020 — 3001-552 CoimbraTelef.: 239 851 660FAX: 239 851 666E-Mail: [email protected]//:www.sprc.ptFicha TécnicaRegião Centro InformaçãoRegisto de Propriedade n.º 217964Propriedade do Sindicato dos Professores da Região CentroRua Lourenço de Almeida Azevedo, 21Apartado 1020 — 3001-552 CoimbraDirector — Mário NogueiraChefe de Redacção — Luís LoboConselho de Redacção:Francisco Almeida, Marta Ferreira, José Pinto, Nelson Delgado, Paulo Santos, Vitor JanuárioGrafismo e Ilustração — Tiago MadeiraComposição e Paginação — SPRCPeriodicidade — MensalTiragem — 15.000 exemplaresImpressão — Sociedade Tipográfica, SAEmbalagem e Expedição — AP Direct Mail, Lda - Centro Operador de MarketingRedacção e Administração — Rua Lourenço Almeida de Azevedo, 21Fotografias — Arquivo SPRCRegisto de Publicação n.º 117965Depósito Legal n.º 228/84

EXECUTIVOS DISTRITAISAveiroRua de Angola, 42 - BUrbanização Forca Vouga • 3800-008 AveiroTelef.: 234 420 775 • FAX: 234 424 165E-Mail: [email protected] BrancoR. João Alves da Silva, 3 - 1.º Dt.º6200-118 CovilhãTelef.: 275 322 387 • FAX: 275 313 018E-Mail: [email protected]ça da República, 28 — 1.ºApartado 1020 3001-552 CoimbraTelef.: 239 851 660 • FAX: 239 851 668E-Mail: [email protected] Vasco da Gama, 12 — 2.º 6300-772 GuardaTelef.: 271 213 801 • FAX: 271 223 041E-Mail: [email protected]. dos Mártires, 26 — r/c DrtºApartado 10742400-186 LeiriaTelef.: 244 815 702 • FAX: 244 812 126E-Mail: [email protected] Alberto Sampaio, nº 84Apartado 22143510-030 ViseuTelef.: 232 420 320 • FAX: 232 431 138E-Mail: [email protected]

DELEGAÇÕESCastelo BrancoR. Pedro Fonseca, 10 — L6000-257 Castelo BrancoTelef.: 272 343 224 • FAX: 272 322 077E-mail: castelo [email protected] da FozR. Calouste Gulbenkian, 62 - r/c Esq.º3080-084 Figueira da FozTelef.: 233 424 005E-mail: [email protected] SulAv. 5 de Outubro, 75 — 1.ºApartado 425100-065 LamegoTelef.: 254 613 197 • FAX: 254 656 457E-mail: [email protected]. Marques da SilvaEdifício Camelo, 2.º Esquerdo6270-490 SeiaTelef.: 238 315 498 • FAX: 238 315 498E-mail: [email protected]

Breves(ou o mesmo será dizer) para ler no Jornal da FENPROFpág. 4

SUMÁRIORCI.SETEMBRO ’08

Sindicato dos Professoresda Região Centro

Desdobrando- -se em múltiplas iniciativas como se se tratasse de uma agência de marketing e publicidade os nossos governantes distribuiram estrategicamente o “Magalhães” no dia 23 de Setembro.Em Castelo Branco o SPRC esteve lá e levou um envelope para a ministra.Do seu conteúdo damos conta na página 11.

O SPRC estava lá! Editorial

As Coisas não são como Sócrates diz que sãopág. 5

Em DestaqueO fracasso da Ministra, segundo a própriapág. 6

Desemprego docente“Facilidades”, Sr. Primeiro-Ministro? “Facilidades”?!pág. 7

Entrevista a António MoraisNo Trilho da Esperançapágs. 8 e 9

MAIL VERDE liga Escolas, Professores e o SindicatoA derrota deste modelo depende da revelação da realidadepágs. 12 e 13

Direitos do consumidorPortugueses vão pagar à banca, em 2008, mais de 5.749 milhões de euros, só de jurospág. 16

IPSS e MisericórdiasContrato Colectivo de Trabalho assinado entre a CNIS e a FENPROFpág. 18

‘08 setembro

legislaçãoRCI3

Alunos

Despacho nº 20513/2008 de 5 de Agos-to - Institui o Prémio de Mérito Ministério da Educação a atribuir aos alunos que tenham concluído o ensino secundário, em 2007-2008, ou venham a concluir em anos subsequentes.

Despacho nº 20956/2008 de 11 de Agosto - Regula as condições de apli-cação das medidas de acção social es-colar da responsabilidade do Ministério da Educação a partir do ano lectivo de 2008-2009.

Contagem de Tempo de serviço

Circular nº B08060504 de 5 de Setem-bro - Contagem de tempo de serviço prestado por formadores no âmbito dos projectos Internet@EB1, CBTIC@EB1, Programa de Formação de professores em ensino experimental das Ciências e Programa de Formação Continua em Matemática para professores dos 1º e 2º ciclos.

Informação B08008777P de 7 de Agosto - Análise e proposta ao período de contacto funcional para efeitos de avaliação do desempenho do pessoal docente contratado.

Concursos

Portaria nº 1029-A/2008 de 11 de Se-tembro - Fixa as datas de cessação de contratação cíclica de recrutamento para vários grupos de docentes para o ano escolar de 2008-2009.

Aviso nº23229/2008 de 11 de Setem-bro - Publicitação das listas definitivas do concurso para o ensino de português no estrangeiro.

Diversos

Despacho nº 20507/2008 de 5 de Agos-

to - Aprovação dos modelos de requeri-mento das prestações de maternidade, paternidade, por licença parental, por adopção e por riscos específicos.

Aviso nº 22914/2008 de 3 de Setem-bro - Processo de candidatura para acreditação de centros de recursos para a inclusão (CRI) para apoio à inclusão das crianças e jovens com deficiência e incapacidade.

Lei nº 58/2008 de 9 de Setembro - Es-tatuto disciplinar dos trabalhadores que exercem funções públicas.

Lei nº 59/2008 de 11 de Setembro - Regime do Contrato de Trabalho em funções Públicas.

Educação

Despacho nº 20646/2008 de 6 de Agosto - Constituição da equipa mul-tidisciplinar da rede escolar e de apoio técnico às escolas.

Portaria nº 732/2008 de 11 de Agosto - Encargos orçamentais - instalação, ma-nutenção, suporte, operação e gestão de redes locais para escolas públicas com 2.º e 3.º ciclos do ensino básico público e ensino secundário.

Despacho nº 21257/2008 de 13 de Agosto - Aprovação das condições de financiamento público para as entida-des habilitadas, no âmbito do sistema RVCC.

Despacho nº 22942/2008 de 9 de Se-tembro - Prorrogação da duração das Equipas multidisciplinares.

Ensino Superior

Regulamento nº 461/2008 de 14 de Agosto - Regulamento para a Credi-tação de Formação Académica, Pós-Secundária e Experiência Profissional.

Despacho Normativo nº45/2008 de 1 de Setembro - Estatutos da Universi-dade da Beira Interior.

Despacho Normativo nº 43/2008 de 1 de Setembro - Estatutos da Universida-de de Coimbra.

Deliberação nº 2429/2008 de 9 de Setembro - Reconhecimento do grau de Doutor nos Estados-membros da União Europeia ao abrigo do Decreto-lei nº341/2007 de 12 de Outubro.

Deliberação nº 2430/2008 de 9 de Setembro - Reconhecimento dos graus conferidos nos 1º e 2º ciclos nos Es-tados-membros da União Europeia ao abrigo do Decreto-lei nº341/2007 de 12 de Outubro.

Despacho nº23174/2008 de 11 de Se-tembro - Fixa regra para a conversão de classificações atribuídas por instituições de ensino superior estrangeiras para a escala de classificação portuguesa, de acordo com o Decreto-lei nº 341/2007 de 12 de Outubro.

Ensino Particular e Cooperativo

Portaria nº 957/2008 de 25 de Agosto - Regulamento de extensão das alte-rações dos CCT entre a CNIS - Con-federação Nacional das Instituições de Solidariedade e a Federação Portuguesa dos Sindicatos do Comércio Escritórios e Serviços e outros e entre a mesma Confederação e a Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública.

Formação

Aviso nº 22490/2008 de 26 de Agosto - Concurso de acesso à profissionalização em serviço dos docentes das escolas públicas do ensino artístico especializa-do da música e da dança.

‘08 setembro

setembro ‘08

Horários de Trabalho A regulamentação dos horários de trabalhoO antes e o agora: que devem fazer os professores?

Depois de a FENPROF ter enviado para as escolas indicações muito úteis sobre como de-

vem proceder os professores, agora, com o novo quadro legal, começam a chegar os reflexos do

interesse do Memorando de Entendimento que Lurdes Rodrigues foi obrigada a aceitar. É que, ao

contrário do que acontecia em outros anos, conheci-dos os limites os professores têm uma ferramenta para

exigir a correcção do seu horário ou o pagamento de horas extraordinárias. O SPRC está a acompanhar este processo, desig-

nadamente com o seu Gabinete Jurídico e a apoiar os seus sócios.

Avaliação do DesempenhoFENPROF apresenta a sua proposta para a avaliação do desempenho

…mas ainda não a definitiva. Essa, serão os professores a construir a partir de um modelo, uma matriz, que será preenchida, completada, corrigida ou cortada, a partir do que forem as opiniões dos docentes portugueses. Um debate que será lançado

em Conferência de Imprensa, em Lisboa, no próximo dia 8 de Outubro, e que decorrerá durante todo o primeiro período. Os pormenores? Esses constarão fresquinhos no JF e no site da FENPROF e dos seus Sindicatos. Em

ano de experimentação do modelo e de não produção de efeitos das avaliações negativas a que os docentes estarão sujeitos, a FENPROF lança, mais uma vez, um grande debate nacional, único na história do

movimento sindical, sobre o que os professores querem para a sua profissão.

