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1 TAI A FOTOGRAFIA NA ERA DO REMIX Ana Carolina Teles Figueiredo 1 Renata Capuzo Mendes Carvalho 2 Laura Helena Rosa 3 Leonardo Eloi Soares de Carvalho 4 RESUMO Na contemporaneidade, tornam-se pertinentes as discussões sobre os direitos autorais das propriedades intelectuais. Aqui será avaliada a legislação, a ética e a moral, o processo criativo da fotografia e a direção da originalidade artística, delineados pelas definições de cibercultura e os estudos da cultura do remix. Ainda explora a prática da questão no olhar do fotógrafo Kazuo Okubo. Palavras-chave: Direito autoral. Fotografia. Ética. Remix. _____________________________________________________________________________________________________ INTRODUÇÃO Medir a relevância de um trabalho fotográfico é contingente. Ainda que a fotografia seja um recurso científico de fixação de imagem e um documento, é, acima de tudo, aceita e estabelecida como forma de arte. Essa arte que tem o poder de revelar ou transformar a realidade. A fotografia se dispõe em inúmeros ramos sociais e culturais. Vemo-la em gêneros de eventos, como forma de publicidade, em exposições e trabalhos culturais com diversos temas etc. Ao pensar no avanço tecnológico e em seu abarcamento de possibilidades, pode-se introduzir uma preocupação pertinente: os direitos autorais sobre as obras fotográficas em seu processo criativo. Com o poder de tornar ilimitada a comunicação e o alcance, facilitar cópias, reproduções, releituras etc., a internet traz um agravo aos fotógrafos e profissionais que usam a criatividade como ferramenta, à medida em que se identifica uma rigidez na Lei dos Direitos Autorais a proteger mais os interesses do autor do que o bem comum (sociedade). Investiga-se uma exigência sociocultural da democratização do processo criativo, ainda que se identifique dos profissionais que 1 Graduanda do curso de Fotografia e Imagem da Faculdade Cambury. Email: [email protected] 2 Graduanda do curso de Fotografia e Imagem da Faculdade Cambury. Email: [email protected] 3 Graduanda do curso de Fotografia e Imagem da Faculdade Cambury. Email: [email protected] 4 Orientador e co-autor deste artigo. Mestre em Cultura Visual pela FAV-UFG e professor na Faculdade Cambury, Senac e IPOG. Email: [email protected]

TAI - A Fotografia na Era do Remix (revisado)

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TAI A FOTOGRAFIA NA ERA DO REMIX

Ana Carolina Teles Figueiredo 1

Renata Capuzo Mendes Carvalho 2 Laura Helena Rosa 3

Leonardo Eloi Soares de Carvalho 4

RESUMO Na contemporaneidade, tornam-se pertinentes as discussões sobre os direitos autorais das

propriedades intelectuais. Aqui será avaliada a legislação, a ética e a moral, o processo criativo da fotografia e a direção da originalidade artística, delineados pelas definições de cibercultura e os estudos da cultura do remix. Ainda explora a prática da questão no olhar do fotógrafo Kazuo Okubo. Palavras-chave: Direito autoral. Fotografia. Ética. Remix. _____________________________________________________________________________________________________

INTRODUÇÃO

Medir a relevância de um trabalho fotográfico é contingente. Ainda que a

fotografia seja um recurso científico de fixação de imagem e um documento, é,

acima de tudo, aceita e estabelecida como forma de arte. Essa arte que tem o poder

de revelar ou transformar a realidade. A fotografia se dispõe em inúmeros ramos

sociais e culturais. Vemo-la em gêneros de eventos, como forma de publicidade, em

exposições e trabalhos culturais com diversos temas etc. Ao pensar no avanço

tecnológico e em seu abarcamento de possibilidades, pode-se introduzir uma

preocupação pertinente: os direitos autorais sobre as obras fotográficas em seu

processo criativo. Com o poder de tornar ilimitada a comunicação e o alcance,

facilitar cópias, reproduções, releituras etc., a internet traz um agravo aos fotógrafos

e profissionais que usam a criatividade como ferramenta, à medida em que se

identifica uma rigidez na Lei dos Direitos Autorais a proteger mais os interesses do

autor do que o bem comum (sociedade). Investiga-se uma exigência sociocultural da

democratização do processo criativo, ainda que se identifique dos profissionais que

