Suturas, agrafos e fitas adesivas (genética e biotecnologia)

Embed Size (px)

Citation preview

Dezembro 2011

Universidade Trs-os-Montes e Alto Douro

Suturas, Agrafos e Fitas AdesivasCurso: Gentica e Biotecnologia

Unidade Curricular: Biomaterias Docente: Paula Braga

Trabalho realizado por: Ana Costa n 30926 Joana Ferreira n 34490 Jorge Spinola n 24677 Mrio Paulino n 35501

CONTEDO1. 2. Introduo ...................................................................................................................................... 2 Suturas ........................................................................................................................................... 3 2.1. 2.2. 2.3. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. Suturas Reabsorvveis ........................................................................................................ 5 Suturas no-reabsorvveis .................................................................................................. 6 Principais diferenas gerais entre suturas reabsorviveis e no-reabsorviveis ...................... 7

Agrafos ........................................................................................................................................... 8 Fitas Adesivas ................................................................................................................................. 8 Biodegradao de suturas ............................................................................................................... 9 Reaco ao fio de suturas em crianas submetidas neurocirurgia............................................... 11 Concluso ..................................................................................................................................... 12 Bibliografia ................................................................................................................................... 12 Webgrafia ..................................................................................................................................... 14

1

1. INTRODUO Um Biomaterial pode ser definido como "qualquer substncia (que no seja uma droga) ou combinao de substncias sintticas ou de origem natural, que pode ser usado a qualquer momento, como um todo ou como parte de um sistema que trata, aumenta ou substitui qualquer tecido, rgo ou funo do corpo ". Teoricamente, qualquer material, naturais ou provocados pelo homem, pode ser um Biomaterial, enquanto ele serve os propsitos mdicos e cirrgicos. O desenvolvimento de biomateriais no uma nova rea. (Cao e Wang, 2009) A pesquisa sobre os Biomateriais vem desde a antiguidade, os seres humanos tm vindo a pegar o que quer seja que tenham mo - materiais naturais, vidro, metais ou polmeros e us-los para substituir partes do corpo que foram danificadas por doenas ou leses. (Daw, 2009) S recentemente, com o advento da biologia molecular, que o campo dos Biomateriais se tornou interdisciplinar, permitindo aos cientistas de materiais a concepo de materiais que conferem uma determinada funo biolgica especfica. O campo dos Biomateriais tambm est ampliando medida que melhora a nossa compreenso de como as cincias fsicas podem ajudar a explicar a biologia e na verdade de como os princpios biolgicos, mecanismos e molculas podem ser aplicados na elaborao de materiais para aplicaes no-biolgicos. (Daw, 2009)

Ilustrao 1 Aplicaes clnicas e caractersticas dos vrios tipos de biomateriais. Fonte: Cunha, 2008

Assim, a cincia dos Biomateriais engloba os elementos da medicina, biologia, fsica, qumica, engenharia de tecidos e cincia dos materiais. No entanto, a demanda por materiais biocompatveis, biodegradveis e bioreabsorvveis tm aumentado dramaticamente desde a ltima dcada. Um biomaterial ideal aquele que no imunognico, biocompatvel e2

biodegradvel, que podem ser funcionalizados como protenas bioactivas e produtos qumicos. Em particular, a biodegradabilidade uma das propriedades essenciais dos biomateriais. (Cao e Wang, 2009) Consequentemente, uma grande variedade de polmeros naturais e sintticos biodegradveis tm sido recentemente investigados para aplicaes mdicas e farmacuticas. (Cao e Wang, 2009)

