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TA-Escala de Depressao Geriatric A Ye Savage)

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Page 1: TA-Escala de Depressao Geriatric A Ye Savage)

Todos os conteúdos apresentados são propriedade

dos referidos autores

Retirado de:

Comunidade On-line de Enfermagem

www.forumenfermagem.org

Page 2: TA-Escala de Depressao Geriatric A Ye Savage)

SÉRGIO MIGUEL MATEUS FERREIRA

ESCALA DE DEPRESSÃO GERIÁTRICA (YESAVAGE)

Formação Especializada em Geriatria e Gerontologia

Universidade Aveiro

SECÇÃO AUTÓNOMA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

2005

Page 3: TA-Escala de Depressao Geriatric A Ye Savage)

SÉRGIO MIGUEL MATEUS FERREIRA

ESCALA DE DEPRESSÃO GERIÁTRICA (YESAVAGE)

Formação Especializada em Geriatria e Gerontologia

Universidade Aveiro

SECÇÃO AUTÓNOMA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

Page 4: TA-Escala de Depressao Geriatric A Ye Savage)

AGRADECIMENTOS

A elaboração deste trabalho escrito, não só foi devido ao meu esforço e

dedicação, como também à boa vontade daqueles que passo a nomear:

Prof. José Gomes Ermida, por ser professor da cadeira de

Avaliação do Idoso;

Associação de Apoio à Terceira Idade que permitiu que o trabalho

fosse realizado nas suas instalações;

Idosos da Associação de Apoio à Terceira Idade, que se

mostraram sempre disponíveis para responder a todas as

questões que lhes foram colocadas;

E todos aqueles que não nomeando me ajudaram na

concretização desta memória final.

A todos o meu sincero OBRIGADO!

Page 5: TA-Escala de Depressao Geriatric A Ye Savage)

ÍNDICE GERAL Pág.

1. INTRODUÇÃO 7

2. ENVELHECIMENTO 8

2.1. ATITUDES, MITOS E ESTEREÓTIPOS 9

3. DEPRESSÃO 11

4. PARTE PRÁTICA 13

4.1. AMOSTRA 13

4.2. INSTRUMENTO DE COLHEITA DE DADOS 13

4.2.1. Escala de Depressão Geriátrica (Yesavage) 13

4.3. VARIÁVEIS 16

4.3.1. Variável Dependente 17

4.3.2. Variáveis Independentes 17

4.4. TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOS 17

5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 24

6. CONCLUSÃO 25

BIBLIOGRAFIA 26

Page 6: TA-Escala de Depressao Geriatric A Ye Savage)

ÍNDICE DE TABELAS Pág.

TABELA 1 – Distribuição dos idosos segundo o sexo

18

TABELA 2 – Distribuição dos idosos segundo o grupo etário 19

TABELA 3 – Distribuição dos idosos segundo a habilitação literária

20

TABELA 4 – Distribuição dos idosos segundo o grau de depressão e o

sexo

21

TABELA 5 – Distribuição dos idosos segundo o grau de depressão e o

grupo etário

22

TABELA 6 – Distribuição dos idosos segundo o grau de depressão e as

habilitações literárias

23

Page 7: TA-Escala de Depressao Geriatric A Ye Savage)

ÍNDICE DE GRÁFICOS Pág.

GRÁFICO 1 – Distribuição dos idosos segundo o sexo

18

GRÁFICO 2 – Distribuição dos idosos segundo o grupo etário 19

GRÁFICO 3 – Distribuição dos idosos segundo a habilitação literária

20

GRÁFICO 4 – Distribuição dos idosos segundo o grau de depressão e

o sexo

21

GRÁFICO 5 – Distribuição dos idosos segundo o grau de depressão e

o grupo etário

22

GRÁFICO 6 – Distribuição dos idosos segundo o grau de depressão e

as habilitações literárias

23

Page 8: TA-Escala de Depressao Geriatric A Ye Savage)

7

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho foi proposto no âmbito da disciplina de Avaliação do Idoso,

de modo a preencher os requisitos do plano de estudos do Curso de Formação

Especializada em Geriatria e Gerontologia. O tema escolhido para este trabalho escrito

foi “Escala de Depressão Geriátrica (Yesavage)”. Foi o escolhido pois esta é uma

temática que me preocupa e que muitas vezes é confundida com outras patologias.

Os objectivos que se pretendem alcançar com este trabalho de investigação são:

- Aprofundar a temática da depressão no idoso;

- Obter informações úteis para a avaliação da depressão no idoso;

- Aplicação da Escala de Depressão Geriátrica;

- Criar estratégias de diminuição da depressão no indivíduo idoso.

