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RECUPERAR • Julho / Agosto 2007 uso de polímeros no importante segmento da arte de recuperar não é novo. Aliás, sua utilização é muito antiga. Há farta comprovação do emprego de polímeros naturais orgânicos e inorgânicos anteriores à época de Cristo. Naquele tempo, era comum o uso de arga- massas à base de cal que, já se sabia, não tinha muita durabilidade. Muitos construto- res e “recuperadores” daquele período his- tórico viram a necessidade de se acrescen- tar “alguma coisa a mais” em seus materiais de construção e recuperação. As escrituras O falam muito pouco a respeito. O pessoal téc- nico daquela época, com medo de perder seu trabalho e sua cabeça, também não era in- centivado a explicar o empirismo de seus co- nhecimentos. A “coisa” foi passando de boca e boca e o tempo também, razão pela qual é escassa a informação do uso de polí- meros naturais na arte de recuperar e cons- truir. Um outro aspecto importante é que polímeros naturais não estavam presentes em todos os lugares do mundo antigo. Acrescenta-se o fato importante do primiti- vismo do transporte nas épocas remotas. f Survey Practice Continua na pág. 6 GLOSSÁRIO Polímeros materiais com altíssima massa mole- cular, formados a partir de pequenas moléculas sub- metidas a ligações covalentes que permitem a liga- ção entre elas. Polímeros podem ser feitos com ape- nas um tipo ou com diversos tipos de moléculas. As propriedades dos polímeros, sejam borrachas, plásti- cos, fibras ou adesivos são baseadas em sua gran- de massa molecular, grande tamanho de moléculas e a ligação entre estas cadeias individuais em uma forma volumosa. Cadeia ou rede de unidades repeti- das combinadas quimicamente, formadas a partir de monômeros pela polimerização. Compósito combinação de dois ou mais materi- ais, sem chance de se misturarem e que trabalham em conjunto. Os compósitos são formados por fi- bras unidas entre si por uma substância que funciona como cola e que recebe o nome genérico de matriz. Figura 1 - Microscopia eletrônica de varredura (MEV) feita numa amostra de concreto sem polímero. Os componentes do cimento portland, em contato com a água, reagem formando diferentes produtos devido a hidratação. De todos, o mais importante é o silicato de cálcio na forma de cristais fibrosos que se arranjam de forma desordenada. Figura 2 - Microfotografia eletrônica de varredura ilustrando o detalhe do crescimento dos cristais de silicatos em forma de agulha (A) em torno de uma partícula de agregado. Figura 3 - Quatro estágios do processo de hidratação do cimento portland sem polímeros. Os graus de hidratação são: 0, acima a esquerda - 20% acima à direita - 50% abaixo à esquerda - 87% abaixo à direita. Vermelho, não huve ainda reação com o cimento. Amarelo, aparece o silicato de cálcio. Azul, aparece o hidróxido de cálcio Ca(OH) 2 . Preto são os poros. RECUPERAR • Julho / Agosto 2007 4

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uso de polímeros no importantesegmento da arte de recuperar nãoé novo. Aliás, sua utilização é

muito antiga. Há farta comprovação doemprego de polímeros naturais orgânicos einorgânicos anteriores à época de Cristo.Naquele tempo, era comum o uso de arga-massas à base de cal que, já se sabia, nãotinha muita durabilidade. Muitos construto-res e “recuperadores” daquele período his-tórico viram a necessidade de se acrescen-tar “alguma coisa a mais” em seus materiaisde construção e recuperação. As escrituras

O falam muito pouco a respeito. O pessoal téc-nico daquela época, com medo de perder seutrabalho e sua cabeça, também não era in-centivado a explicar o empirismo de seus co-nhecimentos. A “coisa” foi passando deboca e boca e o tempo também, razão pelaqual é escassa a informação do uso de polí-meros naturais na arte de recuperar e cons-truir. Um outro aspecto importante é quepolímeros naturais não estavam presentesem todos os lugares do mundo antigo.Acrescenta-se o fato importante do primiti-vismo do transporte nas épocas remotas.

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Continua na pág. 6

GLOSSÁRIOPolímeros – materiais com altíssima massa mole-cular, formados a partir de pequenas moléculas sub-metidas a ligações covalentes que permitem a liga-ção entre elas. Polímeros podem ser feitos com ape-nas um tipo ou com diversos tipos de moléculas. Aspropriedades dos polímeros, sejam borrachas, plásti-cos, fibras ou adesivos são baseadas em sua gran-de massa molecular, grande tamanho de moléculas ea ligação entre estas cadeias individuais em umaforma volumosa. Cadeia ou rede de unidades repeti-das combinadas quimicamente, formadas a partir demonômeros pela polimerização.Compósito – combinação de dois ou mais materi-ais, sem chance de se misturarem e que trabalhamem conjunto. Os compósitos são formados por fi-bras unidas entre si por uma substância que funcionacomo cola e que recebe o nome genérico de matriz.

Figura 1 - Microscopia eletrônica de varredura (MEV) feita numa amostra de concreto sempolímero. Os componentes do cimento portland, em contato com a água, reagem formando

diferentes produtos devido a hidratação. De todos, o mais importante é o silicato de cálcio naforma de cristais fibrosos que se arranjam de forma desordenada.

Figura 2 - Microfotografia eletrônica devarredura ilustrando o detalhe do crescimentodos cristais de silicatos em forma de agulha (A)em torno de uma partícula de agregado.

Figura 3 - Quatro estágios do processo dehidratação do cimento portland sempolímeros. Os graus de hidratação são: 0,acima a esquerda - 20% acima à direita - 50%abaixo à esquerda - 87% abaixo à direita.Vermelho, não huve ainda reação com ocimento. Amarelo, aparece o silicato de cálcio.Azul, aparece o hidróxido de cálcio Ca(OH)2.Preto são os poros.

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Com a invenção do cimento portland,concreto e argamassas tornaram-se pa-dronizados, fazendo desmoronar, toda aprática das argamassas a base de cal. Apreocupação, agora séria, em relação adurabilidade destas massas começou aser paulatinamente registrada, ao mesmotempo em que se começava a explicar, ci-entificamente, a introdução dos políme-ros naturais.

