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Exposição a ruído e hipertensão arterial: investigação de uma relação silenciosapor Tatiana Cristina Fernandes de Souza Dissertação apresentada com vistas à obtenção do título de Mestre em Ciências na área de Saúde Pública. Orientadora principal: Prof.ª Dr.ª Marisa Moura Segundo orientador: Prof. Dr. Andre Reynaldo Santos Périssé Rio de Janeiro, novembro de 2010.

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“Exposição a ruído e hipertensão arterial: investigação de uma relação

silenciosa”

por

Tatiana Cristina Fernandes de Souza

Dissertação apresentada com vistas à obtenção do título de Mestre em

Ciências na área de Saúde Pública.

Orientadora principal: Prof.ª Dr.ª Marisa Moura

Segundo orientador: Prof. Dr. Andre Reynaldo Santos Périssé

Rio de Janeiro, novembro de 2010.

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Esta dissertação, intitulada

“Exposição a ruído e hipertensão arterial: investigação de uma relação

silenciosa”

apresentada por

Tatiana Cristina Fernandes de Souza

foi avaliada pela Banca Examinadora composta pelos seguintes membros:

Prof. Dr. Paulo Mauricio Campanha Lourenço

Prof.ª Dr.ª Márcia Lazaro de Carvalho

Prof.ª Dr.ª Marisa Moura – Orientadora principal

Dissertação defendida e aprovada em 04 de novembro de 2010.

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Catalogação na fonte

Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica

Biblioteca de Saúde Pública

S729 Souza, Tatiana Cristina Fernandes de

Exposição a ruído e hipertensão arterial: investigação de uma

relação silenciosa. / Tatiana Cristina Fernandes de Souza. Rio de

Janeiro: s.n., 2010.

x,85 f., il., tab.

Orientador: Moura, Marisa

Périssé, André Reynaldo Santos

Dissertação (Mestrado) – Escola Nacional de Saúde Pública Sergio

Arouca, Rio de Janeiro, 2010

1. Ruído Ocupacional. 2. Saúde do Trabalhador. 3. Hipertensão.

4. Indústria Petroquímica. 5. Exposição Ocupacional. 6. Fatores de

Risco. I. Título.

CDD - 22.ed. – 363.74

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ii

AGRADECIMENTOS

À minha orientadora Marisa Moura que me acolheu de forma amiga, calorosa e

firme, me auxiliando com dedicação durante todas as etapas de um novo caminho.

Ao orientador André Reynaldo Santos Périssé por seu precioso apoio e pelas

importantes sugestões na elaboração da dissertação.

Ao Darci Garios, generoso chefe que acreditou na pesquisa e deu fundamental

apoio para que ela pudesse ser realizada.

Ao Dr. Sérgio Bastos, que possibilitou o acesso aos dados pesquisados.

À eterna professora, chefe e amiga Swami Lopes de Souza que sempre me

incentivou e a quem devo uma grande parcela do meu desenvolvimento profissional.

Ao meu marido Ricardo, companheiro de todas as horas e para toda vida, que

tanto me ouviu e ajudou. Suas opiniões e conselhos foram da maior importância durante

toda a jornada.

Aos meus amigos de turma com quem estudei, me diverti e aprendi.

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iii

RESUMO

O ruído é o agente mais freqüentemente associado às alterações na saúde dos

trabalhadores e é também o risco ocupacional mais universalmente distribuído. No

Brasil, mais da metade dos trabalhadores de indústrias são expostos a níveis de ruído

acima dos limites legais. Conseqüentemente, a exposição ao ruído constitui um

problema de saúde pública em nosso meio, principalmente no âmbito da Saúde do

Trabalhador e seu ambiente.

As atividades relacionadas ao refinamento do petróleo expõe os trabalhadores a

elevados níveis de ruído devido, principalmente, ao funcionamento de uma grande

quantidade de máquinas e equipamentos próprios do beneficiamento do petróleo e

também devido às freqüentes obras de modernização, ampliação e manutenção das

instalações.

Os efeitos da exposição ao ruído na audição foram amplamente documentados

por autores nacionais e internacionais e as evidências encontradas nos estudos

epidemiológicos são bastante consistentes. Entretanto, outras alterações na saúde

também podem ser ocasionadas ou agravadas pela exposição ao ruído, como transtornos

digestivos e comportamentais, alterações do sono e dos níveis de cortisol sérico,

transtornos cardiovasculares e também à maior incidência de acidentes de trabalho.

Alterações cardiovasculares e, especificamente, a hipertensão arterial, foram os

efeitos extra-auditivos mais investigados mundialmente. Todavia, o pequeno número de

estudos realizados no Brasil faz com que tal associação seja foco de nova investigação.

Desta forma, investigou-se a associação entre exposição a ruído ocupacional ≥75 dBA e

hipertensão arterial, através de um estudo transversal com dados secundários de saúde e

de exposição ao ruído, de 1729 trabalhadores terceirizados de uma refinaria de petróleo

e gás da cidade do Rio de Janeiro, controlado por variáveis confundidoras. Utilizou-se a

razão de chances (OR) como medida de associação entre exposição a ruído e

hipertensão arterial. Como resultado, verificou-se associação positiva (p < 0,05) entre a

exposição ocupacional ao ruído e hipertensão arterial, independente da associação entre

as outras variáveis estudadas.

Este estudo indica a necessidade de pesquisas que forneçam subsídios para a

melhor proteção à saúde dos trabalhadores, especificamente a determinação de limites

de exposição a ruído ocupacional que contemplem outros efeitos na saúde além dos

transtornos auditivos.

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iv

ABSTRACT

Noise is the agent that is most frequently associated with changes in workers'

health and it is also the most universally distributed occupational risk. In Brazil, more

than half of industrial workers are exposed to noise levels above the legal limit.

Therefore, exposure to noise is a public health issue, especially under the Occupational

Health and its environment.

The activities related to oil refining exposes workers to high levels of noise,

especially, due to the operation of a large quantity of machinery and equipment used on

oil processing and also due to frequent modernization, expansion and maintenance of

facilities.

The effects of exposure to noise in hearing have been widely documented by

national and international authors and the evidence found in epidemiological studies is

quite consistent. However, other changes in health can also be caused or aggravated by

noise exposure, such as digestive and behavioral disorders, sleep disturbances, increase

of serum cortisol levels, cardiovascular disorders and also a higher incidence of

accidents at work.

Cardiovascular changes, specifically hypertension, were the most extra-auditory

effects investigated worldwide. However, the small number of studies conducted in

Brazil makes this association the focus on further research. Thus, we investigated the

association between occupational noise exposure ≥ 75 dBA and hypertension, through a

cross-sectional study with secondary data on health and noise exposure, of 1729

contract workers from an oil refinery and gas in the city of Rio de Janeiro, controlled

for potential confounders. We used odds ratio (OR) as the association measurement

between noise exposure and hypertension. As a result there was a positive association (p

<0.05) between occupational noise exposure and hypertension, independent of

associations among other variables.

This study indicates the need for research that provide better protection for

workers' health, specifically the determination of limits of exposure to occupational

noise that address other health effects beyond the auditory problems.

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v

SUMÁRIO

LISTA DE ANEXOS

LISTA DE TABELAS

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

1. INTRODUÇÃO

1.1. Exposição a ruído – Histórico e Definições 01

1.2. Alterações na saúde causadas pela exposição ao ruído 03

1.3. Hipertensão arterial 04

1.3.1. Fatores de risco 05

1.3.2. Ruído ocupacional e hipertensão arterial 08

1.4. Legislação relacionada ao ruído ocupacional 09

1.5. Trabalho em refinaria de petróleo e gás 11

1.6. Estudos da associação entre exposição a ruído e alterações

extra-auditivas 13

2. JUSTIFICATIVA 20

3. OBJETIVOS 20

4. METODOLOGIA DETALHADA

4.1. Revisão bibliográfica 21

4.2. Desenho do estudo 22

4.3. Local e População de estudo 22

4.4. Avaliação de saúde e dos ambientes de trabalho 23

4.4.1. Avaliação e identificação dos dados de saúde e socioeconômicos 23

4.4.2. Avaliação dos ambientes de trabalho 23

4.4.2.1. Avaliação do ruído 24

4.4.2.2. Avaliação do calor 25

4.5. Definição de caso 25

4.6. Definição de exposição 25

4.7. Análise dos dados 26

5. ARTIGO: “Exposição a ruído e hipertensão arterial: investigação

de uma relação silenciosa”

Resumo 30

Introdução 31

Metodologia 32

Resultados 35

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vi

Discussão 36

Referências bibliográficas 42

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 50

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 52

ANEXOS 62

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vii

LISTA DE ANEXOS

Anexo 1. Quadro de departamentos e funções dos trabalhadores

terceirizados 62

Anexo 2. Norma Regulamentadora n.7 65

Anexo 3. Norma Regulamentador n.9 69

Anexo 4. Norma de Higiene Ocupacional n.1 – Procedimentos de avaliação 73

Anexo 5. Norma Regulamentadora n.15 – anexo 3 77

Anexo 6. Norma de Higiene Ocupacional n.6 – Procedimentos de avaliação 79

Anexo 7. Norma Regulamentadora n.15 – anexo 1 84

Anexo 8. Aprovação do projeto pelo Comitê de Ética da Escola

Nacional de Saúde Pública/FIOCRUZ 85

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viii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Freqüencia das variáveis sociodemográficas, de exposição

ambiental e hipertensão arterial 47

Tabela 2. Análise estatística da associação de hipertensão arterial com

variáveis sociodemográficas e de exposição ambiental 48

Tabela 3. Modelo Final da Regressão Logística 49

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ix

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

a. C. – antes de Cristo

ACGIH – American Conference of Governmental Industrial Higienist

B – bel

CID – Classificação Internacional de Doenças

CLT – Consolidação das Leis do Trabalho

CSO – Centro de Saúde Ocupacional

dB – decibel

dBA – decibel na escala A

DP – Desvio Padrão

EPI – Equipamento de Proteção Individual

FIOCRUZ – Fundação Oswaldo Cruz

FUNDACENTRO – Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do

Trabalho

GLP – Gás de Petróleo Liquefeito

Hz – Hertz

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IBUTG – Índice de Bulbo Úmido e Termômetro de Globo

IMC – Índice de Massa Corporal

INCA – Instituto Nacional do Câncer

INST – Instituto Nacional de Saúde no Trabalho

ISO – International Organization of Standardization

km2 – quilômetros quadrados

LILACS – Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde

MEDLINE – National Library of Medicine

mmHg – milímetros de mercúrio

MS – Ministério da Saúde do Brasil

MTE – Ministério do Trabalho e Emprego

NHO – Norma de Higiene Ocupacional

NIHL – Occupational Noise Induced Hearing Loss

NIOSH – National Institute for Occupational Safety and Health

NPS – Nível de Pressão Sonora

NR – Norma Regulamentadora

OIT – Organização Internacional do Trabalho

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OMS – Organização Mundial da Saúde

OPAS – Organização Pan Americana de Saúde

OSHA – Occupational Safety and Health Administration

PAINPSE – Perda Auditiva Induzida por Níveis de Pressão Sonora Elevados

PAIR – Perda Auditiva Induzida por Ruído

PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional

PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

REM – Rapid Eye Movements

RP – Razão de Prevalência

RR – Risco Relativo

SCIELO – Scientific Eletronic Library Online

SESMT – Serviço de Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho

WHO – World Health Organization

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1

1. INTRODUÇÃO

1.1. Exposição a ruído – Histórico e Definições

A observação dos problemas na saúde advindos da exposição ao ruído existe

desde a antiguidade. Historicamente, a literatura científica indica dois momentos

importantes na observação destes transtornos. O primeiro ocorreu na cidade de Sibaris,

na antiga Grécia (600 a.C.), onde os artesãos que trabalhavam com martelo eram

obrigados a trabalhar fora dos muros da cidade para evitar moléstias aos outros

cidadãos. O outro momento ocorreu no século I, quando Plínio el Viejo escreveu em seu

tratado que inúmeras pessoas que viviam junto às cataratas do rio Nilo sofriam de

surdez 1.

Também importante foi a publicação em 1700, pelo médico italiano Bernardino

Ramazzini, de um dos trabalhos pioneiros sobre doenças ocupacionais que

desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento da Medicina Ocupacional. Em

seu clássico livro “De Morbis Artificum Diatriba”, Ramazzini advertiu que alguns

trabalhadores, como os ferreiros e carpinteiros, tinham um grande risco de surdez

associada ao trabalho 2.

Outro momento importante ocorreu com a Revolução Industrial. Embora tenha

gerado o desenvolvimento de novos meios de transporte e o crescimento das cidades e

das indústrias, determinou múltiplos transtornos à saúde na esfera auditiva, psicológica

e fisiológica 3.

O entendimento da possível relação entre as alterações na saúde e a exposição ao

ruído requer, além de uma breve abordagem da História do Som, a revisão de alguns

conceitos fundamentais que formam a base teórica sobre o qual as discussões do assunto

são usualmente desenvolvidas. Na busca da História do Som, Nepomuceno 4 e Menezes

et al. 5 indicaram que, historicamente, este estudo está relacionado com a Música, arte

exercida desde 4000 a.C. pelos hindus, egípcios, chineses e japoneses. Antes da Idade

Média, Euclides (330-274 a.C.) estudou detalhadamente as cordas e procurou

estabelecer regras relativas à propagação vibratória e a reflexão do som. Entretanto, foi

na segunda metade do século XVII, principalmente com Galileu Galilei, que surgiu uma

nova era de investigações científicas acerca dos fenômenos que caracterizam o som.

Ao final do século XIX e início do século XX, a necessidade de elaboração de

sistemas de comunicação mais eficientes, rápidos e seguros fez com que houvesse um

expressivo progresso no entendimento da acústica. A partir da década de 30 surgiram

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diversas especialidades em Acústica como a Acústica Física e a Psicoacústica, áreas de

conhecimento importantes para o estudo do ruído e seus efeitos.

A distinção entre som e ruído é complexa. Sua definição pode seguir parâmetros

físicos, da Acústica Física, ou parâmetros psicológicos, da Psicoacústica. A Acústica

Física relaciona-se à produção, transmissão e recepção das ondas sonoras e a

Psicoacústica está associada à resposta do sistema auditivo aos estímulos sonoros.

Desta forma, para a Acústica Física o som é composto por vibrações mecânicas

periódicas ou harmônicas (se repetem em iguais intervalos de tempo) que se propagam

em meios materiais sob forma de ondas. A partir do deslocamento dessas ondas ocorre

uma série de compressões e descompressões moleculares cuja amplitude e freqüencia

dão ao som duas de suas propriedades básicas: a altura (expressa em Hertz – Hz) e a

intensidade (expressa em decibel – dB), importantes na pesquisa e medição do som. O

ruído, por sua vez, corresponde a vibrações mecânicas não periódicas ou não

harmônicas, cujas freqüencias não podem ser determinadas 4,6

.

Por outro lado, a Psicoacústica associa o conceito de ruído a um som

desagradável e indesejável. Logo, o seu efeito depende principalmente da atitude do

indivíduo exposto e não somente das suas características como amplitude, freqüencia e

duração 6,7

.

“Para o físico, o som é uma forma de energia vibratória

que se propaga em meios elásticos. Para o psicólogo o

som é uma sensação inerente a cada indivíduo. Ao

fisiologista interessa a maneira pela qual o som caminha

pelas vias auditivas até atingir o cérebro. Se analisarmos

cada uma das respostas dadas, verificaremos que todas

estão corretas, pois cada profissional lida com o conceito

de som de acordo com o interesse e a necessidade de sua

área de conhecimento.”

(Russo, 1999:43)6

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3

Não é possível ouvir sem o fenômeno físico das vibrações mecânicas.

