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Sumário
Introdução.................................................................................................................7
1.Direitos Humanos.................................................................................................9
1.1. Contexto Histórico ............................................................................................9
1.2. Internacionalização......................................................................................... 10
1.3. O Sistema Interamericano de Proteção......................................................... 13
2. O Brasil e a proteção internacional aos Direitos Humanos ........................... 15
2.1. Tratados ratificados antes de 1988 ................................................................ 19
2.2. Tratados ratificados pós-1988 ........................................................................ 24
2.3. A incorporação de tratados de Direitos Humanos e a Emenda Constitucional nº45........................................................................................................................... 26
3. Operacionalização dos Tratados de Direitos Humanos ................................. 29
3.1. Brasil e o sistema ONU................................................................................... 29
3.2. Brasil e o sistema da OEA .............................................................................. 32
Conclusão............................................................................................................... 36
Bibliografia.............................................................................................................. 39
7
Introdução
Durante muitos anos da história da humanidade, o assunto Direitos Humanos não
existia, os direitos dos indivíduos não eram discutidos e, nem mesmo, eram levados
em consideração pelos Estados e governos (PIOVESAN, 2013). Com a inclusão
desses direitos e sua discussão no cenário internacional, torna-se necessário a
conceituação dos Direitos Humanos que, segundo Cançado Trindade são:
Entendoo Direito Internacional dos Direitos Humanos como o corpus júris1de salvaguarda do ser humano, conformado, no plano substantivo, por normas, princípios e conceitos elaborados e definidos em tratados e convenções, e resoluções de organismos internacionais, consagrando direitos e garantias que têmpor propósito comum a proteção do ser humano em todas e quaisquer circunstâncias... (TRINDADE, 2005, p. 412).
Tendo isto em mente, anteriormente a primeira Guerra Mundial, não existiam
tratados com o cunho de proteger os Direitos Humanos. Posteriormente, começou-
se uma discussãosobre essesdireitos. Entretanto, somente após a segunda Guerra
Mundial é que estes se tornaram uma importante agenda no cenário internacional,
com a criação da Organização das Nações Unidas (ONU), mais especificamente da
criação daDeclaração Universal dos Direitos Humanos, de modo que a maioria dos
Estados se comprometeu com a sua proteção, se tornando membro dessa
Organização (LASMAR; CASARÕES, 2006).
Após a criação da ONU e de sua Declaração, diversos outros tratados foram feitos,
com o objetivo de aprofundar e proteger, ainda mais, os Direitos Humanos. Alguns
tratadosforam criados para proteger uma parcela específica de direitos, os quais
eram, de alguma forma, prejudicados, como, por exemplo, os direitos sociais,
econômicos, políticos, dentre outros. Além disso, criou-se, também, órgãos de
fiscalização, palco para discussões e convenções para a implantação de novosde
direitos e a reavaliação dos já assegurados (PIOVESAN, 2013).
Como forma de solidificação da proteção dos Direitos Humanos, foram criados os
sistemas regionais de proteção, sendo o Sistema Europeu, o Americano e o
Africano. Cada um protege sua região de acordo com suas características
específicas e de acordo com sua cultura, garantindo ainda mais a proteção de seus 1 Conjunto de normas (Tradução livre).
8
indivíduos. Além disso, possuem mecanismos de enforcementpróprio, tendo seus
próprios tratados e seus próprios órgãos de supervisão e de julgamento das
violações dos direitos humanos. Esses sistemas são, ainda, uma representação
mais próxima dos indivíduos, sendo assim, aqueles que se sentirem lesados, podem
procurar sua reparação em um órgão de mais fácil acesso (MACHADO, 2012).
Apesar da evolução do sistema de proteção dos direitos fundamentais dos
indivíduos, a partir do século XIX com a criação da ONU, dos sistemas regionais e
de tratados, o Brasil ainda não era engajado em sua proteção. O país, apesar de ter
ratificado alguns poucos tratados desse cunho, não possuía ações de garantia dos
direitos, priorizando sempre outros assuntos que favoreceriam seus objetivos. Os
Direitos Humanos só passam a ser um objetivo para o Brasil, sendo incorporado em
sua constituição e promovendo ações para sua proteção, a partir da Constituição
Federal de 1988, a chamada redemocratização (MONDAINI, 2009).
Para que se possa entender melhor como se dá a relação e inserção do Brasil no
sistema internacional e regional de proteção dos Direitos Humanos, além de
entender o histórico dos Direitos, foi realizado este estudo. Foi realizado,
principalmente, para entender como se dá a incorporação dos Tratados e das
premissas dos Direitos Humanos pelo Brasil, como o país se insere no cenário
internacional no âmbito do Direito e, ainda, quais são seus impactos no
ordenamento jurídico brasileiro.O trabalho está dividido em três partes, a primeira
examina o desenvolvimento histórico dos Direitos Humanos, além de seu sistema
internacional e o sistema interamericano de proteção no qual o Brasil se insere,
fazendo alguns comparativos com os demais sistemas regionais. Em uma segunda
parte, o enfoque é a participação do Brasil nos sistemas de proteção, destacando a
Constituição de 1988 e os tratados ratificados antes e depois desse marco. Além
disso, trata-se, também, como se dá a incorporação de tais tratados no ordenamento
jurídico brasileiro. Na terceira parte, trata-sedo engajamento do país no sistema
internacional de proteção, destacando sua participação no sistema ONU. Tem-se,
ainda, o engajamento deste no sistema regional de proteção, com sua participação
nos seus órgãos específicos, além de seus casos de violações denunciados à
Organização dos Estados Americanos (OEA).
9
1. Direitos Humanos
1.1. Contexto Histórico
Como primeiro palco oficial de discussões sobre os Direitos humanos foi criada a
Liga das Nações, em 1919, como consequência, principalmente, da Primeira Guerra
Mundial, que tinha como objetivo manter a paz e a segurança internacional. Além
desses objetivos, continha discussões sobre os direitos humanos, gerando
compromissos e sanções, como embargos financeiros e comerciais, aos Estados
signatários, caso não cumprissem com o acordado.O Brasil se torna membro da
Liga das Nações no mesmo ano em que foi criada, participando ativamente dela
(PIOVESAN, 2013).
Os Direitos Humanos foram tratados pela primeira vez em uma Convenção neste
mesmo ano, na Organização Internacional do Trabalho (OIT). Esta regularizou
algumas normas e direitos aos trabalhadores, como jornada de trabalho definidas,
salários mínimos, dentre outros. A OIT foi uma das primeiras representações de
Direitos Humanos no cenário internacional, além de uma das primeiras a promover
tratados oficiais sobre tal tema (COMPARATO, 2010).
Entretanto, foi somente após a segunda Guerra Mundial, a qual acabouem 1945,
que surgiu um grande questionamento na sociedade internacional com relação aos
seus direitos, principalmente, aos Direitos Humanos. Eles foram fortemente violados
durante os anos de 1939 e 1945, anos em que aconteceu a segunda Guerra
(PIOVESAN, 2013).
No momento em que os seres humanos se tornam supérfluos e descartáveis, no momento em que vige a lógica da destruição, em que cruelmente se abole o valor de uma pessoa humana, torna-se necessária a reconstrução dos direitos humanos, como paradigma ético capaz de restaurar a lógica do razoável. (PIOVESAN, 2013, p.190).
O Tribunal de Nuremberg foi a primeira forma oficial da luta para solidificação dos
Direitos Humanos após a Segunda Guerra Mundial. Foi criado, em 1945, a fim de
julgar o culpado pela guerra, ou seja, foi criado, principalmente, para julgar a
10
Alemanha, que era considerada culpada pela eclosão da guerra, fazendo-a
pagarpela maioria dos custos e perdas obtidas durante este período. Além de julgar
a Alemanha, o Tribunal julgaria, também, os criminosos de guerra, condenando-os
por crimes humanos, fortalecendo e ajudando a internacionalização desses Direitos
(PIOVESAN, 2013).
A implementação de fato dos Direitos Humanos foi feita no âmbito da Organização
das Nações Unidas (ONU).A ideia inicial foi realizada em São Francisco em uma
Conferência das Nações Unidas sobre Organização Internacional, na qual 50 países
se reuniram e elaboraram a Carta das Nações Unidas, assinada por todos os países
participantes. A Carta e a Organização entraram em vigor oficialmente no final do
ano de 1945, quando foi ratificada pelas principais potências, como União Soviética
e Estados Unidos (ONU, 2014).
