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* TAMO LÁ! * JAN E FEV/2014 1 AMO Á! JANEIRO E FEVEREIRO DE 2014 Nº1 ANO 1 GRATUITO ALUNOS DA RESTINGA COMEMORAM APROVAÇÃO NA UFRGS Seis alunos do Cursi- nho Pré-vestibular Espe- rança Popular Restinga foram aprovados na Uni- versidade Federal do Rio Grande do Sul, em 2014. Dorival Fernando Vi- llela Centeno, Luiza Fer- raz Morales, Mariana Pires Morrudo, Silvana Souza Schmitz, Tais Moni Muniz e Thaís Leal Barcelos con- quistaram o ingresso na universidade federal. Juntam-se a esse time de vitoriosos, Gustavo Becker, aprovado no vestibular do IPA, e Joana Souza, apro- vada pelo programa Pro- Uni na Uniritter. O jornal Tamo Lá! con- versou com alguns dos aprovados e conta como foi a vitória desses guer- reiros, os desafios de um concurso que dura quatro dias como o da UFRGS, as dificuldades, os sonhos de cada um e como eles es- tudaram em 2013. os não aprovados compartilham suas ex- periências de prestar o ves- tibular mais disputado do Rio Grande do Sul. As lições que ficaram do concurso que reuniu mais de 42 mil candidatos disputando pouco mais de 5,4 mil va- gas nos 89 cursos de gra- duação da universidade. O aprendizado de cada um, o número de tenta- tivas pro vestibular, as matérias difíceis... Afinal, todos têm dúvidas e é compartilhando ideias que é possível resolvê-las. PÁGINAS 4 E 5 COMUNIDADE FUTURO Um espaço destinado aos membros da comuni- dade da Restinga. O Tamo Lá! tem a honra de ter, na primeira edição do jornal, as palavras de José Carlos, o seu Beleza. O líder comunitário diz que a comunidade está “zonza” por não haver uma liderança que pro- cure buscar os anseios dos moradores da Restinga. Ansiedade, nervosismo, tensão. Quando o Ensino Médio vai chegando ao fim, para muitos é o mo- mento de decidir o que fazer dali pra frente, que frutos colher... Para quem já terminou há alguns anos, sempre é hora de retomar planos e encarar novos desafios. Quais passos dar rumo a esses novos caminhos? CONTRACAPA PÁGINA 7 PÁGINA 3 DICAS O educador de História, Gabriel Gonzaga, re- monta a história da es- cravidão no Brasil, asso- ciando o passado com o preconceito racial atual. PÁGINA 6 EXPERIÊNCIA Os colegas do cursinho Resgate Popular relem- bram como foi a festa das tintas que uniu os cursi- nhos populares da Capi- tal em um dia de muita festa. T L

Tamo Lá - JAN / FEV

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1ª edição do "Tamo Lá", jornal do Pré-Vestibular Esperança Popular Restinga

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Page 1: Tamo Lá - JAN / FEV

* TAMO LÁ! *JAN E FEV/2014 1

AMO Á!JANEIRO E FEVEREIRO DE 2014Nº1 ANO 1 GRATUITO

ALUNOS DA RESTINGA COMEMORAM APROVAÇÃO NA UFRGS

Seis alunos do Cursi-nho Pré-vestibular Espe-rança Popular Restinga foram aprovados na Uni-versidade Federal do Rio Grande do Sul, em 2014.

Dorival Fernando Vi-llela Centeno, Luiza Fer-raz Morales, Mariana Pires Morrudo, Silvana Souza

Schmitz, Tais Moni Muniz e Thaís Leal Barcelos con-quistaram o ingresso na universidade federal.

Juntam-se a esse time de vitoriosos, Gustavo Becker, aprovado no vestibular do IPA, e Joana Souza, apro-vada pelo programa Pro-Uni na Uniritter.

O jornal Tamo Lá! con-versou com alguns dos aprovados e conta como foi a vitória desses guer-reiros, os desafios de um concurso que dura quatro dias como o da UFRGS, as dificuldades, os sonhos de cada um e como eles es-tudaram em 2013.

Já os não aprovados compartilham suas ex-periências de prestar o ves-tibular mais disputado do Rio Grande do Sul. As lições que ficaram do concurso que reuniu mais de 42 mil candidatos disputando pouco mais de 5,4 mil va-gas nos 89 cursos de gra-

duação da universidade.O aprendizado de cada

um, o número de tenta-tivas pro vestibular, as matérias difíceis... Afinal, todos têm dúvidas e é compartilhando ideias que é possível resolvê-las.

PÁGINAS 4 E 5

COMUNIDADE FUTURO

Um espaço destinado aos membros da comuni-dade da Restinga. O Tamo Lá! tem a honra de ter, na primeira edição do jornal, as palavras de José Carlos, o seu Beleza.

O líder comunitário diz que a comunidade está “zonza” por não haver uma liderança que pro-cure buscar os anseios dos moradores da Restinga.

Ansiedade, nervosismo, tensão. Quando o Ensino Médio vai chegando ao fim, para muitos é o mo-mento de decidir o que fazer dali pra frente, que frutos colher...

Para quem já terminou há alguns anos, sempre é hora de retomar planos e encarar novos desafios. Quais passos dar rumo a esses novos caminhos?

