55
0 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA CAMPUS SÃO BORJA COMUNICAÇÃO SOCIAL - HABILITAÇÃO JORNALISMO DISCIPLINA DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO II Webdoc São Borja histórica: O web-documentário como forma de preservar a história Autores: Andréia Poerschke Sarmanho Guilherme Cambri Veiga Projeto experimental apresentado como requisito à conclusão do curso de Comunicação Social Habilitação em Jornalismo, da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), sob a orientação do Prof. Ms. Marco Bonito. SÃO BORJA 2010

Tcc Webdoc Sao Borja Historica

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

0

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA

CAMPUS SÃO BORJA

COMUNICAÇÃO SOCIAL - HABILITAÇÃO JORNALISMO

DISCIPLINA DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO II

Webdoc São Borja histórica:

O web-documentário como forma de preservar a história

Autores: Andréia Poerschke Sarmanho

Guilherme Cambri Veiga

Projeto experimental apresentado como

requisito à conclusão do curso de

Comunicação Social – Habilitação em

Jornalismo, da Universidade Federal do Pampa

(UNIPAMPA), sob a orientação do Prof. Ms.

Marco Bonito.

SÃO BORJA

2010

Page 2: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

1

ANDRÉIA POERSCHKE SARMANHO

GUILHERME CAMBRI VEIGA

Webdoc São Borja histórica:

O web-documentário como forma de preservar a história

Projeto experimental apresentado ao curso de

Comunicação Social – Habilitação em

Jornalismo, da Universidade Federal do

Pampa, como requisito à obtenção do grau de

bacharel em comunicação social.

Orientador: Prof. Ms. Marco Bonito.

São Borja

2010

Page 3: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

2

ANDRÉIA POERSCHKE SARMANHO

GUILHERME CAMBRI VEIGA

Webdoc São Borja histórica:

O web-documentário como forma de preservar a história

Projeto experimental apresentado ao curso de

Comunicação Social – Habilitação em

Jornalismo, da Universidade Federal do

Pampa, como requisito à obtenção do grau de

bacharel em comunicação social.

Área de concentração: Cibercultura

Trabalho de conclusão defendido e aprovado em:

Banca examinadora:

__________________________________________________________________________

Prof. Ms. Marco Bonito

Orientador

(Comunicação Social – Jornalismo) – (UNIPAMPA)

__________________________________________________________________________

Prof. ______________________

(________________________) – (UNIPAMPA)

__________________________________________________________________________

Prof. _________________

(________________________) – (UNIPAMPA)

Page 4: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

3

Dedico este trabalho aos meus pais, Paulo e Maira,

que acompanharam de perto todos os percalços da

minha trajetória acadêmica e sempre me forneceram

todo o auxílio necessário. Dedico também aos meus

avós, que viveram épocas importantes dessa história

e foram fundamentais na construção da minha.

Andréia Sarmanho

Dedico este trabalho a meu pai, Milton, minha mãe,

Jacinta e meu irmão, Lucas por terem me apoiado

durante esses anos. Aos amigos que transformaram

tempos difíceis, em momentos agradáveis e

inesquecíveis. Aos professores que me ajudaram a

ter experiências por mim inimagináveis. E mesmo a

quem não posso agradecer aqui, levo a memória no

coração.

Guilherme Veiga

Page 5: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

4

AGRADECIMENTO

Agradecemos a Deus por nos dar força para superar as dificuldades durante esses quatro anos.

Ao nosso orientador, Prof. Marco Bonito, por ter nos mostrado novos caminhos e ter sido

nosso guia durante a realização desse trabalho. Aos nossos pais e familiares pelo apoio em todas as horas.

Aos amigos, por estarem presentes nos momentos em que necessitamos de ajuda,

academicamente, ou não.

Aos professores, não por nos mostrarem o caminho na escuridão, mas por nos darem a luz

para que achássemos por nós mesmos.

Às pessoas que encontramos durante essa estrada dura e maravilhosa por nos fazerem crescer

como seres humanos, profissionais, e, principalmente como cidadãos.

Agradecemos também aos entrevistados, que contribuíram com suas histórias e nos deram

todo o apoio necessário para sua concretização, bem como toda a comunidade são-borjense,

onde sempre encontramos apoio para sua realização.

Page 6: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

5

“O jornalismo é, antes de tudo e sobretudo, a prática

diária da inteligência e o exercício cotidiano do caráter”

Claudio Abramo

Page 7: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

6

RESUMO

Este trabalho consiste num projeto experimental em comunicação que explora o gênero

vídeo documental, tendo como plataforma a web. A produção do web-documentário se deu

através da realização de entrevistas, com a utilização de equipamento amador, que constitui

uma das características deste gênero. Também foram utilizadas pesquisa bibliográfica e

documental, onde todos os materiais passaram por um processo de triagem na produção

dos roteiros. O web-documentário foi então composto por sete episódios distribuídos entre

quatro períodos históricos da cidade de São Borja: época missioneira, invasão paraguaia no

século XIX, terra dos presidentes e contemporaneidade. Através de uma linguagem

didática e também dinâmica, à medida que o usuário escolhe seus caminhos de interesse

através de um formato interativo, o produto busca a preservação e difusão da história da

cidade.

Palavras-chave: Web-documentário, São Borja, história.

Page 8: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

7

ABSTRACT

This work is an experimental communication project that explores the genre video

documentary, and as the web platform. The production of web-documentary was made

through interviews, with the use of amateur equipment, which is a characteristic of the

genre. Were also used bibliographic and documental research, all materials have gone

through a triage process in the production of the scripts. The web-documentary was then

composed of seven episodes distributed among four historical periods of São Borja:

missionary time, Paraguayan invasion in the XIX century, the land of presidents and

contemporaneity. Through a teaching language and also dynamic, as the user chooses their

path of interest through an interactive format, the product look up to the preservation and

dissemination of the history of the city.

Keywords: Web-documentary, São Borja, history.

Page 9: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

8

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 9

2. FORMATO ........................................................................................................................... 11

3. TRAJETÓRIA DE PESQUISA E REALIZAÇÃO DO TCC .............................................. 14

4. DESENVOLVIMENTO ....................................................................................................... 22

4.1 Descrição do produto .......................................................................................................... 22

4.2 Circulação ........................................................................................................................... 22

4.3 Equipamentos ..................................................................................................................... 22

4.4 Custos ................................................................................................................................. 23

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 23

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 25

APÊNDICES ............................................................................................................................ 27

Page 10: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

9

1. INTRODUÇÃO

O tema escolhido para a realização desse trabalho é a história de São Borja, que é uma

das cidades mais antigas do estado do Rio Grande do Sul, tendo sua fundação datada no final

do século XVII1. A cidade, fundada por padres jesuítas espanhóis, é considerada

popularmente o primeiro dos Sete Povos das Missões da Companhia de Jesus, e seu nome é

uma homenagem do Padre Francisco Garcia, fundador da redução2, a Francisco de Borja e

Aragão, superior geral da ordem. O município possui o título de Cidade Histórica do Rio

Grande do Sul, por ter sido considerado, pela assembléia legislativa, “palco de importantes

episódios da formação territorial, social e política da nacionalidade”3. Contudo, a riqueza

histórica da cidade, constituída de períodos distintos, cada qual com seus respectivos marcos,

não possui muitos registros que a difundam. Desta necessidade de divulgação, sobretudo

através de abordagens didáticas, resulta a falta de conhecimento por parte do público em

relação à história do município.

A realização de um web-documentário apresenta-se como uma proposta para

contribuir com a divulgação da história de São Borja, de forma didática bem como contribuir

para o registro documental em vídeo desta história. A escolha de um formato que ao mesmo

tempo possui características de entretenimento e, entre as mídias existentes, é a que melhor

reúne poder de difusão e de interatividade, visa aumentar o interesse por parte do público,

sobretudo os jovens, uma vez que divulgado na web.

O trabalho divide-se em quatro períodos históricos, delimitando a produção a uma

linha do tempo. A primeira parte aborda a temática missioneira (final do séc. XVII – meados

do séc. XVIII), contextualizando este período e o legado ainda existente na cidade. A segunda

discorre sobre a então Vila de São Borja, durante a Guerra do Paraguai (1865)4,

contextualizando o conflito e o que este representou a nível local. A terceira parte do trabalho

é direcionada à São Borja “Terra dos Presidentes”, focando a vida de Getúlio Vargas e João

Goulart no município – onde nasceram, viveram, o que faziam – contextualizando sua vida

como são-borjenses à sua representação política para o país. Por fim, a quarta parte do

trabalho se concentra na história recente da cidade, englobando o desenvolvimento e as

transformações decorridas da construção da ponte internacional – São Borja (BR) - Santo

1 Considera-se o ano de 1682 como data de fundação da redução de São Francisco de Borja, porém estudos

recentes apontam que esta tenha surgido no ano de 1690. 2 Povoado, vilarejo. 3 Decreto nº 35.580, de 11 de outubro de 1994 da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. 4 O conflito estendeu-se do final do ano de 1864 a 1870, porém a invasão de São Borja data de maio de 1865.

Page 11: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

10

Tomé (ARG) –, a crescente industrialização da produção agrícola, responsável por mais de

50% do PIB do município e também o recente desenvolvimento da educação, através do

ensino superior e técnico.

Através da realização desse trabalho buscamos preservar através de uma linguagem

diferenciada a história e a cultura são-borjense, trabalhando o conteúdo produzido e reunido

de forma dinâmica e possibilitando fácil acesso através da publicação na internet. Desta

forma, através da conseqüente divulgação de pontos turísticos que a cidade possui como

legado histórico, buscamos contribuir para o debate acerca da potencialidade turística do

município e também produzir um material diferenciado, que pudesse ser utilizado também por

estudantes nas escolas.

Neste trabalho o método de abordagem utilizado foi o método dialético, que consiste

numa interpretação dinâmica da realidade e da “mudança dialética que ocorre na natureza e na

sociedade” (MARCONI; LAKATOS, 2006, p. 91), uma vez que o objeto de estudo é um

lugar específico com suas respectivas transformações.

Já como métodos de procedimento, que compreendem as técnicas e delimitam o

trabalho de modo mais restrito, foram utilizados o método histórico e o método comparativo.

a) Método histórico: Conforme Lakatos (apud MARCONI; LAKATOS, 2006, p. 91),

“consiste em investigar acontecimentos, processos e instituições do passado para verificar

sua influência na sociedade de hoje”.

b) Método comparativo: Assim como o método histórico, o método comparativo consiste na

análise de diferentes objetos – de tempo, espaço, ou sociais.

