Tcc Aline de Oliveira

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MINISTRIO DA EDUCAO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS INSTITUTO DE BIOLOGIA CURSO DE CINCIAS BIOLGICAS

O ENSINO DA BOTNICA COMO INSTRUMENTO PARA EDUCAO AMBIENTAL

MONOGRAFIA DE CONCLUSO DE CURSO

ALLINE BETTIN DE OLIVEIRA

Universidade Federal de PelotasCampus Universitrio s/n Caixa-postal 354 CEP 96010-900 Pelotas RS Brasil

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ALLINE BETTIN DE OLIVEIRA

O ENSINO DA BOTNICA COMO INSTRUMENTO PARA EDUCAO AMBIENTAL

Monografia apresentada como um dos requisitos ao grau de Bacharel em Cincias Biolgicas, rea de concentrao em Meio Ambiente do Curso de Cincias Biolgicas do Instituto de Biologia da Universidade Federal de Pelotas, Pelotas RS.

Orientadora: Prof Dr. Leila Macias Banca Examinadora: Prof. Dr.Verno Kruger Prof Sylvia Rosenthal Schlee

Estado do Rio Grande do Sul Brasil 2005

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Dedico este trabalho a todos aqueles que acreditam que a educao o caminho para o desenvolvimento sustentvel. AGRADECIMENTOS

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minha me, pelo exemplo profissionalismo e dedicao com que atua como professora, Ao meu pai, bilogo autodidata, que despertou na minha infncia a curiosidade e o respeito pelos seres vivos; A ambos, por terem oportunizado minha chegada a este mundo, e pela forma como orientaram o meu desenvolvimento; professora Leila Macias, que propiciou e orientou o desenvolvimento deste trabalho, e ainda pela forma como acredita em seus alunos, sempre oportunizando a abertura de novos horizontes, abrindo as portas da ensinar a olhar com olhos de ver Escola Mrio Quintana, que abrigou o projeto, confiando seus alunos ao desenvolvimento deste trabalho, especialmente a professora Sylvia Schlee, por acreditar e apoiar incondicionalmente este projeto; Aos alunos que participaram do projeto, por tudo o continuo aprendendo at hoje; Ao professor Verno Krguer por acreditar que as utopias so Ao colega Luciano Dutra, pela imensa contribuio em sua no projeto; todos aqueles que contriburam para o desenvolvimento deste trabalho. que aprendi , e percepo ao

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Mais vale uma cabea bem - feita do que bem cheia. Montaigne SUMRIO

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LISTA DE FIGURAS ................................................................................................. LISTA DE TABELAS................................................................................................ LISTA DE ANEXOS.................................................................................................. RESUMO.................................................................................................................. 1 INTRODUO.................................................................................................... 2 EDUCAO AMBIENTAL ................................................................................. 2. 1 Educao Ambiental Formal........................................................................ 3 A BOTNICA COMO INSTRUMENTO DE EDUCAO AMBIENTAL ............ 4 JUSTIFICATIVA.................................................................................................. 5 OBJETIVOS........................................................................................................ 6 METODOLOGIA................................................................................................. 6.1 Aspectos gerais.............................................................................................. 6.2 Atividades desenvolvidas.............................................................................. 6.2.1 Descrio das atividades............................................................................... 7 RESULTAEDOS E CONCLUSO .......................................................................... 8 REFERNCIAS ...................................................................................................

5 8 9 10 11 12 14 15 18 19 19 19 20 22 31 32

FIGURAS.................................................................................................................. TABELAS.................................................................................................................. ANEXOS...................................................................................................................

34 47 49

LISTA DE FIGURAS

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Figura 1 Figura 2

Vista geral do canteiro.................................................................. 34 Vista central do canteiro............................................................... 34

Figura 3

Observao de animais e plantas no canteiro da escola............. 34

Figura 4

Reconhecimento de vegetais atravs do tato...............................35

Figura 5

Representao da utilizao do alecrim de acordo com os costumes gregos.Feito por aluno do Pr-Avanado ............. .......... ....... 35

Figura 6

Representao da utilizao do alecrim de acordo com os costumes gregos.Feito por aluno do Pr-avanado.................................... 36

Figura 7

Ilustrao dos alunos que registra a aula sobre o organo.V -se no desenho dos quadros inferiores a utilizao desta planta como tempero para pizzas..................................................................... 36

Figura 8

Ilustrao dos alunos que registra a aula sobre o organo.V-se no desenho dos quadros inferiores a utilizao desta planta como tempero para pizzas..................................................................... 36 Registro sobre herbvoro alimentando-se da cavalinha. Pr

Figura 9

avanado, 2004.......................................................................... 37 Registro sobre herbvoro alimentando-se da cavalinha. Primeira srie, 2004.............................. .................................................... 37

Figura 10

Figura 11

Alunos representando a lenda da erva mate.(Teatro, 2002)........ 37

Alunos representando a propriedade repelente do poejo.(Teatro), 2002)............................................................................................ 38

8

Figura 12

Figura 13

Figura 14 Figura 15

Figura 16 Figura 17

Figura 18 Figura 19

Figura 20 Figura 21

Figura 22

Figura 23

Figura 24

Figura 25

Figura 26

Figura 27

Casas de passarinhos confeccionadas com cuias pelos alunos da 2 srie em 2003.......................................................................... 44 Impresso do tronco de ip.......................................................... 44

9

Figura 28 Figura 29

Figura 30

Figura 31

Figura 32

Figura 33

LISTA DE TABELAS

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Tabela 1

Relao entre a srie e a faixa etria dos alunos participantes o projeto........................................................................................... 47 Espcies inseridas no canteiro..................................................... 48

Tabela 2

LISTA DE ANEXOS

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ANEXO A

Tratado de Educao Ambiental Para Sociedades Sustentveis e Responsabilidade Global.............................................................. 49

ANEXO B ANEXO C ANEXO D ANEXO E ANEXO F ANEXO G

Legislao Referente Educao Ambiental............................... 55 Propriedades medicinais das espcies inseridas no canteiro...... 61 Modelo de registro de atividade sobre germinao...................... 74 Modelo para construo de terrrio.............................................. 75 Exemplos para atividade Inveno de plantas............................. 76 Reportagem sobre o uso de fitoterpicos do (Zero Hora 29/05/04)...................................................................................... 77

ANEXO H

Modelo de ficha para a Carteira de identidade vegetal............... 78

RESUMO

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A educao ambiental um importantssimo instrumento para o crescimento do indivduo; localizando-o dentro do ecossistema global, fazendo com que desenvolva atitudes de respeito e responsabilidade com o meio ambiente, necessrias conservao e sobrevivncia da humanidade e a garantia das geraes futuras. Este trabalho teve origem no desenvolvimento de um Projeto que consistiu na implantao de um canteiro de plantas medicinais e aromticas Quintana, atingindo alunos da Educao Infantil e do Ensino Fundamental. Foram desenvolvidas aes de educao ambiental de forma prtica e concreta, fazendo com que o aluno interagisse no ambiente, percebendo as relaes entre os seres vivos, e vivenciasse os contedos que seriam abordados somente de forma terica e isolada. Optou-se pela Botnica como base, pois enfocando esta cincia, foi possvel ter condies de relacionar diversos contedos paralelos, tais como: cuidados do solo, interao e competio entre os seres vivos; alm de promover integrao com outras disciplinas.

1 INTRODUO

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O sculo XXI tem, logo em seu incio, a caracterstica marcante de todos os perodos de transio histricos: crises. A humanidade encontra-se diante de uma crise ambiental planetria, crises de valores morais e comportamentais; oriunda do estilo de vida escolhido (ou imposto) pela humanidade. Somente no final do sculo XX, a humanidade abriu as portas de sua percepo, permitindo-se olhar para alm da espcie Homo sapiens, ultrapassando a viso antropocntrica e descobrindo-se o homem como apenas mais uma espcie inclusa no ecossistema global. A crise do cotidiano o resultado da explorao dos recursos naturais orientados pela viso da natureza como fonte inesgotvel de riquezas. O modelo capitalista orienta o desenvolvimento de novas tecnologias que propiciem o aumento da produo e conseqentemente o incentivo ao mercado consumidor. Este modelo acaba tendo a natureza como origem de seus produtos e local de descarte para os seus resduos.

O planeta tratado como um objeto de estudo, no como um ecossistema. Esta capacidade do ser humano de colocar-se parte do meio ambiente dificulta a visualizao da realidade: vive-se em um planeta que j perdeu sua capacidade de regeneraro, ou seja: O planeta Terra foi degradado de forma irreversvel. O que fazer?

Voltar s origens. V-se atualmente uma tendncia cada vez maior do ser humano em voltar s suas origens. Parte da populao planetria compreendeu que a simplicidade a chave para o bem estar fsico e mental e para a comunho com a natureza. Este no parece um processo consciente, na verdade o que se v hoje a maioria das pessoas convencidas de que a zona rural apresenta inmeras vantagens vida urbana; que o contato com a natureza traz tranqilidade e bem estar. Existem cada vez mais adeptos a produtos alimentcios de origem orgnica em oposio aos alimentos cultivados A fitoterapia, como

alternativa medicina convencional, tem sido tema de pesquisas e tem sua eficcia comprovada, mais uma vez os antepassados estavam certos, e agora, volta-se aos seus costumes em busca da sobrevivncia.

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Para que seja possvel sobreviver neste mundo sem possibilidade de regenerao, com degradao iminente e espcies vivas inimaginveis, precisamos novamente nos educar. O ritmo de vida e os objetivos impostos pelo capitalismo devem ser descartados, ou melhor: reciclados, pois o planeta no possui reservas naturais que propiciem a todos os seis bilhes de habitantes, moradia, emprego e bens de consumo condizentes com o sonho capitalista.

necessrio, portanto, que todos se eduquem para viver e conviver neste novo mundo. Esta educao para a sobrevivncia na verdade um novo e longo aprendizado necessrio em todos os mbitos sociais o despertar para a

integrao do homem e o ambiente, desenvolvido atravs da educao ambiental.

Nas prximas dcadas a sobrevivncia da humanidade depender de nossa - nossa habilidade para entender os princpios bsicos da ecologia e viver de acordo com sua observao. Isto significa que a ecodeve se tornar uma qualificao indispensvel para polticos, lderes empresariais e profissionais em todas as esferas, e dever ser a parte mais importante da escolaridade, em todos os nveis - desde a escola primria at a escola secundria, faculdades e universidades e na educao contnua e no treinamento de profissionais. Ns temos que repassar para os nossos filhos os fatos fundamentais da vida: que a sobra abandonada por uma espcie alimento para outra; a circula de forma contnua atravs da teia da vida, que a energia que promove os ciclos ecolgicos fluem do sol; que a diversidade assegura flexibilidade, que a vida desde seus primrdios, mais de trs bilhes de anos no assumiu o planeta atravs do combate, mas atravs de redes de trabalho integrado (CAPRA, 2003).