CONTRACAPA PÁGINA 7 PÁGINA 3

DICASO educador de História,

Gabriel Gonzaga, re-monta a história da es-cravidão no Brasil, asso-ciando o passado com o preconceito racial atual.

PÁGINA 6

EXPERIÊNCIAOs colegas do cursinho

Resgate Popular relem-bram como foi a festa das tintas que uniu os cursi-nhos populares da Capi-tal em um dia de muita festa.

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Page 2: Tamo Lá - JAN / FEV

* TAMO LÁ! *2 JAN E FEV/2014

AGENDAEDITORIALVivemos em um tempo

de grandes discussões a respeito da educação em nosso país e, no restante do mundo, fala-se sobre a necessidade de haver maiores investimentos públicos e privados nesta área, a fim de se forta-lecer a base educacional para o crescimento e es-tabelecimento do Brasil como nação em vias de desenvolvimento.

Neste quadro, o aces-so à Universidade pelas classes mais baixas da população brasileira - sua imensa maioria - tem obtido cada vez mais a-tenção do governo, dos empresários e do terceiro setor (entidades sem fins lucrativos).

E, dentro desta cres-cente busca de acesso, em 2006, a partir de de-manda de lideranças co-munitárias da Restinga - dona Teresa e dona Dejanira, do Núcleo Es-perança -, é levada à Uni-versidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) uma proposta de criação de um cursinho popu-lar voltado à preparação para o vestibular desta Universidade Pública e, mais recentemente, tam-bém ao ENEM (prova que já possibilitou a obten-ção do diploma do En-sino Médio a muitos de nossos educandos, bem como seu acesso a uni-versidades particulares, através do ProUni).

Assim, em abril daquele ano, com o suporte in-stitucional do Departa-mento de Educação e Desenvolvimento Social (DEDS), da Pró-Reitoria de Extensão da UFRGS, o cursinho Pré-Vestibular Esperança Popular da Restinga inicia suas ativ-idades no salão de festas do Núcleo Esperança, com suas aulas sendo ministradas por educa-dores acadêmicos oriun-dos de diversos cursos de graduação da própria UFRGS.

Em junho de 2007, transfere-se para a Escola Pasqualini, nossa grande parceira no bairro, que sempre nos acolheu com muito carinho e profis-sionalismo. Tivemos o privilégio de fazer parte desta história desde o seu

começo, e conseguimos perceber, ao longo dos anos, seu crescimento, seja em sua organização, seja em seu reconheci-mento pela comunidade.

Muito mais do que preparar pessoas para o ingresso num curso su-perior, o Esperança tem a preocupação de formar cidadãos conscientes, preparados e atuantes na sociedade em que vivem.

Nestes anos de trabalho junto à Restinga, tem au-mentado cada vez mais o número de aprovados na UFRGS, além de muitos outros ingressantes em outras universidades. E é dentro deste contexto de esperanças e de re-alizações que trazemos à comunidade a primeira edição do Tamo Lá!, jor-nal do cursinho Esperan-ça Popular da Restinga. Ele será nosso principal canal de comunicação com o bairro, tentando aproximar cada vez mais a comunidade do cursin-ho a quem ele pertence de fato.

Traz reportagens sobre os nossos aprovados na UFRGS, dicas para a es-colha profissional e para o vestibular, matéria pre-parada pela própria co-munidade, e muito mais!

Você é o nosso convi-dado para acompanhar e colaborar com nos-sas próximas edições do Tamo Lá!, que pro- metem muito mais para a Restinga e para o Espe-rança, palavras que sem-pre devem andar juntas!

RITA DE CÁSSIA DOS SANTOS CAMISOLÃOCoordenadora da Ação

de Extensão - Programa de Apoio ao Acesso à

Universidade

RODRIGO SILVA DOS SANTOS

Educador coordenador do Cursinho Pré-vesti-

bular Esperança Popular Restinga

Te liga nessas dicas do Cursinho Pré-Vestibular Esperança Popular Restinga. Não te esquece dessas datas! Anota, memoriza, copia, recorta, circula, mas não perde!

MATRICULE-SE!

DATA: 17 a 20 de fevereiro de 2014

HORÁRIO: 19h-22h

LOCAL: E.M.E.F. Alberto Pasqualini

ENDEREÇO: R. Tenente Arizoly Fagundes, 250 - Restinga Nova

TAXA DE INSCRIÇÃO: 10 reais

DOCUMENTAÇÃO

- Cópia do RG e do CPF

- Cópia de um comprovante de residência

- Foto 3X4

- Cópia do comprovante de conclusão do Ensino Médio ou comprovante de matrícula do 3º ano, certificando a possibilidade de término em 2014

NÃO SE ESQUEÇA TAMBÉM!

- Cópia do comprovante de renda do candidato e de TODOS os membros do grupo familiar (todos que vivem na mesma casa)

- Menores de 18 anos devem entregar obrigatoriamente cópia do RG e do CPF dos pais ou responsáveis

SOBRE AS AULAS

RESULTADO DOS SELECIONADOS: 26 de fevereiro de 2014, a partir da meia-noite, no site do cursinho

AULA INAUGURAL: 26 de fevereiro de 2014, quarta-feira

HORÁRIO DAS AULAS: 19h-22h10

MENSALIDADE: 25 reais

O QUE É O CURSINHO?

