SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - STF · VISITA ÀS INSTALAÇÕES DA SUPREMA CORTE DE JUSTIÇA. Neste dia, a Sra. Ethel Mercadal nos buscou no hotel e nos levou ao Palácio de Píria, onde

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

PROGRAMA JOQUIM NABUCO

2º SEMESTRE – OUTUBRO DE 2014

SUPREMA CORTE DE JUSTIÇA DO URUGUAI

Montevidéu, 13 de outubro de 2013

Riva Van Denborgh de Thuin

Supremo Tribunal Federal

RUMO A MONTEVIDÉU

Saímos de Brasília às 09h13minh com destino a Montevidéu. Fizemos uma escala em

Porto Alegre, onde pegamos o vôo 1816, às 13h48min, rumo ao destino final, Montevidéu.

Ao chegar a Montevidéu, fui surpreendida pelo tamanho e beleza do aeroporto.

Imaginava o Aeroporto Carrasco um aeroporto pequeno e simples. Interessei-me sobre o

aeroporto e fiz uma pequena pesquisa. O Aeroporto de Carrasco foi desenhado pelo arquiteto

uruguaio Rafael Viñoly e inaugurado em 29 de dezembro de 2009. Tem um desenho arrojado,

curvo, parecendo uma cúpula e extremamente iluminado. Como todo aeroporto, tem, em uma

de suas paredes, relógios marcando as horas de vários países, entre eles: Paris, Londres, Tóquio,

Madrid, Zurich e São Paulo.

Desembarcamos e fomos atendidos pelos simpáticos servidores da Aduana Uruguaia.

Depois de tudo ok, fomos obrigados a passar pela linda loja Dutty Free. Ao sairmos, logo

avistamos a Sra. Ethel, que nos recepcionou e nos acompanhou até o hotel. No caminho, nos

falava um pouco sobre a cidade. Ficamos próximos a La Rambla, no hotel Palm Bech.

Rambla é a Avenida que rodeia Montevidéu, está às margens do Rio de la Plata. Quando

a Sra. Ethel nos disse que não era mar, eu não acreditei. O rio é tão largo, que não dá para ver a

margem do outro lado, parecendo-me um grande mar. As Ramblas estão para os Uruguaios

como os calçadões das praias do Rio de Janeiro estão para os cariocas. É um lugar gostoso para

caminhar, ver o por do sol, correr e até tomar um chimarrão.

Chegamos ao Palm Beach, onde a Sra. Ethel nos entregou o roteiro de nossa visita ao

Uruguai. Despediu-se, dizendo que retornaria no dia seguinte para nos buscar.




VISITA ÀS INSTALAÇÕES DA SUPREMA CORTE DE JUSTIÇA.

Neste dia, a Sra. Ethel Mercadal nos buscou no hotel e nos levou ao Palácio de Píria, onde

se localiza a Suprema Corte de Justiça do Uruguai (Suprema Corte de Justicia Del Uruguay - SCJ).

Ao chegarmos, nos contou um pouco da história do Palácio. Esse palácio foi construído

para ser a residência de Francisco Píria, onde morou com sua família. Ao entrarmos no Palácio,

nos defrontamos com um hall suntuoso, onde havia uma escultura, uma escadaria com tapetes

vermelhos e, nas laterais da escadaria, um painel com fotos dos Ministros da Suprema Corte de

Justiça. Nesse hall, há eventos, como a entrega de medalhas a funcionários que cumprem trinta

ou cinquenta anos de serviços. O nosso companheiro de viagem, Cláudio, perguntou qual seria o

limite de idade para o serviço, e a Sra. Ethel nos respondeu que até os setenta anos de idades,

podendo continuar, após ser solicitado, em um cargo de confiança, não havendo, assim, nenhum

limite de idade, desde que seja autorizado. Falou-nos sobre as esculturas, sobre o piso, as cores.

O verde significa abundância.

Fomos à sala dos magistrados, onde se recebe autoridades estrangeiras, embaixadores,

onde se firmam convênios, entrevista com os Ministros. Nesta sala, há um quadro onde o

original se encontra no Museu do Louvre, em Paris. Há uma porta que não conduz a nenhum

lado, falsa, para dar a impressão de que haveria mais se passássemos por ela. Segundo

historiadores, Píria foi à França, visitou palácios, gostou da ideia, trazendo-a para o Uruguai.

REUNIÃO COM O SENHOR FERNANDO RAÚL TOVAGLIARE

O Senhor Fernando Tovagliare é Secretário Letrado da Suprema Corte de Justiça. Ele nos

presenteou com um livro Centenário de La Suprema Corte de Justicia (1907-2007). Perguntou-

nos se havia algo mais que gostaríamos de conhecer que não estivesse no roteiro, colocando-se

à disposição para nos atender no que fosse necessário.

Fez uma breve explanação sobre a competência e estrutura da Suprema Corte de Justiça.

A Suprema Corte de Justiça é composta por cinco Ministros, os quais são indicados pela

Assembleia Especial, por uma maioria de dois terços, quando há vaga. Ficam pelo período de dez

anos ou até 70 anos de idade. Caso não haja nenhuma indicação do Parlamento, o magistrado

mais antigo do Tribunal de Apelação ocupa a vaga. É um órgão único e colegiado.

Para ser Ministro da Suprema Corte é necessário que se tenha mais de quarenta anos,

cidadania Uruguaia e exercer mais de dez anos a função jurídica ou mais de 25 anos no exercício

jurídico, ser advogado (10 anos), e haver exercido, com essa qualidade, a judicatura ou o

Ministério Público e fiscal por oito anos.

Competências Jurisdicionais: Além do controle de constitucionalidade das leis, possui

diversas competências, dentre elas as questões administrativas, legislativas e jurisdicionais.

A competência jurisdicional: julga todos os infratores da Constituição, sobre crimes

contra direito das pessoas e causas de almirantado, questões relativas a tratados, pactos e

convenções com outros Estados.

A declaração de inconstitucionalidade das leis: Sempre que se aplicar uma lei ou norma

que tenha força de lei, em qualquer procedimento jurisdicional, pode-se promover a declaração

de inconstitucionalidade.

Conhecer os recursos de cassação em matéria penal e em matéria não penal interpostos

contra as sentenças de segunda instância pelos tribunais de apelação, assim como por julgados

letrados de primeira instância, que se reúnem na existência de uma infração ou aplicação

equivocada da norma de direito.

Proteção da autonomia departamental; dirimir as contendas de competência levantadas

entre os tribunais do Poder Judicial; visitar anualmente os presídios e conceder a extinção do

pena.

É outorgada a função de exercer a superintendência diretiva, corretiva, consultiva e

econômica sobre os tribunais, juizados e demais órgãos do Poder Judicial. Fazer propostas de

reajuste de proventos do Poder Judicial e remetê-los ao Poder Executivo para aprovação. É o

órgão superior da administração de todos os juizados e tribunais. Controla todas as atividades e

tem autoridade corretiva, é controlador jurisdicional em matéria penal.

