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Súmula n. 110

Súmula n. 110 - Site seguro do STJ · RECURSO ESPECIAL N. 27.951-7-SP (1992/0025120-0) Relator: Ministro José Dantas Recorrente: Instituto Nacional do Seguro Social — INSS Advogado:

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Súmula n. 110

SÚMULA N. 110

A isenção do pagamento de honorários advocatícios, nas ações acidentárias,

é restrita ao segurado.

Referências:

CF, art. 5º, LXXIV.

CPC, art. 20.

Lei n. 8.213/1991, art. 129, parágrafo único.

Precedentes:

REsp 27.951-SP (5ª T, 16.11.1992 — DJ 07.12.1992)

REsp 36.047-MG (5ª T, 1º.09.1993 — DJ 04.10.1993)

REsp 38.233-MG (6ª T, 15.03.1994 — DJ 04.04.1994)

REsp 39.758-MG (5ª T, 07.02.1994 — DJ 28.02.1994)

REsp 41.738-MG (5ª T, 02.03.1994 — DJ 21.03.1994)

REsp 43.320-MG (6ª T, 15.03.1994 — DJ 11.04.1994)

Terceira Seção, em 06.10.1994

DJ 13.10.1994, p. 27.430

RECURSO ESPECIAL N. 27.951-7-SP (1992/0025120-0)

Relator: Ministro José Dantas

Recorrente: Instituto Nacional do Seguro Social — INSS

Advogado: Solon José Ramos

Recorrido: Simão Rodrigues de Moraes

Advogado: Luiz Gonzaga Curi Kachan

EMENTA

Processual. Ação acidentária. Procedência.

Honorários da sucumbência. Ao isentar do pagamento das verbas

relativas à sucumbência o procedimento judicial relativo a acidente do

trabalho, certamente que, no tocante a honorários advocatícios, o

art. 129, parágrafo único, da Lei n. 8.212/1991, aplica-se apenas em

favor do obreiro acidentado; pelo que, não há duvidar-se do pleno

vigor da Súmula n. 234-STF, construída em face de antiga regra legal

semelhante.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos esses autos, acordam os Ministros da Quinta

Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e notas

taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, não conhecer do recurso, e determinar

a subida dos autos à Suprema Corte para julgamento do recurso extraordinário.

Votaram de acordo os Srs. Ministros Costa Lima, Assis Toledo, Edson Vidigal

e Flaquer Scartezzini.

Brasília (DF), 16 de novembro de 1992 (data do julgamento).

Ministro Flaquer Scartezzini, Presidente

Ministro José Dantas, Relator

DJ 07.12.1992

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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RELATÓRIO

O Sr. Ministro José Dantas: Vencido na ação acidentária de que se cuida,

a par do recurso extraordinário interposto pela invocação de erronia do efeito

retroativo emprestado ao art. 58, parágrafo único, da Constituição, também

recorreu especialmente o INSS sob invocação de malferimento da vigência do

art. 129, parágrafo único, da Lei n. 8.213/1991, pois que, em suma, não cabem

honorários da sucumbência na ação de acidente do trabalho. Lê-se — fl s. 330.

Ambos os recursos foram admitidos — fl s. 363 e 365.

Relatei.

VOTO

O Sr. Ministro José Dantas (Relator): Sr. Presidente, repita-se que o

presente recurso se cinge ao reexame da condenação em honorários advocatícios,

pois que, no mais que a autarquia sucumbente reclama do acórdão, diz

respeito à justifi cação do prequestionamento provocado pelos declaratórios

afi nal rejeitados, ou diz respeito à combatida atualização do benefício expressa

em número de salários mínimos, matérias que, na verdade, não interferem

com o objeto do recurso especial, embora possam interferir com o recurso

extraordinário pendente.

Portanto, reexamine-se a irresignação do recorrente, fi xada no dizer-se

isento da verba honorária, a seu ver compreendida na expressão “verbas relativas

à sucumbência”, das quais são expressamente isentos os litígios relativos a acidentes

do trabalho (art. 129, parágrafo único, da Lei n. 8.213, de 24.07.1991).

