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1 INTRODUÇÃO Para falarmos de uma doença milenar como é a tuberculose nos dias atuais é preciso retroceder num tempo distante. Conhecida desde a antiguidade pelos egípcios, gregos, árabes e outros povos do oriente médio. Durante séculos foi considerada uma enfermidade sem importância. Sobreviveu a guerras, no período de urbanização capitalista no final do sec. XIX e sendo chamada de a grande peste branca. Alastrou-se mundialmente durante o período colonial e também com o sistema capitalista. A tuberculose é a doença crônica de maior morbidade e mortalidade e apesar da disponibilidade de tratamentos eficazes, continua sendo um problema de saúde pública (RAMOS, 2010). A organização mundial de saúde (OMS) estima que surjam no mundo anualmente 8 milhões de novos casos de tuberculose; resultando em 2 milhões de mortes por ano. Estima-se que cerca de 1 bilhão e 7 milhões de indivíduos em todo o mundo estejam infectados pelo bacilo o que corresponde a 30% da população. Nos países desenvolvidos a cada ano 40 mil mortes são devidas a tuberculose e mais de 13

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1 INTRODUÇÃO

Para falarmos de uma doença milenar como é a tuberculose nos dias

atuais é preciso retroceder num tempo distante. Conhecida desde a

antiguidade pelos egípcios, gregos, árabes e outros povos do oriente médio.

Durante séculos foi considerada uma enfermidade sem importância.

Sobreviveu a guerras, no período de urbanização capitalista no final do sec.

XIX e sendo chamada de a grande peste branca. Alastrou-se mundialmente

durante o período colonial e também com o sistema capitalista. A tuberculose é

a doença crônica de maior morbidade e mortalidade e apesar da

disponibilidade de tratamentos eficazes, continua sendo um problema de saúde

pública (RAMOS, 2010).

A organização mundial de saúde (OMS) estima que surjam no mundo

anualmente 8 milhões de novos casos de tuberculose; resultando em 2 milhões

de mortes por ano. Estima-se que cerca de 1 bilhão e 7 milhões de indivíduos

em todo o mundo estejam infectados pelo bacilo o que corresponde a 30% da

população. Nos países desenvolvidos a cada ano 40 mil mortes são devidas a

tuberculose e mais de 400 mil novos casos são descobertos, sendo mais

frequente casos em idosos, minorias étnicas e imigrantes estrangeiros. No

Brasil, estima-se que 35 a 45 milhões de pessoas estão infectadas, pelos

bacilos e cerca de 100 mil casos novos e 4 a 5 mil mortes de tuberculose

ocorram anualmente (FRAGA, 2002).

O micro-organismo causador da doença é o bacilo de koch, cientificamente chamado Mycobacterium tuberculosis. A doença é transmitida pelo ar através da inalação de bacilos que se alojam nos pulmões, podendo atingir todos os órgão do corpo, mas a doença só é transmitida por quem estiver infectado com o bacilo nos pulmões. (ROSSETTI, 2005, p45).

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Em pacientes infectados pelo HIV o número de casos de tuberculose

extra pulmonar (a qual manifesta em qualquer órgão do corpo) pode chegar a

40% e o risco anual de desenvolver tuberculose em pessoas co-infectadas com

tuberculose e HIV pode exceder 10%. Os sintomas gerais da tuberculose mais

comum são febre, sudorese, perda de peso, anorexia e anemia. Na tuberculose

extra pulmonar, os sinais e sintomas dependerão dos órgãos afetados. É

curável, praticamente em 100% dos casos, assim que diagnosticados e que

seja empregada à quimioterapia adequada. (ROSSETTI, 2005).

O controle da Tuberculose é baseado nas estratégias delineadas pelo

Programa Nacional de Controle da Tuberculose que compreende a busca de

casos, o diagnóstico precoce e adequado, o seu tratamento até a cura com o

objetivo de interromper a cadeia de transmissão e evitar possíveis

adoecimentos.

O Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT) tem como

diretriz para o controle da Tuberculose,  a Estratégia do Tratamento

Diretamente Observado (DOTS). Esta estratégia é importante para que o País

atinja a meta de curar 85% dos doentes, diminua a taxa de abandono a menos

de 5%, evite o surgimento de bacilos resistentes e possibilite um efetivo

controle da tuberculose no país (BRASIL, 2010).

Para a viabilização do acesso ao diagnóstico e ao tratamento adequado

é importante que ocorra a integração do Programa de Controle da Tuberculose

com a Atenção Básica incluindo o Programa de Agentes Comunitários de

Saúde - PACS e o Programa Saúde da Família – PSF. O profissional

enfermeiro é membro da equipe de saúde, a qual é responsável pela

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implementação e o desenvolvimento das ações desses programas (BRASIL,

2010).

O papel da enfermeira no controle da tuberculose dentro do contexto do

SUS implica em trabalhar com uma doença considerada de condição crônica e

que exige habilidades específicas para o seu entendimento e controle (BRASIL,

2010).

Assim, este trabalho tem como objetivo discutir o papel do profissional

enfermeiro no controle da tuberculose no contexto do SUS, identificando as

características da doença tuberculose, compreendendo as ações do programa

de controle dessa doença assinalando o papel da enfermagem na busca de

uma maior efetividade desse programa e de melhoria da saúde das pessoas

com essa doença.

Para o desenvolvimento deste trabalho será adotado como metodologia

a pesquisa descritiva de caráter bibliográfico.

A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda a bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico, etc., até meios de comunicação orais: rádio, gravações em fita magnética e áudios visuais: filmes e televisão. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com o tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive conferencias seguidas de debates que tenham sido transcritos por alguma forma, quer publicadas, quer gravadas (LAKATOS e MARCONI, 2001, p183).

A escolha desse tema está relacionada com minha experiência em

quanto portadora da doença e intimamente relacionada com a minha atuação

como técnica de enfermagem a trinta e dois anos dos quais vinte e seis anos

com saúde coletiva no SUS. Acompanho e percebo afinidades

responsabilidades desejos e compromisso da enfermagem visando promover

saúde, como também pela sua relevância do tema para a saúde coletiva.

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Page 4: Tcc Tuberculose Pronto

Creio que essa pesquisa irá contribuir muito no sentido de conscientizar

todos os profissionais de saúde, inclusive os enfermeiros sobre a importância

de um diagnóstico precoce e um tratamento voltado para a manutenção e

melhoria da qualidade de vida dos pacientes e para o controle dessa doença.

O programa de controle da tuberculose é desenvolvido através de um

conjunto de ações planejadas e integradas com as aplicações de políticas

públicas de saúde a qual se utiliza das ferramentas de gestão governamental

que vão desde o monitoramento na atenção básica de saúde, até as

estratégias que visam às necessidades de saúde da população, organização e

operacionalização do trabalho em saúde, os resultados das ações, pelos quais,

utilizam-se os profissionais de saúde, usuários, e população em geral. O

Ministério da Saúde, através do Departamento de Atenção Básica da

Secretaria de Atenção á Saúde juntamente com o Sistema de Informações da

Atenção Básica (SIAB) contribuem para ampliar, através dos profissionais

gestores, as práticas de monitoramento e avaliação em saúde referente ‘a

tomada de decisão técnica e política qualificada. (FUNASA, 2002).

Para que todo esse trabalho surta resultado satisfatório e que tenham

uma cobertura nacional no que visa atingir os objetivos esperados, houve a

necessidade de uma reformulação na aplicação dos critérios e normas

técnicas, como também adequação na disponibilidade e utilização de recursos

materiais independentemente de ser o resultado de uma avaliação normativa

ou de uma pesquisa avaliativa. Apesar das informações colhidas no dia a dia

pelos colaboradores profissionais da saúde e governantes, serem insuficientes,

o processo de monitoramento então é a chave norteadora do planejamento,

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avaliação e execução do plano de aço para conter e erradicar a doença.

(FUNASA, 2002).

Não se combate a tuberculose por ações, isoladas, porque a doença é

essencialmente de saúde publica, é imprescindível um programa nacional de

controle da tuberculose embasado na rede de saúde, assim no Brasil o

referente programa se intitula Ações Integradas do Ministério da Saúde, o

fundamental para o controle da tuberculose é a descoberta precoce da doença,

medidas complementares para o programa de conscientização, destacando-se

a vacinação BCG e a quimioprofilaxia. (TARANTINO, 2010).

A tuberculose requer atenção não somente clínica e farmacológica da

saúde pública, isto é, não se preocupar exclusivamente com a perspectiva

biológica; o que se requer é um enfoque integral, social e cultural; a análise das

iniqüidades sociais é ponto importante nessa complexa situação. Assim o

presente estudo vem demonstrar a importância do papel do enfermeiro perante

essa doença, uma vez que o cenário que rodeia os pacientes com TB é de

pobreza e desvantagem social, é importante conhecer as características dessa

situação para que as intervenções sejam acertadas e pertinentes. É o

profissional da enfermagem quem deve assumir o papel de protagonista na

prevenção e controle dessa doença, o que deve ser feito planejando

intervenções realmente integrais (políticas, econômicas e sanitárias), a partir do

âmbito local até o internacional. (SANTOS, 2011).

São as instituições líderes de opinião em enfermagem aquelas que

podem assumir, em maior proporção, esse desafio, contando com o

compromisso real de todas as enfermeiras do Brasil, no combate e controle

dessa doença Milena chamada Tuberculose. (SANTOS, 2011).

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2 TUBERCULOSE: características clínicas e epidemiológicas

A Tuberculose é considerada uma doença grave, que atinge

principalmente os pulmões, mas também outros órgãos. Revela-se como um

preocupante problema de Saúde Pública no Brasil e no mundo. Acomete

principalmente as pessoas na idade mais produtiva que vai da idade dos

quinze anos aos cinquenta e nove anos (SÃO PAULO, 2008).

Em tempos remotos, não foi dada a devida importância para as pessoas

acometidas por esse mal, pois era considerada, na maioria das vezes, uma

condenação, um castigo divino às pessoas de vida desregrada, e que por falta

de tratamento eficaz, vinham a óbito e seus objetos de uso pessoal eram todos

queimados, por conta dos tabus que eram muito enraizados (SÃO PAULO,

2008).

Esta doença acompanha a humanidade há milênios e vem se arrastando

até os dias atuais. Prova disto é que foram encontradas em múmias do antigo

Egito, lesões sugestivas de Tuberculose (SÃO PAULO, 2008).

