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Mais EDUCAÇÃO LONDRINA, DOMINGO, 03 DE OUTUBRO, 2010 A Voz Do Povo A Voz Do Povo 1ª Edição! Com a criadora da escola livre Paidéia Brasileira entre os 10 melhores da Inglaterra Revolução tecnológica em sala de aula Páginas 6 e 7 Página 10 Páginas 12 e 13 Josefa Martín Luengo explica o método libertá- rio adotado pela escola sediada na cidade de Mé- rida na Espanha. Gisela Schilling, estu- dante de Ciência Ambien- tal pela Oxford Brooks University conta como atingiu essa conquista. Sabe o que é Podcast? Tablet Pc? Pois essas são algumas das novidades que agora chegam com tudo às escolas. Especial alfabetização Local Páginas 4 e 5 Reportagem detalha de modo humano a alfabetização de jovens e adultos em Londrina Educadora é premiada pela segunda vez por projeto de incentivo a leitura Gestora nota 10! Iniciativa desenvolvida por professora voltante leva aos alunos livro sobre as Aventuras de Criança no mundo dos contos infantis Entrevista Universidade Tecnologia Páginas 8 e 9 Foto: Luciana Romeu Foto: Lucas Godoy

Suplemento: Mais educação - Tablóide

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Jornal formato tablóide criado para avaliação na disciplina de Diagramação e Planejamento Gráfico. Exemplo de caderno especial inserido no jornal. Orientação: Mario Benedito Sales.

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Page 1: Suplemento: Mais educação - Tablóide

MaisEDUCAÇÃOLONDRINA, DOMINGO, 03 DE OUTUBRO, 2010

A Voz Do PovoA Voz Do Povo 1ª Edição!

Com a criadora da escola livre Paidéia

Brasileira entre os 10 melhores da Inglaterra

Revolução tecnológica em sala de aula

Páginas 6 e 7Página 10Páginas 12 e 13

Josefa Martín Luengo explica o método libertá-rio adotado pela escola sediada na cidade de Mé-rida na Espanha.

Gisela Schilling, estu-dante de Ciência Ambien-tal pela Oxford Brooks University conta como atingiu essa conquista.

Sabe o que é Podcast? Tablet Pc? Pois essas são algumas das novidades que agora chegam com tudo às escolas.

Especial alfabetizaçãoLocal

Páginas 4 e 5

Reportagem detalha de modo humano a alfabetização de jovens e adultos em Londrina

Educadora é premiada pela segunda vez por projeto de incentivo a leitura

Gestora nota 10!

Iniciativa desenvolvida por professora voltante leva aos alunos livro sobre as Aventuras de

Criança no mundo dos contos infantis

Entrevista Universidade Tecnologia

Páginas 8 e 9

Foto: Luciana Romeu

Foto: Lucas Godoy

Page 2: Suplemento: Mais educação - Tablóide

MaisEDUCAÇÃOA Voz Do Povo

2 LONDRINA, DOMINGO03 DE OUTUBRO

2010Opinião

Esse suplemento mensal surge com o intuito de aten-der a demanda de mães, pais, educadores, estudan-tes, instituições e empresas. Acreditamos que pensar e discutir a educação publica-mente é pode melhorá-la.

Assim chega as bancas a primeira edição do Mais Educação. Cabe aqui agra-decer aos nossos leitores que por muito tempo insisti-ram na necessidade de uma publicação deste porte.

Com um foco nas experi-ências e de olho no que há de mais inovador em educa-ção, pretendemos ampliar a bagagem cultural sobre o processo concomitante de ensino e aprendizagem.

A publicação aborta a política educacional do es-tado mas também procura ir além, não entendemos a educação como um mono-pólio. Para ser efetiva e ter efeitos duradouros ela deve ser compreendida e traba-lhada como responsabilida-de por toda a sociedade.

Queremos dialogar com as escolas, os cursinhos , cursos técnicos e as Uni-versidades. Mas é preciso romper essa barreira óbvia e pensar de que forma as Em-presas, os sindicatos, Ong´s e principalmente você, caro leitor, podem contribuir para uma sociedade melhor.

Temos convicção um este mundo mais digno e justo só poderá advir do empenho

solidário coletivo em trans-formar a educação. Ela deve ser mais que mera obriga-ção, deve ser desejada e ge-rar mudanças imediatas, no ambito individual e social, de modo concomitante.

Vemos com carinho e des-taque as perspectivas lúdi-cas da descoberta no âmbito educacional como um meio de atingir esses objetivos e melhorar efetivamente as qualidade de vida. Considera-mos de extrema importância discutir a educação nos dias atuais pois a ciência aponta transformações conceituais pedagócias.

Por um lado, o castigo, a avaliação meticulosa e a ausência de autonomia do educando são apontados

como principais motivos do desinteresse dos jovens pelo conhecimento. Por outro, al-tos índices de violência nas escolas públicas gera um regime de insegurança com o qual ainda não sabemos a lidar sem o uso da força. É preciso recuperar o afeto.

Traremos as últimas no-vidades, os detalhes das reformas gráficas, dicas aos professores, vestibulandos e concurseiros. Tudo isso com uma linguagem saborosa e agradável.

O objetivo é, cada vez mais, se ampliar o espaço aos leitores e, assim, quere-mos tornar esta publicação um ae referência constante para o pensarmos a educa-ção em Londrina e a região.

Jornalismo educacionalpor “Mais educação”

EDITORIAL CHARGE

MaisEDUCAÇÃOPUBLICAÇÃO Ed. Voz Do Povo - CNPJ 77.879.875/0001-09 DIRETOR GERAL Lucas de Godoy Chicarelli - [email protected] - DRT/PR 656 DIRETOR COMERCIAL Louis Armstrong Buenaventura - [email protected] - DIAGRAMADOR Lucas de Godoy Chicarelli ORIENTADOR Mario Benedito Sales CIRCULAÇÃO Regional TIRAGEM 20 mil exemplares DISTRIBUIÇÃO Suplemento do jornal “A Voz do Povo” ENDEREÇO Rua Quintino Bocaiúva, 1083, Centro - CEP 86020-400 - Londrina-Pr - Fone: (43)99602683

** Esta publicação não é vendida separadamente **

A charge acima é de autoria do grande cartunista brasi-leiro Renato Canini, conhecido por seu trabalho em diversas publicações e para a Editora Abril, onde ilustrou histórias em quadrinhos da Disney e destacou-se desenhando o per-sonagem Zé Carioca e apartir de agora ilustrará a página de opinião do suplemento Mais Educação.

O brasileiro e os livros.. Por Renato Canini

Foto: Agência Voz do Povo

Sobre ..

Page 3: Suplemento: Mais educação - Tablóide

GLAUCO CORTÊSÉ muito comum ouvir que

o brasileiro não lê. Uma pes-quisa publicada recentemente pelo Instituto Pró-Livro, apon-tou que aqui os estudantes lêem por volta de 7 livros ao anos, mas 5,5 deles são livros indicados pela escola ou didá-ticos. Uma visão acelerada as-socia o cidadão a uma cultura da ignorância. Propomos aqui uma outra leitura.

Quantas bibliotecas foram construídas esse ano em sua cidade? Quantos bibliotecários foram contratados? Quantos livros foram distribuídos? Pois é, o brasileiro não lê porque não há incentivo por parte dos poderes públicos e, nas esco-las, as bibliotecas ficam re-servadas apenas aos alunos e estes normalmente a frequen-tam para concluir os trabalhos exigidos pelos professores. Há em média no Brasil uma biblioteca, quando funciona, para cada 50 mil habitantes.

Uma pesquisa do Ministé-rio da Cultura, encomendada à Fundação Getúlio Vargas, vem para comprovar isso. Chamada de 1º Censo Nacio-nal das Bibliotecas Públicas

Municipais, a pesquisa mostra que 79% dos municípios bra-sileiros possuíam ao menos uma biblioteca aberta, o que corresponde a 4.763 bibliote-cas em 4.413 municípios. Em 13% dos casos, as BPMs ain-da estão em fase de implan-tação ou reabertura e em 8%

estão fechadas, extintas ou nunca existiram. Consideran-do aquelas que estão em fun-cionamento, são 2,67 bibliote-cas por 100 mil habitantes no país. A pesquisa, que foi feita no ano passado, traz outras informações. Veja a seguir texto sobre a pesquisa.

Pesquisa aponta que brasileiro não lê..OUTRA LEITURA..

Foto: Agência Voz do Povo

LONDRINA, DOMINGO, 03 DE OUTUBRO, 2010 3A Voz Do PovoA Voz Do Povo OpiniãoMaisEducação

Foram pesquisados todos os 5.565 municípios brasilei-ros. Em 4.905 municípios fo-ram realizadas visitas in loco para a investigação sobre a existência e condições de fun-cionamento de BPMs, no perí-odo de setembro a novembro de 2009. Os 660 municípios

restantes – em bibliotecas en-tre 2007 e 2008 pelo Sistema Nacional de Bibliotecas Públi-cas e atendidos pelo Programa Mais Cultura com a instalação de BPMs – foram pesquisados por contato telefônico, até ja-neiro deste ano.