2. SUTURAS Uma sutura, conhecida popularmente como pontos cirrgicos, um tipo de ligao usada por mdicos, em especial cirurgies, para manter unido pele, msculos, vasos sanguneos e outros tecidos do corpo humano, aps terem sido seccionados por um ferimento ou aps uma cirurgia. (Wikipedia) Desde aproximadamente 2000 A.C. existem referncias evidenciando o uso de tendes de animais para suturar. Atravs do sculos, uma grande variedade de materiais tm sido usados na confeco de fios para procedimentos cirrgicos, tais como: seda, linho, algodo, crina de cavalo, tendes de animais e intestinos. Contudo, alguns destes ainda so utilizados hoje em dia. A evoluo dos materiais de sutura trouxe-nos para um ponto de refinamento que inclui o desenvolvimento de suturas e fios especiais para tipos especficos de procedimentos. Sendo assim, eliminou-se algumas das dificuldades encontradas no passado pelos cirurgies e, tambm, diminuiu-se substancialmente o potencial de infeco psoperatria. (Gomes e Farias, 2011) O fio de sutura uma estrutura flexvel, com formato circular e que apresenta um dimetro reduzido. Pode ser de material sinttico, de fibras vegetais ou de material orgnico. Mesmo sendo uma estrutura to simples um elemento da maior importncia na cirurgia, pois parte essencial da sutura e dos ns cirrgicos. Os fios de sutura j esto dentro da prtica mdica desde os antigos egpcios e gregos, sendo usados e conhecidos pelos homens muito antes da cirurgia como a conhecemos hoje. sempre importante lembrar que todos os fios de sutura so vistos como corpos estranhos no organismo humano, assim iro produzir um tipo de reaco local. Porm existem particularidades de cada fio e, desta forma, alguns causam maior reaco e outros menor reaco. (Gomes e Farias, 2011)

Ilustrao 2 Sutura. Fonte: cloningresources.com

3

Ilustrao 3 Uma sutura aplicada na plpebra superior. Fonte: Wikipdia

Existe uma subdiviso dos fios em monofilamentares e multifilamentares. Um fio monofilamentar constitudo por apenas um filamento, assim menos resistente, porm mais delicado e sofre menor resistncia ao passar pelos tecidos. Um fio multifilamentar consiste em vrios filamentos do material entrelaados ou tranados formando um s fio. Estes so mais resistentes e possuem uma manipulao mais confortvel. As outras caractersticas descritas para o fio de sutura, como a reaco tecidual, a infeco, a origem, ns firmes, entre outros, so geralmente decorrentes da matria-prima para sua produo. (Gomes e Farias, 2011) O fio ideal seria aquele que pudesse ser usado em qualquer cirurgia e agrupasse as seguintes caractersticas: manipulao confortvel, grande resistncia tenso, reaco tecidual mnima, no proporciona infeco, origem a ns firmes, no se rompe, no h encurtamento ou estiramento excessivo, no eletroltico, no capilar, no alrgico, no carcinognico, pode ser esterilizado sem alteraes, absorvido depois de atingir seu objetivo, o mais fino, o mais dctil o mais barato. Com o descrito acima deve ser evidente que no se possui este fio de sutura ideal, ento o importante escolher o fio mais apropriado, isto , mais perto do ideal, para cada situao e local do uso. Desta forma pode-se potencializar a possibilidade de sucesso de um procedimento tanto em cirurgia ambulatorial quanto em cirurgia geral. (Gomes e Farias, 2011) Em concluso, o material que usado nas suturas pode dividir-se em absorvvel e no absorvvel e, pode ainda classificar-se como natural ou sinttico. Os materiais absorvveis perdem normalmente a sua resistncia tenso ao fim de 60 dias. (Cunha, 2008)

4

2.1.

SUTURAS REABSORVVEIS

Como o prprio nome evidncia, as suturas absorvveis so aqueles que por algum processo orgnico sero absorvidos e desta forma deixaram de existir naquele local, sendo que este processo varia em tempo e modo de reabsoro conforme o fio utilizado. Alguns fios absorvveis so banhados com outras substncias para aumentar seu tempo de absoro, assim permanecendo mais tempo no local. O modo pelo qual os fios absorvveis vo ser reabsorvidos varivel; porm os dois maiores mecanismos de absoro resultam da degradao dos fios. Os fios de origem biolgica, como o Catgut, so gradualmente digeridos por enzimas teciduais e os fios manufaturados de polmeros sintticos so geralmente quebrados por hidrolases e aps absorvidos. (Gomes e Farias, 2011) As suturas reabsorvveis podem ser de origem animal ou sinttica e temos os seguintes exemplos como vimos no seguinte quadro.