1 Graduanda do curso de Fotografia e Imagem da Faculdade Cambury. Email: [email protected] 2 Graduanda do curso de Fotografia e Imagem da Faculdade Cambury. Email: [email protected] 3 Graduanda do curso de Fotografia e Imagem da Faculdade Cambury. Email: [email protected] 4 Orientador e co-autor deste artigo. Mestre em Cultura Visual pela FAV-UFG e professor na Faculdade Cambury, Senac e IPOG. Email: [email protected]

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vivem da arte, em suma os fotógrafos, uma diligência pelo direito autoral. Baseado

nisso o estudo tem relevância acadêmica e social enquanto propõe uma possível

conciliação entre a aclamação de propriedade criativa com a disseminação de

acesso que a internet proporciona.

Este artigo científico tem como objetivo geral identificar as leis dos direitos

autorais que regem a fotografia e explorar os estudos de sociologia da comunicação

que defendem a teoria da cultura do remix de autores como Kirby Ferguson, diretor

do documentário Everything is a Remix, André Lemos, autor do ensaio “Cyber-

Cultura-Remix” e Lawrence Lessig, autor do livro Free-Culture. Como objetivo

específico, serão analisados, nos preceitos da ética e da moral, os limites da

inspiração e da cópia, propondo uma discussão sobre a originalidade e a não

originalidade nas obras fotográficas. Utiliza-se o método dedutivo de pesquisa de

referencial bibliográfico (documental) qualitativo, na normativa da constituição em

que se encontra a lei dos Direitos Autorais, além de livros e ensaios sobre direito do

autor e ética. Decorrerá entrevista para obtenção de dados com o fotógrafo Kazuo

Okubo, que será a efetivação das análises propostas.

1. Direitos Autorais

Todas as obras de criação intelectual estão protegidas desde sua criação.

Direito Autoral ou Direito do Autor são os direitos legais, pessoais ou patrimoniais

dos autores sob suas obras intelectuais, sejam elas literárias, artísticas ou

científicas. Segundo o Escritório Geral de Arrecadação e Distribuição (ECAD5),

direito autoral é um conjunto de prerrogativas conferidas por lei à pessoa física ou

jurídica criadora da obra intelectual, para que ela possa aproveitar os benefícios

morais e patrimoniais resultantes da exploração de suas criações.

O Direito Moral diz respeito aos direitos pessoais do autor. Estes são

inalienáveis e irrenunciáveis, não há como vendê-lo ou transferi-lo, o que garante ao

autor a paternidade da sua obra e exige seus créditos e o direito de reivindicar sua

autoria. A lei também assegura a preservação da originalidade da criação.

O direito patrimonial é aquele que diz respeito ao direito de uso, reprodução,

tradução etc. do autor. Esse direito, pode-se vender, negociar, com ou sem valores

5 O ECAD é um escritório privado que, de acordo com o seu regulamento de definição de valores, cuida das arrecadações e distribuições dos direitos autorais das músicas para os autores.

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financeiros, mediante contrato. Este é um direito limitado e pode ser transferido total

ou parcialmente.

A autoria da criação é assegurada ao autor da obra intelectual por meio dos

direitos morais. Os direitos patrimoniais se referem principalmente à utilização

econômica da obra intelectual. Ao autor pertence o direito exclusivo da utilização de

sua obra conforme sua vontade, assim como permitir que terceiros a utilizem parcial

ou totalmente.

A Lei nº 9.610, de 1998, conhecida como Lei dos Direitos Autorais, regula os

direitos relacionados ao autor e suas criações. O Art. 5º prevê a publicação como

oferecimento da obra literária, artística ou científica ao conhecimento do público,

com o conhecimento do autor ou de qualquer outro titular de direito de autor, por

qualquer forma de processo; prevê a distribuição de maneira que se coloque à

disposição do público o original ou cópia de obras, mediante a venda, locação ou

qualquer outra forma de transferência de propriedade ou posse; a reprodução

através da cópia de um ou mais exemplares de uma obra literária, incluindo qualquer

armazenamento permanente ou temporário por meios eletrônicos, ou qualquer outro

meio de fixação que venha a ser desenvolvido; também previsto na lei os casos de

contrafação, ou reprodução não autorizada; no caso do editor, a lei respalda à

pessoa física ou jurídica o direito exclusivo de reprodução da obra e o dever de

divulgá-la, nos limites previstos no contrato de edição.