O Censo Nacional tem por objetivo subsidiar o aperfeiço-amento de políticas públicas em todas as esferas de gover-no – federal, estadual e muni-cipal – voltadas à melhoria e valorização das bibliotecas pú-blicas brasileiras. Segundo o levantamento, em 420 muni-cípios as BPMs foram extintas, fechadas ou nunca existiram.

Esses dados são alarman-tes. É necessário um efetivo comprometimento por parte das empresas e do poder pú-blico. O Ministério da Educa-ção e da Cultura tem o dever de facilitar e incentivar o aces-so às bibliotecas. Nós, brasi-leiros, por nossa ver devemos reconhecer e preservar nossa cultura. A leitura é uma for-ma de extrapolar as fronteiras e as limitações do ser humano e descobrir novos mundos. A liberdade advém de compro-misso e entendimento.

ATRASO: Criada em 1940 a biblioteca pública no centro de Londrina é, ainda hoje, a única opção aos leitores da cidade. O acesso à periferia é dificultado pelo alto valor do transporte público

A VOZ DO LEITOR !UOnde foi parar o Best-

seller brasileiro?Porque no Brasil os mais

vendidos são todos estran-geiros?

O engraçado é que, na escola, somos educados, do ponto de vista da leitura, por autores nacionais: Machado de Assis, José de Alencar, Graciliano Ramos, Guima-rães Rosa, Drummond e etc. Ainda assim, não nos torna-mos fiéis a esses autores ao abandonamos a escola, ou seja, na fase adulta.

Duvido que as obras lo-cais não tenham qualidade. Então, ficam as dúvidas: será que somos vítimas do merca-do externo de best-sellers? E, ainda, qual a falha na educa-ção que nos deixa vulnerável a esse determinismo da indús-tria? Onde está o vácuo en-tre os renomados e os novos escritores brasileiros que não suportam a concorrência es-trangeira? São questões que precisamos debater, e muito.

Marcelo AlmeidaProfessor de literatura

Para mi a leitura é um hábito cotidiano

Sempre fui de muito ler, não por virtude, mas porque em nossa casa livro era um objeto cotidiano, como o pão e o leite.

Lembro de minhas avós de livro na mão quando não es-tavam lidando na casa. Minha cama de menina e mocinha era embutida em prateleiras. Criança insone, meu conforto nas noites intermináveis era acender o abajur, estender a mão, e ali estavam os meus

amigos. Algumas vezes acor-dei minha mãe esquecendo a hora e dando risadas com a boneca Emília, de Monteiro Lobato, meu ídolo em criança: fazia mil artes e todo mundo achava graça.

E a escola não conseguiu estragar esse meu amor pe-las histórias e pelas palavras. Chega de reclamar que o bra-sileiro não gosta de ler: a fa-mília precisa abrir essa porta e educar com o exemplo.

Liz DantasMãe de 3 filhos leitores

Escreva para nós!

As cartas devem ser en-viados com o título “Opinião” com identificação, ocupação e telefone por correio ou para: [email protected]

UU

Page 4: Suplemento: Mais educação - Tablóide

LUCAS GODOYLONDRINA - Ler e es-

crever é fundamental, o mercado de trabalho exige cada vez mais e os educa-dores poderiam ser melhor remunerados pelo bom tra-balho que desenvolvem.. A matéria poderia acabar aqui, mas ao mergulhar no mar de personagens invisíveis que compõe esta rica teia de diversidade - a educação de jovens e adultos - com-preendi que para informar é preciso romper a superfi-cialidade fria dos números e estatísticas e permitir aflorar experiências.

Inferno ou paraíso?“Aqui nóis é pá” e “bem

vindo ao inferno”.. Foi isso que li pichado no muro ao chegar no Conjunto Pindo-rama. Essa visão não aco-lhedora seria aos poucos quebrada: As casas eram simples, o futebol corria solto e as bicicletas abun-davam. Na sala de aula da creche, apesar das cadeiras baixas, não ouvi queixas e assim entendi a importância de voltar a estudar. Satisfa-ziam-se mesmo sem as me-lhores condições.

Já no SESC a estrutura é boa e existe uma turma inicial e outra mais avan-çada. Os alunos podem ser promovidos a qualquer mo-mento pela professora. Além de motivar, de acordo com a educadora Lyn Nunes, isso permite um acompanha-

mento maior dos estudantes e a aprendizagem acaba fa-cilitada.

A cegueira da visão..“A sensa-

ção de quem não sabe ler ao receber um papel é de ser cego” - Arlete Siqueira. Os não al-fabetizados enfrentam pro-

blemas: mercados cobram a mais, patrões fazem funcio-nários assinarem a demissão sem direitos, trapaças até na

hora acertar a colheita e pa-gar financia-mientos.

“Uma vez fui depositar

R$500 no banco e a moça disse que enviaria o com-

Teia de diversidades: Alfabetização em Londrina

provante em minha casa, achei estranho mas não sei dessas coisas. Tinha muita vergonha, agente da roça não fala muito porque fala errado” - Relata a agricul-tora Grazilina Maziero, que estuda no SESC. Ela nunca mais viu o dinheiro.

Da palmatória ao grão de milho..

Ao tentar entender por-

que só agora começam a aprender o alfabeto. Reve-lam-se muitas histórias de vida e, além disso, a sombra da velha prática escolar do castigo povoa as lembranças.

Cleuza Gonçalves achava desnecessário estudar por ser casada e trabalhar no sítio. Sebastião da Silva, que saiu do nordeste com 13 anos, foi expulso com violência ao bri-

MaisEDUCAÇÃOA Voz Do Povo

4 LONDRINA, DOMINGO03 DE OUTUBRO

2010LOCAL

Do trauma nos vestígios de uma velha escola ao despertar da felicidade: Após anos de esforço e árduo trabalho nos entornos da cidade de Londrina os alunos descobrem a capacidade e a importância de aprender

“a sombra da velha prática escolar do castigo povoa as

lembranças”

Fotos: Lucas Godoy

Page 5: Suplemento: Mais educação - Tablóide

A falta de valorização dos alfabetizadores é la-tente e preocupa pois dela depende a manutenção da qualidade do serviço.. O governo paranaense faz muita propaganda do Para-ná Alfabetizado mas a prá-tica não é tão poética. Os educadores se inscrevem como voluntários e o resul-tado disso é que eles não tem direitos trabalhistas.

São ainda responsáveis por conseguir os alunos e o local para as aulas. Se conseguem, dentro do pra-

zo, ganham por oito me-ses uma bolsa mensal de R$ 260,00 mais R$28,00 de auxílio transporte para participarem de reuniões pedagógicas de formação.

Além da precariedade e do baixo valor as bolsas são pagas com atraso. A educadora Luzenir Mar-ques se queixa: “é ruim pois temos despesas que precisamos pagar com nosso dinheiro, como fo-tocópias ou até mesmo o transporte para as reuni-ões pedagógicas”.(L.G.)

5LONDRINA, DOMINGO03 DE OUTUBRO2010

MaisEDUCAÇÃOA Voz Do Povo

LOCAL

A distância entre o discurso e a prática

Esta é uma história tecida por pessoas, vindas de longe, cheias de es-perança, que encontram nos entornos urbanos um recanto para traba-lhar, educar os filhos. Que só agora conseguem retomar os estudos e

descobrem uma nova felicidade em viver

gar com a filha da professo-ra que o beliscava e lembrou como a palmatória era usada: “se agente errava e o outro aluno acertava ele nos dava uma na cabeça e se não gos-tasse de você doía eim”.

Para a paraibana de São Bento, há um ano em Lon-drina, Maria Dalva a palma-tória era um cabo de vassou-ra. Dorival Ferreira foi jogado

A educadora Lyn Nunes diz trabalhar na educação de jovens e adultos pelo prazer de ver os alunos felizes

pelas crianças no espinhal: “a professora disse apenas que homem não chora. De-pois fiquei no sítio em que seríamos expulsos porque meu pai não tinha o papel de propriedade, chutaram ele e mataram os bois”.

Ao ouvir os relatos, Cleu-za perde a timidez e conta também que já foi obrigada a ajoelhar em grãos de mi-

lho, outros alunos afirmam ter sofrido a mesma puni-ção. O trauma ainda existe, são os vestígios de uma ve-lha escola. Os alunos entre-tanto demonstram ter boa vontade para superá-lo.

A alegria de uma nova vida..

A principal conquista é superar a vergonha e ga-nhar independência.