Contrato de Trabalho em Funções PúblicasEntrevista com jurista da Função Pública e PR 2009Não bastava o nosso Estatuto de carreira já fortemente penalizador, não bastavam as leis já claramente castradoras dos direitos conquistados pelos professores. Eis agora o novo Regime de Contrato de Trabalho em Funções Públicas que o Governo levou para a Assembleia, a UGT apoiou e a maioria PS aprovou Nada mais do que o Código para os trabalhadores do Estado. Em alguns casos ainda mais grave que o próprio Código de Trabalho do privado. Para explicar isto tudo, o próximo JF trará uma entrevista com um especialista na matéria.

Gestão das Escolas: como continuar a acção e a luta dos professores, como agir e reagir perante os poderes que vão começar a instalar-se nas escolas.

Em muitas escolas por este país fora, milhares de professores continuam a investir no boicote ao lan-çamento do modelo, negando ser o veículo do seu lançamento e validar um modelo maioritariamente rejeitado. Como continuar? O que fazer? O que está em causa?

Alterações à estrutura da carreira: proposta da FENPROFPosicionamento salarial no quadro das mudanças na Administração Pública. Aplicação aos professores

O Ministério da Educação quis passar por cima da lei da negociação colectiva, conversando com o Conselho das Escolas e substituindo as reuniões com os Sindicatos. Com o Memorando de Entendimento o ME foi obrigado a, por um lado, manter a paridade com a carreira técnica superior e, por outro, a discutir o assunto, tomando por base, também as propostas do movimento sindical. A FENPROF recolocará em cima da mesa questões centrais, no quadro da negociação da carreira docente. Reapresen-tará propostas e soluções para a necessária reformulação da estrutura da carreira dos professores e educadores.

agenda

Breves (ou o mesmo será dizer) para ler no Jornal da FENPROF

RCI4

‘08 setembro

Luís Lobo, [email protected]

editorial

A realidade é mesmo outra

RCI5

Há uma necessidade desmesurada do primeiro-ministro de mostrar trabalho e revelar estatísticas

favoráveis. Porém os resultados estão à vista:

• milhares de escolas do primeiro ciclo encerradas e dezenas de milhar de alunos transferidos uma e duas vezes do seu local de residência;

• 40.000 alunos que tinham apoio educativo especializado nas suas esco-las perderam-no nos últimos três anos. Alguns, com a criação de escolas de referência, na maior parte dos casos uma por distrito, são obrigados a fazer dezenas de quilómetros para terem o apoio que a lei e as recomendações internacionais preconizam;

• 85% dos portugueses com baixas qualificações (números do governo) não têm acesso a cursos que lhes renovem as oportunidades de se escolarizarem;

• prossegue o aumento do número de alunos por turma, a par do fim da redução prevista na lei sempre que ha-via necessidades educativas especiais integradas em cada grupo-turma;

• aumento progressivo do desempre-go docente, contando, em 1 de Setem-bro, 39.604 professores que não tiveram acesso à assinatura de um contrato;

• redução real do financiamento do ensino superior (que poderá atingir

-7% e mais) e afastamento dos níveis europeus de financiamento do ensino básico e secundário (crescimento real de apenas 0,5%);

• crescimento zero do orçamento de Estado para a educação pré-escolar tendo como consequência a baixa taxa de cobertura pública deste nível de edu-cação, o que faz com que 70.000 crian-ças sejam obrigadas a inscrever-se em instituições privadas que se alimentam da exploração económica das famílias;

• insuficiente financiamento do Es-tado (prometido há dois anos) com as verbas do QREN a atingirem menos de 30% das necessidades definidas pelas autarquias e homologadas pelo Ministé-rio da Educação, para a requalificação do parque escolar do 1.º ciclo do ensino básico;

• uma acção social escolar cujo 1.º escalão é atribuído a alunos cuja capita-ção, no seio da família, é de 135 euros, abaixo do limiar da pobreza, e onde um aluno que tenha os pais a receber o ordenado mínimo já só tem acesso ao escalão C, ou seja, sem direito a refeições, livros ou materiais escolares gratuitos, num país em que as despesas com a educação cresceram 16% nos últimos anos.

Estes são apenas alguns dos exem-plos de que se orgulha o primeiro minis-

tro de apresentar perante a sociedade portuguesa, mas que, no entanto, nos deveriam envergonhar a todos. Entre as promessas de renovação da espe-rança e da recuperação económica e a realidade há uma distância diariamente escondida pela máquina da propaganda do governo.

Seria muito mais vantajoso que Só-crates e os seus ministros procurassem ouvir quem sabe, discutir soluções e não medidas políticas geridas em função do calendário eleitoral, as quais nem o investimento tecnológico em Educação (que é de saudar) consegue esconder.

E porquê? Porque não conta com as pessoas, tratando-as mais como um “chip” descartável do que como os verdadeiros destinatários da sua governação.

No início de mais um ano lectivo, marcado, infelizmente, por estruturantes deficiências provocadas pela governa-ção nesta área, de uma coisa, apenas, os portugueses têm a certeza: é que os seus filhos terão consigo profissionais docentes e não docentes, que darão o que puderem para que seja importante frequentar o sistema educativo portu-guês, tratando os “desarranjos” que o Governo vai fazendo entre cínicos sorrisos e anúncios de novas e extraor-dinárias estatísticas.

As Coisas não são como Sócrates

diz que são

setembro ‘08

RCI6

É claro que a ministra não o disse de forma explícita, como deveria, se a sua humildade democrá-

tica lho permitisse. Afirmou-o quando informou o país que, afinal, uma das bandeiras deste Governo – dir-se-ia, até, o objectivo supremo – não seria hasteada. Refiro-me ao alargamento da escolaridade obrigatória para 12 anos.

Os argumentos da ministra foram os piores. Foi dizendo que as escolas estavam a cumprir bem a sua missão, daí não ser necessário o alargamento; disse, ainda, que o decréscimo da taxa de abandono e o regresso de muitos à escola permitiriam deixar cair o com-promisso.

Não conhecêssemos nós a minis-tra e poderíamos pensar que estas afirmações eram fruto de ignorância ou ingenuidade… mas conhecemos. Conhecemos e sabemos que esgrimiu estes argumentos por achar que se-riam facilmente apreendidos por uma opinião pública (exactamente, aquela opinião pública que ela achava ter ganho ao atacar os professores!) que, sobre Educação, de pouco mais se interessará do que de saber se os seus filhos passam de ano. E como Lurdes Rodrigues tem feito o (im)possível para que passem…

Mas, voltando aos argumentos da

ministra, o que esta tem dito é preci-samente o contrário do que deveria ser o seu pensamento. É que, para se alargar a escolaridade obrigatória para 12 anos, é preciso resolver os proble-mas de fundo que se encontram nos actuais nove, sob pena de se tornarem ainda mais graves e profundos. E esses são, sobretudo, as elevadas taxas de insucesso e de abandono escolar que continuam a existir. Ou seja, fossem verdadeiros os argumentos da ministra e, então sim, poderia ser alargada a escolaridade obrigatória…

A ministra sabe que não é com ilusionismo que se criam as condições indispensáveis para tomar aquela medi-da de fundo. Isto é, sabe que a melhoria estatística pode ajudar à propaganda, mas não resolve problemas; sabe que a utilização dos números de forma dema-gógica pode enganar os incautos, mas não ultrapassa constrangimentos; sabe que desvalorizar os professores pode valer-lhe, aqui e além, alguma simpatia, mas não são esses simpáticos que, nas escolas, têm de dar o seu melhor para

O fracasso da Ministra, segundo a própria

No meio de todo o espectáculo, montado pelo Governo, para que o Ministério da Educação brilhasse em tempo de abertura do ano lectivo, Lurdes Rodrigues confirmou o que sempre soubemos: a política educativa a que dá rosto é um fracasso. A novidade não está no facto, mas na sua constatação.

em destaque

Mário Nogueira, coordenador do SPRC

que estas funcionem; a ministra sabe isso tudo e, por esse motivo, também sabe que o conjunto das suas políticas é, em si mesmo, um fracasso.

Os professores, como reconheceu publicamente, perdeu-os de vez; os autarcas, com quem também decidiu entrar em conflito, não se deixaram en-ganar com o seu presente envenenado tendo mais de dois terços recusado qualquer protocolo para transferência de competências; os pais, que espera-vam, de facto, uma escola devidamente organizada a tempo inteiro, já desco-briram que não a têm; os adultos, que abandonaram precocemente a escola, não se sentiram atraídos pela dita nova oportunidade e 85% não a quiseram aproveitar…

Portanto, se da comunidade edu-cativa já nos chegavam indícios do fra-casso das políticas do actual Governo, foi agora a ministra quem o confirmou, quando, a um ano do final da Legislatu-ra, já deixou cair a bandeira. Este é dos casos em que nos é permitido afirmar que, infelizmente, tínhamos razão.

‘08 setembro

Irresponsáveis sobrecargas de horá-rios, encerramento cego de escolas, aumento da idade para a aposenta-

ção, redução dos apoios aos alunos que dele necessitam são apenas exemplos de medidas que andam a par com a re-cusa de outras, possíveis pela disponi-bilidade de recursos docentes, mas que o Governo não toma. É que o país e o seu sistema educativo têm o que outros gostariam de ter e não têm: milhares de professores e educadores qualificados e disponíveis para tarefas da maior importância e urgência. São profes-sores de cujo trabalho o país poderia beneficiar no combate ao insucesso e ao abandono escolares, na promoção da qualidade das aprendizagens que se fazem nas escolas, no aumento sério da qualificação da população activa. Ainda há poucos dias, as notícias lembravam que Portugal é recordista no fenómeno do analfabetismo…

O Governo marcha entre foguetó-rios e manobras estatísticas. Mas a dimensão e a natureza do problema do desemprego de tantos professores é um grande incómodo político! Por um lado, os governos – o actual também! – têm uma responsabilidade social perante o desemprego. Têm obrigação de criar emprego, criá-lo activamente! É uma

dívida para com os próprios profissionais qualificados que estão a ser lança-dos no desempre-go ou sujeitos a condições

de trabalho cada vez mais precárias. É uma dívida para com as famílias que investiram, quantas vezes com grandes sacrifícios, na formação dos seus filhos. Mas é também uma obrigação perante o país que, com as dificuldades que en-frenta, precisa de mais do que fogo-de-artifício: precisa do trabalho qualificado daqueles professores.