A fotografia é uma obra intelectual. Isso está descrito e afirmado por lei. E,

portanto pertencem ao autor os direitos morais e patrimoniais sobre a obra que criou

(Art. 22, Lei 9610/98).

São obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas

por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro, tais como: (...) VII - as obras fotográficas e as produzidas por qualquer processo análogo ao da fotografia. (Art. 7, Lei 9610/98)

Legalmente, existem meios de “provar” a autoria de uma obra com registros

documentais da produção da mesma e também com os registros oficiais em cartório.

A partir daí, os direitos patrimoniais do autor poderão vigorar. Visto que os morais

independem do registro.

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1.2 Plágio e Cópia

Os direitos autorais nas obras são simbolicamente representados pelo termo

copyright (©): s.m. (pal. ingl.) Direito exclusivo de imprimir, reproduzir ou vender

obra literária, artística ou científica. A marca © que indica a reserva dos direitos autorais de uma obra. (Dicionário Online,1999.)

O plágio constitui-se do ato de apropriar-se, reproduzir, imitar, assinar ou

apresentar uma obra indevidamente como se fosse de sua autoria quando essa não

é. O Art. 33 da Lei de Direitos Autorais diz: “Ninguém pode reproduzir obra que não

pertença ao domínio público, a pretexto de anotá-la, comentá-la ou melhorá-la, sem

permissão do autor”.

O código penal constitui como crime qualquer violação dos Direitos Autorais.

Porém não é constituída como plágio a reprodução de trechos da obra ou cópias

para uso privado e sem obtenção de lucro, por exemplo, a reprodução para fins

acadêmicos e de aprendizado.

2.0 Ética e moral

Além do que está fixado na lei, existem normativas comportamentais sociais

que regem a boa conduta da sociedade, denominados ética e moral. O termo ética

vem do grego ethos, que significa caráter. São determinados tipos de

comportamentos corretos ou incorretos. A ética é essencial na sociedade para que

ela tenha equilíbrio e um bom funcionamento social, de maneira que ninguém seja

prejudicado. Busca avaliar os conceitos em seu individual, em que cada grupo

possui diferentes pensamentos e valores por conta da diversidade de culturas e

crenças, constituindo um sistema de argumentos por onde a sociedade justifica suas

ações.

O principal uso da ética pela sociedade costuma ser na solução de conflitos

de interesse, por entre argumentos universais. Entretanto, ocorre um impasse, uma

vez que nem sempre o que é ético para um grupo de pessoas é para outros. A ética

está associada ao sentimento de justiça social, não podendo ser confundida com

leis. Segundo a Filosofia, a ética é uma ciência que estuda os valores e princípios

morais de uma sociedade e seus grupos.

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Enquanto conhecimento científico, a ética deve aspirar à

racionalidade e objetividade mais completas e, ao mesmo tempo, deve proporcionar conhecimentos sistemáticos, metódicos e, no limite do possível, comprováveis. (VAZQUEZ, 2008, p.13).

Além dos princípios gerais que definem o bom comportamento e

funcionamento social, existe também a ética de determinados lugares e também de

certos grupos em específico. Como exemplo, temos a ética profissional, e nesse

cenário será abordado o ramo da ética na Fotografia, que rege os preceitos do

comportamento ético nos trabalhos fotográficos para o profissional.

O termo moral vem do latim morales, que se relaciona ao sentido de

costumes. A moral é definida por ser um conjunto de regras que servem como

orientação ao comportamento humano, as quais são adquiridas através do cotidiano,

da cultura, da tradição e da educação. São normas de conduta que permitem um

estado de equilíbrio entre as ambições individuais e os interesses da sociedade.

A moral influencia diretamente na conduta e no modo de agir das pessoas,

constitui-se portanto de uma orientação de conduta pessoal no que tange o que é

correto ou não, moral ou imoral.

A necessidade de ajustar o comportamento de cada membro aos

interesses da coletividade leva a que se considere como bom ou proveitoso tudo aquilo que contribui para reforçar a união ou a atividade comum e, ao contrário, que se veja como mau ou perigoso o oposto. (VAZQUEZ, 2008, p.27)

Na filosofia, a moral tem uma definição mais ampla que a ética e que

estabelece as “ciências de espírito’’ que possuem todas as informações que não são

demonstradas fisicamente no ser humano.

