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Saúde Ambiental Segurança e Saúde no Trabalho na proteção do meio ambiente e das comunidades do entorno Págs. 10 e 11 Ano XXIII • Março • 2011 Jornal da ANAMT Associação Nacional de Medicina do Trabalho www.anamt.org.br Impresso Especial 9912226452/2008-DR/GT AssocIAção NAcIoNAl DE MEDIcINA Do tRAbAlho CORREIOS

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Saúde AmbientalSegurança e Saúde no Trabalho na proteção do meio ambiente e das comunidades do entorno

Págs. 10 e 11

Ano XXIII • Março • 2011

J o r n a l d a

ANAMTAssociação Nacional de Medicina do Trabalho www.anamt.org.br

Impresso Especial

9912226452/2008-DR/GT

AssocIAção NAcIoNAl DE MEDIcINA Do tRAbAlho

CORREIOS

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Jornal da ANAMT2 Março 2011

Próximo passo

O Jornal da Anamt é uma publicação trimestral, de circulação nacional, distribuída a seus associados. Os textos assinados não representam necessariamente a opinião da Anamt, sendo seu conteúdo de inteira responsabilidade dos autores. Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas neste jornal sem a autorização da Anamt.

Ano XXIII • Março de 2011Jornal da ANAMT Uma publicação da

Associação Nacional de Medicina do Trabalho

Dr. Carlos Campos

m e n s a g e m d o p r e s i d e n t e

Cartas para a redação

Edifício Office Flamboyant • Av. Dep. Jamel Cecílio, 3.310, sala 610 – Jardim Goiás – CEP: 74810-100 – Goiânia/GO • Telefax: (62) [email protected] • www.anamt.org.br

EXPEDIEnTE

Esta edição do Jornal da Anamt, a primeira do ano, imprime um pou-co do espírito com que vamos tra-

balhar em 2011. Nos últimos meses, apostamos na força da comunicação, tanto para informar sobre os fatos re-lacionados à SST como para promover debates sobre as-suntos que impactam diretamente em nossa profissão. O objetivo agora é interligar a comunicação de forma a servir ainda melhor aos associados.

A newsletter e o site têm a capacidade de capturar os principais acontecimentos que, em alta velocidade, cru-zam o universo virtual. Com essas ferramentas, buscamos e conseguimos nos aproximar dos nossos associados, dia-logando, informando e oferecendo serviços que podem ser úteis para o cotidiano profissional.

No Jornal temos a oportunidade de explorar mais profundamente as novidades e analisar o papel do mé-dico do trabalho nos mais variados setores da socie-dade. A participação de especialistas, de profissionais renomados no mercado e de representantes de órgãos relacionados ao nosso setor valoriza as discussões e for-talece a troca de informação.

O papel de divulgar trabalhos científicos fica por con-ta da Revista Brasileira de Medicina do Trabalho (RBMT). Semestral no passado, a Revista, que passa a ser trimes-tral em função das indexações, traz os mais relevantes artigos e trabalhos técnicos relacionados à segurança e saúde do trabalho. O conteúdo, selecionado pela exce-

lência, serve como base de conhecimento e para a atua-lização dos profissionais.

Nosso objetivo agora é fazer com que as quatro fer-ramentas de comunicação estejam interligadas. Na edi-ção do Jornal que está em suas mãos, temos uma pági-na especial divulgando o material publicado na Revista Brasileira de Medicina do Trabalho. Na leitura de alguns textos, o leitor terá a indicação de que mais informações relacionadas estão disponíveis no site.

O mesmo processo funciona no sentido contrário. Versões em PDF da RBMT e do Jornal da Anamt são ofere-cidas aos associados em nosso portal. A newsletter, quin-zenal, é outra ferramenta que fica arquivada para futuras consultas. Em nosso espaço virtual também é possível ler as principais notícias, acessar documentos oficiais, conhecer os próximos eventos relacionados ao setor e acompanhar o calendário anual de eventos da Anamt, em todas as federadas. Aliás, para este ano, já temos devida-mente acertadas mais de 50 oportunidades.

Esperamos que com essas ações possamos prestar um serviço ainda melhor aos nossos associados. O ob-jetivo é consolidar a Anamt como ponto de referência e fortalecer os profissionais de SST diante dos outros setores da sociedade.

Presidente Dr. Carlos Campos • Diretora de Divulgação Dra. Marcia BandiniProdução Editorial Cajá – Agência de Comunicação

Jornalista responsável Bruno Chuairi (Mtb 18.296/84/40V) • Reportagens Roberta Fernandes e Yasmim RosaFotos: Tamer TATLICI e Fred Fokkelman/Stock.Xchng (capa), Dzimitry Valiushka/PhotoXpress (p.5), Kevin Dowey/Stock.Xchng (p. 8 e 9),

Constantin Jurcut/ Stock.Xchng (p.10 e 11), Kevin Dowey/Stock.Xchng (p. 14), Louis Hall/ Stock.Xchng (p.15), wojciech wolak (p.16), Kurhan (p.17)Projeto Gráfico e Diagramação Paulo Carvalho • Impressão Poligráfica

www.caja.com.br • [email protected]

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Março 2011 3Jornal da ANAMT

Principais mudanças

01/12/2010ABNT publicou a Norma 18801 de Sistema de

Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho – Requisitos.

NR-6 07/12/2010 Portaria N° 194 do MTE alterou itens e anexos da NR-6 e ampliou a importância da CIPA no processo de aquisição do EPI.

NR-12 17/12/2010Portaria N° 194 alterou a NR-12 – Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos, que passou a vigorar com nova redação.

ISO

03/01/2011ABNT publicou duas novas normas sobre ergonomia: ISO 9241-11 e ISO 9241-12, que dispõem sobre requisitos ergonômicos para o trabalho com dispositivos de interação visual.

NR-1821/01/2011

Portaria N° 201 do MTE alterou itens da NR-18 relativos à utilização de andaimes e

plataformas de trabalho.

Veja os textos na íntegra no site www.anamt.org.br

NR-6

10/02/2011 A Portaria n° 205 alterou, na NR-6, modelos de requerimentos utilizados por fabricantes ou importadores de EPIs e normas técnicas

aplicáveis aos equipamentos.

Alterações nas regras de SST

A área de Saúde e Segurança do Trabalho ganhou novas regras nos meses de dezembro de 2010 e janeiro de 2011. Entre elas, sete documentos se destacam: três normas da ABNT e quatro portarias do Ministério do Tra-balho e Emprego, que promovem alterações nas Normas Regulamentadoras 6, 12, 15 e 18.

A norma n° 12, por exemplo, ganhou novo nome e nova re-dação. Agora, passa a se chamar NR-12 – Segurança no Traba-lho em Máquinas e Equipamentos e conta com instruções bem mais detalhadas sobre instalações e dispositivos de segurança.

O texto anterior tinha apenas cinco páginas, contendo seis itens principais e dois anexos, um para motosserras e outro para cilindros de massa. Já a nova redação abrange 19 itens principais, três apêndices, sete anexos e um glossário, distri-buídos em 74 páginas. O principal objetivo da atualização é contribuir para a redução do número de acidentes laborais.

As demais portarias alteraram a NR-6 – Equipamentos de Proteção Individual – EPI, a NR-18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção, e a NR-15 – Atividades e Operações Insalubres (ver quadro).

Norma cria sistema de gestãoAlém disso, também foram publicadas três novas normas

da ABNT. Uma delas, elaborada em conjunto com a Anamt, é a NBR 18801 – Sistema de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho – Requisitos. Publicada em 1° de dezembro de 2010, a regra tem abrangência nacional.

O texto especifica ações para evitar acidentes de trabalho e garantir a melhoria contínua das condições e ambientes cor-porativos. Os objetivos são fortalecer a prevenção, garantir o gerenciamento integral do processo e fazer do sistema uma ferramenta para análise da cultura empresarial.

As outras duas normas, publicadas no dia 3 de ja-neiro deste ano, acrescentam itens aos requisitos ergo-nômicos para o trabalho com dispositivos de interação visual. A primeira contém orientações sobre usabilida-de, e a segunda fornece recomendações ergonômicas para a apresentação da informação e propriedades es-pecíficas para interfaces gráficas e textuais usadas nas tarefas de escritório.

l e g i s l a ç ã o

18801

NR-1528/01/2011

Portaria N° 203 do MTE alterou a relação das empresas que produzem, transportam, armazenam,

utilizam ou manipulam benzeno e suas misturas líquidas contendo 1% ou mais de volume.

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A Pesquisa Nacional sobre Saúde e Segurança no Traba-lho, realizada pela Revista Proteção, apontou que os profis-sionais prevencionistas acreditam que a preocupação das empresas com a SST é apenas regular. O estudo realizado com 1.161 trabalhadores do ramo apontou que 48,45% deles consideram mediano o interesse das empresas em geral em manter um ambiente de trabalho saudável.

Pouco mais de 63% dos trabalhadores estão satisfei-tos com o espaço que sua empresa dá aos profissionais de SST, e 36,39% aprovam a atuação da CIPA (Comissão In-terna de Prevenção de Acidentes). Neste último quesito, no entanto, quase o mesmo percentual de entrevistados, 35,66%, destacou que as atividades da comissão em seus locais de trabalho é regular.