A denúncia da FENPROF, no dia 1 de Setembro, voltou a fazer mossa no Governo, furioso quando vê as suas “glamorosas” acções de propaganda perturbadas com problemas do país real. A denúncia, por todo o país, foi parte da luta que não vai parar contra tão difícil situação. A ministra, em ro-maria festiva, por aqueles dias, reagiu agastada ao problema do desemprego. Para ela, um problema irrelevante, ao lado do anúncio de um qualquer quadro interactivo? O primeiro-ministro não se controlou: para ele 40.000 sem coloca-ção, mostram que, por sua mão, acaba-ram-se as “facilidades”?... Facilidades para quem, sr. primeiro-ministro? Para os milhares que ficam no desemprego? Para as famílias que continuam a ver adiados sonhos e projectos de vida? Para o país que vê desperdiçados valio-sos recursos humanos que formou?

Estas reacções raiam a grosseria e denunciam uma repugnante insensi-

bilidade política e social, mas mostram também que esta luta tem de continuar. Demonstram

ainda que muito mais pressão e resultados se conseguirão quando

os milhares de colegas que Sócra-tes acha que andam em busca de “facilidades”, se mobilizarem para

lutar com a FENPROF e os seus sindicatos: lutar pelo emprego e por

emprego de qualidade!

“Facilidades”, Sr. Primeiro-Ministro? “Facilidades”?!

desemprego docente RCI7

No final de Agosto, cerca de quarenta mil professores e educadores portugueses candidatos a um contrato não foram colocados. A FENPROF voltou a denunciar o despautério dos números e, uma vez mais, demonstrou que esta situação de verdadeira catástrofe não é uma fatalidade. Não! Resulta de medidas que o Governo tem tomado, medidas deliberadas, precisamente com o fito de dispensar e despedir, de “precisar” de menos gente.

João Louceiro, Coordenador do Executivo Distrital de Coimbra do SPRC e Coordenador do GT da FENPROF da precariedade e desemprego docentes

setembro ‘08

RCI8

A Anabela e o Fernando namoram. Ele sem vínculo, tem trabalhado aqui e ali onde arranja horário. No ano passado esteve a trabalhar nas AEC (Actividades de Enriquecimento

Curricular) em Murtosa. Ela conseguiu, agora, alguma da estabi-lidade desejada através de uma colocação nos Açores este ano. Embarcou a 1 de Setembro. É professora de educação especial. Adiaram mais uma vez o seu futuro e sentem que vão ter de reco-meçar como se o passado não existisse.

A Carla é Educadora de Infância e reside em Estarreja. Porém, tem estado colocada em Óbidos. Ou seja, a mais de 160 Km de casa, ao mesmo tempo que dá aulas no Instituto Piaget. Trata-se de uma situação muito complicada e difícil de conciliar.

A Vera, com 38 anos, 3 filhos, sendo que a um deles terá sido diagnosticado um problema grave de saúde, vive em Coimbra e dá aulas no QZP Oeste (de Alcobaça para Sul). Se já era difícil conciliar a sua vida profissional com a vida familiar, agora as coisas tornaram-se muito mais difíceis.

O Vítor e a Susana casaram. Perante a impossibilidade de construírem uma vida em conjunto, onde viviam anteriormente (Nazaré), optaram, logo que surgiu a oportunidade, por procurar o ingresso nos quadros mais a norte (na zona de Aveiro). Assim, ela trabalhou no ano lectivo passado em S. João da Madeira e ele esteve no ano lectivo de 2007/08 na Gafanha da Nazaré, residindo em Águeda. A filha do casal ainda não tem 1 ano.

Sandra reside em Alcains e é Educadora de Infância. Terminou o curso em 2001, tem cerca de 5 anos de serviço. No ano lectivo 2006/07 não conseguiu colocação como educadora. Em 2007/08 trabalhou num call center e nas AEC na Sertã, conseguindo, no final do ano, um contrato de um mês em Castro Verde, no Alentejo.

Alexandra, de 44 anos, reside na Covilhã e tem dois filhos.Licenciada profissionalizada desde 2003 em Língua e Cultura Portuguesa, bacharel em secretariado, tem cinco anos de serviço incompletos. Em 2006/07 teve dois horários incompletos (e juntos também não não faziam um horário completo), um na EBI Vila de Rei e outro na EB 2,3 João Franco do Fundão. 2007/08 teve 8 horas na EBI S. Domingos, mas sempre na área de Educação Tecnológica. Este ano está com expectativa de conseguir um horário completo, novamente em Educação Tecnológica, mas nos Açores. Tem estado a trabalhar numa tabacaria.

O Joel esteve nas actividades de enriquecimento curricular. Farto de ter um horário claramente insuficiente e de ser pago a recibo verde, decidiu tentar a sua sorte e concorreu para a Madeira, onde foi colocado.

Casos Reais

entrevista

Encontra-se, actualmente, a exercer funções sin-dicais a tempo inteiro no SPRC, em Aveiro. Trata-se de um docente que ficou conhecido por ter decidido com os seus colegas, na sua escola, iniciar um protesto contra a política educativa deste governo que dura há 8 meses, a qual tomou a designação “De Luto pela Educação, Em Luta pela Educação”, continuando, todos os dias, a vestir-se de negro.

Ficou conhecido este Verão por protagonizar a ligação, de bicicleta, do extremo norte ao extremo sul do país. De Melgaço a Vila Real de Santo Antó-nio. Visitou escolas, contactou órgãos de gestão e deixou mensagens nos placards sindicais das salas de professores.

A FENPROF e os seus Sindicatos acompanha-ram, a par e passo, esta acção, apoiando logistica-mente a deslocação pelo país e acompanhando o dirigente do SPRC em todas as paragens e todos os contactos com professores.

Mário Nogueira, coordenador do SPRC e Secre-tário-Geral da FENPROF esteve presente em duas das três conferências de imprensa reali-zadas, em Coimbra e, no final, no Algarve.

Tudo correu bem em todos os locais vi-sitados, excepto na última escola, a qual foi impedida, pelo Director Regional de Educação respectivo, de deixar entrar a comitiva do SPZS e da FENPROF e de realizar, no interior, contactos com a comunicação social, contra a vontade do próprio Conselho Executivo.

O RCI, à conversa com António Morais.

instabilidade

Educação: No Trilho da Esperança

setembro ‘08

‘08 setembro

RCI9entrevista

RCI - O que te levou à concretiza-ção desta iniciativa?

António Morais (AM) - Para mim continua a ser um imperativo ético absoluto chamar a atenção de toda a população portuguesa para a importân-cia fundamental da educação e para os erros crassos que esta tutela ministerial está a cometer neste sector. Mas o mais grave é a manipulação permanente e constante conjugada com uma operação de marketing, sem precedentes, que se tornou na estratégia deliberada deste ministério para virar a sociedade contra os seus professores.

RCI - Como se concretiza esse ataque contra os professores?

AM - O clima de medo e intimidação intencionalmente promovido entre a clas-se docente e a perversão de princípios basilares da democracia são as bandei-ras deste ministério. Isto é absolutamente inaceitável num governo democrático e, para além do mais, socialista!

RCI - Daí teres partido para esta proposta de acção que acabaste por concretizar...

AM - Não podia ficar calado, quieto ou alheado, tinha que agir e lembrei-me que seria uma metáfora muito ilustrativa unir física e geograficamente as escolas por onde pessoalmente tinha passado e leccionado com o esforço das pedaladas de uma bicicleta.

RCI - O que pretendeste com esta iniciativa que foi abraçada pela FENPROF e por cada um dos seus Sindicatos?

AM - Este “Trilho” pretendia mostrar que a vida de um professor é a de um saltimbanco, de um nómada que enfrenta os mesmos problemas que qualquer outro trabalhador.

Ambicionava também, com esta mi-nha viagem, criar e potenciar canais de ligação entre o maior número possível

de docentes. Para além de lhes levar uma mensagem de sincera solidariedade queria partilhar com eles algumas refle-xões sobre educação e democracia, que achava que eram e são de uma enorme pertinência nos tempos que correm.

Por último desejava que os docentes das escolas por onde passasse me en-tregassem documentos reflexivos sobre os seus problemas, angústias e preocu-pações, para anexar o palpitar e sentir dessas escolas às minhas memórias de viagem. Esses eram os objectivos inicialmente previstos que com maior ou menor eficácia foram cumpridos.

RCI - O facto de considerares que os objectivos a que te propunhas ini-cialmente foram atingidos, não pode ignorar o enorme esforço que puseste neste acto, não é verdade?

AM - Um facto é indesmentível: cheguei com a minha bicicleta a V. R. S. António pela educação!!!

Durante os 947 quilómetros que pe-dalei as minhas pernas mecanicamente iam realizando a sua função e o meu cérebro estava em constante agitação, ocupado com pensamentos relativos à razão da minha viagem: a educação.

RCI - A pensar em quê’AM - Pensava: que razões terá a

Ministra de Educação para infernizar, humilhar e desmotivar os professores? Será que assim melhora o ensino? Paradoxalmente, melhora o sucesso estatístico dos alunos portugueses. Isto é um extraordinário milagre deste executivo socialista, se não for simples

maquilhagem da realidade!

RCI - E como vês a realidade?AM - A panaceia do Plano Tecnoló-

gico em detrimento do Plano Humano criou um novo paradigma: a robotização do ensino. O objectivo é substituir os pro-fessores por robots. Estes executam, não questionam! O novo modelo de avaliação de desempenho procura o docente ideal: o professor-executor (professor-robot). O novo modelo de gestão criará o controlo hierarquizado e com professores-robots em todos os níveis de poder será muito fácil cumprirem-se fielmente na escola as directizes emanadas do topo, sem qualquer tipo de análise, crítica ou ques-tionamento.

RCI - Já agora, que mensagem gos-tarias de passar aos professores?

AM - Tenho esperança que os pro-fessores e os cidadãos livres deste país resistam ao novo modelo de sociedade que maquiavelicamente se tenta impor!

Esta Ministra de Educação ficará para a história como a Ministra da Avaliação, da Estatística e, sobretudo, da Manipu-lação. Se ela vencer, perderemos todos. Esta é a minha profunda convicção! Por isso não me calo, por isso resistirei!!!