2.1 Diferenças e semelhanças: ética e moral

Ainda que no contexto filosófico, ética e moral tenham diferentes significados,

elas possuem finalidades semelhantes. Ambas são responsáveis por construir as

bases que guiam a conduta do homem, pois atuam na delimitação de seu caráter,

altruísmo e virtudes, e designam a melhor forma de agir e de se comportar em

sociedade. A ética age nas regras de conduta da sociedade enquanto a moral age

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nas regras de conduta de uma pessoa. Enquanto considera-se ético que uma

pessoa coma carne por ela não deixar de cumprir nenhuma norma social, para outro

grupo pode ser considerado imoral, pois para comer carne tem que se matar o

animal, e essa prática atenta contra a liberdade do mesmo.

A moral engloba uma referência de conduta pessoal, já a ética agrega um

grupo de diretrizes ou normas que definem as práticas aceitas.

Ambas constituem nossos costumes e formas de agir incorretamente ou

corretamente. Uma das diferenças é que a moral define as normas e critérios de

atuação, enquanto a ética fundamenta essas normas de forma racional. Em resumo,

ética é o conjunto de determinados tipos de comportamento corretos ou incorretos e

moral é o que estabelece as regras para determinar se foi ou não correto.

2.2 Ética na Fotografia

É complexo definir o que é ético ou não, pelo próprio conceito ser passível a

múltiplas interpretações. Desse modo, cada pessoa ou grupo tem seu juízo do que é

ou não ético de acordo com os valores culturais no contexto da situação. Na

fotografia, não é diferente; para algumas pessoas, tirar uma foto de um urubu se

preparando para alimentar-se de uma criança não é ético, para outros é arte, e o

conceito de ser ou não ético não se aplica.

Fotografia 1 – Struggling Girl

Fotografia de Kevin Carter realizada no Sudão em 1993.

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Alvo de muitas críticas, Kevin Carter, fotógrafo sul-africano, atingiu a fama

com esta foto tirada no Sudão. Ganhou diversos prêmios, como o Pulitzer de

Fotografia, e depois suicidou por conta das críticas. Foi julgado por ter uma frieza

extrema e ser capaz de tirar essa foto ao invés de ajudar a criança, porém tiveram

aqueles que se sensibilizaram com a imagem por introduzir pensamentos sobre a

fome extrema do lugar. São dois pontos de vista éticos diferentes.

A prática fotográfica exige um zelo pelo comportamento ético. Investiga-se no

mercado fotográfico que não é considerado ético, por exemplo: cobrar muito barato

para conseguir clientes, não saber lidar com as críticas dos próprios trabalhos,

fotógrafos que não mantêm sigilo das informações de seus clientes, não cumprir

com os compromissos assumidos com todos os envolvidos no trabalho, entre outras

questões relacionadas à ética na fotografia e no comportamento profissional.

Para os fotógrafos, a Associação Brasileira de Fotógrafos, a ABRAFOTO, que

foi criada em 1985 vem como parceira no estabelecimento dos princípios éticos e

profissionais deles no mercado. Zela pelos direitos de autor, morais, patrimoniais e

pelos interesses coletivos culturais em geral de fotógrafos e empresas que

produzem obras fotográficas para a publicidade.

Um dos objetivos da ABRAFOTO é a aproximação entre os

profissionais, com a intenção de evitar os abusos antes cometidos. É um trabalho de conscientização difícil e demorado, devido às características de nosso mercado. Porém, um grupo coeso tem muito mais chances de resolver seus problemas comuns. (ABRAFOTO)

Além dos limites da ética, o descumprimento das normas comportamentais na

fotografia entra no âmbito legislativo e está sujeito às inferências da Lei dos Direitos

Autorais. Como exemplo: copiar uma imagem e utilizar imagens de outros fotógrafos

sem autorização é uma ação antiético e pode terminar em processo por infração dos

direitos do autor, segundo a Lei nº 9.610 , Art. 5º e Art. 33°, em específicos já

descritos neste artigo. Compreende-se que plagiar ou utilizar imagens de outras

pessoas sem especificar o copyright é antiético e ilegal e que a tecnologia

juntamente com todos os seus benefícios e a democratização do acesso a

informação trouxe essa perigosa descompensação, onde há um desregrado praxe

de cópia, plágio e releituras de obras criativas pela internet.

