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    UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA – UNOESC

    GISELI DAROS

    O INSTITUTO DA DESAPOSENTAÇÃO: O DIREITO DA NÃO DEVOLUÇÃO DOSVALORES RECEBIDOS À PREVIDÊNCIA SOCIAL

    Joaçaba, SC

    2015

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    GISELI DAROS

    O INSTITUTO DA DESAPOSENTAÇÃO: O DIREITO DA NÃO DEVOLUÇÃO DOS

    VALORES RECEBIDOS À PREVIDÊNCIA SOCIAL

    Trabalho de Conclusão de Cursoapresentado ao Curso de Direito, Áreadas Ciências Sociais Aplicadas, daUniversidade do Oeste de Santa Catarina,como requisito à obtenção do título deBacharel em Direito.

    Orientadora: Prof. Janaina Dias de Deus

    Joaçaba, SC

    2015

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    Ficha Catalográfica

    D224i Daros, Giseli

    O instituto da desaposentação: o direito da não devolução dos

    valores recebidos à previdência social. / Giseli Daros  – UNOESC, 2015.

    51 f.; 30 cm.

    Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Direito) — 

    Universidade do Oeste de Santa Catarina, 2015.

    Bibliografia: f. 49 - 51.

    1.Previdência Social - Aposentadoria. I. Título.

    Doris – 341.67214

    Ficha Catalográfica elaborada pelo Bibliotecário Alvarito Baratieri  – CRB-14º/273

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    GISELI DAROS

    O INSTITUTO DA DESAPOSENTAÇÃO: O DIREITO DA NÃO DEVOLUÇÃO DOS

    VALORES RECEBIDOS À PREVIDÊNCIA SOCIAL

    Trabalho de Conclusão de Cursoapresentado ao Curso de Direito, Áreadas Ciências Sociais Aplicadas, daUniversidade do Oeste de Santa Catarina,como requisito à obtenção do título deBacharel em Direito.

     Aprovada em: 09/06/2015.

    BANCA EXAMINADORA

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    TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

    Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade

    pelo aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do

    Oeste de Santa Catarina  –  UNOESC, a Coordenação do Curso de Direito, e o

    Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.

    Joaçaba, ___ de junho de 2015.

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    AGRADECIMENTOS

    Primeiramente agradeço à Deus por sempre estar comigo em todos os

    momentos de minha vida.

     Agradeço à minha família, em especial meu pai Genoino Daros por me

    apoiar em mais um sonho e pelos seus conselhos, à minha mãe Ivone Salete Daros

    por sempre estar ao meu lado e a minha irmã Rafaela Daros pelo apoio e conselhos

    ao longo dessa jornada.

     Agradeço à todos os professores que ao longo dessa longa jornada me

    incentivaram de alguma maneira a nunca desistir, em especial a minha querida

    orientadora Janaina Dias de Deus pelo seu suporte no pouco tempo que lhe coube e

    pelo carinho que sempre teve comigo.

     Aos meus amigos que sempre de alguma maneira colaboraram para chegar

    até o fim dessa longa caminhada, em especial à Ana Carla Dalla Lana por sempreacreditar que conseguiria alcançar meus objetivos e a Gabriela Cerino dos Santos

    pelos sábios conselhos e carinho. Também quero agradecer ao Dr. Sedenir Tavares

    Dias pelo conhecimento transmitido, ao Dr. André Angelo Masson e Dra. Luciana

    Cristina Argenton Fernandes pela acolhida ao escritório quando buscava

    conhecimento.

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    RESUMO 

     Analisar comparativamente os atuais argumentos utilizados em decisões dos nossos

    magistrados, bem como jurisprudências e súmulas sobre o instituto da

    dasaposentação e por ser um tema recente, onde até o presente momento não foi

    criada lei que regulamente a desaposentação, sendo ela uma construída com base

    em doutrina e jurisprudência, pois nem mesmo a Constituição Federal ou a

    legislação previdenciária traz algum dispositivo que vede, deixando que se torne

    uma matéria omissa em nosso ordenamento jurídico. Para a concessão dessa nova

    aposentadoria serão refeito os cálculos considerando o fator previdenciário e acontribuição que continuou a ser paga mesmo depois da primeira aposentadoria,

    fazendo com que o valor de beneficio fique maior. Então como pode se notar não se

    trata de tentativa de cumulação de benefícios e sim abrir mão de uma aposentadoria

    para posteriormente dar início de outra. Esse tema já gerou muita discussão

    relacionada a renuncia da aposentadoria, mas hoje já se encontra pacificado pelo

    STJ. Atualmente o que vem causando divergência, é a questão da devolução ou não

    dos valores recebidos durante o gozo do benefício. Então enquanto não houver leique trate o assunto, a desaposentação ainda será motivo de divergências. 

    Palavras-chave: Previdência Social  –  Renúncia  –  Aposentadoria  –  Benefício  – 

    Concessão – Desaposentação.

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    SUMÁRIO

    1 INTRODUÇÃO  ....................................................................................................... 8

    2 A SEGURIDADE SOCIAL  .................................................................................. 10

    2.1 DIREITOS SOCIAIS E DE ORDEM SOCIAL ................................................... 10

    2.1.1 Caracterização do Sistema de Seguridade Social .................................... 10

    2.1.1.1 Princípios da Seguridade Social ................................................................. 15

    2.1.1.2 Previdência Social ...................................................................................... 17

    2.2 SISTEMA DE REGIMES DA PREVIDÊNCIA SOCIAL ..................................... 24

    2.2.1 Regime Geral de Previdência Social .......................................................... 252.2.2 Regime Próprio de Previdência Social  ...................................................... 26

    2.2.3 Fator Previdenciário como limitador de Benefícios ........................................ 27

    2.2.4 Aposentadoria no Regime Geral de Previdência Social ................................. 28

    2.2.5 Modalidades de Aposentadorias .................................................................... 29

    2.2.5.1 Aposentadoria por Invalidez ........................................................................ 29

    2.2.5.2 Aposentadoria por Idade ............................................................................. 31

    2.2.5.3 Aposentadoria por Tempo de Contribuição ................................................. 332.2.5.4 Aposentadoria Especial ............................................................................... 34

    3 DESAPOSENTAÇÃO NO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL ........ 36

    3.1 CONCEITO, APLICABILIDADE E ASPECTOS JURÍDICOS ........................... 37

    3.1.2 Análise jurisprudencial sobre desaposentação  ....................................... 41

    3.2 DESNECESSIDADE DA DEVOLUÇÃO DOS VALORES ................................. 44

    4 CONCLUSÃO  ..................................................................................................... 47

    REFERÊNCIAS  ...................................................................................................... 49

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    1 INTRODUÇÃO

    O presente trabalho de conclusão de curso tem como objetivo analisar

    comparativamente os atuais argumentos utilizados em decisões dos nossos

    magistrados, bem como jurisprudências e súmulas sobre o direito de não devolver

    os valores recebidos pelos aposentados, que mesmo após a concessão do

    benefício, que continuam laborando e consequentemente contribuindo para a

    Previdência Social.

     A Desaposentação, instituto novo no direito brasileiro regulado por

     jurisprudência, pois não foi votada e nem sancionada a Lei da Desaposentação, afinalidade deste é a renúncia ao benefício da aposentadoria por uma mais vantajosa,

    em razão de o aposentado, manter a qualidade de contribuinte.

    Esse instituto exige sempre um aproveitamento do tempo trabalhado após a

    concessão da aposentadoria para aquele segurado que mesmo após se aposentar

    continua laborando normalmente para complemento de sua renda.

    Como não há previsão legal, o requerimento da desaposentação se faz pela

    via judicial, uma vez que na esfera administrativa não há critério para apreciação detal “direito”. 

    Podemos salientar que o entendimento do STJ é que não se deve devolver

    coisa alguma, nada. Ainda que fosse necessária a devolução ela somente seria

    possível por meio de desconto de no máximo 30% do que restou acrescido quando

    comparados ao montante mensal até então pago ao novo benefício apurado.

    Muito se tem discutido nos dias de hoje sobre o tema “desaposentação”,

    pois com seu surgimento por ser um tema desconhecido, nos dias de hoje, jápassou a ser um instituto jurídico muito debatido entre segurados e profissionais da

    área do direito.

     Assim, o principal intuito desse instituto é permitir ao aposentado a melhoria

    de sua renda decorrente da aposentadoria, como resultado, atualmente as pessoas

    possuem condições de trabalhar por mais tempo, hoje, a população brasileira tem

    sobrevida cada vez maior, fazendo com que nossos aposentados continuem a

    laborar, ampliando a sua vida economicamente ativa.

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    Para uma melhor organização do presenta trabalho, o mesmo foi dividido em

    três capítulos, sendo que o primeiro trata da Seguridade Social e o Direito Social, o

    segundo capítulo foi utilizado para falar da Previdência Social e as modalidades de

    aposentadoria, explicando cada aposentadoria que existe hoje no Direito

    Previdenciário. Já o terceiro e último capítulo trata da Desaposentação propriamente

    dita, falando desse novo instituto e argumentando sobre a desnecessidade da

    devolução dos valores recebidos à Previdência Social.