Ilustrao 4 Origem e exemplos de suturas reabsorvveis. Fonte: Gomes e Farias, 2011

Neste caso podemos dizer que o Catgut o fio que causa maior reaco inflamatria local. Isso ocorre devido ao facto de ele ter origem animal (carneiro e bovino), contendo assim protenas estranhas ao nosso organismo (protenas animais). Alm disso, um fio que tem reabsoro irregular, baixa fora tensil, afrouxa os ns e tem rpida degradao na presena de infeco. O seu ponto positivo o custo. A diferena entre o Catgut simples e o cromado o facto de o Catgut cromado ser banhado com sais de cido crmico, o que proporciona um maior tempo para haver a sua total absoro. (Gomes e Farias, 2011) J no caso do Dexon, Vicryl e Polivicryl, estes so fios multifilamentares absorvidos atravs da hidrlise e por isso dependem somente do grau de humidade do tecido para serem degradados. Como ponto positivo apresentam uma boa fora tensil inalterada at 15 dias depois da sutura, o seu tempo de absoro prolongado, baixa reaco inflamatria e isento de capilaridade (no abre n). Como ponto negativo podemos dizer que eles apresentam um custo elevado, sendo mais caros que o Catgut. (Gomes e Farias, 2011)

Ilustrao 5 Acima mostra-se uma comparao entre a reaco tecidual provocada, respectivamente, pelos fios de sutura: Monocryl e Catgut. Note-se que histologicamente a sutura com Catgut provoca uma reao tecidual muito mais evidente. Fonte: Gomes e Farias, 2011

5

2.2.

SUTURAS NO-REABSORVVEIS

As suturas no-reabsorvveis so aquelas cujo material no pode ser absorvido pelo organismo, sendo assim permanecer no local aplicado indefinidamente ou at que seja retirado mecanicamente; sendo as mais frequentemente utilizadas. (Gomes e Farias, 2011) e (Cunha, 2008) Este tipo de suturas tambm pode ter origem natural, como as fibras de algodo, linho e seda, ou origem sinttica, como o nylon e o polipropileno (Cunha, 2008), como podemos ver no seguinte quadro (ilustrao 6). As suturas no reabsorvveis podem ser divididas em trs classes de acordo com a classificao da U.S.P. (United States Pharmacopeia): Classe I: Seda ou fibras sintticas quer mono quer multifilamentadas; Classe II: Fibras de algodo, de linho, de fibras naturais ou sintticas revestidas, em que o revestimento contribui para o dimetro da fibra sem alterao da sua resistncia mecnica; Classe III: Fios metlico tanto mono como multifilamentadas.

Ilustrao 6 Tipos e exemplos de Suturas No Reaborvives. Fonte: Gomes e Farias, 2011

Especificamente sobre cada tipo de sutura podemos dizer que a Seda multifilamentar e de origem animal; tendo como positivo a presenta um fcil manuseio, boa flexibilidade e ns

