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MÁRCIO MACARIO REAPROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL PARA CONFECÇÃO DE BLOCOS DE CONCRETO SEM FUNÇÃO ESTRUTURAL Sinop - MT 2013/2

TCC Marcio 22_11

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MÁRCIO MACARIO

REAPROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

PARA CONFECÇÃO DE BLOCOS DE CONCRETO SEM FUNÇÃO

ESTRUTURAL

Sinop - MT

2013/2

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MÁRCIO MACARIO

REAPROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

PARA CONFECÇÃO DE BLOCOS DE CONCRETO SEM FUNÇÃO

ESTRUTURAL

Projeto de Pesquisa apresentado à Banca Examinadora do Curso de Engenharia Civil – UNEMAT, Campus Universitário de Sinop-MT, como pré-requisito para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil.

Prof.ª Orientadora: Jaqueline Pértile

Sinop - MT

2013/2

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i

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Dimensões reais ........................................................................................ 21

Tabela 2. Designação por classe, largura dos blocos e espessura mínima das

paredes dos blocos. ............................................................................................ 21

Tabela 3. Requisitos para resistência característica à compressão, absorção e

retração. .............................................................................................................. 22

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ii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Depósito de resíduos secos de Sinop. ....................................................... 14

Figura 2. Classificação RCC de Sinop. ..................................................................... 15

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

ISC – Índice de Suporte Califórnia

fbk,est. – Resistência à Compressão Característica Estimada do Lote

kg – Quilograma

hab. – Habitante

NBR – Norma Brasileira

RCC – Resíduo da Construção Civil

RCD – Resíduo de Construção e Demolição

RSU – Resíduo Sólido Urbano

ton. – Tonelada

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iv

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

1. Título: Reaproveitamento de resíduos da construção civil para confecção de

blocos de concreto sem função estrutural.

2. Tema: Engenharia civil

3. Delimitação do Tema: Materiais de construção

4. Proponente(s): Márcio Macario

5. Orientador(a): Jaqueline Pértile

6. Estabelecimento de Ensino: Universidade do Estado de Mato Grosso Campus

Sinop - UNEMAT

7. Público Alvo: Instituições de ensino, pesquisadores e profissionais da grande

área das Engenharias

8. Localização: Universidade do Estado de Mato Grosso, campus universitário de

Sinop, Avenida dos Ingás, 3001, Jardim Imperial, Sinop, Mato Grosso.

9. Duração: 4 meses.

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v

SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS ................................................................................................... I

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................... II

LISTA DE ABREVIATURAS ...................................................................................... III

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO .................................................................................. IV

SUMÁRIO .................................................................................................................. V

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 7

2 PROBLEMATIZAÇÃO.......................................................................................... 9

3 JUSTICATIVA .................................................................................................... 10

4 OBJETIVOS ....................................................................................................... 11

4.1 OBJETIVO GERAL: ..................................................................................................................................... 11

4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS: ............................................................................................................................ 11

5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................................... 12

5.1 RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL (RCC) ....................................................................................................... 12

5.1.1 Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil nos Canteiro de Obras ........................................ 13

5.1.2 Composição dos resíduos da construção civil em Sinop .................................................................. 15

5.2 BENEFICIAMENTO DOS RCCS PRODUZIDOS EM SINOP....................................................................................... 15

5.3 UTILIZAÇÃO DOS RCCS COMO AGREGADO PARA CONCRETO............................................................................... 16

5.4 BLOCOS DE CONCRETO ............................................................................................................................... 17

5.4.1 Contexto histórico ............................................................................................................................ 17

5.4.2 Aplicações dos blocos de concreto ................................................................................................... 17

5.4.3 Blocos de concreto utilizando resíduos da construção civil ............................................................. 18

5.4.4 Qualidade requerida em blocos de concreto com base na ABNT NBR 6136 (2007) e ABNT NBR

12118 (2010) ................................................................................................................................................. 19

6 METODOLOGIA ................................................................................................. 27

6.1 ESTUDO TEÓRICO ...................................................................................................................................... 27

6.2 ESTUDO EXPERIMENTAL .............................................................................................................................. 27

CRONOGRAMA ....................................................................................................... 30

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO ........................................................................... 31

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7

1 INTRODUÇÃO

O crescimento da construção civil tem sido notória ao longo dos anos, e em conjunto

com esse crescimento vem à geração de resíduos, quer seja ela por demolições ou

perdas durante as fases de construção, e consequentemente o impacto ambiental

que o mesmo causa se não forem tomadas as devidas providencias.

A geração de resíduos derivados da construção civil no Brasil é algo que tem

causado grande preocupação ao poder público, pois o mesmo tem sido descartado

de forma desordenada em locais que não são apropriados. A produção de resíduos

sólidos urbanos no Brasil e no exterior tem apresentado valores significativos, em

termos de quantidade, cerca de 13% a 67% desses resíduos são oriundos da

construção civil. (JOHN, 2000,; ÂNGULO, 2005, apud DE PAULA, 2010, p.17).

Como se pode observar a quantidade de resíduos gerados não é algo que se possa

ignorar, e seu gerenciamento é de estrema importância, para que o mesmo não

cause maiores complicações ao meio ambiente.

Esses resíduos se descartados de forma despretensiosa, podem ser grandes

causadores de problemas ambientais e na maioria do território brasileiro eles são

dispostos de forma negligente em ambientes irregulares sem o menor cuidado ou

tipo de tratamento (CÂNDIDO, 2013, p. 1).

Sinop por se tratar de um município que esta em um crescimento expressivo no

cenário nacional, e com o setor de construção civil em ritmo acelerado de

desenvolvimento, é inevitável a produção de entulhos gerados pela demolição ou

construção de novas edificações. Tendo em vista que Sinop não dispõem de um

projeto de gestão de resíduos de construção civil em conformidade com leis e

resoluções como a resolução n° 307/2002 do CONAMA, Conselho Nacional do Meio

Ambiente (SANTOS, 2012, p.24) os resíduos gerados no município não tem um

aproveitamento adequado, sendo dispostos, na maioria das vezes, em local

disponibilizado pela Prefeitura Municipal sem a devida triagem.

SANTOS (2012) ainda relata em sua pesquisa que Sinop produz mais de 7.600

ton./mês de resíduos da construção civil o que daria aproximadamente 2,17

kg/hab.dia. Esse montante de resíduo é descartado em terreno cedido à prefeitura

do município sem os devidos cuidados de separação dos diversos tipos de resíduos.

