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SUMÁRIO...oportunidade de ser voluntário no CPSUA-CSNU, e diretor assistente no Comitê Olímpico Internacional e na Assembleia Geral das Nações Unidas. Este ano estou tendo o

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SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO DA MESA DIRETORA ............................................................ 2

2. APRESENTAÇÃO DO TEMA ................................................................................. 4

2.1 O Tráfico de Drogas por uma perspectiva global ......................................... 5

2.2 África Ocidental e a emergência de uma nova rota do tráfico ..................... 8

2.3 Impactos socioeconômicos .......................................................................... 11

3. APRESENTAÇÃO DO COMITÊ ........................................................................... 13

4. POSICIONAMENTO DOS PRINCIPAIS ATORES ............................................... 16

4.1 Colômbia ......................................................................................................... 16

4.2 Guiné Bissau .................................................................................................. 17

4.3 Espanha .......................................................................................................... 17

4.4 Estados Unidos .............................................................................................. 18

4.5 Brasil ............................................................................................................... 18

5. QUESTÕES RELEVANTES PARA DISCUSSÃO ................................................ 19

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 20

TABELA DE REPRESENTAÇÕES .......................................................................... 21

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1. APRESENTAÇÃO DA MESA DIRETORA

Diretor- Hernane Carvalho

Bem-vindos senhores delegados e senhoras delegadas ao MINIONU 20 anos!

Meu nome é Hernane Carvalho, tenho 20 anos e quando nos encontrarmos no mês

de outubro estarei cursando o oitavo período do curso de Relações Internacionais na

PUC Minas. Durante o ensino médio não tive a chance de participar como delegado,

porém já no primeiro ano de faculdade comecei a integrar o MINIONU e então tive a

oportunidade de ser voluntário no CPSUA-CSNU, e diretor assistente no Comitê

Olímpico Internacional e na Assembleia Geral das Nações Unidas.

Este ano estou tendo o enorme privilégio de assumir o cargo de Diretor de

comitê e espero, de verdade, que seja tão impactante para vocês quanto está sendo

para mim. Quanto à temática do nosso comitê, nosso foco será a dinâmica do tráfico

internacional de drogas com atenção especial na situação da África Ocidental como

hub do tráfico de cocaína. Aguardo vocês em outubro e bons estudos!

Diretora Assistente - Júlia Nepomuceno

Olá senhores delegados e senhoras delegadas, sejam bem-vindos! Meu

nome é Júlia Nepomuceno, tenho 19 anos e, em outubro, estarei cursando o quarto

período do curso de Relações Internacionais na PUC Minas. Eu não tive a

oportunidade de participar do MINIONU como delegada durante o ensino médio,

mas, ainda no primeiro ano de graduação, eu tive a chance de atuar como voluntária

no projeto. Posso afirmar com total certeza que essa experiência foi uma das mais

gratificantes da minha vida tanto acadêmica quanto pessoal.

Felizmente, eu tenho a chance de participar mais uma vez do MINIONU,

dessa vez, como diretora assistente do comitê sobre o tráfico internacional de

drogas, com enfoque especial na África Ocidental. Desejo que o evento os

enriqueça, assim como o fez a mim, e espero que os senhores e senhoras

aproveitem ao máximo toda a experiência envolvida na dinâmica do projeto. Bons

estudos e até outubro!

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Diretor Assistente - Lucas Oliveira

Olá delegados e delegadas! Eu me chamo Lucas Henrique de Oliveira, tenho

20 anos, e é com um imenso prazer que me apresento como Diretor Assistente do

UNODC 2019. Em outubro estarei cursando o quinto período de Relações

Internacionais, e desde o meu primeiro ano de faculdade faço parte do MINIONU.

Minha trajetória no projeto começou em 2017, quando fui voluntário do Conselho do

Ártico 2018. Em seguida, em 2018, fui diretor assistente da Organização Marítima

Internacional 2018. Ambas as experiências foram incríveis e colaboraram muito para

meu amadurecimento pessoal e profissional.

Por estar em processo de intercâmbio durante o primeiro semestre de 2019,

não pude me candidatar ao cargo de diretor de comitê, ainda assim, tive a grande

felicidade integrar a equipe do UNODC 2019. Trataremos um assunto de muita

importância para o sistema internacional e nós, diretores, preparamos com muito

zelo todo o material de estudos. O MINIONU é uma experiência incrível em todos os

aspectos para todos que participam. Espero que vocês apreciem essa oportunidade

da melhor forma possível! Bons estudos e até outubro!

Diretora Assistente - Mariana Veloso

Olá, senhorxs delegadxs! Meu nome é Mariana Ingred, atualmente tenho 20

anos e estarei cursando o quinto período de Relações Internacionais na PUC Minas

no período da manhã, em outubro.

Neste ano faço parte do comitê UNODC 2019 sobre o tráfico internacional de

drogas na África Ocidental como Diretora Assistente. Anteriormente fui voluntária no

CPSUA-CSNU 2018, cuja temática foi a violação de direitos humanos na República

Centro-Africana, na qual foi uma experiência de muita aprendizagem. Como vocês

podem observar meu interesse nas questões que envolvem a África é nítido e será

um enorme prazer em participar pela segunda vez do MINIONU. Minhas

expectativas estão altas e juntos construiremos um ambiente de debate

enriquecedor a todos.

