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TCE revista do Tribunal de Contas do RN, Natal/RN, v.10, n.1, 2008

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TCErevista do

Tribunal de Contas do RN, Natal/RN, v.10, n.1, 2008

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Rio PotengiFoto de capa: Moraes Neto

A revista do TCE focalizou em publicações anterioresmonumentos históricos e belezas naturais de Natal,destacando-se o Morro do Careca, Fortaleza dos ReisMagos, Farol de Mãe Luiza e Igreja do Galo. A capadesta edição enaltece o rio Potengi, cantado em verso eprosa por poetas e trovadores. Trata-se de um dosmaiores rios do Rio Grande do Norte e um dos primeirosa serem descobertos pelos colonizadores que o batizaramde Rio Grande, em face da extensão. Sobre ele estáconstruída a maior ponte estaiada do país.

A imagem de Nossa Senhora da Apresentação foiencontrada nas águas do Rio Potengi, por pescadores, noano de 1753, nas proximidades da Pedra do Rosário e, apartir deste fato histórico, a santa tornou-se a padroeirada cidade do Natal. O repórter-fotógrafico Moraes Netocaptou o pôr-do-sol no rio que é um dos mais belosespetáculos da natureza e no marcador lateral a imagemde Nossa Senhora da Apresentação que ornamenta oleito do Rio Potengi e se eleva aos céus pedindo asbênçãos para a cidade do Natal.

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R. Trib. Contas RN Natal v.10 n.1 p.1-104 dez. 2008

TCErevista do

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Revista do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Norte. v.10 - n.1,dez.2008

Irregular

1. Tribunal de Contas -Rio Grande de Norte - Periódicos 2. Auditoria - Rio Grandedo Norte - Periódicos

CDU 336.126.55 (813.2) (05)

Catalogação na publicação: Gildete Moura de Figueirêdo - CRB-15/312

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Conselheiros:

Presidente:Paulo Roberto Chaves Alves

Vice-presidente: Renato Costa Dias

Presidente da 1ª Câmara: Tarcísio Costa

Presidente da 2ª Câmara: Getúlio Alves da Nóbrega

Corregedor Geral:Valério Alfredo Mesquita

Alcimar Torquato de Almeida Maria Adélia de Arruda Sales Souza

Auditores: Marco Antônio de M. R. Montenegro Cláudio José F. Emerenciano

Secretário Geral: Gustavo Dias da Silva Neto

Consultor Geral: José Arno Galvão

Chefe de Gabinete da Presidência:Fernando de Araújo Jales Costa

MINISTÉRIO PÚBLICO JUNTOAO TCE (MPJTCE)

Procurador Geral Junto ao TCE:Luciano Silva Costa Ramos (em exercício)

Procuradores:Carlos Thompson da Costa FernandesOthon Moreno de Medeiros Alves Luciana Ribeiro Campos Carlos Roberto Galvão Barros Thiago Martins Guterres

SÍNTESE ORGANIZACIONAL DO TCE

REVISTA DO TRIBU NAL DE CONTAS DO ESTADO RIO GRANDE DO NORT EAv. Getúlio Vargas, 690 – Petrópolis -Natal/RN

CEP. 59.012-360 Telefone: (84) 3215-1961 Fax: 3215-1922Site: www.tce.rn.gov.br E-mail: [email protected]

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A "Revista do TCE" chega à décima ediçãoenfocando temas variados de interesse da Cortede Contas. Desde a implantação do Plano Estra-tégico, em parceria com o Tribunal de Contas daUnião, que dará uma nova estrutura organiza-cional ao TCE, às metas executadas pelo presi-dente Paulo Roberto Chaves Alves no biênio2007/2008.

A publicação anual destaca ainda a consoli-dação do Promoex, na atual gestão, criação daOuvidoria, Portal do TCE, cursos da Escola deContas destinados aos gestores públicos e devalorização dos servidores, além de trabalhosacadêmicos, artigos e comentários concernen-tes à administração pública.

Nas primeiras páginas publicamos entre-vista com o conselheiro-presidente, economis-ta Paulo Roberto Chaves Alves, que concluisua gestão proveitosa à frente do Tribunal deContas do Estado graças ao apoio recebidodos seus pares.

Na entrevista, o conselheiro destaca aimplantação e consolidação de programas,citando como exemplo o PROMOEX, fruto deadministrações anteriores, finalmente materia-lizado na sua gestão. Trata-se da concessão deempréstimo internacional pleiteado junto aoBanco Interamericano de Desenvolvimento(BID), com interveniência do governo federal.

Com recursos do BID, o TCE está moder-nizando a estrutura funcional, adquirindo equi-pamentos (computadores), oferecendo cursosde graduação a servidores e definição da novapolítica de comunicação social em parceriacom os TCE`s de todo o país, visando a unifor-mização nacional da informação.

Os editores

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8 Revista do Tribunal de Contas do RN | Natal/RN | v. 10, n. 1 | p.8| dez.2008

Coordenador de Comunicação Social:João Batista Machado

Edição:Graciêma Maria Carneiro

Reportagem:Eugênio ParcelleFrancisco FrancerleRosalie Arruda Câmara

Produção:Fátima MoraesHiran Firmino Lopez

Projeto Gráfico e Diagramação:Terceirize (84) 3211-5075

Fotografias:Jorge Filho

Impressão:Solução Gráfica - 3613-0616

Os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores.

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07 ED I TO R I A L

11 EN T R E V I S TA

16 PO S S E

20 EN T R E G A D E M E DA L H A

22 EN C O N T R O D O S TCE’S

25 CO N TA S D O GO V E R N O

31 AR T I G O S

51 AR T I G O S T É C N I C O S

101 CO M U N I C A Ç Ã O SO C I A L

103 PE R F I S

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Uma gestãopara o futuroEENTREVISTA COM O CCONSELHEIRO PPRESIDENTE

PPAULO RROBERTO CCHAVES AALVES

Economista, 53 anos, o presidente doTCE, conselheiro Paulo Roberto ChavesAlves, concluiu o biênio para o qual foi eleito -2007/2008 - com um elenco de projetos e pro-gramas implantados e consolidados que marca-ram sua gestão, tais como, Plano Estratégico,Portal do TCE, Ouvidoria, PROMOEX e cur-sos de qualificação profissional dos servidores,dotando a Corte de Contas de uma estruturafuncional moderna e eficiente.

O destino lhe concedeu o privilégio de,logo no primeiro ano de seu biênio, presidirem Natal o XXIV Congresso Nacional dos

Tribunais de Contas do Brasil que se realizou,simultaneamente, com o cinqüentenário doTribunal de Contas do Rio Grande do Norte,criado pelo governador Dinarte Mariz, no dia20 de novembro de 1957.

Paulo Roberto chegou ao Tribunal deContas com experiência na vida pública tendosido Assessor do Senado Federal, Secretário doTrabalho e Ação Social, Chefe do GabineteCivil e Secretário de Estado da Secretaria doGoverno. Na entrevista concedida à "Revistado TCE" ele faz um relato de suas realizações àfrente do Tribunal de Contas do Estado.

Presidente Paulo Roberto Chaves Alves

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CCOMO O SENHOR RESUMIRIA SUA GESTÃO À

FRENTE DO TTCCEE..Num cenário nacional de atenção voltada aos Tri-bunais de Contas, com investimentos maciços namelhoria de sua atuação, a condução da institui-ção no último biênio teve como tônica a moderni-zação, tanto no que se refere ao desempenho desua missão constitucional de assegurar a boa e fielaplicação dos recursos públicos de modo a propor-cionar o bem comum, quanto à gestão dos seuspróprios recursos.

Sob o aspecto técnico, foram desenvolvidasinúmeras ações fiscalizatórias que, conjuntamenteconsideradas, representam um avanço em termosda atuação desta instituição.

Nesse sentido, merecem destaques a fiscaliza-ção concomitante realizada no Parque da Cidade eas inspeções sobre situação funcional empreendi-das em diversos municípios do Estado, ambas deiniciativa do Ministério Público Especial.

Outra ação de relevo foi a realização da pri-meira auditoria operacional no âmbito destaCorte, com a avaliação do programa de formaçãocontinuada de professores do ensino fundamen-tal da rede pública estadual, o que indica a per-cepção e adaptação deste Tribunal ao novo para-

digma da administração pública por resultados.Registre-se, outrossim, o avanço promovido

nesta gestão na execução do Promoex, o que podeser percebido com a entrega de importantes pro-dutos como a implementação da Ouvidoria, doPortal do TCE-RN e do Plano Estratégico.

Ainda em relação ao Promoex é impor-tante lembrar que o Tribunal realizou eventosreunindo prefeitos e técnicos dos 167 (cento esessenta e sete) municípios do nosso estadocom o intuito de sensibilizá-los para a impor-tância do controle interno como ferramentada administração na fiscalização da corretaaplicação dos recursos públicos. Estão previs-tos, ainda, através do SIAI-2009, mecanismosque irão acelerar a criação dos controles inter-

nos pelos municípios, permitindo ainda aoTCE-RN colher informações mais precisas eatualizadas que auxiliem o trabalho de acom-panhamento dos controles internos dosmunicípios, procurando medir o grau de con-fiabilidade do sistema para que possa servirde parâmetro para as inspeções e auditoriasdeflagradas pelo Tribunal.

Destaque-se, ainda, a inserção desta institui-ção no segmento da governança eletrônica com arealização de pregão eletrônico para suas aquisi-ções, o que já vem representando significativa eco-nomia nas contratações já realizadas em compara-ção com as feitas pelo modo tradicional.

Aliado a esses avanços, sobressai a implemen-tação do sistema de registro de preços e do sistemade gestão de contratos.

Merecem destaque ainda as açõesdesenvolvidas com relação à deflagração doprocesso para contratação de consultoriade recursos humanos e do curso de gradua-ção tecnológica, bem como a renegociaçãodas condições de reciprocidade com o Ban-co do Brasil, oportunizando a padroniza-ção dos softwares do TCE, a instalação delink próprio para Internet e aquisição deequipamentos.

Investindo na capacitação dos servido-res, incentivando-os a manterem-se semprebem informados e atualizados, a bibliotecado TCE foi reformada e modernizada, tendosido adquiridos novos livros e instalados ter-minais de consultas bibliográficas para mel-hor atender aos servidores.

Coube ao TCE-RN ainda a honra de sedi-ar, de 18 a 20 de novembro de 2007, o 24º Con-gresso dos Tribunais de Contas do Brasil, reu-nindo conselheiros e ministros, auditores, pro-curadores e técnicos das 33 (trinta e três) Cor-tes de Contas do país, em torno de questões degrande relevância e de interesse comum. A rea-lização deste evento coincidiu com as comemo-rações do Cinqüentenário de Criação do TCE-RN, ao qual os participantes renderam home-nagens e reconhecimento pelos anos de servi-ços prestados em defesa do interesse público.Na oportunidade foi lançado o livro "TCECONTA SUA HISTÓRIA" e o selo oficialcomemorativo dos 50 anos.

É oportuno assinalar que todos esses fei-tos só foram concretizados graças ao esforçoconjunto de todos aqueles que compõem esteTribunal de Contas.

Merecem destaques a fiscalização concomitante

realizada no Parque da Cidade eas inspeções sobre situação funcional empreendidas em

diversos municípios do Estado.“

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OO PPLANO EESTRATÉGICO,, EM PARCERIA COM O

TTCCUU,, MODIFICARÁ A ESTRUTURA INSTITUCIO-NAL DO TTRIBUNAL??Os anseios atuais da sociedade por profissiona-lismo e excelência da administração pública,associados à limitação dos recursos públicosimpõem a racionalização das atividades institu-cionais, o que só é possível obter mediante aadoção de estratégias de atuação que possibili-tem a maximização dos resultados almejadoscom a atividade do controle externo.

Nesse sentido, o Planejamento Estratégicosurge como uma importante ferramenta de gestãoatravés da qual são ordenadas as idéias de modo acriar uma visão do caminho que deve ser seguidopara alcançar os resultados almejados.

O Plano, por sua vez, é o instrumentoque concretiza todas essas idéias através daapresentação dos objetivos do TCE, eleitoscom base na análise de ambiente, e dos indica-dores de desempenho que possibilitarão a afe-rição dos resultados planejados.

Assim, a grande modificação proporcio-nada pelo Plano é o fortalecimento da cul-tura do planejamento, na medida em queele transcende esta gestão, servindo de ins-trumento de orientação para as próximasgestões do TCE-RN, constituindo-se de ver-dadeiro mapa que nos conduzirá por diver-sos caminhos ao alcance da nossa visão defuturo, que é ser instituição de referênciana atividade do controle externo.

Não pode deixar de ser registrada nessemomento a valiosa parceria estabelecida com oTribunal de Contas da União nesse campo, com oimportante apoio do seu presidente ministro Wal-ton Alencar Rodrigues.

OO PPRROOMMOOEEXX CONSOLIDADO EM SUA ADMINISTRA-ÇÃO VAI MODERNIZAR A ESTRUTURA FUNCIONAL DA

CCORTE DE CCONTAS??Como dito anteriormente, a execução doPROMOEX obteve destacado avanço nestagestão, haja vista a entrega dos produtos jámencionados e que integram, por assim dizer,os elementos principais deste programa. Poresse motivo é que foi realizado um evento quecontou com a participação da coordenadorageral do PROMOEX junto ao Ministério doPlanejamento, com a finalidade de prestaçãode contas da gestão local do programa, no qualcada gerente apresentou os resultados atingidosna sua respectiva área.

Não há dúvidas de que o PROMOEX vemcumprindo seu objetivo de modernização do con-trole externo. No TCE é notável o investimentofeito no aparato tecnológico, cite-se como exem-plo o Portal do Tribunal. Contudo, este avançonão se restringe à área de tecnologia da informa-ção, sendo oportuno destacar o valor agregado àinstituição pelas ações executadas no âmbito doPROMOEX, sobretudo com o desenvolvimentode competências locais, a exemplo da próprianecessidade de alteração de projetos iniciais, quepreviam a contratação de consultoria para desen-volver determinados trabalhos e que foram, porfim, realizados por equipes do próprio TCE, emparceria com outras instituições de controle consi-deradas de referência. Esta é a idéia deste progra-ma, todas as suas ações visam garantir a sustentabi-lidade desta Corte no desempenho das atividadesde controle incrementadas ou otimizadas.

QQUAL ANÁLISE QUE FAZ SOBRE O PAPEL EDUCACIO-NAL DA EESCOLA DE CCONTAS??A Escola de Contas "Professor Severino Lopes deOliveira" possui um papel fundamental para o

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Presidente fala aos servidores sobre o projeto do PROMOEX

Comissão especial define metas do Plano Estratégico

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alcance dos objetivos do TCE, na medida em queatua na capacitação dos técnicos da Casa, visandoa eficiência dos trabalhos realizados e a melhoriado desempenho da instituição, além de promoverações educativas e orientadoras voltadas aos seusjurisdicionados, através de eventos de treinamentoe divulgação que permitem auxiliar a administra-ção e expor o entendimento da Corte de Contasquanto aos mais variados aspectos relacionados àgestão pública.

Sendo assim, a Escola de Contas atua emfrente de ação diversa daquela que normalmentese impõe ao Tribunal de Contas, que seria a de fis-calizar a boa gestão dos recursos públicos.Obrigam-se as Cortes de Contas também a umaatuação preventiva, evitando desvios e irregulari-dades, e uma das formas mais eficientes de sealcançar tal finalidade encontra-se na promoçãoda disseminação da informação aos administrado-res públicos, e a Escola de Contas do TCE foidesenhada especialmente com esse objetivo.

Nos últimos dois anos foram realizados 20(vinte) eventos pela Escola, incluindo encon-tros, palestras e cursos, com a participação de2.325 servidores dos órgãos jurisdicionados e dopróprio TCE.

AA CRIAÇÃO DA OOUVIDORIA É UM INCENTIVO À PARTI-CIPAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA,, EM

NOME DA CIDADANIA??Não só em nosso país, mas em todo o mundo,existe, hoje, uma tendência natural de a adminis-tração pública se aproximar cada vez mais da socie-dade. Muito dessa tendência se origina namudança de atitude dos cidadãos, que estão setornando mais ativos e exigentes, o que faz comque a forma de gerenciar o bem público sejarepensada e se volte para a garantia da eficiênciaadministrativa e efetividade das ações.

A Ouvidoria do TCE foi então implantada

com o objetivo principal de instituir um meio decomunicação mais ágil entre o Tribunal de Con-tas do Estado, os órgãos jurisdicionados e a socie-dade, incentivando a participação dos cidadãosna administração pública, ao estimular o encami-nhamento a esta Corte de Contas do Estado deinformações, reclamações, críticas, elogios esugestões sobre atos de agentes públicos sob suajurisdição ou sobre os serviços prestados pelopróprio Tribunal.

Como conseqüência de seu funcionamentotodas as demandas encaminhadas à Ouvidoriadevem ser respondidas, e em tempo hábil. Paraisso serão necessárias a criação e a modernizaçãode procedimentos para agilizar o fluxo de infor-mações e de processos dentro da nossa instituição,sob pena de descrédito da Ouvidoria.

Assim, a implantação da Ouvidoria contri-buirá também para promover uma necessária rees-truturação nos procedimentos internos do TCE,tornando-os mais ágeis e efetivos, posto que a qua-lidade e tempestividade das respostas da Ouvido-ria refletirão diretamente na imagem do TCE.

QQUAIS OS OBJETIVOS QUE SERÃO ALCANÇADOS COM A

IMPLANTAÇÃO DO PPORTAL DO TTCCEE??O Portal destina-se a ampliar a relação doTCE com a sociedade, consolidando umagama de informações de diversas origens emum ambiente único.

Mais que uma ferramenta de informática,representa a abertura de um canal de comuni-cação com o cidadão e o jurisdicionado ao dis-ponibilizar alguns serviços como: emissão decertidões de adimplência, consulta à Jurispru-dência do TCE, acompanhamento de proces-sos, pautas, atas, acesso aos dados de presta-ções de contas à sociedade e a outros órgãosfiscalizadores, dentre outros. Dessa forma, oTCE ampliará a transparência das suas ações.

Em um futuro próximo também estará

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Escola de Contas - Educar e informar antes de punir

Ouvidoria – 0800 2811935

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disponível, através do Portal, o Diário Oficialeletrônico do TCE e o recebimento de infor-mações das prestações de contas bimestraisdiretamente pela Internet.

Para o ambiente interno é importantedestacar que o Portal proporcionará: a imple-mentação de soluções de comunicação entreos setores do órgão, bem como uma maiorpadronização das rotinas do TCE; e um sofis-ticado mecanismo de pesquisa.

CCOM ESTES NOVOS INSTRUMENTOS DE AÇÃO,, O TTCCEEESTARÁ REALMENTE CAPACITADO PARA CUMPRIR SUA

MISSÃO DE GUARDIÃO DO DINHEIRO PÚBLICO??Na atual gestão houve grandes realizações emtermos de organização interna e preparaçãopara uma atuação moderna, do ponto de vis-ta da tendência mundial para a atividade docontrole externo da administração pública.Isto significa que, diante de uma Corte cons-ciente das suas demandas e de todos os cami-nhos necessários para o seu atendimento, tor-na-se possível desenvolver de forma otimiza-da a sua missão de orientação e fiscalizaçãoda gestão de recursos públicos em benefícioda sociedade.

CCOMO ANALISA AS PERSPECTIVAS DO TTRIBUNAL DE

CCONTAS COM RELAÇÃO AOS CONGÊNERES DO PAÍS??Foi diagnosticado um quadro inicial dos Tri-bunais de Contas como um todo, por meio depesquisa da FIA/USP e FGV, para fins de con-ceber o PROMOEX, na qual se constatou queos Tribunais de um modo geral apresentavamum quadro uniforme quanto ao estágio dedesenvolvimento em que se encontravam,demonstrando-se ainda que cada Corte se mos-trava mais avançada em aspectos específicos,despontando como referência.

Por sua vez, a própria execução do progra-ma tem se apropriado desse diagnóstico demodo a melhor aproveitar as experiências dosmais avançados. Assim, espera-se que, num futu-ro próximo, o TCE-RN alcance o patamar deinstituição de referência no controle externo,sendo reconhecido pela sociedade como indis-pensável ao fortalecimento da cidadania.

QQUAL O PROJETO QUE PENSOU EM IMPLANTAR,, MAS,,INFELIZMENTE,, NÃO PÔDE EXECUTÁ-LO??A realização de um concurso público para atrairnovas competências profissionais para o TCEfoi uma meta que, embora não atingida total-

mente, foi dado início ao seu processo nesta ges-tão. O presidente e o colegiado conseguiram aaprovação do projeto junto à Assembléia Legis-lativa e a conseqüente sanção pela governadoraWilma de Faria. Uma comissão foi nomeadacom a finalidade de proceder a estudos prévios àrealização do concurso, incluindo-se aí a contra-tação da empresa realizadora do certame e omapeamento das demandas da instituição.

Alguns objetivos não puderam ser realizados.Seja por questões de ordem financeira ou mesmode tempo, posto ser impossível fazer tudo. Osprojetos tiveram que ser priorizados de acordocom as diretrizes traçadas pela gestão e o grau derelevância para a instituição. Sendo assim, mesmoque ações necessárias não tenham sido implemen-tadas, o que demonstra que o TCE ainda temmuito para fazer, temos a certeza de que nos últi-mos dois anos foram tomadas importantes deci-sões que determinarão uma significativa mudançade rumo na história da nossa instituição.

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Sede do TCE

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Adélia Sales e Valério Mesquitaeleitos presidente e vice do TCE

A conselheira Maria Adélia de ArrudaSales Sousa foi eleita por unanimidade, nodia 02 de dezembro, presidente do Tribunalde Contas do Estado para o biênio 2009-2010. Na mesma sessão, foram eleitos ovice-presidente, Valério Alfredo Mesquita;o corregedor, Alcimar Torquato de Almei-da; e os componentes da 1ª e 2ª Câmaras deContas, presididas respectivamente pelosconselheiros Paulo Roberto Chaves Alves eTarcísio Costa.

A 1ª Câmara será composta ainda pelosconselheiros Alcimar Torquato e Valério Mes-quita e a 2ª Câmara, pelos conselheiros Getú-lio Nóbrega e Renato Dias. O procuradorLuciano Ramos foi o escrutinador do processoeleitoral. A posse acontece até o final dedezembro e a assunção aos cargos será no dia

1º de janeiro de 2009.A eleição ocorreu no clima de consenso,

com todos os candidatos eleitos à unanimida-de dos votos. O presidente do TCE, PauloRoberto Chaves Alves, anunciava os cargos,todos os conselheiros depositavam os votos naurna, relatados um a um pelo procurador,anunciando o resultado final. Em seguida, oseleitos prestaram o juramento do termo decompromisso legal, tomando posse dos cargos.

No seu discurso, a conselheira Maria Adé-lia de Arruda Sales agradeceu primeiro a Deuse, em seguida, ao colegiado, pelo ato de con-fiança que lhe foi depositado, afirmando queseu sentimento era de gratidão e de compro-misso com a missão do Tribunal de Contas."Na minha gestão, as decisões serão comparti-lhadas por todos que compõem este colegia-

Conselheira Adélia Sales assina termo de posse

POSSE

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do", enfatizou. Encerrando a sessão, o conse-lheiro Paulo Roberto fez questão de elogiar ogesto do conselheiro Renato Dias, de ter desis-tido de concorrer a eleição em nome do coleti-vo. "O seu gesto só lhe enaltece e engrandeceo TCE", disse.

DISCURSOApós a eleição e posse, a futura presidente

do Tribunal de Contas do Estado, a conselhei-ra Adélia Sales Souza pronunciou o seguintediscurso que publicamos na íntegra:

"Este Colegiado acaba de realizar dois atos- um conseqüente do outro - ambos previstosem sua Lei Orgânica e regulamentados em seuRegimento Interno.

Estão eleitos e empossados nos cargos paraos quais foram escolhidos os Conselheiros quese responsabilizarão, ao longo do biênio2009/2010, pela condução deste órgão de con-trole externo, compreendendo a Presidência, aVice-Presidência, a Corregedoria e a Presidên-cia das Câmaras setoriais.

Na condição de eleita para a desafiadoramissão de presidir a Corte de Contas, querorevelar os mais profundos sentimentos que,neste momento, dominam o meu íntimo: agratidão e o compromisso com a Instituição.

Agradecer é, portanto, a minha primeiraatitude. Agradecer, primeiramente a Deus,fonte divina de onde recebemos tudo; depoisaos meus pares pelo gesto de distinção e, sobre-tudo, de confiança para comigo, ao me atribuí-rem mais essa honrosa incumbência.

Um agradecimento especial quero dirigirao Conselheiro Paulo Roberto Alves pela ele-gância de suas palavras, as quais, de um lado,traduziram gesto de elevada atenção paracomigo e, de outro lado, se converteram naprática de uma conduta que não só engrande-ce o seu exercício e desempenho como Conse-lheiro, mas também acresce valores que con-tribuem para o fortalecimento institucionaldesta Corte de Contas.

Em segundo lugar, quero reiterar o meuirrestrito compromisso com os objetivos einteresses institucionais do Tribunal de Con-tas, na busca do aperfeiçoamento da gestãopública no Rio Grande do Norte, de tal modoque, assim ocorrendo, resulte em benefíciopara a comunidade do Estado como um todo”.

Nessa rápida, porém consciente, manifes-tação de intenções e compromissos, devo acres-

Procurador geral Luciano Ramos emexercício foi o escrutinador da votação

Conselheiro Paulo Roberto congratulou-se com os conselheiros eleitos

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Conselheira Adélia Sales é eleita por unanimidade dos votos

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centar que procurarei conduzir os meus pas-sos e decisões, à frente da Presidência desteTCE, compartilhando idéias e assegurando aparticipação de todos os meus pares, a come-çar pelo Conselheiro Vice-Presidente, sem dis-pensar a contribuição dos membros do Minis-tério Público Especial, bem como o assessora-mento e apoio técnico-administrativo dos ser-vidores que integram o quadro funcional daCorte de Contas.

Assim me conduzindo, antes de atenderao meu estilo pessoal, estarei sendo fiel à natu-reza e às características de um órgão colegiado,cujas decisões e funcionamento, em razão dis-to, pressupõem e exigem a participação dosseus diferentes segmentos.

Finalizo minhas palavras, Senhores Con-selheiros, pedindo a Deus que me ajude a bemdesempenhar a honrosa e desafiadora missãoque Vossas Excelências acabam de me confiar".

O PPERFIL DDE AADÉLIAMaria Adélia de Arruda Sales Sousa nasceu

no dia 22 de março de 1949, no Engenho Mipi-bu, em São José de Mipibu/RN. Filha de Jaimede Araújo Sales e Maria das Mercês de ArrudaSales, casou-se com Demócrito de Sousa, norte-rio-grandese, natural da cidade de Alexandria epertencente à tradicional família política daregião. É mãe de quatro filhos (Monalisa,

Demócrito Filho, Jaime Neto e Melissa) e avóde treze netos.

Maria Adélia é bacharela em Direitopela Universidade Federal da Paraíba(UFPB), concluindo o curso em 1980. Aolongo de sua vida profissional, exerceu várioscargos públicos, entre os quais, destacam-se:coordenadora geral do Gabinete Civil doGoverno do Estado; diretora administrativae diretora-presidente da Companhia deDesenvolvimento Agropecuário -CIDA/RN; diretora administrativa e finan-ceira da Empresa de Pesquisa Agropecuáriado RN - EMPARN.

Em 29 de março de 1983, foi nomeadapelo então governador Lavoisier Maia Sobri-nho para assumir o cargo efetivo de auditorado Tribunal de Contas do Estado. Em 26 dedezembro de 2006, mediante critério de esco-lha de lista tríplice, foi nomeada pela Gover-nadora Wilma Maria de Faria para o cargo deconselheira do TCE, passando a ocupar avaga constitucionalmente reservada a mem-bro do quadro de auditores. Com isso, a con-selheira Maria Adélia, tornou-se não só asegunda mulher a ter assento na Corte deContas, mas também a assumir a presidênciada Corte, decorridos os 50 anos de sua cria-ção. A primeira foi Lindalva Torquato,nomeada ministra (conselheira) em 1960 epresidiu o TCE em 1978.

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Com a presença da governadora Wilmade Faria e do presidente do Tribunal de Con-tas da Paraíba, representando a Associaçãodos Tribunais de Contas do Brasil (ATRI-CON), conselheiro Arnóbio Viana, além deautoridades civis e militares, o presidente doTribunal de Contas da União, ministro Wal-ton Alencar e o conselheiro Paulo RobertoAlves assinaram protocolo de parceria paraimplantação do Plano Estratégico da Corte deContas do Estado, previsto para o período de2009/2013. A solenidade ocorreu no dia 20 denovembro, durante sessão especial do TCEque ainda homenageou o ministro WaltonAlencar com a Medalha do Mérito "Governa-dor Dinarte Mariz", a mais alta honraria con-cedida pelo TCE. A medalha contempla per-sonalidades que prestaram relevantes serviçosao Rio Grande do Norte.

O presidente Paulo Roberto fez a saudaçãoao ministro enfatizando sua contribuição aosTribunais de Contas do país para implantaçãodos seus Planos Estratégicos que vão dotar asCortes de Contas de uma nova estrutura funcio-

Presidente do TCU lança Plano Estratégico e recebe "Medalha do Mérito" do TCE

MEDALHA MÉRITO DINARTE MARIZ

Ministro Walton Alencar faz discurso deagradecimento à homenagem recebida do TCE

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nal valorizando a eficiência administrativa da ins-tituição. "O Plano ora instituído define, em seuconteúdo básico, a identidade organizacional des-te Tribunal, seus objetivos institucionais e osmeios para alcançá-los. Em síntese, trata-se do pla-nejamento de uma instituição preocupada com opresente, porém comprometida com o futuro".

Para o presidente Paulo Roberto, doisfatores deram causa e conteúdo ao PlanoEstratégico: de um lado, o engajamento parti-cipativo dos Conselheiros do Colegiado, dosmembros do Ministério Público Especial e dasequipes de servidores do TCE, que, comempenho e dedicação, transformaram idéias eintenções em compromissos possíveis deserem concretizados a médio e longo prazo; deoutro lado, a pronta, segura e enriquecedoracooperação técnica oferecida pelo Tribunal deContas da União, nos termos do acordo cele-brado entre as duas Cortes de Contas.

