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Prefeitura Municipal de Ilhabela Parque Natural Municipal Tartarugas de Ilhabela 2015 Foto: Thiago Guirardo

Tartarugas de Ilhabela - Portal Tamoios News · 2016-08-31 · prefeitura municipal da estÂncia balneÁria de ilhabela secretaria municipal de meio ambiente estudo tÉcnico para

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Prefeitura Municipal de Ilhabela

Parque Natural Municipal

Tartarugas de Ilhabela

2015

Foto: Thiago Guirardo

PREFEITURA MUNICIPAL DA ESTÂNCIA BALNEÁRIA DE ILHABELA

SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE

ESTUDO TÉCNICO PARA CRIAÇÃO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

“PARQUE NATURAL MUNICIPAL TARTARUGAS DE ILHABELA”

ILHABELA/SP

Ilustração: Adriana Kelly

PREFEITURA MUNICIPAL DA ESTÂNCIA BALNEÁRIA DE ILHABELA

SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE

ANTÔNIO LUIZ COLUCCI

Prefeito Municipal

NILCE SIGNORINI

Vice-Prefeita Municipal

ANDRÉ LUIZ MIRAGAIA MENDES

Secretário Municipal de Meio Ambiente

2015

Equipe Técnica

CAIO SANTOS NETO

Biólogo Coordenador/Analista Ambiental

AMANDA FERNANDES

Bióloga Marinha

MAILA PAISANO GUILHON E SÁ

Bióloga

Grupo de Trabalho

Colaboradores

ADRIANA KELLY

Técnica em Gestão Empresarial

JULIÁN ROMERO

Estudante de Gestão Empresarial

ANDRÉ LUIZ MIRAGAIA

MENDES

Secretário Municipal de Meio

Ambiente

BRUNA GANDUFE RODRIGUES

Monitora Ambiental

KELEN LUCIANA LEITE

Bióloga/Analista Ambiental

LUIZ FILIPE PRADO LOTT

Professor de Biologia e Instrutor de

Mergulho

JOANA FAVA CARDOSO

Bióloga/Gestora do Parque Estadual

de Ilhabela

MARA REGINA DE OLIVEIRA

LOTT

Administradora de Empresas

Coordenadora SP- Instituto Sea

Shepherd Brasil

MARIA INEZ FERREIRA

Empresária

MONIQUE TAYLA G.

FERREIRA

Bióloga

ROGÉRIO RIBEIRO DE SÁ

Professor de História/Diretor de

Educação Ambiental

Na área existem mais de 25 espécies classificadas com algum grau de ameaça de

extinção, segundo a lista nacional (IBAMA, 2014) e da International Union for

Conservation of Nature (IUCN). Além disso, várias delas sofrem impacto direto de

ações de origem humana, tais como: presença de contaminantes, colisão com

embarcações, sobreexplotação de pesca, presença de lixo, entre outros.

Tartaruga de Pente Garoupa verdadeira Estrela do mar

Garoupa negra Cavalo-

marinho Peixe-papagaio

Garoupa nevada Neon-góbi

Trinta réis de bico

vermelho Garoupa vermelha

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Ilhas que compõe o Arquipélago de Ilhabela. Fonte: Carta Náutica - folhas

1645 (Canal de São Sebastião) e 23100 (do Rio de Janeiro a Santos); IBGE - folhas

Caraguatatuba (1986), São Sebastião (1969), Paranabi (1975), Ilha Anchieta (1974). ... 3

Figura 2: Crescimento populacional, vegetativo e migratório populacional em Ilhabela.

Fonte: SEADE; IBGE (2010). .......................................................................................... 8

Figura 3: Pirâmide etária para o município de Ilhabela – 2015. Fonte: IBGE (2015) ..... 9

Figura 4: Participação de cada setor econômico e dos impostos na formação do PIB

municipal de Ilhabela (%)............................................................................................... 11

Figura 5: Estação de Tratamento de Esgoto no setor norte de Ilhabela – Praia do Pinto.

Foto: Alexandre Murano. ............................................................................................... 12

Figura 6: Saldo (Entrada – Saída) de automóveis pela balsa por mês – 2009. Fonte:

DERSA (2010). .............................................................................................................. 13

Figura 7: Fluxo de automóveis por dia oriundo da balsa – Dez 2009. DERSA (2010). 14

Figura 8: Plano Diretor de Desenvolvimento Socioambiental do Município de Ilhabela

(ILHABELA, 2006). ...................................................................................................... 15

Figura 9: Zoneamento Marinho. Fonte: GERCO, 1998. ................................................ 18

Figura 10: Mapa Geral da hidrografia de Ilhabela Fonte: Comitê de Bacias

Hidrográficas. 2014. A situação das águas do litoral norte. Informativo. ...................... 19

Figura 11: Croqui da área proposta para criação do Parque Natural Municipal

Tartarugas de Ilhabela. A área em verde refere-se à área proposta para criação do

parque. A linha vermelha refere-se aos limites do Porto Organizado. ........................... 21

Figura 12: Precipitação média mensal para postos do DAEE Ilhabela, Água Branca e

Burrifas. Fonte: DAEE, apud Milanesi, 2007. ............................................................... 22

Figura 13: A – costão rochoso do Portinho; B – costão rochoso da Feiticeira. Fonte:

Milanelli (2003) .............................................................................................................. 26

Figura 14: Pepino-do-mar (Synaptula sp). ..................................................................... 29

Figura 15: A Estrela-do-mar (Oreaster reticulatus); B Ouriço-satélite (Eucidaris

tribuloides). .................................................................................................................... 30

Figura 16: A Peixe-frade (Pomacanthus paru); B Bodião (Halichoeres sp.); C Peixe-

cirurgião (Acanthurus chirurgus); D Roncador-listrado-americano (Anisotremus

virginicus); E Peixe-borboleta (Chaetodon sedentarius); F Maria-da-Toca

(Parablennius pilicornis). Fotos A, B e D de Thiago Girardo ....................................... 31

Figura 17: A Mero (Epinephelus itajara); B Garoupa-negra (Hyporthodus nigritus); C

Garoupa-nevada (Hyporthodus niveatus); D Garoupa-verdadeira (Epinephelus

marginatus) (Foto: Thiago Girardo, tirada na Praia do Portinho); E Peixe-papagaio

(Sparisoma frondosum); F Cavalo-marinho (Hippocampus reidi); G Neon-góbi

(Elecatinus fígaro). ......................................................................................................... 33

Figura 18: A Albatroz-de-nariz-amarelo (Thalassarche chlororhynchos), Trinta-réis-real

(Thalasseus maximus) e C Trinta-réis-de-bico-vermelho (Sterna hirundinacea). ......... 35

Figura 19: A Tartaruga-verde (Chelonia mydas) na praia no Portinho (Foto: Amanda

Fernandes), B Tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) na praia do Portinho (Foto:

Thiago Guirardo). ........................................................................................................... 37

Figura 20: A Toninha (Pontoporia blainvillei), B Baleia Orca (Orcinus orca), C Baleia

Jubarte (Megaptera novaeangliae) e D Lobo-marinho (Arctocephalus tropicalis). ...... 39

Figura 21: Alga-vermelha Gelidium sp. ......................................................................... 40

Figura 22: Mapa de áreas prioritárias para conservação. Fonte: Portaria 126/04,

Ministério do Meio Ambiente. ....................................................................................... 42

Figura 23: Detalhe do mapa de “Áreas prioritárias para conservação, utilização

sustentável e repartição de benefícios da biodiversidade brasileira” mostrando a

classificação do município de Ilhabela. A seta indica a área proposta para implantação

da unidade de conservação ............................................................................................. 43

Figura 24: A - Tartarugas-verdes mortas por pesca incidental em rede de espera, em

Ilhabela; B - Tartaruga-verde vítima de colisão com embarcação em Ilhabela. ............ 44

Figura 25: Mapa do ZEE do Litoral Norte. Destaque para a Zona Marinha (Z2M) e

Zonas Entremarés (ZiM e Z2M). .................................................................................... 54

Figura 26: Mapa de Zoneamento do PE Ilhabela, flechas em vermelho destacam os

Setor Conservação Marinha – azul escuro; e Setor Entorno das Ilhas – azul claro. ...... 57

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Projeção Demográfica da URGHI Litoral Norte. Fonte: Estudos de Projeção

Demográfica SEADE/SABESP (populações), 2003 e CORHI/2004, (Critérios para

Distribuição das Populações, proporcionalmente à área da UGRHI), IBGE, 2011 (censo

2010). ................................................................................................................................ 6

Tabela 2: População rural e urbana para o período entre 2010/2015. Fonte: SEADE,

2015 .................................................................................................................................. 7

Tabela 3: Número de Famílias e de Pessoas habitantes dos bairros – Ilhabela. ............... 9

ÍNDICE

1. APRESENTAÇÃO ..................................................................................................... 1

2. OBJETIVOS ............................................................................................................... 2

2.1 GERAL ....................................................................................................................... 2

2.2 ESPECÍFICOS ........................................................................................................... 2

3. CARACTERIZAÇÃO GERAL DO MUNICÍPIO DE ILHABELA ..................... 2

3.1 LOCALIZAÇÃO ........................................................................................................ 2

3.2 HISTÓRICO ............................................................................................................... 4

3.3 ILHABELA NO CONTEXTO REGIONAL DO LITORAL NORTE ................... 6

3.4 DEMOGRAFIA DE ILHABELA ............................................................................ 7

3.5 ATIVIDADES SOCIOECONÔMICAS................................................................... 10

3.6 INFRAESTRUTURA ............................................................................................... 11

3.7 POLÍTICAS PÚBLICAS TERRITORIAIS E AMBIENTAIS ................................ 14

3.8 PLANO DIRETOR DO MUNICÍPIO DE ILHABELA .......................................... 15

3.9 RECURSOS HÍDRICOS .......................................................................................... 19

3.10 RECURSOS FLORESTAIS ................................................................................... 20

4. ÁREA PROPOSTA .................................................................................................. 20

5. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL, SÓCIOECONÔMICO E FUNDIÁRIO ......... 22

5.1 METODOLOGIA ..................................................................................................... 22

5.2 ASPECTOS DO MEIO FÍSICO .............................................................................. 22

5.2.1 CLIMA .................................................................................................................. 22

5.2.1 OCEANOGRAFIA ................................................................................................ 23

5.2.2 GEOMORFOLOGIA ............................................................................................ 25

5.2.3 GEOLOGIA .......................................................................................................... 25

5.3 ASPECTOS DO MEIO BIÓTICO ........................................................................... 27

5.3.1 INVERTEBRADOS MARINHOS ....................................................................... 27

5.3.2 ICTIOFAUNA MARINHA ................................................................................... 31

5.3.4 AVIFAUNA MARINHA ...................................................................................... 34

5.3.4 MACROALGAS ................................................................................................... 40

5.3.4 MEGAFAUNA MARINHA ................................................................................. 36

5.3.5 CLASSIFICAÇÃO DA ÁREA DE ACORDO COM O MAPA DE ÁREAS

PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃO, UTILIZAÇÃO SUSTENTÁVEL E

REPARTIÇÃO DOS BENEFÍCIOS DA BIODIVERSIDADE BRASILEIRA -

PROBIO ..................................................................................................................... 41

6. IMPACTOS ANTRÓPICOS ................................................................................... 43

7 ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS ...................................................................... 47

8. SITUAÇÃO FUNDIÁRIA ....................................................................................... 47

9 EMBASAMENTO JURÍDICO ................................................................................ 48

9.1 SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO .......................... 48

9.2 ANÁLISE DOS INSTRUMENTOS LEGAIS DE ORDENAMENTO E GESTÃO

TERRITORIAL E DE PROTEÇÃO AMBIENTAL, INCIDENTES SOBRE A

ÁREA OBJETO DO PRESENTE ESTUDO PARA A CRIAÇÃO DE ÁREA

PROTEGIDA ............................................................................................................. 52

9.2.1 Área de Interdição de Pesca Federal – Portaria SUDEPE 08/ 1979 ...................... 53

9.2.2. Zoneamento Ecológico e Económico do Litoral Norte e Decreto Estadual do

Gerenciamento Costeiro – Decreto Estadual 49.2015/2004 ....................................... 53

9.2.3 Parque Estadual de Ilhabela ................................................................................... 56

9.2.4 Análise da integração e sobreposição dos instrumentos legais incidentes no

território objeto do presente estudo: ........................................................................... 62

10 JUSTIFICATIVA TÉCNICA E CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................... 63

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. ................................................................ 67

ANEXO 1 ....................................................................................................................... 71

1

1. APRESENTAÇÃO

O trabalho aqui apresentado é uma compilação de dados já publicados buscando

avaliar a importância ecológico-econômica da região e subsidiar a tomada de decisão

quanto à criação da unidade de conservação (UC) de proteção integral na categoria

Parque Natural Municipal. Através da análise crítica da literatura existente, foram

levantados dados referentes à biodiversidade, meio físico, características

socioeconômicas, atividades já consolidadas e legislação concernente à área proposta.

Nesse contexto, a Prefeitura da Estância Turística de Ilhabela se propõem a criar

uma unidade de conservação de proteção integral, categoria Parque Natural Municipal

objetivando a “preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e

beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento

de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a

natureza e de turismo ecológico” (artigo 11 caput, lei federal 9985/2000, que dispõe

sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC).

Desde 1992, parte da área já é protegida sob o ponto de vista ambiental. Os

decretos municipais 953 e 1011, ambos do mesmo ano, definem o Santuário Ecológico

Municipal na “zona costeira com a respectiva coluna d´água numa largura de 50m

(cinquenta metros) e 1.500m (mil e quinhentos metros) de extensão, ao longo da beira-

mar, entre o Portinho e a Praia das Pedras Miúdas”.

Em 2000, com a criação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (lei

federal 9985/2012), a categoria Santuário Ecológico deixa de existir e sua readequação

é prevista no artigo 55 devendo ser baseada na categoria e função para as quais foi

criada. O decreto federal 4.340 de 2002 no artigo 40, determina que tal procedimento

deve ser feito por ato normativo do mesmo nível hierárquico que a criou, sendo nesse

caso, o poder público municipal.

Secretaria de Meio Ambiente de Ilhabela/SP

2

2. OBJETIVOS

2.1 GERAL

Apresentar os estudos técnicos considerando os aspectos ambientais, socioeconômicos e

fundiários da área proposta, a fim de subsidiar as ações referentes ao processo de

criação da unidade de conservação de proteção integral na categoria Parque Natural

Municipal.

2.2 ESPECÍFICOS

Realizar o levantamento dos dados referentes ao meio físico (clima, pluviometria,

geomorforlogia, geologia e oceanográfica);

Realizar o levantamento dos dados referentes ao meio biótico (fauna local,

identificação de espécies endêmicas e ameaçadas de extinção e vegetação local);

Realizar o levantamento dos dados referentes ao aspecto socioeconômico;

Realizar o levantamento da situação fundiária.

Avaliar os impactos das atividades atuais sobre o ecossistema em questão

3. CARACTERIZAÇÃO GERAL DO MUNICÍPIO DE ILHABELA

3.1 LOCALIZAÇÃO

O município de Ilhabela está localizado sob as coordenadas geográficas de

latitude 23º 46’ 28” Sul e de longitude 45º 21’ 20” Oeste, no litoral norte do Estado de

São Paulo, região sudeste do Brasil. Dista aproximadamente 190km da capital do

Estado e faz fronteira com o Canal de São Sebastião e o município de São Sebastião a

oeste, o município de Caraguatatuba a noroeste e o Oceano Atlântico a leste. O

arquipélago é formado por nove ilhas, diversas lajes e ilhotes. A Ilha de São Sebastião

possui aproximadamente 346km2 e é considerada a maior ilha marítima do Brasil

(Sawaya, 1999; Milanesi, 2007).

As Ilhas de São Sebastião, dos Búzios e da Vitória são as maiores em extensão e

as únicas habitadas por populações humanas. Do lado do Canal de São Sebastião tem-se

3

a Ilha das Cabras, profundamente descaracterizada em sua parte emersa, mas de alta

relevância ecológica em seu ambiente marinho. As Ilhas da Vitória, dos Pescadores e

dos Búzios localizam-se a uma grande distância do continente (respectivamente por

volta de 38; 37 e 24 km). As demais ilhas, ilhotas e lajes estão muito próximas a Ilha de

São Sebastião, cuja separação do continente se dá pelo Canal de São Sebastião com 1,8

km de largura, conforme ilustrado na Figura 3.

Figura 1: Ilhas que compõe o Arquipélago de Ilhabela. Fonte: Carta Náutica - folhas

1645 (Canal de São Sebastião) e 23100 (do Rio de Janeiro a Santos); IBGE - folhas

Caraguatatuba (1986), São Sebastião (1969), Paranabi (1975), Ilha Anchieta (1974).

Os principais meios de transporte de acesso à Ilha de São Sebastião são carro,

ônibus, moto, bicicleta, via balsa, barco e helicóptero.

