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Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 464.760 - SC (2002/0117832-4) RELATOR : MINISTRO HÉLIO QUAGLIA BARBOSAR.P/ACÓRDÃO : MINISTRO HAMILTON CARVALHIDORECORRENTE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS PROCURADOR : SIBELE REGINA LUZ GRECCO E OUTROSRECORRIDO : MAYCON NORDIO REPR.POR : JOSEFINA NORDIO ADVOGADO : EDUARDO DE SOUZA GOMES
EMENTA
RECURSO ESPECIAL. PREQUESTIONAMENTO IMPLÍCITO.
PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. NETO. INEXISTÊNCIA
DE COMPROVAÇÃO DA DEPENDÊNCIA ECONÔMICA. AUSÊNCIA
DE DIREITO ADQUIRIDO.
1. A jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça é firme em declarar
desnecessário o prequestionamento explícito de dispositivo legal, por só bastar
que a matéria haja sido tratada no decisum .
2. A condição de neto de segurado falecido, sem comprovação de dependência
econômica, não assegura o direito à concessão do benefício previdenciário de
pensão por morte (artigo 16 da Lei nº 8.213/91, com redação dada pela Lei nº
9.032/95).
3. Recurso provido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas,
acordam os Ministros da SEXTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, prosseguindo no
julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro Paulo Medina acompanhando a divergência, por
maioria, dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro Hamilton Carvalhido,
que lavrará o acórdão. Vencidos os Srs. Ministros Relator e Nilson Naves. Votaram com o
Sr. Ministro Hamilton Carvalhido os Srs. Ministros Paulo Gallotti e Paulo Medina. Presidiu o
julgamento o Sr. Ministro Paulo Gallotti.
Brasília, 19 de abril de 2005 (Data do Julgamento)
MINISTRO Hamilton Carvalhido , Relator
Documento: 490430 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 28/05/2007 Página 1 de 27
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RECURSO ESPECIAL Nº 464.760 - SC (2002/0117832-4)
RELATÓRIO
O EXMO. SR. MINISTRO HÉLIO QUAGLIA BARBOSA (Relator):
Cuida-se de recurso especial interposto pelo Instituto Nacional do Seguro
Social - INSS, fulcrado no artigo 105, inciso III, alínea "a" da Constituição Federal, contra
acórdão proferido pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, assim ementado:
"PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. NETO. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA DEMONSTRADA. CONCESSÃO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CUSTAS.1. A condição de neto somente dá direito à pensão por morte da avó, quando comprovada a dependência econômica.2. Certa a condição de segurada e demonstrada a dependência econômica, é devido o direito à pensão.3. Os honorários de advogado, incidem em 10% sobre o valor das parcelas vencidas até a sentença concessória do benefício, excluídas as parcelas vincendas.4. O INSS arca com o pagamento de custas pela metade, a teor do disposto na lc 161/97-sc."
Alega a autarquia previdenciária a violação do artigo 16 da Lei nº 8.213/91,
sustentando, em suma, que a) a pretensão do recorrido de perceber o benefício de pensão por
morte de sua avó, segurada do RGPS, não encontra amparo legal, visto que os netos não
foram incluídos no rol de dependentes dos segurados do RGPS; e b) a Lei nº 9.035/95 excluiu
a possibilidade de se designar qualquer outra pessoa como dependente, de modo que, para os
óbitos ocorridos após a sua vigência, somente fazem jus à pensão as pessoas taxativamente
mencionadas no artigo 16 da Lei nº 8.213/91.
Transcorrido in albis o prazo para apresentar contra-razões (fls. 93), os autos
foram remetidos ao Ministério Público Federal (fls. 94), que opinou, preliminarmente, pela
inadmissão do recurso, em face da ausência de prequestionamento da alegada contrariedade a
dispositivo de lei federal, visto que nas razões do recurso de apelação a autarquia
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previdenciária se limitara a alegar a ausência de comprovação da dependência econômica do
recorrido e, nas razões do recurso especial, vem argumentar no sentido de que o parentesco
existente entre o recorrido e a falecida segurada não defere ao primeiro a condição de
dependente para fins previdenciários.
No mérito, opina pelo improvimento do recurso, vez que o recorrido é neto de
falecida segurada pelo RGPS, cuja dependência econômica restou comprovada no Relatório
de Estudo Social, de fls. 28/29 dos autos, bem como por meio de prova testemunhal. Por
outro lado, informa que o artigo 16 da Lei nº 8.213/91, em sua redação original, permitia ao
segurado designar como dependente pessoa menor de 21 anos, maior de 60 ou inválida,
desde que demonstrada a dependência econômica e aduz que, não obstante a nova redação
dada pela Lei nº 9.032/95, a revogação do dispositivo não pode resultar em situação menos
favorável para crianças ou adolescentes, já que o artigo 227 da Constituição Federal
estabelece o dever da família, da sociedade e do Estado de assegurar à criança e ao
adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação etc;
e o seu § 3º assegura-lhes direitos previdenciários e trabalhistas.
Admitido o recurso (fls. 100), vieram os autos a esta Corte Superior.
É o relatório.
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Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 464.760 - SC (2002/0117832-4)
EMENTA
PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. PENSÃO POR MORTE. NETO. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA COMPROVADA. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. RECURSO NÃO CONHECIDO.1. A insurgência, em sede de recurso especial, deve ater-se à matéria objeto da apreciação da Corte de origem, por força do requisito do prequestionamento (Súmula 282 STF).2. Recurso especial a que se nega conhecimento.