2 EDUCAO AMBIENTAL

A Poltica Nacional de Educao Ambiental Brasileira foi definida em 1999, pela lei 9.795, onde se define a educao ambiental da seguinte forma:-se por educao ambiental os processos por meio dos quais o indivduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e conservao do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

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A

educao

ambiental

se

caracteriza

por

incorporar

as

dimenses

socioeconmica, poltica, cultural e histrica, no podendo basear-se em pautas rgidas e de aplicao universal, devendo considerar as condies e estgio de cada pas, regio e comunidade sob uma perspectiva histrica. Assim sendo, a educao ambiental deve permitir a compreenso da natureza complexa do meio ambiente e interpretar a interdependncia entre os diversos elementos que conformam o ambiente, com vistas a utilizar racionalmente os recursos do meio na satisfao material e espiritual da sociedade no presente e no futuro.

Para faz-lo a educao ambiental deve capacitar ao pleno exerccio da cidadania atravs da formao de uma base conceitual abrangente, tcnica e culturalmente capaz de permitir a superao dos obstculos utilizao sustentada do meio. O direito informao e o acesso s tecnologias capazes de viabilizar o desenvolvimento sustentvel constituem, assim, um dos pilares deste processo de formao de uma nova conscincia em nvel planetrio, sem perder a tica local, regional e nacional. O desafio da educao neste particular, o de criar bases para a holstica da realidade (DIAS G., 1994, p.27).

V-se que os conceitos da E.A. (Educao Ambiental) so abrangentes, englobando os aspectos educacionais, sociais, culturais e econmicos; visando a qualidade de vida para as geraes atuais e futuras. Atravs desses conceitos percebe-se a viso sistmica da E. A, que considera no s os aspectos intelectuais ; mas sim a imerso do conhecimento cientfico no universo popular, fazendo com que estes saberes unidos, se completem. A integrao dos saberes e a sua relao com a sustentabilidade econmica claramente verificada nas intenes descritas no Tratado de Educao Ambiental para Sociedades

Responsabilidade Global, produzido em 1992 durante a Eco-92 no Rio de Janeiro, como uma Carta de Princpios para Educadores Ambientais (ANEXO A).

2.1 Educao Ambiental Formal

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A E. A formal o conjunto das prticas educativas desenvolvidas de forma integrada e contnua no ensino formal, desde a educao infantil at o en se constitui como disciplina curricular, mas como tema transversal nos parmetros curriculares nacionais (PCN), 9.795/99 (ANEXO B). conforme descrito no Art.9 da Lei

O ensino sobre o meio ambiente deve contribuir principalmente para o exerccio da cidadania, estimulando a ao transformadora, alm de buscar aprofundar os conhecimentos sobre as questes ambientais de melhores tecnologias, estimular mudana de comportamentos e a construo de novos valores ticos menos antropocntricos. A e fundamentalmente uma pedagogia de ao. No basta se tornar mais consciente dos problemas ambientais, sem se tornar tambm mais ativo, crtico participativo. Em outras palavras, o comportamento dos cidados em relao ao seu meio ambiente, indissocivel do exerccio da cidadania (BERNA, 1998, p.7).

Por isso, o desenvolvimento da E. A em forma de projetos e vivncias nas escolas, favorecido pela facilidade de sua contextualizao nos contedos programticos de todas as disciplinas. educao para a vida em comunidade. A educao ambiental resume-se na

Segundo DOHME (2002) existem diversas formas para sensibilizar s causas ambientalistas, dentre elas, destaca-se: a afetividade, o conhecimento, sentir-se inserido e o convvio.

3 A BOTNICA COMO INSTRUMENTO DE EDUCAO AMBIENTAL

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Os a glomerados urbanos tm imposto aos seus habitantes um ritmo de vida que impossibilita o contato direto com a natureza. Entende-se aqui como natureza o meio que no teve interveno humana que o descaracterizasse como tal. Os prdios cinzentos impedem a viso das estrelas, o asfalto das ruas e as estradas proibem o contato com a terra e impedem o caminho natural das guas. Os alimentos tm sua origem vinculada aos hipermercados, e no mais aos agricultores, que trabalham a terra para realizar mgica da vida na produo do po de cada dia. At mesmo os animais domsticos comuns, so humanamente caricaturados em pet shops; aonde so dispensados cuidados estticos para ces e gatos, geralmente inacessveis para a maioria da populao humana.

O mesmo ocorre com as plantas. J no se admira mais a frutificao de uma pitangueira, ou a florao das paineiras, mas s se tm olhos para as belezas exticas expostas pelas floriculturas; invasoras disfaradas com a beleza de terra longnquas.

A cada dia, crianas em idades cada vez mais tenras se desvinculam da natureza em funo da urbanizao acelerada devido s transformaes na forma de produo e dos mecanismos de atrao das grandes cidades e metrpoles. As ferramentas e estratgias de educao ambiental passam a ter extrema importncia para o resgate deste vnculo (RACHWAL, 2002).

A Botnica como cincia pode ser estrategicamente aplicada como um elo integrador dos temas ambientais. Tendo como pressuposto central a

conscientizao ambiental, o estudo das plantas dentro de uma viso sistmica possibilita uma interligao entre os aspectos naturais, ampliando os raios de ao para diversos temas necessrios para que esta conscientizao se concretize.

Ao desenvolver um tema como os vegetais, impossvel dissoci-lo dos cuidados com o solo, dos ecossistemas, da utilizao econmica dos recursos naturais, da cadeia alimentar, entre outros. V-se esta cincia como um tema central

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que possibilita a contextualizao necessria para o desenvolvimento de diversos temas ambientais.Uma das atividades prticas que propicia esta integrao o trabalho em uma horta escolar:

Alm das dificuldades especficas para o ensino de conceitos relativos aos sistemas ecolgicos, a biologia, como um todo, apr esenta outros problemas para o docente de escolas urbanas. As cidades esto cada vez mais longe do meio natural, e por sua vez, os ciclos da natureza , so longos, lentos e pouco cotidianos. Diante dessas realizao de uma horta dentro do prdio escolar e, portanto, no meio urbano oferece diversas possibilidades para abordar o processo de ensino aprendizagem das cincias naturais. um eixo organizador, j que permite estudar e integrar sistematicamente ciclos, processos, dinmica de fenmenos naturais e relaes que compe o sistema. Possibilita o tratamento de problemas reais que se originam, desenvolvem e reformulam naturalmente, sem necessidade de apresentao de situaes problemticas artificiais. Dentro desse marco, supera-se a rea das cincias naturais e podem ser abordados problemas relacionados com outras reas do conhecimento (KAUFMAN, et al., 1998.).

O canteiro escolar, alm de desenvolver os aspectos da origem dos alimentos, pode ser utilizado para abordar o uso de fitoterpicos, resgatando os costumes dos antepassados e valorizando o conhecimento popular.

As plantas consideradas medicinais abrem um leque de possibilidades para o trabalho em educao ambiental; possibilitando o estudo pelas perspectivas sociais, culturais e econmicas que levam a utilizao de fitoterpicos ao invs da alopatia.

A manipulao e uso de plantas medicinais , provavelmente, uma das mais antigas atividades dos seres humanos. Por milnios estas plantas tm sido parte integrante dos nossos tratamentos de sade, rituais, poes e magias. Antigas civilizaes j conheciam e utilizavam plantas medicinais Um papiro egpcio, contendo uma lista de plantas medicinais e seus possveis usos, datado de 1600 a.C., um a das provas mais antigas da importncia das plantas medicinais para estes povos. Documentos semelhantes foram encontrados em locais habitados pelos gregos (460 a.C.) e assrios (700 a.C.) (JUMA, 1989).

No Brasil, onde a populao tem sua origem na miscigenao de diversos povos, observa-se a forte influncia dos conhecimentos indgenas, africanos e dos imigrantes europeus, que combinados com a grande biodiversidade vegetal deram origem farmacopia brasileira.

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A utilizao das plantas segundo as culturas locais, que passam seus conhecimentos atravs das geraes, faz com que o uso desta terapia alternativa seja muito popular, at mesmo na zona urbana. Antigamente eram utilizadas pela crena e pelo desconhecimento de outros tipos de tratamento, hoje as plantas so alternativas inexistncia de atendimento mdico e inviabilidade econmica dos medicamentos industrializados.

A preferncia em utilizar produtos naturais, o alto custo dos medicamentos, o difcil acesso da populao aos mdicos e a crise econmica que a populao est enfrentando, contribuem para o aumento da utilizao deste recurso. A Organizao Mundial de Sade estima que 80% das pessoas nos pases em desenvolvimento confiam na medicina tradicional para assistncia que 85% desta medicina envolve extratos de plantas. MELO (2001 apud ZANANDREA, 2003).

Mas existe o perigo da perda de espcies potencialmente medicinais e das nativas, que possuem o conhecimento dos usos destas plantas, antes mesmo de serem reveladas ao resto do mundo.

Essa situao infinitamente mais perigosa nos pases em desenvolvimento. Muitas das plantas utilizadas pela medicina tradicional so originrias, e tem seus parentes silvestres, nos pases do sul. Nestes pases, no s as plantas medicinais esto correndo riscos, como tambm os conhecimentos relativos a elas. A marginalizao crescente de comunidades tradicionais (agricultura familiar, tribos indgenas, etc), o abandono de antigas prticas, ritos e costumes, provocam a reduo da importncia relativa das plantas medicinais para estas comunidades e interrompem o processo secular de experimentao e transferncia de conhecimentos para as geraes seguintes. Muitos conhecimentos acumulados durante sculos podem desaparecer. Informaes importantes como: formas de extrao, preparo e conservao dos preparados, como reproduzir e cultivar as plantas envolvidas, como e quando utilizar, que partes das plantas utilizar, eficcia e eficincia dos medicamentos informaes vitais que, perdidas, inviabilizam a utilizao dos medicamentos. Alm disso, este conjunto de informaes faz parte do patrimnio cultural da humanidade. A preservao destes conhecimentos no importante apenas para as po que os geraram. Empresas de medicamentos dependem tanto das plantas medicinais, como dos conhecimentos das populaes locais sobre seus possveis usos (MARCATTO, 2003).

As

pesquisas

etnobotnicas

fornecem

os

subsdios

necessrios

para

o

conhecimento dos usos medicinais das plantas, das quais seus extratos so a base para a identificao dos seus princpios ativos, podendo posteriormente realizar a sntese em laboratrios e desenvolver novos medicamentos.

