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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS CAMPUS APARECIDA DE GOIÂNIA DEPARTAMENTO DE ÁREAS ACADÊMICAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL SUSTENTABILIDADE NA FABRICAÇÃO DO TIJOLO SOLO-CIMENTO: ESTUDO COMPARATIVO COM BLOCOS CONVENCIONAIS CRISTINE RIBEIRO CORDEIRO VANESSA CAIRES MACHADO APARECIDA DE GOIÂNIA 2017

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS

CAMPUS APARECIDA DE GOIÂNIA

DEPARTAMENTO DE ÁREAS ACADÊMICAS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

SUSTENTABILIDADE NA FABRICAÇÃO DO TIJOLO

SOLO-CIMENTO: ESTUDO COMPARATIVO COM

BLOCOS CONVENCIONAIS

CRISTINE RIBEIRO CORDEIRO

VANESSA CAIRES MACHADO

APARECIDA DE GOIÂNIA

2017

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS

CAMPUS APARECIDA DE GOIÂNIA

DEPARTAMENTO DE ÁREAS ACADÊMICAS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

CRISTINE RIBEIRO CORDEIRO

VANESSA CAIRES MACHADO

SUSTENTABILIDADE NA FABRICAÇÃO DO TIJOLO

SOLO-CIMENTO: ESTUDO COMPARATIVO COM

BLOCOS CONVENCIONAIS

Trabalho de Conclusão de Curso de graduação

apresentado ao Instituto Federal de Educação,

Ciência e Tecnologia de Goiás - Campus

Aparecida de Goiânia como requisito parcial

para a obtenção do título de Bacharel em

Engenharia Civil e desenvolvido na linha de

pesquisa Materiais e Tecnologias sob

orientação da Profa. Ma. Francielle Coelho dos

Santos e coorientação da Profa. Esp. Lorrayne

Correia Sousa.

APARECIDA DE GOIÂNIA

2017

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

C794 Cordeiro, Cristine Ribeiro Sustentabilidade na fabricação do tijolo solo-cimento: estudo

comparativo com blocos convencionais / Cristine Ribeiro Cordeiro;

Vanessa Caires Machado. – Aparecida de Goiânia, 2017. 72 f..: il.

Orientador: Profa. Me. Francielle Coelho dos Santos. Trabalho de conclusão de curso (graduação) – Instituto Federal de

Educação Ciência e Tecnologia de Goiás: Campus Aparecida de Goiânia,

Bacharelado em Engenharia Civil, 2017.

1. Tijolo solo-cimento. 2. Sustentabilidade. 3. Bloco cerâmico. 4. Bloco concreto. I. Machado, Vanessa Caires. II. Título.

CDD 691

Catalogação na publicação: Thalita Franco dos Santos Dutra – CRB 1/2186

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RESUMO

CORDEIRO, C. R.; MACHADO, V. C. Sustentabilidade na fabricação do tijolo solo-

cimento: estudo comparativo com blocos convencionais. 2017, 75f. Trabalho de Conclusão de

Curso (graduação em Engenharia Civil) – Departamento de Engenharia Civil, Instituto Federal

de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, Câmpus Aparecida de Goiânia, 2017.

O tijolo de solo-cimento, também conhecido como ecológico, surgiu como um elemento que

busca atender ao desenvolvimento sustentável da Engenharia Civil. O estudo deste material é

um caminho para promover uma visão ecológica, social e econômica, fundamental para este

setor. O presente trabalho tem como objetivo principal analisar a sustentabilidade no processo

de fabricação do tijolo de solo-cimento em comparação aos blocos convencionais. A pesquisa

é de enfoque metodológico qualitativo, realizada através de um estudo de caso, no qual foram

determinadas as fábricas para diagnóstico do processo de fabricação dos materiais estudados.

A fábrica de tijolo de solo-cimento apresentou diferenciais significativos relacionados à

preocupação ecológica, no que diz respeito ao reaproveitamento de resíduos de outros setores

ligados à construção civil (construtoras e empresas extratoras de areia) como matérias-primas

principais. No entanto, seu processo produtivo apresentou questões que inviabilizavam a

sustentabilidade, como locais improvisados de armazenamento das matérias-primas, gerando

desperdícios, além do destino inadequado de parte dos sacos de cimento utilizados, levando à

degradação ambiental por meio da queima desses materiais. Verificou-se que as fábricas dos

blocos convencionais possuem características de sustentabilidade não encontradas na fábrica

do tijolo de solo-cimento, obtendo maior viabilidade neste quesito. Pontos de melhoria quanto

à organização e limpeza na linha de produção do tijolo de solo-cimento poderão ser executados

para que sua fabricação seja, de fato, mais viável do que dos blocos convencionais, contribuindo

para um futuro mais sustentável à construção civil.

Palavras-chave: Tijolo solo-cimento. Sustentabilidade. Bloco Cerâmico. Bloco de Concreto.

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ABSTRACT

CORDEIRO, C. R.; MACHADO, V. C. Sustainability in the soil-cement brick

manufacturing process: comparative study with conventional blocks. 2017, 75l.

Undergraduate thesis (Degree in Civil Engineering) – Civil

Engineering Department, Federal Institute of Education, Science and Technology of Goias,

Campus Aparecida de Goiania, 2017.

The soil-cement brick, also known as ecological, appears as an element that concerns to meet

the sustainable development of Civil Engineering. The study of this material is a way to promote

an ecological, social and economic view, essencial for this sector. This study has as main

purpose analyze the sustainability in the soil-cement brick manufacturing process in

comparison to conventional blocks. The research is a qualitative methodological approach,

carried out through a case study, in which the factories were determined to diagnose the

manufacturing process of the studied materials. The soil-cement brick factory has resulted in

significant differentials related to the ecological concerning to the reuse of waste from other

construction-related sectors (builders and sand extractors) as the main raw materials. However,

their production process presented issues that made sustainability unfeasible, such as

improvised storage sites for raw materials, generating waste, besides the inadequate destination

of part of the cement bags used, leading to environmental degradation by burning these

materials. It was verified that the conventional blocks factories had sustainability characteristics

not found in the cement-brick factory, obtaining greater viability about that. Improvement

points regarding the organization and cleaning in the soil-cement brick production line can be

performed so that its manufacturing becomes, in fact, more viable than the conventional blocks,

contributing for a more sustainable future to the civil construction.

Keywords: Soil-cement brick. Sustainability. Ceramic Block. Concrete block.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 - Fluxograma do Plano de Pesquisa. ....................................................................... 14

Figura 2.1 - Esquema dos horizontes de formação do solo.. .................................................... 20

Figura 2.2 - Prensa automática para produção de tijolo de solo-cimento................................. 24

Figura 2.3 - Esteira transportadora.. ......................................................................................... 25

Figura 2.4 – Multiprocessador. ................................................................................................. 25

Figura 2.5 - Tijolo maciço de solo-cimento (dir.) e tijolo vazado de solo-cimento (esq.).. ..... 26

Figura 2.6 - Bloco cerâmico de vedação com furos na horizontal (direita) e bloco cerâmico de

vedação com furos na vertical (esquerda). ............................................................................... 28

Figura 2.7 - Camadas de argila.. ............................................................................................... 28

Figura 2.8 - Processamento da argila. ...................................................................................... 30

Figura 2.9 - Laminador da argila.. ............................................................................................ 31

Figura 2.10 - Massa de argila saindo da máquina extrusora. ................................................... 31

Figura 2.11 - Palete com blocos cerâmicos. ............................................................................. 32

Figura 2.12 - Bloco vazado de concreto simples.. .................................................................... 33

Figura 2.13 - Recebimento do cimento. ................................................................................... 35

Figura 2.14 - Vibro prensa pneumática. ................................................................................... 36

Figura 2.15 - Cura dos blocos.. ................................................................................................. 36

Figura 2.16 - Paletização dos blocos. ....................................................................................... 37

Figura 3.1 - Selo de Qualidade e Excelência. ........................................................................... 40

Figura 4.1 – Armazenamento dos tijolos na calçada da fábrica. .............................................. 42

Figura 4.2 - Chegada do solo na Fábrica A. ............................................................................. 43

Figura 4.3 - Depósito de materiais. .......................................................................................... 43

Figura 4.4 - Caçamba carregada com solo. .............................................................................. 44

Figura 4.5 - Misturador. ............................................................................................................ 44

Figura 4.6 - Solo-cimento sendo despejado na prensa. ............................................................ 45

Figura 4.7 - Tijolo de solo-cimento saindo da prensa. ............................................................. 45

Figura 4.8 - Tijolos quebrados após saírem da prensa. ............................................................ 46

Figura 4.9 - Paletes com tijolos de solo-cimento.. ................................................................... 46

Figura 4.10 – Armazenamento da matéria-prima na nova Fábrica A. ..................................... 47

Figura 4.11 – Cura dos tijolos de solo-cimento produzidos com saibro, sob tenda de lona. ... 47

Figura 4.12 – Destorroador do solo. ......................................................................................... 48

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Figura 4.13 - Argila Laminada. ................................................................................................ 49

Figura 4.14 - Fôrmas de blocos cerâmicos. .............................................................................. 49

Figura 4.15 - Moldagem e corte dos blocos. ............................................................................ 50

Figura 4.16 - Blocos sendo cortados (esteira) e blocos defeituosos retirados para nova

moldagem. ................................................................................................................................ 50

Figura 4.17 - Blocos sendo conduzidos por esteira (esquerda) e robô (centro) até prateleiras

(fundo à direita) para secagem. ................................................................................................ 51

Figura 4.18 - Robô retirando os blocos do local de secagem para introdução nos fornos. ...... 51

Figura 4.19 - a) Blocos cerâmicos crus entrando no Forno Contínuo. b) - Blocos cerâmicos

prontos, na saída do Forno Contínuo. ....................................................................................... 52

Figura 4.20 - Blocos cerâmicos paletizados. ............................................................................ 52

Figura 4.21 - Baias de armazenamento dos agregados (brita e areia). ..................................... 53

Figura 4.22 - Silos alimentadores da linha de produção de blocos de concreto. ...................... 54

Figura 4.23 - Misturadores para produção de concreto. ........................................................... 54

Figura 4.24 - Vibro-prensa e moldagem dos blocos de concreto. ............................................ 55

Figura 4.25 - Blocos de concreto nas baias de cura.................................................................. 55

Figura 4.26 - Amostras de blocos de concreto e corpos de prova para testes. ......................... 56

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LISTA DE QUADROS

Quadro 2.1 - Classificação do tamanho das partículas ............................................................. 20

Quadro 2.2 - Tipos e dimensões nominais ............................................................................... 25

Quadro 2.3 - Tipos e dimensões dos tijolos de solo-cimento produzidos no Brasil.. .............. 26

Quadro 2.4 - Dimensões de fabricação de blocos cerâmicos de vedação.................................30

Quadro 2.5 - Dimensões nominais de blocos de concreto....................................................... 35

Quadro 3.1 - Identificação das etapas de produção. ................................................................. 41

Quadro 4.1 - Identificação das etapas de produção. ................................................................. 58

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABCP Associação Brasileira de Cimento Portland

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

AMMA Agência Municipal do Meio Ambiente

CEPED Centro de Pesquisas e Desenvolvimento do Estado da Bahia

CIB Conselho Internacional da Construção

CP Cimento Portland

DAIAG Distrito Agroindustrial de Aparecida de Goiânia

FGV Fundação Getúlio Vargas

ICQ Instituto de Certificação Qualidade

IFG Instituto Federal de Goiás

INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial

ITP Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo

NBR Norma Brasileira

PCA Portland Cement Association (Associação de Cimento Portland)

QLT Qualidade de Lajes Pré-Fabricadas

RCV Resíduos de Construção e Demolição

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................12

1.1 JUSTIFICATIVA E IMPORTÂNCIA DO TEMA ....................................... 12

1.2 OBJETIVOS ..................................................................................................... 13

1.2.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 13

1.2.1.1 Objetivos Específicos ......................................................................................... 13

1.3 METODOLOGIA ADOTADA NA PESQUISA ............................................ 14

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ..................................................................... 15

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................... 16

2.1 SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL .................................. 16

2.2 TIJOLO ECOLÓGICO DE SOLO-CIMENTO ........................................... 17

2.2.1 Fundamentos Históricos do solo-cimento ....................................................... 18

2.2.2 Composição do tijolo de solo-cimento ............................................................. 19

2.2.2.1 Características do solo para fabricação do tijolo de solo-cimento ..................... 19

2.2.2.2 Características do cimento para fabricação do solo-cimento ............................. 22

2.2.3 Processo de Fabricação do tijolo de solo-cimento modular .......................... 23

2.3 BLOCOS CONVENCIONAIS ........................................................................ 26

2.3.1 Bloco Cerâmico ................................................................................................. 27