6

seguros. De negativo podemos dizer que um potencializador de infeces, por causa de sua origem animal. Porm causa menos reaco inflamatria que o Catgut. (Gomes e Farias, 2011) O Mononylon e o Prolene so fios sintticos que causam uma mnima reaco inflamatria e mantm a fora tensil. De indesejvel pode-se dizer que eles tem um baixo coeficiente de frico (ns inseguros e necessidade de um maior nmero de semins), pouca flexibilidade e alto grau de capilaridade nas formas multifilamentares. O Ao inoxidvel o fio mais inerte, isto , o fio que causa menor reaco inflamatria local, sendo tambm o que possui maior fora tensil. De indesejvel pode-se observar que ele pouco malevel, de difcil manuseio e incmodo para o paciente. O ao inoxidvel usado quase exclusivamente em sntese ssea. (Gomes e Farias, 2011) 2.3. PRINCIPAIS DIFERENAS GERAIS ENTRE SUTURAS REABSORVIVEIS E NO-REABSORVIVEIS Tem-se verificado que os fios de origem animal provocam uma maior reaco inflamatria, devido existncia de protenas estranhas ao nosso organismo. Como exemplos destes tipos de fios temos o catgut e a seda, sendo que a seda apresenta uma menor percentagem de infeco. O Mononylon e Prolene so fios sintticos que causam uma reaco inflamatria mnima e mantm a fora tnsil. No entanto, apresentam um baixo coeficiente de frico, pouca flexibilidade e alto grau de capilaridade nas formas multifilamentares. O ao inoxidvel o fio mais inerte, isto , o que causa menos reaces inflamatrias locais e ainda apresenta uma grande fora tnsil. Contudo, o difcil manuseamento e o desconforto provocado ao paciente faz com que este fio seja utilizado quase exclusivamente em sntese ssea. Os fios Dexon, Vicryl e Polivicryl so multifilamentares e degradam-se consoante o grau de humidade do tecido. A desvantagem apontada a estes tipos de fios o elevado custo. (Cunha, 2008) Ou seja, podemos dizer que os materiais absorvveis perdem a sua resistncia tenso muito mais rapidamente, sobretudo os naturais, enquanto que os materiais no absorvveis apresentam uma elevada resistncia tenso, demorando esta bastante tempo a diminuir. Dentro destes materiais os sintticos mais resistentes so tambm os mais resistentes. (Cunha, 2008) Em concluso, a escolha do fio de sutura deve primeiramente ver se o fio adequado para cada situao e depois que se procede escolha do fio conforme as caractersticas do processo cicatricial, o tipo de ferimento, a estrutura atingida, as condies locais da ferida, as propriedades do fio e, por fim, deve-se analisar a necessidade e o objectivo do procedimento a ser realizado. Estes aspectos, acrescidos do bom senso e experincia do cirurgio levam escolha mais apropriada do fio cirrgico. (Gomes e Farias, 2011)

7

3. AGRAFOS Este mtodo de tratamento de feridas utilizado para a juno das faces de uma ruptura, fechando assim a ferida. Evidencia-se por ser um mtodo bastante econmico e seguro quanto aos riscos de infeces ou reaces de incompatibilidade por parte do corpo, tornando-se assim um mtodo bastante utilizado (Dunn e Phillips, 2005). O material actualmente utilizados nos agrafos normalmente ainda o ao inoxidvel ou o titnio, porm os mais recentes desenvolvimentos nesta rea permitiram a criao de agrafos biodegradveis, de base polimrica. Estes agrafos biodegradveis so naturalmente decompostos e absorvidos pelo organismo em apenas alguns meses (Dunn e Phillips, 2005). Alm da economicidade do mtodo e dos reduzidos riscos de incompatibilidade ou infeco, existem tambm outras vantagens claras no do ferimento Exemplo do aspecto uso deste aps a aplicao do mecanismo de mtodo: agrafos rapidez de aplicao curto espao de tempo at a remoo dos agrafos utilidade e eficcia em ferimentos localizados de grandes dimenses possibilidade de esterilizao dos agrafos de forma a evitar infeces Por outro lado existem tambm algumas desvantagens bastante notveis: no podem ser aplicados em regies que contenham nervos ou tendes prximos da superfcie, como a mo ou a face caso ocorra uma aplicao inapropriada dos agrafos existe a possibilidade de uma cicatrizao insuficiente ou at criao de cicatrizes. obrigatoriedade de aplicao de um dispositivo prprio para a remoo dos agrafos. portanto um mecanismo que se valoriza essencialmente no tratamento de feridas de elevadas dimenses mas que actualmente j se vai desactualizando pelas suas limitaes primordiais (Cohen et al, 1994). Caso haja a necessidade deste sistema se manter actual e utilizvel, o desenvolvimento da componente biodegradvel dos agrafos ser sem duvida o caminho certo a explorar.

4. FITAS ADESIVAS No caso de o ferimento ser pequeno, as fitas adesivas so mais um mecanismo alternativo de aproximao das duas faces da ferida. As fitas adesivas cirrgicas so uma ptima alternativa ou at complemento s suturas ou aos agrafos quando a necessidade da fora de tenso aplicada na juno do ferimento no muito considervel (Maharaj et al, 2002).