Entretanto, as vibrações que originam o som, a pressão sonora, podem ou não produzir

sensação de audição. No ser humano, o ouvido pode captar uma faixa de freqüencia de

16Hz a 20.000Hz. Para expressar os valores dessas pressões na faixa de audibilidade

humana, em uma escala de fácil utilização, é necessário o uso do decibel (dB). Este é a

décima parte do bel (B), que representa a relação logarítmica entre duas grandezas 4,6

.

A medição do som é realizada com um medidor de nível de pressão sonora

(NPS) em unidades de decibel (dB) na escala A – dBA. Essa é uma escala utilizada para

enfatizar a medida das freqüencias que o ouvido humano é mais sensível (altas

freqüencias) e que minimiza o efeito das freqüencias extremamente altas e baixas (ultra-

sons e infra-sons) 8.

Tanto o conceito subjetivo, Psicoacústica, como o conceito físico, Acústica

Física, do ruído é importante para o estudo dos seus efeitos no organismo humano. A

revisão da literatura evidenciou que os autores estão voltados ora para a percepção que o

indivíduo tem do ruído (conceito subjetivo), ora para o conceito de acústica para o som

e seus componentes (amplitude e freqüencia).

1.2. Alterações na saúde causadas pela exposição ao ruído

O ruído está presente em toda a atividade humana e pode ser classificado como

ruído ambiental ou como ruído ocupacional. O ruído ocupacional é o produzido dentro

do local de trabalho e o ruído ambiental é aquele emitido a partir de qualquer fonte com

exceção dos locais de trabalho (ruído da comunidade, residencial ou doméstico) 9.

No Brasil, mais da metade dos trabalhadores de indústrias são expostos a níveis

de ruído acima dos limites legais. Isto o torna um importante agente de risco

ocupacional, atingindo um grande número de trabalhadores em nosso meio 10,11

. Além

disto, o ruído é o agente mais frequentemente associado às alterações na saúde dos

trabalhadores e é também o risco ocupacional mais universalmente distribuído 12

.

Consequentemente, a exposição ao ruído constitui um problema de saúde pública,

principalmente no âmbito da Saúde do Trabalhador e seu ambiente.

Quando a exposição a níveis elevados de pressão sonora é continuada, em média

85 dBA por 8 horas diárias durante 10 a 15 anos, ocorrem alterações estruturais no

aparelho auditivo que determinam alterações auditivas, mais especificamente a perda

auditiva induzida por ruído (PAIR) 13

. Esta é caracterizada por uma lesão

neurossensorial de instalação lenta, progressiva e irreversível da acuidade auditiva 14

. A

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4

perda auditiva ocasionada pela exposição a ruído no trabalho também é conhecida como

Surdez Profissional, Disacusia Ocupacional, Perda Auditiva por Exposição a Ruído no

Trabalho 15

ou ainda como Perda Auditiva Induzida por Níveis de Pressão Sonora

Elevados (PAINPSE) 16

. O termo Perda Auditiva Ocupacional vem sendo utilizado

desde o início da década de 90, incorporando a PAIR e todas as perdas ocasionadas por

exposições a outros fatores de risco presentes nos ambientes de trabalho 17

como

pressão atmosférica, vibrações, radiações ionizantes, determinados agentes químicos e

agentes biológicos 18

.

A PAIR ocupacional é a forma mais característica das alterações da saúde

relacionadas ao ruído e tem sido estudada por autores nacionais e internacionais

19,20,21,22. Entretanto, outras alterações na saúde também podem ser ocasionadas ou

agravadas pela exposição ao ruído, como transtornos digestivos e comportamentais 23

,

alterações do sono 24

e dos níveis de cortisol sérico 25

, transtornos cardiovasculares 26

,

além de uma maior incidência de acidentes de trabalho 27,28

.

Em 1980, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) reconheceu no

documento „Reunión de Expertos sobre La Reunión de La Lista de Enfermedades

Profesionales‟ a existência de efeitos extra-auditivos do ruído. Porém, alegou não existir

evidências conclusivas para incluir tais efeitos na relação de doenças profissionais sob o

ponto de vista jurídico 10

. No entanto, em 1983 a Organização Mundial da Saúde (OMS)

reconheceu o ruído como um dos fatores de risco para a hipertensão arterial 29

.

1.3. Hipertensão Arterial

A hipertensão arterial é um destacado fator de risco para as doenças

cardiovasculares e tem alta prevalência em todo o mundo. A Organização Mundial de

saúde estimou, em 2002, que 1 bilhão de pessoas apresentavam quadro de hipertensão

arterial e aproximadamente 7 milhões faleciam prematuramente a cada ano 30

. No

Brasil, foram registrados 33.787 óbitos por doenças hipertensivas no ano de 2005 31

.

Além da elevada mortalidade, a hipertensão arterial pode ter outras

complicações que cursam com elevados custos médicos e acarretam sérias

conseqüências sociais. Entre as complicações estão: doença cerebrovascular, doença

arterial coronariana, insuficiência cardíaca, insuficiência renal crônica e doença vascular

de extremidades 32

. Um estudo transversal de base populacional realizado pelo Instituto

Nacional do Câncer (INCA) entre 2002 e 2003 em 15 capitais brasileiras e Distrito

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5

Federal revelou que cerca de 30% da população brasileira apresentava hipertensão

arterial 33

.

A hipertensão arterial é caracterizada pela elevação persistente da pressão

arterial sistólica e/ou diastólica acima de níveis tensionais estabelecidos 18

. A

classificação mais recente é dada no Seventh Report of the Joint Committee on

Prevention, Detection, Evaluation and Treatment of High Blood Pressure que considera

como hipertensão arterial níveis sistólicos iguais ou superiores a 140 mmHg e/ou níveis

diastólicos iguais ou superiores a 90 mmHg em adultos a partir de 18 anos de idade 34

.

Não existe uma causa única para a hipertensão arterial e sim fatores ambientais,

socioeconômicos e alimentares que, atuando sobre uma base genética individual por

determinado período de tempo, provocam ou facilitam a elevação da pressão arterial 35

.

Os fatores de risco mais estudados são idade, sexo, etnia, nível socioeconômico,

obesidade, diabetes, dislipidemia, sedentarismo, alcoolismo e tabagismo 32,36

.

1.3.1. Fatores de risco

Idade

A prevalência de hipertensão arterial aumenta de forma progressiva e linear com

o envelhecimento, principalmente em relação à pressão arterial sistólica isolada 32,37

.

Aproximadamente 70% dos indivíduos com mais de 75 anos são portadores desta

patologia 38

. Lessa, em estudo da população adulta de Salvador, verificou que a

hipertensão arterial apresentou associação significativa com idades ≥40 anos 39

. Feijão

et al. estudaram população urbana de baixa renda e observaram aumento significativo

da prevalência de hipertensão arterial com o aumento da idade. A prevalência foi de

12,48% na faixa etária de 30-39 anos, 23,28% entre 40 a 49 anos e 33,59% entre 50 a 59

anos 40

. Resultados similares foram encontrados por Costa et al. em estudo com

indivíduos da área metropolitana de Fortaleza, com prevalência de hipertensão arterial

aumentando com o avanço das diferentes faixas etárias: 11,2% entre 30 a 39 anos,

26,5% entre 40 a 49 anos e 42,2% nas idades de 50 a 59 anos 41

.

Sexo

Estimativas globais sugerem taxas de hipertensão mais elevadas para homens até

50 anos e para mulheres a partir de 60 anos. Porém, a prevalência global entre eles

indica que sexo não é um fator de risco para hipertensão arterial 32,38

.

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6

Em estudo realizado com a população da Ilha do Governador, no Rio de Janeiro,

Klein et al. verificou que as prevalências de hipertensão arterial foram maiores nos

homens até os 60 anos 35

. Feijão et al. também verificaram prevalência de hipertensão

arterial maior entre os homens (24,65%) do que entre as mulheres (20,64%) 40

. Já no

estudo de Costa et al., as mulheres apresentaram uma probabilidade 17% maior de

apresentar hipertensão arterial do que os homens 41

.

Fatores socioeconômicos

O nível socioeconômico mais baixo está associado à maior prevalência de

hipertensão arterial e de fatores de risco para elevação da pressão arterial. O estresse, o

menor acesso aos cuidados de saúde e o nível educacional são possíveis fatores

associados 32

.

Os estudos de Klein et al. e Feijão et al. observaram prevalências de hipertensão

arterial mais elevadas no estrato de renda baixa 35,40

. Da mesma forma, Costa et al.

identificaram que a prevalência de hipertensão arterial na categoria de 10 ou mais

salários mínimos era menor do que nas categorias de menores salários 41

.

Feijão et al. também estudaram a prevalência de hipertensão arterial nos

diferentes níveis de escolaridade e observaram que os indivíduos com menos anos de

estudo apresentaram maior prevalência de hipertensão arterial 40

. Pessuto e Carvalho

(1998) verificaram menor prevalência da doença com o aumento do nível de

escolaridade em estudo realizado com 70 indivíduos hipertensos 42

. Costa et al.

observaram que indivíduos com menos de 4 anos de estudo tinham quase duas vezes

mais probabilidade de apresentar hipertensão arterial comparado aos que tinham mais

de 15 anos de estudo 41

.

Sedentarismo

Indivíduos sedentários apresentam risco aproximadamente 30% maior de

desenvolver hipertensão do que os fisicamente ativos 32

. Laterza et al. verificaram que o

exercício físico pode efetivamente influenciar o controle e o tratamento da hipertensão

arterial 43

. Fazer exercício auxilia na redução da pressão arterial pós-exercício em

relação aos níveis pré-exercício, sendo essa redução mais pronunciada nos indivíduos

hipertensos em comparação com os normotensos 37

. A atividade física também foi

avaliada no estudo de Costa et al. 41

. Os autores encontraram como resultado uma

prevalência de 24,2% de hipertensão arterial entre os indivíduos que realizavam

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quantidade insuficiente de exercício físico para a melhora da saúde, contra 21,3% de

prevalência entre os que realizavam quantidade suficiente, sem significância estatística.

Obesidade

Estudos observacionais mostraram que ganho de peso e aumento da

circunferência da cintura são índices prognósticos importantes de hipertensão arterial. O

aumento da massa corporal está fortemente associado à elevação da pressão arterial

tanto nos países ricos como naqueles menos desenvolvidos 32

.

Feijão et al. observaram prevalência de hipertensão arterial 59% maior entre

indivíduos com sobrepeso e 149% entre os obesos, quando comparados com indivíduos

de peso normal 40

. Carneiro et al., em estudo realizado com 499 pacientes com

sobrepeso e obesos, observaram aumento significante da prevalência de hipertensão

arterial com o aumento do índice de massa corporal (IMC). A prevalência foi de 23%

para os indivíduos com o IMC entre 25 e 29,9 e de 67% para aqueles com IMC maior

ou igual a 40 44

. Costa et al. também verificaram aumento progressivo da hipertensão

arterial conforme o aumento do IMC 41

.

Álcool

O consumo de bebidas alcoólicas também está associado ao aumento da pressão

arterial. Klein e Araújo, em inquérito epidemiológico realizado em Volta Redonda,

verificaram uma tendência de bebedores apresentarem prevalências mais altas de

hipertensão arterial. Neste estudo, 15,2% dos indivíduos com hipertensão arterial

bebiam pelo menos uma vez por semana, enquanto 9,3% bebiam ocasionalmente e 8,3%

disseram não ingerir bebida alcoólica 45

.

Um estudo de coorte realizado em 2001 avaliou 8.334 adultos americanos,

participantes do „Risk in Atherosclerosis Communities (ARIC) Study‟, que estavam

livres de hipertensão e doença cardíaca coronária. Os indivíduos tiveram a pressão

arterial verificada ao longo de seis anos de follow-up e o consumo de álcool aferido por

questionário. O estudo mostrou risco aumentado de hipertensão arterial entre aqueles

que consumiam grandes quantidades de álcool (≥ 30g/ dia) comparado com os que não

consumiam álcool, independente do tipo de bebida consumida. Considerando toda a

amostra, o consumo de ≥210 g/semana associou-se positivamente com a incidência de

hipertensão arterial (RR - 1,47; IC95%: 1,15 - 1,89), independentemente da raça, idade,

IMC, educação, atividade física e diabete. O risco atribuível bruto de desenvolver

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hipertensão entre os indivíduos expostos a >30g/álcool/dia foi 17,1% 46

.

Tabagismo

O tabagismo potencializa os efeitos da hipertensão arterial para o risco

cardiovascular 36

. Klein e Araújo observaram uma maior prevalência de hipertensão

arterial entre indivíduos fumantes (13,6%) quando comparados com não fumantes (9%)

e ex-fumantes (3,8%). Costa et al. (2007), constataram que a prevalência de hipertensão

arterial era maior entre os ex-fumantes (29,6%), quando comparados com não fumantes

(RP – 1,27) 45

.

1.3.2. Ruído ocupacional e hipertensão arterial

Os indivíduos podem adoecer por causas relacionadas à sua profissão ou às

condições adversas em que o trabalho é ou foi realizado. Nos Estados Unidos da

América, estima-se que 1 a 3% das mortes por doença cardiovascular esteja relacionada

ao trabalho. No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, essas patologias são a

primeira causa de óbito e a hipertensão arterial é a maior causa de aposentadoria por

invalidez (20%) 18

.

A investigação sobre a relação entre hipertensão arterial e trabalho pode ser

condensada em dois grupos: o do estresse ocupacional e o dos agentes físicos e

químicos, como o ruído, vibração, calor e exposição a chumbo 47

. O local de trabalho é

muitas vezes o fator gerador de estresse, podendo aumentar a chance de adoecimento

em função do tipo de atividade que o indivíduo executa e dos diversos fatores que

tornam o ambiente de trabalho insalubre 48

.

A hipótese de que a exposição ao ruído excessivo está associada à hipertensão

arterial pode ser explicada pela bioquímica relacionada aos mecanismos do estresse.

Resumidamente, o ruído provoca reações do sistema circulatório ao estresse através do

aumento das secreções de substâncias químicas como cortisol, adrenalina e

noradrenalina. Tais reações levam à vasoconstrição periférica, aumento da freqüencia

cardíaca e conseqüente elevação da pressão arterial 10,49

.

Ising e Kruppa, em revisão da literatura, indicaram que a exposição ao ruído por

longo período pode levar a alterações permanentes na regulação dos hormônios

associados à geração do estresse. Os autores também observaram que a maioria dos

estudos que investigaram a relação do ruído com o estresse baseou-se em medições de

catecolaminas, adrenalina, noradrenalina e de cortisol 50

.

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9

Babisch descreveu um modelo que demonstra a cadeia causal dos efeitos

cardiovasculares induzidos pelo ruído e que foi baseado no conceito geral de estresse.

Nele é demonstrado que o ruído estimula o sistema simpático e endócrino através dos

eixos simpático-adrenalmedular e hipófise-adreno-cortical. O modelo ressalta que

existem dois mecanismos diferentes nos quais o som pode afetar o organismo – a via

"indireta" e a “direta”. Na primeira, o nível de ruído é relativamente baixo e atua

principalmente através da percepção cortical (cognitivo) e subcortical (emocional) do

som, fazendo o mesmo tornar-se barulho. Na segunda via está o som de alta intensidade,

que também pode afetar diretamente o sistema nervoso autônomo através de interações

sinápticas no sistema reticular ativador e entre as partes do cérebro incluindo o

hipotálamo 51

.

Outro modelo, o de stress psicofisiológico de Henry, mostra que os hormônios

do estresse podem ser vistos como "substâncias de orientação" para a identificação dos

tipos de reação ao estresse. Um aumento no cortisol, por exemplo, leva a ativação do

hipotálamo, hipófise e córtex do sistema adrenal. A ativação deste sistema, em longo

prazo, pode causar resistência à insulina e doenças cardiovasculares 50

.