Para os profissionais da área de saúde ocupacional, a implementação do FAP (Fator Acidentário de Prevenção) e do NTEP (Nexo Técnico Epidemiológico) pelo Ministério da Previdência, a partir de 2010, está entre as medidas que podem contribuir para valorizar a SST.

O objetivo do FAP é desonerar as empresas que não apresentam registros de acidentes de trabalho e que, por-

Pesquisa de opinião avalia SST no Brasiltanto, contribuem para reduzir os custos da Previdência com afastamentos. Por outro lado, as que têm ocorrên-cias com seus trabalhadores são sobretaxadas. O NTEP, por sua vez, é utilizado como critério para a concessão de benefícios previdenciários acidentários e, posteriormen-te, serve para o cálculo do FAP.

Implementação do FAP e do NTEP é positivaEntre os profissionais da área, 65,85% veem positiva-

mente a criação desses dois instrumentos como forma de incentivar as companhias que não apresentam índices de acidentes relacionados ao trabalho. Outros 23,53% ava-liam que a implementação do FAP/NTEP tem sido regular.

No entanto, 49,39% dos entrevistados acham que a atu-ação do governo no setor prevencionista é negativa, e 42% têm a mesma opinião sobre a fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego em relação à legislação de SST. Já as Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego (SR-TEs) nos estados possuem avaliação regular para 40,73% dos profissionais, percentual bem próximo dos 38,91% que consideram a atuação das SRTEs negativa.

O Projeto de Lei (PL) 155/2010, apresentado em junho passado pelo senador Paulo Paim (PT-RS), regula-menta “o pagamento de adicional de insalubridade e a concessão do benefício de aposentadoria especial ao trabalhador que exerça as ativi-dades de coleta de lixo e dejetos, de qualquer natureza, e de varredura de vias e logradouros públicos...” O PL não recebeu emendas e aguarda analise da Comissão de Assuntos So-ciais do Senado, que poderá aprová-la sem necessidade de votação.

Na justificativa do projeto, o sena-dor alega que a população brasileira reconhece a importância dos profis-sionais da área de limpeza urbana,

Adicional de insalubridade para garisTexto aguarda decisão terminativa de comissão do Senado

mas que “a gratidão não se expressa em melhoria das condições objetivas de trabalho”. O texto ainda vincula o adicional de 40% ao salário-base da categoria, coerentemente com o de-terminado pela Súmula Vinculante nº 4 (maio de 2008) do Supremo Tribunal Federal (STF), que proíbe o uso do salá-rio mínimo como base para os cálculos.

Benefício consta na NR 15 Os Tribunais Regionais do Traba-

lho (TRT) e o Tribunal Superior do Tra-balho (TST) utilizam o texto da Norma Regulamentar (NR) número 15 como base para julgar questões trabalhis-tas que envolvam o pagamento de adicional de insalubridade. A norma

indica no anexo 14 de 1979 que o tra-balho que tenha contato permanente com esgotos (galerias e tanques) e lixo urbano (coleta e industrialização) é incluído na categoria de insalubri-dade de grau máximo.

Em 2010, o TST, tomando como base o texto da NR 15, deu ganho de causa a um trabalhador que pro-cessou o empregador pelo não pa-gamento pleno de adicional de insa-lubridade de grau máximo. Segundo os autos do processo, o reclamante trabalhava com lixo urbano e varrição e recebia 20% de adicional de insalu-bridade. O processo iniciado em julho de 2002 teve acórdão publicado no dia 17 de dezembro de 2010.

n o t í c i a s

Jornal da ANAMT4 Março 2011

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Março 2011 5Jornal da ANAMT

* Dados publicados pela Fundação Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (FIBGE)

A participação feminina no mercado de trabalho au-mentou 43% entre 1974 e 2007* e transformou as relações profissionais no Brasil. Os 40 milhões de mulheres que hoje participam diretamente da economia brasileira conquis-tam gradualmente direitos e diminuem as desigualdades entre os gêneros. É, no entanto, na segurança do trabalho que a diferença se faz marcante.

Segundo o último Anuário Estatístico da Previdência Social, referente ao ano de 2009, dos mais de 700 mil aci-dentes registrados naquele ano, 28% foram sofridos por mulheres. Para o diretor científico da Anamt e Consultor do Escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) para a área de Segurança e Saúde no Trabalho (SST), dr. Zuher Handar, a diferença pode ser explicada pelo fato de que, geralmente, os postos de trabalho ainda são divididos pelas características dos gêneros:

– Mesmo com o crescimento feminino em áreas tradi-cionalmente masculinas, há – ainda – uma divisão clara. As mulheres, por exemplo, ocupam postos que têm como ca-racterística os movimentos repetitivos. Por isso, há um me-nor índice de acidentes, mas um número similar de doenças relacionadas ao trabalho.

ConquistaA pesquisa sobre acidentes de trabalho segundo o sexo,

publicada pela Previdência Social, é dividida em três cate-gorias: acidente típico, acidente de trajeto e doença de tra-balho. Em todas elas as trabalhadoras apresentam menos registros que os homens.

Em acidentes típicos, decorrentes da característica da ativi-dade profissional, as mulheres representam 22% dos registros. Nos acidentes de trajeto, ocorridos entre a residência e o local do trabalho, o número sobe para 34%. Finalmente, no quesito doenças do trabalho, as estatísticas se aproximam e os registros apresentados pelo sexo feminino marcam 41% do total.

O estudo tem maior impacto se contextualizado com o avanço feminino em áreas tradicionalmente ocupadas por

Mulheres sofrem menos acidentes de trabalho

homens. De acordo com pesquisa publicada pelo Departa-mento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômi-cos (Dieese), a presença feminina no setor da metalurgia cresceu 96% na última década. Em 1999, as trabalhadoras eram 176 mil e, hoje, chegam a 1,7 milhões.

AdaptaçãoSegundo o dr. Handar, esta transformação do mercado

de trabalho demanda maturidade para que não haja confu-são entre discriminação e proteção: “As mulheres devem, por exemplo, seguir regras específicas para exercer profis-sões que apresentem risco de contaminação, o que pode prejudicar o aparelho reprodutor”.

Handar aponta também que o sexo feminino tende a so-frer mais pressão no ambiente de trabalho: “É importante que o profissional de SST esteja atento a questões como assédio moral, e doenças como LER/DORT e transtornos mentais”.

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) apresenta algu-mas normas que alteram o ambiente e o método de trabalho em função das características femininas. No artigo 389, por exemplo, empresas com mais de 30 mulheres são obriga-das a oferecer ambiente adequado para amamentação. No seguinte, fica proibida a contratação de mulheres para funções que demandem força muscular superior a 20 quilos.

Entretanto, é no artigo 377 que a proteção ao trabalho das mulheres é plenamente valorizada, passando a ser considerada uma questão de ordem pública.

Dos 700 mil acidentes de 2009, apenas 28% foram sofridos por mulheres

Na categoria doenças do trabalho, 41% dos casos registrados em 2009 se referem a mulheres

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Jornal da ANAMT

f e d e r a d a s

Há que ter olhar equilibrado sobre ações da indústria farmacêutica na divulgação de seus produtos. Promovê-los junto à população é estimular a automedicação, o que, indubitavelmente, constitui problema de saúde grave a ser combatido. Já a veiculação de medicamentos, sobre-tudo novos produtos, junto aos médicos tem outros as-pectos que exigem consideração mais detida.

Não há motivo para cogitar a limitação do investi-mento em divulgação e desqualificar de forma genera-lizada a informação veiculada. De sua parte, o médico tende a prescrever o que conhece melhor. Assim, não há como evitar que as informações sobre medicamen-tos influenciem a prescrição.

Como impedir, porém, que as ações publicitárias influenciem a conduta médica em direção contrária à dos interesses dos pacientes?

É evidente que a informação tem de ser precisa e com-pleta. Tem-se que cuidar para que assim seja e, sobretudo, zelar pela boa qualidade da formação médica. Isso inclui a educação continuada, visto que a atualização deve ser abrangente e nunca limitada à propaganda comercial.

A análise critica da informação médica e as ferramen-tas para interpretar resultados de pesquisa fazem parte do currículo de várias boas escolas de Medicina já em seus programas de graduação; muitos dos programas de especialização também o fazem. A Associação Médica Brasileira mantém um robusto programa neste campo, incluindo diretrizes para apoio à decisão clínica (Progra-ma Diretrizes, www.projetodiretrizes.org.br). Há ainda a considerar o posicionamento firme das instituições de representação médica em todo o mundo com relação aos limites éticos da propaganda farmacêutica.

Em resumo: investir na formação científica e ética dos médicos é a melhor maneira de atender aos interes-ses de seus pacientes. Caminhos estranhos são censura, interferência na liberdade de prescrição ou deliberada distorção da informação buscando reduzir o custo do tra-tamento sem prioritariamente considerar sua eficiência.

Quando a ética é violentada pelo interesse econô-mico de quem quer ganhar mais ou gastar menos, a vítima é o paciente.

José Luiz Gomes do Amaral Presidente da Associação Médica Brasileira

A propaganda de medicamentos

Nova diretoria assume a ACEMT

A nova diretoria da ACEMT assumiu em janeiro a gestão da federada do Ceará para o período entre 2011 e 2013. O presidente Francisco Xavier Leal de Araújo afirmou que o objetivo da atual gestão é promover uma maior integração entre os profissionais de SST do estado.