8

As vantagens da utilizao deste mecanismo so bastante convidativas quando enquadrado dentro dos limites de gravidade da ferida: cicatrizao rpida do ferimento o risco de incompatibilidade com o corpo quase inexistente as ocorrncias de infeco aps utilizao deste mtodo so muito pouco relevantes conforto do paciente enquanto tiver com as Exemplos de fitas adesivas cirrgicas fitas colocadas um dos pontos fortes em relao a outros mecanismo a aplicao deste mecanismo bastante clere e funcional ausncia do risco de criao de uma cicatriz associada a m aplicao mecanismo com um baixo custo de aplicao

Como qualquer mecanismo, este tambm tem as suas desvantagens, centrando-se principalmente na limitao do campo de abrangncia de ferimentos apenas de pequenas dimenses (1 cm de profundidade), mas no s: humidade um factor muito limitante na capacidade de adeso das fitas a pilosidade da superfcie onde aplicada tambm um factor limitante da capacidade de adeso possibilidade da remoo acidental ou no justificada pelo paciente baixa aderncia do material na sua generalidade

(Oakley, 2005). Devido evoluo dos mecanismos de reparao de ferimentos, as fitas adesivas cirrgicas so cada vez menos alternativa, at mesmo para pequenos ferimentos, porm continuam a ser um ptimo complemento dos outros mecanismos de juno das faces do ferimento. portanto neste sentido que toda a evoluo deste mecanismo deve caminhar, a da complementaridade cirrgica.

5. BIODEGRADAO DE SUTURAS Na produo de suturas, assim como grande parte de material usado na biomedicina, normalmente so usados polmeros biodegradveis e, assim como todos os materiais sujeitos a aco dos seres vivos, apresentam biodegradao. Desta forma importante saber de que forma ocorre e quais os factores que a influenciam. A principal razo para o uso de polmeros no fabrico de suturas devido sua boa resistncia mecnica, flexibilidade, reteno de tenses e ao baixo arraste de tecidos, sendo a seda e PLG, PTMC-GPP, nylon, PB-TE exemplos desses polmeros usados.

9

Actualmente ainda no se sabe exactamente como funcionam os processos de degradao, mas os polmeros so geralmente caracterizados por sofrerem degradao por agentes biolgicos (microrganismos ou enzimas). Simultaneamente se as condies ambientais (temperatura e oxigenao) forem adequadas o processo de degradao ocorre mais rapidamente. Para alm destes, existem outros factores influenciadores do processo de degradao destes polmeros, tais como: Massa molar; Grau de cristalinidade; Morfologia; Histria trmica; Estrutura qumica. A maioria das enzimas proteolticas so melhores a degradar biomateriais com baixo peso molecular e com estruturas no compactas, como o caso das sedas. Por exemplo, Yang Cao et al. afirmam que com baixo peso molecular e com estruturas no compactas conduz a um mais simples acesso das enzimas superfcie das sedas e torna-se mais visveis os comportamentos de hidrlise. Estudos revelam polmeros semi-cristalinos sofrem um ataque preferencial na regio amorfa, devido maior susceptibilidade de Fio de Nylon com agulha penetrao da gua nestas regies. Desta forma, a percentagem relativa de regies cristalinas aumenta em funo do tempo de degradao. Tal acontece devido a fisses hidrolticas dos segmentos de cadeias polimricas que resultam em um menor enrolamento dos segmentos de cadeia localizados nas regies amorfas do polmero, o que possibilita a formao de novos cristais. O mesmo acontece em reaces de oxidao (Adriana C. Mott et al.). J no caso de temperaturas elevadas, levam a um processo de despolimerizao, que provoca a reduo da massa molar do polmero e consequente aumento de vulnerabilidade a aco enzimtica (Adriana C. Mott et al.), como foi descrito anteriormente. A orientao de polmeros outro factor de grande peso na degradao visto ter grande influncia na estabilidade deste. No caso apresentado por Rapopot et al., a orientao da fase amorfa do polipropileno aumenta o seu perodo de estabilidade e reduz a sua taxa de degradao uma vez que afectava a estabilidade do polmero. Em polmeros de um determinado biomaterial usado para cicatrizao, a velocidade de degradao um factor determinante para a sua viabilidade, uma vez o tempo de degradao do material deve corresponder ao processo de cicatrizao ou regenerao. Esta velocidade de degradao varia bastante dependendo da zona do corpo em que so utilizadas, pois o ambiente em torno destes diferente de zona para zona no corpo humano.

