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SUPLEMENTAÇÃO PARA BOVINOS MESTIÇOS RECRIADOS A PASTO NO PERÍODO SECO DO ANO TÚLIO OTÁVIO JARDIM D’ALMEIDA LINS 2015

SUPLEMENTAÇÃO PARA BOVINOS MESTIÇOS RECRIADOS A PASTO NO ... · ... ó Senhor, és o meu refúgio. No Altíssimo ... estarei com ele na angústia; dela o retirarei, e o ... Tempo

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SUPLEMENTAÇÃO PARA BOVINOS MESTIÇOS

RECRIADOS A PASTO NO PERÍODO SECO DO ANO

TÚLIO OTÁVIO JARDIM D’ALMEIDA LINS

2015

Suplementação para bovinos mestiços recriados a pasto no

período seco do ano

Autor: MSc. Túlio Otávio Jardim D‟Almeida Lins

Orientador: Prof. DSc. Robério Rodrigues Silva

BRASIL

ITAPETINGA – BAHIA

Janeiro de 2015

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA

PROGRAMA DE POS-GRADUACAO EM ZOOTECNIA

TÚLIO OTÁVIO JARDIM D’ALMEIDA LINS

SUPLEMENTAÇÃO PARA BOVINOS MESTIÇOS RECRIADOS A

PASTO NO PERÍODO SECO DO ANO

Tese apresentada, como parte das

exigências para obtenção do título

de DOUTOR EM ZOOTECNIA, ao

Programa de Pós-Graduação em

Zootecnia da Universidade Estadual

do Sudoeste da Bahia.

Orientador:

Prof. DSc. Robério Rodrigues Silva

Co-orientadores:

Prof. DSc. Fabiano Ferreira da Silva e

Prof. DSc. Gleidson Giordano Pinto de

Carvalho

BRASIL

ITAPETINGA – BAHIA

Janeiro de 2015

636.0

85

L733s

Lins, Túlio Otávio Jardim D’Almeida.

Suplementação para bovinos mestiços recriados a pasto no período seco do

ano. / Túlio Otávio Jardim D‟Almeida Lins. – Itapetinga-BA: UESB, 2015.

135f.

Tese apresentada como parte das exigências para

obtenção do título de DOUTOR EM ZOOTECNIA, ao

Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Sob a

orientação do Prof. D.Sc. Robério Rodrigues Silva e

co-orientação do Prof. D.Sc. Fabiano Ferreira da

Silva e Prof. D.Sc. Gleidson Giordano Pinto de

Carvalho.

1. Bovinos – Matéria seca potencialmente

digestível. 2. Alimentação bovina – Proteína bruta.

3. Suplementação a pasto – Viabilidade econômica. I.

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - Programa

de Pós-Graduação de Doutorado em Zootecnia. II.

Silva, Robério Rodrigues. III. Silva, Fabiano

Ferreira da. IV. Carvalho, Gleidson Giordano Pinto

de. V. Título.

CDD(21): 636.085

Catalogação na Fonte:

Adalice Gustavo da Silva – CRB 535-5ª Região

Bibliotecária – UESB – Campus de Itapetinga-BA

Índice Sistemático para desdobramentos por Assunto:

1. Bovinos – Matéria seca potencialmente digestível 2. Alimentação bovina – Proteína bruta 3. Suplementação a pasto – Viabilidade econômica

ii

Salmo 91

Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará.

Direi do Senhor: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e nele confiarei.

Porque ele te livrará do laço do passarinheiro, e da peste perniciosa.

Ele te cobrirá com as suas penas, e debaixo das suas asas te confiarás; a sua verdade será o teu escudo e broquel.

Não terás medo do terror de noite nem da seta que voa de dia,

Nem da peste que anda na escuridão, nem da mortandade que assola ao meio-dia.

Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas não chegará a ti.

Somente com os teus olhos contemplarás, e verás a recompensa dos ímpios.

Porque tu, ó Senhor, és o meu refúgio. No Altíssimo fizeste a tua habitação.

Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda.

Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos.

Eles te sustentarão nas suas mãos, para que não tropeces com o teu pé em pedra.

Pisarás o leão e a cobra; calcarás aos pés o filho do leão e a serpente.

Porquanto tão encarecidamente me amou, também eu o livrarei; pô-lo-ei em retiro alto, porque conheceu o meu nome.

Ele me invocará, e eu lhe responderei; estarei com ele na angústia; dela o retirarei, e o glorificarei.

Fartá-lo-ei com longura de dias, e lhe mostrarei a minha salvação

iii

Salmo 23

O senhor é o meu Pastor

E nada me faltará

Deitar me faz em verdes pastos

Guia-me as águas tranquilas

Refrigera a minha alma

Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome

Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte

Não temeria mal algum

Porque estás comigo

Tua vara e o teu cajado me consolam

Preparas-me uma mesa na presença dos meus inimigos

Unge minha cabeça com óleo

E o meu cálice transborda

Certamente que a bondade e a misericórdia

Me seguirão por todos os dias da minha vida

E habitarei na casa do Senhor por todos os dias

E habitarei na casa do Senhor por todos os dias

iv

A Deus;

Aos meus pais, que são meus tios;

A minha mãe Rosinha (in memorian);

Aos meus irmãos e prirmãos;

À minha família;

Aos meus amigos.

DEDICO

v

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pela saúde que tenho e pelas coisas que Ele nos oferece

desde a criação do Universo.

Agradeço aos meus pais por terem doado a mim, cinquenta por cento cada, uma

genética saudável, que me permite desfrutar de tudo que o mundo tem a nos oferecer.

Agradeço aos meus tios Terezinha Jardim e Jurandy B. Jardim que me criaram como

filho, e nunca mediram esforços para que fosse possível a condução e defesa desse

estudo de Doutorado. – Faltam-me palavras para expressar tamanha gratidão...

Agradeço aos meus irmãos Larissa, Lúcio, Lucila, Liana e Tâmara, pelo apoio que

sempre me deram mesmo quando morando a 3000...11000 km de distância, mas,

sobretudo, pelo apoio e conforto ao retornar para casa.

Agradeço de forma especial aos meus tios Flávio Ferraz (Fafá) e Adair, bem como aos

primos-irmãos Flávio (Flavinho), Francisco (Kiko) e Fabiana (Fabi) pelo carinho,

atenção e cuidados sempre a mim destinados.

Agradeço ao Grupo de pesquisa BPL que, dependendo da situação, me acolheu como

um filho, como um irmão e como um pai. Sintam-se abraçados!

Agradeço de forma especial ao Professor Robério, conhecido como Roberão.

Poderia citá-lo nos agradecimentos na categoria de amigo, família, professor,

orientador, membro da banca, mas, com tantos predicados, agradeço a ele em um único

momento aqui, mas para todo o sempre. Obrigado pelo convite e oportunidade de

aprender e crescer junto com você.

Agradeço ao amigo Fabrício, vulgo Tanquinho, pelas horas e horas e horas... e mais

horas de conversas regadas com muito futebol, mas também com muito conhecimento e

alegria. Valeu Fabrição, você faz parte de tudo isso aqui!

Agradeço à Dona Creuza, por abrir as porteiras de sua fazenda, seja para condução dos

nossos experimentos, seja para os churrascos e quadrilhas.

Agradeço aos meus co-orientadores, Gleidson G. P. de Carvalho e Fabiano Ferreira da

Silva, que nunca mediram esforços para sanar as minhas dúvidas quando os procurei.

Agradeço ao Baianinho, também conhecido como Alyson Pinheiro. Agora Doutor,

Professor e membro da banca. Uma figura ímpar! Agradeço por tudo, e fico muito Feliz

ao saber que você, que é o culpado pela minha vinda para a Bahia, está aqui agora,

encerrando esta etapa.

vi

Agradeço ao membro da banca, Professor Fabiano F. Silva, pela disponibilidade e pela

atenção que sempre me destinou. Agradeço por todas as conversas que já tivemos,

dentro e fora de sala aula. Com elas aprendi muito. Valeu Có!

Agradeço ao membro da banca, Professor Dorgival Morais de Lima Júnior, por se

deslocar de seus aposentos para contribuir com a correção e melhoria desse estudo.

Agradeço ao membro da banca, Professor Mário Slomp, pelos constantes ensinamentos

que nos dá... sempre que é possível uma conexão Paraná/Bahia.

Agradeço à Jamile, Joandra, Raquel e Roberta, secretárias do PPZ/UESB, pelas

incontáveis ajudas e atenção dispensada.

Agradeço à CAPES pela concessão da bolsa de Doutorado, e de Doutorado Sanduíche

no Exterior.

Agradeço ao meu orientador no exterior, Doutor Tim McAllister, pelas orientações

profissionais e ensinamentos de vida. Com ele aprendi que devemos trabalhar duro, mas

também aproveitar a vida com a mesma intensidade (“work hard and play hard”).

Agradeço também ao Agriculture and Agri-Food Canada - Lethbridge Research

Centre, AB, Canada - e a todos os integrantes do Grupo de Pesquisa McAllister.

Em especial, agradeço à Larisa Jancewicz, Krysty Munns e Dom Thompson pelo apoio

e ajuda incondicional que me deram. Vocês foram e são a minha família.

Muito obrigado!

(I wish to thank my advisor abroad Dr. Tim McAllister, for the professional guidance,

and life lessons. From him, I learned that we must work hard but also enjoy the life with

the same intensity ("work hard and play hard"). I also wish to thank Agriculture and

Agri-Food Canada and to all members of McAllister's team. In special, I wish to thank

Larisa Jancewicz, Krysty Munns and Don Thompson for the support and unconditional

help that they gave me. You were, and are, my family. Thank you so much!)

Agradeço aos professores Alex Chaves (Universidade de Sydney, Austrália) e Luiz

Gustavo R. Pereira (EMBRAPA-CNPGL) pela intermediação no processo de

Doutorado Sanduíche e pela co-orientação desde então.

vii

BIOGRAFIA

Túlio Otávio Jardim D‟Almeida Lins, filho de Judas Tadeu D´Almeida Lins e

Rosa Anita Jardim Ferraz, nasceu em 05 de janeiro de 1985, em Recife, Pernambuco.

Em março de 2003 iniciou o curso de Zootecnia na Universidade Estadual de

Maringá, finalizando a graduação em Dezembro de 2008.

Em março de 2009 iniciou o curso de Mestrado em Zootecnia no Programa de

Pós-Graduação em Zootecnia na Universidade Estadual de Maringá, finalizando o

Mestrado com área de concentração em pastagem e forragicultura em março de 2011.

Em março de 2011 iniciou curso de Doutorado em Zootecnia no Programa de

Pós-Graduação em Zootecnia na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia,

concentrando estudo em Produção e Nutrição de Ruminantes.

De abril de 2013 a abril de 2014 foi bolsista do Programa de Doutorado

Sanduíche no Exterior (PDSE/CAPES), onde desenvolveu parte dos estudos de

Doutorado no Agriculture and Agri-Food Canada, Lethbridge Research Centre –

Alberta, Canadá.

Em 30 de janeiro de 2015 submeteu-se à defesa da presente Tese de Doutorado.

viii

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO GERAL.................................................................................................................5

OBJETIVO GERAL........................................................................................................................12

Objetivos específicos............................................................................................................................................................................12

MATERIAL E MÉTODOS

Área experimental, animais, tratamentos e manejo.....................................................................13

Forragem............................................................................................................................................16

Consumo, digestibilidade e desempenho................................................................................. 18

Análises e composição química da forragem, suplementos concentrados e dieta total........... 22

Comportamento ingestivo...........................................................................................................................................................................24

Correlação do comportamento ingestivo com variáveis de consumo, digestibilidade dos

nutrientes e o desempenho animal......................................................................................... 27

Viabilidade econômica............................................................................................................ 29

Análise estatística................................................................................................................... 35

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Consumo, digestibilidade e desempenho................................................................................. 37

Comportamento ingestivo....................................................................................................... 49

Correlação das variáveis de consumo e desempenho com as variáveis do comportamento

ingestivo................................................................................................................................ 66

Correlação do comportamento ingestivo com as variáveis de digestibilidade e NDT da

dieta...................................................................................................................................... 86

Viabilidade econômica........................................................................................................... 97

CONCLUSÃO GERAL........................................................................................................... 109

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................... 110

ix

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Composição percentual dos suplementos utilizados na recria de bovinos mestiços

criados a pasto ............................................................................................................................ 15

Tabela 2. Composição química da forragem e dos suplementos concentrado utilizados na fase de

recria de novilhos, durante o período seco do ano......................................................................... 23

Tabela 3. Composição da dieta total consumida por novilhos em fase de recria, durante o período

seco do ano.................................................................................................................................. 24

Tabela 4. Valores para a interpretação do coeficiente de correlação de Pearson (r).................... 29

Tabela 5. Indicadores utilizados para a análise da viabilidade econômica da suplementação de

bovinos machos castrados, em fase de recria, no período seco do ano........................................... 29

Tabela 6. Consumos de matéria seca e de nutrientes de bovinos em fase de recria, suplementados

a pasto no período seco do ano e suas respectivas equações de regressão e coeficientes de

determinação (R2) ........................................................................................................................ 40

Tabela 7. Coeficientes de digestibilidade da matéria seca e de nutrientes de bovinos castrados, em

fase de recria, e suplementados a pasto no período seco do ano e suas respectivas equações de

regressão e coeficientes de determinação (R2) .............................................................................. 46

Tabela 8 – Pesos corporal inicial (PCI) e final (PCF), ganho médio diário (GMD), conversão

alimentar (CA), eficiência alimentar (EA) de bovinos machos, castrados, em fase de recria e

suplementados a pasto no período seco do ano e suas respectivas equações de regressão e

coeficientes de determinação (R2) ................................................................................................ 48

Tabela 9. Tempo total destinado às atividades de pastejo (PAS), ruminação (RUM), alimentação

no cocho (COCHO) e ócio (OCI) de novilhos mestiços suplementados à pasto em fase de

recria............................................................................................................................................ 49

Tabela 10. Tempo de alimentação total (TAT) e tempo de mastigação total (TMT) de novilhos

mestiços suplementados à pasto em fase de recria.......................................................................... 53

Tabela 11. Número de períodos em pastejo (NPP), ruminação (NPR), alimentação no cocho

(NPC) e em ócio (NPO), e tempo por período em pastejo (TPP), ruminação (TPR), alimentação

no cocho (TPC) e em ócio (TPO) de novilhos mestiços suplementados à pasto em fase de

recria............................................................................................................................................ 55

Tabela 12. Tempo de ruminação por bolo (TBOL), número de mastigações por bolo ruminado

(NMASBOL), número de bolos ruminados por dia (NBOLdia) de novilhos mestiços

suplementados à pasto em fase de recria........................................................................................ 59

Tabela 13. Tempo de bocado (TBOC), número de bocados por deglutição (NBOCdeg), taxa de

bocado (TxBOC) e número de bocados por dia (NBOCdia) de novilhos mestiços suplementados

à pasto em fase de recria............................................................................................................... 61

Tabela 14. Eficiências de alimentação da matéria seca (EAMS) e da fibra em detergente neutro

(EAFDN) e eficiências de ruminação da matéria seca (ERMS) e da fibra em detergente neutro

(ERFDN) de novilhos mestiços suplementados a pasto em fase de recria ...................................... 64

x

Tabela 15. Correlações entre o consumo e os tempos destinados às atividades de pastejo,

ruminação, alimentação no cocho e ócio de novilhos mestiços suplementados a pasto em fase de

recria............................................................................................................................................ 66

Tabela 16. Correlações das variáveis de consumo e desempenho com o número de períodos

destinados às atividades de pastejo, ruminação, se alimentando no cocho e ócio, de novilhos

mestiços suplementados a pasto em fase de recria.......................................................................... 72

Tabela 17. Correlações das variáveis de consumo e desempenho com o tempo por período

destinados às atividades de pastejo, ruminação, alimentação no cocho e ócio, de novilhos mestiços

suplementados a pasto em fase de recria........................................................................................ 74

Tabela 18. Correlações das variáveis de consumo e desempenho com os tempos de alimentação

e mastigação total, e números de mastigações merícicas e tempo por bolo ruminado e de novilhos

mestiços suplementados a pasto em fase de recria.......................................................................... 78

Tabela 19. Correlações das variáveis de consumo e desempenho com o tempo por bocado, taxa

de bocado, número de bocados e de bolos ruminados por dia de novilhos mestiços suplementados

a pasto em fase de recria............................................................................................................... 80

Tabela 20. Correlações das variáveis de consumo e desempenho com as eficiências de

alimentação e de ruminação da matéria seca e da fibra em detergente neutro de novilhos mestiços

suplementados a pasto em fase de recria........................................................................................ 82

Tabela 21. Correlações entre os coeficientes de digestibilidade e teor de nutrientes digestíveis

totais da dieta, e os tempos destinados às atividades de pastejo, ruminação, se alimentando no

cocho e em ócio de novilhos suplementados a pasto em fase de recria............................................ 86

Tabela 22. Correlações entre os coeficientes de digestibilidade e teor de nutrientes digestíveis

totais da dieta, e o número de períodos destinados às atividades de pastejo, ruminação, se

alimentando no cocho e em ócio de novilhos suplementados a pasto em fase de recria.................... 90

Tabela 23. Correlações entre os coeficientes de digestibilidade e teor de nutrientes digestíveis

totais da dieta, e o tempo por período destinado às atividades de pastejo, ruminação, se

alimentando no cocho e em ócio de novilhos suplementados a pasto em fase de recria.................... 91

Tabela 24. Correlações entre os coeficientes de digestibilidade e teor de nutrientes digestíveis

totais da dieta, com os tempos de alimentação e mastigação total, e números de mastigações

merícicas e tempo por bolo ruminado e de novilhos mestiços suplementados a pasto em fase de

recria............................................................................................................................................ 93

Tabela 25. Correlações entre os coeficientes de digestibilidade e teor de nutrientes digestíveis

totais da dieta, com o tempo por bocado, taxa de bocado, número de bocados e de bolos

ruminados por dia de novilhos mestiços suplementados a pasto em fase de recria........................... 95

Tabela 26. Correlações entre os coeficientes de digestibilidade e teor de nutrientes digestíveis

totais da dieta, com o tempo por bocado, taxa de bocado, número de bocados e de bolos

ruminados por dia de novilhos mestiços suplementados a pasto em fase de

recria............................................................................................................................................ 96

Tabela 27. Resultados referentes aos consumos, pesos, taxa de lotação e desempenho de

novilhos mestiços suplementados a pasto em fase de recria ........................................................... 98

Tabela 28. Custos da suplementação de novilhos mestiços suplementados a pasto em fase de

recria, e suas respectivas equações de regressão e coeficientes de determinação (R2)..................... 99

xi

Tabela 29. Análise econômica da suplementação de novilhos mestiços suplementados a pasto em

fase de recria................................................................................................................................ 103

Tabela 30. Retorno da atividade, taxa interna de retorno e valor presente líquido da

suplementação de novilhos mestiços suplementados a pasto em fase de recria............................... 107

xii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Animais mestiços utilizados no estudo...................................................................13

Figura 2. Área experimental utilizada na recria de bovinos suplementados..............................14

Figura 3. Animais consumindo o suplemento concentrado ofertado.......................................14

Figura 4. Representação do método Rendimento Visual Comparativo....................................16

Figura 5. Observação da altura do estrato pastejado e componentes apreendidos pelos animais no

momento do pastejo (Pastejo Simulado).......................................................................... 17

Figura 6A. Fornecimento de LIPE®

.................................................................................... 18

Figura 6B. Adição do óxido crômico (Cr2O3) ao suplemento concentrado..............................18

Figura 7. Pesagem dos animais realizada em intervalos de 28 dias.........................................21

Figura 8. Disponibilidade de matéria seca (MStotal), folha, colmo+bainha e material morto (MM) por

hectare, durante cada período (28 dias) e valor médio durante todo o período experimental, ambos em

kg.ha-1......................................................................................... 37

Figura 9. Disponibilidade total de matéria seca (MStotal), matéria seca potencialmente digestível

(MSpd), matéria seca verde (MSverde), folha, colmo+bainha e material morto da Brachiária

brizantha ........................................................................................................ 38

Figura 10. Oferta de forragem de matéria seca total (MStotal) e de matéria seca potencialmente

digestível (MSpd) durante cada período (28 dias) e valor médio durante todo o período experimental

(OF em %, ou em kg por 100 de peso corporal).................................... 39

Figura 11. Consumo de matéria seca oriunda da forragem (CMSF) e consumo de matéria seca

oriunda do suplemento concentrado (CMSSc), em kgMS.dia-1, de bovinos suplementados a pasto no

período seco do ano durante a fase de recria............................................................ 41

1

LINS, Túlio Otávio Jardim D‟Almeida. Suplementação para bovinos mestiços recriados

a pasto no período seco do ano. Itapetinga, BA: UESB, 2015. 135p. Tese. (Doutorado em

Zootecnia; Área de concentração: Produção de Ruminantes).*

Suplementação para bovinos mestiços recriados a pasto no período seco do ano

RESUMO: Objetivou-se avaliar o consumo, coeficiente de digestibilidade e o desempenho

de bovinos suplementados a pasto no período seco do ano, bem como aspectos relacionados

ao comportamento ingestivo, correlações entre o comportamento ingestivo e as variáveis de

consumo, digestibilidade e desempenho, além da viabilidade econômica da técnica de

suplementação. O experimento foi conduzido na Fazenda Princesa do Mateiro, localizada

no município de Ribeirão do Largo, região Sudoeste do estado da Bahia. O período

experimental (fase de campo) foi de 88 dias, precedidos de 14 dias destinados para

adaptação dos animais ao manejo e às dietas experimentais. O estudo compreendeu a fase

de recria de 32 bovinos mestiços (½ Holandês-Zebu), machos castrados, com peso corporal

inicial médio de 378 ± 7,54 kg e idade média de 14 meses. Os animais foram distribuídos

em um delineamento experimental inteiramente casualizado, em quatro tratamentos e oito

repetições e foram manejados em uma área experimental formada por uma pastagem de

Brachiaria brizantha cv. Marandú, em um sistema de pastejo intermitente. O suplemento

foi formulado de modo que a mesma quantidade de proteína bruta (%PB) oriunda do

suplemento fosse consumida diariamente pelos animais nos diferentes tratamentos. Desta

forma, os tratamentos consistiram níveis crescentes de suplementação, com base no peso

corporal (%PC) dos animais, à medida que o teor proteico do suplemento diminuía. Sendo

assim, os suplementos concentrado testados (tratamentos) foram: T2 – 0,2% de

suplementação, com base na matéria seca, com 50%PB; T4 – 0,4% de suplementação, com

base na matéria seca, com 25%PB; T6 – 0,6% de suplementação, com base na matéria seca,

com 16,67%PB; T8 – 0,8% de suplementação, com base na matéria seca, com 12,5%PB.

Não houve diferença no consumo diário de matéria seca total (P>0,05) entre os tratamentos.

Houve um efeito linear decrescente (P<0,05) no consumo de matéria seca oriunda da

forragem, caracterizando um efeito substitutivo. Os coeficientes de digestibilidade da

proteína bruta e da fibra em detergente neutro foram influenciados de forma negativa

2

(P<0,05) à medida que se elevaram os níveis de suplementação. Não houve diferença entre

os tratamentos no que diz respeito ao desempenho dos animais, conversão alimentar e

eficiência alimentar (P>0,05). O aumento dos níveis de suplementação na dieta dos animais

apresentou efeito sobre as variáveis comportamentais, com destaque para o tempo

destinado ao pastejo, tempo de alimentação total, número de períodos em pastejo e taxa de

bocado por dia, que apresentaram efeito quadrático positivo (P<0,05), e para o tempo de

ruminação, número de períodos em ruminação, número de bolos ruminados por dia e

número de mastigações por bolo ruminado, que apresentaram efeito quadrático negativo

(P<0,05). As eficiências de alimentação da matéria seca e da fibra em detergente neutro

foram afetadas de forma quadrática negativa (P<0,05), ao passo que as eficiências de

ruminação da matéria seca e da fibra em detergente neutro foram afetadas de forma

quadrática positiva (P<0,05). Frente às alterações observadas nas variáveis

comportamentais, de consumo, desempenho e digestibilidade, foram observadas

correlações entre essas variáveis (P<0,05). O menor nível de suplementação apresentou

menor custo por arroba produzida, menor custo por hectare, gerando uma maior renda

líquida por hectare e, consequentemente, maior taxa interna de retorno. Diante dos

resultados observados, é possível concluir que a suplementação de bovinos machos

castrados em fase de recria apresenta melhores resultados quando utilizada em níveis

baixos, porém com alto teor proteico.

Palavras chave: matéria seca potencialmente digestível, proteína bruta, suplementação a

pasto, viabilidade econômica.

_________________________________________________________________________________

*Orientador: Robério Rodrigues Silva, Dr. UESB; Co-orientadores: Fabiano Ferreira da Silva, Dr. UESB;

Gleidson Giordano Pinto de Carvalho, Dr, UFBA.

3

LINS, Túlio Otávio Jardim D‟Almeida. Supplementation for crossbred cattle recreated

under grazing in the dry season. Itapetinga, BA: UESB, 2015. 135p. Thesis. (PhD in

Animal Science. Concentration Area: Ruminant Production).*

Supplementation for crossbred cattle recreated under grazing in the dry season

ABSTRACT: This study aimed to evaluate the intake, digestibility coefficient and

performance of cattle supplemented on pasture during dry season as well as aspects related

to feeding behavior, correlations between feeding behavior and the variables of intake,

digestibility and performance, and the economic viability of supplementation technique.

The experiment was conducted at Princesa do Mateiro's Farm, located in Ribeirão Largo,

Southwest region of the state of Bahia. The experimental period (field step) had 88 days,

preceded by 14 days intended for adaptation to the management and to the experimental

diets. The study was the growing phase of 36 crossbred steers (½ Holstein-Zebu) with

initial body weight of 378 kg ± 7.54 and average age of 14 months. The animals were

distributed in a completely randomized design, with four treatments and eight replicates

and were managed in an experimental area formed by Brachiaria brizantha cv. Marandú in

a system of intermittent grazing. The supplement was formulated so that the same amount

of crude protein (CP%) coming from the supplement was consumed daily by animals in the

different treatments. Thus, the treatments were increasing levels of supplementation on the

basis of body weight of animals (% BW), as they protein content of supplement decreased.

Thus, the tested concentrated supplements (treatment) were: T2 - 0.2% of supplementation,

based on dry matter and with 50% CP, T4 - 0.4% of supplementation, based on dry matter

and with 25% CP; T6 - 0.6% of supplementation, based on dry matter and with 16.67% CP;

T8 - 0.8% of supplementation, based on dry matter, and with 12.5% CP. There was no

difference in the daily intake of total dry matter (P>0.05) between treatments. There was a

linear effect (P<0.05) in dry matter intake of forage, characterizing a substitutive effect.

The digestibility coefficient of crude protein (DCCP) and neutral detergent fiber (DCNDF)

were negatively influenced (P<0.05) with increasing the levels of supplementation. There

was no difference between treatments with respect to the performance of the animals, feed

conversion and feed efficiency (P>0.05).

4

The levels increasing of supplementation in animal diet had an effect on the behavioral

variables, highlighting the grazing time (SBP), total feeding time (TAT), number of grazing

periods (NGP) and bit rate by day (BRD) with a positive quadratic effect (P<0.05), and the

rumination time (RUM), number of periods in rumination (NRP), number of bolus

ruminated per day (NBOL) and chews per bolus ruminated (NCHBOL) who had negative

quadratic effect (P<0.05). The feeding efficiencies of dry matter and neutral detergent fiber

(FEDM and FENDF) were affected in a negative quadratic form, whereas rumination

efficiencies of dry matter and neutral detergent fiber (REDM and RENDF) were affected so

positive quadratic. Were observed (P<0.05) correlations between the behavioral variables,

consumption, performance and digestibility. The lowest level of supplementation showed

lower cost per @ produced, lower cost per hectare, generating higher net income per

hectare and consequently higher internal rate of return (IRR). Given the observed results, it

is concluded that supplementation of steers in the growing phase during the dry season

shows the best results when used at low levels, although with a high protein content.

Keywords: pasture supplementation, crude protein, potentially digestible dry matter

economic viability.

_________________________________________________________________________________

*Supervisor: Robério Rodrigues Silva, Dr. UESB; Co-supervisor: Fabiano Ferreira da Silva, Dr. UESB;

Gleidson Giordano Pinto de Carvalho, Dr. UFBA.

5

INTRODUÇÃO GERAL

Em regiões tropicais, as pastagens representam o recurso mais importante na

produção de ruminantes, uma vez que a criação desses é basicamente dependente do

consumo de forragem oriunda das pastagens, sejam elas nativas ou cultivadas (Comastri

Filho et al., 2008). De acordo com Paulino et al. (2008), gramíneas tropicais são a base do

sistema de produção de bovinos em pastejo e fornecem substratos energéticos de baixo

custo, principalmente carboidratos fibrosos. No entanto, a sazonalidade de produção que as

pastagens apresentam ao longo do ano é notadamente um dos maiores gargalos que o

sistema de produção de bovinos a pasto enfrenta, com destaque para o período seco do ano.

Durante esse período são observados baixos índices de produção animal, devido à

baixa disponibilidade de forragem aliada à baixa qualidade do material forrageiro quando

disponível, haja vista que nessa época a forragem encontra-se em avançado estado de

lignificação, afetando de forma negativa a digestibilidade da mesma, baixo teor proteico,

menor disponibilidade de folhas verdes e maior proporção de colmo e material morto.

De maneira geral, podemos considerar o baixo valor nutritivo da pastagem como o

fator qualidade, e a diminuição da ingestão de matéria seca como o fator quantidade.

Ao realizarem um levantamento na literatura nacional que tange a utilização da

suplementação de animais criados em pastagens de Brachiaria decumbens e Brachiaria

brizantha no período seco do ano, Silva et al. (2009) verificaram que neste período essas

gramíneas apresentam teor proteico inferior ao valor mínimo (7%PB) preconizado por

Minson (1990) para que os microrganismos ruminais tenham condições ideais de

crescimento e desenvolvimento e com isso possam utilizar os substratos energéticos

fibrosos da forragem ingerida. Silva et al. (2009) encontraram um valor médio de

5,59%PB, variando de 2,33 à 8,97%PB da matéria seca.

Esses resultados estão aquém do valor mínimo necessário (7%PB) para atender à

mantença dos animais, o que leva à perda de peso no período seco do ano. Realidade

comumente observada no dia-a-dia do produtor. Nesse contexto, Silva et al. (2009)

observaram ganho médio diário de 180 g.dia-1

durante o período seco do ano, com valores

de desempenho variando de -300 até 500 g.dia-1

.

6

Para maximizar a rentabilidade do sistema de produção de bovinos em pastejo, a

utilização do recurso nutricional basal disponível no sistema deve ser otimizada, ou seja, a

massa seca de forragem deve ter boa contribuição ao suprir as exigências nutricionais

desses animais em pastejo. Nesse contexto, Detmann et al. (2014a) alertaram para a questão

da utilização dos recursos nutricionais basais disponíveis, e salientaram que este é o

objetivo primário e indeclinável do sistema de produção de bovinos a pasto. Todavia, de

acordo com os autores, as gramíneas tropicais dificilmente representarão uma dieta

equilibrada para bovinos em pastejo, pois, invariavelmente, apresentarão alguma limitação

nutricional que causarão prejuízos ao consumo voluntario e digestão da forragem, bem

como na absorção de nutrientes. Dessa forma, para que seja possível atingir índices

satisfatórios de desempenho no período seco do ano, e com isso gerar eficiência ao sistema

de produção, o produtor deverá, primeiro, identificar o principal limitante nutricional que a

forragem apresenta, e só então traçar metas de suplementação no intuito de minimizar ou

eliminar o fator limitante à produção animal (Detmann et al., 2014a).

Em condições tropicais, ao lançar mão de um programa de suplementação, o

produtor deve assegurar a disponibilidade de material forrageiro aos animais, que será

utilizada como fonte de energia, do contrário, quaisquer que seja o programa de

suplementação à ser adotado estará fadado ao fracasso.

De acordo com Reis et al. (2009), se não houver a suplementação da dieta neste

período crítico do ano, provavelmente ocorrerá uma redução na taxa de ganho ou até

mesmo perda de peso. Diante dessa realidade, faz-se necessário a utilização de recursos

nutricionais suplementares, que complementam as demandas para produção animal por

intermédio de ações aditivas e, ou, interativas (Detmann at al., 2014a). A depender do

déficit nutricional existente, esses recursos exóticos poderão ser suplementos minerais,

proteicos ou energéticos e, com relação aos níveis planejados de produtividade animal,

esses deverão fornecer nutrientes para atender aos requisitos de mantença e, ou, ganho de

peso.

Um programa de suplementação para animais em pastejo busca comumente atender

as exigências nutricionais dos animais por meio de uma ação interativa e associativa entre o

recurso basal (forragem) e os recursos exóticos ao sistema (suplementos), potencializando

os efeitos associativos positivos e minimizando as interações negativas que por ventura

7

possam existir, de modo a aumentar o consumo e a utilização (digestão) da forragem, e não

o atendimento direto das exigências dos animais via suplemento.

De acordo com o ANUALPEC 2013, estima-se que no Brasil existam 190,5 milhões

de hectares de pastagens e que o rebanho comercial nacional conta com aproximadamente

188,5 milhões de bovinos, sendo aproximadamente 88% desse rebanho manejados única e

exclusivamente em pastagens. Levando em consideração essas informações e ao

realizarmos uma conta simples, podemos verificar que no Brasil é produzido, em média,

um bovino por hectare, sem levar em consideração a categoria animal (peso corporal) e

aptidão.

Em números mais técnicos, de acordo com Ítavo et al. (2007), a taxa de lotação

(TL) média das pastagens no Brasil é de 0,5 UA/ha/ano (sendo 1UA = 450kgPC), e a

produtividade de carne por área é reduzida (100kgPC/ha/ano), representando um ganho

médio diário de 273g.dia-1

.

De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos

Socioeconômicos (DIEESE, 2011), 77,6% da área de pastagens no Brasil apresenta uma

taxa de lotação menor que 0,8 UA.ha-1

, sendo este número ainda maior ao analisar apenas a

região Nordeste, com 90,9% da área de pastagens apresentando taxa de lotação inferior a

0,8 UA.ha-1

.