VOTO
O EXMO. SR. MINISTRO HÉLIO QUAGLIA BARBOSA (Relator):
1. O recurso não merece conhecimento.
Insurge-se a autarquia previdenciária, alegando a violação do artigo 16 da Lei
8.213/91, com redação dada pela Lei nº 9.032, de 29/04/1995, verbis :
"Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado:I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido;II - os pais;III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor que 21 (vinte e um) anos ou inválido.§1º A existência de dependente de qualquer das classes deste artigo exclui do direito às prestações os das classes seguintes.§ 2º Equiparam-se a filho, nas condições do inciso I, mediante declaração do segurado: o enteado; o menor que, por determinação judicial, esteja sob a sua guarda; o menor que esteja sob sua tutela e não possua condições suficientes para o próprio sustento e educação.§ 3º Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada, mantém união estável com o segurado ou com a segurada, de acordo com o § 3º do artigo 226 da Constituição Federal.§ 4º A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e a das demais deve ser comprovada."
No entanto, o Tribunal de origem não decidiu a questão sob o ângulo do
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dispositivo apontado como violado pela autarquia previdenciária, nem sequer ingressou na
questão da nova redação do artigo 16 da Lei nº 8.213/91, dada pela Lei nº 9.032/95; mas,
sim, sob a ótica da dependência econômica, a qual, inclusive, restou comprovada nos autos.
Confira-se o voto condutor:
"O autor postula a concessão de pensão por morte de sua avó.A condição de neto, por si só, não dá direito à pensão por morte da avó, sendo necessária, portanto a comprovação da dependência econômica.O autor juntou os seguintes documentos: sua Certidão de Nascimento (fl.10); Certidão de Nascimento de sua mãe (fl.14); Certidão de Óbito da segurada ( fl.11); Certidão de Casamento Religioso da segurada (fl.13); Certidão de Óbito do marido da segurada (fl. 12).Em Relatório de Estudo Social (fls.28/29), formulado por Assistente Social do Juízo, consta que (...) há referências de que fora a avó a principal responsável pela guarda do menor Maycon. A mãe biológica sempre residiu em companhia de sua mãe (avó falecida), e como nem sempre conseguia emprego, recorria a aquela para sustentar a si e ao filho. Verificou-se, então, que após a morte da avó, o menor Maycon passou a depender integralmente de sua mãe (...) Constatou-se, outrossim, que a Srª Josefina percebe apenas um salário mínimo mensal e necessita da aquisição de outros meios de sobrevivência.Depreende-se que a prova trazida, bem demonstra que a falecida avó contribuía com seu trabalho, sua aposentadoria e que a renda obtida passou a integrar a renda de seu neto.No exame da prova oral, os depoimentos colhidos foram unânimes ao demonstrar que a avó falecida auxiliava o neto. Pode-se deles extrair que se confirmou a relação de dependência econômica. (...)Verifico, portanto, que o neto vivia com a avó e que dos depoimentos ouvidos, e do Relatório de Estudo Social, restou configurada a dependência econômica.Assim, certa a condição de segurada e comprovada a dependência econômica, é devido o benefício de pensão por morte.(...)Voto, pois, para dar parcial provimento ao apelo do INSS e ao reexame necessário, para alterar a condenação em honorários advocatícios e em custas processuais."
Como diante dessa decisão não foram opostos embargos de declaração,
conforme certidão de fls. 92 dos autos, não há como a matéria não analisada pela Corte a quo
possa ser agora objeto de exame por esta Corte, ausente o requisito do prequestionamento, a
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teor da Súmula 282 do E. STF.
Nesse sentido, a lição de Nelson Nery Júnior:
"A instância do recurso especial não é o terceiro grau de jurisdição, porquanto
esse recurso é excepcional e não se presta à correção de injustiça
eventualmente cometida pelos tribunais federais regionais e tribunais estaduais.
O STJ julga o acórdão do tribunal local contestado em face da lei federal, razão
pela qual somente o que consta do aresto é que pode ser objeto de julgamento
(prequestionamento)." (Teoria Geral dos Recursos, 6ª Ed., Revista dos
Tribunais, p. 441)
Para ilustrar, vale referir julgados deste Sodalício, que corroboram o
entendimento esposado:
"PROCESSO CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA.1 - No exame de recurso especial, não se conhece de matéria que não foi objeto de apreciação pelo Tribunal de origem, ausente assim o necessário prequestionamento. 2 - Recurso a que se nega seguimento.O Instituto Nacional do Seguro Social - INSS interpõe recurso especial, com fundamento na alínea "a", do permissivo constitucional, contra acórdão do Tribunal Federal da 4ª Região assim ementado:"PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. NETA. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA DEMONSTRADA. POSSIBILIDADE. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CUSTAS.1. A condição de neta exige comprovar a dependência econômica como requisito do benefício de pensão por morte.2. Verificada a dependência econômica da avó, correta é a concessão da pensão.3. Os honorários de advogado incidem em 10% sobre o valor das parcelas vencidas até a sentença concessória do benefício, excluídas as parcelas vincendas.4. O INSS arca com o pagamento de custas pela metade, a teor do disposto na LC 161/97-SC." (fl. 81).Alega o recorrente violação do artigo 16 da Lei nº 8.213/91, sustentando que a tese albergada pelo Tribunal recorrido não pode ser acolhida pelas seguintes