Conforme Marconi e Lakatos (2006), as técnicas são “um conjunto de preceitos ou

processos de que se serve uma ciência ou arte; é a habilidade para usar esses preceitos, a arte

prática”. No decorrer do trabalho, as técnicas utilizadas foram a pesquisa bibliográfica,

documental, observação e entrevista.

A pesquisa bibliográfica é indispensável ao resgate dos eventos históricos que

compõem a história de São Borja e também como suporte ao desenvolvimento do formato

escolhido. Esse tipo de pesquisa “desenvolve-se ao longo de uma série de etapas” (GIL, 2006,

p. 59), iniciando com a escolha do tema, levantamento bibliográfico preliminar e depois a

busca mais aprofundada pelas fontes mais adequadas.

A pesquisa documental passa por processo semelhante ao bibliográfico, exceto no que

se relaciona a sua análise, pois provavelmente como “os documentos a serem utilizados na

Page 12: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

11

pesquisa não receberam nenhum tipo de tratamento analítico, torna-se necessária a análise de

seus dados” (GIL, 2006, p. 88).

No processo de observação são utilizados os sentidos para examinar aspectos da

realidade. É um processo que se aplica no recorte da realidade sobre o qual o trabalho foi

desenvolvido.

Já a técnica da entrevista, chave do desenvolvimento do trabalho, conforme Goode e

Hatt (apud MARCONI; LAKATOS, 2006, p. 92), “consiste no desenvolvimento de precisão,

focalização, fidedignidade e validade de um certo ato social como a conversação”. As

entrevistas foram gravadas após a realização de uma pré-entrevista para abordagem

condizente com o foco do trabalho.

Durante a realização das pré-entrevistas e entrevistas produzimos arquivos de áudio

para a composição multimídia do trabalho, que é característica do formato escolhido.

Também coletamos material fotográfico, documental e realizamos textos a respeito dos

diversos assuntos abordados no trabalho para melhor caracterizar o formato.

Em relação aos aspectos técnicos do trabalho, a produção do web-documentário foi

realizada através de câmeras de vídeo semi-profissionais digitais, câmeras fotográficas

digitais e players5 de música portáteis. Depois de realizado o processo de edição, obtivemos

sete episódios de aproximadamente cinco minutos, com uma interface dinâmica, que conta

com o suporte dos textos, imagens e áudios de apoio.

2. FORMATO

Para trabalhar com a produção de um web-documentário é necessário discorrer a cerca

de alguns termos inerentes à sua conceituação. Primeiramente, o termo “documentário”

refere-se ao registro do considerado “não-ficção”, onde o autor trabalha com uma temática

real, buscando retratar fatos de maneira natural, conforme explica o autor:

“fatos que ocorrem naturalmente em frente à câmera ou que são reconstruídos

com sinceridade e por necessidades devidamente justificadas. A principal

característica destes filmes é o apelo à razão ou à emoção, tendo como

objetivo estimular o desejo e alargar o conhecimento e compreensão humana

apresentando os problemas e soluções para os mesmos, nas áreas da

economia, cultura e relações humanas” (BARSAM apud GREGOLIN et al,

2002, p. 7).

5 Aparelhos eletrônicos que reproduzem arquivos digitais de música.

Page 13: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

12

Sendo assim, apesar da abordagem do “real”, o tratamento dado pelo autor do

documentário constitui um processo ficcional na medida em que são estruturadas por ele as

impressões que se deseja transmitir com a composição do produto. Para Consuelo Lins6

(2007), as funções e potencialidades do documentário hoje são discutíveis, uma vez que o

gênero quis um dia representar o real, no entanto o que foi deixado de legado pelo cinema

moderno mostra que a imagem não reproduz o real. Porém, isso, segundo a autora, “não quer

dizer que o documentário não possa estabelecer diferentes aproximações com o mundo, falar

do real de variadas maneiras”, não deixando de considerar, contudo, o caráter “essencialmente

subjetivo, parcial, precário e contingente de toda e qualquer narrativa documental” (LINS,

2007, p. 14).

As transformações na forma de conceber o gênero do documentário não são isoladas,

mas fazem parte de um processo. A sociedade, conforme Manuel Castells, “é que dá forma à

tecnologia de acordo com as necessidades, valores e interesses das pessoas que utilizam as

tecnologias” (2006, p. 17). O advento da internet, ou do ciberespaço – termo trabalhado por

Lévy (2007, p. 17) que “especifica não apenas a infra-estrutura material da comunicação

digital, mas também o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres

humanos que navegam e alimentam esse universo”, possibilitou o surgimento de novos

formatos. Entre outras transformações nos processos comunicacionais, a sociedade de forma

geral e, em especial, o jornalismo, “ampliou as possibilidades das estruturas narrativas,

explorando características do suporte digital (...), contribuindo para o aparecimento de novos

gêneros jornalísticos, como o Web Documentário” (RIBAS, 2003, p. 3).

Este gênero caracteriza-se pela aplicação da multimidialidade, ao agregar textos,

áudio, imagens estáticas e em movimento, e permite que o espectador assuma um papel

participante na construção da narrativa. “Busca-se uma interatividade que proporcione uma

linguagem não-linear, não-ordenada, e sim que atenda às expectativas de recepção do usuário,

do ciberespectador7” (RENÓ, 2006, p. 6).

Desta forma, é permitido que este usuário interaja, determinando o que, onde, como e

quando quer assistir. Assim, não fica inerte à mensagem, como trabalhado pelo modelo

6 Documentarista e autora do livro “O Documentário de Eduardo Coutinho: televisão, cinema e vídeo”, que

reflete sobre as transformações do gênero à luz dos documentários do cineasta Eduardo Coutinho. 7 Termo empregado para designar o usuário no ciberespaço.

Page 14: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

13

matemático de Shannon e Weaver8, onde o emissor é detentor do poder de decisão sob o

conteúdo transmitido, que é apenas aceito pelo receptor.

Ao mesclar a forma de narrativa do documentário com a plataforma da internet,

agregam-se ao produto os elementos que caracterizam as informações veiculadas nesse meio.

No caso da hipertextualidade, são constituídas as relações entre as etapas do conteúdo, de

forma que, “ao acionar os links, o sistema conduz o espectador a uma outra página que

contém informações diversas e aprofundadas sobre o assunto” (GREGOLIN & TOMBA,

2002, p. 15).

Como o web-documentário ainda é considerado um gênero experimental, não existe

modelo pré-concebido em relação a sua estrutura. Não se trata da mera transposição do gênero

já existente – documentário –, para outro meio, mas uma adaptação, gerando um novo

formato. Este inova na forma de composição, podendo ser divido em episódios com ou sem

linearidade específica para a exibição das respectivas partes, agregando materiais além da

produção audiovisual, como complemento à narrativa desenvolvida, com igual importância,

como explica Ribas (2003, p. 7):

Desmaterializados os registros, que vão desde uma matéria antiga de jornal

recuperada, até depoimentos captados em vídeo e áudio, o Web Documentário

organiza as informações de maneira a oferecer níveis de aprofundamento e

interatividade ao receptor (...). Junto a isso, a convergência de formatos e a

capacidade praticamente ilimitada de armazenamento de dados facilmente

recuperáveis, conferem a distinção entre um Web Documentário e um documentário

produzido para vídeo, cinema ou televisão.

Para concatenar as diferentes mídias do processo interativo de modo agradável à navegação e,

ainda, agregando mais valor informativo, surge o conceito de interface. Conforme Steven

Johnson, “a interface atua como uma espécie de tradutor, mediando entre as duas partes,

tornando uma sensível para a outra” (2001, p. 19). Deste modo, através da utilização da

interface adequada, o web-documentário torna-se mais atrativo, dialogando melhor com o

usuário.

Em relação à parte técnica da produção, a maior acessibilidade aos equipamentos foi

um dos fatores que impulsionou o desenvolvimento de novos formatos de produção

audiovisual. Com a introdução do microfone acoplado à câmera, entre outras funcionalidades,

e a popularização dos aparelhos eletrônicos digitais, instaurou-se a tendência de aliar a

8 Autores da Teoria Matemática da Informação (1949), um modelo linear de comunicação, onde uma fonte passa

a informação a um transmissor, que a coloca num canal (sujeito a ruído), que a leva a um receptor para que

chegue a um destinatário.

Page 15: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

14

versatilidade do tamanho reduzido de modo inversamente proporcional a uma maior

qualidade de captação.

Mesmo assim, os aparelhos digitais mais populares, em constante processo de

aperfeiçoamento, ainda deixam a desejar em termos de qualidade de captação de áudio e

imagem. Renó observa que ao colocar esse material na web, a qualidade sofre ainda mais

perdas, uma vez que “o áudio de materiais produzidos em extensões para a Internet costuma

ser de baixa qualidade, perdidos no processo de renderização9 do material, aliado ao vídeo,

também limitado pela definição de imagem” (2006, p. 39). Sendo assim, ao realizar a

captação de áudio e imagem nesses dispositivos, o cuidado com a qualidade deve ser

constante, já prevendo uma possível diminuição desta após a postagem do conteúdo

audiovisual na web.

Nessa etapa final, de publicação na web, as plataformas também interagem entre si.

Todo o conteúdo final do web-documentário, seja imagem parada ou em movimento, áudio ou

texto, pode ser agregado num só local, como um blog, mesmo a partir da postagem dos

conteúdos em outros servidores. Assim, o blog passa a ser a interface que media todos os

conteúdos que fazem parte do web-documentário conforme a proposta.

3. TRAJETÓRIA DE PESQUISA E REALIZAÇÃO DO TCC

Buscamos algumas referências em produções realizadas no gênero e optamos por

trabalhar com uma linguagem baseada no documentarista Eduardo Coutinho. Inicialmente a

idéia era produzir acerca de temáticas do cotidiano, como ocorre em “Edifício Master”, obra

do mesmo autor. No entanto, após conversas com nosso orientador e considerando que

poderíamos explorar o potencial do gênero para gerar contribuições, sobretudo à comunidade

onde estamos inseridos e em maior escala, a todos os que fossem por ele atraídos de alguma

forma, optamos por trabalhar um aspecto local que há muito nos instigava: a falta de

reconhecimento a São Borja como cidade histórica.

A produção do trabalho prático teve início em junho, durante o desenvolvimento do

pré-projeto que deu origem ao web-documentário proposto como trabalho de conclusão de

curso. A primeira gravação foi realizada no dia 10 de junho, na palestra que marcava os 145

anos da invasão à cidade de São Borja, durante a Guerra do Paraguai. O evento, realizado no

9 “Renderização” é o termo mais utilizado para traduzir o processo representado pelo sinônimo estrangeiro

“render”, que significa o tratamento digital dado no processo de edição de áudio ou vídeo para obter melhor

qualidade no produto final.

Page 16: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

15

2º Regimento de Cavalaria Mecanizada João Manoel, aberto à comunidade, teve como

palestrante o Coronel Vargas Souto, militar aposentado e conhecedor das estratégias usadas

durante o combate e do contexto histórico que envolveu o conflito. Nesse dia, iniciamos

apurações acerca de possíveis fontes e realizamos registros como recurso para pesquisa.

Ainda durante a produção do pré-projeto, ocorreu a tradicional procissão de São João

Batista, no dia 24 de junho, e fomos acompanhar os peregrinos durante a caminhada. Além de

conversar com alguns deles para a obtenção de informações que pudessem nos guiar para a

posterior produção de um dos episódios do web-documentário, referente ao período das

missões em São Borja, fizemos várias filmagens que poderiam ser aproveitadas como

imagens de apoio.

A procissão tem como ponto de partida e de chegada a fonte de São João Batista, que,

apesar de ser popular em São Boja, é de localização difícil para aqueles que não a conhecem,

pois fica situada nos fundos de um conjunto de casas, no Bairro Maria do Carmo, na Rua

Bompland, apenas com sinalização no pátio da casa mais a frente desse conjunto. Essa fonte

constitui um dos lugares históricos pertencentes à época missioneira, e é hoje um dos poucos

patrimônios, referente àquele período, em bom estado na cidade, o que se deve em grande

parte aos moradores dos arredores que ajudam na sua conservação. Constatamos que o mesmo

não ocorre com a outra fonte, de São Pedro, localizada no bairro Betim. O descaso com o

lugar de importância histórica é visível através da falta de sinalização e sinais de vandalismo

percebidos.

A produção dos episódios do web-documentário começou, de fato, pelo quinto

episódio, que tem como foco o ex-presidente João Goulart, popularmente conhecido como

“Jango”. A não linearidade de produção ocorreu em função da produção de uma entrevista

específica, num golpe de sorte e agilidade de produção. No dia 16 de agosto, constatamos que

Maria Thereza Goulart, viúva de Jango, a qual reside no Rio de Janeiro, se encontrava na

cidade. A ex-primeira dama era considerada uma fonte fundamental para a produção dos

episódios relacionados ao ex-presidente e, ao mesmo tempo, era até então a entrevista que

julgávamos de mais difícil produção pelo fato de não visitar São Borja com muita freqüência.

Nesse dia, conversamos com o neto de João Goulart, Christopher Goulart, elencado como

outro possível entrevistado. Levantamos alguns pontos por meio de pré-entrevista, agendando

a gravação de ambas as entrevistas para o dia posterior.

Por dependermos dos equipamentos da universidade para a produção, como câmeras

de vídeo, e sendo elas semi-profissionais, contamos com algumas dificuldades que foram

Page 17: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

16

recorrentes durante todo o processo de filmagem: por não possuir entrada para microfones, a

captação do áudio era difícil. A câmera sempre tinha que ser posicionada a cerca de 1,5m do

entrevistado para que a sua fala fosse audível, por ser captada no mesmo canal do som

ambiente.

As duas entrevistas, com Christopher Goulart e Maria Thereza Goulart, foram feitas ao

ar livre, no pátio do Memorial Casa João Goulart. Assim, houve alguns riscos que resolvemos

correr e que acabaram interferindo: pessoas que intervinham nas gravações ao interagir com

os entrevistados durante suas falas e uma série de ruídos que havia ao redor do local das

entrevistas. Porém, felizmente, nenhuma dessas situações atrapalhou o processo de edição,

pois não interferiram nas partes necessárias ao episódio, para o qual obtivemos as

informações que buscávamos, especialmente sobre a convivência da ex-primeira dama com o

presidente Jango e sua relação com a cidade de São Borja, objeto do nosso trabalho.

O próximo entrevistado foi o Sr. Dirceu Dornelles, que freqüentou assiduamente a

casa da família de João Goulart quando criança, e mais tarde, após assumir o cartório de São

Borja, em 1955, se tornou o tabelião do ex-presidente, que possuía várias propriedades na

cidade. A entrevista ocorreu no dia 28 de agosto, após a realização de uma pré-entrevista

fundamental ao esclarecimento de alguns pontos sobre o ex-presidente, que auxiliaram na

condução de todo o processo. Ao contrário das entrevistas anteriores, por ter sido feita em um

local fechado, nesse caso, a residência do Sr. Dirceu, não houve nenhum problema de caráter

técnico. A conversa transcorreu com tranqüilidade, sem problemas de áudio, uma vez que não

fomos interrompidos por ninguém e não houve ruídos que poderiam, também, ser um

problema.

No dia 2 de setembro fizemos a entrevista mais surpreendente em termos de conteúdo

relacionado ao ex-presidente Jango. Agendamos, por telefone, com o Sr. Luthero Fagundes,

contador de João Goulart, e visitante freqüente em suas fazendas durante o exílio. Por não

termos tido uma conversa prévia para saber o quanto ele poderia contribuir conosco, não

sabíamos qual era a profundidade de informações que possuía; sabíamos apenas da relação

próxima que ele havia tido com Jango.

Durante a entrevista, Sr. Luthero Fagundes fez algumas revelações da intimidade de

Jango, como seu medo de ser assassinado, e sobre as perseguições que ambos sofreram.

Porém, durante uma fala importante do entrevistado, as vozes das pessoas presentes na casa

passaram a atrapalhar a gravação. Assim, solicitamos que algumas partes de seu depoimento

fossem refeitas e, para nossa surpresa, o entrevistado lembrou-se de alguns até então

Page 18: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

17

desconhecidos por nós, o que enriqueceu o trabalho. Também obtivemos com o entrevistado

uma foto de seu acervo pessoal, onde ele se encontra junto do ex-presidente no período do

exílio.

No mesmo dia, entrevistamos o Sr. Viriato Vargas, sobrinho-neto do ex-presidente

Getúlio Vargas, que é o tema do terceiro e quarto episódios do web-documentário.

Começamos assim a produzir os episódios paralelamente, adiantando a etapa de entrevistas. O

entrevistado nos concedeu um depoimento bastante pessoal, por ter convivido quando jovem

com Getúlio, nas ocasiões em que o ex-presidente vinha para São Borja.

Durante a realização desta entrevista, os problemas que tivemos foram relacionados a

ruídos no áudio ambiente, uma vez que chovia e o entrevistado também se movimentava

várias vezes e mexia em objetos na mesa, o que fazia com que o enquadramento da imagem

mudasse, mas nada significativo para que fosse necessária a refilmagem. Com o Sr. Viriato

também tivemos acesso a várias fotos de Getúlio Vargas, além de livros, revistas e outras

fontes impressas para pesquisa.

É importante ressaltar que as decupagens10

de todas as entrevistas eram feitas em

intervalos de dias ou mesmo no exato dia da gravação. Isso agilizava nossa previsão do que

ainda era necessário, já visualizando os pré-roteiros que foram realizados antes da produção

das entrevistas, como guia para as mesmas.

A última entrevista a ser utilizada nos episódios sobre Jango foi feita no dia 16 de

setembro com Jacqueline Cassafuz, historiadora e responsável pelo Memorial Casa João

Goulart. Sendo ela a pessoa mais acessível a prestar orientações sobre a história geral do ex-

presidente, seu depoimento serviu como base para estruturar o roteiro, e principalmente

preencher as lacunas do mesmo. A parte técnica da entrevista transcorreu sem problemas e no

dia seguinte, 17 de setembro, retornamos ao Memorial Casa João Goulart para a realização de

imagens de objetos, painéis e fotos que serviriam como inserts11

de imagens durante o

episódio.

A partir da conclusão das entrevistas para a realização do quarto e quinto episódios,

referentes a Jango, teve início a produção do roteiro final o início de processo de edição.

Inicialmente, estimávamos que seria possível abordar a história do ex-presidente João Goulart

em um único episódio, no entanto, optamos por dividi-lo em duas partes, para que

pudéssemos explorar melhor as informações obtidas. Por ser baseado num passado não muito

10 “Decupagem” é o termo utilizado para designar o ato de transcrever o conteúdo dito nas gravações. 11 “Insert” é o termo estrangeiro utilizado na linguagem televisiva para classificar inserções de imagens estáticas

ou em movimento durante o processo de edição do material.

Page 19: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

18

distante, contamos com depoimentos de várias fontes que conviveram diretamente com o ex-

presidente, rendendo muitas histórias interessantes e necessitando de um tempo maior para a

construção dos roteiros e consecutivas revisões.

Simultaneamente demos continuidade à produção do terceiro e quarto episódio do

web-documentário, centrado na figura de Getúlio Vargas. No dia 20 de setembro, feriado no

estado do Rio Grande do Sul, realizamos a segunda entrevista, com o Sr. Salvador Mello.

Figura conhecida na cidade, trabalhou como radialista anos atrás e, aos 17 anos de idade,

passou a acompanhar Getúlio Vargas em sua campanha política no ano de 1950. Além de ter

conhecido pessoalmente e convivido algum tempo com o ex-presidente, o entrevistado

colaborou contextualizando o período histórico e político da época abordada no episódio.

Uma preocupação na realização dessa entrevista era que as comemorações do desfile

farroupilha na cidade pudessem interferir no áudio, uma vez que a residência do entrevistado,

onde foi feita a gravação, situava-se no centro da cidade. Contudo não houve problemas de

ordem técnica e a entrevista foi realizada tranquilamente. Além do domínio do entrevistado

sobre toda a trajetória política de Getúlio Vargas, sua clareza de expressão e desenvoltura

resultaram numa contribuição valiosa ao trabalho.

A terceira entrevista dos episódios focados no presidente Vargas, foi realizada no dia

30 de setembro, com a historiadora Mariza Fortes, no Memorial Casa João Goulart. Um

problema apresentado nessa nova visita ao local foi o som ambiente. Na semana anterior

havíamos estado no local, mas fomos impossibilitados de gravar a sonora com a entrevistada

em função de um projeto musical que ocorre no mesmo lugar. Retornamos então no dia 30,

mas também estavam ocorrendo ensaios, que em alguns momentos se tornaram audíveis nas

gravações. Contudo, no processo de finalização de edição foi possível minimizar esses ruídos.

Em outubro começamos a trabalhar na produção das entrevistas dos demais episódios,

iniciando pelo contato com o Cel. Reinaldo Goulart Correia, apontado no 2º RC Mec. João

Manoel com unanimidade para colaborar com o segundo episódio, que conta a invasão do

exército paraguaio a São Borja, em 1865 durante a guerra. A entrevista foi realizada no dia 14

do mesmo mês, no museu militar, onde estão expostos vários artefatos que remontam da

batalha.

Muitas perguntas foram elaboradas para o entrevistado, porém, não houve necessidade

de serem realizadas, pois o seu depoimento foi linear em relação aos acontecimentos e os

períodos em que aconteceram. Assim, conduzir a entrevista teve pouca dificuldade, devido ao

Page 20: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

19

vasto conhecimento do Cel. Reinaldo para com o assunto e sua capacidade de contá-la sem

perder a linha de raciocínio.

No mesmo dia, realizamos a primeira entrevista necessária ao episódio que abre o

web-documentário, dedicado ao período missioneiro. Conversamos com o professor Rodrigo

Maurer, da Universidade da Região da Campanha (URCAMP). A entrevista foi realizada na

própria universidade, ao ar livre, requerendo alguns cuidados com a iluminação em função do

horário, que já se aproximava do pôr-do-sol. O local de filmagem foi mudado várias vezes

devido a esse problema, além da dificuldade de encontrar um fundo apropriado para

contrastar com o entrevistado.

Como esperado, em seu depoimento, o professor Rodrigo abordou muitas questões

controversas em relação ao período missioneiro, que constitui a sua área de estudos como

pesquisador. A visão do entrevistado era importante para o desenvolvimento do episódio, pois

além do seu conhecimento básico sobre esse período, ele conduz vários estudos que

contradizem muito dessa própria história, como o fato de São Borja ter sido a primeira das

reduções a ser fundada, a não-existência do Cotiguaçu, local onde ficavam as viúvas e as órfãs

da redução, entre outros assuntos polêmicos para o meio acadêmico.

Tentamos contato diversas vezes com um entrevistado que nos era muito importante, a

respeito, tanto do episódio da invasão paraguaia, quanto daquele referente ao período

missioneiro. Por diversas vezes foi marcado local e data, sendo que fomos, inclusive, a sua

casa sem que ele tenha aparecido. Eventualmente, pela dificuldade e pela falta de tempo,

desistimos de fazer essa entrevista.

No dia 20 de outubro, após termos marcado a visita alguns dias antes, fomos até a casa

do Sr. Mário Hoff, historiador formado Universidade da Região da Campanha (URCAMP).

Em um primeiro momento, fizemos a entrevista no pátio da casa, devido à iluminação ser

melhor naquele local. Durante a gravação, por alguns momentos, o entrevistado buscou

documentos que estavam ao seu lado, no chão, mostrando tais papéis para a câmera. Isso

dificultou com que essas imagens fossem usadas posteriormente durante a edição. No pátio,

havia pássaros que cantarolaram durante todo o tempo. Em certo momento esse som se tornou

tão forte que tivemos que transferir o Sr. Hoff para dentro da casa, e terminar a entrevista lá.

No dia 26 de outubro, fomos até o Instituto Federal Farroupilha, para marcar a

entrevista com um professor da instituição, Alexander Machado, indicado pelo prof. Rodrigo

Maurer, como um dos poucos da cidade que estudava a contemporaneidade. Porém, não o

Page 21: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

20

encontramos, mas conseguimos seu telefone, e assim marcamos a entrevista para 8 de

novembro.

Durante uma conversa informal em uma lanchonete da cidade, da qual conhecíamos os

donos e pedíamos sugestões de entrevistados, um popular conhecido como Amiguinho entrou

e começou a conversar sobre o passado recente de São Borja e nos deixou interessados para

ser uma fonte sobre a contemporaneidade. Assim, marcamos para entrevista-lo para à tarde do

dia seguinte, 28 de outubro. Já havíamos agendado com um morador antigo da cidade, o Sr.

Teseu Sarmanho para gravarmos no mesmo dia, mas pelo horário da manhã. Porém, fomos

até a sua casa como combinado e ele não se encontrava. Assim, ligamos e acabamos

marcando para a tarde, depois da entrevista com Amiguinho.

Morador de longa data de São Borja e radialista, conhecido pro falar o que pensa e ter

opiniões fortes, João Manoel Loureiro, mais conhecido como Amiguinho, por chamar a todos

de “amiguinho”. Chovia muito, por isso tivemos que fazer a entrevista dentro de casa com as

janelas e portas fechadas para abafar o barulho dos pingos d’água o máximo possível.

Algumas de suas falas não foram nem um pouco esperadas, porém bem recebidas, pois dava

um curso diferente do que foi planejado para o episódio.

Logo após nos dirigimos para a casa de Teseu Sarmanho, 71 anos, morador de São

Borja durante toda a sua vida. Encontramos o mesmo problema em relação à chuva, por isso

também fizemos essa entrevista dentro de sua casa. A entrevista se apresentou sem demais

complicações.

Logo após, tivemos que definir, durante orientação, o título do web-documentário: São

Borja histórica. Também definimos o nome da nossa produtora, responsável por todo esse

processo, a DeLorean Produções Audiovisuais.

No dia 8 de novembro, conforme agendado nos dirigimos novamente até o Instituto

Federal Farroupilha para entrevistarmos o professor Alexander Machado, para o episódio

sobre a contemporaneidade da cidade. Conseguimos uma sala afastada das demais para que

não houvesse ruídos externos que pudessem atrapalhar a gravação. Após a primeira resposta

do entrevistado, tivemos de ligar as luzes da sala para que a iluminação fosse melhorada.

No dia seguinte, 9 de novembro, fomos até a residência do historiador José Luciano

Vasques, para entrevistá-lo à respeito da época missioneira da cidade. Fizemos a entrevista no

lado de fora de sua casa. O tempo estava nublado e com vento, que interferiu em alguns

pontos do depoimento. Além disso, durante a entrevista a luz muda radicalmente,

provavelmente devido às nuvens, alterando na cor do enquadramento da filmagem.

Page 22: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

21

Com a falha em fazer contato com uma das fontes sobre o episódio referente à Guerra

do Paraguai, tivemos de procurar uma alternativa. O entrevistado mais próximo com

propriedade para falar sobre o assunto residia na cidade de Itaqui, distante cerca de 90 km de

São Borja. Com isso, marcamos a entrevista e nos deslocamos para lá.

Ataídes Assis é historiador formado na Universidade da Região da Campanha

(URCAMP), e baseia suas pesquisas em São Borja e Itaqui, principalmente, sendo a Guerra

do Paraguai uma dessas pesquisas. A sala onde fizemos a entrevista era pequena, e no fundo

do enquadramento da filmagem sempre havia algo que atrapalhava. Acabamos fazendo-a com

um computador e alguns que papéis que haviam na parede atrás do entrevistado, que pareciam

que não iriam influenciar na imagem, mas depois percebemos que ela acabou por ficar

“poluída”

Alcebíades Paulino, acadêmico de História da Universidade da Região da Campanha,

foi o terceiro e último entrevistado sobre a invasão paraguaia em São Borja. Fizemos a

entrevista ao ar livre, e perto do local havia um supermercado. Com isso o movimento

acontecia de forma constante, e assim, alguns sons atrapalharam a filmagem, principalmente,

carros e motos.

As decupagens feitas, em curto espaço de tempo após as gravações, agilizou a

produção dos roteiros, que eram realizados conforme o número de entrevistas necessárias para

cada episódio eram finalizadas. Foram selecionados os momentos mais importantes das

conversas com cada entrevistado, e dessa forma eram delimitados os assuntos a serem

abordados. Durante a edição, o roteiro era refeito constantemente, devido ao tempo, que

deveria ter média de 5 minutos e geralmente tinha o tempo excedido por uma grande

diferença, e, além disso, novas abordagens para determinada história que, eventualmente,

surgiram.

O processo de edição teve início no mês de outubro, tendo sido iniciado pelos

episódios cinco e seis, referentes ao ex-presidente João Goulart. Um problema que

enfrentamos nesta etapa foi em relação ao software de edição escolhido para a montagem dos

episódios. Devido aos requisitos de sistema trabalhados por ele, só podíamos utilizá-lo nos

computadores da universidade, específicos para trabalhos de edição áudio-visual. Os horários

de funcionamento do local fizeram com que essa etapa se estendesse até meados de

novembro, uma vez que seguimos paralelamente na realização das demais entrevistas.

Temendo que o tempo restante não fosse suficiente para a edição dos demais

episódios, optamos por utilizar um software alternativo, para continuar o processo de edição

Page 23: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

22

fora da universidade, ganhando tempo. Assim, foram construídos os episódios um, dois, três,

quatro e sete, que tiveram apenas a finalização realizada no laboratório de edição da

Unipampa. Encontramos dificuldades em relação aos episódios dos séculos XVII, XVIII e

XIX, porque materiais como fotos eram de difícil acesso tanto materialmente, quanto de

forma digital. Isso foi contornado com a utilização das filmagens feitas por nós de

monumentos históricos referentes aos períodos abordados, além das trilhas sonoras que

ajudam na construção de sentidos dos usuários.

4. DESENVOLVIMENTO

4.1 Descrição do produto

O web-documentário “Webdoc São Borja histórica” é composto por sete episódios em

vídeo, com aproximadamente cinco minutos de duração cada um. O primeiro deles aborda o

período missioneiro da cidade de São Borja; o segundo a invasão paraguaia a então vila de

São Borja; o terceiro e o quarto falam sobre a vida do presidente Getúlio Vargas; o quinto e o

sexto sobre o ex-presidente João Goulart e o sétimo, e último, analisa São Borja na

contemporaneidade.

No final de cada episódio são apresentados caminhos ao usuário, que pode ter acesso

rápido ao episódio anterior e/ou ao episódio seguinte, através de links inseridos no próprio

vídeo. Os episódios estão publicados no YouTube, o que facilita o acesso dos usuários e

possibilita que os produtos mantenham-se reunidos num mesmo canal. Para agregar todos os

conteúdos numa mesma plataforma, os vídeos também foram publicados num blog, além de

haver conteúdo textual, fotográfico e auditivo que complementam e tornam a produção

multimídia.

4.2 Circulação

Os episódios do “Webdoc São Borja histórica” estão publicados no canal da DeLorean

Produções Audiovisuais no Youtube – <http://www.youtube.com/user/DeLoreanProducoes>

–, podendo também ser conferidos junto aos outros materiais integrantes do trabalho no blog

da produção: <http://webdocsbhistorica.blogspot.com/>.

4.3 Equipamentos

Page 24: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

23

As imagens foram captadas em filmadoras Sony Handycam HDD, em formato

widescreen, fornecida pela universidade. A edição não-linear foi realizada em Sony Vegas

Movie Studio 9.0 e em Adobe Premiere Pro CS5, este último fornecido pela instituição. Os

áudios foram editados em Sony Sound Forge Pro 10.0 e as imagens em Adobe Photoshop

CS4, sendo as fotografias realizadas com uma Sony Cyber-Shot DSC W55 7.2 Mega Pixels.

4.4 Custos

Materiais Custo em reais

Aquisição de livro 36,00

Impressão do relatório (2) 20,00

Transporte

Viagem a Itaqui 70,00

Transporte coletivo 40,00

Total 166,00

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização deste projeto experimental, que trabalha com várias formas de se

apresentar a mensagem, fez com que tenha sido uma experiência muito válida. Durante o

curso, foram explorados diferentes meios de comunicação, e a web, dentre eles, foi o que nos

impulsionou a produzir pensando em diferentes formatos, com maior amplitude de difusão. A

convergência de diferentes mídias para a internet possibilita o surgimento destes novos

formatos, como o webdocumentário, a partir de gêneros já conhecidos, que pode constituir

uma alternativa interessante e inovadora para a produção e difusão de conteúdos

diferenciados.

Construído a partir de uma linguagem simplificada, para um meio onde os conteúdos

podem ser facilmente acessados, acreditamos que o “Webdoc São Borja histórica” atende às

demandas às quais se propõe, reconstituindo a história local e a forma como ela é interpretada

por aqueles que vivem nesse espaço. A partir da utilização da web como plataforma, também

foi possível pensar numa maior propagação dos conteúdos produzidos, sem o estabelecimento

regulador de tempo ou espaço, comuns a outros veículos.

Page 25: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

24

A proposta de construir episódios com duração relativamente curta dá-se, sobretudo,

pela dinamicidade que a web representa, onde nada é estático e a atenção do usuário é

constantemente disputada pela ilimitada quantidade de informações e fontes de

entretenimento existentes. Para não limitar o conteúdo de alguns episódios em função das

restrições de tempo estabelecidas, optamos por dividi-los, de forma a não omitir informações

importantes à construção da narrativa, mesmo que excedessem a proposta de apresentar o

tema em cinco minutos.

Pelo fato de a web constituir um ambiente de livre escolha, o webdocumentário, ao

oferecer todos os formatos presentes a partir da internet sob o viés do jornalismo, se torna

uma fonte de pesquisa versátil. Dessa forma, o usuário escolhe a forma de recepção da

mensagem, traçando o caminho que lhe interessa ou lhe agrada mais. Logo, o

webdocumentário se torna um formato democrático, pois permite que o receptor desfrute da

mensagem sobre determinado assunto da forma que lhe seja mais atraente. É democrático

também por ser livre das amarras do profissionalismo que é imposto pelos formatos clássicos

do jornalismo.

Sendo um formato experimental, pode ser feito de modo semi-profissional no que diz

respeito aos aparelhos necessários para sua produção. Isto ressalta sua característica de acesso

facilitado, não somente em relação à recepção deste tipo de mídia, mas também de sua

produção. Por não possuir originalmente qualidade técnica muito grande, é necessário que se

obtenha destaque através do próprio conteúdo e do tratamento a ele dado, construindo-o de

forma criativa e interessante.

Acreditamos que o gênero do webdocumentário tem muito a contribuir para a difusão

de conteúdos de qualidade e diferenciados na rede, uma vez que sua produção não exige

muitos recursos técnicos e permite abordar qualquer temática sob diferentes ângulos, valendo-

se da experimentação com mídias variadas. Os materiais por nós produzidos ao longo da

realização do “Webdoc São Borja histórica” exemplificam esta afirmação, rendendo ainda

diferentes formas de abordagem. Com base nisto, planejamos explorá-las, contribuindo,

assim, para que as histórias paralelas ao conteúdo principal, por nós apresentado, também

possam acrescentar informações que irão colaborar ainda mais para a contextualização dos

momentos históricos abordados.

Page 26: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

25

REFERÊNCIAS

Artigos

RIBAS, Beatriz. Contribuições para uma definição do conceito de Web Documentário.

GJOL, 2003.

Dissertações

RENÓ, Denis P. Características comunicacionais do documentarismo na Internet: estudo

de caso do site Porta Curtas. São Bernardo do Campo, 2006, 142p. (Dissertação apresentada

para obtenção do grau de Mestre).

Livros

CASTELLS, Manuel, CARDOSO, Gustavo. A sociedade em rede: do conhecimento à

acção política. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda, 2006.

JOHNSON, Steven. Cultura da interface: como o computador transforma a maneira de

criar e comunicar. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001.

LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da

informática. São Paulo: Ed. 34, 1993.

LÉVY, Pierre. Cibercultura. 6. ed. São Paulo: Ed. 34, 2007.

LINS, Consuelo. O documentário de Eduardo Coutinho: televisão, cinema e vídeo. 2. ed.

Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007.

MARCONI, Marina, LAKATOS, Eva M. Metodologia científica. 4. ed. São Paulo: Atlas,

2006.

Monografias

GREGOLIN, Maira, SACRINI, Marcelo, TOMBA, Rodrigo Augusto. Webdocumentário:

uma ferramenta pedagógica para o mundo contemporâneo. Campinas, 2002, 120p.

(Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Jornalismo, PUC-Campinas –

Campus I, para obtenção do título de graduação do curso de Comunicação Social -

Jornalismo).

Page 27: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

26

Revistas

RENÓ, Denis P. Ciberdocumentarismo: tópicos para uma nova produção audiovisual.

Ciência & Cognição, 2006.

Page 28: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

27

APÊNDICES

APÊNDICE A – Roteiro do episódio 1

IMAGEM – Clipe de abertura

SONORA José Luciano Vasques

GC: JOSÉ LUCIANO VASQUES/

historiador

SONORA Rodrigo Maurer

GC: RODRIGO MAURER /

historiador

SONORA Luciano Vasques

SONORA Rodrigo Maurer

SONORA Luciano Vasques

Logomarca da produtora.

episódio 1:

MISSÕES PARA SEMPRE

00’08’’ São Francisco de Borja é, surgiu num

contexto no qual tava tentando delimitar as

fronteiras entre Portugal e Espanha né.

00’08’’ a explicação toda dos jesuíta ela depende

de duas fases: a primeira fase, ela se compreende

de 1626 a 1632

06’09’’ em 1626 com a fundação de São Nicolau

por Roque Gonzáles, no qual

06’17’’ eles tiveram que abandonar pelo fato dos

Bandeirantes descerem lá de São Paulo e virem

aqui pra preá o Índio pra levar pra ser vendido

como escravo lá em cima.

00’57’’ essas reduções vão ter que ser obrigadas a

transmigrar e a segunda fase ela começa a partir

de 1687.

04’20’’ Manoel Lobo que era governador do Rio,

vem e funda na Colônia de Sacramento, em 1680.

04’48’’ era um enclave português que ficava

dentro de uma área que pertencia a Espanha, então

era um

Page 29: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

28

SONORA Rodrigo Maurer

SONORA Luciano Vasques

04’56’’ problema pra Espanha

02’15’’ a questão toda passava sim, pelo

consolidação da colônia de Sacramento

02’31’’ e em contra disso tinha que encontrar uma

função que barrasse esse avanço português-

lusitano

22’00’’ a redução de São Borja ela surge na parte

alta de São Borja, nas proximidades da Praça

Matriz

22’11’’ E o abastecimento de água dessa redução

22’12’’ seria a fonte de São Pedro.

04’20’’ o contato tradicional como muitas vezes

foi passado por muito tempo foi que tivesse

acontecido pelo contato da força

04’29’’ Hoje já existem linhas teóricas que

pensam esse contato com a questão de assimilação

cultural

04’55’’ Ele não foi uma pessoa que teve que ser

aculturada pra se adaptar ao sistema reducional,

pelo contrário o sistema reducional que teve que

se adaptar a cultura desse indígena.

08’11’’ São Borja tinha uma função estratégica

dentro desse contexto todo

08’16’’ Porque ele era o que ficava na beira do

Uruguai aonde, por onde era escoado toda essa

produção né do gado

08’25’’ a erva mate principalmente

08’28’’ que tinha um valor muito grande na época

09’20’’ os espanhóis tinham uma estrutura já

muito organizada na época

Page 30: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

29

SONORA Mario Hoff

GC: MARIO HOFF / historiador

SONORA Rodrigo Maurer

SONORA Luciano Vasques

SONORA Rodrigo Maurer

SONORA Luciano Vasques

09’29’’ com uma espécie de colégio, quadras de

um tamanho específico, o local tinha que ser um

local livre de enchente

09’40’’ de bichos

24’17’’ talvez a redução de São Borja não

existisse Cotiguaçu

24’07’’ ou seja a casa onde ficavam as órfãs e as

viúvas.

08’32’’ nenhuma redução foi projetada ao leo,

todas tiveram um estudo aprofundado para saber

se ali

08’40’’ poderia resultar algo positivo pro projeto

coletivo.

24’47’’ a organização

24’57’’ o principal que é o jesuíta, depois os

caciques, daí assim por diante

07’10’’ cada um tendo a sua função

07’12’’ dentro do projeto reducional em si,

favorecia para um controle interno mais forte e

rígido

07’20’’ das investidas externas

10’40’’ em 1750 através do tratado de Madri

11’03’’ foi um ótimo negocio para os portugueses,

porque eles trocam uma pequena cidadela né,

11’10’’ por uma vasta região que vai se tornar

futuramente uma, uma grande potencial

11’16’’ pros portugueses.

Page 31: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

30

SONORA Mario Hoff

SONORA Luciano Vasques

SONORA Rodrigo Maurer

3’03’’ A Espanha ao assinar o tratado de Madri

com Portugal deu um tiro no próprio pé, porque

quem segurava a fronteira eram os jesuítas.

Tirando os jesuítas e os índios, os portugueses

podiam entrar à vontade até onde queriam.

12’01’’ chega uma ordem vinda de, de Espanha

12’10’’ pra eles passarem pro lado de lá do Rio

Uruguai e entregassem

12’13’’tudo aquilo que era construído, só que

12’30’’ pro indígena principalmente tem certas

coisas que pra eles

12’42’’ é algo sagrado aquele local onde ele

nasce, onde ele cresce né, e aonde ele morre.

13’06’’ mas esse indígena teve que se adaptar ao

seu pior inimigo, que era o português que tinha

destruído as suas reduções na primeira fase.

13’13’’ Então, ele ter que se adaptar à realidade

portuguesa foi algo que ele não aceitou e daí que

surge o levante missioneiro ou a guerra

guaranítica como vulgarmente é conhecido.

12’19’’ São Borja foi um povo que não participou

da Guerra Guaranítica.

12’35’’ optaram por não apoiar a milícia de Sepé

Tiarajú.

7’52’’ os exércitos

7’54’’ tanto de Espanha quanto de Portugal, tavam

acostumados com guerras porque nesse período na

Europa haviam muitos conflitos também, então

Page 32: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

31

SONORA Luciano Vasques

SONORA Rodrigo Maurer

CRÉDITOS FINAIS

eles já estavam acostumados a guerra

9’43’’ o processo que envolveu a guerra

guaranítica trouxe conseqüências graves pro

projeto reducional.

11’35’’ o marco final do processo reducional

como um todo dentro desse sentido coletivo foi

sem duvida nenhuma 1756

11’28’’ E o Tratado de Madri vem pra justificar

isso, a guerra guaranítica também.

14’39’’ São Borja comporta o único retábulo

missioneiro dentro desse espaço geográfico que

nós conhecemos por Missões aqui atualmente, São

Borja hoje comporta um quadro da época que

nenhuma dessas outras reduções possui.

16’25’’ ficou sim esses legados patrimoniais, mas

que ainda de certa forma tão num processo ãh, de

ser reconhecidos por parte da grande sociedade e

também das pessoas que gerenciam essa

localidade.

17’16’’ nós temos que começar a projetar essa

cidade, talvez num sentido

visionário. Pensar as Missões para sempre. Não as

missões como um passado.

Page 33: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

32

APÊNDICE B – Roteiro do episódio 2

IMAGEM – Clipe de abertura

SONORA: Ataídes de Oliveira Assis

GC: ATAÍDES DE OLIVEIRA ASSIS

/ historiador

SONORA: Alcebíades Paulino

GC: ALCEBÍADES PAULINO /

acadêmico história URCAMP

SONORA: Cel. Reinaldo Correia

GC: 2º RC MEC João Manoel

SONORA ATAÍDES

Logomarca da produtora.

episódio 2:

O Paraguai em São Borja

00’’30’’ o Paraguai era um país que vinha se

estruturando internamente né,

00’37’’ sua indústria interna.

2’11’’ Então eles precisavam escoar a produção

deles e, teoricamente, expandir. Então uma

preocupação do Solano López era ter uma saída

para o mar.

3’30’’ Ele tinha um exército muito grande,

alguns avaliam em 75 mil homens,

3’37’’ enquanto o exército brasileiro na época

não tinha 15 mil, era desorganizado.

2’30’’ Então os primeiros problemas ocorridos

foi o ataque dos paraguaios ao navio Marques

de Olinda que se direcionava a região do mato

grosso,

Page 34: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

33

SONORA REINALDO

SONORA ATAÍDES

SONORA REINALDO

7’00’’ Ele atacou no Mato Grosso, ele não tinha

interesse lá.

7’09’’ Eles queriam era desviar a atenção do

Brasil praquela área, pra atacar aqui, que o

interesse deles era aqui.

3’51’’ cruzando o rio Paraná

3’58’’ vindo para a região de Santo Tomé.

10’45’’ Na época, São Borja uma vila pequena,

poucos habitantes, não estava guarnecida,

11’00’’ aqui nós tínhamos uma média de 150

homens.

20’10’’ 1º de maio então, antes da invasão, os

três países firmaram o tratado da tríplice

aliança.

11’33” E deu-se a invasão.

14’00’’ o João Manoel foi avisado

15’00’’ os paraguaios já começaram a subir e se

encontraram mais ou menos aqui nesse sítio

aonde está hoje o regimento.

15’43’’ E os paraguaios partiram pra cima. Só

que aí o João Manoel

15’57’’ Botou a banda pra tocar

16’07’’ e os paraguaios acharam que aquilo

fosse a vanguarda do exército brasileiro

16’22’’ Recuaram, e atravessaram o rio.

16’36’’ João Manoel então retirou todas as

famílias daqui, ficou muito pouca gente,

Page 35: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

34

SONORA ATAÍDES

SONORA ALCEBÍADES

SONORA ATAÍDES

16’45’’ E saiu na direção do Alegrete.

17’06’’ aí dois dias depois eles realmente

entraram em São Borja.

7’06’’ com a entrada então, em 12 de junho,

11’30’’ mesmo contrariando as ordens de

Solano Lopez

11’35’’ Estigarribia acabou então entrando nos

povoados e buscando saquear tudo que pudesse.

12’01’’ andou em torno de 6 a 7 léguas, atrás de

uma coluna de são-borjenses que iam fugindo

com os seus pertences, com carroções e com

todos os seus bens, as suas famílias.

12’14’’ estavam tentando fugir, fugindo de São

Borja, na busca de pegar esses bens, saquear

esses bens.

18’37’’ na matriz aqui de São Borja, fizeram os

soldados fazer reverências aos santos, depois

saquearam toda a igreja.

10’20’’ qual é que foi a estratégia dos

paraguaios ao chegar em São Borja: dividir-se

em duas colunas, umas das colunas paraguaias,

deveria seguir pelo lado argentino

10’27’’ e a outra coluna deveria ir pela outra

margem do rio, por território brasileiro,

andando, paralelamente entre elas

10’47’’ A ideia era o que, seguir elas

paralelamente até chegar propriamente na

região de Uruguaiana, e ali então, unir as forças

e seguir então em direção ao seu objetivo final.

Page 36: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

35

SONORA REINALDO

SONORA ALCEBÍADES

SONORA REINALDO

SONORA ATAÍDES

SONORA REINALDO

SONORA ALCEBÍADES

19’15’’ conquistou a cidade, pra se organizar e

passar o rio Quaraí pra ir pro Uruguai.

19’00’’ quando as tropas paraguaias entraram

na cidade, encontraram, pô, alimento, tudo que

tinha sido acumulado pela população. Porém

antes de sair, antes de fugir, a população

envenenou muito alimento que tinha lá. E

muitos soldados paraguaios morreram

envenenados

19’26’’ Aí foi cercado, por brasileiros,

argentinos e uma tropa uruguaia

19’43’’ Aí com a presença do imperador, o

imperador veio, Dom Pedro II veio, Caxias, ali

eles se renderam.

28’00’’ aceitaram o termo de rendição e

acabaram então cedendo pra que esses

paraguaios conseguissem então voltar para o

seu país quem quisesse

22’34’’ a partir da Batalha Naval do Riachuelo

e da rendição em Uruguaiana

21’37’’ ali, acabou a capacidade defensiva

estratégica do Paraguai, porque nós destruímos

a esquadra paraguaia e asseguramos a

navegação no rio Uruguai.

28’23’’ Inclusive o Solano López,

28’26’’ ele lutou até o último momento

Page 37: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

36

SONORA ATAÍDES

SONORA REINALDO

SONORA ATAÍDES

SONORA REINALDO

CRÉDITOS FINAIS

28’38’’ quando foi alcançado pelas tropas

brasileiras, que tinham essa missão de caçar

realmente Solano López.

28’44” Resistiu, não se entregou, e foi morto

28’39’’ D. Pedro II esteve em Uruguaiana

28’49’’ porque ele queria conhecer o palco

onde ocorreram as batalhas né.

28’58’’ depois chegaram em São Borja e

também fizeram uma espécie de uma turnê por

São Borja, né pra visualizar.

24’00’’ a partir do momento em que houve a

rendição em Uruguaiana,

24’10’’ as famílias começaram a retornar.

20’33’’ São Borja teve que a passos lentos ir se

estruturando internamente

20’50’’ Por que depois de um saque dessa

forma, fica complicado essa reconstrução em

tão pouco espaço de tempo.

25’00’’ São Borja começou do nada de novo

em 1865. Então em setembro de 1865 a cidade

renasceu.

Page 38: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

37

APÊNDICE C – Roteiro do episódio 3

IMAGEM – Clipe de abertura

SONORA Mariza Fortes

GC: MARIZA FORTES / historiadora

SONORA Salvador Mello

GC: SALVADOR MELLO / advogado

e radialista

SONORA Mariza Fortes

SONORA Salvador Mello

Logomarca da produtora.

episódio 3:

Getúlio Vargas, DO ITÚ PARA O CATETE

02’34” Getúlio Dorneles Vargas nasceu em São

Borja no dia 19 de abril de 1882.

01’11’’ tinha pendores pra vida militar e foi

estudar fora de São Borja

01’56’’ seu pai, tendo interesse em que ele tirasse

uma faculdade ou coisa parecida, o incentivou e

ele então foi para Porto Alegre e lá se hospedou

numa pensão e optou por direito.

03’51’’ em 1909

03’54’’ ele se candidata, ele se elege deputado

estadual.

04’08’’ em 1910 ele casa-se com a sra. Darcy

Sarmanho Vargas,

01’49’’ Voltou para São Borja.

24’50’’ Ali na General Marques, a casa ainda

existe

24’03’’ ali foi que ele conheceu. Num baile de

carnaval. Ele chegou e se encantou com a Darcy.

24’24’’ saiu dali dizendo que “ela será minha

esposa futuramente”. Se apaixonou.

04’19’’ ele se elege novamente deputado estadual

Page 39: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

38

SONORA Mariza Fortes

SONORA Salvador Mello

SONORA Mariza Fortes

e fica morando na casa, na casa do Getúlio

Vargas.

04’33” mora 11 anos naquela casa, de 1911 a

1922, quando ele se elege deputado federal e vai

embora, 04’43’’ Depois ele foi ministro do

trabalho do governo do Washington Luis, foi

04’51’’ presidente do rio grande do sul, que na

época era presidente.

3’21’’ e resolveu se candidatar à presidência da

república, contrário ao interesse do Washington

Luis que era o presidente.

03’38’’ Júlio Prestes, que era o candidato do

governo Washington Luis, ganhou esse pleito

03’51’’ e eles então se insurgiram. Os amigos e o

Getúlio se insurgiram contra a eleição do Julio

Prestes, foi quando eclodiu a revolução de 1930.

06’43’’ Que que acontece então, o Getúlio Vargas

06’46’’ o vice dele, era o João Pessoa

06’50’’ então o, matam o João Pessoa, na Paraíba

e então usam essa, essa, essa morte como estopim

pra dar início à revolução que colocou Getulio

Vargas no poder.

07’04’’ então Getúlio Vargas entrou na

presidência através dessa luta armada.

08’32’’ Aquelas mesmas pessoas que em 1930

colocaram ele no poder, como Gois Monteiro,

Eurico Gaspar Dutra,

08’49’’ foram as mesmas pessoas que em 1937

ajudaram ele a dar o golpe, né, que foi o golpe do

Estado Novo

09’03’’ Né, então ele foi assim, tinham muito

medo que ele se perpetuasse no poder, então os

mesmos militares que ajudaram ele em outras

épocas, foram os que tiraram ele do poder.

05’56’’ e veio para a fazenda do Itu aqui, que fica

Page 40: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

39

SONORA Salvador Mello

SONORA Mariza Fortes

CRÉDITOS FINAIS

em Itaqui. Chamavam-no naquela época “o

solitário do Itu”. Caravanas e mais caravanas de

políticos de todas as partes do Brasil vinham

visitá-lo, reivindicando sempre que ele se

candidatasse à presidência da república

democraticamente.

06’38’’ E ele então percorreu democraticamente

todos os estados brasileiros, quando eu passei a

incluir a sua caravana. A apresentação dos seus

comícios era eu que fazia. Quando no

encerramento da campanha, foi aqui em São

Borja, na frente do Banco Nacional do Comércio

07’02’’ ali nós transmitimos o comício de

encerramento.

11’41” esse retorno dele foi assim, muito, muito

aplaudido pelo povo

11’48’’ tanto que ele voltou com a grande maioria

de votos, porque no congresso ele praticamente,

ele perdeu todo o apoio né,

12’12’’ então isso aí também foi um dos,

12’18’’ culminou com o suicídio dele porque ele

perdendo esse apoio aí começou a pressão em

cima dele, né.

Page 41: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

40

APÊNDICE D – Roteiro do episódio 4

IMAGEM – Clipe de abertura

SONORA Salvador Mello

GC: SALVADOR MELLO / advogado

e radialista

SONORA Mariza Fortes

GC: MARIZA FORTES / historiadora

SONORA Salvador Mello

Logomarca da produtora

episódio 4:

Vargas, O ESTADISTA

07’34’’ tendo em vista a retumbante vitória em

1950, em janeiro partiu para o Rio de Janeiro.

07’48’’ já como presidente da república,

democraticamente eleito.

08’03’’ mas dessa época ele enfrentou um

problema muito grave, porque o Carlos Lacerda

08’17’’ conspirava contra ele, em todos os

sentidos.

14’56’’ foi

15’00’’ o atentado à rua Toneleros, né.

15’06’’ que seria pro Carlos Lacerda, que era o

maior inimigo dele.

15’16’’ Que foi o Gregório Fortunato que teria

contratado os capangas, né.

08’31’’ o Gregório, que era o seu chefe da casa,

08’42’’ projetou, arquitetou uma morte do Carlos

Lacerda

09’03’’ foram na rua Toneleiros, numa noite

escura, até por sinal, e no momento em que o

Carlos Lacerda descia do carro, acompanhado,

assessorado pelo major Vaz, da aeronáutica, eles

Page 42: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

41

SONORA Viriato Vargas

GC: VIRIATO VARGAS/ Sobrinho-

Neto de Getúlio Vargas

SONORA Salvador Mello

desferiram tiros. O Lacerda foi atingido no pé.

09’39’’ E, infelizmente, uma das balas

09’43’’ atingiu o major Vaz, que caiu, morto.

10’10’’ a aeronáutica que foi atingida né

10’18’’ e atribuiu esta atitude mesquinha ao

próprio Getúlio Vargas

10’29’’ Quando ele, na realidade, não tinha nada

que ver com isso.

10’35’’ ele declarou “não sabia que sobre os meus

pés corria um verdadeiro mar de lamas”. Mar de

lamas por quê? Os elementos de sua guarda

pessoal

10’55’’ tinham conspirado, traiçoeiramente.

04’16’’ Inclusive o último Natal da vida dele, ele

era presidente

04’40’’ tinha dezessete anos e o meu pai chegou

do quartel e diz “Meu filho

04’51’’ vamos até o Itu”

04’54’’ o tio Getulio tá aí”.

5’22’’ ficamos quase toda a tarde com ele. Ele

ficou naquela rede que ele gostava de sentar,

fumar o charutinho dele. Era um homem de uma

simplicidade,

05’49’’ já era um estadista Getúlio.

11’27’’ Então, o Lacerda continuou na campanha

e o Getúlio, dada essa tremenda essa pressão, não

agüentou. Porque 27 generais solicitaram que ele

pedisse uma licença e ele não aceitou. Persistiu

que só morto sairia do palácio.

12’33’’ então resolveu, dado a essa pressão

tremenda, se dar um tiro no coração.

Page 43: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

42

SONORA Mariza Fortes

Vídeo Arquivo Nacional

SONORA Salvador Mello

SONORA Viriato Vargas

SONORA Salvador Mello

12’53’’ não tinha saída mesmo.

13’00’’ Deposto em 45 e depois deposto em 50,

ele achou que era demasiada humilhação. E de

fato...

13’10’’ deu uma carta testamento, que seria uma

cópia

13’14’’ pro Jango, que ele abrisse somente dali a

uns dois dias, e acabou se suicidando.

24’00’’ Pra ti ter uma idéia, uma cunhada dele,

que morava aqui em São Borja, no momento que

soube da morte, morreu.

24’18’’ A comoção foi nacional, mas São Borja

ficou muito sentida. Tanto que no enterro dele

24’27’’ Triplicou, né, o número de pessoas aqui

em São Borja.

14’23’’ Um avião duglas, trouxe o corpo. E o

corpo foi carregado do aeroporto à prefeitura

municipal nos ombros do pessoal, vieram a pé. Só

não foi velado na igreja porque o monsenhor

Patrício Petit Jean não permitiu, porque ele tinha

se suicidado, então não permitiu.

14’47’’ E a visitação do pessoal era constante, não

é. Saiu dali no dia 26, pro cemitério municipal.

10’30’’ O grande legado dele foi o nacionalismo

dele né, tudo pro Brasil. Trabalhava para o Brasil

e pro povo, pro povo principalmente.

20’36” que a fuligem do tempo, que tudo corrói,

destrói, não conseguiu no passar desses anos

atingir a figura expressiva e a personalidade de

Page 44: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

43

CRÉDITOS FINAIS

Getúlio Vargas. Ele é tido como um ídolo, imortal.

Page 45: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

44

APÊNDICE E – Roteiro do episódio 5

IMAGEM – Clipe de abertura

SONORA Jacqueline Cassafuz

GC: JACQUELINE CASSAFUZ /

historiadora e dir. Memorial Casa João

Goulart

SONORA Maria Tereza

GC: MARIA TEREZA GOULART /

viúva de Jango

SONORA JACQUELINE CASSAFUZ

Logomarca da produtora

episódio 5:

João Goulart, DO IGUARIAÇÁ PARA

BRASÍLIA

00’11’’ João Belchior Marques Goulart como era

o nome completo do presidente Jango, ele nasceu

na fazenda de Iguariaçá, que era um distrito de

Itacurubi no interior de São Borja.

01’37’’ o Jango, ele era o sexto filho de uma

família de nove irmãos

02’23’’ então ele tinha uma forte ligação familiar

né, com as irmãs, com a mãe principalmente, ele

tinha uma ligação de afeto muito forte com a Dona

Tinoca né, como era o nome da Dona Vicentina.

05’28’’ Ele tinha um grupo de familiares muito

apegados a ele também e ele também, muito

apegado à família. Depois que ele entrou na

política, ele ficou um pouco afastado. Mas ele

nunca deixou assim, sabe, de proteger a família,

05’00’’ pra São Borja ele veio efetivamente morar

tinha uns 8, 9 anos de idade.

02’37’’ e essa infância do Jango foi uma infância

muito feliz né, ele teve liberdade no campo

tanto que depois isso ele continuou efetivamente

demonstrando nessa ligação que ele tinha com os

Page 46: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

45

SONORA DIRCEU DORNELLES

GC: DIRCEU DORNELLES / tabelião

e amigo de Jango

SONORA JACQUELINE CASSAFUZ

SONORA MARIA TEREZA

SONORA JACQUELINE CASSAFUZ

SONORA DIRCEU DORNELLES

SONORA JACQUELINE CASSAFUZ

SONORA MARIA TEREZA

peões.

07’37’’ nas estradas junto com a peonada,

comendo da mesma comida, apesar de ser

bacharel em direito né, nunca exerceu a profissão

de advogado.

05’26’’ então ele vinha, como ele estudava fora,

ele vinha em férias, e já depois de adulto, depois

de casado com a são-borjense Maria Thereza, que

casaram-se em 1955.

00’’13’’ eu morava em frente à casa dele ali e eu

vim entregar uma correspondência pra ele

00’42’’m bater aqui no portão dele, conheci o

Jango aí no portão.

6’35’’ através do carnaval principalmente, que ele

era um grande carnavalesco, que ele também fez

com que vários estereótipos fossem destruídos.

Como por exemplo, a questão da presença de

negros, no clube Elite que hoje é o clube

Comercial, que não entravam negros

13’05” ele pegou e quando viu tava entrando o

bloco, ele na frente e, sabe, o bloco todo de atrás,

(riso), ninguém se animou a atacar ele,

08’17’’ tanto que uma das maiores tristezas dele

enquanto presidente, era ser o presidente rico de

um país pobre, né.

Page 47: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

46

SONORA DIRCEU DORNELLES

SONORA MARIA TEREZA

SONORA LUTHERO FAGUNDES

GC: LUTHERO FAGUNDES /

contador e amigo de Jango

SONORA JACQUELINE CASSAFUZ

SONORA CHRISTOPHER

GOULART

CHRISTOPHER GOULART / neto de

01’05’’ Olha, eu tenho assim uma recordação

muito... muito feliz assim da minha época de São

Borja

01’31’’ uma coisa assim “meia” rústica ainda a

cidade, mas era muito legal porque a gente tinha

uma turma de amigos muito grande, então a gente

passeava muito, namorava bastante...

00’49’’ eu não sei exatamente a população, mas

havia de ter uns 20 e poucos mil habitantes

01’22’’ À tarde tinha os barzinhos, na frente de

uma das ruas da praça, da face norte da praça,

então eles fechavam aquela rua, botavam mesas

ali, os rapazes sentavam pra tomar uma cerveja,

um refrigerante, e as moças faziam o chamado

“footing”, pra lá e pra cá, caminhavam uma

quadra e voltavam.

05’58’’ Ele adorava São Borja!

06’06’’ todo o tempo que ele tinha de folga, ele

queria vir pra São Borja.

05’28’’ ele tinha muitas casas na cidade, cujo

patrimônio ele nunca recebia aluguéis ou qualquer

recompensa pela ocupação desses imóveis. A ele

não interessava, só interessava que cuidasse.

22’38’’ até numa festa que foi dada

22’45’’ que foi na fazenda Itu e o Jango estava

acompanhando o coronel Vicente então nessa

festa

00’23’’ o inicio da trajetória política do Jango é

em 1945 quando o presidente Vargas vem no seu

Page 48: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

47

Jango

SONORA JACQUELINE CASSAFUZ

SONORA CHRISTOPHER

GOULART

SONORA JACQUELINE CASSAFUZ

CRÉDITOS FINAIS

auto-exílio no Itu, na fazenda do Itu, ele se

aproxima do meu avô.

23’15’’ aí perguntou pra ele “Tu vais ser político,

Jango? Tu devias, pois tu falas bem.”

01’35’’ E aí começou a trajetória política dele,

mas sempre incentivado pelo seu inspirador,

Getúlio Vargas. E que depois, no suicídio de

Vargas, fica caracterizada essa herança política

que ele tem de Getúlio Vargas, no momento em

que o dr. Getúlio lhe entrega a carta testamento

em mãos, né, pro meu avô, e logo após se suicida.

08’51’’ o estopim para a queda de João Goulart

foi a partir então do comício da central do Brasil

10’39’’ E ali eles viram que realmente Jango não

estava brincando,

10’50’’ E esse comício da central do Brasil ela

representou então o ponto chave de todas as

mudanças que Jango queria fazer. Então eles se

preocuparam com tudo aquilo que poderia

representar a continuação de João Goulart no

poder, né.

Page 49: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

48

APÊNDICE F – Roteiro episódio 6.

IMAGEM – Clipe de abertura

SONORA CHRISTOPHER GOULART

SONORA JACQUELINE CASSAFUZ

SONORA DIRCEU DORNELLES

SONORA MARIA TEREZA

SONORA DIRCEU DORNELLES

SONORA LUTHERO FAGUNDES

Logomarca da produtora

Episódio 6:

Jango: O PRESIDENTE

12’50’’ o meu avô chegou em tão pouco

tempo a presidência da República, em (19)47

ele tinha apenas 26 anos, isso Deputado

Estadual, até ser presidente da República

com 41 (anos), eu não tenho duvida que o

que o conduziu dessa forma tão rápida foi o

homem, foi o carisma, foi a simplicidade

dele.

09’31’’ quando ele era ministro do trabalho

do governo de Getúlio Vargas, ele como

ministro do trabalho, ele deu 100% de

aumento aos trabalhadores e Getúlio Vargas

foi pressionado pra então tirar Jango, então

Jango teve que ser demitido em função desse,

dessa ação né, desse ato de instituir 100% de

aumento do salário mínimo pro trabalhador

12’46’’ ali já começaram a ficar de olho nele,

né. 12’52’’ Pelo que ele representava para o

povo brasileiro.

14’35’’ em 64, quando ele foi deposto, ele

foi pro Uruguai.

07’39’’ ele era um homem que viveu

intensamente essa política e chegou lá e ficou

numa solidão tremenda, né. Proibido de tudo.

06’35’’ Na época era muito difícil falar com

ele porque não é, existia aquele o governo

revolucionário né na época

12’20” cada vez que nós chegávamos lá, ele

pedia para um de nós cozinhar, fazer a

refeição. E geralmente tocava para o Luthero

12’42’’ me dei conta que ele pedia porque

Page 50: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

49

SONORA MARIA TEREZA

SONORA LUTHERO FAGUNDES

SOBE SOM: Trilha suspense

SONORA MARIA TEREZA

SOBE SOM: Trilha triste

tinha medo de ser envenenado.

Ele não confiava nem no mordomo dele.

01’55’’ eu descobri e me certifiquei depois

que ele estava sendo ameaçado de morte.

08’09’’ então a gente ficava naquele impacto

de não saber pra onde ir, já no final a gente já

não sabia mais

era muita perseguição. Mas muita mesmo!

Meus filhos, eu também, todo mundo.

foi realmente uma fase de muita angústia.

09’25’’ foi uma coisa inesperada o que

aconteceu com o Dr. Jango. Inesperada no

âmbito do povo, porque nós já estávamos

informados, que a ditadura estava atrás dos

presidentes

João Goulart foi morto a mando da ditadura

brasileira.

16’43’’ propuseram pra trazer o corpo e

enterrar imediatamente, mas isso não foi

feito. Ele veio pra Igreja, aí o povo foi todo

lá e passaram a noite velando. Muita gente de

São Borja e de todos os municípios aqui do

Rio Grande, bastante gente mesmo! Aí foi

velado o corpo e enterrado no dia seguinte.

é uma história muito triste da nossa pátria.

Morreu no exílio.

09’29’’ É, ele é muito lembrado em São

Borja, sim, mas eu gostaria que ele fosse tão

lembrado, como é em São Borja, em outros

lugares do Brasil, porque, realmente, ele é

muito esquecido

Page 51: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

50

SONORA JACQUELINE CASSAFUZ

SONORA CHRISTOPHER GOULART

SONORA LUTHERO FAGUNDES

CRÉDITOS FINAIS

21’22’’ pra São Borja representa um grande

orgulho nós sermos berço de dois presidentes

e Jango representa muito, pro homem do

campo, pro político

16’51’’ Morrem os homens, mas as idéias

permanecem. E no caso do meu avô não

apenas as idéias, mas o carisma mesmo dele.

23’41” porque ele era um patriota, tão

patriota que chegou à presidência da

república

23’53’’ mas, o destino o deixou em meio do

caminho. Ele não pôde continuar, ele não

pôde fazer o que de fato ele queria e deveria

ter feito.

Page 52: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

51

APÊNDICE G – Roteiro do episódio 7

IMAGEM – Clipe de abertura

SONORA MANOEL LOUREIRO

MANOEL LOUREIRO

(AMIGUINHO) / morador

SONORA TESEU SARMANHO

TESEU SARMANHO / morador

Logomarca da produtora

episódio 7:

CIDADE HISTÓRICA

1’00’’ predominava antes aqui em São Borja a

pecuária

1’17’’ Aí começou a desenvolver a agricultura em

São Borja, começou a deslanchar São Borja. Que

antes era pacata, era o gado no campo, os

fazendeiros investindo em apartamentos em Porto

Alegre, por aí, aqui não se investia nada. Então

desenvolveu um pouco São Borja depois quando

foi desenvolvida a agricultura aqui.

4’05’’ com essa evolução da agricultura começou

a aparecer novas, novos empregos né. Começaram

a aparecer os beneficiamento de arroz

6’26’’ Então tudo isso aí veio trazendo o

progresso né.

(Arq.2) 1’25’’ Sem duvida a construção da ponte.

1’29’’ foi muito importante, foi uma luta que todo

o povo de São Borja né, independentemente de

partido, lutou para que viesse né essa ponte. Por

que essa ponte que tem em Uruguaiana, em

princípio, deveria ser feita aqui em São Borja.

Page 53: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

52

SONORA AMIGUINHO

SONORA TESEU SARMANHO

SONORA ALEXANDER MACHADO

ALEXANDER MACHADO / professor

história IFF São Borja

SONORA TESEU SARMANHO

SONORA AMIGUINHO

4’43’’ Que certa feita o Dr. Getúlio Vargas,

quando presidente, chegou aqui em São Borja e

perguntou pro prefeito na época “o que que tá

faltando pra São Borja?”, então essa rua, Júlio

Tróis, Francisco Miranda, na época chamava-se

“rua grande”. Entendeu? Aí “vocês querem o

asfalto da rua grande ou a ponte internacional”?

5’11” uma anta, pediu o asfalto da rua grande. Aí

levaram 30 ano pra conseguir a tal ponte. Mais de

30 ano pra conseguir a tal ponte.

2’10’’ se nós tivéssemos construído naquela época

a ponte aqui nós teríamos uma outra situação.

Então sem duvida, nesses últimos tempo a ponte

de São Borja, entre São Borja e San Tomé, foi

muito importante, agora nós estamos colhendo os

frutos né.

3’44’’ eu acho que o que muda mais a cidade

ultimamente são as questões vinculadas a

educação né. Se tu pegar a criação da Unipampa,

agora do Instituto Federal Farroupilha e também

da Uergs,

7’58’’ o que eu vejo é uma evolução muito grande

no que diz respeito à educação com a vinda aqui

desses cursos técnicos, antes eu fui professor da

escola técnica Vicente Goulart, eu lecionei mais

de 10 anos.

8’13’’ E era o único curso que tinha aqui em São

Borja.

8’30’’ Mas, se vê muita gente de fora aqui,

barbaridade! A parte da educação tá

revolucionando São Borja.

Page 54: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

53

SONORA ALEXANDER MACHADO

SONORA TESEU SARMANHO

SONORA ALEXANDER MACHADO

SONORA TESEU SARMANHO

9’03’’ eu brincava com alguns que foram embora

de São Borja e eles falavam que ele tinham

vergonha ou não sabiam o que falar de São Borja,

quem foi a Porto Alegre, quem foi a Caxias, quem

foi a centros maiores não tinha informações pra

dar de São Borja por desconhecimento e também

não se sentia orgulhoso de falar que era são-

borjense.

27’36’’ A não ser aquele são-borjense que tem

raízes profundas em São Borja. Mãs de um modo

geral não valorizam isso aí. O jovem de um modo

geral esquecem o passado, esquece o que

aconteceu, até não valorizam, não é que não

esqueça, não valoriza.

1’16’’ São Borja está muito atrelada à questão dos

presidentes Getúlio Vargas e Jango, até pela

questão do museu, enfim. E politicamente, acho

que interessava mais a cidade nesses últimos

períodos que se valorizasse muito mais isso.

0’31’’ E de certa forma acabam negando um

pouco o passado missioneiro. Por exemplo quando

eles comentam aqui em São Borja de ir para as

missões, nós vamos para as missões pra ir a São

Miguel, como se nós não tivéssemos missões por

exemplo. Então eu acho que esse passado mais

recente da questão dos presidentes acabou

apagando a história missioneira.

29’25’’ o turismo hoje é um dos negócios mais

rentáveis que existe né. Então é importantíssimo

que se desse mais importância pra isso como hoje

ta sendo já explorado através do, como no caso do

Getúlio Vargas, no museu Getúlio Vargas, agora

com o museu João Goulart né. Então talvez por

falta do próprio são-borjense ele não foi tão

explorado assim.

Page 55: Tcc Webdoc Sao Borja Historica

54

SONORA ALEXANDER MACHADO

CRÉDITOS FINAIS

9’27’’ Quem ta fora de São Borja reconhece São

Borja como um centro histórico muito importante,

quem dá aula de história fala muito de São Borja,

fala de Missões, fala do Getulio, fala do Jango,

fala de tantas outras coisas que começaram aqui e

que partiram... Guerra do Paraguai que teve uma

batalha importante em São Borja. E quem é daqui

não reconhece isso ou não tem isso como uma das

formas de se orgulhar da cidade. Então acho que

talvez seja uma das coisas que a gente tem que

fazer em São Borja é buscar resgatar esses

aspectos e vincular isso à história atual, quer dizer

transformar isso num potencializador desse pólo

educacional que a gente espera que São Borja

realmente se transforme.