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A necessidade de preservar os vegetais, tendo estes uma utilizao direta e conhecida para o ser humano ou no, deve ser trabalhada atravs da educao ambiental. Cabe salientar que imprescindvel desvincular a natureza somente pela importncia desta como fonte de matria prima para as atividades humanas. Cada ser vivo cumpre seu papel na teia da vida, e deve ser preservado e protegido, pois indiretamente o ser humano tambm depende de cada ser vivo para a manuteno do equilbrio do ecossistema planetrio.

Reafirmam-se, portanto, que a etnoecologia e a educao ambiental, devem trabalhar conjuntamente para contrapor-se ao etnocentrismo reinante nas sociedades ditas modernas cuja conseqncia a padronizao cultural. A funo de ambas se complementa no esforo de compreender, preservar e valorizar a diversidade cultural, mostrando a sua evidente relao com a manuteno da diversidade biolgica (NORDI, et al.2003).

4 Justificativa

As investigaes cientficas com plantas envolvem inmeros elementos apaixonantes, sendo um deles o prprio carter inter e multidisciplinar que, permite aos pesquisadores obterem conhecimentos mais amplos e ricos que aqueles obtidos em linhas especficas de pesquisa.

medida que vo crescendo, descobrem o ambiente que as envolve e suas propriedades. Tudo lhes novo e espetacular, e esse aprendizado, ser muito melhor aproveitado se houver a participao de todos os sentidos. Da a necessidade do toque na terra e o contato com as plantas, a diferenciao de formas, de texturas, do cheiro e da cor. Dessa forma, de fundamental importncia que a criana seja exposta a exerccios gradativos que estimulem a inteligncia, os sentidos e a interao com o meio ambiente, para que desta forma seja possvel desenvolver tambm a conscincia ambiental.

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5 Objetivos

Fundamentados

nesses

pressupostos

e

nos

enunciados

nos

Parmetros

Curriculares Nacionais, onde se preceitua que a contribuio da escola a de desenvolver um projeto de educao comprometida com o desenvolvimento de capacidades que permitam intervir na realidade para transform-la; objetivou-se com este trabalho desenvolver a educao ambiental atravs da utilizao de a percepo infantil, orientando-a para a construo e manuteno de um canteiro o qual os educandos sero responsveis pelo seu desenvolvimento, propiciando uma vivncia do aluno com o compromisso e afeto, adquirindo conhecimentos bsicos para a sua preservao; despertando-os desta forma para as relaes de interdependncia entre os seres vivos; formando cidados conscientes do seu papel na preservao ambiental, valorizando a sabedoria popular e correlacionado-a com o conhecimento cientfico.

6 METODOLOGIA

6.1 Aspectos Gerais

O projeto encontra-se em desenvolvimento desde o ano letivo de 2002, na escola Mrio Quintana (Pelotas/ RS), e abrangia inicialmente os alunos do Pr-escolar e da Primeira srie. Atualmente, devido ao crescente nmero de alunos e expanso das sries oferecidas pela escola, o projeto estende-se a todas as turmas do PrEscolar, e do Ensino Fundamental at a terceira srie; realizando o trabalho com de 3 8 anos, em um total de dez turmas. A Tab. 1 apresenta a relao srie e idade dos alunos envolvidos no projeto. localizada na zona norte da cidade de Pelotas, apresentando uma rea verde com 10.000 m 2, arborizada com frutferas, nativas e exticas. Parte da qual foi destinada para a elaborao do canteiro de Plantas Medicinais e Aromticas.

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O canteiro est localizado prximo

Recreao da Educao Infantil e

Ensino Fundamental e apresenta uma rea em forma semicircular de 88,30 metros quadrados, sendo dividido em trs canteiros principais e outros trs menores e retangulares (Fig.1 e 2).

6.2 Atividades desenvolvidas

A faixa etria dos alunos corresponde ao estgio denominado por Piaget como inteligncia simblica ou pr De acordo com DOLLE (1981), esta

fase apresenta duas etapas. A primeira (2 a 7 anos) onde a representao simblica o utiliza os smbolos de linguagem enquanto raciocina, mentalmente, ou seja, em sua mente h representaes imagsticas dos objetos que viu ou das situaes vivenciadas. Seu mundo composto por elementos individuais relacionados com sua prpria experincia, no havendo categorias

A segunda etapa (7 a 11-12 anos) caracteriza-se por uma crescente dissociao dos aspectos figurativos e operativos do pensamento. consegue pensar de forma mais lgica a realidade concreta, mas sem considerar hipteses. Podem classificar, agrupar e seriar objetos relacionados diretamente ao concreto, mas sem uma formulao de hiptese.

O interesse e atitude investigativa desta faixa etria, segundo SHAYER (1986) est relacionado diretamente com a percepo imediata, que ir determinar suas decises.

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Quando lidamos com experincias diretas, a aprendizagem mais eficaz, pois conhecido que aprendemos atravs dos nossos sentidos (83% da viso; 11% atravs da audio; 3,5%atravs da olfao; 1,5% atravs do tato; e 1% atravs da gustao) e que retemos apenas 10% do que lemos, 20% do que ouvimos, 30% do que vemos, 50% do que vemos e executamos; 70% do que ouvimos e logo discutimos e 90 % do que ouvimos e que logo realizamos (DIAS, G.1994, p.130).

As atividades so desenvolvidas em encontros semanais de 45 minutos, com atividades em sala de aula, ou mais freqentemente ao ar livre. Os alunos que participaram do primeiro ano do projeto (2002), fizeram parte da construo do a escola e da insero das plantas no local, o que continua sendo feito periodicamente.

Estas vivncias partem de uma motivao ldica, utilizando-se de histrias, encenaes. A prtica d-se atravs do contato direto com a natureza: no plantio, poda, produo de mudas, acompanhamento do crescimento, observao e

experimentao sobre os rgos das plantas, suas utilidades e suas funes. Os alunos passam a conhecer a planta atravs do aroma, textura e utilidade; valorizando a cultura popular da utilizao das plantas medicinais, enfatizando a importncia da pesquisa cientfica.

A relao entre a flora e a fauna foi abordada atravs da construo de um O registro das observaes e experimentaes e relatrios orientados in loco ou em sala de aula. atravs de ilustraes

As atividades abrangem a quase totalidade da escola onde os alunos utilizam toda a rea verde disponvel, bem como o envolvimento da comunidade escolar na apresentao do canteiro pelos alunos e a encenao de uma pea teatral.

6.2.1 Descrio das atividades

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a) Observao da natureza: A observao da rea verde da escola ou diretamente do canteiro, serve de ponto estratgico inicial para diversas atividades do projeto. Orientar os alunos a perceberem detalhes da natureza, desde uma nova planta no canteiro, at os sinais de uma nova estao ou uma flor que desabrochou, o que propicia desenvolvimento da ateno e da percepo sensorial. (Fig.3)

O enfoque deve ser dado de acordo com os objetivos de cada aula e da faixa etria dos alunos, pois segundo DOHME, (2002)A observao destes detalhes uma experincia interessante, mas a criana no far isso sem motivao. Solta em um ambiente amplo ela ter dificuldade de se fixar em algo especfico. Porm, existe uma chave que liga o interesse da criana: o desafio. Assim, preciso encontrar um motivo que requisite as suas habilidades para que ela passe a observar, se possvel, alegre

- Observao das plantas da escola: Conforme dito, a observao ter o enfoque de acordo como que se objetiva desenvolver com o aluno. A rea da escola propicia o contato com diversas plantas, desde herbceas at arbreas, por isso, a observao uma atividade feita com os alunos de todas as sries, desde o estudo das diferentes razes e folhas, at o acompanhamento do crescimento de uma plntula.

A observao das plantas permite a utilizao dos sentidos que vo alm Oportunizar aos alunos a diferenciao de plantas atravs do aroma ou do tato, um desafio interessante, aceito at mesmo pelos alunos da -escola(Fig.4).

- Observao de animais do canteiro: A observao direta e a coleta de alguns tipos de insetos, aneldeos e moluscos encontrados facilmente no canteiro a atividade preferida da maioria dos alunos das primeiras sries da educao infantil. Permite, portanto: O contato com pequenos animais e plantas, e ainda o

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estabelecimento de algumas relaes entre diferentes espcies de seres vivos, suas caractersticas e necessidades vitais. Contedos presentes no Referencial Curricular Nacional para a Educao Infantil.

A atividade pode comear com a professora contando histrias sobre os animais, histrias estas atravs de livros ou at mesmo gravuras, que mostrem claramente o corpo do animal e seu habitat. Posteriormente os alunos vo at o canteiro onde podem observ-los e at mesmo colet-los. Depois que o observam, o animalzinho solto pelos alunos, onde foi encontrado. Atravs desta atividade, as crianas ficam mais atentas, pois a qualquer momento podero encontrar um dos animais da histria. Passam a ter mais cuidado ao remover pedras ou mexer na terra, pois sabem que podem estar mexendo na moradia de algum dos bichinhos.

b) Plantio de sementes e transplante de plntulas - Atravs do plantio, os alunos podem acompanhar o desenvolvimento de uma nova plantinha. No caso das sries iniciais da educao infantil, esta um das primeiras atividades. A criana, ao observar o crescimento da planta, desperta a curiosidade sobre os alimentos e a germinao dos diversos tipos de gros. Esta atividade tambm desenvolve o senso de responsabilidade, pois so os prprios alunos que regam e cuidam de suas mudas. A Tab.2 indica as espcies inseridas no canteiro, e o ANEXO C suas propriedades medicinais.

Cada planta trabalhada de acordo com a sua particularidade que possibilite um envolvimento maior das crianas, seja a utilizao medicinal ou o significado do nome.O nome cientfico, quando trabalhado feito atravs de uma analogia com os nomes, sobrenomes e apelidos das crianas, criando a idia de gnero, espcie e nome popular, respectivamente. De acordo com as caractersticas mais marcantes de cada planta, elabora-se uma pequena histria que ilustrada pelo aluno.

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O

poejo

(Pulegium

vulgare Mill.)

trabalhado

atravs

de

sua

propriedade de repelir pulgas e traas. A menta (Mentha sp.) trabalhada com a Mintha, da mitologia grega, a qual foi transformada em planta. Com o alecrim (Rosmarinus officinalis L.) os alunos confeccionam coroas, que segundo os gregos so o smbolo da amizade e fidelidade, usadas na antiguidade pelas noivas nas cerimnias de casamento (Fig. 5 e 6). J com o organo (Origanum vulgare L.) enfatizada a utilizao na culinria, como tempero e aromatizante (Fig. 7 e 8). Atravs da cavalinha (Equisetum giganteum) os alunos relacionam as plantas com os hbitos alimentares dos extintos dinossauros do e dos animais da atualidade.(Fig. 9 e 10).

Estas atividades propiciaram no final do ano letivo a montagem de uma pea teatral contendo as histrias das diversas plantas trabalhadas em aula integrando o projeto com outras disciplinas e com a comunidade escolar (Fig.11 a 14).