Apesar das aparências traçadas pela data da nova Lei de Acidentes,

relembre-se que a questão vem de longe. É que, ainda na vigência da antiqüíssima

Lei da Infortunística — Decreto-Lei n. 7.036/1944 — já se discutia tal isenção,

a rigor do seu art. 56 que, sobre confi ar ao Ministério Público o patrocínio

das causas dos infortunados supunha escusar o réu ao dever dos honorários da

sucumbência.

A divergência pretoriana persistiu até seu assentamento pela Súmula n.

234 do Supremo Tribunal Federal, fi rmada em que a discutida isenção não

benefi cia o segurador, isso pela compreensão de que, integrando a indenização,

ditos honorários a desfalcariam se deixados como encargo do autor.

SÚMULAS - PRECEDENTES

43RSSTJ, a. 4, (8): 37-57, junho 2010

Vai daí que, embora genérica a disposição da lei nova, a mesma construção

jurisprudencial se recomenda manter-se, pela asseveração de que a consultada

Súmula n. 234-STF continua em vigor. Tanto mais que, no concernente ao

tema da infortunística, a contemplação constitucional da assistência judiciária

obrigatória somente alcança os necessitados, no caso o obreiro acidentado,

conforme anotado pelo Professor Theotonio Negrão, verbis:

Art. 129: 3. O texto está redigido como se também o INSS fosse dispensado de pagar honorários, quando vencido em ação de acidente do trabalho. Mas essa conclusão é absurda porque, ao passo que o acidentado goza de assistência judiciária (CF, art. 5º, LXXIV), o mesmo não ocorre, obviamente, com o INSS (Código de Processo Civil e Leg. Proc. em Vigor, 23ª ed., p. 622).

Igual entendimento defende o Professor José Salem Neto, em sua festejada

obra “Prática de Acidentes do Trabalho”, nestes termos:

Pelo art. 129, parágrafo único da Lei n. 8.213, há o privilégio pelo princípio de proteção à parte pobre da isenção de quaisquer custas e verbas da sucumbência. Assim, a sucumbência aplica-se em favor do trabalhador acidentado no trabalho porque o benefício legal o protege. Entendemos que o INSS não pode ficar exonerado da sucumbência porque haverá prejuízo patrimonial e quem obrigou a contratação de advogado foi o próprio segurador ao descumprir a lei, tanto na fi scalização quanto na execução. (1ª ed., 1992, p. 45, Edipro).

Finalmente, no tema, veja-se que calham bem as seguintes assertivas da

impugnação ao recurso, da parte do Ministério Público local, por seu Procurador

Lauro de Camargo, textuais:

É de se entender que o legislador, ao se referir, aqui, aos litígios relativos a acidentes do trabalho resolvidos pela via judicial, referiu-se à ação judicial intentada pelo infortunado, para fi ns de isentá-lo de custas e verbas relativas à sucumbência.

Se, todavia, não for este o raciocínio do intérprete, é de se ter que a parte fi nal da fraseologia do dispositivo afi gura-se aberrantemente inconstitucional, chegando mesmo a negar vigência ao art. 5º, inciso XIII, da Magna Carta de 1988, que estabelece ser livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profi ssão, atendidas as qualifi cações profi ssionais que a lei estabelecer.

Obviamente, não fora esta a intenção do legislador infraconstitucional.

A sucumbência, em que está ínsito o pagamento de honorários à parte vencedora, é princípio estratifi cado em lei de codifi cação, em lex specialis (art. 20, CPC), que não se impressiona com o que a norma ordinária determina em

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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contrário e que, por isso mesmo, não se pode derrogar com regramentos gerais tratados em outra lei especial (Lei n. 8.213/1991).

Veja-se, ainda, o art. 133 da Constituição Federal a sustentar que o advogado, vencedor de ação judicial que patrocinou, tem o direito inalienável de haver seus honorários, justa paga pelo serviço essencial que presta, e, em última análise, o objetivo fi nal do exercício de qualquer trabalho ou atividade profi ssional.

Daí, o princípio da sucumbência, bem assim os ônus que lhe são caudatários, quedar-se absterso, mesmo porque a atuação da lei não deve representar uma diminuição patrimonial para a parte a cujo valor se efetiva, por ser interesse do Estado que o emprego do processo não se resolva em prejuízo de quem tem razão. (Chiovenda, “Instituições”, pp. 285-286).

