TCC -Um estudo sobre o Intercâmbio de Potência entre Áreas

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Esse trabalho tem como objetivo geral mostrar como está estruturado o sistema elétrico no Brasil no contexto de Sistema Interligado e os procedimentos que envolvem a transferência de potência entre as áreas do sistema. Além disso procura-se descrever o funcionamento do software ANAREDE que é utilizado para estudos do sistema elétrico em regime permanente.

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  • Leonardo Fortkamp Almeida

    UM ESTUDO SOBRE O INTERCMBIO DE POTNCIA

    ENTRE REAS

    Trabalho de Concluso de Curso

    submetido ao Departamento de

    Engenharia Eltrica e Eletrnica da

    Universidade Federal de Santa Catarina

    para a obteno do Grau de Engenheiro

    Eletricista.

    Orientador: Prof. Roberto de Souza

    Salgado

    Florianpolis

    2015

  • Este trabalho dedicado aos meus pais

    e minha querida irm.

  • AGRADECIMENTOS

    Ao Professor Roberto de Souza Salgado, pela dedicao e pela

    oportunidade concedida ao orientar-me neste trabalho.

    Aos meus pais, Rildo e Nilzete, por todo apoio, por estarem

    presentes mesmo longe, por me darem foras quando precisei e por

    sempre acreditarem na minha capacidade, digo-lhes, se sou capaz,

    graas a vocs. E se hoje cheguei at aqui, essa conquista no s minha,

    de vocs, que sempre priorizaram a educao de seus filhos, e no

    mediram esforos para que eu e minha irm pudssemos ter as melhores

    oportunidades.

    A minha irm Leticia, que sempre esteve disponvel quando

    precisei. Por me motivar, e ajudar em todos os momentos.

    Ao meu amigo e colega de curso Edson, obrigado pela amizade

    sincera e todos os momentos em que pude ter a sua companhia, fosse nos

    momentos de lazer ou nos momentos de estudo.

    Ao meu amigo e colega de curso Miguel, obrigado pela dedicao,

    por sempre estar disposto a tirar minhas dvidas sobre qualquer assunto

    que fosse e por todos os momentos de descontrao.

    Aos demais colegas, que apesar de no terem seus nomes listados

    aqui, pois demais extensa se tornaria essa lista, meus agradecimentos,

    pois todos vocs tiveram contribuio nessa minha jornada. Mais que

    amigos, vocs foram minha famlia nesses anos de estudo. Agradeo por

    todos os momentos, e lembrarei com saudades tudo o que passamos

    juntos, os momentos alegres, e as semanas de prova. Por mais que

    sigamos caminhos diferentes depois de formados, espero que a distncia

    no seja capaz de nos fazer esquecer, e que nos encontremos para recordar

    os velhos tempos.

    Agradeo, cidade de Florianpolis, lugar sem igual, cidade de

    belezas inigualveis e povo acolhedor.

    Por fim, agradeo a todo corpo de funcionrios da Universidade

    Federal de Santa Catarina, todo o reconhecimento que eu venha a ter na

    minha carreira profissional deverei a todos vocs, que de forma direta ou

    indireta fazem sua parte para elevar nossa Universidade ao nvel de

    excelncia que ela possui. E se tive uma educao de qualidade devo

    graas ao esforo de todos.

    Muito Obrigado!

  • RESUMO

    Devido a sua grande extenso territorial, o Brasil tem seu sistema eltrico

    de potncia dividido em quatro grandes subsistemas. Os quais so

    interligados, de modo a permitir a troca de energia entre si, assim

    tornando o sistema mais robusto e confivel, e permitindo um melhor

    aproveitamento dos recursos regionais. Nesse contexto de sistemas

    interligados, torna-se importante o estudo do intercmbio de potncia

    entre reas, e a definio dos limites de intercmbio. Esses valores so

    usados no planejamento energtico do sistema, e tambm so uteis para

    os estudos de expanso do sistema, ajudando a identificar pontos em que

    obras sejam necessrias para permitir um aumento do fluxo. Neste

    trabalho descrito de forma breve como est caracterizado o Sistema

    Interligado Nacional (SIN), no que se refere as interligaes entre as

    reas. Tambm so realizadas simulaes visando maximizar o fluxo de

    potncia num sistema teste e analisar quais as consequncias que isso

    causa no sistema. Nas simulaes utilizado o software ANAREDE, o

    qual amplamente conhecido e utilizado na rea de Sistemas de Energia.

    So descritas suas funcionalidades e as funes necessrias para as

    simulaes deste trabalho.

    Palavras-chave: Fluxo de Potncia. Intercmbio de Energia. Sistemas de

    Potncia. ANAREDE.

  • ABSTRACT

    Due to its geographical size, the Brazilian electric power system is

    divided into four major subsystems, which are interconnected to allow the

    exchange of energy between distinct areas. Thus makes the system more

    robust and reliable and allows a better use of regional resources. In the

    context of interconnected systems, it is important to study the power

    exchange between areas, and the definition of the limits of exchange.

    These values are used in energy planning of the power system, and are

    also useful for system expansion studies, helping to identify the points

    where works are necessary to allow an increased flow. This work

    describes briefly as the power interchange is characterized the National

    Interconnected System (SIN), with respect to the links between the areas.

    There are also simulations aiming at maximizing the power flow in a test

    system and analyzing its consequences on the system. In the simulations the software ANAREDE is used, which is widely known in Brazil and

    used in the area of Energy Systems. The features and functions necessary

    for the simulations of this work are described.

    Keywords: Energy Interchange. Power Flow. Power Systems.

    ANAREDE.

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1- Balano dirio de energia em MWmed. ............................. 26 Figura 2- Interligao Norte - Sudeste .................................................. 30 Figura 3- Intercmbio entre trs reas vizinhas ..................................... 36 Figura 4- Interface do EditCepel. .......................................................... 47 Figura 5- Formato do Cdigo DBAR .................................................... 49 Figura 6- Formato do Cdigo DLIN ..................................................... 51 Figura 7- Seleo das funes objetivo ................................................. 53 Figura 8- Formato do Cdigo DTRF. .................................................... 54 Figura 9- Formato do Cdigo de execuo DARE. .............................. 54 Figura 10- Diagrama do sistema equivalente. Sul, Sudeste e Mato

    Grosso. .................................................................................................. 59 Figura 11- Intercmbios de potncia ativa no caso base. ...................... 61 Figura 12- Intercmbios de potncia ativa - MXTR do Sul para SE. .... 66 Figura 13- Intercmbios de potncia ativa - MXTR do SE para o Sul. . 68 Figura 14- Diagrama Unifilar Limitao da MXTR SE para MT. ..... 70 Figura 15- Intercmbios de potncia ativa - MXTR do SE para o MT. 72 Figura 16- Janela para alterao de nvel de carregamento de rea. ..... 73 Figura 17- Intercmbio mximo em funo do carregamento. ............. 75 Figura 18- Cdigo de execuo para MXTR. ....................................... 85 Figura 19- Dados de barras - Parte 01. .................................................. 87 Figura 20- Dados de barras - Parte 02. .................................................. 88 Figura 21- Dados de linhas, grupos e reas - Parte 01. ......................... 89 Figura 22- Dados de linhas, grupos e reas - Parte 02. ......................... 90 Figura 23- Dados de linhas, grupos e reas - Parte 03. ......................... 91

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1- Energia armazenada no sistema em relao a capacidade do

    reservatrio (%). .................................................................................... 26 Tabela 2- Fronteiras entre os submercados Norte, Nordeste. ................ 28 Tabela 3- Fronteiras entre os submercados Sul e Sudeste/Centro-Oeste

    ............................................................................................................... 28 Tabela 4- Fronteiras entre os submercados Sudeste, Norte e Nordeste. 29 Tabela 5- Elementos que limitam os intercmbios entre os submercados

    Norte, Nordeste e SE/CO ...................................................................... 31 Tabela 6- Elementos que limitam os intercmbios entre os submercados

    SE/CO e Sul .......................................................................................... 31 Tabela 7- Componentes do sistema 107 barras. .................................... 60 Tabela 8- Gerao X Carga - Caso base. ............................................... 60 Tabela 9- Totais de rea Caso base aps FP. ...................................... 61 Tabela 10- Totais de rea - MXTR do Sul para o SE. ........................... 63 Tabela 11- Fluxos no limite, MXTR do Sul para o SE. ........................ 64 Tabela 12- Grandezas no limite - MXTR do Sul para SE. .................... 65 Tabela 13- Gerao- MXTR do Sul para o SE. ..................................... 65 Tabela 14- Totais de rea - MXTR do SE para o Sul. ........................... 66 Tabela 15- Grandezas no limite - MXTR do SE para o Sul. ................. 67 Tabela 16- Fluxos no limite, MXTR do SE para o Sul. ........................ 68 Tabela 17- Gerao - MXTR do SE para o Sul. .................................... 68 Tabela 18- Grandezas no Limite MXTR do SE para o MT. .............. 69 Tabela 19- Fluxos no limite, MXTR do SE para o MT. ........................ 69 Tabela 20- Totais de rea MXTR do SE para o MT. ........................ 70 Tabela 21- Totais - MXTR modificado SE para MT. ........................... 71 Tabela 22- Quantidade de limites violados com a variao da carga. ... 74 Tabela 23- Intercmbio mximo em funo do carregamento. ............. 75 Tabela 24- Totais para o caso SE exportador com folga de 10%. ......... 77 Tabela 25- Fluxo mximo, programado e obtido, caso SE exportador. 77 Tabela 26- Comparativo entre MXTR e DTIE, SE exportando para o

    Sul. ........................................................................................................ 78 Tabela 27- Totais de rea - Fluxo de potncia estendido. ..................... 79

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ANAFAS Anlise de Faltas Simultneas (Software)

    ANAREDE Programa de Anlise de Redes (Software)

    ANATEM Anlise de Transitrios Eletromecnicos (Software)

    ANDE Administrao Nacional de Eletricidade Paraguai CA Corrente Alternada

    CC Corrente Continua

    CEPEL Centro de Pesquisas de Energia Eltrica

    CIA Controle de Intercmbio entre reas

    CIEN Companhia de Interconexo Energtica

    DARE Leitura de dados de rea

    DBAR Leitura dos dados de barra CA

    DCBA Leitura de dados de barra CC

    DCCV Leitura dos dados de controle de conversor CA-CC

    DCLI Leitura dos dados de linha CC

    DCNV Leitura dos dados de conversores CA-CC

    DELO Leitura dos dados de elo CC

    DGBT Leitura dos dados dos grupos base de tenso

    DGLT Leitura dos dados dos grupos de limites de tenso

    DGMW Leitura de dados do mnimo desvio de gerao de

    potncia ativa

    DLIN Leitura dos dados de circuito CA

    DTIE Desvio de Intercmbio

    DTRF Dados de rea para a funo objetivo MXTR.