Verifica-se, então, que a hipótese de um aumento do risco de doenças

cardiovasculares é derivada do conceito de stress. Os modelos mostram que a exposição

ao ruído pode provocar alterações agudas e crônicas da regulação fisiológica do

hormônio do estresse.

1.4. Legislação relacionada ao ruído ocupacional

Com o intuito de proteger a saúde dos trabalhadores foram elaboradas instâncias

normativas relacionadas a alguns riscos ocupacionais. Ainda nos dias de hoje, as normas

existentes e mais utilizadas de exposição ocupacional em todo o mundo estão voltadas

às atividades no trabalho cujos principais fatores de risco são as substâncias químicas e

agentes físicos, seguindo o modelo do Limite de Tolerância 52

.

Em 1947, a American Conference of Governmental Industrial Higienist

(ACGIH), associação estatal americana de higienistas industriais, instituiu uma lista de

padrões para exposição ocupacional a fatores de risco à saúde. Esta lista tornou-se

mundialmente reconhecida e passou a ser a base principal, ou única, das normas

utilizadas pelo México, Japão, Inglaterra, Noruega, Finlândia, Dinamarca entre outros

países, inclusive o Brasil. O principal inconveniente do uso deste documento é a adoção

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dos limites sem levar em conta as circunstâncias sociais e históricas de cada país ou

seus aspectos tecnológicos e econômicos, acarretando grandes diferenças entre eles 52

.

Em 1970, foi criada pelo governo dos Estados Unidos da América uma agência

regulatória vinculada ao Departamento do Trabalho responsável por garantir a

segurança e a saúde de um grande segmento da força de trabalho daquele país,

denominada Occupational Safety and Health Administration (OSHA).

Simultaneamente, o National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH) foi

estabelecido sob o comando do Departamento de Saúde e Serviços Humanos para

realizar estudos e formular recomendações para a prevenção de lesões e doenças

relacionadas ao trabalho 53

.

Os limites para a exposição ocupacional ao ruído na esfera mundial foram

estabelecidos somente após a comprovação da possibilidade de danos à audição humana

pela exposição nos ambientes de trabalho. Isto ocorreu através da fixação de normas e

teve o objetivo de proteger ou minimizar os problemas à saúde dos trabalhadores 52

.

Uma lista de padrões de exposição ao ruído foi elaborada pela OSHA em 1970 e

estabeleceu o limite de exposição de 90 dBA para 8 horas diárias com fator de

conversão de 5 dB, ou seja, a cada aumento (ou diminuição) do nível de ruído em 5 dB,

o limite do tempo de exposição deveria ser reduzido (ou aumentado) pela metade 53,54

.

Em 1972, o NIOSH publicou o primeiro critério para exposição ocupacional ao

ruído no documento 'Criteria for Recommended Standard: Occupational Exposure to

Noise' 53

. Nele foram recomendados os padrões para a redução do risco de perda

auditiva permanente como resultado da exposição ocupacional ao ruído. Nesta ocasião

foi estabelecido o limite de exposição de 85 dBA com fator de conversão de 5 dB. O

documento foi revisado em 1998 e permanece vigente, tendo o limite de exposição

permanecido em 85 dBA e o fator de conversão modificado para 3 dB 53, 54

.

Grande parte dos países, como Austrália, Chile, França e Alemanha, especificam

em suas normas o limite máximo de 85 dBA para 8 horas diárias de exposição

ocupacional ao ruído. Japão, China, Argentina, Uruguai e Canadá, permitem um nível

de exposição de 90 dBA. No que diz respeito ao fator de conversão, a maioria das

nações utiliza o valor de 3 dB 55,56

.

No Brasil, a legislação de Segurança e Saúde no Trabalho faz parte da

Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), através das Normas Regulamentadoras

(NR), aprovada em 1978 57

. Na NR15, que trata das atividades e operações insalubres,

foram estabelecidos limites de tolerância retirados, em grande parte, da lista da ACGIH.

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Neste item, o limite para exposição ocupacional ao ruído, utilizado ainda hoje, é de 85

dBA para 8 horas diárias com fator de conversão de 5 dB. Deve ser ressaltado que este

limite de tolerância foi adotado sem que tivessem sido feitos estudos sobre a sua

aplicação nas condições do país e de seus trabalhadores. Foi considerada apenas a

jornada semanal de trabalho, no caso, 48 horas para o Brasil e 40 horas para os EUA

52,58.

A elaboração de normas para o controle dos efeitos na saúde relacionados à

exposição ao ruído surgiu em 1983. Nesta ocasião, passou a constar na NR7, que

normaliza o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO, a

obrigatoriedade da realização de exames audiométricos para avaliação da saúde auditiva

do trabalhador 59

. Importantes alterações em 1998 possibilitaram a padronização do

monitoramento da exposição ocupacional ao ruído no país, vigentes até hoje.

A classificação oficial das doenças ocupacionais no Brasil está contida em um

documento intitulado Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho, elaborado em 1999, a

partir da Classificação Internacional de Doenças (CID). A lista é utilizada,

principalmente, pelos médicos do SUS, da Previdência Social 18

e médicos do trabalho

em empresas privadas. Neste instrumento encontram-se as alterações na saúde causadas

pela exposição ao ruído como, por exemplo, a PAIR e a hipertensão arterial.

Além da implantação dos limites de tolerância sem a realização de estudos

específicos para a nossa realidade, as normas regulamentadoras brasileiras apresentam

contradições no entendimento dos níveis mínimos em ambiente de trabalho. A NR15

recomenda o limite de tolerância de ruído de 85 dBA 58

. Qualquer trabalhador deve ser

protegido da exposição a níveis mais elevados para que sejam evitadas alterações na

saúde. Entretanto, a NR17, que trata da Ergonomia, indica que em determinados

ambientes de trabalho o nível de exposição não deve ser maior do que 65 dBA para

garantir o conforto acústico dos trabalhadores 60

.

1.5. Trabalho em refinaria de petróleo e gás

O petróleo bruto é uma complexa mistura de hidrocarbonetos, cuja composição

varia significativamente em função do seu local de origem. No seu estado bruto, o

petróleo tem pouquíssimas aplicações e serve, quase que somente, como óleo

combustível. Entretanto, o processo de refino do petróleo, que compreende uma série de

beneficiamentos do petróleo bruto, gera inúmeros produtos específicos e de grande

interesse comercial. Resumidamente, refinar petróleo é separar as frações desejadas,

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processar tais substâncias e lhes dar acabamento, de modo a se obterem produtos

vendáveis 61,62

.

Tecnicamente e de forma resumida, o refino de petróleo compreende dois

grandes grupos de processos:

Processos de Separação – Desmembra o petróleo em suas frações mais básicas

com a utilização de processos físicos através de modificações de temperatura ou

da pressão ou também com o uso de diferentes solventes. Nesta etapa são

recolhidos, principalmente gás, gasolina e diesel.

Processos de Conversão - Transforma determinadas frações do petróleo em

outras de maior interesse econômico. Estes processos são essencialmente de

natureza química e utilizam reações de quebra, reagrupamento ou reestruturação

molecular. Como exemplos de produtos derivados deste processo são o gás

combustível, a nafta, o óleo leve e o óleo decantado.

Embora não estejam diretamente envolvidas com a produção dos derivados do

petróleo, também são de grande importância nas refinarias as operações de suporte

como, por exemplo, o tratamento de afluentes, o tratamento de gás, a recuperação de

enxofre e a produção de aditivos.

Além dos dois grandes grupos de processos que são comuns a todas as refinarias

de petróleo existem operações específicas segundo a qualidade do petróleo bruto e dos

produtos finais almejados: combustíveis, lubrificantes, matérias primas para indústrias

petroquímicas, etc. 61

.

Desta maneira, uma refinaria pode se destinar à produção de produtos

energéticos (combustíveis e gases em geral) ou à produção de produtos não-energéticos

(parafinas, lubrificantes, etc.) e petroquímicos. Devido à maior demanda por

combustíveis – gás de petróleo liquefeito (GLP), gasolina, diesel, querosene e óleo

combustível, entre outros - a produção de produtos energéticos possui maior destaque

na esfera mundial. Embora compreendendo um menor grupo, as demais refinarias são

responsáveis por gerar as matérias-primas para a indústria petroquímica 61

.

O parque de refino brasileiro é composto por treze refinarias, sendo onze de

empresa estatal – PETROBRÁS – e duas pertencentes a grupos privados – Manguinhos

Refinaria de Petróleos e Refinaria de Petróleo Ipiranga. A PETROBRÁS é a maior

empresa de petróleo e gás do Brasil e a 8ª do mundo em valor de mercado, estando

presente em 28 países. A empresa atua nas atividades de exploração, produção e refino

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de petróleo, comercialização e transporte, petroquímica, distribuição de derivados e gás

natural, produção de biocombustíveis e geração de energia elétrica. Em julho de 2010 a

empresa alcançou o recorde de processamento de 2 milhões e 20 mil barris/dia de

petróleo em suas refinarias. Entre as refinarias nacionais, as de Paulínia, em São Paulo,

e de São Francisco do Conde, no estado da Bahia, são as que possuem maior capacidade

instalada de processamento do petróleo bruto 63

.

As atividades relacionadas ao refinamento do petróleo envolvem inúmeros riscos

à saúde, destacando-se a exposição aos contaminantes atmosféricos, ao calor e ao ruído,

além dos riscos de explosão e de incêndio. O ruído é devido, principalmente, ao

funcionamento de uma grande quantidade de máquinas e equipamentos próprios do

beneficiamento do petróleo e também devido às frequentes obras de ampliação e

manutenção das instalações. Segundo Araújo, os níveis de ruído nestes locais podem

alcançar a faixa de 85 a 115 dB e, por isto, são passíveis de ocasionar danos à saúde dos

trabalhadores 62

.

1.6. Estudos da associação entre exposição a ruído e alterações extra-auditivas

Grande parte dos estudos sobre efeitos extra-auditivos do ruído na saúde dos

trabalhadores, conduzidos em diversos países, baseou-se nos paradigmas dos efeitos

auditivos do ruído. Desta forma, consideraram para os efeitos extra-auditivos os limites

máximos de exposição dos efeitos auditivos, segundo a legislação de cada país 50

. Este

quadro deve ser reformulado, uma vez que existem evidencias de que exposições a

níveis menores de ruído estão associadas a outros sintomas na saúde. Na revisão de

literatura sobre exposição a ruído e alterações extra-auditivas realizada por Berglund et

al., foi observado quadro de irritabilidade e maior nível de stress em indivíduos

expostos a 55 dBA e outras alterações, como alterações cardiovasculares, em níveis

maiores do que 65 dBA 9.

Uma pesquisa de avaliação de alteração nas fases do sono, da freqüencia

cardíaca durante o sono e dos níveis de cortisol sérico foi conduzido por Gitanjali e

Ananth 64

. O estudo envolveu 10 indivíduos expostos a níveis de ruído de 87 dBA por

oito horas seguidas durante 1 dia. As alterações fisiológicas foram estimadas na noite da

exposição e também nas noites anteriores e posteriores. Durante o sono, o tempo médio

da fase REM (Rapid Eye Movements) esteve significativamente menor (p<0,0001) na

noite após a exposição ao ruído do que na noite anterior. Os níveis médios de cortisol

sérico apresentaram aumento estatístico significativo somente na manhã seguinte à noite

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de ruído (p<0,0001) quando comparado ao nível da manhã seguinte à noite anterior à

exposição (p<0,0001), o que sugere um atraso na resposta do cortisol ao ruído. Ocorreu

diferença significativa na freqüencia cardíaca (p<0,0001) nas medidas dos voluntários

acordados e dormindo, em todas as noites. Os autores concluíram que modificações nas

fases do sono, freqüencia cardíaca e nos níveis de cortisol sérico podem ter sido

atribuídas à exposição ao ruído elevado. Em 2004, os mesmos autores pesquisaram o

efeito do ruído ocupacional nas fases do sono de trabalhadores expostos a ruído

ocupacional contínuo e maior do que 75 dBA, em diferentes períodos: menos do que 2

anos, entre 5 a 10 anos e mais do que 15 anos 65

. Alterações nas fases do sono e

qualidade ruim do sono foram encontradas no grupo com menor tempo de exposição ao

ruído (p=0,01). Os outros dois grupos mostraram mudanças menores nas fases do sono.

Concluíram que, trabalhadores com história de exposição a ruído ocupacional elevado,

apresentam risco aumentado de apresentar alterações na qualidade e nas fases do sono,

mas que podem se adaptar aos efeitos após alguns anos de exposição. Em contrapartida,

Rios e Silva indicaram resultados diferentes ao estudarem a qualidade do sono através

de polissonografia em um grupo de 40 trabalhadores divididos segundo dois níveis de

exposição: maior ou igual a 85 dBA e menor do que 85 dBA 66

. Os dois grupos

apresentaram baixa qualidade do sono embora sem diferença significativa (p=0,9138).

Concluíram que a exposição a ruído excessivo por 40 horas semanais não altera a

qualidade ou a quantidade do sono.

A relação entre exposição a ruído elevado (maior do que 85 dBA) e alterações

no nível de cortisol sérico também foi pesquisada por Rojas-Gonzáles et al. em um

estudo transversal envolvendo 40 trabalhadores do setor de acondicionamento e o

mesmo número de trabalhadores da área administrativa de uma industria cervejeira em

Maracaibo, Venezuela 67

. Os autores observaram diferença estatisticamente significativa

do nível de cortisol sérico entre os trabalhadores expostos a ruído e os não expostos,

após a jornada de trabalho (p<0,05). As manifestações extra-auditivas registradas

foram: cefaléia (50%), transtornos gastrintestinais (10%), hipertensão arterial (17,75%),

irritabilidade (27,5%) e insônia (55%), apesar da utilização de protetores auditivos.

Como Gitanjali e Ananth, concluíram que os níveis de cortisol sérico poderiam estar

associados à exposição a ruído ocupacional elevado, levando a ocorrência de

enfermidades metabólicas como alterações da glicose, de lipídios e na hipertensão

arterial.

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Os achados do estudo de Gitanjali e Ananth sobre a relação entre exposição a

ruído elevado e alterações da freqüencia cardíaca também foram confirmados por Lusk

et al., através de pesquisa com 23 trabalhadores do setor de montagem de automóveis

expostos a níveis ≥ 85 dBA e mesmo número de trabalhadores com exposição menor do

que 85 dBA 68

. A freqüencia cardíaca, a pressão sistólica e a pressão diastólica

mostraram-se significativamente associadas à exposição ao ruído elevado, mesmo após

ajuste das covariáveis da função cardiovascular, das variáveis demográficas e do uso de

protetor auditivo.

Melamed et al. buscaram determinar o efeito combinado da complexidade do

trabalho e a exposição ocupacional ao ruído na mortalidade de trabalhadores entre 1985

e 1996 69

. A população estudada foi composta por 2606 trabalhadores masculinos de 21

plantas industriais com exposição a níveis de ruído >80 dBA. Foram realizados ajustes

para idade, IMC, fumo, atividade física e uso de protetores auditivos. A complexidade

do trabalho foi avaliada através de um método validado e foi classificado em simples e

complexo. Os resultados mostraram que os trabalhadores que realizavam trabalhos

complexos com exposição a ruído elevado apresentaram maiores riscos de mortalidade

(RP - 1,86; IC95% 1,04-3,32) comparado ao grupo de trabalhadores que realizavam

trabalhos simples sem exposição a ruído elevado. Os dados foram significativos mesmo

depois de controlados para variáveis confundidoras, idade, sexo, IMC, história familiar

de hipertensão arterial, tempo no emprego e uso de protetor auditivo. Concluíram que a

exposição ocupacional a ruído está associada ao aumento do risco de mortalidade entre

trabalhadores que realizam trabalhos complexos.

