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Tatiane Santana M ergu ando lh - JurisWayap r e S e n T a ç ã o Muito se tem falado sobre o Novo Acordo Ortográfico, mas a grande maioria das fontes de pesquisa se limita a citar

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2009

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Tatiane Santana

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TaTiane SanTana

Graduada em PedaGoGia Pela uFmGPesquisadora e Produtora de cursos online

Mergulhando no novo acordo orTográfico

2009

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SuMário

apreSenTação ................................................................ 051. novo acordo orTográfico .................................. 071.1 Primeiros Passos ...................................................... 071.2 Motivação e Objetivos ............................................. 08 1.3 Acordo frustrado ...................................................... 091.4 Protocolos Modificativos ......................................... 091.5 Sem Portugal não dá ................................................ 101.6 Estatísticas ............................................................... 101.7 Critérios ................................................................... 111.8 Mudanças no Português do Brasil ........................... 112. MudançaS na orTografia braSileira ....................... 132.1 Reintrodução do K, W e Y ....................................... 132.2 Supressão do trema .................................................. 172.3 Acentuação Gráfica .................................................. 20 2.3.1. O que é acentuação gráfica? .............................. 20 2.3.2. Regras de acentuação gráfica ............................ 24 2.3.3. Acentuação das Proparoxítonas, Paroxítonas e Oxítonas ............................................................... 24 2.3.4. Acentuação de Ditongos e Hiatos ....................... 32 2.3.5. Verbos terminados em guir/quir (u pronunciado) e guar/quar ......................................................... 39 2.3.6. Acentos Diferenciais ........................................... 44

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2.4 Uso do hífen ........................................................... 49 2.4.1. Regras Novas x Regras anteriores ao Novo Acordo

Ortográfico ........................................................ 49 2.4.2. Hífen em Verbos, Compostos e Sequências de

Palavras ........................................................... 50 2.4.3. Prefixos e Sufixos .............................................. 56 2.4.4. Sufixos ............................................................... 62 2.4.5. Casos em que não se usa o hífen ...................... 623. críTicaS à reforMa orTográfica ........................... 694. vigência do novo acordo orTográfico .............. 77

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apreSenTação

Muito se tem falado sobre o Novo Acordo Ortográfico, mas a grande maioria das fontes de pesquisa se limita a citar superficialmente as mudanças geradas pela alteração das regras, sem se aprofundar no assunto.

E divulgar as alterações é realmente importante, mas não se pode deixar que as novas regras apenas se juntem às demais para aumentar ainda mais a quantidade de normas a serem decoradas.

Assim, este pequeno manual, fruto de intensa pesquisa em livros, jornais impressos, telejornais, revistas e internet, convida o leitor a dar um verdadeiro mergulho no assunto, saindo da superficialidade dos resumos e se aprofundando nos estudos a respeito do Novo Acordo Ortográfico.

Seu conteúdo explica com detalhes todas as alterações impostas aos brasileiros, como o retorno das letras K, W e Y, a extinção do trema, as novas regras de acentuação gráfica e de uso do hífen, comparando-as com as regras anteriores e explicitando, inclusive, como ficam alguns casos não previstos expressamente pelo texto do acordo.

Além disso, são expostos os motivos que levaram à elaboração das novas regras e também as críticas que estão sendo feitas, tanto ao texto do acordo quanto à sua capacidade de cumprir suas próprias finalidades. Também fará parte dos estudos a repercussão do acordo em Portugal.

Bons estudos!

Tatiane Santana

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1. novo acordo orTográfico

1.1 Primeiros passos

Desde muito tempo, Brasil e Portugal tentam aperfeiçoar e unificar novamente as regras ortográficas, que evoluíram de forma diferente ao longo dos anos.

Uma das propostas mais radicais foi a simplificação da língua através da representação de cada fonema (som) por apenas um único grafema (forma gráfica – letra). Assim, o fonema /s/, por exemplo, seria representado apenas pela letra S, e não mais por C, Ç, x , SS, x C e SC. Dessa forma, as palavras exceção, cenoura e crescer, com o fonema /s/, passariam a ser grafadas “esesão”, “senoura” e “creser”. As palavras casa, exato e portuguesa, com o fonema /z/, passariam a ser grafadas “caza”, “ezato” e “portugueza”.

Essa simplificação seria até prática, mas linguistas chegaram à conclusão que isso traria muitos problemas na diferenciação das palavras, o que dificultaria bastante a compreensão dos textos. Seria impossível, por exemplo, distinguir sessão, seção e cessão, pois todas seriam grafadas “sesão”.

Assim, descartou-se um critério exclusivamente fonético, e as sucessivas reformas ortográficas ocorridas no Brasil e em Portugal passaram a adotar critérios mistos, que tinham características fonéticas, mas também consideravam, até certo ponto, a etimologia da palavra (sua origem gráfica).

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Entretanto, a evolução ortográfica não ocorreu de forma unificada. Brasil e Portugal fizeram várias reformas ortográficas independentes, o que acabou gerando duas línguas portuguesas:

– o Português de Portugal, usando em Portugal e nos demais países de língua portuguesa, e

– o Português do Brasil, que é adotado apenas no Brasil.Em maio de 1986, os representantes dos 7 países que usam

o português como língua oficial se reuniram no Rio de Janeiro, na Academia Brasileira de Letras, dando início aos trabalhos que tinham como objetivo criar uma ortografia unificada para a Língua Portuguesa. Desse encontro resultaram as bases do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, cujo texto foi publicado no mesmo ano.

Entretanto, foram necessárias algumas alterações e correções, que deram origem ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, assinado em Lisboa, Portugal, no dia 16 de dezembro de 1990, não só por representantes de Brasil e Portugal, mas também de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe.

1.2 Motivação e Objetivos

Um dos exemplos que motivaram a unificação da grafia da língua portuguesa, e que foi bastante citado à época das negociações, foi o caso da língua espanhola (ou castelhano) que, apesar das diferenças de pronúncia e vocabulário entre Espanha e os países da América, é regida por uma só norma ortográfica.

A língua portuguesa que, com cerca de 210 milhões de falantes, é a 5ª língua mais falada no mundo e a 3ª no ocidente, era dividida por duas grafias oficiais diferentes, que davam origem ao Português de Portugal, usada em Portugal e nosdemais países de língua portuguesa, e ao Português do Brasil, exclusividade do Brasil.

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A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) afirma que essa dupla grafia acaba limitando a dinâmica do idioma, pois dificulta, não só a divulgação de informações e as relações comerciais, como também a difusão cultural entre os países de língua portuguesa, enfraquecendo a língua.

Além disso, no plano internacional, a falta de unidade gráfica também enfraquece o prestígio do idioma, já que ele acaba sendo tratado como duas línguas diferentes, exigindo traduções diferentes para Brasil e Portugal. Isso dificultaria a pretensão de se incluir a Língua Portuguesa como um dos idiomas oficiais da Organização das Nações Unidas (ONU).

Assim, o objetivo é tornar a língua portuguesa mais forte, facilitando o intercâmbio cultural entre os países da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) e aumentando seu prestígio internacional, o que possibilitaria sua entrada no rol dos idiomas oficiais da ONU.

1.3 Acordo frustrado

Segundo o Acordo Ortográfico original, as mudanças entrariam em vigor no dia 1º de janeiro de 1994, quando todos os países envolvidos já deveriam ter ratificado a reforma.

Entretanto, apenas Brasil, Portugal e Cabo Verde ratificaram o acordo a tempo e, assim, a reforma não chegou a entrar em vigor.

A partir de então, o Acordo passou por alguns protocolos modificativos.

1.4 Protocolos Modificativos

O primeiro, de 1998, acabou com o prazo para ratificação. Entretanto, manteve a necessidade de aprovação por todos os países de língua portuguesa para que entrasse em vigor.

Em 2004, um novo protocolo modificativo foi assinado. Dessa vez, foi estabelecido que bastaria a ratificação de três dos Estados signatários para sua entrada em vigor. Além disso, foi permitida a adesão de Timor-Leste, que só conseguira sua independência total em 2002. Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe ratificaram esse protocolo modificativo, o que possibilitaria que a reforma fosse oficializada em 1º de janeiro de 2007.

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1.5 Sem Portugal não dá

Com a ratificação de Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, as novas normas já poderiam entrar em vigor nesses três países.

Entretanto, esses países consideraram fundamental que Portugal aderisse à reforma para que as mudanças pudessem ser implementadas com sucesso e o Acordo realmente cumprisse seus objetivos.

Assim, depois de muitos adiamentos e de muitas críticas e polêmicas, Portugal acabou ratificando o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa em 16 de maio de 2008, sendo o mesmo sancionado pelo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, em julho do mesmo ano.

1.6 Estatísticas

O Novo Acordo Ortográfico acarreta mudanças na grafia de apenas 0,5% das palavras do vocabulário usado no Brasil.

Entretanto, em Portugal, esse percentual sobe para cerca de 1,6% das palavras usadas, o que representa mais que o triplo de alterações. E isso explica a maior resistência dos portugueses na adoção da nova ortografia, que, para alguns, é um mero “abrasileiramento” da língua.

O Novo Acordo Ortográfico resolve 98% das diferenças de grafia entre Brasil e Portugal. Para os outros 2%, foi criado o critério da grafia dupla ou múltipla, pelo qual se pode optar por uma ou outra grafia facultativamente.

1.7 Critérios

As bases da unificação da grafia se fundaram, em grande parte, no critério fonético.

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Assim, a grafia das palavras foi modificada tentando aproximá-la da língua falada. Um exemplo claro disso é a abolição das consoantes c e p mudas no Português de Portugal, como nas palavras acção, adopção, óptima, director e baptizar que passam a ser grafadas ação, adoção, ótima, diretor e batizar, o que já havia acontecido no Brasil desde a reforma de 1943.

1.8 Mudanças no Português do Brasil

As principais mudanças para o português escrito no Brasil são a inclusão das letras K, W e Y no alfabeto, a abolição do trema, a supressão de alguns acentos nas palavras paroxítonas e, ainda, uma profunda reformulação das regras de uso do hífen.

Veremos esses assuntos com mais detalhes em capítulos específicos.

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2. MudançaS na orTografia braSileira

2.1 Reintrodução do K, W e Y

A primeira modificação prevista pelo Acordo Ortográfico diz respeito ao alfabeto, que é o conjunto de letras usadas para grafar as palavras da língua. O alfabeto da Língua Portuguesa, que até então possuía 23 letras, passa a ter 26. Foram incorporadas as seguintes letras:

K (cá ou capa)• – letra oriunda do alfabeto fenício (kaph), adotada pelos gregos (kapa) e depois pelos romanos (capa).W (dábliu)• – letra usada nas línguas inglesa, em que soa como o “u”, e alemã, em que é pronunciada como “v”.Y (ípsilon)• – letra com som de “i”.

Assim, nosso alfabeto passa a ter a seguinte formação:

A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W x Y Z

Talvez você já esteja pensando: – Ah! Fala sério! Essas letras ainda não faziam parte de nosso alfabeto? Elas já apareciam até nos dicionários!

Realmente, os dicionários sempre listaram as letras K, W e Y, pois são usadas em siglas, abreviaturas e palavras de origem estrangeira, e também palavras derivadas.

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Até o início do século passado, essas três letras fizeram parte do alfabeto da Língua Portuguesa, mas foram excluídas desde 1911 em Portugal e desde 1943 no Brasil.

Entretanto, foram restauradas pelo novo acordo ortográfico e agora passarão novamente a fazer parte de nosso alfabeto.