    DVES Dados de circuitos cujos fluxos de potncia ativa que

    devem ser otimizados

    EditCepel Editor de texto (Software)

    EXOT Executa a otimizao

    FLUPOT Programa de Fluxo de Potncia timo (Software)

    FP Fluxo de Potncia

    FPO Fluxo de Potncia timo

    HARMZS Estudos de Comportamento Harmnico e Anlise

    Modal de Redes Eltricas (Software)

    LABSPOT Laboratrio de Sistemas de Potncia

    LSHD Custo de Corte de Carga

    MATLAB Matrix Laboratory (Software)

    MT Mato Grosso

    Mvar Mega Volt-Ampr Reativo

    MW Megawatt

    MWmed Megawatt mdio - 1 MWmed-ano = 8.760 MWh/ano

  • MXTR Mxima Transferncia de Potncia Ativa entre reas

    Vizinhas ou em um Conjunto de Circuitos

    NH2 Anlise Probabilstica e de Confiabilidade (Software)

    ONS Operador Nacional do Sistema

    PACDYN Anlise e Controle de Oscilaes Eletromecnicas em

    Sistemas de Potncia (Software)

    PQ Barra onde so especificadas as cargas e as geraes

    ativas e reativas

    PV Barra onde as cargas ativa e a reativa, e a gerao ativa

    so especificadas

    SAGE Sistema Aberto de Gerenciamento de Energia

    SE Sudeste

    SEB Sistema Eltrico Brasileiro

    SIN Sistema Interligado Nacional

    TLB Tie Line Bias

    UTE Administrao Nacional de Usinas - Uruguai

  • SUMRIO

    1 INTRODUO .............................................................................. 23

    1.1 OBJETIVOS .............................................................................. 23

    1.1.1 Objetivo Geral .................................................................... 23

    1.1.2 Objetivos Especficos ......................................................... 23

    1.2 ESTRUTURA DO TEXTO ..................................................... 24

    2 SISTEMAS ELTRICOS INTERLIGADOS ............................. 25

    2.1 SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL............................... 25

    2.1.1 Interligaes regionais...................................................... 27

    2.1.1.1 Restries de Intercmbios ........................................... 29

    2.1.2 Interligaes internacionais ............................................. 32

    2.1.3 Limites de intercmbio..................................................... 32

    2.2 O FLUXO DE POTNCIA ..................................................... 33

    2.2.3 O fluxo de potncia timo ................................................ 34

    2.3 CONTABILIZAO DE INTERCMBIOS ......................... 34

    2.3.3 Contabilizao na modalidade Intercmbio Livre ........ 35

    2.3.4 Contabilizao na modalidade TLB ............................... 37

    2.4 CONCLUSO ......................................................................... 38

    3 PROCEDIMENTOS DE CLCULO .......................................... 39

    3.1 O PROBLEMA DO FLUXO DE POTNCIA ........................ 39

    3.1.3 Soluo pelo mtodo de Newton-Raphson ...................... 42

    3.2 O FLUXO DE POTNCIA ESTENDIDO .............................. 43

    3.3 O FLUXO DE POTNCIA TIMO (FPO) ............................ 45

    3.3.3 Mtodo dos pontos interiores .......................................... 45

    3.4 O PROGRAMA DE ANLISES DE REDE - ANAREDE .... 46

    3.4.1 Dados de entrada .............................................................. 47

    3.4.1.1 O editor de texto EditCepel ........................................ 47

  • 3.4.1.2 Dados de Barra DBAR .............................................. 48

    3.4.1.3 Dados de Linha DLIN................................................ 49

    3.4.2 O Programa de Fluxo de Potncia .................................. 51

    3.4.3 O FLUPOT integrado ao ANAREDE ............................ 51

    3.4.3.1 Funes objetivo ........................................................... 52

    3.4.3.1.1 Funo Objetivo MXTR ........................................... 53

    3.4.3.1.2 Funo Objetivo Desvio de Intercmbio (DTIE) .... 54

    3.4.3.2 Relao de controles ..................................................... 55

    3.4.3.3 Restries ...................................................................... 56

    3.4.3.4 Contingncias ............................................................... 56

    3.4.3.5 reas de Interesse, Monitorao e Controle ................. 57

    3.5 CONCLUSO ......................................................................... 57

    4 SIMULAES E RESULTADOS ............................................... 59

    4.1 SISTEMA TESTE ................................................................... 59

    4.1.1 Caso base para o sistema 107 barras .............................. 60

    4.2 SIMULAES ........................................................................ 62

    4.2.1 Maximizando o intercmbio entre reas ........................ 62

    4.2.1.1 Interligao Sul Sudeste ............................................. 63

    4.2.1.1.1 Fluxo de potncia do Sul para o Sudeste ................ 63

    4.2.1.1.2 Fluxo de potncia do Sudeste para o Sul ................ 66

    4.2.1.2 Interligao Sudeste Mato Grosso ............................. 69

    4.2.1.2.1 Fluxo de potncia do Sudeste para o Mato Grosso . 69

    4.2.1.2.2 Fluxo de potncia do Mato Grosso para o Sudeste . 72

    4.2.2 Fluxo mximo na interligao aps variao da carga . 72

    4.2.3 Especificao do fluxo nas interligaes ......................... 76

    4.2.3.1 Estudo de caso para Sudeste exportador ....................... 76

    4.2.3.2 Especificao do fluxo usando o Fluxo de Potncia Estendido .................................................................................... 78

  • 4.3 CONCLUSO ......................................................................... 80

    5 CONCLUSES .............................................................................. 81

    5.1 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS ................... 81

    APNDICE A Arquivo de configurao para MXTR FLUPOT

    85

    ANEXO A Dados do Sistema 107 Barras ....................................... 87

  • 23

    1 INTRODUO

    Em pases de tamanhos continentais, como o Brasil, os sistemas de

    energia eltrica de grande porte so divididos em reas conectadas por

    linhas de transmisso, atravs das quais realizado o intercmbio de

    potncia. No entanto essa transferncia pode sofrer limitaes, seja pela

    restrio de gerao de energia, seja pela limitao do sistema de

    transmisso. Visto que o conhecimento dos valores de intercmbio

    mximo importante para o planejamento da operao, torna-se

    necessrio identificar os nveis de carregamento para os quais a soluo

    das equaes do fluxo de potncia compatvel com as restries de

    intercmbio programado. Tambm necessrio conhecer o valor do

    mximo fluxo de potncia entre reas possvel. Para isso so necessrias

    ferramentas computacionais que permitam a realizao do Controle de

    Intercmbio entre reas (CIA) e a mxima capacidade de transferncia

    de potncia entre essas reas.

    1.1 OBJETIVOS

    Esse trabalho tem por objetivo o estudo dos Sistemas de Potncia

    Interligados, focando no intercmbio de energia entre reas e as

    metodologias usadas para a determinao destes intercmbios.

    1.1.1 Objetivo Geral

    Esse trabalho tem como objetivo geral mostrar como est

    estruturado o sistema eltrico no Brasil no contexto de Sistema

    Interligado e os procedimentos que envolvem a transferncia de potncia

    entre as reas do sistema. Alm disso procura-se descrever o

    funcionamento do software ANAREDE que utilizado para estudos do

    sistema eltrico em regime permanente.

    1.1.2 Objetivos Especficos

    Em termos especficos esse texto visa:

    Mostrar a organizao do Sistema Interligado Nacional;

    Mostrar os problemas de fluxo de potncia e de fluxo de potncia timo;

  • 24

    Estudar os procedimentos utilizados para a programao do intercmbio de potncia entre as reas de um sistema de energia

    eltrica;

    Descrever a funcionalidade dos aplicativos utilizados na fase de simulaes;

    Descrever a forma como foram realizadas as simulaes, possibilitando que o leitor seja capaz de reproduzir os

    resultados;

    Analisar o caso particular de um sistema equivalente brasileiro, que inclui as regies Sul, Sudeste, e o estado do Mato Grosso;

    Realizar diferentes simulaes envolvendo o fluxo de potncia ou fluxo de potncia timo e obter resultados;

    Fazer observaes acerca dos resultados obtidos;

    1.2 ESTRUTURA DO TEXTO

    Esse trabalho foi dividido em cinco captulos:

    O captulo 1 introduz o trabalho apresentando os objetivos e a estrutura do texto;

    O captulo 2 apresenta o conceito de Sistemas Interligados, e caractersticas do Sistema Interligado Nacional (SIN), focando

    principalmente nas caractersticas relevantes ao estudo do

    intercmbio de potncia entre reas;

    O captulo 3 apresenta os mtodos numricos utilizados nos estudos de fluxo de potncia e tambm introduz o uso do

    software ANAREDE em anlises de sistemas de potncia em

    regime permanente;

    O captulo 4 apresenta um sistema teste equivalente das regies Sul, Sudeste e o estado do Mato Grosso. Tambm mostra os

    resultados de variados estudos e simulaes envolvendo fluxo

    de potncia e fluxo de potncia timo;

    O capitulo 5 mostra as concluses do trabalho.

  • 25

    2 SISTEMAS ELTRICOS INTERLIGADOS

    Em sistemas eltricos de grande porte, para se aproveitar melhor

    as disponibilidades regionais de recursos energticos, os sistemas

    eltricos de diferentes regies so interligados formando um nico

    sistema, o qual operado de forma coordenada de modo a aproveitar ao

    mximo a capacidade de produo de energia eltrica em um pas ou

    regio. Este captulo sumariza a operao do Sistema Eltrico Brasileiro

    (SEB), com nfase no intercmbio de potncia, e descreve os elementos

    usados na anlise desta operao.

    2.1 SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL

    No Brasil, o sistema eltrico interligado nomeado Sistema

    Interligado Nacional (SIN).

    Segundo ONS (2015a), o sistema de produo e transmisso de

    energia eltrica do Brasil tem tamanho e caractersticas que permitem

    consider-lo nico em mbito mundial, sendo um sistema hidrotrmico

    de grande porte, com forte predominncia de usinas hidreltricas e com

    mltiplos proprietrios. O Sistema Interligado Nacional formado pelas

    empresas das regies Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e parte da

    regio Norte. Apenas 1,7% da energia requerida pelo pas encontra-se

    fora do SIN, em pequenos sistemas isolados localizados principalmente

    na regio amaznica.

    Neste cenrio onde a maior parcela da gerao eltrica obtida por

    hidroeletricidade, os montantes gerados nacionalmente dependem do

    regime de chuvas nas bacias hidrogrficas, que variam de regio para

    regio, e com a poca do ano. Com a interconexo eltrica das usinas

    atravs do SIN, o fornecimento de energia torna-se mais eficiente e menos

    sujeito s eventuais restries de oferta regionais, pois a energia gerada

    em uma regio com abundncia de gua, ou melhores nveis de

    reservatrio em determinado momento, pode ser redirecionada de forma

    a equilibrar o sistema como um todo.

    Pode-se observar esse fato analisando os dados disponibilizados

    pelo Operador Nacional do Sistema ONS (2015b) no dia 27/09/2015,

    quando nos dias anteriores houve grande precipitao pluviomtrica na

    Regio Sul do pas, e pouca precipitao nas demais regies, assim

    elevando o nvel dos reservatrios de gua da regio Sul (Tabela 1).

