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1 Abril, Maio e Junho de 2005 Periodicidade Trimestral Ano 2 - Nº 8 ISSN 1646-1819 T RANSIÇÃO PARA A V IDA A DULTA Região Autónoma da Madeira • Secretaria Regional de Educação • Direcção Regional de Educação Especial e Reabilitação Direcção de Serviços de Formação e Adaptações Tecnológicas

T PARA V ADULTA - Portefólio de serviços da SRE · 2013-05-17 · O papel do Psicólogo - Reflexões em torno do trabalho realizado com adultos com deficiência ... sidero ser

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Abril, Maio e Junho de 2005Periodicidade Trimestral

Ano 2 - Nº 8ISSN 1646-1819

TRANSIÇÃO PARA A VIDA ADULTA

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a DIRECTORA – Cecília Berta Fernandes PereiraREDACÇÃO – Serviços da Direcção Regional de Educação Especial e ReabilitaçãoREVISÃO – Direcção de Serviços de Formação e Adaptações TecnológicasMORADA – Rua D. João nº 57 9054 – 510 Funchal Telefone: 291 705 860 Fax: 291 705870EMAIL – [email protected] E PAGINAÇÃO - Direcção de Serviços de Formação e Adaptações TecnológicasISSN – 1646-1819IMPRESSÃO – O LiberalFOTOS – Direcção Regional de Educação Especial e Reabilitação

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Formar e Integrar - Uma Vocação

Acreditar num projectoRaízesTestemunho...O Sol quando nasce é para todosA Formação e a Integração das Pessoas com Necessidades Educativas EspeciaisEducar para a CidadaniaHabilitar é possível!...CAO FunchalConservação da Natureza no Parque EcológicoConservação da Natureza no Parque Natural da MadeiraCentro de Educação AmbientalCinoterapia - Médicos de quatro patas

CAO Ponta DelgadaCAO Câmara de LobosCAO TabuaPara além do dia... a noiteVestaExistimos na Diferença... trabalhando para a igualdadeA intervenção da Fisioterapia no Serviço Técnico Sócio-Educativo de Deficientes ProfundosUma Engenheira de Agro-pecuária na Educação EspecialActuação do Técnico da Área Social no Centro de Actividades OcupacionaisO papel do Psicólogo - Reflexões em torno do trabalho realizado com adultos com deficiência

Livro RecomendadoTIC - Tecnologias de Informação e ComunicaçãoFormação

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Editorial

Cecília PereiraDirectora Regional de Educação

Especial e Reabilitação

Da leitura do Plano Nacional de Promoção de Acessibilidade (PNPA), em fase de discussão, saliento as seguintes notas introdu-tórias:

A promoção da acessibilidade é uma questão chave para atingir os quatro objectivos de estratégia do Conselho Europeu de Lisboa: aumentar a competitividade, alcançar o pleno emprego, reforçar a co-esão social, promover o desenvolvimento sustentado.

O meio urbano, as edificações, os transportes e as tecnologias de informação e de comunicações, constituem o palco para a vida dos cidadãos e das suas comunidades, e a adequação desse palco às necessidades destes actores (pessoas com necessidades especiais) tem implicações directas na sua mobilidade, no seu conforto, na sua segurança e nas suas oportunidades.

Reflectindo sobre as mesmas, a conquista da acessibilidade para todos será uma mais valia, na medida em que promove a autonomia possível, a qual permitirá que todos possam dar o seu contributo no desenvolvimento da sociedade onde se inserem, assegurando os di-reitos de cidadania – participação na vida social, económica, cultural, e política da sua comunidade.

Porque falar em acessibilidade, se o presente nº da revista Diver-sidades reflecte sobre a “Transição para a Vida Adulta”?

Convém lembrar que esta transição – de que falamos – implica a continuidade de um processo no sentido de uma autonomia pessoal e social, cuja meta seria a sua independência.

Neste processo, a Acessibilidade – assumida como o derrubar de todas as barreiras que nos impedem de Ser, Estar, Participar – é uma presença constante na construção de qualquer projecto de Vida.

Assim, a promoção da acessibilidade constitui um desafio e uma oportunidade na construção de um ambiente facilitador da aquisição de competências, conducentes a uma melhor Qualidade de Vida da pessoa com deficiência.

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STFIPDArt

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Uma das atribuições da Direcção Regional de Educação Espe-cial e Reabilitação é a de assegurar a formação técni-co-profi ssional e o acompanhamento na inserção na vida activa às pessoas portadoras de defi -

ciência e/ou necessidades educativas especiais.Deste modo, o Serviço Técnico de Formação e

Integração Profi ssional de Defi cientes (STFIPD), criado em 1988, com a designação de Centro de For-mação Profi ssional de Defi cientes, funciona no senti-do de alcançar esses mesmos objectivos.

Através de formação profi ssional adequada, preten-de-se que os formandos adquiram uma série de com-petências tanto técnico-profi ssionais como sociais por forma a poderem alcançar um emprego e deste modo poderem assegurar a sua independência económica tornando-se membros activos na sociedade.

Este Serviço, atende jovens e adultos com neces-sidades educativas especiais, a partir dos 16 anos de idade, que provêm dos diversos serviços da DREER, de outros estabelecimentos de ensino, de outras ins-tituições da comunidade e também casos que nunca tiveram apoio da Educação Especial.

No processo de selecção dos formandos são va-lorizados aspectos como o grau de motivação para a formação, as áreas de interesse, as competências, os hábitos de trabalho e a responsabilidade, no fundo re-quisitos que se considera fundamentais para frequen-tar uma formação, alcançar um emprego e progredir no mesmo.

Os formandos são encaminhados para cursos de acordo com as suas escolhas e motivações.

Até 1993, os cursos de formação profi ssional eram desenvolvidos exclusivamente dentro do Serviço. A partir desse ano, para além de cursos, no Serviço têm

sido implementados, sobretudo, cursos de formação profi ssional em contexto de trabalho (em empresas privadas e em entidades públicas), cursos estes que se direccionam para as necessidades do mercado la-boral da Região.

Considera-se a modalidade de formação em con-texto de trabalho muito positiva, pois, por um lado a pessoa com defi ciência tem a oportunidade de se confrontar com a realidade profi ssional/empresarial, ritmos e hábitos de trabalho, comportamentos e rela-ções interpessoais. Por outro lado, têm a oportunidade

de demonstrar as suas verdadeiras capacidades, faci-litando o acompanhamento e consequente adaptação às transformações que podem ocorrer num posto de trabalho e assegurando a sensibilização do tecido só-cioeconómico para a problemática da integração pro-fi ssional.

Toda a formação profi ssional praticada, quer no Centro, quer nas empresas é essencialmente prática devido às características da população alvo.

Estão a ser desenvolvidos actualmente os seguin-tes cursos de formação:

- Auxiliar Administrativo- Auxiliar de Cabeleireiro- Auxiliar de Cozinha- Auxiliar de Limpeza- Agricultura/Jardinagem- Carpintaria- Caixilharia de Alumínios- Artes Gráfi cas: Encadernação- Auxiliar de Educadora de Infância

Formar e Integrar – Uma Vocação• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

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STFIPD Artigos- Confecções: Corte e Costura- Electricidade/Electrónica- Serralharia Civil- Reparação de Automóveis

Para além da componente técnico profi ssional (Sa-ber Fazer), valorizamos também o desenvolvimento de um programa virado para as competências sociais (Saber Ser/Saber Estar), facilitadoras de uma verda-deira integração plena na sociedade. Na prática, este programa (Treino Social e Desenvolvimento Cultural) tem por objectivos principais, aplicar conhecimentos relativos à higiene pessoal, desenvolver a capacida-de de confeccionar uma refeição simples, melhorar a capacidade de cuidar do vestuário, desenvolver um background de conhecimentos indispensáveis ao pre-enchimento de impressos de variada ordem, dar a co-nhecer e ensinar a utilizar serviços existentes no meio envolvente (transportes, bancos, correios, farmácia etc…) e que constituem o garante de uma maior auto-nomia aos formandos que, à partida, vivem em situa-ção de dependência (quase total) da família.

Sendo que o objectivo último deste Serviço, é o de proporcionar à pessoa portadora de defi ciência e/ou necessidades educativas especiais a viabilidade de se poder integrar social e profi ssionalmente no mercado laboral, quer em entidades públicas, quer em entida-des privadas e, dado que a inserção laboral, ou seja, conseguir um emprego e mantê-lo, por vezes é uma tarefa árdua para o cidadão comum, para as pesso-as portadoras de defi ciência torna-se por vezes muito difícil. Este objectivo só poderá ser alcançado, se em todo o processo houver um papel activo por parte da pessoa com defi ciência e também um grande esfor-ço por parte dos empregadores no sentido de incluir,

manter e promover estas pessoas nos seus quadros de pessoal.

Um outro elemento que se considera importante em todo este processo é a família, deste modo procura-se garantir o seu envolvimento, através da sua participa-ção nos diversos momentos de avaliação da forma-ção profi ssional. Estes são momentos privilegiados de transmissão de informação sobre a evolução da apren-dizagem, de atitudes e comportamentos do formando.

Para além destes mo-mentos a fa-mília é convo-cada sempre que seja ne-cessário ultra-passar algu-mas situações de crise.

O sucesso da formação e da integração profi ssio-nal deste tipo de população depende para além da vontade e empenho do formando e do envolvimento dos técnicos, da sensibilização e abertura do tecido empresarial. Torna-se, por isso, imperativo desenvol-ver todo o tipo de esforços e estratégias no sentido de continuar a integrar jovens com defi ciência e/ou necessidades educativas especiais em projectos for-mativos que vão ao encontro das suas necessidades, como também, das necessidades do mercado de tra-balho da Região.

Elma Barreiro - Directora Técnica do Serviço Técnico de Formação e Integração Profi ssional de Defi cientesFernanda Gonçalves - Socióloga do Serviço Técnico de Formação e Integração Profi ssional de Defi cientes

Estando a trabalhar no Serviço que é responsável pela formação e integração profi ssional de jovens e adultos com necessidades educativas especiais des-de o ano da sua inauguração (já lá vão 16 anos) con-sidero ser este o momento para refl ectir, avaliar, fazer um feedback do funcionamento do Serviço.

Esta refl exão é sobretudo um “estado de consciên-

cia” que quero partilhar com todos aqueles que dia-riamente dão o seu melhor nesta função tão difícil de educar/formar e que enfrentam barreiras mais visíveis quando se trata de Educação Especial.

Sinto que o nosso Serviço (STFIPD) é na maior parte das vezes o último patamar dos nossos jovens, na nossa Região.

Acreditar num projecto• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

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Compreendo, por vezes, que muitos Serviços Téc-nicos façam alguma pressão para que os seus alunos integrem o nosso Serviço. É legítimo, é compreensível que o façam.

Mas, também é legítimo que compreendam que a

globalização, o aumento do desemprego, as exigên-cias laborais, a crise económica não são apenas te-mas dos media, são uma realidade pela qual os nos-sos jovens também passam. É com esta realidade que vivemos.

Hoje, a selecção tem que ser cada vez mais exi-gente nos objectivos e nos pressupostos profissionais. Esta exigência tem que ser sentida pelos nossos for-mandos, têm que sentir que o mundo laboral é a inte-racção de vários factores: a responsabilidade, a mo-tivação, o empenho, os hábitos e regras de trabalho, etc.

Os nossos empresários não podem olhar para os nossos formandos como pessoas sem capacidades, mas sim como indivíduos capazes de realizarem as mais variadas tarefas.

É nesta realidade que se sente como é difícil se-leccionar, formar, educar, avaliar e integrar os nossos jovens.

Como medir então o nosso sucesso? Pelo número de formandos que atendemos anualmente? Pelo nú-mero de formandos que concluem a formação? Pelo número de formandos que são inseridos no mercado de trabalho? Várias seriam as variáveis. No entanto, não é só em números que temos que pensar.

Temos que pensar, sobretudo, nas pessoas que atendemos, que são todas elas pessoas com neces-sidades educativas especiais. Necessitam, para além de medidas, programas, estratégias e metodologias diferenciados, de um acompanhamento permanente por parte de todos os técnicos do serviço, sem excep-ção.

Dado que cada caso é um caso, com todas as suas especificidades, capacidades e limitações, meio en-volvente, valores, etc, torna-se necessário “ajudar” cada um dos nossos jovens a construir o seu projecto de vida num processo tão complexo como é o da tran-sição para a vida activa.

Ao preparar pessoas para terem uma profissão e conseguirem um emprego, nós técnicos passamos muitas vezes por sentimentos de desânimo, de inca-pacidade.

Ao longo de todos estes anos, muitos têm sido os formandos que têm conseguido alcançar os seus ob-jectivos e apesar de todas as dificuldades, é muito gra-tificante também para os técnicos, quando cada um deles consegue alcançar o seu sonho.

É em pequenas conquistas que se mede o sucesso da formação.

Faço justiça a toda a equipa técnica que diariamen-te luta com inúmeras situações difíceis. Um muito obri-gado a todos os que trabalham neste Serviço e que com o seu trabalho, empenho, dedicação (e possivel-mente algumas falhas) têm ajudado a acreditar neste projecto.

A cada um dos jovens que fazem ou fizeram parte do nosso projecto, continuem sempre a acreditar que tudo é possível.

Elma Barreiro - Directora Técnica do Serviço Técnico de Formação e Integração Profissional de Deficientes

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Artigos

Inicialmente, são meras folhas de candidaturas. Não têm rostos.

Candidaturas estas distribuídas pelos técnicos, de acordo com os Concelhos em que já trabalham.

É feita a pri-meira leitura e são verificadas as datas de nas-cimento, pois a primeira condi-ção de ingresso são os dezas-seis anos e, após esta, é a vontade do candidato em dar continuidade a este processo de selecção.

Reunidas algu-mas informações básicas, os candidatos são contac-tados para uma entrevista.

Os que comparecem, acompanhados com os en-carregados de educação, são informados acerca dos diferentes cursos e da possibilidade de se poderem candidatar a mais do que um, dependendo dos seus interesses pessoais e perspectivas futuras. Aos pou-cos a ficha de candidatura é preenchida.

A partir deste momento, obtém-se o primeiro sorri-so, uma história de vida por ser escrita.

Propõem-se a candidatos porque não gostam da escola, porque gostam dela, mas têm muitas dificulda-des dentro da sala de aula e os resultados finais ficam aquém do que queria a família, porque o pai, a mãe os quer “encaminhados”, porque eles próprios querem “aprender uma profissão”, porque os professores os aconselham, porque o vizinho, o amigo, o irmão, ou irmã já cá são, ou foram, formandos, porque sabem o que querem e o que não querem, porque estão “per-didos”…

Aos dezasseis anos o mundo surge como um labi-

rinto de possibilidades; nesta idade não há nada que a sede de viver abale.