Espero que aproveitem ao máximo as oportunidades que o projeto

proporciona a vocês e anseio que estejam tão ansiosos quanto eu em fazer parte

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desse comitê. Será um prazer ajudá-los em quaisquer dúvidas que vierem a ter.

Sejam muito bem-vindos ao MINIONU 20 anos, um abraço e até breve!

2. APRESENTAÇÃO DO TEMA

A África Ocidental1 se encontra sob ameaça do tráfico internacional de

drogas. Redes latino-americanas do crime organizado estão utilizando a região do

continente africano como hub, isto é, área de trânsito para a distribuição, venda e

consumo de drogas ilícitas, sendo que onze dos dezesseis países do oeste africano

já possuem bases estabelecidas pelos traficantes latinos (BROWN, 2013).

O fenômeno do tráfico de drogas não é novo nesta região, uma vez que

desde o século XX o oeste africano se configura como área de tráfico de drogas. A

cannabis, por exemplo, já era traficada na região ainda em meados dos anos 1920,

e continua sendo até os dias atuais. Nos anos 1960 o fluxo se intensificou ainda

mais, quando grandes quantidades de cannabis estavam sendo transportadas da

Nigéria para a Europa, da mesma forma que outras drogas ilícitas também estavam

sendo, paulatinamente, traficadas na região (BROWN, 2013).

Entretanto, foi apenas a partir do ano de 2004 que grandes quantidades de

cocaína foram detectadas na África Ocidental, sendo que já em 2008 essa droga

ilícita disputava, juntamente com o petróleo desviado2, a posição de commoditiy3

mais valiosa traficada no oeste africano. Estimativas apontam que em 2010,

quantidades entre 46 e 300 toneladas foram traficadas no oeste africano, sendo que

na década anterior, montantes anuais apreendidos sequer ultrapassavam uma

tonelada (BROWN, 2013).

A transformação da África Ocidental em um hub do tráfico internacional de

drogas possui explicações variadas, mas que se entrelaçam. Primeiro, é saliente

dizer que na última década o consumo de cocaína nos Estados Unidos diminuiu

drasticamente, parte devido à própria política antinarcóticos estadunidense, que

aumentou o patrulhamento das fronteiras e o monitoramento da região do Caribe

com vistas a impedir que drogas fossem traficadas da América Latina. Além disso, o

1 A região da África Ocidental também será chamada de Oeste africano ao longo do documento.

2 Por petróleo desviado faz-se entender as reservas de petróleo que não são exploradas por

empresas estatais e/ou privadas. 3 O termo commodity é entendido, aqui, como matéria-prima ou produto-base para fabricação de

derivados.

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mercado também se encontrava saturado, uma vez que o consumo de cocaína no

país havia se estabilizado (BROWN, 2013).

Frente a este cenário, os cartéis latino-americanos perceberam que, com a

redução do consumo de cocaína nos Estados Unidos, seria necessário alterar a

visão para o lucrativo e crescente mercado europeu. De acordo com o UNODC,

cerca de um quarto do consumo total de cocaína na Europa anual provém do tráfico

que perpassa a rota transatlântica entre América Latina e África Ocidental (UNODC,

2018).

Com isso, é possível dizer que os cartéis latino-americanos perceberam que a

crescente demanda pela cocaína nos mercados europeus seria uma oportunidade

de negócios mais lucrativa que aquela proporcionada pelo estagnado consumo

estadunidense. Além disso, os cartéis também perceberam que, com o intuito de

fortalecer as rotas de tráfico da América Latina em direção à Europa, uma das

melhores maneiras seria pela utilização da costa do oeste africano como hub.

Assim, onde antes o tráfico transnacional normalmente era tido como tráfico

de cannabis e de armas por décadas, se alterou para o tráfico de cocaína. Também

houve alteração no padrão da escala do tráfico, que antes tinha efeitos apenas no

nível nacional, mas que nos últimos anos passou a ter relevância também no nível

internacional. Além disso, o desenvolvimento desta nova rede representou uma

mudança no centro de gravidade do mercado global de cocaína dos Estados Unidos

para a Europa (BROWN, 2013).

2.1 O tráfico de drogas por uma perspectiva global

O tráfico internacional de drogas é uma dinâmica que teve início, em alta

escala, em meados dos anos 1970, atingindo um boom na década de 1980. Este

boom, por sua vez, está relacionado com a crise econômica mundial da época, na

qual o preço de certas matérias-primas como açúcar, café, algodão e trigo

despencaram, fazendo com que se gerasse um impulso ao comércio de outras

mercadorias como forma alternativa à economia então em crise. A mercadoria, no

caso, é a droga e o narcotráfico é, atualmente, um dos negócios mais lucrativos do

mundo (COGGIOLA, 2015).

De acordo com a UNODC (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e

Crime), o tráfico de drogas corresponde à atividade comercial ilegal que envolve os

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processos do cultivo de substância ilícita, bem como sua manufatura, distribuição e

venda - todos estes proibidos pela lei. Há uma ampla gama acerca do que pode ser

considerado como droga, seja lícita ou ilícita, entretanto as que são mais comumente

traficadas são a cannabis, a cocaína e a heroína (UNODC, 2018).