Foi com base nestes objectivos que este trabalho foi realizado. Assim, para

realização deste trabalho foi aplicada a escala de avaliação geriátrica de yesavage –

versão reduzida, num grupo de idosos, numa associação de terceira idade, que pediu o

anonimato, possivelmente com medo dos resultados que fossem encontrados.

Este trabalho pode dividir-se em duas partes: numa primeira parte caracteriza-se

o envelhecimento, a depressão e a depressão no idoso. Na segunda parte, encontra-se

a parte prática: caracterização da amostra, do instrumento de colheita de dados,

caracterização das variáveis (dependente e independente), tratamento e análise dos

dados, discussão dos resultados e por último a conclusão.

Com este trabalho não se pretende de forma alguma dar a fórmula mágica para

a resolução da depressão no indivíduo idoso. Apenas se deseja mostrar o que é a

depressão no idoso, os métodos de valorização e avaliação da depressão, entre outras

coisas.

Page 9: TA-Escala de Depressao Geriatric A Ye Savage)

8

2. ENVELHECIMENTO

O envelhecimento é um processo inevitável, caracterizado por um conjunto

complexo de factores fisiológicos, psicológicos e sociais específicos de cada indivíduo.

Sendo assim, é um processo biológico progressivo e natural, caracterizado pelo

declínio das funções celulares e pela diminuição da capacidade funcional, não

decorrente de acidente ou doença, e que é vivido de forma variável consoante o

contexto social de cada indivíduo.

Os biólogos definem o envelhecimento como sendo uma série de alterações

fatais que diminuem as probabilidades de sobrevivência do indivíduo. Estes processos

são objecto de considerações e estudos aprofundados. Numa tentativa de explicar

essas alterações, foram elaboradas diversas teorias que tiveram em conta mecanismos

identificados anteriormente. Medvedov reuniu, em 1990, cerca de 300 teorias que,

desde o século XVIII, procuram explicar o envelhecimento e os seus mecanismos.

Agrupou-as em sete categorias, de acordo com as suas afinidades teóricas. Na base

de todas as teorias está a tentativa de explicar a morte celular, fenómeno fulcral de

todo o envelhecimento.

SERRAZINA, citado por FERNANDES (2002), refere que “João Paulo II designa

a velhice como um dom e um privilégio, não apenas porque nem todos têm a sorte de a

atingir, mas sobretudo porque a experiência e a sabedoria que a mesma proporciona

permite um melhor conhecimento do passado, uma vivência mais real do presente e

uma melhor programação do futuro”.

O ser humana envelhece de uma forma gradual. O processo ainda não está bem

explicado e compreendido, apesar das muitas teorias que tentam explicar o

envelhecimento biológico.

No processo de envelhecimento, todos os sistemas importantes do organismo

são atingidos. São processos normais, e não sinais de doença, como muitas vezes se

pensa.

Ninguém envelhece da mesma maneira, nem ao mesmo ritmo. As modificações

fisiológicas do envelhecimento fazem-se de maneira progressiva e são irreversíveis. Ao

Page 10: TA-Escala de Depressao Geriatric A Ye Savage)

9

contrário do processo de doença, o processo de envelhecimento é um fenómeno

normal e natural. As alterações causadas pelo envelhecimento desenvolvem-se a um

ritmo diferente de pessoa para pessoa e dependem de vários factores: factores

intrínsecos (inerentes ao próprio indivíduo) e factores extrínsecos (inerentes ao meio

ambiente).

Segundo BERGER (1995) “o envelhecimento dos sistemas fisiológicos internos

é também um processo individual. A involução não começa no mesmo momento, não

se desenvolve ao mesmo ritmo e não atinge o mesmo grau de degenerescência para

todos os sistemas orgânicos.”

Nesta fase da vida surgem grandes transformações a nível físico, psíquico e

social. Cada uma delas poderá afectar de alguma forma a saúde mental do Idoso. O

envelhecimento provoca sempre alterações, as quais devem ser conhecidas e

compreendidas, para se proceder de forma a manter o equilíbrio do idoso.

2.1. ATITUDES, MITOS E ESTEREÓTIPOS

Os idosos são muitas vezes vítimas de descriminação e de estereótipos, que

contribuem para o seu isolamento social. As atitudes da sociedade perante os idosos

são principalmente negativas; são responsáveis pela imagem que eles têm de si

próprios, bem como das condições e das circunstâncias que abrangem o

envelhecimento. A velhice é vista por muitos, como sendo uma doença incurável, um

declínio inevitável, e em que todas as intervenções de medida preventiva são um

fracasso.