RCI - Notas à margem...AM - O meu muito obrigado à FEN-

PROF e aos seus sindicatos que pron-tamente abraçaram e tornaram sua esta iniciativa. Uma última palavra de sincero agradecimento a todos os dirigentes e colegas que me deram todo o apoio, com carinho e simpatia inexcedíveis.

“No Trilho da Esperança” é um alerta dirigido a toda a sociedade, sobre a situação sócio-profissional dos docentes portugueses, vítimas de uma po-lítica de desrespeito sem paralelo.

Mário Nogueira, Conferência de Imprensa em Coimbra, 11 de Agosto

Ficha Biográfica

António MoraisProfessor do Quadro de EscolaEscola Básica Integrada de Eixo, Distrito de AveiroResidente em AveiroDirigente Sindical, membro do Exec. Distrital de Aveiro do Sindicato dos Professores da Região Centro

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À semelhança do ano lectivo pas-sado, o Ministério da Educação voltou a não integrar na lista de

candidatos docentes especializados para o apoio a crianças e jovens com ne-

cessidades educativas especiais, por terem menos de 5 anos de serviço.

Mas, a agravar a situação que se tinha comprometido resolver, não agiu assim com todos. Al-guns professores há que cons-tam das listas e aguardam uma

colocação, apesar de estarem nas

e x a c -t a s con-

dições dos outros que foram excluídos.Qual a ilegalidade nesta situação?Não estar colocado e ter menos de 5

anos de serviço? Não! Isso é o que dita a lei. Porém, há professores compreensi-velmente descontentes. Já protestaram por diversas formas e, à semelhança do que fez em 2007/2008, a FENPROF poderá ter de recorrer novamente a di-versos órgãos de soberania, caso a situ-ação não se resolva de forma a ninguém sair prejudicado e a salvaguardar-se os direitos dos alunos.

Tal pode passar pela criação de uma nova prioridade, a qual deverá conter todos os docentes especializados com menos de 5 anos de serviço. Ou seja,

os que já estão, ilegalmente, na lista e os que foram, entretanto, excluídos. Porquê? Porque vai chegar a altura em que todos os que, no actual quadro legal, estão na lista foram colocados e o ME acabará a recrutar de entre os que continuam desempregados, o que pode concretizar-se nos que não têm qual-quer especialização; ou, então, como sucedeu no ano passado, acabará com o ME a empurrar professores dos qua-dros, sem formação nem experiência na área, para fazer de conta que responde a necessidades não satisfeitas.

Dada a solução, restará ao ME usá-la e resolver de vez o problema. | LL/JL

Governo continua a cometer o mesmo erro…

Professores especializados excluídos

RCI10 em foco

FENPROF questiona Primeiro-Ministro

A FENPROF escreveu ao Primei-ro-Ministro, com conhecimento aos Ministros das Finanças e

da Educação, para transmitir a per-plexidade perante a descoordenação existente entre os dois ministérios, depois de ter havido uma negociação politica que apontou numa direcção que salvaguarda os direitos e os an-seios dos docentes abrangidos por este regime.

O Decreto-Lei número 229/2005, de 29 de Dezembro, dispõe na alínea b), número 7, do artigo 5º que podem aposentar-se, até 31/12/2010, os do-centes do 1º Ciclo do Ensino Básico e da Educação Pré-Escolar, em regime de monodocência, desde que “possuindo 13 ou mais anos de serviço docente à data da transição para a nova estrutura da carreira, tenham, pelo menos, 52 anos de idade e 32 anos de serviço (…)”.

Tendo a Caixa Geral de Aposenta-ções (CGA) considerado como “data da transição para a nova estrutura da carreira” o dia 1 de Outubro de 1989, a FENPROF solicitou ao Ministério da Educação a confirmação da data de 31

de Dezembro de 1989 como referência para a contagem daqueles treze anos de serviço referidos na alínea b), nº 7, arti-go 5º, do já citado Decreto-Lei número 229/2005. Interpretando correctamente aquela disposição e o conteúdo da nego-ciação que antecedeu a sua publicação, o Ministério da Educação homologou um parecer da DGHRE (em anexo) que conclui que “(…) à data de transição para a nova estrutura de carreira, o tempo de serviço docente foi contado com referên-cia a 31 de Dezembro, justificando (…) a data contida na alínea b), do número 7, do artigo 5º, do Decreto-Lei 229/2005”.

Acontece, porém, que a CGA persis-te em interpretar este quadro legal de forma diferente da que tem sido feita pelo Ministério da Educação, razão por que tem indeferido os pedidos de aposenta-ção que reúnem as condições previstas no citado Decreto-Lei.

Alegando a necessidade de se encarar esta situação num quadro de boa-fé negocial, a FENPROF questiona o facto de “o Ministério da Educação, em legítima representação do Gover-no” ter negociado “esta matéria com a FENPROF”, negociação essa em que

“assumiu claramente a interpretação que é feita por nós e que está na base do Parecer elaborado e homologado pelo Ministério da Educação, que, diga-se em abono da verdade, não alterou a posição assumida em sede negocial. Se assim não tivesse sido, possivelmente teria sido outra a redacção daquele artigo que está agora a ser desvirtuado no que concerne ao espírito do legislador e, em nossa opinião, também à letra.”

Perante este impasse, a FENPROF refere, ainda, no ofício dirigido ao primeiro-ministro, que a solução do problema passa pela transmissão de orientações à Caixa Geral de Aposentações “para que o tempo de serviço docente, referido na alínea b), do número 7, do artigo 5º, do Decreto-Lei número 229/2005, seja contado com refe-rência a 31 de Dezembro de 1989”.

O texto assinado por Mário Nogueira admite, também, a total disponibilidade de colocar esta questão à presidência do Conselho de Ministros, quer no plano jurídico quer, principalmente, no plano político.

Aposentação: Regime excepcional em fase de transição (monodocência)

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RCI12

A discussão da proposta da FEN-PROF e a sua construção com os pro-fessores será uma importante arma para combater esta política educativa, mas a acção dos professores nas escolas, exigindo o cumprimento do modelo, sem aligeiramentos é fundamental para fazer sobressair os podres.

Como é óbvio, não revelamos os nomes das pessoas que nos colocaram estas questões, apenas porque as mes-mas não deram autorização expressa para que tal acontecesse.

SITUAÇÃO 1

Solicito o seguinte esclareci-mento: no decreto-regulamentar n.º 11/2008, de 23 de Maio, no art.º 2.º, ponto 5, diz que “para efeitos de ava-liação dos docentes… no ano 2007/08, se deve proceder à recolha de todos os elementos constantes dos registos administrativos das escolas.”

Situação concreta: um professor que transitou para o 9.º escalão em Outubro de 2004 e em Julho de 2007 passou a professor titular é avaliado no final de 2009?

Como se faz esta avaliação?Quais são “todos os elementos

constantes dos registos administra-tivos das escolas”? (mapa de faltas, livro de ponto, actas de conselho pe-dagógico, actas de departamento, ho-rário entregue ao docente, relatórios

sobre as diversas actividades, ...?)Esta docente progride na carreira

quando?

RESPOSTA

Resposta às questões que coloca na “situação concreta” colocada no 2º parágrafo do seu mail: efectivamente a colega irá ser avaliada em 2009 tal como todos os outros docentes. Ou, melhor dizendo, os professores titulares estão também sujeitos ao processo de avaliação. A avaliação de um professor titular é feita nos mesmos moldes dos outros docentes (enquanto professor que lecciona turma(s)) e poderá estar sujeito a outras avaliações decorrentes dos cargos que exerce. Ou seja se o professor titular, para além de “dar aulas” for avaliador (caso seja coordenador de Departamento ou Conselho de Do-centes, ou por delegação de funções) será avaliado como tal, pelo exercício desse cargo. Se consultar o Despacho nº 16.872/08, de 23 de Junho, terá conheci-mento das diversas fichas de avaliação por sector de ensino.

Quando questiona “Quais são todos os elementos constantes dos registos administrativos das escolas”, para os efeitos pretendidos, são efectivamente os que refere e outros que possam fornecer dados sobre a assiduidade e o cumprimento do serviço distribuído.

Quanto à sua progressão na carreira, ela agora passa a ser nos moldes defini-

avaliação do desempenho

A derrota deste modelo depende da revelação da realidadeExtraordinariamente, esta edição de RCI não tem a sua habitual rubrica (na terceira página) da Consultadoria Jurídica. Situação que será corrigida, em breve. No entanto, perante muitas solicitações de professores para que disponibilizemos o máximo de informação sobre os disparates deste modelo de avaliação, decidimos publicar algumas das dezenas de respostas que demos, nos últimos dois meses e que são bem exemplificativas do que de pior tem a Avaliação imposta por Lurdes Rodrigues.

MAIL VERDE liga Escolas, Professores e o Sindicato

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RCI13

dos no novo ECD, Decreto-Lei nº15/07, de 19 de Janeiro. Deve consultar este documento, com particular atenção para o capítulo VII, onde encontra a estrutura da nova carreira (dividida entre professor e professor titular, o conteúdo funcional de uma e outra categoria sendo que o artº 37.º especifica como se processa a progressão. Para que fique com uma ideia, e segundo os dados que fornece, a colega tem 10 meses de 9ºescalão da carreira antiga. E digo 10 meses porque não nos podemos esquecer que este Governo congelou o tempo de serviço a todos os funcionários da Administra-ção Pública a partir de 29 de Agosto de 2005. Como tal, o tempo de serviço só voltou a ser contado a 1 de Janeiro de 2008. Mas temos de ter presente que as regras são diferentes e no caso dos professores titulares a carreira tem 3 escalões de 6 anos de permanência em cada um deles. A colega estará posicio-nada no 2º escalão da carreira de titular, mas, tendo em conta que os tempos de permanência nos escalões são, por via do novo ECD, diferentes, é importante confirmar o seu tempo de serviço no actual escalão (que me parece que será pouco mais de 1 ano). Para todos os efeitos, estará no início do 2º escalão e a progressão decorre da avaliação, que se realiza de 2 em 2 anos e cujos efeitos dependem do resultado da mesma. Por exemplo, se neste espaço de tempo tiver um Regular, esses 2 anos não contam para progressão. Na prática significa que entre escalões (quer seja na carreira de professor ou na de titular) o tempo de permanência pode ser superior ao previsto, pois existe um conjunto de “entraves” que podem impedir uma pro-gressão “normal” (no artº 48.º do ECD pode verificar os efeitos da avaliação na progressão da carreira).

