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Faculdades Integradas Torricelli Adriano da Silva Caroline Ludgero da Silva Cleosomil Medeiros Torres Junior Paulo Tomé da Silva Luciano Travalon Análise de substituição de processo de soldagem MIG Guarulhos 2013

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Faculdades Integradas Torricelli Adriano da Silva

Caroline Ludgero da Silva Cleosomil Medeiros Torres Junior

Paulo Tomé da Silva Luciano Travalon

Análise de substituição de

processo de soldagem MIG

Guarulhos 2013

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Faculdades Integradas Torricelli Adriano da Silva RA: 0000019654

Caroline Ludgero da Silva RA: 0000020486 Cleosomil Medeiros Torres Junior RA: 0000020768

Paulo Tomé da Silva RA: 0000020487 Luciano Travalon RA: 0000019706

Análise de substituição de

processo de soldagem MIG

Monografia apresentada as Faculdades Integradas Torricelli apresentada a titulo de graduação do curso de Engenharia Elétrica .

Orientador : Luiz Vasco Puglia

Guarulhos 2013

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Agradecimentos

Agradecemos primeiramente a Deus, por ter

derramado suas benções sobre nós, dando-

nos força e sabedoria para que

completássemos, com sucesso, mais está

etapa de nossa caminhada.

Ao amigo Luiz Vasco Puglia, pela atenção,

apoio e amizade durante o processo de

definição e orientação.

Ao Doutor Mestre José Luis Alves de Lima

pela realização do trabalho de conclusão.

Ao Mestre Professor Rogério Camilo, pela

contribuição em conhecimento dedicado para

desenvolvimento do presente trabalho.

As Faculdades Integradas Torricelli, pela

oportunidade de realização do curso de

graduação.

Aos nossos familiares, pela paciência e

compreensão por dispor de tempo e local

para o desenvolvimento do trabalho.

Page 4: Tcc Concluido Revisado Soldagem

Resumo

Indústrias Metalúrgicas são grandes usuárias de processos de soldagem.

Convencionalmente a união de metais por solda elétrica se faz por alguns

processos conhecidos como solda por eletrodo, Material Inertial Gás (MIG),

Tungstênio Inertial Gás (TIG) e arco submerso, que é apenas uma derivação do

processo MIG. Uma nova técnica, não recente, mas ainda pouco aplicada, tem

sido agora utilizada principalmente na indústria automobilística, que recebe o

nome soldagem por resistência elétrica, ou solda a ponto. O processo de solda

ponto apresenta diversas vantagens sobre outros métodos. Utilidades como gás

de proteção, material a ser depositados, cabos de contatos e terminais de fixação

não são necessários neste processo que o torna mais econômico. A mão de obra

para sua produção não necessita de especialização também, outro fator a ser

considerado. A união entre dois metais ocorre pela formação de um poço de fusão

causado pela passagem de uma corrente elétrica de alto valor em uma área de

dimensões reduzidas, impondo desta forma uma perda Joule de valor elevado e

resultando na fusão destes materiais. Este estudo de caso propõe a analise de

emprego alternativo de método de produção em uma indústria metalúrgica

localizada na cidade de Guarulhos, na produção de grades separadoras metálicas.

Estas grades apresentam durante o processo de montagem duas fases distintas,

uma de estampagem de um encaixe mecânico na peça base e uma segunda

etapa de soldagem de um separador na mesma. Através da solda por resistência

elétrica, obtém-se em uma única operação o recravamento do separador a peça

base com ganho de tempo e mão de obra, além da qualidade da soldagem final

que por não apresentar respingos característicos do uso inadequado de outros

processos, dispensando assim a mão de obra de preparação e de acabamento.

Palavras chave: Solda ponto, solda MIG, qualidade.

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Abstract

Metalworkers are big users of welding processes. Conventionally the union of

metals by welding is done by some process known as welding electrode material

Inertial Gas (MIG), Tungsten Inertial Gas (TIG) and submerged arc, which is just a

derivation of MIG. A new technique, not recent, but still little used, now has been

mainly used in the automobile industry, which is called electrical resistance welding

or spot welding. The process of spot welding has several advantages over other

methods. Utilities such as shielding gas, the material to be deposited, contacts and

cables terminal fixing are not needed in this process that makes it more

economical. The labor for their production does not require specialization also

another factor to be considered. The union between two metals occurs through the

formation of a well melting caused by the passage of an electric current of high

value in an area of reduced dimensions, thus imposing a loss Joule high value,

resulting in the fusion of these materials. This case study aims to analyze

employment alternative production method in a metallurgical industry in the city of

Guarulhos, in the production of metal grates. These grids have during the

assembly process two distinct phases, one embossing of a latching mechanism in

the base part, and a second step of welding a tab on it. Through electric resistance

welding, obtained in a single operation of grip on the separator base part with a

gain of time and manpower, besides the quality of final welding spatter that by not

showing characteristic inappropriate use of other process, eliminating so the labor

of preparation and finishing.

Keywords: Spot welding, MIG welding, quality

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Sumário

1 Introdução ........................................................................................................ 11

1.1 Estado da arte ............................................................................................. 12

1.2 Objetivo ....................................................................................................... 13

1.3 Estrutura do trabalho ................................................................................... 14

2 Fundamentação teórica ................................................................................... 15

2.1 Solda MIG .................................................................................................... 15

2.2 Solda por resistência elétrica ou solda ponto ............................................... 17

2.3 Capacitor ...................................................................................................... 25

3 Metodologia ..................................................................................................... 30

3.1 Estudo da aplicação de capacitores na realização da solda ponto .............. 30

4 Estudo de caso ................................................................................................. 41

4.1 Estudo da aplicação de maquina de solda ponto para realização da

soldagem ........................................................................................................... 43

4.2 Adaptações e melhorias .............................................................................. 45

4.2.1 Adição de pressão ................................................................................ 45

4.2.2 Ajuste mecânico e elétrico dos eletrodos .............................................. 46

4.2.3 Circuito controlador ................................................................................ 48

4.3 Funcionamento e testes .............................................................................. 51

5 Conclusões e projetos futuros ....................................................................... 59

6 Bibliografia ...................................................................................................... 61

7 Anexos ............................................................................................................ 62

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Lista de siglas U= tensão de soldagem (V);

I= corrente de soldagem (A);

V= velocidade de soldagem ( mm/s);

r= rendimento térmico (perdas por radiação e condução);

J= constante (4,185J);

I= corrente de soldagem, ou corrente no secundário (A);

t= Tempo que a corrente circula (s);

R= Resistências do circuito (Ω);

MIG= Metal Inert Gas;

MAG= Metal Active Gas;

Q= Quantidade de energia (Coulomb);

Ep= Equação primária;

Es= Equação secundária;

Ip= Corrente primária (A);

Is= Corrente secundária (A);

Pentrada= Potência de entrada(W);

Psaída= Potência de saída(W);

D= Densidade da corrente;

A= Aréa;

CA= Corrente Alternada (A);

CC= Corrente Continua (A);

C= Campo elétrico (Farads);

F= Força (N);

E= Intensidade do campo elétrico;

d= Distância (m);

€= Permissividade;

µ= Micro ( ;

Kg= Quilograma (10³);

MPa= Mega Pascal ( ;

Ø= diâmetro;

mm= milímetros;

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mm²= milímetros quadrado;

CLP=Circuito Lógico Programável

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Lista de figuras

1. Processo básico de soldagem MAG / MIG ................................................. 15

2. Ciclo de solda ............................................................................................ 17

3. Relação de resistências no secundário ..................................................... 18

4. Capacitor ................................................................................................... 26

5. Dipólos de um Capacitor ........................................................................... 28

6. Ligação de capacitores em paralelo .......................................................... 29

7. Layout do protótipo da máquina de solda por descarga capacitiva ............ 31

8. Protótipo da máquina de solda por descarga capacitiva ........................... 32

9. Circuito resistivo para limitação de corrente .............................................. 33

10. Cavalete de madeira ................................................................................. 34

11. Associação de capacitores ....................................................................... 35

12. Chapa de aço dobrada para testes ........................................................... 37

13. Parte superior da chapa de aço após teste. .............................................. 38

14. Parte inferior da chapa de aço após teste ................................................ 38

15. Eletrodo inferior desgastado após teste .................................................... 39

16. Barras portantes com chanfro ................................................................... 42

17. Máquina de solda ponto ............................................................................ 43

18. Peça resultado da solda sem chanfro e sem adição de pressão ............... 44

19. Chassi da máquina com adaptação de pistão pneumático ........................ 46

20. Eletrodos adequados para aplicação da solda do gradil ........................... 47

21. Disposição dos conectores entre o secundário da máquina e eletrodos. .. 48

22. Circuito dos comandos ............................................................................... 49

23. Visão interna do painel de controle ............................................................ 50

24. Máquina de solda e painel de controle ...................................................... 51

25. Acoplagem dos pesos para maior tensão no ponto da solda .................... 53

26. Adição de peso com maior impacto sobre o ponto da solda ...................... 53

27. Ponto de solda e tensão ocasionada pelo teste de tração ........................ 54

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Lista de tabelas

1. Testes de soldagem por descarga capacitiva ............................................ 36

2. Análise de variação de pressão ................................................................. 55

3. Análise da variação de tempo de descarga de corrente ............................. 56

4. Análise de variação de pressão na posição dois de funcionamento da

máquina de solda ...................................................................................... 56