Foram realizados no Brasil dois estudos que tentaram relacionar a exposição a

ruído com risco de acidentes de trabalho. Cordeiro et al. realizaram um estudo de caso-

controle de base populacional no ano de 2002, em Botucatu 70

. Analisaram 94

trabalhadores que sofreram acidentes ocupacionais típicos e 282 trabalhadores não

acidentados. Observaram que o aumento do risco de acidentes estava associado à

exposição freqüente (p<0,001) ou ocasional (p=0,0003) ao ruído elevado, após controle

de diversas variáveis de confundimento como idade, sexo, escolaridade e tipo de

trabalho. Em 2006, Dias et al. publicaram os resultados de estudo caso-controle de base

hospitalar realizado em Piracicaba com 600 trabalhadores que tiveram acidentes

ocupacionais típicos e 822 que tiveram acidentes não ocupacionais ou que

acompanharam os acidentados, entre maio e outubro de 2004 71

. A exposição ao ruído

foi avaliada a partir da percepção do trabalhador através de duas questões: “trabalhador

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atribui ruído médio no trabalho” e “trabalhador atribui ruído forte no trabalho”. Nas

duas situações foi observada associação positiva e estatisticamente significativa (p=

0,0003). Estimaram que o risco de sofrer acidente de trabalho é cerca de duas vezes

maior entre trabalhadores expostos ao ruído, controlado para diversas covariáveis, como

por exemplo, idade, sexo, escolaridade, turno de trabalho, jornada diária de trabalho,

intensidade e duração do ruído.

A exposição ao ruído no trabalho e sua relação com mortalidade por doenças

cerebrovasculares foi estudada por Fujino et al. em um estudo de coorte em 14.568

trabalhadores, no Japão 72

. Um questionário autopreenchido foi empregado para a

avaliação da percepção de ruído no ambiente de trabalho e as informações sobre

doenças cerebrovasculares e mortalidades foram obtidas a partir da base de dados de um

estudo de coorte no Japão (Japan Collaborative Cohort Study – JACC). A exposição ao

ruído aumentou o risco de morte por hemorragia intracerebral (p=0,013), mas não por

hemorragia subaracnóidea ou infarto cerebral, mesmo após controle das variáveis de

idade, fumo, consumo de álcool, nível educacional, história médica pregressa, IMC, tipo

de trabalho, tempo de trabalho e horas de exercício físico. Quando a análise foi

estratificada para hipertensão, a odds ratio para hemorragia intracerebral foi de 2,80

(p=0,001). Os autores concluíram que seus resultados estavam apoiados por estudos

anteriores que mostraram que o ruído excessivo pode acarretar aumento do nível de

estresse 73

e, por sua vez, aumentar os níveis de pressão sanguínea e freqüencia cardíaca

74.

Os efeitos da exposição a ruído e o risco de doenças coronarianas foi investigado

por Virkkunen et al. em estudo de coorte prospectivo envolvendo 6005 trabalhadores

expostos a ruído combinado (contínuo > 85 dBA e intermitente) 75

. Os participantes

faziam parte de um estudo de 5 anos, denominado Helsinki Heart Study, randomizado,

duplo-cego, controle placebo, de controle de lipídios com uso de medicamento

(gemfibrozil). O risco relativo de doenças cardíacas para todos os trabalhadores

expostos ao nível de ruído contínuo elevado esteve aumentado significativamente em

todo o período do estudo. Os expostos a ruído combinado apresentaram risco relativo de

doenças cardíacas de 1,38 (p=0,03) em curto prazo (9 anos) e 1,54 (p<0,01) em longo

prazo (18 anos). No grupo de trabalhadores que já estavam aposentados (>60 anos), o

risco relativo de doenças cardíacas foi 1,50 (p<0,01). Os resultados permaneceram

significativos mesmo após ajuste das possíveis variáveis de confusão: idade, pressão

arterial, colesterol total, IMC, tabagismo e do uso do gemfibrozil. Os resultados

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mostraram que a exposição a ruído elevado esteve associada a um moderado, mas

significante, aumento do risco de doença coronariana mesmo após os trabalhadores

terem se aposentado.

Já o infarto do miocárdio foi pesquisado por Davies et al. , em um estudo de

coorte retrospectivo de exposição crônica a níveis elevados de ruído ocupacional e

mortalidade por infarto agudo do miocárdio 76

. Utilizaram os dados de 14 grandes

madeireiras no Canadá e selecionaram 27.464 operários que tinham trabalhado pelo

menos 1 ano entre 1950 e 1995. Os autores encontraram maior risco de mortalidade por

infarto agudo do miocárdio nos indivíduos expostos cronicamente a elevados índices de

ruído, média de 92 dBA (RR - 1,5; 95%IC: 1,1-2.2). O risco se mostrou aumentado em

trabalhadores com exposição cumulativa ao ruído e conforme o aumento da duração da

exposição. O estudo de caso-controle realizado por Willich et al. buscou determinar o

risco do ruído para infarto do miocárdio 77

. Estudaram 4115 pacientes, de ambos os

sexos, admitidos em todos os 32 hospitais de Berlim com diagnóstico confirmado de

infarto agudo do miocárdio entre 1998 e 2001. Níveis de ruído ambiental e ocupacional

foram obtidos de mapas de ruído de tráfego e dos padrões internacionais para locais de

trabalho fornecidos pela norma 9921/1 da International Organization of

Standardization (ISO), respectivamente. A irritabilidade ao ruído foi avaliada através de

questionário padronizado onde foram referidas as características individuais de reação

ao ruído. Controlou-se o efeito de possíveis fatores de risco cardiovasculares e de

variáveis sociodemográficas, incluindo história familiar de infarto do miocárdio,

tabagismo, ocupação, atividade física e renda. Os níveis de ruído ambiental foram

associados ao aumento de risco em homens (RP – 1,46; 95%IC: 1,02-2,09; p=0,04), e

em mulheres (RP – 3,36; 95%IC: 1,40-8,06; p=0,00), e os de ruído ocupacional somente

em homens (RP – 1,31; 95%IC: 1,01-1,70; p=0,04). Os resultados também mostraram

que a carga de ruído esteve associada ao risco de infarto do miocárdio. Porém, o risco se

apresentou aumentado mais em relação aos níveis de ruído do que à irritabilidade.

Estudos sobre a hipertensão arterial e exposição a ruído foram conduzidos por

outros autores. Fogari et al. avaliaram o efeito da exposição ocupacional a ruído na

pressão arterial de 238 trabalhadores de uma fábrica metalúrgica na Itália, expostos a

nível >85 dBA 78

. Os resultados mostraram aumento da pressão arterial sistólica e

pressão arterial diastólica (p<0,0001) durante o dia de trabalho e até as 3 primeiras

horas depois de cessada a exposição. Também apresentaram aumento da freqüencia

cardíaca (p<0,0001) durante o dia de trabalho e nos horários sem exposição. Os autores

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concluíram que a exposição a ruído ocupacional esteve associada somente com o

aumento transitório da pressão arterial e freqüencia cardíaca e que os achados não

apresentaram efeito sustentado. Também o estudo de Chang et al.

mostrou que a

pressão sistólica e a pressão diastólica foram significativamente maior em trabalhadores

expostos a ruído elevado (≥ 85 dBA) do que em trabalhadores não expostos 79

. Segundo

os autores, o aumento da pressão arterial também ocorreu em níveis de 75 dBA, porém

o efeito foi transitório e ocorreu somente até a primeira hora de trabalho. Outros autores

que encontraram associação entre exposição a ruído e hipertensão arterial foram

Powazka et al., em um estudo com 178 trabalhadores jovens de uma fábrica de aço

expostos a ruído de 89 dBA 29

. Foram realizadas medições de ruído no ambiente de

trabalho e da pressão arterial, bem como o controle de possíveis confundidoras como

uso de equipamento de proteção individual (EPI), consumo de álcool, tabagismo e

historia familiar de hipertensão. A exposição ao ruído era maior do que três anos, não

havia déficit de audição ou história de doença cardiovascular. Observou-se aumento

médio estatisticamente significativo (p=0,01) da PAS em 5mmHg entre os trabalhadores

expostos. A análise de regressão múltipla revelou associação estatisticamente

significativa entre a exposição ao ruído e o aumento da pressão arterial sistólica.

Narlawar et al. realizaram um estudo seccional com 770 trabalhadores de uma indústria

de ferro e aço em Nagpur, Índia, expostos a ruído >98 dBA, que tiveram a aferição da

pressão arterial realizada na fábrica antes do início das atividades 80

. Os resultados

mostraram maior prevalência de hipertensão arterial entre os trabalhadores expostos ao

ruído comparado aos não expostos, com associação estatisticamente significativa

(p<0,001). Os autores concluíram que a hipertensão arterial é mais freqüente entre os

trabalhadores expostos a altos níveis de ruído. Um estudo de meta-análise realizada por

Tomei et al., compreendendo 15 publicações do período de 1950 a 2008, investigou a

associação entre alterações cardiovasculares e exposição ocupacional crônica ao ruído

nos níveis de 92 dBA, 85 dBA e 62 dBA 81

. O resultado indicou aumento

estatisticamente significativo da pressão sistólica e da pressão diastólica somente entre

os trabalhadores expostos a ruído de 92 dBA (p<0,001). O grupo de trabalhadores com

maior exposição mostrou prevalência de hipertensão arterial duas vezes maior que no

grupo com menor exposição (RP – 2,56; 95%IC: 2,009-3,266; p<0,001).

Pesquisadores brasileiros também se interessaram pelo estudo da relação entre

exposição a ruído e hipertensão. Souto Souza et al. estudaram 775 trabalhadores de uma

área de perfuração de petróleo através de um estudo transversal 82

. Observaram que a

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exposição ocupacional a ruído estava positivamente associada à ocorrência de

hipertensão arterial com significância estatística (RP – 1,8; 95%IC: 1,3-2,4). Também

foi observada associação estatisticamente significante entre a PAIR e hipertensão (RP –

1,5; 95%IC: 1,1-2,0). Os resultados os levaram a sugerir que a exposição ocupacional a

ruído é um fator de risco para a hipertensão arterial. Rocha et al. também encontraram

variação de pressão arterial e freqüencia cardíaca em trabalhadores expostos a ruído

elevado 83

. Os autores avaliaram 46 funcionários de uma indústria processadora de

madeira em Botucatu (SP) separada em dois grupos: G1 (trabalho com esforço físico

moderado-intenso, altas temperaturas e níveis de ruído elevado) com 27 trabalhadores e

G2 (sem esforço físico, salas aclimatadas, baixos níveis de ruído) com 19 trabalhadores.

Pressão arterial e freqüencia cardíaca foram medidas por 3 dias consecutivos: em

repouso, durante o serviço e ao final do serviço. Para as análises estatísticas foi feito o

cálculo da pressão arterial média a partir dos valores de pressão arterial e controlou-se o

efeito de variáveis relacionadas ao estilo de vida, história familiar para hipertensão,

tempo de serviço, variáveis bioquímicas sanguíneas e antropométricas. Os autores

encontraram aumento significativo da pressão arterial média e da freqüencia cardíaca

em repouso (p<0,05) no grupo G1 durante o turno de trabalho. Apesar da elevação

pressórica em G1, verificaram que não houve diferença estatística na variação entre os

dois grupos (p>0,05), provavelmente, devido ao alto desvio-padrão observado na

resposta durante o turno de trabalho.

Foram identificados somente dois estudos onde a associação entre exposição a

ruído e hipertensão arterial não foi encontrada. Santana e Barberino avaliaram, em um

estudo transversal, um grupo de 276 pacientes atendidos em um ambulatório de saúde

do trabalhador do Sistema Único de Saúde nos primeiros seis meses de 1992 49

. A

exposição ao ruído teve duas medidas: história referida de exposição ocupacional ao

ruído e o diagnóstico de disacusia ocupacional. A hipertensão arterial foi definida de

acordo com os critérios da OMS que considera tensional sistólico acima de 160 mmHg

e diastólico acima de 95 mm Hg, incluindo-se também a referência a tratamento anti-

hipertensivo. Foram avaliadas as variáveis confundidoras: sexo, idade, escolaridade e

qualificação profissional. A análise estratificada e da modelagem logística revelaram

que não foram encontradas diferenças entre a pressão sistólica ou diastólica ou entre as

proporções de hipertensão entre indivíduos expostos ou não expostos (RP – 0,87;

IC95% - 0,51-1,56). Inoue et al. realizaram estudo transversal com 242 trabalhadores

japoneses de uma fábrica de papel expostos a ruído elevado e que usavam protetores

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auditivos 84

. Um grupo de 173 indivíduos que trabalhavam em uma fábrica química

incluía um grupo de não expostos. A prevalência de hipertensão foi de 16,9% no grupo

de expostos (p<0,01). A análise de regressão logística com ajuste para fatores de

confusão mostrou uma associação inversa entre hipertensão arterial e as condições de

ruído no local de trabalho (RP – 0,48; IC 95% - 0,28-0,81).

2. JUSTIFICATIVA

Os efeitos da exposição ao ruído na audição foram amplamente documentados

e as evidências encontradas nos estudos epidemiológicos são bastante consistentes.

Entretanto, o mesmo quadro não ocorre quanto aos possíveis efeitos em outros órgãos e

sistemas. Não é grande o número de estudos a cerca dos efeitos extra-auditivos

associados à exposição ao ruído, como visto na revisão bibliográfica específica dos

últimos 15 anos.

Alterações cardiovasculares e, especificamente a hipertensão arterial, foram os

efeitos extra-auditivos mais investigados mundialmente. No Brasil, somente poucos

estudos nos últimos 10 anos, como os de Souto Souza et al. 82

e Rocha et al. 83

,

avaliaram a associação entre a exposição a ruído ocupacional e a ocorrência de

hipertensão arterial. Alguns estudos não encontraram associação entre ruído e

hipertensão arterial, como os de Santana e Barberino 49

e Inoue et al 84

. O pequeno

número de estudos faz com que tal associação seja foco de nova investigação.

3. OBJETIVOS

Geral

Investigar a associação entre exposição a ruído ocupacional e hipertensão arterial

em trabalhadores terceirizados de uma refinaria de petróleo e gás da cidade do Rio de

Janeiro.

Específicos

Descrever as características sóciodemográficas da população de

trabalhadores terceirizados em 2007

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Avaliar as informações sobre a exposição ao ruído na refinaria de petróleo

em 2007

Identificar os pacientes portadores de hipertensão arterial segundo os

parâmetros definidos

Avaliar o efeito de possíveis variáveis confundidoras como idade,

escolaridade, índice de massa corporal, tabagismo, ingestão de álcool e

atividade física, na associação entre ruído e hipertensão arterial

4. METODOLOGIA DETALHADA

4.1. Revisão bibliográfica

A revisão da literatura científica foi realizada nos anos de 2008 a 2010,

utilizando-se, para teses e periódicos, as bases de dados Literatura Latino-Americana e

do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS); National Library of Medicine (MEDLINE),

dos EUA; e Scientific Eletronic Library Online (SCIELO). A revisão limitou-se ao

período de 1995 a 2010 e compreendeu as publicações nos idiomas português, inglês e

espanhol.

