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b072a92a-dce1-4a76-b6de-4ca9acc8e37a Swaps subscritos pelo Governo e empresas da Madeira sem controlo Só as perdas potenciais dos dez derivados vendidos pelo Santander aumentaram 20% em apenas quatro meses. Nem Assembleia da República nem parlamento regional estão a fiscalizar Economia, 20/21 Treinador do Benfica será notificado nas próximas horas ou dias e ficará com termo de identidade e residência. O técnico pode ainda incorrer numa sanção desportiva p48 Pais e docentes acusam ministro de “inconsistência”. Criticam a “rapidez” com que passou da desvalorização para a defesa de que deve ser obrigatório no 1.º ciclo do básico p14 Jesus arrisca três anos de suspensão e quatro de prisão Crato baralha pais e professores sobre ensino do Inglês 1924-2013 RAMOS ROSA, O PURO POETA Destaque, 6/7 e Opinião de Gastão Cruz NUNO FERREIRA SANTOS Seguro diz que Passos deve explicar o não regresso aos mercados p8/9 TER 24 SET 2013 EDIÇÃO LISBOA GUINÉ-BISSAU “OS CAMARADAS ESTÃO A PERGUNTAR SE É ASSIM QUE SE TOMA A INDEPENDÊNCIA” Reportagem Mundo, 30 a 33 Ano XXIV | n.º 8567 | 1,10€ | Directora: Bárbara Reis | Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Miguel Gaspar, Pedro Sousa Carvalho | Directora executiva Online: Simone Duarte | Directora de Arte: Sónia Matos ISNN:0872-1548 PUBLICIDADE PUBLICIDADE JACKPOT JACKPOT ESTA TERÇA-FEIRA ESTA TERÇA-FEIRA QUE TIPO DE EXCÊNTRICO ÉS TU?

Swaps subscritos pelo Governo e empresas da Madeira sem ... · conselheiros para encontrar a ... trabalhar para o dr. Passos Coelho e arrebanhar votos para ... “da redução da

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b072a92a-dce1-4a76-b6de-4ca9acc8e37a

Swaps subscritos pelo Governo e empresasda Madeira sem controloSó as perdas potenciais dos dez derivados vendidos pelo Santander aumentaram 20% em apenas quatro meses. Nem Assembleia da República nem parlamento regional estão a fi scalizar Economia, 20/21

Treinador do Benfi ca será notifi cado nas próximas horas ou dias e fi cará com termo de identidade e residência. O técnico pode ainda incorrer numa sanção desportiva p48

Pais e docentes acusam ministro de “inconsistência”. Criticam a “rapidez” com que passou da desvalorização para a defesa de que deve ser obrigatório no 1.º ciclo do básico p14

Jesus arrisca três anos de suspensão e quatro de prisão

Crato baralha paise professores sobre ensino do Inglês

1924-2013RAMOS ROSA,O PURO POETADestaque, 6/7 e Opinião de Gastão Cruz

NUNO FERREIRA SANTOS

Seguro diz que Passos deve explicar o não regresso aos mercados p8/9TER 24 SET 2013EDIÇÃO LISBOA

GUINÉ-BISSAU“OS CAMARADAS ESTÃO A PERGUNTAR SE É ASSIM QUE SE TOMA A INDEPENDÊNCIA”ReportagemMundo, 30 a 33

Ano XXIV | n.º 8567 | 1,10€ | Directora: Bárbara Reis | Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Miguel Gaspar, Pedro Sousa Carvalho | Directora executiva Online: Simone Duarte | Directora de Arte: Sónia Matos

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JACKPOTJACKPOTESTA TERÇA-FEIRA ESTA TERÇA-FEIRA

QUE TIPO DE EXCÊNTRICO ÉS TU?

egoncalves
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14 | PORTUGAL | PÚBLICO, TER 24 SET 2013

Escolas do básico e secundário vão ter esta semana mais 1558 professores

Dirigente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas lembra que cada docente tem várias turmas e que cada turma tem até 30 alunos que ainda estavam sem essas aulas

