TAipa BAmbu -Dissertacao

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHAESCOLA POLITCNICA

    MESTRADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL URBANA

    GERALDO BEZERRA ARAJO

    RECOMENDAES PARA MELHORIA TECNOLGICA DA VEDAOVERTICAL EM TCNICA MISTA EM HABITAO DE INTERESSE

    SOCIAL: UM ESTUDO DE CASO NO BAIRRO DO ALEGREEM SO SEBASTIO DO PASS

    SALVADOR

    2007

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHAESCOLA POLITCNICA

    MESTRADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL URBANA

    GERALDO BEZERRA ARAJO

    RECOMENDAES PARA MELHORIA TECNOLGICA DA VEDAOVERTICAL EM TCNICA MISTA EM HABITAO DE INTERESSE

    SOCIAL: UM ESTUDO DE CASO NO BAIRRO DO ALEGREEM SO SEBASTIO DO PASS

    Dissertao apresentada ao Mestrado em EngenhariaAmbiental Urbana da Escola Politcnica da UniversidadeFederal da Bahia, como requisito para obteno do grau demestre.

    Orientador:Prof. Dr. Emerson de Andrade Marques Ferreira

    Co-Orientador:

    Prof. Dr. Sandro Fbio Csar

    SALVADOR

    2007

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    A663 Arajo, Geraldo BezerraRecomendaes para melhoria tecnolgica da vedao vertical na tcnica mista

    destinada em habitao de interesse social: um estudo de caso no bairro do Alegre em SoSebastio do Pass / Geraldo Bezerra Arajo Salvador, 2007.

    206 f

    Orientador: Prof. Dr. Emerson de Andrade Marques FerreiraCo-Orientador: Prof. Dr. Sandro Fbio Csar

    Dissertao (mestrado) Universidade Federal da Bahia. EscolaPolitcnica, 2007.

    1. Habitao popular Casa de tcnica mista. 2. Poltica habitacional. I Ttulo

    CDU 728:332.83

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    Dedico este trabalho a minha famlia:aos meus filhos Chico, Dany e Lucas; a minha neta Malu; aos meus pais Francisco Assis (in

    memria) e Nazareth; aos meus irmo Glucia e Beto; aos meus primos pais Antnio Ivo e Lila; ea minha nova companheira Ana Lcia e suas filhas Aline e Daniela.

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    Agradecimentos

    So muitos e todos especiais...A Deus por me fazer existir e ter permitido avanar na construo do conhecimento.

    A minha famlia:aos meus filhos Chico, Dany e Lucas; a minha neta Malu; aos meus pais Francisco Assis (in

    memria) e Nazareth; aos meus irmo Glucia e Beto; aos meus primos pais Antnio Ivo e Lila; ea minha nova companheira Ana Lcia e suas filha Aline e Daniela, pela contribuio que cada

    um teve e tem em minha vida.

    Aos professores Emerson de Andrade Marques Ferreira e Sandro Fbio Csar, respectivamenteorientador e co-orientador, pela presena fundamental, pacincia, dedicao e incentivo.

    Aos professores designados pelo MEAU para examinar este trabalho, pela disponibilidade erelevantes contribuies, na pessoa de Dr. Emerson de Andrade Marques Ferreira, Dr. SandroFbio Csar, Dr. Roberto Bastos Guimares, Dr. Ricardo Fernandes de Carvalho e Dr. Almir

    Sales.

    Ao Prof. Dr. Virgolino Ferreira Jorge pela acolhida na Universidade de vora e orientao deminha investigao em Portugal, juntamente com as arquitetas Dra. Maria Fernandes e Dra.

    Mariana Correia.

    Aos demais colegas e amigos da Universidade de vora, pelo acolhimento, apoio e troca deexperincias, nas pessoas da Profa. Dra. Marzia Menezes Ferreira, Profa. Dra.Maria do Cu

    Tereno, Profa. Dra. Sofia Capelo, Prof. Dr. Manuell Mascarenhas e dos tcnicos administrativosAntnio Galvoeira, Maria Elisa, Joaquina Mira, Maria da Conceio Charrua, Maria Manuela

    Serrano e Maria Etelvina Balsinha.

    Aos professores e amigos do MEAU, onde mais uma vez esteve a contribuir o Prof. Dr. RobertoBastos Guimares, Prof. Dr. Luiz Roberto Moraes, Prof. Dr. Luiz Anbal de Oliveira Santos,

    Profa. Dra. Viviane Zanta, Prof. Dr. Sandro Lemos Machado, Prof. Dr. Wellington C. Figueredo,Profa. Dra. Ilce Marlia Dantas Pinto, Prof. Dr. Juan Moreno, e Prof. Dr. Artur Caldas pela

    presteza em contribuir com a descoberta de novos caminhos.

    Aos demais professores do Mestrado em Engenharia Ambiental Urbana, pela dedicao e formade fomentar em ns estudantes a vontade de cada vez mais aprender.

    Ao Laboratrio de Geotecnia da Escola Politcnica da UFBA, na pessoa do Coordenador Prof.Dr. Luiz Edmundo, do Pesquisador e Mestre Paulo Burgos e de toda a equipe tcnica, pelos

    ensaios de caracterizao do solo existente na rea de estudo, objeto desta pesquisa.

    Aos colegas e amigos, professores da UFBA, Arivaldo Leo de Amorim, Adailton Gomes, eAlberto Oliviere pelo apoio e incentivo no decorrer deste trabalho.

    professora Maria Lenise Silva Guedes, Curadora do Herbcio Alexandre Costa Leal UFBA,pela gentileza de identificar a espcie de bambu existente em So Sebastio do Pass.

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    Aos professores Roberto Cardoso e Artur Caldas, Coordenador e Vice Coordenador do Mestradoem Engenharia Ambiental Urbana, pela forma competente de conduzir as atividades do mestrado.

    Aos amigos do Bureau de Servios da FAUFBA Jorge Getlio de Jesus, Ricardo Armando,Carlos Eduardo e Tainan Armando Conceio de Jesus pelo apoio e presteza nas horas de sufoco.

    s pesquisadoras Sueli Guimares e Clia Neves pela contribuio em informar e colaborar comas pesquisas deste trabalho.

    Aos colegas do mestrado Jos Arajo (Divino), Alzira (Princesa), Patrcia (Patepatoca),Anderson (Floquinho), Jairo (El Conquistador), Lcia (Me de Pedro), Marco Antnio (O

    Professor), Nelson (Pozinho da mame) e Virgnia (Virge) pelos momentos de estudo, lazer e deincentivo nas horas amargas.

    Selma Borges de Paula pelo trabalho de reviso desta dissertao.

    comunidade do bairro do Alegre, em So Sebastio do Pass pela forma sempre acolhedoradurante os trabalhos de campo.

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    RESUMO

    Este trabalho estuda a vedao vertical em tcnica mista para habitao de interesse social,tambm conhecida no Brasil como pau-a-pique, taipa de mo, taipa de sopapo, ou simplesmentetaipa, entre outras denominaes. O trabalho foi desenvolvido apoiado na metodologiaestabelecida, onde teve como base a reviso bibliogrfica e o estudo de caso. A revisobibliogrfica contemplou o estudo e anlise sobre a tcnica mista e a tcnica mista estruturadacom bambu. O estudo de caso foi realizado no bairro do Alegre em So Sebastio do Pass, ondeforam levantados dados sobre o perfil scio-econmico da populao da rea de estudo, sobre aforma como a mesma constri sua habitaes em tcnica mista e sobre os materiais utilizados.Por fim, discutiu-se, avaliou-se e foram feitas recomendaes, buscando melhorias tecnolgicaspara o melhor desempenho da vedao vertical do atual sistema construtivo. Alm dasrecomendaes referentes s melhorias tecnolgicas da vedao vertical, recomendou-se asubstituio da madeira pelo bambu nas peas do entramado, visto ser o mesmo materialadequado e ambientalmente mais correto.

    Palavras-chave: Habitao popular Taipa; Tcnica Mista; Bambu; Poltica habitacional

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    ABSTRACT

    This study covers the vertical water sealing of the wattle and daub building technique used in lowcost housing. Based on the conventional approach, it is composed of a bibliographical review anda case of study. The bibliographical review comprehends studies and analysis about the commonwattle and daub and the structured on bamboo wattle and daub building techniques. The case ofstudy was performed in Alegre, So Sebastio do Pass Bahia Brazil, where data concerningthe social-economical BACKGROUND OF THE POPULATION, THE METHODS THEY USEIN BUILDING THEIR WATTLE AND DAUB EDIFICATIONS AND THE USEDMATERIAL WAS COLLECTED. After discussing and evaluating wattle and daub as a buildingsystem, recommendations concerning technological improvements are made and it`s suggestedthe use of bamboo as the structure, instead of other types of wood that are conventionally used.

    Keywords: low cost housing; wattle and daub tecnique; bamboo; urban politics.

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 01 Habitao urbana em Pilar, Paraguai 30

    Figura 02 Detalhe da habitao urbana em Pilar, Paraguai 30Figura 03 Detalhe da habitao urbana em Pilar, Paraguai 31Figura 04 Tcnica mista sobre o trreo na Rua do Castelo, Lamego, Portugal 34Figura 05 Edificaes em tcnica mista sobre o trreo, em Lamego, Portugal 35Figura 06 Tcnica mista revestida com chapas de zinco em Tarouca, Portugal 36Figura 07 Tcnica mista revestida com lousas em Guarda, Portugal 37Figura 08 Tcnica mista revestida com lousas na Aldeia de Salzedas, Portugal 37Figura 09 Tcnica mista sobre pavimento trreo em Covil, Portugal 38Figura 10 Construo em tcnica mista, marca da imigrao japonesa, em Mogi das

    Cruzes, SP 40Figura 11 Tcnica mista no bairro do Alegre, em So Sebastio do Pass, Bahia, Brasil 43Figura 12 Tcnica mista sobre o solo em Salvador, Bahia, Brasil 44Figura 13 Tcnica mista revestida e pintada, no Povoado Moreira, Palmeira dos ndios,

    Alagoas, Brasil 45Figura 14 Contraventamento do entramado em Portugal 48Figura 15 Vista geral do Taj Mahal 57Figura 16 Edificao em bambu, com painis monolticos argamassados, em Macei,

    Alagoas 58Figura 17 Edificao em bambu, com painis em microcroncreto, em Macei,

    Alagoas 59Figura 18 Edificao em bambu, com painis em microcroncreto, em Macei,

    Alagoas 60Figura 19 Bambu impermeabilizado com garrafas plsticas 61Figura 20 Memorial da Cultura Indigena, Campo Grande - MS 61Figura 21 Partes e sub-partes do bambu 63Figura 22 Rizoma leptomorfo 63Figura 23 Rizomas leptomorfos, paquimorfos e metamorfo (o N 5) 64Figura 24 Bambu a 1 km de So Sewbastio do Pass 66Figura 25 Mapa do Estado da Bahia, localizando So Sebastio do Pass 90Figura 26 Foto area de So Sebastio do Pass 91Figura 27 Mapa geral de So Sebastio do Passe localizao da poligonal de estudo 92Figura 28 Mapa da poligonal destacando as edificaes 93Figura 29 Poligonal de estudo destacando as 96 casas em tcnica mista 94Figura 30 Foto referente retirada da primeira amostra de solo 98Figura 31 Carta de plasticidade dos 3 solos naturais da primeira etapa 102Figura 32 Foto referente retirada da amostra do solo 1A 104Figura 33 Foto referente retirada da segunda amostra de solo 105Figura 34 Foto referente retirada da terceira amostra de solo 105Figura 35 Carta de plasticidade dos solos naturais das duas etapas e dos solos