O que se observa nesta entrevista é que na maior parte das vezes os candidatos e respectivos encarre-gados de educação desconhecem pormenores rele-vantes que estes irão ter de saber enquanto forman-dos e ao longo da sua vida profissional, tais como na área de auxiliar de cozinha a relação entre as suas funções, os horários praticados e o local, ou então na área de auxiliar de limpeza onde terá de saber fazer desde o limpar o chão, varrer, lavar o prato, o copo, o vidro, entre espaços que vão desde a casa de banho, o quarto, a cozinha, a varanda, a piscina, os corredo-res …entre outros.

Pormenorizações que tornam evidentes certezas e espantos, muitas vezes, que orientam para uma al-teração de área pretendida, que expõem vontades e expectativas pessoais e familiares.

O facto de não existirem muitas vagas, de certos candidatos não reunirem condições mínimas (tais como motivação, uma potencial autonomia e respon-sabilidade), a decisão de enveredar por uma alternati-va diferente desta, tal como o de prosseguir estudos, seguir um curso noutro local, ficar em casa para cons-tituir família própria e, claro, o de enveredar pelo mun-do do trabalho, contribui para que, aos que são selec-cionados, se proponha um processo de aprendizagem no qual eles serão responsabilizados pelos resultados finais.

Pelos bastidores fica o seleccionar de locais de for-mação que reúnam condições consideradas, naquele momento, adequadas àquele formando na área por si pretendida, elaboração de documentos tais como Protocolos e Contratos, verificação das possibilidades de transporte e a respectiva conjugação dos mesmos com o horário que este irá ter no local de formação, o próprio pedido do “passe” atempadamente, o seguro e evidentemente a sensibilização para a questão de que cada formando tem a sua personalidade, potencial e ritmo.

Nervosos, ansiosos e sonhadores apresentam-se na reunião da primeira semana de Janeiro de cada

Raízes• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

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ano.Nos primeiros tempos espera-se que se adaptem a

regras diferentes das da escola, que criem laços que lhes permita inserir-se num espaço até então idealiza-do e que a entidade corresponda às expectativas do técnico quando a viu como o “lugar certo, para aquele formando”.

Nesta fase, verifica-se que certos formandos têm dificuldades em ser assíduos, pontuais, que desmo-tivam porque o local não corresponde ao que ideali-zaram, porque a área deixou de ser a pretendida, que a euforia dos primeiros dias começa a acalmar pois o empenho, o interesse e a disponibilidade diminui, ou estabiliza. Aqui o esforço do técnico vai no sentido de ser um facilitador e “criador” de estratégias para inver-ter esta situação.

Mas, só um elemento não é suficiente. De facto, todos os elementos da equipa deste serviço são es-senciais desde o início do processo. Com a novidade das deslocações semanais, o reconstruir de espaços de afectividade, pequenas dúvidas e inseguranças, o acesso a outros grupos e a reorganização do espa-ço temporal, ao formando é transmitida a noção que pode abordar a equipa e solicitar auxílio sempre que o queira, que o encarregado de educação é um membro adicional a esta equipa e que sem a sua constante in-fluência esta tarefa não pode ser concluída com êxito.

Solicita-se aos encarregados de educação que se-jam elementos presentes e activos. Desde o acordar, ao colocar os lanches e almoço na mochila, à farda cuidada, ao banho necessário, ao confortar, à peque-na conversa de almofada, ao escolher o dia de um passeio familiar de acordo com o horário da formação,

ao telefonema onde se informa que o formando não pode ir naquele dia devido a…, ao perguntar e até ao alertar a equipa que… gestos que aparentam uma ir-relevância, mas que fazem a diferença.

A sua presença nas reuniões trimestrais de avalia-ção é relevante, pois é necessário que todos encon-tremos um momento de reflexão, a pausa onde se tro-cam ideias, se interligam consensos e se amenizam, ou não, situações.

De Janeiro a Dezembro, de estação em estação o certo é que os formandos quando acabam a sua for-mação se sentem “traídos” pelo passar das horas, es-quecendo-se em que ano de formação estão, muitos começam ansiosos e uns meses antes, normalmente; a partir de Julho, começam com problemas de insó-nias, dúvidas sussurradas, “e depois?”

O certo é que muitos deles criaram laços que difi-cilmente se apagam e muitos dos encarregados de-monstram impaciência. Abordam directamente o tema em Novembro, uns porque sabem que estes iniciam outra fase da sua vida, outros porque desconhecem ainda o percurso. Relembramos aos encarregados de educação que, também nesta fase, o seu papel não termina, muito pelo contrário, há que reforçá-lo.

O trabalho de equipa vai sempre no sentido de que aquele formando seja um membro activo e participati-vo na sociedade em que está inserido.

É para isso que se concentram esforços e ener-gias.

Melita Teixeira - Socióloga________________________________

Desde que iniciei as minhas funções como soció-logo no Serviço Técnico de Formação e Integração Profissional de Deficientes (S.T.F.I.P.D), da Direcção Regional de Educação Especial e Reabilitação, em Março de 1995, fui confrontado com uma realidade sociológica que veio, ao longo dos anos, a revelar-se extremamente complexa, mas ao mesmo tempo ali-

ciante. A tarefa afigurava-se difícil, pois tratava-se de trabalhar com uma população com necessidades edu-cativas especiais (desde pessoas com deficiências até pessoas com dificuldades de aprendizagem, no que diz respeito aos currículos escolares).

O trabalho efectuado com a população atrás refe-renciada insere-se em duas componentes interligadas

Testemunho...• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

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Artigosentre si: a componente da Formação Profissional e a

componente da Integração Profissional. O Processo formativo é muitas vezes determinante para a futura integração da população utente na vida activa e de trabalho.

No decorrer do meu trabalho como técnico que selecciona, orienta, acompanha e avalia a população com necessidades educativas especiais em situação de aprendizagem de um determinado curso de forma-ção, assim como em situação de integração laboral, tenho me apercebido felizmente, na maior parte dos casos, de situações de real interesse em contribuir de modo efectivo para a formação / integração da nossa população, por parte de entidades públicas e priva-das.

As famílias e/ou as instituições de acolhimento de-sempenham um papel importante no percurso forma-tivo e posterior integração da população atendida pelo nosso serviço. As empresas, públicas e privadas, de igual modo, assumem, muitas vezes, a sua “função social”, sendo-lhes atribuídos incentivos financeiros legalmente previstos.

A deficiência (e mesmo as dificuldades de apren-dizagem), tratada muitas vezes pela sociedade de modo marginal (veja-se a ainda insuficiente, na minha opinião, projecção desta problemática sociológica jun-

to dos media) tem vindo a ganhar gradualmente um espaço de análise e reflexão nos anos mais recentes (existem documentos legais para implementar medi-das mas, na prática, é preciso fazer-se muito mais, no sentido do seu efectivo cumprimento).

Há que ter em conta, nas necessidades educati-vas especiais, sobretudo as situações de deficiência, como uma questão de cidadania: direitos e deveres, tendo em conta efectivamente as necessidades e as capacidades de cada um dos cidadãos.

O sucesso não tem obrigatoriamente de ser imedia-to ou a curto prazo; o insucesso ou a menor capacida-de não deveria ser estigmatizante. Falta um espaço de discussão em termos da sociedade portuguesa e até mundial das Capacidades: as Capacidades existem em todos nós, só que em “doses diferentes”.

O meu trabalho, ao lidar de perto com os forman-dos, os integrados, as suas famílias, as várias entida-des que colaboram directamente na formação / inte-gração, tem sido até hoje enriquecedor, apesar dos vários obstáculos inerentes a uma função que lida com um problema social que continua a ter uma visi-bilidade reduzida.

Paulo André Silva - Técnico Superior Principal da Área de Sociologia

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É com este princípio que lutamos por um acesso ao mundo laboral sem barreiras, e lutamos igualmente para que todos consigam sem restrições a sua integra-ção no mercado de trabalho. O problema é que existe na sociedade uma mentalidade assistencialista e pa-ternalista, que trata o deficiente como o ‘coitadinho’, quando, na verdade, trata-se muito mais de procurar e dar oportunidades iguais para todos. Por outro lado, a situação geral de crise é um outro factor que contribui para que pessoas com mais limitações não consigam arranjar emprego.

Se tiverem ferramentas para trabalhar e condições humanas adequadas, os deficientes são tão bons ou melhores profissionais. São mais empenhados, e por

muitas vezes têm amor à camisola e trabalham mais. Muitos dos empresários destacam a eficiência do tra-

O Sol quando nasce é para todos• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

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balho dos deficientes, a qual é conseguida através da “motivação e alegria” que estes demonstram quando executam os trabalhos que lhes são atribuídos. Para muitos, a empresa e todos os que lá trabalham, trans-formam-se não só em local e colegas de trabalho mas também num ambiente familiar. A atenção e o compa-

nheirismo prestado por todos faz com surja um senti-mento de pertença e amizade nestes trabalhadores. No entanto, nem sempre tudo corre bem, e por vezes os problemas surgem (falta de motivação, problemas de assiduidade, problemas de higiene, situações de conflito, etc...). São resultado de situações que surgem na vida quotidiana, para as quais sentem dificuldades em lidar (famílias problemáticas, amigos que não são o melhor exemplo de vida, etc...), e os seus condi-cionalismos específicos para tal também contribuem (agravamento da deficiência e todos os problemas de saúde que daí advêm).

É por tudo isto e muito mais que o acompanhamen-to pós-colocação em mercado de trabalho reveste-se de primordial importância. O técnico de acompanha-mento da formação em contexto de trabalho auxilia na passagem de uma situação transitória para definitiva permitindo que o deficiente se adapte, de acordo com o seu ritmo e novas exigências no emprego, em cons-tante evolução.

Apesar dos subsídios, poucos são os empresá-rios que apostam em deficientes apenas para receber esse apoio, mas sim por necessidade de ter no seu grupo de trabalhadores mais um trabalhador compe-tente. Por outro lado, a verdade é que as empresas procuram contratar trabalhadores que apresentem ní-veis de produtividade altos e, por vezes, não têm dis-

ponibilidade para empregar este tipo de trabalhadores que necessitam de algum acompanhamento por um funcionário mais experiente.

No entanto, já vai surgindo alguma responsabilida-de social nos empresários e nas entidades que cola-boram com STFIPD. A convicção de que todas as pes-soas nascem iguais, pelo que devem ter as mesmas oportunidades, independentemente dos seus condi-cionalismos específicos, torna-os mais tolerantes e re-ceptivos à ideia de contratar este tipo de trabalhador. Tudo isto é fruto do trabalho que vem sendo desenvol-vido por todos os que trabalham nesta área.

Infelizmente, há alguns empresários que nos di-zem, “o que é que eu ganho com isso”, “um trabalhador desses é só para me dar mais trabalho”, e por vezes embora decidam colaborar, não tratam estes trabalha-dores com a devida paciência que estes necessitam. São extremamente exigentes, muito pouco tolerantes, dificultando dessa forma a adaptação e execução dos trabalhos destes trabalhadores. É necessário referir que outros há que, embora um pouco reticentes com a ideia de contratar um trabalhador deficiente e/ou com necessidades educativas especiais, ficam completa-mente satisfeitos e por vezes admirados com as capa-cidades destes trabalhadores de efectuarem os traba-lhos e a vontade de adquirir novos conhecimentos. É de louvar a colaboração dos responsáveis e mestres das empresas que trabalham directamente com estes trabalhadores, empenham-se em integrar estes traba-lhadores da melhor forma possível, tratando-os como mais um trabalhador, acompanhando-os e esclarecen-do quaisquer dúvidas que tenham, aumentando a sua auto-estima e confiança.

Sendo esta a minha primeira experiência com po-pulação deficiente e/ou com necessidades educativas especiais, a emoção está muitas vezes presente por-que me envolvo muito nas coisas, mas é muito gra-tificante e motivador o empenho e entrega que esta população manifesta. Eles estão preparados para qualquer desafio na área profissional que escolheram e estou convencido que vão ter sucesso.

Sérgio Teixeira - Sociólogo do STFIPD________________________________

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Artigos

A formação profissional constitui uma etapa deter-minante na inserção da vida activa das pessoas com necessidades educativas especiais. Assim, tentámos saber como é que esta realidade é vivida, quer por quem está a fazer a sua formação profissional, quer por quem já está efectivamente integrado no mercado de trabalho. Neste sentido, também se achou impor-tante saber a perspectiva de um empresário acerca da inclusão, na sua firma, de jovens com necessidades educativas especiais.

Dinarte Casimiro MacedoAuxiliar de Cozinha no Restaurante Moby Dick (Funchal)

Está satisfeito com o que aprendeu no período de formação, bem como com o modo como foram transmitidos os conheci-mentos ao nível da sua formação?

Sim, estou satisfeito, porque vou para lá onde aprendo coisas novas e também convivo.

Frequenta a componente complementar da forma-ção denominada “Treino Social e Desenvolvimen-to Cultural” no STFIPD?

Sim, frequento.

Qual a importância do Treino Social e Desenvolvi-mento Cultural na sua vida quotidiana?

Acho que tem muita importância para o futuro, para a minha vida do dia-a-dia, na medida em que aprendo muitos hábitos para a vida de que não conhecia ante-riormente nem sabia como fazer, por exemplo, abrir uma conta num banco, fazer o bilhete de identidade, etc.

Participou nas acções de formação promovida pelo STFIPD?

Sim.

Que razões o levaram a frequentar tais acções?Acho que é muito importante para mim e para os ou-

tros, porque transmite coisas que a gente não sabe.

O curso de formação que está a fazer vai ao encontro das suas expectativas, está a decorrer como tinha pensado, ou pensava que fosse de ou-tra forma?

Sim, está a decorrer bem, porque tenho uma boa relação com as pessoas que trabalham comigo; por-que estão interessadas em que eu aprenda as coisas bem, pois eu gosto de aprender.

Há quantos anos está inscrito no STFIPD? Há dois anos e cerca de quatro meses.

Qual o balanço que faz do tempo em que está ins-crito no S.T.F.I.P.D?

É um balanço positivo. É um serviço e um ambiente diferente do Polivalente (Centro Polivalente do Fun-chal), pois estava a fazer o curso de Cozinha, que exi-gia muito teoricamente mas aqui, no S.T.F.I.P.D., estou a fazer o mesmo curso mas é mais prático.

A equipa técnica tem-me ajudado muito para a mi-nha futura integração.

Que sugestões é que propõe para melhorar a qua-lidade dos serviços prestados por este organismo da DREER?