Mas você sabe por que resolveram trazer essas letras de volta?São três os motivos apontados para a reintrodução das

letras K, W e Y em nosso alfabeto:

1º) os dicionários já registram as letras K, W e Y, justamente por já existir uma quantidade razoável de palavras em nosso vocabulário iniciadas por essas letras;

2º) é necessário fixar a ordem que essas letras ocupam no alfabeto;

3º) nos países africanos de língua oficial portuguesa, existem muitas palavras que se escrevem com K, W e Y.

Mas muitos se perguntam: – Bom... e na prática? Isso muda alguma coisa? Haverá mudanças na grafia de alguma palavra? Deverei escrever kilômetro ao invés de quilômetro?

Na prática, nada muda na grafia das palavras, pois a reintrodução das letras K, W e Y em nosso alfabeto não aumenta seu uso.

Para entender melhor, vamos voltar no tempo e procurar entender o que aconteceu em 1943...

Pelo Acordo Ortográfico de 1943, ficou estabelecido que as letras K, W e Y seriam excluídas do nosso alfabeto, e que as palavras que até então eram grafadas com essas letras sofreriam as seguintes modificações gráficas:

o • K seria substituído pelo dígrafo QU antes das vogais E e I ou pela letra C nos demais casos.o • W seria substituído por V ou U de acordo com o seu valor fonético na palavra.o • Y seria substituído pelo I.

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O emprego das letras K, W e Y, entretanto, ainda seria permitido em alguns casos especiais.

Agora, apesar de reintroduzir as letras K, W e Y em nosso alfabeto, o n ovo Acordo Ortográfico não alterou sua forma de uso, que continuou restrita apenas a esses poucos casos especiais.

Casos Especiais para uso do K, W e Y

As letras K, W e Y são usadas em nomes próprios oriundos de línguas estrangeiras, como nos exemplos abaixo:

Byron, Darwin, Franklin, Taylor, Wagner, Wilson, Kardec, •Kathy, Shakespeare, Kuwait...

n as palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros grafados com K, W e Y, essas letras são mantidas. Veja alguns exemplos:

byroniano (relativo a Lord Byron, poeta inglês, autor da •obra Don Juan)kantismo (doutrina filosófica de Immanuel Kant, •filósofo alemão)kardecismo (doutrina espírita do pensador francês •Allan Kardec)kardecista (relativo ao kardecismo, seguidor dessa doutrina)•kuwaitiano (indivíduo natural do Kuwait)•

As letras K, W e Y também são usadas em siglas, símbolos e palavras internacionalmente adotadas como:

Siglas Internacionais: •TWA (Trans World Airlines); KLM (Koninklijke Luchtvaart Maatschappij, em português: Companhia Real de Aviação)Unidades de medida: •kg (quilograma); km (quilômetro); kw (quilowatt); w (watt); yd (jarda, do inglês yard)Elementos Químicos: •K (Potássio); W (Tungstênio); Y (Ítrio); Kr (Criptônio)Pontos Cardeais: •W – oeste (West); SW – sudoeste (southwest); NW – noroeste (northwest)

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As letras K, W e Y também são usadas nas palavras de outras línguas que acabaram se popularizando e se transformando comuns em nossa comunicação, como:

kit;•software;•delivery;•coffee-break;•sexy;•marketing;•show...•

As letras K, W e Y, agora incorporadas ao nosso alfabeto, também deverão ser usadas nas sequências de enumeração compostas por letras:

a) b) c) d) e) f) g) h) i) j) k) l) m) n) o) p) q) r) s) t) u) v) w) x) y) z)

Mas e quanto à classificação? É possível falar com segurança que K e W são consoantes e que o Y é uma vogal?

As novas letras do alfabeto deverão ser classificadas em vogais ou consoantes de acordo com a forma como são pronunciadas nas palavras em que aparecem.

Assim, o K será sempre consoante, pois sempre é pronunciado como o C antes das vogais A, O e U e como o dígrafo QU antes de E e I.

Já o Y será vogal (ou semivogal), pois normalmente é pronunciado como se fosse um I.

Entretanto, a letra W pode assumir o papel de vogal ou consoante.

Por exemplo, nas palavras de origem inglesa, por ser normalmente pronunciado como U, o W será vogal ou semivogal:

waffle, Wallace, show, Wilson, Windows, watt (uóte)•

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Já nas palavras de origem alemã, o W normalmente é pronunciado como um V, e, assim, será uma consoante:

Walter; Wagner, Volkswagen•

2.2 Supressão do trema

Agora é oficial. O trema foi abolido. Lembre-se que haverá um período de transição até a adoção definitiva das novas regras. Até lá, pode-se usar ou não o trema.

O trema é um dos diacríticos usados na língua portuguesa. É constituído por dois pontos dispostos horizontalmente (¨).

Diacríticos são sinais gráficos usados para distinguir a modulação das vogais ou para explicitar a pronúncia de certas palavras. Veremos os diacríticos com mais detalhes no capítulo sobre Acentuação Gráfica.

O trema é usado não só na Língua Portuguesa, mas também em várias línguas. n ormalmente serve para alterar o som de uma vogal ou para assinalar sua independência em relação à vogal anterior.

Em algumas línguas, uma vogal com trema chega a ser uma letra distinta no alfabeto.

Até agora, o trema era usado no Português Brasileiro para indicar quando a letra U deveria ser pronunciada nas combinações QUE, QUI, GUE e GUI.

É que o QU e GU seguidos de E e I normalmente são dígrafos, ou seja, representam apenas um som.

Entretanto, em algumas palavras, o U é pronunciado, como em “cinqüenta”. Repare que o trema usado sobre o U indica que a pronúncia é “cincuenta”.

Para que o trema fosse usado, também era necessário que o U fosse átono, ou seja, não fosse a vogal mais forte da palavra.

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Se o U, além de estar numa das combinações QUE, QUI, GUE, GUI, fosse tônico, deveria receber um acento agudo e não o trema, como era o caso das palavras averigúe e argúi. Com o novo acordo ortográfico, essas palavras também perderam o acento agudo (veja mais em Acentuação Gráfica).

Há quem diga que o trema já havia sido abolido há muito tempo...

O fato é que, até 1971, o trema também podia ser usado, facultativamente, para indicar hiatos átonos.

Assim, era possível encontrar o trema sobre o “u” em palavras como gaüchismo, para indicar que a pronúncia era ga-u-chis-mo, e até mesmo sobre o “i” em palavras como païsinho e paraïbano, para indicar a pronúncia pa-i-si-nho (diminutivo de país) e pa-ra-i-ba-no.

Em poesias, era possível encontrar o trema até sobre o “u” de “saüdade”, como um recurso poético para aumentar a palavra em uma sílaba (sa-u-da-de).

Entretanto, o uso do trema para indicar hiatos átonos, por ser facultativo, era tão raro que muitos nem conheciam essa regra. Foi por isso que a reforma ortográfica de 1971 acabou por extingui-lo nesses casos.

Com a reforma de 1971, muitos acharam que o trema havia sido totalmente abolido da língua portuguesa no Brasil, assim como havia acontecido em Portugal, na Reforma Ortográfica de 1945.

Mas, na verdade, aqui no Brasil, o trema havia sido mantido para indicar o U pronunciado e átono nas combinações GUE, GUI, QUE, QUI.

Entretanto, o boato de que o trema já havia sido completamente extinto acabou ganhando corpo com o desrespeito à regra por vários jornalistas que publicavam seus artigos e reportagens em jornais e revistas de circulação nacional. Muitos autores de livros também ignoravam o uso do trema.

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A alternância entre o uso do trema por alguns e o não uso por outros acabou gerando muitas dúvidas e muitos não sabiam se o trema ainda deveria ser usado ou não.

De qualquer forma, o Novo Acordo Ortográfico prevê que o trema será definitivamente e oficialmente abolido da ortografia portuguesa no Brasil.

n o entanto, ainda poderá ser usado em palavras de origem estrangeira e derivadas, tais como Müller e mülleriano, Hübner e hübneriano. Assim, nossa querida Gisele, continuará a ser Bündchen, com trema. Além disso, o Novo Acordo garante o direito de se manter a grafia original com o trema nos casos de nomes próprios, de empresas e de marcas com registro público.

Veja como fica a grafia de algumas palavras que até então eram grafadas com o trema:

aguentar, arguir, bilíngue, cinquenta, eloquente, equino, •frequentar, lingueta, linguiça, linguístico, tranquilo, sequestro...

É importante saber que a pronúncia das palavras afetadas pela supressão do trema não sofrerá alterações. O U continuará a ser pronunciado nessas palavras, mesmo sem o trema.

Inclusive, os dicionários poderão indicar a pronúncia do U nessas palavras usando o próprio trema, da seguinte forma:

aguentar (gü), arguir (gü), bilíngue (gü), cinquenta •(qü), eloquente (qü), equidistante (qu ou qü), equino (qü), frequentar (qü), lingueta (gü), linguiça (gü), linguístico (gü), líquido (qu ou qü), tranquilo (qü), sequestro (qü).

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2.3 Acentuação Gráfica

2.3.1. O que é acentuação gráfica?

A acentuação gráfica consiste no uso de diacríticos sobre as vogais para indicar um padrão prosódico menos comum em relação ao restante das palavras da língua.

Achou complicado? n ão se preocupe! n as próximas linhas você vai entender tudinho...

A acentuação gráfica consiste no uso de diacríticos sobre as vogais...

Mas você sabe o que são diacríticos?Diacríticos são justamente os sinais gráficos usados para

distinguir a modulação das vogais (aberta ou fechada) ou para explicitar a pronúncia de certas palavras.

São diacríticos os acentos agudo, circunflexo e o grave, além do til, trema e até mesmo o apóstrofo.

Acento Agudo (´)

O acento agudo é um sinal gráfico representado por um pequeno traço oblíquo inclinado para a direita (´) que pode ser sobreposto às vogais “a”, “e”, “i”, “o” e “u”.

A presença do acento agudo sobre o “i”, “u” e sobre o “e” do grupo “em” indica que a vogal é tônica. Ex.: caí, baú, também.

Quando sobre as vogais “a”, “e” e “o”, o acento agudo, além de indicar que a vogal é tônica, também indica que a pronúncia dessas vogais é aberta. Ex.: manacá, céu, café.

Acento Circunflexo (^)

O acento circunflexo, o famoso “chapeuzinho” (^), é usado na língua portuguesa apenas sobre as vogais “a”, “e” e “o”.

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O acento circunflexo pode ser usado sobre o “a” para indicar que a vogal é tônica e nasalizada. Ex.: Atlântico, câimbra (também grafada cãibra), câmara, lâmpada, pântano.

Já sobre o “e” e o “o”, o acento circunflexo indica que estas são tônicas e a pronúncia é fechada. Ex.: pêssego, supôs.

Também pode ser usado para distinguir certas palavras, como “tem” (singular) e “têm” (plural).

Acento Grave (`)

O acento grave é um sinal gráfico representado por um pequeno traço oblíquo inclinado para a esquerda (`), e tem seu uso bastante limitado na língua portuguesa.

O acento grave, que, na Língua Portuguesa, só pode ser colocado sobre a vogal “a”, serve apenas para indicar a crase, ou seja, a contração da preposição “a” com o artigo “a” (à) ou com o “a” de adjetivos ou pronomes demonstrativos: a (à), aquele (àquele), aquela (àquela), aqueles (àqueles) , aquelas (àquelas) e aquilo (àquilo).

Til (~)

O til, também conhecido como “cobrinha” (~), não é propriamente um acento.

n a Língua Portuguesa, o til só é utilizado nas vogais “a” e “o” para indicar sua nasalização. Assim aparece na vogal nasal ã e nos ditongos nasais: ãe, ãi, ão e õe. Ex.: ímã, maçã, mãe, cãibra (também grafada câimbra), órgão, expõe, corações.

