36
1 INSTITUTO AVM CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO NO NÍVEL LATO SENSU DE GESTÃO EM SEGURANÇA CORPORATIVA CLEIDSON JOSÉ ROCHA VASCONCELOS A PREPARAÇÃO DO AGENTE DE SEGURANÇA PRIVADA PARA O ENFRENTAMENTO NO CONFRONTO ARMADO DA VIOLÊNCIA URBANA Brasília 2012

TCC Confronto Armado-Violência Urbana-Cleidson

Embed Size (px)

Citation preview

1

INSTITUTO AVM

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO NO NÍVEL LATO SENSU DE GESTÃO EM

SEGURANÇA CORPORATIVA

CLEIDSON JOSÉ ROCHA VASCONCELOS

A PREPARAÇÃO DO AGENTE DE SEGURANÇA PRIVADA PARA O

ENFRENTAMENTO NO CONFRONTO ARMADO DA VIOLÊNCIA URBANA

Brasília

2012

2

CLEIDSON JOSÉ ROCHA VASCONCELOS

A PREPARAÇÃO DO AGENTE DE SEGURANÇA PRIVADA PARA O

ENFRENTAMENTO NO CONFRONTO ARMADO DA VIOLÊNCIA URBANA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao Instituto A Vez do Mestre, como requisito

parcial para a obtenção do Grau de

Especialista em Segurança Corporativa.

.

Orientador: Jacinto Rodrigues Franco

Brasília

2012

3

CLEIDSON JOSÉ ROCHA VASCONCELOS

A PREPARAÇÃO DO AGENTE DE SEGURANÇA PRIVADA PARA O

ENFRENTAMENTO NO CONFRONTO ARMADO DA VIOLÊNCIA URBANA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao Instituto A Vez do Mestre, como requisito

parcial para a obtenção do Grau de

Especialista em Segurança Corporativa.

Aprovado em: ______/________________/______

COMISSÃO DE AVALIAÇÃO

_______________________________________________

– Presidente

__________________________________________________

– 1 Membro

_______________________________________________________

– Membro

4

À minha família e amigos, uma

homenagem como recompensa pela

execução deste trabalho diante da grandeza

de suas pessoas.

5

AGRADECIMENTOS

Ao meu Orientador Jacinto Rodrigues Franco meus sinceros agradecimentos pela

orientação firme e objetiva na realização deste trabalho.

Aos meus pais pelo amor com que me conceberam e educaram, pelas inúmeras horas

que velaram meu sono, e pelas palavras de incentivo a cada tropeço de minha jornada, minha

eterna gratidão.

A todos aqueles que direta ou indiretamente colaboraram para este projeto fosse

concluído.

6

SUMÁRIO

1

INTRODUÇÃO..................................................................................................8

1.1 OBJETIVO ..........................................................................................................9

2 PROCESSO METODOLÓGICO ..................................................................10

3 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS..........................11

3.1 A VIOLÊNCIA URBANA................................................................................11

3.1.1 Estatísticas Relevantes.....................................................................................11

3.1.2 Abrangência da Violência ..............................................................................13

3.2 O CONFRONTO URBANO E SEUS EFEITOS..............................................14

3.2.1 Generalidades...................................................................................................15

3.2.2 Efeitos Psicológicos do Combate Urbano.......................................................15

3.3 ANÁLISE DE RISCO.......................................................................................17

3.3.1 Percepção da ameaça.......................................................................................18

3.3.2 Reação................................................................................................................19

3.4 A PREPARÇÃO DO HOMEM PARA O COMBATE URBANO...................20

3.4.1 Aspectos gerais..................................................................................................20

3.4.2 Gradação do estado mental.............................................................................23

3.5 O TREINAMENTO DE TIRO PARA O CONFRONTO URBANO................24

3.5.1 A modernização do combate e as evoluções das técnicas de tiro...............24

3.5.2 A dinâmica do tiro de pistola e os treinos de tiro..........................................26

3.6 COMO A PREPARAÇÃO ADEQUADA PODERÁ CONTRIBUIR PARA O

SUCESSO DE UMA OPERAÇÃO REAL NOS PÓLOS DE VIOLÊNCIA....30

4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES......................................................32

REFERENCIAS...............................................................................................35

7

A PREPARAÇÃO DO AGENTE DE SEGURANÇA PRIVADA PARA O

ENFRENTAMENTO NO CONFRONTO ARMADO DA VIOLÊNCIA URBANA

Cleidson José Rocha Vasconcelos 1; Jacinto Rodrigues Franco

2

Resumo: A sociedade atual vive em um mundo cada vez mais violento e o Estado por diversos motivos não

consegue fornecer uma eficiente segurança aos povos modernos. Nesta conjuntura o mercado da segurança

privada cresceu consideravelmente, vindo a ocupar lacunas deixadas pelo governo, por isso que o profissional

desse sistema deverá estar preparado à altura do crescimento do setor. O profissional privado por estar inserido constantemente no meio da sociedade, labutando com valores das mais diversas espécies, não estará imune à

violência urbana, pelo contrário, estará sempre bem próxima dela, por esses motivos que deverão ser preparados

para saber evitar a violência, entretanto também deverão saber combatê-la quando necessário. Por muitas vezes

esses profissionais estarão armados, fazendo escolta de valores ou de pessoas, estarão protegendo um

estabelecimento comercial etc, sendo assim deverão ser possuidores de diversas técnicas avançadas de defesa e

proteção, deverão saber utilizar com perícia diversos tipos de armamento, contudo esta preparação não

acontecerá repentinamente e sim com muito esforço e adaptação das doutrinas adotadas nas diversas escolas de

formação desse tipo de profissional. É neste contexto que a legislação deverá estar atenta para contemplar os

profissionais não somente com aumento da carga horária, mas com treinamentos modernos, dinâmicos e

realistas que insiram o aluno na sensação de estar enfrentando a violência e ainda ter que cumprir a sua missão

que é proteger e o mais importante, aprender a sobreviver no meio da extrema violência social.

PALAVRAS-CHAVE: Violência urbana, técnicas avançadas de defesa e proteção, treinamentos modernos.

1 Bacharel em Ciências Militares – Departamento de Ensino e Cultura do Exército (DECEx) 2

8

1. INTRODUÇÃO

A violência urbana é uma realidade que infelizmente se faz presente em todos os locais

do globo terrestre, claro que em proporções diferentes e peculiares de cada região. Esta

violência por vezes se torna letal vindo a vitimar diversas pessoas inocentes que muitas vezes

nada tem a ver com as falhas da estrutura social. Sabe-se que a violência letal urbana é

multifacetada, ou seja, é determinada por várias causas, tais como o grande efetivo

populacional nos centros urbanos, o desemprego, o incontrolável crescimento da natalidade, a

falência do sistema educacional, a lentidão da justiça, a impunidade o anacronismo da

legislação, o caos do sistema prisional, o desrespeito à autoridade e à pessoa humanas, entre

outras. Ela, como fenômeno social, sempre esteve ligada à incapacidade de controle e ou à

omissão do Estado.

Neste cenário que entra a necessidade da boa preparação segurança privado, justamente

para cobrir os espaços que o Estado deixou de proteger, sendo assim o vigilante, o segurança

de carro forte, o “guarda costas” etc, não poderá se dar ao desleixo de não se preparar

adequadamente, pois estará, de qualquer maneira, inserido no tecido social que por sua

própria natureza já é hostil e violento.

Dentro deste contexto, a eficiente preparação técnica profissional desses profissionais

se torna primordial e prioritária. Sendo assim, necessita-se um envolvimento estratégico

eficaz e inteligente para minimizar a violência que essas pessoas possam vir a sofrer e o mais

importante, minimizar os efeitos colaterais que uma ação de um profissional despreparado

possa causar na sociedade e em pessoas inocentes.

É muito importante que os profissionais privados entendam que não são policiais, mas

que estão cumprindo um serviço legalizado e amparado por legislações específicas e, portanto

se estão armados e fazendo escoltas ou vigiando uma grande empresa, muitas vezes serão a

única força para conter uma violência imediata. Se não forem eficazes, além de não cumprir

corretamente a missão a que se predispuseram, poderão ainda por em risco o patrimônio e a

vida de terceiros, além da sua própria vida.

No sentido de analisar os fatos se questiona:

A doutrina atual empregada pelas Escolas de Formação de Vigilantes está adequada

para a preparação do profissional em face da atual violência urbana?

No sentido de direcionar a pesquisa em pauta, foram formuladas diversas questões de

estudo que envolvem a problemática desta investigação, conforme listadas abaixo:

a) O que vem a ser a violência urbana?

9

b) Quais as características do confronto urbano e seus efeitos?

c) Como preparar o homem para o combate urbano?

d) Como se fazer uma análise de riscos?

d) Como adequar a instrução de tiro para ser eficaz no enfrentamento armado?

O presente estudo pretende ampliar o conhecimento com relação a violência urbana e

maneiras de evitá-las antes de se tornar realmente um problema ou um enfrentamento armado

e ainda abordar os conhecimentos necessários para contê-la mesmo se já estiver se

transformado em um confronto armado. Tudo tendo como referência o que vem sendo

empregado por instituições que já observam a necessidade de um treinamento mais dinâmico

para seus profissionais.

Pretende-se, ainda, comprovar que somente um treinamento inteligente e que busque a

iniciativa do profissional poderá fazê-lo obter alguma vantagem em face de possíveis

oponentes fora da lei e mostrar que os treinamentos de tiro realizado por anos não mais

resistem a avanços técnicos e táticos, que elevem o potencial do conjunto homem-arma,

surgindo assim a necessidade de atualização das técnicas de tiro ensinadas nas escolas

especializadas.