Estudos têm demonstrado resultados positivos apenas com a adoção de técnicas que

não exigem altos investimentos em infraestrutura, mas sim, na melhora no manejo das

pastagens e dos animais, como por exemplo, correção e adubação da fertilidade do solo

(Pinheiro et al., 2014) e diferimento das pastagens (Teixeira et al., 2011). No que diz

respeito à suplementação durante o período seco do ano, tem sido observado uma melhora

no consumo e no desempenho dos animais nesse período (Silva et al., 2010a; Sampaio et

al., 2010; Mendonça et al., 2010; Mateus et al., 2011).

Souza et al. (2010) observaram um aumento na quantidade de arrobas produzidas

por hectare com uso da suplementação a pasto no período seco do ano, sendo este aumento

economicamente viável até o nível de 0,3% do peso corporal (%PC) dos animais.

Ítavo et al. (2007) ao suplementarem (0,25 e 0,5%PC) novilhos em pastagem de

Brachiaria brizantha, não observaram diferença no ganho por animal (1,05 kg.dia-1

), por

sinal, quatro vezes maior que a média nacional anteriormente citada, no entanto, ao

8

suplementar com 0,5%PC foi possível uma taxa de lotação (TL) duas vezes maior que o

nível de suplementação 0,25% PC. As taxas de lotação alcançadas por estes autores foram

1,03 e 2,04 UA.ha-1

para os tratamentos 0,25 e 0,5%PC, respectivamente. Dessa forma,

apenas com o manejo correto da pastagem e uso da suplementação, os autores conseguiram

duplicar e quadruplicar a taxa de lotação (TL) média nacional.

No que concerne à suplementação de animais criados a pasto, seja ela proteica e, ou,

energética, esta é uma técnica que permitiu grande avanço das aplicações do conhecimento

de nutrição de ruminantes no Brasil, e é o ponto chave para a eliminação do grande gargalo

produtivo da pecuária nacional encontrado no período seco (Valadares Filho et al., 2002).

Diante disso, é eminente a necessidade de se desenvolver mais estudos envolvendo a

suplementação de animais a pasto, e as informações encontradas nestes devem chegar até

os produtores rurais, que representam o grupo de maior interesse no uso dessa técnica.

Ao lançar mão da suplementação, o padrão de ingestão de alimentos por bovinos em

pastejo será alterado, pois, será introduzido um recurso alimentar secundário, de origem

exótica ao seu hábito alimentar.

A presença do suplemento concentrado na dieta de bovinos em pastejo gera

interações no interior do rúmen entre concentrado, suplemento e microrganismos, causando

respostas comportamentais que nem sempre são claramente entendidas em um primeiro

momento.

Diversos autores têm observado alterações no padrão do comportamento ingestivo

de animais em pastejo quando se utiliza a suplementação (Silva et al. 2010; Facuri et al.

2014; Costa et al., 2014). No entanto, essas alterações nem sempre se apresentam da

mesma forma, tendo muitas vezes magnitude e força vetorial contrária, a depender de uma

gama de interações que existem entre planta, animal e suplemento, bem como devido à

diferença na condução dos estudos.

O estudo do comportamento ingestivo de animais em pastejo vem sendo

desenvolvido há algum tempo e alguns conceitos de respostas comportamentais que os

animais apresentam se encontram bem esclarecidos e difundidos. No entanto, o uso da

suplementação de bovinos criados a pasto é uma técnica relativamente recente e que vem se

consolidando a cada dia, tanto na pesquisa nacional, quanto no dia-a-dia dos pecuaristas.

9

Com a presença do suplemento na dieta dos animais em pastejo, nem sempre será

observada uma resposta comportamental que seria óbvia e esperada ao consumirem apenas

forragem.

De acordo com Silva et al. (2009), a suplementação de animais em pastejo com

baixos níveis de suplementação pode gerar um aumento no consumo de forragem, com

concomitante melhora na digestibilidade da dieta, principalmente quando a forragem

apresenta baixo conteúdo proteico. Todavia, os autores ressaltam que, ao suplementar os

animais com níveis acima de 0,3% do peso corporal, o que ocorre é uma redução no

consumo de forragem, caracterizando uma substituição da matéria seca oriunda da

forragem pela matéria seca oriunda do suplemento. Essa alteração no padrão de consumo

normalmente ocorre quando níveis de suplementação mais expressivos são utilizados. À

esse efeito é dado o nome de efeito substitutivo.

Com a diminuição do consumo de matéria seca oriunda da forragem, alterações nas

atividades comportamentais são claramente observadas, tais como redução no tempo

destinado ao pastejo, alteração nas atividades de ruminação e aumento no tempo em que os

animais permanecem em ócio.

Essas alterações são evidentes ao observarmos os resultados encontrados por

Mendes (2013). Ao fornecer suplementos proteicos em níveis crescentes para bovinos

criados a pasto em fase de terminação, o autor observou redução no consumo de matéria

seca oriunda da forragem, bem como redução no tempo que os animais permaneceram

pastejando e ruminando, com concomitante aumento no tempo destinado ao ócio.

Dessa forma, é necessário desenvolver estudos que permitam observar as alterações

comportamentais que os animais apresentam após a adição do suplemento concentrado na

dieta, bem como após o consumo do mesmo e, em um segundo momento, tentar

correlacionar essas alterações com variáveis da dieta, de consumo, digestibilidade e

desempenho, para que seja possível elucidar os mecanismos de interação existente entre

forragem, suplemento e microbiota ruminal.

De acordo com Callegari-Jacques (2008), é possível correlacionar variáveis que

possuem unidades de medida diferente e conseguir resultados numéricos adimensionais que

permitem a interpretação da existência de correlação ou não entre as duas variáveis em

questão. Ainda segundo esses autores, o coeficiente de correlação (r) é uma medida da

10

intensidade de associação existente entre duas variáveis quantitativas e sua fórmula foi

proposta por Karl Pearson em 1896. Por esse motivo, o coeficiente de correlação (r) é

também denominado coeficiente de correlação de Pearson.

Em outras palavras, ao correlacionar as variáveis que envolvem o comportamento

ingestivo com as variáveis de consumo, digestibilidade e desempenho, é possível estimar o

quanto da alteração que ocorre em uma variável “X” poderia alterar uma segunda variável

“Y”. Todavia, é preciso ressalva ao interpretar os resultados de correlação, pois, nem

sempre os resultados representarão o que de fato ocorre, principalmente ao analisar

variáveis de ordem biológica.

Gontijo Neto et al. (2006) observaram correlações entre o comportamento ingestivo

a variáveis de consumo de bovinos criados a pasto. Os autores alertaram para a existência

de alta correlação entre o tempo dedicado às atividades de pastejo e o consumo de matéria

seca oriunda da forragem, e que esta variável comportamental (tempo de pastejo) poderia

ser utilizada em modelos de predição do consumo de forragem e, ou, desempenho de

animais criados a pasto.

Além de alterações no padrão do comportamento ingestivo dos animais, o uso da

suplementação altera também a fluxo de caixa, considerando entrada e saída de capital, de

um sistema de produção de bovinos a pasto, pois será necessário um maior investimento de

capital quando comparado a um sistema convencional onde há apenas o uso da forragem

como dieta total dos animais.

De acordo com Silva et al. (2010a), a curva de crescimento da receita é menos

acentuada que a dos custos, o que resulta em achatamento do lucro de acordo com os níveis

de suplementação utilizados, podendo esta ultrapassar a curva dos benefícios gerados ao

sistema. Sendo assim, ao lançar mão da suplementação a pasto, é necessário buscar a

otimização do consumo de forragem e do desempenho animal por área, sem, contudo,

esquecer a viabilidade econômica da técnica.

O produtor deve atentar-se ao equilíbrio entre a resposta biológica e econômica,

uma vez que, segundo Silva et al. (2009), essa técnica é biologicamente viável devido o

efeito positivo sobre o ganho de peso dos animais e, ou, ganho de peso por área. No

entanto, a viabilidade econômica do sistema é, e sempre será, um fator local dependente.

11

Considerando sistemas de produção que buscam elevados índices de eficiência

produtiva e econômica, torna-se primordial eliminar as fases negativas de crescimento,

proporcionando condições para os animais desenvolverem o potencial genético e atingir

altos desempenhos.

Em suma, para maximizar a rentabilidade do sistema de produção de bovinos

criados a pasto, a otimização do uso das pastagens deve ser o objetivo primário e

indeclinável do sistema de produção de bovinos a pasto (Detmann et al., 2014a).

De forma estratégica, a suplementação de bovinos em pastejo durante o período

seco do ano favorece o encurtamento do ciclo de produção, permitindo terminá-los e

comercializá-los no período mais crítico no mercado de abate de bovinos, uma vez que no

final do período seco não há animais disponíveis (terminados) nos pastos para serem

comercializados e abatidos. Desta forma, seguindo a lei da oferta e da demanda, é neste

período que o preço da arroba do boi gordo se encontra mais elevado.

Diante do exposto, ao considerar sistemas de produção que buscam elevados índices

de eficiência produtiva e econômica, torna-se primordial eliminar as fases negativas de

crescimento, proporcionando condições adequadas para os animais desenvolverem o

potencial genético e atingirem desempenhos satisfatórios, sem, contudo, se esquecer da

viabilidade econômica da técnica.

12

OBJETIVO GERAL

Avaliar os efeitos da suplementação no período seco do ano de novilhos em fase de

recria, manejados em pastagens de Brachiaria Brizantha, utilizando suplemento

concentrado contendo diferentes teores de proteína bruta e diferentes níveis oferta com

relação ao peso corporal.

3.1 Objetivos Específicos

Avaliar o consumo e a digestibilidade da matéria seca e de nutrientes, bem como o

desempenho de novilhos mestiços suplementados a pasto no período seco do ano;

Avaliar os efeitos da adição de níveis crescentes de suplemento na dieta de novilhos

mestiços criados a pasto sobre o comportamento ingestivo dos animais;

Correlacionar variáveis comportamentais com variáveis de consumo, digestibilidade

e desempenho;

Avaliar a economicidade da técnica de suplementação de novilhos mestiços no

período seco do ano, utilizando diferentes níveis de suplementação e suplementos

concentrados com diferentes teores proteicos.

13

MATERIAL E MÉTODOS

Área experimental, animais, tratamentos e manejo

O experimento foi conduzido na Fazenda Princesa do Mateiro, localizada no

município de Ribeirão do Largo, região Sudoeste do estado da Bahia (15° 26′ 46″ S e 40°

44′ 24″ O, e altitude de 800 metros).

O experimento ocorreu entre os meses de junho e setembro do ano de 2011,

compreendendo a estação seca do ano na região de estudo. O período total do experimento

(fase de campo), destinados à coleta de dados, foi de 88 dias, precedidos de 14 dias

correspondentes ao período de adaptação dos animais ao manejo e às dietas experimentais.

No início do período de adaptação todos os animais foram vermifugados com

endectocida de longa ação (Ivermectina LA 3,5%).

O estudo compreendeu a fase de recria de 32 bovinos mestiços (½ Holandês-Zebu),

machos castrados, com peso corporal inicial médio de 378 ± 7,54 kg e idade média de 14

meses. Os animais foram distribuídos em um delineamento experimental inteiramente

casualizado (DIC), em quatro tratamentos e oito repetições.

Figura 1 - Animais mestiços utilizados no estudo.

Os animais foram manejados em um sistema de pastejo intermitente, sob o método

de lotação contínua, com carga animal (taxa de lotação) variável. A área experimental

possuía 13 ha, dividida em 12 piquetes de área semelhante, formada por pastagem de

Brachiaria brizantha cv. Marandú.

14

Figura 2 - Área experimental utilizada na recria de bovinos suplementados.

Em março de 2011, no final do período chuvoso, a área de pastagem recebeu uma

adubação nitrogenada de manutenção (75 kg de N ha.ano-1

) visando assegurar uma oferta

de forragem adequada para que fosse possível atingir o ganho de peso pretendido durante o

período experimental que iniciaria em junho de 2011.

Cada piquete possuía um bebedouro e um conjunto de cochos plásticos para o

fornecimento do suplemento concentrado (70 cm lineares por animal), que era fornecido

diariamente às 10:00 horas (Figura 3).

Figura 3 - Animais consumindo o suplemento concentrado ofertado.

O suplemento concentrado foi formulado segundo o NRC (2000), visando um

ganho médio diário de 500 g.dia-1

, de modo que a mesma quantidade de proteína bruta

15

(%PB) oriunda do suplemento concentrado fosse consumida diariamente pelos animais nos

diferentes tratamentos.

Os tratamentos consistiam em níveis crescentes de suplementação, com base no

peso corporal (%PC) dos animais, à medida que o teor proteico do suplemento diminuía.

Sendo assim, os suplementos concentrado testados (tratamentos) foram: 0,2% PC, com

50% PB; 0,4% PC, com 25% PB; 0,6% PC, com 16,67% PB e 0,8% PC, com 12,5%PB.

A composição do suplemento concentrado utilizado em cada tratamento, com base

na matéria natural, pode ser visualizada na Tabela 1.

Tabela 1. Composição percentual dos suplementos utilizados na recria de bovinos mestiços

criados a pasto

Ingredientes

(g.kg-1

)

Níveis de suplemento na dieta (%PC)

0,2 0,4 0,6 0,8

Milho Moído 267,3 733,2 887,2 963,6

Farelo de Soja 626,3 214,0 77,7 10,0

Uréia 60,0 29,8 19,8 14,9

Sal mineral recria1 46,4 23,0 15,3 11,5

1Níveis de garantia (por kg): Ca - 175 g; P - 100 g; Na - 114 g; Mg- 15 g; Zn - 6.004 mg; Mn - 1.250 mg; Cu -

1.875; I - 180 mg; Co - 125 mg; selênio - 30 mg; Fl (máximo) - 1.000 mg.

No início do período experimental, a fim de eliminar e, ou, reduzir os efeitos de

possíveis diferenças existentes entre os piquetes (relevo, disponibilidade de forragem,

presença ou não de áreas sombreadas, etc.) sobre o consumo e o comportamento ingestivo

dos animais, os quatro grupos de animais (tratamentos) foram alocados em um conjunto

contendo quatro piquetes.

A cada período de 28 dias um novo conjunto de quatro piquetes era utilizado, de

modo que os animais pertencentes a cada tratamento permaneciam em cada piquete durante

sete dias. A troca de piquetes era feita de forma pré-estabelecida, fazendo com que cada

grupo (tratamento) passasse por todos os piquetes. Após 28 dias, os grupos eram realocados

em um segundo conjunto formado por quatro piquetes e assim, sucessivamente até a

utilização dos 12 piquetes existentes na área experimental.

16

Forragem

A avaliação da pastagem ocorreu em intervalos de 28 dias, tanto nos piquetes de

entrada (novo conjunto de quatro piquetes), quanto nos de saída (piquetes onde os animais

permaneceram durante um período de 28 dias).

Para a avaliação da disponibilidade de forragem foi adotada a metodologia do

rendimento visual comparativo (MRVC) proposta por Haydock & Shaw (1975), que

consiste na associação entre um método direto (corte) e um indireto (visual). Neste método,

tem-se uma escala de notas (escores de 1 a 3) da quantidade de massa de forragem

disponível no interior de um quadrado de área conhecida (Figura 4).

Figura 4 – Representação do método Rendimento Visual Comparativo (Escores de 1 a 3) proposto por

Haydock & Shaw (1975).

Para proceder tal avaliação, no primeiro dia de cada período, em cada piquete, um

quadrado metálico (0,25m2) foi lançado 50 vezes de forma aleatória, e a massa de forragem

disponível no interior deste foi estimada de forma visual por meio de escores (Figura 4).

No momento da avaliação da pastagem , utilizando-se uma tesoura de jardinagem,

foram coletadas duas amostras de cada escore observado por piquete. O peso da massa de

forragem (matéria natural/verde) existente no interior do quadrado (0,25m2) foi mensurado

por meio de uma balança digital considerando três casas decimais.

As amostras de forragem coletadas, após serem pesadas (peso total), foram

separadas em seus componentes morfológicos (folha, colmo+bainha e material morto), e

esses por sua vez foram pesados a fim de se obter a disponibilidade de cada componente de

forma individual e conhecer a razão folha:colmo existente.

17

A fim de representar a forragem consumida pelos animais, a forragem analisada

para a determinação da composição química foi obtida por meio de pastejo simulado

(Figura 5), que consiste na observação dos animais pastejando (altura do estrato pastejado e

componentes morfológicos apreendidos) e coleta de material forrageiro semelhante.

Figura 5 - Observação da altura do estrato pastejado e componentes apreendidos pelos animais no momento

do pastejo (Pastejo Simulado).

As amostras de forragem foram pré-secadas em estufa de circulação de ar forçada

(55ºC) até atingirem peso constante, em seguida, foram moídas à 1mm (moinho Willey).

O teor de matéria seca potencialmente digestível da forragem foi calculado por meio

da equação proposta por Paulino et al. (2006):

%MSpd = 0,98 (100 - %FDNcp) + (%FDNcp - %FDNi)

Onde: MSpd = matéria seca potencialmente digestível (% da MS); FDNcp = fibra em detergente neutro

corrigida para cinzas e proteína (% da MS); FDNi = fibra em detergente neutro indigestível (% da MS); e 0,98

= coeficiente de digestibilidade verdadeiro para os componentes não-FDN.

A oferta de forragem (OF) foi calculada por meio da seguinte equação:

OF = { [((MF1 + MF2)/2) / CA] / nº dias }* 100

Onde: OF = oferta de forragem, em kg MS/100 kg de PC; MF1 = massa de forragem na avaliação 1 (entrada),

em kgMS.ha-1

; MF2 = massa de forragem da avaliação 2 (saída), em kgMS.ha-1

; nºdias = número de dias entre

as avaliações 1 e 2; CA= carga animal média do período, em kg PC.ha-1

.

A taxa de lotação (TL) foi calculada por meio da fórmula que segue, considerando-

se uma unidade animal (UA) igual a 450 kg de peso corporal (PC):

TL = UAt

área

Onde: TL: taxa de lotação, em UA.ha-1

; UAt: unidade animal total, em kg; Área: área experimental, em ha.

18

Consumo, digestibilidade e desempenho

Durante o período experimental, entre o 39º e 46º dia, foi realizada a avaliação da

digestibilidade e do consumo de matéria seca e nutrientes dos animais.

Os consumos de matéria seca (CMS) de forragem (CMSF), do suplemento (CMSS)

e total (CMStotal) foram estimados a partir da produção fecal diária e do conhecimento do

teor de componentes indigestíveis na dieta dos animais (suplemento e forragem).

Para estimar o CMS oriunda da forragem (CMSF), a produção fecal diária de cada

animal foi estimada por meio do fornecimento diário do indicador externo LIPE® (Lignina

Purificada e Enriquecida) e, como indicador interno, foi utilizado o teor de fibra em

detergente neutro indigestível (FDNi) presente na forragem coletada por meio de pastejo

simulado durante o período de digestibilidade.

O fornecimento do LIPE®

foi iniciado no mesmo dia que teve início o fornecimento

do óxido crômico (Cr2O3). Para isto, os animais correspondentes a cada tratamento era

trazido no início da manhã ao curral (07:00h), imobilizados no tronco de contenção e, uma

cápsula de LIPE®

(250mg) era introduzida na boca de cada animal (Figura 6A).

Figura 6A (esquerda) - fornecimento de LIPE

® - Figura 6B (direita) - Adição do óxido crômico (Cr2O3) ao

suplemento concentrado.

Apesar do LIPE®

não exigir um período de adaptação, pois sua eliminação

apresenta-se uniforme nas fezes 24 horas após sua administração (Saliba et al., 2005), três

dias de adaptação são necessários para adaptar os animais ao manejo para o fornecimento

do indicador.

19

O CMS oriunda do suplemento (CMSS) foi estimada por meio do fornecimento

diário do indicador externo óxido crômico (Cr2O3). Como indicador interno foi utilizado o

teor de fibra em detergente neutro indigestível (FDNi) presente no suplemento. Para

estimar o CMSS foi adotada a produção fecal diária estimada por meio da análise da

concentração de LIPE®

presente nas fezes.

O óxido crômico (Cr2O3) foi adicionado ao suplemento no momento do

fornecimento do mesmo aos animais (10:00 horas), diretamente no cocho, onde era

misturado até a completa homogeneização, na quantidade de 10g animal.dia-1

(Figura 6B).

Os animais receberam o óxido crômico (Cr2O3) durante sete dias, sendo os três primeiros

para a adaptação dos animais ao manejo e para a homogeneização do indicador na digesta

dos animais (Valadares Filho et al., 2006).

A partir do quarto dia de fornecimento dos indicadores externos (LIPE®

e Cr2O3) foi

realizada a coleta de aproximadamente 250 gramas de fezes, coletadas diariamente em

sacos plásticos logo após cada animal defecar. Posteriormente, os teores dos indicadores

externos e interno (FDNi) foram analisados. No oitavo dia não foi fornecido nenhum

indicador externo, apenas foi realizada a coleta das fezes referente à quinta amostra de cada

animal. O horário de coleta de fezes seguiu a indicação preestabelecida pelo fabricante do

LIPE®

(08; 10; 12; 14 e 16 horas) a fim de assegurar a coleta de amostras representativas do

fluxo intestinal diário dos animais.

As amostras de fezes foram armazenadas em freezer (-10°C) até o momento em que

foram pré-secadas em estufa de ventilação forçada a 55°C até atingir peso constante. Após

a secagem, as amostras de fezes foram moídas em moinho tipo Willey (peneira 1mm) e, em

seguida, para cada animal, foi feita uma amostra composta a partir dos cinco dias de coleta,

respeitando-se a mesma proporção de peso no momento da mistura.

Para a determinação da quantidade do indicador (LIPE®) nas fezes, uma sub-

amostra das fazes (seca e moída) de cada animal (10 gramas) foi enviada para o fabricante

do LIPE® e, por meio de espectrometria de infravermelho, no Laboratório da Escola de

Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, a produção fecal diária foi

estimada utilizando-se a fórmula proposta por Saliba et al. (2005):

( ) ((

) )

20

Onde: PF = produção fecal, em kg.dia-1

; Ai = relação logarítmica das intensidades de absorção das bandas

dos comprimentos de onda 1050 cm-1

/ 1650 cm-1

.

Para quantificar o cromo existente nas fezes, foi utilizada a espectrofotometria de

absorção atômica. Ao conhecer a quantidade do indicador externo (óxido crômico)

fornecida e sua concentração nas fezes, e de posse dos resultados da produção fecal diária,

o consumo de matéria seca oriunda do suplemento (CMSS) foi estimado pela equação:

CMSS = (PF x Cr fezes)

Cr suplemento

Onde: CMSS = consumo de matéria seca oriunda do suplemento, em Kg MS.dia

-1; Cr fezes e Cr suplemento

= concentração de óxido crômico presente nas fezes e no suplemento, respectivamente.

Os valores de FDNi foram obtidos após a incubação ruminal de saquinhos de TNT

(tecido-não-tecido) medindo 5 x 5 cm, contendo amostra de fezes, suplemento e forragem

(20mg/cm2), durante 288 horas, segundo a recomendação de Detmann et al. (2012). Após o

período de incubação, os saquinhos contendo o material residual foram lavados em água

corrente até esta apresentar-se límpida e, em seguida, foram submetidos ao processo de

lavagem em detergente neutro, sob temperatura (105ºC, 1 hora) e pressão (Detmann et al.,

2012).

Ao conhecer a produção fecal diária de cada animal, e de posse do teor do indicador

interno FDNi presente nas fezes, no suplemento concentrado e na forragem, foi possível

estimar o CMSF diário de cada animal por meio da fórmula que segue:

CMSF = [ (PFlipe x CIFz) – ISC ]

CIFor

Onde: CMSF= consumo de matéria seca oriunda da forragem, em Kg MS.dia-1

; PFlipe = produção fecal diária,

em kg MS.dia-1

; CIFz = concentração do indicador (FDNi) presente nas fezes, em kg/kg; CIFor =

concentração do indicador (FDNi) presente na forragem, em kg/kg; ISC= concentração do indicador (FDNi)

presente no suplemento concentrado, em kg/kg.

O consumo de matéria seca diária total (CMStotal) pôde ser calculado por meio da

soma do CMSS e o CMSF da seguinte forma:

CMStotal = CMSS + CMSF

21

Onde: CMStotal = consumo de matéria seca total; CMSS = consumo de matéria seca oriunda do suplemento,

CMSF = consumo de matéria seca oriunda da forragem; em Kg MS.dia-1

.

Para determinar o ganho médio diário dos animais (GMD) durante o período

experimental, foram realizadas duas pesagens em jejum (12 horas), sendo uma no início

(PCi jejum) e outra no final do período experimental (PCf jejum):

GMD = PCi jejum + PCf jejum

nº dias

Onde: GMD = ganho médio diário, em kg.dia-1

; PCi jejum = peso corporal inicial em jejum, em kg; PCf jejum =

peso corporal final em jejum, em kg; nº dias = número de dias que os animais permaneceram no experimento.

Pesagens intermediárias foram realizadas em intervalos de 28 dias para o ajuste do

fornecimento de suplemento, haja vista que o mesmo era fornecido em percentual ao peso

corporal dos animais (Figura 7).

Figura 7. Pesagem dos animais realizada em intervalos de 28 dias.

De posse do consumo diário total de matéria seca (CMStotal) e do ganho médio

diário (GMD), foi possível calcular a conversão alimentar (CA) dos animais, bem como o

seu inverso, a eficiência alimentar (EA), por meio das fórmulas que seguem:

CA = CMStotal

EA =

GMD

GMD

CMStotal

Onde: CA = conversão alimentar, em kg MS ingerida/kg ganho; CMStotal = consumo diário total de matéria

seca; GMD = ganho médio diário, em kg.dia-1

; EA = eficiência alimentar, em kg de ganho por kg de matéria

seca ingerida.

22

Análises e composição química da forragem, suplementos concentrados e dieta total

A composição química das fezes, forragem e do suplemento foi analisada conforme

as metodologias descritas por Detmann et al. (2012).

O teor de nitrogênio total (NT) foi estimado por meio do método de Kjeldahl e, o

0teor de proteína bruta (PB) foi obtido pelo produto entre o teor de nitrogênio total (NT) e o

fator 6,25 (PB = NT x 6,25).

A análise de fibra em detergente neutro e ácido (FDN e FDA) foi realizada segundo

a metodologia de detergentes, proposta por Van Soest et al. (1991). No entanto, de acordo

com Detmann et al. (2008), a análise de resíduos fibrosos está sujeita à contaminação por

componentes indesejados e que não representam o material fibroso, os quais, normalmente,

são representados pelos compostos nitrogenados (NIDN) e minerais (CIDN), levando a

uma superestimação no valor do conteúdo fibroso. Segundo estes autores, o valor da fibra

em detergente neutro (FDN) é representado de forma coesa apenas quando esses

contaminantes (NIDN e CIDN) são levados em consideração e são descontados do valor

inicial de FDN. Assim, tem-se o valor de FDN corrigido para cinzas e proteína (FDNcp):

FDNcp = FDN – (PIDN + CIDN)

Onde: FDNcp: fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína; PIDN e NIDN: proteína e cinzas

insolúvel em detergente neutro, respectivamente. Todos os termos são expressos em % da MS.

Os carboidratos totais (CHOT) foram obtidos por diferença, conforme a equação de

Sniffen et al. (1992):

CHOT = 100 - (PB + EE + MM)

Onde: CHOT: carboidratos totais; PB: teor de proteína bruta; EE: teor de extrato etéreo; MM: teor de matéria

mineral. Todos os termos são expressos em % da MS.

O teor de carboidratos não fibrosos (NFcp) corrigidos para cinzas e proteína da

forragem e das fezes foi calculado pela equação proposta por Weiss (1999):

CNFcp = 100 - PB - EE - FDNcp - MM

Onde: CNFcp: carboidratos não fibrosos corrigidos para cinzas e proteína; PB: teor de proteína bruta; EE:

teor de extrato etéreo; FDNcp: fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína. MM: teor de

matéria mineral. Todos os termos são expressos em % da MS.

23

Uma vez que os suplementos concentrados continham uréia, o teor de carboidratos

não fibrosos corrigidos para cinzas e proteína (CNFcp) dos mesmos foi estimado segundo

Hall (2003):

CNFcp = 100-[(PB% - PB% da uréia + ureia%) + EE + FDNcp + MM]

Onde: CNFcp: carboidratos não fibrosos corrigidos para cinzas e proteína; PB: teor de proteína bruta do

suplemento concentrado; PB% da uréia: equivalente proteico da uréia; uréia%: teor de uréia no suplemento

concentrado; EE: teor de extrato etéreo; FDNcp: fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína.

MM: teor de matéria mineral. Todos os termos são expressos em % da MS.

O teor de nutrientes digestíveis totais (NDT) da forragem foi calculado por meio da

equação proposta por Weiss (1999), considerando-se a correção para cinzas e proteína:

NDT= (PBD + FDNcpD + CNFcpD) + (2,25 x EED)

Onde: NDT: nutrientes digestíveis totais; PBD: PB digestível; FDNcpD: FDNcp digestível; CNFcpD: CNFcp

digestível; EED: EE digestível. Todos os termos são expressos em % da MS.

A composição química da forragem, obtida por meio do pastejo simulado, e dos

suplementos concentrado pode ser visualizada na Tabela 2.

Tabela 2. Composição química da forragem e dos suplementos concentrado utilizados na

fase de recria de novilhos, durante o período seco do ano

Componentes (%) Forragem Suplemento concentrado

Pastejo Simulado 0,2% 0,4% 0,6% 0,8%

Matéria seca 36,01 87,98 87,57 87,53 87,28

Matéria Orgânica 90,57 91,22 94,26 95,49 97,95

Proteína bruta 7,73 50,00 25,00 16,67 12,50

Extrato etéreo 2,20 3,67 3,75 4,04 4,19

Carboidratos totais 80,64 37,55 65,51 74,78 81,26

CNFcp 11,51 32,84 55,00 60,81 60,41

FDN 80,49 15,64 17,36 19,23 26,08

FDNcp 69,13 4,70 10,51 13,97 20,86

FDA 53,83 3,21 2,90 2,65 2,47

Cinzas 9,43 8,78 5,74 4,51 2,05

FDNi 26,51 1,78 1,86 2,06 2,54

NDT 46,78 52,90 60,45 66,53 70,76

CNFcp: carboidratos não fibrosos corrigidos para cinzas e proteína; FDN: fibra em detergente neutro; FDNcp:

fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína; FDA: fibra em detergente ácido; FDNi: Fibra

insolúvel em detergente neutro; NDT: nutrientes digestíveis totais.

24

Após os ensaios de consumo e digestibilidade, e da realização das análises químicas

em laboratório, foi possível calcular a composição química da dieta total dos animais

(Tabela 3).

Tabela 3. Composição da dieta total consumida por novilhos em fase de recria, durante o

período seco do ano

Componentes (%) Nível de suplementação

0,2% 0,4% 0,6% 0,8%

Matéria seca 41,50 46,26 51,36 56,16

Matéria Orgânica 90,64 91,30 92,04 93,47

Proteína bruta 12,20 11,16 10,39 9,60

Extrato etéreo 2,36 2,51 2,75 2,98

Carboidratos totais 76,09 77,63 78,89 80,88

CNFcp 13,76 20,15 26,19 30,72

FDN 73,64 67,94 62,25 59,11

FDNcp 62,32 57,48 52,70 50,16

FDA 48,48 43,70 38,59 33,65

Cinzas 9,36 8,70 7,96 6,53

FDNi 23,89 21,61 19,23 17,09

NDT 49,29 50,64 51,94 55,34 CNFcp: carboidratos não fibrosos corrigidos para cinzas e proteína; FDN: fibra em detergente neutro; FDNcp:

fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína; FDA: fibra em detergente ácido; FDNi: Fibra

insolúvel em detergente neutro; NDT: nutrientes digestíveis totais.

Comportamento ingestivo

A avaliação do comportamento ingestivo dos animais foi realizada em dois períodos

distintos de 24 horas ininterruptas cada. O primeiro dia de avaliação ocorreu no 36º dia do

período experimental, e o segundo no 50º dia. Destra forma, o comportamento ingestivo

dos animais foi avaliado na metade do período experimental.

Na tarde anterior ao início da avaliação etológica, que tinha início às 7:00 horas, os

animais foram identificados no corpo com números feitos com tinta atóxica e fitas coloridas

no pescoço, de modo que fosse possível a identificação dos mesmos à uma distância

segura, assim não interferindo no comportamento natural dos animais.

Para o desenvolvimento do estudo etológico, as atividades realizadas pelos animais

foram registradas em planilha de campo, em intervalos de cinco minutos, conforme descrito

por Almeida et al. (2014a). Cada observador dispunha de relógio, cronômetro, binóculo e

25

lanternas para o período noturno. As atividades observadas por eles foram: pastejo (PAS),

ruminação (RUM), se alimentando no cocho (COCHO) e ócio (OCI).

De acordo com Hancook (1953), foi considerada como atividade de pastejo o ato do

animal selecionar e apreender a forragem, incluindo curtos espaços de tempo destinados ao

deslocamento para dar continuidade à seleção e apreensão da forragem. À atividade de

ruminação foram atribuídos os processos de regurgitação, remastigação, reinsalivação e

redeglutição do bolo alimentar. O tempo destinado à atividade de se alimentar no cocho foi

considerado como o tempo em que o animal passava consumindo o suplemento

concentrado e, excluindo-se essas três atividades relatadas, o tempo restante foi

considerado como ócio.

De posse das anotações de campo, para cada atividade observada foi atribuído o

tempo de cinco minutos e, em planilha de Excel®, foi possível determinar o tempo total

gasto para cada atividade (PAS, RUM, COCHO e OCI), em minutos por dia. Assim, foi

possível obter o tempo de alimentação total (TAT) e o tempo de mastigação total (TMT) de

cada animal:

TAT = PAS + COCHO TMT = PAS + RUM + COCHO

Onde: TAT e TMT: tempo de alimentação total e tempo de mastigação total, respectivamente, em minutos

por dia; PAS, RUM e COCHO: tempo destinado às atividades de pastejo, ruminação e se alimentando no

cocho, em minutos por dia, respectivamente.