5. Análise da variação do tempo de descarga na posição 2........................... 57

6. Análise de repetibilidade ............................................................................. 58

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1- Introdução

Existem três grandes grupos de processos de utilizados para a união de

materiais, a soldagem, a abrasagem e solda branda, sendo que cada um desses

possui aplicações distintas. Desses grupos pode-se destacar principalmente a

soldagem devido ao seu largo emprego na indústria. Nesse caso, a união de dois

materiais é realizada, ou através da fusão dos mesmos por contato, ou pela fusão

de ambos e adição de outro material fundido ou ainda pelo contato dos materiais

nas fases sólidas ou semi-sólidas. Esse é o processo que provoca maior distorção

no seu material base, sendo que a grande área de atuação é entre os metais e

suas ligas devido sua versatilidade e boas propriedades mecânicas que se obtém

através dele.

Existem fortes indícios de que a prática de unir matérias tenha começado a

mais de quatro mil e oitocentos anos, nos vales do Nilo e Tigre-Eufrates, muito

embora a união dos matérias como é concebida hoje apenas se desenvolveu no

final do século XIX, ganhando impulso nos últimos 60 anos.

Entre os marcos na história pode-se aliar as duas grandes guerras como

pontos de grande desenvolvimento de técnicas de soldagem, sendo que durante a

1ª Guerra Mundial foi fabricado na Inglaterra o primeiro navio totalmente soldado

(HMS Fulagar) e as técnicas de solda por arco Elétrico com eletrodo revestido,

oxigás e oxicorte foram estabelecidas.

Outro marco importante que caracteriza o processo industrial de soldagem

como nós conhecemos hoje foi a disposição de fontes com transistores de

potência que utilizam tecnologia inversora. Isso possibilitou controlar os

parâmetros de soldagem e demais operações através de (micro) computadores.

Daí a expansão de uso de robôs para soldagem.

Assim como as técnicas de soldagem o conceito de soldagem também se

modificou bastante, em 1987 o “WELDING HANDBOOK” (8ª edição) definiu:

“Solda: uma coalescência localizada de metais ou não-metais, produzida ou pelo

aquecimento dos materiais até a temperatura de soldagem, com ou sem a

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12

aplicação de pressão, ou pela aplicação de pressão somente, com ou sem o uso

de metal de adição. ”

A união de materiais, como outras tecnologias, é dinâmica e depende de

diversos fenômenos correlatos como calor, magnetismo, eletricidade, luz, som,

além de propriedades dos materiais, físicas, mecânicas, químicas,

eletro/eletrônica e outras.

Em uma analise atômica, a união entre dois materiais para ser realizada,

depende do espaçamento interatômico, pensando-se simplesmente na atração

entre átomos de corpos distintos. Uma solda seria espontânea se as superfícies

estivessem convenientemente próximas, mas isso ainda não foi possível devido a

necessidade de superfícies planas a nível atômico e também a inexistência de

camadas oxidadas e gás absorvido pela superfície. Os processos de soldagem

visam contornar esses problemas, por isso todo processo de união preenche no

mínimo os requesitos:

Fornecer energia para realizar a união (fusão, pressão, difusão, etc.);

Possuir mecanismos para remover contaminação das superfícies a serem

unidas;

Prevenir a contaminação atmosférica, ou seus efeitos;

Permitir que os mecanismos e fenômenos envolvidos sejam controlados.

1.2 -Estado da arte

Autores citados que embasam o trabalho e sua estrutura teórica estão

relacionados a seguir, bem como seus principais conceitos apresentados.

A Sociedade Americana de Soldagem (1987) descreve em seu livro o que

caracteriza uma solda e todas as suas possíveis variações de métodos aplicados,

diferenciando e classificando soldagem de outros processos de ligação entre

metais.

No livro de Soldagem e Técnicas Conexas de Ivan Guerra Machado (1996)

descreve-se os variados tipos de soldagem e técnicas de junção de ligas, onde

são apresentadas características especificas de cada tipo de processo de

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13

soldagem, sendo os principais conceitos de MIG, TIG, Eletrodo, Arco Submerso,

apresentados com grande profundidade.

Já Hiraldo Luiz Osório Branco (2004) apresenta em sua dissertação

características e estudos específicos aplicados a solda ponto, mas apenas em

soldagem de chapas de pequena espessura, não aplicada com profundidade

necessária ao nosso processo.

Robert L. Boylestad, em seu livro Introdução á Analise de Circuitos (1997) 8ª

edição, apresenta as teorias usadas para analisar eletricamente o funcionamento

do transformador de uma máquina de solda ponto. Boylestad apresenta também

uma descrição e analise de circuitos capacitivos que foram fundamentais para

aplicação de disposição dos capacitores no estudo de solda por descarga

capacitiva.

A associação destes conceitos acima adquiridos com a necessidade do

desenvolvimento de um processo produtivo que é utilizado como base deste

trabalho, resulta no estudo de caso a seguir.

1.3 Objetivo

O objetivo geral deste trabalho é realizar a analise e aumento de qualidade na

produção do ponto de solda em material de confecção de gradil de proteção com

barras metálicas.

O projeto visa apresentar uma alternativa para o meio já existente e aplicado

na qual a base é a união dos materiais utilizando solda MIG. A alternativa que foi

estudada se baseia na solda por resistência elétrica.

Os objetivos específicos são:

Resistência do ponto de solda semelhante ou superior a obtida por

solda MIG

Produzir uma solda limpa que não gere respingos que possam

comprometer posteriormente o material sendo pontos de fácil oxidação.

Diminuir o tempo de trabalho por ponto de solda eliminando a parte de

estampo da barra portante.

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14

1.4 Estrutura do trabalho

A primeira parte do trabalho apresenta a fundamentação teórica necessária

para estruturar e embasar cálculos e conclusões descritas e desenvolvidas

com esse estudo. Sendo apresentado com foco especial no trabalho, uma

analise de capacitores e circuitos de associação de capacitores. Dedicado

também estudo especial para a técnica de soldagem por resistência elétrica,

também conhecida como solda ponto, onde foram apresentadas também

estudos sobre transformadores.

A seguir são apresentados os desenvolvimentos e aplicações do trabalho,

onde dedicada boa parte do tempo com desenvolvimento de um protótipo de

máquina de solda por descarga capacitiva. Demonstrado também um estudo

da adaptação de uma máquina de solda ponto para obtenção dos objetivos

iniciais.

A terceira parte apresenta as conclusões e estudos futuros que visam

melhorias para a aplicação industrial da adaptação do método de solda ponto.

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15

2- Fundamentação teórica

Esse capítulo tem como objetivo apresentar os estudos que possibilitaram

embasar esse projeto. Além de dissertações e livros, foram citadas também

apostilas de fabricantes devido a sua fácil abordagem o que permitiu maior clareza

na análise.

2.1- Solda MIG/MAG

O processo utilizado como base de análise a ser substituído, MIG /MAG, ou

soldagem ao arco elétrico com gás de proteção, onde é estabelecido um arco

elétrico entre a peça e o consumível na forma de arame. O arco funde

continuamente o arame à medida que este alimenta a poça de fusão. O gás (ou

mistura de gases) que pode ser ativo ou inativo é utilizado para proteger a solda

da atmosfera.

A figura 1 (ESAB) demonstra o processo de soldagem.

Fig. 1- Processo básico de soldagem MAG / MIG

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16

O processo de soldagem MIG/MAG funciona com corrente contínua (CC)

normalmente com arame no polo positivo, configuração conhecido como

polaridade reversa. A polaridade direta é raramente utilizada por causa da

transferência deficiente do metal fundido do arame de solda para a peça.

Comumente são empregadas correntes de soldagem de 50A até mais de 600A e

tensões entre 15 V a 32 V. Nesse processo, para se obter um arco elétrico

autocorrigido e estável é necessário o uso de uma fonte de tensão constante e

com alimentador de arame de velocidade constante.

O método de soldagem MIG/MAG é bastante simples em escolha de

equipamentos, arame, gás de proteção e condições de soldagem sendo capaz de

produzir soldas de alta qualidade e baixo custo.

2.2- Solda por resistência elétrica ou solda ponto

O princípio do processo de solda por resistência elétrica reside na

passagem de corrente elétrica entre dois eletrodos não consumíveis que

comprimem peças distintas. Devido a maior resistência ser apresentada entre as

peças em contato, ocorre a fusão nesse local, formando a solda.