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razões: primeiro, os netos não foram incluídos no rol dos beneficiários da Previdência Social; segundo, a autora sequer foi designada pela segurada como dependente e, se tal tivesse ocorrido, não faria jus ao benefício, uma vez que a Lei nº 9.032/95 excluiu a figura do terceiro designado.O Ministério Público Federal opina pelo não conhecimento do recurso ou, se conhecido, pelo seu improvimento (fls. 94/100).A irresignação não merece acolhimento.O acórdão recorrido não enfrentou a controvérsia sob o ângulo do dispositivo legal tido por violado, tampouco foram opostos embargos declaratórios com o objetivo de sanar possível omissão, ausente, destarte, o requisito indispensável do prequestionamento (Súmula nº 282 do Supremo Tribunal Federal).Prequestionamento é o exame pelo Tribunal de origem, e não apenas nas manifestação das partes, dos dispositivos que se têm como afrontados pela decisão recorrida.Confira-se:A - "RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. PENSÃO TEMPORÁRIA. BENEFÍCIO CONSOANTE A LEGISLAÇÃO VIGENTE À ÉPOCA DO ÓBITO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ORDENAMENTO. SÚMULA 83/STJ.A matéria não foi devidamente prequestionada e o recorrente não opôs embargos declaratórios para trazer à baila, ao menos implicitamente, o thema contra o qual se insurge. Portanto, inadmissível o especial quando não ventilada na decisão recorrida a questão federal suscitada (Súmula 281).Recurso não conhecido."(REsp nº 384.966/MG, Relator o Ministro JOSÉ ARNALDO DA FONSECA , DJU de 19/12/2002)B - "PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. INADMISSIBILIDADE. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. MILITAR. PENSÃO. MENOR DEPENDENTE.Não se verifica o indispensável prequestionamento se na decisão reprochada o tribunal se limita a reconhecer o direito da menor à pensão militar, em face da sua dependência econômica em relação ao falecido, sem contudo examinar as questões abordadas no recurso, referentes à ausência de designação da autora como dependente e a quebra na ordem de beneficiários. Precedente. Recurso não conhecido."(REsp nº 232.055/PE, Relator o Ministro FELIX FISCHER , DJU de 20/08/2001)Ante o exposto, nos termos do art. 557, caput, do Código de Processo Civil, nego seguimento ao recurso especial." (REsp nº 436.675/SC, Relator Ministro Paulo Gallotti, DJ de 12/06/2003).
Documento: 490430 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 28/05/2007 Página 7 de 27
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"PROCESSO CIVIL - APELAÇÃO - TEMPESTIVIDADE - VIOLAÇÃO AO ART. 241 DO CPC - TERMO INICIAL DO PRAZO - AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO - SÚMULA 282/STF - RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (ART. 557 DO CPC).Trata-se de recurso especial, interposto com fulcro na alínea "a" do permissivo constitucional, contra acórdão do TRF da 5ª Região, que concluiu pela tempestividade de recurso de apelação, levando em conta que o AR juntado aos autos continha assinatura de pessoa estranha ao escritório de advocacia destinatário e, por isso, contou o prazo a partir da data em que compareceu o advogado ao Cartório.Sustenta a recorrente violação ao art. 241 do CPC, ao argumento de que o prazo recursal começa a fluir quando da juntada aos autos do Aviso de Recebimento e, portanto, é intempestivo o apelo.Alega que não há fundamento jurídico-legal que ampare o acórdão recorrido e que este partiu de premissa equivocada, no sentido de que teria havido justa causa para a perda do prazo, sem, entretanto, observar o teor do art. 183 do CPC, segundo o qual deveria ter sido provada a existência de justa causa, e não o foi (art. 333, I do CPC).Sem contra-razões, subiram os autos.DECIDO:Observe-se que, embora a recorrente tenha indicado como violado o art. 241 do CPC, a verificação da possível violação depende do exame da tese em torno dos arts. 183 e 333, I do CPC.O Tribunal a quo, examinando a lei processual, concluiu que o espírito da lei é o de assegurar a ciência inequívoca da sentença, sem a qual não se atinge o fim do procedimento intimatório.Partindo dessa idéia, acolhe a alegação da parte contrária no sentido de que a pessoa que recebeu o AR e o subscreveu não integra o corpo de apoio do causídico e, sem apreciar a tese em torno da prova, aplicou a solução que entendia mais razoável para a causa: contar o prazo recursal da data em que o advogado teria comparecido ao Cartório.Entendo que caberia à ora recorrente a interposição de embargos declaratórios para sanar a omissão e, se assim não foi feito, não há outra alternativa a esta Corte de que aplicar o teor da Súmula 282/STF.Com estas considerações, nos termos do art. 557 do CPC, NEGO SEGUIMENTO AO RECURSO ESPECIAL." (REsp nº 264.210/PB, Relatora Ministra Eliana Calmon, DJ de 10/06/2002).
"RECURSO ESPECIAL. CONTRATO DE CONCESSÃO. LINHAS DE ÔNIBUS MUNICIPAIS. ALEGADA VIOLAÇÃO DE DISPOSITIVOS DE LEI FEDERAL. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO PÚBLICO. OBRIGATORIEDADE DE LICITAÇÃO.
Documento: 490430 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 28/05/2007 Página 8 de 27
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A pretensa afronta aos dispositivos legais apontados como violados não merece ser conhecida, uma vez que ausente o necessário prequestionamento, entendido este "quando a causa tenha sido decidida à luz da legislação federal indicada, com emissão de juízo de valor acerca dos respectivos dispositivos legais, interpretando-se sua aplicação ou não ao caso concreto" (cf. AG. Reg. no REsp 264.210-PB, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ 10.06.2002).É cediço que não é necessária menção a dispositivos legais para que se considere prequestionada uma matéria, basta que o tribunal expressamente se pronuncie sobre ela. In casu , porém, como se pode observar pela comparação entre o teor do acórdão proferido pelo Tribunal de origem e as razões recursais, da tese nestas apresentada, nem sequer cogitou aquele. Se a recorrente entendesse existir alguma eiva no acórdão impugnado, deveria ajuizar embargos declaratórios, a fim de ter acesso à instância especial.Ainda que assim não fosse, a Constituição Federal de 1.988, em seu artigo 175, I, estabelece que "incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos". Por outro lado, a Lei n. 8.987/95 dispõe, em seu artigo 43, que "ficam extintas todas as concessões de serviços públicos outorgadas sem licitação na vigência da Constituição de 1988".Dessa forma, o fato da recorrente prestar serviços de transporte de pessoas, carga e encomendas no trajeto Sema Madureira/Brasiléia/Sena Madureira desde 1.968 não lhe confere direito adquirido à exploração do trecho, pois é obrigatória a realização de licitação para a prestação de serviços públicos. Consoante entendimentos vetustos, mas nem por isso desatualizados, o direito, antes de ser adquirido, tem de ser direito, não bastando portanto apenas o eventual ingresso desse interesse no patrimônio do interessado.Recurso especial improvido." (REsp nº 599.536/AC, STJ 2ª Turma, Relator Ministro Franciulli Netto, DJ de 30/06/2004).