Para tal, a ideia é promover reuniões científicas bimen-sais. Entre os temas que serão discutidos estão os estatutos da instituição e da Anamt. Além disso, haverá um incremen-to na área de comunicação, com a reformulação da página da federada na Internet e a retomada do jornal.

“Também vamos entrar em contato com a Anamt para tentar organizar algum evento nacional aqui em Fortaleza em 2012”, citou Francisco. Confira os novos nomes:

Presidente Francisco Xavier Leal de AraújoVice-Presidente Ramiro Lopes Pereira FilhoDiretora Científica Maria Edilma Fernandes MendonçaPrimeiro Secretário Dirceu Pinto FilhoSegundo Secretário Dimitri Maia Fontoura CruzPrimeira Tesoureira Marly Bezerra de Castro SiqueiraSegunda Tesoureira Cristiane Alcântara XavierConselho Fiscal – efetivos

Glauber Santos Paiva Regina Lúcia Andrade NobreGersivan Gomes de Lima

Conselho Fiscal – suplentes

João Quintino NetoJosé Luciano Xavier RibeiroAntonio José Pereira Benício

Seminários em junhoAs regionais Norte e Centro-Oeste da Anamt já defini-

ram as datas de seus seminários: 3 e 4 de junho e 10 e 11 de junho, respectivamente. O primeiro evento ocorre na cida-de de Manaus (AM) e o segundo em Caldas Novas (GO). As vagas são limitadas.

Até 29 de abril, sócios adimplentes pagam R$ 280; re-sidentes e acadêmicos, R$ 180; alunos de pós-graduação de cursos acreditados pela Anamt, R$ 350; e não sócios e outras categorias, R$ 560. Detalhes no site http://eventos.wincentraldeeventos.com.br/anamt2011.

6 Março 2011

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Março 2011 7Jornal da ANAMTJornal da ANAMT

Uma organização necessita conhe-cer, com exatidão, as ameaças e oportu-nidades presentes no ambiente, o que é possível através de um monitoramento das informações dos ambientes interno e externo. Como a organização não pode observar todos os eventos, ela deve se-lecionar áreas de prioridade e filtrar os dados de entrada de acordo com seus interesses e impactos. Os dados coleta-dos devem se transformar em conheci-mento que possibilite perceber ameaças e oportunidades e desencadear as ações decorrentes. (MORESI, 2001)

É crescente no Governo o “uso da informação de saúde do trabalhador” como instrumento tributário que, aliado à também crescente complexidade da legislação de Segurança e Saúde do Tra-balhador, força as empresas a considerar, de forma efetiva, a Gestão da Informação de Segurança e Saúde do Trabalhador do ambiente interno como alternativa de neutralização das ameaças do ambiente externo. No entanto, são notórias as di-ficuldades de muitas empresas para se organizar, de maneira a acompanhar essa complexidade e atender ao preconizado pela Norma Regulamentadora Nº 7, da Portaria 3.214/1978, do MTE (BRASIL, 1978), referente ao uso de instrumentos epidemiológicos na abordagem da rela-ção entre saúde e trabalho.

O conhecimento e a priorização das ameaças e oportunidades para a Segu-rança e Saúde do Trabalhador têm uma importância significativa na definição das estratégias de intervenção que vi-sam minimizar ou prevenir os danos à saúde do trabalhador. O uso desse co-

Dados, informação, conhecimento e inteligência em SST

nhecimento para traçar estratégias de ação pode ser chamado de decisão com enfoque de risco, e, quando aplicado na administração de serviços de saúde do trabalhador, mostra-se como um instru-mento de gestão flexível e racional que permite mensurar dos riscos individuais e coletivos, definir e distribuir recursos de forma priorizada, preparar estraté-gias de intervenção em âmbito local e determinar as ações de saúde que de-vem ser implementadas.

Essa ação de gestão da informação de Segurança e Saúde dos Trabalhadores pelas empresas repercutirá com impacto positivo para os programas de Promoção de Saúde do Trabalhador promovidos pelos Ministérios da Saúde e do Traba-lho. Essas informações ampliam a visão das grandes causas de morbidade, inca-pacidade e morte, direta ou indiretamen-te relacionadas com o trabalho, e mes-mo com relação às aparentemente não relacionadas. Isso insere as empresas no contexto da Responsabilidade Social e aponta na direção do “Trabalho Saudá-vel”, como alternativa viável de médio e longo prazo para as empresas.

A Gestão da Informação deve via-bilizar os meios para organizar os da-dos, transformá-los em informação (dados com significação) e, com a devida análise, gerar o conhecimento necessário para permitir o uso desse conhecimento com inteligência para definir estratégias com competência em um processo de decisão.

Os dados de saúde dos trabalhado-res que estão no ambiente interno da empresa podem ser organizados, e a sua

análise deve contemplar a identificação de informação relevante ou informa-ção para ação que requer ação, seja de curto, médio ou longo prazo, facilitando a adoção de intervenções em forma de implantação de medidas preventivas, in-cluindo o estilo de vida, as condições e o ambiente de trabalho, determinando a minimização dos efeitos adversos sobre a saúde dos trabalhadores viabilizando a neutralização das ameaças externas e consequente redução de custo.

As informações de Segurança e Saú-de no Trabalho referentes ao capital in-telectual, representado pelas pessoas que “fazem a organização”, são estraté-gicas para a manutenção da competiti-vidade da organização. Os trabalhado-res são o principal ativo da organização, razão por que, o cuidado com a saúde deles representa uma ação estratégica, ainda muito pouco considerada pelas organizações de maneira geral.

*Paulo Reis – Médico do TrabalhoMestre Acadêmico em Ciência da InformaçãoCoordenador de Informação de Saúde da SIS

Paulo Reis*

O conhecimento tem importância significativa na definição das estratégias para minimizar ou prevenir danos à saúde do trabalhador

a r t i g o

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Jornal da ANAMT8 Março 2011

Principal meio de transporte de car-ga no Brasil, 2,5 milhões de caminhões percorrem, diariamente, os mais de um milhão de quilômetros de rodovias e estradas registradas pelo Departamen-to Nacional de Infraestrutura de Trans-porte (DNIT). Os números, coerentes com as dimensões continentais do país, seguem a grandeza numérica com rela-ção aos acidentes. Em 2008, segundo o Departamento de Polícia Rodoviária Federal (DPRF), foram registrados 60 mil desastres envolvendo caminhões, um aumento de 20% em relação a 2004.

De acordo com a Associação Bra-sileira de Medicina de Tráfego (Abra-met), 93% dos acidentes são causados por fatores humanos, entre eles a fadi-ga e o sono. Para o diretor da Abramet e do Departamento de Medicina de Tráfego Ocupacional, dr. Dirceu Rodri-gues Alves Júnior, os altos índices são consequência da pressão sofrida pelos caminhoneiros, e completa: “É impor-tante lembrar que esta é uma função considerada insalubre e perigosa”.

Alves ressalta que, para cumprir os prazos estipulados pelos empre-sários, os motoristas, geralmente, ul-trapassam as oito horas de trabalho determinadas pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), e chegam a di-rigir por 16 horas. “Há ainda o estres-se psicológico, pois o risco de roubo de carga é um fator presente na vida desses profissionais”, explica.

Segurança e Saúde nas estradas

Ambiente de trabalhoPara o presidente da Anamt, dr.

Carlos Campos, entender os fatores que influenciam direta ou indiretamen-te um acidente é fundamental para elaborar programas de educação e de prevenção: “Sabemos que há inúme-ras variáveis que devem ser estudadas para um melhor diagnóstico da situa-ção”. Campos divide em quatro os fato-res que devem ser estudados: ambien-te de trabalho construído, capacidade física e cognitiva do motorista, hábitos culturais e estilo de vida, e condições gerais de saúde.

Na primeira categoria, estão inclu-ídas variáveis como condições das es-tradas, da meteorologia, dos veículos e da organização do trabalho, o que inclui a densidade do tráfego, horas extras, turnos, metas a serem cumpri-das, treinamento, etc.

Na segunda, é preciso estar atento à capacidade física e cognitiva do motoris-

ta, já que qualquer falha pode trazer pre-juízos a ele próprio, a terceiros e ao pa-trimônio físico da empresa. “É necessário trabalhar para que o profissional esteja preparado para agir rápido, o que depen-derá muito do estado de concentração e do foco no ato de dirigir com responsabi-lidade e por tempo prolongado.”

O terceiro grupo inclui os hábitos e o estilo de vida do motorista que po-dem influenciar a performance do tra-balhador. “O sedentarismo e a falta de preocupação com hábitos saudáveis na questão alimentar, sexual e familiar são fatores de elevada morbidade e morta-lidade entre eles”, explica o presidente.

Finalmente, o quarto grupo inclui fatores como o distúrbio do sono, que pode causar diminuição da atenção e da coordenação motora e aumento da incidência de doenças cardiovascula-res e osteomusculares, como a lom-balgia, as hérnias de discos, a depres-são e problemas neuroendócrinos. O presidente da Abramet alerta: “É im-portante que os motoristas tenham uma postura correta ao dirigir e que façam pausas durante algumas horas para revitalizar o corpo”.