As principais vias de acesso são:

Via Rodovia dos Tamoios – Rodovia Presidente Dutra ou Rodovia Ayrton Sena

/ Rodovia Carvalho Pinto

Via BR 101, Rio Santos – Rodovia dos Imigrantes ou Mogi - Bertioga

Os aeroportos mais próximos e suas distâncias aproximadas em relação à Ilhabela são:

Aeroporto Internacional de Guarulhos (Cumbica / Governador André Franco

Montoro), Guarulhos, SP - 193 km

4

Aeroporto de Congonhas, São Paulo, SP – 218 km

Aeroporto de São José dos Campos (Professor Urbano Ernesto Stumpf), São

José dos Campos, SP – 117 km

Aeroporto Internacional do Galeão (Antônio Carlos Jobim), Rio de Janeiro, RJ -

444 km

Em Ilhabela o principal eixo de acesso é a SP-131, que liga o norte (Ponta das Canas)

ao sul (Ponta da Sela), no lado continental da Ilha de São Sebastião.

3.2 HISTÓRICO

Os registros históricos indicam que a Ilha de São Sebastião foi descoberta

identificada no ano de 1502 pelo navegador italiano Américo Vespúcio, que batizou o

nome da ilha encontrada com o Santo do nome do dia, São Sebastião (Almeida 1958;

Forjaz, 1954; Simões 2005 apud Bendazzoli, 2014; IBGE, 2015).

A data de ocupação da Ilha pelos primeiros colonos não é conhecida, no entanto,

sabe-se que a área não foi motivo de atenção em um primeiro momento (Bendazzoli,

2014). É sabido que a ocupação ocorreu oficialmente apenas no século XVII, com a

concessão de sesmaria posteriormente à ocupação do continente. Segundo dados, Diogo

Unhate e João de Abreu tiveram sesmarias concedidas pelo Capitão Gaspar Conqueiro e

trouxeram suas famílias de Santos para dar início à atividades agrícolas do lado da ilha e

do continente (Bendazzoli, 2015; IBGE, 2015).

No início do século XIX, a ilha possuía uma população ao redor de 3 mil

habitantes, com seu núcleo de povoação em torno da Capela Nossa Senhora da Ajuda

(FORJAZ, 1954 apud Bendazzoli, 2014).

Em 1805 a região foi decretada pelo Capitão-General Antônio José de França e

Horta como unidade político-administrativa, já denominada Villa Bella da Princesa, em

homenagem a D. Maria Thereza, a Princesa da Beira (Bendazzoli, 2014; IBGE, 2015).

A ilha cresceu e prosperou com sua economia baseada na agricultura e na mão-

de-obra escrava, tendo seu crescimento também favorecido pelos engenhos de cana-de-

açúcar construídos a partir das numerosas cachoeiras que forneciam força motriz para

mover as rodas d’água (Bendazzoli, 2014).

Nas fazendas havia a produção de mandioca, feijão, milhos e a criação de

animais, tendo a pesca como atividade complementar, apenas (Bendazzoli, 2014). Já no

5

século XIX, a monocultura do açúcar cedeu lugar às lavouras de café, produto

largamente cultivado no Litoral Norte do Estado de São Paulo (FRANÇA 1951 apud

Bendazzoli, 2014). Já no fim do século a econômica da região encontrava-se estagnada,

uma vez que esta não mais se encontrava no circuito de produção e comercialização,

grande parte devido à construções como a São Paulo – Rio de Janeiro, que viria a ser

chamada de Central do Brasil (Almeida, 1958 apud Bendazzoli, 2014). Neste momento,

as atividades econômicas tornam-se restritas a produção familiar ou voltadas para o

consumo interno (Bendazzoli, 2014).

Após um período de estagnação econômica, Villa Bella inicia a produção de

cachaça nos engenhos. A essa altura, a produção agrícola juntamente à pesca tornam-se

o único meio de sobrevivência da população (França, 1951:52 apud Bendazzoli, 2014).

A pesca era realizada por meio de cercos flutuantes, juntamente com a salgas

introduzidas pelos imigrantes japoneses contribuíram para que as atividades pesqueiras

se desenvolvessem na região (Mussolini, 1980 apud Bendazzoli, 2014).

Em 1929, Villa Bella foi elevada à categoria de município (SIMÕES, 2003 apud

Bendazzoli, 2014). Em 1940, a partir de um decreto passou a chamar-se Formosa e

posteriormente, no ano de 1944 foi finalmente denominada Ilhabela (Bendazzoli, 2014;

IBGE, 2015).

Ao final da década de 1970 é encerrada a produção de cachaça no município.

Nesse momento, Ilhabela começa a receber os primeiros migrantes e turistas, estes

últimos vindos da capital com o objetivo de adquirir propriedades na região. O

desenvolvimento do turismo ocorreu com maior força a partir da implantação da balsa

no ano de 1958. Atualmente, esta atividade representa a base econômica de Ilhabela,

tendo grande importância no desenvolvimento do município (Bendazzoli, 2014).

Essa atividade econômica passou a ter ainda mais subsídio para vender a ilha

tropical e sua beleza cênica como “(...) símbolo da aventura, do prazer e da natureza

selvagem (...)” (Diegues, 1997), o que possibilitou a evasão dos trabalhadores de

grandes centros urbanos de seus espaços cotidianos para o espaço turístico, local capaz

de propiciar o bem-estar do turista. Com a pressão do turismo em todo o litoral norte do

Estado de São Paulo e a altíssima especulação imobiliária na região, a destruição

ambiental do local foi algo sem precedentes. Em decorrência disso, grupos

ambientalistas começaram a reivindicar áreas para a criação de Unidades de

Conservação e, foi na década de 70, que o Parque Estadual de Ilhabela (PEIb) teve sua

6

criação (Calvente, 1997; Diegues, 1997), assim como o Parque Estadual da Serra do

Mar e o Parque Estadual da Ilha Anchieta.

Atualmente, o turismo crescente e a especulação imobiliária, juntamente com a

presença do Porto de São Sebastião, do Terminal da Petrobras (TEBAR), foram

apontados por levantamentos apresentado no Zoneamento Ecológico - Econômico do

Litoral Norte do Estado de São Paulo como os principais vetores de pressão encontrados

na região costeira da Ilha de São Sebastião. Soma-se a esse contexto os

empreendimentos de exploração de petróleo e gás das camadas do Pré e Pós Sal, em

instalação desde 2011.

3.3 ILHABELA NO CONTEXTO REGIONAL DO LITORAL NORTE

Tabela 1: Projeção Demográfica da URGHI Litoral Norte. Fonte: Estudos de Projeção

Demográfica SEADE/SABESP (populações), 2003 e CORHI/2004, (Critérios para

Distribuição das Populações, proporcionalmente à área da UGRHI), IBGE, 2011 (censo

2010).

O município de Ilhabela situa-se na no Litoral Norte do Estado de São Paulo,

região que constituída pelos municípios de São Sebastião, Ilhabela, Caraguatatuba e

População Censo Projeções

1991 2000 2010 2015 2020 2025

Total 147.705 223.770 281,778 359.551 398.899 433.998

Urbana 146.050 217.623 275,389 353.762 393.383 428.800

Rural 1.655 6.147 6,389 5.789 5.516 5.198

Taxa Cresc.

Geom.

Anual

4,70% 2,60% 2,10% 1,70%

Grau de

Urbanização 98,90% 97,30% 98,40% 98,60% 98,80%

Densidade

Demográfica

(hab/km2)

74,3 112,6 180,9 200,8 218,4

7

Ubatuba. Da área total do Litoral Norte (LN), aproximadamente 81% são formadas

por áreas continentais e 19% por áreas insulares, sendo que estas últimas são

representadas pela Ilha de São Sebastião e por outras 61 ilhas, ilhotas e lajes.

No LN, a população é predominantemente urbana (97,3% em 2000) e a

previsão é de que a população de 2025 seja quase o dobro (Tabela 2). Considerando

apenas a população permanente (que reside nos municípios) da UGRHI 3. Contudo,

há uma grande sazonalidade da presença de pessoas nessa região, devido à intensa

atividade turística, que aumenta consideravelmente o contingente populacional nos

fins de semana e durante as temporadas de verão.

Apesar de ser insular, Ilhabela insere-se na dinâmica econômica do capital

nacional e internacional dos demais municípios do Litoral Norte. Nas últimas

décadas, Ilhabela tem se destacado pelo expressivo crescimento urbano e

populacional, que está diretamente relacionado ao desenvolvimento do turismo,

mola propulsora do desenvolvimento econômico da região (Guimarães, 2006).

Destaca-se também o setor imobiliário e de construção civil, economicamente

bastante representativo, devido à especulação imobiliária no município. Outro

importante setor é a própria Prefeitura Municipal, que possui aproximadamente 2000

funcionários, o que representa cerca de 8% da população.

3.4 DEMOGRAFIA DE ILHABELA

Tabela 2: População rural e urbana para o período entre 2010/2015. Fonte: SEADE,

2015

Atualmente a população de Ilhabela é de 32.197 habitantes (IBGE, 2015),

sendo que os até o ano de 2014, os últimos dados disponíveis à altura deste estudo,

era de que 30.222 habitantes viviam na cidade e 209 viviam no campo, portanto

99,3% na zona urbana e 0,7% na zona rural (Tabela 1). Segundo o censo realizado

pelo IBGE em 2010, o crescimento exponencial médio da população de 4,44% a.a.,

para os últimos 30 anos (Figura 1).

Município Indicadores 2010 2011 2012 2013 2014

Ilhabela População Urbana 27.931 28.487 29.054 29.632 30.222

População Rural 194 197 201 205 209

8

Figura 2: Crescimento populacional, vegetativo e migratório populacional em Ilhabela.

Fonte: SEADE; IBGE (2010).

O movimento migratório em Ilhabela é um importante componente do

crescimento da população. A década de 1990 foi a mais expressiva para este

deslocamento de quase 70% do resultado entre a diferença da população de dois

anos consecutivos, os quais desembarcavam à procura de emprego, cuidados

médicos, qualidade de vida, ensino público, entre outros. Em 2008, esta taxa, apesar

de menor, continuou significativa, o que representa, consequentemente, um

crescimento da população estruturado mais na mobilidade social do que no conjunto

de nascidos vivos.

A pirâmide etária do município (Figura 2) revela uma tendência, tal como no

Brasil, para a diminuição da população jovem e aumento da parcela da população mais

velha.

9

Figura 3: Pirâmide etária para o município de Ilhabela – 2015. Fonte: IBGE (2015)

A renda familiar per capita por residência, no município, em 2000, de acordo

com a Fundação SEADE (2010), girava em torno de 2,24 salários mínimos, sendo

que 4,99% dos domicílios possuíam renda de até ¼ do salário mínimo e 13,24% dos

domicílios de até ½ salário mínimo.

Na tabela 2 são descritas o número de famílias e habitantes por bairro, em

Ilhabela.

Tabela 3: Número de Famílias e de Pessoas habitantes dos bairros – Ilhabela.

DADOS SISTEMA DE INFORMAÇÃO DA

ATENÇÃO BÁSICA - SIAB

(JANEIRO – MAIO) 2010

Bairros

Número

de

Famílias

Número

de

Pessoas

Costa Sul (Piúva-Borrifos) 961 3.079

Barra Velha 2.582 9.259

Itaquanduba 1.085 3.516

Água Branca, Reino e

Green Park 1.201 4.159

10

Cocaia, Costa Bela I e II e

Perequê 1.235 3.717

Vila/Centro (Engenho

D’Água – Barreiro) 529 1.756

Comunidade Tradicional e

Armação (Barreiros-

Jabaquara)

508 1.730

TOTAL 8.101 27.216

A densidade demográfica do município, em menos de 30 anos, passou de 22

habitantes/Km2, na década de 80, para aproximadamente 90 habitantes/Km2,

considerando a área total do arquipélago de 348,3 Km2. Considerando a área abrangida

pelo Parque Estadual de Ilhabela (PEIb), menos de 20 % da área que restam da ilha são

ocupadas pela população local ou caminham para esse processo.

3.5 ATIVIDADES SOCIOECONÔMICAS

Como atividades socioeconômicas, apresentam-se o conjunto de recurso que

caracterizam a ocupação e o uso do solo e dinamizam a movimentação das divisas no

território. As atividades econômicas representam o conjunto de unidades de produção

caracterizado pelo produto final, ou seja, os bens ou serviços ofertados a população, o

que influi diretamente no Produto Interno Bruto (PIB).

O aumento do (PIB) é um dos indícios de melhorias no desenvolvimento local e

da evolução na economia.

O município de Ilhabela foi o 244o lugar de maior PIB, entre os 645 municípios

do Estado de São Paulo, em 2007. De modo a representar uma arrecadação municipal de

aproximadamente R$ 240 milhões e 0,03% na participação da economia estadual.

O setor mais significativo para a formação deste montante foi o setor de serviços

e comércio, o que inclui as atividades que participam da cadeia produtiva do turismo

(Hotéis/Pousadas/Camping, Bares e Restaurantes, Operadoras e Agências, Guias e

11

Monitores autônomos, entre outros), maior fonte de renda e ocupação da população de

Ilhabela

A administração pública é a segunda maior fonte de emprego e renda,

aproximadamente 4% da população total possui algum vínculo (direto ou indireto) com

a prefeitura e em terceiro está a construção civil.

Figura 4: Participação de cada setor econômico e dos impostos na formação do PIB

municipal de Ilhabela (%)

3.6 INFRAESTRUTURA

Como infraestrutura discutiu-se os equipamentos básicos favoráveis para o

desenvolvimento local (água, luz, esgoto e acessos). A infraestrutura corrobora com o

bom desempenho das ações produtivas no território. Assim, Ilhabela é um município

turístico que apresenta as consequências da urbanização e desenvolvimento. Por se

tratar de uma ilha, o espaço territorial do mesmo se torna limitado pelo oceano. Além

disso, Ilhabela abriga uma Unidade de Conservação que, por um lado, restringe ainda

mais o crescimento do município, mas que por outro oferece qualidade de diversos

recursos naturais ali presentes, sejam de utilidade básica ou simplesmente por sua

beleza cênica, e atraem grande parte dos moradores e turistas para a região.

12

Um dos recursos mais abundantes e sem poluição que provém da região do

município de Ilhabela é a água. A Ilha de São Sebastião conta com vasta cobertura

vegetal - 85% da área municipal é protegida ambientalmente – o que garante proteção

aos mananciais e outorgas de captação de água. Segundo dados levantados pela revisão

do plano diretor municipal (2015), os recursos hídricos são suficientes para abastecer

uma população de até 40mil habitantes.

Segundo a CETESB (2015), o município de Ilhabela possui 44 praias. Destas, 18

são monitoradas pelo órgão todo domingo de cada mês e sendo que a praia do Sino e o

Saco da Capela receberam qualificação positiva para o uso em todos os fins de semana

do ano. Dados atuais mostram que somente 4 praias apresentaram condição imprópria

para banho (http://praias.cetesb.sp.gov.br/mapa-da-qualidade/ acessado em 14/10/2015

às 10:19hs)

O tratamento dos efluentes líquidos se dá em parte através de emissário que

fazem a cloração da água e a disposição dos resíduos hídricos. O tratamento é feito

através da EPC (Estação de Pré-Condicionamento de Esgoto), sendo que em 2011 o

emissário da cidade tratava 30 litros/segundo em Itaquanduba. Entretanto, foi ampliado

e passou a tratar 154 litros por segundo, através do Programa Onda Limpa, promovido

pela própria Sabesp. O emissário é submarino, com 25 metros de profundidade, 750m

de extensão canal a dentro e o tratamento se dá por deposição oceânica.

Figura 5: Estação de Tratamento de Esgoto no setor norte de Ilhabela – Praia do Pinto.

Foto: Alexandre Murano.

Além do EPC, foi implantada uma ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) no

setor Norte da ilha - Praia do Pinto (Fig. 5). O projeto se deu através de uma parceria

13

entre a prefeitura (que cedeu o local), a Sabesp (que cedeu a mão de obra) e a

Associação de Bairro Praia do Pinto (que financia a construção do Centro de

Tratamento). Este último empreendimento é contemplado com 176 ligações de rede de

água e esgoto, o que melhora ainda mais as condições de balneabilidade das praias.

Em 2009, segundo a Sabesp, Ilhabela apresentava 25% do esgoto coletado e

somente 4% de esgoto tratado. De acordo com a Prefeitura Municipal de Ilhabela, uma

série de obras e investimentos totais que ultrapassam R$80 milhões garantiram em 2015

um índice de cerca de 70% de esgoto coletado e tratado e a previsão é que em 2016

chegue a 80%. Ainda com relação aos recursos hídricos, o município tem 85% da

população abastecida pela concessionária Sabesp.

Outro ponto importante, com relação à infraestrutura do município, é a entrada e

a saída de veículos, o que gera um saldo, às vezes, insustentável para a capacidade de

suporte do meio ambiente urbano, tanto no ponto de vista dos acessos e da circulação,

quanto da chegada deste contingente de pessoas. O município apresenta somente um

eixo principal de circulação, a SP 131 que liga a ponta Norte à Sul. O ponto mais crítico

é a faixa da Av. Princesa Isabel e da Av. Brasil que recebem os veículos que chegam do

continente pela balsa e os direcionam para os setores Norte ou Sul da Ilha. De modo

que, no horário de pico, as vias ficam congestionadas.