O ministro Walton Alencar, ao agrade-cer a Medalha do Mérito, disse que se sentiaextremamente honrado pela distinção com amais alta comenda do TCE e lisonjeado porestar participando do importante PlanoEstratégico para esta Corte de Contas. "Aoimplantar este plano, em consonância comas melhores metodologias, o TCE revela suavontade de estabelecer metas e cumpri-lasna missão de melhor atender a sociedade",disse o ministro.

Já a governadora Wilma de Faria dissever com grande alegria, o Plano Estratégicono TCE do RN, "porque no serviço públiconão existe mais lugar para o improviso e des-controle, tem que haver compromisso, inte-ração e integração de todos, não apenas dasinstituições. Precisamos mudar os paradig-mas para que o controle social seja de altaqualidade", finalizou a governadora.

Coral Canto de Contas

Governadora Wilma de Faria cumprimenta o ministro do TCU

Conselheiro Paulo Roberto parabeniza o Ministro Walton Rodrigues

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O presidente do Tribunal de Contas doEstado, Paulo Roberto Chaves Alves, junta-mente com os conselheiros Getúlio Nóbrega eTarcísio Costa, participaram em Fortaleza -Ceará, do Encontro Anual dos Tribunais deContas do Brasil e 6º Encontro do Colégio deCorregedores do Brasil, realizado nos dias 6 e 7de novembro de 2008 no hotel Luzeiros. A rea-lização foi do Tribunal de Contas do Estado doCeará (TCE/CE) e do Tribunal de Contas dosMunicípios do Estado do Ceará (TCM/CE).

O encontro foi aberto pelos presidentes do

Tribunal de Contas do Estado do Ceará (TCE-CE), Pedro Timbó; do Tribunal de Contas dosMunicípios do Estado do Ceará (TCM-CE),Ernesto Sabóia; e da Associação dos Membrosdos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon),Victor Faccioni. O conclave reuniu conselhei-ros, auditores e procuradores das Cortes deContas do país, para discussão do tema "Trans-parência e Cidadania no combate à corrupção".

Ao saudar os participantes, no discurso deabertura do evento, o presidente do TCE-CE,Pedro Timbó, destacou a oportunidade da dis-

Encontro Nacional dosTribunais de Contas

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cussão sobre os mecanismos de combate à cor-rupção, enfatizando os avanços obtidos peloBrasil depois de decorridos 20 anos da pro-mulgação da Constituição Federal. O conse-lheiro Pedro Timbó enfatizou ainda que oencontro ocorre no mesmo ano em que sãocomemorados os 118 anos da criação do Tri-bunal de Contas da União (TCU) e os 50 anosda realização do I Congresso dos Tribunais deContas do Brasil.

O presidente do TCM-CE, ErnestoSabóia, qualificou o encontro como "muitoimportante" para todos os agentes públicos quelidam com o controle externo, "que muitasvezes é mal-entendido e criticado". Segundoafirmou o conselheiro, a discussão é oportunapor ocorrer pouco tempo depois das recenteseleições municipais. "A população mostrouque sabe votar, desde que tenha informações.Temos que dar informação à sociedade, paraque ela faça o controle social das contas públi-cas", frisou.

A programação foi aberta com palestraabordando o tema "Ação do TCU no Aperfei-çoamento do Controle Externo", seguido depalestra sobre o "Anteprojeto de Lei Proces-sual", comum aos dois eventos. No período datarde, foram ministradas as seguintes palestras:"O atual estágio do PROMOEX", "AuditoriaOperacional", "Os TC´s e a Comunicação Ins-titucional". "Os principais projetos de moder-nização no âmbito dos Tribunais de Contas" e"A importância da instalação e funcionamentodo Controle Interno a partir dos Municípios";

Na sexta-feira pela manhã, foi realizada acomemoração alusiva ao dia da criação do Tri-bunal de Contas da União - Decreto nº 966, ecomemoração dos 50 anos de realização do ICongresso dos Tribunais de Contas do Brasil,então realizado em São Paulo. À tarde, foramrealizadas reuniões da ATRICON, ABRA-

COM e IRB sobre o sistema de contas em tra-mitação no Congresso nacional e no PoderJudiciário.

O Encontro do Colégio de Corregedoresconstou de palestras e discussões sobre temasrelacionados à Corregedoria e à Ouvidoria. Nasexta, foi discutida a elaboração de projetos demanual operacional das Corregedorias e dasOuvidorias dos TC´s do Brasil.

CRITÍCAS ÀÀ PPECDurante o evento, o presidente da Atricon,

Victor Faccioni, e o governador do Ceará, CidGomes, criticaram a Proposta de Emenda àConstituição (PEC) que prevê a extinção dosTribunais de Contas do Brasil, de autoria dasenadora Serys Slhessarenko (PT-MT).

Victor Faccioni, que é conselheiro do TCEdo Rio Grande do Sul, destacou que a PECcausa indignação por prever, dentre outrasmedidas, a extinção do Tribunal de Contas daUnião (TCU) justamente quando há váriasdenúncias naquela Corte de Contas referentesa órgãos do Governo Federal. O presidente daAtricon destacou que o Congresso Nacionalconta com vários parlamentares que compreen-dem a importância dos Tribunais de Contaspara o país, dentre eles o presidente do Senado,Garibaldi Alves (PMDB-RN), e o deputadofederal Humberto Souto (PPS-MG), ex-presi-dente do TCU.

Diante de uma platéia composta por con-selheiros, auditores e procuradores de contasintegrantes dos TCs, o governador Cid Gomesse disse solidário a todos os que desenvolvematividades de controle externo no país, qualifi-cando como "esdrúxula" e um "contra-senso" aPEC que defende a extinção das Cortes de Con-tas. "A sociedade brasileira demanda institui-ções de controle externo, bem como a necessi-dade de qualificação de seus quadros", ressaltou.

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C O N T A S D O G O V E R N O

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1 - IINTRODUÇÃOAs contas do governo do estado do Rio Gran-

de do Norte, referentes ao exercício de 2007,incluindo as dos Poderes Executivo, Legislativo eJudiciário, e do Ministério Público, foram apresen-tadas à Assembléia Legislativa na forma estabeleci-da no art. 64, inciso XVIII, da Constituição Esta-dual, tendo sido protocoladas, neste Tribunal, em1º de julho de 2008, constituindo o Processo nº7833/2008-TC (Processo nº 0800/2008-PL/SL), doqual fazem parte os balanços gerais e o relatóriogeral e circunstanciado do Órgão central do sistemade controle interno do Poder Executivo estadual.

Integram os balanços gerais as seguintes peças:Balanço Orçamentário; Balanço Financeiro; Balan-ço Patrimonial; Demonstrativo das Variações Patri-moniais; Demonstrativo da Receita e Despesasegundo as Categorias Econômicas; Demonstrativodo Resumo Geral da Receita; Demonstrativo daReceita segundo as Categorias Econômicas;Demonstrativo Comparativo da Receita Orçadacom a Arrecadada; Demonstrativo do ResumoGeral da Despesa; Comparativo da Despesa Autori-zada com a Realizada; Demonstrativo da Despesapor Funções, Subfunções e Programas, por Catego-rias Econômicas; Demonstrativo da Despesa porFunções, Subfunções e Programas por Projetos eAtividades; Demonstrativo da Despesa por Fun-ções, Subfunções e Programas, conforme vínculo

com os recursos; Demonstrativo da Despesa porÓrgãos e Funções; Demonstrativo da Despesa porFunções e Órgãos; Demonstrativo da Despesasegundo as Categorias; Demonstrativo da Despesapor Programa de Trabalho por Unidade Orçamen-tária; Demonstrativo das Receitas e Despesas comManutenção e Desenvolvimento do Ensino -MDE; Demonstrativo da Receita Líquida deImpostos e das Despesas Próprias com Saúde;Demonstrativo da Despesa com Pessoal; Demons-trativo da Dívida Flutuante; Demonstrativo deRestos a Pagar; Demonstrativo da Dívida FundadaInterna; Demonstrativo da Dívida Fundada Exter-na; e Demonstrativos Diversos.

Na forma do disposto no art. 149 do Regimen-to Interno desta Corte de Contas, aprovado pelaResolução nº 12, de 19 de setembro de 2000, fuidesignado relator das aludidas contas, mediantedeliberação do Plenário deste Órgão de controleexterno, conforme consta da ata da trigésima segun-da sessão ordinária realizada em 29 de abril de 2008,com o assessoramento técnico da comissão consti-tuída por meio da Portaria nº 076/2008 -GP/TCEe integrada pelos servidores Cláudio Dantas Mari-nho, Assessor Técnico Jurídico, Djalma da CostaGuimarães, Assessor Técnico de Controle e Admi-nistração, Luiz Fabra Laffitte Neto, Assistente deInspeção, Luzenildo Morais da Silva, Inspetor deControle Externo, e Severiano Duarte Júnior, Ins-

Aprovadas as contas do Governodo Estado relativas a 2007O CONSELHEIRO VALÉRIO ALFREDO MESQUITA, RELATOR DO PROCESSO, FEZ RECOMENDAÇÕES AO PODEREXECUTIVO COM RELAÇÃO À CORRETA UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS PÚBLICOS

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petor de Controle Externo. As referidas contas foram analisadas sob a égi-

de do seguinte ordenamento jurídico:

Constituição da República Federativa doBrasil, de 5 de outubro de 1988;

Constituição do Estado do Rio Grandedo Norte, de 3 de outubro de 1989;

Lei Estadual nº 8.472, de 12 de janeiro de2004, que instituiu o Plano Plurianual doEstado (PPA) para o quadriênio 2004-2007;

Lei Estadual nº 8.516, de 14 de julho de2004, que alterou a Lei Estadual nº 8.472, de12 de janeiro de 2004, para reordenar o Pro-grama de Promoção, Prevenção e Vigilânciaà Saúde;

Lei Estadual nº 8.517, de 14 de julhode 2004, que alterou a Lei Estadual nº8.472, de 12 de janeiro de 2004, para reor-denar os Programas de "Promoção doDesenvolvimento Econômico e Social" e"Esgotamento Sanitário";

Lei Estadual nº 8.613, de 30 de dezem-bro de 2004, que alterou a Lei Estadual nº8.472, de 12 de janeiro de 2004, para reorde-nar o Programa de Habitação para Popula-ção de Baixa Renda;

Lei Estadual nº 8.894, de 2 de agosto de2006, que dispôs sobre as diretrizes orçamen-tárias para o exercício de 2007 (LDO);

Lei Estadual nº 8.950, de 24 demaio de 2007, que alterou o Anexo I daLei Estadual nº 8.894, de 2 de agosto de2006, para incluir ações na Programa-ção da Secretaria de Estado do Esportee do Lazer (SEEL);

Lei Estadual nº 8.943, de 15 de janeiro de2007, que estimou a receita e fixou a despesapara o exercício de 2007 (Lei OrçamentáriaAnual - LOA);

Lei Federal nº 4.320, de 17 de março de1964, que instituiu normas gerais de direitofinanceiro para elaboração e controle dosorçamentos e balanços da União, dos Esta-dos, dos Municípios e do Distrito Federal;

Lei Federal nº 9.424, de 24 de dezem-

bro de 1996, que disciplinou a aplicaçãodos recursos do Fundo de Manutenção eDesenvolvimento do Ensino Fundamentale de Valorização do Magistério;

Lei Complementar Nacional nº 101, de4 de maio de 2000 (Lei de ResponsabilidadeFiscal - LRF), que estabeleceu normas definanças públicas voltadas para a responsabi-lidade na gestão fiscal.

9 - CCONCLUSÕES EE RRECOMENDAÇÕES

9.1 - CCONCLUSÕESEm face da análise consubstanciada nos ter-

mos do presente relatório, conclui-se que:9.1.1 - as despesas foram realizadas comobservância das normas contidas na Lei Esta-dual nº 8.943, de 15 de janeiro de 2007 (LeiOrçamentária Anual), na Lei Estadual nº8.894, de 2 de agosto de 2006 (Lei das Diretri-zes Orçamentárias para o exercício de 2007);e na Lei Estadual nº 8.472, de 12 de janeiro de2004 (plano plurianual do Estado para o qua-driênio 2004-2007);

9.1.2 - as impropriedades verificadas nãoimpedem a emissão do Parecer Prévio favo-rável à aprovação das referidas contas, exigin-do-se, no entanto, o cumprimento das reco-mendações a seguir especificadas;

9.1.3 - o saldo da conta "Despesas a Regu-larizar" sofreu uma redução de 26,81%(vinte e seis inteiros e oitenta e um centési-mos por cento) em relação ao valor alcança-do no exercício financeiro de 2006, passan-do de R$ 3.882.657,24 (três milhões, oito-centos e oitenta e dois mil, seiscentos e cin-qüenta e sete reais e vinte e quatro centa-vos) para R$ 2.842.092,23 (dois milhões,oitocentos e quarenta e dois mil, noventa edois reais e vinte e três centavos), no finaldo exercício financeiro de 2007;

9.1.4 - consoante já ocorrera nos exercíciosfinanceiros de 2005 e 2006, o Poder Executi-vo estadual continuou a enviar, com atraso,em 2007, as informações concernentes aorelatório resumido da execução orçamentária(RREO) e ao relatório de gestão fiscal(RGF), impondo-se, em conseqüência, a apli-cação de multa ao agente político responsável

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pela mora, nos termos do art. 5º da Lei Fede-ral nº 10.028, de 19 de outubro de 2000, e daResolução nº 16/2006 - TCE, de 28 dedezembro de 2006;

9.1.5 - foram cumpridas as exigências consti-tucionais e legais atinentes às despesas comeducação, saúde e pessoal;

9.1.6 - em relação ao exercício anterior, hou-ve um aumento de 24,09% (vinte e quatrointeiros e nove centésimos por cento) nadespesa com publicidade governamental,sendo que a média anual, no período2003/2007, registrou o valor de R$15.416.465,52 (quinze milhões, quatrocen-tos e dezesseis mil, quatrocentos e sessentae cinco reais e cinqüenta e dois centavos),devendo-se ressaltar que o montante de R$18.217.429,92 (dezoito milhões, duzentose dezessete mil, quatrocentos e vinte enove reais e noventa e dois centavos), gastono exercício de 2007, foi maior do quevalores despendidos, individualmente,com outras funções já analisadas nesterelatório, tais como: comércio e serviços,habitação, trabalho, desporto e lazer, urba-nismo, energia, ciência e tecnologia, orga-nização agrária e saneamento;

9.1.7 - foi devolvido à União o montante deR$ 2.444.465,16 (dois milhões, quatrocentose quarenta e quatro mil, quatrocentos e ses-senta e cinco reais e dezesseis centavos), derecursos oriundos principalmente dos Minis-térios da Saúde e da Justiça, valendo salientarque, do referido montante, a quantia de R$1.679.121,82 (um milhão, seiscentos e setentae nove mil, cento e vinte e um reais e oitentae dois centavos) havia sido alocada ao FundoEspecial de Segurança Pública/RN;

9.1.8 - o saldo da dívida ativa cresceu nomi-nalmente 10,62% (dez inteiros e sessenta edois centésimos por cento) em relação aoexercício de 2006, passando de R$1.886.366.992,15 (um bilhão, oitocentos eoitenta e seis milhões, trezentos e sessenta eseis mil, novecentos e noventa e dois reais equinze centavos) para R$ 2.086.627.068,66(dois bilhões, oitenta e seis milhões, seiscen-tos e vinte e sete mil, sessenta e oito reais esessenta e seis centavos), no final do exercíciofinanceiro de 2007;

9.1.9 - a receita da dívida ativa foi de apenas0,23% (vinte e três centésimos por cento) dosaldo do exercício de 2007, tendo sido previs-ta, na Lei Orçamentária Anual, uma arreca-dação de R$ 9.340.000,00 (nove milhões etrezentos e quarenta mil reais), mas, não obs-tante tal estimativa, somente se logrou êxitoem realizar o valor de R$ 4.921.989,39 (qua-tro milhões, novecentos e vinte e um mil,novecentos e oitenta e nove reais e trinta enove centavos), ou seja, 52,6% (cinqüenta edois inteiros e seis décimos por cento) da pre-visão estabelecida;

9.1.10 - ao final do exercício de 2007, houveum resultado primário positivo de R$248.875.411,78 (duzentos e quarenta e oitomilhões, oitocentos e setenta e cinco mil,quatrocentos e onze reais e setenta e oito cen-tavos), ficando acima da meta de R$80.206.000,00 (oitenta milhões e duzentos eseis mil reais) constante do anexo de metasfiscais da Lei de Diretrizes Orçamentárias;

9.1.11 - o resultado nominal foi de R$ -99.798.055,13 (noventa e nove milhões, sete-centos e noventa e oito mil, cinqüenta e cin-co reais e treze centavos), ou seja, o saldo dadívida fiscal líquida em 31 de dezembro de2007 foi inferior em R$ 99.798.055,13(noventa e nove milhões, setecentos e noven-ta e oito mil, cinqüenta e cinco reais e trezecentavos) ao valor alcançado em 31 dedezembro de 2006, tendo o Poder Executivoestadual cumprido a meta contida na Lei deDiretrizes Orçamentárias para o exercíciofinanceiro de 2007;

9.1.12 - a despesa com pessoal atingiu, noexercício financeiro de 2007, o percentual de57,45% (cinqüenta e sete inteiros e quarentae cinco centésimos por cento) da receita cor-rente líquida (RCL) do Estado, excedendoem 0,45% (quarenta e cinco centésimos porcento) o limite prudencial da Lei de Respon-sabilidade Fiscal, mas situando-se abaixo dolimite legal de 60% da citada receita;

9.1.13 - do montante de R$3.817.341.000,00 (três bilhões, oitocentos edezessete milhões e trezentos e quarenta eum mil reais) atinente aos macro-objetivosdo plano plurianual do Estado, relativo aoquadriênio 2004-2007, foi realizado o valor

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de R$ 717.419.080,00 (setecentos e dezessetemilhões, quatrocentos e dezenove mil eoitenta reais), representando o percentual de18,79% (dezoito inteiros e setenta e nove cen-tésimos por cento);

9.1.14 - do montante de R$5.613.905.000,00 (cinco bilhões, seiscentos etreze milhões e novecentos e cinco mil reais)da receita prevista na Lei Orçamentária Anu-al, foi arrecadado o valor de R$5.130.068.929,34 (cinco bilhões, cento e trin-ta milhões, sessenta e oito mil, novecentos evinte e nove reais e trinta e quatro centavos),correspondente ao percentual de 91,38%(noventa e um inteiros e trinta e oito centési-mos por cento).

9.2 - RRECOMENDAÇÕESRegistre-se, a título de recomendação ao

Órgão central do sistema de controle interno doPoder Executivo do Estado do Rio Grande doNorte, a necessidade de que sejam adotadas, dora-vante, as seguintes providências:

9.2.1 - aperfeiçoar o processo de emissãodos relatórios previstos na Lei de Responsa-bilidade Fiscal (Relatório Resumido da Exe-cução Orçamentária (RREO) e Relatóriode Gestão Fiscal (RGF), quanto à completu-de e à consistência dos seus elementos infor-mativos, bem como no tocante ao cumpri-mento dos prazos estabelecidos no mencio-nado diploma legal e em resoluções desteTribunal de Contas;

9.2.2 - apresentar os Balanços e Demonstra-ções Contábeis das empresas públicas doestado do Rio Grande do Norte nos termosda Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976,com observância das alterações introduzidaspela Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de2007, e da Resolução nº 012/2007-TCE (nasua forma consolidada), ou de qualquer out-ro instrumento normativo que vier a regularos modos de composição, elaboração e orga-nização das sociedades anônimas;

9.2.3 - estruturar a prestação de contas desorte a permitir a pronta acessibilidade àssuas diversas partes integrantes, com adoçãode numeração cronológica sistematizada(sumário);

9.2.4 - disponibilizar, no Balanço Geral doEstado, os dados e informações sobre aplica-ção de recursos em ações e serviços públicosde saúde de maneira a permitir uma avalia-ção mais acurada dessa espécie de despesa,fazendo menção se os referidos gastos efeti-varam-se, única e exclusivamente, com açõese serviços de saúde de acesso universal e igua-litário, em conformidade com o que prescre-ve o art. 196 da Constituição Federal;

9.2.5 - observar as vedações contidas no art.22 da Lei Complementar Nacional nº101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal -LRF), em virtude da despesa com pessoal doestado do Rio Grande do Norte, consideradasob o prisma do comprometimento globaldo ente quanto à espécie, ter atingido o per-centual de 57,45% (cinqüenta e sete inteiros equarenta e cinco centésimos por cento) dasua receita corrente líquida, ultrapassandoem 0,45% (quarenta e cinco centésimos porcento) o limite prudencial a que se refereaquele diploma legal;

9.2.6 - reavaliar a despesa com publicidadegovernamental, uma vez que o gasto reali-zado no exercício de 2007 foi superior aosvalores despendidos, de forma individuali-zada, com funções tais como: comércio eserviços, habitação, trabalho, desporto elazer, urbanismo, energia, ciência e tecno-logia, organização agrária e saneamento;

9.2.7 - conferir a devida atenção e prioridade àcobrança da dívida ativa do Estado, em cum-primento ao disposto no art. 11 da Lei Com-plementar nº 101/2000 (Lei de Responsabili-dade Fiscal);

9.2.8 - reavaliar a inclusão da despesa doprograma "Farmácia Popular" nos gastoscom saúde;

9.2.9 - melhorar o desempenho da gestãopública no tocante à aplicação de recursosfinanceiros recebidos da União medianteconvênio.

Natal (RN), 20 de agosto de 2008.

VALÉRIO ALFREDO MESQUITA

CCoonnsseellhheeiirroo RReellaattoorr

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VViiccttoorr JJ.. FFaacccciioonniiCONSELHEIRO DO TRIBUNAL DE CONTAS DO RIO GRANDE DO SULPRESIDENTE DA ATRICON/ASSOCIAÇÃO DOS MEMBROS DOS TRIBUNAIS DE CONTAS DO BRASIL

A Constituição de 1988 e osTribunais de Contas: 20 Anos

A Constituição de 1988, comparada com aanterior no que concerne aos Tribunais de Con-tas, ao meu ver, sob a ótica de membro do Tri-bunal que integrou a Assembléia Nacional Cons-tituinte, trouxe significativos avanços. Ao desta-car os mais relevantes, conto com a colaboraçãodo Auditor Substituto de Conselheiro aposenta-do Ruy Remy Rech, e atual Consultor Jurídicoda ATRICON - Associação dos Metnbros dosTribunais de Contas do Brasil, que acompanhoude perto o processo de elaboração constitucionalem todas as suas fases, como representante doTCE-RS, quando muito freqüentou meu Gabi-nete na Constituinte. Serviram de subsídios,

igualmente os anais dos dois congressos dos Tri-bunais de Contas que antecederam a promulga-ção da nova Constituição.

O primeiro e mais importante avanço, semdúvidas, foi o de incorporar às funções de con-trole externo a competência de realizar a fiscali-zação operacional.¹ Entenda-se que a fiscaliza-ção operacional, como pensam alguns, não secontrapõe à formal, que cuida do exame da con-formação do ato às normas legais e técnicas; masamplia seu espectro, para se ocupar, sobretudo,dos seus aspectos finalísticos, quanto à eficácia,eficiência e economicidade. Põe em confrontoos custos e o resultado.

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O segundo avanço relaciona-se com a amplia-ção das competências de controle, para abranger"qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou pri-vada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ouadministre dinheiros,bens e valores públicos oupelo quais a União responda, ou que, em nomedesta, assuma obrigação de natureza pecuniária,ao mesmo tempo que acrescentou a competên-cia de julgar as contas dos entes da administra-ção indireta."²

Registre-se que até então a ação de controledos Tribunais de Contas por vezes sofria contes-tações quando era estendida às empresas públi-cas, sociedades de economia mista e fundações,exercendo essa atribuição timidamente previstaem lei ordinária.³

A manutenção das prerrogativas aos mem-bros dos Tribunais de Contas foi essencial à pre-servação da sua dignidade funcional e à eficáciadas decisões do colegiado. Conferiu-lhe aindamaior qualificação ao alterar o critério de esco-lha dos seus titulares, permitindo o acesso dedois representantes da carreira técnica, ou seja,um dentre os auditores e outro dentre os mem-bros do Ministério Público junto ao Tribunal.4

A inclusão da competência de aplicar sansõesaos responsáveis em casos de ilegalidades ou irre-gularidades, compreendendo, entre outras penas,as multas proporcionais ao dano causado ao erário5,constitui-se em mais uma conquista, a permitirmais efetividade à ação de controle, erigindo emnível constitucional, matéria que vinha sendo tra-tada em lei ordinária, em regra, nas leis orgânicasdos Tribunais.

Mencione-se, também, que as decisões dosTribunais, das quais resultem imputação de dé-bitos ou multa, resultaram fortalecidas, ao lhe seratribuída eficácia de título executivo.6

De outra parte, ao preservar a atribuiçãode apreciar para fins de registro a legalidade dosatos de inativação, restou acrescida, também,a de registrar os atos de admissão de pessoal.7

Mesmo que o procedimento tenha merecidocríticas pela sua pertinência cartorial, trata-sede controle justificado, ante a natureza conti-nuada da despesa decorrente desses atos.

O sistema de controle restou aprimorado,também, ao expungir a distorção existente notexto constitucional anterior quanto à sustaçãode contratos entendidos irregulares, submetida aoPoder Legislativo, que, em não se manifestandoem trinta dias, a impugnação se tornaria insub-sistente. O novo texto estabelece que, diante daomissão do Poder Legislativo, transcorrido oprazo de noventa dias, é devolvida à competên-cia ao Tribunal, para decidir a matéria.8

Por sua vez, o sistema de controle de inter-no, fundamental à sustentação do sistema nacio-nal de controle, experimentou merecidos avan-ços e resultou prestigiado. A Constituição de1988 manteve sua estrutura, atribuindo-se maioramplitude de encargos e pleno comprometimen-to junto aos Três Poderes.9 Sua instituição emnível constitucional remonta à Constituição de1967, versada também no Decreto-Lei no 200/67,que estabeleceu normas e princípios para a mo-dernização administrativa. Foi, então, atribuídaconformação sistêmica ao controle dos gastospúblicos, através do controle interno e externo,como já se esboçara em 1964, na Lei no 4.320/64.

O novo modelo passou a permitir a utiliza-ção da prática de acompanhamento dos atos degestão e de administração de forma mais ágil,abandonando-se o modelo superado, que, em-bora minudente, preocupava-se mais com o as-pecto formal, revelando-se, por isso, ineficaz e vi-ciado. Passou-se a adotar, com ele, o processo deauditorias financeiras e orçamentárias.

Do modo como vem delineado, particular-mente nos artigos 70 a 75 da Constituição Fede-ral, sua ação ambivalente faz com que um dosseus desdobramentos - o CONTROLE INTER-NO - se confunda com a própria administração,pois deve servir aos objetivos que Ihes são pró-

1 CF, arts. 70 e 71, IV . 2 CF, arts. 70, p.u., e3 71. 11.4 Lei Federal no 6.273, de 14.07.75.5 CF, art. 73, 2O, I.6 CF, art. 71, VIii.7 CF, art. 71, 3".8 CF. art. 71. III.9 CF, art. 71, 2'.

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prios, convergentes a propiciar a eficaz aplica-ção dos recursos públicos, atendendo aos me-lhores padrões de eficiência e de economicidade.Nessa condição, presta apoio ao outro segmen-to - o CONTROLE EXTERNO -, atribuído aoPoder Legislativo, que o exerce com auxílio doTribunal de Contas. Integrados - CONTROLEINTERNO, CONTROLE EXTERNO e AD-MINISTRAÇÃO -, cumpre-lhes promover a rea-lização do bem público, para a obtenção do me-lhor resultado, com o mínimo de recursos, semdesvios e desperdícios. Mas, se incumbe ao con-trole assegurar eficácia e eficiência à Administra-ção Pública, importa que ele próprio seja eficaze eficiente.

Todos esses avanços decorreram da conjuga-ção de esforços institucionais e dos membros dosTribunais de Contas (Ministros, Conselheiros eAuditores), suprindo parlamentares envolvidosna elaboração constitucional e a Assembléia Na-cional Constituinte com informações precisas eobjetivas sobre os assuntos de interesse do con-trole público, realizando naquele instante magnoda política nacional verdadeiro "lobby democrá-tico". Recebi, na condição de constituinte, pro-fusa matéria relacionada com os Tribunais deContas e dei-lhe encaminhamento e a defendi,concorrendo, assim, com a sua conversão, emboa parte, em texto constitucional. Outros cons-tituintes envolveram-se nesse esforço e posterior-mente passaram a integrar os colegiados de Tri-bunais de Contas, da União, dos Estados e dosMunicípios. E o caso dos Conselheiros ManoelCastro e França Teixeira, do TCE da Bahia, dosMinistros do TCU, Valmir Campelo, UbiratanAguiar e Guilherme Palmeira, e dos Ministrosaposentados também do TCU, Adylson Moita eHumberto Souto, sendo este agora novamenteDeputado Federal por Minas Gerais, e da Con-selheira Eunice Mafalda Michiles, do TCE doAmazonas, dentre outros, cuja lembrança teria deavivar.

Cumpre destacar, igualmente, a sensibilida-de do Relator-Geral da Constituinte Bernardo Ca-brai, plenamente acessível à troca de idéias sobrea temática do controle financeiro orçamentário,assim como meu coestaduano e Sub-relator Nel-son Jobim, os quais recebiam em seus gabinetesrepetidamente, e com invulgar condescendên-cia, representantes dos Tribunais de Contas.

Registre-se que os Tribunais de Contas, reu-

nidos no seu XIII Congresso, na Bahia, 2 a 6 desetembro de 1985, conforme se lê nos respecti-vos anais, desenvolveram seu temário centradono projeto de n ovaConstituição, para elabora-ção do qual seriam eleitos os membros da Assem-bléia Nacional Constituinte, no pleito de no-vembro de 1986. Desse conclave, resultaram im-portantes recomendações, posteriormente trans-formadas em preceitos constitucionais antes men-cionados.

