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CONS Project Lisboa Crónicas de um Ovo Estrelado Tommy Guerrero Consultório do Dr. Manka-te ::free distribution:: Find it in a skate shop-championship-party-movement-spot-internet-smartphone near you!
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2014 Número 25 - maio/junho Bimestral Distribuição gratuita
CONS PrOjeCt LiSbOaCróNiCaS de um OvO eStreLadOtOmmy GuerrerO
2014 su
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NYJAH HUSTON \ F/S NOSEGRIND \ CHINA \ DARWIN PHOTO
T O T A L I M P A C T P R O T E C T I O N & E N H A N C E D B O A R D - F E E L . T W O F E A T U R E S N O T U S U A L L Y F O U N D I N T H E S A M E S H O E – U N T I L N O WDCSHOES.COM
Introducing
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FEATURING FULLY-FUSED DURACAP REINFORCED CANVAS & VANS PRO VULC LITE CONSTRUCTION, THE CHIMA PRO IS UNLIKE ANY OTHER: TOUGH AS LEATHER AND LIGHT AS A FEATHER.
SKATE.VANS.COMWWW.VANS.PT
©2014 Vans, Inc.
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panorâmicaEsta foi das frases que mais vezes ouvi dos miúdos que visitaram o
CONS Project, em Lisboa. Para alguns acho que a minha resposta
deve ter entrado a 100 e saído a 300 porque passados dois dias
voltavam a perguntar-me a mesma coisa. A minha resposta foi
sempre a mesma: “isto não é campeonato nenhum, é apenas um
espaço onde podes desfrutar de skate, arte, workshops, concertos
e muito mais, tudo de borla”. Mas porque raio é que o pessoal
não entende que no skate há espaço para acontecerem muito mais
coisas do que apenas campeonatos? Esta é uma pergunta sobre a
qual deviam refletir não só os miúdos, é também para os graúdos.
Para pensarem no que vão deixar às novas gerações de skaters.
Eles que, afinal, vão seguir o nosso exemplo. Este projeto, em que
tive o privilégio de trabalhar, espero que tenha servido para abrir
um pouco os horizontes da cena de skate nacional. Ao contrário
daquilo em que muito graúdos creem, os miúdos gostam de coisas
novas, nem todos querem ser campeões. Mas, certamente,
cabe aos intervenientes na cena de skate nacional, SURGE incluída,
passarem esse espírito a quem o quiser viver. Se pensarmos bem, o
skate desde sempre viveu à base das personalidades, das histórias
e, principalmente, das skatadas com os amigos. Há algum prémio
de campeonato que se compare àquela tarde inesquecível com os
teus amigos da rua a fazer downhills ou com a tua crew num qualquer
spot ou viagem por esse mundo fora? O teu sonho é competir no
Street League? Força. Mas avisamos-te já: sem os teus amigos a
puxar por ti para aprenderes novas manobras vai ser quase impossível
lá chegares. Felizmente e como este evento único em Portugal nos
provou, a nossa cultura é bem rica. E “bons tempos em cima da
tábua” passam, certamente, por muito mais do que ver quem é o
maior lá da rua.
Pedro Raimundo
“Roskof”
“Então quando é que começa o campeonato?”
fotografia Luís Moreira
2014
Crónicas de um Ovo Estrelado Portugal Skate Series, by LakaiAh não sabias que os ovos também falam e têm sentimentos? E também se queixam como gente grande, esses lamechas!
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Dr. Manka-teDepois da tatuagem de uma âncora numa nádega e de uma carpa japonesa na outra, o Dr. quer agora fazer mais uma tattoo… descobre qual nesta edição
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CONS Project LisboaQuando surgem oportunidades destas, o melhor mesmo é agarrar e desfrutar. Um mês de aventuras para a história do skate nacional.
Ficha TécnicaPropriedade: Pedro RaimundoEditor: Pedro RaimundoMorada: Rua Fernão Magalhães, 11São João de Caparica2825-454 Costa de CaparicaTelefone: 212 912 127Número de Registo ERC: 125814Número de Depósito Legal: 307044/10ISSN 1647-6271Diretor: Pedro [email protected]: Sílvia [email protected] criativo: Luís [email protected]:[email protected]
Colaboradores: Rui Colaço, João Mascarenhas, Renato Laínho, Paulo Macedo, Gabriel Tavares, Luís Colaço, Sem Rubio, Brian Cassie, Owen Owytowich, Leo Sharp, Sílvia Ferreira, Nuno Cainço, João Sales, Rui “Dressen” Serrão, Rita Garizo, Vasco Neves, Yann Gross, Brian Lye, Bertrand Trichet, Luís Moreira, Jelle Keppens, DVL, Miguel Machado, Julien Dykmans, Joe Hammeke, Hendrik Herzmann, Dan Zavlasky, Sean Cronan, Roosevelt Alves, Hugo Silva, Percy Dean, Lars Greiwe, Joe Peck, Eric Antoine, Eric Mirbach, Marco Roque, Francisco Lopes, Jeff Landi, Dave Chami, Adrian Morris, Alexandre Pires, Vanessa Toledano, Nuno Capela.
Tiragem Média: 8 000 exemplaresPeriodicidade: BimestralImpressão: Printer PortuguesaMorada:Edifício Printer, Casais de Mem Martins2639-001 Rio de Mouro • Portugal
Interdita a reprodução, mesmo que parcial, detextos, fotografias ou ilustrações sob quaisquermeios e para quaisquer fins, inclusivé comerciais.
www.surgeskateboard.com
Queres receber a Surge em casa, à burguês?É só pedir. Através de [email protected] anual em casinha: 15 euros
Capa: Se alguém há uns meses dissesse ao João Sales que iria estar a fazer wallrides pelo meio de pernas de Barbies, ele diria… “estão loucos”. Ainda bem que de génio e de louco todos temos um pouco.
fotografia Luís Moreira
2014
A relação de um skater com um spot é sempre uma questão de perspetiva, nem que seja de um topo de um prédio.
fotografia Renato Laínho
página 13
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2014
fotografia Luis Colaço
Foi há pouco tempo que o projeto da CONVERSE passou por
Lisboa. O que é certo é que vai deixar muitas saudades, muitas
mesmo!
É difícil explicar por palavras o que foi aquilo! Do melhor que já
vi! Quem foi, não se arrependeu. Quem não foi, tivesse ido...
possivelmente perdeu a cena mais louca de sempre, no que
toca ao skate nacional!