O cursinho Esperança é um curso preparatório para quem queringressar no Ensino Superior.

Na UFRGS, tem como coordenação e apoio o Departamento de Educação

e Desenvolvimento Social (DEDS), Pró-Reitoria de Extensão (PROREXT)

e Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE).

QUALQUER UM PODE SER ALUNO?

Não. Apenas as pessoas que estão no 3º ano do ensino médio ou que já

concluíram o ensino médio.

Quem não concluiu o Ensino Mé-dio, pode conseguir o seu diploma

através do ENEM tirando nota média maior do que 500 pontos.

Assim também está apto ao cursinho.

PARA QUE SERVE?

O Esperança é destinado a quem quer passar na UFRGS ou em outra

instituição de ensino superior, através do ENEM ou qualquer outro tipo de

concurso.

Ao longo de todo o ano, todas as nove matérias que compõem o ves-

tibular são trabalhadas por alunos da UFRGS que atuam como educadores.

MAIS INFORMAÇÕES

TELEFONES: (51) 3308-2919 ou (51) 3308-2920

E-MAIL: [email protected]

SITE: http://www.pvprestinga.blogs-pot.com.br/

FACEBOOK: Pré-Vestibular Esperança Popular Restinga

PERDEU AS DATAS?

Não se preocupe. Vá ao local do cursinho e se informe sobre o

preenchimento total das vagas.

Em caso de suplência, o Esperança dará prioridade aos

suplentes que estiverem na lista dos selecionados.

Em julho, será aberta nova seleção.

ENTREVISTA COM OS CANDIDATOS

Depois de entregue a documentação, será marcada uma entrevista

individual para seleção dos candidatos.

A entrevista terá duração de 10 minu-tos e pode ser agendada para sábado

(22/FEV) manhã/tarde ou para domingo (23/FEV) manhã.

COMPARTILHETem alguma exposição, palestra, congresso ou evento legal para compartilhar com a gente? Envie um e-mail pro Esperança: [email protected]

Page 3: Tamo Lá - JAN / FEV

* TAMO LÁ! *JAN E FEV/2014 3

23h59min, HORA DA DECISÃO

FUTURO

are. Olhe para o relógio por um instante. Veja que ele

não para nem um só momento. Nem mes-mo quando a pilha acaba porque outros ponteiros de outros aparelhos continuam se mexendo por aí. E é justamente por não ter a opção “pause” que muitas decisões são tomadas quase sem se pensar nas suas consequências.

LUCAS EBBESENPré-Vestibular Restinga

DÚVIDAS E INCERTEZAS

Ptudante (NAE) da UFRGS, a escolha do curso é um pro-cesso que deve partir de um autoconhecimento:

- A escolha profissional é um processo que deveria começar na infância – diz.

Para se ter uma ideia do quanto é difícil optar, só na UFRGS são 89 cursos de graduação presenciais. Ou seja, ter 89 opções e ser obrigado a escolher apenas uma. Isso que es-tamos falan-do somente dessa uni-v e r s i d a d e . E os camin-hos não se limitam a fazer facul-dade não, pois há out-ras opções de cursos s u p e r i o r e s que duram menos tem-po como os técnicos e os tecnólogos. Diante dessa vastidão de possibilidades, é preciso que os pais também aju-dem e acompanhem essa escolha:

- Às vezes, os pais dizem simplesmente que querem que os filhos sejam felizes, mas não acompanham esse processo – afirma Marcia.

A psicóloga do NAE ex-plica ainda que, mesmo não demonstrando, os fi-lhos têm expectativa de re-ceber a aprovação dos pais quando tomam a decisão. Muitos deles mal sabem que essa escolha não pre-cisa ser definitiva. Não há problema nenhum em vol-tar atrás e trocar de opção. E isso vale também para os mais velhos. Muitos dei-

xaram desejos para trás e querem retomá-los depois de anos, já outros simples-mente pretendem ocupar a cabeça.

- Em termos de estudo não tem limite pra estudar. Tive um aluno de 67 anos que fazia tudo – comenta Cláudia Sampaio, também psicóloga do NAE.

OS TRÊS PASSOS PARA TOMAR A MELHOR DECISÃO

Escolhas como casar, ter filhos, morar junto passam tão rápido que, quando a ficha cai, tudo já está feito e aquelas decisões importantes passaram pe-las mãos como penas que voam com o vento.

Não muito diferente é decidir entre continuar es-tudando, trabalhar ou fazer as duas coisas ao mesmo tempo. E quando se opta pelo estudo, outras dúvi-das surgem: se manter es-tudando pra quê? Que cur-so fazer? Algo que se gosta ou que dá dinheiro? Esses são apenas alguns ques-tionamentos que surgem na cabeça de quem já não estuda há algum tempo ou daqueles que sofrem fortes pressões por estar terminando o colégio. Para a psicóloga Marcia Nunes, do Núcleo de Apoio ao Es-

Na dúvida, a grande maioria decide recorrer aos testes vocacionais pro-curando respostas para a sua pergunta. Alguns se surpreendem com os re-sultados e ignoram sua validade, outros levem a-quilo tão a sério que optam por fazer aquilo que o teste mostrou. As psicólogas do NAE não contestam a

v a l i d a d e desses tes-tes, mas enfatizam que são apenas um recurso a

mais na hora de tomar a decisão.