    Misturados 107Figura 36 Conjunto das bolas aps secagem e ampliao das bolas dos solos 1A

    e 2A 110Figura 37 Bolas ampliadas dos solos 3A, 3A.1, 3A.2 e 3A.3 111

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    Figura 38 Bolas ampliadas dos solos 3A.4, 3A.5 e 3A.6 e 3A.7 112Figura 39 Bola do solos 3A.8 113Figura 40 Bambu a 1 km de So Sebastio do Pass 128Figura 41 Bambu a 2 km de So Sebastio do Pass 128

    Figura 42 Bolor na Casa 7 do bairro do Alegre, em So Sebastio do Pass 133Figura 43 Tcnica mista deteriorada no bairro do Alegre, em So Sebastio do Pass 134Figura 44 Casas em tcnica mista no bairro do Alegre, em So Sebastio do Pass 135Figura 45 Tcnica mista deteriorada no bairro do Alegre, em So Sebastio do Pass 137Figura 46 Tcnica mista deteriorada no bairro do Alegre, em So Sebastio do Pass 138Figura 47 Ampliao destacando a umidade que degrada o solo de fechamento e

    as varas 138Figura 48 Tcnica mista deteriorada no bairro do Alegre, em So Sebastio do Pass 140Figura 49 Paramento vertical escorado (habitao em via de tombamento) 141Figura 50 Peas do enchimento com sees diferentes 142Figura 51 Paramento vertical destacando a falta de modulao entre as peas 143Figura 52 Paramento vertical destacando o solo da primeira amostra 145Figura 53 Paramento vertical destacando o solo da segunda amostra 145Figura 54 Paramento vertical destacando o solo da terceira amostra 146Figura 55 Paramento vertical destacando a falta de recobrimento das varas 147Figura 56 Paramento vertical destacando a falta de recobrimento das varas 147Figura 57 Vedao vertical destacando a deteriorizao do reboco 150Figura 58 Vedao vertical destacando a deteriorizao do reboco 150Figura 59 Vedao vertical totalmente pintada, externa e internamente 153Figura 60 Vedao vertical parcialmente pintada, apenas a fachada principal 154Figura 61 Vedao vertical sem reboco e sem pintura externa e interna 154Figura 62 Cobertura em telha cermica de olaria 156Figura 63 Cobertura em telha cermica de olaria 156Figura 64 Padro das esquadrias na vedao vertical 158Figura 65 Padro das esquadrias na vedao vertical 158

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 01 Total das construes na poligonal 94Tabela 02 Habitantes nas construes em tcnica mista 95

    Tabela 03 Situao de ocupao dos chefes de famlia 96Tabela 04 Renda familiar 96Tabela 05 Caracterizao do solo da primeira etapa 99Tabela 06 Plasticidade dos solos da primeira etapa 100Tabela 07 Atividades dos solos da primeira etapa 102Tabela 08 Caracterizao do solo da segunda etapa 106Tabela 09 Plasticidade dos solos da 1. e 2. etapas 107Tabela 10 Classificao dos solos segundo o USCS 108Tabela 11 Atividades dos solos da 1. e 2. etapas 108Tabela 12 Solos possveis de recomendao para a taipa de mo 109Tabela 13 Teste das bolas: avaliao visual das fissuras 113Tabela 14 Solos possveis de serem usados na taipa de mo, conforme os testes

    expeditos e os resultados do laboratrio 114Tabela 15 Tempo de construo das habitaes 115Tabela 16 Construes reformadas e ampliadas 116Tabela 17 rea construda das habitaes 116Tabela 18 Situao de revestimento das habitaes 117Tabela 19 Situao da pintura das habitaes 117Tabela 20 Material de cobertura das habitaes 118Tabela 21 Nmero de guas das coberturas 118Tabela 22 Habitaes com instalao eltrica 119Tabela 23 Situao de telefonia nas habitaes 119Tabela 24 Situao de instalao de gua nas habitaes 120Tabela 25 Situao de instalao de esgoto nas habitaes 120Tabela 26 Estado de conservao das habitaes 121Tabela 27 Nvel de satisfao dos moradores 122Tabela 28 O uso do bambu no universo de amostragem 123

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    S U M R I O

    1. INTRODUO 151.1 Contextualizao 18

    1.2 Problema 191.3 Objetivos 201.3.1 Objetivo geral 201.3.2 Objetivos especficos 211.4 Justificativa 211.5 Estrutura da dissertao 23

    2. TCNICA MISTA 252.1 Algumas formas de construir a tcnica mista 262.1.1 No Japo 262.1.2 No Equador 27

    2.1.3 No Paraguai 292.1.4 Em Portugal 322.1.5 A tcnica mista no Brasil 392.2 A estrutura e o entramado na tcnica mista 462.3 O solo par o uso na tcnica mista 482.3.1 Retirada da amostra e teste para uso do solo mais adequado 492.3.2 Correo do solo par a tcnica mista 512.4 Recomendaes para execuo da tcnica mista 53

    3. TCNICA MISTA ESTRURURADA COM BAMBU 563.1 O bambu como material de construo 57

    3.2 Bambu: classificao, distribuio geogrfica e espcies 623.3 Tipos de bambu mais usados na construo 653.4 Tratamento do bambu 663.4.1 Tratamentos naturais 683.4.1.1 Cura 683.4.1.2 Secagem 693.4.2 Tratamento qumico preservativo 70

    4. METODOLOGIA 734.1 Delimitao da pesquisa 734.2 Identificao das variveis 74

    4.3 Estgios da pesquisa 744.3.1 Estgio de reviso bibliogrfica 744.3.2 Estgio de investigao sobre a utilizao atual da tcnica mista 754.3.3 Estgio do estudo de caso 764.4 Estudo de caso 774.4.1 Fase preparatria 794.4.2 Coleta de evidncias 844.4.3 O mtodo 854.4.4 Anlise das evidncias

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    4.4.5 Construo do relatrio 88

    5. ESTUDO DE CASO 905.1 O bairro do Alegre 91

    5.1.1 Casas em tcnica mista e casas em alvenaria na poligonal de estudo 935.1.2 Habitantes no universo de amostra das 24 casas 945.1.3 Ocupao dos chefes de famlia no universo de amostragem 955.1.4 Renda familiar no universo de amostragem 965.2 Dados referentes tcnica mista atual em So Sebastio do Pass 975.2.1 O solo local 975.2.2 Informaes sobre as construes 1155.2.2.1 Tempo de construo das habitaes 1155.2.2.2 Habitaes reformadas ou ampliadas 1165.2.2.3 rea das habitaes 1165.2.2.4 Situao de revestimento das habitaes 1175.2.2.5 Situao da pintura das habitaes 1175.2.2.6 Material de cobertura 1185.2.2.7 Nmero de guas das coberturas 1185.2.2.8 Habitaes com instalaes eltricas 1195.2.2.9 Situao de telefonia das habitaes 1195.2.2.10 Situao de instalao de gua potvel 1205.2.2.11 Situao de instalao de esgoto 1205.2.2.12 Estado de conservao das 96 habitaes em tcnica mista da rea de estudo 1215.2.2.13 Nvel de satisfao dos moradores das casas de tcnica mista 1225.2.2.14 O uso do bambu no universo de amostragem 1225.3 O atual sistema construtivo da tcnica mista em So Sebastio do Pass 1235.3.1 Subsistema de fundao e estrutura 1235.3.2 Subsistema de paredes 1245.3.2.1 Entramado 1245.3.2.2 Barreamento 1255.3.2.3 Reboco 1255.3.2.4 Pintura 1265.3.3 Subsistema coberturas 1265.3.4 Subsistema esquadrias 1275.3.5 Subsistema pisos 1275.3.6 Subsistema instalaes 1275.3.6.1 Instalaes eltricas 1275.3.6.2 Instalaes telefnicas 1275.3.6.3 Instalaes de gua potvel 1285.3.6.4 Instalaes de esgoto sanitrio 1285.4 O bambu existente em So Sebastio do Pass 128

    6. DISCUSSES, AVALIAES E RECOMENDAES 1306.1 Sobre a drenagem 1356.2 Sobre a estrutura e o entramado 1366.3 Sobre o solo 1446.4 Sobre o reboco

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    6.5 Sobre a pintura 1526.6 Sobre a cobertura 1556.7 Sobre as esquadrias 1576.8 Sntese das discusses, avaliaes e recomendaes 159

    7. CONCLUSES 1617.1 Recomendaes para trabalhos futuros 164

    REFERNCIAS 165Referncias citadas 165Referncias consultadas 170

    APNDICE 176

    ANEXOS 184Anexo 1: Espcies de bambu nativas do Brasil e espcies originrias de

    outros pases e cultivadas no Brasil 184Anexo 2: Confirmao da espcie de bambu existente em So Sebastio

    do Passe 195Anexo 3: Resultados dos ensaios de caracterizao do solo 197Anexo 4: Mapa da poligonal de estudo destacando as casas em tcnica mista 205

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    1. INTRODUO

    A partir do desenvolvimento industrial, a habitao de interesse social tem sido um problema a

    atingir pases em desenvolvimento. Habitar para o ser humano condio bsica desobrevivncia. No apenas os grandes centros urbanos que crescem e se modernizam sem, no

    entanto, resolverem o problema habitacional, como tambm, os pequenos centros urbanos trazem

    em seus arredores a marca da pobreza, da precariedade de habitao e da falta de qualidade de

    vida no pas.

    Os problemas relacionados com o desequilbrio ambiental e a sustentabilidade tm sido na

    atualidade uma preocupao em relao ao futuro do nosso planeta e oferta de materiais para as

    futuras geraes. Usar materiais que consumam menor energia no processo de produo e que

    garantam seu uso para as prximas geraes meta fundamental a ser seguida na atividade de

    construo. Para tanto, o uso de tcnicas construtivas que utilizem materiais renovveis e de

    pouco consumo energtico na sua produo se faz necessrio.

    As tcnicas de construo, com terra, so at hoje, no mundo inteiro, uma forma de edificar de

    modo seguro e saudvel, utilizando matrias que existem em abundncia, causando os menores

    problemas em termos de desequilbrio ambiental e de consumo em relao s necessidades das

    geraes futuras.

    Entre as tcnicas de construo com terra, duas se destacam entre os brasileiros, com exemplares

    executados desde os tempos do Brasil colnia: a taipa de mo (que aqui passa a ser denominada

    de tcnica mista) e a taipa de pilo.

    A denominao tcnica mista bastante recente. Foi adotada pelo PROTERRA, Projeto

    internacional e multilateral, de cooperao tcnica, que enfoca a transferncia de tecnologia de

    construo com solo aos setores produtivos e s polticas sociais dos pases ibero-americanos. Na

    apresentao do livro Tcnicas Mixtas de Construccin com Tierra, Neves (2003) apresenta a

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    nova denominao de tcnica mista para o sistema construtivo conhecido no Brasil como taipa-

    de-sopapo, taipa de mo, pau-a-pique, barro armado, entre outros, ou simplesmente taipa. Na

    Argentina esta tcnica recebe o nome de quincha; na Colmbia e em outros pases da Amrica doSul denominada de bahareque; em Portugal, de tabique; na Frana, de torchis; e, no meio

    tcnico, de entramado.