Quando cheguei à porta, não fazia a mínima ideia do que me
esperava. Começou logo bem, porque os porteiros ofereciam
senhas para bebidas...
O espaço era enorme, com vários pisos. Encontrei um ambiente
do cacete! Skaters, gajas, artistas, panascas, drogados, bêbados,
fashions, havia de tudo um pouco. Lindo! Muitos amigos, malta
que não via há anos. Rampas feitas na perfeição, boa música,
boa gente e cerveja à pala! O que se pode pedir mais?!
Um evento de 2 dias apenas, mas que foi pensado e construído
durante muito tempo, por tugas e camones, malta que sabe
o que faz, com o apoio de uma marca com guita, como é a
Converse. O que interessa aqui reter é que existem muitas
marcas com dinheiro, mas simplesmente não fazem. Esta fez
e fez muito bem!
Até os copos eram loucos e, como verdadeiro tuga que sou,
trouxe uns 20 copos para casa... ainda não utilizei nenhum,
mas lá está, era à borla, toca de rapar tudo, mesmo que não
sirva para nada...
Como escrevi lá atrás, é complicado explicar o que foi aquilo...
saí de lá com vontade de tatuar CONVERSE na testa!
Que festão!
Venham mais coisas destas!
Beijos na bunda a todos
Dr. Manka-te
página 17
Dr. Mankate
CONSULTÓRIO DO DR. MANKA-TE CONS PROJECT LISBOA
2014
FÁBIODINIS
entrevista e retrato Rui “Dressen” Serrãofotografia João Mascarenhas
PRIMEIROFOCO
página 19
Quando estiverem com o Fábio façam-lhe esta pergunta:
“olha lá, o que é um Fábio?” Garanto-vos que não tem
nada a ver com backside tailslides
Para que não te conhece, não sabe a tua idade, há quantos anos andas de skate... já sabes o que é um Botão de Rosa?(Risos) Já, já sei! Chamo-me Fábio, tenho 16 anos, sou de Almada e
ando de skate há 4 anos.
FÁBIODINIS
PRIMEIROFOCO
Sendo o Luan o teu skater favorito, eras capaz de lhe mamar na boca?(Risos) Estás a falar a sério? (risos) Não, não era!
Então e quais são os outros skaters favoritos? É o Luan e o Trevon Colden. Portugueses é o Jorginho e o Rui
Serrão (risos)
Porque é que tens uma orelha maior que a outra?(Risos) Foda-se, só me fazes perguntas de merda... (risos) Não
sei... nasci assim (risos)
Onde é que mais gostas de andar de skate, spots favoritos, ou que tipo de “obstáculos”?Gosto de Curbs, corrimões e gosto de andar na Praça do Mac em
Almada.
Porque é que quando falhas uma manobra gritas sempre “Oh Pah”?(Risos) Sei lá, é o que me vem à cabeça... queres que eu grite o quê?
Porque é que em skate parques fazes certas manobras e depois na rua não?Porque no parque é tudo mais fácil, é tudo perfeito... na rua não,
o chão é pior, até o “psicológico” é mais difícil.
Isso quer dizer que nos skate parques são todos campeões?(Risos) Ya!
Gostavas de ser campeão nacional de skate?Ser campeão nacional de skate é o meu sonho! (Risos, o pessoal
vai pensar que estou a falar a sério, risos)
Não, não quero! Só me quero ir divertir com os meus amigos.
Porque é que rasgas sempre as calças no cú?Porque assim é mais fácil de eles chegarem lá... Risos.
É verdade que tens o cú de uma velha? É mentira!
Mas há fotos que comprovam isso?!Essas fotos são uma farsa, é tudo photoshop (Risos)
O que é que gostavas de fazer no skate que nunca fizeste?Agora é que me tramaste... deixa-me pensar...
Mas para hoje, ok?Estava a pensar numa Tour, mas eu já fiz uma...
E que tal foi essa tour?Foi a cena mais bacana, é estar sempre a andar e filmar, estar
sempre na rua... é o melhor!
Há algum sitio onde gostavas de ir, onde nunca tenhas ido?Barcelona!
Porquê Barcelona?Porque dizem que é a melhor cidade para andar!
2014
Com tantas colunas imponentes, quase que pensávamos
que era o ditador romano Fábio Máximo a dar este
front board, mas depois chegámos à conclusão que isso
seria cronologicamente impossível.
página 21
página 22 2014
E se lá fores vais querer ir visitar o estádio do Real Madrid?Não, porque quero é estar a andar de skate, não
quero perder tempo com futebol!
Mas o estádio do Real de Madrid é em Madrid... (risos)
Útimas palavras, queres agradecer a alguém ou dizer alguma coisa?Quero agradecer aos meus amigos, que me incentivam
a andar, e que me ajudam. Agradeço também ao
Dressen que me está a ajudar num projeto novo.
Estás a falar de quê, eu não faço projetos?!Então fazes o quê, filmes? Ok, num novo filme (Risos)
Fábio: Está feito? “Gostavas de lhe mamar na
boca” ahhahaha Não vais pôr isso na entrevista,
pois não?
FÁBIODINIS
PRIMEIROFOCO
A maior parte do pessoal vai para a escola estudar, o
Fábio vai para dar heelflips, deve ter a mania que é
esperto!
C O M I N G S O O N . . . H U F W O R L D W I D E . C O M
D E A L E R I N Q U I R I E S : I N F O @ M A R T E L E I R A D I S T . C O M M A R T E L E I R A D I S T . C O M 2 1 2 9 7 2 0 5 4
2014
Carlos Cardenõsa - Backside Tailslide
Apesar de cada vez mais se dar quase total importância aos resultados obtidos e pouca
ou nenhuma a todo o processo que nos leva a eles, tenho aprendido que é nessa
parte que deveríamos focar a maior parte da nossa atenção porque, na verdade, é o
processo que nos faz aprender e crescer. Isto faz com que o resultado final seja apenas
um reflexo – muitas vezes a uma escala muito pequena – de todo esse processo.
Quero então, por este motivo, enfatizar ao máximo todo o mês de trabalho que
precedeu o que foram dois dias de festa, até porque nesses dois dias, vocês estiveram
lá para ver. E se não estiveram, deviam, definitivamente, ter estado porque, pá, foi do
#caralho!