Compete a Suprema Corte de Justiça também a designação de todos os juízes e

magistrados dos Tribunais de apelação - nesse último caso, com a autorização do Senado -, e

todos os funcionários.

A Corte se reúne três vezes por semana. Pode se reunir extraordinariamente, quando for

convocado por seus membros e presidente, ou a pedido de um de seus membros. Nessas

reuniões, eles dispõem sobre as deliberações necessárias, adotam resoluções que podem ser

administrativas ou jurisdicionais.

No Uruguai, existem vários tribunais que tratam de várias matérias: matéria penal,

matéria civil, matéria de família, matéria trabalhista. Sete têm competência em matéria civil,

dois em matéria de família, quatro em trabalhista e quatro em matéria penal. Cada um dos

tribunais de apelação se compõe de membros. É indispensável a presença de todos os membros

do tribunal e são necessários três votos para formalizar as sentenças definitivas. Os juizados de

paz podem estar dentro do interior, dentro dos limites territoriais do juizado letrado de primeira

instância. Na primeira instância, estão os assuntos contenciosos, civis, comerciais e de

propriedade, cujo valor seja superior a 180 mil pesos e que não exceda a 330 mil pesos. E

juizados de paz de cidades, vilas, povo do interior: Única instância, de assuntos contenciosos,

civis, comerciais e fazenda até 81 mil pesos e 180 mil pesos; os Juizados de Paz Rurais não

podem ultrapassar 81 mil pesos.

Qualquer pessoa que se considerar prejudicada em seu direito pessoal ou legítimo

poderá ingressar com uma declaração de inconstitucionalidade na Suprema Corte de Justiça,

sempre com um advogado. Portanto, só poderá ocorrer em um caso concreto e a decisão só

valerá para a parte envolvida no processo. O prazo para julgamento de uma ação de

inconstitucionalidade é aproximadamente de seis meses.

A Suprema Corte de Justiça tem como competência originária julgar todos os infratores

da Constituição; Direito de Gentes e causas de Almirantado, tratados, pactos e convenções com

outros Estados, causas diplomáticas.

Falou-nos sobre a Suprema Corte: Cinco Ministros, eleitos pela Assembleia Geral, com

aprovação de dois terços do total dos seus componentes. Se o Senado não o nomear no prazo

de 90 dias, a Suprema Corte designará o Juiz mais antigo dos Tribunais de Apelação. Podem

exercer o cargo por dez anos ou quando completar 70 anos de idade. Para que possa assumir

novamente o cargo, deverá esperar por cinco anos, para poder candidatar-se novamente. Para

ser Ministro é preciso ter quarenta anos de idade, estar dez anos em exercício, vinte e cinco

anos de residência no País, além de ser advogado, ter exercido a magistratura ou o Ministério

Público por oito anos.

Tribunais de Apelação – Segunda Instância – Revisão de sentenças proferidas pelos

juizados letrados. Tem a composição de três Ministros que são designados pela Suprema Corte

de Justiça, não havendo interferência políticas.

Juizados Letrados – Primeira Instância – Matéria civil; trabalho; aduana; menores, família;

família especializada (violência doméstica); contencioso administrativo; penal, penal

especializado; contencioso administrativo. Interior: Cuidam de matéria penal, trabalhista,

aduana, civil, comercial, de fazenda, família e menores. Há juizados de Paz Departamentais da

capital; Juizados de Paz Departamentais do Interior, Juizados de Paz das Cidades, vilas ou

povoados do interior e Juizados de Paz Rurais.

Justiça Militar é desempenhada pelo Poder Executivo. Julga delitos militares.

JURAMENTO DOS ADVOGADOS E ESCRIVÃES

Após a reunião com o Senhor Fernando Tovagliare, a Senhora Ethel nos levou para a sala

onde bacharéis em Direto e Escrivães prestam o compromisso. Trata-se de um ato solene, onde

os bacharéis receberão a autorização para advogarem.

Os Ministros entram e tomam assento. Logo após, os bacharéis, pelo corredor da sala,

sentam-se a frente dos Ministros. O Secretário, Senhor Fernando, lê o termo, e, após, os

advogados prestam o juramento. Os Ministros se levantam e cumprimentam cada bacharel

juramentado e saem. Os bacharéis, agora advogados, assinam o termo de compromisso. Esta

sessão é composta dos cinco Ministros da Suprema Corte de Justiça.

VISITA À BIBLIOTECA

Fomos à biblioteca da Suprema Corte de Justiça, onde fomos recebidos por três

servidoras. A Chefe nos disse que onde estávamos seria parte da biblioteca. Que ali se

encontravam os livros mais usados pelos Senhores Ministros. Se houvesse necessidade de outros

livros, buscariam em outra sala. Nosso colega Cláudio teve a oportunidade de entregar a nova

Constituição Brasileira, e teve a oportunidade de receber um exemplar da Constituição

Uruguaia.




VISITA AO PALÁCIO DOS TRIBUNAIS

A Senhora Ethel no aguardava no Palácio de Píria, para que pudéssemos ir ao Palácio dos

Tribunais (Palácio de los Tribunales). Este palácio localiza-se em frente ao Palácio de Píria. A

Senhora Ethel nos falou sobre o restaurante – Café Tribunales -, que fica à esquerda do hall. Esse

café é uma concessão, assim como o restaurante do Supremo Tribunal Federal. Neste edifício,

encontra-se o Centro de Estudos Judiciais, escola onde se prepara para ser juiz, localiza-se no

último piso. Todos os andares são iguais. Do segundo piso para cima são tribunais.

ORDA

A ORDA – Oficina de Recepção e Distribuição de Assuntos, é um setor onde se recebe

todos os expedientes, faz a juntada de documentos e fornece informações aos advogados.

A Senhora Adriana Zunino, nos recebeu e mostrou um pouco sobre como funciona a

oficina. Quando um advogado procura o Poder Judicial para ingressar um assunto novo, como

por exemplo o divórcio, assuntos trabalhistas, deverá passar por lá primeiramente, deverá

ingressar, somente em Montevidéu, por escrito, com dados básicos. Inicia-se um turno, com um

número de expediente. Depois, o servidor estuda a matéria, e o advogado acompanha o

processo. Os feitos são distribuídos, por assuntos, em toda Montevidéu: família, trabalhista...

Em Montevidéu, as causas são divididas em turno; no Brasil, em Turmas. São vinte e oito

turnos na área de família. O sistema de distribuição é aleatório, significa por sorteio, para que

tenham a mesma quantidade de processos e a mesma quantidade pela complexidade de

assunto. Cada assunto tem uma carga diferente. Todas as matérias passam pela ORDA, com

exceção julgamentos de adolescentes maiores de treze anos; família especializada – violência

doméstica, menores em situações de risco, de vulnerabilidade. Não passam também matérias

relativas à aduana. A penal, quem tem um sistema duplo: sistema de denúncia com a seccional –

a polícia comunica para o turno, ou pode vir fazer a distribuição. O que vem para distribuição

são denúncias de instância à parte – delito econômico, crime organizado.