Figura 6: Saldo (Entrada – Saída) de automóveis pela balsa por mês – 2009. Fonte:

DERSA (2010).

14

Figura 7: Fluxo de automóveis por dia oriundo da balsa – Dez 2009. DERSA (2010).

Existem em Ilhabela, segundo o DETRAN (2010), aproximadamente, 3.534

automóveis e 3.402 motocicletas. Segundo a DERSA (2010), a média de automóveis

por dia, em dezembro de 2009, e que permaneceram no município foi de 515 carros, ou

seja, aproximadamente, mais de 1500 pessoas desembarcaram em Ilhabela, durante esse

período, todos os dias, cujo principal período crítico foram as vésperas do Ano Novo. O

município realiza em 2015 consultas públicas e estudos técnicos visando a revisão e

elaboração do novo plano diretor projetando os próximos 20 anos. Várias alternativas de

transportes vem sendo trabalhadas, tais como: aumento da extensão de ciclovias,

transporte hidroviário e melhorias no sistema viário.

3.7 POLÍTICAS PÚBLICAS TERRITORIAIS E AMBIENTAIS

Na esfera municipal muitas das leis, enunciadas pelo poder público, avançam na

tentativa de compatibilizar o desenvolvimento com as implicações ambientais. Segundo

os representantes do governo há uma sensibilização, em todo corpo técnico, tanto da

Prefeitura quanto da Câmara Municipal, frente ás questões relacionadas ao Meio

Ambiente. Durante os anos entre 2000 e agosto de 2010, mais de 130 leis foram

aprovadas pelo poder público municipal focando esta harmonia.

Dentre os principais planos e programas destacam-se: o Plano Estadual de

Gerenciamento Costeiro e o Zoneamento Ecológico-econômico; o Programa de

Avaliação do Potencial Pesqueiro dos Recursos da Zona Econômica Exclusiva (ZEE); o

Programa de Avaliação do Potencial Sustentável e Monitoramento dos Recursos Vivos

Marinhos – Programa Revimar; o Programa Nacional de Diversidade Biológica

(PRONABIO); o Programa de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade

15

Biológica Brasileira – PROBIO; o Programa de Mentalidade Marítima (PROMAR); o

Programa de Aceleração do Crescimento – PAC; o ICMS Ecológico, entre outros.

O exercício coletivo em prol da conservação da biodiversidade encerra por ser

uma estratégia de cunho positivo para as diferentes instituições. Essas parcerias são

fundamentais para concretizar as propostas.

3.8 PLANO DIRETOR DO MUNICÍPIO DE ILHABELA

O Plano Diretor de Ilhabela (Fig. 8), instituído pela Lei Municipal nº 461 de 05

de outubro de 2006, atualmente em fase de revisão, disciplina o uso e ocupação do solo

no município. Para tanto, institui a definição e delimitação das zonas urbanas, de

expansão urbana e não urbanizáveis (cap. II, Seção 1, que fala das zonas terrestres e

Seção II que fala das zonas marinhas) (ILHABELA, 2006).

Figura 8: Plano Diretor de Desenvolvimento Socioambiental do Município de

Ilhabela (ILHABELA, 2006).

16

Zoneamento Ecológico Econômico

O Zoneamento Ecológico - Econômico é aqui entendido como um instrumento

de planejamento indutor de atividades compatíveis com a capacidade de suporte do

meio que deve, antes de tudo, expressar um pacto social, por meio do qual os atores

sociais definem um modelo de desenvolvimento sustentável em conformidade com as

condições socioambientais locais e/ou regionais. A Procuradoria Geral do Estado, por

meio da Consultoria Jurídica da Secretaria do Meio Ambiente, levando em conta o

preceito legal que define o Zoneamento Ecológico Econômico como um instrumento de

organização territorial que visa atender aos objetivos da Política Nacional do Meio

Ambiente, considera que é “impossível falar-se de zoneamento ambiental sem tratar

imediatamente da organização espacial das diversas atividades econômicas”.

A Lei Estadual nº 10. 019, de 03 de Julho de 1998, fundada no entendimento de

que o litoral paulista não é um todo ambiental homogêneo, dado que apresenta

diferentes fragilidades e potencialidades, dividiu esse território em conformidade com

as características espaciais e socioambientais específicas de cada setor.

Setor Litoral Norte - dispondo de uma área com 1.977 km², abrange os

municípios de São Sebastião, Ilhabela, Caraguatatuba e Ubatuba, com uma população

de 224.656 habitantes, foi definido tendo em vista constituir-se numa região

caracterizada pela potencialidade turística e pela existência de problemas ambientais

relacionados com a especulação imobiliária, parcelamento irregular do solo, pesca

predatória, estruturas náuticas e atividades portuárias em desconformidade com a

conservação dos recursos marinhos.

Uma importante contribuição do Zoneamento Ecológico-Econômico do Litoral

Norte reside no fato de apresentar uma proposta substantiva para o zoneamento

marinho. Essa proposta resultou do esforço de integrar diferentes estudos e experiências

práticas, tais como a metodologia que é utilizada na avaliação das condições de

balneabilidade das águas litorâneas, bem como nos estudos de contaminação dos

organismos aquáticos e nas pesquisas sobre modificações dos ecossistemas resultantes

das atividades antrópicas.

17

De fato, o primeiro passo para o zoneamento marinho respaldou-se no Parecer

503/02 da Consultoria Jurídica da SMA de que ele poderia ser incluído no Zoneamento

Ecológico Econômico Estadual, desde que, respeitadas as competências exclusivas da

União, dentro dos limites do que Lei Estadual, em seu artigo 2º, denomina zona costeira

até a isóbata de 23,6 metros13, dado que para além desta isóbata, a competência de

regulamentação pertence a União.

Em seguida, procederam-se estudos técnicos que concluíram pelo

estabelecimento de uma faixa entre-marés destinada a implantação de estruturas

náuticas e uma faixa marítima, onde se permite a realização de atividades pesqueiras, da

maricultura e a disposição de efluentes.

As estruturas náuticas acima mencionadas foram definidas como conjuntos de

acessórios organizadamente distribuídos por uma área determinada, podendo incluir o

corpo d'água a esta adjacente, em parte ou em seu todo, bem como seus acessos por

terra ou por água, planejados para prestar serviços de apoio às embarcações e à

navegação.

Com o objetivo de orientar a implantação do zoneamento marinho no Litoral

Norte, segue quadro orientador (Fig. 9), contendo a caracterização das zonas e as

respectivas diretrizes de gestão, as metas de conservação ou recuperação, bem como os

usos e atividades permitidas em cada uma das zonas:

É importante observar: estão incluídas no zoneamento marinho, as ilhas, as

ilhotas, os parcéis e as lages; que o licenciamento de estruturas náuticas deverá levar em

conta os efeitos cumulativos dos demais empreendimentos e atividades existentes na

área; que as atividades de aqüicultura e a implantação de recifes artificiais deverão ser

objeto de licenciamento ambiental.

18

Figura 9: Zoneamento Marinho. Fonte: GERCO, 1998.

19

3.9 RECURSOS HÍDRICOS

O município de Ilhabela faz parte da Bacia Hidrográfica do Litoral Norte

juntamente com as cidades de Caraguatatuba, São Sebastião e Ubatuba. Formada por

diversos rios que nascem na Serra do Mar e sub-bacias que drenam diretamente para o

Oceano Atlântico, a Bacia Hidrográfica do Litoral Norte possui mais de 80% de sua

área inserida em unidades de conservação integral. O Rio Parto, Rio Camburu, Rio São

Francisco, Rio Grande e Rio Itamambuca são seus principais representantes. A bacia

abrange uma área aproximada de 1.948km2 percorrendo uma extensão linha de costa

que pode ser dividida em duas partes: 460,17km no litoral e 245,26km nas ilhas

costeiras (Fonte: Comitê de Bacias Hidrográficas do Litoral Norte, 2015).

Dentro do município existem centenas de nascentes e córregos (Fig. 10) que

desembocam diretamente no Oceano Atlântico e no Canal de São Sebastião. Destacam-

se o Rio Perequê e os ribeirões do Cego, das Tocas, da Água Branca, do Zabumba, da

Corrida, da Laje, Bonete, Enxovas, Castelhanos, Riscada e Poço. Ao longo das décadas,

diversos córregos foram canalizados ou tiveram seu curso alterado decorrente do

processo de uso e ocupação do solo.

Figura 10: Mapa Geral da

hidrografia de Ilhabela Fonte:

Comitê de Bacias

Hidrográficas. 2014. A

situação das águas do litoral

norte. Informativo.

20

3.10 RECURSOS FLORESTAIS

Seguindo a designação de Ab’Saber (1977), a paisagem do município de

Ilhabela é classificada como “mares de morros” sob domínio morfoclimático de floresta

atlântica. Apresenta relevo escarpado alto e abrupto com somente 2% da área total

inserida em áreas planas ou floresta de baixada sendo a planície do Perequê e de

Castelhanos suas principais representações (Sawaya, 1999; Milanesi, 2007).

Opostamente às áreas de baixa altitude, 7% do município se localiza em cotas

superiores a 900m de altitude e seu pico mais alto atinge 1.379m (França, 1951 apud

Sawaya, 1999). A cobertura vegetal, segundo o IBGE (1983), é formada por floresta

ombrófila densa. As formações presentes são floresta montana, submontana e vegetação

secundária. Em 1958, a ilha de São Sebastião tornou-se Área de Proteção Ambiental e

em 1977 foi criado o Parque Estadual de Ilhabela (PEIb), atualmente sob gestão da

Fundação Florestal, englobando aproximadamente 80% da área total bem como suas

ilhas, lajes e ilhotes que formam o arquipélago.

4. ÁREA PROPOSTA

A área proposta (Figura 11) para criação da unidade de conservação é

exclusivamente marinha, medida a partir da linha de maré. Considerar-se-á como de

proteção integral a área a partir do bairro do Piúva iniciando a cerca de 570m ao sul pela

Av. Brasil a partir da Praça Vereador José Leite dos Passos. O polígono adentrará o

canal de São Sebastião cerca de 450m e seguirá paralelo ao poligonal do Porto

Organizado de São Sebastião (Decreto Federal de 28 de agosto de 2007 que dispõe

sobre a definição da área do Porto Organizado de São Sebastião) mantendo uma

distância de 50m para tal. Em direção sul, seguirá à beira-mar a Praia do Sérgio.

Isoladamente, é incluída uma faixa de 50m de extensão medida a partir da beira mar do

ilhote da prainha do Julião.

21

Figura 11: Croqui da área proposta para criação do Parque Natural Municipal

Tartarugas de Ilhabela. A área em verde refere-se à área proposta para criação do

parque. A linha vermelha refere-se aos limites do Porto Organizado.

22

5. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL, SÓCIOECONÔMICO E FUNDIÁRIO

5.1 METODOLOGIA

Para realização do diagnóstico ambiental, foi realizada a análise crítica de toda a

literatura relevante ao meio biótico, abiótico, socioeconômico e fundiário da área em

que se pretende implantar a unidade de conservação.

Os dados foram avaliados, compilados e expressos de maneira a permitir a

avaliação da importância ecológica e social da área proposta e subsidiar a tomada de

decisão por parte do poder público.

As imagens apresentadas nessa seção são meramente ilustrativas e foram

retiradas da internet passando por análise e identificação dos espécimes, quando foi o

caso.

5.2 ASPECTOS DO MEIO FÍSICO

5.2.1 CLIMA

Figura 12: Precipitação média mensal para postos do DAEE Ilhabela, Água Branca e

Burrifas. Fonte: DAEE, apud Milanesi, 2007.

23

Os dados climatológicos regionais são válidos para caracterizar a área de estudos

uma vez que não há características exclusivas referida região. De acordo com Milanesi

(2007), o município de Ilhabela apresenta classificação climática de Koppen tipo Am,

ou seja, tropical chuvoso, com o inverno seco, precipitação média do mês menos

chuvoso inferior a 60mm e temperatura média do mês mais frio superior a 18ºC. A

insolação varia entre 110h de brilho solar em julho e 73,3h em outubro.

Assim, característico de clima tropical úmido, a temperatura média anual varia

entre 25ºC e 18ºC tendo a amplitude térmica baixa e regulada em função da

maritimidade.

A precipitação média anual (Figura 12) também é elevada, sendo que nos meses

de maio, junho, julho e agosto se mantém em torno de 100mm e passa a aumentar

conforme a passagem dos meses atingindo pico no período entre dezembro e março com

cerca de 300mm (INMET, 1992). Conforme Monteiro (1973), a vertente oceânica da

Ilha de São Sebastião pode apresentar precipitação superior a 1700mm/ano. De acordo

com Milanesi (2007), a vertente continental apresenta média climatológica anual de

1670mm de precipitação, concentrando-se de 100 a 150 dias de chuva/ano. Além disso,

mostra que a nebulosidade é alta em pelo menos 6 meses do ano.

O balanço hídrico climatológico é um importante fator para a dinâmica florestal

e climática local. O município de Ilhabela apresenta déficit hídrico nos meses mais

secos, ou seja, a retirada de água do solo é superior a capacidade de retê-la. Com o

início da estação chuvosa ocorre a reposição sendo que o excesso de água no solo

permanece até o final do outono (Milanesi, 2007).

5.2.2 OCEANOGRAFIA

Localizado entre os municípios de Ilhabela e São Sebastião, o Canal de

Sebastião tem aproximadamente 25km de extensão, 2 a 7km de largura e

aproximadamente 40m de profundidade máxima (Oliveira et al., 2007). Na porção sul,

as praias do Portinho, Oscar e Pedras Miúdas formam atualmente o Santuário Ecológico

Marinho. Essa região é regida pela mesma dinâmica de correntes marítimas que atuam

em todo o canal.

Segundo Oliveira & Marques (2007), quatro diferentes correntes marítimas

atuam ao longo ano: I) a massa de Águas Costeiras está presente em níveis mais altos na

24

porção norte do canal, exerce significativa influência durante a maior parte do ano,

possui temperaturas entre 20ºC e 28ºC e salinidade entre 34 e 35°/oo; II) a massa de

Águas Tropicais, distribui-se principalmente pela superfície da coluna d´água, possui

temperatura maior do que 22ºC e salinidade maior do que 35°/oo, no verão mistura-se

com a massa de Águas Costeiras; III) a massa de Águas Centrais do Atlântico Sul

(ACAS) possui temperatura menor do 18ºC e salinidade aproximada de 35°/oo, adentra o

canal pela força de gradiente de pressão, maior pela entrada sul, e é rica em nutrientes,

sendo importante para o crescimento da biomassa de fito e zooplâncton; e IV) a massa

de Águas Costeiras do Sul (ACS) que possui temperatura menor do que 21ºC,

salinidade menor do que 34°/oo, adentra o canal pelo lado sul geralmente associado à

chegada de frentes atmosféricas no meses de inverno.

Faltam estudos que abranjam a totalidade da área pretendida para implantação

da unidade de conservação, sendo assim, os estudos existentes sobre partes dessa área

indicam características que podem ser extrapoladas devido a proximidade geográfica e a

ocorrência de condições ambientais similares. Segundo Milanelli (2003), no costão da

Praia do Portinho no período de medição entre 1993 e 1996, a salinidade das águas

mantém-se praticamente estável durante todo ano em valores entre 30 e 35º/oo; a

concentração de oxigênio dissolvido oscila entre 6 e 8mg/L, atingindo os menores

níveis nas estações de verão e outono; a temperatura do ar e das águas apresentam

comportamento semelhante oscilando entre 20ºC e 23ºC durante todo o ano.

A dinâmica sazonal das massas de água no Canal de São Sebastião possui

grande influência sobre a biota marinha local. A massa ACS transporta larvas de

espécies bênticas, oriundas de populações estuarinas ao sul, que se assentam nos costões

rochosos do canal (e.g. Migotto et al., 2001), além de transportar para o canal uma

grande quantidade de matéria orgânica dissolvida, que possivelmente alimenta aquelas

populações bênticas que apresentam um crescimento significativo nos meses mais frios

(e.g. Oliveira & Marques, 2005). A ACAS é uma massa rica em nutrientes e sua

ressurgência sobre a plataforma continental da região, incluindo o Canal de São

Sebastião, é importante para o crescimento da biomassa fito- e zooplanctônica e,

consequentemente, para a manutenção de todo o ecossistema da região. Além disso, a

biodiversidade associada a cada massa de água aumenta a biodiversidade total do canal,

adicionando complexidade à cadeia alimentar local (Oliveira e Marques, 2007).

25

5.2.3 GEOLOGIA

Segundo Prochoroff (2014), a Ilha de São Sebastião está inserida no Terreno da

Serra do Mar dentro da Província da Mantiqueira. O Terreno da Serra do Mar (Domínio

Costeiro) é limitado ao norte pela falha de Cubatão e ao sul pela linha de costa. É

composto por rochas metamórficas de alto grau e granitos deformados predominando

três conjuntos litológicos: rochas gnássico-migmátíticas, rochas paraderivadas e rochas

granulíticas. A província da Mantiqueira é uma das 10 províncias estruturais brasileiras,

é um sistema orogênico neoproterozóico que teve sua origem durante o evento

desenvolveu o Paleocontinente Gondwana Oriental, cerca de 630Ma.