1.2. Internacionalização
Os Direitos Humanos já eram citados nos anos anteriores a 1948, mas, ainda, não
tinham se tornado uma das principais agendas do sistema internacional.Somente a
partir dessa data que obteve sua internacionalização,com a criação da Declaração
Universal dos Direitos Humanos no âmbito da Organização das Nações Unidas
(ONU). Na terceira reunião ordinária da Assembleia Geral, realizada em dezembro
de 1948, foi escrita e aprovada a Declaração,a fim de tornar os Direitos Humanos
direitos fundamentais dos cidadãos e, ainda, é um modo de assegurar que esses
direitos não seriam violados(ONU, 2014).
Os principais direitos do homem firmados pela Declaração foram o direito à
liberdade e a igualdade de todos; à vida; à segurança; à propriedade; à justiça; à
educação; à saúde; dentre outros. Todos esses direitos ficamassegurados pela
Declaração, como explicitado em seu preâmbulo, e, consequentemente,
assegurados pelas Nações Unidas (ONU, 1948).
A Declaração Universal dos Direitos do Homem representa a manifestação da única prova através da qual um sistema de valores pode ser considerado
11
humanamente fundado e, portanto, reconhecido: e essa prova é o consenso geral acerca da sua validade. (BOBBIO, 1992, p. 26).
Dentro das Nações Unidas, foi criado, em 1946, o Conselho Econômico e Social
(ECOSOC). No âmbito do Conselho, foi criada a Comissão de Direitos Humanos,
também no ano de 1946. A Comissão teve como função realizar reuniões e
recomendações acerca dos Direitos Humanos e, principalmente, fortalecê-los no
cenário internacional. Ela era composta por diferentes Estados eleitos pelo próprio
ECOSOC, que se reuniam regularmente. Posteriormente, em 2006, a Comissão foi
substituída pelo Conselho de Direitos Humanos, assim, os Estados passaram a ser
eleitos pela Assembleia Geral das Nações Unidas, o que deu maior credibilidade e
maior relevância aos Direitos Humanos. O Conselho é o principal palco de
discussões sobre os Direitos Humanos no âmbito da ONU. Ele trata, principalmente,
em reuniões periódicas, de questões sociais, econômicas, ambientais e de Direitos
Humanos, debatendo e propondo soluções e recomendações para essas questões
(LASMAR; CASARÕES, 2006).
Apesar da importância da Declaração Universal, somente vinte anos após sua
criação houve o primeiro encontro de Estados para discutir, novamente, os Direitos
Humanos. Em 1968, em Teerã, aconteceu a I Conferência Mundial de Direitos
Humanos, onde foram rediscutidas as decisões tomadas no âmbito das Nações
Unidas em 1948 e foramacordados novos tratados. Esta foi um marco na história,
devido ao fato de que foi palco para as primeiras implantações de fato de pactos e
tratados voltados, exclusivamente, aos Direitos Humanos (TRINDADE, 1998).
Já a II Conferência Mundial de Direitos Humanos aconteceu no ano de 1993 em
Viena, conhecida como Declaração de Viena. Teve como objetivo discutir e analisar
o cenário internacional no âmbito do direito, como os direitos estavam sendo
colocados em prática e, ainda, como sua proteção era realizada e se era, realmente,
realizada (ONU, 1993).O diferencial dessa conferência, em comparação com a
primeira realizada em 1968, foi a participação de outros atores internacionais, não
somente Estados signatários da Carta das Nações Unidas. Isso se dá pela
internacionalização desses direitos e, ainda, sua importância como agenda
internacional (REIS, 2006).
12
A Declaração de Viena foi um importante acontecimento na consolidação dos
Direitos Humanos, ao passo que foram reafirmados antigos direitos e afirmados
novos e, ainda, foi criado o Alto Comissariado de Direitos Humanos, no âmbito da
ONU. Ela foi considerada um marco na internacionalização e consolidação dos
Direitos Humanos no sistema internacional (REIS, 2006). Com a consolidação,
surgiram dilemas acerca do tema, como, por exemplo, de como se garantiria os
Direitos. Dessa forma, foram criados mecanismos de proteção, que são dotados de
Tratados e órgãos de fiscalização (PIOVESAN, 2013).
As primeiras ações realizadas para a proteção dos Direitos Humanos foram em
1966,quando foram acordados dois pactos na Assembleia Geral, o Pacto
Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais, como meio, ainda, de reafirmar e complementar a
Declaração de 1948. Os pactos afirmaram novos direitos como o direito à
autodeterminação; à liberdade de administração de suas riquezas; ao trabalho; à
alimentação; dentre outros. Os dois primeiros pactos firmados no sistema
internacional, somente foram ratificados e implementados no ordenamento jurídico
brasileiro no ano de 1992 (ONU, 1966).
No Sistema Universal de Proteção, um importante ator na proteção desses Direitos
no cenário internacional são os Tribunais. Eles são responsáveis por julgar casos de
violações de normas internacionais, dentre eles os casos referentes a violações dos
Direitos Humanos. Deste modo, os Tribunais julgam genocídios, crimes de guerra,
como o Tribunal de Nuremberg, dentre outras violações. Tem-se, ainda, as
Organizações Não-GovernamentaisInternacionais, que possuem um papel tão
importante quanto os outros atores supracitados. Elas promovem diversas
campanhas e lutam incessantemente para combater as violações dos Direitos
Humanos (MENDEZ, 1998).
Os tratados e instrumentos de proteção se desenvolveram, em suma, como respostas a violações de direitos humanos de vários tipos. Com a multiplicidade dos instrumentos internacionais de proteção (tratados gerais, convenções "setoriais", procedimentos baseados em resoluções, em níveis global e regional), reconheceu-se a complementaridade de tais instrumentos mediante um processo de interpretação reforçado posteriormente pela construção jurisprudencial convergente dos órgãos internacionais de supervisão. Esta última enfatizou a identidade comum de propósito, os valores superiores que perseguia, o caráter objetivo das obrigações neste
13
domínio de proteção, e a necessidade de realização do objeto e propósito dos tratados e instrumentos em questão (TRINDADE, 2005, p. 416).
1.3. O Sistema Interamericano de Proteção
Existem hoje três sistemas regionais de Direitos Humanos proeminentes no cenário
internacional, sendo o sistema europeu, o interamericano e o sistema africano. Eles
foram criados para garantir a efetivação e combater as violações dos Direitos
Humanos de forma mais eficiente, o que não pode ser feito somente com o sistema
universal.São, também, mais eficientes por levarem em consideração os interesses
de cada Estado e, ainda, são adequados às características de cada região. Os
sistemas regionais possuem melhores mecanismos para controlar e punir as
violações de Direitos Humanos, os chamados mecanismos de enforcement. Dessa
forma, os sistemas farão que os Estados garantam os Direitos de seus indivíduos,
que fiscalizem os casos de violações e cumpram todos os itens acordados em cada
sistema. Outra diferença significativa do sistema regional de proteção para o sistema
universal, é que ele é mais flexível. Entende-se, aqui, por flexibilidade, a adequação
de cada sistema a sua determinada região. Sendo assim, os sistemas regionais
adaptam-se as necessidades da região específica (continente americano, europeu
ou africano), levando-se em conta sua religião, crença, normas, dentre outras
características (HEYNS; PADILLA; ZWAAK, 2006).
O Brasil faz parte do sistema de proteção do continente americano, o Sistema
Interamericano de Proteção aos Direitos Humanos. Antes de se inserir nesse
sistema, o país já era parte, assim como os outros Estados do continente, da
Organização dos Estados Americanos (OEA), sendo signatários da Declaração
Americana de Direitos e Deveres do Homem e da Carta da Organização dos
Estados Americanos, ambas criadas em 1948. Entretanto, a OEA não era focada
nos Direitos Humanos, contendo poucas instruções para a condução desses
direitos. Assim, somente em 1969, é que foram adotados documentos e tomadas
ações diretas para a proteção dos Direitos Humanos, criando a Convenção
Americana sobre Direitos Humanos (GORENSTEIN, 2011).
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A Convenção Americana, também chamada de Pacto de San José da Costa Rica,
foi criada em 19692 e entrou em vigor somente em 1978. Há de se destacar que esta
só foi ratificada pelo Brasil em 1992, ou seja, somente depois da redemocratização
do país. A Convenção é que rege o Sistema Interamericano, é ela que dispõe as
funções e, ainda, é quem proíbe ou aprova as ações dos órgãos que o compõe
(GORENSTEIN, 2011).Os órgãos componentes do Sistema Interamericano são a
Comissão Interamericana de Direitos Humanos e a Corte Interamericana de Direitos
Humanos3. Estes, apesar de formarem seu próprio estatuto a se seguir, são
subordinados à aprovação da Assembleia Geral da Organização dos Estados
Americanos e à Convenção, em todas as suas ações e decisões (MACHADO,
2012).