- É pre-ciso olhar se aquela esco-lha de curso está em sin-tonia com o plano de vida – cientiza Marcia.

Para não te deixar so-zinho nessa

difícil tarefa de continuar estudando ou voltar a es-tudar sem saber o que fa-zer, o Tamo Lá! apresenta os três passos ensinados pelas psicólogas do NAE para facilitar no processo de escolha do curso.

Importante: assim como os testes vocacionais, os passos também são a- penas para contribuir na escolha profissional.

Que frutos você quer colher? A psicóloga Cláudia Sampaio enfatiza: “O retorno é proporcional ao investimento”.

1º PASSO

Quanto mais informações próprias se têm, mais fácil fica para aproximar o que se gosta

daquilo que se tem de parecido.

CONHECER A SI PRÓPRIO

Marcia Nunes: “A carreira tem que estar dentro do

plano de vida”.

2º PASSO

Quanto mais informações se têm de cursos e currículos, mais fácil fica para

se optar pela instituição de ensino.

PROCURAR INSTITUIÇÕES DE ENSINO

Cláudia Sampaio: “As pessoas ficam angustiadas em decidir

logo e saem fazendo”.

3º PASSO

Quanto mais informações se têm sobre o curso e a instituição, mais fácil fica para se criar uma rede de relações com as pessoas que já fazem o curso escolhido na instituição selecionada.

PENSAR NA MELHOR FORMA DE EXECUÇÃO

Cláudia Sampaio: “Qual o obje-tivo de fazer uma formação?”.

Impr

ensa

/ G

EM

T

A UFRGS te apoia

O Instituto de Psicologia da UFRGS conta com dois projetos de orientação profissional para seus es-tudantes e para a comuni-dade em geral:

SOP Destinado à comunidade externaInscrições presenciais na secretaria Endereço: R. Ramiro Barce-los, 2777, sala 314Horário: 09h-17h

NAE Destinado à comunidade internaInscrições pelo sitewww.ufrgs.br/nae

Mais informações pelo telefone: (51) 3308-5453.

Pergunta Importante

Qual a diferença entre curso técnico e curso tec-nológico?

Cursos técnicos são pro-gramas de nível médio com o propósito de capaci-tar o aluno proporcionan-do conhecimentos teóri-cos e práticos nas diversas atividades do setor produ-tivo, e os cursos tecnológi-cos classificam-se como de nível superior.

Fonte: Ministério da Educação (MEC)

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* TAMO LÁ! *4 JAN E FEV/2014

CAPA

QUANDO OS SONHOS CHEGAM

Entrar no Ensino Superior é um sonho. Sonho de uns que recém estão terminando o Ensino Médio, desejo de outros que querem ter mais oportunidade de educação, mais dinheiro ou mais crescimento. Há pouco anos, programas federais foram criados para

incentivar o acesso ao Ensino Superior no país, uma realidade ainda tão distante. Na vida, muitos sonhos não são à toa. É preciso lutar, persistir. Às vezes com poucas noites

de sono e muita dedicação. E foi graças a esse esforço que seis alunos do Esperança foram aprovados na UFRGS. Além deles, outros dois foram selecionados em faculdades priva-das. O Esperança, então, chamou todos seus alunos pra ter uma roda de conversa e, em-

baixo de umas árvores da Restinga, sentamos para conversar sobre a experiência de pre-star vestibular e ir em busca de um grande sonho. E os sonhos chegam.

por LUCAS EBBESEN

odo mundo tem um sonho. Às vezes menor, às vezes maior, na

maioria das vezes, muito mais de um. Pequenos, grandes, médios. Sonhos como ter uma casa própria, comprar um carro, fazer uma viagem... Nossos de-sejos estão ligados, ge-ralmente, ao consumo. E é aí que vem aquela velha frase: “não tenho dinheiro”.

colaboraram ALESSANDRA GARCIA e SAUL BASTOS

encontramos na sombra de uma praça da Restinga. Luíza, Mariana e Thaís che-garam com sorrisões, rece-bendo parabéns de todos. Mesmo com os abraços apertados e as felicitações dos colegas, dos amigos e da família, a ficha parecia não ter caído:

- Eu já tava achando que não ia passar mesmo – disse Luíza.

A mãe de Luíza, Magda,

de 20 anos fazia. Em 2013, tinha tentado entrar em Fonoaudiologia, mas não conseguiu. Nem por isso deixou o sonho para trás. Em frente ao computa-dor, seus dedos suavam aguardando a divulgação do listão que só ocorre-ria às quatro da tarde. Ela atualizava a página a cada segundo torcendo para que em um desses cliques saísse a lista de aprovados. Em poucos segundos, a an-siedade foi interrompida ao ver seu nome no listão. Logo em seguida, recebeu uma ligação da sua profes-sora Alessandra, de Espan-hol, falando da aprovação. Na mesma hora, Mariana ligou para todo mundo pra contar a novidade. Quando chegou em casa, até sua irmã, Maria Eduarda, de 2 anos, a parabenizou:

- Parabéns por passar no colégio! – felicitou a pequena.

