Upload
aguardiano2
View
35
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
FACULDADE SALESIANA MARIA AUXILIADORA CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO COM ÊNFASE EM
ENGENHARIA DE INSTALAÇÕES NO MAR
Por
ALEXANDRE CARVALHO REIS
FRAGILIZAÇÃO DE AÇOS PELO HIDROGÊNIO LIBERADO DA
PROTEÇÃO CATÓDICA DE EQUIPAMENTOS SUBMARINOS
Macaé/RJ
Janeiro/2009
FACULDADE SALESIANA MARIA AUXILIADORA CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO COM ÊNFASE EM
ENGENHARIA DE INSTALAÇÕES NO MAR
Por
ALEXANDRE CARVALHO REIS
FRAGILIZAÇÃO DE AÇOS PELO HIDROGÊNIO LIBERADO DA
PROTEÇÃO CATÓDICA DE EQUIPAMENTOS SUBMARINOS
Monografia apresentada ao Curso de Graduação, em Engenharia de Produção com ênfase em Engenharia de Instalações no Mar, da Faculdade Salesiana Maria Auxiliadora, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Engenharia de Produção com ênfase em Engenharia de Instalações no Mar.
Orientador: Prof. Orlandemberg Pereira Silva
Macaé/RJ
Janeiro/2009
ALEXANDRE CARVALHO REIS
FRAGILIZAÇÃO DE AÇOS PELO HIDROGÊNIO LIBERADO DA
PROTEÇÃO CATÓDICA DE EQUIPAMENTOS SUBMARINOS
Monografia apresentada ao Curso de Graduação, em Engenharia de Produção com ênfase em Engenharia de Instalações no Mar, da Faculdade Salesiana Maria Auxiliadora, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Engenharia de Produção com ênfase em Engenharia de Instalações no mar.
COMISSÃO EXAMINADORA
_____________________________________________ Prof. Orlandemberg Pereira Silva
Faculdade Salesiana Maria Auxiliadora
_____________________________________________ Prof. Msc. Salvador Barreto Belmonte
Faculdade Salesiana Maria Auxiliadora
_____________________________________________ Prof. Lauro Antônio Puppim
Faculdade Salesiana Maria Auxiliadora
Macaé/RJ
Janeiro/2009
No início, tudo era um sonho. Com o tempo se tornou um desafio. Hoje
estamos vivendo uma conquista carregada de superações. Ao longo dos últimos 05
anos, muitos foram os momentos de desânimos e cansaços, assim como, de
cobranças recebidas. Olhamos agora para trás e nos sentimos aliviados e
compensados, pois também tivemos muitas alegrias com tudo que aprendemos.
Sabemos que este aprendizado irá definir nosso futuro e será a base para
continuarmos caminhando em direção a uma vida sempre feliz. A nova fase será de
saudades dos amigos que não estarão mais juntos todos os dias, mas destes,
carregarei a honra de ter partilhado o pioneirismo que nos tornou a primeira turma de
Engenharia de Produção de Macaé.
Dedico esta conquista aos meus pais, Jarbas e Hermínia, e as minhas filhas
Isabela e Laura.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus. Da mesma forma também agradeço a todas
as pessoas que contribuíram para a realização deste trabalho. Ao Prof. Orientador
Orlandemberg Pereira Silva e a Professora Paula Scovino, que muito ajudaram com
orientações e demonstrações de paciência e dedicação. A minha família, pela
confiança e motivação. Aos professores e colegas de Curso, pois juntos trilhamos
uma etapa importante de nossas vidas. Aos professores da banca que também
estarão avaliando o conteúdo e a importância deste trabalho.
Aos amigos pela força e pela vibração em relação a esta jornada. A todos
que, com boa intenção, colaboraram para a realização e finalização deste trabalho.
RESUMO
O uso do aço como principal insumo da indústria de produção e transporte de
óleo e gás resulta em grandes perdas por corrosão. A proteção catódica tem sido um
dos mecanismos mais utilizado ao longo dos tempos para evitar ou controlar este
fenômeno, mas desta proteção, podem resultar agentes contaminantes que também
podem ser nocivos aos metais e aços utilizados pela indústria, em particular a de
equipamentos submarinos. Um destes agentes é o Hidrogênio, que é um dos
principais agentes corrosivos em materiais metálicos.
Absorção de Hidrogênio, particularmente em aços de alta resistência
mecânica e ligas de titânio, resulta em considerável perda das suas propriedades
mecânicas, dentre estas, a plasticidade e a habilidade para trabalhar sob
carregamentos estáticos e dinâmicos. Estando o aço fragilizado, falhas prematuras e
abruptas dos equipamentos podem acontecer, resultando em muitas complicações
e, em alguns casos, desastres. O presente trabalho, desenvolvido a partir de uma
pesquisa bibliográfica, caracteriza alguns cenários de ocorrências do tema proposto
e apresenta algumas diretrizes para controles das mesmas.
Palavras chaves: Fragilização, Hidrogênio, Proteção Catódica, Corrosão.
ABSTRACT
The use of steel as a main material in the oil and gas production and transport
industry results in huge losses from corrosion. The cathodic protection has been one
of the mechanisms mostly used during the times to avoid or to control this
phenomenon, but from this protection, that is an electro-chemical process can result
a lot of contaminants that can also damage the subsea equipment. One of them is
the Hydrogen that is one of mains corrosives agents in metallic materials.
Hydrogen Absortion (HA) by steels, especially in the high-strength steels and
titanium alloys, results in considerable loss of their mechanical properties like
plasticity and their ability to withstand static loads and dynamic cycling loading.
However, because of Hydrogen Embrittlement, the high-strength steel structures
such as fasteners can fail prematurely and abruptly, causing many complications
and, in some cases, disasters. This document was based on the bibliography
references to present some scenarios showing the reported problem and to present
some recommendations to control that.
Key-words: Hydrogen Embrittlement, Cathodic Protection, Corrosion.
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Resistência residual X Tensão de Escoamento....................................... 63
Gráfico 2 - Permeação da corrente em função do tamanho de grão do aço Armco-Fe
.................................................................................................................................. 66
Gráfico 3 - Redução da carga elétrica catódica ao longo do tempo do aço AF410 ... 67
Gráfico 4 - Densidade da corrente permeada X potencial catódico do aço Armco Fe
.................................................................................................................................. 68
Gráfico 5 - Tensões combinadas X Tempo de falha ................................................. 77
Gráfico 6 – Tensão (eixo X) X Velocidade de propagação de trincas (eixo Y) .......... 78
Gráfico 7 - Temperatura X Fragilização por Hidrogênio em aços austeníticos .......... 80
Gráfico 8 - Densidade de corrente da PC x Temperatura e Níveis de Oxigênio ....... 82
Gráfico 9 - Fluxo de Hidrogênio X Tempo ................................................................. 83
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – FOTOS DO ESTUDO REALIZADO PELA STATOIL. ........................... 19
FIGURA 2 – PLATAFORMA ALEXANDER KIELLAND NO ACIDENTE EM 1980 .... 20
FIGURA 3 - FIGURA DA PLATAFORMA FIXA A SER INSTALADA NO BRASIL EM
2009. ......................................................................................................................... 26
FIGURA 4 – PRINCIPAIS PLATAFORMAS E NAVIOS PARA EXPLORAÇÃO DE
PETRÓLEO ............................................................................................................... 28
FIGURA 5 – PLATAFORMA NAVIO FPSO ............................................................... 29
FIGURA 6 - ÁRVORE DE NATAL MOLHADA .......................................................... 30
FIGURA 7 - MANIFOLD DE PRODUÇÃO SUBMARINO SENDO INSTALADO ....... 31
FIGURA 8 - ANMS E MANIFOLD INTERLIGADOS POR LINHAS DE PRODUÇÃO 32
FIGURA 9 - ESTRUTURA DE UMA LINHA FLEXÍVEL ............................................. 32
FIGURA 10 – TUBOS DE TROCADORES DE CALOR SOFRENDO FORTE
PROCESSO CORROSIVO ....................................................................................... 40
FIGURA 11 - VAZAMENTO DE PETRÓLEO NO ALASCA POR TUBULAÇÃO
CORROÍDA EM 2006 ................................................................................................ 42
FIGURA 12 – PROCESSO ELETROQUÍMICO DA CORROSÃO ............................. 44
FIGURA 13 – PROCESSO ELETROQUÍMICO DA CORROSÃO ANULADO POR
ANODO ..................................................................................................................... 45
FIGURA 14 - ÁRVORE DE NATAL COM ANODOS ................................................. 47
FIGURA 15 - AÇÃO DO HIDROGÊNIO ATÔMICO NA SUPERFÍCIE METÁLICA ... 54
FIGURA 16 – DEFEITO NA MALHA CRISTALINA, SEPARAÇÃO INTRAGRANULAR
.................................................................................................................................. 56
FIGURA 17 - MATERIAL FRATURADO POR HIDROGÊNIO ATÔMICO ................. 57
FIGURA 18 - TRINCAS MOSTRADAS NA AMPLIAÇÃO (3000X) DO MATERIAL
FRATURADO ............................................................................................................ 58
FIGURA 19 - TUBO COM EMPOLAMENTO POR HIDROGÊNIO ............................ 59
FIGURA 20 – AÇÃO DO HIDROGÊNIO ATÔMICO NA PROPAGAÇÃO DE
TRINCAS ................................................................................................................... 74
FIGURA 21 – FOTO NO MICROSCÓPIO DE TRINCA PROPAGADA POR
HIDROGÊNIO ATÔMICO .......................................................................................... 74
FIGURA 22 - MECANISMO DE TESTE DE PROPAGAÇÃO DE TRINCA DA NORMA
ASTM D4812 - 06 ...................................................................................................... 75
FIGURA 23 - CORPO DE PROVA PARA O TESTE DE PROPAGAÇÃO DE TRINCA
DA NORMA ASTM D4812 - 06 ................................................................................. 76
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 – COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE AÇOS INOX FERRÍTICOS ................. 37
QUADRO 2 – COMPOSIÇÃO QUÍMICA BÁSICA DE AÇOS MARTENSÍTICO ........ 38
QUADRO 3 – COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS AÇOS AUSTENÍTICOS.................... 39
QUADRO 4 - SÉRIE GALVÂNICA PRÁTICA ............................................................ 46
QUADRO 5 - APLICAÇÕES TÍPICAS DOS ANODOS INERTES ............................. 51
QUADRO 6 – AÇOS SUSCETÍVEIS E NÃO SUSCETÍVEIS A FRAGILIZAÇÃO POR
HIDROGÊNIO ........................................................................................................... 69
QUADRO 7 - PROFUNDIDADE E TEMPERATURA X DENSIDADE DE CORRENTE
DA PC ....................................................................................................................... 81
LISTA DE ABREVIATURAS
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
Ag – Prata
Al – Alumínio
AISI - American Iron and Steel Institute
ANM – Árvore de Natal Molhada
ASTM - American Society for Testing and Materials
API – American Petroleum Institute
ASME – American Society of Mechanical Engineer
Cr – Cromo
CST – Corrosão sob tensão
CP – Cathodic Protection
DNV - Det Norske Veritas
FH – Fragilização por Hidrogênio
FPSO – Floating Production Storage Offloading (Unidade Flutuante de
Produção, Estocagem e Transferência Marítima).