    Sabendo que a Regio Sul estava com grandes ndices de chuva seria

    esperado que houvesse nessa regio uma folga de recursos energticos,

    portanto devia-se transferir energia dessa rea para uma rea com falta de

  • 26

    chuvas, que est, por consequncia, com reservatrios baixos. Ou seja,

    seria esperado que o Sul exportasse energia, e isso pode ser observado

    atravs dos fluxos de potncia na Figura 1, tambm referentes ao dia

    27/09/2015, onde o Sul est exportando 3650 MWmed (Megawatt mdio)

    para o Sudeste.

    Tabela 1- Energia armazenada no sistema em relao a capacidade do

    reservatrio (%).

    Fonte: ONS (2015b).

    Figura 1- Balano dirio de energia em MWmed.

    Fonte: ONS (2015b).

    Num cenrio em que vrias empresas possuem os diversos

    empreendimentos de gerao de energia distribudos no pas, surge a

  • 27

    necessidade de que a operao do SIN seja centralizada, o que garante

    que as decises de despacho das usinas geradoras sejam tomadas de forma

    a contemplar as necessidades nacionais de abastecimento de energia, sem

    ter o lucro como principal meta. Um dos critrios da operao

    centralizada o da minimizao dos custos futuros associados eventual

    falta de energia, em especial a dos recursos hidrolgicos, que pode

    suscitar significativos prejuzos para o pas (ABRADEE, 2015).

    Alm da grande importncia da gerao hidreltrica no sistema

    brasileiro, as usinas termeltricas tambm desempenham papel

    fundamental. Segundo ABRADEE (2015), o uso de usinas termeltricas,

    as quais no dependem de regimes sazonais para a produo de

    eletricidade, funciona como instrumento de manobra para o

    gerenciamento do dficit de energia. Desse modo, o despacho de uma

    usina termeltrica hoje pode ajudar a economizar gua no futuro, o que,

    dentro de um cenrio de escassez, pode resultar em menores riscos de

    dficit para o setor.

    2.1.1 Interligaes regionais

    O SIN composto por quatro regies interligadas, tambm

    chamadas de reas ou subsistemas, e se estende do extremo sul ao extremo

    norte do pas. Tambm utilizado nesse texto a nomenclatura

    submercado. Submercados so subdivises do SIN cujas fronteiras so

    definidas em funo da presena de restries relevantes de transmisso

    ao fluxo de energia eltrica no sistema. Cada submercado tem tratamento

    diferenciado em relao aos preos e contabilizao de energia. So

    quatro: Norte, Nordeste, Sul e Sudeste/Centro Oeste, essa terminologia

    usada em mercados de energia. Presentemente, com a definio de quatro

    submercados para o SIN, h coincidncia e identidade entre os

    subsistemas e os submercados. Os quatro subsistemas que compem o

    SIN so interligados por vrias linhas de transmisso como pode ser

    observado nas tabelas 2, 3 e 4. Nessas tabelas o terminal marcado com (*)

    indica o ponto de medio na fronteira entre os submercados, o campo

    kV indica o nvel de tenso da linha e o campo ano indica se a linha j

    existe no ano de 2012 ou uma linha que ainda no entrou em operao.

  • 28

    Tabela 2- Fronteiras entre os submercados Norte, Nordeste.

    Fonte: ONS (2012).

    Tabela 3- Fronteiras entre os submercados Sul e Sudeste/Centro-Oeste

    Fonte: ONS (2012).

  • 29

    Tabela 4- Fronteiras entre os submercados Sudeste, Norte e Nordeste.

    Fonte: ONS (2012).

    Observa-se que h apenas uma ligao entre Sudeste e Nordeste, e

    h previso de que uma nova linha de interconexo entre essas reas entre

    em operao em 2016.

    2.1.1.1 Restries de Intercmbios

    O intercmbio entre as reas do SIN pode sofrer limitao tanto

    pela infraestrutura presente nas fronteiras entre estas reas, como tambm

    pode ser limitado por fatores internos as reas, visto que para se aumentar

    o fluxo de energia na fronteira da regio, equipamentos internos regio

    tambm tero seus fluxos aumentados, podendo algum desses

    equipamentos ter sua capacidade excedida.

    So diversos os fatores que podem limitar a transferncia de

    potncia. A ttulo de informao e exemplificao, alguns fatores

    limitantes da interligao Sudeste Norte, segundo ONS (2012), so expostos a seguir:

    Nesta interligao o intercmbio limitado devido sobrecarga nos capacitores srie da linha de transmisso de 500kV de

    Miracema Colinas que linha de fronteira entre reas.

    O fluxo mximo entre as subestaes de Miracema colinas, dever ser da ordem de 4000 MW de modo que, caso haja perda

    de uma das trs linhas, o carregamento resultante nas linhas

    remanescentes no exceda os 2250 A/2000 MVA.

    Uma caracterstica importante que pode ser observada na Figura 2 que ao longo da linha de transmisso de 500 kV

    Colinas Miracema Gurupi Serra da Mesa existem

  • 30

    conexes das usinas Lajeado e Peixe, e assim a gerao dessas

    usinas concorre com o fluxo mximo possvel de ser praticado

    nesta interligao.

    Figura 2- Interligao Norte - Sudeste

    Fonte: ONS (2012).

    O fluxo entre as subestaes Gurupi/Peixe II e Serra da Mesa/Serra da Mesa II, internas ao submercado Sudeste,

    limitado em regime permanente a 4100 MW devido a

    capacidade nominal dos capacitores srie.

    Outro fator limitante se refere a contingncia da LT 500 kV Luzinia Paracatu (Interna ao Sudeste) que deve ter seu fluxo limitado a 5100 MW em carga Pesada e Mdia e 4500 MW em

    carga Leve e Mnima para se evitar problemas dinmicos no

    cenrio norte exportador para Sudeste.

  • 31

    Nas tabelas: Tabela 5 e Tabela 6, encontram-se as principais

    contingncias que interferem no fluxo de potncia entre as reas do SIN.

    Tabela 5- Elementos que limitam os intercmbios entre os submercados Norte,

    Nordeste e SE/CO

    Fonte: ONS (2012).

    Tabela 6- Elementos que limitam os intercmbios entre os submercados SE/CO

    e Sul

    Fonte: ONS (2012).

  • 32

    2.1.2 Interligaes internacionais

    Com o mesmo objetivo mencionado na introduo desta seo, o

    Brasil tem seu sistema eltrico interconectado com pases vizinhos, sendo

    estes pases: a Argentina, o Uruguai e o Paraguai.

    Estas interligaes so utilizadas nas situaes em que h folga de

    recursos energticos ou gerao em um pas e necessidade em outro, e

    tambm para atender a emergncias. Para tanto, existe um conjunto de

    regras, definidas em acordos internacionais, que normatizam os

    procedimentos para cada situao (ONS, 2015c).

    Segundo ONS (2015c), Estas interligaes vm sendo utilizadas com bastante frequncia, principalmente para o atendimento s situaes

    energticas crticas na Argentina e no Uruguai. A primeira interligao do Brasil com outro pas teve sua operao

    iniciada na dcada de 70. Tratava-se de uma interligao com o sistema

    paraguaio para atender a regio de Foz do Iguau no estado do Paran,

    atravs da conversora Aracay, pertencente a empresa paraguaia

    Administrao Nacional de Eletricidade (ANDE), com capacidade de

    50MW. Outra interligao tambm com capacidade de 50 MW foi

    inaugurada em 1994 na cidade de Uruguaiana, estado do Rio Grande do

    Sul, interligando Brasil e Argentina atravs da conversora Uruguaiana,

    pertencente a Eletrosul.

    Mais recentemente, em 2001, uma conversora de 70 MW

    interligando Uruguai e Brasil entrou em operao. Trata-se da conversora

    Rivera, localizada no Uruguai e de propriedade da Administrao

    Nacional de Usinas (UTE), que conecta com a subestao de Livramento

    2 no Rio Grande do Sul.

    Porm, tratando-se de interligaes internacionais, a mais

    importante a conexo Brasil-Argentina, que conta com 2200 MW,

    composta pelas conversoras Garabi 1 e Garabi 2, localizadas em

    Garruchos-RS, pertencentes a Companhia de Interconexo Energtica

    (CIEN), que entraram em operao em 2000 e 2002, respectivamente, e

    conectam-se s subestaes Santo ngelo - RS e It - SC,

    respectivamente.

    2.1.3 Limites de intercmbio

    Os limites de intercmbio entre submercados so determinados

    pelo ONS e levam em considerao os critrios de desempenho eltrico

    estabelecidos nos Procedimentos de Rede. Atualmente, com a definio

  • 33

    de quatro submercados para o SIN, h uma coincidncia e identidade

    entre os subsistemas (reas) e os submercados.

    No SIN os limites de intercmbio so definidos buscando-se o

    valor de mxima transferncia de potncia entre os submercados, por

    meio da elevao da gerao no submercado definido exportador e

    reduo no importador. Verifica-se ainda o desempenho do sistema

    quando submetido contingncia simples, ou dupla conforme

    caracterizado nos Procedimentos de Rede, de qualquer das instalaes do

    SIN e em qualquer ponto do sistema de transmisso. Outro critrio de

    confiabilidade de operao especfico de carter definitivo, estrutural e

    distinto do padro definido nos Procedimentos de Rede do Operador

    Nacional do Sistema Eltrico poder ser adotado pela operao e assim

    ser considerado no clculo dos limites. O desempenho avaliado pelo

    atendimento ou no dos critrios de segurana e qualidade definidos nos

    Procedimentos de Rede (nveis de tenso, carregamento dos circuitos,

    perda de estabilidade, etc.). Em caso de serem observadas violaes aos

    critrios estabelecidos, os valores de transferncia de potncia entre os

    submercados devem ser reduzidos at que os critrios sejam atendidos.

    Esse ponto de operao, em que se encontra a mxima transferncia de

    potncia que no infere em descumprimento dos limites, ou critrios

    impostos, caracteriza o limite de intercmbio entre os submercados em

    anlise (ONS, 2012).

    2.2 O FLUXO DE POTNCIA

    O clculo do fluxo de potncia em uma rede de energia eltrica

    consiste essencialmente na determinao das tenses complexas da rede,

    da distribuio do fluxo e outras grandezas de interesse, como os nveis

    de gerao de potncia nas barras. Tudo isso em regime esttico, isto ,

    permanente. Para a modelagem do sistema em regime permanente a rede

    representada como um conjunto de equaes e inequaes algbricas.

    Considerar a rede operando em regime permanente significa dizer que as

    variaes em determinado perodo de tempo so suficientemente lentas e

    podem ser desprezadas. Quando se deseja realizar um estudo do regime

    transitrio necessrio se introduzir equaes diferencias modelagem.

    A soluo do fluxo de potncia geralmente realizada utilizando-se

    mtodos computacionais desenvolvidos para a resoluo do sistema de

    equaes e inequaes algbricas que modelam a rede. (MONTICELLI,

    1983).