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3.0 Cultura do remix

A expressão cibercultura foi prevista por volta de 1999, quando Pierre Lévi

publicou a versão brasileira do livro Cyberculture, de 1997. Desde a convergência

das tecnologias da comunicação, configurou-se a contemporaneidade como a

cultura da massa, do acesso e do remix. Várias discussões puderam ser possíveis e

hoje há um interesse significativo nas análises sobre a propriedade criativa. Pode-se

investigar com autores como André Lemos, professor da Faculdade de

Comunicação da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e autor do ensaio “Ciber-

Cultura-Remix”, os hodiernos comportamentos da sociedade em relação a

cibercultura. Segundo André, a mesma caracteriza-se por três “leis” fundadoras: a

liberação do polo da emissão, o princípio de conexão em rede e a reconfiguração de

formatos midiáticos e práticas sociais. Esse processo é como um tripé; há uma

emissão do feito, em seguida, uma conexão disso na “rede” seguida pelas

reconfigurações.

Na cibercultura, a criatividade é conceituada pelo poder de “re-criação”.

Assim, a partir do século XX, podemos compreender por remix, “as possibilidades de

apropriação, desvios e criação livre” (Lemos, 2005, p.2).

A nova dinâmica técnico-social da cibercultura instaura assim, não

uma novidade, mas uma radicalidade: uma estrutura midiática ímpar na história da humanidade onde, pela primeira vez, qualquer indivíduo pode, a priori, emitir e receber informação em tempo real, sob diversos formatos e modulações, para qualquer lugar do planeta e alterar, adicionar e colaborar com pedaços de informação criados por outros. (LEMOS, 2005, p.2)

O discurso moderno do comportamento sociocultural é de que se na internet

tem tudo, nela pode tudo. E como consequência do seu potencial, o envolvimento

em massa e as reconstruções da criatividade jogada na rede são suas

consubstancias. Essa participação coletiva se daria a livre circulação das ideias na

internet. “Estamos testemunhando a emergência de novas formas de consumo

cultural e de novas práticas sociais.” (Lemos, 2005, p.8)

O documentário Everything is a Remix, de Kirby Ferguson é uma série de

quatro vídeos que examinam a influência (remixagem) de outras obras em algumas

criações musicais, cinematográficas, entre outras. Kirby afirma: “Criação requer

influência. Tudo o que nós fazemos é um remix de criações existentes, nossas vidas

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e as vidas dos outros”. O documentário defende que não existe mistério nem

genialidade na criação original. E que a criatividade pode ser explorada e

desenvolvida por todos os outros elementos existentes na terra e isto é: cópia. “Nós

precisamos copiar para construir as fundações do conhecimento e da

compreensão”, declarou Ferguson.

Nessa altura já se questiona o paradeiro da originalidade e se é possível criar

algo novo. Kirby Ferguson explica que o processo criativo é composto por três

elementos: copiar, transformar, combinar.

A interdependência da nossa criatividade foi obscurecida por ideias culturais poderosas, mas a tecnologia agora está expondo essa conectividade. Estamos lutando legalmente, eticamente e artisticamente para lidar com essas implicações. (FERGUSON, 2010.)

Houve ainda um tempo em que todas as ideias eram livres. As maiores obras

da história já foram livremente abertas à reprodução e cópia. Foi o crescente

domínio da economia de mercado que gerou o efeito da competição agressiva, e

assim, a obsessão pelos direitos autorais, principalmente pelos direitos patrimoniais

das obras.

Isso leva a propor um gerador do problema da cópia. Uma vez que o inventor

da obra (produto/mercadoria/serviço) agrega o valor de venda ao seu produto não só

os custos de produção, mas também o valor da criatividade, por sua vez o copiador

não precisa dessa cotação, o que barateia sua “mercadoria”. “Como resultado:

criações originais não conseguem competir com o preço das cópias”, afirma Kirby na

quarta parte do documentário Everything is a Remix. Portanto, a feitura dos direitos

do autor veio com o objetivo de equilibrar esses impasses, para garantir respeito e

uma exclusividade temporária aos autores.

Segundo o documentário, a evolução da economia, a indômita luta por lucro

em todos os segmentos e a aversão natural do homem a perda transformou esse

“bem comum” em uma preocupação muito mais incisiva, a surgir então o direito de

propriedade de todas as ideias, a Propriedade Intelectual, privatizando a criatividade.