Consequentemente, o presente estudo poderá servir de subsídio para adaptações no

padrão de treinamento e manutenção das escolas de segurança e estudos por parte dos

legisladores. Vindo a colaborar e facilitar o êxito de diversas outras ações futuras por parte

de sérios profissionais da segurança privada.

Dentro desse contexto, o presente trabalho desenvolver-se-á de uma forma escalonada.

Inicialmente será apresentado o ambiente operacional em que se insere o tema, suas

características, especificidades e influencias. Em seguida faz-se necessário caracterizar os

aspectos inerentes do confronto armado e logo após a preparação do Recurso Humano para o

enfrentamento. Serão abordados, ainda, os aspectos técnicos e táticos do emprego do

armamento; as doutrinas de tiro a serem utilizadas na preparação do homem. E, por último,

como foco principal, situar o ator do cenário (o profissional de segurança privado), no

contexto geral da violência contemporânea e analisar a importância da sua preparação.

1.1 OBJETIVO

O presente estudo pretende verificar como é preparado o profissional de segurança

privado e confrontar com as novas ideias doutrinárias, que visam desenvolver atributos

10

importantes no profissional fazendo com que os mesmos se antecipem aos problemas e

possam combatê-los se necessário. A fim de viabilizar a consecução do objetivo geral de

estudo, foram formulados objetivos específicos, de forma a encadear logicamente o raciocínio

descritivo apresentado neste estudo.

a. Descrever as características da violência urbana;

b. Descrever sobre o confronto urbano e os efeitos psicológicos causados nos

operadores desse ambiente;

c. Abordar sobre a preparação do homem para o enfrentamento armado;

d. Descrever sobre avaliação de riscos;

e. Explicar sobre o treinamento de tiro para enfrentar a violência; e

f. Explicar concluindo como a preparação adequada e adaptada para a realidade

profissional, poderá contribuir para o sucesso de uma operação real nos pólos de violência.

2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Quanto à natureza, o presente estudo utiliza o conceito de Pesquisa Aplicada, que

objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigida à solução de problemas

específicos. Quanto ao método de abordagem que esclarece acerca dos procedimentos lógicos

seguidos nesta investigação científica, e que viabilizarão a tomada de decisões sobre o

alcance da investigação, das regras de explicação dos fatos e da validade de suas

generalizações, o presente estudo enquadra-se no método indutivo.

Os aspectos doutrinários quando se estabelece padrões de preparação e treinamentos, se

baseiam em experiência de profissionais que trabalham na segurança pública e privada e

também em treinamentos realizados por escolas de tiro e segurança no Brasil e no Exterior,

onde se procurou conflitar o que já se tinha escrito a respeito do assunto. Também se

observou doutrinas policiais que foram adapdatas para a atividade segurança privada e em

diversos confrontos no cenário da violência.

Tratou-se de um estudo bibliográfico que, para sua consecução, teve por método a

leitura exploratória e seletiva do material de pesquisa. A pesquisa bibliográfica utilizou as

seguintes técnicas: levantamento da bibliografia; seleção da bibliografia; leitura analítica da

bibliografia selecionada.

11

3. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A seguir serão abordados os principais conceitos necessários à contextualização do

tema em estudo quais sejam: A Violência urbana, o confronto urbano e seus efeitos, a análise

de riscos, a preparação para do homem para o combate urbano, o treinamento de tiro para o

combate urbano, bem como contribuições, da inteligente preparação profissional do

segurança privado.

3.1 A VIOLÊNCIA URBANA

A violência se transforma a cada dia, por diversos motivos ele cresce vertiginosamente

nas diversas regiões do Brasil. Aspectos culturais, políticos e socioeconômicos são fatores

que contribuem sensivelmente para a explosão de diversos problemas conjunturais que

desenvolvem diversas manifestações de violência regional. O Crescimento da criminalidade

também eleva os sintomas de violência na sociedade e isto ocorre principalmente pelo uso

indevido de armamentos pesados.

As principais causas do aumento do tráfico de armas no Brasil são o crescimento da

criminalidade com a expansão das atividades das organizações criminosas; a permeabilidade

dos quase 16.000 ( dezesseis mil) Km de fronteiras terrestres, com grande parte em linha

seca e com inúmeros locais de passagem para os países vizinhos; o litoral extenso com cerca

de 7.400 (sete mil e quatrocentos) Km e sem guarda costeira; a proximidade com países que

facilitam a importação de armas; e o atrativo de lucro certo elevado. O problema é agravado

pelo deficiente sistema de proteção e vigilância da fronteira, em particular na região

Amazônica, onde existem numerosos campos de pouso clandestinos e farta malha

hidroviária. A tudo isso se soma as aéreas de pobreza sem oferta de trabalho, a fiscalização

ineficaz, a corrupção, a impunidade e o fraco aparato dos órgãos de segurança pública.

(FILHO, 2004, p. 83).

3.1.1 Estatísticas Relevantes

O aumento das taxas violência está diretamente relacionado ao crescimento urbano

acelerado, ou seja, apresenta-se um substancial crescimento da criminalidade, exatamente às

capitais e às regiões metropolitanas que apresentam urbanização acelerada, alta concentração

de moradores nos bairros periféricos, com desigualdade social acentuada e má distribuição de

12

renda. Geralmente estes bairros não possuem infraestrutura básica, ocorre ausência de

serviços públicos e falta de acesso para a justiça, dando espaço para grupos organizados se

estruturarem, enfraquecendo o poder do estado e impondo as suas regras e diretrizes.

Normalmente as atividades desenvolvidas nessas áreas são financiadas pelo dinheiro ilícito de

roubos e tráfico de drogas.

A violência letal (violência no seu grau extremo) é uma realidade nacional, assim como

os homicídios são efeitos do crescimento populacional das cidades brasileiras e diretamente

ligados ao congelamento econômico, responsável por criar um quadro de retração social,

principalmente para os jovens, pois os mesmos deixam de se inserirem no mercado formal de

trabalho aumentando consideravelmente a queda de expectativa, restando apenas a procura

por ações criminosas para poderem usufruir de algum tipo ponderável de riqueza.

Apesar dos problemas citados, existem dados que comprovam que o Governo e a

sociedade não ficaram e não estão de braços cruzados em relação aos graves problemas da

segurança pública, entretanto os dados também indicam que o país ainda se encontra em uma

situação de equilíbrio instável, aonde por diversas vezes ocorre a “interiorização da

violência”, ou seja, a violência migra dos grandes centros para outras áreas menores em

cidades do interior e ainda se espalha pelas grandes cidades em bairros com deficiências

generalizadas em infraestrutura e segurança.

No histórico de 30 anos que atualmente disponibiliza o Sistema de Informações de

Mortalidade do Ministério da Saúde consta que o Brasil passou de 13.910 homicídios em

1980 para 49.932 em 2010, um aumento de 259% equivalente a 4,4% de crescimento ao ano,

mas segundo os censos nacionais a população do país, também cresceu, embora de forma

bem menos intensa. Passou de 119,0 para 190,7 milhões de habitantes, crescimento de

60,3%.

Considerando a população, passamos de 11,7 homicídios em 100 mil habitantes em

1980 para 26,2 em 2010. Um aumento real de 124% no período ou 2,7% ao ano que faz com

que no total desses 30 anos o país já ultrapassou a casa de um milhão de vítimas de

homicídio.

Infelizmente a média anual de mortes por homicídio no país supera, e em casos de

forma avassaladora, o número de vítimas em muitos e conhecidos enfrentamentos armados

no mundo.

Júlio Jacob Waiselfisz, no seu relatório denominado “Mapa da Violência 2012 – Os

Novos Padrões da Violência Homicida no Brasil” aborda sobre o citado acima ao explicar o

Relatório sobre o Peso Mundial da Violência Armada (Geneva Declaration Secretariat.

13

Global Burden of Armed Violence. Suíça, 2008) que tomou como base fontes considerada

altamente confiável. Diz que o Relatório constrói o quadro de mortes diretas em um total de

62 conflitos armados no mundo, registrados entre 2004 e 2007 e conclui que nos 12 maiores

conflitos, que representam 81,4% do total de mortes diretas, nos 4 anos foram vitimadas

169.574 pessoas. Nesses mesmos 4 anos, no total dos 62 conflitos, morrem 208.349 pessoas.

No Brasil, país sem disputas territoriais, movimentos emancipatórios, guerras civis,

enfrentamentos religiosos, raciais ou étnicos, morreram mais pessoas (192.804) vítimas de

homicídio, que nos 12 maiores conflitos armados no mundo. Mais ainda, esse número de

homicídios se encontra bem perto das mortes no total dos 62 conflitos armados registrados

nesse relatório.

Os dados supracitados poderão dar a impressão que estão relacionados diretos as

dimensões continentais do Brasil, porém seria errado pensar assim pois países com número

de habitantes semelhante ao do Brasil, como Paquistão, com 185 milhões habitantes, têm

números e taxas bem menores que os nossos. E nem falar da Índia, também elencada, com

mais de 1 Bilhão de habitantes.

3.1.2 Abrangência da violência

A violência aqui relacionada ocorre quando, em situação de interação, um ou vários

atores agem de maneira direta ou indireta, maciça ou esparsa, causando dano em uma ou mais

pessoas em graus variáveis, seja em sua integridade física, seja em sua integridade moral, em

suas posses, ou em suas participações simbólicas e culturais (MICHAUD, 1989), porém a

morte revela a violência levada ao seu grau extremo. Já criminalidade engloba todas as ações

criminosas que envolvem violência ou não mas que trazem conseqüências inesquecíveis para

os atores que dela participam.