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    2 A SEGURIDADE SOCIAL 

    O artigo 6. da Constituição Federal de 1988 dispõe sobre os direitos sociais,

    sendo disciplinados pela Ordem Social, tendo como principal interesse a redução

    das desigualdades sociais e regionais, nesses interesses estão inclusos a

    seguridade social, à saúde, à assistência social e a previdência social.

     A seguridade social garante os mínimos necessários à sobrevivência, é um

    instrumento de bem-estar e de justiça social, e redutor das desigualdades sociais.

    2.1 DIREITOS SOCIAIS E DE ORDEM SOCIAL

    Os direitos sociais e de ordem social surgiram com a finalidade de auxiliar

    aquelas pessoas hipossuficientes, dando como garantia direta ou indireta uma

    situação de igualdade com os outros membros da sociedade.

    É isso que a Previdência Social faz, garante a seus segurados no momentoem que ele não pode mais exercer suas atividades normais, meios para se manter,

     juntamente com a sua família, através de seus benefícios.

    2.1.1 Caracterização do Sistema de Seguridade Social

     A seguridade social é um conceito que teve como marco inicial a

    Constituição Federal de 1988, e compreende um conjunto de ações dos poderes

    públicos e da sociedade destinadas a assegurar o direito à saúde, à previdência e à

    assistência social.

    Portanto, a seguridade social visa o bem estar da população, principalmente

    nas áreas da saúde, previdência e assistência social, sendo uma soma das ações

    públicas para melhorar o acesso da população aos seus direitos através de uma

    saúde pública de qualidade e direito aos benefícios quando o contribuinte não puder

    mais exercer suas atividades laborativas através da Previdência Social, que é um

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    seguro onde todo o trabalhador contribui de forma compulsória, pois a contribuição

    ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) é descontado todo mês da sua folha

    de pagamento, cabendo a empresa repassar essas contribuições à Previdência

    Social.

    Oliveira (2012, p. 20) comenta sobre o sistema de financiamento da

    Seguridade Social: “A Seguridade Social será financiada por toda sociedade, de

    forma direta e indireta, mediante recursos provenientes da União, dos Estados, do

    Distrito Federal, dos Municípios e de contribuições sociais.” 

     Além dos trabalhadores, existem outras formas de contribuir para a

    Previdência, como os contribuintes individuais, os facultativos, possuindo todos a

    garantia de serem segurados do Regime Geral da Previdência (RGP). A Seguridade Social, definida no art. 194 da Constituição Federal (grifo

    nosso), é composta por três subsistemas:

    Art. 194 - A seguridade social compreende um conjunto integrado de açõesde iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a asseguraros direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.

    [...]

    Cada qual desses sistemas possuem conceitos previsto na Constituição

    Federal e regulamentado por leis infraconstitucionais.

     A saúde é direito garantido por nossa Constituição Federal e dever do

    Estado, que deve ser proporcionado mediante ações que visem reduzir os riscos de

    doenças e seus agravamentos, sendo essa definição contida no artigo 196 da

    Constituição Federal.

    Tal direito se encontra previsto na Constituição Federal de 1988, sendo ela

    tratada dos artigos 196 a 200. O art. 196 da nossa Carta Magna dispõe:

    Art. 196 - A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediantepolíticas sociais e econômicas que visem à redução do risco doença e deoutros agravos e ao acesso universal igualitário às ações e serviços parasua promoção, proteção e recuperação.

    Esse dispositivo de lei atende ao princípio da universalidade, seja ele na

    cobertura das indenizações previdenciárias pagas a seus segurados ou do

    atendimento, garantindo à toda sociedade tratamento igualitário tanto no acesso à

    saúde como em seus serviços.

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    O direito à saúde é muito vasto, pois nem a Constituição Federal faz

    distinções, podendo afirmar que a saúde abrange tanto a saúde mental quando a

    física, tanto é considerado um assunto amplo que o art. 3, parágrafo único, da Lei n.

    8.080/90 dispõe a respeito das ações que se destinam a garantir às pessoas e à

    coletividade condições de bem-estar físico, mental e social.

    Janeczeski (2011, p.624) relata que a assistência social é uma política social

    destinada ao atendimento das necessidades básicas dos cidadãos, traduzidas em

    proteção a várias fases da vida do indivíduo, assim como em caso de necessidade

    quando a pessoa possuir algum tipo de deficiência que impossibilite a vida normal

    em sociedade. As prestações são destinadas de forma as famílias que não possuem

    condições de prover o seu próprio sustento, sendo de forma permanente ouprovisória, independentemente de contribuição à Previdência Social.

    Mencionada em seu art. 203 da Constituição Federal prescreve que a

     Assistência Social “será prestada a quem dela necessitar, independentemente de

    contribuição à seguridade social”. Sendo instrumento de transformação social e não

    meramente assistencialista, sendo as prestações de assistência social devem

    promover a integração e a inclusão do assistido na vida comunitária, fazer com que,

    com o recebimento do benefício assistencial, esse cidadão possa parecer perante asociedade menos desigual aos demais.

    Sendo que para Vieira (2013, p.21) a Previdência Social como brevemente

    explicado acima, é um seguro coletivo, público, compulsório, ou seja, sua

    contribuição em caso de emprego é obrigatória, mediante contribuição, que possui

    como objetivo proporcionar meios de subsistência ao segurado e sua família quando

    ele mais precisar.

    Castro e Lazzari (2006, p. 49) explicam:

     A Previdência Social é, portanto, o ramo de atuação estatal que visa àproteção de todo individuo ocupado numa atividade laborativa remunerada,para proteção dos riscos recorrentes da perda ou redução, permanente outemporária, das condições de obter seu próprio sustento.

     A Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991:

     Art. 1º A Previdência Social, mediante contribuição, tem por fim asseguraraos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo deincapacidade, desemprego involuntário, idade avançada, tempo de serviço,

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    Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempode contribuição na Administração Pública e na atividade privada, rural eurbana, hipótese em que os diversos regimes de previdência social se

    compensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei.

    É importante sublinhar que a seguridade social é articulada como um direito

    na Carta Internacional de Direitos Humanos, no qual claramente se expressa:

     Art. 22 - Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurançasocial e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacionalde acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitoseconômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livredesenvolvimento da sua personalidade.

    Martinez (2014, p.55) explica que dois princípios básicos norteiam a

    seguridade social e a previdência social: a compulsoriedade e a contributividade. O

    princípio da compulsoriedade está presente ao obrigar os trabalhadores que

    exerçam atividades laborativas, desde que essa atividade seja legal, não podendo o

    trabalhador que exerça como meio de seu sustento o tráfico de drogas, esses não

    podem contribuir, pois a atividade é considerada ilícita pelo Código Penal Brasileiro

    a se filiarem a um regime de previdência social. E, o princípio da contributividadesignifica dizer que, para ter direito a qualquer benefício da previdência social, é

    necessário possuir a qualidade de segurado e ter a carência exigida do benefício,

    devendo para isso, contribuir para manutenção do sistema previdenciário. Vale

    destacar, que até mesmo o aposentado que volta a exercer atividade profissional

    remunerada, é obrigado a contribuir com o sistema.

    Já para martinez (2014, p.59) o princípio da uniformidade e equivalência,

    expressos na Constituição Federal de 1988, os benefícios e serviços às populaçõesurbanas e rurais devem ser oferecidos de maneira uniforme e equivalente, pois a

    Constituição colocou em pé de igualdade o trabalhador urbano em relação ao

    trabalhador rural, sem qualquer distinção. Porém, a previdência social possui 3 (três)

    regimes distintos que abrangem, cada um, uma classe de indivíduos distintos,

    separados em razão da relação de trabalho ou categoria profissional que se

    vinculam.

    No art. 9º da Lei n. 8.213/91, determina-se que os regimes da Previdência

    Social são: o regime geral da previdência social, o regime próprio de previdência

    social dos servidores públicos e o regime próprio de previdência social dos Militares.

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     Assim para Ibrahim (2011, p.35) a seguridade social é considerada um

    conjunto de medidas proporcionado a sociedade e seus integrantes quando não

    puder mais exercer suas atividades laborativas, de qualidade de vida com a

    finalidade de evitar desequilíbrios econômicos e sociais que, a não ser resolvidos,

    significariam à redução ou perda de renda a causa de contingências como doenças,

    acidentes, maternidade ou desemprego, entre outras.

    2.1.1.1 Princípios da Seguridade Social

    O parágrafo único do art. 194 da Constituição Federal confere ao Poder

    Público a competência para estruturar e organizar a Seguridade Social, elencando

    objetivos de forma a abranger a toda população, conferindo tratamento equilibrado.

    Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de açõesde iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a asseguraros direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a

    seguridade social, com base nos seguintes objetivos:I - universalidade da cobertura e do atendimento;II  - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populaçõesurbanas e rurais;III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;V - eqüidade na forma de participação no custeio;VI - diversidade da base de financiamento;VII - caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa, com aparticipação da comunidade, em especial de trabalhadores, empresários eaposentados.VIII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediantegestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos

    empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998).