Na generalidade acho que este serviço funcionou bem, de acordo com o trabalho realizado com os for-mandos.

Entrevista realizada por:Francisco Figueira - Assistente SocialPaulo André Silva - Sociólogo

Fátima Nádia Vieira FreitasIntegrada na Função Pública.

Fala-nos um pouco acerca do teu percurso profis-sional, desde a entrada no nosso Centro até o dia de hoje.

No princípio estive com muitas dificuldades no Cen-tro de Formação, mas depois trabalhei no bar da Sa-grada Família. Sempre tive a Srª Madalena que me apoiava. Eu fazia limpezas aldrabadas, a Srª Mada-lena chamava-me à atenção e eu refilava porque não estava a perceber. Depois, eu falava a sós com a Srª

A FORMAÇÃO E A INTEGRAÇÃO DAS PESSOAS COM NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

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Madalena e ela explicava. Fui vivendo e aprendendo, por isso é que eu devo muito àquela casa, não sei como agradecer.

A Srª Madalena dava-me conselhos acerca do tra-balho e eu colocava as minhas dúvidas. Fui-me de-senrascando sozinha. Depois fui para o Clube Naval que a Drª Susana me arranjou e devo-lhe muito.

Correu tudo bem, fazia as coisas todas direitas, quando eu não sabia perguntava. Fui vivendo e apren-dendo. No trabalho nunca falei da minha vida, sempre evitei os problemas. Depois tive de sair porque con-corri para um trabalho de apoio. Eu pensava que não entrava, nem passava pela minha cabeça conseguir entrar.

A seguir fiquei contente, muito surpreendida quan-do me disseram que entrei na Função Pública. Agora estou cá neste trabalho, estou a gostar e vou agarrar com as duas mãos este trabalho, porque há pessoas que com muitos estudos não conseguem. Venho todos os dias para o trabalho, tive algumas dificuldades no início, mas estou entrando….gosto do meu trabalho. Estou a fazer tudo para ficar efectiva.

Em que medida consideras que o nosso Centro é importante na vida das pessoas portadoras de de-ficiência?

É importante para os jovens que têm necessidade. Isso é bom, se não houvesse esses cursos, não sei o que seria de nós!!

O que consideras que contribuiu para alcançares algum êxito e sucesso no teu percurso profissio-nal?

Foi a ajuda da Sagrada Família e do Centro de For-mação. Eu ajudei-me a mim própria, eu aceitava os conselhos das funcionárias da Sagrada Família, fui pensando por minha cabeça.

Tenho muita fé em Deus, por isso cheguei onde cheguei.

O que aconselhas aos teus colegas que se encon-tram a frequentar o nosso Centro?

Há uns que têm menos, outros têm que mais capa-cidades. Aqueles que têm mais capacidades e mais experiência devem ajudar-se uns aos outros, não se deve virar as costas.

O que desejas para a tua vida futura?É ter sempre este trabalho nas minhas mãos, pre-

ciso deste trabalho porque não tenho ninguém que me

dê nada.

Entrevista realizada por:Susana Mendonça - Técnica Superior na Área de Investi-gação Scial Aplicada.

Carlos Alberto Pimenta de SousaEmpresário na área de Comercialização de Frutas e Pro-dutos Hortícolas (Sócio-gerente da Qualifrutas, Lda.)

Na sua empresa tem jovens da Educação Especial em Formação / Integração?

Sim. Temos uma jovem em formação profissional e um jovem integrado (contratado).

Que opinião tem sobre este tipo de experiência na sua empresa?

No caso da Patrícia, independentemente da defici-ência que tem, desempenha bem a função que lhe é pedida. É uma pessoa assídua, o que para nós é po-sitivo visto podermos contribuir para a sua integração, embora precise de acompanhamento.

Acha que o tempo de formação que os formandos têm é suficiente para a sua futura integração ou defende um tempo mais alargado?

Depende dos casos, mas no caso que nós temos o tempo de formação é suficiente.

Em que medida é que os Subsídios Governamen-tais são determinantes na Formação ou Contrata-ção das pessoas com necessidades educativas especiais?

Acho que na generalidade devemos acolher os for-mandos, tendo ou não deficiências. No entanto, acho que os apoios governamentais são um estímulo de forma a levar os empresários a estarem mais sensibi-lizados para o problema. Além disto, as empresas tem que disponibilizar pessoas (formadores) para ensina-rem.

Acha que os empresários em geral estão sensi-bilizados para acolher jovens com necessidades educativas especiais, para formação/integração? Ou, na sua opinião, o STFIPD devia criar outras estratégias de acção de forma a proporcionar às empresas mais informação sobre o processo de formação / integração?

Devido aos programas publicitários e da comunica-ção social que vão sendo transmitidos, os empresá-

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Nos últimos anos, a educação para a cidadania tem vindo a ser invocada como um dos pilares funda-mentais na vida democrática.

A aprendizagem do viver com os outros começa logo à nascença e desenvolve-se nos diferentes con-textos educacionais, ao longo da vida.

No que concerne à educação dos jovens cidadãos, pretende-se uma formação integrada a nível dos valo-res, das atitudes e dos conhecimentos, que os capacite para uma plena integração na vida adulta e do traba-lho. Este objectivo assume primordial importância na formação dos jovens portadores de deficiência, tendo por isso, norteado a acção desenvolvida no âmbito do treino social e desenvolvimento cultural. O programa de treino social contempla diversas áreas, nomeada-mente: hábitos sociais, higiene pessoal, actividades caseiras, alimentação, vestuário, treino de saída e de transporte. A implementação destas áreas varia em função das necessidades e dificuldades manifestadas pelos formandos. Cabe aos técnicos profissionais (em parceria com a coordenadora desta unidade) o papel de aferirem junto dos jovens quais as áreas prioritárias a serem incrementadas.

No programa em questão, são desenvolvidas com-petências que envolvem o aprender a conhecer, a fa-zer, a ser, a viver juntos. A formação pessoal de cada jovem implica o desenvolvimento da sua autonomia, da responsabilidade, do juízo crítico, a formação so-cial para decidir, cooperar e intervir activamente na sociedade.

A educação dos valores e atitudes associa-se intrin-secamente à cultura, porque o exercício pleno da cida-dania implica um grau razoável de educação e cultura por parte dos indivíduos. A emancipação dos jovens depende também da sua cultura, sendo por isso im-portante que lhes seja ministrado um mínimo de co-nhecimentos, a fim de elevar o seu nível de literacia, promovendo assim a cultura integral de cada um. Para tal, são potencializadas as suas capacidades, não des-curando que as aprendizagens devem ser funcionais e que o sucesso dos resultados obtidos depende muito da empatia e da comunicação que deve existir entre os diversos intervenientes neste processo.

O trabalho conjunto de todos os elementos afectos à Unidade de Treino Social e Desenvolvimento Cultu-ral, tem sido pautado pela educação para a cidadania, preparando os formandos para o exercício dos seus direitos e deveres como cidadãos. A adesão a valores, bem como a aquisição de conhecimentos e a apren-dizagem de práticas da vida em sociedade, permitem capacitar os jovens para estruturarem a sua relação com a sociedade, de acordo com as regras básicas de convivência.

Acreditamos que o trabalho desenvolvido permite que os seus destinatários participem activamente na construção dum mundo melhor, no qual todos tenham lugar como pessoas iguais e diferentes.

Isabel Machado - Professora Especializada da Unidade de Treino Social e Desenvolvimento Cultural

Artigos

Educar para a cidadania• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

rios, na minha opinião, vão estando mais sensibiliza-dos para o problema dos jovens com deficiência. Acho que a postura das pessoas em relação aos deficientes é diferente em relação a décadas atrás. Penso que a maneira de pensar a este nível está a mudar, e isso é bom e positivo para a integração das pessoas porta-doras de deficiências.

Que sugestões/alternativas propõe para que este Serviço (STFIPD) possa ser mais conhecido no sector empresarial privado?

Mais divulgação (informação geral que é dada aos empresários); contacto personalizado com as empre-sas de forma a fornecer informação sobre o serviço.

Acho que estas formas são uma boa maneira de sen-sibilizar os empresários, na medida em que, na gene-ralidade tem falta de tempo para contactar estes ser-viços. Também era importante falar aos empresários dos casos de sucesso com exemplos de integração conseguida.

Está satisfeito com os jovens com necessidades educativas especiais que estão na sua empresa?

Sim, estou muito satisfeito.

Entrevista realizada por:Francisco Figueira - Assistente SocialPaulo André Silva - Sociólogo

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Ao Serviço Técnico de Actividades Ocupacio-nais e Emprego Protegido (STAOEP), da Direcção Regional de Educação Especial e Reabilitação (DRE-ER) compete “Assegurar o processo de reabilitação psicossocial, promovendo um conjunto de técnicas es-pecífi cas, com vista a desenvolver, conservar ou res-tabelecer o equilíbrio da pessoa com defi ciência e das suas relações afectivas e sociais, bem como o exercí-cio de actividades alternativas de trabalho, quando não seja possível a sua integração no mercado normal de emprego, garantindo o adequado apoio às famílias”.

O STAOEP é constituído por Centros de Activida-des Ocupacionais (CAO), de âmbito concelhio, es-tando em funcionamento os CAOs do Funchal, Ponta Delgada, Câmara de Lobos e Tabua, cujos objectivos visam a estimulação e facilitação do desenvolvimen-to das capacidades remanescentes das pessoas com defi ciências graves, assim como a facilitação da sua integração social e a promoção e encaminhamento da pessoa com defi ciência, sempre que possível, para programas adequados de integração sócio-profi ssio-nal.

Estes Centros apresentam-se como estruturas di-nâmicas e funcionais capazes de proporcionar à po-pulação que atendem, o exercício de actividades so-cialmente úteis e estritamente ocupacionais, de forma a mantê-la activa e interessada.

As actividades são apresentadas de modo perso-

nalizado adequadas às características e capacidades individuais de cada utente. Procura-se favorecer o equilíbrio físico e emocional, valorizando capacidades e promovendo simultaneamente a autonomia e inde-pendência pessoal. As soluções propostas (respostas ocupacionais) são tendencialmente normalizadoras, no sentido da afi rmação dos Direitos de Cidadania e da facilitação dos processos de Interacção e Inserção.

Os CAOs funcionam todos os dias úteis, entre as 9h00 e as 17h30, encerrando para férias durante o mês de Agosto. Apoiam jovens e adultos de idade igual ou superior a 16 anos portadores de defi ciência física, sensorial, intelectual ou qualquer combinação destas problemáticas.

As admissões são efectuadas após uma avaliação do candidato, e dependem do número de vagas exis-tentes, do nível do grau de dependência, das condi-ções sócio-familiares, por verifi cação de uma defi ciên-cia grave, temporária ou permanente que não permita o exercício de uma actividade produtiva.

“PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA ATRAVÉS DO DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES ÚTEIS”

Ana Mendes - Directora Técnica do Serviço Técnico de Actividades Ocupacionais e Emprego Protegido

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O Centro de Actividades Ocupacionais do Funchal localiza-se no Concelho do Funchal, nomeadamente na Freguesia de Santo António.

Esta freguesia tem uma área de 22,21 Km², e é neste momento a freguesia

com o maior índice populacional da Região Autónoma da Madeira, com base nos últimos censos realizados no ano de 2001.

A estrutura demográfi ca aponta para um envelhe-cimento da população, sendo a mais representativa a população activa (50,4%), na sua base verifi camos que a população na faixa dos 0 aos 15 anos é inferior

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ArtigosOEPem termos percentuais aos restantes grupos etários.Esta freguesia caracteriza-se por um elevado índi-

ce de construção de aquisição própria, sem no entanto descurar os fogos de habitação de carácter social e as cooperativas habitacionais.

Nesta freguesia os três sectores económicos en-contram-se representados, no entanto, o que mais se destaca é o sector terciário. Este sector inclui a restau-

ração, comércio, supermercados, entre outros.O sector secundário está representado por peque-

nas e médias empresas, na área da serração de ma-deiras, alumínios e metalúrgica.

O sector primário é pouco representativo, tendo ca-rácter de subsistência familiar.

Existem nesta Junta de Freguesia serviços de ín-dole social, que se fazem representar por um Centro Social e Paroquial, duas residências para idosos, a Casa do Povo, recentemente, criada uma nova infra-estrutura onde se encontra inserida o Centro Regio-nal de Segurança Social e Centro de Saúde de Santo António, também existe um Hospital para doenças do foro psiquiátrico e um Centro para tratamentos de de-sintoxicação de alcoólicos. Existe ainda uma Clínica Dentária e uma Farmácia que são exploradas por par-ticulares.

No que respeita ao ensino, esta Junta possui Infan-tários, Escolas Básicas, Serviços Técnicos de Educa-ção, pertencentes à Direcção Regional de Educação Especial e Reabilitação, Escolas Básicas 1º, 2º e 3º ciclos, um Instituto de Formação Profi ssional, bem como a Universidade da Madeira.

Esta Junta de Freguesia tem vindo a registar nestes

últimos anos, sinais de desenvolvimento signifi cativos que passam por o Centro Regional da Rádio Televisão Portuguesa, o Serviço Regional da Provedoria de Jus-tiça, Complexos Desportivos, Serviços de Direcção Regional de Florestas, Estação de Correios da Mada-lena, Gabinete Técnico das Zonas Altas, entre outras.

Por último, e não menos importante, para o desen-volvimento de uma zona temos as associações Sócio-culturais, Católicas, de Lazer e Recreação.

No que respeita à caracterização física do Centro de Actividades Ocupacionais - Funchal, a instalação é constituída por um Gabinete de Coordenação, um Ga-binete Administrativo, dois Gabinetes Técnicos, seis Salas de Actividades, uma Cozinha Pedagógica, cinco Instalações Sanitárias, uma Arrecadação e por espa-ços circundantes ao edifício, sendo apoiado por uma equipa transdisciplinar.

No Centro de Actividades Ocupacionais - Funchal, as ACTIVIDADES estão distribuídas pelas seguintes Áreas:

- Artes Criativas- Têxteis- Madeiras- Vimes- Agricultura/Jardinagem- Serigrafi a- Desenvolvimento Pessoal/Social- Actividades de Vida Diária- Actividades de Educação Física- Projectos de âmbito ambiental: Parque Ecológico/

Parque Natural e Centro de Educação Ambiental- Cinoterapia – Médico de 4 patas (SPAD)- Área de Costura e Encadernação (comum ao

STFIPD).Estas áreas visam a realização de pequenos tra-

balhos manufacturados, sendo utilizadas diferentes técnicas consoante as áreas, permitindo o desenvol-vimento das competências dos utentes, diminuindo a sua dependência e estimulando hábitos de trabalho.