  • 34

    2.2.3 O fluxo de potncia timo

    O problema de Fluxo de Potncia timo (FPO) consiste na

    determinao dos controles do sistema eltrico, de tal forma que, numa

    condio esttica de operao obtenha-se uma operao otimizada do

    sistema em relao a um objetivo pr-determinado. O objetivo da soluo

    do FPO encontrar o melhor ponto de operao do sistema que maximize

    ou minimize uma funo objetivo pr-determinada no estudo do caso.

    Para isso, define-se uma funo objetivo e impe-se certas restries ao

    sistema, sejam estas restries oriundas de motivos operacionais, de

    segurana, ou tambm de restries fsicas do sistema. O FPO

    determinado variando alguns controles do sistema, at que a funo

    objetivo tenha seu valor maximizado ou minimizado, e o balano de

    potncia seja satisfeito sem que violaes nas restries aconteam.

    Segundo Sant`Anna (2009), um problema de FPO deve atender os

    seguintes requisitos:

    Maximizar ou minimizar um critrio de operao;

    Atender a demanda do sistema;

    Manter determinadas variveis dentro de seus limites permitidos.

    Um problema de FPO fica definido pelo seguinte conjunto de

    informaes:

    A configurao da rede eltrica;

    Uma funo objetivo;

    Relaes de controles possveis de serem alterados;

    E um conjunto de restries de igualdade e desigualdade.

    2.3 CONTABILIZAO DE INTERCMBIOS

    Em um sistema eltrico de potncia interligado, existe o

    intercmbio de energia entre reas, por consequncia, a troca de energia

    entre empresas para que o sistema fornea energia de boa qualidade para

    o consumidor final. Como h a troca de energia entre empresas diferentes,

    deve haver uma forma de medir o quanto de energia cada empresa cedeu

    ou recebeu de outra, ai surge a necessidade da contabilizao de

    intercmbios.

  • 35

    O conceito importante para se ter em mente em um sistema

    contbil de energia que, da forma mais rpida e precisa, cada rea de

    controle deve saber a quem deve energia e em que montante, e quem lhe

    deve energia e em que montante, no sentido de poder faturar e ser faturada

    com presteza (VIEIRA FILHO, 1984).

    Para a compreenso dos modos de contabilizao de intercmbios,

    o conceito de rea de controle ser necessrio, portanto ser aqui descrito.

    Segundo Vieira Filho (1984), rea de controle a parte de um sistema de

    potncia na qual os grupos de unidades geradoras respondem s variaes

    de cargas contidas nesta parte do sistema. Geralmente, vrias empresas

    constituem uma rea de controle, que dispe de uma empresa

    controladora de rea com parque gerador e sistema de transmisso de

    grande porte. As demais empresas componentes da rea de controle tm

    carter predominante de distribuio de energia eltrica. Essas reas de

    controle costumam ter algumas caractersticas:

    As reas de controle devem, sempre que possvel, ser balanceadas em termos de carga-gerao;

    As linhas de interligao entre reas de controle devem, sempre que possvel, trabalhar com folgas suficientes para garantir

    intercmbios de auxilio, intercmbios de emergncia,

    intercmbios para otimizao operativa do sistema, etc;

    As unidades geradoras de uma rea de controle devem ser as mais coerentes possveis, ou seja, apresentarem, sempre que

    possvel, os mesmos modos de oscilao;

    Costumam ter cunho comercial, onde uma empresa constitui rea de controle.

    Essas diferentes reas podem operar com intercmbio de forma

    bilateral onde ambas reas podem enviar ou receber energia, na

    modalidade de intercmbio livre ou intercmbio em Tie Line Bias (TLB)

    2.3.3 Contabilizao na modalidade Intercmbio Livre

    Essa modalidade, tambm conhecida como Free Tie Line, pode ser aplicada quando h uma rea de controle isolada, podendo esta ser

    constituda por uma ou mais empresas. Nessa modalidade tem-se a nica

    preocupao de controlar os desvios de frequncia do sistema,

    desconsiderando-se o controle dos fluxos de potncia entre os

    subsistemas internos a rea de controle.

  • 36

    Via de regra, uma rea de controle composta de uma empresa

    cujas caractersticas de seu sistema so predominantemente de supridoras

    de energia (controladora de rea), e empresas sem disponibilidade de

    gerao expressiva, mas com cargas prprias de significado natural, essas

    tm carter de distribuidoras. claro que este conceito no deve ser

    generalizado, visto que existem empresas que, por si s, constituem rea

    de controle, em vista de suas caractersticas balanceadas de gerao e

    carga. (VIEIRA FILHO, 1984).

    Nessa configurao torna-se fcil programar e contabilizar os

    intercmbios, pois geralmente as empresas esto ligadas de forma radial

    controladora de rea. Assim basta que sejam realizadas medies nos

    pontos de interligao entre a controladora de rea e as empresas da

    mesma rea para que seja possvel mensurar o intercmbio de energia

    entre controladora e empresa. Para efeito de controle secundrio, as

    empresas podem ser vistas como carga pela controladora de rea.

    Essa modalidade de intercambio livre no usada quando se tem

    mais de uma rea de controle por tornar a contabilizao complicada.

    Verifica-se tal fato no Exemplo 1.

    Exemplo 1: Sejam as trs reas de controle indicadas na Figura 3.

    Figura 3- Intercmbio entre trs reas vizinhas

    Fonte: Adaptao do autor. Original: Vieira Filho (1984).

    Suponha-se que a empresa 1 tenha um contrato de fornecimento

    com a empresa 2 de 100 MW e um contrato de recebimento com a

    empresa 3 de 50 MW. Considere-se tambm que a empresa 1 resolva

  • 37

    programar com as reas vizinhas seus valores contratuais. Ento a rea 1

    ajustar, neste perodo, sua gerao prpria de tal forma a exportar 50

    MW (100-50=50 MW). Porm os fluxos entre as reas 1 e 2 e 1 e 3

    dependero to somente das tenses complexas das barras de fronteira.

    Supondo que os intercmbios efetivamente constatados tenham sido,

    respectivamente, 150 MW e (-100) MW. Isso resulta num intercmbio

    lquido de 50 MW (150100=50 MW), porm que no satisfaz os contratos (100 MW e -50 MW). Pode-se ento verificar que a

    contabilizao direta e de forma bilateral poderia trazer vrias

    complicaes, em vista das discrepncias que podem ocorrer entre os

    valores bilaterais previstos e aqueles verificados. Complicaes neste

    processo poderiam trazer atrasos no processo de faturamento, causando

    ento problemas financeiros s empresas envolvidas (VIEIRA FILHO,

    1984).

    2.3.4 Contabilizao na modalidade TLB

    A modalidade de controle Tie Line Bias (TLB) tem por objetivo

    garantir desvios nulos de frequncia e potncia de interligao. Esta

    modalidade de controle secundrio usada para manter: um valor mnimo

    de reserva operativa, a frequncia estipulada e o intercmbio lquido

    programado.

    Um sistema operando em TLB tem no seu controle secundrio a

    funo de variar a gerao para corrigir os desvios de frequncia e os

    desvios de potncia de intercmbio.

    Quando se programam todos os montantes de energia que iro

    entrar ou sair de uma rea de controle, em diferentes tipos de operaes,

    como exemplo: fornecimento contratual, substituio de gerao trmica,

    armazenamento de energia, etc, e se determina o valor de intercmbio

    lquido global programado, este valor ser monitorado pelo controle

    secundrio que tentar mant-lo na sua programao.

    Neste caso, h uma grande vantagem de se poder utilizar como

    valores bsicos de intercmbios aqueles programados, pois j so

    conhecidos a priori os diversos montantes de energia a serem

    intercambiados, sendo os desvios entre tais valores e aqueles realmente

    verificados considerados como intercmbios involuntrios, e com

    tratamento parte em termos de compensao. Assim, pode-se tambm

    pensar em termos de faturamento pelos valores programados. (VIEIRA

    FILHO, 1984)

    Ai cabe a deciso de escolher entre intercmbio livre ou TLB, o

    primeiro mais simples de se operar, no entanto quando se h necessidade

  • 38

    de uma contabilizao minuciosa traz uma dificuldade na determinao

    das responsabilidades de cada empresa, j a modalidade TLB facilita a

    contabilizao custa de introduzir mais variveis de controle,

    requerendo portanto maior necessidade de equipamentos de telemedio

    alm de tornar o sistema de controle mais complexo.

    2.4 CONCLUSO

    Nesse captulo foram apresentados os principais aspectos de

    operao dos sistemas eltricos interligados, dando nfase ao Sistema

    Interligado Nacional. Foram apresentados conceitos necessrios para a

    compreenso do mximo fluxo de intercmbio entre reas e como este

    estabelecido.

  • 39

    3 PROCEDIMENTOS DE CLCULO

    Nessa seo so apresentadas de forma simplificada, as tcnicas de

    clculo numrico utilizadas pelo software ANAREDE na realizao das

    simulaes. O estudo dos mtodos numricos no aprofundado, pois o

    desenvolvimento matemtico dos mesmos no foco principal do

    trabalho.

    3.1 O PROBLEMA DO FLUXO DE POTNCIA

    O problema do fluxo de potncia consiste da representao

    analtica da operao de um sistema de potncia em regime permanente,

    por meio de um conjunto de equaes e inequaes algbricas no

    lineares. As principais informaes obtidas de um problema de fluxo de

    potncia so a magnitude e ngulo de tenses nas barras. Com isso

    possvel calcular a potncia ativa e reativa fluindo em cada linha e outras

    grandezas numricas para o estudo em regime permanente.

    De acordo com Monticelli (1983), na formulao do problema, a

    cada barra da rede so associadas quatro variveis, sendo que duas delas

    so pr-especificadas, isto , entram no problema como dados, e duas so

    incgnitas. Essas variveis so:

    magnitude da tenso nodal (barra k); ngulo da tenso nodal; gerao lquida (gerao menos carga) de potncia ativa; injeo lquida de potncia reativa.

    Dependendo de quais variveis nodais so pr-especificadas e

    quais as que so consideradas incgnitas, definem-se trs tipos de barra:

    so dados e , e calculados e ; so dados e , e calculados e ; Referncia () so dados e , e calculados e .

    As barras dos tipos e so utilizadas para representar, respectivamente, barras de carga e barras de gerao. A barra de referncia tem dupla funo, fornece referncia angular para o sistema e

    tambm utilizada para fechar o balano de potncia do sistema. J que

    as perdas de transmisso no so conhecidas antes da soluo do

  • 40

    problema, ento surge a necessidade de se ter uma barra onde a potncia

    ativa no especificada (MONTICELLI, 1983).