Tendo em mente que as construtoras e os escritórios de engenharia e arquitetura

deveriam ter como meta primordial a não produção de resíduos e, quando não

possível à primeira opção, a redução, reutilização, a reciclagem e a destinação final,

sanando assim grande parte dos problemas gerados pelo descarte inadequado do

mesmo (Resolução n° 307 de 2002 do CONAMA, p. 572).

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8

A utilização de resíduos beneficiado ou reciclados em diversas áreas da construção

civil tem contribuído significativamente para a abertura de novos campos de

pesquisa e utilização do mesmo.

O município de Sinop tem apresentado grande crescimento e com isso a geração de

resíduos tem aumentado, visando o reaproveitamento desses resíduos é que se

motivou o desenvolvimento dessa pesquisa, verificando a possibilidade de utilização

desses resíduos na confecção de blocos de concreto substituindo em parte ou total

os agregados naturais por agregados reciclados.

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9

2 PROBLEMATIZAÇÃO

Tendo em vista que nos últimos anos a utilização de resíduos da construção tem

sido alvo de pesquisas, com a finalidade da reutilização do mesmo na própria

construção, através da reutilização é possível promove a diminuição dos impactos

causados pelo descarte do mesmo em áreas que causariam prejuízos ao município

e a população de um modo geral.

Essa pesquisa tem por finalidade a produção de blocos de concreto com a utilização

de agregados reciclados da construção civil, pautados em normas e legislações

vigentes, e verificar se a utilização do mesmo se mostrara satisfatória ou não na

utilização como parte componente dos materiais empregados na produção de

blocos.

Diante desse panorama e tendo em vista a sustentabilidade e as utilizações dos

materiais descartados pela construção civil, em especial resíduos de concreto,

alvenaria e argamassa, varias pesquisas vem sendo realizadas para a melhor

utilização dos mesmos. Portanto essa pesquisa tem por finalidade a produção de

blocos de concreto utilizando em sua composição materiais descartados pela

construção civil e a verificação das propriedades mecânicas de blocos

confeccionados com a utilização desses rejeitos.

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10

3 JUSTICATIVA

Esta pesquisa tem grande importância pelo fato de justificar profundas mudanças

pela qual vem passando a construção civil brasileira, fazendo adequações

significativas com base na Resolução n° 307 do CONAMA (2002), com a intenção

de adequar-se ambiental e socialmente correta, com isso agregando valores

econômicos a produtos que seriam descartados sem a devida preocupação social e

sem destinação certa.

O reaproveitamento dos RCD, resíduo de construção e demolição, é uma prática

viável e sua aplicação na própria construção civil tem sido largamente difundida nos

últimos tempos, seja na estabilização de solos, na confecção de blocos de solo

cimento, pisos intertravados e utilização em concretos.

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11

4 OBJETIVOS

4.1 Objetivo Geral:

Avaliar, do ponto de vista técnico, a viabilidade da confecção de blocos de concreto

sem função estrutural, com a utilização de resíduos de concreto nas seguintes

proporções 0%, 20%, 50% e 100% em substituição ao agregado natural utilizado na

fabricação dos blocos.

4.2 Objetivos Específicos:

Composição granulométrica dos resíduos de construção e demolição após o

beneficiamento;

Avaliar a substituição dos agregados naturais por agregados reciclados na

caracterização e propriedades dos blocos, com mudança no teor de massa de

agregado reciclado nas proporções estabelecida anteriormente;

Avaliar a adequação dos blocos às normas técnicas da ABNT 6136 de 2007 e

12118 de 2007.

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12

5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

5.1 Resíduos da Construção Civil (RCC)

Resíduos da construção civil são definidos, segundo a NBR 10.004 (2004), como

sendo resíduos sólidos, e os mesmos podem ser classificados quanto ao risco

potencial ao meio ambiente e à saúde pública para que possam ser gerenciados e

manejados de maneira adequada. Sendo assim a NBR 10.004 (2004, p 1) define

resíduos sólidos como “resíduos nos estados sólido e semissólido, que resultam de

atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de

serviços e de varrição. ...” Mas para melhor definir o que são resíduos da construção

civil recorreremos a uma resolução específica, a Resolução 307, de 5 de julho de

2002, do CONAMA, que fala claramente sobre a gestão destes resíduos. Segundo a

Resolução n° 307 do CONAMA, (2002, p. 571) define resíduos da construção civil:

São os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições

de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da

escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto

em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e

compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico,

vidros, plásticos, tubulações, fiações elétricas etc., comumente

chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha.

Segundo Pinto, (2005) apud Fernandez, (2011, p. 9), “Os resíduos da construção

civil podem apresentar 61% dos resíduos sólidos urbanos (em massa)”, esse valor

elevado seja talvez por ser um dos setores que mais se desenvolve no cenário

nacional e pelas técnicas empregadas na execução dessas obras.

O processo de classificação dos resíduos ainda pode ser feito com base nos

processos ou atividades que lhe deu origem, bem como dos materiais que

constituem e suas características em comparação a listagens de resíduos e

substancias cujo impacto à saúde e ao meio ambiente é conhecido (NBR 10.004,

2004, p. 2).

A NBR 10.004 (2004, p. 3) ainda classifica os resíduos quanto à classe de risco, e

podem ser:

residuos classe I – Perigosos;

residuos classe II – Não perigosos;

residuos classe II A – Não inertes.

residuos classe II B – inertes.

Os resíduos da construção civil ainda podem ser classificados em quatro categorias,

segundo a Resolução n° 307 do CONAMA:

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13

I. Classe A – residuos reutilizaveis ou recicleveis que podem ser utilizados na

forma de agregados, tais como:

a. de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de

outras obras de infra-estrutura, inclusive solos provenientes de

terraplanagem;

b. de construção, demolição, reformas e reparos de edificações:

componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento

etc.), argamassa e concreto;

c. de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em

concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de

obras;

II. Classe B – residuos reciclaveis para outras destinações, tais como: plasticos,

papel, papelão, metais, vidros, madeiras e gesso;

III. Classe C – residuos para os quais não foram desenvolvidas técnologias ou

aplicações economicamente viaveis que permitam a sua reciclagem ou

recuperação;

IV. Classe D – residuos perigosos oriundos do processo de construção, tais

como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou

prejudiciais à saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas

radiológicas, instalações industriais e outros bem como telhas e demais

objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos a

saúde.