No interior, não existe a ORDA, são preenchidas fichas, planilhas e essas são transferidas

para Montevidéu. Todas as ações precisam de advogados. Já com relação à lei de proteção ao

consumidor, relativo a uma quantia menor de oitenta mil pesos, não precisa de advogado. O

Ministério faz uma conciliação, citação, para tratar com as partes. Se não vierem a fazer uma

conciliação, vão para o juízo de paz. Preenchem um formulário, que é bastante exigente,

ingressam na ORDA para o sorteio. Aí, sim, precisará de um advogado. Quando a parte não tem

dinheiro para pagar, o Estado providencia um defensor. Após o ingresso da petição inicial, o

assunto sai com um número de expediente, que recebe o nome de IUE – Identificação Única de

Expediente, que é gerado automaticamente conforme a matéria, o local de interposição. Essa

identificação é única, não se repete, como se fosse um documento de identidade do processo.

Esse expediente, antigamente, trocava de numeração de acordo por onde passava. A

partir de 2011, todos os expedientes tornaram-se eletrônicos, simplificando todo o sistema de

localização, processos conexos, etc. Depois da Lei de Informação, saiu uma resolução

estabelecendo que toda pessoa poderá vir à ORDA e requerer informação de qualquer processo,

desde que preencha um formulário ou que o assunto não seja reservado, não havendo a

possibilidade de ser feito pela internet. A consulta só pode ser feita pelo número. A informação é

pública. Não há a interposição de processos eletrônicos, conforme no Supremo Tribunal Federal,

é obrigatório passar pela ORDA. Aqui, tivemos a oportunidade de falar sobre o sistema

eletrônico existente no Supremo Tribunal Federal.

Após a explanação sobre a ORDA, tivemos a oportunidade de conhecer o sistema e

acompanhar o atendimento a uma advogada, que pedia informações sobre a localização do

processo - estava com prevenção a outro processo que lá se encontrava -, e que ingressava

também com uma nova petição. A pesquisa foi feita e, após a localização do processo, a

advogada foi orientada para levar a petição ao julgado, pois se tratava de um processo de

família. Por essa razão, não foi distribuído para qualquer outro julgado.

DIVISÃO DE COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL

Em seguida, fomos à reunião marcada com o Senhor Raul Y. Oxandabarat, diretor da

Divisão e Comunicação Institucional. Porém, antes de nos dirigirmos à reunião, passamos pelo

Departamento de Relações Públicas e Protocolo, Divisão da Senhora Ethel trabalha, e

conhecemos as três servidoras que ali se encontravam e que nos receberam muito bem. Ao

seguirmos para a reunião, fomos apresentados às Senhora Secretárias da divisão.

O Senhor Raúl é advogado e Juiz Letrado. Tem, atualmente, a função de porta-voz,

Assessor de Imprensa, relações públicas da SCJ e é responsável pela comunicação institucional

da Suprema Corte de Justiça.

Explicou sobre as atividades relacionadas ao seu setor, destacando a importância da

assessoria junto à imprensa, à população, devido a resultados de julgamentos de repercussão

geral. Das suas funções, a mais importante é levar ao povo, imprensa, a linguagem jurídica de

forma simples, para que haja uma maior compreensão do que os Ministros julgam.

Falou-nos sobre a composição da Corte (cinco Ministros), que é eleita por Assembleia

Geral (art. 236 da Constituição Uruguaia), sobre a organização interna e competências da SCJ. As

sessões de julgamento não são públicas, por essa razão não há a presença também dos

advogados, só podendo haver a presença, a sustentação do advogado nos casos de

inconstitucionalidade. Já no caso de violação à Lei de Imprensa, as sessões serão públicas. Os

registros das sessões são feitos pelo Secretário da Ata, não havendo, assim, a presença dos

taquígrafos. Os julgamentos deverão ter a maioria de votos, e o Ministro que estiver em

desacordo poderá alterar seu voto na própria sessão ou até a decisão final da Corte. Caso não

ocorra a maioria, haverá um sorteio entre os Magistrados dos Tribunais de Apelação para que

possam obter o voto desempate. Falou-nos sobre o Código Geral de Processo, que é visto como

Código modelo.

Referiu-se ao artigo 7º do referido Código. Disse-nos que publicidade, por si só, é uma

garantia de devido processo, mas deve ser reparado, sobretudo nos excessos que podem levar

quando ele não é usado com cautela e moderação. É que o fato de existir uma tendência para o

uso dos procedimentos públicos como notícia, não só no sentido informativo, mas sim por

explorar a curiosidade do público, constitui um risco à justiça.

Esta regra está relacionada com o art. 123, que impõe aos secretários e escriturários o

dever e a obrigação de dar, a qualquer pessoa que o solicite, os expedientes em trâmite ou já

arquivados, salvo se estiverem pendentes de execução.

Há algumas exceções:

Processos civis: razão de segurança, moral, ou em proteção da pessoa.

Limites da publicidade: Divórcio, separação de corpus, perda do pátrio poder,

adoção

Âmbito Penal: A primeira etapa é reservada, para evitar possível frustração das

provas a serem produzida. Proteger a honra do investigado

A exclusão da imprensa e do público: Por considerações de moralidade, ordem

pública ou segurança nacional.

Lei de Imprensa: Proibição de divulgação de ações, documentos ou declarações

relativas a processos de filiação ilegítima, impugnação ou contestação do estado

civil, adultério e outros motivos para o divórcio, ou os processos relacionados a

delitos contra o pudor e a decência

Delitos sexuais: Previstos nos art. 266, 267 e 268 do CP (rapto); 272 (violação),

273 (atentado violento ao pudor), 274 (corrupção); 275 (estupro) e 276 (incesto).

Proibição de identificar adolescentes infratores.

Drogados: Proibição de difundir, por quaisquer meio, nomes e retratos ou

ocupações que sirvam para identificar os drogados.

As principais funções da Divisão de Comunicação Institucional: Organizar, dirigir,

coordenar as unidades hierarquicamente dependentes; assessorar a Corporação em relação ao

conjunto das atividades anuais no que diz respeito à formação da imagem e estratégia o

institucional; elaborar estratégia institucional de relacionamento permanente com os meios de

difusão (imprensa escrita, rádio, televisão, internet, boletins internos); elaborar estratégia de

relacionamento com organismos públicos e Poderes do Estado, associação de funcionários

técnicos e não técnicos e instituições privadas; consultar e coordenar com as unidades

jurisdicionais quando necessário emitir informações a respeito de situações pontuais, de alguma

jurisdição que assim requererem, entre outras.

Principais funções do Departamento de Relações Públicas e Protocolo: Planificar,

organizar e executar aquelas atividades de protocolo e cerimonial relativas aos atos oficiais da

Corporação; colaborar com a execução das atividades relativas à estratégia funcional de

relacionamento com os demais Órgãos Públicos e Poderes do Estado; assistir aos Ministros na

Organização e gestão dos trâmites necessários para realização de viagens o exterior; organizar

logística e insumos daqueles eventos decididos pela Suprema Corte de Justiça e sua realização

na Seda da SCJ como fora da mesma; organizar e coordenar com o pessoal do Departamento de

transporte as atividades vinculadas com as visitas dos Senhores Ministros às prisões pelo interior

do País; lidar com as despesas de viagem, acomodação e outros insumos necessários para o bom

cumprimento e as tarefas da unidade.

