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Alunos de Teorias da Imagem desafiando as convenções às quais o público está acostumado, apresentando imagens e sons articulados em contextos diferenciados de espaço e tempo. É o que vemos em Talvez Cinema, um projeto de video-instalações proposto pela professora Beth Miranda e abraçado pela turma do sétimo período de PP do primeiro semestre de 2010. Inspirados pela exposição Cinema Sim, (Itaucultural, São Paulo, 2008) estes alunos se dedicam a retirar o espectador do seu lugar comum. Por décadas, acostumamo-nos a encarar a experiência cinematográfica sentados, imóveis, no escuro, numa duração e a uma distância pré-estabelecidas. Por que ficamos parados esperando que as imagens, em movimento, nos surpreendam? Por que o cinema sempre se limita à tela em branco e às demais regras deste dispositivo, segundo Arlindo Machado, já tão cristalizado? Alguma rebelião se encontra nos museus, galerias de arte, e bienais, onde a presença audiovisual se multiplica assim como seus nomes: ‘cinema móvel’? ‘cinema expandido’? ‘cinema exposto’? Ao espectador, móvel, colocado no centro das imagens, é oferecida uma experiência mais complexa, em que se busca mais a sensação que o sentido. Este é o caso, por exemplo, de um vídeo sobre a famosa afegã, captada em dois momentos de sua vida pelas lentes do fotógrafo Steve McCury para a revista National Geographic. A personagem em questão vai se transformando fisicamente ao som de tiroteios, gritos e explosões de guerra. Para assistir ao vídeo o espectador precisa aproximar-se de uma burca e olhar através da pequena abertura destinada aos olhos. Sob aquele elemento inerte, de forma aprisionada, à parte do mundo, existe uma vida se transformando, escondida de forma profunda e obscura não apenas por um simples tecido preto, mas por um contexto muito maior: a guerra. O espectador de Talvez Cinema, será ainda convidado a pular numa cama elástica e interagir com imagens que capturam o instante de um salto. Ou a decidir como brincar com uma pipa ligada a um controle de videogame. E mais. Nesta exposição, na manhã do dia 31 de maio na sala 315 , ainda que se discuta a natureza e o nome da experiência, a pipoca permanece. (release por João Andrade) Release elaborado a pedido especial da professora Beth Miranda para a exposição Talvez cinema, da turma do 7º período de Publicidade e Propaganda da PUC Minas Campus Coração Eucarístico (1º semestre de 2010).

Talvez Cinema (Release)

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Release da exposição e vídeo-instalação Talvez cinema, organizada pela professora Beth Miranda para a Disciplina Teorias da Imagem. Redação de minha autoria, com pequenas alterações feitas pela professora posteriormente. Trata-se de uma solicitação especial da professora, não de um trabalho obrigatório para a disciplina.

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Page 1: Talvez Cinema (Release)

Alunos de Teorias da Imagem desafiando as convenções às quais

o público está acostumado, apresentando imagens e sons

articulados em

contextos diferenciados de espaço e tempo. É o que vemos em

Talvez Cinema, um projeto de video-instalações proposto pela

professora Beth

Miranda e abraçado pela turma do sétimo período de PP do

primeiro semestre de 2010. Inspirados pela exposição Cinema

Sim, (Itaucultural,

São Paulo, 2008) estes alunos se dedicam a retirar o espectador

do seu lugar comum. Por décadas, acostumamo-nos a encarar a

experiência

cinematográfica sentados, imóveis, no escuro, numa duração e a

uma distância pré-estabelecidas. Por que ficamos parados

esperando que as

imagens, em movimento, nos surpreendam? Por que o cinema

sempre se limita à tela em branco e às demais regras deste

dispositivo, segundo

Arlindo Machado, já tão cristalizado?

Alguma rebelião se encontra nos museus, galerias de arte, e

bienais, onde a presença audiovisual se multiplica assim como

seus nomes: ‘cinema móvel’? ‘cinema expandido’? ‘cinema

exposto’? Ao espectador, móvel, colocado no centro das imagens,

é oferecida uma experiência mais complexa, em que se busca

mais a sensação que o sentido.

Este é o caso, por exemplo, de um vídeo sobre a famosa afegã,

captada em dois momentos de sua vida pelas lentes do fotógrafo

Steve McCury para a revista National Geographic. A personagem

em questão vai se transformando fisicamente ao som de tiroteios,

gritos e explosões de guerra. Para assistir ao vídeo o espectador

precisa aproximar-se de uma burca e olhar através da pequena

abertura destinada aos olhos. Sob aquele elemento inerte, de

forma aprisionada, à parte do mundo, existe uma vida se

transformando, escondida de forma profunda e obscura não

apenas por um simples tecido preto, mas por um contexto muito

maior: a guerra.

O espectador de Talvez Cinema, será ainda convidado a pular

numa cama elástica e interagir com imagens que capturam o

instante de um salto. Ou a decidir como brincar com uma pipa

ligada a um controle de videogame. E mais. Nesta exposição, na

manhã do dia 31 de maio na sala 315 , ainda que se discuta a

natureza e o nome da experiência, a pipoca permanece.

(release por João Andrade)

Release elaborado a pedido especial da

professora Beth Miranda para a

exposição Talvez cinema, da turma do

7º período de Publicidade e

Propaganda da PUC Minas Campus

Coração Eucarístico (1º semestre de

2010).