Veja-se que, ao final desse Congresso, o teorde suas conclusões ressaltavam, entre outras pro-postas: "CONSIDERANDO que os Tribunaisde Contas, como corolário supremo de sua con-figuração doutrinária e institucional, haverão deincorporar, definitivamente, à sua competência ejurisdição:

(. .)b) promover a auditoria financeira e orça-

mentária sobre as contas das unidades adminis-trativas dos Três Poderes, a qual, além da técni-ca contábil, consistirá, também, em auditoria ope-racional, com vistas à aferição das metas e dos ob-jetivos colimados;

c) estender, igualmente, a referida ação fis-calizadora aos Órgãos da administração indire-ta, inclusive as empresas públicas, sociedades deeconomia mista e fundações, ainda que minori-tária seja do Estado no capital e acionário dos mes-mos;

(. . .) e) conferir aos Tribunais de Contas acompetência de impor sanções eficazes, uma vezconstatadas irregularidades, malversações e des-vio dos dinheiros públicos, no sentido, conse-qüentemente punir os culpados e salvar o patri-mônio, que, por ser público, pertence ao povobrasileiro. .

Deve-se a dois membros do Tribunal de Con-tas do Estado do Rio Grande do Sul o mérito dainclusão no texto constitucional da competênciade realizar a fiscalização operacional dos recur-sos públicos, conquanto se pudesse defendercomo implícita no poder-dever de controle do or-çamento programa, mas que vinha sendo contes-tada. Decorreu da aprovação da tese "ControleOperacional da Administração Pública", apre-sentada naquele Congresso pelo Conselheiro Mar-celo Moreira Tostes e pelo Auditor substituto deConselheiro Ruy Remy Rech. Nesta tese restoudemonstrada a excelência do controle operacional,que se ocupa do confronto dos resultados obtidos

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em face dos recursos empregados, na busca doseumelhor aproveitamento; atenta para a eficácia,eficiência e economicidade, além da conformaçãolegal e técnica do ato administrativo; tem comoobjetivo censurar ou punir a administração inefi-ciente dos recursos públicos. Segundo a tese, re-sulta do poder-dever de fiscalizar dos Tribunais deContas a obrigação de realizar o controle exter-no através de auditoria operacional.

Quanto ao acesso dos auditores e membrosdo Ministério Público ao colegiado dos Tribunaisde Contas, importa lembrar que decorreu de in-cessante mobilização conduzida por alguns ser-vidores e remonta ao período anterior à ANC -Assembléia Nacional Constituinte, quando amedida fora intentada através de Emenda Cons-titucional. Lembro-me de ter recebido em meuGabinete de Deputado Federal, então, os Audi-tores Lincoln Magalhães da Rocha (TCU), RuyRemy Rech (TCWRS), Lúcio Albuquerque(TCE-AM) e Raimundo Viera (TC-DF), buscan-do apoio à iniciativa, que defendi em plenário,embora sem ter chegado a bom termo. Os mes-mos auditores retornaram a encaminhar a rei-vindicação na ANC, quando a eles se agregaramoutros, organizados em Associação, entre eles,Luiz Alberto Rodrigues (TCE-RS) e José CarlosPacheco (TCE-SC). Desta vez resultou em ma-téria constitucional, merecendo a compreensãoe o apoio dos constituintes, dada a natureza daproposta, a concorrer para a qualificação técni-ca do colegiado das cortes de contas, como bemsouberam demonstrar esses servidores peranteos parlamentares integrantes da ANC. Qualifi-cação que resultou confirmada após, ao assu-mirem os cargos de Ministros e Conselheiros,nos respectivos plenários dos Tribunais. Sãoexemplos, Lúcio Albuquerque, do Tribunal doAmazonas, José Carlos Pacheco, do Tribunal deContas de Santa Catarina, Hélio Saul Mileski,do Tribunal de Contas do Rio Grande do Sul,afora os ilustres membros do Ministério Públi-co, que tiveram acesso ao colegiado, juntamen-te com os auditores. Entre estes destaco os doTribunal de Contas do meu Estado, os Conse-lheiros Sandro Pires e Cezar Miola. Para nãoenumerar a todos, diria que situação similar

verificou-se nos demais TC's .Alguns dos que se empenharam nesse mo-

vimento desde o primeiro momento, lamentavel-mente, preferiram abrir mãos ou não puderampor outros motivos aproveitar a prerrogativa decompor a lista de acesso e de virem a integrar osplenários dos respectivos. Refiro-me, particular-mente, ao Auditor Substituto de ConselheiroRuy Remy Rech, que se aposentou precocemen-te e lhe foi atribuído o título de Conselheiro"Honoris Causa", pelo Plenário do TCE-RS; eao Auditor Substituto de Ministro do TCU, Lin-coln Magalhães da Rocha, que se viu excluído daindicação por motivo de idade.

Posso assegurar, hoje, como fruto da expe-riência no exercício do cargo de Conselheiro nocurso de dez anos e da convivência com esses ser-vidores guindados ao colegiado, que tanto os co-legiados dos Tribunais de Contas, como a açãodo controle, têm sido grandemente beneficiadoscom a sua presença, tanto assim que ouso pro-pugnar que se possibilite a ampliação do acessode servidores do quadro ao plenário, permitin-do, igualmente, a indicação de auditores públi-cos externos, ou equivalentes, aumentando paratrês as vagas reservadas ao pessoal do quadro.

O comprometimento dos Tribunais de Con-tas com a Constituinte, movidos pelo interessee ver preservadas e ampliadas suas funções e com-petência, que teve seu marco no X I I I Congres-so, desenvolveu-se continuadamente. Além dotemário, das conclusões e indicações aprovadas,que tiveram devido encaminhamento, aqueleCongresso constituiu comissão integrada por setemembros para elaboração do trabalho a ser apre-sentado à Comissão criada pelo Presidente daRepública, designada Comissão "Afonso Ari-nos", para recolher sugestões com vista à novaCarta Magna Federal. Integraram a comissão,eleita no conclave: João Feder (TCE-PR), Adhe-mar Martins Bento Gomes (TCE-BA), MarceloMoreira Tostes (TCE-RS), e Luiz Alberto Bahia(TCE-RJ), além de dois Ministros do TCU. Otrabalho apresentado pelo grupo foi incorpora-do ao projeto da denominada "Comissão dosNotáveis",10 com a qual passou a reunir-se. Con-quanto esse projeto não tenha sido formalmen-

10 Designação dada a Comissão Provisória de Estudos Constitucionais, criada pelo Presidente Sarney, sob a Presidência de Afonso Arinos.Resultou em Anteprojeto de Constituição com conteúdos parlamentaristas e progressistas que não agradaram a Sarney e, por isso, não o reme-teu à Constituinte.

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te enviado à ANC, constituiu um esboço cons-titucional, que resultou parcialmente aproveita-do por alguns constituintes.

Cumpre mencionar, para completar o rela-to, que o Congresso dos Tribunais de Contasrealizado em Porto Alegre, em setembro de 1987,igualmente, teve seu temário voltado para a cons-tituinte, que discutia então Projeto de Constitui-ção, designado de "Projeto Cabral 2".11 Os con-ferencistas convidados se ocuparam em analisarseu conteúdo, de matéria semi-elaborada, mani-festando suas opiniões e ouvindo as dos congres-sistas. Dentre os eminentes palestrantes deve serdestacado o nome de Michel Temer, eminenteprofessor, advogado constitucionalista, Procura-dor do Estado de São Paulo, então deputado fe-deral constituinte, que abordou o tema "O pro-jeto da Constituição Federal, perspectivas da novaConstituição". Tratou do tema em suas genera-lidades e atendo-se a partes que entendeu demaior interesse. Manifestou seu entendimentode que o projeto, que necessitava de aperfeiçoa-mentos, fortalecia os Tribunais de Contas quan-to às suas competências e na preservação dasprerrogativas de seus membros.

A conferência do Professor Manoel Gonçal-ves Ferreira Filho, eminente professor e autor dediversas obras sobre Direito Constitucional,sobreo tema "Os Tribunais de Contas e o Projeto deConstituição Federal", versou objetivamente sobrea parte do Projeto de interesse dos Tribunais deContas. Teceu críticas, entre outras, a dispositi-vo que então situava o Tribunal de Contas na con-dição de órgão auxiliar do Poder Legislativo, queentendia agressivo à sua natureza e dignidade.Elogiou a maioria das novas normas, como a queatribuía a competência de efetuar o controle ope-racional e de apreciar e registrar as admissões depessoal e as inativações.

Passados 20 anos da promulgação da Cons-tituição Federal de 88, nota-se em relação aoControle Externo, especificamente no que tangeaos Tribunais de Contas, que o modelo adotadopelo Brasil - o mesmo de muitos países da Euro-pa, como Espanha e Portugal, dentre outros - semantém perfeitamente adequado à estrutura datripartição dos poderes,concebida, na sua ori-

gem, por Montesquieu, e fiel à filosofia de seuinstituidor no Brasil, o mestre Rui Barbosa.

Contudo, as grandes diferenças regionais doPaís demonstraram que os Tribunais de Contasnão têm uma linha de atuação uniforme, con-statando-se, inclusive, interpretações diferentes nasfundamentações de suas decisões.

Foi então, com o advento da Lei de Res-ponsabilidade Fiscal - Lei Complementar no101/2000, que se inaugurou uma nova concep-ção de administração pública, ou seja, a da Ges-tão Pública, marcada pela busca do equilíbriofinanceiro, da restrição de gastos e endivida-mento, e da inclusãoda participação popularprevista no parágrafo único do seu artigo 48.

Com a instituição deste "novo modelo" degestão dos recursos públicos, os Tribunais deContas tiveram suas atividades de fiscalizaçãosobremodo reconhecidas e mais valorizadas.Este fato foi, efetivamente, um marco na Ad-ministração Pública Brasileira e na atuação dosTC's, condizente com a necessidade da unifor-mização no exame das contas públicas.

Alguns países controlam melhor a aplica-ção dos Recursos Públicos e o combate à corrup-ção que outros. Por que? Pelos níveis de educa-ção e cultura? Ou prioridade no processo de con-trole? Por que o Brasil, nessas áreas, ainda temmuito a fazer? Porque temos, por exemplo, umadefasagem de alguns milhares de auditores, aoinvés de apenas 12.800 com que contamos. Veja-se que a Dinamarca e a Holanda são campeõesmundiais no combate à corrupção, mas aconte-ce que nesses dois países existe uma relação de100 auditores para cada 100 mil habitantes; en-quanto isso, o Brasil conta com a proporção de,apenas, 10 auditores para os mesmos 100 mil ha-bitantes. Se nessa mesma proporção, necessita-ríamos alguns milhares de auditores12, número im-possível de auditores, daí termos que buscar outraalternativa de solução.

Nisso se impôs, num primeiro momen-to, o aperfeiçoamento dos TC's pós Consti-tuição de 1988, que deveria se dar, inclusivepara compensar o, proporcionalmente, redu-zido número de auditores.

Assim, foi inaugurado pelo Tribunal de Con-

11 Lembre-se que os projetos da nova Constituição assumiram sucessivos apelidos, alguns pitorescos, como "Frankenstein", "Bebê de Rose-mary", Hércules", ''Cabra1" e "Cabral 2".12 www.kanitz.com.br/veja/corrupcao.asp

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tas da União, em junho de 2003, um Programade Aperfeiçoamento de suas atividades técnicas,e que hoje vem sendo adotado pelos demais TC'sdo País, através do PROMOEX - "Programa deModernização do Sistema de Controle Exter-no", financiado pelo Banco Interamericano de De-senvolvimento/BID e com a participação do Mi-nistério do Planejamento Orçamento e Ges-tão/MPOG, dos TC'S, da ATRICON, do IRB- Instituto Rui Barbosa, e da ABRACOM.

Com esse programa, está sendo desenvol-vido um macro-projeto de uniformização daatuação dos TC's. Assim, foi também consti-tuído um Grupo de Trabalho para a elabora-ção de um anteprojeto de lei processual, quehoje já se encontra em exame no TCU, e pos-teriormente deverá ser encaminhado ao Con-gresso Nacional, cujo objetivo é exatamenteestabelecer uma atuação procedimental iguali-tária dentre todos os Tribunais.

Está, ainda, em desenvolvimento, um Por-tal Virtual para os TC's, através do qual tere-mos a possibilidade de acesso ao entendimen-to das Cortes de Contas sobre as mais diversasquestões do exame das contas públicas, instru-mento que praticamente permitirá a uniformi-zação jurisprudencial. Na seqüência vieram aspráticas das auditorias operacional, antes cita-da, ambiental e social.

Ademais, tramitam no Congresso Nacionalanteprojetos de emendas constitucionais relacio-nadas com os interesses dos Tribunais de Con-tas, dentre eles destacaria os que tratam da cria-ção do Conselho Nacional dos Tribunais de Con-tas, a exemplo dos Conselhos Nacionais do Ju-diciário e do Ministério Público.

Pessoalmente sou a favor da sua aprova-ção e, de qualquer forma, está se oportuni-

zando aos sócios da ATRICON se manifes-tarem, na busca de eventuais colaboraçõespara o aperfeiçoamento dessas emendas, deno 28/07, da autoria do Deputado Vital doRego, e a de no 30/07, de autoria do Sena-dor Renato Casa Grande. Juntamente com oPresidente do TCU, Ministro Walton Rodri-gues acertou-se a indicação do Ministro Ubi-ratan Aguiar, Vice-presidente do TCU, pararepresentar os TC's. junto ao Congresso Na-cional, nesta matéria, inclusive na proposi-ção de um substitutivo a ambos projetos jáapresentados.

Ainda que críticas sejam dirigidas, questio-nando a constitucionalidade da criação de umCNTC, temos a convicção da sua importânciano aperfeiçoamento do controle externo.

Estamos certos que ainda há muito a se fazer,no aprimoramento da atuação dos Tribunais deContas como o grande paradigma, no controleda aplicação dos recursos públicos, no combateà corrupção e à impunidade.

Mas também, temos convicção de que esta-mos caminhando no rumo correto, para plenoaperfeiçoamento, faltando, quem sabe, rediscutir,dentre outras questões, a quebra do sigilo fiscal ebancário, a execução das suas decisões, que têmdificultado o controle do avanço da malversaçãodos recursos públicos, convertendo-o num contro-le mais eficaz.

Mas, ao concluir, cumpre destacar os avan-ços até aqui alcançados, e para os quais a Cons-tituinte de 88 muito contribuiu, ao consolidar noseu texto os Tribunais de Contas como instru-mentos efetivos de Controle Externo das contaspúblicas, e complementando, desta forma, o pró-prio Legislativo na sua responsabilidade política,como representante da sociedade.

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No passado, as conquistas científicas e osavanços tecnológicos se davam em ritmo e pro-fundidade bastante moderados.

Esse ritmo desacelerado não apenas suge-ria, mas chegava até mesmo a impor uma ten-dência e uma conduta igualmente moderada,para não dizer conservadora e estática, emtodos os segmentos da sociedade - cultural,econômico, científico e social.

Com o sistema educacional brasileiro nãoera diferente. A educação formal contava comuma base curricular pouco flexível, dotada deconteúdos programáticos desenvolvidos de formarepetitiva e, muitas vezes, fundamentados em

conhecimentos reproduzidos ano-após-ano e,portanto, pouco atualizados.

Com efeito, há algumas décadas, o cenárioda lentidão cedeu lugar ao da modernidade, ca-racterizada pela produção do saber e renovaçãodos conhecimentos com abrangência e celerida-de, no tempo e no espaço globalizados.

O processo educacional teve de evoluir paraum cenário de mudanças cujas exigências não es-tariam satisfeitas, apenas, com o grau de forma-ção inicial, qual seja aquele que, antecedendo oingresso no mundo do trabalho, prepara para oexercício profissional.

Os títulos de graduação superior tive-

O Processo de Educação Continuada

Revista do Tribunal de Contas do RN | Natal/RN | v. 10, n. 1 | p.39-41 | dez.2008 39

LLaaéérrcciioo SSeegguunnddoo ddee OOlliivveeiirraaLICENCIADO EM LETRAS PELA UFRN E PÓS-GRADUADO EM ADMINISTRAÇÃO E SISTEMAS EDUCACIONAIS PELA FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS DIRETOR-GERAL DA ESCOLA DE CONTAS DO TCE/RN

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40 Revista do Tribunal de Contas do RN | Natal/RN | v. 10, n. 1 | p.39-41 | dez.2008

ram reduzida, em muito, a longevidade dosseus efeitos e resultados como grau de forma-ção acadêmica inicial.

Nesse contexto de mudanças, a sociedade esuas instituições tiveram o desafio de promover,de forma permanente, programas e projetos deformação continuada, com o objetivo de atuali-zar e aperfeiçoar a formação inicial.

E, para a concretização desse processo de for-mação permanente e continuada, foram imple-mentados os estudos de pós-graduação, nas mo-dalidades lato e stricto sensu.

Cabe registrar, a esse respeito, as recomen-dações do educador Ernani Lampert (artigo pu-blicado na Revista Educação Brasileira, Volume19, número 38, 1978, Brasília, CRUB), no sen-tido de que a pós-graduação não deve compreen-der, tão-somente, o somatório de cursos e conhe-cimentos técnico-teóricos, desprovidos de refle-xão crítica e distanciados da prática.

E, na mesma oportunidade, acrescentou:"A sociedade é dinâmica, e a história é cons-

truída pelos homens. Essa dinamicidade provo-ca desequilíbrios, crises e avanços em múltiplosdomínios (econômico, político, tecnológico, so-cial, educacional e cultural)". E conclui: "o cons-tante avanço da revolução tecnológica exigirádo homem a dedicação de uma grande parcelado seu tempo para aprender a dominar inova-ções. Só haverá lugar para quem for capaz deaprender continuamente".

Observa-se por outro lado, nesse cenáriode mudanças, a relevância do papel desempe-nhado pelos recursos humanos em todas as or-ganizações, independentemente de sua nature-za jurídica e de seus fins sociais.

Ocorre, porém, que as mesmas organiza-ções enfrentavam e - porque não dizer - aindaenfrentam, como problema central, o fato deterem que se utilizar de uma força-de-trabalhoformada em ambiente rígido, para operar, aocontrário, no ambiente flexível de uma econo-mia baseada nas tecnologias informacionais,que requerem um outro tipo de qualificação,centrada na subjetividade e alicerçada em novosconhecimentos, atitudes, hábitos e valores.

Resulta, desse entendimento, a conclusãode que é necessário investir na capacitação pro-fissional da força-de-trabalho, bem como se tornaindispensável um permanente controle sobresua atuação funcional, sempre com observância

dos respectivos direitos e deveres consagradosem lei.

Nesse sentido, outra não terá sito, com cer-teza, a motivação com que o constituinte brasi-leiro concebeu a norma segundo a qual "AUnião, os Estados e o Distrito Federal mante-rão escolas de governo para a formação e o aper-feiçoamento dos servidores públicos, consti-tuindo-se a participação nos cursos um dos re-quisitos para a promoção na carreira, facultada,para isso, a celebração de convênios ou contra-tos entre os entes federados" (CF, art. 39, §2º).

O preceito constitucional está materializa-do na criação e funcionamento, no âmbito dosPoderes Públicos, de instituições com caracterís-ticas e finalidades voltadas para a capacitaçãoprofissional, de que são exemplos, entre outras,as Escolas da Magistratura, no Judiciário; as Es-colas do Legislativo, no Legislativo; as Escolasde Governo, no Executivo e no Ministério Pú-blico; as Escolas de Contas, nos Tribunais deContas.

Essas instituições, geralmente agrupadas ouintegradas a entidades associativas, atuam sob aforma de verdadeiros subsistemas de ensino,todas elas direcionando suas ações para o campoda formação profissional, com prioridade paraas modalidades da pós-graduação lato sensu eextensão, dentro da linha metodológica de edu-cação continuada.

Em se tratando da missão institucional decontrolar e fiscalizar a gestão dos recursos pú-blicos - a cargo dos Tribunais de Contas -, a cha-mada função preventiva é exercida a partir de umprocesso orientativo, buscando sempre a aplica-ção da máxima segundo a qual é melhor preve-nir do que corrigir.

No Rio Grande do Norte, essa ação orien-tativa é desempenhada pela Escola criada por seuTribunal de Contas, em 2003 - fruto da louváveliniciativa do seu então Presidente, ConselheiroTarcísio Costa -, objetivando, especificamente,promover estudos relacionados com as técnicas decontrole da administração pública; planejar e exe-cutar ações destinadas ao aperfeiçoamento da for-mação profissional dos seus próprios servidores;e realizar o treinamento de gestores e técnicospertencentes aos órgãos jurisdicionados.

Implantada logo ao início do ano seguinte,a recém-criada Escola deflagrou um programa deatividades técnico-pedagógicas, visando ao cum-

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Revista do Tribunal de Contas do RN | Natal/RN | v. 10, n. 1 | p.39-41 | dez.2008 41

primento de sua função institucional.Sob motivação da norma constitucional,

acordos e convênios foram celebrados com ou-tros entes federados, o que resultou na otimiza-ção dos esforços e recursos empregados peloTCE/RN, permitindo ampliar os resultados emetas do programa de capacitação profissionalconcebido para cada exercício.

Durante o biênio 2007/2008, a adminis-tração do TCE/RN, sob o comando e deci-

sivo apoio do Conselheiro Paulo RobertoChaves Alves, dispensou atenção especial àcapacitação profissional, o que resultou naviabilização de intenso e diversificado pro-grama de educação continuada, concentradona área de conhecimento aplicável ao con-trole externo da gestão pública e cujas metasse acham quantificadas no quadro demons-trativo que, a seguir, ilustra e encerra a pre-sente abordagem do tema em referência.

EVENTOS DDE CCAPACITAÇÃO PPROFISSIONAL RREALIZADOS EEM 22007

MODALIDADE

Encontro

Encontro

Encontro

Seminário

Seminário

Curso

Curso

Curso

Curso

Curso

Treinamento

Curso

Encontro

CIIDDAADDEE(SSEEDDEE)

C. Novos

Mossoró

Natal

Natal

Natal

Natal

Natal

Natal

Mossoró

Natal

Natal

Natal

Natal

CONTEÚDO TEMÁTICO

Sistema Integrado de Administração

Informatizada - SIAI/2007.

O FUNDEB.

O Controle Interno: função,estrutura e funcionamento.

Licitação Pública, ContratoAdministrativo e Fiscalização

de Obras Públicas.

Licitação Pública e ContratoAdministrativo: aspectos jurí-

dicos e procedimentais.

Instrução Processual e Procedimentos de Protocolo.

Legalidade dos Atos de Pessoal na Administração

Pública.

A Prática do Orçamento Participativo na Administração

Pública Municipal.

CARGAHORÁRIA

12

12

12

6

4

20

20

20

22

18

20

13

8

PARTICIPANTES

96

129

215

130

290

35

25

20

58

16

201

70

39

ÓRRGGÃÃOOSSTCE/RN

X

X

X

X

X

Jurisdicionados

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

PERÍODO/DATA

15 e 16 de março

19 e 20 de março

22 e 23 de março

21 de maio

15 de junho

9 a 13 de julho

13 a 17 de agosto

8 a 10 de outubro

23 a 25 de outubro

27 a 31 de agosto

abril/setembro

15 a 19 de outubro

10 a 13 de setembro

EVENTOS DDE CCAPACITAÇÃO PPROFISSIONAL RREALIZADOS EEM 22008

Encontro

Ciclo dePalestras

Encontro

Encontro

Curso

Seminário

Natal

Natal

C. Novos

Mossoró

Natal

Natal

Sistema Integrado de Administração

Informatizada - SIAI/2008.

A importância do Estágio Curricular.

O Controle Interno e a Admi-nistração Municipal.

Desenvolvimento Gerencial.

O Controle dos RecursosHumanos na Administração

Pública.

17

6

20

20

220

14

459

96

51

79

40

156

X

X

X

X

X

X

X

3, 4 e 7 de março

6 e 7 de maio

13 a 15 de maio

5 a 7 de agosto

abril a novembro

17 e 18 de setembro

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Num julgamento que tomou boa parte dasessão extraordinária da noite do dia 22 de se-tembro, os ministros do Tribunal Superior Elei-toral (TSE) decidiram, por quatro votos a três,que cabe somente às Câmaras Municipais o jul-gamento das contas prestadas pelos prefeitos,tendo como órgão auxiliar o Tribunal de Con-tas do próprio município ou do estado.

O presidente do TSE, Carlos Ayres Britto,votou acertadamente no sentido de que o siste-ma de prestação de contas seria misto - subme-tendo-se a prestação anual de contas ao julga-mento político dos vereadores e, ao Tribunal deContas, nos casos em que o prefeito atuasse comoordenador de despesas. Mas seu posicionamen-to foi vencido, tendo sido acompanhado pelos mi-nistros Joaquim Barbosa e Felix Fischer.

Foi mantida a atual jurisprudência do TSEsegundo a qual a fiscalização do município éexercida pelo Poder Legislativo municipal, me-diante controle externo, com auxílio do Tribu-nal de Contas, cujo parecer só poderá ser rejei-tado por maioria qualificada de dois terços dosvereadores. A norma está expressa no artigo 31da Constituição Federal.

Mas, para a corrente vencida, deveria seraplicado à esfera municipal o disposto no arti-go 71 da mesma Constituição, segundo o qualcompete ao Tribunal de Contas julgar contas dosadministradores de dinheiro, bens e valores pú-blicos e ainda as contas daqueles que deremcausa à perda, extravio ou outra irregularidadede que resulte prejuízo ao erário público.

A decisão foi tomada no caso específico do

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A COMPETÊNCIA NO JULGAMENTO DAS CONTAS

VVaalléérriioo AAllffrreeddoo MMeessqquuiittaaBACHAREL EM DIREITO PELA UFRNCONSELHEIRO DO TCE E MEMBRO DA ACADEMIA NORTE-RIO-GRANDENSE DE LETRAS

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44 Revista do Tribunal de Contas do RN | Natal/RN | v. 10, n. 1 | p.43-4 | dez.2008

candidato de Catingueiras (PB). O TRE da Pa-raíba declarou a inelegibilidade de José EdvanFélix com base em acórdãos do Tribunal deContas do estado, que imputaram débitos emultas ao candidato impugnado por atos degestão ilegítimos e anti-econômicos, que carac-terizariam irregularidade insanável para efeitode deferimento de registro, segundo a Corteregional. Essa decisão contraria a expectativa dasociedade brasileira que deseja sanear e higie-nizar a vida política e a conduta dos adminis-tradores públicos.

No recurso ao TSE, o candidato alegou quea competência exclusiva para o julgamento dascontas é da câmara municipal.

Estranho, muito estranho, o entendimentodos quatro ministros contra o pensamento jurí-dico dos três que tiveram os votos vencidos. Queestrutura técnica possuem as câmaras munici-pais para julgarem as contas dos prefeitos e dospróprios presidentes das edilidades, todos orde-nadores de despesas? A decisão da maioria doTSE usurpa as atribuições dos tribunais de con-tas do país, que detêm corpo técnico qualifica-do, com pessoal altamente treinado e detentor decursos de especialização profissional e contábil

nos estados brasileiros.Atribuir às câmaras municipais tal com-

petência é colocar a decisão política acima dojulgamento qualitativo, instrutivo e jurídico acargo do parecer do Ministério Público Espe-cial juntos aos tribunais de contas. As edilida-des municipais têm seus encargos e desempe-nhos definidos nos regimentos internos. Estãocapacitadas a elaborarem as leis no âmbito desua alçada como caixas de ressonância das as-pirações populares.

Entregar-lhes o poder irretratável de julgar ascontas públicas, é por demais temerário. Sabe-se- e não constitui segredo - do relacionamento es-púrio e manipulador da imensa maioria dos pre-feitos com os vereadores, submissos e partidários.

A prevalecer esse desserviço à moralidadepública, fica adiada a punição do candidato fichasuja que sempre quer retornar ao poder, apósos tribunais de contas condená-los por aplica-rem mal o dinheiro do povo. As câmaras mu-nicipais cumpririam esse papel?

Confiamos que no Supremo Tribunal Fe-deral, o ministério público e os ministros Car-los Ayres Britto e Joaquim Barbosa revertamo quadro lamentável.

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O PROMOEX - Programa de Moderniza-ção do Controle Externo consiste no fortaleci-mento institucional e na Modernização do Siste-ma de Controle Externo dos Estados e Municí-pios, como instrumento de cidadania e de efeti-va, transparente e regular gestão de recursospúblicos, pelo incremento da eficácia, eficiência eefetividade das ações de controle e dos mecanis-mos de articulação social.

O Programa foi dividido em duas fases detrês anos, de projetos múltiplos, que serão exe-cutados de forma descentralizada pelos respec-tivos Tribunais de Contas, sujeitos a uma coor-denação e supervisão centralizadas, de nívelnacional, por meio da Unidade de Coordena-ção de Programas (UCP/MP), da SecretariaExecutiva do Ministério do Planejamento,Orçamento e Gestão. As parcerias com aATRICON (Associação dos Tribunais de Con-

tas do Brasil) e o IRB (Instituto Ruy Barbosa)são significativas na elaboração, coordenação eexecução das atividades do programa.

A discussão surgiu no bojo da implantaçãoda Lei de Responsabilidade Fiscal, exigindomecanismos de controle mais eficientes.

No primeiro momento, sentiu-se a necessi-dade de uma pesquisa que estabelecesse o perfildos TC's no Brasil, realizada em 2001/2002. AFIA / USP foi contratada para executá-la, e osdados serviram de base para a elaboração dodiagnóstico que agrupou informações e adotoua metodologia de construção da Árvore dosProblemas identificados e do Marco Lógicoque consolida soluções estáveis e duradouras.

Ao exame dos diferentes contextos pesqui-sados, construiu-se uma rede dos macro proble-mas e suas conseqüências. Observou-se a poucaênfase no cidadão, com pouca transparência e

O PROMOEX COMO UM PROCESSO DE MUDANÇA CRIATIVA

Revista do Tribunal de Contas do RN | Natal/RN | v. 10, n. 1 | p.45-6 | dez.2008 45

IIoonnee MMaacceeddoo ddee MMeeddeeiirrooss SSaalléémmMESTRE EM ADMINISTRAÇÃO PELA UFRNCOORDENADORA GERAL DO PROMOEX DO TCE/RN

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46 Revista do Tribunal de Contas do RN | Natal/RN | v. 10, n. 1 | p.45-6 | dez.2008

participação e baixo controle social; a deficiên-cia nos sistemas de planejamento, com insufi-ciência de métodos e instrumentos de gestão ebaixa capacidade de atender às demandas; e apouca valorização do servidor público, compoucas oportunidades de participação e capaci-tação, e baixo comprometimento e motivação.