A discretização dos períodos em pastejo (NPP), ruminação (NPR), se alimentando

no cocho (NPC) e ócio (NPO) também foi realizada em planilha de Excel®. À saber, cada

período foi considerado como uma sequência de uma mesma atividade, independente do

tempo total destinado à essa sequência, até que o animal apresentasse uma atividade

diferente daquela que vinha fazendo. Dessa forma, o tempo médio por período de cada

atividade foi calculado por meio da divisão do tempo total destinado à cada atividade, pelo

número de períodos da mesma (Silva et al., 2008):

TPP = PAS

TPR = RUM

TPC = COCHO

TPO = OCI

NPP

NPR

NPC

NPO

Onde: TPP, TPR, TPC e TPO: tempo por período em pastejo, ruminação, se alimentando no cocho e ócio,

respectivamente (minutos por período); PAS, RUM, COCHO e OCI: tempo total, em minutos, destinado às

atividades de pastejo, ruminação, se alimentando no cocho e ócio, respectivamente; NPP, NPR, NPC e NPO:

número de períodos em pastejo, ruminação, se alimentando no cocho e ócio, respectivamente.

26

Em dois períodos distintos do dia (matutino – 09 às 12 horas; e vespertino – 16 às

19 horas) foram observadas as atividades de mastigações merícicas por bolo ruminado, ou

seja, para cada animal registrou-se seis vezes (três pela manhã, e três no período da tarde) o

número de mastigações por bolo ruminado e o tempo gasto nessa atividade de acordo com

Burger et al. (2000). Desta forma, foi possível obter uma média do número de mastigações

por bolo (NMASBOL) que cada animal destinava ao processo de ruminação, além do

tempo médio destinado à essa atividade por bolo ruminado. Ao conhecer o tempo médio

destinado à ruminação de cada bolo (TBOL), foi possível estimar o número de bolos

ruminados por dia (NBOLdia):

NBOLdia = RUM (minutos)

(TBOL (segundos) / 60)

Onde: NBOLdia: número total de bolos ruminados por dia; RUM: tempo total de ruminação por dia, em

minutos; TBOL: tempo médio destinado à ruminação de cada bolo, em segundos.

Nesses mesmos períodos supracitados (matutino: 09 às 12 horas; vespertino: 16 às

19 horas), também foi registrado o número de bocados durante a atividade de pastejo, bem

como o tempo, em segundos, destinado à essa atividade (Baggio et al., 2009).

Ao iniciar a atividade de pastejo (apreensão da forragem), o número de bocados e o

tempo eram registrados até o momento em que o animal deglutia a forragem apreendida.

Dessa forma, obteve-se o número médio de bocados por deglutição (NBOCdeg) e o tempo

médio, em segundos, destinado à essa atividade (TBOC). De posse dessas duas variáveis,

foi possível calcular a taxa de bocado dos animais (TxBOC):

TxBOC = NBOCdeg * 60

TBOC (segundos)

Onde: TxBOC: taxa de bocado dos animais, em número de bocados por minuto; NBOCdeg: número médio

de bocados por deglutição; TBOC: tempo médio, em segundos, destinado à atividade de pastejo até a

deglutição da forragem apreendida.

Ao conhecer a taxa de bocado dos animais, foi possível calcular o número de

bocados por dia (NBOCdia):

NBOCdia = PAS * TxBOC

Onde: NBOCdia: número de bocados por dia; PAS: tempo total em pastejo, em minutos; TxBOC: taxa de

bocado dos animais, em número de bocados por minuto.

27

De posse dos dados de consumo de matéria seca (MS) e de fibra em detergente

neutro (FDN), foram calculadas as eficiências de alimentação e de ruminação desses

componentes dietéticos:

EAMS = CMS

; EAFDN= CFDN

; ERMS= CMS

; ERFDN= CFDN

TAT/60 TAT/60 RUM/60 RUM/60

Onde: EAMS e EAFDN: eficiências de alimentação da matéria seca e da fibra em detergente neutro, em

kg.hora-1

, respectivamente; ERMS e ERFDN: eficiências de ruminação da matéria seca e da fibra em

detergente neutro, em kg.hora-1

, respectivamente; CMS e CFDN: consumos de matéria seca e fibra em

detergente neutro, em kg.dia-1

, respectivamente; TAT: tempo de alimentação total, em minutos por dia.

Correlação do comportamento ingestivo com variáveis de consumo, digestibilidade dos

nutrientes, e o desempenho animal

O ensaio de digestibilidade dos animais ocorreu no intervalo de dias entre as duas

atividades que avaliaram o comportamento ingestivo dos mesmos. Ambos ocorreram em

meados do período experimental. Dessa forma, com o objetivo de conhecer a existência, ou

não, da correlação entre as variáveis do comportamento ingestivo e as variáveis de

consumo, digestibilidade e desempenho, foi utilizado o coeficiente de correlação linear de

Pearson (r) entre essas variáveis.

As variáveis comportamentais utilizadas para o estudo de correlação foram: PAS,

RUM, COCHO e OCI: tempo total, em minutos, destinado às atividades de pastejo,

ruminação, se alimentando no cocho e ócio, respectivamente; NPP, NPR, NPC e NPO:

número de períodos em pastejo, ruminação, se alimentando no cocho e ócio,

respectivamente; TPP, TPR, TPC e TPO: tempo, em minutos, por período em pastejo,

ruminação, se alimentando no cocho e ócio, respectivamente; TAT e TMT: tempo de

alimentação total e tempo de mastigação total, respectivamente, em minutos por dia;

NMASBOL: número de mastigações por bolo ruminado; TBOL: tempo, em segundos,

destinado à ruminação de cada bolo; NBOLdia: número de bolos ruminados por dia;

NBOCdeg: número de bocados por deglutição; TBOC: tempo de bocado, em segundos,

destinado à atividade de pastejo até a deglutição da forragem apreendida; TxBOC: taxa de

bocado dos animais, em número de bocados por minuto; NBOCdia: número de bocados por

dia; EAMS e EAFDN: eficiências de alimentação da matéria seca e da fibra em detergente

28

neutro, em kg.hora-1

, respectivamente; ERMS e ERFDN: eficiências de ruminação da

matéria seca e da fibra em detergente neutro, em kg.hora-1

, respectivamente.

As variáveis de consumo e desempenho correlacionadas com as variáveis de

comportamento ingestivo foram: CSUPL: consumo de suplemento, em kg.dia-1

e em

percentual do peso corporal (%PC); CFDNi: consumo de fibra insolúvel em detergente

neutro, em kg.dia-1

; CMSF: consumo de matéria seca de forragem, em kg.dia-1

e em

percentual do peso corporal (%PC); CMST: consumo de matéria seca total, em kg.dia-1

e

em percentual do peso corporal (%PC); CPB: consumo de proteína bruta, em kg.dia-1

;

CFDNcp: consumo de fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína, em

kg.dia-1

; CEE: consumo de extrato etéreo, em kg.dia-1

; CCNF: consumo de carboidratos

não-fibrosos corrigidos para cinzas e proteína (CCNFcp); CCHOT: consumo de

carboidratos totais, em kg.dia-1

; CNDT: consumo de nutrientes digestíveis totais, em kg.dia-

1; GMD: ganho médio diário, em gramas por dia; CA: conversão alimentar, em kg de ganho

por kg de matéria seca.

As variáveis do comportamento ingestivo ainda foram correlacionadas com os

coeficientes de digestibilidade da matéria seca (CDMS) e nutrientes (proteína bruta

(CDPB), fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína (CDFDNcp), matéria

orgânica (CDMO); extrato etéreo (CDEE); carboidratos não fibrosos corrigidos para cinzas

e proteína (CDCNFcp) e carboidratos totais (CDCHOT)), além do teor de nutrientes

digestíveis totais da dieta (%NDT).

O coeficiente de correlação de Pearson (r) apresenta valores que variam de -1 até 1

(Tabela 4), demonstrando a existência de correlação negativa ou positiva, respectivamente,

entre duas variáveis que foram avaliadas. Para interpretar os valores das correlações

encontradas, foi considerada a interpretação bioestatística proposta por Callegari-Jaques

(2003). De acordo com o autor, uma correlação perfeita (-1 ou 1) indicaria que uma

variável poderia ser determinada ao se ter conhecimento da outra. Por outro lado,

correlação igual à zero indica que não existe correlação linear entre as duas variáveis

estudadas, mesmo que o nível de significância seja menor do que o considerado no

momento da análise de correlação. Ainda de acordo com o autor, correlações próximas à

zero, tendem à nulidade.

29

Tabela 4. Valores para a interpretação do coeficiente de correlação de Pearson (r)

r negativo Interpretação da correlação r positivo

0 Nula 0

- 0,30 à - 0,01 Fraca 0,01 à 0,30

- 0,60 à - 0,31 Moderada 0,31 à 0,60

- 0,90 à - 0,61 Forte 0,61 à 0,90

- 0,99 à - 0,91 Muito forte 0,91 à 0,99

-1 Plena ou perfeita 1

Fonte: Bioestatística: princípios e aplicações. Callegari-Jaques (2003).

Viabilidade econômica

Para avaliar a viabilidade econômica do uso da técnica de suplementação de animais

criados a pasto em um sistema de produção já implantado, foram utilizados os indicadores

propostos por Almeida et al. (2014b), e esses são apresentados (Tabela 5) e detalhados em

seguida.

Tabela 5. Indicadores utilizados para a análise da viabilidade econômica da suplementação

de bovinos machos castrados, em fase de recria, no período seco do ano

Indicadores Tratamentos

0,2% 0,4% 0,6% 0,8% 1№ de animais por tratamento 8 8 8 8

2Período experimental (dias) 88 88 88 88

3PCinicial (kg) 368,8 369,1 371,6 364,9

4PCfinal (kg) 418,3 418,8 424,3 419,6

5PCmédio (kg) 393,5 393,9 397,9 392,3

6Área de pastagem (ha) 3,25 3,25 3,25 3,25

7Taxa de Lotação (UA.ha

-1)* 2,15 2,15 2,18 2,15

8GMD (kg.dia

-1) 0,563 0,564 0,598 0,622

9Rendimento de Carcaça (%) 50,00 50,0 50,00 50,00

10Consumo de suplemento (kg.dia

-1) 0,78 1,58 2,39 3,14

11Preço do suplemento (R$.kg

-1) 1,35 0,84 0,67 0,59

12Preço da @ boi magro (compra) 108,56 108,56 108,56 108,56

30

13Preço da @

boi gordo (venda) 125,00 125,00 125,00 125,00

14Medicamentos (R$.animal

-1) 3,37 3,37 3,37 3,37

15Manuteção de cercas (R$.animal

-1)

3,74 3,74 3,74 3,74

16Manutenção da pastagem (R$.animal

-1) 8,91 8,91 8,91 8,91

17Impostos (R$.animal

-1) 0,96 0,96 0,96 0,96

18Mão-de-obra (R$.ha

-1) 24,31 24,31 24,31 24,31

19Mão-de-obra (R$.animal

-1) 9,88 9,88 9,88 9,88

Onde:

1. Número de animais em cada tratamento (n);

2. Período experimental (dias)

3. 4. 5. Peso corporal inicial e final - obtidos por meio da pesagem dos animais após jejum

de 12 horas, e peso corporal médio no período experimental (média aritmética entre PCi

e PCf);

6. Área de pastagem ocupada por cada tratamento - dividiu-se a área experimental total

pelo número de tratamentos 13ha / 4 = 3,25ha;

7. Taxa de lotação média – multiplicou-se o peso corporal médio de cada animal pelo

número de animais por tratamento, e dividiu-se pela área de pastagem disponível por

tratamento, em seguida, dividiu-se por 450 (referente à uma unidade animal (UA))

TL = [{(PCmédio * 8)/ 3,25}/450];

8. Ganho médio diário dos animais – Dividiu-se o ganho de peso no período experimental

pelo número de dias do período de avaliação (PCfinal – PCinicial) / 88;

9. Rendimento de carcaça – Como se tratava de animais em fase de recria, foi considerado

um rendimento de carcaça igual à 50%;

10. Consumo diário de suplemento concentrado por animal, em kg.dia-1

– Obtido por meio

do fornecimento do óxido crômico junto ao suplemento, conforme metodologia

descrita anteriormente;

11. Custo por quilograma do suplemento concentrado – obtido com base no preço dos

insumos e da respectiva composição, com base na matéria natural, de cada suplemento

concentrado; Onde: Milho: R$ 0,55kg; Farelo de soja: R$ 1,66kg; Uréia: R$1,25 kg;

31

Sal mineral: R$1,80kg Preços atuais na praça comercial de Itapetinga-BA

(Novembro/2014);

12. Preço da @ do boi magro (ANUALPEC 2013) – Valor médio referente ao preço do boi

magro nos meses de Junho (2011 e 2012) no estado da Bahia;

13. Preço da @ do boi gordo em Novembro de 2014 segundo o frigorífico Friboi (Grupo

JBS) em Itapetinga-BA.

14. 15. 16. 17. Custos com medicamentos, manutenção de cercas e de pastagens e impostos

por animal de acordo com o ANUALPEC 2013;

18. 19. Custos com mão-de-obra por hectare e por animal, respectivamente. Valores

obtidos de acordo com dados fornecidos pela proprietária da fazenda onde o estudo foi

realizado.

De posse dos indicadores descritos (1 a 19), foi possível calcular as variáveis de

produção e de lucratividade do sistema de produção com o uso da suplementação no

período seco do ano. As variáveis encontram-se detalhadas abaixo:

20. Ganho de peso por hectare (kg.ha-1) durante o período experimental (88 dias) ganho

médio diário multiplicado pelo número de animais por tratamento e pelo período

experimental, dividido pela área ocupada por cada tratamento: (GMD * 8 * 88) / 3,25ha

21. Produção de carne por hectare (kg.ha-1) durante o período experimental (88 dias)

ganho de peso por hectare multiplicado pelo rendimento de carcaça (RC) considerado.

22. Produção de carne por hectare (@.ha-1) durante o período experimental (88 dias)

produção de carne em kg.ha-1 dividido por 15.

23. Consumo de suplemento por hectare (kg.ha-1) no período experimental consumo

médio de suplemento (kg.dia-1) multiplicado pelo número de animais por tratamento e

pelo período experimental, dividido pela área ocupada por cada tratamento: (consumo

de suplemento * 8 * 88) / 3,25ha

24. Custo com o suplemento por hectare (R$.ha-1) no período experimental consumo de

suplemento por hectare (kg.ha-1) multiplicado pelo preço do suplemento (R$.kg

-1).

25. Custo com o suplemento por arroba produzida (R$/@) no período experimental

custo com o suplemento por hectare (R$.ha-1) dividido pela quantidade de @ produzida

32

por hectare.

26. Custo com mão-de-obra por hectare (R$.ha-1) A partir de dados fornecidos pela

proprietária da fazenda onde foi realizado o estudo, considerando o salário pago aos

trabalhadores da fazenda e o rebanho total existente na propriedade, foi possível obter o

custo de mão-de-obra por animal existente em cada tratamento: R$ 24,31 por animal.

27. Custo com mão-de-obra por arroba produzida (R$/@) custo com mão-de-obra por

hectare dividido pela quantidade de @ produzida por hectare.

28. Custos com medicamentos, manutenção de cercas, manutenção da pastagem e impostos

por arroba produzida (R$/@) foram calculados de acordo com os dados de custos de

produção (R$.ha-1) publicados no ANUALPEC 2013, divididos pela quantidade de @

produzida por hectare.

29. Custo total por arroba produzida (R$/@) Somatório dos custos por arroba (R$/@)

com: suplemento, mão-de-obra, medicamentos, manutenção de cercas, manutenção da

pastagem e impostos.

30. Participação do custo do suplemento no custo total da arroba produzida (%) custo

com o suplemento por arroba produzida (R$/@), dividido pelo custo total da arroba

produzida (R$/@), multiplicado por 100.

31. Custo total por animal no período experimental (R$.animal-1) consumo total de

suplemento (consumo diário * 88), multiplicado pelo preço do suplemento (R$.kg-1),

adicionado dos custos com mão-de-obra, medicamentos, manutenção de cercas,

manutenção da pastagem e impostos por animal listados na Tabela 5.

32. Custo total por hectare no período experimental (R$.ha-1) custo total por arroba

produzida (R$/@) multiplicado pela quantidade de @ produzida por hectare.

33. Renda bruta por hectare (R$.ha-1), somente considerando o ganho de peso no período

experimental com o uso da suplementação quantidade de @ produzida por hectare,

multiplicada pelo preço da @ do boi gordo (Tabela 5).

34. Renda bruta por animal (R$.animal-1), somente considerando o ganho de peso no

período experimental com o uso da suplementação Renda bruta por hectare (R$.ha-

1), multiplicada pela área de pastagem utilizada (3,25ha por tratamento), dividida pelo

número de animais por tratamento (8).

35. Renda líquida, ou lucro operacional, por hectare (R$.ha-1), somente considerando o

33

ganho de peso no período experimental com o uso da suplementação resultado da

subtração entre a renda bruta por hectare e o custo total por hectare, (R$.ha-1).

36. Renda bruta total por hectare (R$.ha-1), considerando o peso corporal final dos animais

como o peso de venda ao preço da @ do boi gordo (Tabela 5) peso corporal final

dividido por 30, multiplicado pelo preço da @ do boi gordo (R$125,00), multiplicado

pelo número de animais por tratamento (8), dividido pela área de pastagem ocupada por

cada tratamento (3,25ha). *(Ao considerar o rendimento de carcaça igual a 50%,

divide-se o peso dos animais por 30.).

37. Custo com a compra do boi magro por hectare (R$.ha-1) peso corporal inicial médio

dividido por 30, multiplicado pelo preço da @ do boi magro (R$ 108,56 - ANUALPEC

2013), multiplicado pelo número de animais por tratamento (8), dividido pela área de

pastagem ocupada por cada tratamento (3,25ha). *(Ao considerar o rendimento de

carcaça igual a 50%, divide-se o peso dos animais por 30.).

38. Capital investido por hectare (R$.ha-1) soma do custo com a compra do boi magro

por hectare (R$.ha-1) e o custo total por hectare no período experimental (R$.ha

-1),

considerando os custos com suplemento, mão-de-obra, medicamentos, manutenção de

cercas, manutenção da pastagem e impostos por hectare.

39. R$ retornado por R$ investido (R$) renda bruta por hectare dividida pelo custo total

por hectare.

40. Taxa de retorno mensal (%) dividiu-se a renda líquida por hectare, dividida pelo

custo total por hectare, multiplicado por 100; em seguida, dividiu-se pelo período

experimental e multiplicou-se por 30 dias {(Renda líquida ha / Custo total ha) *

100} /88 ] * 30.

41. Retorno do investimento por hectare (R$/ha/88dias), considerando uma aplicação na

caderneta de poupança com rendimento médio de 6% ao ano. capital investido no

período por hectare, multiplicado por 6% / 365, em seguida multiplicado pelo período

experimental (88dias).

42. Percentual de retorno da atividade (%) renda líquida, dividida pelo capital investido,

ambos em R$.ha-1, multiplicado por 100.

43. Índice de Lucratividade (%) renda líquida (R$.ha-1), dividida pela renda bruta

(R$.ha-1), multiplicado por 100.

34

O índice de lucratividade (IL) foi adaptado de Martin et al. (1998), onde a renda

bruta (RB) equivale ao montante produzido, multiplicado pelo preço médio de mercado

pago ao produtor; e a renda líquida (RL), ou lucro operacional, equivale ao resíduo da

subtração do custo de produção (custo operacional) daquilo que foi gerado na renda bruta.

Dessa forma, o índice de lucratividade refere-se à quanto da receita bruta, em percentagem,

equivale à renda líquida obtida.

Além das variáveis detalhadas acima (20 à 43), dois indicadores econômicos,

comumente utilizados como método de análise de investimentos, foram considerados para

analisar a viabilidade econômica da suplementação de animais criados à pasto, alimentados

com a dieta do presente estudo. São eles: taxa interna de retorno (TIR), e valor presente

líquido (VPL).

De acordo com Gitman (2002), a taxa interna de retorno (TIR) pode ser definida

como a taxa de desconto de um determinado investimento que anula o valor presente

líquido do mesmo. Em outras palavras, a TIR permite que o projeto cubra o investimento

inicial de capital, considerando o valor do dinheiro no tempo e os seus respectivos retornos

futuros. Dessa forma, quanto maior for o retorno de um projeto à ser implantado, maior

será a atratividade para sua adoção e implantação (Almeida et al., 2014b). Assim, segundo

os autores, a taxa interna de retorno é o valor de „R‟ que iguala zero a expressão seguir:

Onde: VF fluxos de caixa líquido (0, 1, 2, 3,...,n); r = taxa de desconto.

Para calcular a taxa interna de retorno é necessário projetar as saídas e entradas de

capital geradas pelo investimento em questão. Para isso, foram consideradas as seguintes

variáveis:

44. Capital investido por hectare no período (R$/ha/88dias) somatório do custo com a

compra do boi magro (variável 37) e do custo com o capital investido por hectare

(variável 38).

45. Renda bruta diária por hectare (R$.hadia-1), divisão da renda bruta total por hectare

(R$.ha-1), considerando o peso corporal final dos animais como o peso de venda ao

35

preço da @ do boi gordo (variável 36), pelo número de dias do período experimental.

O período experimental foi considerado como o período do investimento. Dessa

forma, foi considerada uma entrada de capital da seguinte forma: (renda bruta diária *

30dias) + (renda bruta diária * 30dias) + (renda bruta diária * 28dias), totalizando 88 dias

de investimento e entrada de capital.

Para calcular o segundo indicador econômico de análise de investimentos (VPL),

foram considerados três valores de taxa mínima de atratividade (TMA). Os valores

considerados foram: 4, 8 e 12% ao ano, representando 0,33%, 0,67% e 1% ao mês,

respectivamente.

Ao calcular o VPL do investimento em questão foram consideradas as variáveis 44

e 45 descritas acima. A expressão matemática à seguir representa o cálculo do VPL:

Onde: VPL valor presente líquido; VF valor do fluxo líquido (diferença entre entradas e saídas); n

número de fluxos; R taxa de desconto; t período de análise (i = 1, 2, 3...).

Análise estatística

Os resultados foram interpretados por meio do Programa SAEG – Sistema de

Análises Estatísticas e Genéticas (SAEG, 2001). Os critérios adotados para escolha do

modelo foram o coeficiente de determinação, calculado como a relação entre a soma de

quadrados da regressão e a soma de quadrados de tratamentos, e a significância observada

dos coeficientes de regressão, por meio do teste F, conforme o modelo:

Yijk = m + Ti + eijk

Onde: Yijk - o valor observado da variável;

m - constante geral;

Ti - efeito do tratamento i;

Eijk – erro associado a cada observação.

36

Para analisar os dados do comportamento ingestivo, o modelo adotado foi:

Yijk = m + Bi + Tj + eijk

Onde: Yijk - o valor observado da variável;

m - constante geral;

B = Efeito do dia de avaliação

Ti - efeito do tratamento i;

Eijk – erro associado a cada observação.

Para a análise de correlação, os dados foram processados por meio do Programa

SAEG – Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas (SAEG, 2001), utilizadando-se a

análise de correlações lineares de Pearson e teste “t” ao nível de 5% de probabilidade

(P<0,05).

37

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Consumo, digestibilidade e desempenho

Para que se tenha sucesso na suplementação de animais em pastejo, é importante e

indeclinável que se garanta o acesso dos animais ao recurso nutricional basal desse sistema

de produção, que é a forragem (Detmann et al., 2014a). Nesse contexto, a disponibilidade

de matéria seca total (MStotal) observada no presente estudo (Figura 8) está de acordo ao

que tem sido preconizado na literatura nacional que versa sobre produção de bovinos em

pastagens de gramíneas tropicais (Paulino et al., 2008; Silva et al., 2009).

Figura 8 - Disponibilidade de matéria seca (MStotal), folha, colmo+bainha e material morto (MM) por

hectare, durante cada período (28 dias) e valor médio durante todo o período experimental, ambos em kg.ha-1

.

Esses resultados demonstram o decréscimo na disponibilidade de forragem ao longo

do período experimental devido o consumo. No entanto, independente do período ou

considerando a média do período experimental, as disponibilidades de matéria seca total

(MStotal) e verde (MSV) ficaram acima do que tem sido preconizado na literatura nacional

(Paulino et al., 2008; Silva et al., 2009). Esses autores sugerem que, para que os animais

possam selecionar sua dieta e atingir desempenhos satisfatórios, a quantidade mínima de

matéria seca total disponível (MStotal) deve ser de 4500 kg.ha-1

, ou superior à 1200 kg.ha-1

de matéria seca verde (folha + colmo + bainha).

6161

1951 2068 2142

4890

1099

1597

2194

3853

935 1158

1760

4968

1329 1608

2032

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

DispMStotal Folha Colmo+Bainha MM

Período 1 Período 2 Período 3 MÉDIA

38

Diante disso, é possível afirmar que durante a condução do estudo não houve

limitações de ordem quantitativa, todavia, de acordo com Paulino et al. (2006), nem toda a

matéria seca que o animal consome apresenta-se digestível, desta forma, devemos nos

atentar para essa diferença existente entre o que está disponível e o que é digestível, uma

vez que, a depender do estádio vegetativo da planta, o percentual da matéria seca que é

potencialmente digestível apresenta-se reduzido. Desta forma, é importante conhecer a

digestibilidade em potencial que uma determinada forragem apresenta, surgindo então o

conceito de matéria seca potencialmente digestível (MSpd).

No presente estudo, a forragem (pastejo simulado) apresentou teor de MSpd igual à

72,87% e, desta forma, foi possível calcular a disponibilidade de matéria seca

potencialmente digestível por hectare (Figura 9).

Figura 9. Disponibilidade total de matéria seca (MStotal); matéria seca potencialmente digestível (MSpd);

matéria seca verde (MSverde); folha; colmo+bainha; material morto (MM) da Brachiária brizantha, ambos

em kg.ha-1

.

Ao saber o teor e a disponibilidade de matéria seca potencialmente disponível, é

possível unir os aspectos quantitativos e qualitativos forragem disponível no sistema,

permitindo assim uma melhor adequação à capacidade de suporte da pastagem (Paulino et

al., 2008).

O teor de MSpd observado no presente estudo está em consonância com o que tem

sido observado durante o período seco do ano em outros estudos (Figueiredo et al., 2008;

Santos et al., 2011), e a disponibilidade está acima do que foi observado por Porto et al.

4968

3620

2936

1329 1608

2032

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

MStotal MSpd MSverde Folha Colmo+Bainha MM

39

(2008) no período chuvoso (MSpd: 3140 kg.ha-1

). Esse resultado demonstra o bom manejo

e a qualidade da forragem disponível, uma vez que, normalmente, durante o período seco

do ano, as gramíneas apresentam baixa produtividade e acentuado processo de lignificação,

levando à redução na digestibilidade.

O valor médio da razão folha:colmo durante o período experimental foi igual à 0,83.

Com relação à oferta de forragem (OF), Hodgson (1990) sugere que, para atingir níveis

máximos de desempenho animal, é necessária uma oferta de forragem entre 10 e 12 kg de

MSpd por 100 kg de peso corporal (OF: 10 à 12%). No entanto, após o surgimento do

conceito de matéria seca potencialmente digestível, que se adequa à realidade de produção

brasileira, o valor mínimo segundo recomendações de Paulino et al. (2006) seria entre 4 e 5

kg de MSpd por 100 kg de peso corporal (OF 4 à 5%).

Após realizar extensa revisão na literatura nacional que concerne a suplementação

de bovinos em pastejo no período seco do ano, Silva et al. (2009) recomendaram uma

oferta mínima de matéria seca potencialmente digestível na ordem de 6% (6 kg de MSpd

por 100 kg de peso corporal).

A oferta de forragem (OF) observada no presente estudo permaneceu acima do

recomendado na literatura pertinente (Figura 10).

Figura 10. Oferta de forragem de matéria seca total (MStotal) e de matéria seca potencialmente digestível

(MSpd) durante cada período (28 dias) e valor médio durante todo o período experimental (OF em %, ou em

kg por 100 de peso corporal).

24

18

13

18 18

13

10

13

0

5

10

15

20

25

30

Período 1 Período 2 Período 3 Média

MStotal MSpd

40

Além da disponibilidade quantitativa (MStotal) e qualitativa (MSpd), a forragem

apresentou um valor proteico médio (7,73%PB) adequado ao crescimento e

desenvolvimento da microbiota ruminal, uma vez que de acordo com Van Soest (1994) o

teor proteico mínimo para o desenvolvimento e crescimento dos microrganismos no rúmen

é de 7%PB.

O consumo diário de matéria seca total (CMST) permaneceu inalterado

(P>0,05) entre os tratamentos (Tabela 6), apresentando valor médio de 7,78 kg.dia-1

.

Todavia, com o aumento dos níveis de suplementação houve uma redução linear (P<0,05)

no consumo de matéria seca de forragem (CMSF).

Tabela 6 – Consumos de matéria seca e de nutrientes de bovinos em fase de recria,

suplementados a pasto no período seco do ano e suas respectivas equações de regressão e

coeficientes de determinação (R2)

Variável Tratamentos Equação

Regressão

CV

(%) R

2 L Q

0,2% 0,4% 0,6% 0,8%

CMST (✣) 7,41 7,81 8,18 8,09 Ŷ 7,87 10,06 - 0,0651ns

*****

CMST (⨳) 1,89 2,01 2,07 2,09 Ŷ 2,02 14,38 - 0,1660ns

*****

CMSF (✣) 6,63 6,24 5,79 4,96 1 14,47 0,96 0,0004* *****

CMSF (⨳) 1,69 1,61 1,47 1,29 2 18,23 0,97 0,0045* *****

CFDNcp (✣) 4,62 4,48 4,34 4,08 Ŷ 4,38 12,97 - 0,0603ns

*****

CFDNcp (⨳) 1,17 1,15 1,09 1,05 Ŷ 1,12 16,95 - 0,1757ns

*****

CPB (✣) 0,90 0,88 0,85 0,78 4 11,97 0,95 0,0147* *****

CMO (✣) 6,83 7,13 7,52 7,56 3 9,91 0,92 0,0321* *****

CEE (✣) 0,17 0,20 0,22 0,24 5 9,69 0,99 0,0000* *****

CCNFcp (✣) 1,02 1,58 2,12 2,47 6 13,57 0,99 0,0000* 0,2198

CCHOT (✣) 5,64 6,06 6,45 6,54 7 10,20 0,94 0,0041* *****

CNDT (✣) 3,66 3,97 4,28 4,53 8 18,26 1,00 0,0195* *****

*significativo a 5% de probabilidade (P<0,05); ns: não significativo (P>0,05). L – linear; Q – quadrático.

Consumos: (✣) consumo em kg.dia-1

e (⨳) consumo em percentual do peso corporal (%PC). CMST: matéria

seca total; CMSF: matéria seca de forragem; CMO: matéria orgânica; CFDNcp: fibra em detergente neutro

corrigida para cinzas e proteína; CPB: proteína bruta; CEE: extrato etéreo; CCNFcp: carboidratos não-

fibrosos corrigidos para cinzas e proteína; CCHOT: carboidratos totais; CNDT: nutrientes digestíveis totais.

Equações de regressão: 1Ŷ = 7,27025 - 2,73324X;

2Ŷ = 1,84982 - 0,674300X;

3Ŷ = 6,62257 + 1,28425X;

4Y=

41

0,955181 - 0,209515X; 5Ŷ = 0,152513 + 0,112766X;

6Ŷ = 0,579794 + 2,43499X;

7Ŷ = 5,39823 + 1,55574X;

8Ŷ = 3,37765 + 1,47068X.

Quando o consumo de matéria seca total (CMST) mantem-se inalterado à medida

que se elevam os níveis de suplementação, e o consumo de matéria seca oriunda da

forragem (CMSF) decresce, é caracterizado o efeito denominado substitutivo. Esse efeito é

claramente observado ao visualizarmos a mudança que ocorreu na razão entre os consumos

de forragem (volumoso) e de suplemento concentrado (V/C). Para os tratamentos 0,2, 0,4,

0,6, 0,8% do peso corporal, foram observadas as razões V/C 89/11, 80/20, 70/30 e 61/39,

respectivamente, e sua representação gráfica pode ser visualizada na Figura 11.

Figura 11. Consumo de matéria seca oriunda da forragem (CMSF) e consumo de matéria seca oriunda do

suplemento concentrado (CMSSc), em kgMS.dia-1

, de bovinos suplementados a pasto no período seco do ano

durante a fase de recria

Decréscimos no CMSF normalmente são observados quando se utiliza de

moderados a elevados níveis de suplementação na dieta de bovinos em pastejo. De acordo

com Silva et al. (2009), ao suplementar a dieta de animais em pastejo com níveis de

suplementação de até 0,3%PC, normalmente ocorre um incremento no consumo de

forragem, principalmente se a forragem apresentar baixo teor proteico, caracterizando

assim um efeito denominado associativo aditivo. No entanto. Os autores salientam que a

diminuição no CMSF ocorre quando os níveis de suplementação são maiores do que

0,3%PC, corroborando com o observado no presente estudo (efeito substitutivo).

De acordo com Berchielli et al. (2011), em condições de pastejo, o consumo de

forragem é influenciado por um conjunto de três fatores: aqueles que afetam os processos

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

0,2%PC 0,4%PC 0,6%PC 0,8%PC

CMSF CMSSc

42

de ingestão, de exigência de nutrientes e de digestão. Dessa forma, assumindo essa

premissa como verdade, é possível inferir que, quando um desses fatores sofre alguma

alteração, o padrão de comportamento ingestivo é modificado e, consequentemente, o

consumo de forragem sofre alguma alteração.

Com o aumento da oferta e consumo de suplemento houve uma substituição da

matéria seca oriunda da forragem pela oriunda do suplemento, afetando assim o fator que

atua sobre o processo de ingestão. Além do mais, provavelmente, com o aumento do

consumo de suplemento os requerimentos nutricionais dos animais foram atingidos de

forma mais rápida, haja vista que esse tipo de alimento apresenta (Tabela 2) alto teor de

carboidratos não fibrosos (CNFcp), e esses por sua vez são altamente solúveis. Assim, o

segundo fator citado por Berchielli et al. (2011) também foi alterado, pois, por meio de

respostas de feedback negativo, os animais não sentiam a necessidade de buscar mais

nutrientes via forragem (Forbes, 2000).

O terceiro fator citado pelos autores remete à digestão da dieta consumida, no

entanto, é necessário atentar-se à digestão dos principais componentes dietéticos que

norteiam o consumo, principalmente no caso de bovinos em pastejo. Um deles é o conteúdo

fibroso, que em gramíneas tropicais apresenta-se com um limitante físico. O outro é o

conteúdo proteico, que nutre os microrganismos ruminais, que por sua vez atuam sobre o

processo de digestão da fração fibrosa da dieta, disponibilizando ao animal energia oriunda

da degradação das moléculas de celulose, e proteína microbiana, oriunda da morte dos

microrganismos. Nesse contexto, no presente estudo houve uma diminuição linear (P<0,05)

no coeficiente de digestibilidade da PB e FDNcp (Tabela 7) com o aumento do consumo de

suplemento.