Diante da classificação que a própria Resolução define, podemos destacar que os

resíduos classificados como “A” podem ser reutilizados ou reciclados na forma de

agregados, podendo ser empregado diretamente em obras de construção civil ou

encaminhados para áreas de aterro de resíduos da construção civil e armazenados

de forma que permitam sua utilização ou reciclagem posteriormente.

5.1.1 Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil nos Canteiro de Obras

Sinop é um município que está em grande crescimento econômico, a área da

construção civil tem crescido a passos largos e com isso a geração de resíduos

oriundos dessas construções, talvez influenciada pela mão-de-obra artesanal e

muitas vezes despreparada, causando erros de execução o que leva a refazer o

serviço já executado ou pela falta de controle de qualidade nos canteiros de obras.

Santos (2012) ressalta em sua pesquisa que a geração de resíduos sólidos

provenientes da construção civil em Sinop chega a 7.600 ton./mês, Viabilizando a

instalação de central de processamento de resíduos da construção civil.

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Embora Sinop tenha muitas empresas de pequeno, médio e grande porte na área da

construção civil, são poucas que se preocupam com o gerenciamento dos resíduos

gerados em suas obras, o que ocorre muita das vezes é o pagamento de uma

empresa especializada a qual se encarrega da disposição final do resíduo, o que

muitas vezes é destinado ao depósito de resíduos secos de Sinop, área do

município destinada ao descarte desses materiais, porém não é feito nenhum tipo de

triagem do material, o que acaba misturando resíduos que são passiveis de

reciclagem dos que não são, segundo Cândido (2012, p.5) cerca de 50% do resíduo

é considerado reciclável, o que gera cerca de 123,12 t/d, aproximadamente 1,09

kg/hab.dia o que não foge muito do panorama nacional que está entre 0,66 a 2,43

kg/hab.dia ao analisar a geração per capita dos resíduos para cinco municípios

brasileiros com populações entre 200 mil e 1 milhão de habitantes.” (CÂNDIDO,

2012, p. 5).

A figura 1 mostra o depósito de resíduos secos de Sinop.

Figura 1. Depósito de resíduos secos de Sinop.

Fonte: Cândido 2013

Segundo reportagem da revista TÉCHNE, (Dezembro de 2012, p.29) uma das

maiores dificuldades para a reciclagem de resíduos na própria obra é a falta de

conhecimento por parte das empresas das variações dos agregados derivados da

reciclagem. A reportagem continua e alguns entrevistados defendem que o processo

de reciclagem e caracterização dos agregados reciclados deve ser feito por

empresas especializadas e não no próprio canteiro, mas deixa uma ressalva

lembrando que esse processo começa com a separação, em caçambas, dos

resíduos gerados no decorrer da obra e que para tal é necessário um plano de

gestão de resíduos sólidos incorporado às atividades da construtora.

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15

5.1.2 Composição dos resíduos da construção civil em Sinop

Conforme explicito anteriormente a produção de RCC em Sinop tem sido expressiva

ao longo dos anos e deve aumentar muito. Para sua futura utilização é necessário

que se faça uma caracterização do mesmo.

Cândido (2012) ainda realizou levantamento da caracterização do tipo de RCC

gerado nas obras de Sinop, ele tomou como base três obras distintas e chegou aos

seguintes dados:

A figura 1 traz a classificação de RCC produzido em Sinop.

Figura 2. Classificação RCC de Sinop.

Fonte: Cândido 2013

Diante do levantamento feito por Cândido (2012) pode-se perceber que grande parte

dos RCCs produzido em Sinop é composta por Cerâmica com 25% e concreto com

34%, os materiais classificados como outros são basicamente solo e areia.

5.2 Beneficiamento dos RCCs produzidos em Sinop

O município de Sinop não dispõe de central de beneficiamento de resíduos, estes

são descartados em local destinado pela prefeitura sem uma breve triagem do

mesmo causando à contaminação dos resíduos de classe A com outros tipos de

materiais como vergalhões de aço, restos de madeira, plásticos, etc., (SANTOS,

2012, p. 39), e ainda não existe um controle efetivo dos caminhões que descartam

seus resíduos no local.

Um aterro de resíduos da construção civil e de resíduos inertes consiste de um local

onde são empregadas técnicas de disposição, principalmente de resíduos de classe

A, seguindo a Resolução CONAMA n° 307, o que discursa sobre a disposição e

armazenamento dos materiais provenientes da segregação dos resíduos,

proporcionando, no futuro, o uso e aplicação desses materiais na própria construção

civil (NBR 15113, 2004, p. 2).

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16

Uma usina de beneficiamento de RCCs garante um descarte ideal para os rejeitos

da construção civil além de possibilitar a utilização dos agregados beneficiados

dentro da usina, contribuindo para a diminuição dos impactos gerados pela mesmo.

Os material que geralmente são reciclados nas usinas de beneficiamento são os

originados de fragmentos de alvenaria de tijolos cerâmicos, restos de alvenaria de

blocos de concreto, fragmentos de concreto, armado ou não, pedaços de lajes e de

pisos, argamassas de cal, de cimento ou mistas, de assentamento ou revestimento,

componentes de concreto ou cerâmico: blocos, tijolos, telhas, tubos, briquetes,

lajotas para laje etc., fragmentos de pedra britada e de areia naturais, sem a

presença significativa de terra ou outros materiais proibidos. Como podemos ver

quase tudo que é produzido no que diz respeito a rejeitos no canteiro de obras é

passível de reciclagem.

Estes resíduos reciclados ainda podem ter destinações variadas, como por exemplo:

Produzir peças de concreto;

Argamassas e concretos não estruturais;

Na pavimentação e recuperação de estradas rurais;

Controle de erosão;

Enchimento de fundações de construção e aterro de vias de acesso, dentre

outras.

Hoje existe uma gama de pesquisas sendo realizadas para o melhor emprego dos

agregados resultantes da reciclagem, e isso só vem a contribuir ainda mais com o

aumento da implantação de usinas de reciclagem de RCC, fazendo com que os

impactos ambientais causados pelo descarte desordenado de resíduos sejam cada

vez menores.

5.3 Utilização dos RCCs como agregado para concreto

A utilização de agregados provenientes de RCC em concretos talvez seja a mais

difundida até o momento, mas sua utilização somente é recomendada para

concretos sem finalidade estrutural e é feita a partir da substituição dos agregados

comumente usados pelos provenientes do beneficiamento do RCC.