10

6. REACO AO FIO DE SUTURAS EM CRIANAS SUBMETIDAS NEUROCIRURGIA Theodor Kocher comeou a usar o fio de sutura nos finais do sculo XIX, devido a inmeras infeces cirrgicas relacionadas com catgut [10] . Por a seda ser mais barata e mais facilmente esterilizada [7] e reagir menos com os tecidos resultando assim num encerramento mais forte da ferida [3],tem permanecido um material de sutura popular desde que Harvey Cushing usou o fio de seda com uma agulha delicada curva para fins de neurocirurgia [1]. Contudo por vezes surgem inflamaes visveis nas suturas logo aps a cirurgia. Alergias seda teem sido relatadas em diferentes reas. Celedon et al. [2] encontraram sensibilizao seda possivelmente levando a patognese e gravidade da asma. Esta tambm considerada um antgeneo potente e acredita-se que os sintomas relacionados com cistite intersticial so causados por uma reao alrgica ao fio de seda enterrado [8]. O principal problema com suturas de seda que no so absorvveis, muitas vezes impedindo o sucesso do tratamento [14]. Alm disso, suturas de seda podem ser uma desvantagem se usadas como um agente emblico [4]. Assim, polmeros sintticos absorviveis so uma alternativa vivel, tais polmeros podem possuir resistncia traco e estabilidade dos ns igual [15, 18]. Se detectado uma alergia com suturas de seda , removendo estas podemos eliminar a alergia. Rossitch et al. relataram trs casos peditricos com alergias seda. O primeiro paciente, uma criana com 15 anos revelou inflamao 2 meses aps colocao ventrculo-peritoneal no local da inciso, tendo sido encontrado um abcesso estril em torno da seda. Trs meses depois de ser assintomtica, o paciente desenvolveu uma separao nonhealing punctata e duas suturas de seda foram encontradas sob a pele, tendo a histologia mostrado uma reao ao corpo estranho. Outro paciente foi submetido a colocao ventrculo-peritoneal para a hidrocefalia e suas feridas cirrgicas no curaram correctamente. Houve quebras na inciso e cresimento de estafilococos a partir da ferida. No terceiro paciente,o exame patolgico identificou necrose e inflamao granulomatosa. Rossitch et al. [15] declarou que uma resposta atrasada seda rara e que pode ser causada por radiao. Schmutz et al. realizaram um estudo retrospectivo em 73 pacientes para avaliar a segurana da seda como um agente emblico para embolizao pr-operatria de MAV cerebral. Hemorrogia Intracraniana ligada a suturas de seda s foi encontrada em um paciente, tendo estes concluido que a embolizao de MAV com suturas de seda no resulta em acentuada inflamao ou aumento de complicaes hemorrgicas [16]. Song et al. realizaram um estudo retrospectivo em 70 pacientes submetidos a consecutivas embolizaes MAV cerebral com suturas de seda para avaliar as complicaes psprocedimento, e obtiveram resultados semelhantes como Schmutz et al..Dehdashti et al. [4] obteve resultados semelhantes como Song et al. [17] e Schmutz et al. [16]. Eles realizaram um estudo em 34 pacientes para avaliar o uso de suturas de seda para embolizao de malformaes arteriovenosas cerebrais e dural, concluindo que as suturas de seda so eficazes e seguros agentes para a embolizao pr-operatria de MAVs. Apenas um paciente apresentou hemorragia atrasada, mas no mostrou nenhuma evidncia de vasculite ou resposta inflamatria. No entanto, a febre esteve presente em 24% dos pacientes e foi considerada um efeito colateral temporrio da embolizao da sutura de seda[4].11