2.3.1.1 Histórico e Composição ..................................................................................... 27

2.3.1.2 Fabricação ........................................................................................................... 30

2.3.2 Bloco de Concreto ............................................................................................. 32

2.3.2.1 Histórico e Composição ..................................................................................... 32

2.3.2.2 Fabricação ........................................................................................................... 35

3 METODOLOGIA ........................................................................................................ 38

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA .......................................................... 38

3.2 CARACTERIZAÇÃO DAS FÁBRICAS VISITADAS ................................ 39

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3.2.1 Fábrica A – Tijolos de solo-cimento ................................................................ 39

3.2.2 Fábrica B – Blocos Cerâmicos ......................................................................... 40

3.2.3 Fábrica C – Blocos de Concreto ...................................................................... 41

3.3 DIAGNÓSTICO DO PROCESSO DE FABRICAÇÃO ............................... 41

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES .............................................................................. 42

4.1 FÁBRICA A - TIJOLO ECOLÓGICO ......................................................... 42

4.2 FÁBRICA B - BLOCO CERÂMICO ............................................................. 48

4.3 FÁBRICA C - BLOCO DE CONCRETO ...................................................... 53

4.4 ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS MATERIAIS ............................. 56

5 CONCLUSÕES ............................................................................................................ 59

5.1 DIRETRIZES PARA MELHORIA NA PRODUÇÃO DO TIJOLO DE

SOLO-CIMENTO .............................................................................................................. 60

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 62

APÊNDICE A ......................................................................................................................... 67

APÊNDICE B .......................................................................................................................... 68

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1 INTRODUÇÃO

1.1 JUSTIFICATIVA E IMPORTÂNCIA DO TEMA

Segundo o Conselho Internacional da Construção (CIB, 2002), a construção civil é uma das

atividades que mais gera impactos ambientais, consumindo recursos naturais desde o processo

de fabricação dos materiais até a execução da obra e sua operação. Um levantamento realizado

por Ângulo et al. (2004) detectou que o volume de entulhos de construção e demolição gerado

é até duas vezes maior que o volume de lixo sólido urbano. Visando amenizar os impactos

ambientais gerados pela construção civil, se torna necessária a busca por novas soluções

construtivas que estabeleçam uma relação de sustentabilidade com o meio ambiente, sem afetar

o consumo de mercado e os limites de mão de obra.

Salvador Filho (2007) afirma que, no setor da construção civil brasileira, as técnicas

“tradicionais” normalmente estão ligadas a uma imagem significativa de qualidade,

durabilidade e economia. Assim, o desafio neste setor é fazer com que a inovação se defina e

demonstre superioridade em relação à tradição. O autor argumenta ainda a importância em se

estabelecer meios para que os consumidores, no caso os construtores, tenham a certeza de que

existem estudos sérios e precisos como suporte para produtos inovadores. Muitas vezes, a falta

de certificação leva ao desconhecimento e insegurança a respeito das vantagens de materiais e

sistemas inovadores da construção civil.

A norma técnica sobre desempenho de edificações habitacionais, ABNT NBR 15575-1:2013 –

Edificações habitacionais - Desempenho, recomenda que a construção de empreendimentos

ocorra mediante exploração e consumo racionalizado dos recursos naturais, buscando a menor

degradação ambiental possível, com diminuição do consumo de água, de energia e de matérias-

primas. O documento destaca ainda a importância de se privilegiar os materiais que causem

menor impacto ambiental, desde as fases de exploração dos recursos naturais até sua utilização

final.

Dessa forma, o tijolo de solo-cimento, conhecido como um tipo de tijolo modular ou ecológico,

surge como um elemento que busca atender à demanda de construção sustentável. Esse tijolo é

produzido a partir da prensagem de solo, cimento e água, destacando-se por apresentar uma

menor agressão ao meio ambiente na sua fabricação, quando comparado aos tipos de blocos

mais utilizados – blocos de concreto e blocos cerâmicos. Grande (2003) afirma que os tijolos

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de solo-cimento representam uma sintonia com as diretrizes do desenvolvimento sustentável,

pois requerem baixo consumo de energia na extração da matéria prima, dispensam o processo

de queima e reduzem a necessidade de transporte, uma vez que, quando possível, os tijolos

podem ser produzidos com o solo do próprio local da obra.

O déficit habitacional tem se mostrado um dos graves problemas sociais do Brasil,

principalmente nas cidades grandes. Isso, devido ao crescimento desordenado das cidades,

gerando habitações precárias em suas periferias, como: favelas, ocupações de terra, loteamentos

irregulares e cortiços (COSTA, 2005). Além do déficit de moradias estimado em cerca de 5

milhões de domicílios, sendo que 90% se concentra na população de baixa renda, o Brasil

deverá proporcionar habitações adequadas para mais de 20 milhões de famílias até 2024. Isso

porque, segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) publicado em 2014, em 2024 o

país terá cerca de 16,8 milhões de novos núcleos familiares, 10 milhões com renda entre um e

três salários mínimos (ROCKMANN, 2015).

Além de buscar minimizar os impactos ambientais, o uso do tijolo de solo-cimento pressupõe

a redução de custos na construção civil, devido a abundância de sua matéria-prima. Assim, este

material pode facilitar o acesso a habitações populares pelas camadas de baixa renda,

contribuindo para o desenvolvimento econômico da população. Desse modo, o estudo de

métodos como o uso do tijolo de solo-cimento é um caminho para encontrar maneiras de como

promover uma visão ecológica, social e econômica, fundamental para o desenvolvimento

sustentável no âmbito da Engenharia Civil.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

A presente pesquisa tem como objetivo principal analisar a sustentabilidade no processo de

fabricação do tijolo de solo-cimento em comparação aos blocos convencionais.

1.2.1.1 Objetivos Específicos

● Analisar o processo de fabricação dos tijolos de solo-cimento;

● Identificar as vantagens/desvantagens do uso do tijolo de solo-cimento;

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● Comparar com o processo de fabricação dos blocos cerâmicos e blocos de concreto.

● Identificar pontos de melhoria, a fim de aumentar a popularidade do tijolo de solo-

cimento.

1.3 METODOLOGIA ADOTADA NA PESQUISA

O plano de pesquisa é apresentado na Figura 1.1 e envolveu inicialmente uma revisão

bibliográfica, buscando embasamento teórico sobre o tema a partir de artigos, dissertações,

teses acadêmicas, normas técnicas, entrevistas com profissionais e dados fornecidos pelas

fábricas.

Em seguida, foi realizada a seleção das fábricas a serem analisadas, respectivamente, de

produção do tijolo de solo-cimento, bloco cerâmico e bloco de concreto, para visita e elaboração

de planilhas para a coleta de dados, observando os processos produtivos e entrevistando os

responsáveis pelas fábricas.

De posse dos dados coletados, um estudo comparativo dos processos de fabricação deu

seguimento à pesquisa, levando em consideração a sustentabilidade dos métodos avaliados.

Após isto, foram propostas diretrizes com base na análise dos dados obtidos, buscando tornar

os processos produtivos mais sustentáveis e determinando o método mais adequado

ecologicamente e financeiramente na construção de edificações. Por último, foram feitas as

conclusões a partir dos resultados alcançados através da pesquisa e do referencial teórico

adotado.

Figura 1.1 - Fluxograma do Plano de Pesquisa. Fonte: Autoria própria.

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1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

O trabalho está estruturado em 5 capítulos, que contemplam desde o problema inicial até os

resultados e conclusões finais do estudo. Os assuntos abordados em cada capítulo estão

brevemente descritos a seguir:

O capítulo 1 abrange a introdução da pesquisa, contemplando a justificativa, objetivos e o

Delineamento da mesma. Neste capítulo, é apresentado o cenário da construção civil no que se

refere aos impactos ambientais causados pela geração de resíduos. Dessa forma, destaca-se a

importância de privilegiar materiais que causem menor impacto ao meio ambiente.

O capítulo 2 apresenta a Revisão Bibliográfica do trabalho, que abrange o conceito de

sustentabilidade e as características dos materiais estudados, como histórico, composição e

processo de fabricação dos mesmos.

Já o capítulo 3, aborda a Metodologia adotada na pesquisa, descrevendo como serão coletados

os dados nas fábricas e a forma como serão organizados em planilhas.

No capítulo 4, são apresentados os Resultados e Discussões da pesquisa, analisando o processo

de fabricação dos materiais, principalmente no que se refere a sustentabilidade das fabricas,

organização, limpeza, etc.

Por fim, o capítulo 5 contempla a Conclusão do trabalho, respondendo a questão principal do

estudo, que gira entorno da viabilidade do processo de fabricação do tijolo de solo-cimento

modular como método sustentável na construção civil. Ainda neste capítulo, são propostas

melhorias para o processo produtivo das fábricas.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL

O conceito de sustentabilidade foi levantado pela primeira vez em 1972, durante a primeira

Conferência Internacional das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano (United Nations

Conference on the Human Environment), em Estocolmo, quando as Nações Unidas se reuniram

para debater questões globais com vistas à busca de soluções para os problemas de ordem

ambiental. Tal conferência chamou a atenção para os sérios danos ao meio ambiente e riscos ao

bem-estar e sobrevivência da humanidade, causados pela ação humana (CIB, 2002).

Sustentabilidade é um termo usado para definir ações e atividades humanas que visam

suprir as necessidades atuais dos seres humanos, sem comprometer o futuro das

próximas gerações. Ou seja, a sustentabilidade está diretamente relacionada ao

desenvolvimento econômico e material sem agredir o meio ambiente, usando os

recursos naturais de forma inteligente para que eles se mantenham no futuro

(FERMENTEC, 2017, p.2).

Desse modo, para que uma empresa seja considerada sustentável ambientalmente e

socialmente, ela deve adotar atitudes éticas e práticas que visem seu crescimento econômico –

visto que sem isso ela não sobrevive – sem agredir o meio ambiente, e colaborando para o

desenvolvimento da sociedade. De acordo com Barbieri (2007), a solução dos problemas

ambientais exige uma nova atitude dos empresários e administradores, que devem passar a

considerar o meio ambiente em suas decisões e adotar concepções administrativas e

tecnológicas que contribuam para ampliar a capacidade de suporte do planeta.

Até a década de 50, as empresas buscavam atingir seus lucros sem se importar com os danos

que causariam ao meio ambiente. Esse pensamento vem mudando desde então, uma vez que as

empresas passaram a ver a prática sustentável como um meio de agregar valor aos seus

produtos, garantindo uma imagem positiva perante a sociedade e mantendo uma vantagem

competitiva com relação aos seus concorrentes. Nesse contexto, a quantidade de resíduos

gerados por construções, tornou-se um dos centros das discussões da sustentabilidade (YEMAL

et al., 2011).

Sendo assim, várias ideias de projetos industriais e empresariais que se baseiam em critérios

sustentáveis começaram a se difundir, refletindo diretamente na qualidade de vida da

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população, que antes tinha a saúde afetada pela poluição industrial. Isso porque, além de

contaminar rios e lagos, reduzir a qualidade do solo e contribuir para o aquecimento global, a

poluição gerada pelas indústrias polui o ar, podendo causar ao ser humano incontáveis doenças

respiratórias, como bronquite, rinite alérgica, alergias e asma, levando milhares de pessoas aos

hospitais todos os anos.

Embora algumas empresas adotem práticas sustentáveis somente com o intuito de melhorar sua

imagem, muitas realizam projetos sociais verídicos, com propósitos realistas para a sociedade.

Para Corrêa (2009), a noção de construção sustentável deve estar presente em todo o ciclo de

vida do empreendimento, desde sua concepção até sua requalificação, desconstrução ou

demolição1. Para ser sustentável, o empreendimento deve atender a quatro requisitos básicos:

adequação ambiental; viabilidade econômica; justiça social; e aceitação cultural.

O tijolo de solo-cimento busca atender ao critério de adequação ambiental, visto que tem como

princípio menor degradação do meio ambiente, quando comparado aos métodos convencionais.

Busca viabilidade econômica, pressupondo redução de custos na construção civil devido a

abundância de sua matéria-prima e a outros fatores, como redução de desperdícios de materiais

durante sua produção e, até mesmo, execução da obra. Além disso, o tijolo de solo-cimento

busca justiça social, ao contribuir para a redução do déficit habitacional, geração de renda, e

para a disseminação dos conceitos de sustentabilidade e, consequentemente, para um futuro

melhor para as próximas gerações.