SITUAÇÃO 2

Verifica-se que na última reunião de Departamento de Línguas a que pertenço, o Coordenador de Departa-mento e professor titular referiu que seremos submetidos a uma acção de formação enquanto professores ava-liados, que durará dois dias: 11 e 12 de Setembro de 2008, para nos prepa-rarmos para a avaliação e tomarmos nota de todos os procedimentos.

Referiu que seremos obrigados, cada um, a ser submetidos a cinco aulas assistidas pelo Coordenador de Departamento ou por outro em quem ele delegar poderes nesse sentido, já no próximo ano lectivo.

Referiu que seremos obrigados a definir objectivos individuais de acor-

do não só com os diferentes Projectos Curriculares de Turma, com o Projec-to Educativo do Agrupamento e com o Plano Curricular de Escola.

Referiu que devemos tomar tudo isto muito a sério porque disso depen-de o nosso futuro nesta profissão. To-dos os resultados do aproveitamento ou não dos nossos alunos e até a sua futura evolução já nas mãos de outros professores, inclusivamente das pro-vas de aferição, será tido em conta a nosso favor ou contra nós.

RESPOSTA

Tudo isto revela desde logo uma acção de pressão intimidatória por parte, não só de quem passa esta men-sagem, mas também de quem decide que o processo de avaliação terá esta dimensão.

Algumas das coisas, podendo con-siderar-se exageradas, não são ilegais, como por exemplo o número de aulas as-sistidas. Na realidade o que a legislação prevê é que cada docente/avaliado pode estar sujeito a pelo menos três aulas assistidas. Com esta redacção os CE podem entender que 3 aulas assistidas não serão suficientes… daí para a frente fica ao critério de cada um!!!

Em relação à acção de formação que refere muito nos espanta que tal aconteça, pois se o ME tem vindo a blo-quear o processo normal de Acções de Formação promovidas pelos diferentes Centros de Formação, impedindo os docentes de realizar, inclusivamente, as acções que o ME considera de fre-quência obrigatória, a preocupação é dar formação aos docentes sobre o processo de avaliação?!!!…

As exigências e a “carga” que es-tão a pôr no processo de avaliação de desempenho, por um lado,e as acções de formação, por outro, (até porque o conteúdo das mesmas pode ajudar a perceber de que modo estão a preparar o processo), são sinais preocupantes.

Não podemos esquecer que, no decorrer do Entendimento entre o ME e a Plataforma de Sindicatos, uma das decisões tomadas e assumidas é de que em 2008/2009 o processo de avaliação, seguindo os procedimentos normais previstos no Decreto Regulamentar n.º 2/2008 de 10 de Janeiro, tem um carác-ter experimental e do mesmo se irá fazer uma avaliação nos meses de Junho e Julho de 2009.

SITUAÇÃO 3

Na escola os docentes contrata-dos foram avaliados de acordo com

o Memorando, para este ano, e foram vários que tiveram como classificação final “Muito Bom”. Entretanto, saíu a legislação das quotas e só podia haver 3 “Muito Bom”. Reuniu a CCAD e validou só 3 “Muito Bom” e definiu critérios para os seleccionar, mas a dúvida é: as classificações dos outros colegas ficam como tinham resultado da avaliação ou têm que se alterar, i. é, fica por ex. 8,6 - Bom??

RESPOSTA

A questão que coloca abrange um conjunto largo de docentes que, após terem sido notificados do resultado/clas-sificação da sua avaliação, foram poste-riormente confrontados com a alteração da mesma decorrente das quotas.

Tal como esperávamos, e disso de-mos conta aos professores, para além de este modelo de avaliação ser injusto e perverso, mais perverso se torna com as quotas. Para aplicarem o Despacho das quotas, os órgãos de gestão tiveram que “cortar” Muito Bons, Bons… contu-do, não podem alterar a classificação quantitativa que resulta da avaliação de cada docente. Obviamente que isto é uma incoerência mas que está centrada num único aspecto – as quotas.

Uma questão que refere no seu mail é que o órgão de gestão, perante o Des-pacho das quotas, “definiu critérios para os seleccionar”. Que critérios? Como se diferencia 2 Muito Bons? É evidente que sendo necessário excluir Muito Bons ou Excelentes ou até Bons, mediante as quotas, os órgãos de gestão tiveram que encontrar uma forma (critérios?) para diferenciar/excluir. Resta saber, e não estou a dizer que seja essa a realidade do seu Agrupamento, a legitimidade e a justeza dos diversos critérios definidos pelos órgãos de gestão.

A situação retratada é apenas uma das muitas que vão comprovando a incoerência da aplicabilidade deste modelo. Ainda bem que graças ao “En-tendimento” entre o ME e a Plataforma de Sindicatos se conseguiu (numa exi-gência dos sindicatos) que o processo de avaliação, que agora se está a iniciar e que irá decorrer ao longo deste ano lectivo, tenha um carácter experimental e que o mesmo será revisto no final do ano lectivo, aferindo-se todos os cons-trangimentos.

avaliação do desempenho

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Conselhos Gerais Transitórios

RCI14tem a palavra

Lê-se, no Decreto-Lei n.º 75/2008 que este visa “assegurar o pleno respeito pelas regras da demo-

craticidade e representatividade dos órgãos de administração e gestão da escola, garantida pela eleição democrá-tica de representantes da comunidade educativa”.É exactamente com este tipo de proclamações de defesa do regime que tem agido a actual governação numa atitude de superioridade intelec-tual de quem julga que “com papas e bolos” engana aqueles que toma por tolos. É a afirmação da mentira para se assumir como verdade. Efectivamente, com tão feérica vontade, quase parece que, até ao momento, temos vivido na penumbra e, de repente, se fez luz para a democracia. Quando muito se declara a bondade, o mundo desconfia até ver para crer, porque de boas intenções há quem esteja cheio. Percebe-se, então, que tão sacra conversa se destina a fa-zer parecer que o mal não pareça ruim. Aliás, o ardil das palavras inicia-se com muita retórica de garantias de circuns-crição de agrupamentos aos concelhos até que se admite “constituir unidades administrativas de maior dimensão por agregação de agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas.” Afinal, nem era preciso haver qualquer regra, por-que a administração pode fazer como entender. Está visto que pôr escolas a gerir tudo em agrupamento menos os trabalhadores será motivo para se con-siderar que a vantagem da megaloma-nia terá que ser a da rentabilização de recursos humanos, obviamente, ao jeito dos bons exemplos dados pelo governo e da actual perspectiva organizativa empresarial e financeira de apostar nas fusões de unidades para reduzir custos com salários e abonos a quem trabalha. Esta intervenção afirma-se ainda mais por se assumir que “a extensão da autonomia depende da dimensão e da capacidade do agrupamento de escolas ou escola não agrupada”. É, portanto, a poupança orçamental para a actual tutela e não as vantagens para a comunidade educativa que determinará o poder de quem admi-nistrará a Escola, tecendo as suas redes de parcerias, que serão a trave mestra da dependência financeira e de outras através da “interligação do ensino e das actividades económicas”. Do contrato que se firmar, resultará, entre outras precio-sidades, o “ recrutamento e selecção do pessoal docente e não docente, nos ter-mos da legislação aplicável (redundante

asserção, pois, se é de acor-do com a lei de agora, não é necessário mais autonomia, a não ser que mais regras se criem para quem quiser gerir “benzinho”); a “possibi-lidade de autofinanciamento e gestão de receitas que lhe estão consignadas” (aí está a escola-empresa a não poder, depois, justificar carências financeiras, porque apenas tem que as resolver, como uma verdadeira empresa); a “associação com outras escolas ou agrupamentos de escolas e estabelecimento de parcerias com organiza-ções e serviços locais” (os mega-agrupamentos para gerir recursos e dar lucro, obviamente).

Apenas alguma ingenui-dade levaria qualquer profis-sional do sector da educação a considerar que, participando num órgão do processo incluído na cilada de transição para o novo regime, poderia injectar alguma bondade ou assegurar princípios de democraticidade. De facto, o CGT aprova o Regulamento Interno, aplicando-se-lhe a norma dos restantes, que “podem ser revistos ordinariamente quatro anos após a sua aprovação”, mas serão alterados “a todo tempo por delibe-ração do conselho geral”. Deste modo, este órgão determina, mexe e remexe, conforme seja necessário adequar os poderzinhos e os interesses de gestão, obviamente.

O SPRC apelou à não participação docente na constituição de listas, mas mesmo que estas se formem há ainda mecanismos de necessária luta pela não legitimação de tais estruturas, pois o acto eleitoral e o voto são usados abusiva-mente com a velhacaria de quem não consegue mais do que tapar com véu a instalação de um regime autoritário. Assim, votar em branco, ou não votar, como certamente será o meu exercício de cidadania, tornar-se-á num meio de defender a democracia.

A Escola entendida como unidade de produção é, inevitavelmente, uma afronta e um desastre para as relações sociais e até económicas. Quem dirige terá todos os poderes de soba, pois além do que já se enuncia na lei publicada, ainda se anunciam, ao CG, “compe-tências que lhe sejam cometidas por lei

ou regulamento interno”, “elege[ndo] o director” (tal como poderia acontecer a AR eleger o Presidente da República, ou, melhor dizendo, como acontece com os conselhos de administração das empresas que elegem os seus presidentes – percebe-se onde foram buscar inspiração), o qual, aliás “ exerce ainda as competências que lhe forem delegadas pela administração educativa e pela câmara municipal”. Esta figura, que é uma extensão da autarquia, a qual promoverá as escolhas de homens ou mulheres da sua confiança, não está isolada nas relações de inevitável nepo-tismo e politização, pois também quem faz a escolha do senhor ou da senhora irá “aprovar as propostas de contratos de autonomia.” E nada seria perverso se as partes interessadas em criar parcerias nas escolas não participassem nessa tomada de decisão – as autarquias e as associações empresariais/ comerciais/financeiras têm aí um bom filão para a resolução barata de muitos dos seus problemas de recursos humanos e de poder reforçado. Serão pois os Senhores da terra que se perpetuarão com uma espécie de capataz com prazo de vali-dade até dezasséis anos, pois, apesar dos truques já referidos, de garantias à comunidade, “não é permitida a eleição para um quinto mandato consecutivo ou durante o quadriénio imediatamente subsequente ao termo do quarto mandato consecutivo”, havendo, entretanto, direito

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‘08 setembro

RCI15

a “recondução” deste(a) sr.(a) Director(a) por deliberação daquele CG.