2.1 Características da doença

Em 1882, o médico alemão Dr. Robert Koch, após incansáveis

pesquisas científicas, conseguiu identificar o tipo de micro-organismo causador

da doença, uma bactéria em forma de bastões o qual o nomeou de

Mycobacterium Tuberculosis. (SÃO PAULO, 2008).

Essa bactéria pertence à ordem das actimicetales família das

Mycobateriaceae e gênero mycobaterium, este gênero é de germes móveis

esporulados, aeróbicos e álcool –ácido – resistente, apresenta-se como

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bastonetes delgados, retos ou ligeiramente encurvados de extremidade

arredondadas, com comprimento que varia de 1 a 4 micrometros por 0,3 a 0,6

de espessura, é estritamente aeróbico e necessita para seu desenvolvimento

de oxigênio, hidrogênio, carbono, nitrogênio, fósforo, magnésio, enxofre

(TARANTINO, 2010).

É conhecido também com Bacilo  de Koch (BK) em homenagem ao seu

descobridor.

Figura 01: Dr. Robert Koch, descobridor da tuberculose.

Fonte: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1286457900003233

A bactéria Mycobacterium tuberculosis é um aeróbio, microorganismo-

ácido que tem uma superfície de células altamente incomum que é composta

de diversos líquidos e ácido micólico. Ela não produz uma resposta coloração

de Gram, devido à sua membrana celular ceroso, mas é geralmente

classificada como Gram-positivos, devido à sua falta de uma membrana celular

exterior.

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Figura 02: Bactéria Mycobacterium tuberculosis – forma de bastão.

Fonte: http://www.bioquellus.com/technology/microbiology/mycobacterium-tuberculosis/

A tuberculose é uma doença infecciosa que atinge principalmente os

pulmões e é transmitida pelo ar através da tosse, da fala ou pelo espirro. Os

bacilos alojados nos pulmões do individuo doente são eliminados e inalados

pelos indivíduos sadios, podendo atingir os pulmões e outros órgãos do corpo.

A doença só é transmitida por quem estiver com a tuberculose pulmonar

(doente), especialmente se a carga bacilar nos pulmões é grande. Os outros

órgãos que ela pode acometer são os gânglios, rins, ossos, meninges,

e qualquer outra parte do organismo, com destaque os órgãos internos

porosos. (SÃO PAULO, 2008).

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2.2 Sintomas

Os sintomas mais importantes no diagnóstico da Tuberculose pulmonar

(TBP) são os seguintes:

1. Tosse por mais de 2 ou 3 semanas;

2. Expectoração;

3. Perda de peso.

Cerca 90% dos doentes com TBP com baciloscopia positiva desenvolvem

uma tosse desde o início da doença. Contudo, a tosse não é específica da

TBP. A tosse é frequente em fumadores e em doentes com infecções agudas

do trato respiratório superior ou inferior. A maioria das infecções respiratórias

agudas resolve em 3 semanas. Portanto um doente com tosse há mais de 2 ou

3 semanas é suspeito de ter TBP e deve submeter expectoração para exame

microscópio. Os doentes com TBP podem ter também outros sintomas. Estes

podem ser respiratórios ou constitucionais (gerais ou sistêmicos).

Respiratórios: dor torácica, hemoptises, dificuldade respiratória.

Constitucionais: febre/suores noturnas, astenia, perda de apetite, amenorreia

secundária. (FUNASA, 2002).

A perda de peso e a febre são mais frequentes nos doentes com TBP e

HIV positivos do que nos doentes HIV negativos. Inversamente, a tosse e

hemoptises são menos frequentes nos doentes com TBP e HIV positivos do

que nos doentes HIV negativos. Provavelmente isto é devido a haver menos

cavitação, inflamação e irritação endobrônquica nos doentes HIV positivos.

(HOSPITAL DAS CLÍNICAS, 2006).

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Os sinais físicos em doentes com TBP não são específicos. Eles não

ajudam a distinguir a TBP de outras doenças pulmonares. Podem ser sinais

gerais como a febre, taquicardia (frequência rápida do pulso) e hipocratismo

digitálico. Os sinais torácicos (ouvidos com o estetoscópio) incluem fervores,

sibilos, roncos, sopro tubário e sopro anafórico. Muitas vezes não há alterações

na auscultação do tórax. (HOSPITAL DAS CLÍNICAS, 2006).

Segue figura como demonstrativo dos sintomas frequentes da

tuberculose.

Figura 03: Descrição dos sintomas da Tuberculose Pulmonar

Fonte: http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/vigilancia_em_saude/pecas_graficas/index.php?p=6755

O perfil da tuberculose no Brasil, mostra que são notificados anualmente

cerca de 80 a 90 mil casos, desses 18 a 19 mil casos novos ocorrem no Estado

de São Paulo. Cerca de 20% dos doentes não são descobertos e continuam

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sem tratamento, disseminando a doença pela população e grande parte

daqueles que iniciam o tratamento e não o completam, permanecem também

como fontes de infecção na comunidade (SÃO PAULO, 2008).

A disseminação da doença acontece de forma desigual no mundo e a

grande maioria desses casos se dá nos países mais pobres por conta da

desnutrição, más condições de moradia e de vida em geral, o que facilitam o

contágio e por consequente o adoecimento como, por exemplo, na África,

America Latina e boa parte da Ásia, países de difícil controle. Em contrapartida,

os  países desenvolvidos têm grande dificuldade em se diagnosticar e tratar a

doença  devido à cultura de aceitação desses povos, oclusão de casos por

vergonha e também pelo status social por se acharem  superiores (SÃO

PAULO, 2008).

Atualmente, quando os indivíduos fazem o tratamento corretamente,

desde que ele não o abandone no meio do percurso para a cura, a doença é

curável em 100% dos casos. Apesar dessa estatística positiva e existirem

recursos muitos modernos para o diagnostico, a prevenção e a cura, ainda

morrem mais de três milhões de pessoas infectadas em todo o mundo

(BRASIL, 2000).

O Manual de Controle da Tuberculose "Uma Proposta de Integração de

Ensino-Serviço Brasil”, do Ministério da Saúde (2010) enfatiza que antes da

existência da quimioterapia, 50% dos doentes não tratados, morriam; 25%

tornavam-se doentes crônicos; e 25% curavam-se espontaneamente. Segundo

esse mesmo Manual, o método de redução da tuberculose na sociedade

consiste na busca de casos novos e o tratamento adequado.

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Pesquisas realizadas no ano de 2010 e 2011 comprovam que a Tuberculose

alastrou-se rapidamente por 22 países, inclusive o Brasil, o qual ocupa o

22° segundo lugar,  apresentando cerca de 80 a 90 mil novos casos notificados

anualmente (BRASIL, 2002).

Em torno de 20% desses casos notificados passam despercebidos por

estarem sem tratamento ou por desistirem do mesmo e com isso continuam

transmitindo a doença por toda população. E para que essa situação se

reverta, é de vital importância à colaboração de toda equipe de saúde (BRASIL,

2002).

Os doentes bacilíferos são os que transmitem a doença devido a uma

maior carga de bacilos nos pulmões comprovada pela baciloscopia do escarro.

Salientamos que pacientes com baciloscopia negativa, em decorrência de uma

menor carga bacilar não transmitem a doença. Por isso não é necessário

separar copos ou pratos dos indivíduos, porque o bacilo não consegue transpor

as barreiras do sistema digestivo. Da mesma forma, crianças não transmitem a

doença por conta das características das lesões pulmonares. Geralmente,

todas as pessoas, independente da idade e da carga bacilar, após os 15

primeiros dias de tratamento quimioprofiláxico adequado não oferecem riscos

de contágio.

Pessoas que convivem com um bacilífero, na mesma residência, tem

maiores chances de se infectar. Então devemos dar atenção especial às

crianças pequenas, aos idosos e aos portadores de doenças crônicas com

exemplo à diabetes, condições imunossupressoras como os transplantados e

as condições sociais como aos alcoolistas devido à baixa imunidade (BRASIL,

2010).

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Sobre esta dualidade tuberculose e AIDS, a OMS (Organização Mundial

de Saúde), alerta que existem cerca de 5 a 10 milhões de indivíduos infectados

pelo vírus HIV no mundo, dos quais, 2% á 8% vão desenvolver a Síndrome

completa (AIDS), e que surgirão no mundo, nos próximos 5 anos cerca de 500

à 3.000.000 milhões de casos novos com HIV (Síndrome da Imunodeficiência

Adquirida), estimando-se a existência de 33,6 milhões de pessoas vivendo com

HIV/AIDS e de 637 mil casos co-infectados (TB associada com HIV), no mundo

(BRASIL, 2002).

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3 PROGRAMAS DE CONTROLE DA TUBERCULOSE

A saúde é direito de todos e de dever do estado, entende-se então que o

diagnostico e o tratamento da tuberculose até a cura constitui um dever de

todos os níveis de governo: Municipal, Estadual e Federal (FUNASA, 2002).

O controle da tuberculose é baseado na busca de casos, diagnóstico

precoce e adequado, seu tratamento até a cura com o objetivo de interromper a

cadeia de transmissão e evitar possíveis adoecimentos. Entretanto a

identificação e especialização dos componentes de um programa são passos

importantes para que possamos apreender sua constituição. (BRASIL, 2010).

Os níveis do Sistema Único de Saúde, com competência administrativa

legalmente instituída são hierarquicamente: Federal, Estadual e Municipal, e

correspondem ao Ministério da Saúde as Secretárias Estaduais de Saúde

(SES) e as Secretarias Municipais de Saúde (SMS), e seus técnicos

administrativos. O Ministério de Saúde organizou-se a partir de secretarias,

diretorias, coordenações e programas, o Programa Nacional de Controle da

Tuberculose que encontra-se situado hierarquicamente dentro do

Departamento de Vigilância Epidemiológica (DEVEP), que por sua vez integra

a Secretária de Vigilância em Saúde (SVS) (BRASIL, 2010).

3.1 Instancia Federal

O Ministério da Saúde oferecerá as normas técnicas e operacionais,

subsídios técnicos, assim como orientação para os programas de treinamento

de Recursos Humanos, que deverá ser feitos pelos Estados e Municípios,

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abastecimento de medicamentos, informações publicas, e subsídios financeiro

pelo mecanismo de financiamento do SUS (BRASIL, 2010).