A antiga arte de recuperar econstruir com polímeros naturais

É interessante relatar que mesmo nos tem-pos antigos havia inúmeros materiais orgâ-nicos naturais, polímeros mesmo, emprega-dos em construções e recuperações. Umoutro aspecto bastante interessante é que,na maioria das vezes, o polímero não eradissolvido ou misturado na massa e simaplicado sozinho sobre a massa, combinan-do diversas camadas. Um exemplo típico é

Figura 5 - Argamassa modificada com emulsão deestireno butadieno. Durante a hidratação do ci-mento formaram-se géis que aumentam extraordi-nariamente de tamanho como também sua áreasuperficial. As partículas de látex se acomodamsobre estas superfícies. A hidratação continua atéque componentes da matriz ou de agregados seencontram e se amontoam. As películas de látexprocuram atender a este aumento de área e aca-bam encontrando-se, ocorrendo uma espécie decolagem, expulsando a água residual, descartan-do qualquer idéia de formação de filme ou pelícu-la impermeabilizante.

a antiga arte de estucagem. Assim, aplica-vam-se diferentes polímeros naturais, cadaum formando sua camada ou revestimento.Esta tecnologia, naturalmente, não poderiadar bons resultados. No entanto, naquelaépoca, tempo era o que não faltava, ou seja,havia tempo para tudo. Naturalmente, ascamadas se sucediam e, invariavelmente,viravam paredes e tetos espessos, muitosaté hoje presentes. Inquestionável.

O início dos polímeros sintéticos

A utilização de polímeros sintéticos nasargamassas de cimento portland está re-gistrado no ano de 1909, onde, há inú-meros relatos da preocupação dos pro-

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O látex aquoso como adesivoO látex, efetivamente, é a bússula de todaargamassa, grout e concreto poliméricos. Suaatuação é tão profunda que o American Con-crete Institute, através do ACI 503.5R-92,“Guia para seleção de adesivos polimericospara argamassas e concretos”, divide suaatuação em adesivos TIPO I, que não temformulação específica e são preparados tan-to à base de acetato de polivinila (PVA), comocom copolímeros do acetato de vinila (VAC)seja na forma líquida como pó. Atenção, es-tes produtos, após secagem, tornam-se aemulsionar no contato com a água, sofrendohidrólise. Os copolímeros mais usados do ace-

tato de vinila são o acrilato de butila e o eti-leno que, dependendo de sua quantidade,conferem alguma resistência à hidrólise nocontato com a água.Os adesivos TIPO II, tradicionalmente, sãomisturados ao cimento portland na propor-ção, em peso, de uma parte de látex paraquatro partes de cimento. Utilizam-se os és-teres poliacrílicos (PAE), como o acrilato de-polietila, os copolímeros acrílicos e os copolí-meros do estireno butadieno (SB). Todos es-tes produtos não sofrem hidrólise, no entan-to, tem como característica retardar a hidra-tação inicial do cimento portland.

GLOSSÁRIOCimento Portland – produto obtido da pulveriza-ção do clinquer, produzido calcinando a fusão inci-piente uma mistura bem dimensionada de materialargiloso e calcáreo. É o principal material usado naconstrução como aglomerante. É uma das princi-pais commodities mundiais, servindo até mesmocomo indicador econômico.Estuque – argamassa à base de pó de mármore,gesso, cal fina e areia. Utilizada para revestir pare-des, tetos e fazer ornamentos. Qualquer ornamen-to feito com essa argamassa.Metacrilato de metila – líquido, volátil, semcor, derivado do metanol, cianohidrina de acetonae ácido sulfúrico diluído para produzir resinas acrí-licas.Acrílico – termo usado para designar o poli (meta-crilado de metila).Monômero – substância que forma polímero. Mo-léculas simples capazes de unirem-se para formarmoléculas muito longas (polímeros). Por exemplo,o monômero etileno forma o polímero polietileno.Surfactante – substância que atua na superfícielimite entre fases, alterando a tensão superficial.Comonômeros – monômeros utilizados na copo-limerização.Copolímero – polímero derivado de mais de umaespécie de monômero.Hidrólise – diluição de substâncias químicas naágua.Éster – substância obtida condensando-se um ál-cool com um ácido carboxílico.

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GLOSSÁRIO

Álcalis – nome derivado do árabe pelo qual sedesignam tanto as base como os hidróxidosdos metais alcalinos.Matriz – lugar onde algo é gerado ou constru-ído. Fonte ou origem.Ligações cruzadas ou interligação – liga-ção química entre cadeias de um polímero paraformar uma estrutura em rede, que impede alivre movimentação entre as moléculas. Umexemplo de ligações cruzadas é a vulcanizaçãoda borracha. Ligações covalentes entre duas oumais cadeias poliméricas lineares. Polímeros po-dem ser produzidos para formar cadeias de mo-léculas longas (polímeros lineares) ou interliga-dos como se fosse uma rede (polímeros interli-gados).Copolímeros – moléculas complexas forma-das pela reação entre dois ou mais monômerosdiferentes. Polímero formado pela polimeriza-ção de uma mistura de dois ou mais monôme-ros.Dispersão – distribuição uniforme das partícu-las sólidas em um líquido. De forma mais co-mum, é a dispersão das partículas no veículo.Látex – hidrocarbonetos, tanto na forma natu-ral quanto na sintética. A natural é chamadaborracha crua e não é vulcanizada (interliga-ção), tendo na sua composição grandes com-plexos moleculares de isopreno. A borrachanatural, obtida do látex da seringueira tem comoconstituinte principal o isopreno. Outros plásti-cos obtidos na forma de emulsão, destinados àfabricação de elastômeros, são chamados delátices.Isopreno – hidrocarboneto constituinte da bor-racha natural. Líquido incolor com fórmula C5H8.Hidrocarboneto – substâncias formadas àbase de carbono e hidrogênio.Acetato de polivinila (PVA) – veículo paratinta látex. Polímero preparado pela polimeriza-ção do acetato vinílico como monômero exclu-sivo.Cloreto de vinilideno – termoplástico bas-tante inerte e com baixo odor razão pela qualfoi e é bastante utilizado na construção e nasembalagens de alimentos e remédios.Acrilonitrila – sua maior utilidade está noscopolímeros.Estireno butadieno (EB) (emulsão) – elas-tômero termoplástico. Tintas látex feitas comEB usualmente apresentam mais brilho, masamarelam mais facilmente que as tintas feitascom polímeros comuns acrílicos ou de PVA. EBcura por oxidação, em 30 dias, deixando o filmeresistente à água. É monoxidante, resistente aálcalis fortes, umidade e mofo.Acrílico – monômero ou polímero caracteriza-do por boa durabilidade, retenção de brilho, trans-parência e cor. Borracha sintética feita parcial-mente da acrilonitrila ou de acrilatos de etilacompolimerizado com muitos outros monôme-ros.Hidratos – compostos que têm um númeroespecífico de moléculas de água unidas a ele.