Assim, o conceito de propriedade intelectual se estendeu do seu plano, procriando

legislações, conjecturadas por leis, regulamentos e acordos variados pelas leis de

direitos autorais regentes em cada país do mundo. A carregar sempre com seu

rompimento recompensas mais atrativas ao homem, do que suas obras em si.

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3.2 Creative Commons Licenses

Lawrence Lessig é um professor de Direito, fundador da School’s Center for

Internet and Society e visionário cultural. Autor de vários livros que discutem o

comportamento sociocultural das implicações da cibercultura e principalmente do

livro liberado on-line sob licença de creative commons “Free-culture”, criou em 2001

uma organização não governamental em Mountain View, na Califórnia, que tem

como finalidade ativar licenças alternativas com menos restrições que as originais

(copyright) em prol da disseminação das obras. Creative Commons Licenses são

seis tipos de licença que nos aplicam a filosofia do copyleft6, o qual libera

permissões alternativas de compartilhamento das obras de acordo com o tipo de

licença escolhida pelo autor.

Os commons são a efetivação dos manifestos de cultura livre de todos os

defensores da remixagem; “(...)freedom to create, freedom to build, and ultimately,

freedom to imagine.”7 A preocupação não é ir contra os direitos do autor, e, sim,

transpor seu enrijecimento; é a liberdade da criatividade artística e cultural, a

expansão do volume de obras criativas acessíveis ao público.

Culturalmente, a liberdade de disseminação das obras têm bons desígnios,

mas o impasse se instala na prática quando pela visão do fotógrafo, que é um artista

mas também é um profissional e corriqueiro cidadão, tem compromissos financiais.

O fotógrafo vive e sobrevive da sua arte, portanto, para ele, os direitos patrimoniais

são mais do que significativos, por isso, tão pleiteados. Um exemplo dessa

divergência está nas obras do fotógrafo secundário de uma equipe de fotografia

social. O que acontece geralmente é que um fotógrafo é contratado para cobrir um

evento social, e esse, na maioria das vezes, usa o seu nome como nome

profissional, ex. “João da Silva Fotógrafo”. Mas, de acordo com a dimensão do

evento, ele precisará contratar um ou mais fotógrafos para a equipe que produzirá

fotografias em massa sem assinar. Outro exemplo é a disseminação das imagens

pela rede:

6 É um método de liberação do licenciamento de obras/trabalhos para reprodução, divulgação e edição livres. É o contrário de copyright que reserva os direitos do autor, é a liberdade da cópia. Criado pelo GNU Project (Free Software Foundation). 7 Ver em http://www.free-culture.cc/about/

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(...) as pessoas têm que entender que não é porque está na internet

que é de graça, ali existe o criador que fez aquelas imagens, ele merece ser respeitado e existe a lei pra isso e se for identificado, cada um tem que procurar o seu direito. (Entrevista Kazuo Okubo, 2014).

4.0 O fotógrafo: Kazuo Okubo

Kazuo Okubo nasceu em Brasília no ano de 1959, na cidade satélite do

Núcleo Bandeirante, que na época era chamada Cidade Livre. Em 1961, seu pai

montou a primeira loja, onde Kazuo cresceu entre filmes e fotografia. Trabalhou

desde cedo, lavava a loja, cortava foto 3x4 e acompanhava seu pai, que também

fotografava eventos. Iniciou graduação de Engenharia Mecânica na Universidade

Federal de Uberlândia (UFU), tentou se engajar em outros cursos como

Administração e Economia, mas sem sucesso. Em 1981, voltou para Brasília, onde

trabalhava durante a semana na loja e, nos finais de semana, passou a se dedicar

aos eventos sociais. Depois da morte de seu pai, assumiu totalmente os negócios da

família, fazendo da fotografia seu principal ofício. Dedicou-se intensamente aos

estudos e, por meio da sua influência comercial, pôde conviver com grandes

profissionais, acompanhar e aprender com seus trabalhos. Como resultado disso foi

um grande fotógrafo de casamentos em Brasília.