A ilha separou-se do continente durante o Cretáceo Inferior na abertura do

Atlântico Sul. Assim sendo, apresenta as seguintes rochas pré-cambrianas: granitos-

gnaisses grossos, biotitas gnaisses, gnaisses bandados, rochas cálciosilicáticas,

porfiríticos foliados, gnaisses migmatíticos milonitizados e álcali sienitos. A

geomorfologia é marcada pelos maciços rochosos de Serraria ao norte, Mirante a

sudeste e São Sebastião a sudoeste. A ilha ainda passou por três eventos no

magmatismo mesozoico: magmatismo vulcânico inicial, estágio plutônico principal e

magmatismo hipoabissal a subvulcânico final.

As planícies litorâneas apresentam arenitos e siltitos (sedimentos quaternários

marinhos), além de depósitos de tálus e sedimentos coluvionares (continentais). Tais

formações são originadas pelo intemperismo das rochas pré-cambriana aliado a alta

declividade do terreno o que favorece a formação de depósitos. A área proposta,

segundo a Cia. de Pesquisa Recursos Minerais, está inserida dentro da plataforma

continental e apresenta dominância de substrato com facie granulométrica de lama.

5.2.4 GEOMORFOLOGIA

A Ilha de São Sebastião é o município com maior concentração de costões

rochosos no Estado de São Paulo com 89,5% de toda sua linha de costa ou 133,8km

recobertos pelos costões (Lamparelli et al., 1998).

26

Para efeitos de caracterização, serão considerados os dados sobre o costão do

Portinho e da Feiticeira como padrão para toda a área de estudo. A área de estudos

apresenta solo arenoso e costões rochosos. De acordo com Milanelli (2003), o costão do

Portinho (Fig. 13A) é caracterizado por apresentar declividade de 11º, orientação

43ºNE, hidrodinamismo abrigado, altura entremarés de 6,28m, altura habitada de

3,60m, configuração de costão amplo, substrato de granito e refúgios raros. O costão da

Feiticeira (Fig. 13B) é caracterizado por apresentar declividade de 17º, orientação

350ºNW, hidrodinamismo semi-exposto, altura entremarés de 4,10m, altura habitada de

3,29m, configuração de costão amplo, substrato de granito e refúgios raros.

Figura 13: A – costão rochoso do Portinho; B – costão rochoso da Feiticeira. Fonte:

Milanelli (2003)

A

B

27

Segundo Milanelli (2003), tal substrato apresenta condições favoráveis para o

estabelecimento de comunidades biológicas aumentando significativamente a

diversidade e abundância de espécies nas zonas entremarés. O canal se São Sebastião

ainda oferece parâmetros - como a eficiente circulação das massa de águas, elevada

presença de larvas e esporos, a proteção quanto a ação das ondas e a grande variedade

de microhabitats – que, quando combinados às condições ambientais dos costões,

culminam em uma elevada biodiversidade e configuram o importante papel desse

ambiente no equilíbrio da zona costeira.

Apesar disso, o ecossistema costeiro é fortemente ameaçado por pressão

oriundas das atividades antrópicas. Particularmente na área de estudo, os vazamentos de

óleo e derivados resultantes das operações ligadas ao Terminal Almirante Barroso –

Petrobras, a pesca, a ocupação, o fluxo de turismo e a falta de cobertura vegetal do

entorno colocam em risco o equilíbrio costeiro e a biodiversidade local. Ações e

estratégias de conservação e preservação desse ambiente são extremamente necessárias

para assegurar que as condições ambientais favoráveis à diversidade biológica se

mantenham e garantam o bem estar local.

5.3 ASPECTOS DO MEIO BIÓTICO

5.3.1 INVERTEBRADOS MARINHOS

A fauna bentônica existente no Canal de São Sebastião é bastante diversa e os

diferentes grupos de invertebrados marinhos tiveram sua ocorrência descrita e

quantificada por diversos estudos.

Marques et al. (2013) identificaram em diferentes pontos no Canal de São

Sebastião, 142 espécies bentônicas, das quais 17 corresponderam a poliquetos, 24 a

ascídias, 36 a briozoários, 27 a cnidários, 20 a crustáceos, 2 entoproctos e 16 a

moluscos.

Em outro trabalho de macrofauna bêntica realizado na região foram coletados

23.456 indivíduos nas quatro estações do ano, dos quais 81% foram classificados até o

nível de espécie. Este número representou um total de 392 espécies, em que foram

encontrados representantes Polychaeta (50% das espécies encontradas), Mollusca,

Sipuncula, Crustacea, Echinodermata e Chordata (Pires-Vanin et al., 2013).

28

Entre 1996 e 1997 foram identificadas 120 espécies de poríferos no canal de São

Sebastião (Hadju et al, 1996, 1999; Hadju, 1998 apud Pinheiro; Hadju, 2001). Esse

número é crescente, com pesquisas mais recentes indicando novas descrições de

espécies destes organismos (Carvalho, 2003).

No grupo dos cnidários, foram descritas 59 espécies de hidróides, formas sésseis

das medusas e/ou águas-vivas, no Canal de São Sebastião (Migotto, 1996), além de

outras sete que foram encontradas em levantamentos anteriores (Marques, 1993;

Silveira, Migotto, 1984; Vanucci, 1956 apud Migotto, 1996). Das espécies encontradas

no estudo de Migotto (1996), treze foram classificadas como endêmicas do Oceano

Atlântico.

Na classe dos Antozoários, foi estudada a biologia reprodutiva de duas espécies

no Canal de São Sebastião: P. variabilis e P. caribaeorum, sendo que esta última foi

identificada por Fernandes (2015) como item alimentar da tartaruga-de-pente

(Eretmochelys imbricata) principalmente na praia do Portinho, em Ilhabela (Silveira,

2005).

Conhecidos no grupo dos animais que fazem parte do plâncton gelatinoso, a

fauna dos ctenóforos é pouco conhecida no Brasil. Em estudo realizado no Canal de São

Sebastião, sete espécies desses organismos foram encontradas, sendo que duas delas

representam novos registros para o Atlântico Sul-Ocidental-Subtropical. Das sete

espécies encontradas, Mnemiopsis leidy, Beroe ovata, Bolinopsis vítrea, Leucothea

multicornis, Ocyropsis cristalina e Cestum veneris possuem hábito planctônico,

enquanto Vallicula multiformis é a única de hábito bentônico. Levando em consideração

a distribuição dos ctenóforos no Atlântico Sul, o estudo de Oliveira (2006) menciona a

possibilidade de encontrar as espécies Lampea pancerina e Pleurobrachia pileus no

Canal de São Sebastião.

Em estudo sobre a composição, abundância e distribuição espacial de poliquetas

em praias do Canal de São Sebastião, foram identificadas 36 espécies deste grupo.

Fatores como composição dos sedimentos advinda da mistura de diferentes tipos de

areia parecem ser a principal razão para a riqueza de espécies na área. Outros fatores

como salinidade, distribuição de matéria orgânica, solubilidade dos sedimentos,

inclinação e heterogeneidade ambiental demonstraram ser determinantes na zonação das

espécies no local de estudo (Reis et al., 2000).

Em levantamento referente ao Filo Echinordemata realizado no Canal de São

Sebastião, foram identificadas 40 espécies, sendo 14 de Ophiuroidea, dez de Asteroidea,

29

nove de Echinoidea, seis de Holothuroidea e uma de Crinoidea (NETTO, 2006).

Somando as espécies encontradas em Netto (2006) aos demais levantamentos já

realizados no Canal de São Sebastião até 2006, o número de espécies de Echinordemata

já registradas chega a 59, sendo 29 de Ophiuroidea, dez de Holothuroidea, dez de

Asteroidea, nove de Echinoidea e um de Crinoidea.

Das espécies identificadas em levantamentos realizados no Canal de São

Sebastião, BRASIL (2014) classifica: Coscinasterias tenuispina, Astropecten

articulatus, Astropecten brasiliensis, Astropecten marginatus, Luidia senegalensis,

Oreaster reticulatus, pertencentes à classe Asteroidea e Lytechinus variegatus da classe

Echinoidea como Vulnerável; Synaptula secreta da classe Holothuroidea como

Criticamente ameaçada de extinção. Portanto, das onze espécies de Echinordemata que

estão sob algum nível de ameaça de extinção no país, oito (72,7%) estão presentes no

Canal de São Sebastião. Portanto, para a Classe Asteroidea, o Canal de São Sebastião

apresenta seis (85,7%) das sete espécies classificadas sob algum grau de perigo de

extinção no país. Para a Classe Echinoidea, o canal apresenta uma espécie presente na

Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção, representando 50% das espécies da Classe

presentes na lista. Já a classe Holothuroidea apresenta 100% das espécies presentes na

Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção no Brasil presentes no Canal de São

Sebastião, representada por Synaptula secreta (Fig. 14).

Figura 14: Pepino-do-mar (Synaptula sp).

30

Os números apresentados destacam a importância da proteção deste Filo na

região, que possui expressivo número de representantes sob algum grau de ameaça de

extinção.

Netto (2006) destaca que a presença de Oreaster reticulatus (Fig. 15A) e

Eucidaris tribuloides (Fig. 15B) no canal ocorre principalmente em áreas de difícil

acesso, uma vez que estas espécies são coletadas por turistas, aquaristas e

colecionadores em locais mais expostos, devido à sua beleza exuberante.

Figura 15: A Estrela-do-mar (Oreaster reticulatus); B Ouriço-satélite (Eucidaris

tribuloides).

A

B

31

5.3.2 ICTIOFAUNA MARINHA

O Canal de São Sebastião apresenta diversas espécies de peixes recifais (Fig. 16,

as imagens A, B e D foram fotografadas na Ilha das Cabras). Em um relatório técnico

elaborado pelo Projeto Peixes Recifais da Região Sudeste – ECOPERE-SE apenas na

Ilha das Cabras foram identificadas 147 espécies pertencentes a 54 famílias.

Figura 16: A Peixe-frade (Pomacanthus paru); B Bodião (Halichoeres sp.); C Peixe-

cirurgião (Acanthurus chirurgus); D Roncador-listrado-americano (Anisotremus

virginicus); E Peixe-borboleta (Chaetodon sedentarius); F Maria-da-Toca

(Parablennius pilicornis). Fotos A, B e D de Thiago Girardo

32

Segundo dados da International Union for Conservation of Nature (IUCN -

2015), dos peixes identificados na área, sete espécies são classificada como “Dados

Deficientes”, sessenta e cinco como “Pouco Preocupantes”, três como “Quase

Ameaçadas”, quatro como “Vulneráveis”, uma – a garoupa-verdadeira (Epinephelus

marginatus) - como “Em Perigo de Extinção” e duas – o peixe Mero (Epinephelus

itajara - Fig. 17ª) e a garoupa-negra (Hyporthodus nigritus - 17B) - como “Criticamente

Ameaçadas de Extinção”. Para outras 64 espécies não foram encontradas classificações

pela IUCN e uma última não foi classificada até o nível de espécie, não sendo possível

obter a classificação de seu grau de ameaça.

Na lista nacional de espécies ameaçadas de extinção Brasil (2014a), doze

espécies de peixes marinhos foram identificadas com algum grau de ameaça de

extinção. O neon gobi (Elacatinus fígaro - Fig. 17G), a garoupa-verdadeira

(Epinephelus marginatus - Fig. 17D), a garoupa-vermelha (Epinephelus morio), a

garoupa-nevada (Hyporthodus niveatus - Fig. 17C) o cavalo-marinho (Hippocampus

reidi - Fig. 17F), e Mycteroperca bonaci aparecem como “Vulnerável” na lista nacional;

Epinephelus itajara mantém sua classificação como “Criticamente Ameaçado de

Extinção” na lista do MMA. Já a raia manteiga (Gymnura altavela) passa de

“Vulnerável” na lista da IUCN para “Criticamente Ameaçada de Extinção” segundo a

lista brasileira e Epinephelus marginatus (garoupa-verdadeira, Fig. 17D) de “Em Perigo

de Extinção” para “Vulnerável” pela IUCN e MMA, respectivamente.

Apesar do grande número de espécies que não possuíam levantamento realizado

pela IUCN ou apresentavam dados deficientes, dez das espécies de ocorrência na Ilha

das Cabras foram classificadas pela organização internacional como possuindo algum

grau de ameaça de extinção, representando aproximadamente 7% de todas as espécies

registradas.

Segundo a Instrução Normativa nº 5, de 21 de maio de 2004, as espécies de

tainha (Mugil liza e Mugil platanus), corvina (Micropogonias furnieri), mero

(Epinephelus itajara) e garoupas (Epinephelus marginatus, Epinephelus morio,

Epinephelus niveatus e Mycteroperca bonaci) são reconhecidas como espécies

sobreexplotadas ou ameaçadas de sobreexplotação.

O Estudo Diagnóstico da Ilha das Cabras realizado pelo grupo Ecopere-se,

realizou o levantamento do interesse comercial e ecológico associado às espécies

encontradas. Foram identificadas três categorias de interesse: alimentação, aquariofilia e

outros usos.

33

Figura 17: A Mero (Epinephelus itajara); B Garoupa-negra (Hyporthodus nigritus); C

Garoupa-nevada (Hyporthodus niveatus); D Garoupa-verdadeira (Epinephelus

marginatus) (Foto: Thiago Girardo, tirada na Praia do Portinho); E Peixe-papagaio

(Sparisoma frondosum); F Cavalo-marinho (Hippocampus reidi); G Neon-góbi

(Elecatinus fígaro).

34

Quanto às espécies de interesse para alimentação cinco são utilizadas para pesca

de subsistência, 57 são pouco comerciais, 26 são consideradas comerciais e outras 6 são

classificadas como altamente comerciais. Para as demais espécies não foram

encontrados registros de interesse comercial para este fim.

No quesito aquariofilia, 16 espécies são utilizadas em aquários públicos, 64

espécies são consideradas comerciais e uma outra é considerada como potencialmente

comercial. Para as demais 66 espécies registradas não foi identificado interesse para

aquariofilia.

Dentro de outros usos, 9 espécies foram identificadas como utilizadas para isca

para pesca comercial, 34 para pesca esportiva e 7 cultivadas em cativeiro (aquacultura).

Quanto ao interesse ecológico, foi ressaltado no relatório que quatro das espécies

registradas são endêmicas da costa brasileira, sendo elas: os peixes góbi (Ptereleotris

randalli e Opistognathus aurifrons), o peixe-papagaio (Sparisoma tuiupiranga) e

Halichoeres brasiliensis. O autor ainda destacou que o cavalo-marinho Hippocampus

reidi tem sua comercialização monitorada no mercado internacional.

Segundo o levantamento realizado, a área da Ilha das Cabras também foi

reconhecida como local de reprodução de 23 espécies, caracterizando-se portanto, como

área de especial interesse de proteção para manutenção das populações e garantia da

sobrevivência das espécies.

Outros dados da ocorrência de peixes recifais referem-se à Praia do Portinho.

Neste local, foram identificadas 101 espécies pertencentes a 68 famílias ocupando o

ambiente recifal com maior ou menor frequência, demonstrando que trata-se de uma

região bastante rica em diversidade de espécies e que deve ser protegida. (Sorvillo,

Silva, Massola, 2009).

5.3.3 AVIFAUNA MARINHA

Ambientes insulares são vitais para a conservação da biodiversidade (Instituto

Pólis, 2012).

As aves marinhas são vistas como importantes indicadores de características

oceanográficas como, por exemplo, produtividade de estoques pesqueiros e devido à sua

interação com as atividades de pesca (Branco; Barbieri; Fracasso, 2010).

Ilhabela é uma área conhecida por ser importante local de descanso, alimentação

ou mesmo reprodução de aves marinhas migratórias.

35

A avifauna marinha da região pode ser caracterizada pela ocorrência do

Gaivotão (Larus dominicanus), Biguá (Phalacrocorax brasilianus), Trinta-réis-de-bico-

vermelho (Sterna hirundinacea, Fig. 18C), Trinta-réis-real (Thalasseus maximus, Fig.

18B), Trinta-réis-de-bando (Thalasseus acuflavidus), Atobá-pardo (Sula leucogaster),

Fragata (Fregata magnificens) e Albatroz-de-nariz-amarelo (Thalassarche

chlororhynchos, Fig. 18A). O canal faz parte da rota migratória do Pinguim-de-

Magalhães (Spheniscus magellanicus) que busca latitudes menores e correntes frias

geralmente ricas alimento (Silva-Filho, Ruopollo, 2006 apud Silva-Filho, 2012).

Figura 18: A Albatroz-de-nariz-amarelo (Thalassarche chlororhynchos), Trinta-réis-real

(Thalasseus maximus) e C Trinta-réis-de-bico-vermelho (Sterna hirundinacea).

36

A IUCN (2015) classifica o Albatroz-de-nariz-amarelo como em “Perigo de

extinção” e as demais espécies, à exceção do Trinta-réis-de-bando que não possui

classificação pela organização internacional, como “Pouco Preocupante”. Na lista

nacional, o MMA classifica o Trinta-réis-real e o Albatroz-de-bico-amarelo como “Em

Perigo de Extinção” e o Trinta-réis-de-bico-vermelho como “Vulnerável”.