fissionais com a durabilidade do concre-to e argamassas feitas com o portland,particularmente para “algumas” situa-ções onde havia “contato” com “águassujas ou salgadas”, para agüentar a “ro-dagem”, impactos etc. Concretos com ci-mentos polimerizados com látex de bor-racha começavam a ser industrializadosnos anos 30. Já nos anos 40 foi introdu-zido o látex de acetato de polivinila, PVApara muitos. Nos anos 60, apareceram nomercado os latexes acrílico e cloreto devinilideno. A partir daí, uma sucessão deoutros polímeros foram criados, ressal-tando-se o látex estireno butadieno.Hoje, com todos os conhecimentos daadição de polímeros nas argamassas,pouco ainda se sabe. Engenheiros e téc-nicos utilizam o termo para todo tipo deargamassa, mesmo desconhecendo aquantidade de polímero presente. Pior,não há qualquer bibliografia disponívelpara explicitar este sério problema. Va-mos tentar, no entanto, explicar o quepoucos sabem.Dependendo da quantidade e da formacomo o polímero é aplicado poder-se-áclassificar o produto de três maneiras:

A terminologia dos poliméricos no repairbusinessAditivos orgânicos e polímeros reativos inte-ragem e promovem modificação substancialno processo de cristalização da matriz cimen-tícia, devido a interação das partículas dolátex com as superfícies dos cristais da matrizem desenvolvimento. A interligação e a inso-lubilidade costumam embarcar nestas rea-ções, modificando substancialmente o com-portamento dos polímeros. Alguns reagemquimicamente com os álcalis, produzidos du-rante a hidratação do cimento portland, des-truindo a função retardante da reação dosilicato tricálcico (C3S) com a água. Outros,liberam íons cloretos da associação de late-xes do cloreto de polivinila com o cloreto devinilideno presentes em algumas argamassas,provocando a contaminação do concreto e acorrosão das armaduras. Em nosso mercadoexistem as seguintes terminologias de pro-dutos:• Argamassas modificadas com políme-

ros para impermeabilização, reparo erevestimentos. Algumas anunciam quenão têm retração, o que não é verdade.

• Argamassas modificadas com políme-ros e com agentes inibidores de cor-rosão. Esta linha de produtos, verdadeira-mente, é a catarse da sensatez, pois pisano freio e acelera ao mesmo tempo, querdizer, oferece condições estático impermea-bilizantes simultaneamente com a dinâmicaatividade iônica do inibidor. Como é possí-

vel? Veja matéria específica na edição nº 72da RECUPERAR.

• Tinta epóxica rica em zinco para apli-cação nas armaduras, de modo a promoverproteção catódica. Outro disparate. Comoé possível emergir partículas de zinco emum tremendo isolante elétrico como o polí-mero epóxi e afirmar que haverá continui-dade elétrica para ocorrer a troca galvâni-ca das partículas com a superfície do aço?

• Tinta de poliuretano ou epóxi cominibidor de cromato de zinco. Este últi-mo produto, além de ser cancerígeno, tam-bém não consegue suas características ini-bidoras da corrosão no meio da resina.

• Vernizes acrílicos e de poliuretano,base solvente ou água, rígidos e flexíveispara proteção superficial. Somente produ-tos com 100% de sólidos podem ser consi-derados como barreiras eficientes.

• Penetrantes à base de metacrilato parapreenchimento de vazios e trincas.

• Penetrantes à base de silano para hidro-fugação.

• Penetrantes à base de siloxano para hi-drofugação.

• Penetrantes à base de silano/siloxanopara hidrofugação. Estes produtos tambémapresentam incoerência ao associarem doisprodutos com características diferentes decura, dependentes do meio em que sãoaplicados.

Argamassas modificadascom polímeros (AMP)São compósitos feitos com a substituiçãoparcial da matriz cimentícia aglomerantedo Portland por modificadores poliméri-cos e/ou aditivos tais como latexes em dis-persão, latéxes em pó solúveis em água,resinas líquidas e monômeros. AMPs di-videm cama, quer dizer, combinam umaúnica comatriz com os hidratos cimentíci-os os quais penetram-se mutuamente, ma-triz polimérica e matriz cimentícia, com aocorrência simultânea, porém complicada,dos processos de polimerização e hidra-tação. As propriedades das AMPs são afe-tadas por vários fatores como o tipo depolímero, a relação cimento-polímero, arelação água-cimento, o teor de ar na mis-tura e, naturalmente, a condição de cura.

Argamassaspoliméricas (AP)Estas argamassas não contém matriz cimen-tícia. Seu aglomerante e composto de resi-nas poliméricas, tipo resinas termorrígidas,monômeros vinílicos e resinas de alcatrão

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polimerizadas à temperatura ambiente. Na-turalmente, a mais comum é a argamassaepóxica. Por aí já dá para ver que as APspossuem resistência, adesão, impermeabi-lidade, resistência química/abrasão e dura-bilidade bem superiores às argamassas ci-mentícias, mesmo as modificadas.

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pre com base nos polímeros presentes emsuas formulações. Ou seja, anunciam ar-gamassas e grout repletos de polímerospara serem aplicados em serviços de re-

ticamente sua durabilidade. Assim, combase nesta política polimérica complexa eanoréxica, sabe-se bem que polímeros mo-dificam as propriedades das argamassas.Mas até que ponto?

Venda versus Desconhecimento

A venda de massas pré-fabricadas à basede polímeros, para serviços de recupera-ção, é um formidável e milionário negóciopresente no Brasil e no mundo. Em suasbulas ou prospectos tudo prometem, sem-

GLOSSÁRIO

Hidratação – fenômeno químico que consistena absorção ou fixação da água por uma deter-minada substância, que poderá conter os ele-mentos da própria água.Temperatura de transição vítrea (Tg) –corresponde ao início do movimento da molécu-la. Quanto maior a interligação no polímero maiorsua Tg.

Figura 6 - MEVmostrando umaargamassa modifi-cada com políme-ros, uma ampliaçãode 20.000 vezes.Como na fotoanterior, fica claroque as partículas dedispersão poliméri-ca aderem nassuperfícies doscristais do hidróxi-do de cálcio,Ca(OH)2 deixando,no entanto, umrastro de vazios nautópica película quemais parece umarede. Qualqueridéia de impermea-bilidade é merasuposição.

Continua na pág. 10

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Concreto impregnado compolímeros (CIP)Esta forma de atuação dos polímeros norepairbusiness é, basicamente, com im-pregnantes monoméricos aplicados nassuperfícies aparentes de estruturas deconcreto armado-protendido as quais são,subseqüentemente, polimerizadas, preen-chendo e “reforçando” os poros e capila-res da matriz cimentícia hidratada, sua faseagregada e a interface entre ambos comos polímeros resultantes. Conseqüente-mente, a adesão nesta interface é potenci-alizada e a peça estrutural ganha resistên-cia física/química e impermeabilidade. Parase conseguir isto, torna-se necessário, an-tes, secar bem a superfície da estrutura.Tudo isto dependerá de vários fatores:• A profundidade de penetração do polí-

mero.• As propriedades do polímero.• A eficiência da impregnação (spray ou rolo).• A eficiência do monômero empregado.• O grau de conversão do monômero para

polímero.