Os fundamentos da elaboração de projetosrequer integração, e construção do diagnósticoinstitucional, e do planejamento e foco estraté-gicos, que gerem processos participativos.

O planejamento estratégico trabalha comimagens do futuro e direção de idéias guias parao desenvolvimento institucional, com visãocompartilhada e resultados prioritários.

Os sistemas internos e externos dos TC'sdevem ser considerados, com metas claramentedefinidas, e ênfase no cidadão. Este é o focoestratégico do PROMOEX.

Padronização que garanta consistência eagilidade na análise, e flexibilidade para ade-quar-se à diversidade da demanda, do porte e dacompetência das entidades beneficiárias.

O quadro de doenças corporativas que seinstala exige ações corretivas e saudáveis que ele-vem a auto-estima dos parceiros internos e exter-nos das instituições. Deve-se buscar os senti-mentos que pulsam na dinâmica, identificandoperspectivas e oportunidades de mudança. Osritmos de mudança variam de pessoa para pes-soa, e é fundamental ter em mente as diferençasentre pessoas e grupos.

Há que se descobrir o que existe de melhornas pessoas e na organização. Está certo que háalgo latente que se constitui na oportunidadede mudança, envolve a força comum, as vivên-cias positivas no tema focado.

O TCE/RN deve projetar sua visão de futu-ro, onde o seu coletivo sabe que pode chegar noprazo de 10 a 20 anos. Quanto mais longe a proje-ção, melhor, pois isso possibilita ao grupo distan-ciar-se e se desatrelar das dificuldades que estãoimportunando o profissional ou a organização.

Planejar os passos necessários para que avisão seja atingida é a etapa que proporcionamomentos de criatividade, garantindo nesse pro-cesso o planejamento de elementos para que ocoletivo utilize o máximo de seu potencial deinovação e criatividade.

Implementar o desenho, o planejamento quefoi composto, afinado, detalhado, revendo todo oprocesso, retornando, se necessário, refazendo o

ciclo. É um processo em espiral que vai aumen-tando o seu raio, envolvendo cada vez mais a orga-nização, como um ser vivo e dinâmico.

O Programa possui dois componentes queviabilizam a sua execução: o componenteNacional, que tem como objetivo ampliar aintegração entre os Tribunais de Contas e des-tes com o Governo Federal, promovendo a cria-ção de uma Rede Nacional da Lei de Responsa-bilidade Fiscal e desenvolvendo a política e agestão de soluções compartilhadas de Tecnolo-gia de Informação (TI); e o componente Localque se refere à modernização dos Estados eMunicípios que tem o objetivo do fortaleci-mento institucional dos Tribunais de Contasatravés: da ampliação da sua integração com oambiente externo; da institucionalização doplanejamento estratégico; do aperfeiçoamentodos seus processos; da modernização da tecno-logia da informação; e, da melhoria da gestãode seus recursos humanos.

Os sub-componentes locais compreendem:desenvolvimento de vínculos inter-institu-cionais com outros Poderes e Instituições dostrês níveis de governo e com a sociedade; inte-gração dos Tribunais de Contas no ciclo de ges-tão governamental; redesenho dos métodos,técnicas e procedimentos de Controle Externo;planejamento estratégico e aprimoramentogerencial; política e gestão de Tecnologia daInformação (TI); adequação da política e gestãode pessoal.

No âmbito local, o PROMOEX doTCE/RN envolve recursos da ordem de R$3.875.675,00 (três milhões novecentos e cin-qüenta e três mil reais), sendo 2.852.590,00(dois milhões, cento e trinta e quatro mil reais),destinados ao exercício de 2007/2008, com ati-vidades e metas definidas nas áreas anterior-mente citadas.

Com base na rede de projetos, desen-volveu-se um Modelo de Desenvolvimento Ins-titucional capaz de gerir um programa de múl-tiplos projetos através do fortalecimento insti-tucional que garanta participação, propriedadee auto-gestão.

A Transparência e Cidadania representa afilosofia de todo o Programa, com estímulo àparticipação popular na elaboração e execuçãodos orçamentos, e criação de canais de comu-nicação com a sociedade que estimulem oexercício pleno da cidadania.

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O TCE na mídia impressa"Comunicar: capacidade de levar uma

informação de um lugar para outro". Portrás da aparente simplicidade conceitualencontrada na literatura, esconde-se um cam-po complexo, sobretudo quando se enfoca acomunicação de massa, ou seja, informaçõestransmitidas e replicadas para a sociedade,com objetivo de contribuir na formação deuma opinião pública qualificada. Esta(in)formação deve ser suscitada, num regimedemocrático de direito, a partir das própriasorganizações públicas. Como afirma Des-mond Fishcer em O Direito de Comunicar,"Quanto mais pessoas tiverem informações equanto mais informações as pessoas tiverem,melhor será a sociedade e mais forte será suabase democrática".

É a partir deste paradigma que apresen-tamos os dados resumidos da análise de mídia

realizada no TCE-RN, no período de janeiroa dezembro de 2007, com foco na mídiaimpressa potiguar. O objetivo deste relatórioé possibilitar uma reflexão sobre os impactose resultados apresentados pelo Tribunal deContas do Estado, a partir do material jorna-lístico que é disponibilizado para a opiniãopública, com base na seguinte lógica: o que édivulgado e replicado pelos meios de comu-nicação de massa representa, a priori, oconhecimento que a sociedade tem sobre ainstituição, e essa informação deve ser presta-da com transparência, agilidade, eficiência eeficácia, fortalecendo a credibilidade e dandolegitimidade á organização.

A análise de mídia com foco no Tribu-nal de Contas foi dividida nos aspectosquantitativos e qualitativos. Sua realizaçãofoi possível a partir da coleta de dados

Revista do Tribunal de Contas do RN | Natal/RN | v. 10, n. 1 | p.45-50 | dez.2008 47

EEuuggêênniioo PPaarrcceellllee ddaa SSiillvvaaBACHAREL EM COMUNICAÇÃO SOCIAL E FILOSOFIA PELA UFRNCOORDENADORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DO TCE

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(recorte dos textos publicados nos jornais),o trabalho realizado em treze anos de atua-ção na Coordenadoria de ComunicaçãoSocial do TCE-RN e a troca de experiênciacom setores similares de outros TC´s, sobre-tudo com a implementação do Promoex -Programa de Modernização do Sistema deControle Externo dos Estados, DistritoFederal e Municípios Brasileiros, que esti-mula a realização de pesquisas sobre a ima-gem do TCE na sociedade.

A metodologia constou da definição de umguia de acompanhamento estatístico dos textospublicados nos oito principais jornais impressosdo Estado: O Jornal de Hoje (JH), Diário deNatal (DN), Tribuna do Norte (TN), O Mosso-roense (OM), Gazeta do Oeste (GO), Jornal deFato (JF), Correio da Tarde (CT) e Jornal deNatal (JN). Somando a tiragem desses jornais,uma média diária de 35 mil exemplares, levandoem consideração que cada jornal é manipuladopor uma média de quatro pessoas, as publica-ções atingem em torno de 140 mil pessoas noEstado por dia, número que duplica nos finaisde semana. Para efeito desta análise não foramconsiderados textos publicados em jornais demenor circulação, matérias em redes de tv, revis-tas, rádios e canais na internet, em decorrênciada dificuldade de monitoramento dessas mídias.

RESULTADOSAo longo de 2007, os principais jornais do

Rio Grande do Norte publicaram 808 textos

com referências ao Tribunal de Contas do Esta-do. As matérias ou notas, em sua maioria,foram originadas a partir de 96 releases encami-nhados pela Coordenação de Comunicação.Os jornais que mais publicaram textos citandoo TCE foram o JH (193), o DN (145) e o GO(142). Março e outubro foram os meses commaior volume de textos publicados, 106 e 103,respectivamente.

As editorias que mais publicaram informa-ções sobre o TCE foram Política (375), seguidapor Cidade (188) e Opinião (181). Um total de794 textos foi considerado factual, ou seja,seguiu os trâmites legais do Tribunal de Contasaté a votação em plenário, contra 14 denúncias.Do total de textos, 275 tiveram o formato dereportagem e 529 foram notas. Foram registra-dos ainda três artigos e uma entrevista.

Com relação às fontes, a 1ª Câmara deContas (162) e o Pleno (99), são predominan-tes, com a disponibilização de informaçõeslegitimadas pelos conselheiros. O Presidentedo TCE aparece como fonte em 115 textos,seguido pela Escola de Contas com 64 e oMinistério Público Especial junto ao TCEcom 29 citações. Os demais setores somatiza-ram 47 citações.

A grande maioria dos textos coletados(743) não cita legislação. Como as decisões sãotomadas com base jurídica, a indicação de Leisou similares qualificam a informação, práticaque deve começar a ser adotada com mais fre-qüência pelos jornalistas que fazem a cobertura

NNúúmmeerroo ddee mmaattéérriiaass ee nnoottaass vveeiiccuullaaddaass ppoorr mmêêss nnooss pprriinncciippaaiiss jjoorrnnaaiiss ddoo RRNN//22000077Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total

JH 15 9 11 14 15 13 9 25 22 24 26 10 193

DN 13 12 20 11 15 7 9 9 6 15 14 4 145

GO 10 18 15 10 15 6 7 13 10 14 19 5 142

TN 9 10 10 4 4 8 4 10 7 11 15 5 97

OM 5 3 25 8 8 6 4 8 12 10 7 1 97

JF 1 4 9 2 4 2 - 4 9 13 6 2 53

CT 2 4 4 3 2 2 2 13 6 10 3 1 52

JN 2 1 2 1 - - - 3 6 6 7 1 29

57 61 106 53 63 44 35 85 78 103 94 29 808

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da área. Os 65 textos que utilizaram referênciasdo Direito citaram a Constituição Federal, aLei de Responsabilidade Fiscal, a Lei do Fun-def, a Lei Orgânica do TCE e outras Leis Com-plementares, menos relatadas. Sobre a defini-ção de prazos para apresentação dos resultados,777 não estabeleceram um tempo, contra 31que definiram uma data para a demonstraçãode provas do processo em julgamento. A pro-posição de prazos termina sendo uma ferra-menta de controle que pode ser monitorada.

Sobre os temas mais abordados, obser-va-se que há um ciclo, com informaçõesrelevantes de forma permanente, como é ocaso da análise das contas dos municípios ecâmaras municipais e dos programas e pro-jetos do Governo do Estado, além das açõesimplementadas pela Escola de Contas; e asinformações localizadas, como as visitas decortesia, no início da gestão; a posse de umnovo conselheiro ou de membro doMPJTCE; entrega de comendas; realizaçãode parcerias (ILB/TCU). Em 2007, desta-cou-se o número de matérias abordando ascontas do Governo do Estado e os votospela intervenção em vários municípios.Vale ressaltar que, apesar do elevado núme-ro de matérias, os textos sobre as contasgovernamentais careceram de uma maiorprofundidade na avaliação dos dados apre-sentados. Os jornais deram ênfase, simples-mente, a aprovação, com ressalvas, da ges-tão governamental.

Averiguando se os textos publicados eram

oriundos de releases encaminhados pela Coor-denadoria de Comunicação do TCE-RN, oresultado surpreendeu: 632 textos foram origi-nados do próprio TCE, dos quais 176 forampublicados na íntegra e 402 apresentarampequenas modificações que não comprome-tiam o conteúdo. Dos textos que não tiveramorigem no TCE, apenas 7 foram de questiona-mentos sobre a atuação do órgão, númeroinsignificante em vista do total de matérias pro-positivas, no entanto replicam conteúdos quedevem ser considerados, por comprometerem aimagem da instituição. Da mesma forma, háuma grande pressão por uma maior transparên-cia na divulgação dos resultados das análisesprocessuais, sobretudo dos casos mais polêmi-cos, envolvendo grandes somas de recursos.

A título de curiosidade, é importante res-saltar que a divulgação do material encaminha-do pelo TCE enquadra-se como de relevânciapública, no âmbito do controle social. No casodo Tribunal de Contas, todo material divulga-do é caracterizado como mídia espontânea, ouseja, não é gasto um só centavo com este tipode publicização. Caso fosse um órgão privado,necessário pelo pagamento da divulgação porcentímetro por coluna - cm/col, fazendo-seuma média da centímetragem das matérias enotas enfocando o TCE, chegamos ao total de29.578 cm/col. A média de custo encontradanos jornais é de R$ 14,00 o cm/col. Multipli-cando-se o quantitativo de cm/col pelo preçocobrado nos jornais, chegamos ao valor de R$414.092,00 (Quatrocentos e catorze mil e

Editorias qque mmais ppublicaram ttextos rrelativos aao TTCE-RRN

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noventa e dois reais) que representa de econo-mia de custos.

CONCLUSÃOA comunicação revela-se como estratégico

para as organizações comprometidas com odesenvolvimento social. É mostrando o que faze os resultados alcançados que as instituições selegitimam e se fortalecem perante a sociedade.Os dados apresentados neste relatório demons-tram a abertura dos meios de comunicação paracom informações significativas apresentadaspelo TCE que, a priori, são de interesse públi-co. No entanto, a mídia de uma forma geralpublica os releases sem maiores repercussões - áexceção do jornal "O Mossoroense" que, emvários textos, questiona prefeitos e presidentesde câmaras a respeito de decisões do TCE, obri-gando estes gestores a darem explicações sobredesmandos administrativos. A replicação dereleases demonstra a falta de conhecimento e de

interesse dos jornalistas na cobertura perma-nente do TCE.

Diante do cenário vivenciado pelosTCE´s, torna-se necessário o fortalecimentodos seus núcleos de comunicação, transfor-mando as assessorias de imprensa, produto-ras e repassadoras de releases, em Núcleosque trabalhem a comunicação como um pro-cesso estratégico, inclusive investindo emtecnologia. É necessário que o TCE desen-volva o seu plano de comunicação, definin-do as ações de comunicação interna e exter-na a serem implementadas, assim como aatuação no âmbito das relações interinstitu-cionais, buscando atender as demandas damodernidade. Muitos Tribunais de Contasjá avançaram na definição de projetos e pro-dutos envolvendo vídeos, rádios e mídiasalternativas, além de ações que buscam umatroca mais efetiva com segmentos específi-cos da sociedade.

As mmatérias ee nnotas fforam ooriginados da CCoordenadoria dde CComunicação?

78 %% das matérias e notas veiculadas pelaimprensa foram originadas da Coordenado-ria de Comunicação do TCE

22% das matérias e notas foram de interesse espontâneoda mídia impressa potiguar

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A R T I G O S T É C N I C O S

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1. NNOTAS IINTRODUTÓRIASO concurso público é a porta de entrada para

aqueles que almejam ocupar um cargo ou empre-go público nos quadros da Administração, diretaou indireta, nas esferas Federal, Estadual ou Muni-cipal. Sem ele, o máximo que se pode obter é umacontratação temporária para suprir necessidadesexcepcionas de interesse público1 , ou mesmo umcargo em comissão, de livre nomeação e exonera-ção; no entanto, tais possibilidades não oportuni-zam a tão almejada estabilidade e demais regalias

usufruídas pelos servidores públicos concursados2. Como princípio capital da acessibilidade aos

cargos públicos desponta a isonomia. A idéia épropiciar a todos uma igualdade de oportunidadeno acesso ao serviço público. Desta forma, tantoos brasileiros natos, quanto os naturalizados, oumesmo os estrangeiros, competirão em condiçõesde igualdade pelo acesso aos quadros da Adminis-tração Pública brasileira. Na realidade, a própriaCarta Federal veda que haja diferenciação entrebrasileiros natos e naturalizados3, salvo aquelas

1 Art. 37, IX da Constituição Federal.2 Ainda existem as regras do quinto constitucional, destinado ao ingresso de membros da OAB nos Tribunais; o acesso aos cargos de Ministros e Conselhei-ros dos Tribunais de Contas; bem como a acessão aos Tribunais Superiores. Todos estes casos prescindem de concurso público, no entanto, propiciam aosseus titulares a vitaliciedade e estabilidade inerentes à função desempenhada.3 Art. 12, § 2º.

JJuulliiaannnnee HHoollddeerr ddaa CCââmmaarraa SSiillvvaaUNIVERSITÁRIA DO CURSO DE DIREITO DA UFRN.

VVllaaddiimmiirr RRoocchhaa FFrraannççaaMESTRE EM DIREITO PÚBLICO PELA UFPE - DOUTOR EM DIREITO ADMINISTRATIVOPELA PUC/SP - PROFESSOR ADJUNTO DO DEPARTAMENTO DE DIREITO PÚBLICODA UFRN.

Legalidade, controle externo e soberania popular: a importância do Tribunal de Contas na admissão de pessoal

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exceções expressas na própria Constituição4.Quanto aos estrangeiros, antes da Emen-

da Constitucional nº. 19 de 1998, era vedadasua acessibilidade aos cargos e empregos públi-cos, no entanto, plasmada pelo princípio daisonomia, a referida Emenda possibilitou que,tanto os brasileiros quanto os estrangeiros,tivessem acesso aos quadros da AdministraçãoPública, desde que preenchidos os requisitoslegais e, obviamente, as necessidades exigidaspara cada cargo a ser ocupado.

No que tange aos deficientes físicos, aConstituição da República, também norteadapela premissa da igualdade de oportunidades,determina que sejam reservados, nos concursospúblicos, cargos e empregos destinados aos por-tadores de deficiências. Mais especificamente, aLei 8.112/905 designa um percentual de até 20%das vagas para os candidatos portadores de defi-ciência. A Constituição ainda proibe qualquerdiscriminação, no que tange ao salário e crité-rios de admissão, contra funcionário portadorde deficiência.

O controle sobre os atos da Administra-ção Pública está previsto no Decreto Lei nº.200 de 1967, como princípio fundamental quedeve orientar toda a atividade administrativa,dividindo-se em controle interno e externo. Ocontrole interno é organizado na própria inti-midade do órgão e possui a função de apoiar ocontrole externo no desempenho de suas atri-buições institucionais. Insere-se ainda, no con-trole interno, a supervisão ministerial, ou seja,a fiscalização procedida pelo Ministro de Esta-do, ou Secretário de Estado no âmbito Esta-dual, sobre as entidades da Administraçãoindireta vinculadas ao mesmo na estruturaadministrativa.

Já o controle externo é desempenhadopelo Congresso Nacional com o auxílio do Tri-bunal de Contas da União6 (TCU), e destina-seà uma fiscalização contábil, financeira, orça-

mentária, patrimonial e operacional. Noentanto, apesar de ser o Legislativo o real titu-lar do controle exógeno, existem certas com-petências exclusivas da Corte de Contas, den-tre as quais está a fiscalização dos atos deadmissão de pessoal, ou melhor, a fiscalizaçãosobre os concursos públicos.

2. OO CCONTROLE DDO TTRIBUNAL DE CCONTAS SSOBRE OOS CONCURSOS PPÚBLICOS

Para que se possa demonstrar a importân-cia do papel desempenhado pelo Tribunal deContas (TC) no bojo do controle externo, sefaz necessário ir mais além, transpondo as bar-reiras de umas simples exegese constitucional, ebuscar o fundamento de validade que justificatal controle, a sua razão de existir em nossaordem jurídica.

Compomos um Estado Democrático deDireito e, como tal, possuímos uma estruturaadministrativa completamente amarrada esubordinada à Lei, sempre norteada pelo deverde promover o interesse da coletividade. Dessaforma, extraímos os princípios da legalidade eo da supremacia do interesse público como osalicerces da estrutura administrativa brasileira.

Todo ato emanado da Administração nomanejo da res pública, deve ser praticado visan-do única e exclusivamente os interesses dacoletividade, nunca podendo almejar umafinalidade outra que não a satisfação dos mes-mos. Isto porque o fundamento que justifica aexistência da Administração Pública é a von-tade da coletividade de que ela exista.

O princípio da legalidade corresponde auma proteção dos membros da coletividadecontra o próprio Estado, é o "criador se prote-gendo contra a criatura". Se por um lado osindivíduos da coletividade aderiram ao pactosocial7 visando o bem comum, ao mesmo tem-po buscaram se proteger contra o representante

4 O parágrafo 3° do art. 12 elenca como cargos privativos de brasileiros natos: O de Presidente e Vice-Presidente da República, Presidente da Câma-ra dos Deputados e do Senado Federal, Ministros do STF, de carreira diplomática, oficial das forças armadas e de Ministro de Estado de Defesa. Noteque tais cargos apresentam ligação direta com a linha sucessória da presidência da república e com a defesa e representação do País, sendo, portanto, os cargos de maior relevância e responsabilidade para o Estado, merecendo o cuidado de serem ocupados por brasileiros genuínos.5 Art. 5, § 2º da referida Lei. Sobre o acesso de portadores de deficiência aos quadros da Administração Pública, vide Lei 7.853/89 e Decreto 914/93.6 Na esfera Estadual, o controle externo é desempenhado pela Assembléia Legislativa com o auxílio do Tribunal de Contas do respectivo Estado. Valeressaltar, ainda, que as mesmas atribuições conferidas ao TCU ficam, no âmbito Estadual, outorgadas ao TC do Estado. É o que determina o art. 75da Carta Constitucional.7 ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do contrato social. São Paulo: Martin claret, 2002. Tradução de Pietro Nassetti. Pág. 44.

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9 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. Atualizado por Eurico de Andrade Azevedo e outros. 33 ed. São Paulo: Malheiros, 2007. Pág. 702.10 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 24° Ed. São Paulo: Malheiros, 2005. Pág. 752.11 Art. 86, § 2º da Lei Orgânica do TC do Estado do Rio Grande do Norte. Lei Complementar 121 de 1 de fevereiro de 1994.

desta coletividade (a Administração), limitandosua atividade a fim de impedir eventuais abusose autoritarismos que fujam à finalidade pública.

Dessa maneira, o princípio da legalidadeestrita surge no Estado Democrático paraaquilatar a supremacia do interesse públicosobre o privado, pois age de maneira a vincu-lar a atividade da Administração, subordinan-do o administrador à Lei, que deverá apenascumpri-la e executa-la, sempre privilegiando ointeresse coletivo.

Além de uma garantia à liberdade doshomens, o princípio da legalidade correspondea mais nobre demonstração de cidadania esoberania popular, uma vez que, "todo o poderemana do povo, que o exerce por meio de seus representan-tes eleitos8 ". É o próprio povo que, por meio dosufrágio, elege os Parlamentares que irão con-duzir a atividade normativa do País. Serão asLeis, emanadas desse Corpo Legislativo, frutoda soberania popular, que limitarão a atividadeadministrativa, sempre visando satisfazer ointeresse dessa coletividade.

De nada adiantaria a previsão constitu-cional do princípio da legalidade, como umcorolário a guiar toda a atividade administra-tiva, se não existisse um controle para garan-tir sua eficácia. E não estamos falando emcontrole interno, bem mais frágil e susceptí-vel de sofrer influências perniciosas, por exis-tir no seio da entidade controlada. Para asse-gurar um controle eficiente da legalidade,bem como das finanças, contabilidade e orça-mentos públicos, nada mais adequado que sefaça por meios exógenos ao órgão controlado,assegurando a lisura e a impessoalidade da fis-calização perpetrada.

A despeito de o controle realizado peloLegislativo ser de natureza política, ou seja,correspondendo a uma análise da conveniênciae oportunidade9, o controle externo praticadopela Corte de Contas tem natureza técnico-administrativa10, estando o TC, também, vincu-lado à legalidade estrita. Por tanto, apenas a Leie a Constituição, somente elas, guiam a fiscali-

zação exercida pela Corte de Contas.Aí está a grande importância do con-

trole externo realizado pelo Tribunal deContas sobre os concursos públicos, umavez que a própria Carta Constitucionaldeterminou como sua competência a avalia-ção da legalidade dos atos de admissão depessoal. Enquanto o Tribunal não decideacerca da legalidade do ato (a admissão depessoal via concurso público), o servidoradmitido no certame apenas presta seusserviços à administração de forma precária,em execução provisória11.

O mister desempenhado pela Egrégia Cor-te se torna indispensável para o bom funciona-mento da máquina administrativa dentro doscontornos de um Estado Democrático deDireito, como ousamos absorver, assegurando alegalidade e alvejando sempre a satisfação dointeresse da coletividade. De tal modo, está oTribunal, em última análise, resguardando asoberania popular, consubstanciada nas Leiseditadas pelos Parlamentares, representantesque são (ou deveriam ser) da vontade do povo.

2.1 OO CCONTROLE SSOBRE OOS ADMITIDOS NNO CCONCURSO PPÚBLICO

Como determina a Constituição Federal, écompetência do Tribunal de Contas apreciar,para fins de registro, a legalidade dos atos deadmissão de pessoal, a qualquer título, naAdministração direta e indireta, incluindoempresas públicas e sociedades de economiamista. O controle da Corte de Contas incidirátanto sobre a legalidade do concurso realizadoquanto acerca da compatibilidade do aprovadocom os requisitos exigidos para a investidura nocargo ou emprego. Importante frisar que estaráfora da fiscalização do TC a admissão de pes-soal voltada a ocupar cargos em comissão, delivre nomeação e exoneração.

O edital, que anuncia o concurso e estipu-la todas as exigências para o acesso ao cargo ouemprego público, vincula a Administração aoconteúdo do ato, como se uma Lei fosse. Por

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outro lado, o candidato que se inscreve no cer-tame está automaticamente anuindo a todas ascláusulas do edital, não podendo mais tarde ale-gar desconhecimento das exigências para oacesso ao respectivo emprego, ou mesmo exigirque seja investido em um cargo ao qual nãocorrespondem suas aptidões.

Basicamente a fiscalização por parte daCorte de Contas tem início na oportunidade danomeação dos aprovados no certame, recaindo,inicialmente, sobre a aptidão daqueles paraingressarem na Administração Pública.Nomeado, o novo servidor deverá demonstrarsua idoneidade para ocupar o cargo ou empre-go, o que fará apresentando uma série de docu-mentos que comprovem sua capacidade civil, aquitação com a justiça eleitoral e militar, a lici-tude da acumulação de cargos (se houver), ouseu desligamento do vínculo anterior quandoinadmissível o acúmulo de cargos, bem comooutros requisitos indispensáveis ao ingresso nosquadros da Administração Pública.

É a Lei 8.112/9012 que elenca os requisitosindispensáveis para a investidura no cargopúblico, tais exigências demonstram a aptidãodo novo servidor para ocupá-lo e devem sercomprovados na oportunidade da posse. A fal-ta de algum desses requisitos implica a inabili-tação para prover o cargo público, devendo talfalha ser sanada, do contrário, deverá a Admi-nistração exonerar o servidor inidôneo paracompor seu quadro de pessoal.

Ao menos no Estado do RN, a maioria dosprocessos que chegam ao Tribunal de Contas seapresentam incompletos, desta forma, o tempo detramitação dos autos acaba duplicando, perdidosem meio a tantos prazos, idas e vindas do Tribunalao órgão de origem, tudo isso apenas por que osórgãos da Administração Estadual se negam a'aprender' quais os documentos que devem ser soli-citados aos novos servidores, para que estes com-provem sua aptidão perante a Corte de Contas.

2.2 CCONTROLE FFINANCEIRO EEORÇAMENTÁRIO SSOBRE OOSCONCURSOS PPÚBLICOS

Além do controle perpetrado sobre a apti-dão do novo servidor para compor os quadrosda Administração, também será alvo do con-trole de legalidade praticado pelo TC, o órgãobeneficiado com a admissão de pessoal. Noentanto, tal controle incide sobre a legalidadeorçamentária, isto é, fiscaliza se o órgão de ori-gem, ao contratar mão-de-obra, obedeceu àsLeis orçamentárias e de planejamento financei-ro, isto porque, é papel do Tribunal de Contasrealizar o controle de legalidade sobre todos osatos que impliquem a realização de despesaspela Administração Pública, bem como, é dev-er de todos os segmentos da Administração,realizar um mínimo de planejamento e ordena-ção de despesas para a gestão das finançaspúblicas. Para tanto, existe a Lei de responsabi-lidade fiscal13 (LRF) estabelecendo normas,acerca de finanças públicas, voltadas para umagestão fiscal responsável.

A Constituição14 determina que as des-pesas com pessoal não poderão exceder oslimites estabelecidos pela Lei de Responsabi-lidade Fiscal15, a verificação do cumprimentodesses limites será realizada ao final de cadaquadrimestre. No entanto, se as despesascom pessoal exceder a 95% do limite estabe-lecido, será vedado ao órgão que incorreu noexcesso, a contratação de pessoal, ressalvadasas reposições decorrentes de aposentadoriaou falecimento de servidores das áreas daeducação, saúde e segurança; tal exceção sejustifica pela relevância de tais setores para amanutenção do equilibro e da harmonia noconvívio social.

O ordenador de despesas deverá declarar,em cada processo de nomeação, que aquela con-tratação de mão-de-obra encontra adequaçãoorçamentária e financeira, merecendo ser apro-

12 Arts. 5; 13, § 5° e 14 da referida Lei. No âmbito do Estado do Rio Grande do Norte, vide Lei Complementar 122 de 30 de junho de 1994,o re-gime jurídico dos servidores do Estado, arts. 7, 13, § 5º e 14.13 Lei Complementar n.º 101, de 4 de maio de 2000.14 Art. 169 da C.F..15 Os limites de despesas com pessoal, estipulados pela Lei de responsabilidade fiscal são os seguinte: 50% para a União; 60% para os Esta-dos e 60% para os Municípios. Estes percentuais incidem sobre a receita corrente líquida e não inclui as despesas com inativos, pensionistas,bem como, as relativas às indenizações por demissão.16 Art. 21, c/c arts. 15, 16, I, II e 17, § 1º da L.C. 101/2000.

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vada pelo Tribunal de Contas. Deverá, ainda,realizar uma estimativa do impacto orçamentá-rio e financeiro no exercício em que a despesaterá início, bem como demonstrar a origem dosrecursos para seu custeio. O ato que provoqueaumento de despesas com pessoal e que nãoatenda a tais exigências, será nulo de pleno direi-to, como determina a LRF16 , por serem irregula-res e lesivas ao patrimônio público. Dessa for-ma, os servidores admitidos no certame anula-do, por irregularidade de despesas, deverão serdesligados da máquina administrativa.