O primeiro erro é considerarmos que “os idosos são um grupo de pessoas

homogéneas tendo todas as mesmas necessidades” (BERGER, 1995). Ainda de

acordo com Berger (1995), os idosos dividem-se em grupos distintos, dotados de

características próprias. Não são todos iguais e os seus problemas são muito

diferentes.

As atitudes em relação ao idoso são influenciadas por diversos factores, como

por exemplo a educação, os meios de comunicação social, a faixa etária, entre outros.

Entre as atitudes negativas encontra-se o não reconhecimento da unicidade do idoso, a

não reciprocidade, a duplicidade. Como atitudes positivas temos o respeito, a

Page 11: TA-Escala de Depressao Geriatric A Ye Savage)

10

reciprocidade, a confiança e o combate à “gerontofobia” (medo irracional de tudo o que

se relaciona com a velhice e o processo de envelhecimento) e a infantilização do idoso.

Alguns elementos passíveis de influenciar as atitudes sociais relativamente aos idosos

são:

Perda de aparência física;

Proximidade da morte;

Aumento da dependência;

Comportamento lentificado;

Imagens (positivas ou negativas) dadas pelos meios de comunicação social.

As atitudes negativas em relação ao idoso, não são as suas únicas ameaças. Os

muitos mitos e estereótipos causam-lhes muitas dificuldades. Alguns dos mitos

identificados através de diversos estudos são os seguintes:

A maioria dos idosos é senil ou doente;

A maior parte dos idosos é infeliz;

Os idosos não são tão produtivos como os jovens;

A maior parte dos idosos está doente e tem necessidade de ajuda nas

actividades de vida diária;

Os idosos são conservadores e incapazes de mudar os seus hábitos;

Todos os idosos são iguais;

A maioria dos idosos sofre de solidão e encontram-se isolados.

Page 12: TA-Escala de Depressao Geriatric A Ye Savage)

11

3. DEPRESSÃO

Os medos do envelhecimento têm muitas vezes origem no aspecto cognitivo do

fenómeno (memória, julgamento, pensamento), muitas vezes considerado como um

período de declínio.

Segundo BARRETO, citado por FERNANDES (2002), “o termo depressão pode

designar uma doença, síndrome, um sintoma ou, inclusivamente, um simples estado

afectivo – a tristeza.”

A depressão é uma perturbação do humor que não deve ser confundida com

sentimentos de alguma tristeza, como o «estar em baixo» ou «desmoralizado»,

geralmente associados a acontecimentos da vida, que passam com o decorrer do

tempo e que, geralmente, não impedem a pessoa de ter uma vida normal. Na

depressão, os sintomas tendem a persistir durante determinado tempo e podem incluir

os seguintes:

Sentimentos de tristeza, vazio e aborrecimento;

Sensações de irritabilidade, tensão ou agitação;

Sensações de preocupação com tudo, receios infundados, insegurança e

medos;

Lentificação das actividades físicas e mentais;

Perda de prazer nas actividades diárias;

Perturbações do apetite, do sono, do desejo sexual e variações

significativas do peso;

Pessimismo, perda de esperança;

Sentimentos de culpa, de auto-desvalorização;

Alterações da concentração, memória e raciocínio;

Sintomas físicos sem ser devido a doença física, como por exemplo:

cefaleias, perturbações digestivas, mau estar geral, entre outros;

Ideias de morte e tentativas de suicídio.

Page 13: TA-Escala de Depressao Geriatric A Ye Savage)

12

A depressão no idoso é um motivo de hospitalização, tão frequente quanto a

demência. O quadro clínico que desencadeia é parecido com o que se pode encontrar

nas outras idades; no entanto, o sentimento de culpa e a incapacidade grave, sendo

frequentes determinadas características como a hipocondria, a agitação, os sintomas

obsessivos e o medo da indigência. Assim, a depressão no idoso apresenta-se com

sintomas somáticos ou hipocondríacos. Do ponto de vista vivencial, o idoso está numa

situação de perdas continuidades, diminuição do suporte sócio-familiar, perda de status

ocupacional e económico, declínio físico, maior frequência de doenças físicas e

incapacitantes.

Segundo MARQUES, citado por FERNANDES (2002) “existem três grandes

factores que, em termos etiológicos, são geralmente apresentados como importantes

no eclodir da depressão nos idosos: factores ambienciais, factores genéticos e factores

orgânicos.”