Usualmente a sequência do processo de soldagem por solda ponto é:

Os eletrodos pressionam as peças

Há passagem de corrente durante tempo suficiente para que ocorra a

fusão, formando o “ponto”.

A passagem de corrente para, porém os eletrodos continuam pressionando

as peças até que o metal de solda se solidifique.

Os eletrodos então são retraídos.

Essa sequência trata do ciclo mais simples que pode ser utilizado. Ciclo da

solda ponto pode ser visualizado na figura 2 (VOLKSWAGEN, 2000), onde Fe é à

força de soldagem e Is à corrente de soldagem.

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17

Fig. 2 – Ciclo de solda

Podem ser utilizadas fontes de potência de corrente alternada CA ou

corrente contínua CC, ambas operando em uma ou três fases. Além desses tipos,

podem ser usados dispositivos para acumular e liberar energia em um curto

espaço de tempo (tais dispositivos podem ser bancos de capacitores).

As tensões empregadas variam de 1V a 20V, podendo raramente alcançar

30V. O tempo de aplicação da corrente pode variar de 0,01 segundo para alguns

segundos dependendo da espessura do material.

A energia para a fusão e formação do ponto de solda é gerada nos contatos

elétricos e nas peças. Essa energia pode ser definida pela equação segundo a lei

de joule apresentada na fórmula abaixo descrita por Ivan (Soldagem e Técnicas

Conexas) em seu livro:

Onde:

Q= representa a quantidade de energia;

r= rendimento térmico (perdas por radiação e condução);

J= constante (4,185J);

Page 18: Tcc Concluido Revisado Soldagem

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I= corrente de soldagem ou corrente no secundário – Is (A);

T= tempo que a corrente circula (s);

R = somatório de resistências do sistema (Ω)

No esquema de resistências no secundário apresentado na figura 3 é possível

verificar os pontos de resistência no secundário da máquina, sendo os pontos de

maior resistência os dos materiais a serem soldados (Osório, 2004)

Fig. 3 - Relação de resistências no secundário

Como mencionado por Osório, o correto controle da solda ponto é realizado

através da regulagem de três parâmetros:

Corrente;

Tempo;

Pressão.

A máquina de solda ponto como mencionada, por utilizar um transformador,

pode-se aplicar os mesmo parâmetros de um transformador elétrico comum,

seguido os mesmos cálculos para obtenção de valores. Como descrita nas

equações 1, 2 e 3 apresentadas no Boylestad (8ª Ed., 1997), a relação em um

transformador a núcleo de ferro ideal pode então ser mensurada:

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19

(equação 1)

Ou

(equação 2 )

E

(equação 3 )

Sendo que tais fórmulas consideram apenas condições ideais.

Soldagem por resistência elétrica, os materiais normalmente soldados por

resistência elétrica são aços, aço carbono, inclusive os zincados, baixa liga e

inoxidáveis, além de cobre, níquel, alumínio, magnésio, titânio e suas ligas.

A energia de fusão dos materiais é a formação do ponto que gera nos contatos

elétricos (eletrodos) nas peças. Parte do calor produzido é perdido para os

eletrodos, ambiente e o restante na peça. Se a intensidade da corrente for

insuficiente, nunca ocorrerá fusão, mesmo num longo tempo.

Para determinar a densidade da corrente em um processo de soldagem

como descrita nas equações apresentadas na Soldagem e Técnicas Conexas

Processos (1ª Ed., 1996), a relação da densidade da corrente pode então ser

mensurada:

D=192+480.EXP (A/mm²)

A força do eletrodo e resistência elétrica, os picos e vales existentes entram

em contato, diminuindo a resistência elétrica e aumentando a circulação de

corrente nessa interface. Como não é estática é na realidade, dinâmica e

depende, na sua aplicação das características, mecânicas dos equipamentos de

solda.

Page 20: Tcc Concluido Revisado Soldagem

20

A corrente e tempo de soldagem, o fato da corrente atuar elevada ao

quadrado faz com que a mesma seja considerada na taxa com que a solda é

realizada, em geral o mínimo de alcance do ponto é de 20% da espessura.

O ciclo de soldagem é determinado da seguinte maneira 1/x, onde x é a

frequência da corrente de soldagem.

Na taxa de aplicação da corrente, o crescimento gradual da corrente

previne a expulsão do metal no início da operação e é conveniente para soldagem

de peças com carepa, ou que tenha sofrido algum tipo de recobrimento protetor.

Superaquecimento dos eletrodos, em peças com espessuras iguais ou

maiores do que 4 mm, a realização das soldas pode necessitar de grande geração

de energia, o que normalmente superaquece os eletrodos.

O forjamento e pós-aquecimento em aços temperáveis e ligados, podem

ser necessários operações para refino de grão da junta, as quais não são

normalmente empregadas em aço baixo carbono, a interrupção desta corrente, há

uma fase de manutenção, na qual a força continua a ser aplicada até o ciclo estar

completo.

O acabamento das superfícies para que soldas rigorosamente consistente

em qualidade e dimensões sejam obtidas, é fundamental que as superfícies

sempre apresentem a mesma rugosidade e nível de limpeza, deve ser salientado,

que o jateamento com areia não é recomendado, pois algumas partículas podem

ficar engastadas na superfície. A interface entre eletrodo e a peça deve apresentar

a menor resistência possível, pois caso contrário, a mesma aquecerá numa taxa

quase tão grande quanto naquela das peças.

As chapas com recobrimento metálicos- entre as diversas soluções

possíveis para proteção contra corrosão e outros tipos de desgaste o recobrimento

das superfícies é cada vez mais utilizado. Com a utilização do zinco corrente será

mais intensa no processo de soldagem.

Aços carbono e baixa liga- soldas envolvendo aços baixo carbono não

apresentam dificuldades de produção.

Aços inoxidáveis- possuem a seguinte particularidade, as quais devem ser

consideradas no planejamento da soldagem.

Page 21: Tcc Concluido Revisado Soldagem

21

A condutividade térmica e elétrica- a pequena condutividade elétrica

provoca uma alta taxa de geração de energia, sendo as soldas realizadas mais

rápidas.

Alterações microestruturas- deve ser cuidadosamente equilibrada a

necessidade de alcançar alta temperatura e manter durante algum tempo para

realizar a solda.

O acabamento das superfícies e resistência- os aços inoxidáveis requerem

especial precaução com relação á camada de óxido de cromo, aliada a sua

relativamente alta resistência mecânica, faz com que seja necessário aplicar uma

maior força no eletrodo.

A expansão térmica e temperatura de fusão- os inoxidáveis autênticos

fundem entre 1350 °C e 1450 °C.

O alumínio e suas ligas- apresentam uma maior dificuldade para serem

unidas por resistência elétrica.

A condutividade térmica e elétrica- como consequência desses dois

coeficientes físicos serem muito maiores do que dos aços, é necessária uma mais

elevada densidade de corrente.

A resistência mecânica e estado plástico- o alumínio e suas ligas

apresentam baixa resistência mecânica em altas temperaturas. Como

consequência, o método por projeção não é geralmente empregado nesse

material.

Camada superficial de óxido- quando expostas a atmosfera estas ligas

desenvolvem uma tenaz camada de óxido a qual possui resistência elétrica

variável, a superfície deve ser limpa com decapantes químicos e a solda realizada

logo após.

A temperatura de fusão e contração na solidificação- a grande contração

que ocorre na solidificação dessas ligas pode provocar porosidade e trinca na

solda.

O cobre e suas ligas- a maior aplicação desse processo se encontra nas

ligas com relativamente baixa condutividade elétrica, espessuras de até 1,5mm.

De uma forma geral, o cobre e suas ligas são materiais difíceis de serem soldados

Page 22: Tcc Concluido Revisado Soldagem

22

por resistência elétrica, pois o intervalo de temperatura que as ligas de cobre

exibem no estado plástico é bastante reduzido.

As ligas a base de níquel- são aquelas que sofrem tratamento térmico de

envelhecimento, como o Monel K-500, também são suscetíveis a trincas, quando

submetidos à tensão de tração numa temperatura em torno de 600°C.

Materiais dissimilares- devem ser gerada mais energia no lado do material

que possuir maiores condutividade térmica e elétrica, ou em materiais com esses

coeficientes físicos similares. Sendo apreciável a diferença de condutividade, duas

ou mais dessas técnicas devem ser utilizadas em conjunto.

Materiais para eletrodos- um importantíssimo componente do equipamento

da soldagem por resistência elétrica é aquela que mantém contato com peças, ou

seja, o eletrodo. As classes 1 a 3 do Grupo A são disponíveis trabalhadas a frio,

em varas redondas, ou em barras com seções quadradas, retangulares e

hexagonais, além de forjadas e fundidas. As Classes 10 a 14 do Grupo B podem

ser fornecidas em varas e barras.