As grandes organizações do tráfico de drogas, geralmente poderosas e bem

financiadas, são chamadas de cartéis. Os maiores cartéis produtores e exportadores

de cocaína estão localizados na América Latina, com especial atenção à Colômbia,

Peru e Bolívia, que correspondem aos três principais países latinos envolvidos no

tráfico transnacional de drogas (UNODC, 2018).

Os Estados Unidos tem sido, por décadas, e ainda se mantém atualmente

como o país com maior consumo de cocaína no mundo. Entretanto, tem-se

observado nos últimos anos uma redução dos níveis de consumo da substância

pelos estadunidenses, o que representou uma queda de cerca de 40% do consumo

quando comparado o período entre 1999 e 2009. Por outro lado, o consumo de

cocaína nos países europeus tem crescido exponencialmente no mesmo período,

além do fato de que os europeus pagam, em média, mais que o dobro pela mesma

quantidade de substância ilícita que os estadunidenses compram (BAGLEY, 2013).

No mapa abaixo, é possível identificar os principais fluxos do tráfico

internacional de drogas, com destaque específico ao tráfico de cocaína, um dos

negócios mais rentáveis. É possível perceber, também, que as grandes rotas do

narcotráfico possuem a origem em comum na região dos países latino-americanos,

sobretudo Bolívia, Colômbia e Peru.

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Além disso, é possível perceber que existem dois destinos principais para

onde a atividade do tráfico de cocaína é voltada: América do Norte4 e Europa. Para

se alcançar estes dois mercados, que são os maiores, as rotas mais convencionais

partem dos países latino-americanos da América do Sul e são traçadas pela região

do caribe, de onde parte é traficada para os Estados Unidos e outra parte para os

países europeus, sobretudo Portugal e Espanha - que além de serem os mais

próximos geograficamente da América, também têm proximidade cultural e

linguística, o que facilita o tráfico.

Por outro lado, também é possível perceber rotas alternativas pelas quais os

traficantes têm utilizado com maior frequência nos últimos anos. Nesse sentido, a

rota que parte da América do Sul em direção ao oeste africano é um caminho não

tradicional, por onde os narcotraficantes observaram que seria uma maneira

4 A cocaína que é traficada para a América do Norte normalmente tem o México como destino

primeiro (por proximidade geográfica e cultural), e de lá é traficada novamente para os mercados estadunidenses e canadenses.

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eficiente de adentrar os mercados europeus, evitando apreensões por parte das

agências e polícias internacionais nas rotas tradicionais5.

2.2 África Ocidental e a emergência de uma nova rota do tráfico

A razão central que explica a condição do oeste africano como hub do tráfico

internacional de drogas é calcada na estagnação do consumo de cocaína nos

Estados Unidos e, em contrapartida, o aumento significativo do uso de narcóticos na

Europa. Porém, há outros fatores que influenciam nessa dinâmica, conforme será

explicado nesta seção.

A África Ocidental é o nome pelo qual se conhece a região da África que

compreende os seguintes países: Benin, Burkina Faso, Cabo Verde, Costa do

Marfim, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné-Bissau, Libéria, Mali, Níger, Nigéria, Serra

Leoa, Senegal e Togo (CEDEAO, 2016). Nos últimos anos, essa parte do continente

africano atraiu a atenção da comunidade internacional6 para a questão do tráfico de

drogas. De meados de 2004 até os dias atuais, essa região do continente africano

se tornou uma importante área de trânsito entre os países produtores de substâncias

ilícitas, a se destacar a cocaína exportada pela Colômbia, Peru e Bolívia, e os países

consumidores da droga, sobretudo a Europa (UNODC, 2018). O mapa seguinte

representa a região em questão.

5 As rotas mais tradicionais utilizadas pelos cartéis latino-americanos para o tráfico de drogas em

direção à Europa normalmente é pelo Caribe, de onde as drogas chegam dos países produtores e de onde partem em direção ao continente europeu. As rotas não tradicionais, por sua vez, são aquelas menos utilizadas, como a rota pela África Ocidental. 6 O termo comunidade internacional pode ser entendido como o conjunto de países que compartilham

um mesmo vínculo subjetivo, gerando agregação entre tais países.

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Mapa político da África Ocidental

Fonte: Deposit Photos

De acordo com dados apresentados pelo Escritório das Nações Unidas sobre

Droga e Crime, é estimado que cerca de 20 à 40 toneladas de cocaína transitam

todos os anos pelo oeste africano em direção aos mercados europeus. Além disso,

devido ao alto valor de mercado (no qual 20 toneladas de cocaína podem equivaler à

um bilhão de dólares americanos), o lucro provindo do tráfico pode ser maior que o

próprio produto interno bruto (PIB) de muitos países da África Ocidental (UNODC,

2018). Em comparação com períodos anteriores, é constatado que apenas um

montante de 0.6 toneladas de cocaína transitaram anualmente pela África Ocidental

no período de 1998 e 2003 (MADEIRA; LAURENT; ROQUE, 2011).