3.2 Instancia Estadual

Nas Coordenadorias Estaduais de Vigilância Epidemiológica e Controle

de Doença deverão estar localizados, no mínimo dois técnicos médico e

enfermeiro da área de tuberculose no PNCT, compete-lhes:

Gerenciar a execução das medidas de controle em esfera estadual. Calcular anualmente confirme a matriz programática do PNCT, o numero de casos de tuberculose esperados no estado. Adequar o numero de casos novos, previsto pelo município nos planos municipais de saúde, a realidade epidemiológica do estado/ região. Programar, acompanhar e controlar os tuberculostáticos e insumos para o PNCT em instância estadual. Realização avaliação operacional e epidemiológica das ações do PNCT em âmbito estadual. Promover e participar da capacitação de recursos humanos na área dos tubérculos, fomentando a integração entre instituições de ensino e serviço. Assessorar coordenadorias regionais na implantação/ implementação do PNCT nos municípios. Zelar pelo padrão de qualidade e pela credibilidade das ações de controle da tuberculose no estado. Promover, participar e acompanhar o desenvolvimento de pesquisas de âmbito estadual, municipal e nacional. Fortalecer as relações de caráter técnico científico com os profissionais das demais doenças transmissíveis, como a AIDS. Divulgar no meio acadêmico, na classe medica em geral e entre todos os profissionais de saúde publica o enfoque a doença transmissível de notificação compulsória dada à tuberculose no PNCT. (FUNASA, 2002, p.58).

3.3 Instancia Regional

Alguns Estados e Municípios a estrutura administrativa inclui um nível

intermediário conhecido como regional de saúde, do qual deverá promover

uma maior proximidade entre o nível central e local, agilizando a implantação e

implementação de ações de controle da tuberculose (BRASIL, 2010).

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3.4 Instancia Municipal

No Município o responsável pelas Doenças de Notificações

Compulsória, desempenha função chave no PNCT, pois da sua competência e

capacidade de gerenciamento da vigilância epidemiológica dependerá em

grande parte do cumprimento das metas fixadas. Compete-lhe:

Monitorar os indicadores epidemiológicos, bem como acompanhar o cumprimento de metas propostas no diversos pactos. Coordenar a busca ativa de sintomáticos respiratórios no município, bem como supervisionar e, inclusive participar da investigação e do controle dos contatos de pacientes baculíferos na comunidade. Notificar ao SINAN a identificação de caso de tuberculose no município, bem como acompanhá-lo, através do sistema de informação, durante todo o tratamento com a geração de boletins de acompanhamento mensal. Consolidar e analisar os dados gerados pelo sistema de informação oferecendo informação através de boletins ou informais além de utilizá-las para fins de planejamento, monitoramento e avaliação. Assegurar a realização dos exames diagnósticos, conforme preconizado nas normas. Participar da operacionalização dos tratamentos diretamente observados no município e acompanhar as medidas de controle preventivas e profiláticas. Providenciar, junto ao órgão regional ou estadual, os medicamentos para o tratamento dos casos descobertos e distribuí-los as receptivas unidades de saúde. Zelar pela vacinação BCG dos recém-nascidos. Articular-se com a unidade executora, com a equipe da ESF ou o agente comunitário de saúde e com os segmentos organizados da comunidade, visando aperfeiçoar as ações de controle da tuberculose em todas as suas fases, inclusive com a participação da sociedade civil na promoção a saúde e no controle social das ações realizadas pelas três níveis de governo. Identificar, mapear e capacitar unidades básicas com ações de controle da TB (BRASIL, 2010, p.60).

Por se tratar de uma doença infecciosa e contagiosa, que se propaga

pelo ar, a tuberculose foi incluída na Portaria n. 4.02 de 23 de dezembro de

1998, Ministério da Saúde, que define as Doenças de Notificação compulsória

em todo território nacional, estabelecendo como mecanismo de notificação o

sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN) do Centro Nacional de

Epidemiologia (CENEPI) da Fundação Nacional de Saúde. O controle do

tubérculo em nível coletivo e individual envolve diversos graus de

complexidade, tanto para o estabelecimento do diagnostico com para a cura

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clinica e bacteriológica dos pacientes na comunidade. A maioria dos casos

exige ações de baixa complexidade, permitindo que o combate à tuberculose

possa ser desenvolvido por todos os serviços de saúde, independentemente de

seu porte, e existem outros que requerem serviços de alta complexidade, seja

pela dificuldade de estabelecer o diagnostico diferencial com outras

enfermidades, seja pelos problemas decorrentes da resistência bacilar, dos

efeitos adversos aos medicamentos, das doenças associadas, especialmente a

AIDS, essa peculiaridades técnico – cientifica da tuberculose terão de ser

levadas em consideração ao se estabelecer a operacionalização do programa

(FUNASA, 2002).

O êxito do combate á tuberculose depende do atendimento universal,

padronizado e gratuito dos doentes descobertos principalmente dos

pulmonares positivos, por está ligada a condição de vida da população

prolifera, onde há grande concentração humana, com precário saneamento e

habitação, sua prevalência é maior nos grandes centros urbanos.

Os primeiros passos para o controle e posterior eliminação da

tuberculose em uma comunidade é a descoberta precoce das fontes de

infecção (FUNASA, 2002).

Essas fontes devem ser procuradas entre as pessoas eu apresentam tosse e expectoração por três semanas ou mais. Geralmente, o leigo não associa esses sintomas com a tuberculose e por isso, raras vezes procuram a unidade de saúde no inicio da doença. Portanto aguardar que os pacientes venham até o serviço de saúde com queixas respiratórias insuficientes para interromper a cadeia de transmissão, é fundamental que as equipes do programa de Saúde da Família, os agentes comunitários de saúde e os funcionários responsáveis pela vigilância epidemiológica no município mobilizem a comunidade para identificar os tossindo crônicos, nas famílias, clubes, igrejas, asilos, abrigos, presídios, e outros ambientes, a fim de encaminhá-la para fazer exame de escarro. Nas unidades de saúde e nos hospitais devem ser submetidos a exame de escarro não só os pacientes que buscam consultar por sintomas respiratórios, como também os que apresentam tosse e expectoração, mas se queixam de outros problemas (FUNASA, 2002, p.58).

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Conhecer a grandeza do problema é fundamental para o

estabelecimento das metas e concentração de esforços necessários para

atingi-las.

3.5 Diagnóstico

Na luta contra a tuberculose a bacteriologia ocupa um papel de extrema

importância, permitindo através do conhecimento dos vários aspectos da

biologia do bacilo, a sua correta identificação e comportamento nas mais

diferentes situações, utilizando-se de métodos laboratoriais simples e rápidos

confiáveis e poucos onerosos, quer permitam identificar a maioria dos doentes,

em especial os chamados eliminadores de bacilos, os grande responsáveis

pela transmissão da tuberculose (TARANTINO, 2010).

O diagnóstico da tuberculose é realizado por meio de diferentes exames,

dentre eles a baciloscopia e a cultura do escarro, o Raios-X do tórax e o teste

tuberculínico com PPD (SÃO PAULO, 2008).

3.5.1 Exame bacteriológico

A microscopia (baciloscopia) direta do escarro é o exame diagnóstico

mais importante para identificar as principais fontes de infecção na

comunidade. Este exame simples permite detectar de 70% a 80% dos casos de

tuberculose pulmonar em uma comunidade, e a forma infectante. O diagnostico

deve ser feito a partir de pelo menos duas amostras de escarro. A unidade de

saúde deve ter funcionários responsáveis e capacitados para fornecer ao

pacientes informações claras e simples quando a coleta do escarro (FUNASA,

2002).

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Page 19: Tcc Tuberculose Pronto

O método usado para o exame baciloscópico é o de Ziehl Neelsen,

como citado por Tarantino (2010):

O esfregaço na lamina é corado com fuscina fenicada ao calor, em seguida faz-se lavagem com solução e acido sulfúrico ou acido nítrico e álcool, só microbacterias não perdem a coloração com essa lavagem e por isso é chamadas álcool –ácido -resistente, o fundo é em seguida corado com azul de metileno, ao microscópio os bacilos de Koch apresentam-se em bastonetes vermelhos em fundo azul (TARANTINO, 2010, p.10).

Para melhor visualização segue abaixo modelo do exame baciloscópico

de Zieh Neelsen:

Figura 04: Bacilos álcool-ácido resistentes compatíveis com Mycobacterium paratuberculosis

em esfregaço de tecidos (Ziehl- Neelsen).

Fonte: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAkQIAK/coloracao-ziehl-neelsen

Após a confirmação da doença, é indispensável o tratamento

quimioterápico adequado, para isso indispensável o fornecimento interrupto e

gratuito das drogas e a supervisão das tomadas, com prioridade absoluta para

os pulmonares positivos. (FUNASA, 2002).

31

Page 20: Tcc Tuberculose Pronto

3.5.2 Cultura

É um método bastante sensível e especifico para diagnosticar as

microbacterias permitindo o crescimento de germes, mesmo quando os

materiais semeados são pobres em bacilos. São indicados nos casos com

baciloscopia negativa em indivíduos com sintomas clínicos e suspeita

radiológica de tuberculose, nos casos de lesões extra pulmonares, em teste de

sensibilidade as drogas antituberculosas, e quando houver a necessidade de

outras bactérias atípicas. O meio de cultura mais utilizado nos laboratórios é o

de bacteriologia de tuberculose o chamado Loewenstein-jensen, que utiliza

ovo, glicerina e asparagina. Como vemos na figura abaixo:

Figura 05: Mycobacterium tuberculosis em meio de Löwenstein-Jensen após 6 semanas de

cultivo, 37 ° C. Meios sólidos para o cultivo de micobactérias patogênicas são geralmente em

firmemente conectados tubos ou garrafas. Impede evaporação excessiva durante o cultivo

prolongado (até 9 semanas) e diminui consideravelmente a probabilidade de infecção do

pessoal de laboratório trabalhando com as culturas.

Fonte:http://www.microbiologyinpictures.com/bacteria%20photos/mycobacterium

%20tuberculosis%20photos/MYTU4.html

32

Page 21: Tcc Tuberculose Pronto

3.5.3 Exame radiológico

O RX de tórax, isoladamente não permite o diagnostico de tuberculose

pulmonar, nem com a presença de cavidade, pois falta especificidade ao

medico. Na rotina das unidades de saúde das cidades de grande e medico

porte, o RX simples de tórax costuma ser o ponto de partida para a

investigação de sintomáticos respiratórios, isso se deve a disponibilidade da

tecnologia, a rapidez da obtenção do resultado e fundamentalmente ao alto

grau de sensibilidade do método. (BOMBARDA et al, 2001).