Em relação aos factores ambienciais temos como mais importantes: o

isolamento e falta de convívio social; a ausência de trabalho, com consequente

imobilidade; a saída dos filhos da casa paterna ou “síndrome de ninho vazio”; a morte

do conjugue ou de uma pessoa da família; a noção de desvalorização social e

profissional; a noção de “fardo” para a família; as perdas físicas, mentais e sociais

próprias do idoso.

No que diz respeito aos factores genéticos, diz-se que a maioria das crises de

depressão major em idades mais avançadas são aquelas em que o peso genético é

maior e que os indivíduos que sofrem uma primeira crise na terceira idade são mais

ajustados emocional, social e psicologicamente, do que os indivíduos que sofrem estas

primeiras crises em idades mais jovens. Diz-se que existem factores genéticos

predisponentes para a depressão em idades tardias e que as suas manifestações têm

vindo a crescer de geração para geração.

Quanto aos factores orgânicos a ter em conta no desencadear de uma

depressão, existe uma grande diversidade de doenças orgânicas que podem originar

sintomas desta natureza, salientando-se as alterações senis e ateroscleróticas e os

acidentes vasculares cerebrais.

Tal como refere BARRETO, citado por FERNANDES (2002) “as depressões nos

idosos são geralmente do tipo funcional, ou seja, não são pródromos nem resultantes

de doença degenerativa senil ou cerebrovascular.”

Page 14: TA-Escala de Depressao Geriatric A Ye Savage)

13

4. PARTE PRÁTICA

4.1. AMOSTRA

Para FORTIN (1999, pág. 202) a amostra é “um sub-conjunto de uma população

ou de um grupo de sujeitos que fazem parte de uma mesma população. É, de qualquer

forma, uma réplica em miniatura da população alva.” O mesmo autor diz que a amostra

“deve ser representativa da população visada, isto é, as características da população

devem estar presentes na amostra seleccionada.”

A amostra referente a este estudo é constituída pelos idosos de uma Associação

da Terceira Idade que preferiu manter o anonimato.

4.2. INSTRUMENTO DE COLHEITA DE DADOS

A natureza do problema de investigação determina o tipo de método de colheita

de dados a utilizar. A escolha do método é feita em função das variáveis e da sua

operacionalização, dependendo igualmente da estratégia de análise estatística

considerada.

Os principais métodos de colheita de dados podem ser, por um lado, as medidas

objectivas (anatómicas, fisiológicas e mecânicas), que não permitem a interpretação, e,

por outro lado, as medidas subjectivas (observações, entrevistas, questionários,

escalas normalizadas, entre outros) que são fornecidos pelo observador/ investigador

ou pelos sujeitos.

4.2.1. Escala de Depressão Geriátrica (Yesavage)

A avaliação geriátrica deve ser multidisciplinar, multidimensional, interdisciplinar

e global. A avaliação do indivíduo idoso, em como principal objectivo estabelecer e

Page 15: TA-Escala de Depressao Geriatric A Ye Savage)

14

coordenar planos de cuidados, serviços e intervenções, que vão de encontro aos seus

problemas, necessidades e incapacidades. Difere do exame clínico padrão por

enfatizar a avaliação da capacidade física, mental, funcional, social, ambiental e da

qualidade de vida, e por basear-se em escalas e testes quantitativos. Pode ser aplicada

de uma forma programada (inicial ou periódica) ou em situações ditas de risco, como

alterações do modo de vida, doença grave, institucionalização, perda ou luto.

A estrutura e os componentes da avaliação geriátrica variam muito dependendo

da equipe e do local em que é aplicada. No entanto, apesar da diversidade, ela tem

características próprias e constantes, como o facto de ser multidimensional e utilizar

instrumentos de avaliação (escalas e testes), para quantificar a capacidade funcional e

avaliar parâmetros psicológicos e sociais. A avaliação deveria resultar em uma

intervenção, seja ela de reabilitação, aconselhamento ou até mesmo internamento.