ENRIC VIVES-RUBIO

Foram contratados 1558 professores, dos quais 1376 não têm vínculo à função pública

Ontem, uma semana depois do iní-

cio das aulas, ainda havia muitas

crianças do 1.º ciclo em casa ou a

cargo de docentes substitutos, e um

número também não determinado

de alunos do 2.º e do 3.º ciclos e

do secundário sem professores a

diversas disciplinas. A colocação

de mais 1558 docentes, através da

2.ª bolsa de recrutamento, ao início

da tarde, provocou “algum alívio”,

como frisou Filinto Lima, da Asso-

ciação Nacional de Directores de

Agrupamentos e Escolas Públicas

(ANDAEP). Mas prosseguem as con-

tratações directas nas escolas com

autonomia e nos estabelecimentos

situados em Território de Interven-

ção Educativa Prioritária (TEIP).

“A única explicação para o minis-

tro da Educação afi rmar que o ano

lectivo arrancou com normalidade

é que, de facto, há muitos anos que

não arranca sem problemas. Com

essa ‘normalidade’ ainda vá que

não vá, mas bem não está a arrancar

com certeza”, frisou ontem Manuel

Pereira, presidente da Associação

Nacional de Dirigentes Escolares

(ANDE). Director de uma escola

TEIP, em Cinfães, estava a começar

a entrevistar docentes candidatos a

seis lugares vagos para a Educação

Especial – “Uma emergência, para

poder tirar de casa crianças com

multidefi ciências”, que não conse-

guiu ainda acolher na unidade cria-

da na escola para esses meninos.

Em Lisboa, Manuel Esperança,

presidente do Conselho das Escolas,

começava, também, a entrevistar

professores, mas do 1.º ciclo, nu-

ma tentativa de abrir a porta a seis

turmas de crianças que ainda não

foram à escola, na Boavista. “Não

lhe sei dizer quantos estão em ca-

sa, mas só neste caso são 156 e o

que se passa aqui passa-se noutros

lados”, lamentou o director do

agrupamento de escolas de Benfi -

ca, que frisou que também nos res-

tantes níveis de ensino e a diversas

disciplinas, como “em todas esco-

las do país”, tinha ainda “horários

por preencher”. “Temos resolvido

o problema como podemos, mas é

preciso ter em conta que cada um

dos horários por preencher repre-

senta várias turmas sem professor

e que cada turma pode ter 30 alu-

nos”, reforçou Filinto Lima.

Apesar de ser habitual que as co-

locações sejam feitas com o ano lec-

tivo a decorrer, este ano o atraso é

maior. Isto porque a 30 de Agosto

foram conhecidos apenas os resul-

tados do concurso de mobilidade

interna que é feito de quatro em

quatro anos, destinado aos profes-

sores do quadro. A primeira vaga de

contratação de docentes sem vín-

culo, que normalmente conhecem

o seu destino antes do mês de Se-

tembro e já participam nas reuniões

de preparação das actividades lec-

tivas, só foi feita a 12 de Setembro,

quatro dias antes do fi m do prazo

para o arranque das aulas, através

da 1.ª Reserva de Recrutamento. Só

depois disso arrancaram os concur-

sos locais para contratação directa

nas TEIP e escolas com autonomia,

que na sexta-feira passada tinham

“oferecido” cerca de 2000 horários;

e apenas ontem, “fi nalmente”, nas

palavras de Filinto Lima, foi conhe-

cida a segunda colocação através da

RR (onde estão ordenados os candi-

datos ao concurso nacional).

Desta vez, o MEC não assinalou

a publicação das listas na Internet

com um comunicado ofi cial. Segun-

do Arlindo Ferreira, autor do blog

deAr Lindo, através da 2.ª Reserva

de Recrutamento foram contratados

1558 professores, dos quais 1376 não

têm vínculo à função pública. Des-

tes últimos, 708 foram chamados a

cumprir horários anuais e 669 horá-

rios temporários. O grupo de recru-

tamento com mais colocações (239)

foi o da Educação Especial, seguido,

do grupo do 1.º ciclo (183 professo-

res), indicou.