Como se sabe, concreto não é um material,é todo um processo que, no final das con-tas, acaba por gerar um pseudo-sólido po-roso e permeável totalmente sensível ao am-biente que o cerca. O contato direto ou in-direto com ambientes corrosivos afeta dras-

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cuperação sem levar em consideração, ousem tomar conhecimento da(s) causa(s)do problema, muitas das vezes desconsi-derando a devida e necessária prepara-ção da peça combalida e, principalmente,o que a massa modificada com polímerosirá fazer naquela estrutura. Invariavelmen-te, o profissional embarca no canto dasereia, aplica o super material de recupe-ração e se dá mal. A culpa é sempre dele e

não do material, aliás do super material.Claro. Como pode um material tão especi-al e com griffe tão nobre falhar? Lembram-se daquele velho ditado de que qualquerremédio, por melhor que seja, usado deforma inadequada pode ser ineficaz? Fe-lizmente ou infelizmente trata-se de ummercado extremamente rentável. Já comen-tou-se em algumas matérias da RECUPE-RAR que algumas dessas formulações não

têm um pingo de exeqüibilidade, se é quedesfrutam de alguma dose de credibilida-de. O lado triste desta história é que até

Figuras 7 e 8 - A hidratação do silicato tricálcico, C3S, produz o hidróxido de cálcio, Ca(OH)2, que cristaliza em sua forma característica. Na foto à esquerda(A) há apenas a formação do C3S e polímeros sem a presença dos cristais do Ca(OH)2 que mesclaram-se com os polímeros. A análise, com MEV, do C3S sempolímeros (B) evidencia cristais de Ca(OH)2 bem definidos.

Figura 9 - Seqüência recuperativa muito comum. Pintura das barras e aplicação da argamassa polimerizada. Resultado: prática totalmente equivocada derecuperação, com durabilidade comprometida, tanto pelo aspecto físico quanto pelo eletroquímico da corrosão.

GLOSSÁRIO

Carboxilato – grupo funcional dos sais orgânicos.Diagnóstico – fase da investigação sobre a na-tureza e as causas de determinado problema.Conhecimento ou determinação de um problemapelos sintomas. Conjunto dos dados em que sebaseia essa determinação.

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• Sickles L.B., Organics vs. Synthetics: Theiruse as additives in mortars.

• Asad, M., Bauluch, M.H., and Al-Gadhib, A.H.“Dry shrinkage stresses in concrete patchrepair systems”. Mag. Concrete Res.

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• Wittmann, F.H., and Müller, T. “Adherenceand fracture energy, adherence of young on oldconcrete”. F.H. Wittmann, ed., Aedificatio.

engenheiros notáveis torcem e distorcema percepção e a avaliação da boa técnica.Haja discernimento para todos nós, sim-ples engenheiros de laboratório, ungidoscom a condição de faróis de neblina de ou-tros engenheiros anônimos, proprietáriosconfusos, técnicos vulneráveis, consumi-dores fraudados... Somos obrigados a acre-ditar que falta conhecimento de materiaisde construção à turma que entende de po-límeros e, para a turma que entende de ma-teriais de construção, falta-lhes conheci-mento da tecnologia de polímeros.Na cadeira de Patologias da Construção,nas universidades e nos cursos ofereci-dos pelo Instituto de Patologias daConstrução é básico ensinar que para re-cuperar é necessário, primeiro, montar odiagnóstico, especificando a causa da

deterioração e, a partir daí, proceder-sea elaboração das etapas a serem segui-das de preparação do substrato a ser re-cuperado e só então selecionar o materi-al mais adequado. Para um correto diag-nóstico, torna-se necessário compreen-der os mecanismos que levam o concre-to à deterioração. Não é fácil. Na maioriadas vezes ela é causada por efeitos si-nergísticos, desencadeados por váriosfatores presentes no ambiente que cercaou faz contato com o concreto. Existemdiferentes tipos de polímeros e, mesmocom a utilização de apenas um tipo naargamassa, poderá haver comportamen-tos diferenciados, em função de como omaterial atuará. Assim, é preciso ter cui-dado e discernimento ao selecionar e tra-balhar com estes produtos.

Avaliação daspropriedades de adesão

de argamassaspolimerizadas com

o concretoA qualidade da adesão é fundamental emqualquer colagem. Todas as argamassas mo-dificadas com polímeros retraem e, conse-qüentemente sofrem de microfissuras queficarão ainda mais sensibilizadas com o graude preparação do substrato onde serão apli-cadas e com as características da argamas-sa de reparo. O fissuramento interfacial,motivado pela retração da argamassa, alia-do a um substrato pouco rugoso e mal pre-parado e a outras características da arga-massa poderão conduzir ao seu desplaca-mento.

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Para ter maisinformações sobreAnálise.

REFERÊNCIAS• Michelle Batista é química.• Sickles, L.B., Organic additives in mortars.

Edinburgh Archit. Rev.• Kirk Patrick, S.H., An improved poste srita-

ble for admixture with cement and othermaterials for strengthening and waterproo-fing the same. British Patent.

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• Reley V.R. and Razol J., Polymer additives forcement composites: a revew. Composites.

GLOSSÁRIO

Concreto – é mais que um material. É um pro-cesso constituído pela mistura hidráulica de umaglomerante com materiais inertes.

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ngenheiros projetistas e de obrasainda erram ao projetar e executarestruturas de concreto armado-

protendido. O costume persistente da concep-ção e execução roteirizadas em conhecimen-tos antigos e inconsistentes ainda rola por aí.Como se sabe, os procedimentos para cons-truir estruturas de concreto diferem dos de-mais empregados na construção. Concretoé um dos poucos materiais cujos ingredi-entes são colocados no local da obra oupróximos a ela e, a partir daí, é feita a sua

fSurvey Practice

E

Continua na pág. 16

Figura 1 - É bastante comum, em obras importantes,haver erros de concepção. Quanto mais complexo o

projeto, mais problemas existirão.

mistura, lançamento e moldagem, de acor-do com o produto final pré-estabelecido.Existem tantas variáveis que afetam a pro-dução deste compósito que o infeliz já en-tra com o virus da desconfiança, com amultiplicidade de gafes que poderão ocor-rer no projeto e na execução.

Os problemas aparecem

O processo construtivo do concreto arma-do exige uma seqüência necessária de ope-

Figura 2 - Ferragem negativa mal posicionada. Asolução para este caso foi a demolição do concretopara reconcretagem.