A criminalidade e a violência são parceiras, pois se a violência não se apresenta

fisicamente, provavelmente se apresentará de forma moral, tornando necessário que os

atingidos ou potenciais vítimas, sempre tomem medidas proativas e preventivas, muitas vezes

corretivas, por já terem sido vítimas de algum tipo de violência, causada pelo

desenvolvimento e aprimoramento da criminalidade.

A maioria dos estudos recentes sobre violência tem-se concentrado nas áreas urbanas

pelo fato das grandes questões sociais estarem localizadas principalmente nas grandes

cidades, mesmo com o fenômeno da interiorização. Segundo Dubet (1995), o espaço urbano

aparece como sintonia, símbolo, representação “da civilização das barbáries modernas”.

14

A manifestação de violência letal ou não também ocorre por diversos fatores sociais que nada

parecem ter em comum com a criminalidade cotidiana, mas que aumenta em muito as tristes

estatísticas sobre o tema. Sérgio Adorno explica, por meio do Dossiê – Exclusão

socioeconômica e violência urbana (2002) que estas manifestações ocorrem por tensões nas

relações intersubjetivas que se trata de um infindável número de situações, em geral

envolvendo conflito entre pessoas conhecidas, cujo desfecho acaba, muitas vezes até

acidental e inesperadamente, na morte de um dos contendores. Compreendem conflitos entre

companheiros e suas companheiras, entre parentes, entre vizinhos, entre amigos, entre

colegas de trabalho, entre conhecidos que freqüentam o mesmo espaço de lazer, entre pessoas

que cruzam diariamente as vias públicas, entre patrões e empregados, entre comerciantes e

seus clientes. Resultam em não poucas circunstâncias, de desentendimentos variados a cerca

da posse ou propriedade de algum bem, acerca das paixões não correspondidas, a cerca de

compromissos não saldados. No mais das vezes revelam quanto o tecido social encontra-se

sensível a tensões e confrontos que, no passado, não pareciam convergir tão abruptamente

para um desfecho fatal.

Pode-se entender que houve mudanças na sociedade e nos padrões convencionais de

delinqüência e violência e em particular nos últimos cinqüenta anos. Novas formas de

acumulação de capital e de concentração industrial e tecnológico; mutações substantivas no

processo de trabalho; transbordamento das fronteiras do Estado-Nação, promovendo

acentuada mutação nas relações de indivíduos entre si, dos indivíduos com o Estado e entre

diferentes Estados, são fatores que repercutem também no domínio do crime, da violência e

dos direitos humanos. Na atualidade, cada vez mais, o crime organizado opera segundo

moldes empresariais e com bases transnacionais. Os sintomas mais visíveis da atual onda de

violência compreendem o uso de violência excessiva mediante o uso de potentes armas de

fogo, corrupção de agentes do poder público, desorganizando as formas convencionais de

controle social, em uma onda de disseminação agrava-se o cenário das graves violações aos

direitos humanos.

3.2 O CONFRONTO URBANO E SEUS EFEITOS

3.2.1 Generalidades

Geralmente neste tipo de combate as atividades de confronto ocorrem a reduzidas

15

distâncias entre os oponentes. Sendo assim o tempo de reação se torna muito curto,

valorizando sempre o condicionamento adquirido nos treinamentos. Além do pouco tempo

ainda pode-se encontrar pessoas inocentes circulando pelas ruas e ainda pequenos ambientes

com pouco espaço para combater

As pequenas distâncias também tornam o combate muito mais pessoal, quase que

particular. E isto tem um efeito devastador sobre o nível de estresse do combatente. O perigo

de morte espreita a todo o momento, elevando o grau de atenção ao máximo e

conseqüentemente acelerando o desgaste mental e físico. (MARCELO AUGUSTO, 2011).

Começa então a surgir o medo da morte e os efeitos do estresse se manifestam no

atirador, podendo se tornar seu maior inimigo. Por isso é muito importante ao profissional de

segurança entender os efeitos psicológicos para poder controlá-los e conseguir continuar na

ação proposta.

3.2.2 Efeitos Psicológicos do Combate Urbano

De acordo com Alexandre Flecha o ser humano em situação de estresse, tende a perder

o seu raciocínio intelectual, trabalhando apenas com seu raciocínio intuitivo ou por meio de

seu condicionamento psicomotora. Assim o seu conhecimento de quando atirar fica

prejudicado.

Situações como essas podem gerar conseqüências irremediáveis, como alvejar pessoas

inocentes ou se deixar ser alvejado.

Storani (2000, p. 8) explica que ao sofrer uma situação de estresse físico e emocional, o

indivíduo desencadeia em seu organismo um conjunto de reações que se denomina Reação de

Alarme do Sistema Nervoso Simpático. Esta reação é a resposta ao organismo se preparando

para sobreviver à situação de perigo, decidindo se ele fica e luta ou se foge razão pela qual

também recebe a denominação de Reação de Fuga e Luta.

Oliveira, Gomes e Flores (2001, p. 288) descrevem em detalhes, na obra Tiro de

Combate Policial – Uma Abordagem Técnica, a reação do organismo em situação de estresse

e quando se teme perder a vida:

O cérebro manda o resultado de sua analise para o hipotálamo, glândula que controla as

atividades mais importantes do organismo, e este envia comandos à hipófise, glândula e funções

múltiplas, situada no crânio. A hipófise libera substâncias químicas para a glândula

suprarenal,que, por sua vez, joga adrenalina, noradrenalina, cortisona e outras substancias ativas

16

no sangue. Começam, a seguir as reações de defesa: o coração acelera, a pressão sobe, os

músculos se contraem, tudo em questão de segundos (...)

O policial utiliza sua arma, sempre, sob circusntâcias de grande estresse, originado pelo real

temor em perder a vida. Este temor causa uma serie de efeitos sobe seu organismo. Inicialmente,

há a chamada reação de alarme, quando a mente, através de um ou mais sentidos, percebe a

existência do perigo, desencadeando uma reação imediata no metabolismo. A pressão arterial

aumenta, o pulso acelera, a concentração se intensifica, a respiração acelera e se torna ofegante, a

adrenalina é secretada em grande quantidade pelas glândulas supra-renais, diretamente na

circulação sanguínea. O sangue é desviado para os grandes músculos prejudicando a irrigação

para o cérebro, em consequência, a interferência no raciocínio lógico, e o corpo se preparam para

reagir à fonte de perigo, e para, em ultima instancia, sobreviver.

Em situações assim a adrenalina é lançada na corrente sanguínea, buscando

instintivamente aumentar a força física do indivíduo, seu rendimento e diminuir a sensação de

dor, necessita-se de técnicas especiais para superar os problemas destas reações de

sobrevivência.

Os mesmos autores (p. 288), assim dissertam sobre os efeitos da adrenalina e da sua

potencialidade a favor do atirador:

À medida que a adrenalina circula no organismo, o corpo se prepara para um esforço muito

grande. Esta mesma adrenalina é a que faz o organismo suportar disparos de munições potentes,

em locais onde a incapacitarão seria, normalmente imediata. Faz também pessoas comuns capazes

de feitos surpreendentes, como erguer um automóvel a fim de salvar alguém muito próximo. A

visão e a audição, também, tornam – se, frequentemente, em túnel, ou seja, consegue-se apenas

ver e ouvir o que imediatamente esta à frente fixa no foco da atenção e a representação do perigo,

prejudicando a visão e audição periférica. O instinto de sobreviver leva o homem a concentrar

todos os esforços no chamado “reflexo de luta ou fuga”, preparando-se par o memento do

confronto.

O profissional de segurança que precisa usar a sua arma para se defender ou defender

outra pessoa, poderá passar pelas diversas influências dos efeitos citados acima, além de na

ocasião de ter que realmente usar a arma, ficar em dúvida a partir dos efeitos psicológicos,

com a criação de diversos bloqueios para a tomada de uma decisão, tais como o medo de

responder um processo judicial pela ação, a decisão de ter que tirar a vida de alguém,

principalmente se for a primeira vez e ainda poderá desenvolver bloqueios de ordem

ideológicas ou religiosas.

17

Tendo a possibilidade de participar destes diversos cenários, o tiro do segurança

privado também poderá tecnicamente ser gravemente comprometido, poderá haver

contrações musculares que desviarão os disparos. Marcelo Augusto (2011) explica que nessas

situações será nítido o aumento de gatilhadas (puxada violentas no gatilho fazendo com que

os disparos sejam perdidos). Por isso faz-se de extrema importância a execução das técnicas

de disparo rápidos

O surgimento da “visão em túnel” e da “exclusão auditiva” também são características

sempre presentes nos momentos de elevada tensão. A primeira se caracteriza por só

enxergarmos o inimigo, excluindo do registro mental tudo o que acontece à nossa volta. É

diferente do termo “túnel de tiro”, utilizado para designar setores de tiro estreitos, também

chamados de seteiras, que são mais freqüentes em áreas edificadas. A segunda impede que

ouçamos um grito de alerta ou uma ordem, por exemplo, pois só temos ouvido para o

oponente à nossa frente. Aprender a disparar e acertar com os dois olhos abertos diminui a

zona cega de onde pode surgir alguma ameaça letal. Treinamentos de situações de estresse

desenvolvem a capacidade de continuar agindo de forma racional e minimizam os efeitos

negativos da adrenalina, mas nenhum treinamento simula a sensação de que você está sendo

atacado mortalmente. (MARCELO AUGUSTO 2011).