Os descritores empregados na pesquisa do ruído e seus efeitos na saúde foram:

„Ruído‟, „Noise‟, „Ruido‟; „Ruído Ocupacional‟, „Noise, Occupational‟, „Ruido en el

Ambiente de Trabajo‟; „Efeitos do Ruído‟, „Noise Effects‟, „Efectos del Ruido‟. Para a

busca de pesquisas sobre fatores de risco cardiovasculares e de hipertensão arterial

foram utilizados os descritores „Doenças Cardiovasculares‟, „Cardiovascular Diseases‟,

„Enfermedades Cardiovasculares‟; „Hipertensão‟, „Hypertension‟, „Hipertensión‟;

„Obesidade‟, „Obesity‟, „Obesidad‟; „Atividade Física‟, „Motor Activity‟, „Actividad

Motora‟; „Nível Socioeconômico‟, „Social Class‟, „Clase Social‟; „Efeito Idade‟, „Age

Effect‟, „Efecto Edad‟; „Sexo‟, „Sex‟, „Sexo‟; „Estado Civil‟, „Marital Status‟, „Estado

Civil‟; „Escolaridade‟, „Educational Status‟, „Escolaridad‟; „Tabagismo‟, „Smoking‟,

„Tabaquismo‟; „Alcoolismo‟, „Alcoholism‟, „Alcoholismo‟. Como qualificadores foram

empregados os termos: „efeitos adversos‟ e „epidemiologia‟.

A busca sobre refinarias de petróleo foi realizada a partir do descritor „Refinarias

de Petróleo‟, „Petroleum Industry‟, „Industria del Petróleo‟ e do qualificador „efeitos

adversos‟. Foi realizado também a busca complementar do assunto no Google

Acadêmico e nos sites da Petrobrás, Refinaria de Manguinhos e Refinaria Ipiranga.

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A revisão referente à exposição, medição e legislação relacionada ao ruído

ocupacional e ao calor foi feita nos sítios oficiais do Ministério do Trabalho e Emprego

(MTE), Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho

(FUNDACENTRO), Instituto Nacional de Saúde no Trabalho (INST), Ministério da

Saúde do Brasil (MS), Organização Pan Americana de Saúde (OPAS), World Health

Organization (WHO), National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH) e

Occupational Safety and Health Administration (OSHA).

4.2. Desenho do estudo

Foi realizado um estudo transversal com dados de saúde e de exposição ao ruído

de trabalhadores de uma refinaria de petróleo e gás do Rio de Janeiro no ano de 2007.

O local do estudo foi selecionado devido à disponibilidade dos dados a serem

estudados.

4.3. Local e população de estudo

A refinaria estudada localiza-se no Rio de Janeiro, ocupa uma área de 13km2 e

possui capacidade instalada de beneficiamento de petróleo bruto em torno de 242 mil

barris/dia. É a mais completa refinaria do Brasil e sintetiza mais de 50 produtos,

principalmente, lubrificantes, gasolina, óleo diesel, querosene de aviação, GLP, bunker

(combustível para navios) e nafta petroquímica. Produz 80% do petróleo do país e é

responsável por grande parte da produção nacional de óleos lubrificantes.

Em 2007, existiam dois tipos de vínculo de trabalho na refinaria: os

trabalhadores contratados e os trabalhadores cujos vínculos eram com empresas

terceirizadas. A população estudada foi a dos trabalhadores de empresas terceirizadas

que serviam à refinaria e que tinham feito exame médico periódico naquele ano, assim

como tiveram exposições ambientais aferidas e registradas no mesmo período.

No ano estudado, havia 3.023 trabalhadores terceirizados pertencentes a 90

empresas na refinaria. Destes, somente 1.729 atendiam aos critérios de inclusão e

participaram do estudo.

A limitação aos trabalhadores terceirizados existiu porque a disponibilidade das

informações de saúde e da exposição ambiental ocorreu somente para este grupo de

trabalhadores através dos registros de uma empresa contratada para realizar os serviços

de engenharia de segurança e de medicina do trabalho. Para os demais, os trabalhadores

concursados, as mesmas funções eram efetuadas pelo Serviço de Engenharia de

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Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) da própria refinaria, que não

disponibilizou as informações.

A população de estudo trabalhava em variados departamentos e desempenhava

mais de uma centena de distintas funções. Os quadros 2 e 3 do anexo 1 apresentam

todos os departamentos e funções associadas aos trabalhadores estudados.

4.4. Avaliação de saúde e dos ambientes de trabalho

Tanto a avaliação de saúde como a avaliação dos ambientes de trabalho de todos

os terceirizados eram realizadas por uma instituição privada prestadora de Serviços de

Engenharia de Segurança e de Medicina do Trabalho, através de seu Centro de Saúde

Ocupacional (CSO).

4.4.1. Avaliação e identificação dos dados de saúde e socioeconômicos

A avaliação de saúde seguiu o preconizado no PCMSO, previsto na NR7, do

Ministério do Trabalho e Emprego, detalhado no anexo 2 59

.

O exame médico obrigatório anual era realizado por quatro médicos do trabalho

e incluía avaliação clínica, anamnese ocupacional e exame físico e mental. As

observações eram anotadas nos campos específicos do instrumento próprio da empresa

para posterior digitação. Os dados de identificação e os relacionados aos parâmetros

sócio-demográficos e de saúde dos trabalhadores foram extraídos do banco de dados

eletrônico da empresa e rearranjados em uma planilha do Excel.

Além da exposição ao ruído, outros fatores podem estar associados à hipertensão

arterial e, por estarem contidos no instrumento, foram incluídos no estudo. Desta forma,

selecionaram-se os seguintes campos: ano de nascimento, sexo, estado civil,

escolaridade, departamento, função, presença ou não de água encanada domiciliar,

coleta regular de lixo doméstico, rede de esgoto e de luz elétrica na residência do

trabalhador. Também foram coletadas as informações sobre a prática de atividade física,

tabagismo, etilismo, o uso de medicação anti-hipertensiva e o índice de massa corporal.

Os valores da pressão arterial sistólica e diastólica, também foram compilados para

posterior análise.

4.4.2. Avaliação dos ambientes de trabalho

A avaliação da exposição ambiental a agentes de risco, foi feita conforme

preconizado na NR9 do Ministério do Trabalho e Emprego, que trata do PPRA 85

. A NR

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completa encontra-se no anexo 3. Participaram da equipe avaliadora: um Engenheiro de

Segurança do Trabalho e dois Técnicos de Segurança do Trabalho.

Em primeiro momento a equipe avaliava qualitativamente os riscos ambientais –

físicos, químicos, biológicos, ergonômicos ou risco de acidente. Nesta etapa, foi

identificada a existência de equipamentos, maquinários ou processos de trabalho que

pudessem resultar em exposição a um ou mais agentes de risco. A partir desta

identificação, os funcionários foram separados em grupos homogêneos de exposição,

pois funcionários que tem mesma função podem ter exposições diferentes. Em seguida,

foi realizada a avaliação quantitativa dos riscos com aparelhos específicos.

Verificou-se na literatura pesquisada que, além do ruído, a exposição ao calor

também poderia estar associada a níveis maiores de pressão arterial. Uma vez que a

empresa avaliava os níveis de exposição ao calor, as informações sobre este fator foram

selecionadas e incluídas no estudo.

Todos os dados de exposição ambiental foram extraídos do documento do

PPRA, obtidos de arquivos eletrônicos da equipe de Engenharia e Segurança do

Trabalho.

4.4.2.1. Avaliação do ruído

A avaliação quantitativa do ruído foi realizada com audiodosímetro digital da

marca Quest Technologies modelo NoisePro DLX, afixado ao trabalhador próximo ao

plano auditivo. A dose de ruído foi registrada em uma memória para posterior leitura e

registro no PPRA. A medição foi feita em um único momento nos casos de exposição a

ruído contínuo e durante pelo menos 75% de uma jornada de 8 horas de trabalho nos

casos de exposição a ruído intermitente.

A avaliação do ruído e a calibração do instrumento são feitas anualmente

conforme preconizado na Norma de Higiene Ocupacional nº 01 (NHO – 01) da

Fundacentro, no item sobre procedimentos de avaliação detalhado no anexo 4 86

.

Neste estudo incluíram-se somente as exposições que ocorreram no ano de 2007.

Desta forma, exposições anteriores a este ano e os possíveis efeitos cumulativos não

foram considerados. Também o efeito do uso de EPI para diminuir a exposição ao ruído

não foi considerado, já que o mesmo é utilizado somente em exposições acima de 85

dBA.

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4.4.2.2. Avaliação do calor

Os limites de tolerância para exposição ao calor estão estabelecidos na NR15,

em seu anexo 3 (anexo 5) 58

. Tais limites são fornecidos em função da atividade

exercida e do Índice de Bulbo Úmido e Termômetro de Globo (IBUTG).

Os termômetros foram instalados nos postos de trabalho à altura da parte do

corpo do trabalhador mais atingida pelo calor, em cada situação térmica que compõe o

ciclo de exposição a que fica submetido o trabalhador.

A avaliação do calor e as especificações acerca dos equipamentos utilizados

estão preconizadas na Norma de Higiene Ocupacional nº 06 (NHO – 06) da

Fundacentro, no item sobre procedimentos de avaliação detalhada no anexo 6 87

.

Também neste caso incluiu-se somente a exposição relativa ao ano de 2007.

Desta forma, exposições anteriores há este ano e os possíveis efeitos cumulativos não

foram considerados.

4.5. Definição de caso

Considerou-se portador de hipertensão arterial o trabalhador que apresentou

pressão sistólica igual ou superior a 140 mmHg e/ou pressão diastólica igual ou superior

a 90 mmHg seguindo o padrão adotado pelo National Institute of Health 34

. Também

foram classificados como hipertensos aqueles que relataram uso de medicação anti-

hipertensiva, independente dos níveis tensionais encontrados.

A pressão arterial era aferida pelo médico do trabalho uma vez, ao início do

exame, sempre no braço esquerdo e com o paciente sentado. Cada médico possuía um

esfigmomanômetro aneróide, em milímetros de mercúrio, com escala de 0 a 300 mm/Hg

da marca G-Tech modelo ESFHS20M, com manguito padrão para adulto. O aparelho

era calibrado anualmente por empresa com menor valor cotado para prestação do

serviço. Nos casos em que a medida da pressão arterial se encontrava acima dos limites

máximos, o médico realizava nova aferição ao fim da consulta. Nestas situações foi

anotada no instrumento médico somente a última medida.

4.6. Definição de exposição

A legislação brasileira, através da NR15 - anexo 1, do Ministério do Trabalho e

Emprego, estabelece o limite de exposição ocupacional de 85 dBA (Anexo 7) 58

.

Entretanto, como já mencionado, este valor foi estabelecido visando à prevenção da

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perda auditiva. Não existe parâmetro de limite de segurança para alterações extra-

auditivas.

Berglund et al., ao estudarem pesquisas epidemiológicas sobre exposição a ruído

e alterações extra-auditivas, observaram que pessoas expostas a ruído a partir de 55

dBA podem apresentar sintomas como irritabilidade severa e aumento do nível de

estresse. Já ruídos a partir de 65 dBA podem acarretar alterações na pressão arterial 9.

Pela escassez de outros dados na literatura e pela disponibilidade dos níveis de ruído no

banco de dados estudado, optou-se por utilizar o nível de 75 dBA como valor de corte

para este estudo. Assim, dos 1.729 trabalhadores incluídos no estudo, 1.347 (77,9%)

eram expostos a ruído acima de 75 dBA e 382 (22,1%) expostos a ruído abaixo de 75

dBA.

4.7. Análise dos dados

A análise estatística dos dados foi realizada com o programa (software) SPSS

Statistics (versão 17; SPSS Inc. software products).

Para a análise, as informações de sexo e atividade física foram mantidas

conforme estavam no instrumento médico. As outras foram transformadas para melhor

compreensão através de recodificação, agrupamento ou estratificação.

Idade – A partir do registro do ano de nascimento foi calculada a idade de cada

trabalhador para o ano de 2007. Posteriormente a idade foi estratificada em grupos

etários com intervalos de cinco anos: <30 anos; 30 a 34 anos; 35 a 39 anos; 40 a 44

anos; 45 a 49 anos; ≥ 50 anos. A estratificação seguiu padrão adotado em estudo do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre Indicadores

Sociodemográficos e de Saúde no Brasil 88

.

Sexo – Foi transcrita conforme registrado no cadastro: feminino e masculino.

Estado civil – Constavam os seguintes estratos no cadastro: solteiro, casado ou

divorciado. A variável foi recodificada incluindo-se os divorciados no grupo dos

solteiros por ter sido considerado importante o fator “ter companheiro sob o mesmo teto

ou não”. Desta forma, estudaram-se somente duas categorias: solteiros e casados.

Escolaridade – A estratificação no banco de dados da empresa era: analfabeto,

educação infantil, ensino fundamental I incompleto, ensino fundamental I completo,

ensino fundamental II incompleto, ensino fundamental II completo, ensino técnico,

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ensino médio incompleto, ensino médio completo, ensino superior incompleto ou

ensino superior completo.

Optamos por utilizar a estrutura proposta pelo Ministério da Educação 89

. Logo,

a variável foi estratificada em: até fundamental I (agrupando os estratos: analfabeto,

educação infantil e fundamental I incompleto), fundamental I completo, fundamental II

incompleto, fundamental II completo, médio incompleto, médio completo, superior

(agrupando os estratos: superior incompleto e ensino superior completo).

Condição socioeconômica – O nível socioeconômico mais baixo está associado

à maior prevalência de hipertensão arterial e de fatores de risco para elevação da pressão

arterial 32

. Portanto, avaliar esta variável como possível confundidora na associação

estudada se torna importante. O banco de dados não dispunha de indicadores

tradicionais de nível socioeconômico como, por exemplo, a renda familiar ou o número

de membros na família. Então, foram utilizados dados disponíveis no banco de dados,

que poderiam estar relacionados à condição social dos trabalhadores. Por isso, foram

incluídas informações acerca da presença de água encanada, coleta regular de lixo, rede

de esgoto e luz elétrica. Optamos pela criação de um score simples e esta variável

(condição socioeconômica) foi tratada de forma dicotômica onde cada uma das quatro

variáveis foi classificada como ausente (0) ou presente (1), assumindo-se que todas

possuem igual importância na condição socioeconômica. Nos casos onde existiam todos

os quatro indicadores – score 4 – a condição socioeconômica foi classificada como

presente. A ausência de um indicador – score entre 0 e 3 – determinava a classificação

de condição socioeconômica como ausente.

Atividade física – Os médicos consideravam como atividade física regular

aquela praticada pelo menos três vezes por semana com duração mínima de 20 minutos.

Como atividade física irregular, era considerada qualquer atividade física que não se

encaixasse na descrição anterior. Foi transcrita conforme registrado no cadastro: regular,

irregular, não faz.

Tabagismo – As informações foram compiladas conforme constavam no banco

de dados: fumante, ex-fumante ou não fumante. Na análise bivariada dos dados, esta

variável foi estratificada em: não fumante (não) – compreendendo quem nunca tinha

fumado - e fumante (sim), o ex-fumante e o trabalhador que fumava na ocasião da

investigação clínica.

Consumo de álcool – Os médicos consideraram como etilista regular aquele que

ingeria álcool diariamente. Já como etilista eventual considerou-se o relato do uso de

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bebidas alcoólicas somente em fins de semana ou em comemorações. Esta classificação

não levou em conta a quantidade e o tipo de bebida alcoólica. A variável foi criada a

partir da indicação direta do cadastro médico, isto é, como eventual, regular e não

etilista. Para a análise bivariada, esta variável foi estratificada em: não e eventual

(eventual e regular).

Índice de Massa Corporal (IMC) – O peso e a altura foram medidos no momento

do exame médico. Utilizou-se balança antropométrica, mecânica, com capacidade para

150 kg (divisões de 100g) equipada com régua antropométrica com escala de 2,0

metros, calibrada anualmente. O trabalhador era posicionado sobre a balança de forma

ereta, com os braços estendidos ao longo do corpo, descalço e com os pés juntos. As

medidas de peso e altura eram aferidas uma única vez e, então, registradas no cadastro

de exame médico. O valor do IMC, efetuado pelo próprio sistema, é calculado a partir

da razão entre o peso (em quilos) e o quadrado da altura (em metros).