Os utentes benefi ciam ainda de actividades com-plementares tais como: Actividades de Expressão Dra-mática que contribuem, de igual modo, para a melhoria da qualidade de vida e sua integração sóciofamiliar.

O Centro de Actividades Ocupacionais – Funchal, desenvolve as suas actividades no seu espaço físico e/ou no exterior, não existindo uma ligação directa en-

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tre as actividades exercidas e a comunidade local. No entanto, existem diferentes actividades que

contam com o apoio das infra-estruturas existentes na Comunidade, tais como estação de correios, farmá-cias, mercado, entre outras, que proporcionam uma aprendizagem de conhecimentos em termos gerais.

Realizam-se anualmente a Feira de Natal, integra-da nas Comemorações da Semana da Pessoa Com Deficiência, e a Feira da Páscoa, em espaços abertos à comunidade cujo o objectivo é uma maior integração social bem como dar a conhecer à população em ge-ral, Pais e famílias o trabalho realizado pelos utentes neste Centro.

O Centro de Actividades Ocupacionais do Funchal desenvolve três projectos de intervenção ambiental que passamos a identificar:

- cooperação com o Parque Ecológico do Funchal desde 2002.

- cooperação com o Parque Natural da Madeira desde 2002.

- cooperação com o Centro de Educação Ambiental desde 2003.

As parcerias constituídas com as entidades referen-ciadas têm permitido a integração de 20 utentes em actividades semanais, que decorrem fora do Centro de Actividades Ocupacionais potenciando a sua inte-gração e cooperando na construção de competências na área psico-afectiva e social, em regime de volunta-riado.

O sucesso dos trabalhos realizados por alguns des-tes jovens, nos espaços circundantes ao Centro de Actividades Ocupacionais do Funchal, permite acredi-tar nas suas potencialidades em trabalhos no exterior e concretizar projectos e contactos com experiências mais próximas dos seus desejos.

Desde 2002 que colaboram semanalmente, no Par-que Ecológico, Parque Natural e Centro de Educação Ambiental, um total de 20 utentes, evidenciando-se desde o início o entusiasmo e o bom relacionamento entre os jovens e as equipas destes Serviços.

Estes projectos contribuem para aquisição de com-petências não sendo apenas projectos que se limitam à transmissão de conhecimentos e informação, mas proporcionam entusiasmo, partilhas e crescimento para todos, tornando-os aceites estimulando a sua auto-estima.

Estas têm sido experiências de muitas vitórias qua-litativas, sobretudo ao nível da alteração de compor-tamentos e de desenvolvimento de competências em várias dimensões das suas personalidades. Algumas questões ambientais e a importância da preservação da natureza não são para estes jovens questões tão distantes e sabemos, que serão mais capazes de pro-longar essas acções a outras dimensões e contextos das suas vidas.

Cristina Silva - Coordenadora do Centro de Actividades Ocupacionais do Funchal

O Parque, de acordo com os objectivos estabeleci-dos em 1994, aquando da sua criação e em que foram definidas como prioridades a Conservação da Nature-za, a Educação Ambiental, o Recreio e o Lazer, tem contado com o apoio de estudantes, escoteiros, milita-res, população menos jovem e de todos aqueles que

querem colaborar voluntariamente na recuperação de uma área de montanha que durante várias dezenas de anos foi fustigada pelo pastoreio desregrado, por sucessivos incêndios florestais e pela consequente proliferação de plantas infestantes.

Os jovens educandos do Centro de Actividades

Conservação da Natureza no Parque Ecológico• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

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ArtigosOcupacionais, da Direcção Regional de Educação

Especial e Reabilitação têm estado desde os primei-ros anos de desenvolvimento deste projecto que é de grande importância para a comunidade. Os utentes do centro têm desenvolvido a sua actividade sobretudo

no viveiro de plantas indígenas da Ribeira das Cales, bem como na área envolvente, dado ser uma zona de fácil acesso, bem como de estar mais abrigado dos rigores do clima, que são perfeitamente normais para o espaço geográfico onde está inserido.

A atribuição das tarefas a cada um dos alunos é feita consoante a capacidade física e psicológica de

cada um dos intervenientes da acção, tendo em con-ta as orientações dos educadores da instituição para esse aspecto. A distribuição dos trabalhos segue nor-malmente o seguinte plano: desinfestação de plantas invasoras (eucalipto e acácia), plantação de indígenas (loureiro, til, vinháticos, etc) e tratamento das plantas. A sua colaboração tem sido de grande importância para o arranjo e progresso do viveiro.

De uma forma geral, e consoante as limitações pró-prias de cada indivíduo, todos têm cumprido com os objectivos propostos. Desenvolveram amizade com os funcionários do viveiro que os orientam nas tarefas, compreendem a motivação dos que trabalham no par-que para levar avante este projecto, e nutriram, eles próprios, um carinho pelo tipo de trabalho que exe-cutam. Todos os elementos colaboram connosco são disciplinados, têm a noção do dever, e após o conheci-mento do espaço onde executam os trabalhos, já apli-cam a iniciativa própria.

Os utentes do Centro de Actividades Ocupacionais prestam um trabalho voluntário de grande importância para o Parque Ecológico do Funchal.

Alexandre Fernandes - Técnico de Educação Ambiental

Conservação da Natureza no Parque Natural da Madeira• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

Criado em 1982 pelo Decreto Regional nº14/82/M de 10 de Novembro, O Parque Natural da Madeira abrange cerca de 56.700 Hectares, ou seja, aproxima-damente dois terços da área da Ilha. Nele está incluída a Floresta Laurissilva da Madeira, Património Mundial Natural da UNESCO. A gestão deste património, na vertente de área protegida, está sob a tutela do Par-que Natural da Madeira.

Desde há cerca de três anos a esta data, o serviço do Parque Natural da Madeira conta com o importante apoio de um grupo de utentes do Centro de Activida-des Ocupacionais do Funchal, que semanalmente, e acompanhando os Vigilantes da Natureza do serviço do Parque Natural da Madeira, colaboram nas acções de conservação da floresta indígena da Madeira. Na prática, estas intervenções visam a erradicação de plantas exóticas com carácter invasor que ameaçam

a floresta laurissilva. Recorrendo a meios mecânicos, o arranque das plantas invasoras é feito normalmente na zona norte da ilha, e decorre todas as quintas-fei-ras.

A contribuição que os jovens desta instituição pres-tam a tão valioso património é fundamental não só do ponto de vista da conservação da natureza e da protecção das espécies nativas, mas também como exemplo de sucesso de uma cooperação e participa-ção activas cujo retorno é traduzido pela aquisição de conhecimentos teóricos e práticos nas áreas da botâ-nica e da ecologia e no domínio de algumas técnicas de erradicação de espécies invasoras em áreas pro-tegidas.

Miguel Maria Domingues - Engenheiro da Divisão da Conservação da Natureza do Parque Natural da Madeira

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Centro de Educação Ambiental• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

As actividades desenvolvidas pelos utentes do Centro de Actividades Ocupacionais do Funchal, in-cluem-se no âmbito do programa de Educação Am-biental da Câmara Municipal do Funchal, que tem por

grande objectivo envolver os cidadãos nas questões ambientais, de forma a criar uma consciência ecológi-ca e a tomada de atitudes que respeitem e valorizem o Ambiente.

Neste contexto, estes jovens têm participado desde 2003, em diversas actividades promovidas pela Divi-são de educação, nomeadamente na manutenção do jardim de Plantas Aromáticas e Medicinais, uma vez por semana, num grupo de 8 elementos (6 jovens e dois técnicos).

Estão, também, envolvidos em actividades inte-gradas na Campanha da Bandeira Azul da Europa, nomeadamente na Limpeza de Resíduos Sólidos na Praia Formosa, Pintura do Mural no Complexo Bal-near da ponta Gorda no ano transacto, e no projecto “Beatas no Chão, Não!”. Este último projecto, consiste na transformação de latas de refrigerantes em cinzei-ros coloridos com mensagens ecológicas, distribuídos nos Complexos Balneares do Funchal, a fim de serem utilizados pelos banhistas.

Iolanda do Vale Lucas - Chefe de Divisão do Centro de Educação Ambiental

Cinoterapia - Médicos de quatro patas• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

Durante séculos os animais, mais especificamente o canino, foram apreciados como curadores e apoian-tes. A crença nestes poderes vem da época da Mito-logia Grega e do Deus Apolo. O Império Romano foi absorvendo os costumes da sociedade clássica grega e a sua percepção acerca do cão mudou – os caninos com poderes curativos foram nutridos e não sacrifica-dos. Daí nasce a ideia da Cinoterapia com poderes de diagnosticar e curar doenças.

Hoje em dia, terapias apoiadas pelos cães e cava-los são, na sua maioria, utilizadas em trabalhos com crianças, idosos e pessoas com deficiências. Os con-tactos directos com a natureza servem como terapia em muitos casos e os cães fazem parte da natureza,

e por isso, podem ajudar muito em terapias. O cão não critica e na sua inocência animal exige atenção e torna-se um catalisador. Sem a ameaça do olhar crí-tico, a pessoa fica imediatamente mais à vontade e torna-se mais sociável.

O cão valoriza a companhia humana e demonstra o seu desagrado vezes sem fim. Os idosos abando-nados pela família, a criança que sofre de uma do-ença prolongada ou a pessoa com uma determinada deficiência apercebe-se desta apreciação total e sem preconceitos, e esta interacção pode ter um valor tera-pêutico bastante alto. Nota-se a mudança no compor-tamento e no olhar destas pessoas quando se juntam aos cães e durante o convívio que segue.

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O Centro de Actividades Ocupacionais da Ponta Delgada foi inaugurado em 29 de Novembro de 2002. Neste momento acolhe 20 utentes.

Este C.A.O. localiza-se no Concelho de S. Vicente, nomeadamente na Freguesia de Ponta Delgada.

O Concelho de S. Vicente, com 80 Km2 de área, engloba no seu perímetro as freguesias de S. Vicente, Ponta Delgada e Boaventura. A população total resi-dente está estimada em 6198 habitantes.

S. Vicente situa-se à beira-mar a 30 metros de al-titude, na parte Norte da Ilha da Madeira, e a Vila é banhada pela ribeira de S. Vicente.

É neste Concelho que se encontram as maiores quedas de água existentes na Ilha da Madeira. As cor-rentes de lava que resultaram da última erupção vul-cânica da ilha deram origem à formação das famosas grutas de S. Vicente.

Esta região está ligada à agro-pecuária, produção de vinho e aguardente, agricultura, comércio e turismo

e ao artesanato, nomeadamente trabalhos em vime, cerâmica e bordados.

Uma viagem pelo Concelho de S. Vicente revela-nos que o seu Património Cultural, deixado por todos quantos ajudaram a engrandecer as três fregue-sias que o compõem, revelam testemunhos de carác-ter arquitectónico e artístico.

Os serviços colocados à disposição dos habitantes deste Município são serviços institucionais localiza-dos, na sua maioria, na sede do Concelho, Câmara Municipal, Repartição de Finanças, Registo Predial, Comercial e Civil, Polícia, Serviço de Urgência, Centro de Segurança Social, Biblioteca, Posto de Turismo e Escolas.

Cada freguesia dispõe de uma Junta de Freguesia, uma Igreja, um Centro de Saúde e um Centro de Dia, e Casa de Povo. A freguesia de Ponta Delgada dispõe de um Centro Social e Paroquial do qual fazem parte o Lar de 3ª Idade, Centro de Dia e a Creche.

Os jovens do Concelho de Ponta Delgada têm al-gumas possibilidades de ocupação dos seus tempos livres. Nesta localidade existem a Associação Des-

Artigos

O projecto com o Centro de Actividades Ocupa-cionais do Funchal tem para a Sociedade Protectora dos Animais Domésticos uma vantagem acrescida porque normalmente estes projectos são efectuados com cães previamente treinados para o efeito e com o

objectivo de melhorar a qualidade de vida da pessoa. O nosso projecto tem ainda como objectivo melhorar a qualidade de vida dos cães abandonados e alojados no canil municipal que passam muito tempo sem ter uma festinha ou um passeio. Não são propriamente treinados para o efeito, mas têm as vacinas em dia, são saudáveis e são muito sociáveis com pessoas es-tranhas. Nos centros mais avançados nos projectos de Cinoterapia, os próprios cães são avaliados e treina-dos antes de entrar no projecto. O nosso projecto não proporciona esta formalidade porque temos mudanças constantes nos cães disponíveis como também nas pessoas do Centro de Actividades Ocupacionais que participam no projecto. Esta é a diferença que torna o nosso projecto único no mundo da Cinoterapia.

Susette Mariana Stein - Administradora da Sociedade Protectora de Animais Domésticos

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portiva e Recreativa de Ponta Delgada (onde se pode praticar andebol e natação), a Associação Desportiva de S. Vicente (com modalidades como futebol, tiro ao alvo, natação), o Centro de Internet, o Clube Naval, o Conservatório de Artes, Grupo de Dança, instrumen-tos de corda e grupo coral.

No que respeita à caracterização física, o Centro de Actividades Ocupacionais é constituído por um ga-binete técnico, um gabinete administrativo, uma sala de actividades, uma sala de actividades de vida diária, uma cozinha, um refeitório, três instalações sanitárias, uma arrecadação e um espaço exterior.

A equipa transdisciplinar do C.A.O. é constituída por uma Coordenadora, uma Terapeuta Ocupacional, uma Psicóloga, um Professor de Educação Física, uma Professora de Educação Visual e Tecnológica, uma Dietista, 3 Ajudantes de Acção Sócio-Educativa do Ensino Especial e uma Assistente Administrativa.

Neste Centro o programa de actividades é compos-to pelas seguintes Áreas:

- Artes Criativas;- Têxteis;- Actividades de Vida Diária;- Horta/Jardinagem;- Treino Social e Autonomia Pessoal.A área de Artes Criativas permite aos utentes a uti-

lização de técnicas diversificadas como a elaboração de postais, arranjos florais, pintura em tecido, cartão, velas e gesso.

Na área de têxteis realizam-se diversas actividades que tem como objectivo a realização de trabalhos, no-meadamente, em ponto de cruz, tricot e esmirna.

Os utentes, inseridos nas Actividades de Vida Diá-ria, interiorizam conhecimentos nas áreas da higiene, medicação/primeiros socorros, vestuário, limpeza e alimentação.

Na área da Horta/Jardinagem, criam-se oportuni-dades de os utentes identificarem produtos agrícolas, plantas, árvores de fruto e identificação de ferramen-tas agrícolas.