A incluso e renovao de mudas no canteiro constante, e em todas izado plantio, mas destacam-se alguns momentos importantes, como o primeiro contado do aluno de Pr Inicial com a germinao, e a experincia dos rie, que estudam o fenmeno e suas variaes, o que d sentido a atividade j H tanto repetida nos currculos de Cincias das primeiras sries do ensino fundamental, conforme Santos (2001) Germinao um conceito trabalhado desde o pr A forma como desenvolvido o assunto com as crianas tm valorizado aspectos que repetem o fato em si, e no as razes para que isto ocorre,ficando abstrato e complexo para elas a compreenso construo do conceito de germinao . e a

- Para os alunos de 3 anos, a primeira atividade de plantio precedida -4 pela histria popular de Joo e o p de feijo. A atividade de plantio de gros de feijo j bastante conhecida e popularizada, mas para as crianas, o

desenvolvimento do broto uma surpresa, sempre acompanhada com alegria.

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- 1 srie A atividade de plantio dos gros de feijo tambm feita, mas com o objetivo de demonstrar as diferenas no crescimento do broto de acordo com o recebimento de luz direta ou da ausncia desta, e ainda as diferenas da continuidade do crescimento, em brotos de feijo plantados na terra e no algodo. Os alunos passam a conhecer um pouco mais das necessidades das plantas, pois nesta atividade so observadas mais de uma varivel, como excesso e a falta de luminosidade, e o substrato onde o gro plantado. divididos em dois grupos, o grupo Sol, que ir plantar os gros em algodo e terra, ambos recebendo luz;e o grupo Sombra far o plantio da mesma forma, mas seus gros ficaro protegidos da luminosidade. conforme o ANEXO D. Os alunos registram a experincia

c) Terrrio

A construo de um Terrrio propicia ao aluno a

compreenso das necessidades bsicas dos seres vivos, e a interdependncia destes. Os alunos coletam alguns insetos no canteiro e trazem tambm de casa alguns exemplares, que so inseridos no terrrio (Fig.15) Ao fechar o recipiente do terrrio, um pequeno ecossistema fica isolado, e pode-se acompanhar suas

relaes. primeira vista, os alunos observam somente o comportamento dos insetos, mas como o terrrio permanece durante algum tempo em sala de aula, os origem da gua dentro do recipiente, ou como os insetos se alimentam . O ANEXO E m ostra o modelo de terrrio utilizado.Esta atividade propiciou uma visita ao laboratrio Agronomia da UFPel ( Fig.16). Formigueiro da Faculdade de

d) Hortinha em sala de aula Em uma caixa de madeira previamente forrada so plantados salsinha, cebolinha, cenoura e couve manteiga. Esta minihorta fica em sala de aula, em local bem iluminado, e cuidada pelos alunos do Pr Intermedirio, pois esta atividade est relacionada com o estudo dos alimentos, de acordo com o currculo desta srie. Depois de acompanhado o crescimento inicial dos vegetais, os alunos transplantam sua horta para o canteiro da escola.

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e) TV Sucata Uma televiso feita com material reciclado (tubos de papelo, embalagem plstica de alvejante e papel) utilizada para contar aos alunos histrias sobre os cuidados com as plantas, disperso de sementes e outros contedos. Os acontecimentos do filme so desenhados em folhas de papel e coladas em seqncia nos tubos, que so encaixados no interior da embalagem plstica ou caixa de papelo. O filme exibe a histria que contada pela professora. Os alunos so incentivados a ilustrar histrias de acordo com o tema e confeccionam seu prprio televisor, (Fig.17) apresentando depois sua histria aos colegas. A Fig.18 Mostra uma das histrias que ilustram o desenvolvimento de uma planta.

f) Disperso de sementes: os prprios alunos so agentes de disperso Bidens pilosa), pois ao circularem no canteiro, vem-se cobertos por seus frutos. A partir deste acontecimento a zoocoria (disperso de sementes ou frutos feitos por animais) abordada atravs desta vivncia e , como a

da Gralha azul e a da araucria. A anemofilia (disperso de sementes pelo vento) observada na Paineira, pois a paina muito utilizada pelos alunos em suas brincadeiras; o que gerou curiosidade dos alunos pelos frutos da rvore propiciando o tema de uma das aulas ( ig. 19 e 20). O livro Planta e o Vento, de Lygia Camargo F Silva que traz a histria de uma paineira que queria espalhar suas sementes, mas serve como apoio didtico ao desenvolvimento do tema

g) lbum de plantas: A confeco de um herbrio permite criana uma observao mais atenta das caractersticas de um vegetal, e a observao da variedade de formas e cores que compe a natureza. Ao coletar e escolher as folhas que iro compor seu lbum, o aluno estar observando caractersticas que geralmente passam despercebidas como: a diferena da colorao das folhas, seu formato, bordas e nervuras. Ao passar giz de cera em uma folha de rvore sobreposta com papel, evidenciam-se suas nervuras; permitindo que, ao realizar este procedimento com vrias folhas, o aluno observe suas diferenas. E momento propcio para falar sobre a funo das nervuras, bem como sobre a ecofisiologia de uma planta. A necessidade de secar o material para compor o lbum

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deve ser relacionada aos seres decompositores, revelando a importncia destes microorganismos para o ciclo de vida dos seres vivos.

h) Inveno de plantas relacionando o estudo da morfologia dos vegetais, os alunos podem caracterizar plantas que vivem em diferentes ambientes. Nadamelhor que inventar uma planta para compreender quais so as caractersticas que permitem que um organismo viva e se reproduza com determinadas condies ambientais e dizer quais so suas adaptaes (ABACA, 1993).

Diferentes plantas so mostradas aos alunos, como por exemplo um cactos e uma samambaia.Eles so levados a observar as diferenas entre os dois vegetais e descobrir em que ambiente vivem. A maioria dos alunos relaciona o cacto ao deserto. Pode-se, ento, falar na modificao de suas folhas e no armazenamento de gua. Outras adaptaes podem ser exemplificadas, para que se possa lanar um desafio: Os alunos recebero determinadas caractersticas e O ANEXO F exemplifica esta atividade. Esta atividade pode preceder ao estudo das plantas carnvoras.

i) Plantas Carnvoras: Este tema foi trabalhado com as terceiras sries. Os alunos inicialmente desenharam como eles imaginavam um a planta carnvora e do que ela se alimentava (Fig 21). Em um a outra aula, puderam visualizar uma planta (Fig 22) e aliment-la com insetos, ilustrando tambm a atividade (Fig. 23).

j) Plantas txicas: Devido aguada curiosidade dos alunos pelas plantas, viu-se necessrio um alerta a respeito das plantas txicas. Os alunos conheceram o potencial txico e passaram a identificar algumas pla quais ilustraram em aula (Fig. 24 a 26). Posteriormente fizeram cartazes de alerta e expuseram na escola.

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k) Gincana das flores: esta atividade faz com que o aluno compreenda que as flores na natureza tm uma funo maior do que embelezar o ambiente. Permite verificar a interao inseto-planta e a importncia das cores na atrao dos insetos.

Faz-se quatro flores de papel, cada uma de uma cor (amarelo, azul, rosa e vermelho). No centro das flores coloca-se um pouco de mel. As flores devem ficar expostas na rua e devem ser observadas periodicamente pelos alunos, os quais devero descobrir quais das flores atraiu primeiro a ateno das abelhas. Esta atividade faz parte do livro de Cincias adotado pela escola, e realizada durante o projeto com as professoras titulares da primeira srie.

l) Arte

com

frutos

aps

o

plantio

de

cuieiras,

os

alunos

confeccionaram casas de passarinhos, fazendo uma abertura na lateral da cuia, pintando-a com tinta guache e pendurando-as nas rvores prximas ao canteiro (Fig. 27).

m) Minhocrio nesta atividade o aluno poder visualizar em sala de aula as a ao das minhocas no solo. Os alunos coletam as minhocas no canteiro, observando quais so os locais mais fceis de encontr-las (locais onde a terra encontra-se mida e protegida), posteriormente em aula os alunos constroem s para a preferncia destes aneldeos por estes determinados locais. As minhocas, ento, so colocadas em um minhocrio, uma caixa retangular

com laterais de madeira e paredes de vidro transparente. A largura do minhocrio de 10cm, fazendo com que os tneis das minhocas fiquem visveis. A alimentao colocada pela parte superior do minhocrio. Aps o perodo de observao os alunos devolvem as minhocas ao canteiro.

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n) Pesquisa: As terceiras sries do ensino fundamental realizaram uma pesquisa a partir da matria Plantas pela sade veiculada no jornal Zero Hora (ANEXO E); que aborda a utilizao crescente dos medicamentos fitoterpicos. Foi a utilizao de plantas medicinais, com nome, forma de utilizao, como passou a conhecer as plantas, a indicao e como as adquire. Com os resultados construiu-se um painel, onde foram apontados os resultados. O trabalho proporcionou intercmbio entre geraes, devido a grande maioria apontar como origem dos conhecimentos a famlia, valorizando o aspecto do conhecimento popular e corroborando a afirmativa de Jacomassi & Piedade (1994),admirvel a perpetuao do conjunto de conhecimentos que englobam a domesticao e a cultura das plantas medicinais, acumulados h mais de cinco mil anos, e que at hoje so utilizadas com grande eficcia na cura de doenas, ressaltando que esse conhecimento transmitido de pais para filhos no decorrer .

o) Carteira de identidade Vegetal Esta vivncia faz com que os alunos conheam as rvores da escola, bem como suas propriedades ecolgicas, medicinais e econmicas. Segundo DOHME (2002) esta atividade traz uma srie deetapas que iro exigir que a criana mea, desenhe, observe e reproduza. Este trabalho far surgir uma identificao com a sua rvore, trabalhando com a afetividade .

Os alunos escolhem uma rvore para ser estudada; depois medem o tronco, determinando sua idade, desenham ou colam folhas j ca e com giz de cera, fazem a impresso do tronco (Fig. 28). Desenham a silhueta da rvore, conhecem o nome popular e cientfico e ainda, se acharem necessrio, escolhem outro nome para a rvore. A ficha que orienta esta atividade encontra-se no ANEXO F. Uma das escolhas dos alunos foi o louro ( Laurus nobilis L.), conforme pode ser visto na (Fig. 29) e o hibiscus, (Hibiscus rosasinsensis) (Fig. 30).

Durante o ano de 2005 as professoras da segunda srie desenvolveram o projeto Praas de Pelotas, no qual os alunos visitavam as praas da cidade e observavam o seu estado de conservao. Durante o passeio puderam tambm observar a arborizao das praas e ilustraram as rvores que mais lhes chamaram ateno; os desenhos mostram detalhes da morfologia do caule, folhas e razes observadas pelos alunos (Fig. 31 a 33).

