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Sustentabilidade nas cidadespreservao dos Centros Histricos (1)Carolina Fidalgo de OliveiraSustentabilidade e PatrimnioHoje, ao se pensar no desenvolvimento das cidades, procura-se levar em conta a sustentabilidade, em seus mltiplos aspectos. A princpio, o tema sustentabilidade recorre urgncia de sempre: controle do crescimento das cidades, controle da emisso de poluentes, despoluio de rios e demais cursos de gua, aproveitamento das guas pluviais, controle dos desmatamentos, ou seja, preservao e uso consciente dos meios naturais.De um modo geral, a conscincia social pela conservao dos bens naturais e sua importncia ambiental, inclusive para as cidades, j foi, pelo menos em parte, assimilada pela sociedade. Afirmar o mesmo, porm, para as questes urbanas bem mais complicado. Os temas relacionados ao crescimento ou desenvolvimento urbano, ainda envolvem os debates em polmicas e muitas contradies. Discutem-se, tambm com foco para a sustentabilidade, a partir da expanso urbana, aspectos como melhoria e ampliao dos transportes coletivos, segurana urbana, qualidade dos espaos pblicos, infraestrutura nas periferias, aumento do nmero de favelas e demais condies precrias de vida, bem como o avano urbano descontrolado em reas de preservao ambiental.Verifica-se que as edificaes sustentveis vm ganhando certo espao em debates e estudos, tericos e prticos. Casas comandadas por computadores, programadas para economizar e aproveitar energia solar, guas pluviais, aquecer ou esfriar ambientes, entre outras qualidades vm sendo testadas e recebem espao na mdia televisiva, inclusive em horrios nobres. Porm, ainda assim, a cidade vista como organismo nico, complexo, contnuo e interdependente, como suporte para essas edificaes sustentveis ainda est margem das discusses, exceto em um ou outro meio tcnico e acadmico, onde o debate comea a atingir alguma maturidade.Nesse sentido, preciso olhar para a cidade existente e, em especial, para os centros das nossas cidades, porque ali se encontram diversos e importantes processos histricos, expressos nos espaos construdos e no modo de usufruir desses espaos, nos diferentes estratos sociais, na infraestrutura urbana, no comrcio e servio diversificado, bem como nas atividades tursticas e de lazer.Importante ressaltar, contudo, que no se secciona historicamente os centros dos demais espaos das cidades e, do mesmo modo, no possvel se referir aos centros apenas pelos motivos de sempre, ou seja, pela infraestrutura instalada, pela facilidade de transporte, pelo acesso aos servios e ao comrcio, pelo estoque de edifcios (em geral caracterizados como antigos), mas tambm porque nesses centros, histrias urbanas e sociais se somam expondo constantes, e tambm diferentes, aspectos da identidade e da memria. Neles, evidenciam-se paisagens, em seu conjunto de formas, que, num dado momento, exprime as heranas que representam as sucessivas relaes localizadas entre homem e natureza (2). Neles se evidenciam a presentificao das cidades (3), pois nos centros histricos se acumulam as marcas de uma construo histrica, as marcas das sociedades, da cultura, dos conflitos, fracassos e sucessos da cidade. Evidenciam-se processos por meio dos quais se constituem e se legitimam os marcos, lugares e cenrios da memria social.Do mesmo modo, porm, salutar comentar que no se afirma, pelo contrrio, que as outras reas da cidade so destitudas de histria. Longe disso, pois como assegurava o mestre Giulio Carlo Argan (4), no existem partes histricas e partes no histricas na cidade. No existem partes da cidade no passado. Todas elas se encontram num mesmo tempo presente. nesse sentido que nos centros histricos podemos presenciar arugosidade do espao, tal como definido por Milton Santos (5). Elementos que ficam do passado como forma, espao construdo, paisagem, o que resta do processo de suspenso, acumulao, superposio, com que as coisas se substituem e se acumulam em todos os lugares. Encontramos nos centros histricos divergncias e contradies da cidade e tambm aquilo que (ou deveria ser) de todos: o Patrimnio.Patrimnio, no entendido, portanto, apenas como um conjunto de edificaes, cujas caractersticas, um dia, foram determinantes para identificar a histria de um povo, ou de parte de um povo, e sua nao. Patrimnio no se refere apenas a um conjunto de bens antigos ou aqueles com caractersticas semelhantes, mas ao conjunto da cidade, aos espaos e interstcios urbanos que, somados aos edifcios de valor histrico, so portadores de memria. Refere-se s prticas sociais e a formao dos espaos pblicos, ao cotidiano, uso e fruio da cidade, a partir das relaes de identidade e pertencimento. O historiador Antonio Augusto Arantes discorre sobre essas questes:Os habitantes da cidade deslocam-se e situam-se no espao urbano. Nesse espao comum, que cotidianamente trilhado, vo sendo construdas coletivamente as fronteiras simblicas que separam, aproximam, nivelam ou hierarquizam [...] as categorias e os grupos sociais [...]