3. CCONSIDERAÇÕES FFINAISPor todo o exposto, depreende-se a relevân-

cia do controle externo operado pelo Tribunalde Contas sobre os concursos públicos, não sópor representar uma fiscalização imparcial, haja

vista que desenvolvida externamente ao Entecontrolado, mas também por revestir com aroupagem constitucional da legalidade e dasegurança jurídica o ato de admissão de pessoal,porta de entrada na Administração Pública.

Dessa forma a fiscalização da Casa de Contassobre a aptidão do novo servidor para compor osquadros da Administração Pública se faz salutar,tendo em vista a necessidade social em se certificarque somente pessoal plenamente preparado iráconduzir a máquina administrativa, representan-do a vontade geral e executando o interesse públi-co. Somado a isto, ainda ganha destaque o misterdesempenhado pelo TC no controle da legalidadeorçamentária e financeira da contratação de pes-soal, sem a qual a admissão desordenada e sem pla-nejamento levaria o Poder Público ao desequilí-brio financeiro.

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1. CConsiderações ggenéricasAtualmente, é matéria constante na mídia

nacional o aparecimento de escândalos sistemá-ticos que envolvem o desvio de recursos públi-cos, os quais deveriam ser voltados para o aten-dimento da população, mas que em meio asmais diversas manobras de alguns gestores aca-bam tomando outros rumos difusos do interes-se público. Pois infelizmente ainda persistemem certos detentores do poder sob a máquinapública, sentimentos maléficos que envolvempráticas arcaicas de administração que macu-lam a relação do Estado com a sociedade.

É bem verdade que por típica e naturalcobrança dos cidadãos, está havendo um forta-

lecimento de algumas instituições nacionais,tais quais: Ministério Público, Polícia Federal,Tribunais de Contas etc., mormente, pelo fatode que estas estão sendo alvos constantes dosfoco das lentes da imprensa nos mais diversosníveis, ensejando um ganho cada vez maior decredibilidade pela sociedade por demonstra-rem, hodiernamente, de forma transparente ahercúlea missão de destrinchar as mais diversasfraudes e desvios ocorridos no serviço público,haja vista que o prejuízo ao erário se reportadiretamente a um dispêndio anteriormentefomentado pelo cidadão comum, quando omesmo cumpriu suas obrigações no recolhi-mento dos tributos que, por sinal, representam

Controle Interno, uma ferramentade auxílio aos Tribunais de Contas

GGeeoorrggee CCââmmaarraa ddee SSoouuzzaaBACHAREL EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS PELA UFRN ASSESSOR DA PROCURADORIA GERAL DO MPJTC

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uma carga elevada no orçamento familiar doindivíduo.

Outrossim, do ponto de vista da gestãopública em nível local, é de se aquiescer o fatoda ocorrência de uma melhoria substantiva natransparência das informações sob a ótica dasfinanças públicas ao alcance do TCE, pormeio do acesso às informações financeiras dosjurisdicionados pelo Tribunal de Contas doEstado do Rio Grande do Norte, através doSistema Integrado de Auditoria Informatizado- SIAI, além da louvável criação da Ouvidoria,setor que serve como um imperioso canal deinteração do Tribunal de Contas junto aocidadão comum, para que este quando sentirseu direito violado por condutas ilícitasdaqueles que manuseiam ou se apropriam dealguma forma indevidamente do erário públi-co, possam ser objeto de denúncias, fazendocom que seja possível a atuação do ControleExterno no sentido de exercer efetivamente ocumprimento da missão constitucional da Cor-te de Contas Estadual.

Nesse contexto, mencionem-se ainda asinúmeras parcerias possibilitadas por intermé-dio da Escola de Contas "Professor SeverinoLopes de Oliveira", a qual busca dinamizar oestreitamento do TCE junto aos demais órgãosinsertos sob a jurisdição do Pretório de ContasPotiguar, sobretudo sob o ponto de vista educa-tivo das matérias que envolvem a despesa públi-ca, tratando inclusive especificamente sobre otema Controle Interno em determinadosencontros realizados.

2- AA IIMPORTÂNCIA DDO CONTROLE IINTERNO

Relativamente à matéria em questão, éoportuno registrar que diversas falhas existen-tes na Administração Pública, sejam elas deordem formal ou até mesmo material, decor-rem muitas vezes pelo fato do desconhecimen-to e/ou da ingerência de alguns agentes políti-cos no cumprimento do seu mister, o que indu-bitavelmente não afasta a responsabilidade domesmo ao alegar o desconhecimento da lei, jáque a lei está no mundo jurídico para ser cum-prida. Diante de tal situação, o gestor deve cadavez mais se cercar de cuidados buscando agir deforma prudente e transparente. Para tanto, umaexcelente saída seria a instauração de um siste-

ma de controle interno, mesmo sabendo quesua implantação apesar de não resolver de ime-diato a situação do ente público, se apresentariacomo uma medida necessária pela busca de umplanejamento de ações mais integradas com cri-térios pautados no caráter preventivo e sistemá-tico, de modo a buscar e identificar as causas daspráticas abusivas e ilegais, além de estruturarmecanismos que permitissem o combate per-manente das fraudes, desvios, desperdícios eirregularidades.

Ademais, para reforçar o tema controleinterno, é de se aquiescer o pronunciamentode Valmor Slomski, in Manual de Contabili-dade Pública (p. 30), o qual traz à baila oseguinte ensinamento, ipsis litteris:

" O controle interno nas entidadesde direito público, ressalvadas as compe-tências dos Tribunais de Contas ouórgãos equivalentes, a tomada de contasdos agentes responsáveis por bens oudinheiros públicos, é realizado ou supe-rintendido pelos serviços de contabilida-de. (nosso grifo).

Nesse diapasão contextual, cite-se poroportuno a exegese do art. 74 da Carta Magnade 1988 e do artigo 76 da Lei maior do DireitoFinanceiro, os quais trazem à baila acerca docontrole interno, nas palavras proferidas commaestria pelos administrativistas Heraldo daCosta Reis e J. Teixeira Machado Jr. no livro ALei 4.320 Comentada, verbo ad verbum:

A Constituição, como se vê, bastanteclara quando estabelece que todos osPoderes governamentais manterão, deforma integrada, o sistema de controleinterno, o qual terá as finalidades descri-tas nos incisos I, II, III e IV.

Significa afirmar que o sistema operade forma integrada, ainda que cada Poderorganize e mantenha o seu próprio con-trole interno. Esse sistema, entretanto,será coordenado pelo Executivo, postoque lhe competirá, ao final do exercício,preparar a prestação de contas conjunta,em que pese os demais Poderes elabora-rem as suas respectivas contas.

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Nunca é demais repetir que, para ocumprimento das finalidades do con-trole interno, é necessária a organiza-ção da contabilidade gerencial-finan-ceira, utilizando os conceitos básicosdesta lei, mesmo porque o controlesobre a execução do orçamento noâmbito de cada Poder deverá observaraquele ritual descrito na LC nº101/2000, conforme mencionado noscomentários do artigo anterior. (gri-fos acrescidos).

Nessa esteira, é de asseverar que o Siste-ma de Controle Interno detém além de suasresponsabilidades constitucionais de avaliaros programas de governo e dos orçamentos,deve também comprovar a legalidade dosatos administrativos e avaliar a gestão dosórgãos e entidades da administração públicaaos quais pertençam, apoiando, mormente,o controle externo exercido tecnicamentepelos Tribunais de Contas, sendo necessárioque estes verifiquem o grau de confiabilida-de daqueles, haja vista que caso apresentemum nível de confiabilidade aceitável seráindiscutivelmente diminuído o trabalho daauditoria externa na averiguação de desvios eirregularidades praticadas contra a adminis-tração pública. Acerca do assunto é imperio-so colacionar o posicionamento de MarceloCavalcanti de Almeida in Auditoria, UmCurso Moderno e Completo, 6ª edição,(pág. 26), verbis:

O risco da ocorrência de um erro, em umaempresa com um bom sistema de controle interno,é muito menor do que em uma empresa com um sis-tema de controle interno ruim. O auditor externoutiliza o sistema de controle interno da empresapara determinar a amplitude dos testes de auditoria,ou seja, quando o controle interno é bom, o auditoro auditor externo faz um menor volume de testes;caso contrário, o auditor externo faz um maiorvolume de testes. (grifou-se)

3. OO CCONTROLE IINTERNO E OO TTRIBUNAL DDE CCONTAS

Nesse aspecto, é notório que a Corte deContas durante a aplicação de seu ofício terá ocontrole interno como ferramenta indispensá-vel para aplicação de suas ações, as quais produ-

zirão seus efeitos não apenas sob a óptica darepressão, mas, sobretudo, prevenindo e siste-matizando a busca contínua por identificar ascausas das práticas abusivas e ilegais no comba-te permanente das fraudes e demais situaçõesestranhas tidas como irregulares, se fazendopor necessário não apenas fiscalizar documen-talmente os atos administrativos a posteriori naprática de auditoria tida como de conformida-de, mais também de forma concomitante atra-vés da implementação do planejamento estraté-gico pautado no fortalecimento da instituiçãonos mais diversos aspectos, mediante a utiliza-ção de recursos oriundos do Programa deModernização do Controle Externo-PRO-MOEX, por meio de diversas iniciativas crite-riosamente estudadas que visam à moderniza-ção focada sob os mais diversos aspectos, sãoeles: desenvolvimento de instrumentos e meto-dologias de trabalho nas áreas de controle cons-titucional, aprimoramento de controles inter-nos e sistemas informatizados, criação de siste-ma de acompanhamento de gastos e custos,aumento da transparência das ações públicas,fortalecimento do controle social, criação deparcerias com outras áreas de controle, aumen-to da capacitação do pessoal, entre outros.

Por outro flanco, merece registro queum sistema de controle interno satisfatórioacompanha e emite informação no momen-to da decorrência dos fatos, ou melhor,dizendo, de forma concomitante, sendocapaz de detectar também uma das maisdifíceis formas de descobrir um procedi-mento fraudulento, ou seja, o uso da práticado conluio, que para Antonio Lopes de Sá(1982, p. 25), o princípio da conivênciamerece atenção ao se estudar um processode fraude. Como por exemplo, no caso daslicitações em que nos momentos anterioresaos certames competitivos, são muitas vezesfirmados entre os integrantes dos grupos,acordos que visam frustrar uma concorrên-cia justa entre os interessados em contratarcom a administração pública, fato este extre-mamente mais difícil de ser desmascaradoprecipuamente numa auditoria de conformi-dade desencadeada pelo Tribunal de Contas,pois o Controle Externo exercido pelo Pretó-rio de Contas Potiguar, por enquanto ainda éexercido a posteriori.

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REFERÊNCIAS

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SLOMSKI, Valmor. Manual de contabilidade pública. 2. ed. São Paulo: EditoraAtlas, 2003.

4. CCONCLUSÃODessarte, ante o expendido, conclui-se que a

Corte de Contas Potiguar estreitando cada vezmais sua relação com os municípios e demaisórgãos jurisdicionados, principalmente atuandoconjuntamente em sintonia com o sistema decontrole interno implantado em cada um deles,

sem laivo de dúvida trará como resultados bonsfrutos de tal parceria, no que se reporta a umamelhor aplicação do erário público, fazendo comque o verdadeiro beneficiado seja tão somente omaior acionista do nosso Estado Potiguar, o qualse apresenta na figura impoluta do cidadão norte-rio-grandense.

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PROMOEX - Um Estudo de Caso no Tribunal de Contas do Estado/RN1. IINTRODUÇÃO

Considerando o atual cenário sócio-econômico e cultural brasileiro, percebe-se que asociedade, a classe política, bem como os gesto-res, não divulgam com mais ênfase a necessidadede implementação de mudanças nos sistemas decontrole sobre os recursos públicos, para ampli-ar os meios de combate à corrupção e desvios aoerário público.

Vale ressaltar que esse aumento do controledos recursos públicos, não deve significar a imo-bilização da ação do gestor, mas a garantia de

uma utilização racional, eficiente e transparentedos gastos públicos, visto que é imposto à socie-dade o pagamento de altas taxas tributárias.

Por isso, as mudanças necessárias para umcontrole externo mais efetivo devem caminharna direção de ampliação e consolidação dademocracia no Brasil, visto que, o controlesocial na aplicação dos recursos públicos coloca-dos à disposição do Estado é um tema relevantea ser discutido.

Considerando que, o processo democráti-co está se concretizando, sobretudo em decor-

MMaarriiaa ddaa CCoonncceeiiççããoo SSiillvvaa ddoo AAmmaarraallUNIVERSITÁRIA DE ADMINISTRAÇÃO COM ÊNFASE EM MARKETING - FARNTÉCNICA ADMINISTRATIVA - SECRETÁRIA DAS SESSÕES - TCE

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rência da maior visibilidade atribuída atual-mente às ações governamentais, se faz neces-sário, portanto, à modernização dos Tribu-nais de Contas para garantir que as políticaspúblicas e as ações governamentais estejam deacordo com o que foi planejado, completandoassim o ciclo eficiente de gestão pública.

Nesse contexto, o Tribunal de Contas doEstado do Rio Grande do Norte vem implan-tando diversas mudanças em toda sua estru-tura organizacional.

Logo, torna-se premente a necessidade de seadotar ferramentas que desenvolvam maior cele-ridade às atividades inerentes ao Tribunal, pro-porcionando à sociedade o conhecimento desuas atribuições e resultados.

A responsabilização dos agentes públicos ea busca de maior transparência, além de serimperativo na consolidação da democracia, vin-cula-se no Brasil à necessidade de enfrentar pro-blemas de graves proporções à corrupção naesfera pública.

Assim, o combate à corrupção torna-se umdesafio a ser enfrentado pelas cortes de contas, deforma decisiva, ágil, com a punição dos culpadose restituição dos valores subtraídos dos cofrespúblicos, é isso que a sociedade exige e espera porparte dos órgãos responsáveis, uma vez que a cor-rupção causa danos irreparáveis à sociedade.

Na percepção de Coelho (2008), a cor-rupção corroí a dignidade do cidadão, conta-mina os indivíduos, deteriora o convíviosocial, arruína os serviços públicos e compro-mete a vida das gerações atuais e futuras. Odesvio de recursos públicos não só prejudicaos serviços urbanos, como leva ao abandonoobras indispensável às cidades e ao país. (...)Além disso, investidores sérios afastam-se decidades e regiões onde vigoram práticas decorrupção e descontrole administrativo.

Neste cenário, inicia-se no TCE-RN, aimplementação do Programa de Modernizaçãodo Controle Externo dos Estados e MunicípiosBrasileiros (PROMOEX), uma iniciativa doGoverno Federal, através do Ministério do Pla-nejamento, em parceria com o BID - BancoInteramericano de Desenvolvimento e em con-trapartida com os Governos Estaduais.

Diante do exposto, pretende-se verificar: De

que forma o PROMOEX pode contribuir com aotimização dos resultados e o fortalecimento doTCE no controle dos recursos públicos no Estadodo Rio Grande do Norte?

2. PROMOEX - PPROGRAMA DDEMODERNIZAÇÃO DDO CCONTROLEEXTERNO DDOS EESTADOS EEMUNICÍPIOS BBRASILEIROS

A transformação do Estado brasileirorequer um esforço integrado entre os entes dafederação para elevar a qualidade dos resultadosno controle dos gastos públicos e tornar amáquina administrativa mais transparente e res-ponsável, do ponto de vista fiscal.

Nesse contexto, o Ministério do Planeja-mento, Orçamento e Gestão e demais órgãosjurisdicionados, frente ao diagnóstico apresenta-do pela FIA/USP como resultado de pesquisasem todas as Cortes de Contas brasileiras, levou osórgãos (TCs) a reconhecerem suas deficiências evirtudes, o que possibilitou uma avaliação empí-rica e consistente das necessidades, avanços epotencialidades do sistema de controle externobrasileiro.

Nesta perspectiva decidem implementaro PROMOEX, O programa objetiva fortale-cer o sistema de controle externo e apoiar aimplementação da Lei de ResponsabilidadeFiscal por meio da criação de uma granderede intergovernamental e interinstitucionalpara dar transparência às contas públicas.

O Sistema de Controle Externo Brasileiro,ou seja, todos os 33 Tribunais de Contas dosEstados e dos Municípios estão sendo beneficia-dos com o PROMOEX, que contará com recur-sos do BID pagos pela União (90%) e pelos Tri-bunais (10%).

O objetivo principal é modernizar e forta-lecer o Sistema de Controle Externo Brasileiro,garantindo sua integração nacional e aumen-tando a eficiência e eficácia das ações de fiscali-zação e controle, com a finalidade de contri-buir para a efetiva e regular aplicação dos recur-sos públicos em benefício da sociedade.

Além disso, o PROMOEX agrega valor nocontrole dos recursos públicos, assegura condi-ções para a efetividade do comando que a Lei deResponsabilidade Fiscal dá aos Tribunais de

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Contas, fortalece o sistema de controle externoatravés da integração entre as 33 cortes de contasdo país; e, contribui para a padronização de con-ceitos e de metodologias de controle e de audito-ria, bem como a definição de procedimentoscomuns para uma atuação em parceria com ogoverno federal, proporcionando condições paratornar as ações dos TCs mais transparentes paraa sociedade, fortalecendo o sistema de controleexterno em nível nacional.

O programa é dividido em duas fases de trêsanos cada, com propósitos de projetos múltiplosque serão executados de forma descentralizadapelos respectivos Tribunais de Contas dos Estadose Municípios (TCs), sujeitos a uma coordenação esupervisão centralizada, de nível nacional pormeio da Unidade de Coordenação de Programas(UCP/MP), da Secretaria Executiva do Ministé-rio de Planejamento, Orçamento e Gestão.

Apesar dos avanços delineados, é precisoestar atento, entretanto, para o fato de que esteé apenas um dos meios de fortalecimento dacomunicação institucional das Cortes de Con-tas, sendo necessários outros e mais vigorososinstrumentos capazes de promover a transpa-rência, a cidadania, o controle social e, conse-qüentemente, a eficácia do controle externo.

2.1 GGESTÃO PPÚBLICA EE QQUALIDADE NA PPRESTAÇÃO DDOS SSERVIÇOS

Atualmente a administração pública passapor mudanças profundas, uma vez que o admi-nistrador público precisa saber e entender deforma sistêmica como resolver problemas com-plexos, com os novos tempos, muito do que erasomente do Estado é hoje também da sociedade.

Os novos desafios exigem por parte dosadministradores públicos, princípios éticos e demoralidade, criatividade, capacidade de traba-lhar em grupo, e o conhecimento das dificulda-des do País e da sociedade, para que possamtomar decisões ágeis e acertadas em beneficioda coletividade. No cenário atual o que se espe-ra por parte dos gestores é que administremcom eficiência, eficácia e responsabilidade, osrecursos públicos, seja para educação, saúde,moradia, transportes, saneamento básico etc.

As transformações exigidas para a Adminis-tração Pública originaram-se da mudança de

consciência dos cidadãos ao reconhecer que aadministração burocrática não correspondia àsdemandas que a sociedade civil apresentava aosgovernos, bem como que suas exigências ao Esta-do eram muito superiores ao ofertado. Além dis-so, as causas das lacunas que se criaram não eramsomente fiscais e políticas, mas, também, admi-nistrativas.

Com a finalidade de contribuir para amelhoria da qualidade dos serviços públicosprestados aos cidadãos e para o aumento dacompetitividade do País, na busca de mudançasem profundidade focada em resultados, novasabordagens políticas são lançadas para realiza-ção de suas metas.

Neste cenário, de acordo com LIMA(2007), nasce O Programa Nacional de GestãoPública e Desburocratização - GESPÚBLICA -que foi instituído pelo Decreto nº 5.378, de 23de fevereiro de 2005, com a finalidade de contri-buir para a melhoria da qualidade dos serviçospúblicos prestados aos cidadãos e para o aumen-to da competitividade do País, formulando eimplementando medidas com à aplicação denovas abordagens gerenciais.

É oportuno destacar, que o conceito deque a capacidade de gestão de uma Instituição,a pública em particular, é o limite, às vezestênue, entre o ser ou não eficiente, entre oatingir ou não os resultados desejados, entre osucesso e o fracasso. Faz-se necessário, portan-to, enfrentar o desafio de transformar a admi-nistração pública em benefício da sociedade.

Os benefícios esperados com estas açõessão: eliminação-diminuição do déficit institucio-nal; aumento da eficácia e efetividade da açãogovernamental; adequação entre meios, ações,impactos e resultados; cidadãos livres dos exces-sos da burocracia; estabelecimento das condi-ções favoráveis para o setor produtivo gerar maisemprego e renda e criação de valor público posi-tivo para os órgãos e entidades públicas que acei-tarem o desafio da desburocratização.

2.3 AA GGESTÃO PPARA UUM NNOVO ESTADO BBRASILEIRO

De acordo com Pereira (1998), no mundoem que as tecnologias mudam tão rapidamente,o ritmo do desenvolvimento econômico tende a

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acelerar-se secularmente e as relações econômi-cas e sociais tornam-se cada vez mais complexas.Espera-se, também, que as instituições políticasmudem.

As três instâncias políticas que agem nassociedades capitalistas modernas: a sociedadecivil, o Estado (organizações e instituições) e ogoverno devem assumir novas formas, novospapéis, novos modos de relacionarem-se umascom as outras e, assim produzir uma nova gover-nança democrática.

Garantir serviços públicos adequados eassegurar direitos sociais é papel legítimo doEstado. Porém isso não quer dizer que o Estadodeva prover diretamente as duas funções. Sabe-mos quão difícil é alcançar a eficiência dentro doaparelho Estatal, cuja preocupação intrínsecaestá centrada na efetividade do poder do Estado.

O processo de construção da GestãoDemocrática Participativa no Brasil contribuipara remodelação do Estado, na busca de umagestão pública mais participativa.

2.4 PPRESTAÇÃO DDE CCONTAS DDOS SERVIÇOS PPÚBLICOS

A noção de prestação de contas é ampla-mente difundida e reconhecida como regrauniversal. Todo aquele que gerir dinheiropúblico ou administrar bens ou interesses dacomunidade deve prestar contas ao órgão com-petente para a fiscalização. A obrigação deprestar contas decorre, inexoravelmente, dafunção de administrar bens e valores públicos,alcançando não somente gestores públicos,mas qualquer pessoa que esteja responsávelpor esses bens e valores.

A Carta Magna, ao tratar da fiscalizaçãoexercida pelo Estado sobre a AdministraçãoPública, mais especificamente pelo PoderLegislativo (Controle Externo), no parágrafoúnico do seu art. 70, reza que a obrigação deprestar contas é imposta a todos que, de algu-ma maneira, manipulem recursos públicos:

Art. 70. Parágrafo único. Prestará contasqualquer pessoa física ou jurídica, públicaou privada, que utilize, arrecade, guarde,gerencie ou administre dinheiros, bens evalores públicos ou pelos quais a União

responda, ou que em nome desta, assumaobrigações de natureza pecuniária.

Este é o fundamento básico sobre o qualestá apoiado todo o arcabouço jurídico-adminis-trativo da prestação de contas da gestão públicano Brasil. Ele se completa com as competênciasfiscalizatórias atribuídas ao Controle Externo,no caput 70 e no art. 71 da Constituição, querefletem as principais normas de controle e deprestação de contas, a serem posteriormente exa-minadas.

Para Chaves (2007), são dois os sistemasde controle definidos pela Constituição Fede-ral: o controle interno, realizado pelos pró-prios órgãos do aparelho estatal; o controleexterno, realizado pelo Poder Legislativo,representado pelas cortes de contas.

O foco principal do controle são as des-pesas, pois se torna necessário garantir queelas não ultrapassem o limite estabelecido nosorçamentos públicos.

3. MMETODOLOGIAA pesquisa é um estudo de caso desenvolvi-

do no âmbito do Tribunal de Contas do Estadodo RN, tendo como instrumento de coleta dedados entrevista com o corpo gerencial do Pro-moex que é representado por 06 (seis) gestoresque compõem a Unidade Executora Local-(UEL).

4. AANÁLISE DDA PPESQUISAConsiderando a natureza do presente tema, e

de acordo com a visão do cenário atual, a escolhapara o tratamento dos dados coletados está relacio-nada a uma abordagem que privilegia procedimen-tos qualitativos de pesquisa.

5. CCONCLUSÕESOs dados analisados ressaltaram a impor-

tância do programa Promoex para a moderniza-ção e o fortalecimento das Cortes de Contas.

No TCE-RN, percebe-se, que algumasações oriundas dos recursos do Promoex jáforam consolidadas entre elas a implementaçãoda Ouvidoria, que significa grande avanço noexercício da cidadania, como também, implanta-ção do planejamento estratégico, criação de

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Auditoria Operacional no âmbito do TCE-RN,entre outras, tão importantes, que estão emandamento.

Um dos principais temas levados à refle-xão no instrumento de coleta de dados, ouseja, a entrevista com os Gestores do progra-ma PROMOEX-TCE-RN, está relacionadocom as questões da ética e da responsabilidadeem defesa de uma gestão transparente comações voltadas para divulgação de informa-ções sobre os resultados de suas realizações,bem como a tendência desejada pelos mesmospara um gerenciamento compartilhado, comabertura de espaços para participação e diálo-go e ainda a priorização das ações para asociedade á qual serve.

Por fim, percebe-se que as medidas noâmbito político ainda são poucas, e não são sufi-cientes para contaminar em grande parte todosos órgãos públicos, em todas as esferas do poder:federal, estadual ou municipal. Enquanto isso asociedade aguarda e exige resultados de grandevisibilidade e dimensão, transformados em ser-viços públicos eficientes, com qualidade, trans-parência nas ações governamentais, compatívelcom os impostos cobrados pelo governo.

A idéia principal e a contribuição desejadadeste artigo estão na urgência da realização daspropostas do programa PROMOEX, nasmelhorias, nos benefícios que essas ações irãotrazer para a sociedade e na forma de executá-las com o apoio das lideranças do TCE-RN,com empenho e determinação na busca pelaeficiência e eficácia nas ações da organização, eespecialmente com a colaboração de todos osenvolvidos em nome de uma sociedade maisjusta e igualitária.

6. RECOMENDAÇÕESDiante das análises realizadas, percebe-se a

urgência e necessidade das novas práticas de Ges-tão para o Tribunal de Contas do Estado do RioGrande do Norte. Deste modo, apresenta-sealgumas sugestões para melhor desempenho dasatribuições do TCE-RN:

Incutir cultura organizacional voltada paraos servidores, enfatizando a necessidade de ade-quação as mudanças em nome da sobrevivênciadas Cortes de Contas, visto que o novo modelode gestão pública exige novas práticas no que dizrespeito a lidar com recursos públicos;

Investir em uma política de Gestão de Pes-soas de forma eficiente efetiva e eficaz enfatizan-do a necessidade de trabalho em equipe na buscaconstante por melhores resultados;

Realizar campanha de divulgação através dosmais diversa tipos de mídia evidenciando asações do Tribunal de Contas do Estado do RNem especial escolas, faculdades, universidadesentre outras, visto que é lamentável a constataçãode que a maioria dos acadêmicos por exemplodesconhecem as atribuições do TCE-RN e suaimportância para o desenvolvimento do Estado.

Conscientizar o corpo funcional de que ser-vir bem a sociedade é missão do servidor públi-co, visto que os salários dos servidores são cus-teados pelo povo que paga altas taxas tributáriasao governo.

Finalmente, espera-se que os resultados erecomendações do trabalho venham contri-buir para valorização e bom aproveitamentodas ações do programa Promoex e colaborarno fortalecimento das ações do TCE-RN e,conseqüentemente, na melhoria da imageminstitucional perante a sociedade.

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Proposta de reestruturação da área de recursos humanos no TCE, em função das mudanças tecnológicas

1. INTRODUÇÃOOs fins da administração pública resumem-se

num único objetivo: o bem comum da coletividadeadministrada. Toda atividade do administrador públi-co deve ser orientada para esse objetivo. Se dele o ad-ministrador se afasta ou desvia, trai o mandato de queestá investido, porque a comunidade não institui aAdministração senão como meio de atingir o bem-estarsocial. No Brasil e especialmente no nosso Estado,temos visto várias organizações que não vêm acom-panhando o processo de modernização e reestrutura-ção tão necessário à sua sobrevivência e manutenção,especialmente no tocante à utilização de novos recur-

sos tecnológicos.De um modo geral, sabe-se que informação são

dados inseridos em um determinado contexto, de umamaneira relevante. Entretanto, o termo informaçãotornou-se o rótulo genérico para muitas outras expres-sões como "Qualidade de Informação", "Sistemas deInformação", Tecnologia de Informação" etc. Fazen-do parte do dia-a-dia, a tecnologia passa a ser inseridaem qualquer contexto, tornando-se um incrível faci-litador para qualquer estratégia a ser usada nas empre-sas. Dentro de uma visão atual, o novo conceito de tec-nologia é entendido como algo que cria uma nova cul-tura nas organizações, onde acaba o monopólio de in-

MMaarríílliiaa ddee MMoorraaiiss PPoorrppiinnoo MMaaffrraaPÓS-GRADUADA EM GESTÃO PÚBLICA, AUDITORIA GOVERNAMENTAL E GESTÃO DE PESSOAS PELA UFRNANALISTA DE CONTROLE EXTERNO DA OUVIDORIA DO TCE

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formações até então encontrado nas áreas de sis-temas e tecnologia de informação.2. JUSTIFICATIVA

A importância do presente estudo se justi-fica em função das grandes transformações eco-nômicas, políticas, sociais e, principalmente, tec-nológicas que vêm acontecendo no mundo glo-balizado, pois as organizações têm sentido a ne-cessidade de se modernizar e se reestruturar parapoderem se adaptar a essas transformações. Éimportante lembrar também que essa reestrutu-ração deve ocorrer com a mesma velocidade comque se processam as transformações que a cadadia assistimos no campo da informatização.

Assim, espera-se que a reestruturação da áreade Recursos Humanos - RH - no TCE/RN comos novos recursos tecnológicos, possa contribuirpara melhorar os controles administrativos dagestão de pessoal, possibilitando uma melhoriano nível de qualificação dos servidores, visandouma melhor eficiência e eficácia no desempenhode suas atividades e ao mesmo tempo possa gerarum bom nível de satisfação e qualidade de vida,refletindo em bons resultados para a Instituição.