A Comissão possui sede em Washington, nos Estados Unidos, e tem como função
cumprir os termos explicitados pela Carta da Organização e da Convenção. Além
disso, ela é quem recebe reclamações e petições sobre violações dos Direitos
assegurados, fiscalizar os Estados, garantindo que estes cumprirão o acordado e,
ainda, tem caráter consultivo, podendo conceder recomendações aos Estados sobre
melhores ações a tomarem para que os Direitos sejam sempre garantidos
(MACHADO, 2012). A Comissão Americana, diferentemente da Comissão Europeia
e Africana, não aceita petições e denúncias realizadas diretamente por indivíduos,
tendo que ser representados por órgãos competentes ou grupos de pessoas, como
Organizações Não-Governamentais (ONGs) (HEYNS; PADILLA; ZWAAK, 2006).
Para que os Estados possam fazer pedidos e reclamações, é necessário que antes
disso tenham tentado de tudo dentro de seu próprio país, utilizando de todas as
ações possíveis para que se possa solucionar a violação que tenha ocorrido. Se
essas ações não forem suficientes, então os Estados têm a possibilidade de recorrer
a Convenção. A Convenção pode lançar mão de medidas cautelares quando as
violações chegam a seu âmbito, para garantir que o indivíduo não corra nenhum
2 O Sistema Interamericano foi o segundo sistema regional a ser criado, sendo que o primeiro foi o Sistema Europeu de Proteção aos Direitos Humanos, no pós-segunda Guerra Mundial (ARANTES et al, 2012). O Sistema Africano foi o último a ser criado, somente em 1986, no âmbito Organização da Unidade Africana (OUA) (TAQUARY, 2012). 3 O Sistema Europeu e o Sistema Africano possuem, também, como componentes e órgãos principais suas cortes e comissões. São estas: a Comissão e a Corte Europeia(ARANTES et al, 2012) e a Comissão e Corte Africana de Justiça, respectivamente (PEREIRA; BARROS, 2012).
15
risco mais sério, como a probabilidade de morte, por exemplo (GORENSTEIN,
2011).
A Corte Interamericana tem como principais funções aplicar os termos da carta e
julgar os casos apresentados pelos Estados e propostos pela Comissão, proferindo
sentenças e pareceres. Ela analisa as violações, através de provas concretas,
levando em consideração o tempo que aconteceu, o local e os indivíduos
envolvidos. Todas as decisões proferidas pela Corte são obrigatórias e, ainda, os
Estados participantes não podem recorrer das decisões, devendo acatá-las
imediatamente. Além dessas funções, a Corte tem, ainda, o papel de lançar medidas
provisórias quando for necessário, ou seja, quando as violações ameaçam a vida ou
a segurança dos indivíduos, obrigando a tomada de medidas até que se julguem,
realmente, os fatos (MACHADO, 2012).
2. O Brasil e a proteção internacional aos Direitos Humanos
Os Direitos Humanos, para que sejam eficazes e atinjam seu público alvo, que são
os indivíduos, necessitam que os Estados, além de criarem mecanismos próprios de
proteção, sejam eles domésticos ou internacionais, assinem e ratifiquem os Tratados
Internacionais. Cada Estado possui mecanismos próprios de incorporação, mas,
para que as pessoas tenham a proteção do tratado em questão, é necessária sua
ratificação dentro do Estado. No caso do Brasil, é necessário que passe pelo
presidente e, posteriormente, pelo congresso para que possa, ou não, ser aprovado
e, então, ratificado (LEE, 2014).
O Brasilpreocupou-se mais com a proteção dos Direitos Humanosapós 1985, com o
fim da Ditadura Militar vigente até então. Entretanto, somente após a
redemocratização realizada em 1988 é que são ratificados e incorporados mais
facilmente. O primeiro Tratado incorporado ao ordenamento jurídico brasileiro é a
Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos Cruéis, Desumanos ou
Degradantes, feito em 1984 e ratificado pelo Brasil em 1989 (PIOVESAN, 2008).
16
Na mesma época em que foi ratificado o primeiro tratado de Direitos Humanos, o
Brasil passava por um momento de tentativa de democratização do país. Após mais
de duas décadas do regime militar e ditatorial implantado no Brasil, no ano de 1985,
este chega ao seu fim e começa a luta pelo retorno da democracia. Tentava apagar
as herançasdeixadas, pela chamada, ditadura instaurada pelo presidente Getúlio
Vargas e pelos militares. Assim, buscava-se confirmar e defender direitos como os
Direitos Humanos, direitos civis, políticos e sociais (MONDAINI, 2009).
A nova Constituição Federal de 1988 e a implantação da Carta Magna
concretizaram o novo regime de governo. Esse momento ficou conhecido como
redemocratização (PIOVESAN, 2013). A Constituição foi criada com o objetivo,
como explicitado em seu preâmbulo, de “assegurar o exercício dos direitos sociais e
individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e
a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem
preconceitos” (BRASIL, 1988).
A Carta de 1988 institucionaliza a instauração de um regime político democrático no Brasil. Introduz também indiscutível avanço na consolidação legislativa das garantias e direitos fundamentais e na proteção de setores vulneráveis da sociedade brasileira. A partir dela, os direitos humanos ganham relevo extraordinário, situando-se a Carta de 1988 como o documento mais abrangente e pormenorizado sobre os direitos humanos jamais adotado no Brasil (PIOVESAN, 2013, p. 86).
A redemocratização permitiu a inserção do Brasil no sistema internacional, ao passo
que o Estado não participava efetivamente desse sistema, não participando de
diversas negociações e ratificando poucos tratados internacionais. Para que a
mudança de regime fosse vista no cenário internacional, mostrando que o país era a
favor da cooperação, o Brasil assinou e ratificou diversos tratados, principalmente
tratados sob a temática de Direitos Humanos (PIOVESAN, 1996).
(...) faz-se clara a relação entre o processo de democratização no Brasil e o processo de incorporação de relevantes instrumentos internacionais de proteção dos direitos humanos, tendo em vista que, se o processo de democratização permitiu a ratificação de relevantes tratados de direitos humanos, por sua vez, esta ratificação permitiu o fortalecimento do processo democrático, através da ampliação e do reforço do universo de direitos fundamentais por ele assegurado (PIOVESAN, 1996).
Assim como houve uma redefinição da agenda internacional de interesses do Brasil,
houve, também, uma redefinição da agenda interna. A Carta de 1988 provocou
17
mudanças e deixou claro os direitos e deveres dos cidadãos. Ela ampliou os direitos
sociais, os quais foram violados durante o regime militar, deixando-os tão
importantes e invioláveis quanto os demais direitos, como os civis e políticos, por
exemplo. Dessa forma, ficaram definidos e exaltados os direitos fundamentais dos
brasileiros (MONDAINI, 2009).
Mesmo com todas as mudanças ocorridas e com os Direitos Humanos sendo
considerados uma pauta importante para a condução e manutenção da política do
Brasil, ele não era considerado como um assunto oficial pelos governos. Sendo
assim, só passou a ser uma política oficial e essencial de governo em 1995, no
governo de Fernando Henrique Cardoso. Como resultado dessa política, foi criado o
Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH). O PNDH foi criado em 13 de maio
de 1996, na Primeira Conferência Nacional de Direitos Humanos, após acordos e
discussões entre a presidência, o Ministério da Justiça e os civis. Teve-se como
estopim para sua criação o massacre ocorrido em Eldorado dos Carajás4, de modo
que foi um dos acontecimentos com o maior número de violações aos Direitos
Humanos. O Programa foi considerado inovador, sendo o terceiro do mundo com a
finalidade de proteger os Direitos Humanos e o primeiro da América Latina
(MESQUITA NETO; PINHEIRO, 1998).
O PNDH foi criado à luz dos acordos e recomendações feitas durante a Conferência
ocorrida em Viena, em 1993, que resultou na, já citada, Declaração de Viena. Ele
tem como objetivo ser um Programa oficial e de referência para a proteção dos
Direitos Humanos dentro do Brasil, em cada um dos seus estados (MINISTÉRIO DA
JUSTIÇA, 1996).