. Por esse processo, ruas, praas e monumentos transformam-se em suportes fsicos de significao e lembranas compartilhadas, que passam a fazer parte da experincia ao se transformarem em balizas reconhecidas de identidades [...] e marcos de pertencimento (6).Os centros, porm, tm sido constantemente, e por diversas razes ao longo da histria, abandonados, descaracterizados e mal aproveitados, sobretudo em funo do rpido crescimento das cidades que, em geral, levam ao aparecimento de novos centros, dentro do qual o centro tradicional passa a competir com os demais, principalmente do ponto de vista econmico (7). Alm dos mais, os centros so objetos de intervenes muitas vezes incoerentes, tal como as aes de Renovao Urbana empreendidas nas cidades americanas, implantadas sob a hegemonia de grandes empresas, onde se predomina a construo de enormes edifcios de escala desproporcional vida nas ruas (8). Por outro lado existem algumas boas intenes, como a Reabilitao Urbana empreendida no centro velho da cidade de Barcelona, em que se procurou manter a populao residente mais carente nos espaos do centro, sendo a proposta de interveno urbana amplamente analisada em funo das estruturas j consolidadas, de valores histrico e social (9). Porm, na maioria das grandes ou mdias cidades, existem, ainda hoje, aps anos de investimentos, milhares de imveis desocupados ou invadidos, espaos obsoletos e mal cuidados, edifcios descaracterizados, entre outros. Nota-se o uso intenso dessas reas, sobretudo durante o dia, quando as atividades de comrcio e servio proporcionam um fluxo intenso de pedestres, moradores, comerciantes e estudantes. Porm, os espaos urbanos do centro vm sofrendo, muitas vezes, mudanas no condizentes com a realidade do lugar, na medida em que se modificam espaos, usos, vias, moradores, tal como ocorreu com as cidades americanas e vem, aos poucos, acometendo cidades brasileiras, como o Pelourinho, em Salvador (10).Nesses casos, como comentou a historiadora Marly Rodrigues, a importncia coletiva da memria tratada apenas com indiferena, de forma incompatvel ou como forma de excluso social, aproveitando-se do objeto cultural como sendo objeto de todos, mas sem ser de ningum. A excluso social e urbana impede e limita de diversos modos, aos cidados fruidores do patrimnio cultural, a possibilidade de significao e apropriao que tece identidades, protegendo espaos como objetos de interesse coletivo. Aes generalizadas, em que no h a participao da populao, tampouco consideraes amplas e claras sobre a importncia das estruturas mais antigas do centro para a cidade, no sustentam, no impulsionam, no efetivam um plano capaz de manter as correlaes entre espaos diferentes, mas dependentes, como as periferias e o Centro Histrico.Embora o tema da conservao e restaurao do patrimnio arquitetnico exista h sculos (11), no Brasil, a preocupao com a proteo de edifcios histricos surgiu, amparada pelo papel do Estado, apenas nas primeiras dcadas do sculo XX e a preocupao com a preservao de centros histricos s ocorreu a partir da segunda metade do mesmo sculo (12). Na mesma poca, muitas cidades brasileiras, com destaque para So Paulo, iniciaram um processo crescente de grandes transformaes, envolvendo destruio e substituio de seus edifcios e de suas estruturas urbanas. So Paulo, especificamente, apresentou um rpido e intenso processo de urbanizao que levou, entre outros fatores, desvalorizao e degradao da rea central (13). Aps anos de certa inrcia, vrias intervenes comearam a ser delineadas para o seu centro histrico tendo como parte dos propsitos a valorizao do espao urbano, apoiado em renovaes, revitalizaes, requalificaes ou reabilitaes urbanas, bem como em restauros, reciclagens,retrofitse assim por diante. Em linhas bem gerais, e em perspectiva histrica, as renovaes urbanas foram implementadas por volta da dcada de 1960, principalmente nas cidades americanas, e ficaram caracterizadas pela prtica do arrasa-quarteiro como metodologia de reconstruo de reas urbanas antigas. J as revitalizaes foram inseridas para caracterizar aes de mote mais econmico, com destaque para obras em infraestrutura, procurando reverter a degradao social atravs da recuperao econmica. Posteriormente, e sobretudo a partir da dcada de 1990, a consolidao das parcerias pblico-privado marcou a substituio das aes de revitalizao pelas aes de requalificao urbana. O que estava em pauta no era mais apenas a questo da recuperao da vitalidade das reas centrais, mas sim a sua adaptao s atividades contemporneas, ressurgindo como espaos competitivos e fortalecidos economicamente, adaptados ao atual contexto da globalizao. Nesse contexto evidenciam-se as parcerias entre o poder pblico e a iniciativa privada. E mais recentemente ganhou destaque a reabilitao urbana em que se priorizam bairros ou reas residenciais degradadas, procurando manter as populaes nesses locais (14).A partir da segunda metade do sculo XX, diversas cidades, pelo mundo todo, comearam a vivenciar um crescimento intensificado, bem como mudanas nos sistemas produtivo e social, que ocasionaram o aparecimento desordenado de bairros e periferias. A populao urbana cresceu vertiginosamente, assim como os problemas urbanos e sociais. Multiplicou-se a quantidade, enquanto degradou-se a qualidade, ou seja, enquanto as periferias se alargavam, algumas reas urbanas, o patrimnio, reas verdes, habitaes, entre outros se tornavam obsoletos, inadequados ou insuficientes.Sabe-se que a cidade j vinha sendo discutida, a partir de vrios ngulos, h vrias dcadas, por intelectuais como John Ruskin, Haussmann, Camillo Sitte, Cerda, Gustavo Giovannoni, entre outros. Porm, o sculo XX colocou novos parmetros para essas cidades que precisavam ser modernizadas, reconstrudas e livres das barreiras que impediam o seu desenvolvimento. Importante mencionar os Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna, os CIAM, notadamente o de 1933. Depois desse, somente o VIII CIAM, em 1951, colocou o corao das cidades no centro dos debates, em oposio s razes mais radicais do Movimento Moderno que negavam a histria; ou seja, na contramo do processo de urbanizao dominante, como resultado de processos histricos, o desenvolvimento urbano permitiu conhecer e identificar partes mais antigas das cidades, em geral os centros, e suas caractersticas particulares, apreendidas por seus aspectos simblicos, cognitivos, culturais, estticos, histricos, entre outros. Nas palavras da historiadora Franoise Choay, foi justamente tornando-se um obstculo ao livre desdobramento das novas modalidades de organizao do espao urbano que as formaes antigas adquiriram sua identidade conceitual (15).Todavia, a intensificao da urbanizao e o constante crescimento das periferias condicionaram novas querelas acerca do centro urbano. De um lado colocava-se a valorizao econmica a partir da manuteno de atividades lucrativas, com comrcio e servio diversificado, lojas, escritrios e atividades tursticas; de outro, o desgaste do tecido urbano na medida em que a consolidao do traado e das vias de trnsito intenso contribuiu para a expulso ou sada de habitantes e atividades mais tradicionais do Centro (16). Em ltima instncia, porm, reconheceu-se que os centros histricos das cidades apresentavam caractersticas especiais (entre elas o patrimnio), que precisavam ser conservadas, uma vez que possibilitavam a fruio histrica, tecendo identidade e alimentando a memria.Desse modo, tanto no contexto europeu, quanto no latino-americano, a partir da dcada de 1970, um nmero considervel de cidades passou a se preocupar com suas reas centrais, introduzindo a questo da preservao do patrimnio histrico como a cidade de Bolonha, na Itlia (17). Ao longo desse perodo diversos encontros de patrimnio - nacionais e internacionais - contriburam para debater algumas questes, procurando integrar os conjuntos histricos vida contempornea e coletiva, a exemplo da Recomendao sobre a salvaguarda de conjuntos histricos e da sua funo na vida contempornea, da UNESCO de 1972 e a Carta de Washington, realizado no mbito do ICOMOS, em 1986. Foi tambm a partir desse perodo que se ampliou o nmero de rgos de preservao em nvel municipal e estadual, responsveis pela tutela dos bens culturais. Entre o final da dcada de 1980 e incio de 1990, em sntese, os centros histricos entraram, definitivamente, para o universo dos planos, programas, projetos e demais aes vinculadas ao planejamento urbano, procurando se relacionar s diversas polticas setoriais (18), bem como ao tecido urbano existente, contemplando entre outros objetivos a melhoria, a identificao, proteo e promoo dessas reas.Havia, porm, uma herana delicada, problemas diversos a serem resolvidos. Entre os mais citados como segurana, limpeza, comrcio irregular, poluio, cortios, acessibilidade entre outros, destaca-se, mais uma vez, aquele que talvez seja, hoje, um dos mais importantes, tambm em funo da sustentabilidade das cidades: a enorme quantidade de imveis vazios nas reas centrais, evidenciando um estoque habitacional subutilizado (19), enquanto o seu inverso, as periferias, crescem de forma ascendente.Breve panorama das aes de preservao no Centro de So Paulo(20)Especificamente em relao proteo do patrimnio, a cidade de So Paulo e notadamente seu centro, conta com a atuao de rgos preservacionistas nas trs esferas de poder (imagem 01).

Bem dos tombamentos no Centro de So Paulo. Laranja: Iphan, Condephaat e Conpresp; Vermelho: Condephaat e Conpresp; azul e hachura verde claro: apenas Conpresp [Oliveira, 2009]

Com o IPHAN (Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional), em nvel federal, cuja atuao teve incio, no territrio paulista, na dcada de 1940, quando o rgo ainda respondia por SPHAN (Servio de Patrimnio Histrico e Artstico Nacional) (21), sendo rarssimos os bens selecionados no Centro Histrico de So Paulo, at o final da dcada de 1990, como merecedores de proteo, j que a maioria dos exemplares coloniais havia sido substituda pela arquitetura caracterstica da Primeira Repblica.Com o CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimnio Histrico, Artstico, Arqueolgico e Turstico do Estado de So Paulo), em nvel estadual, desde 1968, rgo que foi responsvel, atravs de seus antigos conselheiros, pela disseminao da noo de Patrimnio Ambiental Urbano (22). Os critrios para o reconhecimento dos valores culturais e histricos dos bens se ampliaram nas aes desse rgo, a partir do estudo da histria de So Paulo, com destaque para o bandeirismo, a cafeicultura e a industrializao, permitindo, aos poucos, a incluso de bens diversificados nas listas de patrimnio. A partir da noo de Patrimnio Ambiental Urbano - conceito que procurou suprimir a idia de que apenas bens isolados ou grandiosos podiam ser reconhecidos como Monumento, para abranger espaos urbanos -, foram delineados programas especficos para pensar os Centros e as Cidades Histricas, a exemplo do Programa de Preservao e Revitalizao do Patrimnio Ambiental Urbano, da dcada de 1970 (23).Em 1985 surgiu o CONPRESP (Conselho Municipal de Preservao do Patrimnio Histrico, Artstico, Arqueolgico e Turstico do Estado de So Paulo), (24) vinculado ao DPH (Departamento de Patrimnio Histrico do Municpio de So Paulo). O CONPRESP, em linhas gerais, substituiu o trabalho que havia sido realizado ao longo da dcada de 1970 pela COGEP (Coordenadoria Geral de Planejamento), hoje SEMPLA (Secretaria de Planejamento Urbano de So Paulo), qual seja, o de listar bens de valor histrico, artstico ou arqueolgico na cidade de So Paulo. A COGEP atuou num perodo em que o CONDEPHAAT ainda no havia se consolidado, sendo responsvel, atravs dos arquitetos Benedito Lima de Toledo e Carlos Lemos, pela elaborao de listagens com edifcios significativos e representativos localizados no centro da cidade (25). Esse trabalho da COGEP, embora no restrito s questes de Patrimnio resultou na delimitao de reas especiais denominadas Z8-200 includas na legislao de uso e ocupao do solo municipal de 1975 (26). A COGEP, porm, no realizava tombamentos, papel que hoje cabe ao CONPRESP.Em paralelo aos rgos de patrimnio, que priorizam a proteo de bens de valor histrico a partir da figura do tombamento, se inserem os rgos de planejamento urbano que adotam instrumentos diversificados das polticas pblicas urbanas nas propostas de interveno (27), com destaque para as Operaes Urbanas e a Transferncia de Potencial Construtivo Adicional. Na cidade de So Paulo tem tido destaque aes e medidas emanadas dos seguintes rgos: COGEP (imagem 02); EMURB - Empresa Municipal de Urbanizao - (imagens 03 e 04) e SEMPLA (imagens 04 e 05).

Intervenes na dcada de 1970 derivadas das aes da COGEP [Oliveira, 2009]

Intervenes na dcada de 1980. Alm do Centro mais antigo, aes de revitalizao so propostas para a rea da Luz, a partir do Projeto Luz Cultural [Oliveira, 2009]

Somando-se s propostas anteriores, o permetro mais alaranjado refere-se s propostas para o Plo Cultural da Luz; em azul, o Permetro do PORCENTRO, elaborado em 1993 [Oliveira, 2009]

Soma-se s propostas anteriores o Programa Monumenta, para a regio da Luz, bem como o Programa Nova Luz, em roxo mais escuro [Oliveira, 2009]A COGEP, na dcada de 1970, atuou com o Plano Integrado para a rea Central, tambm conhecido como Plano de Revitalizao do Centro. As aes de Revitalizao, de forma geral, entendiam que o centro da cidade reclamava por nova vitalidade - especialmente econmica e social -, porque era percebido como decadente (28). Desse plano surgiram, por exemplo, ruas no centro da cidade para uso exclusivo de pedestres, aes que foram combinadas com a execuo das estaes centrais do metr e as praas de acesso, como a S, Repblica e So Bento.Na dcada de 1980, destacaram-se alguns trabalhos da EMURB com as propostas de Reurbanizao Urbana, sendo a mais emblemtica a proposta de Reurbanizao do Vale do Anhangaba (29). Tais propostas tinham implicaes semelhantes s Revitalizaes.No final da dcada de 1980 e nos dez anos seguintes, se intensificaram propostas baseadas em parcerias pblico-privado. Muitos dos programas elaborados nesse perodo passaram a contar com recursos diversificados, inclusive de bancos internacionais, como o BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento -, e de instituies governamentais e no governamentais. Entre outras caractersticas, as parcerias marcaram a substituio das aes de Revitalizao pelas aes de Requalificao Urbana (30). Percebeu-se, em linhas gerais, que os centros no haviam deixado de serem vitais, mas demandavam, ainda que lentamente, pela recuperao de usos perdidos, entre eles a moradia. Em So Paulo, a partir de 1993, tendo EMURB e SEMPLA frente das iniciativas, destacou-se o PROCENTRO - Programa de Requalificao Urbana e Funcional da rea Central de So Paulo -, contando com a participao da sociedade civil, atravs de entidades como aAssociao Viva o Centro(31). Em linhas gerais, esse programa foi criado para evitar o processo de degradao do centro de So Paulo atravs da melhoria do espao pblico e privado, a partir de aes voltadas para a recuperao ambiental e paisagstica; problemas de acesso, circulao e estacionamentos; estoque imobilirio e deficincia de segurana patrimonial e paisagstica. Especificamente sobre as questes do Patrimnio, foi definida em 1997 a Lei de Fachadas n. 12.350, que estabelece benefcios aos proprietrios que recuperam fachadas histricas.A partir de 2001, o PROCENTRO passou a ser designado, na gesto Marta Suplicy, de Programa de Reabilitao Urbana da rea Central de So Paulo, ou seja, substitui-se a Requalificao pela Reabilitao (32). O Programa de Reabilitao entrava em cena a partir da juno de dois outros planos, ambos elaborados em 2001 (33), sem, contudo, estabelecer modificaes excessivas no modo de intervir no centro da cidade. So eles: o Plano Reconstruir o Centro e o Ao Centro. O Reconstruir o Centro se estruturou a partir de outros oito programas, a saber: Andar no Centro; Morar no Centro; Trabalhar no Centro; Descobrir o Centro; Preservar o Centro; Investir no Centro; Cuidar do Centro e Governar o Centro. Em paralelo, o programa Ao Centro baseou-se em cinco componentes: Reverso da desvalorizao imobiliria e recuperao da funo residencial; transformao do perfil econmico e social; recuperao do ambiente urbano; transporte e circulao e fortalecimento institucional do Municpio. Ainda mais recentemente, a esse novo PROCENTRO, foi includo o Programa Nova Luz (34).Nas proximidades do permetro do Programa Nova Luz, tambm na regio da Luz, incide ainda o Programa Monumenta (35), de abrangncia federal, com apoio do Estado e do Municpio. Enquanto os demais programas apresentam aes muito diversificadas e setoriais, ou seja, com destaque para o transporte, acessibilidade, lazer, recreao, habitao, etc., o Monumenta, especificamente, tem um carter mais cultural, uma vez que vincula suas aes em funo do Patrimnio Histrico da regio. O governo federal, atravs do Ministrio da Cultura, com apoio do BID e em parceria com a Unesco, elaborou esse Programa com o objetivo de ampliar os mecanismos de proteo ao patrimnio, atravs de uma poltica de recuperao e conservao sustentvel dos acervos patrimoniais de cidades ou centros histricos, sendo que estas devem conter bens tombados em mbito federal, ou seja, pelo IPHAN. No Brasil, este programa se consolidou em 1997 e em So Paulo s passou a ser efetivamente aplicado a partir de junho de 2002, aps um convnio firmado entre a Prefeitura e o Ministrio da Cultura, definindo o conjunto urbano histrico da Luz como a regio a ser beneficiada devido concentrao de monumentos tombados pelas trs esferas de governo (36).A elaborao de duas tabelas (37), abaixo apresentadas, procura evidenciar algumas das principais aes emanadas pelos programas acima descritos; na primeira tabela, evidenciam-se as aes do PROCENTRO, desde 1993 at 2001. J a segunda tabela destaca o que anlogo ao Monumenta e o PROCENTRO no que tange, principalmente, as aes de preservao.Tabela 01: Principais temas em evidencia, por perodo, no PROCENTRO.Pesquisa e elaborao grfica:Carolina Fidalgo de Oliveira.Tabela 02: Comparao entre as iniciativas do PROCENTRO e do Programa Monumenta.Pesquisa e elaborao grfica:Carolina Fidalgo de Oliveira.Em paralelo aos programas relatados, importa mencionar que o Centro de So Paulo conta com diversos outros instrumentos e leis especficas, com destaque para a Operao Urbana Centro, a Transferncia de Potencial Construtivo, a Lei de Fachadas, Leis de Zoneamento, entre outras. So medidas abrangentes, amparadas pelas aes de planejamento, no necessariamente preservacionistas, mas que, em determinadas situaes, colaboram para a preservao da cidade.Assim, tendo em vista esse breve panorama destaca-se que, ao longo dos anos, o Centro Histrico vem sofrendo uma ampliao na sua delimitao fsica, para alm das questes conceituais. A partir das intervenes adotadas possvel perceber que o centro histrico dessa cidade e os centros histricos em geral no esto fisicamente demarcados (38) j que estabelecem um vinculo social, estrutural, econmico e funcional com os demais espaos da cidade. Tal questo salta aos olhos quando o assunto a acessibilidade, um dos temas mais evidentes em discusso h pelo menos cinco dcadas e que ainda no se resolveu; tema que se soma e se amplia diante da questo da moradia, sobretudo quando da relao dialtica Centro/Periferia.Habitao e Centros HistricosEm recente entrevista concedida pela arquiteta Ermnia Maricato para edio da Revista Arquitetura e Urbanismo, ano 24 n. 186 de 2009, comentava-se sobre pontos positivos e negativos do Programa Minha Casa, Minha Vida, que o governo federal lanou em maro deste ano. De maneira sucinta e direta, a arquiteta aponta:H no Brasil conjuntos habitacionais com localizao to distante e inadequada que no apenas colocaram os moradores em uma condio de sofrimento, como criaram uma srie de deseconomias urbanas. Quando se instala um conjunto fora da cidade, preciso levar a cidade at o conjunto. uma condio de [...] insustentabilidade. [...] Hoje, o que se busca uma cidade mais compacta. [...] Mas o que se viu, ao longo da histria recente, foram apenas pessoas sendo colocadas fora da cidade e em no-cidades [...] A existncia dessas no-cidades ruim para todo mundo. [...] Seja um gueto de pessoas homogeneamente pobres, seja um gueto de ricos, sempre do origem a patologias: formao de gangues, trfego de drogas, adolescentes endinheirados avessos a qualquer sentimento de solidariedade humana, de respeito coletividade.Resolver problemas da cidade em consonncia com o dficit habitacional, tambm articular conjuntos residenciais com o tecido urbano, favorecendo a sustentabilidade ambiental, a mobilidade, o acesso s reas de comrcio, servio e trabalho. Nesse sentido, tambm se colocam as reas centrais.Hoje, em So Paulo, existe cerca de 400 mil imveis vazios, dos quais aproximadamente metade concentrados na rea Central (39). Apesar de algumas medidas j articuladas pelo poder pblico municipal como os planos e programas anteriormente apontados, incluindo as Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) e os Permetros de Reabilitao Integrada do Habitat (PRIHs), certo, h ainda muito por fazer.Existe uma alta taxa de vacncia no centro histrico, bem como em outras reas mais centrais. A vacncia nas novas centralidades pode ser explicada em funo da recente produo imobiliria, que ainda no teve tempo necessrio para a absoro da produo pelo mercado. Entretanto, no justificativa para explicar a vacncia em regies consolidadas do centro de So Paulo, o prprio Centro Histrico. provvel que a vacncia nas reas mais antigas esteja associada ao prprio crescimento da cidade e ao surgimento de reas mais atrativas para o mercado imobilirio, bem como ao fato de que nas reas mais centrais os imveis demandam por reformas ou restauros.Em geral so apontados diversos motivos para o esvaziamento do Centro, com prevalncia para o deslocamento de pessoas (40) usos e funes; ampliao do sistema virio, transformando o Centro em rea de transbordo e de passagem; transferncia em anos anteriores, de rgos pblicos para outros setores da cidade; presena de terras com valores menores e legislao urbana favorvel a verticalizao em outras reas, bem como a falta de uma poltica clara para as reas centrais.No centro, para a viabilizao da locao dos grandes edifcios verticalizados necessria a presena de diversos locatrios, o que ocasiona maior esforo administrativo e aumento de custos administrativos, bem como acordos para definio de valores mais acessveis e inferiores a outras reas da cidade. A locao de uma nica edificao a diversos locatrios pode significar tambm custo mais alto em questes jurdicas e conseqente reduo da renda esperada, principalmente se o bem em questo for de um nico proprietrio. Do mesmo modo, para a venda imobiliria preciso reduzir valores, o que no de interesse dos proprietrios, pois isto significaria perda de capital. Assim, a alta presena de imveis vazios tambm pode estar associada lgica do lucro gerado em comparao a outras localidades e suas formas de aplicao (41).Nesse contexto, evidencia-se a importncia das polticas de gesto do territrio, confrontando-se, por exemplo, medidas setoriais em transporte, moradia, educao com as polticas de preservao do patrimnio. No h porque o poder pblico propor intervenes, medidas, critrios e instrumentos, se no existir uma gesto compartilhada nesse sentido. Essa gesto necessria nas diferentes escalas de governo. Por exemplo, hoje no centro da cidade de So Paulo, tal como apontado, existem bens de valor histrico protegidos pelo IPHAN (nvel federal), pelo CONDEPHAAT (nvel estadual) e pelo CONPRESP (nvel municipal). Quando um mesmo imvel tombado por mais de uma dessas instncias, simples reformas podem ficar prejudicadas, pois o dilogo entre essas instituies restrito ou inexistente (42). Situao semelhante ocorre, por exemplo, entre as secretarias de habitao ou transporte e os rgos de preservao do patrimnio.Nesse sentido, a herana patrimonial dos centros urbanos est em constante ameaa devido a tentativas de valorizao desarticuladas do carter local. Ao contrrio, acabam por desestimular vnculos da populao com seus espaos e se tornam estanques em relao ao desenvolvimento urbano e social; dificilmente os proprietrios de imveis ou edifcios vazios no centro da cidade de So Paulo se interessam em reformar ou restaurar seus imveis com o objetivo de promover residncias para diversas famlias, uma vez que so imveis de altos valores imobilirios, apesar da pouca dinmica imobiliria nessa rea da cidade. Os proprietrios no se desfazem dos imveis por valores inferiores aos ofertados,mesmo porque grandes proprietrios lucram com imveis em outras localidades, absorvendo parte da demanda que se deslocou do centro(43). Ao contrrio, preferem deix-lo desocupado, pois ainda prevalece a viso de que as benfeitorias realizadas, ou a serem efetivadas na regio (pelo poder pblico) iro promover a valorizao do entorno e, portanto, dos imveis que ali se localizam, o que resultar para o proprietrio a possibilidade de destinar seu bem a usos mais lucrativos. Em sntese, os espaos edificados permanecem vazios aguardando a definio de uma poltica urbana que pode se relacionar implantao de planos e programas de requalificao ou reabilitao urbana que venha a promover melhorias em segurana, iluminao, pavimentao de vias, coleta de lixo, at mesmo obras mais complexas, como a criao de espaos pblicos de qualidade, estacionamentos, ampliao de reas verdes e assim por diante. Tais medidas, em geral, acabam promovendo a valorizao dos imveis dentro de um entorno prximo e reduzem os riscos de uma possvel aplicao de capital em sua recuperao. nesse panorama que a gesto deve ser pensada em conjunto, inclusive atravs de parcerias entre o poder pblico e a iniciativa privada, corroborando em aes de mdio e longo prazo e priorizando a Reabilitao Urbana dessas reas. Um instrumento que aos poucos vem se evidenciando, nesses casos, a Locao Social. A Locao Social , em linhas gerais, apresentada como uma ferramenta das polticas habitacionais e uma alternativa para o acesso moradia pelas famlias de renda salarial mais baixa, eliminando parte do dficit habitacional e reduzindo o avano da periferia. Atravs desse modelo, o governo concede benefcios aos proprietrios de imveis que deixam aos cuidados de um gestor a locao desses espaos. O locatrio tambm beneficiado j que paga menos pelo aluguel. A locao social procura garantir moradia populao sem que para isso o governo tenha que arcar com a aquisio de novos terrenos ou com a construo de novas residncias (44).No entanto, para que a proposta seja vivel nos centros urbanos consolidados, preciso garantir aos proprietrios alguns benefcios e alternativas para a manuteno dos imveis, principalmente quando tombados. Nesse sentido, tambm necessrio envolver um conjunto de proprietrios numa proposta mais abrangente e slida, ou seja, ampliando a participao de um maior nmero de proprietrios num projeto comum, evitando-se, por exemplo, a especulao imobiliria. Polticas urbanas mais integradas, a partir de contratos, estabelecendo prazos, contrapartidas e benefcios especficos na forma de parcerias podem ser muito eficientes, mas preciso expor as responsabilidades do poder pblico, bem como as dos investidores privados. Dentre as medidas que vem sendo adotada pelas polticas de planejamento urbano para a promoo da valorizao do patrimnio cultural destaca-se a criao de leis de incentivos fiscais que podem envolver desde alguns benefcios tributrios at a iseno de 100% de impostos, como o IPTU, a exemplo da Lei de Fachadas, da Lei Mendona para projetos culturais, assim como da recente Lei de Incentivos Seletivos do Programa Nova Luz. Entretanto, esse tipo de estratgia no tem se demonstrado muito promissora, justamente porque, sozinha, no atrai os proprietrios para a causa do patrimnio ou da moradia (45). Em geral, isso tambm ocorre devido aos diversos entraves burocrticos que so associados ao processo, j que, em geral, a prpria prefeitura municipal no tem interesse em promover ou facilitar a concesso de tais benefcios, pois no vantajosa a perda de recursos financeiros para o governo local. A lei de incentivos seletivos do Programa Nova Luz ainda contraditria porque est inserida numa rea onde se prope, a princpio, a Reabilitao Urbana (PROCENTRO - Programa de Reabilitao Urbana da rea Central), contendo inclusive uma rea de ZEIS - Zonas Especiais de Interesse Social. Porm, em linhas gerais, a promoo de benefcios fiscais para a iniciativa privada incompatvel com a promoo de projetos de interesse social.Todavia, segundo a Carta de Lisboa, de 1995 (46), a Reabilitao custa cerca de metade da construo social nova, economiza em infra-estrutura e deslocamentos, alm de assegurar a manuteno das estruturas sociais de vizinhana e a identidade cultural da cidade, expressa nas formas sociais e patrimoniais. Permite, alm do mais, a historicidade do Patrimnio pela continuidade da funo residencial exercida pela populao enraizada.Porm, em contraposio a esse processo, projetos de carter cultural se tornaram grandes jogadas de marketing. A valorizao cultural, tal como que vem ocorrendo com a regio da Luz, em So Paulo, tomada como estratgia de ao de polticas pblicas no espao urbano prevalece evidenciando a preservao de monumentos isolados ou daqueles mais significativos, fato que demonstra um retrocesso em relao noo de preservao dos valores histricos e culturais, j que se desconsidera a preservao do tecido urbano e social. Monumentos so excessivamente valorizados em detrimento do territrio e dos usos do cotidiano.Em geral, isso se evidencia porque a grande maioria das propostas de interveno est associada, com muita nfase, lgica do capitalismo de mercado, resultando em investimentos equivocados na cidade, considerando aspectos globais em detrimento das questes locais, como a prpria moradia. Evidentemente, o poder pblico tem por dever estabelecer diretrizes para a cidade, regulamentando a produo imobiliria, desenvolvendo aes e instrumentos de ao, com o objetivo de priorizar o interesse coletivo e no o de grupos interessados em se apropriar da valorizao do solo urbano. Contudo, sabe-se que, em alguns casos, a capacidade de interveno do poder pblico limitada, de forma que se torna necessrio encontrar formas de conciliar a capacidade de investimento do setor privado com os interesses da cidade. Alm disso, o poder pblico est sujeito a mudanas sazonais e vinculaes poltico-partidrias, o que muito compromete projetos de longo prazo e longo alcance. necessrio tambm envolver, de forma mais clara e objetiva, o setor privado nas propostas de interveno para o centro da cidade, estabelecendo limites, incentivos e prazos de atuao atravs de projetos mais consistentes e objetivos, a exemplo das propostas ainda curso para o centro antigo da cidade de Barcelona, na Espanha (47).No se deve esquecer que centros cumprem diversas funes, contemplando territorialidades diversificadas e, muitas vezes, sobrepostas. Os Centros histricos exercem diversos papis na dinmica urbana, e so os suportes para os usos diversos do cotidiano, indo muito alm de sua funo de Patrimnio. Diversos movimentos e interesses foram construdos ao longo do tempo e hoje coexistem no centro da capital paulista, conformando paisagens e ambientes urbanos mais ou menos significativos. Nesse sentido, as intervenes no centro, com vistas sua preservao, so movidas por necessidades e desejos complexos e heterogneos.Em paralelo globalizao, a estrutura da vida social, as identidades e o sentimento de participar de uma nao dependem do espao social, ou melhor, das prticas sociais que caracterizam o territrio, as localidades. A cidade no inteira globalizada, nem sua fruio depende da globalizao, o tempo todo. necessrio se apoiar, do mesmo modo, nas questes locais onde elementos materiais e simblicos participam ativamente dos processos sociais do cotidiano. Nesse sentido, pensar o patrimnio e a sustentabilidade das cidades tambm vislumbrar a preservao das memrias que estar sempre apoiada num tempo presente. O Patrimnio, em constante dilogo com a sua sociedade, apresentar revigoradas possibilidades de fruio e de dilogo com o espao urbano.notas1Este artigo uma adaptao de uma palestra, elaborada para a Semana de Arquitetura da Universidade Paulista, campus de Braslia, realizada entre 28 de setembro a 01 de outubro de 2009, que teve como tema Sustentabilidade e Crescimento das Cidades.2SANTOS, Milton.A natureza do Espao: Tcnica e Tempo. Razo e Emoo- 4 edio. So Paulo, Editora da Universidade de So Paulo, 2008.3LEPETIT, Bernard.Por uma nova histria urbana. So Paulo, Editora da Universidade de So Paulo, 2001, pp.137-190.4ARGAN, Giulio Carlo.A histria da arte como a histria da cidade. 5 ed. So Paulo, Martins Fontes, 2005.5SANTOS, Milton.A natureza do Espao: Tcnica e Tempo. Razo e Emoo.4 edio. So Paulo, Editora da Universidade de So Paulo, 2008.6ARANTES, Antonio Augusto.Paisagens Paulistanas: transformaes do espao pblico. Campinas, Editora da UNICAMP/ Imprensa Oficial, 2000, p. 106.7FRUGOLI JR., Heitor.Centralidade em So Paulo: trajetrias, conflitos e negociaes na metrpole.So Paulo, Edusp, 2006, p. 26.8Idem.9MASSANS, Pere Cabrera.Ciutat Vella de Barcelona: memoria de um proceso urbano.Barcelona, 2007.10ZANCHETI, Silvio Mendes (organizador). Conservao Integrada Urbana e Territorial. In:Gesto do Patrimnio Cultural Integrado.CECI. Programa de ps-graduao em desenvolvimento urbano. Recife, Editora da UFPE, 2002, p. 31-36.11KHL, Beatriz Mugayar.Arquitetura do Ferro e Arquitetura Ferroviria em So Paulo: reflexes sobre sua preservao.So Paulo, Ateli Editorial/ Fapesp/ Secretaria da Cultura, 1998.12SIMES JR., Jos Geraldo.Revitalizao de Centros Urbanos.So Paulo, Publicaes Plis. 1994.13SCHICCHI, Maria Cristina. BENFATTI, Dnio.Urbanismo: dossi So Paulo Rio de Janeiro. Campinas, PUCCAMP/PROURB, 2004.14LOPES, Flvio & CORREIA, Miguel Brito. Patrimnio arquitectnico e arqueolgico - Cartas, Recomendaes e Convenes Internacionais. Lisboa, Livros Horizontes, 2004.15CHOAY, Franoise. A Alegoria do Patrimnio. So Paulo, Estao Liberdade/ Editora Unesp, 2001.16LEFEVRE, Jos Eduardo de