Anualmente, a região tem recebido grande número de Pinguins-de-Magalhães,

que à altura dos meses de inverno, costumam aparecer nas praias da região em busca de

alimento e correntes mais quentes. Porém, alguns indivíduos podem encalhar nas praias

cansados e debilitados ao, acidentalmente, desviarem-se de suas rotas.

O ilhote existente na Praia Grande (23°51’11.62”S 45°25’02.47”W), litoral sul

de Ilhabela foi observado como local de nidificação de Trinta-réis-de-bico-vermelho.

No entanto, trata-se de uma área bastante acessível aos turistas, que muitas vezes

chegam ao ilhote a nado ou mesmo com a utilização de caiaques ou stand up, tornando-

os potenciais ameaças aos ninhos presentes no local, uma vez que já foram observados

episódios em que as pessoas mexiam nos ninhos, muitas vezes chegando a brincar com

ovos, prejudicando a viabilidade destes e, portanto, o sucesso de eclosão.

A proteção da área do ilhote da Praia Grande pede especial atenção, uma vez que

se trata de um sítio de nidificação de uma espécie classificada como Vulnerável pela

lista do MMA e foi uma sugestão de analistas ambientais do ICMBIO.

5.3.5 MEGAFAUNA MARINHA

Através de estudo realizado por Fernandes (2015) em seis pontos ao longo do

Canal de São Sebastião, três espécies de tartarugas marinhas foram identificadas -

tartaruga- verde (Chelonia mydas), tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) e

tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) - sendo que, durante observações subaquáticas,

119 indivíduos foram avistados, sendo 84% pertencentes à espécie Chelonia mydas

(Fig. 19A) e 16% à espécie Eretmochelys imbricata (Fig. 19B). Tais espécies, não

apresentam sazonalidade, estando presentes no Canal de São Sebastião durante todo o

ano. A distribuição dos indivíduos juvenis de tartaruga-verde ao longo da região de

estudo durante todas as estações do ano e o registro de seus comportamentos indicaram

a região como uma importante área de desenvolvimento e alimentação para essa espécie

que encontra no Canal de São Sebastião alimento disponível e áreas para descanso e

refúgio. A influência das correntes marinhas no Canal de São Sebastião e na ocorrência

37

de tartarugas marinhas também foi evidenciada na pesquisa, principalmente com relação

à massa de Águas Centrais do Atlântico Sul que possui maior influência na região sul

do canal, aumentando a quantidade de nutrientes e, consequentemente, de tartarugas.

Figura 19: A Tartaruga-verde (Chelonia mydas) na praia no Portinho (Foto: Amanda

Fernandes), B Tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) na praia do Portinho (Foto:

Thiago Guirardo).

38

A região compreendida entre o bairro do Piúva e a Praia do Sérgio apresentou

grande relevância na ocorrência de tartarugas marinhas especialmente para os

comportamentos de alimentação e repouso. Tal área deve ser tratada como prioridade

com relação à mitigação dos impactos antrópicos e conservação, apesar de todas as

áreas de estudo terem apresentado ocorrência desses animais. É importante que a área

costeira da região tenha a proteção de seu habitat garantida em longo prazo, permitindo

a sustentação da população de tartarugas marinhas residentes.

O registro dos indivíduos classificados como adultos e subadultos de tartaruga-

de-pente nessa região é um importante dado que pode indicar a relevância desse local

para essa espécie, proporcionando refúgio e alimentação. Tais registros reforçam a

necessidade do desenvolvimento de planos de manejo e criação de áreas protegidas para

a conservação desses animais criticamente ameaçados que são residentes nessa área de

forrageamento.

A pesquisa também indicou a Praia do Portinho como área potencial para o

desenvolvimento de observação de tartarugas “turtle watching”, com o objetivo de

conscientizar os turistas e a população local com relação à conservação das tartarugas

marinhas e de seu habitat. Os resultados dessa pesquisa indicaram as principais praias

em que as tartarugas marinhas ocorrem em Ilhabela, ressaltando a importância da

readequação da área do Santuário Ecológico Marinho a partir das categorias do SNUC.

A descrição das espécies de tartarugas que ocorrem no Canal de São Sebastião pretende

auxiliar em outras estratégias de mitigação, como ações de educação ambiental, não só

para os turistas e moradores de Ilhabela como também para as autoridades e instituições

ambientais da região, auxiliando para que o município tenha um planejamento adequado

ao receber turistas, minimizando os impactos na conservação local e fornecendo

ferramentas e informações para que os moradores e pescadores se conscientizem com

relação ao descarte inadequado de resíduos antrópicos e à pesca incidental.

O estudo reduziu a lacuna existente sobre as tartarugas marinhas que ocorrem no

Canal de São Sebastião. Os resultados apresentados devem ser considerados

principalmente em estratégias para mitigação da pesca incidental, da colisão com

embarcações e de outros impactos antrópicos, bem como para a readequação da

categoria Santuário Ecológico Marinho de Ilhabela para Parque Natural Municipal,

visando aumentar a conservação desses animais ameaçados e garantir sua sobrevivência

enquanto residentes na região.

39

A região de Ilhabela e do Canal de São Sebastião também fazem parte da rota

migratória de cetáceos. Diversas espécies de golfinho, como o boto-cinza (Sotalia

fluviatilis), e a toninha (Pontoporia blainvillei, Fig. 20A) e todas as espécies de baleias

provenientes de regiões subantárticas utilizam o Canal como rota migratória (Instituto

Pólis, 2012).

Em reportagens lançadas pela mídia, há registros de Baleia-jubarte (Megaptera

novaeangliae, Fig. 20C) na região do canal de São Sebastião, na ocasião, mais

especificamente na Praia da Feiticeira, demonstrando que a região faz parte do trajeto

migratório destes animais.

Além da Baleia-jubarte, já foram avistados grupos de Orcas (Orcinus orca, Fig.

20B) passando pela região (reportagem). Outros animais do grupo como Baleia-franca-

austral e Baleia-de-bryde, já foram avistadas na região de Ilhabela, demonstrando que se

trata de uma região relevante no ciclo de vida dessas espécies.

Figura 20: A Toninha (Pontoporia blainvillei), B Baleia Orca (Orcinus orca), C Baleia

Jubarte (Megaptera novaeangliae) e D Lobo-marinho (Arctocephalus tropicalis).

Muitas vezes também é possível flagrar na região a presença de animais como

lobos-marinhos, por exemplo indivíduos da espécie Lobo-marinho-Subantártico

40

(Arctocephalus tropicalis, Fig. 20D) que já foram flagrados por diversas vezes

descansando nas praias de Ilhabela e, posteriormente, retornando ao mar.

Todos esses atributos argumentam a favor da criação da unidade de conservação

de proteção integral na área objetivando a proteção desses organismos e estímulo ao

turismo contemplativo sustentável.

5.3.6 MACROALGAS

Segundo Milanelli (2003), os costões rochosos são ambientes favoráveis para

colonização de invertebrados marinhos e macroalgas, pois o substrato duro facilita a

fixação de larvas e esporos. Além de funcionar como produtores, as macroalgas abrigam

uma rica diversidade de animais e epífitas chegando a mais de 100 espécies em um

único costão rochoso. No Canal de São Sebastião, os produtores são o grupo funcional

mais importante compreendendo mais de 50% das espécies. A diversidade varia de

acordo da intensidade de hidrodinamismo (batimento de ondas) e da quantidade de

refúgios, oscilando entre 78 e 166 espécies de macroalgas (Fig. 21) e macrofauna

dependendo do ponto de amostragem. As algas são predominantes em ambientes com

alto hidrodinamismo e baixa quantidade de refúgios, como os presentes na porção sul

do Canal de São Sebastião.

Figura 21: Alga-vermelha Gelidium sp.

41

A comunidade fital é fortemente impactado pelas atividades desenvolvidas no

Canal de São Sebastião, principalmente o vazamento de óleo e seus derivados

provenientes da navegação e da operação do Porto de Sebastião. As algas quando

recobertas por óleo são impedidas de realizar trocas de nutrientes e fluídos e tem o

processo de fotossíntese bloqueado devido ao impedimento da absorção de luz. Todos

esses efeitos fisiológicos geram a perda de clorofila (causa do branqueamento muitas

vezes observados) e consequente morte do indivíduo, afetando diretamente toda uma

comunidade ecológica (Milanelli, 2003).

Dessa forma, a criação de uma unidade de conservação que proteja a macrofauna

e as macroalgas é uma importante medida compensatória garantindo o melhor equilíbrio

ecossistêmico.

As condições ambientais encontradas ao longo do Canal de São Sebastião e na

área de estudo são similares o que possibilita extrapolar a caracterização regional para a

área específica.

5.3.7 CLASSIFICAÇÃO DA ÁREA DE ACORDO COM O MAPA DE ÁREAS

PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃO, UTILIZAÇÃO SUSTENTÁVEL E

REPARTIÇÃO DOS BENEFÍCIOS DA BIODIVERSIDADE BRASILEIRA -

PROBIO

Em 1996, o Ministério do Meio Ambiente lançou o Projeto de Conservação e

Utilização Sustentável da Diversidade Biológica (PROBIO) com o objetivo de

identificar áreas prioritárias para conservação e estimular a produção e divulgação de

conhecimento referente ao tema. Pela portaria 126 de 27 de maio 2004, o Ministério do

Meio Ambiente divulgou o mapa de todo território brasileiro (Fig. 22) qualificando as

áreas de acordo com a prioridade de conservação, sendo elas classificadas como I)

extremamente alta, II) muito alta, III) alta, IV) insuficientemente conhecidas e V) novas

áreas identificadas pelos grupos regionais.

42

Figura 22: Mapa de áreas prioritárias para conservação. Fonte: Portaria 126/04,

Ministério do Meio Ambiente.

A área em que se pretende implantar a unidade de conservação no município de

Ilhabela é classificada com prioridade extremamente alta de conservação (Fig. 23), ou

seja, exerce papel fundamental na preservação e equilíbrio ecossistêmico gerando a

necessidade de projetos para sua preservação. Além disso, a classificação indica que a

região é altamente indicada para receber benefícios oriundos de compensações e

condicionantes ambientais em decorrência do seu uso e assim implementar programas

de monitoramento e melhoria ambiental, melhoria das condições socioeconômicas das

população afetadas e geração de informação e conhecimento sobre a área.

43

Figura 23: Detalhe do mapa de “Áreas prioritárias para conservação, utilização

sustentável e repartição de benefícios da biodiversidade brasileira” mostrando a

classificação do município de Ilhabela. A seta indica a área proposta para implantação

da unidade de conservação

6. IMPACTOS ANTRÓPICOS

Grande parte dos impactos à zona costeira são resultados diretos da ação humana

e do crescimento demográfico (Gray, 1996), tendo como principais ameaças para a

biodiversidade marinha a perda, fragmentação e degradação dos habitats, a

sobreexploração de espécies pela pesca, a pesca incidental (Fig. 24A), o aquecimento

global, a introdução de espécies, a poluição por substâncias químicas e resíduos sólidos

e o turismo (Gray, 1996; Sala; Knowlton, 2006).

Ilhabela possui uma fonte poluidora que merece especial atenção devido à

proximidade do arquipélago ao Porto de São Sebastião. Trata-se do vazamento de óleo.

A maior fonte desse poluente no Canal de São Sebastião é representada por navios

petroleiros que entram e saem do TEBAR (Terminal Almirante Barroso), o mais

importante terminal de armazenagem e distribuição de petróleo e derivados do Brasil.

44

Figura 24: A - Tartarugas-verdes mortas por pesca incidental em rede de espera, em

Ilhabela; B - Tartaruga-verde vítima de colisão com embarcação em Ilhabela.

45

A presença do TEBAR, juntamente com a dinâmica das correntes marinhas no

Canal de São Sebastião (SW-NE), explicam a grande incidência de episódios de

poluição na região. A presença do Porto interfere nos demais município da região por

provocar a intensificação do tráfego de veículos pesados e por conta dos derramamentos

de óleo resultante dos acidentes nas operações do terminal petrolífero. Tais problemas

são agravados pela perspectiva de se implantar na região grandes projetos vinculados ao

transporte e ao armazenamento de cargas.

Entre os anos de 1978 e 2007, o litoral de Ilhabela foi atingido por

derramamentos de óleo 59 vezes. Dentre os trechos que concentram maior número de

acidentes na região Sul de Ilhabela, encontra-se o litoral compreendido entre a Ilha das

Cabras e a Praia das Pedras Miúdas, bem como as áreas da Praia do Portinho e do

Sérgio, que apresentaram grande número de ocorrências. Trata-se justamente da área

compreendida pelo atual Santuário Ecológico Marinho e que deverá fazer parte da

Unidade de Conservação a ser implantada por conta de sua fragilidade e elevada

biodiversidade. (Lima; Dias-Brito; Milanelli, 2008).

Outra vertente de problemas ambientais bastante comum na região do litoral

norte decorre do desequilíbrio entre o crescimento da população fixa e flutuante e a

capacidade de abastecimento público e da infraestrutura de saneamento básico instalada.

Nos “sertões”, ocorre a crescente apropriação dos espaços naturais por migrantes

atraídos por empregos e promessas de terras mais baratas, que se instalam nas encostas

e nos sopés dos morros com habitações precárias em condições assemelhadas às favelas

dos grandes centros urbanos, sem as mínimas condições de saneamento e saúde,

concorrendo, por seu turno, para a devastação dos recursos naturais, para degradação

dos mananciais e para a descaracterização da paisagem litorânea.

A região de estudo tem o turismo como uma das atividades econômicas mais

importantes, no entanto, a atividade induz impactos ao ambiente marinho. Dentre tais,

está o aumento de resíduos na região de praias e no mar devido ao grande fluxo de

turistas que as frequentam; as embarcações turísticas, como motos aquáticas e outras de

natureza particular, que podem causar contaminação marinha devido ao uso de

combustíveis, bem como ameaça às espécies marinhas que se encontram próximas à

superfície, como por exemplo, as tartarugas-marinhas, devido à colisão (Fig. 23B).

Outro impacto relacionado à presença de embarcações é o fundeio, atividade que

provoca buracos no solo oceânico, removendo as espécies bentônicas do local onde

ocorre tal atividade. É importante também atentar-se a impactos causados por atividades

46

como mergulho e snorkelling, uma vez que, se não forem praticadas de maneira

consciente, podem levar ao pisoteio, coleta de espécimes marinhos e degradação de

corais e habitats (Davenport; Davenport, 2006).

Segundo Gray (1996), a melhor maneira de conservar a biodiversidade marinha é

conservando os habitats e a diversidade paisagística da região costeira. Assim, a

implantação de uma Unidade de Conservação no local será ferramenta essencial para

regulamentação das atividades de ocorrência na área com intuito de minimizar impactos

causados à fauna e ao ambiente marinho.

Os vetores de pressão referem-se à operação dos agentes físicos, sociais, políticos

que contribuem para acelerar a degradação ambiental e a supressão dos recursos.

Podemos destacar os seguintes vetores na região do litoral norte:

Introdução ou presença de espécies exóticas

pontos de captação de água (DAEE, irregulares e alternativas)

áreas contaminadas

pontos de lançamento do DAEE

fontes potenciais de poluição

oleoduto

áreas de aplicação do controle biológico pela SUCEN

impactos do meio físico identificados em campo: erosão laminar e em sulcos,

erosão linear (ravinas e sulcos, voçoroca), movimento de massa, quedas de

blocos e erosão linear

áreas de empréstimos de terra

ocorrências de irregularidades ambientais registradas (boletins de ocorrências):

aterramento e construção em área de preservação permanente, construção

irregular, loteamento, retirada de terra, supressão de vegetação, agricultura de

subsistencia, depósito de entulho

equipamentos urbanos: cemitério, estação de tratamento de esgoto, estação

transformadora, heliporto, marina/ancoradouro, píer, porto, postos de

combustíveis.

47

O trecho correspondente à área portuária, por exemplo, no canal de São Sebastião

contém uma série de vetores acumulados em sobreposição, os quais promovem situação

de tensão em relação ao uso e ocupação do espaço, com alta exposição a contaminantes.

7 ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS

A principal atividade econômica desenvolvida na área proposta é a prestação de

serviços por meio de agências de turismo, restaurantes, bares, quiosques e turismo

autônomo. Como diagnóstico preliminar de atividade pesqueira pode-se afirmar que, de

acordo com dados da Colônia de Pescadores do Município de Ilhabela, a cidade possui

82 pescadores licenciados para prática de pesca amadora e profissional. Na área

proposta, segundo relatos pessoais da população local, cerca de 15 pescadores – todos

não licenciados – realizam pesca com rede de espera e cerco flutuante para

comercialização ou alimentação complementar. Os demais aspectos socioeconômicos

referem-se aos mesmos da caracterização geral (ver itens 3.4 a 3.7).

Por tratar-se de unidade de conservação marinha, não há população residente

inserida na área proposta.