Mal entendia ela que o “passar no colégio” como dizia significava alcançar um objetivo desejado por

Taíses que tinham passado até alcançar a altura onde o seu nome deveria estar. E realmente, lá estava. Quan-do reviu para ver se era o próprio nome que estava ali mesmo, Thaís deu um grito. Uma colega que es-tava próxima estranhou e perguntou se estava tudo bem. E estava: o grito foi de felicidade, de comoção, de não acreditar que o seu nome que estava junto aos demais aprovados. Thaís chorou de emoção. Daquele momento até o fim do expediente, não conseguiu mais trabalhar de tanta euforia. Ainda as-sim, a expressão da vitória ocorreu mesmo quando

se aproximava de casa, ao chegar sua família:

- Tava na esquina e já comecei a gritar – contou com alegria.

Com Luíza, a história foi bem diferente. Naquela tarde nervosa de sexta em que milhares de candidatos aguardavam para procurar o nome no listão, a menina de 23 anos estava no curso. Naquele momento, nem tinha lembrança de que o resultado sairia. Menos ainda, já estava crente de que não havia passado. Durante o intervalo do curso, atendeu à ligação da professora Alessandra. Es-tranhou. Foi quando rece-beu a notícia da aprovação

Então, duas alternativas restam: ou a gente poupa, poupa, poupa ou parcela em vinte vezes. E ultima-mente tem dado até para financiar.

Ainda bem que nem tudo na vida depende daquelas notas de dois, de dez, de cinquenta, de cem. Tem sonhos que dão pra realizar de graça ou quase. Estudar é o principal deles. Conhecimento, sabedo-ria, aprendizado não têm preço e ninguém pode roubar – só o alemão Al-zheimer, mas só quando a pessoa está bem velhinha.

Dorival, Luíza, Mariana, Silvana, Taís e Thaís são pessoas como qualquer uma. Eles possuem apenas duas semelhanças (não, uma delas não é o Alzhei-mer!): ambos estudaram no Esperança em 2013 e foram aprovados no ves-tibular de 2014 da Uni-versidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). É! A Federal! Aquela mesma! A eles, juntaram-se outros dois vito-riosos: Gus-tavo Becker, 33 anos, e Joana Sou-za, 19 anos, a p r o v a d o s em Edu-cação Física no IPA e em

também aluna do cursi-nho, estava mais empol-gada que a filha. Orgulho-sa pela conquista, Magda estava com um sorriso de orelha a orelha. Ao con-trário de sua cria, Magda não passou no vestibular. Depois de mais uma tenta-tiva, pensou em desistir e parar de frequentar as au-las, mas v o l t o u atrás:

- Fi-car em casa o-lhando novela? Eu, não! Eu te-nho 46, a i n d a t e n h o e s p e -rança.

Ainda que a prova da UFRGS te-nha fama de ser “difícil”, que faculdade “é coisa de gente rica”, todos que se re-uniram embaixo daquelas árvores concordaram com

muitos. Foram 5.461 vagas para mais de 42 mil can-didatos, só em 2014. Para Mariana, aquele sonho que parecia tão distante, se tor-nou real.

Tão real que na mes-ma noite, a menina g a n h o u uma janta especial na casa da avó com direito a um risoto de camarão

para festejar a vitória.Thaís estava trabalhando

e também aguardava com impaciência o resultado do concurso. Quando viu que o listão havia sido di-vulgado no site da UFRGS, foi direto na letra “T”, mas ao chegar lá, achou me-lhor descer a página len-tamente. Olhou todas as

uma frase dita por Luíza:- A prova não é difícil, é tu

que não te dedicas pra ela.

O sonho bate à porta

Na tarde de sexta-feira, 17 de janeiro, Mariana estava trabalhando. Era o segun-do vestibular que a jovem

Administração na Uniritter, respectivamente.

As escadas para os sonhos

Assim que saiu o listão, o Esperança convidou seus alunos, aprovados ou não, a se reunir. No dia seguinte, mesmo com o calorão, nos

T

Page 5: Tamo Lá - JAN / FEV

* TAMO LÁ! *JAN E FEV/2014 5

CAPA

QUANDO OS SONHOS CHEGAM

Entrar no Ensino Superior é um sonho. Sonho de uns que recém estão terminando o Ensino Médio, desejo de outros que querem ter mais oportunidade de educação, mais dinheiro ou mais crescimento. Há pouco anos, programas federais foram criados para

incentivar o acesso ao Ensino Superior no país, uma realidade ainda tão distante. Na vida, muitos sonhos não são à toa. É preciso lutar, persistir. Às vezes com poucas noites

de sono e muita dedicação. E foi graças a esse esforço que seis alunos do Esperança foram aprovados na UFRGS. Além deles, outros dois foram selecionados em faculdades priva-das. O Esperança, então, chamou todos seus alunos pra ter uma roda de conversa e, em-

baixo de umas árvores da Restinga, sentamos para conversar sobre a experiência de pre-star vestibular e ir em busca de um grande sonho. E os sonhos chegam.

por LUCAS EBBESEN

colaboraram ALESSANDRA GARCIA e SAUL BASTOS

no vestibular. No primeiro contato com a mãe, a frase da matriarca não foi outra:

- Tem que ter faixa!