Os benefícios e utilidades da avaliação geriátrica são:

1. Nível individual:

a. Complementa o exame clínico tradicional e melhora a precisão diagnóstica;

b. Determina o grau e a extensão da incapacidade (motora, mental, psíquica);

c. Identifica risco de declínio funcional;

d. Permite uma avaliação de riscos e possibilidades no estado nutricional;

e. Serve de guia para a escolha de medidas que visam restaurar e preservar a saúde

(farmacoterapia, fisioterapia, terapia ocupacional, psicoterapia);

f. Identifica factores que predispõem à iatrogenia e permite estabelecer medidas para

sua prevenção;

g. Estabelece parâmetros para o acompanhamento do paciente;

h. Serve de orientação para mudanças e adaptações no ambiente em que o paciente

vive, no sentido de reduzir as desvantagens e preservar sua independência. (Ex:

instalação de barras de apoio nos banheiros, elevação dos assentos dos vasos

sanitários, aumento da iluminação, troca de degraus por rampas);

Page 16: TA-Escala de Depressao Geriatric A Ye Savage)

15

i. Estabelece critérios para a indicação de internamento hospitalar ou lares de

terceira idade.

2. Nível populacional:

a. Serve como uma medida precisa em estudos clínicos onde se avalia a capacidade

funcional e a qualidade de vida;

b. Identifica populações de risco;

c. Permite um investimento na saúde, qualidade de vida e bem-estar;

d. Serve para planeamento de acções e políticas de saúde.

O instrumento de colheita de dados escolhido foi a Escala de Depressão

Geriátrica (Yesavage). BARRETO citado por FERNANDES (2002) afirma que “as

condutas depressivas são um dos tipos de manifestações emocionais mais frequentes

nos idosos, expressando-se, de um modo geral, sob a forma de autoverbalizações

negativas relativamente a si mesmo e à velhice, um baixo reconhecimento das suas

capacidades, uma baixa auto-estima, e uma diminuta participação social.” Por isso

mesmo é importante a aplicação esta escala de avaliação geriátrica.

Esta escala, que foi traduzida, aferida e adaptada à população portuguesa por

VERÍSSIMO (1988), na “Avaliação Diagnostica dos Síndromes Demenciais”. Esta

escala foi construída por Brink, Jesavage, Lum, Heersema, Adey e Rose, e é, segundo

os mesmos, o único instrumento que se conhece que terá sido elaborado com o

objectivo de ser usado, especificamente, para pessoas idosas. Esta escala elimina

indicadores somáticos da depressão e manifestações físicas normais do

envelhecimento, presentes em outras escalas, e que geralmente causa confusão. A

escala pode ser aplicada por profissionais não médicos, pois não exige conhecimentos

em psicopatologia. As escalas de versão reduzida (15 perguntas) deveriam ser as

preferencialmente utilizadas, dado o pouco tempo gasto na sua aplicação. Os casos

rastreados como provável depressão deveriam ser submetidos a uma avaliação mais

detalhada, de preferência por médicos especialistas.

A escala de depressão geriátrica versão reduzida é a seguinte:

1 – Satisfeito com a sua vida?

Page 17: TA-Escala de Depressao Geriatric A Ye Savage)

16

2 – Teve de abandonar muitas das suas actividades?

3 – Acha que a sua vida é vazia?

4 – Aborrece-se muitas vezes?

5 – Está alegre a maior parte das vezes?

6 – Tem medo de que lhe aconteça algo de mau?

7 – Sente-se feliz a maior parte do tempo?

8 – Sente-se frequentemente sem auxílio?

9 – Prefere ficar em casa a sair para a rua e fazer coisas novas?

10 – Acha que tem mais problemas de memória que os outros?

11 – Acha que é bom estar vivo?

12 – Acha que a sua vida, como está agora, já não tem valor?

13 – Acha-se cheio de energia?

14 – Acha que a sua situação não tem remédio?

15 – Acha que a maior parte das pessoas está melhor que você?

Como procedimento para o preenchimento da Escala de Depressão Geriátrica

de versão reduzida, deve atender-se que os items 1, 5, 7, 11 e 13, devem ser

pontuados negativamente, isto é, a uma resposta “Não” corresponde um ponto. Aos

items 2, 3, 4, 6, 8, 9, 10, 12, 14, 15, será atribuído um ponto à resposta positiva “Sim”.

Sugere-se que, para a quantificação dos resultados, se proceda à seguinte

classificação: valores de 0 – 5: idosos normais; para pontuações entre 6 – 10, são

indicativos de depressão de severidade crescente; uma pontuação 11 – 15 é indicação

de idosos gravemente deprimidos.

Para o estudo da depressão e sua relação com as variáveis em estudo,

estabeleço três grupos, em função dos resultados individuais obtidos (não deprimidos,

depressão moderada e depressão grave).

4.3. VARIÁVEIS

POLIT e HUNGLER (1995, pág. 374) definem variável como sendo uma

“característica ou atributo de uma pessoa ou objecto que varia (assume valores

diferentes) na população estudada.” FORTIN (1999, pág. 36) afirma que “uma variável

tem uma propriedade inerente de variação e atribuição de valores.”