A concepção de que o assoberba-mento de autoridade garante vigilância laboral e social verifica-se não só atra-vés do controle absoluto do Director sobre todos os que trabalham na Escola (presidindo ao Conselho Pedagógico, onde se encontram os docentes por ele escolhidos, e designando todos os coordenadores/directores de diversas estruturas intermédias), mas também por via da legislação que lhe permitirá deci-dir, por exemplo, “em que medida este se propõe suportar encargos decorrentes de alterações do posicionamento remu-neratório na categoria dos trabalhadores

do órgão ou serviço” (Lei 12-A/2008 - Vínculos, carreiras e remunerações). Além disso, para gáudio, declarado, do governo de Portugal, “o posicionamen-to do trabalhador recrutado numa das posições remuneratórias da categoria é objecto de negociação com a entidade empregadora pública”, sendo que “a negociação com os candidatos coloca-dos na situação de mobilidade especial antecede a que tenha lugar com os restantes candidatos” (o caminho do servilismo não poderia ser traçado de forma mais expedita). Além disto, com a perda do vínculo (que tem sido uma forte garantia de transparência dos serviços públicos) e com as normas de cessação

de contrato para todos os trabalhadores (por via da labiríntica mobilidade espe-cial ou mesmo do despedimento por inadaptação), desfiguram-se as relações laborais e faz-se do trabalho um favor dado e retirado quando o capataz e os senhoritos quiserem.

É tempo de todos os trabalhadores da Educação (docentes e não docentes) se unirem efectivamente, agindo nas escolas e mobilizando-se para acções de luta de todas as dimensões. Não há-de haver humilhação enquanto a dignidade não nos submeter ao temor servil.

Vítor Januáriodirigente do SPRC

Há dias que não deviam acontecer. Há memórias bem recentes, da justeza desta afirmação. Mas

aqui ela vem a propósito do passado dia 12 de Setembro, denominado pelo governo do primeiro-ministro José Sócrates como “Dia do Diploma”. Tratou-se evidentemente de mais um dia de propaganda e auto-elogio. Mas em democracia isso é aceitável como também é necessário fazer a denúncia de tais factos e desmistificar actos de pura demagogia.

Que se celebre o fim de um ciclo da caminhada escolar, “nada de ressen-timentos”, para usar a expressão de Jorge de Sousa Braga no seu magnífico poema “Portugal”; que se reconheça publicamente o mérito de raparigas e rapazes que se esforçaram, que tenta-

ram ir mais longe e mais alto, “nada de ressentimentos”. Mas, atribuir prémios pecuniários, já nos parece uma medida no mínimo desavisada e que parece que tem como único intuito, “cegar” os por-tugueses para outras realidades tristes e inaceitáveis.

Vejamos então: salvo poucas e co-nhecidas excepções, os jovens agora premiados são oriundos da classe média e média-alta. Na verdade, o que fez mais notícia foram as excepções. Vimos até à exaustão, as declarações dos premiados que não pertenciam a uma reduzida elite. Esses é que chamaram a atenção. Evidentemente porque dos outros já se esperava. Então decidiu este governo entregar quinhentos euros a jovens que têm pais mais ou menos cultos e informados, a alunos que podem

Premiar… premiadosver mais cinema e escutar música mais sofisticada, que contactam com revistas de especialidade, que viajam mais. E fazem tudo isto porque a família tem capacidades financeiras, até para lhes proporcionar apoios pedagógicos e didácticos que os ajudam exactamente a ser os melhores.

Assistimos assim a uma reprodução que aprofunda as desigualdades de oportunidades.

Reafirmo: que se reconheça o méri-to, o empenho, o entusiasmo de alunas e alunos. É bom sentir-se que valeu a pena o esforço. Vão lembrar-se pela vida inteira desses momentos e fazer deles faróis que iluminem outros desa-fios. Agora, prémios do tipo quinhentos euros e festinha, não.

Há poucos dias confidenciava-me um amigo que fez com grandes dificul-dades económicas, nos anos sessenta, o então “liceu”, para o qual se deslocava cerca de dez quilómetros, numa bicicleta de menina (humilhação máxima…, mas não havia dinheiro para outra), embru-lhado em plásticos nos dias de chuva: “Ainda me lembro do prémio que me deram por ter sido o melhor aluno no quinto ano (hoje nono ano): “Terras do Demo” de Aquilino Ribeiro e com dedi-catória e tudo” …

Se o que interessa é reconhecer, deixe-se o dinheiro para estabelecer mais bolsas para quem efectivamente precisa… e esses são cada vez mais.

Que não volte a acontecer, assim, este dia que foi triste e de revolta para muitos.

Maria Isabel Lemosdirigente do SPRC

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setembro ‘08

RCI16 direitos do consumidor

Mais de 1.800.000 famílias com empréstimos para a habitação

A actual crise financeira, que come-çou nos EUA, um país apresen-tado durante muito tempo pelo

pensamento económico neoliberal do-minante em Portugal, nomeadamente a nível dos media, como exemplo a seguir no campo da segurança e solidez, do crescimento económico e do emprego, crise essa que se alastrou por muitos outros países, como consequência de uma globalização totalmente desregu-lada para não dizer mesmo selvagem imposta pelo capital financeiro, está a ter em Portugal já consequências muito graves. No nosso País, que ca-minha a olhos visto para uma recessão económica que só o governo e os seus defensores se recusam ver e em tomar medidas para atenuar os seus efeitos, as consequências a nível das famílias portuguesas são cada vez maiores e mais dramáticas.

O número de famílias portuguesas com empréstimos para habitação eram já, em Julho de 2008, 1.8008.096 repre-sentando cerca de 49,5% do total das famílias portuguesas. E entre Dezembro de 2004 e Junho de 2008, o número de famílias endividadas aumentou +24,6% e o valor total da dívida cresceu em +48,1%.

Como consequência da crise gerada pela ganância do capital financeiro, só

Portugueses vão pagar à banca, em 2008, mais de 5.749 milhões de euros, só de juros

possível pelo domínio que este exerce sobre os governos, que ao desmoronar-se arrastam economias e as condições de vida de milhões de pessoas, em Portugal, entre Janeiro de 2005 e Julho de 2008, a prestação média total com o empréstimo destinado à aquisição de habitação aumentou 31,3%, mas a par-cela destinada à amortização desse em-préstimo diminuiu em -18,9%, enquanto a parte dessa mesma prestação destina-da ao pagamento de juros cresceu em +75,3%. Por outras palavras, em cada 5 € pagos pelo devedor português apenas 1,44€ é destinada à amortização, ou seja , à redução da dívida, enquanto 3,56€ se destinam ao pagamento de juros. Como consequência, o número médio de anos necessários para pagar o empréstimo para habitação passou de 31 anos para 45 anos, ou seja, mais do que a vida activa da maioria dos portugueses. Entre 2004 e 2008, o valor total dos rendimentos das famílias portuguesas que estas serão obrigadas a entregar à banca para pagar só os juros de empréstimos para aquisição de habitação passará de 2.629,6 milhões de euros para 5.749,7 milhões de euros, ou seja, aumentará em 118,7%. E isto tomando como base a taxa de juros de Junho de 2008. E, entre Junho de 2008 e 18 de Setembro de 2008, a taxa de juros Euribor a seis meses, que serve de base ao crédito à habitação, já subiu de 5,13% para 5,22%

Embora os encargos com a ha-bitação representem já uma parcela importante das despesas das famílias portuguesas, o Instituto Nacional de Estatística recusa-se em incorporar no índice de preços que publica men-

salmente esta despesa. E a justifica-ção que utiliza é que estas despesas destinam-se à “aquisição de um activo”. A recusa do INE em publicar um índice que incorpore os encargos das famílias com a aquisição da habitação só pode ser interpretada como tendo razões políticas, ou seja, visa ocultar o verda-deiro aumento de preços para as famí-lias portuguesas, já que publica vários outros índices (IPC, IPCH, Indicador da inflação subjacente, etc.). Se este índice fosse publicado naturalmente a taxa de inflação seria muito superior à oficial, o que tornaria à propaganda do governo e do patronato mais difícil de ocultar a degradação real das condições de vida em Portugal, nomeadamente dos traba-lhadores. O INE presta assim um bom serviço ao governo e aos patrões, mas um mau serviço ao País pois ao contri-buir para ocultar a descida real do poder de compra dos salários e das pensões de reforma em Portugal contribui para que continue.

O aumento dos juros está a con-tribuir fortemente para a degradação das condições de vida em Portugal, nomeadamente dos trabalhadores. É urgente que sejam tomadas medidas para impedir que a situação atinja ní-veis insustentáveis. E não é suficiente a baixa do chamado “spread”, pois os “spread” mais elevados aplicam-se mais aos empréstimos mais recentes. Uma medida mais adequada seria uma bonificação nos juros, como já existiu no passado, financiada em parte pelo Orçamento do Estado, e se possível em parte também pela banca, reduzindo os elevados “spread” e também os juros que cobra, destinada nomeadamente às famílias em que a taxa de esforço seja elevada (por ex., acima dos 25%) e com rendimentos baixos (por ex. abaixo dos 1.600 euros por mês), e sem ligações a famílias ricas. Se isso não suceder, com a continuação do aumento da taxa de juros, milhares de famílias entrarão em ruptura e em falência, e o crédito mal parado disparará, como já está a acontecer.