É sabido que o tráfico de drogas da América Latina em direção à Europa é

uma dinâmica que existe há décadas, mas o que tem causado grande atenção é a

decisão dos cartéis e da rede do crime organizado de optarem, em grande medida,

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por desenvolver networks7 na África Ocidental, com foco principal dado aos Estados

da Guiné Bissau, ao norte, e em Gana, ao sul da região, conforme expõe o trecho

abaixo:

Os países mais afetados pelo tráfico de cocaína são Cabo Verde, Guiné, Mali, Guiné Bissau, Benin, Togo, Gambia e Nigéria. Segundo agências europeias, o tráfico de cocaína no oeste africano é focado em dois hubs. A rota do sul foca em Gana como ponto de entrada, de onde a droga é levada para o Togo, Benin e Nigéria. A rota do norte tem a Guiné Bissau como ponto de entrada e, eventualmente, Serra Leoa e Mauritânia, de onde a cocaína é, então, distribuída via aérea para o Senegal, Guiné e Gâmbia (MADEIRA; LAURENT; ROQUE, 2011, p.17, tradução nossa).

8

O mapa abaixo demonstra as principais rotas internas que se desenvolveram

no oeste africano, em consonância com a citação acima:

Tráfico de cocaína no oeste africano

Fonte: Stable Seas

7 “Redes” em tradução literal do inglês.

8 The countries most affected by cocaine trafficking are Cape Verde, Guinea, Mali, Guinea Bissau,

Benin, Togo, Gambia and Nigeria. According to European agencies, cocaine trafficking in West Africa is focused on two hubs. The southern route in Ghana as the entry point, from where it is taken to Togo, Benin and Nigeria. The northern route has a Guinea-Bissau as the entry point and eventually Sierra Leone and Mauritania, where cocaine is then distributed by air to Senegal, Guinea and Gambia.

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O oeste africano é marcado por altos níveis de pobreza, baixos índices de

desenvolvimento humano9 e por altas taxas de corrupção. Além disso, os Estados

da região possuem, em sua maioria, fraca governança10 e enfrentam grandes

instabilidades políticas - como golpes de Estado e insurgências - e econômicas. Este

cenário, combinado com outros fatores como a característica geográfica da região11,

facilitam o tráfico em direção à Europa pela proximidade entre o continente europeu

e africano. Além disso, estas constituem as condições férteis e ideais para que os

Estados da região do oeste africano sejam utilizados como hub da rota transatlântica

de drogas pelos grandes cartéis latinos em direção à Europa (MADEIRA; LAURENT;

ROQUE, 2011).

2.3 Impactos socioeconômicos

A África Ocidental já é afetada enormemente pela pobreza e pandemias e

com o aumento do tráfico de drogas pela região, o dinheiro fruto do lucro dessa

atividade ilegal está contribuindo para o comprometimento das economias dos

países ali localizados, uma vez que o tráfico fomenta a criação de uma economia

paralela e, com isso, contribui para o enfraquecimento do produto interno bruto (PIB)

dos países. Além disso, é de fundamental importância compreender que o tráfico de

drogas possui grande impacto na sociedade africana, tanto pelo aumento dos níveis

de corrupção nos mais variados âmbitos sociais, quanto pela contribuição da

disseminação de doenças e condições de dependência química, já que tem sido

constatado um crescente número de usuários locais (JOHANSSEN, 2008).

Por meio de ameaças e subornos, os traficantes são capazes de infiltrar nas

estruturas dos Estados e operarem com certa impunidade. Considerando a situação

dos países do oeste africano, onde há relativo baixo poder judiciário e leis não tão

eficientes12, essa infiltração se torna ainda mais possível, contribuindo para

9 O Índice de Desenvolvimento Humano referente aos países do oeste africano pode ser consultado

no site oficial do PNUD: http://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/idh0/rankings/idh-global.html 10

Por fraca governança, faz se entender a baixa eficiência das leis do Estado, pouco controle sobre

porções do território e sobre fronteiras e corrupção. 11

Estes fatores geográficos se referem à proximidade, em distância, da região do oeste africano com

o litoral sul-americano. Assim, menos recursos são empregados pelos cartéis para poder traficar drogas em direção à Europa. 12

Por leis não eficientes entende-se a situação de baixa aplicabilidade e fiscalização das mesmas,

isto é, baixo poder coercitivo.

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estabelecimento da nova rota do tráfico internacional de drogas na região

(JOHANSSEN, 2008).

Seguindo este sentido, faz-se também pertinente o entendimento acerca da

fragilidade dos Estados que compõem a região do oeste africano. O tráfico de

drogas constitui como uma ameaça ao desenvolvimento econômico e estabilidade

política de, praticamente, todo Estado que esteja envolvido nesta dinâmica, porém o

aumento do tráfico de drogas no oeste africano detém um potencial de

desestabilização maior, pois envolve Estados que já possuem instituições

domésticas fracas e/ou ineficientes, em conjunto com os elevados níveis de

corrupção.