Em Sinop, Guarido (2012) realizou sua pesquisa utilizando o RCC proveniente de

obras no município, e fez um comparativo com um corpo de prova cilíndrico de

referencia e dois que teriam 20% e 50% de agregado proveniente de RCC. Sua

pesquisa mostrou ganhos significativos na resistência a compressão no molde que

utilizou 20% de agregado reciclado. Guarido ainda faz uma ressalva no que tange a

trabalhabilidade de concretos que utilizam agregados de RCC, durante a pesquisa

ela pode notar que um teor maior de agregado reciclado deve ser feito um controle

maior, pois isso influenciou diretamente a absorção nos influenciando diretamente

na trabalhabilidade do concreto (GUARIDO, 2012, p. 7).

Page 18: TCC Marcio 22_11

17

Contudo a pesquisa se mostrou satisfatória e pode concluir que a utilização de

agregados provenientes de RCCs no município de Sinop é viável e tem grande

espaço para sua utilização.

Como podemos notar no que foi explanado anteriormente a utilização do RCC tem

tido muito sucesso, desde que seja levado em conta o uso de normativas que

auxiliam na utilização dos agregados reciclados e tomando os cuidados necessários

na composição do mesmo.

5.4 Blocos de concreto

5.4.1 Contexto histórico

A utilização de blocos de concreto no Brasil data por volta de 1940, através da

construção de 2400 residências do conjunto habitacional do Realengo na cidade do

Rio de Janeiro. Para a confecção dos blocos utilizados na construção dessas

edificações foram utilizados maquinários importados com origem nos Estados

Unidos, com isso dando origem a história dos blocos de concreto no Brasil

(BARBOSA (2004), apud LORDSLEEM JÚNIOR et al (2008, p.2)).

Hoje a disseminação na utilização dos blocos de concreto é grande e sua aplicação

é vasta no campo da construção civil, mas isso só é real nos grandes centros, esse

fato talvez ocorra devido à falta de conhecimento técnico relacionado à

normatização estabelecida pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e

aliado a isso a falta de infraestrutura adequada que proporcione a produção do

mesmo (LORDSLEEM JÚNIOR et al., 2008, p. 2). Em conjunto a esse problema esta

a qualificação profissional, pois muitos profissionais envolvidos na utilização dos

blocos desconhecem os métodos de utilização, quer sejam engenheiros fazendo a

modulação dos blocos ou projetos que viabilizem a utilização dos mesmos querem

sejam os profissionais responsáveis pela execução do projeto.

5.4.2 Aplicações dos blocos de concreto

O espaço que os blocos de concreto vêm ganhando na construção civil é cada vez

maior, por serem versáteis e terem sua aplicação na execução de muros, de

divisórias, como alvenaria estrutural ou de vedação, na pavimentação com a

utilização de blocos intertravados mais conhecidos como pavers, em execução de

piscinas e etc.

Mas dentre essas aplicações a mais difundida, com certeza, é a de fechamento de

vãos ou como sustentação da construção com função estrutural, suas

particularidades são parecidas diferindo apenas na espessura das paredes do bloco

Page 19: TCC Marcio 22_11

18

que quando se tem a função estrutural são mais espessas e possuem maior

resistência a compressão (SANDES, 2008, p. 8).

Falar de fatores que são causadores de vantagens e desvantagens na utilização de

blocos de concreto é um tema bastante discutivel, pois esses fatores são

inflênciados diretamente pelo nivel de conhecimento e qualificação dos profissionais

envolvidos, quando falamos de economia envolvendo a utilização de blocos de

concreto alguns autores chegam a relatar que seria possivel obter valores de 15 a

20% de economia na utilização dos mesmos, essa informação é questionavel pois

se não forem feitos projetos para a modulação dos blocos, impedindo que o mesmo

seja quebrado durante o assentamento, ou até mesmo investimento no

conhecimento do profissional que estara responsável pela execução, essa economia

pode vir a se tornar em prejuizos no decorrer de uma obra.

5.4.3 Blocos de concreto utilizando resíduos da construção civil

A utilização de RCCs como agregados para produção de blocos de concreto não é

um tema recente, vários pesquisadores já desenvolveram pesquisas onde a

substituição, total ou parcial, dos agregados naturais por agregados provenientes do

beneficiamento dos resíduos gerado pela construção civil é viável e atenderam aos

requisitos mínimos das normas que regulamentam a produção de blocos de

concreto.

Buttler & Corrêa (2006), elaboraram sua pesquisa utilizando resíduos oriundos de

peças pré-moldadas de concreto, gerados em uma fábrica de pré-moldados. Por

apresentarem homogeneidade e insignificante presença de agentes contaminantes

eles consideraram o material um excelente potencial para serem reciclados e

utilizados na produção de blocos de concreto eles constataram durante a pesquisa

que, de maneira geral, as propriedades físicas dos blocos foram influenciadas pela

presença dos agregados reciclados, e que, no entanto, todos os requisitos exigidos

em norma foram atendidos.

A pesquisa revelou que devido a maior porosidade da argamassa contendo

agregado reciclado a absorção de água foi maior que nos blocos de referência, mas

que não afetaram em nada suas propriedades e que estavam dentro dos padrões

pré-definidos por norma vigente. Quanto à propriedade de retração por secagem

embora os blocos com agregados reciclados tenham apresentados valores

significativamente maiores que os blocos de referência, esses valores ainda

estavam dentro da retração máxima permitida por norma, esse fato ocorreu devido a

porosidade do agregado reciclado. Já para as propriedades de resistência à

compressão e tração indireta, os valores obtidos para os blocos com agregados

reciclados foram próximos dos blocos de referencia (BUTTLER & CORRÊA, 2006,

p.12).

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Buttler & Corrêa (2006) chegaram à conclusão que independentemente da taxa de

substituição e da qualidade do resíduo, os blocos com agregado reciclado

apresentaram resultados satisfatórios, o que viabilizaria a utilização desse tipo de

agregado reciclado na confecção de blocos de concreto.