Os valores do IMC foram transcritos e classificados nas faixas de baixo peso

(IMC<18,50), normalidade (18,50≤IMC≤24,99), sobrepeso (25,00≤IMC<30,00) e

obesidade (IMC≥30,00), conforme classificação da OMS 89

. Para melhor análise

estatística as faixas foram estratificadas em normalidade (incluindo a faixa de baixo

peso), sobrepeso e obesidade.

Tipo de atividade exercida – As informações disponíveis no banco de dados

eram a qual departamento o trabalhador pertencia e a função que ele exercia. Uma vez

que os trabalhadores estavam distribuídos em 73 empresas terceirizadas havia um

extenso número de diferentes departamentos e funções o que dificultou uma análise

estatística com estas informações.

Optamos, então, por agrupar os trabalhadores de acordo com o tipo de serviço

prestado na refinaria. Logo, as informações foram compiladas conforme constavam no

Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA): manutenção industrial, limpeza

e manutenção predial, obra civil, refeição, transporte e vigilância. Para a análise

estatística optou-se por estratificar a variável em manutenção industrial, limpeza e

manutenção predial, obra civil e outros (refeição, transporte e vigilância), já que alguns

grupos continham números muito pequenos para a análise.

Ruído – Inicialmente, os níveis de exposição ao ruído foram extraídos da ficha do

PPRA de 2007. A partir disto, assumiu-se o valor de 75 dBA para identificação dos

trabalhadores expostos e não expostos.

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Calor – Os trabalhadores foram identificados como expostos ou não-expostos ao

calor segundo a classificação de exposição extraída da ficha do PPRA de 2007.

Foi realizada uma análise univariada, a fim de conhecer a população de estudo, a

distribuição das variáveis e a melhor forma de estratificação das mesmas. Nesta etapa

foram verificadas a média, mediana e faixa de valores das variáveis contínuas idade e

nível de ruído. Em seguida, verificamos a distribuição das categorias idade, sexo, estado

civil, escolaridade, condição social, atividade física, tabagismo, etilismo, IMC,

hipertensão arterial, tipo de serviço, exposição a calor e ao ruído.

Em seguida, foi feita uma análise bivariada para avaliar todas as covariáveis em

relação ao desfecho no intuito de identificar possíveis confundidoras na associação entre

ruído e hipertensão arterial. Foi aplicado o teste Chi-quadrado ou o Teste Exato de

Fischer caso alguma célula da tabela tenha apresentado valor esperado igual ou menor

que 5.

Apenas aquelas que apresentaram associação com o desfecho em nível de

significância p<0,15 foram consideradas para inclusão no modelo logístico. As

variáveis que não foram consideradas para o modelo logístico pela associação com o

desfecho foram introduzidas a partir da existência de plausibilidade biológica baseada

em literatura.

A avaliação final entre ruído e hipertensão arterial utilizou todas as variáveis

com significância na análise bivariada, mais aquelas sem associação e consideradas

biologicamente plausíveis, através da Regressão Logística utilizando o método de

eliminação Backward Wald. A Odds Ratio (OR) do modelo final representa a razão de

chance da associação entre a exposição e o desfecho, independente das outras variáveis

no modelo.

O projeto deste trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa da

Escola Nacional de Saúde Pública/FIOCRUZ (anexo 8) e sob o parecer n° 166/09.

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30

5. ARTIGO

Exposição a ruído e hipertensão arterial: investigação de uma relação silenciosa

Noise exposure and hypertension: investigation of a silent relationship

Tatiana Cristina Fernandes de Souza1; André Reynaldo Santos Périssé

1; Marisa Moura

1

1Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca. Fundação Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Resumo

A pesquisa avaliou, através de um estudo transversal, a presença de alterações na

pressão arterial de 1729 trabalhadores terceirizados de uma refinaria de petróleo e gás e

sua relação com a exposição a níveis elevados de ruído nos locais de trabalho. A

abordagem metodológica incluiu a verificação dos níveis de exposição a ruído, a relação

com as alterações da pressão arterial e o controle de possíveis variáveis de

confundimento, a partir do banco de dados secundário de saúde e de avaliação

ambiental. O efeito de variáveis sociodemográficas e de exposição foram avaliados

através da análise de regressão logística. A Odds Ratio foi a medida de associação

utilizada para verificar a associação entre exposição a ruído e hipertensão arterial. Foi

encontrada associação estatisticamente significativa entre exposição ocupacional a ruído

e hipertensão arterial, controlado pelas outras variáveis preditoras.

Palavras-chave: Ruído; Hipertensão arterial; Saúde do Trabalhador

Abstract

The survey assessed, through a cross-sectional study, the presence of changes in

blood pressure of 1729 contract workers from an oil refinery and its relationship with

exposure to high noise levels in workplaces. The methodological approach included an

examination of the levels of noise exposure, the relationship with changes in blood

pressure control and potential confounders from the secondary database of health and

environmental assessment. Odds Ratio was the association measurement used to assess

the association between noise exposure and hypertension. The effect of

sociodemographic variables and exposure were assessed by logistic regression analysis.

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31

A significant association between occupational exposure to noise and hypertension was

found, controlled by the other predictors.

Key words: Noise; Hypertension; Occupational Health

Introdução

O ruído é o agente mais freqüentemente associado às alterações na saúde dos

trabalhadores e é também o risco ocupacional mais universalmente distribuído 1. No

Brasil, mais da metade dos trabalhadores de indústrias são expostos a níveis de ruído

acima dos limites legais. Isto o torna um importante agente de risco ocupacional,

atingindo um grande número de trabalhadores em nosso meio 2,3

. Conseqüentemente, a

exposição ao ruído constitui um problema de saúde pública, principalmente no âmbito

da Saúde do Trabalhador e seu ambiente.

Os indivíduos podem adoecer por causas relacionadas à sua profissão ou às

condições adversas em que o trabalho é ou foi realizado. A PAIR ocupacional é a forma

mais característica das alterações da saúde relacionadas ao ruído e tem sido estudada

por autores nacionais e internacionais 4,5,6,7

. Entretanto, outras alterações na saúde

também podem ser ocasionadas ou agravadas pela exposição ao ruído, como transtornos

digestivos e comportamentais 8, alterações do sono

9 e dos níveis de cortisol sérico

10,

transtornos cardiovasculares 11

e também à maior incidência de acidentes de trabalho

12,13.

Nos Estados Unidos estima-se que 1 a 3% das mortes por doença cardiovascular

esteja relacionada ao trabalho. No Brasil, segundo dados do ministério da saúde, essas

patologias são a primeira causa de óbito e a hipertensão arterial é a maior causa de

aposentadoria por invalidez (20%) 14

. Em 1980, a Organização Internacional do

Trabalho (OIT) reconheceu no documento „Reunión de Expertos sobre La Reunión de

La Lista de Enfermedades Profesionales‟ a existência de efeitos extra-auditivos do

ruído. Porém, alegou não existir evidências conclusivas para incluir tais efeitos na

relação de doenças profissionais sob o ponto de vista jurídico 15

. No entanto, em 1983 a

Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu o ruído como um dos fatores de

risco para a hipertensão arterial 16

.

A hipertensão arterial é um destacado fator de risco para as doenças

cardiovasculares e tem alta prevalência em todo o mundo. A OMS estimou em 2002 que

1 bilhão de pessoas apresentam quadro de hipertensão arterial e aproximadamente 7

milhões falecem prematuramente anualmente 17

. No Brasil, foram registrados 33.787

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óbitos por doenças hipertensivas no ano de 2005 18

. A hipertensão arterial sistêmica é

caracterizada pela elevação persistente da pressão arterial sistólica e/ou diastólica 14

acima de níveis tensionais estabelecidos.

Os efeitos da exposição ao ruído na audição foram amplamente documentados

e as evidências encontradas nos estudos epidemiológicos são bastante consistentes.

Entretanto, o mesmo quadro não ocorre quanto aos possíveis efeitos em outros órgãos e

sistemas. Não é grande o número de estudos a cerca dos efeitos extra-auditivos

associados à exposição ao ruído.

Alterações cardiovasculares e, especificamente a hipertensão arterial, foram os

efeitos extra-auditivos mais investigados mundialmente. No Brasil, somente poucos

estudos nos últimos 15 anos, como os de Souto Souza et al. 19

e Rocha et al. 20

,

avaliaram a associação entre a exposição a ruído ocupacional e a ocorrência de

hipertensão arterial. O pequeno número de estudos faz com que tal associação seja foco

de nova investigação.

Desta forma, investigou-se a associação entre exposição a ruído ocupacional

≥75 dBA e hipertensão arterial, através de um estudo transversal com dados secundários

de saúde e de exposição ao ruído, de trabalhadores terceirizados de uma refinaria de

petróleo e gás da cidade do Rio de Janeiro.

Metodologia

Desenho do estudo

Foi realizado um estudo transversal com dados de saúde e de exposição ao ruído

de trabalhadores de uma refinaria de petróleo e gás do Rio de Janeiro. O local do estudo

foi selecionado devido à disponibilidade dos dados a serem estudados.

Local e população de estudo

A refinaria estudada localiza-se no Rio de Janeiro, ocupa uma área de 13km2 e

possui capacidade instalada de beneficiamento de petróleo bruto em torno de 242 mil

barris/dia.

Em 2007, existiam dois tipos de vínculo de trabalho na refinaria: os

trabalhadores contratados e os trabalhadores cujos vínculos eram com empresas

terceirizadas. A população estudada foi a dos trabalhadores de empresas terceirizadas

que serviam à refinaria e que tinham feito exame médico periódico naquele ano, assim

como tiveram exposições ambientais aferidas e registradas no mesmo período. No ano

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33

estudado, havia 3.023 trabalhadores terceirizados pertencentes a 90 empresas na

refinaria. Destes, somente 1.729 atendiam aos critérios de inclusão e participaram do

estudo.

A limitação aos trabalhadores terceirizados existiu porque a disponibilidade das

informações de saúde e da exposição ambiental ocorreu somente para este grupo de

trabalhadores através dos registros de uma empresa contratada para realizar os serviços

de engenharia de segurança e de medicina do trabalho. Para os demais, os trabalhadores

concursados, as mesmas funções eram efetuadas pelo Serviço de Engenharia de

Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) da própria refinaria, que não

disponibilizou as informações.

Tanto a avaliação de saúde como a avaliação dos ambientes de trabalho de todos

os terceirizados eram realizadas por uma instituição privada prestadora de Serviços de

Engenharia de Segurança e de Medicina do Trabalho, através de seu Centro de Saúde

Ocupacional (CSO).

Avaliação e identificação dos dados de saúde e socioeconômicos

A avaliação de saúde seguiu o preconizado no Programa de Controle Médico de

Saúde Ocupacional (PCMSO), previsto na Norma Regulamentadora nº 7, do Ministério

do Trabalho e Emprego 21

.

O exame médico obrigatório anual era realizado por quatro médicos do trabalho

e incluía avaliação clínica, anamnese ocupacional e exame físico e mental. As

observações eram anotadas nos campos específicos do instrumento próprio da empresa

para posterior digitação. Os dados de identificação e os relacionados aos parâmetros

sócio-demográficos e de saúde dos trabalhadores foram extraídos do banco de dados

eletrônico da empresa e rearranjados em uma planilha do Excel.

Avaliação dos ambientes de trabalho

A avaliação da exposição ambiental a agentes de risco, foi feita conforme

preconizado na Norma Regulamentadora nº 9 do Ministério do Trabalho e Emprego,

que trata do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) 22

. Participaram da

equipe avaliadora: um Engenheiro de Segurança do Trabalho e dois Técnicos de

Segurança do Trabalho.

Definição de caso e exposição

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34

Considerou-se portador de hipertensão arterial o trabalhador que apresentou

pressão sistólica igual ou superior a 140 mmHg e/ou pressão diastólica igual ou superior

a 90 mmHg seguindo o padrão adotado pelo National Institute of Health 23

. Também

foram classificados como hipertensos aqueles que relataram uso de medicação anti-

hipertensiva, independente dos níveis tensionais encontrados.

Inicialmente, os níveis de exposição ao ruído foram extraídos da ficha do PPRA

de 2007. A partir disto, assumiu-se o valor de 75 dBA para identificação dos

trabalhadores expostos e não expostos.

Análise dos dados

A análise estatística dos dados foi realizada com o programa (software) SPSS

Statistics (versão 17; SPSS Inc. software products).

Para a análise, algumas informações foram mantidas conforme estavam no

instrumento médico e outras foram transformadas para melhor compreensão através de

recodificação, agrupamento ou estratificação. Desta forma, as variáveis estudadas

foram: idade, sexo, estado civil, escolaridade, condição socioeconômica, atividade

física, tabagismo, consumo de álcool, IMC, tipo de serviço e exposição ao calor.

Em primeiro momento, foi realizada uma análise univariada, a fim de conhecer a

população de estudo, a distribuição das variáveis e a melhor forma de estratificação das

mesmas. Em seguida, foi feita uma análise bivariada para avaliar todas as covariáveis

em relação ao desfecho no intuito de identificar possíveis confundidoras na associação

entre ruído e hipertensão arterial. Foi aplicado o teste Chi-quadrado ou o Teste Exato de

Fischer caso alguma célula da tabela tenha apresentado valor esperado igual ou menor

que 5.

Apenas aquelas que apresentaram associação com o desfecho em nível de

significância p<0,15 foram consideradas para inclusão no modelo logístico. As

variáveis que não foram consideradas para o modelo logístico pela associação com o

desfecho foram introduzidas a partir da existência de plausibilidade biológica baseada

em literatura.

A avaliação final entre ruído e hipertensão arterial utilizou todas as variáveis

com significância na análise bivariada, mais aquelas sem associação e consideradas

biologicamente plausíveis, através da Regressão Logística utilizando o método de

eliminação Backward Wald. A Odds Ratio do modelo final representa a razão de

prevalência da associação entre a exposição e o desfecho.

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O projeto deste trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa da

Escola Nacional de Saúde Pública/FIOCRUZ (anexo 8) e sob o parecer n° 166/09.

Resultados

A população do estudo foi composta, principalmente, por trabalhadores solteiros

do sexo masculino. A idade média foi de 38,8 anos (DP-10,2) com grande diferença

entre as idades mínimas e máximas, 19 anos e 72 anos, respectivamente.

A tabela 1 mostra a distribuição da freqüencia das variáveis socioeconômicas, de

saúde e de exposição ambiental.

Não foi observada heterogeneidade na distribuição dos trabalhadores nas

diferentes faixas etárias. A respeito da escolaridade, somente 7,2% dos trabalhadores

possuíam nível superior de estudo. A maioria dos trabalhadores não praticava atividade

física e pouco mais de 20% relatou atividade física regular. Além disso, segundo os

indicadores selecionados, um número maior de indivíduos relatou ser não fumante e não

etilista. Quanto ao IMC, aproximadamente 60% dos indivíduos estava acima do índice

de normalidade, sendo portador de sobrepeso ou obesidade.

A partir dos critérios adotados, aproximadamente 25% da população foi

considerada portadora de hipertensão arterial.

O nível máximo de exposição ao ruído foi de 100 dBA durante o período

estudado. Com isto, quase 80% dos trabalhadores estavam expostos a níveis de ruído

≥75 dBA.

A maior parte da população de estudo desempenhava serviço de manutenção

industrial e obra civil e 88% dos trabalhadores não estavam expostos ao calor, segundo

os critérios de exposição assumidos.

Nas diferentes faixas etárias, a prevalência de hipertensão arterial foi maior entre

os trabalhadores mais velhos, principalmente após 40 anos de idade. Também entre os

hipertensos foi visto maior prevalência entre os trabalhadores do sexo masculino e de

estado civil casado.

