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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA MARCELO FLORES BORDIN ESTUDO DOS ASPECTOS E PARÂMETROS ENVOLVIDOS NA MEDIÇÃO DE VAZÃO DE GÁS NATURAL PARA MEDIDORES DOS TIPOS ROTATIVOS. CAXIAS DO SUL 2011

TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

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Montagem de bancada de testes para instrumentação da área de gás natural

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

MARCELO FLORES BORDIN

ESTUDO DOS ASPECTOS E PARÂMETROS ENVOLVIDOS NA MEDIÇÃO DE

VAZÃO DE GÁS NATURAL PARA MEDIDORES DOS TIPOS ROTATIVOS.

CAXIAS DO SUL

2011

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MARCELO FLORES BORDIN

ESTUDO DOS ASPECTOS E PARÂMETROS ENVOLVIDOS NA MEDIÇÃO DE

VAZÃO DE GÁS NATURAL PARA MEDIDORES DOS TIPOS ROTATIVOS

Relatório de Estágio II de Conclusão de Curso de Graduação, apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Universidade de Caxias do Sul, como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Mecânico. Orientador: Prof. Dr. Carlos R. Altafini

CAXIAS DO SUL

2011

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RESUMO

Devido ao padrão de exigência das normas vigentes e aos altos valores

financeiros que cercam o mercado de distribuição de gás natural no estado do Rio

Grande do Sul, faz-se necessário um estudo dos aspectos e parâmetros envolvidos

na medição de vazão desse insumo. A necessidade em particular, se apresenta para

os sistemas com medidores dos tipos turbina e rotativo, de forma a desenvolver

cálculos financeiros, evidenciando a necessidade de ter-se um controle metrológico

que atenda as normas nacionais e que minimize os erros de medição. Este trabalho

apresenta uma revisão teórica sobre os sistemas de medição de vazão, medidores

de vazão, fontes de erros e incertezas de um sistema de medição de vazão. Além

disso, mostra a confirmação metrológica e conceitos gerais para o desenvolvimento

de uma bancada de medição de vazão, sendo apresentada proposta para a

construção de uma bancada de medição de vazão para medidores dos tipos turbina

e rotativo, com objetivo de fazer-se manutenção, ajuste e ensaios de desempenho

nos medidores de vazão dos tipos referidos pertencentes a Companhia de Gás do

Estado do RS – Sulgás. O trabalho mostra também um estudo de viabilidade técnica

e econômica para implantação de um laboratório de medição de vazão,

evidenciando os custos acerca desse investimento e mostrando os modos de

retorno através de análise por payback period, buscando resultados financeiros para

evitar que os erros advindos dos medidores de vazão se tornem impactantes para a

arrecadação da empresa.

Palavras-chave: gás natural, sistema de medição de vazão, medidores de vazão,

calibração.

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ABSTRACT

Due to the demanding standards of rules and high financial values involving

the market for natural gas distribution in the state of Rio Grande do Sul, it’s

necessary to study the issues and parameters involved in flow measurement of this

input. The need in particular is presented for systems with turbine meters and rotary

types, in order to develop of financial calculations showing the need of having a

metrology control that meets national standards and to minimize measurement

errors. This work presents a theoretical on the flow measurement systems, flow

meters, sources of errors and uncertainties of a system of flow measurement. It also

shows the metrological confirmation and the general concepts for the development of

a laboratory measurement of flow meters, being presented a proposal for

construction of a laboratory measurement of flow meters for the turbine and rotary

types, in order to make yourself maintenance, tuning and performance tests on flow

meters of the type of belonging to the Companhia de Gás do Estado do RS - Sulgás.

The work also shows a study of technical and economic feasibility for the

implementation of a laboratory, showing the costs of this investment and about the

ways of showing return through analysis of payback period, seeking results financial

resources to prevent errors arising from the flow meters to become striking for the

collection of this company.

Keywords: natural gas, flow measurement system, flow meters, calibration

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Cadeia do gás natural com os diversos tipos de medidores empregados 16

Figura 2 – Construção típica de um medidor tipo turbina para gás 19

Figura 3 – Medidor tipo turbina 20

Figura 4 – Medidor de lóbulos rotativos em corte 21

Figura 5 – Sequência de operação de um medidor de lóbulos rotativos 22

Figura 6 – Bancada de calibração de medidores de vazão do Ctgás 29

Figura 7 – Bancada de calibração de medidores de vazão da TransCanada 30

Figura 8 – Configuração típica de uma bancada de medição de vazão utilizada para

testes e calibração de medidores de vazão 31

Figura 9 – Fluxo de trabalho para o estudo de viabilidade técnica e econômica para

a construção do laboratório de medição de vazão 41

Figura 10 – Bancada de testes projetada para o laboratório de medição de vazão da

Sulgás 432

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Classificação dos princípios de medição de vazão 17

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Classificação dos medidores tipo turbina e rotativo 18

Tabela 2 – Número de clientes por segmento ano a ano 321

Tabela 3 – Crescimento do número de clientes por segmento (em %) 332

Tabela 4 – Preços dos serviços do termo de cooperação técnico-científica entre a

Sulgás e o Ctgás 343

Tabela 5 – Valores de frete pagos pela Sulgás no transporte de medidores de vazão

em 2010 365

Tabela 6 – Custo para calibração de medidores de vazão (2011) 376

Tabela 7 – As found do medidor do tipo turbina G1000 do cliente A 387

Tabela 8 – As left do medidor do tipo turbina G1000 do cliente A 398

Tabela 9 – Erros máximos admissíveis para medidores de vazão dos tipos turbina e

rotativo 398

Tabela 10 – Vazão de transição para medidores de vazão dos tipos turbina e rotativo

398

Tabela 11 – Simulação financeira do erro encontrado em as found para uma

determinada condição de vazão 39

Tabela 12– Orçamento para construção do laboratório de medição de vazão da

Sulgás 40

Tabela 13 – Simulação financeira do erro encontrado em as found no certificado de

calibração Nº 113/09-LMVG do Ctgás para o cliente B do segmento

veicular 49

Tabela 14 – Análise de payback para o erro encontrado em as found simulado para

o cliente B diante do investimento orçado para o laboratório de medição

de vazão 49

Tabela 15 – Previsão do custo para calibração de medidores de vazão para 2011,

com base em um novo intervalo de calibração 510

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LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

AGA American Gas Association

ANP Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biodiesel

Ctgás Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis

GNC Gás Natural Comprimido

GNV Gás Natural Veicular

IEC International Electrotechnical Commission

Inmetro Instituto Nacional Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial

ISO International Organization for Standardization

IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas

OIML Organisation Internationale de Metrologie Legale

SI Sistema Internacional de Unidades

Sulgás Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul

TBG Transportadora Brasileira do Gasoduto Bolívia-Brasil S.A.

VIM Vocabulário Internacional de Metrologia

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 11

1.1 DESCRIÇÃO DA EMPRESA 12

1.2 AMBIENTE DE ESTÁGIO 12

1.3 JUSTIFICATIVA 13

1.4 OBJETIVOS DO ESTUDO 13

2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS 15

2.1 A CADEIS DO GÁS NATURAL E OS SISTEMAS DE MEDIÇÃO

EMPREGADOS 15

2.2 MEDIDORES DE VAZÃO 16

2.2.1 Classificação e os tipos de medidores empregados 17

2.2.2 Medidores lineares 18

2.2.3 Medidores rotativos 20

2.3 FONTES DE ERROS E INCERTEZAS DE UM SISTEMA DE MEDIÇÃO DE

VAZÃO 22

2.4 CONFIRMAÇÃO METROLÓGICA 25

2.4.1 Necessidade da confirmação 25

2.4.2 Calibração 26

2.4.3 Ajuste 26

2.4.4 Principais tipos de calibração 27

2.5 BANCADA DE MEDIÇÃO DE VAZÃO E OS SEUS COMPONENTES 287

3 DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO 32

3.1 SITUAÇÃO ATUAL DA PROBLEMÁTICA 32

3.1.1 Tendências de mercado 32

3.1.2 A parceria entre a Sulgás e o Ctgás 33

3.1.3 Representatividade da calibração, manutenção e ajuste dos medidores tipo

turbina e rotativo para a Sulgás 37

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3.2 METODOLOGIA DO TRABALHO 41

3.2.1 Fluxo do trabalho 41

3.3 ANÁLISE DAS NECESSIDADES DE UM LABORATÓRIO DE MEDIÇÃO DE

VAZÃO 42

3.4 DEFINIÇÃO DO LAYOUT DO LABORATÓRIO DE MEDIÇÃO DE VAZÃO

421

3.4.1 Sensor e transmissor de temperatura 443

3.4.2 Sensor e transmissor de pressão 443

3.4.3 Medidores de volume 443

3.4.4 Tubulação utilizada na construção da bancada

443

3.4.5 Interface de aquisição de sinais e sistema de aquisição de dados 454

3.4.6 Software aplicativo 454

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 46

4.1 ORÇAMENTO DO LABORATÓRIO DE MEDIÇÃO DE VAZÃO 46

4.2 AVALIAÇÃO DO RETORNO DO INVESTIMENTO PELO MÉTODO DE

PAYBACK PERIOD 47

5 CONCLUSÃO 532

5.1 OPORTUNIDADES PARA TRABALHOS FUTUROS 543

REFERÊNCIAS 554

APÊNDICE A – VERIFICAÇÃO DAS MEDIDAS DE VAZÃO E PERDA DE CARGA

PARA UM MEDIDOR DE LÓBULOS ROTATIVOS 56

APÊNDICE B – ANÁLISE DAS NECESSIDADES DE UM LABORATÓRIO DE

MEDIÇÃO DE VAZÃO DE ACORDO COM A NBR ISO/IEC 17025 61

APÊNDICE C – PROJETO DA BANCADA DE MEDIÇÃO DE VAZÃO DO

LABORATÓRIO 66

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11

1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, as questões relativas a controle metrológico de elementos

de medição têm sido objeto de crescentes preocupações para as indústrias que

atuam em diversas áreas da cadeia produtiva, em especial as indústrias nacionais

de petróleo, gás natural e derivados. Para atender esse mercado, a Agência

Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biodiesel – ANP, em conjunto com o Instituto

Nacional Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – Inmetro, editou a

Portaria Conjunta n°. 01 (ANP, 2000), através da qual foi aprovado o Regulamento

Técnico de Medição de Petróleo e Gás Natural, estabelecendo as condições e os

requisitos mínimos para os sistemas de medição de petróleo e gás natural com

vistas a garantir a exatidão e as melhorias dos sistemas de medição. A edição dessa

regulamentação declara que os medidores de gás devem ser calibrados

periodicamente segundo requisitos de garantia da qualidade para equipamentos de

medição, por pessoal técnico/instituição acreditada junto ao Inmetro, bem como

atender os requisitos de controle metrológico estabelecidos pelo Inmetro.

Diante do exposto, vê-se que há grande necessidade de que as empresas do

setor de petróleo e gás incluindo as de distribuição de gás natural tenham um

modelo de atuação e infraestrutura capaz de assegurar que os resultados das

medições reflitam um sistema de medição confiável e em consonância com os

padrões tecnológicos regulamentares estabelecidos.

Para atender essa necessidade há, hoje, no país somente dois laboratórios

que possuem acreditação junto ao Inmetro para a área de medição de vazão, são

eles: IPT - São Paulo/SP e Ctgás – Natal/RN. Isso acarreta em um sistema difícil e

oneroso para se efetuar as calibrações (obtenção do que se chama de as found e de

as left) e pequenas manutenções nos medidores de vazão, pois é necessário enviar

a um dos dois laboratórios supracitados.

Uma forma de minimizar esse problema é avaliar a implantação de um

laboratório com uma bancada de medição de vazão, segundo as normas de projeto

e instalação de laboratórios para este fim. A disponibilidade de um laboratório dessa

natureza nas companhias de distribuição de gás natural, como é o caso da

Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul - Sulgás será muito útil,

Page 13: TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

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podendo no futuro, uma vez acreditada, servir para prestação de serviços a

terceiros.