O Treino Social e Autonomia Pessoal consiste num programa de actividades sociais mais abrangente de carácter sócio-recreativo, onde se inclui saídas/visitas a locais que de forma directa ou indirecta contribuirão para o desenvolvimento pessoal, social e cultural dos indivíduos. Estas saídas incluem espaços de âmbito educativo e cultural, actividades ao ar livre, instituições públicas e privadas, empresas, meios de comunicação social, entre outras.

Como complemento a estas actividades os utentes participam num programa de promoção e desenvolvi-mento de competências aplicado pela psicóloga, cujos objectivos passam pela: promoção para aquisição e treino de competências; reflexão sobre os processos e as estratégias utilizadas na realização das activida-des; transposição das situações de treino para as si-tuações e experiências do dia-a-dia; permitir que os jovens procedam como pessoas com identidade pró-pria, desenvolvendo actividades de auto-estima, auto-confiança e afecto; permitir que os utentes cresçam e se desenvolvam como pessoas individualmente reali-zadas e socialmente integradas; facilitar o confronto dos jovens com as dificuldades próprias do seu desen-volvimento enquanto pessoa sexuada e sexual.

Os utentes participam regularmente em actividades de cariz lúdico-desportivo com o objectivo de: promo-ver uma integração no meio envolvente, através da prática desportiva; proporcionar através da actividade física regular, uma melhor qualidade de vida, inclusi-ve, se possível, corrigindo ou minorando problemas de ordem física e psicológicas existentes nos mesmos; promover o desenvolvimento de competências como o espírito de equipa, espírito competitivo, o sentimento de entreajuda, a capacidade de superação, o aumento de auto-confiança e outras, através da prática despor-tiva.

O C.A.O. da Ponta Delgada participa em várias actividades organizadas pela Direcção Regional de

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ArtigosEducação Especial e Reabilitação e entidades locais,

nomeadamente: Semana da Pessoa com Defi ciência; Desfi le de Carnaval; Torneio de Dominó; Jogos Espe-ciais; Santos Populares; Colónias de Férias.

Realiza-se anualmente uma Feira de Natal, integra-da nas comemorações da Semana da Pessoa com De-fi ciência, uma Feira de Páscoa e uma Feira integrada nas Festas dos Santos Populares. Estas constituem

um espaço aberto à comunidade cujo objectivo é uma maior integração social, bem como dar a conhecer à população em geral, pais e família o trabalho realizado pelos utentes neste Centro.

Isabel Dinis - Coordenadora do Centro de Actividades Ocupacionais da Ponta Delgada

__________________________________________________________________CAO Câmara de LobosO Centro de Actividades

Ocupacionais de Câmara de Lobos está localizado na rua Dr. João Abel de Freitas, nº27, 2º andar, 9300-048 Câmara de Lobos, Concelho de Câmara

de Lobos.Este concelho é constituído por 5 freguesias: Câ-

mara de Lobos, Estreito de Câmara de Lobos, Jardim da Serra, Quinta Grande, e Curral das Freiras, perfa-zendo assim um total de 52Km2 de território. É carac-terizado com uma densidade populacional de 595,7 habitantes por Km2, sendo a sua maioria de faixa etá-ria muito jovem.

Câmara de Lobos deve o seu nome aos descobri-dores da Ilha, os navegadores João Gonçalves Zar-co e Tristão Vaz Teixeira, que enviados pelo Infante D. Henrique, começaram a percorrer os contornos da Ilha da Madeira e encontraram uma pequena enseada povoada por Lobos Marinhos, à qual baptizaram de Câmara de Lobos.

Após algumas mudanças de datas foi acordado, actualmente, que o dia do Concelho é comemorado a 16 de Outubro.

A freguesia de Câmara de Lobos, outrora uma vila típica piscatória, foi elevada a cidade a 3 de Agosto de 1996, e continuada a actividade mais característica e que ocupa um grande número signifi cativo de popula-ção, a pesca do peixe-espada-preto.

A cidade de Câmara de Lobos oferece-nos Servi-ços de índole social, que se fazem representar pela Câmara Municipal, Junta de Freguesia, Casa do Povo, Finanças, Casa da Cultura, Correios, Centros Sociais

e Paroquiais, Centros de Dia e Lares de 3ª Idade e um Posto de Turismo.

No âmbito da Saúde podemos contar com um Cen-tro de Saúde, que está aberto até às 24horas, uma Clínica e duas Farmácias privadas, assim como com os Bombeiros Voluntários.

No domínio da Educação verifi cámos que esta cida-de está abrangida por Creches, Escolas do 1º, 2º, e 3º ciclos e por Serviços da DREER de âmbito concelhio (para além do Centro de Actividades Ocupacionais de Câmara de Lobos existe o Centro de Apoio Psicope-dagógico de Câmara de Lobos). Dispõe igualmente de Polidesportivos e Gimnodesportivos, assim como de um campo de futebol. Não podemos deixar de refe-rir que existe também um agrupamento de escuteiros que serve a comunidade.

Podemos contar ainda, em Câmara de Lobos, com uma empresa de produção, engarrafamento e comer-cialização de vinho, visto a actividade agrícola ser

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igos

também de grande exploração, neste Concelho.Encontramos um vasto leque de comércio, em to-

das as áreas, resultante do desenvolvimento notório, desta cidade, assim como de uma esquadra local da PSP.

Hoje a imagem de Câmara de Lobos é notoriamen-te bem mais agradável, com novos espaços públicos e de lazer (novos jardins municipais) e com novas infra-estruturas balneares e de acesso à orla marítima.

O CAO Câmara de Lobos iniciou funções no dia 2 de Junho de 2003, tendo surgido como necessida-de da descentralização dos Serviços da DREER, de modo a permitir e facilitar uma maior inclusão da pes-soa portadora de deficiência.

No que respeita ao espaço físico existente, este po-derá ser descrito por: 1 gabinete de coordenação (que é utilizado pela coordenadora e por toda a restante equipa técnica); 3 salas de actividades (têxteis, artes

criativas e actividades de vida diária); 1 cozinha; 1 re-feitório; 1 dispensa; 1 WC para utilização dos jovens; 1 WC para utilização dos funcionários; 1 secretaria.

Este Centro é composto por uma equipa multidis-ciplinar, nomeadamente: Directora Técnica; Coorde-nadora; Terapeuta Ocupacional; Psicóloga (em tempo parcial); Socióloga (em tempo parcial); Professora de Educação Física (em tempo parcial); Professora de EVT (em tempo parcial); Dietista (em tempo parcial); Técnico Profissional de Educação Especial; 3 Ajudan-tes de Acção Sócio Educativa de Ensino Especial; Administrativo; Auxiliar de Serviços Gerais; Pais e fa-miliares. Podemos contar ainda com o apoio de uma Engenheira Agrónoma em situações pontuais.

As actividades desenvolvidas no Centro de Activi-

dades Ocupacionais de Câmara de Lobos estão dis-tribuídas nas áreas: Têxteis; Artes Criativas; Activida-des de Vida Diária (AVD); Desenvolvimento Pessoal e Social; Jardinagem. Estas áreas assentam na criação de condições essenciais para a integração na vida ac-tiva da comunidade, não só na vertente Ocupacional – aquisição de hábitos e regras de desempenho, como também no domínio social – competências de interac-ção e maturidade pessoal. Todos os trabalhos realiza-dos pelos utentes deste Centro, permitem o desenvol-vimento das suas competências, a diminuição da sua dependência e estimulação de hábitos de trabalho.

Estes trabalhos manufacturados são executados segundo técnicas específicas e adaptados à realida-de de concretização do utente, de modo a permitir o desenvolvimento das competências deste. Poderão ser desenvolvidos dentro deste espaço físico e/ou no exterior. No exterior existe a actividade de jardinagem, que é realizada nos jardins municipais, que nos foram cedidos, em articulação com o departamento do Am-biente, pela Câmara Municipal de Câmara de Lobos.

De modo a dar a conhecer a existência deste cen-tro e facilitar uma maior inclusão dos utentes, assim como dos produtos confeccionados por estes, realiza-mos feiras nas épocas festivas da Páscoa e Natal, no próprio Concelho ou em articulação com os restantes Centros de Actividades Ocupacionais, no Concelho do Funchal.

Este Centro serve-se das estruturas existentes na comunidade para treino de autonomia e desenvolvi-mento pessoal e social dos utentes, nomeadamente os correios, farmácia, supermercados, cafés locais….

Como meio facilitador da integração da pessoa adulta com deficiência na “vida activa”, no meio onde vive, o Centro de Actividades Ocupacionais de Câma-ra de Lobos tem-se articulado com o Município local para participação nos eventos dinamizados por este, nomeadamente os desfiles de Carnaval e Marchas po-pulares, assim como nas celebrações da “Semana da Árvore” e “Semana do Ambiente”.

Micaela Baltazar - Coordenadora do Centro de Activida-des Ocupacionais de Câmara de Lobos

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Artigos

O Centro de Actividades Ocupacionais da Tabua lo-calizado no sítio da Praia – Tabua, Concelho da Ribeira Brava, tem capacidade para 30 utentes, de idade igual ou

superior a 16 anos, portadores de defi ciência compro-vada. Em funcionamento desde o dia 11 de Abril deste ano atende neste momento 14 utentes oriundos dos concelhos da Ribeira Brava, Ponta do Sol e Calheta.

No que respeita à estrutura física este Centro é constituído por um gabinete administrativo/recepção, um gabinete técnico, uma sala de actividades, um refeitório, uma pequena cozinha, uma sala polivalen-te, espaço para A.V.D., quatro instalações sanitárias, duas arrecadações e pátio com um pequeno jardim.

Este Centro proporciona aos seus utentes a reali-zação de actividades nas áreas de desenvolvimento pessoal e social; actividades de vida diária; têxteis; ar-tes criativas e jardinagem.

Desenvolve ainda um programa de treino social e autonomia pessoal, que consiste num conjunto de ac-tividades sociais mais abrangentes de carácter sócio-

recreativo, onde se inclui saídas/visitas a locais que de forma directa ou indirecta contribuirão para o desen-volvimento pessoal, social e cultural dos indivíduos. Estas saídas, incluem espaços de âmbito educativo e cultural, actividades ao ar livre, instituições públicas e privadas, empresas, meios de comunicação social

entre outras. Como complemento a estas actividades os utentes participam num programa de promoção e desenvolvimento de competências aplicado pela Psi-cóloga e pela Terapeuta, cujos objectivos passam pela

promoção, aquisição e treino de competências, bem como refl exão sobre os processos e as estratégias uti-lizadas na realização das actividades.

Os utentes participam regularmente, sob a orien-tação de um professor de educação física, em acti-vidades de cariz lúdico-desportivo, com o objectivo de melhorar a qualidade de vida, promovendo o de-senvolvimento de competências, como o espírito de equipa, espírito competitivo, sentimento de entreajuda e aumento de autoconfi ança através da prática des-portiva.

O CAO Tabua conta com o apoio de uma equipa transdisciplinar constituída pela Directora Técnica (Di-rectora Técnica do STAOEP), Terapeuta Ocupacional, Psicóloga, Técnico Superior de Serviço Social, Profes-sor de Educação Física, Dietista, 3 Técnicos Profi s-sionais de Educação Especial, 2 Ajudantes de Acção Sócio Educativa de Ensino Especial e um Auxiliar Ad-ministrativo.

Ana Mendes - Directora Técnica do Serviço Técnico de Actividades Ocupacionais e Emprego Protegido

__________________________________________________________________CAO Tabua

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igosS TPara além do dia... a noite

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O Serviço Técnico de Lares e Residências (STLR) funciona na dependência da Direcção de Serviços de Reabilitação Profi ssional e Programas Ocupacionais,

da Direcção Regional de Educação Especial e Rea-bilitação.

Este Serviço apresenta como principal objectivo assegurar o alojamento e acompanhamento das

crianças, jovens e adultos que frequentam os esta-belecimentos da DREER e que por motivos sócio-fa-miliares e/ou de deslocação da sua residência estão parcialmente impedidos da total integração no meio familiar.

Procura igualmente proporcionar aos educandos um ambiente acolhedor, por forma que, a ausência da família seja minimizada.

Estrutura

O STLR engloba três estruturas que pelos objecti-vos específi cos e tipo de população atendida, são con-sideradas distintas.

LAR 1 – Destina-se ao atendimento de crianças e jovens com idade inferior ou igual a 18 anos, tendo capacidade para 32 rapazes e 32 raparigas.

LAR 2 – Promove o atendimento de jovens e adul-tos que frequentam cursos de formação profi ssional ou actividades de carácter ocupacional, sendo a sua capacidade para 8 raparigas e 14 rapazes.

RESIDÊNCIA – Assegura o alojamento de adultos portadores de defi ciência, sem estruturas familiares de suporte.

Os Lares 1 e 2 funcionam durante os períodos lecti-vos, de 2ª. a 6ª. feira, entre as 17h e as 09h30.

A Residência funciona em permanência durante todo o ano.

Caracterização da população atendida

Equipa

A equipa multidisciplinar é constituída por Director Técnico, Coordenadora, Técnicos Profi ssionais de Educação Especial, Enfermeira, Psicóloga, Dietista, Administrativa e Auxiliares de Serviços Gerais.

É de referir que a Psicóloga, a Dietista e a Enfer-meira apoiam este Serviço em tempo parcial, desen-volvendo acções formativas e de actuação centradas nas necessidades dos utentes e da equipa.

Actividades Desenvolvidas

Procura-se dar continuidade aos programas de au-tonomia pessoal e social desenvolvidos nos Serviços Técnicos onde estão integrados os utentes. Assim, são promovidas todas as actividades de vida diária com especial destaque para a higiene, cuidados pessoais, arrumação e limpeza dos objectos de uso pessoal, en-tre outras de acordo com as capacidades individuais.

GRUPO ETÁRIO GRAU DE DEPENDÊNCIA

7-15A 16-18A >18A AUTÓ-

NOMOS

PARCIAL-

MENTE

AUTÓNO-

MOS

DEPEN-

DENTES

Lar 1 13 15 10 6 16 16

Lar 2 1 1 6 6 1 1

Residên-

cia

... ... 4 1 3 ...

Totais 14 16 20 13 20 17

28% 36 37

72% 74%

Legenda: Sexo M - 38 Def. Auditiva - 3

Sexo F - 12 Def. Motora - 6

Def. Intelectual - 40 Def. Visual - 1

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ArtigosL RTem-se privilegiado também a intervenção ao nível

da saúde e bem-estar em função das necessidades apresentadas.

São ainda programadas e desenvolvidas activida-des de carácter lúdico-recreativo, com o objectivo de ocupar os tempos livres dos utentes e promovendo igualmente as relações interpessoais e a coesão gru-pal.

As épocas festivas são sempre assinaladas, assim como os aniversários dos educandos.