2. Diante do exposto, uma vez verificado ausente o requisito do
prequestionamento, não conheço do recurso especial.
3. É como voto.
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CERTIDÃO DE JULGAMENTOSEXTA TURMA
Número Registro: 2002/0117832-4 RESP 464760 / SC
Número Origem: 200004010148280
PAUTA: 17/08/2004 JULGADO: 17/08/2004
Relator
Exmo. Sr. Ministro HÉLIO QUAGLIA BARBOSA
Presidente da SessãoExmo. Sr. Ministro PAULO GALLOTTI
Subprocuradora-Geral da RepúblicaExma. Sra. Dra. CLÁUDIA SAMPAIO MARQUES
SecretárioBel. ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANA
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSPROCURADOR : SIBELE REGINA LUZ GRECCO E OUTROSRECORRIDO : MAYCON NORDIOREPR.POR : JOSEFINA NORDIOADVOGADO : EDUARDO DE SOUZA GOMES
ASSUNTO: Previdenciário - Benefícios - Pensão - Por Morte
SUSTENTAÇÃO ORAL
Sustentou oralmente a Drª Vanessa Mirna Barbosa Guedes do Rego, Procuradora do INSS.
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEXTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Após o voto do Sr Ministro Relator não conhecendo do recurso, no que foi acompanhado pelo Sr. Ministro Nilson Naves, pediu vista o Sr. Ministro Hamilton Carvalhido. Aguardam os Srs. Ministros Paulo Gallotti e Paulo Medina."
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Paulo Gallotti.
O referido é verdade. Dou fé.
Brasília, 17 de agosto de 2004
ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANASecretário
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RECURSO ESPECIAL Nº 464.760 - SC (2002/0117832-4)
VOTO-VISTA
EXMO. SR. MINISTRO HAMILTON CARVALHIDO:
Senhor Presidente, recurso especial interposto pelo Instituto
Nacional do Seguro Social - INSS, com fundamento no artigo 105, inciso III,
alínea "a", da Constituição da República, contra acórdão da Sexta Turma do
Tribunal Regional da 4ª Região, assim ementado:
"PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. NETO.
DEPENDÊNCIA ECONÔMICA DEMONSTRADA. CONCESSÃO.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CUSTAS.
1. A condição de neto somente dá direito à pensão por morte
da avó, quando comprovada a dependência econômica.
2. Certa a condição de segurada e demonstrada a
dependência econômica, é devido o direito à pensão.
3. Os honorários de advogado, incidem em 10% sobre o valor
das parcelas vencidas até a sentença concessória do benefício,
excluídas as parcelas vincendas.
4. O inss arca com o pagamento de custas pela metade, a teor
do disposto na lc 161/97-sc." (fl. 85).
Alega o recorrente, além da divergência jurisprudencial, a violação
do artigo 16 da Lei nº 8.213/91 porque, como se recolhe nas próprias razões
recursais:
"(...)
A lei previdenciária estabelece, no seu artigo 16, que são
beneficiários do RGPS, na qualidade de dependentes do segurado, as
seguintes pessoas:
I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não
emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou
inválido;
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II - os pais;
III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor
de 21 (vinte e um) anos ou inválido.
Além destes, são ainda considerados dependentes para fins de
percepção de benefícios do RGPS o enteado e o menor tutelado, nos
termos do § 2º do art. 16 da Lei 8.213/91.
Pois bem, o autor é neto de segurada do RGPS e pretende
gozar de pensão por sua morte. No entanto, sua pretensão não
encontra amparo na lei, pois os netos não foram incluídos no rol de
dependentes dos segurados do RGPS.
É de se notar que a parte autora sequer foi designada por sua
avó como dependente e, ainda que isso tivesse ocorrido, a Lei nº
9.032/95 excluiu a possibilidade de se designar qualquer outra pessoa
como dependente, de modo que, para os óbitos ocorridos após a sua
vigência, somente fazem jus à pensão aquelas pessoas taxativamente
mencionadas no artigo 16 da Lei nº 8.213/91.
Dessa forma, não havendo previsão legal para a concessão de
pensão a netos de segurado, correta a negativa da autarquia em
conceder o benefício.
O legislador elegeu aqueles que devem ser considerados
dependentes e não cabe ao juiz ampliar esse rol. Se bastasse a
comprovação da dependência econômica para a concessão da
pensão, tese adotada pelo aresto recorrido, fariam jus à pensão os
irmãos maiores e capazes e até um amigo querido de um segurado
que este porventura sustentasse em vida.
(...)" (fl. 90).
O Ministro-Relator, Hélio Quaglia, não conheceu do recurso
especial interposto, por julgar ausente o prequestionamento da matéria posta.
Pedi vista dos autos, para melhor exame da questão federal.
