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CENTRO UNIVERSITÁRIO NOSSA SENHORA DO PATROCINIO FACULDADE DE TECNOLOGIA DO CEUNSP CURSO TECNOLÓGICO DE DESIGN DE MODA PROCESSO CRIATIVO: DO CINEMA PARA MODA LAUREN MUZZIN GRIGOLON MELINA MUZZIN GRIGOLON SALTO 2010

TCC Final 2 (3)

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Page 1: TCC Final 2 (3)

CENTRO UNIVERSITÁRIO NOSSA SENHORA DO PATROCINIO FACULDADE DE TECNOLOGIA DO CEUNSP

CURSO TECNOLÓGICO DE DESIGN DE MODA

PROCESSO CRIATIVO: DO CINEMA PARA MODA

LAUREN MUZZIN GRIGOLON MELINA MUZZIN GRIGOLON

SALTO 2010

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LAUREN MUZZIN GRIGOLON MELINA MUZZIN GRIGOLON

PROCESSO CRIATIVO: DO CINEMA PARA MODA

Trabalho Apresentado para Requisito para a Conclusão do Curso de Tecnologia em Design de Moda do Instituto Superior de engenharia Arquitetura e Design do CEUNSP sob orientação do prof. Elga Buck

SALTO 2010

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LAUREN MUZZIN GRIGOLON MELINA MUZZIN GRIGOLON

PROCESSO CRIATIVO: DO CINEMA PARA MODA

Trabalho Apresentado para Requisito para a Conclusão do Curso de Tecnologia em Design de Moda do Instituto Superior de engenharia Arquitetura e Design do CEUNSP sob orientação do prof. Elga Buck

Salto, 17 de Novembro de 2010

Luciane Panisson Professor Mestre

CEUNSP

Elga Buck Professor Mestre

CEUNSP

Lilian Sayuri Kauvauti Professor Especialista

CEUNSP

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos a todas as pessoas que colaboraram diretamente ou indiretamente para a realização desse projeto.

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RESUMO

O presente projeto pretende analisar o desenvolvimento do processo criativo

da obra cinematográfica “O Gabinete do Dr. Caligari” e sua influência no

desenvolvimento de uma coleção de moda. Trata-se, portanto, de um estudo sobre a

gênese do processo de criação e a importância de analisarmos de perto os métodos

de desenvolvimento das idéias do autor. A importância dessa exploração está no

resgate de informações necessárias para compreender a obra tida como finalizada.

Estas pesquisas terão como base os estudos da crítica genética e as redes de

criação propostas pela autora Cecília Almeida Salles, com fundamentos gerados

pelas tramas de linguagem. Dentro dessa perspectiva de análise, serão colocadas

as influências exercidas por esse projeto cinematográfico na inspiração e

desenvolvimento de um projeto de moda. Em sumo, o projeto constitui em analisar

todo o processo de criação de uma obra com base nas tramas de linguagem e,

como esta obra pode gerar outras criações.

Palavras-chave: Processo criativo, tramas de linguagem, expressionismo, cinema,

moda.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Musas da inspiração dançam com Apolo, de Baldassare Peruzzi. ............................ 9 Figura 2 - Caderno de registros de obras de Leonardo da Vinci ............................................. 13 Figura 3- Estudo de composição para Guernica, de Pablo Picasso. ......................................... 15 Figura 4 - Roteiro original do filme Metropolis, de Fritz Lang ............................................... 16 Figura 5 - Estudos de colagem e obra finalizada de Miró ........................................................ 17 Figura 6 - Notas de estudos de Leonardo Da Vinci .................................................................. 18 Figura 7 - Pôster “Das Cabinet des Dr. Caligari” ..................................................................... 20 Figura 8 - Página do primeiro roteiro de “O Gabinete do Dr. Caligari” .................................. 22 Figura 9 - Filósofo alemão Arthur Schopenhauer, a inspiração para o personagem Caligari. . 23 Figura 10 - Capa do roteiro inicial do filme com o desenho de uma cena. .............................. 23 Figura 11 - Montagem do cenário pintado em telas. ................................................................ 24 Figura 12 - Cena produzida a partir do storyboard. .................................................................. 25 Figura 13 –Tabela de análise das Tramas de Linguagem ......................................................... 26 Figura 14 – Caderno do artista ................................................................................................. 28 Figura 15 - Caderno do artista: estudo das cores ...................................................................... 28 Figura 16 – Elementos da coleção com inspiração no militarismo: abotoaduras e debruns .... 29 Figura 17 – Assimetria e recortes ............................................................................................. 30 Figura 18 – Linhas arquitetônicas em cenário do filme ........................................................... 30 Figura 19 – Look inspirado nas linhas arquitetônicas do filme ................................................ 31 Figura 20 – Estudo escadaria referência de luz e sombra e look inspirado no cenário ............ 31 Figura 21 – Caderno do artista: primeiros esboços dos looks .................................................. 32 Figura 22 - Tabela de Índice de Classes Econômicas clientes do Grupo Iguatemi .................. 38 

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SUMÁRIO  1.  INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 7 2.  O PROCESSO CRIATIVO ................................................................................................. 8 

2.1. O PROCESSO CRIATIVO E A ORIGEM DA CRIATIVIDADE ................................ 8 2.2. ETAPAS DO PROCESSO CRIATIVO ........................................................................ 10 2.3. ESTUDOS DO PROCESSO DE CRIAÇÃO ARTÍSTICA .......................................... 11  2.3.1. Fundamentos Dos Estudos Genéticos ...................................................................... 11  2.3.2. Redes De Criação ..................................................................................................... 14 2.4. ANÁLISE DO PROCESSO DE CRIAÇÃO DO FILME “O GABINETE DO DR. CALIGARI” DE ROBERT WIENE. ................................................................................... 19  2.4.1. Uma Breve História Do Expressionismo Alemão .................................................... 19  2.4.2. Sinopse: “O GABINETE DO DR. CALIGARI” DE ROBERT WIENE................. 20  2.4.3. O Processo De Criação e as Tramas de Linguagem do Roterio a Produção ........... 21 2.5. AS INFLUÊNCIAS DE CALIGARI NA CRIAÇÃO DE UMA COLEÇÃO DE MODA .................................................................................................................................. 27 

3.  CRIAÇÃO DA MARCA .................................................................................................. 33 3.1. CONCORRÊNCIA ........................................................................................................ 33 3.2. SEGMENTAÇÃO E POSICIONAMENTO ................................................................. 34  3.2.1. Segmentação de Público Alvo .................................................................................. 34  3.2.2. Segmentação Geográfica .......................................................................................... 34  3.2.3. Segmentação Demográfica ....................................................................................... 34  3.2.4.Perfil do Consumidor ................................................................................................ 35 3.3. COMPOSTO DE MARKETING .................................................................................. 37  3.3.1. Produto – Especificação de Produtos e Serviços ...................................................... 37  3.3.2. Preço – Estratégia de Precificação ............................................................................ 37  3.3.3. Praça – Estratégia de Vendas e Distribuição ............................................................ 37  3.3.4. Promoção – Estratégia de Comunicação .................................................................. 43  3.3.5. Identidade Visual ...................................................................................................... 43  3.3.6. Meios de Comunicação ............................................................................................ 46  3.3.7. Estratégia de Relacionamento .................................................................................. 48 

4.  PLANEJAMENTO DA COLEÇÃO ................................................................................. 49 4.1. SISTEMATIZAÇÃO DA COLEÇÃO .......................................................................... 49  4.1.1. Mix de Produtos ....................................................................................................... 49  4.1.2. Variedades entre Tops e Bottons .............................................................................. 49  4.1.3. Tema de Inspiração da Coleção ................................................................................ 50  4.1.4. Conceito de Coleção ................................................................................................. 50 4.2. TEXTO DE APRESENTAÇÃO DE COLEÇÃO ......................................................... 50 4.3. BRIEFING ..................................................................................................................... 51 4.4. ELEMENTOS DE ESTILO .......................................................................................... 52 4.5. SISTEMATIZAÇÃO DA COLEÇÃO .......................................................................... 53  4.5.1. Cartela de Cores........................................................................................................ 53 4.6. CARTELA DE MATERIAIS ........................................................................................ 54 4.7. CARTELA DE COMBINAÇÕES ................................................................................ 57 

5.  COLEÇÃO DESENVOLVIDA ........................................................................................ 58 5.1. PLANO GERAL DA COLEÇÃO ................................................................................. 58 5.2. CROQUIS E DESENHOS TECNICOS ........................................................................ 59 5.3. STYLIST ....................................................................................................................... 79 5.4. DESFILE ....................................................................................................................... 80 5.5. CONTATOS E AGRADECIMENTOS ........................................................................ 82 

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1. INTRODUÇÃO

Atualmente, o processo criativo está em destaque. Fala-se mais do

processo do que da obra, analisando todos os aspectos da gênese da

criação, o que levou a sua obra final e como essa influencia outros processos.

Considerando essa análise, a problemática é como estudar o processo

criativo de um filme e posteriormente aplicá-lo na criação de uma coleção de

moda?

Como hipóteses para esse desenvolvimento a análise do processo

criativo torna-se uma rede de pesquisas e inspiração para outros projetos,

sendo assim a obra cinematográfica “O Gabinete do Dr. Caligari”, datada de

1920, do diretor Robert Wiene é uma rica fonte de inspiração devido ao seu

período histórico e influências expressionistas.

Esse projeto visa esclarecer o processo criativo ao todo, através dos

estudos do processo do filme em questão e suas influências como uma rede

de criação. Por isto, é importante analisar o processo criativo, aprofundando-

se na crítica de processo.

Para o desenvolvimento desse projeto é fundamental pesquisar as

origens e etapas do processo criativo, analisar os estudos genéticos e as

redes de criação, assim como a aplicação do processo no desenvolvimento

de um projeto cinematográfico, aplicando o conteúdo estudado para criar um

processo autoral de criação de uma coleção de moda.

Este projeto de trabalho de conclusão de curso consistirá em pesquisas

sobre processo criativo nas vertentes da crítica genética, redes de criação e,

ainda, o estudo aprofundado da gênese de criação de uma obra

cinematográfica.

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2. O PROCESSO CRIATIVO

2.1 O PROCESSO CRIATIVO E A ORIGEM DA CRIATIVIDADE

Desde o nascimento, a mente do ser humano é capaz de realizar inúmeras

sinapses e ligações, criando sensações e pensamentos infinitos. Nunca paramos de

pensar, projetar e organizar idéias. Temos aquilo que nos diferencia desde o

principio de todas as outras espécies vivas: a capacidade criativa. A partir do

entendimento do ser humano, a criatividade pode representar um papel positivo na

vida cotidiana, ajudando a resolver problemas das relações que se pode encontrar

na vida afetiva ou profissional (LUBART, 2007).

A criatividade permite um refinamento de idéias, para que através dessa,

outras idéias mais elaboradas passem a existir. Segundo o pesquisador Morris Stein

(1974, p.08), a criatividade é “um processo que resulta em algo novo, que será

aceito como útil ou satisfatório por um número significativo de pessoas em algum

ponto no tempo”. Apesar de não existir uma data exata para seu surgimento, ou uma

receita para a criatividade, sabe-se que a mente humana segue algumas etapas de

elaboração no processo criativo.

Vários aspectos colaboram para esse desenvolvimento: os aspectos externos,

ou seja, as influências exteriores que chegam a nós; os fatores genéticos, as

experiências pessoais anteriores e, principalmente, pelo forte instinto investigativo e

de curiosidade que as pessoas possuem dentro de si.

Acerca do conceito da criatividade, não se sabe ao certo sobre seu

nascimento. Por muitos anos, ela foi vista como algo místico, uma inspiração dada

por um ser divino. Na Grécia antiga, acreditava-se que a inspiração vinha das

chamadas Musas (Figura 1). Elas eram responsáveis pelas inspirações tanto

artísticas como científicas. Eram invocadas através de uma oração poéticas ou

poemas épicos. Todos os Homens que possuíam uma forte ligação com suas

Musas, inspiração nunca lhes faltavam.

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Figura 1 - Musas da inspiração dançam com Apolo, de Baldassare Peruzzi.

Fonte - http://www.mlahanas.de/Greeks/Mythology/Muse.html

Em outras culturas acreditava-se que a criatividade vinha através da

inspiração por espíritos. Nesse meio de pensamento, toda inspiração possui um foco

subjetivo, ou um agente inspirador. Com o surgimento de alguns filósofos, muito dos

antigos pensamentos foram questionados. Aristóteles foi o primeiro a desenvolver a

idéia que a inspiração não vem do ato divino e sim de uma cadeia de associações

mentais realizadas pelo ser humano. A partir então desse momento, a visão do

sobrenatural que circundava a criatividade começava a desaparecer

(NASCIMENTO, 2001).

Durante algum tempo, a criatividade foi vista como uma genialidade, o que

quer dizer que uma pessoa nascia com uma pré-disposição genética para associar

idéias se tornando assim um gênio criativo. A criatividade foi explicada como uma

habilidade inata ou hereditária. Após alguns estudos, foi constatado que não apenas

a genética é responsável pela criatividade do indivíduo, mas também outros fatores

interligados que levam ao seu desenvolvimento.

Freud, pai da psicanálise, surgiu com a idéia que “a criatividade não é apenas

uma forma consciente, também possui pulsões inconscientes” (FREUD apud

LUBART, 2007, p.13). Sua tese catarsis criadora1 retrata o inconsciente criativo, a

maneira de atingir indiretamente algo intangível apenas com a realidade consciente.

Anos mais tarde, em 1950, o psicólogo americano Guilford publicou em American

Psychologist Creativity, a hipótese que a criatividade requer múltiplas capacidades

1 Catarsis Criadora é a tese de Sigmund Freud que explica que a criatividade é uma forma de reduzir tensão, onde o indivíduo cria para aliviar certos impulsos. Segundo o psicanalista, criatividade e neurose têm a mesma fonte de origem, os conflitos do subconsciente.

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intelectuais a ponto de facilitar a detecção de problemas, a capacidade de análise e

síntese, a fluidez e flexibilidade de pensamento (GUILFORD apud LUBART, 2007,

p.14).

Hoje já se sabe que a criatividade e o processo criativo vão além de tudo isso.

Envolvem um estudo de signos, fatores cognitivos, conativos, psicológicos e

externos. O processo criativo é uma sucessão de fatores e modelos a serem

seguidos que culminam nas criações originais, outras adaptadas.

2.2 ETAPAS DO PROCESSO CRIATIVO

Sabendo que a processo criativo é uma sucessão de pensamentos, uma

cadeia de idéias interligadas que resultam em criações originais ou adaptações,

pode-se dizer que esse processo passa por algumas etapas até sua finalização.

Partindo de que o processo criativo parte de um trabalho consciente, seguido por um

trabalho inconsciente, formalizou-se o primeiro modelo do processo criativo. Graham

Wallas no ano de 1926, na sua obra publicada A arte de Pensamento, descreve o

modelo clássico do processo. Esse modelo passa por quatro etapas: a fase de

preparação, a fase de incubação, a de iluminação e a de verificação (WALLAS apud

LUBART, 2007, p. 94).

Na primeira fase, o problema se concentra na mente do indivíduo o qual

explorará suas dimensões. É nessa etapa que as informações são coletadas e

analisadas sob o trabalho consciente. Já na fase de incubação, o problema é

internalizado, nada parece acontecer no mundo exterior; é a hora que o inconsciente

entra em ação. Após a fase em que o cérebro trabalhou inconscientemente, o

processo passa pelo que se denomina iluminação ou insight, é o momento da

“Eureka”; as idéias emergem do subconsciente e se manifestam na consciência.

Após o surgimento das idéias interessantes a serem aplicadas, haverá um

exame critico delas. Nessa última etapa, a de verificação, é quando as idéias são

verificadas, elaboradas para em seguida serem aplicadas. Do mesmo modo como

elas são aplicadas distintamente no processo também foi averiguado que elas

poderiam se sobrepor em algum momento para uma rápida solução ao problema.

Após o modelo clássico, sugiram muitas outras adaptações às quais vêm

sendo aplicadas até os dias de hoje. Alguns autores chegaram a criticar o modelo de

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Wallas, pois segundo Lubart (2007, p. 98) “descreviam o processo criativo

como uma mistura dinâmica de diversos tipos de pensamentos que ocorrem de

modo recursivo ao longo do trabalho”.

Guilford, que realizou importantes pesquisas sobre criatividade, estabeleceu

subprocessos ao modelo, gerando dois tipos de produções, a convergente e a

divergente. Quando ocorre o pensamento convergente busca-se uma única e correta

solução para o problema, enquanto no pensamento divergente há uma geração de

múltiplas soluções para aquele mesmo problema.

Em 1992, Finke, Ward e Smith propuseram um novo modelo denominado

geneplore2, em que a criatividade ocorre em duas fases: a primeira o indivíduo

constrói representações mentais, como estruturas pré-inventivas. Na segunda fase

essas estruturas são organizadas de modo a se chegar a idéias criativas. Ambas as

fases se associam para formar seqüências repetitivas que conduzem à criação

(T.WARD et al.,1995). A partir de então várias abordagens na pesquisa do processo

criativo relacionadas à analogia, estrutura de mapeamento e metáforas se

encontraram, surgindo com a nova concepção de combinação conceitual, a teoria da

cognição, e posteriormente dando espaço a crítica genética e o estudo das redes de

criação.

2. 3. ESTUDOS DO PROCESSO DE CRIAÇÃO ARTÍSTICA

2. 3.1 . Fundamentos Dos Estudos Genéticos

As abordagens das pesquisas sobre o processo criativo foram se

desenvolvendo ao longo dos anos. Surge então na década de noventa, uma reflexão

sobre a sistematização das características do processo de criação artística. Em

diálogo com a semiótica3, a pesquisadora Cecília Almeida Salles4 apresenta os

2 Modelo sugerido por Finke, Ward e Smith em 1992 que significa gerar várias alternativas e posteriormente testá-las, produzindo uma quantidade maior de variações e assim filtrar as melhores para atingir o objetivo final. 3 Semiótica é o estudo dos signos, ou seja, investigações de todas as linguagens possíveis e suas representações. 4 Cecília Almeida Salles é mestre e doutora em Lingüística Aplicada e Estudos de Línguas pela PUC-SP. Também é coordenadora do Centro de Estudos de Crítica Genética.

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estudos genéticos da criação, ou seja, sua gênese, onde tudo se inicia.

Os estudos de crítica genética nasceram na literatura, porém com

possibilidades de ser explorada em outras áreas. O objetivo dos estudos era

compreender o processo de elaboração da obra literária, encontradas nos

manuscritos e registros do autor. Posteriormente, esses estudos foram adaptados

por Salles entre outros para outros segmentos como a arte.

Os estudos realizados apresentam a criação como um processo. Este por sua

vez, vai se desenvolvendo através das características que vão lhe sendo conferidas.

O artista assim torna visível àquilo que está por existir, através de um movimento de

influências externas e internas, do consciente e inconsciente. (SALLES, 1998).

A criação assim deixa de seguir apenas um padrão dos modelos clássicos da

explicação do processo criativo. Torna-se um estudo aprofundado do pensamento

do criador, da gênese de suas idéias que ainda não se transformaram em obras;

uma combinação de todos os elementos já citados e estudados, indo além.

A crítica genética é definida, portanto, como um vocábulo criado para a

exploração do desenvolvimento da obra de arte desde sua concepção. Ela “pretende

oferecer uma nova possibilidade de abordagem para as obras de arte: observar seus

percursos de fabricação.” (SALLES, 1992, p.21). O surgimento deu-se em

decorrência de melhor entender todo o processo de criação de um artista, através

dos estudos de registros deixados por esse. O Homem buscou entender todo esse

processo, pois tem necessidade de buscar e saber a origem das coisas. Ele é por

natureza um crítico genético, “quer exatamente ver a criação artística por dentro”

(SALLES, 1992, p.33).

Analisa-se, deste modo, que a criação de uma obra de arte é resultante de

todo um processo. Salles (1992, p.25), diz que a obra não é, mas vai se tornando ao

longo de um processo que envolve uma rede complexa de acontecimentos. A crítica

genética enxerga além. Não está interessada apenas em estudar os manuscritos

literários, mas como a obra se liga a outras áreas, como roteiros, vídeos, maquetes.

Há necessidade por parte do artista de registrar todo e qualquer pensamento ao

longo da criação da obra. Ele retém possíveis informações que auxiliarão na

concretização e materialização de suas idéias. Esses documentos são a base de

pesquisa da critica genética, assim como todo processo dito como acabado (Salles,

1998).

Segundo Salles (1992), existem alguns materiais com os quais trabalham os

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críticos. Primeiramente seriam os registros dos impulsos iniciais, de uma memória

distante, encontrados nas anotações em cadernos, diários ou correspondência

(Figura 2). Depois com a esquematização das idéias, de forma que as anotações

comecem a se concretizar, por exemplo, com usos de roteiros, planos e criação de

mapas. Logo a seguir os primeiros rascunhos e redações concretos da obra surgem,

gerando posteriormente a obra na forma original, as quais serão analisadas com o

resultado final entregue pelo artista. Esses documentos criados sempre contêm a

idéia de registro (SALLES, 1998, p.21).

Figura 2 - Caderno de registros de obras de Leonardo da Vinci

Fonte - http://www.artknowledgenews.com/Speed_Art_Museum_Leonardo_Da_Vinci.html

Esses registros são analisados como se estivessem contando uma história.

São rastros deixados pelo artista ao longo do desenvolvimento de sua obra

vinculados com o pensamento criativo. O olhar se volta para a perspectiva de

processo. Este processo do artista está sempre sujeito a experimentação e

modificações, tornando-se um ato permanente, ou seja, segundo Salles (1997), “a

criação mostra-se como uma metamorfose contínua [...]. Um processo de constantes

transformações.”. É um gesto inacabado, designando-se para a compreensão que a

obra de um artista está em constante mutação. Isso compreende que há sempre

uma diferença entre aquilo que o artista concretizou para aquilo que ele teria

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alcançado (SALLES, 1998, p.81). Toda obra pode ser analisada pela sua

complexidade de metamorfose.

Atualmente, a crítica genética está em expansão, explorando outro campo,

que leva a discussão do processo criador em outras manifestações artísticas,

estabelecendo um diálogo entre os artistas. Surgem das redes de criação e um olhar

mais longe através da critica de processo, que serão pontos analisados a seguir.

2. 3. 2 . Redes De Criação O artista em seu processo de concebimento da obra desenvolve

documentos que possibilitam melhor compreensão e análise daquilo que está sendo

criado. Esses documentos levam a um movimento de processo, ou seja, a criação

artística é destaca por ser ativa, continua e flexível (SALLES, 2006, p.19). Tendo em

vista o processo como inacabado, a construção da obra de arte é um percurso em

permanente mobilidade. Esse percurso apresenta diversas tendências, que

conduzem a alterações, construções, desconstruções, adequações e possibilidades.

A possibilidade de todas essas ações leva a uma perspectiva não linear no tempo da

criação da obra, trazendo o conceito de rede.

Os registros dos artistas são essenciais para a investigação da obra e

quando adotado o modelo de rede é observado os elementos de interações, tendo

em vista uma ação geradora de novas possibilidades. Distancia-se assim da busca

da origem da obra analisada nos estudos genéticos e busca-se a noção de

conclusão (SALLES, 2006, p.26). Em seus estudos sobre as redes de criação,

Salles (2006, p. 27) afirma que “o crítico, ao estabelecer nexos a partir do material

estudado, procura refazer e compreender a rede do pensamento do artista”. Além de

saber como o processo se iniciou é importante saber também o que levou o artista

no decorrer do processo a colocar suas idéias daquela maneira. Serão analisadas,

portanto as tramas de pensamentos da obra, seus diálogos de linguagens

juntamente com as interações cognitivas.

As tramas de pensamento têm por objetivo analisar mais de perto as criações

em processo. É através das analises dos documentos oferecidos que

compreendemos as informações responsáveis pelo desenvolvimento do

pensamento em toda criação. São os diferentes processos de interações e

interconexões que constituem em redes a propriedade do pensamento e que levam

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aos diálogos de linguagem enfatizando os desenhos e interações cognitivas

(SALLES, 2006).

O percurso do processo criador tende para uma linguagem a qual é feita de

palavras, imagens, sons, gestualidade, etc. Isso significa que o artista não faz o

registro da sua obra necessariamente na linguagem na qual se concretizará (Figura

3). “Percebemos que há uma estreita relação entre as tramas semióticas do

processo e o modo de desenvolvimento do pensamento de cada indivíduo”.

(SALLES, 2006, p.95). No percurso de criação, o indivíduo desenvolve seu próprio

meio de interligar imagens com palavras, como meio de estruturação da obra. Uma

das maneiras utilizadas é o uso de diagramas preparatórios, que surgem para

relacionar as idéias iniciais do projeto.

Figura 3- Estudo de composição para Guernica, de Pablo Picasso.

Fonte - http://www.martinries.com/article2005DK.htm

Outras vezes o artista, principalmente na literatura e roteiros cinematográficos,

tem necessidade de criar uma cidade ficcional para visualizar aquilo que está sendo

formado ao longo do processo. O criador passa a conviver com limites criados por

ele mesmo, tendo o poder de modificá-los, afinal esse processo de criação origina

uma documentação de fantasia. Também no acompanhamento do percurso da

produção, uma maneira que o indivíduo encontra para expressar suas idéias é

representar visualmente aquilo que está sendo verbalizado (Figura 4).

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Imagens invadem o texto para dar solidez à imaginação. Os desenhos são a

materialização da idéia como meio de fixar o que é essencial para que não perca ao

longo do processo.

Os desenhos da criação, portanto, são peças de uma rede de ações bastante intricada e densa que leva o artista à construção de suas obras. São desenhos de passagem, pois são transitórios; são geradores, pois têm o poder de engendrar formas novas; são móveis, pois são responsáveis pelo desenvolvimento da obra. São atraentes e convidam à pesquisa porque falam do ato criador. (SALLES, 2006, p.117)

É a trama de linguagem que viabiliza o funcionamento do pensamento da

criação. Para o desenvolvimento desse pensamento colocados no papel é

necessário compreender o funcionamento das interações cognitivas5 nas tramas de

pensamento.

Figura 4 - Roteiro original do filme Metropolis, de Fritz Lang

Fonte - http://homepage.mac.com/cirquefilm/vfxhistory/FIRSTS/HTML/firsts_schuftan.html

Mais importante que a descrição das ações do artista, são os procedimentos

geradores dessas ações. Esses procedimentos são vistos como facilitadores de

associações. São essas associações que são responsáveis pela estruturação e

desenvolvimento do pensamento criador presente nos vários documentos de

processo. Como meio de saber o que a obra ganha com essas associações, são

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considerados alguns elementos associativos como: as expansões associativas, as

matrizes geradores, embriões ampliados, as dúvidas geradoras, os erros e acasos

construtores e as experimentações perceptivas impulsionadoras (SALLES,2006).

O primeiro elemento associativo a ser destacado são as expansões

associativas. Essas estão relacionadas a obra em desenvolvimento. É nesse

momento que há um percurso de ampliação das idéias. Tem-se inicialmente uma

idéia que é tomada como ponto de partida, como a causa. A partir daí são

imaginados os efeitos, que geram mais idéias, como em um jogo de associações. É

nesse ponto que o artista gera tomadas de decisões e alterações, expandindo suas

idéias.

Ainda acompanhando o desenvolvimento do pensamento de criação, há uma

necessidade de armazenamento de dados, e as formas como esses dados são

armazenados é o que damos o nome de matrizes geradoras. A capacidade gerativa

dessas matrizes está exatamente na operação de combinações (SALLES, 2006,

p.125). Essas combinações não estão restritas a um determinado processo. São as

matrizes que oferecem possibilidades, levam o artista a definir aquilo que ele deseja

da sua obra.

Seguindo ainda as idéias que propulsionam o artista a definição da sua obra,

regressamos aquelas primeiras idéias registradas. Essas idéias ainda na forma de

embriões agora no desenvolver do pensamento se ampliam. Os embriões ampliados

são potenciais geradores de idéias para a concretização do projeto. As imagens

antes rascunhadas começam a se materializar para a formação da obra (Figura 5).

Figura 5 - Estudos de colagem e obra finalizada de Miró

Fonte - http://www.moma.org/interactives/exhibitions/2008/miro/flashsite/index.html

5 Cognição é a aquisição de conhecimento e sua melhor adaptação ao meio. É o processo de conhecimento daquilo que já está na nossa memória.

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Outro procedimento relacionado ao desenvolvimento do pensamento criador

relaciona as experiências e as percepções que estas geram na mente do artista. A

experiência traz novas possibilidades e potencializa aquilo que já foi indagado no

processo. Então “o resultado da experiência perceptiva [...] é associado à

possibilidade de nova obra” (SALLES, 2006, p.128). O artista materializa a tendência

do olhar, do empirismo, impulsionando o desenvolvimento da sua obra. As

experiências pessoais e suas experimentações contribuem diretamente para o

enriquecimento do pensamento do criador.

Figura 6 - Notas de estudos de Leonardo Da Vinci

Fonte - http://www.dailymail.co.uk/news/worldnews/article-1158453/Hidden-self-portrait-Da-Vinci-discovered-manuscript.html

Ainda impulsionado pelas experiências, o artista durante o processo dialoga

com situações que geram dúvidas. O trabalho que até ali era estável dá início a uma

série de questionamentos ao longo da expansão dos pensamentos. Essas são as

dúvidas geradoras. São muito importantes no processo, pois gera possibilidades de

respostas e a continuidade do pensamento. É, portanto fundamental esses

questionamentos por parte do artista.

No decorrer do processo, além do artista se deparar com inúmeras dúvidas

geradas, depara-se também com elementos que passam a divergir os pensamentos.

Page 22: TCC Final 2 (3)

19

Surgem problemas que necessitam de solução. Com os problemas a necessidade

de experimentação se torna maior, abrindo portas para os erros e acasos. Sob um

ponto de vista, esses são responsáveis por desencadear um raciocínio novo para a

entrada de novas idéias. A continuidade do processo se dá devido às

indeterminações e dúvidas geradas pelo erro. O criador vai à busca de soluções,

expandindo sempre suas idéias. Acerca do acaso, inúmeras vezes os artistas não

sentem controle consciente sobre tal. Porém são os acasos que motivam novas

experiências, fazendo muitas vezes o artista mudar seu percurso de criação em

direção a obra final.Na análise da autora Cecília (2006, p.148) “ [...] aceitar a

intervenção do imprevisto implica que o artista poderia ter feito aquela obra de modo

diferente daquele que fez [...]”. Isso implica que muitas outras obras teriam sido

possíveis, dependendo das influências conscientes (SALLES, 2006).

Em resumo, todas as tramas de pensamento influenciam na critica de

processo da obra. São essenciais para entender o desenvolvimento do artista e seu

percurso criativo. Os desejos particulares e as tramas semióticas marcam cada

processo, tornando-o singular. As redes da criação são necessárias para entender a

organização de pensamento qualquer obra, de qualquer gênero. Para melhor

compreensão de todos esses elementos citados, será analisado o processo de

criação do filme expressionista alemão “O Gabinete do Dr. Caligari”, desde a análise

da época, o roteiro e sua produção final e, como esta obra influenciou na criação e

desenvolvimento de um projeto de Moda.

2. 4.. ANÁLISE DO PROCESSO DE CRIAÇÃO DO FILME “O GABINETE DO DR.

CALIGARI” DE ROBERT WIENE.

2. 4.1. Uma Breve História Do Expressionismo Alemão

O expressionismo surgiu às vésperas da Primeira Guerra Mundial. O império

alemão caminhava sentido ao imperialismo, com a ascensão de Hitler ao poder,

gerando uma série de crises e revoluções, pois a sociedade exaltada eram os

militares, nobres e a burguesia. Em atitude contra a estética autoritária, surgem

artistas que se opunham a burguesia, culminando no movimento expressionista. O

expressionismo é a busca da subjetividade ao extremo; é a abstração da realidade.

Page 23: TCC Final 2 (3)

20

Os artistas expressionistas se aproximavam a classe trabalhadora e aos

marginalizados da sociedade. Dividiu-se em três fases: o expressionismo precoce

(1910-14), o “alto-expressionismo” entre 1914 e 1918 e o “expressionismo tardio”

(1918-25). Esta última fase é onde aponta o expressionismo no cinema, que será o

tema em pauta (SILVA, 2006).

As primeiras pesquisas estéticas expressionistas no cinema ocorreram na

Dinamarca. Os cineastas abordavam a angústia e a loucura como tema. Mas é na

Alemanha em 1919 que há a elaboração de um filme estritamente expressionista,

com a produção do “O Gabinete do Dr. Caligari”. O filme transporta o telespectador à

instabilidade política do momento, onde se destacam figuras geométricas, deformes,

com personagens alucinadas. O expressionista busca o significado dos fatos e dos

objetos. O filme de Robert Wiene é a tradução dos sentimentos contraditórios que

envolveram a Alemanha após o termino da Primeira Guerra. É resultado da

perturbadora experiência dos roteiristas e dos tormentos psíquicos sofridos pelo ser

humano.

Outros filmes também se destacam no movimento como: Nosferatu de 1922,

do diretor F. W. Murnau e Metropolis (1927) de Fritz Lang.

2. 4.2. Sinopse: “O GABINETE DO DR. CALIGARI” DE ROBERT WIENE

Figura 7 - Pôster “Das Cabinet des Dr. Caligari”

Fonte - http://verdoux.wordpress.com/film-poster-the-silents/

Page 24: TCC Final 2 (3)

21

Filme dirigido pelo diretor alemão Robert Wiene se passa em um vilarejo

fronteira com a Holanda. Um misterioso homem chega à cidade. Ele é conhecido

como Dr. Caligari e traz consigo Cesare, que estaria supostamente adormecido por

muitos anos. Hipnotizado por Caligari, Cesare torna-se um sonâmbulo capaz de

fazer previsões sobre o futuro.

Depois da primeira apresentação da dupla, uma série de assassinatos na

cidade faz com que as suspeitas se voltem para o sonâmbulo, mas o jovem Francis,

ao tentar salvar a namorada, descobre que o mandante dos crimes é o próprio

doutor, cujos poderes de manipulação levam Cesare a matar pessoas sem ter

consciência do que faz.

O final se revela em uma reviravolta, onde tudo não passou de um delírio do

estado psíquico do narrador da história, o personagem Francis.

2.4.3. O Processo De Criação e as Tramas de Linguagem do Roterio a Produção

Considerado o filme que inaugurou o expressionismo no cinema, “O Gabinete

do Dr. Caligari” apontou uma nova relação entre filmes e arte gráfica, imagem e

narrativa. Sua concepção começou no ano de 1918 e sua produção foi finalizada em

1920, quando lançado para o público.

Para melhor compreender o processo de criação, com base nos estudos

genéticos, dessa importante obra cinematográfica analisaremos toda sua trajetória,

desde a ideação do roteiro, o planejamento da produção e o projeto tido como

finalizado. Todo esse percurso terá como base as tramas de linguagem que levaram

ao desenvolvimento do produto final.

A história da gênese de “O Gabinete do Dr. Caligari” tem uma atração

particular. Muitos foram os mitos criados em torno de sua produção. Poucos são os

documentos de criação que nos chegam hoje. Com a descoberta de roteiro original

pode-se compreender as idéias iniciais dos roteiristas e algumas modificações que o

filme sofreu ao longo do seu processo de criação (Figura 8).

Page 25: TCC Final 2 (3)

22

Figura 8 - Página do primeiro roteiro de “O Gabinete do Dr. Caligari”

Fonte - ROBINSON, David. 2000. O gabinete do Dr. Caligari. Rio de Janeiro, Rocco.

Primeiramente, podemos dizer que as idéias iniciais para o filme foram dos

autores. Os roteiristas Hans Janowitz e Carl Mayer foram os responsáveis pelos

passos iniciais dessa obra. Foram eles que deram inicio aos primeiros documentos

do processo. Segundo Janowitz, quatro contribuições foram essenciais para a

concepção do seu trabalho: a atmosfera misteriosa de Praga, cidade onde cresceu;

o sentimento de presságio; a inspiração de um incidente testemunhado pelo autor, o

assassinato de uma moça em Hamburgo, num parque de diversões ao lado de

Holstenwall e finalmente, pela desconfiança do poder autoritário do Estado e do

serviço militar (ROBINSON, 2000).

Essas contribuições geraram idéias essenciais do projeto, como por exemplo,

a cidade fictícia criada para o filme se chamou Holstenwall. Ambos os autores

também viram juntos um espetáculo de variedades, que mostrava um homem

hipnotizado. Daí surge à idéia do personagem sonâmbulo Cesare. Somente após o

termino do rascunho do roteiro inicial que decidiram o nome do personagem

principal, Caligari, inspirado em um oficial italiano de um livro chamado “Cartas

desconhecidas de Stendhal”. Já a aparência física do personagem foi sugerida a

partir dos retratos do filósofo alemão Arthur Schopenhauer (Figura 9) (ROBINSON,

2000).

Page 26: TCC Final 2 (3)

23

Figura 9- Filósofo alemão Arthur Schopenhauer, a inspiração para o personagem Caligari.

Fonte - http://www.abolitionist.com/arthur-schopenhauer.html

Pode-se dizer então que os autores, impulsionados pelas suas próprias

experiências, contribuíram para o desenvolvimento da obra. É o primeiro elemento

associativo dessa rede de criação. Após essas idéias geradoras, o primeiro roteiro é

organizado para ser produzido. Alguns desenhos são criados como ponto de partida

para representar personagens e cenários (Figura 10).

Figura 10 - Capa do roteiro inicial do filme com o desenho de uma cena.

Fonte - ROBINSON, David. 2000. O gabinete do Dr. Caligari. Rio de Janeiro, Rocco.

Para dar vida ao roteiro de Janowitz e Mayer, o diretor Robert Wiene assumiu

a direção do filme. A partir daí, o processo de criação passa a sofrer significantes

transformações. Temos então, partindo das tramas de linguagem, os erros e acasos

construtores.

Page 27: TCC Final 2 (3)

24

No documento inicial temos ainda: [...] a forma imprecisa dos nomes dos personagens. Caligari aparece como Calligaris, embora o “s” tenha sido riscado em alguns casos, mas não em todos; Cesare é Caesare; Alan é Allan (às vezes Alland); Franzis é Dr. Francis [...] o arrombador ou vigarista, anônimo no filme, é identificado como “Jakob Straat” ´[...] (ROBINSON, 2000, p.17).

O fato de o nome Caligari ter sido alterado em alguns casos no roteiro, leva

ao principio das dúvidas geradoras. Inicialmente não se tinha certeza dos nomes

finais dos personagens. No decorrer da produção do filme foi decidido então que

seriam Caligari, Cesare e Alan.

Inicialmente, os autores não tinham a intenção de criar um ambiente

expressionista. Isto veio ao acaso. Para criar esse ambiente, as cenas foram

rodadas exclusivamente em estúdio. O roteiro original sofre então outra modificação.

Para substituir a ambientação externa, e dar um ar expressionista ao filme, o cenário

foi inteiro criado e pintado em telas (Figura 11). No lugar de um verdadeiro parque

de diversões, por exemplo, citado inicialmente nas anotações dos roteiristas, foram

criados dois elementos giratórios simbolizando carrosséis. A inspiração das pinturas

disformes e representativas veio do Cubismo (Figuras 12).

Figura 11 - Montagem do cenário pintado em telas. Fonte - http://marcelogoncalvesribeiro.blogspot.com/2009/11/pixilation-ideias-para-criacao-de.html.

Page 28: TCC Final 2 (3)

25

Figura 12 - Cena produzida a partir do storyboard. Fonte - ROBINSON, David. 2000. O gabinete do Dr. Caligari.

Após analises e pesquisas acerca do filme e sua criação, podemos relacionar

o projeto em desenvolvimentos com características dos estudos genéticos e as

tramas de linguagem. A tabela a seguir divide os tópicos estudados e suas

referências encontradas no filme expressionista.

Registros dos Impulsos

Iniciais

- Anotações das idéias geraram o

primeiro roteiro do filme “O Gabinete

do Dr. Caligari”, com anotações dos

roteiristas Hans Janowitz e Carl

Mayer, que viria sofrer alterações ao

longo do processo.

Idéias Geradoras

- Observação do cotidiano e da

atmosfera da cidade de Praga.

- Interesse dos autores por

espetáculos de variedades, onde

observaram um hipnotizador, gerando

a idéia do personagem sonâmbulo

Cesare.

- Leitura do livro “Cartas

Desconhecidas de Stendhal” inspirou

os autores a nomear o personagem

Caligari, nome de um oficial italiano

Page 29: TCC Final 2 (3)

26

do livro

- Aparência física do personagem foi

gerada a partir dos retratos do filósofo

alemão Arthur Schopenhauer.

Erros e Acasos Construtores

- Robert Wiene assume a direção do

filme, colocando suas idéias no

projeto, modificando o formato

original.

- Impossibilitados de gravar no

ambiente externo, modificam

novamente o roteiro original e criam

um cenário pintado em telas, que

posteriormente vem a ser um dos

pontos principais na estética

expressionista do filme.

Dúvidas Geradoras

- Inicialmente no roteiro original os

autores não tinham certeza dos

nomes dos personagens. Muitas

foram as tentativas notadas no roteiro

de alterar os nomes, até chegar na

identificação final dos personagens.

Figura 13 – Tabela de análise das Tramas de Linguagem Fonte – ROBINSON, David. 2000. O gabinete do Dr. Caligari.

Page 30: TCC Final 2 (3)

27

2. 5. AS INFLUÊNCIAS DE CALIGARI NA CRIAÇÃO DE UMA COLEÇÃO DE

MODA

Assim como na estruturação do filme “O Gabinete do Dr. Caligari” houve

diversas influências para chegar ao produto final, esse mesmo filme serve como

inspiração para diversos outros trabalhos, inclusive na moda. Todas as informações

sejam visuais, históricas, quando analisadas a fundo recriam um novo aspecto da

obra inicial.

O cinema sempre foi um grande difusor de idéias e grande fonte de inspiração

para estilistas. Muitas tendências são lançadas através dos figurinos de filmes. O

cinema não é mais apenas uma referência de moda e comportamento. Ele vende

sonhos, fantasias e passou a ser uma indústria vendedora de moda (KORNIS,

1992). Em uma coleção de moda, a inspiração pode vir em vários aspectos, seja no

figurino já existente ou nos elementos contidos no filme. A seguir analisaremos os

aspectos influentes na criação de uma coleção de moda com inspiração nos

elementos do filme “O Gabinete do Dr. Caligari”.

O figurino do cinema de 1920 ainda não exercia grandes influências na moda.

Sendo assim, para o desenvolvimento da coleção de moda em questão foram

resgatadas as influências históricas da época, o cenário e a linguagem

cinematográfica a qual a obra estava inserida.

Inicialmente, a pesquisa sobre o filme foi fundamental para o entendimento

dos elementos cinematográficos presentes. Foram realizados estudos da gênese da

criação do filme e os elementos de inspiração da obra, já analisados nos tópicos

anteriores. Durante essa etapa foi elaborado o caderno do artista, contendo as

idéias iniciais, imagens do filme e pequenos rascunhos do que viria ser a coleção

(Figura 14). Essas observações anotadas se tornam essenciais para o

desenvolvimento do processo criativo, pois “são os diálogos das linguagens, com

atenção especial ao desenho e às interações cognitivas” (SALLES, 2006, p.95).

Page 31: TCC Final 2 (3)

28

Figura 14– Caderno do artista

Fonte - Acervo pessoal

Por o filme ser datado do ano de 1920 e na época não existir coloração direta

nos filmes, apenas sobre os negativos, optou-se por trabalhar apenas com cores

presentes em filmes “preto e branco”. Assim, a tecnologia insuficiente da época

levou a criação de uma cartela de cores entre branco, preto e tons de cinza (figura

15), para reproduzir com mais fidelidade a ambientação do longa-metragem.

Figura 15 - Caderno do artista: estudo das cores

Fonte – Acervo Pessoal

As referências históricas também influenciaram no processo criativo. O longa-

metragem em seu roteiro inicial apresentou significantes interferências de um Estado

pós-guerra. Então, buscou-se integrar algumas referências militares de soldados da I

Guerra Mundial à coleção, utilizando como elementos de estilo abotoaduras e o

Page 32: TCC Final 2 (3)

29

debrum6 nas peças (figura 16).

Figura 16 – Elementos da coleção com inspiração no militarismo: abotoaduras e debruns

Fonte – http://cap.estevan.sk.ca/SSR/Photos/rooks/ Acervo Pessoal

Os cenários do filme e seu design levaram a desenvolver looks diferenciados,

assim como o estado emocional dos personagens exerceram influência sobre a

criação. Após análise de diversas cenas e da investigação a fundo da criação do

cenário expressionista do filme, são testadas as idéias de uma produção de looks

assimétricos e com recortes (Figura 17). Para obter o resultado desejado, foram

necessários tecidos leves, porém estruturados.

6 Debrum: tira de pano que se cose dobrada sobre um tecido.

Page 33: TCC Final 2 (3)

30

Figura 17 – Assimetria e recortes

Fonte – Acervo Pessoal

Em muitas peças as linhas arquitetônicas dos cenários foram exploradas

como no exemplo das figuras 18 e 19. O contraste de luz e sombra também muito

comum nos filmes expressionistas é transferido para a coleção através de peças

inspiradas em uma cena do longa-metragem, como observado na figura 20. Primeiro

a imagem foi estudada, após isso um rascunho da primeira idéia do que viria ser o

look e por fim a peça finalizada.

Figura 18 – Linhas arquitetônicas em cenário do filme

Fonte – ROBINSON, David. 2000. O gabinete do Dr. Caligari. Rio de Janeiro, Rocco

Page 34: TCC Final 2 (3)

31

Figura 19 – Look inspirado nas linhas arquitetônicas do filme

Fonte – Acervo pessoal

Figura 20 – Estudo escadaria referência de luz e sombra e look inspirado no cenário

Fonte – Acervo pessoal e cena do filme “O Gabinete do Dr. Caligari”

Antes da obra final, o processo criativo passou por etapas de experimentação.

As idéias foram anotadas e rascunhadas no caderno do artista. Imagens invadiram o

texto e expandiram as informações já registradas anteriormente, e dúvidas

geradoras surgem para ampliar o processo (Figura 21).

Page 35: TCC Final 2 (3)

32

Figura 21 – Caderno do artista: primeiros esboços dos looks

Fonte – Acervo pessoal

Como considerações finais, o filme alemão “O Gabinete do Dr. Caligari”

possui inúmeros elementos visuais e históricos que servem de inspiração para

outros artistas desenvolverem novas possibilidades. A criação dessa coleção de

moda se desenvolveu a partir de estudos sobre o processo criativo do longa-

metragem e assim, criou-se um processo de criação autoral. O registro das idéias

iniciais e o processo em desenvolvimento é muito importante para o artista e para

entender a obra final, pois assim são levado à comparação o que era inicialmente e

o trabalho finalizado.

Page 36: TCC Final 2 (3)

33

3. CRIAÇÃO DA MARCA

A marca Belle Sorelle, que significa ’’Belas Irmãs ’’ em italiano, foi criada

pelas irmãs Lauren e Melina Muzzin após uma análise de mercado do público jovem

feminino que busca a diferenciação e qualidade na forma de se vestir, e baseado

nos concorrentes existentes, viu-se que ainda há uma fatia nesse mercado que

necessita ser suprida, sendo assim a marca Belle Sorelle visa satisfazer essa fatia

como também todo o público jovem feminino.

• Razão Social

Sorelle Muzzin ME

• Porte

Microempresa

• Conceito de Marca

Você diferente.

• Significado

Belle Sorelle são duas palavras em italiano que juntas significam ‘’Belas Irmãs'’.

3.1. CONCORRÊNCIA

De acordo com a pesquisa de concorrência realizada, foram encontradas 3

possíveis marcas concorrentes: Gloria Coelho, UMA e Jeffersson Kulig, todas há

alguns anos no Mercado da Moda, oferecendo inovações e modernidade ,

valorizando a diferenciação.

Baseada nessa pesquisa, a marca Belle Sorelle, irá trazer ao seu público

produtos inovadores com exclusividade, conforto e de alta qualidade por um preço

acessível comparado aos concorrentes; como também visa atender localizações em

Page 37: TCC Final 2 (3)

34

que as marcas concorrentes não alcançam , oferecendo seus produtos a todas as

mulheres que os desejam, e unido ao e-commerce, poderão adquirir os produtos da

Belle Sorelle com conforto sem precisar sair de casa, trazendo facilidade a compra,

segurança e qualidade por um valor justo, assim satisfazendo seu público, não

somente onde haverá a loja, como também todo o Brasil e internacionalmente.

3.2. SEGMENTAÇÃO E POSICIONAMENTO

A marca Belle Sorelle, atuará no segmento feminino, trazendo roupas

diferenciadas, atemporais e de qualidade por um preço acessível de acordo com a

concorrência, e contará com o serviço especial de e-commerce para atingir todo o

público desejado em qualquer localização.

3. 2.1. Segmentação de Público Alvo

O público alvo da marca Belle Sorelle são jovens mulheres, entre 20 a 35

anos e da classe B, que conta com uma renda acima de 9 salários mínimos.

3.2.2. Segmentação Geográfica

A marca Belle Sorelle atuará na Região de Campinas com seu ponto de venda

físico como também abrangerá os demais Estados nacionais e outros países devido

ao seu e-commerce.

3.2.3. Segmentação Demográfica Com uma população de aproximadamente 1 milhão de habitantes, a cidade

de Campinas é a 10ª mais rica do Estado de São Paulo e 3ª mais populosa do

Estado, e juntamente com a capital São Paulo, formam o Complexo Metropolitano

Page 38: TCC Final 2 (3)

35

Expandido, totalizando 75% dessa população.

Sua população consiste em 74% brancos, 18,4% pardos, 5,6% negros, 0,9%

amarelos e 0,2% indígenas e na sua maioria do sexo feminino, sendo a faixa etária

dos 20 a 35 anos a maior parte.

Considerada o 3º maior Pólo de Pesquisa e Desenvolvimento Brasileiro, tem

como principal atividade econômica a Indústria, possuindo mais de 10.000 empresas

de médio e grande porte, com 15,9% do setor de Vestuário, girando em torno de 680

empresas do ramo.

Com forte economia, Campinas apresenta uma infra-estrutura que

proporciona o desenvolvimento a toda área metropolitana.

Campinas também possui uma intensa vida cultural, com seus museus,

cinemas, bibliotecas e apresentações musicais.

Além de atender Campinas e Região, mulheres de todo o Brasil e de outros

países poderão ter acesso aos produtos Belle Sorelle através do E-Commerce,

sendo assim ampliando a comercialização e reconhecimento da marca.

3. 2.4. Perfil do Consumidor

Mulher jovem, entre 20 e 35 anos, da classe B, sua maioria reside em

grandes centros urbanos. Freqüentam museus, bienais, exposições e semanas de

moda. São conectadas às redes virtuais como Facebook, Orkut, Twitter e blogs. As

consumidoras da marca Belle Sorelle apreciam produtos contemporâneos e se

interessam pelo design. Possuem independência financeira e muitas trabalham na

área de comunicação e artes; outras têm a moda e o desejo de consumi-la como

hobbie. Gostam de viajar e conhecer outras culturas, apreciar outros sabores e

conhecer novas pessoas.

São mulheres que possuem consciência delas mesmas, cuidam do seu corpo

e bem-estar em primeiro lugar, e principalmente têm o desejo de serem exclusivas.

Assim, procuram locais que ofereçam serviços personalizados e diferenciados como

nossa empresa.

Page 39: TCC Final 2 (3)

36

Page 40: TCC Final 2 (3)

37

3.3. COMPOSTO DE MARKETING

3.3.1 Produto – Especificação de Produtos e Serviços

Produtos de vestuário para o público jovem feminino entre 20 a 35 anos, com

aspectos diferenciados do usual (modelagem, formas, tecidos etc.) e de alta

qualidade.

3.3.2 Preço – Estratégia de Precificação

De acordo com as pesquisas de Mercado e da concorrência realizadas, a

marca Belle Sorelle atuará com a seguinte precificação:

TABELA DE PRECIFICAÇÃO Piso Teto Blusas Básicas R$ 50 R$ 90 Blusas Fashion/Vanguarda R$ 100 R$200 Vestidos R$ 150 R$ 400 Saias R$ 80 R$ 120 Calças R$ 90 R$ 150 Casacos / Jaquetas R$ 150 R$ 300

3.3.3 Praça – Estratégia de Vendas e Distribuição

Conforme citado anteriormente, a cidade escolhida para ponto de venda e

distribuição foi a cidade de Campinas, devida toda a infra-estrutura que a cidade

oferece e de sua importância para toda região, como também do grande potencial

do público almejado.

O Galleria Shopping, escolhido como ponto de venda da marca Belle Sorelle,

segundo a Revista On-line SIM, do site O Globo, ‘‘… é uma ilha de consumo e lazer

altamente qualificado. É um dos mais sofisticados shopping centers do País. ’’,

chegando a mais de 5.280.000 visitantes por ano, na sua maioria das classes A e B

conforme a tabela de pesquisa abaixo efetuada pelo Iguatemi Empresas de

Page 41: TCC Final 2 (3)

38

Shoppings Centers S/A, grupo proprietária do shopping:

Figura 22 - Tabela de Índice de Classes Econômicas clientes do Grupo Iguatemi Fonte – www.iguatemicampinas.com.br

O shopping tem como conceito o Foco na Diferenciação, ajudando no

desenvolvimento de novas marcas e criando um forte relacionamento com diversos

tenants brasileiros e internacionais, além de oferecer alta qualidade dos seus

serviços aos clientes, e também possui um grande potencial de expansão para

melhor atendê-los.

Sendo assim, a localização ideal para a marca Belle Sorelle atender seus

clientes, com qualidade e eficiência, visando satisfazer a todos.

Além do ponto de venda no Galleria Shopping, haverá um E-Commerce, ou

seja, uma loja On-line para que todos os clientes, sejam do Brasil inteiro como de

outros países, tenham acesso aos produtos Belle Sorelle caso queiram adquirir-los.

O E-Commerce pode ser utilizado a qualquer hora do dia, e é um meio seguro

e confortável de se fazer compras, pois o cliente que não tem tempo de ir até a loja

Page 42: TCC Final 2 (3)

39

ou aquele que está distante de uma pode efetuar qualquer compra sem sair de casa,

do trabalho ou de aonde quer que esteja, podendo avaliar e escolher o produto

desejado sem pressão durante o tempo que quiser e com formas fáceis e seguras

de pagamentos e entregas.

Possibilitando acesso irrestrito ao mercado mundial, o E-Commerce ajuda

extinguir barreiras entre tempo e distância, resulta em um aumento das vendas e na

agilidade de divulgação dos produtos, oferecendo também um serviço especializado

para o cliente.

Page 43: TCC Final 2 (3)

40

PLANTA BAIXA DA LOJA

Page 44: TCC Final 2 (3)

41

PLANTA 3D DA LOJA

Page 45: TCC Final 2 (3)

42

Vitrine

Page 46: TCC Final 2 (3)

43

3.3.4 Promoção – Estratégia de Comunicação

Como estratégia de Comunicação, a Belle Sorelle contará com anúncios em

revistas do seu público alvo, outdoors em locais estratégicos, propagandas on-line

em sites direcionados ao seu publico e também divulgações da marca em

renomados blogs de moda que são acessados por todo o mundo.

3.3.5 Identidade Visual

• Logotipo:

Page 47: TCC Final 2 (3)

44

• Etiquetas / Tags:

Inverno 2011

Page 48: TCC Final 2 (3)

45

• Sacolas e embalagens para presente

Page 49: TCC Final 2 (3)

46

3. 3.6. Meios de Comunicação

• Site:

ENTRAR l ENTER

Page 50: TCC Final 2 (3)

47

• E-STORE

VAZIO

BUSCAR

CHECKOUTEntrar Minha Conta Minha Lista de Desejosl l

Cód. do Produto: 5678

Selecione Tamanho

Vestido de sarja acetinada, com gola alta, meia mangae com aplicacação de debrum.

Page 51: TCC Final 2 (3)

48

3.3.7. Estratégia de Relacionamento

A Belle Sorelle coloca seus clientes em primeiro lugar com atendimentos e

serviços de primeira qualidade, sempre visando satisfazer o desejo do consumidor

para que ele sinta confiança na marca e volte a comprar, seja na loja atendido por

um dos nossos vendedores que estarão dispostos a dar toda atenção e consultoria

no momento da compra, como na loja on-line que o cliente poderá efetuar uma

compra rápida, segura e confortável.

Aquele cliente que for fiel à marca, ou seja, possuir uma assiduidade de

compras, tanto na loja quanto na loja on-line, fará parte do Clube Fidelidade Belle

Sorelle, onde ganhará brindes conforme a quantidade de compras e receberá

sempre convites para desfiles e coquetéis de lançamento. Na loja on-line, o cliente

se cadastrará somente uma vez, não sendo necessário o preenchimento de dados

toda vez que houver o acesso ao site, possibilitando um compra rápida; haverá

sistemas de segurança para que o cliente se sinta seguro para efetuar o pagamento

e também um sistema rápido de entrega da compra para que o cliente não espere

por muito tempo, tudo pelo menor valor de frete que se pode oferecer e até mesmo o

frete gratuito dependendo do valor da compra.

Os vendedores Belle Sorelle sempre serão encorajados a atender o cliente da

melhor maneira possível para que esse se sinta a vontade para comprar sem

dúvidas e haja confiança para voltar; todos os vendedores terão treinamento para

aprender a lidar com os clientes e ofereceremos também cursos de consultoria de

imagem e personal stylist para que os vendedores saibam analisar cada cliente e

suas necessidades, podendo-lhes dar um atendimento personalizado e exclusivo e

os deixando confiante no atendimento da marca.

Como estímulo para com os vendedores, todos receberão comissão das

vendas efetuadas, e aquele que ao chegar ao final do ano obtiver as maiores

vendas, ganhará um bônus.

Uma vez por mês será realizada uma confraternização de funcionários para

que haja uma união de todos, visando um melhor ambiente de trabalho para todos, e

assim um melhor atendimento ao cliente.

Page 52: TCC Final 2 (3)

49

4. PLANEJAMENTO DA COLEÇÃO 4.1. SISTEMATIZAÇÃO DA COLEÇÃO

4.1.1. Mix de Produtos

4.1.2. Variedades entre Tops e Bottons

MIX DE MODELOS

Mix da Coleção Total de Modelos

Cores Tamanhos Total

Blusa 13 3 4 156

Vestido 7 3 4 84

Jaqueta 8 3 4 96

Saia 7 3 4 84

Calça 5 3 4 60

Total 40 480

MIX DE MODA

Básico Fashion Vanguarda

Blusa 9 4 0

Vestido 0 0 7

Jaqueta 0 3 5

Saia 0 3 4

Calça 0 0 5

Total 9 10 21

VARIEDADE TOPS E BOTTONS

Tops Bottons One - Piece Total

21 12 7 40

Page 53: TCC Final 2 (3)

50

4.1.3. Tema de Inspiração da Coleção

Como inspiração da coleção, a Belle Sorelle traz o filme ‘’O Gabinete do Dr.

Caligari’’, datado de 1920 pertencendo a Era do Expressionismo Alemão; seu

cenário com suas formas assimétricas e descontrutivas, suas cores com os

contrastes de luz e sombra e as influências do militarismo da época serviram de

inspiração para criação da Coleção.

4.1.4. Conceito de Coleção

“Laboratório de Moda”.

4.2. TEXTO DE APRESENTAÇÃO DE COLEÇÃO

A coleção do outono/inverno 2011 da Belle Sorelle retorna no tempo do

cinema mudo. Os cenários estilizados e irregulares, as sombras evocativas e todo o

mistério do filme “O Gabinete do Dr. Caligari” são temas de inspiração para as

peças.

As linhas retas e minimalistas e os recortes geométricos presentes nos looks

nos levam ao cenário expressionista da obra. Também as abotoaduras e os debruns

estrategicamente posicionados fazem uma modesta referência ao militarismo da

época.

Tecidos como a sarja e a lã estruturam os looks das saias e jaquetas. O

tecido tropical e o cetim charmusse, utilizados nos vestidos e calças, são leves

abrindo espaço para sobreposições. A malharia aparece nos tops com o sensitel, em

contraposição aos tecidos mais estruturados.

A cartela de cores predominantemente sóbria nos tons de cinza, branco e

preto, é a aposta para a estação. A arquitetura dos cenários juntamente com

contrastes de luz e sombra se encontra nas sobreposições de tons nos looks

monocromáticos recriando a paisagem abstrata.

Uma coleção entre o caminho da realidade e a ilusão, entre estar na luz ou nas

sombras.

Para a mulher que precisa tornar-se para entender-se

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4.3. BRIEFING

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4.4. ELEMENTOS DE ESTILO

Os elementos de estilo presentes na coleção são:

4 – Formas / Linhas Retas 5 – Assimetria

6 – Aplicações de Debruns

1 – Cores

2 – Aplicações de outro tecido

3 – Abotoaduras

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4.5. SISTEMATIZAÇÃO DA COLEÇÃO

4.5.1. Cartela de Cores

PANTONE BLACK C

PANTONE TRANS, WHITE

PANTONE WARM GRAY 5C

PANTONE WARM GRAY 1C

PANTONE WARM GRAY 10 C

PANTONE 421 C

PANTONE COOL GRAY

11C

PANTONE WARM GRAY 6C

PANTONE 7541 C

PANTONE COOL GRAY 10 C

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4.6. CARTELA DE MATERIAIS

CETINETE 100% POLIÉSTER

FORNECEDOR: EXCIM TECIDOS

LINHO 70% RAMI

20% POLIÉSTER 10% POLIAMIDA

FORNECEDOR: EXCIM TECIDOS

LÃ 70% ALGODÃO 30% ACRÍLICO

FORNECEDOR: EXCIM TECIDOS

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SARJA COM ELASTANO 97% ALGODÃO 3% ELASTANO

FORNCEDOR: TECIDOS MARIEL

CETIM CHARMUSSE

100% POLIÉSTER FORNECEDOR: TECIDOS MARIEL

ALGODÃO 100% ALGODÃO

FORNECEDOR: TECIDOS MARIEL

TROPICAL 65% POLIÉSTER

35% VISCOSE FORNECEDOR: TECIDOS MARIEL

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62% ALGODÃO 35% POLIÉSTER 3% ELASTANO

FORNECEDOR: TECIDOS MARIEL

SENSITEL 97% POLIAMIDA 3% ELASTANO

FORNECEDOR: ADVANCE TÊXTIL

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4.7. CARTELA DE COMBINAÇÕES

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5. COLEÇÃO DESENVOLVIDA 5.1. PLANO GERAL DA COLEÇÃO

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5. 2. CROQUIS E DESENHOS TECNICOS

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5.3. STYLIST

Cabelo e Maquiagem

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5.4. DESFILE

Cenário da Passarela

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Trilha Sonora

Take a picture, what’s inside?Ghost image in my mind

Neural pattern like a spiderCapillary to the centre

Hold still and press the buttonLook through a glass onionFollowing the X-ray eye

From the cortex to medula

Analyze EKGCan you see a memory?Register all my fears

On a flowchart dissapear

Leave my head demagnetizedTell me wear the trauma lies

In the scan of pathogenOr the shadow of my sin

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5.5. CONTATOS E AGRADECIMENTOS

Lauren Muzzin Grigolon E-mail: [email protected] Melina Muzzin Grigolon E-mail: [email protected]

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Conclusão

Concluímos que a análise do processo criativo, desde sua gênese até a

finalização é de extrema importância para o entendimento de uma obra. O estudo do

processo de criação do filme expressionista alemão “O Gabinete do Dr. Caligari”

influenciou diretamente a criação de outras obras, inclusive na moda. Sendo assim,

a coleção criada a partir do filme também gera a possibilidade de influenciar outros

processos criativos, formando sempre uma rede de idéias e possibilidades de

criação.

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