Principais funções da Seção de Informação ao Público: Fornecer informações e

orientações telefônicas aos usuários do Poder Judicial, contribuindo ao eficaz cumprimento de

sua missão; recolher essa informação e frequentes consultas que ainda não estão incorporadas

no banco de dados e que contenham prévia autorização das autoridades competentes; receber,

registrar e levantar sugestões que o público coloca e propor melhorias que resultem benefício

nos serviços; coordenar a manutenção do software e hardware designado para o serviço, com

a divisão de informática e tecnologia; promover uma boa imagem da instituição, através do

correto cumprimento de suas funções.

Contou-nos sobre dois casos: O de um menor que cometeu um crime e que ele não podia

ser penalizado, e quem respondeu penalmente foi a mãe, pelo crime de abandono; e outro de

uma juíza, num caso de apreensão de dinheiro provindo de contrabando, que depositou o

dinheiro recebido em sua conta corrente.

Entregou-nos alguns materiais sobre a composição Organização do Poder Judicial.




AUDIÊNCIA COMPLEMENTAR CIVIL 3ª – DRA. KELLAND

Neste dia, nos direcionamos à Suprema Corte de Justiça para nos encontrarmos com a

Sra. Ethel, que nos levou à sala da Dra. Kelland, Juíza Letrada do 3º Turno da Capital. Fomos

muito bem recebidos. Apresentou-nos a seus funcionários, mostrou-nos todas as instalações

onde trabalhavam e nos encaminhou à sala de audiência. São cinco juízes por andar. Porém, o

juizado onde ela atua é ocupado por duas juízas, e as duas têm os mesmos funcionários. O

processo ordinário tem duas audiências: Uma preliminar, para conciliação (princípio básico), se

não houver, parte-se para a complementar, onde ouvirão as testemunhas, trazer provas, para,

depois da complementar, com prazo a cumprir (30 dias), darem a sentença. Se esse prazo não

for cumprido, haverá uma penalização ao juiz. Levou-nos à sala de audiência. Nesta sala,

encontrava-se a secretária da Doutora Kelland, a qual faz todos os registros ocorridos no

julgamento. Fez-nos um breve relato do julgamento daquele dia: Seriam ouvidas as testemunhas

de um caso em que houve transações entre particulares e uma casa de câmbio. A autora alega

que a casa de câmbio devia uma quantia a alguns títulos apresentados e que não foram pagos

pelo valor acertado. Disse-nos que casa de câmbio não reconhece essa dívida, que realizou a

operação foi um ex-funcionário. Esse ex-funcionário assumiu, foi julgado em ação penal,

cumpriu a pena.

Iniciou-se o julgamento, onde participaram somente os advogados das partes, os quais

entregaram as alegações finais. Tentou-se um acordo, o qual não foi realizado. A Doutora

Kelland, após uma leitura rápida, marcou a data para a sentença definitiva.

O que achei interessante é que, depois de ouvidas as testemunhas, a Dra. Kelland decidiu

fazer uma inspeção judicial na casa de câmbio. Convocou os advogados, alguns estagiários que

ali se encontravam, enfim, todos os presentes na audiência para que fossem testemunhas dessa

inspeção. E imediatamente partiram em direção à casa de câmbio. Pediu a todos que tivessem

celular que fotografassem e registrassem tudo que encontrassem de estranho ou que tenham

ouvido em algum dos depoimentos das testemunhas.




JUIZADOS DE CONCILIAÇÃO – DRA. TOYOS.

Mais um dia. A Senhora Ethel nos buscou no hotel para irmos ao Juizado de Conciliação

do 3º turno.

Ao chegarmos, fomos atendidos pela simpática Secretária da Dra. Marta Toyos e que nos

encaminhou para a sala de audiências.

A Doutora Marta, Juíza de Conciliação do Terceiro Turno, fez-nos uma breve explanação

sobre o funcionamento do Juizado de Conciliação. Disse-nos que está constantemente buscando

conciliação entre as partes, sempre de uma forma consensual. Neste Tribunal, a conciliação é

obrigatória constitucionalmente. Todos os juízos civis têm que passar pela conciliação, com

exceção dos que tratam das questões de família, menores e penal. Na matéria comercial, tudo

passa pela conciliação, com exceção falência e concordata, há juizados especializados. De agosto

para cá, o Estado tem de cumprir o requisito conciliador. As conciliações são tentadas por juízes

especializados, são advogados e juízes na capital. No interior, são os juízes de paz. Na etapa

conciliatória, não compromete as partes. É uma audiência onde se encontram os advogados e o

juiz. Podem fazer inclusive algumas audiências só com uma das partes e o advogado; sem o

advogado, etc. Nunca utilizou essa técnica. O convênio conciliatório tem o mesmo valor de

sentença executória. É obrigatória e vai diretamente à via de execução - título de execução.

Desde o ano de 2002, quando foram criados quatro juizados de conciliação, os advogados

pegaram bem os procedimentos de acordarem as partes neste tribunal. Quase que 95% dos

procedimentos, visto da ótica de um juiz de conciliação, são questões de prova, não são

questões de puro direito, o que facilita a tarefa do conciliador. Para que uma prova tenha fé,

por ter data certa, tem que estar autenticado por escrivão, que dá fé pública. O processo civil no

Uruguai é dispositivo, por isso, só as partes podem apresentar as provas. Nas questões de

família, de menores, tem poder inquisitivo para averiguar a verdade. No código de

procedimento civil, há uma norma que diz que todas as coisas que tenham relação com matéria

social, o juiz pode pedir prova para averiguar a verdade. Corre-se o risco de não ser imparcial,

porque se uma parte não apresentou prova por imperícia de advogado, ou por que não quis,

causa insegurança. Os peritos são todos particulares, salvo para os casos em que têm declaração

de pobreza, ou para os que são assistidos pela defensoria pública, o Estado dará assistência; ou

pela Faculdade de Direito, que também é gratuita, caso contrário todos os peritos serão pagos.

Tivemos a oportunidade de assistirmos a uma audiência, onde uma Senhora pleiteava

que a arquiteta que construiu sua casa a ressarcisse de prejuízos ocorridos na obra: Obra

inacabada, infiltração no teto, pisos e etc. Esse prejuízo estava calculado em quatro mil dólares,

mais dois mil dólares por danos morais, totalizando seis mil dólares. Não houve acordo. A

arquiteta, inclusive, disse que a autora não havia pagado todas as prestações do contrato e do

material adquirido para construção da casa e que a casa tinha habite-se.

A Doutora Marta tentou fazer a conciliação, o que não obteve êxito.