    So Sebastio do Pass, municpio do Estado da Bahia, possua segundo o IBGE, senso de 2000,

    39.960 habitantes, dos quais, 29.550 (73,95%) estavam na sede e 10.410 (26,05%) na rea rural.

    Trata-se de uma cidade de porte pequeno que, mesmo assim, possui na periferia a marca da

    pobreza, com habitaes precrias, nvel de segurana e habitabilidade a desejar. Uma parte

    significativa dessas habitaes foram construdas com tcnica mista, sistema construtivo que tem

    como matria prima principal o solo e a madeira, porm, as construes com esta tcnica

    existentes no local de estudo, no atendem s principais recomendaes relativas aos cuidados

    necessrios s construes com terra, motivo pelo qual a quase a totalidade delas est em estado

    de degradao.

    Dentro deste contexto, o que fazer para se modificar este contexto ? A tcnica mista sempre

    esteve presente na arquitetura brasileira, no campo e nas cidades, sendo que ultimamente a maior

    parte est na zona rural. A baixa qualidade com que executada atualmente esta tcnica, assim

    como a falta de seleo dos materiais utilizados, associadas ao preconceito que se formou em

    relao s casas construdas com esta tcnica contribui para desestimular o seu uso. Tanto assim

    que o status atribudo casa de alvenaria o de casa pra toda vida, enquanto que a casa de

    tcnica mista est associada casa de interesse social, casa de baixo custo ou casa para

    pobre.

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    Melhorar a casa de tcnica mista do ponto de vista tcnico avanar, contribuindo com grande

    parcela da sociedade que poder desfrutar de uma moradia com melhor conforto, mais segura e

    mais saudvel.A partir destas colocaes, pretende-se neste trabalho estudar a construo em tcnica mista,

    enfocando a vedao vertical, de modo a buscar alternativas de melhoramento tecnolgico e

    ambiental.

    Assim, o objeto desse estudo a tcnica mista, tendo como objetivo avaliar e fazer

    recomendaes para melhoria tecnolgica da vedao vertical da mesma, atravs de um estudo de

    caso no bairro do Alegre em So Sebastio do Pass.

    No bairro do Alegre, em So Sebastio do Passe, a tcnica mista tem como materiais principais o

    solo e a madeira. Boa parte da madeira utilizada nesta tcnica no bairro do Alegre em So

    Sebastio do Passe, apresenta, segundo informaes dos usurios, tempo de vida til de

    aproximadamente apenas 2 anos, devido principalmente m qualidade das peas estruturais, o

    que compromete a sua durabilidade, a rigidez da construo e a vedao vertical. Isto, devido a

    dois fatores: primeiro, o emprego de madeira jovem, ou seja, constituda apenas de alburno que

    susceptvel ao ataque de fungos apodrecedores; segundo, o uso de madeira adulta, porm de baixa

    resistncia biolgica a esses agentes xilfagos.

    Estudar, analisar, diagnosticar e propor a melhoria tecnolgica da vedao vertical da tcnica

    mista, visando oferecer aos usurios da mesma solues de menor custo, maior vida til, saudvel

    e segura, contribuindo para uma melhor qualidade de vida dos seus usurios, a contribuio

    almejada neste trabalho.

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    1.1 CONTEXTUALIZAO

    Os atuais problemas, como pobreza e desequilbrio do meio ambiente, so desafios que a

    humanidade precisa administrar. No planeta terra, j em 1992, segundo a Agenda 21 (1998,Captulo 7, item 7.6) estimava-se que pelo menos 1 bilho de pessoas no dispunham de

    habitaes seguras e saudveis. Este indicador requer aes estruturadas, envolvendo estratgias

    capazes de apontar para um desenvolvimento sustentvel.

    A Agenda 21 (1998, captulo 7, item 7.9), onde o documento global trata da Promoo do

    Desenvolvimento Sustentvel dos Assentamentos Humanos, considera entre as oito reas de

    programas, uma destinada ao oferecimento de habitaes adequadas para todos, e, outra, destinada

    promoo de atividades sustentveis na indstria da construo civil.

    Nas reas rurais, e mesmo urbanas, de todas as regies tropicais e subtropicais do mundo, os

    materiais de construo mais antigos e importantes so o solo, a madeira e o bambu. Quando

    combinados formam a tcnica mista ou taipa de pau-a-pique.

    Para Houben e Guillaud (1994) a terra crua (solo sem cozimento) sem dvida um dos

    materiais de construo mais usados no mundo. Segundo Dethier (1982) e Celestino (1994), na

    atualidade, um tero da populao global habita construes de terra crua, e afirmam existirem

    evidncias de que o solo, como material de construo, data do final do Perodo Neoltico. No

    entanto, o advento dos materiais industrializados contribuiu significativamente para o abandono

    das tcnicas tradicionais, refletindo-se, inclusive na rea de ensino, onde, apenas as construes de

    monumentos histricos so tratadas em nvel de revitalizao.

    Para Segawa (1988), o solo e a madeira so tratados apenas em aulas de tcnicas construtivas

    tradicionais, ou so desprezados, como smbolo de arcasmo e precariedade. Iglesias (1993)

    entende que o maior desafio para o uso das construes com terra puramente subjetivo. Trata-

    se do preconceito generalizado que associa as obras de prestgio s tcnicas com materiais

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    modernos, definindo as construes com solo como precria e smbolo de baixo status social. A

    construo de solo sem cozimento foi muito utilizada aqui no Brasil no perodo colonial, porm,

    como em outros pases, com o advento de outros materiais de construo, aos poucos foi sendoabandonada. Bardou e Arzoumanian (1979, p. 32) afirmam que na Europa aps a segunda guerra

    mundial, com o surgimento de novos materiais de construo, tambm, a construo com solo foi

    sendo substituda.

    Mais recente, alguns programas internacionais, como o CYTED Programa Ibero-americano de

    Cincia e Tecnologia para o Desenvolvimento, o Subprograma XIV Habitaes de Interesse

    Social - HABYTED e o Projeto XIV.6 PROTERRA, ambos do CYTED, tm desenvolvido aes

    que visam divulgar, avanar tecnologicamente e aplicar o conhecimento disponvel sobre o uso do

    solo, principalmente para habitaes de interesse social. Entre outras aes, do apoio tcnico s

    instituies promotoras de programas de construo.

    Estudar esta tcnica, e em particular a vedao vertical da mesma, buscando implementar

    melhorias atravs de recomendaes tecnolgicas, considerado como contribuio significativa

    desta pesquisa. As recomendaes para melhoria tecnolgica buscam evitar uma vedao vertical

    que abrigue insetos como o barbeiro, o que acontece atualmente na maioria das habitaes

    pesquisadas. Procura tambm, resolver o problema de apodrecimento da trama pela umidade, quer

    na parte de contato direto com o solo, quer nas partes elevadas. Busca tambm, outros ganhos

    apresentados no captulo referente s recomendaes para melhorias tecnolgicas.

    1.2 PROBLEMA

    A busca de solues ambientalmente sustentveis na atualidade uma preocupao para toda a

    humanidade. As reservas ambientais ficam mais escassas a cada dia comprometendo o uso para as

    geraes futuras. A indstria da construo responsvel por significativa parcela de

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    desequilbrio ambiental, precisando urgentemente encontrar alternativas construtivas

    ambientalmente sustentveis.

    Faz-se necessrio, analisar tcnicas construtivas tradicionais executadas com a participao dacomunidade, nas quais, o processo de produo dos materiais de construo e o mtodo

    construtivo propiciavam um consumo energtico bem menor, existindo um equilbrio entre a

    forma de construir e o meio ambiente.

    A busca de materiais renovveis a curto, mdio e longo prazos, a avaliao de problemas

    existentes na atual forma de se construir a vedao vertical, em especial problemas de natureza

    tecnolgica e as recomendaes para soluo dos mesmos, o que se persegue nesta dissertao.

    Diante do exposto, pergunta-se:

    a) como avaliar o modo de construo atualmente utilizado para as vedaes verticais em

    tcnica mista, no bairro do Alegre em So Sebastio do Pass ? e

    b) quais as melhorias tecnolgicas que podero ser introduzidas no sistema construtivo atual

    das vedaes verticais em tcnica mista, no bairro do Alegre, em So Sebastio do Pass ?

    1.3 OBJETIVOS

    1.3.1 Objetivo geral

    Avaliar o modo atualmente empregado para construo da vedao vertical em tcnica mista

    destinada a habitaes de interesse social em So Sebastio do Pass, considerando-se o perfil

    econmico da populao, o tipo de solo, o uso e condies da madeira, o acabamento e a proteo

    contra umidade e propor recomendaes para melhoria tecnolgica da mesma.

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    b) A falta de moradia, principalmente de habitaes de interesse social, no Brasil, um

    problema que estimula o desenvolvimento desta pesquisa, buscando recomendaes de melhoria

    tecnlogica para a vedao vertical de casas em tcnica mista, de modo a melhorar o desempenhotcnico das mesmas.

    c) Atravs de novos estudos voltados para a vedao vertical deste tipo de hanbitao, busca-

    se contribuir para a mudana do atual modo de ver e conceituar a casa de tcnica mista.

    d) O custo baixo e a rapidez de execuo das casas de tcnica mista estimulam estudos

    voltados para agregar melhorias na vedao vertical. O custo baixo deve-se principalmente ao fato

    de que a mo-de-obra no qualificada e os materias bsicos so da prpria regio

    e) A escolha do bairro do Alegre em So Sebastio do Pass, para realizao do estudo de

    caso, deve-se ao fato de ser uma rea urbana com aproximadamente 50% de casas em tcnica

    mista, executadas e em execuo, cujo saber fazer da comunidade local e condies de

    aquisio dos materiais so os principais motivos do uso desta tcnica.

    f) A atual tcnica mista praticada no bairro do Alegre em solo e madeira. A madeira

    extrada das matas vizinhas e vem diminuindo sua oferta paulatinamente. Estudar outro material

    que possa, vir a substituir a madeira na confeco da vedao vertical poder contribuir tanto para

    a diminuio da devastao das matas, quanto para um novo tipo de vedao, com nova

    tecnologia, trazendo melhorias tecnolgicas e ambientais.

    g) A possibilidade de substutuir a madeira pelo bambu ser uma alternativa a mais para a

    utilizao do material vegetal presente nesta tcnica. Para Ghavami (1995, p.4), o bambu o

    material que requer menor consumo de energia de produo. Enquanto o ao apresenta consumo

    de 1500 MJ/m, o concreto, 240 MJ/m e a madeira, 80 MJ/m, o bambu consome apenas 30

    MJ/m.

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    h) A construo que usa o solo como principal material apresenta um custo menor que o

    daquelas executadas com materiais industrializados. Uma anlise entre custo e benefcio feita por

    ARINI (1995, p. 89), comparando um sistema construtivo tradicional e um que utiliza tijolos desolo prensado, apresentou uma reduo de 35% sobre o custo final das obras construdas com

    arquitetura usando o solo, em relao s de arquitetura convencional.