“Só comecei porque meu filho me matriculou, eu achava que não poderia mais aprender e que não precisava. Hoje leio até a letra do médico e escolho meus remédios”. Explica Ar-lete Siqueira, de 54 anos, com um brilho especial no olho daqueles que nos fa-zem rir e chorar.

“Muito bom mesmo foi po-der ler os bilhetes no bolso do marido. Agora ele tem que fi-car esperto comigo” - Neusa Andrade divertiu-se ao contar.

Já Grazilina Maziero des-taca-se. Em poucos meses foi promovida de turma e é admirável o desempenho pois sua rotina, aos 67 anos, é pesada: “acordo 5h, faço o café e vou para a roça até as 11h. Volto, faço almoço e venho para a aula. Depois faço a janta. O que eu mais gosto é matemática porque já escutoww os preços da soja e do milho e ligo na cooperativa para confirmar. Quero aprender mais”.

Uma pitada de amor e cuidado..

“quando eu escrevi a car-ta para minha mãe ela cho-rou. Ela não sabia ler, mas

chorou porque eu era a úni-ca filha que ainda não sabia ler e escrever” - Grazilina Maziero.

A escola também é vivi-da como uma nova casa. A relação estudante-professor é quase familiar. Cada alu-no tem suas dificuldades e a proximidade auxilia a con-tinuar os es-tudos e ven-cer o medo inicial. O cari-nho transbor-da e podemos vê-lo pois ao terminar a aula todos fazem questão de se despedir das professoras e desejar um bom dia.

“Se essa reportagem fos-se passar na televisão eu

gostaria de dizer que todos deveriam vir aprender a ler e escrever, isso é muito bom e muito importante” - Arlete Siqueira.

Pedagogia do afetoÉ essa simplicidade e

essa humildade que com-põe a diversidade da educa-

ção de jovens e adultos em Londrina. Mais que uma his-tória, nos atrai a pedagogia adotada.

Baseada nas idéias de Paulo Freire e incentivada nas oficinas de formação promovidas pelo estado do Paraná, o afeto se destaca como principal potencializa-dor da aprendizagem.

“Muito bom mesmo foi poder ler os bilhetes no bolso do marido.

Agora ele tem que ficar esperto comigo”

Page 6: Suplemento: Mais educação - Tablóide

MaisEDUCAÇÃOA Voz Do Povo

6 LONDRINA, DOMINGO03 DE OUTUBRO

2010Tecnologia

LUCIANA CARBONIERITICs são tecnologias da in-

formação e comunicação. Cada vez mais, parece impossível imaginar a vida sem essas le-trinhas. Entre os professores, a disseminação de computa-dores, internet, celulares, câ-meras digitais, e-mails, mensa-gens instantâneas, banda larga e uma infinidade de engenho-cas da modernidade provoca reações variadas. Qual destes sentimentos mais combina com o seu: expectativa pela chega-da de novos recursos? Empol-gação com as possibilidades que se abrem? Temor de que eles tomem seu lugar? Des-confiança quanto ao potencial prometido? Ou, quem sabe, uma sensação de impotência por não saber utilizá-los ou por conhecê-los menos do que os próprios alunos?

Mas afinal: quando usar a tecnologia em sala de aula? A segunda: como utilizar esses novos recursos?

É preciso estabeler, de cara, um critério: a tecnologia vale se estiver a serviço do conte-údo. Isso exclui as apresen-tações em Power Point que apenas tornam as aulas mais divertidas, os jogos de com-putador que só entretêm as crianças ou aqueles vídeos que simplesmente cobrem buracos de um planejamento malfeito. “Para o aprendizado, essas fer-

ramentas devem colaborar com conteúdos que muitas vezes nem poderiam ser ensinados sem elas”, afirma Regina Scar-pa, coordenadora pedagógica.

Da soma entre tecnologia e conteúdos, nascem oportuni-dades de ensino. Mas é preciso avaliar se elas são significati-vas. Isso acontece, por exem-plo, quando as TICs cooperam para enfrentar novos desafios, como pesquisar na internet e se localizar no mapa virtual.

“A tecnologia tem um papel importante no desenvolvimen-

to de habilidades para atuar no mundo de hoje”, afirma Marcia Padilha, coordenadora da área de inovação educativa da Or-ganização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI). Em outros casos, porém, ela é dis-pensável. Não faz sentido, por exemplo, ver o crescimento de uma semente numa animação se podemos fazer na prática.

Existem recomendações gerais para utilizar os recur-sos em sala. Mas os resultados são melhores quando é con-

Revolução tecnológica na sala de aula

siderada a didática específica de cada área. O importante é construímos um planejamento que una tecnologia e conteú-dos e que, dessa forma, mo-tive os alunos e os mantenha atentos. Esse painel pode in-cluir até disciplinas do Ensino Fundamental. Nas próxiimas edições traremos casos reais e planos de aula para ajudar a mostrar quando - e como - computadores, internet, celu-lares e companhia são funda-mentais para aprender mais e melhor nos dias de hoje.

Por Adriano TeixeiraEspecialista em educação e

tecnologia da UFRGS

O INÍCIOInvestigue o potencial

das ferramentas e sobre ex-periências bem-sucedidas.

O CURRÍCULONo planejamento anual,

avalie quais conteúdos são mais bem abordados com a tecnologia e o que mais é ne-cessárias ao mundo de hoje.

O FUNDAMENTALConheça o básico: edito-

res de texto, correio eletrôni-co e mecanismos de busca.

O ESPECÍFICOAntes de iniciar: certifi-

que-se que compreende as funções elementares dos re-cursos que irá usar.

A AMPLIAÇÃOPara avançar no uso pe-

dagógico os cursos do MEC são boas opções.

O AUTODIDATISMOA internet é aliada: Pro-

cure tutoriais: textos que ex-plicam passo a passo o fun-cionamento dos recursos.

A RESPONSABILIDADEAjude a turma a refletir

sobre o conteúdo de blogs e fotologs. Debata qual o ní-vel de exposição adequado, lembre: cada um é respon-sável por aquilo que publica.

A SEGURANÇADiscuta as precauções

com a internet: qual a impor-tância e como navegar de modo seguro.

A PARCERIAEm caso de dúvidas: re-

corra aos alunos. A parceria não é sinal de fraqueza: do-mine o saber em sua área e você seguirá respeitado.

Nove dicas para usar bem as inovações

HI-TECH: João Pedro de apenas 6 anos adora desenhar na tela do mini-tablet pc, um pequeno computador sem teclado que possui jogos educativos e ferramentas de desenho e alfabetização

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Enquete: O que você acha da tecnologia no colégio?“Tive uma aula

de geografia na sala de informáti-ca, agente usava o google maps em duplas para escre-ver o Paraná. Foi muito legal e não vou esquecer”

Rafael Fernandes13 anos - Estudante

“Ai acho ótimo, mas a professora tem que ter um cur-so pelo ou menos. Nossa professora de literatura faz uns po-wer points horríveis. É tenso aguntar a aula dela” (risos)

Pâmela Muri17 anos - Estudante

“Antes eu mes-ma ajudava meus netos com a lição de casa quando minha filha ia trabalhar. Hoje é impossível, eles fazem tudo no computador. Não acompanho mais”

Rosa Teresan72 anos - Avó pela sexta vez

Page 7: Suplemento: Mais educação - Tablóide

ALEXANDRE PRESLEYPoeta, dramaturgo e ro-

mancista, o paraibano Ariano Suassuna ficou famoso graças à genialidade presente nas co-médias O Auto da Compadeci-da e O Santo e a Porca. Em 2007, por causa das comemo-rações de seu aniversário de 80 anos e da exibição na TV de A Pedra do Reino, minissé-rie fruto da adaptação de um de seus romances, ele ficou em evidência para o grande público. E chamou a atenção dos alunos do 9º ano do Colé-gio Universitário.

Para trabalhar leitura e in-terpretação, com foco nas marcas de oralidade, o profes-sor Jorge Luiz Marques de Mo-raes aproveitou a curiosidade e escolheu esse autor.

O trabalho poderia ter pre-so a atividades tradicionais, mas o educador resolveu in-vestir numa proposta mais tec-nológica, combinando a vida e a obra de Suassuna com uma ferramenta moderna. “E se es-tudássemos com podcasts?”, desafiou o grupo.

“Pod o quê?”, muitos estu-dantes perguntaram. Uma par-te deles até conhecia os tais programas de áudio. Disponi-bilizados via internet, eles po-dem ser baixados e ouvidos no computador ou em aparelhos

de MP3. Mas ninguém nunca tinha feito um, nem mesmo o professor. “A ideia de usar essa ferramenta surgiu durante uma reunião pedagógica. Foram as professoras de Informáti-ca Educativa que vieram com a sugestão”, conta Moraes. Começava a nascer uma rica parceria. “Percebemos que era uma boa maneira de utilizar os recursos multimídia dispo-níveis na escola, ainda pouco explorados, para ensinar um

conteúdo de maneira prática”. O projeto foi tão bem-sucedido que lhe rendeu um troféu no Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10 deste ano.