De Paula (2010) em Recife, elaborou sua pesquisa utilizando a substituição do

agregado natural por agregado reciclado na proporção de 25, 50, 75 e 100% e pode

constatar que não foram afetadas significativamente as propriedades mecânicas dos

blocos com agregados reciclados, e obteve valores de resistência que foram de 3,67

MPa a 2,03 MPa, mas fez uma ressalva quanto a elevada porosidade do agregado

reciclado e sugeriu que fossem feitos estudos afim de minimizar esse efeito para

obter maior durabilidade de edificações que utilizarem esses blocos.

Durante a pesquisa de Paula (2010) fez uma caracterização física dos agregados

utilizados, tais como ensaio de massa específica, massa unitária, ensaio de material

pulverulento e classificação granulométrica. Esses ensaios foram realizados para

poder definir quais eram os principais materiais que constituíam os resíduos

coletados. Grande parte dos resíduos era composta de argamassas (37,4%),

material cerâmico (23,3%) e concreto (21,1%). O pesquisador também observou que

devido à alta porosidade dos agregados reciclados o consumo de água foi maior que

nos concretos convencionais devido a sua maior absorção.

A pesquisa pode revelar que do ponto de vista das propriedades mecânicas a

utilização de agregados reciclados para produção de blocos é viável, mas quando se

trata de substituir integralmente o agregado natural por agregado reciclado é

necessário cautela, pois o mesmo apresentou resistência mecânica aos 28 dias

muito próxima do mínimo exigida por norma.

O estudo de blocos de concreto que utilizam agregados reciclados não é um assunto

novo, mas é um tema que deve ser estudado mais a fundo visando à utilização

racional dos resíduos gerado pela construção civil na confecção do mesmo.

5.4.4 Qualidade requerida em blocos de concreto com base na ABNT NBR

6136 (2007) e ABNT NBR 12118 (2010)

A qualidade é fator que não pode ser deixado de lado e que deve ser observado em

todas as fases de confecção dos blocos de concreto, desde o material utilizado até a

padronização das dimensões.

Os blocos devem apresentar homogeneidade, ser compactos e com arestas vivas,

não apresentarem trincas, fraturas ou outros defeitos que possam prejudicar o seu

assentamento, resistência e durabilidade ou o acabamento em aplicações

aparentes, sem revestimento. Se destinados a receber revestimento, devem ter a

superfície suficientemente áspera para garantir uma boa aderência (ABNT NBR

6136, 2007, p. 3).

Page 21: TCC Marcio 22_11

20

É importante que os blocos tenham um padrão e para tanto é necessário seguir

alguns critérios e requisitos estabelecidos na NBR 12118 (2010). Estes critérios são

definidos como análise dimensional, determinação de absorção de água, área

líquida, resistência à compressão e retração por secagem, esses parâmetros iram

garantir conformidade nos blocos produzidos

A qualidade dos blocos de concreto esta ligada ao seu processo de fabricação, e

durante esse processo é necessário utilizar materiais industrializados, equipamentos

de boa precisão, procedimentos controlados de dosagem e cura dos mesmos

(FRANCO et al., 1994, apud, LORDSLEEM JÚNIOR et al., 2008, p.2).

A NBR 6136 (2006) descrimina o tipo de material que deve ser empregado na

produção de blocos de concreto, o tipo de agregado deve ser inerte e cimento

Portland, pode utilizar ou não aditivos e devem ser moldados em prensas-

vibradoras.

Esses parâmetros servem para padronizar a confecção de blocos de concreto com o

mínimo de qualidade exigido, vejamos a seguir cada uma dessas classificações.

Esta norma ainda classifica os blocos de concreto quanto ao uso, que podem ser:

a) classe A – Com função estrutural, para uso em elementos de alvenaria acima

ou abaixo do nível do solo;

b) classe B – Com função estrutural, para uso em elementos de alvenaria acima

do nível do solo;

c) classe C – Com função estrutural, para uso em elementos de alvenaria acima

do nível do solo;

d) classe D – Sem função estrutural, para uso em elementos de alvenaria acima

do nível do solo.

O concreto utilizado na produção dos blocos deve ser constituído de cimento

Portland, agregados e água. As recomendações da norma quanto ao agregado

empregado seguem prescrições da ABNT NBR 7211, no entanto ela enfatiza que se

forem utilizados outros tipos de agregados como escória de alto forno, cinzas

volantes, argila expandida ou outros agregados leves ou não, o produto final deve

atender aos requisitos físico-mecânico prescrito na NBR 6136 (2007) no subitem 5.3.

(NBR 6136, 2007, p.3).

A norma também estabelece condições quanto ao processo de fabricação e cura

dos blocos de concreto, o concreto utilizado deve ser homogêneo e compacto, os

lotes devem ser identificados segundo sua procedência e transportados e

manipulados com as devidas precauções, evitando que o mesmo tenha sua

qualidade prejudicada.

A analise dimensional verifica as três dimensões principais do bloco, largura (L),

altura (H) e comprimento (C), bem como a espessura das paredes. As medidas

devem corresponder as constantes nas tabelas a seguir:

Page 22: TCC Marcio 22_11

21

Tabela 1. Dimensões reais

Nominal 20 7,5

Módulo M - 20 M - 7,5

Amarração 1/2 1/2 1/2 1/2 1/2 1/3 1/2 1/2 1/3 1/2

Linha 20 x 40 15 x 40 15 x 3012,5 x

40

12,5 x

25

12,5 x

37,510 x 40 10 x 30 10 x 30 7,5 x 40

190 140 140 115 115 115 90 90 90 65

190 190 190 190 190 190 190 190 190 190

Inteiro 390 390 290 390 240 365 390 190 290 390

Meio 190 190 140 190 115 - 190 90 - 190

2/3 - - - - - 240 - - 190 -

1/3 - - - - - 115 - - 90 -

Amarração L - 340 - - - - - - - -

Amarração T - 540 440 - 365 365 - 290 290 -

Compensador

B40 40 - 40 - - 40 - - 40

NOTA As tolerâncias permitidas nas dimensões dos blocos indicados na tabela 1 são de ± 2,0 mm para a largura e ± 3,0

mm para a a l tura e para o comprimento.

Os componentes das famíl ias de blocos de concreto têm sua modulação de acordo com as ABNT NBR 5706 e ABNT NBR 5726.

10

M - 10

Famílias de blocos

Largura (mm)

Altura (mm)

Comprimento

(mm)

Designação

M - 15

15 12,5

M - 12,5

Fonte: (ABNT NBR 6136, 2007)

Tabela 2. Designação por classe, largura dos blocos e espessura mínima das paredes dos blocos.