A maior parte das ações propostas neste importante documento tem por objetivo estancar a banalização da morte, seja ela no trânsito, na fila do pronto socorro, dentro de presídios, em decorrência do uso indevido de armas ou das chacinas de crianças e trabalhadores rurais. Outras recomendações visam a obstar a perseguição e a discriminação contra os cidadãos. Por fim, o Programa sugere medidas para tornar a Justiça mais eficiente, de modo a assegurar mais efetivo acesso da população ao Judiciário e o combate à impunidade (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 1996, prefácio).
4 O massacre em Eldorado dos Carajás se deu pela morte de trabalhadores, componentes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), por militares do estado do Pará. Estes pretendiam acabar com o movimento e protesto promovido pelo MST. Foram mortos pelos militares mais de 20 trabalhadores e diversos feridos (BARREIRA, 1999).
18
Ficou definido que o Governo Federal passaria a tornar pública todas as ações,
violações e omissões referentes aos Direitos Humanos cometidas dentro do território
nacional. Para tanto, os estados deveriam repassar relatórios ao Governo, prestando
contas sobre as implementações de sistemas de proteções, sobre fiscalização e
violações dos Direitos Humanos ocorridas em seus Estados (MINISTÉRIO DA
JUSTIÇA, 1996).
O Programa foi se desenvolvendo ao longo do tempo,sendo, cada vez mais,
implantadas suas premissas e desenvolvendo novas. Em 1997, foi criada a
Secretaria Nacional de Direitos Humanos, no âmbito do Ministério da Justiça,
ficando responsável pela coordenação e acompanhamento do PNDH, assegurando
sua eficácia. Para acompanhar, também, e aumentar sua abrangência foram
convidadas organizações não governamentais (ONGs) e organizações
internacionais. Como manutenção do Programa, foram realizadas diversas reuniões,
dentre elas outras edições da Conferência Nacional de Direitos Humanos. As
reuniões eram realizadas tanto em âmbito federal quanto em âmbito estadual, com o
objetivo de promover discussões sobre o andamento do Programa e propor
inovações para aumentar a eficácia e o monitoramento (MESQUITA NETO;
PINHEIRO, 1998).
Seis anos depois da criação do PNDH, no ano de 2002, criaram sua segunda
versão, o PNDH II, posteriormente, em 2007 foi criado, também, o PNDH III. As
outras versões tinham como objetivo de revisar e sanar as falhas dos Programas
anteriores e, ainda, aperfeiçoar a proteção e a promoção dos Direitos Humanos
(MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2002).
As três versões do PNDH não atingiram totalmente seus objetivos, ao passo que
não conseguiram sanar totalmente as violações dos Direitos Humanos. Entretanto,
as violações diminuíram significativamente no Brasil, além de ter realizado a
promoção da importância da proteção e dos direitos em si, tornando-os de
conhecimento dos indivíduos, que passaram a serem ouvidos e tendo, realmente,
seus direitos assegurados. Além disso, os programas ajudaram, ainda mais, na
inserção do Brasil no cenário internacional, aumentando sua credibilidade
(MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2002).
19
Dúvidas não há de que o tema da proteção dos direitos humanos foi inserido definitivamente na agenda internacional do Brasil. Mesmo que diferentes falhas possam ser, ainda, constatadas nos instrumentos brasileiros e na condução do País perante a proteção internacional desses direitos, é claro o seu comprometimento com a busca da concretização cada vez maior do ideal de dignidade humana (GODINHO, 2006, p. 157).
2.1. Tratados ratificados antes de 1988
Antes da redemocratização de 1988, o Brasil ratificou alguns poucos tratados
voltados para temas de Direitos Humanos. Isso se dá, principalmente, devido ao
regime político ditatorial vigente, no qual os governantes ignoravam e violavam os
Direitos. Nesse regime, os tratados ratificados pelo país não eram garantidos aos
cidadãos, pois eram implantados com ressalvas e de acordo com o interesse dos
governantes da ditadura militar (PIOVESAN, 2008).
Tabela 01 – Tratados ratificados no âmbito da ONU.
Tratados Data de criação Data de assinatura Data de Ratificação pelo Brasil
Convenção para a Prevenção e
Repressão do Crime de Genocídio
1946
1948
15 de abril de 1952
Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas
as Formas de Discriminação Racial
1963
1966
27 de março de 1969
Convenção sobre a Eliminação de Todas
as Formas de Discriminação
Contra a Mulher
1978
1979
1º de Fevereiro 1984
Fonte: Autoria própria com base nos dados do Ministério da Justiça
Os tratados ratificados pelo Brasil antes de sua redemocratização, em 1988, como
pode se ver na tabela acima, foram poucos. Esse fato pode ser justificado pela falta
de engajamento do país no âmbito dos direitos fundamentais, devido aos longos
20
anos de regime ditatorial militar. Destaca-se que a maioria deles não possui
mecanismos claros de enforcementnas suas disposições. Estes tratadospossuem,
principalmente, um caráter de conscientização, na tentativa de eliminação dos
crimes em questão. O Brasil, ao ratificá-los,necessita cumprir suas premissas, para
que se possa minimizar os casos de violações. Entretanto, havia, ainda, muitos
casos de violações, sendo que podiam ser denunciadas, mas, mesmo que isto
acontecesse, não possuíam punições, mecanismos de enforcementpreviamente
definidos nas convenções. (ONU, 2014).
Tabela 02 – Tratados ratificados no âmbito da OIT.
Tratados
Data de criação
Entrada em vigor
Data de Ratificação pelo Brasil
Convenção relativa ao Emprego das Mulheres
antes e depois do parto (Proteção à
Maternidade)
1919
1919
26 de abril de 1934
Igualdade de Tratamento
(Indenização por Acidente de Trabalho)
1925
1926
25 de abril de 1957
Trabalho Forçado ou Obrigatório
1930
1932
25 de abril de 1957
Férias Remuneradas
1936
1939
22 de setembro de 1938
Proteção do Salário 1949
1952
25 de abril de 1957
Igualdade de Remuneração de
Homens e Mulheres Trabalhadores por
Trabalho de Igual Valor
1951
1953
25 de abril de 1957
Abolição do Trabalho Forçado
1957
1959
18 de junho de 1965
Política de Emprego 1965
1966
24 de março de 1969
Fixação de Salários Mínimos,
Especialmente nos Países em
Desenvolvimento
1970
1972
04 de maio de 1983
Fonte: OIT
21
O Brasil ratificou diversos tratados de cunho trabalhista no âmbito da Organização
Internacional do Trabalho, os tratados especificados na tabela acima são apenas
alguns, e principais, dos ratificados. Foram ratificados, ainda, aqueles específicos de
cada área, como agricultura, marítima e industrial. Tais tratados dispunham sobre
horas dignas de trabalho para todos; sobre a participação e direitos das mulheres;
aquilo que se tornou crime trabalhista, como o trabalho forçado; além de salários e
férias (OIT, 2014).
Os direitos trabalhistas foram conquistados pelos brasileiros e fortemente defendidos
com a realização de reivindicações e, consequentemente,a adoção de mais direitos
nesse cunho que quando comparados aos outros. Foram consolidados ainda em 1º
de maio de 1943, pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), criada e instituída
por Getúlio Vargas (TRT, 2013).A CLT foi criada como forma de responder as
reivindicações da classe trabalhadora brasileira. Além disso, acentuou os planos de
governo de Vargas, que procurava a manutenção do cargo atendendo as
solicitações da população, além de exaltar o nacionalismo (ANTUNES, 2006).
As novas leis trabalhistas melhoraram consideravelmente a vida dos trabalhadores
brasileiros, ao passo que ficou assegurado por lei diversos direitos que os
favoreciam. Os principais direitos atribuídos foram a criação do salário mínimo, a
estipulação da carda horária máxima de trabalho, férias remuneradas, além de
carteira de trabalho assinada e Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS)
(BRASIL, 1943). Apesar de melhorar as condições de trabalho e a vida dos
trabalhadores, durante o governo Vargas os direitos políticos e civis foram postos de
lado, ficando estagnados e com conquistas inexpressivas. O governo vigente
prezava, prioritariamente, os direitos sociais, atingindo a maior classe social que
compunha o país, o que lhe garantia apoio populacional durante seu governo
(ANTUNES, 2006).