8. SITUAÇÃO FUNDIÁRIA

A área proposta para criação da unidade de conservação é marinha. Dessa forma,

de acordo com o artigo 1º do Decreto-Lei 9760 de 5 de setembro de 1946, toda a área é

considerada bem imóvel da União sob administração da Secretaria de Patrimônio da

União (SPU).

“Art. 1º Incluem-se entre os bens imóveis da União:

a) os terrenos de marinha e seus acréscidos ; (...)

c) os terrenos marginais de rios e as ilhas nestes situadas na faixa da

fronteira do território nacional e nas zonas onde se faça sentir a influência das

marés;

48

d) as ilhas situadas nos mares territoriais ou não, se por qualquer título

legítimo não pertencerem aos Estados, Municípios ou particulares; (...)

j) os que foram do domínio da Coroa;

Art. 2º São terrenos de marinha, em uma profundidade de 33 (trinta e três)

metros, medidos horizontalmente, para a parte da terra, da posição da linha do

preamar-médio de 1831:

a) os situados no continente, na costa marítima e nas margens dos rios e

lagoas, até onde se faça sentir a influência das marés;

b) os que contornam as ilhas situadas em zona onde se faça sentir a

influência das marés.

Parágrafo único. Para os efeitos dêste artigo a influência das marés é

caracterizada pela oscilação periódica de 5 (cinco) centímetros pelo menos, do

nível das águas, que ocorra em qualquer época do ano.

Art. 3º São terrenos acrescidos de marinha os que se tiverem formado, natural

ou artificialmente, para o lado do mar ou dos rios e lagoas, em seguimento aos

terrenos de marinha. (...).” (Decreto-Lei 9760/1946).

9 EMBASAMENTO JURÍDICO

9.1 SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

A Lei Orgânica do município de Ilhabela em sua 2º revisão estabelece o código de Meio

Ambiente Municipal na qual prevê que o município deve conservar e proteger o

patrimônio biológico, as espécies da fauna e flora, criar áreas de proteção entre outras

obrigações.

“Art. 33 - Do Código do Meio Ambiente Municipal:

49

I- o Município é responsável, com a participação da coletividade, pela

preservação, conservação, defesa, recuperação do ambiente natural, artificial e

do trabalho, do patrimônio genético (...);

VIII- proteger a flora e a fauna terrestres e aquáticas, a fim de garantir a

diversidade das espécies e dos ecossistemas;

XII- criar e definir, áreas a serem especialmente protegidas, seguidas dos

procedimentos necessários à regularização fundiária, demarcação e estrutura

de fiscalização;” (Lei Orgânica do Município da Estância Balneária de

Ilhabela).

Objetivando a promoção ambiental e o cumprimento da legislação supracitada, em

1992, o poder executivo do município de Ilhabela criou em parte da área aqui proposta o

“Santuário Ecológico Municipal Ilha das Cabras”. Através dos decretos municipais

953/1992 e 1011/1922 ficaram estabelecidos diversos parâmetros que regulam a

atividade de pesca na região.

“Art. 2º - Nos termos do artigo anterior, passa a ser considerada santuário

ecológico municipal, a zona costeira com a respectiva coluna d´água numa

largura de 50m (cinqüenta metros) e 1.500m (mil e quinhentos metros) de

extensão, ao longo da beira-mar, compreendida entre o Portinho e a Praia das

Pedras Miúdas.

Art. 3 - Na coluna d’água correspondente ao espaço descrito no artigo anterior,

fica proibida a pesca em escala comercial, inclusive a captura de peixes dos

tamanhos denominados “de aquário”, admitida tão somente a pesca artesanal

assim entendida por meio de anzol, covos e redes de malha, com total

favorecimento às atividades de pesquisa cientifica regularmente autorizada.

(redação dada pelo Decreto Municipal 1011/1992).

Art. 4º - Visando proteger e resguardar os criadouros de peixes e organismos

marinhos por entre os pedregais e reentrâncias da orla costeira, fica proibida a

pesca submarina em águas ilhabelenses por um trecho de cerca de 35

quilometros ao longo da inteira extensão do Canal e costas norte e nordeste da

Ilha de São Sebastião (...).

50

Art. 7º - É considerado pesca predatória e conseqüente agressão ambiental

grave ao ecossistema costeiro, qualquer ato em águas do arquipélago

ilhabelense exercido sob forma ou em local indevido, ou ainda recorrendo à

utilização de artifícios ou meios impróprios.

Art. 8º - É igualmente considerado pesca predatória e conseqüente agressão

ambiental grave, o esvaziamento dos pesqueiros através do exercício da pesca

por meio de embarcações com redes de arrasto praticada no interior ou mesmo

adjacências das enseadas (...).” (Decreto Municipal 953/1192)

Em 2000, visando a proteção à diversidade biológica, os serviços ecossistêmicos e a

manutenção do equilíbrio ecológico foi criado pela Presidência da República o Sistema

Nacional de Unidades de Conservação – SNUC – através da lei federal 9.985.

“Art. 4o O SNUC tem os seguintes objetivos:

I - contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos

genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais;

II - proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional;

III - contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de

ecossistemas naturais;

IV - promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais;

V - promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza

no processo de desenvolvimento;

VI - proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica;

VII - proteger as características relevantes de natureza geológica,

geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural;

VIII - proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos;

IX - recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;

X - proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica,

estudos e monitoramento ambiental;

51

XI - valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica;

XII - favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a

recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico;

XIII - proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações

tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e

promovendo-as social e economicamente.” (Lei Federal 9985/2000, artigo 4º)

Com o SNUC, foram parametrizadas novas categorias de unidades de conservação

sendo que as criadas anteriormente a 18 de julho de 2000 deveriam ser reavaliadas e

recategorizadas. Porém, o Santuário Ecológico Marinho de Ilhabela não passou por esse

processo, dificultando ações de fiscalização e conservação desta área considerada rica

em biodiversidade e fundamental para o equilíbrio ecossistêmico. Dessa forma, o estudo

aqui proposto pretende realizar a readequação à categoria de Unidade de Conservação

de Proteção Integral - Parque Natural Municipal juntamente à ampliação da área de

proteção original.

“Art. 11. O Parque Nacional tem como objetivo básico a preservação de

ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica,

possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de

atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com

a natureza e de turismo ecológico.

§ 1o O Parque Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas

particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas, de acordo com o

que dispõe a lei.

§ 2o A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no

Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável

por sua administração, e àquelas previstas em regulamento.

§ 3o A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável

pela administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este

estabelecidas, bem como àquelas previstas em regulamento.

52

§ 4o As unidades dessa categoria, quando criadas pelo Estado ou Município,

serão denominadas, respectivamente, Parque Estadual e Parque Natural

Municipal.

Art. 55. As unidades de conservação e áreas protegidas criadas com base nas

legislações anteriores e que não pertençam às categorias previstas nesta Lei

serão reavaliadas, no todo ou em parte, no prazo de até dois anos, com o

objetivo de definir sua destinação com base na categoria e função para as quais

foram criadas, conforme o disposto no regulamento desta Lei.” (Lei Federal

9.985/2000).

“Art. 40. A reavaliação de unidade de conservação prevista no art. 55 da Lei no

9.985, de 2000, será feita mediante ato normativo do mesmo nível hierárquico

que a criou.

Parágrafo único. O ato normativo de reavaliação será proposto pelo órgão

executor.” (Decreto Federal 4.340/2002).

9.2 ANÁLISE DOS INSTRUMENTOS LEGAIS DE ORDENAMENTO E GESTÃO

TERRITORIAL E DE PROTEÇÃO AMBIENTAL, INCIDENTES SOBRE A ÁREA

OBJETO DO PRESENTE ESTUDO PARA A CRIAÇÃO DE ÁREA PROTEGIDA

A área marinha do entorno da Ilha das Cabras, entorno do Ilhote da Prainha e

águas que margeiam o costão rochoso entre a Praia do Portinho até a altura da Praia do

Julião (Ilhote da Prainha) está inserida num território sujeito à diversos instrumentos

legais gestão territorial e de proteção ambiental, incluindo Unidades de Conservação. A

seguir, serão apresentados os instrumentos legais que conferiram proteção ambiental ao

local e uma análise da integração destas ferramentas de gestão.

9.2.1 Área de Interdição de Pesca Federal – Portaria SUDEPE 08/ 1979

A Área de Interdição à Pesca Federal, criada pela Portaria SUDEPE 08 / 1979,

possui perímetro definido pela distância de 20 metros no entorno da Ilha das Cabras

(20m a partir das linhas de base reta tomadas das partes mais avançadas da ilha), onde,

53

conforme seu Art. 1o, ficam proibidas quaisquer formas e artes de pesca, e pelo Art. 2o

a retirada de espécimes da fauna é pemitida apenas para fins de pesquisa.

9.2.2. Zoneamento Ecológico e Económico do Litoral Norte e Decreto Estadual do

Gerenciamento Costeiro – Decreto Estadual 49.2015/2004

O território marinho onde está inserida a área de estudo para a criação da UC

também está sob a legislação do Zoneamento Ecológico e Econômico, que, conforme

seu Art. 31, incide sobre:

“A faixa marinha abrangida por este decreto é aquela definida pela Lei nº

10.019, de 3 de julho de 1998, englobando todos os ecossistemas e recursos

naturais existentes a partir do limite superior da preamar de sizígia até a

isóbata de 23,6m, tendo como base de referência cartográfica as cartas náuticas

e tábuas de marés para o Porto de São Sebastião da Diretoria de Hidrografia e

Navegação do Ministério da Marinha.

§ 1º - Estão também incluídas na faixa marinha as ilhas, ilhotas, lajes e parcéis.

§ 2º - As normas de uso e as diretrizes definidas para o Zoneamento Marinho

aplicam-se em duas faixas diferenciadas, que são respectivamente, a faixa

entre-marés, compreendendo a área entre a preamar e baixa-mar de sizígia, e a

faixa marítima que vai da baixa-mar de sizígia até a isóbata de 23,6m.”

(Decreto Estadual 49.2015/2004).

54

Figura 25: Mapa do ZEE do Litoral Norte. Destaque para a Zona Marinha (Z2M) e

Zonas Entremarés (ZiM e Z2M).

A Zona Entremarés desta região se divide em trechos de Z1M e Z2M, enquanto

a Zona Marinha corresponde à Z2M, conforme a Figura 25.

Segundo o Artigo 32, a delimitação da Zona 1 Marinha - Z1M, considera, entre

outras, isolada ou conjuntamente, as seguintes características sócio-ambientais:

“I - estrutura abiótica preservada;

II - comunidade biológica preservada;

III - ausência de atividades antrópicas que ameacem o equilíbrio ecológico;

IV - usos não intensivos, especialmente associados ao turismo e extrativismo de

subsistência;

V - existência de áreas de reprodução de organismos marinhos.

Artigo 33 - A gestão da Z1M deverá observar as seguintes diretrizes:

I - manter e garantir a funcionalidade dos ecossistemas visando assegurar a

conservação da diversidade biológica, do patrimônio histórico, paisagístico,

cultural e arqueológico;

II - promover a manutenção e melhoria da qualidade das águas costeiras.

55

Artigo 34 - Na Z1M são permitidos os seguintes usos e atividades:

I - pesquisa científica e educação ambiental relacionadas à conservação da

biodiversidade;

II - manejo auto-sustentado de recursos marinhos, desde que previsto em Plano

de Manejo aprovado pelos órgãos ambientais competentes;

III - pesca artesanal, exceto arrasto;

IV - extrativismo de subsistência;

V - ecoturismo.

§ 1º - Os usos e atividades permitidos para a Zona de Amortecimento das

Unidades de Conservação são aqueles estabelecidos nos Planos de Manejo.

§ 2º - Nas propriedades cuja faixa entre-marés seja classificada em sua

totalidade como Z1M e não houver acesso terrestre, será permitida a implantação

de estruturas náuticas Classe I, respeitadas as exigências do licenciamento

ambiental, para atender os usos permitidos na zona.

Artigo 35 - A delimitação da Zona 2 Marinha - Z2M considera, entre outras,

isoladas ou conjuntamente, as seguintes características sócio-ambientais:

I - estrutura abiótica alterada por atividades antrópicas;

II - comunidade biológica em bom estado mas com perturbações estruturais e

funcionais localizadas;

III - existência de atividades de aqüicultura de baixo impacto ambiental;

IV - ocorrência de atividade sde recreação de contato primário.

Artigo 36 - A gestão da Z2M deverá observar as seguintes diretrizes:

I - manter a funcionalidade dos ecossistemas garantindo a conservação da

diversidade biológica, do patrimônio histórico, paisagístico, cultural e

arqueológico;

II - promover a manutenção e melhoria da qualidade das águas costeiras.

Artigo 37 - Na Z2M são permitidos além daqueles estabelecidos para a Z1M, os

seguintes usos e atividades:

I - pesca artesanal e amadora;

II - aqüicultura de baixo impacto;

III - estruturas náuticas Classe I e II;

56

IV - recifes artificiais;

V - manejo sustentado de recursos marinhos, desde que previsto em Plano de

Manejo aprovado pelos órgãos ambientais competentes.

Artigo 38 - Para efeito deste decreto, a Zona 2 Marinha Z2M compreende a sub

zona Z2M e (Zona 2 Marinha Especial) cujas características, diretrizes e usos

permitidos são os mesmos previstos para Z1M, sendo permitida a atividade de

aqüicultura de baixo impacto”.

Em suma, o ZEE estabelece diretrizes e restrições de uso visando a

compatibilização de atividades antrópicas com a conservação ambiental, limitando,

certas atividades. A implantação de estruturas náuticas, por exemplo, está proibida em

Z1M e limitadas às classes I e II na Z2M (piers sem estrutura anexa na parte terrestre –

Classe I, ou com estruturas anexas de pequeno porte – Classe II, no caso da Z2M). A

pesca também é limitada à pesca artesanal e amadora, ficando proibida a pesca em

escala comercial. O ZEE estimula as atividades artesanais e de subsistência, bem como

alternativas econômicas para pequenos produtores, a exemplo da aquicultura de baixo

impacto permitida em Z2M. Incentiva prioritariamente usos indiretos visando a

preservação ambiental como a pesquisa científica, atividades de educação ambiental e o

ecoturismo.

9.2.3 Parque Estadual de Ilhabela

O Parque Estadual de Ilhabela, criado pelo Decreto Estadual 9.414/1977,

abrange integralmente a porção terrestre da Ilha das Cabras. Nesta porção, incluindo o

costão rochoso, estão proibidas quaisquer alterações ao meio ambiente, sendo que já

foram lavrados autos de infração pelas alterações existentes.

Já a área marinha, no seu entorno, está sob a proteção legal da Zona de

Amortecimento do Parque, conforme estabelece a LF 9.985.2000 e o Plano de Manejo

da Unidade.

O Parque Estadual de Ilhabela definiu dois setores (Fig. 26) na região da Ilha das

Cabras e Ilhote da Prainha: 1 – Setor Conservação Marinha; e 2- Setor Entorno das

Ilhas.

57

Figura 26: Mapa de Zoneamento do PE Ilhabela, flechas em vermelho destacam os

Setor Conservação Marinha – azul escuro; e Setor Entorno das Ilhas – azul claro.

“3.1. Setor Conservação Marinha – SCM

Conforme o texto do Plano de Manejo, “O perímetro deste setor coincide com o

Santuário Ecológico da Ilha das Cabras (criado pelo Decreto Municipal nº 953/92),

sendo definido como: Zona costeira com 50 m de distância da costa e 1.500 m de

extensão ao longo da beira-mar, entre o Portinho e a Praia das Pedras Miúdas. Inclui-

se uma área de 50m de extensão até a Ilha da Prainha.

Os objetivos e metas deste setor são a proteção do ecossistema, preservação da

fauna marinha, repovoamento piscícola e regeneração de criadouros naturais da fauna

marinha.

Atividades e Usos Permitidos:

Somente pesca tradicional de subsistência, praticada com fins de consumo doméstico

ou escambo sem fins lucrativos e utilizando petrechos como anzol, vara, covos e

pequenas redes de espera, além de:

• Atividades de pesquisa científica regularmente autorizada;

• Mergulho contemplativo;

• Turismo e esportes náuticos, e

• Sinalização.

58

Atividades e Usos não Permitidos:

• Pesca em escala comercial, conforme Lei da Pesca.

• Captura de peixes e outros organismos marinhos para aquariofilia ou

aquicultura ornamental

• Pesca submarina;

• Introdução de espécies exóticas;

• Disposição de água de lastro e outros resíduos provenientes de limpeza, troca

de óleo e manutenção de embarcações de todo porte;

• Obras, empreendimentos e/ou atividades que provoquem contaminação da

água, mortandade de fauna marinha, inclusive de aves marinhas e migratórias, bem

como impactem a paisagem. Caso o órgão licenciador tenha dúvidas, o órgão gestor

das UCs deverá ser consultado.