Assis. Transporte coletivo como agente transformador da estruturao do centro da cidade de So Paulo. Dissertao de Mestrado. Universidade de So Paulo, 1986.17CERVELATTI, Per Luigi. Bolonia: politica y metodologia de la restauracin de centros histricos. Bologna, Mulino, 1991, p. 12-60.18OLIVERIA, Carolina Fidalgo de. Do Tombamento s Reabilitaes Urbanas: um estudo sobre a preservao no Centro Histrico de So Paulo (1970-2007). Dissertao de mestrado. So Paulo, FAU USP, 2009.19BOMFIM, Valria Cusinato. O Centro Histrico de So Paulo: a vacncia imobiliria, as ocupaes e os processos de reabilitao urbana. Cadernos Metrple, n. 12, p. 27-48, 2 sem., 2004.20Os mapas utilizados para elucidar o texto foram elaborados por Carolina Fidalgo de Oliveira durante pesquisa de mestrado. Os desenhos foram construdos a partir de uma aerofoto da rea central de So Paulo, do ano de 2000, fornecida pela Secretaria de Habitao - SEHAB/RESOLO. A partir dessa imagem trabalhou-se na reconstituio cartogrfica.21O SPHAN foi fundado em 1937, a partir do decreto Lei 25. FONSECA, Maria Ceclia Londres. O Patrimnio em Processo: Trajetria da Poltica Federal de Preservao no Brasil. 2 ed. rev. ampl. Rio de Janeiro, UFRJ/ MinC/ IPHAN, 2005.22RODRIGUES, Marly. Imagens do passado: a instituio do patrimnio em So Paulo, 1969-1987. So Paulo, Editora UNESP/ Imprensa Oficial do Estado/ Condephaat/ FAPESP, 2000.23BRASIL. Ministrio da Educao e Cultura. SPHAN. Fundao Nacional Pr-Memria. Proteo e Revitalizao do patrimnio Cultural no Brasil: uma trajetria. Braslia, 1980, p. 13-57.24www.conpresp.sp.gov.br25SO PAULO (Estado). Secretaria dos Negcios Metropolitanos. Empresa Metropolitana de Planejamento da Grande So Paulo S/A - EMPLASA. Secretaria Municipal de Planejamento. Bens Culturais arquitetnicos no municpio e na regio metropolitana de So Paulo. So Paulo, 1984.26Idem.27FENERICH, Antnia Regina Luz. Preservao em So Paulo: anlise de procedimentos metodolgicos. Dissertao de Mestrado. So Paulo, FAU-USP, 2000.28SO PAULO (Estado). Programa de Preservao e Revitalizao do Patrimnio Ambiental Urbano: verso preliminar. So Paulo, Seplan, 1977.29SIMES JR. Jos Geraldo. Op. cit., 1994.30FRUGOLI JR., Heitor. Op. cit., p. 26.31Idem.32O termo Reabilitao Urbanaj era familiar no contexto europeu desde a dcada de 1970 e, em linhas gerais uma ao que procura requalificar a cidade existente atravs de intervenes destinadas a valorizar as potencialidades sociais, econmicas e funcionais a fim de melhorar a qualidade de vida das populaes residentes. LOPES, Flvio & CORREIA, Miguel Brito. Patrimnio arquitectnico e arqueolgico - Cartas, Recomendaes e Convenes Internacionais. Lisboa, Livros Horizontes, 2004.33OLIVERIA, Carolina Fidalgo de. Op. cit., 2009.34www.prefeitura.sp.gov.br/novaluz35www.monumenta.gov.br36Idem.37As duas tabelas foram elaboradas por Carolina Fidalgo de Oliveira e esto disponveis em sua dissertao de mestrado. OLIVERIA, Carolina Fidalgo de. Op. cit., 2009.38Idem.39Conforme artigo publicado no Jornal Estado de So Paulo, em 08/12/2008.40As Obras virias, por exemplo, tambm contriburam para induzir a sada de moradores do Centro, porque permitiram romper com o isolamento da rea, valorizando novos terrenos, seja para moradia, comrcio ou servio. Por outro lado, quando todos os fluxos virios, linhas de nibus e de metr passaram a ser conduzidos para o Centro da cidade, o Centro acabou se transformando, alm da regio mais bem dotada de acessibilidade e de transporte coletivo, num entreposto, onde passou a circular milhares de pessoas, de diferentes condies sociais, todos os dias. Tal situao levou tambm implantao de novos usos e atividades para atender a todas as camadas. Contraditoriamente, a condio de entreposto e o aumento do nmero de veculos em circulao, tornaram a acessibilidade ao Centro mais difcil, transformando o perfil comercial e econmico da regio.41BOMFIM, Valria Cusinato.Op. cit., p. 27-4842 complexo apontar o que caracteriza tais situaes, quais so as condicionantes envolvias nas negociaes dos projetos. Em geral, evidenciam-se, nas palavras da historiadora Marly Rodrigues, situaes pautadas numa tradio administrativa de isolamento, bem como interesses particularizados de cada segmento (interesses esses externos aos aspectos conceituais ou tcnicos) que eliminam uma rede de especificidades, relevando aes isoladas e genricas.43BOMFIM, Valria Cusinato.Op. cit., p.27-4844www.cidades.gov.br45OLIVERIA, Carolina Fidalgo de.Op. cit.46LOPES, Flvio & CORREIA, Miguel Brito. Op. cit.47O processo de recuperao do centro antigo de Barcelona vem sendo implementado h pelo menos 30 anos, procurando conciliar medidas de preservao e planejamento territorial com uma gesto democrtica, levando em conta a participao das comunidades locais nas decises. As intervenes, pouco a pouco, tornam-se efetivas e compensadoras. MASSANS, Pere Cabrera.Ciutat Vella de Barcelona: memoria de um proceso urbano.Barcelona, 2007.sobre a autoraCarolina Fidalgo de Oliveira possui graduao em Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo pela Universidade Estadual Paulista - UNESP / Bauru (2003) e mestrado em Histria e Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo pela Universidade de So Paulo - FAUUSP (2009). membro do CICOP Brasil (Centro Internacional para a Conservao do Patrimnio do Brasil). Professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Paulista, unidade de Braslia