Diferentemente de Estados fortes, Estados que são considerados frágeis ou

falidos não possuem capacidade de controle total de suas fronteiras, bem como

podem não ter soberania sobre determinadas regiões do próprio território. Desta

forma, Estados frágeis são caracterizados por não conseguirem promover bens

públicos, como segurança, ordem pública, saúde pública e oportunidades

econômicas (ROTBERG, 2002).

Além disso, a fragilidade estatal pode fomentar o crescimento da violência e,

fazer com que o tráfico de armamentos e de drogas se torne cada vez mais comum,

uma vez que as fronteiras tem alta porosidade. Neste contexto, entende-se por

porosidade a característica de fronteiras que são pouco patrulhadas e/ou mal

monitoradas e, devido à isso, favorecem o trânsito de mercadorias ilegais como

drogas, como é possível observar:

O fenômeno dos Estados falidos refere-se a uma situação em que o governo central tem pouca capacidade de controlar a ordem pública em seu território, não consegue controlar consistentemente suas fronteiras, não consegue manter com segurança instituições ou serviços públicos e é vulnerável a desafios internos extraconstitucionais

13 (NEWMAN, 2011).

Por meio da utilização de “mulas”, que transportam a droga provinda da

América Latina para países europeus, o crescente tráfico de drogas no oeste

africano implica em profundos impactos no âmbito da sociedade local. Tendo em

13

The phenomenon of weak states refers here to a situation where central government has a poor capacity to control public order within its territory, is unable to consistently control its borders, cannot reliably maintain public institutions or services, and is vulnerable to extra-constitutional domestic challenges

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vista que os cartéis pagam a estas “mulas” pelo serviço muitas vezes utilizando a

própria droga como moeda de troca, tem-se observado como consequência imediata

a formação de um mercado consumidor nos países africanos envolvidos na rota do

tráfico. Entretanto, é importante dizer que o esquema do tráfico baseado na

utilização de “mulas” é apenas uma pequena parte de todo uma estrutura de negócio

que permite também o tráfico em grandes quantidades, seja via aérea ou marítima

(MADEIRA; LAURENT; ROQUE, 2011).

3. APRESENTAÇÃO DO COMITÊ

O UNODC, sigla em inglês para “Escritório das Nações Unidas sobre Drogas

e Crime” é uma organização parte do sistema ONU, criado em 1997 através da

fusão entre o Programa das Nações Unidas para Controle de Drogas e o Centro de

Prevenção ao Crime Internacional. Sediado em Viena, na Áustria, o UNODC possui

mais de 50 escritórios físicos pelo mundo, cobrindo mais de 150 países, sendo que

cerca de 90% de todo o seu orçamento provém de financiamentos e doações dos

próprios países-membros (UNODC, 2018).

Uma vez que o tráfico de drogas ilícitas, crime, corrupção e terrorismo são

uma ameaça ao desenvolvimento, justiça e à segurança dos países, o UNODC

oferece aos governos diferentes tipos de assistência prática para mitigar esses

desafios aos quais os países, atuando por si sós, teriam mais dificuldade. Assim, a

estratégia que o UNODC adota é de caráter integrado e possui cinco linhas de

serviços claras e objetivas com foco no combate ao crime organizado e ao tráfico, na

criação de sistemas de justiça criminal, na prevenção do uso de drogas ilícitas e, por

fim, a adoção de um viés que leva em consideração a saúde pública, a se zelar pela

disseminação da AIDS entre os usuários de drogas (UNODC, 2018).

A estratégia adotada pelo UNODC no combate ao crime, drogas e terrorismo

leva em consideração, como dito anteriormente, cinco diferentes áreas de atuação,

mas que são interligadas entre si, sendo elas: crime organizado e tráfico; corrupção;

prevenção de crimes e reforma da justiça criminal; prevenção de drogas e saúde

pública e, por fim, prevenção de atividades terroristas (UNODC, 2018).

Frente a essas cinco áreas de atuação, o Escritório possui o papel central de

auxiliar os países no combate aos três nichos principais já apresentados, sendo

crime, drogas e terrorismo. Para se atingir esse objetivo, o UNODC coleta e analisa

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dados das áreas temáticas, considerando-se tanto a esfera nacional quanto

internacional, no sentido a identificar as ameaças e mapear onde as intervenções

podem ser feitas para se obter maiores impactos (UNODC, 2018).

Assim, o UNODC atua através de programas integrados que servem de

modelos de ação e expertise com o intuito de promover um quadro estratégico de

assistência aos governos de seus países-membros. Além disso, os programas de

assistência determinam as necessidades urgentes no nível nacional e regional, o

que facilita o engajamento dos governos para com as atividades do Escritório. Desta

forma, por meio do estabelecimento de objetivos claros e de programa de ação

integrados, o UNODC consegue avaliar o impacto e eficácia da assistência oferecida

aos países-membros, podendo ainda medir o progresso feito e, assim, sendo

possível maximizar o impacto do trabalho (UNODC, 2018).

Em relação à assistência oferecida pelo UNODC aos seus países-membros,

são também estabelecidas cinco categorias. A primeira diz respeito à pesquisa e

análise de ameaças, ou seja, para que se estabeleçam as políticas de combate ao

crime e drogas, é necessário que se tenha evidências do fenômeno. Para isso, o

UNODC dispõe de dados e análises que são úteis na definição das prioridades de

ação de controle de crime e ajudam os governos dos países-membros a delimitarem

suas atividades (UNODC, 2018).