Para a Sílvia, o Roskof e o Roca, o CONS Project começou em janeiro, com inúmeras
chamadas de Skype, visitas a locais para, finalmente, escolher um para o evento e todas
essas burocracias do costume. Para o João Sales, começou em fevereiro com a construção
do bowl mas, infelizmente, a minha ignorância em relação a essa parte do processo
impede-me de descrevê-la como mereceria ser descrita e por isso - desculpem-me, Sílvia,
Roskof e Sales - vou ter que passar à frente.
página 25
texto Luís Moreira
fotografia João Mascarenhas/Luís Moreira/Roskof
Para mim o CONS Project começou no final do mês de abril. Cheguei a Lisboa no
dia 27 à meia-noite, a pensar que ia ter uma Limousine na estação de Sete Rios à
minha espera para me levar para o Ritz, mas afinal, estava uma Ford Transit que
me levou direto para o local onde estava a ser preparado o CONS Project e, mal
cheguei, em vez de uma garrafa de bom Champanhe, deram-me para a mão uma
ponteira de ferro para começar a riscar paredes, pois no dia seguinte o mestre
French Fred ia começar a fotografar para o catálogo da Converse e as paredes
estavam com um aspeto demasiado novo para o seu gosto.
As várias sessões fotográficas para o catálogo da Converse, que decorreram durante
a primeira semana de CONS Project, mostraram-nos uma realidade bastante
diferente daquela a que estamos habituados no que toca a fotografias de skate e de
skaters. Estamos habituados a sessões com os nossos amigos, em que temos uma
cambada de skaters (ou apenas um), um fotógrafo, ou um gajo a filmar, com sorte
um fotógrafo e um gajo a filmar, ou, em alguns casos, um gajo com capacidades de
#multiTasking que é o fotógrafo e o gajo a filmar ao mesmo tempo. Mas, no fundo,
não passa muito disso. Desta vez, eu e o João Mascarenhas ficámos estupefactos
com o que estava por detrás das incríveis fotografias do French Fred durante aqueles
dias. Com ele veio uma comitiva de #makeSures até perder de vista. Desde diretores
de marketing, diretores de arte e diretores de sabe-se lá o quê, eles eram, em bom
português popular, “mais que as mães” e todos eles tinham câmaras fotográficas.
Mas atenção, câmaras fotográficas boas! Muito boas! Era, então, uma equipa
pequena, comparada se calhar com a de uma produção das vossas revistas de culto
como a Vogue ou a Elle, mas à beira das nossas sessões de skate, aquilo foi massivo.
Cada manobra era dada pelo menos cem vezes e na maioria dos casos, depois da
centésima ainda ouvíamos o Fred lá ao fundo, com o seu cómico e acentuado sotaque
francês: “Can you do one more, please?”. Dito isto, meus amigos, da próxima vez
que o vosso fotógrafo falhar uma foto, não se armem em vedetas caso ele vos peça
para tentarem mais uma - nem que isso implique ficarem pendurados num corrimão
de 20 escadas - porque a verdade, é que se quiserem ser vedetas a sério e sem ser
apenas à portuguesa, vão ter que ouvir muitos Freds a dizer: “Can you do one more,
please?” E se de facto for um Fred como o French Fred a dizer isso, podem sentir-se
honrados, porque motivos para isso não vos falta!
2014
Francisco Lopes
página 27
Raphael Alves - flip
Pedro Roseiro - backlip
Apesar de toda a pressão de estar a fazer um catálogo importante
para uma marca, não faltaram momentos de descontração,
gargalhadas, mergulhos no mar e #camones escaldados.
Deixando sessões fotográficas de lado porque todos sabemos
que isso é para meninas, foquemo-nos agora na construção das
rampas porque, sejamos realistas, é essa a vossa parte favorita.
Conhecem o Michael e o Croyde? Eu não conhecia e uma das
melhores coisas deste projeto foi, de facto, tê-los conhecido. Estou
a falar dos dois #camones (um americano e um holandês) que
vieram cá construir o skate parque do CONS Project. Em menos
de uma semana e num espaço bastante limitado, construíram um
skate parque com uma qualidade e, acima de tudo, criatividade
muito acima da média. Sinto-me obrigado a enfatizar a parte
em que, para curvar um ferro para fazer um corrimão em ponte,
usaram apenas uma carrinha cheia de pessoal e uns barrotes de
madeira. Foi lindo!
Remy Taveira - Hurricane
Alexis Santos - front boardFilipe Bartolomé - backside lipslide
2014
Bruno Senra BP - backside ollie
Pali Negrin - Flip 50-50
página 29
No tempo em que convivi com eles, apercebi-me
de que, para além de serem excelentes naquilo que
fazem enquanto construtores, são também excelentes
pessoas, com as quais podemos aprender imenso
sobre a vida, se tivermos predisposição para conversar
com eles e, sobretudo, para os ouvir.
Paralelamente à construção deles, o João Sales, o
Nuno Cainço e o Alexis Santos construíram o skate
parque para a área de escola de skate e deram apoio
aos #camones na construção da sua obra.
Com atrasos de gruas, alterações de planos em relação
ao pretendido e mais uma catrefada de imprevistos,
podem perguntar-me à vontade como é que estes
meninos conseguiram construir o skate parque todo
#onTime que eu não vou saber responder mas, a
verdade, é que conseguiram.
2014
página 31
Remy Taveira - Nosegrind
Carlos Cardenõsa - blunt
2014
Estando o skate parque pronto, começou a fase de intervenções artísticas no local e aquando disso
começou a preparar-se o Workshop de fotografia com o João Mascarenhas e o Nils Svensson.
Artistas como AkaCorleone e toda a sua crew, UAT (União Artística do Trancão – Fábio Santos, Miguel
Brum, Nuno Barbeda, Flávio Carvalho), Alpinistas Descalços (Pedro Gramaxo e Jaime Ferraz) Txemi,
David Cabrita e João Neto, trataram de transformar o que doutra forma seria apenas um skate
parque, num espaço vibrante, preenchido com instalações artísticas, ilustração, arte urbana e ainda
uma colaboração entre fotógrafos e ilustradores que levou à criação de peças que acabaram por dar
a um espaço já único, uma identidade ainda mais forte. Para os artistas terem tudo pronto a tempo,
dada a enormidade deste projeto, foi-lhes necessário abdicar de algumas noites de sono, pois os
milhares de latas de tinta não iam, com toda a certeza, gastar-se sozinhos.