Esta, a letra do artigo 16 da Lei nº 8.213/91, tido por violado, com
redação dada pela Lei nº 9.032, de 28 de abril de 1995:
"Art. 16 São beneficiários do Regime Geral de Previdência Documento: 490430 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 28/05/2007 Página 12 de 27
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Social, na Condição de dependentes do segurado:
I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não
emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou
inválido;
II - os pais;
III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor
de 21 (vinte e um) anos ou inválido.
IV - revogado.
1º A existência de dependente de qualquer das classes deste
artigo exclui do direito às prestações os das classes seguintes.
2º Equiparam-se a filho, nas condições do inciso I, mediante
declaração do segurado: o enteado; o menor que, por determinação
judicial, esteja sob a sua guarda; e o menor que esteja sob sua tutela
e não possua condições suficientes para o próprio sustento e
educação.
3º Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que,
sem ser casada, mantém união estável com o segurado ou com a
segurada, de acordo com o § 3º do art. 226 da Constituição Federal.
4º A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I
é presumida e a das demais deve ser comprovada."
E o teria violado porque, segundo alega a autarquia previdenciária
recorrente, não basta a comprovação da dependência econômica, se o
recorrido não possui a condição legal de dependente, aduzindo, para tanto, que:
"(...)
A lei previdenciária estabelece, no seu artigo 16, que são
beneficiários do RGPS, na qualidade de dependentes do segurado, as
seguintes pessoas:
I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não
emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou
inválido;
II - os pais;
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III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor
de 21 (vinte e um) anos ou inválido.
Além destes, são ainda considerados dependentes para fins de
percepção de benefícios do RGPS o enteado e o menor tutelado, nos
termos do § 2º do art. 16 da Lei 8.213/91.
Pois bem, o autor é neto de segurada do RGPS e pretende
gozar de pensão por sua morte. No entanto, sua pretensão não
encontra amparo na lei, pois os netos não foram incluídos no rol de
dependentes dos segurados do RGPS.
É de se notar que a parte autora sequer foi designada por sua
avó como dependente e, ainda que isso tivesse ocorrido, a Lei nº
9.032/95 excluiu a possibilidade de se designar qualquer outra pessoa
como dependente, de modo que, para os óbitos ocorridos após a sua
vigência, somente fazem jus à pensão aquelas pessoas taxativamente
mencionadas no artigo 16 da Lei nº 8.213/91.
Dessa forma, não havendo previsão legal para a concessão de
pensão a netos de segurado, correta a negativa da autarquia em
conceder o benefício.
O legislador elegeu aqueles que devem ser considerados
dependentes e não cabe ao juiz ampliar esse rol. Se bastasse a
comprovação da dependência econômica para a concessão da
pensão, tese adotada pelo aresto recorrido, fariam jus à pensão os
irmãos maiores e capazes e até um amigo querido de um segurado
que este porventura sustentasse em vida.
(...)" (fl. 90).
E assim decidiu o Tribunal a quo :
"(...) Verifico, portanto, que o neto vivia com a avó e que dos
depoimentos ouvidos, e do Relatório de Estudo Social, restou
configurada a dependência econômica.
Assim, certa a condição de segurada e comprovada a
dependência econômica, é devido o benefício de pensão por morte.
(...)" (fl. 82).
Documento: 490430 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 28/05/2007 Página 14 de 27
Superior Tribunal de Justiça
Ao que se tem, a questão relativa ao direito dos dependentes do
segurado ao benefício previdenciário foi matéria do acórdão impugnado, que
decidiu afirmativamente quanto ao neto, dês que comprovada a dependência
econômica, não havendo falar, destarte, em ausência de prequestionamento do
dispositivo apontado como violado.
Vale ressaltar, nesse passo, que a jurisprudência deste Superior
Tribunal de Justiça é firme em declarar desnecessário o prequestionamento
explícito de dispositivo legal, por só bastar que a matéria haja sido tratada no
decisum .
Confiram-se, a propósito, os seguintes julgados:
"PROCESSO CIVIL - AGRAVO POR INSTRUMENTO -
RECURSO ESPECIAL - DECISÃO ACOIMADA - RESTRIÇÃO À
FUNDAMENTAÇÃO DO PRIMEIRO JUÍZO DE
ADMISSIBILIDADE DO RESP - TESE NÃO ACOLHIDA -
INDICAÇÃO EXPRESSA DO DISPOSITIVO LEGAL
SUPOSTAMENTE VIOLADO - NÃO EXIGIBILIDADE -
PREQUESTIONAMENTO EXPLÍCITO - DESNECESSIDADE -
ART. 255/RISTJ - INOBSERVÂNCIA - PAGAMENTO DE CUSTAS
NA JUSTIÇA FEDERAL - PRAZO - LEI N.6032/74 -
ENTENDIMENTO PACIFICADO PELO TFR.
O Tribunal ad quem não está adstrito ao exame dos
pressupostos de admissibilidade do recurso especial, tendo em vista o
que decidido pelo juízo de admissibilidade provisório, feito pelo
Tribunal a quo, podendo negar provimento ao agravo por
instrumento, quando existir óbice ao conhecimento do recurso
especial, independentemente de ter sido anteriormente apontado.
A indicação precisa do dispositivo de lei a que alegadamente
se negou vigência não é fator impeditivo para conhecimento do
recurso especial, desde que se possa inferir o artigo a que se quer
aludir.
É desnecessário, para se haver como prequestionada a
matéria controvertida, que o acórdão a quo mencione
Documento: 490430 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 28/05/2007 Página 15 de 27
Superior Tribunal de Justiça
expressamente o dispositivo legal tido como violado, bastando que as
questões postas tenham sido debatidas.
(...)
Recurso a que se nega provimento." (AgRgAg 272.639/RJ,
Relator Ministra Nancy Andrighi, in DJ 8/5/2000).