O segundo tipo de assistência que o UNODC oferece aos governantes diz

respeito à capacitação, isto é, o Escritório promove a assistência no

desenvolvimento de capacitação local com intuito de assegurar que os efeitos dos

programas integrados sejam de longo prazo. Assim sendo, o UNODC mantém o foco

em promover assistência no nível técnico para que os países-membros sejam

capazes de mitigar as ameaças que o tráfico de drogas, o crime organizado, a

corrupção e o terrorismo representam (UNODC, 2018).

Em terceiro lugar, o Escritório prioriza a assistência de padrões, ou seja,

propõe normas que são aceitas internacionalmente no sentido a promover ações

coordenadas transnacionalmente para combater o crime, as drogas e o terrorismo.

Nesse sentido, o Escritório também procura reforçar o cumprimento dos tratados

internacionais (UNODC, 2018).

Além disso, o UNODC atua no sentido de promover a cooperação

transfronteiriça, através do mapeamento estratégico de países que possuem

fronteiras mais vulneráveis e que podem ser alvo de traficantes de drogas

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internacionais. Ademais, o compartilhamento de informações é primordial para que

os governos conheçam as experiências e práticas tomadas por outros países no

combate às drogas, ao crime e ao terrorismo (UNODC, 2018).

Por fim, o UNODC promove a comunicação para que se aumente a

consciência e o entendimento sobre drogas, crimes e terrorismo e que a sociedade

seja mobilizada com o intuito de gerar mudanças. Através do diálogo, o Escritório

ajuda os países-membros com campanhas e iniciativas de viés social (UNODC,

2018).

Exposto isso, e considerando mais especificamente o tráfico internacional de

drogas, tópico que será mais abrangentemente abordado no comitê simulado, o

UNODC atua na redução da demanda das substâncias ilícitas, por meio da

implementação de projetos de prevenção, tratamento, reabilitação e prevenção de

transmissão do HIV. Por outro lado, também atua na redução da oferta, através de

programas de combate à lavagem de dinheiro relacionada ao tráfico e por meio do

monitoramento de plantações ilícitas (UNODC, 2018).

Ainda se tratando da relação do UNODC com o tráfico internacional de

drogas, o Escritório atua em conjunto com os países-membros com o objetivo de

aumentar as capacidades dos agentes da lei, para que seja possível identificar e

combater os responsáveis pelo tráfico. Tendo isso em vista, ações em torno do

reforço aos sistemas, a melhoria dos processos de investigação e da capacidade de

interdição, bem como do aprimoramento dos recursos e informações são tomadas

pelo Escritório para mitigar o tráfico de drogas (UNODC, 2018).

Com relação à estrutura organizacional do Escritório das Nações Unidas

sobre Drogas e Crime, a composição se dá por meio de um Escritório de Direção

Executiva, que se subdivide em quatro outros grandes escritórios. O primeiro é

Divisão de Operações, que possui uma seção de suporte às operações de campo,

um braço ligado à saúde e prevenção de drogas e outro relacionado às seções

regionais (para Europa e centro-leste Ásia; África e Oriente Médio; América Latina e

Caribe e Pacífico e sudeste-oeste da Ásia) (UNODC, 2018).

No segundo escritório tem-se a Divisão de Tratados, o qual possui braço

ligado ao crime organizado e tráfico de drogas com divisões de cibercrime e lavagem

de dinheiro, bem como de tráfico humano. Outros dois braços estão ligados à

prevenção de terrorismo e à corrupção (UNODC, 2018).

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O terceiro escritório diz respeito à Divisão de Análise e Relações Públicas,

com ramificações que tratam de aspectos legais do funcionamento do Escritório e de

parcerias e financiamentos. Também nesta divisão, tem-se a seção sobre pesquisa

e produção de dados analíticos. Por fim, o quarto escritório é a Divisão de Gestão,

responsável pelas atribuições de recursos humanos, recursos financeiros e de

serviços de tecnologia da informação (UNODC, 2018).

4. POSICIONAMENTO DOS PRINCIPAIS ATORES

Nesta seção do Guia de Estudos será apresentado as posições gerais dos

principais atores da simulação, levando-se em consideração os assuntos aos quais

se pretende guiar a discussão. É importante salientar que todas as delegações

listadas no tópico “Lista de Representações’’ possuem extrema importância para o

bom funcionamento das simulações do comitê, porém as que se encontram logo

abaixo estão mais intrinsecamente envolvidas na dinâmica”.

4.1 Colômbia

A Colômbia é o país que detém os maiores níveis de produção e de

exportação de narcóticos, a se destacar a cocaína. De acordo com o Relatório Anual

de Drogas do UNODC, a Colômbia é responsável por 70% de toda a área de plantio

de coca do mundo. Neste sentido, este ator possui grande relevância para o debate,

uma vez que praticamente todo o montante de droga traficada para a África

Ocidental tem origem na Colômbia, bem como é o país onde se concentram os

maiores e mais poderosos cartéis do tráfico internacional, como os de Medellín e

Cali.