João Alen - ollie
página 33
Os três dias de worskhop correram nos “trinques”. Com o João Mascarenhas e o Nils Svensson a mostrarem um pouco do
seu percurso enquanto fotógrafos de skate, influências e perspetivas em relação ao futuro, o primeiro dia consistiu numa
conversa entre fotógrafos e participantes do workshop, que apesar de poder soar a aborrecido, foi bastante divertido e
serviu de base para a parte prática do segundo dia que foi, de facto, a parte mais esperada pelos aprendizes. Pegar na
câmara e nos flashes e começar a fotografar lado a lado com dois fotógrafos que, com certeza, fazem parte das suas
influências fortes a nível de fotografia de skate.
No terceiro dia de workshop os participantes puderam imprimir as suas fotos em tamanho A2 que, para quem não está
familiarizado com o padrão internacional ISO 216 de 1975, são aproximadamente 42cm de altura por 59cm de largura,
o que traduzido para bom português e deixando enciclopédias de lado daria qualquer coisa como: Grande como o
#caralho.
2014
Francisco Melim - Boneless Transfer
página 35
André “Def “Costa - Backside smith
Deixando tamanhos para trás, hoje em dia, andamos sempre com fotografias no
bolso nos nossos telemóveis, temos milhões de fotografias pousadas no nosso colo
quando utilizamos o computador portátil, mas em papel, quando é que foi a última
vez que pegaram numa fotografia vossa? Segurar uma fotografia nossa com as
nossas próprias mãos é uma sensação única, que poucos experienciámos e dizer isto,
apesar de verdade, soa-me ridículo porque até há uns anos atrás, essa seria a norma.
Tirávamos uma fotografia e passados uns dias estávamos a segurar nela. Agora não
temos tempo para isso, porque apesar de termos milhares de aparelhos tecnológicos
desenhados para nos facilitar a vida e POUPAR TEMPO, acabamos por continuar a
não ter tempo... porque esse mesmo tempo que poupamos, vamos gastá-lo noutra coisa
qualquer que nos vai poupar tempo para a poupança de tempo seguinte. Devaneios
pseudo-filosóficos à parte, agradeço, assim, à Converse a oportunidade que nos
deu para pararmos um bocadinho e perdermos um bocado de tempo a segurar
e contemplar as nossas fotografias, como se fazia antigamente. Neste caso, na
companhia de pessoas que realmente sabem o que fazem e com as quais podemos
sempre aprender tanto quanto queiramos.
2014
Remy Taveira - slappy disaster
página 37
Pedro Roseiro - frontside ollie
João Sales - Frontside smith
2014
Desde a montagem da exposição com as fotografias do workshop, intervenções artísticas, comida carregada de natas e
coentros e as cabeças do pessoal da produção (principalmente a da Sílvia) quase a explodir com tanta pressão derivada de
atrasos, percalços e conversas mais azedas, os últimos dias antes da festa foram, sem a menor dúvida, uma prova de fogo
para toda a gente envolvida e, tenho a dizer que do meu ponto de vista, todos se portaram à altura e fizeram um ótimo
trabalho. Falei já de algumas pessoas muito importantes na materialização desta ideia mas não posso deixar de realçar
– porque estive lá e tive a oportunidade de assistir a isso – a enorme importância, atrevo-me até a dizer, a imprescindível
importância do trabalho realizado por toda a equipa de produção e quando falo em produção não estou a falar dos
meninos (eu incluído) que andaram lá a passear a câmara, mas sim, das pessoas que se mataram a trabalhar o esqueleto
deste projeto para que ele fosse possível e que não aparecem nem nos vídeos oficiais, nem nos créditos e essas pessoas
são: Pedro “Roskof” Raimundo, Sílvia Ferreira, Luís “Roka” Cruz, João Sales pela sua tremenda dedicação, humildade e
espírito de equipa, Alexis Santos, Nuno Cainço, Cristina Ferreira, Dulce Galhetas, Rafael Silva, e as inúmeras grades de
cerveja que, apesar de não serem pessoas, foram uma tremenda ajuda!
página 39
Os dois dias de festa, tal como referi no início, foram apenas um reflexo do trabalho que foi desenvolvido
ao longo dos meses anteriores, no entanto, não deixa de ser importante, por isso e para resumir – sendo
eu obviamente suspeito por ter estado envolvido neste projeto – foi uma loucura. Ando de skate já há
alguns anos e nunca tinha visto nada assim em Portugal. Não foram só o skate parque, o skate, as
bandas e as pinturas. Havia ali muito mais do que isso. Algo difícil de descrever com palavras, mas que
creio que as fotografias o conseguem fazer melhor e, por isso, vou deixar-lhes esse papel. Mas como já
disse, e repito, quem não esteve lá, devia indiscutivelmente ter estado.
página 40 2014 página 40 2014
página 40 Distribuição www.marteleiradist.com212 972 054 - [email protected]
PORTUGAL SKATE SERIES BY LAKAICASTELO BRANCO
2014
página 43
texto Roskoffotografia Roskof / Bernard Aragão
Já alguma vez pensaram no que sente um ovo estrelado assim que o enfiam na frigideira? Pois, eu também não… isto, claro,
até ter ido à primeira etapa do Portugal Skate Series by Lakai em Castelo Branco. À primeira vista não existe nenhuma relação
entre estas duas circunstâncias, certo? ERRADO! Se pensam isso é porque ainda não foram a um campeonato de skate a
Castelo Branco num dia de sol e muito, muito calor. Claro que, já com uma carrada de anos de skate no bucho e inclusive
alguns campeonatos e skatadas na mítica escola de Castelo Branco, já devia ir preparado para o calor da Beira Baixa, mas
neste dia e recorrendo a mais uma metáfora alimentar, para além de me sentir como um ovo, o meu cérebro devia estar em
modo ervilha! Ainda por cima o Marco Roque já me tinha avisado para ir preparado. Foi o que ele fez. Quando chegou à
carrinha do Marteleira equipado com um pulverizador de água, os miúdos e até mais os graúdos, todos gozaram por ele ir
armado com um pulverizador… o que não sabiam é que horas mais tarde se não fosse devido àquele simples instrumento
de jardinagem, a maior parte do pessoal não conseguiria ser descolada das placas de skatelite do skate parque, de modo a
conseguir participar no campeonato. Sim, apesar de Castelo Branco neste dia ter sido substituída por uma frigideira gigante,
a malta skatou a sério.
Segundo um antigo
Ministro das Obras
Públicas, o Bruno
Senra é oriundo do
deserto português,
deve ser por isso que
se adaptou tão bem
ao calor e venceu o
campeonato.