Ora, o fundamento da condenação em honorários advocatícios é o fato objetivo da derrota (RT 591/140), idéia esta com amparo sistemático pela jurisprudência dos Tribunais e pela doutrina.

De forma diferente não poderiam ser vistos os honorários periciais daqueloutros auxiliares da Justiça, pena de encanzinamento, também, ao princípio da isonomia (art. 5º caput CF), posto não ser crível tenha o legislador ordinário pretendido excluir a verba sucumbencial, com estabelecimento de odioso privilégio, também relativamente à autarquia. Nem mesmo em nome de um arrevesado interesse público o legislador, de sã consciência, o faria.

Por fim, não consta que o analisado parágrafo único do citado artigo tenha revogado a Lei n. 4.632, de 18 de maio de 1965, que criou o instituto da sucumbência, ou mesmo a Súmula n. 234 STF: São devidos honorários de advogado em ação de acidente do trabalho julgada procedente. — fl s. 359-361.

Na linha de todas essas considerações, tenho por improcedente a argüida

violação do analisado dispositivo legal, a meu ver muito bem aplicado pelo v.

acórdão recorrido.

Pelo exposto, não conheço do recurso.

Determino a remessa ao Pretório excelso do recurso extraordinário

pendente — Lei n. 8.038/1990, art. 27, § 4º.

RECURSO ESPECIAL N. 36.047-MG (1993/0016913-0)

Relator: Ministro Jesus Costa Lima

Recorrente: Instituto Nacional do Seguro Social — INSS

SÚMULAS - PRECEDENTES

45RSSTJ, a. 4, (8): 37-57, junho 2010

Advogados: João de Deus Machado e outros

Recorrido: Sebastião Pacheco Borges

Advogados: Neusa Maria Aleixo Cotta e outro

EMENTA

Previdenciário e acidente do trabalho. Sucumbência da autarquia

e custas. Isenção.

1. Os litígios referentes a acidentes do trabalho processados pela

Justiça dos Estados e do Distrito Federal, segundo disposição expressa

da Lei n. 8.213, de 1991, “estão isentos do pagamento de custas e de

verbas relativas à sucumbência”. A isenção de que se trata refere-se ao

segurado e não ao INSS, vencido.

2. Precedentes do mesmo tribunal não servem para comprovar o

dissenso.

3. Recurso especial conhecido e provido parcialmente para

mandar excluir apenas as custas, pois não foram adiantadas pela parte,

mas devida a condenação em honorários de advogado.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Quinta

Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das

notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, conhecer do recurso e dar-lhe

parcial provimento. Votaram com o Relator os Ministros José Dantas, Flaquer

Scartezzini, Assis Toledo e Edson Vidigal.

Brasília (DF), 1º de setembro de 1993 (data do julgamento).

Ministro Jesus Costa Lima, Presidente e Relator

DJ 04.10.1993

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Jesus Costa Lima: O Instituto Nacional do Seguro Social

— INSS interpõe recurso especial pelas alíneas a e c, item III, art. 105 da

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

46

Constituição Federal, por não se conformar com a sua condenação em custas

processuais e honorários em ação acidentária. Afi rma violação ao parágrafo

único do art. 129 da Lei n. 8.213, de 24.07.1991, que a isenta de tais verbas.

Além disso, ao contrário do decidido pelo v. aresto de fl s. 63-66, o auxílio-

acidente no percentual de 30% sobre o salário-contribuição deve incidir a partir

de 5 de abril de 1991, conforme previsto no art. 145 do diploma legislativo

mencionado e, não, a partir do dia em que o trabalhador acidentado recebeu alta

médica.

Não houve contra-razões (fl . 86) e o especial foi admitido (fl . 93).

Relatei.

VOTO

O Sr. Ministro Jesus Costa Lima (Relator): Penso que o recurso especial

fundando-se na alínea a, não rende ensejo a dúvidas sobre qual o dispositivo

da lei federal violado. O excesso de formalismo acaba por eliminar o próprio

instituto, podendo transformar o Judiciário numa caixa de desagradáveis

surpresas, furtando-se à sua essência, que é de estabelecer a paz nas relações

públicas e privadas. Evidente que, se do recurso não se consegue perceber o que

busca o recorrente, não pode ser conhecido, pois o juiz não é um adivinho e a

parte tem direito de saber o que pretende o adverso.