ObjetivoA ideia de Moraes era fazer

com que os alunos percebes-sem a diferença entre a oralida-de e o texto escrito. Para isso, elegeu a vida e a obra de Suas-suna como objeto central a ser trabalhado no formato podcast. O educador também almejava

Aula oralidade e podcast é premiada

inserir os estudantes na socie-dade digital, fazendo com que trabalhassem com o computa-dor, operando programas de gravação e edição.

Passo-a-passoPrimeiro, apresentou o livro

O Casamento Suspeitoso. A turma deveria produzir textos que explicassem o título e, de-pois, ler a obra. Depois, pesqui-sar sobre o autor e organizar os podcasts. Com roteiro pron-to, os estudantes começaram

PARCERIA EFICIENTE: Alunos e professores ganhadores do prêmio Civita - Educador Nota 10 deste ano festejam a parceria funcional e divertida entre tecnologia e educação

BOM EXEMPLO

LONDRINA, DOMINGO, 03 DE OUTUBRO, 2010 7A Voz Do PovoA Voz Do Povo TecnologiaMaisEducação

LAPIDAR A CRIAÇÃO: Para adequar o roteiro aos gêneros orais, é preciso ensaiar muito e prestar atenção nas falas

ORALIDADE EM FOCO: Os alunos mergulharam nas obras do autor paraibano para conhecer as marcas do oral

LEITURA EM VOZ ALTA: Aprender a importância das marcas da linguagem oral

a ensaiar. Assim, percebiam a diferença entre a língua falada e a escrita, trabalhavam orali-zação e observavam marcas de linguagem em Suassuna.

AvaliaçãoMoraes observava, a todo

momento, se os estudantes conseguiam distinguir as dife-renças entre a linguagem oral e a escrita e se compreendiam a função e as características de cada um dos gêneros trabalha-dos nos programas.

É moda?Mais do que simplesmente

aderir a um recurso tecnológico da moda, o professor tem nes-sa tecnologia uma forma de en-sinar o conteúdo com riqueza. Criar programas de áudio que remetem à linguagem do rádio e mostrem a oralidade pre-sente nas obras de um autor como Suassuna que evidencia os personagens características de fala do nordestino que mora no sertão. O desafio é grande. Em trabalhos como o organiza-do por Moraes, os alunos pre-cisam transitar da fala para a escrita e da escrita para a fala a todo momento, o que é fun-damental para a aquisição de habilidade linguística”, afirma Cláudio Bazzoni, assessor de Língua Portuguesa da prefeitu-ra de São Paulo e selecionador do prêmio.

Fotos: Oiticica Filho

Page 8: Suplemento: Mais educação - Tablóide

PAULINO BENVENUTOLONDRINA - Quando al-

guém pergunta para Giulia Lopes, aluna do 1º ano do Champagnat, em Londrina, se ela tem algum escritor fa-vorito a garotinha não pensa duas vezes antes e responde com convicção: “Ruth Ro-cha”. Giulia conhece vários livros e o estilo da autora e comenta as histórias com os amigos e a famí-lia. Seus colegas também são leito-res entusiasmados. Uns gostam mais de poesia e outros de contos. Todos, porém, já descobriram o prazer que a literatura pro-porciona.

Mas nem sempre as coisas foram assim nessa escola. Até recentemente, as crian-ças não eram incentivadas a ler. As famílias - a maioria de zona rural - têm poucos livros em casa. Na escola, os professores pegavam exem-plares na biblioteca para ler para as turmas, mas faziam isso sem um objetivo claro. Muitas vezes, essa tarefa era executada de maneira auto-mática, apenas para preencher a agenda, e sem a consci-ência de que a leitura em voz alta também é uma atividade didática de grande importân-cia na formação de leitores. Era urgente, portanto, pensar em ações para mudar esse

cenário.Foi o que a coordenadora

pedagógica Angélica Arroio Quiqueto de Sousa decidiu fazer. Ao assumir o cargo, em 2008, ela começou a obser-var o que acontecia em clas-se nos momentos de leitura. Com base no diagnóstico inicial, que Angélica Souza

afirma: “Percebí que os professores necessitavam de formação específica para poder formar leitores de verdade. Era preciso que eles lessem com obje-

tivos claros (ter propósitos), fizessem as turmas apren-derem a usufruir as obras, da capa ao posfácio (ensinar procedimentos leitores) e es-timulassem atitudes comuns a quem gosta de ler, como fazer indicações literárias e seguir autores (desenvolver os chamados comportamen-tos leitores)”.

Nessa época, Angélica participou de um progra-ma de formação oferecido pela Secretaria de Educação

do município em parceria com o Insti-tuto Avisa Lá, de São Paulo. Nele, aprendeu como ajudar os professores

a agir como bons modelos de leitores e, assim, ensinar as crianças a se tornarem leito-ras (leia mais sobre a trajetó-ria da coordenadora na últi-ma página). O próximo passo

foi voltar os olhos novamente para as necessidades reais da escola e montar o projeto de formação continuada Uma Escola de Leitores. Focado na leitura em voz alta pelo pro-fessor, o tra-balho rendeu o segundo tí-tulo de Gesto-ra Nota 10 no Prêmio Victor Civita - Educa-dor Nota 10 a pedagoga An-gélica Sousa.

Atenção necessáriaEntre os 496 trabalhos ins-

critos na categoria Gestor, o de Angélica se destacou pela preocupação constante em

Conheça a gestora nota 10: Segundo prêmio CivitaMaisEDUCAÇÃO

A Voz Do Povo

8 LONDRINA, DOMINGO03 DE OUTUBRO

2010Especial

HORA DE ESTUDO: A organização da equipe deve variar de acordo com os objetivos pretendidos pela escola e o professor

“Percebí que os professores

necessitavam de formação específica para poder formar

leitores de verdade”

Conheça o projeto de formação continuada elaborado pela coordenadora pedagógica Angélica Sousa, vencedora do Prêmio Victor Civita pelo segundo ano consecutivo na categoria Gestor Nota 10, que aproxima de modo intuitivo as crianças e jovens à arte literaturária

adequar as propostas pré-de-finidas pelo programa da Se-cretaria às especificidades da escola e da equipe docente. Para garantir a eficácia dessa adaptação, a coordenadora

usou estraté-gias como ob-servação de sala de aula, devolutivas aos docentes, te-matização da prática (discus-são teórica so-bre atividades

desenvolvidas com os alu-nos), dupla conceitualização (reflexão sobre o objeto e as condições didáticas) e regis-tros reflexivos. “O processo

só funciona quando o forma-dor planeja os momentos de trabalho coletivo, fica atento às respostas do grupo e co-nhece bem cada professor. Angélica tem esses cuidados, por isso fez o grupo questio-nar antigas práticas e cons-truir novos conhecimentos em equipe”, diz Ana Inoue, selecionadora do Prêmio Vic-tor Civita.

Outras ferramentas impor-tantes foram a organização e o planejamento dos encontros pedagógicos. Dependendo do objetivo desejado, Angélica agrupava os professores de maneiras distintas. Se a meta era que colegas com diferen-tes conhecimentos trocassem

“O processo só funciona quando o

formador planeja os momentos de trabalho

coletivo, fica atento às respostas do grupo e conhece bem cada

professor”

Fotos: Luciana Romeu

Page 9: Suplemento: Mais educação - Tablóide

Conheça a gestora nota 10: Segundo prêmio Civita

Angélica Arroio Quiqueto de Sousa tem 36 anos. Fez Magistério no começo dos anos 1990, mas, naquela épo-ca, optou por não exercer o ofício de professora e foi traba-lhar no comércio, área em que ficou por dez anos.

Mudou de opinião quando sua irmã, Adriana Sobhie, in-sistiu para que cursassem jun-tas a faculdade de Pedagogia (hoje já é diretora de Orienta-ção Educacional da rede mu-nicipal de Londrina). Em 2006, Angélica chegou à sala de aula e trabalhou com turmas de al-fabetização e reforço.

Dois anos mais tarde, acei-tou o cargo de coordenadora pedagógica que hoje ocupa na EMEF Professor Odinir Magnani. A implantação do projeto sobre leitura de textos literários, entre setembro de 2009 e junho de 2010, ajudou a fortalecer seu papel como formadora. “O trabalho me en-sinou a importância de estudar, traçar metas claras e valorizar

a formação continuada como espaço de confronto de ideias e de aprendizagem. Assim, pude cumprir minha função e ajudar os professores a melhorar a prática de sala de aula. Jamais

9LONDRINA, DOMINGO03 DE OUTUBRO2010

MaisEDUCAÇÃOA Voz Do Povo

especial

HORA DE ESTUDO: A organização da equipe deve variar de acordo com os objetivos pretendidos pela escola e o professor

Afinal, quem é Angélica Souza ?