Ligas de cobre:

Classe1- composição química nominal de 1% cádmio e restante cobre, não

tratável termicamente. Apresenta alta condutividade elétrica e térmica, sendo

recomendada para soldar por ponto e costura aços baixo carbono revestido com

estanho.

Classe2- composição química de 0,8% cromo e o restante cobre. Apresenta

menor condutividade elétrica e térmica do que a Classe 1.

Classe 3- composição química nominal de 0,5% berílio, 1,0% níquel, 1,0% cobalto

e o restante cobre. Esse material que possui alta resistência ao desgaste,

apresenta também alta resistência elétrica.

Metais Refratários- esses materiais são produzidos por metalurgia do pó,

pois os mesmos apresentam alta resistência à deformação. As Classes 10 a 12

são principalmente empregadas na soldagem por projeção e em incertos.

Classe 10- composto cobre-tungstenio, com alto ponto de fusão.

Classe 11- composto por 58% de tungstênio em volume do cobre.

Classe 12- composto cobre-tungstenio.

Page 23: Tcc Concluido Revisado Soldagem

23

Classe 13- Tungstênio puro.

Classe 14- molibdênio puro.

Uma máquina para soldagem por resistência elétrica possui vários

componentes, sendo que será mais facilmente entendido seu funcionamento.

Os circuitos elétricos dos equipamentos de soldagem basicamente

consistem em um transformador, contator e circuito secundário, incluindo os

braços de eletrodos. A solda pode ser realizada através da corrente tipo CA, com

transformadores mono ou trifásicos, operando em frequência igual ou diferente

daquela da rede, em CC de polaridade contínua, pulsada com polaridade

alternada, ou ainda com picos de corrente.

O ciclo de trabalho está diretamente ligado com a vida útil do equipamento,

geralmente o fabricante indica a potência máxima de trabalho do equipamento,

para o ciclo de 50%.

A impedância da corrente com uma mínima demanda de potência depende

de uma pequena impedância do circuito.

A maioria das máquinas de soldagem por resistência elétrica é do tipo

energia direta, ou seja, empregam alta corrente e baixa tensão transformada da

corrente alternada e tensão da rede. A escolha de um transformador mono ou

trifásico depende do custo do projeto.

Equipamento monofásico- os transformadores mono são populares, devido

ao menor custo e reduzida manutenção. As desvantagens desse tipo de fonte

residem no seu baixo fator de potência e alta demanda de carga elétrica.

Comparando uma mesma aplicação entre CA e CC, essa última apresentará muito

menor demanda de potência.

Equipamentos trifásicos- os transformadores trifásicos tem um conversor de

frequência que possui três espiras no primário cada uma conectada a uma fase.

Essas máquinas tanto podem ser estacionárias quanto portáteis, o

movimento dos eletrodos é realizado através da alavanca, o motor ou cilindro

hidráulico, com a dimensão influência substancialmente a corrente disponível para

soldagem.

Page 24: Tcc Concluido Revisado Soldagem

24

A máquina ainda pode ser do tipo prensa mais utilizada para solda por

projeção, por sua vez os contatores são os elementos responsáveis pela

interrupção e abertura da corrente para o transformador. O contator magnético

utiliza um eletromagneto para interromper a corrente, podendo a conexão também

ser de um ou dois polos, ou ainda, abrindo o circuito quando a CA se aproxima da

inversão.

O tempo de aplicação da corrente nesse processo é geralmente medido em

relação aos ciclos da onda, portanto é mantida constante a energia fornecida por

cada ciclo. Não ocorrendo esse sincronismo, a corrente deixa de fluir em qualquer

ponto sobre a sua forma de onda. Isso acarreta variação na energia de soldagem

e resulta na produção de soldas com dimensões variáveis.

A soldagem por resistência elétrica por ponto apresenta diversas vantagens

sobre outros meios mecânicos de união, em menor tempo, é necessária a

sobreposição das peças para realizar os pontos. O investimento no equipamento,

geralmente mais alto do que naquelas para soldagem ao arco elétrico com

eletrodo revestido.

Grande parte dos desgastes dos eletrodos é devido à alta temperatura de

trabalho e tempo de permanência na mesma, sendo que a vida útil dos eletrodos

depende, principalmente, das corretas especificações de material e geometria

para uma dada aplicação.

Um conceito básico, o qual deve sempre estar presente, é que o aumento não

controlado da área de contato do eletrodo com a peça diminui a densidade da

corrente e a pressão aplicada. Deve ser lembrado que o furo para refrigeração não

deve afetar a resistência do eletrodo.

A corrente direta é aplicada sobre a peça por eletrodos diretamente

opostos, a corrente indireta as peças ficam afastadas do local exato da solda.

Na soldagem em série a corrente circula através da peça, nessa conexão

as resistência envolvida nos diferentes pontos devem ser muito próximos. A

soldagem em paralelo geralmente os eletrodos estão diretamente opostos e cada

par utiliza parte da corrente do circuito.

Page 25: Tcc Concluido Revisado Soldagem

25

A soldagem por projeção é o método utilizado numa grande variedade de

peças, geralmente com geometria mais complexas do que podem ser soldados

por ponto. A soldagem por projeção é muito similar a por ponto, principalmente a

fonte de potência e demais dispositivos de controle, sendo que a intensidade da

corrente utiliza é geralmente menor.

As soldas por projeção apresentam menos intensas marcas superficiais do

que aquelas por ponto além de serem posicionadas com maior precisão e

realizadas com menor corrente.

A soldagem por costura é o método dos eletrodos em forma de discos que

transmitem corrente e pressionam as peças. Apesar de ser possível produzir

soldas continuas pelo método por ponto, a operação é muito menos prática.

Também podem ser realizadas soldas por vários pares desses eletrodos operando

lado a lado, ou com dois discos eletricamente conectados em série. Outro

emprego deste método é para a produção de pontos espaçados na junta.

Para resfriamento é adotado para soldas submersas, ou um jato diretamente para

junta da solda. A solda pode ser realizada com discos em movimentos contínuo

ou intermitente.

O ciclo da soldagem por costura é geralmente determinada pela razão entre

os períodos em que circula e de resfriamento, conforme aumenta a velocidade de

soldagem, também deve ser elevada a razão entre os períodos de aquecimento e

resfriamento, para que a sobreposição e a penetração dos pontos se mantenham

aproximadamente constantes.

2.3 Capacitores

Dois condutores quaisquer, separados por um isolante, formam um

capacitor. Na maioria dos casos de interesse prático, os condutores possuem

cargas de iguais valores e sinais opostos, de modo que, a carga resultante no

capacitor como um todo, é nula. O campo elétrico na região entre os condutores é

proporcional a esta carga; a diferença de potencial, vab, entre os condutores

também é proporcional á carga Q.

Page 26: Tcc Concluido Revisado Soldagem

26

Michael Faraday (22 de setembro de 1791á 25 de agosto de 1867) foi

um físico e químico inglês, sendo considerado um dos cientistas mais influentes

de todos os tempos. Suas contribuições mais importantes e seus trabalhos mais

conhecidos foram-nos intimamente conectados fenômenos da

eletricidade, eletroquímica e do magnetismo, e diversas outras contribuições muito

importantes na física e na química. Em homenagem a Michael Faraday

representa-se a simbologia do capacitor como na figura 4.

Fig.4 Capacitor

Tipos de capacitores:

Cerâmica

Papel

Plástico

Mica

Vidro

Eletrolítico

O capacitor de cerâmica consiste de um tubo ou disco de cerâmica de

constante dielétrica na faixa de 10 a 10.000. Uma fina camada de prata é aplicada

a cada lado do dielétrico. Este tipo de capacitor é caracterizado por baixas perdas,

pequeno tamanho e uma conhecida característica de variação de capacitância

com a temperatura.

O capacitor de papel consiste de folhas de alumínio e

papel Kraft (normalmente impregnado com graxa ou resina) enroladas e moldadas

formando uma peça compacta.

Page 27: Tcc Concluido Revisado Soldagem

27

O capacitor de filme plástico é bastante similar ao capacitor de papel, na

sua forma construtiva. Dielétricos de filme plástico, com poliéster ou polietileno,

separam folhas metálicas usadas como placas. O capacitor é enrolado e

encapsulado em plástico ou metal.

O capacitor de mica consiste de um conjunto de placas dielétricas de mica

alternadas por folhas metálicas condutoras. O conjunto é então encapsulado em

um molde de resina fenólica.

O capacitor de vidro é caracterizado por camadas alternadas de folhas de

alumínio e tiras de vidros, agrupadas até que seja obtida a estrutura do capacitor

desejado. A construção é então fundida em um bloco monolítico com a mesma

composição do vidro usado como dielétrico.

O capacitor eletrolítico consiste de duas placas separadas por um eletrólito

e um dielétrico. As correntes de fuga são geralmente maiores do que aos demais

tipos de capacitores.