No caso, a autarquia fez expressa referência ao parágrafo único do art. 129

da Lei n. 8.213, de 24.07.1991.

A Súmula n. 234 do egrégio Supremo Tribunal Federal, partindo do

pressuposto de que a Lei n. 6.367, de 1976, no art. 19, II, in fi ne, mandava

aplicar o procedimento sumaríssimo e, no art. 13, não dispensava a constituição

de advogado, entendia cabível a condenação em honorários de advogado por

força do disposto no art. 64 do Código de Processo Civil (RE n. 63.310 — RTJ

51/335) in “Direito Sumular”, 3ª ed., Roberto Rosas.

A Lei n. 8.213/1991 prevê, no entanto:

Art. 129. Os litígios e medidas cautelares relativos a acidentes do trabalho serão apreciados:

I - (...)

SÚMULAS - PRECEDENTES

47RSSTJ, a. 4, (8): 37-57, junho 2010

II - na via judicial, pela Justiça dos Estados e do Distrito Federal, segundo o rito sumaríssimo, inclusive durante as férias forenses, mediante petição instruída pela prova de efetiva notificação do evento à Previdência Social, através de Comunicação de Acidente do Trabalho — CAT.

Parágrafo único. O procedimento judicial de que trata o inciso II deste artigo é isento do pagamento de quaisquer custas e de verbas relativas à sucumbência.

Portanto, a evolução legislativa levaria a concluir-se que, hoje, é indevida a

condenação em honorários advocatícios, bem assim em custas.

Assinale-se que o autor teve a assistência judiciária gratuita. Portanto,

não pagou custas, do que poderia ter direito ao ressarcimento. Ora, se a

Constituição — art. 5º, LXXIV — dispõe que o Estado prestará assistência

jurídica integral e gratuita, esta não pode ser tida como realizada se o acidentado

é obrigado a constituir advogado porque a União não está aparelhada a assisti-lo

judicialmente de forma completa. Daí que, o benefício fi cará diminuído se ainda

sujeito a desconto decorrente do pagamento dos honorários advocatícios.

Desse modo, o dispositivo legal comentado há de ser compreendido

em seu contexto, isto é, se a União se omitiu em proporcionar ao pobre, um

advogado, vencida a autarquia previdenciária em ação acidentária, a condenação

em honorários de advogado atém-se às disposições dos arts. 19 e 20 do Código

de Processo Civil.

Na verdade, a norma impugnada dirige-se ao segurado. É ele que,

propondo a ação acidentária, fi ca isento do pagamento de custas e de honorários

advocatícios.

A alegação de que foi violado o art. 145 da Lei n. 8.213/1991 improcede,

pois trata dos efeitos fi nanceiros da lei, que não podem repercutir na própria

concessão e sua vigência, tal como defi nido nos §§ 1º e 2º do art. 86 da lei de

regência do benefício.

A divergência jurisprudencial não é considerada, porque do mesmo

Tribunal.

In casu, conheço do recurso especial pela alínea a e o provejo parcialmente

apenas para excluir a condenação em custas que não foram adiantadas pelo

autor.

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

48

RECURSO ESPECIAL N. 38.233-MG (1993/0024016-1)

Relator: Ministro José Cândido de Carvalho Filho

Recorrente: Instituto Nacional do Seguro Social — INSS

Recorrido: Antônio Sérgio Barbosa

Advogados: Luiz Gonzaga Lopes e outro e Joaquim Lourenço Martins e

outro

EMENTA

Recurso especial. Previdenciário. Acidente de trabalho. Auxílio-

acidente. Procedência da ação.

Condenação da Autarquia nas custas e honorários de advogado.

A isenção da Lei n. 8.213/1991 só benefi cia o acidentado.

Recurso não conhecido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos esses autos, acordam os Ministros da Sexta

Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, não conhecer do

recurso, na conformidade dos votos e notas taquigráfi cas constantes dos autos.

Votaram com o Relator os Ministros Adhemar Maciel, Anselmo Santiago e

Luiz Vicente Cernicchiaro. Ausente, justifi cadamente, o Ministro Pedro Acioli.