Arlindo Ferreira concluiu ainda,

depois de analisar as listas, que,

para além daqueles, 182 docentes

do quadro que não tinham turmas

atribuídas conseguiram ontem ser

colocados em escolas onde virão a

dar aulas. Continuam com horário

zero 997 professores do quadro (me-

nos do que no ano passado, nesta

fase, quando existiam 1483 docentes

sem componente lectiva). Os docen-

tes que foram colocados através da

Reserva de Recrutamento têm 48

horas para aceitar a colocação na

plataforma electrónica dos serviços

do Ministério da Educação e Ciência

(MEC) preparada para o efeito e pa-

ra se apresentarem nas escolas.

Educação Graça Barbosa Ribeiro

Pais e professores criticam “inconsistência” de Crato no Inglês

O dirigente da Confederação Nacional de Associações de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE) e

o presidente da Associação Portuguesa de Professores de Inglês (APPI) acusaram ontem o ministro Nuno Crato de “inconsistência”. Criticam “a rapidez” com que o governante passou de uma posição de desvalorização do Inglês para a defesa de que ele deve ser obrigatório no 1.º ciclo do ensino básico. O ministro surpreendeu ontem, na sessão solene de abertura do ano lectivo 2013-2014 do Conselho Nacional de Educação (CNE). Um despacho de Julho fez com que a disciplina de oferta obrigatória nas Actividades de Enriquecimento Curricular passasse “a poder” ser oferecida pelas escolas. Depois daquela medida ter sido duramente criticada por dirigentes de partidos da oposição ao

Governo, por comentadores e por candidatos autárquicos, ontem, na cerimónia, do CNE, Crato disse desejar que todos os alunos do 1.º ciclo passem a ter Inglês como disciplina curricular obrigatória e acrescentou que tal só não acontece, ainda, porque essa mudança no programa curricular terá “implicações no 2.º e no 3.º ciclos”. Nesse contexto, pediu ajuda aos conselheiros para encontrar a forma de desenvolver o Inglês nas escolas 1.º ao 9.º ano de escolaridade. “O que será de nós e dos nossos filhos quando o ministro da Educação prefere trabalhar para o dr. Passos Coelho e arrebanhar votos para as autárquicas a olhar para a Educação? Como é que podemos levar a sério estas afirmações?”, criticou Rui Martins, dirigente da CNIPE. Também Alberto Gaspar, da APPI, se referiu ao facto de o tema ter entrado no discurso da campanha para as

autárquicas, na última semana, considerando que a “mudança súbita de posição” se “deveu a pressões exteriores”. “Claro que o princípio nos agrada, mas só posso dizer que temo muito que o processo não se desenvolva com pés e cabeça”, disse Alberto Gaspar. Frisou que, na sua perspectiva, “a despromoção do Inglês” não resultou apenas do fim da oferta obrigatória no primeiro ciclo. Disse que ela também é consequência, “da redução da carga horária semanal da disciplina no 2.º e no 3.º ciclos” e do facto de “este ministro ter deixado cair a imposição da ministra Maria de Lurdes Rodrigues, segundo a qual os professores do 1.º ciclo deviam ter experiência de ensino de crianças, para além da formação científica adequada”. “Agora qualquer professor de Inglês, mesmo que só tenha experiência de secundário, pode dar 1.º ciclo”, disse. G.B.R.

egoncalves
Highlight

PÚBLICO, TER 24 SET 2013 | PORTUGAL | 15

David Justino apresentará recomendações a Crato sobre docentes

O novo presidente do Conselho Na-

cional de Educação (CNE), David

Justino, anunciou ontem que pre-

tende criar uma comissão especia-

lizada para analisar a condição dos

professores.

À margem da sessão solene de

abertura do ano lectivo 2013/2014

do CNE, ontem, em Lisboa, o ex-

ministro da Educação revelou que

aquela comissão deverá tratar as-

suntos que vão “desde a formação

inicial dos professores, à profi ssio-

nalização, progressão na carreira,

formação contínua e avaliação”.

O presidente daquele órgão con-

sultivo do Ministério da Educação,

que tomou posse no fi nal de Julho,

sublinhou que tentará apresentar

recomendações construtivas de for-

ma a ajudar o executivo. Por seu tur-

no, o ministro da Educação, Nuno

Crato, disse esperar poder recolher

informações dos pareceres e reco-

mendações do CNE, relativamente

a medidas como o fi m das turmas

mistas, a alteração das metas curri-

culares das disciplinas de Matemáti-

ca e de Português, o prolongamento

da escolaridade obrigatória até aos

18 anos ou o aumento de resposta

dos cursos do ensino vocacional.

À agência Lusa, David Justino

adiantou que vai analisar a Lei de

Bases do Ensino e admite que aque-

le organismo se pronuncie sobre os

manuais escolares. Assumindo a sua

Conselho Nacional de Educação cria comissão para analisar situação dos professores

amizade por Nuno Crato, prometeu

que não abdicará das suas opiniões,

mas tentará ser sempre objectivo.

“Também li pareceres do CNE en-

quanto ministro de que não gostei,

mas temos que estar preparados,

porque não há um único pensamen-

to relativamente à Educação”.

Os conselheiros do CNE terão pela

frente o balanço da Lei de Bases da

Educação, que em 2016 completa 30

anos, de forma a perceber “quais os

aspectos que se mantêm actuais”.

David Justino admitiu ainda ava-

liar outras áreas da educação, como

o sector livreiro. Defendendo que os

manuais escolares têm melhorado

nas últimas décadas, o ex-ministro

diz acreditar que o papel tenderá a

ser substituído por outros suportes,

tendo em conta as mudanças tecno-

lógicas recentes. E lamentou a pre-

ponderância do manual face ao pro-

fessor: “Há uma preocupação exces-

siva na utilização do manual escolar.

É talvez um dos instrumentos mais

importantes na regulação das apren-

dizagens, quando devia ser o pro-

fessor o instrumento fundamental”.

Sobre o preço médio dos manu-

ais, Justino admitiu que se possa

arranjar “uma espécie de manuais

genéricos”, como aconteceu com

os medicamentos, mas alerta para o

perigo de baixar a qualidade ou mes-

mo provocar a falência das editoras.

“A experiência que historicamente

é reconhecida não é boa. Nós con-

seguimos tabelar, mas depois deixa-

mos de ter manuais porque as em-

presas vão à falência”, alertou.

Justino considera que o valor dos

manuais não é desajustado e que o

principal problema para as famílias

é terem de pagar de uma só vez to-

dos o material escolar no início do

ano lectivo.

RUI GAUDÊNCIO

Educação

David Justino admite a criação de uma espécie de manuais escolares genéricos, para aliviar a despesa das famílias

O número provisório de casos novos

de infecções pelo vírus da imunode-

fi ciência humana (VIH) em 2012 é de

1116, menos de metade do que em

2000, quando 2802 pessoas foram

diagnosticadas com o VIH em Portu-

gal. Esta redução nacional coincide

com o que se passa a nível mundial,

de acordo com o relatório das Nações

Unidas publicado ontem.

Segundo o documento da UNAI-

DS, o programa das Nações Unidas

de luta contra a sida, 35,3 milhões de

pessoas viviam com o vírus da sida

Novos casos de infecção pelo vírus da sida diminuíram mais de metade em 12 anos

em 2012, a maioria na África subsa-

ariana. A estimativa do número de

pessoas com o vírus em Portugal é de

50.000, de acordo com o relatório.

As mortes mundiais relacionadas

com a sida foram, em 2012, de 1,6 mi-

lhões. Em 2005, quando a mortalida-

de associada a esta infecção atingiu

o pico, o número era de 2,5 milhões.

As novas infecções pelo VIH, 2,3 mi-

lhões em 2012, tiveram uma desci-

da de 33% desde 2001. Nas crianças

(pessoas com menos de 15 anos), esta

descida foi de 52% desde 2001 para

260.000 no ano passado. Segundo os

dados, em 2012 havia 3,3 milhões de

crianças a viver com este vírus.