Uma maneira de estabelecer um sistema de medição confiável é analisar

todos os parâmetros envolvidos e criar procedimentos e rotinas de trabalho, com

base nas normas e portarias, que rejam as mais diversas formas de execução de

ações sem deixar dúvidas sobre a confiabilidade metrológica do sistema de medição

de vazão de gás natural.

1.1 Descrição da empresa

Este trabalho de estágio em Engenharia Mecânica está sendo realizado na

empresa Sulgás, companhia que possui concessão exclusiva da distribuição e

comercialização do gás natural no estado do Rio Grande do Sul.

A Sulgás foi criada em 1993 e atua como uma sociedade de economia mista,

tendo como acionistas o Estado do Rio Grande do Sul e a Petrobrás Gás S/A –

Gaspetro. Iniciou a comercialização do gás natural em 2000, com a conclusão do

gasoduto Bolívia-Brasil.

A companhia possui atualmente uma rede de gás canalizado de 520 km de

extensão contemplando 18 municípios via gasoduto e mais 19 por gasoduto virtual,

ou seja, gás transportado por carretas especiais, atendendo, assim, a 2711 clientes

divididos nos seguintes segmentos: indústrias – 101; estabelecimentos comerciais –

197; postos de combustíveis – 75; cogeração – 03; residências – 2336; termoelétrica

– 01.

Atualmente a Sulgás conta com 119 funcionários distribuídos nas unidades de

Porto Alegre, Canoas e Caxias do Sul. Em 2010 obteve uma receita bruta de

499.016.832,43 milhões de reais, com lucro líquido consolidado de 89.847.095,10

milhões.

1.2 Ambiente de estágio

O estágio está sendo realizado na gerência de Logística e Operações na

coordenadoria de Programação e Controle Integrado. A mesma é responsável pela

medição do consumo de gás, análise de processos, execução de rotinas e

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13

procedimentos na área de medição de vazão. Dessa forma, auxiliando para o

desenvolvimento da proposta de trabalho, bem como outras etapas do processo.

1.3 Justificativa

Por ser a Sulgás uma empresa fornecedora de um insumo energético

extremamente útil para a comunidade em geral, nota-se a necessidade de averiguar

as questões e os aspectos mais importantes relacionados à medida do consumo

desse energético junto ao cliente. Nesse sentido, é essencial a calibração e a

manutenção dos medidores de vazão periodicamente e, por conseqüência,

importante conhecer precisamente os custos desses serviços para a Sulgás.

A companhia conta hoje com cerca de 250 medidores de vazão, desses, em

torno de 215 são dos tipos rotativo (lóbulos rotativos) e lineares (turbina),

contabilizando 86% do efetivo total de medidores. Desse efetivo tem-se mais de

90%, ou seja, a grande maioria deles, dispostos nos diâmetros de 2” e 3”.

Além do exposto acima, a principal motivação deste trabalho é de ordem

financeira, para que se possa identificar se a Sulgás está medindo de forma correta

o consumo de gás dos seus clientes, verificando se a empresa atende o que é

exigido em normas e portarias e o contrário também, se o que está escrito nas

normas e portarias atende a Sulgás. As demais motivações serão no intuito de

estabelecer novos procedimentos, rotinas de trabalho e propostas de melhorias no

sistema de medição de vazão de gás natural.

1.4 Objetivos do estudo

O objetivo geral do trabalho é desenvolver um estudo de viabilidade técnica e

econômica para a implantação de uma bancada ou laboratório de medição de vazão

de gás natural para medidores dos tipos rotativo e turbina visando à redução de

custos, incorporação tecnológica e a melhoria do sistema de medição de gás natural

da Sulgás.

Os objetivos específicos são: avaliar diversos métodos de medição de vazão

existentes na literatura, efetuar cálculos financeiros, desenvolver propostas de

melhorias em processos inclusive no estudo do intervalo ideal de calibração dos

medidores de vazão, rotinas e procedimentos de medição de vazão e,

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14

principalmente, analisar diversos fatores quanto à construção de uma bancada de

medição de vazão para o uso da empresa.

Page 16: TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

15

2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS

Este capítulo descreve os fundamentos básicos de um sistema de medição de

vazão de gás, tipos de medidores mais empregados, tipos e métodos de calibração,

fontes de erros e incertezas e os elementos constituintes de uma bancada de vazão.

2.1 A cadeia do gás natural e os sistemas de medição empregados

Conforme Júnior (2007) o gás natural passa por uma série de etapas que vão

desde a exploração no poço, até chegar ao consumidor final. Passando pelas etapas

de produção, processamento, transporte e distribuição para, então, chegar ao

consumidor final. Nesse caminho, o gás é comprimido e transportado ao longo de

centenas de quilômetros de tubulações que compõem as malhas de gasodutos as

quais cruzam fronteiras de estados e de municípios, passando por estações de

regulagem e medição até chegar às concessionárias distribuidoras que entregam o

gás natural aos seus clientes.

Em cada uma dessas etapas o gás natural é movimentado sob a

responsabilidade de uma empresa diferente que, sequencialmente, o repassa para a

próxima empresa e todos esses repasses exigem um sistema de medição específico

e dedicado. A Figura 1, citada por Júnior (2007), demonstra a cadeia de medição do

gás natural com os seus respectivos medidores.

No caso das concessionárias de distribuição de gás natural o sistema de

medição empregado utiliza basicamente quatro tipos de medidores de vazão, que

são:

a) medidor tipo turbina;

b) medidor de lóbulos rotativos;

c) medidor tipo diafragma; e

d) placa de orifício.

Dentre esses medidores, dá-se destaque, devido à utilização em grande

escala e aos altos volumes medidos, aos medidores tipo turbina e lóbulos rotativos.

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16

Figura 1 – Cadeia do gás natural com os diversos tipos de medidores empregados

Fonte: Adaptado de Júnior (2007).

2.2 Medidores de vazão

Segundo Souza (2007) a medição da vazão de fluidos está presente há

muitos anos na era da modernidade. Em muitos processos industriais, ela é uma

necessidade, sem a qual dificilmente poderiam ser controlados ou operados de

forma segura e eficiente. O tipo de medidor a usar sempre irá depender do fluido, do

Page 18: TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

17

seu estado físico (líquido ou gasoso), das características de precisão e

confiabilidade desejadas, entre outros fatores.

2.2.1 CLASSIFICAÇÃO E OS TIPOS DE MEDIDORES

De acordo com Delmeé (2003) a classificação dos medidores de vazão pode

ser feita de várias maneiras. O Quadro 1 separa os tipos de medidores em quatro

grandes grupos, segundo o principio de medição.

Quadro 1 – Classificação dos princípios de medição de vazão

Fonte: Delmeé (2003).

Segundo a Portaria do Inmetro nº. 114 de (BRASIL, 1997), os medidores tipo

turbina e rotativo, medidores que aqui serão estudados, devem ser classificados

conforme sua designação e faixa de medição, de acordo com a Tabela 1.

Page 19: TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

18

Tabela 1 – Classificação dos medidores tipo turbina e rotativo

Designação do medidor * Qmáx Faixa de medição

01:10 01:20 01:30 01:50

(G) m³/h Qmin m³/h

16 25 2,5 1,3 0,8 0,5

25 40 4,0 2,0 1,3 0,8

40 65 6,0 3,0 2,0 1,3

65 100 10,0 5,0 3,0 2,0

100 160 16,0 8,0 5,0 3,0

160 ** 250 25,0 13,0 8,0 5,0

250 ** 400 40,0 20,0 13,0 8,0

400 ** 650 65,0 32,0 20,0 13,0

650 ** 1000 100,0 50,0 32,0 20,0

1000 ** 1600 160,0 80,0 50,0 32,0

Fonte: Brasil (1997). * A designação G pode ser usada como referência nominal. ** São aceitos medidores de designação igual a múltiplos decimais.

2.2.2 MEDIDORES LINEARES

São considerados lineares os medidores de vazão que produzem um sinal de

saída diretamente proporcional à vazão, com fator de proporcionalidade constante,

ou aproximadamente constante, na faixa de medição, dentre esses medidores está o

medidor tipo turbina conforme explica Delmeé (2003).

De acordo com Souza (2007) os medidores do tipo turbina são os medidores

mais utilizados para medir fluxos de líquidos e gases. Esses medidores são

classificados, também, como medidores do tipo velocimétricos. Basicamente, seu

princípio de funcionamento pode ser entendido da seguinte maneira: possui um

rotor, cujas lâminas são impelidas pelo movimento do fluxo de gás que pode incidir

nos sentidos radial, tangencial ou axial, dependendo da disposição de construção do

rotor. A velocidade do rotor é linearmente proporcional ao volume deslocado. O

volume de gás medido é determinado pela contagem do número de revoluções do

rotor e a totalização desta vazão em volume pode ser realizada mecanicamente,

através de um redutor de engrenagens que aciona um indicador ou,

Page 20: TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

19

eletronicamente, através de um sensor que detecta o número de giros do rotor que

através de circuitos faz a contagem dos pulsos gerados digitalmente. A Figura 2

adaptada de AGA (2006) mostra a construção típica de medidor tipo turbina.

Figura 2 – Construção típica de um medidor tipo turbina para gás

Fonte: Adaptado de AGA (2006).

Fator K:

De acordo com Ribeiro (2003) a sensitividade da turbina é o seu fator K, que

é a conexão entre os pulsos de saída da turbina (revoluções por segundo) e a vazão

(volume por segundo). Como consequência, o fator K é expresso em revoluções por

m³. Frequentemente se usa o K médio, que é a sensitividade medida em toda a faixa

de interesse do usuário.

Desempenho:

Ribeiro (2003) define que a característica mais importante do medidor tipo

turbina é sua altíssima precisão. A turbina é tão precisa que é considerada como

padrão secundário industrial, de modo que a turbina pode ser usada como um

padrão de transferência para a aferição e calibração de outros medidores. Ela

necessita da calibração para o estabelecimento do fator K do medidor e das

características gerais de desempenho. A precisão do medidor tipo turbina depende

Page 21: TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

20

do erro inerente da bancada de calibração. Os parâmetros da precisão do medidor

são a repetitividade e a linearidade dos valores obtidos.

Por ser um medidor com relação matemática linear entre a frequência e a

vazão, a turbina possui uma rangeabilidade típica de 10:1. A vazão máxima pode ser

estendida além de 100%, durante curtos intervalos de tempo, sem estrago para a

turbina. As penalidades possíveis pela operação acima da faixa são o aumento da

queda de pressão através da turbina e um desgaste maior dos mancais devido à

maior aceleração. A Figura 3, citada em RMG (2004), traz um medidor tipo turbina

utilizado geralmente para medição de gás em consumidores industriais.

Figura 3 – Medidor tipo turbina

Fonte: RMG (2004).

2.2.3 MEDIDORES ROTATIVOS

Os medidores rotativos são medidores volumétricos, e também chamados de

medidores de deslocamento positivo, destinam-se essencialmente à medição de

volumes, embora alguns também forneçam uma saída analógica proporcional a

vazão, assim a vazão também pode ser calculada, por meio de acessórios

mecânicos ou eletrônicos, de forma contínua, derivando matematicamente o volume

no tempo, conforme Delmeé (2003).

Page 22: TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

21

Existem diferentes soluções construtivas de medidores volumétricos.

Contudo, o mais aplicado para medição de gás natural é o medidor de lóbulos

rotativos.

Segundo Imeter (2007) os medidores de lóbulos são geralmente usados para

medição de gases. Além da parte do corpo que constitui o volume de medição, o

medidor possui necessariamente uma câmara com dois lóbulos que fazem rodar

duas engrenagens, mantendo sempre uma parte dos lóbulos com um espaço

mínimo. A Figura 4 citada em Imeter (2007) mostra um medidor de lóbulos rotativos

em corte.

Figura 4 – Medidor de lóbulos rotativos em corte

Fonte: Imeter (2007).