     A natureza das disposições dos diversos incisos que se referem aos

    princípios norteadores da Seguridade Social não pode ser confundida com objetivos,

    pois são princípios constitucionais, caracterizados pela generalidade de suas

    disposições e o conteúdo possui como referência os valores que o sistema possui

    como missão proteger.

    Possuímos como princípios norteadores da Seguridade Social, previsto noparágrafo único do art. 194 da Constituição Federal:

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    a) Universalidade da cobertura: a palavra cobertura compõe a

    terminologia própria dos seguros sociais que abrange riscos e

    indenizações previamente definidos na Legislação Previdenciária,

    mediante pagamento da contribuição dos segurados ao INSS (Instituto

    Nacional do Seguro Social). Já a universalidade da cobertura possui

    como ligação a necessidade prevista em lei, e a proteção social se

    instalam em todas as suas etapas: de prevenção, de proteção e de

    recuperação.

    b) Universalidade do atendimento: essa universalidade de atendimento

    refere-se ao indivíduo que procura a sua proteção social. Todos quevivem em território nacional possuem direito subjetivo a alguma das

    formas de proteção fornecida pela seguridade.

    c) Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações

    urbanas e rurais: com a Constituição Federal de 1988 eliminou-se a

    histórica discriminação entre trabalhadores urbanos e rurais. Pela

    uniformidade, trabalhadores urbanos e rurais têm direito ao mesmo

    plano de proteção social. A equivalência determina que o valor dasprestações deve ser proporcionalmente igual, isto é, os benefícios

    devem ser os mesmos, porém a renda mensal é equivalente, mas não

    igual, pois urbanos e rurais possuem maneiras diferentes de

    contribuição.

    d) Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços:

    a seletividade é princípio voltado para o legislador, e, dificilmente,

    propiciará análise no caso concreto, já a distributividade impõe que aescolha recaia sobre as prestações que, por sua natureza, tenham

    maior potencial distributivo. A distributividade nada mais é do que

     justiça social, redutora das desigualdades.

    e) Irredutibilidade do valor dos benefícios: concedida a prestação, que,

    por definição, deve suprir os mínimos necessários à sobrevivência com

    dignidade, conforme demonstrado por todo o período contributivo do

    segurado, a renda mensal do benefício não pode ser reduzida. A

    irredutibilidade foi reafirmada no art. 201, §4⁰, da CF, que assegura o

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    reajustamento dos benefícios para preserva-lhe o valor real, conforme

    estabelecido em lei.

    f) Diversidade da base de financiamento: o art. 195 da CF prevê que a

    seguridade social seja financiada por toda a sociedade. O custeio é

    feito por meio de recursos orçamentários da União, dos Estados, do

    Distrito Federal e dos Municípios, além das contribuições pagas pelo

    empregador, pela empresa ou entidade a ela equiparada, pelo

    trabalhador, pelas contribuições incidentes sobre as receitas dos

    concursos de prognósticos e pelas contribuições pagas pelo importador

    de bens ou serviços do exterior, ou quem a lei equiparar.

    g) Caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa, com aparticipação da comunidade: a gestão da seguridade social é

    quadripartite, com a participação de representantes dos trabalhadores,

    dos empregadores, dos aposentados e do Poder Público nos órgãos

    colegiados. A descentralização significa que a seguridade social tem

    um corpo distinto da estrutura institucional do Estado. No campo

    previdenciário sobressai com a existência do Instituto Nacional do

    Seguro Social (INSS), autarquia federal encarregada da execução dalegislação previdenciária.

    h) A regra da contrapartida: embora não previsto expressamente, a

    contrapartida é princípio regente da seguridade social, pois nenhum

    benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou

    estendido sem a correspondente fonte de custeio (art.195, §5⁰, da CF).

     A interpretação da legislação previdenciária nunca poderá acentuardesigualdades, nem contrariar o princípio da dignidade humana, que é direito

    fundamental garantido pela nossa Constituição Federal de 1988.

    2.1.1.2 Previdência Social

     A Previdência Social tem como finalidade a proteção do segurado e de sua

    família, proporcionando nesse período de impossibilidade a exercer suas atividades

    normais, um meio de sustento, sendo pago em forma de benefício.

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     A Lei nº 8.212 de 24 de julho de 1991, que dispõe sobre a organização da

    Seguridade Social e institui o Plano de Custeio, traz, em seu artigo 3º, a seguinte

    definição a respeito da previdência social:

     Art. 3.º A previdência Social tem por fim assegurar aos seus beneficiáriosmeios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, idadeavançada, tempo de serviço, desemprego involuntário, encargos de famíliae reclusão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente.Parágrafo único. A organização da Previdência Social obedecerá aosseguintes princípios e diretrizes:a) Universalidade de participação nos planos previdenciários, mediantecontribuição;b) Valor da renda mensal dos benefícios, substitutos do salário decontribuição ou de rendimento do trabalho do segurado, não inferior ao dosalário mínimo;

    c) Cálculo dos benefícios considerando-se os salários de contribuição,corrigidos monetariamente;d) Preservação do valor real dos benefícios;e) Previdência complementar facultativa, custeada por contribuiçãoadicional.

    Nesse sentido, Castro e Lazzari (2006, p. 77), discorrem ainda que a

    Previdência Social:

    É o sistema pelo qual, mediante contribuição, as pessoas vinculadas aalgum tipo de atividade laborativa e seus dependentes ficam resguardadasquanto a eventos de infortunística (morte, invalidez, idade avançada,doença, acidente de trabalho, desemprego involuntário), ou outros que a leiconsidera que exijam um amparo financeiro ao indivíduo (maternidade,prole, reclusão), mediante prestações pecuniárias (benefíciosprevidenciários) ou serviços.

    E conforme os ensinamentos de Ibrahim (2011, p. 55) a Previdência Social é

    um seguro coletivo, contributivo e compulsório, de organização estatal, e tem como

    objetivos, o de propiciar proteção adequada aos seus segurados e dependentescontras os riscos sociais, sendo uma garantia fundamental do trabalhador brasileiro.

     Assim sendo, a Previdência Social é de natureza institucional ou estatutária, uma

    vez que o Estado, por meio de lei, utiliza seu poder de domínio para criar vinculação

    automática do sistema previdenciário independentemente da vontade do

    beneficiário.

    Martins (2013, p. 60) por sua vez, ensina que apesar do principal objetivo da

    Previdência Social ser o de estabelecer um sistema de proteção social aos

    segurados e seus dependentes, o sistema de Previdência Social não tem a

    obrigação de proteger o segurado contra todas as contingências possíveis, mas

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    apenas as previstas em lei. Igualmente, diante ao caráter contributivo da Previdência

    Social, quem não contribui não terá direito a benefícios proporcionados pelo regime

    geral, em linhas gerais, os trabalhadores ativos contribuem para a manutenção dos

    benefícios dos inativos.

    O sistema previdenciário brasileiro possui dois tipos de regimes: o Regime

    Geral da Previdência Social (RGPS) e o Regime Próprio de Previdência Social

    (RPPS), o primeiro regime mencionado trata dos trabalhadores da iniciativa privada,

    ou seja, é aquele trabalhador que labora para uma empresa, ou aquele contribuinte

    individual que exerce atividade como profissional liberal, ou aquela dona de casa

    que contribui facultativa, o segundo regime é aquele da iniciativa pública, é aquele

    indivíduo que passou em um concurso público e trabalha para a União, Estado ouMunícipio (que possui regime próprio, pois há casos em que os funcionários são

    contribuintes da Previdência Social, como é o caso da Prefeitura de Capinzal, que

    não possui um regime próprio, já o munícipio de Videira possui regime próprio e

    entra nesse segundo tipo de regime previdenciário).

     Ambos os regimes são previstos na Constituição Federal, em seu artigo 201

    e 202:

    Art. 201 - A previdência social será organizada sob a forma de regime geral,de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios quepreservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei.

    [...]

    Art. 202 - O regime de previdência privada, de caráter complementar eorganizado de forma autônoma em relação ao regime geral de previdênciasocial, será facultativo, baseado na constituição de reservas que garantam obenefício contratado, e regulado por lei complementar.

    [...]

    Pelo que se depreende do texto constitucional percebe-se que os regimes

    previdenciários, sob o enfoque financeiro, podem ser divididos em dois tipos.

    No regime de capitalização, adotam-se técnicas financeiras de seguro e

    poupança, sendo essa capitalização individual ou coletiva. Na capitalização

    individual, as contribuições se creditam na conta de cada segurado, sendo esse

    identificado pelo seu número de NIS, e com os rendimentos desse capital, por longo

    período, será possível o pagamento das prestações devidas, sendo esse fundo

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    individual, já a capitalização coletiva, as contribuições, em seu conjunto, são

    consideradas em favor da coletividade segurada.

    No regime de repartição simples, baseado na solidariedade entre indivíduos

    e entre gerações, as contribuições dos que podem trabalhar são imediatamente

    empregadas no pagamento de prestações dos que não podem exercer a atividade

    laborativa (JANECZESKI, 2011, p. 618).