Motoristas exercem função insalubreO diretor da Abramet, dr. Dirceu

Alves, explica que esta é uma pro-fissão de múltiplos riscos. Entre os problemas enfrentados pelos mo-toristas, estão o ruído, que pode

Número de acidentes envolvendo veículos de carga teve aumento de 20% em todo o território nacional

“É necessário trabalhar para que o profissional esteja preparado para

agir rápido, o que dependerá do estado

de concentração"

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Março 2011 9Jornal da ANAMT

Pelas estradas do país, os caminhoneiros recorrem ao uso de drogas para seguir viagem, um recurso cada vez mais comum para compensar o baixo preço do frete e o curto prazo das entregas. De acordo com a Polícia Rodoviá-ria Federal (PRF), pelo menos um terço desses profissionais costuma dirigir sob efeito de drogas lícitas ou ilícitas.

O consumo de substâncias inibidoras do sono é conside-rado um dos fatores responsáveis pelos acidentes envolven-do veículos de carga. Entre as drogas mais usadas estão as anfetaminas, o rebite e a maconha. Em setembro de 2010 , a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) fez uma pesquisa com 305 caminhoneiros em estradas do Rio de Janeiro e de São Paulo. O resultado mostrou que 6% deles haviam consumido algum tipo de droga.

De acordo com especialistas, além do efeito alucinóge-no, a droga causa dependência e o que chamam de apagão: o motorista, após fazer uso da substância, dorme ao volan-te sem perceber. Os médicos explicam que a droga apenas atrasa o sono, mas não acaba com ele.

causar perda de audição e levar à doença ocupacional crônica e inca-pacitante; a vibração, que provo-ca fadiga; e as variações externas, como o calor no interior da cabine, que pode chegar a limites anormais e faz o motorista perder muito lí-quido. Os riscos químicos e biológi-cos também estão presentes. Os ga-ses liberados pelos veículos podem causar doenças respiratórias, e o transporte de cargas vivas e mortas pode transmitir doenças como, por exemplo, a gripe suína.

O dr. Carlos lembra que o go-verno, através do Sest/Senat e em parceira com a Fundacentro e ou-tras entidades, fomenta uma série de ações preventivas para o setor

do transporte e alerta para a impor-tância de dar atenção ao tema: “Um país que não legisla, aplica e inves-te em políticas de atenção integral à saúde dos profissionais, tenham estes relação formal ou informal de trabalho, sofre consequências nega-tivas pelo elevado custo social, hu-manitário e econômico”.

Tombamento e capotagem

Dados coletados pelo Departa-mento Nacional de Trânsito (Denatran) mostraram que entre os acidentes mais frequentes estão o tombamento e a capotagem. A pesquisa considerou ainda seis tipos de acidente e avaliou a frequência de cada um: tombamento (47%), capotagem (10%), abalroamen-

to (27%), colisão (15%), incêndio (2%) e vazamento (1%). A pesquisa mostra que entre 2004 e 2006 mais de 100 mil pessoas morreram em acidentes envolvendo caminhões.

De acordo com Alves, é preciso conscientizar os empresário e destina-tários de que a saúde do trabalhador deve ser o primeiro fator a ser consi-derado. “Eles precisam entender que os caminhoneiros já enfrentam os riscos externos. Oferecer a eles boas condições de trabalho é o mínimo que se pode fazer para que exerçam sua função da melhor forma possível. Em um país como o Brasil, em que o trans-porte terrestre é o principal meio de circulação de cargas, a saúde dos mo-toristas deve ser prioridade”, afirmou.

Uso de cocaína cresce entre os caminhoneirosEm meios a informações alarmantes, um novo dado

tem preocupado a PRF: o uso de drogas mais pesadas, como a cocaína e o crack, tem aumentado entre os cami-nhoneiros. A nova tendência representa um perigo maior porque essas substâncias atuam no sistema nervoso cen-tral, alteram a percepção e reduzem a atenção e o reflexo.

De janeiro a agosto de 2010, 1.302 acidentes de cami-nhões tiveram o sono e o uso de drogas como causa pro-váveis. Nesse período, 471 pessoas ficaram feridas e 50 morreram. Para reduzir essa estatística, a PRF está traba-lhando em todo o país para apreender drogas e identificar os traficantes. Em dezembro de 2010, policiais rodoviários de 17 estados fizeram uma grande operação e prenderam 30 pesso-as que vendiam substâncias ilegais para os caminhoneiros. Acabar com os pontos de venda é o principal foco das operações.

Drogas estão entre as principais causas de acidentes

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c a p a

“Considere que uma empresa libera gases tóxicos no pro-cesso de produção. O médico do trabalho descobre que um dos funcionários está com câncer e que a doença pode estar relacionada aos gases liberados. O profissional de SST deve alertar a direção da empresa, pois, se houver falha no processo de produção e ela não for corrigida, não só os funcionários es-tarão em perigo, como toda a comunidade do entorno. O médi-co, portanto, a partir do seu trabalho dentro de uma empresa, pode zelar pela saúde da comunidade e pelo meio ambiente.”

Com este exemplo prático, a diretora de Divulgação da Ana-mt, Marcia Bandini, explicou como a Saúde Ambiental também é de interesse do médico do trabalho. Para ela o conceito é rela-tivamente novo e precisa ser assimilado pelos profissionais de SST. “A tarefa cotidiana de monitorar a saúde do trabalhador pode ajudar a prevenir agravos à saúde da comunidade, quan-do relacionados, por exemplo, a potenciais contaminações."

O cuidado com a Saúde Ambiental, segundo Marcia, é uma das atribuições do médico do trabalho, pois este, além de co-nhecer a prática médica, monitora a saúde de todos os funcio-nários – um grupo de controle que pode indicar tendências.

Conceito Na definição da Organização Mundial de Saúde (OMS) e

do Departamento de Saúde Ambiental e Saúde do Trabalha-dor do Ministério da Saúde (DSAST/MS), a Saúde Ambiental está relacionada aos aspectos da saúde e da qualidade de vida determinados por fatores ambientais – físicos, químicos, biológicos ou sociais – que podem afetar a saúde humana. Este é um campo de práticas intersetoriais voltadas para a re-flexão das relações do homem com o meio ambiente.

De acordo com o médico do trabalho especialista em Saúde Pública e Meio Ambiente, Eduardo Macedo Barbosa, necessita-se de uma abordagem sistemática dos impactos so-cioambientais, já que a saúde e o bem-estar resultam das interações de diferentes fa-tores determinantes de natureza ambiental, social, econômica, cultural e política. “Com o ob-jetivo de apreender as rela-ções causais entre impactos ambientais e seus respectivos efeitos sobre a saúde humana,

A Medicina do Trabalho como ferramenta de proteção ambiental

essa nova abordagem ultrapassa o modelo clássico do proces-so saúde-doença”, afirmou.

Para ele, as características das matérias primas, produtos e operações de um empreendimento e as características am-bientais e socioeconômicas das áreas de influência das empre-sas devem ser consideradas. “A exposição humana aos prin-cipais agentes de risco ambiental e à saúde, relacionados aos processos operacionais das atividades de uma empresa, tanto dos trabalhadores quanto das populações de suas áreas de in-fluência, deve ser considerada”, ressaltou.

Entre as atribuições dos profissionais em SST em relação à Saúde Ambiental, estão o reconhecimento dos fatores de risco presentes nos ambientes de trabalho, a análise crítica dos resultados e a decisão sobre a necessidade de mudan-ças nos locais e das condições laborais. As ações, feitas nos planos individual e coletivo, incluem estudos epistemológi-cos e ambientais e orientações sobre os possíveis danos à saúde dos trabalhadores e da população vizinha origina-dos no processo produtivo.

Saúde da comunidade“Além do trabalho rotineiro, os profissionais em

SST precisam criar projetos sociais que diminuam os impactos que o trabalho possa causar ao meio am-biente da região e, consequentemente, às famílias que vivem perto das fábricas, afirmou a dra. Lys

10 Março 2011

“A tarefa cotidiana de monitorar a saúde do trabalhador pode ajudar a evitar uma contaminação ambiental

grave ao redor da empresa"

10 Março 2011

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Apesar da criação do SINVSA e do Renast, a pesquisado-ra Raquel Rigotto acredita que ainda se necessita de uma in-tegração entre a Saúde Ambiental e a saúde do trabalhador. “Temos provocado o Ministério da Saúde no sentido de incor-porar a Saúde Ambiental às Cerests, especialmente quando enxergamos as duas áreas unificadas pela perspectiva dos processos de produção e consumo”, explicou.

Ainda segundo ela, o que falta ao país é uma política arti-culada de Saúde Ambiental construída no plano governamen-tal de forma intersetorial. “Começamos nossos esforços em 1995, e em 2009 realizamos a primeira Conferência Nacional de Saúde Ambiental, reunindo o Ministério da Saúde e o do Meio Ambiente. Foi um encontro que elaborou um relatório final rico, mas ainda não conseguimos ver os desdobramen-tos disso. Inclusive porque o desenvolvimento que vem sendo adotado no país é um modelo que facilita a geração de riscos ambientais em profusão.”

ResponsabilidadeProfessora da Faculdade de Medicina da Universidade

Federal de Minas Gerais e Médica Sanitarista e do Traba-lho, Elizabeth Dias lembra que o termo Saúde Ambiental foi incluído nas competências do médico do trabalho em do-cumento elaborado no decorrer dos anos de 2005 e 2006: “Em um trabalho conjunto entre CEAMT, Anamt e Associa-ção Médica do Trabalho (AMB), elencamos as competências mínimas requeridas para o exercício da especialidade. O cuidado com a Saúde Ambiental já está previsto no rol de responsabilidades do médico do trabalho”.