O vírus da sida transmite-se prin-

cipalmente pelo sangue ou pelo sé-

men durante contactos sexuais. Um

dos Objectivos do Milénio para esta

infecção é reduzir para metade a

transmissão sexual do vírus da sida

até 2015. Entre 2001 e 2012, 26 países

já conseguiram alcançar o objecti-

Relatório anual das Nações Unidas mostra uma redução dos novos casos a nível mundial e reforça objectivos de combate para 2015

vo. Em Portugal, um estudo recente

mostrou que, em 2012, o grupo de

homens que tem sexo com homens

representa quase um quarto dos no-

vos infectados com o vírus, quando

em 2001 eram apenas 7,3%. Em 2012,

os heterossexuais representavam cer-

ca de 65% das novas infecções.

As infecções causadas pelo uso de

seringas infectadas com o VIH, uma

das principais causas da transmissão

no passado em Portugal, têm vindo

a reduzir-se cá — de 50% no início da

década passada para 10%. O objec-

tivo da UNAIDS é que essa redução

mundial seja de 50% em 2015.

Os objectivos nacionais para o

combate desta infecção têm seme-

lhanças com os das Nações Unidas.

“Entre 2012 e 2016, queremos redu-

zir o número de novos casos de infec-

tados em 25%, e a redução em 50%

de mortes associadas ao VIH”, diz ao

PÚBLICO António Diniz, director do

programa nacional contra a sida.

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egoncalves
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22 | ECONOMIA | PÚBLICO, TER 24 SET 2013

RUI GAUDÊNCIO

Juízes do Tribunal Constitucional não têm prazo para se pronunciar

Tabela salarial permitirá poupar cerca de 378 milhões de euros

O relatório fi nal sobre as remunera-

ções praticadas pelos organismos do

Estado, reguladores e fundações está

a cargo da Direcção-Geral do Tesou-

ro e Finanças (DGTF) e deverá fi car

concluído a 7 de Novembro. O docu-

mento servirá de base à criação de

uma tabela única de suplementos e à

revisão da grelha salarial do Estado.

Esta direcção-geral terá ainda que

produzir um outro relatório relativo

às práticas salariais do sector empre-

sarial do Estado, regional e local.

Ontem foi o último dia para os or-

ganismos e empresas públicas, re-

guladores e fundações submeterem

ao Governo o formulário com os sa-

lários, suplementos e regalias pagos

aos seus trabalhadores.

A obrigação está prevista na Lei

59/2013, publicada em Agosto, e que

obriga estas entidades a prestar infor-

mação relativa à remuneração-base,

suplementos remuneratórios (por

trabalho penoso, por turnos, isenção

de horário, abonos para falhas, por

exemplo) e outros benefícios (uso de

carro, cartões de crédito, telemóvel,

ADSE) atribuídos.

O objectivo é reformular os suple-

mentos salariais existentes e criar

uma tabela única que acomode este

tipo de pagamentos. De fora fi cam

os suplementos atribuídos pelo tra-

balho extraordinário, as ajudas de

custo e os montantes com a natureza

de prestação social.

O PÚBLICO solicitou ao Ministério

das Finanças um balanço do número

de entidades que responderam ao

inquérito da Direcção-Geral da Ad-

ministração e do Emprego Público.

A assessoria de imprensa de Maria

Luís Albuquerque respondeu que

“até à produção do relatório não se-

rá dada qualquer informação sobre

o desenvolvimento do processo”,

destacando que a DGTF tem agora

45 dias para tratar a informação e

produzir um relatório.

Os serviços e organismos que não

tenham prestado a informação cor-

rem o risco de ver retido 15% do duo-

décimo da dotação orçamental no

mês seguinte ao incumprimento, a

que se soma o congelamento dos pro-

cessos de contratação de pessoal ou

Deputados das bancadas do PCP, BE

e de Partido Ecologista Os Verdes

(PEV) entregaram ontem, no Tribu-

nal Constitucional, um pedido de

fi scalização sucessiva da constitu-

cionalidade da lei que impõe as 40

horas na função pública.

A legislação aprovada apenas pela

maioria PSD/CDS na Assembleia da

República aumenta de 35 para 40

horas semanais o horário dos fun-

cionários públicos. Um grupo de

deputados socialistas já tinha en-

tregue, no passado dia 12, um pedi-

do de fi scalização sucessiva sobre o

mesmo diploma. A lei não fi xa um

prazo legal para a apreciação e deci-

são do Tribunal Constitucional.

Os três partidos consideram que

há violação da Constituição nos

“princípios da proibição do retro-

cesso social, da segurança jurídica e

da confi ança, a par dos princípios da

igualdade e da proporcionalidade”,

lê-se no texto.

No pedido, os deputados susten-

tam que este aumento do horário

laboral representa um recuo nos

direitos conquistados. “Pode ver-

se aqui um retrocesso social, com

o regresso aos tempos anteriores a

1988, quando os trabalhadores em

funções públicas adquiriram um cli-

ma de segurança jurídica e de con-

fi ança consolidadas com a fi xação

da duração semanal do trabalho em

35 horas, e certamente tinham a ex-

pectativa de manter o mesmo teor

de vida ou até melhorar”, segundo

o documento.

Por outro lado, os três partidos

tentam contrariar o argumento de

que a medida visa aproximar sector

público e privado: “As 40 horas vigo-

ram, assim, em pleno para o sector

público, mas são um limite máximo

do período normal de trabalho no

sector privado, desde logo, menos

de 40 horas na sequência das con-

venções colectivas do trabalho (o

exemplo dos sectores da banca e

de seguros”).

Um terceiro argumento vai no

sentido de contestar o aumento

do horário de trabalho sem estar

acompanhado de valorização do

vencimento, traduzindo-se “numa

Relatório finalsobre remuneraçõesdo Estado conhecido no início de Novembro

PCP, BE e PEV pedem fiscalização da lei das40 horas ao Constitucional

perda de remuneração por semana,

na ordem de uma desvalorização de

cerca de 14,3%”.

Para Catarina Martins, coorde-

nadora do BE, a Constituição é cla-

ra. “Não pode existir trabalho não

remunerado em Portugal”, disse

Catarina Martins, em Serpa, após

uma vista a uma empresa. Através

da lei, acusou, o Governo PSD/CDS-

PP “desvaloriza o horário de traba-

lho na função pública” e “não só não

está a cumprir o contrato que tem

com os funcionários públicos, por-

que vão trabalhar mais horas pelo

mesmo salário, como está também a

desvalorizar o trabalho em Portugal,

os salários, e isso terá repercussões

em todos os trabalhadores do sector

público e do sector privado”.

Segundo Catarina Martins, com

a lei, o Governo PSD/CDS-PP pre-

tende “impor como mínimo”, aos

funcionários públicos de todos os

sectores e independentemente da

função que realizam, “aquilo que é o

máximo legal no sector privado”.

“Isto é impor naturalmente mí-

nimos à função pública iguais aos

máximos do privado e, portanto,

é completamente desequilibrado,

mas é acima de tudo uma forma de

retirar salário, porque estamos a

acrescentar horas de trabalho que

não vão ser remuneradas”, disse,

citada pela agência Lusa.

O pedido de fi scalização ao diplo-

ma apresentado pelo PS alega vio-

lação dos princípios da igualdade,

proporcionalidade e protecção da

confi ança legítima.

Função públicaSofia Rodrigues

Função públicaRaquel Martins

Bancadas mais à esquerda do PS juntam-se ao pedido já feito pelos socialistase argumentam que a lei viola a Constituição

Prazo para os serviços divulgarem salários, suplementos e benefícios terminou ontem. Objectivo é reduzir a factura salarial

de aquisição de bens e serviços.