Justificativa: Este Setor, que está sob a proteção de Santuário Ecológico Municipal, é

um dos únicos locais sob proteção legal ambiental do canal de São Sebastião. Pelo fato

de restringir algumas atividades pesqueiras, possibilitou o repovoamento de diversas

espécies de peixes e outros organismos marinhos, tornando-se um dos principais locais

para mergulho recreativo do arquipélago. Dessa forma, este Setor de Conservação

Marinha justifica-se pela necessidade de se reforçar e estender o perímetro de restrição

de pesca submarina e em escala comercial pela costa, até a Ilha da Prainha, protegida

pelo PEIb, objetivando a regeneração de criadouros naturais da fauna marinha.

Dessa forma, a manutenção da qualidade ambiental desse setor possibilita que o

desenvolvimento do mergulho recreativo seja mantido, reforçando a conservação do

setor e fortalecendo que atividades sustentáveis ocorram na zona de amortecimento da

UC, evitando a emergência de usos não desejados.”

3.2. Setor Entorno das Ilhas

O perímetro deste setor dista 50 metros ao redor da ilha das Cabras sendo que os

limites abrangem a coluna d' água em direção à costa entre suas extremidades até o

Santuário Ecológico. Ainda na Ilha das Cabras, o setor se sobrepõe parcialmente à

Área de Interdição à Pesca Federal (criada pela Portaria SUDEPE 08 / 1979), cujo

59

perímetro é definido pela distância de 20 metros no entorno da Ilha das Cabras (20m a

partir das linhas de base reta tomadas das partes mais avançadas da ilha).

Os objetivos e metas deste setor é proteger as potenciais zonas de descanso e

nidificação de aves marinhas na região; proteger ambientes marinhos frágeis; proteger

as rotas das embarcações artesanais dos moradores do Arquipélago de Ilhabela, bem

como as áreas de usos tradicionais, priorizando a exploração econômica pelos

moradores locais e garantindo a subsistência das comunidades tradicionais caiçaras.

Este setor também se aplica a outras Ilhas e Ilhotes do Parque Estadual, sendo que os

objetivos de exploração econômica por moradores locais foi pensado para o entorno

das demais estruturas insulares do arquipélago, especialmente as Ilhas de Búzios e

Vitória, onde vivem comunidades tradicionais caiçaras que utilizam o entorno das Ilhas

intensamente para a pesca e fundeio de embarcações.

Atividades e Usos Permitidos, conforme o conteúdo do Plano:

I- Todas aquelas compatíveis com o previsto no ZEE/GERCO e na

regulamentação associada à APA Marinha do Litoral Norte (Resolução SMA nº

69/2009 e correlatos), sendo que em caso de sobreposição, predomina sempre o

regramento mais restritivo;

II- Pesquisa científica e educação ambiental relacionadas à conservação da

biodiversidade;

III- Manejo sustentável de recursos marinhos, desde que previsto em Plano de

Manejo específico, aprovado pelos órgãos competentes, em conformidade com as

normativas legais vigentes;

IV- Pesca artesanal e amadora;

V- Extrativismo de subsistência;

VI- Turismo sustentável, turismo náutico, esportes náuticos, arqueologia

subaquática e turismo cultural, estruturado e regrado em conjunto com as comunidades

tradicionais;

VII- Aqüicultura marinha de baixo impacto, (no caso de mariculturas, máximo

20.000m2 de linha d´agua, para psiculturas, deverá ser observada legislação vigente

específica) observando o uso dos recursos naturais e do território efetuado pelas

comunidades tradicionais e incentivando-as na realização de tais práticas das mesmas

nas atividades;

60

VIII- Nas propriedades onde não houver acesso terrestre, será permitida a

implantação de estruturas náuticas que não necessitem de aterros, dragagem, rampas,

desmonte de pedras; construção de proteção contra ondas e marés. Apresentem a partir

da parte seca sobre as águas comprimento máximo total de até 20m, até 3m de largura,

podendo apresentar paralelamente à parte seca uma plataforma de atracação de até

5m de comprimento e de até 3m de largura, não possuindo construções e edificações

conexas na parte seca;

IX- Instalação de sinalização de áreas de restrição. Tais normativas devem ser

objeto de aviso aos navegantes, pela Marinha do Brasil, bem como de fiscalização pela

Polícia Ambiental.

X- É permitido o mergulho contemplativo no entorno das ilhas. O desembarque

será permitido de forma organizada conforme acordo/deliberações do parque com as

populações tradicionais.

Atividades e Usos não Permitidos

I- Atividades e Usos proibidos pelo ZEE e APA Marinha Litoral Norte (Resolução

SMA 69/2009).

II- Pesca de arrasto por sistema de parelhas de barco;

III- Pesca com compressor de ar ou outro equipamento de sustentação;

IV- Pesca amadora em desacordo com a maior restrição legal vigente;

V- Atividades, competições, eventos e similares, de pesca subaquática, sem

autorização do órgão gestor da UC;

VI- Outras atividades que venham impactar a pesca artesanal e o refúgio de aves

migratórias, bem como a nidificação e alimentação da avifauna marinha;

VII- Disposição de como de água de lastro e outros resíduos provenientes de

limpeza, troca de óleo e manutenção de embarcações de todo porte;

VIII- Introdução de espécies exóticas;

IX- Obras, empreendimentos e/ou atividades que provoquem contaminação da

água, mortandade de fauna marinha, incluindo aves marinhas e migratórias, bem como

impacto na paisagem. Caso pairem dúvidas acerca dos possíveis impactos, o órgão

licenciador deverá consultar o órgão gestor das UCs.

61

X- No perímetro de 20 metros ao redor da Ilha das Cabras (no canal de São

Sebastião), deverão ser respeitadas as restrições estabelecidas pela Portaria SUDEPE

08 / 1979, que estabeleceu Área de Interdição à Pesca Federal.

Diretrizes específicas:

Demarcar de forma georreferenciada os pontos de fundeio de embarcações;

Demarcar os locais de fundeio de barcos de uso comercial bem como as áreas

de mergulho;

Efetuar o credenciamento de barcos de uso comercial;

Limitar a prática de pesca amadora, respeitando as artes de pesca dos

moradores tradicionais;

Disciplinar, de forma participativa, a pesca submarina com os atores envolvidos

contemplando as áreas de restrição;

Estruturar as atividades de turismo a partir de regramento estabelecido de

forma participativa com as comunidades tradicionais;

Incentivar as comunidades tradicionais à realização de práticas de maricultura

de baixo impacto;

Considerar o uso do território marinho nos estudos de recategorização, no caso

das Ilhas da Vitoria e dos Búzios;

Articular com as associações de pesca submarina e outros atores relacionados

objetivando o estabelecimento de boas práticas para a pesca submarina; em

consoância com o diagnóstico de pesca amadora em elaboração pela APAMLN.

Disciplinar e controlar a disposição dos resíduos da limpeza de peixe;

Formulação de Plano de Contingencias e de Gestão de Riscos de derramamento

e vazamento de óleo e gás.

Justificativa: As ilhas pertencentes ao Arquipélago de Ilhabela possuem grande

relevância socioambiental na medida em que determinadas espécies e usos que

ocorrem nessas áreas podem interferir na qualidade ambiental do PEIb. Como

exemplo, podem ser citadas ilhas que são utilizadas como descanso ou para nidificação

de aves marinhas e migratórias. Além disso, essas áreas suportam usos como pesca

amadora, pesca subaquatica, visitação etc que podem exercer influência direta sobre a

62

UC, seja através das embarcações que utilizam a área, das populações usuárias etc.

Dessa forma, os usos permitidos nessas áreas devem ser regulamentados de modo a

garantir sua conservação e, consequentemente, garantir que os processos ecológicos

relacionados à UC sejam preservados.”

A Zona de Amortecimento do PEIb foi criada para minimizar os impactos ambientais à

unidade e sua setorização foi feita com base em instrumentos legais já existentes. Por

isso, as normas dos setores acima descritos reforçam restrições estabelecidas pela

Portaria SUDEPE, o ZEE, e o Santuário Ecológico Municipal, cujo conteúdo será

exposto a seguir. O Plano de Manejo, nesta área, de forma geral não estabelece novas

restrições, mas sim reforça as pré existentes e integra os diferentes instrumentos e

detalha diretrizes e normas”.

9.2.4 Análise da integração e sobreposição dos instrumentos legais incidentes no

território objeto do presente estudo:

A existência de pelo menos quatro instrumentos de proteção legal incidentes na

área marinha, objeto do presente estudo – 1. Área de Interdição de Pesca Federal, 2.

Zoneamento Ecológico e Econômico Estadual, 3. Zona de Amortecimento do Parque

Estadual de Ilhabela e 4. Santuário Ecológico Municipal da Ilha das Cabras, indica que

se trata de uma área de especial interesse para a conservação. A partir da leitura das

justificativas que ensejaram a criação dos instrumentos de proteção e as normas por eles

estabelecidas, percebe-se a recorrente citação da área como de relevância ecológica para

a proteção de espécies de aves marinhas e migratórias, da mesma com o objetivo de

possibilitar o repovoamento de diversas espécies de peixes, incluindo os de importância

comercial, e a regeneração de criadouros naturais da fauna marinha.

As diretrizes de uso apontam para a conservação dos atributos naturais, culturais

e paisagísticos; para o incentivo de atividades de uso indireto e para um uso direto

restrito e em certos perímetros, proibidos.

É tratado em caráter de destaque, o potencial da área para o mergulho

contemplativo como principal atividade turística de baixo impacto.

Pela incidência dos instrumentos legais acima citados, na área marinha objeto do

presente estudo para a criação de UC, já são restritos tipos de pesca e captura de

organismos, conforme segue:

63

• Proibida pesca em escala comercial e de peixes de “aquário” na área do

Santuário Ecológico - Decreto Municipal 953.92;

• Proibida a pesca amadora (em toda a costa do canal de São Sebastião - pelo

Decreto Municipal 953.92)

• Reforçadas as proibições do Santuário Ecológico, preforçada proibição de pesca

submarina, estendendo-as até a Ilha da Prainha nos 50m de distância da costa - Plano de

Manejo do Parque Estadual.

Ainda, pelos instrumentos abaixo, já são proibidas integralmente atividades de

pesca e captura de organismos nos seguintes perímetros, e nos seguintes termos:

• Proibida toda arte de pesca e captura (exceto para pesquisas) na Área de

Interdição de Pesca Federal – Portaria SUDEPE 08/79;

• Reforçadas as proibições da Área de Interdição Federal- Plano de Manejo do

Parque Estadual.

A análise integrada destes instrumentos jurídicos, considerando a sobreposição e

justaposição de perímetros protegidos legalmente e com atributos ambientais de alta

relevância para a conservação, confirmam a vocação da área para a criação de uma

unidade de conservação que possa abranger, num perímetro único e contínuo, o mosaico

de áreas protegidas existentes, acima descritas. A criação da Unidade de Conservação

proporcionará a facilitação do ordenamento das atividades existentes nesta área

marinha, já com uma proposta setorizada baseada nas normas vigentes, bem como

proporcionará a cooperação entre os órgãos gestores e fiscalizadores que atuam desta

região.

10 JUSTIFICATIVA TÉCNICA E CONSIDERAÇÕES FINAIS

A unidade de conservação de proteção integral categoria “Parque Natural

Marinho Municipal” que possui proposta de implantação na área que se inicia no bairro

do Piúva e se estende até o ilhote da Praia Grande – incluindo somente a porção

marinha, costões e praias, exceto ao sul da Praia do Sérgio onde os costões e as praias

são excluídas – é uma medida necessária para a conservação e preservação de um dos

ecossistemas mais diversos e importantes de todo o litoral norte de São Paulo.

Alcançando cerca de 400m canal adentro, a área de proteção será capaz de

proteger diversos microhabitats, espécies de peixes, invertebrados marinhos, aves, algas,

baleias, golfinhos, toninhas, tartarugas-marinhas, dentre outras espécies que utilizam a

64

região como zona de alimentação, reprodução, nidificação, passagem ou mesmo como

residência.

Várias espécies utilizam a área como berçário, ou seja, consideram a região um

abrigo seguro onde podem depositar seus ovos e garantir uma maior chance de

sobrevivência da prole. Diversas dessas espécies merecem atenção especial porque

aparecem dentro da lista nacional (produzida pelo Ministério do Meio Ambiente) e

internacional (produzida pela IUCN) de animais ameaçados de extinção, tais como

neon-gobi (Elacatinus fígaro), a garoupa-nevada (Hyporthodus niveatus) e o peixe-

papagaio (Sparisoma frondosum) que são classificadas como “Vulnerável” pela lista

brasileira e a garoupa-verdadeira (Epinephelus marginatus) considerada “Em Perigo de

Extinção” pela lista internacional. Preservar a região significa garantir que as próximas

gerações dessas e de outras espécies cheguem à vida adulta e possam reestabelecer o

equilíbrio ecológico através de sua perpetuação.

Além das espécies ameaçadas, outras utilizam a área da mesma maneira, porém

apresentam uma importância diferente para a dinâmica local. Badejos, robalos, tainhas,

espadas, e diversas outras espécies fundamentais para a pesca e economia regional, se

reproduzem na área proposta. Os impactos causados através das atividades de

navegação comercial, pesca predatória, exploração de petróleo e gás, saneamento,

ocupação, fluxo de turismo e falta de cobertura vegetal marginal colocam em risco a

disponibilidade do recurso pesqueiro afetando significativamente a economia de

diversos grupos populacionais e comunidades tradicionais que dependem da exploração

do pescado para sua subsistência e geração de renda. Assim, a criação da unidade de

conservação garante a proteção das espécies ameaçadas de extinção,a maior

disponibilidade de recursos pesqueiros e consequentemente, melhoria da qualidade de

vida das pessoas que dependem desses recursos. Vários estudos comprovam que áreas

aquáticas protegidas são um importante instrumento de gestão pesqueira (Ministério do

Meio Ambiente, 2007), visto que, ao serem conservadas, essas áreas produzem grande

biodiversidade e densidade de espécies, fazendo com que essas espécies “transbordem”

para outras áreas, onde sua pesca é permitida. Tal dinâmica pode melhorar a qualidade

do pescado para a comunidade dependente desse recurso

Outro grupo populacional beneficiado com a criação da unidade de conservação

será o setor de turismo que explora a área com mergulhos contemplativos. A

conservação da região assegura que a biodiversidade local possa se manter e

65

multiplicar, e, sendo um ambiente protegido e menos sujeito à agressões, possa agir

funcionalmente como um abrigo seguro para residência das espécies. Com a melhoria

no desenvolvimento da comunidade ecológica local, há o aumento do potencial para que

a área represente importante atrativo turístico para o município de Ilhabela. Dessa

forma, todo o setor de turismo, incluindo agências de mergulho, hotéis, restaurantes e a

população direta e indiretamente envolvida, terão um forte incentivo alavancando a

economia e, consequentemente, desenvolvendo o meio socioeconômico local.

Recentemente, um trabalho desenvolvido na região (ver Fernandes, 2015)

indicou a presença de tartarugas-marinhas que utilizam o local como área de

alimentação, repouso e desenvolvimento e, mais surpreendentemente, abriga indivíduos

de tartarugas-de-pente adultos residentes na praia do Portinho. Locais de residência de

animais adultos dessa espécie não haviam sido documentados na região Sudeste do País

até o momento e é um importante registro, pois indica que a área oferece alimento e

descanso de boa qualidade para esses animais A tartaruga-de-pente é uma espécie

classificada como “Criticamente Ameaçada de Extinção” pela lista da International

Union for Conservation of Nature (IUCN).

Dentre as principais ameaças às tartarugas-marinhas, associadas a impactos

humanos, encontram-se: ingestão de resíduos antrópicos, confundidos com seu

alimento; emaranhamento em redes de pesca, causando morte por afogamento; colisão

com embarcações que navegam irregularmente na região, provocando injúrias ou até

amputação de membros, entre outros. O mesmo estudo indicou a importância de se criar

uma unidade de conservação no local para garantir a sobrevivência das tartarugas-

marinhas desta região caracterizada como área de alimentação e assim, contribuir para o

equilíbrio ambiental, bem como para o turismo local que pode utilizar a imagem desses

animais para representar o ecossistema marinho e a conservação de outras espécies,

atuando como espécie-bandeira.

Além de toda importância ecológica e econômica que a região possui, a lei do

Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC, lei federal 9985/2000)

determina que todas as áreas protegidas criadas anteriormente a publicação da lei devem

ser reavaliadas e recategorizadas de acordo com as novas categorias criadas. O decreto-

lei 4340/2002 determinou que é responsabilidade da esfera do poder público criador da

área protegida, a iniciativa de recategorização. Atualmente, a área é considerada

Santuário Ecológico Marinho, mas as ações de fiscalização e melhoramento ambiental

66

são escassas. Através da nova proposta, busca-se aumentar a qualidade ambiental

reforçando tais serviços e criando novas maneiras de enriquecer o ambiente. Também é

proposta uma ampliação da área de proteção para incluir o ilhote localizado na Praia

Grande, sendo que, nesse local, a espécie ameaçada de extinção Trinta-réis-de-bico-

vermelho utiliza as rochas para fazer seus ninhos e proteger seus filhotes.