    1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAO

    A pesquisa foi estruturada em 7 captulos, referindo-se o primeiro, introduo, contemplando a

    contextualizao do tema, o problema, os objetivos do trabalho, as justificativas para a escolha do

    tema e a estrutura da dissertao.

    O captulo 2 estuda e analisa a tcnica mista, estabelecendo uma base terica sobre: o uso desta

    tcnica em alguns pases como o Japo, o Equador, o Paraguai, Portugal e Brasil; a estrutura e o

    entramado; o solo; e as recomendaes para execuo da mesma.

    O captulo 3 trata da tcnica mista estruturada com bambu, introduzindo o assunto e apresentando

    as suas diversas aplicaes; destaca o bambu como material de construo; classifica, apresenta a

    distribuio geogrfica e mostra a quantidade de gneros e espcies existentes; estabelece os

    bambus mais utilizados na construo civil; fala sobre o tratamento do bambu; e finaliza

    estabelecendo a espcie de bambu existente em So Sebastio do Passe, com base em laudo

    tcnico.

    O captulo 4 refere-se metodologia do trabalho e composto pela classificao da pesquisa,

    delimitao, identificao das variveis, estgios da pesquisa e estudo de caso.

    O captulo 5 destina-se ao Estudo de Caso. Apresenta a cidade de So Sebastio do Pass e o

    bairro do Alegre como local do Estudo de Caso. Define a poligonal de estudo (unidade de

    anlise), quantifica as habitaes da poligonal, define o universo de amostragem, levanta dados

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    sobre a populao do universo de amostragem e, principalmente, sobre aspectos construtivos das

    habitaes.

    O captulo 6 discute, avalia e faz recomendaes para melhorias tecnolgicas da vedao verticalda tcnica mista a partir das anlises com base nos trabalhos referenciais sobre tcnica mista e

    tcnica mista estruturada com bambu, relacionando-os com os dados do estudo de caso. As

    discusses, anlises e recomendaes se referem a elementos da vedao vertical da tcnica

    mista, ou a elementos cuja performance tem relao com a mesma. Os elementos objeto de

    discusso, anlise e recomendaes foram: a drenagem, a estrutura, o entramado, o solo, o reboco,

    a pintura, a cobertura e as esquadrias

    O captulo 7 conclui o trabalho, referindo-se ao cumprimento dos objetivos da pesquisa, tanto o

    objetivo geral quanto os especficos, encerrando o mesmo com recomendaes para novas

    pesquisas sobre o tema

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    2.1 ALGUMAS FORMAS DE CONSTRUIR A TCNICA MISTA

    Embora o processo de se construir a tcnica mista seja caracterizado por uma estrutura

    em madeira ou bambu, onde as vedaes so constitudas por um entramado que recebe o solo defechamento em estado plstico, cada povo adaptou a forma de construir sua cultura e

    disponibilidade de materiais de sua regio.

    Para ter-se uma idia sobre a maneira como alguns povos utilizam a tcnica mista,

    apresenta-se a seguir, o modo de execuo da mesma no Japo, em Portugal e em alguns pases

    da Amrica Latina.

    2.1.1 No Japo

    No Japo esta tcnica constituda, em geral, tendo como estrutura a madeira e como

    trama o bambu. Segundo Lopez (1974, p. 222 a 225), so fixados os elementos de madeira que

    servem como estrutura principal (colunas ou pilares, vigas, soleiras e caixes para as esquadrias)

    e para a vedao vertical construdo um entramado de madeira e bambu. Um marco formado

    por elementos de madeira que recebe uma trama de bambu com varas verticais e horizontais com

    dimetro entre 8 e 13mm, distanciadas entre si de aproximadamente 30 cm. Recobrindo esta

    trama principal de bambu confeccionado uma nova trama, com peas afastadas entre si de 2,5 a

    4 cm, sendo amarrada com uma espcie de cip.

    Para preenchimento da trama preparada uma massa plstica a base de solo argiloso,

    usando-se entre 3 e 5 camadas para fechamento, geralmente aplica-se 3 camadas. A camada final

    apresenta uma composio diferenciada, que depende da tradio local, pois, esta camada que

    ir destacar a aparncia da parede em relao cor e textura.

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    A primeira camada aplicada por um taipeiro em um dos lados da trama, enquanto do lado

    oposto outro taipeiro d o acabamento, ficando a mesma com espessura de 9 a 18 mm,. Esta

    camada composta na relao de 100 partes de argila, por 300 partes de areia fina e 3 partes defibras vegetais (palha cortada) com comprimento de 3 a 9 cm.

    A segunda camada, com espessura entre 3 e 6 mm deve ser aplicada entre 2 e 4 semanas

    aps a primeira. A composio a mesma da camada anterior, porm, as fibras devem ter um

    comprimento entre 1,8 e 2,1 cm.

    A camada final, a depender do costume local, poder ser composta por argila de solo

    colorido, areia, cola, cal, conchas marinhas e fibras vegetais.

    2.1.2 No EquadorSegundo Salas (2003, p.39), a tcnica mista (bahareque) no Equador uma das tcnicas

    de construo com terra de boa aceitao. Conforme o autor, ela se constitui numa construo

    mista de madeira e solo muito utilizada nas provncias do sul do Equador e no resto da serra

    daquela regio, enquanto que, na costa, muito comum a tcnica mista ser construda com

    bambu Guadua e solo, o que tambm, acontece na costa central do Pacfico Sul, em terras da

    Venezuela, Colmbia e Peru.

    Referindo-se a abalos ssmicos, Sala (2003, p.40) salienta que o abalo de 1949 que

    destruiu a cidade de Ambato, na serra central do Equador, grande parte das habitaes que no

    sofreram colapso foram as de tcnica mista, se constituindo como tcnica mais confivel por

    seus usurios.

    Salas (2003, p.43), referindo-se a esta capacidade de suporte a abalos ssmicos pela

    tcnica mista afirma que observaes pessoais realizadas nos sismos que aconteceram no

    Equador em 1987 (El Rventador), em 1996 (Pujili) e 1997 (Bahia de Carquez) mostraram que

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    no houve colapso das habitaes em tcnica mista. As habitaes, embora deformadas, no

    desabaram, salvaguardando a vida de seus habitantes, que segundo Salas, a funo mais

    importante do comportamento de uma habitao.Para Salas, a tcnica mista no Equador, como em toda a Amrica do Sul, usada desde

    tempos remotos. O autor anteriormente citado, fala sobre vestgios de tcnica mista encontrados

    na provncia de El Oro, no litoral equatoriano, lugar onde a aproximadamente 4.000 anos A. C.

    se desenvolveu a cultura Narrio.

    Segue-se a descrio de 3 formas de se construir a tcnica mista no Equador, segundo Salas

    (2003, p.40 a 42).

    Primeiro, o bahareque (tcnica mista) tradicional

    Tem base numa estrutura de madeira sobre a qual se coloca um recobrimento de peas de

    canio ou de madeira rolia com 3 a 4 cm de dimetro. Dentro dessa trama coloca-se o solo com

    palha e pedaos de pedra ou ladrilho, dependendo da regio onde se constri.

    Segundo, o bahareque (tcnica mista) parado

    Usado de maneira especial pela comunidade indgena de Saraguro na pennsula de Loja. Inicia-se

    a construo nivelando o terreno. Em seguida procede-se as escavaes de aproximadamente 60

    cm de profundidade onde so colocadas as bases em pedra talhada que sobressaem entre 20 e 40

    cm do nvel natural do terreno. Sobre a base de pedra, em furo previamente executado so

    colocados os pilares principais, com afastamento em torno de 3,80 m (4 varas). Depois so

    colocadas peas verticais denominadas de parentes, em madeira rolia, com dimetro entre 10

    e 15 cm, afastadas entre si de aproximadamente 40 cm. Sobre os pilares, no nvel do p direito

    so colocadas vigas de madeira com seo de mais ou menos 3,5 x 7,5 cm e na altura mdia das

    paredes so fixadas outras vigas, de mesma seo, para evitar a deformao dos parentes.

    Nesta altura se procede a montagem das peas da cobertura e depois a armao para receber as

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    portas e janelas. O prximo passo a colocao das varas de ambos os lados da parede, com

    afastamento mximo de 20 cm, fixadas com fibras naturais. Finalmente procede-se o

    barreamento de terra com palha.Terceiro, o bahareque (tcnica mista) gualluchaqui

    Trata-se de uma mistura entre o bahareque parado e o bahareque tradicional. usado em

    lugares midos, onde os pilares so reforados com madeiras colocadas na diagonal e os

    parentes so colocados a 45, propiciando uma melhor resposta solicitao de abalos

    ssmicos. Este tipo de bahareque vem sendo usado de 30 a 40 anos para c em planta de 2

    pavimentos. O trreo construdo em adobe ou outro material e o pavimento superior em

    bahareque gualluchaqui. Esta tcnica usada em Loja, Murona Santiago e Zamorna Chichique.

    Em nenhum dos casos se costuma dar um acabamento a parede, ela fica com a textura do

    barreamento de lodo e fibra.

    2.1.3 No ParaguaiO Paraguai, segundo Rios e Nessi (2003, p.90), apresenta 2 tipos de tcnica mista: o

    estaqueo, tambm conhecido como parede francesa; e a palha com barro (paja embarrada).

    Os autores citam referncias histricas que revelam uma habitao construda com muros de

    estaqueo no ano de 1792.

    Rios e Nessi apresentam uma casa urbana na cidade de Pilar cujo exemplo similar

    construo de 1792. Esta ltima sofreu danos com a ltima inundao que afetou a cidade, onde

    a gua atingiu a marca de aproximadamente 80 cm acima do piso. A Figura 1 de uma casa

    degradada pela enchente, enquanto as Figuras 2 e 3 destacam as rupturas das vedaes verticais

    e elementos das mesmas.

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    FIGURA 1 HABITAO URBANA EM PILAR - PARAGUAIFonte: (RIOS e NASSI, 2003, P.95)

    Olhando-se as figuras 1, 2 e 3, percebe-se que a tcnica de estaqueo bastante semelhante

    tcnica mista executada no Brasil

    FIGURA 2 DETALHE DA HABITAO URBANA EM PILAR - PARAGUAIFonte: (RIOS e NASSI, 2003, P.96)

    As figuras 2 e 3 destacam a vedao vertical da habitao, onde so vistas peas de bambu

    substituindo as varas, estando as mesmas amarradas com couro nas peas do enchimento e o

    solo de fechamento do entramado.

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    FIGURA 3 DETALHE DA HABITAO URBANA EM PILAR - PARAGUAIFonte: (RIOS e NASSI, 2003, P.97)

    O sistema construtivo bastante semelhante ao usado no Brasil. Uma estrutura principal em

    esteios de madeira, vigas de madeira, um trama de peas verticais (enchimento) e ao invs das

    varas, ripas horizontais de bambu, em ambos os lados, amarradas com fibras vegetais. E

    finalizando, o fechamento da trama com solo argiloso.

    Sobre a palha embarrada, Rios e Nessi no descrevem muito. Os autores afirmam que a

    mesma disposta sobre peas de madeira, tipo varas que so suportadas pelos pilares, sendo a

    palha amarrada nas varas com couro ou arame, formando assim uma superfcie de ambos os

    lados, interno e externo. Em seguida a palha embebida em solo argiloso em estado plstico,

    quase lquido.