Ao terminar a audiência, disse-nos que não houve acordo e que a autora deverá

apresentar uma demanda em juiz de instância, que não poderia fazer mais nada nesse juízo, a

não ser que, posteriormente, surja um novo acordo. Nesse caso, eles podem marcar uma nova

audiência, trazer o acordo por escrito para que assinem nessa nova audiência que será

designada.




VISITA AO PALÁCIO LEGISLATIVO

A Senhora Ethel foi nos buscar no Hotel Palm Beach, por volta das 14h, levando-nos para

conhecer o Palácio Legislativo.

Ao chegarmos a um dos locais mais bonitos de Montevidéu, fomos recebidos pelo

cerimonial, o qual nos guiou pelo Palácio Legislativo. Como não podia deixar de ser, lembrei da

visita guiada do Supremo Tribunal Federal. Chegamos a um Hall luxuoso, cercado por lindos

vitrais, Sala dos Passos Perdidos. Com lustres em bronze e cristal Murano. Ao centro,

encontramos uma caixa de vidro, protegida pelo Batalhão Florida, onde se encontra o livro que

contém as Atas da Declaração da Independência e o original da primeira Constituição Uruguaia.

No alto, do lado esquerdo, mostrou o brasão do Uruguai. Divide-se em quatro partes:

uma colina, que simboliza a força; um cavalo, representando a liberdade; boi, que representa a

abundância; o desenho de um escala, igualdade e justiça. O guia nos contou, em detalhes, a

história de cada peça que ali se encontrava, oportunidade essa que nos remeteu ao passado,

fazendo-nos conhecer um pouco a história do Uruguai. Foram utilizados 52 tipos de mármores

em sua construção, que levou 17 anos para ser concluída. Na medida em que íamos andando,

fomos vendo desenhos preciosos nas paredes laterais internas e externas, os detalhes de cada

vitral e os desenhos coloridos dos pisos. Chegamos ao Plenário da Câmara. Um recinto com

móveis em madeira Nogueira Italiana. Sobre o centro da sala, no teto, um grande vitral,

emoldurando o Escudo Nacional. É composta por 99 Deputados, representantes dos 19

departamentos que compõe o Estado Uruguaio. Falou-nos da mesinha ao centro do Plenário,

que era ocupada pelos taquígrafos. Nesta oportunidade, falei que era taquígrafa da Suprema

Corte do Brasil. Ele informou que este cargo era um dos mais bem remunerados do Palácio,

devido à exigência da especialização e pela dificuldade de encontrar profissionais habilitados

para tal tarefa. Como não podia deixar de ser, pois sou taquígrafa, perguntei-lhe quais seriam as

exigências para ser taquígrafo do Poder Legislativo. Respondeu-me que uma das exigências seria

fazer um apanhamento de cento e oitenta palavras por minuto e bom conhecimento da língua

Uruguaia. Trata-se de um concurso muito concorrido, mas que muitas vezes as vagas não são

preenchidas, devido a essa exigência de 180 palavras por minuto.

Caminhamos para o Plenário do Senado. Com móveis e revestimentos em madeira de

Peroba Paraguaia. Há o Escudo Nacional em relevo policromado. Coroa a sala um vitral italiano

com o desenho do sol nascente. O Plenário é composto por 30 membros. O Presidente do

Senado é o Vice-Presidente da República e exerce a Presidência da Assembleia Geral, que se

reúne para posse em novos mandatos e para o juramento do Presidente da República.

Tivemos a oportunidade de conhecer a linda biblioteca. Está decorada por móveis num

estilo chamado “Pompeano”, com detalhes em bronze e vitrais. Possui uma das maiores e

completas coleções literárias do Uruguai, aproximadamente 250 mil exemplares em Direito. Ao

centro, há uma réplica da escultura localizada na Praça Independência em homenagem a José

Artigas. É considerada a segunda mais importante do país.




REUNIÃO COM AS DRAS. MARIA DEL CARMEN GONZÁLEZ PIANO E VERÔNICA MEDEIROS

(ASSISTENTES DO MINISTRO DR. RICARDO C. PÉREZ MANRIQUE)

Grande dia! Fomos muito bem recebidos pelas assistentes do Senhor Ministro Ricardo

Pérez Manrique. As Doutoras Maria Del Carmen e Verônica Medeiros tentaram nos falar um

pouco como são feitos os trabalhos no Plenário, no gabinete dos Ministros.

A Suprema Corte de Justiça é a última instância, última etapa. É composta por cinco

Ministros que, geralmente, são juízes de carreira. Só chegam a ser Ministros com a vênia de dois

terços da Assembleia Geral do Poder Legislativo, integrada pela Câmara de Representantes e

pelos Senadores. Se, em noventa dias, não for designado um novo Ministro, ascende ao cargo o

Ministro mais antigo. No sistema atual, de regra, ascendem ao cargo de Ministros os Ministros

do Tribunal de Apelação, podendo ser Ministros da Suprema Corte ou do Tribunal do

Contencioso Administrativo, que também é formado por cinco membros. Enquanto organização

interna, ou seja, além dos cinco Ministros, há uma Secretaria Letrada, que seria a do Dr.

Fernando Tovagliari. Esse Secretário Judicial terá uma Secretaria Letrada administrativa, que

cuida da parte administrativa, e uma secretaria Letrada judicial, que cuida da parte penal. Isso

para distinguir de outro organismo que se chama a Direção Geral de Serviços Administrativos. A

Secretaria Letrada administrativa se encarrega dos procedimentos dos magistrados. A Direção

Geral de Serviços Administrativos se encarrega dos pressupostos e procedimentos disciplinares

dos funcionários. Ou seja, não dos magistrados. Portanto, dois órgãos que tem função

administrativa. Agora, na Corte, há uma competência administrativa e uma jurisdicional. Dentro

da competência administrativa, está a superintendência de todo tribunal, tudo que sucede no

tribunal - tribunais de Montevidéu e do interior, de todo o País - e também existe uma simples

competência relacionada com contenda de competência entre o contencioso administrativo e o

jurisdicional. Isto também articula os julgamentos de profissionais, de acordo com esse exame.

Depois de todo esse processo penal, nesse ponto - e por isso a função administrativa -, existe a

consulta da matéria penal. Qual é a consulta da matéria penal? Por exemplo, quando se examina

se estão dentro do prazo, se tem as notificações. Se houver alguma irregularidade, a

competência será administrativa; todas as competências são administrativas. Uma coisa é a

competência jurisdicional, que atende a critérios de territorialidade, ou seja, é nacional. Matéria

originária (Constituição - Art. 239: “Julgar a todos os infratores da Constituição, sem exceção;

pela prática de crimes contra o direito das pessoas e causas de almirantado; em matéria de

tratados, pactos e convenções internacionais com outros Estados; conhecer as causas dos

diplomatas reconhecidos junto à república, nos casos previstos pelo direito internacional”), ou

seja, que já se apresenta diretamente a Corte, e derivadamente, quando for fonte normativa.