H – Hidrogênio
HRc – Hardness Rockwell C (Unidade Internacional de dureza de metais)
ISO - International Organization for Standardization
Kpsi – Kilo Pound Square Inch (Unidade de medida de pressão e tensão)
Mg – Magnésio
Mn – Manganês
Mpa – Mega Pascal (unidade de medida de pressão e tensão)
NACE - The National Association of Corrosion Engineers
NASA - National Aeronautics and Space Administration
O – Oxigênio
PA – Plataforma Auto-Elevável
Pb – Chumbo
PC – Proteção Catódica
Sb – Antimônio
Si – Silício
SP – São Paulo, estado Brasileiro
TLP – Tension Leg Platform (Plataforma de Pernas Tensionadas)
Zn – Zinco
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 15
1.1 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................. 16
1.2 RELEVÂNCIA ................................................................................................................ 19
1.3 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................ 22
1.4 OBJETIVO ESPECÍFICO ............................................................................................... 22
1.5 MEIOS ..................................................................................................................... 23
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ......................................................................................... 24
2.1 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA PRODUÇÃO DE HIDROCARBONETOS .............. 25
2.1.1 PLATAFORMAS E NAVIOS ........................................................................................ 25
2.1.2 EQUIPAMENTOS SUBMARINOS .............................................................................. 30
2.2 PRINCIPAIS AÇOS UTILIZADOS EM EQUIPAMENTOS SUBMARINOS ...................... 33
2.2.1 AÇOS ESTRUTURAIS ................................................................................................ 33
2.2.2 AÇOS LIGAS .............................................................................................................. 34
2.2.3 AÇOS INOXIDÁVEIS .................................................................................................. 36
2.3 CORROSÃO .................................................................................................................. 39
2.4 PROTEÇÃO CATÓDICA ................................................................................................ 43
2.4.1 PROTEÇÃO CATÓDICA GALVÂNICA........................................................................ 45
2.4.2 PROTEÇÃO CATÓDICA POR CORRENTE IMPRESSA ............................................ 50
2.4.3 REAÇÕES QUÍMICAS ENVOLVIDAS......................................................................... 52
3 FRAGILIZAÇÃO POR HIDROGÊNIO ............................................................................... 55
3.1 CLASSES DA FRAGILIZAÇÃO POR HIDROGÊNIO ..................................................... 58
3.1.1 FRAGILIZAÇÃO IRREVERSÍVEL ............................................................................... 58
3.1.2 FRAGILIZAÇÃO REVERSÍVEL ................................................................................... 60
3.2 MATERIAIS SUSCETÍVEIS A FRAGILIZAÇÃO POR HIDROGÊNIO ............................. 60
4 FATORES QUE INFLUENCIAM A FRAGILIZAÇÃO DE AÇOS POR HIDROGÊNIO ............
................................................................................................................................. 71
4.1 INFLUÊNCIAS DOS PROCESSOS DE FABRICAÇÃO .................................................. 71
4.2 INFLUÊNCIAS DAS TENSÕES EXTERNAS ................................................................. 73
4.3 INFLUÊNCIAS DO MEIO ............................................................................................... 79
5 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 84
6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ................................................................. 86
1 INTRODUÇÃO
Nos equipamentos destinados a exploração e produção de petróleo, existem
as necessidades de serem utilizados aços de alta resistência mecânica por causa
dos rigores operacionais aos quais os mesmos são submetidos ao longo de toda sua
vida útil. A corrosão é um dos principais problemas que afetam estes equipamentos
e o uso de proteção catódica vem sendo adotado como uma das principais
alternativas de combate a este fenômeno, sendo que esta solução também precisa
ser bem analisada para não se tornar a causa para outras anomalias.
Uma análise bem criteriosa dos materiais utilizados em equipamentos deve
ser baseada também na necessidade destes serem protegidos ou não por anodos,
pois muitos materiais considerados ultra-resistentes a corrosão ou a esforços
mecânicos podem ser facilmente fragilizados por elementos inerentes aos
mecanismos de atuação dos diversos tipos de proteção catódica. Um destes
elementos é o Hidrogênio produzido neste sistema.
Muitos estudos já foram realizados no Brasil e no mundo para se conhecer os
problemas de fragilização de aços e ligas metálicas causados pelo Hidrogênio, que
na maioria das vezes está contido no fluído para qual o equipamento se destina e irá
16
operar, ou então, é um elemento contido no processo de fabricação do aço que não
foi devidamente controlado. Para estes casos, as literaturas existentes são amplas,
diversificadas e dispensam novos estudos e análises.
Fragilização de aços por Hidrogênio atômico liberado de proteção catódica de
equipamentos, ainda é um assunto pouco estudado no mundo e por isso, ainda
pode ser considerado desconhecido dos Projetistas e Engenheiros, que não sabem
identificá-lo previamente ou posteriormente a sua ocorrência, fazendo com que a
indústria tenha enormes prejuízos com acidentes, indenizações, perdas de
produção, etc.
Este trabalho acadêmico de graduação irá reunir informações de artigos e
estudos isolados sobre o problema, para que o mesmo possa ser melhor
compreendido e evitado pela indústria de produção de petróleo.
1.1 JUSTIFICATIVA
Aços e ligas metálicas imersos em soluções aquosas precisam ser protegidos
contra a degradação e perda das suas características físico-químicas causadas por
processos corrosivos. Para tal, uma das alternativas mais baratas e eficientes é a
proteção catódica (GENTIL, 2007). Neste tipo de proteção, no entanto, o Hidrogênio
é produzido por reações eletroquímicas e sob um conjunto de fatores a serem
apresentados neste trabalho. Este elemento poderá ser absorvido pelos materiais
metálicos, causando uma drástica redução na resistência mecânica destes.
17
Identificado em 1817 por Daniels e reconhecido em 1880 pela comunidade
científica (DICK, 1986), este fenômeno, tem sido estudado intensamente nas últimas
décadas, mas sempre com foco em casos isolados de acidentes ou incidentes.
Os primeiros estudos mais profundos sobre fragilização de aços causados por
Hidrogênio foram realizados pela NASA (CATALDO, 1968) durante as análises de
problemas encontrados em componentes dos lançadores de veículos espaciais do
projeto Saturno. Já naquele estudo, foi identificado que o Hidrogênio utilizado como
combustível era capaz de fragilizar componentes feitos até mesmo de Titânio, uma
liga com alta resistência mecânica. Os problemas analisados pela NASA, não tinham
gerado acidentes, apenas o mau funcionamento de alguns componentes.
Posteriormente, ao longo dos anos, novos estudos sobre este tipo de problema
foram desenvolvidos por outras empresas e instituições, sendo que nestes casos, foi
caracterizado que o Hidrogênio proveniente da proteção catódica dos equipamentos,
combinado com outros fatores, tinha causado falhas de peças e equipamentos.
Na mesma época dos estudos realizados pela NASA, também ocorreu um
incidente numa tubulação de água com diâmetro de 18.5 pés, localizada em Creek
Wolf, uma região gelada e de muita neve no estado de Montana nos Estados Unidos
da América. Naquele incidente, vários parafusos fabricados conforme a norma
ASTM A490 foram encontrados quebrados. A referida norma define propriedades
mínimas que garantem alta resistência mecânica a estes parafusos. O processo de
investigação (MACADAM, 1966) concluiu posteriormente que os parafusos haviam
18
sido fragilizados pelo Hidrogênio da proteção catódica da tubulação atuando em
conjunto com as condições ambientais da região.
Em agosto de 1984, a empresa Conoco Inc, descobriu que duas das
plataformas de petróleo que tinha operando no Mar do Norte estavam tendo um
grande número de parafusos de uma liga denominada Monel K-500®, rompendo-se
freqüentemente sem razões óbvias para tal. Estudos (WOLFE, 1989) demonstraram
posteriormente que os parafusos estavam sendo fragilizados pelo Hidrogênio
proveniente da proteção catódica das pernas das plataformas, que atacava de forma
implacável aquele aço liga de alta resistência mecânica.
Em 1993, foi emitido um relatório (ABERNETHY, 1993) pela comunidade
Européia, apresentando problemas de fragilização que haviam ocorridos nos
componentes de 9 plataformas de petróleo operando ao redor do mundo. Segundo o
relatório, estes problemas foram causados por Hidrogênio liberado pela proteção
catódica daquelas estruturas. Estas ocorrências foram identificadas ao longo no ano
de 1988, sendo que em 1989 mais 03 plataformas foram identificadas com os
mesmos problemas.
Em 2005, a empresa Norueguesa Statoil, publicou um estudo (BOGNER,
2005) sobre vários incidentes envolvendo parafusos fragilizados por Hidrogênio
associados à proteção catódica de equipamentos operando nos campos do Mar do
Norte. Um dos casos envolvendo parafusos de interligação de flanges de linhas é
ilustrado na figura 1.
19
Figura 1 – Fotos do estudo realizado pela Statoil.
Fonte: (BOGNER, 2005)
Os casos citados demonstram e justificam a necessidade deste trabalho
descrever e reunir detalhes para a indústria nacional de petróleo sobre o problema
de fragilização de aços e ligas metálicas pelo Hidrogênio produzido em
equipamentos que usam proteção catódica. Resumidamente, este trabalho irá
apresentar as características do referido problema baseado em referências
bibliográficas para que novas pesquisas sejam motivadas em prol do domínio deste
problema.
1.2 RELEVÂNCIA
Fragilização de aços e ligas metálicas por Hidrogênio é um fenômeno antigo,
freqüentemente encontrado e quase nunca entendido adequadamente (RAYMOND,
1992). Definido pelas literaturas técnicas como um tipo de corrosão, este problema
caracteriza vários problemas que continuam acontecendo e gerando muitos
prejuízos humanos, materiais e econômicos.
Um dos casos mais significativos de corrosão na história envolvendo perdas
humanas e materiais aconteceu no Mar do Norte na costa da Noruega em 1980,
20
quando uma perna da plataforma Hotel Alexander Kielland foi arrancada por uma
enorme onda durante uma tempestade marítima. A plataforma adernou-se e ficou
parcialmente submersa, ocasionando a morte de 123 pessoas (BBC NEWS, 1980).
A figura 2 ilustra a plataforma acidentada.
Figura 2 – Plataforma Alexander Kielland no acidente em 1980
Fonte: (BBC NEWS, 1980)
O processo de investigação sobre as causas daquele acidente identificou que
a perna arrancada da plataforma havia sofrido um processo acentuado de corrosão
ocasionado por um erro de fabricação da mesma. Posteriormente este problema se
propagou de forma rápida e catastrófica por causa de uma combinação de fatores,
dentre eles, a fragilização por Hidrogênio.
Após aquele acidente e outros incidentes já citados na seção 1.1 deste
trabalho, a empresa Norueguesa Statoil desenvolveu vários estudos e apresentou
em 1989 um relatório caracterizando que os diversos tipos de corrosão, inclusive a
21
fragilização por Hidrogênio, eram responsáveis por 33% das falhas ocorridas com os
equipamentos da indústria do petróleo (JOHNSEN, 1989).
Estudos mostraram que somente nos Estados Unidos da América, em 1995
problemas com corrosão causaram prejuízos de trezentos bilhões de dólares. No
ano de 2000 estes custos atingiram quase 350 bilhões da moeda americana. No
mesmo ano, no Brasil estes custos representaram 3,5% do PIB, significando um
custo de quase vinte e um bilhões de dólares (GENTIL, 2007).
Problemas que geram grandes prejuízos costumam ser pouco divulgados
pelas empresas de petróleo para que as imagens das mesmas não sejam
comprometidas diante de acionistas e da sociedade. Perdas financeiras associadas
a perdas de produção foram e são tratadas de forma sigilosa por estas empresas e
por isso a indústria tem registrado pouca experiência com problemas de fragilização
por Hidrogênio, principalmente a indústria de Petróleo no Brasil. Mas eles existem e
continuam sendo mal entendidos.
Proteger contra os problemas de corrosão é mais que uma questão
puramente econômica, é um imperativo para garantia da integridade dos ativos,
proteção do meio ambiente, segurança e saúde das pessoas (NUNES, 2007). Nesse
contexto, a relevância de conhecer, mitigar e saber tratar os problemas de
fragilização de Hidrogênio é muito grande e este trabalho pretende contribuir com
esta necessidade.