Os efeitos e consequências diretas da reação de alarme sobre atiradores são estudados

por diversos especialistas, justamente por serem determinantes para um sucesso ou uma

derrota no enfrentamento. Massad Ayoob, uma das maiores autoridades no assunto de

combate tático com armas em todo o mundo, escreveu em sua obra “Stressfire” em 1986, que

nesses casos é normal o aumento da frequência respiratória, podendo levar à hiperventilação

e consequente vertigem, ainda levar o tremor e entorpecimento nas extremidades do corpo;

aumento limiar da dor, provocando analgesia corporal; limitação da audição e ângulo de

visão; perda da destreza com a arma de fogo; e perda da noção de espaço de tempo.

Com a explicação de Ayoob corroborada com todos os estudos supracitados, percebe-se

que em um enfrentamento, muito mais do que estar atualizado nas doutrinas atuais de

combate, o profissional deverá estar também preparado psicologicamente e saber utilizar os

fatores psicológicos a seu favor ao invés de ser controlado por eles, além de, ainda, também

estar consciente das consequências advindas de um ou vários disparos oriundo de sua arma.

3.3 ANÁLISE DE RISCO

O marginal escolhe suas vítimas pesando quais serão os riscos em comparação aos

18

benefícios que serão alcançados. A escolha da vítima envolve levantar informações e planejar

a ação criminosa, é neste ponto que a maior parte das pessoas tem a opção de se tornar um

alvo mais difícil. Antes de pensar em reagir em uma situação de confronto, devemos mudar

nossos hábitos de vida e começar a adotar pequenas regras no dia-a-dia para diminuir o risco

de nos tornarmos vítimas. A proteção contra a violência deve ser uma estrutura sólida que

trabalha em diferentes níveis para consolidar uma segurança plena. Muitas pessoas temem a

violência, mas não devemos ser dominados por este medo. Quando tememos em excesso

transformamos o medo em paranóia

3.3.1 Percepção da ameaça

Certamente, para qualquer cidadão ou profissional da segurança, conhecer e acreditar

que uma determinada pessoa representa uma ameaça é uma tarefa muito difícil, mas que

poderá ser realizada com segurança e com sucesso se for observadas algumas informações

importantes que a própria leitura corporal do indivíduo nos transmitirá em forma de “sinais” a

serem interpretados e que possivelmente nos mostrará as atitudes que a pessoa irá tomar.

O marginal procura comparar os riscos e os benefícios que terá se agir. A primeira

etapa é o levantamento para a ação criminosa, em que há a escolha da vítima. Neste momento

há diversos indicadores que chamam a atenção e que devem ser percebidos. Analisaremos os

indicadores mais claros à percepção do homem.

Roupa – Dependendo do clima da região, será muito simples suspeitar de uma pessoa

que, por exemplo, usa um casaco de frio em uma cidade muito quente, pois poderá estar com

a vestimenta para camuflar uma arma ou coisa do gênero, além de bonés cobrindo causando

sombras e cobrindo a face do rosto, significa que o individuo propositalmente esta se

escondendo por estar planejando uma ação criminosa ou mesmo por já tê- la executado.

Acessórios – O uso de acessórios em situações desnecessárias, como bolsas que podem

ocultar armas, luvas em lugares quentes, jornais etc.

Posicionamento – O marginal sempre ocupará posições que possa obter vantagem

sobre a vítima, então se deve suspeitar de pessoas próximo a portas de banco, pedindo

esmola, no meio de um cruzamento movimentado sem ter motivo para permanecer uma

pessoa por ali, por exemplo.

Movimentação – Sempre deverá ser observado os olhos e mãos de suspeitos, pois estes

costumam se comunicar por sinais e olhares para membros da sua gangue, manusear rádios

de tipo Walk Talk, celulares, armas brancas, armas de fogo etc.

19

Porte Físico – Também deverá ser levado em consideração, pois bandidos com porte

avantajados tendem a menosprezar vítimas mais franzinas.

Além dos indicadores citados acima, vários estudos já abordaram sobre os efeitos de

tensão que pessoas sofrem antes de cometer uma ação hostil e criminosa, esses sinais são

desencadeados quase sempre em conjuntos com outros sinais se ansiedade e tensão, são eles:

Face avermelhada, boca semiaberta, dentes cerrados, respiração rápida, movimentos

repetitivos, muitas vezes exagerados, fechar punho, estalar dedos e articulações, colocar mãos

atrás da cabeça ou do pescoço, vários tiques nervosos e olhar fixamente ou encarar sem

conseguir discrição.

Pode-se observar que uma ameaça poderá estar se mostrando às vítimas de forma

indireta, cabe estar atento e procurar sem nenhuma atitude paranoica desvendar sempre que

possível sinais como esses, interpretá-los dentro de um contexto real e sem dúvida alguma

ficar sempre em condições de reagir se for a única saída.

3.3.2 Reação

Reagir com sucesso depende de vários fatores. Os animais em situações de perigo

preparam o seu corpo para fugir ou lutar. O ser humano em sua complexidade tem muitas

outras saídas. A reação em geral é dividida em reação passiva e reação ativa.

(NAKAYAMA).

A reação ativa se divide em reação letal e não letal, a reação não letal é aquela que

visa preservar a integridade física do agressor, com técnicas e equipamentos apropriados,

seguindo os modernos preceitos adotados ao redor do mundo em relação ao uso da força,

podendo até ser aplicada por profissionais de segurança ou policias, que provavelmente

estarão equipados com equipamentos para tal fim, também poderão ser usadas por cidadão

habilitados para isso. O uso da arma de fogo, mesmo não tendo o objetivo de matar será

considerado como reação letal. Para que um profissional da segurança privada possa realizar

uma ação letal terá que primeiramente possuir uma arma de fogo, deverá analisar a ameaça e

não apenas empregar deliberadamente o seu armamento, pois nem sempre mesmo estando

portando uma arma, esta deverá ser empregada diante de uma ameaça. Deverá ainda observar

o lugar em que se encontra se, por exemplo, possui aglomeração de pessoas, se possui abrigos

de fogos etc. Por fim avaliar se está realmente preparado para se defender ou defender

alguém tirando a vida de outra pessoa e se essa é realmente a melhor maneira.

20

Para reagir deve-se primeiro entender a Intenção do marginal, ao mesmo tempo

analisar seu comportamento e executar uma breve avaliação de risco. Esses itens são

medidas fundamentais para a sobrevivência.

A análise do comportamento deverá ser feita por intermédio de “leituras” do indivíduo.

Deverá ser feita a leitura dos sinais verbais e não verbais do marginal. Um indivíduo drogado,

bêbado ou com nervosismo excessivo, pode mesmo por descuido, acidente, ou imperícia

matar a vítima. Se forem demonstrados sinais semelhantes pelo marginal, maior será a

necessidade de uma possível reação.

Entende-se por avaliação de risco, um estudo rápido, dinâmico e objetivo, em que se

coloca em questão a nossa capacidade de reação em relação ao inimigo, vindo a ponderar a

distancia que nos encontramos o equipamento e armas que utilizamos tudo em comparação

com as possibilidades do inimigo. Sendo assim, se houver uma correta prevenção, mesmo

assim percebemos a provável ameaça e tivermos que reagir que o façamos, porém somente

após uma correta avaliação de risco que nos propicie uma vantagem competitiva diante do

meliante, para isso devermos ter treinado várias técnicas evoluídas, dinâmicas e coerentes

com as novas formas da violência urbana.

3.4 A PREPARAÇÃO DO HOMEM PARA O COMBATE URBANO

3.4.1 Aspectos gerais

O homem é de fundamental importância em qualquer sistema de segurança e proteção,

não adianta se ter bons equipamentos se não existir bons módulos de instrução e técnicas de

ensino com metodologias dinâmicas com táticas eficientes. “A tática é – sempre foi e deve

ser, pelo menos - a arte, a ciência de fazer os homens combaterem com seu máximo de

energia, máximo que somente pode dar a organização contraposta ao medo” (ARDANT DU

PICQ).

O combate urbano apresenta suas características peculiares de dificuldades das mais

diversas, em um confronto desse tipo, por muitas vezes, estaremos sozinhos tendo que

incapacitar um agressor ou mesmo em um aglomerado de pessoas e mesmo assim teremos

que nos defendermos e a terceiros sem por em risco a vida de outras pessoas, mas

independente do cenário, temos que estar conscientes da decisão de reagir a uma ação

criminosa e por consequência atingir alguém com um disparo de arma de fogo, por muitas

vezes, vindo a tirar a vida da mesma. Somente com essa probabilidade e com o sentimento

21

do risco da morte, já encontraremos diversos fatores psicológicos nos influenciando nas

atitudes que tomamos. Entretanto deveremos estar preparados tecnicamente e

psicologicamente para enfrentar os efeitos vindos por intermédio do medo e do estresse. Essa

preparação não acontecerá de uma hora para outra, mas sim através de diversos trabalhos

psicológicos e estudos técnicos e táticos sobre o assunto, incrementado com treinamentos

práticos que simulem situações reais, em que se possam desenvolver todas as influências do

estresse na simulação de combate.

Qual a sensação se estar na frente de um indivíduo armado disposto, não a intimidá-lo,

mas a matá-lo? Imagine a possibilidade de um ou vários disparos chegar a seus ouvidos, além

de gritaria, medo e terror por todos os lados. Muitos de nós nunca passamos por uma

situação real em que se coloca a prova nossa capacidade de superar nossos medos e colocar

em prática o que aprendemos. Geralmente não vivemos com perigo de vida iminente, mesmo

os policiais por diversas vezes tem dias tranquilos com ocorrências rotineiras e simples de se

resolver, porém se em algum momento acontece algo que coloca as nossas vidas em perigo, a

imprevisibilidade de nossas reações dita se iremos viver ou morrer.