Paredes¹

mm

Espessura

equivalente² mm/m

M - 15

M - 20

M - 15

M - 20

M - 10

M - 12,5

M - 20

M - 7,5

M - 10

M - 12,5

M - 15

M - 20

18

18

18

135

135

135

15

15

15

15

15

113

113

113

113

113

¹Média das medidas das paredes tomadas no ponto mais estrei to.

²Soma das espessuras de todas as paredes transversa is aos blocos (em mi l imetros),

divididas pelo comprimento nominal do bloco (em metros).

C

D

25

32

25

32

18

18

18

15

15

15

15

15

Paredes transversais

Classe DesignaçãoParedes longitudinais¹

mm

A

B

25

25

25

25

188

188

188

188

Fonte: (ABNT NBR 6136, 2007)

Também é necessário fazer o ensaio de absorção líquida, nesse ensaio é verificado

o percentual de água absorvida por uma amostra do bloco com o valor expresso em

porcentagem, para tal é necessário fazer uso da seguinte equação:

100 x m

mm = a

1

12 (Equação 1)

onde:

a → é a absorção total, em porcentagem;

m1 → é a massa do corpo-de-prova seco em estufa, em gramas;

m2 → é a massa do corpo-de-prova saturado, em gramas.

Page 23: TCC Marcio 22_11

22

Depois de feito esse ensaio será necessário a elaboração de um relatório constando

o valor da absorção de água de cada corpo-de-prova, a média dos resultados

individuais, o lote e a idade dos corpos-de-prova, sempre que declarado e a

avaliação da conformidade dos resultados em relação aos requisitos, conforme a

ABNT NBR 6136.

A norma ainda estabelece limites de absorção e retração linear por secagem que

estão discriminados na tabela a seguir:

Tabela 3. Requisitos para resistência característica à compressão, absorção e retração.

Agregado

normal

Agregado

leve

A ≥ 6,0

B ≥ 4,0

C ≥ 3,0

D ≥ 2,0

¹ Facultativo

Classe

Resistência

característica

.

MPa

Absorção média em %

≤ 10,0 %

≤ 13,0 %

(média) ≤

16,0 %

(individual)

Fonte: (ABNT NBR 6136, 2007).

A determinação da resistência à compressão é utilizada para verificar a capacidade

de carga que os blocos de concreto para vedação suportam quando submetidos a

forças exercidas perpendicularmente sobre suas faces. Essa verificação se faz

necessária para determinar a segurança estrutural da edificação. A seguir são

discriminados todos os testes necessários:

NBR 7217:1987 – Agregados – Determinação da composição granulométrica.

Esta norma estabelece parametros para a análise granulométrica e os

métodos de ensaios que seram nescessarios para a determinação da

granulometria dos agregados reciclados que foram britados;

NBR NM 46:2003 – Agregados – Determinação do material fino que passa

através da peneira 75 μm, por lavagem. Esta norma estabelece parametros

para a determinação de materiais finos que passam através da peneira de 75

μm, esse tipo de material pode ficar preso a agregados de granulometria

maior;

NBR NM 45:2006 – Agregados – Determinação da massa unitária e do

volume de vazios. Através dessa norma será possivel a determinação da

massa unitária e do volume de vazios constante na amostra de agregados

reciclados;

NBR NM 52:2003 – Agregado miúdo – Determinação da massa especifica e

massa aparente. Através dessa norma será possivel a determinação da

Page 24: TCC Marcio 22_11

23

massa especifica e da massa aparente constante na amostra de agregados

reciclados;

NBR NM 30:2001 – Agregado miúdo – Determinação da absorção de água,

NBR NM 53:2009. Agregado graúdo – Determinação de massa específica,

massa específica aparente e absorção de água.

Em suma, estas normas serviram de referencial para a determinação de alguns

fatores que influenciam diretamente na composição do traço utilizado para a

confecção desta pesquisa, caso seja necessário a elaboração de um outro tipo de

traço que não seja o traço de referencia que utilizaremos no decorrer desta

pesquisa.

Após a confecção dos corpos de prova com as devidas proporções de agregados

reciclados, o mesmo deverá passar por alguns testes estabelecidos para blocos de

concreto e normatizados pela NBR 6136:2007, descrito pela NBR 12118:2010. Os

corpos de prova que serão utilizados nos ensaios a seguir se trata de blocos de

concreto moldados em forma própria. Os ensaios estão descriminados a seguir:

Limites de resistência à compressão: Os limites de resistência a

compressão serão verificados através de prensa hidraulica. A amostra

separada de cada lote deve ser separada, ensaiados secos ao ar, com os

seguintes procedimentos:

1 Devem ser feitas regularizações nas faces dos corpos-de-prova,

utilizando argamassas capazes de resistir às tensões do ensaio;

2 A pasta deve ser colocada sobre o molde de capeamento, a superficie

não deve ficar afastada do plano mais que 8x10-2 para cada 4x102 mm,

untado com óleo;

A superficie deve ser suficientemente rigida e bem apoiada para

evitar deformações visiveis no decorrer da operação de

capeamento;

Comprime-se a superficie a ser capeada de encontro à pasta ou

argamassa, com tolerância máxima de ± 5°;

O capeamento deve ser uniforme no momento do ensaio e sem

remendos;

3 A espessura média do capeamento não deve exceder 3mm.

A carga aplicada aos corpos de prova durante os ensaios deve ser no

mesmo sentido do esforço que os blocos devem suportar durante o seu

emprego. O corpo-de-prova deve ser colocado na prensa de tal forma que

Page 25: TCC Marcio 22_11

24

seu centro de gravidade esteja alinhado com o eixo de carga dos pratos

da prensa.

Absorção de água e área líquida: Os aparelhos utilizados para esse

processo serão:

Balança com resolução mínima de 10 g e capacidade mínima

20.000 g;

Estufa com capacidade para manter temperatura no intervalo de

(110 ± 5)°C.