Para Dias, a atuação do profissional de SST na avalia-ção dos riscos ambientais é importante em um momento histórico de grandes transformações nos processos pro-dutivos, e alerta: “Não temos que esperar pelo surgimen-to dos problemas ou de grandes catástrofes ambientais ou de epidemias para intervir”. De acordo com ela, em caso de contaminação ambiental em torno de uma em-presa, o médico do trabalho pode ser responsabiliza-do: “Como profissional de saúde, ele é responsável pela saúde da população exposta e ou adoecida em consequência dos riscos e perigos gerados no processo produtivo”.

Esther Rocha, diretora do Centro de Estudos Avançados em Me-dicina do Trabalho (CEAMT) e colaboradora da Anamt.

Para ela, é preciso estar atento aos processos produtivos que podem afetar a saúde humana. “A extração de matéria-prima, sua transformação, o consumo e a formação de resíduos são etapas que podem comprometer a saúde dos trabalhado-res, da comunidade e também do meio ambiente”, afirmou.

No Brasil, o Estado de São Paulo apresenta índices eleva-dos de contaminação de áreas urbanas. Dados da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB) e do De-partamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Tra-balhador (DSAST) do Ministério da Saúde apontam que, em São Paulo, há mais de 2.400 áreas contaminadas diretamente pelas atividades industriais, com mais de 2,5 milhões pessoas potencialmente expostas a solos contaminados.

Ações do Ministério da Saúde Para trabalhar de forma integrada, o Ministério da Saúde

(MS) implantou, no ano de 2005, o Sistema Nacional de Vigilân-cia em Saúde Ambiental (SINVSA). O órgão é responsável por atuar no gerenciamento de fatores de risco relacionados aos problemas ambientais que podem ter impacto na saúde.

Em 2009, pelo decreto nº 6.860, o MS instituiu a Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental (CGVAM) como parte do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador (DSAST).

Outra ação do Ministério da Saúde foi a criação da Rede Na-cional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST), que, entre outras atribuições, tem como função inserir as ações de Saúde do Trabalhador na área ambiental. Composta por 180 Centros Estaduais e Regionais de Referência em Saúde do Tra-balhador (Cerest), a Renast tem como objetivo atender as ques-

tões relativas à saúde dos trabalhadores. De acordo com Daniela Buosi, diretora substitu-ta do DSAST, houve um aumento de 958,8% no

número de Cerests no país entre 2002 e 2010. “Atualmente, existem 26 unidades estaduais e 154 regionais que promovem ações para me-lhorar as condições de trabalho e a qualidade de vida do trabalhador.”

“Existem 26 unidades estaduais e 154 regionais promovendo ações

para melhorar a qualidade de vida do trabalhador"

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Jornal da ANAMT12 Março 2011

e n t r e v i s t a

A canadense Joan Burton, autora do livro Who healthy Workplace Framework and Model: background and supporting literature and Practices, e a brasileira Sylvia Yano, colaboradora na versão em português da obra, falam sobre os desafios práticos e teóricos da área de SST

Desafios práticos e teóricos

Sylvia YanoJoan Burton

O livro lançado pela OMS é considerado um Plano Global de Ação para a área de SST. Quais são os principais obje-tivos deste plano?Joan Burton – Os objetivos previstos no documento são:1 – Planejar e implementar instrumentos políticos rela-

cionados à saúde dos trabalhadores;2 – Proteger e promover a saúde no ambiente de trabalho;3 – Promover a execução e acesso a serviços de saúde

ocupacional;4 – Prover e comunicar evidências para ações e práticas;5 – Incorporar a saúde dos trabalhadores a outras políticas.

A proposta do documento foi assegurar que o mo-delo para um ambiente laboral saudável desenvolvido e promovido pela OMS fosse baseado em evidências e fundamentado nas mais precisas bases científicas. É importante mencionar que este documento foi escrito mais para a comunidade científica do que para empre-gadores e trabalhadores.

Quais são as vantagens para as empresas que primam pelo ambiente de trabalho saudável?JB – Existem três tipos de vantagens para as empresas: ética, legal e financeira. Na ética, podemos dizer que é simplesmente a coisa certa a fazer. A United Nations Global Compact e a Declaração de Seul reconhecem que o direito à segurança e saúde no trabalho é um direito fundamental do ser humano. Legalmente, a maioria dos

Especialista em odontologia do trabalho e negócios sociais, além de mestre em Gestão Integrada em saúde do trabalho e meio ambiente, Yano trabalha no Sesi e o representa na Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador e no Grupo Tripartite de SST, no qual é suplente.

Enfermeira e mestre em educação de adultos, Burton trabalhou na Associação de Prevenção de Acidentes Industriais, braço da OMS no Canadá. Atualmente opera sua própria empresa que tem como objetivo promover ambientes de trabalho saudáveis como pre-visto no modelo da OMS.

Em sua opinião, como a área de SST progrediu no Brasil nos últimos anos?Sylvia Yano – Temos acompanhado um movimento em-presarial pela responsabilidade social, e, como parte des-tas ações, a busca de ambientes de trabalho saudáveis tem sido um foco de maior atenção e investimento. Ve-mos hoje muitas empresas, sobretudo as industriais, abrir espaço durante a jornada de trabalho para a execução de diagnósticos das condições de saúde de seus trabalhado-res e aproveitar estas informações para a implementação de ações de prevenção.

Existe alguma estatística sobre o tema?SY – O Serviço Social da Indústria (Sesi) aplicou uma pesquisa de avaliação num universo de 1.623 empre-sas que realizaram o Diagnóstico de Saúde e Estilo de Vida. Segundo as estatísticas, 30% das empresas ava-liadas reorganizaram seus serviços de saúde, e 50% destas reorganizaram seus serviços de segurança e saúde no trabalho.

Como o governo tem atuado?SY – O governo tem dado também sua contribuição. A articulação entre os ministérios da Previdência, da Saú-de e do Trabalho e Emprego melhorou, principalmente, a produção dos dados estatísticos, que são mais confi-áveis e detalhados.

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Março 2011 13Jornal da ANAMT

países tem leis que obrigam as empresas a proteger os trabalhadores no ambiente de trabalho. Finalmente, a questão financeira é baseada nas estatísticas: ambien-tes laborais que não respeitam as regras de SST apre-sentam: acidentes, lesões e doenças relacionadas ao trabalho; insatisfação dos trabalhadores e falta de com-prometimento dos funcionários; burnout e depressão. Consequentemente, esses fatores levam ao crescimento de absenteísmo e presenteísmo; reivindicação de segu-ro-saúde e de compensações; conflitos com sindicatos e alta rotatividade de trabalhadores. Finalmente, os pro-blemas criados aumentam o custo, diminuem a produti-vidade, e levam a uma perda de qualidade dos produtos e da relação da empresa com os clientes.

Portanto, criar um ambiente de trabalho saudável é, sem dúvida, um dos mais importantes interesses comer-ciais de uma empresa.

Quais são as principais características para a criação de um ambiente de trabalho saudável?JB – Em um ambiente de trabalho saudável, trabalhado-res e empresários devem atuar juntos para proteger e promover a saúde e a segurança de todos os envolvidos. Alguns pontos que devem ser levados em consideração:• Zelar para que os ambientes psicossocial e físico se-

jam seguros e saudáveis; • Oferecer suporte aos trabalhadores para que adotem

estilos de vida saudáveis e para que tenham acesso a serviços personalizados de saúde; e

• Encontrar formas de a empresa participar ativamen-te nas comunidades com o objetivo de melhorar a saúde dos trabalhadores, de suas famílias e dos ou-tros moradores.

Como as empresas podem oferecer um ambiente saudá-vel para os trabalhadores?JB – O processo em si é importante. A empresa precisa incluir os trabalhadores em todas as fases do projeto, e as lideranças devem estar altamente engajadas. É necessá-rio também procurar sempre melhorar. Para isso, a OMS definiu parâmetros publicados no documento “Mobilize, Assemble, Assess, Plan, Priotitize, Do, Evaluate, Improve”:• Mobilizar as lideranças; • Escolher uma equipe para liderar o trabalho;• Avaliar a situação e as necessidades dos trabalhadores;• Desenvolver um plano e definir prioridades;• Iniciar o processo de implantação do projeto;• Avaliar os resultados das atividades e buscar a me-

lhora do processo.

Como a relação entre os agentes sociais tem influen-ciado na área de SST?SY – O diálogo entre o governo, os trabalhadores e os em-pregadores tem sido uma pratica mais frequente, sobre-tudo por meio do Grupo Tripartite de Segurança e Saúde no Trabalho (GTSST) e da Comissão Intersetorial de Saúde do trabalhador (CIST).

Quais são os principais desafios na área de SST que serão enfrentados pelo Brasil nos próximos anos?SY – Mesmo que entre 2008 e 2009 tenha havido uma redução de 4,3% no número de acidentes de trabalho reportados oficialmente, as estatísticas ainda mostraram 723,5 mil acidentes e 2.496 óbitos. Reduzi-los ainda é um grande desafio.