2.2 TIJOLO DE SOLO-CIMENTO

Segundo Silva (2015), o tijolo de solo-cimento, conhecido como tijolo ecológico, tem se

destacado por possuir grandes vantagens ambientais, devido sua matéria-prima abundante e de

baixo custo, além de não precisar ser queimado, proporcionando economia de energia em seu

processo de fabricação.

1 “A desconstrução de um edifício é um processo que se caracteriza por seu desmantelamento cauteloso, de modo

a possibilitar a recuperação de materiais e componentes da construção, promovendo a sua reutilização e

reciclagem.” (COUTO. et al., 2006) “A fase de demolição de um produto diz respeito a inutilização deste,

representado pelo fim de sua vida útil, que levará a um processo de desmonte” (RIOS, 2014).

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18

2.2.1 Fundamentos históricos do solo-cimento

Segundo Lima (2010), desde os primórdios da humanidade o solo tem sido utilizado em

construções por ser um material abundante na natureza e de fácil aquisição, sendo o uso do solo

melhorado um dos mais antigos métodos populares de construção.

Já o solo-cimento teve seus primeiros relatos de utilização no ano de 1915 nos Estados Unidos,

quando o engenheiro Bert Reno empregou uma mistura de conchas marinhas, Cimento

Portland2 e areia de praia na pavimentação de uma rua. Entretanto, este material passou a ser

estudado apenas em 1935, pela Portland Cement Association (PCA), que deu início a um

intenso programa de pesquisa sobre o solo estabilizado com cimento destinado à construção de

rodovias, e posteriormente, à construção de casas, de acordo com Abiko3 (1983 apud

GRANDE, 2003, p.27).

No Brasil, cidades históricas como Ouro Preto, Diamantina e Paraty têm em comum cerca de

400 anos de uso intensivo da taipa-de-pilão, do adobe, e da taipa-de-sopapo ou pau-a-pique,

sendo que os métodos de construção utilizando solo foram intensamente empregados nos

séculos XVII e XIX. A partir de meados do século XIX, o solo começou a ser visto como

material de segunda categoria e passou a ser utilizado, quase que exclusivamente, nas áreas

rurais (LIMA, 2010).

De acordo com Battagin (2009), estudos relacionados à fabricação do cimento Portland tiveram

início no país em 1888, com a instalação de uma fábrica na fazenda Santo Antônio, situada em

Sorocaba-SP. Desde então, diversas tentativas de produção de cimento foram realizadas no

Brasil, até que em 1924 a Companhia Brasileira de Cimento Portland implantou uma fábrica

em Perus, Estado de São Paulo, cuja construção pode ser considerada como o marco da

implantação da indústria brasileira de cimento. As primeiras toneladas foram produzidas e

colocadas no mercado em 1926.

Somente a partir da década de 1970 o solo-cimento passou a ser objeto de pesquisas no Brasil,

sobretudo da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), do Centro de Pesquisas e

Desenvolvimento do Estado da Bahia (CEPED) e do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do

2 Composto por clínquer e adições, o Cimento Portland é um pó fino com propriedades aglomerantes, aglutinantes

ou ligantes, que endurece sob ação da água (ABCP, 2002).

3 ABIKO, A. K. (1983). Solo-cimento: tijolos, blocos e paredes monolíticas. In: Construção São Paulo n.1863.

Pini – SP.

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19

Estado de São Paulo (IPT), segundo Mercado4 (1990 apud GRANDE, 2003, p.27). Antes disso,

tem-se poucos registros de sua utilização no País, como na cidade de Petrópolis (RJ) em 1948,

com a construção de casas residenciais e em Manaus (AM) em 1953, com a construção de um

hospital totalmente em paredes de solo-cimento.

2.2.2 Composição do tijolo de solo-cimento

Segundo a ABNT NBR 12023:1992 - Solo-Cimento: ensaio de compactação, o solo-cimento é

um produto endurecido, formado a partir da cura de uma mistura compactada de solo, cimento

e água.

Motta et al. (2014), classifica o tijolo de solo-cimento como um material composto por mistura

de solo-cimento compactada e curada à sombra também conhecido como tijolo ecológico, isto

porque sua matéria-prima principal é encontrada em abundância na natureza. Além disso, Pisani

(2002) afirma que este é um produto que não consome energia para ser queimado - como na

fabricação dos tijolos cerâmicos convencionais, e possui características isolantes que,

proporcionam ambientes confortáveis térmica e acusticamente, gerando redução de gastos

energéticos nas construções.

De acordo com Souza (2010), com a finalidade de se obter propriedades específicas ao solo,

têm-se os processos de estabilização, em que as características do sistema solo – água – ar

podem ser modificadas, por meio de agentes estabilizadores como o cimento, a cal, aditivos

químicos, ou ainda através das estabilizações granulométricas e mecânicas.

2.2.2.1 Características do solo para fabricação do tijolo de solo-cimento

Grande (2003) afirma que conhecer o perfil dos solos e seus horizontes possibilita análises

importantes quanto à utilização do solo-cimento. De acordo com Pinto (2006), o tamanho das

partículas dos solos é uma característica fundamental para diferenciar seus tipos, sendo que

determinações específicas são empregadas para as diversas faixas de tamanho de grãos. Os

limites destas faixas estão apresentados no Quadro 2.1 e variam de acordo com o sistema de

classificação adotado.

4 MERCADO, M.C. Solo-cimento: alguns aspectos referentes à sua produção e utilização em estudo de caso.

Dissertação de Mestrado, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1990.

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20

Em relação ao preparo do solo-cimento e a granulometria do solo utilizado, Grande (2003)

expõe que:

Pedregulhos e areias fornecem ao solo atrito interno. São grãos constituídos por

minerais resistentes ao intemperismo, em geral, o quartzo (SiO2 cristalina) é o mais

comum. É fato que solos arenosos necessitam de menores teores de cimento para sua

estabilização, pois apresentam melhor comportamento mecânico. (GRANDE,

2003, p.9)

Tipos5 Tamanho (mm)

Pedregulho 60 a 2

Areia 2 a 0,06

Silte 0,06 a 0,002

Argila < 0,002

Quadro 2.1 - Classificação do tamanho das partículas. Fonte: ABNT NBR 6502:1995 - Rochas e solos.

Em relação ao perfil geotécnico do solo, considera-se que a superfície da crosta terrestre

apresenta três camadas distintas, chamadas horizontes (Figura 2.1), segundo Macêdo (2004).

Figura 2.1 - Esquema dos horizontes de formação do solo. Fonte: Macêdo (2004).

Segundo Azambuja6 (1979 apud GRANDE, 2003, p.6), solos provenientes do Horizonte A

apresentam geralmente quantidade considerável de celulose, substância inerte quimicamente, e

húmus, material que age como um ácido orgânico podendo reagir com a cal livre (CaO) liberada

5 De acordo com a ABNT NBR 6502:1995, pedregulho é um solo composto por minerais ou partículas de rochas

de maior granulometria e que, quando arredondado, é chamado de cascalho ou seixo, e areia como um tipo de solo

não coesivo e não plástico. Já o silte se caracteriza por ter baixa ou nenhuma plasticidade e baixa resistência quando

seco, e a argila como um solo que apresenta partículas finas, de maior coesão e plasticidade.

6 AZAMBUJA, M. A. (1979). Geologia aplicada à solo-cimento. Publicações ABCP. São Paulo.

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na hidratação do cimento, sendo assim não recomendável para produção de solo-cimento, pois

pode reduzir a resistência do produto. O Horizonte A é uma camada superficial provida de

atividade biológica e com presença de matéria orgânica.

Macêdo (2004) descreve que o horizonte B caracteriza-se como uma zona de transição, onde

normalmente são depositadas substâncias solúveis transportadas para esta camada conforme a

permeabilidade e profundidade do solo. Segundo Grande (2003), solos que compõem o

Horizonte B também geram dificuldades para serem usados em misturas de solo-cimento, tendo

em vista a predominância de argilas, que dificultam a pulverização do solo e consequentemente

a homogeneização do material produzido.

Já o horizonte C é uma camada subjacente, na qual o solo não apresenta contaminação ou grande

alteração de sua composição, conforme descreve Macêdo (2004). De acordo com Grande

(2003), solos do horizonte C possuem configuração arenosa, sendo preferíveis no preparo do

solo-cimento, o que não exclui a necessidade de realizar um estudo de dosagem antes da

utilização.

Lopes (2002) descreve que o tijolo de solo-cimento apresenta 85% de solo em sua composição,

sendo que a maioria dos tipos de solo podem ser usados para produzir este material, apesar de

que os tipos de solo que necessitam de baixos teores de cimento e execução em grande escala

facilitada sejam os viáveis economicamente.

Macêdo (2004) afirma que, em casos gerais, a estabilização com cimento pode ser aplicada a

qualquer tipo de solo, desde que se verifique a relação custo-benefício, tendo em vista fatores

como solos muito finos, em que pode haver necessidade de maior quantidade de aglomerante.

Ainda segundo a autora, em algumas situações, a mistura do solo original com materiais

arenosos ou granulares possibilitará a redução do teor de cimento e a melhoria das condições

de manuseio e compactação da mistura, favorecendo sua utilização como solo-cimento.

De acordo com a Associação Brasileira de Cimento Portland – ABCP (2000), de fato os solos

arenosos necessitam, normalmente, de menores quantidades de cimento do que os argilosos e

siltosos. Entretanto, a presença de argila na composição do solo é importante para garantir

coesão à mistura de solo e cimento, quando umedecida e compactada, para desmoldagem e

manuseio dos tijolos após passarem pela prensagem. Solos que contém matéria orgânica devem

ser evitados, já que tal componente influencia na hidratação do cimento e estabilização do solo.

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Segundo a ABCP (2000), para a fabricação de solo-cimento os solos mais adequados possuem

as seguintes características: passa pela peneira ABNT de 4,8mm (nº 4) em sua totalidade da

amostra, de 10% a 50% da amostra passa pela peneira ABNT de 0,075mm (nº 200), apresenta

limite de liquidez menor ou igual a 45% e índice de plasticidade menor ou igual a 18%.

2.2.2.2 Características do cimento para fabricação do solo-cimento

Conforme Grande (2003), o cimento é obtido pela moagem do clínquer, que é o resultado da

mistura de calcário, argilas e minério de ferro num processo chamado clinquerização, com

adição de gesso para controle do tempo de hidratação do material, além de outras substâncias

que irão caracterizá-lo conforme seu tipo.

O cimento, ou aglomerante hidráulico, é definido por Vieira (2010) como um material

inorgânico finamente moído que forma uma pasta densa e endurecida ao ser misturado com

água, passando por reações e processos de hidratação, e se mantém resistente e estável após seu

endurecimento ainda que submerso em água.

De acordo com Oliveira (2011), existem duas classificações para o material formado da adição

de cimento ao solo, sendo estas o solo melhorado com cimento e o solo-cimento. O que varia

em tais categorias é o teor de cimento adicionado, de 2% a 4% e de 6% a 10%, respectivamente,

cuja finalidade é conferir ao solo condições para diminuição de sua deformação plástica,

distribuição granulométrica mais adequada e enrijecimento do material formado, conforme a

aplicabilidade desejada.

Para Lima (2010), a natureza do cimento e suas diferentes composições levam a

comportamentos específicos nas misturas de solo-cimento, bem como em concretos e

argamassas, de maneira que deve ser analisada para produzir melhor desempenho destes

materiais, podendo interferir, por exemplo, na ocorrência de processos de fissuração por

retração. Segundo Grande (2003), a adição de cimento ao solo resulta na estabilidade

volumétrica do material quando ocorre ganho ou perda de umidade, o material não se deteriora

quando submerso em água, aumenta sua resistência à compressão e aumenta sua durabilidade.

Vieira et al., (2007) afirma que o tipo mais adequado de Cimento Portland para a produção de

tijolo de solo-cimento é o CP II-Z, pois possui em sua composição 6 a 14% de Pozolana, suas

propriedades atendem desde estruturas em concreto armado até argamassas de assentamento e

revestimento e é indicado para este material em função do ganho de resistência que deve ser

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controlado para evitar retração. Segundo Lima (2010), o cimento Portland, CP II-F-32,

apresenta características químicas, físicas e mecânicas mais compatíveis para elaboração de

tijolos modulares de solo-cimento.