O diagnóstico da tuberculose pulmonar é feito através da história clínica,

da radiografia de tórax e do exame de escarro (catarro), onde se identifica a

presença do bacilo de Koch.

Figura 06: Raios-X com tuberculose no apêndice do pulmão direito.

Fonte: BOMBARDA, Sidney et al. Imagem em tuberculose pulmonar

A infecção pelo bacilo inicia-se pelos pulmões, mas pode se alastrar por

todo o corpo. Nem todos desenvolvem a tuberculose ativa e alguns

permanecerão com a bactéria adormecida no organismo, tendo tido ou não

33

Page 22: Tcc Tuberculose Pronto

infecção pulmonar ativa. Essa bactéria pode ficar alojada durante anos em

qualquer parte do corpo, como cérebro, meninge, rins, intestinos, coração,

linfonodos, ossos, etc. apenas a espera de uma queda no sistema imune para

voltar a multiplicar-se. (BOMBARDA et al, 2001).

3.5.4 Teste tuberculínico

Existe um teste chamado de PPD ou teste da tuberculina que é feito

através da inoculação subcutânea de proteínas do bacilo de Koch morto. Após

48-72h é feita a avaliação do grau de reação do corpo ao material inoculado. O

teste de PPD só fica positivo após 12 semanas da exposição a pessoas

infectadas.

Figura 07: Aplicação do bacilo de koch morto – injeção intradermica da tuberculina.

Fonte: http://www.pmrb.ac.gov.br/v4/index.php?

option=com_content&view=article&id=1915:prefeitura-capacita-profissionais-de-saude-para-o-

diagnostico-da-tuberculose&catid=1:noticias&Itemid=68

34

Page 23: Tcc Tuberculose Pronto

Figura 08: Imagem de formação de pápula de inoculação após exame PPD

Fonte: http://www.pmrb.ac.gov.br/v4/index.php?

option=com_content&view=article&id=1915:prefeitura-capacita-profissionais-de-saude-para-o-

diagnostico-da-tuberculose&catid=1:noticias&Itemid=68

Em pessoas saudáveis, uma inflamação com o centro endurado maior

que 15mm (1,5 cm) é considerado positivo. Em diabéticos e renais crônicos ou

em profissionais de saúde expostos frequentemente a pessoas infectadas, um

resultado maior que 10 mm (1 cm) também é considerado positivo. Em

pessoas com SIDA (AIDS) ou outra causa de imunossupressão 5 mm(0,5cm) já

é considerado positivo. Doentes com o PPD positivo são candidatos ao

tratamento contra tuberculose latente, objetivando impedir uma futura

reativação do bacilo.

3.6 Tratamento

A tuberculose é uma doença grave, porem curável em praticamente

100% dos casos novos, desde que obedecidos os princípios da moderna

35

Page 24: Tcc Tuberculose Pronto

quimioterapia. A associação medicamentos adequada às doses corretas, e o

uso por tempo suficiente, com supervisão da tomada dos medicamentos são os

meios para evitar à persistência bacteriana e o desenvolvimento de resistência

às drogas assegurando assim, a cura do paciente. O tratamento para o caso

suspeito de tuberculose sem comprovação bacteriológica deve ser iniciado

após tentativa de tratamento inespecífico com antibiótico de largo espectro sem

melhora dos sintomas, uma vez iniciado o tratamento ele não deve ser

interrompido, apenas em uma rigorosa revisão clinica e laboratorial que

determine mudanças de diagnostico (HOSPITAL DAS CLINICAS, 2006).

O tratamento será desenvolvido sob regime ambulatorial supervisionado

com pelo menos ter observações semanais da tomada dos medicamentos nos

primeiros dos meses e uma observação por semana até o seu final. A

supervisão poderá ser realizada de forma direta na unidade no local de

trabalho e na residência do paciente por meio do visitador sanitário ou agente

comunitário de saúde. A unidade de saúde pode identificar os lideres

comunitários ou os responsáveis familiares que auxiliem na supervisão do

tratamento (FUNASA, 2002).

O controle do tratamento consiste na aplicação de meios que permitam o

acompanhamento da evolução da doença e utilização correta dos

medicamentos. Essas condições básicas para alcançar um êxito no tratamento

constituem:

1) Adesão do paciente, quanto sou conhecimento sobre: A duração do

tratamento prescrito, a importância da regularidade no uso das drogas, as

graves consequências advindas da interrupção ou do abandono do tratamento.

Essa é uma atividade de educação para o tratamento que deve ser

36

Page 25: Tcc Tuberculose Pronto

desenvolvida durante as consultas e entrevistas, tanto iniciais como

subsequentes, na oportunidade a equipe de saúde além de conscientizar o

paciente da importância de sua colaboração no tratamento, estabelece com ele

uma relação de cooperação mútua.

2) a realização mensal da baciloscopia de controle.

3) acompanhamento clínico visando à identificação de queixas e de

sintomas que possam avaliar a evolução da doença (FUNASA, 2002).

O SINAN é o sistema nacional adotado para o registro e processamento

de dados de notificação e acompanhamento da tuberculose, cabe a ele:

1. Registrar os Sintomáticos Respiratórios na rede de laboratórios pelo

Sistema de Informação Laboratorial de TB.

2. Utilizar o SINAN como único sistema de informações de notificação e

acompanhamento de casos, promovendo a digitação e transferência vertical

dos dados nos prazos estabelecidos pelas normas e rotinas do mesmo;

3. Registrar e analisar periodicamente os casos de TB por meio do Livro de

Registro e Controle de Tratamento dos Casos de Tuberculose nos serviços

de saúde;

4. Utilizar os instrumentos de Notificação e Acompanhamento de casos (Ficha

de Notificação/ investigação de tuberculose e Boletim de

Acompanhamento);

5. A tuberculose é uma das doenças de notificação e a responsabilidade de

notificar é do medico que atende o paciente, para este fim, existe um

impresso próprio, fixa de notificação da TB, disponíveis nos ambulatórios e

hospitais. (HOSPITAL DAS CLINICAS, 2006).

37

Page 26: Tcc Tuberculose Pronto

Segue abaixo modelo de Ficha de notificação de Tuberculose.

38

Page 27: Tcc Tuberculose Pronto

3.6.1 Quimioprofilaxia

A quimioprofilaxia por ser aplicada em pessoas assintomáticas, porém

com alto risco de desenvolver tuberculose ativa requer redobrados esforços de

conscientização para evitar o abandono. A quimioprofilaxia da tuberculose

consiste na administração de isoniaida (H) em pessoas infectadas pelo bacilo

de Koch, na dosagem de 5-10mg/kg de peso até 400mg, diariamente, durante

seis meses consecutivos.

A indicação da quimioprofilaxia tem duas vertentes uma decorrente da

investigação epidemiológica do foco na comunidade a partir dos pulmonares

positivos, e outra devido a situações especiais em grupo de maior risco

(FUNASA, 2002).

A medicação deve ser de uso diário e administrado em uma única dose,

deve-se ter atenção especial ao grupo de alta toxicidade, constituídos por

pessoas com mais de 60 anos, em mau estado, alcoolistas, infectados pelo

HIV, e em pessoas com uso concomitante de drogas (FUNASA, 2002)

Os pacientes multiresistentes cujos bacilos foram submetidos os testes

de sensibilidade, não te tratamento uniformizado. Os medicamentos são

alternados conforme as drogas para os quais os doentes revelam resistência,

as drogas alternativas em baixa tolerância e eficácia, são de custo elevado, por

esta razão a quimioterapia da tuberculose multiresistene deve ser realizada e

orientada por serviços especializados, o tratamento inicial deve ocorrer dentro

do hospital, o tempo de tratamento nestes caso é de 18 meses, no mínimo,

com pelo menos seis meses de uso diário das drogas, após duas culturas

negativas (TARANTINO, 2010).

39

Page 28: Tcc Tuberculose Pronto

3.6.2 Estratégia de DOTS

  O “Tratamento Diretamente Observado de Curta Duração"- DOTS

constitui uma das estratégias utilizadas para controlar a doença e evitar o

abandono de tratamento e é por esse motivo que desde 2007, vem se

utilizando no Brasil um novo esquema terapêutico, que é a junção dos quatro

comprimidos e que foi denominado de "Quatro em Hum", pois ocorre a

administração de quatro drogas em uma única dose: Rifampicina, Isoniazida,

Pirazamida, Etambul. Foram estrategicamente pensados com o intuito de

diminuir os efeitos colaterais, pois este é um fator que pode causar uma

ampliação no tempo de terapia, um maior número de hospitalizações, consultas

ambulatoriais e domiciliares (BRASIL, 2002).

As principais vantagens da estratégia de DOTS consistem:

Altos índices de cura.

Previne de infecções

Torna-se impossível o desenvolvimento da resistência do bacilo a

drogas.

Custo benefício baixo

Não onera o orçamento do programa de saúde prescinde de qualquer

verba adicional

Negativa rapidamente os pacientes, evitando o contagio e aparecimento

de novos casos (TARANTINO, 2010).

40

Page 29: Tcc Tuberculose Pronto

3.6.3 Encerramento do tratamento

3.6.3.1 Alta por cura

A alta por cura será dada quando o paciente completar o tratamento, e

apresentar duas baciloscopias negativas, e não tiver mais expectoração.

3.6.3.2 Alta por abandono de tratamento

Será realizada ao doente que deixou de comparecer a unidade por mais

de 30 dias consecutivos, após a data prevista para seu retorno, nos casos de

tratamento supervisionado.

3.6.3.3 Alta por mudança de diagnostico

Será dada quando for constatado erro no diagnostico

3.6.3.4 Alta por óbito

Será dada por ocasião do conhecimento da morte do paciente.

3.6.3.5 Alta por transferência

Será dada quando o doente dor transferido para outro serviço de saúde.

3.6.4 Prevenção

Todos os contatos dos doentes de tuberculose devem comparecer a

unidade de saúde para exames. O maior meio de prevenção hoje contra a

tuberculose é a vacina BCG.

41

Page 30: Tcc Tuberculose Pronto

3.6.4.1 Vacinação BCG

A vacina contra a tuberculose BCG é elaborada a partir de uma bactéria

atenuada de origem bovina (Mycobacterium bovis), que é semelhante ao

microorganismo  causador da doença (Mycobacterium tuberculosis). A sigla

EBG deriva do nome inicial, Bacilo de Calmette Guerin, a nomenclatura atual é

mycobacterium bovis – BCG (TARANTINO, 2010).