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7 RESULTADOS E CONCLUSES

Desde a implantao do projeto passaram-se quatro anos, nos quais ocorreram inmeras experincias e acontecimentos; como resultados, v-se que o projeto a princpio experimental foi desenvolvendo-se juntamente com a ampliao da escola, acompanhando todas as turmas e atualmente faz parte das atividades

especializadas oferecidas pela escola. V-se tambm que o trabalho quando contnuo, permite um maior acompanhamento do desenvolvimento do aluno. Estes passam a observar com maior cuidado os seres vivos e principalmente os vegetais,

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que por apresentarem imobilidade no lhes chamavam tanta ateno anteriormente; e trazem para a sala de aula os resultados de suas investigaes ou tentativas de plantio.

Os alunos demonstram aguada curiosidade sobre os temas ambientais e pelo nvel de incentivo recebido na escola e geralmente em casa, j trazem uma bagagem de conhecimentos que s enriquece das aulas.

A aceitao dos alunos e dos pais pelo desenvolvimento destas atividades, sedimenta a importncia de trabalhos voltados para este tema. A utilizao das plantas medicinais abriu um leque de informaes e novas experincias, trazendo um novo mundo para aqueles que, apesar de infantes, no tinham descoberto o prazer do manuseio da terra e do contato ntimo com a natureza.

8 REFERNCIAS

Abaca, M. C.; Vila, A. Invitacin a la Educacion Ambiental 2. 1 ed. ArgentinaBuenos Aires: Editorial Planeta, 1993.

Berna, V. Como fazer educao ambiental. http://www.ambientebrasil.com.br

Camargo, L. Ajuda verde. Zero hora 2004 Maio 29, Caderno Vida

34

Capra, F. As Conexes Ocultas. Palestra Baseada no Livro. So Paulo. 2003.

Dohme, V.; Dohme, W. Ensinando a Criana a Amar a Natureza. 3 Ed. So Paulo: Editora Informal. 2002 Dolle, J. M. Para Compreender Jean Piaget.Uma iniciao Psicologia Gentica Piagetiana. 4ed. Rio de Janeiro: Editora .Zahar,1983.

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Lorenzi, H.; Matos, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil Nativas E Exticas. Nova Odessa. Instituto Plantarum. 2002.

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FIGURAS

36

Figura 1 Vista Geral do Canteiro

Figura 2 Vista Central do Canteiro

Fig.3- Observao de animais e plantas no canteiro da escola.

37

Fig. 4- Reconhecimento de rvore atravs do tato.

2005.

Figura 5 Representao da Utilizao do Alecrim de Acordo com os Costumes Gregos. Feito por Aluno do Pr-Avanado .

Figura 6 Representao da Utilizao do Alecrim de Acordo com os Costumes Gregos. Feita por Aluno do Pr-Avanado A

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Figuras 7 e 8 Ilustrao das Alunas, que Registra a Aula Sobre o Organo. V-se no Desenho dos Quadros Inferiores a Utilizao Desta Planta Como Tempero para Pizzas.

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Figura 9 Registro sobre herbvoro alimentando-se da cavalinha. Pravanado, 2004.

Figura 10 Registro sobre herbvoro alimentando-se da cavalinha. Primeira srie, 2004.

Figura 11 - Alunos representando a lenda da erva mate.(Teatro, 2002)

Figura 12 Alunos representando a propriedade repelente do poejo.(Teatro,2002)

40

Figura 13 - A magia e a cincia das plantas. Teatro(2002)

Figura 14 Aluna representando a fada Menta.(Teatro, 2002)

Figura 15 Atividade do terrrio, Pr Intermedirio, 2005.

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Figura 16 visita ao laboratrio Formigueiro da Faculdade de Agronomia da UFPel,2004.

Fig.17 -TV Sucata confeccionada pelos alunos do Pr Avanado,2005

42

Fig.18-Filme sobre o desenvolvimento de uma planta, por aluna do Pr-avana B, do 2005.

43

Figuras 19 e 20 Atividade sobre a disperso da paineira. Pr-avanado B, (2003)

Figura 21 Ilustrao de uma planta carnvora. Aluno da 3 srie B. (2004)

Figura 22 Observao de Drosera brevifolia por alunos de 3 srie. (2003)

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Figura 23 Ilustrao de Drosera brevifolia, mostrando suas caractersticas morfolgicas e sua forma de alimentao. Aluno da 3srie B. (2004)

Figura 24 Registro da aula sobre Coroa de cristo (Euphorbia pulcherimma Willd.) Segunda srie, 2004.

45

Figura 25 Registro da aula sobre mamona (Ricinus communis L.) Segunda srie, 2004.

Figura 26 Ilustrao sobre caso de intoxicao com galhos de espirradeira (Nerium oleander L.). 2004

46

Figura 27 Casas de passarinhos confeccionadas com cuias pelos alunos da 2

Figura 28 Impresso do tronco da rvore.

47

Figura 29 Ilustrao do louro (Laurus nobilis L), feita durante a atividade Carteira de identidade Vegetal, e direita, o exemplar observado.

Figura 30 - Ilustrao do Hibiscus rosasinensis L. , feita durante a atividade Carteira de identidade Vegetal, e direita o exemplar observado.

Figura 31 Paineira. Ilustrao feita aps passeio na praa Coronel Pedro Osrio 2 2005.

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Figura 32 Figueira. Ilustrao feita aps passeio na praa Coronel Pedro Osrio 2 2005.

Figura 33 Leque chins.Ilustrao feita aps passeio na praa Coronel Pedro , 2005.

TABELAS

Tabela 1- Relao srie e faixa etria dos alunos envolvidos no projeto. Srie Pr -Escolar Maternal Pr-Escolar Intermedirio Pr -Escolar Avanado Primeira Srie Segunda Srie Terceira Srie Idade (Anos) 3 4 5 6 7 8

49

Tabela 2- Relao de espcies inseridas no canteiro. Nome Vulgar Alecrim Alface Alfazema Alfavaca Babosa Boldo Catinga de Mulata Camomila Capim Limo Nome Cientfico Rosmarinus officinalis L. Lactuca sativa L. Lavandula sp. Occimum gratissimum L. Aloe sp. Coleus barbatus Benth. Tanacetun vulgaris L. Tanacetum parthenium (L.) Sch.Bip Cymbopogon citratus (DC)Staph. Famlia Lamiaceae Asteraceae Lamiaceae Lamiaceae Liliaceae Lamiacecae Asteraceae Asteraceae Poaceae

1 2 3 4 5 6 7 8 9

50

10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

Capim Rosrio Cavalinha Folha da Fortuna Hortel Organo Pico preto Pico Branco Poejo Slvia Mil em Rama

Coix lacryma-jobi L. Equisetum giganteum L. Kalanchoe brasilienses Sthl M entha sp. Origanum vulgare L. Bidens pilosa L. Galinsoga parviflora Cav. Mentha pulegium L. Salvia officinalis L. Achillea millefolium L.

Poaceae Equisetaceae Crassulaceae Lamiaceae Lamiaceae Asteraceae Asteraceae Lamiaceae Lamiaceae Asteraceae

ANEXOS

ANEXO A TRATADO DE EDUCAO AMBIENTAL PARA SOCIEDADES SUSTENTVEIS E RESPONSABILIDADE GLOBALTratado produzido em 1992, durante a Eco-92, no Rio de Janeiro, como uma Carta de Princpios para Educadores Ambientais. Este Tratado, assim como a educao, um processo dinmico em permanente construo. Deve, portanto propiciar a reflexo, o debate e a sua prpria modificao. Ns signatrios, pessoas de todas as partes do mundo, comprometidos com a proteo da vida na Terra,

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reconhecemos o papel central da educao na formao de valores e na ao social. Nos comprometemos com o processo educativo transformador atravs do envolvimento pessoal, de nossas comunidades e naes para criar sociedades sustentveis e eqitativas. Assim, tentamos trazer novas esperanas e vida para nosso pequeno, tumultuado, mas ainda assim belo planeta. I - Introduo Consideramos que a educao ambiental para uma sustentabilidade eqitativa um processo de aprendizagem permanente, baseado no respeito a todas as formas de vida. Tal educao afirma valores e aes que contribuem para a transformao humana e social e para a preservao ecolgica. Ela estimula a formao de sociedades socialmente justas e ecologicamente equilibradas, que conservam entre si relao de interdependncia e diversidade. Isto requer responsabilidade individual e coletiva a nvel local, nacional e planetrio. Consideramos que a preparao para as mudanas necessrias depende da compreenso coletiva da natureza sistmi ca das crises que ameaam o futuro do planeta. As causas primrias de problemas como o aumento da pobreza, da degradao humana e ambiental e da violncia podem ser identificadas no modelo de civilizao dominante, que se baseia em superproduo e superconsumo para uns e subconsumo e falta de condies para produzir por parte da grande maioria. Consideramos que so inerentes crise a eroso dos valores bsicos e a alienao e a no participao da quase totalidade dos indivduos . fundamental que as comunidades planejem e implementem suas prprias alternativas s polticas vigentes. Dentre estas alternativas est a necessidade de abolio dos programas de desenvolvimento, ajustes e reformas econmicas que e crescimento com seus terrveis efeitos sobre o ambiente e a diversidade de espcies, incluindo a humana. Consideramos que a educao ambiental deve gerar com urgncia mudanas na qualidade de vida e maior conscincia de conduta pessoal, assim como harmonia entre os seres humanos e destes com outras formas de vida.

II - Princpios da Educao para Sociedades Sustentveis e Responsabilidade Global 1. 2. A educao um direito de todos, somos todos aprendizes e educadores. A educao ambiental deve ter como base o pensamento crtico e inovador, em

qualquer tempo ou lugar, em seus modos formal, no formal e informal, promovendo a transformao e a construo da sociedade. 3. A educao ambiental individual e coletiva. Tem o propsito de formar cidados com

conscincia local e planetria, que respeitem a autodeterminao dos povos e a soberania

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4.