"EMBARGOS DECLARATÓRIOS AO ACÓRDÃO
ESTADUAL. ESCOPO DE OBTER PREQUESTIONAMENTO
EXPLICITO. REJEIÇÃO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
I - É de rigor a rejeição dos embargos declaratórios
manejados com o fim único de obter prequestionamento explícito dos
temas vedados em acórdão proferido por colegiado estadual.
II - Para efeito de admissibilidade de recurso especial é
suficiente haja a questão objeto do apelo extremo sido
implicitamente prequestionada, sendo desnecessário que do aresto
local conste expressa referência ao artigo de lei cuja violação se
argúi na via excepcional, bastando tenha havido análise da matéria
por tal preceito disciplinada.
(...)" (REsp 204.74/SP, Relator Ministro Sálvio de Figueiredo
Teixeira, in DJ 10/4/95).
"AGRAVO REGIMENTAL. PROCESSUAL CIVIL.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. REJEIÇÃO.
1. A jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça
consolidou já o entendimento segundo o qual deve a parte vincular a
interposição do recurso especial à violação do artigo 535 do Código
de Processo Civil, quando, mesmo após a oposição de embargos
declaratórios, o tribunal a quo insiste em não se manifestar sobre
questões em relação às quais deveria ter emitido algum juízo de
valor, por força do princípio tantum devolutum quantum appellatum,
ou ainda, quando houver obscuridade ou contradição no decisum.
2. Em havendo o acórdão embargado decidido a questão tida
como omissa, não há falar em violação do artigo 535 do Código de
Processo Civil.
Documento: 490430 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 28/05/2007 Página 16 de 27
Superior Tribunal de Justiça
3. Os embargos declaratórios não se prestam para forçar o
ingresso na instância extraordinária se não houver omissão a ser
suprida no acórdão, nem fica o juiz obrigado a responder a todas as
alegações das partes quando já encontrou motivo suficiente para
fundar a decisão.
4. Agravo regimental improvido." (AgRgAg 375.893/GO, da
minha Relatoria, in DJ 4/2/2002).
Atendido o requisito do prequestionamento, conheço do recurso.
A questão é a da concessão de pensão por morte a neto de
segurada, falecida na vigência da Lei 9.032, de 29 de abril de 1995.
A matéria já registra precedente nesta Egrégia 3ª Seção, que
firmou entendimento no sentido de que o suporte fático para a concessão do
benefício de pensão por morte é o óbito do segurado, devendo ser aplicada a
lei vigente à época de sua ocorrência (cf. EREsp nº 190.193/RN, Relator
Ministro Jorge Scartezzini, in DJ 7/8/2000).
Na espécie, a segurada veio a falecer em 14 de maio de 1995 (cf.
certidão de óbito à fl. 11 dos autos), quando vigente a Lei nº 8.213/91, com
redação dada pela Lei nº 9.032/95, que assim dispõe:
"Art. 16 São beneficiários do Regime Geral de Previdência
Social, na Condição de dependentes do segurado:
I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não
emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou
inválido;
II - os pais;
III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor
de 21 (vinte e um) anos ou inválido.
IV - revogado.
1º A existência de dependente de qualquer das classes deste
artigo exclui do direito às prestações os das classes seguintes.
2º Equiparam-se a filho, nas condições do inciso I, mediante
Documento: 490430 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 28/05/2007 Página 17 de 27
Superior Tribunal de Justiça
declaração do segurado: o enteado; o menor que, por determinação
judicial, esteja sob a sua guarda; e o menor que esteja sob sua
tutela e não possua condições suficientes para o próprio sustento e
educação.
3º Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que,
sem ser casada, mantém união estável com o segurado ou com a
segurada, de acordo com o § 3º do art. 226 da Constituição Federal.
4º A dependência econômica das pessoas indicadas no
inciso I é presumida e a das demais deve ser comprovada ." (nossos
os grifos).
O recorrido, neto da segurada, ao que se tem, não se enquadra em
nenhuma das hipóteses previstas no transcrito dispositivo legal, não figurando,
demais, entre os dependentes, nem entre os equiparados a filho (parágrafo 2º).
Tem-se, assim, que o recorrido não faz jus ao benefício de pensão
por morte, até porque não há qualquer notícia nos autos no sentido de se
cuidar de menor designado, valendo acrescentar, de qualquer modo, que esta
Corte Superior de Justiça pacificou já sua jurisprudência no sentido de que o
dependente designado anteriormente à instituição do benefício (data do óbito)
não tem direito adquirido à sua percepção, mas, sim, mera expectativa de
direito (cf. REsp nº 256.699/RN, Relator Ministro Edson Vidigal, in DJ
4/9/2000; REsp nº 263.494/RN, Relator Ministro Jorge Scartezzini, in DJ
18/12/2000).
Pelo exposto, divergindo do eminente Ministro Hélio Quaglia, dou
provimento ao recurso, para julgar improcedente o pedido de pensão por
morte.
Honorários advocatícios fixados em 10% sobre o valor da causa,
nos termos do artigo 20, parágrafo 4º, do Código de Processo Civil, com
execução suspensa pelo prazo de até cinco anos, ao fim do qual, em persistindo
a incapacidade financeira, terá lugar a prescrição.