O incumprimento tem ainda con-

sequências para os dirigentes má-

ximos ou gestores das entidades e

pode constituir fundamento para a

cessação da sua comissão de servi-

ço e do mandato. Ficam igualmente

responsabilizados pela incorrecção

da informação prestadas e por even-

tuais omissões de dados, embora a

lei preveja que o trabalhador pode

também ser sancionado.

Poupar 445 milhões Após receber o relatório, o Governo

tem 90 dias para apresentar uma

proposta de Lei que faça a revisão

dos suplementos remuneratórios,

dando cumprimento à lei dos vín-

culos, que desde 2008 determinava

a revisão destes pagamentos aos fun-

cionários públicos.

Os dados recolhidos juntos dos

organismos e entidades públicas

servirão também de base à revisão

da tabela salarial do Estado. Terá

também como referência o estudo

elaborado pela consultora Mercer — e

que foi muito contestado pelos sin-

dicatos por se basear em universos

muito diferentes — que conclui que

o sector público remunera melhor as

profi ssões mais qualifi cadas em com-

paração com o privado. Estas medi-

das terão carácter permanente.

Com a criação de uma tabela única

para os suplementos e com a revisão

da tabela remuneratório do Estado, o

Governo conta poupar 445 milhões

de euros em 2014. A tabela salarial

permitirá poupanças na ordem dos

378 milhões, enquanto a tabela única

de suplementos representa 67 mi-

lhões. Este valor está inscrito no rela-

tório da sétima avaliação da troika ao

programa de ajustamento português.

Neste momento estão a decorrer a

oitava e nona avaliações.

14,3%É o valor estimado da desvalorização salarial dos funcionários públicos que terão de trabalhar mais cinco horas por semana

egoncalves
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egoncalves
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54 | PÚBLICO, TER 24 SET 2013

Se algo está mal no ensino do Inglês às crianças de 6 ou de 7 anos é a circunstância de não ser ainda obrigatório para todas elas

O Inglês “enriquecido”

1. Não restam dúvidas de que

as reformas no sector da

educação são das mais difíceis

e das mais dolorosas que é

necessário levar a cabo. Basta

a evolução demográfi ca para

explicar sufi cientemente a

radicalidade das mudanças a

empreender e a penosidade

das suas consequências sociais.

Mas intercedem evidentemente muito

mais causas, igualmente complexas,

para reformar o nosso sistema de ensino.

Encontro-me, por isso — por ter consciência

das tremendas difi culdades desta reforma

—, entre aqueles que, no essencial, têm

concordado com o rumo da política

educativa do ministro Nuno Crato e, por

conseguinte e naturalmente, com muitas

das medidas entretanto adoptadas. O

seu esforço permanente no sentido de

incrementar a exigência na transmissão

e na avaliação dos conhecimentos, a sua

concentração na aprendizagem e no ensino

da Matemática e da língua materna, a sua

luta diária pela redução de custos e pela

garantia da sustentabilidade do sistema,

a prioridade absoluta ao reforço da

autonomia das escolas e da sua integração

nas comunidades respectivas. Compreendo

o desespero de milhares de professores que

se encontram já ou correm o risco de se

encontrar numa situação de desemprego

ou desocupação, mas, havendo em conta

a realidade demográfi ca e as actuais

limitações orçamentais, não vejo como

pode evitar-se essa terrível sangria social.

2. Isto dito, importa esclarecer que não

compreendo nem posso compreender

como foi possível o Ministério da Educação

e, em particular, o ministro darem este

sinal de “demissão” e de “facilitismo” a

respeito do ensino do Inglês. Insisto neste

ponto, apesar de tudo o que já foi dito e

escrito, por o considerar absolutamente

contraditório com toda a orientação

política que tinha sido defi nida e

prosseguida até agora. É bem verdade que

ontem o ministro já arrepiou caminho, e

perante o Conselho Nacional de Educação,

deu o sinal contrário e assumiu como

fi nalidade a inclusão obrigatória do Inglês

no currículo do ensino primário. Saúda-se

o arrependimento, mas não pode deixar

de se verberar a intenção inicial.