     A Previdência Social está presente na vida dos cidadãos, auxiliando em

    todas as fases da vida, garantindo no momento de necessidade o benefício para

    aqueles que contribuem com o Instituto Nacional do Seguro Social, independente da

    modalidade de contribuição (JANECZESKI, 2011, p.620).

     A Previdência Social é definida por Martinez (2014, p. 99): 

    Como técnica de proteção social que visa propiciar os meios indispensáveisà subsistência da pessoa humana – quando esta não pode obtê-los ou nãoé socialmente desejável que os aufira pessoalmente através do trabalho,por motivo de maternidade, nascimento, incapacidade, invalidez,desemprego, prisão, idade avançada, tempo de serviço ou morte  – mediante contribuição compulsória distinta, proveniente da sociedade e decada um dos participantes.

    Entende-se então, que a Previdência Social é um instituto de proteçãosocial, na qual a subsistência das pessoas, desde que elas contribuam com o

    Regime Geral da Previdência Social (RGPS), que é de filiação obrigatória, para

    todos os cidadãos que exercem atividade renumerada ou na qualidade de

    contribuinte individual ou facultativo.

    Os benefícios consistem em prestações pecuniárias pagas pela Previdência

    Social aos segurados ou aos seus dependentes de forma a atender a cobertura dos

    eventos de doença, invalidez, morte, idade avançada, maternidade, salário-família e

    auxílio reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; e pensão por

    morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes.

    Os benefícios possuem requisitos específicos, ou seja, cada benefício pago

    pela Previdência Social possuem requisitos próprios para a sua concessão, e tais

    requisitos são válidos para todos os segurados do instituto, sendo vedada qualquer

    diferenciação (JANECZESKI, 2011, p. 620).

    Como sabemos, o benefício não substitui a renumeração do trabalhador, é

    uma forma de auxiliar a manutenção do trabalhador e seus dependentes nos

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    Esse equilíbrio é fundamental no controle financeiro e social da previdência,

    gerando dados do quanto é gasto, o quanto é pago, o número de benefícios

    concedidos, os tipos de benefícios que mais são concedidos, entre outros dados.

    Desta forma a Previdência Social deve atender os eventos de doença,

    invalidez, morte e idade avançada. Entende-se por eventos de doença não apenas o

    segurado adoecer, mas também sofrer um acidente e ficar imobilizado por um certo

    tempo, sendo que o benefício correspondente ao caso é o auxílio doença; eventos de

    invalidez ocorrem caso o segurado sofrer um acidente e ficar incapacitado totalmente

    ou parcialmente para o trabalho; no primeiro caso concede-se aposentadoria por

    invalidez e na segunda hipótese auxílio acidente ou ser acometido de uma doença

    que o incapacite permanentemente para o trabalho, sendo concedido aposentadoriapor invalidez; no caso de morte os dependentes do segurado ficam amparados, ou

    seja, ficam recebendo o valor do salário ou da aposentadoria que o segurado recebia

    em vida, neste caso concede-se a pensão por morte e no caso de idade avançada a

    aposentadoria, por idade ou tempo de contribuição (JANECZESKI, 2011, p. 619).

    Sendo que cada benefício possui suas próprias exigências como um tempo

    mínimo de contribuição, denominado de carência, exceto a pensão por morte, auxílio

    reclusão, o auxílio acidente, auxilio doença e aposentadoria por invalidez nos casosde acidente de qualquer natureza ou causa e de doença profissional ou de trabalho,

    conforme o que dispõe o art. 26 da Lei 8.213/91:

     Art. 26. Independe de carência a concessão das seguintes prestações:I - pensão por morte, auxílio-reclusão, salário-família, salário-maternidade,auxílio-acidente e pecúlios;I - pensão por morte, auxílio-reclusão, salário-família e auxílio-acidente;(Redação dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)II - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de

    qualquer natureza ou causa e de doença profissional ou do trabalho, bemcomo nos casos de segurado que, após filiar-se ao Regime Geral dePrevidência Social, for acometido de alguma das doenças e afecçõesespecificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e do Trabalhoe da Previdência Social a cada três anos, de acordo com os critérios deestigma, deformação, mutilação, deficiência, ou outro fator que lhe confiraespecificidade e gravidade que mereçam tratamento particularizado;III - os benefícios concedidos na forma do inciso I do art. 39, aos seguradosespeciais referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei;IV - serviço social;V - reabilitação profissional.VI - salário-maternidade para as seguradas empregada, trabalhadora avulsae empregada doméstica. (Incluído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99).

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    Concede também a Previdência Social proteção à maternidade e

    especialmente à gestante, subsidiando a mãe que se encontra nesta situação

    especial em sua vida, sendo devido esse benefício a essa mãe pelo período de 120

    dias, ou seja, quatro meses, para que ela possa cuidar de seu filho nos primeiros

    meses de vida, antes de voltar as suas atividades laborativas, podendo ser

    requerido junto ao INSS vinte e oito dias antes do parto, ou após dele, esse

    benefício também é pago para a mãe que adota uma criança, ou para aquela que

    por alguma fatalidade a criança não venha a nascer com vida, sendo esse período

    para a mulher se recuperar do triste fato (JANECZESKI, 2011, p. 624).

    O trabalhador que se encontra desempregado, pode encontrar na

    Previdência Social um auxílio para esse período sem salário, desde que essedesemprego seja involuntário, sendo pago à esse trabalhador o seguro desemprego,

    embora não pareça um benefício da Previdência Social, possuindo o seguro

    desemprego características próprias, ele se encontra no rol de benefícios pagos da

    Previdência Social, só que o seguro desemprego possui finalidade temporária

    (JANECZESKI, 2011, p. 624).

    Janeczeski (2011, p.621) trata que o salário família e o auxílio reclusão são

    benefícios pagos não para o segurado e sim para seus dependentes, desde que debaixa renda. O salário família embora tenha denominação de salário não é, pois não

    é pago pelo empregador em decorrência da contraprestação de serviço do

    empregado, mais sim um benefício pago pela Previdência social ao trabalhador

    urbano, rural e avulso, sendo esse benefício devido ao segurado, que tiver filho

    menor de quatorze anos ou inválido de qualquer idade, sendo equiparados à filho o

    enteado e o menor, que esteja sob a tutela e não possua bens suficientes à

    percepção deste benefício é necessário estar recebendo como salário até o valorestipulado pela Previdência Social.

    Já o auxílio reclusão é devido aos dependentes do recluso, sendo que este

    benefício depende de tempo mínimo de contribuição, passando a exigir como

    carência 24 meses de recolhimento, exigindo que no momento do recolhimento ao

    Órgão Prisional o segurado ainda mantenha a qualidade de segurado e que

    estivesse um salário previsto na legislação previdenciária.

    Nenhum benefício poderá ser inferior ao salário mínimo vigente no país,

    coadunando-se com o disposto no art. 7o, IV da Constituição Federal:

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    Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros quevisem à melhoria de sua condição social:

    [...]

    IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz deatender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família commoradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transportee previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poderaquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;

    [...]

    Deve o salário mínimo ser capaz de cobrir as necessidades básicas do

    trabalhador. Porém existe exceção: o auxílio acidente corresponde a 50% do salário

    de contribuição for o mínimo, ficando claro que o valor recebido pelo segurado será50% do valor do salário mínimo.

    Toda pessoa que é participante de um regime de previdência próprio, sendo

    o regime privado, não pode se filiar no Regime Geral da Previdência Social como

    segurado facultativo, apenas como segurado obrigatório poderá filiar-se.

     A Previdência Social possui como missão a garantia de proteção do

    segurado e sua família, através de um sistema público de política previdenciária

    eficaz e solidária, inclusiva e sustentável, que possui como objetivo o bem-estar

    social.

    Conclui-se que a Previdência Social está presente em todos os momentos

    da vida do cidadão, auxiliando-o nos momentos mais especiais da vida da segurada

    como, por exemplo, o salário maternidade ou no momento em que o segurado por

    alguma doença não possa mais exercer suas atividades laborativas, sendo ela

    provisória ou permanente, ela se encontra presente para os dependentes do

    segurado falecido ou que se encontra recluso. A Previdência Social é um seguro

    social, de filiação obrigatória, custeado por quem possui a carteira assinada ou

    contribui de maneira individual ou facultativa.

    2.2 SISTEMA DE REGIMES DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

    Como já mencionado os sistemas de Previdência Social estão estabelecidos

    nos artigos 201 e 202 da Constituição Federal. Sendo eles divididos em: público e

    privado.

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    Dentro do sistema público de Previdência Social compreendem-se o Regime

    Geral da Previdência Social (RGPS) e o Regime Próprio de Previdência Social

    (RPPS), sendo esses os principais regimes previdenciários.