Atenção: Nem sempre o til indica que a vogal é tônica.

Ex.: ímã, órgão, órfãos

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Apóstrofo (’)

O apóstrofo (não confunda com apóstrofe, que é uma figura de estilo) é representado por uma vírgula invertida que é colocada ao lado de uma letra, na parte superior (’).

O apóstrofo não é um acento gráfico. Ele é usado para indicar a supressão de fonemas, como em d’água (de água), Vozes d’África (da África) e Santa Bárbara D’Oeste (do Oeste). Essa supressão de fonemas recebe o nome de elisão.

Trema (¨)

O trema é constituído por dois pontos dispostos horizontalmente (¨) e tinha como única função indicar que o “u”, nos grupos gue, gui, que, qui, era pronunciado e átono.

Ex.: ungüento, sagüi, seqüestro, eqüinoEntretanto, como vimos no capítulo anterior, o uso do trema

na língua portuguesa está com os dias contados. É que com o Novo Acordo Ortográfico, o trema poderá deixar de ser usado já a partir de 2009 e a partir de 2013 será totalmente abolido da língua portuguesa no Brasil. Lembramos que no Português de Portugal, este sinal já fora abolido desde 1945.

Recapitulando...

A acentuação gráfica consiste no uso de diacríticos (sinais gráficos) sobre as vogais. Até aí tudo bem, não é?

Mas, além disso, dissemos que esses sinais servem para indicar um padrão prosódico menos comum em relação ao restante das palavras da língua.

E o que é esse tal de “padrão prosódico”?

A prosódia é a parte da gramática que trata da pronúncia correta das palavras. Assim, um padrão prosódico nada mais é do que um padrão de pronúncia.

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Dessa forma, podemos concluir que só são acentuadas as palavras nas quais a pronúncia foge ao padrão.

A acentuação gráfica serve justamente para indicar como essas palavras que fogem ao padrão devem ser pronunciadas.

Você deve estar pensando: – Ah, tá! Mas... E como ficamos sabendo quais são os padrões prosódicos então?

De forma bem simplificada, o padrão prosódico da língua portuguesa pode ser resumido assim:

as palavras, em sua grande maioria, são naturalmente •paroxítonas (paroxítona é a palavra cuja sílaba tônica é a penúltima).

entretanto, algumas terminações específicas são tônicas, •fazendo com que a palavra seja naturalmente oxítona (oxítona é a palavra cuja sílaba tônica é a última).

Assim, as palavras que estão de acordo com este padrão prosódico normalmente não são acentuadas.

2.3.2. Regras de acentuação gráfica

A partir de agora, veremos quando será necessário usar os sinais gráficos (diacríticos) citados.

Grande parte das regras exige que se observe a classificação da palavra de acordo com a localização da sílaba tônica (oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas) e sua terminação.

Também há regras que levam em consideração a ocorrência de encontros vocálicos (ditongos e hiatos).

Finalmente, alguns poucos acentos servem apenas para diferenciar palavras que são grafadas da mesma maneira (homógrafas).

Todas as regras expostas serão comentadas de acordo com o Novo Acordo Ortográfico, explicitando o que mudou e o que continua sem alteração.

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É importante lembrar que durante o período de adaptação, que vai do início de 2009 ao final de 2012, serão aceitas, concomitantemente, tanto a grafia anterior ao acordo como a grafia já com as novas modificações.

2.3.3. Acentuação das Proparoxítonas, Paroxítonas e Oxítonas

Padrão Prosódico

Em geral, palavras terminadas em A, E, O, EM e ENS são paroxítonas. Essas representam a grande maioria das palavras da língua portuguesa. Veja alguns exemplos (o negrito marca a sílaba tônica e o sublinhado a terminação):

ca• neta, banana, intensidade, canivete, pato, calado, correm, dizem, jovens, nuvens

Já as palavras terminadas em I e U, Ã, ÃO, ÃE e ÕE, e em ditongos orais, seguidos ou não de S, normalmente são oxítonas, assim como aquelas terminadas em L, N, R, X e PS:

caqu• i(s), tatu(s), maçã(s), corrimão(s), mamãe(s), compõe, limões;

cac• au(s), passou, mediu, fedeu, ganhei, mortais, animais;

pape• l, interferon (termo bioquímico), correr, andar, contrapor, inox...

Acentuação das Proparoxítonas

Mas há palavras que, a despeito de sua terminação, são proparoxítonas, ou seja, têm a sílaba tônica na antepenúltima posição.

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As proparoxítonas, também chamadas de esdrúxulas, formam o menor e mais restrito grupo de palavras em relação à posição da sílaba tônica.

Para que sejam identificados, todos os vocábulos proparoxítonos (sem exceção) são acentuados em sua vogal tônica.

Lembramos que o n ovo Acordo Ortográfico não trouxe modificações nas regras para a acentuação desse grupo de palavras.

Assim, usa-se o acento agudo nas proparoxítonas se a vogal tônica for A, E ou O, estas abertas, e também I ou U:

xícara, úmido, queríamos, lágrima, término, déssemos, •lógico, binóculo, colocássemos, inúmeros, polígono, álcool, bígamo, bárbaro, cálice, chácara, cúpula, déspota, fúnebre, hálito, náufrago, sílaba, taquígrafo, técnico, vértice, vermífugo etc.

Já o acento circunflexo é usado nas proparoxítonas quando as vogais A, E e O da sílaba tônica forem fechadas ou nasais:

ângulo, êxodo, lâmpada, pêssego, esplêndido, cândido, •cônjuge, pêndulo, lêssemos, estômago, sôfrego, fôssemos, quilômetro, sonâmbulo, ônibus, etc.

Lembramos que o acento também deve ser usado nos nomes próprios proparoxítonos. Assim, os seguintes nomes, dentre outros, devem ser acentuados:

Ânderson, Ângela, Ângelo, Angélica, Émerson, Eurídice, •Éverton, Orígenes, Róbinson, Rosângela

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Também os verbos proparoxítonos devem ser acentuados:Lembro do tempo em que • saíamos juntos.Se • fôssemos inteligentes, não teríamos caído no golpe.n ão • tínhamos nada a perder.Lavávamos• as roupas no rio.Queríamos• provar a todos que poderíamos chegar ao ponto mais alto da montanha.n ós • gostaríamos de contar com a sua presença.

Veja abaixo uma compilação de pares de exemplos encontrada em vários sites na internet que permite observar a importância da acentuação gráfica para informar a pronúncia correta das proparoxítonas:

Meu pai sempre • pacifica seus netos. / Sua família é pacífica e ordeira.Ela • critica seu modo de cozinhar. / Ela é uma pessoa muito crítica.n ão • publico meus discursos agora, mas no futuro o farei. / n ão costumo ir a nenhum parque público.Sempre me • exercito de manhã cedo. / O menino tem um exército de brinquedo.Pratica• bastante, que aprenderás logo. / A prática é diferente da teoria.Espero que o cantor • interprete minhas favoritas. / O embaixador solicitou um intérprete.Será que você não • duvida de nada? / Qual é a sua dúvida agora?n ão • habito no paraíso dos meus sonhos. / O hábito não faz o monge.O trânsito • vitima milhares de pessoas por ano no Brasil. / A população é a vítima.Peço que • analises estas amostras de sangue. / As análises serão feitas no laboratório.Já nem • calculo quanto tempo perdi. / Fez o cálculo da areia necessária para a construção.

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Eu mesma • digito meus artigos. / O dígito verificador foi calculado de maneira errada.A bandeira • tremula ao gosto do vento. / Fez a assinatura com mão trêmula.Jamais • trafego à margem da rodovia. / Evito os percursos de tráfego mais pesado.Todo verão a loja • liquida seus estoques. / Prefiro medicação líquida a comprimidos.

Acentuação das Paroxítonas

Agora falaremos sobre as paroxítonas, palavras cuja sílaba tônica é a penúltima, e que formam o maior grupo de vocábulos da língua portuguesa.

Como veremos a seguir, o Novo Acordo Ortográfico também não trouxe alteração para as palavras que são acentuadas por serem paroxítonas.

Atenção: Muitas palavras paroxítonas foram afetadas pelo Novo Acordo Ortográfico, mas não apenas por serem paroxítonas, mas por envolverem a presença de encontros vocálicos (ditongos ou hiatos) ou nos casos de acentos diferenciais, o que veremos mais à frente.

A partir de agora analisaremos os casos em que as palavras paroxítonas devem ser acentuadas com acento agudo (vogais I e U, e A, E e O abertas) ou circunflexo (vogais A, E e O fechadas) de acordo com a sua terminação.

Devem ser acentuados os vocábulos paroxítonos terminados em ditongo crescente, seguido, ou não, de s. Essa regra já existia e foi mantida pelo Novo Acordo Ortográfico. Veja alguns exemplos:

sáb• io, róseo, Gávea, planície, nódoa, régua, árdua, espontâneo, ânsia, decência, boêmia, ciência, cerimônia, tênues, errôneo, ingênuo, azáleas, vitórias, calvície, espécie, colégio, estádio, ginásio, pátios, amêndoas, páscoa, mágoas, água, tênue, contínuo, ingênuo etc.

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Também levam acento agudo ou circunflexo, conforme o caso, os vocábulos paroxítonos terminados em -i, -is, -us, -um, -uns. Esta é outra regra mantida pelo n ovo Acordo Ortográfico. Veja:

táx• i(s), júri(s), biquíni(s), grátis, tênis, lápis, oásis, bônus, vírus, Vênus, álbum, álbuns, médium, médiuns, fórum, fóruns, húmus...

Mais uma regra que permaneceu após o n ovo Acordo Ortográfico é a que indica que as palavras paroxítonas terminadas em -l, -n, -r, -x, -ons e -ps devem ser acentuadas. Veja alguns exemplos:

afáve• l, ágil, desejável, hábil, níquel, solúvel, túnel, volúvel, fácil, móvel, cônsul;hífe• n, pólen, cânon, abdômen, éden, sêmen, elétron, próton, nêutron;revólve• r, vômer, mártir, açúcar, cadáver, caráter, néctar;láte• x, fênix, Félix, tórax;elétr• ons, prótons, nêutrons;bíce• ps, tríceps, fórceps...

Os prefixos paroxítonos terminados em -r e -i não eram e continuarão a não ser acentuados. Confira:

supe• r-homem, inter-regional, hiper-requintadoant• i-inflamatório, anti-herói, arqui-inimigo

Atenção: o Novo Acordo Ortográfico mudou as regras para o uso do hífen. Esse assunto será tratado mais à frente, em um capítulo específico.

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Mais uma regra mantida pelo Novo Acordo Ortográfico: são acentuadas as paroxítonas terminadas em -ei, -eis. Veja:

jóqu• ei, hóquei, vôlei;fóss• eis, úteis, fizésseis, lêsseis, fáceis, túneis...

Também continuam acentuadas as paroxítonas terminadas em -ã, -ãs, -ão, -ãos.

Confira alguns exemplos:

ím• ã, ímãs, órfã, órfãsórg• ão, órgãos, bênção, bênçãos

Acentuação das Oxítonas

Agora, vamos conhecer as regras de acentuação para o grupo das oxítonas, palavras cuja sílaba tônica é a última.

O Novo Acordo Ortográfico não alterou as regras de acentuação das oxítonas. Entretanto, trouxe uma pequena novidade.

Até 2008, o grupo das oxítonas era formado apenas pelas palavras com mais de duas sílabas.

A partir do Acordo, os monossílabos tônicos passam a fazer parte do grupo dos vocábulos oxítonos. A vantagem é que, com isso, unificaram-se as regras de acentuação para oxítonos e monossílabos tônicos.