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rações que vai do plano conceitual até a es-trutura acabada. O diagrama de blocos lógi-cos abaixo estabelece o modal do seu pro-cesso construtivo em que cada bloco repre-senta a etapa seqüencial necessária básica.

namento. Na primeira, a mais importante, abarra de aço é posicionada de modo a ab-sorver tensões de tração. Mal posiciona-da, deixará a futura peça estrutural numasaia justa. Um caso típico freqüente é o mau

Problemas com armaduras

O sucesso das armaduras, ao serem proje-tadas para peças estruturais, dependerá detrês leis básicas e obrigatórias de posicio-

GLOSSÁRIOCompósito – combinação de dois ou mais mate-riais, sem chance de se misturarem e que traba-lham em conjunto. Sua composição baseia-se emfibra e matriz envolvente.

posicionamento dos ferros negativos daslajes de varandas.Na segunda, e aí nasce um problema deconcepção, estabelecem-se espessuraspara a camada de recobrimento do con-creto, de modo a “proteger” as armadu-ras da corrosão. Supõe-se antecipada-mente, pressupõe-se, presume-se, su-bentende-se e, por fim, imagina-se que oconcreto seja um sólido verdadeiro enão é. Sua concepção o conduz para acategoria de sólido extremamente poro-so e permeável. Um pseudo-sólido. A pas-ta de cimento ou matriz cimentícia é o seuconstituinte ativo e responsável por estecomportamento.Assim, considerando-se este equívoco aca-dêmico, dever-se-á ainda considerar as es-pessuras normativas de recobrimento do

Figura 4 - Tanque novo, na foto menor, de umaestação de tratamento de efluentes. Situação desuas superfícies após dois ano e oito meses.

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Figura 3 - O vício do mal posicionamento da fer-ragem negativa.

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tipo TELA G, PASTILHA Z etc nas armadu-ras, já que, uma vez vencida a barreira dorevestimento epóxico, o concreto ficaráaberto à contaminação química irreversível.E aí só a proteção catódica protegerá o aço.Na terceira lei básica, há o dimensionamen-to e/ou o posicionamento das armaduras

GLOSSÁRIO

Adsorção – atração de íons ou substâncias nasuperfície de um sólido. Aumento da concentraçãode moléculas ou íons na superfície de um sólido(adsorvente)poroso. Não deve ser confundida comabsorção, que põe em jogo a ponte interna da su-perfície. A adsorção relaciona-se com valênciasresiduais dos átomos e moléculas da superfície dosólido que não se acham combinados.Isoterma – linha sobre um gráfico que une pon-tos com a mesma temperatura.Proteção catódica – sistema que interrompe acorrosão do aço, tornando-o catódico, devido a for-mação de uma pilha galvânica.Valência – camada eletrônica mais externa quecontém elétrons com alta energia e tomam partenas reações químicas. Átomos ou íons com cama-da de valência cheia são estáveis.

O falso sólidoAo ser lançado, o concreto ainda é plástico eseus agregados, por serem pesados, afun-dam, gerando uma película d’água em sua su-perfície. É o fenômeno da exsudação. Em to-dos os concretos e argamassas de cimentoportland formam-se milhares de micro-canais,devido ao transporte ou percolação da águapara a superfície, geralmente com partículasa tiracolo, promovendo a formação daquelanata superficial característica sobre a qual ne-nhuma película resistente adere. De forma ca-racterística, durante seu lançamento, tambémocorre a separação do agregado graúdo damistura, resultando em uma massa sem uni-formidade ou com segregação. Dois argumen-tos que contestam e refutam a validade doconcreto como sólido perfeito. O conhecimen-to da micro-estrutura básica do concreto, ob-tido com o exame do concreto padrão no mi-croscópio eletroquímico de varredura (MEV)é essencial para a compressão do seu com-portamento físico-químico, mecânico e, porextensão, de sua durabilidade. A instabilida-de do volume de um sólido poroso é total-mente dependente da interação com o ambi-ente que o cerca ou que faz contato com suarede de microporos ou microcanais. Esta mi-

cro-estrutura do concreto é investigada atra-vés das isotermas de adsorção com mudançade comprimento, técnicas com amostras emminiatura, ressonância magnética nuclear etc.O tamanho e a qualidade da superfície de umsólido poroso ou falso sólido são seus doisprincipais parâmetros, pois controlam a velo-cidade das reações físico-químicas e quími-cas com o ambiente em contato. Este graude controle relaciona-se à sua área superfi-cial e, naturalmente, à natural reatividade,fator este dependente da sua cristalografiae de outras propriedades físico-químicas.

Figura 5 - Proteção dasarmaduras da laje de um tanquede produtos corrosivos comTELA G, durante a concretagem.

concreto? Claro, é prudente mas não sufi-ciente, pois continuará poroso e permeá-vel. Mais importante, no entanto, é adequarou “vestir” a superfície do pseudo sólidoconcreto com película específica de prote-ção para cada ambiente envolvente. Porexemplo, em estações de tratamento de eflu-

entes utiliza-se revestimentos epóxicos àbase de novolac. Para superfícies de con-creto que farão contato com fluidos corro-sivos como a água do mar, soluções ácidasetc, além do revestimento, que tem tempode vida definido, é prudente utilizar prote-ção catódica com a fixação de anodos do

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Hidratação da matriz do portland sob uma MEV.Cristais de silicato desordenados em forma deagulha. Vazios inevitáveis.

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de forma incorreta, fazendo com que a peçaestrutural fique congestionada de barras,principalmente quando acontecem emendascom o conseqüente transpasse. O concre-to, por sua vez, ao ser lançado, tem dificul-dade ou simplesmente não consegue pas-

Posicionamento de obra

Extremidade da viga

Trincas formam-se logoacima do posicionamentodo cabo

Direção da forçade reação

Posicionamentocorreto de projeto

Figura 7 - Posicionamentoincorreto do cabo de protensão.

Figura 8 - Condição difícil de concretagem. Lan-çamento com altura elevada e grande concentra-ção de ferros.

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Figura 6 - Alta densidade de armaduras impedeo concreto de adentrar totalmente na peçaestrutural.

GLOSSÁRIO

Junta fria – é um plano de fraqueza no concretocausado pela interrupção ou atraso na operação delançamento do mesmo, permitindo-se a primeiraconcretagem iniciar a cura antes do lançamento dasegunda, resultando em pouca ou nenhuma ade-rência entre elas.Junta de concretagem – é a junta entre diferen-tes materiais ou estágios da construção, não ne-cessariamente para acomodar movimentos, poden-do ter ou não armadura atravessando a mesma.

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Figura 10 - Estruturas hidráulicas: juntas frias ede construção precisam de atenção especial.

REFERÊNCIAS• Carlos Carvalho Rocha é Engenheiro Ci-

vil, especialista em serviços de recuperação.• Murdock, L.J., Blackledge, G.F., “Concrete

materials and practice”, Londres.• American Concrte Institute, “Recommended

practice for measuring, mixing and placingconcrete”, ACI Standar 614.