    2.2.1 Regime Geral de Previdência Social (RGPS) 

    O Regime Geral da Previdência Social (RGPS) abrange todos os

    trabalhadores da iniciativa privada, ou seja, aqueles que possuem relação de

    emprego regida pela CLT, além de empregados rurais, domésticos, trabalhadoresautônomos, empresários, trabalhadores avulsos, servidores públicos não

    amparados por Regime Próprio de Previdência Social, garantindo a cobertura de

    todas as situações expressas no capítulo “da Previdência Social” na Constituição

    Federal.

    Os servidores públicos de municípios não amparados por regime próprio,

    como o caso do município de Capinzal no Estado de Santa Catarina que, desde

    1999, os seus servidores são amparados pelo Regime Geral de Previdência Social,bem como os servidores públicos detentores de emprego público ou cargo em

    comissão são esses trabalhadores também vinculados ao Regime Geral de

    Previdência Social.

    Castro e Lazzari (2006, p.111):

     Aquele que abarca, mediante normas disciplinadoras da relação jurídicaprevidenciária, uma coletividade de indivíduos que têm vinculação entre si

    em virtude da relação jurídica de trabalho ou de categoria profissional a queestá submetida, garantindo a esta coletividade, no mínimo, os benefíciosessencialmente observados em todo sistema de seguro social.

     As contingências que têm cobertura previdenciária pelo RGPS estão

    relacionadas no art. 201 da Constituição Federal: cobertura dos eventos de doença,

    invalidez, morte e idade avançada; proteção à maternidade, especialmente à

    gestante; proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; salário-

    família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; e

    pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e

    dependentes.

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    No âmbito do Regime Geral, a Lei 8.213/91 é o atual Plano de Benefícios

    (PBPS); já a Lei 8.212/91 corresponde ao atual Plano de Custeio e Organização e o

    Decreto 3.048/99 ao atual Regulamento.

    O regime é de caráter contributivo porque a cobertura previdenciária

    pressupõe o pagamento de contribuições do seguro para o custeio do sistema.

    Somente quem contribui adquire a qualidade de segurado da Previdência Social e,

    cumpridas as respectivas carências, possui direito à cobertura previdenciária

    correspondente à contingência-necessidade que o acomete.

    Já a filiação é obrigatória porque quis o legislador constituinte, de um lado,

    que todos tivessem cobertura previdenciária e, de outro, que todos contribuíssem

    para o custeio.Quis a Constituição Federal que os critérios de organização do RGPS

    preservem o equilíbrio financeiro e atuarial.

     As contribuições previdenciárias formam um fundo destinado ao

    financiamento das prestações previdenciárias, e que não pode ser deficitário, sob

    pena de comprometer a sobrevivência do sistema.

    2.2.2 Regime Próprio de Previdência Social 

    O Regime Próprio de Previdência Social abrange os servidores de cargo

    efetivo no âmbito de cada ente federativo. Abrange também os magistrados e os

    membros do Ministério Público.

     A Lei 9.717/98 menciona em seu art. 1⁰ -A sobre o regime próprio de

    Previdência Social:

    Art.1o-A. o servidor público titular de cargo efetivo da União, dos Estados,do Distrito Federal e dos Municípios ou o militar dos Estados e do DistritoFederal filiado a regime próprio de previdência social, quando cedido aórgão ou entidade de outro ente da federação, com ou sem ônus para ocessionário, permanecerá vinculado ao regime de origem.

    Por outro lado, o §13 do art. 40, da CF/88, determina que: “Ao servidor

    ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre

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    nomeação e exoneração bem como de outro cargo temporário ou de emprego

    público, aplica-se o regime geral de previdência social”. 

    O Regime Próprio de Previdência Social possui caráter compulsório para

    aquele servidor público do ente federativo que o tenha instituído, considerando os

    tetos e subtetos definidos pela EC 41/2003.

    Estão excluídos desse regime os empregados públicos, bem como agentes

    políticos, servidores temporários e aqueles cujo o cargo é de confiança, todos estes

    em questão são filiados obrigatoriamente ao Regime Geral de Previdência Social

    (RGPS).

    2.2.3 Fator Previdenciário como limitador de Benefícios

    O salário de benefícios é considerado o valor básico utilizado para o cálculo

    da renda mensal dos benefícios pagos pela Previdência Social, exceto para o salário

    família e salário maternidade, ele é obtidos a partir da média dos salários de

    contribuição.O fator previdenciário foi criado como uma maneira de equiparar a

    contribuição do segurado ao valor por ele recebido no benefício, em suma o fator

    previdenciário é um coeficiente para atender os objetivos de equilíbrio financeiro

    atuarial no sistema de previdência social brasileiro.

    É considerado por muitos um redutor do salário de benefício em relação ao

    salário de contribuição, sendo que na maioria dos casos o valor do benefício

    recebido pelos segurados da previdência social é menor que o salário que o mesmorecebia enquanto o mesmo laborava.

    Existem inúmeros movimentos para a exclusão do fator previdenciário, mais

    o mesmo já foi decidido como constitucional, pois ele por si só não altera as

    condições de elegibilidade aos benefícios, apenas altera a forma de cálculo da RMI

    (desconstitucionalizada pela EC 20/98).

    Na fórmula do Fator Previdenciário foi utilizada a relação atuarial existente

    entre o número de anos contribuídos e o número de anos de recebimento do

    benefício (expectativa de sobrevida no momento da aposentadoria), como demostra

    a fórmula utilizada pela Previdência Social.

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    O decreto que introduziu no nosso ordenamento jurídico o fator

    previdenciário não permite que o segurado descubra antecipadamente a sua

    situação de sobrevida, pois essa é feita sobre os dados do IBGE.

    2.2.4 Aposentadoria no Regime Geral de Previdência Social

     Aquele trabalhador que em idade avançada, ou já laborou durante uma boa

    parte de sua vida, ou aquele que exerce suas atividades laborativas em situação de

    risco, ou que por algum problema de saúde permanente não possa mais trabalhar,para todos esses segurados a Previdência Social concede em forma de benefício a

    aposentadoria.

     A Previdência Social possui vários tipos de aposentadoria, sendo elas:

    a) Aposentadoria por Invalidez (espécie 32);

    b) Aposentadoria por Idade (espécie 41);

    c) Aposentadoria por Tempo de Contribuição (espécie 42);d) Aposentadoria Especial (espécie 46).

    Janeczeski (2011, p.620) dispõe que para efeito de aposentadoria é

    assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição na Administração

    Pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese em que diversos regimes de

    previdência se compensarão financeiramente, de acordo com critérios estabelecidos

    em lei. No entanto, há ressalvas, pois o servidor público que é filiado ao RGPS epretende computar um tempo como rural deverá indenizar (pagar ao INSS) este

    tempo do rural, que será computado na sua aposentadoria.

     Assim, o segurado após a concessão da aposentadoria, para um

    complemento de renda, pode continuar laborando e automaticamente contribuindo

    para à Previdência Social, o único caso que após a concessão da aposentadoria que

    não pode retornar as suas atividades laborativas, é aquele segurado que foi

    aposentado por invalidez.

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    2.2.5 Modalidades de Aposentadoria 

    2.2.5.1 Aposentadoria por Invalidez

    Essa modalidade de aposentadoria é devida a todo segurado, obrigatório ou

    facultativo que, após cumprida a carência mínima exigida pelo benefício, ficar

    incapacitado total e permanente para o exercício de qualquer atividade ou trabalho

    que assegure o seu sustento e o de sua família.

    O conceito da aposentadoria por invalidez é trazido pelo artigo 42 da Lei8.213/91:

     A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, acarência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo deauxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação parao exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á pagaenquanto permanecer nesta condição.

    Para que seja comprovada a incapacidade desse segurado, o mesmodeverá passar por uma perícia médica junto ao INSS pelo perito, podendo ser

    acompanhado por um médico ou pessoa de sua confiança.

    Menezes (2012, p.190) pondera que só a incapacidade do segurado não

    deve ser somente para o exercício da atividade que habitualmente exercia, mas em

    relação a qualquer outra que possa garantir a subsistência. O segurado incapaz

    deve ser considerado insuscetível de reabilitação, levando-se em consideração suas

    qualidades.

    Esse benefício tem como carência mínima 12 contribuições mensais, sem a

    qual ele não adquiriria a qualidade de segurado, já no caso do segurado rural, o

    mesmo deve comprovar a sua qualidade de segurado especial através de

    documentos, como notas fiscais rurais, declaração de filiação ao sindicato dos

    agricultores, e essa comprovação deve ser de 12 meses.

    O valor de renda mensal do benefício de aposentadoria por invalidez

    corresponde a 100% do salário do auxílio doença previdenciário ou auxílio

    acidentário, desse valor é feito uma média aritmética simples dos maiores salários

    de contribuição desse segurado, correspondendo a 80% de todo o período

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    período de seis meses após o ultimo recebimento do valor do benefício para pedir

    administrativamente o auxílio doença ou auxílio doença acidentário que precedeu a

    aposentadoria por invalidez.g

    2.2.5.2 Aposentadoria por Idade

     A promulgação da Constituição Federal de 1988 trouxe a preocupação com

    aquele trabalhador que não possui o direito de se aposentar por tempo de

    contribuição, pois não possui a carência exigida do benefício, mais ele terá direito àse aposentar por idade, desde que cumprido os requisitos exigidos do benefício,

    conforme dispõe o art. 201, I:

    a previdência social será organizada sob a forma de regime geral, decaráter contributivo e de filiação obrigatória, observada os critérios quepreservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos:

    I - cobertura dos eventos doença, invalidez, morte e idade avançada.

    O mesmo artigo mencionado acima, no seu §7⁰ , inciso II, trata sobre a

    idade que deverá ser observada para a concessão do benefício de aposentadoria no

    Regime Geral de Previdência Social:

    “§7o é assegurado aposentadoria no regime geral de previdência social, nos

    termos da lei, obedecidas as seguintes condições:

    II – sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade,se mulher, reduzido em cinco anos o limite para os trabalhadores rurais deambos os sexos e para os que exerçam suas atividades em regime deeconomia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e opescador artesanal.” 

    No caso do agricultor de economia familiar, denominado pela Previdência

    Social como segurado especial, receberá como salário de benefício de

    aposentadoria o valor de um salário mínimo. Caso esse segurado especial venha a

    contribuir de forma facultativa para a Previdência, o seu salário de benefício será

    nos moldes do contribuinte individual.

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     A média para o salário de contribuição é uma aritmética simples dos maiores

    salários de contribuição correspondentes a 80% do período contributivo, multiplicado

    pelo fator previdenciário.

    Tanto para o benefício urbano quanto para o rural a carência exigida é de

    180 contribuições mensais, no caso do rural é exigido 180 meses de efetivo trabalho

    como agricultor na categoria de subsistência. E a idade exigida para homem é de 60

    (sessenta) anos e para mulher é de 55 (cinquenta e cinco) anos.

    Já para os chamados urbanos, a idade exigida, juntamente com o período

    de contribuição e carência do benefício é de, 60 (sessenta) anos para mulher e 65

    (sessenta) anos para homem.

     A aposentadoria por idade, ao contrário da aposentadoria por invalidez évitalícia, sendo ela cessada apenas com a morte do segurado, esse benefício possui

    como características a irreversibilidade, é irrevogável e irrenunciável, significando

    que uma vez concedida, o segurado somente pode desistir antes de receber o

    primeiro pagamento, ou antes do saque do FGTS, valendo o que ocorrer antes.

    Para cada ano que o segurado contribui a mais aumenta em 1% o valor do

    benefício, por exemplo, se o segurado já possui as 180 contribuições mensais

    exigidas pelo benefício, mas não possui a idade que é outro requisito, o mesmo irácontribuir até chegar a idade exigida por lei para que seja concedida a

    aposentadoria, então cada ano a mais de contribuição, aumento o valor do salário,

    pois o mesmo também deve ter no tempo do protocolo junto ao INSS a qualidade de

    segurado.

    O envelhecimento da população brasileira é algo certo, conforme vai

    passando os anos a população vai envelhecendo, aumentando a expectativa de vida

    dos nossos cidadãos, pensando nesses segurados que possuem uma longevidadecada vez maior, a Previdência Social instituiu a aposentadoria por idade,

    diferenciando os critérios para a sua concessão, quanto para homem e mulher,

    quanto para trabalhador urbano e rural.

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    2.2.5.3 Aposentadoria por Tempo de Contribuição

    Essa modalidade de aposentadoria é conhecida pelo seu planejamento por

    parte do segurado ao longo de sua vida laboral, sendo um benefício adquirido pela

    voluntariedade do segurado, através desse planejamento ao longo da vida de

    contribuição.

    Sendo a aposentadoria por tempo de contribuição prevista em nossa lei

    maior, a Constituição Federal Brasileira, em seu art. 201, §7o, I:

    Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral,de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios quepreservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:[...]§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nostermos da lei, obedecidas as seguintes condições: (Redação dada pelaEmenda Constitucional nº 20, de 1998)I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos decontribuição, se mulher; (Incluído dada pela Emenda Constitucional nº 20,de 1998).

    Com a reforma previdenciária implantada com a EC 20/98 tornou o RGPS

    eminentemente contributivo, já com a Lei 9.876/99 ocorreu que as alterações

    constitucionais foram efetivadas, tornando a antiga aposentadoria por tempo de

    serviço a atual aposentadoria por tempo de contribuição, sendo esse o benefício

    mais atingindo pela reforma, alterando algumas regras, sendo umas das regras

    atingidas o tempo de contribuição exigido para homem que é de 35 (trinta e cinco)

    anos de contribuição e para mulher 30 (trinta) anos.

    Já o art. 102, §1o do PBPS dispõe que “a perda da qualidade de segurado

    não prejudica o direito à aposentadoria para cuja concessão tenham sido

    preenchidos todos os requisitos, segundo a legislação em vigor à época em que

    estes requisitos foram atendidos.” 

    Esse artigo de lei respeita o que conhecemos no direito como direito

    adquirido do segurado e que terá reflexo na cobertura previdenciária até para seus

    dependentes. Sendo essa regra mantida pela Lei 10.666/2003, dispondo que “a

    perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão das

    aposentadorias por tempo de contribuição e especial.” 

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    No tocante à aposentadoria proporcional, é um assunto mais delicado, pois

    para o segurado que ingressou no RGPS após 16.12.1998, não existe

    aposentadoria proporcional nas regras permanentes, somente para quem já estava

    no Regime Geral da Previdência Social antes dessa data.

    Mas para não prejudicar os que ingressam no RGPS antes da EC 20/98, a

    aposentadoria proporcional está prevista em regras transitórias, aplicáveis aos que

    ingressaram no RGPS antes da EC 20.

    APOSENTADORIA PROPORCIONAL

    Requisitos cumpridos até 16.12.98 SIM Direito Adquirido

    Ingresso a partir de 16.12.98 NÃO Regras Permanentes

    Ingresso até 15.12.98, sem cumprimento dos requisitos SIM Regras TransitóriasQuadro 1: Aposentadoria Proporcional.Fonte: o autor.

     Assim, após a implementação da EC 20 em 1998, alteraram as regras do

    pedido de concessão de aposentadoria proporcional, respeitando o direito adquirido

    que o segurado já possuía antes da implementação da EC 20 e as regras

    transitórias.

    Cabe ressaltar o enunciado da Súmula 726 do Supremo Tribunal Federal:“Para efeito de aposentadoria especial de professores, não se computa o tempo de

    serviço prestado fora da sala de aula.” Desse modo, não fará jus ao benefício

    apenas aqueles professores que estão diariamente na sala de aula, mas também os

    que exercem atividade de diretoria.

    Fábio Ibrahim Zambitte (2010, p.639) aponta que também são incluídos os

    coordenadores e assessores pedagógicos na ressalva feita por essa súmula em

    relação ao diretor, desde que eles também sejam qualificados como professores.

    2.2.5.4 Aposentadoria Especial

    Com previsão legal nos artigos 57 e 58 da lei 8.213/91, a aposentadoria

    especial poderá ser concedida ao segurado que trabalha em condições onde sua

    saúde ou sua integridade física sejam prejudicadas. Nesse caso basta ter o tempo

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    de contribuição e comprovar que exercia suas atividades laborais em condições

    especiais.

     A lei prevê o tempo de 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos. A

    quantidade necessária de contribuições dependerá da atividade que o segurado

    comprovadamente exerceu. Grande parte das alterações deste tipo de

    aposentadoria deu-se por conta da lei n. 9.032/95, que restringiu de forma

    considerável o direito de algumas categorias profissionais.

     A Emenda Constitucional nº 20/98, ao dar nova redação ao § 1º do artigo

    201 da Constituição Federal, estabeleceu que é vedada a adoção de requisitos e

    critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos beneficiários do

    regime geral de previdência social, ressalvados aos casos de atividades exercidassob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. Salienta-

    se que, mesmo anteriormente a esta Emenda Constitucional, já havia previsão no

    ordenamento jurídico de atividades consideradas insalubres e com redução em

    tempo de serviço, o que será posteriormente abordado.

    O benefício previdenciário de aposentadoria especial é uma espécie de

    aposentadoria por tempo de contribuição, com redução do tempo de contribuição em

    razão do exercício de atividades consideradas prejudiciais à integridade física ou àsaúde do trabalhador, através de agentes perigosos ou nocivos, podendo ser

    químicos, físicos ou biológicos.

     A finalidade deste benefício é a de amparar o trabalhador que laborou em

    condições nocivas e perigosas à sua saúde.

    Deve-se observar que, para a obtenção do benefício, não é necessária a

    comprovação de qualquer prejuízo físico ou mental do segurado  –  o direito ao

    benefício de aposentadoria especial decorre do tempo de exposição, independenteda existência de sequela, sendo que esta é presumida.

    Sérgio Pinto Martins (1999, p.355) aponta que a aposentadoria especial é

    devida ao segurado que tenha trabalhado durante 15, 20 ou 25 anos, conforme o

    caso, em condições descritas pela lei como prejudiciais à saúde ou à integridade

    física do trabalhador. Note-se, contudo, que o empregador não se exime de

    proporcionar meios que reduzam a insalubridade do ambiente de trabalho com o

    uso, por exemplo, de equipamentos de proteção especial (EPI´s).