Na tabela 2 verifica-se que a freqüencia de trabalhadores hipertensos foi maior

no estrato de escolaridade mais baixa. A maior parte dos trabalhadores hipertensos não

praticava atividade física, tinha boa condição socioeconômica, era fumante, etilista

regular e 45% eram obesos. Entre os expostos a ruído ≥75 dBA, 26,4% dos

trabalhadores eram portadores de hipertensão arterial.

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36

A tabela 3 apresenta o resultado da regressão logística com as variáveis que

mantiveram significado estatístico após o ajuste das variáveis de confundimento. Foram

incluídas no modelo da regressão as variáveis: idade, sexo, escolaridade, condição

socioeconômica, atividade física, tabagismo, etilismo, IMC e exposição a ruído.

Como pode ser observado, mantiveram-se associados à hipertensão arterial todos

os grupos etários, o sexo, o IMC e o ruído. Para as demais variáveis, as associações

detectadas na análise univariada perderam a significância estatística na análise

multivariada.

Verifica-se que a chance de um trabalhador ter hipertensão arterial foi maior

entre os homens e em todos os grupos etários com aumento gradual entre os estratos. A

chance de hipertensão arterial também foi maior entre os trabalhadores com sobrepeso

e, maior ainda, com obesidade. A exposição a ruído se manteve positivamente associada

à ocorrência de hipertensão arterial, em nível de significância estatística, controlado

pelas outras variáveis associadas, indicando que o indivíduo que trabalhou exposto a

ruído a partir de 75 dBA apresentou chance maior de ter hipertensão arterial do que o

não exposto.

Discussão

Verificou-se associação positiva, estatisticamente significativa, entre a exposição

ao ruído e hipertensão arterial, após o ajuste dos efeitos da idade, sexo, escolaridade,

condição socioeconômica, atividade física, tabagismo, etilismo e índice de massa

corporal. Este resultado é consistente com outros estudos que empregaram metodologias

semelhantes.

Rojas-Gonzáles et al., em um estudo transversal envolvendo 40 trabalhadores de

uma indústria cervejeira na Venezuela, observaram hipertensão arterial em 17,75% dos

trabalhadores expostos a ruído maior que 85 dBA 24

. Também o estudo de Chang et al.

mostraram que a pressão arterial sistólica e a pressão arterial diastólica foram

significativamente maiores em trabalhadores expostos a ruído elevado ≥ 85 dBA do que

em trabalhadores não expostos 25

.

A relação entre exposição a ruído ocupacional e elevação da pressão arterial foi

demonstrada também em outros estudos. Lusk et al., através de pesquisa com 23

trabalhadores do setor de montagem de automóveis expostos a níveis ≥ 85 dBA,

verificaram que a pressão sistólica e a pressão diastólica mostraram-se

significativamente associadas à exposição ao ruído elevado, mesmo após ajuste das

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37

covariáveis da função cardiovascular, das variáveis demográficas e do uso de protetor

auditivo 26

. Fogari et al. avaliaram o efeito da exposição ocupacional a ruído na pressão

arterial de 238 trabalhadores de uma fábrica metalúrgica na Itália, expostos a nível >85

dBA. Os resultados mostraram aumento da pressão arterial sistólica e pressão arterial

diastólica (p<0,001) durante o dia de trabalho e até as 3 primeiras horas depois de

cessada a exposição 27

. Um estudo conduzido por Powazka et al. com 178 trabalhadores

jovens de uma fábrica de aço expostos a ruído de 89 dBA observou aumento médio

estatisticamente significativo (p=0,01) da PAS em 5mmHg entre os trabalhadores

expostos 16

.

Narlawar et al. estudaram 770 trabalhadores de uma indústria de ferro e aço em

Nagpur, Índia expostos a ruído de até 98 dBA 28

. Assim como neste estudo, a

prevalência de hipertensão arterial foi maior entre os trabalhadores com maior

exposição (p<0,001). Entretanto, o limite de exposição ao ruído foi muito elevado e não

foram considerados efeitos dos fatores de confundimento. Um estudo de meta-análise

realizada por Tomei et al., compreendendo 15 publicações do período de 1950 a 2008,

investigou a associação entre alterações cardiovasculares e exposição ocupacional

crônica ao ruído nos níveis de 92 dBA, 85 dBA e 62 dBA. O resultado indicou aumento

estatisticamente significativo da pressão sistólica e da pressão diastólica somente entre

os trabalhadores expostos a ruído de 92 dBA (RP- 2,56; 95%IC: 2,009-3,266; p<0,001)

29.

Pesquisadores brasileiros também se interessaram pelo estudo da relação entre

exposição a ruído e hipertensão. Souto Souza et al. estudaram 775 trabalhadores de uma

área de perfuração de petróleo e observaram que a exposição ocupacional a ruído ≥85

dBA por mais de 10 anos estava significativamente associada à ocorrência de

hipertensão arterial (RP- 1,8; 95%IC:1,3-2,4) após ajuste da idade, escolaridade e

obesidade 19

. Os autores também avaliaram o mesmo efeito sem considerar o tempo de

exposição e encontraram associação positiva, porém sem significância estatística (RP-

1,3; 95%IC: 0,9-1,9). De forma semelhante, os autores usaram dados secundários de

saúde e de avaliação ambiental e a mesma definição da hipertensão arterial. Entretanto,

não foi avaliada a possibilidade do trabalhador estar fazendo uso de medicação

antihipertensiva, já que esta informação não constava nos prontuários médicos de forma

sistemática.

Foram identificados somente dois estudos onde a associação entre exposição a

ruído e hipertensão arterial não foi encontrada. Santana & Barberino avaliaram em um

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estudo transversal, um grupo de 276 pacientes atendidos em um ambulatório de Saúde

do Trabalhador do Sistema Único de Saúde 30

. Não foram encontradas diferenças na

pressão arterial entre os indivíduos expostos e os não expostos (RP – 0,87; IC95% -

0,51-1,56). A exposição ao ruído teve duas medidas: história referida de exposição

ocupacional ao ruído e o diagnóstico de disacusia ocupacional. A hipertensão arterial foi

definida de acordo com os critérios da OMS de nível tensional sistólico acima de 160

mmHg e diastólico acima de 95 mm Hg, incluindo-se também a referência a tratamento

anti-hipertensivo. Em outro trabalho, Inoue et al., realizaram estudo transversal com

242 trabalhadores japoneses expostos a ruído elevado. A análise de regressão logística

com ajuste para fatores de confusão mostrou uma associação inversa entre hipertensão

arterial e as condições de ruído no local de trabalho (RP – 0,48; IC 95% - 0,28-0,81) 31

.

Observou-se que a maioria dos autores avaliou a associação dos efeitos

cardiovasculares a níveis elevados de ruído. Desta forma, os autores consideraram os

limites máximos de exposição dos efeitos auditivos, segundo a legislação de cada país.

No intuito de minimizar este problema, neste estudo utilizou-se o nível de 75 dBA como

referência para exposição a ruído elevado. Esta escolha está embasada em estudos que

consideraram níveis menores de exposição ao ruído, mencionados a seguir. Na revisão

de literatura sobre exposição a ruído e alterações extra-auditivas realizada por Berglund

et al., foi observado quadro de irritabilidade e maior nível de stress em indivíduos

expostos a 55 dBA e de alterações cardiovasculares em níveis maiores do que 65 dBA

32. Identificou-se somente duas pesquisas utilizando níveis de ruído ≥75 dBA. Gitanjali

e Ananth, em 2004, pesquisaram o efeito do ruído ocupacional nas fases do sono e

verificaram que os trabalhadores expostos tiveram um maior risco de alterações na

qualidade e nas fases do sono, mas que podiam se adaptar após alguns anos de

exposição 33

. Já o estudo de Chang et al. avaliou a associação da alteração da pressão

arterial e nível de ruído de 75 dBA e mostrou que houve aumento da pressão arterial,

transitório, somente até a primeira hora de trabalho 34

.

Neste estudo, a prevalência de trabalhadores hipertensos foi de 24,9%. Um

estudo transversal de base populacional realizado pelo INCA entre 2002 e 2003 em 15

capitais brasileiras e Distrito Federal revelou que cerca de 30% da população brasileira

apresentava hipertensão arterial 35

.

A investigação dos possíveis fatores de confundimento confirmou informações

vistas da literatura e mostrou resultados significativos (p<0,05) para: idade, sexo, estado

civil, sedentarismo, tabagismo, consumo de álcool e excesso de peso.

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39

O estudo de Feijão et al. com população urbana de baixa renda da área

metropolitana de Fortaleza identificou uma relação positiva da idade com a hipertensão

arterial 36

. Resultados similares foram encontrados por Costa et al. em estudo de base

populacional urbana de Pelotas/RS 37

. Quanto ao gênero, tanto Feijão et al. como Klein

et al. 38

em pesquisa com a população da Ilha do Governador, no Rio de Janeiro

verificaram maior prevalência de hipertensão arterial entre os homens. Já no estudo de

Costa et al., as mulheres apresentaram uma probabilidade 17% maior de apresentar

hipertensão arterial do que os homens 37

. A atividade física também foi avaliada em

seus estudos, onde encontraram como resultado uma prevalência de 24,2% de

hipertensão arterial entre os indivíduos que realizavam quantidade de exercício físico

classificado como insuficiente para a melhora da saúde, contra 21,3% de prevalência

entre os que realizavam quantidade suficiente, porém não houve significância

estatística. O presente estudo confirma tal associação, mostrando maior prevalência de

hipertensão arterial para os trabalhadores que não praticavam atividade física.

A avaliação do IMC neste trabalho mostrou que 45% dos trabalhadores

hipertensos eram obesos e que estas variáveis estavam positivamente relacionadas.

Carneiro et al., em estudo realizado com 499 pacientes com sobrepeso e obesos,

também observaram aumento significante da prevalência de hipertensão arterial com o

aumento do índice de massa corporal. A prevalência foi de 23% para os indivíduos com

o índice de massa corporal entre 25 e 29,9 e de 67% para aqueles com índice de massa

corporal maior ou igual a 40 39

.

Em estudos de prevalência não é possível estabelecer temporalidade entre a

exposição e o efeito investigado 40

. Desta forma, não foi possível determinar se a

exposição ao ruído precedeu ou foi resultado da ocorrência de hipertensão arterial na

população estudada. Neste trabalho, a opção por este delineamento se deveu ao fato de

ser esta uma primeira aproximação do problema ainda pouco estudado em nosso meio.

Apesar dos cuidados adotados na elaboração do desenho do estudo e no controle

de fatores de confundimento, os resultados encontrados podem ter sido influenciados

por fatores não corrigidos. Por exemplo, em estudos com dados secundários, a

qualidade da informação não pode ser garantida. Neste estudo não pôde ser assegurada a

validade das informações uma vez que estas informações foram extraídas dos registros

dos exames periódicos e do documento de PPRA, podendo ter ocorrido viés de

informação.

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40

A população estudada foi somente a dos trabalhadores de empresas terceirizadas

que serviam à refinaria. A limitação aos trabalhadores terceirizados existiu porque a

disponibilidade das informações de saúde e da exposição ambiental ocorreu somente

para este grupo de trabalhadores. Tal fato, aliado ao desconhecimento do número total

de trabalhadores da refinaria, impossibilitou a inferência dos resultados para todos os

trabalhadores da refinaria. Entretanto pode-se supor que por ter sido incluído somente

os trabalhadores terceirizados, o resultado representa o grupo com vínculo de trabalho

mais frágil e exposto a condições de trabalho menos satisfatórias.

A opção por estudar os resultados dos exames periódicos significou que foram

incluídos somente os trabalhadores que estavam desempenhando as suas funções na

ocasião que foram convocados para a avaliação clínica. Conseqüentemente incorreu-se

no viés do trabalhador saudável com a exclusão dos que estavam doentes e desviando,

desta forma, o resultado para a ausência de associação. Talvez fosse observado um

resultado diferente caso tivessem sido incluídos os resultados de exames admissionais,

demissionais e os efetuados nas mudanças de função e nos retornos ao trabalho após

afastamento por qualquer motivo.

Alguns fatores de risco para a saúde, como o ruído, produzem os seus efeitos

após um longo período de exposição e, por isso, é importante considerar a história

pregressa de exposição. Souto Souza demonstrou isto ao encontrar associação

estatisticamente significativa somente quando considerou a exposição a ruído por mais

de 10 anos 19

. A associação não teve significância estatística quando não foi

considerado o tempo de exposição. Neste estudo, na refinaria de petróleo, considerou-se

somente a exposição relativa ao ano de 2007. Uma vez que os possíveis efeitos

cumulativos de exposições anteriores não foram analisados pode-se supor que os

resultados seriam diversos caso o estudo tivesse contemplado também estas exposições.

Além das limitações devidas a utilização de somente uma medida de exposição

ao ruído, a exposição de alguns trabalhadores pode ter sido menor uma vez que o efeito

protetor do uso de EPI auditivo não foi considerado. Neste estudo, foram incluídos os

trabalhadores com exposição maior do que 75 dBA e somente aqueles com exposições

acima de 85 dBA usavam aquela proteção. Não foi possível estabelecer o nível real de

exposição nesse grupo de trabalhadores já que a informação sobre o uso de proteção

auditiva não constava do cadastro de saúde. Ising e Kruppa discutiram as implicações

em não avaliar o uso de EPI em uma revisão de literatura dos últimos 25 anos sobre os

efeitos do ruído na saúde. Segundo os autores, isto pode levar a efeitos superestimados

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41

do nível de exposição ao ruído resultando em erros de classificação da exposição em até

30 dBA 41

. Por outro lado, estudos que avaliaram o uso do equipamento de proteção

indicaram associação estatisticamente significativa entre ruído e hipertensão arterial

mesmo quando considerado o seu uso 16,24,26

.

Na refinaria, existem dezenas de departamentos distribuídos pelas 73 empresas

terceirizadas, com diferentes níveis de exposição a ruído. A avaliação refinada da

exposição deveria compreender a análise da exposição ao ruído em cada setor. Porém,

não foi possível obter uma correta estimativa da localização dos trabalhadores por setor

segundo as diferentes empresas terceirizadas. Então, optou-se por agrupar os

trabalhadores de acordo com o tipo de serviço prestado na refinaria. Talvez outras

formas de agrupamento fossem mais fidedignas em relação à exposição ocupacional ao

ruído. Isto pode ter interferido na ausência de associação observada.

O nível socioeconômico mais baixo está associado à maior prevalência de

hipertensão arterial e de fatores de risco para elevação da pressão arterial 42

. Entretanto,

uma vez que o banco de dados não dispunha de indicadores tradicionais desta variável

foram utilizadas informações disponíveis que geraram a variável condição

socioeconômica. Talvez esta opção não tenha representado de forma fidedigna o nível

socioeconômico da população estudada, o que pode ter interferido na ausência de

associação observada.

A possibilidade de acesso aos dados de avaliação de saúde e de exposição

ambiental dos trabalhadores terceirizados da refinaria de petróleo, relativos aos anos de

2003 a 2008 permitirá, no futuro, a realização de um estudo de coorte retrospectiva onde

serão observados os efeitos cumulativos da exposição a ruído ocupacional.

O ruído é o risco ocupacional mais universalmente distribuído e é também o

agente mais freqüentemente associado às alterações na saúde dos trabalhadores 1. A

hipertensão arterial, por sua vez, é a maior causa de aposentadoria por invalidez no

Brasil 14

. Tais fatos confirmam a importância deste estudo, uma vez que trabalhadores

hipertensos podem ter a exposição ao ruído ocupacional associada à gênese ou

agravamento da hipertensão e este diagnóstico etiológico não é considerado uma vez

que o nível do ruído é considerado “seguro”. É fundamental que se estabeleçam limites

de exposição ao ruído tendo como meta a prevenção também de efeitos extra-auditivos.