Em face disso, o trabalho ora apresentado temo objetivo de identificar o perfil dos servidores eo nível de Gestão de Tecnologia e Informação naÁrea de RH, além de propor soluções para o se-guinte problema: Qual a contribuição da rees-truturação da Área de Recursos Humanos noTCE/RN, de acordo com os novos recursos tec-nológicos?

3. TECNOLOGIA DDA IINFORMAÇÃOO crescimento do uso da informação leva-nos

a considerar que vivemos, hoje, na era da infor-mação. A adoção de uma tecnologia requer, por-tanto, a absorção de determinados conhecimen-tos e de uma decisão de iniciar, modificar ou aper-feiçoar algo.

Numa definição inicial, Tecnologia de In-formação - TI - constitui-se em um conjunto derecursos não-humanos dedicados ao processo deinformação e o modo como esses recursos sãoorganizados em um sistema capaz de executarum conjunto de tarefas. A TI tem crescido em uso

e desenvolvimento basicamente de duas formas:como resultado do aumento da complexidade re-lativa à gestão da informação nas empresas; e pos-sibilitando processos, atividades, produtos e ser-viços que até então eram inviáveis com as tecno-logias anteriores.

Do ponto de vista tecnológico, está aconte-cendo a crescente industrialização dos sistemas deinformações. Pode-se dizer que hoje existe a "so-ciedade da informação", embora estudos apontempara a pouca ênfase que os administradores têmdado ao planejamento dos sistemas de informa-ção, pois muitos executivos têm pouca consciên-cia do potencial do impacto que isso causa, tantoem organizações do setor público e privado comoem vários outros setores. A era da informáticaveio para ficar, tendo seu início ao redor de 1990.Suas principais características são as mudanças, quese tornaram rápidas, imprevistas e inesperadas.Esta era foi antevista por Peter Drucker1, ao afir-mar que, após o seu aparecimento, haveria umagrande transformação mundial, pois a informa-ção cruzaria o planeta em milésimos de segun-dos, fazendo com que as organizações do futurofuncionassem sem limites de espaço, tempo oudistância.

No caso específico dos Tribunais de Con-tas, não é de hoje que se sabe da necessidade deuma ampla reforma e reaparelhamento da área deinformática, em especial dentro da área de RH.No ano 2000 foi efetuado um diagnóstico da si-tuação dos Tribunais de Contas, pela FundaçãoInstituto de Administração da Faculdade de Ad-ministração de São Paulo, onde se confirmou areal necessidade da reforma dos Tribunais, comperspectiva de se fazer uma parceria entre o Mi-nistério do Planejamento e o Banco Interameri-cano de Desenvolvimento, no intuito de possibi-litar o reaparelhamento dos Tribunais de Contasde todo o país.

4. MUDANÇAS NNA ÁÁREA DDE RRHA área de RH vive um período de mudan-

ças, no qual o ideal nem sempre corresponde aoreal. A globalização tem mudado o foco da ges-tão de pessoas nas instituições, que tentam se

1 Escritor, professor e consultor austríaco, pioneiro da teoria e prática da administração moderna, com livros publicados em mais de 20 idiomas.

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adaptar aos novos tempos. O fator humano temsido esquecido em muitas políticas de RH ado-tadas pelas organizações, e tal esquecimentoseria fruto de uma excessiva valorização do ca-pital, da tecnologia, dos resultados e não do serhumano, que movimenta tudo isso.

No cotidiano constatam-se freqüentes contra-dições entre propósitos, políticas e práticas organi-zacionais referentes aos aspectos que dizem respei-to à gestão de pessoas. Num primeiro momento,essas constatações deixam transparecer uma mio-pia organizacional que desvaloriza a administraçãode RH. Essa desvalorização pode ser provocadadentre outras coisas pela falta de consciência dos di-rigentes da dimensão do potencial humano, pelaequiparação equivocada da área de recursos huma-nos a mais uma atividade administrativa e de ser-viços, e pela perspectiva de atuação da área de RHrestringir-se a recrutar, selecionar, remunerar, trei-nar e desenvolver.

5. METODOLOGIA DDA PPESQUISA

5.1 TIPO DDE PPESQUISA, PPOPULAÇÃO,AMOSTRA EE IINSTRUMENTO DDECOLETA DDE DDADOS

O presente trabalho visa identificar os atu-ais procedimentos administrativos aplicados naÁrea de RH no TCE/RN, com a utilização deum estudo de caso, sendo utilizada a pesquisa tipoexploratória e descritiva. A pesquisa é definida,portanto, como não experimental, uma vez queo pesquisador não controla as variáveis indepen-dentes. No entanto, caracteriza-se como umapesquisa exploratória-descritiva, do subtipo es-tudo de caso de Tripodi (apud LAKATOS, 1991).A população da pesquisa utilizada para este tra-balho corresponde à totalidade dos servidoresefetivos e dos comissionados sem vínculo queprestam serviços ao TCE/RN. Para efeito esta-tístico, utilizou-se uma amostra aleatória quecorresponde a aproximadamente 30% da popu-lação. Como instrumento de coleta de dados, uti-lizou-se um questionário aplicado aos servido-res dos diversos setores do TCE/RN, através deuma amostra estratificada. O instrumento decoleta foi dividido em três partes, sendo que aprimeira se propôs a identificar o perfil dos en-trevistados; a segunda está relacionada à Gestão

de TI da Área de RH do TCE/RN, e a terceirarelaciona-se à Gestão de RH no TCE/RN. Osdados foram coletados e tratados estatisticamen-te, com a utilização de recursos computacionaiscomo o Microsoft Excel.

6. AANÁLISE DDOS DDADOS DDA PPESQUISAO presente estudo, com base nos resultados

da pesquisa, pôde extrair um conjunto de dadospara tentar analisar e propor a reestruturação daGestão de RH no TCE/RN, segundo o proces-so de modernização tecnológica, visando melho-rar o desempenho da Área de RH, onde foramobservadas defasagens tecnológicas de procedi-mentos pelo pouco uso da moderna tecnologiada informação.

Embora estudos divulgados digam que osetor público é um grande consumidor de equi-pamentos e de programas de computador, sabe-se também que alguns órgãos preocupam-se ape-nas em adquiri-los e em montar bancos de dados,não produzindo resultados satisfatórios, ou seja,apenas informatizando a burocracia.

No caso do TCE/RN, sabe-se da necessida-de de uma ampla reforma e reaparelhamento daárea de informática, em especial dentro da Áreade RH, onde se constata um déficit de equipamen-tos, comprometendo a eficácia dos trabalhos. Comrelação à infra-estrutura de TI, é evidente tambéma constatação da existência de equipamentos detrabalho defasados, tanto em relação à hardwarequanto à software. Infere-se, dessa forma, que atecnologia está sendo utilizada apenas para auto-matizar etapas de procedimentos, pouco alteran-do sua eficiência e eficácia. Acrescente-se a issotoda uma gama de atividades que são executadasmanualmente em plena era da informática, quan-do poderiam ser feitas com os novos recursosexistentes. Para que o TCE/RN tenha uma atua-ção com a eficácia desejada, torna-se imperiosa asuperação de alguns obstáculos no âmbito da Ges-tão de RH e, principalmente, no âmbito da Ges-tão da TI na Área de RH.

Os dados da pesquisa revelam, quanto aoperfil funcional, uma população predominante-mente feminina de faixa etária elevada e commuito tempo de serviços prestados, comprovan-do a não renovação do quadro funcional. Quan-to ao fator Clima Organizacional, a pesquisa re-

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velou que 63% dos entrevistados afirmaram quenão há no TCE um clima propício ao bem-estar,à satisfação e à motivação das pessoas por meiode serviços, benefícios, programas e políticas, poisapenas 13% concordam que o TCE identificaesses fatores. Ainda segundo a pesquisa, o TCEtambém não identifica nem trata os perigos e ris-cos relacionados à saúde, à segurança e ergonomiados servidores, contribuindo para o baixo nívelde satisfação na Instituição. Em relação à Políti-ca de Benefícios Sociais, um programa de incen-tivos (premiação) para os servidores não foi reco-nhecido por 60% dos entrevistados. Tal percen-tual é causa de insatisfação repercutindo na pro-dutividade, devendo a administração repensaressa questão, visando proporcionar melhores con-dições de vida para seus servidores.

Relacionado à Gestão de TI na Área de RH,em função do modelo burocrático de execuçãode determinadas atividades, verifica-se a fragmen-tação do trabalho, a dificuldade de se responsa-bilizar servidores pela execução de determinadastarefas e mensurar a quantidade e qualidade dotrabalho realizado. Na pesquisa realizada, gran-de parte dos servidores disse que o TCE não pos-sui métodos para determinar suas necessidadesde informações, como também que a prática degestão de TI na Área de RH é desconhecida por78%, o que é confirmado pela grande quantida-de de trabalho manual, pela produção de docu-mentos em papel, estoques de processos, moro-sidade e ineficácia, cujos riscos são de naturezasdiversas como perda, desaparecimento, dano, adul-teração, quebra de sigilo etc.

A comunicação e informação também nãofuncionam de forma ágil no âmbito doTCE/RN, conforme opinião de 64% dos entre-vistados, implicando na necessidade de revisão,por parte da administração, das formas de comu-nicação interna, visando identificar falhas exis-tentes. Relacionado aos padrões de trabalho exis-tentes, 84% disseram que as práticas de gestãorelativas ao sistema de informação e conheci-mento não estão sendo cumpridas, como tam-bém que as inovações tecnológicas e os conhe-cimentos adquiridos não são compartilhados,criando "ilhas de conhecimentos".

Embora o TCE/RN tenha em seu organo-grama um Centro de Processamento de Dados -

CPD - funcionando há alguns anos, ainda nãohouve a completa informatização da Área de RH,sendo, dessa forma, a área mais carente de moder-na tecnologia, pois continua executando, comojá foi dito, muitas atividades manuais. Outro fatopreocupante é a pouca quantidade de servidoresefetivos do TCE no CPD. Percebe-se que a uti-lização de mão-de-obra não efetiva é bastante altaneste setor, denunciando a quase exclusividadedo serviço em mãos de pessoas extra-quadro fun-cional do TCE, como também a fragilidade ins-titucional no tocante aos recursos humanos paraos postos de trabalho na área de informática. Aênfase à informatização na Área de RH no TCEnão tem acontecido na sua totalidade, apesar daexistência do CPD, pois é muito grande a quan-tidade de atividades manuais sendo executadas,remetendo-nos a épocas passadas e fazendo comque a Área de RH seja vista pelas outras áreas daInstituição como mera prestadora de serviços bu-rocráticos e rotineiros, como elaboração mensalde folha de pagamento, agendamento de fériasde servidores e registro de informações funcionais,dentre outras atividades.

Os investimentos que têm sido realizadosna informatização da Área de RH do TCE paramelhorar a inexpressiva tecnologia existente,ainda não chegaram ao desejado. São necessáriosmais equipamentos, softwares, recursos huma-nos treinados, substituir trabalhos que hoje sãoefetuados por mais de uma pessoa pela informa-tização, sendo que não existem, até o momen-to, softwares de apoio para atividades como Ca-dastro de Pessoal, Histórico Funcional, Treina-mento e Desenvolvimento de RH, Avaliação deDesempenho, Gestão de Benefícios, entre outros.

7. DIAGNÓSTICO EE RECOMENDAÇÕES

A análise dos dados resultantes da pesqui-sa permitiu diagnosticar diversos problemas re-lacionados à Gestão de Recursos Humanos e àGestão de Tecnologia e Informação na Área deRH no TCE/RN. Esta investigação permite efe-tuar recomendações visando à melhoria geralno nível de qualificação dos servidores, repercu-tindo no desempenho de suas atividades, e aomesmo tempo, gerando satisfação e qualidade devida, com bons resultados para a Instituição.

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7.1 QUANTO ÀÀ GGESTÃO DE RRECURSOS HHUMANOS

A pesquisa permitiu diagnosticar proble-mas relacionados ao perfil do servidor como aelevada faixa etária e tempo de serviço, denun-ciando a falta de renovação do quadro funcional,cuja solução se daria através da realização deconcurso público. A pesquisa também detectouinsatisfações relacionadas à política salarial; à polí-tica de saúde, segurança e ergonomia; e ao plano de benefí-cios sociais, cujas recomendações são, respectiva-mente, revisão do Plano de Cargos e Vencimen-tos, identificação e tratamento dos perigos e ris-cos relacionados à saúde, à segurança e à ergo-nomia dos servidores, evitando a geração dedoenças ocupacionais; e a Instituição estudar apossibilidade da custear benefícios tipo Vale Re-feição/Alimentação, Plano de Saúde, Assistên-cia Jurídica e Social etc., a exemplo de outras Ins-tituições afins.

Em se tratando de informação e dissemina-ção do conhecimento, identifica-se a existência defalhas de comunicação interna, como tambémde práticas de gestão relativas ao sistema de in-formação e conhecimento, geradoras de "ilhas deconhecimento" não propícias ao bom clima or-ganizacional, à satisfação e à motivação, assimcomo insatisfações referentes ao pequeno percen-tual de servidores efetivos ocupando cargos comis-sionados. As recomendações vão desde a melho-ria das formas de comunicação interna, seja apri-morando e incentivando o uso da home-page doTCE/RN, criando formas ágeis de comunicaçãointerna, via intranet, assim como a criação deuma Ouvidoria, a fim de que possam ser feitasreclamações, denúncias, sugestões e, até mesmo,elogios acerca das políticas adotadas. Também sesugere a implementação de política de dissemina-ção dos conhecimentos adquiridos, seja internaou externamente.

7.2 QQUANTO ÀÀ GGESTÃO DDE TECNOLOGIA EE IINFORMAÇÃO

Relacionados a esta área, os problemas detec-tados dizem respeito à morosidade de procedi-mentos funcionais por insuficiência de equipamen-tos; defasagem tecnológica dos equipamentos exis-tentes, tanto em relação à hardware quanto à soft-

ware; e insuficiência de mão-de-obra qualificadaem tecnologia da informação. As ações recomen-dadas são dotar a área de modernos equipamen-tos, treinar ou contratar servidores especializa-dos e investir em equipamentos em quantidadecompatível com o número de servidores.

Outros problemas detectados na pesquisaestão relacionados à execução de tarefas manuaiscomo cadastro de pessoal, histórico funcional,treinamento e desenvolvimento de RH, contro-les paralelos de designações, substituições, promo-ções, progressões, cessões, gratificações, vanta-gens pessoais, aposentadorias, exonerações, de-missão ou falecimento. Também se detectou des-perdício de tempo e de mão-de-obra na confe-rência da folha de pagamento, dificuldades em le-vantar dados funcionais para efetivar planejamen-to e projeções a qualquer tempo, grande produ-ção de documentos em papel, e geração de esto-ques de processos. As ações recomendadas paraessas situações são a informatização de 100% daárea de RH, com o devido treinamento de seusservidores, a instalação de softwares e controlesexistentes no mercado da informática, eliminan-do controles paralelos, aposentando a antiga má-quina de datilografia, reduzindo a incidência deerros causadores de insatisfações.

8. CONSIDERAÇÕES FFINAISSabe-se que as Instituições devem ter um plano

de desenvolvimento de RH como também devemestar continuamente se atualizando com relação àsnovas tecnologias, entretanto, no âmbito doTCE/RN, objeto desta pesquisa e estudo, isso nãovem acontecendo com a velocidade requerida, poisé evidente a carência de tecnologia na Área de RH,onde muitas atividades são executadas manualmen-te, em plena era da informação. Mas, é pretensão destaCasa tornar-se cada vez mais eficiente, rápida e justa,com o apoio da área de informática e a valorizaçãodo corpo funcional.

O presente estudo pretende prestar uma co-laboração àquela Instituição, alertando que a pre-paração para o futuro exige investimentos simul-tâneos: um na modernização do sistema de ges-tão de pessoas e outro no estímulo e suporte aoseu desenvolvimento, com ferramentas adequadascomo as da moderna tecnologia da informação.

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Terceirização e responsabilidade da administração pública pelos débitos trabalhistas

O sistema capitalista de produção deman-da a constante atualização do mercado quantoa práticas que conjuguem a otimização de re-sultados e redução de custos, guiado que é pelofim precípuo do lucro.

Nesse contexto econômico, nasce a tercei-rização, neologismo utilizado para designar o me-canismo de transferência a terceiro da execuçãode serviço que, inicialmente, integraria o proces-so produtivo empresarial. Na lúcida preleçãodo Prof. Maurício Godinho Delgado "terceiri-zação é o fenômeno pelo qual se dissocia a re-lação econômica de trabalho da relação justra-balhista que lhe seria correspondente"1.

Com a terceirização, subjaz a relação típi-ca de trabalho, de natureza bilateral, formadaentre o trabalhador e o respectivo tomador deseus serviços, para inserir entre ambos uma ter-ceira figura, qual seja, a empresa terceirizante,que contrata o obreiro e disponibiliza os servi-ços deste ao tomador, intermediando a mão-de-obra.

Tal prática é justificada por seus defenso-res em razão de proporcionar o barateamen-to da força de trabalho, como também porpermitir a concentração de esforços na ativi-dade-fim empresarial, com a delegação dos ser-viços considerados secundários.

1 Curso de Direito do Trabalho. 7.ed. São Paulo: Ltr, 2008. P. 432

AAnnddrrééaa ddaa SSiillvveeiirraa LLiimmaa RRooddrriigguueessBACHARELA EM DIREITO PELA UFRNASSISTENTE DE GABINETE DO CONSELHEIRO VALÉRIO MESQUITA - TCE

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Mesmo que concatenada a uma lógica eco-nômica de mercado, a terceirização não está res-trita à atividade privada, sendo utilizada tambémdo âmbito da administração pública2, vertenteao qual passaremos a nos dedicar.

Em verdade, foi no âmbito da atividade ad-ministrativa pública que o ordenamento jurídi-co pátrio disciplinou as primeiras formas de con-tratações de caráter terceirizante.

De forma inaugural, o art. 10, §7º, do De-creto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967,dentro da proposta de descentralização admi-nistrativa, estabelece:

"Para melhor desincumbir-se das tarefasde planejamento, coordenação, supervi-são e controle, e com objetivo de impediro crescimento desmesurado da máquinaadministrativa, a Administração procura-rá desobrigar-se da realização material detarefas executivas, recorrendo, sempre quepossível, à execução indireta, mediantecontrato, desde que exista na área, inicia-tiva privada suficientemente desenvolvi-da e capacitada a desempenhar os encar-gos de execução."

Em complemento, a Lei nº 5.645, de 1970,art. 3º, parágrafo único, especificou os atos pas-síveis de execução indireta, senão vejamos:

"As atividades relacionadas com transpor-te, conservação, custódia, operação de elevado-res, limpeza e outras assemelhadas serão, depreferência, objeto de execução mediante con-trato, de acordo com o art. 10, §7º, do Decre-to-lei n. 200 (...)"

Resta nítido que o rol é exemplificativo (aoutilizar a expressão "e outras assemelhadas") elimita-se aos serviços componentes da denomi-nada atividade-meio, ou seja, de suporte. Ressalte-se, entretanto, que o dispositivo foi revogadopela Lei nº 9.527, de 1997.

Em que pese, em nível teórico, a existên-cia de corrente doutrinária afirmando a não-recepção dos citados dispositivos legais pelaConstituição Federal de 19883 , tais comandostêm sido invocados para legitimar a contrata-ção de serviços terceirizados no âmbito públi-co, de modo que, na realidade atual brasileira,encontra-se como prática disseminada.

Em razão disso, muitas empresas de oca-sião foram constituídas com o intuito únicode fornecer pessoal à Administração Pública,sem solidez financeira, vindo a descambarno descumprimento dos encargos trabalhis-tas dos contratos firmados.

Exsurge, assim, a palpitante questão da res-ponsabilidade da Administração Pública toma-dora de serviços sobre os direitos trabalhistasinadimplidos pela empresa terceirizante.

O art. 71 da Lei Nacional nº 8.666, de1993, a princípio, soluciona o problema nosseguintes moldes:

"Art. 71. O contratado é responsável pelosencargos trabalhistas, previdenciários, fis-cais e comerciais resultantes da execuçãodo contrato.§1º A iinadimplência ddo ccontratado ccomreferência aaos eencargos ttrabalhistas, ffis-cais ee ccomerciais nnão ttransfere àà AAdmi-

2 A propósito, a crítica do Prof. Souto Maior, ao tratar da terceirização no serviço público: "O que a terceirização de serviços no âmbito da administração,cuja função é , unicamente, exercer as tarefas de facilitação do cumprimento dos deveres do Estado perante a sociedade, tem a ver com a terceirizaçãono contexto do modelo capitalista de produção? Em que medida uma coisa se justifica pela outra? Os autores que cuidam do assunto, defendendo a ter-ceirização no setor público, falam de modernização do ente público, mas ou não têm a mínima idéia do que representa a terceirização no contexto da pro-dução capitalista ou, tendo, assumem o risco de que trazer tal perversidade para o âmbito público, só não se sabe para atender qual finalidade. A dolucro? É evidente que a lógica da terceirização nada tem a ver com as exigências do serviço público, a não ser que se queira ver no Estado um produtorde riquezas a partir do trabalho alheio, sendo estes, os "alheios", exatamente os membros da sociedade a que ele se destina a organizar e proteger." In"Terceirização na Administração Pública: uma prática inconstitucional" Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=111233 "Não se pode entender, a partir da leitura do inciso XXI, (refere-se ao art. 37, XXI, da CF/88) que o ente público, para implementar uma atividade que sejaprópria e permanente, possa contratar servidores por meio de empresa interposta, até porque, se pudesse, qual seria o limite para isto? Afinal, serviço éa que realizam todos os que trabalham no ente público. O que fazem os juízes, por exemplo, senão a prestação de serviços ao jurisdicionado? Costuma-se dizer que "a execução de tarefas executivas", como por exemplo, os serviços de limpeza, podem ser executados por empresa interposta, baseado noque prevê um decreto de 1967, número 200 e em uma Lei de 1970, número 5.645. Em primeiro lugar, um decreto e um alei ordinária não podem passarpor cima da Constituição, ainda mais tendo sido editados há quase 40 anos atrás. Segundo, a Constituição não fez qualquer distinção quanto aos servi-ços para fins de necessidade de concurso público. Mesmo a contratação por tempo determinado, para atender a necessidade temporária de excepcio-nal interesse público, deve ser precedida de pelo menos um processo seletivo. E, terceiro, como justificar que os serviços de limpeza possam ser execer-cidos por uma empresa interposta e não o possam outros tipos de serviço realizados cotidianamente na dinâmica da administração, como os serviçosburocráticos de secretaria e mesmo todos os demais? Jorge Luiz Souto Maior, In "Terceirização na Administração Pública: uma prática inconstitucional"Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=11123

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2 A propósito, a crítica do Prof. Souto Maior, ao tratar da terceirização no serviço público: "O que a terceirização de serviços no âmbito da adminis-tração, cuja função é , unicamente, exercer as tarefas de facilitação do cumprimento dos deveres do Estado perante a sociedade, tem a ver coma terceirização no contexto do modelo capitalista de produção? Em que medida uma coisa se justifica pela outra? Os autores que cuidam do as-sunto, defendendo a terceirização no setor público, falam de modernização do ente público, mas ou não têm a mínima idéia do que representa aterceirização no contexto da produção capitalista ou, tendo, assumem o risco de que trazer tal perversidade para o âmbito público, só não sesabe para atender qual finalidade. A do lucro? É evidente que a lógica da terceirização nada tem a ver com as exigências do serviço público, anão ser que se queira ver no Estado um produtor de riquezas a partir do trabalho alheio, sendo estes, os "alheios", exatamente os membros da so-ciedade a que ele se destina a organizar e proteger." In "Terceirização na Administração Pública: uma prática inconstitucional" Disponível em:http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=111233 "Não se pode entender, a partir da leitura do inciso XXI, (refere-se ao art. 37, XXI, da CF/88) que o ente público, para implementar uma atividadeque seja própria e permanente, possa contratar servidores por meio de empresa interposta, até porque, se pudesse, qual seria o limite para isto?Afinal, serviço é a que realizam todos os que trabalham no ente público. O que fazem os juízes, por exemplo, senão a prestação de serviços ao ju-risdicionado? Costuma-se dizer que "a execução de tarefas executivas", como por exemplo, os serviços de limpeza, podem ser executados porempresa interposta, baseado no que prevê um decreto de 1967, número 200 e em uma Lei de 1970, número 5.645. Em primeiro lugar, um decretoe um alei ordinária não podem passar por cima da Constituição, ainda mais tendo sido editados há quase 40 anos atrás. Segundo, a Constituiçãonão fez qualquer distinção quanto aos serviços para fins de necessidade de concurso público. Mesmo a contratação por tempo determinado,para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público, deve ser precedida de pelo menos um processo seletivo. E, terceiro,como justificar que os serviços de limpeza possam ser execercidos por uma empresa interposta e não o possam outros tipos de serviço realiza-dos cotidianamente na dinâmica da administração, como os serviços burocráticos de secretaria e mesmo todos os demais? Jorge Luiz SoutoMaior, In "Terceirização na Administração Pública: uma prática inconstitucional" Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=111234 Destaque acrescido5 Quanto à conseqüência da terceirização ilícita praticada pela Administração Pública, à míngua de disciplina legal específica, a doutrina é diver-gente, percebendo-se três posições interpretativas, como sintetiza Maurício Godinho Delgado: 1ª.) pela irresponsabilidade do ente público; 2ª.)pela geração de vínculo com o ente público, a despeito do art. 37, II, da CF/88; 3ª.) não reconhecimento do vínculo mas garantia de todos os di-reitos trabalhistas devidos ao trabalhador terceirizado, respondendo o ente público de forma subsidiária. Esta última é relativamente prestigiadana jurisprudência. (P. 448/451)4 Destaque acrescido

nistração PPública aa rresponsabilidade pporseu ppagamento, nnem ppoderá oonerar oo oob-jeto ddo ccontrato oou rrestringir aa rregulari-zação ee oo uuso ddas oobras ee eedificações, iin-clusive pperante oo RRegistro dde IImóveis.§ 2º A Administração Pública responde soli-dariamente com o contratado pelos encargosprevidenciários resultantes da execução docontrato, nos termos do art. 31 da Lei 8.212,de 24 de julho de 1991."4

Como se percebe, o legislador ordinário ex-cluiu a responsabilidade da Administração Pú-blica pelo pagamento dos encargos trabalhistas,mesmo na hipótese de inadimplência do contra-tado, que, no caso da terceirização, consiste naempresa fornecedora da mão-de-obra.

Entretanto, considerando que as lides rela-tivas às cobranças dos direitos trabalhistas pen-dentes desembocam na Justiça Trabalhista, é noâmbito deste foro especializado que a matéria temsido definida no caso concreto, sob a égide daSúmula nº 331 do Tribunal Superior do Traba-lho, de seguinte verbete:

"CONTRATO DE PRESTAÇÃO DESERVIÇOS. LEGALIDADE (mantida) -Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003I - A contratação de trabalhadores por em-presa interposta é ilegal, formando-se o

vínculo diretamente com o tomador dosserviços, salvo no caso de trabalho tempo-rário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974).II - A contratação irregular de trabalha-dor, mediante empresa interposta, não geravínculo de emprego com os órgãos da ad-ministração pública direta, indireta ou fun-dacional (art. 37, II, da CF/1988).III - Não forma vínculo de emprego como tomador a contratação de serviços de vi-gilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e deconservação e limpeza, bem como a deserviços especializados ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente apessoalidade e a subordinação direta.IV - O inadimplemento das obrigaçõestrabalhistas, por parte do empregador, im-plica a responsabilidade subsidiária do to-mador dos serviços, quanto àquelas obri-gações, inclusive quanto aos órgãos da ad-ministração direta, das autarquias, das fun-dações públicas, das empresas públicas e dassociedades de economia mista, desde quehajam participado da relação processual econstem também do título executivo judi-cial (art. 71 da Lei nº 8.666, de21.06.1993)."

A priori, vislumbra-se uma contradição

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entre o texto destacado da Lei de Licitações eo entendimento predominante da Corte Supe-rior Trabalhista, na medida em que este esta-belece a responsabilidade subsidiária da Admi-nistração Pública em razão do inadimplemen-to das obrigações trabalhistas.

Para melhor compreensão, convém obser-var que a súmula em questão distingue terceiri-zação lícita daquela utilizada ilicitamente comomeio fraudulento, seja para burlar direitos tra-balhistas, seja para contornar a necessidade doconcurso público para o ingresso no serviço pú-blico (art. 37, II, da Constituição Federal), no casoespecífico da Administração Pública.

Neste propósito, utilizou-se o critério danatureza dos serviços, partindo do pressupos-to de que a regra é a ilegalidade da contrataçãode trabalhadores de forma interposta. Excep-cionam-se: o trabalho temporário regido pelaLei nº 6.019, de 1974; o serviço de vigilânciadisciplinado pela Lei nº 7.102, de 1983; os ser-viços de limpeza e conservação; e os serviçosespecializados ligados à atividade-meio do toma-dor. Mesmo para estas hipóteses excepcionais,ainda subsiste um condicionante: não podemexistir subordinação e pessoalidade diretamen-te entre o trabalhador e o tomador dos serviços.

Não se enquadrando numa das citadas situa-ções, a terceirização é reputada ilícita, o que atraicomo conseqüência, no âmbito privado, a for-mação do vínculo de emprego diretamente entreo trabalhador e o tomador de serviços. Na esfe-ra pública, diante da exigência constitucional do

concurso público como regra (só admitindo-se asexceções expressamente previstas no Texto Maior),não há como se atribuir aquele mesmo desfecho5.

Por sua vez, o inciso IV da Súmula nº 331 doTST vem a instituir que, mesmo nas terceirizaçõeslícitas, não ficam imunes os tomadores de serviço,ainda que se trate de Administração Pública, se nãoforem cumpridas as obrigações trabalhistas porparte do empregador (a empresa terceirizante), res-pondendo aqueles de forma subsidiária.

O fundamento invocado pelo JudiciárioTrabalhista para sustentar a aplicação da respon-sabilidade subsidiária encontra-se na culpa in vi-gilando e in eligendo do tomador, que teria o deverde proceder com diligência na escolha da empre-sa contratada, como também de fiscalizar a atua-ção desta no cumprimento das obrigações tra-balhistas no curso do contrato6.