Page 18: TA-Escala de Depressao Geriatric A Ye Savage)

17

As variáveis podem ser classificadas de diferentes maneiras, de acordo com a

sua utilização numa investigação. Umas podem ser manipuladas, enquanto outras são

controladas.

4.3.1. Variável Dependente

A variável dependente é aquela que evolui em função de uma ou mais variáveis.

Segundo POLIT e HUNGLER (1995) a variável dependente é aquela que interessa ao

pesquisador, dependendo de outra variável, denominada variável independente, ou

para ser causada por outro.

No estudo considera-se como variável dependente a depressão.

4.3.2. Variáveis Independentes

A variável independente é, segundo FORTIN (1999, pág. 37), “a que o

investigador manipula num estudo experimental para medir o seu efeito na variável

dependente.”

No estudo considera-se como variáveis independentes as seguintes variáveis

sócio-demográficas:

Sexo;

Idade;

Habilitações Literárias.

4.4. TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOS

No presente capítulo pretende-se dar a conhecer os resultados obtidos, em

função de toda a informação colhida e cujo instrumento utilizado foi a Escala de

Depressão Geriátrica (Yesavage) – versão reduzida. A sua aplicação incidiu sobre os

idosos de uma associação da Terceira Idade que pediu o anonimato.

Para a apresentação adequada dos dados obtidos, recorre-se ao uso de

tabelas, quadros e gráficos com os respectivos dados estatísticos obtidos, os

Page 19: TA-Escala de Depressao Geriatric A Ye Savage)

18

quais serão antecedidos da respectiva análise. Como todas as tabelas, quadros

e gráficos resultaram do processo de pesquisa levado a efeito, não serão

mencionadas as fontes dos mesmos.

Inicialmente vai-se desenvolver as variáveis que caracterizam a amostra,

e são elas:

Sexo;

Idade;

Habilitações Literárias.

A Escala de Depressão geriátrica foi aplicada a 25 idosos; destes, 8 são do sexo

masculino e 17 são do sexo feminino. Ou seja, 32% são homens e 68% são mulheres.

TABELA 1 – Distribuição dos idosos segundo o sexo

Sexo N.º %

Masculino

Feminino

8

17

32,0

68,0

TOTAL 25 100,0

GRÁFICO 1 – Distribuição dos idosos segundo o sexo

0 5 10 15 20

Masculino

FemininoFemininoMasculino

Page 20: TA-Escala de Depressao Geriatric A Ye Savage)

19

No que se refere ao grupo etário, verificamos na tabela 2 e respectivo gráfico,

que a classe etária mais representada é a dos 75-84 Anos, com 44,0%, seguida da

faixa dos ≥ 85 Anos com 32,0%. A menos representada é a classe dos 65-74 anos com

apenas 24,0%.

A média centra-se nos 80 anos e a moda dos 75-84 anos.

TABELA 2 – Distribuição dos idosos segundo o grupo etário

GRUPO ETÁRIO N.º %

65-74 anos

75-84 anos

≥ 85 anos

06

11

08

24,0

44,0

32,0

TOTAL 25 100,0

M0= 75-84 anos X

_ = 80 anos

GRÁFICO 1 – Distribuição dos idosos segundo o grupo etário

0

2

4

6

8

10

12

65-74 75-84 ≥ 85

≥ 85 anos75-84 anos65-74 anos

No que se refere às habilitações literárias, e como se vê na tabela e gráfico n.º 3,

dos 25 idosos a quem foram aplicadas as escalas, 7 são analfabetos, 10 têm o ensino

primário, 7 têm até ao 6º ano e 1 tem o correspondente a curso superior, pois foi

professora primária. Ou seja, a maior percentagem de idosos, 40,0% têm o ensino

Page 21: TA-Escala de Depressao Geriatric A Ye Savage)

20

primário, seguem-se os analfabetos e os que completaram o 6ºano, cada grupo com

28,0%. Com apenas 4,0% surge o ensino superior.