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    3 DESAPOSENTAÇÃO NO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL

     A desaposentação no Brasil consiste no ato de renúncia do benefício da

    aposentadoria requerida junto à Previdência Social, definida pela doutrina como

    “aposentadoria inversa”, porém nos dias atuais o termo desaposentação vem sendo

    utilizado de maneira mais ampla, não se referindo somente a renúncia da

    aposentadoria, é utilizada também para conceituar a renúncia de qualquer benefício

    de natureza previdenciário ou assistencial.

    Segundo Castro e Lazzari (2006, p.506):

     A desaposentação é o direito do segurado ao retorno à atividaderemunerada, com o desfazimento da aposentadoria por vontade do titular,para fins de aproveitamento do tempo de filiação em contagem para novaaposentadoria, no mesmo ou em outro regime previdenciário.

     A desaposentação, apesar de não ser uma ação de revisão de benefício,

    pois é uma renúncia ao benefício anterior e ao mesmo tempo um pedido de nova

    aposentadoria, é, sem dúvida nenhuma a melhor maneira de se garantir uma

    aposentadoria mais digna e vantajosa para aqueles segurados que já se

    aposentaram e continuam à contribuir.

    Sabemos que os benefícios, tanto no ato da concessão quanto ao longo do

    tempo, sofrem diversas deduções, isso porque o índice de aumento dos benefícios

    que recebem apenas um salário mínimo é um, e os benefícios que recebem mais de

    um salário mínimo o índice de aumento é inferior.

    O juiz federal Ivori Luis da Silva Scheller chegou perto da distinção entre

    essa renúncia e a desaposentação. Para ele, a primeira é a abdicação do tempo de

    serviço (o que é uma possibilidade técnica), enquanto a segunda é a utilizaçãodesse tempo de serviço procedida da primeira aposentação (Acórdão de 5.804 no

    Processo número 2004.91.95.003417-4, da Turma Recursal de Santa Catarina,

    publicada no Caderno Previdenciário do TRF da 4a Região, n.1.2005).

     A desaposentação é muito mais que um instituto criado pela doutrina e

     jurisprudência, pois carece de previsão tanto concessiva quanto proibitiva na

    Constituição Federal e Legislação Previdenciária.

    No Regime Geral de Previdência Social (RGPS), não há vedação legal aoaposentado que continuar a labora seja como empregado ou como empresário,

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    como exceções nesse caso quanto ao segurado que se encontra aposentado por

    invalidez, pois o mesmo após a concessão não pode mais exercer nenhum tipo de

    trabalho, seja qual for a natureza de seu esforço (leve, moderada ou pesada), pois

    foi aposentado porque seu problema de saúde o impossibilitou de trabalhar

    normalmente, e o segurado que foi concedida a aposentadoria especial, esse não

    pode trabalhar mais em área insalubre.

     A desaposentação exige sempre um aproveitamento de tempo laborado

    após a concessão de aposentadoria ou benefício, para fins de obtenção de condição

    mais benéfica e vantajosa ao segurado. Quando esse segurado pleiteia a conversão

    de um benefício em outro, sem que aja o cômputo de tempo laborado após a

    concessão da aposentadoria renunciada, trata-se de um pedido de revisão.Como instituto técnico previdenciário, a desaposentação é um ato

    administrativo vinculado complexo, envolvendo várias iniciativas de pessoas físicas

    e de algumas pessoas jurídicas, possui a desaposentação como passo inicial a

    desistência de um direito próprio, o de receber as mensalidades de uma prestação

    anteriormente constituída que esteja sendo mantida.

    Requerida essa desistência, aprovada e formalizada essa abstenção jurídica

    por parte da entidade administradora do regime de origem, a partir de certa data-base ela produzirá efeitos práticos e jurídicos no seu domínio e fora dele, sem que

    tenha de ser necessariamente no dia seguinte à declaração. O autor a requer,

    porque é ato unilateral, mas quem a efetiva formalmente é o requerido, enquanto o

    órgão gestor a constituir, não existe a renúncia desse, e seu efeito é ex tunc, tal

    efeito é de um determinado instante.

    3.1 CONCEITO, APLICABILIDADE E ASPECTOS JURÍDICOS

    Sem dúvida alguma conceituar o tema desaposentação não é tarefa fácil,

    alcançar uma definição sintética do que seja a desaposentação será muito útil para a

    compreensão deste novo instituto, embora o mesmo não tenha lei que o aprove,

    apenas entendimentos dos vários Tribunais no Brasil.

    Basicamente, a desaposentação é uma renúncia às mensalidades da

    aposentadoria, sem prejuízo do tempo de serviço ou do tempo de contribuição, por  

    ser irrenunciáveis, seguida ou não de volta ao trabalho, restituindo-se o que for

    atuarialmente necessário para a manutenção do equilíbrio financeiro dos regimes

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    envolvidos com o aproveitamento do período anterior no mesmo ou em outro

    Regime da Previdência Social, sempre que a situação do segurado melhorar e isso

    não causar prejuízo à terceiro.

     A rigor, o que há é a desistência do cômputo do tempo de serviço em razão

    de seu custo ou de outra conveniência, mas em si mesmo ele é renunciável. A

    qualquer momento quando interessar ao segurado ele pode requerer a

    desaposentação, isso só é permitido para aquele segurado que embora seja

    aposentado continua a trabalhar normalmente e a contribuir com o INSS (Instituto

    Nacional do Seguro Social), aumentando assim a sua renda da aposentadoria,

    somente é válido após análise das contribuições, pois há casos em que não valem a

    pena ingressar com o pedido de desaposentação.Segundo Paulo Tarso Guimarães é a ideia simplificada decorrente de uma

    primeira avaliação. De regra pode dar-se de alguém simplesmente não querer voltar

    ao trabalho ou já está trabalhando, eventualmente, no serviço público, e desejar

    computar o tempo do RGPS no RPPS (MARTINEZ, 2014, p.48).

     A desaposentação é um direito que o aposentado possui de renunciar à

     jubilação e utilizar o tempo de serviço para uma nova aposentadoria, de regra, mais

    vantajosa.Lorena de Mello Rezende Colnago a define como tentativa do beneficiário de

    desfazer a ato administrativo de aposentação, com fundamento exclusivo na sua

    manifestação volitiva, a fim de liberar o tempo de contribuição utilizado na

    concessão de nova aposentadoria em um regime mais benéfico (MARTINEZ, 2014,

    p.49).

     A desaposentação é ato de renúncia à aposentadoria, instituto do direito civil

    e o ato de aposentação é direito patrimonial disponível.Não existe nenhuma vedação na Constituição Federal e nem em Lei em

    relação à renúncia da aposentadoria, pelo contrário, a Legislação previdenciária

    sempre autoriza e garante a contagem recíproca do tempo de contribuição entre

    regimes de previdência:

    Constituição Federal de 1988

    Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral,de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios quepreservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:

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    (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (Vide EmendaConstitucional nº 20, de 1998):

    (...)

    § 9º Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca dotempo de contribuição na administração pública e na atividade privada, rurale urbana, hipótese em que os diversos regimes de previdência social secompensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei.(Incluído dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998).

     A única vedação em relação ao aproveitamento de tempo de serviço é em

    relação ao aproveitamento de tempo de serviço e em relação a períodos

    concomitantes e quanto aos períodos já aproveitados em outro regime:

    Lei n. 8.213/1991

    Art. 96. O tempo de contribuição ou de serviço de que trata esta Seção serácontado de acordo com a legislação pertinente, observadas as normasseguintes:I - não será admitida a contagem em dobro ou em outras condiçõesespeciais;II - é vedada a contagem de tempo de serviço público com o de atividadeprivada, quando concomitantes;III - não será contado por um sistema o tempo de serviço utilizado paraconcessão de aposentadoria pelo outro;

    (...)

     A autarquia previdenciária e parte dos doutrinadores defendem a

    irrenunciabilidade e irreversibilidade da aposentadoria baseados em normas

    infralegais.

    O artigo 181-B do Decreto n. 3.048/99, acrescentado pelo Decreto n.

    3.265/99, explica:

    Artigo 181-B.  As aposentadorias por idade, tempo de contribuição eespecial concedidas pela previdência social, na forma deste Regulamento,são irreversíveis e irrenunciáveis.

    Ocorre que a função de um Decreto proveniente do Poder Executivo vem a

    ser regulamentado e interpretado por uma Lei. Desta forma, tal dispositivo é

    considerado ilegal, pois ele inova no campo do Direito Previdenciário, é a ideia de

    que a Administração Pública só pode ser exercida na conformidade da Lei e que, de

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    conseguinte, a atividade administrativa é atividade sublegal, infralegal, consistente

    na expedição de comandos complementares à lei.

     Acontece que o Decreto n. 3.265/99 regulamenta a Lei n. 9.876/99, que não

    faz em seu texto de Lei nenhuma menção sobre a irrenunciabilidade de benefício

    previdenciário. Como anteriormente mencionado, não há nenhuma referência na Lei

    sobre a impossibilidade de renúncia à aposentadoria, o que torna o dispositivo

    infralegal, não surtindo qualquer efeito no mundo jurídico.

    Outro argumento utilizado em desfavor à renúncia das aposentadorias é o

    Princípio da Solidariedade com previsão no artigo 195 da Constituição Federal:

     Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de formadireta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dosorçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, edas seguintes contribuições sociais: (Vide Emenda Constitucional nº 20, de1998).

    (...)

    O Princípio da Solidariedade dispõe que a Seguridade Social será financiada

    por toda a sociedade, sendo que o aposentado pelo RGPS que exerce atividade

    abrangida por este regime é segurado obrigatório, ficando sujeito às contribuiçõespara fins de custeio da Seguridade Social.

    Todavia, mesmo sendo a previdência social sustentada pela

    compulsoriedade das contribuições, que se justifica pelo princípio da solidariedade,

    isso não deve ser utilizado contra o segurado.

    Se persistir sua obrigação solidária com o sistema previdenciário, mesmo

    após anos de trabalho, nada mais justo do que ter refletido no seu beneficio as

    contribuições vertidas. O fundamento único da solidariedade tem embasado avoracidade da atividade tributária do Estado, sem nenhuma repercussão estatal ao

    aposentado trabalhador, restando-lhe unicamente apenas o ônus da solidariedade.

     A taxação do jubilado é pacífica, entretanto, aumentar a fonte de custeio sem uma

    correspondente contrapartida ao segurado, é esvaziar, igualmente, outros princípios

    previdenciários constitucionais, a saber: o da contributividade e da retributividade.

    Martinez (2011) entende que deva haver o restabelecimento do “status quo

    ante”, observados os parâmetros imprescindíveis atuariais. Existem decisões

     judiciais para a desaposentação nos dois sentidos: ora não se exigindo a devolução,

    ora se exigindo conforme se destaca:

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    PREVIDÊNCIA. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. POSSIBILIDADE.DEVOLUÇÃO DE VALORES. DESNECESSIDADE. A Primeira Seção doSuperior Tribunal de Justiça, no julgamento REsp nº 1.334.488, SC,

    processado sob o regime do art. 543-C do Código de Processo Civil,consolidou o entendimento de que "os benefícios previdenciários sãodireitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistênciapelos seus titulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos daaposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessão de novo eposterior jubilamento" (DJe, 14.5.2013). Agravo regimental improvido.

    (STJ - AgRg no REsp: 1333591 RS 2012/0142657-4, Relator: Ministro ARIPARGENDLER, Data de Julgamento: 19/11/2013, T1 - PRIMEIRA TURMA,Data de Publicação: DJe 26/11/2013).

    Podemos concluir ser possível a renúncia da aposentadoria, bastando

    somente a declaração de vontade do renunciante, independendo do assentimento

    da autarquia previdenciária.

     A aposentadoria é uma contraprestação do estado por serviços prestados

    pelo trabalhador nas condições definidas em Lei. É um direito patrimonial que ao

    segurado é disponível, subjetivo e privado, porém em relação à administração, por

    força do ato jurídico perfeito é obrigação de caráter público que não pode ser

    alterada.

    Em suma, a desaposentação exige sempre um aproveitamento de tempo de

    serviço daquele aposentado que mesmo recebendo sua aposentadoria continua

    exercendo alguma atividade laborativa e a contribuir com a Previdência Social, é a

    renúncia de um benefício para um benefício mais vantajoso.

    3.1.2 Análise jurisprudencial sobre desaposentação

     A jurisprudência nacional não possuiu um único entendimento sobre a

    desaposentação e está longe de alcançar um consenso. Também, não se pode

    afirmar que há jurisprudência majoritária ou preponderante. Os juízes, os tribunais

    regionais e os tribunais superiores não pacificaram o tema, de modo que,

    diuturnamente, na justiça brasileira, o assunto é suscitado e discutido, produzindo-se

    decisões que chegam a ser diametralmente opostas, antagônicas.

    Ementa: Previdenciário. Processual Civil. Natureza da ação.Declaratória e Condenatória. Hipótese de observância do Princípio dafungibilidade. Renúncia à Aposentadoria Previdenciária. Opção para

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    fins de contagem de tempo de serviço no serviço público (art. 202, § 2º,da CF/88). Situação mais benéfica. Direito do segurado. (TRF 5ª R. ACn. 133529-CE. 98.05.09283-6, Relator Juiz Araken Mariz).

     A decisão acima citada possui mais de 12 anos e foi publicada no Diário daJustiça no ano de 1998, trata-se da renúncia do benefício previdenciário para a

    obtenção de um benefício mais vantajoso.

    Tal decisão tornou-se um importante precedente no mundo jurídico, pois

    tratou especificamente da renúncia a benefício do RGPS para RPPS, tendo como

    principal objetivo levar a aposentadoria no serviço público o tempo trabalhado no

    regime geral. O ano de 1998 foi marcante quando se trata do instituto da

    desaposentação, pois foi nessa época que o assunto estava desabrochando nomundo jurídico através de decisões de diversos Tribunais Brasileiros, já que até a

    data de hoje não foi sancionada a Lei da Desaposentação.

    Neste ínterim, vale conferir a compreensão do ínclito Tribunal:

    APOSENTADORIA PREVIDENCIÁRIA. RENUNCIA. TEMPO.APOSENTADORIA ESTATUTÁRIA. A aposentadoria previdenciária, na

    qualidade de direito disponível, pode sujeitar-se à renúncia, o que possibilitaa contagem do respectivo tempo de serviço para fins de aposentadoriaestatutária. Note-se não haver justificativa plausível que demandedevolverem-se os valores já percebidos àquele título e, também, não setratar de cumulação de benefícios, pois uma se iniciará quando finda aoutra.

    Embora os Tribunais ainda não tenham chegado à um entendimento quanto

    à desaposentação, possuindo diversas conclusões no que dispõe o instituto da

    desaposentação, de modo sucinto, podem ser agrupadas em duas correntes. A

    primeira corrente, calcada em óbice no ordenamento jurídico e afronta à garantia doato jurídico perfeito, não admite a desaposentação. É a posição do TRF da 1ª

    Região e as 8ª e 9ª Turmas do TRF da 3ª Região. A segunda corrente admite a

    desaposentação, porém com alguma divergência. Abrem-se, então, duas

    orientações para esta corrente. Uma orientação entende que a renúncia opera

    efeitos retroativos, desde a concessão do benefício da aposentadoria. Em

    consequência, é devida a restituição de tudo quanto o aposentado percebeu

    enquanto manteve essa qualidade. É o posicionamento do TRF da 4ª e 5ª Regiões,e a 10ª Turma do TRF da 3ª Região. Outra orientação entende que, por constitutiva

  • 8/18/2019 tcc o instituto da desaposentaçao o direito a nao devolucao dos valores recebidos a previdencia social.pdf

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    negativa, a decisão proferida em sede de ação de desaposentação opera efeitos

    para o futuro. O que desconstitui o ato jurídico da aposentação é a decisão judicial.

    Portanto, os valores percebidos até a decisão judicial final o foram a justo título,

    inexistindo motivo para sua restituição. Assim, entende o Superior Tribunal de

    Justiça por meio de suas 5ª e 6ª Turmas. O Supremo Tribunal Federal ainda não

    enfrentou o tema, i.e., se a renúncia unilateral à jubilação ofende a garantia

    constitucional do ato jurídico perfeito. Entrementes, possui firme posição quanto a

    dois temas correlatos, que podem sinalizar a direção a ser adotada quanto do

    enfrentamento da desaposentação. No RE nº 437.640 o Supremo entendeu que a

    contribuição previdenciária do aposentado ao RGPS que retorna à atividade está

    amparada pelo princípio constitucional da universalidade de custeio. Ademais, oartigo 201 § 4º remete à lei os casos em que a contribuição deve refletir nos

    benefícios. Portanto, o fato da exação exigida do aposentado não refletir em seu

    benefício, da forma como disciplinada pela Lei nº 8.213/91, não ofende a

    Constituição. O segundo tema enfrentado pela Corte foi o confronto entre a garantia

    do ato jurídico perfeito e o princípio da concessão do benefício mais vantajoso ao

    segurado. No RE nº 352.291 o STF manifestou-se quanto à impossibilidade da

    desaposentação para fins de converter aposentadoria integral em aposentadoriaproporcional, eis que  –  na perspectiva do segurado  –  este seria o benefício mais

    favorável. A Corte entendeu que a conversão ofenderia a garantia do ato jurídico

    perfeito, e que o princípio da concessão do benefício mais vantajoso não é absoluto,

    cedendo lugar ao primeiro.

    Como ainda não entrou em votação a Lei da Desaposentação, sendo adiada

    inúmeras vezes, o instituto da Desaposentação possui seu alicerce na jurisprudência, onde possui corrente favorável e outra desfavorável, ainda assim,

    são as decisões do