Nas causas de direitos diplomáticos, há uma competência exclusiva. Se uma pessoa se

dirige à embaixada, pode reclamar antes a Suprema Corte. Aliás, a Suprema Corte avalia esse ato

em função da natureza do ato. Isso está em constante evolução. É uma competência originária

da Corte. De todas as contendas que atingem a Constituição, será julgado pela Corte de Justiça.

Com relação à autonomia, é um poder unitário, porém dividido em departamentos que

são nacionais e decreto das juntas departamentais.

Os Ministros, após o recebimento do processo, têm 20 dias para examiná-lo, podendo ser

prorrogado por mais vinte dias quando tratar-se de matéria de maior complexidade. O que achei

interessante é que, depois do voto pronto, nos autos, o Ministro encaminha para os próximos

Ministros. Todos terão conhecimento. Quanto à Relatoria do processo, será sempre o quinto

Ministro. O Relator elaborará a sentença em função do que foi decidido. O Presidente nunca

relata a sentença. É preciso ter três votos para decidir a causa. Se dois são contrários, o terceiro

será o Relator. A sentença circulará entre todos os Ministros, que farão os ajustes. Se as partes

tiverem interesse, poderão ter acesso. Há o prazo de três dias para se recorrer, entrar com

embargos de declaração.

Na Suprema Corte de Justiça, por exemplo, quando aplicar uma norma em recurso de

cassação e entender que essa norma encontra-se inconstitucional, poderá promover a

declaração de inconstitucionalidade. Então se formará uma corte distinta, com integrantes do

Tribunal de Apelação, e essa Corte vai resolver se há inconstitucionalidade. A sentença definitiva

poderá ser ou por unanimidade ou por maioria, três Ministros. Os efeitos da declaração serão a

partir da sentença. Atualmente, por maioria, entende-se que retroage ao momento do

ajuizamento da ação inconstitucionalidade. Há uma posição minoritária, que entende de modo

diverso, ou seja, desde o momento que se configurou a ação.

As sessões são privadas. Porém, nas segundas e sextas-feiras se reúnem

administrativamente, havendo uma funcionária tomando nota das atas dos acórdãos. Nas

sextas-feiras, reúnem-se para os acórdãos jurisdicionais (sessão reservada). Como dito antes, os

votos já passaram por todos os Ministros antes de chegarem à sessão. Se todos os Ministros

estiverem de acordo, as assistentes dos Ministros que registram a ata, mas, se não estiverem de

acordo, o Secretário Letrado fará a ata. Não há o serviço de Taquigrafia, apanhamento de notas.

VISTA AO SETOR DE RECURSOS HUMANOS

Passemos ao Setor de Recursos Humanos. Ao chegarmos, fomos recebidos pela Senhora

Giovna Zecchini, Subdiretora da Divisão Recursos Humanos. Essa divisão é responsável pelos

funcionários do Poder Judicial de todas Montevidéu. Tivemos uma explanação de como funciona

essa Divisão, desde o concurso até a aposentadoria.

Quanto ao concurso público: Pode ser interno ou público. Quem organiza o concurso é

esta sessão. Os órgãos informam a necessidade, e a divisão elabora um programa de

informações que são repassadas ao Presidente da Suprema Corte de Justiça. Caso venha a ser

aprovado, as provas são realizadas pela Administração. A correção é feita por uma comissão de

integrantes da SCJ e um representante os inscritos. O prazo de validade é de dois anos. Os

cargos técnicos Atuários e Secretários são designados pela SCJ. Esses são os funcionários

encarregados do controle, autenticação, comunicação e conservação dos expedientes e

documentos existentes no Tribunal. Terão que praticar as diligências que são solicitadas ela lei

ou pelos juízes. Em alguns juizados de paz do interior, não existe essa função, que será feita

pelos próprios magistrados. Suas funções podem ser desempenhadas em meio período ou

período integral. Essa opção será feita quando for designado. Os requisitos para essa função são

ser advogado ou escrivão, ter vinte e cinco anos. Eles são designados por mérito ou por

antiguidade. Não podem exercer nenhuma atividade judicial fora de sua atividade,

independentemente o horário. A única exceção é a para o exercício de ensino e com autorização

da Suprema Corte. A ascensão de carreira se faz por concurso público interno, levando-se em

consideração o tempo, o mérito e classificação dos últimos concursos. Há uma avaliação anual

de cada servidor. Caso haja mudança de divisão, lotação, o servidor terá que ficar um ano para

uma nova mudança. Essa mudança é feita por requisição, através de um formulário específico,

com autorização da chefia a que está subordinado. Falou-nos sobre a licença maternidade, que é

de três meses. Os homens têm três dias de licença-paternidade.

Fomos levados a conhecer a sessão de qualificação e ascensão funcional, na qual fomos

recebidos por dois funcionários. Fizeram uma pequena explanação de como funciona o serviço.

Toda avaliação é feita por uma comissão designada pela SCJ e por um servidor.

Caminhamos para a Seção de Cômputos, onde são feitos os registros funcionais, tudo

relativo ao funcionário: Títulos, declaração de bens, não cumulatividade de cargo público, etc..

Próximo setor, Sessão de Licenças: A solicitação de qualquer licença dever ser feita

através de um formulário. O colega Cláudio perguntou quais eram os tipos de licença e nos

responderam: Licença anual de 20 dias, com exceção dos magistrados, diplomatas, militares e

policiais; o servidor com mais de cinco anos de serviços cumpridos terá direito a um dia

complementar a cada quatro anos de antiguidade. Se o servidor tiver mais de quinze faltas, será

descontado um dia em sua licença.

A licença anual só poderá ser negada em função da necessidade de serviço, porém,

deverá se concedida assim que lhe for possível. Mas, não poderá haver mais de duas licenças

anuais acumuladas. Caso não usufrua das licenças, poderá ser remunerado, não ultrapassando

sessenta dias.

Licença-maternidade: Treze semanas. Só haverá prorrogação da licença se houver alguma

enfermidade proveniente da gravidez.

Licença-paternidade: Três dias

Doação de sangue: Um dia; Tecidos ou órgãos, o tempo que for determinado pelo

médico para recuperação.

Luto ou falecimento (Pais, filhos ou cônjuges): Dez dias com remuneração. Irmãos:

Quatro dias.

Casamento: Quinze dias da data da cerimônia.

Haverá processo administrativo para os funcionários que usufruírem mais de trinta

licenças em um ano ou 50 em dois anos.

Estudos: Vinte dias anuais.

Licenças especiais: Sem remuneração, com fundamentação, pelo prazo de um ano,

estendido por mais um.

Para os magistrados, há dois períodos, em dezembro/janeiro (36 dias) e julho (15 dias).

A última sessão que visitamos na Divisão de Recursos Humanos foi a de Expedientes

Administrativos. Encontramos uma sala bem organizada. Nas prateleiras existentes na sala,

encontravam-se as de pastas com os registros funcionais de todos os servidores do Poder

Judicial de toda Montevidéu. Nesta sala, recebem todos os requerimentos e documentos dos

funcionários.