Os resultados deste estudo podem alertar agentes do governo e instâncias

regulatórias acerca da importância de que se estabeleçam limites mais acurados da

exposição ao ruído sem que a saúde dos trabalhadores seja comprometida. Para os

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42

trabalhadores, o estudo contribui para o conhecimento do impacto do trabalho sobre sua

saúde. Já para os profissionais de saúde, os resultados do estudo trazem a possibilidade

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47

Tabela 1. Freqüencia das variáveis sociodemográficas, de exposição ambiental e

hipertensão arterial

Variável n (%)

Idade

<30

30-34

35-39

40-44

45-49 ≥50

358 (20,7)

306 (17,7)

292 (16,9)

273 (15,8)

216 (12,5) 284 (16,4)

Sexo

Feminino

Masculino

144 (8,3)

1585 (91,7)

Estado civil

Solteiro

Casado

919 (53,2)

810 (46,8)

Escolaridade

Até Fundamental I incompleto

Fundamental I completo

Fundamental II incompleto

Fundamental II completo

Médio incompleto

Médio completo Superior (completo ou não)

81 (4,6)

133 (7,7)

350 (20,2)

302 (17,5)

202 (11,7)

537 (31,1) 124 (7,2)

Condição socioeconômica (CSE)*

Ausente

Presente

423 (24,5)

1306 (75,5)

Atividade física

Não

Irregular

Regular

1026 (59,4)

336 (19,4)

367 (21,2)

Tabagismo

Não fumante

Fumante

1346 (77,8)

383 (22,2)

Consumo de álcool

Não etilismo

Regular

1078 (62,3)

651 (37,7)

Índice de Massa Corporal

Normal

Sobrepeso Obesidade

718 (41,5)

742 (42,9) 269 (15,6)

Hipertensão Arterial

Normotenso

Hipertenso

1299 (75,1)

430 (24,9)

Ruído (>=75)

Não exposto

Exposto

382 (22,1)

1347 (77,9)

Tipo de Serviço

Manutenção industrial

Obra civil

Limpeza predial

Outros

610 (35,3)

615 (35,5)

352 (20,4)

152 (8,8)

Calor

Não exposto

1526 (88,3)

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48

Exposto 203 (11,7)

* CSE: Presente - presença de água encanada + coleta regular de lixo + rede de esgoto + luz elétrica.

Ausente - inexistência de pelo menos um dos fatores acima.

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Tabela 2. Análise estatística da associação de hipertensão arterial com variáveis

sociodemográficas e de exposição ambiental

Variável Normotenso

n(%); n=1299

Hipertenso

n(%); n=430 p-valor

Idade

<30

30-34

35-39

40-44

45-49

>=50

332 (92,7)

260 (85,0)

236 (80,8)

186 (68,1)

135 (62,5)

150 (52,8)

26 (7,3)

46 (15,0)

56 (19,2)

87 (31,9)

81 (37,5)

134 (47,2)

0,00

Sexo

Feminino Masculino

127 (88,2) 1172 (73,9)

17 (11,8) 413 (26,1)

0,00

Estado civil

Solteiro

Casado

738 (80,3)

561 (69,3)

181 (19,7)

249 (30,7)

0,00

Escolaridade

Até fundamental I incompleto

Fundamental I completo

Fundamental II incompleto

Fundamental II completo

Médio incompleto

Médio completo

Superior (completo ou não)

56 (69,1)

96 (72,2)

256 (73,1)

239 (79,1)

157 (77,7)

392 (73,0)

103 (83,1)

25 (30,9)

37 (27,8)

94 (26,9)

63 (20,9)

45 (22,3)

145 (27,0)

21 (16,9)

0,07

Condição socioeconômica *

Ausente Presente

331 (78,3) 968 (74,1)

92 (21,7) 338 (25,9)

0,09

Atividade física

Não

Irregular

Regular

750 (73,1)

257 (76,5)

292 (79,6)

276 (26,9)

79 (23,5)

75 (20,4)

0,04

Tabagismo

Não fumante

Fumante

1038 (77,1)

261 (68,1)

308 (22,9)

122 (31,9)

0,00

Consumo de álcool

Não etilista

Regular

839 (77,8)

460 (70,7)

239 (22,2)

191 (29,3)

0,00

Índice de Massa Corporal

Normal

Sobrepeso

Obesidade

619 (86,2)

532 (71,7)

148 (55,0)

99 (13,8)

210 (28,3)

121 (45,0)

0,00

Tipo de Serviço

Manutenção industrial Obra Civil

Limpeza predial

Outros

464 (76,1) 453 (73,7)

274 (77,8)

108 (71,1)

146 (23,9) 162 (26,3)

78 (22,2)

44 (28,9)

0,29

Calor

Não exposto

Exposto

1154 (75,6)

145 (71,4)

372 (24,4)

58 (28,6)

0,19

Ruído (>=75)

Não exposto

Exposto

307 (80,4)

992 (73,6)

75 (19,6)

355 (26,4)

0,01

* CSE: Presente - presença de água encanada + coleta regular de lixo + rede de esgoto + luz elétrica.

Ausente - inexistência de pelo menos um dos fatores acima.

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50

Tabela 3. Modelo Final da Regressão Logística

Variável Odds Ratio IC (95%) p-valor

Idade

<30

30-34

35-39

40-44

45-49 >=50

1,00

1,93

2,57

4,88

6,25 10,16

-

1,15 – 3,24

1,55 – 4,25

3,00 – 7,91

3,80 – 10,28 6,33 – 16,30

-

0,01

0,00

0,00

0,00 0,00

Sexo

Feminino

Masculino

1,00

1,91

-

1,10 – 3,34

-

0,02

Índice de Massa Corporal

Normal

Sobrepeso

Obesidade

1,00

2,13

4,47

-

1,61 – 2,81

3,17 – 6,29

-

0,00

0,00

Ruído 75 dB(A)

Não exposto

Exposto

1,00

1,57

-

1,15 – 2,15

-

0,00

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A hipertensão arterial é um dos principais problemas de saúde entre os

trabalhadores. Logo, a adoção de estratégias de prevenção dessa patologia deve ser um

dos objetivos da política de saúde para essa população. Estratégias de prevenção

primária com a identificação de fatores de risco e a atuação sobre os mesmos também

devem ser contempladas, embora a prevenção secundária com foco sobre o diagnóstico

e o tratamento seja observada com maior freqüencia.

O fator de risco ocupacional representa um perigo potencial que não pode ser

controlado pelo trabalhador, o que não acontece com os fatores de risco relativos ao

estilo de vida. Milhares de trabalhadores ainda continuam se expondo a níveis elevados

de ruído com conseqüente adoecimento, apesar do conhecimento crescente de seus

efeitos sobre a saúde e das diversas medidas de controle.

A proteção à saúde dos trabalhadores ainda é garantida pelas normativas

relacionadas a alguns riscos ocupacionais. As normas existentes e mais utilizadas de

exposição ocupacional em todo o mundo estão voltadas às atividades no trabalho cujos

principais fatores de risco são as substâncias químicas e agentes físicos, seguindo o

modelo do Limite de Tolerância.

A regulamentação no Brasil sobre a exposição a ruído ocupacional contempla

apenas a PAIR, não considerando outros efeitos adversos à saúde causados pelo ruído

embora a OMS reconheça o ruído como um dos fatores de risco para a hipertensão

arterial.

A busca pelo conhecimento das relações de saúde e doença no trabalho precisam

se expandir rumo ao interesse maior que é o bem estar do trabalhador. Manter a visão

eminentemente biológica e individual da Medicina do Trabalho que busca a relação

unicausal dos agentes e das doenças e centrada na figura do médico não é eficaz. Pouco

eficaz também é a aplicação da mentalidade da Saúde Ocupacional, que se baseia na

realização de exames admissionais e periódicos na busca por selecionar os mais

saudáveis ou que suportem melhor o trabalho ou excluir os que têm algum desvio da

normalidade. Isto se dará por meio da vigilância da saúde do trabalhador e com a eficaz

e efetiva regulamentação pública das suas exposições.

A Política Nacional de Saúde do Trabalhador, em vigor desde 2004, é um passo

em direção à mudança de paradigmas das ações em saúde do trabalhador. Esta política

visa à redução dos acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, mediante a execução

de ações de promoção, reabilitação e vigilância na área de saúde. Suas diretrizes

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52

compreendem a atenção integral à saúde, a articulação intra e intersetorial, a

estruturação da rede de informações em Saúde do Trabalhador, o apoio a estudos e

pesquisas, a capacitação de recursos humanos e a participação da comunidade na gestão

dessas ações.

É importante priorizar a visão da Saúde do Trabalhador que busca a explicação

sobre o adoecer e o morrer dos trabalhadores e considera o trabalho, enquanto

organizador da vida social, como o espaço de dominação e submissão do trabalhador

pelo capital, mas, igualmente, de resistência, de constituição, e do fazer histórico.

Finalmente, torna-se fundamental considerar a exposição aos outros agentes de

risco e os aspectos do mundo do trabalho, principalmente aqueles relacionados à

organização do trabalho que são potencialmente estressores e que podem estar

associados com maior ocorrência de doenças. Estudos que avaliem a interação do ruído

com esses fatores, incluindo a percepção do trabalhador quanto às suas condições de

trabalho, são fundamentais para um conhecimento ainda mais adequado sobre a

influência da ocupação na Saúde do Trabalhador.

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63

ANEXOS

Anexo 1. Quadro de departamentos e funções dos trabalhadores terceirizados

Quadro 1. Departamentos das empresas terceirizadas

Administração Instrumentação

Almoxarifado Isolamento

Análise Limpeza

Andaimes Lubrificação

Caldeiraria Manutenção

Carpintaria Mecânica

Carregamento Modelagem

Coletas Montagem

Compressor Obra Civil

Controle de Qualidade Operação

Dedetização Pintura

Elétrica Projeto

Elevação Refeitório

Empilhadeira Solda

Enfermagem Técnico/Supervisão

Escritório Topografia

Execução Transporte

Ferramentaria Tratamento de água

Hidráulica Usinagem

Hidrojato Vigilância - REDUC

Inspeção

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Quadro 2. Funções exercidas pelos trabalhadores das empresas terceirizadas

Ajudante Auxiliar de laboratório Encarregado de funilaria Geólogo

Ajudante de caminhão Auxiliar de limpeza

industrial

Encarregado de

instrumentação

Gerente administrativo

Ajudante de cozinha Auxiliar de manutenção Encarregado de isolamento Gerente comercial

Ajudante de isolador Auxiliar de meio ambiente Encarregado de jardinagem Gerente de manutenção

Ajudante de jardineiro Auxiliar de planejamento Encarregado de montagem Hidrojatista

Ajudante de manutenção Auxiliar de serviços gerais Encarregado de obras Homem de área I

Ajudante de mecânico Auxiliar de topografia Encarregado de pintura Inspetor de equipamentos

Ajudante de obras Auxiliar técnico Encarregado de turma Inspetor de qualidade

Ajudante elevação de cargas Auxiliar técnico de

planejamento

Encarregado geral Inspetor de recebimento

Almoxarife Biólogo Enfermeiro do trabalho Inspetor de solda

Analista ambiental Bombeiro hidráulico Engenheiro Inspetor de vigilância

Apoiador de campo Calceteiro Engenheiro agrônomo Inspetor não qualificado

Apontador Caldeireiro Engenheiro civil Instrumentista

Armador Carpinteiro Engenheiro coordenador Isolador

Arquiteto Chefe de cozinha Engenheiro de aplicação Jardineiro

Arquivista Consultor Engenheiro de automação Jornalista

Assistente de meio ambiente Consultor técnico de

inspeção

Engenheiro de projetos

pleno

Lubrificador

Assistente social Coordenador de qualidade Engenheiro de segurança do

trabalho

Maçariqueiro

Assistente técnico

administrativo

Coordenador planejamento Engenheiro de sistemas Marteleteiro

Assistente técnico pleno III Copeiro Engenheiro de

telecomunicações

Mecânico

Auxiliar técnico de

segurança do trabalho

Desenhista Engenheiro de vendas Mecânico de campo junior

Auxiliar administrativo Diretor Engenheiro eletricista Mecânico de campo sênior

Auxiliar de almoxarife Eletricista Engenheiro mecânico Mecânico de manutenção

Auxiliar de carregamento Eletricista de força e

controle

Engenheiro químico Mecânico de máquinas

pesadas

Auxiliar de confeitaria Eletricista de manutenção Engenheiro trainee Mecânico de refrigeração

Auxiliar de contratos Eletricista montador Entregador de ferramentas Mecânico de válvula

Auxiliar de controle de

qualidade

Encanador Especialista em projetos Mecânico especialista

Auxiliar de escritório Encarregado Feitor Mecânico líder

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Auxiliar de inspeção Encarregado de elétrica Funileiro Mecânico qualificado

Médico do trabalho Operador de retro

escavadeira

Supervisor de isolamento Técnico de materiais

Meio oficial Operador de roçadeira Supervisor de limpeza

industrial

Técnico de planejamento

Mestre de andaime Padeiro Supervisor de manutenção Técnico de preditiva

Mestre de montagem Pedreiro Supervisor de mecânica Técnico de segurança do

trabalho

Mestre de obras Pintor Supervisor de montagem Técnico de serviços

Mestre rigger Preposto Supervisor de operações Técnico de sistema de

medição

Montador de andaimes Programador de tráfego Supervisor de solda Técnico de suprimento

Motorista Projetista Supervisor de tubulação Técnico de tubulação sênior

Motorista de caminhão Rigger Supervisor IF/AT Técnico em automação

Motorista de caminhão

munck

Servente Supervisor técnico Técnico em edificações

Motorista de caminhão

poliguindaste

Soldador Supervisor técnico de

caldeiraria

Técnico em elétrica

Motorista de caminhão

vácuo

Supervisor Técnico Técnico em instrumentação

Motorista de Kombi Supervisor administrativo Técnico Agrícola Técnico em mecânica

Motorista de ônibus Supervisor de apoio Técnico agrimensor Técnico em processamento

petroquímico

Motorista utilitário Supervisor de caldeiraria Técnico analista de sistemas Técnico em suprimentos

Nutricionista Supervisor de carregamento Técnico civil Técnico líder de medição

Operador de compressor Supervisor de contrato Técnico de analítica Técnico mecânico

Operador de dedetização Supervisor de controle de

qualidade

Técnico de caldeiraria Técnico processo

petroquímico

Operador de draga Supervisor de elétrica Técnico de controle de

qualidade

Técnico químico

Operador de empilhadeira Supervisor de elevação de

cargas

Técnico de documentação Técnico sênior de obras

civis

Operador de escavadeira

hidráulica

Supervisor de estrutura

metálica

Técnico de enfermagem do

trabalho

Topógrafo

Operador de guindaste Supervisor de ferramentaria Técnico de instrumentação Torneiro mecânico

Operador de máquina Supervisor de hidrojato Técnico de manuseio de

resíduos

Vendedor técnico

Operador de moto-serra Supervisor de

instrumentação

Técnico de manutenção Vigilante

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Anexo 2. Norma Regulamentadora n.7

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Anexo 3. Norma Regulamentador n.9

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Anexo 4. Norma de Higiene Ocupacional n.1 – Procedimentos de avaliação

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Anexo 5. Norma Regulamentadora n.15 – anexo 3

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Anexo 6. Norma de Higiene Ocupacional n.6 – Procedimentos de avaliação

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Anexo 7. Norma Regulamentadora n.15 – anexo 1

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Anexo 8. Aprovação do projeto pelo Comitê de Ética da Escola Nacional de Saúde

Pública/FIOCRUZ

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