Devikis et al. por outro lado, concluram que as desvantagens das suturas de seda para efeitos neurolgicos superam as vantagens. Os resultados histopatolgicos e clnicos foram analisados em seis pacientes, dois dos quais morreram e quatro revelaram inflamao perivascular aguda [5]. Apesar dos aspectos vantajosos das suturas de seda, elas podem servir como corpos estranhos que podem levar inflamao e outras complicaes, embora esta parece ser incomum. Portanto, os mdicos no devem esquecer a possibilidade de suturas de seda como fonte de alergias em pacientes ps-operatrio. Alm disso, explorao da ferida era necessria para provar o envolvimento da sutura de seda em cada um dos nossos casos. Alguns autores descobriram que as suturas de seda induzem reaces inflamatrias e complicaes relacionadas ao tratamento [5, 6, 15], enquanto outros concluram que seda serve como material emblico conveniente no manejo pr-operatrio cerebral e malformaes arteriovenosas durais (MAV) [4, 16, 17]. No entanto, sua mnima bioincompatibilidade um problema que no pode ser negligenciado.

7. CONCLUSO As suturas embora no sejam as mais indicadas para tratamento de grande parte das feridas, estas para feridas grandes, irregulares, sujeitas a movimentos sucessivos ou sujeitos a uma certa tenso que normalmente os restantes adesivos cirrgicos no so capazes de permitir uma regenerao do tecido de forma correcta. Como podemos concluir com este trabalho h diferentes tipos de suturas estando cada uma delas indicadas para tratamentos de ferimentos de caractersticas variadas. Assim como todos os biomateriais, tambm estes apresentam biodegradao e esta taxa de degradao esta directamente relacionada com a composio desses biomateriais e ao meio onde esto aplicados. Respectivamente s Suturas de seda, estas servem como material emblico conveniente no manuseio pr-operatrio cerebral e malformaes arteriovenosas durais. No entanto, apesar dos aspectos vantajosos das suturas de seda, elas podem servir como corpos estranhos que podem levar inflamao e outras complicaes. Portanto, os mdicos no devem esquecer a possibilidade de suturas de seda como fonte de alergias em pacientes ps-operatrios.

8. BIBLIOGRAFIA Agrafos e Fitas Adesivas: Dunn, D. L., Phillips, J. (2005) Surgical Staples. In: Wound closure manual. Ed: Ethicon Inc. Cap. 6, pp. 75-76; Cohen, I. K., Diegelmann, R. F., Crossland, M. C. (1994) Wound care and wound healing. In: Principles of surgery, Eds. Schwartz, S. I., Shires, G. T., Spencer, F. C., McGraw-Hill, Cap. 8, pp. 279-303; Maharaj, D., Sharma, D., Ramdass, M., Naraynsingh. (2002). Closure of traumatic wounds without cleaning and suturing. Postgraduate Medical Journal. 78: 281-282;

12

Oakley, E. D. (2005) Wound Management. In: Textbook of Paediatric Emergency Medicine, Eds. Cameron, P., Jelinek, G., Everitt, I., Browne, G. J., Raftos, J., Churchill Livingstone Ed., Cap. 4, pp. 99-100.