• Neville, A.M., “Properties of concrete”, Lon-dres, Ed. Sir Isaac Pitimann and Sons, Ltd.

• Sparkes, F.N., “The control of concretequality: a review of the presente position”, inProc. Symp. mix design and quality controlof concrete.

• Troxell, G.E., Davis, H.E., Kelly, J.W.,“Composition and properties of concrete”, 2ªed., Nova York, Ed. MacGraw-Hill Book Co.

• Association Française de Normalisation,“Bétons prêts à l’emploi préparés en usine”,NP 18-301.

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sar através das barras, ocasionando gran-des vazios em torno das armaduras.

Problemas em cabos de protensão

É difícil, mas erros de posicionamento emcabos de protensão acontecem. Eles, inva-riavelmente, promovem tensões de traçãonão previstas na peça estrutural e, claro,fissuras e trincas indesejadas.

Remoção das formas

Muito comum também é o pessoal de obraremover formas e escoras antes que o con-creto atinja resistências adequadas. O re-sultado, sem qualquer mistério, são tensõesde compressão e tração impossíveis de se-rem combatidas pelo jovem concreto e, na-

turalmente, trincas, deflexões e colapsospoderão aparecer.

Juntas frias,segregação e infiltrações

Intervalos longos entre o lançamento doconcreto e até dentro de um mesmo lança-mento costumam provocar perigosas inter-faces dentro de uma peça estrutural. A inci-dência mais trivial ocorre em estruturas hi-dráulicas, principalmente barragens. O efei-to mais devastador são as inevitáveis infil-trações. Para eliminá-las, tornando a super-fície apta a receber o lançamento subse-qüente, é necessário remover sujidades e,principalmente, aquela sinistra “nata” su-perficial sobre a qual nada adere. Sugere-se usar agente de colagem após a limpeza.Juntas frias comprometem a durabilidade doconcreto.O fenômeno da segregação é resultado dadistribuição não uniforme do concreto den-tro da forma, durante o lançamento. Nocaso de dosagens inadequadas, a maneiracomo o concreto é lançado e o excesso devibração são as causas mais freqüentes. Asegregação compromete a durabilidade doconcreto.

Figura 9 - Nesta barragemfoi necessária a execuçãode parede secante feitacom a perfuração de 450estacas de 1,20m de diâ-metro, separadas de 0,70m

e a cerca de 30m de profundidade, a montante daexistente, para estancar a grande quantidade devazamentos motivados por juntas frias e de con-cretagem mal executadas, além de grandes vaziosno interior das paredes. Um detalhe, os serviçosde concretagem foram feitos com tubo tremie eexecutados com a barragem cheia.

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ngenheiros e técnicos estão cada vezmais conscientes de que efluentesde qualquer natureza e superficiais

de concreto armado-protendido não podeme não devem ficar em contato direto, semque no meio deles haja um revestimento sa-bidamente resistente à ação do mortíferogás sulfeto de hidrogênio, H2S, produzidonas entranhas das camadas do lodo anae-róbico de tubulações e tanques pertinen-tes a ETEs.

E Números do estrago

Engenheiros e técnicos de órgãos munici-pais, federais e industriais já perceberamque todas as estruturas que compõem sis-temas coletores e do próprio tratamento deefluentes, à base de concreto armado-pro-tendido degrada-se a velocidade espanto-sa. Não é para menos. Os efeitos da corro-são múltipla, causada nestes sistemas pelogás predador sulfeto de hidrogênio, H2S,

Continua na pág. 22

GLOSSÁRIO

Partes por milhão (ppm) – quando a con-centração de um componente numa solução émuito baixa, a forma de exprimi-la é em partespor milhão ou, simplesmente, ppm. A designa-ção ppm indica quantas unidades de um compo-nente há em 1.000.000.Sulfeto de hidrogênio – também chamadode gás sulfídrico ou sulfidreto. No contato coma água e oxigênio transforma-se no ácido sulfú-rico. Forma-se na putefração de organismos vi-vos, com odor fétido. H2S.

Figura 1 - Atualmente, estações de tratamento de efluentes recebem grande atençãoinvestigativa, tendo em vista a peculiaridade dessas construções e os conseqüentes e naturais

problemas.

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perfície molhada do concreto, invariavel-mente despida de proteção superficial, armaseu mais perverso discípulo, na forma docomilão contaminador ácido sulfúrico, vul-go H2SO4, que tanto degenera as superfíci-es das estruturas a velocidades espanto-sas que chegam a 25mm de concreto porano, como também assina o inventário dabela e branca alcalinidade protetora da vir-gem passividade que envolve as armadu-ras. Com este clima uma coisa é certa: quan-to mais tempo passa, mais estragos acon-tecem nas estruturas despidas de revesti-mentos especiais.

A impermeabilidade desejada

Falso sólido não assumido e com o agra-vante de ter sua alcalinidade não indeseja-da o concreto é, ao microscópio, um materi-al excepcionalmente permeável, poroso eabsorvente. Infelizmente, alguns poucosprojetistas, calculistas, engenheiros e téc-nicos ainda não levam isso em conta e re-

Figura 3 - Tanque, foto maior e menor, de aeraçãotratado com epóxi novolac 100% sólido enriquecido

com fibras. Tratamento adequado.

Figura 2 - Reatores biológicos são locais queexigem extrema cautela na proteção do concretoarmado-protendido, devido ao tipo de efluenteque contém e ao seu processo de aeração emistura.

Porque o concreto não resiste à ação bacteriana

O concreto à base de cimento Portland érico em substâncias cálcicas, sobressaindoos hidróxidos de cálcio Ca(OH)2. Com estacomposição o concreto comum se desinte-gra a partir do pH inferior a 6,5 e é total-mente sensível à ação dos sulfatos e a con-seqüente acidificação do meio.Revestimentos à base de cimento alumino-so (bauxita), ao contrário, resistem a pHácido e são indicados para revestir superfí-cies de concreto armado-protendido.