Em sentido contrário argumenta-se que, nocaso da Administração Pública, a realização de li-citação exclui a tese da culpa in eligendo (má esco-lha), uma vez que este procedimento está pauta-do em critérios objetivos de escolha, conforme dis-ciplinado em lei, não se olvidando, outrossim, oprincípio da legalidade a que está adstrita a atua-ção da Administração Pública. Por esta razão,também não se poderia cogitar em culpa in vigi-lando, haja vista que inexistente comando legalinstituindo o dever de fiscalização da empresacontratada, até porque o objetivo da terceirizaçãoé, exatamente, desonerar o contratante de encar-gos com a execução dos serviços secundários7.

Há, ainda, corrente que legitima a respon-

6 Corrobora Maurício Godinho Delgado: "Ora, a entidade estatal que pratique terceirização co empresa inidônea (isto é, empresa que se tornainadimplente com relação a direitos trabalhistas) comete culpa in eligendo (má escolha do contratante)., mesmo que tenha firmado a seleção pormeio de processo licitatório. Ainda que não se admita essa primeira dimensão da culpa, incide, no caso, outra dimensão, no mínimo a culpa invigilando (má fiscalização das obrigações contratuais e seus efeitos). Passa, desse modo, o ente do Estado a responder pelas verbas trabalhis-tas devidas pelo empregador terceirizante no período de efetiva terceirização (inciso IV da Súmula 331, IV).P. 461No mesmo sentido, os julgados adiante: "EMENTA: TERCEIRIZAÇÃO - RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO INSS O Instituto Nacional do Se-guro Nacional INSS, tomador de serviços, ao contratar prestador de serviços por meio de empresa interposta, responde subsidiariamente peloscréditos trabalhistas impagos. O tomador de serviços, ainda que Autarquia Federal, responde pela condenação imposta ao prestador de servi-ços, uma vez caracterizada a inadimplência deste no cumprimento de suas obrigações trabalhistas, nos exatos termos do Enunciado 331, IV, doCol. TST. A responsabilidade subsidiária emerge da chamada culpa in contrahendo, nas suas modalidades específicas in eligendo e in vigilando.A observância das regras insculpidas na Lei 8.666/93 (Lei de Licitações) não elide a responsabilidade sub examine, visto que a culpa in eligen-do decorre da má escolha da empresa prestadora de serviços, que se afere não apenas no momento da celebração do contrato, mas tambémdurante o curso de sua execução." (TRT 3ª. Região - 4ª. Turma - Rel. Juiz Bernardo do Carmo - RO 420/2005 - Decisão de 12/09/2007 - DJMG22/09/2007)"RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DA TOMADORA DE SERVIÇOS. CULPA "IN VIGILANDO" E "IN ELIGENDO". INTELIGÊNCIA DO INCISO IV DASÚMULA Nº 331 DO TST. Comprovada a existência de contrato para a prestação de serviços celebrado entre as reclamadas, é forçosa a respon-sabilização subsidiária da tomadora, ainda que seja órgão da administração direta, pelo inadimplemento das obrigações trabalhistas por parteda empregadora, tendo em vista sua culpa "in vigilando" e "in eligendo". Vale ressaltar, por fim, que em nenhum momento cogitou-se do reconhe-cimento de vínculo empregatício com a Fazenda do Estado de São Paulo." (TRT 2ª. Região - 12ª. Turma - Rel Min. Delio Buffulin - REO2 1267/2006- DOESP 09/03/2007).7 "O poder-dever de fiscalização da execução contratual fixado pelos artigos 58, III, e 67 da Lei de Licitações refere-se ao adimplemento do ob-jeto ajustado, vale dizer, à execução do contrato na forma e sob as condições pactuadas (...) A lei não concede à pessoa jurídica pública, en-quanto parte numa relação contratual, o poder-dever de fiscalizar o adimplemento das obrigações trabalhistas pela contratada." Dora Maria deOliveira Ramos, "Terceirzação na Administração Pública". São Paulo: LTR, 2001. P. 150

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REFERÊNCIAS

DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 7 ed.

São Paulo: Ltr, 2008.

SOUTO MAIOR, Jorge Luiz.

sabilidade subsidiária da Administração Públi-ca no art. 37, §6º, da Constituição Federal, queestatui a responsabilidade objetiva do Estadopelos atos de seus agentes. Em contra-ponto,aduz-se que tal dispositivo constitucional apli-ca-se apenas na relação entre a Administração Pú-blica e os administrados, não para os contratosfirmados por aquela em sua regência interna.Além disso, a admitir-se a responsabilidade ob-jetiva, seria ela fulcrada no risco administrativoe não no risco integral, de modo a admitir as ex-cludentes de responsabilidade.

A discussão não é recente, bastando obser-var que a Súmula 331 do TST, na sua atual re-dação, data de setembro de 2000. Entretanto, oassunto ganha novo fôlego em face da AAççããoo DDee-ccllaarraattóórriiaa ddee CCoonnssttiittuucciioonnaalliiddaaddee nnºº 1166,movido pelo Governador do Distrito Federalem que se busca o reconhecimento e a declara-ção de que o art. 71, §1º, da Lei nº 8.666/93, é

válido segundo a ordem constitucional.A medida liminar pleiteada naquela ADC

foi indeferida pelo Relator, Ministro Cezar Pe-luso, em razão da complexidade da causa depedir, a impedir, num juízo prévio e sumário,a configuração da verossimilhança necessária àconcessão da medida urgente. (Decisão publica-da no DJ 17/05/2007)

O julgamento colegiado teve início na ses-são do dia 10 de setembro último, sendo colhi-dos os votos do Relator, no sentido de negar co-nhecimento à ADC por não preencher o requi-sito da controvérsia judicial, e do Ministro MarcoAurélio que reconhecia e dava seguimento àação. Os autos encontram-se com vista ao Mi-nistro Menezes Direito.

Merece destaque que foram admitidas nareferida ADC outros entes políticos na quali-dade de amicus curiae , a reconhecer a relevân-cia do tema debatido.

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Responsabilidade da Justiça Eleitoral e do PróprioCidadão com o seu "Direito ao Governo Honesto"

Na conjuntura política atual, há de se ques-tionar muito quanto à honestidade dos governan-tes e sua atuação na gestão da "coisa pública",como também, a participação do Poder Judiciá-rio e do próprio cidadão, no que tange a sua res-ponsabilidade na fiscalização da atuação dos ges-tores. Sendo assim, é possível destacar dois pon-tos cruciais relacionados a tal tema, são eles: aconsciência do cidadão quanto ao voto; e a po-lítica de fiscalização da Justiça Eleitoral.

Relacionado ao primeiro ponto, a consciên-cia do cidadão quanto ao voto, o mesmo se de-para, principalmente nos momentos de pleito,com uma situação de indecisão, mais pelo fato

da marcante situação em que vivemos no con-texto político, isto é, de se encontrar um candi-dato que se encaixe em todos os itens de perfei-ção político-administrativa, ou seja, relacionadoà gestão de um ente federativo, seja ele federal,estadual, distrital ou municipal. Em virtude disso,o eleitor, em algumas ocasiões, acaba por votarno que mais lhe agrada, tanto no aspecto simpa-tia, como no de prestação de favores, porém, ébom lembrar que esses aspectos não são a regra.

Um segundo ponto imprescindível de se des-tacar, está relacionado à política de fiscalizaçãoda Justiça Eleitoral. É invejável o trabalho doPoder Judiciário, especificamente a Justiça Elei-

HHuuggoo PPaauulliinneellee PPeerreeiirraa ddee LLiimmaaUNIVERSITÁRIO DO CURSO DE DIREITO - UnPESTAGIÁRIO - SECRETARIA DAS SESSÕES DA 1ª CÂMARA

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toral, principalmente no que diz respeito à estru-tura do pleito, sendo considerado até um dosmais modernos e organizados das Américas, fi-cando na frente até de países como EUA. Paratanto, o Governo brasileiro investe pesadamen-te em materiais modernos, como por exemplo,as urnas eletrônicas, que é uma especialidade bra-sileira. No entanto, é inegável que durante o plei-to ocorrem muitas omissões da própria justiça,quanto à prevenção e repressão de atos atentató-rios à eleição, como por exemplo, a compra devotos e a própria "boca de urna".

Em face disso, é preciso que haja um in-centivo à educação política de todos os cidadãosbrasileiros, tanto no sentido de ter uma cons-ciência positiva da política no Brasil como node garantir meios que dificultem a prestação defavores e impeçam a compra de votos, sendoque, para isso é preciso uma atuação efetiva eampla, tanto do Poder Judiciário como dosentes que fazem parte da segurança pública,conseqüentemente, os cidadãos, pelo menos noque se refere ao pleito, no mínimo, terão umgoverno honesto.

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Noite de sonho e esperançaO homem possui dois atributos insusceptí-

veis de limites, exaustão e contenções: amar e so-nhar. O grande André Malraux (Nobel da lite-ratura) dizia que a condição humana se alçaacima do tempo por amar e criar. Mas acres-centava ser impossível dissociá-la do sonho e detudo quanto a encaminha para sua grandeza esublimação. Por isso Antoine de Saint-Exupéry,seu contemporâneo e amigo, em suas divagaçõesna "Cidadela", ressaltava que a substância dohomem emerge dos laços e vínculos de amor, so-lidariedade, paz e fraternidade. Ousaríamos dizerque na partilha de coisas e sentimentos se mani-festa a vertente, o caminho e a busca do sentidoda vida. Mas Gil Vicente, poeta, cronista e tro-vador português, em seu "Auto da visitação",marco da Renascença em Portugal, proclamou,para todos os tempos e lugares, povos e nações,

que nada substitui o sonho como fonte inesgotá-vel e renovadora das mudanças e transformações.Na verdade, a sentença adveio da Provença (Fran-ça), no crepúsculo da Idade Média, incorporadaaté hoje ao cancioneiro popular lusitano: "Eles nãosabem que o sonho é uma constante da vida, poisquando o homem sonha o mundo pula e avan-ça...". O homem, no recôndito do seu ser, na pri-vacidade de suas dúvidas e questionamentos, an-seios e ilusões, perplexidades e devaneios, comose pretendesse devassar o universo, as estrelas e odesconhecido, nada faz sem antes sonhar, imagi-nar e projetar. O gênio de Shakespeare, conhece-dor profundo de todas as variáveis dos sentimen-tos e condicionamentos humanos, foi tambéminimitável na descrição idílica do amanhecer, des-pertando, com o hálito inebriante do aroma dasrosas, os eternos amantes Julieta e Romeu. Per-

CCllááuuddiioo JJoosséé FFrreeiirree EEmmeerreenncciiaannooBACHAREL EM DIREITO, PROFESSOR DA UFRN E MEMBRO DA ACADEMIA NORTE-RIO-GRANDENSE DE LETRASAUDITOR DO TCE

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cepção infinita de felicidade, que se perpetuariapor sua imolação fatídica e inesperada, denun-ciando a inutilidade de ódios e vaidades.

Paulo de Tarso, santo e gênio, pregador etestemunha do amor infinito de Deus, deplora-va a circunstância dos homens ignorarem ou sealhearem ante o óbvio. Aquilo que é evidente,insofismável e inquestionável. Tendem a esque-cer quando se rendem à rotina, às coisas mate-riais e à exclusiva busca do ter. É o que pareceacontecer hoje em dia em escala planetária. Es-quecem que não há nada que o amor não possaenfrentar; não há limites para a fé; nada refreiaa esperança e a espiritualidade. Também esque-cem algo que os definem em todos os tempose culturas: sua densidade moral. Essas questõesnos levam a indagar sobre o legado que hoje seconstrói para as próximas gerações. Como seráo homem de amanhã? Quais serão seus valores?

Sou um amante da noite, da contemplaçãoda lua e das estrelas. Partilho e desfruto seu silên-cio, enquanto agradeço a Deus pela paz de tan-tos quantos dormem e sonham. Mas também de-

ploro as adversidades, injustiças e discriminaçõesque deserdam tantos e tantos pelo mundo afora.Há algum tempo não me assaltava tanto júbi-lo como na madrugada em que acompanhei odesfecho das eleições presidenciais nos EstadosUnidos. Por todas as razões sabidas e reconhe-cidas. Mas enquanto me emocionava ao ouviras palavras do recém eleito, filho de pai africa-no (queniano) e mãe americana, afro-ameri-cano nascido em Honolulu (Hawai), vislum-brei a perspectiva, finalmente, de algo novo emtermos universais. Todos sabem que a humani-dade, de algum tempo para cá, é vítima de go-vernantes medíocres, desprovidos de visão ecompromissos com o futuro. Daí a situaçãoecológica do planeta, fruto da irresponsabili-dade e ganância que o poluem. Esse nascer demundo novo me remete ao magistral "A mortede Virgílio", do austríaco Hermann Broch. Vir-gílio, que está a morrer, diz que as civilizaçõesrenascem a partir da explosão de sentimentose ideais humanos. Aconteceu nessas eleições eesperamos se estenda por todo o mundo.

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Ouvidoria: tributo à cidadaniaHá cerca de dois anos, o Promoex vem de-

senhando a criação da Ouvidoria do TCE/RNatravés de estudos, visitas técnicas, reuniões e es-pecialmente entendendo a responsabilidade doTribunal de Contas perante a sociedade, com afinalidade que os recursos públicos sejam aplica-dos com eficiência, e coibidas as falhas, os desper-dícios e os desvios, tão comuns nos dias atuais.

Concluída esta etapa recebi o honroso con-vite do Presidente desta Casa no sentido deabraçar o desafio da implantação do órgão deOuvidoria, que sem pestanejar aceitei. Sim, semqualquer ponderação, embora não possa dizerque seja alguém afeta a desafios. Fiquei absolu-tamente tentada com a proposta que colocava

na minha frente a possibilidade inicial de con-tribuir para a melhoria da gestão do Tribunalde Contas e dos órgãos e entidades que lhe sãojurisdicionados, além de poder ser a peça capazde estreitar o relacionamento entre o TCE e ocidadão, tendo como conseqüência o fortaleci-mento da cidadania; segundo, iniciar o proces-so de construção propriamente dita, ou seja, es-colher uma equipe, buscar local adequado, or-ganizar toda a estrutura física, além de formu-lar junto com a Diretoria de Informática umsistema adequado para tal finalidade, entre ou-tras providências necessárias. Ainda que o de-safio não tenha vindo só com louros, as dificul-dades próprias do momento foram incapazes

ZZêênniiaa MMaarriiaa CChhaavveess LLooppeess ddee AAllccâânnttaarraaBACHARELA EM DIREITO PELA UFRN ECOORDENADORA DA OUVIDORIA DO TCE

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de inviabilizar iniciativa tão salutar.Assim, em 17 de abril de 2008, por meio

da Resolução nº 006/2008, foi instituída aOuvidoria neste Tribunal.

Doravante a convicção do quão impor-tante é um órgão de ouvidoria só cresceu. A me-dida que o conhecimento acerca dos princípios,competências, finalidades que lhe são peculia-res iam se aprimorando, maior se tornou a cer-teza em relação a amplitude deste trabalho, suacapacidade de alterar a cultura dos servidores ecidadãos quanto ao fim a que se presta e, prin-cipalmente, com o prazer de sentir o exercíciode cidadania dando seu primeiros passos.

Dia desses, dando seguimento a uma de-manda criada a partir da reclamação de um ci-dadão, fiquei surpresa e extremamente conten-te, pois, Jailson, diretor da Inspetoria de Con-trole Externo veio agradecer pela informaçãoque aquela lide proporcionou ao setor, auxilian-do assim inspeções futuras. Eis a prova real dequem realmente enxerga a que a Ouvidoria veio.

É importante registrar, nesta oportunidade,que a uma ouvidoria cabe: promover a co-par-ticipação da sociedade na missão de controlar aadministração pública, garantindo uma maiortransparência e visibilidade das ações do Tribu-nal; receber, registrar, analisar e encaminhar aossegmentos competentes sugestões de aprimora-mento, críticas e reclamações sobre os serviçosprestados pelo Tribunal de Contas; receber, re-gistrar, analisar e encaminhar aos segmentos com-petentes do Tribunal informações relevantes sobreatos de gestão praticados no âmbito da adminis-tração direta e indireta do Estado e dos Municí-pios, de forma a subsidiar os procedimentos deauditoria no exercício do controle externo, semprejuízo da garantia constitucional de formula-ção de processo regular de denúncia junto aoTribunal; informar ao cidadão e às entidades in-teressadas sobre os resultados das demandas en-caminhadas ao Tribunal de Contas, ressaltandoas providências adotadas pelas unidades solucio-nadoras, permitindo o fortalecimento da ima-

gem institucional, a aproximação do órgão coma sociedade e o exercício do controle social.

Não é demais aplaudir a iniciativa do Tri-bunal de Contas do Rio Grande do Norte, napessoa de seu presidente, conselheiro Paulo Ro-berto Chaves Alves que, através da criação desteórgão, concede a todos os cidadãos, indistinta-mente, o direito de voz, a oportunidade de se ma-nifestar ainda que esteja há quilômetros de dis-tância e, gratuitamente, através do 08002811935.

Enfim, a Ouvidoria, este canal de comuni-cação direta entre o cidadão e o Poder Públicoé um órgão interlocutor com a sociedade, rece-bendo dela reclamações, denúncias, sugestões eelogios, estimulando a participação do cidadãono controle e avaliação da prestação dos servi-ços públicos. É, portanto, um órgão estratégico,constituindo-se em poderoso instrumento paraa transformação institucional permanente, fa-vorecendo mudanças e ajustes em suas ativida-des e processos, em sintonia com as demandasda sociedade, ou seja, um caminho efetivo nabusca da qualidade, da transparência e da cida-dania.

A figura do ouvidor é conhecida no Brasildesde o período colonial. Em 1549, Tomé deSousa nomeou o primeiro Ouvidor-Geral doBrasil. Todavia, sua função era de representar aadministração da justiça real portuguesa, atuan-do como o juiz de hoje em nome do rei. E, oouvidor enquanto ombudsman apareceu no Brasilem 1986, com a instalação da Ouvidoria da ci-dade de Curitiba/PR. O Paraná instituiu o pri-meiro ouvidor-geral estadual em 1991 e o Minis-tério da Justiça, a primeira ouvidoria pública fe-deral, em 1992, sob a denominação de Ouvido-ria-Geral da República

Espero que tenha conseguido transmitir umpouco desta nova realidade, seus objetivos, finse sua origem. Quero finalizar convidando atodos para visitarem a sala da ouvidoria, per-guntar, entender, se familiarizar mais com esteembrionário canal que o TCE disponibiliza atodos os cidadãos norte-rio-grandenses.

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Socializando as informaçõesO QQUE ÉÉ OO PPORTAL:

Com o objetivo de ampliar as relaçõescom a sociedade, o TCE/RN desenvolveu oPortal do TCE.

O portal destina-se principalmente a con-solidar uma ampla gama de informações deuma multiplicidade de origens em um am-biente único.

Mais que uma ferramenta de informática,representa a abertura de um canal de comuni-cação entre o Tribunal e o cidadão, o qual per-mitirá essa aproximação através de alguns ser-viços como envio das prestações bimestrais por

parte dos órgãos jurisdicionados, emissão decertidões, consulta à Jurisprudência do TCE,acompanhamento de processos, pautas, atas,dentre outros serviços.

Dessa forma, o TCE/RN ampliará a trans-parência às suas ações mostrando à sociedade oque acontece com as finanças do Governo doEstado, das Prefeituras e Câmaras Municipaisentre outros órgãos.

Em um futuro próximo também estarádisponível através do portal o Diário Oficialeletrônico do TCE e o recebimento de infor-mações das prestações de contas bimestrais

PPaauulloo RRoobbeerrttoo OOlliivveeiirraa ddee MMeellooBACHAREL EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS PELA UFRNDIRETOR DE INFORMÁTICA DO TCE

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diretamente pela internet.O Portal oferece vantagens a diferentes pú-

blicos, dentre outras destacamos:

PARA OO JJURISDICIONADO:Agilidade no envio das prestações bimestrais;Certidões de adimplência através da internet;

PARA AA SSOCIEDADE EE OOUTROS ÓÓR-GÃOS FFISCALIZADORES

Melhoria da relação entre o Tribunal de Con-tas do Estado e a sociedade;

Disposição de dados de prestação de contas àsociedade, o que resulta em maior transparência;

Jurisprudência;Possibilidade de outros órgãos fiscalizadoresacessarem os dados coletados pelo Tribunal

de Contas;

PARA OOS TTÉCNICOS DDO TTCEImplementação de soluções de comunicação

entre os setores do órgão;Implementação de maior padronização nas

rotinas do TCE;Mecanismo de pesquisa sofisticado para ajudar

os usuário a localizar informações rapidamente;Consolidação das informações em um único

ambiente.

Novas tecnologias: servidores participam da apresentação do Portal do TCE

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Gerência de Desenvolvimentode Vínculos Interinstitucionais

A Gerência de Desenvolvimento de Víncu-los Interinstitucionais (Promoex/UEL/TCE-RN) possui os seguintes produtos locais a seremexecutados: Ouvidoria, Controle Interno Muni-cipal, Cooperação com Poderes e Órgãos Públi-cos, Interação com o cidadão e/ou sociedade or-ganizada e Avaliação da imagem do TCE-RN.

Avaliando que seria impossível trabalharem todos os produtos ao mesmo tempo, o Pre-sidente do TCE, Conselheiro Paulo RobertoChaves Alves, estabeleceu que deveriam ser prio-rizadas, em sua gestão, as ações ligadas à criaçãoe implantação da Ouvidoria do TCE-RN e as queincentivassem a criação do controle interno pelos

municípios do estado.Sendo assim foram desenvolvidos projetos,

no âmbito desta gerência, que proporcionassemo atingimento desses objetivos.

Para a criação da Ouvidoria foram realiza-das visitas técnicas aos Tribunais de Contas doRio Grande do Sul e de Pernambuco, além doTribunal de Contas da União, com o objetivode coletar informações que pudessem subsidiara gerência com relação ao formato de ouvidoriaque melhor se encaixaria ao nosso Tribunal.

A Ouvidoria foi então criada através daResolução nº 006/2008, de 17 de abril de 2008,sendo instituída sua atividade diretamente li-

RRiiccaarrddoo BBaarrbboossaa VViillllaaççaaENGENHEIRO CIVIL PELA UFRNINSPETOR DE CONTROLE EXTERNO DA INSPETORIA DO TCE

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gada à Presidência da Casa.Após a reforma do local, o desenvolvimen-

to de programa de informática para gerenciar asinformações, a formação do quadro de servido-res, a nomeação do seu coordenador e a realiza-ção de treinamento básico aos seus integrantes,a Ouvidoria iniciou suas atividades, em regimeexperimental, no dia 01 de julho de 2008, emlocal privilegiado e bastante visível, no hall deentrada da sede do TCE-RN.

Com instalações modernas e bem equi-pada a Ouvidoria é coordenada pela Asses-sora Jurídica Zênia Alcântara, contando aindacom a colaboração da servidora Marília Por-pino e de duas estagiárias.

Mesmo durante o período de funciona-mento experimental da Ouvidoria esta já vemrecebendo demandas, que são tratadas confor-me o procedimento padrão instituído proviso-riamente. A experiência adquirida durante esseperíodo permitirá que a Ouvidoria crie seusprocedimentos específicos, que darão suporteà formatação do Manual de Procedimentos In-ternos da Ouvidoria, conforme prevê a reso-lução que a criou.

A Ouvidoria passou a funcionar plena-mente a partir do dia 03 de novembro, tendo,a princípio, como canais de recebimento de de-mandas um número 0800 e o atendimento pre-sencial de balcão.

Ainda dentro dos objetivos traçados no Pro-grama de Modernização do Sistema de Contro-le Externo - PROMOEX, foi desenvolvido, noâmbito desta unidade técnica, o PCIM: Projetode Incentivo à criação do Sistema de ControleInterno na Administração Municipal, ou, sim-plesmente, Projeto Controle Interno Munici-pal. O Projeto possui como meta criar condiçõespara que 50% (cinqüenta por cento) dos muni-cípios do estado estejam com seu sistema de con-trole interno criado e em funcionamento até31.12.2009, atingindo os 100% (cem por cento)até o final de 2010.

Após visitas técnicas realizadas ao TCE-RSe à Prefeitura Municipal de Macaíba (Controla-doria Municipal), com a finalidade de conheci-mento das experiências vividas por essas insti-tuições, as ações foram iniciadas a partir de umapesquisa, realizada no período de 08 a 31.10.2007,

com o objetivo de traçar um diagnóstico preli-minar sobre a existência e estrutura dos contro-les internos nos municípios do Estado do RioGrande do Norte.

A pesquisa foi encaminhada a todos os 167(cento e sessenta e sete) municípios do estado,através da Presidência do TCE-RN, buscando in-formações que pudessem direcionar os traba-lhos desta gerência quanto ao objetivo preten-dido.

A partir dos dados da pesquisa o TCE rea-lizou eventos com todas as prefeituras munici-pais, com o intuito de sensibilizá-las sobre a im-portância do controle interno para a administra-ção municipal. Os encontros foram organiza-dos pela Escola de Contas do TCE "ProfessorSeverino Lopes de Oliveira" nos períodos de 12a 14.12.2007 (Natal), 13 a 15.05.2008 (CurraisNovos) e 05 a 07.08.2008 (Mossoró), e contaramcom a importante parceria da ControladoriaGeral da União - CGU (Regional-Natal), do Tri-bunal de Contas da União - TCU (SECEX-RN)e da Controladoria Geral do Estado do RN -CONTROL/RN.

Estão previstos, ainda, cursos para servido-res municipais integrantes dos controles inter-nos, que serão oferecidos gratuitamente peloTCE-RN, através da Escola de Contas "Profes-sor Severino Lopes de Oliveira", e/ou com acontratação de profissionais ou entidades de en-sino. O Projeto possui como meta capacitar 350servidores municipais, até o final de 2010, parao desenvolvimento dos trabalhos inerentes àsfunções de controle interno.

A gerência encaminhou à Comissão doSIAI uma proposta para incluir, já no SIAI-2009, campos para preenchimento de dadospelo controle interno dos municípios, permi-tindo ao TCE possuir informações precisassobre a existência e funcionamento do contro-le interno em cada município do estado, já queo formulário terá que ser entregue juntamen-te com as prestações de contas regulares a quese obrigam todos os seus jurisdicionados.

Com essa ação o TCE pretende acelerar oritmo de implantação do controle interno pelosmunicípios, visando o alcance da meta estipu-lada no projeto, já que o não preenchimento dasinformações importará na impossibilidade de

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gravação dos dados pelo sistema, para posteriorentrega ao TCE. Sendo assim o município seráobrigado a instituir o seu controle interno ou,no máximo, explicar o que está sendo feito paraa sua criação.

Para 2010 estão sendo estudadas outras me-didas, dentre elas o não recebimento das contasdos municípios, já no Protocolo do TCE, casoessas não venham acompanhadas do devidopreenchimento dos dados do controle interno,comprovando a sua implantação e efetivo fun-cionamento.

O Projeto PCIM prevê ainda uma etapa demonitoramento, para a verificação da efetivida-de das ações realizadas. Serão observadas as fa-lhas cometidas e as ações que produziram bonsresultados, adequando o Projeto às necessidadesdo momento e planejando as futuras atividades.

Esta fase compreende ainda o acompanha-mento, pelo TCE-RN, dos controles internosdos municípios, procurando medir o grau de

confiabilidade do sistema para que possa servirde parâmetro e auxílio para as inspeções e audi-torias deflagradas pelo TCE.

Essas medidas, somadas às obrigações exis-tentes hoje no SIAI e impostas pela LRF, acred-ita-se serem suficientes para o alcance da metaestipulada: 100% dos municípios com controleinterno em funcionamento até dezembro de2010.

A Gerência de Desenvolvimento de Vín-culos Interinstitucionais, a partir de maio de2008, foi redimensionada, passando os produ-tos "Ouvidoria" e "Controle Interno Munici-pal" a constituírem duas novas gerências doPromoex, demonstrando a importância dadapelo TCE ao priorizar tais atividades.

Hoje, a Unidade Técnica 08, é a respon-sável pelas ações do TCE-RN de incentivo àcriação dos controles internos pelos municí-pios, sendo, portanto, denominada: Gerênciade Controle Interno Municipal.

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1. IINTRODUÇÃOIniciamos este trabalho com a construção do

objeto de estudo, delineando a temática escolhidaa partir da nossa prática como acadêmicos do Cursode Direito, da Facex, buscando entender a realida-de vivida pela sociedade.

O tema escolhido pelo grupo foi "A violên-cia doméstica", com uma abordagem ao Abuso Se-xual contra Criança e Adolescente, que é uma dasmodalidades da violência sexual, onde ocorre ge-ralmente dentro de um universo privado, sendoconstatado que na grande maioria, o agressor temuma relação de confiança com a vítima, esse fatosocial de difícil enfrentamento inserido num con-texto histórico-social de profundas raízes culturais.

No final do século XIX, discursos em jornaise revistas lançavam a culpa do abandono e despro-teção da criança e do adolescente às famílias. Naprimeira metade do século XX, os juristas aponta-vam, como causa do abandono, as condições eco-nômicas da população e a desagregação familiar. Talconcepção ganha espaço no meio jurídico, começan-do-se a entender que caberia ao Estado implantaruma política de proteção e assistência à criança,conforme estabeleceu o decreto 16.272, de novem-bro de 1923.

Em 12 de outubro de 1927, o Decreto-Lei17.943-A institui o primeiro Código de menores noBrasil, buscando sistematizar a ação de tutela e coer-ção que o Estado passa a adotar. Com tal decreto,

Reflexões sobre o direito da criança e do adolescente no abuso sexual

MMaarriiaa AAllbbaanniizziiaa ddaa SSiillvvaa CCaarrvvaallhhooPós-graduada em Auditoria Governamental e Universitária de Direito - FACEXAnalista de Controle Externo da Escola de Contas do TCE

AAnnaaiillddaa BBaarrrreettoo ddee PPaaiivvaa JJooeellmmaa AAnnáálliiaa MMeeddeeiirrooss SSooaarreessNNeellssoonn QQuueeiirroozz ddooss SSaannttooss NNeettoo RRooddrriiggoo SSiillvvaa GGeesstteeiirraa.. Universitários de Direito - FACEX

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o Brasil começa a implantar o seu sistema públicode atenção às crianças e jovens em circunstâncias es-pecialmente difíceis.