Por definição, a intensidade do campo elétrico em um ponto é a força a que

está submetida uma carga unitária positiva neste ponto, ou seja, como descrita na

equação apresentada no Boylestad (8ª Ed.), a relação em uma força exercida na

carga pode então ser mensurada:

E=F/Q (newtons/coulomb)

Estudado neste trabalho os capacitores com diferentes tensões aplicadas

entre as placas adiquirirem cargas diferentes, cargas maiores para os que

possuem maior capacitancia e vice-versa.Nas bordas das placas do capacitor, as

linhas de campo apresentam uma deformação para fora, um fenomeno conhecido

como efeito de borda. Este efeito, reduz a capacitância.

Se a diferença de pontencial de volts (V) é aplicada entre as duas placas

separadas por uma distância (d), a intensidade do campo elétrico (E) na região é

demonstrada atravez da relação:

E=V/d (volts/metro, V/m)

Page 28: Tcc Concluido Revisado Soldagem

28

Quando estudado que o material de isolação, os elétrons não conseguem

deixar seus átomos migrar para a placa positiva. Os prótons e elétrons de cada

átomo se readequa, formando dipólos. Quanto maior for a área dos dipólos maior

é a capacidade de carga que o capacitor armazenar.

Podemos dizer que os dipólos são chamados de dielétrico, portanto é

criado um campo elétrico com sentido oposto ao do campo elétrico criado pelas

cargas das placas. Se a diferença de pontencial entre as placas for mantida

constante e a distância entre elas não mudar, o campo elétrico total, que é

determinado pela equação de campo elétrico, deverá permanecer inalterado.

Como descrita na figura 5 apresentada no Boylestad (8ª Ed )

Fig.5 - Dipólos de um Capacitor

Se colocarmos diferentes materiais entre as placas do mesmo capacitor,

diferentes quantidades de carga serão depositadas nas placas.

A razão entre a densidade de fluxo e a intensidade de campo elétrico no

dielétrico é chamado de permissividade do dielétrico. Como descrita na equação

apresentada no Boylestad (8ª Ed.), a relação em uma força exercida na carga

pode então ser mensurada:

€=D/E (farads/metro. F/m)

Page 29: Tcc Concluido Revisado Soldagem

29

A permissividade é uma medida da facilidade com que o dielétrico permite o

estabelecimento de linhas de campo no seu interior. Quanto maior o valor da

permissividade, maior a quantidade de carga depositada nas placas e maior a

densidade de fluxo para área constante.

Ao estudarmos a associação dos capacitores em parelelo para obtenção de

maior carga para efetuar a solda da chapa com a barra. A ligação em paralelo de

capacitores aumenta a capacitância total porque aumenta a área de placas

recebendo cargas, como descrita e apresentada na figura 6 pelos professores

Fernando Luiz Rosa e Marco Valério Miorim.

Fig.6 - Ligação de capacitores em paralelo

Page 30: Tcc Concluido Revisado Soldagem

30

3 Metodologia:

Inicialmente foi estudado o desenvolvimento de um processo de soldagem

por descarga capacitiva, onde através de um banco de capacitores, havia o

acúmulo de energia que possibilitava, durante o fluxo de corrente da descarga dos

capacitores, fundir os metais em contato.

Foram realizados testes iniciais com esse processo desenvolvido, onde

esses testes mostraram alta eficiência para ligação entre peças de pequenas

espessuras, porém apresentaram baixa qualidade em soldagem de metais com

maior espessura.

Testes nos materiais das amostras geraram apenas soldas superficiais e de

baixa resistência mecânica. Apesar do grande fluxo de corrente, a descarga

capacitiva se mostrou inviável devido ao pequeno tempo de passagem da

corrente.

O estudo foi alterado para a adaptação de uma máquina de solda ponto

manual de baixa potência

Para coleta de dados para o estudo foram realizados testes em laboratório

das Faculdades Integradas Torricelli.

3.1-Estudo da aplicação de capacitores na realização da solda ponto

A primeira opção a ser utilizada foi a confecção do protótipo de uma

máquina de solda alimentada com um banco de capacitores eletrolíticos

visualizado na figura 7.

Page 31: Tcc Concluido Revisado Soldagem

31

Fig. 7 – Layout do protótipo da máquina de solda por descarga capacitiva

Diferente da máquina de solda ponto, esse processo utiliza a solda com

descarga em corrente contínua, para realizar a alimentação do protótipo optou-se

por uma ponte retificadora.

A soldagem é realizada durante o arco de descarga do banco de

capacitores, onde a descarga trate-se do curto circuito, realizado pelo contato dos

bicos com os metais a serem soldados, como acontece em máquinas de solda

ponto.

Page 32: Tcc Concluido Revisado Soldagem

32

Fig. 8 - Protótipo da máquina de solda por descarga capacitiva

O circuito conta com uma alimentação do primário realizada por fonte AC

variável, sendo empregados valores entre 0 V a 220 V

Para a alimentação do banco de capacitores foi necessário o emprego de

uma ponte retificadora para a devida alimentação DC. Foi utilizada a ponte KBPC

5010, que possibilitou atingir tensões DC entre 0 V a 200 V.

Foi confeccionado ainda, compondo o circuito de alimentação, um circuito

resistivo com o intuito de limitar a corrente de carga DC do banco de capacitores e

Page 33: Tcc Concluido Revisado Soldagem

33

também uma chave que possibilita a interrupção do circuito e impede que a

correte reversa gerada durante a descarga dos capacitores danifique algum

componente ou reflita sobre a fonte de alimentação. Tal sistema se fez necessário,

pois o equipamento de variação de tensão AC possuía limitação de corrente

estimada de 2A.

Fig. 9 - Circuito resistivo para limitação de corrente

Foram utilizados capacitores de diferentes características e fabricantes,

sendo que o primeiro objetivo dos testes constava do dimensionamento correto o

banco de capacitores.

O primeiro protótipo contava com dois eletrodos não consumíveis de cobre,

fixados em uma estrutura de metal como demonstrado na figura 8, onde o eletrodo

superior é acionado por um pistão pneumático e inferior é fixo servindo com base

de apoio para a peça portante. Para auxiliar no apoio da peça portante e do fio de

ligação, foi confeccionado um cavalete de madeira, figura 10, que auxiliava no

correto posicionamento das amostras a serem soldadas.

Page 34: Tcc Concluido Revisado Soldagem

34

Fig.10 - Cavalete de madeira

Foram realizados vários testes de caráter experimental, associados

capacitores que somavam entre 10000 μF até 40000 μF.

A ligação entre capacitores e eletrodos foi feita por cabos solda premer

Ø25 mm² capilar, próprios para serem utilizados em máquinas de solda.

As perdas geradas pelas conexões foram consideradas desprezíveis sendo

medidas resistências na ordem de 0,05 Ω/m.

Os testes foram realizados com diferentes posicionamentos dos

capacitores, sendo a acoplagem mecânica um grande problema, pois as grandes

dimensões dos equipamentos e componentes vão de encontro com a necessidade

de concentração de energia em uma pequena área e da corrente de descarga

percorrer uma distância o mais curta possível.

A figura 11 mostra a principal associação mecânica de capacitores, sendo

eles posicionados eletricamente em paralelo.

Page 35: Tcc Concluido Revisado Soldagem

35

Fig. 11 – Associação de capacitores

A tabela 1 apresenta a analise dos testes iniciais e finais:

Page 36: Tcc Concluido Revisado Soldagem

36

Total de capacitância

de capacitores na

ligação

Tensão de carga

CC dos capacitores

Efeito observado

Testes iniciais

10000 μF

0,5 V Nenhum

2,8 V Nenhum

5,2 V Nenhum

9,9 V Nenhum

25 V Faíscas

28 V Faíscas

35 V Faíscas

40 V União superficial

48 V Faíscas, fusão

superficial.

56 V União superficial

63 V Faíscas

Testes finais

28200 μF

156 V Soldagem inicial

com chanfro

176 V Maior resistência

da solda com

chanfro

29000 μF

192 V Sem muita

resistência de

soldagem

150 V Solda no bico,

pequeno desgaste

da parte inferior

da barra

Tabela 1 – Testes de soldagem por descarga capacitiva

Page 37: Tcc Concluido Revisado Soldagem

37

Os testes não apresentaram os resultados esperados com o material das

amostras, foram realizados testes com outras ligas de dimensões reduzidas, com

menor espessura, sendo utilizadas chapas de aço que foram dobradas para se

adaptarem a altura suporte, apresentando uma espessura de aproximadamente

1mm, como mostrado na figura 12.

Fig 12 – Chapa de aço dobrada para testes.

Realizado testes de solda com um banco de capacitores que somavam 29

mil μF na chapa de aproximadamente 2 mm de espessura, porém, usando

variados níveis de tensão, que chegaram a 200V CA, não houve solda.