2014
página 45
Se não fosse pela sombra
daquela nuvem nesta
sequência do nosegrind
revert do Tiago Pinto, teria
sido impossível de captar
esta manobra…
Enquanto o resto da malta
se preparava, literalmente,
para “aquecer”, já o Ruca
andava a dar nosegrinds
transfers.
Aos que “encostaram à boxe”
a dizer que aquela rampa
não dava para skatar, o Pedro
Roseiro respondeu com este
frontside flip mesmo pelas
trombas… pumba!
O Viola estava tão concentrado
em trocar as voltas ao calor
que até se trocou a ele próprio,
ollie body varial para switch
backside 5-0
Pelo menos foi o que me pareceu, depois de ter arranjado um
lugar à sombra de um chapéu de praia que os skaters locais
levaram… espertalhões! Como agradecimento por me terem
dado sombra e ter, assim, evitado ficar “bem passado” ainda lhes
bebi as cervejas todas… skaters de Castelo Branco, 5 estrelas!
Quanto ao pessoal que andou no campeonato com aquela torra,
eu percebi o truque deles… o segredo era aquecer de tal maneira
que quando comparado com os quase 40º à sombra aquilo
parecesse fresquinho. Foi de tal maneira que depois de duas
runs nas finais a 300Km/h, quando anunciaram que o vencedor
era o Bruno Senra, ia jurar que ele disse “deixa-me lá parar para
apanhar este ar fresquinho”. Entre as finais e o best trick ainda
houve tempo para apreciarmos um mini-tornado que quase se
tornava num a sério, pelo menos segundo as palavras do Gorev,
que só o viu de relance, depois de 200 pessoas terem estado
10 minutos a observar o fenómeno. Por falar em fenómenos,
aconteceu mais um neste campeonato: para o best trick o Marco
Roque e o Rómulo tiveram a ideia de mudar umas rampas para
criar algo diferente... ui, o que eles foram fazer! Uns diziam que
era impossível, outros, que estavam malucos, outros, que aquilo
não tinha sentido nenhum... resultado: quando terminou, toda a
gente disse que foi dos melhores best tricks dos últimos tempos…
perceberam o fenómeno? Mudar convicções de skaters! Mas,
adiante, o Rodrigo Albuquerque venceu o best trick e nesta altura
a sensação térmica já tinha passado dos 40º para os 30º, o que
fez logo a malta ir toda a correr para os carros para buscar as
sweats. Para o ano já não me lixam, assim que fizer as malas
para Castelo Branco, levo uma piscina daquelas insufláveis,
assim já não me vou sentir estrelado… é que sempre gostei mais
de ovos escalfados!
2014
página 47
Depois de uma manobra no rail
grande, nada como entrar logo
de front feeble no seguinte, que
o diga o Afonso Nery
Gustavo Ribeiro overcooked!
Desculpem, overcrooked
Rodrigo Albuquerque
Nosegrind enquanto
os trucks não derretiam.
As miúdas nas bancadas nunca
tinham visto tantos homens de
tronco nú, Ruben Rodrigues flip
crooked
Há spots que “fazem a foto” e fotos que realçam o
spot. Este frontboard do Filipe Cordeiro é a perfeita
combinação desses dois fatores
fotografia João Mascarenhas
2013
página 49
De certeza que há poucas coisas que fiquem
tão bem num perfeito céu azul do que um
hardflip desta categoria… Ruben Rodrigues
em Braga
fotografia Vasco Neves
2013
ANTIESTÁTICO
Como diria o Manuel Machado,
treinador do Nacional da Madeira,
Rodrigo Albuquerque num 50-50
transfer com um imensurável risco
para a energia vital que transita
pela coluna até ao occipital
fotografia Vasco Neves
página 51
A legenda mais básica de sempre…
Afonso Castella 360º Flip no Casino de Lisboa…
JACKPOT!
fotografia Vasco Neves
2013
ANTIESTÁTICO
página 53
2013
O bairro de Leira onde fica este spot não é dos mais recomendáveis.
Pelo sim pelo não, não fosse o skate fugir, o Rogério decidiu agarrar
este flip em indy.
fotografia Vasco Neves
página 55
ANTIESTÁTICO
2013
O cimento onde o Pedro Roseiro vai aterrar
este ollie parece tão suave como um
escorrega de laminas de barbear…caso
para dizer: só para homens de barba rija.
fotografia Vasco Neves
página 57
ANTIESTÁTICO
2013
ANTIESTÁTICO
O Nuno Relógio é agora conhecido como o
“pepe rápido” dos corrimões. Neste backside
5-0 quase não deu tempo do fotografo ligar
a máquina
fotografia João Mascarenhas
página 59
2013
Qualquer silhueta de uma manobra de
skate tem sempre um encanto especial.
Eddy num front blunt à moda do norte
fotografia Renato Lainho
página 61
ANTIESTÁTICO
2014
TOMMYGUERREROO SKATE MUDOU MUITO NOS ÚLTIMOS 10 ANOS, COM O SURGIMENTO DA INTERNET PASSOU TUDO A ESTAR À DISTÂNCIA DE UM CLICK. POR ISSO, TUDO O QUE ACONTECE NO MUNDO DO SKATE SABE-SE OU VÊ-SE NO PRÓPRIO DIA... MAS IMAGINA QUE A ÚNICA COISA QUE SABIAS ERA ATRAVÉS DO QUE VIAS NA TUA CIDADE OU EM RARAS REVISTAS? QUANDO O TOMMY GUERRERO COMEÇOU A ANDAR DE SKATE PRATICAMENTE NÃO EXISTIAM MANOBRAS DE “STREET” E POUCO OU NADA SE SABIA SOBRE O QUE OS OUTROS ANDAVAM A FAZER. NO ENTANTO, COM A AJUDA DA BELA CIDADE DE SÃO FRANCISCO, O TOMMY TORNOU-SE NUM DOS MELHORES STREET SKATERS DE SEMPRE. MUITO ESTILO E VELOCIDADE ABRIRAM-LHE A PORTA PARA O QUE, PARA MUITOS, FOI O MELHOR TEAM DE SKATE DE SEMPRE, A BONES BRIGADE, E PARA O SEU PERCURSO ENQUANTO ÍCONE MUNDIAL!
página 63
TOMMYGUERRERO
Para a malta mais nova, que pode não ter assim tanta informação sobre ti enquanto skater da “velha guarda”, podes fazer-lhes um “briefing” sobre ti, de onde és e por aí fora?!Sou de S. Francisco, Califórnia. Fui skater profissional
na “Bones Brigade”, nos anos 80’, e fundei a “Real”
com o Jim Thiebaud, em 1991. Ainda andamos por cá
com a “Real/Deluxe”, 23 anos depois.