Brasília (DF), 15 de março de 1994 (data do julgamento).

Ministro Luiz Vicente Cernicchiaro, Presidente

Ministro José Cândido de Carvalho Filho, Relator

DJ 04.04.1994

RELATÓRIO

O Sr. Ministro José Cândido: Em ação acidentária proposta pelo pedreiro

Antônio Sérgio Barbosa, julgada procedente, foi o INSS condenado a pagar

o auxílio-acidente na base de quarenta por cento sobre o seu salário-de-

SÚMULAS - PRECEDENTES

49RSSTJ, a. 4, (8): 37-57, junho 2010

contribuição, custas e honorários advocatícios, estes arbitrados em vinte por

cento sobre o total encontrado. (Fl. 62)

A egrégia Primeira Câmara Civil do Tribunal de Alçada do Estado de

Minas Gerais deu provimento parcial a ambas as apelações, inconformando-se,

no entanto, o INSS, com a condenação, mantida, na verba de sucumbência, da

qual estaria isento pelo art. 129, parágrafo único, da Lei n. 8.213, de 25.07.1991.

Daí o presente recurso especial, com fundamento na alínea a, admitido

pelo despacho de fl . 113.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro José Cândido (Relator): Entende o Instituto-recorrente

que, “com o advento da Lei n. 8.213/1991, criou-se o benefício de isenção de

quaisquer verbas sucumbenciais em ação acidentária, conforme disposto em seu

art. 129, parágrafo único, consonância com inciso II deste mesmo artigo”. (Fl.

104)

Não é essa, no entanto, a orientação deste Superior Tribunal de Justiça,

a qual expressei em meu voto de Relator no Recurso Especial n. 30.483,

publicado em 24.05.1993, decisão unânime. Transcrevo o parágrafo em que se

apóia o recorrente.

A toda evidência, trata-se de isenção para beneficiar os acidentados, sem atingir o Instituto.

Por seu turno, os acidentados têm o direito de receber as verbas indenizatórias em sua integralidade. Como os honorários da sucumbência são devidos à parte-vencedora, esta verá recomposto o seu patrimônio diminuído com os honorários a serem pagos a seu advogado.

No mesmo sentido, e igualmente por unanimidade, decidiu a Quinta

Turma, no Recurso Especial n. 37.513, publicado em 18.10.1993, relatado pelo

eminente Ministro Jesus Costa Lima:

Ao Estado foi imposto o dever de prestar a assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insufi ciência de recurso (CF, art. 5º, LXXIV). Desse modo, se o segurado, a quem foi concedida assistência judiciária, é obrigado a constituir advogado para propor ação acidentária, cabível a condenação em honorários de advogado por parte da autarquia, sob pena de aviltar-se o quantum

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

50

devido pelo segurado. Compreensão do disposto no parágrafo único do art. 129 da Lei n. 8.213/1991 e arts. 19 e 20 do Código de Processo Civil no sentido de que a isenção de custa e sucumbência é destinada ao acidentado.

O acórdão recorrido, do egrégio Tribunal de Alçada do Estado de Minas

Gerais, não afrontou a lei federal invocada.

Não conheço do recurso.

É o meu voto.

RECURSO ESPECIAL N. 39.758-MG (1993/0028820-2)

Relator: Ministro Assis Toledo

Recorrente: Instituto Nacional do Seguro Social — INSS

Recorrido: Luiz Moisés da Silva

Advogados: Luiz Gonzaga Lopes e outros e Joaquim Lourenço Martins e

outros

EMENTA

Processual Civil. Ação acidentária. Verbas da sucumbência.

A isenção de que trata a Lei n. 8.213/1991, em relação às verbas

da sucumbência, refere-se ao segurado e não ao INSS. Precedentes.

Recurso não conhecido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Quinta

Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas

taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, não conhecer do recurso. Votaram com

o Relator os Ministros Edson Vidigal, Jesus Costa Lima, José Dantas e Flaquer

Scartezzini.

Brasília (DF), 07 de fevereiro de 1994 (data do julgamento).