Outra questão a ser trabalhada é a redução dos preços das máquinas e equipamentos que possuem dispositivos de segu-rança, viabilizando a substituição do maquinário já obsoleto. A grande maioria dos acidentes é com máquinas, que lesam, principalmente, os membros superiores (mão e punho).

O maior desafio, entretanto, é desenvolver uma cultura prevencionista entre os empresários e trabalhadores, pois, desta forma, todos trabalhariam de forma colaborativa para evitar os perigos, reduzir os riscos e preservar a saúde.

O que é necessário fazer para vencer esses desafios?SY – Implementar e disseminar uma Política Nacional em SST que adote o modelo Ambientes de Trabalho Saudáveis, contemplando as quatro linhas de influência (ambiente físico do trabalho; ambiente psicossocial; saúde pessoal, envolvimento da empresa na comunidade).

Qual a importância da informação neste processo?SY – Os empresários e trabalhadores precisam ter, de for-ma simples e fácil, acesso a informações de como promo-ver a saúde, de como identificar os perigos e reduzir/elimi-nar os riscos, bem como, saber desenvolver um processo produtivo de forma segura e saudável.

Em termos práticos o que poderia ser feito a curto prazo?SY – Deveria ser criada uma política pública para que só seja disponibilizado no mercado maquinário com dispositivos de segurança, criando uma linha de incentivos financeiros para viabilizar a sua compra, e incentivar de diferentes formas empresas com resultados positivos em SST.

Para acessar a versão em PDF do livro WHO Healthy Workplace

Framework and Model: Background and Supporting Literature and

Practices, entre na seção Sugestões de Leitura do site da Anamt.

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Jornal da ANAMT14 Março 2011

t e n d ê n c i a s

Impulsionado pelo crescimento da economia, o mercado de trabalho brasileiro expandiu-se e – diante de estatísticas positivas, como a que-da do desemprego – consolidou-se como um dos pilares para o desen-volvimento do país. A medicina do trabalho, função que passa a inte-grar cada vez mais o cotidiano cor-porativo, é um dos setores que deve acompanhar esta expansão.

As oportunidades de emprego são condizentes com as estatísticas publi-cadas recentemente. Segundo o Se-brae, entre os anos 2000 e 2008, mais de 1,5 milhão de micro e pequenas empresas foram criadas, um aumen-to de 39%. No setor da construção, o crescimento foi de 11% no último ano. O número de acidentes acompanhou a tendência. Só em 2008, segundo o anuário estatístico da previdência so-cial, foram mais 45 mil acidentes regis-trados neste segmento.

Para o diretor de Título de Espe-cialista da Anamt, dr. João Anastacio Dias, o bom momento econômi-co deve ajudar na conscientização quanto à saúde e segurança do tra-balhador e, consequentemente, au-mentar a demanda por profissionais da área: “A valorização do Título de Especialista em Medicina do Traba-lho é constatado pelo reconheci-mento das Entidades Médicas e ob-servável também pela exigência do título em editais de processos sele-

Medicina do trabalho cresce junto com economiaDesenvolvimento econômico do país deve aumentar demanda por profissionais de Segurança e Saúde no Trabalho

tivos de diversos órgãos e empresas nacionais e multinacionais”.

Grandes eventosA realização da Copa do Mundo

e das Olimpíadas no Brasil será mais um motivo para estimular o fortale-cimento do setor de saúde e segu-rança do trabalho no mercado brasi-leiro. Só para a Copa, estima-se que o investimento ultrapasse os 5 bi-lhões de dólares. Espera-se também um aumento do número de empre-sas e, portanto, de trabalhadores, o que abrirá mais campos para a atua-ção de profissionais de SST.

O diretor ressalta a importância dos grandes eventos que ocorrerão no país para a área: “O intercâmbio que realizaremos será uma oportu-nidade que contribuirá para o cresci-mento e desenvolvimento de nosso país”. Ele acredita também que o fato de o Brasil ser foco das atenções de todo o mundo influenciará o com-portamento da sociedade: “Eventos

desta importância repercutem na so-ciedade, contribuindo com uma influ-ência positiva na conscientização das pessoas em geral e, especificamente, de trabalhadores e empresários”.

Mudança de paradigmaA procura pelo Título de Especia-

lista em Medicina do Trabalho deve acompanhar o desenvolvimento da economia. A expectativa, segundo o dr. João, é que o número de pro-fissionais inscritos para a prova em 2011 seja maior do que o registrado no ano passado: “Ano após ano o nú-mero de profissionais que procura a Anamt para fazer a prova de Título de Especialista em Medicina do Tra-balho aumenta, o que mostra uma valorização do setor”.

O exercício da cidadania e a dis-cussão de assuntos como o desen-volvimento sustentável são outros fatores que influem na valorização do profissional que trabalha com saúde ocupacional. O diretor acredita que não se pode falar em sustentabilida-de e em exercício pleno da cidadania sem a devida valorização da Saúde e Segurança do Trabalho. “O trabalho decente existe em um ambiente se-guro e satisfatoriamente confortável, com um trabalhador saudável, ativo e produtivo. Um trabalhador com sa-tisfação pessoal e profissional. Trata-se de viabilizar a dignidade e o pleno exercício de cidadania”, explica.

“O trabalho decente existe em um

ambiente seguro e confortável, com um

trabalhador saudável, ativo e produtivo"

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Março 2011 15Jornal da ANAMT

Pesquisa realizada pelo Comitê Ges-tor da Internet no Brasil (CGI.br) apon-tou que o número de empresas que oferecem acesso remoto ao sistema corporativo de computadores teve um aumento de 10% entre os anos de 2006 e 2009. No total, mais de 25% das em-presas brasileiras encaram o home offi-ce como uma opção viável.

A tendência ganha força especial-mente nos grandes centros urbanos. Neste caso, o trabalho à distância é uma solução para otimizar o tempo e melhorar a qualidade de vida dos pro-fissionais. A opção também beneficia os contratantes com a redução de cus-tos de infraestrutura de escritório.

“Muitos profissionais buscam em-presas nas quais possam desenvolver suas tarefas em ambiente doméstico. Além da possibilidade de redução do tempo gasto em transporte, é possível conciliar tarefas domésticas com as de trabalho, principalmente se há horá-rios flexíveis na realização das ativida-des propostas”, comenta a professora da Faculdade de Saúde Pública da Uni-versidade de São Paulo, Frida Marina Fischer, integrante da comissão técnica de Organização do Trabalho da Anamt.

SST e home officeDe acordo com o artigo 6º da CLT

(Consolidação das Leis do Trabalho), o trabalhador que desempenha funções em casa em nada difere daquele que atua dentro da empresa. Portanto, as obrigações trabalhistas são as mesmas, o que inclui o compromisso de zelar pela saúde e segurança do empregado e observar as normas de segurança. Vale destacar que tais regras só valem para regime de contrato de pessoas físicas.

“As pessoas inicialmente podem pensar que o trabalho doméstico é

isento de riscos, por estarem habitu-adas àquele ambiente. Entretanto, para que se possa realizar um trabalho profissional, faz-se necessário dotar o ambiente doméstico de ferramentas e/ou instrumentos de trabalho ade-quados”, afirma a professora Frida.

Quando o assunto é o home office, o papel do médico do trabalho é pro-por um plano de avaliação regular do funcionário pelo serviço de Medicina do Trabalho, incluindo exames admissionais, periódicos e demissionais.

Outra providência a ser adotada pelas empresas é ministrar treina-mentos, palestras, instruções e orien-tações periodicamente. Em caso de atividades insalubres ou perigosas, é obrigatório fornecer os EPI's (equipa-mentos de proteção individual) ade-quados para a realização delas.

Acidentes e doenças relacionadasSegundo Frida Marina Fischer, os

profissionais que atuam sob regime de home office podem apresentar vários problemas de saúde por causa de suas atividades, incluindo acidentes e doen-

Home office demanda prevençãoças relacionadas ao trabalho. “Se a pes-soa tem como tarefa principal o contato com clientes usando telefone e compu-tador, podem surgir sintomas como, por exemplo, dores nos membros superiores e na coluna, associados à imobilidade du-rante longo tempo, a poucas pausas ou a uma postura inadequada”, cita.

Frida alerta para riscos associados à saúde mental. “As causas podem ser múltiplas: desde o desgaste diário, como no exemplo acima, que envolve contatos com clientes, preocupações com o não cumprimento de metas e gastos financeiros superiores aos ini-cialmente estimados, até as dificulda-des em realizar o trabalho conciliando-o com tarefas domésticas, entre as quais cuidar de crianças.”

A professora ressalta a importância do cumprimento das normas de SST. “É necessário que a pessoa se organize para realizar o trabalho em ambiente (físico e organizacional) saudável. Tam-bém é importante ter em mente que o home office pode trazer riscos, evitá-veis se respeitadas as normas de saúde e segurança”, completa.

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Jornal da ANAMT16 Março 2011 Jornal da ANAMT16 Março 2011

a n á l i s e

Anuário publicado pelo Ministério da Previdência Social indica que o número de acidentes cresceu 43% em sete anos

Em novembro

de 2010 a ONU

anunciou que, por

ano, cerca de mil

profissionais de

saúde contraem HIV

no local de trabalho

Na última década, o setor da Saú-de acompanhou o desenvolvimento do país e apresentou um crescimento significativo. Uma pesquisa feita pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) mostrou que entre 2000 e 2009 hou-ve um aumento de 27% do número de médicos no mercado. Em números reais, cresceu de 260.216 no início da década para 330.825 em 2009.