Faz parte dos sonhos

No fim do mês de janeiro, Thaís foi entregar seus do-cumentos na universidade. Preocupada, consultou os educadores na véspera para certificar que não estava se esquecendo de nada. No momento da en-trega e revisão dos papéis, recebeu a notícia: sua ma-trícula não podia ser vali-dada. Thaís se inscreveu no concurso através do

sistema de cotas para ne-gros que fizeram o Ensino Médio em escola pública. Só que Thaís tinha estu-dado em escola particular com bolsa integral. Desde 2013, o edital especifica a desclassificação do sis-tema de cotas quem estu-dou em escola particular, mesmo com bolsa integral ou parcial.

Pensa que a “muleca” desistiu? Que nada! Thaís vai estudar para garantir a aprovação na próxima prova, quem sabe até se dedicar ainda mais do que em 2013 e, aí sim, poder sentir a sensação de ter sido aprovada na UFRGS duas vezes.

NOMELuíza Ferraz Morales

IDADE23 anos

APROVADA EMMuseologia

COMO ESTUDOU EM 2013“Tudo que absorvi foram das aulas que tive e dos últi-mos anos de vestibular”

O QUE ACHOU DO VESTIBULAR DA UFRGS“O vestibular não é difícil, a verdade é que nunca esta-mos preparados pra ele”

UM SONHO“Aprender, estudar e poder trabalhar em algo que eu realmente goste e me identifique”

RECADINHO“As coisas custam a dar cer-to e a maioria das pessoas te falam coisas pra desistir. Tudo no mundo tem seu tempo, o importante é não desistir do seus sonhos”

NOMEMariana Pires Morrudo

IDADE20 anos

APROVADA EMFísica - Licenciatura

COMO ESTUDOU EM 2013“Estudei indo as aulas do cursinho e com aulas online que ajudam bastante”

O QUE ACHOU DO VESTIBULAR DA UFRGS“O vestibular foi bem difícil, achei o de 2012 mais fácil”

UM SONHO“Dar aula no cursinho e ajudar outras pessoas a entrarem na UFRGS”

RECADINHO “Aos meus colegas que não passaram que não desistam do seu sonho, continuem estudando”

NOMEThaís Leal Barcelos

IDADE18 anos

APROVADA EMEducação Física - Bacharelado

COMO ESTUDOU EM 2013“Procurei estudar indo nas aulas do cursinho fazendo com que meu desempenho fosse bem melhor que o do ano passado”

O QUE ACHOU DO VESTIBULAR DA UFRGS“Como todos os anos estava bastante cansativo, amas nada que um bom estudo não resolva”

UM SONHO“Me tornar uma boa profis-sional na área de Educação Física”

RECADINHO “Estudem, pode ser cansa-tivo, muitas vezes você pensa em desistir mas a recompensa é ótima”

CONTINUA NA PÁGINA 7 >>>

A torcida por Dorival

No fim do ano, Dorival di-vidiu seu tempo entre o Es-perança e os estudos para concursos públicos.

Como ele mesmo me re-latou, passou a frequentar apenas as disciplinas que julgava ter mais dificul-dades, como a Matemática.

Mesmo assim, não dei-xou de ocasionalmente assistir as aulas de História e Literatura, das quais gos-tava muito.

Como pessoa, faltam palavras para caracterizar Dorival, posso dizer que sempre foi muito simpáti-co e educado com todos os colegas e educadores.

Venceu todas as dificul-dades, cujo tempo para es-

tudar era a principal delas. Em minha opinião, a uni-

versidade ganha mais com a aprovação de Dorival do que o oposto.

GABRIEL GONZAGAEducador de História

A certeza era grande, a torcida muito maior.

A aprovação de Dorival no curso de Administração na UFRGS foi somente o resultado do seu visível es-forço durante o ano.

Destacou-se pelas par-ticipações constantes nas aulas e acumulou elogios dos educadores na sua passagem pelo cursinho.

Com o tempo se tornou uma das principais apostas para conseguir uma vaga na federal.

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* TAMO LÁ! *6 JAN E FEV/2014

DICASHISTÓRIA DO BRASILGabriel Gonzaga

A escravidão já era praticada nos po-vos antigos clássicos, Grécia e Roma.

Nas duas sociedades, os escravos eram indivíduos de povos conquista-dos e representavam a camada mais

baixa da população, sem nenhum tipo de direito.

A escravidão foi associada ao povo negro durante a colonização da

América nos séculos XV e XVI. Através do tráfico negreiro, o negro foi com-prado na África e usado como mão

de obra escrava no Brasil e em outros países da América Latina. Neste mo-mento, a escravidão negra passou a

ser parte da estrutura social do Brasil. Os negros trabalhavam em diversas tarefas, como a produção do açúcar Nordeste e a exploração do ouro em

Minas Gerais.

Os negros lutaram contra a es-cravidão no Brasil. A sua forma de

luta mais conhecida foi a organização dos negros fugidos em quilombos. O quilombo mais conhecido é Pal-

mares, que era localizado em Alagoas e seu último líder, Zumbi, ficou fa-

moso na história popular brasileira.