Execução do ensaio de absorção segundo a NBR 12118:2010:

Secagem

Os corpos-de-prova devem permacer no laborátório por um periodo de

24 horas, sendo então pesados e anotada sua massa como m3. Em

seguida sera tomada as seguintes providências:

Colocar os corpos-de-prova na estufa e elevar a temperatura a

(110 ± 5)°C e mantê-los nessa condição por um periodo de 24

horas;

Determinar a massa do corpo de prova após o periodo em que

esteve na estufa, anotar o valor encontrado e colocá-lo

novamente na estufa por 2 horas, sendo admissivél que o corpo

de prova permaneça no máximo 10 minutos fora da estufa

durante a medida de sua massa;

Repetir a operação descrita anteriormente a cada 2 horas

(considerando a leitura realizada após as primeiras 24 horas),

até que em duas determinações sucessivas não se registre para

p corpo-de-prova diferença de massa superior a 0,5% em

relação ao valor anterior, anotando-se então a sua massa seca

m1.

Saturação

A saturação é feita da seguinte forma:

Após resfriados naturalmente à temperatura ambiente, imegir os

corpo-de-prova em água à temperatura de (23 ± 5)°C, por 24

horas;

Pesar cada corpo-de-prova na condição de saturado com

superfície seca, que é obtida drenando o corpo-de-prova sobre

uma tela de 9,5 mm ou mais de abertura de malha por 60 s;

Page 26: TCC Marcio 22_11

25

remover, então, a água superficial visível com um pano seco.

Anotar o valor encontrado e mergulhar o corpo-de-prova

novamente em água;

Repetir a operação descrita acima a cada 2 horas, até que em

duas determinações sucessivas não se registre para o corpo-de-

prova diferença de massa superior a 0,5% em relação ao valor

anterior, anotando-se então a sua massa saturada m2.

Execução do ensaio para determinação da área líquida segundo a NBR

12118:2010:

Dimensões

O valor de cada dimensão do corpo-de-prova é o resultado da média

de pelo menos três determinações executadas em pontos distintos na

face com a parede de menor espessura, sendo realizada uma

determinação em cada extremidade e uma no meio do corpo-de-prova,

com aproximação de 1 mm.

Massa aparente

O corpo-de-prova, após saturado, deve ter sua massa determinada

quando imerso em água à temperatura de (23 ± 5°C), por meio de

balança hidrostática, sendo o valor encontrado denominado massa

aparente m4.

Resultados

Absorção de água:

O valor da absorção de água de cada corpo-de-prova, expresso

em porcentagem, calculado pela fórmula:

(Equação 2)

Onde:

a é a absorção total, em porcentagem;

m1 é a massa do corpo-de-prova seco em estufa, em gramas;

m2 é a massa do corpo-de-prova saturado, em gramas;

Área líquida:

A área líquida de cada corpo-de-prova, em milimetros quadrado,

calculada segundo a expressão;

Page 27: TCC Marcio 22_11

26

(Equação 3)

Onde:

Aliq é a área líquida, em milimetros quadrados;

m2 é a massa do corpo-de-prova saturado, em gramas;

m4 é a massa aparente do corpo-de-prova, em gramas;

h é a altura média do corpo-de-prova, medida na direção

perpendicular à seção de trabalho, determinada conforme o item 4.2 da

NBR 12118:2010, expressa em milimetros;

𝛶 é a massa específica da água utilizada no ensaio, em gramas

por centimetro cúbico;

Tendo em vista que os blocos produzido durante a elaboração desta

pesquisa serão do tipo classe D – Sem função estrutural, para uso em

elementos de alvenaria acima do nível do solo, o mesmo deve

apresentar valores mínimos estabelecidos tabela 3;

Page 28: TCC Marcio 22_11

27

6 METODOLOGIA

A pesquisa em questão será pautada em estudos teóricos e estudos experimentais,

o que estará descriminado a seguir.

6.1 Estudo teórico

O estudo teórico terá como base pesquisas realizada através de livros, normas

regulamentadoras e artigos relacionados, tendo em mente a reunião de informações

necessárias para a elaboração de uma pesquisa consistente e sólida que possibilite

um andamento seguro durante a pesquisa, tais como as analises já realizadas em

pesquisas passadas, a caracterização correta dos agregados reciclados, os

procedimentos empregados para analise de absorção e ensaios de compressão dos

corpos de prova com referencia a um padrão estabelecido pelas normativas

vigentes.

6.2 Estudo experimental

A execução do estudo experimental será realizada, em partes, nas dependências do

laboratório de concreto e solos do campus universitário da Universidade do Estado

de Mato Grosso localizada na cidade de Sinop e em partes nas dependências da

Usina Hidrelétrica de Colider localizada na cidade de Colider, esse fato se dará pelo

motivo de não ter um local para ser feita britagem dos agregados em Sinop, e se

dividirá em 6 fases:

1ª fase: Adiquirir os residuos provenientes de obras no municipio de Sinop,

para a elaboração desta pesquisa optou-se por fazer com resíduos de

concreto, o mesmo será separado no prórpio canteiro de obras evitando a

contaminação com outros tipos de materiais, estes residuos serão

armazenados no próprio canteiro e posteriormente destinados a britagem nas

dependencias da usina hidrelétrica de Colider, o transporte dos residuos até a

usina será por conta do próprio acadêmico;

2ª fase: Seleção dos agregados provenientes da britagem através de ensaios

estabelecidos por normativas próprias, os agregados reciclados passarão por

um processo de peneiramento onde serão analisadas as porções que passam

e as que ficam retidas em cada uma das peneiras, é esperado que os

agregados reciclados apresentem granulometira na fração grossa com grãos

maiores do pedrisco com dimensão menor que 9,5 mm e na fração fina com

diâmetro máximo de 4,8 mm;

3ª fase: Definição do traço empregado na confecção dos blocos de concreto.

A principio será utilizado um traço padrão proposto por Barbosa (2005, p.58)

Page 29: TCC Marcio 22_11

28

que será o 1:3,5:1,5 (cimeto: agregado miúdo: agregado graudo) em volume,

para uma resistência esperado de 4,5 MPa. Para a realização dos ensaios

caracteristicos serão moldados 9 corpos de prova, conforme recomendado

pela NBR 6138:2007, sendo que 6 serão utilizados para ensaio dimensional e

resistência à compressão, seguindo o critério estabelecido no item 6.5.1 da

presente norma, já que não são conhecidos valores de desvio padrão da

amostra e 3 corpos de prova para o ensaio de absorção e área líquida;

Tabela 4. Traço em volume dos blocos de 4,5 MPa utilizados nos ensaios

BLOCOS

(MPa)CIMENTO AREIA

PÓ DE

PEDRAPEDRISCO

4,5 1 2 1,5 1,5

TRAÇO DOS BLOCOS

Fonte: (BARBOSA, 2005).