A BCG não impede a infecção e nem o desenvolvimento da tuberculose

pulmonar, mas pode conferir certo grau de proteção para a meningite

tuberculosa e para as formas disseminadas da doença. O uso da BCG, que é

bastante controverso, basicamente restringe-se aos países de maior

prevalência da doença.

No Brasil a BCG está no Calendário Básico de Vacinação e sua

aplicação são feita por via intradérmica no primeiro mês de vida. A indicação de

doses subsequentes de BCG na profilaxia da tuberculose é ainda mais

desprovida de comprovação científica quanto à eficácia. O CVA não

recomenda a aplicação desta vacina em adultos. Após aplicação intradérmica

da vacina é esperado o aparecimento de uma pápula ("pequeno caroço")

avermelhada no local da aplicação em 2 a 6 semanas. Esta pápula pode atingir

até 3 mm ao final da sexta semana e, a partir daí, regredir até desaparecer,

deixando uma pequena cicatriz (TERESINHA, et al, 2004).

Os eventos adversos mais comumente associados à BCG ocorrem no

local de aplicação da vacina. Em até 10% dos vacinados, ocorre formação de

uma lesão ulcerada de cicatrização lenta (meses). É possível também a

ocorrência de aumento dos gânglios linfáticos, em especial na cadeia axilar

próxima ao local de aplicação que, por vezes, evolui para supuração (produção

42

Page 31: Tcc Tuberculose Pronto

de pus), exigindo intervenção terapêutica. Podem ocorrer manifestações

sistêmicas (febre, cansaço, cefaleia, dores musculares). As reações alérgicas

graves (anafilaxia) são raras. (TERESINHA, et al, 2004).

Segue abaixo imagem de uma criança, com a vacina BCG, e suas

características demonstradas na pele.

Figura 09: A marca (cicatriz) da vacina é a condição para que a vacina tenha

consequentemente o seu efeito, e se você não tem essa marca, significa que a vacina não

desenvolveu a imunidade e por consequência tem que ser revacinado novamente.

Fonte: http://www.cva.ufrj.br/informacao/vacinas/tb-v.html

43

Page 32: Tcc Tuberculose Pronto

4 O PAPEL DO ENFERMEIRO NO CONTROLE DA

TUBERCULOSE

O trabalho de enfermagem visa o cuidado e a pesquisa e tem como

principais focos: o processo do autocuidado; processos fisiológicos e

fisiopatológicos nas áreas de repouso, sono, respiração, circulação, procriação,

atividade, nutrição, eliminação, pele, sexualidade e comunicação; conforto, dor

e desconforto, emoções relacionadas à saúde e a doença; processo decisório e

a habilidade de fazer escolhas; orientações provenientes da percepção, tais

como: auto-imagem e controle sobre o próprio corpo e ambiente; transições ao

longo do ciclo vital, a saber: nascimento, crescimento, desenvolvimento e

morte; relações intersubjetivas, incluindo liberdade contra opressão e abuso;

sistemas ambientais. (NASCIMENTO, et al, 2011).

O enfermeiro pode seguir três linhas de conduta: assistencial, líder e

pesquisador. A conduta assistencial dá-se por meio da utilização do processo

de enfermagem e é como o enfermeiro deve agir no acompanhamento do

paciente com TB. A enfermagem sempre foi uma profissão de serviço, embora,

tenha sido vista no passado como uma atividade caridosa. Atualmente, a

enfermagem é um componente vital e indispensável do sistema de prestação

de cuidado em saúde. (NASCIMENTO, et al, 2011).

No que se refere à assistência a tuberculose, o enfermeiro precisa

conhecer profundamente a doença, não cabe duvida que a tuberculose ocorre

principalmente nas populações vulneráveis pela sua pobreza e iniqüidade,

porem o importante não é só saber se essas pessoas são pobre, precisa –se

conhecer quão pobre elas são e quais são as características da sua pobreza a

44

Page 33: Tcc Tuberculose Pronto

fim de realizar distribuição correta do orçamento e dos serviços de tratamento.

Nesse sentido constitui um valor social já implica dar a cada um o que lhe

corresponde, para o caso da tuberculose os trabalhadores da saúde precisam

entender melhor os aspectos de gênero e sociais do controle da tuberculose,

particularmente aspectos que influem na probabilidade de ser obter a equidade

no diagnostico e na cura. A profissão enfermagem não é alheia a essa

intenção, pois é parte da sua filosofia contribuir para a pessoa sujeito da sua

atenção possa alcançar nível e qualidade de vida adequada mais ainda,

tratando-se do caso da tuberculose, a enfermeira desempenha papel crucial

nos programas de controle, sendo considerada um sócio histórico no trabalho

contra a tuberculose, agora com maiores exigências para o seu empenho.

(OBLITAS, 2010).

Uma das questões básicas no âmbito local, para enfermagem é valorizar

e promover a participação da comunidade nos programas de controle da

qualidade de atenção da saúde, especialmente nos programas de

enfermagem, a informação é ferramenta fundamental para capacitar o usuário

com a finalidade de que participe como elemento ativo no controle social do

setor, para isso é necessário considerar como estratégia de ação, informar

quem é a enfermeira qual e a sua atividade que capacidade de liderança

possui e qual é seu valor dentro da sociedade. (OBLITAS, 2010).

No gráfico a seguir são propostos os níveis de intervenção nos quais a

enfermeira pode participar começando pela elaboração das políticas até as

ações operacionais, desde o âmbito local até o internacional e também em

todas as organizações envolvidas. Pode-se atuar em vários cenários em que

há o desempenho do profissional de enfermagem iniciando no âmbito local até

45

Page 34: Tcc Tuberculose Pronto

o âmbito internacional onde pode alcançar objetivos relacionados a política e

administração dos problemas da saúde. (OBLITAS, 2010).

Figura 10: Participação política, econômica e sanitária do enfermeiro na prevenção e controle

da tuberculose.

Fonte: OBLITAS, Flor Yesenia Musayon, et al. O papel da enfermeira no controle da

tuberculose: uma discussão sob a perspectiva da equidade. 2010

O controle da tuberculose tanto em nível coletivo quando individual

envolve diversos graus de complexidade, na maioria dos casos, exige ações de

baixa complexidade, permitindo assim que o combate a tuberculose possa ser

desenvolvido por todos os serviços de saúde. (SOUZA, 2009).

46

Page 35: Tcc Tuberculose Pronto

O Programa Nacional de Controle da tuberculose (PNCT) distribuiu

operacionalmente as normas e instruções para ações contra a tuberculose

obedecendo à complexidade dos serviços. O envolvimento direto da

enfermagem no controle da tuberculose ocorre basicamente envolvendo as

suas quatro áreas de atuação: assistencial, gerencial, educativa e de pesquisa,

no dia a dia estas atividades não são desenvolvidas separadamente pois a

interseção entre elas é um fator importante para prestar assistência de forma

segura e livre de riscos. Dessa forma a enfermagem que atua no controle da

tuberculose nos ambientes ambulatorial ou hospitalar fora suas atribuições

gerais deve participar também de outras ações como: desenvolver pesquisa

operacional, manter em seu quadro de funcionários técnicos como padrões de

referencia para teste tuberculínico, promover atividades de biossegurança em

tuberculose e organizar os registros de notificação de casos de tuberculose

ativa e latente detectados na instituição entre outras. (SOUZA, 2009).

De acordo com o código de ética dos profissionais de enfermagem em

seus princípios fundamentais, descreve que os enfermeiros têm quatro

responsabilidades fundamentais: promoção, prevenção, recuperação e

reabilitação da saúde, em relação à tuberculose o enfermeiro em primeiro

lugar, promove a saúde a fim de evitar que as pessoas se tornem vulnerável a

doença. Alem disso, previne a doença através de medidas para a redução da

transmissão da tuberculose, encontrando os sintomáticos e tratando os casos

de tuberculose ativa, portanto recupera a saúde quando garante aos doentes o

tratamento de que necessitam, assim como os reabilita através da organização

de apoio para os pacientes de acordo com suas necessidades. (SOUZA, 2009).

47

Page 36: Tcc Tuberculose Pronto

Planejar os cuidados de enfermagem em um programa de controle da

tuberculose, independente do grau de complexidade é uma tarefa fundamental

no tratamento desses clientes, tendo em vista que esses profissionais

costumam estar mais próximos deles e de suas famílias procurando orientar,

estimular, tirar duvidas e integrar todos ao tratamento. Para que a enfermagem

atue, contribuindo para preservação da tuberculose, é fundamental importância

que se aproxime tanto do paciente quanto de seus contatos e familiares.

(SOUZA, 2009).

4.1 Atribuições dos trabalhadores da Saúde

Para o exercício de suas funções, o enfermeiro deverá conhecer as

atribuições dos profissionais que estão sob sua responsabilidade nas diferentes

unidades de saúde. A Portaria no 648/GM, de 28 de março de 2006,

estabeleceu as atribuições dos profissionais de saúde para a organização da

Atenção Básica junto à Estratégia Saúde da Família – ESF e ao Programa

Agentes Comunitários de Saúde – Pacs, enquanto as Normas de Manuais

Técnicos da Vigilância em Saúde assinalam as atribuições específicas desses

profissionais no controle da tuberculose. (BRASIL, 2011).

4.1.2 Médico

1. Identificar sintomáticos respiratórios.

2. Solicitar baciloscopia do sintomático respiratório para diagnóstico (duas

amostras).

3. Orientar quanto à coleta de escarro.

4. Solicitar raios-X de tórax, segundo critérios definidos neste caderno.

48

Page 37: Tcc Tuberculose Pronto

5. Aconselhar todo paciente com diagnóstico de tuberculose confirmado o

teste sorológico anti-HIV.

6. Iniciar e acompanhar o tratamento para tuberculose dos pacientes com

tuberculose pulmonar.

7. Explicar ao paciente porque o tratamento diretamente observado é

necessário e quem vai realizar a supervisão.

8. Convocar os contatos para consulta.

9. Iniciar o tratamento da infecção latente da tuberculose para os contatos

conforme orientação do Ministério da Saúde.

10.Orientar pacientes e familiares quanto ao uso de medicação, esclarecer

dúvidas e desmistificar tabus e estigmas.