Como é que o skate entrou na tua vida?Um amigo deu-me uma tábua velha Black Night...
tinha rodas Clay.
Começaste em S. Francisco?Sim, cresci a aprender a skatar down hills
Achas que se tivesses vivido noutra cidade, irias skatar de maneira diferente?Completamente. Recebemos a informação e o molde
que nos é dado pelo nosso contexto. A maioria dos
skaters de SF skata rápido.
Quando começaste, quase não havia “manobras de street”, como é que inventavam as manobras?Na verdade, era mesmo a inventar... skatávamos todos
os dias, não menos de seis horas por dia... era mesmo
a experimentar coisas novas...
De que é que mais gostavas, de skatar down hill em S. Francisco ou da Era das rampas de salto?Down Hill era muito mais saudável para o corpo...!
Saltar em rampas deu cabo de mim... costas, joelhos,
pescoço, etc.... mas voltava a fazer tudo, se pudesse!
De certeza que nada se compara a fazer downhill em SF, mas como é que foi para ti a fase das rampas?Fazia sentido no caso das demos e dos campeonatos...
sempre a voar... é muito mais impressionante para
a maioria das pessoas, do que alguém a “speadar”
montanha abaixo.
Como é que entraste na “Powell”? Foi o teu primeiro patrocínio?O Stacy falou com o meu irmão no 2º campeonato
“streetstyle”. Foi a partir daí. Na altura skatava para a
“Madrid”. Tive patrocínio de loja antes de ter patrocínio
de tábuas...
Quando entraste, a Powell já era assim tão grande, ou isso aconteceu alguns anos mais tarde?Tornou-se muito maior depois de ter entrado... o skate,
no geral, cresceu muito.
Entrevista Rui “Dressen” Serrão
Como é que era skatar com pessoal como o Gonz, o Natas, o Julienne Stranger, Lance Moutain, etc.?Era brutal... fartei-me de skatar com o Julienne e com
o Natas... o Gons vinha de L.A. e ficava em casa da
minha mãe... só skatei com o Lance em demos ou
campeonatos, ele vive em L.A.
Como é que surgiu a ideia de criar a tua própria empresa?Vieram ter comigo o Fausto Vitello e o Eric Swenson,
os gajos que começaram a “Indy”, a “Thrasher”, etc...
já os conhecia desde os meus 10 anos ou isso... sabia
que já não me restava muito tempo na “Powell”, já que
havia uma “tropa” de novos skaters a tentar ficar com
o meu lugar... sabia que queria continuar no mundo do
skate, por isso fazia todo o sentido... além de que eu e
o Jim sempre falámos em fazer algo juntos.
Como é que foi ter uma empresa no início dos anos 90’, numa altura em que o skate estava quase “a morrer”?Difícil! Mas era uma coisa muito pequena... éramos
talvez 4 pessoas. Estávamos todo o ano na estrada a
“espalhar a palavra”... estava na “mó de cima” já que
o meu percurso na Powell tinha sido porreiro... chegou
a todos os cantos do mundo e o Jim também era
reconhecido... portanto não era propriamente como se
estivéssemos a começar do nada...
Conta-nos um pouco do Embarcadero, andaste lá desde o seu início?Não fiz propriamente parte daquilo... skatavamos por
lá e víamos o que se ia passando... aquilo era brutal...
aquele pessoal estava noutro nível...!
Na altura o que é que pensaste do pessoal mais novo, como o Mike Carrol, Henry Sanches, Jovantae Turner, que estavam a elevar o street skate para outro nível?Foi altamente! Eles impulsionaram a cena e evoluíram
noutro sentido, com uma abordagem diferente...
adorava aquele pessoal!
Quem é que eram os teus skaters de eleição na altura e quais são eles atualmente?São demasiados para listá-los aqui...
“Retiraste-te” por volta de 1995... foi porque não te adaptaste a manobras extremamente técnicas, porque não estavas a curtir, ou por alguma outra razão?Não. Foi uma decisão conjunta com o Jim... penso
que ainda teria mais um ano ou dois, mas tínhamos
amadores que estavam a tornar-se pros... na altura era
diferente... agora nós, os “velhos”, podemos ter tábuas
até ao fim... há uma visão diferente da que havia
antigamente...
A música sempre fez parte da tua vida, tal como o skate? Quando é que percebeste que querias ser músico?Sim, já toco há quase tanto tempo quanto skato... fui
inspirado pelo movimento punk quando chegou aos
Estado Unidos/West Cost... foi com uma atitude quase
muito semelhante ao skate... diy... solitário...
Se tivesses que escolher entre o skate e a música, qual escolherias?As limitações do comum dos mortais com a idade
fizeram essa escolha por mim... ainda skato com o meu
filho, quando o corpo o permite... podes tocar música
até ao fim...
Já passaram 23 anos da criação da “Real”. Alguma vez pensaste que 23 anos depois estaria tão forte como efetivamente está?Não, não me passou pela cabeça na altura que estaríamos
cá tanto tempo... é graças ao Jim e a todos os skaters...
Quando é que vamos ter o prazer de ver-te em Portugal?Boa pergunta! Se alguém quiser convidar-me, por favor
digam-me alguma coisa!
Muito obrigado a todos pelos anos de apoio!
tg
Obrigado, Tommy!
página 64 2014
página 64
2014
O David Stenstorm e o Javi Mendizabal
coordenaram esta foto com o detalhe da
natação sincronizada. Felizmente com as
sombras não se veem as toucas
Em 1994, aquando da estreia de “Lisbon Story”, o clássico filme de Wim Wenders, a capital portuguesa ainda não
se encontrava neste estado “super hiper mega na moda” que os media deste ano 2014 nos transmitem. Hostels
deviam contar-se pelos dedos das mãos e aquelas empresas que fazem tours, viagens, storytelling, tudo e mais
um par de botas, ainda deviam estar no imaginário de muito boa gente…
página 67
texto Roskoffotografia Nils Svensson
2014
Pena não poder ver aqui o fim desta
manobra, Harry Lintell Blunt 270
O Harry Lintell decidiu skatar este spot
em contra-mão, é por ser inglês, só
pode… 50-50 transfer
Lisboa há 20 anos era bem diferente e foi engraçado voltar a viver essa cidade de antigamente por causa da tour
de alguns dos skaters europeus da Converse. Deixem-me explicar: o Pali, skater e team manager da Converse
Ibéria, lembrou-se de trazer um dvd com esse filme para ver durante a viagem de comboio que fez até Lisboa.