Diagrama esquemático da redução dos sulfatose a oxidação do H2S em um tanque de despejos,com conseqüente corrosão do concreto e dasarmaduras pelo ácido sulfúrico (H2SO4).

to e “dinâmico” fortemente concentrado aolongo das grandes distâncias pertinentesao sistema coletor, que aumenta enorme-

mente a septicidade do efluente, o tóxicogás H2S alcança centenas de partes por mi-lhão (ppm). O contato deste gás com a su-

também chamado de gás sulfídrico, dilace-ram de forma veloz e furiosa, tanto o con-creto como seu ilustre hóspede armador.“Estático” atuante na estação de tratamen-

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quantidade de poros, furos e cavidades quefica na superfície do concreto após este ser-viço. Isto porque, além das inerentes imper-feições e “caminhos” para o interior do con-creto armado-protendido, estes furos e ca-

comendam o pobre para contato direto comefluentes de toda natureza.Indiscutivelmente, o principal método deproteção do concreto contra a ação básicade toda sorte de efluentes, seja em inter-ceptores, caixas de passagens, estaçõeselevatórias e tubulações é o EPÓXI NOVO-LAC, com 100% de sólidos, que conjugaexcelente impermeabilidade com resistên-cia química, fatores fundamentais contra aação corrosiva de fluidos gasosos/líquidosácidos ou alcalinos. A exigência de revesti-

mentos com permeabilidade extremamentebaixa é considerada fator essencial tantono “Water Online”, em seu “New surveyshows permeability a critical corrosion fac-tor”, como na NACE nº 6/SSPC-SP13 de seu“Surface preparation of concrete”. Este úl-timo normativo expõe uma consideraçãoimportante e crítica para prevenir a melhorimpermeabilidade antes da aplicação do re-vestimento protetor: fresagem das superfí-cies como meio de remover a nata superficiale o conseqüente preenchimento da grande

GLOSSÁRIO

Novolac – resina multifuncional com altíssimadensidade de ligações cruzadas que impedem apenetração de substâncias em sua matriz. Bastan-te superior aos epóxis tradicionais usados comorevestimentos. Resistem também a ácidos, sol-ventes e ao álcalis.

Figura 4 - Estado de um tanque de efluentes ácidos (pH~5), após 3 anos de uso.

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Figura 5 - Após o tratamento da corrosão com proteçaõ catódica (TELA G) e aprojeção mecânica de argamassa cimentícia ácido-resistente, foi aplicadorevestimento epóxico novolac.

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vidades são craques em liberar fluxos de araprisionados dentro do concreto logo apósa aplicação do NOVOLAC, criando bolhase furos na película ainda jovem e sem resis-tência. O mesmo normativo denomina estefenômeno de “furos na película induzidaspor fluxos de ar provenientes do interior dosubstrato do concreto”.

A solução

Para corrigir este sério problema, recomen-da-se, de forma seqüencial, a fresagem dassuperfícies, seguida da lavagem com hidro-jateamento e secagem. A seguir, dever-se-áimprimar as superfícies com o primer epóxi-co NOVOLAC. Quando a película do primerestiver no ponto do toque livre (ao toque dodedo fica apenas a impressão digital na pelí-cula) aplicar-se-á, com desempenadeira, umamassa epóxica, também à base de NOVO-LAC, de modo a preencher e corrigir furos ecavidades existentes, estabelecendo condi-ção ótima de base para o fundamental NO-VOLAC que formará a película principal com

e consultores, um programa de testes acele-rados que simulam o ambiente severo deestações de tratamento, tanto de água quan-to de efluentes, ao mesmo tempo em queavalia o comportamento da película de pro-teção quanto a permeabilidade, exposiçãoquímica e adesão a prazos longos. A técnicabaseia-se na resistência elétrica ou impedân-cia do revestimento protetor. Trata-se da tec-nologia denominada espectroscopia por im-pedância eletroquímica (EIE) que avalia o ní-vel de degradação do revestimento protetorapós a exposição a ambientes corrosivos.Medindo-se a resistência do revestimentocom impedância a uma corrente elétrica, pro-move-se correlação com sua impermeabili-dade. Uma película adequada e bem dimen-sionada apresenta boa impermeabilidade, ouseja, resiste à penetração da corrente elétri-ca, em oposição às películas que são viola-das ou defloradas. Quanto maior a resistên-cia do revestimento protetor, menor sua per-meabilidade ao gás H2S, ao ácido sulfúrico,H2SO4, à ação iônica desestabilizante das so-luções salinas etc. No laboratório, as leitu-ras do EIE são tomadas antes, durante e apósa exposição aos severos, mas simulados am-bientes da ETE/ETA. Os resultados do testeoferecem uma excelente correlação com a re-alidade das estações de tratamento.

aproximadamente 300 micrômetros de espes-sura contra a ação química do efluente cor-rosivo, seja na forma líquida ou gasosa.É interessante observar dois aspectos im-portantes que deverão ser acrescidas à te-rapia apresentada. O primeiro refere-se asituação onde o efluente, na forma líquida,causa desgaste mecânico ou erosão na su-perfície. Para esta situação, exigir-se-á umacabamento epóxi NOVOLAC com a adiçãode fibras, de modo a estruturá-lo, adicionan-do resistência à flexão e tração na película. Osegundo aspecto refere-se às regiões ondeo concreto protegido ficará em contato como sol (radiação UV) sem receber a carga lí-quida do efluente, apenas o gás predadorH2S. Neste particular exigir-se-á a proteçãoda película NOVOLAC com uma outra pelí-cula adicional à base de poliuretano compa-tível. É importante relatar que películas epó-xicas tradicionais, além do tóxico e proibidoepóxi de ou à base de alcatrão são literal-mente “comidos” a diminutas concentraçõesde 50-100ppm do predador H2S, em prazosque variam de 6 a 18 meses.

Medindo a saúde dapelícula protetora

Para substanciar performances de películasprotetoras de superfícies de concreto sub-metidas à comilança e aos maus tratos doambiente de ETEs, o Instituto de Patologiasda Construção idealizou, em conjunto comengenheiros de empresas de recuperação,de órgãos públicos mantenedores de ETEs

Figura 6 - A superfície deste tanque decantador apresentava-se corroída pelo ataque do efluente. Apósa checagem dos potenciais de corrosão com a Semi-Pilha e a instalação de anodos nos locaiscomprometidos aplicou-se, diretamente com desempenadeira de aço, a massa epóxica novolac, seguidada pintura epóxica novolac.

REFERÊNCIAS• Joaquim Rodrigues é engenheiro civil,

mestre em corrosão, membro de diversosinstitutos nos EUA, em assuntos de patolo-gias da construção, É editor e diretor da RE-CUPERAR, além de consultor de diversasempresas.

• EPA 816-R-002-020, “The Clean Water andDrinking Water Infrastructure Gap Analysis”(Washington, DC: U.S. Environmental Pro-tection Agency, September 2002).

• GAO-96-390, “Securing Wasterwater Facili-ties” (Washington, DC: U.S. Government Ac-countability Office, May 1, 2000), p.8.

• “New Survey Shows Permeability a CritialCorrosion Factor”, Water Online, November7, 2006.

• NACE No. 6/SSPC-SP 13, “Surface Prepara-tion of Concrete” (Houston, TX: NACE In-ternational ).

• V. O’Dea, “Preventing Bughole Induced Out-gassing”, JPCL 24,1 (2007): p. 86-88.

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Para ter maisinformações sobreAnálise.