Serão acentuadas as palavras oxítonas terminadas com as vogais A, E e O, seguidas ou não de S. Levarão o acento agudo quando a pronúncia for aberta, e acento circunflexo quando a pronúncia for fechada. Veja alguns exemplos:

Terminadas em -a(s): •ás (substantivo), há, pá, pás, má, más, gás, está, Pará, vatapá, cajá, quiçá, Satanás, xará, xarás, gambá, será, serás (Atenção: o monossílabo pra, redução de para (preposição), não é acentuado)

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Terminadas em -e(s): •pé, pés, dê, dês, mês, três, crê, pajé, através, cortês, Tietê, você, freguês, café, jacarés

Terminadas em -o(s): •só, nó, nós, pôs, jiló, supôs, paletó, cipó, mocotó, vovô, avós, vovó, após, dominó

Dica importante: Devem ser acentuadas também as formas verbais oxítonas terminadas com as vogais A, E e O, seguidas de pronomes complementos -lo, -la, -los, -las (pronomes pessoais do caso oblíquo).

Terminadas em -a: •amá-lo, louvá-la, acompanhá-las, fá-lo-ás, ouvi-la-ás, desejá-los-íamos...Terminadas em -e: •conhecê-lo, vê-la, movê-los, percebê-las, convencê-los, resolvê-la-íeis...Terminadas em -o: •compô-lo, dispô-la, propô-los, repô-las, indispô-lo-emos...

Devem ser acentuados os vocábulos oxítonos com duas ou mais sílabas terminados em EM, ENS. Veja:

al• ém, desdém, alguém, vintém, também, ninguém, armazém;armaz• éns, parabéns, tu conténs, tu provéns...

Assim, não são acentuados os monossílabos terminados em EM, ENS:

quem, bem, bens, cem, trem, trens, sem...•

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Mais um detalhe sobre as oxítonas terminadas em EM:n os verbos ter e vir, monossílabos, foi mantido o acento

diferencial para indicar o plural dos verbos ter e vir na 3ª pessoa do presente do indicativo:

Singular: • Ele tem, vemPlural:• Eles têm, vêm

Já nos verbos derivados de ter e vir (manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc.), que flexionados na 3ª pessoa do presente do indicativo teriam mais de uma sílaba e terminariam com -EM e, por isso, seriam acentuados, foi feita uma distinção entre as formas no singular e no plural.

n o singular, é usado o acento agudo, e no plural, usa-se o acento circunflexo:

Verbos derivados de ter:

Singular:• Ele contém, detém, obtém, retém, mantém etc.Plural:• Eles contêm, detêm, obtêm, retêm, mantêm etc.

Verbo derivados de vir:Singular:• Ele convém, intervém, provém, sobrevém etc.Plural:• Eles convêm, intervêm, provêm, sobrevêm etc.

2.3.4. Acentuação de Ditongos e Hiatos

É importante observar que só foram alteradas pelo Novo Acordo Ortográfico as regras especiais de acentuação para ditongos e hiatos em palavras paroxítonas. As palavras oxítonas (e as proparoxítonas) não sofreram modificações.

Antes de continuar, é importante conhecer os encontros vocálicos, principalmente os ditongos e hiatos. Para isso, é imprescindível conseguir diferenciar uma vogal de uma semivogal.

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Vogal

As vogais, que podem ser representadas pelas letras A, E, I, O e U, sempre desempenham o papel de núcleo das sílabas. Assim, em toda sílaba há, necessariamente, uma única vogal.

Semivogal

As semivogais podem ser representadas pelas letras E, I, O e U, sendo que as letras E e O, quando semivogais, apresentam som de I e U respectivamente.

As semivogais sempre acompanham alguma vogal, com a qual formam uma sílaba. Desta forma, as semivogais nunca aparecerão sozinhas na sílaba e nem serão seu núcleo, que é sempre uma vogal.

Diferenciando as Vogais das Semivogais

Como as letras que representam as semivogais são as mesmas que representam as vogais, pode haver certa dificuldade para diferenciá-las, mas para isso basta atentar para o seguinte:

Se, em determinada sílaba, só há uma letra que representa vogal (A, E, I, O ou U), esta é, necessariamente, uma vogal, pois as semivogais não aparecem sozinhas na sílaba, mas apenas acompanhadas por uma vogal.

Outra dica simples é observar se na mesma sílaba houver uma letra A e outra letra que representa semivogal, pois dessa forma, esta outra será semivogal, pois o A sempre será vogal.

As vogais sempre possuem som mais forte em relação às semivogais. Assim, se na mesma sílaba houver duas ou três letras que representam semivogais (E, I, O e U), a vogal será sempre a que tiver som de E ou O (som mais forte), enquanto as semivogais serão as que têm som de I ou U (som mais fraco).

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Caso haja uma sequência de letras que representam vogais e os sons de I e U sejam tão fortes como os outros sons (A, E e O), estas letras não estarão na mesma sílaba, formando, então, um hiato.

Encontros Vocálicos

Os encontros vocálicos são agrupamentos de vogais e semivogais, sem consoantes intermediárias.

Existem 3 tipos de encontros vocálicos: ditongos, tritongos e hiatos.Ditongo é o encontro de uma vogal com uma semivogal ou de uma semivogal com uma vogal. Em ambos os casos, vogal e semivogal pertencem a uma mesma sílaba.

Exemplos: água, qual, mágoa, glória, mandioca, pátria, sério, moita, cai, mói, mãe, céu, caule.

Tritongo é a seqüência formada por uma semivogal, uma vogal e uma semivogal, sempre nesta ordem. O tritongo pertence a uma única sílaba:

Exemplos: Pa-ra-guai, quão

Hiato é o encontro de duas vogais numa mesma palavra. Como em uma sílaba só pode haver uma única vogal, os hiatos são sempre separados na separação silábica.

Exemplos: sa-í-da, ru-im, pa-ís, ci-ú-me.

Acentuação de Ditongos

Ditongos Abertos

A regra que dispõe que as palavras oxítonas com os ditongos abertos éis, éu(s) e ói(s) são acentuadas não foi alterada pelo Novo Acordo Ortográfico.

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Assim, continuam a ser acentuadas, entre outras, as seguintes palavras:

-éis •anéis, fiéis, papéis, réis-éu(s) •céu(s), chapéu(s), Ilhéus, véu(s)-ói(s) •corrói (corroer), herói(s), remói (remoer), dói (doer), sóis (plural de sol)

Entretanto, houve mudanças em relação à acentuação dos ditongos abertos da sílaba tônica das palavras paroxítonas. Os ditongos abertos representados por -ei- e -oi-, que antes do Novo Acordo Ortográfico eram acentuados, perderam o acento. Assim, veja como ficou a grafia dessas palavras sem o acento:

-ei- •assembleia, boleia (do caminhão), ideia-oi- •alcaloide, (eu) apoio (verbo apoiar), heroico, jiboia, paranoia, paranoico

Repare que só as paroxítonas perderam o acento. As oxítonas não.

Assim, herói mantém o acento, mas heroico perde.Também é importante observar que os ditongos abertos da

sílaba tônica das palavras paroxítonas não perderão o acento caso haja outra regra que o justifique.

Veja as palavras abaixo:

Méier, destróier•

Elas mantêm o acento, pois são paroxítonas terminadas em -r.

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Hiato ee

Outra mudança importante trazida pelo n ovo Acordo Ortográfico é a perda do acento circunflexo na flexão dos verbos do conhecido acrônimo credelevê (crer, dar, ler e ver) e derivados.

Agora, quando surge o ee (-e tônico fechado + terminação -em), o primeiro e não é mais acentuado como costumava ser. Veja como fica daqui pra frente:

Eles • creem em Deus.n ão quero que eles • deem comida aos animais.Os meninos não • leem esse tipo de livro.Vocês não • veem que estamos afundando?

Hiato oo

Com o Novo Acordo Ortográfico, também perde o acento circunflexo o o tônico do hiato oo nas palavras paroxítonas.

Veja como deverão ser grafadas essas palavras a partir de agora:

n avegar me dá muito • enjoo. (substantivo)Eu me • enjoo de tanto comer doces. (verbo)É um • voo curto, de apenas 15 minutos. (substantivo)Todo fim de semana • voo para Petrópolis. (verbo)

Sabemos que, como regra geral, não devem ser acentuadas as palavras oxítonas terminadas em -i(s), -u(s), como: aqui, juriti, juritis, saci, bambu, bambus, zebu, puni-los, reduzi-los etc. Mas essa regra tem exceções...

É que o I e o U das oxítonas, quando tônicos, se precedidos de vogal átona com a qual formem hiato e não formarem sílaba com outra consoante que não seja o S, serão acentuados.

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Veja alguns exemplos:

Quando ele chegou, eu • saí.Você conhece os rios • Piraí e Jaú?Luís passou as férias na cidade de • Jacareí, em São Paulo.Eu fui para • Camboriú, em Santa Catarina.Todas as minhas lembranças estão neste(s) • baú(s).

Dica importante: Também devem ser acentuadas as formas verbais oxítonas terminadas em -i tônico, precedido de vogal átona com a qual forme hiato, seguidas de pronomes complementos -lo, -la, -los, -las. Veja:

Você precisa • atraí-la para a armadilha.Atraí-los-ia• para a mata, mas me perdi.Possuí-la• para quê? Essa peça de nada serve. Está quebrada.Possuí-las-ia• neste momento se não fosse tão incompetente.

Também é importante observar que o I e U tônicos das oxítonas também serão acentuados quando precedidos de ditongo, desde que, como nos casos anteriores, não formem sílaba com outra consoante que não o S. Veja:

Estive no • Piauí semana passada.Olha! Um • tuiuiú! Um só, não! Há vários tuiuiús!

E essa regra, de que o I e o U, quando tônicos, serão acentuados quando precedidos de vogal átona com a qual formem hiato, também vale quando eles estão no meio da palavra, desde que não sejam seguidas de n H e nem formem sílaba com a eventual consoante seguinte, a menos que seja um S.

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Atenção: apesar de atingir também as palavras paroxítonas, essa regra não foi alterada pelo Novo Acordo Ortográfico, que manteve o acento. Veja:

Elas • atraíam todos os olhares.Saí rápido, antes que • atraísse a atenção de todos.Luíza• gosta de chá sem cafeína.n ão tenho • ciúmes de você!Minha filha é muito • egoísta.Quando se encontram, sai até • faísca.n ão era • miúdo nem graúdo. Era médio.Aqui é o • paraíso dos juízes de futebol.Tive uma • recaída: comi um sanduíche.Você não respeita nem suas • raízes.n ão vejo • saída para minha ruína.

Veja também alguns exemplos em que o I e U tônicos, precedidos de vogal átona com a qual formem hiato, não são acentuados por formarem sílaba com a consoante seguinte ou serem seguidos por n H:

Luiz• não é tão ruim assim. Ruins somos nós.Ainda que • triunfe, não conseguirá a felicidade.Raul• quer apenas atrair a atenção do juiz.Você não pode • influir em nossa decisão.Conheço bem essa • raiz.Preciso fazer a • bainha da minha calça.Águas passadas não movem • moinhos.Abigail• foi coroada a rainha da bateria.

Regra modificada: Com o Novo Acordo Ortográfico, o I e U tônicos das paroxítonas não mais serão acentuados quando precedidos de ditongo, mesmo que estejam sozinhos na sílaba ou apenas acompanhados pelo S.