Como observado na figura 13 houve a marcação no material, mas apenas

fusão superficial.

Page 38: Tcc Concluido Revisado Soldagem

38

Fig. 13 – Parte superior da chapa de aço após teste.

Como mostra a figura 14 da mesma peça, durante os testes houve também

desgaste da peça na parte inferior, gerado pelo acúmulo de corrente no contato

com o eletrodo inferior.

Fig. 14 - Parte inferior da chapa de aço após teste.

Page 39: Tcc Concluido Revisado Soldagem

39

A figura 15 mostra como teste citado danificou o eletrodo inferior, desgaste

não previsto para uso tradicional.

Fig. 15 - Eletrodo inferior desgastado após teste

Os testes finais realizados com as amostras, sendo elas barras portantes

de 25 mmX 2 mm e fios de ligação, contavam com um banco de capacitor com um

total de capacitância de 40.000 μF e uma diferença de potencial de 200 VCC,

porém tais testes não atingiram os resultados esperados, ocorrendo, como

observado em somas menores de associação de capacitores, apenas a fusão

superficial.

Além da baixa qualidade do ponto de solda que apresentou pouca

resistência mecânica, o impacto da descarga causava desgaste excessivo nos

eletrodos, sendo observada também, a fusão entre as peças e os eletrodos,

causados tipicamente pelo baixo fluxo de corrente.

A soldagem por descarga capacitiva se mostra viável e com qualidade

comercial em metais de pequenas espessuras, porém, para o objetivo desse

trabalho, devido à necessidade de um banco de capacitor maior, maiores riscos e

Page 40: Tcc Concluido Revisado Soldagem

40

outros fatores como limitações nas ligações mecânicas do circuito, foi

inviabilizado.

Page 41: Tcc Concluido Revisado Soldagem

41

4 Estudo de caso

O presente estudo teve como objetivo o desenvolvimento de um protótipo de

máquina de solda por resistência elétrica capaz de realizar solda de ligas

metálicas em uma linha de produção de gradil de proteção com a mesma

qualidade do processo já existente. O processo de produção usado na confecção

atual e que serve como base de análise é a soldagem Metal Inert Gas (MIG),

porém ambos os processos, analisado e o desenvolvido nesse estudo, tratam-se

de processos por fusão, onde há a formação do que se denomina poça de fusão,

que ocorre a cada deslocamento da fonte de energia e possui como fronteira a

isoterma dada pela temperatura de solidificação do metal envolvido. Nos casos

citados a energia disponível é principalmente devida aos parâmetros de soldagem,

corrente tensão e velocidade dada pela equação abaixo descrita como fórmula

geral no livro de Ivan:

Onde:

U=tensão de soldagem

I= corrente de soldagem

V= velocidade de soldagem.

O processo atual adotado utiliza barras portantes com chanfros onde são

fixados os fios de ligação. A soldagem MIG acrescenta eletrodo consumível em

fusão para a formação do ponto solda. Como é característica, devido ao grande

número de variáveis, como qualidade dos eletrodos, variação da fonte de

alimentação, preparação do material a ser soldado com anti-respingo adequado,

velocidade de alimentação do eletrodo, ajuste da corrente elétrica adequada

definida pela espessura do material a ser soldado e alguns outros fatores

externos, o processo de soldagem por MIG, gera respingos em quantidade maior

ou menor que resultam da associação de tais variáveis.

Page 42: Tcc Concluido Revisado Soldagem

42

Tais respingos que se acumulam sobre o produto, devem ser retirados para

a preparação do material contra oxidação, pois são pontos onde as intemperanças

ambientais vão afetar com maior facilidade, diminuindo a durabilidade do produto.

A figura 16 mostra o posicionamento das barras portantes já com chanfros,

para que sejam colocados os fios de ligação e então sejam soldados.

Fig. 16 – Barras portantes com chanfro

Além do material adicionado, o processo por solda MIG exige a etapa de

estampagem e uma etapa para retiro dos respingos. A retirada dos respingos gera

um atraso considerável na produção, pois tal processo é realizado manualmente já

que o uso de esmerilhadeiras manuais, além de difícil manuseio em pequenas

áreas, o uso desse equipamento pode danificar o produto final.

Page 43: Tcc Concluido Revisado Soldagem

43

4.1 Estudo da aplicação de máquina solda ponto para realização da

soldagem

Devido não ter atingido os objetivos com a descarga capacitiva, optou-se

pelo uso de uma máquina de solda ponto manual tradicional mostrada na figura

17.

Fig. 17 - Máquina de solda ponto

A máquina possui uma potência média de 1,5K VA, sendo a mesma 220 V,

foi utilizada para realizar testes iniciais com o objetivo soldar as amostras

utilizadas na produção do gradil de proteção. Os testes foram feitos com materiais

sem chanfro, com o objetivo de recravar a barra na chapa apenas através da

fusão.

Os primeiros testes de soldagem atingiram o objetivo de fusão do material,

produzindo um ponto sem o cravamento total do fio de ligação na barra portante

sem chanfro. Nos testes iniciais não houve adição de pressão para a realização da

Page 44: Tcc Concluido Revisado Soldagem

44

soldagem. Como observado na figura 18, foi obtida uma solda de qualidade com

resistência mecânica:

Fig 18- Peça resultado da solda sem chanfro e sem adição de pressão

A peça analisada apresentou a parte inferior danificada, devido à pequena

área de contato do eletrodo inferior, que gerou maior acúmulo de corrente

produzindo maior aquecimento no contato com o material.

Após os testes com a máquina comercial, mostrou-se necessário adaptações

para a obtenção da qualidade do ponto de solda desejado, sendo os pontos de

melhorias observados:

Adição de pressão para o correto cravamento do fio de ligação na barra

portante, deixando o fio paralelo a parte superior da barra portante.

Adaptação do bico inferior para melhor distribuição de fluxo decorrente com

a intenção de eliminar o dano causado na parte inferior de contato da barra

portante.

Page 45: Tcc Concluido Revisado Soldagem

45

Mensuração correta do tempo de descarga para evitar o acúmulo de

tensões na barra portante e no fio de ligação, gerados pelas altas

temperaturas e pressão sobre os materiais.

É necessário que as peças a serem soldadas não estejam oxidadas, pois

não havendo contato elétrico para a passagem de corrente, não há solda.

4.1 Adaptações e melhorias

Como mencionado, se fez necessário à adaptação mecânica e ajustes

elétricos para a obtenção do ponto de solda com os parâmetros observados no

produto final, que são o fio de ligação soldado em paralelo com a barra portante e

sem resíduos para evitar pontos expostos que geram maior índice de corrosão.

Sendo o objetivo mecânico obter pontos de ligação com resistência física a 100

Kg.

4.1.1 Adição de pressão

Durante a fase de transição física sólido/líquido dos materiais, chamado

estado plástico, que possibilita a fusão, foi necessária a adição de pressão sobre

as peças para a correta acomodação dos corpos. A pressão nesse durante a

passagem de corrente e durante o resfriamento da peça é de vital importância

para que haja o cravamento completo do fio de ligação na barra portante. Para tal

adição foi utilizado o pistão pneumático SIVIC C95SDB40/40, com máxima

pressão estipulada de 1 MPa. Para a alimentação do pistão é necessária a

utilização de um compressor de ar.

Para a correta fixação do pistão foi efetuada uma adaptação mecânica no

chassi da máquina original, onde apenas o eletrodo superior é móvel, sendo essa

ação realizada pelo pistão pneumático. As modificações para a adaptação podem

ser observadas na figura 19.

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46

Fig. 19 – Chassi da maquina com adaptação de pistão pneumático

4.1.2 Ajuste mecânico e elétrico dos eletrodos

Foi observada durante testes iniciais, como a forma física dos eletrodos

influencia na passagem de corrente pela peça, efeito que pode ser mensurado

pela lei de joule, onde a área de contato entre as peças e os eletrodos esta

inversamente relacionada com a temperatura. Devido esse fato foram produzidos

eletrodos para possibilitar maior qualidade de ponto de solda e menor dano final

no material.

O eletrodo inferior que serve como contato base das peças possui um

diâmetro de Ø18 mm² que possibilita maior passagem de corrente e diminui o

dano causado por aquecimento na parte inferior da peça.

O eletrodo superior possui um diâmetro de Ø8 mm² e gera um ponto de

menor contato físico aumentando o fluxo de corrente na peça em contato e sendo

Page 47: Tcc Concluido Revisado Soldagem

47

assim maior temperatura. A figura 20 mostra o aspecto físico da adaptação dos

eletrodos.

Fig. 20 – Eletrodos adequados para aplicação da solda do gradil

Para a ligação entre o secundário da máquina de solda e os eletrodos se

fizeram necessários contatos que possibilitem a menor perda joule possível

causada pela grande fluxo de corrente. No eletrodo inferior foi mantido um contato

rígido semelhante ao original, sendo o diâmetro de Ø20 mm².