É O VOTO.Documento: 490430 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 28/05/2007 Página 18 de 27
Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTOSEXTA TURMA
Número Registro: 2002/0117832-4 RESP 464760 / SC
Número Origem: 200004010148280
PAUTA: 17/08/2004 JULGADO: 17/02/2005
Relator
Exmo. Sr. Ministro HÉLIO QUAGLIA BARBOSA
Presidente da SessãoExmo. Sr. Ministro PAULO GALLOTTI
Subprocuradora-Geral da RepúblicaExma. Sra. Dra. MARIA DAS MERCÊS DE C. GORDILHO ARAS
SecretárioBel. ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANA
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSPROCURADOR : SIBELE REGINA LUZ GRECCO E OUTROSRECORRIDO : MAYCON NORDIOREPR.POR : JOSEFINA NORDIOADVOGADO : EDUARDO DE SOUZA GOMES
ASSUNTO: Previdenciário - Benefícios - Pensão - Por Morte
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEXTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Prosseguindo no julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro Hamilton Carvalhido dando provimento ao recurso, pediu vista o Sr. Ministro Paulo Gallotti. Aguarda o Sr. Ministro Paulo Medina."
Ausentes, nesta assentada, justificadamente, o Sr. Ministro Paulo Medina e, ocasionalmente, o Sr. Ministro Nilson Naves.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Paulo Gallotti.
Brasília, 17 de fevereiro de 2005
ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANASecretário
Documento: 490430 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 28/05/2007 Página 19 de 27
Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 464.760 - SC (2002/0117832-4)
VOTO-VISTA
O SENHOR MINISTRO PAULO GALLOTTI: Cuida-se de recurso
especial interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, com fundamento na
alínea "a" do permissivo constitucional, contra acórdão proferido pelo Tribunal Federal
da 4ª Região assim ementado:
"PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. NETO. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA DEMONSTRADA. CONCESSÃO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CUSTAS.1. A condição de neto somente dá direito à pensão por morte da avó quando comprovada a dependência econômica.2. Certa a condição de segurada e demonstrada a dependência econômica, é devido o direito à pensão.3. Os honorários de advogado incidem em 10% sobre o valor das parcelas vencidas até a sentença concessória do benefício, excluídas as parcelas vincendas.4. O INSS arca com o pagamento de custas pela metade, a teor do disposto na LC 161/97-SC." (fl. 85)
Alega o recorrente violação do art. 16 da Lei nº 8.213/91, sustentando que
não há previsão legal para a concessão de pensão por morte a neto de segurado.
O relator, Ministro Hélio Quaglia Barbosa, não conheceu do recurso
porque ausente o requisito do prequestionamento.
O Ministro Hamilton Carvalhido, em voto vista, divergiu do relator por
entender que a matéria controvertida restou devidamente prequestionada. Neste passo,
deu provimento ao recurso especial da autarquia para julgar improcedente o pedido de
pensão por morte, uma vez que o neto da segurada não se enquadra como seu
dependente.
Pedi vista para melhor exame dos autos.
Versa a controvérsia sobre concessão de pensão por morte a neto de
Documento: 490430 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 28/05/2007 Página 20 de 27
Superior Tribunal de Justiça
segurado, tema debatido no acórdão impugnado que asseverou:
"A condição de neto, por si só, não dá direito à pensão por morte da avó, sendo necessária, portanto, a comprovação da dependência econômica.(...)Assim, certa a condição de segurada e comprovada a dependência econômica, é devido o benefício de pensão por morte." (fls. 81/82)
Assim sendo, entendo que a matéria foi devidamente prequestionada,
razão pela qual conheço do recurso, pedindo vênia ao Ministro Relator.
Analisando o mérito, verifico que merece acolhimento a irresignação da
autarquia.
Com efeito, a pensão por morte é benefício previdenciário concedido aos
dependentes do segurado falecido em atividade ou aposentado, cujo rol consta do art.
16 da Lei nº 8.213/91, que à época do óbito da segurada, fato gerador do benefício, tinha
a seguinte redação:
Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado:I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido;II - os pais;III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido;IV - (Revogado pela Lei nº 9.032/95)§ 1º A existência de dependente de qualquer das classes deste artigo exclui do direito às prestações os das classes seguintes.§ 2º Equiparam-se a filho, nas condições do inciso I, mediante declaração do segurado: o enteado; o menor que, por determinação judicial, esteja sob a sua guarda; e o menor que esteja sob sua tutela e não possua condições suficientes para o próprio sustento e educação.§ 3º Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada, mantém união estável com o segurado ou com a segurada, de acordo com o § 3º do art. 226 da Constituição Federal.§ 4º A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e a das demais deve ser comprovada."
Como visto, a lei não elenca como dependente o neto de segurado,
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Superior Tribunal de Justiça
impondo-se, assim, a reforma do julgado.
Desse modo, acompanhando o Ministro Hamilton Carvalhido, dou
provimento ao recurso especial.
É como voto.
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CERTIDÃO DE JULGAMENTOSEXTA TURMA
Número Registro: 2002/0117832-4 RESP 464760 / SC
Número Origem: 200004010148280
PAUTA: 17/08/2004 JULGADO: 24/02/2005
Relator
Exmo. Sr. Ministro HÉLIO QUAGLIA BARBOSA
Presidente da SessãoExmo. Sr. Ministro PAULO GALLOTTI
Subprocuradora-Geral da RepúblicaExma. Sra. Dra. ZÉLIA OLIVEIRA GOMES
SecretárioBel. ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANA
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSPROCURADOR : SIBELE REGINA LUZ GRECCO E OUTROSRECORRIDO : MAYCON NORDIOREPR.POR : JOSEFINA NORDIOADVOGADO : EDUARDO DE SOUZA GOMES
ASSUNTO: Previdenciário - Benefícios - Pensão - Por Morte
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEXTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Prosseguindo no julgamento, após o voto-vista do Senhor Ministro Paulo Gallotti acompanhando a divergência, pediu vista o Senhor Ministro Paulo Medina."
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Paulo Gallotti.