    O conjunto de equaes do problema do fluxo de potncia

    formado por duas equaes para cada barra, cada uma delas

    representando o fato de as potncias ativas e reativas lquidas injetadas

    em uma barra serem iguais soma dos fluxos correspondentes que

    deixam a barra. Ou seja, esta condio corresponde a imposio da

    Primeira Lei de Kirchhoff e pode ser expressa matematicamente como se

    segue (MONTICELLI, 1983):

    = ( , , , )

    (1)

    + () = ( , , , )

    (2)

    Onde,

    = 1, ... NB, sendo NB o nmero de barras da rede; conjunto das barras vizinhas da barra k; , magnitudes das tenses das barras terminais do ramo k-m , ngulos das tenses das barras terminais do ramo k-m fluxo de potncia ativa no ramo k m; fluxo de potncia reativa no ramo k m;

    componente da injeo de potncia reativa devida ao

    elemento shunt da barra k ( =

    2, sendo

    a

    susceptncia shunt ligada barra k.

    As equaes (1) e (2) foram estabelecidas considerando a seguinte

    conveno de sinais: as injees lquidas de potncia so positivas quando

    entram na barra (gerao) e negativas quando saem da barra (carga). Isto

    vale tambm para os elementos shunt. Por outro lado, os fluxos de

    potncia so positivos quando saem da barra e negativos quando entram.

    Os ngulos e aparecem em geral como diferenas angulares da forma . Assim, uma mesma distribuio de fluxos pode ser obtida ao se somar uma constante arbitrria em todos os ngulos nodais

    do sistema. Da surge a necessidade da barra de referncia mencionada

    anteriormente (MONTICELLI, 1983).

  • 41

    Ainda de acordo com Monticelli (1983), compem o conjunto de

    inequaes do problema do fluxo de potncia as restries nas magnitudes

    de tenses de barras PQ e os limites de injees de potncia reativa das barras PV:

    (3)

    (4)

    De acordo com Monticelli (1983) o problema do fluxo de potncia

    sumarizado na soluo do seguinte problema:

    Tendo-se os dados e nas barras PQ, e e nas barras PV, calcula-se e nas barras PQ, e nas barras PV atravs das equaes (5) e (6):

    ( + ) = 0 (5)

    para barras PQ e PV

    ( ) = 0 (6)

    para barras PQ

    onde, = + o elemento (k,m) da matriz admitncia de barra.

    Com a soluo das equaes (5) e (6) passam a ser conhecidos e para todas as barras. Ento calcula-se e na barra de referncia, e nas barras PV atravs das seguintes equaes:

    = ( + ) (7)

    para barra de referncia

    = ( ) (8)

    para barras PV e de referncia

  • 42

    Assim se encontra a soluo do Fluxo de Potncia (FP). Nessa

    soluo no foram consideradas as restries de operao.

    Em geral, os mtodos computacionais utilizados para a soluo do

    problema do fluxo de potncia so constitudos de duas partes: a primeira,

    trata da resoluo por mtodos iterativos de um sistema de equaes

    algbricas do tipo (1) e (2), de onde se obtm a magnitude e o ngulo das

    tenses nodais. A segunda parte leva em conta a atuao dos dispositivos

    de controle e da representao dos limites de operao e capacidade do

    sistema. Essas duas partes podem ser resolvidas alternadamente, ou o

    sistema de equaes (1) e (2) pode ser alterado para incluir a

    representao dos dispositivos de controle e as duas partes so resolvidas

    simultaneamente.

    3.1.3 Soluo pelo mtodo de Newton-Raphson

    O mtodo de Newton-Raphson um dos mtodos numricos mais

    utilizados para a soluo de sistemas algbricos no lineares. Este mtodo

    baseado numa sequncia de aproximaes de primeira ordem em srie

    de Taylor, em torno de uma srie de pontos calculados ao longo do

    processo iterativo. Uma considervel vantagem do mesmo a sua

    robustez, pois ele menos sensvel a fatores que perturbem a

    convergncia do processo iterativo, tais como a escolha da barra de folga,

    a existncia de compensao srie em nvel elevado, etc. Alm disso, o

    mtodo de Newton Raphson possui uma taxa de convergncia quadrtica,

    que o faz convergir em poucas iteraes. A principal desvantagem dessa

    tcnica a necessidade de formular e fatorar a matriz Jacobiana. No

    entanto, essa uma matriz esparsa, tal que em aplicativos como o

    ANAREDE a esparsidade destas matrizes explorada com o emprego de

    tcnicas numricas e mtodos eficientes. Em geral, a ordenao das

    barras, para preservar a esparsidade, efetuada utilizando o algoritmo de

    ordenao dinmica denominado Tinney 2.

    Para solucionar sistemas de equao do tipo () = 0, sendo () uma funo vetorial (n x 1) e x o vetor das incgnitas (n x 1), pelo mtodo de Newton, o seguinte algoritmo deve ser seguido

    (MONTICELLI, 1983):

    i. Fazer = 0 e escolher uma soluo inicial = = 0. ii. Calcular ().

  • 43

    iii. Testar a convergncia: se |() | para = 1, , sendo a

    tolerncia especificada, o processo convergiu para soluo , caso contrrio, passar para (iv).

    iv. Calcular a matriz jacobiana (). v. Determinar nova soluo +1:

    +1 = + (9)

    = [()](1)() (10)

    vi. Fazer + 1 e voltar para o passo (ii).

    Neste processo a matriz jacobiana J uma matriz de primeiras

    derivadas, de ordem n, dada por:

    3.2 O FLUXO DE POTNCIA ESTENDIDO

    O fluxo de potncia estendido consiste do problema de fluxo de

    potncia incorporado das equaes que representam dispositivos de

    controle, bem como as inequaes associadas aos limites de operao do

    sistema.

    Usualmente, no problema de fluxo de potncia convencional uma

    barra de gerao escolhida para regular o balano de potncia total do

    sistema. Para considerar o intercmbio de potncia entre reas no problema de fluxo de potncia, Einsfeld e Salgado (2014) selecionam um

    conjunto de barras reguladoras com base em critrios econmicos e/ou de

    segurana. A formulao analtica da gerao de potncia ativa

    parametrizada segundo a equao,

  • 44

    () = 1 + (12)

    onde 1 o valor de referncia, o parmetro determina a parcela de

    variao na potncia ativa de sada da i-sima barra reguladora, e uma constante que representa a taxa de variao da potncia ativa gerada.

    De acordo com Einsfeld e Salgado (2014), ao incluir-se as

    equaes que representam o intercmbio entre reas na formulao do

    problema de fluxo de potncia, obtm-se um sistema de equaes no

    lineares composto de: 1) a equao de balano de potncia ativa de todas

    as barras, exceto a de referncia angular; 2) a equao de balano de

    potncia reativa das barras PQ; 3) a equao quadrtica da magnitude da

    tenso das barras PV e de regulao; e 4) as equaes de especificao

    dos fluxos nas linhas de intercmbio programado. Em termos analticos,

    ( , ) (, ) = 0

    (, ) = 0 (13)

    2

    2 2 = 0

    (, ) = 0

    onde

    e (, ) so respectivamente os valores programado e

    calculado do intercmbio j.

    Com isso determinam-se as componentes real e imaginria da

    tenso nas barras e a potncia ativa gerada nas barras reguladoras. O

    balano de potncia ativa das barras reguladoras modelado

    expressando-se a potncia ativa gerada segundo a equao (12), tal que as variveis adicionais so os correspondentes aos geradores de regulao. As restries de desigualdade impostas na formulao do fluxo

    de potncia estendido so os limites de gerao de potncia ativa e de

    potncia reativa, isto ,

    ()

    (, )

    onde ,

    , ,

    so respectivamente os limites mnimo e mximo

    de gerao de potncia ativa e reativa (EINSFELD; SALGADO,2014).

  • 45

    3.3 O FLUXO DE POTNCIA TIMO (FPO)

    O objetivo de um problema de FPO fornecer um ponto de

    operao do sistema que maximize ou minimize o valor de uma funo

    objetivo, sujeita s restries impostas ao problema. Atendendo a carga

    do sistema e mantendo todos os controles dentro das faixas de operao

    permitidas.

    Matematicamente, o FPO apresentado da seguinte maneira:

    Minimizar ()

    Sujeito a () = 0 () = 0

    onde,

    () funo objetivo; () conjunto de restries de igualdade; () conjunto de restries de desigualdade; conjunto de variveis dependentes; limites inferior e superior das variveis

    dependentes.

    A soluo do FPO fornece uma soluo que maximiza a funo

    objetivo e satisfaz as restries de igualdade e desigualdade.

    3.3.3 Mtodo dos pontos interiores

    A funo de soluo do Fluxo de Potncia timo, externa ao

    aplicativo ANAREDE, constitui o aplicativo FLUPOT, e utiliza o

    algoritmo de Pontos Interiores Primal-Dual.

    Os mtodos de Pontos Interiores se baseiam em transformar as

    restries de desigualdade de um problema de otimizao em restries

    de igualdade por meio da introduo de variveis de folga no negativas.

    Tambm adicionada uma funo barreira logartmica funo objetivo, como forma de garantir a no negatividade dessas variveis de folga. A

    funo Lagrangeana ento montada para o problema modificado,

    considerando-se tanto as restries de igualdade originais quanto as

    restries de desigualdade modificadas. As condies necessrias de

    otimalidade de primeira ordem ou condies de Karush Kuhn Tucker

  • 46

    (KKT) so derivadas com base nessa funo Lagrangeana e o algoritmo

    de otimizao busca obter o ponto soluo destas condies (MIKILITA,

    2005).

    A aplicao deste mtodo foi proposta inicialmente em Granville

    (1994) e tem sido utilizado com grande frequncia na soluo do FPO.

    3.4 O PROGRAMA DE ANLISES DE REDE - ANAREDE

    Nos estudos realizados nesse trabalho, foi utilizado o programa de

    Anlises de Redes - ANAREDE (verso: V09.07.05 de 13/10/2011),

    desenvolvido pelo CEPEL, e consiste de um conjunto de programas

    aplicados na anlise em regime permanente na operao e no

    planejamento de sistemas eltricos de potncia, algumas das suas

    principais funes so:

    Programa de Anlise de Contingncias;

    Programa de Anlise de Corredores de Recomposio;

    Programa de Anlise de Sensibilidade de Fluxo;

    Programa de Anlise de Sensibilidade de Tenso;

    Programa de Definio das Redes Complementar e de Simulao;

    Programa de Equivalente de Redes;

    Programa de Fluxo de Potncia Continuado;

    Programa de Fluxo de Potncia;

    Programa de Fluxo de Potncia timo.

    O ANAREDE composto por uma interface grfica com recursos

    do tipo menus, caixa de dilogo, planilhas e diagramas unifilares.

    A partir da verso 09.05.01, inclusive, houve a integrao parcial

    do programa FLUPOT (ver seo 3.4.3) ao ANAREDE, sendo possvel

    executar as funes objetivo de maximizao de transferncia de potncia

    (MXTR), mnimo desvio de gerao de potncia ativa (DGMW) e

    minimizao de corte de carga (LSHD). Sendo que para ativar a execuo

    da otimizao se utiliza o cdigo EXOT.

    Na realizao desse trabalho foi utilizado o programa do Fluxo de

    Potncia (ver seo 3.4.2), e tambm as opes integradas referentes ao

    FLUPOT. Mais informaes sobre os outros programas podem ser

    encontradas no Manual do Usurio do ANAREDE, ou na aba Ajuda na prpria interface do aplicativo.

  • 47

    3.4.1 Dados de entrada

    Para realizar qualquer estudo no ANAREDE, primeiramente deve-

    se entrar com os dados bsicos da rede no aplicativo. H dois conjuntos

    de dados que so essenciais para qualquer tipo de anlise. Sendo, os dados

    de barras (DBAR), e os dados de linhas (DLIN).

    Os dados podem ser inseridos, um por um, atravs do menu

    Dados opo: Rede CA, ou serem carregados atravs de um arquivo de texto, com formatao apropriada ao programa, atravs do menu Caso, opo: Carregar. Esse arquivo de texto, desde que contenha a formatao

    adequada, pode ser escrito em qualquer editor de texto, bastando ser salvo

    com a extenso adequada. No entanto, para facilitar essa edio o CEPEL

    disponibiliza o editor de texto chamado EditCepel.

    3.4.1.1 O editor de texto EditCepel

    O EditCepel um editor de texto desenvolvido para facilitar a

    criao de arquivos de dados para uso nos softwares desenvolvido pelo

    CEPEL. Ele tem interface simples e intuitiva, onde as funes mais

    utilizadas do programa esto disponveis em uma nica barra na face

    superior da tela, Figura 4.

    Figura 4- Interface do EditCepel.

    Fonte: Captura de tela no software EditCepel (2015).

  • 48

    Para se utilizar o editor, deve-se criar um novo arquivo em branco,

    em seguida escolher a formatao correspondente ao software para qual

    o usurio pretende criar um arquivo de dados, dentre as opes de

    formatao tem-se: ANATEM, PACDYN, ANAREDE, ANAFAS,

    HARMZS, NH2, e FLUPOT. Na Figura 4 pode ser observado a seleo

    do modo ANAREDE.

    As facilidades que o software fornece so de reconhecer os cdigos

    digitados pelo usurio (texto fica azul) e permitir que de forma automtica

    seja inserida a rgua de identificao dos dados (rgua em cor verde).

    Alm disso, facilita a correta identificao das colunas onde cada dado

    inicia ou termina, diferenciando-os por cores (preto e cinza). ainda

    possvel identificar a numerao das linhas, o que facilita a busca por

    erros no cdigo.

    3.4.1.2 Dados de Barra DBAR

    O cdigo DBAR deve conter as informaes referentes s barras

    CA, sendo estas, de acordo com CEPEL (2011):

    Nmero: nmero de identificao da barra CA;

    Operao: utilizado para modificar dados de barra;

    Estado: define se a barra est em operao ou desconectada;

    Tipo: define o tipo da barra, entre barra de carga-PQ, barra de tenso regulada-PV, barra de referncia ou barra de carga com

    limite de tenso-PQ;

    Grupo base de tenso: identifica a qual grupo base de tenso a barra pertence, o grupo base deve ser definido no cdigo

    DGBT.

    Nome: Identificao alfanumrica da barra;

    Grupo limite de tenso: identifica a qual grupo de limite de tenso a barra pertence, os grupos limites de tenso devem ser

    definidos no cdigo DGLT;

    Tenso: Valor inicial da magnitude da tenso em p.u. para barra de tenso controlada;

    ngulo: ngulo de fase inicial da tenso da barra, em graus;

    Gerao ativa: gerao ativa na barra em MW;

    Gerao reativa: gerao de potncia reativa na barra em Mvar;

    Gerao reativa mnima: mnima gerao de potncia reativa em Mvar;

  • 49

    Gerao reativa mxima: mxima gerao de potncia reativa em Mvar;

    Barra controlada: especifica qual barra ter a magnitude da tenso controlada;

    Carga ativa: carga ativa da barra em MW;

    Carga reativa: carga reativa em Mvar;

    Capacitor reator: potncia reativa injetada na barra em Mvar;

    rea: nmero da rea a qual pertence a barra;

    Tenso para definio de carga: valor da tenso em p.u. para o qual foi medido o valor da carga ativa e reativa;

    Modo de visualizao: modo como a barra ser exibida no diagrama;

    Agregador, de 1 a 10: define ocorrncias para a barra.

    Ou seja, alm de definir as barras, o cdigo DBAR define as

    geraes e cargas a elas conectadas.

    Na Figura 5 pode-se observar a forma em que os dados das barras

    so fornecidos ao sistema atravs do arquivo de texto.

    Figura 5- Formato do Cdigo DBAR

    Fonte: Captura de tela do software EditCepel (2015).

    3.4.1.3 Dados de Linha DLIN

    O cdigo DLIN deve conter as informaes de circuitos CA, tanto

    das linhas quanto dos transformadores. Os campos a serem preenchidos

    no cdigo DLIN, de acordo com CEPEL (2011) so:

    Da Barra: Nmero da barra de uma das extremidades do circuito como definido no campo Nmero do Cdigo de execuo DBAR;

    Abertura da barra: L - Ligado, D - Desligado;

    Operao: utilizado para modificar dados de circuito;

    Abertura para barra: L - Ligado, D - Desligado.

  • 50

    Para Barra: Nmero da barra da outra extremidade do circuito como definido no campo Nmero de Cdigo DBAR;

    Circuito: Nmero de identificao do circuito CA em paralelo;

    Estado: Indica se o circuito est ligado ou desligado.

    Proprietrio: Para identificar se o circuito pertence a rea do campo Da Barra ou do campo Para Barra;

    Resistncia: Valor da resistncia, em %. Para transformadores esse valor corresponde ao valor da resistncia para o tap

    nominal;

    Reatncia: Valor da reatncia do circuito, em %. Para transformadores esse valor corresponde ao valor da reatncia

    para o tap nominal.

    Susceptncia: Valor total da susceptncia shunt do circuito, em Mvar.

    Observa-se que os campos Da Barra e Para Barra definem a linha, enquanto os campos Resistncia, Reatncia e Susceptncia definem suas caractersticas eltricas.

    O cdigo DLIN ainda contm os seguintes campos:

    Tap: Valor do tap referido barra no campo Da Barra, em p.u., para transformadores de tap fixo ou, uma estimativa deste

    valor para transformadores com variao automtica de tap;

    Tap Mnimo: Valor mnimo que o tap pode assumir, em p.u., para transformadores com variao automtica de tap;

    Tap Mximo: Anlogo ao item anterior, para o valor mximo;

    Defasagem: ngulo de defasamento, em graus, para transformadores defasadores. Defasamento em relao ao

    ngulo definido no campo Da Barra;

    Barra Controlada: No caso de circuitos tipo transformador com variao automtica de tap, este campo destinado ao nmero

    da barra cuja magnitude da tenso deve ser controlada;

    Capacidade Normal: Capacidade de carregamento do circuito em MVA, para fins de monitorao de fluxo;

    Capacidade em Emergncia: Anlogo ao anterior, em condies de emergncia;

    Nmero de Taps: Nmero de posies do transformador de tap varivel, incluindo os taps mnimo e mximo;

    Capacidade de equipamento: Capacidade de carregamento do equipamento com menor capacidade conectado ao circuito;

  • 51

    Agregador 1 a 10: Define ocorrncias.

    Observa-se nestes itens as definies para controle dos

    transformadores com tap, e as capacidades dos equipamentos para que se

    realize a monitorao de possveis sobrecargas.

    Na Figura 6 pode-se observar a forma em que os dados das linhas

    so fornecidos ao sistema atravs do arquivo de texto.

    Figura 6- Formato do Cdigo DLIN

    Fonte: Captura de tela no software EditCepel (2015).

    3.4.2 O Programa de Fluxo de Potncia

    O programa de Fluxo de Potncia tem como objetivo o clculo do

    estado operativo da rede eltrica para condies de carga, gerao,

    topologia e determinadas restries operacionais definidas.

    Para fazer uso do programa, primeiramente devem ser carregados

    os dados da rede eltrica, para isso, pode se iniciar um novo arquivo, e

    inserir todos os dados da rede a partir da aba Dados, ou ento, carregar um arquivo de texto externo, contendo os dados do sistema. Os dados

    bsicos para o programa so o carregamento do sistema e a topologia da

    rede eltrica. Em sistemas CA o sistema definido com os cdigos DBAR

    (dados de barras) e DLIN (dados de linhas). J em sistemas CC o sistema

    fica definido com os cdigos DELO, DCBA, DCLI, DCNV e DCCV

    nesta ordem. No presente trabalho, apenas sistemas CA foram

    considerados.

    Aps serem carregados os dados bsicos da rede, j se pode

    executar o Fluxo de potncia, e obter atravs de relatrios e at mesmo

    atravs do diagrama do circuito, os fluxos obtidos.

    3.4.3 O FLUPOT integrado ao ANAREDE

    A partir da verso 09.05.01, inclusive, houve a integrao parcial

    do programa FLUPOT ao ANAREDE. O Programa FLUPOT, possui

    duas modalidades: 1- tratamento do caso base, 2- tratamento do caso base

  • 52

    e de uma lista de contingncias. O tratamento do caso base tem por

    objetivo calcular o estado de uma rede CA em regime permanente, atravs

    de eficientes algoritmos de programao no linear, que otimize uma

    funo objetivo no caso base e satisfaa uma srie de restries fsicas e

    operacionais, atravs dos controles liberados para atuar em cada estudo.

    Na modalidade que trata das contingncias ele considerado um

    programa de Fluxo de Potncia timo com Restrio de Segurana.

    Para execuo do programa o usurio deve especificar de forma

    semelhante necessria no programa de Fluxo de Potncia, os dados da

    rede eltrica. Mas o que o caracteriza com programa de fluxo de potncia

    timo a especificao de uma funo objetivo, acompanhada de uma

    relao de controles disponveis, lista de contingncias e restries a

    serem consideradas na otimizao.

    Atualmente o FLUPOT integrado ao programa SAGE (Sistema

    Aberto de Gerenciamento de Energia) utilizado para otimizar a operao

    em tempo-real.

    O programa permite realizar diversos estudos, pois disponibiliza

    vrias funes objetivos e diversas opes de controle.

    3.4.3.1 Funes objetivo

    Tendo em mente o tipo de estudo que se pretende realizar, o

    usurio deve escolher a funo objetivo a ser otimizada na execuo do

    FPO. Diversas opes esto disponveis: Custo de Gerao Ativa, Desvio

    de Gerao Ativa, Perdas Ativas, Custo de Corte de Carga, Controle de

    Intercmbio, Nmero de Controles Alterados, Custo de Gerao Reativa,

    Maximizao do Carregamento, Maximizao de Transferncia de

    Potncia, Custo de Instalao de Potncia Ativa, Custo de Instalao de

    Potncia Reativa do tipo injeo ou shunt e Custo de Instalao de

    Capacitor Srie.

    Para fazer a escolha da funo objetivo, executando o FLUPOT a

    partir do ANAREDE o usurio deve abrir o menu Dados opo: Otimizao Opes Funes Objetivo. Aps essa sequncia o usurio ver a janela (Figura 7) com as opes, para ser possvel ativar as opes,

    necessrio que o usurio clique no boto ao lado direito da respectiva

    opo e preencha os dados referentes a otimizao pretendida. Aps

    preenchidos os dados, basta fechar a tabela, e agora possvel selecionar

    a opo de otimizao, em seguida basta clicar em confirmar.

  • 53

    Figura 7- Seleo das funes objetivo

    Fonte: Captura de tela no software ANAREDE (2015).

    3.4.3.1.1 Funo Objetivo MXTR

    Essa seo trata da Mxima Transferncia de Potncia Ativa entre

    reas Vizinhas ou em um Conjunto de Circuitos (MXTR).

    Nesse trabalho uma das Funes Objetivo estudadas foi a que

    maximiza a transferncia de potncia ativa entre reas vizinhas (DTRF)

    ou em um conjunto de circuitos de transmisso fornecidos pelo usurio

    (DVES).

    O cdigo DTRF usado para inserir os dados de pares de reas

    vizinhas, onde se deseja estudar a mxima transferncia de potncia ativa

    entre essas reas. A forma de inserir o cdigo DTRF pode ser observada

    na Figura 8, onde as colunas devem ser preenchidas na seguinte

    sequncia: nmero da rea de origem, nmero da rea de destino, e os

    limites mnimo e mximo em MW para a transferncia. Por exemplo, a

    configurao da Figura 8 diz que a rea 1 dever exportar energia para a

    rea 2.

  • 54

    Figura 8- Formato do Cdigo DTRF.

    Fonte: Captura de tela do software EditCepel (2015).

    O cdigo DVES utilizado quando se deseja maximizar o fluxo

    em um conjunto especifico de circuitos, para esse cdigo o usurio

    especifica a barra de incio e fim do circuito, o nmero de linhas e o

    nmero do circuito.

    Os conjuntos de dados associados aos cdigos DVES e DTRF so

    mutuamente exclusivos, ou seja, somente uma opo pode ser ativada

    para a execuo da mxima transferncia de potncia.

    3.4.3.1.2 Funo Objetivo Desvio de Intercmbio (DTIE)

    De acordo com CEPEL (2000), essa funo objetivo minimiza o

    somatrio dos quadrados dos desvios dos intercmbios lquidos das reas

    em relao aos intercmbios programados fornecidos nos dados da rede

    eltrica. Em outras palavras, essa funo utilizada para ajustar o intercmbio entre reas em um valor especificado pelo usurio.

    Para fazer uso dessa funo, o usurio deve especificar o cdigo

    Dados de rea (DARE) junto aos dados da rede. Somente as reas

    presentes neste cdigo e pertencentes a regio de interesse sero

    consideradas na funo objetivo. Caso o usurio especifique reas com

    intercmbio mximo igual ao mnimo, essa rea ser excluda da

    otimizao.

    O cdigo DARE deve ser inserido conforme mostra a Figura 9. Em

    que a coluna Ar especifica a rea, a coluna Xchg especifica o intercmbio lquido na rea em MW, sendo valor positivo para exportao

    e negativo para importao, e as colunas Xmin e Xmax especificam o intercmbio lquido mnimo e mximo da rea, respectivamente.

    Figura 9- Formato do Cdigo de execuo DARE.

    Fonte: Captura de tela do software EditCepel (2015).

  • 55

    necessrio que a soma dos intercmbios lquidos das reas

    (coluna Xchg) seja igual a zero para que a otimizao seja possvel.

    3.4.3.2 Relao de controles

    O usurio deve selecionar os controles que podero ser alterados

    durante a otimizao de acordo com o tipo de estudo pretendido e a funo

    objetivo escolhida. essencial que pelo menos um controle seja definido.

    No ANAREDE os dados de controle podem ser modificados

    atravs do menu Dados, opo: Otimizao Opes Controles. So diversos tipos de controle disponveis, sendo os principais:

    Gerao de Potncia Ativa (PGEN): quando esse controle ativado ele libera que a potncia ativa nas barras geradoras seja

    alterada dentro de seus limites previamente definidos. Se o

    controle no for ativado a gerao ativa ser a especificada no

    cdigo DBAR. Os limites de potncia ativa devem ser inseridos

    atravs do cdigo DGEP;

    Tenso em Barra PV (VGEN): Quando esse controle ativado ele permite que sejam alterados, durante a otimizao, a tenso

    em barras PV, que corresponde tenso em usinas e

    compensadores sncronos ou estticos, respeitando os limites

    previamente definidos. Caso o controle no seja ativado e,

    determinada barra PV atinja o limite de gerao reativa, ento

    a tenso ser liberada para esta barra e a gerao reativa fixada

    no valor limite, caso contrrio, a tenso ser a especificada no

    cdigo DBAR;

    Gerao de Potncia Reativa (QGEN): quando esse controle ativado ele permite que a otimizao varie a gerao de

    potncia reativa dentro dos limites previamente definidos. Se

    no for ativado, a gerao reativa ser a estabelecida no arquivo

    DBAR;

    Tap dos LTCs (TAPC): quando ativado, esse controle permite que o tap dos transformadores seja alterado, pela otimizao,

    dentro da faixa previamente definida. Se no for ativado, o tap

    permanece do valor definido no arquivo DLIN.

  • 56

    Alm dos controles j citados, ainda tem-se outras opes, como:

    ngulo de defasamento, susceptncia shunt de capacitor/reator chavevel,

    reatncia de capacitor srie, ngulo de disparo ou de extino do elo,

    controle de potncia ou corrente no elo CC, tenso de barra de referncia

    no elo CC e compensador esttico de reativos.

    3.4.3.3 Restries

    Por se tratar do estudo de sistemas eltricos reais, vrias so as

    restries fsicas ou operacionais a serem consideradas na otimizao.

    Essas restries so uma limitao no excursionamento de determinadas

    variveis, como tenses, potncias, taps, etc.

    Atravs da interface do ANAREDE, as definies de Controles e

    Restries so em parte unificadas na janela de seleo dos Controles, de

    onde possvel inserir os valores para as Restries como: limites de

    gerao de potncia, limites de tenso, de taps, etc. J os limites de

    carregamento de circuitos, por exemplo, so inseridos a partir do menu

    Dados, opo: Otimizao - Opes Restries. 3.4.3.4 Contingncias

    Como citado na introduo da seo 3.4.3, o FLUPOT tem duas

    modalidades, sendo uma a de tratamento do caso base e de uma lista de

    contingncias, sendo que essas contingncias podem ser do tipo: barras,

    circuitos, shunt, carga, gerao e adio de circuitos.

    No ANAREDE pode se inserir os dados de contingncias atravs

    do menu Dados, opo: Contingncias Dados. Para solucionar um problema com contingncias o FLUPOT

    divide o problema em dois subproblemas, sendo um de operao de caso

    base, e outro de operao com contingncia. Ento soluciona o problema

    no caso base considerando as restries impostas, ai busca a partir dessa

    soluo encontrar uma soluo vivel considerando as contingncias.

    Podendo ento o usurio optar entre dois modos, corretivo e preventivo.

    No modo corretivo ocorre o desacoplamento entre os

    subproblemas, casos base e com contingncia, assim todos os controles

    podem ser otimizados do caso base para as contingncias. No modo

    preventivo nenhum controle pode ser alterado do caso base para as

    contingncias (CEPEL, 2000).

    Entre os modos corretivo e preventivo, o preventivo fornece um

    modo de operao mais seguro.

  • 57

    3.4.3.5 reas de Interesse, Monitorao e Controle

    O usurio tem a possibilidade de definir em quais reas do sistema

    em estudo ele deseja que a otimizao seja realizada, tambm podendo

    escolher em quais reas a monitorao e o controle sero realizados.

    Quando o usurio no especifica nenhuma rea, o programa otimiza o

    sistema todo. De acordo com (CEPEL, 2000), a conveno adotada pelo

    FLUPOT para as variveis no pertencentes as reas de interesse :

    Tenso em barra PV: Fixada no valor fornecido na rede eltrica;

    Tenso em barra PQ: liberada (limite mximo/mnimo iguais a 150% /50%);

    Gerao Reativa em barra PV: liberada (limite mximo/mnimo iguais a );

    Restante dos controles: fixados.

    Existe diferena entre rea de controle e de monitoramento. Uma

    rea de monitoramento tem seus valores apenas monitorados, portanto as

    variveis nessa rea podem extrapolar os limites estabelecidos, sendo que

    esses extrapolamentos sero indicados atravs de relatrio. J a definio

    de uma rea de controle, significa dizer que nesta rea a otimizao pode

    alterar o valor dos controles, e mant-los dentro dos limites.

    3.5 CONCLUSO

    Nesse capitulo foram apresentados a formulao do problema do

    fluxo de potncia, fluxo de potncia estendido e fluxo de potncia timo,

    alm de ser apresentado o mtodo de soluo de Newton Raphson. Aps

    apresentados os mtodos matemticos foi realizada uma introduo ao

    uso da ferramenta ANAREDE, onde os comandos e as funes

    necessrias para as simulaes do capitulo 4 foram descritas.

  • 58

  • 59

    4 SIMULAES E RESULTADOS

    Nesta seo do trabalho, sero realizadas diversas simulaes com

    objetivo de avaliar as funcionalidades das ferramentas para Fluxo de

    Potncia e FPO. Sero realizadas simulaes com o software ANAREDE,

    e com um aplicativo de Fluxo de Potncia Estendido desenvolvido pelo

    Professor Roberto de Souza Salgado do Laboratrio de Sistemas de

    Potncia (LABSPOT-UFSC), e analisados os resultados obtidos com

    ambas as aplicaes.

    4.1 SISTEMA TESTE

    O sistema a ser usado para as simulaes ser um equivalente das

    regies Sul, Sudeste e o estado do Mato Grosso, possuindo 107 barras

    com trs reas (que pode ser encontrado no site http://www.sistemas-

    teste.com.br). O diagrama que representa esse equivalente pode ser visto

    na Figura 10.

    Figura 10- Diagrama do sistema equivalente. Sul, Sudeste e Mato Grosso.

    Fonte: Alves (2007).

  • 60

    As informaes gerais sobre as quantidades de equipamentos no

    sistema podem ser obtidas atravs do ANAREDE, clicando na aba

    Anlise, opo: Relatrios Tabulares RSIS, e so mostradas na Tabela 7.

    A numerao das reas, para a realizao dos estudos, a seguinte:

    rea 1: rea Sudeste (SE);

    rea 2: rea Sul;

    rea 3: rea Mato Grosso (MT).

    Tabela 7- Componentes do sistema 107 barras.

    Fonte: Elaborada pelo autor (2015).

    A Tabela 8 mostra as cargas e geraes do sistema. Esse sistema

    tem uma capacidade total de gerao de 22.080,20 MW e possui uma

    carga total de 12.681,7 MW, um fato relevante de que a rea do Mato

    Grosso no tem gerao suficiente para suprir a prpria carga,

    dependendo de importao da rea Sudeste. Sendo que a interligao

    entre essas reas feita por apenas duas linhas de 230 kV, assim, esse se

    torna um ponto de fragilidade no sistema.

    Tabela 8- Gerao X Carga - Caso base.

    Fonte: Elaborada pelo autor (2015).

    4.1.1 Caso base para o sistema 107 barras

    Todos os testes sero realizados a partir de um ponto de operao

    convergido do sistema, com todos os parmetros dentro dos limites

    rea Barras GeradoresShunt de

    barra CACircuitos Transformadores

    Compensador

    esttico de

    reativos

    Interligaes

    SE 50 13 3 82 32 0 4

    SUL 35 7 1 58 24 0 2

    MT 22 4 5 31 11 1 2

    Total 107 24 9 171 67 1 4

    rea Gerao Mxima

    (MW)

    Carga Caso

    Base (MW)

    Reserva

    Gerao (MW)

    Carga/

    Gerao Max.

    (%)

    SE 12,447.20 6,237.00 6,210.20 50.11

    SUL 8,912.00 5,689.10 3,222.90 63.84

    MT 721.00 755.60 -34.60 104.80

    Total 22,080.20 12,681.70 9,398.50 57.43

  • 61

    operativos. Os dados do caso base podem ser encontrados no ANEXO A

    Dados do Sistema 107 Barras. A partir dos dados do caso base do sistema, executado o Fluxo

    de Potncia pelo mtodo de Newton, e sem nenhum controle ativado, para

    que se ajustem os ngulos, tenses e potncias nas barras e se determinem

    as informaes da Tabela 9, que se refere ao caso base, para comparaes

    com os testes posteriores.

    A Figura 11 mostra de forma objetiva os fluxos de potncia ativa

    nas interligaes.

    Figura 11- Intercmbios de potncia ativa no caso base.

    Fonte: Elaborada pelo autor (2015).

    Tabela 9- Totais de rea Caso base aps FP.

    Fonte: Elaborada pelo autor (2015).

    A gerao devida ao compensador esttico de reativos da barra

    4530 na rea MT foi contabilizada nos resultados de totais de reas. Para

    o caso base essa gerao de -15 Mvar.

    Analisando os dados da Tabela 9, algumas informaes relevantes

    podem ser apontadas:

    reaGerao

    (MW)

    Gerao

    (Mvar)

    Carga

    (MW)

    Carga

    (Mvar)

    Shunt

    (Mvar)

    Export

    (MW)

    Export

    (Mvar)

    Import

    (MW)

    Import

    (Mvar)

    Perdas

    (MW)

    Perdas

    (Mvar)

    SE 6045.77 -2483.00 6237.00 1964.20 -450.82 307.83 0.00 607.10 343.73 108.03 -4554.29

    SUL 6500.00 -3.28 5689.10 1439.60 106.76 607.10 301.08 0.00 0.00 203.80 -1637.19

    MT 470.00 -91.60 755.60 193.61 -90.69 0.00 42.65 307.83 0.00 22.23 -418.49

    Total 13015.77 -2577.88 12681.70 3597.41 -434.75 914.93 343.73 914.93 343.73 334.06 -6609.97

  • 62

    A rea Sudeste, possui a maior carga, e est importando mais energia do que est exportando, portanto rea importadora;

    A rea Mato Grosso, possui a menor carga e est importando energia da rea Sudeste;

    A rea Sul, est exportando energia para a rea sudeste.

    4.2 SIMULAES

    Para demonstrar algumas funcionalidades e capacidades dos

    softwares estudados nesse trabalho, uma sequncia de simulaes ser

    realizada, buscando determinar o comportamento da rede perante s

    situaes como: mximo fluxo de potncia ativa entre reas, intercmbio

    de potncia especificado, estudos com variao de carga, e fazendo uma

    anlise dos resultados.

    4.2.1 Maximizando o intercmbio entre reas

    O objetivo deste teste maximizar o fluxo de potncia ativa nas

    interligaes entre as reas. Conhecer o valor do mximo fluxo em uma

    interligao de extrema importncia quando se estuda o planejamento

    eltrico e energtico da operao em sistemas de potncia. O teste ser

    realizado com o ANAREDE.

    Para realizar os testes de mximo intercmbio de potncia ativa

    com o ANAREDE, foi efetuado o procedimento descrito a seguir. Foram

    utilizadas as funes do FLUPOT disponveis no ANARERE. Sendo

    utilizada no problema de fluxo de potncia timo a funo objetivo de

    mxima transferncia de potncia ativa (MXTR), com os seguintes

    controles ativados: Gerao de Potncia Ativa (PGEN), Tenso em Barra

    PV (VGEN), Gerao de Potncia Reativa (QGEN), e Tap dos LTCs (TAPC), sendo os LTCs transformadores com variao automtica de tap. Essas opes alm de permitirem que a otimizao altere os valores

    das variveis, mantm todas dentro dos limites estipulados. O controle e

    monitorao ser efetuado em todo o sistema. Tambm foi ativada a

    seguinte restrio: Limite de Carregamento de Circuitos em Potncia

    Aparente (FMVA).

    Para executar a otimizao foi criado um arquivo de texto, com

    extenso FPO contendo as informaes necessrias sobre o problema, ver

    o APNDICE A Arquivo de configurao para MXTR FLUPOT. Para uso da funo MXTR necessrio especificar os limites de potncia ativa

    dos geradores, isso feito atravs do cdigo de Dados de Controle e Custo

  • 63

    de Gerao Ativa (DGEP), no mesmo arquivo que contm os dados de

    otimizao. Nos dados de rede no constam as potncias mnimas dos

    geradores, para defini-las foi usado o seguinte critrio: sabe-se atravs de

    (ALVES, 2007) a quantidade de geradores em cada UHE e qual a potncia

    nominal de cada um. Ento a potncia mnima de cada UHE foi definida

    arbitrariamente como sendo 65% da gerao nominal de uma unidade

    geradora da UHE. Considerando que no deve ser interrompido o fluxo

    do rio, e no se deseja desperdiar gua nos vertedouros.

    Aps pronto o arquivo (extenso FPO), abre-se o ANAREDE,

    carrega-se o caso base, carregam-se os dados do FPO, executa-se o FP

    pelo mtodo de Newton no caso base, aps isso executa-se a otimizao

    atravs do FPO, na aba Anlise, opo: Fluxo de Potncia timo.

    4.2.1.1 Interligao Sul Sudeste

    4.2.1.1.1 Fluxo de potncia do Sul para o Sudeste

    Como pode ser observado no caso base (Tabela 9), a rea Sul est

    exportando energia para a rea Sudeste, ento, neste teste o objetivo ser

    determinar qual o valor mximo que esse fluxo pode atingir.

    Tabela 10- Totais de rea - MXTR do Sul para o SE.

    Fonte: Elaborada pelo autor (2015).

    Vrias informaes (Tabela 10) podem ser obtidas a partir dos

    relatrios gerados na execuo do programa. Sendo a mais importante e

    objetivo deste teste, a mxima transferncia de potncia ativa da rea Sul,

    para a rea Sudeste, que resultou em 1560,5 MW, valor 157% maior que

    os 607,1 MW do caso base. Tambm se observa que houve aumento da

    gerao na rea Sul e reduo da gerao na rea Sudeste, sendo que esse

    comportamento era esperado, j que a rea Sul passa a ser exportadora de

    energia. Nenhuma alterao significativa ocorreu nos fluxos da rea Mato

    Grosso.

    reaGerao

    (MW)

    Gerao

    (Mvar)

    Carga

    (MW)

    Carga

    (Mvar)

    Shunt

    (Mvar)

    Export

    (MW)

    Export

    (Mvar)

    Import

    (MW)

    Import

    (Mvar)

    Perdas

    (MW)

    Perdas

    (Mvar)

    SE 5077.3 -2286.0 6237.0 1964.2 -474.1 304.8 339.4 1560.5 30.0 96.0 -5033.8

    SUL 7546.2 1305.6 5689.1 1439.6 90.3 1560.5 0.0 0.0 339.4 296.7 295.7

    MT 472.1 -104.7 755.6 193.6 -90.7 0.0 30.0 304.8 0.0 21.3 -419.0

    Total 13095.6 -1085.1 12681.7 3597.4 -474.6 1865.3 369.4 1865.3 369.4 413.9 -5157.1

  • 64

    Houve aumento de 23,6% nas perdas de potncia ativa do sistema,

    o que era esperado, pois ao aumentar o fluxo (corrente eltrica) em uma

    linha, a perda de potncia aumenta com o quadrado da corrente.

    A gerao devida ao compensador esttico de reativos da barra

    4530 na rea MT foi contabilizada nos resultados de totais de reas

    mostrados na Tabela 10. Para o caso MXTR do Sul para o SE esse

    compensador teve gerao de -14,5 Mvar.

    A maximizao limitada devido s restries fsicas e

    operacionais do circuito. Na Tabela 12 pode-se observar que para esse

    teste as tenses em barras foram o fator limitante na maximizao da

    transferncia de potncia ativa, alm de dois circuitos atingirem sua

    capacidade mxima, sendo eles os circuitos de conexo das UHE de G.B.

    Munhoz e Segredo (Tabela 11). Observa-se a capacidade do FPO de

    manter o fluxo muito prximo de seu limite.

    Tabela 11- Fluxos no limite, MXTR do Sul para o SE.

    Fonte: Elaborada pelo autor (2015).

    A Tabela 12 mostra as grandezas que atingiram os seus limites. As

    barras 48, e 1504 pertencem a rea Sudeste, e as demais barras rea Sul.

    O que se observa um aumento no perfil de tenso da rea Sul, o que

    esperado visto que a rea exportadora aumenta sua gerao mantendo um

    mesmo nvel de carga, o qu, por consequncia, eleva os nveis de tenso.

    Cabe ressaltar que os fatores limitantes no resultaram nos mesmos do

    sistema real (Tabela 6- Elementos que limitam os intercmbios entre os

    submercados SE/CO e Sul).

    Outro fato a ser observado a gerao das UHE, pois em um

    problema de maximizao de fluxo de potncia, as UHE da rea

    exportadora passam a fornecer mais potncia, podendo assim, atingir

    nveis de gerao prximo ao seu limite mximo, o que pode no ser

    desejvel, pois necessrio que haja uma folga de gerao para suprir as

    oscilaes de demanda.

    Da

    Barra

    Para

    BarraNome da Linha

    Capacidade

    Mxima

    (MVA)

    Fluxo

    Caso

    Base

    (MVA)

    Carrega-

    mento

    Linha

    Caso

    Base

    (%)

    Fluxo

    Caso

    MXTR

    (MVA)

    Carrega-

    mento

    Linha

    Caso

    MXTR

    (%)

    800 824 GBMUNHOZ-500 1676.00 1086.90 64.85 1675.06 99.94

    810 856 SEGREDO- 500 1260.00 1178.