TABELA 3 – Distribuição dos idosos segundo a habilitação literária

HABILITAÇÕES LITERÁRIAS N.º %

Analfabeto

Ensino Primário

6º Ano

Ensino Superior

07

10

07

01

28,0

40,0

28,0

4,0

TOTAL 21 100.00

M0= Ensino Primário

GRÁFICO 3 – Distribuição dos idosos segundo a habilitação literária

0

2

4

6

8

10

12

Analfabeto

Ens.Primário6º Ano

Ens.Superior

Dos 25 idosos inquiridos, constata-se que 2 não se encontram deprimidos, 4

apresentam depressão moderada, enquanto os restantes 19 idosos mostram sinais de

depressão grave. Ou seja, apenas 24,0% dos idosos a quem foi aplicada a escala, não

apresentam sinais de depressão grave. Os 2 idosos que não se apresentam

deprimidos são do sexo masculino. 3 homens e 1 mulher mostram sinais de depressão

Page 22: TA-Escala de Depressao Geriatric A Ye Savage)

21

moderada. 3 idosos do sexo masculino e 16 idosos do sexo feminino ostentam

vestígios de depressão grave. Assim, apenas 8,0% dos idosos não apresentam sinais

de depressão. 16,0% apresentam marcas de depressão moderada, sendo

aproximadamente 5,9% do sexo feminino. Dos 76,0% que manifestam sinais de

depressão grave, 15,8% são homens e 84,2% são mulheres.

TABELA 4 – Distribuição dos idosos segundo o grau de depressão e o sexo

SEM DEPRESSÃO

MODERADA GRAVE TOTAL DEPRESSÃO

SEXO

N.º

% N.º

%

N.º

%

N.º

%

MASCULINO

FEMININO

02

00

25,0

0,0

03

01

37,5

5,9

03

16

37,5

94,1

08

17

100,0

100,0

TOTAL 02 8,0 04 16,0 19 76,0 25 100,0

GRÁFICO 4 – Distribuição dos idosos segundo o grau de depressão e o sexo

02468

10121416

Semdepressão

Moderada Grave

MasculinoFeminino

Em relação aos grupos etários, dos 65-74 anos, 2 não apresentam sinais de

depressão, 3 ostentam depressão moderada e 1 reflecte indícios de depressão grave.

Assim, deste grupo etário, apenas 16,67% apresentam sinais de depressão grave. Na

faixa etária dos 75-84 anos, nenhum dos elementos se apresenta sem depressão, 1

Page 23: TA-Escala de Depressao Geriatric A Ye Savage)

22

apresenta vestígios de depressão moderada, e 10 apresentam depressão grave. Pode-

se assim dizer que nesta faixa etária 90,9% apresentam depressão grave. Dos 8 idosos

acima dos 85 anos, todos apresentam depressão grave.

TABELA 5 – Distribuição dos idosos segundo o grau de depressão e o grupo etário

SEM DEPRESSÃO

MODERADA GRAVE TOTAL DEPRESSÃO GRUPO ETÁRIO

N.º % N.º % N.º % N.º %

65-74 anos

75-84 anos

≥ 85 anos

02

00

00

33,3

00,0

00,0

03

01

00

50,0

9,1

00,0

01

10

08

16,7

90,9

100,0

06

11

08

100,0

100,0

100,0

TOTAL 02 8,0 04 16,0 19 76,0 25 100,0

GRÁFICO 5 – Distribuição dos idosos segundo o grau de depressão e o grupo etário

0

2

4

6

8

10

SemDepressão

Moderada Grave

65-74 anos75-84 anos≥ 85 anos

Dos 7 idosos analfabetos, 2 não se encontram deprimidos, 2 mostram sinais de

depressão moderada e 3 evidenciam indícios de depressão grave. 42,8% deste grupo

de idosos apresentam depressão grave. Do grupo de idosos com o ensino primário, 2

Page 24: TA-Escala de Depressao Geriatric A Ye Savage)

23

apresentam depressão moderada e em 8 encontram-se indícios de depressão grave;

ou seja, 80% destes idosos apresentam depressão grave. Todos os indivíduos com o

6º ano de escolaridade e a idosa com o equivalente ao ensino superior exibem

vestígios de depressão grave.

TABELA 6 – Distribuição dos idosos segundo o grau de depressão e as habilitações literárias

SEM DEPRESSÃO

MODERADA GRAVE TOTAL DEPRESSÃO HABILITAÇÕES

LITERÁRIAS N.º % N.º % N.º % N.º %

ANALFABETOS

ENSINO PRIMÁRIO

6º ANO

ENSINO SUPERIOR

02

00

00

00

28,6

00,0

00,0

00,0

02

02

00

00

28,6

20,0

00,0

00,0

03

08

07

01

42,8

80,0

100,0

100,0

07

10

07

01

100,0

100,0

100,0

100,0

TOTAL 02 8,0 04 16,0 19 76,0 25 100,0

GRÁFICO 6 – Distribuição dos idosos segundo o grau de depressão e as habilitações literárias

0123456789

Sem D

epres

são

Modera

daGrav

e

AnalfabetosEnsino Primário6º AnoEnsino Superior

Page 25: TA-Escala de Depressao Geriatric A Ye Savage)

24

5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Após a elaboração deste estudo acerca da depressão no idoso, verifica-se que,

relativamente ao sexo, a maioria dos idosos são do sexo feminino.