Conheça o projeto de formação continuada elaborado pela coordenadora pedagógica Angélica Sousa, vencedora do Prêmio Victor Civita pelo segundo ano consecutivo na categoria Gestor Nota 10, que aproxima de modo intuitivo as crianças e jovens à arte literaturária

ideias, juntava-os em duplas. Se o propósito era discutir um conteúdo específico, organi-zava grupos por disciplina ou série. Em todas as ocasiões explicava os motivos das es-colhas.

Todos os p r o f e s s o r e s (inclusive os especialistas, como os de Arte e de Edu-cação Física), a diretora e a vice-diretora se engajaram no projeto e participaram das reuniões. “Mudamos nossa concepção sobre o que é ler em voz alta para os alunos. Antes, não fa-

zíamos isso para despertar o interesse pela literatura nem para refletir sobre as obras. Não dávamos importância às etapas necessárias à leitura. Hoje, as crianças têm mais familiaridade com os livros e participam ativamente”, con-ta a diretora, Ana Cláudia Mi-randa Bacchi Gutinieki.

Além dos ganhos na aprendizagem dos alunos, o projeto teve outros desdo-bramentos importantes. Os professores se apaixonaram pelos livros, pediram que a equipe gestora ampliasse o acervo de obras para adultos e adquirisse tanto as literá-rias como as específicas para a formação continuada. Hoje, na hora do intervalo, eles tro-cam sugestões de títulos e opiniões sobre as leituras que fazem. Os pais estão incen-tivando mais o hábito de ler em casa, ampliando o acervo da família e buscando adqui-rir bons livros para os filhos. Os funcionários participam de um momento semanal de lei-tura em voz alta para a esco-

la toda (aberto aos familiares). Com tantos lei-tores entusias-mados, a ideia é que, com o tempo, todos, independente-mente da ida-de e da função,

tomem a frente do auditório para que compartilhem com os demais a aventura de em-barcar em uma história literá-ria e descobrir seus encantos.

PERFIL

“Não dávamos importância às

etapas necessárias à leitura. Hoje, as crianças têm mais

familiaridade com os livros e participam

ativamente”

imaginei que ganharia o Civi-ta novamente”, conta ela. No currículo, a coordenadora tem também dois filhos: Leonardo, 12 anos, e Juliana, 6 - dois lei-tores apaixonados. (P.B.)

LANÇAMENTO

A Editora Acatu lança “Cor-del em Arte e Versos”, de Mo-reira Acopiara. A proposta do livro é motivar o leitor a desco-brir o universo do cordel e mo-tivá-lo a conhecer a linguagem

e os meios para criar versos e ilustrar, com xilogravuras, seu próprio livreto de cordel.

Editora: AcatuFormato: 32 páginasPreço: R$ 17,00

Cordel em arte e versos

Page 10: Suplemento: Mais educação - Tablóide

MaisEDUCAÇÃOA Voz Do Povo

10 LONDRINA, DOMINGO03 DE OUTUBRO

2010Universidade

LARISSA LINDERAGÊNCIA ESTADÃO

Gisela Schilling, de 23 anos, ficou entre os dez melhores universitários da Inglaterra na área de Ciência. Ela também ficou entre os cem melhores do país, pelo prêmio Graduate 100, no qual 130 mil pessoas se inscreveram. A estudan-te que se formou em Ciência Ambiental pela Oxford Brooks University. “Não esperava nem ser indicada pela minha uni-versidade, quanto mais ganhar o prêmio.”, conta.

Os estudantes premiados participarão de um jantar este mês, em uma solenidade com empresários e representantes do governo e de setores estra-tégicos como energia. “Pude conversar com pessoas do Mi-nistério do Meio Ambiente, ter um primeiro contato. Foi muito importante para mim”, conta.

Filha de mãe brasileira e pai alemão, Gisela saiu do Brasil aos 7 anos, quando foi morar na Alemanha. Saiu de lá para Oxford em busca do curso de Ciência Ambiental que consi-derava o ideal por ser interdis-ciplinar. “Sempre me interessei pelo assunto, desde criança, e acho que é uma área que tem urgência por causa dos proble-mas ambientais que temos”.

Antes mesmo de entrar na faculdade, morou em Fortale-

za e Belém, onde trabalhou em ONGs ligadas à questão am-biental. “Escolhi ONGs do Bra-sil porque quero voltar. Sinto-me brasileira, amo este País.”

A estudante pretende atuar em organizações com projetos ligados à água. A intenção dela é trabalhar no Brasil. “É um lu-gar que amo, e acho que há muito trabalho a ser feito aí.” Os principais problemas com água no Brasil, segundo Gise-la, são a falta de saneamento e a poluição de indústrias e re-sidências.

Há apenas um mês, a es-tudante mudou-se para Lon-dres, onde começou a cursar o mestrado em Gerenciamento

de Água no Imperial College London.

PrêmioO Graduate 100 é uma ini-

ciativa desenvolvida por em-presários britânicos e univer-sidades. O prêmio identifica anualmente cem graduandos que têm perfil para serem fu-turos líderes. Eles são tidos como pessoas que terão gran-de impacto no mercado de tra-balho, em áreas consideradas importantes como negócios, mídia, arte, setor público e es-portes. Os vencedores ganham visibilidade, inclusive por meio de uma revista distribuída em empresas e ong´s de várias partes do mundo.

Brasileira fica entre os dez melhores estudantes da Inglaterra

FUTURO: Gisela, que está fora do Brasil desde os sete anos, pretende voltar para desenvolver projetos sociais

Dez dicas para você não fazer feio lá fora

Esteja aberto para novas experiências;

Inofrme-se sobre a cul-tura e costumes do país em que irá estudar e respeite.

Lembre-se de que é você que deve se adaptar ao país. Então, antes de viajar, leia sobre o local onde vai ficar, os costumes da população, o tipo de comida, etc.;

Prepare-se para o clima, levando roupas adequadas;

No exterior, aproveite para fazer amizades com quem mora lá. Agindo desta maneira, você pratica o idioma e conhece mais sobre o país;

Troca de Informação: não deixe de mostrar aos seus no-vos amigos estrangeiros um pouco sobre o Brasil. Muitos nem imaginam como é o país e todas as belezas que existem. Leve livros, fotos e o que quiser para apresentar o lugar de onde você veio, pois, certamente, eles gostarão de saber;

Procure saber o máximo possível da língua do país de des-tino antes de viajar. Mesmo assim, saiba que só a prática vai fazer com que você desenvolva a fluência no novo idioma;

Para facilitar a adaptação, escolha um lugar onde você te-nha maior chance de se adaptar com o clima e a alimentação;

Prepare-se psicologicamente para a saudade e para viver novas experiências em uma nova cultura, conviver com pesso-as de diferentes costumes, língua, clima e culinária;

Aproveite, ao máximo, o tempo lá fora. O intercâmbio é uma experiência única, uma lembrança, um aprendizado que marca a vida de todo mundo. (L.L.)

Capes abre intercâmbio entre Brasil e USAInstituições de ensino supe-

rior brasileiras interessadas no intercâmbio com instituições norte-americanas podem par-ticipar do Programa de Con-sórcios em Educação Superior

entre o Brasil e os Estados Uni-dos. O programa é uma parce-ria do MEC com o Fund for the Improvement of Post Secon-dary Education dos EUA. As inscrições ficam abertas até 30

de abril. Para participar, as uni-versidades devem apresentar projetos de consórcios institu-cionais bilaterais em qualquer área de formação acadêmica, envolvendo, pelo menos, duas

instituições de cada país. Os projetos devem ter como foco o apoio a estudantes do nível de graduação. Saiba mais so-bre o Capes-Fipse no portal: wwww.capes.gov.br (L.L.)

Foto: Lúcio Mari

Foto

: Agê

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Voz

do

Pov

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Page 11: Suplemento: Mais educação - Tablóide

SONNYBOY WILLIAMSONAgência Blues

A procura pelos cursos tec-nológicos gratuitos e a entrada dos tecnólogos no mercado de trabalho tiveram um cresci-mento surpreendente nos úl-timos anos: para se ter uma idéia, de 1998 a 2004, a quan-tidade de alunos ingressantes nas graduações tecnológicas aumentou 395%, de acordo com dados do Instituto Na-cional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira.

Trata-se, na verdade, de um reflexo da situação do mer-cado de trabalho no Brasil - se, por um lado, o mercado está saturado de bacharéis de cur-sos tradicionais como Adminis-tração e Direito, por outro, há uma grande carência de técni-cos e tecnólogos no país.

“Eu costumo dizer que os cursos de tecnologia estão ‘fi-cando na moda’. A empregabi-lidade é muito mais alta que a de um curso de bacharelado. O aluno faz o curso especifica-mente numa área que tem um apelo mercadológico grande.