Suturas: Daw, Rosamund, Biomaterials, Nature insight, Nature Communications, Vol 462, Issue no. 7272, 2009 Gomes, Leandro Dias e Farias, Fernando, Manual de suturas, Curso Preparatrio para Estgio Hospital Pronto Socorro de Porto Alegre, 2011 Cao, Yang e Wang, Bochu, Biodegradation of Silk Biomaterials, International Journal of Molecular Sciences vol 10, 1514-1524, 2009 Cunha, Ana Lusa de Castro Pacheco da, Tese: Desenvolvimento de Adesivos Biolgicos Biodegradveis, Faculdade de Cincias e Tecnologia da Universidade de Coimbra, Engenharia Biomdic, Setembro de 2008 Biodegradao de suturas: Adriana C. Motta, Eliana A. R. Duek: Sntese, Caracterizao e Degradao in vitro do Poli(L-cido lctico). Yang Cao and Bochu Wang: Biodegradation of Silk Biomaterials. Rapoport, N., Goniashvili, A. S., Akutin, M. S., Miller VB (1980) Polym Sci USSR 21: 2286. Reaco ao fio de suturas em crianas submetidas neurocirurgia: 1. Bliss M (2005) Harvey Cushing: a life in surgery. Oxford Oxfordshire, Oxford UP, p 107 2. Celedn JC, Palmer LJ, Xu X, Wang B, Fang Z, Weiss ST (2001) Sensitization to silk and childhood asthma in rural China. Pediatrics 107:E80 3. Culter EC, Dumphy JE (1941) The use of silk in infected wounds. N Engl J Med 224:101 106 4. Dehdashti AR, Muster M, Reverdin A, de Tribolet N, Ruefenacht DA (2001) Preoperative silk suture embolization of cerebral and dural arteriovenous malformations. Preoperative silk suture embolization of cerebral and dural arteriovenous malformations. Neurosurg Focus 11:e6 5. Deveikis JP, Manz HJ, Luessenhop AJ, Caputy AJ, Kobrine AI, Schellinger D, Patronas N (1994) A clinical and neuropathologic study of silk suture as an embolic agent for brain arteriovenous malformations. AJNR Am J Neuroradiol 15:263271 6. Halbach VV, Higashida RT, Hieshima GB, Hardin CW, Dowd CF, Barnwell SL (1989) Transarterial occlusion of solitary intracerebral arteriovenous fistulas. AJNR Am J Neuroradiol 10:747752

13

7. HalstedWS (1913) Ligature and suture material. Employment of fine silk in preference to catgut and the advantages of transfixion of tissue and vessels in control of hemorrhage. JAMA 60:11191126 8. Hollander DH (1994) Interstitial cystitis and silk allergy. Med Hypotheses 43:155156 10. Kocher T (1903) Text-book of operative surgery. Trans Harold J. Stiles. Adam & Charles, London, p 214 14. Raffensperger JG, Schwarz D (1991) Polyglyconate suture in pediatric surgery. J Pediatr Surg 26:8283 15. Rossitch E Jr, Bullard DE, Oakes WJ (1987) Delayed foreignbody reaction to silk sutures in pediatric neurosurgical patients. Childs Nerv Syst 3:375378 16. Schmutz F, McAuliffe W, Anderson DM, Elliott JP, Eskridge JM, Winn HR (1997) Embolization of cerebral arteriovenous malformations with silk: histopathologic changes and hemorrhagic complications. AJNR Am J Neuroradiol 18:12331237 17. Song JK, Eskridge JM, Chung EC, Blake LC, Elliott JP, Finch L, Niakan C, Maravilla KR, Winn HR (2000) Preoperative embolization of cerebral arteriovenous malformations with silk sutures: analysis and clinical correlation of complications revealed on computerized tomography scanning. J Neurosurg 92:955960 18. Von Fraunhofer JA, Storey RS, Stone IK, Masterson BJ (1985) Tensile strength of suture materials. J Biomed Mater Res 19:595600

9. WEBGRAFIA Website: Wikipdia (http://pt.wikipedia.org), Palavra-chave: sutura, consultado em 28 de Novembro pelas 21h. http://www2.ufp.pt/~madinis/Trabalhos/CMAT/2003_2004/Pedro%20e%20Victor.pdf, consultado em 28 de Novembro pelas 23h. http://www.infopedia.pt/$biodegradacao, consultado em 28 de Novembro pelas 23h. http://tornesol.blogspot.com/2009/03/operacao-medula-cervical.html, consultado em 30 de Novembro pelas 17h. http://portuguese.alibaba.com/product-gs-img/adhesive-surgical-tape-212773068.html, consultado em 30 de Novembro pelas 17h. (imagem), http://portuguese.alibaba.com/product-gs-img/adhesive-surgical-tape212773068.html, consultado em 30 de Novembro pelas 18h. (imagem), http://tornesol.blogspot.com/2009/03/operacao-medula-cervical.html, consultado em 30 de Novembro pelas 18h.

14