Kazuo migrou para fotografia publicitária e se revelou em 2004 também um

grande artista que hoje é reconhecido pela sua singularidade e personalidade nas

fotografias artísticas de nu, que celebram o espírito do corpo e da cidade de Brasília,

onde comanda uma galeria de arte. Com mais de 30 fotógrafos, a Casa da Luz

Vermelha é a primeira galeria de arte do Distrito Federal especializada em fotografia.

4.1 Processo criativo

Para Kazuo Okubo, que atua na fotografia publicitária, em que, segundo ele,

tudo é muito bem definido e atestado através de contratos, a criação do fotografo é

limitada. Esse recebe as encomendas dos trabalhos pré-definidas e criadas pelas

agências que, por meio de layouts, produz o que for requisitado. O que tipificará

essa fotografia são os pequenos detalhes de personalidade e olhar do fotógrafo.

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“Ser original fica cada vez mais difícil, mas é possível, com certeza, você pode

reinventar”, evidencia Kazuo.

Fotografia 2 - Campanha 2008 Ministério Fotografia 3 - Capa do filme Beleza da Saúde AIDS Americana

Esta foto foi criada pela Master para Imagem do filme Beleza Americana, dirigido o Ministério da Saúde para uma por Sam Mendes, em 1999 (http:/minhavisao campanha sobre a AIDS docinema.blogspot.com.br/2013/02/classico (http://olhares.sapo.pt/kazuookubo) -em-cena-beleza-americana.html) Uma campanha feita em 2008 para o Ministério da Saúde do governo federal,

com fotografia de Kazuo Okubo, ilustra uma forte referência de inspiração da

publicidade no cinema. A capa do filme Beleza Americana, dirigido por Sam Mendes,

em 1999, é reproduzida por uma modelo com seu significado reconfigurado.

Na publicidade, a certificação de autoria criativa, dos direitos de autor e de

imagem é assegurada de maneira forense. Sujeita a descumprimentos como toda

norma, tem sua sanção garantida no Código Penal.

Sobre o processo de criação das obras artísticas, Kazuo Okubo é bastante

rígido. Diferente da fotografia publicitária, encomendada, a arte do fotógrafo é

totalmente pessoal e íntima.

O artístico é o ‘eu’. O “Eu Kazuo” com minha ideia doida(...). Quando

se é contratado para realizar obras comerciais ou quando se comercializa obras artísticas, me pertencem os direitos morais, porém, não mais os direitos patrimoniais, pois estes são de quem os pagou. O patrimônio é comercializado, a autoria jamais, a autoria eu diria que é intransferível. É como um filho tem DNA, é seu pra sempre. (Entrevista Kazuo Okubo, 2014).

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Há uma estima do criador pela sua obra. Apesar da consciência de influências

externas e variadas em todo processo de criação, o que se investiga através do

fotógrafo é que no mundo da fotografia o que é apelidado por “chupada crua” é mal

visto. A cópia eminente nas obras, o que ficar explícito as percepções não é bem

aceito. Ainda que a arte pareça aceitar esses remixes, o processo de criação

artística para o fotógrafo ainda é muito delicado.

Para Kazuo Okubo, proteger sua criatividade é importante. Quando se dispõe

a um trabalho fotográfico, mesmo publicitário, é ponderoso não entrar em contato

com o tema através de obras de outras pessoas, isso pode mantê-lo absolvido das

influências e da tentação da “cópia”. Mas, também, o fotógrafo é consciente da

condição fugaz da criação e sabe que, por todo o mundo, todos os seres estão

sujeitos às mesmas ou outras influências que ele e que poderão gerar fins análogos.

(...) às vezes você está num mesmo lugar com uma pessoa, com um mesmo equipamento, com a mesma lente, um recorta de um jeito e o outro recorta de outro. Eu acredito que você pode copiar uma imagem, mas uma história inteira, eu acho que já fica um pouco mais complicado. Eu vejo o novo fotógrafo como um contador de história. (Entrevista Kazuo Okubo, 2014).

Fica evidente que o artista põe muito esforço em sua obra. Principalmente na

fotografi, que é uma ferramenta tão poderosa de comunicação e geração de ideia.

Uma mesma imagem pode conter uma narrativa inteira, histórias, ideias. Esse é o

poder de síntese que a fotografia tem. “(...) Busco um espaço com menos gente que

possa copiar. A fotografia vai mostrar dentro dela mesma o que é o fotógrafo, é tudo

muito pessoal”, manifesta Kazuo. Observa-se, então, que toda forma criativa é

sujeita a influências no seu processo, o que é preservado nas obras são sua

essência.