11.Solicitar baciloscopias para acompanhamento do tratamento.

12. Iniciar e acompanhar tratamento dos casos de tuberculose pulmonar

com baciloscopias negativas e dos casos de tuberculose extrapulmonar

quando o diagnóstico for confirmado após a investigação em uma

unidade de referência.

13.Dar alta por cura aos pacientes após o tratamento.

14.Tratamento Diretamente Observado (TDO) da Tuberculose na Atenção

Básica: protocolo de enfermagem Secretaria de Vigilância em Saúde

15.Encaminhar, quando necessário, os casos que necessitam de um

atendimento em unidade de referência, respeitando os fluxos locais e

mantendo-se responsável pelo acompanhamento.

16.Realizar assistência domiciliar, quando necessário.

49

Page 38: Tcc Tuberculose Pronto

17.Orientar auxiliares e técnicos de enfermagem, ACS e ACE para o

acompanhamento dos casos em tratamento e/ou tratamento diretamente

observado.

18.Contribuir e participar das atividades de educação permanente dos

membros da equipe quanto à prevenção, ao manejo do tratamento, às

ações de vigilância epidemiológica e controle das doenças.

19.Enviar mensalmente ao setor competente as informações

epidemiológicas referentes à tuberculose da área de atuação da UBS.

Analisar os dados e planejar as intervenções juntamente à equipe de

saúde.

20.Notificar os casos confirmados de tuberculose.

21.Encaminhar ao setor competente a ficha de notificação, conforme

estratégia local.

22.Fazer a programação anual das ações do PCT, segundo a matriz de

programação do Ministério da Saúde.

23.Observar os cuidados básicos de redução da transmissão do

Mycobacterium tuberculosis. (BRASIL, 2011).

4.1.3 Enfermeiro

O primeiro passo para atuação do enfermeiro será levantar com base

nos indicadores epidemiológicos e operacionais os problemas existentes na

região ou área relacionados ao programa de tuberculose.

1. Incentivar a participação dos enfermeiros assistenciais na elaboração de

diretrizes do programa de controle de tuberculose, com destaque para

as ações junto à contactantes;

50

Page 39: Tcc Tuberculose Pronto

2. Estimular as ações educativas de enfermagem, na prevenção da

tuberculose e suas complicações;

3. Priorizar o atendimento de contactantes sintomáticos respiratórios e

aplicar a rotina prevista no Manual de Normas para o Controle da

Tuberculose;

4. Investigar as condições dos domicílios dos doentes-focos, priorizando os

casos com inadequada ventilação e superpopulação, onde os riscos de

contaminação são maiores. Atuar junto com o serviço social;

5. Priorizar as ações de enfermagem de prevenção da tuberculose,

principalmente entre os contactantes com relação de parentesco muito

próxima ao doente-foco (esposo, companheiro, namorado) e entre

aqueles menores de 05 anos, pois estão mais predispostos a

desenvolverem a doença;

6. Estimular que o trabalho de todos os profissionais de saúde que, atuam

junto aos doentes com tuberculose, esteja integrado às unidades

básicas de saúde das áreas onde os doentes e os seus contactantes

residem. Informar aos enfermeiros da UBS de residência dos

contactantes (intradomiciliares e extradomiciliares), sobre os casos

confirmados e sobre a investigação dos contactantes;

7. Orientar os enfermeiros que realizam consulta de enfermagem no pré-

natal, sobre a importância da investigação de casos de doentes de

tuberculose nas famílias das gestantes, devendo ter atenção especial

com os recém-nascidos;

51

Page 40: Tcc Tuberculose Pronto

8. Manter o isolamento respiratório de todos os pacientes com tuberculose

que estiverem hospitalizados, enquanto estes não forem tratados

adequadamente;

9. Procurar conhecer a família de cada cliente, integrando-a ao tratamento

médico proposto;

10.Promover ações educativas, sobre tuberculose para a população,

incentivando a participação da comunidade, no controle da doença.

Procurar trabalhar com questões de medo de contaminação pelo bacilo

sensível / resistente da tuberculose, esclarecendo cada questão;

11.Realizar entrevista completa com os contactantes. Coletar os dados

epidemiológicos e clínicos, assim como informações sobre o tipo de

relação com o doente de tuberculose, não deixando de verificar o peso e

a altura de todos, para uma avaliação antropométrica adequada. É

importante também que os enfermeiros façam um levantamento da

história de doenças anteriores ou presentes, prevenindo assim, não só

complicações como também, a má absorção da quimioprofilaxia, caso

esta seja indicada pelo médico;

12.Promover cursos de extensão e qualificação universitária, seminários,

encontros e outras atividades periodicamente, que possibilitem um

melhor aprimoramento do estudo da tuberculose, que incentivem

pesquisas na área e que permitam um melhor desenvolvimento dos

enfermeiros assistenciais, junto ao programa de controle da tuberculose;

13.Encorajar a clientela a expressarem seus sentimentos e oferecer suporte

emocional, sempre que necessário;

52

Page 41: Tcc Tuberculose Pronto

14.Ampliar o conteúdo da consulta de enfermagem junto ao cliente, para

dimensionar as perspectivas do diagnóstico de enfermagem;

15.Providenciar o exame e o tratamento preventivo dos clientes,

procurando protege-los da possibilidade de transmissão do bacilo da

tuberculose, seja ele sensível ou resistente às drogas usuais.

Ao final destas medidas, é possível ressaltar a importância do enfermeiro

sanitarista em prover e prever serviços de enfermagem em saúde pública

voltados para a plena investigação de clientes doentes, pois a sua atuação

pode ser a parte fundamental para um efetivo controle da tuberculose junto à

população. (SANTOS, 2008).

4.1.4 Auxiliar de Enfermagem

1. Identificar os sintomáticos respiratórios.

2. Realizar procedimentos regulamentados para o exercício de sua

profissão.

3. Convocar os contatos para consulta médica.

4. Identificar o pote de coleta do escarro.

5. Orientar a coleta do escarro.

6. Encaminhar o material ao laboratório com a requisição do exame

preenchida.

7. Receber os resultados dos exames, protocolá-los e anexá-los ao

prontuário.

8. Aplicar a vacina BCG e fazer prova tuberculínico, após capacitação.

53

Page 42: Tcc Tuberculose Pronto

9. Fazer teste tuberculínico. Fornecer medicação, orientar o uso e a

importância do tratamento. Esclarecer as duvida dos doentes.

10.Supervisionar o uso correto da medicação nas visitas domiciliares e o

comparecimento às Consultas de acordo com a rotina da equipe.

11.Agendar consultar extra quando necessário.

12.Convocar o doente faltoso a consulta: planejar visitar domiciliar.

13.Convocar o doente em abandono de tratamento: planejar visita

domiciliar

14.Manter a ficha SIAB atualizada

15.Realizar ações educativas junto a comunidade

16.Participar da programação e avaliação das ações. (BRASIL, 2002).

4.1.5 O agente comunitário de saúde:

1. Identificar os sintomáticos respiratórios nos domicílios e na comunidade.

2. Encaminhar ou comunicar o caso suspeito à equipe.

3. Orientar e encaminhar os contatos à unidade básica de saúde – UBS

para consulta, diagnóstico e tratamento, quando necessário.

4. Orientar a coleta e o encaminhamento do escarro dos sintomáticos

respiratórios.

5. Supervisionar a tomada de medicação, conforme planejamento da

equipe.

6. Fazer visita domiciliar, de acordo com a programação da equipe, usando

a ficha do Siab (B-TB) e a Ficha de Acompanhamento da Tomada Diária

da Medicação, mantendo-a atualizada.

54

Page 43: Tcc Tuberculose Pronto

7. Verificar no Cartão da Criança a situação vacinal, se faltoso encaminhar

à UBS.

8. Realizar busca ativa de faltosos e daqueles que abandonaram o

tratamento.

9. Tratamento Diretamente Observado (TDO) da Tuberculose na Atenção

Básica: protocolo de enfermagem 80 Secretaria de Vigilância em Saúde

10.Verificar a presença de cicatriz da vacina BCG no braço direito da

criança. Caso não exista e Não haja comprovante no Cartão,

encaminhar a criança para vacinação. Observar a indicação de

vacinação preconizada pelo PNI (até 5 anos de idade).

11.Realizar ações educativas junto à comunidade.

12.Participar com a equipe do planejamento de ações para o controle da

tuberculose na comunidade.

13.Observar os cuidados básicos de redução da transmissão do

Mycobacterium tuberculosis. (BRASIL, 2011).

4.1.6 Agente de Controle de Endemias

1. Identificar os sintomáticos respiratórios nos domicílios e na comunidade.

2. Encaminhar casos suspeitos e contatos para avaliação na UBS.

3. Desenvolver ações educativas e de mobilização da comunidade

relativas ao controle da tuberculose, em sua área de abrangência.

(BRASIL, 2011).

55

Page 44: Tcc Tuberculose Pronto

4.2 Acesso e equidade

No qual o enfermeiro deve-se atentar a garantir a ampliação da oferta de

tudo de forma descentralizada, facilitando o acesso e a equidade da atenção

aos doentes com tuberculose. Isso significa atentar para a localização da

unidade onde se pretende implantar a atenção ao paciente com tuberculose,

escolhendo locais de fácil acesso da população, próximo ao local de moradia e

trabalho das pessoas e das comunidades com maior incidência da doença;

considerar o tempo e os meios de transporte utilizados pelos usuários para o

deslocamento até a unidade de saúde; minimizar as dificuldades a serem

enfrentadas pelo doente para a obtenção do atendimento, tais como: filas,

horário e tempo de espera; o tratamento recebido pelo usuário; priorizar as

situações de risco; atentar para responder as demandas individuais e coletivas

bem como estimular o agendamento aberto. (RAMOS, 2004). Sendo assim,

espera-se a redução ou a eliminação das diferenças advindas de fatores

considerados evitáveis e injustos, criando igual oportunidade em saúde e

reduzindo as diferenças possíveis, isto é, proporcionando uso igual dos

serviços para necessidades iguais e igual qualidade de atenção para todos

enfim, permitindo uso oportuno dos serviços pelos doentes de tuberculose.

(VIANA, 2003).