O crescimento, no entanto, é seguido por uma estatística preo-cupante: o número de acidentes de trabalho em ambientes hospitalares está 43% maior do que no início da década. Em 2002, foram registrados cerca de 27 mil acidentes. Em 2009, esse número chegou a 60 mil, se-gundo dados do Ministério da Pre-vidência Social (MPS).

Apesar de serem responsáveis por assegurar o bem-estar físico e mental das pessoas, esses profissio-nais enfrentam diariamente as con-sequências da exposição a materiais biológicos e correm constante risco de contaminação.

Saúde da categoria em riscoOs acidentes estão relaciona-

dos principalmente ao manuseio de materiais perfurocortantes, como agulhas, cateteres intravenosos e lâ-minas. Entre as principais causas de acidente, está o reencape de agulhas, responsável por cerca de 30% dos ca-sos. Outras causas são o transporte ou manipulação de agulhas desprote-

Profissionais de Saúde sofreram 60 mil acidentes de trabalho em 2009

gidas e a sua desconexão da seringa. Esses incidentes representam

80% da transmissão de doenças in-fecciosas por via sanguínea entre os profissionais da saúde. As mais re-correntes são Hepatite B e C. Casos de infecção pelo vírus HIV também foram registrados e são a principal preocupação dos órgãos mundiais de saúde. Um relatório publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em novembro de 2010 anun-ciou que, por ano, cerca de mil pro-fissionais de saúde contraem HIV no local de trabalho.

O problema é ainda mais gra-ve para os profissionais de enfer-magem e auxiliares. Só em 2008, 29.718 enfermeiros registraram ocorrência de acidentes de traba-lho, contra apenas cerca de 5.000 registros feitos por médicos. Os nú-meros podem ser explicados porque

também houve um aumento desses profissionais no mercado: em 2008 havia 178.546 enfermeiros no Bra-sil e em 2010 esse número subiu para 1.480.653. De acordo com in-formações do Ministério da Saúde, os enfermeiros e técnicos de enfer-magem correspondem a 49,6% do setor de saúde no país. Outros fa-tores que explicam os acidentes são o contato constante com pacientes e o manuseio com mais frequência dos materiais perfurocortantes.

Conhecer para protegerDe acordo com o diretor de Le-

gislação da Anamt, Paulo Antonio

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de Paiva Rebelo, o risco ocupacio-nal é mais preocupante em insti-tuições de saúde que apresentam condições precárias, e nos aten-dimentos em vias públicas, princi-palmente em situações de conflito urbano, catástrofes e calamidades. “Em ambas as situações de exposi-ção, o risco de acidentes é provável. No primeiro caso, a falta de mate-riais é uma realidade. O mais im-portante instrumento de prevenção é a educação.”

No documento elaborado pela ONU em parceria com a OMS (Or-ganização Mundial de Saúde), a OIT (Organização Internacional do Tra-balho) e o Unaids (Programa conjun-to da ONU sobre o HIV/Aids), tam-bém estão descritas novas diretrizes internacionais para garantir que os profissionais de saúde tenham aces-so adequado à prevenção e trata-mento contra o vírus HIV.

Para o diretor, conhecer os riscos e os meios de se proteger dá ao pro-fissional da saúde condições de lutar por melhores condições de trabalho e de adotar procedimentos que evi-tem riscos desnecessários. “Para evi-tar acidentes com material perfuro-cortante, é recomendado usar caixas coletoras resistentes e impermeá-veis, não reencapar agulhas, utilizar seringas e agulhas com dispositivos de segurança, e cuidar corretamente do lixo hospitalar. É fundamental ter um bom programa de biossegurança que inclua a avaliação física do am-biente, os procedimentos de traba-lho, o programa de vacinação e, se houver acidente, um bom plano de contingência, que inclua a testagem do acidentado, a profilaxia e o acom-panhamento”, explicou.

Normas e treinamentoPromulgada pelo Ministério do

Trabalho e Emprego (MTE) em 2005,

a Norma Regulamentadora 32 (NR-32) tem como premissa estabelecer diretrizes para a implementação de medidas de biossegurança para a proteção da saúde dos trabalhado-res do setor. Assim como no relató-rio da ONU, na NR-32 são descritas algumas normas básicas para a pro-teção dos profissionais, tais como a higiene das mãos e o uso de Equipa-mento de Proteção Individual (EPI), imposto pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O uso de luvas e vestimentas adequadas durante a jornada de trabalho também pode reduzir o risco de transmissão de micro-organismos e vírus.

O diretor da Anamt, porém, acre-dita que mais importante do que recomendar a utilização dos EPIs é identificar, avaliar e controlar os ris-cos. “Os equipamentos devem ser usados apenas como medidas adi-cionais de segurança. Mas sua uti-lização implica a correta indicação, o treinamento para uso adequado, a higienização e a substituição. Ou seja, os EPIs são parte de um progra-ma maior de Segurança e Saúde no trabalho e nunca devem ser conside-rados isoladamente.”

Além do MTE e da Agência Na-cional de Vigilância Sanitária (An-visa), que está formulando outras resoluções para diminuir os riscos, a Anamt e suas federadas têm traba-lhado e se dedicado para promover cursos, campanhas, treinamentos e publicações cujo objetivo é a me-lhoria das condições de trabalho e a redução de riscos ocupacionais. “Es-tamos sempre organizando eventos, e a programação dos seminários, fóruns, simpósios, mesas-redondas e congressos têm incluído temas relacionados ao trabalho do profis-sional de saúde. Precisamos alertar para essa realidade o quanto antes”, afirmou Rebelo.

Um estudo realizado por alu-nas da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) mostrou que os jalecos utilizados pelos médicos e indicados pela Or-ganização Mundial de Saúde como equipamento de proteção são fonte de contaminação. Dos 96 ja-lecos analisados, 95% continham a bactéria Staphilococcus aureus, considerada um dos principais agentes de infecção hospitalar.

A pesquisa foi realizada após a constatação de que alunos e médicos do Conjunto Hospitalar de Sorocaba saíam das imedia-ções do hospital sem tirar o ja-leco. O resultado apontou que as áreas de contato frequente, como mangas e bolsos, são os principais focos de bactérias.

De acordo com as pesquisa-doras, o resultado mostra que é preciso conscientizar os profis-sionais de que o risco de conta-minação deve ser evitado e de que a higiene das mãos não está sendo feita corretamente. Elas temem que o jaleco perca a sua função e passe a ser um trans-missor de bactérias que estão associadas à infecção hospitalar.

Jalecos podem ser fonte de contaminação

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Jornal da ANAMT18 Março 2011

espaço do associado

Revista Coletiva A segunda edição da revista eletrônica Coletiva explora o

tema “Saúde do Trabalhador e Políticas Públicas”. Produzida na Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), a publicação trimestral ofe-rece, em seu conteúdo temático, reportagens, entrevistas e arti-gos redigidos por especialistas.

A seguir, um resumo do conteúdo disponibilizado gratuita-mente no site www.coletiva.org

EDITORIAlSaúde e TrabalhoDarcilene Gomes

ESPECIAlO trabalho pelos trabalhadoresProjeto Vidas Paralelas

ENTREVISTAManoel Messias MeloDiretor da Secretaria Nacional de Saúde do Trabalhador da CUT

REPORTAGENSCobertura da aposentadoria por invalidez é limitadaAcidentes acompanham expansão da construção civilUso indiscriminado de agrotóxicos contamina agricultores Número de acidentes de trabalho ainda é alto

ARTIGOSSaúde e trabalho no corte de cana em São PauloFrancisco Alves (Chiquinho)

Saúde do Trabalhador: mineiros de Nova Lima/MG e a luta contra a silicoseRafael Martins

Reflexões sobre a ação do Estado e a saúde dos trabalhadoresJosé Marçal

O impacto da cadeia de petróleo de Suape na Saúde do TrabalhadorIdê Gurgel e Lia Geraldo

Condições de trabalho em ToritamaDarcilene Gomes e Luís Henrique Campos

Revista Brasileira de Medicina do Trabalho

ISSN 1679-4435Endereço on-line: www.anamt.org.br

Publicação Oficial da Associação Nacional de Medicina do Trabalho - ANAMTVolume 8 • Número 2 • 2010

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1879

Editorial

Artigos Originais

Transtornos traumáticos cumulativos em bancáriosMariane Politani Almeida Rua, Rui Bocchino Macedo, Vinícius Bocchino Seleme, Marina Lindstron Wittica Cerqueira

A odontologia do trabalho e a legislação: cuidados necessários

Sueli de Souza Costa, Antonia de Mesquita Silva, Isabela de Avelar Brandão MacedoAvaliação da síndrome de burnout em policiais civis do município de

Tubarão (SC)Talita Thizon Menegali, Renata Patrícia Moreira Camargo, Luiz Pedro Willimann Rogerio, Diélly Cunha de

Carvalho, Flávio Ricardo Liberali MagajewskiAspectos nutricionais, antropometria e ingestão hídrica de

trabalhadores metalúrgicosMarcos Vidal Martins, Isabel Cristina Gonçalves LeiteAspectos psicossociais e desafios do retorno ao trabalho das vítimas

de assédio moralDébora Miriam Raab Glina, Liliane Reis Teixeira, Lys Esther RochaDoenças de pele entre trabalhadores rurais expostos a radiação

solar. Estudo integrado entre as áreas de Medicina do trabalho e

DermatologiaJuliana Midori Hayashide, Rogério Sgura Minnicelli, Octávio Augusto Camilo de Oliveira, Juliana Mayumi Sumita,

Nathalie Mie Suzuki, Cintia Albuquerque Zambianco, Valéria Maria de Souza Framil, Luiz Carlos MorronePrograma de retorno ao trabalho em um hospital de São Paulo:

resultados iniciais, fatores facilitadores e obstáculos de uma

perspectiva administrativaGlacy Sabra Vieira, Débora Miriam Raab Glina, Marcelo Pustiglione, Lys Esther Rocha, Katia Maciel Costa-Black

Publicação oficial da Anamt, a Re-vista Brasileira de Medicina do Traba-lho (RBMT) é a vitrine da produção científica da Associação e de entida-des parceiras. Sua produção é de res-ponsabilidade da Diretoria Científica da Anamt, que compila as contribui-ções das 15 das comissões técnicas da Associação. Os associados da Anamt podem acessar os artigos originais no site www.anamt.org.br.