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Veja alguns exemplos:Ele está bebendo na • baiuca da esquina. baiuca: taverna pequena e suja, frequentada pela ralé; bodega.n asci na cidade de • Bocaiuva, mas moro em Belo Horizonte.Aqui há muitas • bocaiuvas. bocaiuva: espécie de coqueiro do Brasil.n ossa! Que coisa horrorosa! n unca vi tanta • feiúra!Aquele rapaz ensina sobre o • taoismo. taoismo: doutrina filosófico-religiosa, cuja noção fundamental é o Tao (caminho), que designa o grande princípio de ordem universal.

2.3.5. Verbos terminados em guir/quir (u pronunciado) e guar/quar

Uma modificação importante trazida pelo Novo Acordo Ortográfico tem a ver com os verbos terminados em GUIR e QUIR (com o U pronunciado) e GUAR e QUAR, como arguir, delinquir, aguar, apaniguar, apaziguar, averiguar, desaguar, enxaguar e obliquar, mas apenas nas conjugações do presente do indicativo e presente do subjuntivo e em suas formas rizotônicas.

Lembramos que as formas verbais rizotônicas são aquelas em que a sílaba tônica está no radical, na raiz do verbo, enquanto as arrizotônicas são aquelas em que a sílaba tônica está fora do radical.

Mas você sabe o que é o radical de um verbo?Radical é a parte que contém a significação básica do

verbo. n ormalmente ela se repete em todos os modos e tempos na conjugação de verbos regulares, sem sofrer modificações. O radical pode vir ou não acompanhado de prefixo. Para obter o radical de um verbo, basta eliminar as duas últimas letras (terminações) do infinitivo.

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Assim, no verbo pular, o radical é pul-:

pul• assepul• eipul• oupul• amos

Veja outros exemplos de verbos e seus radicais:

estud• aram• arcant• arvend• erbeb• erescond• erpermit• irpart• irproib• ir

n os verbos terminados em GUIR e QUIR com U pronunciado, e também nos terminados em GUAR e QUAR, nas conjugações do presente do indicativo e do presente do subjuntivo, o U dos grupos GU e QU, nas formas rizotônicas, formava hiato com a vogal posterior, e recebia o acento agudo.

Já nas arrizotônicas, o U era pronunciado, mas não era tônico. Assim, formava ditongo crescente com a vogal posterior e recebia o trema.

Com o Novo Acordo Ortográfico, nas formas arrizotônicas, o U dos grupos GU e QU desses verbos, quando precedido de E e I, perde o trema, já que este foi abolido.

Entretanto, o U continua a ser pronunciado. Veja:

nós • arguímos...vós • arguís...

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Além disso, nos verbos terminados em GUIR com o U pronunciado, como arguir, as formas rizotônicas dos dois presentes também perdem o acento agudo, apesar de continuarem sendo pronunciadas da mesma forma. Repare que essas formas verbais que perderam o acento também são paroxítonas:

Presente do Indicativo:Eu arguo (arGUo)Tu arguis (arGUis)Ele argui (arGUi)Eles arguem (arGUem)

Presente do Subjuntivo:Que eu argua (arGUa)que tu arguas (arGUas)que ele argua (arGUa)que eles arguam (arGUam)

Já os verbos terminados em QUIR, GUAR e QUAR poderão ser conjugados de duas formas diferentes nas formas rizotônicas:

com o U do grupo GU ou QU tônico, mas sem acento •agudo; oucom acento agudo no A ou I do radical.•

As formas arrizotônicas não sofreram modificação.Veja a seguir como serão as duas formas de conjugar os

verbos terminados em QUIR, GUAR e QUAR no presente do indicativo e presente do subjuntivo.

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Verbo DELINQUIR

Presente do Indicativo:

Eu delinquo (delinQUo) ou delínquo(u pronunciado, mas sem trema)

Tu delinques (delinQUes) ou delínques (u pronunciado, mas sem trema)

Ele delinque (delinQUe) ou delínque (u pronunciado, mas sem trema)

n ós delinquimos (u pronunciado, mas sem trema)

Vós delinquis (u pronunciado, mas sem trema)

Eles delinquem (delinQUem) ou delínquem (u pronunciado, mas sem trema)

Presente do Subjuntivo:que eu delinqua (delinQUa) ou delínqua

que tu delinquas (delinQUas) ou delínquas

que ele delinqua (delinQUa) ou delínqua

que nós delinquamos (sem modificação)

que vós delinquais (sem modificação)

que eles delinquam (delinQUam) ou delínquam

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Verbo AVERIGUARPresente do Indicativo:Eu averiguo (averiGUo) ou averíguoTu averiguas (averiGUas) ou averíguas

Ele averigua (averiGUa) ou averíguaNós averiguamos (sem modificação)Vós averiguais (sem modificação)Eles averiguam (averiGUam) ou averíguam

Presente do Subjuntivo:

que eu averigue (averiGUe) ou averígue(u pronunciado, mas sem trema)que tu averigues (averiGUes) ou averígues (u pronunciado, mas sem trema)que ele averigue (averiGUe) ou averígue (u pronunciado, mas sem trema)que nós averiguemos (u pronunciado, mas sem trema)que vós averigueis (u pronunciado, mas sem trema)que eles averiguem (averiGUem) ou averíguem (u pronunciado, mas sem trema)

Verbo OBLIQUAR

Presente do Indicativo:

Eu obliquo (obliQUo) ou oblíquoTu obliquas (obliQUas) ou oblíquasEle obliqua (obliQUa) ou oblíquaNós obliquamos (sem modificação)Vós obliquais (sem modificação)Eles obliquam (obliQUam) ou oblíquam

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Presente do Subjuntivo:que eu oblique (obliQUe) ou oblíque(u pronunciado, mas sem trema)que tu obliques (obliQUes) ou oblíques(u pronunciado, mas sem trema)que ele oblique (obliQUe) ou oblíque (u pronunciado, mas sem trema)que nós obliquemos (u pronunciado, mas sem trema)que vós obliqueis (u pronunciado, mas sem trema)que eles obliquem (obliQUem) ou oblíquem(u pronunciado, mas sem trema)

Observação importante: os verbos distinguir e extinguir, apesar de terminarem em GUIR, não têm o U pronunciado, e assim são conjugados regularmente como outros verbos regulares terminados em -ir.

2.3.6. Acentos Diferenciais

A regra geral é que não se usa o acento gráfico para diferenciar palavras homógrafas (com a mesma grafia), mas heterofônicas (com pronúncias diferentes). Veja alguns exemplos de palavras homógrafas que diferem na pronúncia por terem uma vogal aberta ou fechada, mas não recebem acento diferencial:

Eu • acerto o alvo. / Foi apenas um acerto de contas.Eu • acordo cedo. / n ão conseguiram entrar num acordo.Uma • cerca de arame farpado cerca a fazenda.Eu • coro de vergonha de cantar no coro da igreja.Tu • deste ao menino as cordas deste violão?O rapaz • fora mandado para fora do escritório.n ão sou • piloto profissional, mas piloto bem.

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Entretanto, havia algumas exceções (pelo menos até 2008):

Dentre todas • as cartas do baralho, o ás é a mais valiosa no jogo de pôquer.Ele não • pára de perguntar que dia vou para São Paulo.Ele • péla o cachorro começando pela cabeça.Eu • pélo o bichinho começando a raspar o pêlo pelo rabo.Ele sempre • pôde, e até hoje ainda pode.É impossível jogar • pólo no Pólo n orte polo (forma antiga de pelo) frio que faz daquela região.Comi uma • pêra de manhã. Falam que faz bem pera saúde. Obs. 1: pera é uma preposição antiga, que já deixou de ser usada, sinônimo de para. Obs. 2: repare que apenas pêra (no singular) recebia o acento circunflexo. Peras (no plural) já era grafada sem acento.

É preciso • pôr um capacete para andar por baixo dos andaimes.Ela tem um • quê de ternura. Espero que não demore.Você sabe o • porquê disso? É porque você foi embora!

O Novo Acordo Ortográfico eliminou o acento diferencial em alguns casos, e o manteve em outros.

Com o Novo Acordo Ortográfico, deixam de ter acento gráfico as palavras paroxítonas que são homógrafas e heterofônicas de:

artigos,•contrações,•preposições e•conjunções átonas.•

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Lembre-se: só as paroxítonas foram afetadas.

Assim, perdem o acento:

Pera (substantivo), que é homógrafa de pera (preposição antiga, sinônimo de para)

Comi uma • pera de manhã. Falam que faz bem pera saúde.

Polo (substantivo), que é homógrafa de polo (combinação antiga da preposição por + lo, pelo)

É difícil jogar • polo no Polo n orte polo frio que faz naquela região.

Pela(s) (flexão de pelar), que é homógrafa de pela(s) (combinação da preposição per + la(s))

Ele • pela o cachorro começando pela cabeça.

Pelo (flexão de pelar) e pelo(s) (substantivo), que são homógrafas de pelo(s) (combinação da preposição per + lo(s))

Eu • pelo o bichinho começando a raspar o pelo pelo rabo.

Para (flexão de parar), que é homógrafa da preposição para.

Ele não • para de perguntar que dia vou para São Paulo.

Observação: por aplicação dessa regra, também perdem o acento o para (flexão de parar) quando usado em palavras compostas e separadas por hífen:

Meu carro está todo sujo: os • para-choques, os para-lamas e até os para-brisas estão cheios de barro.

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Está lembrado de que a alteração afeta apenas as palavras paroxítonas?

Então você já deve ter percebido que alguns acentos diferenciais continuam:

Ás (substantivo) e as (artigo)Dentre todas • as cartas do baralho, o ás é a mais valiosa no jogo de pôquer.

Pôr (verbo) e por (preposição)É preciso • pôr um capacete para andar por baixo dos andaimes.

Quê (substantivo, interjeição, ou pronome no fim da frase) e que (advérbio, conjunção, pronome ou partícula expletiva)

Ela tem um • quê de folgada. Espero que não demore.

Porquê (substantivo, ou em fim de frase) e porque (conjunção)

Você sabe o • porquê disso? É porque você foi embora!

Outro aspecto a ser relembrado: o acento diferencial só foi eliminado nos casos em que as palavras paroxítonas que são homógrafas e heterofônicas de:

artigos,•contrações,•preposições e•conjunções átonas.•

Assim, também foi conservado o acento diferencial de pôde e pode, que são flexões do verbo poder em tempos diferentes:

Pôde (pretérito perfeito do indicativo) e pode (presente do indicativo)

Ele sempre • pôde, e até hoje ainda pode.

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Da mesma forma, também foi mantido o acento diferencial para indicar o plural dos verbos ter e vir na 3ª pessoa do presente do indicativo:

Singular:• Ele tem, vemPlural:• Eles têm, vêm

Já nos derivados de ter e vir (manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc.), que flexionados na 3ª pessoa do presente do indicativo teriam mais de uma sílaba e terminariam com -em e, por isso, seriam acentuados, foi feita uma distinção entre as formas no singular e no plural. O singular recebe o acento agudo, e o plural recebe o circunflexo:

Verbos derivados de ter:

Singular:• Ele contém, detém, obtém, retém, mantém etc.

Plural:• Eles contêm, detêm, obtêm, retêm, mantêm etc.

Verbo derivados de vir:

Singular:• Ele convém, intervém, provém, sobrevém etc.

Plural:• Eles convêm, intervêm, provêm, sobrevêm etc.

O Novo Acordo Ortográfico também trouxe outra novidade nos acentos diferenciais: é a faculdade de se usar o acento circunflexo na palavra forma (ô) (substantivo) para diferenciá-la de forma (ó) (substantivo ou flexão do verbo formar). É interessante notar que a última Reforma Ortográfica, de 1971, já deixara de incluir a palavra fôrma entre aquelas cujo acento diferencial permaneceu.