A educao ambiental no neutra, mas ideolgica. um ato poltico, baseado em

valores para a transformao social. 5. A educao ambiental deve envolver uma perspectiva holstica, enfocando a relao entre o ser humano, a natureza e o universo de forma interdisciplinar. 6. 7. A educao ambiental deve estimular a solidariedade, a igualdade e o respeito aos 7 A educao ambiental deve tratar as questes globais crticas, suas causas e inter-

direitos humanos, valendo-se de estratgias democrticas e interao entre as culturas. relaes em uma perspectiva sistmica, em seus contexto social e histrico. Aspectos primordiais relacionados ao desenvolvimento e ao meio ambiente tais como populao, sade, democracia, fome, degradao da flora e fauna devem ser abordados dessa maneira. 8. 9. A educao ambiental deve facilitar a cooperao mtua e eqitativa nos processos de A educao ambiental deve recuperar, reconhecer, respeitar, refletir e utilizar a histria deciso, em todos os nveis e etapas.

indgena e culturas locais, assim como promover a diversidade cultural, lingstica e ecolgica. Isto implica uma reviso da histria dos povos nativos para modificar os enfoques etnocntricos, alm de estimular a educao . 10. A educao ambiental deve estimular e potencializar o poder das diversas populaes, promover oportunidades para as mudanas democrticas de base que estimulem os setores populares da sociedade. Isto implica que as comunidades devem retomar a conduo de seus prprios destinos. 11. A educao ambiental valoriza as diferentes formas de conhecimento. Este diversificado, acumulado e produzido socialmente, no devendo ser patenteado ou monopolizado. 12. A educao ambiental deve ser planejada para capacitar as pessoas a trabalharem conflitos de maneira justa e humana. 13. A educao ambiental deve promover a cooperao e o dilogo entre indivduos e instituies, com a finalidade de criar novos modos de vida, baseados necessidades bsicas de todos, sem distines tnicas, fsicas, de gnero, idade, religio, classe ou mentais. 14. A educao ambiental requer a democratizao dos meios de comunicao de massa e seu comprometimento com os interesses de todos os setores da sociedade. A comunicao um direito inalienvel e os meios de comunicao de massa devem ser transformados em um canal privilegiado de educao, no somente disseminando informaes em bases igualitrias, mas tambm promovendo intercmbio de experincias, mtodos e valores. 15. A educao ambiental deve integrar conhecimentos, aptides, valores, atitudes e aes. Deve converter cada oportunidade em experincias educativas de sociedades sustentveis.

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16. A educao ambiental deve ajudar a desenvolver uma conscincia tica sobre todas as formas de vida com as quais compartilhamos este planeta, respeitar seus ciclos vitais e impor limites explorao dessas formas de vida pelos seres humanos.

III - Plano de Ao As organizaes que assinam este tratado se propem a implementar as seguintes diretrizes: 1. Transformar as declaraes deste Tratado e dos demais produzidos pela Conferencia da Sociedade Civil durante o processo da Rio 92 em documentos a serem utilizados na rede formal de ensino e em programas educativos dos movimentos sociais e suas organizaes. 2. Trabalhar a dimenso da educao ambiental para sociedades sustentveis em conjunto com os grupos que elaboraram os demais tratados aprovados durante a Rio 92. 3. Realizar estudos comparativos entre os tratados da sociedade civil e os produzidos pela Conferncia das naes Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento UNCED; utilizar as concluses em aes educativas. 4. Trabalhar os princpios deste tratado a partir das realidades locais, estabelecendo as devidas conexes com a realidade planetria, objetivando a conscientizao para a 5. Incentivar a produo de conhecimento, polticos, metodologias e prticas de Educao Ambiental em todos os espaos de educao formal, informal e no formal, para todas as faixas etrias. 6. Promover e apoiar a capacitao de recursos humanos para preservar, conservar e gerenciar o ambiente, como parte do exerccio da cidadania local e planetria. 7. Estimular posturas individuais e coletivas, bem como polticas institucionais que revisem permanentemente a coerncia entre o que se diz e o que se faz, os valores de nossas culturas, tradies e histria. 8. Fazer circular informaes sobre o saber e a memria populares; e sobre iniciativas e tecnologias apropriadas ao uso dos recursos naturais. 9. Promover a co-responsabilidade dos gneros feminino e masculino sobre a produo, reproduo e manuteno da vida. 10. Estimular a apoiar a criao e o fortalecimento de associaes de produtores e de consumidores e redes de comercializao que sejam ecologicamente responsveis. 11. Sensibilizar as populaes para que constituam Conselhos populares de ao Ecolgica e Gesto do Ambiente visando investigar, informar, debater e decidir sobre problemas e polticas ambientais.

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12. Criar condies educativas, jurdicas, organizacionais e polticas para exigir dos governos que destinem parte significativa de seu oramento educao e meio ambiente. 13. Promover relaes de parceria e cooperao entre as Ongs e movimentos sociais e as agencias da ONU (UNESCO, PNUMA, FAO entre outras), a nvel nacional, regional e internacional, a fim de estabelecerem em conjunto as prioridades de ao para educao, meio ambiente e desenvolvimento. 14. Promover a criao e o fortalecimento de redes nacionais, regionais e mundiais para a realizao de aes conjuntas entre organizaes do Norte, Sul, Leste e Oeste com perspectiva planetria (exemplos: dvida externa, direitos humanos, paz, aquecimento global, populao, produtos contaminados). 15. Garantir que os meios de comunicao se transformem em instrumentos educacionais para a preservao e conservao de recursos naturais, apresentando a pluralidade de verses com fidedignidade e contextualizando as informaes. Estimular transmisses de programas gerados pelas comunidades locais. 16. Promover a compreenso das causas dos hbitos consumistas e agir para a transformao dos sistemas que os sustentam, assim como para com a transformao de nossas prprias prticas. 17. Buscar alternativas de produo autogestionria e apropriadas econmica e ecologicamente, que contribuam para uma melhoria da qualidade de vida. 18. Atuar para erradicar o racismo, o sexismo e outros preconceitos; e contribuir para um processo de reconhecimento da diversidade cultura dos direitos territoriais e da autodeterminao dos povos. 19. Mobilizar instituies formais e no formais de educao superior para o apoio ao ensino, pesquisa e extenso em educao ambiental e a criao, em cada universidade, de centros interdisciplinares para o meio ambiente. 20. Fortalecer as organizaes e movimentos sociais como espaos privilegiados para o exerccio da cidadania e melhoria da qualidade de vida e do ambiente. 21. Assegurar que os grupos de ecologistas popularizem suas atividades e que as comunidades incorporem em seu cotidiano a questo ecolgica. 22. Estabelecer critrios para a aprovao de projetos de educao para sociedades sustentveis, discutindo prioridades sociais junto s agencias financiadoras. IV - Sistema de Coordenao, Monitoramento e Todos os que assinam este Tratado concordam em:

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1. Difundir e promover em todos os pases o Tratado de Educao Ambiental para Sociedades Sustentveis e responsabilidade Global atravs de campanhas individuais e coletivas, promovidas por Ongs, movimentos sociais e outros. 2. Estimular e criar organizaes, grupos de Ongs e Movimentos Sociais para implantar, implementar, acompanhar e avaliar os elementos deste Tratado. 3. Produzir materiais de divulgao deste tratado e de seus desdobramentos em aes educativas, sob a forma de textos, cartilhas, cursos, pesquisas, eventos culturais, programas na mdia, ferias de criatividade popular, correio eletrnico e outros. 4.Estabelecer um grupo de coordenao internacional para dar continuidade s propostas deste Tratado. 4. Estimular, criar e desenvolver redes de educadores ambientais. 5. Garantir a realizao, nos prximos trs anos, do 1 Encontro Planetrio de educao Ambiental para Sociedades Sustentveis. 6. Coordenar aes de apoio aos movimentos sociais em defesa da melhoria da quali dade de vida, exercendo assim uma efetiva solidariedade internacional. 7. Estimular articulaes de ONGs e movimentos sociais para rever estratgias de seus programas relativos ao meio ambiente e educao.

V - Grupos a serem envolvidos Este Tratado dirigido para: 1. Organizaes dos movimentos sociais-ecologistas, mulheres, jovens, grupos tnicos, artistas, agricultores, sindicalistas, associaes de bairro e outros. 2. Ongs comprometidas com os movimentos sociais de carter popular. 3. Profissionais de educao interessados em implantar e implementar programas voltados questo ambiental tanto nas redes formais de ensino , como em outros 4. Responsveis pelos meios de comunicao capazes de aceitar o desafio de um trabalho transparente e democrtico, iniciando uma nova poltica de comunicao de massas. 5. Cientistas e instituies cientficas com postura tica e sensveis ao trabalho conjunto com as organizaes dos movimentos sociais. 6. Grupos religiosos interessados em atuar junto s organizaes dos movimentos sociais. 7. Governos locais e nacionais capazes de atuar em sintonia/parceria com as propostas deste Tratado.

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8. Empresrios (as) comprometidos (as) em atuar dentro de uma lgica de recuperao e conservao do meio ambiente e de melhoria da qualidade de vida, condizentes com os princpios e propostas deste Tratado. 9. Comunidades alternativas que experimentam novos estilos de vida condizentes com os princpios e propostas deste Tratado. VI - Recursos Todas as organizaes que assinam o presente Tratado se comprometem: 1. Reservar uma parte significativa de seus recursos para o desenvolvimento de programas educativos relacionados com a melhoria do ambiente e com a qualidade de vida. 2. Reivindicar dos governos que destinem um percentual significativo do Produto Nacional Bruto para a implantao de programas de Educao Ambiental em todos os setores da administrao pblica, com a participao direta de Ongs e movimentos sociais. 3. Propor polticas econmicas que estimulem empresas a desenvolverem aplicarem tecnologias apropriadas e a criarem programas de educao ambiental parte de treinamentos de pessoal e para comunidade em geral. 4. Incentivar as agncias financiadoras a alocarem recursos significativos a projetos dedicados educao ambiental: al m de garantir sua presena em outros projetos a serem aprovados, sempre que possvel. Contribuir para a formao de um sistema bancrio planetrio das Ongs e movimentos sociais, cooperativo e descentralizado que se proponha a destinar uma parte de seus recursos para programas de educao e seja ao mesmo tempo um exerccio educativo de utilizao de recursos financeiros.