4.3 Perfil dos pacientes na unidade de saúde

É importante que o enfermeiro conheça o perfil dos pacientes adstrita à

unidade de saúde por meio dos dados epidemiológicos disponíveis no

município e, se possível, levantar dados por entrevista domiciliar, considerando

as condições socioeconômicas e de trabalho, escolaridade, faixa etária, sexo,

56

Page 45: Tcc Tuberculose Pronto

meios de transporte mais comumente utilizados, incidência e prevalência das

doenças. Conhecer o número de pessoas com dificuldade de locomoção que

apresentam sintomas respiratórios, tipo de habitação e saneamento, avaliar o

uso dos diferentes tipos e a oferta de serviços de saúde – ambulatorial, pronto-

socorro e hospitalar disponíveis à população, exames e avaliação do

atendimento nas unidades de saúde. O cadastramento realizado pelas Equipes

de Saúde da Família se constitui também como uma das fontes para obtenção

dessas informações. (BRASIL, 2011).

4.4 Referência e contra-referências

O enfermeiro deve auxiliar na inserção da pessoa com tuberculose nos

diferentes níveis de complexidade nos serviços de saúde, incluindo consultas

médicas e de enfermagem, apoio diagnóstico, consultas com especialista, caso

sejam necessárias, e acesso à medicação específica, ou seja, deve se

envolver na resolutividade dos problemas do doente. Neste sentido, o

encaminhamento às referências deverá ser acompanhado e analisado quanto à

sua execução e deverá ser posteriormente avaliado. Os serviços de referência

devem se integrar aos demais níveis do sistema de saúde, estabelecendo fluxo

organizado de atenção, que não se limite apenas ao ato de receber o doente

na unidade, mas que dê suporte a uma seqüência de atos e modos que fazem

parte do processo de trabalho, incluindo a definição para onde o usuário será

referenciado, ou seja, a contra-referências. É fundamental mapear a rede de

serviços de tuberculose próxima de sua unidade de saúde, estabelecer as

relações formais, definir os fluxos de atendimento e os mecanismos de

encaminhamento, retorno e acompanhamento do doente. (BRASIL, 2011).

57

Page 46: Tcc Tuberculose Pronto

4.5 Acolhimento

No acolhimento, o enfermeiro deverá estabelecer vínculo entre os

profissionais de saúde, paciente, família e comunidade. Isso requer mudanças

na porta de entrada da população aos serviços de recepção do usuário, no

agendamento das consultas e na programação da prestação de serviços.

Trata-se da inversão da lógica de organização e funcionamento dos serviços,

incluindo três aspectos: a garantia do acesso a todas as pessoas que procuram

as unidades de saúde; o deslocamento do processo de trabalho, a partir do

eixo médico para a equipe multiprofissional e de acolhimento; e a qualificação

da relação trabalhador/usuário, que deve ocorrer por meio de parâmetros

humanitários, solidários e de cidadania. O profissional de saúde deve se

colocar no lugar do usuário para sentir quais são suas necessidades e, na

medida do possível, atendê-las ou direcioná-las para o ponto do sistema que

seja capaz de responder. Nesse sentido, o acolhimento se dará a partir da

diversidade e da tolerância aos diferentes, da inclusão social com escuta

clínica solidária, negociando e identificando suas necessidades, na busca de

produção de vínculo. (BRASIL, 2011).

4.6 Elaboração dos protocolos locais

Faz parte da competência do enfermeiro a organização do processo de

trabalho nas atividades de controle da tuberculose, incluindo a dose

diretamente observada da medicação. A organização da equipe garante que as

ações sejam sistematizadas, contínuas e resolutivas; deve ser realizada por

meio da elaboração de protocolos de atendimento que partam das diretrizes

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Page 47: Tcc Tuberculose Pronto

definidas pelo Ministério da Saúde, mas que contemplem as especificidades

locais e, principalmente, a dinâmica

de trabalho da unidade de saúde e equipe.

O protocolo de atendimento requer uma discussão e consenso da

conduta da equipe envolvida no programa de controle da tuberculose local,

incluindo particularmente a questão do TDO, devendo este documento ser

regulamentado pelo gestor municipal. Sua elaboração deve contemplar os

seguintes princípios:

Partir de condutas consensuadas pela equipe, o que implica elaboração

participativa e coletiva.

Estar centrado no usuário.

Utilizar como referência os protocolos clínicos definidos pelo Ministério

da Saúde.

Utilizar os indicadores para avaliação do serviço, do processo de

implantação do tratamento.

Estabelecer formas e prazos para revisões de metas e atualizações das

estratégias do PCT.

Informar ao usuário os fluxos de atendimento na unidade de saúde, os

exames a serem realizados e o atendimento dos contatos. (BRASIL,

2011).

4.7 Consulta de enfermagem

O processo de enfermagem representa um instrumento de planejamento

e execução dos cuidados. É constituído por fases ou etapas que envolvem: a

identificação de problemas de saúde do cliente, o delineamento do diagnóstico

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Page 48: Tcc Tuberculose Pronto

de enfermagem, a instituição de um plano de cuidados, a implementação das

ações planejadas e a avaliação. A consulta de enfermagem ao paciente com

tuberculose deve ser conduzida em etapas, descritas abaixo:

4.7.1 Primeira etapa: coleta de dados

Os métodos utilizados pelo enfermeiro para a coleta de dados são a

entrevista, o exame físico, os resultados laboratoriais e os testes diagnósticos.

Na entrevista, o enfermeiro deve obedecer aos princípios gerais como o de

providenciar local confortável, privativo, demonstrar interesse e atenção. Os

dados da entrevista poderão ser obtidos do próprio paciente ou de pessoas

significativas e incluirão as percepções do paciente, queixas, sintomatologias e

relatos complementares. Nessa investigação, devem-se levar em consideração

os aspectos clínicos, epidemiológicos e psicossociais, sendo que esses

achados dependerão do estágio da doença e do grau de comprometimento do

paciente. (BRASIL, 2011).

4.7.2 Segunda etapa: diagnósticos de enfermagem

Nessa etapa, após a obtenção dos dados da entrevista e do exame

físico, o enfermeiro deve iniciar o processo de julgamento clínico.

Para a identificação dos diagnósticos de enfermagem, consideram-se os

sinais e sintomas apresentados pelo cliente, e os fatores relacionados darão o

suporte para o planejamento da assistência. Os diagnósticos de enfermagem

entre os portadores de tuberculose, na Atenção Básica, podem envolver, entre

outros aspectos: nutrição desequilibradas, conhecimento deficiente sobre o

60

Page 49: Tcc Tuberculose Pronto

regime de tratamento, intolerância a atividade a ser executada pelo doente,

autocontrole inadequado da saúde, risco de infecção. (BRASIL, 2011).

4.7.3 Terceira etapa: planejamento

Após a identificação dos diagnósticos de enfermagem, o enfermeiro

deve planejar o cuidado a ser prestado; definir os critérios a serem utilizados na

priorização das ações, as preferências do paciente, as necessidades humanas

básicas ou o plano terapêutico. Tratamento Diretamente Observado (TDO) da

Tuberculose na Atenção Básica: protocolo de enfermagem da Secretaria de

Vigilância em Saúde. Nessa etapa de sistematização da assistência de

enfermagem são formuladas as metas ou os critérios de resultados,

identificadas às ações ou prescrições de enfermagem, considerando as

particularidades de cada indivíduo. As principais metas incluem orientação

sobre a doença tuberculosa, controle dos contatos, aconselhamento para

testagem do HIV, acompanhamento do tratamento, regime e controle de

tratamento, bem como estímulo à adesão ao regime medicamentoso por meio

do tratamento diretamente observado. A manutenção das atividades a serem

executadas pelo paciente no cotidiano e a ausência de complicações são

também alguns exemplos de metas a serem definidas no plano terapêutico do

paciente. Tanto as metas quanto os resultados esperados devem ser

registrados para cada indivíduo em impresso próprio, destinado ao

planejamento, no prontuário do paciente, e retomados para avaliação, sempre

que necessário. A elaboração de resultados esperados no plano de cuidados

do paciente também favorece a continuidade do cuidado e a avaliação desse

paciente nas próximas consultas, pois são critérios de avaliação que ficam

61

Page 50: Tcc Tuberculose Pronto

definidos e permitem a identificação de mudanças no comportamento do

paciente. (BRASIL, 2011).

4.7.4 Quarta etapa: implementação e avaliação

Uma vez prescritas as ações no plano de cuidados, efetiva-se a fase de

implementação, estabelecendo-se em conjunto com o paciente as prescrições

elaboradas. Durante a implementação das ações planejadas, o enfermeiro

reavalia o paciente, modifica o plano de cuidados, reescreve objetivos e ações

de enfermagem, sempre que necessário. Por última etapa da consulta de

enfermagem, a avaliação, o enfermeiro realiza uma comparação sistematizada

das metas propostas com os resultados obtidos (estado atual do cliente), a fim

de determinar a eficácia do cuidado prestado. Para facilitar o registro dos

dados durante a consulta de enfermagem, os impressos podem conter

informações gerais previamente definidas para serem checadas e outros

espaços em que possa ser realizada uma complementação das anotações,

considerando as especificidades de cada caso. (BRASIL, 2011).

4.8 Visita domiciliar

O enfermeiro deve aproveitar o momento da visita domiciliar para cuidar

da saúde do cidadão em sua própria residência, sendo que esse procedimento

amplia a capacidade de atendimento da rede pública, particularmente, em caso

de gravidade e ou situação especial. (BRASIL, 2011).

62

Page 51: Tcc Tuberculose Pronto

4.8.1 Objetivos da visita Domiciliar

Realizar a visita domiciliar em todo paciente que inicia o tratamento para

tuberculose, sendo prioritário aquele com BK+.

Orientar o doente e a família sobre a doença tuberculosa e a importância

do tratamento diretamente observado para obtenção da cura (educação

em saúde).

Identificar os contatos, pacientes faltosos em consulta ou abandono de

tratamento.

Observar os casos suspeitos de tuberculose em situações especiais e

realizar os devidos encaminhamentos, quando necessário.

Apoiar o doente e sua família, encorajando-o para a continuidade ao

tratamento supervisionado da tuberculose.

Primeira visita domiciliar após o diagnóstico de tuberculose

Nesta visita o enfermeiro tem como propósito conhecer o contexto do

doente – incluindo as condições socioeconômicas, do ambiente familiar

e de moradia, a distância do domicílio até a unidade de saúde, o número

de pessoas que coabitam no domicílio –, identificar os contatos e

confirmar o endereço do paciente.

Informar sobre a tuberculose, sua transmissão, a questão do estigma, o

preconceito, a duração do tratamento, o acompanhamento, a tomada

regular supervisionada da medicação, a adesão e a cura. Avaliar as

doenças mais comuns no domicílio, o cartão vacinal (adultos e crianças),

e se colocar à disposição do paciente para outras eventualidades.

Pactuar o local e o horário para a tomada da medicação.

Analisar a necessidade de encaminhamento ao serviço social.

63

Page 52: Tcc Tuberculose Pronto

Observar as condições sanitárias e ambientais do domicílio do paciente

e fazer a intervenção possível, com vistas a diminuir o risco de

transmissão da doença. (BRASIL, 2011).

4.8.2 Visitar subseqüentes

A visita subseqüente será realizada com base nas demandas do

paciente e das necessidades do serviço, devendo ser indicada em caso de falta

da tomada da dose supervisionada, por abandono de tratamento, em caso de

contato não examinado, dentre outros aspectos.

4.9 Educação e a enfermagem

Essas são as metas que os enfermeiros no seu dia a dia tende a

alcançar, objetivos para e controle da tuberculose, da qual o enfermeiro tem

participação direta e indireta com os pacientes, e a partir desse contexto que a

educação em saúde também deve ser aplicada.

A educação em saúde voltada para o doente, a família e a comunidade

requer reflexão mais aprofundada e criativa por parte dos enfermeiros, uma vez

que se trata de tarefa complexa.

Educar implica ações que visem ao desenvolvimento de hierarquias de

aprendizagem (habilidades psicomotoras, cognitivas e atitudes) e quando

associadas poderão constituir subsídios para alterações comportamentais e de

atitudes com impacto na saúde das pessoas. A ação de educação em saúde

promovida por enfermeiros deve transcender os conteúdos relativos à doença e

ao tratamento, incluindo aspectos sociais, ambientais, estigma e preconceito da

enfermidade. Isso significa que a informação, por si só, não garante mudança

64

Page 53: Tcc Tuberculose Pronto

de comportamento, mas deve ser dirigida para que o usuário compreenda o

que ele precisa fazer para ter saúde e não apenas um saber sobre a doença. A

educação em saúde é uma estratégia que permite a construção de sujeitos

autônomos e capazes de decidir sobre a sua própria vida. (MELLES, 1999).

Uma das abordagens sugeridas para orientação das pessoas e famílias

com tuberculose é a da educação popular em saúde, constituindo-se como um

referencial importante para atuação do enfermeiro, uma vez que considera as

características sociais, econômicas e culturais em que se dá a doença,

enquanto agravo à saúde. A educação popular é uma estratégia de

participação coletiva que prevê o redirecionamento da vida social, tendo como

ponto de partida do processo pedagógico o saber anterior do educando. Esse

saber do educando é fruto de sua história, trabalho, vida social e luta cotidiana

pela sobrevivência, uma vez que tais aspectos transformam a realidade e a

própria forma de entender a sua inserção na sociedade. Esse conhecimento

fragmentado e pouco elaborado é a matéria-prima da educação popular

(VASCONCELOS, 2004).

A valorização do saber do educando permite que ele mantenha iniciativa

própria e não reproduza a passividade usual dos processos pedagógicos

tradicionais. Enfatiza-se não o processo de transmissão de conhecimento, mas

a ampliação dos espaços de interação cultural e de negociação dos diversos

atores envolvidos em determinado problema social, compartilhando

conhecimento necessário à sua superação. No caso de acompanhamento e

adesão ao tratamento da tuberculose, os sujeitos envolvidos (equipe de saúde

e usuários) devem discutir e negociar a melhor forma de conduzir o tratamento

até a cura. (VASCONCELOS, 2004).

65

Page 54: Tcc Tuberculose Pronto

A educação popular pode ser um instrumento fundamental para a

atenção integral no SUS, ampliando a interação das diversas profissões,

especialidades, serviços, doentes, familiares, vizinhos e organizações sociais

locais envolvidos no problema específico de saúde, fortalecendo e reorientando

suas práticas, saberes e lutas. (VASCONCELOS, 2004).

O enfermeiro como educador, tem seu papel de destaque, e é sua

função enquanto tal, orientar essas famílias e o cliente da importância e adesão

ao tratamento, bem como os sinais e sintomas positivos da tuberculose para

que se possam evitar novos casos.

As organizações de saúde, gestores devem trabalhar em conjunto com a

comunidade, para que se possa vivenciar mais de perto, suas dificuldades

enfrentadas e com isso haverá mais êxito frente aos problemas e os conflitos

existentes.

Estas competências e habilidades são importantes ferramentas para

que os profissionais trabalhem melhor e identifiquem as melhores soluções.

As medidas de controle para a tuberculose devem ser buscadas, pois se trata

de uma patologia de notificação compulsória, fazendo uma investigação entre

as pessoas que convivem com o doente, ressaltando outras doenças imuno-

depressivas que contribuem para sua transmissão.

É importante que a equipe de enfermagem conheça os problemas que

envolvem o paciente durante o tratamento e suas condições reais e

econômicas, pois boa parte dos pacientes que convivem com a doença, a

qualidade de vida é precária de maneira que o enfermeiro deve se tornar

conhecedor dessa realidade, evitando que o paciente abandone o tratamento,

devido às reações e efeitos indesejáveis que a medicação possa provocar em

66

Page 55: Tcc Tuberculose Pronto

função disso, trabalhar para que se possa promover uma melhor qualidade de

vida para o doente.

O cuidar em enfermagem, intervir e promover a saúde faz do enfermeiro

um educador em saúde e um orientador com a formação de novas

concepções.

Dessa forma a partir do momento em que se promover a adesão ao

tratamento, nutrição adequada, evita e trata complicações potenciais, promove

o diferencial que vai refletir em bons resultados e na qualidade de bons

profissionais.

Assim, torna-se necessário que o enfermeiro, ético, técnico e

politicamente correto, mostre suas reais condições de assistência, utilizando

métodos que mobilizem toda a equipe para a participação ativa nos programas

de educação e saúde com a responsabilidade de realizar a busca ativa dos

casos de TB, bem como de realizar a notificação compulsória e oferecer apoio

ao paciente e seu familiar.

67

Page 56: Tcc Tuberculose Pronto

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho buscou discutir o papel do profissional enfermeiro no

controle da tuberculose no contexto do SUS, identificando as características da

doença tuberculose, compreendendo as ações do programa de controle dessa

doença assinalando o papel da enfermagem na busca de uma maior

efetividade desse programa e de melhoria da saúde das pessoas com essa

doença.

Ao termino desta pesquisa concluímos que o combate à tuberculose foi

de grande importância para a estruturação da enfermagem como profissão no

Brasil e para a saúde publica. Foi demonstrado que apesar dos esforços

realizados a incidência no decorrer dos séculos continua a aumentar. Dessa

forma, nota-se que a tuberculose não requer atenção somente clinica e

farmacológica, deve destacar-se o ponto de vista integral, social e cultural da

doença.

Verificou-se ainda, que a propagação da Síndrome da lmunodeficiência

Adquirida - AIDS, o empobrecimento da população, a urbanização caótica e a

ausência de busca de informação, bem como o abandono do tratamento por

parte dos doentes de tuberculose, vêm dificultando o controle da doença.

Assim, é possível afirma que faz necessárias várias medidas com o

objetivo de diminuir a propagação da tuberculose em todo o mundo, como a

maximização da detecção de novos casos, a minimização da demora na

instituição do regime terapêutico adequado, a maximização da adesão

sustentada a esse regime durante o tempo recomendado e a maximização da

discriminação positiva de grupos, como VIH positivos e toxicodependentes.

68

Page 57: Tcc Tuberculose Pronto

O profissional de enfermagem é o membro da equipe de trabalho que

deve assumir um papel de protagonista na prevenção e controle dessa doença,

a equipe de enfermagem tem um papel importante no que tange à

conscientização da população quanto ao diagnóstico e tratamento, bem como

no esclarecimento da gravidade do abandono do tratamento e as

conseqüências que isso acarreta ao paciente e à comunidade.

Para o êxito do tratamento da tuberculose é necessário que haja

comprometimento dos profissionais, incluindo o enfermeiro, envolvimento do

serviço de saúde e do doente para contemplar as necessidades de ambas as

partes. Os objetivos para o tratamento desta doença só serão alcançados

quando houver a preocupação em manter os profissionais motivados e

comprometidos por meio de um processo de permanente educação em saúde.

Conclui-se ainda, que Políticas Públicas que possam efetivamente

melhorar a qualidade de vida da população têm repercussões positivas no

controle da tuberculose, neste sentido a descentralização e a estratégia do

tratamento supervisionado DOTS se colocam como possibilidades para

melhorar a assistência aos doentes com tuberculose.

Na luta contra tuberculose é imprescindível levar em consideração os

fatores de ordem socioeconômicos, os quais servirão como subsídio no

planejamento do controle e do tratamento do paciente conforme a sua

realidade.

Diante da problemática da tuberculose, a falta de informação, sobretudo

nas comunidades carentes com baixo nível de escolaridade, é umas das

causas de agravante do abandono do tratamento, motivo pela quais novas

medidas que permitam ou facilitam acesso às informações sobre tuberculose,

69

Page 58: Tcc Tuberculose Pronto

devem ser acionados pelos profissionais de saúde, e principalmente por

intermédio da equipe da saúde da família. Enfatiza-se também que a falta de

informação vinculada a baixo nível de escolaridade, proporciona a

representação estigmatizante, tanto do paciente, assim como da comunidade.

A carência de informação pode ser suprida pelo trabalho de Educação em

Saúde, no qual o enfermeiro tem um papel relevante.

Diante do exposto posso dar a minha contribuição pessoal e como

profissional da saúde, na área de enfermagem, participando e orientando os

pacientes com tuberculose, uma vez que já fui portadora desta doença. A partir

da experiência relatada, considero importante a configuração de políticas

públicas intersetoriais incluindo a assistência social, psicológica e financeira no

apoio aos portadores da tuberculose.

Enfim consideramos que os objetivos traçados neste estudo foram

satisfatoriamente alcançados. Esperamos que essa pesquisa possa contribuir

com conscientização de todos os profissionais de saúde, inclusive os

enfermeiros sobre a importância de um diagnóstico precoce e um tratamento

voltado para a manutenção e melhoria da qualidade de vida dos pacientes e

para o controle dessa doença.

70

Page 59: Tcc Tuberculose Pronto

6 REFERÊNCIAS

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