    Os autores informam que exemplares antigos desta tcnica podem ser encontrados na zona

    serrana da rota Transchaco a uns 150 km de Assuno, como tambm o quartel de Isl Po, a

    altura de Porto Casado a uns 140 km do rio Paraguai.

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    Rios e Nesi apresentam outras formas de se construir usando a tcnica mista, onde as

    principais diferenas esto nas peas da estrutura e entramado, onde so usados os materiais

    encontrados na regio em que se constri, englobando a madeira, o bambu, a taquara e o sololocal.

    2.1.4 Em Portugal

    Para Galhano e Oliveira (1992, p.281), o tabique (tcnica mista) em Portugal anterior ao

    Sculo XVII. Segundo os autores, constitui-se em uma tcnica barata e fcil, com origens e

    manifestaes provincianas, subsistindo at os dias atuais.

    Em Portugal, conforme caracterizao feita pelo autor, o processo da tcnica mista (tabique)

    compe-se de uma estrutura principal, formada por esteios e vigas de madeira, com seo quase

    sempre quadrada em torno de 10 a 12 cm, e uma estrutura secundria, tambm de madeira,

    porm, de peas com menor seo. A estrutura secundria composta de peas verticais, com

    seo quadrada ou rolia de aproximadamente 8 cm, travadas por peas em diagonal de mesma

    seo, sendo complementada por uma trama de ripas de seo retangular em torno de 1,5 por 4

    cm, tambm em madeira, de ambos os lados, fixadas por pregos, formando uma trama destinada

    a receber a massa plstica de solo sem cozimento, gua e, na maioria das vezes, palha. Aps a

    secagem da massa plstica aplicado o reboco e depois da secagem deste a pintura.

    Segundo Galhano e Oliveira (1992), o tabique encontrado no territrio portugus at os

    dias atuais como acrscimos, trapeiras, e outras formas de andares suplementares, principalmente

    no Douro, Trs-os-Montes e entre o Douro e o Minho. Outra caracterstica apontada pelos

    autores que as vedaes verticais trazem seus paramentos externos revestidos com telhas,

    lousas ou chapas de zinco. Uma forma de proteger os paramentos verticais externos das

    intempries.

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    No norte de Portugal, nas localidades de Alpedrina, Fundo, Covil, Guarda, Muxagata, Vila

    Nova de Foz Ca, Lamgo, Tarouca, Ucnia e Salzedas, conforme investigao feita pelo autor

    em maio de 2004, bastante comum, ainda nos dias atuais encontrar tabiques sobre a forma deacrscimos e principalmente sobre o pavimento trreo (rs-do-cho), este quase sempre em

    pedra. As figuras de 4 a 9, a seguir, ilustram as caractersticas citadas pelos autores

    referenciados, e mostram exemplares de tcnica mista em varias localidades visitadas.

    A tcnica mista tem mostrado em vrios locais, sua capacidade de resistir a abalos ssmicos

    sem colapso total. Em Portugal, segundo Galhano e Oliveira (1992), as construes em tabique

    (tcnica mista) foram as que melhor resistiram ao terremoto de 1755.

    A Figura 4 de uma construo na cidade de Lamego, na Rua do Castelo, em Portugal, onde

    o pavimento trreo construdo em pedra e sobre o mesmo foi erguido o restante da construo

    em tcnica mista. Essa maneira de se construir bastante utilizada no norte de Portugal e deve-

    se ao fato da grande quantidade de pedras existente na regio e tambm, por ser uma forma de

    evitar que a umidade do solo atinja a vedao vertical da tcnica mista. A construo da Figura

    4, adiante, uma habitao centenria, onde o estado de degradao do revestimento visvel.

    Outra diferena em relao tcnica mista no Brasil o uso de ripas substituindo as varas.

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    FIGURA 4 TCNICA MISTA SOBRE O PAVIMENTO TRREO NA RUA DO CASTELO, LAMEGO, PORTUGALFoto do autor - maio de 2004

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    Lamego uma das cidades portuguesas que possui na atualidade uma quantidade expressiva de

    edificaes em tcnica mista (tabique). A Figura 5 de um conjunto de edificaes na cidade de

    Lamego, cujas construes so todas em tcnica mista e esto construdos sobre o pavimentotrreo

    FIGURA 5 TCNICA MISTA SOBRE O PAVIMENTO TRREO EM LAMEGO, PORTUGALFoto do autor - maio de 2004

    Para proteger os paramentos externos mais afetados pelos ventos e chuvas, os mesmos recebem,

    alm do reboco, um segundo revestimento, cujo material depende da existncia do mesmo nomercado local, do poder aquisitivo e gosto do proprietrio. A Figura 6 destaca a vedao vertical

    da lateral de uma edificao, na cidade de Tarouca, revestida com chapas de zinco. Tarouca,

    embora prxima a Lamego, tem uma quantidade bem inferior de habitaes em tcnica mista,

    mesmo assim, de qualidade expressiva, guardando a mesma forma de se construir.

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    FIGURA 6 TCNICA MISTA REVESTIDA COM CHAPAS DE ZINCO EM TAROUCA, PORTUGALFoto do autor - 2004

    As figuras 7 e 8 so construes em tcnica mista. A Figura 7 na cidade da Guarda, em

    Portugal, construda sobre o pavimento trreo, tendo a fachada frontal e lateral revestidas com

    ardsia. A Figura 8 na aldeia de Salzedas, destacando todo o paramento frontal revestido,

    tambm, com ardsia. O revestimento das vedaes verticais de fundamental importncia para

    proteo contra as intempries, principalmente as guas de chuvas. E, quanto melhor for o

    revestimento, maior proteo o mesmo ir propiciar vedao vertical, estabelecendo uma

    durabilidade maior para a edificao

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    FIGURA 7 - TCNICA MISTA REVESTIDA COM LOUSAS EM GUARDA, PORTUGALFoto do autor - maio de 2004

    FIGURA 8 - TCNICA MISTA REVESTIDA COM LOUSAS NA ALDEIA DE SALZEDAS, PORTUGALFoto do autor - maio de 2004

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    A Figura 9 de um edifcio na cidade de Covil que caracteriza bem a construo da tcnica

    mista (tabique) em Portugal. Trata-se de um prdio de trs pavimentos, onde o pavimento trreo

    construdo com pedras e os dois pavimentos superiores executados em tcnica mista

    FIGURA 9 - TCNICA MISTA SOBRE PAVIMENTO TRREO EM COVIL, PORTUGALFoto do autor - maio de 2004

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    Portugal, embora na atualidade quase no mais se construa usando-se a tcnica mista,

    principalmente, em funo do elevado custo da madeira, um pas que guarda uma quantidade

    significativa de exemplares desta tcnica construtiva, principalmente nas regies do Douro, Trs-os-Montes e entre o Douro e o Minho.

    As caractersticas marcantes do uso desta tcnica no territrio portugus so: o cuidado

    com a umidade, onde a maioria das construes em tcnica mista so executadas sobre o

    pavimento trreo, quase sempre em pedra; o uso de contraventamento da construo; a

    preocupao em revestir as vedaes verticais; e quando o revestimento se constitui apenas do

    reboco o mesmo recebe a proteo da pintura.

    2.1.5 A tcnica mista no Brasil

    Segundo Milanez (1958), antes da chegada dos portugueses os habitantes nativos do Brasil,

    nossos antepassados, os ndios, no usavam o solo para construir. Seus abrigos eram edificados

    com estruturas de paus rolios e vedaes de palha e folhagens.

    Sabe-se que os africanos, trazidos como escravos, contriburam para o uso da tcnica mista,

    principalmente os descendentes da Guin que vieram para o Brasil, pois em sua ptria

    construam suas casas de pau-a-pique, com enchimento de lama e cobertura da palha. Para

    Milanez (1958), nossas casas barreadas parecem se originar de costumes africanos.

    A Figura 10 um exemplar de construo em tcnica mista representativa da imigrao

    japonesa no Brasil, cujo edifcio foi projetado por Kazuo Hanaoka, em 1942, para abrigar uma

    fbrica de ch. O edifcio foi construdo na cidade de Mogi das Cruzes, em So Paulo, conforme

    http://www.uns.arq.br/comphap/bens.htm (em 11/10/2006).

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    FIGURA 10 CONSTRUO EM TCNICA MISTA, MARCA DA IMIGRAO JAPONESA, EM MOGI DAS CRUZES - SPFonte: http://www.uns.arq.br/comphap/bens.htm (em 11/10/2006)

    Brasileiro (2002) destaca como construes em taipa de mo no Brasil o primeiro muro

    na cidade de Salvador, para defesa contra os ndios; a cidade de Olinda em Pernambuco,

    construda inicialmente em taipa de mo e de pilo; as cidades mineiras de Ouro Preto e

    Diamantina; Vassouras no Rio de Janeiro; e tantas outras nos estados de So Paulo, Gois e

    Mato Grosso assim como, construes modernas, apresentadas na exposio Arquitetura de

    Terra no Brasil, na dcada de 1980.

    Na regio nordeste do Brasil, principalmente nos estados de Pernambuco, Alagoas, Sergipe e

    Bahia, como do conhecimento do autor deste trabalho, a construo da tcnica mista, via de

    regra, comea pelo nivelamento do terreno, sendo em seguida executada a estrutura principal (os

    esteios), que convencionalmente feita com madeira rolia, exceto as peas de apoio para portas

    e janelas. Os esteios so fixados no solo de fundao a uma profundidade mdia de 80 cm. Nesse

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    ponto a estrutura recebe uma trama com peas rolias de aproximadamente 8 cm de dimetro,

    colocadas na vertical, afastadas umas das outras mais ou menos 25 cm e fincadas no solo a uma

    profundidade em torno de 30 cm. Apoiadas nas peas verticais so colocadas na horizontal, deambos os lados as varas, amarradas normalmente com cip ou arame, distanciadas entre si em

    torno de 10 cm. Sobre a estrutura colocada a cobertura, que dependendo da regio e poder

    aquisitivo, feita com telha cermica, normalmente de fabricao artesanal ou de palha. A fase

    de tapagem da trama promove um verdadeiro trabalho em mutiro. Os vizinhos se renem,

    fazem um barreiro prximo construo, onde misturam o barro com gua, s vezes, adicionam

    fibras, e quando a mistura pisoteada adquire a consistncia ideal para o uso em questo,

    transportada com as mos para o preenchimento da trama, at recobrir a face externa da

    estrutura. Quando o poder aquisitivo permite, aps a secagem do solo, aplicado o reboco e,

    posteriormente a pintura.