Quando o encontrei na estação estava maravilhado com o filme. Eu, que já o tinha visto há uns bons anos,
recordava-me vagamente da história... algo com um técnico de som que vem à procura de um amigo que veio
realizar um filme na cidade e estava misteriosamente desaparecido. Uma história engraçada, para quem (tal
como a personagem principal do filme) estava a chegar de comboio à cidade, pensei eu. Como seria há 20 anos
chegar enquanto skater a esta cidade, para também aqui nos perdermos à procura de spots?…
página 69
2014
página 71
Dizem que o David Stenstorm é a
máquina de demos, que o digam os
presentes nesta sessão em Odivelas,
lien air
Se hoje em dia é já tudo mais fácil com internet, gps e, claro, com a grande quantidade de lugares
para skatar na cidade, quando revi o filme do Wim Wenders senti-me um pouco nostálgico
com aquela visão de Lisboa e com a sensação de descoberta presente no filme. Rever aquelas
imagens marcou-me tanto que passámos os restantes dias do tour a falar sobre a cidade daqueles
tempos e sobre os prós e contras da “moderna cidade da moda”. Afinal, o Pali, residente em
Barcelona, tem bem presentes as mudanças que aquela cidade e as suas pessoas sofreram nos
últimos anos… algumas boas, algumas más… resultado disto tudo, o nome “Lisbon Story” pegou
e ficou oficialmente dado o nome à tour. As personagens deste “remake” dos tempos modernos
não podiam ser mais diferentes: Javi Mendizabal, skater basco quase já com residência em Lisboa,
tal é a quantidade de vezes que nos tem visitado; Jerome Campbell, se me permitem a expressão,
o inglês com o melhor sentido de humor britânico; Harry Lintell, o melhor skater europeu de que
vocês nunca ouviram falar; Remy Taveira, filho de pais portugueses da zona de Chaves e um
dos melhores estilos de sempre em cima de uma tábua; Kevin Rodrigues, também filho de pais
portugueses (mas da zona de Viseu) e skater do impossível; Carlos Cardenosa, master da técnica;
David Stenstorm, máquina de destruição todo o terreno e Danny Sommerfield o “smooth operator”
germânico. Com tantas personalidades diferentes e para não correr o risco de acontecer a algum
deles o que aconteceu à personagem do realizador no filme, o Neil Chester trocou o clássico hostel
na baixa, por uma vivenda no meio da mata na Aroeira… o que, ao contrário do que estejam a
pensar, funcionou bem para o efeito, para além de todos eles terem tido um curso intensivo de
“matrecos” e snooker, os jogos existentes lá em casa... sempre que chegavam à cidade pareciam o
sonoplasta a sair do comboio em St. Apolónia.
2014
Quando o apanharem
vão fazê-lo pagar as flores…
David Stenstorm Wallie
Esta sequência prova a
versatilidade do homem.
David Stenstorm,
footlplant blunt
página 73
Se agarrarem num marcador e traçarem
uma linha deste ollie para wallride na
parede, vão ficar convencidos de que
esta manobra do Kevin Rodrigues é i
mpossível… devem ser os ares de Viseu.
A grande parte deles nunca tinha estado em Lisboa – nem mesmo os lusodescendentes – e todos estavam
surpreendidos com a quantidade de turistas na cidade… de tal modo que pediam para não os levar para os spots
no centro… mais uma vez, este fenómeno: se para nós e no geral o excesso de turistas é algo benéfico, para eles,
ou para quem vem à procura de uma nova experiência, talvez estejamos “a exagerar um pouco” na oferta.
Os dias passaram-se em boas skatadas sempre que o tempo o permitia e conseguimos boas imagens para
este “Lisbon Story” dos tempos modernos. No último destes 6 dias, enquanto jantávamos ao lado da mesa de
“matrecos” lá de casa, perguntei-lhes o que tinham achado da estadia e todos me disseram que gostaram da
cidade, embora também achassem que estava a ficar um pouco “demais”. Talvez o segredo para vivenciar melhor
esta cidade esteja mesmo nesse filme de 1994: em vez de “voar”, chegar de comboio e atravessar Portugal... e
quando sairmos da estação pormos uns phones, um microfone e gravador e perdermo-nos por tantas outras ruas
que existem em Lisboa.
2014
Esta é mais uma daquelas … passem no spot e
vejam com os vossos olhos. David Stenstorm Olllie
do muro para Drop
Parece um ollie, não é? Nada disso. É, sim,
um grande frontsdide flip pelos pés de Jerome
Campbell
página 75
texto Luís Moreira
2014
Antes de adiantar mais este escrito, pergunto a sua santidade se posso tratá-lo por tu. Aliás, não tenho tempo para esperar pela resposta, e, nessa
medida, informo apenas que o farei.
Aprendi, nos meus anos de catequese, que és o santo que comanda as nuvens e os ventos aqui na Terra e, tendo em conta que nas igrejas nunca
encontrei nenhum departamento onde pudesse deixar uma reclamação que pudesse dar-te a conhecer o meu desagrado em relação ao teu
comportamento, venho por este meio demonstrá-lo.
Após esta pequena introdução, permite-me, por favor, que te mande para o caralho!
Talvez uma carta a uma figura como a tua me obrigasse a ser um pouco mais eloquente. No entanto, não sei se se deve aos ares do Porto, ou se
é apenas uma resposta à altura da tua tentativa de destruição do nosso Go Skateboarding day por estes lados.
Dito isto, acrescento também que falhaste redondamente o teu objetivo. Sabes porquê? Porque o Go Skateboarding Day no Porto é Go
Skateboarding Day dê por onde der e se eu não sabia isso, passei a sabê-lo depois do passado dia 21.
Vou tentar resumir-te um pouco de como se passou o dia no Porto. Serei breve para interferir o mínimo com os teus planos de arruinar o dia das
pessoas por esse mundo fora e, portanto, aqui vai.
Encontrámo-nos todos como de costume, à porta da Kate Skateshop que, este ano como todos já sabem, se encontra num local diferente e esse
pequeno pormenor fez com que o percurso que todos os anos fazemos se alterasse ligeiramente.
Quando nos pareceu que tinha chegado toda a gente, ou pelo menos, gente suficiente, dirigimo-nos ao cimo da Rua Passos Manuel e sem olhar
para a esquerda e para a direita, saltámos para cima dos skates e causámos uns minutos de pânico estrada abaixo.
Não foram só rodas que deslizaram pelo alcatrão fora, houve também alguns corpos que fizeram o mesmo, não sei se por algum power slide
mal calculado, algum desvio de última hora do carro que ia demasiado devagar ou simplesmente porque, olha, estávamos a andar de skate e
arriscamo-nos a cair pelos motivos mais estúpidos que a tua santa imaginação possa alcançar. E principalmente quando somos quase uns 100
gajos a descer uma rua, o risco aumenta significativamente.
Toda a gente chegou inteira à Praça dos Leões e, pouco depois de estarmos lá a andar de skate - coisa que, a avaliar pela concentração de skaters
ali presente, pareceria à primeira vista uma missão impossível - começou a chover torrencialmente, como aliás, já estava a ameaçar desde o
princípio do dia. Esta parte poderia perfeitamente ter sido omitida, pois em bom português, não é nada mais nada menos do que ensinar a missa
ao pápa, mas, ainda assim, achei oportuno mencionar.
Abrigámo-nos todos nas arcadas da Reitoria da Universidade do Porto e houve até alguns que, à revelia das ordens dos seguranças, decidiram
skatar as paredes do edifício enquanto os outros batiam desalmadamente com os skates no chão. No meio de toda esta confusão aconteceu uma
coisa que fez parar tudo. Ouviu-se uma explosão que fez toda a gente virar a cabeça à procura da fonte do estrondo, como girassóis à procura
do sol mas um pouco mais depressa, admita-se, e quando vimos o que tinha acontecido toda a gente começou a bater com os skates com mais
força ainda e a gritar como se Deus tivesse descido à terra. Não desceu. Nesse lugar tínhamos o Ricardo Cunha, mais conhecido por House, com
um blazer azul vestido e uns óculos de sol postos, a caminhar seriamente em direção à multidão, deixando para trás uma pequena nuvem de
fumo. Acho que posso dizer seguramente que se juntarmos as entradas mais épicas de super heróis em filmes, séries, bandas desenhadas e tudo
o que quiserem, não chegam aos calcanhares da “épicidade” da entrada do House. Quando consegui ir à mochila buscar a máquina e tirar a
fotografia, ele já se estava a rir devido à pressão gerada pelos aplausos da multidão e, por isso, não ficou registado esse momento como deveria.
Fartos de esperar que mudasses de ideias e que nos mostrasses um bocadinho do nosso sol, começaram a fazer-se corridas de skate no chão
encharcado. Alguns tentaram fazer surf na rua dos Clérigos apenas com uma tábua de skate a deslizar diretamente no chão molhado e, por
fim, o João Neto disse que oferecia uma tábua ao primeiro que conseguisse subir até ao cimo da fonte dos Leões, coisa que o Taveira fez sem
pestanejar e com uma agilidade que nos deixou boquiabertos.
Após a tua seguinte investida, voltámos a abrigar-nos na Reitoria e pouco depois o Segurança perdeu a paciência e chamou a polícia, que,
passados uns minutos, apareceu em formato de corpo de intervenção e nos expulsou dali para fora.
Dirigimo-nos até à Casa da Música como manda a tradição e passámos lá a tarde a skatar abrigados da chuva e a aproveitar o sol que de vez
em quando nos davas a ver.
Atiraram-se umas t-shirts, mochilas, bonés e sapatilhas (sim, SAPATILHAS) ao ar e fez-se uns informais jogos de skate, como estes devem ser, já
que, a meu ver, as palavras formal e skate não combinam assim tanto quanto isso.
E foi assim que passámos um dia que à partida iria estar arruinado pelo teu fraco sentido de oportunidade. Com muito skate e muitas gargalhadas.
Posso assim dizer que foi um Go Skateboarding Day à moda do Porto! Com chuva e tudo.
texto Surgefotografia Nuno Capela
2014
O Robin de Witt ganhou o “cartão selvagem” para a final mundial no The Berrics. Não admira, com manobras como este switch crooked animal…
Rob Maatman skata de tal maneira que já lhe sugeriram usar um shop de surf, não para o skate, mas para os seus pés ultra leves
página 79
tens de dar grandes manobras em switch. E quando dizemos grandes não é só de serem
difíceis, é também de terem sido dadas em grandes obstáculos. Switch backtails, switch
front feebles e switch front blunts no corrimão grande, são só umas para aquecer... a
verdade é que no fim do campeonato todos os participantes já falavam entre eles que só
poderia haver um vencedor, o Andrew, claro… Quando é assim, tudo se torna mais fácil
para os júris... creio que deve ter sido das votações mais fáceis de sempre e acreditem
que as coisas não estavam assim tão claras à partida... afinal, estavam presentes alguns
dos melhores skaters europeus da atualidade como o Rob Maatman, ou Robin Dewit. O
Rodrigo Albuquerque representou bem as cores de Portugal e foi pena a consistência no
final na parte grande não ter sido a melhor, devido, talvez, já ao cansaço, pois poderia
ter ganho um Wildcard para a final Mundial no famoso “The Berrics” na Califórnia.
Lamentamos também foi não termos visto uma demo a sério dos júris, porque com o
Madars Apse, Karstel Klepan, Levi Brown e Michel Mackrot, prometia uma dose séria
de abusos. Felizmente a organização do Element MIC convidou-nos para uma grande
jantarada com todos os participantes, em que seriam revelados os vencedores e, claro,
com comida e bebida à borla,a o staff da Surge perdoou logo os júris… nada como um
bom arroz de pato para abrir o coração à malta.
Querem saber qual é o segredo para vencerem uma final internacional de skate?
Pois podem perguntar ao Andrew Verde, skater espanhol vencedor da Final Europeia
do Element Make It Count, que foi realizada pela primeira vez no “nosso” Parque das
Gerações. Ok, como ainda não aboliram o roaming na União Europeia, aqui a malta
da SURGE vai fazer-te poupar uns Euros e damos-te já a resposta. Primeiro tens de estar
sempre bem disposto com toda malta do campeonato, tal como o Andrew esteve. Depois
2014
Andrew Verde a dar de switch uma daquelas que todos gostariam de dar normal… switch front blunt
página 81
Skater Europeu do Ano, Karsten Klepan veio jurar o campeonato e ainda deu um ar da sua graça, mais propriamente em forma de transfer nosebone