3. Para que não se pense que se trata aqui

de uma posição simplesmente oportuna ou

de ocasião, transcrevo o que nesta mesma

página arrazoei a 22 de Novembro de 2011 (a

propósito da ideia de vir a abolir, no ensino

básico, a aprendizagem obrigatória de uma

segunda língua estrangeira).

“Uma das únicas conquistas recentes da

escola portuguesa foi a “universalização”

do Inglês logo no primeiro ciclo do ensino

básico. Muitos municípios disponibilizavam

de há muito esta possibilidade e o

Governo anterior tratou de a estender a

todos. É verdade que o ensino da língua

inglesa, em muitos casos francamente

“infantilizado”, ainda não obedece a um

programa homogéneo e não dá garantias

razoáveis de ser levado a sério em todo o

lado. Mas o simples contacto com o Inglês

é já um progresso.

E o objectivo, à

semelhança do que

se passa nos países

nórdicos, deve

ser claro: dar aos

jovens portugueses

um domínio

desta língua que

esteja próximo

do bilinguismo.

Com bem prova

o caso daqueles

povos, cujas línguas

nativas são muito

menos universais e

estão em regressão

demográfi ca, esse

bilinguismo em

nada faz perigar a

língua materna ou

a afeição nacional.

Com a globalização,

o emprego do Inglês

deixou de ser uma

vantagem, passou a ser uma necessidade e

um pressuposto. E a vantagem competitiva

passou para a capacidade de dominar outra

ou até outras línguas. A segunda língua

estrangeira, para lá dos horizontes culturais

que obviamente abre e potencia, passou a

ser um importante factor diferenciador no

mercado global.”

4. Se algo está mal no ensino do

Inglês às crianças de 6 ou de 7 anos é a

circunstância de não ser ainda obrigatório

para todas elas. Se algo parece mal no

ensino da língua franca da actualidade

aos alunos da escola primária é o facto de

esse ensino ser ainda percebido como um

mero “enriquecimento” e não como um

conteúdo programático inafastável. Se

algo vai mal na aprendizagem do Inglês no

início da escolaridade é a natureza infantil

de entretenimento e ocupação de tempos

livres que lhe anda associada.

5. O Inglês, como língua de comunicação

global que hoje é, não pode mais ser visto

como um capricho, uma extravagância

ou uma sumptuosidade. Não pode um

Governo que nos fala todos os dias

na competitividade, no fomento das

exportações, na diversifi cação dos

mercados, na importância da qualifi cação,

considerar o Inglês como um parente pobre

do currículo da escola primária. Haverá

decerto muitos obstáculos fi nanceiros e

logísticos à introdução da língua inglesa

como uma “disciplina” própria dos

primeiros anos do ensino básico. Mas trata-

se aqui de uma matéria tão fundamental

e tão decisiva que não pode haver

hesitações. Acabe-se com o amadorismo

e com a concepção “infantil” ou “pueril”

de mera recreação ou ocupação do

tempo. Dotem-se as escolas primárias com

professores de língua inglesa, carreguem-

se os horários com os tempos lectivos

adequados, faça-se avaliação cuidada dos

conhecimentos. E aproveite-se este ensejo

— o de um arrependimento em tempo —

para fazer do Inglês não uma opção do

enriquecimento curricular, mas um factor

de enriquecimento colectivo.

Eurodeputado (PSD). Escreve à terç[email protected]

LUIS EFIGÉNIO/ARQUIVO

Aproveite-se para fazer do Inglês, não uma opção do enriquecimento curricular, mas um factor de enriquecimento colectivo

Paulo RangelPalavra e Poder

Papa Francisco. A última entrevista do Papa rompe com o farisaísmo e recentra a mensagem cristã no essencial. Um farol de esperança num mundo em crise.

Despesismo em campanha eleitoral. O esbanjamento em propaganda (cartazes, concertos, comezainas, arraiais e comunicações), num tempo de dificuldades, é vergonhoso. E vindo de algumas candidaturas da área do Governo chega a ser provocatório.

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