Ao terminar, pode ser inse-rido nesse mercado com uma

rapidez maior e com bastante sucesso inclusive”, comenta o coordenador dos cursos supe-riores de tecnologia da Fatec, Ângelo Cortelazzo.

Na sede do Universidade Te-nológica Federal do Paraná de Londrina, além dos investimen-tos prediais, em equipamentos e no setor técnico-administrati-vo, o diretor Garabed Kenchian

dá destaque à expansão dos cursos: “Na unidade de Lon-drina, estamos expandindo as Engenharias.

Temos três engenharias, quatro licenciaturas; são áreas que apresentam uma demanda muito grande por profissionais”.

A Engenharia Civil é ofere-cida somente no vestibular do começo ano, a de Produção

Mercado para tecnólogos em altaLONDRINA, DOMINGO, 03 DE OUTUBRO, 2010 11A Voz Do PovoA Voz Do Povo Universidade

MaisEducação

Mecânica no meio do ano e a Engenharia de Controle de Au-tomação em ambos os vestibu-lares do UTFPR.

Bons saláriosDe acordo com a pesquisa

divulgada em 2009 pelo institu-to Data Folha, “a remuneração de todos os tecnólogos egres-sos apresenta uma concentra-ção na faixa de 3 a 6 salários

mínimos com remuneração média de 5,5 SMs [salários mí-nimos]”.

Outro dado da pesquisa mostra que 46,5% das empre-sas empregadoras são de gran-de porte. “No começo do curso enviei currículo para a Cum-mins e fui contratado. Estar cursando a Fatec e ter feito o curso técnico em mecânica na Etec ajudou bastante na minha contratação”, afirma Ivoney do Melo Santos, tecnólogo forma-do em Produção de Plásticos pela Fatec Zona Leste, que trabalha atualmente na mon-tagem de motores a diesel na multinacional norte-americana. “A média salarial é em torno de R$ 3.500,00”, completa.

Thais Andrade, terceira co-locada no curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas da UTFPR, confirma: “É um óti-mo curso. Já soube pelos pro-fessores que o curso é voltado para o mercado de trabalho. A Fatec tem convênio com mais de 1.800 empresas que ofere-cem estágios na faculdade. Há casos como o de uma aluna que conseguiu um estágio de R$ 2.000,00”.

UTFPR: Campus Londrina ofertará novo curso a partir de 2011: Engenharia de Materiais

Saiba como agir na hora HANA ELIZE

Agência EstadoSegundo o professor de psi-

cologia da UnB (Universidade de Brasília), Áderson Costa, “a ansiedade nessas situações pode ter até conseqüências fí-sicas, como diarréia ou dores”. Para saber como lidar com a pressão, o UOL Vestibular ou-viu especialistas e selecionou dicas de diferentes áreas.

“Tem de liberar as tensões no dia a dia, senão acumula e estoura tudo no dia do vestibu-lar”, opina a terapeuta corporal Kika Lourenço. “Um exercício simples e útil é inspirar fundo, pelo nariz, segurar um pouco o ar e soltar pela boca, suspiran-do e fazendo barulho”.

Para Costa, “terapias al-ternativas e atividades menos

convencionais são bem-vindas. Cada um encontra um jeito di-ferente para sentir-se bem”.

O psicólogo faz uma res-salva: “é importante evitar ex-cessos na semana de prova. Começar uma atividade física, como ioga ou ginástica, bem na semana de provas não é a melhor idéia. O corpo precisa de um tempo para acostumar”.

Os pais também têm pa-pel importante na preparação: “Pode parecer óbvio, mas tem família que não se lembra de que, nessa fase final, o filho precisa ainda mais apoio e atenção”, aconselha Costa.

Mudanças repentinas de humor ou irritação em excesso podem ser sinal de que o es-tresse apertou, segundo o pro-fessor de psicologia. “Aí tem de

ter calma e conversar. O pior que pode acontecer é brigar na véspera da prova”, alerta.

ComidaA alimentação também

pode ajudar o desempenho na hora de estudar. “Frituras, gor-dura e refrigerantes tornam a digestão mais lenta. O raciocí-nio, por conseqüência, também desacelera”, avisa Jane Corona, nutricionista em São Paulo.

Mais uma vez, o equilíbrio é a regra de ouro para o vesti-bulando em época de provas. “Tem de comer leve, saladi-nhas, frutas, legumes”, reco-menda a nutricionista.

Quem não consegue ficar sem refrigerante, o conselho é reduzir a dose - mas, aban-donar o consumo, só depois da prova. “Há quem vicia e largar

deerrepente pode dar crise de abstinência”, diz Corona.

O dia da prova também exi-ge cuidados. “Almoçar? Só se for duas horas antes do exame, para não dar sono”, aconselha.

“Mas não adianta ficar com fome. O ideal é um café da ma-nhã reforçado, com café, leite, frutas e pão integral”, afirma.

Para o período do exame, a recomendação é evitar balas - que elevam o açúcar no sangue de modo brusc - e refrigeran-tes, vilões da digestão. “Comer banana é uma boa. Ela é rica em potássio e o açúcar é dige-rido bem pelo organismo. Já a maçã dá a sensação de fome em muita gente”, conclui.

XÔ STRESS: segundo pscicólogo a tranqulidade e saúde em dia pode fazer a diferença durante o vestibular

Page 12: Suplemento: Mais educação - Tablóide

A criadora da escola livre Paidéia na Espanha

MaisEDUCAÇÃOA Voz Do Povo

12 LONDRINA, DOMINGO03 DE OUTUBRO

2010entrevista

FRANCIELE NAQOYAgência El País

ESPANHA - A escola livre Paideia, instituída na cidade de Mérida na Espanha funciona de forma autogerida; isto é, não segue os ostumes ou métodos da educação oficial. A respon-sabilidade é dividida em todos os aspectos; as decisões são coletivas e tomadas em assem-bléias, cada pessoa dá segun-do suas possibilidades e recebe conforme suas necessidades.

Sem o apoio do estado e de empresas privadas, são os pró-prios pais, educadores e ami-gos da escola que contribuem para o seu funcionamento.

Isso é estranho para nós, acostumados a dois modelos básicos: o estatal e o privado. Mas é por esse método gestivo que tem dado certo a mais de 30 anos que a escola Paidéia tem obtido reco-nhecimento.

O prestígio deve-se tam-bém ao bom relacionamen-to entre os alunos, pais e professo-res que já foi estudado na Université Pa-ris e até mes-mo na brasileira USP.

Apesar disso, a proposta é ousada e muito polêmica. Por isso o Mais Educação entrevista hoje esta escritora e pedagoga, professora e educadora Josefa Martin Luengo que você confe-re a seguir.

Quem forma a Paideia?Paideia está formada por

dois grupos: O Coletivo e a Cooperativa. O coletivo é com-posto por educadores e todas as pessoas que colaboram com o projeto. Já a cooperativa está composta pelas pesso-as que sustentam e ajudaram economicamente (pedidos de empréstimo, etc.) para come-çar o projeto Paideia. Algumas dessas pessoas fazem parte do coletivo de educadores e outras ainda participam em tempo in-tegral como educadores. Atual-mente são responsáveis pelos déficits que surjam na escola.

O que cada um faz?O coletivo é encarregado de

levar adiante o projeto, de ana-lisar se as coisas estão saindo como esperado ou, pelo con-

trário, se algu-ma mudança é necessária. A cooperativa, como foi dito anteriormente tem uma fun-ção de man-tenedora e colabora eco-nomicamente com a escola.

Na Paideia não há asso-ciação de pais e mestres, nem é acon-selhável que

exista porque pode dificultar o projeto ou interfererir no mo-delo educativo. Podem parti-cipar integrando-se individual-mente ao coletivo.

Os alunos participam no dia a dia, já que a el@s é dirigida a educação, mas não podem

intervir no projeto ideológico por não terem maturidade su-ficiente. (por ex.: rechaçando a assembléia, assimilando a hie-rarquia, violência, etc).

Quais são os órgãos de-cisórios?

O Coletivo Paideia. A coope-rativa só está lá fazer os paga-mentos.

Existem cargos?Existe um administrador,

mas em geral todos fazem de tudo conforme o momento.

Como admitem alunos?O projeto é amplamente ex-

plicado aos pais e mães para que não restem dúvidas a res-peito do que é a Paideia. Isso resulta em uma maior sinto-nia entre o que fazemos aqui e o comportamento dos pais e mães, já que devem saber per-feitamente o que fazemos.

Qual será o número ideal de alunos por educador?

No máximo 15. No caso dos

pequenos 8 já seriam muitos. De qualquer forma, o número de educadores deve ser sufi-ciente para controlar o espaço e não deixar sozinhos os me-nores diante de qualquer im-previsto (mudança de turnos, etc.) É necessário no mínimo de 2 adultos ainda que ainda que tenham menos de 8 crianças, tanto pelos imprevistos como para trocarem opi-niões.