2.2.3 Processo de Fabricação do tijolo de solo-cimento modular

De acordo com a ABCP (2000), a fabricação de tijolos de solo-cimento com a utilização de

prensas manuais tem início na etapa de preparação do solo, na qual o solo contendo baixa

umidade é retirado da jazida e transportado para um depósito. Faz-se o destorroamento do

material, seguido de peneiramento, através de peneira ABNT 4,8mm com a eliminação do que

ficar retido.

Na sequência o solo é espalhado em superfície lisa, numa camada de no máximo vinte

centímetros de espessura, sobre a qual é distribuído o cimento, procedendo-se com a mistura

dos materiais através de pás e enxadas, até que seja atingida a umidade ideal, adicionando água

se necessário. Em seguida, é realizada a prensagem do solo-cimento, conforme a regulagem

determinada da prensa, onde a mistura é disposta nos moldes, prensando-os e produzindo os

tijolos. Além disso, a ABCP (2000) estabelece também um período de cura de sete dias, em que

os tijolos serão constantemente umedecidos. Até atingir a cura necessária do material.

De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE, s.d.),

a fabricação automatizada de tijolos de solo-cimento segue basicamente as mesmas etapas de

produção manual, e utiliza equipamentos como betoneira, peneira vibratória e prensas. As

etapas principais consistirão em: peneiramento do solo e areia; medição de volume e/ou massa

dos componentes; alimentação da betoneira para realizar o processo de mistura; adição de água;

alimentação das prensas e operação de prensagem; retirada dos moldes e colocação em mesas

de transporte; acomodação das peças em local apropriado para a secagem.

Segundo Silva (2007), os tijolos devem ser ensaiados conforme a norma ABNT NBR

8492:2012 - Tijolo de solo-cimento – Análise dimensional, determinação da resistência à

compressão e da absorção de água – Método de ensaio, para determinar a resistência à

compressão e a absorção de água. Já os índices específicos para aceitação do material estão

descritos na ABNT NBR 8491:2012 - Tijolo de solo-cimento – Requisitos, na qual são

estabelecidos os valores mínimos de referência para a resistência à compressão dos tijolos, de

2,0 MPa, com idade de 7 dias, não devendo ser inferior a 1,7 MPa, e em relação a absorção de

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24

água tem-se que não deve ser superior a 20% de seu volume, não devendo ser maior do que

22%.

Segundo dados do fabricante Alroma – fornecedora de máquinas para produção de tijolos de

solo-cimento –, as prensas automáticas têm capacidade diária de produção de 3000 unidades de

tijolos, com simples execução, e equipamentos de pequenas dimensões, sendo possível instalá-

los em áreas de três a cinco metros quadrados e pé direito de dois metros e meio. Além disso,

de acordo com Pisani (2002), existem também os destorradores ou trituradores mecanizados,

que possibilitam maior homogeneidade da mistura e economia de cimento, já que não há

necessidade de peneiramento do solo.

O maquinário utilizado no processo de fabricação pode ser desde um simples equipamento de

prensagem (Figura 2.2) até unidades de produção compostas de esteira transportadora (Figura

2.3) e multiprocessador contendo triturador, peneira vibratória, funil de armazenamento,

sistema de concha para carregamento e padronização da dosagem (Figura 2.4).

Figura 2.2 - Prensa automática para produção de tijolo de solo-cimento. Fonte: Autoria própria.

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25

Figura 2.3 - Esteira transportadora. Fonte: Autoria própria.

Figura 2.4 – Multiprocessador. Fonte: Autoria própria.

O mercado brasileiro oferece variados tipos e modelos de tijolos de solo-cimento, que são

adotados nas construções conforme o projeto, mão-de-obra, materiais, equipamentos locais, e

demais especificidades, explica Pisani (2002). Alguns dos principais tipos são descritos no

Quadro 2.2, e podem ser confeccionados tanto para serem revestidos como para serem

utilizados à vista, com finalidade de vedação ou estrutural, conforme a dosagem estabelecida e

a prensagem aplicada.

Tipos Comprimento (C) Largura (L) Altura (H)

A 200 100 50

B 240 120 70

Quadro 2.2 - Tipos e dimensões nominais. Fonte: ABNT NBR 8491:2012.

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A ABNT NBR 8491:2012 determina que os tijolos de solo-cimento devem ter forma de

paralelepípedo, nas dimensões (em milímetros) indicadas na Figura 2.5 e no Quadro 2.3.

Figura 2.5 - Tijolo maciço de solo-cimento (dir.) e tijolo vazado de solo-cimento (esq.). Fonte:

ABNT NBR 8491:2012.

Tipo Dimensões Características

Maciço comum 5cmx10cmx20cm

5cm x 10cm x 21cm

Assentamento com consumo de

argamassa similar aos tijolos

maciços comuns

Maciço com encaixes 5cm x 10cm x 21cm

5cm x 11cm x 23cm

Assentamento com encaixes com

baixo consumo de argamassa

½ tijolo com encaixes 5cm x 10cm x 10,5cm

5cm x 11cm x 11,5cm

Elemento utilizado para que não

haja quebras na formação dos

aparelhos com juntas

desencontradas

Tijolo com dois furos e encaixes

5cm x 10cm x 20cm

6,25cm x 12,5cm x 25cm

7,5cm x 15cm x 30cm

Assentamento à seco, com cola

branca ou argamassa bem plástica.

Tubulações passam pelos furos na

vertical

½ tijolo com furo e encaixe

5cm x 10cm x 10cm

6,25cm x 12,5cm x 12,5cm

7,5cm x 15cm x 15cm

Elemento para acertar os

aparelhos, sem a necessidade de

quebras

Quadro 2.3 - Tipos e dimensões dos tijolos de solo-cimento produzidos no Brasil. Fonte: Pisani (2002).

2.3 BLOCOS CONVENCIONAIS

Neste tópico serão apresentados os blocos concretos e cerâmicos. Esses blocos são os mais

utilizados na execução de alvenarias, logo, foram escolhidos para o presente estudo, onde serão

comparados ao tijolo de solo-cimento.

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A escolha entre bloco de concreto ou cerâmico se relaciona com a disponibilidade da região da

obra, aspecto estético, número de pavimentos da edificação, entre outros. No caso de alvenaria

aparente7, alguns construtores preferem utilizar bloco cerâmico. Já para construção de edifícios

com um maior número de pavimentos, é comum optarem pelo bloco de concreto, que, diante

de suas resistências mais elevadas, mostram-se mais apropriados (CORREÂ8, s.d.).

2.3.1 Bloco cerâmico

Os materiais cerâmicos destacam-se por sua durabilidade e por serem de fácil fabricação, haja

vista a abundância da matéria-prima que os originam, a argila. Os blocos cerâmicos são

produzidos geralmente sob a forma de paralelepípedo, apresentam coloração avermelhada e

dispõem de furos ao longo de seu comprimento (TAGUCHI, 2008).

2.3.1.1 Histórico e composição

De acordo com Sebrae (2008), o registro mais remoto do tijolo foi descoberto nas escavações

arqueológicas em Jericó-Oriente Médio, no período Neolítico inicial. A unidade de alvenaria

configurava uma peça grande em forma de pão, seca ao sol, pesando em torno de 15 kg.

No Brasil, a utilização de cerâmica vermelha tem seus primeiros registros no período colonial,

através da introdução de técnicas rudimentares pelos jesuítas, devido a necessidade de

construção de colégios e conventos. Foi a partir de 1549 que se estimulou a produção de

materiais de construção para serem utilizados no desenvolvimento das cidades (SEBRAE,

2008).

Segundo a ABNT NBR 15270-1:2005 - Componentes cerâmicos, os blocos cerâmicos de

vedação constituem as alvenarias externas ou internas sem a finalidade de resistir a outras

cargas verticais, além do peso da alvenaria da qual faz parte, e deve ser fabricado por

conformação plástica de matéria-prima argilosa contendo ou não aditivos, queimado a elevadas

temperaturas. A Figura 2.6 e o Quadro 2.4 apresentam as dimensões de fabricação para os

blocos cerâmicos de vedação.

7 “Alvenaria que, para efeito estético, não recebe qualquer camada de revestimento após concluída, deixando

aparente a superfície dos tijolos ou blocos” (E-CIVIL - DICIONÁRIO DA CONSTRUÇÃO CIVIL).

8 Redação AECweb / e-Construmarket.

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Figura 2.6 - Bloco cerâmico de vedação com furos na horizontal (direita) e bloco cerâmico de vedação com furos

na vertical (esquerda). Fonte: ABNT NBR 15270-1:2005

A argila usada para produzir os blocos é extraída de diferentes jazidas e estudada em

laboratório. Após a extração, a argila fica armazenada em camadas num pátio aberto (Figura

2.7), de seis meses a um ano, antes de ser misturada. Cada cerâmica possui um traço de argila

a ser utilizado na mistura, representado pela espessura da camada (GEROLLA, 2012).

Figura 2.7 - Camadas de argila. Fonte: GEROLLA (2012) apud CREMONINI (s.d.).

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29

Dimensões

L x H x C

Módulo Dimensional

M = 10 cm

Dimensões de fabricação

cm

Largura (L) Altura (H) Comprimento (C)

Bloco principal 12 Bloco

(1) M x (1) M x (2) M

9

9 19 9

11,5 (1) M x (1) M x (52) M 24

(1) M x (3) M x (2) M

14

19 9

11,5

14 (1) M x (3) M x (52) M 24

(1) M x (3) M x (3) M 29

(1) M x (2) M x (2) M

19

19 9

11,5

14

19

(1) M x (2) M x (52) M 24

(1) M x (2) M x (3) M 29

(1) M x (2) M x (4) M 39

(5/4) M x (5/4) M x (5/2) M

11,5

11,5 24 11,5

(5/4) M x (3/2) M x (5/2) M 14 24 11,5

(5) M x (2) M x (2) M

19

19 9

11,5

14

19

(5) M x () M x (52) M 24

(5) M x (2) M x (3) M 29

(5) M x (2) M x (4) M 39

(3) M x (2) M x (2) M

14 19

19 9

11,5

14

19

(3) M x (2) M x (5) M 24

(3) M x (2) M x (3) M 29

(3) M x (2) M x (4) M 39

() M x (2) M x (2) M

19 19

19 9

11,5

14

19

() M x (2) M x (52) M 24

() M x (2) M x (3) M 29

() M x (2) M x (4) M 39

(5) M x (52) M x (52) M

24 24

24 11,5

14

19 (5) M x (52) M x (3) M 29

(5) M x (52) M x (4) M 39

NOTA Os blocos com largura de 6,5 cm e altura de 19 cm serão admitidos excepcionalmente,

somente em funções secundárias (como em “shafts” ou pequenos enchimentos) e respaldados por projeto

com identificação do responsável técnico.

Quadro 2.4 - Dimensões de fabricação de blocos cerâmicos de vedação. Fonte: ABNT NBR 15270-1:2005.

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2.3.1.2 Fabricação

Estima-se que o processo de fabricação de peças de cerâmica vermelha é comum a todas as

empresas desse ramo em geral, havendo pequenas variações, conforme as características

particulares de cada matéria-prima ou produto final. Podem ser usados equipamentos

rudimentares como também equipamentos mais modernos, de acordo com a empresa

(OLIVEIRA, 2011).

Segundo Vieira (2009), após a argila ser captada, passa por um processamento (Figura 2.8), no

qual ocorrem as fases de laminação (Figura 2.9) e destorroamento, para a diminuição

granulométrica do material, bem como a redução de possíveis rompimentos das peças. A pasta

formada é levada a uma segunda laminação com adição de água e, se necessário, de aditivos

para correção nos aspectos químicos e mineralógicos da massa. Assim, melhora-se as condições

de plasticidade da massa para que esta possa ser submetida à conformação, etapa de moldagem

em máquinas extrusoras.

Figura 2.8 - Processamento da argila. Fonte: ANICER9 (2013, apud NUNES E RESENDE, s.d.).

O próximo passo na fabricação dos blocos é o corte, em que, de acordo com Oliveira (2011),

os cortadores deixam as peças nas dimensões adequadas, podendo ser manuais ou automáticos.

A massa sai da boquilha do maquinário ainda úmida, e é levada através de esteira na qual é

efetuado o corte na peça (Figura 2.10).

9 ANICER - Associação Nacional da Indústria de Cerâmica.

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De acordo como Nunes e Resende (2013), após serem cortados os blocos passam pela secagem,

que pode ser natural ou artificial. As vantagens do processo natural envolvem um menor custo

com geração de calor e o favorecimento dos locais em que as condições climáticas são mais

adequadas, ao passo que as desvantagens englobam tempo elevado de secagem, baixa produção,

dependência do fator climático e poder afetar a qualidade das peças caso o processo não seja

bem controlado.

Figura 2.9 - Laminador da argila. Fonte: OLIVEIRA (2011).

Figura 2.10 - Massa de argila saindo da máquina extrusora. Fonte: Autoria própria.

Quanto ao processo de secagem artificial, Nunes e Resende (2013) descreve como vantagens

oferecer menor tempo de secagem, maior produtividade, redução de perdas e melhoria da

qualidade das peças, simultaneamente às desvantagens do custo com geração de calor, maior

conhecimento técnico do operador, maior número de equipamentos e controles.

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Por fim, as peças são cozidas a temperaturas que variam entre 800 e 1.000°C e, após o

resfriamento, podem ser submetidas à esmaltação e decoração. Em algumas indústrias, são

estocados em paletes e protegidos por filme plástico, conforme explica Silva (2009), como

apresentado na Figura 2.11.

Figura 2.11 - Palete com blocos cerâmicos. Fonte: Autoria própria.

2.3.2 Bloco de concreto

Segundo a Revista Téchne (1998), o bloco de concreto foi o primeiro a possuir uma norma

brasileira para cálculo de alvenaria estrutural. Tal bloco destaca-se por apresentar uma boa

resistência a compressão, visto que alguns fabricantes chegam a produzir blocos com mais de

16 Mpa e o mínimo exigido pelas normas é 4.5 Mpa.

2.3.2.1 Histórico e composição

Segundo Medeiros (1993), foi por volta de 1900, nos Estados Unidos, que surgiram os

primeiros blocos de concreto. A primeira máquina semiautomática destinada à produção desses

blocos data de 1904, apenas quatro anos depois. De acordo com Barbosa (2004), no Brasil, o

início da produção dos blocos se deu na década de 1950, quando as máquinas de produção

chegaram ao país, importadas dos Estados Unidos.

De acordo com a ABNT NBR 6136:2014 - Blocos vazados de concreto simples para alvenaria,

o bloco vazado de concreto (Figura 2.12) se define como um elemento de alvenaria, com ou

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sem função estrutural, vazado nas faces superior e inferior, cuja área líquida10 é igual ou inferior

a 75% da área bruta11.

Figura 2.12 - Bloco vazado de concreto simples. Fonte: ABNT NBR 6136:2014.

O bloco de concreto é composto basicamente por cimento Portland, agregados miúdos (areia

e/ou pó de pedra), agregados graúdos (pedrisco), e água, mas pode se empregar outros

componentes na sua mistura, tais como adições minerais, pigmentos e outros aditivos

(IZQUIERDO, 2011).

A resistência à compressão do material pode variar de acordo com a finalidade e a carga do

edifício. A classe A dos blocos estruturais, recomendada para obras acima ou abaixo do solo,

deve ter resistência mínima de compressão de 6,0 MPa. As classes B e C, indicadas para obras

acima do solo, devem ter resistência mínima de 4,0 MPa e 3,0 MPa, respectivamente. Já os

blocos de vedação, classe D, devem possuir resistência entre 2,0 MPa e 3,0 MPa ABNT NBR

6136:2014. As dimensões nominais para os blocos vazados de concreto, modulares e

submodulares, estão representadas no Quadro 2.5.

10 Área bruta: “Área da seção perpendicular aos eixos dos furos, sem desconto das áreas dos vazios” ABNT NBR

6136:2014.

11 Área líquida: “Área média da seção perpendicular aos eixos dos furos, descontadas as áreas médias dos

vazios”. ABNT NBR 6136:2014.

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Família 20x40 15x40 15x30 12,5x40 12,5x25 12,5x37,5 10x40 10x30 7,5x40

Med

ida

No

min

al

(mm

) Largura 190 140 115 90 65

Altura 190 190 190 190 190 190 190 190 190 C

om

pri

men

to

Inteiro 390 390 290 390 240 365 390 290 390

Meio 190 190 140 190 115 - 190 140 190

2/3 - - - - - 240 - 190 -

1/3 - - - - - 115 - 90 -

Amarração

"L" - 340 - - - - - - -

Amarração

"T" - 540 440 - 365 - - 290 -

Compensador

A 90 90 - 90 - - 90 - 90

Compensador

B 40 40 - 40 - - 40 - 40

Canaleta

inteira 390 390 290 390 240 365 390 290 -

Meia canaleta 190 190 140 190 115 - 190 140 -

NOTA 1 As tolerâncias permitidas nas dimensões dos blocos indicados neste Quadro são de +- 2,0mm para

a largura e +- 3,0mm para a altura e para o comprimento.

NOTA 2 Os componentes das famílias de blocos de concreto têm sua modulação determinada de acordo

com a ABNT NBR 15873.

NOTA 3 As dimensões da canaleta J devem ser definidas mediante acordo entre fornecedor e comprador,

em função do projeto.

Quadro 2.5 - Dimensões nominais de blocos de concreto. Fonte: ABNT NBR 6136:2014.

Conforme Salvador Filho (2007), na produção de blocos de concreto as propriedades dos

agregados são de suma importância, já que interferem diretamente na aderência com a pasta de

cimento, modificando a homogeneidade e resistência do concreto. Segundo a ABNT NBR

6136:2014, “a dimensão máxima característica do agregado deve ser inferior à metade da menor

espessura da parede do bloco”.

Os agregados podem ser classificados quanto à origem – entre naturais e artificiais; quanto à

massa unitária – como leves, normais ou pesados; e quanto às dimensões de suas partículas,

explica Salvador Filho (2007). Esta classificação denomina os agregados da seguinte forma:

fíler – partícula inferior à malha de 75 μm; areia – material natural que passa na peneira

4,8mm; pó de pedra (areia de brita ou areia artificial) – material de rocha fragmentada que passa

na peneira de 4,8mm; seixo rolado – material natural que fica retido na peneira 4,8mm; brita –

material de rocha triturada retido na peneira 4,8mm. As britas são classificadas quanto à

normalização e designação comercial, como: pedrisco (de 4,8 a 9,5mm), brita 1 (de 9,5 a

19mm), brita 2 (de 19 a 38mm), brita 3 (de 38 a 76mm) e pedra-de-mão (maior que 76mm).

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2.3.2.2 Fabricação

Segundo Salvador Filho (2007), após a chegada dos materiais, os mesmos são estocados em

baias de armazenagem. O cimento deve ser armazenado em local seguro e livre de umidade,

preferencialmente em silos metálicos, como mostra a Figura 2.13. Os demais materiais, tais

como aditivos, adições e pigmentos, devem ser armazenados de acordo com as especificações

dos fabricantes.

Figura 2.13 - Recebimento do cimento. Fonte: Randon Implementos (IMPLEMENTOS RODOVIÁRIOS).

O traço deve ser definido de acordo com as especificidades projetadas para cada bloco e deve

ser ajustado conforme a umidade dos agregados, que seguem por esteira ou carrinho até o

misturador. No misturador, são adicionados cimento, água, aditivos e pigmentos. Os sistemas

de medição e determinação da massa dos materiais irão variar de acordo com a fábrica

(SALVADOR FILHO, 2007).

Depois de preparado, o concreto é levado até a vibro prensa (manual ou mecânica), conforme

Figura 2.14 por caçambas, onde os blocos tomam forma TAMAKI (2010). O concreto fresco é

levado ao molde, onde é vibrado e prensado pelos extratores na direção vertical. Em seguida, o

molde é suspenso enquanto os pentes permanecem parados mantendo os blocos sobre o palete12.

Os extratores são elevados, permitindo que o palete seja retirado com as unidades recém

moldadas, e outro palete seja colocado no local, repetindo o ciclo (SALVADOR FILHO, 2007).

12 “Estrado, geralmente de madeira ou plástico, usado para empilhar e transportar materiais, que pode ser

movimentado por uma empilhadeira” (DICIONÁRIO PRIBERAM DA LÍNGUA PORTUGUESA).

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Figura 2.14 - Vibro prensa pneumática. Fonte: SOLUÇÕES INDUSTRIAIS - CASA MACIEL MÁQUINAS.

Para se obter boas propriedades dos blocos de concreto e evitar a perda de água durante as

primeiras fases do endurecimento, a cura deve ser realizada em ambiente saturado logo após a

fabricação dos blocos (Figura 2.15). Dessa forma, uma empilhadeira leva os blocos até uma

câmara a vapor, em geral, a 80ºC e umidade a 100%, que acelera o processo de cura. Lá, os

blocos ficam por 12 horas, até atingirem a resistência ideal (TAMAKI, 2010). Após a

moldagem e cura, os blocos de concreto ficam estocados sobre paletes, de madeira ou aço, antes

de serem comercializados (TAMAKI, 2010), conforme representado na Figura 2.16.

Figura 2.15 - Cura dos blocos. Fonte: TAMAKI (2010).

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Figura 2.16 - Paletização dos blocos. Fonte: MEK 18 - INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE BLOCOS DE

CONCRETO (s.d.).

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3 METODOLOGIA

Visando uma melhor compreensão e embasamento teórico a respeito da sustentabilidade na

construção civil, a partir de materiais que prejudiquem menos o meio ambiente, como é o caso

do tijolo de solo-cimento, o projeto foi realizado com o intuito de situar o leitor sobre as

vantagens do material em relação ao bloco cerâmico e de concreto, quanto à sustentabilidade.

A pesquisa é de enfoque metodológico qualitativo, iniciada a partir de um levantamento

bibliográfico. Após o levantamento bibliográfico, foi desenvolvido o estudo de caso, no qual

foram determinadas as fábricas para análise e em seguida, foi realizado o diagnóstico do

processo de fabricação, visando constatar o quanto o tijolo se apresenta como um material

ecológico quando comparado ao processo de fabricação dos blocos convencionais.

A busca de informações foi feita por meio de artigos, dissertações, teses acadêmicas, entrevistas

com profissionais (conforme Apêndice A), dados fornecidos pelas fábricas, dentre outros

documentos que serviram como complementação aprofundada ao assunto. Além disso, a

pesquisa foi complementada com imagens de autoria dos pesquisadores, mostrando os

principais processos de fabricação do tijolo de solo-cimento e dos blocos convencionais aos

quais foi comparado.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Gil (2002) define pesquisa como o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo

proporcionar respostas aos problemas que são propostos. Ela é requerida quando não se dispõe

de informação suficiente para responder ao problema ou quando a informação encontra-se em

tal estado de desordem que não possa ser relacionada.

A estratégia de pesquisa adotada neste trabalho foi o estudo de caso, no qual Yin (2010) define

como uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo em profundidade

e em seu contexto de vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto

não são claramente evidentes.

Os dados para o estudo de caso, de acordo com Yin (2010), podem ser obtidos por meio de

diversas formas e, para utilizar cada uma das possíveis fontes, são necessários procedimentos

metodológicos distintos. Dentre elas, as mais utilizadas são documentos e publicações,

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estatísticas em arquivo, entrevistas, observação direta, observação participativa e objetos ou

artefatos.

A observação direta traz ao pesquisador a oportunidade não apenas de observar, como também

de registrar acontecimentos em tempo real e de, dessa forma, retratar o contexto de um evento.

Com relação aos procedimentos, as observações podem variar das atividades de coleta de dados

formais às informais (YIN, 2010).

A evidência observacional é frequentemente útil para proporcionar informação adicional sobre

o tópico sendo estudado. As observações podem ser tão valiosas que pode até mesmo considerar

os registros fotográficos do local de estudo. No mínimo, essas fotografias ajudam a transmitir

importantes características do caso aos observadores externos (YIN, 2010).

3.2 CARACTERIZAÇÃO DAS FÁBRICAS VISITADAS

Com base nos três diferentes tipos de materiais estudados, foram determinadas as fábricas para

análise dos processos de produção do tijolo de solo-cimento, bloco cerâmico e bloco de

concreto com foco para a produção de alvenaria de vedação.

3.2.1 Fábrica A – Tijolos de solo-cimento

A fim de analisar o processo de fabricação do tijolo de solo-cimento, optou-se pela escolha de

uma fábrica que fosse referência na produção desse material em Goiânia. A Fábrica A se destaca

pela qualidade e alcance do produto ofertado, que já aparece em diversas obras do Brasil. A

empresa atua no mercado desde 2012 e já possui quatro certificados de qualidade no segmento

de tijolos ecológicos: Prêmio Destaque Empresarial & Comercial13 em 2014 e três certificados

da MultiTOP (Bronze, Prata e Nacional Integrado) de Qualidade & Excelência14 em 2016

(Figura 3.1).

13 O Troféu Destaque Empresarial tem como objetivo reconhecer e identificar empresas que se destacam no

mercado pela qualidade, eficiência, compromisso e respeito que apresentam para com seus clientes e

colaboradores (Prêmio Destaque Empresarial & Comercial, 2014).

14 O Selo de Qualidade & Excelência da MULTI TOP tem como objetivo a qualificação das empresas mais

populares, por meio de um comparativo de gráficos entre empresas do mesmo ramo de atividade no quesito

Qualidade & Excelência em Atendimento nos serviços prestados (MultiTOP).

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Figura 3.1 - Selo de Qualidade e Excelência. Fonte: MultiTOP.

A ideia de fundação da fábrica surgiu a partir de um problema de saúde enfrentado por um dos

proprietários, que atuava como escritor, e por recomendação médica não poderia mais viajar

ministrando cursos e palestras. Devido ao interesse no ramo sustentável (seus antigos livros

eram ecologicamente corretos), ele iniciou a busca por algo que, além de retorno financeiro,

proporcionasse menor impacto ambiental, e, após muitas pesquisas, decidiu ingressar no ramo

de tijolos ecológicos. Hoje, a Fábrica A conta com dois proprietários.

As principais dificuldades encontradas no início da comercialização do tijolo de solo-cimento

giraram entorno da aceitação do material, tanto por parte dos clientes finais, como por parte de

alguns profissionais de engenharia. Segundo os proprietários da fábrica, essa resistência se deve

à falta de conhecimento de algumas pessoas, que não depositam confiança na forma de

construção modular. A Fábrica A oferece duas opções de tijolos de solo-cimento: o tijolo

vermelho (terra), cuja matéria prima é extraída da cidade de Goiânia e Senador Canedo, e o

tijolo de saibro, solo de cor mais clara, extraído da região de Cocalzinho.

3.2.2 Fábrica B – Blocos cerâmicos

Para análise do processo de fabricação do bloco cerâmico foi escolhida a Fábrica B, tradicional

nesse setor na região metropolitana de Goiânia. A empresa atua no mercado desde 1985, ano

em que emergia no distrito Rodrigues Nascimento/Anápolis (hoje Campo Limpo/GO), quando

fabricava apenas produtos do tipo tijolo convencional de 8 furos, sendo que hoje possui diversos

produtos em sua linha de vendas.

Em sua história, a fábrica se destaca por ter sido a pioneira na automatização do processo de

carga e descarga na produção, além do forno contínuo, não necessitando de seus colaboradores

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para o manuseio interno no forno, reduzindo o risco de acidentes e melhorando a qualidade dos

produtos, pois não necessita do manuseio direto dos operadores nas peças, evitando defeitos ou

quebras. Outro diferencial da empresa é o reflorestamento próprio de eucaliptos, madeira

utilizada no funcionamento dos fornos contínuos, contribuindo para a visão sustentável da

fábrica.

3.2.3 Fábrica C – Blocos de concreto

No mercado desde 1986, a Fábrica C, localizada no município de Aparecida de Goiânia

(Distrito Agroindustrial – DAIAG), produz artefatos de concreto pré-moldado, tendo sido

escolhida para análise do processo de fabricação dos blocos de concreto.

A empresa produz blocos, canaletas, painéis treliçados, pisos intertravados, telhas, galpões,

postes e tubos de concreto, estando há mais de 50 anos no mercado como uma das maiores e

mais modernas fábricas do Centro-Oeste. Os pré-fabricados já vinham com grandes

expectativas no mercado e foi daí a ideia de ingressar neste ramo. As dificuldades são as

mesmas ainda encontradas hoje. Muitos profissionais, pela falta de conhecimento e

planejamento, optaram por trabalhar de forma convencional.

3.3 DIAGNÓSTICO DO PROCESSO DE FABRICAÇÃO

Tendo em vista a realização de um estudo comparativo entre as fábricas, foi elaborado um

roteiro para levantamento dos dados, conforme apresentado no Quadro 3.1.

Material TIJOLO DE SOLO-

CIMENTO

BLOCO

CERÂMICO

BLOCO DE

CONCRETO

Equipamentos

Matéria-prima

Etapas

Tempo de produção

Produção mensal

Tipos Produzidos

Quadro 3.1 - Identificação das etapas de produção. Fonte: Autoria própria.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A partir das visitas realizadas nas fábricas dos materiais a serem analisados, foram coletados os

dados apresentados nos tópicos a seguir.

4.1 FÁBRICA A - TIJOLO DE SOLO-CIMENTO

A primeira visita realizada foi na Fábrica A (tijolo de solo-cimento). Vale ressaltar que, no

decorrer da pesquisa, houve uma mudança de local físico da fábrica e, portanto, a visita foi

realizada também no novo endereço, sendo que todas as alterações foram registradas neste

trabalho.

Segundo os proprietários, a procura por um novo endereço se iniciou após transtornos

ocasionados por uma intervenção realizada na rua que daria acesso à fábrica, somados à

necessidade de expansão do espaço destinado ao armazenamento dos tijolos, que eram

dispostos na calçada do antigo local, como mostra a Figura 4.1. Tal forma de armazenamento

era totalmente inapropriada, expondo os produtos às condições adversas como chuva e

poluição, e até mesmo à possíveis furtos do material, além de poluir visualmente a rua.

Figura 4.1 – Armazenamento dos tijolos na calçada da fábrica. Fonte: Autoria Própria

O processo de fabricação se iniciava a partir da chegada do solo na fábrica, por meio de

caminhões, e seguia para depósito interno como apresentado na Figuras 4.2. O material era

descarregado também no ambiente externo da fábrica, causando um comprometimento da via

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pública, de acordo com a Figura 4.3, demonstrando falhas na logística de funcionamento da

fábrica.

Figura 4.2 - Chegada do solo na Fábrica A. Fonte: Autoria própria

Figura 4.3 - Depósito de materiais. Fonte: Autoria própria

Além disso, tanto no antigo como no novo endereço da Fábrica A, os locais de armazenamento

das matérias-primas utilizadas eram improvisados, gerando desperdícios. Estes ambientes

dispunham os solos (terra vermelha e saibro) e a areia, sem haver separação através de baias de

armazenamento. Tal atitude ocasionava a perda de material, através do vento e do espalhamento

no depósito, ocorrendo ainda a mistura entre matérias-primas diferentes.

Em seguida, uma caçamba mecânica era preenchida com o solo por um dos funcionários,

conforme Figura 4.4, utilizando um balde como instrumento de medida dos materiais.

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Posteriormente, o material era despejado no misturador, Figura 4.5, onde eram adicionados os

outros componentes de fabricação do solo-cimento – areia, cimento e água.

Figura 4.4 - Caçamba carregada com solo. Fonte: Autoria própria.

Figura 4.5 - Misturador. Fonte: Autoria própria.

Alguns dos sacos de cimento utilizados na produção do tijolo tinham um destino final

inadequado, havendo mais um déficit em relação à sustentabilidade. Como foi informado pela

Fábrica, esses sacos eram queimados, ao invés de serem recolhidos pelo fabricante, que era o

destino usual. Tal solução adotada para o descarte dos sacos envolvia a degradação ambiental

por meio da queima destes materiais, configurando um comportamento ecologicamente

incorreto de um material intitulado como ecológico.

No entanto, a fábrica A apresentou alguns diferenciais significativos relativos à preocupação

ecológica, como o uso do solo retirado de escavações e uso de resíduos de lavagem de areia,

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ambos gerando o reaproveitamento de resíduos de outros setores ligados à construção civil

(construtoras e empresas extratoras de areia).

A fábrica utilizava 1/4 de um balde de água, 18 baldes de solo, 1 saco de cimento de cimento

CP- V (50 quilogramas) e 1/2 balde de areia, para produção de aproximadamente 135 tijolos.

A mistura formada era levada por meio de uma esteira até uma prensa (Figura 4.6) na qual o

solo-cimento passava por prensagem e moldagem, conforme Figura 4.7.

Figura 4.6 - Solo-cimento sendo despejado na prensa. Fonte: Autoria própria

Figura 4.7 - Tijolo de solo-cimento saindo da prensa. Fonte: Autoria própria

Durante o processo de moldagem, se algum tijolo saísse da prensa quebrado ou deformado

(Figura 4.8), este era imediatamente retornado ao misturador contendo mistura de solo-cimento,

para nova moldagem, remetendo à uma preocupação sustentável quanto ao desperdício de

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produtos defeituosos. A etapa posterior é aguardar o período de cura de três a quatro dias, com

os tijolos dispostos em paletes em temperatura ambiente, como mostra a Figura 4.9.

Figura 4.8 - Tijolos quebrados após saírem da prensa. Fonte: Autoria própria.

Figura 4.9 - Paletes com tijolos de solo-cimento. Fonte: Autoria própria.

Durante a segunda visita, realizada no novo endereço da Fábrica A, registrou-se as mudanças

no layout do local de produção dos tijolos. As matérias-primas são armazenadas sob uma tenda

de lona com quatro metros de altura, ao ar livre, como pode ser observado na Figura 4.10.

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Figura 4.10 – Armazenamento da matéria-prima na nova Fábrica A. Fonte: Autoria própria

O diferencial do novo endereço da Fábrica A foi o local destinado à secagem e cura dos tijolos,

que passou a ser sob uma tenda ao ar livre, com altura de quatro metros, de acordo com a Figura

4.11, que teve suas laterais vedadas por uma lona, produzindo-se um ambiente semelhante ao

de uma estufa. Segundo os proprietários, esta mudança trouxe ganhos à resistência adquirida

pelo material e, principalmente, reduziu o tempo necessário para a cura do tijolo, de quatro para

dois dias apenas.

Figura 4.11 – Cura dos tijolos de solo-cimento produzidos com saibro, sob tenda de lona. Fonte: Autoria própria.

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4.2 FÁBRICA B - BLOCO CERÂMICO

A segunda fábrica visitada foi a Fábrica B, de tijolos e blocos cerâmicos. A coleta de dados

contou com registros fotográficos e entrevista com o dono da fábrica, que acompanhou a visita

explicando cada etapa da linha de produção dos blocos.

O processo de fabricação dos blocos se iniciou com a chegada da argila na fábrica, proveniente

dos municípios de Jesúpolis e Petrolina, ambos em Goiás. Diferentemente da Fábrica A, não

foram observados reaproveitamentos nas matérias-primas utilizadas na fábrica de bloco

cerâmico, tendo em vista que a argila utilizada era extraída diretamente da natureza.

A matéria-prima era despejada em um caixão alimentador e conduzida até o destorroador –

máquina onde desagregava-se as formações de torrões presentes no solo, conforme Figura 4.12.

Em seguida, o solo era levado através de uma esteira até o misturador, no qual adicionava-se

água para que o material ganhasse umidade. O galpão onde todo o maquinário estava disposto

contava com um ambiente limpo, amplo e organizado.

Figura 4.12 – Destorroador do solo. Fonte: Autoria própria

A seguir, conduzia-se a argila até a máquina laminadora, que a compactava na forma de lâminas

finas, como indica a Figura 4.13. O maquinário levava a argila laminada até a máquina

extrusora, onde os blocos eram moldados de acordo com a forma determinada. A Figura 4.14

mostra algumas das fôrmas utilizadas para moldagem dos blocos.

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Figura 4.13 - Argila Laminada. Fonte: Autoria própria.

Figura 4.14 - Fôrmas de blocos cerâmicos. Fonte: Autoria própria.

A massa argilosa moldada sai da máquina extrusora (Figura 4.15), por meio de uma abertura

chamada boquilha, a qual é acoplada a uma esteira que conduzirá a massa para o corte dos

blocos, etapa seguinte do processo. Nesta fase, quando os blocos apresentam algum defeito em

sua forma são retirados da esteira e levados novamente para moldagem, pois a argila ainda está

apta para ser utilizada no processo, conforme Figura 4.16.

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Figura 4.15 - Moldagem e corte dos blocos. Fonte: Autoria própria.

Figura 4.16 - Blocos sendo cortados (esteira) e blocos defeituosos retirados para nova moldagem. Fonte: Autoria

própria.

Os blocos devidamente moldados e cortados eram conduzidos mecanicamente à secadora, onde

eram dispostos em prateleiras e ficavam por um período de 24 horas, conforme Figura 4.17.

Posteriormente, os blocos eram levados também por uma espécie de robô até as linhas

formadoras de pacote, de onde seguiam para os fornos, como mostra a Figura 4.18.

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Figura 4.17 - Blocos sendo conduzidos por esteira (esquerda) e robô (centro) até prateleiras (fundo à direita)

para secagem. Fonte: Autoria própria.

Figura 4.18 - Robô retirando os blocos do local de secagem para introdução nos fornos. Fonte: Autoria própria

A Fábrica conta com 2 fornos, nos quais os blocos entravam a uma temperatura aproximada de

150°C e saiam à 850°C, após seguirem pelos 90 metros de extensão do forno, num processo

com duração total de 60 horas. Quando os blocos entram no forno, apresentam coloração

marrom acinzentada, e já na saída possuem coloração avermelhada, adquirida durante o

processo de queima, de acordo com a Figura 4.19. Após saírem do forno, os blocos cerâmicos

que eventualmente apresentam trincas ou quebras, não podem ser reaproveitados por já estarem

cozidos, gerando resíduos de produção.

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Figura 4.19 - a) Blocos cerâmicos crus entrando no Forno Contínuo. b) - Blocos cerâmicos prontos, na saída do

Forno Contínuo. Fonte: Autoria própria

Após esfriarem os blocos são embalados e dispostos em paletes para transporte e

comercialização dos mesmos, no ambiente interno da fábrica que estava limpo e organizado,

conforme Figura 4.20.

Figura 4.20 - Blocos cerâmicos paletizados. Fonte: Autoria própria

Na etapa de queima notou-se uma degradação ambiental, em relação ao funcionamento dos

fornos através da queima de lenha de eucaliptos. Porém, a fábrica utilizou madeira de áreas de

reflorestamento de sua propriedade, cultivadas para tal finalidade, preocupando-se em não

degradar florestas para alimentar seus fornos.

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4.3 FÁBRICA C - BLOCO DE CONCRETO

A terceira fábrica visitada foi a Fábrica C, de blocos de concreto. Durante a visita, realizada

com o acompanhamento de uma das engenheiras da empresa, foi feita a coleta de informações

por meio de registros fotográficos e anotações referentes ao processo de produção dos blocos.

Para a produção dos blocos de concreto, utilizou-se como agregado graúdo a “brita 00” e “brita

0”, e como agregado miúdo foram utilizadas areias de várias granulometrias, sendo a areia mais

fina a responsável pela liga com cimento. A brita 00 tem uma menor variabilidade de

granulometria que a brita 0 (pedrisco), o que torna seu uso vantajoso, entretanto, o material

possui qualidade inferior ao pedrisco, por isso realizava-se a mistura. O cimento utilizado foi o

tipo CP II-F-40. Os materiais eram dispostos em baias ao ar livre, atribuindo organização ao

ambiente, como mostra a Figura 4.21. Porém, estão sujeitos à chuva e vento, além de haver

pequenas quantidades de materiais caídos fora das baias.

Figura 4.21 - Baias de armazenamento dos agregados (brita e areia). Fonte: Autoria própria

Silos alimentadores recebem os materiais, podendo ser observados na Figura 4.22, alimentando

as duas máquinas misturadoras que constituem a linha de produção da Fábrica. O traço do

concreto é estabelecido previamente, determinando o funcionamento da central de agregados,

havendo primeiramente a mistura dos agregados com o cimento, nos misturadores

(assemelham-se a betoneiras em grande escala – Figura 4.23), em seguida adicionando-se água

e, por último, os aditivos.

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Figura 4.22 - Silos alimentadores da linha de produção de blocos de concreto. Fonte: Autoria própria

Figura 4.23 - Misturadores para produção de concreto. Fonte: Autoria própria

Após ser misturado, o concreto segue para a vibro-prensa (Figura 4.24) para a moldagem dos

blocos, sendo que a distribuição do material é feita através de elementos internos do

equipamento, chamados pente e colmeia, que distribuem o concreto em uma espécie de gaveta,

pela qual o bloco sai desformado e segue para retirar as rebarbas que possam ter ficado em sua

superfície. Em casos de blocos que saíam da prensa defeituosos, estes eram remoldados, para

não haver desperdício de material.

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Figura 4.24 - Vibro-prensa e moldagem dos blocos de concreto. Fonte: Autoria própria

A última etapa da produção era a de cura, sendo que os blocos eram levados para gaiolas e

ficavam durante 3 dias nas baias de cura, havendo ambientes específicos separados para isso,

como mostra a Figura 4.25, onde ganhavam resistência e estavam sendo aspergidos com vapor

d’água de 3 em 3 horas para não perder umidade. Após a moldagem e cura, os blocos de

concreto ficavam estocados sobre paletes, até serem entregues ao cliente no prazo estabelecido

na encomenda.

Figura 4.25 - Blocos de concreto nas baias de cura. Fonte: Autoria própria

Eram coletadas amostras dos blocos produzidos em todos os lotes, para realização de inspeção

visual e testes de laboratório, conforme Figura 4.26. O controle tecnológico da Fábrica C é

intenso, e os ensaios de compressão eram realizados após 1, 3, 7 e 28 dias, onde produziam-se

24 amostras (6 para cada idade do concreto) para cada box. As amostras e corpos de prova

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coletados passavam por procedimentos de pesagem e capeamento (para não ocorrer formação

de cargas pontuais nos testes), e por fim eram prensadas, verificando-se os parâmetros de

resistência.

Figura 4.26 - Amostras de blocos de concreto e corpos de prova para testes. Fonte: Autoria própria

4.4 ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS MATERIAIS

A partir das perguntas apresentadas no Apêndice A e das informações coletadas, fez-se um

estudo comparativo entre as etapas de produção das fábricas A, B e C, conforme apresentado

no Quadro 4.1. Constatou-se que, devido à tradição na utilização dos blocos convencionais e

ao tempo de mercado, a linha de produção das fábricas B e C está mais automatizada em relação

à Fábrica A. Neste sentido, as fábricas de blocos convencionais necessitam de equipamentos

com maior nível de automação e com maior possibilidade de modulação de blocos.

Quanto ao nível organizacional de cada empresa e ainda sob influência da tradição dos blocos

convencionais, também foi possível observar os custos dos processos de fabricação do tijolo de

solo-cimento e do bloco cerâmico. Em relação à energia elétrica, a Fábrica B mesmo tendo

como fonte de energia principal a queima de lenha para funcionamento dos fornos, possui

gastos bem maiores do que a Fábrica A, devido ao grande porte de sua linha de produção e ao

sistema de fornos contínuos necessitar também da utilização de energia elétrica.

O transporte de matéria-prima também é mais oneroso para a Fábrica B, pois ainda que a argila

seja a única matéria-prima que necessita ser transportada, além de ser um solo nobre que é

explorado em jazida a qual a vida útil é limitada. Também é necessário preocupar com o

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transporte da lenha. Além disso, o fato de que a produção dos blocos cerâmicos é muito maior

do que de tijolos de solo-cimento, aumenta estes custos, bem como os custos com mão de obra.

Essa diferença entre os custos de fabricação é refletida no valor de comercialização dos

produtos. A unidade do tijolo de solo-cimento produzido com terra vermelha é comercializada

por R$ 0,79. Já quanto aos blocos convencionais, o bloco cerâmico para alvenaria racionalizada,

com dimensões de 14x19x39 centímetros, é vendido por R$ 1,90, enquanto que o bloco de

concreto nestas mesmas dimensões é vendido por R$ 1,95, isto é, ambos mais caros que o dobro

do preço de comercialização dos tijolos de solo-cimento.

As respostas para as perguntas realizadas nas fábricas estão apresentadas no Apêndice B.

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Material TIJOLO DE SOLO-CIMENTO BLOCO CERÂMICO BLOCO DE CONCRETO

Equipamentos 1 misturador 800 litros; 1 esteira; 1

máquina de prensagem; 1 compressor.

Caixão alimentador; destorroador;

misturador; laminador; máquina

extrusora; cortador; carregador; esteira;

secadora; descarregador; linhas

formadoras de pacote; forno contínuo.

Atualmente, a empresa conta com 4

máquinas para fabricação de blocos e

pavimentação (pavers), sendo duas para

fabricação dos blocos com e sem função

estrutural e uma para fabricação dos

pavers.

Matéria-prima Terra vermelha; saibro; água; cimento

CP-5, areia.

Solo proveniente dos municípios de

Petrolina (GO) e Jesúpolis (GO); água.

Areia artificial lavada e artificial fina;

areia de cava; brita 0 e 00; cimento;

aditivos de concreto; pigmento de

concreto; água.

Etapas

Misturador - mistura da matéria prima

(solo cimento areia e água) e

peneiramento do material; esteira;

máquina de prensagem.

Destorroamento do solo; adição de água;

laminação da argila; moldagem e corte

dos blocos; secagem (24 h) e queima (6

h) dos blocos.

Matéria-prima/traço; produção;

paletização; estoque; entrega.

Tempo de produção 400 un/h 4.375 un/h Não informou.

Produção mensal 65.000 tijolos. Entre 700 mil blocos até 1,3 milhão de

blocos.

Cerca de 61.000 blocos sem função

estrutural.

Tipos Produzidos

Tijolo Modular Padrão; Meio Tijolo

Modular Padrão; Tijolo Canaleta

Modular Padrão (com furos e sem furos)

Alvenaria Racionalizada

(cm): Blocos: 09x19x39;

14x19x39; 19x19x39.

Alvenaria Estrutural (cm):

Blocos: 14x19x29; 14x19x34;

14x19x39.

Blocos para vedação e vedação aparente,

blocos estruturais, meio bloco e

caneletas, em dimensões adequadas e

padronizadas para o projeto.

Quadro 4.1 - Identificação das etapas de produção. Fonte: Autoria própria.

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5 CONCLUSÕES

Com base no estudo comparativo entre os processos de fabricação dos três materiais estudados

– tijolo de solo-cimento, bloco cerâmico e bloco de concreto, pretende-se responder a seguinte

problemática: O tijolo de solo-cimento modular realmente atende aos parâmetros de

sustentabilidade na construção civil? Desse modo, a partir da revisão bibliográfica e do estudo

de caso, que se deu por meio de visitas realizadas nas fábricas, foi possível analisar e comparar

o processo e o custo de fabricação dos materiais abordados.

A Fábrica de tijolo de solo-cimento possui o princípio de produzir um material intitulado como

ecológico. Em suma, a produção deste material realmente se diferenciou dos demais produtos

analisados, devido a fonte de duas de suas matérias-primas principais (solo e areia, com exceção

do cimento) ser do reaproveitamento de resíduos gerados por outros setores da construção civil.

Isto porque, como foi constatado, o solo utilizado era proveniente de escavações para

construção de prédios, e a areia advinha de resíduos da lavagem do material, retirado da

natureza por empresas extratoras de areia.

Este ponto foi analisado como vantajoso para a Fábrica A, no quesito de preocupação com a

sustentabilidade. Em comparação com a Fábrica B, a fonte da matéria prima principal – argila –

mesmo que extraída em áreas legalizadas para este tipo de atividade, configura um impacto

ambiental de degradação na área de extração. Além disso, necessita da queima dos blocos em

fornos alimentados por lenha, elevando as emissões de CO2, enquanto o tijolo de solo-cimento

é curado à sombra. A Fábrica C também apresenta a extração direta de recursos da natureza

como fonte de suas matérias-primas principais (cimento, brita e areia), para a fabricação do

bloco de concreto.

No entanto, puderam ser constatados alguns pontos de desvantagem do processo de fabricação

do tijolo de solo-cimento na Fábrica A, que invalidam a classificação de seu produto como

ecológico. O enfoque da sustentabilidade foi tido como contraditório, devido as nítidas

situações de desperdício de matérias-primas encontradas tanto no antigo como no novo

endereço da empresa.

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Além disso, no antigo endereço, a desorganização dos ambientes interno e externo da fábrica

levou à falta de higiene do local, poluição visual da rua e condições inadequadas de trabalho

dos funcionários da fábrica (ambientes sujos e improvisados). Todos estes fatores

comprometeram a sustentabilidade da fábrica, pois impediram o aproveitamento máximo de

sua capacidade de produção e levaram à geração indireta de resíduos, provenientes do

desperdício de solo e areia.

Por outro lado, verificou-se que as fábricas B e C, possuíam algumas características de

sustentabilidade não encontradas na Fábrica A. Ambas contavam com os ambientes de depósito

de matérias-primas e de funcionamento dos maquinários mais organizados e limpos, levando a

maior aproveitamento de suas capacidades de produção e dos recursos utilizados.

Dessa forma, a produção dos blocos convencionais, excluindo-se o quesito de fonte das

matérias-primas, obteve maior viabilidade sustentável em relação à produção do tijolo de solo-

cimento. Entretanto, não se pode desconsiderar que as Fábricas B e C possuem muito mais anos

de existência do que a Fábrica A. Assim, caso a Fábrica A execute os pontos de melhoria em

sua linha de produção, quanto à organização e limpeza, poderá de fato ser considerada mais

viável do que os blocos convencionais, contribuindo para um futuro mais sustentável à

construção civil.

5.1 DIRETRIZES PARA MELHORIA NA PRODUÇÃO DO TIJOLO DE

SOLO-CIMENTO

Para proporcionar organização ao processo de fabricação do tijolo de solo-cimento, é

fundamental que a Fábrica A realize a adequação de seu ambiente de depósito. Para isso,

propõe-se a construção de baias de armazenamento, específicas para cada tipo de material,

evitando o acesso de animais, umidade, vento espalhamento e mistura dos materiais. O depósito

deverá também ter seu portão de acesso livre para facilitar a descarga dos caminhões

diretamente nas baias.

É importante garantir que todos os sacos de cimento sejam descartados de forma adequada, e

caso algum não seja fornecido direto pelo fabricante, que seja encaminhado para locais

responsáveis de reciclagem do material. No antigo endereço, como foi observado e citado no

trabalho, alguns os sacos de cimento não vinham direto do fabricante, ou seja, eram comprados

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em lojas de materiais de construção e, com isso, nem todos os sacos eram recolhidos. O destino

desses sacos era a queima, causando degradação ambiental.

Para assegurar um ambiente de trabalho adequado aos funcionários, deve-se realizar a limpeza

diária do galpão de armazenamento do maquinário da fábrica, retirando os sacos de cimento

vazios e não armazenando instrumentos de almoxarifado neste local, deixando-o específico para

as máquinas.

É imprescindível também, garantir o controle do tempo de cura e idade dos tijolos produzidos

e, para isso, contar apenas com a memorização visual dos paletes é passível de falha humana.

Assim, identificar em cada lote produzido a data de fabricação do tijolo. Isso trará maior

confiabilidade à produção, contribuindo para que os clientes visualizem a organização da

fábrica.

Ainda em relação à satisfação dos clientes, é importante ressaltar que a divulgação das

vantagens do material produzido é grande necessidade ao aumento da popularidade do tijolo de

solo-cimento e, consequentemente, da própria fábrica. Realizar todas as adequações físicas e

de funcionamento que foram propostas trará a implementação de um produto de fato

sustentável, porém é preciso investir na propagação do uso material, tornando-o tão

popularizado quanto os blocos convencionais.

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APÊNDICE A

1- Qual a produção mensal/anual média da fábrica?

2- São fabricados tijolos/blocos apenas para a região metropolitana de Goiânia, ou são enviados

também para outras cidades/estados? Quais?

3- Qual a aceitação deste tipo de tijolo/bloco no mercado atual da construção civil? Tem

aumentado a procura?

4- Quais as dificuldades da produção deste tipo de tijolo/bloco hoje em dia?

5- De onde vem a matéria-prima utilizada na fábrica?

6- Há geração de resíduos? Quanto? São reaproveitados/reciclados?

7- Quais as etapas do processo produtivo do material fabricado?

8- Quanto tempo leva a produção do tijolo/bloco?

9- Quais são os custos de fabricação? E a que valor é comercializado?

10- Quantos funcionários há na fábrica? É necessário contratar mão de obra especializada?

11- Existe fiscalização ambiental no setor? Como é feito o controle de qualidade?

12- Existe certificação ambiental e de sustentabilidade para a fábrica?

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APÊNDICE B

1- Qual a produção mensal/anual média da fábrica?

FÁBRICA A: São produzidos mensalmente cerca de 65.000 tijolos.

FÁBRICA B: Produção mensal média: entre 700 mil blocos até 1,3 milhão de blocos.

FÁBRICA C: Neste ano de 2017, estão sendo produzidos cerca de 76.000 blocos com função

estrutural, 61.000 sem função estrutural e 4.500 m² de blocos para pavers, mensalmente.

2- São fabricados tijolos/blocos apenas para a região metropolitana de Goiânia, ou

são enviados também para outras cidades/estados? Quais?

FÁBRICA A: Os tijolos podem ser enviados para qualquer região do Brasil, desde que a

entrega proporcione uma boa relação custo x benefício. Alto Paraíso de Goiás, Anápolis,

Brasília, Belo Horizonte, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Rio Verde e Tocantins, são algumas

das cidades que já receberam os tijolos da Fábrica A.

FÁBRICA B: Os blocos são enviados para Goiânia e região metropolitana, Anápolis e Brasília.

FÁBRICA C: Os blocos são enviados em sua maioria para a região metropolitana, como Rio

Quente, Anápolis, Itumbiara, Chapadão do Céu, Senador Canedo, Goianésia, Rio Verde.

3- Qual a aceitação deste tipo de tijolo/bloco no mercado atual da construção civil?

Existem dificuldades na produção desses materiais?

FÁBRICA A: A procura dos tijolos de solo-cimento tem aumentado gradativamente, porém,

ainda pode-se observar certa resistência na aceitação do tijolo modular, devido à falta de

credibilidade dada a este método construtivo por parte de alguns clientes leigos. Porém,

segundo a Fábrica, cerca de 90% dos mesmos, mudam de ideia após conhecerem melhor o tijolo

de solo-cimento.

FÁBRICA B: Os blocos cerâmicos para alvenaria racionalizada são produtos considerados

novos no mercado, e por isso tem sido lenta sua procura, mas aos poucos tem aumentado, sendo

necessário ter uma maior divulgação das vantagens desse tipo de material pela mídia e entre os

profissionais da construção civil.

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FÁBRICA C: Está havendo uma boa aceitação. Os pré-fabricados estão se destacando ao longo

os anos, pela qualidade e otimização dos processos. Além disso, com as atualizações da ABNT,

houve um aumento na demanda de blocos de concreto no mercado. A escolha e qualidade dos

agregados são primordiais no processo e essa é a maior dificuldade encontrada atualmente na

nossa região.

4- Quais as dificuldades da produção deste tipo de tijolo/bloco hoje em dia?

FÁBRICA A: A falta de credibilidade dada ao método construtivo modular, por parte de alguns

clientes leigos. Porém, segundo a Fábrica, cerca de 90% dos mesmos, mudam de ideia após

conhecerem melhor o tijolo de solo-cimento.

FÁBRICA B: Ainda há pouco conhecimento acerca das vantagens dos blocos cerâmicos para

alvenaria racionalizada, sendo necessário ter uma maior divulgação das vantagens desse tipo

de material pela mídia e entre os profissionais da construção civil.

FÁBRICA C: A escolha e qualidade dos agregados são primordiais no processo e essa é a

maior dificuldade encontrada atualmente na nossa região.

5- De onde vem a matéria-prima utilizada na fábrica?

FÁBRICA A: O solo para produção do tijolo vermelho (terra) é proveniente de escavações, e

é cedido por construtoras que procuram uma alternativa econômica para destinar esse material,

que não é reaproveitado no canteiro de obras. Tal solo é retirado da cidade de Goiânia e Senador

Canedo e deve ser livre de raízes, lixo e matéria orgânica. Para a produção do tijolo de saibro,

de cor mais clara, o solo é retirado da região de Cocalzinho.

FÁBRICA B: A argila utilizada na produção dos blocos é retirada dos municípios de Jesúpolis

e Petrolina, ambos no Estado de Goiás. A lenha é proveniente das áreas de reflorestamento

mantidas pela fábrica em dois locais – Anápolis e nas proximidades da Fábrica, em Cocalzinho

de Goiás.

FÁBRICA C: A areia artificial lavada e a artificial fina são fornecidas por uma empresa

localizada em Guapó, já a areia cava, vem da cidade de Professor Jamil. As britas 0 e 00 são

obtidas das cidades de Santa Bárbara de Goiás e Edealina, respectivamente, enquanto os

aditivos de concreto são fornecidos por uma empresa de Duque de Caixas - RJ, e o pigmento

de concreto, por uma empresa localizada em Porto Feliz - SP.

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6- Há geração de resíduos? Quanto? São reaproveitados/reciclados?

FÁBRICA A: No antigo endereço, alguns sacos de cimento eram adquiridos em uma loja

próxima, e não eram recolhidos, passando por um processo de queima após a utilização do

cimento, realizada no pátio da fábrica. Já no novo local não são gerados resíduos: a terra que

cai do misturador é reaproveitada; tijolos (secos) com pontas quebradas também são

reaproveitados – a parte inteira vira meio tijolo e a outra volta ao misturador (que também é

triturador) –; e todos sacos de cimento são adquiridos e recolhidos pelo fabricante, de 15 em 15

dias.

FÁBRICA B: São gerados apenas resíduos gasosos advindos da liberação de gases devido a

queima da lenha para funcionamento dos fornos.

FÁBRICA C: Sim. Não há uma estimativa exata. Alguns resíduos nós conseguimos

reaproveitar durante a produção e o restante é levado para a britadeira e utilizado no

assentamento de pavers.

7- Quais as etapas do processo produtivo do material fabricado?

FÁBRICA A: O processo produtivo se inicia com o despejo do solo no misturador, onde se

deve adicionar ¼ balde de água, 18 baldes de terra, 50 kg de cimento e 1 ½ balde areia,

produzindo aproximadamente 135 unidades de tijolo. Na antiga fábrica, os tijolos eram

armazenados por 15 dias em local fechado, a fim de garantir a cura necessária. No novo local,

a cura é realizada ao ar livre, em local coberto apenas por uma lona, levando cerca de 4 dias.

Feito isso, os tijolos são levados a um laboratório contratado pela empresa, onde são realizados

os testes de resistência.

FÁBRICA B: O processo produtivo começa com o despejo do solo no destorroador, seguido

da adição de água no misturador, de onde é conduzida a argila até o laminador. Após isso, a

mistura vai para a máquina extrusora, no qual os blocos são moldados. Na fase seguinte os

blocos são levados para o local onde passam por secagem de 24 horas e em seguida aos fornos

contínuos, onde ficam aproximadamente 60 horas para queima da cerâmica.

FÁBRICA C: Após a chegada da matéria-prima e definição do traço mais adequado, é

realizado o processo de produção, paletização e estocagem dos blocos.

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8- Quanto tempo leva a produção do tijolo/bloco?

FÁBRICA A: São produzidas em média, 400 unidades/h.

FÁBRICA B: São produzidos em média, 4375 unidades/h.

FÁBRICA C: O ciclo gira em torno de 13 a 15 segundos, podendo variar de acordo com as

dimensões e resistências dos blocos.

9- Quais são os custos de fabricação? E a que valor é comercializado?

FÁBRICA A: O tijolo vermelho é produzido por R$ 0,37 e comercializado por R$ 0,69. Já o

de saibro, é produzido por R$ 0,47 e comercializado por R$ 0,79.

FÁBRICA B: Varia conforme o tipo do bloco. O bloco cerâmico para alvenaria racionalizada

de 14x19x39 (centímetros) custa R$1,50 para fabricação e é vendido à R$1,90.

FÁBRICA C: Os blocos são fabricados nas dimensões adequadas para o projeto, sendo o bloco

14 (14x19x39) o mais utilizado na execução da alvenaria. Este bloco é comercializado por R$

1,95.

10- Quantos funcionários há na fábrica? É necessário contratar mão de obra

especializada?

FÁBRICA A: São 4 funcionários no total: 2 atuam na parte operacional e 2 são

administradores. Não é necessária mão de obra especializada.

FÁBRICA B: A fábrica conta com 22 funcionários no total, não havendo necessidade de

contratar mão de obra especializada.

FÁBRICA C: Em torno de 130 funcionários. Sim, principalmente em cargos de gestão.

11- Existe fiscalização ambiental no setor? Como é feito o controle de qualidade?

FÁBRICA A: A fábrica segue os padrões da AMMA (Agência Municipal do Meio Ambiente).

FÁBRICA B: A fábrica passa por fiscalização constante sobre ter a guia florestal da lenha que

é cortada para queima, se tem o projeto de extração da argila, se está fazendo despejo de

resíduos no solo, e a fábrica possui licenças para funcionamento de acordo com o resultado

destas fiscalizações. O controle de qualidade dos blocos é feito com base nos testes aplicados

por laboratório específico contratado para isso.

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FÁBRICA C: Sim.

12- Existe certificação ambiental e de sustentabilidade para a fábrica?

FÁBRICA A: Não existe.

FÁBRICA B: A fábrica não possui certificação ambiental, apenas licenças para

funcionamento.

FÁBRICA C: Sim.