Os Tratados ratificados pelo Brasil podem ser divididos em dois diferentes grupos,
os considerados de direitos civis e políticos, e os considerados de direitos sociais,
econômicos e culturais. Tem-se, assim, o primeiro Tratado relacionado aos Direitos
Humanos ratificado pelo Brasil foide cunho civil, sendo aConvenção para Prevenção
e Repressão do Crime de Genocídio. O Tratado foi assinado em 1948 e entrou em
22
vigor em 1951. Este foi feito no pós-Segunda Guerra Mundial quando ocorreram
diversas mortes, onde houve genocídio, sendo uma resposta ao conflito que
devastou o mundo e, principalmente, os indivíduos (ONU, 1948).
O Tratado define genocídio como o atentado, de diferentes formas, contra grupos,
sejam estes raciais, religiosos, étnicos, tentando destruí-los ou extingui-los. Assim, a
partir da assinatura da Convenção, toda forma de genocídio, sendo realizado em
qualquer tempo e com qualquer justificativa, será considerado como crime, podendo
ser punido aquele que o cometeu. Além disso, os Estados firmam a obrigação de
implantar medidas que previnam e protejam a população de tal crime e, ainda,
denunciar aos Tribunais competentes aqueles que o cometeram, para que possam
ser devidamente julgados e punidos (ONU, 1948).
Os Direitos Humanos como um todo e, particularmente, os direitos civis e políticos
ficaram prejudicados com a Era Vargas, mas, principalmente, a partir de 1964,
quando se instaurou o período de ditadura militar no país. O golpe de 1964,
promovido pelos militares, fez com que os movimentos e manifestações sociais
fossem abafadas. Além disso, os tratados Direitos Humanos eram constantemente
violados, ao passo que eram torturados e assassinados aqueles que se opunham ao
governo (MONDAINI, 2009).
No âmbito do grupo de direitos sociais, tem-sea ratificação da Convenção relativa ao
Emprego das Mulheres antes e depois do parto, também conhecida como Proteção
à Maternidade. Esta foi criada em 1919, na Liga das Nações, e ratificada pelo Brasil
em 1935. Os principais direitos assegurados por tal convenção foi a licença
maternidade, a amamentação e de retornar a função que ocupava antes de dar à luz
(LIGA DAS NAÇÕES, 1919).
Posteriormente, foi ratificada, no âmbito, também, dos direitos civis, a Convenção
Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial.Ela
foi assinada, no âmbito das Nações Unidas, em 1965 e ratificada pelo Brasil em
1969. Tal Tratado, em seu artigo I da parte I, define como descriminação racial
como:
23
(...) distinção, exclusão, restrição ou preferência fundadas na raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por fim ou efeito anular ou comprometer o reconhecimento, o gozo ou o exercício, em igualdade de condições, dos direitos humanos e das liberdades fundamentais nos domínios político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro domínio da vida pública (ONU, 1965).
Assim, ficou acordado na Convenção que qualquer discriminação descrita acima
será considerada crime e, ainda, passível de sanção, como, por exemplo, a privação
de liberdade.Além disso, os Estados adquirem a obrigação de implantar medidas,
seja na educação ou informação, de prevenção a tal crime, para que este não
ocorra. Os Estados têm, ainda, a obrigação de não favorecer, concordar ou se
abster diante de uma violação, tendo que denunciá-las e puni-las devidamente
(ONU, 1965).
Os direitos sociais, econômicos e culturaisforam deixados de lado durante todo o
período de ditadura militar no Brasil, assim como na Era Vargas, mas os políticos e
civis foram os mais prejudicados, sendo reprimidos pelo governo. Na década de
1980, o povo se mobilizou e foi a luta destes direitos, sendo a maior luta conhecida
como Diretas Já. Esse movimento procurava retomar os direitos civis (e, também,
políticos) e conquistar o direito de eleições diretas, colocando um real representante
popular no governo, o qual defenderiam seus direitos. Surgiram, ainda, movimentos
sociais em prol dos direitos econômicos. Esses movimentos buscavam empregos
dignos, o aumento do poder econômico das famílias, as baixas de preços, moradia,
dentre outros direitos(MONDAINI, 2009).
O último Tratado de Direitos Humanos ratificado pelo Brasil antes de 1988 foi a
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contras as
Mulheres assinada, também no âmbito das Nações Unidas, em 1979, entrando em
vigor em 1981 e ratificada pelo Brasil em 1984. O tratado define como discriminação
contra a mulher a exclusão ou qualquer distinção realizada por causa do sexo (ONU,
1979).
Dessa forma, a Convenção decreta que qualquer forma de discriminação contra a
mulher será considerada crime e, também, será passível de sanção. Ela tem como
principal objetivo a igualdade entre os sexos e a promoção dos direitos e respeito à
24
mulher. Os Estados têm como obrigação, como nos tratados citados anteriormente,
a promoção de políticas de prevenção à discriminação e a fiscalização desses
crimes (ONU, 1979).
Entende-se, ainda, por direitos sociais aqueles ratificados no âmbito da Organização
Internacional do Trabalho (OIT).O Brasil, antes da redemocratização de 1988,
ratificou, principalmente e em maior número, tratados relacionados aos direitos
trabalhistas (OIT, 2014).Pode-se concluir, assim, que o Brasil, no regime político
vigente, ou seja, um país não democrático, foi mais eficaz em ratificar tratados
trabalhistas que tratados de outras formas de direitos humanos. Percebe-se, ainda,
que não houve tratados ratificados focados em direitos econômicos ou culturais e
poucos focados em direitos políticos.
2.2. Tratados ratificados pós-1988
A redemocratização ocorrida em 1988 permitiu que, dentre outras coisas, o processo
de ratificação e implementação de tratados de Direitos Humanos se intensificasse.
Dessa forma, ratificou-se, não necessariamente, mais tratados, mas tratados mais
relevantes e necessários para a proteção de tais direitos. A ratificação desses
importantes tratados ajudou no processo de inserção do Brasil no cenário
internacional, juntamente com sua nova forma de governo (PIOVESAN, 1996).
Desde a promulgação da Constituição de 1988 o Estado brasileiro vem se empenhando na adoção de medidas em prol da incorporação de tratados internacionais voltados à proteção dos Direitos Humanos. O Brasil, neste ponto, já é signatário dos mais importantes tratados internacionais de Direitos Humanos, tanto na esfera da Organização das Nações Unidas (ONU), como na Organização dos Estados Americanos (OEA) (GOMES; MAZZUOLI, 2006, p.1).
Tabela 03 – Tratados ratificados no âmbito da OEA.
Tratados Data de criação Data de assinatura
Data de Ratificação pelo Brasil
Convenção americana sobre
1969
-
09 de julho de 1992
25
direitos humanos Convenção
interamericana para prevenir e punir a tortura
1985
24 de janeiro de
1986
09 de junho de 1989
Convenção interamericana
para a eliminação de todas as formas de discriminação contra pessoas
incapazes
1999
08 de junho de
1999
17 de julho de 2001
Convenção interamericana
contra toda forma de discriminação e
intolerância
2013
07 de junho de 2013
Ainda não ratificado
Fonte: Autoria própria com base nos dados da OEA
Após a redemocratização, o Brasil ratificou o principal tratado de proteção aos
Direitos Humanos na OEA, a Convenção americana sobre Direitos Humanos.
Apesar de o Estado já fazer parte da Organização e ser signatário de sua Carta, não
havia ratificado seu documento principal, que rege o Sistema Interamericano de
Direitos Humanos (GORENSTEIN, 2011).
A ratificação da Convenção fez com que o Brasil se inserisse de vez na proteção
dos Direitos Humanos no âmbito continental. Permitiu, ainda, que fossem ratificados
outros tratados, sendo internalizados pelo país mais rápidos, com uma distância
menor da data de sua criação para a data de assinatura e ratificação de fato. Isto
destaca a importância dos tratados e o aumento da preocupação do Brasil com a
proteção dos Direitos Humanos(GOMES; MAZZUOLI, 2006).
Já no âmbito da ONU, o Brasil assinou e ratificou, principalmente, os primeiros
tratados voltados para a proteção dos Direitos Humanos e os considerados mais
importantes, sendo estes o Pacto internacional dos direitos civis e políticos e o Pacto
internacional dos direitos econômicos, sociais e culturais, ambos do ano de 1966
(PIOVESAN, 1996).
26
Tabela 04 – Tratados ratificados no âmbito da ONU.