22
1.3 OBJETIVO GERAL
Muitos são os tipos de danos de aços e ligas metálicas causados por
corrosão induzida pelos agentes dos meios nos quais os equipamentos são
inseridos (CRAIG, 1992). Segundo esta referência, estes problemas podem ser
classificados em quatro tipos: Corrosão sob tensão; Danos causados por Hidrogênio,
Contaminação de Metais no estado líquido; Fragilização induzida no metal sólido.
Em geral, todos estes diferentes problemas exibem muitas características
similares e por isso é comum as literaturas técnicas tratá-las em conjuntos.
Este trabalho tem como objetivo geral apresentar os aspectos e informações
que particularizam os danos causados por Hidrogênio, em especial os casos que
este gás é produzido ou liberado pela proteção catódica de equipamentos utilizados
na produção submarina de hidrocarbonetos (petróleo e gás).
1.4 OBJETIVO ESPECÍFICO
A partir do objetivo geral, serão apresentados os principais aspectos
envolvidos no problema em questão, dentre estes, tipos de fragilização por
Hidrogênio, condições e aspectos mais relevantes para a ocorrência do problema,
efeitos, tipos de aços fragilizados por este problema e outras informações que
contribuam para que o mesmo seja compreendido e efetivamente associado a danos
de equipamentos causados por sistemas de proteção catódica para que estes
sistemas não continuem sendo considerados inofensivos.
23
1.5 MEIOS
A presente monografia é uma pesquisa básica, pois não focará nenhum caso
específico real, e ainda é uma pesquisa qualitativa, por realizar uma analise crítica
sobre o tema baseada em pesquisa bibliográfica.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A exploração no mar hidrocarbonetos iniciou-se nos Estados Unidos da
America quando em 1896 o primeiro poço foi perfurado no litoral da Califórnia sobre
um píer de uma praia. Desde então, os equipamentos passaram por grandes
evoluções por conta das condições de exploração cada vez mais extremas em
águas cada vez mais profundas. No Brasil, deve-se colocar em produção no ano de
2009 poços localizados a 2200m de profundidade água no campo de Tupi.
Atualmente, muitos são os materiais utilizados na produção marítima de
hidrocarbonetos, sendo o aço o material mais utilizado em todos eles. O aço, no
entanto, sofre um processo de degradação natural denominado corrosão causada
por ambientes úmidos ou em presença de água liquida. Desta forma, faz-se
necessário o uso de proteções anticorrosivas, e para tal, a indústria tem optado por
alternativas como a utilização de metais especiais resistentes a corrosão, e
aplicação de proteção catódica associada, ou não, a um revestimento protetor
(MEDEIROS, 2005).
25
Para limitar a diversidade de equipamentos associados ao assunto deste
trabalho, este capítulo irá apresentar os principais equipamentos marítimos utilizados
na produção de hidrocarbonetos, os principais aços utilizados pelos mesmos, assim
como, irá descrever corrosão e proteção catódica.
2.1 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA PRODUÇÃO DE HIDROCARBONETOS
Os principais tipos de equipamentos ou instalações marítimas são: portos de
atracação, navios e barcos, bóias, plataformas e equipamentos submarinos, dentre
estes, destacam-se Árvores de Natal Molhadas, Manifolds e dutos.
2.1.1 PLATAFORMAS E NAVIOS
As Plataformas e Navios são instalações marítimas fabricadas de aço e são
projetadas para uma vida útil superior a 20 anos. Nestas, são instalados sistemas de
perfuração, plantas de processos e/ou armazenamento da produção, além de outros
equipamentos de apoio. Os tipos de plataformas e navios mais utilizados pela
indústria do petróleo são:
Plataformas Fixas - Foram as primeiras unidades utilizadas. Têm sido as
preferidas nos campos localizados em profundidades de água de até
300m. Geralmente as plataformas fixas são constituídas de estruturas
modulares de aço, instaladas no local de operação com estacas cravadas
no fundo do mar. As plataformas fixas são projetadas para receber todos
os equipamentos de perfuração, estocagem de materiais, alojamento de
26
pessoal, bem como todas as instalações necessárias para a produção dos
poços (PETROBRAS, 2008). A figura 3 ilustra este tipo de plataforma.
Figura 3 - Figura da Plataforma fixa a ser instalada no Brasil em 2009.
Fonte: (PETROBRAS, 2008)
Plataformas Auto-eleváveis (PAs) - São constituídas, basicamente, de
uma balsa equipada com estrutura de apoio, ou pernas, que, acionadas
mecânica ou hidraulicamente, movimentam-se para baixo até atingirem o
fundo do mar. Em seguida, inicia-se a elevação da plataforma acima do
nível da água, a uma altura segura e fora da ação das ondas. Essas
plataformas são móveis, sendo transportadas por rebocadores ou por
propulsão própria. Destinam-se à perfuração de poços exploratórios na
plataforma continental, em profundidades de água que variam de 5 a 130m
(PETROBRAS, 2008).
27
Plataformas Semi-submersíveis – são compostas de uma estrutura de
um ou mais conveses, apoiada por colunas em flutuadores submersos.
Uma unidade flutuante sofre movimentações devido à ação das ondas,
correntes e ventos, com possibilidade de danificar os equipamentos a
serem descidos no poço. Por isso, torna-se necessário que ela fique
posicionada na superfície do mar, dentro de um círculo com raio de
tolerância ditado pelos equipamentos de subsuperfície. Dois tipos de
sistema são responsáveis pelo posicionamento da unidade flutuante: o
sistema de ancoragem e o sistema de posicionamento dinâmico.
O sistema de ancoragem é constituído de 8 a 12 âncoras e cabos e/ou
correntes, atuando como molas que produzem esforços capazes de
restaurar a posição do flutuante quando é modificada pela ação das
ondas, ventos e correntes
No sistema de posicionamento dinâmico, não existe ligação física da
plataforma com o fundo do mar, exceto a dos equipamentos de
perfuração. Sensores acústicos determinam a deriva, e propulsores no
casco acionados por computador restauram a posição da plataforma.
As plataformas semi-submersíveis podem ou não ter propulsão própria. De
qualquer forma, apresentam grande mobilidade, sendo as preferidas para
a perfuração de poços exploratórios (PETROBRAS, 2008).
Navios-sonda – é um navio projetado para a perfuração de poços
submarinos. Sua torre de perfuração localiza-se no centro do navio, onde
28
uma abertura no casco permite a passagem da coluna de perfuração. O
sistema de posicionamento do navio-sonda, composto por sensores
acústicos, propulsores e computadores, anula os efeitos do vento, ondas e
correntes que tendem a deslocar o navio de sua posição (PETROBRAS,
2008).
TLP – é uma plataforma flutuante semelhante à semi-submersivel em que
a diferença básica está na ancoragem, feita através de cabos tracionados
fixados verticalmente ao solo marinho no lugar do sistema de ancoragem
tradicional (MEDEIROS, 2005). A figura 4 ilustra os tipos de plataformas
citados até aqui.
Figura 4 – Principais Plataformas e Navios para exploração de petróleo
Fonte: (MEDEIROS, 2005)
Plataformas tipo FPSO – são navios com capacidade para processar e
armazenar o petróleo, e prover a transferência do petróleo e/ou gás
29
natural. No convés do navio, é instalada uma planta de processo para
separar e tratar os fluidos produzidos pelos poços. Depois de separado da
água e do gás, o petróleo é armazenado nos tanques do próprio navio,
sendo transferido para um navio aliviador de tempos em tempos.
O navio aliviador é um petroleiro que atraca na popa da FPSO para
receber petróleo que foi armazenado em seus tanques e transportá-lo para
terra. O gás comprimido é enviado para terra através de gasodutos e/ou
re-injetado no reservatório. Os maiores FPSOs têm sua capacidade de
processo em torno de 200 mil barris de petróleo por dia, com produção
associada de gás de aproximadamente 2 milhões de metros cúbicos por
dia (PETROBRAS, 2008). A figura 5 ilustra um FPSO.
Figura 5 – Plataforma Navio FPSO
Fonte: (PETROBRAS, 2008)
30
2.1.2 EQUIPAMENTOS SUBMARINOS
Os equipamentos submarinos são componentes colocados sobre o solo
oceânico destinados ao controle da produção e transporte de hidrocarbonetos (óleo
e gás) extraídos dos reservatórios submersos no leito do mar até as unidades de
processamentos. Os principais equipamentos submarinos utilizados na produção de
hidrocarbonetos são:
Árvore de Natal Molhada - conjunto de válvulas que controla a pressão e vazão de
hidrocarbonetos de poços localizados no fundo do mar. A Figura 6 ilustra uma ANM.
Figura 6 - Árvore de Natal Molhada
Fonte: (CAMERON, 2009)
Manifolds de Produção – é um conjunto de tubos e válvulas montadas numa
estrutura de aço, destinado a coletar e reunir hidrocarbonetos oriundos da produção
de diversas ANMs e enviar posteriormente esta produção através de dutos
submarinos até as unidades de processamento (MEDEIROS, 2005). A figura 7
ilustra um Manifold de Produção
31
Figura 7 - Manifold de Produção Submarino sendo instalado
Fonte: (MEDEIROS, 2005)
Linhas de Produção – são dutos especialmente desenvolvidos para conduzirem os
fluidos produzidos ou injetados nos poços submarinos. Os mesmos possuem uma
das extremidades conectada na ANM ou Manifold e a outra extremidade conectada
nas Unidades de Processamento. Também podem ser utilizados para interligar
ANMs em Manifolds. Estes dutos em aço, também denominados como linhas,
podem ser rígidos ou flexíveis. As linhas flexíveis são compostas de multicamadas
feitas de aço com uma superposição de termoplásticos (MEDEIROS, 2005).
A Figura 8 ilustra um arranjo de interligação de equipamentos utilizando linhas e a
Figura 9 ilustra as principais características de uma linha flexível.
32
Figura 8 - ANMs e Manifold interligados por Linhas de Produção
Fonte: (MEDEIROS, 2005)
Figura 9 - Estrutura de uma Linha Flexível
Fonte: (MEDEIROS, 2005)
Todos os equipamentos mostrados até aqui são feitos de aço e por isso,
todos são suscetíveis a sofrerem corrosão.
33
2.2 PRINCIPAIS AÇOS UTILIZADOS EM EQUIPAMENTOS SUBMARINOS
Os principais aços utilizados na fabricação de equipamentos submarinos são
os aços estruturais, aços ligas especiais e os aços com propriedades inoxidáveis.
2.2.1 AÇOS ESTRUTURAIS
O aço estrutural se destaca por combinar resistência mecânica,
moldabilidade, disponibilidade, e baixo custo. A importância da resistência mecânica
é relativamente pequena, do mesmo modo que o fator peso não é primordial. Assim,
os aços-carbono comuns, simplesmente laminados, sem tratamentos térmicos, são
satisfatórios e constituem porcentagem considerável dentro do grupo de aços
estruturais (BIDINOTO, 2009).
Pode-se dividir os aços estruturais em dois grupos:
- aços-carbono;
- aços de alta resistência e baixo teor em liga.
As principais características dos aços estruturais são:
Elasticidade - é a sua capacidade de voltar à forma original em ciclo de
carregamento e descarregamento. A deformação elástica é reversível, ou seja,
desaparece quando a tensão é removida. A deformação elástica é conseqüência da
movimentação dos átomos constituintes da rede cristalina do material, desde que a
posição relativa desses átomos seja mantida. A relação entre os valores da tensão e
34
da deformação linear específica, na fase elástica, é o módulo de elasticidade, cujo
valor é proporcional às forças de atração entre os átomos.
Plasticidade é o resultado de um deslocamento permanente dos átomos que
constituem o material, diferindo, portanto, da deformação elástica, em que os átomos
mantêm as suas posições relativas. A deformação plástica altera a estrutura interna
do metal, tornando mais difícil o escorregamento interior e aumentando a dureza do
metal.
Ductilidade é a capacidade dos materiais de se deformar sem se romper.
Pode ser medido por meio do alongamento ou da estricção, ou seja, a redução na
área da seção transversal do corpo de prova.
Quanto mais dúctil o aço, maior será a redução de área ou o alongamento
antes da ruptura. A ductilidade tem grande importância nas estruturas metálicas,
pois permite a redistribuição de tensões locais elevadas. As barras de aço sofrem
grandes deformações antes de se romper, o que na prática constitui um aviso da
presença de tensões elevadas (BIDINOTO, 2009).
2.2.2 AÇOS LIGAS
Os Aços-liga contêm quantidades específicas de elementos diferentes
daqueles normalmente utilizados nos aços estruturais ou comuns. Estas quantidades
são determinadas com o objetivo de promover mudanças nas propriedades físicas e
mecânicas do produto, permitindo ao material desempenhar funções específicas. De
acordo com a ABNT, os aços-liga são aços que possuem outros elementos, não se
35
considerando como tais os elementos adicionados para melhorar sua usinabilidade.
No caso de elementos como silício, manganês e alumínio, sempre presentes nos
aços carbono, os aços são considerados ligados quando seus teores ultrapassarem
0,6%, 1,65% e 0,1%, respectivamente. Os aços-liga costumam ser designados de
acordo com o elemento predominante. Por exemplo: aço-níquel, aço-cromo, aço-
cromo-vanádio.
A introdução de outros elementos se dá quando é desejado alcançar efeitos
específicos dos aços. São eles: aumentar a dureza e a resistência mecânica;
conferir resistência uniforme através de toda a secção em peças de grandes
dimensões; diminuir o peso de modo a reduzir a inércia de uma parte em movimento
ou reduzir a carga-morta em um veículo ou em uma estrutura; conferir resistência à
corrosão; aumentar a resistência ao calor; aumentar a resistência ao desgaste;
aumentar a capacidade de corte e melhorar as propriedades elétricas e magnéticas
(IMETAIS, 2009).
Os aços ligas são classificados da seguinte forma:
- Aço baixa liga: Aço em que a soma dos teores dos elementos de liga
não ultrapassa 5%.
- Aço média liga: Aço em que a soma dos teores dos elementos de liga
está entre 5% e 12%.
- Aço alta liga: Aço em que a soma dos teores dos elementos de liga é
no mínimo 12%.
36
- Aço baixa liga de alta resistência: Aço com teor de carbono inferior a
0,25%, com teor total de elementos de liga inferior a 2,0%. Neste grupo
de aço, os elementos mais comuns são o Nióbio, o Vanádio e o Titânio.
2.2.3 AÇOS INOXIDÁVEIS
O aço inox pode ser definido como uma liga ferrosa com no mínimo 12% de
cromo. Esta quantidade de cromo é responsável por uma substancial melhoria nas
propriedades de resistência à corrosão e à oxidação.
Os Aços Inoxidáveis se dividem da seguinte forma: Ferríticos, Martensíticos,
Austeníticos. Tais denominações se dão por base nos fatores como composição
química, microestrutura e aspectos cristalográficos (HIGGINGS, 1982).
Ferríticos: Possuem de 14,5% à aproximadamente 27% de cromo. No
quadro 1 são demonstrados algumas composições típicas desses aços. Esses aços
não podem ser endurecidos por tratamento térmico, mas podem ser encruados e
recozidos. Os aços da série 400 conforme padrões AISI possuem boa resistência à
corrosão e à oxidação, podendo ser usado para aplicações a altas temperaturas. Os
aços inoxidáveis ferríticos são mais resistentes à corrosão que os martensíticos mas
em geral menos que os austenísticos.
37
AISI Tipo nº Composição Nominal %
C Mn Cr Outros
430 0,08 máx 1,0 16.0-18.0 -
430 F 0,12 máx 1,25 16.0-18.0 0,6 Mo máx
430 F Se 0,12 máx 1,25 16.0-18.0 0,15 Se mín
446 0,20 máx 1,5 23.0-27.0 0,25 máx
Quadro 1 – Composição química de aços inox ferríticos
Fonte: (HIGGINGS, 1982)
Martensíticos: Foram desenvolvidos de maneira a propiciar um grupo de
ligas resistentes à corrosão e endurecíveis por tratamento térmico. Isto é obtido
graças a adição de carbono ao sistema binário ferro-cromo de maneira que a liga
produzida pode ser temperada. A estrutura resultante deste tratamento térmico é a
martensita que possui elevada resistência mecânica. Entretanto, essa liga resultante
é menos resistente à corrosão que os grupos ferríticos e austeníticos. O quadro 2
apresenta exemplos de aços martensíticos.
38
AISI Tipo nº Composição Nominal %
C Mn Cr Ni Outros
410 0,15 máx 1,0 11,5-13 - -
416 0,15 máx 1,2 12-14 - 0,15 S mín
420 0,15 máx 1,0 12-14 - -
431 0,20 máx 1,0 15-17 1,2-2,5 -
440 A 0,60-0,75 1,0 16-18 - 0,75 Mo máx
440 B 0,75-0,95 1,0 16-18 - 0,75 Mo máx
440 C 0,95-1,20 1,0 16-18 - 0,75 Mo Max
Quadro 2 – Composição química básica de aços martensítico
Fonte: (HIGGINGS, 1982)
Austeníticos: São formados pela adição de elementos como níquel ou
manganês, nos sistema ferro-cromo, com o aumento da estabilidade da fase
austenítica, por isso a denominação dessa classe de aços inoxidáveis. As altas
quantidades de cromo e níquel fazem desta classe a mais resistente à corrosão. Ao
contrário dos aços ferríticos e martensíticos, os austeníticos não são magnéticos. O
padrão AISI classifica esses aços como pertencentes à série 300. No quadro 3
temos as composições desses aços.
39
AISI Tipo nº Composição nominal %
- C Mn Cr Ni Outros
301 0,15 máx 2,0 16-18 6-8 -
302 0,15 máx 2,0 16-19 8-10 -
304 0,08 máx 2,0 18-20 8-12 -
304L 0,03 máx 2,0 18-20 8-12 -
309 0,20 máx 2,0 22-24 12-15 -
310 0,25 máx 2,0 24-26 19-22 -
316 0,08 máx 2,0 16-18 10-14 2-3 Mo
316L 0,03 máx 2,0 16-18 10-14 2-3 Mo
321 0,08 máx 2,0 17-19 9-12 (5x%C) Ti mín
347 0,08 máx 2,0 17-19 9-13 (10x%C) Nb, Ta mín
384 0,30 máx 2,0 15-17 17-19 -
Quadro 3 – Composição química dos aços austeníticos
Fonte: (HIGGINGS, 1982)
2.3 CORROSÃO
Este processo pode definido como a deterioração de um material, geralmente
metálico, por ação química ou eletroquímica do meio ambiente associada ou não a
esforços mecânicos. A deterioração causada pela interação físico-química entre o
material e o seu meio operacional representa alterações prejudiciais indesejáveis,
sofridas pelo material, tais como desgaste, variações químicas ou modificações
estruturais, tornando-o inadequado para o uso (GENTIL, 2007). A figura 10 ilustra
um caso de corrosão.
40
Figura 10 – Tubos de trocadores de calor sofrendo forte processo corrosivo
Os problemas de corrosão são freqüentes e ocorrem nas mais variadas
atividades, como por exemplo, nas indústrias química, petrolífera, naval, de
construção civil, automobilística, etc.
As perdas econômicas que atingem essas atividades são enormes e podem
se classificadas em diretas e indiretas.
São perdas diretas:
a) Os custos de substituição das peças ou equipamentos que sofreram
corrosão, incluindo-se energia e mão de obra;
b) Os custos e a manutenção de processos de proteção (proteção
catódica, revestimento metálicos e não-metálicos, pinturas etc.).
41
São perdas indiretas:
c) Perda de eficiência;
d) Superdimensionamento de projetos.
Em alguns setores, embora a corrosão não seja muito representativa em
termos de custo direto, deve-se levar em consideração o que ela pode representar
em questões de:
e) Segurança: corrosão localizada muitas vezes resulta em fraturas
repentinas de partes críticas de equipamentos, causando desastres
que podem envolver perda de vidas humanas.
f) Interrupções de comunicações: corrosão pode ocasionar a queda de
uma torre de comunicação tornando inoperante alguns sistemas de
telefonia.
g) Poluição ambiental: corrosão em tanques de armazenamento de
combustíveis e em tubulações de transporte desses combustíveis
líquidos e gasosos pode ocasionar vazamentos que podem poluir
solos, lençóis freáticos, mares, rios e lagos.
Corrosão em tubulações de derivados de petróleo pode causar
perfurações e conseqüentemente vazamento do fluido transportado,
seguido de incêndio de grandes proporções, como o ocorrido em
Cubatão (SP) na década de 1990 que ocasionou a morte de mais uma
42
centena de pessoas (GENTIL, 2007). A figura 11 ilustra um vazamento
de petróleo numa tubulação com problemas de corrosão no Alaska.
Figura 11 - Vazamento de petróleo no Alasca por tubulação com corrosão
Fonte: (BARRINGER, 2006)
A corrosão, além dos problemas associados com a deterioração ou destruição
de materiais, apresenta, sob determinado ponto de vista, não só esse lado negativo,
mas também um lado positivo. Assim, pode-se citar o principal caso benéfico de
corrosão de grande importância industrial: a proteção catódica.
Na proteção catódica um elemento escolhido como anodo sofre corrosão
preferencial em prol de outro denominado catodo que se torna imune a corrosão.
Esse processo será descrito de forma mais detalhada neste trabalho.
43
2.4 PROTEÇÃO CATÓDICA
A proteção catódica é uma técnica cada vez mais utilizada no Brasil e no
mundo para combater a corrosão com corrosão, pois conforme citado, um elemento
é escolhido para sofrer corrosão no lugar do que se deseja preservar. Ela é
normalmente utilizada para combater corrosão das instalações metálicas enterradas,
submersas e em contatos com eletrólitos.
Seus conhecimentos tornam-se cada vez mais necessários devido à
construção cada vez maior de oleodutos, gasodutos, tubulações que transportam
derivados de petróleo e produtos químicos, plataformas marítimas e equipamentos
de petróleo submarinos.
Com a utilização da proteção catódica adequada consegue-se manter essas
instalações metálicas completamente livres da corrosão por tempo indeterminado. A
grande virtude dessa técnica é permitir o controle seguro da corrosão em instalações
que, por estarem enterradas ou imersas em meios aquosos, não podem ser
inspecionadas ou revestidas periodicamente (GENTIL, 2007).
Tecnicamente, corrosão pode ser descrita como o processo eletroquímico
caracterizado pelo aparecimento de áreas anódicas e catódicas na superfície do
material metálico em contato com eletrólito, onde um fluxo de corrente elétrica
natural é criado quando a parte anódica do material perde elétrons e a parte
catódica ganha. Estando as partes com cargas elétricas opostas, é formada uma
diferença de potencial entre estas e conseqüentemente acontece um novo o fluxo de
corrente, tornando o processo contínuo e repetitivo, mas caracterizado por
44
alterações físicas do material ocorridas durante a troca de elétrons. As mudanças
físicas do material são depreciativas e o mesmo deixa de atender ao fim que se
destina. O fluxo de corrente citado é ilustrado na figura 12.
Figura 12 – Processo eletroquímico da corrosão
Fonte: (GENTIL, 2007)
Proteger catodicamente uma estrutura significa eliminar, por processo artificial,
as áreas anódicas da superfície do metal fazendo com que toda a estrutura adquira
comportamento catódico. Esta condição é obtida quando um anodo externo é
inserido no sistema para que o fluxo de corrente elétrica anodo/catodo não exista
nas partes internas da estrutura, mas sim entre estas e o anodo. Desta forma a
estrutura de deixa de sofrer corrosão que ficará restrita ao anodo (GENTIL, 2007). A
figura 13 ilustra este processo.
45
Figura 13 – Processo eletroquímico da corrosão anulado por anodo
Fonte: (GENTIL, 2007)
Desta forma, fica caracterizado que anodo é o elemento que perde elétrons,
catodo é o que ganha elétrons e eletrólito é o meio que proporciona essa troca.
Para obtenção da proteção catódica, dois sistemas são utilizados, ambos
baseados no mesmo princípio de funcionamento que é o de injeção de corrente
elétrica no componente metálico através do eletrólito. São eles: a proteção catódica
galvânica e a proteção catódica por corrente impressa.
2.4.1 PROTEÇÃO CATÓDICA GALVÂNICA
Também conhecida por proteção por anodos galvânicos ou de sacrifícios.
Neste processo o fluxo de corrente elétrica é fornecido pela diferença de potencial
46
entre o metal a proteger (catodo) e o outro escolhido como anodo. O anodo deverá
ter sempre o potencial mais negativo que o catodo para a proteção ser eficiente.
As várias literaturas técnicas desta área já possuem os valores da série
galvânica dos principais metais, conforme apresentado no quadro 4.
Material Volt
Magnésio comercialmente puro -1,75
Liga de Magnésio (6%Al, 3%Zn, 0,15%Mn) -1,60
Zinco -1,10
Liga de Alumínio (5%Zn) -1,05
Alumínio comercialmente puro -0,80
Aço (limpo) -0,50 a -0,80
Aço enferrujado -0,20 a -0,50
Ferro Fundido -0,50
Chumbo -0,50
Aço em concreto -0,20
Cobre, Bronze, Latão -0,20
Ferro Fundido com alto teor de silício -0,20
Aço com carepa de laminação -0,20
Carbono, grafite, coque +0,30
Quadro 4 - Série galvânica prática
Fonte: (GENTIL, 2007)
47
Os materiais utilizados, na prática, como anodos são ligas de magnésio, zinco
ou alumínio, pois conforme mostrado no quadro 4, este anodos possuem o potencial
mais negativo que o do aço ou ferro utilizado em estruturas e/ou equipamentos.
O mecanismo de funcionamento da proteção catódica é extremamente
simples, embora a sua aplicação, na prática, exija bastante experiência por parte do
projetista e do instalador do sistema (GENTIL, 2007). Esta afirmação é baseada no
fato que os anodos precisam estar adequadamente distribuídos e fixados no
elemento catodo para que a proteção do mesmo seja eficiente. A figura 14 ilustra
anodos instalados numa Árvore de Natal Molhada.
Figura 14 - Árvore de Natal com anodos
Além da distribuição correta de anodos ser importante, a quantidade destes
também é essencial para a eficiência de uma sistema de proteção catódica
48
galvânica, sendo que a quantidade faz parte do dimensionamento da proteção
catódica realizado através de fórmulas simples disponíveis nas literaturas
especializadas.
Como característica geral, os anodos galvânicos são utilizados, normalmente,
para eletrólitos de muito baixa resistividade (até 3.000 Ω.cm), uma vez que as
diferenças de potenciais em jogo são muito pequenas, necessitando de circuitos de
baixas resistências elétricas para a liberação da corrente elétrica. Pelo mesmo
motivo, a proteção catódica galvânica é mais recomendada, tanto técnica quanto
economicamente, para estruturas metálicas que requeiram pequenas quantidades
de corrente, em geral até 5A (GENTIL, 2007). Este valor de corrente pode ser
definido pela lei de Ohm, segundo a equação:
Equação 1
Onde:
I = corrente elétrica de proteção em ampères.
ΔV = diferença de potencial entre o anodo galvânico utilizado e a estrutura a
proteger, em volts.
Rt = resistência total do circuito de proteção catódica, em ohm.
A massa total de anodos necessários para proteger um sistema pode ser
calculada por:
49
Equação 2
Onde:
M = Massa necessária para proteção catódica do sistema (kg).
V = Vida útil do sistema em anos.
I = Corrente elétrica necessária em ampères.
UF = fator de utilização do ando (normalmente adotado 85%).
C = capacidade de corrente do anodo em A.h/kg (tabela 1).
8760 = Número de horas em um ano.
O número de anodos pode ser calculado por:
Equação 3
Onde:
N = Número de anodos.
M = Massa calculada conforme equação 2 em kg.
m = massa liquida de cada anodo em kg.
50
Como este trabalho não visa apresentar um projeto de proteção catódica,
somente os principais cálculos para definição destes sistemas foram citados. Deve
ser destacado, no entanto, que na prática, o cálculo de dimensionamento da
proteção catódica deve ser preciso e bem detalhado, pois se o número de anodos
for menor que o necessário para proteger os equipamentos, os mesmos serão
danificados por corrosão. Da mesma forma, se o número de anodos for maior que o
necessário, danos também poderão ocorrer, inclusive corrosão, pois anodos em
excesso podem causar a passivação mútua, onde de forma genérica, pode ser dito
que anodos em excesso se anulam mutuamente e deixam de proteger os
equipamentos que passam a sofrer com corrosão.
2.4.2 PROTEÇÃO CATÓDICA POR CORRENTE IMPRESSA
Também denominada por proteção catódica por corrente induzida, tem o
mesmo princípio de funcionamento da proteção catódica galvânica, onde é
necessário existir uma diferença de potencial entre o anodo e o catodo. A diferença
é que nesse processo o fluxo de corrente fornecido origina-se da força eletromotriz
de uma fonte geradora de corrente elétrica contínua (GENTIL, 2007).
Para dispersão dessa corrente elétrica no eletrólito são utilizados anodos
especiais, inertes, com características e aplicações que dependem do eletrólito onde
são utilizados, conforme será apresentado no quadro 5.
A grande vantagem do método por corrente impressa consiste no fato de a
fonte geradora poder ter a potência e a tensão de saída de que se necessite, em
função da resistividade elétrica do eletrólito, o que leva a concluir que esse método
51
se aplica a proteção de estruturas em contato com eletrólitos de baixa (3.000 a
10.000Ω.cm), média (10.000 a 50.000 Ω.cm), alta (50.000 a 100.000 Ω.cm) e
altíssima (acima de 100.000 Ω.cm) resistividade elétrica (GENTIL, 2007).
Anodos Aplicações
Grafite Solos, água do mar não profundas e água
doce.
Ferro-silício (14,5% Si) Solos ou água com teor de cloreto inferior
a 60 ppm.
Ferro-silício-cromo (14,5%Si, 4,5%Cr) Solos, água do mar, fundo do mar ou água
doce.
Chumbo-antomônio-prata (93%Pb,
6%Sb, 1%Ag)
Água do mar, suspensos, sem tocar o
fundo do mar
Titânio, nióbio ou tântalo platinizados Solo, água doce, água do mar e concreto
(na proteção de armaduras e de aço)
Titânio revestidos com óxidos mistos
de metais nobres com cério
Solos, água doce, água do mar e outros
eletrólitos
Magnetita Solos, água doce e água do mar
Ferrita Solos, água doce e água do mar
Anodo polimérico anodeflex Solos (tubulações nuas ou com
revestimento deficiente).
Quadro 5 - Aplicações típicas dos anodos inertes
Fonte: (Gentil, 2007)
52
2.4.3 REAÇÕES QUÍMICAS ENVOLVIDAS
Conforme citado anteriormente, os sistemas de proteção catódica são
baseados em mecanismos eletroquímicos e os fenômenos elétricos associados a
corrente elétrica natural ou introduzida nestes sistemas já foram mostrados.
Os subitens abaixo apresentam as reações químicas que acontecem nos
sistemas de proteção catódica de equipamentos em contato com um eletrólito.
2.4.3.1 REAÇÕES DA PROTEÇÃO CATÓDICA GALVÂNICA
Áreas anódicas
(anodos Mg, Al, Zn)
Mg → Mg2+ + 2e Equação 4
Al → Al3+ + 3e Equação 5
Zn → Zn2+ + 2e Equação 6
Áreas catódicas
a) aerada H2O + 1/2O2 + 2e → 2OH-
Equação 7
b) não-aerada 2H20 + 2e → H2 + 2OH-
Equação 8
53
2.4.3.2 REAÇÕES DA PROTEÇÃO CATÓDICA POR CORRENTE IMPRESSA
Áreas anódicas H2O → 2H+ + 1/2O2 + 2e Equação 9
Áreas catódicas
a) aerada H2O + 1/2O2 + 2e → 2OH- Equação 10
b) não-aerada 2H20 + 2e → H2 + 2OH-
Equação 11
As equações 8 e 11 podem ser simplificadas para:
2H+ + 2e → H2 Equação 12
Nas reações apresentadas (GENTIL, 2007), pode ser observado que as áreas
anódicas sofreram um processo de oxi-redução, pois perderam elétrons e foram
dominadas por cargas positivas (+). Esta condição caracteriza que as áreas
anódicas sofreram oxidação (corrosão) no lugar das áreas catódicas, que ganharam
elétrons e foram dominadas por cargas negativas (-) sem sofrerem corrosão.
De forma geral, pode ser concluído então que as trocas elétricas motivadas por
diferenças de potenciais entre anodos e catodos num eletrólito irão causar estas
reações, e os anodos irão então proteger os equipamentos (catodos) contra
corrosão.
A equação 12 mostra, no entanto, que as reações também liberam Hidrogênio
atômico e este trabalho irá apresentar os efeitos deste elemento sobre os diferentes
54
tipos de aços utilizados em equipamentos submarinos na indústria do petróleo. A
figura 15 ilustra a difusão do Hidrogênio atômico na superfície metálica do catodo.
Figura 15 - Ação do Hidrogênio atômico na superfície metálica
Fonte: (SCHWEITZER, 1983)
3 FRAGILIZAÇÃO POR HIDROGÊNIO
O Hidrogênio é um elemento químico com 1 unidade de massa atômica e por
isso é o elemento menos denso da tabela periódica. Ele geralmente apresenta-se
em sua forma molecular, formando o gás diatômico (H2) nas condições normais de
pressão e temperatura. Este gás é inflamável, incolor, inodoro, não-metálico, insípido
e insolúvel em água. Por causa destas características, o Hidrogênio interage com a
maioria dos metais por uma série de mecanismos, resultando em modificações das
propriedades mecânicas destes.
O aparecimento de Hidrogênio nos metais pode ocorrer durante o processo de
fabricação ou posteriormente em serviço conforme mostrado nas reações
eletroquímicas dos sistemas de proteção catódica.
O Hidrogênio penetra os metais na forma atômica, e devido a seu pequeno
volume é capaz de difundir rapidamente na malha cristalina, mesmo em
temperaturas relativamente baixas. Deste modo, qualquer processo que produza
Hidrogênio atômico na superfície dos metais poderá ocasionar a absorção pelos
defeitos superficiais ou internos destes, tais como microporosidades, vazios,
separação de grãos e falhas de fabricação, desenvolvendo pressões internas
56
suficientes para alargamento dos poros e conseqüentemente, formação de
microtrincas (STROHACKER, 2006). Todos os materiais apresentam um ou mais
defeitos destes que foram citados e por isso alguns possuem maior ou menor
suscetibilidade para serem fragilizados pelo Hidrogênio atômico. A figura 16 ilustra
uma falha intragranular na malha cristalina de uma amostra de aço.
Figura 16 – Defeito na malha cristalina, separação intragranular
Fonte: (STROHACKER, 2006)
A absorção de Hidrogênio atômico nas malhas cristalina dos metais provoca
deformações nas mesmas, e estas deformações podem provocar tensões acima da
tensão do escoamento do material (DICK, 1986). Por isso, a fragilização por
Hidrogênio tem sido proposta freqüentemente pelas literaturas como um mecanismo
importante na corrosão sob tensão.
Além das deformações cristalinas, o acumulo de Hidrogênio atômico também
provoca um aumento das tensões internas do material porque ao ser acumulado
57
este gás forma bolhas e tem a sua pressão elevada. Entende-se por concentração
crítica de Hidrogênio a concentração cuja pressão atingida, provoca a progressão de
uma trinca ou microtrinca estacionária em um material com determinada estrutura e
sob um determinado estado de tensões mecânicas atuando localmente (DICK,
1986).
A combinação de tensões normalmente resulta em fratura do material de forma
precoce e catastrófica. Por isso, o termo Fratura Assistida pelo Hidrogênio tem sido
aplicado de forma mais apropriada do que Fragilização por Hidrogênio
(STROHAECKER, 2006). Resumindo, a interferência do Hidrogênio com a estrutura
cristalina dos materiais dificulta a deformação plástica e leva-os a ruptura frágil.
Ironicamente, podemos dizer então que são aços frágeis, apesar de possuírem
propriedades mecânicas elevadas. As figuras 17 e 18 ilustram um caso de aço
fragilizado por Hidrogênio atômico.
Figura 17 - Material fraturado por Hidrogênio atômico
58
Fonte: (FERREIRA, 2002)
Figura 18 - Trincas mostradas na ampliação (3000x) do material fraturado
Fonte: (FERREIRA, 2002)
3.1 CLASSES DA FRAGILIZAÇÃO POR HIDROGÊNIO
Podem-se distinguir duas grandes classes de modalidades pelas quais o
Hidrogênio atômico fragiliza os metais, e que são denominadas: Irreversível e
Reversível (GENTIL, 2007).
3.1.1 FRAGILIZAÇÃO IRREVERSÍVEL
A fragilização irreversível inclui os casos que a presença de Hidrogênio
danifica a estrutura do metal comprometendo a sua resistência mecânica, mesmo
que todo Hidrogênio seja eliminado posteriormente. Deste modo, pode-se dizer que
59
a fragilização é irreversível, pois independente do Hidrogênio atômico ser extraído
do aço, ele continuará danificado.
Nesta classe o Hidrogênio atômico reage com a fase não metálica no interior
do metal, gerando produtos gasosos que surgem com grande pressão e são
capazes de alterar fisicamente os locais das inclusões. Em alguns casos como
estes, vazios internos de dimensões importantes podem se formar caracterizados
pela formação de bolhas aparentes no aço. Tal condição é denominada
Empolamento pelo Hidrogênio (GENTIL, 2007). Para tal, a concentração de
Hidrogênio precisa ser maior que a liberada por sistemas de proteção catódica e as
literaturas não registram esta ocorrência. Tais fatos foram associados somente a
casos que os equipamentos estiveram em contato direto com Hidrogênio puro ou
associado a gás sulfídrico (H2S), e por isso não serão detalhados neste trabalho.
Figura 19 - Tubo com Empolamento por Hidrogênio
Fonte: (GENTIL, 2007)
60
Mas, o Hidrogênio atômico liberado pela proteção catódica também pode
ocasionar a fragilização irreversível e esta ocorrência está associada a
suscetibilidade para tal de determinados tipos de aços e ligas metálicas que será
apresentada neste trabalho.
3.1.2 FRAGILIZAÇÃO REVERSÍVEL
A fragilização reversível caracteriza-se por exigir presença simultânea de
tensões e de Hidrogênio atômico, caracterizando um tipo de corrosão denominado
Corrosão sob Tensão Fraturante induzida por Hidrogênio. Nesta condição, o
Hidrogênio atômico reduz a ductilidade do aço. Estando esta caracteristica reduzida,
o material fratura sob cargas muito menores que as cargas de projeto do mesmo.
Por isso, a eliminação do Hidrogênio antes da aplicação de tensão restaura a
ductilidade do material, caracterizando o processo como reversível (GENTIL, 2007).
Na prática, extrair o Hidrogênio de materiais que estão instalados no campo, muitas
vezes imersos ou enterrados, e sob carregamentos, tem sido um desafio ainda não
superado pelos Engenheiros. Por isso, quase todos os problemas de fragilização por
Hidrogênio atômico produzido por sistemas de proteção catódica, podem ser
classificados como irreversíveis.
3.2 MATERIAIS SUSCETÍVEIS A FRAGILIZAÇÃO POR HIDROGÊNIO
Os estudos de materiais suscetíveis a fragilização por Hidrogênio são muito
amplos e extensos. A maioria deles é associada a gás sulfídrico (H2S), ou a
Hidrogênio puro. Esse gás reage com ferro (formando películas de sulfeto), cianeto,
arsênio, selênio, fósforo e antimônio que possibilitam a penetração do Hidrogênio
61
atômico nos metais. Altas concentrações de Hidrogênio ocasionam o empolamento
já apresentado ou a fragilização do material metálico. Estes estudos não serão
analisados neste trabalho, mas os mesmos, na maioria das vezes, também podem
ser utilizados como referência para entendimento do fenômeno de fragilização por
Hidrogênio atômico produzida por sistemas de proteção catódica. Tal condição se
deve ao fato que todos os aços fragilizados por Hidrogênio atômico também serão
fragilizados por Hidrogênio puro ou proveniente de gás sulfídrico. A recíproca não é
verdadeira, pois os aços fragilizados por Hidrogênio puro ou de gás sulfídrico, nem
sempre serão fragilizados por Hidrogênio atômico de proteção catódica, pois nestes
casos, a concentração ou teor deste elemento é relativamente pequena.
Nos casos específicos de equipamentos submarinos, algumas literaturas fazem
caracterizações dos materiais com maior suscetibilidade para sofrerem este tipo de
fragilização. A norma (API 17D, 1992) cita no item 304.8 que os aços ligas com
resistência a tensão de escoamento superior a 150kpsi (1035 Mpa) ou com dureza
igual ou superior a 35 HRc, assim como, aços inoxidáveis da família dos
martensíticos e aços ligas a base de Titânio, são fragilizados por Hidrogênio se
utilizados em equipamentos com proteção catódica.
Alguns estudos técnicos também caracterizam a suscetibilidade para
fragilização de aços inoxidáveis da família dos Austeníticos-Ferríticos, como o
Duplex (WOLFE, 1989).
Todos estes aços e os demais suscetíveis a fragilização por Hidrogênio
atômico produzido por proteção catódica são caracterizados por possuírem alta
62
resistência mecânica, principalmente altas tensões de escoamento com valores
superiores a 120kpsi (862 Mpa), e conseqüentemente, durezas elevadas e maiores
que 32 HRc. Esta combinação de características resulta em aços que perdem a
capacidade de sofrerem deformações plásticas, mesmo sob pequenas
concentrações de Hidrogênio atômico.
A caracterização dos danos causados por Hidrogênio atômico pode ser
resumida da seguinte forma: Aços, de alta resistência mecânica, possuem a
estrutura interna de grãos muito compacta e coesa, sendo essa grande força de
coesão dos grãos responsável pela alta resistência mecânica dos mesmos. O
problema é que essa força de coesão também produz tensões internas no aço, que
se elevam muito quando o Hidrogênio atômico penetra nos espaços intragranulares.
O aumento das tensões internas do aço significa a mesma coisa que submetê-lo a
uma grande carga de trabalho, sem o mesmo estar em trabalho. Por isso, que a
resistência residual dos aços fragilizados se torna tão baixa, pois grande parte dela
já foi consumida pelas tensões internas causadas pelo Hidrogênio atômico.
O gráfico 1 ilustra exemplos de aços de alta resistência fragilizados por
Hidrogênio atômico produzido por proteção catódica. Nestes exemplos, a resistência
residual representada no eixo Y diminui à medida que a tensão de escoamento
representada no eixo X aumenta (GANGLOFF, 2003).
63
Gráfico 1 - Resistência residual X Tensão de Escoamento
Fonte: (GANGLOFF, 2003)
Nas literaturas que tratam este assunto, o desenho das curvas mostrado no
gráfico 1 é típico para todos os tipos de aços fragilizados por Hidrogênio atômico,
caracterizando realmente a redução brusca da resistência mecânica destes. Ou
seja, quanto mais resistente for o aço, maior será a suscetibilidade para ele ser
fragilizado por Hidrogênio atômico.
Análises de parafusos de alta resistência que falharam precocemente em
equipamentos marítimos com proteção catódica, indicaram que a redução da
resistência mecânica destes materiais fragilizados foi de 70% a 80%. Em média, a
resistência residual encontrada nos testes realizados posteriormente com os
mesmos, foi de apenas 25% da capacidade original. Estes testes comprovaram
também que a característica mais afetada tinha sido a ductilidade, que foi reduzida
64
para aproximadamente 25% do valor original desta. Em alguns casos chegaram a
apenas 7% do valor original (WOLFE, 1989).
Nestas condições, estes aços deixam de resistir às tensões de trabalho
combinadas com as tensões internas causadas pelo Hidrogênio atômico, ocorrendo
assim, falhas em pequenos períodos de tempo. A vida útil do aço fragilizado deixa
de ser previsível e torna-se uma incógnita enquanto não for substituído.
Vale lembrar que os sistemas de proteção catódica são baseados na troca de
elétrons entre o anodo e o catodo. Quanto mais intensa for essa troca, maior será a
produção de Hidrogênio atômico pela proteção catódica e maior será a velocidade
de fragilização dos aços suscetíveis a tal. Por isso, que nos projetos de sistemas de
proteção catódica, não pode haver super dimensionamento da quantidade de
anodos, pois o numero excessivo destes também irá produzir mais Hidrogênio
nocivo.
Para evitar que sistemas de proteções catódicas sejam super dimensionados e
produzam uma intensa troca de elétrons que irá produzir Hidrogênio atômico,
algumas literaturas sugerem que o número de anodos não seja calculado somente
pela massa de anodos conforme apresentado na equação 3. Estas literaturas
sugerem que o número de anodos seja calculado pela corrente elétrica do sistema
conforme apresentado na equação 13 (Iranian Ministry of Petroleum, 1997).
Equação 13
65
Onde:
N = Número de anodos.
I = Corrente elétrica total necessária no sistema proteção catódica em ampères.
Id = Corrente elétrica drenada por um anodo em ampères.
Num sistema de proteção catódica bem dimensionada, a troca de elétrons
estará associada a uma diferença de potencial do anodo com o catodo na faixa de
-850mV a -1050mV. Isso não quer dizer que esta faixa não produza Hidrogênio
nocivo para os materiais suscetíveis a fragilização deste gás. Esta faixa irá
caracterizar apenas que o sistema estará com a distribuição de anodos adequada
para materiais adequados.
Aços adequados possuem boa permeabilidade para o Hidrogênio, significando
com isso, que este elemento pode entrar facilmente neste material, mas também
pode sair facilmente sem causar danos. Para tal, alguns estudos avaliam a
permeabilidade da corrente elétrica em função do tamanho dos grãos da estrutura
do aço, variados por tratamentos térmicos (MAMANI, 2005). O gráfico 2 ilustra os
resultados de alguns estudos da permeação da corrente elétrica de uma amostra de
aço tratado termicamente várias vezes para ter diferentes tamanhos de grãos na sua
estrutura interna.
66
Gráfico 2 - Permeação da corrente em função do tamanho de grão do aço Armco-Fe
Fonte: (MAMANI, 2005)
Estudos como estes também comprovam que a redução da carga elétrica do
sistema de proteção catódica também diminui a quantidade de Hidrogênio permeado
pelos aços. Tal condição permite concluir que após a estabilização da diferença de
potencial entre o equipamento com proteção catódica e o eletrólito (as cargas
elétricas dos equipamentos são balanceadas após algum tempo de contato com o
eletrólito), a permeação de Hidrogênio atômico será menor, pois a produção deste
gás também será menor. Considerando as características da reversibilidade
apresentada, em conjunto às características de aços menos suscetíveis a
fragilização, parte do Hidrogênio absorvido no início do contato do equipamento com
o eletrólito, poderá ser liberada de volta para o meio quando as cargas elétricas
forem balanceadas. Desta forma, os níveis de contaminação podem não causar
danos em pequenos períodos de tempo, mas a contaminação será sempre contínua
67
enquanto as condições de produção de Hidrogênio permanecerem inalteradas
(MAMANI, 2005). O gráfico 3 ilustra o caso de redução da carga elétrica catódica em
função do tempo.
Gráfico 3 - Redução da carga elétrica catódica ao longo do tempo do aço AF410
Fonte: (MAMANI, 2005)
Quando comparadas a variação da corrente permeada e a variação do
potencial catódico de um determinado aço, percebe-se que o tempo de estabilização
destes fatores é o mesmo, evidenciando que medir a variação da densidade da
corrente elétrica ao longo do tempo pode ser um fator para se conhecer o tempo de
estabilização da produção de Hidrogênio atômico em função das cargas catódicas
de um equipamento sob condições conhecidas. No exemplo do Gráfico 4, o tempo
de estabilização de ambos os fatores foi de aproximadamente 750 segundos
(MAMANI, 2005).
68
Gráfico 4 - Densidade da corrente permeada X potencial catódico do aço Armco Fe
Fonte: (MAMANI, 2005)
Muitas análises podem ser feitas para se entender os efeitos e os níveis de
fragilização por Hidrogênio atômico sobre os diferentes tipos de aços e ligas
metálicas. O ideal é que a utilização de aços de alta resistência mecânica em
equipamentos com proteção catódica seja condicionada a testes específicos que
serão citados no capítulo 4 deste documento.
Em função das falhas citadas no item 1.1 deste trabalho, algumas pesquisas
foram realizadas por empresas operadoras de campos de petróleo que produziram
informações a respeito de aços comerciais de alta resistência mecânica
identificados como suscetíveis ou não a fragilização pelo Hidrogênio atômico
69
produzido por sistemas de proteção catódica. Esta relação é apresentada no quadro
6.
Quadro 6 – Aços Suscetíveis e não suscetíveis a fragilização por Hidrogênio
Fonte: (WOLFE, 1990)
70
Nos testes (WOLFE, 1990) que reproduziram os resultados apresentados no
quadro 6, avaliou-se o comportamento dos aços nos seguintes meios:
Ar (Air);
Água do mar (Seawater);
Água do mar com proteção catódica ligada durante os testes (Seawater +
C. P.);
Água do mar com proteção catódica ligada 08 dias antes dos testes (C.P.
– 8 days);
Nestas condições, as propriedades mecânicas avaliadas foram:
Alongamento (Elongation);
Ductilidade (Reduction of area);
Tempo de falha (Failure time);
Analises dos resultados mostraram que nos aços suscetíveis a fragilização por
Hidrogênio, houve uma grande redução das propriedades mecânicas destes quando
estavam imersos nos meios com proteção catódica. Da mesma forma, os aços não
suscetíveis foram identificados quando as propriedades mecânicas destes não se
alteraram ao serem imersos nos mesmos meios.
4 FATORES QUE INFLUENCIAM A FRAGILIZAÇÃO DE AÇOS POR
HIDROGÊNIO
O Hidrogênio atômico pode ser ajudado por outros agentes no processo de
fragilização dos aços de alta resistência mecânica. Fatores como: processo de
fabricação, tensões de trabalho, condições do ambiente como temperatura, níveis
de oxigênio e nível de acidez do eletrólito podem fazer esta contribuição ruim.
Nesse capítulo serão apresentados os fatores mais significativos para a
fragilização de aços por Hidrogênio.
4.1 INFLUÊNCIAS DOS PROCESSOS DE FABRICAÇÃO
Os aços ou equipamentos serão mais ou menos suscetíveis a fragilização do
Hidrogênio atômico em função dos processos de fabricação que sofreram. Aços,
principalmente os de alta resistência mecânica, precisam passar por tratamentos
específicos durante o processo fabril dos mesmos para que tenham suas tensões
internas reduzidas. Estes tratamentos são denominados tratamentos térmicos para
alívio de tensões, pois o processo é basicamente composto do aquecimento do aço
a altas temperaturas (na maioria das vezes superiores a 500º C) com posterior
72
resfriamento sob condições controladas. Quando este controle não é executado de
forma adequada, o aço fica com tensões residuais que posteriormente serão
combinadas com as tensões produzidas pelo Hidrogênio atômico. Esta combinação
de tensões irá comprometer a resistência mecânica do aço.
Processos de soldas nos aços de alta resistência mecânica também produzem
tensões internas altas na estrutura cristalina dos mesmos e por isso, estes aços
depois de soldados também precisam passar por tratamentos térmicos para redução
destas tensões. Da mesma forma que citado anteriormente, esses tratamentos
precisam ser adequadamente controlados para não produzirem os efeitos
indesejados conhecidos.
Adição de revestimentos contra corrosão aos aços de alta resistência mecânica
também pode gerar problemas de fragilização por Hidrogênio se não forem
adequadamente escolhidos, pois alguns processos de revestimentos eletrolíticos,
como o Cádmio, são feitos em banhos ricos em Hidrogênio e por isso também
necessitam de tratamentos térmicos específicos. Neste caso, o processo de
cadmiação adiciona Hidrogênio no aço, mas que ao final precisa ser removido de
forma adequada. A remoção é conhecida como desidrogenação e dever seguir
parâmetros da norma QQC-320 (D. Warren, 1986). Caso o Hidrogênio adicionado no
processo de revestimento não seja removido, o mesmo também irá fragilizar o aço.
Na composição química do aço, algumas literaturas sugerem o uso de
Alumínio como forma de agregar características que amenizem os efeitos do
Hidrogênio atômico (Gentil, 2007), mas esta definição precisa ser melhor analisada,
73
pois foi baseada em estudos feitos em 1958. Estudos mais recentes citam que o uso
de Níquel, Carbono e Manganês em taxas adequadas, podem diminuir a
suscetibilidade de fragilização por Hidrogênio de aços inoxidáveis da família dos
aços austeníticos. As mesmas literaturas sugerem o uso de Vanádio em aços
ferríticos (Barthélémy, 2006).
4.2 INFLUÊNCIAS DAS TENSÕES EXTERNAS
Corrosão sob tensão fraturante é um tipo de fragilização por Hidrogênio
atômico (GENTIL, 2007). A característica principal desta condição é que os danos
pelo Hidrogênio acontecem mesmo quando as tensões externas aplicadas ao aço se
mantêm constantes. Nestas condições, a difusão do Hidrogênio atômico aumenta as
tensões internas no interior das falhas da estrutura cristalina ou de trincas do
material ao longo do tempo, evidenciando que quanto maior o tempo de exposição
do aço ao Hidrogênio, combinado com cargas externas, maior será sua fragilização
e menor será sua resistência mecânica e menor será sua vida útil (RAYMOND,
1992).
O Hidrogênio atômico tende a difundir-se em locais de maior concentração de
tensões, como as pontas das trincas, interagindo com o material de maneira
contínua e propagando estas trincas até ruptura do mesmo (CRAIG, 1992). A figura
20 ilustra este comportamento e a figura 21 exemplifica um caso de propagação de
trinca causada pelo Hidrogênio atômico.
74
Figura 20 – Ação do Hidrogênio atômico na propagação de trincas
Fonte: (CRAIG, 1992)
Figura 21 – Foto no microscópio de trinca propagada por Hidrogênio atômico
Fonte: (OLDEN, 2008)
75
Outras teorias existentes sugerem conceitos semelhantes para explicar a
fragilização pelo Hidrogênio e destacam: a teoria da decoesão da ligação atômica,
onde os átomos de Hidrogênio interagem com os elétrons responsáveis pela ligação
metálica, reduzindo sua resistência e promovendo a fratura frágil por clivagem, e a
teoria da plasticidade concentrada, onde a criação e movimentação de discordância
é facilitada pela presença dos átomos de Hidrogênio, levando a um amolecimento do
material da ponta da trinca e sua propagação por coalescimento de microcavidades
(IOPE, 2008).
Todas estas teorias são discutíveis e por isso o comportamento de cada
material precisa ser avaliado por testes conforme a norma ASTM D4812 – 06
(RAYMOND, 1992).
A figura 22 mostra o mecanismo de definido pela referida norma para avaliação
da propagação de trincas em corpos de provas preparados conforme mostrado na
figura 23.
Figura 22 - Mecanismo de teste de propagação de trinca da norma ASTM D4812 - 06
Fonte: (RAYMOND, 1992)
76
Figura 23 - Corpo de prova para o teste de propagação de trinca da norma ASTM D4812 - 06
Fonte: (RAYMOND, 1992)
O intuito destes testes é avaliar a resistência mecânica dos materiais com
trincas simuladas e tensões combinadas, que neste caso, serão forças constantes
aplicadas pelo mecanismo e as tensões causadas pelo Hidrogênio atômico
introduzido gradualmente e artificialmente no material (RAYMOND, 1992).
Os testes irão produzir resultados conforme mostrado no gráfico 5, o qual
ilustra que tempo de falha será menor quando os valores de tensões combinadas
forem maiores.
77
Gráfico 5 - Tensões combinadas X Tempo de falha
Fonte: (RAYMOND, 1992)
Testes realizados baseados nestes critérios já foram realizados e são citados
nas literaturas comprovando a suscetibilidade de fragilização por Hidrogênio atômico
em aços de alta resistência mecânica, com durezas acima de 43 HRc (RAYMOND,
1992). Os resultados destes testes são apresentados no gráfico 6..
78
Gráfico 6 – Tensão (eixo X) X Velocidade de propagação de trincas (eixo Y)
Fonte: (RAYMOND, 1992)
Neste gráfico, pode ser visto que a velocidade de propagação das trincas
(representada pelo eixo Y) aumenta sem que a carga aplicada (representada pelo
eixo X) aumente. Estudos como estes podem ajudar os Engenheiros a definirem as
cargas máximas que podem ser aplicadas sobre equipamentos fragilizados por
Hidrogênio atômico que estejam instalados no campo, sem que os mesmos tenham
trincas propagadas de formas abruptas e repentinas, condição esta que pode
resultar em falhas e acidentes trágicos.
79
4.3 INFLUÊNCIAS DO MEIO
O processo de fragilização por Hidrogênio atômico também pode ser
influenciado e acelerado pelas condições do meio onde o equipamento estiver
inserido. Variáveis como, temperatura, níveis de oxigênio, acidez do eletrólito e
contaminantes são as que mais influenciam esse problema. Alguns aços serão mais
ou menos influenciados.
No caso da variável temperatura, sabe-se que quanto mais baixa for a do
eletrólito maior será o problema de fragilização por Hidrogênio, pois valores muito
baixos podem alterar a estrutura cristalina dos materiais e propiciar até o surgimento
de trincas que servirão como porta de entrada para o Hidrogênio atômico. Da
mesma forma, sabe-se que temperaturas altas contribuem para o processo natural
de desidrogenação dos materiais, ou seja, a difusão do mesmo para o meio externo
Um dos maiores exemplos citados nas literaturas é a influência da temperatura
do eletrólito sobre os aços inoxidáveis da família dos austeníticos. O gráfico 7 ilustra
este exemplo. No mesmo, pode ser visto que a temperatura ideal mínima para
trabalho com os aços austeníticos é de 20º C, pois sob temperaturas inferiores, os
mesmos irão absorver Hidrogênio (BARTHÉLÉMY, 2006).
80
Gráfico 7 - Temperatura X Fragilização por Hidrogênio em aços austeníticos
Fonte: (BARTHÉLÉMY, 2006)
Equipamentos Submarinos destinados a produção de hidrocarbonetos em
regiões muito frias, como o Mar do Norte, devem ter considerado em suas premissas
de projetos, a influência da temperatura nas análises de suscetibilidade dos
materiais que podem ser fragilizados por Hidrogênio atômico. Alguns estudos fazem
inclusive uma correlação da densidade de corrente elétrica necessária num sistema
de proteção catódica com temperaturas e profundidades do mar em diferentes locais
do mundo (RIPPON, 2004). O quadro 6 apresenta alguns números relacionando a
profundidade de água no mar com temperatura e densidade de corrente elétrica.
81
Quadro 7 - Profundidade e Temperatura X Densidade de corrente da PC
Fonte: (RIPPON, 2004)
A concentração de oxigênio combinada com a temperatura do eletrólito,
também deve ser considerada nos projetos de proteção catódica para que a
densidade da corrente elétrica seja adequada e não cause uma produção excessiva
de Hidrogênio atômico. O gráfico 8 ilustra esta relação. A curva superior mostra as
densidades de correntes elétricas em eletrólitos cujos teores de oxigênio no fundo
mar são menores que na superfície. A curva inferior mostra as densidades quando
os teores de oxigênio na superfície e no fundo do mar não sofrem variações. Esta
literatura sugere que sejam considerados os valores entre as duas curvas nos
projetos de proteção catódica (RIPPON, 2004).
82
Gráfico 8 - Densidade de corrente da PC x Temperatura e Níveis de Oxigênio
Fonte: (RIPPON, 2004)
A acidez da eletrólise também pode contribuir de forma significativa para que
materiais suscetíveis absorvam o Hidrogênio de forma danosa. Ou seja, quanto mais
ácido for o eletrólito, maiores serão as chances de haver corrosão nos materiais,
sendo que a corrosão dos mesmos também será a porta de entrada para o
Hidrogênio atômico que ira fragilizar o aço.
As literaturas pesquisadas demonstram que sendo os níveis de acidez da
eletrólise iguais ou superior a 7, em equipamentos cuja a diferença de potencial
entre estes e o sistema de proteção catódica seja aproximadamente -800mV,
existirá um baixo nível de absorção de Hidrogênio, mesmo nos aços com
suscetibilidade para tal problema (HÖRNLUND; FOSSEN, 2007).
83
A existência de contaminantes, principalmente de Sulfetos, na eletrólise ou na
estrutura do aço, também pode contribuir para agravar o problema de fragilização
por Hidrogênio (HÖRNLUND; FOSSEN, 2007). O gráfico 9 ilustra esta condição. A
curva (a) ilustra um teste de fluxo do Hidrogênio atômico na eletrólise sem sulfeto e a
curva (b) com sulfeto. Baseado nestas, fica confirmado que o Sulfeto contribui para o
fluxo de Hidrogênio e por isso a presença do mesmo deve combatida para que a
fragilização não seja agravada.
Gráfico 9 - Fluxo de Hidrogênio X Tempo
Fonte: (HÖRNLUND; FOSSEN, 2007).
84
5 CONCLUSÃO
As referências bibliográficas utilizadas nas definições e citações apresentadas
neste trabalho foram desenvolvidas a partir de problemas ou testes de
equipamentos e materiais que poderiam sofrer ou sofreram danos pelo Hidrogênio
atômico produzido em sistemas de proteção catódica. Tais condições demonstram
que este problema vem ocorrendo com freqüência na indústria do petróleo, mas
todas com soluções relatadas com focos exclusivos nos assuntos de cada
referência. Coube a este trabalho extrair destas as principais informações para que o
referido problema seja difundido nas comunidades técnicas e acadêmicas,
evidenciando que estudos de compatibilidades de materiais com sistemas de
proteção catódica precisam ser realizados, de forma sistematizada nos projetos de
equipamentos submarinos.
No passado muitos erros foram cometidos porque, para o assunto, não
existiam definições técnicas adequadas, mas organismos internacionais como a
NACE, ASTM, DNV e ISO já possuem atualmente normatizações para que os
projetos não tenham o problema em questão. Por isso, empresas operadoras de
campos de petróleo precisam atualizar as suas respectivas normas e procedimentos
internos de projetos de sistemas de proteção catódica para que estes fiquem em
85
conformidade com as recomendações e normatizações deste organismos e passem
então a contemplar cuidados para prevenir os danos causados pelo Hidrogênio
atômico.
Em todo mundo talvez existam muitos equipamento submarinos danificados
por Hidrogênio atômico em poços produtores de hidrocarbonetos. Este trabalho
recomenda então que estas possibilidades sejam investigadas. Solucionar tais
problemas com certeza demandará de altos custos, que serão maiores se ações não
forem tomadas no que se refere a este problema. Interesses econômicos não podem
manter em operação os equipamentos que tenham sido identificados com este tipo
de dano, pois mostrou-se que tais equipamentos podem sofrer falhas repentinas e
catastróficas, como algumas que já aconteceram no passado e que motivaram as
ações e informações que agora contribuíram para a composição deste trabalho.
Por ser um assunto ainda pouco explorado, mas com conseqüências graves,
como já aconteceu em empresas citadas neste trabalho, investimentos em
pesquisas preventivas deste problema se fazem necessários.
Portanto, esta monografia teve o objetivo de despertar a preocupação da
Indústria com o referido problema. Da mesma forma, disseminar que proteção
catódica também pode danificar equipamentos e que por isso, precisa ser projetada
com as considerações certas.
6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Diante da complexidade da questão envolvendo fragilização de aço por
Hidrogênio atômico produzido em sistemas de proteção catódica, muitos são os
assuntos que podem ser explorados com este tema. Arrisco sugerir os seguintes:
a) Desenvolvimento de mecanismos de controle do fluxo de Hidrogênio atômico
sobre aços suscetíveis a fragilização utilizados em equipamentos que estejam
em operação;
b) Desenvolvimento de mecanismos de aferição de sistemas de proteção
catódica;
c) Desenvolvimento de normatizações para estudos de compatibilidade de
materiais com proteção catódica.
87
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABERNETHY, K.. Hydrogen Cracking of Legs and Spudcans on Jack-Up Drilling
Rigs. Health and Safety Executive, Techword Service. Crown. 1993.
API - American Petroleum Institute. Specification for Subsea Wellhead and
Christmas Tree Equipment. 1st ed. US: American Petroleum Institute. 1992.
ASTM STP-543. Hydrogen Embrittlement Testing. US: American Society for
Testing and Materials. 1974.
BARRINGER, F.. New York Times, Prudhoe Bay. Disponível em:
<http://www.nytimes.com/2006/03/15/national/15spill.html?_r=1&scp=44&sq=prudho
e%20bay&st=cse>. Acesso em 19 de Janeiro de 2009
BARTHÉLÉMY, H.. Compatibility of Metallic Materials with Hydrogen. Lyon.
2006.
BBC NEWS. Disponível em:
<http://news.bbc.co.uk/onthisday/hi/dates/stories/march/27/newsid_2531000/253109
1.stm>. Acesso em 21 Dezembro de 2008.
BIDINOTO, L.. UNIVERSIDADE DE JUNDIAI. Disponível em <http://bidinoto-
pesquisar.blogspot.com/2007/04/aos-estruturais.html>. Acesso em 19 de Janeiro de
2009.
88
BOGNER, B.. Bolt Failures - Case histories from the Norwegian petroleum
industry. Statoil Research Center, Materials Department, Tronheim, Norway. 2005.
BURK, J. D.. Hydrogen-Induced Cracking in Surface Production Systems:
Mechanism, Inspection, Repai and Prevention. AMOCO RESEARCH CENTER.
SPE Production & Facilities. 1996.
CAMERON. Disponível em: <http://www.c-a-m.com/
content/products/product_detail.cfm?pid=2943>. Acesso em 19 de JANEIRO de
2009.
CATALDO, C. E.. Compatibility of Metals with Hydrogen. Technical Memorandum,
NASA, Marshall Space Flight Center, Alabama. 1968.
CRAIG, Bruce. Environmentally Induced Cracking. In ASM HANDBOOK (Vol. 13
CORROSION). OLSON, COLORADO, USA: ASM INTERNATIONAL. 1992.
DICK, L. F.. Estudos eletroquímicos de permeação de Hidrogênio e
determinação de concentrações críticas de Hidrogênio em um aço de alta
dureza. Monografia de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto
Alegre, RS, Brasil. 1986.
FERREIRA, R. J.. Avaliação da Fragilização pelo Hidrogênio do aço API C110
utilizado na indústria do Petróleo. Relatório Técnico, Universidade Federal do Rio
de Janeiro, COPPE, Rio de Janeiro. 2002.
89
GANGLOFF, R. P.. Hydrogen Assisted Cracking of High Strength Alloys.
University of Virginia, Department of Materials Science and Engineering. 2003
GENTIL, V.. Corrosão (5a ed.). Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos. 2007.
HIGGINGS, R. A.. Propriedades e Estrutura dos Materiais em Engenharia. Difel.
1982.
HÖRNLUND, E.; FOSSEN, J.K.T.. Hydrogen Diffusivities and Concentrations in
520M Carbon Steel. International Journal of Eletrochemical Science . 2007.
IMETAIS. Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço. Disponível em:
<http://www.inda.org.br/por_dentro_liga.php>. Acesso em 19 de Janeiro de 2009.
IOPE Instrumentos de Precisão. Disponível em:
<http://www.iope.com.br/3i_corrosao_3.htm>. Acesso em 28 de Dezembro de 2008
JOHNSEN, Roy.. Corrosion Problems in the Oil Industry. Avesta Corrosion
Managment, Materials Technology. 1989.
MACADAM, J. N.. Research on Bolts Failures in Wolf Creek Structural Plate
Pipe. Transportation Research Board. Washington, DC, USA: Highway Research
Board. 1966.
MAMANI, S. C.. Study of Hydrogen Permeation and Diffusion in Steels. Master of
Science Degree, Univesity of Puerto Rico, Mechanical Engineering. 2005.
90
MEDEIROS, E. G.. Avaliação de Método de Proteção Catódica Remota para
Instalações Submarinas. Dissertação de Mestrado, COPPE/UFRJ, Engenharia
Metalurgica e de Materiais, Rio de Janeiro. 2005.
NUNES, L. D.. Fundamentos de Resistência à Corrosão. Interciência. 2007.
OLDEN, V.. Influence of hydrogen from cathodic protection on the fracture
susceptibility of 25%Cr duplex stainless steel. Engineering Fracture Mechanics .
Norwegian University of Science and Technology. 2008.
PETROBRAS. Tipos de Plataformas. Disponível em:
<http://www2.petrobras.com.br/Petrobras/portugues/plataforma/pla_tipo_plataforma.
htm>. Acesso em: 21 Dezembro 2008.
PETROLEUM, IRANIAN MINISTRY OF.. Engineering Standard for
Electrochemical Protection IPS-E-TP-820. p.105. Iranian Petroleum Standard.
1997.
RAYMOND, Louis.. Evaluation of Hydrogen Embrittlement. In ASM HANDBOOK
(Vol. 13 CORROSION). Olson, Colorado, USA: ASM International. 1992.
RIPON, I.J. Rippon.. New Iso Cathodic Protection Standard for Offshore
Pipelines. Netherlands: NACE International. 2004.
SCHWEITZER, D. G.. Review of Doe Waste Package Program. Office of Nuclear
Safety and Safeguards, Washington D. C.,US. 1983.
91
STROHAECKER, Telmo R.. Mecânica da Fratura. Apostila, Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, Laboratório de Metalurgia Física, Porto Alegre. 2006.
WARREN, D.. Hydrogen Effects on the Steel, Process Industries Corrosion -
The Theory and Practice. Houston, US: NACE. 1986
WOLFE, Louis H.. Hydrogen Embrittlement of Cathodically Protected Subsea
Bolting Alloys. CONOCO INC. SPE Production Engineering. 1989.