Brasília, 24 de fevereiro de 2005
ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANASecretário
Documento: 490430 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 28/05/2007 Página 23 de 27
Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 464.760 - SC (2002/0117832-4)
VOTO-VISTA
O EXMO. SR. MINISTRO PAULO MEDINA: Trata-se de recurso especial interposto pelo Instituto Nacional
do Seguro Social contra acórdão proferido pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região que reconheceu o direito de pensão de neto por morte da avó, posto que demonstrada a dependência econômica.
O em. Ministro Relator, Min. Hélio Quaglia, não conheceu do recurso ao fundamento de que o apontado art. 16 da Lei 8.213/91, com redação dada pela Lei nº 9.031/95, careceria do devido prequestionamento pelo Tribunal de origem, assim consignando:
"No entanto, o Tribunal de origem não decidiu a questão sob o ângulo do dispositivo apontado violado pela autarquia previdenciária, nem sequer ingressou na questão da nova redação do artigo 16 da Lei nº 8.213/91, dada pela Lei nº 9.032/95; mas sim, sob a ótica da dependência econômica, a qual, inclusive, restou comprovada nos autos. "
O Ministro Hamilton Carvalhido pediu vista dos autos e proferiu voto no sentido de que a jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça é firme em declarar desnecessário o prequestionamento explícito de dispositivo legal, por só bastar que a matéria haja sido tratada no decisum .
Assim, conheceu do recurso e, no mérito, entendeu que a matéria já registra precedente nesta Egrégia 3ª Seção, que firmou entendimento no sentido de que o neto de segurado não se enquadra em nenhuma das hipóteses previstas no art. 16 da Lei 8.213/91, com redação dada pela Lei nº 9.032/95.
O Ministro Paulo Gallotti também conheceu do recurso ao entender que a matéria estava prequestionada e, no mérito, acolheu a irresignação da autarquia.
Pedi vista dos autos para melhor examinar a questão.
Quanto ao requisito de admissão do recurso especial enfrentado, o do prequestionamento, compartilho do entendimento de que basta a menção implícita do dispositivo legal para que se considere prequestionada a matéria, como ocorreu nos autos.
O acórdão vergastado concedeu o benefício ao fundamento de que a condição de neto, por si só, não dá direito à pensão por morte da avó, Documento: 490430 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 28/05/2007 Página 24 de 27
Superior Tribunal de Justiça
sendo necessária, portanto, a comprovação da dependência econômica . (fls. 81)
Portanto, embora não haja explícita menção ao art. 16 da Lei 8.213/91, a questão tratada refere-se a quem são os beneficiários que fazem jus à pensão por morte, enumerados no mencionado dispositivo legal.
O art. 16 da Lei nº 8.213/91 é taxativo ao elencar os beneficiários do segurado falecido.
Na época do óbito, esse artigo tinha a seguinte redação:
"Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado:
I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido;
II - os pais;
III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido;
IV - (Revogado pela Lei nº 9.032/95)
§ 1º A existência de dependente de qualquer das classes dest artigo exclui do direito às prestações os das classes seguinte.
§ 2º Equiparam-se a filho, nas condições do inciso I, mediante declaração do segurado: o enteado; o menor que, por determinação judicial, esteja sob a sua guarda; e o menor que esteja sob sua tutela e não possua condições suficientes para o próprio sustento e educação.
§ 3º Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada, mantém união estável com o segurado ou com a segurada, de acordo com o § 3º do art. 226 da Constituição Federal.
§ 4º A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e a das demais deve ser comprovada. "
Dessa forma, verifica-se que a condição de neto não se enquadra em nenhuma das hipóteses enumeradas.
Documento: 490430 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 28/05/2007 Página 25 de 27
Superior Tribunal de Justiça
Conforme asseverou Carlos Pereira Alberto de Castro e João Batista Lazzari, "os critérios para fixação do quadro de dependentes são vários, e não somente o da dependência econômica. " (Manual de Direito Previdenciário, 2ª edição, LTr, p. 166).
Por isso, ainda que demonstrada a dependência econômica, o que não se discute e nem se poderia nessa via recursal, falta a condição legal para se caracterizar o neto como dependente e consequentemente beneficiário do benefício pleiteado.
Isso posto, peço vênia ao Ministro Relator, para acompanhando os Ministros Hamilton Carvalhido e Paulo Gallotti, conhecer e dar provimento ao recurso especial.
Documento: 490430 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 28/05/2007 Página 26 de 27
Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTOSEXTA TURMA
Número Registro: 2002/0117832-4 RESP 464760 / SC
Número Origem: 200004010148280
PAUTA: 17/08/2004 JULGADO: 19/04/2005
Relator
Exmo. Sr. Ministro HÉLIO QUAGLIA BARBOSA
Relator para Acórdão
Exmo. Sr. Ministro HAMILTON CARVALHIDO
Presidente da SessãoExmo. Sr. Ministro PAULO GALLOTTI
Subprocuradora-Geral da RepúblicaExma. Sra. Dra. MARIA DAS MERCÊS DE C. GORDILHO ARAS
SecretárioBel. ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANA
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSPROCURADOR : SIBELE REGINA LUZ GRECCO E OUTROSRECORRIDO : MAYCON NORDIOREPR.POR : JOSEFINA NORDIOADVOGADO : EDUARDO DE SOUZA GOMES
ASSUNTO: Previdenciário - Benefícios - Pensão - Por Morte
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEXTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Prosseguindo no julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro Paulo Medina acompanhando a divergência, a Turma, por maioria, deu provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro Hamilton Carvalhido, que lavrará o acórdão. Vencidos os Srs. Ministros Relator e Nilson Naves."
Votaram com o Sr. Ministro Hamilton Carvalhido os Srs. Ministros Paulo Gallotti e Paulo Medina.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Paulo Gallotti.
Brasília, 19 de abril de 2005
ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANASecretário
Documento: 490430 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 28/05/2007 Página 27 de 27