VISITA AO CENTRO DE ESTUDOS JUDICIAIS

O Centro de Estudos Judiciais do Uruguai é uma dependência do poder judiciário. Está

encarregado de treinar os que pretendem entrar na profissão de advogado, a fim de preencher

as lacunas na formação universitária para o exercício das habilidades e técnicas necessárias para

o efeito do exercício da função judicial. É responsável pela formação de juízes nas áreas que

necessitam de reciclagem.

As tarefas da CEJU:

a) Implementar a organização e o funcionamento dos cursos de pós-graduação para

quem deseja juntar-se aos cargos de técnico judiciário e do Poder Judiciário e do Ministério

Público.

b ) Desenvolver programas de tais cursos.

c ) Selecionar os professores que serão responsáveis pela realização dos cursos.

Fomos recebidos pelo Professor Sérgio Migliorate, que fez uma explanação organização

do Poder Judiciário, funções jurisdicionais e administrativas da Suprema Corte de Justiça.

Após uma pequena explanação de nossa colega Viviane sobre a TV Justiça, o Senhor

Sérgio disse-nos que fazem uma síntese, uma seleção de notícias vinculadas à justiça, para

publicarem no site do Poder Judicial.

Há referências importantes dentro da estrutura judicial. Trabalham para um órgão

federal, porque a estrutura constitucional é federal, é um país unitário, portanto, com justiça

única. Está integrada com todos os ramos. Não é como no Brasil, que tem um Tribunal Superior

do Trabalho. A Justiça do Trabalho é uma especialidade no Uruguai, como a Penal, a Civil. Todas

têm uma estrutura piramidal, basicamente uma justiça de base, do início do processo. Há os

Tribunais de apelação, onde aparecem os tribunais muito integrados, porque estão

especializados. A Suprema Corte de Justiça tem sede em Montevidéu. É integrado por três

membros, executa a supervisão administrativa de todo o sistema. É o tribunal de alçada, para o

caso que habilitem 3ª instância, é tribunal de cassação e de causas diplomáticas. É composto por

cinco membros, cada um com sua câmara. Os cinco Ministros atendem e são competentes para

toda Montevidéu. É constitucional, por ser o único órgão que tem a competência de declaratória

de inconstitucionalidade, para atuar como Tribunal de Cassação, para atuar como Tribunal de

Alçada de 3ª instância. É quem indica os profissionais tanto técnico, como não técnicos,

comandam os recursos econômicos, tomam decisões administrativas. Nos últimos cinco anos,

essa delegação é feita pelo Diretor-Geral dos serviços administrativos do Poder Judicial. Depois

da decisão, a Suprema Corte referenda a decisão. Ou seja, um dia na semana, se reúnem para

tratar desses assuntos. Para ser atuário, é necessária a formação em Direito ou Escrivão. A

maioria dos atuários são escrivães, podendo ter sua oficina privada. Os advogados que

trabalham para o Poder Judicial geralmente são defensores Públicos, que também é uma função

especializada. Há defensor público na área penal, civil, família, adolescente e trabalho. São

advogados, funcionários e cumprem a tarefa de assistir gratuitamente a pessoas que não

tenham condições para pagar advogado. Podem advogar, porém não na competência a que

estão integrados. Ou seja, um defensor público penal não pode exercer a defesa penal privada,

mas pode exercer a função nas demais áreas. O curso de Escrivão dura cinco anos. A Faculdade

de Direito permite que se tire o título de advogado ou título de escrivão. São profissões liberais.

Os advogados não precisam fazer um exame para ingressar no colégio de advogados, como é

feito no Brasil. Em Montevidéu isso não existe, pois não há uma Ordem. Há uma associação, mas

não são obrigados a se associarem. Para ser Juiz é necessário que seja advogado, não pode ser

escrivão.

Sobre a Escola de Magistratura: Há um concurso para os pretendentes a carreira judicial.

Todos têm de ser advogados, que tenham entre 25 e 45 anos de idade. São selecionados até

trinta pretendentes para integrar-se como aluno da Escola. São designados "aspirantes". São

dois anos de curso, ou seja, quatro semestres, com uma carga horária relativamente baixa, duas

vezes na semana, com quatro horas a cada dia. Terão que ser aprovados em dezenove matérias

vinculadas à função jurisdicional: Direito Penal, Direito Civil, Direito Trabalhista, Direito

Processual Aplicado. É um conjunto de matérias que tem a ver propriamente com os

julgamentos, as condutas, as atitudes... Dos quatros semestres, o último é de estágios nos

juizados da capital. Têm que acompanhar os juízes no cotidiano do dia a dia, durante três meses.

Cada aluno terá um conjunto de notas, de acordo com cada módulo, um resultado que será a

sua classificação final. Os juízes serão nomeados pela Corte de acordo com a classificação. No

último curso realizado, dos quinze aspirantes, apenas quatro obtiveram êxito.

O curso é gratuito para quem inicia e termina, porém, se terminam o curso e são

convidados por duas vezes consecutivas e não aceitam o cargo, automaticamente se converterá

em dívida. Ele deverá pagar o curso, que está aproximadamente em US 2.000,00 (dois mil

dólares). A Escola é uma estrutura de capacitação que trabalha geralmente para juízes. Então há

o entendimento de que o Poder Judicial é quem deve pagar o curso, porque necessita de juízes.

Se procuram a escola para se capacitar a juízes e não aceitam o cargo, e se, depois de dois anos

de formação especializada, ainda não assumirem o cargos, deverão arcar com as despesas. Não

é comum que isso ocorra. Alguns assistentes de Ministros passaram por lá, mas nem todos são

designados pelos Ministros, cargo de confiança, não é um requisito ter passado pela escola. Eles

preparam expedientes, resoluções, algo que o Ministro solicite. Normalmente são conhecidos

dos Ministros e funcionários do Poder Judicial. É bastante comum que funcionários

administrativos sejam letrados, ou seja, tenham títulos. Um advogado privado também pode ser

assistente de Ministro. Para ser Juiz de Paz é necessário respeitar o limite de idade e ser

advogado. Há três níveis: Capital departamental, rural e urbano (cidades). Para ser Juiz de Paz há

necessidade da vênia da Suprema Corte, podendo ser advogado (requisito para Estadual) e

escrivão (podendo ser nas cidade), já os do Tribunal de Apelação serão aprovados pelo Senado,

através de uma lista encaminhada pela Suprema Corte. Geralmente começa-se na carreira

judicial Juiz de Paz. A última etapa de progressão, após passar por rural, interior, Montevidéu,

será juiz letrado de Montevidéu. Há uma comissão de avaliação dos juízes, que é formada por

um representante da Corte, uma da Associação dos Magistrados, da Faculdade de Direito e um

do Colégio de Advogados. Os Ministros da Suprema Corte são eleitos pela Assembleia Geral,

totalizando cinco. Ao todo, em Montevidéu, são quarenta e seis Ministros - Tribunal de

Apelação. Caso algum Ministro se aposente, ou deixe o cargo por algum motivo, ou seja, haja

vacância, deverá ser comunicado ao Senado, pela Suprema Corte de Justiça, que terá um prazo

de noventa dias para designar. Se o prazo não for cumprido, a Suprema Corte nomeará o mais

antigo dos Tribunais de Apelação.