SÚMULAS - PRECEDENTES

51RSSTJ, a. 4, (8): 37-57, junho 2010

Ministro Jesus Costa Lima, Presidente

Ministro Assis Toledo, Relator

DJ 28.02.1994

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Assis Toledo: O INSS, com apoio no art. 105, III, a, da

Constituição Federal, interpôs recurso especial contra acórdão que o condenou

em custas processuais e honorários advocatícios em ação acidentária.

Alega violação ao art. 129, II, parágrafo único, da Lei n. 8.213/1991.

Admitido o recurso, subiram os autos a esta egrégia Corte.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Assis Toledo (Relator): Dispõe o art. 129, II, parágrafo

único, da Lei n. 8.213, de 24.07.1991:

Art. 129. Os litígios e medidas cautelares relativos a acidentes do trabalho serão apreciados:

I - (...)

II - na via judicial, pela Justiça dos Estados e Distrito Federal, segundo o rito sumaríssimo, inclusive durante as férias forenses, mediante petição instruída pela prova de efetiva notificação do evento à Previdência Social, através de Comunicação de Acidente do Trabalho — CAT.

Parágrafo único. O procedimento judicial de que trata o inciso II deste artigo é isento do pagamento de quaisquer custas e de verbas relativas à sucumbência.

Entende o INSS que, em razão dos dispositivos acima transcritos, está

isento das verbas da sucumbência, inclusive honorários advocatícios.

Não tem razão, contudo. A norma citada dirige-se ao segurado. Anotou

Th eotonio Negrão:

O texto está redigido como se também o INSS fosse dispensado de pagar honorários, quando vencido em ação de acidente do trabalho. Mas essa conclusão é absurda porque, ao passo que o acidentado goza de assistência judiciária (CF, 5º,

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

52

LXXIV), o mesmo não ocorre, obviamente, com o INSS. (“Código de Processo Civil e Legislação Processual em Vigor” — 24ª ed., p. 667)

Esse também tem sido o entendimento desta Turma (REsps n. 30.105-

5-SP e 36.047-1-MG, Rel. Min. Costa Lima, DJ 11.10.1993 e 04.10.1993,

respectivamente, e REsp n. 32.126-1-SP, Rel. Min. José Dantas, DJ 22.03.1993).

Além disso, como salientado no despacho de admissibilidade do recurso, a

Súmula n. 234 do STF continua em vigor, in verbis:

São devidos honorários de advogado em ação de acidente do trabalho julgada procedente.

Diante do exposto, não reconhecendo a alegada violação a dispositivo de

lei federal, não conheço do recurso.

É o voto.

RECURSO ESPECIAL N. 41.738-MG (1993/0034638-5)

Relator: Ministro Flaquer Scartezzini

Recorrente: Instituto Nacional do Seguro Social — INSS

Advogados: Luiz Gonzaga Lopes e outro

Recorrido: Enio da Costa Ramos

Advogados: Valéria Cristina Pantuzo Miranda e outros

EMENTA

Processual. Ação acidentária. Sucumbência. Custas. Isenção. Lei

n. 8.213/1991, art. 129. Clientela.

A isenção do pagamento de custas e verbas relativas à

sucumbência, prevista no art. 129 da Lei n. 8.213/1991, é dirigida ao

obreiro acidentado e não ao INSS.

Precedentes.

Recurso não conhecido.

SÚMULAS - PRECEDENTES

53RSSTJ, a. 4, (8): 37-57, junho 2010

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráfi cas a seguir, por unanimidade, não conhecer do recurso. Votaram com o Relator os Srs. Ministros Assis Toledo, Jesus Costa Lima e José Dantas. Ausente, justifi cadamente, o Sr. Ministro Edson Vidigal.

Brasília (DF), 02 de março de 1994 (data do julgamento).

Ministro Jesus Costa Lima, Presidente

Ministro Flaquer Scartezzini, Relator

DJ 21.03.1994

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Flaquer Scartezzini: O Instituto Nacional do Seguro Social

— INSS interpõe recurso especial (art. 105, III, a, CF), ao v. acórdão de fl s. 92-

98 que, confi rmando sentença monocrática (fl s. 65-68), manteve a condenação

da Autarquia em verbas periciais e de advogado, de vez que vencida na ação

acidentária ajuizada.