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De qualquer forma, recomenda-se que o acento circunflexo seja utilizado apenas em caso de ambiguidade, como nos exemplos abaixo:

Qual é a • forma da fôrma do bolo?A • forma da fôrma retangular é a melhor.“Reduzi sem danos / a • fôrmas a forma“ (Manuel Bandeira – Os Sapos)

2.4 Uso do hífen

2.4.1. Regras Novas x Regras anteriores ao Novo Acordo Ortográfico

Frequentemente o uso do hífen é motivo de incerteza para aqueles que vão redigir um texto. Muitos acham que não há regras específicas para seu uso, tamanha a quantidade de dúvidas. Entretanto, as regras existem e devem ser aplicadas.

O Novo Acordo Ortográfico reformulou profundamente as regras de uso do hífen, com o objetivo de deixá-las mais claras, resumidas e simples.

Entretanto, muitos gramáticos ainda não estão satisfeitos e dizem que o Novo Acordo Ortográfico não trouxe um avanço substancial no que diz respeito ao uso do hífen.

De qualquer forma, boas ou não, são as novas regras que prevalecerão.

n as próximas páginas, veremos as novas regras de uso do hífen.

Quando essas novas regras resultarem em alterações na grafia, será indicada também a regra correspondente anterior ao Novo Acordo Ortográfico.

Talvez você esteja se perguntando: mas para que conhecer as regras antigas?

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Lembramos que as regras antigas conviverão com as novas regras e poderão ser usadas até o final de 2012. Só a partir daí as regras estabelecidas pelo Novo Acordo Ortográfico vigorarão sozinhas.

Além disso, é importante conhecer as regras antigas para ver o que mudou com as novas.

2.4.2. Hífen em Verbos, Compostos e Sequências de Palavras

Verbos + Pronomes Oblíquos

Começaremos com o caso mais fácil e que não foi alterado pelo Novo Acordo Ortográfico: emprega-se o hífen (-) para ligar pronomes oblíquos aos verbos com que se relacionam:

Ofereceram-me•Retive-o•Deixa-o•Obedecer-lhe•Levá-la-ei (mesóclise)•Chamar-se-á (mesóclise)•Mostre-se-lhe (dois pronomes relacionados ao •mesmo verbo)

Palavras Compostas

Para palavras compostas, a regra geral é que se deve empregar o hífen apenas se os seus elementos formadores (palavras que formam o composto) perderam sua significação individual para que a palavra composta adquirisse um significado único.

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Isso pode ser visto claramente nos seguintes exemplos:

Abaixo assinado x abaixo-assinado•

Mesa redonda x mesa-redonda•

Testa de ferro X testa-de-ferro•

Repare que sem o hífen, as palavras mantêm seu significado individual:

Abaixo assinado: é o indivíduo que subscreve, que assina abaixo de um texto ou reivindicação.

Mesa redonda: é uma mesa de formato redondo.

Testa de ferro: testa que é feita de ferro (robô, por exemplo) ou, no sentido figurado, testa dura como o ferro.

Já nas palavras compostas, nas quais o hífen é usado, repare que os elementos formadores perdem sua significação individual para que a palavra composta formada adquira um significado completamente novo:

Abaixo-assinado: é o documento, que normalmente contém um texto ou reivindicação, que várias pessoas subscrevem.

Mesa-redonda: é uma reunião destinada a debater determinado assunto.

Testa-de-ferro: é o índivíduo que se apresenta como responsável por atos de outra pessoa.

Entendido o espírito que norteia o uso do hífen nas palavras compostas, vamos às regras estabelecidas pelo Novo Acordo Ortográfico.

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1ª Regra – O hífen é usado nos compostos sem elemento de ligação (de, da, do etc) quando o primeiro termo é um substantivo, adjetivo, numeral ou verbo. Veja alguns exemplos:

abaixo-assinado, amor-perfeito, água-marinha, •ano-luz, arco-íris, beija-flor, decreto-lei, joão-ninguém, médico-cirurgião, mesa-redonda, tenente-coronel, tio-avô, zé-povinho, afro-brasileiro, azul-escuro, amor-perfeito, boa-fé, guarda-costas, guarda-noturno, má-fé, mato-grossense, norte-americano, sempre-viva, sobrinha-neta, sócio-econômico, sul-africano, verbo-nominal, primeiro-ministro, segundo-sargento, segunda-feira, conta-gotas, guarda-chuva, vaga-lume, porta-aviões, porta-retrato, porta-moedas etc.

As palavras iniciadas por afro, anglo, euro, franco, indo, luso, sino e outros adjetivos pátrios, reduzidos ou não, seguidos por outros adjetivos pátrios, serão também grafadas com hífen:

afro-americano, luso-brasileiro, anglo-saxão, euro-asiático, •euro-afro-americano, greco-romano, latino-americano etc.

Atenção: indo-chinês se refere à Índia e à China, mas indochinês se refere à Indochina, assim como centro-africano se refere à porção central da África, enquanto centroafricano se refere à República Centroafricana.

Também serão grafados com hífen os compostos nos quais há uso de apóstrofo no elemento de ligação entre as palavras:

cobra-d’água, mãe-d’• água, olho-d’água, mestre-d’armas

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O Novo Acordo Ortográfico não trata especificamente de compostos formados por palavras repetidas ou parecidas, mas a princípio, esses compostos se encaixam na 1ª Regra e, portanto, são hifenizados:Palavras Repetidas:

blá-blá-blá, reco-reco, lenga-lenga, zum-zum-zum, •tico-tico, xique-xique

Palavras Parecidas:zás-trás, zigue-zague, pingue-pongue, tique-taque•

2ª Regra – Emprega-se o hífen quando a primeira palavra for além, aquém, recém, bem e sem:

além-mar, aquém-mar, recém-casado, recém-eleito, •recém-nascido, bem-aventurado, bem-estar, bem-humorado, bem-criado, bem-dizer, bem-mandado, bem-nascido, bem-vestido, bem-vindo, bem-visto, sem-número, sem-vergonha, sem-terra etc.

ExceçõesHá vários casos em que o advérbio bem se junta à segunda

palavra, sem uso do hífen:

benfeitor, benquerer, benquisto, benfeitoria etc.•

3ª Regra – Emprega-se o hífen quando a primeira palavra for mal, o segundo elemento se iniciar por vogal, H ou L, e não houver elemento de ligação:

mal• -afortunado, mal-entendido, mal-estar, mal-informado,mal• -humorado,mal• -limpo.

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* Mudanças: Apesar de prever o hífen nos compostos com a palavra mal e o segundo elemento iniciado por vogal ou H, a regra antiga não previa o uso de hífen quando o segundo elemento se iniciasse com L.

Se a segunda palavra se iniciar por outra letra que não vogal, H ou L, não haverá hífen:

malcriado, malgrado, malnascido, malpesado, •malvisto etc.

Observação: se a palavra tiver significado de doença, e não houver elemento de ligação, será sempre grafada com hífen:

mal-caduco (epilepsia), mal-francês (sífilis)•

Entretanto, seguindo a regra geral, se houver elemento de ligação, não haverá hífen:

Mal de Parkinson, Mal de Alzheimer etc.•

4ª Regra – Emprega-se o hífen em nomes geográficos em qualquer dos casos abaixo:

iniciados por grã e grão:• Grã-Bretanha, Grão-Paráiniciados por forma verbal:• Abre-Campo, Passa-Quatro, Quebra-Costas, Quebra-Dentesligados por artigo:• Baía de Todos-os-Santos, Entre-os-Rios, Trás-os-Montes

Os demais nomes geográficos compostos grafam-se sem hífen:

América do Sul, Belo Horizonte, Cabo Verde etc.•

Exceção: Guiné-Bissau

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Os adjetivos gentílicos, que são adjetivos que se referem ao local de nascimento, quando derivados de nomes compostos, serão hifenizados:

belo-horizontino (Belo Horizonte)•

cabo-verdiano (Cabo Verde)•

americano-do-sul (América do Sul)•

mato-grossense (Mato Grosso)•

mato-grossense-do-sul (Mato Grosso do Sul)•

juiz-forano (Juiz de Fora)•

cruzeirense-do-sul (Cruzeiro do Sul)•

5ª Regra – Emprega-se o hífen em nomes compostos de espécies botânicas e zoológicas:

andorinha-do-mar, bem-me-quer, bem-te-vi, •coco-da-baía, couve-flor, dente-de-leão, erva-doce, fava-de-santo-inácio, feijão-verde, joão-de-barro, lesma-de-conchinha, vassoura-de-bruxa etc.

Atenção: se a palavra composta for usada com significado diverso, não será hifenizada. Veja:

não-me-toques• (espécie de planta) / Ela é cheia de não me toques (melindres, frescuras).

Sequências de palavras

O hífen também é usado para ligar palavras que se combinam para formar encadeamentos vocabulares, às vezes até ocasionais.

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Veja alguns exemplos:a ponte Rio-n iterói;•o trecho Paraná-Goiás;•a divisa Liberdade-Igualdade-Fraternidade•o Acordo Brasil-Inglaterra•a Liga Itália-França-Alemanha•

2.4.3. Prefixos e Sufixos

As novas normas que regulam o uso do hífen com prefixos alteraram a grafia de muitas palavras, introduzindo ou retirando o hífen. As regras, que antes determinavam o uso do hífen caso a caso para cada prefixo, agora levam em conta sua terminação. Assim, preste bastante atenção às novas regras.

1ª Regra – Vogais iguais

O hífen é usado quando o prefixo terminar com a mesma vogal que inicia a segunda palavra. Essa regra vale para todos os prefixos terminados por vogal, exceto co-, pro-, pre- e re- (como veremos mais tarde). Veja alguns exemplos:

anti-inflamatório, auto-observação, entre-eixo, micro-ondas, •semi-interno, sobre-estimar, supra-auricular etc.

Atenção: em alguns casos consagrados pelo uso, as vogais iguais acabaram por se fundir, como em telespectador e radiouvinte.

Veja uma pequena lista dos prefixos mais comuns terminados por vogal:

agro-, albi-, alfa-, ante-, anti-, arqui-, auto-, beta-, bi-, bio-, •contra-, deca-, eletro-, entre-, euro-, extra-, foto-, geo-, giga-, hétero-, hexa-, hidro-, infra-, intra-, iso-, macro-, mega-, micro-, mini-, multi-, neo-, penta-, poli-, proto-, pseudo-, semi-, sobre-, sócio-, supra-, neuro-, orto-, tele-, tri-, tetra-, ultra- etc.

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* Mudanças: Muitas das palavras incluídas nessa primeira regra ganharam o hífen, pois, pelas regras antigas:

as palavras iniciadas pelos prefixos auto-, contra-, •extra-, infra-, intra-, neo-, proto-, pseudo-, semi-, supra-, ultra-, ante-, anti-, arqui- e sobre- só receberiam o hífen caso o segundo elemento se iniciasse por H, R ou S.

as palavras iniciadas pelos prefixos bi-, tri-, tetra-, •penta-, hexa-, hidro-, sócio-, micro-, macro-, multi-, mini-, mega- e tele- não recebiam o hífen, qualquer que fosse o segundo elemento.

2ª Regra – Consoantes iguais

O hífen é usado quando o prefixo terminar com a mesma consoante que inicia a segunda palavra. Veja alguns exemplos:

ad-digital, ad-digitalizar, hiper-requintado, inter-racial, •inter-regional, inter-resistente, sub-base, sub-bibliotecário, sub-braquial, super-revista etc.

* Mudanças: Essa regra também trouxe várias alterações às regras antigas:

o hífen só era utilizado nas palavras iniciadas pelos •prefixos ab-, ad-, ob-, sob- e sub- quando o segundo elemento fosse iniciado por R.o hífen só era utilizado nas palavras iniciadas pelos •prefixos circum- e pan- quando o segundo elemento fosse iniciado por vogal ou H.