ANEXO B LEGISLAO REFERENTE EDUCAO AMBIENTAL LEI No 9.795, DE 27 DE ABRIL DE 1999. Dispe sobre a educao ambiental, institui a Poltica Nacional de Educao Ambiental e d outras providncias. O PRESIDENTE DA REPBLICA Fao saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: CAPTULO I DA EDUCAO AMBIENTAL Art. 1o Entendem-se por educao ambiental os processos por meio dos quais o indivduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competncias voltadas para a conservao do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. Art. 2o A educao ambiental um componente essencial e permanente da educao nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os nveis e modalidades do processo educativo, em carter formal e no-formal. Art. 3o Como parte do processo educativo mais amplo, todos tm direito educao ambiental, incumbindo: I - ao Poder Pblico, nos termos dos arts. 205 e 225 da Constituio Federal, definir polticas pblicas que incorporem a dimenso ambiental, promover a educao ambiental em todos os nveis de ensino e o engajamento da sociedade na conservao, recuperao e melhoria do meio ambiente; II - s instituies educativas, promover a educao ambiental de maneira integrada aos programas educacionais que desenvolvem; III - aos rgos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - Sisnama, promover aes de educao ambiental integradas aos programas de conservao, recuperao e melhoria do meio ambiente; IV - aos meios de comunicao de massa, colaborar de maneira ativa e permanente na disseminao de informaes e prticas educativas sobre meio ambiente e incorporar a dimenso ambiental em sua programao; V - s empresas, entidades de classe, instituies pblicas e privadas, promover programas destinados capacitao dos trabalhado controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercusses do processo produtivo no meio ambiente; VI - sociedade como um todo, manter ateno permanente formao de valores, atitudes e habilidades que propiciem a atuao individual e coletiva voltada para a preveno, a identificao e a soluo de problemas ambientais. Art. 4o So princpios bsicos da educao ambiental: I - o enfoque humanista, holstico, democrtico e participativo;

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II - a concepo do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependncia entre o meio natural, o scio-econmico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade; III - o pluralismo de idias e concepes pedaggicas, na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade; IV - a vinculao entre a tica, a educao, o trabalho e as prticas sociais; V - a garantia de continuidade e permanncia do processo educativo; VI - a permanente avaliao crtica do processo educativo; VII - a abordagem articulada das questes ambientais locais, regionais, nacionais e globais; VIII - o reconhecimento e o respeito pluralidade e diversidade individual e cultural. Art. 5o So objetivos fundamentais da educao ambiental: I - o desenvolvimento de uma compreenso integrada do meio ambiente em suas mltiplas e complexas relaes, envolvendo aspectos ecolgicos, psicolgicos, legais, polticos, sociais, econmicos, cientficos, culturais e ticos; II - a garantia de democratizao das informaes ambientais; III - o estmulo e o fortalecimento de uma conscincia crtica sobre a problemtica ambiental e social; IV - o incentivo participao individual e coletiva, permanente e responsvel, na preservao do equilbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparvel do exerccio da cidadania; V - o estmulo cooperao entre as diversas regies do Pas, em nveis micro e macrorregionais, com vistas construo de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princpios da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justia social, responsabilidade e sustentabilidade; VI - o fomento e o fortalecimento da integrao com a cincia e a tecnologia; VII - o fortalecimento da cidadania, autodeterminao dos povos e solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade. CAPTULO II DA POLTICA NACIONAL DE EDUCAO AMBIENTAL Seo I Disposies Gerais Art. 6o instituda a Poltica Nacional de Educao Ambiental. Art. 7o A Poltica Nacional de Educao Ambiental envolve em sua esfe alm dos rgos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente Sisnama, instituies educacionais pblicas e privadas dos sistemas de ensino, os rgos pblicos da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, e organizaes no-governamentais com atuao em educao ambiental. Art. 8o As atividades vinculadas Poltica Nacional de Educao Ambiental devem ser desenvolvidas na educao em geral e na educao escolar, por meio das seguintes linhas de atuao inter-relacionadas:

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I - capacitao de recursos humanos; II - desenvolvimento de estudos, pesquisas e experimentaes; III - produo e divulgao de material educativo; IV - acompanhamento e avaliao. 1o Nas atividades vinculadas Poltica Nacional de Educao Ambiental sero respeitados os princpios e objetivos fixados por esta Lei. 2o A capacitao de recursos humanos voltar-se- para: I - a incorporao da dimenso ambiental na formao, especializao e atualizao dos educadores de todos os nveis e modalidades de ensino; II - a incorporao da dimenso ambiental na formao, especializao e atualizao dos profissionais de todas as reas; III - a preparao de profissionais orientados para as atividades de gesto ambiental; IV - a formao, especializao e atualizao de profissionais na rea de meio ambiente; V - o atendimento da demanda dos diversos segmentos da sociedade no que diz respeito problemtica ambiental. 3o As aes de estudos, pesquisas e experimentaes voltar-se-o para: I - o desenvolvimento de instrumentos e metodologias, visando incorporao da dimenso ambiental, de forma interdisciplinar, nos diferentes nveis e modalidades de ensino; II - a difuso de conhecimentos, tecnologias e informaes sobre a questo ambiental; III - o desenvolvimento de instrumentos e metodologias, visando participao dos interessados na formulao e execuo de pesquisas relacionadas problemtica ambiental; IV - a busca de alternativas curriculares e metodolgicas de capacitao na rea ambiental; V - o apoio a iniciativas e experincias locais e regionais, incluindo a produo de material educativo; VI - a montagem de uma rede de banco de dados e imagens, para apoio s aes enumeradas nos incisos I a V. Seo II Da Educao Ambiental no Ensino Formal Art. 9o Entende-se por educao ambiental na educao escolar a desenvolvida no mbito dos currculos das instituies de ensino pblicas e privadas, englobando: I - educao bsica: a) educao infantil; b) ensino fundamental e c) ensino mdio; II - educao superior;

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III - educao especial; IV - educao profissional; V - educao de jovens e adultos. Art. 10. A educao ambiental ser desenvolvida como uma prtica educativa integrada, contnua e permanente em todos os nveis e modalidades do ensino formal. 1o A educao ambiental no deve ser implantada como disciplina especfica no 2o Nos cursos de ps-graduao, extenso e nas reas voltadas ao aspecto metodolgico da educao ambiental, quando se fizer necessrio, facultada a criao de disciplina especfica. 3o Nos cursos de formao e especializao tcnico-profissional, em todos os nveis, deve ser incorporado contedo que trate da tica ambiental das atividades profissionais a serem desenvolvidas. Art. 11. A dimenso ambiental deve constar dos currculos de formao de professores, em todos os nveis e em todas as disciplinas. Pargrafo nico. Os professores em atividade devem receber formao complementar em suas reas de atuao, com o propsito de atender adequadamente ao cumprimento dos princpios e objetivos da Poltica Nacional de Art. 12. A autorizao e superviso do funcionamento de instituies de ensino e de seus cursos, nas redes pblica e privada, observaro o cumprimento do disposto nos arts. 10 e 11 desta Lei. Seo III Da Educao Ambiental No-Formal Art. 13. Entendem -se por educao ambiental no-formal as aes e prticas educativas voltadas sensibilizao da coletividade sobre as questes ambientais icipao na defesa da qualidade do meio ambiente. Pargrafo nico. O Poder Pblico, em nveis federal, estadual e municipal, I - a difuso, por intermdio dos meios de comunicao de massa, em espaos nobres, de programas e campanhas educativas, e de informaes acerca de temas relacionados ao meio ambiente; II - a ampla participao da escola, da universidade e de organizaes nogovernamentais na formulao e execuo de programas e atividades vinculadas -formal; III - a participao de empresas pblicas e privadas no desenvolvimento de programas de educao ambiental em parceria com a escola, a universidade e as -governamentais; IV - a sensibilizao da sociedade para a importncia das unidades de conservao; V - a sensibilizao ambiental das populaes tradicionais ligadas s unidades de

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VI - a sensibilizao ambiental dos agricultores; VII - o ecoturismo. CAPTULO III DA EXECUO DA POLTICA NACIONAL DE EDUCAO AMBIENTAL Art. 14. A coordenao da Poltica Nacional de Educao Ambiental ficar a cargo de um rgo gestor, na forma definida pela regulamentao desta Lei. Art. 15. So atribuies do rgo gestor: I - definio de diretrizes para implementao em mbito nacional; II - articulao, coordenao e superviso de planos, programas e projetos na rea de educao ambiental, em mbito nacional; III - participao na negociao de financiamentos a planos, programas e projetos Art. 16. Os Estados, o Distrito Federal e os Municpios, na esfera de sua competncia e nas reas de sua jurisdio, definiro diretrizes, normas e critrios para a educao ambiental, respeitados os princpios e objetivos da Poltica Art. 17. A eleio de planos e programas, para fins de alocao de recursos pblicos vinculados Poltica Nacional de Educao Ambiental, deve ser realizada levando-se em conta os seguintes critrios: I - conformidade com os princpios, objetivos e diretrizes da Poltica Nacional de Educao Ambiental; II - prioridade dos rgos integrantes do Sisnama e do Sistema Nacional de III - economicidade, medida pela relao entre a magnitude dos recursos a alocar e o retorno social propiciado pelo plano ou programa proposto. Pargrafo nico. Na eleio a que se refere o caput deste artigo, devem ser contemplados, de forma eqitativa, os planos, programas e projetos das diferentes Art. 18. (VETADO) Art. 19. Os programas de assistncia tcnica e financeira relativos a meio ambiente e educao, em nveis federal, estadual e municipal, devem alocar recursos s

DISPOSIES FINAIS Art. 20. O Poder Executivo regulamentar esta Lei no prazo de noventa dias de sua , ouvidos o Conselho Nacional de Meio Ambiente e o Conselho Nacional de Educao. Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicao. Braslia, 27 de abril de 1999; 178o da Independncia e 111o FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

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ANEXO C -PROPRIEDADES MEDICINAIS DAS ESPCIES INSERIDAS NO CANTEIRO SEGUNDO LORENZI (2002)

1- Rosmarinus officinalis L. Alecrim, alecrim-de-cheiro, alecrim-de-horta, alecrim-de-jardim. A Caractersticas gerais pequena planta de porte subarbustivo lenhoso, ereto, pouco ramificado, de at 1,5m de altura. Folhas lineares, coriceas e muito aromticas, medindo 1,5 a 4 cm de comprimento por 1 a 3 mm de espessura. Flores azulado-claras, pequenas e de aroma forte muito agradvel. nativa da regio da em quase todos os pases de clima temperado, de Portugal Austrlia. Seu cultivo pode ser feito a partir de mudas preparadas por estaquia ou mergulhia, crescendo bem em solo rico em calcrio e em ambientes midos de clima ameno. Existem mais de 10 variedades em cultivo desta planta, todas para o mesmo uso, porm com aromas diferentes. B Usos as folhas, flores e frutos secos e triturados formam uma excelente mistura para uso como tempero de carnes e massas. Seu uso medicinal referido na literatura etnofarmacolgica, que cita o emprego de suas folhas na medicina tradicional de vrios pases na forma de ch do tipo abafado (infuso), usado como medicao para os casos de m digesto, gases no aparelho digestivo, dor de e memria fraca. O estudo das informaes sobre esta planta permitiu selecionar como indicao aceita internacionalmente, no tratamento caseiro nos casos de hipertenso, problemas digestivos, perda de apetite e, externamente, nos sintomas de reumatismo. Ensaios farmacolgicos comprovaram suas propriedades espasmoltica sobre a vescula e o duodeno, colertica, protetora heptica, e antitumoral. A anlise fitoqumica registrou para suas folhas a presena de leo essencial constitudo de uma mistura de componentes volteis que responsvel pelo seu odor tpico, dentre os quais os -pipeno e cnfora e, entre os compostos no volteis, o cido cafico, diterpenos amargos, flavonides e triterpenides. Em uso tpico local cicatrizante, antimicrobiana contra Staphylococus e Monilia e estimulante do couro cabeludo. Por via oral diurtico, colagogo, coletrico, carminativo e tambm antiinflamatrio intestinal, sendo o uso de seu ch recomendado inclusive para tratamento por via oral de cistite e enterocolites e de hemorridas inflamadas. O ch deve ser do tipo abafado (infuso), feito com uma colher das de ch (cerca de 2 g) das folhas posa em infuso com gua fervente, em quantidade suficiente para uma xcara das mdias. Bebe-se uma xcara trs vezes ao dia. Para uso em banhos e lavagens locais, faz-se um ch abafado com 50 g das folhas em um litro de gua. Apesar de ser pouco txica, a ingesto de grande quantidade das folhas pode provocar intoxicao com aparecimento de sono profundo, espasmos, gastroenterite, sangue na urina, irritao nervosa e nas doses maiores, morte. 2- Lactuca sativa L. Alface, alface-comum.

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A Caractersticas gerais planta anual, de caule inicialmente curto e carnoso, de menos de 25 cm de altura, nativa da sia. Folhas rosuladas basais, membranceas, em forma de concha e imbricadas umas sobre as outras. As flores, reunidas em captulos, so de cor amarela, porm s aparecem no final do ciclo aps o desenvolvimento de vrias hastes florais, que so foliosas e ramificadas de at 1,5 m de altura, onde os captulos so arranjados em amplas panculas. Existem muitas variedades cultivadas que diferem entre si principalmente pela forma e textura das folhas, que podem ser lisas, crespas, retorcidas, frisadas, membranceas e coriceas. B Usos amplamente cultivada em todo o mundo como planta hortcola. tambm muito usada na medicina caseira, principalmente as suas folhas, que so consumidas in natura na forma de saladas. A literatura etnobotnica registra para esta planta atividade levemente laxante, diurtica, antisuco da planta inteira considerado sonfero, calmante do estmago e do sistema nervoso, sendo empregado contra palpitaes do corao. Para tosses rebeldes (noturnas) tem sido recomendado a infuso de suas folhas picadas na proporo de 2 colheres (sopa) para 1 xcara (ch) de gua fervente adoada com mel, na dose de 1 colher (sopa) 2 vezes ao dia. Nos casos de perturbaes do sistema nervoso -3 (depresso, angstia, ansiedade, excitao e insnia), indicado o mesmo ch sem acar e em maior dose (1 xcara de ch 2-3 vezes ao dia). Para tratamento de problemas de pele (pruridos, eczemas, escamaes, vermelhido, urticria e irritao dos olhos), recomendado o decocto preparado com 1 colher (sopa) de folhas picadas em 1 xcara (ch) de gua em fervura por alguns minutos, adicionando-se aps o esfriamento 1 colher (sobremesa) de glicerina. Na sua composio so citadas lactucina e lactupicrina (substncias amargas ), manitol, cido lactcico e oxlico e asparagina. 3- Lavandula angustiflia Mill. Alfazema, lavanda, lavanda-inglesa A Caractersticas gerais subarbusto perene, aromtico, ereto muito ramificado na base, de colorao geral verde-acinzentada, de 30 a 70 cm de altura, nativo da Europa e cultivado em vrios pases de clima temperado. Folhas lineares, pequenas, opostas, rgidas e pubescentes. Flores azuis, perfumadas e muito ornamentais, dispostas em racemos terminais. Multiplica-se tanto por semente como por estacas, desenvolvendo-se bem no Brasil apenas algumas variedades e somente nas regies de altitude do Sul. B Usos ocasionalmente cultivada no sul do pas como ornamental e para fins medicinais. Na Europa so cultivadas em larga escala, especialmente no sul da Frana, para extrao de seu leo essencial usado em perfumaria. So utilizadas na medicina popular, principalmente as inflorescncias e menos freqentemente as folhas, que so consideradas estimulante, digestiva, antiespasmdica, tnica, calmante dos nervos e antimicrobiana. So utilizadas no tratamento da insnia, nevralgia, asma brnquica, clicas e gases intestinais. Para o tratamento das afeces das vias respiratrias, asma, bronquite, tosse, catarro e gripe, sinusite, depresso, insnia, vertigens, cistite e enxaqueca, a literatura etnofarmacolgica registra o uso de seu ch por infuso, preparado adicionando-se

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gua fervente em uma xcara das mdias contendo 1 colher das de sobremesa das xcara (ch) 3 vezes ao dia. Recomenda tambm, para os casos de corrimento vaginal, prurido vaginal, sarnas ou piolhos, o banho de assento com seu extrato, preparado por macerao em vinho branco durante 3 dias de 2 colher das de sopa de inflorescncias secas. Nos casos de sarnas e piolhos o tratamento feito pela aplicao no couro cabeludo com chumao de algodo embebido nesta mesma preparao. Na sua composio qumica esto registrados o leo essencial constitudo de cariofileno, dos lcoois geraniol, furfurol, linalol e seus steres, bem como cumarinas, taninos, saponina cida e princpio amargo. 4- Ocimum gratissimum L. Alfavaco, alfavaca, alfavaca-cravo, manjerico. A Caractersticas gerais subarbusto aromtico, ereto, com at 1 m de altura, originrio do oriente e subespontneo em todo o Brasil e do qual existem diversos qumiotipos, inclusive o designado como eugenolifero descrito simplificadamente nesta monografia. Folhas ovalado-lanceoladas, de bordos duplamente dentados, membranceas, de 4-8 cm de comprimento. Flores pequenas, roxo-plidas, dispostas em racemos paniculados eretos e geralmente em grupos de trs. Fruto do tipo cpsula, pequeno, possuindo 4 sementes esfricas. Tem aroma forte e -da-ndia. B Usos nas prticas usuais da medicina caseira suas folhas so usadas na preparao de banhos antigripais, especialmente em crianas e, para tratar casos de nervosismo e paralisia; usam-nas, tambm em chs como carminativos, sudorficos e diurticos; por seu sabor e odor semelhantes ao do cravo-da-ndia, usado tambm como condimento em culinria. De acordo com estudos da composio qumica da planta, o leo essencial das folhas (3,60%) contm eugenol (77,3%), 1,8cineol (12,1%), b-cariofileno (2,3%), (Z)-0cimeno (2,1%) o que justifica seu uso na confeco de licores e como sucedneo do leo de cravo-da-ndia. Novas anlises mostraram que o teor mximo de eugenol ocorre s 12:00 horas do dia e o mnimo na coleta das 17:00, enquanto o 1,8-cineol, princpio balsmico de ao antisptica pulmonar e expectorante tem seu maior teor no fim do dia e pela manh, quando ento, a planta deve ser colhida para o preparo dos banhos antigripais em criana. Dentre as aes biolgicas experimentadas, esta planta age com larvicida e repelente de insetos de longa durao (mais que duas horas); seu leo essencial tem ao bactericida e analgsica de uso em odontologia, devidas ao eugenol. Ocimum (Labiatae), so planta classicamente fornecedoras de leos essenciais, sendo a principal delas Ocimum basilicum L., que o manjericobranco, ou manjerico-do-molho, largamente utilizado como tempero de pratos especiais e aromatizante de licores e perfumes finos.

5- Aloe vera (L.) Burm. F. Alo, babosa, babosa-grande, babosa-medicinal, caraguatpa-de-jardim, erva-babosa, alo-do-cabo

erva-de-azebre-,

caraguat,

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A Caractersticas gerais planta herbcea, suculenta, de at 1m de altura, de origem provavelmente africana. Tem folhas grossas, carnosas e suculentas, dispostas em rosetas presas a um caule muito curto, que quando cortadas deixam escoar um suco viscoso, amarelado e muito amargo. Alem de cultivada para fins medicinais e cosmticos, cresce de forma subespontnea em toda a regio Nordeste. Prefere solo arenoso e no -se bem por separao de brotos laterais (filhao). Outras espcies deste gnero so igualmente cultivadas e utilizadas no Brasil para os mesmos fins, das quais as duas mais importantes so Aloe arborescens Mill. E Aloe ferox Mill. B Usos esta uma das plantas de uso tradicional mais antigo que se conhece, inclusive pelos judeus que costumavam envolver os mortos em lenol embebido no sumo de aloe, para retardas a putrefao e extrato de mirra, para encobrir o cheiro da morte, como ocorreu com Jesus Cristo ao ser retirado da cruz. Na medicina popular ocidental seu uso mais comum feito pelas mulheres para o trato dos cabelos. A analises fotoqumica de suas folhas revelou a presena de compostos de as alonas e uma mucilagem constituda de um polissacardeo de natureza complexa, o aloeferon, semelhante a arabinogalactana. O sumo mucilaginoso de suas folhas possui atividade fortemente cicatrizante que devida ao polissacardeo e uma boa ao antimicrobiana sobre bactrias e fungos, resultante do complexo fitoterpico formado pelo aloeferon e as antraquinonas. indicada como cicatrizante nos casos: de queimaduras e ferimentos superficiais da pele, pela aplicao local do sumo fresco, diretamente ou cortando-se uma folha, depois de bem limpa, de modo a deixar o gel exposto para servir como um delicado pincel; no caso de hemorridas inflamadas, so usados pedaos, cortados de maneira apropriada, como supositrios. Estes pedaos podem ser facilmente preparados com auxlio de um aplicador vaginal ou de uma seringa descartvel cortada; nas contuses, entorses e dores reumticas: emprega-se a alcoolatura preparadas pela mistura de pequenos pedaos das folhas (50 g) com meio litro de ua e passadas atravs de um pano. Esta mistura pode ser aplicada na forma de compressas e massagens nas partes doloridas. Os compostos antraquinonicos so txicos quando ingeridos em dose alta. Assim, lambedores, xaropes e outros remdios preparados com esta planta, podem causar grave grise de nefrite aguda quando tomados em doses mais altas que as recomendadas, provocando, especialmente em crianas, intensa reteno de gua no corpo que pode ser fatal. Alm do uso tradicional descrito, a mucilagem obtida das folhas cortadas e deixadas escoar por 1 a 2 dias, encontra duas aplicaes: ou aproveitada pela industria de cosmticos, ou posta a secar ao sol ou ao fogo at perda quase total da gua a fim de formar a resina (alos) que a forma mais usada pela industria farmacutica de , de propriedade laxante. 6- Plectranthus barbatus Andrews Falso-boldo, boldo, boldo-brasileiro A Caractersticas gerais planta herbcea ou subarbustiva, aromtica, perene, erecta quando jovem e decumbente aps 1-2 anos, pouco ramificada, de at 1,5 m de altura. Folhas opostas, simples, ovalada de bordos denteados, pilosas, medindo 5 a 8 cm de comprimento e de sabor muito amargo, flexveis mesmo quando secas,sendo mais espessas e suculentas quando frescas