Residência

Independentemente do adulto defi ciente se encon-trar integrado profi ssionalmente e/ou frequentar activi-dades ocupacionais, o funcionamento da Residência é da responsabilidade de todos os residentes. Sema-nalmente, é posto em prática um mapa de actividades relacionadas com a limpeza, arrumação dos espaços, cuidados com o vestuário, entre outras, como a con-fecção das refeições, com o propósito de fomentar a autonomia pessoal e social.

As referidas actividades são realizadas com super-visão e apoio das ajudantes de residência, sendo a programação efectuada pela equipa técnica de apoio.

Sempre que possível é incentivado o convívio com os familiares (distantes), nomeadamente nas épocas festivas (Natal, Páscoa, Aniversários), pois é nestas datas que a ausência dos parentes é mais sentida.

Que perspectivas futuras?

Como constatamos no quadro de atendimento apresentado anteriormente, a maior percentagem de

atendimento situa-se na faixa etária acima dos 16 anos (72%) contra 28% na faixa inferior aos 15 anos.

Constatamos igualmente que no que respeita às actividades de vida diária, a grande maioria da popu-lação é considerada dependente ou parcialmente de-pendente – 74%, concluindo-se uma correlação positi-va entre o aumento da idade e o aumento do grau de dependência da população atendida, o que uma vez mais revela o envelhecimento da população defi ciente na RAM.

Gil Manso - Director Técnico do Serviço Técnico de Lares e ResidênciasAlexandra Silva - Psicóloga

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“Vesta” era o “Guardião do Lar” em Roma. “Os Romanos acreditavam que este protegia os Lares de pragas, doenças e das guerras com os seus inimigos gregos.”

Na Quinta do Leme, a meados de 1988 nasceu o Lar II, uma casa que foi desabitada pelos seus pro-prietários e cedida à Educação Especial. Após alguns melhoramentos, (re)nasce o Lar II com dois quartos de rapazes e um de raparigas. Cada quarto com casa de banho completa com duche e vestiário.

Os quartos estão mobilados com oito camas e seus guarda-fatos, a sala comum está mobilada com sofás e TV, dividida com espaço para reunião e trabalhos de grupo, com cadeiras e mesa para todos poderem utilizar.

A família do Lar II é constituída por dois Técnicos, duas Funcionárias de Serviços Gerais e os Utentes, que por motivos de vária ordem “habitam” no Lar, de 2ª a 6ª feira. Os utentes são de diversos pontos da ilha, cada um com o seu handicap. Neste grupo depa-

ramo-nos com a deficiência Motora (cadeira de rodas e canadianas), deficiência Auditiva, deficiência Intelec-tual. Como constatamos, trata-se de um grupo misto e heterogéneo em que as idades estão compreendidas entre os 16 e os 56 anos.

Para que o dia-a-dia corra de uma maneira harmo-niosa e produtiva toda a família precisa de seguir as regras e normas do Lar, desde os utentes, passando pelas funcionárias de serviços gerais, até aos técni-cos. Os utentes complementam estas regras e nor-mas com actividades de vida diária, que vão desde a alimentação, a higiene pessoal e o convívio com os membros da família e com a sociedade em geral.

Os Técnicos do grupo programaram atempada-mente todas as actividades (meios físicos e materiais) para que estas se concretizem na plenitude. Tentamos proporcionar um vasto leque de actividades e de expe-riências que lhes irão dar algumas competências.

São desenvolvidas algumas actividades fixas, como é o caso da segunda-feira em que passamos um filme no vídeo, pois é o dia da semana em que os utentes se levantam muito cedo para regressarem às Institui-ções, apresentando sonolência pouco após o jantar.

Conforme referido anteriormente, os utentes de-senvolvem tarefas diárias que vão desde a sua higie-ne pessoal, passando pela arrumação do seu armário e da sua cama.

A decoração do Lar “sala” é parte integrante das actividades do grupo.

Vesta• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

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Artigos

Na terça-feira o grupo reúne-se após o jantar na sala e aborda alguns problemas que ocorrem, das saídas e actividades que fizeram, propostas para as actividades, dos aspectos positivos da semana, enfim, é um espaço de “desabafo” onde todos podem opinar, exprimir os seus sentimentos, arranjar soluções, tendo sempre em conta as regras da casa.

Quarta-feira é o dia em que pomos em prática o que programámos e decidimos na reunião, sendo ge-ralmente uma saída. As saídas do Lar são a pé ou de carrinha, consoante as propostas, sugestões ou necessidades do grupo. Os lugares propostos variam como: Hipermercado, Centro Comercial, ou simples-mente um passeio, ou percurso a um lugar para o ex-plorar.

Quinta-feira é o dia eleito para fazer algo no Lar, ac-tividade de decoração, jogos entre eles, ou de compu-tador. É de salientar que todas as actividades diárias dos utentes têm múltiplos objectivos, sendo o principal como prepará-los para uma vida activa fora do am-biente protegido do Lar.

A vida de casa, como lavar a sua roupa interior, fa-

zer a cama, arrumar a roupa no guarda-roupa. Também existem actividades de culinária em que

eles preparam um bolo, maçãs assadas, malassadas, ou até mesmo servir o grupo à mesa.

Todas as flores/plantas do Lar são cuidadas pelos educandos, na rega e na limpeza das mesmas.

Na vida do Lar II, muitos utentes passaram por esta casa, ao fim de uma estadia de três anos, tempo que dura um curso de formação, vão para a sua vida par-ticular e profissional, mas são muitos os que vêem vi-sitar o Lar, ver amigos e Técnicos, alguns já casados e sem preconceitos “regressam” às origens para falar, pedir conselhos, e recordar.

Para terminar o ano, a família do Lar II passa um fim-de-semana juntos numa colónia de férias no Ve-rão. Esta tem o propósito de avaliar um ano de traba-lho. Nesta colónia são os utentes que preparam tudo desde a arrumação da bolsa para um fim-de-semana na praia, até mesma a confecção das refeições sob a nossa orientação.

É um fim-de-semana para pormos à prova o com-portamento dos utentes fora do Lar, avaliar a sua inte-gração social e a entreajuda entre eles.

Emanuel Silva - Técnico Profissional de EducaçãoEspecialLuísa Caires - Técnico Profissional de Educação Especial

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STSEDExistimos na Diferença...trabalhando para a igualdade• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

O Serviço Técnico Sócio-Educativo de Defi cien-tes Profundos (STSEDP) funciona na dependência da Direcção de Serviços de Reabilitação Profi ssional e

Programas Ocupacionais da Direcção Regional de Educação Especial e Rea-bilitação.

É uma estrutura voca-cionada para o atendi-

mento de jovens e adultos portadores de Defi ciência intelectual profunda e Multidefeciência, com idades iguais ou superiores a 18 anos.

População atendida

Actualmente, o Serviço Técnico Sócio-Educativo de Defi cientes Profundos atende 63 jovens e adultos em regime de semi-internato.

Quando existe suporte familiar, os utentes frequen-tam a instituição em dias alternados, constituindo esta uma estratégia para aumentar o atendimento, e fo-mentar a integração familiar.

Objectivos

O trabalho desenvolvido (na Instituição/Domícilio e/ou Comunidade) visa assegurar a integração so-cial e familiar dos utentes, desenvolvendo ao máximo as Capacidades individuais no sentido de uma maior autonomia, atenuando desta forma a dependência em relação à familia e à Comunidade.

Sempre que possível, é promovido o encaminha-mento para programas específi cos de actividades Ocupacionais e emprego protegido.

Horário de funcionamento

O STSEDP funciona de 2ª a 6ª feira das 8h00 às 18h00. O Serviço encerra para férias dos utentes e pessoal durante o mês de Agosto.

Áreas / Programas

Os programas desenvolvidos no Centro têm por ob-

jectivo a estimulação das Capacidades individuais, no sentido de uma valorização Pessoal e Social.

Os referidos programas são implementados através da realização de diversas actividades, que passamos a descrever:

Actividades de Vida Diária

Autonomia/Cuidados PessoaisActividades DomésticasCulinária

Actividade de Integra-ção Sócio-Familiar e

Comunitária

Treino PessoalIntercâmbios com outros par-ceiros

Actividades Lúdicas e Recreativas

Expressão DramáticaExpressão Corporal

Actividades Psicomotoras

GinásioHidroterapiaCaminhadas

Actividades Ocupacionais

Tecelagem e CosturaTrabalhos ManuaisJardinagem

Actividades Complementares

Colónia de FériasExposição de Trabalhos

As actividades poderão ser desenvolvidas individu-almente, em grupo ou em regime de entreajuda, sendo a participação dos pais, familiares ou pessoa signifi ca-tiva grandemente valorizada e incentivada pois consti-tui importante facilitador da integração sóciofamiliar.

A realização destas actividades não está sujeita a qualquer critério de produtividade sendo prioritária a

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SEDPpromoção do bem-estar individual e da qualidade de vida da família.

Recursos Humanos

Assumimos como princípio, que todo o pessoal afecto a este Serviço é educador, tendo responsabili-dade na educação e reabilitação de todos os utentes independentemente destes estarem sob a sua orien-tação directa.

Dispomos ainda de uma equipa Pluridisciplinar que engloba os seguintes profi ssionais: Directora Técnica; Psicóloga; Terapeuta Ocupacional; Fisioterapeuta; En-fermeira; Médico; Dietista; Coordenadora de Técnicos Profi ssionais e Técnicos Profi ssionais de Educação Especial e Reabilitação.

Julgamos importante referir que à excepção da Directora Técnica, Técnicos Profi ssionais e respecti-va Coordenadora, todos os restantes profi ssionais da Equipa Técnica estão afectos a este Serviço a tempo parcial, debatendo-se com grandes difi culdades para responder adequadamente às necessidades dos uten-tes e seus familiares.

Perspectivas Futuras

Conforme referido anteriormente o STSEDP apoia desde 1990 em regime de semi-internato jovens e adultos portadores de defi ciência profunda com idade igual ou superior a 18 anos. Desde então, e com base na experiência/vivência profi ssional de todos os Técni-cos afectos a este Serviço (confi rmado por inúmeros estudos realizados na área), constatámos que a espe-rança média de vida da população atendida tem vindo a aumentar signifi cativamente, o que tem implicado forçosamente menor capacidade de apoio por parte dos familiares próximos: progenitores idosos; ausên-cia de um dos progenitores ou de ambos; falta de es-

truturas substitutivas à família.Assim, são cada vez mais frequentes as solicita-

ções relacionadas com o apoio residencial, pois os fa-miliares debatem-se com situações graves, algumas com caracter defi nitivo (morte doença , abandono).

A criação de estruturas de apoio, designadamente Residenciais / Lares, tem-se, por este motivo, mostra-do uma necessidade cada vez mais premente e urgen-te. Ilustramos esta necessidade com a caracterização que a seguir apresentamos:

UtentesIdades

Sexo Feminino

Sexo Masculino

Total

18 - 28 A 17 31 4829 - 39 A 4 6 1040 - 50 A 2 3 5

Total 23 40 Total: 63

• Ambos os progenitores falecidos - 6,34% da popula-ção atendida• Um progenitor falecido - 25,39% da População aten-dida• Ausência, por abandono: - 1 progenitor - 6,3% - 2 progenitores - 12,6%

Podemos concluir que mais de 30% da população atendida no momento tem pelo menos um dos proge-nitores falecidos; Se a este facto associarmos o aban-dono por um ou ambos os progenitores, verifi camos que a percentagem de utentes em risco de carência de suporte familiar é superior a 50% .

Decorrente desta análise somos ainda confronta-dos com a necessidade premente de perspectivar o futuro do defi ciente adulto no sentido de esbater bar-reiras físicas e sociais que ainda perduram nas nossas Comunidades dando origem a estigmatização.

A defi ciência, apesar de uma limitação endógena ao indivíduo, não pode constituir um fosso na capaci-dade de socialização do mesmo.

Cabe à Sociedade em geral, galvanizar as estra-tégias necessárias para que o defi ciente adulto possa viver com dignidade.

Equipa Técnica do Serviço Técnico Sócio-Educativo de Defi cientes Profundos

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O papel tradicional do Fisioterapeuta é entendido na generalidade como o tratar utentes através de um conjunto de métodos e técnicas específicas com o ob-jectivo de restaurar a integridade dos sistemas corpo-rais essenciais ao movimento, maximizando a função, recuperação e minimizando a incapacidade física do indivíduo.

No Serviço Técnico Sócio Educativo de Deficientes Profundos este profissional não pode centrar exclu-sivamente a sua intervenção no domínio da técnica. Existem outros níveis de abordagem igualmente vá-lidos que focalizam o seu propósito numa dimensão mais humana e abrangente de acordo com os objecti-

vos delineados em sede da equipa multidisciplinar, no seio da orgânica deste serviço.

Nesta perspectiva a globalidade da intervenção da

fisioterapia preconiza actividades recreativas e des-portivas bem como programas de exercícios em que o movimento constitui um importante substrato. Este tem por objectivo, promover a saúde física e mental, melhorar as capacidades funcionais, maximizar a in-dependência e aumentar a auto-confiança. Paralela-mente o acompanhamento a outras actividades como seja, visitas temáticas e colónias de férias consubs-tancia a outra dimensão da acção participativa do fi-sioterapeuta.

O fisioterapeuta que desenvolve a sua acção nes-te serviço tem noção que os resultados nem sempre

ocorrem se pensarmos numa perspectiva puramente técnica, no entanto as pequenas conquistas apare-cem e revelam-se de primordial importância quando proporcionamos aos nossos utentes experiências e vi-vências que na sua essência atestam a razão do nos-so empenho.

Nélia Lourenço - Fisioterapeuta________________________________

A intervenção da Fisioterapia no Serviço Técnico Sócio-Educativo de Deficientes Profundos• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

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Uma Engenheira de Agro-pecuária na Educação Especial • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

Desde jovem, o meu sonho sempre foi ser enge-nheira agrónoma, mas, não ficava por aqui, sonhava ir para África ajudar a “matar” a fome às crianças que, muitas vezes via através do ecrã do televisor. Para conseguir tal objectivo, iria ensinar a cultivar. Este so-nho não se realizou, utopia ou não, era um desejo.

Em Janeiro de 2002 apresentei um projecto à Di-recção Regional de Educação Especial e Reabilitação para a área da agricultura biológica, pecuária e jardi-nagem. Intitulei-o “O Sol Nasce Para Todos” facto que quando ele nasce é para todos. No entanto, a socieda-de e outros tantos factores impedem que o sol nasça de igual forma para todos.