GLOSSÁRIO

Impedância – é a resistência que um circuitooferece ao fluxo de corrente. Sua unidade é o ohm.Espectroscopia – são métodos de análise quali-tativa e/ou quantitativa baseados na obtenção einvestigação de espectros de emissão ou absorçãode substâncias sob forma de vapor, em solução etc.Na espectroscopia do infravermelho estudam-se osespectros de absorção de substâncias, usualmenteem solução, na região do infravermelho.Eletroquímica – parte da ciência e tecnologiaque lida com transformações entre energia quími-ca e elétrica. Tem a ver com elétrons e íons rea-gindo na interface solução-aço.

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onais como RILEM, ASTM, ACI AASHTOetc, acumulando conhecimentos sobre adurabilidade do concreto armado-protendi-do praticamente todo ano estruturas vãopara o chão.

Parece, mas não é.

Todo este conhecimento disponível pare-ce resvalar no pouco para o quase nada,provavelmente pelo fato de se basearem emresultados de prazos curtíssimos e não emtestes necessariamente prolongados. Cer-

Continua na pág. 32

fetivamente, toda a fortaleza do con-creto armado-protendido não é, afi-nal, à prova de realidade. Principal-

mente a realidade de milhares de pontes eedificações industriais que todos os anosvão para a enfermaria, outras para a UTI eumas poucas para o buraco, quer dizer, pre-cisam ser implodidas ou simplesmentecaem levando consigo vítimas, como sefosse um tributo à incapacidade de políti-cos, técnicos e engenheiros.Apesar de toda a quantidade de pesquisase esforços de comitês científicos internaci-

EGLOSSÁRIO

RILEM – Réunion Internationale des Laboratoireset Experts des Matériaux, systèmes de constructionet ouvrages.ASTM – American Society for Testing andMaterials.ACI – American Concrete Institute.AASHTO – Association of State Highway andTransportation Officials

tamente, pensamos, tudo isto se resume aoraciocínio de políticos, técnicos e engenhei-ros que, efetivamente, estão à frente do pro-

Figura 1 - Nenhuma estrutura de concreto armado-protendido, hoje,está isenta de problemas, seja de concepção, seja de execução.

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blema e que, no frigir dos ovos, não que-rem dispor do dinheiro necessário: o tempo(para não dizer do custo) adequado para apesquisa não é suficiente para penetrar noproblema e, de forma precisa, obter-se o re-sultado. Em outras palavras, a informaçãodisponível baseia-se, quase sempre, em tes-tes que consideram apenas uma variávelquando, na realidade, muitas outras variá-

te. Algumas vezes, apenas duas variáveispodem, de forma desproporcional, poten-cializar um efeito. Outras vezes, simplesmen-te se anulam. Um caso típico são os danosprovocados às armaduras quando se apli-cam barreiras à base de revestimentos ci-mentícios ou poliméricos, no intuito decombater a corrosão do aço. Esta antigaprática recuperativa baseia-se apenas nafísica do processo para justificá-la, quan-do, na realidade do processo instalado, umasinistrose físico-química coletiva esperneiano sistema. Na opinião do autor, este é ape-nas um dos muitos casos de durabilidadenos quais fatores, ações e efeitos puramen-te físicos e químicos por natureza não po-dem ser separados, já que ambos estãounidos de forma indissolúvel, agindo demaneira simultânea, em mutirão.Nosso conhecimento atual sobre durabili-dade, tanto de forma genérica como especí-fica, e um exemplo são as reações álcali-agregado, não confere com a quantidadede pesquisa realizada e o número de papéispublicados. O que se percebe, e os doisveis estão envolvidas. A informação é dis-

ponibilizada em fragmentos. O estudo deuma variável, de forma isolada ou de cadavez, sempre é o caminho mais fácil de se-guir em uma pesquisa. Sua conclusão, na-turalmente, é limitada, exatamente pelo fatodo comportamento material ser, na realida-de nua e crua, o resultado de interações deinúmeras variáveis atuando simultaneamen-

Figura 2 - A camada de recobrimento do concreto armado, com qualquer espessura, não pode ser responsabilizadapela proteção de suas armaduras em ambientes corrosivos e muito menos para contato direto.

GLOSSÁRIO

Eletroquímica – parte da físico-química queestuda as propriedades eletro-eletrônicas dassoluções, o comportamento dos íons em meioaquoso e a energia das pilhas. Parte da ciênciaque lida com transformações entre energia químicae elétrica.

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Para ter maisinformações sobrePesquisa.

REFERÊNCIAS• Patr íc ia Karina Tinoco é engenhe i ra

civil especialista em polímeros.

casos citados são provas incontestáveis éque quanto mais profundo o conhecimentodo problema, mais complexa e dificultosa asolução.

Pesquisa, pesquisa, pesquisa...

Praticamente todos os estudos sobre adurabilidade do concreto armado-proten-dido utilizam apenas uma variável queleva, a tiracolo, o mesmo tipo de teste ouanálise, quer dizer, molda-se o protótipoe não a conclusão verdadeira específica.Este método de estudo unidirecional nãotraduz o realismo do “ambiente” em queestruturas de concreto armado-protendi-do são projetadas, para não dizer larga-das.Perdendo de vista esta lógica do faz deconta, do unicorne, dever-se-á, para aanálise ou retro análise da durabilidadede uma estrutura de concreto armado-protendido, priorizar-se o entendimento

fSurvey Practice

ma implica numa terapêutica equivocada,geralmente com materiais estranhos, ins-táveis ao processo, deflagrando mais in-compatibilidade. A cura ou a análise dequalquer doença, no final das contas, exi-ge o perfeito diagnóstico sem o qual, qual-quer remédio, por mais caro ou sofistica-do que seja, será inespecífico.

holista, quer dizer integral, de todo ocontexto. Entre os principais itens quedeverão fazer parte estão a análise pro-funda, com as possíveis causas e efei-tos, o “ambiente” em que será ou encon-tra-se “largada” a estrutura, seu projeto,os materiais (a serem) empregados, suadosagem, lançamento, cura, situação ele-troquímica das armaduras, cabos etc. Écomo homem e mulher. São diferentes,todos sabem e não há problema nisso. Éo que dinamiza a relação e a torna com-plementar.A deterioração acelerada das estruturasde concreto armado-protendido ocorrepor muitas razões, na maioria das vezesdevido a influência de fatores diversosque ocorrem de forma simultânea e/ou su-cessiva. O ambiente que envolve e/ou fazcontato direto com a estrutura, como mos-tramos, é o ponto de partida, a ponta doiceberg, senão o próprio. A falta de umdiagnóstico preciso da causa do proble-

Estacas-pranchas metálicas utilizadas em cais de atracação. Foi preciso algum tempo para que a estrutura mostrasse sua fragilidade à corrosão e, apósserviços de preparação das superfícies fosse protegida com ZTP.

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