O princípio de operação desse medidor consiste em uma pressão diferencial

a montante e a jusante dos dois lóbulos que possuem rotações em sentidos

contrários um em relação ao outro e, assim sendo, um volume fixo e conhecido de

gás passa através das câmaras de medição quatro vezes a cada rotação. O volume

de gás medido é proporcional ao número de rotações. A Figura 5 citada em

RootsMeter (2008) demonstra a sequência de operação de um medidor de lóbulos

rotativos.

De acordo com Ribeiro (2003) os medidores de vazão de deslocamento

positivo são considerados geradores de pulso, porque cada volume discreto de

Page 23: TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

22

fluido é representado por um pulso ou uma unidade contável. A soma dos pulsos

resulta na quantidade total da vazão.

Figura 5 – Sequência de operação de um medidor de lóbulos rotativos

Fonte: Dresser RootsMeter (2008).

A precisão varia tipicamente de ±0,5 a ±1% da vazão medida. A

rangeabilidade pode variar entre 20:1 e 50:1.

A precisão e a repetitividade são convenientes para aplicações de

transferências comerciais, de bateladas ou consumos intermitentes, diferentemente

do medidor do tipo turbina, se encaixando em uma demanda de mercado

interessante, devido ao fato de que o seu custo em geral é inferior ao de um medidor

tipo turbina. Outra característica interessante é que o perfil existente da velocidade

no fluido não altera o seu desempenho, de modo que o medidor pode ser colocado

praticamente em qualquer parte da tubulação do sistema.

2.3 Fontes de erros e incertezas de um sistema de medição de vazão

OIML (2004) define que a incerteza de medição é um parâmetro, associado

ao resultado de uma medição, o qual caracteriza a dispersão dos valores que

poderiam ser razoavelmente atribuídos ao valor medido.

De acordo com Fidélis (2007) um dos grandes problemas ocorridos com os

equipamentos no ambiente de trabalho, independentemente da qualidade do

equipamento utilizado, é a sua degradação. Ela faz com que a informação medida

pelo mesmo aumente o erro de medição com o decorrer do tempo, ou seja, passa a

indicar valores que não são coerentes com os valores reais da grandeza física

medida, ultrapassando as limitações normativas ou contratuais de tolerância.

Bluvshtein (2007) comenta que a incerteza do resultado da medição quantifica

um possível erro de medição e reflete a falta do nosso conhecimento do valor

medido.

Page 24: TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

23

A inexatidão na medida faz com que seja necessária uma calibração no

equipamento. Para isso, deve-se retirar o equipamento do campo, levá-lo ao

laboratório e calibrá-lo em relação a um padrão. Esse processo pode levar muito

tempo e gerar prejuízos econômicos, pois o processo que está sendo realizado pode

ser interrompido. Como é desconhecida a periodicidade ideal para se retirar um

equipamento do campo e realizar o processo de calibração, corre-se o risco de

retirá-lo antes do tempo ideal, o que provocaria uma subutilização, ou, ainda, fazer a

calibração de forma tardia, o que levaria a um aumento no erro da medição

conforme Ribeiro (2003).

Não é possível fazer uma medição sem erros ou incertezas, contudo devem-

se manter os erros e a estimativa das incertezas dentro de faixas ou limites

aceitáveis. As incertezas e os erros não podem ser completamente eliminados, pois

o valor verdadeiro, obtido por uma medição perfeita, é desconhecido. Porém, o valor

provável do erro pode ser avaliado.

Júnior (2007) considera que erro de medição calculado em uma calibração

não se refere apenas ao erro de um elemento medidor, mas sim ao erro de todos os

componentes do processo de medição, ou seja, esse erro calculado resulta de um

somatório dos erros de cada componente do sistema de medição. Portanto, a

exatidão final obtida depende de associação entre os componentes dos erros.

As incertezas de medição aplicadas ao sistema de medição de vazão de gás

natural são somadas ao longo da cadeia de medição que se constituem

basicamente dos seguintes elementos de acordo com OIML (2004):

a) medidor de vazão;

b) manômetro analógico;

c) sensor/transmissor de pressão (muitas vezes integrado ao computador de

vazão);

d) sensor/transmissor de temperatura (muitas vezes integrado ao

computador de vazão);

e) computador de vazão ou eletrocorretor; e

f) software de processamento de dados.

Todos esses elementos são dispostos na cadeia de forma a desempenhar a

medição com base na lei dos gases abaixo conforme a Equação 1 de AGA (2006):

Page 25: TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

24

(1)

Para as condições de operação temos a Equação 2.

(2)

Para as condições de base, onde:

= Pressão absoluta;

= Volume;

= Fator de Compressibilidade;

= Número de mols do gás;

= Temperatura absoluta;

= Constante do gás universal;

= Condições de operação;

= Condições de base.

Segundo AGA (2006) desde que R seja a constante do gás, sem levar em

consideração a pressão e a temperatura, e para um mesmo número de mols do gás

(N), as duas equações podem ser combinadas gerando a Equação 3 para formar:

(3)

Onde:

;

= Pressão estática;

= Pressão atmosférica;

= Pressão nas condições de base;

= Temperatura nas condições de base.

Como a vazão (Q) é a medição do volume no decorrer do tempo, sua

equação pode ser estendida também para o cálculo da taxa de vazão nas condições

de base, condições de temperatura e pressão estipuladas pela ANP para a

comercialização do gás natural no território brasileiro, resultando na Equação 4 de

acordo com Júnior (2007).

(4)

Page 26: TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

25

2.4 Confirmação metrológica

Comprovação ou confirmação metrológica é o conjunto de operações

necessárias para assegurar que um dado instrumento de medição esteja em

condições de conformidade com os requisitos para o uso pretendido conforme a

Norma NBR ISO 10012-1 (ABNT, 1993). O termo confirmação metrológica é um

termo criado recentemente e inclui, entre outras atividades:

a) calibração;

b) ajuste;

c) manutenção;

d) lacração; e

e) marcação com etiqueta.

2.4.1 NECESSIDADE DA CONFIRMAÇÃO

Segundo Schieber (2000) com grandes volumes de gás natural sendo

comercializados diariamente, pequenos erros negativos podem resultar em milhares

de dólares em receitas perdidas tanto para o transporte como para a distribuição de

gás. Assim, para minimizar os erros de medição, é necessário calibrar os medidores

de gás natural periodicamente.

Conforme Ribeiro (2003) a exatidão de qualquer medição é uma comparação

da conformidade desta medição com o padrão. A manutenção de padrões e a

calibração de equipamentos de teste é um processo muito caro, mas o desempenho

de todo o sistema depende diretamente da exatidão de cada componente do

sistema. Embora o equipamento de medição muito exato seja caro, reduzir o custo

deste equipamento significa piorar o seu desempenho e diminuir sua precisão. Os

principais motivos para justificar a calibração de um instrumento são:

a) garantir que a medição do instrumento seja a mais exata possível;

b) melhorar e manter a qualidade do sistema que depende da medição do

instrumento; e

c) atender exigências legais ou de contratos comerciais, principalmente

quando estão envolvidas a compra e venda de produtos através da

medição.

Page 27: TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

26

2.4.2 CALIBRAÇÃO

Inmetro-Vim (2007) define que calibração é o conjunto de operações que

estabelece, sob condições especificadas, a relação entre os valores indicados por

um instrumento de medição ou sistema de medição ou valores representados por

uma medida materializada ou um material de referência, e os valores

correspondentes das grandezas estabelecidos por padrões.

Segundo a NBR ISO/IEC 17025 (ABNT, 2005) a calibração só é confiável e

tem significado quando for feita com base em medições replicadas e usando-se as

mesmas como base de decisão, conforme procedimentos claros e objetivos, escritos

pelo executante, em ambiente com temperatura, pressão e umidade conhecido e

quando necessário controlado. Ainda, quando realizadas por pessoas especialistas

com habilidade e experiência com o procedimento, estabelecendo-se um período de

validade, após o qual ela deve ser refeita e documentando os registros.

Na calibração há os seguintes passos de acordo com Ribeiro (2003):

a) aplicação de sinal na entrada do dispositivo, com leitura desse sinal por

um padrão rastreado;

b) leitura do sinal de saída do dispositivo através de outro padrão rastreado;

c) comparação do sinal lido com o valor teórico, dentro dos limites de

incerteza consistentes;

d) se os valores estiverem dentro dos limites estabelecidos, o dispositivo

está adequado ao uso; e

e) se os valores estiverem fora dos limites, o dispositivo é descartado,

degradado ou o seu atributo é modificado em todas suas aplicações.

2.4.3 AJUSTE

Inmetro-Vim (2007) define ajuste como operação destinada a fazer com que

um instrumento de medição tenha desempenho compatível com o seu uso. Já

Ribeiro (2003) define como operação complementar, normalmente efetuada após

uma calibração, quando o desempenho metrológico de um sistema de medição não

está em conformidade com os padrões de comportamento esperados. Trata-se de

uma regulagem interna do sistema de medição, executada por técnico

Page 28: TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

27

especializado. Visa fazer coincidir, da melhor forma possível, o valor indicado no

sistema de medição com o valor correspondente do mensurado submetido.

2.4.4 PRINCIPAIS TIPOS DE CALIBRAÇÃO

De acordo com Ribeiro (2003) toda calibração deve incluir: padrão rastreado,

procedimento escrito, ambiente controlado, técnicos treinados, registro documentado

e ter um período de validade. Um instrumento pode ser calibrado, por questão de:

a) custódia, para garantir que a compra e venda de produtos através de

tubulações com medidores em linha estejam dentro dos limites

contratuais;

b) segurança, para garantir que os instrumentos estejam indicando dentro

dos valores seguros do processo;

c) balanço de materiais, para verificar rendimentos de processos,

equipamentos, reagentes e catalisadores;

d) ecologia, para assegurar que as análises dos efluentes estejam dentro

dos valores ecologicamente corretos;

e) legal, para satisfazer exigências legais e de normas técnicas; e

f) da norma ISO 9000, para atender suas exigências relacionadas com a

incerteza, continuidade operacional e qualidade do produto final.

2.4.4.1 CALIBRAÇÃO PROGRAMADA E EMERGENCIAL

Segundo Ribeiro (2003) a calibração pode ser programada ou emergencial. A

programada é aquela feita para atender um cronograma já estabelecido, em função

da disponibilidade dos instrumentos e dos períodos ótimos, dentro dos quais os

instrumentos permanecem dentro de seu desempenho nominal. Já a calibração

emergencial é aquela feita para atender um chamado extraordinário do pessoal do

processo que considera o instrumento fora de calibração.

2.4.4.2 CALIBRAÇÃO PRÓPRIA OU EXTERNA

Ribeiro (2003) explana que a calibração pode ser feita pelo próprio usuário,

principalmente dos instrumentos de níveis mais baixos, envolvendo os instrumentos

Page 29: TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

28

de medição, padrões de trabalho e padrões de laboratório. A calibração também

pode ser feita externamente, preferivelmente por laboratório credenciado da Rede

Brasileira de Calibração, pelo fabricante do instrumento ou por laboratório nacional

ou internacional que tenha padrões rastreados.

Justifica-se calibrar nas próprias instalações do usuário:

a) instrumentos comuns, de precisão industrial, que requerem um padrão

disponível na própria planta; e

b) quando a quantidade de instrumentos é grande, justificando

economicamente ter um laboratório para a calibração periódica destes

instrumentos.

Justifica-se enviar um instrumento para ser calibrado externamente quando:

a) o usuário possui poucos instrumentos;

b) a calibração requer padrões com precisão muito elevada e, portanto, de

altíssimo custo;

c) para comparação interlaboratorial; e

d) por exigência legal.

Qualquer que seja o local da calibração, o responsável final pela calibração é

o usuário. Quando a calibração é feita externamente, o usuário deve ter um contrato

escrito claro, definindo o que o laboratório deve fazer. É muito comum enviar um

instrumento para ser calibrado e ajustado e o laboratório fazer apenas a calibração.

É também muito freqüente o laboratório reportar uma calibração de modo

incompreensível, sem informar o algoritmo de cálculo da incerteza de calibração, o

método empregado, relatórios com preenchimento de números com algarismos

significativos sem significado. O único modo de evitar estes inconvenientes é ter um

contrato escrito claro e preciso, falando explicitamente sobre esses parâmetros.

2.5 Bancada de medição de vazão e os seus componentes

Conforme Souza (2007) uma bancada de medição de vazão é um arranjo de

tubos e conexões que se destinam a testar, verificar e calibrar um determinado

método de medição de vazão e os seus elementos constituintes. De acordo com a

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29

Portaria do Inmetro n°. 114 (BRASIL, 1997), além de realizar as atividades citadas

acima se pode, também, utilizar a bancada de medição de vazão para realizar

ensaios de repetitividade e desempenho dos medidores para uma determinada

vazão.

No projeto de uma bancada de medição de vazão para ser utilizada no

processo de calibração e verificação de medidores de vazão tipo turbina e rotativo

devem ser levados em conta alguns aspectos importantes como: tipo dos ensaios a

ser realizado, capacidade máxima de vazão da bancada, intercambialidade de

bitolas entre os carretéis e os medidores ensaiados, atendimento as normas de

instalação dos medidores e dos demais componentes, dentre outros. A Figura 6

mostra a bancada de testes e calibração de medidores de vazão utilizada pelo Ctgás

– Natal/RN, já a Figura 7 trás a bancada de calibração de medidores de vazão da

TransCanada.

Figura 6 – Bancada de calibração de medidores de vazão do Ctgás

Fonte: Ctgás (2011).

Page 31: TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

30

Figura 7 – Bancada de calibração de medidores de vazão da TransCanada

Fonte: TransCanada (2011).

Segundo Souza (2007) uma bancada de medição de vazão é composta pelos

seguintes componentes:

a) sensor e transmissor de temperatura;

b) sensor e transmissor de pressão;

c) medidores de vazão;

d) tubulação;

e) interface de aquisição de sinais; e

f) software aplicativo.

A Figura 8, citada por Souza (2007) traz uma configuração típica de uma

bancada de medição de vazão para testes e calibração de medidores.

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31

Figura 8 – Configuração típica de uma bancada de medição de vazão utilizada para testes e calibração de medidores de vazão

Fonte: Adaptado de Souza (2007).

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32

3 DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO

Neste capítulo será feito o desenvolvimento do trabalho de acordo com os

objetivos gerais e específicos descritos no capítulo 1 e com os fundamentos teóricos

citados no capítulo 2. Apresentando em um primeiro momento a situação atual do

problema para após levantar as necessidades de um laboratório de medição de

vazão e a definição do layout da bancada de medição de vazão.

3.1 Situação atual da problemática

3.1.1 TENDÊNCIAS DE MERCADO

Conforme comentado no capítulo 1, a Sulgás tinha, em meados de outubro de

2010, 250 medidores de vazão, dos quais cerca de 215 são dos tipos linear

(turbinas) e rotativo (lóbulos rotativos). A aquisição de novos medidores de vazão

tem, logicamente, influência direta com a contratação de novos clientes. Além disso,

o crescimento de mercado dos últimos anos e as perspectivas do aumento do

número de clientes contratados, conforme dados obtidos da Sulgás, gera uma

grande expectativa no aumento do número de medidores de vazão da empresa. A

Tabela 2 mostra a evolução do número de clientes da Sulgás por segmento ao longo

dos últimos cinco anos. Nota-se que para 2011 os valores são estimados.

Tabela 2 – Número de clientes por segmento ano a ano

Segmento 2007 2008 2009 2010 2011

Industrial 83 85 86 93 105

Industrial – GNC* 1 4 7 9 11

GNV 37 48 55 63 74

Comercial** 14 24 43 62 97

Residencial*** 14 21 29 45 75

Total de Clientes 149 182 220 272 362

Fonte: O autor (2011). * GNC – Gás Natural Comprimido. ** Dados considerando que um medidor representa apenas um cliente. *** Dados considerando que um cliente seja apenas uma economia e contabilizando os

clientes com medidores do tipo diafragma.

Page 34: TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

33

A Tabela 2 não possui os números dos segmentos GNV - GNC, termoelétrico

e cogeração. O segmento de GNV - GNC não possui sistema de medição com

medidor de vazão volumétrico no cliente. Os segmentos termoelétrico e cogeração

apresentam-se em um número muito pequeno de clientes, passíveis de serem

desprezados.

A Tabela 3 traz o crescimento percentual em comparação com o ano anterior

dos segmentos industrial, veicular, industrial - GNC, GNV e comercial desde 2008

até a previsão para 2011, utilizando como base os dados da Tabela 2.

Tabela 3 – Crescimento do número de clientes por segmento (em %)

Segmento 2008 2009 2010 2011

Industrial 2,41 1,18 8,14 12,90

Industrial - GNC 300,00 75,00 28,57 22,20

GNV 29,73 14,60 14,55 17,50

Comercial 71,43 79,20 44,19 56,50

Residencial 50,00 38,09 55,17 66,67

Variação total 22,15 20,88 23,64 33,09

Fonte: O autor (2011).

Com a análise dos dados das Tabelas 2 e 3 observa-se que existe um

aumento de mercado nos últimos anos evidenciando um incremento do número de

clientes contratados a uma taxa média de mais de 20% a.a, até 2010. Essa taxa

está prevista para que em 2011 alcance um valor de 33,09%, devido ao

aquecimento do mercado interno pós-crise e a consolidação do gás natural como

fonte de energia limpa, segura e economicamente viável. Se for considerado que o

número de clientes contratados seguirá nesse mesmo ritmo de crescimento, então,

finalmente é possível concluir que se terá uma grande demanda para aquisição de

medidores de vazão por parte da Sulgás para os próximos anos.

3.1.2 A PARCERIA ENTRE A SULGÁS E O CTGÁS

A Sulgás, em 11 de maio de 2010, assinou em conjunto com o Ctgás um

termo de cooperação técnico-científica que visa a conjugação de esforços entre as

Page 35: TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

34

partes a fim de promover treinamentos e disseminação de conhecimento para os

colaboradores da Sulgás, projetos de consultoria e prestação de serviços técnicos

por parte do Ctgás tais como: calibração, ajuste, manutenção e pintura de medidores

de vazão tipo turbina e rotativo. Essa parceria tem validade por 60 meses a contar

da data de sua assinatura.

A Tabela 4 traz os tipos de serviços e os valores cobrados pelo Ctgás na

execução desses serviços.

Tabela 4 – Preços dos serviços do termo de cooperação técnico-científica entre a Sulgás e o Ctgás

ITEM SERVIÇO PREÇO UNITÁRIO DO SERVIÇO (R$)

1 MANUTENÇÃO PREVENTIVA (*) TURBINA ROTATIVO

1.1 Diâmetro 1" R$ 1.046,89 R$ 1.089,00

1.2 Diâmetro 1 1/2" R$ 1.058,99 R$ 1.105,50

1.3 Diâmetro 2" R$ 1.067,83 R$ 1.108,80

1.4 Diâmetro 3" R$ 1.075,99 R$ 1.113,20

1.5 Diâmetro 4" R$ 1.078,72 R$ 1.120,90

1.6 Diâmetro 6" R$ 1.088,71 -

1.7 Diâmetro 8" R$ 1.107,15 -

1.8 Diâmetro 10" R$ 1.131,96 -

1.9 Diâmetro 12" R$ 1.149,50 -

2 CALIBRAÇÃO TURBINA ROTATIVO

2.1 1ª Calibração 7 Pontos R$ 742,50 R$ 742,50

2.2 2ª Calibração 7 Pontos R$ 517,00 R$ 517,00

2.3 1ª Calibração 10 Pontos R$ 1.052,70 R$ 1.052,70

2.4 2ª Calibração 10 Pontos R$ 737,00 R$ 737,00

3 PINTURA/JATEAMENTO TURBINA ROTATIVO

3.1 Diâmetro 1" R$ 121,00 R$ 121,00

3.2 Diâmetro 1 1/2" R$ 121,00 R$ 121,00

3.3 Diâmetro 2" R$ 143,00 R$ 143,00

3.4 Diâmetro 3" R$ 181,50 R$ 181,50

3.5 Diâmetro 4" R$ 209,00 R$ 209,00

Page 36: TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

35

3.6 Diâmetro 6" R$ 275,00 R$ 275,00

3.7 Diâmetro 8" R$ 396,00 R$ 396,00

3.8 Diâmetro 10" R$ 418,00 R$ 418,00

3.9 Diâmetro 12" R$ 440,00 R$ 440,00

4 EMBALAGEM POR TIPO TURBINA ROTATIVO

4.1 G10,16,25,40 R$ 55,00 R$ 55,00

4.2 G65,100,160,250,400 R$ 103,40 R$ 103,40

4.3 G650,1000,1600,2500 R$ 121,00 R$ 121,00

5 TESTE DE ESTANQUEIDADE TURBINA ROTATIVO

R$ 49,50 R$ 49,50

6 LIMPEZA TURBINA ROTATIVO

R$ 192,50 R$ 192,50

7 SERVIÇO DE AJUSTE TURBINA ROTATIVO

7.1 Ajuste + 7 pontos calibração R$ 742,50 R$ 742,50

7.2 Ajuste + 10 pontos calibração R$ 1.052,70 R$ 1.052,70

8 SERVIÇO DE MANUTENÇÃO

CORRETIVA VALOR UNITÁRIO (H/H)

8.1

Usinagem, engrenagem, calderaria

e outros. Serviço cobrado na forma

de Homem x Hora

R$ 60,50

Fonte: Termo de cooperação técnico-científica entre a Sulgás e o Ctgás * A manutenção preventiva compreende: desmontagem, montagem, limpeza, rolamentos, o’ring, juntas, ajuste mecânico e teste de estanqueidade.

A Equação 4, mostra a fórmula utilizada pelo Ctgás para o reajuste anual dos

valores cobrados pelos serviços prestados dispostos na Tabela 4.

(5)

PR = Preço reajustado;

PI = Preço inicial;

Page 37: TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

36

I = Valor definido do índice de preços correspondente ao índice geral de preços (coluna 2 – Código 161384) da Revista “Conjuntura Econômica” publicada pela Fundação Getúlio Vargas, correspondente ao mês em que for devido o reajustamento; Io = Valor definitivo desse mesmo índice de preços, correspondente ao mês de apresentação do Plano de Trabalho do CTGAS-ER.

Os valores mostrados na Tabela 4 não consideram o valor de frete para os

equipamentos enviados ao Ctgás para a execução dos serviços. Segundo os dados

fornecidos pela Sulgás, a Tabela 5 fornece os valores de frete da cidade de Canoas

para Natal e desta para Canoas.

Tabela 5 – Valores de frete pagos pela Sulgás no transporte de medidores de vazão em 2010

Data* Medidores Valor do Frete

30/7/2010 2 R$ 1.175,54

16/8/2010 13 R$ 5.662,86

10/9/2010 13 R$ 5.377,04

24/9/2010 11 R$ 3.997,61

18/10/2010 7 R$ 3.177,64

19/10/2010 20 R$ 3.840,86

26/10/2010 9 R$ 3.802,19

Fonte: O autor (2011). * Dados considerados até outubro de 2010

A Tabela 5 mostra os valores de frete para a modalidade aérea, adotada pela

Sulgás por questões de segurança e tempo de transporte.

Se for considerado que a Sulgás possua ao fim de 2011 um número de 285

medidores de vazão somente dos tipos turbina e lóbulos rotativos e, conforme

adotado hoje pela empresa, que o prazo de calibração seja de cinco anos, se terá

cerca de 57 medidores calibrados por ano, sendo mais de quatro por mês

independente do seu tipo e de sua designação G, conforme a tabela 2.1 do capítulo

anterior.

Para exemplificar pode-se verificar a Tabela 6 que traz uma simulação do

custo de calibração da Sulgás para 2011 com os valores de acordo com a tabela 4 e

com a Tabela 5.

Page 38: TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

37

Para efeito de exemplo, foram arbitrados de acordo com a Tabela 4 que a

manutenção preventiva seja de um custo médio equivalente ao item 1.3, que a

pintura tenha um custo relativo ao item 3.5, a embalagem seja de um custo relativo

ao item 4.2, a calibração (as left) adotada é a segunda de sete pontos do item 2.2 e

o as found é cobrado de acordo com o item 2.1. O frete foi estipulado segundo uma

média dos valores da Tabela 5.

Tabela 6 – Custo para calibração de medidores de vazão (2011)

Serviço Valor do

Serviço* Medidores

Valor anual por

Serviço

As Found R$ 742,50 57 R$ 42.322,50

Manutenção Preventiva R$ 1.108,80 57 R$ 63.201,60

Calibração (As Left) R$ 517,00 57 R$ 29.469,00

Pintura R$ 209,00 19 R$ 3.971,00

Embalagem R$ 103,40 14 R$ 1.473,45

Frete R$ 675,00 57 R$ 38.475,00

Valor Anual R$ 178.912,55

Fonte: O autor (2011). * Valores sem o reajuste anual da equação 5 para 2011

O número de medidores que receberão pintura foi estipulado como sendo um

terço do total, já que nem todos necessitam de pintura, e a quantia de embalagens

solicitadas foi de um quarto do número total de medidores, pois são reaproveitadas

parcialmente.

3.1.3 REPRESENTATIVIDADE DA CALIBRAÇÃO, MANUTENÇÃO E AJUSTE

DOS MEDIDORES TIPO TURBINA E ROTATIVO PARA A SULGÁS

De acordo com o abordado no capítulo 2, a calibração/ajuste de medidores de

vazão é necessária para uma boa confiabilidade metrológica de um sistema de

medição e também para a conformidade de acordo com a metrologia legal.

O que permite mensurar o quanto se teve de erro em um determinado período

de medição é a obtenção do as found da calibração do medidor. O pedido de as

found no certificado de calibração dos medidores de vazão é uma condição nova

Page 39: TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

38

para a empresa que só foi iniciada em meados do ano de 2010, após ser apontada

como uma não-conformidade pelo relatório de gestão do processo de medição da

Sulgás, em auditoria feita pela Petrobrás no setor de programação e controle da

Sulgás.

Ao ser feita uma simulação de uma calibração de um determinado medidor de

vazão pode-se averiguar, através dos as found’s encontrados pelo Ctgás, os valores

financeiros que deixaram de ser arrecadados pela Sulgás somente pelos erros

negativos de um determinado medidor de vazão.

Por exemplo, de acordo com o certificado de calibração Nº 263/10-LMVG do

Ctgás, que aqui corresponderá ao cliente A do segmento industrial, tem-se para um

medidor do tipo turbina, designação G1000 que conforme a Tabela 1 possui uma

faixa de medição de 1:20, ou seja, vazão de 80 a 1600 m³/h, os seguintes valores

apresentados na Tabela 7 de erro no as found passados cinco anos de operação.

Tabela 7 – As found do medidor do tipo turbina G1000 do cliente A

Vazão de Operação do Medidor (m³/h) Q/Qmáx Erro Relativo (%)

151 0,09 -5,73

394 0,25 -1,02

633 0,40 -0,79

864 0,54 -0,45

1108 0,69 -0,28

1346 0,84 -0,33

1575 0,98 -0,47

Fonte: Ctgás (2010).

Uma vez identificado os erros na calibração as found e após a realização dos

ajustes pelo Ctgás nesse medidor de vazão, pode-se verificar através dos valores

reportados na Tabela 8, que na calibração as left os erros relativos foram

aproximados de zero.

Page 40: TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

39

Tabela 8 – As left do medidor do tipo turbina G1000 do cliente A

Fonte: Ctgás (2010).

De acordo com a Portaria do Inmetro nº. 114 (BRASIL, 1997) os valores

máximos de erros admissíveis são conforme a Tabela 9.

Tabela 9 – Erros máximos admissíveis para medidores de vazão dos tipos turbina e rotativo

Vazão Q (m³/h) Erros Máximos Admissíveis

Em verificação inicial Em serviço

Qmín < Q < Qt* + 2% .+ 3%

Qt < Q < Qmáx + 1% .+ 1,5%

Fonte: Brasil (1997). * Qt: Vazão de transição.

Conforme a Portaria do Inmetro nº. 114 (BRASIL, 1997) os erros máximos

admissíveis em verificação inicial são aqueles quando o medidor é considerado

novo, verificado após o recondicionamento ou após o lacre ser rompido. Os erros

máximos admissíveis em serviço consideram o medidor em operação.

Os valores da vazão de transição dependem da designação G e da sua faixa

medição, conforme a Tabela 10.

Tabela 10 – Vazão de transição para medidores de vazão dos tipos turbina e rotativo

Faixa de Medição Qt

1:10 0,20 Qmáx

1:20 0,20 Qmáx

Vazão de Operação do Medidor (m³/h) Q/Qmáx Erro Relativo (%)

161 0,10 0,63

393 0,25 0,04

628 0,39 -0,07

866 0,54 -0,02

1119 0,70 -0,08

1319 0,82 -0,11

1586 0,99 -0,22

Page 41: TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

40

1:30 0,15 Qmáx

1:50 0,10 Qmáx

Fonte: Brasil (1997).

Com os valores das Tabelas 9 e 10 pode-se identificar que os valores de erro

da Tabela 7 que estão fora dos limites admissíveis são de -5,73% para 151 m³/h e -

1,02% para 394 m³/h. O limite admissível para a condição de 394 m³/h e 0,25

Q/Qmáx é conforme a Tabela 8 de + 1%. De posse desses valores e conforme

dados fornecidos pela Sulgás que o cliente A tem o perfil de operar de forma

ininterrupta na faixa próxima de 400 m³/h, pode-se simular que esse medidor tenha

trabalhado durante um ano, 30 dias por mês e 24 horas por dia nessa condição de

vazão ou muito próxima dela, através da Tabela 11.

Tabela 11 – Simulação financeira do erro encontrado em as found para uma determinada condição de vazão

Vazão (m³/h) 394

Fator de Correção* 3,38

Valor Corrigido (m³/h)** 1331,72

Horas de Operação 8640

Valor do m³ (R$)*** 1,04715

Valor Anual (R$) 12.048.571,57

Erro (%) -1,02

Valor Anual do Erro (R$) 122.895,43

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados fornecidos pela Sulgás * Considerando o fator de correção médio do mês de junho de 2010 para o cliente A. ** Valor corrigido de acordo com Equação 4. *** Valor já com a incidência de impostos, simulado para o segmento industrial (SULGÁS, 2010).

Através dos dados da Tabela 11 pode-se verificar o impacto financeiro gerado

para a Sulgás por apenas um erro detectado em as found de um medidor de vazão.

Considerando, segundo a Tabela 6, que o valor estimado com calibração para

2011 é de R$ 178.912,55 tem-se que esse valor despendido deve se pagar em

pouco tempo, visto que para apenas uma simulação de condição de vazão,

considerada de médio porte pela Sulgás, apresente um valor anual deixado de

arrecadar de quase 70% do custo anual com calibração de medidores de vazão.

Page 42: TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

41

3.2 Metodologia de trabalho

A metodologia de trabalho consiste na ideia central de elaborar um estudo de

viabilidade técnica e econômica para a construção de um laboratório de medição de

vazão com uma bancada de testes para execução de ensaios de desempenho de

medidores do tipo turbina e rotativo, primeiramente para os diâmetros de 2” e 3”

onde compreende-se os perfis de vazão que variam de 25 m³/h a 250 m³/h, podendo

depois ser estendido para os demais utilizados pela Sulgás. O projeto do laboratório

de medição de vazão será com base nos laboratórios existentes, IPT e Ctgás, e na

NBR ISO/IEC 17025 (ABNT, 2001).

Outros assuntos que contemplam a proposta de trabalho são:

a) estudo do prazo ideal de calibração de medidores de vazão;

b) elaboração de procedimentos, rotinas e instruções de trabalho com base

nas normas existentes para o sistema de medição de vazão da Sulgás;

3.2.1 FLUXO DE TRABALHO

O andamento de trabalho se dará no período que compreende o primeiro

semestre letivo de 2011. Para a ideia central tem-se a Figura 9 abaixo.

Figura 9 – Fluxo de trabalho para o estudo de viabilidade técnica e econômica para a construção do laboratório de medição de vazão

Fonte: O autor (2011).

Page 43: TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

42

3.3 Análise das necessidades de um laboratório de medição de vazão.

De acordo com a NBR ISO/IEC 17025 (ABNT, 2001), têm-se os seguintes

requisitos técnicos para um projeto de laboratório de medição de vazão:

a) fatores humanos (Pessoal);

b) acomodações e condições ambientais;

c) métodos de ensaio e calibração e validação de métodos;

d) equipamentos;

e) rastreabilidade da medição;

f) amostragem; e

g) manuseio de itens de ensaio e calibração.

O apêndice B específica melhor os itens listados acima.

3.4 Definição do layout do laboratório de medição de vazão.

Como abordado no capítulo 2 os elementos constituintes de uma bancada de

medição de vazão são basicamente sensores e transmissores de pressão e

temperatura, tubulações em geral, assim como, medidores de volume. Para

apresentar os dados coletados nos ensaios em valores numéricos será desenvolvida

uma interface de aquisição que estabelece uma determinada comunicação com um

software aplicativo, desenvolvido em linguagem visual para laboratório de vazão.

Deste modo, os dados são tratados e apresentados na tela de um microcomputador

para que se possa avaliar e armazenar os dados obtidos, além dos relatórios de

ensaio. Os ensaios de desempenho realizados na bancada de medição de vazão

serão feitos com ar, assim como é praticado nos demais laboratórios do país.

Para um melhor entendimento será informado como a bancada de medição

de vazão é constituída. A bancada possuirá dois tramos de medição podendo

efetuar ensaios para medidores de 2” e 3”. Nessas linhas serão instalados os

medidores de volume, os sensores de pressão e temperatura, nas seguintes

posições: os sensores de temperatura são postos logo após a saída do medidor; as

tomadas de pressão são no próprio medidor. Esta configuração ocorre tanto na linha

onde fica o padrão de volume, como na linha que é instalado o medidor de volume

Page 44: TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

43

em teste. O apêndice C traz o detalhamento do projeto da bancada de medição de

vazão.

Todos os dados de volume, pressão e temperatura são lidos pela interface de

aquisição e enviados para o computador onde o aplicativo, dedicado a estes testes,

possa calcular e comparar o volume medido pelo padrão e o medidor em teste. Com

base nestes dados e nos fornecidos pelo técnico (que preenche os dados do

medidor no software aplicativo) verifica-se o desvio entre o medidor padrão e do

medidor em teste.

Como já abordado no item 2.5 a bancada de calibração é composta pelos

seguintes componentes:

a) sensor e transmissor de temperatura;

b) sensor e transmissor de pressão;

c) medidores;

d) tubulação;

e) interface de aquisição de sinais; e

f) software aplicativo.

A Figura 10 ilustra a bancada de testes que está projetada e orçada para o

laboratório de medição de vazão da Sulgás.

Figura 10 – Bancada de testes projetada para o laboratório de medição de vazão da Sulgás

Fonte: O autor e WG Manutenção (2011).

Page 45: TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

44

3.4.1 SENSOR E TRANSMISSOR DE TEMPERATURA

Os sensores de temperatura estão dispostos nas linhas onde se encontram

os medidores de volume padrão e onde se encontram os medidores de volume em

teste, instalados em um poço termométrico na linha de vazão, condicionando-a em

um padrão elétrico para que o transmissor a envie para a interface de aquisição e a

mesma possa efetuar a leitura.

Para medir esta grandeza, é utilizado um sensor do tipo PT-100. Este que é

uma termoresistência varia sua resistência elétrica com a temperatura.

Como já havia sido mencionado, a bancada possuirá quatro sensores e

transmissores de temperatura.

3.4.2 SENSOR E TRANSMISSOR DE PRESSÃO

Os sensores de pressão serão colocados no corpo dos medidores de volume

padrão e medidores de volume em teste, condicionando-a em um sinal padrão

elétrico para que a interface de aquisição com o software aplicativo possa efetuar a

leitura.

Para quantificar esta grandeza é utilizado um elemento sensor piezoresistivo.

Este elemento varia sua ponte resistiva quando submetido a uma pressão. A

bancada possuíra quatro sensores de pressão.

3.4.3 MEDIDORES DE VOLUME

A bancada de medição de vazão apresentará dois medidores padrão do tipo

rotativo, um com a designação G65 para até 100 m³/h e outro com a designação

G160 para até 250 m³/h, conforme a tabela 2.1 disposta no capítulo 2, sendo os dois

rastreáveis aos padrões do Ctgás.

3.4.4 TUBULAÇÃO UTILIZADA NA CONSTRUÇÃO DA BANCADA

A bancada de medição de vazão possuirá tubulação de 2” e 3”, feita em aço

carbono API 5L Gr B, para a classe de pressão de 150#, onde serão instalados os

Page 46: TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

45

medidores padrão e consequentemente os medidores em teste. A conexão entre a

tubulação da bancada é feita por flanges, aparafusados e com a vedação garantida

através de juntas papelão hidráulico. A bancada foi projetada de acordo com a

norma AGA 7 que regulamenta os projetos de instalação de medidores do tipo

turbina. No apêndice C encontram-se as dimensões da bancada e os acessórios

utilizados na sua construção.

A vazão de ar necessária para os ensaios será obtida através de um

ventilador do tipo centrífugo radial que está especificado no apêndice A, instalado na

saída da bancada, trabalhando como um exaustor. Dessa forma, o ventilador faz

com que a bancada opere em depressão. A vazão do exaustor requerida para cada

ensaio será regulada através de um inversor de frequência. O inversor de frequência

é usado para controlar a tensão no motor, possibilitando, assim, o ajuste da vazão

na linha.

3.4.5 INTERFACE DE AQUISIÇÃO DE SINAIS E SISTEMA DE AQUISIÇÃO DE

DADOS

A interface de aquisição de sinais é a unidade responsável por fazer as

medições de volume, temperatura e pressão e comunica-se com o computador onde

está instalado o Software Aplicativo.

Como interface para aquisição de sinais da bancada será utilizado um

controlador lógico programável, ele processará os sinais vindos dos sensores e dos

medidores da bancada enviando-os ao computador via protocolo de comunicação.

3.4.6 SOFTWARE APLICATIVO

O Software Aplicativo funciona como interface entre o operador e a bancada,

possibilitando os cálculos de correção de volume, cálculos de erro, apresentação de

relatórios e armazenamento de dados. Ao operador cabe apenas informar a entrada

inicial dos dados e a ação que o Software Aplicativo deverá controlar. Sendo assim,

uma vez que a entrada inicial de dados estiver correta, o sistema torna-se menos

vulnerável aos erros provocados pela influência humana.

Por ser a interface entre o operador e a bancada, o Software Aplicativo é de

simples operação e permite ao usuário a visualização dos dados a qualquer

Page 47: TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

46

momento. Caso algum dado não esteja coerente, o teste poderá ser refeito. Ao final

do ensaio, caso tudo esteja correto, o relatório do ensaio pode ser gerado

automaticamente, impedindo a sua edição e garantindo a preservação dos dados.

O Software Aplicativo possui funções básicas como:

a) fazer leituras em tempo real da temperatura, pressão e vazão;

b) monitorar todo o ensaio;

c) fazer o registro dos ensaios;

d) consultar o histórico de ensaios de um medidor;

e) imprimir relatório do ensaio; e

f) calibrar os sensores.

Em cada ensaio, o laboratorista se limitará a realizar a entrada de dados

referentes aos medidores e iniciar a tomada de pulsos para ensaiar o medidor.

Deste modo, o software será responsável pelo momento exato de início e término do

ensaio.

Page 48: TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

47

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Neste capítulo será abordada a parte orçamentária e análise financeira

acerca dos valores orçados para a construção do laboratório de medição de vazão,

dando ênfase total aos custos da bancada de medição de vazão, confrontando com

o cenário atual que foi discutido no capítulo 3 e, ainda, prevendo um cenário futuro

de intervalo menor de calibração dos medidores.

4.1 Orçamento do laboratório de medição de vazão

A Tabela 12 mostra os valores orçados para os diversos itens intrínsecos à

construção do laboratório de medição de vazão para realização de ensaios de

desempenho na faixa de vazão de 25 a 250 m³/h.

Tabela 12 - Orçamento para construção do laboratório de medição de vazão da

Sulgás Laboratório Quantidade Unidade Custo Unitário Custo Total

Construção Civil (obra pronta) 70 m² R$ 475,00 R$ 33.250,00

Ar Condicionado 1 pç R$ 2.900,00 R$ 2.900,00

Termômetro/Higrômetro 1 pç R$ 249,00 R$ 249,00

Móveis

Cadeira 4 pç R$ 179,00 R$ 716,00

Mesa 1 pç R$ 249,00 R$ 249,00

Armário 2 pç R$ 449,00 R$ 898,00

Bancada

Bancada Fabricação e Montagem 1 pç R$ 34.853,96 R$ 34.853,96

Geração de Vazão

Exaustor Centrífugo Radial 1 pç R$ 3.280,00 R$ 3.280,00

Acoplamento 1 pç R$ 195,00 R$ 195,00

Dutos de Exaustão 4 m R$ 180,00 R$ 720,00

Curvas de 90º para Exaustão 2 pç R$ 245,00 R$ 490,00

Inversor de Frequência 1 pç R$ 1.161,50 R$ 1.161,50

Medidores

Medidor Padrão G160 1 pç R$ 7.325,00 R$ 7.325,00

Medidor Padrão G65 1 pç R$ 4.350,00 R$ 4.350,00

Sensores

Page 49: TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

48

Pt 100 4 pç R$ 132,00 R$ 528,00

Piezoresistivo 4 pç R$ 500,00 R$ 2.000,00

Automação

Micro Computador com Monitor 1 pç R$ 1.061,65 R$ 1.061,65

Impressora 1 pç R$ 369,00 R$ 369,00

Licença de Software Supervisório 1 pç R$ 2.220,00 R$ 2.220,00

CLP 1 pç R$ 4.485,00 R$ 4.485,00

Painel Elétrico 1 pç R$ 9.533,50 R$ 9.533,50

Kit de Instalação do Painel Elétrico 1 pç R$ 300,00 R$ 300,00

Serviço de Instalação do Painel

Elétrico 1 pç R$ 1.856,00 R$ 1.856,00

Serviço de Programação e Posta em

Marcha da Bancada de Medição de

Vazão

1 pç R$ 4.730,00 R$ 4.730,00

Total R$ 112.990,61

Fonte: O autor (2011).

4.2 Avaliação do retorno do investimento pelo método de payback period

Segundo Rebelatto (2004), o método de payback period consiste em

selecionar projetos de investimentos enfatizando o período de recuperação do

capital investido, calculando o prazo necessário para que o valor atual dos

reembolsos (retorno de capital) se iguale ao desembolso com o investimento

efetuado, visando à restituição do capital aplicado.

A escolha do método de payback period como técnica de análise de

investimento teve como base o fluxo de caixa do projeto que é considerado aqui

como regular, e assim desconsiderando para efeito desta análise o valor do dinheiro

no tempo. O método de payback period ajudará na análise do investimento

enfatizando em quanto tempo o capital investido irá retornar e isso será avaliado

com base nos valores gastos com calibração e os erros encontrados em as found’s

dos medidores enviados ao Ctgás apresentados no capítulo 3 em confronto com o

orçamento prévio do laboratório de medição de vazão, bem como o cenário atual e

futuro da programação de calibração dos medidores vazão.

A Equação 6 traz a fórmula de payback para fluxos de caixa regulares.

Page 50: TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

49

(6)

Para as condições de base, onde: PB: Payback, recuperação do capital investido; Io: Investimento inicial; FC: Fluxo de caixa regular.

Os critérios de aceitação do método de payback period, de acordo com

Rebelatto (2004) são considerando que t seja o tempo de recuperação do

investimento e que n seja o período de vida útil do projeto (horizonte de

planejamento do investimento), os seguintes:

t < n: O projeto apresenta lucro econômico.

t = n: O projeto apresenta lucro normal.

t > n: O projeto apresenta prejuízo econômico.

Para efeito de análise, foi considerado que n seja de três anos, então,

apresenta-se as seguintes constatações para os cenários propostos abaixo:

a) Cenário I – Atual:

Para o cenário atual tem-se que o intervalo de calibração de cada medidor de

vazão é de cinco anos e como apresentado no capítulo 3 a previsão de custo anual

de calibração para a Sulgás em 2011 é de R$ 178.912,55, considerando que os 285

medidores de vazão adotados no capítulo 3 sejam distribuídos anualmente de forma

linear, então serão 57 medidores por ano calibrados. Para efeito desta análise

adota-se que a Sulgás possui, hoje, cerca de 200 medidores de vazão na amplitude

das designações G16 a G160, ou seja, com vazão máxima de 25 a 250 m³/h e isso

daria 40 medidores de vazão na faixa da bancada de medição de vazão proposta

sendo levados todo ano ao Ctgás para calibração.

Conforme demonstrado no capítulo 3, o medidor do cliente A do segmento

industrial apresentou um erro em as found na sua faixa de operação na ordem de -

1,02% e que conforme a tabela 11 acarretou em um valor de R$ 122.895,43

deixados de serem arrecadados. Se conforme ocorrido com o cliente A fizer-se uma

simulação, em um perfil de vazão menor, para se enquadrar na faixa de operação da

bancada proposta, como exemplo, cita-se o cliente B que é um posto de GNV e que

Page 51: TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

50

corresponde ao segmento veicular, cuja calibração do medidor de vazão aqui

corresponde ao certificado de calibração Nº 113/09-LMVG do Ctgás, operando

durante um ano inteiro, tomando-se como premissa que entre as partidas e as

paradas do sistema de compressão do GN tenhamos cerca de 5,28 horas por dia de

consumo em um perfil de vazão da ordem de 100 m³/h e com os dados de acordo

com a Tabela 13, têm-se os seguintes valores:

Tabela 13 – Simulação financeira do erro encontrado em as found no certificado de calibração Nº 113/09-LMVG do Ctgás para o cliente B do segmento veicular

Vazão (m³/h) 98

Fator de Correção* 15,47

Valor Corrigido (m³/h)** 1.516,06

Horas de Operação 1900

Valor do m³ (R$)*** 1,03467

Valor Anual (R$) 2.980.381,42

Erro (%) -2,34

Valor Anual do Erro (R$) 69.740,93

Fonte: O autor (2011). * Considerando o fator de correção médio do mês de maio de 2011 para o cliente B. ** Valor corrigido de acordo com Equação 4. *** Valor fornecido pela Sulgás correspondente a maio de 2011 já com a incidência de impostos e simulado para o segmento veicular para a faixa de consumo de até 10.000 m³/dia.

Atualmente a Sulgás conta com 75 postos de GNV e considerando que os

valores da simulação financeira demonstrada na tabela 13 sejam utilizados como a

única fonte de renda para efeito de fluxo de caixa regular, pode-se fazer a seguinte a

análise de payback de acordo com a Equação 6 na Tabela 14.

Tabela 14 – Análise de payback para o erro encontrado em as found simulado para o cliente B diante do investimento orçado para o laboratório de medição de vazão

Investimento Inicial = R$ 112.092,61

Ano Fluxo de Caixa Saldo

0 -112.990,61 -112.990,61

1 69.740,93 -43.249,68

2 69.740,93 26.491,24

Fonte: O autor (2011).

Page 52: TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

51

Analisando a Tabela 14 pode-se verificar que, já no segundo ano, o

investimento de R$ 112.990,61 orçado para o laboratório de medição se paga, ou

seja, abaixo do período estipulado de payback que é de três anos. Logo, conclui-se

que isso torna o investimento totalmente viável. O que corrobora com a viabilidade

do investimento é o fato de que apenas com um cliente todo o investimento seria

pago.

b) Cenário II – Futuro

Para um cenário futuro de intervalo de calibração de medidores de vazão

admite-se que ao invés dos cinco anos mostrados no cenário atual sejam três anos

e, sendo assim, com base no que foi apresentado no capítulo 3, uma previsão de

custo anual de calibração para Sulgás em 2011, conforme a Tabela 15 de R$

298.283,10.

Tabela 15 – Previsão do custo para calibração de medidores de vazão para 2011, com base em um novo intervalo de calibração

Serviço Valor do Serviço* Medidores Valor anual por Serviço

As Found R$ 742,50 95 R$ 70.537,50

Manutenção Preventiva R$ 1.108,80 95 R$ 105.336,00

Calibração (As Left) R$ 517,00 95 R$ 49.115,00

Pintura R$ 209,00 32 R$ 6.688,00

Embalagem R$ 103,40 24 R$ 2.481,60

Frete R$ 675,00 95 R$ 64.125,00

Valor Anual R$ 298.283,10

Fonte: O autor (2011). * Valores sem o reajuste anual da Equação 5 para 2011

O valor mostrado na tabela 15 dá um incremento de cerca de 67% no custo

anual de calibração. Contudo, esse aumento de aproximadamente R$ 120.000,00

seria totalmente revertido, pois, conforme calculado anteriormente, apenas o cliente

A apresentou um valor de R$ 122.895,43, o qual foi deixado de arrecadar no

decorrer de apenas um ano. Imaginando que o medidor desse cliente tenha operado

nos últimos dois anos nessa mesma condição, o que proporcionaria o dobro desse

valor, evidenciando de forma mais clara a diferença em valores que apenas dois

anos de diminuição no prazo de calibração dos medidores de vazão impactariam na

Page 53: TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

52

arrecadação da empresa. Deixa-se claro aqui que não se sabe ainda qual é o prazo

ideal de calibração, pois através da realização dos ensaios de desempenho e

controles estatísticos dos laudos poderá obter-se essa informação.

Com relação à análise de payback, para o cenário futuro pode-se utilizar a

mesma análise, pois como visto no item 4.2 a análise para o cenário atual tem como

base um tempo de payback de três anos e que em apenas dois anos o investimento

torna-se atrativo. Sendo assim, com um intervalo de três anos de calibração poder-

se-ia fazer a mesma análise de payback.

Page 54: TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

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5 CONCLUSÃO

Neste trabalho foi desenvolvido um estudo de viabilidade técnica e econômica

para implantação de um laboratório de medição de vazão dentro da Companhia de

Gás do Estado do RS – Sulgás, de acordo com os laboratórios existentes dentro do

Brasil e ainda em consonância com as normas aplicáveis a esta área.

Através dos capítulos 2, 3 e 4 pode-se notar a importância que mínimos erros

metrológicos, advindos principalmente de medidores de vazão, têm perante o

faturamento e a arrecadação da empresa. Ainda que se esteja relatando apenas

erros negativos que diminuem o volume cobrado, tem-se ainda que considerar os

erros positivos que aumentam os valores arrecadados. Sabendo-se que a Sulgás

esteja com um controle de perdas de volume de gás bem estreito, controle esse que

é feito atualmente de maneira global, ou seja, considerando o que é comprado da

TBG menos o que é vendido aos clientes chegando-se a pequenas diferenças

percentuais. Este trabalho atentou para a possibilidade de ter-se um controle

individual cliente a cliente, averiguando o perfil de consumo de cada um. Assim,

propondo que através de um laboratório com uma bancada de medição de vazão se

façam ensaios de desempenho dos medidores para que sejam identificados dentro

da própria Sulgás erros que estão fora dos padrões exigidos pela Portaria 114 do

Inmetro (BRASIL, 1997) e ainda que sejam deixados de arrecadar valores altos

oriundos de erros grosseiros conforme apresentados nos capítulos 3 e 4.

A viabilidade econômica obtida através da análise de payback do laboratório

de medição de vazão dá-se evidentemente ao contexto do cenário atual de

programação de calibração de medidores que atualmente está em cinco anos de

intervalo. Se esse cenário for modificado para um prazo de três anos conforme foi

mostrado, se terá um controle ainda mais rígido sobre essas perdas vistas em as

found. Há ainda a possibilidade de avaliar o prazo ideal de calibração de medidores

por meio de ensaios de desempenho desenvolvidos em um laboratório de medição

de vazão próprio, onde através de dados estatísticos obtidos ano a ano pode-se

traçar curvas para cada medidor de vazão individualmente. Com isso, pode-se

identificar ano a ano a variação do erro e, assim, afirmando de um modo mais

fundamentado a validade de uma calibração.

Page 55: TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

54

5.1 Oportunidades para trabalhos futuros

A proposta de implantação de um laboratório de medição de vazão para

realização de ensaios de desempenho é uma das alternativas existentes para que a

Sulgás exerça um controle metrológico maior com diminuição dos custos.

Outras alternativas existentes para o maior controle metrológico são elaborar

um procedimento escrito para a determinação da incerteza de medição para cada

cliente analisando todo o sistema de medição e faturamento desse cliente e

determinação da equação do erro global do sistema de medição de vazão.

Fica como sugestão para trabalhos futuros o reestudo desse trabalho de

graduação para avaliar se existe vantagem econômica para implantação de um

laboratório com a bancada de medição de vazão atendendo a todas as faixas de

vazão dos clientes da Sulgás.

Page 56: TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

55

REFERÊNCIAS

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56

Engenharia Elétrica) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, Natal, 2007. OIML. Third Committee Draft Measuring Systems For Gaseous Fuel. Organisation Internationale de Metrologie Legale, Paris, France, 2004. REBELATTO, Daisy. Projeto de Investimento. Barueri, SP: Manole, 2004. 329 p RIBEIRO, Marco Antônio. Medição de Petróleo e Gás Natural. 3. ed. Salvador: Tek, 2003. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/medicao-de-petroleo-e-gas-natural-pdf-a14428.html>. Acesso em 13 ago. 2010. RMG. Turbine Meters TRZ 03 – TRZ 03-L – TRZ 03-K Operating Instructions, RMG Messtechnik GmbH, Butzbach, Germany, 2004. DRESSER ROOTSMETER. Instalação, Operação e Manutenção de Medidores Roots, Dresser ROOTS Meters and Instruments Dresser, Inc, Houston, Texas, 2008. SCHIEBER, Bill. New Test Calibration Facilities For Gas Turbine Meters. Pipeline & Gas Journal, Dallas, jul. 2000. Disponível em: http://find.galegroup.com/gtx/infomark.do?&contentSet=IACDocuments&type=retrieve&tabID=T003&prodId=AONE&docId=A63986934&source=gale&srcpro=AONE&userGroupName=ucs&version=1.0. Acesso em: 13 out. 2010. SULGÁS. Banco de dados. 2010. Disponível em: <www.sulgas.rs.gov.br>. Aceso em: 11 nov. 2010. SOUZA, Flaviomar Soares de. Desenvolvimento de uma metodologia para a calibração de uma turbina utilizada para medição do volume deslocado de ar e determinação da sua incerteza de medição. 2007. 203f. Dissertação (Mestrado em Metrologia) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006. TRANSCANADA. Bancada de calibração de medidores de vazão. 2011. Disponível em: <http://www.tcccalibrations.com>. Acesso em 20 maio 2011.

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APÊNDICE A – VERIFICAÇÃO DAS MEDIDAS DE VAZÃO E PERDA

DE CARGA PARA UM MEDIDOR DE LÓBULOS ROTATIVOS

Neste anexo é apresentado os resultados obtidos de um ensaio realizado

com um medidor rotativo de gás natural de vazão máxima de 40 m3/h no Laboratório

de Fluidos e Calor da Universidade de Caxias do Sul.

Para isso, o medidor rotativo foi instalado na entrada de um dos tubos de

sucção da bancada de ar disponível no laboratório. O tubo utilizado é de PVC, reto,

ou seja, sem mudanças de direção, com 38 mm de diâmetro interno e parede lisa,

cuja distância da entrada até o primeiro piezômetro (tomada de pressão estática) é

de 500 mm. O tubo se estende 6000 mm em direção a caixa de sucção da bancada,

antes da qual e na sequência há uma válvula gaveta e um tubo Venturi. A caixa de

sucção por sua vez está conectada à entrada de um ventilador centrífugo. A

conexão do medidor rotativo ao tubo de PVC se fez por meio de mangueira flexível

e, desta forma, com o ar passando apenas pela montagem efetuada, ou seja,

medidor rotativo – tubo – Venturi – válvula se fez a leitura da vazão diretamente no

medidor e indiretamente no tubo Venturi para algumas aberturas da válvula gaveta.

Além da averiguação da vazão do medidor rotativo comparativamente à medida do

tubo Venturi, o ensaio serviu para estimar a perda de carga que este tipo de medidor

geraria com sua montagem na tubulação mencionada.

O medidor do tipo Venturi instalado na bancada de ar apresenta as seguintes

especificações:

- razão entre os diâmetros m = (d/D)2 = 0,45; e

- coeficiente de descarga Cq=1,067.

A equação A1 é empregada para o cálculo da vazão através do tubo Venturi é

(A1)

Onde, Ad é a área transversal relativa ao diâmetro “d”; g é a gravidade;

h é a deflexão no manômetro de coluna de água ligado no tubo Venturi; ρH2O é a massa específica da água (fluido manométrico); e ρar:é a massa específica do ar, calculada a partir da equação dos gases perfeitos com a medida da temperatura ambiente e da pressão atmosférica local.

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Com a válvula gaveta da tubulação toda aberta, obteve-se as medidas

apresentadas na tabela A1 com e sem o medidor rotativo.

Tabela A1 – Valores obtidos no ensaio com a válvula totalmente aberta

Observação Vazão Venturi

(m3/h) – Eq. A.1

Vazão do medidor

(m3/h)

Pressão estática 1ª

tomada (mmca)

Sem medidor 113,82 ------ 59

Com medidor 84,17 76,5 105

Perda de carga do medidor rotativo 46

Fonte: O autor (2011).

A diferença percentual entre as medidas de vazão entre o tubo Venturi e o

medidor rotativo é de 9,1%. Outras duas aberturas foram ensaiadas, cujos valores

são apresentados na tabela A.2.

Tabela A2 – Outros valores de vazão

Abertura Vazão Venturi

(m3/h) – Eq. A.2

Vazão do medidor

(m3/h) Dif. Percentual (%)

1 58 53 9,43

2 37 34 8,82

Fonte: O autor (2011).

Apesar das divergências percentuais obtidas entre as medições realizadas,

acrescenta-se que o medidor ensaiado foi recentemente calibrado no Ctgás,

apresentando menos de 1% de erro em relação ao medidor padrão. Portanto, para a

finalidade de calibração do medidor no Laboratório de Fluidos e Calor da UCS –

bancada de ar, o ensaio deveria ser repetido, tendo-se disponível uma calibração do

tubo Venturi utilizado na bancada.

Entretanto, a intenção principal do ensaio era se averiguar a perda de carga

proporcionada por um medidor rotativo com a finalidade de se selecionar

adequadamente o ventilador para a bancada proposta. Para esse propósito, deve-se

estimar a perda de carga proporcionada por medidor de 250 m3/h de vazão que é a

vazão máxima da bancada proposta no trabalho.

Pode-se estimar a perda de carga desse medidor, determinando o valor do

seu coeficiente K através da Equação A2.

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(A2)

Onde, “d” refere-se à bitola do medidor usado.

Onde “d” neste caso, refere-se à bitola do medidor usado. A partir da Eq. A.2

e da diferença na pressão estática obtida na primeira tomada do tubo de PVC da

bancada e cujo resultado foi de 46 mmca (tabela a1.1), obtém-se o valor de “K” do

medidor testado de aproximadamente 5,8. Adotando-se o mesmo valor para um

medidor de diâmetro maior 3”, ou seja, que atenda os 250 m3/h, calcula-se o Δp a

partir da Eq. A.2. Assim fazendo, encontra o valor de p de cerca de 76 mmca para

a vazão de 250 m³/h. Como na bancada proposta se terá dois medidores montados

em série, ou seja, o padrão e aquele que se deseja testar, o p total será de 152

mmca.

A escolha do ventilador ocorreu de acordo com a vazão máxima necessária,

250 m³/h e perda de carga encontrada 152 mmca. De acordo com o Quadro A1

abaixo do fabricante Ar Natural pode-se identificar o ventilador correto.

Figura A1 – Dados do ventilador centrífugo radial

Fonte: Ar Natural (2011)

De acordo com a o Quadro A1 o ventilador selecionado foi o modelo CAA 350-2

que dispõe na vazão de 5 m³/min, ou seja 300 m³/h, a pressão estática de 292

mmca que atende às necessidades da bancada de medição de vazão conforme

mostrado nos dados obtidos no experimento.

A Figura A2 mostra a carcaça do ventilador centrífugo radial da Ar Natural.

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Figura A2 – Carcaça do ventilador centrífugo radial modelo CAA 350-2

Fonte: Ar Natural (2011).

Os gráficos A.1 e A.2 mostram as curvas do sistema para os tramos de 2” e 3”

que compreendem as faixas de vazão de 25 m³/h a 250 m³h.

Gráfico A1 – Curva do sistema da bancada de testes de medidores de vazão para o tramo de 2”

Fonte: O autor

0

50

100

150

200

250

300

350

0 20 40 60 80 100 120

Pe

rda

de

Car

ga (

mm

ca)

Vazão (m³/h)

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Gráfico A2 – Curva do sistema da bancada de testes de medidores de vazão para o tramo de 3”

Fonte: O autor

De acordo com os dados do ventilador na figura A1 e com as curvas do

sistema para 2” gráfico A1 e também para 3” gráfico A2, pode-se notar que o

ventilador trabalhará em regiões muito desfavoráveis de operação, podendo ter-se

instabilidade na vazão requerida. Esta região instável deve-se as pequenas vazões

e altas pressões requeridas pela bancada de medição de vazão, fazendo-se o

ventilador trabalhar em baixas rotações. Uma solução para este problema seria

adotar como de geração de vazão um sistema com compressor, destacando-se

neste caso o compressor do tipo parafuso que consegue manter a vazão mais

constante, e isso é o que se quer na utilização da bancada.

0

50

100

150

200

250

300

50 100 150 200 250 300

Pe

rda

de

Car

ga (

mm

ca)

Vazão (m³/h)

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APÊNDICE B – ANÁLISE DAS NECESSIDADES DE UM

LABORATÓRIO DE MEDIÇÃO DE VAZÃO DE ACORDO COM A

NBR ISO/IEC 17025.

a) PESSOAL

Segundo a NBR ISO/IEC 17025 (ABNT, 2001), tem-se que a direção e/ou os

responsáveis pelo laboratório devem assegurar a competência de todos que operam

equipamentos específicos, realizam ensaios e/ou calibrações, avaliam resultados e

assinam relatórios de ensaio e certificados de calibração. O pessoal que realiza

tarefas específicas deve ser qualificado com base na formação, treinamento,

experiência apropriada e/ou habilidades demonstradas, conforme for requerido.

A norma referida acima destaca também que o pessoal encarregado pelos

ensaios e/ou calibrações tenha conhecimento dos requisitos gerais expressos na

legislação e nas normas e, ainda, tenha um entendimento da importância dos

desvios encontrados, referente ao uso normal dos itens, materiais, produtos etc. em

questão.

A mesma norma ressalta que o laboratório deve manter os registros das

autorizações, competências, qualificações profissional e educacional, treinamento,

habilidades e experiência relevantes de todo o pessoal técnico, incluindo o pessoal

contratado. Estas informações devem estar prontamente disponíveis e deve incluir

as datas nas quais as autorizações ou competências foram confirmadas.

b) ACOMODAÇÕES E CONDIÇÕES AMBIENTAIS

Conforme a NBR ISO/IEC 17025 (ABNT, 2001) as instalações de um

laboratório de medição de vazão incluindo, mas não se limitando a fontes de

energia, iluminação e condições ambientais, devem ser tais que facilitem a

realização correta dos ensaios e/ou calibrações.

O laboratório deve assegurar que as condições ambientais não invalidem os

resultados ou afetem adversamente a qualidade requerida de qualquer medição,

ensaio ou calibração.

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O laboratório deve monitorar, controlar e registrar as condições ambientais

conforme requerido pelas especificações, métodos e procedimentos pertinentes, ou

quando elas influenciam a qualidade dos resultados. Os ensaios, calibrações e

medições devem ser interrompidos quando as condições ambientais

comprometerem os resultados.

c) MÉTODOS DE ENSAIO E CALIBRAÇÃO E VALIDAÇÃO DE MÉTODOS

Segundo a NBR ISO/IEC 17025 (ABNT, 2001), um laboratório de medição de

vazão deve utilizar métodos e procedimentos apropriados para todos os ensaios

e/ou calibrações dentro do seu escopo. Estes incluem amostragem, manuseio,

transporte, armazenamento e preparação dos itens a serem ensaiados ou calibrados

e, onde apropriado, uma estimativa da incerteza de medição, bem como as técnicas

estatísticas para análise dos dados de ensaio e/ou calibração.

O laboratório deve ter instruções sobre o uso e a operação de todos os

equipamentos pertinentes, sobre o manuseio e a preparação dos itens para ensaio

e/ou calibração, ou ambos, onde a falta de tais instruções possa comprometer os

resultados dos ensaios dos ensaios e/ou calibrações. Todas as instruções, normas,

manuais e dados de referência aplicáveis ao trabalho do laboratório devem ser

mantidos atualizados e prontamente disponíveis para o pessoal.

Com relação aos controles de dados de um laboratório de medição de vazão

cabe ressaltar que a NBR ISO/IEC 17025 (ABNT, 2001) diz que quando são

utilizados computadores ou equipamento automatizado para aquisição,

processamento, registro, relato, armazenamento ou recuperação de dados de

ensaio ou calibração, o laboratório deve assegurar que:

a) o software de computador desenvolvido pelo usuário esteja documentado

em detalhes suficientes e apropriadamente validados, como adequado

para uso;

b) sejam estabelecidos e implementados procedimentos para a proteção dos

dados; tais procedimentos devem incluir, mas não se limitar a integridade

e confidencialidade da entrada ou coleta, armazenamento, transmissão e

processamento dos dados; e

c) os computadores e equipamentos automatizados sejam conservados, de

forma a assegurar o funcionamento adequado, e estejam em condições

Page 65: TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

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ambientais e operacionais necessárias para a manutenção da integridade

dos dados de ensaio e calibração.

d) EQUIPAMENTOS

Conforme a NBR ISO/IEC 17025 (ABNT, 2001), um laboratório deve ser

aparelhado com todos os equipamentos para amostragem, medição e ensaio

requeridos para o desempenho correto dos ensaios e/ou calibrações (incluindo a

amostragem, preparação dos itens de ensaios e/ou calibração, processamento e

análise dos dados de ensaio e/ou calibração). Nos casos em que o laboratório

precisar usar equipamentos que estejam fora de seu controle permanente, ele deve

assegurar que os requisitos desta norma sejam atendidos.

Cabe ressaltar que o laboratório deve ter procedimentos para efetuar em

segurança o manuseio, transporte, armazenamento, uso e manutenção planejada

dos equipamentos de medição, de modo a assegurar seu correto funcionamento e

prevenir contaminação ou deterioração.

e) RASTREABILIDADE DE MEDIÇÃO

Todo o equipamento utilizado em ensaios e/ou em calibrações, incluindo os

equipamentos para medições auxiliares (por exemplo: condições ambientais), que

tenha efeito significativo sobre a exatidão ou validade do resultado do ensaio,

calibração ou amostragem, deve ser calibrado antes de entrar em serviço. O

laboratório deve estabelecer um programa e procedimento para calibração dos seus

equipamentos.

Para laboratórios de calibração, o programa de calibração de equipamentos

deve ser projetado e operado de forma que assegure que as calibrações e medições

feitas pelo laboratório sejam rastreáveis ao Sistema Internacional de Unidades (SI).

Um laboratório de calibração estabelece a rastreabilidade ao SI dos seus próprios

padrões e instrumentos de medição por meio de uma cadeia ininterrupta de

calibrações ou comparações, ligando-os aos padrões primários das unidades de

medida SI correspondentes.

Para laboratórios de ensaio o programa de calibração de equipamentos

aplica-se a equipamentos de medição e ensaio utilizados com funções de medição,

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a não ser que tenha sido estabelecido que a contribuição associada da calibração

pouco contribua para a incerteza total do resultado do ensaio.

f) AMOSTRAGEM

O laboratório deve ter um plano e procedimentos para amostragem quando o

mesmo realiza amostragem de substâncias, materiais ou produtos para ensaio ou

calibração subsequente. Tanto o plano como o procedimento de amostragem devem

estar disponíveis no local onde a amostragem é realizada. Os planos de

amostragem devem, sempre que viável, ser baseados em métodos estatísticos

apropriados. O processo de amostragem deve abranger os fatores a serem

controlados, de forma a assegurar a validade dos resultados do ensaio e calibração.

g) MANUSEIO DE ITENS DE ENSAIO E CALIBRAÇÃO

O laboratório deve ter procedimentos para o transporte, recebimento,

manuseio, proteção, armazenamento, retenção e/ou remoção dos itens de ensaio ou

calibração, incluindo todas as providências necessárias para a proteção da

integridade do item de ensaio ou calibração e para a proteção dos interesses do

laboratório e do cliente.

O laboratório deve ter um sistema para identificação de itens de ensaio e/ou

calibração e, também, deve possuir procedimentos e instalações adequadas para

evitar deterioração, perda ou dano no item de ensaio ou calibração durante o

armazenamento, manuseio e preparação.

h) GARANTIA DA QUALIDADE DE RESULTADOS DE ENSAIO E CALIBRAÇÃO

O laboratório deve ter procedimentos de controle da qualidade para monitorar

a validade dos ensaios e calibrações realizados. Os dados resultantes devem ser

registrados de forma que as tendências sejam detectáveis e, quando praticável,

devem ser aplicadas técnicas estatísticas para a análise crítica dos resultados. Este

monitoramento deve ser planejado e analisado criticamente e pode incluir, mas não

estar limitado, ao seguinte:

Page 67: TCC Finalizado 10-07-2011 Marcelo Bordin

66

a) uso regular de materiais de referência certificados e/ou controle interno da

qualidade, utilizando materiais de referência secundários;

b) participação em programas de comparação interlaboratorial ou de ensaios

de proficiência;

c) ensaios ou calibrações replicadas, utilizando-se os mesmos métodos ou

métodos diferentes;

d) reensaio ou recalibração de itens retidos; e

e) correlação de resultados de características diferentes de um item.

i) APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Os resultados de cada ensaio, calibração, ou séries de ensaios ou calibrações

realizadas pelo laboratório devem ser relatados com exatidão, clareza, objetividade,

sem ambiguidade e de acordo com quaisquer instruções específicas nos métodos

de ensaio ou calibração. Para o caso de ensaios ou calibrações realizadas para

clientes internos ou no caso de um acordo escrito com o cliente, os resultados

podem ser relatados de forma mais simplificada.

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APÊNDICE C – PROJETO DA BANCADA DE MEDIÇÃO DE

VAZÃO DO LABORATÓRIO.

Figura C1 – Vista frontal da bancada de medição de vazão

Fonte: O autor e WG Manutenção (2011).

Figura C2 – Vista superior da bancada de medição de vazão

Fonte: O autor e WG Manutenção (2011).

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Figura C3 – Vista lateral direita da bancada de medição de vazão

Fonte: O autor e WG Manutenção (2011).

Figura C4 – Componentes da bancada de medição de vazão

Fonte: O autor e WG Manutenção (2011).