No eletrodo superior que foi fixado com o pistão foram usadas seis

cordoalhas de cobre de 20 mm de largura para garantir a mobilidade, pois o

eletrodo se movimenta verticalmente em relação as peças.

A figura 21 mostra a disposição dos conectores em relação aos bicos.

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48

Fig. 21 – Disposição dos conectores entre o secundário da máquina e eletrodos.

4.1.3 Circuito controlador

Como definido, a solda por resistência elétrica depende de corrente,

pressão e principalmente a associação desses fatores ao tempo. Foi associado

um circuito de controle de tempo do acionamento dos pistões e da corrente para

que se pudesse ter um controle adequado do processo.

A figura 22 mostra a linha de comandos e ligações.

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49

Fig. 22 – Circuito dos comandos

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50

Sendo o funcionamento do comando:

F1→ DISJUNTOR DE 6 A ALIMENTA O COMANDO PRINCIPAL.

F2 → DISJUNTOR DE 16 A ALIMENTA O COMANDO DE POTÊNCIA.

BO → ACIONAMENTO DE EMERGÊNCIA, CORTA A ALIMENTAÇÃO DO

COMANDO PRINCIPAL.

B1 → BOTÃO DE PULSO ACIONA INÍCIO DE CICLO.

K1 → CONTATOR AUXILIAR, FUNÇÃO DO CICLO ATRAVES DOS CONTATOS

N⁄A ACIONADOS PERMITE ENERGIZAR V1.

V1 → VÁLVULA ELETROPNEUMÁTICA, ATUA O PISTÃO PARA PRECIONAR O

BICO DE SOLDAGEM.

T1 → TEMPO GERAL DO CICLO, APÓS 10 SEGUNDOS INTERROMPE O

CICLO VOLTANDO A POSIÇÃO INICIAL.

T2 → TEMPO RETARDADO APÓS 0,5 SEGUNDOS ACIONA T3 E K2.

T3 → TEMPO DE SOLDAGEM DA PEÇA 5SEGUNDOS.

K2 → CONTATOR DE POTÊNCIA, LIGA O TRANSFORMADOR (MÁQUINA DE

SOLDA) E SAI APÓS A CONTAGEM DE T1.

A foto (figura 23) abaixo mostra a disposição dos componentes dentro do

painel.

Fig 23 – Visão interna do painel de controle

Page 51: Tcc Concluido Revisado Soldagem

51

4.2 Funcionamento e testes

O protótipo final da máquina de solda ponto tem um controle tanto de tempo

de descarga quanto de quantidade de pressão, o que possibilita uma adequação

do sistema para aplicação com diferentes materiais além das amostras utilizadas.

Ao variar-se o tempo de acionamento do circuito, permite-se maior fluxo de

corrente. O maior fluxo de corrente aumenta o efeito joule entre as peças a serem

soldadas fazendo com que ocorra a correta fundição delas sem que haja aquisição

de material ou produção de respingos que são comuns em soldagem com

eletrodos consumíveis.

A figura 24 mostra a máquina montada sobre a mesa junto ao painel

controlador.

Fig 24 – Máquina de solda e painel de controle

O funcionamento da máquina com o controle de tempo apresenta divisão

de etapas como à descrita na figura 2 do ciclo de soldagem de chapas em um

processo de produção de automóveis no manual da VOLKSWAGEN.

Sendo assim as etapas do processo ficaram divididas em:

1. Posicionamento das peças

2. Decida dos pistões pressionando as peças

3. Acionamento de corrente

Page 52: Tcc Concluido Revisado Soldagem

52

4. Fim da circulação de corrente

5. Fim da pressão sobre as peças

6. Subida dos pistões para retirada da peça

Sendo por segurança mantido um intervalo constante de entre o tempo em que

as peças são mantidas pressionadas de 10 segundos, correspondentes ao

intervalo entre os tempos 2 ao 5.

O controle de pressão é efetuado por um regulador de pressão que possibilita

variação entre 1 Bar e 7 Bar.

Foram efetuados testes com variação de pressão e tempo de descarga para se

descobrir a combinação ideal que possibilite a solda com maior resistência e

qualidade.

Primeiros testes nos mostraram que o tempo de e a pressão com melhor

aparência e qualidade de soldagem, onde o fio de ligação ficava em paralelo com

a barra portante ocorre com um tempo de descarga de 5 segundos e uma pressão

de 5 Bar.

Foi selecionado um ponto de solda com a melhor qualidade estética para se

verificar sua resistência mecânica. A peça que foi gerada com tempo de descarga

de 5 segundos em uma pressão de 5 Bar mantidas durante um intervalo de 10

segundos foi submetida a testes de tração onde foram adicionados pesos que

somaram um valor de 96 quilos. O ponto de solda não apresentou qualquer sinal

de fadiga, porém a barra portante começou a apresenta distorções devido ao

acumulo de tensões geradas pelo peso excessivo. A figura 25 e 26 mostra a peça

sendo submetida ao teste de tração onde foram fixados os pesos.

Page 53: Tcc Concluido Revisado Soldagem

53

Fig. 25 – Acoplagem dos pesos para maior tensão no ponto de solda.

Fig. 26 - Adição de peso com maior impacto sobre o ponto de solda

Page 54: Tcc Concluido Revisado Soldagem

54

Como descrito à parte da peça a sofrer desgaste devido ao acúmulo de

tensões foi a barra portante e não o ponto de solda. Essa característica é

observada também em soldas com adição de material como a MIG que garante

pontos com resistência a tração de até 100 quilos. Outro fator de qualidade é a

garantia de que o ponto a sofrer distorções devido ao acúmulo de tensões não

será o ponto de solda e sim as regiões próximas à peça.

A figura 27 mostra como o acúmulo de tensões ocasionado pela tração

estafou a barra portante, gerando a deformação sem ocasionar a ruptura do ponto

de solda.

Fig. 27 – Ponto de solda e tensão ocasionada pelo teste de tração.

Como citado, com uma pressão exercida de 5 Bar durante o tempo de 10

segundos onde está incluso o tempo de acionamento de corrente de 5 segundos,

foi observada a qualidade desejada do ponto de solda, resistindo ao teste de

tensão sem sofrer dano.

Com a intenção de analisar dados com amostras físicas, foram realizados

testes com variação de pressão e tempo de acionamento de corrente. Tais testes

possibilitaram uma melhor visualização de como esses fatores influenciam na

qualidade do ponto de solda.

Page 55: Tcc Concluido Revisado Soldagem

55

A tabela 2 mostra testes realizados com variação de pressão e mantido

tempo de acionamento de corrente de 2,5 segundos. A leitura de temperatura foi

efetuada termômetro digital com limite de 300° Célsius, sendo que o termômetro

só possibilitou uma leitura superficial, podendo não referenciar de fato a

temperatura de soldagem dos materiais.

A característica mecânica esta relacionada à quantidade de penetração do

fio de ligação na barra portante, sendo que 0 (zero) mm significa que as duas

peças estão paralelas, valores positivos indicam o quanto acima o fio de ligação

se encontra da parte superior da barra portante e valores negativos representam

o quanto o fio de ligação passou da parte superior da barra portante.

Pressão Tempo de

descarga

Característica

mecânica

Temperatura Corrente no

primário

1 Bar 2,5 segundos 4,3 mm 180°C 9,7 A

2 Bar 2,5 segundos 4,3 mm 181°C 9,5 A

3 Bar 2,5 segundos 3,8 mm 118°C 10 A

4 Bar 2,5 segundos 3,6 mm 136ºC 10 A

5 Bar 2,5 segundos 3,3 mm 114°C 10 A

6 Bar 2,5 segundos 3,5 mm 155°C 11,1 A

Tabela 2 – Análise de variação de pressão

A tabela 3 mostra a analise de variação de tempo de acionamento de

corrente mantida uma pressão constante de 5 Bar.

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56

Pressão Tempo de

descarga

Característica

mecânica

Temperatura Corrente no

primário

5 Bar 1 segundo 4,2 mm 50°C 3 A

5 Bar 2 segundos 3,6 mm 84°C 7 A

5 Bar 3 segundos 2,8 mm * 113°C 10 A

5 Bar 4 segundos 2,7 mm 156ºC 9 A

5 Bar 5 segundos 2,2 mm 137°C 10 A

5 Bar 6 segundos 1,9 mm 151°C 9 A

Tabela 3 – Análise da variação de tempo de descarga de corrente.

Os testes analisados nas tabelas 2 e 3 foram realizados com a máquina de

solda na posição 1 (um) de funcionamento, sendo que nesta posição a potência

máxima observada foi de 2442 VA. As tabelas 4, 5 e 6 a seguir apresentam

analises feitas com a máquina de solda na posição 2 (dois) de funcionamento.