Em um combate os ferimentos são reais, muitas vezes sérios e podem demandar

grandes cuidados médicos posteriores. Além disto, mesmo pequenos ferimentos podem levar

a incapacitação parcial ou total. É fato que um simples tiro de raspão pode afetar nossa

concentração, nossa confiança e nosso espírito de luta, além de incapacitar certos

movimentos. Muitas pessoas chegam a apresentar hipotensão ao verem sangue. Algumas

chegam até a desmaiar ou vomitar. (NAKAYAMA).

O Coronel da Policia Militar do Estado de São Paulo, Nilson Giraldi, pela sua

experiência nas ruas violentas, descreve da seguinte maneira um confronto armado:

Os fatos, com a morte presente, desenrolam-se com extrema rapidez, dramaticamente e com as

situações se alternando a cada segundo, quase sempre com gritos, correrias, barulhos, pessoas

desesperadas e em pânico, às vezes feridas e até morrendo. É assustador! O agressor, com

iniciativa e fator surpresa ao seu lado, atuando totalmente fora da lei e, normalmente, não dando a

mínima importância à vida de terceiros, movimentando-se com rapidez, dispara sem qualquer

raciocínio, esconde-se, coloca-se de tocaia. O final é imprevisível. (Tiro Defensivo na Preservação

da Vida – MÉTODO GIRALDI, p 11).

O controle da dor é essencial, assim como a tranquilidade para lidar com sangue e

ferimentos, tanto próprio como dos oponentes, além disso, é preciso estar preparado

22

psiquicamente, pois as cenas e os sons em um contexto de luta real diferem muito daqueles

presenciados nos treinos, por mais realistas que estes possam ser.

Nakayma explica que nos treinos, quando recebemos um golpe fatal ou quando

estamos acuados ou se nos ferimos, damos uma pausa e depois continuamos. Este é um

hábito que pode criar condicionamentos desfavoráveis, fatais num combate real (no qual,

mesmo com grande desvantagem ou feridos, não podemos simplesmente “jogar a toalha”). O

comedimento e o respeito frente ao nosso colega de treinamento também podem limitar nosso

condicionamento, pois moldam nossa atitude. Numa luta real podemos desviar a atenção do

adversário com atitudes, gestos ou palavras por tempo necessário para que se desfira um

golpe fatal. Deve-se lembrar de que para sobreviver não há regras. O domínio do emocional

do oponente pode estar em nossas palavras, assim como sua forma de lutar (com mais ou

menos precaução). Intimidá-lo, induzi-lo a erros, enganá-lo pode ser uma forma de vencê-lo.

O controle emocional é de fundamental importância em um confronto, pois como os

seus gestos e atitudes poderão influenciar no estado emocional do oponente, os dele em

relação a você também poderá lhe influenciar. Tente ficar sempre no controle da situação sem

muita manifestação emocional. Também nunca tente bancar o herói subestimando o oponente

por mais fraco que o mesmo pareça ser. É muito importante saber quando atacar, quando

fugir e quando se defender.

A habilidade motora e o ritmo cardíaco, sem dúvidas serão comprometidos

drasticamente no combate e manifestará vários efeitos. Deverá se buscado pelos profissionais

modernos uma resposta motora adequada, a fim de se evitar erros e se evitar o que se chama

de “Stray Shoot” as “balas perdidas” e decisões equivocadas.

Ayoob (1986) aborda sobre o importante tema ao transcrever uma entrevista com um

policial americano ferido em um confronto armado:

“-Não entendo o que aconteceu, consegui nos treinos de qualificação ótimos resultados atirando a

oito metros, porém errei um ladrão a dois metros que acabou me atingindo com um tiro ”

Assim como já citado, entende-se que somente uma preparação psicológica adequada

com treinamentos repetitivos, intensivos e próximos da realidade que levem a um

desenvolvimento da memória muscular e à automatização dos reflexos, ajudará a aumentar

um pouco a mobilidade nas faixas de batimentos cardíacos altíssimas, vindo a levar o

atirador a um provável sucesso em suas ações. Por todas essas necessidades, surge a

necessidade dos treinamentos avançados e modernos de técnicas de tiro.

23

3.4.2 Gradação do Estado mental

Para a obtenção de uma boa percepção, deve-se buscar sempre que portando uma arma

na cintura estar alerta. O Nível de Alerta que a pessoa se encontra no momento da ameaça é

fator fundamental para o sucesso de uma ação defensiva, assim como o bom conhecimento do

material, equipamento e da arma usada. Também chamado de concentração ou gradação de

estado mental, esses níveis de alerta são entendidos como o grau de atenção dispensada por

uma pessoa armada e preparada a reagir em situações críticas. Em uma escala de 0 a 4 se

descreve os níveis de alerta do seguinte modo:

Nível 0 – É o estado de atenção em que as pessoas se encontram diariamente,

geralmente dispersas e desligadas. È uma atitude normal e não combatente em que não se

espera problemas. Nesta situação poderão tornar-se vítimas fáceis dos agressores e não é

recomendada a reação sob o risco de serem gravemente feridas ou mortas pelo agressor. Para

um profissional de segurança que pretende portar uma arma nunca deverá fazer quando se

encontrar neste nível.

Nível 1 – Este nível de alerta é o próximo do ideal para todo usuário de uma arma de

fogo. Nesta condição, não esperamos quaisquer atos hostis, mas estamos conscientes de que

atos hostis são possíveis, consequentemente ficaremos atento aos acontecimentos

relacionados a por exemplo, trânsito, pessoas a nossa volta. Conseguimos não nos distrair

demasiadamente, sendo assim muitas situações de perigo poderão ser evitadas previamente,

sem a necessidade do emprego da arma.

Nível 2 – Nesta situação, geralmente a pessoa já procura identificar potenciais ameaças

e várias situações de perigo. Seria o nível ideal para um profissional portador de uma arma

de fogo, porém é muito desgastante. Neste nível temos situações táticas em mente e

consideramos os acontecimentos que podem surgir que justifiquem o uso letal de nossas

armas. Ainda, se exige, neste nível constante observação e atenção. Para evitar desgaste do

sistema nervo este nível deve ser atingido e mantido por curtos períodos de tempo,

geralmente quando transportando valores ou em locais desconhecidos.

Nível 3 – Neste nível, considerado a preparação para o estado de alerta mais alto,

caracteriza-se por uma situação iminente e clara, porém ainda não em curso. Toda a atenção

do agressor deverá ser canalizada para as atitudes do agressor sem que se perca o que ocorre

ao redor. Salientando que assaltantes não costumam agir sozinhos.

24

Nível 4 – Este é o estado mais alto de alerta. Trata-se de uma atitude de combate, de

defesa ou de ataque. Neste nível nada mais resta ao usuário do que responder à uma agressão

em curso com sua arma, procurando agir da forma mais estudada e controlada possível. A sua

arma deverá estar pronta, carregada e em mãos e já se justifica o uso da força letal.

Para se obter sucesso e se manter nos níveis de alerta necessários, é muito importante

um treinamento constante e uma antecipada conscientização e estudo de como empregar uma

arma de fogo em diversas situações.

3.5 O TREINAMENTO DE TIRO PARA O CONFRONTO URBANO

Nos conflitos da última década do século passado, com as novas regras e cobranças

referentes a efeitos colaterais dos combates, mortes de não combatentes e opinião pública é

que os combates no interior de localidades começaram a sofrer mudanças significativas. Hoje

é preciso neutralizar o inimigo mais rapidamente e a curtas distâncias, mas, com técnicas e

táticas para fazer isto, evitando causar baixas de civis e/ou dano desnecessárias à localidade.

(MARCELO AUGUSTO, 2011).

3.5.1 A modernização do combate e a evolução das técnicas de tiro

No século passado, nas grandes guerras, as cidades eram invadidas, mas somente após

imensos bombardeios realizados pela artilharia e pela aviação, geralmente não restavam nelas

muitos inimigos. Como o armamento na 1ª Guerra mundial era em sua maioria de repetição o

ritmo de combate era lento e os combatentes se mantinham distantes em lados opostos um

dos outros. Os armamentos se modernizaram e já na 2ª Guerra mundial houve uma relativa

aceleração no modo de combater devido à adoção de armas semiautomáticas e automáticas.

Na ocasião o combate começou a aproximar os oponentes pela necessidade mais avançada de

guerrear, porém ainda ocorria em campos de batalhas e os combates urbanos ainda se davam

em áreas fracamente habitadas e já esvaziadas, após terem sido bombardeadas por completo .

No Brasil o Exército foi que introduziu o esporte e a instrução de tiro e muita

instituição policial, ainda mantém a doutrina de tiro de combate, onde o objetivo é

exterminar e destruir o inimigo o aniquilando da batalha. A consequência é que muitos

policiais formadas por essas doutrinas ainda militares, disseminam esse conhecimento por

escolas e clubes de tiros, traçando assim um perfil de aprendizagem relativamente

ultrapassado para os tempos atuais e principalmente para o combate urbano moderno .

25

O Oficial da PM do estado do Goiás, Alexandre Flecha Campos, manifesta em um

artigo científico de sua autoria a seguinte opinião sobre a doutrina de tiro das forças policias

no Brasil:

Como podemos verificar, durante o período do regime militar as Polícias Militares do Brasil

receberam uma influência direta das Forças Armadas, e no que tange ao treinamento, este foi

voltado para a perspectiva militar – Tiro de Combate – com enfoque na eliminação do inimigo,

conforme a doutrina militar do Exército. Foi assim que, a partir daí, formou-se uma cultura de treinamento para os policiais militares aos moldes do Exército, através de gerações de instrutores

até que, com o advento da Constituição de 1988, que reforçou uma série de direitos, incluindo os

contemplados na Declaração de Direitos Humanos,iniciou-se uma busca, mesmo que lenta, porém

contínua, da adequação dos treinamentos específicos de armamento e tiro. Desta feita, com uma

conotação policial voltada às questões atuais de segurança pública que procura romper com a

Doutrina de Segurança Nacional, à luz de Lei e respeitando os Direitos Humanos.( A Importância

da preparação do policial quanto ao uso da força letal – REBESP, Goiânia, n.1, v.1 )

O que se observa é que as doutrinas de treinamento de tiro tanto das Forças Armadas

como das forças policias e privadas precisam ser atualizadas e adaptadas para a conjuntura

moderna do combate urbano, isto já esta ocorrendo em algumas instituições policiais e

segmentos específicos das Forças Armadas e órgãos afins.

A instrução prática em estande de tiro é sempre orientada por um Instrutor de Tiro, o

atirador é sempre colocado em frente a um mesmo tipo de alvo (silhueta humanóide padrão

”Colt”ou outra semelhante), portando uma arma de fogo carregada, e para todas as séries de

disparos o tiro é comandado pelo instrutor. Segundo Storani (2000) não há, na prática, a

opção de decisão de não atirar ou em qual alvo atirar, a decisão é de atirar sempre no alvo

que estiver à frente. Na instrução, não há trabalho que desenvolva e aprimore um gesto

motor adequado, que parta de uma posição de expectativa com a arma de fogo para uma

tomada de posição e enquadramento do alvo.

O que deve ser buscado por profissionais da aérea de segurança que pretendem

utilizar a sua arma em um propósito de sobreviver no combate urbano é a tática de tiro

policial defensivo ou com um intuito semelhante. Claro que os fundamentos de tiro são

imutáveis, porém devem ser adaptados para o tiro de defesa, incluindo em seus treinamentos

fatores que levem o atirador a vivenciar sensações físicas e psicológicas que ocorrem no

combate real. O treinamento estático de tiro, apreendido nos bancos escolares e clube de tiro,

onde tudo é feito a comando, perdeu espaço para um tiro prático e dinâmico, sempre

revestido de caráter defensivo voltado para a sobrevivência do atirador em qualquer hipótese.

Dentre os métodos existentes no Brasil e já aplicado em diversos órgãos destaca-se o método

Giraldi, que engloba um treinamento completo baseado sempre na prática e imitação do

confronto urbano real com suas inúmeras possibilidades.

26

3.5.2 A dinâmica dos treinos de tiro

A pessoa que se predispõe a utilizar uma arma deverá conhecer muito bem suas

próprias capacidades e limitação, além de ter em mente as possíveis ações ofensivas que

possa vir a sofrer. Claro que seria impossível visualizar como cada ameaça poderá surgir,

porém pesquisando em protocolos de segurança, onde são abordadas estatísticas e casos

verídicos, o profissional de segurança poderá fazer análises com a finalidade de traçar um

parâmetro de regularidades e ocorrências que possam sedimentar um plano de treinamento

eficiente e próximo da realidade.

O plano de treinamento deverá ser sistematizado, de modo que o atirador que o realiza,

deverá estar no mesmo nível de ativação e alerta que se encontraria se a situação fosse

verdadeira, sendo necessário para isso uma predisposição mental muito grande e uma grande

concentração nas atividades a serem desenvolvidas. É importante que o atirador esteja

consciente que o resultado a obter em um confronto armado estará diretamente relacionado

com o seu método de treinamento, por isso o treinamento deverá ser realístico, forte e

gradativo, ou seja, o atirador deverá desenvolver tarefas com dificuldades crescentes que o

leve finalmente a um cenário próximo do combate propriamente dito.

Como já estudado, em uma situação real de enfrentamento, os níveis de adrenalina do

atirador estarão altíssimos, produzindo consequentemente, um conjunto de reações físicas e

orgânicas que será de extrema importância o atirador conhecer, antes de entrar em combate, e

aprender a desenvolver estratégias pessoais de controle das mesmas. Nem todas as pessoas

experimentam os efeitos causados pela adrenalina e pelo estresse, os quais normalmente estão

ligados ao fator surpresa, sendo que aqueles que estão desprevenidos e são surpreendidos,

muito provavelmente, experimentarão todos os efeitos como a diminuição das habilidades

motoras, a confusão, o encurtamento da focalização visual e auditiva, a aceleração da do

batimento cardíaco e uma excitação generalizada que poderá gerar no atirador a sensação de

que o tempo não passa ou mesmo que as coisas acontecem em câmera lenta e as distâncias

permanecem mais curtas. Porém aqueles que já se encontram num nível de alerta

considerável, por saber que a qualquer momento poderá sofrer uma ação ameaçadora, não

sentirá estes efeitos de maneira tão intensa, pois já começou a combatê-los desde antes de se

manifestarem.

Dificilmente o profissional saberá o nível de prontidão que deverá permanecer, até

porque é muito desgastante e quase impossível ficar por horas em alerta total, por isso é

27

importante manter esses fatores em mente em quanto o atirador é adestrado, para se

condicionar a entrar e permanecer no mais alto nível de alerta quando necessário. Deverá

estabelecer sempre, um conjunto de respostas condicionadas às quais possa recorrer com

garantia de sucesso, para isso também é importante uma excelente condição física, pois

quanto melhor o preparo físico, menor será os efeitos sofridos pelo corpo durante um

confronto armado, sendo que desta forma resistirá melhor ao rápido aumento do nível de

adrenalina e os efeitos da fadiga que naturalmente seguirão durante o combate.

Ao precisar usar uma arma em um confronto, o atirador não terá tempo de parar para

pensar, agirá instantaneamente, por isso a importância de se habituar nos treinamentos de tiro

a realizar os procedimentos em situações dinâmicas em que o atirador terá sempre que se

preocupar em no mais curto espaço de tempo, ter sua arma pronta para o disparo e se preciso

for o fazer e atingir como eficácia a ameaça que se deseja parar.

O que pode acontecer nos treinamentos é que algum atirador tenha alguma dificuldade

na tomada de decisões críticas e na falta de habilidade em manter a concentração nas tarefas

previstas, porém em uma situação real não há lugar para discussões mentais e os

procedimentos deverão estar automatizados e a atenção e concentração voltados para o que

acontece em sua volta, minimizando assim os riscos iminentes. Cabe salientar que quando a

ameaça for neutralizada será importante que se procure outros alvos em potencial, a fim de

não ser surpreendido por outra ameaça que lhe escapou à observação. Em treinamentos este

procedimento deverá ser treinado exaustivamente e incorporado sempre aos novos

procedimentos.

Os estudos relativos à segurança e atividades policiais divulgam que nas situações de

confronto armado aonde foram executados disparos, em mais de 80% dos casos ocorreram a

uma distância não superior a 7 metros e sendo que a maioria ocorreu a mais ou menos 5

metros ou menos, o que dá para entender que o treinamento a curtas distâncias será essencial

para a formação do atirador. Estes relatórios de estudo ainda relatam que os confrontos são

violentos, rápidos e que duram em média 3 segundos e que geralmente a ameaça estará em

movimento, portanto no treinamento deverá constar, rapidez, tiro em movimento, tiro com

alvo em movimento e eficácia nos resultados. Os relatórios continuam descrevendo que na

maioria das vezes, ou pelo menos em mais de 50%, existe mais de uma ameaça, fazendo

agora necessário a realização de treinamentos em alvos múltiplos, de vários tipos e em

diversos cenários onde se deve buscar não apenas o ato físico de sacar e disparar a arma, mas

também o entendimento visual do alvo e a análise mental que determinará se é ou não uma

ameaça e se deve ou não ser acertada por disparos de arma de fogo.

28

O correto domínio da arma de fogo deverá ser adquirido através de ma minuciosa

prática, aonde deve ocorrer constantemente por intermédio de treinos próximos da realidade

com a finalidade de se buscar um conjunto de repostas controladas e automatizadas, e não de

improvisação, o que será a saída para quando o atirador tiver de enfrentar uma situação real

de combate urbano envolvendo armas de fogo.

O Tiro de Defesa a ser treinado numa concepção geral é uma evolução do tiro prático,

porém voltado para a atividade de defesa em um caráter autodefensivo e não de esporte. Esse

treinamento, antes de qualquer concepção, é um tiro policial técnico que é adaptado para as

diversas necessidades e muitas vezes assumindo outros nomes como Tiro instintivo, Tiro

intuitivo, Tiro defesa, Tiro defensivo, Tiro de combate policial, dentre outra denominações.

O Tiro de Autodefesa é consequentemente um tiro visado, em que a precisão é

buscada pelo perfeito enquadramento do alvo, nos fundamentos de tiro, mas também poderá

ser realizado com a visada condicionada, o seja por cima da arma, e já adaptada pela

memória muscular. O profissional de segurança ou qualquer cidadão que aplicarem às

técnicas propostas, certamente a usarão em legítima defesa ou de outrem e de forma rápida,

no qual importa a velocidade da ação, qualidade e legitimidade. A qualidade esta diretamente

ligada ao acerto em uma região ou zona aonde existam vasos calibrosos ou órgãos vitais, em

que se atingidos por um ou poucos disparos incapacitará de imediato oponente. Nada adianta

ser muito preciso se a ação não for rápida e determinante.