Ocupando o posto de maior produtor de cocaína do mundo, a Colômbia

também é especialista na transformação da pasta base, isto é, a matéria-prima da

cocaína, na substância ilícita em questão. Embora a produção e exportação de

drogas colombianas esteja sob controle de poucos cartéis, pode-se dizer também

que há centenas de pequenos traficantes que também estão ativos no comércio

ilegal. Há uma grande preocupação dos governantes colombianos com os

narcotraficantes, uma vez que este comércio fomenta a corrupção no próprio

governo e patrocina outras modalidades de crime organizado (COGGIOLA, 2015).

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4.2 Guiné Bissau

A Guiné Bissau é de alta relevância para o debate, pois é um dos países da

África Ocidental que mais sofre com o tráfico internacional de drogas. Na tentativa

de suprir a alta demanda de drogas na Europa, e na procura de se estabelecer rotas

pouco monitoradas pelas polícias, os cartéis latino-americanos observaram na Guiné

Bissau um país com as características ideais para que seja utilizado como ponto de

parada.

Assim, desde meados dos anos 2005, o UNODC alertou a comunidade

internacional para a crescente problemática no oeste africano. O Estado da Guiné

Bissau, por sua vez, caracterizadas por suas fronteiras porosas e mal patrulhadas,

um sistema judiciário falho e autoridades corruptas, combinado com a instabilidade

política e fragilidade institucional se tornou, de fato, uma área de trânsito que

conecta os grandes cartéis produtores de cocaína da América Latina com o lucrativo

mercado de drogas europeu, além do próprio mercado local. Além disso, a posição

geográfica do país contribui para que se estabeleça esta rota, por onde a droga é

transportada por modais aéreos e marítimos (MADEIRA; LAURENT; ROQUE, 2011).

O caso da Guiné Bissau é destacado na África Ocidental, pois há um enorme

envolvimento de autoridades governamentais com o tráfico, o que lhe atribuiu a

referência de ser o primeiro Narco-Estado do mundo. Além disso, o consumo local

de drogas tem aumentado de maneira exponencial em consequência do também

aumento do tráfico pela região. Por fim, há de se atentar à Guiné Bissau, pois tem-se

observado que a vulnerabilidade causada pelo tráfico de drogas na região é usada

como maneira de se manter as altas contribuições de ajuda humanitária que chegam

no país (MADEIRA; LAURENT; ROQUE, 2011).

4.3 Espanha

A Espanha se faz de grande importância às discussões, uma vez que este

país é servido como a maior porta de entrada aos entorpecentes que são traficados

da África Ocidental que, por sua vez, provém da América Latina. Além disso, a

Espanha e vários outros países da União Europeia representam, atualmente, o

mercado mais crescente no que tange à demanda por drogas.

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Através da utilização de botes pelo mar Mediterrâneo e de “mulas” que usam

companhias aéreas internacionais, cerca de 27% das drogas que são traficadas da

América Latina e que atravessam a região da África Ocidental, são posteriormente

traficadas em direção aos mercados europeus. Da continuação dessa rota, a

Espanha, por possuir um grande mercado consumidor e uma extensa costa litoral, é

o principal país para onde as drogas são destinadas. De lá, as substâncias são,

então, traficadas para outros países europeus, como Portugal e França (UNODC,

2018).

4.4 Estados Unidos

A relevância dos Estados Unidos para o debate se deve ao fato de o país ser

o maior consumidor de cocaína do mundo. Além disso, as relações entre Colômbia e

os Estados Unidos estão intrinsecamente conectadas neste sentido. Embora ainda

atualmente os Estados Unidos tenha o maior mercado consumidor de drogas, tem-

se observado nos últimos anos uma queda no consumo estadunidense (BAGLEY,

2013).

De acordo com o UNODC, entre os anos de 1999 e 2009, houve uma redução

drástica de 40% do consumo de drogas nos Estados Unidos. Além disso, o

surgimento de uma nova rota do tráfico transatlântico de drogas em direção à

Europa, utilizando a África Ocidental como área de trânsito é em grande medida

fomentada pelo aumento do patrulhamento promovido pelos Estados Unidos nas

rotas convencionais que utilizam o Caribe como forma de se escoar as drogas aos

mercados norte-americanos e, posteriormente, aos europeus (BAGLEY, 2013).

4.5 Brasil

O Brasil possui fronteira com os principais países produtores de cocaína do

mundo - Colômbia, Peru e Bolívia - e há de se salientar que tais fronteiras são em

grandes extensões traçadas em meio à Floresta Amazônica, o que facilita, de certo

modo, que as drogas sejam traficadas por meio de regiões pouco monitoradas e

patrulhadas pelos órgãos brasileiros.

Além disso, o Brasil possui grande importância na discussão da nova rota do

tráfico de drogas, uma vez que grande parte da produção de drogas advinda dos

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países latinos é traficada para outros continentes, principalmente para África e

Europa, por meio do território brasileiro. Por possuir o porto mais movimentado da

América Latina, o porto de Santos, e o maior aeroporto também, o aeroporto de

Guarulhos, os traficantes observaram no Brasil o país mais ideal para escoar a

produção de drogas (UNODC, 2018).