A tabela 4 apresenta os testes com variação de pressão e tempo de

descarga constante na posição 2:

Pressão Tempo de

descarga

Característica

mecânica

Temperatura Corrente no

primário

1 Bar 2,5 segundos 3,4 mm 105°C 11 A

2 Bar 2,5 segundos 3 mm 100°C

10 A

3 Bar 2,5 segundos 2,3 mm 139°C 11 A

4 Bar 2,5 segundos 2,2 mm 175ºC 14 A

5 Bar 2,5 segundos 2,2 mm 159°C 14 A

6 Bar 2,5 segundos 1,4 mm 109°C 12 A

Tabela 4- Análise de variação de pressão na posição dois de funcionamento da

máquina de solda.

Page 57: Tcc Concluido Revisado Soldagem

57

A tabela 5 apresenta a variação do tempo de acionamento da corrente na

posição 2 da máquina mantendo-se uma pressão constante de 5 Bar.

Pressão Tempo de

descarga

Característica

mecânica

Temperatura Corrente no

primário

5 Bar 1 segundo * 49°C 9 A

5 Bar 2 segundos 2,5 mm 127°C 11 A

5 Bar 3 segundos 0 mm 120°C 12 A

5 Bar 4 segundos 0,4 mm 117ºC 13 A

5 Bar 5 segundos -0,3 mm 207°C 14 A

5 Bar 6 segundos 0,4 mm 220°C 16 A

Tabela 5 – Análise da variação do tempo de descarga na posição 2

Com o tempo de descarga superior a 5 segundos na posição 2 foram

observadas distorções tanto na barra portante quanto no fio de ligação, que alem

do estrangulamento das peças também houve maior cravamento do fio de ligação

na barra portante, sendo tal característica considerada um defeito.

Como analisado nos testes iniciais e verificado novamente nos estudos de

variação de pressão e tempo, o resultado desejado é adquirido aplicando-se uma

pressão de 5 Bar e mantendo-se um tempo de descarga de corrente de 5

segundos. A fim de verificar a repetibilidade do processo foram efetuadas mais

analises em duas peças aplicando-se os 5 Bar de pressão e tempo de descarga

de 5 segundos. A tabela 6 apresenta os valores das analises.

Page 58: Tcc Concluido Revisado Soldagem

58

Peça Pressão Tempo de

descarga

Característica

mecânica

Temperatura Corrente no

primário

1

5 Bar 5 segundos 0,7 mm 268°C 16,1 A

5 Bar 5 segundos - 0,1 mm 204°C 16 A

5 Bar 5 segundos 0 mm 183°C 15,4 A

2

5 Bar 5 segundos 0,4 mm 141ºC 16,6 A

5 Bar 5 segundos 0,6 mm 200°C 16,1 A

5 Bar 5 segundos 0,8 mm * 136°C 16,1 A

3 5 Bar 7 segundos -1,9 mm 261°C 17,7 A

Tabela 6 – Análise de repetibilidade

Na tabela 6 podem ser observados os resultados e verificada a capacidade

de repetibilidade do sistema, sendo observada uma potência média de 3531 VA

(potência aparente igual ao produto da tensão de rede pela média dos valores

obtidos nos testes, sendo considerada a tensão da rede uma constante de 220

Volts).

Os testes na posição 2 da máquina de solda apresentaram uma potência

máxima de 3894 VA, sendo medida uma diferença de potencial entre os bicos de

1,7 volts em média, aplicando-se a equação 2 é encontrada uma corrente máxima

no secundário de 2290 A. Sendo que essa potencia mantida durante 7 segundos

acabou gerando maior penetração do fio de ligação na barra portante o que, como

já citado é considerado defeito.

Os valores representados por asterisco (*) representam testes em que

houve inclinação do fio de ligação impossibilitando a leitura. Em um processo de

fabricação com esse sistema esse defeito dificilmente aconteceria devido a

extensão do fio de ligação e ao fato de o mesmo sofrer pressão em outros pontos

simultaneamente, onde o fio será ligado a outras barras portantes.

Page 59: Tcc Concluido Revisado Soldagem

59

5 CONCLUSÕES E PROPOSTAS DE CONTINUIDADE

Este trabalho discutiu sobre a aplicação de um método diferente da solda

MIG que atualmente utilizado como base da produção de gradil de proteção por

uma indústria metalúrgica da região de Guarulhos. O estudo propõe uma

alternativa para obter uma redução de insumos na produção do gradil, tais como:

- aquisição de material para realizar a solda

-necessidade de estampagem

-preparação do produto contra respingos

-retirada dos respingos característicos pelo processo

O trabalho iniciou-se com um estudo experimental de soldagem a partir de

descarga capacitiva, onde a soldagem acontecia ao liberar-se a carga

armazenada em um banco de capacitores. Foram realizados diversos testes para

o dimensionamento de um banco de capacitores capaz de produzir o ponto de

solda com a característica e qualidade obtidas através da soldagem com MIG,

porém foram obtidas apenas soldas superficiais, sendo que o pouco tempo de

descarga mesmo com alto fluxo de corrente não permitia a completa soldagem do

material. A soldagem por descarga capacitiva se mostrou viável para chapas de

ligas metálicas de pequenas espessuras, porém para peças com maiores

espessuras, como as amostras de materiais utilizados na produção de gradil, se

mostrou com baixíssima qualidade e nenhuma resistência mecânica.

Foram realizados testes para verificar se uma máquina de solda ponto

tradicional seria capaz de realizar o ponto de solda. Após analise foram realizadas

melhorias como controle de tempo de acionamento de corrente e ajuste de

pressão durante o período de soldagem possibilitando uma solda com qualidade

igual a produzida pela MIG. Com o controle de tempo e pressão foram ainda

efetuadas analises para se descobrir quais condições eram aceitáveis e quais não

respondiam ao objetivo para a solda nos materiais de amostra.

Como resultado ideal foi concluído, comprovado por testes de

repetibilidade, que a condição corresponde a aplicação de uma potência de 3531

Page 60: Tcc Concluido Revisado Soldagem

60

VA durante 5 segundos sofrendo uma pressão constante durante o processo de

soldagem de 5 Bar.

Como propostas de continuidade seguem alguns pontos a serem tratados

para possibilitar a implantação:

-dispor os bicos paralelamente, de modo que uma máquina faça dois pontos de

solda, eliminando assim problemas como perdas por cabos de conexão muito

extensos e permitir mobilidade do produto a ser soldado.

-controle de parâmetros por CLP que possibilita um ajuste mais fino e adequado

ao tipo de material a ser soldado;

-estudo sobre aplicabilidade em outros produtos com características químicas e

mecânicas diferentes;

-estudo da viabilidade de aplicação em comparação com o processo atual;

Page 61: Tcc Concluido Revisado Soldagem

61

Bibliografia

Soldagem e Técnicas Conexas de Ivan Guerra Machado (1996)

Robert L. Boylestad, livro Introdução á Analise de Circuitos (1997) 8ª edição

Welding handbook, 4º Ed, American welding Society, Miami Fl.

Hiraldo Luiz Osorio Branco - Curitiba – (2004). Avaliação de Capas de Eletrodos

Utilizadas na Soldagem por Resistência de Chapas Galvanizadas

Automotivas.

Volkswagen do Brasil Ltda. Soldagem por Resistência a Ponto. 2000, 25 p.

Apostila de Aplicação de Capacitores do CEFET – RJ -Professores Fernando

Luiz Rosa e Marco Valério Miorim.

Física 3 Eletricidade e Magnetismo, autor Sears, Zermansky e Young 2º edição

Page 62: Tcc Concluido Revisado Soldagem

62

Anexos: Tabela de componentes do painel controlador, estimativa de preço:

DISJUNTOR BIPOLAR SIEMENS 6 A CURVA C R$ 21,00

DISJUNTOR BIPOLAR STECK 16 A CURVA C R$ 36,00

TEMPORIZADOR ELETRÔNICO 30S

COEL AEG 242 VAC⁄24 VAC R$ 60,00

CONTATOR AUXILIAR SIEMENS 220 V R$ 35,00

TEMPORIZADOR DIGITAL 30S COEL LKD 331 220 V R$ 125,00

CONTATOR LC1D18 TELEMECANIQUE 220 V R$ 40,00

PAINEL DE METAL CEMAR 30X30X15 R$ 102,00

VÁLVULA PNEUMÁTICA NORGREN 3⁄2 VIAS R$ 49,00

PISTÃO PNEUMÁTICO

SIVIC C95SDB40⁄40 1MPASCAL R$ 190,00

REGULADOR DE PRESSÃO PARKER 10 BAR R$ 60,00

BOTÃO DE EMERGÊNCIA C⁄ TRAVA TIPO SOCO

TELEMECANIQUE 22mm R$ 20,00

BOTÃO PULSO LIGA⁄ DESLIGA TELEMECANIQUE 22mm R$ 15,00

Page 63: Tcc Concluido Revisado Soldagem

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Layout do painel controlador: