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Surrealismo Surrealismo nas artes plásticas, cinema surrealista, literatura, teatro, surrealismo no Brasil, artistas surrealistas, obras surrealistas, resumo, características, artistas Obra Surrealista: O Carnaval do Arlequim de Joan Miró Surgimento e história do movimento surrealista O surrealismo surgiu na França na década de 1920. Este movimento foi significativamente influenciado pelas teses psicanalíticas de Sigmund Freud , que mostram a importância do inconsciente na criatividade do ser humano. De acordo com Freud, o homem deve libertar sua mente da lógica imposta pelos padrões comportamentais e morais estabelecidos pela sociedade e dar vazão aos sonhos e as informações do inconsciente. O pai da psicanálise, não segue os valores sociais da burguesia como, por exemplo, o status, a família e a pátria. O marco de início do surrealismo foi a publicação do

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SurrealismoSurrealismo nas artes plásticas, cinema surrealista,

literatura, teatro, surrealismo no Brasil, artistas surrealistas, obras surrealistas, resumo,

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Obra Surrealista: O Carnaval do Arlequim de Joan Miró

Surgimento e história do movimento surrealista

O surrealismo surgiu na França na década de 1920. Este movimento foi significativamente influenciado pelas teses psicanalíticas de Sigmund Freud, que mostram a importância do inconsciente na criatividade do ser humano.

De acordo com Freud, o homem deve libertar sua mente da lógica imposta pelos padrões comportamentais e morais estabelecidos pela sociedade e dar vazão aos sonhos e as informações do inconsciente. O pai da psicanálise, não segue os valores sociais da burguesia como, por exemplo, o status, a família e a pátria.

O marco de início do surrealismo foi a publicação do Manifesto Surrealista, feito pelo poeta e psiquiatra francês André Breton, em 1924. Neste manifesto, foram declarados os principais princípios do movimento surrealista: ausência da lógica, adoção de uma realidade "maravilhosa" (superior), exaltação da liberdade de criação, entre outros.

Os artistas ligados ao surrealismo, além de rejeitarem os valores ditados pela burguesia, vão criar obras repletas de humor, sonhos, utopias e qualquer informação contrária a lógica.

Outros marcos importantes do surrealismo foram a publicação da revista A Revolução Socialista e o segundo Manifesto Surrealista, ambos de 1929. Os

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artistas do surrealismo que de destacaram mais na década de 1920 foram: o escultor italiano Alberto Giacometti, o dramaturgo francês Antonin Artaud, os pintores espanhóis Salvador Dalí e Joan Miró, o belga René Magritte, o alemão Max Ernst, e o cineasta espanhol Luis Buñuel e os escritores franceses Paul Éluard, Louis Aragon e Jacques Prévert.

A década de 1930 é conhecida como o período de expansão surrealista pelo mundo. Artistas, cineastas, dramaturgos e escritores do mundo todo assimilam as idéias e o estilo do surrealismo. Porém, no final da década de 1960 o grupo entra em crise e acaba se dissolvendo.

ARTES PLÁSTICASFoi através da pintura que as idéias do surrealismo foram melhor expressadas. Através da tela e das tintas, os artistas plásticos colocam suas emoções, seu inconsciente e representavam o mundo concreto.

O movimento artístico dividiu-se em duas correntes. A primeira, representada principalmente por Salvador Dalí, trabalha com a distorção e justaposição de imagens conhecidas. Sua obra mais conhecida neste estilo é A Persistência da Memória. Nesta obra, aparecem relógios desenhados de tal forma que parecem estar derretendo.

Os artistas da segunda corrente libertam a mente e dão vazão ao inconsciente, sem nenhum controle da razão. Joan Miró e Max Ernst representam muito bem esta corrente. As telas saem com formas curvas, linhas fluidas e com muitas cores. O Carnaval de Arlequim e A Cantora Melancólica, são duas pinturas de Miró que representam muito bem esta vertente do surrealismo.

LITERATURA Os escritores do surrealismo rejeitaram o romance e a poesia em estilos tradicionais e que representavam os valores sociais da burguesia. As poesias e textos deste movimento são marcados pela livre associação de idéias, frases montadas com palavras recortadas de revistas e jornais e muitas imagens e idéias do inconsciente. O poeta Paul Éluard, autor de Capital da Dor e André Breton, autor de O Amor Louco, Nadja e Os Vasos Comunicantes, são representantes da literatura surrealista.

CINEMA Os cineastas também quebraram com o tradicionalismo cinematográfico. Demonstram uma despreocupação total com o enredo e com a história do filme. Os ideais da burguesia são combatidos e os desejos não racionais afloram. Dois filmes representativos deste gênero do cinema são Um Cão Andaluz (1928) e L'Âge D'Or (1930) de Luis Buñuel em parceria com Salvador Dalí.

TEATROO dramaturgo francês Antonin Artaud é o maior representante do surrealismo no teatro, através de seu teatro da crueldade. Artaud, buscava através de suas peças teatrais, livrar o espectador das regras impostas pela civilização e assim

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despertar o inconsciente da platéia. Um das técnicas usadas pelo dramaturgo foi unir palco e platéia, durante a realização das peças. No livro O Teatro e seu duplo, Arnaud demonstra sua teoria.Sua obra mais conhecida é Os Cenci de 1935, onde ele conta a vida de uma família italiana durante a fase do Renascimento.Nas décadas de 1940 e 1950, os princípios do surrealismo influenciaram o teatro do absurdo.

O SURREALISMO NO BRASIL As idéias do surrealismo foram absorvidas na década de 1920 e 1930 pelo movimento modernista no Brasil. Podemos observar características surrealistas nas pinturas Nu e Abaporu de Ismael Nery e da artista Tarsila do Amaral, respectivamente.A obra Eu Vi o Mundo, Ele Começava no Recife, do artista pernambucano Cícero Dias, apresenta muitas características do surrealismo. As esculturas de Maria Martins também caminham nesta direção.

Surrealismo

O surrealismo português caracteriza-se essencialmente pela sua efemeridade e instabilidade, cuja primeira consequência é a sucessão de dissidências, debates e escândalos. O surrealismo da «segunda vanguarda» estava votado, tal como o grupo de Orpheu, a inquietações, ao desvio às maneiras recomendadas pela crítica e ao gesto irreverente da escrita. O primeiro surrealismo teve uma curta carreira como grupo, entre 1947 e 1950, embora tenha despertado um movimento que mobilizou toda a poesia contemporânea. Para além da sua brevidade, o surrealismo português foi sujeito de um circunstancialismo histórico, uma vez que se opunha à atmosfera opressiva do Estado fascista que vigorava na época, sendo que a consequência benéfica na poesia foi a introdução da «escrita automática», que demonstrou ser o motor que impulsionou a linguagem. Este movimento, que aliava poetas, críticos, pintores e desenhistas, dedicou-se sobretudo a edições colectivas e a antologias que procuraram recuperar o passado literário dos seus antepassados.

O surrealismo em Portugal foi, de algum modo, influenciado pelo surrealismo francês, representado principalmente pela escola de André Breton. A comparação com o surrealismo francês proporciona uma amálgama com um certo movimento de abjecção humana, valorizada pela psicanálise e pelo existencialismo. A esta amálgama deu-se o nome de abjeccionismo. Alguns consideram que o surrealismo português é pobre, quando comparado com os modelos franceses e até com certos percursores portugueses, tais como, Fernando Pessoa, Almada Negreiros e Vitorino Nemésio.

O surrealismo libertou a imaginação para uma busca sem fronteiras e conseguiu o equilíbrio entre o que as palavras geram e a disponibilidade para a leitura. Esta corrente configura-se assim c omo uma corrente oposta ao neo-realismo, tendo-se traduzido principalmente num

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fenómeno editorial característico, caracterizado pelo aparecimento de pequenas brochuras, ou melhor, revistas de poesia e crítica que se desenvolveram em séries não periódicas, a fim de iludir a censura, e tiveram a participação de um grupo de autores que se apresentava como bastante instável. Estas revistas começaram a surgir a partir da década de 50, dando fundamento à «segunda vanguarda» do movimento surrealista: Momento (1950), Távola Redonda (1950-1954), Árvore (1951-1953), Sísifo (1952), Cassiopeia (1955), Búzio (1956), Graal (1956-1957), Folhas de Poesia (1957-1959), Notícias do Bloqueio (1957-1962), Pan (1958), Coordenada (1958-1959), Cadernos do Meio-Dia (1958-1960), Pirâmide (1959-1960), Hidra (1966).

Em 1961 é publicada a Antologia Surrealista do Cadáver Esquisito, com a organização de Mário Cesariny e a colaboração, ainda que ocasional, de Herberto Helder. O surrealismo português correu sempre o risco de transformar a arbitrariedade das imagens numa imaginação excedente ou transformar o «funcionamento real do pensamento» em prolixidade, sendo sugerido por vários autores, entre os quais João Gaspar Simões, que na poesia de Mário Cesariny ou Alexandre O'Neill existia mais lirismo do que surrealismo. No final da década de 50 esta situação particular era frequentemente considerada como um mal-entendido, atingindo o seu período máximo de crise quando surgiram duas novas propostas de linguagem decorrentes da publicação de Poesia 61, feita por um grupo de poetas que procuravam um maior rigor e contenção expressivos, dando assim início às primeiras tentativas de uma poesia concreta ou experimental.

Enquanto isso, também o surrealismo não deixou de ir ao encontro de uma exploração da linguagem que serviu igualmente para abrir caminho em direcção a uma poesia experimental. Podemos aproximar Herberto Helder de um conjunto de poetas que nasceram entre 1928 e 1934, tais como: Fernando Echevarría, Jorge de Amorim, Pedro Tamen, Cristovam Pavia, Maria Alberta Menéres, João Rui de Sousa, Ernesto de Melo e Castro, Ruy Belo, entre outros.

DefiniçãoO termo surrealismo, cunhado por André Breton com base na idéia de "estado de fantasia supernaturalista" de Guillaume Apollinaire, traz um sentido de afastamento da realidade comum que o movimento surrealista celebra desde o primeiro manifesto, de 1924. Nos termos de Breton, autor do manifesto, trata-se de "resolver a contradição até agora vigente entre sonho e realidade pela criação de uma realidade absoluta, uma supra-realidade". A importância do mundo onírico, do irracional e do inconsciente, anunciada no texto, se relaciona diretamente ao uso livre que os artistas fazem da obra de Sigmund Freud e da psicanálise, permitindo-lhes explorar nas artes o imaginário e os impulsos ocultos da mente. O caráter anti-racionalista do surrealismo coloca-o em posição diametralmente oposta das tendências construtivas e formalistas na arte que florescem na Europa após a Primeira Guerra Mundial, 1914-1918, e das tendências ligadas ao chamado retorno à ordem. Como vertente crítica de origem francesa, o surrealismo aparece como alternativa ao cubismo, alimentado pela retomada das matrizes românticas francesa e alemã, do simbolismo, da pintura metafísica italiana - Giorgio de Chirico, principalmente - e do caráter irreverente e dessacralizador do dadaísmo, do qual vem parte dos surrealistas. Como o movimento dada, o surrealismo apresenta-se como crítica cultural mais ampla, que interpela não somente as artes mas modelos culturais, passados e presentes. Na contestação radical de valores que empreende, faz uso de variados canais de expressão - revistas, manifestos, exposições e outros -, mobiliza diferentes modalidades artísticas como escultura, literatura, pintura, fotografia, artes gráficas e cinema.

A crítica à racionalidade burguesa em favor do maravilhoso, do fantástico e dos sonhos reúne artistas de feições muito variadas. Na literatura, além de Breton, Louis Aragon, Philippe Soupault, Georges Bataille, Michel Leiris, Max Jacob entre outros. Nas artes plásticas, René Magritte, André Masson, Joán Miró, Max Ernst, Salvador

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Dalí, e outros. Na fotografia, Man Ray, Dora Maar, Brasaï. No cinema, Luis Buñuel. Certos temas e imagens são obsessivamente tratados por eles, com soluções distintas, como, por exemplo, o sexo e o erotismo; o corpo, suas mutilações e metamorfoses; o manequim e a boneca; a violência, a dor e a loucura; as civilizações primitivas; e o mundo da máquina. Esse amplo repertório de temas e imagens encontra-se traduzido nas obras por procedimentos e métodos pensados como capazes de driblar os controles conscientes do artista, portanto, responsáveis pela liberação de imagens e impulsos primitivos. A escrita e a pintura automáticas, fartamente utilizadas, são formas de transcrição imediata do inconsciente, pela expressão do "funcionamento real do pensamento" - como, os desenhos produzidos coletivamente entre 1926 e 1927 por Man Ray, Yves Tanguy, Miró e Max Morise, com o título O Cadáver Requintado). A frottage [fricção] desenvolvida por Ernst faz parte das técnicas automáticas de produção. Trata-se de esfregar lápis ou crayon sobre uma superfície áspera ou texturizada para "provocar" imagens, resultados aleatórios do processo, como a série de desenhos História Natural, realizada entre 1924 e 1927.

As colagens e assemblages constituem mais uma expressão caraterística da lógica de produção surrealista, ancorada na idéia de acaso e de escolha aleatória, princípio central de criação para os dadaístas. A célebre frase de Lautréamont é tomada como inspiração forte: '"Belo como o encontro casual entre uma máquina de costura e um guarda-chuva numa mesa de dissecção". A sugestão do escritor se faz notar na justaposição de objetos desconexos e nas associações à primeira vista impossíveis, que particularizam as colagens e objetos surrealistas. Que dizer de um ferro de passar cheio de pregos, de uma xícara de chá coberta de peles ou de uma bola suspensa por corda de violino? Dalí radicaliza a idéia de libertação dos instintos e impulsos contra qualquer controle racional pela defesa do método da "paranóia crítica", forma de tornar o delírio um mecanismo produtivo, criador. A crítica cultural empreendida pelos surrealistas, baseada nas articulações arte/inconsciente e arte/política, deixa entrever sua ambição revolucionária e subversiva, amparada na psicanálise - contra a repressão dos instintos - e na idéia de revolução oriunda do marxismo (contra a dominação burguesa). As relações controversas do grupo com a política aparecem na adesão de alguns ao trotskismo (Breton, por exemplo) e nas posições reacionárias de outros, como Dalí.

A difusão do surrealismo pela Europa e Estados Unidos faz-se rapidamente. É possível rastreá-lo em esculturas de artistas díspares como Alberto Giacometti, Alexander Calder, Hans Arp e Henry Spencer Moore. Na Bélgica, Romênia e Alemanha ecos surrealistas vibram em obras de Paul Delvaux, Victor Brauner e Hans Bellmer, respectivamente. Na América do Sul e no Caribe, o chileno Roberto Matta e o cubano Wifredo Lam devem ser lembrados como afinados com o movimento. Nos Estados Unidos, o surrealismo é fonte de inspiração para o expressionismo abstrato e a arte pop. No Brasil especificamente o surrealismo reverbera em obras variadas como as de Ismael Nery e Cicero Dias, assim como nas fotomontagens de Jorge de Lima. Nos dias atuais artistas continuam a tirar proveito das lições surrealistas.