4ª fase: Confecção dos blocos de concreto. Optou-se por executar essa

pesquisa com blocos de concreto da família M-20 com dimensões reais de

19x19x39cm, definidos em norma e constante na tabela 1 da NBR 6136:

2007, embora existam outras famílias de blocos, com os seguintes

percentuais de substituição dos agregados naturais pelos reciclados de 0,

20%, 50% e 100%. A principio a fôrma utilizada para confecção dos blocos

será do tipo manual, adquirida com recursos do próprio pesquisador, em

empresa especializada em máquinas e utensilios para blocos de concreto.

5ª fase: Analise dos requisitos físico-mecânicos dos blocos de concreto com e

sem a adição de residuos. Os requisitos estão prescritos na NBR 6136:2007 e

são:

Limites de resistencia a compressão: os corpos de prova moldados

com as devidas proporções de agregados reciclados e agregados

naturais seram submetidos, através de prensa hidraulica a ensaio de

compressão, os corpos de prova devem ser regularizados com

argamassa de capeamento, colocados na prensa tomando o cuidado

de deixar o eixo dos corpos de prova alinhados com o eixo de

aplicação da carga da prensa, a espessura da argamassa não deve

ser superior a 3mm. Esse ensaio será realizado nas dependencias do

laboratório de concreto da UNEMAT campus Sinop;

Absorção de água: O ensaio de absorção é realizado para determinar

o percentual de absorção que os blocos devem apresentar com limites

estabelecidos por norma e descrito anteriormente na fundamentação

teórica. O processo para determinação da absorção é da seguinte

forma: o corpo de prova é submersso em um tanque por 24 horas, logo

após esse periodo o mesmo é pesado periodicamente em intervalos de

Page 30: TCC Marcio 22_11

29

2 em 2 horas até que não se tenha mais alterações em sua massa,

esse processo será realizado nas dependencias do laboratório de

concreto da UNEMAT campus Sinop;

Área líquida: O ensaio de área liquida é executado simultâneamente

ao ensaio de absorção com apenas uma diferença, o corpo-de-prova

deve ter sua massa determinada quando estiver imerso, através de

balança hidrostática e sua determinação dever seguir a formulação

descrita na funtamentação teórica.

6ª fase: Analise dos dados obtidos.

Page 31: TCC Marcio 22_11

30

CRONOGRAMA

O quadro 1 trás elencado as atividades a serem elaboradas durante o

desenvolvimento desta pesquisa:

Quadro 1. Cronograma de desenvolvimento das atividades.

Atividades propostas

Pesquisa bibliográfica

Elaboração da fundamentação

teórica

Coleta, separação e

armazenagem dos resíduos de

concreto.

Transporte dos resíduos até a

usina Hidrelétrica de colider para

britagem do mesmo.

Caracterização dos resíduos

britados através de ensaios

normatizados.

Confecção e cura dos corpos-de-

prova para os ensaios físico-

mecanico.

Realização dos ensaios nos

corpos-de-prova

Analise e tratamento dos

resultados e elaboração das

conclusões

Revisão final da pesquisa

Apresentação e defesa da

pesquisa

Março Abril Maio Junho

Page 32: TCC Marcio 22_11

31

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS. NBR 6136: Blocos vazados

de concreto simples para alvenaria – Requisitos. Rio de Janeiro, 2007.

_____. NBR 6136: Blocos vazados de concreto simples para alvenaria – Requisitos.

Rio de Janeiro, 2007. 19 p.

_____. NBR 7184: Blocos vazados de concreto simples para alvenaria –

Determinação da resistência à compressão. Rio de Janeiro, 1992. 2 p.

_____. NBR 7217: Agregados – Determinação da composição granulométrica. Rio

de Janeiro, 1987. 3 p.

_____. NBR 7251: Agregado em estado solto – Determinação da massa unitária –

Requisitos. Rio de Janeiro, 1982. 4 p.

_____. NBR 9776: Agregados - Determinação da massa específica de agregados

miúdos por meio do frasco de chapman. Rio de Janeiro, 1987. 4 p.

_____. NBR 10004: Resíduos sólidos – Classificação. Rio de Janeiro, 2004. 77 p.

_____. NBR 12118: Blocos vazados de concreto simples para alvenaria – Métodos

de ensaios. Rio de Janeiro, 2010. 16 p.

_____. NBR 15116: Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil –

Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural -

Requisitos. Rio de Janeiro, 2004. 17 p.

_____. NBR 15113: Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes –

Aterros – Diretrizes para projeto, implantação e operação. Rio de Janeiro, 2004. 16

p.

_____. NBR NM 27: Agregados – Redução da amostra de campo para ensaios de

laboratório. Rio de Janeiro, 2001. 14 p.

_____. NBR NM 30: Agregado miúdo – Determinação da absorção de água. Rio de

Janeiro, 2001. 10 p.

_____. NBR NM 45: Agregados – determinação da massa unitária e do volume de

vazios. Rio de Janeiro, 2006. 18 p.

_____. NBR NM 46: Agregados – Determinação do material fino que passa através

da peneira 75 μm, lavagem. Rio de Janeiro, 2003. 13 p.

_____. NBR NM 52: Agregado miúdo – Determinação da massa específica e massa

específica aparente. Rio de Janeiro, 2009. 10 p.

Page 33: TCC Marcio 22_11

32

_____. NBR NM 53: Agregado graúdo – Determinação de massa específica, massa

específica aparente e absorção de água. Rio de Janeiro, 2003. 15 p.

BARBOSA, K. C. Avaliação experimental do fenômeno de retração em alvenaria

de bloco de concreto. 2005. 252 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil)

Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2005.

BRASIL, Ministério do Meio Ambiente, Conselho Nacional do Meio Ambiente –

CONAMA. CONAMA n° 307 de 5 de julho de 2002 – Gestão dos Resíduos da

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<http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfAwAAH/2002-res-conama-307> Acessado

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Conclusão de Curso – Engenharia Civil. Universidade do Estado de Mato Grosso.

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DE PAULA, P. R. F. Utilização dos resíduos da construção civil na produção de

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GUARIDO, É. Q. Concreto com resíduo de construção e demolição (RCD):

Estudo da resistência à compressão axial na cidade de Sinop – MT. 2012.

Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia Civil. Universidade do Estado de

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NOVAIS, C. M. Caracterização de agregados reciclados de resíduos da

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Sinop, 2012.