Tratados Data de criação Data de assinatura
Data de Ratificação pelo Brasil
Pacto internacional dos
direitos civis e políticos
1966
12 de dezembro de 1991
24 de janeiro de 1992
Pacto internacional dos
direitos econômicos,
sociais e culturais
1966
12 de dezembro de 1991
24 de janeiro 1992
Convenção sobre os direitos da
criança
1989
14 de setembro
de 1990
24 de setembro de
1990 Fonte: Autoria própria com base nas informações da PIOVESAN, 1998 e nos dados da ONU
A Constituição de 1988 facilitou que os tratados explicitados acima fossem
internalizados pelo país,o que permitiu, assim, a melhoria da imagem brasileira,
além de sua melhor inserção no cenário internacional, sendo que são considerados
por outros Estados como os mais importantes tratados de proteção aos Direitos
Humanos no sistema internacional (PIOVESAN, 1996).
2.3. A incorporação de Tratados de Direitos Humanos e a Emenda Constitucional nº 45
A redemocratização, como discutido anteriormente, permitiu que o Brasil se
inserisse de vez no sistema internacional, principalmente, no sistema internacional
de proteção aos direitos humanos (PIOVESAN, 2013). O artigo 4º5 da Constituição 5Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I – Independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da paz; VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X - concessão de asilo político (BRASIL, 1988, art. 4º).
27
ressalta as diferenças de tratamento das relações internacionais do país, além de
confirmar seu engajamento nas questões referentes aos direitos fundamentais no
cenário internacional, como, por exemplo, em seu inciso II, III e VIII, os quais
promulgam, sucessivamente, a prevalência dos Direitos Humanos, a
autodeterminação dos povos e o repúdio ao terrorismo e ao racismo (BRASIL,
1988).
É necessário analisar as repercussões domésticas da inserção do Brasil no Sistema
de Proteção dos Direitos Humanos, ou seja, é necessário analisar como os tratados
ratificados pelo país são internalizados no ordenamento jurídico brasileiro. A análise
faz com que reafirme o engajamento do Brasil no sistema de proteção dos Direitos
Humanos e o compreenda melhor. Há de se destacar que a promulgação pelo artigo
supracitado da prevalência dos direitos humanos na Constituição, ajudou que
diversos tratados fossem adotados pelo Brasil (PIOVESAN, 2013). Como forma de
tratar, especificamente, desses direitos, tem-se o artigo 5º da Constituição de 1988,
o qual dispõe que:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
§ 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte (BRASIL, 1988).
No artigo supracitado faz-se entender que os tratados de Direitos Humanos
possuem, dentro do ordenamento jurídico brasileiro, um tratamento e uma inserção
diferenciada dos demais tratados de outras temáticas. O parágrafo primeiro afirma
que tais tratados, após sua ratificação, possuem aplicação imediata, ou seja, ele já
estará vigente e terá reflexo no cenário nacional (SILVA, 2006). O parágrafo
segundo afirma que os tratados, depois de aplicados ao direito interno, possuem
caráter de norma constitucional, ou seja, são igualadas as normas nacionais,
independente de sua aprovação no Congresso nacional (GALINDO, 2002).
28
O artigo 5º deixa claro como se dá a incorporação de tratados de Direitos Humanos,
concedendo a eles o caráter diferenciado no ordenamento jurídico brasileiro.
Entretanto, há variados modos de interpretação entre estas normas e as normas de
outras temáticas. Essa diferença e a falta de consenso de interpretação fazem com
que haja conflitos quanto a aplicação das normas (GALINDO, 2002).Com o objetivo
de esclarecer os conflitos e facilitar a interpretação do artigo, foi adicionada à
Constituição, no ano de 2004, através de uma emenda constitucional, a Emenda
número 45/04, o parágrafo terceiro ao artigo 5º (RODRIGUES et al, 2009), que diz:
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais (BRASIL, 1998).
O parágrafo terceiro complementa e explica o parágrafo primeiro e segundo. Ele
afirma que, para que o tratado adquira caráter de norma constitucional, é necessária
a aprovação no Congresso Nacional. A aprovação é feita como a aprovação de
outros tratados de outras temáticas, sendo necessários três quartos do Congresso a
favor da norma, o que dará a norma caráter constitucional formal (SILVA, 2006).
O dispositivo constitucional contido no art. 5º, § 3º teve como propósito maior acentuar o relevo e o caráter especial atribuído aos tratados de direitos humanos, alçando-os ao status equivalente de emendas constitucionais e passando a integrar as disposições de direitos fundamentais, por essa razão o procedimento deve ser obrigatoriamente adotado sempre que pretenda-se proceder a internalização de um tratado de direitos humanos no ordenamento jurídico brasileiro, assinado após a entrada em vigor da EC 45/04 (EMERIQUE; GUERRA, 2008, p. 21).
Com a incorporação da Emenda Constitucional 45, os conflitos refrentes à
interpretação e aplicação dos tratados Direitos Humanos ratificados posteriormente
a Emenda foram sanados, mas permanecendo as dúvidas e discussões dos
ratificados antes desta mudança. Sendo assim, para os ratificados depois, ficou
definido que terão caráter constitucional quando aprovados formalmente no
Congresso. Defende-se, ainda, que estas já possuíam, materialmente, esse caráter,
tendo o artigo 5º e a Emenda apenas o tornado formal (ALLEMÃO, 2011).
Há, ainda, que se destacar que a incorporação de um novo tratado de Direitos
Humanos não revoga as cláusulas e direitos defendidos em tratados ratificados
29
anteriormente. Entretanto, está disposto na Constituição, que se as disposições de
um tratado forem conflituosas com a de outro, prevalecerá aquele que melhor
favoreça o indivíduo (EMERIQUE; GUERRA, 2008).
Existem, também, conflitos entre alguns tratados incorporados pelo direito brasileiro
e a Constituição Federal. Os tratados de direitos humanos, mesmo que estejam em
desacordo com a Constituição, não podem desautorizá-la, ou seja, não se pode
seguir as disposições dos Tratados ratificados sendo que elas confrontem a texto
constitucional. Sendo assim, decidiu-se que, nesses casos, os que foram ratificados
antes da Emenda 45, teriam um caráter de norma supralegal. Esse caráter é
decidido, assim como o constitucional, pelo Congresso Nacional. Fica definido,
assim, que os Tratados ratificados antes de 2004, quando aprovados pelo
Congresso, teriam caráter supralegal e aqueles aprovados depois deste ano teriam
caráter constitucional(EMERIQUE; GUERRA, 2008).
3. Operacionalização dos Tratados de Direitos Humanos
O Brasil, após sua redemocratização, ratificou os principais Tratados de Direitos
Humanos, como já foi citado. Além disso, o país também passa a participar, de fato,
dos sistemas regionais, no âmbito da OEA, e internacionais, no âmbito da ONU. No
âmbito da ONU, o Brasil participa do seu principal órgão de proteção e palco de
discussão desses Direitos, o Conselho de Direitos Humanos. No âmbito da OEA, o
país participa, também, do principal órgão, sendo ele a Comissão Interamericana,
além de aceitar a jurisdição da Corte Interamericana, importante órgão jurídico
contra as violações dos Direitos Humanos (PIOVESAN, 2013).
3.1. O Brasil e o sistema ONU
No ano de 2006, aComissão das Nações Unidas para os Direitos Humanos(CNUDH)
foi substituída pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (CDH),
sendo diretamente ligada à Assembleia Geral. O CDH passa a ser o principal ponto
30
de apoio à ONUquando referente aos direitos humanos, espaço que era
anteriormente ocupado pela Comissão,além fazer recomendações de pauta para
Assembleia Geral, decididas em suas reuniões periódicas(GODINHO, 2006).
O Brasil participa do CDH, assim como participava da CNUDH. Participa ativamente
e realiza discursos, promovidos pelo ministro das relações exteriores do governo
vigente, nas sessões do Conselho. Nesses discursos, o ministro fala, principalmente,
das ações promovidas pelo Estado para a proteção dos direitos humanos, além das
ações de promoção e fiscalização. Para que a pronúncia seja ainda mais
fundamentada, em todos os discursos são ressaltadas as dificuldades encontradas,
o que é necessário ainda ser feito e, ainda, quais são os próximos planos de ação
para a melhoria dos direitos humanos no país. O Brasil deixa de ser membro do
CDH no ano de 2011, passando a participar somente como país observador
(CONECTAS, 2011).
Há de se destacar que tanto as ações e propostas quanto os desafios encontrados,
exaltam o momento nacional e internacional vivido pelo Brasil no ano anterior ao
então discurso. Leva-se em conta, então, diversos contextos atuais, como, por
exemplo, de alguma doença que eclodiu no cenário internacional, do governo
vigente, além de programas implantados e em desenvolvimento no país, como o
terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos que entrou em vigor em 2008 e
continuou seu desenvolvimento nos anos subsequentes (CONECTAS, 2011).
Um país, ao aceitar fazer parte do Conselho, aceita, automaticamente, que os
encarregados do CDH realizem suas missões de visitas ao país, fiscalizando suas
ações e, ainda, investigando as denúncias junto ao Conselho de violações por ele
cometidas. Em muitas dessas visitas ao Brasil, encontrou-se diversas violações dos
direitos humanos. Pode-se citar como exemplo de ações práticas contra o país as
condições de trabalho de muitos em algumas regiões, consideradas como trabalho
escravo. Há, ainda, as prisões do país, as quais se encontram em situação
degradante e com enorme número de detentos, proporcionando-os péssimas
condições de vida, indo diretamente contra aos direitos que deveriam ser
assegurados (HRW, 2013).
31
Após o término das visitas, os missionários retornam com suas conclusões e as
passam para o Conselho. Sendo assim, o CDH analisa o que lhe foi entregue e
todas as violações cometidas pelos Estados. Analisa, também, os discursos e tudo
que foi debatido na sessão realizada naquele ano, para que, assim, divulgue um
relatório anual (ONU, 2014).
Os relatórios anuais da ONU contêm o que foi discutido na sessão, além do que
ficou acordado. Portanto, deixam claros os problemas que estão sendo enfrentados,
os pontos que precisam ser melhorados e as metas traçadas que necessitam ser
alcançadas. Eles contêm, ainda, as recomendações relativas a cada Estado,
destacando as áreas que precisam evoluir e em quais pontos a fiscalização e a
proteção dos direitos humanos precisam ser aprofundados. As recomendações
feitas aos países podem ser tanto no âmbito internacional como no nacional. No
âmbito internacional tem-se, por exemplo, a recomendação de ratificação de um
tratado específico de uma área ou de um considerado importante pela sociedade
internacional. No âmbito nacional tem-se a mudança de uma lei ou, ainda, a
implementação de uma lei que beneficie os indivíduos que estão sendo prejudicados
de alguma forma, dentre outras coisas. Ao Brasil, já foram feitas diversas
recomendações, de diferentes tipos, principalmente após as visitas, como, por
exemplo, a implantação de ações mais significativas na fiscalização nas condições
trabalhistas em interiores (ONU, 2014).
Há de se citar, ainda, que existem outros órgãos subsidiados à ONU que auxiliam na
proteção dos direitos humanos, além do já citado Conselho de Direitos Humanos. Há
a Assembleia Geral que, dentre suas outras funções, possui a função de discutir
assuntos referentes a tais direitos. Há o Conselho Econômico e Social, com a função
de coordenar as atividades sociais, como, por exemplo, os direitos do homem.
Existe, ainda, a Corte Internacional de Justiça, responsável por julgar e condenar os
casos de violações, cometidas pelos Estados, de tais direitos. O Brasil participa e
aceita a jurisdição de todos os órgãos supracitados (GODINHO, 2006).
32
3.2. O Brasil e o sistema da OEA
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), apesar de ser um órgão
autônomo da OEA, é a principal representação da proteção dos Direitos Humanos
no âmbito da Organização. Ela fiscaliza e recebe petições de violações sobre os
Direitos (OLIVEIRA, 2007).
(...) a Comissão está sempre observando a prática de avanços e retrocessos da proteção dos direitos humanos nos países americanos. Aponta para os muitos desafios pendentes, a saber: tortura, execução extrajudicial, detenções arbitrárias, deficiência ou insuficiência do Poder Judicial, situação inóspita nas penitenciárias, privações arbitrárias da liberdade de expressão, descaso na proteção do direito das mulheres, deficiente, migrantes, população indígena, crianças e outros grupos socialmente vulneráveis. Observa-se que tais problemas já estão arraigados em nossa história, (...) o que torna ainda mais importante a presença de um órgão de supervisão (OLIVEIRA, 2007, p. 59).
A Comissão promove reuniões periódicas, que são palco para discussões dos
acontecimentos atuais do território americano sob a ótica dos Direitos Humanos.
Dessa forma, discute-se assuntos comuns a Estados, assuntos que possam
ameaçar os direitos dos indivíduos e, ainda, metas e inovações para a sua garantia.
O Brasil participa ativamente de todas essas reuniões, acatando e incorporando
novas atitudes para que se possa atingir as novas metas. A Comissão promove,
ainda, um relatório anual, contendo recomendações aos Estados de como melhorar
a proteção de tais direitos (PIOVESAN; GOMES, 2000).
A Comissão, juntamente com a Corte, é responsável pelas denúncias, de analisá-las
e conceder pareceres aos Estados. Apesar de o Brasil realizar programas, aumentar
a fiscalização e diminuir a quantidade de violações de Direitos Humanos, este ainda
possui casos de violações, os quais foram denunciados à Comissão e à Corte
Interamericana de Direitos Humanos (CIDH, 2014). Tem-se alguns casos
denunciados à Comissão na tabela abaixo:
Tabela 05 – Casos contra o Brasil na Comissão
33
Nome do caso Data da petição Data da resolução Eldorado dos Carajás 31 de outubro de 1996 20 de fevereiro de 2003
Internos do Presídio Urso Branco
05 de março de 2002 21 de outubro de 2006
Alan Felipe da Silva e outros
08 de junho de 2005 23 de julho de 2007
Clínica Pediátrica da Região dos Lagos
10 de janeiro de 2000 16 de outubro de 2008
Povo indígena Xucuru 16 de outubro de 2002 29 de outubro de 2009
Povos Indígenas da Raposa Serra do Sol
29 de março de 2004 23 de outubro de 2010
Pedro Stábile Neto 29 de setembro de 2006 31 de outubro de 2011
Vladimir Herzog e outros 10 de julho de 2009 08 de novembro de 2012
M.V.M. e P.S.R. 30 de novembro de 2004 11 de julho de 2013
Fonte: Autoria própria com base nos dados da OEA
As denúncias já realizadas contra o Estado brasileiro, algumas citadas na tabela
acima, podem ser contra somente um indivíduo como, também, a um grupo de
indivíduos. Elas são, ainda, de diferentes tipos, são de assassinatos, de privação de
liberdade, perigos a população, dentre outras (CIDH, 2014). Flávia Piovesan (2013)
classifica os casos de violações cometidas pelo Brasil, denunciadas no âmbito da
Comissão, em oito grupos: detenção arbitrária, tortura e assassinato; violação dos
direitos dos indígenas; violência rural; violência policial; violação dos direitos das
crianças e adolescentes; violência contra a mulher; discriminação racial; e violência
contra defensores dos direitos humanos.
O caso de Eldorado dos Carajás, já supracitado, é um exemplo de violação
denunciada. Este foi denunciado junto a Comissão pelo MST e pelo Centro pela
Justiça e o Direito Internacional no ano de 2003, abrindo-o após o Estado alegar que
não teria como julgar o caso. Alegou-se que o Brasil, através da polícia, assassinou
e machucou diversos trabalhadores, o que, após analisado, ficou decidido que o
caso era admissível e o Estado culpado (CIDH, 2003). Outro exemplo de denúncia
foisobre uma delegacia em Niterói, no Rio de Janeiro, no ano de 2006. Ela foi feita
devido ao fato de estarem mantendo um número maior de detentos do que a
capacidade, além de estes estarem vivendo em situação degradante. A denúncia,
também, foi declarada como admissível e foram propostas medidas cautelares ao
34
Brasil (CIDH, 2007).O último caso relatado pela Comissão considerado admissível
foi no ano de 2013. Foi uma denúncia feita em 2004, sendo só analisada e
considerada admissível em 2013. Alegou-se que o Estado, através do seu Sistema
Judiciário, omitiu ajuda adequada a casos de violência contra a mulher, realizado por
um padre em Porto Alegre, Rio Grande do Sul (CIDH, 2013).
Há denúncias, também, na Corte Interamericana, a qual sua jurisdição foi aceita pelo
Brasil no ano de 1992 (PIOVESAN; GOMES, 2000).
Tabela 06 – Casos contra o Brasil na Corte
Nome do caso Data da petição Data da resolução Damião Ximenes Lopes 22 de novembro de 1999 1º de outubro de 2004
Gilson Nogueira de Carvalho
11 de dezembro de 1997 13 de janeiro de 2005
Arley José Escher e outros 26 de dezembro de 2000 20 de dezembro de 2007
Sétimo Garibaldi 06 de maio de 2003 24 de dezembro de 2007
Julia Gomes Lund e outros (Guerrilha do Araguaia)
07 de agosto de 1995 26 de março de 2009
Fonte: Autoria própria com base nos dados da OEA
Há casos julgados pela corte que são mais conhecidos, como a Guerrilha do
Araguaia, no qual o Estado brasileiro, através de seu exército, prendeu
arbitrariamente e torturou diversas pessoas relacionadas ao Partido Comunista. Tal
fato aconteceu durante a ditadura militar e foi julgado pela Corte no ano de 2009,
decidindo que o Estado repare os todos os tipos danos causados, indenizando as
vítimas (OEA, 2014).
Os casos enviados à Comissão e os submetidos à Corte se assemelham por serem
contra um só indivíduo e contra grupos de indivíduos, além de serem de diversos
tipos de violação. Nota-se que no âmbito da Corte, o país possui menos casos que
aqueles considerados admissíveis pela Comissão. Faz-se entender, assim, que nem
todos os casos denunciados à Comissão são submetidos à Corte. Estes só são
submetidos após a análise da Comissão e quando esta decreta que o caso
necessita do julgamento e interpretação da Corte (OLIVEIRA, 2007).
35
Além das resoluções realizadas diretamente pela Comissão e pela Corte, há, ainda,
a solução amistosa, a qual é a conversa entre os Estados denunciados e as vítimas
de violações. A Comissão participa das reuniões e conversas promovidas entre os
dois participantes e possui o papel de mediadora. Esse tipo de solução pode ser
vantajosa para ambas as partes, ao passo que a vítima pode conseguir sua
reparação e, ainda, a garantia que, possivelmente, o mesmo problema não
acontecerá novamente. É vantajoso, também, para o Estado que não passa pelo
processo da Comissão ou da Corte, as quais podem emitir pareceres piores que os
acordados diretamente com a vítima. Após as partes chegarem a um acordo, cabe a
Comissão analisar se foi realmente acordado pelos dois lados, dando o caso por
encerrado, mas, se não houver acordo, o caso segue a tramitação normal no âmbito
da Comissão ou no âmbito da Corte (CIDH, 2012).
O Brasil já resolveu por solução amistosa alguns casos denunciados, como, por
exemplo, o caso José Pereira, chegando a um acordo no ano de 2003. O país foi
denunciado em 1994 por permitir e não fiscalizar a situação de trabalho considerado
escravo em uma fazenda, trabalhadores foram forçados a trabalhar, sem salário e
sem permissão de sair da fazenda. Em 1989, um adolescente, ao tentar fugir da
fazendo morreu, o que culminou na denúncia em proteção aos demais
trabalhadores. As partes chegaram a um acordo com o Brasil assumindo sua
responsabilidade, reparando as vítimas, punindo os violadores e indenizando a
família do adolescente morto (CIDH, 2003).
36
Conclusão
Anteriormente a criação da Liga das Nações, em 1919, o Brasil, assim como a
maioria dos Estados, não se encontrava inserido no cenário internacional no âmbito
do direito. Com a criação da Liga, o país se volta mais para o assunto de proteção
da paz, segurança internacional e Direitos Humanos, se tornando membro da
organização. Entretanto, não há extremas mudanças com seu engajamento com tais
direitos, não havendo mudanças em suas ações, tanto em âmbito interno quanto
externo (PIOVESAN, 2013).
A Liga das Nações, mesmo que não tenha alcançado seus objetivos, proporcionou a
criação de outras organizações que, de alguma forma, defendiam os Direitos
Humanos, como a OIT (COMPARATO, 2010). Os Tratados realizados no âmbito
desta Organização foram os principais tratados ratificados pelo Brasil antes de sua
redemocratização. Os direitos trabalhistas e a consequente ratificação de tratados
deste cunho ganharam força em território nacional com a criação da CLT, as quais
promovem novos direitos assegurados e, ainda, a garantia de sua proteção,
principalmente, com o surgimento de sindicatos (ANTUNES, 2006).
Após a Segunda Guerra Mundial, como consequência do enorme número de mortes
e violações dos direitos fundamentais, o assunto Direitos Humanos se tornou
fundamental no cenário internacional. Com isso, foram criados tribunais e
organizações voltadas para a discussão e proteção desses direitos, tendo como
principal organização a ONU. A concretização da proteção de tais direitos se deu em
1948 com a criação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, além de órgãos
especializados (PIOVESAN, 2013). Tem-se, ainda, a realização de conferências
com o objetivo de rediscutir tais direitos e implantar novos, além de novos
mecanismos de proteção, dentre estas está a principal, a Declaração de Viena
(TRINDADE, 1998).O Brasil se torna membro da ONU desde sua criação,
participando de seus órgãos e das discussões nas conferências internacionais
(PIOVESAN, 2013).
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O Brasil faz parte, também, do sistema regional de proteção, o Sistema
Interamericano. É membro da OEA, além de ser signatário da Declaração de
Direitos e Deveres do Homem, da Carta da OEA e da Convenção Americana sobre
Direitos Humanos. Com isso, o país também é membro de seus principais órgãos,
como a Comissão e a Corte Interamericana (GORENSTEIN, 2011). Ao se tornar
membro tanto deste sistema quanto do sistema ONU, o país mostra seu maior
engajamento com a proteção dos direitos dos indivíduos, entretanto, este ainda não
havia ratificado os considerados principais tratados e não havia realizado ações
internas de proteção e contra as violações (MONDAINI, 2009).
O Brasil somente ratifica os principais tratados e realiza ações para a proteção dos
Direitos Humanos a partir de 1988 e da sua redemocratização. Um facilitador a
ratificação dos tratados, foi explicitação dos mecanismos de internalização, além do
modo como seriam tratados internamente. O caráter de norma constitucional dado a
tais tratados, relevam a importância dada a proteção destes direitos e sua aplicação
imediata facilita e torna mais rápida a implantação de novos tratados e normas
(GALINDO, 2002).
A implantação da nova forma de governo, permitiu que o país fosse capaz e se
mostrasse comprometido com os direitos, deixando-o com uma melhor reputação no
cenário internacional. Essa reputação permitiu que o Brasil se inserisse em
negociações, além de se tornar um país viável para investimentos, dentre outras
coisas. A redemocratização permitiu, também, que os brasileiros pudessem reclamar
seus direitos, tanto em órgãos nacionais quanto em órgãos internacionais, como a
Corte Interamericana (PIOVESAN, 1996).Entretanto, o sistema de proteção e a
fiscalização de possíveis violações no país são falhas. Sendo assim, mesmo com
ratificação de tratados, maior engajamento e aumento de ações voltadas aos
Direitos Humanos, estes ainda eram violados em diversas área e em diferentes
regiões. Dessa forma, o país já foi denunciado diversas vezes à Comissão e à Corte
Interamericana, recebendo recomendações e sanções. O país acata as
recomendações, mas estas não são suficientes para garantir a total proteção dos
direitos fundamentais e não são capazes de extinguir as violações (PIOVESAN;
GOMES, 2000).
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Pode-se concluir, então, que o Brasil nos dias de hoje é engajado quando o assunto
é Direitos Humanos, promovendo programas, ações, ratificando tratados e
participando de organizações e órgãos desse cunho. Entretanto, esse engajamento
se dá somente a partir de 1988, no qual o país busca uma nova imagem no cenário
internacional, além de buscar um novo tipo de governo no âmbito interno. Pode-se
entender que a redemocratização proporcionou-lhe uma amplitude de ações e
relacionamentos no sistema internacional, mas, principalmente, permitiu que os
Direitos Humanos fossem assegurados em território nacional, sendo possível
participar ativamente em organizações, além de aceitar a jurisdição de órgãos
competentes em julgar casos de violações.
Os Direitos Humanos tornaram-se uma das principais agendas dos Estados e a
participação para a sua proteção proporciona novas oportunidades de
relacionamento, além de serem bem vistos no cenário internacional. Com o Brasil
não foi diferente, antes de 1988, ou seja, antes de se voltar para tais direitos, o país
não possuía uma boa reputação, não sendo cogitado a investimentos e melhores
parcerias, tanto no âmbito político como no âmbito econômico. Após 1988, o Brasil
conquistou novas parcerias, além de aumentar o número de ratificações de tratados
e priorizar ações para a proteção dos Direitos Humanos, exaltando a importância de
sua população e a proteção de seus direitos.
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