No que diz respeito ao grupo etário, comprovamos que a classe etária mais

representada é a dos 75-84 anos com 44,0% e a menos representada é a classe dos

65-74 anos com apenas 24,0%. Assim, podemos afirmar que a média se centra nos 80

anos.

Em relação às habilitações profissionais salienta-se que predominam os idosos

com o ensino primário, com 40,0%. A habilitação literária menos representada é a do

ensino superior, apenas com 4,0%.

Verifica-se que 76% dos idosos apresentam depressão grave; destes 76%,

94,1% são do sexo feminino e 37,5% do sexo masculino. Apenas 8,0% não

apresentam indícios de depressão, sendo esses dois idosos do sexo masculino.

Dos 8 idosos com idade ≥ 85 anos, observa-se que todos apresentam depressão

grave. No entanto, na classe etária dos 65-74 anos, apenas 16,7% mostram sinais de

depressão grave, sendo 33,3% e 50% sem depressão e depressão moderada

respectivamente. Dos 75-84 anos nenhum idoso se encontra sem sinais de depressão,

apenas um apresenta depressão moderada, que corresponde a 9,1%, correspondendo

os restantes 90,1% a idosos com indícios de depressão grave.

Todos os idosos com o 6º ano de escolaridade e com o ensino superior

ostentam sinais de depressão grave. 42,8% dos analfabetos apresentam depressão

grave, 28,6 % sem sinais de depressão e 28,6% com indícios de depressão moderada.

80,0% dos idosos com o ensino primário mostram sinais de depressão grave.

6. CONCLUSÃO

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25

A conhecida relação entre sintomas depressivos e idade avançada sempre

gerou numerosos estudos. A maioria desses estudos aborda a polémica sobre o facto

da depressão no idoso ser considerada, ou não, um tipo diferente das demais

depressões. Os argumentos que sustentam ser a depressão no idoso um tipo diferente

da depressão de outras grupos etários, apoia-se nas diferenças de sintomatologia. Nos

idosos, por exemplo, a depressão apresenta-se com sintomas somáticos ou

hipocondríacos mais frequentes; haveria assim, menos antecedentes familiares de

depressão e pior resposta ao tratamento. Apesar disso, a tendência actual é não

estabelecer diferenças marcantes entre a depressão da idade tardia e a depressão dos

adultos mais jovens. Assim, a diferença na depressão no idoso, não é a depressão em

si, mas sim as circunstâncias existenciais específicas da própria idade.

Após a aplicação da escala de depressão geriátrica aos idosos na associação

da terceira idade, conclui-se que a grande maioria apresenta sinais de depressão

grave, sendo os idosos acima dos 85 anos e os idosos do sexo feminino, aqueles que

mostram indícios de depressão grave. Estes resultados foram cedidos à associação de

terceira idade e devem ser tidos em conta. Deverão ser alvo de uma análise cuidada e

estabelecerem um plano de recuperação dos idosos com sinais de depressão

moderada e grave. Possivelmente deveriam ser realizadas mais actividades lúdicas,

desenvolver actividades fora do lar, para promover a inserção na sociedade,

terminando com a sensação de isolamento a que os idosos estão muitas vezes sujeitos

nestas associações de terceira idade.

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26

BIBLIOGRAFIA

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- BRITO, Luísa; A Saúde Mental dos Prestadores de Cuidados a Familiares Idosos, Coimbra, Quarteto Editora, Janeiro 2002.

- FERNANDES, Purificação; A depressão no Idoso, 2.ª Edição,

Coimbra, Quarteto Editora, Março 2002.

- FORTIN, Marie-Fabienne;O Processo de Investigação, 2.ª Edição,

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- LIMA, Margarida Pedroso; Posso participar, 1.ª Edição, Porto, Âmbar,

Novembro 2004.

- POLIT, D. F. ; HUNGLER, B. P.; Fundamentos de Pesquisa em Enfermagem. 3.ª Edição, Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

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- SPÍNOLA; Aracy Witt; Pesquisa de Enfermagem. Lisboa: Associação

Católica de Enfermagem e Profissionais de Saúde, 1982.