As áreas protegidas são importantes tanto do ponto de vista ecológico quanto

social, pois mantém a diversidade e a variação genética de espécies dos ecossistemas e

dos processos ecológicos essenciais, a beleza cênica do lugar e conservam o estoque de

material genético e a quantidade de espécies de fauna e flora economicamente

importantes ao homem, tais como: plantas medicinais, recursos alimentícios, entre

outras. Esses recursos naturais são também importantes ao bem-estar social, pois podem

ser aplicados como alternativas educacionais e recreativas. Além disso, fornecem

benefícios para as economias locais e nacionais, por meio do turismo ecológico,

produção de medicamentos e rendimentos do uso sustentável dos recursos naturais

(BRAGA et al, 2008). Essas áreas contribuem para o desenvolvimento do país

estimulando o conhecimento científico e ambiental, criando cadeias produtivas de bens

e serviços e gerando pólos de desenvolvimento sustentável, que melhoram a qualidade

de vida e ambiental da população local e nacional (GURGEL et al., 2011).

De maneira geral, a implantação da unidade de conservação de proteção integral

categoria “Parque Natural Marinho Municipal” garantirá, através da proteção de um

ecossistema, a manutenção da riqueza e abundância de espécies, garantirá o aumento e

conservação dos recursos pesqueiros, auxiliando grupos populacionais que dependem

destes direta ou indiretamente, fomentando o turismo e atendendo a uma normativa

legal que incide sobre o município.

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

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ANEXO 1

Lista de espécies levantadas no estudo realizado por Netto (2006) e suas classificações

quanto à ameaça de extinção pela MMA (2014) e IUCN (2015).

Espécies - Nome científico

Categoria

de ameaça

IUCN MMA

Classe Asteroidea

Ordem Paxillosida

Família Astropectinidae

Astropecten articulatus - VU

Astropecten brasiliensis - VU

Astropecten marginatus - VU

Familia Luidiidae

Luidia alternata - -

Luidia clathrata - -

Luidia senegalensis - VU

Ordem Spinulosida

Família Echinasteridae

Echinaster brasiliensis - -

Ordem Forcipulatida

Família Asteriidae

Coscinasterias tenuispina - VU

Ordem Valvatida

Família Asterinidae

Isostichopus badionotus LC -

Família Oreasteridae

Oreaster reticulatus - VU

Classe Crinoidea

Ordem Comatulida

Família Tropiometridae

Tropiometra carinata - -

Classe Echinoidea

Ordem Cidaroida

Família Cidaridae

Eucidaris tribuloides - -

72

Ordem Phymosomatoida

Família Arbaciidae

Arbacia lixula - -

Ordem Echinoida

Família Echinometridae

Echinometra lucunter - -

Família Toxopneustidae

Lytechinus variegatus - VU

Família Parechinidae

Paracentrotus gaimardi - -

Ordem Clypeasteroida

Família Clypeasteridae

Clypeaster subdepressus - -

Família Melltidae

Encope emarginata - -

Mellita quinquiesperforata - -

Família Brissidae

Plagiobrissus grandis - -

Classe Holothuroidea

Ordem Apodida

Família Chiridotidae

Chiridota rotifera - -

Família Synaptidae

Protankyra benedeni - -

Synaptula hydriformis - -

Synaptula secreta - CR

Ordem Dendrochirotida

Familia Cucumariidae

Duasmodactyla seguroensis - -

Ocnus surinamensis - -

Família Phylophoridae

Thyone pawsoni - -

Ordem Aspidochirotida

Família Stichopodidae

Isostichopus badionotus LC -

Família Holothuriidae

Holothuria grisea LC -

Holothuria surinamensis LC -

Classe Ophiuroidea

Ordem Ophiurida

Família Amphiuridae

Amphiodia planispina - -

Amphiodia pulchella - -

Amphiodia atra - -

Amphiodia riisei - -

73

Amphioplus lucyae - -

Amphiura flexuosa - -

Amphiura joubini - -

Amphiura kinbergiensis - -

Amphiura stimpsoni - -

Amphipholis januarii - -

Amphipholis squamata - -

Amphipholis subtilis - -

Nudamphiura carvalhoi - -

Ophiocnida scabriuscula - -

Ophiophragmus luetkeni - -

Ophiophragmus pulcher - -

Ophiophragmus wurdemani - -

Família Ophiactidae

Hemipholis elongata - -

Ophiactis brasiliensis - -

Ophiactis lymani - -

Ophiactis savignyi - -

Família Ophiodermatidae

Ophioderma appressum - -

Ophioderma cinereum - -

Ophioderma januarii - -

Família Ophionereididae

Ophionereis reticulata - -

Família Ophiuridae

Ophioplocus januarii - -

Ophiolepis elegans - -

Família Ophiothricidae

Ophiothrix angulata - -

Ophiothrix rathbuni - -

Lista de espécies levantadas no estudo realizado por Migotto (1996) e suas

classificações quanto à ameaça de extinção pela MMA (2014) e IUCN (2015).

Espécies - Nome científico

Categoria

de ameaça

IUCN MMA

Aglaophenia latecarinata - -

Amphinema rugosum - -

Asyncoryne ryniensis - -

Bimeria vestita - -

Bougainvillea rugosa - -

74

Cladocoryne floccosa - -

Cladonema radiatum - -

Clytia gracilis - -

Clytia hemisphaerica - -

Clytia hummelincki - -

Clytia linearis - -

Corydendrium parasiticum - -

Coryne producta - -

Diphasia tropica - -

Dynamena crisioides - -

Dynamena dalmasi - -

Dynamena disticha - -

Dynamena quadridentada - -

Ectopleura dumortierii - -

Ectopleura warreni - -

Halecium bermudense - -

Halecium delicatulum - -

Halecium dichotomum - -

Halecium dyssymetrum - -

Halecium tenellum - -

Halopteris buskii - -

Halopteris constricta - -

Halopteris diaphana - -

Hebella scandens - -

Idiellana pristis - -

Leuckartiara octona - -

Lytocarpia tridentata - -

Macrorhynchia philippina - -

Monostaechas quadridens - -

Monotheca margaretta - -

Nemalecium lighti - -

Obelia bidentata - -

Obelia dichotoma - -

Obelia geniculata - -

Ophiodissa spec. - -

Orthopyxis sargassicola - -

Pennaria disticha - -

Plumularia floridana - -

Plumularia strictocarpa - -

Scandia mutabilis - -

Sertularella conica - -

Sertularella cylindritheca - -

Sertularia distans - -

Sertularia loculosa - -

Sertularia marginata - -

75

Sertularia rugosissima - -

Sertularia turbinata - -

Stylactaria hooperii - -

Stylactaria spec. - -

Thyroscyphus ramosus - -

Turritopsis nutricula - -

Ventromma halecioides - -

Zanclea costata - -

Zyzzyzus warreni - -

Lista de espécies levantadas no estudo realizado por Pires-Vanin (2013) e suas

classificações quanto à ameaça de extinção pela MMA (2014) e IUCN (2015).

Espécie - Nome Científico Categoria de ameaça

IUCN MMA

Polychaeta

Aricidea taylori - -

Chone insularis - -

Cirrophorus americanus - -

Exogone arenosa - -

Lumbrinereis tetraura - -

Magelona posterenlongata - -

Neanthes bruaca - -

Mollusca

Caecum pulchellum - -

Caecum striatum - -

Corbula caribea - -

Sipuncula

Aspidosiphon gosnoldi - -

Crustacea

Ampelisciphotis podophthalma - -

Apanthura sp. - -

Hexapanopeus paulensis - -

Hexapanopeus schmitti - -

Microphoxus cornutus - -

Phoxocephalopsis zimmeri - -

Saltipedis paulensis - -

Echinodermata

Amphiodia atra - -

Edwarsia sp. - -

Hemipholis elongata - -

Ophiactis lymani - -

Ophioderma januarii - -

76

Chordata

Branchiostoma platae - -

Lista de espécies levantadas no estudo realizado por Marques (2013) e suas

classificações quanto à ameaça de extinção pela MMA (2014) e IUCN (2015).

Espécie - Nome científico

Categoria

de

ameaça

IUCN MMA

Annelida

Dorvillea sociabilis - -

Eunice rubra - -

Oenone fulgida - -

Hesione picta - -

Perinereis anderssoni - -

Pseudonereis palpata - -

Syllis variegata - -

Branchiomma patriota - -

Branchiomma luctuosum - -

Sabellastarte sp. - -

Hydroides sp. - -

Chaetopterus sp. - -

Polydora colonia - -

Cirriformia punctata - -

Nicolea uspiana - -

Naineris laevigata - -

Ascidiacea -

Clavelina oblonga - -

Aplidium accarense - -

Polyclinum constellatum - -

Aplidiopsis sp. - -

Distaplia bermudensis - -

Distaplia stylifera - -

Didemnum perlucidum - -

Diplosomo listerianum - -

Lissoclinum fragile - -

Trididemnum orbiculatum - -

Phallusia nigra - -

Ascidia cf. multitentaculata - -

Ascidia sydneiensis - -

Botrylloides giganteum - -

77

Botrylloides nigrum - -

Symplegma brakenhielmi - -

Symplegma rubra - -

Eusynstyela sp. - -

Polyandrocarpa anguinea - -

Polyandrocarpa zorritensis - -

Styela canopus - -

Styela plicata - -

Herdmania pallida - -

Microcosmus exasperatus - -

Bryzoa

Aetea anguina - -

Aetea sp. - -

Electra tenella - -

Biflustra arborescens - -

Biflustra denticulata - -

Catenicella uberrima - -

Savignyella lafontii - -

Hippopodina feegeensis - -

Microporella sp. - -

Schizoporella pungens - -

Schizoporella sp. - -

Parasmittina sp. - -

Watersipora subtorquata - -

Antropora leycocypha - -

Bugula neritina - -

Bugula stolonifera - -

Scrupocellaria aff. diadema - -

Scrupocellaria sp. - -

Synnotum aegyptiacum - -

Nellia oculata - -

Alcyonidium sp. - -

Aeverrilia setigera - -

Arachnoidella evelinae - -

Amathia brasiliensis - -

Amathia distans - -

Amathia sp. - -

Bowerbankia maxima - -

Zoobotryon verticillatum - -

Anguinella palmata - -

Nolella sawayai - -

Nolella sp. - -

Sundanella sp. - -

Victorella sp. - -

Crisia pseudosolena - -

78

Cnidaria

Bunodosoma caissarum - -

Astrangia sp. - -

Carijoa riisei - -

Bougainvillia muscus - -

Eudendrium caraiuru - -

Eudendrium carneum - -

Corydendrium parasiticum - -

Turritopsis nutricula - -

Acharadria crocea - -

Zyzzyzus warreni - -

Aglaophenia latecarinata - -

Macrorhynchia philippina - -

Clytia gracilis - -

Obelia bidentata - -

Obelia geniculata - -

Lafoeina amirantensis - -

Halecium ?tenellum - -

Nemalecium lighti - -

Halopteris diaphana - -

Hebella furax - -

Plumularia strictocarpa - -

Dynamena disticha - -

Idiellana pristis - -

Sertularia marginata - -

Sertularia turbinata - -

Crustacea

Amphibalanus amphitrite - -

Amphibalanus improvisus - -

Amphibalanus reticulatus - -

Balanus trigonus - -

Megabalanus coccopoma - -

Megabalanus tintinnabulum - -

Chthamalus proteus - -

Newmanella radiata - -

Tetraclita stalactifera - -

Periclimenes longicaudatus - -

Thor manningi - -

Synalpheus sp. - -

Pachycheles monilifer - -

Pisidia brasiliensis - -

Stenorhynchus seticornis - -

Microphrys bicornutus - -

Epialtus bituberculatus - -

Pilumnus quoii - -

79

Pilumnus dasypodus - -

Pachygrapsus transversus - -

Barentsia capitata - -

Sangavella vineta - -

Mollusca

Perna perna - -

Brachidontes exustus - -

Brachidontes solisianus - -

Myoforceps aristatus - -

Isognomon bicolor - -

Pteria hirundo - -

Pinctada imbricata - -

Sphenia antillensis - -

Collisella subrugosa - -

Diodora dysoni - -

Littorina ziczac - -

Littorina flava - -

Anachis sertulariarum - -

Mitrella dichroa - -

Stramonita brasiliensis - -

Lista de espécies levantadas no estudo realizado pelo Projeto ECOPERE-SE e suas

classificações quanto à ameaça de extinção pela MMA (2014) e IUCN (2015).

Espécie - Nome científico

Categoria de

ameaça

IUCN MMA

Abudefduf saxatallis - -

Acanthostracion polygonius - -

Acanthostracion quadricornis - -

Acanthurus bahianus LC -

Acanthurus chirurgus LC -

Acanthurus coeruleus LC -

Aetobatus narinari NT -

Aluterus monoceros - -

Aluterus scriptus - -

Anchoviella lepidentostole - -

Anisotremus surinamensis - -

Anisotremus virginicus - -

Antennarius multiocellatus - -

Apogon americanus - -

80

Apogon pseudomaculatus LC -

Archamia macroptera - -

Archosargus rhomboidalis LC -

Astrapogon puncticulatus LC -

Astroscopus y-graecum - -

Balistes vetula VU -

Bodianus pulchellus LC -

Bodianus rufus LC -

Bothus ocellatus - -

Calamus penna LC -

Callionymus bairdi - -

Cantherhines macrocerus - -

Cantherhines pullus - -

Canthigaster figueiredoi LC -

Caranx latus - -

Centropomus ensiferus LC -

Centropomus parallelus LC -

Centropomus pectinatus LC -

Centropomus undecimalis LC -

Chaetodipterus faber - -

Chaetodon sedentarius LC -

Chaetodon striatus LC -

Chilomycterus spinosus spinosus - -

Chloroscombrus chrysurus - -

Chromis limbata - -

Chromis multilineata - -

Coryphopterus glaucofraenum LC -

Cosmocampus albirostris - -

Cryptotomus roseus LC -

Cynoscion leiarchus LC -

Dactylopterus volitans - -

Dasyatis americana DD -

Dasyatis say LC -

Decapterus macarellus - -

Diodon hystrix - -

Diplectrum formosum LC -

Diplodus argenteus argenteus - -

Doratonotus megalepis LC -

Elacatinus figaro - VU

Emblemariopsis signifer LC -

Epinephelus itajara CR CR

Epinephelus marginatus EN VU

Epinephelus morio NT VU

81

Eugerres brasilianus LC -

Fistularia tabacaria - -

Gobiesox barbatulus LC -

Gobiosoma hemigymnum - -

Gymnothorax funebris LC -

Gymnothorax moringa LC -

Gymnothorax vicinus LC -

Gymnura altavela VU CR

Haemulon aurolineatum DD -

Haemulon plumierii - -

Haemulon steindachneri LC -

Halichoeres bivittatus LC -

Halichoeres brasiliensis DD -

Halichoeres poeyi LC -

Harengula clupeola - -

Hippocampus reidi DD VU

Holacanthus ciliaris LC -

Holacanthus tricolor LC -

Holocentrus adscensionis - -

Hypleurochilus brasil - -

Hyporthodus nigritus CR -

Hyporthodus niveatus VU VU

Kyphosus incisor - -

Kyphosus sectatrix - -

Labrisomus nuchipinnis LC -

Lactophrys bicaudalis - -

Lutjanus analis VU -

Lutjanus apodus - -

Lutjanus griseus - -

Lutjanus synagris - -

Malacoctenus delalandii LC -

Micrognathus crinitus - -

Micropogonias furnieri - -

Mugil curema LC -

Mugil platanus - -

Mycteroperca acutirostris LC -

Mycteroperca bonaci NT VU

Myrichthys ocellatus LC -

Ocyurus chrysurus - -

Odontoscion dentex LC -

Ogcocephalus vespertilio - -

Oligoplites saliens - -

Ophichthus ophis LC -

82

Opistognathus aurifrons LC -

Orthopristis ruber - -

Parablennius marmoreus LC -

Parablennius pilicornis LC -

Paraclinus rubicundus LC -

Pareques acuminatus LC -

Pempheris schomburgkii - -

Phaeoptyx pigmentaria LC -

Pomacanthus paru LC -

Prionotus punctatus - -

Pseudupeneus maculatus - -

Ptereleotris randalli LC -

Rhinobatos spp. ? VU

Sardinella janeiro - -

Scartella cristata LC -

Scarus coeruleus LC -

Scarus iseri LC -

Scarus taeniopterus LC -

Scarus zelindae DD VU

Scomberesox saurus saurus - -

Scorpaena plumieri LC -

Selene setapinnis - -

Selene vomer - -

Seriola dumerili - -

Serranus baldwini LC -

Serranus flaviventris LC -

Sparisoma amplum LC -

Sparisoma axillare DD VU

Sparisoma chrysopterum LC -

Sparisoma frondosum DD VU

Sparisoma rubripinne LC -

Sparisoma tuiupiranga LC -

Sparisoma viride LC -

Sphoeroides greeleyi LC -

Sphoeroides spengleri LC -

Sphoeroides testudineus LC -

Sphyraena barracuda - -

Stegastes fuscus LC -

Stegastes pictus - -

Stegastes variabilis - -

Stephanolepis hispidus - -

Synodus intermedius - -

Trachinotus falcatus - -

83

Trachurus lathami - -

Tylosurus acus acus - -

Ulaema lefroyi LC -

Upeneus parvus - -