5. QUESTÕES RELEVANTES PARA DISCUSSÃO

Nesta seção do Guia de Estudos, serão apresentadas algumas indagações

que são de grande relevância para guiar as pesquisas e auxiliar no posicionamento

das representações. Tendo em vista que o Guia é uma ferramenta de estudo, as

questões abaixo serão importantes para que se tenham debates mais frutíferos e

coerentes durante a simulação.

● Quais seriam as medidas cabíveis que o UNODC poderia promover para se

combater o tráfico internacional de drogas?

● Quais são os principais impactos sociais, políticos e econômicos observados

no contexto do tráfico internacional de drogas na África Ocidental?

● Qual a importância da cooperação regional entre os países envolvidos no

tráfico para a promoção da segurança internacional?

● Quais são os desafios para se promover o desenvolvimento econômico e a

estabilidade política na África Ocidental, dado o contexto?

● Quais são as principais preocupações com saúde pública no contexto do

tráfico de drogas na África Ocidental e no continente como um todo?

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REFERÊNCIAS

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human security in West Africa. 2013. Disponível em:

<https://www.jstor.org/stable/resrep11261?seq=1#page_scan_tab_contents> Acesso

em: 10 de abr. 2019.

CEESAY, Madi. The West Africa-Latin America Drug Trafficking Epidemic; an institutional analysis. 2011. Tese (Mestrado) - City College of New York. Nova Iorque, 2011. Disponível em: <https://academicworks.cuny.edu/cc_etds_theses/105/>. Acesso em: 12 fev. 2019. ECONOMIC COMMUNITY OF WEST AFRICAN STATES. Basic information. Nigéria: ECOWAS, 2016. Disponível em: <://www.google.com/url?q=http://www.ecowas.int/about-ecowas/basic-information/&sa=D&ust=1541188447179000&usg=AFQjCNGuhlfPupRgKNvBsZnp8iL487Aa9A>. Acesso em: 12 fev. 2019. JOHANSSEN, Raggie. Guinea-Bissau: A new hub for cocaine trafficking. Perspectives. Viena, 2008. v. 5 p. 4-7, maio 2008. Disponível em: <https://www.unodc.org/documents/about-unodc/Magazines/perspectives_5_WEB.pdf>. Acesso em: 11 fev. 2019. MADEIRA, Luís Filipe; LAURENT, Stéphane; ROQUE, Sílvia. The international Cocaine Trade in Guinea-Bissau: Current Trends and Risks. Noref Working Paper. Noruega; 2011. Disponível em <https://www.files.ethz.ch/isn/137866/international%20cocaine%20trade.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2019. NEWMAN, Edward. 'Failed States and International Order: Constructing a Post-Westphalian World', Contemporary Security Policy, 30: 3, 421 — 443. 2009. Disponível em: <https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/13523260903326479> Acesso em: 26 de março de 2019 ROTBERG, Robert I.. “The New Nature of Nation-State Failure.” Washington Quarterly, vol. 25, 85-96, 2002. Disponível em: <https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1162/01636600260046253> Acesso em: 27 de março de 2019 UNITED NATIONS OFFICE OF DRUGS AND CRIMES. Drug trafficking. Viena: UNODC, 2018. Disponível em: <https://www.google.com/url?q=https://www.unodc.org/unodc/fr/drug-

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COGGIOLA, Osvaldo. O comércio de drogas hoje. Research Gate. Disponível em

<https://www.researchgate.net/profile/Osvaldo_Coggiola/publication/260347953_O_

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COMERCIO-DE-DROGAS-HOJE.pdf>. Acesso em: 12 fev. 2019.

TABELA DE REPRESENTAÇÕES

Burkhina Faso Canadá Comunidade da Austrália

Estado de Israel Estado Plurinacional da Bolívia

Estados Unidos da América

Estados Unidos Mexicanos

Federação da Malásia

Federação Russa

Grande República Socialista Popular Árabe

da Líbia

INTERPOL Japão

Nova Zelândia Organização Mundial da Saúde

Órgão Internacional de Controle de Entorpecentes

Reino da Arábia Saudita Reino da Espanha Reino da Tailândia

Reino do Marrocos Reino dos Países Baixos

Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte

República Árabe do Egito República da Argentina

República da Bulgária

República da Colômbia República da Costa do Marfim

República da Costa Rica

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República da Guatemala República da Guiné República da Guiné-Bissau

República da Hungria República da Índia República da Indonésia

República da Polônia República da Turquia

República das Filipinas

República de Cabo Verde República de Cuba República de Gana

República de Serra Leoa República Democrática do

Congo

República Democrática e Popular da Argélia

República do Benim República do Chile República do Equador

República do Mali República do Paraguai

República do Peru

República do Senegal República dos Camarões

República Federal da Nigéria

República Federativa do Brasil

República Francesa República Helênica

República Oriental do Uruguai

República Popular da China

República Portuguesa

República Togolesa Romênia República do Panamá

República de Angola República da África do Sul

República Federal da Alemanha

República Italiana Reino da Suécia