4.2 Comercialização

O mercado artístico cultural para o fotógrafo ainda é um anseio. Ele busca

seu espaço e quer ser comprado, quer viver da arte, quer vender seu produto. As

leis de incentivo propiciam lugar para a fotografia, mas ela ainda não é totalmente

estimada como outras formas de arte são. A Casa da Luz Vermelha é uma galeria

de arte especializada em fotografia, onde Kazuo Okubo, a curadora Rosely

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Nakagawa e mais de 30 fotógrafos pleiteiam introduzir a fotografia na indústria

artística.

A gente está disputando um metro de parede, eu acredito muito na

possibilidade de mercado real, vários fotógrafos poderem viver das suas obras criativas e não dos mercados convencionais. (...) a Galeria é uma forma de patrocinar algo criativo. (...) Eu digo que a gente trabalha com formação de público, (...) lutamos com muito esforço e o papel da galeria é expor o artista, para que as pessoas sintam vontade de tê-lo. (Entrevista Kazuo Okubo, 2014).

Kazuo alerta que até a sistemática de impressão e ampliação de fotografias

deve ser cuidadosa. Ao enviar fotos para empresas que farão a impressão, o

fotógrafo fica sujeito à cópia sem qualquer controle. Esse trabalho precisa ser

acompanhado de um aviso importante: “Após a utilização, deletar todas as imagens.

O uso dessas imagens implicará na Lei”. Paralelamente, a imagem digital carrega

seus dados de composição, portanto, para o fotógrafo, do mesmo modo que a

internet democratizou a entrada, o artista espera da tecnologia melhores métodos de

identificação de imagem.

Esses sentimentos tornam complexa a aceitação do remix e do conteúdo livre

pelos fotógrafos, uma vez que a originalidade é o que parece ser a garantia do êxito

comercial.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O avanço tecnológico e o rompimento das barreiras do acesso à informação

sugerem que a cultura do remix é algo agregado à internet e a seus efeitos. O fácil

acesso a todo tipo de informação, arte e cultura facilita as intervenções e

aprimoramentos intelectuais e complica na mesma proporção a vida de profissionais

artísticos que se apoiam na internet. Porém, com o empenho dos estudos da era

que antecede a internet, pode-se lembrar de um conceito expressado há 237 anos:

“Na natureza, nada se cria (...) tudo se transforma” (LAVOISIER, 1777). O que a

cultura contemporânea e a internet parecem fazer é expor essa condição.

Detecta-se com o estudo que as noções de autoria de obras entraram em

crise, pois a ideia de propriedade intelectual nascida pelo capitalismo da

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modernidade industrial está ameaçada pela quebra de fronteiras da tecnologia.

Assim, a presente realidade cultural potencializa a necessidade de um novo

comportamento social de cooperação ainda sem desrespeitar os direitos autorais,

mas incentivar o compartilhamento e as releituras livres da criatividade. As licenças

creative commons apresentam-se como pioneiras desse incentivo e proporcionam

ao artista formas alternativas de compartilhamento cultural e, com isso, o

rompimento da privatização criativa. Além disso, como foi investigado, o autor ganha

autonomia da sua obra, em oposição à lei que induz o autor a aspirar maiores lucros

com o confronto dos direitos autorais do que com sua obra em si.

O que vemos a partir da visão de um artista, o fotógrafo que quer e precisa

viver da sua arte, são na prática supostamente o que o copyleft tem de dificuldade

para se sustentar na fotografia. Porém a concorrência é um fenômeno comum em

todas as eras nas relações profissionais. É possível transformar a partir de uma ideia

ou significativas combinações delas, algo novo. Há um potencial poderoso nas

combinações.

Conservar e valorizar a criatividade é aceitar o processo: copiar, transformar e

combinar. A criatividade vem de fora e não de dentro como pensamos, somos

interdependentes. Portanto, propõe-se que o limite moral entre a cópia e a

“inspiração” relaciona-se às recombinações e variantes significados. Copiar é

apropriar-se; inspiração são infinitas formas de releituras e adaptações de uma

criatividade não privatizada.

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REFERÊNCIAS

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ANEXO

Tabela 1 – Licenças do Creative Commons

Tabela traduzida das definições das licenças do creative commons.