Quais os valores básicos da educação de vocês?

Igualdade: Para educar e conviver. Também para dar a mesma quantidade de educa-ção a todos e assim evitar as diferenças educativas.

Solidariedade: Para que se ajudem, sejam tolerantes, pro-curem conhecer seus atos e su-perem as contradições.

Justiça: Para que cada pes-

soa tenha segundo suas neces-sidades e auxilie como puder.

Liberdade: Para gozar dela são necessários os valores an-teriormente citados.

Não violência: Educação não violenta, soluciona os pro-

blemas sem a utili-zar e ensina a com-bater a violência. Acreditamos que a educação assim irá gerar menos ins-tabilidade entre os povos, tantos nas

crianças como adultos.Cultura: Para adquirir co-

nhecimentos que os auxiliem a interpretar as coisas sem a ne-cessidade de que outros inter-pretem a realidade por eles, já que “a cultura nos fará livres”.

Felicidade: É a soma de to-dos os pontos e o objetivo final da Paideia. Ela não é entendida como a realização de caprichos mas sim como conseguir pes-

Josefa Martín Luego

“Felicidade: É a soma de

todos os pontos anteriores e o

objetivo final da Paideia”

CULINÁRIA COLETIVA: Muitas aulas são dotadas de um cunho prático e usual que tendem a mesclar a teoria e a prática necessária ao dia a dia enquanto seres humanos

Foto: Agência El País

Foto: Arquivo pessoal

Page 13: Suplemento: Mais educação - Tablóide

13LONDRINA, DOMINGO03 DE OUTUBRO2010

MaisEDUCAÇÃOA Voz Do Povo

entrevistaA pedagoga e escritora Josefa Martín Luego resume ao Mais

Educação as dúvidas mais comuns que país, mães e educadores tem sobre o funcionamento de uma escola autogerida e o método pedagógico libertário que coloca em prática há mais de 30 anos

soas com estabilidade emocio-nal, maturidade, etc.

Como se modificam e ampliam esses va-lores?

Entre os mem-bros do coletivo. Em geral não se modi-ficam esses princí-pios, só a dinâmica diária para sua con-quista e isto nota-se diariamente.

Como se resolvem pro-blemas entre: alunos, edu-cadores e de alunos frente a educadores?

Entre eles diretamente. No caso em que não seja possível na assembléia. Em todos os ca-sos é assim.

No país Vasco existem três modelos educativos:: O “A” que é em espanhol com euske-ra como assunto; o “B” que é meio a meio; e o “D” que é in-tegralmente em “euskera” com

o espanhol como assunto. E a informática, a músi-

ca, e etc?A informática se

ensina aos alunos que desejam apren-der e os ensina que os computadores são ferramentas e não um fim em si mesmos. A música também é passada se desejarem. Isso

é feito com todos os meios cria-tivos existentes. Mas geralmen-te querem saber de tudo.

Como veem as ativida-des extra-escolares?

Não de forma positiva. To-dos tem um limite. Quem ad-mitiria em seu trabalho que au-mentem a jornada? Além disso, fere pontos básicos em nossa educação como a Igualdade, já que uns teriam mais educação que outros; E a Justiça, porque não se estabelece a necessida-

de de cada um e se adquirem hábitos contrários aos quais defendemos na Paideia como a competitividade e o êxito.

Na Paideia cozinham coletivamente. Como esco-lhem o menu? E como tra-tam o vegetarianismo?

O menu de cada semana é escolhido por um grupo de alunos e os gru-pos mudam toda semana. A comida é equilibrada. E o vegetarianismo é uma opção que o aluno fará quando tiver maturidade para decidir o que quer comer. Pais não devem se meter nessa escolha deles.

Como tratam os aniver-sários, dias santos e etc.?

No aniversário eles podem celebrar na Paideia ou fora. Não é bom que se celebre nos nos dois lados pois podem se

estabelecer diferenças e cair no consumismo. Quando se ce-lebra o aniversário na Paideia, o felizardo escolhe a comida e todos juntos fazemos um bolo.

Geralmente trazem coisas para comer juntos. Quando op-tam por celebrar fora, as pes-soas maiores tem o cuidado de convidar todos de seu grupo.

Diante dos dias santos lhes dizemos a verdade. Se trazem algum jogo a escola para com-partilhar com os demais. Procura-mos evitar con-tradições entre escola e os jogos. Explicamos aos pais sobre os jo-gos não sexistas, ou bélicos, assim como vídeos inadequados e etc.

Como se distribui o tem-po de trabalho?

Cada pessoa escolhe o tem-po que quer se dedicar ao es-tudo. Geralmente depende da idade da criança. O trabalho social, isto é, fazer a comida, limpar, etc. não é obrigatório já que não devem deixar sua par-te com os demais e sim fazer o que decidem em assembléia. Algumas tarefas tem tempo para serem realizadas.

Como incenti-vam o estudo e a responsabilida-de?

Cada criança elege um com-promisso sema-nalmente, desde melhorar nos tra-

balhos sociais ou nos valores pessoais, até fazer determina-do número de lições (matemá-ticas, linguagem, etc). Se não cumpre essa meta significa que não é responsável e por isso necessita que mandem nele, convertendo-se em um manda-

do e todos podem mandá-lo fa-zer coisas. Isto não é do agrado deles e procuram sempre cum-prir seus compromissos para serem livres. Mesmo assim, as crianças tem uma curiosidade enorme que os leva a querer saber e aprender tudo.

Também existem os traba-lhos coletivos onde um adulto presta ajuda. Esses são eleitos pelo grupo, se optaram por eles devem comparecer, se não os

interessa melhor que não distraiam o resto, mas se não estão devem se dedicar. Se não há unanimidade oferecemos outras atividades, se não

for possível no mesmo dia, o mais rapido que for possível.

Finalmente existem as as-sembléias de exposição. Acon-tecem uma vez ao mês e nelas as crianças explicam individual-mente o que aprenderam. Os demais fazem perguntas, se algo não estiver claro o adulto pode esclarecer e auxiliar.

Qual a continuidade dos alunos após a Paideia?

Atualmente todos seguem estudando e o mais gratificante é que alguns continuam a visi-tar a escola mesmo não tendo mais nenhum vínculo direta-mente familiar com ela.

Há compatibilidade en-tre os métodos educativos?

Podem-se aproveitar todas as técnicas educativas desde que essas não contradigam os princípios sobre os quais se ba-seiam a escola e ajudem ao seu fomento e consecução.

Algo a acrescentar?Gostaria de agradecer e en-

viar um fraterno abraço a todos os colegas do Brasil. Quero visi-tá-los em breve e poder trocar experiências com vocês.

“O menu de cada semana é escolhido

por um grupo de alunos e os grupos mudam toda semana” “Cada pessoa

escolhe o tempo que quer se

dedicar ao estudo. Geralmente

depende da idade da criança”

AMBIENTE LÚDICO: A árvore roxa em frente a escola foi proposta dos alunos. Ambiente lúdico e aberto a intervenções aproxima o ambiente escolar e incentiva o protagonismo

“Procuramos evitar contradições entre escola e os jogos. Explicamos aos

pais sobre os jogos sexistas ou bélicos”

Foto: Agência El País

Page 14: Suplemento: Mais educação - Tablóide

MaisEDUCAÇÃOA Voz Do Povo

14 LONDRINA, DOMINGO03 DE OUTUBRO

2010crÔnica

Ela entrou, deitou-se no divã e disse: “Acho que es-tou ficando louca”. Eu fiquei em silêncio aguardando que revelasse os sinais de loucu-ra. “Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebo-las, os tomates, os pimentões - é uma alegria! Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aqui-lo que já fizera centenas de ve-zes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aque-les anéis perfeitamente ajusta-dos, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar ven-do a rosácea de um vitral de catedral gótica. De repente, a cebola, de objeto a ser comi-do, se transformou em obra de arte! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os to-mates, os pimentões... Agora, o que vejo me causa espanto.”

Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levan-tei, fui à estante de livros e de lá retirei as “Odes Elementa-les”, de Pablo Neruda. Procurei a “Ode à Cebola” e lhe disse: “Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda dis-se de uma cebo-la igual àquela que lhe causou assombro: ‘Rosa de água com es-camas de cristal’. Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta... Os poetas ensinam a ver”.

Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os

olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora apare-ce refletido do lado de dentro.

Mas existe algo na visão que não pertence à física.

William Blake sabia disso e afirmou: “A árvo-re que o sábio vê não é a mesma

que o tolo vê”. Sei disso por experiência. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça arden-te: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto da minha casa de-cretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa por-que ele sujava o chão, dava mui-to trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.

Adélia Prado disse: “Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra”. Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu vi-rou poema. Há muitas pessoas

de visão perfeita que nada vêem. “Não é bastan-te não ser cego para ver as ár-vores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os

rios”, escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pes-soa. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido. Nietzsche sabia e afirmou que a primeira tarefa da educação

é ensinar a ver. O zen-budismo concorda, e toda a sua espi-ritualidade é uma busca da experiência chamada “satori”, a abertura do “terceiro olho”. Não sei se Cummings se ins-pirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu: “Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram”.

Há um poema no Novo Testamento que relata a ca-minhada de dois discípulos na companhia de Jesus res-suscitado. Mas eles não o re-conheciam. Reconheceram-no subitamente: ao partir do pão, “seus olhos se abriram”. Vini-cius de Moraes adota o mesmo mote em “Operário em Cons-trução”: “De forma que, certo dia, à mesa ao cortar o pão,

o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar as-sombrado que tudo naquela mesa - garrafa, prato, facão - era ele quem fa-

zia. Ele, um humilde operário, um operário em construção”.

A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guar-dados. Se os olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usa-mos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas - e ajustamos a nossa ação. O ver se subordina ao fazer. É ne-cessário mas muito pobre. Os olhos não gozam.. Mas, quan-do os olhos estão na caixa dos brinquedos, se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo.

Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os

Por RUBENS ALVES

olhos dos adultos. Os olhos que moram na caixa dos brin-quedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras. Alberto Caeiro disse ter apren-dido a arte de ver com um me-nininho, Jesus Cristo fugido do céu, tornado outra vez crian-ça, eternamente: “Ensinou-me tudo. A olhar para as coisas. Aponta-me as flores. Mostra-me como as pedras são engra-çadas quando a gente as têm

na mão e olha devagar”.Por isso - acho que a pri-

meira função da educação é ensinar a ver - eu gostaria de

sugerir que se criasse um novo tipo de profes-sor, um profes-sor que nada teria a ensinar, mas que se de-dicaria a apontar

os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidia-na. Como o Jesus menino do poema de Caeiro. Então a sua missão seria partejar os “olhos vagabundos”...

A complicada arte de ver

“Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca

havia visto uma cebola”

“Isso é estranho porque os olhos,

de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão

científica”

“Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os

olhos dos adultos. Os olhos que moram na

caixa dos brinquedos, das crianças”

“gostaria de suge-rir que se criasse um novo tipo de profes-sor, um professor que nada teria a ensinar, mas..”

Ilustração: Raul Airon

Page 15: Suplemento: Mais educação - Tablóide

MaisEDUCAÇÃOA Voz Do Povo

serviço15LONDRINA, DOMINGO

03 DE OUTUBRO2010

OPORTUNIDADES

Cursos de formaçãoEducação para a pazA a ONG Educadores para a Paz do RS, abriu inscrições gra-

tuidas para o curso de capacitação de educadores sociais com duração de 3 meses. As aulas serão realizadas as terças e quintas, das 19h às 21h no vila cultural Alma Brasil. As vagas são limitadas e os interessados podem se inscrever pelo telefone 3324-7557.

Capacitação em rádio comunitária na UELA Universidade Estadual de Londrina por meio da especiali-

zação em Comunicação Comunitária convida os interessados em radiodifusão comunitária a participar dos 4 encontros abertos que serão realizados durante o mês de outubro deste ano. Serão to-dos os sábados do mês, das 14h as 16h no anfiteatro do centro de ciências humanas. Serão abordados os temas: Função e fun-cionamento, legislação e autorga, equipamentos e tecnologia e no úlimo encontro línguagem radiofônia e comunicação popular.

SESC oferece curso de informática básicaO Sesc Londrina localizado na rua Fernando de Noronha ofe-

rece curso de informática básica para professores e alunos da rede estadual e municipal de ensino. Serão 4 turmas divididas por faixas etárias. Os interessados devem comparecer ao Sesc até o próximo dia 10 portando documentação pessoal e escolar para efetuarem a inscrição.

ConcursosPrefeitura contrata professoresA prefeitura de Londrina irá abrir concurso para professores da

rede municipal de ensino. As inscrições iniciam no dia 5 inscrições e vão até dia 15. Poderão se inscrever profissionais formados nas seguintes áreas: Sociologia, história, filosofia e português. Mais informações no site: www.Londrina.pr.gov.br

UTFPR adia divulgação do resultado do concursoA UTFPR adiou por uma semana a publicação do resultado

final do concurso para professores de engenharia ambiental. O motivo, segundo a instituição, é um problema técnico no site do concurso que já está sendo corrigido. O resultado será publicado no próximo dia 9 em: http://www.utfpr.edu.br/

Mercado de trabalhoColégio seleciona arquivologistasO colégio particular Maxi, localizado na Duque de Caxias, está

selecionando profissionais formados em arquivologia para três no-vas vagas. Os interessados devem enviar curriculo para o email: [email protected]

Estagio em educaçãoA ong Mais Viver, com sede em ibiporã, necessita de dois es-

tudantes que estejam ao menos no terceiro ano de pedagogia para auxiliar no planejamento didático de seus cursos. Deseja-se que os candidatos tenham interesse em permanecer trabalhando na instituição após a conclusão do curso. Os interessados devem enviar currículo profissional para: [email protected]

Instrutores de informáticaA editora Voz do Povo está selecionando dois instrutores de

informática básica para trabalhar em projeto social na zona norte. Interessados entrar em contato pelo telefone: (43)99602683

CINEMA E EDUCAÇÃO

A língua das Mariposas é educativo

RAVI JAGANATHAIr a escola pela primeira

vez é desafiador às criança. Não importa a idade, o país e o contexto. A superação da in-segurança requer alguns dias. Nessa adaptação a criança faz colegas, compreende a dinâmi-ca escolar e trava o primordial contato com o professor.

Nesse aspecto, a figura do professor é definidora não só na adaptação. Os mestres res-pondem pela própria paixão a ser despertada nos infantes. Parte deles toda a energia vi-tal que, necessariamente, con-tagia os alunos e faz com que eles não apenas se sintam bem na escola, mas também, que alimentem certa paixão pela aprendizagem.

José Luiz Corda, cineasta espanhol, retratou com gran-de êxito, os primeiros passos do menino Moncho (Manuel Lozano), de sete anos, nessa grande aventura de ingressar na escola, através de seu filme “A Língua das Mariposas”.

O filme tem como foco a relação professor-aluno. Esta-belece a imagem do professor humano, caloroso, próximo e paciente. Nos mostra a atitu-de do profissional da educação como aquela do erudito, que lê, pesquisa, conversa regular-mente com muitas pessoas e é admirado pela comunidade.

Mais que teorias, ele ensi-na a seus alunos novas postu-ras perante o mundo, onde as pessoas devem se respeitar, ter sensibilidade e jamais abando-nar seus ideais.

SinopseA vida do pequeno Pon-

cho está começando. Entrou na escola do bom professor Gregório, fez amizades e po-derá excursionar com a banda de seu irmão mais velho. Mas nem tudo são flores. Mas quan-do seu pai e seu professor se envolvem na Guerra Civil Espa-nhola e a trama se aprofunda.

Ficha técnica Gênero: Drama Origem/Ano: ESP/1999 Duração: 96 min Direção: José Luís Cuerda

AGENDA EDUCATIVA

Teatro educativo é destaque neste final de semana

O cineclube Kinoarte exibi-rá o filme “O milagre de Ann Sullivan“. Produzido em 1962 é um clássico, com 2 horas de duração, que fatorou 2 oscars e conta a relação comunicacional que se da entre uma dedicada professora e uma aluna surda.

Local: Rua Uruguai, 298Data: Quinta-feira, 20h

A Universidade Estadual de Londrina promove o sexto con-gresso estadual de estudos da educação. O enfoque deste ano será a utilização de novas práti-cas como formas de superar as dificuldades no ensino.

Local: Campus da UELData: Começa hoje as 19h

e se encerra no sábado.

Kinoarte exibe “O milagre de Ann Sullivan”

UEL promove sexto congresso

de educaçãoO Fábrica de Teatro do Opri-

mido de Londrina irá apresen-tar um espetáculo gratuito com enfoque educativo neste final de semana. “Ladrão de jornais” será apresentada fala sobre os entraves em obter acesso ao conhecimento.

Local: pç. Tomi NakagawaData: Sábado as 17h

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Page 16: Suplemento: Mais educação - Tablóide

MaisEDUCAÇÃOA Voz Do Povo

16 LONDRINA, DOMINGO03 DE OUTUBRO

2010

A água das chuvas, rios e mares é a alegria de muitas plantas e animais!

+Ezinho!

COLORIR

Ezinho foi para a escola e choveu!

CRUZADINHA

A água é a casa de muitos animais: Ajude Ezinho a conhecer alguns escrevendo abaixo

o que significa cada um destes desenhos:

LABIRINTO

Torneira aberta: Ajude Ezinho a evitar o desperdício: