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1 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS UNIÃO AFRICANA: INTEGRAÇÃO ECONÓMICA REGIONAL EM ÁFRICA DESAFIOS E POSSIBILIDADES SÃO PAULO 2011 JORGE MENDES SANCHES RA 00037028 --------------------------------------------

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS

CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

UNIÃO AFRICANA: INTEGRAÇÃO ECONÓMICA REGIONAL EM ÁFRICA –

DESAFIOS E POSSIBILIDADES

SÃO PAULO

2011

JORGE MENDES SANCHES

RA 00037028

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JORGE MENDES SANCHES

UNIÃO AFRICANA: INTEGRAÇÃO ECONÓMICA REGIONAL EM ÁFRICA –

DESAFIOS E POSSIBILIDADES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentada à

coordenação do curso de Relações Internacionais

da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

como requisito parcial para obtenção do título de

bacharel em Relações Internacionais.

ORIENTADORA: PROFESSORA CLÁUDIA

ALVARENGA MARCONI

SÃO PAULO

DEZEMBRO 2011

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RESUMO

O regionalismo é um movimento antigo e complexo, composto por variáveis

goegráficos, políticas, econômicas, culturais e jurídicas, entre outras. O grande

envolvimento dos paises em desenvolvimento e de menor desenvolvimento relativo em

processo de integração regional e a manutenção de sua condição de

subdesenvolvimento em relação às economias mais avançadas nos fazem questionar

se o regionalismo promove o desenvolvimento dos paises.

Este trabalho aborda o desenvolvimento da integração econômica regional no

continente africano, seu desenvolvimento histórico, sua dinâmica político-econômica

sobre os desafios e oportunidades para o contínuo desenvolvimento e consolidação em

seu contexto regional e continental. O trabalho pretende contribuir na compreensão do

passado e presente da cooperação e integração na África.

Palavras Chaves: Integração Regional, Relações Internacionais, Cooperação,

Desenvolvimento.

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ABSTRACT

The regionalism is an antique and complex movement, composed by geographic,

political, economic, cultural and juridical variables, among others. The great participation

of developing countries and least developed countries in regional trade arrangements

and its persistent subdeveloped condition when compared to the developed economies

makes us question the statement that regionalism promotes development.

This study addresses the development of regional economic integration in Africa.

We intend to understand its historical development, politic-economics dynamics on the

challenges and opportunities for continuous developing and consolidation within regional

and continental context. The study aims to contribute to the understanding of the past

and present cooperation and integration in Africa.

Keywords: Regional Integration, International Relations, Cooperation, Development.

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SUMÁRIO

ABREVIATURAS E SIGLAS ....................................................................................................... 6

INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 7

CAPITULO I

1.1 A INTEGRAÇÃO REGIONAL: TEORIAS E CONCEITOS .............................................. 9

1.2 DESENVOLVIMENTOS NA INTEGRAÇÃO REGIONAL EM ÁFRICA E SEUS

DESAFIOS ................................................................................................................................... 14

CAPITULO II

2.1 AS COMUNIDADES ECONÔMICAS REGIONAIS (CERs) EM ÁFRICA, E AS SUAS

PRINCIPAIS DECISÕES TOMADAS PARA ACELERAR E INTENSIFICAR A

INTEGRAÇÃO NO CONTINENTE. ......................................................................................... 18

2.2 A COMISSÃO DA UNIÃO AFRICANA (CUA), E A COMISSÃO ECONÔMICA DAS

NAÇÕES UNIDAS PARA A ÁFRICA (CEA): AS PRINCIPAIS ATIVIDADES

EMPREENDIDAS SOBRE A INTEGRAÇÃO REGIONAL. .................................................. 23

CAPITULO III

3.1 A NOVA PARCERIA PARA O DESENVOLVIMENTO DA ÁFRICA (NEPAD). ......... 25

CONCLUSÃO .............................................................................................................................. 27

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................... 29

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ABREVIATURAS E SIGLAS

ECA – Comissão Econômica para a África (Economic Commission for Africa)

CEA - Comissão Econômica das Nações Unidas para a África

CERs - Comunidades Econômicas Regionais

CUA – Comissão da União Africana

UDEAC - União Aduaneira e Econômica da África Central

CEDEAO / ECOWAS - Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental

(Economic Community of West African States)

CEEAC - Comunidade Econômica dos Estados da África Central

CEN-SAD - Comunidade dos Estados Sahelo-Saharianos

COMESA - Mercado Comum da África Oriental e Austral

CAO / EAC - Comunidade da África Oriental (East African Community)

OUA / OAU - Organização da Unidade Africana (Organization of African Union)

RI - Relações Internacionais (International Relations)

SACU - União Aduaneira da África Austral (Southern African Customs Union)

SADC - Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (Southern African

Development Community)

NEPAD - Nova Parceria para o Desenvolvimento da África (New Partnership for Africa's

Development)

CEMAC - Comunidade Econômica e Monetária da África Central

UA / AU - União Africana (African Union)

UMA - União Árabe do Magréb

PIM - Programa de Integração Mínima

COMAI - Conferência de Ministros Africanos Responsáveis pela Integração

RIA - Agência Regional de Investimento

ARIA - Avaliação da Integração Regional em África

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INTRODUÇÃO

Em 1980, Governos e Estados africanos traçaram o Plano de Ação de Lagos.

Definido pela Organização da Unidade Africana (OUA) e assinada por cerca de 20

países tratava-se de um plano de ação com propósito de inverter a situação económica

e social do continente. Este incentivava a busca de três principais objetivos no

continente: um nível elevado e sustentado de crescimento econômico; a transformação

das estruturas econômicas e sociais; a manutenção de uma base sustentável dos

recursos. Este plano traçava linhas estratégicas de desenvolvimento económico a

serem seguidas pelos países africanos, com vista a romper com os modelos de

desenvolvimento colonial e com a dependência em relação ao norte, rumo a um

desenvolvimento integrado e sustentavel, no qual a integração regional é vista pelos

lideres africano como o principal impulso para a reestruturação do continente nesse

processo. De um modo geral, o Plano de Ação de Lagos proposta e tão discutido nas

Conferências pelos Governos e Estados africanos, continuam ainda longe de ser

colocada em pratica por varios paises. O ano de 2001 registrou uma aceleração das

discussões políticas sobre a integração regional com o estabelecimento da União

Africana (UA) e do lançamento da Nova Parceria para o Desenvolvimento da África

(NEPAD). Fundada em 2002, a União Africana é uma organização de países africanos

constituída nos moldes da União Européia e da Comunidade das Nações. Seus

principais objetivos são a promoção da unidade e da solidariedade africana, a

eliminação do colonialismo, a busca da soberania dos Estados africanos e a integração

econômica, além da cooperação política e cultural no continente.

A União Africana empenha-se muito na promoção da democracia, dos direitos

humanos e do desenvolvimento no continente africano, especialmente no aumento dos

investimentos estrangeiros por meio do programa NEPAD (New Partnership for Africa’s

Development – Nova Parceria para o Desenvolvimento da África).

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Esta pesquisa tem como objetivo geral analisar o processo de Integração

regional em África. A pesquisa assume uma postura otimista quanto à importância da

União Africana para atender as demandas e necessidades do continente africano. O

propósito é de expor os esforços, os interesses e comprometimentos desses principais

líderes continentais com a instituição, e entender a relação que prevalece entre eles

dentro do continente. A pesquisa permite delimitar alguns dos principais desafios e

possibilidade do continente, como a inserção no sistema internacional, e estabelecer

uma discussão entre as bases teóricas e legitimadoras da União Africana, sua

efetividade prática e as reais condições a nível doméstico do continente.

O trabalho é dividido em três capitulos. No primeiro capitulo, vou expor as teorias

e conceitos da integração regional, e seus desenvolvimentos e desafios em África. Aqui

basicamente vou definir a Integração regional de acordo com o enfoque de alguns

autores e fazer um apanhado teórico sobre o tema, seu surgimento, desafios e

desenvolvimento no continente.

No segundo capitulo, vou falar das Comunidades Economicas Regionais em

África (CERs) e suas principais decisões tomadas para fomentar, acelerar e intensificar

a integração no continente; vou falar tambem da Comissão da União Africana (CUA); e

da Comissão Economica das Nações Unidas para a Africa (CEA) e suas principais

atividades empreendidas sobre a integração regional, isto é, programas desenvolvidos,

seus progressos e desafios.

No terceiro capitulo, vou falar da Nova Parceria para o Desenvolvimento da

África (NEPAD), seus objetivos, estrategias de desenvolvimento no continente.

Finalmente, vou concluir com uma analise geral sobre as perspectivas, desafios,

possibilidades da integração regional na África.

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CAPÍTULO I

1.1 A INTEGRAÇÃO REGIONAL: TEORIAS E CONCEITOS

Desde os anos 1950, o tema da integração regional ganhou destaque na

literatura e se tornou um tema recorrente em pesquisas econômicas. Apesar do tema

tenha sido estudada tradicionalmente pela economia, a concepção de que a integração

regional não pode ser estudada separadamente das suas implicações políticas permitiu

que outros ramos de conhecimento, como as Relações Internacionais (RI), também se

preocupassem com a matéria. Ésta vem ganhando forças e maior importância no

campo das Relações Internacionais, desde então adequando assim às exigências e

características da presente ordem internacional. A sociedade internacional sempre se

caracterizou por uma relação horizontal de coordenação das soberanias nacionais, em

que o individualismo dos Estados se sobrepunha aos interesses comuns do grupo

social. Com o fim da ordem internacional bipolar, instaurou-se uma nova fase de

reorganização do sistema mundial que permitiu a incorporação de novos atores e

formas de comportamento num ambiente tradicionalmente monopolizado pelos

Estados. Estas mudanças foram acompanhadas pelo fortalecimento e multiplicação das

instituições internacionais e fortemente influenciada pelo fenômeno da globalização,

que promoveu alterações significativas não só na esfera econômica e produtiva, mas

também no âmbito político, social e cultural.

Segundo o artigo da MARIANO (2007, p.123), inicialmente estas mudanças

causaram uma série de incertezas quanto ao modo como esse sistema reencontraria

seu equilíbrio e quais seriam as novas regras que regulamentariam as relações entre os

Estados. Mesmo diante destas mudanças, alguns aspectos ficaram claros desde o

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início: 1°- que os Estados Unidos seriam o principal ator do sistema internacional,

embora no final dos anos 80 ainda não fosse possível avaliar a extensão de seu papel;

2°- que as organizações internacionais ganharão maior importância, assim como as

iniciativas de cooperação entre os países, entre elas os processos de integração

regional; 3°- que as relações entre os Estados seriam balizadas pelo fenômeno da

globalização.

O fenômeno da globalização tem uma relação estritamente direta e dinâmica

com a lógica da regionalização, isto ao transformar o contexto e as condições da

interação e da organização social, levando a um novo ordenamento das relações entre

território e espaço socioeconômico e político. Esta nova realidade foi acompanhada

pela presença de novos atores no cenário internacional que passam a atuar a partir de

uma estratégia lógica própria, e muitas vezes, desvinculada da política externa dos

governos centrais.

O regionalismo é um movimento antigo e complexo, composto por variáveis

geográficas, politicas, econômicas, culturais, juridicas, e entre outras. O fenómeno de

cooperação que nasceu como uma forma de resolver conflitos entre os Estados se

tornou consequência da concorrência avassaladora das últimas décadas no mercado

mundial, que trouxe consigo a necessidade de os Estados atingirem seus níveis de

desenvolvimento económico, político e social que lhes permita fazer face à crescente

internacionalização dos mercados. Desde então, atualmente intensifica-se uma

dimensão das relações internacionais que passa pelas organizações de integração

regional. Com efeito, cada vez mais os Estados procuram explorar essas eventuais

cooperações de interesses comuns que possam funcionar como elementos

catalisadores de uniões sólido e estável na proximidade territorial. Dada esse atual

contexto organizacional, caracterizado pelo aumento da competitividade e acirramento

da concorrência, a história moderna tem sido caracterizada pela formação de blocos de

países como estratégia de autodefesa e desenvolvimento socioeconómico.

Os processos de integração regional são impulsionados pelos Estados e fazem

parte de sua lógica estratégica, no entanto, à medida que evoluem, pode gerar

impactos que vão além dos governos nacionais participantes, e assim influenciando o

conjunto da sociedade e especialmente as unidades governamentais subnacionais.

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Assim como todo fenômeno do campo das ciências sociais, os processos de

integração regional são dinâmicos e nem sempre evoluem da forma como seus

criadores imaginaram. O motivo disso é o seguinte, justamente por estarem dentro de

uma lógica sistêmica, esses processos necessariamente reagem ao ambiente externo e

às demandas provenientes de seus subsistemas, alterando assim o plano inicial ao

longo do tempo. Assim sendo, é preciso compreender as origens dessas influências, os

mecanismos internos desses processos que são elaborados para resistir às pressões

por mudanças, assim como os instrumentos pensados para permitir as alterações.

Desde então, o que podemos dizer é que inicialmente o processo de integração

regional corresponde ao um projeto elaborado pelo grupo que o a idealizou, e com o

passar do tempo, assume as características que a realidade lhe impõe, muitas vezes

contrariando as concepções de seus criadores. Os beneficios provenientes da

participação de um país num processo de integração regional, ou nas pautas

aduaneiras ou ainda no mercado comum, pode ser distribuido de maneira irregular, ou

seja, desigual, isto quer dizer que não se pode ter/dar como certo que um determinado

país se beneficie ou nao com a sua participação nos tais processos acima

mencionados. A resposta só pode ser dada depois de uma análise económico que

tenha em conta a estrutura das decisões políticas e constitucionais que determina a

maneira como os beneficios serão destribuidos.

O estudo de um processo de Integração Regional nos remete ao estudo das

questões políticas, econômicas e principalmente comerciais dos países envolvidos

neste processo. É necessário ter uma visão de todo o bloco que estes países formam,

isto é, sua interdependencia e também seu objetivo comum.

O conceito da integração regional é muito complexo e dinâmico. Ela pode ser

definida como processo pelo qual um grupo de países, com certo grau de afinidades

históricas, culturais, sociais e económicas decidem integrar as suas economias

nacionais criando assim um amplo mercado regional. Entretanto, este fenomeno refere-

se ao um movimento para estabelecer ligações entre, e em meio a um grupo de países

dentro de um determinado espaço geográfico, motivado pelos interesses comuns e

compartilhados para cooperação nas áreas de comércio e outros setores económicos,

com vistas a alcançar uma zona de livre comércio e, subsequentemente, estabelecer

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uma união alfandegária. Nesse processo, os países se comprometem a realizar ações

com o objetivo de acelerar o desenvolvimento económico e social de forma mútua e

coordenada, tomando medidas comuns nas várias esferas sócio-económicas na base

de um quadro jurídico, ou instrumentos legais acordados pelos países. A integração

regional pode igualmente ser vista como um processo de multiplicação de associações

de países no qual se regista um crescimento da parte das trocas comerciais e

financeiras intra-regionais nas trocas mundiais.

Do ponto de vista económico, o conceito varia de acordo com o enfoque

acentuado pelos diversos autores.

Na linguagem corrente da palavra, a integração significa a junção de várias

partes num todo (BALASSA, 1982, P.11).

Considera tambem que a integração é o processo pelo qual os Estados decidem

transferir uma parte da sua soberania para uma entidade política soberana ou para

instituições, é um processo que exige para além da correspondente manifestação de

vontade, atitudes políticas tendentes a essa associação (BALASSA, 1982, P.20).

Integracão regional se define como “um processo dinâmico de intensificação em

profundidade e abrangência das relações entre os atores levando à criação de novas

formas de governança politica-institucionais de escopo regional”. Ou ainda, “um

processo ao longo do qual os atores inicialmente independentes, se unificam, ou seja,

se tornam parte de um todo”. Os atores se unificam para atingir um objetivo comum, no

caso de um sistema politico, isto seria de tomada de decisão comum. (HERZ;

Hoffmann, 2004, p. 168).

Integração Regional é “um processo através do qual dois ou mais países se

juntam numa relação económica estreita do que cada um deles tem com o resto do

mundo” (NAMBURETE, 2002, p.117).

Num enfoque clássico, integração significa a abolição de entraves em

movimentos de mercadorias, pessoas e capitais, alargando a atuação da oferta e da

procura, como resultado de uma política comum visando à eliminação das distorções

das políticas setoriais.

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No contexto jurídico do fenómeno, integração significa a harmonização ou a

uniformização dos sistemas legais internos dos Estados, viabilizando a integração

política e econômica.

A perspectiva de integração regional no continente africano não é nova. Desde a

época da independência, praticamente todos os países africanos adotaram o

regionalismo como uma opção de auto-sustentação. Dessa forma, os governos já

perceberam que a integração regional parece ser uma estrutura necessária para

resolver os obstáculos do comércio entre os Estados africanos e assim criar maiores

mercados regionais que podem alcançar economias de escala e manter sistemas de

produção e mercados ao mesmo tempo em que reforça a competitividade da África. De

fato, durante as últimas tres ou quatros décadas, as tentativas de cooperação

multilateral numa base regional se multiplicaram no mundo inteiro. Hoje, existem mais

organizações regionais na África do que em qualquer outro continente e muitos países

estão envolvidos em mais de uma iniciativa de integração regional.

As integrações africanas em nível regional e sub-regional foram criadas nos anos

60, e multiplicaram-se a partir dos anos 70. Fundadas geralmente pela proximidade

geográfica e pela comunidade linguística dos países que as compõem, essas

integrações regionais perseguem notadamente os mesmos objetivos e a coordenação

dos programas e políticas para favorecer o crescimento econômico e o

desenvolvimento. Para os países em desenvolvimento, a integração regional não é um

fim em si, mas sim, um capítulo de uma estratégia mais ampla para tentar promover um

crescimento mais equitativo. Uma integração regional com êxito permitiria assim, uma

melhora significativa quanto à concorrência, reduziria os custos das transações,

permitiria economia em escala, atrairia os investimentos diretos estrangeiros e facilitara

as políticas de coordenação macroeconômicas. A integração africana surgiu como meio

para atingir o fim, ou seja, o objetivo é desenvolvimento integrado e global do

continente. Uma caracteristica notável de integração regional na África pode ser

percebida através da participação dos Estados africanos em vários acordos comerciais

regionais. Por exemplo, atualmente dos 53 paises, 27 são membros de duas

organizações regionais, 18 pertencem a três, 1 pais participa de quatro organizações

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regionais. Para fechar a conta, 7 paises mantiveram participação em apenas um bloco.

Estes dados mostra claro o esforço dos paises em se integrar.

O fenômeno de regionalismo é associado a dois periodos históricos, conhecidos

como primeira e segunda onda de regionalismo. A primeira onda iniciou no pós-guerra

e embora sua vigor tenha sido maior até década de 1970, engloba tambem os acordos

e organizações criadas até o inicio da década de 1980 (HERZ; Hoffmann, 2004, p. 170).

Nesse periodo chamado de primeira onda de regionalismo, foram criadas na

África as seguintes organizações e acordos de integração: Organização da União

Africana (OUA), em 1963; União Aduaneira e Econômica da África Central (UDEAC),

em 1964; Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental

(CEDEAO/ECOWAS), em 1975; Comunidade Econômica dos Estados dos Grandes

Lagos, em 1976; Comunidade Econômica dos Estados da África Central (CEEAC), em

1983; União Árabe do Magréb (UMA), em 1989. Essa primeira onda do regionalismo

ficou conhecido como regionalismo fechado. Esse tipo de regionalismo foi usado como

parte estratégica de desenvolvimento. A ideia principal defendida nesse tipo de

regionalismo fechado era de que os paises menos desenvolvidos nao tinha capacidade,

ou seja, poder de concorrência de igual para igual com os paises mais desenvolvidos,

deste modo, precisavam de incentivos especiais para poder criar a sua industrialização.

Apartir da década de 1970 houve um enfraquecimento do regionalismo. A

integracão regional só foi retomada com a recuperação econômica global e a

acéleração do processo da globalização na segunda metade da década de 1980 com o

fim da Guerra Fria.

Assim então surgiu mais uma nova onda chamada de segunda onda de

regionalismo. Nesta nova onda foram criadas novas organizações e acordos de

integração, e as outras ja existentes foram revigoradas. Foram criadas: Comunidade

para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), em 1992; Comunidade Econômica e

Monetária da África Central (CEMAC), em 1994; Mercado Comum da África Oriental e

do sul, em 1994; União Econômica e Monetária da África Ocidental, em 1994;

comunidade da África Oriental (CAO/EAC), em 1999; União Africana (UA), em 2002.

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1.2 DESENVOLVIMENTOS NA INTEGRAÇÃO REGIONAL EM ÁFRICA E SEUS

DESAFIOS

A África é o continente mais fragmentado quanto ao plano geopolítico e também

o mais cosmopolita quanto à diversidade de sua população. Tal como em qualquer

outro local geográfico e momento histórico, também em África, não há soluções para

todos os problemas nas perspectivas de todos os grupos sociais. Para uma

transformação social, política e económica, sempre há grandes desafios a serem

enfrentados. Depois de muito tempo sendo explorado pelos colonos, ha pouco tempo, a

África parece ter começado a se firmar no mercado internacional. A integração regional

e a inserção das economias no espaco global constituem questões centrais para o

continente africano. Dada a sua independencia, o objetivo agora é crescer cada vez

mais, e tentar atingir um nivel de desenvolvimento sustentavel relativamente aos outros

continentes. Para isso, é necessario que os lideres africanos se unem e compromente

na resolução dos problemas em geral que o continente apresenta.

O aumento do comércio e o aprofundamento da integração regional são

considerados por muitos, como contributos essenciais para o desenvolvimento

sustentavel, crescimento económico, emprego, e assim tambem para a eliminação da

pobreza. A África adoptou pela integração socioeconómica e política como uma

estratégia fundamental de desenvolvimento.

A integração regional continua a ser um importante meio para fortalecer o

desenvolvimento e as possibilidades de crescimento da África, incluindo a promoção do

comércio dentro e fora do continente. Através das decisões da União Africana, os

líderes do continente têm levado a cabo várias iniciativas que têm como principal

objetivo fortalecer o processo de integração regional. Entre estas iniciativas temos, por

exemplo: a transformação da Organização da Unidade Africana (OUA) para a União

Africana (UA); a criação da Nova Parceria para o Desenvolvimento de África (NEPAD);

o desenvolvimento de Programas de Integração Mínima e a racionalização das CERs

através de uma moratória na criação de novas comunidades e o reconhecimento de

apenas oito (8) CERs como pilares centrais da União Africana para a realização da

integração continental.

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Segundo o relatório recente da Conferência de Ministros Africanos Responsáveis

pela Integração (COMAI IV, 2011), o desenvolvimento no continente é considerado

positivo, mas ainda alguns CERs continuam a enfrentar vários desafios.

Estes desafios podem travar diretamente o objetivo do continente nesse

processo de avanço e aprofundamento da sua agenda de integração, e tambem de

criar um mercado comum num futuro próximo. Entre os principais desafios estão: a

persistência da instabilidade política em algumas regiões do continente; a ausência de

diversificação económica; a participação múltipla e sobreposta dos Estados em

diferentes organismos; a ausência de recursos financeiros adequados para reforçar os

processos de integração; a falta de ligação entre as políticas de desenvolvimento

nacional, regional e continental; a fraca implementação dos protocolos e das decisões

comum acordadas a nível regional e continental.

A execução de atividades e programas de integração regional por parte das

CERs e de outras instituições pan-africanas, continua a ser condicionada pela ausência

de recursos financeiros adequados e pela sua capacidade de absorção. A integração

na África depende em larga medida da ajuda internacional, so que este tipo de ajuda

está diminuindo no continente, no entanto, ha uma insuficiencia de recursos para

financiar a execução das atividades e programas. Além disso, a duplicação de funções

e programas, bem como a sobreposição de participações dos Estados em organizações

sub-regionais e pan-africanas exercem uma pressão diretamente sobre os recursos que

ja são limitados assim sendo, contribui para fracos resultados de execução dos

programas criadas.

Os conflitos em África têm exacerbado muita pobreza no continente, deste modo

tornando assim mais difícil a aceleraração da sua agenda de desenvolvimento e

crescimento económico. Os conflitos têm resultado na perda de vidas humanas e na

deslocação de pessoas em massa, causando também um elevado número de

refugiados e crianças-soldados, para além da forte incidência da vulnerabilidade e da

exclusão social, da destruição das infraestruturas sociais e económicas e do

enfraquecimento das capacidades institucionais.

Estudo recente diz que as infraestruturas não só são responsáveis por mais de

metade do recente avanço no desempenho económica de África, como têm potencial

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para um contributo ainda maior no futuro. O problema é que as redes de infraestruturas

africanas estão bastante atrasadas comparativamente a outros países em

desenvolvimento e são caracterizadas pela ausência de ligações regionais e pela

estagnação no seu acesso às famílias. (World Bank, 2010).

Segundo os mesmos estudos, o crescimento económico e o desenvolvimento

sustentável de África, dependem em grande parte da melhoria das infraestruturas

regionais. O desenvolvimento das infraestruturas regionais, particularmente nos setores

de transportes, das comunicações, da energia e dos serviços, é crucial para o

crescimento económico e para o desenvolvimento sustentável. Apesar dos esforços

para pôr em prática um programa de atividades nestas áreas, a África continua a ser

um dos continentes onde as redes de infraestruturas são mais fracas, o que contribui

diretamente para aumentar os custos de produção e transação, e consequentemente

enfraquecendo assim a competitividade dos seus negócios. No entanto, a falta de

execução de um programa coerente de atividades que inclua principalmente os setores

da energia, dos transportes e das comunicações continua a ser uma das principais

dificuldades do continente, e este de modo geral, esta minando a sua competitividade.

O que pode ser feito desde então para ultrapassar estas deficiências e incrementar a

competitividade regional é o seguinte, o desenvolvimento destes programas deve ter

como alvo infraestruturas de baixa qualidade, antiquadas e insuficientes. Os esforços

regionais devem focar nas debilidades das infraestruturas, particularmente no setor dos

transportes.

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CAPÍTULO II

2.1 AS COMUNIDADES ECONÔMICAS REGIONAIS (CERs) EM ÁFRICA, E AS

SUAS PRINCIPAIS DECISÕES TOMADAS PARA ACELERAR E INTENSIFICAR A

INTEGRAÇÃO NO CONTINENTE.

Os Estados africanos por meio de suas atividades e programas de integração

regional vêm se mostrando cada vez mais seus esforços no sentido de criar certa

estabilidade e consistência em termos de espaços politicos e económicos, procurando

assim sempre aumentar o seu bem-estar, prosperidade e competitividade.

Desde o início do processo de descolonização na década de 1960, a instalação de

comunidades econômicas regionais na África, tem sido um fator extremamente

importante na estratégia de desenvolvimento do continente. O Tratado de Abuja 1991,

que estabeleceu a Comunidade Econômica Africana reconhece que o comércio e a

integração são componentes essenciais do processo de integração e desenvolvimento

regionais, e que devem ser devidamente incentivados. O Tratado de Abuja foi ratificado

em 1991. Nesta carta ficou decidido que o objetivo dos paises africano seria a criação

de uma comunidade economica continental, a ser atingida no final de um periodo de 34

anos, portanto até (2028), ou seja, excepcionalmente ao fim de 40 anos depois de

cumpridas seis etapas:

1° – até 1999 tem que reforçar as comunidades economicas regionais e criar

outras se necessario; 2° – até 2007 estabelecer tarifas e outras barreiras ao comércio

regional e reforçar a integração setorial, e tambem coordenar e harmonizar as

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atividades das comunidades regionais; 3° – até 2017 estabelecer uma área de comercio

livre e união aduaneira em cada uma das comunidades regionais; 4° – até 2019

coordenar e harmonizar o sistema tarifario e nao tarifario entre as comunidades

regionais, com vista a estabelecimento de uma união aduaneira continental; 5° – até

2023 estabelecer mercado comum africano e adoptar politicas comuns; 6° – até 2028

integrar todos os setores, estabelecer um banco central e uma moeda única africana,

edificando uma união economica e monetaria africana e criando e elegendo o primeiro

parlamento Pan-Africano.

As Comunidades Econômicas Regionais (CER) até então, estão

desempenhando um papel crucial isto é, como pilar do processo de integração

continental.

As comunidades económicas regionais (CERs) são organizações

intergovernamentais estabelecidas por grupos de países, para fomentar a cooperação e

os vínculos económicos mais fortes entre eles. As comunidades económicas africanas

visam reforçar internamente o continente e os seus paises, e ajudar em integra-lo no

mercado internacional, procurando tornar as suas economias mais competitivas,

liberalizando a indústria e o comércio, e tentar conseguir contribuir para ultrapassar e

resolver problemas politicos comuns, prestando auxilio na resolução de conflitos e na

luta contra o subdesenvolvimento.

Dada estes acordos regionais, os Chefes de Estado e de Governo africano,

pretendem promover uma cooperação técnica e econômica, e ao mesmo tempo ampliar

o crescimento do comércio intra-regional através da eliminação de barreiras tarifárias. O

objetivo dos Estados africanos é atingir um desenvolvimento sustentável a nível

regional, através da promoção de diversos setores econômicos, da melhoria das

infraestruturas e na execução de projetos de produção em larga escala, e

posteriormente promover uma cooperação monetária. Atualmente existem vários

comunidades económicas regionais (CERs) em África, mas muitos dos quais têm

sobgrupos em alguns dos seus estados membros. Com o objetivo de fortalecer o

processo de integração regional, a União Africana reconheceu oficialmente apenas oito

(8) CERs como parte integrante da Comunidade Económica Africana, ou seja, como

principais blocos centrais. Os tais oficialmente reconhecidos sao: CAO/EAC;

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CEDEAO/ECOWAS; UMA; COMESA; CEEAC; IGAD; SADC; CEN-SAD. Os casos das

CERs que têm subgrupos são: CEDEAO/ECOWAS (tem como subgrupo a UEMOA -

União Económica e Monetária da África Ocidental, e a ZMAO – Zona Monetária da

África Ocidental); a CEEAC (tem como subgrupo a CEMAC – Comunidade Económica

e Monetária da África Central); a SADC (tem como subgrupo a UAAA – União

Aduaneira da África Austral).

As comunidades económicas regionais (CERs) continuam a desempenhar um

papel significativo no prosseguimento da integração regional africana através da

promoção e instalação de vários programas. Nas áreas do comércio e da integração de

mercados, algumas CERs lançaram as suas áreas de livre comércio, como foi o caso

da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO/ECOWAS), da

Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC), do Mercado Comum

da África Oriental e Austral (COMESA), da Comunidade para o Desenvolvimento da

África Austral (SADC), e da Comunidade da África Oriental (CAO/EAC). A EAC já é

uma união aduaneira em pleno desde 2005, enquanto que a COMESA lançou a sua

união aduaneira em 2009. A CEDEAO pretende lançar a sua união aduaneira em 2015.

A União do Magrebe Árabe (UMA), a Comunidade dos Estados do Sahel-Sahara

(CENSAD) e a Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD) ainda

não têm as suas uniões aduaneiras, mas estão trabalhando firmemente neste sentido.

A SADC tinha programada lançar a sua união aduaneira em 2010, mas os lideres dessa

comunidade decidiram adiar o lancamento para até final de 2011, alegando que ha uma

necessidade de efetuar mais estudos sobre a integração e o seu impacto nas

economias dos países membros. O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, disse

que a união aduaneira foi adiada, mas que o compromisso se mantém. “Decidimos que

se deve continuar a fazer mais estudos sobre a situação da região que vão, sem

dúvida, ajudar a responder melhor todas as questões ligadas a integração regional”,

disse Armando Guebuza a imprensa local em Agosto de 2010 horas antes da 30ª

Cimeira Ordinária dos Chefes de Estado e de Governo da SADC. A CEEAC tambem

tinha programando lançar a sua união aduaneira em 2010, mas tambem teve que adiar

para até final de 2011 alegando quase os mesmos motivos dos lideres da SADC.

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Para além destes avanços, existe também a possibilidade de algumas CERs

harmonizarem as suas áreas de livre comércio, de forma a alargar os blocos

comerciais. Num esforço de acelerar a implementação de uma Comunidade Económica

Africana, os Chefes de Estado e de Governo dos países membros do COMESA, da

SADC e do EAC, tomaram a decisão de estabelecer uma única área de livre comércio.

Espera-se que a área de livre comércio dessas comunidades económicas inter-

regionais contribua para expandir os mercados africanos, desbloquear o potencial

produtivo e aumentar o comércio dentro do continente. A abertura das fronteiras

contribuirá também para facilitar a livre circulação de empresários entre as CERs.

A trajetória da integração africana não tem sido fácil. Ela é marcada por uma

série de iniciativas e decisões políticas, tanto para acelerar o seu ritmo, assim como

para introduzir uma nova dinâmica e integrar variáveis de novas leis nas relações

económicas internacionais. Até então, várias decisões importantes foram tomadas por

parte das CERs com objetivo de acelerar e intensificar a integração regional no

continente.

Na Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO/

ECOWAS), desde 2007, o seu Secretariado Executivo tem sido transformado numa

Comissão e os seus principais órgãos foram reestruturados para apoiar a aceleração de

integração e desenvolvimento na sub-região da África Ocidental. Numa Conferência

realizada pelos Chefes de Estado e de Governo dessa comunidade em Ouagadougou,

Burkina Faso no ano 2008, manifestaram a necessidade de uma ação coletiva com

vista a encontrar soluções sustentáveis para reduzir os efeitos negativos do preço

elevado do petróleo bem como a crise da energia, e tambem uma necessidade de os

Estados Membros reforçarem a gestão estrutural e as reformas das suas economias

assim como o processo de integração regional para consolidar o crescimento

sustentado e, consequentemente, a redução da pobreza; apoiaram tambem o Reforço

do compromisso da Autoridade de utilizar a integração regional como um elemento

catalizador para a aceleração do crescimento económico e para a redução da pobreza

na sub-região.

No Mercado Comum da África Oriental e África Austral (COMESA), numa

Conferência realizada pelos Chefes de Estado e de Governo dessa comunidade em

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Nairobi, Quénia, Maio de 2007, decidiram adoptar pela estrutura da Tarifa Externa

Comum constituída por quatro escalões: 0% sobre matérias-primas, 0% sobre bens de

capital, 10 % sobre bens intermédios, e 25 % sobre produtos finais. Quanto às questões

monetárias e financeiras, nesta Conferência, foram solicitados a todos os Estados

Membros que até então não ratificaram o Fundo do COMESA a fazê-lo imediatamente,

isto para poder beneficiar do Fundo de Desenvolvimento Regional. O fundo do

COMESA é um instrumento financeiro regional que permite os Estados membros

receber o financiamento para o desenvolvimento. Tambem foi aprovada a criação de

uma unidade de COMAI no Secretariado do COMESA para empreender a análise

técnica e elaborar programas coerentes de Ajuda para o Comércio, destinado a facilitar

o acesso aos recursos disponíveis no âmbito da iniciativa da Ajuda para o Comércio da

OMC. Com vista ao aprofundamento do desenvolvimento do setor privado na área do

COMESA, a Conferência aprovou a criação da Agência de Investimento Regional (RIA),

que conduzirá a promoção do investimento direto estrangeiro e internacional, bem

como o desenvolvimento de uma estratégia regional de informações empresariais na

área do COMESA. Tambem foi adoptado o Acordo de Investimento para a Área de

Investimento Comum do COMESA e total incentivo para que os Estados membros

ratificá-lo. Na sequência da sua determinação de criar uma união monetária, a

Conferência aprovou a decisão do Comité dos Governadores dos Bancos Centrais do

COMESA de estabelecer um Instituto Monetário do COMESA, que realizará os

trabalhos preparatórios necessários que conduza à criação de uma União Monetária do

COMESA na zona. Este é um caso de sucesso, isto é, diante de muitos desafios, o

COMESA conseguiu lançar a sua união aduaneira em 2009.

Na Comunidade da África Oriental (EAC), numa Conferência realizada pelos

Chefes de Estado e de Governo dessa comunidade em Arusha, Tanzânia, em Agosto

de 2007, o seu Secretariado foi encarregado de explorar a possibilidade de dar início à

concretização da União Aduaneira o breve possível e desenvolver um quadro

estratégico para a rápida criação do Mercado Comum e da União Monetária num futuro

proximo. Apoiaram tambem a cooperação tripartida entre EAC, COMESA e SADC na

harmonização de políticas e programas das três instituições, e solicitaram os Estados

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membros a conciliar a sua legislação sobre o investimento com o Código de

Investimento Padrão da EAC.

Os Chefes de Estado e de Governo da União do Magreb Árabe (UMA),

adoptaram uma estratégia de desenvolvimento que será instalada em quatro fases,

através da criação de uma zona de comércio livre, união aduaneira, mercado comum e

uma união económica.

2.2 A COMISSÃO DA UNIÃO AFRICANA (CUA), E A COMISSÃO ECONÔMICA DAS

NAÇÕES UNIDAS PARA A ÁFRICA (CEA): AS PRINCIPAIS ATIVIDADES

EMPREENDIDAS SOBRE A INTEGRAÇÃO REGIONAL.

Desde 1958, a Comissão da União Africana (CUA) tem estado envolvida em

varios projetos, atividades e programas de integração regional na África. A CUA tem

como missão ser uma instituição eficiente e de valor acrescentado, que lidera o

processo de integração e desenvolvimento da África em estreita colaboração com os

Estados Membros, as Comunidades Económicas Regionais, e os cidadãos africanos.

Essa instituição tem o mandato de prosseguir as atividades e programas de integração

regional no continente africano. O seu mandato proveio do Acto Constitutivo que

estabeleceu a União Africana, o Tratado de Abuja, e o Plano de Ação de Lagos. Num

sentido de reforçar e continuar a desempenhar um papel essencial na assistência e

facilitação do trabalho da União Africana (UA) e das Comunidades Económicas

Regionais (CERs) na promoção da agenda de desenvolvimento no continente, em

2006, os Chefes de Estado e de Governo da União Africana, decidiram atribuir esse

mesmo mandato à Comissão Economica das Nações Unidas para a Africa (CEA). Dado

esse papel estratégico e essencial na agenda de desenvolvimento do continente, a

CUA e a CEA tornaram a promoção e o reforço da agenda de integração regional

continental, como pilar das suas atividades. Estas duas instituições têm estado

envolvidos em varias atividades e programas destinados a apoiar a visão estratégica da

União Africana (UA) de construir uma África unida e integrada alicerçada pela

integração política, socioeconómica e cultural, e tambem na promoção de condições e

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ambiente apropriados para um desenvolvimento sustentável e para permitir que o

continente represente o seu papel legítimo na economia mundial. As duas instituições

estão cada vez mais apoiando as instituições regionais que realizam a agenda de

integração regional, incluindo as CERs e tambem participar nas iniciativas e atividades

transfronteiriças nos setores essenciais para essa agenda.

Do ponto de vista da União Africana (UA), uma integração total do continente,

permitiria a África superar os seus desafios de desenvolvimento, isto porque,

analisando bem a situacão dos paises no continente, a soma dos benefícios

económicos em uma ação em grupo, neste caso das Comunidades Económicas

Africana, é maior do que a soma dos benefícios económicos dos Estados Membros

separados.

As principais atividades empreendidas pela CEA e CUA sobre a integração

regional são: A Comissão Economica das Nações Unidas para a Africa (CEA), em uma

estreita colaboração com a Comissão da União Africana (CUA), está desenvolvendo

projeto cujo nome é, Avaliação da Integração Regional em África (ARIA). Este projeto

dedica profundamente em uma anàlise pormenorizada dos desafios e das soluções

para a melhoria da implementação dos objetivos da Integração Regional no continente.

A Comissão da União Africana, em estreita colaboração com as CERs,

desenvolveu o Programa de Integração Mínima (PIM). O PIM é um conjunto de

atividades, projetos e programas selecionado pelas CERs, de forma a acelerar o

processo de integração regional e continental. O PIM é um mecanismo de convergência

entre as CERs e centra-se em algumas áreas-chave da agenda de integração tais com:

comércio, desenvolvimento de infraestruturas, liberdade de circulação, paz e

segurança, éstas onde as CERs poderiam reforçar a sua cooperação e beneficiar das

vantagens comparativas e boas práticas no dominio da integração. O PIM foi aprovado

pela Conferência dos Ministros Africanos Encarregues da Integração Regional e foi

subsequentemente aprovado pela Assembleia da União Africana. Os atores envolvidos

no PIM são os Estados-membros, Comunidades Económicas Regionais e a Comissão

da União Africana.

Atualmente, o Programa de Integração Mínima, está enfrentando vários desafios,

incluindo principalmente a ausência de recursos para financiamento dos programas. No

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entanto, as agências de implementação, compostas pelas CERs, pelos países

membros e pela Comissão da União Africana têm iniciado vários esforços para

mobilizar recursos. Um desses principais esforços consiste numa proposta da União

Africana para estabelecer um fundo de integração dedicado a apoiar as atividades e os

programas do PIM.

Tirando essa questão de ausência de recursos para financiamento dos

programas, ainda há outros problemas que podem impedir ou dificultar a

implementação do PIM e consequentemente a aceleração do processo de integração

regional e continental. Os outros principais problemas são: a falta de liderança e

coordenação da CUA, a falta de compatibilidade entre as políticas nacionais e

abordagens regionais; falta de equilíbrio entre as soberanias nacionais e o poder a ser

atribuído às CER e à CUA, esse equilíbrio tem que ser encontrada.

CAPÍTULO III

3.1 A NOVA PARCERIA PARA O DESENVOLVIMENTO DA ÁFRICA (NEPAD).

Como todos nos sabemos, desde muito tempo, a África vem enfrentando

diversos problemas sociais, culturais, econômicas e politicas. Atualmente, os chefes de

Estados e Governo africano, consideram que a erradicação da pobreza e a promoção

de um desenvolvimento sustentável socioeconômico são os principais desafios e o mais

urgente a serem resolvidos. Partindo dessa ideia, os lideres continentais criaram a Nova

Parceria para o Desenvolvimento de África (NEPAD), com o propósito essencialmente

direcionado a realização destes objetivos. Como condição previa para atingir o

desenvolvimento sustentavel, as programas da NEPAD têm por base um empenho

ativo em relação à paz, estabilidade, democracia, e uma boa governança politica,

econômica e empresarial. O desenvolvimento rural e humano é considerado

fundamental para o desenvolvimento sustentável na África.

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A Nova Parceria para o Desenvolvimento de África (NEPAD) é um programa da

União Africana, desenvolvido pelos líderes Africanos, baseado numa visão e um quadro

estratégico para a reestruturação do continente. Este programa Constitui um

compromisso dos Chefes de Estados africanos em trabalhar juntos num sentido de

promover o desenvolvimento sustentável no continente, e fazer com que os paises

participam ativamente na vida política e econômica mundial. As ações da NEPAD se

centram principalmente na racionalização do aparelho estatal em busca do

desenvolvimento econômico regional, através da identificação de projetos comuns

compatíveis com as demandas e as afinidades dos diversos países.

O objetivo geral da NEPAD é criar uma nova dinâmica no desenvolvimento da

África, através da redução dos fossos existentes nos setores prioritários, e permitir que

o continente alcance os níveis de desenvolvimento atingidos nos países desenvolvidos.

As suas prioridades setoriais incluem principalmente o desenvolvimento nas

infraestuturas (energia, transportes, abastecimento de agua e saneamento basico), e

tambem resolver os problemas relativos à saude, educação, agricultura, meio ambiente,

desigualdade entre os sexos. O secretariado da NEPAD é o principal responsavel pela

preparação de estratégias setoriais de acordo com estas prioridades. A redução dos

níveis de pobreza e da desigualdade, a diversificação das atividades produtivas, a

promoção da concorrência internacional e o aumento das exportações, se constituem

como estratégia principal da NEPAD para alcançar os seus objetivos.

Através das ações dos Chefes de Estado e de Governo e gerida pelo seu

secretariado, a NEPAD promove, programa-se e coordena esforços para alcançar as

suas estratégias, mesmo não sendo uma agência de implementação. A

responsabilidade principal pela instalação dos programas, cabe aos próprios países,

enquanto que a União Africana, Banco Africano de Desenvolvimento e Comunidades

Econômicas Regionais (CERs) foram considerados veículos-chave para a ação e

coordenação regional.

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CONCLUSÃO

A criação da capacidade governativa pelo Estado é um aspecto fundamental na

criação de condições para o desenvolvimento sustentável. O Estado tem um papel

essencial no processo de crescimento e desenvolvimento económicos e na instalação

dos programas, porém, nem todos possuem igualmente dessa capacidade para

implementar os tais programas de desenvolvimento.

A África é um continente composto por países jovens que procuram cada vez

mais superar os seus obstáculos continentais e posteriormente se integrar na

comunidade internacional. As populações africanas procuram ultrapassar os obstáculos

por si próprios, ao contrário da ideia que muitas vezes é partilhada pela população

internacional, de que os esforços são inteiramente estrangeiros, e que a nível local

nada tem sido feito para superar os problemas.

De um modo geral, a África tem dado passos importantes para estabilizar a sua

economia, criando instituições realmente comprometidas com o bem-estar econômico e

social do continente. Nem tudo corre totalmente bem, mas, o importante sempre

é resolver os problemas que vão surgindo, até um certo momento vão conseguir

estabilizar a sua economia.

Com ésta pesquisa, eu pude compreender que os esforços que têm sido feitos

pelos Chefes de Estados e de Governos africanos tanto no nível interno, assim como

no nível externo, para superar os entraves do desenvolvimento africano, são inúmeros,

no entanto os desafios parecem mesmo inacabáveis.

O processo de integração econômica regional no continente é longo.

Sucessivamente reafirmado pelos dirigentes africanos como base fundamental para a

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unidade continental e para o desenvolvimento nacional e coletivo, até então o seu

desempenho, de um modo geral deixa certa sensação de frustração.

Embora o movimento de cooperação e integração econômica regionais em Africa

seja uma realidade de algumas decadas, as dificuldades sentidas pelos seus membros

em aprofundar as suas relações econômicas, antes do mais comercias, evidenciam a

existencia de varios fatores que condiciona ou seja dificulta a prossecução desses

objetivos.

Devido aos seus limitados mercados, a maioria dos países africanos não

oferecem receitas atraentes aos potenciais investidores, e o progresso na diversificação

da produção e das exportações é retardado. Este fato limita o investimento em

infraestruturas básicas que depende diretamente das economias de escala para a sua

viabilidade. Deste modo, os países africanos precisam juntar os esforços e recursos e

promover o desenvolvimento regional e a integração económica total do continente, a

fim de melhorarem a sua capacidade de competir ao nível internacional. É preciso

estabelecer parcerias inteligentes, criar credibilidade através de estabelecimento de

mecanismos de avaliação mútua contínua e objetiva. Os Governos africanos deverão

procurar as suas próprias soluções aos problemas de desenvolvimento e deverão

privilegiar as parcerias internas entre as instituições públicas, privadas, e organizações

internacionais.

A boa governação política, económica e corporativa constitui o peça chave para

o sucesso das iniciativas de desenvolvimento.

Dado os projetos e programas, tudo indica que a África esta prosseguindo no

caminho certo rumo a um desenvolvimento sustentavel, no entanto, ainda existem

muitas falhas e aspetos a ser melhorada para que “o Futuro de África” possa vir a ser,

de fato, uma economia sustentavel. Existem programas muito interessantes por parte

de alguns Estados, mas há uma ausência de coordenação entre as politicas regionais,

sub regionais e continentais.

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