O estudo completo pode ser consultado em www.sprc.pt

‘08 setembro

RCI17

Alterações ao código de trabalho são, também, promotoras de desigualdade

igualdade entre mulheres e homens

A Comissão para a Igualdade entre Mulheres e Homens (CIMH/CGTP-IN), alerta para as medidas gravosas para todos os trabalhadores, e para as mulheres trabalhadoras em particular, resultantes das políticas anti-sociais do Governo, nomeadamente da revisão da legislação laboral em curso.

as para, em nome do interesse da em-presa e da mira do lucro fácil, prolongar o tempo de trabalho até às 12 horas diárias e 60 horas semanais.

A concretizar-se, esta situação traria graves consequências para a vida pes-soal, equilíbrio psicológico e conciliação entre o trabalho e a família das traba-lhadoras e dos trabalhadores, no sector privado e na Administração Pública.

A luta pelo horário de trabalho com-patível com a vida pessoal e familiar, para além do emprego, foi desde sempre e continua a ser a luta pelo progresso, pela humanização das relações laborais e por condições de trabalho dignas.

Recordando o exemplo das trabalha-doras que há mais de 150 anos deram a vida pela redução da jornada de trabalho diária, e as grandiosas jornadas de luta durante a ditadura, com o mesmo objec-tivo, para que hoje tenhamos as 8 horas diárias, consideramos que as propostas do Governo e do patronato representam um inaceitável retrocesso social e uma clara violação dos direitos conquistados com o 25 de Abril.

ALTERAÇÃO DAS LEIS LABORAIS

A proposta de revisão do Código do Trabalho para o sector privado e

ENQUADRAMENTO GERAL

Desigualdade salarial

Somos o país da Europa onde existe um maior desnível salarial entre homens e mulheres – 25,4%, quando a média europeia é de 15,9%. Atrás de nós só a Eslováquia, conforme os dados pu-blicados pela Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de Vida e de Trabalho (EUROFOUND).

A desigualdade salarial, para além da injustiça que representa, tem diversas causas como, por exemplo, a redução dos salários por via do não pagamento de prémios e outros subsídios, às mães que exerçam os seus direitos de mater-nidade (e também aos pais que exercem os direitos de paternidade). Esta situa-ção, principalmente, para as mulheres, tem profundas repercussões na carreira profissional colocando, por vezes, em causa o próprio posto de trabalho.

Como consequência directa dos bai-xos salários reduzem-se os montantes atribuídos às licenças, baixas e outros subsídios pagos pele Segurança Social e por outro lado, tem também incidência nos valores acumulados para efeitos de reforma e nas pensões de velhice, como revelam estudos efectuados em relação ao primeiro semestre de 2007:

Valor médio acumulado:

Pensão de velhice

Homens = 2,113 Euros

Mulheres = 1, 616 Euros

Homens = 2, 691 Euros

Mulheres = 1, 629 Euros

Precariedade

No total de trabalhadores precá-rios, em relação aos trabalhadores por conta de outrem, as mulheres representam 50,5%. Desde 2005, a precariedade do trabalho das mulheres tem vindo a aumentar, sendo hoje mais 28,1% que em relação àquela data.

No 2.º trimestre de 2008, na totalida-de do emprego parcial, as mulheres são 66,9% e, no conjunto dos trabalhadores por conta de outrem, elas são 78,1%.

Desemprego

No segundo trimestre de 2008, o desemprego das mulheres atinge 54,2% em relação à totalidade dos desempre-gados. Em relação à taxa de desempre-go total, enquanto esta é 7,3%, para as mulheres é 8,4%.

A maior percentagem das mulheres desempregadas (17,5%), situa-se na faixa etária 15-24 anos ou seja, nas mulheres jovens e início de carreira profissional.

Quanto ao subsídio de desemprego as diferenças são gritantes. Dados de 2007 mostram: enquanto os homens recebem, em média, 431 Euros, as mulheres rece-bem, em média, 340 Euros, mensais.

Horários de trabalho

As propostas do Governo de revisão do Código do Trabalho sobre a flexibili-zação da duração diária e semanal de trabalho, da criação do “banco de horas” e outras, visam desregulamentar o ho-rário de trabalho, dando ao patronato o poder de dispor dos/das trabalhadores/

setembro ‘08

RCI18 IPSS e Misericórdias

as alterações da legislação da Administração Pública, têm conse-quências gravosas para todos os trabalhadores e quanto às mulhe-res salientamos as que visam:

• Aumentar o horário de traba-lho diário e semanal, permitindo que a entidade patronal prolongue a seu belo prazer os horários sem ter em conta a vida pessoal e familiar das trabalhadoras e sem pagamento suplementar destas horas;

• Destruir a contratação co-lectiva, permitindo que o patro-nato faça caducar direitos mais favoráveis que os da lei geral, nomeadamente prestações de âmbito social extensivos aos/às trabalhadores/as e seus familiares e os dias pagos para assistência à família;

• Restringir os direitos da maternidade e da paternidade contrariamente ao que o Governo propaga, porque, actualmente, o pai tem direito a uma licença pa-rental de 15 dias, remuneradas a 100%, subsequentes à licença de maternidade ou de paternidade; enquanto a proposta da actual revisão contempla o período de licença exclusivo para o pai de 10 dias, sendo inferior ao existente na lei actual. É caso para dizer que: “dá com uma mão, tira com a outra”;

• Desrespeitar a maternidade e a paternidade como valores sociais eminentes, conforme constam na nossa Constituição, o direito comunitário e o direito internacional, porque introduz um novo conceito (parentalidade) e que pode levar a abusos de in-terpretação, a favor do patronato, desrespeitando, assim, o papel insubstituível que as mães e os pais têm no apoio aos/às seus/suas filhos/as, tal como a Consti-tuição defende.

• Desvalorizar os direitos de igualdade e de não discriminação, no local de trabalho, ao permitir a diminuição das penalizações le-gais ao patronato que viole o dever de afixar na empresa e em local adequado, a informação relativa aos direitos de igualdade;

• Generalizar e ampliar os vínculos de trabalho precário, ao instituir novos mecanismos legais que facilitariam não só os despedi-mentos como também a prolifera-ção de contratos precários, que já hoje afectam de forma particular, as mulheres.

Assim, com a publicação da Portaria nº 957/2008 de 25 de Agosto — Regu-lamento de extensão das alterações dos CCT entre a Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) e a Federação Por-tuguesa dos Sindicatos do Comércio Escritórios e Ser-viços e a FENPROF, caem por terra os argumentos das IPSS que, por não se encon-trarem filiadas na CNIS não se sentiam obrigadas pela legislação a aplicar os CCT que aquela Confederação patronal assinava com as Frentes Sindicais. De facto, anos houve em que, por motivos vários, não se conseguiu a publicação da referida Portaria de Extensão, acontecendo, assim, que, Instituições mais despu-doradas, aproveitando-se de um vazio legislativo, não cumpriam as tabelas salariais para com os seus trabalha-dores não se importando de prejudicar deste modo dezenas de agregados familiares que deles dependiam

Estranha forma de praticar a soli-dariedade!

Não percebemos, no entanto, por-que é que esta medida deixa de fora as Misericórdias. É que, a exemplo do que se passa com as IPSS, nem todas as Misericórdias cumprem as orientações emanadas pela União das Misericór-dias Portuguesas que, não se assu-mindo como representante das várias entidades patronais a nível nacional,

aconselha, ainda assim, a que todas as Misericórdias concelhias cumpram os acordos feitos com os Sindicatos. Ora, como as Misericórdias também são IPSS, ficariam, também, obriga-das por esta Portaria de Extensão. Na proposta de redacção do Ministério do Trabalho que nos foi enviada, não havia excepções, tal como havíamos solicitado.

Surpreendentemente, no texto da publicação, as Misericórdias ficam ex-cluídas desta extensão. A FENPROF já pediu uma reunião ao Ministério do Trabalho para esclarecer este assunto, já que entendemos inadmissível esta atitude. Das diligências esperamos que advenha a correcção desta dis-criminação.

Entretanto, solicitamos a todos os nossos associados em exercício de funções nas instituições acima referi-das que não vejam a sua situação cor-rigida, que contactem o SPRC através do telefone 912517584.

Contrato Colectivo de Trabalho assinado entre a CNIS e a FENPROF é para aplicar a todas as IPSS.A frente sindical que negociou as últimas alterações ao Contrato Colectivo de Trabalho das IPSS conseguiu, junto do Ministério do Trabalho, que se fizesse publicar a chamada Portaria de Extensão, isto é, a aplicação universal daquele CCT.

‘08 setembro

RCI195 de Outubro

Dia Mundial do ProfessorOs Professores contam!

Este é o lema que marcará, em 2008, a celebração do Dia Mundial do Professor e envolverá milhões de docentes.

Todos os dias, em todo o Mundo e em cada escola os Professores ocupam o seu lugar numa viagem que abre horizontes, partilhando conhecimento, apoiando crianças e jovens que encontram na escola um espaço de excelência para a sua própria construção.

Não é, pois, uma actividade pro-fissional menosprezável. Exige uma elevada formação, uma constante actualização, uma enorme atenção sobre cada um dos jovens ou crian-ças com quem partilham uma vida de esforço e dedicação.

Os professores contam, pois sem eles não há Escola, não há sis-tema educativo... sem eles o Mundo não é completo.

Em Portugal há um conflito que tem oposto quase permanentemen-te os Professores ao Governo e ao Ministério da Educação. Um conflito que tem implicado um elevado desgaste profissional, uma crescente angústia em relação ao seu futuro, uma inevitável desmotivação profissional.

Os professores portugueses não querem que a pro-fissão que escolheram se transforme num pesado fardo

que tenham de transportar até aos últimos dias da sua carreira.

Sabemos da elevada respon-sabilidade social que é ser-se professor!

Reconhecemos que os portu-gueses e as portuguesas esperam de cada um de nós que façamos o que está ao nosso alcance, para que as jovens gerações sejam ca-pazes de fazer do nosso mundo um sítio onde cada um de nós se sinta pessoa inteira e livre!

Não duvidamos que temos pos-sibilidade de fazer mais e melhor!

Mas, para isso, é preciso mudar. É preciso que os professores e educadores sejam respeitados. Que sejam ouvidos. É preciso que, para tal, o nosso Governo dê o exemplo. Que não aprove constantes medidas que agravam as condições de traba-lho, que aumentam o desemprego, que reforçam a precariedade, que destroem a nossa carreira, que impedem os professores de decidir sobre o destino pedagógico das es-

colas, que os retiram dos centros de decisão no plano educativo.