Parte do meu sonho tornou-se realidade quando ini-ciei o projecto “ O Sol Nasce para Todos” na Direcção Regional de Educação Especial e Reabilitação, junto de uma população especial, jovens/adultos portado-res de deficiência. As instituições em que este projecto está a ser desenvolvido são, nomeadamente: o Cen-tro Regional de Formação Profissional de Deficientes, dirigido a jovens com dificuldades de aprendizagem, portadores de deficiências físicas ligeiras; o Servi-

ço Técnico de Actividades Ocupacionais e Emprego Protegido (STAOEP – CAO Funchal) que assegura o processo de reabilitação psicossocial de jovens adul-tos com deficiência; e, por último, o Serviço Técnico Sócio-Educativo de Deficientes Profundos, que pro-move a estimulação e desenvolvimento das capacida-des remanescentes de crianças, jovens e adultos com deficiências profundas. A minha actuação com estes grupos distintos tem obrigatoriamente de ter métodos diferentes, para atingir os mesmos objectivos.

Existe um provérbio chinês que exprime bem como trabalhar com estes jovens.

“Diz-me e eu esquecerei, Ensina-me e eu lembrar-me-ei, Envolve-me e eu aprenderei.“

Acredito que todo o ser humano, sem excepção, possui qualidades e saberes, algo de bom no seu in-terior. Desta forma, a minha aposta é fazer com que estes jovens adultos portadores de deficiência, adqui-ram competências de forma a serem o mais autóno-mos e independente no seu meio, comunitário familiar e laboral, sentirem-se úteis e dignificados, inseridos na sociedade, e ainda, facultar uma melhoria de quali-dade de vida dos jovens e adultos com necessidades educativas especiais.

Foi necessário traçar objectivos gerais e específi-cos para poder actuar em cada grupo em particular. Determinar objectivos é fácil, no entanto, perante esta população especial a realidade é bem diferente.

Transmito muito do meu saber, mas também tenho aprendido muito com eles.

Tento ser uma tutora para estes jovens, alguém em quem possam confiar, uma amiga que sabe mais so-bre a vida e que pretende ensinar-lhes muitos segre-dos, não só na área da agricultura e jardinagem, como na formação de homens e mulheres de forma a terem uma vida própria, quer integrados no mundo do traba-lho, quer na sociedade, como pessoas activas.

Ensinar o modo de produção biológico, a reutiliza-

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ção e a utilização de materiais, são alguns dos objec-tivos específicos deste projecto. Não é fácil transmitir à maioria destes jovens, habituados a participar na lida do campo, uma forma de produção bem diferente daquela que os seus familiares praticam. Um modo de produção em que não se utilizam qualquer produto químico, para exterminar as pragas e doenças, em que as urtigas não são vistas como uma infestante (erva) mas como fertilizantes (chorume) utilizado para melho-rar o desenvolvimento das plantas, em que os restos das cozinhas, das podas, entre outras, são utilizados para produzir o adubo orgânico, em deixar espalhado sobre o solo as infestantes resultado das mondas, en-tre outras. Estas novidades deixam-nos reticentes, o que é bom, pois leva-os a questionar sobre o porquê das coisas, despertando nestes jovens adultos curio-sidade para saber mais, desafiando-me várias vezes, com questões muito pertinentes.

Quando iniciei a minha actividade nos diversos serviços da Direcção Regional de Educação Especial e Reabilitação, concretamente na área da agricultu-ra biológica e jardinagem, deparei-me com situações preocupantes e que me deixavam pensar se teria ca-pacidades e força interior para mudar tais situações. Uma delas e que me deixava muito triste era sentir a desmotivação, o desprezo que sentiam por eles pró-prios, em especial com os jovens da Formação Profis-sional de Deficientes. Escutava muitas vezes afirma-ções, ditas pelos próprios, que me chocavam muito, do género: “Não presto para mais nada senão para cavar”, ou “sou burro, por isso é que estou na agricul-tura e jardinagem”.

Todo o trabalho desenvolvido e a minha partici-pação activa nas diversas actividades, fizeram com que estes jovens ganhassem motivação pela área da agricultura e da jardinagem. Verifiquei um aumento da auto-estima e auto-confiança. Consegui transmi-tir-lhes o quanto a área da agricultura e jardinagem é interessante e importante. Senti-me orgulhosa ao conseguir mudar o sentido de desprezo que os jovens sentiam tanto por eles como pela área da agricultura e jardinagem. Passei a ouvir afirmações como: “Eu que-ro ser engenheiro” “quero ter a minha plantação e ga-nhar muito dinheiro”. Este tipo de reforço e mudanças de atitudes foi uma mais valia para mim e para esta área de formação, notou-se um crescente interesse e

aumento de responsabilidade.As visitas de estudo começaram a fazer parte do

novo curriculum, assim como curtas aulas teórico-prá-ticas com fichas de trabalho sobre agricultura biológi-ca e jardinagem. São muitas as dificuldades encon-tradas, pois, muitos destes jovens adultos não sabem ler nem escrever. Mas estes factores não constituem impedimento para continuar o meu sistema de avalia-ção.

Sempre acreditei nas potencialidades que estes jovens possuem e que, por vezes, têm preguiça ou medo de demonstrar, são muitas vezes gozados pelos familiares, pelos colegas ou mesmo pela própria so-ciedade que ainda tem muito a aprender sobre estes jovens adultos portadores de deficiências.

Uma vez mais, surpreenderam-me e continuam a fazê-lo pela positiva, aplicam-se nos trabalhos pedi-dos, apresentando-me trabalhos engraçados e criati-vos.

Os desafios continuam. Em 2002 propus aos jovens da formação profissional de deficientes uma visita de estudo a várias explorações de Portugal Continental. Sabia que era um sonho para muitos, o viajar. Mas… aqui é que está o desafio, esta só se irá realizar “se e só se trabalharmos para tal”. Foi um desafio forte mas valeu pelo empenho, esforço, dedicação, criatividade

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e por todos os trabalhos desenvolvidos pelos jovens adultos fora da área de formação, com o objectivo de angariar fundos para a viagem.

Algumas das actividades realizadas para alcançar o objectivo pretendido foram a uma feira e leilão de bolos realizada no Largo da Restauração: um suces-so! Outras actividades foram a confecção de uma deli-ciosa sopa de trigo, elaborada pelos jovens, posterior-mente um almoço de “alimentação alternativa” almoço macrobiótico em que contei com a participação dos jovens e de duas técnicas do Centro de Actividades Ocupacionais do Funchal. Visto a adesão, por parte dos vários serviços da DREER, ter sido muito grande, foi feita a confecção de bolos para venda no bar do Centros de Formação. Entre outras actividades, fize-ram vários trabalhos manuais, propagação vegetativa de várias plantas ornamentais para venda, por fim, a venda dos produtos hortícolas produzidos por eles.

Com o esforço destes jovens, com o apoio de mui-tas pessoas pertencentes quer aos serviços da DRE-ER, quer do exterior, conseguimos realizar o sonho de 14 jovens que, durante uma semana, tiveram a opor-tunidade de ver e conhecer coisas nunca imaginadas por eles.

Todas as actividades focadas anteriormente foram e são realizadas com os utentes do Centro Regional de Formação Profissional de Deficientes.

A horta pedagógica e a jardinagem do Centro de Formação Profissional de Deficientes, têm dado bons “frutos”, pois desde que iniciei o trabalho com estes jovens muitos foram os jovens inseridos em empresas de jardinagem. Um caso em especial que me orgulho muito é o de um dos jovens que frequentou a forma-ção na área da agricultura e jardinagem, formou socie-dade com uma pessoa e estão a iniciar a produção de modo biológico.

De forma a aumentar a motivação dos formandos fiz uma parceria com o Centro Hípico do Funchal. Duas vezes por semana passam uma manhã a tratar da hi-giene dos cavalos, da limpeza das camas e a aprender como se lida com estes animais. Considero ser uma actividade importante no que respeita ao saber estar, à socialização, ao alargamento e aquisição de novas experiências, por forma a despertar novos interesses nestes jovens com necessidades. Um dos nossos for-mandos já assinou contrato com este Centro e estes

estão satisfeitos com o trabalho desenvolvido por este jovens. Abrir novos horizontes é o pretendido.

No respeitante aos trabalhos desenvolvidos com os jovens do Centro de Actividades Ocupacionais do Funchal, jovens adultos com maiores limitações, físi-cas e intelectuais, as actividades são muito práticas, onde apelo ao envolvimento dos jovens em todas as tarefas.

A horta biológica, o pomar e os jardins são das suas responsabilidades e isto valeu-lhes em 2004 o primeiro prémio pela participação no concurso “Uma Escola um Jardim” organizado pela Câmara Munici-pal do Funchal. Nem queriam acreditar no que estava a acontecer quando foram chamados para receber o prémio.

Entre várias actividades desenvolvidas recordo a elaboração de espantalhos que foram colocados na nossa horta. Foi uma actividade dinâmica, engraçada e muito participativa e que irá ser realizada novamen-

te este ano. Outra actividade engraçada foi a “Festa da Primavera”, na qual o grupo da agricultura e jar-dinagem com a colaboração da cozinha pedagógica, promoveu uma festinha para os restantes jovens do CAO-Funchal. Os jovens da agricultura e jardinagem identificaram-se com um insecto útil à agricultura, o bichinho escolhido foi-lhes pintado na face. Eu, por exemplo, era a minhoca. Foi uma festa estrondosa em que não faltou a música.

Mas nem tudo são mares de rosas. No início do meu trabalho com estes jovens havia certos compor-tamentos que me chocavam, como por exemplo, o de cavarem covas de se colocarem dentro e de voltarem a cavar mais porque ainda não cabiam de corpo inteiro e

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diziam “esta é a minha cova”. Acredito que pela minha forma de ser, pelo meu empenho, por transmitir-lhes valores e por demonstrar que eles são muito impor-tantes, deixaram de desperdiçar energias em cavar as suas próprias covas. São estes mesmos jovens que hoje em dia tem maior sentido de responsabilidade, gostam de participar em todas as actividades e estão quase sempre prontos a colaborar.

No ano transacto recebemos um jovem com a mes-ma problemática, a sua força foi canalizada para as actividades que requerem força como o cavar, o ser-rar, entre outras, algumas mais minuciosas como o se-mear, o plantar e o colher. Descobri outras qualidades no jovem e potencio o mais possível.

Assistiu-se a um progresso pessoal, de sociabilida-de do saber estar, do saber fazer muito grande não só deste jovem, mas dos jovens com os quais trabalho directamente.

É, pessoalmente, gratificante ver os progressos destes jovens e sentir o carinho dos mesmos.

Presentemente estamos a preparar os jardins para o 11º concurso “Uma Escola Um Jardim”.

Falando um pouco da minha experiência com os jovens do Serviço Técnico Sócio-Educativo de Defi-cientes Profundos, foi sem dúvida o maior desafio pois deparei-me com jovens sempre com um sorriso na face, carinhosos, que correm para nos acolher, mas que possuem grandes dificuldades de expressão, de locomoção e mesmo deficiências físicas.

O que posso fazer com estes jovens? Foi a questão que coloquei para com os meus “botões”.

O processo foi muito gradual, jogos, representa-ções teatrais em que os protagonistas são os jovens do grupo da jardinagem, cada jovem pintou um vaso e plantou uma gloxinia para oferecer às suas mães, no Dia da Mãe. Foi com muito entusiasmo e carinho que o fizeram e quando a gloxinia floriu ficaram felicíssimos. Organizei algumas visitas, com uma particularidade em relação aos grupos anteriores, de levá-los a locais exclusivamente com animais. Considero que o contac-to destes jovens com os animais fosse uma mais va-lia para estes. Visitaram o Centro Hípico do Funchal, acariciaram os cavalos, falaram com os mesmos e por fim montaram a cavalo foi um dia inesquecível. Outra visita muito especial foi ao Centro de Ovinicultura e Caprinicultura de Santana, todos os jovens, ajudaram

a dar de mamar às ovelhinhas e aos carneirinhos, que não conseguiam mamar sozinhos. Foram momentos únicos e muito positivos para estes jovens. Outra visita realizada foi à Quinta Pedagógica dos Prazeres. Esta não teve o valor emocional das anteriores pois não era possível o contacto físico com os animais.

As visitas foram gratificantes e enriquecedoras, não só para os jovens como para mim como “lição de vida”, pela capacidade de amar, pelo afecto e carinho que estes jovens possuem.

Na parte agrícola, e apesar das suas limitações, o empenho é grande, o sorriso uma constante, capaz de derrubar qualquer barreira.

Seguram numa semente com muito cuidado, pois sentem que esta é frágil, depois de lhes fazerem a “caminha” confortam-na com um pouco de turfa para não terem frio à noite. E assim se processam as se-menteiras. Quando as plântulas começa a emergir do solo, admiram-nas e com carinho vão tratando delas até atingirem o ponto de maturação e se proceder à colheita.

Sinto uma felicidade “estonteante” quando olho para estes jovens e vejo o brilho dos seus olhos ao colherem os frutos do seu trabalho.

Mais palavras para quê? A fotografia exprime tudo!E assim “o sol nasce para todos”!

Helena Fagundes - Engª Técnica de Agro-pecuária________________________________

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Actuação do Técnico da Área Social no Centro de Actividades Ocupacionais• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

O nascimento de uma pessoa com deficiência mo-difica a vida das famílias, desencadeando reacções e adaptações que estão muito além das directamente relacionadas com a doença.

A incapacidade do nosso modelo de Estado, em sa-tisfazer algumas das necessidades básicas, provocam o aumento de situações de exclusão social nas socie-dades, portanto existe uma incapacidade de erradicar a exclusão social nas sociedades modernas.

A exclusão social, qualquer que seja a forma como se expressa, traduz a falta de garantia dos direitos fun-damentais e consequente insatisfação das necessida-des humanas.

Há, por vezes, dificuldade do técnico da área social em colmatar algumas necessidades por não conseguir introduzir mudanças, podendo apenas melhorar um pouco as condições de vida das pessoas e famílias mediante apoios (económicos ou outros).

O “apoio” social, visa o bem-estar e desenvolvimen-to dos seres humanos e visa uma mudança societária, em particular face aos que sofrem as consequências de qualquer forma de exclusão social e injustiça so-cial.

As famílias de pessoas portadoras de deficiência, necessitam da colaboração de vários serviços, com apoio de equipas multidisciplinares, de uma interven-ção eficaz dos profissionais, ao nível da avaliação das necessidades, desenvolvimento de técnicas e estraté-gias de intervenção familiar, selecção e implementa-ção dos programas mais adequados para cada caso.