    Para Silveira e Gama (1982), a taipa de pau-a-pique, que um processo construtivo dos

    mais antigos de nossa cultura, vem sendo conservada pela tradio oral e conhecida de quase

    toda famlia de baixa renda, ou seja, mais da metade da populao brasileira, porm

    desconhecida nas comunidades abastadas e nos meios universitrios

    Lopes (2002) afirma que no Brasil, da mesma forma que em Portugal, as tcnicas mais

    utilizadas foram o adobe, a taipa de pilo e a taipa de mo ou pau-a-pique, encontrando-se

    exemplares em praticamente quase todo o territrio brasileiro. Sobre a taipa de mo, a autora

    afirma ser uma tcnica construtiva que utiliza materiais fornecidos pela natureza e que

    facilmente assimilada, sendo uma constante nas construes da zona rural e de cidades do

    interior do Nordeste do Brasil, embora, se perceba que a mesma necessita da implementao de

    melhoramentos tcnicos, e a populao usa a referida tcnica apenas por no ter acesso a outra

    maneira de construir. Para Souza (1996), o que ocorre que a antiga forma de construir com

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    tcnica mista tem sido substituda e adulterada e o que resta hoje s um arremedo do que

    outrora se praticava.

    Para Lopes e Ino (2003), o processo bsico comumente empregado consiste em levantartoda a estrutura das paredes, colocar o madeiramento do telhado, a cobertura e efetuar o

    enchimento dos vos. Para as autoras, a versatilidade da tcnica mista est na grande

    adaptabilidade s condies locais, utilizando-se materiais naturais da regio.

    Alguns autores destacam os motivos que levaram a tcnica mista a ser empregada de

    forma generalizada, principalmente no Brasil, onde desde a colonizao ela se faz presente em

    todo o pas. Para Vasconcellos (1979), um dos motivos que levou esta tcnica construtiva a ser

    uma das mais difundidas foi a facilidade como se constri. J Schmidt (1946) afirma que ela foi

    amplamente utilizada, pois, comparada com a taipa de pilo que precisa de taipeiros

    especializados, ela dispensa a mo-de-obra especifica dos taipeiros, durvel e de grande

    resistncia as intempries, desde que sejam adotados cuidados especficos, principalmente em

    relao umidade, alm de propiciar menor custo. Alvarenga (1984), apresenta a rapidez da

    execuo como uma das principais vantagens desta tcnica. Para Souza (1996), a taipa de mo

    teve nas terras de Minas Gerais total preferncia sobre a taipa de pilo, por ser mais fcil sua

    execuo, mais rpida, econmica, alm de ser leve e de facilmente adaptar-se s topografias

    acidentadas.

    Costa e Mesquita (1978) desatacam no interior de Minas Gerais, uma casa velha de

    fazenda, construda no tempo do imprio, com paredes de pau-a-pique, sem apresentar qualquer

    tipo de rachadura. As paredes foram feitas com solo, areia e estrume de gado. Para os autores o

    esterco de gado possibilita maior firmeza ao reboco. Os mesmos observaram que a casa do joo-

    de-barro tambm possui estrume de gado na sua composio.

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    Aditar estrume de gado na composio do solo a ser aplicado para preenchimento da

    trama na tcnica mista um procedimento conhecido, se no de todos, pelo menos da maioria

    dos construtores que utilizam esta tcnica, assim como da maioria dos pesquisadores sobre oassunto. Entende-se que so as fibras vegetais contidas no esterco do gado que vai propiciar uma

    menor retrao ao solo quando seco.

    No Brasil, o revestimento das paredes tem muito a ver com a condio econmica de seus

    moradores, onde a grande maioria possui renda baixa ou muito baixa e suas habitaes no

    recebem reboco, na maioria das vezes sequer conseguem concluir suas moradias, ficando meses

    e at anos habitando uma casa inacabada. Esta situao encontrada em todo o pas,

    demonstrando as pssimas condies de habitao, a falta de emprego e renda para suprir no

    apenas necessidade bsica de moradia, mas tambm a falta de alimentao, assistncia sade,

    educao e lazer. A Figura 11ilustra esse quadro

    FIGURA 11 TCNICA MISTA NO BAIRRO DO ALEGER, EM SO SEBASTIO DO PASS, BAHIA, BRASILFoto do autor - outubro de 2004

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    A habitao em tcnica mista inacabada, pertencente a uma famlia de baixa renda, situada

    Rua Emlio Albino Abrao, no bairro do Alegre (Alegre de cima), em So Sebastio do Pass,

    Bahia, Brasil, localidade onde foi realizado o estudo de caso. A parte habitada no possuirevestimento, propiciando ninhos de insetos, como o vetor transmissor da doena de Chagas, o

    barbeiro e outros mais

    A figura 12 de outra casa em tcnica mista na Rua Candeal Pequeno, no bairro de Brotas

    cidade de Salvador, Bahia, Brasil. A casa tem aproximadamente 50 anos de construda e mesmo

    nas condies precrias em que se encontra, continua sendo habitada.

    FIGURA 12 TCNICA MISTA SOBRE O SOLO EM SALVADOR, BAHIA, BRASILFoto do autor - agosto de 2004

    A Figura 13 de mais uma casa de tcnica mista, no povoado do Moreira, no municpio de

    Palmeira dos ndios, Alagoas, Brasil, onde o revestimento das vedaes verticais internas e

    externas rebocado e pintado. A construo, com aproximadamente 20 anos de construda est

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    em perfeitas condies de habitabilidade, sem fissuras, sem bolor e, sem marcas de umidade. A

    mesma foi construda sobre alicerce que se eleva do nvel do terreno, em torno de

    aproximadamente 50 cm, o que protege a vedao do solo, minimizando a penetrao de guaspluviais

    Este procedimento, alm de ser recomendado para a tcnica mista por vrios autores, coloca

    a habitao em destaque.

    FIGURA 13 - TCNICA MISTA REVESTIDA E PINTADA, NO POVOADO MOREIRA, PALMEIRA DOS NDIOS, ALAGOAS, BRASILFoto do autor - agosto de 2004

    Nestes poucos exemplos apresentados da tcnica mista no Brasil, os tipos e padres de

    acabamento das construes, variam, desde as de aspectos de pobreza, s vezes de misria, at asde padres de qualidade e estado de conservao muito bons, a depender do poder aquisitivo de

    seus proprietrios ou do conhecimento dos riscos a que se expem no revestindo corretamente

    as vedaes verticais

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    2.2 A ESTRUTURA E O ENTRAMADO NA TCNICA MISTA

    Lopes (1998) constata em construes de taipa no Brasil, o uso de pilares de bambu, de

    carnaba (Copernicia cerifera), de alvenaria de tijolo cermico, de madeira serrada ou rolia e deestrutura metlica, alm do uso de painis autoportantes, que dispensam o uso de pilares.

    Segundo Lopes (2002), o bambu, espcie vegetal resistente outro material bastante indicado

    para a ossatura interna da taipa

    Faltam no entanto recomendaes referentes ao tratamento que as diferentes alternativas

    necessitam, a fim de terem uma vida til duradoura. Quanto indicao do uso do bambu na

    composio da ossatura que compe a vedao vertical, uma das qualidades que estimula o uso

    do mesmo a possibilidade de se colher este material a partir do quarto ano de plantado.

    Para Lopes e Ino (2003) o entramado ou malha interna funciona como suporte para

    sustentao do solo e, geralmente produzido no prprio local. O tipo mais comum consiste no

    uso de paus rolios, no sentido vertical, e de varas flexveis horizontais, fixadas dos dois lados e

    amarradas atravs de fibras vegetais, como cip-imb (Phyllodendrum imb), buriti (Mauritia

    flexuosa), tucum (Bactris glaucescens), sisal (Agave sisalana), tiras de couro, arame, ou ainda

    presas por pregos. As autoras falam ainda em entramado onde as varas formam um tranado em

    xadrez, citam o uso de arame em substituio s varas, citam o entramado com bambu e o uso de

    painis pr-fabricados em madeira serrada, cada uso a depender da facilidade e do custo de cada

    regio.

    Na abordagem das autoras sobre o entramado, falta serem definidos parmetros como o

    dimetro e afastamento entre as peas verticais de madeira rolia e das varas horizontais. Quando

    citam o uso de arame em substituio s varas, no estabelecem o tipo, o dimetro e o

    afastamento entre os mesmos. Da mesma forma, quando usa o entramado de bambu, ou painis

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    pr-fabricados no especificam o tipo, a seo e o afastamento das peas de bambu ou de

    madeira.

    Para Di Marco (1984), a tcnica mista, conhecida aqui no Brasil como taipa de sopapo outaipa de mo, consiste em um entramado de madeira ou bambu, formado por ripas horizontais e

    verticais amarradas com tiras de couro, cip, barbante, prego ou arame, preenchido com uma

    mistura de solo, gua e fibras. Este conjunto, juntamente com peas portantes verticais de

    madeira, forma a parede da edificao. A mistura denominada barro, lanada com as mos

    nos dois lados ao mesmo tempo, e apertada sobre a trama da parede. Aps a secagem do barro,

    aplicado o reboco e, posteriormente, a pintura.

    O autor descreve os componentes de uma construo em tcnica mista, diz ser o

    entramado formado por ripas de madeira ou de bambu, o que no o normal. Geralmente as

    peas verticais da trama possuem dimetro superior ao de uma ripa, em torno de 8 cm.

    Continuando, Di Marco diz que as peas da estrutura so de madeira, porm, no define os

    dimetros. A recomendao que Di Marco faz, sugerindo apertar a mistura sobre a trama, ajuda

    no adensamento do solo, o que minimiza os vazios, evitando maiores fissuras. Inclusive,

    recomenda-se que ao invs de jogar o barro aos sopapos, o correto colocar o mesmo na trama

    com as mos e depois adens-lo

    Contraventar a estrutura e o entramado com peas em diagonal uma forma antiga de

    tornar os paramentos verticais estanques, assim como a construo como um todo, o que na

    atualidade no est sendo praticado aqui no Brasil. A Figura 14 da vedao vertical de uma

    construo na Rua do Cale, na cidade portuguesa do Fundo e ilustra a forma usada pelos

    portugueses para contraventar as citadas vedaes das construes em tcnica mista, propiciando

    s mesmas sua estanqueidade

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    FIGURA 14 CONTRAVENTAMENTO DO ENTRAMADO EM PORTUGALFoto do autor - 2004

    2.3 O SOLO PARA USO NA TCNICA MISTA

    Apresenta-se a seguir a definio do pesquisador Milton Vargas sobre o termo terra ou

    solo, a saber:

    o termo terra ou solo aplicado a todo material da crosta terrestre que no oferece resistncia

    escavao mecnica e que perde totalmente a resistncia quando em contato prolongado com

    gua. A origem do solo seja imediata ou remota, se d a partir de processos fsicos qumicos de

    fragmentao e decomposio das rochas, pela ao das intempries. (VARGAS, 1977)

    A seguir ser apresentada uma srie de procedimentos empricos para escolha do solo

    ideal a ser usado em construes de tcnica mista. O procedimento emprico,embora no tenha

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    carter cientfico, ele fornece alguns parmetros para a tomada de deciso da escolha do solo

    mais adequado. Esses mtodos so instrumentos porque eles auxiliam a populao de baixo

    poder aquisitivo para a escolha da melhor opo de solo a ser usado na vedao vertical datcnica mista. Outro aspecto positivo desses mtodos empricos a facilidade de transferncia de

    conhecimentos para uma populao que em geral tem pouca escolaridade.

    2.3.1 Retirada da amostra e teste para uso do solo mais adequado

    Lengen (2002, p.298), referindo-se ao solo como material de construo diz que quase

    todos os tipos de solo servem para construir muros utilizando-se blocos de adobe, taipa de pilo

    ou tcnica mista. Como em sua composio entram diferentes tipos de solo, s vezes precisa-se

    misturar solo de vrios pontos do mesmo terreno, mesmo em lotes pequenos.

    Este procedimento para escolha do solo muito vago por no apresentar de uma forma

    mais concreta parmetros para a escolha do solo mais adequado para construes com tcnica

    mista. um tanto parecido com a viso de Frota e Le Roy (1978) que simplesmente

    recomendam o uso de solo argiloso para fechamento da trama da tcnica mista.

    Para Mitidieri e outros (1987), assim como para Milanez (1958), a escolha do solo deve

    ser feita atravs de amostras retiradas a uma profundidade de 40 cm. Mitidieri e outros (1987)

    tambm recomendam um teste rpido para escolha do melhor solo. Este teste consiste em retirar

    quatro amostras de diferentes pontos de um mesmo terreno, umedec-las com gua e fazer bolas

    com as mos. Ao secar, a bola que apresentar menor nmero de fissuras indicar de modo

    prtico, o solo mais adequado para a taipa.

    Estes autores apresentam um procedimento emprico, porm ele procura estabelecer

    parmetros que possibilitam comparao entre diferentes amostras auxiliando dessa forma o

    usurio na tomada de deciso. Todavia, eles ainda deixam vago a quantidade de gua a ser

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    Embora Neves e outros (2005) no deixem claro os procedimentos para coleta de solos,

    conforme Mitidieri e outros (1987) e Milanez (1958), a autora aponta um outro processo para

    anlise emprica do solo que ajuda de forma objetiva a escolha do solo mais apropriado para aconstruo de vedaes verticais da tcnica mista. Tambm no faz referncia quantidade de

    gua a ser misturada quantidade de solo, conforme Gieth e outros (1994).

    Os autores supracitados forneceram parmetros, embora empricos, para escolha do solo

    mais adequado para a construo da vedao vertical da tcnica mista. Adotando o critrio

    emprico apresentado por esses autores visando populao a que se destina essa tcnica,

    recomenda-se a retirada do solo a uma profundidade de 40 cm, conforme recomenda Mitidieri e

    outros (1978) e Milanez (1958). Optou-se por coletar a amostra a 40 cm abaixo da superfcie do

    terreno natural por ser uma situao que possibilita a extrao de um solo sem resduos orgnicos

    e mais limpo de impurezas, como entulho, etc. A presena de impurezas prejudica a confeco

    do corpo de prova e mascara o resultado. Para escolha do melhor solo, entre os testes

    apresentados recomenda-se o teste do rolo (NEVES e outros, 2000) ou o da bola (GIETH e

    outros, 1994). A escolha de um dos dois testes recomendada devido simplicidade de

    execuo de ambos e resposta em relao plasticidade ideal da mistura.

    Uma vez apresentados os parmetros para escolha do solo, sero relacionadas, a seguir,

    as sugestes dos autores que procuram melhorar o solo do ponto de vista de retrao e aumento

    de resistncia. Essas recomendaes apresentadas, visando correo do solo, tambm so feitas

    de forma emprica.

    2.3.2 Correo do solo para a tcnica mista

    Para Lopes e Ino (2003), em algumas regies a preparao do solo feita com solo e gua, ou

    ainda com adio de fibras vegetais, como: fibras de sisal, de coco, de piaava, bagao de cana,

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    palhas, esterco de gado, entre outros, ou ainda com adio de minerais como a cal ou o cimento.

    Esses aditivos funcionam como estabilizantes do solo, diminuindo a retrao e aumentando a

    resistncia.As autoras chamam a ateno de que o solo pode ter suas caractersticas de estabilidade e

    aumento de resistncia quando se introduz fibras vegetais ou minerais. Da forma como foi

    colocado faltou definir propores para compor a mistura a ser aplicada na vedao vertical de

    tcnica mista.

    Milanez (1958), tratando sobre a mistura para o barreamento, chama a ateno para a

    quantidade adequada de gua, pois o excesso aumenta a possibilidade de fissuras por secagem.

    Afirma ainda que a adio de palha picada na mistura permite a evaporao de gua na massa

    toda por igual, inclusive de dentro para fora. O autor recomenda que o solo seja colocado com as

    mos entre as varas do entramado e no aos sopapos como normalmente feito. Segundo o

    autor, este cuidado ajuda a propiciar uma obra bem acabada

    No entanto, Milanez no define quais so os parmetros que subsidiam a afirmao bem

    acabada, apenas chama a ateno para uma nova forma de aplicao do solo na trama, alerta para

    a importncia da quantidade de gua com o volume de solo, levando em conta fissuras que

    podem vir a surgir posteriormente com a mistura do solo j aplicado. Faltou apresentar uma

    relao em forma de volume ou peso, de quanto se deve colocar de quantidade de gua para a

    quantidade de solo, ficando em aberto esta relao. Faltou indicar o volume da palha a ser

    introduzido na massa. Quanto ao adensamento do solo com as mos na trama, esta forma

    possibilita uma maior compactao do mesmo, se comparado com o procedimento na forma de

    sopapo. O adensamento possibilita maior resistncia mecnica vedao vertical, por ter menor

    quantidade de vazios, se comparado com o arremesso de sopapo. Outra observao, para

    melhorar o solo a ser aplicado na trama, feita por Gieth e outros (1994), recomendando deixar a

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    mistura em repouso, por um perodo de doze horas, de preferncia durante a noite. Para Gieth e

    outros, este procedimento garante ao solo um melhor estado plstico para a aplicao. Essa

    recomendao tambm de carter emprico, porm procede, pois, para solos argilosos essetempo possibilita a uniformidade da umidade

    Conforme a DAM (1988), a aplicao do solo dever ser feita em trs fases. A primeira

    consiste em se aplicar uma camada com as mos, sem cobrir as ripas. Espera-se de quinze a

    trinta dias, tempo necessrio para a parede secar e aplica-se a segunda camada, que deve

    preencher todas as trincas e cobrir as ripas. Aguarda-se novamente a parede secar e aplica-se a

    terceira camada ou reboco, constitudo de uma argamassa fina de cimento ou cal, mais areia e

    saibro, no trao em volume de 1:3:5. O acabamento do reboco dado alisando a argamassa com

    colher de pedreiro.

    Os procedimentos apresentados pela DAM (1988) so os que instruem o usurio desta tcnica a

    fazer de uma forma metdica, tanto as etapas ou fases de aplicao do solo sobre a trama, como

    tambm a definio do trao em volume para o reboco final da vedao vertical em tcnica mista

    2.4 RECOMENDAES PARA EXECUO DA TCNICA MISTA

    Para Lopes e Ino (2003), o uso de instrumentos simples como o esquadro, o prumo e o

    nvel so importantssimos, pois quando relegados contribuem para prejudicar a aparncia e a

    rigidez da construo, tornando a estrutura desequilibrada e as paredes desalinhadas

    relevante a recomendao das autoras, pois o uso do esquadro fundamental na

    locao dos esteios, o uso de um prumo na fixao dos esteios, da ossatura e do enchimento da

    vedao vertical vai propiciar uma edificao equilibrada, com paramentos alinhados e o nvel

    estabelecer um plano de base, referencial para as medidas verticais.

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    Para Pinto (1993) e Souza (1996) os principais agentes causadores dos danos na vedao

    vertical de solo so as infiltraes de gua, seja por capilaridade do solo, seja por falta de

    proteo adequada, devido a rebocos mal executados. Os autores recomendam proteger aedificao do contato com a umidade do solo, elevando-se a construo do cho ou utilizando

    alicerces com a devida impermeabilizao. Mitidieri e outros (1987) e PROAFA (1979) sugerem

    o uso de cinta de concreto magro para evitar umidade nas paredes. A Fundao DAM(1988) e

    Gietg e outros (1994) recomendam o uso de sapata corrida de pedra e tijolos cermicos,

    protegida no coroamento com camada impermeabilizante. Para Ferraz (1992), alm de ser

    necessrio evitar o contato da construo com a umidade do solo, a pintura melhora a

    salubridade e conservao da habitao, alm de torn-la agradvel visualmente. Segundo Lopes

    (1998), as construes recentes em taipa usam geralmente materiais impermeabilizantes, como

    pintura asfltica, betume, resina, sacos plsticos e base de concreto, de acordo com a

    disponibilidade local, para proteo contra danos causados pela incidncia de gua nas peas

    verticais de madeira.

    As recomendaes citadas anteriormente so convenientes para impedir a ascenso de

    gua por capilaridade que vem do solo, como tambm guas de chuvas que incidem direta ou

    indiretamente na vedao vertical, ficando a cargo do executor decidir o tipo de proteo que

    caiba melhor no oramento do usurio.

    Para Alvarenga (1984), a falta de revestimento um dos maiores problemas da habitao

    em tcnica mista, pois ele evita o alojamento de insetos nas gretas e protege as paredes contra a

    ao da gua. A autora destaca o reboco usado na zona rural de Minas Gerais que feito com o

    prprio solo misturado com maior quantidade de areia e aplicado em duas camadas. A primeira

    mais spera usa o cascalho misturado com o solo, estrume e gua. A segunda difere apenas com

    o tipo de areia, que mais fina. Alvarenga no especifica o trao para a composio do reboco,

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    no define a granulometria da areia e do cascalho para execuo do reboco, ficando vagas e

    subjetivas essas recomendaes. Para Gieth e outros (1994) a mistura do reboco deve ter uma

    parte de cal e oito de saibro, ser aplicada sobre as paredes levemente umedecidas, em forma debolas, usando-se as mos. Coberta toda a superfcie, pressiona-se levemente a mistura para uma

    perfeita aderncia. A regularizao feita por presso com a colher de pedreiro, para agregar os

    componentes e aflorar a gua da mistura. A seguir, se passa a desempenadeira e, depois a

    esponja de camura. Neste ponto, a superfcie precisa apenas secar para receber a pintura, que

    pode ser base de cal

    As recomendaes dos autores citados anteriormente aponta para uma composio em

    volume para a massa de reboco, alm de estabelecer o preparo da vedao vertical e a forma de

    aplicao da mesma, visando uma boa aderncia entre o reboco e a superfcie de aplicao.

    Segundo Lopes e Ino (2003), no prottipo do PROAFA (1979), em Fortaleza, Cear, usou-

    se um chapisco impermeabilizante nas paredes internas e externas at a altura de 50 cm, para

    evitar infiltraes de gua em ambos os lados

    Faltou definir qual o trao usado no chapisco, qual o aditivo impermeabilizante e sua

    quantidade na mistura

    Deve-se fazer o contraventamento do entramado, fixando as peas em diagonal entre os

    pilares, propiciando uma amarrao completa da edificao. Tambm, importante ser feito um

    contraventamento no plano horizontal da cobertura sobre as vigas que definem o p direito da

    edificao. Este ltimo dever ser executado com peas em diagonal, formando um tringulo

    com os vrtices externos, sendo as mesmas paralelas ao plano das vigas dos frechais,

    propiciando, desta forma, uma estanquidade no apenas s vedaes verticais, mas edificao

    como um todo.

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    3. A TCNICA MISTA ESTRUTURADA COM BAMBU

    O bambu um material de construo que apresenta baixssimo consumo energtico no

    processo de produo e existente na regio do estudo de caso, sem, no entanto ser utilizado natcnica mista local. Aqui, aborda-se o bambu como material de construo, estabelece-se a

    classificao, os gneros e espcies do bambu, a distribuio geogrfica, citam-se as espcies

    mais usadas na construo e apresenta-se os tipos de tratamento do mesmo.

    Para Barbosa e Mattone (2002), empregar produtos que envolvem baixo consumo de

    energia no seu processo de obteno, que geram menor quantidade de rejeitos e que apresentam

    baixa emisso de poluentes de interesse para toda humanidade

    Incentivar a retomada do uso do solo para construir utilizando o bambu como elemento

    de vedao vertical da tcnica mista opo vivel, que poder oferecer uma edificao de custo

    baixo, em condies de segurana, conforto trmico, durabilidade e harmonia com o meio

    ambiente

    Lopez (1974) referindo-se parede de argila reforada com bambu, a tcnica mista, nos

    fala dos motivos pelo qual o Japo, um dos pases mais industrializados da sia, onde se constri

    com as mais modernas tcnicas, continua nos dias atuais a construir casas de argila estruturada

    com bambu. Segundo o autor, o colorido e a beleza de sua textura, aliados ao conforto trmico

    so as razes pelas quais os japoneses as preferem.

    Na ndia, o grande nmero de templos budistas, cujas cpulas foram construdas com

    bambu e solo, so exemplos de uso da tcnica mista, tendo como referncia maior a 7a maravilha

    do mundo, o conjunto arquitetnico de Taj Mahal, cuja estrutura toda montada com bambu e

    revestida com argamassa especial. A figura 15 retrata o templo que foi construdo na cidade de

    Agra, Estado de Uttar Pradesh, em 1631 pelo imperador Shah Jahan, onde foi edificada a tumba

    para sua esposa favorita, Mumtaz Mahal.

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    FIGURA 15 VISTA GERAL DO TAJ MAHALFonte: http://www.taj-mahal.net/ Em 25/07/2006

    Referindo-se s aplicaes do bambu GRAA (1988) e LOPEZ (1974) apresentam

    algumas, como o uso para a construo, paisagismo, lcool etlico, celulose e papel, alimentao

    e medicamentos, entre outras.

    3.1 O BAMBU COMO MATERIAL DE CONSTRUO

    Para Cordero (1989, p.12), a baixa densidade, a forma circular oca e as excelentes

    caractersticas fsicas e mecnicas fazem com que esta planta seja empregada na construo

    como elemento estrutural, painis de vedao e outros usos. Afirma o autor que alm da ndia,

    Indonsia e Filipinas, que usam bastante o bambu como material de construo, na Colmbia,

    em funo da abundncia e do baixo custo, a construo de casas de bambu e madeira ganhou

    popularidade.

    Devido s propriedades fsicas apresentadas pelo bambu, principalmente, aos elevados

    nmeros relacionados capacidade de suporte aos vrios esforos, este material tem sido usado

    para diversos fins, desde a construo de pequenos muros, casas, abbadas de grandes templos,

    pontes e aquedutos, entre outros.

    Lopez (1974) apresenta as propriedades fsicas do bambu destacando a capacidade de

    resistncia do mesmo aos diversos esforos, relacionando um bom nmero de espcies. A boa

    performance deste material vem motivando o uso do mesmo como elemento estrutural, inclusive

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    como reforo do concreto, substituindo o uso convencional do ferro em estruturas de pequeno

    porte.

    No captulo destinado arquitetura, Lopez (1974), destaca, entre outros pontos, ossistemas de construo em bambu empregados na Colmbia, o uso e a influncia do bambu na

    arquitetura hindu, o bambu na arquitetura japonesa, as espcies de bambu de maior uso na

    construo, o uso do bambu nos jardins japoneses, a deformao artificial do bambu, os

    materiais de construo obtidos do bambu, das estruturas espaciais de bambu, o uso do bambu na

    construo de elementos de concreto, e as vantagens e desvantagens do emprego do bambu na

    construo.

    Iniciativas tm sido tomadas para a utilizao do bambu na construo, visando diminuir o

    custo final e utilizar materiais ambientalmente corretos, conforme Figura 16.

    FIGURA 16 EDIFICAO EM BAMBU, COM PAINIS MONOLTICOS ARGAMASSADOS, EM MACEI, ALAGOASFoto do autor - dezembro de 2004

    A construo da foto uma moradia de interesse social com 38 m, construda no bairro de

    Bebedouro, em Macei doada no dia 14/11/03 a uma famlia carente, como resultado de uma

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    parceria entre o Instituto do Bambu, a Universidade Federal de Alagoas e o Servio Brasileiro de

    Apoio as Pequenas e Mdias Empresas SEBRAE, visando disseminar o uso do bambu na

    construo civil em reas urbanasA habitao, onde mora uma famlia de 4 pessoas, foi visitada pelo autor deste trabalho em

    2004 e em 2005. Nesta obra, a vedao vertical foi feita com painis de bambu do tipo

    esterilha, de ambos os lados e revestida com uma argamassa convencional.

    Em maio de 2005, o Instituo inovou construindo uma casa usando o sistema pr-fabricado

    de bambu com microconcreto, conforme Figura 17. A casa serve de oficina para arteses que

    fabricam instrumentos musicais, tendo como matria prima bsica o bambu e est na rea da

    Universidade Federal de Alagoas, onde funciona a sede do Instituto

    FIGURA 17 EDIFICAO EM BAMBU, COM PAINIS EM MICROCONCRETO, EM MACEI, ALAGOASFoto do autor - janeiro de 2005

    Considerando ser o Instituto do Bambu o rgo mais prximo de Salvador, cujo objetivo

    pesquisar e desenvolver a tecnologia do uso do bambu, principalmente, como material de

    construo, durante o desenvolvimento deste trabalho o autor visitou o mesmo, fazendo contato

    com o corpo tcnico, buscando informaes sobre os tipos de bambus por ele utilizado, a origem

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    dos mesmos e o de trabalho que estava sendo desenvolvido. Para abrigar a sede do Instituto mais

    uma casa foi construda, usando-se o sistema pr-fabricado com painis de microconcrteto,

    conforme Figura 18

    FIGURA 18 EDIFICAES EM BAMBU, COM PAINIS EM MICROCONCRETO, EM MACEI, ALAGOAS

    Foto do autor - janeiro de 2005

    Segundo o Instituto, a construo apresentou um custo 40% inferior ao das casas

    convencionais, inovando o sistema anterior que aplicou o reboco no local sobre painis de

    bambu, caracterizando painis monolticos. Agora, a nova construo inova com fechamento de

    painis pr-fabricados, em placas confeccionadas em forma metlica, com encaixes macho e

    fmea, usando uma argamassa denominada de microconcreto. O novo material composto por

    uma mistura de cimento, areia, cal, borracha moda (resduo de pneus) e bambu triturado.

    Entre as atividades desenvolvidas pelo Instituto do Bambu est a fabricao de viveiros

    marinhos. A estrutura dos viveiros de bambu, sendo as peas impermeabilizas de forma

    simples e a custo baixo. A tcnica utiliza garrafas plsticas j descartadas, que so cortadas na

    parte superior e na inferior, sendo introduzidas nas peas de bambu de modo a ficarem

    sobrepostas. Em seguida, as garrafas so aquecidas com um secador de cabelos at atingirem o

    ponto de fuso do plstico que adere superfcie do bambu, conforme Figura 19. Pode-se aplicar

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    esta soluo na tcnica mista para impermeabilizar as partes dos esteios e das peas verticais do

    entramado em contato com o solo

    FIGURA19 BAMBU IMPERMEABILIZADO COM GARRAFAS PLSTICASFoto do autor janeiro de 2005

    Entre ourtras construes com bambu, no Brasil, tem-se o atelier do artista Jos Joaquim

    Sansano, em Pindorama, So Paulo, edificado em 1993 e o Memorial da Cultura Indgena, com

    365 m, do arquiteto David Rees Dias, construdo em Campo Grande, Mato Grosso do Sul,

    conforme Figura 20, estruturado com bambu e coberto com piaava.

    FIGURA 20 MEMORIAL DA CULTURA INDIGENA, CAMPO GRANDE-MSFonte: http://www.uniderp.br/Atlas/indig3.jpg Em 25/07/06

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    3.2 BAMBU: CLASSIFICAO, DISTRIBUIO GEOGRFICA, GENEROS E

    ESPCIES

    Lopez (1974, p.6), estabelece que botanicamente o bambu est classificado comobambuseae, um grupo da extensa famlia Graminae. Devido s caractersticas do seu caule,

    Gaion, Paschoarelli e Pereira (2006, p.2) classificam o bambu como planta lenhosa,

    monocotildone, e pertencente s angiospermas, tendo como denominao cientfica

    bambusae e subfamlia das gramnae. Para Graa (1988) essa gigantesca gramnea

    largamente utilizada em vrias regies do mundo, fazendo parte da cultura de chineses,

    japoneses, filipinos, indianos e latino-americanos, entre outros. Falando sobre o campo de

    utilizao do bambu, Graa (1988) afirma que o mesmo pode ser consumido como saborosa

    iguaria, transformado em matria-prima para papel e celulose, amido, lcool, instrumento

    musical, mveis, etc. Ainda segundo Graa (1988), o bambu tem aplicao no campo da

    tecnologia aeroespacial, sendo utilizado pela NASA como isolante de naves espaciais.

    Geograficamente a distribuio natural do bambu bastante heterognea, tanto em

    quantidade como em variedade de espcies. No mundo, o sul da sia e ilhas vizinhas so as

    regies de maior concentrao do bambu e onde seu emprego est mais desenvolvido.

    A quantidade de gneros e espcies de bambu varia a depender das fontes de pesquisa.

    Para Makino e Nemoto, segundo Lopez (1974), existem no mundo 47 gneros e 1.250 espcies.

    A variao decorre em funo da classificao botnica de um vegetal considerar, geralmente, a

    morfologia de suas flores e frutos, e certas espcies de bambu florescem apenas uma vez durante

    sua existncia e desaparecem em seguida. A Figura 21 ilustra as partes do bambu que formado

    pelo rizoma, parte subterrnea, e pelo colmo, galhos e folhas, parte area.

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    COLMO, GALHOS E FOLHAS

    RIZOMA

    FIGURA 21 PARTES E SUBPARTES DO BAMBUFonte: http://www.bambubrasileiro.com/info/plantio Em 25/07/06

    Os rizomas podem ser classificados como leptomorfo, paquimorfo ou metamorfo. O

    rizoma leptomorfo predominante de climas temperados e apresenta usualmente dimetro menor

    que do colmo correspondente, tem forma cilndrica, sendo a seo interrompida nos ns por um

    diafragma. A Figura 22 representa a configurao de um rizoma leptomorfo.

    FIGURA 22 RIZOMA LEPTOMORFOFonte: http://www.bambubrasileiro.com/info/plantio Em 10/10/06

    O rizoma paquimorfo cresce em touceiras, curto e grosso, de forma curva, raramente

    esfrica e com espessura mxima usualmente maior do que a do colmo, abrangendo bambus de

    clima tropical. Temos como exemplo de paquimorfo os bambus do gnero Bambusa e

    Dendrocalamus, conforme configurado na Figura 21.

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    O rizoma met