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3ª Regra – pós-, pré-, pró-

Quando o prefixo é acentuado graficamente, como em pós-, pré- e pró-, usa-se o hífen:

Pós: •pós-graduação, pós-tônicoPré: •pré-cozido, pré-escolar, pré-história, pré-natal, pré-requisitoPró: •pró-ativo, pró-europeu

4ª Regra – -m e -n + vogal, h-, m- e n-

O hífen também será empregado se o prefixo terminar em -m ou -n e a segunda palavra se iniciar por vogal, h-, m-, ou n-. Confira:

circum-escolar, circum-hospitalar, circum-murado, •circum-navegaçãopan-africano, pan-americano, pan-harmônico, •pan-hispánico, pan-mágico, pan-negritude

* Mudanças: Essa regra também trouxe alterações às regras antigas:O hífen só era utilizado nas palavras iniciadas pelos prefixos circum- e pan- quando o segundo elemento fosse iniciado por vogal ou H.

5ª Regra – ex-, sota-, soto-, vice-, vizo-

Usa-se o hífen sempre que os prefixos forem ex- (sentido de anterioridade ou cessação), sota-, soto-, vice- ou vizo-.

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Veja alguns exemplos:

ex-almirante, ex-diretor, ex-hospedeira, ex-marido, •ex-ministro, ex-presidente, ex-primeiro-ministro, ex-reisota-almirante, sota-capitão, sota-mestre, sota-ministro, •sota-vento, sota-vogasoto-almirante, soto-capitão, soto-pôr•vice-presidente, vice-reitor, vice-governador•vizo-rei•

6ª Regra – vogal, -r ou -b + h-

Quando o prefixo terminar por vogal, -r ou -b, e a segunda palavra se iniciar com h-, haverá hífen. Exemplos:

adeno-hipófise, anti-hemorrágico, anti-herói, •auto-hipnose, bio-histórico, extra-hepático, geo-história, giga-hertz, hiper-hidrose, inter-hemisfério, infra-hepático, neo-humanismo, pseudo-herói, semi-homem, sobre-humano, sub-hepático, sub-humano, super-homem, tri-hídrico etc.

* Mudanças: Essa regra também trouxe alterações às regras antigas:

as palavras iniciadas pelos prefixos bi-, tri-, tetra-, •penta-, hexa-, hidro-, sócio-, micro-, macro-, multi-, mini-, mega- e tele- não recebiam o hífen, qualquer que fosse o segundo elemento.

o hífen só era utilizado nas palavras iniciadas pelos •prefixos ab-, ob-, sob- e sub- quando o segundo elemento fosse iniciado por r-.

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7ª Regra – -b e -d + r-

Quando o prefixo terminar com -b ou -d e a segunda palavra se iniciar com r-, haverá hífen. Veja:

ab-rupto, ob-rogar, sob-roda, sub-reitor, sub-réptil, •sub-rogarad-renal, ad-referendar•

Exceções consagradas pelo uso: adrenalina e seus derivados.

Polêmica: ab-rupto ou abrupto?

Essa sempre foi e ainda é uma questão polêmica, o que provavelmente fará com que as duas formas sejam aceitas.

O professor e acadêmico Evanildo Bechara, que será a autoridade máxima no Brasil para decidir as possíveis pendências com relação ao Novo Acordo Ortográfico, indica como “preferível” a forma com hífen ab-rupto, de acordo com as regras citadas na página anterior.

Entretanto, em muitos dicionários, a forma com hífen (ab-rupto) já não era nem listada, apesar de muitos deles indicarem no vocábulo abrupto a pronúncia ab-ru ou ab-rru, ou seja, separando o prefixo “ab” de “rupto”. Diversos gramáticos também já manifestaram preferência pela forma “abrupto”, sem hífen, defendendo, inclusive, a pronúncia natural, sem separação.

Exceções às regras anteriores:

Prefixos co-, pro-, pre- e re-

Os prefixos co-, pro-, pre- e re-, que terminam com vogal, normalmente se unem à segunda palavra, sem hífen, independente da letra com que esta inicie.

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Exceções à 1ª Regra: Vogais iguais:

coobrigar, coobrigação, coordenar, cooperar, preeleito, •preeminência, preestabelecer, preexistir, preexistente, reedição, reedificar, reeducação, reeleição, reentrar, reescrever.

Exceções à 6ª Regra: Vogal + h- (nesses casos, o H será suprimido)

coabitar, coerdeiro, reidratar, reumanizar, reabituar, •reabilitar, reaver

Outros casos, que não constituem exceção:

coautor, coedição, cofator, propor, prolepse, •proeminente, refazer, remarcar

* Mudanças: Aqui também houve alterações às regras antigas, já que todas as palavras iniciadas pelo prefixo co- recebiam o hífen, exceto as consagradas pelo uso como coordenar e coordenação.

2.4.4. Sufixos

Emprega-se o hífen em vocábulos formados pelos sufixos -açu (grande), -guaçu (grande) e -mirim (pequeno), de origem tupi, se o primeiro elemento acabar em vogal acentuada graficamente ou por tônica nasal:

andá-açu; cajá-mirim; sabiá-guaçu; amoré-guaçu; •capim-açu; arumã-mirim; socó-mirim

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n os casos em que não forem acentuados, os vocábulos são usados sem hífen:

jiboiaçu; Cajumirim; Mojimirim•

2.4.5. Casos em que não se usa o hífen

Em alguns casos, nos compostos nos quais a noção da composição se enfraqueceu ou se perdeu por completo, ou mesmo quando houve perda fonética, a palavra se escreve aglutinadamente, sem hífen, como nos exemplos abaixo:

aguardente,•arteriosclerose,•passatempo,•reviravolta,•embaixo,•porventura,•pontapé...•

Com o Novo Acordo Ortográfico, passam a ser grafadas aglutinadamente, sem hífen, também as palavras:

paraquedas e derivadas (paraquedista, paraquedismo, •paraquedístico) emandachuva.•

Entretanto, outros compostos com as formas verbais para- e manda- continuarão a ser grafados com hífen:

para-brisa,•para-choque,•para-lama,•manda-lua,•manda-tudo etc•

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Destacaremos agora alguns casos, desdobramentos das regras vistas nas páginas anteriores, em que o hífen não é usado.

As palavras iniciadas por afro, anglo, euro, franco, indo, luso, sino e outros adjetivos pátrios reduzidos, não seguidas por outros adjetivos pátrios, continuarão a ser grafadas sem o hífen. Veja:

afrodescendente, anglomania, lusofonia, sinologia etc.•

Quando o prefixo termina por vogal e a segunda palavra começa por R ou S, não haverá hífen. n esses casos, deve-se duplicar a consoante. Confira alguns exemplos:

antessala, antirreligioso, antirrugas, antisséptico, antissocial, •arquirrival, autorregulador, biorritmo, biossegurança, contrarregra, contrarrevolução, contrassenha, contrassenso, contrarreforma, cosseno, eletrossiderurgia, extrarregular, infrarrenal, macrorregião, microssistema, minissaia, multissegmentado, neorromano, neorromantismo, protossatélite, pseudossábio, semirrígido, semirreta, sobressaia, suprarrenal, ultrassom etc.

* Mudanças: Muitas dessas palavras perderam o hífen, pois, pela regra antiga, as palavras iniciadas pelos prefixos auto-, contra-, extra-, infra-, intra-, neo-, proto-, pseudo-, semi-, supra-, ultra-, ante-, anti-, arqui- e sobre- receberiam o hífen caso o segundo elemento se iniciasse por H, R ou S.

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Quando o prefixo termina por vogal diferente da vogal que inicia a segunda palavra, também não haverá hífen:

antiaéreo, aeroespacial, agroindústria, autoajuda, •autoestrada, coautor, contraindicação, contraoferta, extraoficial, hidroelétrico, infraestrutura, intrauterino, neoexpressionismo, plurianual, retroalimentação, semieixo, semiaberto, semiárido, supraocular, ultraelevado etc.

Quando o prefixo termina por vogal e a segunda palavra inicia por consoante diferente de H, R e S, não haverá hífen. Veja alguns exemplos:

antebraço, antecâmara, antibomba, antitetânico, •antiquário, agropecuária, arquibancada, arquibilionário, arquidiocese, autobiografia, autocensura, autocolante, autocombustão, autodefesa, autodestruição, autodidata, autofecundação, autogiro, autogoverno, autolimpante, automóvel, autopeça, autotransformação, autovia, contrabalançar, contradomínio, contrafilé, contragolpe, contragosto, contraluz, contramão, contrapartida, contrapé, contratempo, contravento, extracurricular, neociência, neoclássico, neopositivismo, pseudociência, pseudodiamante, pseudofilosofia, hidrocirculante, semideus, semifinalista, semitransparente, sobrepeso, sobrenome, sobrenatural, supracitado, suprapartidário, ultrafino, ultraleve, ultramarino, ultrapassado, ultravioleta etc.

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Quando o prefixo termina com R e a segunda palavra se inicia por vogal ou consoante diferente de R e H, não se usa o hífen. Veja:

interacadêmico, interação, interagir, intercâmbio, •intercervical, intercomunicação, interescolar, interestadual, intermundial, internacional, interrogação, superabundante, superbactéria, supercampeão, superdivino, superdotado, supermãe, supernutrido, superpopulação, superpotência, supersaturado, supersistema etc.

Quando o prefixo termina com B e a segunda palavra se inicia por vogal ou consoante diferente de R e H, não se usa o hífen. Veja:

subaéreo; subafluente; subalimentação; subagudo; •subcapilar; subcategoria; subchefe; subconsciente; subdesenvolvido; subdelegado; subemprego; subliminar; submarino; subósseo, subsecretário etc.

Também não se emprega o hífen com a palavra “não” fazendo o papel de prefixo. Nestes casos, escreve-se o não separado da segunda palavra:

não agressão, não beligerante, não fumante, não •violência, não participação, não periódico.

* Mudanças: Pela regra anterior, o não, quando usado como prefixo, era ligado ao segundo elemento por hífen.

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Como regra geral, não se usa o hífen em locuções. Veja alguns exemplos:

Locuções substantivas:• cão de guarda, fim de semana, sala de jantar...

Locuções adjetivas:• cor de açafrão, cor de burro quando foge...

Locuções pronominais:• cada um, ele próprio, nós mesmos, quem quer que seja...

Locuções adverbiais:• à parte, à vontade, depois de amanhã, em cima, por isso...

Locuções prepositivas:• abaixo de, acerca de, acima de, a fim de, a par de, à parte de, apesar de, debaixo de, por baixo de, por cima de, quanto a...

Locuções conjuncionais:• a fim de que, ao passo que, contanto que, logo que, por conseguinte, visto que

Mas há exceções, consagradas pelo uso:

água-de-colônia,•

arco-da-velha,•

cor-de-rosa,•

mais-que-perfeito,•

testa-de-ferro,•

pé-de-meia etc.•

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Há também algumas locuções bastante comuns, mas que não foram citadas no Novo Acordo Ortográfico. Segundo o professor Evanildo Bechara, as seguintes locuções deverão ser grafadas sem hífen:

um Deus nos acuda, um salve-se quem puder, um faz •de contas, um disse me disse, um maria vai com as outras,

bumba meu boi, tomara que caia, à toa, dia a dia, arco •e flecha, calcanhar de aquiles, comum de dois, general de divisão, tão somente, ponto e vírgula.