Em 1789, a revolução francesa, através da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, lançava a

ideia dos direitos humanos. Em 1794, a França aboliu a escravidão, mas em

1802, Napoleão a restabeleceu.

Em 1791, influenciados pelas ideias da revolução francesa, os negros da ilha de São Domingos se rebelaram contra sua metrópole, a França. Os

rebeldes exterminaram a população branca e declararam a independência

do Haiti.

No Brasil, a abolição só aconteceu com a proclamação da Lei Áurea pela

princesa Isabel em 1888 e, mesmo com a abolição, resquícios da es-

cravidão ainda restavam na socie-dade. Liderados por João Cândido em 1910, negros da marinha toma-ram os navios e ameaçaram atacar

o Rio de Janeiro, capital do Brasil na época, caso o castigo da chibata não

fosse abolido.

O preconceito com o negro gerou o racismo que, entre diversas faces, abomina toda

espécie de cultura desse povo. Durante os primeiros anos de república no século XX, o samba e a capoeira foram proibidos. A partir da década de 1930, os movimentos negros

passaram a se organizar e lutar por reconheci-mento, a capoeira deixou de ser marginaliza-da e foi reconhecida como autêntico esporte

nacional, a contribuição do baiano Mestre Bimba foi essencial para essa conquista.

O racismo também deixou o negro marginalizado na sociedade bra-

sileira. Nos últimos anos, foi aprovada a lei de cotas que reserva uma parte das vagas nas instituições de ensino

federais para a população negra erigi-da de escolas públicas. A lei de cotas

foi encarada como o pagamento de uma “dívida histórica”. O racismo ainda é uma realidade no Brasil. Não se cale diante de situações de pre-

conceito, denuncie!

A ESCRAVIDÃO E SEUS MALES

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* TAMO LÁ! *JAN E FEV/2014 7

EXPERIÊNCIA

A UFRGS NÃO É UM SONHO. É TEU DIREITO. É PÚBLICA

FESTA DAS TINTASCONCURSO

Os pré-vestibulares populares de PoA comemoraram o encerramento do vestibular realizando a 1ª festa das tintas com a participação de todos os cursos populares da cidade.

Os cursos pré-vestibu-lares populares são impor-tantes promotores de de-bate, organização política e mobilização social pela democratização do aces-so, ampliação, gratuidade, qualidade e popularização do ensino superior. Esses cursos, além da preparação

para o concurso vestibular nas universidades públicas – motivação inicial e obje-tivo específico – propõem o compromisso com pro-jetos coletivos e uma per-spectiva de inserção social e política nas questões comunitárias e acadêmi-cas como princípios da formação crítica. Os pré-vestibulares populares têm como público-alvo as po-

pulações de baixa renda, para as quais, ao longo da história, foi negada a pos-sibilidade de ter uma for-mação de nível superior.

Fim do “vestiba”, hora da festa

A Festa das Tintas é uma tradição entre os pré-vestibulares privados de Porto Alegre: professores e alunos comemoram o fim do vestibular da UFRGS com uma festa onde to-dos pintam uns aos outros. O verdadeiro significado dessas festas é que sabem

que a probabilidade de aprovação é grande, pois é quase regra que os can-didatos que são aprovados no vestibular frequenta-ram algum curso pré-ves-tibular, ou seja, só quem tem dinheiro para pagar um pré-vestibular conse-gue frequentar o ensino superior. O resultado é a mercantilização da edu-cação e a elitização da uni-versidade pública.

Superior: pela primeira vez todos os cursos populares de Porto Alegre se articu-lam e realizam sua festa de encerramento do vestibu-lar em conjunto.

Essa integração unificada demostrou a capacidade de organização dos cursos populares que realizaram uma linda festa “regada a tintas”.

A primeira Festa das Tin-tas dos populares foi reali-zada em um espaço públi-co (Parque da Redenção) comemorando o começo da conquista pelas classes populares de outro espaço público: a Universidade!

BERNARDO LUCERO DE CARLIcoordenador do Pré-vestibular Resgate Popular

Fazendo históriaDia 8 de janeiro, foi um

marco histórico na luta pela democratização do Ensino

QUE TAL O VESTIBULAR?

Nossos educandos deram sua opinião sobre o concurso ves-tibular mais temido do Rio Grande do Sul.

Afinal de contas, vestibular é o bicho ou não é?

LUCAS EBBESENPré-Vestibular Restinga

Antes de falar em UFRGS, as impressões do ENEM também são importantes. Os dois dias de prova com duração de 4h30min no primeiro e 5h30min no se-gundo foram cansativos. Os educandos do Esperan-ça ficaram mais desgasta-dos ainda com o último dia de provas composto por uma prova de Linguagens, outra de Matemática e ain-da a redação.

RESGATE - Pré-vestibular Resgate Popular

ONGEP - Organiz. Não- Governam. para Educ. Popular

CONHEÇA OUTROS CURSOS POPULARES

INSCRIÇÕES ABERTAS

Já para o vestibular da UFRGS, o destaque ficou por conta da educanda Li-onara. Nos quatro dias de prova, ela faz questão de chegar às 07h15min na es-cola. Mais de uma hora an-tes do horário do início dos testes.