AUDIÊNCIA TRIBUNAL DE APELAÇÃO CIVIL 7ª - DR. ETTLIN

Fomos recebidos pelo Dr. Ettlin, o qual nos disse que esteve no Brasil, em 2011, fazendo

parte do Programa Joaquim Nabuco. Atualmente, é Presidente do Tribunal Apelação Civil. A

Presidência, tanto do Tribunal de Apelação, quanto da Suprema Corte, muda a cada ano. Há

uma secretaria, na qual se concentra toda atividade administrativa da oficina, salvo o controle

dos Ministros (Título, eles são juízes). São três Tribunais. A Secretaria (oficina) é compartilhada

com dois tribunais, o 7º Turno e o 3º. Tivemos a oportunidade de conhecer mais duas Ministras.

Nos tribunais civis, há todos os processos civis, comerciais e contenciosos administrativo contra

o Estado, ações particulares, como os contratos, danos, etc. Não há a Justiça Federal. O Uruguai

é um país unitário, todos os conflitos departamentais e nacionais. A competência desses juízes é

nacional. Na segunda instância, nós fazemos controle de direito e controle sobre o teor do

assunto. O controle estrito do direito subjetivo tramita-se em cassação na Suprema Corte de

Justiça. A SCJ tem controle de cassação do direito objetivo, ação de inconstitucionalidade, ação

de anulação de processo administrativo tramita-se no Tribunal Contencioso Administrativo,

separado do Judiciário Uruguaio. O

O sistema Uruguaio é muito simples Para eles, o sistema do Brasil é muito complexo, tem

muitos recursos, seções e tribunais, controles de constitucionalidade, ação de descumprimento

de preceito federal. Mas como os processos são muito mais simples, os recursos são

simplificados no Uruguai, as ações tramitam-se muito mais rápido do que nos países da região. O

primeiro dos assuntos no Uruguai, na Segunda Instância, tem o tempo de três a cinco meses. É

um dos tribunais mais rápidos do país. Há um sistema informatizado, mas ainda não existe o

expediente eletrônico. Porém, todos os passos do expediente podem ser vistos pelo

computador. Em qualquer parte do mundo, pode-se pesquisar os expedientes e, assim, em que

parte está o processo, qual Ministro que está estudando. Eles têm um controle de sistema

digital, ou seja, as decisões não são mais manuscritas. Mostrou-nos como funciona o sistema

eletrônico, como se encaminha o processo para o SCJ. O expediente eletrônico é misto, existindo

ainda o suporte de papel, principalmente nos tribunais superiores em Montevidéu e na SCJ.

Nesse momento, os Tribunais que estão ligados ao sistema de gestão os Tribunais de Apelações,

os Juizados Contenciosos Administrativos e alguns Civis. O banco de dados é aberto a todo

público, sistema de transparência nas seções judiciárias, podendo qualquer pessoa acessar. Há,

na Suprema Corte de Justiça, processos disciplinares contra juízes que demoram a dar

sentenças. Nesse momento, o Cláudio teve a oportunidade de falar sobre o CNJ, quanto à

fiscalização dos juízes, nesses casos. Aproveitando a oportunidade, falou um pouco sobre nossas

sessões plenárias, que são abertas ao público, e também da TV Justiça.

O Doutor Ettlin falou-nos das sessões, que são reservadas, não havendo, por enquanto, a

possibilidade de torná-las públicas. Mesmo as audiências, nas Primeiras instâncias, o público não

tem costume de presenciar, geralmente alunos frequentam. Falou-nos das decisões que os

Ministros do Tribunal de Apelação. Quando estão de acordo, não há nenhum problema. Há um

sistema que, aleatoriamente, decidirá qual o Relator da sentença. Se houve discrepância,

sorteia-se um dos Ministros dos outros tribunais. Para as decisões em trâmite, processos

conexos, de dois votos. Para as sentenças definitivas, há necessidade de três votos. Necessita-se

fazer acordo. Caso não consigam o acordo, vão sorteando outros Ministros, até que se consigam

três votos de acordo, porém, é muito raro que isso aconteça.

As atribuições do Presidente do Tribunal de Apelação são apenas administrativas,

estudam os expedientes, fazem exigências e relatam, representa o Tribunal em eventos sociais e

etc. Há um assistente para três Ministros do Tribunal de Apelação, na SCJ duas assistentes. Para

se requisitar assistentes para Tribunal de Apelação precisa-se da proposta da Suprema Corte de

Justiça faça e da autorização do Senado da República. O regime de carreira começa em

pequenas cidades no interior da República, seguindo para áreas maiores, tais como capitais

departamentais. Ao fim, vem para Montevidéu, para juizados letrados, Ministros da Suprema

Corte de Justiça, todos têm que chegar a Montevidéu. Não têm regime de especialização na

matéria.

Para ascender ao cargo de Ministro, será indicado pela Suprema Corte de Justiça. Não há

candidatura, ou pedido político. Geralmente são indicados por antiguidade. Deverá ser aprovado

por 2/3 da Assembleia Geral. A reunião da Câmara dos Representantes (Deputados) e da Câmara

de Senadores. O tempo de serviço como Ministro é de dez anos ou se completar 70 anos, o que

ocorrer primeiro. A qualificação do Juiz pode ser feita pelas decisões que os juízes tomam ou

pelo envio de curriculum. Há uma comissão integrada por representantes Corte de Justiça,

Associação dos Magistrados do Uruguai e o Colégio do Uruguai. Existe uma representação que

estuda os antecedentes e faz as qualificações. Há um estudo para melhorar os critérios de

qualificação, fazendo-os mais transparentes e objetivos. A qualificação, sem dúvida, é uma

questão subjetiva: méritos, sentenças, gestão de trabalho, trabalhos acadêmicos e outros. Todas

as decisões são publicadas.

VISITA AO MUSEU MILITAR FORTALEZA GENERAL ARTIGAS

Aqui, tivemos uma visão panorâmica de Montevidéu, apesar da ventania e o intenso frio.

Trata-se de uma das últimas fortificações construídas pelos espanhóis no Uruguai, localizado no

alto do Cerro de Montevidéu.

Essa Fortaleza, que recebeu esse nome em homenagem ao General Artigas, abriga um

museu militar, que foi inaugurado em 12 de outubro de 1939. A construção foi realizada para a

proteção do farol e para defender o porto de Montevidéu diante do perigo de uma terceira

invasão inglesa.

A Fortaleza Del Cerro está localizada no ponto mais alto de Montevidéu (132 metros de

altura do nível do mar), do outro lado da bahia do Porto de Montevidéu. Tinha como função a

defesa da povoação e seu porto, localizando-se à margem esquerda do Rio da Prata.

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SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - STF · VISITA ÀS INSTALAÇÕES DA SUPREMA CORTE DE JUSTIÇA. Neste dia, a Sra. Ethel Mercadal nos buscou no hotel e nos levou ao Palácio de Píria, onde