Sustenta o recorrente afronta ao art. 129 da Lei n. 8.213, de 24.07.1991,

que expressamente determina que o procedimento acidentário está isento de

quaisquer despesas, inclusive verbas de sucumbência (fl s. 69-71).

Contra-razões às fl s. 107-125.

Admitido o recurso (fl s. 134-135), subiram os autos, vindo-me conclusos.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Flaquer Scartezzini (Relator): Sr. Presidente, cinge-se

a controvérsia à obrigatoriedade, ou não, de o INSS, caso vencido, em ação

acidentária, arcar com o pagamento da verba sucumbencial, ante disposição

expressa do art. 129, parágrafo único, da Lei n. 8.213/1991.

Art. 129. Os litígios e medidas cautelares relativas a acidente do trabalho serão apreciados:

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

54

I - (...)

II - Na via judicial, pela Justiça Estadual e do Distrito Federal, segundo o rito sumaríssimo...

Parágrafo único. O procedimento judicial de que trata o inciso II deste artigo é isento do pagamento de quaisquer custas e de verbas relativas à sucumbência.

É de se entender que citado dispositivo legal objetiva facilitar o ingresso

em juízo, dos acidentados, na maioria das vezes, sem condições de arcar com os

ônus processuais decorrentes.

Em comentários ao art. 129 da Lei n. 8.213/1991, anotou Th eotonio Negrão:

O texto está redigido como se também o INSS fosse dispensado de pagar honorários, quando vencido em ação de acidente do trabalho. Mas essa conclusão é absurda porque, ao passo que o acidentado goza de assistência judiciária (CF, 5º, LXXIV), o mesmo não ocorre, obviamente, com o INSS. (Código de Processo Civil e Legislação Processual em Vigor 24ª ed., p. 667)

Esta egrégia Turma, no concernente, vem decidindo:

Processual Civil. Ação acidentária. Verbas da sucumbência.

A isenção de que trata a Lei n. 8.213/1991, em relação às verbas da sucumbência, refere-se ao segurado e não ao INSS.

Precedentes.

Recurso não conhecido. (REsp n. 40.175-5-MG, Rel.: Min. Assis Toledo, DJ 28.02.1994).

Os litígios referentes a acidente do trabalho processados pela Justiça dos Estados e do Distrito Federal, segundo disposição expressa da Lei n. 8.213/1991, estão isentos do pagamento de custas e verbas relativas à sucumbência. A isenção de que se trata refere-se ao segurado e não ao INSS, vencido. (REsp n. 36.047-1-MG, Rel.: Min. Jesus Costa Lima, DJ 04.10.1993).

Da mesma forma, com relação à verba honorária, decidiu:

Processual. Ação acidentária. Procedência. Honorários da sucumbência.

Ao isentar do pagamento das verbas relativas à sucumbência o procedimento judicial relativo a acidente do trabalho, certamente que, no tocante a honorários advocatícios, o art. 129, parágrafo único, da Lei n. 8.213/1991, aplica-se apenas em favor do obreiro acidentado; pelo que, não há duvidar-se do pleno vigor da Súmula n. 234-STF, construída em face de antiga regra legal semelhante. (REsp n. 27.951-7-SP, Rel. Min. José Dantas, DJ 07.12.1992).

SÚMULAS - PRECEDENTES

55RSSTJ, a. 4, (8): 37-57, junho 2010

Por derradeiro, a Súmula n. 234-STF continua em plena vigência:

São devidos honorários de advogado em ação de acidente de trabalho julgada procedente.

Com estas considerações, inexistindo a alegada violação do analisado

dispositivo legal, não conheço do recurso.

É como voto.

RECURSO ESPECIAL N. 43.320-MG (1994/002370-7)

Relator: Ministro Adhemar Maciel

Recorrente: Instituto Nacional do Seguro Social — INSS

Advogados: Pedro Messias de Souza e outros

Recorrido: Antônio Paulo da Silva

Advogados: Neusa Maria Aleixo Cotta e outro

EMENTA

Processual Civil. Acidente de trabalho. Verba de patrocínio.

Inteligência do art. 129 da Lei n. 8.213/1991. Isenção para o segurado

e não para a autarquia previdenciária. Recurso especial conhecido e

provido só para excluir da base de cálculo dos honorários as prestações

vincendas.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas,

decide a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, dar

provimento parcial ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro-Relator, na

forma do relatório e notas taquigráfi cas constantes dos autos, que fi cam fazendo

parte integrante do presente julgado. Votaram de acordo os Srs. Ministros

Anselmo Santiago, Luiz Vicente Cernicchiaro e José Cândido de Carvalho

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

56

Filho. Ausente, por motivo justifi cado, o Sr. Ministro Pedro Acioli. Custas,

como de lei.

Brasília (DF), 15 de março de 1994 (data do julgamento).

Ministro Luiz Vicente Cernicchiaro, Presidente

Ministro Adhemar Maciel, Relator

DJ 11.04.1994

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Adhemar Maciel: Trata-se de recurso especial interposto

pelo Instituto Nacional do Seguro Social contra acórdão do Tribunal de Alçada

do Estado de Minas Gerais, com fundamento no art. 105, III, a, da CF.

2. Antônio Paulo da Silva ajuizou ação de acidente de trabalho. Teve seu

pedido acolhido. Ambas as partes recorreram. A Terceira Câmara Civil do

TAMG deu provimento ao recurso do autor para condenar o réu a pagar as

custas do processo e honorários advocatícios de 15% sobre a soma do montante

a se apurar com doze parcelas vincendas.

3. Inconformado, o INSS se insurge contra a parte do acórdão que o

condenou ao pagamento de custas e honorários advocatícios, alegando violação

ao art. 129 da Lei n. 8.213/1991 e ao art. 5º da CF e dissídio jurisprudencial.

4. Contra-razões, às fl s. 85-87.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Adhemar Maciel (Relator): Sr. Presidente, o recorrente

pondera que em ação de acidente de trabalho as partes estão isentas do

pagamento de quaisquer ônus da sucumbência, de acordo com o art. 129 da Lei

n. 8.213/1991. Ainda, aduz dissídio jurisprudencial.

O recorrente não me parece com razão. Ao contrário do que afi rma, a

isenção de que trata o art. 129 da Lei n. 8.213/1991 se refere ao segurado e não

ao INSS.

Nesse sentido é pacífi ca a jurisprudência desta Corte:

SÚMULAS - PRECEDENTES

57RSSTJ, a. 4, (8): 37-57, junho 2010

Previdenciário e acidente do trabalho. Sucumbência da autarquia e custas. Isenção.

1. Os litígios referentes a acidentes do trabalho processados pela Justiça dos Estados e do Distrito Federal, segundo disposição expressa da Lei n. 8.213, de 1991, “estão isentos do pagamento de custas e de verbas relativas à sucumbência”. A isenção de que se trata refere-se ao segurado e não ao INSS.

2. Recurso especial conhecido e provido parcialmente para mandar excluir apenas as custas, pois não foram adiantadas pela parte, mas devida a condenação em honorários de advogado. (REsp n. 38.895-MG, Rel. Min. Jesus Costa Lima, DJ 08.11.1993, p. 23.579).

Processual. Ação acidentária. Procedência.

Honorários da sucumbência. Ao isentar do pagamento das verbas relativas à sucumbência o procedimento judicial relativo a acidente do trabalho, certamente que, no tocante a honorários advocatícios, o art. 129, parágrafo único, da Lei n. 8.213/1991, aplica-se apenas em favor do obreiro acidentado; pelo que, não há duvidar-se do pleno vigor da Súmula n. 234-STF, construída em face de antiga regra legal semelhante. (REsp n. 27.951, Rel. Min. José Dantas, DJ 07.12.1992, p. 23.329).

E, mesmo não tendo interposto o recurso pela alínea c, citou acórdão do

mesmo Tribunal. Tais arestos não servem para confronto (Súmula n. 13-STJ).

Por fi m, é de esclarecer-se que o acórdão recorrido, julgando ultra petita,

condenou o réu ao pagamento de custas e honorários sobre as prestações

vincendas. Ora, as prestações vincendas se prestam para a fi xação do valor da

causa, não como base de condenação honorária (CPC, art. 20, § 3º).

Por tais razões, conheço do especial, tão-somente para excluir da base de

cálculo as prestações vincendas.

É como voto.