Luíza aproveitou a dis-cussão sobre o concurso da UFRGS para falar sobre as pessoas que vestiam camisetas de outros cursin-hos apenas para se exibir:

- É só pedaço de pano - disse uma das aprovadas do Esperança na UFRGS.

Em votação rápida so-bre a prova mais difícil, a grande maioria disse que sofreu mais com as questões de Física. Bio-logia, Química e Redação também foram citadas.

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* TAMO LÁ! *8 JAN E FEV/2014

COMUNIDADE

MANIFESTO DE INDIGNAÇÃO

JOSÉ CARLOS (BELEZA)

Acontecendo!

Hoje somos uma co-munidade que a cada dia cresce vertiginosamente sua população e seus problemas cada vez mais insolúveis com o passar dos anos. As criaturas vêm residir na Restinga e i- mediações com falta de infraestrutura, de serviços públicos. E a “prefa” plane-ja mal para acompanhar com o crescimento desme-dido. Estamos a “bangu”, o crescimento de seres humanos com diferentes demandas não atendidas ao longo da nossa história. Há muito tempo não te-mos formação política para apreendermos de vez as estruturas coletivas do bem comum que sejam ao nosso favor. Queremos au-tonomia para viver a vida.

e não aplicados na íntegra.Mas parece que temos

que ficar assistindo ao envolvimento maior de jovens nas nossas esquinas com uso de drogas e cenas de violência entre os mes-mos; vemos os serviços (escolas, mo-radia, trans-porte e lazer) fazerem pou-co ou quase nada para o acolhimento, bem-estar e qualificar as ações que beneficiem a todos em nossa comuni-dade, bem como as ações

de prevenção à saúde de um modo geral que tenha atendimento qualificado, acolhimentos dignos, aten-da às nossas reivindicações elencadas pelo nosso Con-selho Distrital de Saúde, com ações do Ministé-rio Público.

A s s i s t i -mos, par-ticipamos, denuncia-mos, reivin-d i c a m o s com nos-sos pares na comu-nidade em que residi-

mos há bastante tempo. Mas é um verdadeiro faz de conta de profissionais, co-munidade e poder públi-co. Na nossa frente nos a- gradam, sorriem, prome-

crescente.Mas continuamos acre-

ditando nas soluções par-ticipativas, assim a vida continua. E a limpeza hu-mana para a COPA DO

MUNDO em processo de execução onde despejam mais e mais gente a cada dia, mas não encontramos um canal de escuta verda-deiro dos nossos anseios.

Estamos an-gustiados no nosso dia a dia, buscan-do soluções simples e claras cons-truídas com as várias

mãos na comunidade, mas não um mero exemplo ou um simples exercício de ci-dadania, algo verdadeiro.

Por isso, conclamamos a

todas as pessoas de bem, que desejam o bem co-mum da comunidade da Restinga, ajudem, princi-palmente os movimentos sociais, entidades que con-

vivem du-rante anos da nossa e x i s t ê n -cia, inde-p e n d e n t e de posição p o l í t i c a , a resol-v e r m o s os nossos pr incipais problemas presentes em nossas

vidas, que continuam a in-fernizar o nosso cotidiano do nosso bairro.

Devemos nos fazer cargo das demandas que são fru-to do nosso entendimento, discussão e exigências das políticas públicas que be-neficiam a todos.

Por fim, estancar de vez a ação dos indivíduos opor-tunistas que fazem da co-munidade um balcão de

JOSÉ CARLOS DOS SANTOS, o Beleza, foi conselheiro

tutelar do CT Restinga nos períodos 1992-1995 e 1995-

1998. Ele mantém o blog Boca Livre onde escreve e

divulga eventos que ocorrem no bairro. Acesse:

http://bocalivrebeleza.blogspot.com.br/

TODAS AS PALAVRAS DESTE ARTIGO SÃO DE INTEIRA RESPONSABILIDADE DO AUTOR

“Estamos a ‘bangu’,

o crescimento de seres

humanos com diferentes

demandas não atendidas ao

longo da nossa história.”

A mesmice de sempre, a comunidade está cada vez mais “zonza”, não há lide-rança capaz de responder às indagações, dar direção aos anseios das reivindi-cações necessárias ao de-sempenho dos serviços públicos, há muitos anos pautados no orçamento público, sendo aprovadas como demandas prioriza-das e hierarquizadas nas instâncias de poder das diferentes esferas públicas

“Na nossa frente nos agradam, sorriem, prometem,

assinam documentos, fazem campanha eleitoral...”

tem, assinam documentos, fazem campanha eleitoral, mas nestes anos todos que presenciamos com nosso testemunho, poucas coisas melhoram com a demanda

“E a limpeza humana para a

COPA DO MUNDO em processo de execução

onde despejam mais e mais

gente a cada dia, mas não

encontramos um canal de escuta verdadeiro dos

nossos anseios.” José Carlos dos Santos, o seu Beleza

negócios onde os esper-talhões comercializam de tudo por dinheiro e poder. Temos que dar um basta com nossa organização, superando as divergências para o bem de toda a Res-tinga!

“Unidos, alegres, bem humorados em qualquer lugar! A Restinga é ‘nóis’!”.

Beira-Rio, estádio de Porto Alegre na Copa do Mundo 2014

GUSTAVO GARGIONI / Especial Palácio Piratini