Em dia de celebração da profissão de Professor, lembramos que

Os Professores Contam!

setembro ‘08

Às Organizações

As Caraíbas, o México e o sul dos EUA foram nas últimas semanas afectados por vários fenómenos naturais extremos que causaram centenas de vítimas mortais e avultados pre-juízos materiais ainda difíceis de contabilizar.

Em Cuba, afectada no espaço de uma semana e meia por dois furacões e uma tempestade tropical, e onde o fura-cão Ike assumiu proporções de grande gravidade, apenas a notável eficiência dos planos de emergência cubanos para este tipo de situações evitou que os violentos fenómenos na-turais causassem um drama humano de grandes proporções, existindo contudo 7 vítimas mortais a lamentar.

Mas a destruição provocada é enorme e sem preceden-tes: estima-se que 350.000 casas tenham sido afectadas, 30.000 das quais com capacidade de reconstrução bastante limitada. Em algumas províncias esses números significam 80% do total das habitações. Importantes infra-estruturas, como estradas, rede eléctrica e armazéns de reservas estratégicas, foram severamente lesadas. Uma primeira estimativa dos prejuízos causados em Cuba pelos furacões aponta para cerca de 150 milhões de dólares de prejuízos. Particularmente afectadas pela devastação foram as culturas agrícolas, o que já obrigou o governo cubano a recorrer a todas as reservas alimentares para atenuar os efeitos ime-diatos da escassez de alimentos.

Cuba é sempre o primeiro país a disponibilizar e a prestar auxílio – alimentar, médico e técnico - a todos os povos e países vítimas de catástrofes naturais ou de outras calami-dades. Foi o primeiro a oferecer ajuda aos EUA aquando das terríveis inundações provocadas pelo Katrina, apenas para referir um exemplo recente e da mesma natureza. Contudo, mesmo sendo vítima de uma catástrofe natural destas dimensões, Cuba permanece sujeita ao criminoso bloqueio económico imposto pelos EUA – o mais longo da história da humanidade.

À semelhança de muitos outros países e organizações por todo o mundo é tempo de os portugueses furarem o cri-minoso bloqueio a Cuba e se mobilizarem para enviar para o País que está sempre na primeira linha da solidariedade internacional a amizade, o apoio e a ajuda que o povo de Cuba agora necessita. Cuba está sempre por todos, é altura de todos estarmos por Cuba.

Assim, por iniciativa da Associação de Amizade Portu-gal-Cuba, a que se associam muitas outras organizações sindicais, do movimento da paz, de variados movimentos sociais e políticos, lança-se em Portugal uma Campanha de Solidariedade com Cuba “Cuba por Todos, Todos por Cuba”, com o objectivo de fazer chegar ao povo cubano géneros alimentares de primeira necessidade (conservas, leite em pó, farinhas, massas e arroz, feijão) e recolher fundos para apoiar a reconstrução em Cuba.

Ao lançar esta campanha a Associação de Amizade Portugal-Cuba e as organizações subscritoras deste apelo apelam à participação de todas as organizações, entidades, públicas e privadas e cidadãos, nesta campanha para apoiar a reconstrução em Cuba. Brevemente serão disponibilizadas informações sobre outros pontos de recolha dos alimentos para Cuba e o número da conta bancária para recepção de toda a solidariedade com que cada um possa contribuir.

Outras iniciativas de solidariedade com o mesmo objecti-vo serão em devido tempo comunicadas a todos aqueles que se queiram associar a esta campanha. Todas as informações podem ser obtidas junto do Secretariado Permanente da Campanha “Cuba por todos, todos por Cuba” que funcionará na Casa da Paz, em Lisboa.

RCI20 ser solidário

Cam

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povo

de

Cuba

Vimos convidar-vos a associarem-se a esta campanha e a participarem numa reunião de organizações agendada para o dia 19 de Setembro, às 21.00H, na Casa da Paz. Agradecíamos a confirmação da vossa participação na reunião e da adesão a esta campanha. As organizações subscritoras:

• Associação de Amizade Portugal-Cuba• CGTP/IN• Conselho Português para a Paz e • Cooperação• Juventude Comunista Portuguesa• Movimento Democrático das Mulheres• Voz do Operário Contactos:

Secretariado permanente da CampanhaCasa da PazRua Rodrigo da Fonseca, 56 – 2º – Lisboa (perto do Marquês de Pombal)Telefones: 213 863 375 / 213 863 575Fax: 213 863 221Telemóveis: 962 022 207, 962 022 208, 966 342 254, 914 501 963E-mail: [email protected] Centros de Recolha:

Armazém Central de RecolhaAlameda D. Afonso

Henriques nº 42 (junto à Fonte Luminosa), Lisboa(entrada de viaturas pela Rua do Garrido, lote 748, Lisboa) Associação de Amizade Portugal-CubaRua Rodrigo da Fonseca 107-r/c-Esq, Lisboa 1070-239 LISBOA Telefone: 21 385 73 05 Conselho Português para a Paz e CooperaçãoRua Rodrigo da Fonseca, 56 – 2º1250-193 LisboaTelefone: 21 386 33 75 / 21 386 35 75 A Voz do OperárioRua Voz do Operário, 131100-620 LISBOA Telefone: 21 886 21 55 Movimento Democrático das MulheresAvenida Almirante Reis 90,7º-A1169-161 LISBOATelefone: 218 160 980 Junta de Freguesia de São Vicente de ForaCampo Stª Clara 601100-471 LISBOATelefone: 21 885 42 60 Juventude Comunista PortuguesaAv. António Serpa nº 26 – 2º esq 1050-027 LisboaTelefone: 21 793 09 73

‘08 setembro

O Teatrão vai estrear já no pró-ximo dia 24 de Setembro, pe-las 21h30, na Oficina Municipal de Teatro, a sua mais recente produção Cabaré da Santa.

Escritório, classes e espectácu-los estão, finalmente, reunidos no mesmo espaço.“Cabaré da Santa”, para maiores de 16 anos, parte do texto criado pelos dramaturgos Jorge Loura-ço Figueira e Reinaldo Maia e é encenado por Dagoberto Feliz. Materializa a concretização de um projecto que une as compa-nhias O Teatrão, de Coimbra e Folias d’Arte, de S. Paulo, Brasil.Utilizando as comemorações dos 200 anos da ida da família real para o Brasil, aproveitamos para brincar com a nossa história ofi-cial. Com muita música e humor, misturamos a nossa condição de artistas, de companhia da Cidade de Coimbra, de portugueses, para fazer acontecer, em tempo real, a nossa versão da história.

Paralelamente, promovemos com a Livraria Almedina-Estádio um pequeno ciclo de conversas, a partir do espectáculo.Poéticas do Teatro de Revista - 25 de SetembroO lugar do Cabaré no Teatro - 9 de OutubroDesacordos da Língua Portugue-sa - 23 de Outubro Sempre às 18h30. Livraria Almedina-Estádio. A entrada é livre.Esperamos pela vossa visita na nossa nova casa!Acompanhem todas as novida-des no nosso blog http://oteatrao.blogspot.com/

O TeatrãoOficina Municipal do Teatro

Rua Pedro Nunes3030-199 CoimbraTelef: 239 714 013 Telm: 914 617 383http://oteatrao.blogspot.com/[email protected]

TNT é composto por três textos de Raul Brandão, Eu sou um Homem de Bem, O Doido e a Morte e O Rei Imaginário, e tem encenação de Sílvia Brito.

Raul Brandão (1867-1930) revolucio-nou, no seu tempo, a literatura portuguesa e, com as poucas peças que escreveu, o teatro português. Com simplicidade, inte-ligência e audácia deixou ao teatro peças

RCI21divulgação

intensas e personagens cujo choque com o mundo se revela através de um conflito essencial, existencial, irresolúvel mas necessário.

Em registo de drama, farsa ou tragé-dia, todas elas gravitam em torno de uma meditação paradoxal sobre o sentido e o valor da vida.

Eu sou um Homem de Bem (1929), O Doido e a Morte (1923) e O Rei Imagi-nário (1923) reúnem-se neste espectá-culo como três momentos de confronto existencial perante o sentido do dever, o desejo de liberdade e a resistência na abjecção.

Quem comanda a acção é o Sonho, essa sombra inflamada que o homem transporta em si: um sonho que se nega, um sonho que nos exalta, um sonho que nos sustenta — material explosivo de primeira ordem quando transformado em palavra, em argumento tumultuoso, provocador, questionador de práticas sociais e morais assentes na máscara, no artíficio oco da vaidade, na ilusão inquie-tante do poder; um sonho que lembra, perigosa e lucidamente, que o Homem é um ser complexo e frágil, fragmentado, estilhaçado, imperfeito e incompreensível que se arrisca a passar pela Vida sem dar por ela. Antes morrer. Que é como quem diz, ser árvore!

Com encenação e dramaturgia de Sílvia Brito, cenografia e adereços de António Jorge, figurinos de Ana Rosa Assunção, desenho de luz de Danilo Pinto e música de Eduardo Gama, TNT tem no elenco os actores António Jorge, Eduardo Gama, Maria João Robalo, Mi-guel Magalhães e Ricardo Kalash.

O espectáculo vai estar em cena de 18 de Setembro a 19 de Outubro, de terça a sábado, às 21h30 e aos do-mingos às 16h.

Faça-nos companhia!

A Escola da NoiteRua Pedro Nunes, Oficina Municipal do Teatro, 3030-199 Coimbra | Telef. 239 718 238 | Fax 239 703761 | www.aescolada-noite.pt

TNTem cena às 21h30, na

Oficina Municipal do Teatro, em Coimbra.

setembro ‘08

‘08 setembro

Recolha de dados –

Educação EspecialO SPRC enviou para todos os órgãos de gestão da região centro uma ficha para recolha de dados sobre a organização da Educação Especial. O preenchimento dessa ficha é fundamental para o conhecimento rigoroso da situação da Educação Especial na região e para a preparação da acção reivindicativa neste sector.Solicitamos, assim, a todos os sócios que insistam, junto dos órgãos de gestão das suas escolas, no preenchimento desta ficha.