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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS
FABIO MOREIRA MEIRA
O PROCESSO DE GLOBAL SOURCING E SEUS IMPACTOS NO
DEPARTAMENTO DE COMPRAS – UM ESTUDO DE CASO
Limeira
2013
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS
FABIO MOREIRA MEIRA
O PROCESSO DE GLOBAL SOURCING E SEUS IMPACTOS NO
DEPARTAMENTO DE COMPRAS – UM ESTUDO DE CASO
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado como requisito parcial para a
obtenção do título de bacharel em Gestão
de Empresas à Faculdade de Ciências
Aplicadas da Universidade Estadual de
Campinas.
Orientador: Prof. Dr. Eric David Cohen
Limeira
2013
1
FICHA CATALOGRAFICA – APÓS APROVAÇÃO
2
Autor: Fábio Moreira Meira
Título:O Processo de Global Sourcing e seus impactos no Departamento de
Compras – Um estudo de caso.
Natureza: Trabalho de Conclusão de Curso em Gestão de Empresas
Instituição: Faculdade de Ciências Aplicadas, Universidade Estadual de Campinas
Aprovado em: __/__/____
BANCA EXAMINADORA:
Prof. Dr. Eric David Cohen – Orientador Presidente
Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA/UNICAMP)
_______________________________________________________
Prof.
Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA/UNICAMP)
Esse exemplar corresponde à versão final da monografia aprovada
___________________________________________
Prof. Dr. Eric David Cohen
Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA/UNICAMP)
3
Dedico este trabalho a todos que fizeram parte desta incrível jornada pela Unicamp.
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por sempre ter me guiado em meus
momentos e me ajudado em minhas escolhas, mostrando o caminho correto para
alcançar meus objetivos.
Agradeço também a minha família, por sempre ter me dado o suporte
necessário para que minhas escolhas pudessem ter o resultado que eu almejava e
também por sempre estarem ao meu lado me apoiando e incentivando.
Aos meus professores orientadores, Prof. Dr. Luis Santa Eulália, que me
orientou no primeiro momento do meu TCC, me mostrando como eu deveria seguir e
dar andamento no meu trabalho e ao professor Dr. Eric David Cohen, que após a
saída de meu primeiro orientador, abraçou o meu projeto e me auxiliou na
finalização do mesmo.
Nessa linha, agradeço também a todos os professores da FCA que de alguma
forma contribuíram para a minha formação, sendo esta dentro ou fora da sala de
aula, e também aos funcionários desta unidade de ensino, por tornarem possível o
andamento das atividades acadêmicas e que de certa forma me auxiliaram, mesmo
que indiretamente, a concluir o curso.
Agradeço também aos meus amigos que fiz nesta universidade, pois me
acompanharam deste o começo dividindo os momentos bons e ruins neste período
de aprendizado, conquistas e descobertas.
E por fim, a equipe da CORI que tornaram possível o meu sonho de realizar
um intercâmbio acadêmico, e mais do que isso me possibilitou realizar dois
intercâmbios, sendo um para a City University em London e um segundo para a
Universidad de Jaén na Espanha, ambos com bolsa de estudos.
5
“Sonho parece verdade
Quando a gente esquece de acordar
E o dia parece metade
Quando a gente acorda e esquece de levantar.”
(Teatro Mágico - Sonho)
6
MEIRA, Fábio Moreira. O Processo de Global Sourcing e seus impactos no
Departamento de Compras – Um estudo de caso. Ano 2013. Trabalho de Conclusão
de Curso em Graduação em Gestão de Empresas - Faculdade de Ciências
Aplicadas, Universidade Estadual de Campinas, Limeira, 2013.
RESUMO
O Global Sourcing nos últimos anos vem ganhando cada vez mais destaque no
cenário internacional. De igual forma, o Departamento de Compras também vem
ganhando uma importância estratégica cada vez mais representativa. Isso ocorre
pois, atualmente, ambos os assuntos são vistos como fontes de vantagens
competitivas importantes para o sucesso das empresas, uma vez que com o
acirramento do processo de globalização, está cada vez mais difícil ganhar novos
mercados. Assim, devido a importância desses dois temas, ambos já são objetos de
estudo, porém há pouca literatura a respeito dos impactos do Global Sourcing no
Departamento de Compras. Assim, este trabalho visa estudar e analisar possíveis
impactos dessa prática no Departamento. O trabalho inicia-se com uma breve
revisão da literatura do tema focando em sua crescente importância estratégica. Na
sequência, será apresentado os resultados dos dados coletados, por meio de um
questionário com executivos da área. Por fim, serão apresentadas as conclusões
dos dados com relação ao tema do trabalho.
Palavras chave: Globalização. Vantagem Competitiva. Suprimentos. Blocos
Econômicos. Comércio Internacional.
7
MEIRA, Fábio Moreira. Global Sourcing and how it affects the Purchase Department
– A case of five companies. Ano 2013. Trabalho de Conclusão de Curso em
Graduação em Gestão de Empresas - Faculdade de Ciências Aplicadas,
Universidade Estadual de Campinas, Limeira, 2013.
ABSTRACT
The Global Sourcing in recent years has been gaining prominence on the
international scenery. Similarly , the Purchasing Department has also gained
strategic importance and increasingly representative . This is because , nowadays
both issues are seen as important sources for competitive advantage in their
business success , because since the intensification of globalization , it is
increasingly difficult to win new markets . Thus, because of the importance of these
two themes , both are already objects of study , but there is little literature on the
impacts of Global Sourcing in Purchasing Department . Thus , this work aims to
study and analyze possible impacts of this practice in this department . The work
begins with a brief literature review of the topic focusing on its growing strategic
importance . Following , you will see the results of the data collected through a
questionnaire with executives of the area . Finally , we present the data conclusions
about the subject of the work .
Keywords: Globalization. Competitive Advantage. Supply. Trade Blocs. International
trade.
8
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Compras Internacionais x Global Sourcing_______________________24
Figura 2 - Cadeia de Suprimentos______________________________________26
Figura 3 - Incoterms________________________________________________30
Figura 4 - Custo de Comunicação e Usuários de Internet___________________38
Figura 5 - União Europeia___________________________________________42
Figura 6 - Efta_____________________________________________________43
Figura 7 - Nafta____________________________________________________44
Figura 8 - Mercosul_________________________________________________45
Figura 9 - Caricom_________________________________________________46
Figura 10 - CAN____________________________________________________47
Figura 11 - Asean___________________________________________________48
Figura 12 - Apec____________________________________________________49
Figura 13 - CER____________________________________________________50
Figura 14 - Evolução do Global Sourcing_________________________________51
Figura 15 - Fragmentação da produção do Boing 787_______________________52
9
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Comparação entre aumento nas vendas e redução nas compras_____18
Quadro 2 - Perfil do Comprador: Estágios de desenvolvimento________________20
Quadro 3 - Comparação entre os modais.________________________________27
Quadro 4 – Fases da Globalização______________________________________32
Quadro 5 - Fase da Globalização x Velocidade do transporte_________________34
Quadro 6 - Tipos de integração regional__________________________________39
Quadro 7 – Empresas pesquisadas e o estágio de desenvolvimento do comprador _56
Quadro 8 – Nível da gestão de suprimentos das empresas pesquisadas_________57
10
SUMÁRIO
1.0 – Introdução_____________________________________________________14
2. Problema de Pesquisa______________________________________________15
2.1 - Pergunta de Pesquisa___________________________________________15
2.2 - Objetivo Principal_______________________________________________16
2.3 - Objetivos Secundários___________________________________________16
2.4 - Justificativa – Acadêmica________________________________________16
2.5 - Justificativa – Gerencial__________________________________________17
3.0 - Revisão da Literatura_____________________________________________18
3.1 – O departamento de Compras_____________________________________18
3. 1. 1 - Importância do Departamento de Compras_______________________18
3.1.2 – Objetivos do Departamento de Compras_________________________19
3.1.3 - O comprador_______________________________________________20
3.1.3.1 - Responsabilidades do comprador____________________________22
3.1.4 – Compras Internacionais e o Global Sourcing______________________24
3.2 O comércio Internacional__________________________________________25
3.2.1 - A Cadeia de Suprimentos_____________________________________25
3.2.2 – Modais___________________________________________________27
3.2.3 – Incoterms_________________________________________________28
3.2.4 – Teorias de Comércio Exterior__________________________________30
3.2.4.1 – Os mercantilistas________________________________________30
3.2.4.2 – A teoria das vantagens comparativas absolutas_________________31
3.3 – Global Sourcing_______________________________________________31
3.3.1 – Tipos de Suprimentos________________________________________32
3.3.1.1 – Outsourcing_____________________________________________32
3.3.1.2 – Insourcing______________________________________________32
11
3.3.1.3 – Offshoring______________________________________________33
3.3.2 – A Globalização_____________________________________________33
3.3.2.1 – Fases da Globalização____________________________________33
3.3.2.2 – Consequências da Globalização____________________________36
3.3.2.2.1 – Perda da soberania nacional____________________________36
3.3.2.2.2 – Operações offshore e a evasão de empregos_______________36
3.3.2.2.3 – Efeito sobre o meio ambiente____________________________37
3.3.2.2.4 – Efeito sobre a cultura__________________________________37
3.3.2.3 – Fatores geradores da Globalização__________________________37
3.3.3 – Blocos econômicos__________________________________________39
3.3.3.1 – Tipos de integração regional________________________________40
3.3.3.2 – Principais blocos econômicos_______________________________43
3.3.4 – Evolução do Global Sourcing__________________________________51
3.3.5 – Benefícios do Global Sourcing para a empresa____________________52
3.3.6 – Desafios do Global Sourcing para a empresa_____________________54
3.3.7 – Riscos do Global Sourcing____________________________________54
4.0 – Metodologia____________________________________________________56
4.1 – Questionário__________________________________________________56
5.0 – Resultados_____________________________________________________59
6.0 – Conclusão_____________________________________________________61
7.0 - Referências Bibliográficas_________________________________________62
12
1.0 – Introdução
Deste a época do mercantilismo, as sociedades fazem comércio a fim de
aumentar suas riquezas e seu poder. Entretanto, foi durante o avanço do processo
de globalização que tais práticas ganharam novo impulso, quando em 1957 surge a
Comunidade Econômica Europeia que anos mais tarde tornou-se a União Europeia,
que é hoje um dos mais importantes blocos econômicos do mundo.
Deste então o mundo vem sofrendo diversas mudanças, tanto no caráter
econômico quanto social. Neste contexto surge o Global Sourcing, que é definido
por Corrêa (2010) como sendo a prática de identificar oportunidades e buscar os
insumos necessários à produção de bens ou serviços onde quer que existam as
melhores condições de custos, qualidade e entrega, seka dentro ou fora do país de
origem onde se localiza a organização.
Nesta mesma linha, considera-se que o Departamento de Compras ganha
cada vez mais importância estratégica em virtude de ser uma importante fonte de
vantagem competitiva nas empresas.
Assim, esse trabalho visa mesclar os dois temas, Global Sourcing e
Departamento de compras, a fim de buscar identificar relações entre esses dois
temas, bem como verificar se o Global Sourcing afeta positivamente ou
negativamente os processos de compras, com a realização da aplicação de um
questionário com executivos da área.
13
2. Problema de Pesquisa
A distribuição do trabalho será realizada da seguinte forma: Primeiro será feito
um levantamento do problema de pesquisa e a justificativa gerencial e acadêmica
para este trabalho, depois um breve levante bibliográfico sobre assuntos
correspondentes ao tema do projeto, após será apresentado a metodologia utilizada
para a execução do trabalho e da pesquisa com executivos realizada. Por fim, será
apresentado os resultados obtidos na pesquisa e as considerações finais do
trabalho.
Neste capítulo, será discutido o problema de pesquisa, bem como
apresentada a justificativa gerencial e acadêmica do trabalho.
2.1 - Pergunta de Pesquisa
O Global Sourcing teve seu início em 1960 e de lá pra cá está área de
atividade empresarial vem alterando a maneira das organizações criarem vantagens
competitivas. Na década de 60, o Global Sourcing teve seu foco na mudança de
Europa e Estados Unidos como fabricantes principais da cadeia produtiva para
países em que existem custos de produção mais reduzidos, como o México, por
exemplo.
Nas décadas seguintes, verificou-se nova evolução nas práticas gerenciais,
notando que o Global Sourcing sofreu mudanças estratégicas e também houve um
processo de globalização que levou as empresas a buscarem melhores práticas
gerenciais como forma de fazer frente ao forte o aumento na concorrência.
Da mesma forma, os processos de compras vem ganhando cada vez mais
espaço nos assuntos estratégicos das empresas, por ser um grande gerador de
vantagens competitivas com relação a custos e qualidade.
Neste contexto, propõe-se como objetivo deste trabalho analisar se as
empresas que adotaram o Global Sourcing conseguiram obter ganhos de eficiência
14
que trouxeram vantagens competitivas no cenário de intensa concorrência que se
verifica atualmente.
Assim, entender a relação entre o uso do Global Sourcing e o que ele pode
influenciar na eficiência dos processos de compras, é o objetivo principal deste
trabalho. Este objetivo será cumprido através do levantamento de informações
primárias junto a empresas brasileiras, localizadas no Estado de São Paulo,e
complementadas através de entrevistas com gestores das áreas de compras e de
sourcing
2.2 - Objetivo Principal
O objetivo principal deste trabalho é analisar o processo de Global Sourcing,
seus pontos positivos e negativos, e como essa prática gerencial impacta os
processos de compras das empresas. Este assunto se reveste de grande
importância uma vez que uma parcela significativa das empresas buscam
implementar essas práticas administrativas em sua cadeia de suprimentos.
2.3 - Objetivos Secundários
Além de analisar os impactos do Global Sourcing no Departamento de
Compras, é importante analisar também a sua função estratégica dentro de uma
empresa e como vem evoluindo este conceito. Desta forma, também será estudada
a gestão dos processos de Compras, suas funções, sua importância e objetivos,
entre outros assuntos pertinentes ao tema.
Também serão levantados os fatores que contribuem para o crescimento do
Global Sourcing, como a formação dos blocos econômicos, a globalização e a
crescente competitividade entre as empresas.
Por fim, estudaremos fatores importantes para o sucesso do Global Sourcing
nas empresas.
2.4 - Justificativa Acadêmica
15
No decorrer do desenvolvimento deste trabalho, encontrou-se na literatura da
área amplo material relacionado ao Global Sourcing e a função administrativa de
Compras, mas não se encontrou trabalhos que versem conjuntamente a respeito
dos dois temas e que também analisem os impactos do Global Sourcing no
Departamento de Compras, tema principal deste trabalho de pesquisa. Dessa forma,
procurou-se na literatura internacional o estado da arte na área, visto que alguns
pesquisadores já haviam citado o tema em algumas de suas pesquisas. Por
exemplo, Trent e Monczka (2005) realizaram uma pesquisa com mais de 160
empresas entre as 500 maiores empresas da Fortune a respeito do Global Sourcing.
Desta forma, este trabalho vê a oportunidade de desbravar um campo do
conhecimento ainda emergente no Brasil, mas que já vem sendo estudado em
outros países em virtude de seu caráter estratégico, no cenário competitivo atual,
uma vez que tanto o Departamento de Compras quanto o Global Sourcing vem
ganhando importância estratégica cada vez maior.
2.5 - Justificativa Gerencial
Como citamos anteriormente, este trabalho aborda dois temas atuais e
estratégicos para as empresas, como forma de conseguir novas vantagens
competitivas: a gestão das Compras e a utilização das técnicas do Global Sourcing.
Em seu trabalho, Trent e Moczka (2005) demonstraram que, dentro das empresas
pesquisadas, 34,2% já praticavam o Global Sourcing. Entretanto, depois de cinco
anos 70,1% das empresas declaravam esperar utilizar o Global Sourcing. Este dado
demonstra uma crescente busca das empresas em implantar o Global Sourcing.
Desta forma, este trabalho irá citar as vantagens e desvantagens de utilizar o
Global Sourcing, de forma a auxiliar as empresas que pensam em adotar tal prática
nos seus processos decisórios, bem como oferecer uma análise de algumas
empresas que já o fazem e os ganhos que elas obtiveram com essa escolha.
Neste contexto, considera-se este trabalho como inovador no contexto da
literatura brasileira e de relevante contribuição teórica e prática.
16
3.0 - Revisão da Literatura
3.1 – O departamento de Compras
3. 1. 1 - Importância do Departamento de Compras
O Departamento de Compras vem ganhando importância crescente dentro
das organizações. Um exemplo disso são os estudos desenvolvidos por Sako (1992)
e Lamming (1990), que visam entender as mudanças de relacionamento entre
compradores e fornecedores.
Em seu trabalho, Sako (1992) propôs dois padrões de relacionamento: o ACR
(Arm´s Length Contractual Relation) que define uma visão de distância entre os
players; e o OCR (Obligational Contractual Relation), que visa uma relação de
obrigações mútuas. Diversos outros estudos seguiram nesta mesma linha de
pesquisa, notadamente Lamming (1993, 1995, 1996), Hines (1995), Helper (1991,
1994), entre outros pesquisadores.
Segundo Lamming (1996), a partir de 1990 começou a ser adotado o modelo
de Parceria, no qual haveria um clima ao mesmo tempo competitivo, e também
colaborativo, além de um alto grau de tensão nos relacionamentos, pois havia
elevado nível de exigências impostas sobre os parceiros.
A título de ilustração, vejamos a situação atual de uma empresa hipotética
que decide buscar um aumento de 20% na receita de vendas que gerará um
aumento de 40% nos lucros; ou, alternativamente, a empresa busca 3% de redução
nas compras que gerará um aumento de 42% no lucro.
Quadro 1 - Comparação entre aumento nas vendas e redução nas compras
Fatores de custo Situação Atual ($) Aumento de 20%
nas vendas ($)
Redução de 3%
nas compras ($)
Receita 10.000 12.000 10.000
Materiais e 7.000 8.400 6.79017
Serviços
Adquiridos
Salários de
pessoal
2.000 2.400 2.000
Despesas fixas 500 500 500
Aumento do lucro - + 40% = 200 +42% = 210
Lucro final 500 700 710
Fonte: Técnicas de Compras, Ed. FGV (2009)
Neste cenário, após a análise desta tabela e conforme Dias & Costa (2000,
p.11), os ganhos obtidos por via da diminuição nos custos de Material e Serviços
Adquiridos somam-se diretamente à conta lucro.
O exemplo demonstra a importância financeira da função de compras o setor,
que também é responsável por selecionar o melhor fornecedor: aquele que será
capaz de atender as exigências da empresa, os produtos de melhor qualidade e com
o melhor preço.
3.1.2 – Objetivos do Departamento de Compras
Os processos de compras são vistos hoje como um setor estratégico dentro
das empresas, possuindo objetivos que vão muito além da compra dos insumos
produtivos mais baratos, segundo Clélio Alto et al(2010) os processos de compras
apresentam os seguintes objetivos:
- Garantir um fluxo contínuo de materiais, serviços e informações que atenda
as necessidades gerais da empresa de modo a reduzir custos na cadeia de
suprimentos e no sistema logístico;
- Adquirir materiais de forma econômica, compatíveis com a qualidade
requerida e de acordo com a sua finalidade ou aplicação;
- Incentivar e colaborar na padronização e simplificação de materiais e
equipamentos;
18
- Considerar as limitações financeiras da empresa e a capacidade de
armazenamento;
- Pesquisar, permanentemente, o mercado fornecedor em busca de novas e
alternativas fontes de fornecimento;
- Manter as relações com fornecedores e requisitantes em nível de
cooperação, lealdade e respeito;
- Obter a máxima integração e cooperação das outras áreas da empresa
(técnica, financeira, jurídica, produção, operação, manutenção, logística) e,
particularmente, da área de gestão dos estoques;
- Desenvolver estudos de análise de valor (custo x benefícios);
- Considerar e avaliar os reflexos do processo de aquisição (tomadas de
decisão) na cadeia de suprimentos e no sistema logístico.
Desta forma, fica claro que a função compras possui outros objetivos que vão
além do comprar pelo menor preço. De acordo com Dias e Costa (2003), a
qualidade e o momento certo de entrega tem alto grau de importância em
comparação ao preço, sendo estes fatores importantes para a tomada de decisão de
compra.
3.1.3 - O comprador
Segundo Heinritz (1979), a efetividade de um Departamento de Compras não
depende apenas dos procedimentos e normas organizacionais, mas sim de seu
pessoal, que deve ser muito bem selecionado e treinado para as posições chaves do
Departamento e mais ainda para o progresso dentro da hierarquia da empresa.
O quadro abaixo apresenta a classificação feita por Baily et al (2000:425) para
o que ele chama de “perfil do comprador”.
Quadro 2 - Perfil do Comprador: Estágios de desenvolvimento
Estágios de desenvolvimento Características gerais e atribuições do
19
responsável por compras
Primitivo Sem qualificações especiais; abordagem
burocrática; cerca de 80% do tempo é
dedicado às atividades burocráticas
Conscientização Sem qualificações especiais; algumas
rotinas básicas de compras; 60-79% do
tempo dedicado às atividades
burocráticas
Desenvolvimento Qualificações acadêmicas formais
exigidas; envolvimento em negociações;
reconhecimento da função compras e
suprimentos; 40-59% do tempo dedicado
às atividades burocráticas
Maturação Qualificação gerencial exigida;
compradores especializados em
commodities* integrados com as áreas
funcionais; envolvimento com todos os
aspectos do desenvolvimento de novos
produtos; maior parte do trabalho
dedicado à negociação e à redução de
custo/desenvolvimento de fornecedores;
20-30% do tempo dedicado às atividades
burocráticas.
Avançado É necessária qualificação profissional ou
pós-graduação; o comprador está mais
envolvido com os assuntos mais
estratégicos do trabalho; mais dedicado
ao custo total de aquisição, à
administração da base de fornecedores
etc; menos de 20% de seu tempo
20
dedicado às atividades burocráticas.
Fonte: Baily et al(2000:425).
* São por definição, produtos padronizados e não diferenciados, através dos quais o
produtor não tem poder de fixação de preços e cujo mercado é caracterizado pela
arbitragem nos mercados interno e externo.
3.1.3.1 - Responsabilidades do comprador
Neste contexto, para atingir o nível avançado na escala de Baily (2000) o
comprador contemporâneo, deve ser alguém dotado de visão estratégica da
empresa, recebendo treinamento para que desempenhe cada vez melhor sua
função. Nesta mesma linha, Alto et al (2010) oferecem uma relação das
responsabilidades do comprador que vão desde a compra até a busca do menor
preço, passando pela qualidade do insumo ou serviço comprado até a análise de
mercado. Esta relação é bem completa e pode ser usada em praticamente em
qualquer área da organização que desenvolva atividades de compras, como segue:
- Considerar sua autoridade e suas responsabilidades como missão
estratégica.
- Comprar com critério, justiça e transparência.
- Privilegiar a pesquisa em compras e interpretar, sempre, os sinais do
mercado.
- Medir a eficiência das compras, com a utilização de indicadores apropriados.
- Desenvolver suas habilidades de comprador profissional, mantendo-se
atualizado com as novas técnicas e novas tecnologias.
- Conhecer os processos da empresa (produção, operação, manutenção,
administração, transporte, distribuição, controle de estoques e armazenamento) e
suas necessidades.
21
- Adquirir capacitação em informática – trabalhar com computador, navegar na
internet e possuir um endereço eletrônico.
- Desenvolver aquisições eletrônicas (pela internet) para reduzir custos e
prazos de suprimento.
- Pesquisar e avaliar o melhor momento para negociar a aquisição de materiais
cuja produção, comercialização ou demanda seja cíclica ou sazonal.
- Orientar, coordenar ou executar estudos de análise de valor (custo x
benefício).
- Incentivar e orientar estudos de normalização de material que visem
simplificação e padronização.
- Explorar os conhecimentos técnicos do pessoal de sua empresa
(assessoramento técnico, financeiro, jurídico) e dos fornecedores (assessoramento
técnico e tecnológico).
- Conhecer, tanto quanto possível, os materiais que compra.
- Conduzir as negociações levando sempre em consideração todos os
aspectos envolvidos e os reflexos na cadeia de suprimento e no sistema logístico.
- Adotar um comportamento profissional de acordo com as exigências da boa
ética.
- Procurar integração com o pessoal da cadeia de suprimentos, particularmente
do armazenamento e da gestão de estoques, visando o aumento da lucratividade.
- Desenvolver estudos que se destinem a formar parcerias com fornecedores,
de acordo com os princípios just-in-time.
- Avaliar a qualidade dos produtos a adquirir, de acordo com a utilização
definida.
3.1.4 – Compras Internacionais e o Global Sourcing
Segundo Trent e Monczka (2005), é necessário definir e distinguir os processos de compras internacionais e o Global Sourcing. Segundo os autores, as
22
compras internacionais são simplesmente transações comerciais entre comprador e fornecedor localizados em países diferentes, ao passo que o Global Sourcing diz respeito a integração e coordenação entre itens, materiais, processos, tecnologias, projetos e fornecedores ao longo de todos os locais aonde a empresa atua, seja na produção ou em escritórios administrativos.
Desta forma, os autores criaram uma regra evolutiva para o Departamento de Compras, divida em cinco níveis - sendo que os dois últimos se referem ao Global Sourcing. Paralelamente, fizeram uma pesquisa com mais de 160 empresas das 500 maiores empresas da Fortune para determinar em qual nível essas empresas estavam e aonde desejariam estar em cinco anos os resultados são apresentados na figura 1.
Figura 1 – Compras Internacionais x Global Sourcing
Fonte: Elaboração do autor, adaptado de Trent e Monczka (2005)
Analisando a figura 1, nota-se que atualmente 34,2% das empresas
pesquisadas estão num dos níveis de Global Sourcing. Ainda segundo este estudo,
em cinco anos espera-se que este número aumente para 70,1%, o que demonstra o
crescente interesse em utilizar as práticas gerenciais aqui abordadas.
23
3.2 O comércio Internacional
Como vimos, há uma diferença entre compras internacionais e Global
Sourcing. Entretanto, é necessário entender como surgiram as compras
internacionais e os fatores que nela afetam para que possamos traçar uma linha
evolutiva ligando as compras internacionais ao Global Sourcing. Por este motivo
neste capítulo serão apresentados conceitos relacionados à Cadeia de Suprimentos,
os modais, os incoterms e algumas teorias do comércio internacional.
3.2.1 - A Cadeia de Suprimentos
Chopra e Meindl (2012) definem uma cadeia de suprimentos como sendo o
ele entre diversas partes envolvidas, direta ou indiretamente, na realização do
pedido de um cliente. Em outras palavras, a cadeia de suprimentos inclui o
fabricante, fornecedores, transportadoras, armazéns, varejistas e o próprio cliente.
O advento da globalização, a crescente competitividade nos mercados globais
e o surgimento de produtos com ciclo de vida curtos, levou as empresas a realizar
investimentos cada vez mais vultosos nas cadeias de suprimentos e nas melhores
práticas de gestão relacionadas.
A este propósito Levi (2010) mostra a complexidade dos processos
relacionados com a cadeia de suprimentos, conforme mostra a figura 2.
24
Figura 2 - Cadeia de Suprimentos
Fonte: Levi et al (2010).
O objetivo da cadeia de suprimentos é maximizar o valor geral gerado. Em
outras palavras, a gestão de suprimentos está voltada para a busca da maximização
da diferença entre o valor pago pelo cliente e os custos do produto, sendo este
excedente fortemente influenciado pela lucratividade da cadeia de suprimentos.
Além de pensar na lucratividade, a gestão da cadeia de suprimentos deve
zelar pelo planejamento, administração e controle do fluxo de materiais desde o
fornecedor até o cliente final, de forma a atender às suas necessidades. Segundo
Ballou (2003), a ideia central é colocar o produto certo, na hora certa, no local certo
e ao menor custo possível, pois um produto, em termos logísticos, terá valor quando
atender a estes parâmetros.
A gestão da cadeia de suprimentos vem ganhando importância estratégica
crescente dentro das empresas, pois ela pode ser uma grande geradora de
vantagens competitivas para as empresas n um mercado globalizado e concorrido
como o atual, no qual qualquer fonte de vantagem competitiva deve ser muito bem
estudada.
3.2.2 – Modais
A movimentação dos produtos pela cadeia de suprimentos é feita por modais,
sendo eles: ferroviário, rodoviário, dutoviário, aeroviário e aquaviário. Assim,
entendê-los é fundamental para explicar quais modais são mais interessantes para
cada tipo de transação comercial.
– Ferroviário
Segundo Pereira (2010) o modal ferroviário é um transportador de longo curso
e baixa velocidade. Em geral, transporta matérias-primas e produtos manufaturados 25
de baixo custo. É um modal que possui um grau de implantação elevado, porém
apresenta baixo custo operacional.
– Rodoviário
De acordo com Pereira (2010) o modal rodoviário transporta geralmente
produtos semi prontos ou acabados. As vantagens desse modal é o serviço porta-a-
porta, sem a necessidade de carga e/ou descarga nos terminais. No Brasil é o modal
mais usado. Apresenta baixo custo de implantação apesar de possuir elevado custo
operacional
– Aeroviário
Apesar de ser mais caro que o Rodoviário e o Ferroviário muitos empresários
já tem o transporte aéreo como um modal interessante, em virtude de sua
inigualável rapidez. É o meio ideal para o transporte de mercadorias de alto valor
agregado e casos com urgência na entrega, conforme relata Pereira (2010), em seu
trabalho.
– Dutoviário
Pereira (2010), diz em seu trabalho que o transporte dutoviário é feito através
de tubos, sendo utilizado para transporte de gases, líquidos e sólidos granulares. O
sistema possui baixo custo operacional, porém pouca flexibilidade.
– Aquaviário
Por fim, segundo Pereira (2010) o transporte aquaviário é ideal para
transporte de longas distâncias, pois possui um custo operacional baixo. É o modal
mais usado no comércio internacional, porém costuma ser mais lento do que o
ferroviário.
Conforme expostos os modais podem ser diferenciados em virtude do custo,
do tempo médio de entrega e das perdas e danos que podem ocorrer no caminho.
Ballou (2006), oferece o quadro 3 como forma de comparar os modais. A
metodologia usada é a de empregar valores de 1 a 5 para quantificar os pontos
positivos de cada modal.
26
Quadro 3 - Comparação entre os modais.
Modal de
Transporte
Custo (1 = maior) Tempo médio de
entrega (1= mais
rápido)
Perdas e danos (1
= menor)
Ferroviário 3 3 5
Rodoviário 2 2 4
Aquaviário 5 5 2
Dutoviário 4 4 1
Aéreo 1 1 3
Fonte: BALLOU ( 2006)
3.2.3 – Incoterms
Incoterms é a sigla do termo em inglês International commercial terms,
definido como termos de comércio internacional. São utilizados para dividir os custos
e as responsabilidades do transporte entre comprador e vendedor, é importante
estudá-las, pois há algumas Incoterms específicas para cada modal, o que interfere
nas negociações entre compradores e fornecedores, e consequentemente o
comércio internacional como um todo. Segundo Morini et al. (2011) há quatro grupos
de incoterms:
O grupo E no qual a responsabilidade do vendedor é mínima devendo este
apenas disponibilizar a mercadoria no local estipulado, geralmente dentro de seu
próprio armazém. Há apenas uma Incoterm neste grupo sendo a EXW (Ex Works,
no local de fabricação).
O próximo grupo, será o grupo F, no qual o vendedor deve entregar a
mercadoria ao transportador, conforme orientações do comprador.
Já o grupo C diz que o vendedor deverá contratar o transportador. Porém,
caso haja situações de congestionamento, tempestades, greves, guerra, entre
outras situações imprevisíveis os custos serão de responsabilidade do comprador.
E por fim, o grupo D, no qual o vendedor se responsabiliza por entregar a
mercadoria no país do comprador, pagando todas as despesas de transporte e
27
seguro, até que a mercadoria chegue nas condições adequadas e esperadas pelo
comprador.
Portanto, conforme a ICC de 1999, há treze Incoterms:
I) Para qualquer modalidade de transporte;
a. EXW – Ex Works: no local de destino;
b. FCA – Free Carrier: livre no transportador;
c. CPT – Cost Paid to: transportadora paga por;
d. CIP – Cost, Insurance Paid to: custo e seguros pagos por;
e. DAF – Delivered at Frontier: entregue na fronteira;
f. DDU – Delivered Duties Unpaid: Entregue direitos não pagos;
g. DDP – Delivered Duties Paid: entregue direitos pagos.
II) Para modalidade de transporte aquático:
a. FAS – Free Alongside Ship: livre no costado do navio;
b. FOB – Free on Board: livre a bordo;
c. CFR – Cost and Freight: custo e frete;
d. CIF – Cost, Insurance and Freight: custo, seguro e frete;
e. DES – Delivered Ex Ship: entregue no navio;
f. DEQ – Delivered Ex Quay: entregue no cais.
A figura 3 apresenta um resumo das responsabilidades dos compradores e
vendedores de acordo com a Incoterm escolhida. Nela fica divido os quatro grupos
de Incoterms como dito anteriormente e a responsabilidade pelos custos e riscos da
operação. Sendo os quadrados pintados de vermelho responsabilidade do vendedor
e os quadrados pintados de azul responsabilidade do comprador.
28
Figura 3 - Incoterms
Fonte: Lexprevia (2013)
3.2.4 – Teorias de Comércio Exterior
Há várias teorias que discorrem sobre o comércio exterior, neste trabalho
analisaremos as duas que mais se aproximam conceitualmente ao tema do presente
trabalho.
3.2.4.1 – A teoria mercantilista
Segundo Dainez (2011) a primeira tentativa de se tentar compreender o papel
que o comércio exterior exerce sobre as economias foi feita pelos mercantilistas. O
Mercantilismo é o período de tempo entre o Feudalismo e o Capitalismo que vai do
século XV ao XVII.
A principal discussão do mercantilismo foi determinar o conceito de riqueza de
uma nação, isto porque a riqueza da nação não significaria apenas que seus
cidadãos são ricos, mas também que existe um poderio militar.
Para os mercantilistas, uma nação rica seria a que possuísse um alto estoque
de metais preciosos, ouro e prata. Havia diversas formas de se aumentar o estoque
29
de metais preciosos: a primeira é aumentar a produção das minas existentes; outra
forma seria a de buscar minas em outros países. A pirataria e o saque também eram
caminhos possíveis de aumentar a riqueza, bem como, o comércio, já que a moeda
naquela época eram os metais preciosos.
Portanto, de acordo com os mercantilistas, possuir um balanço de
pagamentos positivo, levaria ao enriquecimento da população.
3.2.4.2 – A teoria das vantagens comparativas absolutas
Adam Smith em sua obra A riqueza das Nações (1776), diz que a riqueza de
um país esta associada a sua renda per capita. Para este autor a divisão do trabalho
seria uma forma de se aumentar essa renda.
Segundo Adam Smith, para os países terem benefícios ao participar do
comércio exterior, é importante que eles se especializem nas mercadorias que
possuam mais vantagens comparativas. Para ele há dois tipos de vantagens que os
países poderiam possuir. A primeira delas é a vantagem natural, que diz respeito
aos fatores naturais como clima e solo, por exemplo. A segunda vantagem são as
vantagens adquiridas, que são aquelas vantagens que são desenvolvidas pela
nação.
3.3 – Global Sourcing
De acordo com Corrêa (2010), a gestão de suprimentos global (ou global
sourcing em inglês), refere-se à prática de identificar oportunidades e buscar os
insumos necessários à produção de bens ou serviços onde quer que existam as
melhores condições de custos, qualidade e entrega, dentro ou fora do país de
origem da organização. Desta forma, neste capítulo será estudado o cenário
internacional que propiciou o surgimento do Global Sourcing, a sua evolução
histórica, os benefícios, desafios e riscos da prática de Global Sourcing para as
empresas.
30
3.3.1 – Tipos de Suprimentos
Há quatro tipos de suprimentos: o Outsourcing, Insourcing, Offshoring e o
Global Sourcing.
3.3.1.1 – Outsourcing
O outsourcing ocorre quando a empresa adquire os suprimentos necessários
de uma empresa terceira, localizada no seu próprio país. Um exemplo é a compra
pela Faculdade de Ciências Aplicadas da Unicamp do papel Chamex ECO,
produzido em Mogi Guaçu pela International Paper.
3.3.1.2 – Insourcing
Ocorre quando a empresa decide produzir ela mesma o material necessário.
A Ford nos anos 20, por exemplo, produzia 100% de todos os suprimentos
necessários, incluindo pneus e bancos. A tendência atual é das empresas
executarem apenas as atividades-fim que utilizam suas competências centrais,
terceirizando as demais.
3.3.1.3 – Offshoring
O offshoring é quando a empresa decide ela mesma produzir o suprimento
necessário, porém em outro país com custos mais vantajosos. Tal prática aplica-se
também ao setor de serviços no qual muitas empresas vem migrando os seus call-
centers para a Índia, por exemplo. Sendo este o destino mais comum para o
offshoring em virtude de sua mão de obra de alta qualidade com conhecimentos da
língua inglesa e melhor proteção da propriedade intelectual do que outros players.
31
Segundo Cavusgil et al (2010), estima-se que apenas na Índia tenham sido gerado
mais de 1,3 milhão de empregos na última década, por conta desse processo.
3.3.2 – A Globalização
De acordo com Cavusgil et al(2010), a globalização é um aprofundamento do
processo de integração econômica, social, cultural e política que foi impulsionada no
final do século XX e início do século XXI, com o aumento das comunicações entre
os países, sendo considerado um fenômeno gerado pela necessidade de
dinamismo do capitalismo.
3.3.2.1 – Fases da Globalização
Podem-se identificar quatro etapas diferentes no processo de evolução da
globalização. Conforme a tabela abaixo.
Quadro 4 – Fases da Globalização
Fases da
Globalização
Período
aproximado
Fatores
desencadeadores
Principais características
Primeira fase 1830 até o
final da
década de
1900, com
pico em
1880
Introdução das
ferrovias e o
transporte marítimo
Aumento da manufatura:
comércio através das
fronteiras de commodities, em
grande parte por trading
companies.
Segunda
fase
1900 a 1930 Aumento da
produção de
eletricidade e aço
Surgimento e domínio das
primeiras empresas
multinacionais
(principalmente europeias e
norte-americanas) nos
setores industrial, extrativista
32
e agrícola.
Terceira fase 1948 à
década de
1970
Formação do Acordo
geral sobre tarifas e
comércio (GATT, do
inglês General
Agreement on Tariff
and Trade); fim da
Segunda Guerra
Mundial; Plano
Marshall para
reconstrução da
Europa
Esforço concentrado da parte
dos países industrializados
ocidentais para redução
gradual de barreiras ao
comércio; crescimento das
multinacionais japonesas;
comércio entre países de
bens de marca; fluxo entre
países de moeda, em
paralelo ao desenvolvimento
de mercados globais de
capital.
Quarta Fase Década de
1980 até o
presente
Expressivos avanços
nas tecnologias de
informação,
comunicações,
manufatura e
consulta; privatização
de empresas estatais
em países em
transição; notável
crescimento
econômico nos
mercados emergente.
Taxa de crescimento sem
precedentes no comércio
entre fronteiras de bens,
serviços e capital;
participação nos negócios
internacionais de empresas
de pequeno e grande porte,
originárias de vários países;
foco nos mercados
emergentes para atividades
de exportação, IDE e
suprimento.
Fonte: Cavusgil ET Al (2010).
Assim, temos que a primeira fase da globalização teve sua expansão em
virtude do aumento das ferrovias e do transporte marítimo. Outro fator importante foi
à invenção do telégrafo e do telefone que facilitou o fluxo de informação.
Já a segunda fase da globalização tem início em 1900 e esta relacionada com
o aumento da produção de energia elétrica e aço. O pico da segunda fase da
globalização foi pouco antes da Crise de 1929. Nesta fase temos também as
33
empresas, principalmente europeias, abrindo sedes nas antigas colônias na Ásia,
África e Oriente Médio.
A terceira fase da globalização começa logo após o fim da Segunda Guerra
Mundial. Muitos países como Inglaterra, Austrália e Estados Unidos, buscaram
reduzir as barreiras ao comércio internacional e o resultado desse trabalho foi
Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT ou General Agreement on Tariff and
Trade), assinado na conferência de Bretton Woods, em 1947 que contava com 23
nações. Este acordo posteriormente veio a transformar-se na OMC (Organização
Mundial do Comércio) anos depois. Houve também um crescimento das
multinacionais dos países desenvolvidos para diversos países.
Por fim, a quarta fase da globalização teve seu início na década de 80 quando
houve um enorme crescimento no comércio e no investimento entre os países. A
prosperidade internacional atingiu até mesmo países emergentes como Brasil, Índia
e México. Nessa época também houve o surgimento da Internet o que possibilitou a
instalação de operações remotas ao redor do mundo e a globalização do setor de
serviços. Ou seja, as distâncias geográficas que antes separavam as nações estão
encolhendo cada vez mais a tabela abaixo mostra a evolução dessa tendência.
Quadro 5 - Fase da Globalização x Velocidade do transporte
Nesta época... O meio de transporte mais
rápido era...
À velocidade de ....
1500 à década de 1840 - Navios movidos à força
humana e carroças
puxadas por cavalos
10 milhas por hora
1850 a 1900 - Barcos a vapor
- Locomotivas a vapor
36 milhas por hora
65 milhas por hora
Início da década de 1900
até os dias de hoje
- Veículos motorizados
- Aviões a hélice
- Aviões a jato
75 milhas por hora
300 a 400 milhas por hora
500 a 700 milhas por hora
Fonte: Adaptado de: DICKEN (1992)
– Consequências da Globalização
34
A globalização trás efeitos positivos, como os que já citamos aqui, porém ela
também traz desvantagens para a população, como perda da soberania nacional,
evasão de empregos, efeitos na cultura e meio ambiente, entre outros.
– Perda da soberania nacional
A soberania é a capacidade de um país dominar e governar as suas questões
internas. Acontece que algumas empresas possuem receita maiores do que alguns
países, o que as possibilita exercer influência nos governos em que estão. Eles
podem fazer isso por meio de lobby, pressionando os governos a aprovarem
medidas que os favoreçam, como incentivos fiscais ou desvalorização cambial, por
exemplo.
– Operações offshore e a evasão de empregos
Como já dito anteriormente o offshoring é quando a empresa decide ela
mesma produzir o suprimento necessário, porém em outro país com custos mais
vantajosos, o que acarretou a mudança de milhares de empregos das economias
mais desenvolvidas para a de países emergentes. Por exemplo, a Volkswagen
transferiu grande parte de sua produção alemã para países do leste europeu, aonde
os salários são menores e as horas trabalhadas maiores.
– Efeito sobre o meio ambiente
35
Um outro problema, apontado por Cavusgil et al. (2010) a globalização pode
causar danos ambientais em virtude do aumento da capacidade industrial e
empresarial, o que resulta em aumento da poluição, desmatamento, entre outros.
Porém, ocorre também que esse dano tende a diminuir no decorrer do tempo,
conforme a economia vai ficando mais desenvolvida, é o caso, por exemplo, do
Japão, que manteve suas cidades poluídas nos primeiros anos do pós-guerra e que
hoje adota rígidas leis de proteção ambiental.
– Efeito sobre a cultura
Uma outra questão diz respeito aos efeitos da globalização, tem feito com que
cada vez mais as pessoas se vistam iguais, comam as mesmas coisas e vejam os
mesmos filmes, por exemplo.
Tal efeito faz com que se perca um pouco da identidade nacional e haja uma
certa homogeneização cultural. Alguns países como Bélgica, França e Canadá,
fizeram leis de proteção à língua e a cultura nacional para enfrentar essa
homogeneização cultural.
– Fatores geradores da Globalização
Atualmente há vários fatores tidos como causas da globalização. Dentre eles,
Cavusgil et al (2010) destacam os cinco abaixo:
– Redução mundial das barreiras ao comércio e ao investimento
Com a redução das barreiras ao comércio e ao investimento houve uma
aceleração na integração econômica global. A Organização Mundial do Comércio
36
(OMC) ajudou bastante neste processo. Essa redução também está associada ao
surgimento dos blocos de integração econômica regional.
– Liberalização de mercado e adoção do livre comércio
Com o fim da Guerra Fria e a da URSS, vários países se dirigiram a economia
global, como economias do Leste europeu e asiático, o que fez com que mais de um
terço do mundo se abrisse para o comércio internacional. Incluindo economias como
China, Índia e Europa Oriental que se tornaram localidades de melhor custo-
benefício para produção de bens e serviços no mundo.
– Industrialização, desenvolvimento econômico e modernização
Mercados emergentes, como Brasil, por exemplo, estão migrando da
condição de produtores de commodities , de baixo valor agregado, para itens de alta
tecnologia e alto valor agregado. No caso brasileiro, por exemplo, se tornou um dos
maiores fabricantes de aviões do mundo. O desenvolvimento econômico nos
mercados emergentes está melhorando a qualidade de vida nesses países, que
também tem se tornado cada vez mais atrativos ao investimento estrangeiro o que
facilita a disseminação de ideias, produtos e serviços a uma escala global.
– Integração dos mercados financeiros mundiais
A integração dos mercados financeiros mundiais facilita o fluxo de capital
entre empresas internacionais o que permite realizar transações em moeda
estrangeira, ou seja, a globalização financeira facilitou a desenvolver operações de
produção e marketing global. Além de permitir o pagamento de fornecedores e
compradores em todo o mundo.
– Avanços Tecnológicos
Os avanços tecnológicos tornam possível a globalização uma vez que
facilitam a comunicação e a movimentação de bens, serviços e pessoas. Nos
últimos anos nota-se um crescente aumento de usuários de internet em todo o
mundo o que mostra o aumento no fluxo de informação entre pessoas. Além disso,
37
houve também um barateamento dos custos de comunicação por telefone o que
também causou um aumento dessa forma de comunicação.
Abaixo segue um gráfico que mostra essa tendência.
Figura 4 - Custo de Comunicação e Usuários de Internet
Fonte: elaboração do autor, adaptado de Cavusgil et al (2010).
3.3.3 – Blocos econômicos
Os Blocos econômicos visam integrar economias de países a fim de obterem
ganhos comerciais, maior escala na economia, integração de infraestrutura,
integração regional entre outros. A primeira integração regional que fez surgir um
bloco econômico foi o BENELUX, formado pelos países, Bélgica, Holanda e
Luxemburgo que se iniciou em 1834. Porém, foi durante as décadas de 1960 e 1970
que houve um grande crescimento na formação de blocos econômicos, seguido pela
década de 90.
38
3.3.3.1 – Tipos de integração regional
Os blocos econômicos diferem entre si em virtude do seu nível de integração.
Ele inicia do nível mais baixo que seria a Área de livre comércio e finaliza na União
Política, tal nível ainda não foi alcançado por nenhum outro bloco.
A tabela abaixo mostra os níveis de integração e suas principais
características bem como, os blocos econômicos que estão neste processo.
Quadro 6 - Tipos de integração regional
Nível de Integração
Área de
Livre
Comérci
o
União
Aduaneir
a
Mercado
Comum
União econômica
e
(eventualmente)
monetária
União
Política
Os membros
concordam em eliminar
tarifas e barreiras não
tarifárias entre si,
porém cada qual
mantém suas próprias
restrições comerciais
com países não
membros. Exemplo:
Nafta, Efta, Asean.
Tarifas externas
Comum. Exemplo:
Mercosul
Livre movimentação de
bens, mão de obra e
capital. Exemplo:
Comunidade
Econômica Europeia
pré -1992
Política monetária e
39
fiscal unificada por
uma autoridade
central. Exemplo:
União Europeia
Todas as políticas por
meio de uma
organização comum;
desaparecimento da
distinção entre as
instituições nacionais.
Exemplo: permanece
como um ideal, ainda
a ser atingido.
Fonte: Cavusgil et al (2010).
– Área de Livre Comércio
A área de livre comércio é o processo de integração mais simples e comum,
no qual os países signatários concordam com a eliminação gradual das barreiras ao
comércio dentro do bloco, o Asean é um exemplo.
– União Aduaneira
A União Aduaneira assemelha-se com a área de livre comércio na busca pela
eliminação gradual das barreiras ao comércio entre os membros do bloco, o que a
difere é os países membros harmonizam as suas políticas comerciais em relação
aos países não membros, ou seja, ao invés de cada país possuir as suas políticas
comercias externas, os membros de uma união aduaneira adotam uma política
comercial em comum em relação aos países não membros. Um exemplo de união
aduaneira é o Mercosul, mercado comum do sul, composto por Brasil, Argentina,
Uruguai e Paraguai.
40
– Mercado Comum
O Mercado comum difere-se da união aduaneira, por permitir que haja a
circulação de pessoas, capital, serviços, fatores de produção, bens e tecnologia
livremente entre os países membros. Os mercados comuns são muito difíceis de
criar pois, requerem muita cooperação entre os países membros nas políticas
trabalhistas e econômicas. Um exemplo de mercado comum foi a Comunidade
Econômica Europeia pré 1992.
– União Econômica
A União Econômica possui todas as vantagens dos demais estágios e o que a
difere é que os países visam compartilhar políticas fiscais e monetárias. Sendo um
caso extremo todos adotarem as mesmas taxas. A União Econômica visa uma
política monetária padronizada, que requer taxas de câmbio fixas e a livre conversão
de moedas dentro dos países signatários, essa padronização ajuda a eliminar
práticas que possam favorecer um país em detrimento de outro.
A União Europeia é um exemplo de União Econômica, na UE há ainda alguns
países que possuem a moeda única, o Euro, tal fato contribui para a abertura de
filiais financeiras europeias nos países que a utilizam.
A União Econômica também requer que os países membros padronizem leis
e regulamentações em relação à concorrência, fusões e outras ações corporativas.
– União Política
A União Política caracteriza-se pelo desaparecimento da distinção entre as
instituições nacionais, na qual com a unificação das diferentes nações elas abdicam
sua soberania em nome do fortalecimento do bloco, além disso, é um acordo que
prevê que as políticas tanto econômicas quanto sociais sejam idênticas e
administradas por autoridades supranacionais. Por enquanto, nenhum bloco atingiu
este patamar de integração.
41
3.3.3.2 – Principais blocos econômicos
– União Europeia
Figura 5 - União Europeia
A União Europeia tem origem em 1957 quando seis países devastados pela
Segunda Guerra Mundial – Bélgica, França, Alemanha, Itália, Luxemburgo e
Holanda - assinaram o Tratado de Roma que buscava promover a prosperidade por
meio da cooperação econômica.
Em 1992 surge a União Europeia e suas principais ações para se tornar uma
união econômica plena foram:
- Acesso ao mercado;
- Mercado comum;
- Regras comerciais;
- Harmonização de padrões.
No longo prazo a União Europeia espera adotar políticas fiscal, monetárias,
tributarias e de bem estar social comum.
42
Fonte: http://dre.pt/ue/imagens/mapas/paises_ue_2007.gif
O Euro introduzido em 2002 e adotado por alguns países do bloco tornou-se
uma das principais moedas no mundo e simplificou o comércio e a competitividade
internacional da Europa.
A União Europeia conta hoje com 28 Estados-membros e atua através de um
sistema de instituições supranacionais, sendo as mais importantes, o Banco Central
Europeu, o Parlamento Europeu, o Conselho Europeu, o Conselho da União
Europeia e a Comissão Europeia.
– Associação Europeia de Livre Comércio (Efta)
Figura 6 - Efta
Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:EFTA_AELE_countries.svg
A Associação Europeia de Livre Comércio (Efta, do inglês European Free
Trade Association), foi estabelecida em 1960 e originalmente continha sete
membros sendo eles: Suíça, Portugal, Suécia, Inglaterra, Dinamarca, Áustria e
Noruega. Porém, a maioria desses países deixou o bloco para integrar-se a União
Europeia. Os atuais membros da Efta são Noruega, Islândia, Listenstaine e Suíça.
– Tratado Norte Americano de Livre Comércio (Nafta)
43
Figura 7 - Nafta
Fonte: http://edsonmaiap.files.wordpress.com/2009/05/mapa-nafta.jpg
Formado por Canadá, Estados Unidos e México o Nafta (do inglês North
American Free Trade Agreement) é o bloco econômico mais importante do
continente americano, sendo criado em 1994.
Esse acordo eliminou tarifas e a maioria das barreiras não tarifarias para bens
e serviços comercializados no bloco.
Com a adoção do Nafta, houve um grande aumento do comércio entre os
países membros, o que gerou benefícios para todos os países membros
– Mercado Comum do Sul (Mercosul)
44
Figura 8 - Mercosul
Fonte: http://1.bp.blogspot.com/-qP4lToW93GE/UBgTHCdK2OI/AAAAAAAAwcQ
/OsbhdS35C1M/s1600/mercosul21b.gif
O Mercosul – Mercado comum do Sul – foi criado em 1991 e tornou-se o
bloco mais forte da América do Sul. Seus membros plenos são Brasil, Argentina,
Uruguai e Paraguai e recentemente a Venezuela foi aceita como membro pleno.
Além dos membros plenos possuí cinco membros associados que são Chile, Bolívia,
Peru, Equador e Colômbia. O Mercosul estabeleceu livre circulação de bens e
serviços, uma tarifa externa e política comercial comum, seu próximo desafio é
construir uma rede de infraestrutura, como gasodutos, estradas e ferrovias.
Assim que entrou em vigor o Mercosul, fez o comércio entre os países
membros triplicar, o que atraiu muitos investimentos de países não membros.
3.3.4 – Evolução do Global Sourcing
45
1960 1990 2013
Manufatura Offshoring Processos
Pode-se dividir a evolução do Global Sourcing em três etapas principais.
Inicialmente nos anos de 1960 a primeira fase do Global Sourcing concentrou-se na
manufatura de insumos, com a mudança dos grandes centros de produção para
países mais periféricos, no qual poderiam alcançar maiores lucros e qualidade.
A segunda fase começou no offshoring em 1990, no qual empresas
começaram a terceirizar atividades de adição de valor no setor de serviços. Os
países que mais receberam investimentos foram a Índia e a Europa Oriental nesta
fase. Os serviços que mais mudaram com o offshoring foram o setor de TI, call
centers, entre outros.
Atualmente estamos na terceira fase do Global Sourcing, no qual as
empresas iniciaram processos de terceirização de processos de desenvolvimento de
produtos, recursos humanos e finanças, por exemplo.
Figura 14 - Evolução do Global Sourcing
Fonte: Elaboração do autor
3.3.5 – Benefícios do Global Sourcing para a empresa
Como dito anteriormente o Global Sourcing, possui benefícios e desafios para
as empresas. Com relação aos benefícios há dois motivos principais para as
empresas adotarem esta estratégia, são eles a relação custo beneficio e a
realização dos objetivos estratégicos.
No tocante à relação custo beneficio, reduzir custos é o motivo principal
quando as empresas decidem fazer práticas de offshoring, por exemplo, estima-se
46
que as empresas esperam economizar cerca de 40% nos custos de base quando
fazem essa prática.
Enquanto no tocante à realização dos objetivos estratégicos segundo
Cavusgil et al (2010), há oito motivos principais para as empresas decidirem fazer
uso do Global Sourcing, são eles:
- Aceleração do crescimento da empresa;
- Acesso a pessoal qualificado no exterior;
- Melhora na produtividade e no serviço;
- Reinvenção dos processos de negócios;
- Aumento de velocidade de entrada ao mercado;
- Acesso a novos mercados;
- Flexibilidade tecnológica;
- Maior agilidade por aliviar a carga desnecessária.
O Global Sourcing já é utilizado em várias empresas ao redor do mundo, por
exemplo, a Dell do Rio Grande do Sul importa processadores Intel produzidos na
Costa Rica, a Boeing também é outra empresa que faz uso do Global Sourcing,
sendo hoje responsável por apenas 10% da adição de valor do Boeing 787,
conforme figura abaixo.
47
Figura 15 - Fragmentação da produção do Boeing 787
Fonte: Cavusgil et al (2010)
A estratégia escolhida pela empresa demonstra o alto dinamismo desta
pratica, sendo que no caso acima as peças são fabricadas em três continentes
diferentes.
3.3.6 – Desafios do Global Sourcing para a empresa
Segundo Cavusgil et al (2010), há sete desafios que as empresas devem
superar para lidar com o Global Sourcing sendo eles:
- Vulnerabilidade a flutuações cambiais;
- Custos de seleção, capacitação e monitoramento de parceiros;
- Aumento da complexidade ao gerir uma rede mundial de centros de
produção e parceiros;
- Complexidade na gestão da cadeia de fornecimento global;
- Influência limitada sobre os processos de manufatura do fornecedor;
48
- Vulnerabilidade a comportamentos oportunistas ou atos de má-fé por
parte dos fornecedores;
- Capacidade restrita de proteger bens intelectuais.
Apesar dos desafios as empresas tendem a seguir uma estratégica de Global
Sourcing, pois geralmente os benefícios compensam estas dificuldades.
3.3.7 – Riscos do Global Sourcing
O Global Sourcing pode ser feito tanto por empresas grandes quanto
pequenas e muitas vezes leva a empresa a aumentar sua busca por oportunidade
internacionais. Segundo Cavusgil et al. (2010) o Global Sourcing envolve sete riscos.
São eles:
- Redução de custos menor que a esperada;
- Fatores ambientais;
- Ambiente jurídico fraco;
- Risco de criar concorrentes;
- Trabalhadores pouco qualificados ou inadequados;
- Dependência excessiva dos fornecedores;
- Diminuição do compromisso e da motivação entre os funcionários do país de
origem.
49
4.0 – Metodologia
Para a realização deste trabalho foi necessário estudar os temas que
possuíam relação com o tema proposto, para assim termos um maior
aprofundamento na questão envolvida.
Desta forma, foi feita uma revisão bibliográfica à respeito dos seguintes
temas: O Departamento de Compras, o Comércio Internacional e o Global Sourcing.
Também foi realizado um questionário em cinco empresas de atuação
nacional, com executivos da área, que visava obter resultados que fossem possíveis
comparar com os resultados da pesquisa de Trent e Monczka(2005). As empresas
pesquisadas foram quatro multinacionais e uma brasileira, além da comparação com
a pesquisa de Trent e Monczka (2005), buscou-se também descobrir qual seria o
papel do comprador nestas empresas seguindo a pesquisa realizada por Baily e
seus colaboradores (2000).
Após isso, foi feita uma análise dos dados recolhidos pela pesquisa e feita
uma comparação entre o resultado obtido e o resultado do trabalho realizado por
Trent e Monczka (2005).
4.1 – Questionário
O questionário aplicado às cinco empresas, segue abaixo:
1) Qual é o nome de sua empresa?
2) Sua empresa Pratica o Global Sourcing?
3) Como o papel do comprador é visto em sua empresa?
(Primitivo-Sem qualificações especiais; abordagem burocrática; cerca
de 80% do tempo é dedicado às atividades burocráticas)
(Conscientização-Sem qualificações especiais; algumas rotinas básicas
de compras; 60-79% do tempo dedicado às atividades burocráticas)
(Desenvolvimento-Qualificações acadêmicas formais exigidas;
envolvimento em negociações; reconhecimento da função compras e
suprimentos; 40-59% do tempo dedicado às atividades burocráticas)
50
(Maturação-Qualificação gerencial exigida; compradores
especializados em commodities* integrados com as áreas funcionais;
envolvimento com todos os aspectos do desenvolvimento de novos
produtos; maior parte do trabalho dedicado à negociação e à redução
de custo/desenvolvimento de fornecedores; 20-30% do tempo dedicado
às atividades burocráticas.)(Avançado-É necessária qualificação
profissional ou pós-graduação; o comprador está mais envolvido com
os assuntos mais estratégicos do trabalho; mais dedicado ao custo
total de aquisição, à administração da base de fornecedores etc;
menos de 20% de seu tempo dedicado às atividades burocráticas.)
4) Em qual nível você acredita que está a gestão de Suprimentos da sua
empresa?
(Nível 1 - Compras domésticas apenas)(Nível 2 - Compras
Internacionais isoladas, apenas quando necessário)(Nível 3 - Compras
internacionais como parte de uma estratégia de suprimentos)(Nível 4 -
Estratégias de suprimento integradas ao longo das localidades globais
onde a empresa atua)(Nível 5 - Estratégias de suprimento integradas
ao longo das localidades globais onde a empresa atua e englobando
todos os seus grupos funcionais)
5) Em cinco anos qual nível você acredita que estará a gestão de suprimentos
de sua empresa?
6) Qual destes benefícios você considera que foi o mais sentido após a
implantação do Global Sourcing?
- Aceleração do crescimento da empresa;
- Acesso a pessoal qualificado no exterior;
- Melhora na produtividade e no serviço;
- Reinvenção dos processos do negócio;
- Aumento de velocidade de entrada no mercado;
- Acesso a novos mercados;
- Flexibilidade tecnológica;
- Maior agilidade;
- Redução de custo.51
7) Qual destes malefícios você considera que foi o mais sentido após a implantação
do Global Sourcing?
- Redução de custos menor que a esperada;
- Fatores ambientais;
- Ambiente jurídico fraco;
-Risco de criar concorrentes;
- Trabalhadores pouco qualificados ou inadequados;
- Dependência excessiva dos fornecedores;
- Diminuição do compromisso e da motivação entre os funcionários do país de
origem.
8)Quais destes pontos você considera mais importantes para a implementação do
Global Sourcing?
Comprometimento da alta direção com o Global Sourcing
Processos rigorosos e bem definidos
Disponibilidade dos recursos necessário
Integração por intermédio da tecnologia da informação
Desenho organizacional que apoie a iniciativa de Global Sourcing
Possuir uma estrutura que favoreça a comunicação com os outros Departamentos de Compras em outros países
Uma metodologia para mensurar a redução de custo
52
5.0 – Resultados
Foi realizado uma pesquisa com cinco executivos de compras de cinco
empresas diferentes, sendo quatro delas multinacionais e uma nacional. Foi
solicitado pelos entrevistados que se mantivessem em sigilo o nome das empresas,
dessa forma as chamaremos de A,B,C,D e E. As empresas A e B possuem
faturamento anual entre um e cinco bilhões de reais, sendo as maiores empresas
participantes da pesquisa, outras duas empresas estão na faixa de faturamento
entre quinhentos milhões e um bilhão, C e E e por fim a empresa D possui um
faturamento anual abaixo de um milhão de reais.
Foi questionado também se as empresas faziam uso do Global Sourcing, das
quais as empresas A,B e C fazem uso e as empresas D e E não adotaram esta
prática ainda.
Seguindo a tabela de Baily e seus colaboradores de 2000, quadro 2 deste
trabalho, perguntamos qual era o estágio de desenvolvimento do comprador dentro
de cada uma dessas empresas, e obtivemos o resultado expresso no quadro 7, que
também engloba o uso ou não do Global Sourcing.
Quadro 7 – Empresas pesquisadas e o estágio de desenvolvimento do comprador.
Empresa Utiliza o Global Sourcing Estágio de
desenvolvimento do
Comprador
A Sim Maturação
B Sim Avançado
C Sim Avançado
D Não Primitivo
E Não Conscientização
Fonte: Pesquisa realizada pelo autor.
As duas próximas perguntas realizadas fazem referência à pesquisa de Trent
e Monczka (2005), figura 1, deste trabalho, em que se questiona qual o nível da
53
gestão de suprimentos destas empresas e em qual nível elas esperam estar daqui a
cinco anos e obtivemos a resposta conforme quadro 8.
Quadro 8 – Nível da gestão de suprimentos das empresas pesquisadas
Empresa Nível atual da Gestão de
Suprimentos
Nível esperado para a
Gestão de Suprimentos
em cinco anos
A 4 5
B 4 5
C 5 5
D 1 1
E 3 3
Fonte: Pesquisa realizada pelo autor.
Com as três empresas que responderam que utilizam o Global Sourcing A, B
e C, foi questionado qual seria o maior benefício sentido após a implementação do
Global Sourcing, foi usado os benefícios listados por Cavusgil et al.(2010) acrescido
do item redução de custo, e para as empresas A e B, as maiores da pesquisa, a
redução de custo, foi o maior benefício trazido pelo Global Sourcing, enquanto que
para a empresa C a aceleração do crescimento da empresa foi a mais sentida.
Essas empresas também tiveram que responder qual foi o maior malefício que o
Global Sourcing trouxe também seguindo a lista de Cavusgil et al.(2010) e
novamente as empresas A e B obtiveram as mesmas respostas que foi a
dependência excessiva dos fornecedores, enquanto que para a empresa C,
trabalhadores pouco qualificados ou inadequados foi o maior malefício.
54
6.0 – Conclusão
Ao longo deste estudo procurei analisar como surgiu o Global Sourcing e
quais fatores o afeta, como por exemplo, o Comércio Internacional, a Cadeia de
Suprimentos e os Blocos econômicos, da mesma forma o Departamento de
Compras e o seu crescente ganho de importância dentro das empresas, também foi
estudado.
Após o término da pesquisa realizada com cinco executivos do departamento
de compras de cinco empresas com atuação nacional, podemos concluir igualmente
à pesquisa de Trent e Monczka(2005), que as empresas pesquisadas possuem uma
tendência a buscar a evolução no seu processo de Gestão de Suprimentos com
visão para o Global Sourcing.
Outro ponto também que conseguimos concluir é que as empresas que fazem
uso do Global Sourcing possuem os mais altos níveis do estágio de
desenvolvimento do comprador, conforme tabela desenvolvida por Baily e seus
colaboradores (2000).
Com isso, podemos responder a pergunta problema deste trabalho, traçando
um paralelo de que um processo avançado de Global Sourcing implica em um alto
estágio de desenvolvimento do comprador, sendo para este cada vez mais
necessário, possuir uma qualificação profissional, uma visão estratégica e menos
tempo dedicado a atividades burocráticas.
55
7.0 - Referências Bibliográficas
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estratégia, gestão e novas realidades. São Paulo: Editora: Pearson Prentice Hall,
2010.
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Suprimento no mundo Globalizado, 1ª edição. São Paulo: Editora Atlas, 2010.
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http://catalog.hathitrust.org/Record/009078378
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57