O hífen também não é usado em locuções latinas:

ab initio• – desde o princípio

ab ovo• – a partir do ovo (desde o princípio)

ad infinitum• – até o infinito (indefinidamente)

ad hoc• – para isto (substituição temporária para o caso específico)

data venia• – com o devido consentimento

de cujus• – morto, falecido, inventariado

carpe diem• – colha o dia (aproveite o presente)

causa mortis• – causa determinante da morte

habeas corpus• – que tenhas o teu corpo

pari passu• – ao passo de, simultaneamente

ex libris• – dos livros, dentre os livros

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Entretanto, quando substantivadas, as locuções latinas recebem o hífen. Veja:

o habeas-corpus• – ação para garantir a liberdade de locomoçãoo ex-libris• – marca escrita ou desenhada em um livro que indica a livraria ou a pessoa a quem ele pertence ou pertenceu

Os prefixos co-, pro-, pre- e re-, que terminam com vogal, normalmente se unem à segunda palavra, sem hífen, independente da letra com que esta inicie. Veja alguns exemplos:

coobrigar, coobrigação, coordenar, cooperar, preeleito, •preeminência, preestabelecer, preexistir, preexistente, reedição, reedificar, reeducação, reeleição, reentrar, reescrever,coabitar, coerdeiro, reidratar, reumanizar, reabituar, •reabilitar, reaver,coautor, coedição, cofator, propor, prolepse, •proeminente, refazer, remarcar etc.

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3. críTicaS à reforMa orTográfica

O Novo Acordo Ortográfico não alcançou consenso entre os brasileiros e muito menos entre os portugueses.

Seu texto e sua aprovação têm sido alvo de diversas críticas e enfrentado a oposição de vários escritores, linguistas, políticos, deputados e profissionais da língua.

Alguns linguistas portugueses defendem a ortografia etimológica, que leva em consideração a origem da palavra, não aceitando a reforma pelo critério fonético, que, segundo eles, cortam o elo entre os praticantes atuais da língua portuguesa e os manuscritos deixados pelos seus antepassados.

Outros simplesmente resistem à mudança, talvez pelo medo de ter que reaprender, ou até por motivos emocionais em relação à grafia atual das palavras.

Esse sentimento de resistência às mudanças ortográficas já foi registrado em reformas anteriores, como mostram os trechos seguintes, escritos às vésperas das últimas reformas:

“Imaginem esta palavra phase, escripta assim: fase. n ão nos parece uma palavra, parece-nos um esqueleto (...) Affligimo-nos extraordinariamente, quando pensamos que haveriamos de ser obrigados a escrever assim!”, Alexandre Fontes (1911).

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“n a palavra lagryma, (...) a forma do y é lacrymal; estabelece (...) a harmonia entre a sua expressão gráfica ou plástica e a sua expressão psicológica; substituindo-lhe o y pelo i é ofender as regras da Estética. n a palavra abysmo, é a forma do y que lhe dá profundidade, escuridão, mistério... Escrevê-la com i latino é fechar a boca do abysmo, é transformá-lo numa superfície banal”, Teixeira de Pascoaes.

Enquanto uns têm dificuldades em aceitar as mudanças propostas pela reforma, outros acham que ela foi tímida demais, e até insuficiente para cumprir seus objetivos, já que muitas palavras continuarão apresentando possíveis variantes ortográficas.

O professor de português Pasquale Cipro Neto afirma que “é uma reforma meia-sola, que não unifica a escrita de fato”, enquanto o escritor João Ubaldo Ribeiro diz que “é uma reforma tímida, que não faz grandes inovações”.

Muitos críticos afirmam que o acordo tenta resolver um problema que, na realidade, não existe. Eles defendem que as variações na grafia do Português do Brasil e Português de Portugal não atrapalham a leitura dos textos.

O sucesso de vendas no Brasil de obras de escritores portugueses como José Saramago e Miguel Sousa Tavares, cujos livros usam a grafia lusitana do português por exigência dos autores, seria um indício de que não é a falta de uma unificação gráfica que diminui o intercâmbio literário na língua portuguesa.

Na verdade, as dificuldades de compreensão escrita, quando acontecem, decorrem das diferenças semânticas, ou seja, do sentido das palavras, e até de construções gramaticais que são diferentes no Brasil e em Portugal.

E a simples adoção de uma ortografia comum não resolve esse tipo de problema.

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Se você já tentou ler algum texto em Português de Portugal, mesmo que seja apenas um simples manual de algum equipamento eletrônico, vai entender claramente do que estamos falando.

Além disso, as dificuldades de compreensão são ainda mais relevantes na comunicação oral. Só para se ter uma ideia, já se cogitou de colocar legendas nas novelas brasileiras que são exibidas em Portugal, tamanha é a dificuldade de compreensão.

E observe que, como a programação televisiva brasileira acaba chegando lá com mais intensidade, principalmente por causa das novelas, eles acabam tendo muito mais facilidade de entender os brasileiros do que os brasileiros de entender os portugueses.

O fato é que a dificuldade na comunicação oral vai continuar, apesar do acordo ortográfico, que nessa área não tem nenhuma influência.

Outra crítica comum em relação ao Novo Acordo Ortográfico diz respeito às novas regras que regem o uso do hífen.

Segundo os críticos, muitos de seus usos ainda são obscuros. É que o acordo ortográfico não fala explicitamente de todos os prefixos. Um dos problemas é o prefixo “re”, de reescrever e reeditar. Palavras como girassol e passatempo não tinham hífen, enquanto porta-retrato, guarda-louça e tira-teima possuíam o hífen. O problema é que, apenas baseando-se no texto atual, não é possível concluir se essas palavras terão hífen ou não. O acordo se limita a dizer que o hífen desaparece quando se perde a noção da composição de outras duas palavras, mas isso é muito subjetivo.

Sobre a crítica, Godofredo de Oliveira n eto, presidente do conselho diretor do Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP), órgão da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), esclarece que a definição de diversos usosdo hífen só vai acontecer com a criação de um vocabulário ortográfico oficial. Esse seria o próximo passo da reforma que unifica a escrita do português nos países lusófonos.

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Outros críticos apontam para os altos custos da unificação. Estes custos incluem:

a revisão ortográfica das obras já existentes,•

a substituição de dicionários, gramáticas e livros •escolares, que ficarão obsoletos instantaneamente, e ainda

a reaprendizagem das regras ortográficas pela grande •maioria da população que já está acostumada com as regras antigas.

Por tudo isso, vários profissionais da língua portuguesa se pronunciaram contra a adoção das novas regras:

“Vamos enterrar dinheiro em uma mudança que não trará efeitos positivos” (Pasquale Cipro n eto).

“Essa idéia messiânica, utópica de que a unificação vai transformar o português em uma língua de relações internacionais é uma tolice” (Cláudio Moreno).

Mas os custos da reforma não são os únicos interesses econômicos envolvidos.

Algumas editoras portuguesas afirmam que o acordo é “um facilitismo para as editoras brasileiras entrarem nos países africanos”, ameaçando sua atuação nesses países.

As mais resistentes chegaram a afirmar que não irão adotar em seus livros as alterações previstas pelo acordo.

Um dos pontos também muito criticados no texto do n ovo Ortográfico, principalmente pelos linguistas portugueses, é o das grafias múltiplas.

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Para abrigar as diferenças fonéticas (diferença de pronúncia) entre Portugal e Brasil, o Acordo Ortográfico prevê vários casos de palavras que podem ter duas ou mais grafias facultativas. É a dupla grafia ou grafia múltipla. Veja alguns exemplos:

fenómeno/fenômeno,•António/Antônio,•aritmética/arimética,•amnistia/anistia,•amígdalas/amídalas,•dactiloscopia/datiloscopia,•eletrónica/eletrônica,•súbdito/súdito,•visitamos (ontem) / visitámos (ontem),•recepção/receção,•espectador/espetador,•intersecção (de conjuntos) / interseção (de conjuntos),•(o) cacto (secou) / (o) cato (secou),•(o rio Tejo) desagua (em Lisboa) / (o Tejo) deságua (em •Lisboa),(a Polícia) averigua (o crime) / (a Polícia) averígua (o •crime)

O deputado português Vasco Graça Moura argumenta que o reconhecimento oficial de grafias duplas e múltiplas enfraquece seriamente a unidade da língua portuguesa escrita e “vai mesmo contra o conceito de ortografia”.

Ele continua a crítica ao acordo dizendo que as facultatividades permitem “pôr num saco todos os casos duvidosos, a pretexto de que pode haver diferenças entre a pronúnciaportuguesa e brasileira, abrindo inaceitavelmente a porta a todas as diferenças de grafia e mesmo, no limite, à opção individual por determinada maneira de escrever (...) chegando ao ponto da lei do menor esforço e do facilitismo”.

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Veja a opinião de linguistas portugueses sobre o assunto:

“(...) os negociadores do Acordo autorizam duplas ou múltiplas grafias no interior de cada país, com base num critério da pronúncia, que em nenhuma língua pode ser tomado como propriedade identificadora dum sistema linguístico e da(s) sua(s) respectiva(s) norma(s) nacionais, mas sempre e apenas de uma sua variedade dialectal ou social”, Inês Duarte, professora catedrática de Linguística da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (2005).

“O Acordo em análise admite grafias facultativas para a língua portuguesa em toda a sua extensão, sem quaisquer restrições além da existência (onde quer que seja) de uma pronúncia culta que as sancione. Segundo a sua letra (...), dois alunos portugueses, em Portugal (ou brasileiros, no Brasil, etc.), sentados lado a lado, ou dois professores em salas contíguas seriam livres de usar a seu bel-prazer as grafias alternativas. Em última análise, é deixada ao livre arbítrio de cada cidadão a escolha da grafia, pondo-se em causa a função da língua escrita como fator de coesão social,” João Andrade Peres, professor catedrático de Linguística da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (2008).

“O facto de acabar por nem sequer se revelar uma versão fraca de unificação ortográfica, como se pretendia, mas antes uma versão permissiva, erigindo o princípio da facultatividade excessiva, o qual vai contra o próprio conceito normativo de ortografia, originando nomeadamente a possibilidade do usode duplas grafias dentro do mesmo país, isto é, abrindo a porta à heterografia,” Isabel Pires de Lima, ex-ministra da Cultura do governo português, professora catedrática da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e deputada do Partido Socialista, apontando o que entende ser uma das principais fragilidades do Acordo Ortográfico.

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“O estabelecimento generalizado da grafia dupla nos domínios da acentuação, das consoantes mudas e da maiusculização, minará a estabilidade do ensino da Língua Portuguesa (ferramenta que abre a porta a todas as outras disciplinas) e porá em causa a integridade do uso e da difusão internacional da língua portuguesa, valores que a Constituição consagra (Art. 9º al. f). A possibilidade de se escrever de forma alternativa uma quantidade enorme de palavras e de expressões complexas deixa ao arbítrio de cada utilizador individual a estrutura da ‘sua’ ortografia pessoal - imagine-se o que seria cada um de nós poder pôr em vigor a sua versão personalizada do Código de Processo Penal ou do Código da Estrada!,” António Emiliano, professor de Linguística da Universidade n ova de Lisboa.

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4. vigência do novo acordo orTográfico

Apesar de todas as críticas, o acordo ortográfico já está vigendo no Brasil.

Desde 1º de janeiro de 2009 já se pode usar as novas regras. Haverá um período de transição até o final de 2012. Durante esse tempo, será possível optar pela nova grafia ou pelo uso das regras anteriores. A partir de 1º de janeiro de 2013 apenas a nova grafia, imposta pelo Novo Acordo Ortográfico, será aceita.

Em Portugal, até o momento da criação deste manual, só se sabia que o período de transição seria de 6 anos, 2 anos maior que o do Brasil. Entretanto, ainda não havia data definida para sua entrada em vigor.

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