Já o Código de menores de 1979, disciplina-do pela Lei 6.697, de 10 de outubro de 1979, ofe-receu assistência, proteção e vigilância a menoresaté 18 anos, cuidando de catalogar casos em que omenor pudesse estar em "situação irregular", aindaque estivesse em companhia dos pais ou responsá-veis, descrevendo seis categorias: a) abandonados,b) carentes, c) em abandono eventual, d) com des-vio de conduta, e) infratores, f) vítimas (vocabulá-rio utilizado para referenciar crianças que sofre-ram maus-tratos impostos por seus pais ou respon-sáveis, ou em perigo moral por se encontrarem demodo habitual, em ambiente contrário aos bonscostumes, conforme art. 2º, II e III do Código deMenores.

Atualmente, vige entre nós o ECA (Estatutoda Criança e do Adolescente) - Lei 8069 de 13 dejulho de 1990, que, revolucionando em termos dou-trinários e legislativos, rompeu com a doutrina dasituação irregular e adotou a doutrina da proteçãointegral.

A proteção integral à criança e ao adolescen-te representa um avanço cultural da sociedadecomo um todo, reconhecendo-os como parte in-tegrante da família e da sociedade, com direito aorespeito, à dignidade, à liberdade, à opinião, à ali-mentação, ao estudo, dentre outros.

Com mudanças de conteúdo, método e gestão,o ECA acrescenta novos elementos às políticas pú-blicas para a infância e juventude, com atendimen-to muito mais amplo, com o Estado substituindoo então assistencialismo vigente por intervençõessócio-educativas baseadas no fato de crianças e ado-lescentes serem pessoas em desenvolvimento e ci-dadãos de direito, promovendo uma nova estrutu-ra de política de promoção e defesa desses direitosbaseada na descentralização político-administrati-va e na participação da sociedade por meio de suasorganizações representativas. O ECA é, portanto,uma legislação moderna e revolucionária em seusconceitos na letra da lei.

A temática trazida pelo grupo é esta, será quedentro dos tribunais, contando com dispositivolegal tão eficiente, a questão do abuso sexual con-tra crianças e adolescente é plenamente contempla-da? O papel que cabe ao Ministério Público, De-legacias Especializadas, os demais Órgãos e Insti-

tuições, estão sendo efetivamente desempenhan-do seus importantes papéis na busca de fazer cum-prir a lei?

Operadores do Direito é uma terminologiaque tem sido utilizada por determinada vertente crí-tica do Direito para denominar os juízes, promoto-res e advogados cujas atuações e referências se fun-damentam na perspectiva de conservação do posi-tivismo jurídico.

As condições que o direito brasileiro traz, quenenhuma criança ou adolescente poderá sofrerviolência ou exploração e que deve receber prote-ção absoluta por parte da família, da sociedade edo Estado, amparado pela Constituição brasileirano artigo 227, diz respeito que é dever da família,da sociedade e do Estado assegurar à criança e oadolescente, com absoluta prioridade, o direito àvida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer,a proficionalização, à cultura, à dignidade, ao res-peito, à liberdade e a convivência familiar e comu-nitária, além de colocá-los a salvo de toda formade negligência, descriminação, exploração, violên-cia, crueldade e opressão; § 4° - A lei punirá seve-ramente o abuso, a violência e a exploração sexualda criança e do adolescente. Como também o Có-digo Penal em sua base conceitual nos artigos es-pecíficos (art.213, art.214) sobre crimes cometi-dos contra criança e adolescente tipificando-os eestabelecendo o período de reclusão para quem co-mete crimes sexuais.

A intervenção judiciária é decisiva, já que opoder judiciário reúne condições para determinara cessação do abuso, por meio de medidas como:destituição do pátrio poder, determinação de tra-tamento para família abusiva, interdição de per-manência e de contato com as crianças, prisão do(a)agressor(a).

Diante dessas questões, temos como pressupos-to que a violência na família vem sendo historica-mente tratada pela sociedade, de forma a banalizaras suas características específicas. O Poder Público,ao refletir esse senso comum, torna-se também ba-nalizado, dessa questão e quando se preocupa emresponder aos trâmites da lei, no que se refere ape-nas ao agressor, pode reproduzir, mais uma vez, aviolência contra criança e o adolescente.

2 OOBJETIVOSO objetivo do presente trabalho de pesquisa

é uma análise panorâmica dentro da sociedade, do

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abuso sexual contra crianças e adolescentes. Dian-te de uma abordagem cientifica, observando atéque ponto os direitos e garantias da criança e doadolescente, assegurados em lei, é ou não aplica-do diante dos fatos concretizados.

Essa pesquisa foi elaborada para verificar seexiste omissão por parte do poder público em todosos seus órgãos e entidades, relacionados ao abuso se-xual da criança e do adolescente. Ainda neste pri-meiro momento abordaremos as normas constitu-cionais que traçam a configuração do direito socialfundamental.

O artigo 1°, inciso III trata da dignidade da pes-soa humana contém em si a expressão que, comi-nada ao artigo 227, § 4° da Constituição já citado,com enfoque nos artigos 4° e 5° do estatuto dacriança e do adolescente (ECA) - Lei 8.069/90.

Considerando que o abuso sexual é um fenô-meno transversal na sociedade, tem-se como obje-tivo maior à luta pelos direitos e pela cidadania decrianças, adolescentes e suas famílias.

3 MMETODOLOGIAO desenho metodológico adotado nesta pes-

quisa é de natureza panorâmica, qualitativa e quan-titativa, já que obtivemos resultados em percen-tuais. A opção por essa abordagem baseia-se no in-teresse em compreender a complexidade de um fe-nômeno que decididamente não se limita só adados estatísticos.

Entende-se também que, para apreender a per-cepção/atuação dos operadores do direito sobre oscasos de abuso sexual contra crianças e adolescen-tes que chegam as Delegacias, e aos demais Órgãose o grau de resolubilidade, é necessária tal aborda-gem, compreendendo a pesquisa como sendo aque-la capaz de apresentar o percentual de cada ques-tão, o significado e da intencionalidade como ine-rentes aos atos, às relações e às estruturas sociais.

Este estudo foi realizado na Delegacia Especia-lizada da Criança e do Adolescente (DCA) pela de-legada Adriana Shirley, que foi substituída pelochefe de investigação Mailton Tinoco; no InstitutoTécnico e Cientifico de Policia (ITEP) pelo peritocriminal José Alexandre Neto; no Instituto Lírio doVale, Diretor: Francisco de Assis Moura; InstitutoCasa Renascer, pela assistente social Keluska Limade Oliveira; e a Promotoria da Vara da Infância eJuventude da Comarca da Natal, pelo promotorManuel Onofre Neto

Para delinear a percepção dos operadores dodireito acerca do abuso sexual contra a criança e oadolescente, optamos também por técnicas de en-trevista semi-estruturada.

As entrevistas foram gravadas, após obter-se aaquiescência do entrevistado e, posteriormente,transcritas. A questão norteadora foi com base naexperiência do operador de direito e como ele per-cebe o abuso sexual e a negligência cometida con-tra crianças e adolescentes.

Tivemos como fontes de pesquisa bibliografi-cas a Constituição Federal da Republica do Brasil,o Estatuto da Criança e do Adolescente, o CodigoPenal e os livros, "abuso sexual na criança e no ado-lescente" (Gauderer E. Christian), "Violência depais contra filhos"(Viviane Nogueira de AzevedoGuerra) e "De Medo e Sombra: Abuso Sexual"(Dilma Felizardo).

Passaremos a apresentar as temáticas que emer-giram da análise do material coletado:11)) Qual, das classes sociais, onde mais ocorre oabuso sexual?22)) Qual o nível de esclarecimento e instruçãodos envolvidos?33)) Qual é o perfil do "dominador"?44)) A Violência sexual traz que tipos dedistúrbios psicológicos?55)) Qual a faixa etária em que ocorre maiorincidência das crianças e adolescentes?66)) Quem é mais vitima do abuso sexual, é dosexo feminino ou masculino?77)) Qual o procedimento da autoridade policial edo poder judiciário ao tomar conhecimento doabuso sexual contra a criança e o adolescente,para garantir seus direitos?88)) Quais as ações desenvolvidas pelo Estado quepodem amenizar os traumas das vitimas doabuso sexual?99)) Que tipo de abordagem é feita com a vitimaquando ela é submetida a exames, para que sepossa caracterizar o crime, e no caso de nãohouver trauma físico? 1100)) Qual o perfil das crianças que sãoencaminhadas para as instituições sociais?1111)) Quais as ações, quando comprovado aparticipação dos pais ou responsáveis, noabuso sexual?

4 RRESULTADOS OOBTIDOSPercebe-se que há uma unanimidade no que

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se diz respeito à classe social mais atingida, já queas denúncias sobre o abuso sexual contra a crian-ça e adolescente ocorrem em todas as classes sociais,dos mais ricos aos mais pobres. A única diferençaestá na forma de buscar ajuda, e de dar encaminha-mento ao problema. O que ocorre, na realidade, se-gundo os entrevistados, é que, nas classes sociais abas-tadas, procuram-se consultórios particulares, man-tendo-se sigilo sobre a situação, já as classes menosfavorecidas buscam-se ajuda nas instituições, ondecomprovamos através das visitas, que as mesmas nãotêm estrutura para solucionar os problemas psico-sociais causados pelo abuso sexual, por não abar-car o psicológico da vítima e a reestruturação dafamília, a criança ou o adolescente, torna-se umadulto com problemas conjugais, psico-sociais etranstornos psiquiátricos, levando ao ciclo vicioso.

O Poder Público procura resolver ou dar contado problema legal de forma reducionista, seguindoos trâmites técnicos iniciado com a denuncia naDelegacia, que depois de concluso o boletim deocorrência, a vítima é encaminhada ao ITEP, parao exame físico, e se não for constatado passa por umpsicólogo para diagnosticar o delito. Existe uma ca-rência no aspecto físico-estrutural, bem como de pes-soal especializado para proceder a um atendimen-to específico, pois o problema requer uma açãomais efetiva, aonde venha a garantir os direitos dosabusados. Atualmente no ITEP, o abusado passapor constrangimento logo no rol de atendimento,tendo em vista, que não há um lugar apropriado pararecebê-lo. Foi-nos informado que está sendo provi-denciada uma estrutura específica para os casos deviolência contra criança e adolescente.

4.1 AAS CCONSEQUÊNCIAS DO AABUSO SSEXUAL

As crianças e os adolescentes são em geral asvítimas do abuso sexual, mas, frente à intimidaçãoe ameaça que sofrem, por uma pessoa mais velha,sentem-se culpadas do abuso e, por isso calam-se.Com isso, desenvolvem traumas psicológicos e mu-danças de comportamento, que podem e devem serobservados pelos pais ou responsáveis, dentre eles:irritabilidade, agressividade, dificuldade de relacio-namento com outras crianças ou adolescentes, etc.

Enfim, é preciso estar atento, e não excluir apossibilidade de que qualquer criança ou adoles-cente possa estar sendo vítima de abuso sexual. De-

nunciar é a única forma de diminuir ou acabarcom o abuso sexual, principalmente os casos queestão camuflados dentro do ambiente familiar.Observar algumas das consequências:AAss FFííssiiccaass:: Dor constante na vagina ou no ânus,corrimento vaginal, inflamações, hemorragias edoenças sexualmente transmissíveis.AAss PPssiiccoollóóggiiccaass:: Sentimento de culpa,sentimento de isolamento de ser diferente,sentimento de estar marcado para o resto da vida,depressão, baixa auto-estima, tentativa de suicídioe medo sair na rua.CCoommppoorrttaammeennttoo:: Dificuldade de expressar osentimento de raiva, queda no rendimentoescolar e atitudes autodestrutivas(auto-flagelação,uso de drogas e álcool, etc), aumento do grau deprovocação erótica, tendência ao abuso dasrelações sexuais, regressão da linguagem e docomportamento, e agressividade contra a família.

4.2 QQUEM ÉÉ OO AAGRESSOR Mais comumente quem abusa sexualmente de

crianças e ou adolescente são pessoas que de algu-ma forma, podem controlá-la. De cada 100 (cem)casos registrados, em 80 (oitenta) o abusador é co-nhecido da vítima. Esta pessoa, em geral, é algumafigura de quem a criança gosta e em quem confia.Por isso, quase sempre acaba convencendo a crian-ça a participar desses tipos de atos por meio de per-suasão, recompensas ou ameaças. Mas, quando operigo não está dentro de casa, nem na casa do ami-guinho, ele pode rondar a creche, o transporte es-colar, as aulas de natação do clube, o consultório dopediatra de confiança e, quase impossível acreditar,pode estar nas aulas de catecismos, ou mesmo nasigrejas. No Quadro abaixo, de 145 (cento e quaren-ta e cinco) vítimas temos um percentual de abusa-

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AAGGRREESSSSOORR NNºº.. %%

PAI 77 52 PADRASTO 47 32 TIO 10 8 MÃE 4 4 AVÔ 3 2 PRIMO 2 1 CUNHADO 2 1 TOTAL 145 100

ABUSO SSEXUAL IINTRAFAMILIAR

Quadro: Abuso sexual intrafamiliar (janeiro a agosto/2008)Fonte: Pesquisa de campo (2008)

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dor com uma relação intrafamiliar com o abusado. A literatura, bem como a experiência clínica,

mostra a existência de duas correntes , na primei-ra, defende-se que o agressor é portador de um dis-túrbio patologico e na segunda corrente, as pessoasque abusam também foram invadidas, foram obje-tos do desejo de outrem no decorrer de seu desen-volvimento. São pessoas que vivenciaram o papelde vítima, desenvolvendo sentimentos contraditó-rios, e nesse estado de inconsciência e de negaçãoda dor, resta a tais pessoas desempenhar o papel dedominador mediante repetições de ações violentasformando um ciclo de violência interminável. Con-stitui-se em um drama que deve ser visto não so-mente do ponto de vista individual, da vítima ousomente do ponto de vista dos autores da violên-cia, mas, sim do ponto de vista da constituição dedinâmicas familiares de inter-relação.

O maior dano que essa violência causa éà mente, que é invadida por concretização dasfantasias sexuais próprias da infância e que de-veriam permanecer em seu imaginário. Estaconcretização precoce destas fantasias pode ex-plicar a evolução de abusado para abusador, acriança fica aprisionada nesta prática infantildo sexo e suas numerosas implicações psicoló-gicas adoecedoras, e apenas muda de lado quan-do se torna adulto, permanecendo assim, nacena sexual infantil traumática.

Observa-se o perfil psicológico do abusa-dor como uma pessoa comum, que mantém pre-servadas as demais áreas de sua personalidade, ouseja, é alguém que pode ter uma profissão e atéser destaque nela, pode ter uma família e até serrepressor e moralista, pode ter bom acervo in-telectual, enfim, aos olhos sociais e familiarespode ser considerado "um indivíduo normal".Ele é perverso, e faz parte da sua perversão en-ganar a todos sobre sua parte doente. Para ele,enganar é tão excitante quanto à própria práti-ca do abuso. Pode esconder-se vestindo uma pelede cordeiro, ou uma pele de autoritário, ou umapele de moralista, mas isto não passa de um ar-tifício a serviço da sua perversão. Esse é o pontocentral da sua perversão. Ele necessita da fanta-sia de poder sobre sua vítima, usa das sensaçõesdespertadas no corpo da criança ou adolescen-te para subjugá-la, incentivando a decorrenteculpa que surge na vítima.

O abusador pode ser agressivo, mas na maio-ria das vezes, ele usa da violência silenciosa daameaça verbal ou apenas velada. Covarde, eletem muito medo e sempre vai negar o abusoquando for denunciado ou descoberto.

4.3 AATUAÇÃO DDOS PPROFISSIONAIS:Considerando que a situação do abuso se-

xual na infância e adolescência é algo inaceitá-vel, os profissionais dedicados ao atendimentodesse público vêm criando estratégias de inter-venção para combater esse problema que já tomaproporções de um problema social. Assim nomomento em que os profissionais intervêm emuma família abusiva, esta família deixa de ser au-tônoma. À medida que uma situação de abusofor constatada, nosso sistema legal e de proteção(ECA) - Estatuto da Criança e do Adolescentegarante em parte, muitas vezes por falta de es-trutura e incentivos por parte dos nossos gover-nantes, essa proteção à criança e adolescente eresponsabiliza o agressor penalizando-o e esta-belecendo procedimentos para que sistemas so-ciais possam intervir.

Desde que o abuso sexual é revelado (con-firmado ou sob suspeita), ele se torna um pro-blema familiar e interdisciplinar, no qual os pro-fissionais das mais diferentes áreas como Médi-ca, Psicológica, Social, Educacional, Jurídica, deSegurança, formam uma rede complementar àfamília.

Após uma avaliação, e, em função do graude risco estipulado, definem-se as medidas pro-tetivas a serem tomadas; opta-se pela separaçãodo agressor de sua vítima, ou afastando-o da ví-tima (retirando-o da residência comum) ou vice-versa. Porém observamos, todavia que, na maio-ria das vezes, quem é afastado da residência é acriança ou adolescente, neste caso o afastamen-to pode configurar um processo de revitimiza-ção da vítima. Esse momento de avaliação é feitoem instituições, onde acontece um acolhimen-to para detectar o grau de violência psicológicae física sofrida pela vítima.

Entretanto, é, principalmente, à medida quese interrompe o ciclo abusivo, se afasta e se puneo agressor, de acordo com o código penal, arti-go 214, é que esta ação conjunta é terapêutica,pois contribui para o resgate do senso de segu-

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rança da vítima e do papel de proteção dos res-ponsáveis das crianças e adolescentes. É precisohaver uma junção no esfoço de se conseguir esseobjetivo: Família, Estado e Sociedade.

A observação e a coleta de dados do traba-lho de campo permitiram a e aboração de refle-xões. Nesse canário, é fato confirmar a situaçãode vulnerabilidade de crianças e adolescentes ví-timas de abuso sexual. Os dados demonstram adisposição da sociedade em denunciar. Por outrolado, sabe-se que o número de ocorrências nãorepresenta a realidade da violência sofrida porcrianças e adolescentes, pois se trata da violên-cia notificada. Estima-se que uma grande partedo abuso sexual nunca seja denunciada.

Daí concluir que, a promulgação da Lei nº8.069/90, conhecida como Estatuto da Crian-ça e do Adolescente - ECA, inaugura um novoperíodo de concepção e intervenção para o pú-blico infanto-juvenil. No entanto, a nova fasegarantida pela promulgação do estatuto trouxeconsigo a necessidade de um conjunto de me-didas que garantissem sua efetivação. Tais açõespassam pela participação da sociedade e pelaação do estado.

4.4. AA AATUAÇÃO DDO EESTADOEm termos gerais, percebeu-se uma gradativa

evolução na diversificação dos recursos nas áreas quebeneficiam a criança e o adolescente. Entretanto,embora esteja evoluindo, claramente restam mui-tas lacunas a serem preenchidas. Foi partindo dessepressuposto que tentamos analisar o compromis-so do Poder Público, com as políticas públicas vol-tadas para a área da criança e do adolescente.

Ao análisar as políticas públicas, encontra-seum dilema constante para àqueles que atuam nomovimento pela infância e juventude, pois o PoderPúblico investe muito pouco na estrutura opera-cional. É necessário evoluir na quantidade de re-cursos que beneficiam a criança e o adolescente.Todavia, é preciso ressaltar que alguns avançosconquistados nessa área são frutos da pressão po-lítica dos movimentos pela infância e juventude,do que pela espontaneidade dos nossos governan-tes de um modo geral.

Da mesma forma, o número de políticas, psi-cologos e outros profissionais, bem como, a quan-tidade de recursos estão longe de serem suficientespara garantir a efetivação dos direitos humanos das

crianças e dos adolescentes. Portanto, a lei diz são deveres a serem cum-

pridos no artigo seguinte; Art. 227, da Constitui-ção Federal: "É dever da família, da sociedade e doEstado assegurar à criança e ao adolescente, comabsoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à ali-mentação, à educação, ao lazer, à profissionaliza-ção, à cultura, à dignidade, ao respeito (...)"(MO-RAIS, 2007, p. 2.219)

Na realidade, isso na maioria das vezes nãoé cumprido, fazemos questão de ressaltar a impor-tância da previsão de recursos no orçamento pú-blico como meio fundamental na garantia do prin-cípio da proteção integral. Para tanto, é preciso queo Governante assuma o compromisso político eaplique, no âmbito orçamentário, a prioridadeabsoluta constitucionalmente garantida às crian-ças e aos adolescentes. Não esperando apenas peloTerceiro Setor, o qual tem cumprido de formasingela, o papel maior nesta missão, já que o apa-relho estatal, como comprovamos, é insuficiente,começando pelas condições precárias onde são re-cebidos os abusados, para serem submetidos aosexames necessários que comprovarão o abuso.

Foi verificada a problemática existente ao ana-lisar o abuso sexual e as falhas no cumprimento dosdireitos das crianças e adolescentes, com relação àsgarantias constitucionais e do Estatuto da Criançae do Adolescente. O que se constata é a falta de ummaior comprometimento do Poder Público e da So-ciedade como um todo.

Os dados mostram que é oportuna a discussãopara modificação do plano nacional de enfrenta-mento à violência e exploração sexual contra a crian-ça e o adolescente, e urgente a definição de novas es-tratégias e políticas públicas para enfrentar o proble-ma. Não basta ao Administrador Público apenasfalar ou mesmo fazer grandes projetos em campa-nhas eleitorais, há uma necessidade urgente de colo-car em prática a legislação tão bem elaborada, e darcondições aos operadores do direito de efetivá-la.

5. CCONSIDERAÇÕES FFINAISÉ certo que hoje a problemática da violência

sexual, na modalidade abuso sexual contra crian-ças e adolescentes tem sido alvo de esforços de ins-tituições que lutam pelos direitos da infância e dajuventude. Ficou bastante claro, pelo resultadoapontado, levando-se em consideração a parte teó-rica e a constatação da realidade através das respos-

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tas apresentadas é que não se pode apontar apenasum único responsável pelo abuso sexual, mas sim,para constatarmos que a violência sexual é consi-derada uma das piores formas de opressão contracrianças e adolescentes.

Trata-se de um problema mundial, é um fenô-meno que atinge a todas as camadas sociais, nãosendo um problema exclusivo das classes mais po-bres. O abuso sexual não decorre somente de ques-tões financeiras e sim de um conjunto de fatores, comoa família, sociedade, poder público, instituições,sejam elas governamentais ou não, que trabalham aquestão da violência sexual contra crianças e adoles-centes, a fiscalização da aplicação de recursos e po-líticas públicas no sentido da prevenção, cada qualcontribuindo, em maior ou menor grau, para a exis-tência desse problema que pode comprometer o fu-turo de uma geração inteira de nossa sociedade.

É nesse pensar que ressaltamos que o ECA- Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei Fe-deral de 8.069/90), é um dos marcos do proces-so de redemocratização da sociedade brasileira, ela-borado sob a doutrina da proteção integral dacriança e do adolescente, o ECA supera a doutri-na da situação irregular, afirmando a criança e oadolescente como cidadãos, sujeitos de direitos, nacondição de pessoas em desenvolvimento.

Portanto, para construirmos uma nova rea-lidade é necessário o comprometimento detodos no sentido de visualizarmos que o abusosexual é grave violação do direito ao respeitoe à dignidade da criança. É, sobretudo, viola-ção do direito ao desenvolvimento sexual dacriança. É clara afronta aos direitos sexuais decrianças e adolescentes, transformados, por viado abuso sexual, em objeto do prazer do adul-to, que lhes nega a cidadania e a condição desujeitos de direitos, deixando-lhes conseqüên-cias irreparáveis.

Para criar um país desenvolvido, em que as

oportunidades e a justiça sejam patrimônio de todosserá preciso muito mais.

Diante da natureza do nosso trabalho, nos foiproporcionado à sensibilidade de percebermos asfalhas do serviço público quanto ao atendimentode crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual.A inércia na realização de políticas de atendimen-to as vítimas e pelo tratamento que dá ao fato. OPoder Judiciário pela cultura penal vigente quepune o agressor e por não ter incorporado plena-mente os dispositivos da Convenção dos Direitosda Criança e do Adolescente e do ECA, o contex-to social-econômico em que os fatos acontecem.

O grupo sente a necessidade de propor, demobilizar e reunir esforços do governo, empresase organizações da sociedade civil, na busca por so-luções mais eficazes para a alarmante incidênciado abuso sexual contra crianças e adolescentes emnosso Estado. Indicando três objetivos:

O primeiro objetivo é fazer a necessária arti-culação entre os três setores da sociedade: público,privado e o terceiro setor. Dessa forma, espera-segarantir que eles cooperem mais entre si, troquemmais informações e trabalhem em sinergia na buscade soluções para o problema.

O segundo objetivo é a educação, distribuin-do na sociedade panfletos e cartilhas, ensinandoaos cidadãos, aos pais e responsáveis, como evitaro abuso sexual conta criança e adolescente, trans-formando-os em agentes de proteção.

E o terceiro objetivo, mais amplo, é promo-ver o desenvolvimento das organizações que aten-dem crianças e adolescentes e, assim, fortalecer osistema de proteção da infância e da adolescência.

Fazer Justiça é restituir o direito violado, a dig-nidade, o respeito e a liberdade, não somente puniros violadores. Tudo isto, nos obriga a uma reflexãoética e política sobre o que de fato estamos fazen-do com crianças e adolescentes que vivem, cotidia-namente, uma realidade de privação de direitos.

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REFERÊNCIAS

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GUERRA, Viviane Nogueira de Azevedo. Violência dde ppais ccontra ffilho: aa ttragédiarevisada. 4 ed. São Paulo: Cortez, 2001.

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MORAIS, Alexandre de. Constituição ddo BBrasil iinterpretada ee llegislação cconstitucional. 7ed. São Paulo: Atlas, 2007.

RASSI, Maria de Lourdes. Adolescência-vviolência. São Paulo: Cortez, 2006.

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Fundada em 1995 na gestão do presidente,conselheiro Nélio Dias, pelo jornalista AfonsoLaurentino Ramos, a Coordenadoria deComunicação Social do Tribunal de Contastem como objetivo divulgar as ações do TCE,assim como contribuir para a construção deuma imagem institucional propositiva. Para odesenvolvimento da sua missão, a assessoriatrabalha com rotinas diárias, resultando emprodutos disponibilizados para a sociedadepublicados nos jornais, revistas e tv´s do RioGrande do Norte. As publicações internas doTCE - revista e jornais, são enviados às prefei-

turas, câmaras municipais, órgãos da adminis-tração direta e indireta do Estado.

Ao longo dos anos, a Coordenadoria deComunicação do TCE vem aperfeiçoando suaatuação, com a definição de estratégias que bus-cam, sobretudo, disponibilizar para a opiniãopública informações significativas sobre o campode atuação do Tribunal de Contas e os principaisresultados apresentados. Nesta perspectiva,destaca-se o acompanhamento de todas as sessõesda Primeira Câmara de Contas, Segunda Câmarade Contas e do Plenário, com a transformaçãodos processos mais significativos em releases,

Comunicação Social do TCE enfatiza trabalho da instituição

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encaminhados para a mídia impressa potiguar,que replica a informação de forma espontânea.

Os textos encaminhados para a imprensatambém são utilizados para a produção do"TCE em Pauta", jornal impresso bimensal,distribuído para às prefeituras e câmaras muni-cipais do Estado, além dos órgãos da adminis-tração pública e todos os TCE´s do pais.

Anualmente é produzida a "Revista doTCE", com artigos técnicos e de interesse ger-al, distribuído para o público já mencionado,acrescentando-se universidades, que utilizam omaterial como referência para os universitá-rios. Os artigos são coletados a partir da pro-dução dos próprios servidores do TCE. Parale-

lamente, são produzidas cartilhas, plaquetes eoutras publicações. Com o aporte do Pro-moex, muitas outras ações estão sendo desen-cadeadas, a partir do Plano Estratégico decomunicação, em elaboração.

O trabalho da Coordenadoria de Comu-nicação também implica na assessoria decomunicação aos conselheiros e gerentes deunidades, contribuindo na definição de estra-tégias que melhor disponibilizem informa-ções específicas para a sociedade. Neste aspec-to, é realizada a clipagem diária de notícias enotas enfocando o TCE, encaminhada aosconselheiros e auditores. Todas as diretoriasrecebem o clipping digitalizado via portal.

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PERFIS

JJoorrggee FFiillhhoo é fotojornalista, atuando no mercadopotiguar desde 1975. Trabalhou no Diário de Natalpor mais de dez anos. Foi freelancer da UniversidadePotiguar. Atualmente trabalha na Coordenadoria deComunicação Social doTribunal de Contas do Estado.

J O R G E FF I L H O

MMoorraaeess NNeettoo é um dos mais respeitados fotojornalistas do Rio Grande doNorte. Começou sua trajetória profissional na juventude, quando serviu a

Aeronáutica, passou vinte anos no Diário de Natal, onde coordenou odepartamento de fotografia e trabalhou em todas as editorias, mas preferindo

“Cidades” e “Política”. Atualmente é proprietário da Stytll ProduçõesFotográficas. As fotos que ilustram as páginas e a capa mostram o pôr-do-

sol no rio Potengi que é um dos mais belos espetáculos da natureza

M O R A E S NN E T O

A obra da contracapa “Natureza Harmoniosa”, é de autoria de MMaarriiaa AAllbbaanníízziiaa ddaa SSiillvvaa CCaarrvvaallhhoo, funcionária do TCE desde 23 de abril de1975, no cargo de Analista de Controle Externo, graduada em GerênciaEmpresarial, pela FACEX e especialista em Auditoria Governamental pelaUFRN. Atualmente cursa o 4º período de Direito da FACEX e exerce o cargode Coordenadora de Administração e Finanças da Escola de Contas do TCE. Épastora e presidente do Conselho Deliberativo do Desafio Jovem de Natal. Seulazer predileto é pintar quadros tendo como inspiração o seu amor ao Criadorda natureza: Deus.

M A R I A AA L B A N Í Z I A

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Natureza hharmoniosa, Maria Albanízia

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