As técnicas e fundamento de tiro policial que existem são disseminadas foi

desenvolvido por pessoas com conhecimento na área que buscou diversas linhas de

conhecimento, em outras fontes especializadas e outros países. Serpa (2008, p.58) diz que

não existem técnicas certas ou erradas, e sim técnicas mais evoluídas que outras. Estas

técnicas são voltadas para as mais variadas necessidades funcionais e operacionais, algumas

mais confiáveis até surgirem evoluções e adaptações pelo surgimento de novos conceitos e

procedimentos.

O que se transformou em unanimidade é que em uma atitude de tiro defensivo, o

atirador deverá procurar usar a mínima força ao participar de uma ação, como já citado

anteriormente, começou-se a valorizar o ser humano e os seus direitos com maior

responsabilidade.

O conceito de tiro de defesa, a que se propõe ser utilizado pelo profissional de

segurança, sem dúvidas é uma mistura de várias técnicas estudadas e analisadas dentro de

uma perspectiva da legitimidade para um profissional da segurança pública ou privada,

militares e cidadão comuns que procuram se defender, pode inclusive ser chamado de

29

autodefesa, pois parte do princípio que para que possamos defender alguém, primeiro

precisaremos nos defender de forma eficiente para depois propiciarmos a defesa a quem quer

que seja, porém para que o tiro de autodefesa seja eficiente e funcional a Doutrina será

sempre flexível, acompanhando a evolução e mudando procedimentos, se preciso for, para

acompanhar as tendências de defesa contra criminosos que operam nos dias atuais; O

Treinamento deverá ser constante, prático, objetivo e o mais importante, sempre imitando o

confronto urbano real, em que se devem buscar nos adestramentos um equilíbrio nos vetores

do Tiro de Autodefesa, PPS ( Procedimento, Precisão e Segurança) ou seja, nada adianta um

atirador colocar todos os disparos bem acertados no alvo se não souber se abrigar

corretamente, ou então não sanar as diversas panes da sua arma, ou mesmo o contrário ter

excelente conduta de posição de tiro, por exemplo se abriga corretamente, mas quando

dispara, os seus tiros não atingem a zona proposta. A segurança se busca em todos os

exercícios e atividades reais de tiro e sempre deverá ser crescente, não se admitirá atitudes

relapsas em relação à Segurança.

Para que um treinamento de tiro se enquadre nas propostas de Autodefesa, a

Preparação mental e psicológica (Mental Preparendness) se faz de fundamental

importância, inclusive com módulos de treinamentos voltados especificamente para isso. Nos

adestramentos deverão ser colocadas situações que se assemelhem com o estresse ocorrido

durante um confronto, deverão ser criadas ocasiões que o atirador precise ser inteligente,

visando raciocinar durante o combate e ainda parecer se encontrar em situação que tenha que

lidar com a visão de túnel e aprender a sair dela, aprender a controlar a ansiedade, respiração,

se movimentar em detrimento da rigidez muscular desenvolvida, dentre outras situações que

levem o atirador a buscar uma excelente desenvoltura trabalhando vários aspectos

psicológicos. O atirador deverá saber atirar em movimento, em alvos se movimentando,

deverá sempre que possível saber atirar abrigado, realizar disparos em múltiplas ameaças,

disparar por para-brisas, realizar trocas táticas de carregador e de emergências por término de

munição, realizar transição de armas, sanar as diversas panes de seu armamento.

Guardadas a devidas proporções para o tiro de defesa, o qual seleciona precisamente

seus alvos, mas sabendo da importância do condicionamento, analisemos o que o Coronel

Dave Grosmam, do Exército Americano, autor de várias obras importantes sobre combates,

declara em um de seus livros: “... na ideia do Exército, o condicionamento leva o soldado a

fazer a coisa certa no campo de batalha, atirar sem restrições”.

O treinamento de autodefesa obviamente se veste de algumas diferentes características

dependendo do profissional a ser treinado. As pistas de treinamentos poderão ser adaptadas

30

para cada necessidade, mas a desenvoltura de combate deve ser buscada sempre, apenas

deverá ser observado os preceitos legais do emprego da força.

3.6 COMO A PREPARAÇÃO ADEQUADA PODERÁ CONTRIBUIR PARA O

SUCESSO DE UMA OPERAÇÃO REAL NOS PÓLOS DE VIOLÊNCIA.

Na execução do treinamento de Segurança e Autodefesa o profissional poderá

encontrar múltiplos cenários e terá que por diversas vezes interpretar e agir de acordo ao seu

próprio entendimento, assumindo para si as consequências gerais do desfecho do

enfrentamento.

Um bom profissional da segurança deverá não somente apenas ver a ameaça e acertá-

la com eficácia, como ouvir e sentir a aproximação ou influência de alguma, para isso deverá

conhecer o som de um fechar de arma, o som do estampido de uma arma, deverá ainda ter a

percepção de que poderá ser atacado por alguém, pois se não estiver pronto para combater e

for surpreendido, provavelmente não conseguirá reagir ou assim fará por puro instinto de

sobrevivência, podendo vir a certar outros alvos (pessoas) inocentes ou outras coisas que não

estavam o ameaçando.

A denominação de “tiro instintivo” usada nas modalidades defensivas, para muitos

especialistas já entrou em desuso, pelo fato de que a palavra “instintiva” denota algo que o

homem fará inconscientemente, apenas agindo pelo instinto natural das coisas, como por

exemplo, ao levantarmos os braços para nos protegermos quando é jogado algum objeto na

nossa direção. Porém o tiro de defesa deverá ser encarado como uma atividade em que o

atirador sempre estará consciente do está fazendo ou venha a fazer, por exemplo, se uma

pessoa começar a gritar para um segurança armado e falar que vai matá-lo, o mesmo já estará

em um considerável nível de atenção, então a provável ameaça coloca a mão no bolso e retira

um estilingue, normalmente o profissional já sacou a sua arma e apontou para o agressor,

porém ao identificar que não se trata de uma arma de fogo, deverá verbalizar e fazer com que

a ameaça abandone o objeto e não disparar com a sua arma sobre o mesmo. Esta concepção é

o que resultará no tiro considerado seletivo.

Na verdade, sempre que o profissional sacar sua arma para se defender, naturalmente já

deverá estar selecionando os alvos (ameaças) que deverá atingir. Estes alvos, dentro da

concepção do tiro de defesa, serão atingidos apenas para que cessem a ameaça que

disseminam, porém com o desenvolver do combate, será natural que todos que sacarem uma

arma sejam alvejados pelo defensor e ainda qualquer coisa que se movimente e represente

31

uma ameaça para o atirador também assim seja recebido por disparos. Entretanto em um

combate urbano, muitas vezes poderão surgir pessoas inocentes no meio do tiroteio, ou

pessoas assustadas que possam correr na direção do atirador por total desorientação e

estresse. Estes percalços não permitirão que os profissionais de segurança, por mais que

estejam agindo em legítima defesa, justifiquem que acertou uma pessoa inocente apenas

porque esta estava no lugar errado e na hora errada. Além das consequências jurídicas

cabíveis, o profissioanl terá que conviver o resto de seus dias com a culpa de ter tirado a vida

ou incapacitado por toda ela, uma pessoa inocente, apenas pelo despreparo técnico, tático ou

emocional. Por isso se faz de extrema importância os quatro elementos (regras) de segurança:

1- Considere toda e qualquer arma carregada;

2- Nunca aponte a arma para algo ou alguém que realmente não queira acertar

3- Mantenha o dedo fora do gatilho

4- Certifique-se do seu alvo e do que está por trás dele

E se, por exemplo, você está se defendendo ou defendendo alguém, existir apenas

uma ameaça e esta levantar os braços com arma na mão e se render? E se ao receber a ordem

de colocar a arma no chão, voltá-la contra você e apertar o gatilho? E se ao colocar a arma no

chão, surgir outra ameaça e começar a disparar na sua direção? E se o disparo não for à sua

direção e sim na direção de outra ameaça? E se ao mesmo tempo em que surge outra ameaça

mais duas pessoas correm em sua direção pedindo socorro? E se estas duas se tornarem

ameaças por sacar uma arma? E se apenas uma sacar uma arma dizendo que é polícia? E se

você atirar na primeira ameaça e ela não cair?

No combate urbano se pensar em não reagir, já poderá perder a vida, se reagir e não

for eficiente, provavelmente também será atingido e diversas outras possibilidades poderão

ocorrer. O que não pode acontecer é o profissional não estar preparado para o enfrentamento

e sair com uma arma achando que vai intimidar prováveis ameaças apenas por ser

profissional da segurança.

O tiro seletivo especificamente ocorre quando o atirador já sacou a sua arma para

realizar o tiro de defesa, porém por algum motivo percebeu que aquele não é o momento para

disparar, até que encontra uma oportunidade e assim o faz com eficiência e perfeição. Vamos

a um exemplo prático, alguém é feito refém por uma ameaça, o segurança de um shopping,

por exemplo, já estava com a sua arma na mão combatendo, então apontará a mesma para a

ameaça, porém não há nível de segurança para disparar sem acertar o refém, sendo assim

mantém a arma apontada para a ameaça, dedo fora do gatilho, observando a ameaça por entre

o aparelho de pontaria ou por cima da arma (dependendo do adestramento do atirador),

32

sempre em condições de apertar o gatilho com determinação, sem causar desestabilidade na

arma e em condições de incapacitar a mesma. Ao observar que o refém se abaixou, por

exemplo, e teve todo o corpo e cabeça da ameaça livre para ser acertado, resolve disparar, ou

seja, seleciona o alvo e momento para atirar, então ao atirar percebe que a ameaça não foi

cessada, consequentemente realizará, outros disparos a fim de atingir seu objetivo.

O exemplo acima é apenas uma possibilidade do momento do tiro seletivo, dentro do

Tiro de defesa, pois o atirador poderá estar apontando e atirando automaticamente, quase que

instintivamente, porém pensando no que vai fazer e então ter que com todo o efeito da

adrenalina, parar controlar a respiração, por vezes verbalizar com ameaça e ainda assim ter

que atirar e ser eficiente, eficaz e preciso, cessando definitivamente seus oponentes do

combate ao selecionar como, aonde e quando vai atirar.

Observa-se que fica claro que todo o sucesso de uma investida em um confronto

armado deverá consubstancialmente estar diretamente ligado ao conjunto arma munição,

porém principalmente à atitude do operador da arma e ao seu preparo técnico e tático, tudo

dentro da dinâmica do tiro das armas, neste caso do tiro revestido de uma postura

autodefensiva.

4. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

O profissional de segurança do século XXI não deve ser mais aquele cidadão alto e

forte somente e sim um profissional proativo e inteligente. Por diversas vezes ele estará no

cenário das Barbáries sociais e terá que agir com a força física ou técnica, terá que saber

manipular muito bem os seus equipamentos, terá que ter apoio de um processo de

inteligência, caso contrário será inviável operar nos núcleos populacionais estressados pelos

fatores socioeconômicos.

A sociedade mudou e também se mudou o modo de combater. Hoje uma equipe escolta

não vai confrontar com dois elementos portando um revólver calibre 32 como antigamente e

sim, uma equipe com técnicas terroristas portando armamentos pesados e trabalhando dentro

de uma doutrina criminosa, assim sendo sem dúvida alguma existe a necessidade de mudança

nos protocolos de treinamentos e nos amparos legais dos profissionais que têm como

companheira de trabalho um armamento com poder de fogo considerável.

As técnicas convencionais e atualmente ensinadas não garantem um desempenho

satisfatório no combate urbano atual, que se caracteriza por ser extremamente violento. A

legislação atual obriga que o vigilante frequente um curso de 160 horas-aula, melhor do que

33

120 horas-aula como a anos passados, mas não satisfatório para uma excelente formação

profissional. Existem também outros cursos, como o de extensão em escolta armada, com

duração de 50 horas e cursos de reciclagens específicos, dessa forma o vigilante frequentara

aulas específicas do curso de formação enquanto os vigilantes que possuem cursos de

extensão frequentarão aquelas reciclagens especificas ao curso do qual ele trabalha. A

legislação consegue dessa maneira, desenvolver especificamente e não genericamente o

conhecimento do vigilante, melhorando um pouco o seu desempenho, mas não

satisfatoriamente.

É de conhecimento de todos que a formação e qualificação de profissionais da área de

segurança são dispendiosas, mas estamos falando aqui de proteção a bens de valores, de

pessoas e principalmente do bem de valor imensurável a vida de pessoas. Apesar de a norma

vigente determinar, por exemplo, que os profissionais participem bienalmente do curso de

reciclagem, ainda se faz insuficiente devido ao grande avanço da globalização que determina

também um desenvolvimento dos modos de operação dos criminosos, meliantes e foras da

lei. Entendo que é necessária uma atualização constante, continua e duradoura. A qualificação

profissional, contudo não pode nos tempos atuais resumir-se as matérias ministradas nos

cursos de formação e qualificações. Observa-se a necessidade de se ajustar a legislação de

modo que se tenha um adestramento constante, com padrões mínimos a serem atingidos

durante períodos pré-estabelecidos durante todos os anos que o profissional atua. Não se deve

ter uma cartilha fixa e sim uma direção do que tem de ser cumprido legalmente, mas com a

flexibilidade de uma atualização constante a fim de acompanhar a evolução do setor frente às

ameaças que surgirão cada vez mais complicadas e perigosas.

Conforme foi abordada em seções anteriores a violência e a criminalidade urbana

conseguiu se transformar em transnacionais, ou seja, a rede criminosa se organiza e age de

maneira descentralizada e em qualquer lugar buscando as vulnerabilidades do tecido social.

Por isso a formação dos profissionais tem que ter subdivisões e atingir a área cognitiva e

psicomotora. Foi visto que não basta apenas o profissional receber uma quantidade de

munição, alimentar e carregar sua arma e atirar em um alvo imóvel de papel, porém esta é a

formação básica de tiro que é dada atualmente aos profissionais. Deve-se buscar criar

cenários dinâmico em que o profissional de segurança possa pensar, atirar em alvos que

surgem do nada e desaparecem, obter iniciativa, se comunicar, se deslocar, resolver

problemas sem disparar e se preciso for, saber trabalhar com consciência o uso moderado da

força chegando inclusive à força letal de assim for preciso. Este mesmo profissional deverá

saber identificar prováveis ameaças, pessoas suspeitas, deverá ter noção de balística para

34

saber como e onde utilizar determinado tipo de cartucho de munição, deverá saber verbalizar

com os oponentes, deverá ser proativo e se antecipar à violência, mas quando encontrá-la

saber se desvencilhar e cumprir a sua única missão, proteger o que tem de proteger.

De todas as informações acima, entende-se que o moderno profissional de segurança,

inteligente por preparação, deverá ter total controle sobre sua mente e seu corpo, antes,

durante e depois do combate, o que quer dizer que deverá aprender a se “programar” para o

desgaste físico e emocional do enfrentamento, sempre adotando atitudes pró-ativas que lhe

forneçam significativas vantagens sobre as suas ameaças e manter atitude discreta após as

ações. Assim explica Moreira (2008, p. 118), antes de irmos à luta é preciso estar alerta,

prontos e decididos. Durante a luta, concentremo-nos na solução dos problemas que forem

surgindo, o que implica termos sempre a preocupação de disparar bem. Depois da luta,

devemos estar conscientes de ter cumprido o nosso dever, mas mantendo sempre a tal

discrição.

35

Referências Bibliográficas

ADORNO, Sérgio. Exclusão socioeconômica e violência urbana v.Sociologias, Porto Alegre,

v. 4, n. 8, p.84-135, jul./dez. 2002. Semestral.

AYOOB, Massad. StressFire: Gunfighting for Police: Advanced Tactics and Techniques. 4ª

Ed. EUA: Police Bookshelf, 1986

CAMPOI JUNIOR, Valdir. Manual do combate com espingarda 12.Taquarituba: Gril,

2006. 150 p.

CAMPOS, Alexandre Flecha. A Importância da Preparação do Policial Quanto ao Uso da

Força Letal. Goiânia: Bebesp, N.1, V.1.

DU PICQ, Ardant. Estudos sobre o combate. 1ª ed. Rio de Janeiro: Bibliex, 2000. 248 p

DANTAS FILHO, Diógenes. Segurança e Planejamento. Rio de Janeiro: Ciência Moderna,

2004.

FLORES, Erico Marcelo; GOMES, Gerson Dias. Tiro policial: técnicas sem fronteira. 2ª ed.

Porto Alegre: Evangraf, 2009. 152 p.

GIRALDI, Nilson. Tiro Defensivo na Preservação da Vida: Método Giraldi. São Paulo:

Registrado, Distribuição Gratuita

MARSHALL, Evan; SANOW, Edwin. Handgun Stopping Power. A Definitive Study.

EUA: Paladin Press, 1992

MATHIAS, José Joaquim D' Andrea; BARROS, Saulo C. Rego. Manual básico de armas

de defesa. 1ª ed. São Paulo: Magnum, 1997. 104 p

MICHUAD, Y. A Violência. Ática: São Paulo, 1989

MOREIRA, Joaquim José. Manual do Tiro. Santa Catarina: Edição do Autor, 2008..

RABELLO, Eraldo. Balística Forense. 3ª ed. Porto Alegre: Sagra-DC Luzzatto, 1995.

REVISTA MAGNUM. São Paulo: Editora Magnum, nº 82, 2003. Bimestral.

REVISTA MAGNUM. São Paulo: Editora Magnum ago./set 1991, pg 39-40. Bimestral

SERPA, Luís Fernando Tarifa. O Tiro de Sobrevivência: A Formação do Profissional de

Segurança. São Paulo: Carthago, 1998.

SUÁREZ, Gabriel. La Pistola Táctica: Técnicas y Conceptos Avanzados por Combate con

Pistola. Spanish Edition. EUA: Paladin Press, 2005. 216 p.

SILVA, Marcelo Augusto. A Evolução da Técnica de Tiro Tático em Área Urbana. Rio

de Janeiro: Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, 2011.

STORANI, Paulo. O Treinamento Perceptivo – Motor na Melhoria da Performance do

Tiro Policial em Confrontos Armados nas Áreas de Alto Risco. Rio de Janeiro:

Universidade Gama Filho, 2000.

VOSS, João Alexandre; GOMES, Gerson Dias; FLORES, Erico Marcelo.Tiro de Combate

Policial: Uma abordagem técnica. 4ª ed. Erechim: São Cristovão, 2001.

WAISELFISZ, Julio Jacobo. Mapa da Violência 2011: Os Jovens do Brasil. São Paulo:

Instituto Sangari/Ministério da Justiça, 2011. 163 p.

36

WAISELFISZ, Julio Jacobo. Mapa da Violência 2012: Os Novos Padrões da Violência

Homicida no Brasil. São Paulo: Instituto Sangari/Ministério da Justiça, 2012. 245 p.

.

WEBGRAFIA

www.clubedosgenerais.org

www.evanmarshall.com

massadayoobgroup.com

.

.

.