Uma menor digestibilidade da PB provavelmente trouxe prejuízos ao ambiente

ruminal, limitando o crescimento e desenvolvimento das bactérias do rúmen,

principalmente celulolíticas, fazendo com que o processo de digestão da fração fibrosa

(FDNcp) fosse prejudicada. Assim, a diminuição da digestibilidade da FDNcp

provavelmente reduziu a taxa de passagem da digesta, representando assim uma limitação

do consumo de ordem física.

Diante das alterações ocorridas no consumo de forragem, é possível inferir que,

invariavelmente, ao introduzir um recurso nutricional suplementar na dieta de bovinos em

43

pastejo, alguma alteração no seu padrão de comportamento ingestivo irá ocorrer.

Embora não tenha sido alvo do presente estudo, em estudo recente, Detmann et al.

(2014b) apresentam informações à cerca da razão proteína:energia (P:E) na dieta dos

animais que, segundo esses autores, constitui a ferramenta mais plausível para a

compreensão dos efeitos metabólicos que a proteína apresenta sobre o consumo. Segundo

esses autores, mais importante que o teor proteico da dieta, é o equilíbrio existente entre

proteína e energia na dieta. Alterações na razão P:E na dieta de animais suplementados a

pasto tem sido associadas à alterações e interações que ocorrem no consumo voluntário

(Costa et al., 2011a).

Detmann et al. (2014b) salientam que a forma mais comum e palpável de

entendimento dessa razão P:E é a razão entre o teor de PB e de matéria orgânica digestível

(MOD) ou de nutrientes digestíveis totais (NDT) da dieta. Esses autores avaliaram dados de

diferentes experimentos desenvolvidos no Brasil e concluíram que o valor ótimo em

condições brasileiras é de 288 g PB/kg MOD, contrariando o valor postulado por Poppi &

McLennan (1995) a partir de estudos realizados na Austrália, que é de 210 g PB/kg MOD.

Ao observarmos os resultados de consumo de proteína bruta (linear decrescente), de

matéria orgânica (linear crescente), e o coeficiente de digestibilidade da matéria orgânica

(ausência de diferença), é possível inferir que houve um decréscimo na razão P:E (g PB/kg

MOD) na dieta dos animais, pois, à medida que o numerador apresentou redução (CPB), o

denominador aumentou (CMO).

Diante da teoria apresentada por Detmann et al (2014b), diferenças no consumo

voluntário de forragem podem estar também relacionados à desequilíbrios ligados à razão

P:E na dieta dos animais.

No que diz respeito ao consumo de fibra em detergente neutro corrigida para cinzas

e proteína (CFDNcp), o aumento dos níveis de suplementação não apresentou efeito

(P>0,05) sobre esta variável de consumo (kg.dia-1

e %PC) (Tabela 6).

Esse comportamento não é comum, uma vez que seria presumível que, com a

diminuição no consumo de forragem, o consumo de FDNcp também seria reduzido, haja

vista que alimentos volumosos apresentam alto teor desse componente nutricional (Tabela

2). No entanto, após a realização dos ensaios de consumo e digestibilidade, as dietas finais

dos animais apresentaram teores de FDNcp semelhantes (Tabela 3). Desta forma, devido o

44

aumento no consumo de suplemento e redução no consumo de forragem, o CFDNcp

manteve-se constante entre os tratamentos por meio do consumo de FDNcp oriunda do

suplemento concentrado.

Mateus et al. (2011) observaram redução linear no consumo de FDN (kgFDN.dia-1

e

%PC) ao suplementarem novilhos da raça Nelore com 0; 0,25; 0,50 e 0,75% do peso

corporal em pastagem de Brachiaria brizantha no período seco do ano. Os autores

observaram consumos de 4,54; 4,20; 4,04; 3,73 kg FDN.dia-1

e 1,75; 1,59; 1,62 e 1,39%PC,

respectivamente para os níveis de suplementação 0; 0,25; 0,50 e 0,75%PC. Ressalta-se que

os autores observaram efeito substitutivo já a partir do nível 0,25%PC de suplementação.

No presente estudo os animais apresentaram um consumo médio de FDNcp de

1,12%PC, o que está próximo ao sugerido por Mertens (1992) como sendo o limite crítico

que regularia o consumo voluntário de bovinos em pastejo. De acordo com esse autor, os

animais regulam o consumo de forragem quando atingem o consumo de 1,2%PC de FDN.

Todavia, vale ressaltar que esse valor foi gerado por meio de estudos desenvolvidos em

pastagens temperadas, podendo o valor crítico para esta variável ser diferente na realidade

de produção em pastagens tropicais.

Costa et al. (2011b) não observaram diferença nos consumos de matéria seca total

(CMST) e de FDNcp quando suplementaram (200g PB animal.dia-1

) bovinos mestiços em

pastagem de Brachiria decumbens, corroborando assim com os resultados observados no

presente estudo.

Com relação ao consumo diário de proteína bruta (CPB), houve um decréscimo

linear (P<0,05) com o aumento dos níveis de suplementação (Tabela 6).

No início do estudo os suplementos concentrados foram formulados para que os

animais de ambos os tratamentos consumissem a mesma quantidade diária de proteína

bruta oriunda do suplemento, o que de fato ocorreu, uma vez que todo o suplemento

ofertado diariamente era consumido. Todavia, a redução no consumo diário de proteína

bruta (CPB) ocorreu devido ao efeito substitutivo observado no presente estudo, ou seja,

devido à diminuição no consumo de forragem houve um menor consumo de proteína

oriunda da forragem.

45

Redução linear no consumo de proteína bruta também foi observada por Mendes

(2013) ao suplementar bovinos mestiços em pastagem de Brachiaria brizantha com os

mesmos níveis de suplementação utilizados no presente estudo.

O consumo de matéria orgânica (CMO) apresentou efeito linear positivo (P<0,05) à

medida que os níveis de suplementação aumentaram (Tabela 6). Este resultado está de

acordo com os relatos que constam na literatura, uma vez que alimentos concentrados

apresentam alto teor de matéria orgânica (Porto et al., 2011).

Com o aumento dos níveis de suplementação foi possível observar um aumento

linear (P<0,05) nos consumos diários de extrato etéreo (CEE), carboidratos não fibrosos

corrigidos para cinzas e proteína (CCNFcp), carboidratos totais (CCHOT) e nutrientes

digestíveis totais (CNDT) (Tabela 6).

O teor desses componentes dietéticos aumentou no suplemento concentrado a cada

nível de suplementação utilizado no presente estudo (Tabela 2). Desta forma, o aumento no

consumo desses componentes dietéticos é única e exclusivamente devido ao maior aporte

dos mesmos, fornecido pelo suplemento concentrado.

Nesse contexto, salienta-se que a alta participação desses componentes na dieta de

animais em pastejo pode provocar uma mudança na microbiota ruminal, trazendo prejuízos

à digestibilidade da matéria seca e, ou, nutrientes da dieta.

Com relação ao limite máximo do teor de extrato etéreo (EE) na dieta de

ruminantes, a literatura tem apresentado valores entre 5 e 7%. De acordo com Van Soest

(1994), as dietas de ruminantes devem apresentar teor de extrato etéreo de no máximo

6%MS, acima disso, problemas de digestibilidade seriam percebidos. Já segundo Palmquist

e Mattos (2011), esse valor é de 5%. No entanto, o maior consumo de extrato etéreo

observado no presente estudo (0,24 kg animal.dia-1

) ocorreu no grupo de animais que foi

suplementado com 0,8% do peso corporal, e correspondeu à 2,97% da dieta total. Esse

valor está abaixo do limite máximo apresentado na literatura.

No que tange aos coeficientes de digestibilidade, não houve efeito (P>0,05) dos

níveis de suplementação sobre o coeficiente de digestibilidade da matéria seca total

(CDMS) orgânica (CDMO). No entanto, efeito linear negativo (P<0,05) foi observado

sobre os coeficientes de digestibilidade da fibra em detergente neutro corrigida para cinzas

e proteína (CDFDNcp) e proteína bruta (CDPB), e efeito linear positivo (P<0,05) para os

46

coeficiente de digestibilidade do extrato etéreo (CDEE), carboidratos não fibrosos

(CDCNFcp) e carboidratos totais (CDCHOT) (Tabela 7).

Tabela 7 – Coeficientes de digestibilidade da matéria seca e de nutrientes de bovinos

castrados, em fase de recria, suplementados a pasto no período seco do ano e suas

respectivas equações de regressão e coeficientes de determinação (R2)

Variáveis Tratamentos Equação

Regressão

CV

(%) R2 L Q

0,2% 0,4% 0,6% 0,8%

CDMS 47,83 50,04 50,40 51,10 Ŷ 49,84 10,66 - 0,2367ns *****

CDMO 52,95 52,99 53,72 55,38 Ŷ 53,76 9,36 - 0,3217ns *****

CDFDNcp 50,69 47,31 43,09 42,55 1 17,28 0,93 0,0302* *****

CDPB 52,99 47,98 37,63 30,33 2 14,85 0,98 0,0000* *****

CDEE 68,32 71,44 72,41 75,14 3 7,92 0,97 0,0242* *****

CDCNFcp 55,02 68,10 78,36 84,43 4 9,29 0,98 0,0000* 0,1471

CDCHOT 51,47 53,08 55,21 58,59 5 9,02 0,97 0,0054* *****

*significativo a 5% de probabilidade (P<0,05); ns: não significativo (P>0,05). L – linear; Q – quadrático.

Coeficientes de digestibilidade (%): CDMS: matéria seca; CDFDNcp: fibra em detergente neutro corrigida

para cinzas e proteína; CDPB: proteína bruta; CDEE: extrato etéreo; CDCNFcp: carboidratos não fibrosos

corrigidos para cinzas e proteína; CDCHOT: carboidratos totais. Equações de regressão: 1Ŷ = 53,0741 -

14,3249X; 2Ŷ = 61,8158 - 39,1625X;

3Ŷ = 66,4661 + 10,7180X;

4Ŷ = 46,8544 + 49,2487X;

5Ŷ = 48,7161 +

11,7514X.

Embora tenham ocorrido diferenças no coeficiente de digestibilidade de alguns

componentes dietéticos, provavelmente por meio de combinações que ocorreram no interior

do rúmen, o aumento dos níveis de suplementação não alterou a digestibilidade total da

matéria seca e orgânica (Tabela 7). A ausência de diferença no consumo de matéria seca

total pode ter contribuído para isso.

Provavelmente, o efeito negativo sobre os CDPB e CDFDNcp foi compensado pelo

incremento no CDEE, CDCNFcp e CDCT (Tabela 7). Esse mecanismo de compensação

encontrado pelo animal fica evidente ao observarmos o CDMS que permaneceu inalterado

com o aumento do fornecimento de suplemento concentrado aos animais (Tabela 7).

Assim, a ausência de diferença na digestibilidade da matéria seca total pode justificar o

mesmo desempenho apresentado pelos animais.

47

Comparados às forragens, os suplementos concentrados possuem uma menor porção

fibrosa e maior teor de carboidratos solúveis Desta forma, apresentam uma maior

degradabilidade ruminal. Assim, quando suplementos concentrados são adicionados às

dietas de ruminantes, a depender da quantidade ofertada (consumida), pode ocorrer um

aumento na taxa de passagem da digesta, interferindo de forma negativa na digestibilidade

dos nutrientes, ou na digesta como um todo, ocasionando assim a perda de nutrientes pelo

rúmen. Em outras palavras, o alimento passará mais rápido pelo trato gastrointestinal dos

animais, diminuindo o tempo hábil para que o mesmo possa ser processado e seus

nutrientes absorvidos pelo organismo.

Corroborando com essa afirmação, Silva et al. (2012) salientaram que ao consumir

dietas com uma menor proporção de forragem devido o aumento dos níveis de

suplementação, os ruminantes apresentaram taxa de passagem mais rápida e, quando ocorre

a ingestão de dietas contendo alta proporção de forragem, a taxa de passagem ocorre de

forma mais lenta, permitindo com isso uma maior digestibilidade dos nutrientes.

De acordo com Silva et al. (2010c), o fornecimento do suplemento concentrado

pode ocasionar um efeito associativo, mudando o desaparecimento da FDNcp no rúmen,

tanto de forma positiva como negativa, à depender da quantidade fornecida. Todavia, a

utilização de níveis de suplementação variando de moderado a alto normalmente reduz o

coeficiente de digestibilidade de alguns nutrientes (Silva et al., 2009).

O aumento da quantidade de suplemento concentrado na dieta de bovinos em

pastejo pode levar à uma redução acentuada do pH ruminal e, consequentemente, alteração

da microbiota ruminal, principalmente devido à maior quantidade de carboidrato solúveis.

Nesse caso, ocorre o aumento da população microrganismos amilolíticos, com

concomitante redução na população de bactérias celulolíticas (Valadares Filho & Pina,

2011), gerando prejuízos à digestibilidade, principalmente da fração fibrosa da dieta.

Essas afirmações convergem para justificar o observado no presente estudo, uma

vez que o CDFDNcp apresentou redução linear com o aumento da participação do

concentrado na dieta dos animais.

Diminuição linear no coeficiente de digestibilidade da FDNcp com a adição de

suplementos concentrados à dieta de animais zebuínos foi observada por Costa et al.

(2005). Ademais, esses autores observaram aumento nos coeficientes de digestibilidade do

48

extrato etéreo (CDEE) e carboidratos não fibrosos (CNFcp). Os autores justificam tal

aumento devido à maior participação desses componentes dietéticos na dieta à medida que

os níveis de concentrado aumentaram, corroborando assim com o resultado observado no

presente estudo.

Com relação à digestibilidade da matéria seca e de nutrientes, é dinâmica e sinérgica

a sequência de eventos que ocorrem no interior do rúmen durante o processo de digestão. E

a magnitude deste processo e as interações que ocorrem no rúmen são extremamente

dependentes da fonte e da quantidade de carboidratos consumida pelo animal (Silva, 2009).

Com relação ao desempenho dos animais, não houve diferença (P<0,05) no ganho

de peso diário (GMD), conversão alimentar (CA) e eficiência alimentar (EA) entre os

tratamentos avaliados (Tabela 8).

Tabela 8 – Pesos corporal inicial (PCI) e final (PCF), ganho médio diário (GMD),

conversão alimentar (CA), eficiência alimentar (EA) de bovinos machos castrados, em fase

de recria e suplementados a pasto no período seco do ano e suas respectivas equações de

regressão e coeficientes de determinação (R2)

Variáveis Tratamentos Equação

Regressão

CV

(%) R

2 L Q

0,2% 0,4% 0,6% 0,8%

PCI 368,8 369,1 371,6 364,9 Ŷ 368,6 10,32 - ***** *****

PCF 418,3 418,8 424,3 419,6 Ŷ 420,2 10,66 - ***** *****

GMD 0,563 0,564 0,598 0,622 Ŷ 0,587 25,73 - ***** *****

CA 13,67 14,46 15,01 14,43 Ŷ 14,39 33,01 - ***** *****

EA 0,076 0,072 0,073 0,077 Ŷ 0,075 27,79 - ***** *****

*significativo a 5% de probabilidade (P<0,05); ns: não significativo (P>0,05). L – linear; Q – quadrático.

PCI e PCF: kg; GMD: kg.dia-1

; CA: kg de MS por kg de ganho; EA: kg de ganho por kg de MS consumida.

Em casos extremos, de acordo com Kononoff et al. (2002), quando bovinos

consomem dietas com baixo teor de fibra e, ou, apresentam alto teor de carboidratos não

fibrosos (CNF), o processo de fermentação ruminal é prejudicado, acarretando em prejuízos

para a saúde e performance dos bovinos. No entanto, os efeitos negativos sobre o

coeficiente de digestibilidade dos nutrientes (PB e FDNcp) observados no presente estudo

(Tabela 7) não foram suficientes para prejudicar o desempenho dos animais.

49

Uma vez que não houve diferença (P>0,05) no consumo diário de matéria seca total

(Tabela 6) e no desempenho dos animais (Tabela 8), e essas variáveis são, respectivamente,

numerador e denominador para se obter uma importante variável de consumo que é a

conversão alimentar (CA), não foi observada diferença (P>0,05) entre a CA dos animais

nos diferentes tratamentos (Tabela 8). Em tempo, o seu inverso, a eficiência alimentar

(EA), também não foi influenciada (P>0,05) pelos níveis de suplementação (Tabela 8).

Esses resultados são interessantes, pois, do ponto de vista biológico, os animais

apresentaram o mesmo desempenho, e do ponto de vista prático, no dia-a-dia da fazenda

será necessária menor mão-de-obra para o transporte e fornecimento do suplemento no

cocho, uma vez que o menor nível de suplementação representa a quarta parte do peso

utilizado no maior nível de suplementação.

Diante da realidade existente no período seco no Brasil, o desempenho médio

observado no presente estudo (0,587 kg animal.dia-1

) apresenta-se satisfatório e otimista ao

uso da suplementação proteica nesse período critico do ano, a depender, é claro, do custo

envolvido no processo de suplementação e do retorno com o ganho de peso dos animais.

Comportamento ingestivo

O aumento dos níveis de suplemento na dieta dos animais alterou (P<0,05) as

atividades de pastejo (PAS), ruminação (RUM), se alimentando no cocho (COCHO) e ócio

(OCI) que cada grupo de animais apresentou (Tabela 9).

Tabela 9. Tempo total destinado às atividades de pastejo (PAS), ruminação (RUM),

alimentação no cocho (COCHO) e ócio (OCI) de novilhos mestiços suplementados à pasto

em fase de recria

Variável Níveis de suplementação Equação

regressão

CV

(%) R

2 L Q

0,2% 0,4% 0,6% 0,8%

PAS 542,8 528,1 518,4 366,9 1 11,96 0,95 0,0000 0,0000

RUM 420,6 413,4 293,1 405,6 2 13,49 0,45 0,0059 0,0000

COCHO 19,4 27,5 30,0 47,5 3 25,61 0,90 0,0000 0,0219

OCI 457,2 470,9 598,4 620,3 4 12,53 0,89 0,0000 *****

50

PAS, RUM, COCHO e OCI em minutos por animal.dia-1

. Equações de regressão: 1Ŷ = 452,344 + 586,719X -

855,469X2;

2Ŷ = 574,141 - 830,703X + 748,047X

2;

3Ŷ = 93,75 + 43,4375X;

4Ŷ = 382,500 + 308,438X.

O tempo destinado à atividade de pastejo (PAS) apresentou um comportamento

quadrático (P<0,05), com ponto de máxima estimado ao nível de suplementação de 0,34%

do peso corporal, com 552,9 minutos por animal.dia-1

(Tabela 9).

Embora tenha ocorrido um efeito linear decrescente no consumo de matéria seca de

forragem no presente estudo (Tabela 6), um incremento no consumo de matéria seca da

forragem, via efeito aditivo, pode ser observado quando baixos níveis de suplementação

com alto teor proteico são utilizados (Paulino et al., 2002). Esse fato ocorre devido à

melhora do ambiente ruminal, com maior aporte de nutrientes aos microrganismos, e com

isso uma melhora na digestibilidade da digesta, estimulando o aumento no consumo de

forragem. Nesse mesmo contexto, após realizar uma ampla revisão na literatura nacional no

que concerne à suplementação de bovinos em pastejo na época seca do ano, Silva et al.

(2009) observaram que a redução no consumo de forragem é mínima até o nível de

suplementação de 0,3% do peso corporal (PC) e, ao suplementar os animais com níveis

acima de 0,3%PC normalmente é observado o efeito substitutivo.

As afirmações de Paulino et al. (2002) e Silva et al. (2009) convergem para o

resultado observado no presente estudo, haja vista que houve um pequeno aumento no

tempo destinado ao pastejo até atingir o ponto de máxima ao nível de 0,34%PC,

demonstrando uma tendência em aumentar a busca por forragem. A partir desse nível

houve uma redução no tempo destinado ao pastejo (PAS), acarretando na redução do

consumo de matéria seca oriunda da forragem (Tabela 6), fato esse que já foi apresentado e

discutido anteriormente (efeito substitutivo).

A redução no tempo de pastejo (PAS) com concomitante redução no consumo de

matéria seca oriunda da forragem (CMSF) devido o fornecimento de suplemento contradiz

o que Detmann et al. (2014a) têm salientado no que diz respeito à utilização de recursos

nutricionais secundários (suplemento concentrado) quando pretende-se produzir bovinos a

pasto com baixos custos. Os autores destacam a importância de se maximizar a utilização

da forragem como alimento nutricional basal, e só então, quando isso ocorrer, lançar mão

do uso de suplementos no intuito de adicionar valor nutritivo à dieta dos animais, e não de

substituir um ou mais nutrientes e, ou, matéria seca.

51

Com relação ao tempo de ruminação (RUM) houve um efeito quadrático (P<0,05),

com ponto de mínima estimado pela equação de regressão ao nível de suplementação de

0,56% do peso corporal, com 343,5 minutos por animal.dia-1

(Tabela 9).

Esse resultado é intrigante, pois, uma vez que não houve diferença no consumo de

FDNcp total entre os grupos de animais (Tabela 6), tempos de ruminação semelhantes entre

os tratamentos eram esperados, haja vista que este constituinte dietético atua como

estimulante do processo de ruminação, pois o seu consumo está correlacionado com o

tempo de ruminação (Forbes, 2007). Todavia, devido o efeito substitutivo com o aumento

dos níveis de suplementação, os animais consumiram menor quantidade de FDN oriunda da

forragem e maior quantidade desse constituinte oriunda do suplemento, acarretando assim

em uma diferença no teor de fibra efetiva da dieta. Essa afirmação corrobora com os relatos

de Mertens (1997), uma vez que segundo este autor, ao consumir dietas com alta

participação de suplemento concentrado, a efetividade física da FDNcp é prejudicada, pois

o tamanho médio de partículas da dieta total é reduzido, acarretando assim na redução da

atividade de mastigação e consequentemente menor tempo de ruminação. Esse fenômeno

explicaria a redução no tempo de ruminação até o ponto de mínima ao nível de

suplementação de 0,56% do peso corporal, com 343,5 minutos por animal.dia-1

.

A partir do ponto de mínima estimado para o tempo de ruminação, ou seja, quando

níveis acima de 0,56%PC foram ofertados aos animais, no caso do presente estudo os

tratamentos 0,6 e 0,8%PC, houve um aumento no tempo destinado à atividade de

ruminação (Tabela 9).

De acordo com Russell e Gahr (2000), o processo de ruminação é essencial para a

eficiência de metabolismo de alimentos fibrosos. Diante dessa afirmação, o aumento no

tempo de ruminação a partir do ponto de mínima pode ser devido à um provável

mecanismo de compensação visando o melhor aproveitamento da fibra ingerida oriunda da

forragem. Com a redução do consumo de forragem e aumento do consumo de suplemento,

normalmente ocorre uma redução no pH ruminal, prejudicando assim a digestibilidade da

fração fibrosa da dieta (FDNcp), fato esse que foi observado no presente estudo (Tabela 7).

Sales et al. (2011) observaram uma redução no pH de 6,51 para 6,15 ao avaliarem o

pH ruminal de animais suplementados à pasto com níveis de 0,18; 0,36; 0,54 e 0,72%. Esse

menor valor de pH está abaixo do valor tido como crítico para o desenvolvimento dos

52

microrganismos celulolíticos, que seria igual a 6,2 (Ørskov & Fraser, 1975). Nesse

contexto, ao avaliarem a sensibilidade de bactérias ruminais à ambientes tóxicos (pH

baixos), Maia et al. (2010) observaram que as bactérias celulolíticas pertencentes ao gênero

Butyrivibrio fibrisolvens, principais responsáveis pelo processo de bio-hidrogenação no

rúmen, são as que mais sofrem com a redução do pH ruminal, limitando assim a

degradação das moléculas de celulose da digesta.

Para superar essa redução na digestibilidade da fração fibrosa (Tabela 7), e obter

mais nutrientes via FDN da forragem, o provável mecanismo de compensação pode ser

melhor compreendido ao observar que quando há uma redução na digestibilidade da fibra

dietética, a motilidade da digesta no trato gastrointestinal também é reduzida, fazendo com

que haja uma limitação no consumo voluntário (Forbes, 2007). De acordo com esse autor, o

processo de ruminação (e mastigação) ajuda a manter a ingestão voluntária aumentando a

degradação das partículas dos alimentos, principalmente fibrosos, reduzindo o volume da

digesta no rúmen-retículo, e com isso aumentando a taxa de esvaziamento do rúmen.

Com o provável abaixamento do pH ruminal, o aumento da atividade de ruminação

pode retratar um mecanismo de compensação via tamponamento do ambiente ruminal, haja

vista que no processo de ruminação há um aumento na produção de saliva (reinsalivação do

bolo alimentar ruminado) e a secreção salivar atua no tamponamento do rúmen (Valadares

Filho & Pina, 2011).

À medida que aumentaram os níveis de suplemento na dieta dos animais, houve um

aumento linear (P<0,05) nos tempos em que os animais passaram se alimentando no cocho

(Tabela 9). Esse resultado já era esperado, haja vista que é necessário maior tempo para a

ingestão total do suplemento ofertado. Devido às atividades avaliadas serem mutualmente

excludentes, ou seja, com a alteração de uma, a outra também é alterada, a diminuição no

tempo de pastejo (PAS) acarretou em um aumento no tempo em que os animais

permaneceram em ócio (Tabela 9). Esses resultados estão de acordo com o que tem sido

observado na literatura quando se elevam os níveis de suplementação na dieta de bovinos

de corte em pastejo (Silva et al., 2010a; Roth et al., 2013).

Mendes et al. (2014) ao avaliarem bovinos mestiços machos, submetidos aos

mesmos tratamentos do presente estudo, também observaram aumento linear nos tempos

em que os animais passaram se alimentando no cocho e em ócio à medida que foi

53

aumentada a oferta de suplemento. Com relação ao tempo em ócio, os autores observaram

valores superiores aos do presente estudo, na ordem de 535, 601, 632 e 765 minutos por

animal.dia-1

, respectivamente para os tratamentos 0,2; 0,4; 0,6 e 0,8% do peso corporal.

Com relação ao tempo de alimentação total (TAT) e tempo de mastigação total

(TMT), com o aumento dos níveis de suplemento nas dietas dos animais houve efeito

quadrático positivo (P<0,05) para primeira variável, e linear decrescente (P<0,05) para a

segunda (Tabela 10).

Tabela 10. Tempo de alimentação total (TAT) e tempo de mastigação total (TMT) de

novilhos mestiços suplementados à pasto em fase de recria

Variável Níveis de suplementação Equação

regressão

CV

(%) R

2 L Q

0,2% 0,4% 0,6% 0,8%

TAT 562,2 555,6 548,4 414,4 1 11,76 0,95 0,0000 0,0001

TMT 982,8 969,1 841,6 820,0 2 7,45 0,89 0,0000 *****

TAT e TMT em minutos por animal.dia-1

. Equações de regressão: 1Ŷ = 473,438 + 571,562X - 796,875X

2;

= 1057,34 - 307,969X.

O tempo de alimentação total (TAT) apresentou ponto de máxima estimado pela

equação de regressão ao nível de 0,36% PC de suplementação, com 575,9 minutos por

animal.dia-1

. Essa variável apresentou padrão de comportamento semelhante ao tempo

destinado à atividade de pastejo, e ponto de máxima próximo à desta variável, que foi ao

nível de suplementação de 0,34% do peso corporal. Isso pode ser justificado uma vez que o

tempo de alimentação total é resultado do somatório do tempo destinado ao pastejo (PAS) e

se alimentando no cocho (COCHO), e o tempo em pastejo tem maior representatividade

dentro dessa variável. No presente estudo, o tempo de pastejo representou 96,6; 95,1; 94,5

e 88,5% do tempo de alimentação total, respectivamente para os tratamentos 0,2; 0,4; 0,6 e

0,8% do peso corporal.

O ligeiro aumento no tempo de alimentação total (TAT), com ponto de máxima ao

nível suplementação de 0,36%PC reforça a idéia de quando utilizados baixos níveis de

suplementação pode ocorrer um efeito aditivo, no entanto, o declínio a partir desse nível de

suplementação só vem à confirmar o efeito substitutivo ocorrido no presente estudo quando

os níveis de suplementação foram elevados.

54

Dias (2013) observou um aumento no TAT ao fornecer suplementação proteica

(48%PB) ao nível de 0,4% PC à animais cruzados. Embora pequeno, o autor verificou

efeito significativo na diferença dessa variável ao comparar um grupo de animais

suplementados apenas com sal mineral, e o outro com suplemento proteico. Os valores

médios observados por esses autores foram, respectivamente, 457 e 483 minutos por

animal.dia-1

.

Ao utilizar níveis de suplementação mais expressivos, Mendes et al. (2014)

observaram uma redução linear no TAT à medida que aumentaram os níveis de suplemento

na dieta de bovinos mestiços machos em fase de terminação, submetidos aos mesmos

tratamentos do presente estudo. Os autores observaram valores na ordem de 490, 483, 488 e

380 minutos por animal.dia-1

, respectivamente para os tratamentos 0,2; 0,4; 0,6 e 0,8% do

peso corporal.

Devido à diferença na categoria animal avaliada por Mendes et al. (2014), os

valores médios observados por eles são ligeiramente inferiores aos do presente estudo. No

entanto, a redução no TAT fica evidente, devido à redução no tempo de pastejo, quando

níveis mais expressivos de suplementação (>0,3-0,4%PC) são utilizados na dieta de

bovinos em pastejo. Esse resultado corrobora com os relatos de Zinn e Garces (2006), que

salientaram existir redução no consumo de forragem e, consequentemente, no tempo de

pastejo e no TAT, a partir de 0,3%PC, tornando-se essa redução mais acentuada quando a

oferta de suplemento é de 0,8% do peso corporal.

No que concerne ao número de períodos de cada atividade (pastejo, ruminação,

alimentação no cocho e ócio) e o tempo médio gasto em cada período, o aumento dos

níveis de suplementação na dieta dos animais também apesentou efeito sobre essas

variáveis (Tabela 11).

Observa-se que o número de períodos de cada atividade apresentou,

respectivamente, o mesmo comportamento estatístico observado para o tempo total

destinado à cada atividade. Os números de períodos em pastejo (NPP) e em ruminação

(NPR) foram afetados de forma quadrática (P<0,05), ao passo que os números de períodos

se alimentando no cocho (NPC) e em ócio (NPO) aumentaram de forma linear (P<0,05).

55

Tabela 11. Número de períodos em pastejo (NPP), ruminação (NPR), alimentação no

cocho (NPC) e em ócio (NPO), e tempo por período em pastejo (TPP), ruminação (TPR),

alimentação no cocho (TPC) e em ócio (TPO) de novilhos mestiços suplementados à pasto

em fase de recria

Variável Níveis de suplementação Equação

regressão

CV

(%) R

2 L Q

0,2% 0,4% 0,6% 0,8%

NPP 14,2 13,7 17,3 13,4 1 19,04 0,31 ***** 0,0184

NPR 15,8 15,8 14,5 17,4 2 17,86 0,64 0,2661 0,0429

NPC 2,1 2,3 2,3 3,1 3 28,65 0,74 0,0004 0,1104

NPO 23,4 26,9 27,3 28,0 4 14,75 0,80 0,0020 0,1727

TPP 39,5 39,5 31,1 28,7 5 20,53 0,88 0,0000 *****

TPR 27,3 27,1 21,1 23,5 6 20,03 0,55 0,0030 0,2994

TPC 9,7 12,7 13,6 17,0 7 34,27 0,96 0,0000 *****

TPO 19,6 17,6 22,7 22,3 8 14,72 0,51 0,0002 0,3089

NPP, NPR, NPC e NPO: número de períodos; TPP, TPR, TPC e TPO: tempo por período, em minutos por

período. Equações de regressão: 1Ŷ = 10,125 + 21,6562X - 21,0937X

2;

2Ŷ = 18,6719 - 16,5781X +

18,3594X2;

3Ŷ = 16,8750 + 14,6875X;

4Ŷ = 22,8750 + 7,03125X;

5Ŷ = 44,9420 - 20,4849X;

6Ŷ = 29,04 -

8,59713X; 7Ŷ = 7,5 + 77,5104X;

8Ŷ = 17,214 + 6,67696X.

Com relação ao tempo médio destinado em cada período, o que houve foi uma

mesma tendência de comportamento, haja vista que o tempo por período em pastejo (TPP)

e em ruminação (TPR) reduziu linearmente (P<0,05), ao passo que o tempo por período se

alimentando no cocho (TPC) e em ócio (TPO) aumentou de forma linear (P<0,05).

O NPP apresentou ponto de máxima estimado pela equação de regressão ao nível de

suplementação de 0,51% do peso corporal, com valor de 15,7 períodos por animal.dia-1

, e o

NPR apresentou ponto de mínima ao nível de suplementação de 0,45% do peso corporal,

com valor de 14,9 períodos por animal.dia-1

.

A alteração nessas duas variáveis pode ser justificada pelos mesmos motivos que

atuaram sobre as variáveis de tempo destinado às atividades de pastejo (PAS) e ruminação

(RUM), ou seja, com a presença do suplemento na dieta dos animais houve um pequeno

aumento na procura por forragem, acarretando em um aumento no NPP até o ponto de

máxima ao nível de 0,51%PC, com posterior declínio, evidenciando mais uma vez o efeito

substitutivo que ocorreu no presente estudo.

56

Com relação ao NPR, a redução nessa variável é justificada pelo menor consumo de

FDNcp oriunda da forragem, pois, como citado anteriormente, de acordo com Mertens

(1997), ao consumir dietas com alta participação de suplemento concentrado, a efetividade

física da FDN é reduzida, causando uma redução na atividade de mastigação no processo

de ruminação e, consequentemente, menor número de períodos em ruminação (NPR). Os

relatos de Silva (2013) corroboram com essa afirmação, pois, ao avaliarem bovinos machos

cruzados observaram uma redução no NPR de 18,6 para 15,4 períodos quando o nível de

suplementação foi elevado de 0,3 para 0,6% do peso corporal.

No intuito de melhorar a degradação da fibra consumida, principalmente oriunda da

forragem, prejudicada pela provável diminuição da população de microrganismos

celulolíticos devido à redução do pH ruminal, os animais aumentaram o número de

períodos em ruminação a partir do ponto de mínima (0,45%PC). Esse aumento é justificado

pelo provável mecanismo de compensação, descrito anteriormente para explicar a alteração

no tempo total em ruminação (RUM), pois, como já relatado, o processo de ruminação

aumenta a degradação das partículas dos alimentos (Forbes, 2007) e é fundamental para a

eficiência do metabolismo de alimentos fibrosos (Russell e Gahr, 2000).

O aumento linear no número de períodos se alimentando no cocho e em ócio (NPC

e NPO) é justificado pelos mesmos motivos descritos anteriormente ao justificar o aumento

no tempo total destinado às atividades de se alimentar no cocho e em ócio.

Com o aumento da oferta de suplemento, foi necessário um maior número de visitas

no cocho (NPC) para consumir todo o suplemento ofertado. Ao avaliarem o

comportamento ingestivo de bovinos de corte em pastejo alimentados com os níveis

crescentes de suplemento concentrado na dieta, Silva et al. (2010a) e Mendes et al. (2014)

também observaram aumento no número de vezes que os animais se alimentaram no cocho.

O maior número de períodos em ócio (NPO) para o tratamento que recebeu o maior

nível de suplementação é devido à redução no número de períodos em pastejo (NPP) e em

ruminação (NPR), uma vez que essas variáveis são mutualmente excludentes. Ademais, o

maior consumo de suplemento concentrado gera um rápido aporte de nutrientes, devido ao

alto teor de carboidratos solúveis que esse tipo de alimento apresenta. Desta forma, ao

atingir os requerimentos nutricionais, os animais destinaram mais tempo às atividades que

57

não englobavam o pastejo, ruminação ou se alimentando no cocho, consideradas como

ócio.

Nesse contexto, Dias et al. (2014a) observaram um aumento no NPO de 1,8 para 3,0

quando suplementaram bovinos de corte em pastejo com suplemento mineral e suplemento

concentrado (0,4%PC), respectivamente. Aumento no NPO também foi observado por

Silva (2013). Os autores observaram NPO igual a 1,96 e 4,67 ao suplementarem animais

em pastejo com 0,3 e 0,6% do peso corporal, respectivamente.

Com o intuito de melhorar a composição final da dieta ingerida, a seletividade que

os herbívoros apresentam no momento do pastejo é uma característica marcante da espécie

bovina (Hodgson, 1979) e, de acordo com Heady (1964), o hábito de selecionar a forragem

à ser apreendida e ingerida é uma complexa junção de fatores inerentes ao comportamento

ingestivo do animal, que é norteado por sua demanda nutricional e pela disponibilidade e

qualidade da dieta oferecida aos mesmos. Assim, no que concerne à redução linear

(P<0,05) que ocorreu no tempo por período em pastejo (TPP), é possível salientar que com

o aumento dos níveis de suplementação, a seletividade dos animais foi reduzida devido ao

aporte de nutrientes gerado pelo maior consumo de suplemento. De maneira geral, na

ausência de suplementação, ou quando baixos níveis são utilizados, os animais destinam

mais tempo à seleção de componentes morfológicos ou espécies vegetais que apresentam

melhor qualidade nutricional.

Nesse contexto, é válido destacar o estudo desenvolvido por Silva et al. (2010a)

que, embora tenha avaliado apenas o comportamento ingestivo diurno de novilhos da raça

Nelore, demonstrou uma considerável redução linear no TPP ao elevarem os níveis de

suplementação na dieta dos animais de zero para 0,3; 0,6 e 0,9% do peso corporal. O tempo

por período em pastejo passou de 72,4 minutos (tratamento controle, sem suplementação),

para 42,5 minutos ao nível de 0,9% do peso corporal. Esse resultado evidencia o efeito da

suplementação sobre a redução da seletividade que os bovinos apresentam no momento do

pastejo.

Com relação ao tempo por período em ruminação (TPR), uma vez que houve

redução linear no consumo de MS oriunda da forragem, a redução linear nessa variável é

justificada pela redução no consumo de FDNcp oriunda da forragem. Essa afirmativa está

em consonância com o que já foi discutido anteriormente em alusão aos relatos de Mertens

58

(1997), pois, à medida que aumenta a participação de suplementos na dieta de ruminantes, a

efetividade da fibra dietética é reduzida, devido ao menor tamanho médio das partículas da

dieta consumida. Dessa forma, com partículas menores, a necessidade de ruminar o

alimento ingerido é menor, reduzindo assim o tempo por período em ruminação.

A redução no TPR pode ser justificada pela redução no tempo despendido por bolo

ruminado (TBOL), que também apresentou redução linear (Tabela 12). Ao reduzir o tempo

por bolo ruminado (TBOL), reduzir-se-á o tempo por período ruminando (TPR), haja vista

que esta variável será o produto da multiplicação entre o número de bolos ruminados por

período e o tempo gasto para ruminar cada bolo (TBOL).

No que diz respeito ao tempo por período se alimentando no cocho (TPC), assim

como houve aumento no NPC com o aumento da oferta de suplemento concentrado, o

aumento no TPC é decorrente da maior necessidade de tempo para consumir o suplemento

concentrado ofertado aos animais suplementados com os maiores níveis de suplementação.

De forma mutualmente excludente, com a redução nos tempos por período em

pastejo (TPP) e em ruminação (TPR), o tempo que os animais destinaram aos períodos em

ócio (TPO) foi maior à medida que aumentaram os níveis de suplementação (Tabela 11).

Em condições experimentais semelhantes às do presente estudo, Mendes et al. (2014)

observaram o mesmo padrão de comportamento nessas variáveis ao suplementarem

animais em terminação com 0,2; 0,4; 0,6 e 0,8% do peso corporal, ou seja, os autores

também observaram redução no TPP e TPR, com concomitante elevação no TPO. Os

valores médios observados pelos autores para os respectivos tratamentos foram 19,9; 22,8;

20,9 e 26,6 minutos, respectivamente. Esses valores estão próximos aos observados no

presente estudo.

Embora o tempo por bolo ruminado (TBOL) tenha apresentado uma redução linear

(P<0,05), o aumento dos níveis de suplemento na dieta dos animais apresentou um efeito

quadrático negativo (P<0,05) sobre o número de mastigações merícicas por bolo ruminado

(NMASBOL) e o número total de bolos ruminados por dia (NBOLdia) (Tabela 12).

59

Tabela 12. Tempo de ruminação por bolo (TBOL), número de mastigações por bolo

ruminado (NMASBOL), número de bolos ruminados por dia (NBOLdia) de novilhos

mestiços suplementados à pasto em fase de recria

Variável Níveis de suplementação Equação

regressão

CV

(%) R

2 L Q

0,2% 0,4% 0,6% 0,8%

TBOL 51,1 54,6 40,6 47,2 1 15,23 0,31 0,0027 *****

NMASBOL 49,3 51,7 35,3 46,2 2 15,95 0,32 0,0028 0,0228

NBOLdia 504,6 458,2 437,3 520,5 3 15,43 0,93 ***** 0,0009

TBOL: segundos; NMASBOL: número; NBOLdia: número. Equações de regressão: 1Ŷ = 54,826 - 12,925X;

2Ŷ = 62,6437 - 65,9562X + 53,2292X

2;

3Ŷ = 635,527 - 796,938X + 810,326X

2.

Por constituírem atividades comportamentais que compõem a atividade de

ruminação, o número de mastigações merícicas por bolo ruminado (NMASBOL) e o

número total de bolos ruminados por dia (NBOLdia) apresentaram um comportamento

estatístico análogo ao resultado observado no tempo total de ruminação (RUM) e ao

número de períodos em ruminação (NPR). Desta forma, as mesmas justificativas

apresentadas e discutidas anteriormente para explicar as alterações ocorridas nessas duas

ultimas variáveis convergem para explicar o mesmo padrão de alteração que ocorreu no

NMASBL e no NBOLdia.

O número de mastigações merícicas por bolo ruminado (NMASBOL) apresentou

ponto de mínima ao nível de suplementação de 0,62% do peso corporal, com valor igual à

42,2 mastigações. Já o número total de bolos ruminados por dia (NBOLdia), apresentou

ponto de mínima ao nível de 0,49% do peso corporal, com valor igual à 439,6 bolos.dia-1

.

A redução no NMASBOL até o ponto de mínima (0,62%PC), com posterior

elevação, é justificada pelo provável mecanismo de compensação discutido anteriormente.

A redução no número de mastigações por bolo ruminado provavelmente é decorrente da

menor ingestão de FDNcp oriunda da forragem e menor efetividade da fibra dietética, já o

aumento a partir do ponto de mínima, é devido à tentativa de melhorar a degradação da

fibra ingerida, pois, de acordo com Russell e Gahr (2000), o processo de ruminação é

essencial para a eficiência do metabolismo de alimentos fibrosos e, diante dessa afirmação,

o aumento no número de mastigações no processo de ruminação a partir do ponto de

mínima é justificado.

60

De forma contraria ao observado no presente estudo, Silva et al. (2010a) não

observaram alteração no NBOLdia de novilhos da raça Nelore que consumiram níveis

crescentes de suplemento, e encontraram um valor consideravelmente inferior ao do

presente estudo (Tabela 12). Os autores observaram um valor médio de 172 bolos, todavia,

os autores avaliaram apenas o comportamento ingestivo diurno dos animais (6 às 18 horas).

Isso pode justificar a ausência de diferença e o baixo número de bolos ruminados

observados por esses autores, uma vez que os animais apresentam maior parte da atividade

de ruminação no período noturno, concentrando no período diurno as atividades de pastejo,

principalmente nas horas com temperatura mais amena, e ócio, nas horas que apresentam

temperatura mais quente.

Ainda sobre o estudo desenvolvido por Silva et al. (2010a), os animais destinaram,

em média, 46,5% do tempo às atividades de pastejo, 33,6% em ócio e, apenas 15,6% do

tempo às atividades de ruminação. Em estudo semelhante, ao avaliarem o comportamento

ingestivo diurno de novilhas mestiças suplementadas com 0,3%PC, Signoretti et al. (2012)

observaram valores de 33,3; 48,9 e 15,7% para as variáveis de tempo em pastejo, ócio e

ruminação, respectivamente. Esse mesmo padrão de comportamento também foi observado

por Barbero et al. (2012) ao avaliarem o comportamento ingestivo diurno (7 às 19 horas) de

novilhos em pastagens de capim-Tanzânia, e por Silva et al. (2005) ao avaliarem o

comportamento ingestivo diurno (6 às 18 horas) de novilhas em pastagens de Brachiaria

decumbens consumindo níveis crescentes de suplemento (0,25; 0,5; 0,75 e 1,0%PC). Frente

à esses resultados, estudos que consideram apenas o comportamento ingestivo diurno dos

animais em pastejo devem ser considerados com certa ressalva, pois podem subestimar ou

superestimar o que de fato ocorre dentro de um período de 24 horas.

Por outro lado, ao avaliarem novilhas mestiças suplementadas com 0,7% do peso

corporal em um estudo de 24 horas, Almeida et al. (2014a) observaram um valor médio de

462 bolos.dia-1

para o tratamento controle (suplemento padrão, sem adição de glicerina).

Esse valor está próximo aos observados no presente estudo.

Mendes et al. (2014) observaram redução linear no NBOLdia ao suplementarem

animais mestiços com 0,2; 0,4; 0,6 e 0,8% do peso corporal, com valores próximos aos

observados no presente estudo, respectivamente, 550, 435, 489 e 401 bolos.dia-1

. Redução

no NBOLdia também foi observada por Silva et al. (2014b) ao suplementarem novilhos

61

mestiços com 0,3 e 0,6% do peso corporal. Os autores observaram, respectivamente, 583 e

367 bolos.dia-1

.

O aumento dos níveis de suplemento na dieta dos animais não apresentou efeito

(P>0,05) sobre o tempo de bocado por deglutição da forragem apreendida (TBOC), todavia,

apresentou efeito quadrático positivo (P<0,05) sobre o número de bocados por deglutição

(NBOCdeg), taxa de bocado (TxBOC) e número de bocados por dia (NBOCdia). Os

valores médios observados para cada variável podem ser visualizados na Tabela 13.

Tabela 13. Tempo de bocado (TBOC), número de bocados por deglutição (NBOCdeg),

taxa de bocado (TxBOC) e número de bocados por dia (NBOCdia) de novilhos mestiços

suplementados à pasto em fase de recria

Variável Níveis de suplementação Equação

regressão

CV

(%) R

2 L Q

0,2% 0,4% 0,6% 0,8%

TBOC 48,4 45,8 51,0 39,2 Ŷ 46,08 24,88 - 0,0884 0,1168

NBOCdeg 25,1 24,7 38,9 23,3 1 15,96 0,38 0,0858 0,0000

TXBOC 33,7 33,7 46,4 37,4 2 16,74 0,45 0,0014 0,0064

NBOCdia 18225 17734 24286 13812 3 19,45 0,48 0,1021 0,0000

TBOC: tempo médio, em segundos, destinado à atividade de pastejo até a deglutição da forragem apreendida;

NBOCdeg: número; TxBOC: número de bocados por minuto; NBOCdia: número. Equações de regressão: 1Ŷ

= 6,93229 + 98,7656X - 94,401X2;

2Ŷ = 20,638 + 67,811X - 55,9112X

2;

3Ŷ = 7708,44 + 59046,4X -

62390,4X2.

O tempo de bocado (TBOC), correspondente ao tempo destinado à atividade de

pastejo até a deglutição da forragem apreendida, apresentou valor médio de 46,08

segundos. Esse resultado corrobora com o observado por Mendes (2013), que ao avaliar

novilhos mestiços em fase de terminação, suplementados com 0,2; 0,4; 0,6 e 0,8% do peso

corporal não observou diferença no TBOC, e um valor médio de 44,46 segundos. Almeida

et al. (2014a), embora avaliando níveis crescentes de glicerina no suplemento concentrado

de novilhas, também não observaram alteração no tempo de bocado. Os autores observaram

um valor médio de 55,2 segundos, ao passo que o tratamento controle, sem inclusão de

glicerina, apresentou TBOC igual à 51,1 segundos. Ausência de diferença no TBOC

também foi observada por Dias (2013), que ao avaliar animais mestiços suplementados

apenas com sal mineral ou suplemento concentrado (0,4%PC), observaram em média, 32,9

62

segundos. O valor observado pelo autor é inferior aos observados no presente estudo,

todavia, vale salientar que o autor avaliou animais em fase de pós-desmame, com peso

médio de 164 kg.

Frente aos resultados observados no presente estudo, e nos demais apresentados que

concernem ao TBOC, percebe-se que, durante a atividade de pastejo, o tempo que os

animais destinam entre início da apreensão da forragem e a deglutição da forragem

apreendida, é pouco alterado pela oferta de suplemento, variando apenas de acordo com

categoria animal. Ademais, as variáveis acerca do bocado em animais em pastejo, tais como

tempo, profundidade, taxa e número, são altamente relacionadas com características da

pastagem (Hodgson et al., 1997; Carvalho et al., 2001), dessa forma, é possível inferir que

no presente estudo as condições da pastagem apresentavam-se homogêneas entre os

tratamentos no que diz respeito à oferta e qualidade. Essa afirmação pode ser confirmada

com os relatos de Barbero et al. (2012), que ao avaliarem o comportamento ingestivo de

animais em pastagens de capim-Tanzânia com diferentes ofertas de forragem (20, 40, 60 e

80 cm de altura) observaram alterações nas atividades de bocado. Os autores observaram

que o tempo por bocado (TBOC) aumenta à medida que a oferta de forragem diminui, na

tentativa de compensar a menor oferta de forragem nas menores alturas.

De acordo com Carvalho et al. (2001), no que concerne à produção de bovinos à

pasto, o bocado é a unidade básica de aquisição de nutrientes. Com exceção do tempo por

bocado (TBOC), que não apresentou diferença no presente estudo, é interessante observa-se

que as demais variáveis que englobam o bocado, tais como o número de bocados por

deglutição (NBOCdeg), a taxa de bocado (TxBOC) e o número de bocados por dia

(NBOCdia). Essas variáveis são componentes das atividades que englobam o pastejo e,

dessa forma, apresentaram o mesmo comportamento estatístico observado no tempo total

de pastejo (PAS), no número de períodos em pastejo (NPP) e ao tempo de alimentação total

(TAT). Assim, as justificativas apresentadas e discutidas anteriormente para explicar as

alterações ocorridas nas atividades de pastejo (PAS) convergem para explicar o mesmo

padrão de alteração que ocorreu no NBOCdeg, na TxBOC e no NBOCdia.

O número de bocados por deglutição (NBOCdeg) apresentou ponto de máxima ao

nível e suplementação de 0,52% do peso corporal, com valor igual à 32,7 bocados. A taxa

de bocado (TxBOC), apresentou ponto de máxima ao nível e suplementação de 0,61% do

63

peso corporal, com valor igual à 41,2 bocados.minuto-1

. Esse valor está próximo ao

apresentado por Carvalho e Moraes (2005) para bovinos em crescimento. De acordo com

esses autores, quando as pastagens apresentam situações de conforto ao pastejo, no que diz

respeito à massa de forragem e estrutura do dossel forrageiro, bovinos em crescimento

apresentam uma taxa de bocado média na ordem de 35 bocados.minuto-1

.

O número de bocados por dia (NBOCdia) apresentou ponto de máxima ao nível e

suplementação de 0,47% do peso corporal, com valor igual à 21679 bocados.dia-1

. Em

condições semelhantes à do presente estudo, e utilizando os mesmos níveis de

suplementação, Mendes et al. (2014) observaram redução quadrática no NBOCdia,

evidenciando que a suplementação quando utilizada em baixos níveis favorece o aumento

das variáveis que envolvem o pastejo, mas, que, quando elevam-se os níveis, o pastejo é

reduzido, bem como as variáveis que o norteiam. Esses autores observaram valores

próximos ao do presente estudo, com ponto de máxima ao nível de suplementação de

0,51% e 21278 bocados.dia-1

.

Em suma, é possível observar que todas as variáveis comportamentais que

englobam o pastejo apresentaram o mesmo comportamento estatístico e biológico,

contando com certo aumento, seguido de um declínio. Embora tenha ocorrido uma redução

linear na variável que é alimentada pelas atividades de pastejo, ou seja, o consumo de

matéria seca de forragem (CMSF), frente os resultados do comportamento ingestivo é

possível inferir que o aumento dos níveis de suplementação, até certo ponto, proporcionou

uma tendência de aumento na procura por forragem e, em seguida, houve um declínio. Esse

padrão de comportamento demonstra que quando são utilizados baixos níveis de

suplementação com alto teor proteico pode ocorrer uma melhora no ambiente ruminal e, via

efeito aditivo, pode ocorrer um aumento no consumo de matéria seca oriunda da forragem

(Paulino et al., 2002). Todavia, no presente estudo esse aumento no consumo de forragem

não foi observado, pois, como já apresentado e discutido anteriormente, o que houve foi um

efeito substitutivo.

Ao adequar algumas variáveis comportamentais com algumas de consumo, é

possível visualizarmos a eficiência com que os animais têm desenvolvido certas atividades.

O aumento dos níveis de suplemento na dieta dos animais alterou de forma quadrática

(P<0,05) as eficiências de alimentação da matéria seca (EAMS) e da fibra em detergente

64

neutro (EAFDN), bem como as eficiências de ruminação da matéria seca (ERMS) e da

fibra em detergente neutro (ERFDN) (Tabela 14).

Tabela 14. Eficiências de alimentação da matéria seca (EAMS) e da fibra em detergente

neutro (EAFDN) e eficiências de ruminação da matéria seca (ERMS) e da fibra em

detergente neutro (ERFDN) de novilhos mestiços suplementados a pasto em fase de recria

Variável Níveis de suplementação Equação

regressão

CV

(%) R

2 L Q

0,2% 0,4% 0,6% 0,8%

EAMS 0,80 0,85 0,90 1,20 1 18,02 0,97 0,0000 0,0050

EAFDN 0,50 0,49 0,48 0,61 2 19,75 0,91 0,0097 0,0087

ERMS 1,07 1,15 1,75 1,21 3 20,60 0,52 0,0012 0,0000

ERFDN 0,67 0,66 0,93 0,61 4 22,77 0,39 ***** 0,0003

EAMS e EAFDN: em kgMS.hora-1

e em kgFDN.hora-1

, respectivamente; ERMS e ERFDN: em kgMS.hora-1

e em kgFDN.hora-1

, respectivamente. Equações de regressão: 1Ŷ = 0,938125 - 0,923161X + 1,54672X

2;

2Ŷ =

0,61598 - 0,715909 + 0,869047X2;

3Ŷ = 0,271250 + 4,35734X - 3,84857X

2;

4Ŷ = 0,301753 + 1,99883X -

1,94923X2.

As eficiências de alimentação da matéria seca (EAMS) e da fibra em detergente

neutro (EAFDN) apresentaram, respectivamente, pontos de mínima ao nível de

suplementação de 0,30 e 0,41% do peso corporal, com valores iguais à 0,80 kgMS.hora-1

e

0,47 kgFDN.hora-1

. De forma contraria, as eficiências de ruminação da matéria seca

(ERMS) e da fibra em detergente neutro (ERFDN) apresentaram, respectivamente, pontos

de máxima ao nível de suplementação de 0,57 e 0,51% do peso corporal, com valores

iguais à 1,5 kgMS.hora-1

e 0,81 kgFDN.hora-1

.

É necessário lembrar-se da origem dessas variáveis de eficiência para que seja

possível o seu entendimento. As variáveis de consumo “CMST” e “CFDNcp” representam

o numerador da equação utilizada para calcular as eficiências de alimentação e ruminação

da MS e FDNcp, respectivamente. Como não houve diferença nos consumos de matéria

seca total (CMST) e de fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína

(CFDNcp), os numeradores permaneceram inalterados em ambos tratamentos. Desta forma,

os denominadores tornaram-se os responsáveis pelas alterações ocorridas nas variáveis de

eficiência.

É interessante salientar que, para calcular a eficiência de alimentação, o

denominador utilizado é o tempo de alimentação total (TAT), que por sua vez apresentou

65

comportamento estatístico quadrático com ponto de máxima, ao passo que, para calcular a

eficiência de ruminação o denominador utilizado é o tempo total em ruminação (RUM),

que apresentou comportamento estatístico quadrático com ponto de mínima.

Diante da explicação matemática para as alterações observadas nas variáveis de

eficiência, é possível resumir que as eficiências de alimentação apresentaram um

comportamento estatístico inverso ao observado no tempo de alimentação total (TAT), e da

mesma forma, porém em sentido contrário, as eficiências de ruminação apresentaram um

comportamento estatístico inverso ao observado no tempo total de ruminação (RUM).

Com relação à redução que ocorreu nas eficiências de alimentação da MS e FDNcp

até o ponto de mínima, é possível inferir que, devido ao aumento quadrático que ocorreu no

TAT, os animais que passaram mais tempo se alimentando ao longo do dia tiveram uma

menor ingestão de MS e FDNcp por hora e, com o declínio no TAT, os animais

apresentaram um maior consumo desses constituintes por hora. Esses resultados estão em

consonância com os relatos de Mendes et al. (2014) que, ao avaliarem a EAMS e a

EAFDNcp de bovinos mestiços em fase de terminação, suplementados com os mesmos

níveis do presente estudo, também observaram efeito quadrático com ponto de mínima para

as duas variáveis. Os autores observaram pontos de mínima aos níveis de 0,38 e 0,55% do

peso corporal, com valores de 1,13 e 0,63 kg.hora-1

, respectivamente para a EAMS e

EAFDNcp.

No que concerne à eficiência de ruminação, destaca-se a redução que ocorreu no

tempo de ruminação (RUM), bem como no número de períodos em ruminação (NPR), pois,

com um menor tempo dedicado à atividade de ruminação, os animais aumentaram a

eficiência desse processo na tentativa de maximizar o aproveitamento da fibra dietética. Por

outro lado, com o aumento no tempo de ruminação (RUM) após o ponto de mínima (Tabela

9), provavelmente devido o processo de compensação descrito anteriormente, e uma vez

que o consumo de MS e FDNcp permaneceu inalterado, uma menor quantidade desses

constituintes foi ruminada por hora.

Frente os resultados observados nas variáveis comportamentais, é possível observar

a inter-relação existente entre a dieta, no que diz respeito ao efeito associativo entre

forragem e suplemento, podendo esse ser aditivo ou substitutivo, e o animal, no que tange

às modificações geradas no seu padrão de comportamento ingestivo.

66

Correlação das variáveis de consumo e desempenho com as variáveis do comportamento

ingestivo

O consumo diário de suplemento (CSUPL) apresentou correlações negativa e forte

(P<0,05) com o tempo em pastejo (PAS), negativa e fraca (P<0,05) com o tempo destinado

às atividades de ruminação (RUM), e positiva e forte (P<0,05) com os tempos se

alimentando no cocho (COCHO) e em ócio (OCI) (Tabela 15).

Tabela 15. Correlações entre o consumo e os tempos destinados às atividades de pastejo,

ruminação, alimentação no cocho e ócio de novilhos mestiços suplementados a pasto em

fase de recria

Variável PAS RUM COCHO OCI

r P r P r P r P

CSUPL -0,66 0,0000* -0,29 0,0498

* 0,70 0,0000

* 0,73 0,0000

*

CMSF 0,44 0,0057* 0,09 0,3094

ns -0,53 0,0008

* -0,41 0,0104

*

CMST -0,25 0,0801ns

-0,24 0,0914ns

0,18 0,1599ns

0,38 0,0652ns

CPB 0,33 0,0344* -0,02 0,4627

ns -0,40 0,0122

* -0,24 0,0932

ns

CFDNcp 0,21 0,1267ns

0,05 0,3963ns

-0,33 0,0542ns

-0,19 0,1538ns

CCNFcp -0,65 0,0000* -0,34 0,0268

* 0,69 0,0000

* 0,76 0,0000

*

CNDT -0,36 0,0211* -0,19 0,1545

ns 0,25 0,0829

ns 0,43 0,0065

*

GMD -0,14 0,2240ns

0,05 0,3960ns

0,08 0,3257ns

0,09 0,3214ns

CA -0,05 0,3954ns

-0,18 0,1690ns

0,03 0,4400ns

0,17 0,1832ns

*significativo a 5% de probabilidade; ns: não significativo; Variáveis comportamentais: PAS, RUM, COCHO

e OCI: tempo total, em minutos, destinado às atividades de pastejo, ruminação, se alimentando no cocho e

ócio, respectivamente. Variáveis de consumo em kg.dia-1

- CSUPL: consumo de suplemento; CMSF:

consumo de matéria seca de forragem; CMST: consumo de matéria seca total; CPB: consumo de proteína

bruta; CFDNcp: consumo de fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína; CNFcp: consumo de

carboidratos não-fibrosos corrigidos para cinzas e proteína; CNDT: consumo de nutrientes digestíveis totais.

GMD: ganho médio diário, em kg.dia-1

; CA: conversão alimentar, em kg de matéria seca consumida por kg de

ganho.

As correlações negativas existentes entre o consumo de suplemento (CSUPL) e os

tempos em pastejo (forte) e ruminação (fraca) demonstram que à medida que os níveis de

suplementação são elevados, os tempos destinados a essas atividades decrescem. Esse

resultado evidencia mais uma vez o efeito substitutivo que ocorreu no presente estudo.

67

Silva et al. (2014b) observaram correlação linear moderada e negativa entre CSUPL

(kg.dia-1

) e o tempo em ruminação (r = -0,43). Esse valor é superior ao observado no

presente estudo, todavia, salienta-se que o valor observado no presente estudo (r = 0,29)

encontra-se no limiar entre as classificações de fraca e moderada.

Por outro lado, as correlações positivas e forte existentes entre o CSUPL e os

tempos se alimentando no cocho (COCHO) e em ócio (OCI) demonstram numericamente a

linearidade existente entre as variáveis em questão, ou seja, quando os níveis de

suplementação são elevados, aumentam também os tempos destinados a essas atividades.

O aumento no tempo que os animais permanecem se alimentando no cocho ocorre

devido à maior necessidade de tempo para consumir maiores quantidades de suplemento

ofertada e, consequentemente, ocorre um aumento no tempo de ócio, devido o rápido aporte

de nutrientes que o suplemento fornece aos animais.

Com relação ao consumo diário de forragem (CMSF), observa-se correlação

positiva e moderada (P<0,05) com o tempo em pastejo (PAS), ausência de correlação

(P>0,05) com o tempo destinado as atividades de ruminação (RUM), e moderada negativa

(P<0,05) com os tempos se alimentando no cocho (COCHO) e em ócio (OCI).

Correlação positiva entre o CMSF e o tempo em pastejo (PAS) era esperada, pois, o

consumo de matéria seca da forragem é fruto da atividade de pastejo e, à medida que se

eleva o tempo dedicado ao pastejo, elevar-se-á o consumo de forragem. Este resultado está

coeso com a lógica biológica, pois, uma vez que houve um efeito substitutivo, a redução no

tempo dedicado ao pastejo ocasionou uma redução no consumo de matéria oriunda da

forragem.

Este resultado está, em partes, em consonância com os relatos de Gontijo Neto et al.

(2006), pois, segundo esses autores, o tempo dedicado às atividades de pastejo apresenta

alta correlação com consumo de forragem (CMSF), podendo esta variável comportamental

(PAS) ser utilizada em modelos de predição de consumo de forragem e, ou desempenho de

animais criados a pasto. Todavia, os autores observaram alta correlação negativa (r = -0,95)

entre as atividades de pastejo e o consumo de forragem e, desta forma, esse resultado seria

ilógico nas condições do presente estudo. Os autores avaliaram o comportamento ingestivo

de bovinos ao consumirem cinco diferentes ofertas de forragem, com relação à altura (5,

10, 15, 20 e 25 cm). Nesse caso, correlação alta e negativa justifica-se única e

68

exclusivamente devido à condição de realização do estudo, pois, quanto menor é a oferta de

forragem, maior será o tempo dedicado ao pastejo e, provavelmente menor será o consumo

de forragem, correlacionando-se assim de forma negativa. Salienta-se que quando em

situações de oferta de forragem semelhante, como no presente estudo, normalmente o

tempo de pastejo correlacionar-se-á positivamente com o consumo de forragem.

De forma intrigante, o consumo de forragem (CMSF) não apresentou correlação

(P>0,05) com o tempo destinado às atividades de ruminação (RUM). Ausência de diferença

entre essas duas variáveis também foi observada por Silva et al. (2014b) e Dias (2013) ao

avaliarem bovinos suplementados em pastagens de Brachiaria decumbens. Os autores não

apresentam justificativas para tal resultado, todavia, de acordo com Van Soest (1994), além

da natureza da dieta total, o tempo destinado à atividade de ruminação está relacionado ao

teor de parede celular dos volumosos. Assim, como no presente estudo as condições da

pastagem apresentavam-se de forma homogênea entre os tratamentos, no que diz respeito à

oferta e qualidade, é possível sugerir que por se tratar de material forrageiro semelhante,

não houve diferença na necessidade de mastigação/ruminação por unidade de forragem,

suprimindo desta forma a correlação entre essas duas variáveis.

O consumo de forragem (CMSF) apresentou correlações negativas e moderadas

(P<0,05) com os tempos se alimentando no cocho (COCHO) e em ócio (OCI). Isso

demonstra que, quanto maiores forem os tempos se alimentando no cocho e em ócio, menor

será o consumo de matéria seca oriunda da forragem (CMSF).

No que diz respeito ao consumo de matéria seca total (CMST), não foram

observadas correlações (P>0,05) entre os tempos destinados ao pastejo (PAS), ruminação

(RUM), se alimentando no cocho (COCHO) e em ócio (OCI). É provável que a ausência de

diferença no consumo de matéria seca total (CMST) não tenha permitido a ocorrência de

correlação entre essas variáveis. Esse mesmo resultado foi observado por Santana Júnior et

al. (2013a) e Silva et al. (2014b) ao avaliarem animais suplementados a pasto.

O consumo diário de proteína bruta (CPB, kg.dia-1

) apresentou correlações positiva

e moderada (P<0,05) com o tempo em pastejo (PAS) e negativa e moderada (P<0,05) com

o tempo que os animais permaneceram se alimentando no cocho (COCHO), todavia, não

apresentou correlação (P>0,05) com os tempos destinados às atividades de ruminação

69

(RUM) e em ócio (OCI). Esses resultados confirmam os resultados apresentados discutidos

anteriormente no que diz respeito ao efeito substitutivo que ocorreu no presente estudo.

É necessária atenção para entender as correlações existentes entre o consumo de

proteína (CPB) e os tempos destinados ao pastejo (r = 0,33) e se alimentando no cocho (r =

-0,40), pois, quando um recurso nutricional secundário é introduzido no sistema de

produção de bovinos em pastejo, as respostas biológicas tornam-se muito mais complexas e

dinâmicas, sendo dependentes de uma série de interações entre dieta ofertada e consumida;

organismo e comportamento animal.

Ao observarmos a redução no consumo de proteína que ocorreu no presente estudo

(Tabela 6), é possível justificar a correlação positiva entre o consumo de proteína (CPB) e o

tempo de pastejo (PAS), pois a redução no consumo de proteína foi devido à redução no

consumo de forragem, uma vez que o suplemento concentrado foi formulado para fornecer

a mesma quantidade diária de proteína aos animais. Assim, com a redução no consumo de

forragem, o consumo de proteína bruta também foi reduzido.

De forma contrária, essa mesma justificativa aplica-se à existência de correlação

negativa entre o tempo se alimentando no cocho e o consumo de proteína, pois, quanto

mais tempo os animais permaneceram se alimentando no cocho, menor foi o consumo de

proteína. Uma vez que o consumo de proteína oriunda do suplemento foi a mesma, o déficit

responsável pela redução no consumo de proteína foi devido à redução no consumo de

forragem, que levou à redução no consumo de proteína oriunda da forragem.

O consumo de fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína

(CFDNcp) não apresentou correlações (P>0,05) com os tempos em pastejo (PAS),

ruminação (RUM), alimentação no cocho (COCHO) e em ócio (OCI).

Dias (2013) observou correlação positiva e moderada (r = 0,37) entre o CFDNcp e o

tempo de ruminação (RUM) de bovinos suplementados à pasto. Todavia, os autores

observaram diferença no consumo de FDNcp entre os tratamentos avaliados e, de acordo

com Figueiredo Filho & Silva Júnior (2009), do ponto de vista estatístico, duas variáveis se

correlacionam quando elas apresentam similaridade na distribuição dos seus escores, em

outras palavras, é a relação existente entre duas variáveis que compõe os eixos “X” e “Y”.

Desta forma, a ausência de correlação entre o CFDNcp e o tempo de ruminação (RUM)

observada no presente estudo é justificada pela ausência de diferença no consumo de

70

FDNcp entre os tratamentos, ou seja, se uma variável permanece inalterada (CFDNcp) no

eixo “X”, essa não poderá ser correlacionada com a alteração de outra variável (RUM) no

eixo “Y”.

No que diz respeito ao consumo de carboidratos não fibrosos corrigidos para cinzas

e proteína (CCNFcp), foram observadas correlações negativa e forte (P<0,05) com o tempo

em pastejo (PAS), negativa e moderada (P<0,05) com o tempo destinado às atividades de

ruminação (RUM), e positiva e forte (P<0,05) com os tempos se alimentando no cocho

(COCHO) e em ócio (OCI).

É interessante observarmos que o consumo de CNFcp apresentou o mesmo padrão

de correlação existente entre o consumo de suplemento (CSUPL) e as variáveis PAS,

RUM, COCHO e OCI (Tabela 15). Isso ocorre devido o alto teor de carboidratos não

fibrosos nesse tipo de alimento (suplemento concentrado), desta forma, quanto mais tempo

os animais permanecerem se alimentando no cocho, maior será o consumo de carboidratos

não fibrosos (CNFcp).

A correlação negativa entre o tempo de pastejo (PAS) e o consumo de CNFcp é

justificável, pois, a redução no consumo de forragem ocorreu com o aumento no consumo

de suplemento. Assim, por apresentar alta concentração de CNFcp, quanto maior for o

consumo de suplemento, maior será o consumo de CNFcp, e menor será o consumo de

forragem, por conseguinte, menor será o tempo de pastejo (PAS).

O tempo em ócio (OCI) apresentou correlação positiva com o consumo de CNFcp,

no entanto, não podemos afirmar que quando em ócio os animais consumiram CNFcp ou

qualquer outro tipo de ingrediente/alimento.

Figueiredo Filho e Silva Júnior (2009) alertam para alguns problemas de

interpretação dos resultados obtidos por meio da analise de correlação de Pearson. Segundo

esses autores, existem problemas como lurking variable (variável escondida) ou

counfouding variable (variável confusa), levando o pesquisador a tomar conclusões

incorretas no que diz respeito à existência ou não de correlação entre duas variáveis. Os

autores sugerem que, para não tomar conclusões precipitadas, é necessário investigar se o

resultado de uma correlação entre duas variáveis não está sendo afetada pela presença de

lurking variable (variável escondida).

71

Frente esse alerta é necessário analisar a possível existência de variáveis escondidas

ou confusas (lurking variable ou counfouding variable) e atentar-se para a interdependência

das atividades do comportamento ingestivo, uma vez que são mutualmente excludentes.

Desta forma, para elucidar a existência de correlação positiva entre o tempo em ócio (OCI)

e o consumo de CNFcp, é válido lembrar que os animais que apresentaram maior consumo

de suplemento e maior consumo de CNFcp apresentaram também maior tempo em ócio,

por isso justifica-se a existência de correlação positiva entre o consumo de carboidratos não

fibrosos (CNFcp) e o tempo em ócio (OCI). Nesse caso, o tempo em ócio (OCI) estaria

agindo como uma variável confusa (counfouding variable), e o consumo de suplemento

como uma variável escondida (lurking variable).

O consumo de nutrientes digestíveis totais (CNDT) apresentou correlações negativa

e moderada (P<0,05) com o tempo em pastejo (PAS) e positiva e moderada (P<0,05) com o

tempo que os animais permaneceram em ócio (OCI). De forma semelhante ao observado no

consumo de carboidratos solúveis (CCNFcp), quando o tempo de pastejo (PAS) foi maior,

menor foi o consumo de NDT, haja vista que nos maiores tempos de pastejo os animais

consumiram menor quantidade de suplemento concentrado, que apresenta alto teor de NDT

(Tabela 2). Nesse caso, novamente o consumo de suplemento (CSUPL) esta atuando como

variável escondida (lurking variable). Do mesmo modo, quanto maior foi o consumo de

suplemento, maior foi o consumo de NDT, todavia, também foi maior o tempo que os

animais permaneceram em ócio, justificando assim a correlação positiva existente entre

essas duas variáveis.

Por não ter sido observada diferença no desempenho (GMD) e na conversão

alimentar (CA) dos animais, não foram observadas correlações (P>0,05) entre essas

variáveis e os tempos dedicados às atividades de pastejo (PAS), ruminação (RUM), se

alimentando no cocho (COCHO) e ócio (OCI).

Dias et al. (2014a) não observaram correlação do GMD e da CA de bovinos em fase

de pós-desmama, suplementados ou não, com o tempo destinado à atividade de pastejo

(PAS). Todavia, os autores observaram correlação positiva e moderada entre o GMD e o

tempo de ruminação (r = 0,49), e entre o GMD e o tempo que os animais passaram se

alimentando no cocho (r = 0,38). No entanto, salienta-se que esses autores observaram uma

72

diferença no desempenho dos animais (0,97 e 0,70 kg.dia-1

), o que justifica a existência de

correlação.

Com relação ao número de períodos destinados a cada atividade, o número de

períodos em pastejo (NPP) e em ruminação (NPR) não apresentaram correlação (P>0,05)

com as variáveis de consumo e desempenho analisadas (CSUPL: consumo de suplemento;

CMSF: consumo de matéria seca de forragem; CMST: consumo de matéria seca total;

CPB: consumo de proteína bruta; CFDNcp: consumo de fibra em detergente neutro

corrigida para cinzas e proteína; CCNFcp: consumo de carboidratos não-fibrosos corrigidos

para cinzas e proteína; CNDT: consumo de nutrientes digestíveis totais; GMD: ganho

médio diário e CA: conversão alimentar) (Tabela 16).

Ao analisarem o comportamento de bovinos suplementados a pasto, Silva et al.

(2014b) e Dias (2013) também não observaram correlação do NPP com as variáveis de

consumo e desempenho avaliadas no presente estudo.

Tabela 16. Correlações das variáveis de consumo e desempenho com o número de

períodos destinados às atividades de pastejo, ruminação, se alimentando no cocho e ócio,

de novilhos mestiços suplementados a pasto em fase de recria

Variável NPP NPR NPC NPO

R P r P r P r P

CSUPL 0,08 0,3260ns

0,20 0,1305ns

0,49 0,0024* 0,51 0,0015

*

CMSF 0,17 0,1779ns

-0,19 0,1505ns

-0,41 0,0096* -0,40 0,0120

*

CMST -0,11 0,2709ns

0,01 0,4723ns

0,08 0,3388ns

0,12 0,2564ns

CPB 0,01 0,4848ns

-0,08 0,3414ns

-0,17 0,1746ns

-0,15 0,2121ns

CFDNcp -0,23 0,1063ns

-0,11 0,2793ns

-0,28 0,0589ns

-0,30 0,0529ns

CCNFcp 0,07 0,3446ns

0,17 0,1813ns

0,45 0,0046* 0,51 0,0016

*

CNDT -0,13 0,2403ns

0,11 0,2722ns

0,15 0,2019ns

0,15 0,2112ns

GMD -0,11 0,2782ns

-0,18 0,1565ns

-0,16 0,1841ns

-0,11 0,2758ns

CA 0,17 0,1707ns

0,09 0,3028ns

0,26 0,0777ns

0,19 0,1454ns

*significativo a 5% de probabilidade; ns: não significativo; Variáveis comportamentais: NPP, NPR, NPC e

NPO: número de períodos em pastejo, ruminação, se alimentando no cocho e ócio, respectivamente. Variáveis

de consumo: CSUPL: consumo de suplemento; CMSF: consumo de matéria seca de forragem; CMST:

consumo de matéria seca total; CPB: consumo de proteína bruta; CFDNcp: consumo de fibra em detergente

neutro corrigida para cinzas e proteína; CNFcp: consumo de carboidratos não-fibrosos corrigidos para cinzas

73

e proteína; CNDT: consumo de nutrientes digestíveis totais. GMD: ganho médio diário, em kg.dia-1

; CA:

conversão alimentar, em kg de matéria seca consumida por kg de ganho.

Com relação ao NPR, com exceção do consumo de FDNcp (r = -0,41) e NDT (r = -

0,45), Silva et al. (2014b) também não observaram correlação com as demais variáveis de

consumo e desempenho.

O número de períodos se alimentando no cocho (NPC) e em ócio (NPO)

apresentaram o mesmo padrão de correlação. O NPC e NPO apresentaram correlações

(P<0,05) apenas com os consumos de suplemento (CSUPL), de forragem (CMSF) e de

carboidratos não fibrosos (CCNF).

O NPC e NPO apresentaram correlações positivas e moderadas com o consumo de

suplemento (CSUPL) e de carboidratos não estruturais corrigidos para cinzas e proteína

(CCNFcp), e correlacionaram-se de forma negativa e moderada com o consumo de

forragem (CMSF).

Como no presente estudo os números de períodos que os animais passaram se

alimentando no cocho (NPC) e em ócio (NPO) aumentaram de forma linear à medida que

os níveis de suplementação foram elevados (Tabela 11), seria presumível a existência de

uma correlação positiva entre essas variáveis e o consumo de suplemento (CSUPL), pois,

quanto maior for a oferta e o consumo de suplemento, maior será o número de vezes que os

animais irão ao cocho para consumir todo o suplemento ofertado. De maneira

concomitante, os animais que consomem maiores quantidades de suplemento tendem a

apresentar maior tempo em ócio. Nesse mesmo contexto, é possível entender a correlação

negativa existente entre o consumo de forragem (CMSF) e os números de períodos se

alimentando no cocho (NPC) e em ócio (NPO), pois, quanto maior foi o consumo de

forragem, menores foram os níveis de suplementação e, consequentemente, menor foi o

número de períodos no cocho (NPC) e em ócio (NPO).

No que diz respeito ao tempo destinado a cada período, o consumo de suplemento

(CSUPL) correlacionou-se de forma negativa e moderada (P<0,05) com os tempos por

período em pastejo (TPP) e em ruminação (TPR), ao passo que apresentou correlação

positiva e moderada (P<0,05) com os tempos por período se alimentando no cocho (TPC) e

em ócio (TPO) (Tabela 17).

74

De forma clara, é possível justificar os resultados observados, pois esses

demonstram que à medida que se eleva o consumo de suplemento (CSUPL), menores são

os tempos destinados aos períodos de pastejo (TPP) e em ruminação (TPR), e maiores são

os tempos por período se alimentando no cocho (TPC) e em ócio (TPO). Esse

comportamento é fruto do efeito substitutivo que ocorreu no presente estudo.

Tabela 17. Correlações das variáveis de consumo e desempenho com o tempo por período

destinados às atividades de pastejo, ruminação, alimentação no cocho e ócio, de novilhos

mestiços suplementados a pasto em fase de recria

Variável TPP TPR TPC TPO

r P r P r P r P

CSUPL -0,58 0,0002* -0,42 0,0089

* 0,46 0,0042

* 0,49 0,0024

*

CMSF 0,45 0,0047* 0,16 0,1936

ns -0,21 0,1285

ns -0,18 0,1618

ns

CMST -0,15 0,2137ns

-0,31 0,0411* 0,30 0,0468

* 0,37 0,0187

*

CPB 0,21 0,1242ns

0,01 0,4846ns

-0,31 0,0414* -0,16 0,1880

ns

CFDNcp 0,31 0,0536ns

0,04 0,4101ns

-0,03 0,4368ns

0,00 0,5000ns

CCNFcp -0,57 0,0003* -0,45 0,0048

* 0,51 0,0016

* 0,53 0,0010

*

CNDT -0,21 0,1201ns

-0,33 0,0321* 0,31 0,0402

* 0,41 0,0105

*

GMD -0,03 0,4259ns

0,20 0,1400ns

0,34 0,0602ns

0,18 0,1633ns

CA -0,15 0,2018ns

-0,28 0,0596ns

-0,20 0,1330ns

0,08 0,3318ns

*significativo a 5% de probabilidade; ns: não significativo; Variáveis comportamentais: TPP, TPR, TPC e

TPO: tempo por período em pastejo, ruminação, se alimentando no cocho e ócio, respectivamente (minutos

por período). Variáveis de consumo - CSUPL: consumo de suplemento; CMSF: consumo de matéria seca de

forragem; CMST: consumo de matéria seca total; CPB: consumo de proteína bruta; CFDNcp: consumo de

fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína; CNFcp: consumo de carboidratos não-fibrosos

corrigidos para cinzas e proteína; CNDT: consumo de nutrientes digestíveis totais. GMD: ganho médio diário,

em kg.dia-1

; CA: conversão alimentar, em kg de matéria seca consumida por kg de ganho.

O consumo de forragem (CMSF) apresentou correlação positiva e moderada

(P<0,05) com o tempo por período em pastejo (TPP), e não apresentou correlação (P>0,05)

com os demais tempos por períodos avaliados no presente estudo (TPR, TPC e TPO)

(Tabela 17). Esses resultados corroboram com os relatos de Silva et al. (2014b), que

observaram correlação do consumo de forragem (CMSF) apenas com o tempo por período

75

em pastejo (TPP), sendo esta positiva e moderada (r = 0,35). Esse valor está próximo ao

observado no presente estudo (r = 0,45).

O consumo de matéria seca total (CMST) não apresentou correlação (P>0,05) com o

TPP, porém, apresentou correlações negativa e moderada com o TPR e positivas e

moderadas com o TPC e TPO (Tabela 17).

É intrigante a existência de correlações entre o CMST e os TPR, TPC e TPO, pois,

subentendesse que o CMST variou em função dos TPR, TPC e TPO, o que de fato não

ocorreu no presente estudo, uma vez que não houve diferença no consumo de matéria seca

total (Tabela 6).

De acordo com Anscombe (1973), em certas ocasiões, os resultados obtidos ao

realizar a análise de correlação entre duas variáveis nem sempre condizem com o padrão de

relacionamento entre as variáveis em questão, principalmente quando se tratam de variáveis

de ordem biológica e não apenas de valores absolutos. Assim, é necessária atenção ao fazer

inferências à respeito de resultados que possam parecer incertos.

Com relação à existência de correlação negativa entre o consumo de matéria seca

total (CMST) e o tempo por períodos em ruminação (TPR) sugere-se com cautela, que,

embora não tenha ocorrido diferença no CMST (Tabela 6), houve uma redução na razão

volumoso/concentrado na dieta dos animais à medida que os níveis de suplementação

foram aumentados, e com isso uma redução linear no tempo por período em ruminação

(TPR) foi observada (Tabela 11). Desta forma, menores TPR estão associados à menor

participação de volumoso na dieta total dos animais, sendo assim, a existência de

correlação negativa entre o CMST e o tempo por período em ruminação (TPR) poderia ser

justificada.

Correlações positivas entre o consumo de matéria seca total (CMST) e os TPC e

TPO seria justificável caso houvesse aumento no CMST com o aumento no número dos

níveis de suplementação, fato esse que não ocorreu no presente estudo. Todavia, é possível

atribuir esse resultado, com certa ressalva, ao aumento apenas numérico no consumo de

matéria seca total.

Assim como observado anteriormente para o consumo diário de proteína bruta

(CPB) e o tempo que os animais permaneceram se alimentando no cocho (Tabela 15),

também foi observada correlação negativa e moderada (P<0,05) entre essa variável de

76

consumo (CPB) e o tempo por período que os animais passaram se alimentando no cocho

(TPC).

Esse resultado é justificado pela mesma razão anteriormente apresentada e discutida

à respeito da existência de correlação negativa entre o CPB e o tempo que os animais

passaram se alimentando no cocho (Tabela 15). Quanto maior foi o TPC, menor foi o

consumo de proteína, pois, uma vez que o consumo de proteína oriunda do suplemento foi

a mesma, o déficit responsável pela redução no consumo de proteína é a redução no

consumo de forragem, ou seja, redução no consumo de proteína oriunda da forragem. Nesse

caso, o consumo de matéria seca (e proteína bruta) oriunda da forragem estaria atuando

como uma lurking variable (variável escondida). O mesmo raciocínio pode ser empregado

para justificar a presença de correlação negativa e fraca (P<0,05) entre o TPO e o consumo

de proteína bruta (CPB). Salienta-se ainda que, ao correlacionar variáveis de consumo com

alguma que envolva o ócio, principalmente no caso de animais suplementados a pasto, é

necessário lembrarmos que esta última atuará como variável confusa (confusing variable), e

neste caso, haverá uma variável escondida (lurking variable) que justificará o resultado de

correlação observado.

Por não ter apresentado diferença no consumo de fibra em detergente neutro

corrigida para cinzas e proteína (CFDNcp), não foram observadas correlações (P>0,05)

com nenhuma variável referente ao tempo por período de cada atividade (TPP, TPR, TPC e

TPO) (Tabela 17). O mesmo pode ser dito para a ausência de correlações (P>0,05) entre os

tempos por período de cada atividade (TPP, TPR, TPC e TPO) e o GMD e a CA dos

animais (Tabela 17).

Observa-se que o consumo de carboidratos não fibrosos corrigidos para cinzas e

proteína (CCNFcp) correlacionou-se com os tempos por período de cada atividade (TPP,

TPR, TPC e TPO) da mesma forma que se correlacionou que as variáveis PAS, RUM,

COCHO e OCI se correlacionaram com os consumos de suplemento (CSUPL) e de

carboidratos não fibrosos corrigidos para cinzas e proteína (CCNFcp) (Tabela 15).

Foram observadas correlações negativas e moderadas (P<0,05) com o tempo por

período em pastejo (TPP) e o tempo destinado às atividades de ruminação (TPR), e

positivas e moderadas (P<0,05) com os tempos se alimentando no cocho (TPC) e em ócio

(TPO).

77

Frente a essa similaridade de resultados, que ocorre devido o alto teor de

carboidratos não fibrosos suplemento concentrado, para explicar a correlação existente

entre o CCNFcp e os tempos por período de cada atividade (TPP, TPR, TPC e TPO) é

possível considerar as justificativas apresentadas e discutidas anteriormente para tratar as

correlações existentes entre o CSUPL e CCNFcp e os tempos destinados a cada atividade

(PAS, RUM, COCHO e OCI) (Tabela 15).

O consumo de nutrientes digestíveis totais (CNDT) não apresentou correlação

(P>0,05) com o tempo por período em pastejo (TPP), todavia, apresentou correlação

moderada e negativa (P<0,05) com o tempo por período em ruminação e moderadas e

positivas com os tempos por período se alimentando no cocho (TPC) e em ócio (TPO)

(Tabela 17). De maneira semelhante ao consumo de CNFcp, o consumo de suplemento

(CSUPL), atuando como uma variável escondida (lurking variable), justifica as correlações

observadas entre o consumo de NDT e os TPR, TPC e TPO.

Com o aumento dos níveis de suplementação (e do consumo de suplemento), o

consumo de NDT também foi aumentado, com concomitante redução no TPR. Esse

comportamento justifica a correlação negativa (r = -0,33) observada entre o CNDT e o

TPR.

Por outro lado, porém no mesmo contexto, as correlações positivas entre o CNDT e

os TPC (r = 0,31) e TPO (r = 0,41) são devido à correlação positiva existente entre os

tempos que os animais passaram se alimentando no cocho e em ócio e o consumo de

suplemento (r = 0,70 e 0,73, respectivamente) e o consumo de suplemento (CSUPL), que

está diretamente relacionado ao consumo de NDT.

O tempo de alimentação total (TAT) apresentou correlações apenas com os

consumos de suplemento (CSUPL), forragem (CMSF) e carboidratos não fibrosos

corrigidos para cinzas e proteína (CCNFcp) (Tabela 18).

Foram observadas correlações fortes e negativas (P<0,05) entre o tempo de

alimentação total (TAT) e os CSUPL e CCNFcp. Por apresentarem alta correlação entre si

(CSUPL e CCNFcp), o valor do coeficiente de Pearson entre essas variáveis e o TAT foi o

mesmo (r = -0,61). Esse resultado é justificável, pois, com o aumento dos níveis de

suplemento na dieta dos animais (e no CSUPL), houve um decréscimo no tempo em pastejo

(PAS) e, consequentemente, uma redução no tempo de alimentação total (TAT), uma vez

78

que este é o somatório do tempo em pastejo (PAS) e o tempo que os animais passaram se

alimentando no cocho (COCHO). No mesmo contexto, é possível explicar a correlação

positiva e moderada (P<0,05) entre o TAT e o consumo de forragem (CMSF), pois,

maiores tempos destinado ao pastejo (PAS) estão associados (r = 0,44) à maior ingestão de

matéria seca de forragem (Tabela 15).

Tabela 18. Correlações das variáveis de consumo e desempenho com os tempos de

alimentação e mastigação total, e números de mastigações merícicas e tempo por bolo

ruminado e de novilhos mestiços suplementados a pasto em fase de recria

Variável TAT TMT NMASBOL TBOL

r p r p r p r p

CSUPL -0,61 0,0001* -0,73 0,0000

* -0,23 0,1058

ns -0,27 0,0703

ns

CMSF 0,40 0,0118* 0,41 0,0107

* 0,12 0,2551

ns 0,16 0,1980

ns

CMST -0,25 0,0842ns

-0,38 0,0548ns

-0,13 0,2456ns

-0,13 0,2375ns

CPB 0,29 0,0514ns

0,24 0,0947ns

0,18 0,1644ns

0,18 0,1622ns

CFDNcp 0,18 0,1677ns

0,18 0,1561ns

0,07 0,3439ns

0,09 0,3199ns

CCNFcp -0,61 0,0001* -0,76 0,0000

* -0,27 0,0669

ns -0,31 0,0496

*

CNDT -0,36 0,0228ns

-0,44 0,0064* -0,10 0,2954

ns -0,13 0,2411

ns

GMD -0,14 0,2240ns

-0,08 0,3239ns

0,01 0,4787ns

0,10 0,3024ns

CA -0,05 0,3949ns

-0,17 0,1813ns

-0,12 0,2562ns

-0,20 0,1343ns

*significativo a 5% de probabilidade; ns: não significativo; Variáveis comportamentais: TAT e TMT: tempo

de alimentação total e tempo de mastigação total, respectivamente, em minutos por dia; NMASBOL: número

de mastigações por bolo ruminado; TBOL: tempo médio destinado à ruminação de cada bolo, em segundos.

Variáveis de consumo em kg.dia-1

- CSUPL: consumo de suplemento; CMSF: consumo de matéria seca de

forragem; CMST: consumo de matéria seca total; CPB: consumo de proteína bruta; CFDNcp: consumo de

fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína; CNFcp: consumo de carboidratos não-fibrosos

corrigidos para cinzas e proteína; CNDT: consumo de nutrientes digestíveis totais. GMD: ganho médio diário,

em kg.dia-1

; CA: conversão alimentar, em kg de matéria seca consumida por kg de ganho.

O tempo de mastigação total (TMT) apresentou o mesmo padrão de correlação

observado para o TAT, demonstrando, aliás, valores dos coeficientes de correlação de

Pearson (r) que permitem a mesma interpretação. Fortes e negativas (P<0,05) com os

CSUPL e CCNFcp, e positiva e moderada (P<0,05) com o CMSF. Desta forma, as mesmas

justificativas apresentadas e discutidas para o TAT convergem para explicar as correlações

existentes entre o TMT e os consumos de CSUPL, CMSF e CCNFcp.

79

Além dessas correlações, o TMT apresentou correlação negativa e moderada

(P<0,05) com o consumo de nutrientes digestíveis totais (CNDT). Corroborando com esse

resultado, Silva et al. (2014b) em estudo conduzido com bovinos mestiços suplementados a

pasto observaram correlações negativas entre o TMT e os consumos de suplemento e

nutrientes digestíveis totais (r = -0,35 e -0,32, respectivamente).

O número de mastigações merícicas por bolo ruminado (NMASBOL) e o tempo

despendido por bolo ruminado (TBOL) não apresentaram correlações (P>0,05) com as

variáveis de consumo e desempenho analisadas. A única exceção é para o consumo de

carboidratos não fibrosos corrigidos para cinzas e proteína (CCNFcp), que apresentou

correlação negativa e moderada (P<0,05) com tempo por bolo ruminado (Tabela 18).

Esse resultado é interessante, pois evidencia que à medida que se eleva o CCNFcp,

devido o aumento no consumo de suplemento (CSUPL), os animais destinam menos tempo

para rumiar um bolo (TBOL). Isso pode envolver questões ligadas à redução no tamanho

médio das partículas da dieta, uma vez que com o aumento da participação de suplementos

na dieta de bovinos em pastejo o tamanho médio da partícula apresenta-se menor (Mertens,

1997). Desta forma, com o tamanho das partículas reduzido, os animais destinam menos

tempo para ruminar um único bolo.

Santana Júnior et al. (2013a) ao avaliarem animais suplementados a pasto com

níveis crescentes de suplementação também não observaram correlação entre o número de

mastigações merícicas por bolo ruminado (NMASBOL) e as variáveis de consumo

analisadas no presente estudo, e observaram correlação negativa e forte (r = -0,77) entre o

CCNFcp e o tempo por bolo ruminado (TBOL).

O tempo por bocado (TBOC), que é o tempo destinado à atividade de pastejo até a

deglutição da forragem apreendida, apresentou correlação (P<0,05) apenas com o consumo

de proteína bruta (CPB), sendo esta positiva e moderada (Tabela 19).

Esse resultado não era esperado e merece certa ressalva ao ser interpretado, pois, a

redução no consumo de proteína bruta (CPB) não pode ser atribuída à redução no tempo de

bocado (TBOC), uma vez que essa variável não apresentou diferença estatística no presente

estudo (Tabela 13).

80

Nesse caso, o consumo de forragem parece estar atuando como uma variável

escondida (lurking variable) e pode justificar a correlação existente entre o consumo de

proteína bruta (CPB) e o tempo de bocado (TBOC).

Tabela 19. Correlações das variáveis de consumo e desempenho com o tempo por bocado,

taxa de bocado, número de bocados e de bolos ruminados por dia de novilhos mestiços

suplementados a pasto em fase de recria

Variável TBOC TxBOC NBOCdia NBOLdia

r p r p R p r p

CSUPL -0,07 0,3425ns

0,20 0,1330ns

-0,25 0,0804ns

-0,04 0,4085ns

CMSF 0,13 0,2426ns

-0,14 0,2228ns

0,19 0,1550ns

-0,08 0,3308ns

CMST 0,07 0,3508ns

0,07 0,3471ns

-0,08 0,3365ns

-0,15 0,1994ns

CPB 0,41 0,0094* -0,38 0,0150

* -0,05 0,3912

ns -0,21 0,1229

ns

CFDNcp 0,06 0,3697ns

-0,10 0,2973ns

0,07 0,3520ns

-0,06 0,3815ns

CCNFcp -0,08 0,3342ns

0,27 0,0692ns

-0,19 0,1428ns

-0,08 0,3334ns

CNDT 0,03 0,4377ns

0,02 0,4522ns

-0,19 0,1504ns

-0,08 0,3311ns

GMD 0,01 0,4848ns

-0,05 0,3217ns

-0,13 0,2476ns

-0,08 0,3326ns

CA -0,02 0,4569ns

0,23 0,1069ns

0,10 0,2862ns

0,04 0,4067ns

*significativo a 5% de probabilidade; ns: não significativo; Variáveis comportamentais: TBOC: tempo médio,

em segundos, destinado à atividade de pastejo até a deglutição da forragem apreendida; TxBOC: taxa de

bocado dos animais, em número de bocados por minuto; NBOCdia: número de bocados por dia;

NBOLdia: número total de bolos ruminados por dia. Variáveis de consumo em kg.dia-1

-

CSUPL: consumo de suplemento; CMSF: consumo de matéria seca de forragem; CMST: consumo de matéria

seca total; CPB: consumo de proteína bruta; CFDNcp: consumo de fibra em detergente neutro corrigida para

cinzas e proteína; CNFcp: consumo de carboidratos não-fibrosos corrigidos para cinzas e proteína; CNDT:

consumo de nutrientes digestíveis totais. GMD: ganho médio diário, em kg.dia-1

; CA: conversão alimentar,

em kg de matéria seca consumida por kg de ganho.

Como demonstrado anteriormente, o grupo de animais (0,2%PC) que consumiu a

maior quantidade de forragem apresentou o maior consumo de proteína bruta e, nesse

contexto, mesmo sem diferença estatística, esses animais apresentaram valor numérico para

o TBOC superior ao observado no grupo de animais (0,8%PC) que consumiram a menor

quantidade de forragem e de proteína bruta.

Desta forma, é possível associar a maior participação da forragem na dieta dos

animais com maiores tempos de bocado (TBOC), mesmo sem ter sido observado diferença

81

estatística nessa variável comportamental, pois, para consumirem maiores quantidades de

foragem, foi destinado um maior tempo de bocado no momento do pastejo.

A taxa de bocado (TxBOC)) também apresentou correlação (P<0,05) apenas com o

consumo de proteína bruta (CPB), sendo esta, no entanto, negativa e moderada (Tabela 19).

Esse resultado justifica-se, pois, com o aumento dos níveis de suplementação na

dieta dos animais, houve uma redução linear no consumo de proteína bruta (Tabela 6) e

aumento quadrático na taxa de bocado (Tabela 13). Desta forma, com a redução de uma

variável, por exemplo, consumo de proteína bruta (CPB), a outra tende a aumentar

(TxBoc).

Ainda nesse contexto, é possível inferir que, com o aumento dos níveis de

suplementação, os animais diminuíram a seletividade que lhes é peculiar no momento do

pastejo, e passaram a empregar um maior número de bocados por minuto (maior TxBOC),

pois, como já discutido anteriormente, de maneira geral, na ausência de suplementação, ou

quando baixos níveis são utilizados, os animais destinam mais tempo à seleção de

componentes morfológicos ou espécies vegetais que apresentam melhor qualidade

nutricional.

Salienta-se que o consumo de proteína (CPB) não estaria correlacionado

diretamente com a taxa de bocado (TxBOC), pois, por trás do consumo de proteína bruta

em estudos de suplementação a pasto, está a interação existente entre consumo de forragem

e o consumo de suplemento. Desta forma, como variáveis escondidas (lurking variables)

que estariam atuando nesse resultado de correlação, estão os consumos suplemento e de

forragem. Sendo que o primeiro apresenta influência negativa sobre o segundo.

O número de bocados por dia (NBOCdia) e de bolos ruminados por dia (NBOLdia)

não apresentaram correlações (P>0,05) com as variáveis de comportamento e desempenho

analisadas no presente estudo (Tabela 19).

Esse resultado diverge dos resultados observados no presente estudo, pois, uma vez

que essas variáveis de comportamento apresentaram alterações com o aumento dos níveis

de concentrado na dieta dos animais (Tabelas 13 e 14), seriam esperadas correlações entre

elas e alguma das variáveis de consumo avaliadas. Esse resultado diverge também da

literatura pertinente ao estudo de correlações entre variáveis de consumo e comportamento

ingestivo.

82

Santana Júnior et al. (2013a) observaram correlações positivas do NBOCdia com o

CMST (r = 0,75), CMSF (r = 0,79), CFDN (r = 0,76) e CNDT (r = 0,64), e do NBOLdia

com o consumo de forragem (r = 0,62). Os autores justificam que, quanto maior o consumo

de forragem e de matéria seca total, maior número de bocados por dia será necessário para

apreender a forragem no momento do pastejo e, maior será o consumo de FDN,

aumentando assim a necessidade de ruminação, consequentemente, no número de bolos

ruminados por dia.

No que diz respeito às eficiências de alimentação e de ruminação da matéria seca

(EAMS e ERMS) e da fibra em detergente neutro (EAFDN e ERFDN), é possível

observarmos à seguir as correlações existentes entre essas variáveis e as variáveis de

consumo e desempenho (Tabela 20).

Tabela 20. Correlações das variáveis de consumo e desempenho com as eficiências de

alimentação e de ruminação da matéria seca e da fibra em detergente neutro de novilhos

mestiços suplementados a pasto em fase de recria

Variável EAMS EAFDN ERMS ERFDN

r p r P r P r p

CSUPL 0,63 0,0000* 0,23 0,1000

ns 0,33 0,0346

* -0,01 0,4741

ns

CMSF -0,08 0,3230ns

0,32 0,0373* 0,17 0,1769

ns 0,48 0,0028

*

CMST 0,67 0,0000* 0,69 0,0000

* 0,62 0,0001

* 0,61 0,0002

*

CPB 0,02 0,4535ns

0,11 0,2820ns

0,20 0,1351 ns

0,26 0,0736ns

CFDNcp 0,20 0,1357ns

0,55 0,0006* 0,29 0,0511

ns 0,55 0,0006

*

CCNFcp 0,69 0,0000* 0,32 0,0355

* 0,43 0,0065

* 0,12 0,2554

ns

CNDT 0,75 0,0000* 0,74 0,0000

* 0,55 0,0005

* 0,50 0,0018

*

GMD 0,18 0,1673ns

0,08 0,3404ns

0,05 0,3907 ns

-0,02 0,4471ns

CA 0,12 0,2634ns

0,16 0,1922ns

0,19 0,1503 ns

0,30 0,1325ns

*significativo a 5% de probabilidade; ns: não significativo; Variáveis comportamentais: EAMS e EAFDN:

eficiências de alimentação da matéria seca e da fibra em detergente neutro, em kg.hora-1

, respectivamente;

ERMS e ERFDN: eficiências de ruminação da matéria seca e da fibra em detergente neutro, em kg.hora-1

.

Variáveis de consumo em kg.dia-1

- CSUPL: consumo de suplemento; CMSF: consumo de matéria seca de

forragem; CMST: consumo de matéria seca total; CPB: consumo de proteína bruta; CFDNcp: consumo de

fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína; CNFcp: consumo de carboidratos não-fibrosos

corrigidos para cinzas e proteína; CNDT: consumo de nutrientes digestíveis totais. GMD: ganho médio diário,

em kg.dia-1

; CA: conversão alimentar, em kg de matéria seca consumida por kg de ganho.

83

O consumo de suplemento (CSUPL) apresentou correlações positiva e forte

(P<0,05) com a eficiência de alimentação da matéria seca (EAMS) e positiva e moderada

(P<0,05) com a eficiência de ruminação da matéria seca (ERMS), ao passo que não

apresentou correlação (P>0,05) com as eficiências de alimentação e ruminação da fibra em

detergente neutro (EAFDN e ERFDN). Por outro lado, o consumo de matéria seca oriunda

da forragem (CMSF) apresentou correlações positivas e moderadas (P<0,05) com as

eficiências de alimentação e ruminação da fibra em detergente neutro (EAFDN e ERFDN),

ao passo que não apresentou correlações (P>0,05) com as eficiências de alimentação da

matéria seca (EAMS) de ruminação da matéria seca (ERMS). De forma complementar, o

consumo de matéria seca total (CMST) apresentou correlações positivas e fortes com

ambas variáveis de eficiência (EAMS, EAFDN, ERMS e ERFDN).

Diante desse resultado é possível ver que a presença do suplemento concentrado na

dieta de animais em pastejo contribui para um incremento na EAMS e na ERMS.

A eficiência de alimentação da matéria seca (EAMS) é resultado da divisão entre o

CMST e o TAT (horas). Com o aumento dos níveis de suplemento na dieta dos animais

houve um ligeiro aumento no TAT, com posterior declínio (Tabela 10). Essa redução no

TAT é fruto do efeito substitutivo observado no presente estudo, no entanto, demonstra que

os animais consumiram maior quantidade de matéria seca por unidade de tempo, uma vez

que não observada diferença no CMST. Isso é justificável, pois, com o aumento dos níveis

de suplemento elevou-se também o tempo por período que os animais passaram se

alimentando no cocho (TPC), desta forma, os animais consumiam grande quantidade de

matéria seca oriunda do suplemento concentrado em um curto espaço de tempo.

O consumo de suplemento (CSUPL) apresentou correlação positiva (r = 0,33) com a

eficiência de ruminação da matéria seca (ERMS). À medida que se elevam os níveis de

concentrado, ocorre uma redução no tamanho médio de partículas da dieta e, com isso, a

digesta necessita de menor tempo para ser ruminada. Essa afirmação tem respaldo frente a

redução linear no tempo por bolo ruminado (TBOL) observada no presente estudo (Tabela

12) e, de acordo com Mendes Neto et al. (2007), alimentos concentrados necessitam de

menor tempo para serem ruminados quando comparados à alimentos volumosos. Desta

forma, os animais podem ruminar maior quantidade de matéria seca por unidade de tempo

(kgMS.hora-1

).

84

A correlação positiva observada entre o consumo de matéria seca de forragem

(CMSF) as EAFDN e ERFDN demonstra que a forragem tem participação marcante nessas

variáveis comportamentais. Esse resultado nos mostra que quanto maior a participação de

volumoso (forragem) na dieta de animais suplementados a pasto, maior será o consumo e

ruminação da fibra em detergente neutro por unidade de tempo, uma vez que forragens de

maneira geral apresentam alto teor de FDN, ao passo que alimentos concentrados

apresentam baixo teor desse constituinte (Tabela 2).

Corroborando com esses resultados, Dias (2013) observou correlações positivas e

moderadas entre o CMSF e a EAFDN (r = 0,53) e ERFDN (r = 0,54) ao avaliar animais

suplementados a pasto.

Mesmo não tendo apresentado diferença de consumo de matéria seca total (CMST),

ao combinar os consumos de suplemento (CSUPL) e de forragem (CMSF), foram

observadas correlações positivas e fortes entre o CMST e todas as variáveis de eficiência

(EAMS, EAFDN, ERMS e ERFDN) analisadas no presente estudo (Tabela 20). Frente a

isso, seria possível sugerir que por trás do consumo de matéria seca total (CMST), estariam

atuando como variáveis escondidas (lurking variables) o consumo de suplemento e de

forragem.

Correlações positivas e fortes também foram observadas por Dias (2013) ao

correlacionar variáveis de consumo com variáveis de eficiência.

Este resultado parece estar coeso, pois, quando os tempos de alimentação e de

ruminação total diminuem, e consumo de matéria seca total permanece inalterado,

presume-se que uma maior quantidade de matéria seca total seja consumida e ruminada por

unidade de tempo (kgMS.hora-1

).

Embora tenha sido observada uma redução no consumo de proteína bruta (CPB),

não foram observadas correlações (P>0,05) entre esta variável de consumo e as de

eficiência analisadas no presente estudo (Tabela 20). Esse resultado é contrário ao que foi

observado por Dias (2013). Ao correlacionar o consumo de proteína bruta (CPB) com as

variáveis de eficiência, o autor observou valores de „r‟ iguais a: 0,62; 0,50; 0,69 e 0,59,

respectivamente para EAMS, EAFDN, ERMS e ERFDN.

85

Foram observadas correlações positivas e moderadas (P<0,05) entre o consumo de

fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína (CFDNcp) e as EAFDN e

ERFDN, e ausência de correlação (P>0,05) com as EAMS e ERMS (Tabela 20).

O consumo de FDNcp (CFDNcp) apresentou o mesmo padrão de correlação

observado entre o consumo de forragem (CMSF) e as variáveis de eficiência analisadas no

presente estudo. Devido o alto teor de FDNcp na forragem, esses resultados se justificam

da mesma forma como apresentado e discutido anteriormente a cerca das correlações e

entre o CMSF e as EAFDN e ERFDN.

Os consumos de CNFcp (CNFcp) e de NDT (CNDT) correlacionaram-se de forma

positiva (<0,05) com as variáveis de eficiência analisadas no presente estudo, com exceção

da eficiência de ruminação da FDN (ERFDN) que não apresentou correlação (P>0,05) com

o consumo de CNFcp (Tabela 20).

O aumento nos consumos de CNFcp e de NDT observados no presente estudo

(Tabela 6) está associado ao aumento no consumo de suplemento (CSUPL), uma vez que

esse tipo de alimento apresenta alto teor desses componentes. Desta forma, maiores

consumos de CNFcp e de NDT estariam associados à maiores consumos de concentrado

por unidade de tempo (kgMS.hora-1

), o que por conseguinte, estaria ligado ao aumento nas

variáveis de eficiência de alimentação e ruminação.

Esses resultados corroboram com Silva et al. (2014b) que ao avaliarem animais

suplementados com 0,3 e 0,6% do peso corporal em pastagem de Brachiaria decumbens

observaram correlação entre o consumo de NDT e as EAMS (r = 0,38) e a ERMS (r =

0,65). Da mesma forma, Dias (2013) observou correlações positivas entre os consumos de

CNFcp e NDT e as variáveis de eficiência analisadas no presente estudo. O autor observou

valores de „r‟ iguais a: 0,67; 0,57; 0,72 e 0,65, respectivamente para EAMS, EAFDN,

ERMS e ERFDN e o consumo de CNFcp. Para o consumo de NDT, o autor observou

valores de „r‟ iguais a: 0,66; 0,57; 0,72 e 0,66, respectivamente para EAMS, EAFDN,

ERMS e ERFDN. Diante dos valores observados pelo autor, é possível notar a similaridade

existente entre as correlações de consumo de CNFcp e NDT e as variáveis de eficiência.

Uma vez que o desempenho (GMD) e a conversão alimentar (CA) dos animais não

apresentou diferença entre os tratamentos, não foram observadas correlações (P>0,05) entre

essas variáveis e as variáveis de eficiência analisadas no presente estudo (Tabela 20).

86

Dias (2013) não observou correlação entre a eficiência alimentar (MS e FDNcp) e o

desempenho de animais suplementados a pasto (GMD e CA), todavia, observaram

correlação positiva entre as variáveis de eficiência de ruminação (MS e FDNcp) e o ganho

de peso (GMD), e negativa com a conversão alimentar (CA). Ressaltasse que o autor

observou diferença no desempenho dos animais (GMD e CA), fato esse que não foi

observado no presente estudo. Nesse mesmo contexto, Silva et al. (2014b) não observaram

correlação da conversão alimentar (CA) de animais suplementados a pasto com nenhuma

variável de eficiência, e observaram apenas correlação do GMD com a ERMS (r = 0,37).

Correlação das variáveis do comportamento ingestivo com as variáveis de digestibilidade

e NDT da dieta

Não foram observadas correlações (P>0,05) entre os coeficientes de digestibilidade

da matéria seca (CDMS) e da matéria orgânica (CDMO) e os tempos destinados às

atividades de pastejo (PAS), ruminação (RUM), se alimentando no cocho (COCHO) e ócio

(OCI) (Tabela 21).

Tabela 21. Correlações entre os coeficientes de digestibilidade e teor de nutrientes

digestíveis totais da dieta, e os tempos destinados às atividades de pastejo, ruminação, se

alimentando no cocho e em ócio de novilhos suplementados a pasto em fase de recria

Variável PAS RUM COCHO OCI

r p R P r p r P

CDMS -0,25 0,0869ns

-0,13 0,2440 ns

0,08 0,3390ns

0,31 0,0528ns

CDMO -0,26 0,0766ns

-0,09 0,3163 ns

0,07 0,3413ns

0,29 0,0523ns

CDPB 0,59 0,0002* 0,16 0,1920

ns -0,76 0,0000

* -0,56 0,0004

*

CDFDNcp 0,21 0,1290ns

0,14 0,2272 ns

-0,38 0,0172* -0,24 0,0920

ns

CDEE -0,23 0,1061ns

-0,18 0,1576 ns

0,51 0,0015* 0,27 0,0648

ns

CDCNFcp -0,67 0,0000* -0,33 0,0306

* 0,68 0,0000

* 0,77 0,0000

*

CDCHOT -0,48 0,0028* -0,16 0,1881

ns 0,33 0,0605

ns 0,52 0,0012

*

NDT -0,42 0,0082* -0,13 0,2331

ns 0,27 0,0702

ns 0,45 0,0048

*

*significativo a 5% de probabilidade; ns: não significativo. Variáveis comportamentais: PAS, RUM, COCHO

e OCI: tempo total, em minutos, destinado às atividades de pastejo, ruminação, se alimentando no cocho e

87

ócio, respectivamente. Coeficientes de digestibilidade: CDMS: matéria seca; CDMO: matéria orgânica;

CDPB: proteína bruta; CDFDNcp: fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína; CDEE: extrato

etéreo; CDCNFcp: carboidratos não fibrosos corrigidos para cinzas e proteína; CDCHOT: carboidratos totais.

NDT: teor de nutrientes digestíveis totais da dieta.

Dias et al. (2014b) observaram correlações positivas entre o CDMS e o tempo que

os animais passaram ruminando (r = 0,41) e se alimentando no cocho (r = 0,36). Os autores

observaram o mesmo padrão de correlação entre o CDMO e as variáveis comportamentais

relatadas, inclusive, com os mesmos valores de „r‟. Por outro lado, Santana Júnior et al.

(2013b) ao avaliarem novilhas suplementadas a pasto, observaram correlações negativas e

fortes entre os CDMS e CDMO e o tempo que os animais permaneceram se alimentando no

cocho. Os autores verificaram o mesmo valor de „r‟ para as duas correlações (r -0,65).

Como salientado anteriormente, é necessário cautela ao interpretar os valores

obtidos por meio da correlação de Pearson, principalmente quando se trata de animais

suplementados a pasto, pois, os resultados dependerão de uma gama de interações

existentes entre o animal e a dieta, devendo ainda ser consideradas as interações existentes

dentro da dieta no que diz respeito à forragem e suplemento.

Santana Júnior et al. (2013b) observaram redução nos CDMS e CDMO ao

suplementarem os animais, justificando assim a correlação negativa. Já Dias et al. (2014b),

observaram aumento no CDMS e CDMO ao aumentarem o nível de suplementação de zero

para 0,4% do peso corporal dos animais, o que justifica a existência de correlação positiva.

Assim, uma vez que não houve diferença nos coeficientes de digestibilidade da matéria

seca (CDMS) e orgânica (CDMO) dos animais, a ausência de correlação entre estas

variáveis e os tempos destinados às atividades comportamentais é justificável.

O coeficiente de digestibilidade da proteína bruta (CDPB) apresentou correlação

positiva e moderada (P<0,05) com o tempo destinado à atividade de pastejo, e correlações

negativas (P<0,05) com o tempo que os animais permaneceram se alimentando no cocho

(COCHO) e em ócio (OCI), sendo forte e moderada, respectivamente.

Esse resultado demonstra que maiores tempos destinados ao pastejo (PAS)

permitem maiores coeficientes de digestibilidade da proteína (CDPB), o que de fato

aconteceu, pois, com o aumento dos níveis de suplementação houve uma redução no tempo

em pastejo (PAS), com concomitante redução no coeficiente de digestibilidade da proteína

(Tabela 7). Nesse mesmo contexto, explicam-se as correlações negativas observadas entre o

88

CDPB e os tempos que os animais passaram se alimentando no cocho (COCHO) e em ócio

(OCI).

Os coeficientes de digestibilidade da fibra em detergente neutro corrigida para

cinzas e proteína (CDFDNcp) e extrato etéreo (CDEE) apenas apresentaram correlação

(P<0,05) com o tempo destinado à alimentação no cocho (COCHO), sendo a primeira

negativa e moderada, e a segunda positiva e moderada (Tabela 21).

Esse resultado demonstra que ao consumir maiores quantidades de suplemento

concentrado, a digestibilidade da fibra dietética (CDFDNcp) foi prejudicada,

provavelmente devido à alteração da microbiota ruminal que ocorre quando são utilizados

níveis elevados de suplemento na dieta de bovinos em pastejo.

De acordo com Russell e Wilson (1996), dietas com maior participação de

alimentos concentrados tendem a apresentar abaixamento do pH ruminal, o que limita o

crescimento e desenvolvimento dos microrganismos celulolíticos, que são pH-dependentes.

No entanto, é válido lembrar que quando são utilizados baixos níveis de suplementação

proteica, normalmente observa-se um incremento na digestibilidade da fibra dietética

(CDFDNcp) devido o maior aporte de nutrientes aos microrganismos ruminais, mas, no

entanto, esse incremento no CDFDNcp é prejudicado quando níveis de suplementação mais

expressivos são utilizados (Silva et al., 2009).

A correlação positiva observada entre o CDEE e o tempo que os animais passaram

se alimentando no cocho (COCHO) é devido o maior consumo desse componente (EE) à

medida que se elevaram os níveis de suplementação, uma vez que esse tipo de alimento

apresenta maior concentração de EE quando comparado à forragem (Brachiaria brizantha).

Mesmo no maior nível de suplementação, o teor de extrato etéreo da dieta (2,98%EE)

estava abaixo do limite crítico proposto por Van Soest (1994), que é entre 6 e 7% na dieta

total. Esse resultado corrobora com o observado por Dias et al. (2014b), que ao avaliarem

animais suplementados a pasto observaram correlação positiva e moderada (r = 0,44) entre

o CDEE e o tempo que os animais passaram se alimentando no cocho.

O coeficiente de digestibilidade dos carboidratos não fibrosos corrigidos para cinzas

e proteína (CDCNFcp) apresentaram correlações negativa e forte (P<0,05) com o tempo em

pastejo (PAS), negativa e moderada (P<0,05) com tempo em ruminação (RUM), e positiva

89

e forte (P<0,05) com o tempo que os animais passaram se alimentando no cocho (COCHO)

e em ócio (OCI) (Tabela 21).

Animais que permanecem maior tempo em pastejo (PAS) tendem a passar mais

tempo ruminando (RUM) devido o maior consumo de matéria seca oriunda da forragem

(CMSF) e, consequentemente, correlacionam-se de forma negativa com o consumo de

CNFcp, uma vez que forragens apresentam baixo teor desses componentes dietéticos

(Tabela 2). Devido o baixo teor de CNFcp, dietas com maior participação de volumoso

apresentam menor CDCNFcp quando comparados à dietas com maior participação de

suplemento concentrado (Tabela 7). Esses resultados são complementares, pois, maiores

tempos se alimentando no cocho (COCHO) e em ócio (OCI) estão associados de forma

positiva ao maior consumo de suplemento, por conseguinte, maior consumo de CNFcp e

maior coeficiente de digestibilidade desses constituintes dietéticos (Tabela 7).

O coeficiente de digestibilidade dos carboidratos totais (CDCHOT) e o teor de

nutrientes digestíveis totais (NDT) apresentaram o mesmo padrão de correlação observado

com o CDCNFcp, porém, correlacionaram-se apenas com o tempos destinado ao pastejo

(negativa e moderada) e ao ócio (positiva e moderada) (Tabela 21). Desta forma, as

mesmas justificativas discutidas anteriormente para o resultado observado com o

CDCNFcp podem explicar as correlações observadas entre CDCHOT e NDT e as variáveis

comportamentais citadas, pois, com o aumento dos níveis de suplementação, elevaram-se

também os consumos de carboidratos totais e de NDT, com concomitante aumento no

CDCHOT.

O número de períodos que os animais permaneceram pastejando (NPP) e

ruminando (NPR) não apresentaram correlações (P>0,05) com os coeficientes de

digestibilidade e teor de nutrientes digestíveis totais da dieta (NDT). Já o número de

períodos que os animais se alimentaram no cocho (NPC) e permaneceram em ócio (NPO)

apresentaram correlações (P<0,05) com os coeficientes de digestibilidade da proteína bruta

(CDPB) e carboidratos não fibrosos corrigidos para cinzas e proteína (CDCNFcp) (Tabela

22). Esses resultados corroboram com Dias et al. (2014b), que também não observaram

correlações entre o NPP e os coeficientes de digestibilidade de bovinos mestiços

suplementados a pasto.

90

O CDPB correlacionou-se de forma negativa e moderada com o NPC e NPO, ao

passo que o CDCNFcp apresentou correlações positivas e moderadas com essas variáveis

comportamentais. Nesse contexto, correlações negativas entre o CDPB e o NPC (r = -0,72)

e NPO (r = -0,77) também foram observadas por Santana Júnior et al. (2013b) ao

suplementarem novilhas mestiças em pastagem de Brachiaria decumbens.

Tabela 22. Correlações entre os coeficientes de digestibilidade e teor de nutrientes

digestíveis totais da dieta, e o número de períodos destinados às atividades de pastejo,

ruminação, se alimentando no cocho e em ócio de novilhos suplementados a pasto em fase

de recria

Variável NPP NPR NPC NPO

r P r P r P r P

CDMS -0,10 0,2934ns

0,08 0,3353ns

0,09 0,3191ns

0,10 0,2972ns

CDMO -0,11 0,2778ns

0,15 0,2126ns

0,08 0,3272ns

0,03 0,4282ns

CDPB -0,04 0,4164ns

-0,16 0,1851ns

-0,50 0,0016* -0,36 0,0213

*

CDFDNcp -0,20 0,1330ns

-0,05 0,3924ns

-0,21 0,1287ns

-0,34 0,0869ns

CDEE -0,03 0,4374ns

0,05 0,4004ns

0,21 0,1249ns

0,05 0,3857ns

CDCNFcp 0,11 0,2822ns

0,18 0,1579ns

0,46 0,0039* 0,56 0,0004

*

CDCHOT -0,08 0,3223ns

0,19 0,1469ns

0,28 0,0621ns

0,20 0,1306ns

NDT -0,09 0,3029ns

0,18 0,1594ns

0,22 0,1093ns

0,17 0,1829ns

*significativo a 5% de probabilidade; ns: não significativo. Variáveis comportamentais: NPP, NPR, NPC e

NPO: número de períodos em pastejo, ruminação, se alimentando no cocho e ócio, respectivamente.

Coeficientes de digestibilidade: CDMS: matéria seca; CDMO: matéria orgânica; CDPB: proteína bruta;

CDFDNcp: fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína; CDEE: extrato etéreo; CDCNFcp:

carboidratos não fibrosos corrigidos para cinzas e proteína; CDCHOT: carboidratos totais. NDT: teor de

nutrientes digestíveis totais da dieta.

Esses resultados justificam-se, pois, com o aumento dos níveis de suplemento na

dieta dos animais, ocorreu um aumento linear no NPC e NPO (Tabela 11), com

concomitante redução linear no coeficiente de digestibilidade da proteína bruta (CDPB) e

aumento linear no coeficiente de digestibilidade dos carboidratos não fibrosos corrigidos

para cinzas e proteína (CDCNFcp) (Tabela7).

91

O coeficiente de digestibilidade da matéria seca (CDMS) não apresentou

correlações (P>0,05) com os tempos por período de cada atividade comportamental, ao

passo que o coeficiente de digestibilidade da matéria orgânica (CDMO) correlacionou-se

(P<0,05) apenas com o tempo por período em ócio (TPO) (Tabela 23).

Tabela 23. Correlações entre os coeficientes de digestibilidade e teor de nutrientes

digestíveis totais da dieta, e o tempo por período destinado às atividades de pastejo,

ruminação, se alimentando no cocho e em ócio de novilhos suplementados a pasto em fase

de recria

Variável TPP TPR TPC TPO

r p r P r p r P

CDMS -0,15 0,2046ns

-0,26 0,0782ns

0,17 0,1817ns

0,30 0,0527ns

CDMO -0,16 0,1970ns

-0,27 0,0668ns

0,15 0,2056ns

0,33 0,0338*

CDPB 0,46 0,0038* 0,25 0,0802

ns -0,48 0,0030

* -0,38 0,0165

*

CDFDNcp 0,29 0,0524ns

0,07 0,3490ns

-0,17 0,1795ns

-0,03 0,4395ns

CDEE -0,18 0,1649ns

-0,23 0,1025ns

0,51 0,0014* 0,28 0,0599

ns

CDCNFcp -0,61 0,0001* -0,45 0,0047

* 0,47 0,0033

* 0,50 0,0018

*

CDCHOT -0,33 0,0327* -0,37 0,0187

* 0,29 0,0478

* 0,46 0,0041

*

%NDT -0,28 0,0572* -0,33 0,0313

* 0,26 0,0763

ns 0,41 0,0095

*

*significativo a 5% de probabilidade; ns: não significativo. Variáveis comportamentais: TPP, TPR, TPC e

TPO: tempo por período em pastejo, ruminação, se alimentando no cocho e ócio, respectivamente (minutos

por período). Coeficientes de digestibilidade: CDMS: matéria seca; CDMO: matéria orgânica; CDPB:

proteína bruta; CDFDNcp: fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína; CDEE: extrato etéreo;

CDCNFcp: carboidratos não fibrosos corrigidos para cinzas e proteína; CDCHOT: carboidratos totais. NDT:

teor de nutrientes digestíveis totais da dieta.

A correlação positiva entre o CDMO e o TPO está diretamente associada ao

consumo de suplemento, uma vez que com o aumento dos níveis de suplementação houve

também um aumento no consumo e na digestibilidade da matéria orgânica, embora esta

última variável tenha apresentado apenas aumento numérico.

O coeficiente de digestibilidade da proteína bruta (CDPB) apresentou correlação

positiva e moderada (P<0,05) com o TPP e negativas e moderadas (P<0,05) com os TPC e

TPO (Tabela 23).

92

Como relatado anteriormente, o grupo de animais que recebeu o menor nível de

suplementação (0,2%PC) apresentou o maior CDPB associado ao maior TPP e, com o

aumento nos níveis de suplementação, tanto o CDPB, quanto o TPP, foram reduzidos

linearmente, justificando assim a correlação positiva entre essas duas variáveis.

As correlações negativas entre o CDPB e os TPC e TPO (Tabela 23) justificam-se,

pois, com o aumento dos níveis de suplementação, aumentaram também os tempos que os

animais permaneceram se alimentando no cocho e em ócio, com concomitante redução no

CDPB (Tabela 7). Frente a esses resultados, fica claro que, quando se trata de animais

suplementados a pasto, normalmente o consumo de suplemento (CSUPL) atua como uma

variável escondida (lurking variable) ao correlacionar variáveis de consumo ou

digestibilidade com variáveis comportamentais.

O coeficiente de digestibilidade da fibra em detergente neutro corrigida para cinzas

e proteína (CDFDNcp) não apresentou correlações (P>0,05) com os tempos por período de

cada atividade comportamental (TPP, TPR, TPC e TPO) (Tabela 23). Esse resultado

corrobora com Santana Júnior et al. (2013b), que também não observaram correlações entre

o CDFDNcp e o tempo por período de cada atividade comportamental (TPP, TPR, TPC e

TPO).

Com o aumento dos níveis de suplementação, os animais consumiram uma maior

quantidade de extrato etéreo (Tabela 6), o que gerou uma melhora no coeficiente de

digestibilidade desse componente dietético (Tabela 7). Nesse contexto, como relatado

anteriormente, o aumento no consumo de suplemento gerou um aumento no TPC,

justificando assim a correlação positiva e moderada (P<0,05) observada entre o CDEE e

TPC (Tabela 23).

Os coeficientes de digestibilidade dos carboidratos não fibrosos (CDCNFcp) e totais

(CDCHOT) e o teor de nutrientes digestíveis totais da dieta (NDT) apresentaram o mesmo

padrão de correlação (P<0,05) com os tempos por período de cada atividade

comportamental (TPP, TPR, TPC e TPO), com exceção do NDT e o TPC, que não

apresentaram correlação (P>0,05) entre si (Tabela 23).

Os coeficientes de digestibilidade dos CNFcp e dos CHOT, e o teor NDT da dieta

correlacionaram-se de forma negativa (P<0,05) com os tempos por período em pastejo

93

(TPP) e em ruminação (TPR), e de forma positiva (P<0,05) com os tempos por período que

passaram se alimentando no cocho (TPC) e em ócio (TPO).

De maneira geral, as forragens apresentam menor teor CNFcp, CHOT e NDT

quando comparadas a alimentos concentrados (Tabela 2), desta forma, quanto maior foi a

participação de forragem na dieta dos animais, menores foram o consumo e a

digestibilidade dos mesmos, o que justifica as correlações negativas observadas entre essas

variáveis e os tempos por período em pastejo (TPP) e em ruminação (TPR). Por outro lado,

à medida que os níveis de suplementação foram elevados, aumentaram também o consumo

e a digestibilidade desses componentes dietéticos, justificando assim as correlações

positivas entre eles e os tempos por período que os animais passaram se alimentando no

cocho (TPC) e em ócio (TPO).

Os tempos de alimentação e mastigação total (TAT e TMT, respectivamente)

apresentaram o mesmo padrão de correlação, sendo positivas e moderadas (P<0,05) com o

CDPB, negativas e fortes (P<0,05) com o CDCNFcp, e negativas e moderadas (P<0,05)

com o CDCHOT e NDT da dieta (Tabela 24).

Tabela 24. Correlações entre os coeficientes de digestibilidade e teor de nutrientes

digestíveis totais da dieta, com os tempos de alimentação e mastigação total, e números de

mastigações merícicas e tempo por bolo ruminado e de novilhos mestiços suplementados a

pasto em fase de recria

Variável TAT TMT NMASBOL TBOL

r p r P r p r p

CDMS -0,26 0,0771ns

-0,31 0,0514ns

-0,02 0,4502ns

-0,05 0,3986ns

CDMO -0,27 0,0668ns

-0,29 0,0515ns

-0,03 0,4329ns

-0,07 0,3441ns

CDPB 0,53 0,0010* 0,56 0,0004

* 0,25 0,0838

ns 0,32 0,0376

*

CDFDN 0,17 0,1819ns

0,24 0,0937ns

0,17 0,1754ns

0,12 0,2635ns

CDEE -0,17 0,1800ns

-0,27 0,0652ns

-0,18 0,1614ns

-0,29 0,0528ns

CDCNF -0,62 0,0001* -0,77 0,0000

* -0,28 0,0636

ns -0,24 0,0970

ns

CDCHOT -0,47 0,0032* -0,52 0,0012

* -0,09 0,3046

ns -0,16 0,1929

ns

%NDT -0,42 0,0085* -0,45 0,0047

* -0,05 0,3859

ns -0,62 0,2689

ns

*significativo a 5% de probabilidade; ns: não significativo. Variáveis comportamentais: TAT e TMT: tempo

de alimentação total e tempo de mastigação total, respectivamente, em minutos por dia; NMASBOL: número

94

de mastigações por bolo ruminado; TBOL: tempo médio destinado à ruminação de cada bolo, em segundos.

Coeficientes de digestibilidade: CDMS: matéria seca; CDMO: matéria orgânica; CDPB: proteína bruta;

CDFDNcp: fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína; CDEE: extrato etéreo; CDCNFcp:

carboidratos não fibrosos corrigidos para cinzas e proteína; CDCHOT: carboidratos totais. NDT: teor de

nutrientes digestíveis totais da dieta.

O grupo de animais que consumiu a menor quantidade de suplemento apresentou o

maior valor de CDPB, dessa forma, correlações positivas entre esse coeficiente de

digestibilidade e os TAT e TMT são justificáveis, pois, com o aumento dos níveis de

suplementação, houve uma redução no CDPB com concomitante redução no TAT e TMT.

Por outro lado, com o aumento nos níveis de suplementação, aumentaram os CDCNFcp,

CDCHOT e o NDT da dieta, correlacionando-se de forma negativa com os TAT e TBM,

uma vez que os maiores níveis de suplementação apresentaram menores tempos de

alimentação e mastigação total (Tabela 10).

O número de mastigações merícicas por bolo ruminado (NMASBOL) não

apresentou correlações (P>0,05) com os coeficientes de digestibilidade e com o teor de

nutrientes digestíveis totais da dieta, enquanto o tempo despendido por bolo ruminado

(TBOL) apresentou correlação (P<0,05) apenas com o coeficiente de digestibilidade da

proteína bruta (CDPB), sendo esta positiva e moderada (Tabela 24).

Os maiores valores de CDPB e TBOL foram observados para o grupo de animais

que recebeu o menor nível de suplementação (0,2%PC) e, com o aumento dos níveis, foi

observada uma redução linear nessas duas variáveis, justificando assim uma correlação

positiva entre essas duas variáveis.

Com relação às variáveis comportamentais de tempo por bocado (TBOC), taxa de

bocado (TxBOC), número de bocados (NBOCdia) e de bolos ruminados por dia

(NBOLdia), apenas foram observadas correlações (P<0,05) entre o coeficiente de

digestibilidade da proteína bruta (CDPB) e os TBOC e TxBOC (Tabela 25).

Embora o tempo por bocado (TBOC) não tenha apresentado diferença estatística, os

animais que foram suplementados com 0,2% do peso corporal apresentaram maior valor

numérico para esta variável quando comparados com os animais que receberam o maior

nível de suplementação (0,8%PC). Provavelmente, essa diferença numérica no TBOC

justifica a existência de correlação positiva com o CDPB, uma vez que o grupo de animais

que foram suplementados com 0,2% do peso corporal apresentou o maior valor de CDPB.

95

Com o aumento dos níveis de suplementação, o coeficiente de digestibilidade da

proteína bruta (CDPB) diminuiu de forma linear, e a taxa de bocado (TxBOC) apresentou

um comportamento quadrático, com ponto de máxima ao nível de 0,61% de suplementação.

Essa combinação de resultados justifica a correlação negativa existente entre essas duas

variáveis.

Corroborando com esses resultados, com relação ao CDPB, Santana Júnior et al.

(2013b) observaram o mesmo padrão de correlação entre essas variáveis, sendo os valores

do coeficiente de Pearson mais expressivos do que os observados no presente estudo

(TBOC, r = 0,76 e TxBOC, r = -0,69).

Tabela 25. Correlações entre os coeficientes de digestibilidade e teor de nutrientes

digestíveis totais da dieta, com o tempo por bocado, taxa de bocado, número de bocados e

de bolos ruminados por dia de novilhos mestiços suplementados a pasto em fase de recria

Variável TBOC TxBOC NBOCdia NBOLdia

r p R P r P r p

CDMS 0,06 0,3783ns

-0,05 0,3835ns

-0,18 0,1628ns

-0,10 0,2866ns

CDMO 0,11 0,2833ns

-0,12 0,2604ns

-0,24 0,0956ns

-0,01 0,4776ns

CDPB 0,35 0,0237* -0,38 0,0156

* 0,11 0,2728

ns -0,18 0,1683

ns

CDFDN 0,02 0,4657ns

-0,21 0,1256ns

-0,03 0,4378ns

0,03 0,4264ns

CDEE 0,06 0,3715ns

-0,10 0,2979ns

-0,20 0,1395ns

0,12 0,2481ns

CDCNF -0,01 0,4761ns

0,29 0,0561ns

-0,20 0,1344ns

-0,13 0,2347ns

CDCHOT -0,07 0,3463ns

0,06 0,3823ns

-0,25 0,0806ns

-0,01 0,4836ns

%NDT -0,01 0,4837ns

-0,04 0,4229ns

-0,28 0,0602ns

-0,03 0,4453ns

*significativo a 5% de probabilidade; ns: não significativo. Variáveis comportamentais: TBOC: tempo médio,

em segundos, destinado à atividade de pastejo até a deglutição da forragem apreendida; TxBOC: taxa de

bocado dos animais, em número de bocados por minuto; NBOCdia: número de bocados por dia; NBOLdia:

número total de bolos ruminados por dia. Coeficientes de digestibilidade: CDMS: matéria seca; CDMO:

matéria orgânica; CDPB: proteína bruta; CDFDNcp: fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e

proteína; CDEE: extrato etéreo; CDCNFcp: carboidratos não fibrosos corrigidos para cinzas e proteína;

CDCHOT: carboidratos totais. NDT: teor de nutrientes digestíveis totais da dieta.

Com exceção do coeficiente de digestibilidade dos carboidratos não fibrosos

corrigidos para cinzas e proteína (CDCNFcp), que não apresentou correlação com a

eficiência de ruminação da fibra em detergente neutro (ERFDN), os coeficientes de

96

digestibilidade da matéria seca (CDMS), matéria orgânica (CDMO), carboidratos não

fibrosos corrigidos para cinzas e proteína (CDCNFcp), carboidratos totais (CDCHOT) e o

teor de nutrientes digestíveis totais da dieta (NDT) apresentaram correlações positivas com

as eficiências de alimentação e de ruminação da matéria seca (EAMS e ERMS) e da fibra

me detergente neutro (EAFDN e ERFDN) (Tabela 26).

Tabela 26. Correlações entre os coeficientes de digestibilidade e teor de nutrientes

digestíveis totais da dieta, com o tempo por bocado, taxa de bocado, número de bocados e

de bolos ruminados por dia de novilhos mestiços suplementados a pasto em fase de recria

Variável EAMS EAFDN ERMS ERFDN

r p R p r p r p

CDMS 0,66 0,0000* 0,71 0,0000

* 0,49 0,0021

* 0,49 0,0021

*

CDMO 0,66 0,0000* 0,71 0,0000

* 0,43 0,0071

* 0,44 0,0063

*

CDPB -0,28 0,0578ns

0,03 0,4290ns

-0,01 0,4725ns

0,24 0,0962ns

CDFDNcp 0,18 0,1654ns

0,48 0,0026* 0,16 0,1907

ns 0,39 0,0132

*

CDEE 0,27 0,0666ns

0,11 0,2793ns

0,29 0,0561ns

0,16 0,1955ns

CDCNFcp 0,69 0,0000* 0,39 0,0131

* 0,44 0,0055

* 0,17 0,1730

ns

CDCHOT 0,80 0,0000* 0,74 0,0000

* 0,48 0,0028

* 0,39 0,0131

*

%NDT 0,77 0,0000* 0,73 0,0000

* 0,47 0,0036

* 0,40 0,0121

*

*significativo a 5% de probabilidade; ns: não significativo. Variáveis comportamentais: EAMS e EAFDN:

eficiências de alimentação da matéria seca e da fibra em detergente neutro, em kg.hora-1

, respectivamente;

ERMS e ERFDN: eficiências de ruminação da matéria seca e da fibra em detergente neutro, em kg.hora-1

.

Coeficientes de digestibilidade: CDMS: matéria seca; CDMO: matéria orgânica; CDPB: proteína bruta;

CDFDNcp: fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína; CDEE: extrato etéreo; CDCNFcp:

carboidratos não fibrosos corrigidos para cinzas e proteína; CDCHOT: carboidratos totais. NDT: teor de

nutrientes digestíveis totais da dieta.

Embora não tenha sido observada diferença estatística (P>0,05) nos coeficientes de

digestibilidade da matéria seca (CDMS) e matéria orgânica (CDMO), houve uma melhora

numérica na digestibilidade desses componentes dietéticos e os demais coeficientes de

digestibilidade citados (CDCNFcp e CDCHOT) e o teor de NDT da dieta apresentaram

aumento significativo (P<0,05) à medida que os níveis de suplementação foram elevados

(Tabela 7). Dessa forma, frente a esses resultados, as correlações positivas observadas entre

97

as variáveis de eficiência e os coeficientes de digestibilidade citados e teor de NDT da dieta

são justificáveis.

O coeficiente de digestibilidade da fibra em detergente neutro corrigida para cinzas

e proteína (CDFDNcp) apresentou correlações (P<0,05) com as EAFDN e ERFDN, sendo

essas positivas e moderadas (Tabela 26). Esses resultados se justificam, pois, mesmo sem

ter sido observada diferença no consumo de FDNcp, houve uma redução linear na

digestibilidade da FDNcp (CDFDNcp) com o aumento dos níveis de suplementação,

provavelmente devido à mudança ocorrida na microbiota ruminal, como já descrito

anteriormente. Assim, incrementos nas eficiências de alimentação e ruminação da FDNcp

estão positivamente correlacionados com a melhora do coeficiente de digestibilidade desse

componente nutricional.

Viabilidade econômica

O aumento dos níveis de suplemento na dieta dos animais não afetou (P>0,05) o

consumo de matéria seca total (IMST), no entanto, houve um decréscimo linear no

consumo de matéria seca oriunda da forragem (IMSF) à medida que aumentaram os níveis

de suplementação (Tabela 27), caracterizando assim um efeito substitutivo, como já

apresentado e discutido anteriormente.

Embora não tenham sido analisados estatisticamente, o consumo diário de

suplemento (CSUPL) e o consumo total de suplemento por hectare durante o período

experimental (CSUPLtotal) foram diferentes entre os tratamentos (Tabela 27), todavia, essa

diferença já era prevista no objetivo do estudo.

Uma vez que não foi observada diferença no IMST, os animais apresentaram o

mesmo ganho médio diário (P>0,05) e, consequentemente, a mesma conversão alimentar

(P>0,05). Desta forma, os pesos corporal inicial (PCI) e final (PCF) dos animais

permaneceram sem diferença (P>0,05) entre os tratamentos, o que levou à ausência de

diferença entre o peso corporal médio (PCM) durante o período experimental (Tabela 27).

A ausência de diferença no peso corporal médio (PCM) dos animais acarretou em

um mesmo valor de equivalente unidade animal (EqUA) e, consequentemente, em uma

98

mesma taxa de lotação (TxL), haja vista que cada tratamento utilizou uma área de pastagem

de mesmo valor (3,25ha por tratamento).

Tabela 27. Resultados referentes aos consumos, pesos, taxa de lotação e desempenho de

novilhos mestiços suplementados a pasto em fase de recria

Variável Níveis de suplementação Equação

regressão

CV

(%) R

2 L Q

0,2% 0,4% 0,6% 0,8%

IMST 7,41 7,81 8,18 8,09 Ŷ 7,87 10,06 - 0,0651ns

*****

IMSF 6,63 6,24 5,79 4,95 1 14,47 0,96 0,0004* *****

CSUPL 0,78 1,58 2,39 3,14 ----------- ---- ---- ---- ----

CSUPLtotal 169,93 341,33 517,20 679,74 ----------- ---- ---- ---- ----

PCI 368,75 369,13 371,63 364,88 Ŷ 368,59 10,32 - ***** *****

PCF 418,25 418,75 424,25 419,63 Ŷ 420,22 10,66 - ***** *****

PCM 393,50 393,94 397,94 392,25 Ŷ 394,41 10,40 - ***** *****

GMD 0,563 0,564 0,598 0,622 Ŷ 0,587 25,73 - ***** *****

CA 13,67 14,46 15,00 14,43 Ŷ 14,39 33,01 - ***** *****

EqUA 0,87 0,88 0,88 0,87 Ŷ 0,88 10,40 - ***** *****

TxL 2,15 2,15 2,18 2,15 Ŷ 2,16 10,40 - ***** *****

GANHOha 121,85 122,15 129,54 134,77 Ŷ 127,08 25,73 - ***** *****

CARNEha 60,92 61,08 64,77 67,38 Ŷ 63,54 25,73 - ***** *****

@ha 4,06 4,07 4,32 4,49 Ŷ 4,24 25,73 - ***** *****

*significativo a 5% de probabilidade (P<0,05); ns: não significativo (P>0,05); L: linear; Q: quadrático.

Variáveis de consumo em kg.dia-1

- CSUPL: consumo de suplemento; CMSF: consumo de matéria seca de

forragem; CMST: consumo de matéria seca total; PCI, PCF e PCM: pesos corporais – inicial, final e médio,

respectivamente, em kg; GDM: ganho médio diário, em kg.dia-1

; CA: conversão alimentar, em kg de matéria

seca consumida por kg de ganho; EqUA: equivalente em unidade animal (UA); TxL: taxa de lotação, em

UA.ha-1

; GANHOha: ganho de peso por hectare no período, em kg.ha-1

; CARNEha: ganho de peso em carne

por hectare no período, em kgcarne.ha-1

(considerando um rendimento de carcaça de 50%); @ha: ganho de

peso em arrobas por hectare no período, em @.ha-1

. Equações de regressão: 1Ŷ = 7,27025 - 2,73324X.

Os resultados de desempenho observados no presente estudo convergem para a

ausência de diferença (P>0,10) no ganho de peso por hectare (GANHOha) e na produção

de carne e de arroba por hectare (CARNEha e @ha) entre os tratamentos (Tabela 27).

Diante desses resultados, e considerando um sistema de produção de bovinos em

pastejo já implantado, a resposta econômica da técnica de suplementação utilizada nesse

estudo será dependente, principalmente, do fator entre o consumo diário de suplemento

concentrado e o custo por quilograma do mesmo. Ressalta-se que, apesar de não ter sido

99

observada diferença estatística (P>0,05) no desempenho dos animais (GMD), para a análise

estatística da viabilidade econômica foi considerado o desempenho individual de cada

animal, na tentativa de adequar as respostas estatísticas às biológicas. Dessa forma, o

produtor poderá decidir se lançará mão, ou não, do uso da técnica de suplementação dos

animais no período seco do ano.

O custo total por hectare com o suplemento durante o período experimental

(CUSTSUPLtotal) apresentou aumento linear (P<0,10) à medida que os níveis de

suplementação foram elevados, sendo o maior custo com suplemento observado no

tratamento que recebeu o maior nível de suplementação (Tabela 28). Como não houve

diferença na produção de arrobas por hectare (@ha), o custo com o suplemento por arroba

produzida (CUSTSUPL@) também apresentou aumento linear (P<0,10), uma vez que o

custo total com suplemento (CUSTSUPLtotal) foi dividido pela produção de arrobas por

hectare (Tabela 28).

Tabela 28. Custos da suplementação de novilhos mestiços suplementados a pasto em fase

de recria, e suas respectivas equações de regressão e coeficientes de determinação (R2)

Variável Níveis de suplementação Equação

regressão

CV

(%) R

2 L Q

0,2% 0,4% 0,6% 0,8%

CUSTSUPLtotal 228,60 285,75 346,12 398,26 1 24,83 1,00 0,0001 *****

CUSTSUPL@ 59,08 73,22 88,31 96,01 2 40,67 0,98 0,0197 *****

CUSTMO@ 6,20 6,22 6,20 6,04 Ŷ 6,16 32,32 - ***** *****

CUSTMED@ 2,11 2,12 2,11 2,06 Ŷ 2,10 32,32 - ***** *****

CUSTCERC@ 2,35 2,36 2,35 2,29 Ŷ 2,34 32,32 - ***** *****

CUSTPAST@ 5,59 5,62 5,60 5,45 Ŷ 5,56 32,32 - ***** *****

CUSTIMP@ 0,60 0,61 0,60 0,59 Ŷ 0,60 32,32 - ***** *****

CUSTOTAL@ 75,93 90,15 105,18 112,43 3 38,33 0,98 0,0411 *****

%SUPLE@ 77,15 78,49 83,73 85,56 4 6,03 0,94 0,0005 *****

CUSTOanimal 119,73 142,95 167,48 188,66 5 20,52 1,00 0,0001 *****

CUSTOha 294,72 351,87 412,25 464,39 6 20,52 1,00 0,0001* *****

CUSTSUPLtotal: custo total com o suplemento no período (R$.ha-1

). CUSTSUPL@: custo com concentrado

por arroba produzida (R$.@-1

); CUSTMO@: custo com mão-de-obra por arroba produzida (R$.@-1

);

CUSTMED@: custo com medicamentos por arroba produzida (R$.@-1

); CUSTCERC@: custo com

manutenção de cercas por arroba produzida (R$.@-1

); CUSTPAST@: custo com manutenção de pastos por

arroba produzida (R$.@-1

); CUSTIMP@: custo com impostos por arroba produzida (R$.@-1

);

CUSTOTAL@: custo total por arroba produzida (R$.@-1

); %SUPLE@: participação do custo do suplemento

no custo total da arroba produzida (%); CUSTOanimal: custo por animal (R$.animal-1

); CUSTOha: custo por

100

hectare (R$.ha-1

). Equações de regressão: 1Ŷ = 172,337 + 284,690X;

2Ŷ = 47,6856 + 62,9376X;

3Ŷ = 64,7907

+ 62,2647X; 4Ŷ = 73,6187 + 15,2339X;

5Ŷ = 96,8746 + 115,655X;

6Ŷ = 238,461 + 284,69X.

Embora o suplemento utilizado no tratamento 0,2%PC tenha apresentado o custo

por quilograma (R$ 1,35 kg) 2,3 vezes superior ao do utilizado no tratamento 0,8%PC (R$

0,59 kg), a quantidade de suplemento consumida no tratamento 0,8%PC era quatro vezes

superior à quantidade consumida no tratamento de menor nível de suplementação

(0,2%PC).

Frente a esses resultados, considerando o mesmo desempenho animal, fica claro que

ao analisar a economicidade da utilização de um determinado suplemento, o produtor

deverá levar em consideração não apenas o preço por quilo do produto, mas sim o resultado

da multiplicação entre o preço por quilo e a quantidade que será ofertada e consumida

diariamente.

Essa afirmação corrobora com os resultados observados por Almeida et al. (2014b)

ao analisarem a viabilidade da suplementação de bovinos em pastejo (1%PC) com níveis

crescentes de glicerina em substituição ao milho (zero; 3,33; 6,66 e 9,99% na dieta total).

Os autores não observaram diferença no desempenho dos animais, bem como na produção

de arrobas por hectare (8,3 @.ha-1

) em 140 dias de experimento, todavia, conseguiram

reduzir o preço do quilograma do suplemento em 14,93% com o maior nível de inclusão de

glicerina na dieta dos animais. Dessa forma, diante do mesmo consumo e desempenho, o

suplemento com maior economicidade foi aquele que apresentou menor custo por

quilograma.

Os custos com mão-de-obra (CUSTMO@), medicamentos (CUSTMED@),

manutenção de cercas (CUSTCERC@), manutenção de pastos (CUSTPAST@) e impostos

(CUSTIMP@) por arroba produzida não apresentaram diferença (P>0,10) entre os

tratamentos (Tabela 28). Esses custos foram calculados a partir de dados apresentados pelo

ANUALPEC 2013 e de dados fornecidos pela proprietária da fazenda onde o estudo foi

desenvolvido e, uma vez que não houve diferença na produção de arrobas por hectare, a

ausência de diferença nesses custos por arroba produzida é justificável.

O custo total por arroba produzida (CUSTOTAL@) apresentou aumento linear

(P<0,10) à medida que os níveis de suplementação foram elevados (Tabela 28). Como não

houve diferença nos demais custos por arroba produzida, esse resultado é devido ao custo

101

com o suplemento por arroba produzida (CUSTSUPL@), que também apresentou aumento

linear, e é claramente entendido ao observarmos o percentual que o CUSTSUPL@ ocupa

no custo total por arroba produzida (CUSTOTAL@).

O custo com o suplemento representou 77,2% do custo total da arroba produzida

(%SUPLE@) no tratamento de menor nível de suplementação (0,2%PC), ao passo que

quando os animais foram suplementados com 0,8% do peso corporal o custo com

suplemento representou 85,6% do custo total por arroba produzida (Tabela 28).

Esse mesmo raciocínio foi apresentado por Silva et al. (2010b) ao suplementarem

novilhos da raça Nelore durante 84 dias na estação seca do ano com sal mineral e com

suplemento proteico nos níveis de 0,3; 0,6 e 0,9% do peso corporal. De acordo com os

autores, o aumento do custo total por arroba produzida é principalmente devido ao custo

com o concentrado, uma vez que os demais custos que compõem o custo total de produção

da arroba permaneceram equivalentes em todos os tratamentos por eles pesquisados. Com

relação ao percentual no custo total da arroba produzida que o suplemento representou

(%SUPLE@), os autores observaram valores de 14,52% (sal mineral) e 75,78; 85,02 e

87,80%, respectivamente para os níveis de suplementação 0,3; 0,6 e 0,9% do peso corporal.

Os valores de %SUPLE@ encontrados por Silva et al. (2010b) ao utilizarem os

níveis de 0,3; 0,6 e 0,9%PC estão próximos aos observados no presente estudo quando

foram utilizados os níveis de 0,4; 0,6 e 0,8%PC (Tabela 28).

Ainda nesse contexto, Carvalho et al. (2009) observaram valores de %SUPLE@

inferiores aos observados no presente estudo. Os autores observaram que, em média, 32,6%

do custo de produção da arroba foram representados pelo custo com suplemento. Todavia,

vale ressaltar que o estudo foi conduzido com suplementos energéticos (casquinha de soja,

milho, sorgo e milheto), que normalmente apresentam ingredientes com menor custo

quando comparados à ingredientes proteicos.

Diante da representatividade que o custo do suplemento ocupa dentro do custo total

por arroba produzida, é importante que os nutricionistas busquem cada vez mais

alternativas que visem a redução dessa fatia, seja na busca por ingredientes alternativos,

que possam substituir ingredientes convencionais que apresentam elevado custo, seja no

adensamento de nutrientes e utilização de baixos níveis se suplementação.

102

Ao observarmos o custo por arroba produzida quando os animais foram

suplementados com 0,2% do peso corporal (50%PB) e com 0,8% do peso corporal

(12,5%PB), notamos que ao adensar o conteúdo proteico e reduzir o nível de

suplementação, o custo por arroba produzida é reduzido em 32,5%. Ressalta-se que a

mesma quantidade diária de proteína bruta via suplemento foi ofertada aos animais. Esse

mesmo comportamento foi observado por Silva et al. (2010b) ao suplementarem animais

com 0,3 e 0,9% do peso corporal, utilizando suplementos contendo 22,5 e 13,3% de

proteína bruta, respectivamente. Os autores observaram uma redução de 49,6% no custo da

arroba produzida ao adensarem o conteúdo proteico do suplemento e reduzirem o nível de

suplementação de 0,9 para 0,3% do peso corporal.

O custo por animal (CUSTOanimal) apresentou um aumento linear (P<0,10) à

medida que os níveis de suplementação foram elevados (Tabela 28). Esse resultado

acompanha as justificativas apresentadas para o aumento observado no custo por arroba

produzida (CUSTOTAL@), pois, o aumento do custo por animal foi única e

exclusivamente devido o consumo de suplemento, haja vista que os custos com mão-de-

obra, medicamentos, manutenção de cercas, manutenção de pastos, e impostos por animal

foram os mesmos, independente do nível de suplementação e do desempenho apresentado.

Nesse mesmo contexto, Mendes (2013) observou um aumento no custo por animal de 74,50

para 215,30 R$.animal-1

ao suplementar animais mestiços em fase de terminação, com os

mesmos níveis do presente estudo.

Devido à área experimental destinada para cada tratamento ter sido a mesma, e não

ter ocorrido diferença no desempenho dos animais, o custo total por hectare (CUSTOha)

apresentou o mesmo comportamento do custo total por animal (CUSTOanimal), ou seja,

apresentou efeito linear crescente (P<0,10) à medida que se elevaram os níveis de

suplementação (Tabela 28).

O tratamento com o maior nível de suplementação (0,8%PC) e menor teor proteico,

apresentou um custo total por hectare (R$ 464,39) 58% maior do que o tratamento com o

menor nível de suplementação (0,2%PC) e maior teor proteico (R$ 294,72), evidenciando a

vantagem de utilização de baixos níveis de suplementação com alto teor proteico durante a

estação seca do ano.

103

Almeida et al. (2014b) observaram uma redução de 13% no custo total por hectare

(CUSTOha) ao incluírem a glicerina bruta na dieta de animais suplementados a pasto em

substituição ao milho (zero; 3,33; 6,66 e 9,99% na dieta total). Os autores chamam a

atenção para a importância da condução de estudos que avaliem alimentos/ingredientes

alternativos no intuito de reduzir os custos de produção, e com isso aumentar a

lucratividade do sistema.

Não foram observadas diferenças (P>0,10) na renda bruta devido o ganho de peso

por animal (RBGanimal) e devido ao ganho por hectare (RBGha), bem como na renda

bruta total por hectare (RBTha), quando é considerado o valor total da venda dos animais,

por hectare (Tabela 29).

Tabela 29. Análise econômica da suplementação de novilhos mestiços suplementados a

pasto em fase de recria

Variável Níveis de suplementação Equação

regressão

CV

(%) R

2 L Q

0,2% 0,4% 0,6% 0,8%

RBGanimal 206,25 206,77 219,27 228,13 Ŷ 215,10 25,73 - ***** *****

RBGha 507,69 508,97 539,74 561,54 Ŷ 529,49 25,73 - ***** *****

RBTha 4289,74 4294,87 4351,28 4303,85 Ŷ 4309,94 10,66 - ***** *****

RLha 212,97 157,10 127,50 97,15 Ŷ 148,68 99,51 0,97 0,1182ns

*****

R$ret/R$inv 1,78 1,65 1,33 1,21 1 35,67 0,97 0,0218* *****

TxMES 26,55 22,05 11,15 7,00 2 108,55 0,97 0,0218* *****

LUCTVDE 39,26 27,88 15,86 10,05 3 126,46 0,98 0,0411* *****

CUSTOBM 3284,71 3288,05 3310,32 3250,19 Ŷ 3283,32 10,32 - ***** *****

CAPINV 3579,43 3639,92 3722,57 3714,58 Ŷ 3664,13 9,82 - ***** *****

RET6% 51,78 52,65 53,85 53,73 Ŷ 53,00 9,82 - ***** *****

RETSUPLE 6,02 4,28 3,39 2,57 4 101,31 0,96 0,0946* *****

*significativo a 10% de probabilidade (P<0,10); ns: não significativo (P>0,10); L: linear; Q: quadrático.

Variáveis: RBGanimal: renda bruta devido o ganho de peso por animal (R$.animal-1

no período); RBGha:

renda bruta devido o ganho de peso por hectare (R$.ha-1

no período); RBTha: renda bruta total por hectare no

período experimental (R$ no período); CUSTOha: custo total por hectare no período (R$.ha-1

); RLha: receita

líquida no período (R$.ha-1

); R$ret/R$inv: Real retornado por Real investido (R$); TxMES: taxa de retorno

mensal (%); LUCTVDE: lucratividade (%); CUSTOBM: custo com a compra do boi magro (R$); CAPINV:

capital investido no período (R$.ha-1

); RET6%: retorno da aplicação a 6% ao ano (R$.ha-1

no período);

RETSUPLE: retorno do uso da suplementação a pasto, em %. Equações de regressão: 1Ŷ = 1,99965 -

1,02037X; 2Ŷ = 34,0791 - 347855X;

3Ŷ = 48,1675 - 49,8117X;

4Ŷ = 6,88239 - 5,63453X.

104

A renda bruta é simplesmente o produto entre desempenho animal durante o

período, multiplicado pelo preço venal da arroba, podendo ser considerados o desempenho

por animal (RBGanimal), por hectare (RBGha) ou total (RBTha), quando são

comercializados os animais. Desta forma, esses resultados ocorreram de forma lógica, haja

vista que não houve diferença no desempenho e no peso final dos animais, a área de

pastagem utilizada foi a mesma para cada tratamento, e o preço venal adotado para @ do

boi gordo foi o mesmo.

Ao subtrair da RBTha os custos com a suplementação (CUSTOha), foi possível

obter a renda líquida por hectare durante o período experimental (RLha) e, embora tenha

ocorrido aumento linear no CUSTOha, e a RBTha tenha sido a mesma entre os tratamentos,

a renda líquida por hectare (RLha) não apresentou diferença estatística (P>0,10). No

entanto, é possível observar uma considerável diferença numérica entre os tratamentos,

com uma tendência de efeito linear negativo (P = 0,1182) com o aumento dos níveis de

suplementação (Tabela 29).

O tratamento com maior nível de suplementação (%0,8PC) e menor teor proteico

apresentou uma renda líquida por hectare de apenas 45,6% daquela alcançada com

tratamento de menor nível de suplementação (0,2%PC), porém com maior teor proteico

(Tabela 29). Os valores da RLha passaram de 212,97 para 97,15 R$.ha-1

quando os níveis

de suplementação passaram de 0,2 para 0,8% do peso corporal.

Embora sem diferença estatística, os valores de RLha observados no presente estudo

demonstram a economicidade de se adensar o conteúdo proteico e reduzir a quantidade de

suplemento ofertada quando se trata de suplementação de bovinos em pastejo no período

seco do ano. Nesse contexto, Porto et al. (2009) observaram viabilidade econômica da

suplementação de bovinos em pastejo quando forneceram, em média, 0,2%PC de

suplemento proteico (36,5%PB) aos animais, independente da fonte de proteína utilizada.

De modo diferente, Ítavo et al. (2007) avaliaram a viabilidade econômica da

suplementação (0,25%PC) de animais em pastagem de Brachiaria brizantha sob duas

diferentes taxas de lotação (0,93 e 1,86 UA.ha-1

). Os autores não observaram diferença no

desempenho individual dos animais, e observaram viabilidade econômica em ambas as

situações, todavia, ao aumentar a taxa de lotação foi possível um maior ganho de peso por

área e, consequentemente, maior renda líquida por hectare.

105

Esse estudo desenvolvido por Ítavo et al. (2007) é interessante, pois, ao utilizar o

mesmo nível de suplementação, e aumentar a taxa de lotação, os autores demonstram de

forma clara que ao utilizar a suplementação de animais em pastejo é possível aumentar a

produtividade por área, bem como reduzir os custos fixos de produção (ex. mão-de-obra,

energia elétrica, impostos, etc) por meio da divisão dos mesmos por unidade de produto

gerado por área, tornando o sistema de produção mais sustentável.

Houve um efeito linear decrescente (P<0,10) no retorno de capital investido por

hectare (R$retornado/R$investido), à medida que se elevaram os níveis de suplementação

(Tabela 29). Isso ocorreu porque, para calcular essa importante variável, utilizou-se como

numerador a renda bruta por hectare (RBha), que não apresentou diferença (P>0,10) entre

os tratamentos, e como denominador, o custo total por hectare (CTha), que apresentou

efeito linear crescente (P<0,10) com o aumento dos níveis de suplementação.

Esse resultado nos permite visualizar o quanto de capital, em unidade de moeda

corrente, foi retornado por unidade de moeda corrente investida (R$retornado/R$investido).

Em outras palavras, demonstra que à medida que aumentaram os níveis de suplementação,

uma maior quantidade de dinheiro foi investida, e uma menor quantidade de dinheiro foi

retornada (Tabela 29). Sendo assim, esta variável torna-se uma importante ferramenta no

momento de analisar a viabilidade econômica de uma determinada técnica a ser adotada,

neste caso, a suplementação a pasto no período seco do ano. Além do mais, serve também

como um forte argumento de convencimento para que os produtores se conscientizem de

quão viável é esta técnica, sem, contudo, esquecer que os resultados econômicos são, e

sempre serão, local dependentes (Silva et al., 2009), haja vista que os preço dos insumos e

valor venal da arroba do boi varia no espaço e no tempo, à depender da sazonalidade

existente no mercado.

Corroborando com esta afirmação, ao suplementarem animais a pasto no estado da

Bahia, Silva et al. (2010b) observaram viabilidade econômica da técnica somente ao

suplementarem os animais com 0,3% do peso corporal e, prejuízos quando suplementaram

os animais com níveis acima de 0,3% (0,6 e 0,9%PC). Os autores salientam que a

viabilidade econômica de técnicas que visam intensificar a produção de bovinos a pasto é

comprometida pelo baixo preço pago pela arroba do boi gordo e o alto preço dos insumos,

contribuindo assim para o achatamento dos lucros do sistema de produção. No entanto, esse

106

perfil tem mudado nos últimos anos, haja vista que, de modo geral, o preço da arroba do

boi gordo encontra-se em constante alta no mercado brasileiro, e a fronteira agrícola

nacional tem avançado para regiões que até então os insumos utilizados para produção de

suplementos apresentavam preços inviáveis.

Assim como observado no retorno de capital investido por hectare (R$ret/R$inv), a

taxa de retorno mensal (TxMES) e a lucratividade (LUCTVDE) também apresentaram

efeito linear decrescente (P<0,10) à medida que se elevaram os níveis de suplementação

(Tabela 29). Esse resultado é justificável, uma vez que os indicadores utilizados para

compor estas variáveis convergem para isso no presente estudo.

O menor nível de suplementação (0,2%PC) apresentou uma taxa de retorno mensal

(TxMES) e lucratividade (LUCTVDE), respectivamente, 3,8 e 3,9 vezes maior do que a

obtida com a suplementação ao nível de 0,8%PC.

Visando reduzir o custo de produção, Almeida et al. (2014b) conseguiram dobrar a

lucratividade do sistema de produção ao adicionar 9,99% de glicerina bruta na dieta total de

animais suplementados a pasto em substituição ao milho.

O custo com a aquisição do boi magro (CUSTOBM) não apresentou diferença entre

os tratamentos (P>0,10), o que já era esperado, pois os animais são randomizados no início

do período experimental para que cada grupo apresente o mesmo peso corporal médio.

Embora o custo total por hectare (CUSTOha) tenha apresentado efeito linear

crescente com o aumento dos níveis de suplementação, o capital investido por hectare

(CAPINV) não apresentou diferença estatística (P>0,10) entre os tratamentos (Tabela 29),

apresentando apenas diferença numérica.

A diferença de valores (numérica) do capital investido por hectare entre o maior e o

menor nível de suplementação é de R$135,15, sendo que o menor nível de suplementação

apresentou o menor valor capital investido por hectare. Salienta-se que esse valor é superior

ao valor venal da arroba considerado no presente estudo (R$125,00).

A ausência de diferença estatística no valor de capital investido merece ressalva,

pois, quando se trata saídas de capital dentro de um sistema de produção, é importante

levarmos em consideração os valores absolutos, uma vez que a depender da quantidade de

capital, a atividade poderá ser adotada ou não e, se adotada por meio de uma interpretação

errônea, poderá deixar o sistema fadado ao fracasso.

107

O retorno da aplicação do capital investido, considerando um rendimento de 6% ao

ano (RET6%), não apresentou diferença estatística (P>0,10) entre os tratamentos (Tabela

29). Esse resultado acontece de forma lógica e esperada, uma vez que não houve diferença

estatística no capital investido por hectare.

O percentual de retorno da atividade de suplementação (RETSUPLE) apresentou

efeito linear negativo (Tabela 30). Esse resultado apresentou o mesmo comportamento da

renda líquida por hectare (RLha), uma vez que para calcular essa variável, a RLha atua

como denominador e o capital investido por hectare como numerador.

O menor nível de suplementação (0,2%) apresentou percentual de retorno 2,35

vezes superior ao observado no nível de 0,8% do peso corporal de suplementação.

A taxa interna de retorno (TIR) apresentou efeito linear negativo (P<0,05) à medida

que se elevaram os níveis de suplementação (Tabela 30).

Tabela 30. Retorno da atividade, taxa interna de retorno e valor presente líquido da

suplementação de novilhos mestiços suplementados a pasto em fase de recria

Variável Níveis de suplementação Equação

regressão

CV

(%) R

2 L Q

0,2% 0,4% 0,6% 0,8%

TIR 9,77 8,83 8,29 7,80 2 23,75 0,97 0,0576* *****

VPL4 682,20 626,80 600,19 561,06 Ŷ 617,56 27,00 0,98 0,1500ns

*****

VPL8 654,38 598,95 571,98 533,15 Ŷ 589,62 27,93 0,98 0,1447ns

*****

VPL12 626,88 571,41 544,08 505,55 Ŷ 561,98 28,94 0,98 0,1394ns

*****

*significativo a 10% de probabilidade (P<0,10); ns: não significativo (P>0,10); L: linear; Q: quadrático.

Variáveis: TIR: taxa interna de retorno, em %; VPL4; VPL8 e VPL12: valor líquido presente com taxas

mínimas de atratividade igual a 4, 8 e 12% ao ano, respectivamente. Equação de regressão: 1Ŷ = 10,2864 -

3,22529X.

De acordo com Almeida et al. (2014b), os valores da taxa interna de retorno (TIR)

de uma determinada atividade permitem avaliar a viabilidade econômica de um projeto,

sendo aquele que apresentar maior valor de TIR, será o de maior atratividade de

implantação. Dessa forma, diante dos resultados observados, é possível inferir que o menor

nível de suplementação apresenta maior atratividade de implantação.

Ao adicionarem glicerina bruta na dieta de animais em pastejo em substituição ao

milho (zero; 3,33; 6,66 e 9,99% na dieta total), Almeida et al. (2014b) observaram um

108

aumento nos valores de TIR à medida que aumentaram os níveis de inclusão de glicerina

bruta na dieta dos animais. Esse resultado foi possível devido à redução no custo por quilo

do suplemento utilizado pelos autores.

Vale ressaltar que ambos os níveis de suplementação apresentaram valores de TIR

superiores ao rendimento médio da poupança (0,5% ao mês - 6% ao ano), o que sugere que

independente do nível de suplementação, a técnica de suplementação no período seco seria

economicamente viável.

Para calcular o valor líquido presente da atividade (VPL) foram considerados três

valores de taxa mínima de atratividade (TMA). Os valores considerados foram: 4, 8 e 12%

ao ano, representando 0,33%, 0,67% e 1% ao mês, respectivamente. Em ambas as situações

o indicador econômico de análise de investimentos (VPL) não apresentou diferença

estatística (P>0,05), todavia, uma tendência de redução linear foi observada quando os

níveis de suplementação passaram de 0,2 para 0,8% do peso corporal (Tabela 30).

O valor presente líquido (VPL) de um investimento representa a soma dos valores

do fluxo de caixa de um projeto, em um determinado período, atualizado taxa de desconto

(TMA) de um período em questão (Almeida et al. 2014b). De acordo come esses autores,

as taxas de desconto podem ser consideradas como a expetativa de ganho do investidor,

uma vez que por meio delas é possível zerar o capital investido até a data zero e, com isso,

decidir sobre a viabilidade, ou não, de um projeto.

Assim, diante dos valores de VPL obtidos, independente da taxa mínima de

atratividade (4, 8 e 12% ao ano, ou 0,33%, 0,67% e 1% ao mês), a suplementação dos

animais no período seco ano apresenta-se uma técnica viável. No entanto, o menor nível de

suplementação (0,2%PC), com maior teor proteico (50%PB), apresentou maiores valores

de VPL, independente da taxa mínima de atratividade. De acordo com Noronha (1998), o

indicador VPL é considerado um critério rigoroso e isento de falhas técnicas e, desta forma,

serve de referencia para a adoção ou não de um determinado projeto. Desta forma, é

possível inferir que baixos níveis de suplementação com alto teor proteico apresentam

maior viabilidade econômica.

109

CONCLUSÃO GERAL

Embora não tenha ocorrido diferença no desempenho animal e por área, os

resultados econômicos observados neste estudo mostram que adensar o teor proteico do

suplemento e fornecê-lo em menor quantidade, mantendo-se o consumo de proteína diário

necessário para atender as exigências de mantença e ganho, a suplementação de animais

criados a pasto é uma estratégia eficiente no que diz respeito em obter desempenho animal

satisfatório no período seco do ano e maximizar os lucros do sistema de produção de

bovinos a pasto.

A suplementação de bovinos em pastejo se apresenta factível frente às respostas

biológicas observadas no presente estudo, no que diz respeito ao consumo, digestibilidade,

desempenho, sendo a sua adoção dependente de respostas econômicas, que serão

dependentes da disponibilidade e do preço dos insumos utilizados, bem como do preço de

oportunidade no momento da venda dos animais.

Conclui-se que a suplementação de bovinos machos castrados em fase de recria, no

período seco do ano, apresenta maior viabilidade econômica quando utilizada em níveis

baixos, porém com alto teor proteico.

110

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