A intervenção da área social no Centro de Activida-des Ocupacionais, implica um planeamento de sen-sibilização junto da pessoa portadora de deficiência, familiares e comunidade, com vista a conseguir sen-sibilizar/apoiar o jovem e a sua família para que estes sejam agentes participantes no processo de integra-ção do utente no seu seio social, de forma a atingir o máximo da sua autonomia e potencialidades, ou seja, uma intervenção centrada na família permite garantir melhores condições de desenvolvimento das poten-cialidades da pessoa com deficiência, juntamente com

a sua família e meio envolvente.Deve orientar e capacitar a família sobre o uso dos

recursos institucionais para que os indivíduos/comu-nidade alcancem melhores níveis de vida. Isto implica divulgar e promover informações sobre direitos e de-veres aos familiares dos utentes, capacitando-os para a análise dos problemas e para a tomada de opções coerentes e conscientes.

Durante a interacção com os jovens, no Centro de Actividades Ocupacionais, o Técnico deve estar aten-to aos problemas que o utente apresente no dia-a-dia, de forma a poder identificar situações problemáticas.

No âmbito das suas competências no Centro de Ac-tividades Ocupacionais, o Técnico utiliza as seguintes metodologias:

- Atendimento e registo individual;- Visitas domiciliárias;- Entrevista, como método de recolha de informa-

ção;- Acompanhamento de situações problema;- Articulação inter-serviços;- Análise de fichas de informação social;- Atender utentes e familiares na instituição e/ou do-

micilio sempre que solicitado, ou por necessidade de intervenção;

- Trabalho em parceria com equipas multidiscipli-nares...

O objectivo primordial do Assistente Social, no Cen-tro de Actividades Ocupacionais é promover a autono-mia e o bem estar da população alvo (utentes e seus familiares).

Ana Cristina Silva - Técnica Superior de Segurança SocialNuno Filipe Alves - Assistente de Serviço Social

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O papel do psicólogo – reflexões em torno do trabalho realizado com adultos com deficiência• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

Integrado em equipas multidisciplinares, o contribu-to do psicólogo é fundamental para a compreensão das problemáticas e para o desenvolvimento de pro-gramas e estratégias que respondam às necessida-des dos adultos com deficiência.

A convicção de que as intervenções têm de fazer-se a todos os níveis evolutivos, tem conduzido ao aumento do interesse pela abordagem da temática da deficiência na idade adulta. Actuando ainda com alguma renitência, os trabalhos realizados vêm con-trariar as tendências de abandono e institucionaliza-ção de adultos a que se assistiu durante muitos anos. Actualmente, a questão idade e deficiência, revela que não há um tempo de preferência para a promoção da qualidade de vida e do bem-estar. Estas aceitações, vêm também reforçar e ampliar o papel do psicólogo no atendimento a adultos com deficiência. Este, deixa de simplesmente registar e especificar o tipo de de-ficiência, para procurar estratégias que promovam o crescimento interior, a autonomia e a independência pessoal, dando especial ênfase ao desenvolvimento de condutas e competências que facilitem a adapta-ção da pessoa com deficiência na sociedade. O papel do psicólogo é também o de conduzir estas convic-ções aos sistemas em que os adultos se integram. Os trabalhos realizados têm revelado que, aliado ao trabalho directo com os adultos, é necessário orien-tar as famílias, as equipas e os demais profissionais, no sentido de prolongarmos as nossas tentativas, não devendo, a título de exemplo, as instituições assumi-rem-se como o único lugar onde se autonomizam ao nível das actividades da vida diária e se promovem as competências sociais e de autonomia. É fundamental o prolongamento destas capacidades aos restantes contextos. A “aceitação” da pessoa com deficiência e o usufruto da vida social não podem fazer-se sem a exibição de comportamentos ajustados e desejados na comunidade. E, neste campo, cabe ao psicólogo a partilha de metodologias mediadoras entre todos os agentes envolvidos. A este respeito, refere-se um episódio bem ilustrativo das reflexões anteriores: na

cerimónia de abertura dos XII Jogos Especiais, a jo-vem X, utente do Centro de Actividades Ocupacionais do Funchal, estava acompanhada pela mãe que, na hora do lanche, lhe serve um iogurte à colher. Na ins-tituição, a X alimenta-se sempre sem ajuda mas so-bretudo, aquela superprotecção, confere-lhe um grau de deficiência que não possui e de algum modo retrai a sua individualidade. Inerente está o trabalho com as famílias, mas este episódio faz sobressair a falta de algumas redes de apoio e a visão geral do deficiente adulto como pessoa incapaz ou antes lhes nega po-tencialidades em relação a si mesmos, em relação a nós e em relação à própria deficiência. Por outras pa-lavras, como se a sua imaturidade emocional e com-portamental fossem mais resultado da infantilização e superprotecção com que são tratados ao longo da vida do que da própria deficiência. Integrar o deficiente é não generalizar as suas incapacidades e compreen-der que elas não representam a pessoa (em muitos aspectos das suas vidas não serão “condicionados” por elas, mas elas poderão ocultar aquilo que são ca-

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Durante os últimos anos a Agência Europeia para o Desenvolvimento em Necessidades Educativas Especiais trabalhou o tema transição da escola para o emprego e os problemas, possibilidades e questões enfrentadas pelos jo-vens com necessidades educativas especiais em 16 países europeus. Este relatório constitui uma síntese do estudo, assim proporciona uma visão geral das estratégias e processos aparentemente efi cazes e examina os factores que parecem funcionar como facilitadores ou como barreiras de um bom processo de transição. No capítulo fi nal encontra-se um conjunto de reco-mendações dirigidas a legisladores e profi ssionais.

Transição da Escola para o Emprego. Principais problemas, questões e opções enfrentadas pelos alu-nos com necessidades educativas especiais em 16 países europeus.

Director: Jorgen GreveEditora: European Agency for Development in Special Needs EducationAno: 2002

pazes de fazer).Em síntese, compete ao psicólogo desenvolver ac-

ções nesta área, colaborar com os pais/famílias e ou-tras redes de apoio nos processos de sensibilização, de acompanhamento e de encaminhamento; cooperar com as equipas no desenvolvimento de orientações e aconselhamentos mais alargados e trabalhar no sentido de promover as potencialidades dos jovens e adultos, minimizando as suas diferenças e facilitando a sua inserção nos vários contextos. Certos de que a inexperiência de todos nos conduz muitas vezes a atitudes desajustadas, sobretudo no impedimento de uma relação compatível com a sua idade cronológica, importa refl ectir metodologias de intervenção na idade adulta com o risco de penhorarmos os sucessos al-cançados na infância e na adolescência.

Não fi caria completa esta refl exão sem uma refe-rência à prática psicológica adoptada na intervenção com adultos com defi ciência grave e severa em con-texto institucional. Neste campo, o recurso a provas de avaliação psicométrica surge como complemento secundário na avaliação de competências e no estudo do comportamento e das qualidades pessoais para se privilegiar a observação e a intervenção. A primeira, porque nos proporciona uma amostra directa dos com-

portamentos e, em contexto institucional, permite-nos perceber o seu relacionamento com o mundo físico e humano, abre espaço para a percepção de alguns confl itos, defesas, atribuições e atitudes que outros processos não permitem esclarecer. A segunda, assu-me-se como o objectivo fi nal nos processos de avalia-ção psicológica e subentende um conjunto de acções que visam contribuir para a construção efectiva de mudanças. Refl ecte o apoio psicológico propriamente dito e implica a colaboração de todos os agentes en-volvidos no processo. A intervenção psicológica com adultos com defi ciência, principalmente porque nos referimos a defi ciência grave, assume uma perspecti-va de acções mais direccionadas para os contexto do que acções directas na pessoa, não deixando porém de privilegiar a auto-realização e de centrar objectivos nos ritmos próprios e nos meios de que dispõe. Neste sentido, a implementação de programas em pequenos grupos, nomeadamente de competências sociais e de autonomia; e o apoio directo às equipas tornam-se pertinentes no cumprimento de objectivos na área psicológica. Carla Sofi a Sequeira - Psicóloga no Centro de Activida-des Ocupacionais do Funchal

Durante os últimos anos a Agência Europeia para o Desenvolvimento em Necessidades Educativas Especiais trabalhou o tema transição da escola para o emprego e os problemas, possibilidades e questões enfrentadas pelos jo-vens com necessidades educativas especiais em 16 países europeus. Este relatório constitui uma síntese do estudo, assim proporciona uma visão geral das estratégias e processos aparentemente efi cazes e examina os factores

Livro R

ecomendado

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ação

Aprender a VerO programa “Aprender a Ver” desenvolvido pela Faculdade de Motricidade

Humana da Universidade Técnica de Lisboa, visa a melhoria das capacidades perceptivo-visuais dos educandos. Encontra-se organizado em unidades de en-sino que se subdividem em diversas actividades que trabalham as diferentes capacidades/funções perceptivo-visuais, podendo-se a partir delas criar novas actividades. Inicialmente destinava-se apenas a educandos com baixa visão ou outras perturbações no campo visual, no entando, o seu potencial na maximiza-

ção das capacidades perceptivo-motoras, na organização do ambiente de trabalho e na possibilidade de criar actividades, permitiu a recomendação a todos os educandos que não necessitem de varrimento para aceder ao computador. O “Aprender a Ver” é um software livre que pode ser acedido no site www.acessibilidade.net, no Kit Necessidades Especiais 2004.

Aprender a Ver

Humana da Universidade Técnica de Lisboa, visa a melhoria das caperceptivo-visuais dos educandos. Encontra-se organizado em unidades de en-sino que se subdividem em diversas actividades que trabalham as diferentes capacidades/funções perceptivo-visuais, podendo-se a partir delas criar novas actividades. Inicialmente destinava-se apenas a educandos com baixa visão ou outras perturbações no campo visual, no entando, o seu potencial na maximiza-

• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •Braille Fácil v. 2.8

O programa Braille Fácil faz com que a criação de uma impressão Braille seja uma tarefa muito rápida e fácil, ao ponto de ser realizada com um mínimo de conhecimento do sistema braille. O texto pode ser digitado directamente no Braille Fácil ou importado a partir de um editor de textos convencional (ex. Word, Bloco de Notas). Uma vez digitado, o texto pode ser visualizado em braille e impresso em braille

ou em tinta (inclusive a transcrição braille para tinta).Braille Fácil é um software livre que pode ser acedido no site www.acessibilidade.net, no Kit Necessidades Especiais 2004.

Eugénio - Preditor de palavras v 2.0 Preditor de palavras desenvolvido com o intuito de desenvolver a

aprendizagem e proporcionar aceleração da escrita na Língua Portu-guesa, tendo como alvo pessoas com incapacidade física ou cogniti-va.

O Eugénio, como preditor de palavras, permite acelerar a escrita, ou seja, quando a palavra pretendida existir na lista de palavras preditas,

o utilizador pode completar a palavra automaticamente com apenas a digitalização de alguns caracteres. O Eugénio oferece também um teclado virtual confi gurável com a possibilidade de várias formas de varrimento e um sintetizador de fala compatível com a interface SAPI 4. possibilitando a utilização de abreviaturas para a aceleração da escrita.Eugénio é um software livre que pode ser acedido no site www.acessibilidade.net, no Kit Necessidades Especiais 2004.

• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

Globus 3Programa que faz uma representação gráfi ca no ecrã da voz emitida num micro-

fone, útil para a estimulação da linguagem. Destina-se a educandos com problemas auditivos ou com difi culdades na comunicação, permitindo perceber visualmente as suas produções vocais e treiná-las até haver um ajuste ao padrão de linguagem dito “normal”. É muito simples e pode ser utilizado nas faixas etárias mais baixas, pois à medida que o educando vai verbalizando, o programa faz a representação visual através de círculos, gráfi cos... em função da intensidade do som, consoante o objec-

tivo do exercício, e reproduz o feedback visual do êxito alcançado.O Globus 3 é um software livre desenvolvido por Jordi Lagares Roset que está disponível no site www.acessibilidade.net, no Kit Necessidades Especiais 2004.

• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

tivo do exercício, e reproduz o feedback visual do êxito alcançado.

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Form

açãoComo foi anunciado no número anterior da Revista Diver-sidades, a Divisão de Apoio à Formação e Investigação Cien-tífi ca, da Direcção Regional de Educação Especial e Reabili-tação passou a ter à sua disposição uma sala de informática que foi disponibilizada de 15 a 21 de Abril para a formação es-pecializada em Tecnologias de Apoio, Programas GRID e In-telliPics. Esta formação foi administrada pela Eng.ª Ana Rita Londral e pelo Eng.º Marco Machado a 12 profi ssionais com intervenção na área das Tecnologias de Apoio. A formação abordou o Programa Intellipics que permite realizar activida-des de multimédia totalmente confi guráveis às especifi cidades

dos alunos com necessidades especiais, e o Programa GRID que integra três tipos de programas diferentes: os quadros de comunicação dinâmicos, onde é utilizado texto, símbolos e voz para pessoas com difi culdades de comunicação verbal; os teclados emulados para controlar todo o ambiente Windows, através de diversos tipos de interfaces; os teclados para apoio a actividades pedagógicas.

Realizou-se no passado dia 22 de Abril de 2005, o Workshop Tecnologias de Apoio no Auditório do Institu-to Regional de Emprego, com a duração de 6 horas, sob a responsabilidade do Eng.º Luís Azevedo, Eng.º Marco Machado e Eng.ª Ana Rita Londral. Este foi dirigido a 89 profi ssionais com intervenção nas áreas da Educação e da Reabilitação, pais e familiares, com o intuito de familiarizar para as tecnologias de apoio existentes no mercado, dando ênfase às ajudas para a Comunicação e Software Pedagó-gico acessíveis a utilizadores com disfunções neuromoto-ras graves.

Decorreu no Ginásio do Serviço Técnico de Educação de Defi cientes Auditivos, nos dias 16 e 17 de Maio de 2005, a Ac-ção de Formação Visão Holística, com o propósito de ampliar os aspectos práticos do Método de Autocura Meir Schneider foi orientada por Sylvia Loretta Lakeland, teve a duração de 16 horas e nela participaram adultos e jovens com visão sub-normal, Docentes Especializados, Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica e Técnicos Superiores interessados nas questões da visão, perfazendo um total de 47 formandos.

sidades, a Divisão de Apoio à Formação e Investitífi ca, da Direcção Regional de Educação Especial e Reabili-tação paque foi disponibilizada de 15 a 21 de Abril para a pecializada em Tecnologias de ApoiotelliPicsLondral e pelo Eng.º Marco Machado a 12 profi ssionais com intervenção na área das Tecnologias de Apoio. A formação abordou o Programa Intellipics que permite realizar activida-des de multimédia totalmente confi guráveis às especifi cidades

dos alunos com necessidades especiais, e o Programa GRID que integra três tipos de programas diferentes: os

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