Transtornos traumáticos cumulativos em bancáriosMariane Politani Almeida Rua, Rui Boc-chino Macedo, Vinícius Bocchino Seleme, Marina Lindstron Wittica Cerqueira

A odontologia do trabalho e a legisla-ção: cuidados necessáriosSueli de Souza Costa, Antonia de Mesquita Silva, Isabela de Avelar Brandão Macedo

Avaliação da síndrome de burnout em po-liciais civis do município de Tubarão (SC).Talita Thizon Menegali, Renata Patrícia Moreira Camargo, Luiz Pedro Willimann Rogerio, Diélly Cunha de Carvalho, Flávio Ricardo Liberali Magajewski

Aspectos nutricionais, antropometria e ingestão hídrica de trabalhadores metalúrgicos. Marcos Vidal Martins, Isabel Cristina Gonçalves Leite

Doenças de pele entre trabalhadores rurais expostos a radiação solar. Estudo integrado entre as áreas de Medicina do trabalho e DermatologiaJuliana Midori Hayashide, Rogério Sgura Minnicelli, Octávio Augusto Camilo de Oliveira, Juliana Mayumi Sumita, Natha-lie Mie Suzuki, Cintia Albuquerque Zam-bianco, Valéria Maria de Souza Framil, Luiz Carlos Morrone

Aspectos psicossociais e desafios do retorno ao trabalho das vítimas de assédio moral.Débora Miriam Raab Glina, Liliane Reis Teixeira, Lys Esther Rocha

Programa de retorno ao trabalho em um hospital de São Paulo: resultados iniciais, fatores facilitadores e obstáculos de uma perspectiva administrativaGlacy Sabra Vieira, Débora Miriam Raab Glina, Marcelo Pustiglione, Lys Esther Rocha, Katia Maciel Costa-Black

p u b l i c a ç õ e s

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a g e n d a

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Como se associar?Conheça todos os benefícios de se associar e preencha a proposta on-line: http://www.anamt.org.br/associar.php

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A Medicina do Trabalho é uma especialidade médica re-conhecida pelo Conselho Federal de Medicina, pela Associa-ção Médica Brasileira e pela Comissão Nacional de Residência Médica, que compõem a Comissão Mista de Especialidades. É por este motivo que a Medicina do Trabalho deve seguir, pe-rante as entidades médicas supracitadas, todas as normas vi-gentes para seu pleno reconhecimento.

Há apenas duas formas de ingresso para obter registro desta especialidade médica no CRM: a conclusão da residência médica – modalidade de ensino de pós-graduação destinada a médicos – ou a aprovação na prova de Título de Especialista.

Cursos de especialização lato sensu autorizados pelo MEC, com carga horária mínima de 360 horas, são importantes para fins de atualização, aperfeiçoamento e aprimoramento. Porém não conferem o reconhecimento e registro de especialidade médica.

A fim de ampliar as oportunidades para os médicos que dese-jam ingressar na especialidade da Medicina do Trabalho, os cursos com acreditação da Anamt são aceitos para a realização da Prova de Título. As especializações com carga horária mínima de 1.920 horas e comprovação de experiência em serviços de Medicina do Trabalho de mais 1.920 horas, totalizando 3.840 horas, apresen-tam pontuação específica.

Cursos não acreditados pela Anamt, independentemente da carga horária, não têm o mesmo reconhecimento. O médico também pode realizar a prova, mas não terá a mesma pon-tuação e terá de comprovar um mínimo de quatro anos de ex-periência em tempo integral, complementado por 100 pontos de participação em congressos e eventos científicos específi-cos de acordo com o edital da prova.

Segundo a NR-4 da Portaria 3.214/78 do Ministério do Trabal-ho e Emprego, o médico do trabalho pode atuar normalmente se tiver o diploma de pós-graduação. Convém lembrar, porém, que constitui infração ética divulgar especialidade médica em que não se tenha o devido registro.

É através destas normas que a Medicina do Trabalho vem ad-quirindo o devido reconhecimento perante todas as entidades médicas e a sociedade.

João Anastacio DiasDiretor de Título de Especialista da Anamt

Jornal da ANAMT

7º SENSE – SEMINÁRIO NACIONAl DE SE-GURANÇA E SAÚDE NO SETOR ElÉTRICO BRASIlEIRO

Promover o intercâmbio de experiências e a atualização técnica dos profissionais da área de Segurança e Saúde no Trabalho. Este é o ob-jetivo do 7° Seminário Nacional de Segurança e Saúde no Setor Elétrico Brasileiro (SENSE), que acontece entre os dias 10 e 13 de abril na cida-de de Gramado (RS).

Detalhes no site www.funcoge.org.br/sense.

CAPACITAÇÃO EM GESTÃO DE RISCOS E AUDITORIA BASEADA EM RISCOS

A capital paulista será a sede do curso “Capacitação em Gestão de Riscos e Auditoria Baseada em Riscos”, promovido pelo QSP – Centro da Qualidade, Segurança e Produtivi-dade, entre os dias 11 e 15 de abril. Os parti-cipantes receberão dois manuais: “Diretrizes para a Implementação da ISO 31000:2009” e “Como implementar a ABR nas Organizações: uma Abordagem Inovadora”.

Mais informações: www.qsp.org.br.

CONGRESSO ISMA-BR 2011Está marcado para os dias 28, 29 e 30 de

junho o 11° Congresso de Stress da ISMA-BR. O evento terá apresentações relativas às áreas de stress, qualidade de vida e saúde e trabalho. O congresso acontecerá em Porto Alegre (RS), junto com o 13º Fórum Interna-cional de Qualidade de Vida no Trabalho e com o 3º Encontro Nacional de Qualidade de Vida no Serviço Público.

Acesse: www.ismabrasil.com.br/congresso.

SIMPÓSIO INTERNACIONAl SOBRE TUR-NOS DE TRABAlHO

Membros da Working Time Society e do co-mitê científico de turnos e horários de trabalho da Comissão Internacional de Saúde Ocupacional (ICOH) promovem, entre os dias 28 de junho e 1° de julho, o 20° International Symposium on Shift work and Working Times. O evento será em Esto-colmo, na Suécia. Os interessados em participar do simpósio podem se inscrever até 31 de março.

Para mais detalhes: www.shift work2011.se.

Reconhecimento da Medicina do Trabalho

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Jornal da ANAMT20 Março 2011

c a l e n d á r i o

JUNHO

DATA EVENTO CIDADE

03 e 04 Seminário Regional Norte da Anamt Manaus/AM

10 e 11 Simpósio Anamt sobre do Setor de Confecção Belo Horizonte/MG

10 e 11 Seminário Regional Centro-Oeste da Anamt Caldas Novas/GO

14 e 15Simpósio Anamt sobre Reabilitação e Reinserção no Trabalho

Brasília/DF

17 e 18 Simpósio Anamt sobre Pericia Médica Trabalhista Porto Alegre/RS

17 e 18 Simpósio Anamt sobre Setor Automotivo Santo André/SP

17 e 18 Simpósio Anamt sobre Higiene Ocupacional Belém/PA

17 e 18 Simpósio Anamt sobre Setor Moveleiro São Bento do Sul/SC

De acordo com a plataforma da gestão 2010-2013, a Anamt, em parceria com as 27 associações federadas, elaborou um calendário nacional que reúne os eventos previstos para o ano de 2011.

Esta ação tem como principais objetivos ampliar os mecanismos de fortalecimento e de articulação com as federadas, e aperfeiçoar, em âmbito nacional, as políticas de formação,

MAIO

DATA EVENTO CIDADE

27 e 28 Simpósio Anamt sobre Acreditação dos Serviços de SST São Paulo/SP

27 e 28 Simpósio Anamt sobre Ergonomia Chapecó/SC

Maio e Junho

certificação e ingresso na especialidade.Nesta página do Jornal, o leitor terá

informações sobre os eventos que serão realizados nos meses de maio e junho.

A programação completa, com mais de 50 eventos agendados, está disponível no site da Anamt (www.anamt.org.br). Mais informações através do e-mail [email protected].

Simpósios Anamt fortalecem a educação continuada