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INTRODUÇÃO
A presente monografia visa através do estudo de caso do espetáculo “Circo
Las Muchachas” reforçar a importância de tornar o teatro acessível a todos e
apresentar caminhos para que essa meta seja alcançada.
Será apresentado um estudo diagnóstico do espetáculo citado, identificando
as necessidade para uma acessibilidade ideal e depois realizar as propostas,
estratégias e recursos necessários para tal construindo um projeto, um mapa de
orientação que deve ser aplicado no futuro.
Sabe-se que é um direito constitucional o acesso de todos a cultura, vemos
tal afirmação no “Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos
culturais e acesso às fontes da cultura nacional, apoiará e incentivará a valorização
e a difusão das manifestações culturais, bem como o acesso de todos à cultura e
entretenimento.” Porém hoje no Brasil grande parte dos eventos realizados não
possuem recursos, sejam arquitetônicos ou comunicacionais, que deem acesso a
pessoas com deficiência. Buscando nortear produtores e fazedores de teatro, esta
monografia apresentará um estudo de caso onde serão identificadas formas
possíveis de acessibilidade apresentando soluções para que as pessoas com
deficiências possam usufruir de momentos de arte e lazer como todas as outras.
Métodos, tecnologia acessível e padrões arquitetônicos a permitir e facilitar a
permanência de pessoas com deficiência e mobilidade reduzida nos ambientes
culturais e garantir boa comunicação.
A metodologia desta pesquisa terá como objeto de análise o espetáculo
“Circo Las Muchachas” do grupo sul mato-grossense de teatro “Mambembe Trupe
Teatral”. Este espetáculo está destinando ao público infantil. E o caminhão poético
do grupo neste foi buscar um intercruzamento de técnicas do circo e teatro. O
espetáculo geralmente acontece em espaços públicos, praças e parques e também
conta com a participação ativa da plateia durante o espetáculo. A participação do
público acontece porque ele é convocado a entrar no picadeiro e ajudar como
partner, ajudante de palco. Dessa forma aproximamos ainda mais as crianças do
espetáculo, elas não somente assistem mas vivenciam um dia de artista circense.
Mediante a problemática do espetáculo de estudo ser infantil e de rua que
utiliza de técnicas circenses e da plateia para ajudar ativamente nas cenas, será
exposto uma abrangência de recursos comunicacionais e arquitetônicos existentes e
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como eles serão adaptados visando melhor aproveitamento e entendimento do
espetáculo por pessoas com deficiência.
Dentre os recursos que proponho empregar no espetáculo destaco:
audiodescrição, libras, braile, letras escritas com cores contrastantes com o fundo,
estenotipia (registro do que é falado em forma de legenda projetado em um telão ou
tv), reconhecimento de palco ( guia pelo palco onde as pessoas cegas podem tocar
e perceber como é a disposição do cenário, enquanto tocam e caminham pelo
cenário vão recebendo informações faladas do guia sobre o mesmo). Estes são
alguns dos métodos e tecnologia que serão apresentados a seguir e que
possibilitam o processo de acessibilidade cultural, além de regras e padrões
arquitetônicos que devem ser seguidos para oferecer a pessoas com deficiência e
com mobilidade reduzida maior conforto e liberdade nos ambientes culturais.
Visto que os ambientes onde o espetáculo de estudo é apresentado são
lugares públicos e abertos, como praças, parques e ruas, o desafio de tornar
acessível será ainda maior. Cada lugar é sempre distinto em sua estrutura espacial
e as demandas passam então a ser únicas para cada apresentação.
Essa pesquisa tem como objetivo apresentar métodos e ferramentas com o
intuito de ratificar o Art. 5º da Constituição Federal que descreve que “todos são
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.”
Para que os recursos e tecnologia acessível apresentadas nessa monografia
sejam colocadas em prática faz-se necessário inicialmente que os produtores e
fazedores culturais quebrem a barreira da Acessibilidade Atitudinal, ou seja: tenham
atitudes diferentes! Entende-se por barreira atitudinal ações ou reações causadas
por preconceito, paradigmas, estigmas ou estereótipos colocados pela sociedade
em relação as pessoas com deficiência. A busca por soluções acessíveis sem o viés
assistencialista é o início dessa caminhada em busca da acessibilidade cultural.
Esta pesquisa tem como objetivo geral realizar um projeto para tornar o mais
acessível possível o espetáculo “Circo Las Muchachas”. Acredito que através da
diagnose das necessidades para um acessibilidade ideal e sugestão de propostas
poderei também nortear produtores e fazedores culturais a realizarem espetáculos
infantil de rua acessível a pessoa com deficiência.
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Os objetivos específicos desse trabalho é apresentar uma gama de recursos
e tecnologia acessível existentes e de como adapta-los, se necessário, mediante a
problemática do estudo de caso do espetáculo “Circo Las Muchachas” que tem
características peculiares em sua estrutura de apresentação: teatro infantil de rua,
participação ativa da plateia e utilização de técnicas circense. A junção dessas
bases se dá com o objetivo de manter viva tradições circenses e do grupo ter como
padrão de trabalho a mescla de diversas artes em um espetáculo. Também teremos
como objetivo estudar a história do teatro e do circo para contextualizar melhor o
espetáculo em questão.
Nossa pesquisa terá como metodologia um estudo de caso, o objeto a ser
investigado será o espetáculo “Circo Las Muchachas”. No primeiro momento será
realizada uma avaliação em forma de diagnose, identificando as necessidades de
acessibilidade do espetáculo. Em seguida, se guiando por revisão da bibliográfica
referente a acessibilidade cultural, apresentarei possíveis caminhos para criar um
projeto que viabilize os dispositivos de acessibilidade à pessoas com deficiência.
Para realizar a pesquisa primeiramente irei investigar um pouco a história do
teatro e suas relação com a história do circo. Acredito que para a contextualização
do espetáculo “Circo Las Muchachas” um resgate histórico e genealógico será
importante. Nesta parte também discutirei algumas ferramentas importantes para
tornar o teatro acessível. No segundo capítulo discorrerei sobre outras ferramentas
importantes nos processos de acessibilidade cultural, intensificando as
problematizações para o teatro. Assim, audiodescrição, Libras, Braile etc. serão
investigados com o intuito de encontrar a melhor forma de adaptá-los ao espetáculo
de estudo. No terceiro capítulo serão apresentadas as normas da ABNT para
construção arquitetônica de espaços acessíveis e também em formas de adaptação
para àqueles que não foram construídos pensando no conforto e permanência de
pessoas com deficiência. O quarto capítulo traz uma reflexão aos produtores e
fazedores culturais quanto as atitudes em relação as pessoas com deficiência e visa
motivá-los à produção de eventos artísticos e culturais não sob o viés
assistencialista e sim com o intuito de tornar real o direito de todos ao acesso a
cultura e informação. O quinto capítulo trará um pouco sobre a história da trupe e do
espetáculo “Circo Las Muchachas”, também aqui serão estudadas formas de se
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colocar em prática e se preciso adaptar as ferramentas acessíveis apresentadas no
segundo capítulo.
I - Origem do Teatro e circo
Não se sabe ao certo onde se deu a origem do teatro, se formos falar de
interpretação imagina-se que ele começou muito antes da fala, ainda na época do
homem das cavernas, período paleolítico, cerca de 10.000 anos a.C, onde se
precisava interpretar, fazer mímicas para se comunicar. Alguns historiadores citam
sua origem no século VI a.C., na Grécia, advindo das festas dionisíacas realizadas
em homenagem ao deus Dionísio, deus do vinho, do teatro e da fertilidade .No livro
de Raquel Coelho, “Teatro: Literatura Infanto-Juvenil” (1999, página 6) ela faz uma
afirmação mais além:
Lá o teatro floresceu com muita força e com um jeito próprio,
que acabou influenciando o teatro de todo o Ocidente, desde
aquela época até os dias de hoje. (“Teatro: Literatura Infanto-
Juvenil”,1999)
Ainda no livro de Raquel Coelho na página 06 ela fala sobre a origem do
primeiro ator. O teatro grego tem como marco inicial da ação dramática o dia em
que um dos participantes desses rituais vestiu uma máscara humana, ornada com
cachos de uvas, subiu em um tablado em praça pública e disse: “Eu sou Dionísio!”.
Este homem era Thespis, considerado o primeiro ator da história do teatro ocidental.
Thespis além de ator era autor e circulava pelas cidades em sua carroça levando
suas interpretações. Thespis introduz a tragédia em 534 a.C. e o teatro passa a não
ser somente uma imitação de rituais mas toma uma nova forma.
No livro de Bárbara Heliodora (2008) “O teatro explicado aos meus filhos” na
pagina 16 vemos como ela explica essa mudança de função do teatro:
É com essa mudança de função- buscar novos horizontes, em
vez de repetir o já conhecido – que aparece essa nova arte, o
teatro, na qual o autor imagina uma ação por meio da qual
expressa sua visão do comportamento humano diante de
determinada situação. O que acontece nessa situação é o que
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chamamos “a ação” da peça, e os personagens, que um bom
autor pode fazer parecerem perfeitamente vivos, são todos
criados segundo sua função na ação imaginada. (O teatro
explicados aos meus filhos,2008)
Depois da queda do Império Romano, no século V d.C., começou uma série
de invasões e guerras que fez com que as artes ficassem paralisadas. O teatro veio
a ressurgir somente em meados do século XII e era muito utilizado como forma de
evangelização. Paralelo a isso surgiu um outro tipo de teatro, isso aconteceu na
Europa, durante a Idade Média. Raquel Coelho, no livro “Teatro: Literatura Infanto-
Juvenil” (1999, página 10) explica esse acontecimento
Os atores e atrizes desse tipo de teatro estavam sempre
viajando, como ciganos. Eram chamados de saltimbancos. Em
suas carroças amontoadas, levavam todo tipo de coisas:
cenários, figurinos e histórias. As carroças serviam como
transporte e como casa, e até mesmo como palco. As peças
podiam ser engraçadas ou trágicas, e os grupos de atores
chamados de trupes, viajavam de vila em vila, mostrando sua
arte para quem quisesse ver, nas pequenas ruas, praças e
castelos. (“Teatro: Literatura Infanto-Juvenil”,1999)
Embora nessa época houvesse o monopólio da igreja, que queria escolher a
temática das peça de teatro, os Saltimbancos escolhiam seus temas e viviam
viajando para ter liberdade de expressão, fora do controle da igreja. Costumavam
usar máscaras com medo de serem perseguidos e presos a mando da igreja, afinal
seus espetáculos nada tinham de religioso. Esses grupos itinerantes chamavam-se
trupes de teatro mambembe (termo popular brasileiro para designar a atividade
teatral itinerante de grupos de segunda categoria).
Os saltimbancos foram o marco inicial da interligação do circo e teatro pois
faziam números cômicos, de pirofagia (malabarismo com fogo), malabarismo, dança
e teatro em diversas cidades levados pelas suas carroças que iam carregadas de
adereços cênicos (objetos de uso pessoal dos personagens) e literalmente
carregavam também suas casas. Os saltimbancos são uma pré-história das artes
circenses, porque foi só na Inglaterra do século XVIII que surgiu o circo moderno,
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com seu picadeiro circular e a reunião das atrações que compõem o espetáculo
ainda hoje. As famílias circenses tradicionalmente viajam juntas, montam seu próprio
picadeiro além de se apresentarem nele. O teatro medieval dos saltimbancos
acabou tomando uma forma curiosa no século XX, algumas companhias (como a
que eu trabalho) dedicam-se exclusivamente a criar montagens para a rua. Raquel
Coelho no livro “Teatro: Literatura Infanto-Juvenil” (1999, página 21) discorre um
pouco sobre esse tipo de teatro moderno:
Esses grupos se utilizam muitas vezes das técnicas circenses,
como a perna de pau, malabarismo, as cenas exageradas,
coloridas, exuberantes....e, é claro, muita música e muita
dança. Um dos pontos interessantes do teatro de rua é a
sensação de proximidade entre a plateia e os atores. Também
é interessante o fato de que os atores procuram sempre
adaptar as peças a novos espaços, já que as mesmas histórias
muitas vezes são apresentadas em diferentes ruas, praças e
cidades. (Teatro: Literatura Infanto-Juvenil, 1999)
Destas tradições mambembe, viajar pelas cidades levando mesclas de artes e
os próprios artistas circenses montarem seu picadeiro e trabalharem nele, retirei o
nome do nosso grupo teatral afinal seguimos os preceitos de nos apresentarmos
com números cômicos, malabarismo e outros em locais públicos e nós mesmos é
quem montamos e organizamos nosso picadeiro. Também a nomenclatura “trupe”
vem dos grupos de teatro antigos, resultando assim “Mambembe Trupe Teatral”.
1.1 .Acessibilidades no teatro
Antes de iniciarmos a fala sobre acessibilidade no teatro devemos entender a
nomenclatura acessibilidade cultural. Acessibilidade segundo o dicionário Aurélio on-
line (2014, s.pag.) é
Qualidade do que é acessível, do que tem acesso. /
Facilidade, possibilidade na aquisição, na aproximação: a
acessibilidade de um emprego. (Dicionário Aurélio,2014)
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O termo “cultural” deriva-se da palavra “cultura”. Juntando os termos seria:
facilidade, aproximação a cultura. Essa acessibilidade, aproximação a cultura, se
dará através de construções ou adaptações arquitetônicas para melhor conforto e
independência e disposição de recursos de tecnologia acessível que facilitem a
comunicação com as pessoas com deficiência.
Segundo Viviane Sarraf, em seu artigo virtual (2013, s.pag.) “Acesso a
cultura: um sinal de mudança” ,
A acessibilidade no teatro tem como característica principal que
seu espaço, programação, informação, estratégias de
comunicação e ação educativa estejam ao alcance de todos os
indivíduos. No entanto, para que um espaço cultural seja
realmente acessível, precisa de requisitos para que sua
programação possa ser usufruída por todos,
independentemente da condição física, sensorial, intelectual ou
comunicacional das pessoas. (Acesso a cultura: um sinal de
mudança, 2014)
Sabemos que pessoas com deficiência visual precisam receber as
informações durante a experimentação das atividades dos espaços de cultura por
meio de outros sentidos, como o tato e a audição. Já as pessoas surdas, que tem
como primeira língua a LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais — precisam se
comunicar por esta língua ou pela escrita própria das línguas de sinais que se dá
através da signwritting, diferente da verbal. E as pessoas com deficiência intelectual
precisam de respeito às suas diferenças cognitivas e necessitam também de
relações humanas livres de preconceitos e textos mais objetivos e simples.
Sendo assim, uma instituição cultural que realmente tenha o desejo de ser
acessível deve garantir a autonomia e independência há diferença do indivíduo em
todos os seus serviços, sejam eles básicos (banheiros, bebedouros e cafeterias),
permanentes (circulação no edifício, exposições permanentes e midiatecas) e
temporários (exposições, projetos e oficinas).
Ainda no artigo virtual (2013,s.pag.) citado acima de Viviane Sarraf ela cita
que
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Garantir os direitos das pessoas com deficiência traz benefícios
não apenas à população de pessoas com deficiência, mas para
todos os indivíduos pelo respeito às diferenças de locomoção,
percepção e comunicação inerentes ao ser humano. (Acesso a
cultura: um sinal de mudança, 2014)
Respeitando essas diferenças entre as pessoas, a acessibilidade no teatro se
dará através da implantação de recurso alternativos, por exemplo: ao chegar ao
local da apresentação de teatro, por se tratar de teatro de rua sem cortinas e palco
próprio, a plateia vidente perceberá o cenário e sua disposição porém os cegos e
baixa visão não terão a mesma percepção. O recurso utilizado para estes será o
reconhecimento de palco, onde estes poderão tocar no cenário, perceber texturas,
disposições e receberão informações sobre o mesmo. Outros recursos também
poderão ser utilizados e estes serão citados e explicados no item subsequente.
Em 2011 a “Escola de Gente” idealizou a campanha “Teatro Acessível, Arte,
Prazer e Direitos”. A “Escola de Gente – Comunicação em Inclusão”, segundo seu
site, foi fundada em abril de 2002, como decorrência natural de ações que, durante
dez anos, foram desenvolvidas por profissionais de comunicação e ativistas em
inclusão certos de que a comunicação é uma área do conhecimento que deve ser
melhor utilizada a favor da inclusão de grupos em situação de vulnerabilidade na
sociedade, especialmente crianças, adolescentes e jovens com deficiência. e tem
como missão transformar políticas públicas em políticas inclusivas para que pessoas
com e sem deficiência exerçam seus direitos humanos desde a infância. Referente
ao projeto “Teatro Acessível, Arte, Prazer e Direitos”
Tem por objetivo garantir mais autonomia e participação de
pessoas com deficiência, mobilidade reduzida e baixo
letramento, entre outras condições, na vida cultural de suas
cidades. Para isso, percorre o Brasil oferecendo teatro gratuito
e acessível a crianças, adolescentes e jovens. Em 2013, por
sua exemplaridade, a campanha foi incorporada como ação e
conteúdo de política pública pelo Ministério da Cultura, através
da ação da secretária de Cidadania, Diversidade e Cultura
Márcia Rollemberg. ( Site Escola de Gente, 2014)
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A Escola de Gente, em 2011, produziu o primeiro espetáculo infanto-juvenil
com total acessibilidade no país, o musical rock "Um Amigo Diferente?", que se
tornou o símbolo da Campanha "Teatro Acessível. Arte, Prazer e Direitos". Segundo
o site da Escola de Gente o musical sensibiliza crianças e adolescentes para
perceberem que as diferenças estão em todas as pessoas e compará-las é uma
perda de tempo, o melhor é aproveitá-las e divertir-se com elas. A sinopse da peça
usada nos materiais de divulgação diz que trata-se da história de Lucas, um
menino de nove anos e que sempre foi considerado esquisito pelos vizinhos e
colegas de classe. O seu grande sonho é ser um astro do rock. Na véspera do seu
aniversário, o irmão mais velho o desafia a conseguir dois amigos em troca de seu
álbum de figurinhas. Lucas topa o desafio e, com a ajuda de seu fiel gato Bandidão,
vai tentar de todas as formas encontrar a verdadeira amizade. No percurso dessa
aventura, o menino descobre que quanto mais diferentes são as pessoas, mais
divertida é a vida. O espetáculo foi escrito e dirigido por Marcos Nauer, um dos(as)
fundadores(as) do grupo Os Inclusos e Os Sisos, e conta com a supervisão de
dramaturgia de Bosco Brasil. O texto da peça foi escrito por Marcos Nauer, a partir
de artigos e do livro homônimo da jornalista Claudia Werneck e encenada pelo grupo
de teatro “Inclusos e os Sisos – Teatro de Mobilização pela diversidade “, segundo o
site da Escola de Gente é um projeto pioneiro de arte e transformação social da
Escola de Gente.
Os Inclusos e os Sisos foi criado em 2003, por iniciativa da atriz Tatá
Werneck, a Valdirene da novela Amor à Vida, que mobilizou outros/as estudantes de
artes cênicas da UNIRIO para colocar o teatro, especialmente o humor, a serviço de
temas como inclusão, acessibilidade, diversidade e direitos. O grupo já nasce
praticando teatro acessível e, em 2010, foi indicado ao Prêmio Faz Diferença do
jornal O Globo.
Em 2013, dia 19 de setembro, foi comemorado pela primeira vez no Brasil o
dia temático “Teatro Acessível, Arte, Prazer e Direitos”, com o lançamento de uma
campanha midiática com conteúdo de relevância pública sobre acessibilidade nas
Artes Cênicas. Essas iniciativas nos servem de motivação e prova que é possível
fazer um espetáculo totalmente acessível e que sua importância não é relevante.
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Ainda sobre projetos culturais acessíveis temos no Plano Nacional de Cultura
(PNC). Este é um conjunto de princípios, objetivos, diretrizes, estratégias e metas
que devem orientar o poder público na formulação de políticas culturais. Previsto no
artigo 215 da Constituição Federal, o Plano foi criado pela Lei n° 12.343, de 2 de
dezembro de 2010. Seu objetivo é orientar o desenvolvimento de programas,
projetos e ações culturais que garantam a valorização, o reconhecimento, a
promoção e a preservação da diversidade cultural existente no Brasil”. Há uma
importante citação na página 17 afirmando que a Constituição Federal já havia
incluído a cultura como um dos direitos sociais básicos do cidadão, estando ao lado
da educação, saúde, trabalho, moradia e lazer. Com isso enfatiza-se ainda mais a
importância de tornar a cultura acessível já que ela é um direito de todos.
1.1 A importância do espaço cultural acessível não somente na sua arquitetura mas
na sua forma de comunicação
Para que realmente possamos garantir de forma mais efetiva o processo de
acessibilidade nos espaços culturais, diversas estratégias e dispositivos devem ser
realizados. Pretendemos então a partir de agora iniciar uma apresentação e
discussão sobre estas possibilidades. Uma das ações, para a acessibilidade cultural,
mais importante está para além das modificações arquitetônicas, mas se referem às
formas de comunicação que devem possibilitar a participação de todas as pessoas,
incluindo as pessoas com deficiência.
Tratando-se dos materiais gráficos do espetáculo, devemos levar em
consideração a democratização ao acesso à informação. As filipetas, convites,
cartazes e demais impressos em tinta devem ser feitos de forma que sejam
entendidos por todos. Para os cegos eles deverão ser produzidos em braile e não se
esquecendo de, em casos de haver figuras, colocar as legendas das mesmas
também em braile. Aqueles que possuem baixa visão, poderão ter acesso ao
material de forma independente. Neste caso o material deve ser feito em fonte Arial,
ou qualquer outra fonte sem serifa (as serifas são os pequenos traços e
prolongamentos que ocorrem no fim das hastes das letras) e no tamanho 20, além
do uso do contraste de cores entre o fundo e a letra. Os contrastes mais utilizados
são: fundo branco com letras pretas, ou fundo preto com letras amarelas.
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Para maior independência dos surdos e das pessoas com baixa audição, no
dia do evento, é fundamental ocorrer a contratação ou capacitação de funcionários
e/ou atendentes que falem em libras para possíveis informações. Todos os
colaboradores do evento devem ser pessoas com sensibilidade e capacitação para
atender a pessoas com deficiências diversas. Já ouvi vários relatos de pessoas com
deficiência que são tratados de forma incoerente por terem algum tipo de deficiência,
como por exemplo: falar mais alto por a pessoa ser surda ou baixa visão, ou falar
como se estivesse falando com um bebê com uma pessoa com deficiência
intelectual. Essa sensibilização dos colaboradores se dará através de capacitação e
cursos.
Edificações que permitam e facilitem a locomoção de deficientes e pessoas
com dificuldade de locomoção também é um requisito básico para acessibilidade, e
como confirma a citação abaixo existem regras e padrões para construções
acessíveis, porém essas se tornam inóspitas caso não seja levada em consideração
a verdadeira e pessoal necessidade das pessoas com diferentes tipos de
deficiências ou dificuldades.
Para Cambiaghi (2012):
Quanto mais um ambiente se ajusta às necessidades do
usuário, mais confortável ele é. Todavia, se ocorre o inverso,
quando o ambiente construído não leva em conta as
necessidades ou limitações humanas, ele pode chegar a ser
mais inóspito do que o meio natural. Como viram, a
acessibilidade e o desenho universal servem a todos. Quanto
mais os ambientes culturais levarem este quesito em
consideração, mais público vão atrair para seus ambientes e a
cultura dos “Espaços para Todos” será mais difundida.
(Cambiaghi, 2012)
A acessibilidade arquitetônica se dará do acesso à permanência no local da
apresentação. No caso de construções arquitetônicas de teatro, deve-se pensar em
locais próprios para os cadeirantes, com espaçamento suficiente para que possam
estacionar suas cadeiras e que seja possível visualizar todo espetáculo. Estes
espaços também devem ter fácil acesso, caso se precise sair, por exemplo, para ir
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ao banheiro. Como nosso objeto de estudo é um espetáculo de rua, teremos amplo
e livre espaço para acolher os cadeirantes. Mas teremos que pensar na disposição
ordenado do público para no dificultar a circulação das cadeiras das rodas.
O desafio dessa monografia é encontrar soluções para espaços que não
foram feitos especificamente para teatro e não possuem recursos e equipamentos
disponíveis para tornar o ambiente acessível em sua comunicação e arquitetura.
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II - Um pouco mais sobre as ferramentas e tecnologias de acesso
2.1 Audiodescrição
De acordo com o grupo de pesquisa TRAMAD (Tradução, Mídia e
Audiodescrição) formado em 2005 na UFBA, “a audiodescrição é um recurso de
tecnologia assistiva que permite a inclusão de pessoas com deficiência visual junto
ao público de produtos audiovisuais. O recurso consiste na tradução de imagens em
palavras. É, portanto, também definido como um modo de tradução audiovisual
intersemiótico, onde o signo visual é transposto para o signo verbal. Essa
transposição caracteriza-se pela descrição objetiva de imagens que, paralelamente
e em conjunto com as falas originais, permite a compreensão integral da narrativa
audiovisual. Como o próprio nome diz, um conteúdo audiovisual é formado pelo som
e pela imagem, que se completam. A audiodescrição vem então preencher uma
lacuna para o público com deficiência visual.”
A audiodescrição pode ser gravada, ao vivo ensaiada ou simultânea. No blog
da audiodescritora Graciela Pozzobon (2013) ela dá as indicações de como essas
audiodescrições devem ser feitas. Segunda ela a criação do roteiro é um trabalho
delicado e subjetivo e deve-se atentar as normas já especificadas pelos países onde
a audiodescrição já foi normatizada. Deve-se atentar também para o tempo das
falas, para que as falas da áudio descrição não fique em cima das falas dos atores e
para isso será necessário um ensaio antes da gravação e se necessário essa é a
hora para se fazer os ajustes. Depois do ensaio e ajustes feito é hora de entrar no
estúdio e realizar a gravação que após isso será editado e mixado na banda sonora
original do filme.
A Audiodescrição também pode ser feita ao vivo que é a forma mais
adequada para nosso estudo de caso, ela também exige um estudo do texto, de
tempo entre as falas da audiodescrição e dos atores e também de ensaio.
Além das duas já citadas há a audiodescrição simultânea onde não há
roteiros e ensaios e geralmente são usadas em produtos transmitidos ao vivo.
Mediante o fato de não haver roteiros e ensaios esse tipo de audiodescrição é
passível de erros e para que ele seja reduzido não prejudicando o ouvinte o
profissional deve ser capacitado e ter experiência para esse tipo de trabalho.
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Percebe-se que para se realizar uma boa audiodescrição estudo da obra,
ensaios e treinamento específico são a base para se obter um bom resultado,
oferecendo assim uma descrição que dê a possibilidade de visualização das cenas
sem que haja transposição de falas e erros. Os equipamentos necessários são uma
cabine com microfone onde o audiodescritor possa narrar e fones de ouvido para o
público, no caso da narração já estar mixada juntamente com o audio original a
audiodescrição sairá nas caixas juntamente com o som original. Para se tornar um
audiodescritor faz-se necessário curso específico na área e sempre reciclar
conhecimentos com cursos e palestras, vale lembrar que A Portaria nº 310, de 27 de
julho de 2003 regulamenta a profissão de audiodescritor e com isso esperasse
engajamento de novos profissionais.
Assim podemos concluir que a audiodescrição permite a pessoa com
deficiência assistir a um espetáculo ou filme e responder a seus estímulos no ato
em que são provocados. A Lei nº 10.098, no Decreto Federal 5.296/2004 e no
Decreto Legislativo 186/2008 sustenta o direito de as pessoas com deficiência terem
áudio-descrição corroborando a necessidade de tal recurso.
2.2 Libras
Segundo Finau (apud QUADROS, 2007, p.218 e 219), “a linguagem é um dos
principais meios pelos quais o homem adquire conhecimento de mundo, visando não
causar barreiras nesse conhecimento faz-se necessário que em ambientes culturais
sempre haja funcionários e/ou atendentes habilitadas a falar em libras”.
No ponto de vista de Abreu (2006, p.9):
A Língua Brasileira de Sinais é um sistema linguístico legítimo e
natural, utilizado pela comunidade surda brasileira, de modalidade
gestual-visual e com estrutura gramatical independente da Língua
portuguesa falada no Brasil. A Libras, possibilita o desenvolvimento
linguístico, social e intelectual daquele que a utiliza enquanto
instrumento comunicativo, favorecendo seu acesso ao conhecimento
cultural-científico, bem como a integração no grupo social ao qual
pertence (ABREU, 2006, p.9).
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Imagine-se precisando pedir uma informação e não conseguir se comunicar?
A língua que você fala parece estranha e ninguém pode lhe auxiliar por não
entender sua linguagem. É assim que sentem os surdos. A LIBRAS é a linguagem
utilizada por pessoas com deficiência auditiva e já se estuda a possibilidade de
tornar seu estudo obrigatório nas escolas, entendendo a importância dessa
comunicação esse estudo já é obrigatório em todas as graduações de licenciatura.
Segundo o CENSO do IBGE cerca de 5% da população possui deficiência auditiva
ou baixa audição, portanto sua importância comunicacional é notória.
A libras pode ser colocada no teatro através de um interprete que ficará no
canto do palco com um foco de luz em sua direção para que possa ser visualizado
mesmo quando não houver iluminação no palco, este fará a tradução durante o
espetáculo. O número de interpretes será determinado conforme a necessidade de
cada espetáculo. No caso da tv e cinema na própria tela poderá haver uma janela no
canto a qual aparecerá a imagem do tradutor. Há também a possibilidade de os
próprios atores fazerem a tradução simultaneamente com suas falas, o que exige
mais dos atores porém é possível.
Este é um dos recursos acessíveis mais fáceis de se objetivar pois não exige
tecnologias e nem implementações específicas, um recurso que faz toda a diferença
para as pessoas com deficiência auditiva pois nele podem ter total compreensão das
falas. Vale ressaltar que existem surdos que não são usuários da libras, nesse caso
a saída seria exibir as legendas, que também podem conter músicas e informações
sonoras do espetáculo, ou entregar o texto impresso antes do início da atividade.
Uma problemática da legenda é que muitas vezes os surdos não tem uma
velocidade de leitura suficiente para acompanhar de modo adequado as legendas
então elas devem ser condensadas da fala original.
2.3 Braile
O Braille é um alfabeto convencional cujos caracteres se indicam por pontos
em alto relevo e o deficiente visual distingue por meio do tato. A partir dos seis
pontos relevantes, é possível fazer 63 combinações que podem representar letras
simples e acentuadas, pontuações, números, sinais matemáticos e notas musicais.
Louis Braille , criador do Braille, nasceu em 4 de janeiro de 1809 em
Coupvray, na França, a cerca de 40 quilómetros de Paris, perdera a visão aos três
16
anos. Quatro anos depois, ele ingressou no Instituto de Cegos de Paris. Em 1827,
então com dezoito anos, tornou-se professor desse instituto. Ao ouvir falar de um
sistema de pontos e buracos inventado por um oficial para ler mensagens durante a
noite em lugares onde seria perigoso acender a luz, ele fez algumas adaptações no
sistema de pontos em alto relevo, e em 1829 publicou o seu método. Sendo um
sistema realmente eficaz, tornou-se popular.
Hoje, o método simples e engenhoso elaborado por Braille torna a palavra
escrita disponível a milhões de deficientes visuais, graças aos esforços decididos
daquele rapaz há quase 200 anos atrás.
O braille provou ser muito adaptável como meio de comunicação. Quando
Louis Braille inicialmente inventou o sistema de leitura, aplicou-o à notação musical.
O método ainda possui alguns limites das possibilidades musicais, mas sem sombra
de dúvidas é um passo para acessibilidade do estudo da música. Vários termos
matemáticos, científicos e químicos têm sido transpostos para o braille, abrindo
amplos depósitos de conhecimento para os leitores cegos. Relógios com ponteiros
reforçados e números em relevo, em braile, foram produzidos, de modo que dedos
ágeis possam sentir as horas, dessa forma vemos que o Braille pode ser usado em
vários momentos e materiais para auxiliar a independência dos cegos.
No blog da escritora Priscila Conte (2014, s.pag.) Luciane Maria Molina
Barbosa, pedagoga especializada em grafia Braille; professora de
Alfabetização/reabilitação pelo método Braille; capacitadora de professores e
palestrante expõe
O Braille não se constitui como um sistema tão agradável e
atraente ao tato quanto os desenhos, formas e escritos são
para a visão. A distribuição lógica do texto no papel,
armazenamento dos materiais, de forma a não danificar o
relevo, a encadernação dos livros, a força empregada ao
marcar o relevo, grande volume das obras e descrições com
níveis satisfatórios de compatibilidade com as formas reais,
transposição de imagens para textos, são questões
fundamentais a serem levadas em consideração durante todo o
processo. Elevado custo dos materiais, volumes
excessivamente grandes: cada folha em tinta corresponde,
entre 5 a 7 folhas em Braille. Falta de obras, sejam didáticas ou
17
literatura, produzidas neste código, pouco investimento, muita
demanda na procura de materiais, tempo de leitura tátil maior
do que a leitura feita visualmente. O tato percebe letra a letra
(sentido analítico), reconhecendo fragmentos da informação
enquanto a visão percebe o global. Alfabetização mais lenta e
que requer maiores investimentos tanto financeiros como
metodológicos e didáticos, empenho e dedicação profissional.
(“A visão dos dedos: a dificuldade do Braile”, 2014)
Mesmo com essas dificuldades é possível utilizar-se desse método para
facilitar e dar autonomia aos cegos. O Braile pode ser usado em ambientes culturais
nos folders, convites, programação, placas de informação dos museus e onde mais
houver a palavra escrita. A impressão em braile tem um custo um pouco elevado,
então no caso de programação, folders e outros que devem ser feito em larga escala
a opção é se fazer um material a qual possa ser impresso o braile juntamente com a
impressão “normal”, de forma que não atrapalhe as informação para quem lê com os
olhos ou com os dedos. Pode se também fazer a impressão em menor escala e
direcionar a pontos estratégicos onde se há certeza que esse material chegará às
mãos de quem realmente precisa.
O braile pode ser feito por uma impressora especial ou manualmente com a
reglete e o perfurador, a impressão tem um custo elevado e a manual exige um
pouco mais de tempo do que a escrita normal (imagine fazer 63 caracteres com 6
perfurações). Transcritor é raro, e no brasil até os próprios cegos não são motivados
a aprender o braile, muitas vezes pela própria família que não aceita a condição do
mesmo.
Vimos um pouco das possibilidades que o braile nos dá e de algumas
dificuldades que temos com ele, tais dificuldades vem sendo resolvidas através de
outros métodos tecnológicos que ao invés de empregar a escrita em Braille usam
gravações de livros e textos em DVD´S e CD´S.
2.4 Estenotipia
O termo estenotipia advém do grego stenos - que significa curto, abreviado e
typos, impressão. É utilizado para designar a maneira pela qual se obtém o registro
18
do que é falado, através de uma máquina, em tempo real, ou seja, na mesma
velocidade com que as palavras são pronunciadas. Essa máquina chama-se
estenótipo, como se fosse uma máquina de escrever pequena que utiliza os
fonemas, não possui desenhos de letras nas teclas do lado direito são as
consoantes iniciais, do lado direito são as consoantes finais e abaixo possuem as
teclas das vogais, pode-se bater mais de uma tecla por vez e com um ou dois
toques ele vai formando as palavras, sendo assim dá mais agilidade a digitação e o
estenotipista chega a digitar 200 palavras por minuto. O estenótipo é dividido de
forma que o que você digitar no lado esquerdo será o início das palavras e o que
digitar do lado direito será o final das palavras.
Para que seja possível utilizar este recurso é necessário além do estenótipo
um computador com software a qual possua todo o dicionário de palavras criadas
pelo próprio estenotipista e o telão para projeção dos textos digitados. Por utilizar
telão é necessário que a iluminação do local seja baixa não causando assim reflexo
no telão sem dificultar a leitura dos textos. No caso da estenotipia ser feita em locais
abertos, como praças e ruas, durante o dia em que haja incidência de raios solares a
alternativa será projetar em um painel de LED os textos pois nesse a visualização
das projeções não é afetada com a claridade.
A estenotipia é feita em tempo real e na televisão é chamada de Closed
Caption, uma de suas peculiaridades é que não é necessário escrever a grafia
corretamente da forma com a qual a pessoa fala é passado para a máquina.
Este recurso inclusivo permite às pessoas deficientes auditivas
acompanharem em tempo real eventos culturais, escolares, sessões de tribunais,
etc.. A estenotipia requer uma longa e especializada formação que leva uns 4 anos.
Há poucos e caros profissionais, as máquinas para digitar são caras e também os
programas, por serem importados. Estando na mão de poucas empresas os preços
são proibitivos e também não existem técnicos nos órgãos do governo. O governo
contrata essas empresas.
Uma ideia pessoal para que houvesse mais estenotipistas no mercado seria
oferecer dentro da grade curricular dos cursos acadêmicos a matéria de estenotipia,
a mesma caberia muito bem dentro do curso de Letras, por exemplo. Entendo que
somente a faculdade não formaria estenotipistas pois além dessa matérias existem
outras a serem cumpridas pela grade e desta forma não teriam tanto tempo para se
19
dedicarem com aprofundamento da mesma. Essa seria uma oportunidade de
conhecimento da área e vivencia com essa tecnologia, podendo assim despertar
futuros estenotipistas que buscariam fora outros cursos e especializações.
Sendo assim nos deparamos com mais um desafio, porém uma luta
necessária já que o recurso da estenotipia seria de grande valia as pessoas com
deficiência auditiva e que não seja usuária da linguagem de libras.
2.5 Linguagem Simples, caixa alta e contraste
Nos processos de acessibilidade é necessário que algumas estratégias nos
texto escritos em eventos culturais apresentem certas características que facilitam
sua leitura e compreensão, seja pelo uso de específico das fontes e contrastes de
cores entre letra e o fundo do papel, seja pela própria maneira de redigir facilitando a
linguagem escrita.
Entre os princípios da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência, ratificada pelo Brasil em 2008, estão o respeito pela dignidade, pela
independência, pela liberdade de fazer as próprias escolhas e pela autonomia
individual. O documento da ONU prima ainda pela maior participação e inclusão na
sociedade e pela igualdade de oportunidades. Para que todos esses princípios se
concretizem, o acesso à informação é fundamental. O verdadeiro acesso as
informações será possível tornando as escritas acessíveis, adaptando textos para a
linguagem simples e se preciso colocar legendas, materiais audiovisuais, imagens e
fotografias. Os textos devem ser mais curtos, com uma informação de cada vez,
usando palavras simples e de preferência sem metáforas, pois essa compreensão
abstrata requer muito de quem tem deficiência intelectual. Ressalta-se que não é
para reduzir informações e nem infantilizar. Segunda o site Movimento Down (2013
s.pag.)
A construção de um texto de leitura fácil não é simples, já que
a tradução de um texto em versão acessível implica em várias
etapas: extrair do texto original os fatos e ideias mais
importantes; resumir as principais ideias; simplificar e explicar
as informações usando exemplos do dia a dia; não apresentar
20
todas as ideias de uma só vez e abrir mão de conteúdos que
tem pouco ou nenhum uso. Há ainda uma etapa da escolha
das imagens, que não se trata apenas de uma ilustração do
texto acessível. Esta escolha é norteada pela ideia da
linguagem visual. Há ainda dois momentos muito importantes:
a etapa de diagramação do texto (tamanho e fonte da letra,
número de páginas e na quantidade de texto por página entre
outros) e o processo de “validação” com jovens com def iciência
intelectual. É nesta etapa de validação que avaliamos se o
conteúdo está sendo aprendido por pessoas com dificuldades
de leitura, o que não está claro e o que ainda precisa ser
revisto e melhorado. (Site Movimento Down, 2013)
A linguagem simples pode ser usada na escrita de releases, sinopses,
materiais gráficos de espetáculos teatrais e outros eventos culturais. O roteiro pode
ser impresso em linguagem simples para que a plateia acompanhe durante o
espetáculo ou possa consulta-lo no início ou findar dele. Pode-se também ser usada
nas falas dos personagens, no próprio texto falado durante o espetáculo, filme,
enfim. Nas impressões deve-se usar fontes grandes com contraste, sem muitas
cores, letras maiúsculas, ou seja, um layout limpo.
As fontes ampliadas e contrastes também ajudam àqueles que possuem
baixa visão a ter acesso à informação escrita. Para documentos impressos o ideal é
utilizar fontes com fácil reconhecimento de caracteres, ex.: Verdana, Arial, Helvética.
Deve-se procurar evitar a confusão entre os algarismos: 3, 5, 8, 0. Para facilitar a
leitura, procurar um tamanho de letra entre os 16 e 32 pontos. Espaçamento de 1.5
ou duplo facilita a navegação ao longo do texto e evitar linhas de texto demasiado
extensas (acima de 70 caracteres). O espaçamento entre letras demasiadamente
reduzido dificulta a leitura, devem utilizar-se fontes proporcionalmente espaçadas,
pois são mais legíveis que as mono-espaçadas. Usar o máximo de contraste entre a
cor de fundo e a cor das letras. Ex.: Letras amarelas ou brancas em fundo preto ou
azul. Usar o 'bold', tipo de impressão com caracteres mais encorpados para destacar
palavras, títulos ou frases, para realçar algumas palavras.
21
No site acessibilidade.net (2013, s.pag.) está disponível um manual de
documentação impressa onde as seguintes considerações são colocadas:
Utilizar papel espesso e baço, para que a luz não seja refletida
na superfície, o que dificultaria a leitura. Evitar sobrepor textos
em imagens ou em fundos desenhados, é mais fácil ver
imagens com bom contraste e contornos definidos. Podem
usar-se alinhamentos à esquerda para evitar a inserção de
espaços entre as palavras. As margens e espaçamento deve
ser suficiente entre as manchas de texto e evitar colunas de
texto muito estreitas ou próximas entre si. (Site
Acessibilidade.net, 2013)
Com essas informações percebemos que o material gráfico requer um
cuidado além da sua composição informacional mas também em seu layout,
tomando esses cuidados garantimos o verdadeiro acesso a informação de forma
clara e sem dependência a pessoas com deficiência visual e intelectual.
22
III- Arquitetura Acessível; Regras e normas para construção de
teatros acessíveis
O estudo de caso em questão trata de um espetáculo de rua, feito em
espaços públicos que muitas vezes não foi pensado em arquitetura acessível, porém
acho importante conhecermos medidas e padrões da ABNT 9050/04, documento
que normatiza padrões para melhor atender pessoas com deficiência. Para tanto
exemplifico abaixo com figuras e textos.
Não basta ter rampas e elevadores para tornar um espaço cultural acessível,
há regras e medidas para que rampas não se tornem rampas de lançamento onde
sua inclinação é tão acentuada que ao descer com uma cadeira de roda podem ser
lançadas desgovernada pela rampa abaixo. É necessário também que o elevador
tenha livre acesso a seu interior. Além disso, são necessários banheiros que deem
possibilidade de mobilidade no interior, lugares no auditório para cadeirantes, pisos
táteis (pisos que possuem textura e cor diferente do que está ao seu redor
direcionando cegos e baixa visão), corrimão (além de servir de apoio para pessoas
com mobilidade reduzida também direciona os cegos e baixa visão) e outros
facilitadores que ajudem na locomoção de pessoas com deficiência.
Abaixo apresentamos algumas figuras para ilustrar e facilitar o entendimento
dos espaços acessíveis:
Figura 1 – Banheiro acessível
(Fonte: http://cileneaiette.blogspot.com.br/2010_08_01_archive.html (2013))
23
Vemos acima uma figura demonstrativa de como deve ser o banheiro
acessível, segunda as regras da ABNT 9050 a porta de entrada do banheiro deve ter
no mínimo 0,80 cm de largura dando espaçamento suficiente para entrada da
cadeira, as barras de apoio devem ter no mínimo 0,80 cm de largura e estar a 0,75
cm de altura do chão, a bacia sanitária deve ter no máximo 0,46 cm de altura do
chão até o final do assento, a descarga deve estar a 1,00 metro de altura do chão e
a área de transferência da cadeira para o vaso deve ser de 0,80 cm a 1,20 m.
Tratando-se de lavatório, ele deve ser suspenso para encaixe da cadeira, ter uma
altura livre de 0,73 cm, as torneiras devem possuir alavanca, sensor eletrônico ou
dispositivos equivalentes para acionar o jato de água e barras de apoio devem ser
fixadas na altura e ao redor do lavatório.
Figura 2 – Espaçamento para circulação de deficientes ou pessoas com mobilidade reduzida
(Fonte: http://blogdocadeirante.blogspot.com.br/2010/11/medidas-para-cadeirante-nbr-9050.html
(2013)
Acima temos uma imagem exemplificando o espaçamento necessário para
circulação de pessoas em pé com mobilidade reduzida e cegos, percebemos que
para melhor atender a uma diversidade de pessoas o ideal é que a passagem tenha
24
1,20m de largura sendo assim possibilitando também a passagem de pessoas com
cadeiras de rodas.
Figura 3 – Espaçamento para manobras e movimentação de cadeirantes
(Fonte: http://www.acessibilidadenapratica.com.br/tag/medidas/ (2013))
A figura acima nos demonstra as medidas necessárias para manobra e
movimentação com a cadeira de rodas, levando em consideração espaços
necessários para que pessoas com cadeiras de rodas possam circular e mudar de
posição sem dificuldades.
Figura 4 – Arquitetura ideal para rampas
(Fonte: http://www.aquipode.com/aquipode-cadeirante/manual-acessibilidade-II (2013))
25
A figura acima nos demonstra uma rampa a qual deve ter no mínimo 1,20 m
de largura (a largura ideal é 1,50 m), no inicio, mudança de direção e final da rampa
devem haver piso tátil de alerta, deve se atentar para a inclinação da rampa para
que ela não fique muito acentuada dificultando a descida, na figura acima essa
inclinação é representada pela letra “h”. O corrimão deve iniciar 0,30 cm antes e
terminar 0,30 cm de pois da rampa sem interferir na área de circulação e vazão e
deve estar a uma altura final de 92 cm do chão.
Não podemos esquecer que na plateia deve ter lugares para cadeirantes e
pessoas com mobilidade reduzida, levando em conta o tamanho de sua cadeira de
rodas e espaçamento de muletas e andadores. Segundo a ABNT 9050 o espaço
para cadeiras de rodas deve ter 0,80 cm por 1,20 m e a cadeira deve estacionar a
um recuo de 0,30 cm da cadeira ao lado, para que o cadeirante e seu
acompanhante fiquem na mesma direção. Caso a vaga seja intermediária, entre
duas fileiras de cadeiras fixas, o recuo de 0,30 cm deve haver na frente e a atrás.
3.1 Espaços públicos acessíveis
Pensando que nosso objeto de estudo é um espetáculo mambembe, que
pode ser apresentado na rua, praças, parques, ou seja, espaços públicos em geral,
destino esse tópico para pensarmos em soluções, visto que muitas vezes esses
espaços foram projetados sem pensar em receber eventos culturais e artísticos.
Vimos no tópico anterior como construir ou adaptar ambientes para que
pessoas com deficiência possam se locomover, independentemente e com conforto,
mas como tornar ambientes públicos que não foram construídos pensando em
receber projetos culturais e muitas vezes nem na acessibilidade a pessoa com
deficiência?
Via de regra, as praças e ruas devem ter rampas de acesso, piso podo tátil e
os banheiros públicos devem ser adaptados. A saída para essas questões é adaptar
na medida do possível com rampas de praticáveis (praticáveis são estruturas
montáveis geralmente usadas para palcos, escadas e rampas provisórias,
26
normalmente feita em madeira e/ou metal) que possam ser instaladas durante o
evento e após serem retiradas, já que a duração e resistência da mesma é pouca.
No caso dos pisos podo tátil é possível instalar pisos removíveis, que são colados no
chão. Lembrando que esse tipo de piso não é aconselhado para ambientes externos
por não serem resistentes à chuva e sol, porém é uma ótima solução no caso do
ambiente não possuir o piso feito da argamassa.
Um outro desafio enfrentado para acessibilidade são as fontes de energia em
espaço públicos, como as praças. Para utilizar a estenotipia e audiodescrição em um
ambiente que algumas vezes não possui saídas de energia devemos utilizar
geradores portáteis.
Caso o espaço público não tenha banheiros adaptados a alternativa é locar
banheiros químicos adaptados.
Os espetáculos devem ser apresentados de preferência no período noturno
para que a estenotipia funcione, para solucionar a problemática de projetar no telão
quando houver a claridade diária, deverá ser utilizados painéis de led para projeção.
Uma das metas do Plano Nacional de Cultura é criar mil espaços culturais
como as Praças dos Esportes e da Cultura (PEC), na página 94 do livro “Metas do
Plano Nacional de Cultural” (2012) esse plano é explicado. Vemos alí que essa
iniciativa se dá para que haja lugares nas periferias onde sejam desenvolvidos
projetos de esporte, cultura, lazer, formação e qualificação profissional, inclusão
digital e serviços de assistência social. Neste caso a praça já será construída
pensando em receber eventos culturais, é importante que na construção das PEC´S
seja levado em consideração os padrões arquitetônicos acessíveis.
No período de 16 a 18 de outubro de 2008 na cidade do Rio de Janeiro, a
Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura em
parceria com a Fundação Oswaldo Cruz do Ministério da Saúde e com apoio da
Caixa Econômica Federal realizou a Oficina Nacional de Indicação de Políticas
Púbicas Culturais para Inclusão de Pessoas com Deficiência. A oficina era destinada
a artistas, gestores públicos, pesquisadores e agentes culturais da sociedade civil
que representassem a produção cultural das pessoas com deficiência com intuito de
discutir formas de potencializar a produção e difusão das atividades artísticas e
27
culturais das pessoas com deficiência. Mas com o passar das discussões e por
entenderem a importância e complexidade do assunto, o tema acessibilidade foi
adicionado ao eixo. Na página 25 do relatório final “Nada sobre nós sem nós” (2008)
consta como uma das diretrizes de acessibilidade “Garantir que todas as políticas,
programas, projetos, eventos e espaços públicos no campo artístico e cultural sejam
concebidos e executados de acordo com a legislação nacional já existente que
garante acessibilidade e conforme disposto na Convenção sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência (ONU)”. Esta diretriz vem para corroborar a importância de
já se construir as PEC´s de forma a garantir a acessibilidade a todos.
28
IV - Acessibilidade atitudinal
Antes de falarmos em acessibilidade atitudinal devemos entender o que é
acessibilidade cultural. Acessibilidade cultural é dar acesso a pessoas com
deficiências e/ou mobilidade reduzida a cultura e a arte seja em museus, teatro ou
qual for o ambiente cultural. Essa acessibilidade não se resume somente ao espaço
físico, mas também a comunicação. Para melhor entendermos essa acessibilidade,
proponho a divisão em comunicação pré, durante e pós evento. Como exemplos
podemos citar na comunicação pré, os materiais gráficos de divulgação,
comunicação durante o evento é a forma que a informação do evento chegará a
plateia como libras, audiodescrição, legendas e demais, pós evento podemos
exemplificar os sites que devem ter letras ampliadas com fundo em contraste com a
letra, narração de tela e outros recursos acessíveis.
Para que a acessibilidade cultural possa acontecer é necessário
“acessibilidade atitudinal”. Que se tenha atitudes para pensar e implementar
recursos e estratégias que darão a todos acessibilidade arquitetônica e
comunicacional. Mas quando é que produziremos um evento acessível? Quando
tivermos atitude ética frente ao enfretamento com a diferença.
No entanto, essa definição vai um pouco além, pois também é uma questão
de direito. A Lei de Acessibilidade, garante a todos que têm algum tipo de
deficiência, um tratamento digno e respeitoso.
Segundo Amaral (1994, p.13):
Nas projeções otimistas são mais de treze milhões as pessoas com
deficiência Se acrescentarmos dois ou três elementos familiares
teremos quase que um terço da população envolvida com a questão.
Vemos, portanto que no aspecto quantitativo, a deficiência (física,
mental, sensorial, orgânica ou múltipla) atinge proporções alarmantes
no Brasil. (Amaral, 1994)
29
Com base nesse contexto, entendemos que o presente estudo possui
relevância para produtores culturais e a comunidade em geral, pois se trata de uma
questão que envolve a todos nós.
30
VI - Acessibilidade na prática – “Circo Las Muchachas”
O objeto de estudo de caso dessa monografia é o espetáculo “Circo Las
Muchachas”. Este é um espetáculo infantil que utiliza de técnicas circenses, feito
para ser apresentado em locais públicos como praças, ruas e parques. Entendendo
que o espetáculo foi feito para crianças, será explorado a linguagem delas para a
audiodescrição e textos com linguagem simples para materiais gráficos, além de
aproveitarmos a imaginação fértil que as crianças possuem.
Por se tratar de um grupo mambembe, que se apresenta em locais diversos
aqueles arquitetados especificamente para o teatro, pensaremos em estratégias
para tornar possível a acessibilidade física e comunicacional no ambiente a qual o
espetáculo será apresentado, visando sempre independência, conforto e diversão da
plateia.
5.1 A Trupe – Mambembe Trupe Teatral
O grupo Mambembe Trupe Teatral é formado pelas atrizes Renata Macedo e
Jurema de Castro e dirigido por Breno Moroni, foi criado em 2005, na cidade de
Campo Grande, Mato Grosso do Sul e tem como objetivos e estéticas principais
oferecer espetáculos educativos (tendo como algumas temáticas: educação no
trânsito, lei Maria da Penha entre outros), usar o teatro como ferramenta de
conscientização, mudanças de atitude e influenciar em bons comportamentos. Utiliza
das técnicas circenses e mistura as artes, como dança e música, em seus
espetáculos criando uma mescla e diversidade artística.
Em 2013 teve seu primeiro contato com a Palhaçaria Feminina quando então
resolveram fortalecer essa iniciativa de valorização da mulher em seus espetáculos.
“Circo Las Muchachas”, que significa “Circo As Meninas”. Este iniciou-se com a
proposta de manter viva as tradições, gags (7) e números circenses e com o passar
do tempo e o contato com a Palhaçaria Feminina ( mulheres palhaças) foi ganhando
força o fato de serem mulheres no espetáculo e de realizarem números outrora
feitos somente por homens.
31
O espetáculo além de manter vivas as tradições circenses, ainda motiva a
perpetuar os sonhos das meninas em serem o que quiserem: da bailarina a
domadora de animais. “Circo Las Muchachas” já foi apresentado no Festival América
do Sul , Corumbá – MS, Festival Cenasom, Campo Grande, MS, em mais de 20
escolas da capital sul mato-grossense e também no interior do estado, como
Aparecida do Taboado e Ponta Porã.
O grupo Mambembe Trupe Teatral surgiu em 2005, sentindo necessidade de
colocar em prática tudo que estava aprendendo no curso de Artes Cênicas oferecido
pela Universidade Anhanguera-Uniderp (MS), eu me juntei com mais 2 (duas)
acadêmicas do curso e formamos o grupo Mambembando e Educando Trupe
Teatral. A proposta do grupo era focar no teatro como ferramenta didática,
transformando informação em teatro. O espetáculo que mais nos rendeu
apresentações e elogios foi o “Circo imperfeito”, uma mistura de circo e teatro que
convidava a plateia a fazer parte do show. Após a formatura de finalização do curso,
Juliana dos Anjos foi embora para Dourados,MS, e Ana Carolina para Barueri, SP, e
eu continuei a caminhada dando aulas de teatro em diversas escolas de Campo
Grande/MS e fazendo apresentações em festas e eventos como clown, perna de
pau, malabarista e animadora.
Em 2012 convidei a atriz Jurema de Castro e o diretor Breno Moroni para
remontarmos o espetáculo “Circo imperfeito”, agora com novo elenco o grupo passa
a se chamar Mambembe Trupe Teatral e com a vasta experiência do diretor Breno
Moroni o espetáculo muda de nome, passa a se chamar “Circo Las Muchachas”, e
ganha novos personagens e números circenses. Com o estudo e aprofundamento
deste espetáculo, foram surgindo novas descobertas. A trupe percebeu o quanto a
mensagem de valorização da mulher era importante e vestiu a camisa dessa defesa.
Hoje o grupo é adepto a Palhaçaria Feminina, movimento de mulheres palhaças que
defendem o não sexismo quanto a figura do palhaço, já que este tradicionalmente é
feito somente por homens. O grupo está trabalhando atualmente em um novo
espetáculo de circo teatro: “Mulheres Sapiens Erectus”, que possui uma linguagem
dinâmica e simplista e foi feito para ser apresentado em qualquer local. Trata da
batalha da mulher, como tem adquirido seu espaço, suas conquistas e sobre a
32
violência contra mulher. A estimativa é que este espetáculo entre em cartaz em
junho de 2014.
Em 2012 o grupo montou sua sede própria com apoio do Pontão de Cultura
Guaikuru (08), onde possui escritório, sala de figurino, sala de cenário, biblioteca e
espaço para atividades afins. Com essa estrutura o grupo passa a oferecer oficinas
de circo/teatro para crianças e adultos e animação de festas e eventos, expandindo
assim seu foco de trabalho. Em 2013 a Trupe foi selecionada para o Festival
América do Sul, Cenasom e 4° Mostra de Teatro infantil.
Além de trabalhar na Trupe, também sou agente de cultura do Pontão de
Cultura Guaikuru onde realizo produção de eventos culturais na área do teatro,
audiovisual, música e artes plásticas. Fui Apresentada ao curso de Acessibilidade
Cultural pela Gestora do Pontão de Cultura Guaikuru, Andrea Freire, que me fez ver
nesse a possibilidade de ampliar meus conhecimentos e mergulhar mais fundo na
proposta educativa e social. A trupe já havia feito algumas apresentações em
escolas para crianças com deficiência e ONG´S e eu já possuía no meu coração
uma ideia de proposta de trabalho para essas instituições. A pós-graduação em
acessibilidade cultural da UFRJ e a pesquisa dessa monografia são marcas de
direção facilitadoras para colocar esse desejo em prática e muito mais que fazer
caridade fazer valer o direito de cada cidadão.
5.1 - Sinopse do espetáculo “Circo Las Muchachas”
O “Circo Las Muchachas” anuncia um espetáculo de cor e vida. Fruto de um
trabalho coletivo, ele foi criado com o intuito de ser uma apresentação de rua. No
entanto, foi readaptado para ser exibido em diferentes locais, desde escolas ao
tradicional palco italiano, carregando ainda uma herança do Circo Antigo: o próprio
artista monta o picadeiro. As personagens levam alegria e divertimento às crianças
e a imersão dentro da linguagem circense. Trabalham números tradicionais, como
as gags de palhaços e o malabarismo, e as ambientam a um tom brasileiro.
Um exemplo está na figura do palhaço: no Las Muchachas, assim como em
outros espetáculos nacionais, o palhaço se torna um ser falante, e para as atrizes,
33
com uma pitada de humor desajeitado. Ainda nas mesmas tendência do o Circo
Contemporâneo, há a inserção de outras linguagens artísticas: a dança,
representada pela figura da bailarina Pliê, que utiliza de acrobacias e de um
equilibrismo não real, tornando-o cômico; e a música, com a personagem da
Maestrina: também utiliza a dança, mas é um número focado nos sons, misturando o
clássico com os ritmos da moda, despertando a animação das crianças, que
acompanham a atriz nos movimentos.
A meninada tem a oportunidade de ver personagens típicos e construídos ao
longo dos anos, que ilustram e fazem parte da história do Circo Antigo, recontada
pelas atrizes ao retomarem a essência dessa arte; utilizando-se de um personagem
com várias funções – a palhaça que apresenta o espetáculo se torna a adestradora
de animais depois, por exemplo. Todavia, há um diferencial: os papéis usualmente
masculinos são feitos por mulheres. O circo é uma forma de arte que alcança
camadas sociais heterogêneas, e atualmente no Circo Moderno é uma forma de
entretenimento que incorpora diferentes linguagens artísticas, promovendo criações
e conhecimentos, agregando a produção cultural humana.
Vê-se no desenvolvimento de escolas técnicas, onde é difundida a formação e
profissionalização de novos artistas, a disseminação da arte circense, uma prova de
que a arte circense só tende a progredir. Desta forma, Las Muchachas contribue
para a valorização do circo no estado, principalmente já que ainda é reduzida a
criação de produções artísticas voltadas a essa proposta.
Las Muchachas inova dentro do cenário artístico sul-mato-grossense. São
mulheres que conduzem o espetáculo de circo, ocupando papéis tradicionalmente
masculinos como o adestrador de animais, o maestro, o mágico e outros. Assim, dão
nova roupagem à produção cultural do estado, ocupando espaços e instigando
mudanças, contribuindo para a identidade local e formação de perspectivas mais
diversificadas.
Para Breno Moroni, diretor do espetáculo, a construção do projeto vai além do
entretenimento, passando uma mensagem social: “a ideia surge de valorizar a figura
da mulher”, destaca Moroni. As “meninas cheias de graça” oferecem suporte para
que garotas sonhem com horizontes ampliados, se tornando uma referência não só
34
para elas, mas também para os pequenos, através da negação de atividades
específicas a meninas e meninos, mostrando que pela arte, é possível a proposição
de algo novo. Para as crianças, há um mundo de possibilidades, ampliando o
universo infantil, ao mostrar para a molecada que uma menina pode ser bailarina, ou
uma manipuladora de bonecos, palhaça, enfim, o que quiser.
5.3 Recursos e tecnologias que serão usadas no espetáculo e seus desafios
Para tornar o espetáculo acessível de forma a ter custos reduzidos, a ideia é
fazer parceria com empresas e instituições que já trabalhem com acessibilidade. A
seguir apresentarei recursos e tecnologias que poderão ser usadas no espetáculo.
Lembro que este é um estudo de caso, proponho o que é possível realizar sem
preocupações com custos, pois a intenção é exemplificar possibilidades.
Usar recursos acessíveis nesse espetáculo será um grande desafio. Materiais
gráficos impressos serão produzidos, levando em conta a estética para cegos e
videntes. Serão consideradas as letras ampliadas em contraste com o fundo, escrita
em braile e o material terá um layout mais simplista, sem muitas informações
escritas, mas com texturas diferentes e de forma que possa ser feito a versão
imprensa e braille em um só material, reduzindo assim custos e possibilitando a
impressão de uma quantidade maior de material. Como o espetáculo foi feito para
crianças, o material deve ser instigante, tanto para os videntes como para os cegos,
por isso a ideia da utilização de texturas diferentes. Haverá somente a imagem da
cortina de circo (com textura) ao fundo e das duas palhaças à frente e também o
nome do espetáculo “Circo Las Muchachas” e descrição “Conheça as meninas cheia
de Graça”, local e horário da apresentação. Com poucas imagens e texto, teremos
espaço para fazer a legenda das fotos em braile, facilitando a visualização do
material para os cegos mas também não deixando de ser atrativo para quem vê. A
seguir um esqueleto de como será o material gráfico, para que haja maior contraste
nas letras a cortina (parte azul) será amarela e as letras continuam brancas.
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Figura 5 – Layout material gráfico
Por se tratar de teatro mambembe contaremos com locais sem estrutura
nenhuma para acolher pessoas com deficiência. Algumas adaptações serão
necessárias e a produção deverá iniciar bem antes da data da apresentação para
que no dia o ambiente esteja preparado para recebê-las.
Além da arquitetura, corremos o risco de não haver energia no local,
aumentando os custos com locação de geradores de energia para o funcionamento
da estenotipia e legendas (essa projeção deverá ser feita em painéis de LED,
quando houver incidência de raios solares). Lembremos que as legendas devem ser
compactadas da fala original já que a velocidade de leitura do cego e do deficiente
intelectual é um pouco mais lenta.
Antes de iniciar o espetáculo, o público cego que tiver interesse será levado
para fazer um reconhecimento de palco, no palco estão alocados cinco caixotes de
feira e a cortina de fundo. Para tal, não terão muito o que reconhecer e deixaremos
claro no reconhecimento que a área cênica é como um picadeiro de circo: livre, para
que a cada número diferente os artistas entrem com seus objetos de cena e
equipamentos necessários.
Praça Ary Coelho 14 de janeiro de 2015 19:30 horas
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Figura 6 – Croqui do cenário
A imagem anterior mostra o croqui do cenário utilizado no espetáculo. Ao
fundo há um estrutura metálica onde na frente é fixada uma cortina colorida
(vermelha, azul e dourada) e nos lados cortinas brancas formando uma coxia que
servirá para troca de figurinos e abrigo para os adereços cênicos. O circulo com a
estrela ao centro é o picadeiro onde as cenas são desenvolvidas e ao redor caixotes
de feira decorados com laços que servem para delimitar a área cênica e também de
objeto de cena para alguns números, como no número da índia Pocamira a qual a
criança sobe em cima do caixote para servir de alvo no número de arco e flecha
realizado pela índia.
O espetáculo possui cenas a qual fantoches aparecem e ao mudar os
quadros cênicos, adereços e objetos de cenas são acrescentados. Como cada atriz
faz 3 personagens diferentes e não será possível vestir-se de todas as personagens
antes do espetáculo, porém eles poderão tocar nos figurinos e adereços dos
personagens dando assim maior facilidade de visualização quando ouvirem a áudio-
descrição das cenas.
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Figura 7 - Trecho do espetáculo “Circo Las Muchachas”
Serão contratados 2 profissionais tradutores de libras por espetáculo e o
recurso de roteiro impresso não será possível utilizar por tratar-se de um espetáculo
improvisado sem falas muito marcadas.
O espetáculo é muito visual, pois é rico em acrobacias, malabarismo,
equilibrismo e um desafio será tornar isso visível aos cegos. Lembrando que o
espetáculo é infantil, logo na áudio-descrição deverá ser usada uma linguagem mais
simples, do universo das crianças de forma lúdica que passe a emoção do momento
e floresça lindas imagens para eles.
Figura 8 - Acrobacia de solo, trecho do espetáculo “Circo Las Muchachas”
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Temos aqui um trecho áudio-descrito :
“Pliê entra em cena. Pliê é uma bailarina palhaça usa uma coroa de pérolas
rosa, maiô rosa cheio de corações coloridos, uma sainha rodada roxa, meia calça
rosa e sapatinha rosa com um bombom rosa na ponta. Ela entra dançando
levemente ao som da música, balança os braços de um lado para o outro com a
leveza de uma pluma de repente começa movimentos rápidos, dança o créu e volta
a ser leve como uma pluma, Pliê sorrindo vai fazendo abertura, descendo
levemente, ops! Algo errado, Pliê faz cara de dor e empaca, não consegue mais
descer nem subir, chama uma criança da plateia desesperadamente, pede pra
criança ajuda-la, a criança puxa Pliê mas Pliê nem sai do lugar, Pliê chora e coloca a
mão no meio das pernas sentindo dor, a criança puxa forte e Pliê consegue levantar.
Ufa! . Pliê chama duas crianças da plateia coloca uma em cada ponta do palco e
pede que elas segurem um grande elástico branco. O elástico fica esticado pelo
palco sendo segurado pelas duas crianças. Pliê mostra que vai andar sobre o
elástico. Pliê sobe em um caixote colorido, abre uma sombrinha azul de elefantinhos
rosa. Pliê está com medo, treme as pernas e abraça uma das crianças. Pliê segura
na cabeça da criança e coloca um pé no elástico, ela treme muito (suspense),
parecendo uma vara verde, com muito cuidado coloca pé por pé no elástico e tcharã
consegue chegar do outro lado. Pliê agradece aos aplausos abaixando o tronco,
pega uma cadeira de madeira colorida, cada parte tem uma cor, os pés são
amarelos, as costas vermelha... Pliê sobe novamente no caixote com a cadeira na
mão, suas pernas treme, ela segura na cabeça da criança e coloca um pé no
elástico, tremendo muito e com a cadeira na mão ela vai pé a pé andando pelo
elástico, ela para, vira de frente pra plateia e equilibra a cadeira com uma mão só.
Um pé da cadeira está na mão de Pliê e a outra mão da Pliê está esticada na lateral
do corpo na altura do ombro, a cadeira vai um pouco para um lado e para o outro
mas Pliê movimenta a mão e a equilibra novamente. Pliê segura a cadeira com as
duas mãos, coloca no chão e agradece abaixando o ombro. Vira-se para o elástico,
tremendo vai a pé a pé até chegar do outro lado. Agradece aos aplausos abaixando
o tronco. Deixa a cadeira dentro da cortina, dá um beijinho nas crianças que
seguravam o elástico e leva elas até seus lugares. No centro do picadeiro dança
levemente, girando, mexendo os braços de um lado para outro, para, olha para os
dois lados e faz movimentos rápidos, dança créu e sai.”
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Figura 9 - Cenas da bailarina Pliê, trechos do espetáculo “Circo Las Muchachas”.
Como iniciativa, para a execução da Acessibilidade Atitudinal, todos os
colaboradores do espetáculo, incluindo diretor, atrizes, sonoplastas e demais,
deverão fazer uma oficina de sensibilização. Nessa oficina serão convidadas
pessoas com deficiências diversas para falar do seu cotidiano, dificuldades,
paradigmas e formas que gostam e devem ser tratadas além da presença de
profissionais da área da saúde para explicações mais técnicas sobre as doenças. O
intuito dessa oficina e sensibilização é fomentar o trato inequívoco com as pessoas
com deficiências diversas, esta oficina será organizada pelo grupo “Mambembe
Trupe Teatral” e terá uma carga horária mínima de 8 horas. Uma forma de tornar
esse espetáculo factível será fazer parcerias com entidades que já exercem o
trabalho de áudio descrição e outros recursos acessíveis facilitando a execução do
mesmo e o tornando profissional.
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Conclusões finais
O trabalho da Trupe iniciou-se como forma de colocar em prática o que
aprendi na pós-graduação em Acessibilidade Cultural da Universidade Federal do
Rio de Janeiro - UFRJ. É importante dizer que na faculdade de Graduação de Artes
Cênicas não tivemos em nenhum momento contato com acessibilidade. Em meados
de 2006/2007 fizemos algumas apresentações para organizações e instituições para
pessoas como deficiência, como APAE, Associação de Pais e Amigos de
Excepcionais, e Cotolengo, instituição para crianças com paralisia cerebral. Na
ocasião fizemos o espetáculo que tínhamos pronto, não nos preocupando com
adaptações ou formas de facilitação de comunicação. Somente em 2013 tive contato
com a acessibilidade cultural, com certeza se tivesse tido esse contato logo na
faculdade, o desenvolvimento de eventos acessíveis teria vindo logo em seguida,
juntamente com a iniciação do grupo. As faculdades de Artes Cênicas não possuem
em sua grade um espaço específico para Acessibilidade, e se é um direito do
cidadão porque não trabalha-lo onde formam profissionais? O contato com a área e
o entendimento da sua importância, logo no início da carreira, motivaria para que os
fazedores culturais façam seus projetos teatrais desde a sua concepção pensada
em ser acessível. Quanto mais tardia o contato, mais tempo perdemos em criar
eventos culturais acessíveis. Esse contato deveria ser obrigatório nas faculdades,
não somente de Artes Cênicas, mas também Dança, Música, Artes Visuais,
Publicidade e Propaganda e todos aqueles relacionados a arte e cultura.
Hoje tenho conhecimento de poucos grupos que trabalham com teatro
acessível, como o Inclusos e Sisos do Rio de Janeiro, porém na cidade a qual eu
moro, Campo Grande, MS, não há registros. Alguns eventos já tiveram tradutores de
libras que fizeram a tradução espontânea, como o SESI Bonecos do Mundo (evento
com apresentações de teatro de bonecos), porém somente eventos pontuados e
normalmente para seguir regras. Ainda falando de Campo Grande, MS, há em
situações, também pontuadas, apresentações feitas por pessoas com deficiência
como dos alunos da APAE e do “Grupo Teatral Luzes” da instituição de cegos
“Florivaldo Vargas”. A motivação da acessibilidade cultural não parte somente do
principio de pessoas com deficiência como plateia, mas também como atuantes, que
nessa monografia não foi ressaltada por não ser parte do nosso objeto de estudo.
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Acho importante ao menos citar que no Plano Nacional de Cultura, uma das
estratégias de ações é “Realizar programas de reconhecimento, preservação,
fomento e difusão do patrimônio e da expressão cultural dos e para os grupos que
compõem a sociedade brasileira, especialmente aqueles sujeitos à discriminação e
marginalização: os indígenas, os afro-brasileiros, os quilombolas, outros povos e
comunidades tradicionais e moradores de zonas rurais e áreas urbanas periféricas
ou degradadas; aqueles que se encontram ameaçados devido a processos
migratórios, modificações do ecossistema, transformações na dinâmica social,
territorial, econômica, comunicacional e tecnológica; e aqueles discriminados por
questões étnicas, etárias, religiosas, de gênero, orientação sexual, deficiência física
ou intelectual e pessoas em sofrimento mental”, com isso motivando a produção
cultural feita por pessoas com deficiência.
Voltando ao preposto de teatro para pessoas com deficiência, em 2013 foi o
primeiro ano que houve a celebração do dia Nacional do Teatro Acessível. Devemos
entender que este é um grande e relevante passo para a mudança de pensamentos
e motivação para formação de novos grupos de teatro acessível. Oficinas sobre
Acessibilidade, como foi o “Nada sobre nós sem nós” também servem de referencial
e motivacional.
Se tratando de edificações as praças e teatros do Brasil, em sua grande
maioria, não possuem nada mais além de rampas, corrimão e no máximo
elevadores. Espero que as construções das PEC´S, Praças de Esporte e Cultura,
sejam no modelo acessível e que as que já estão construídas passem por reformas
para se adequarem as normas do desenho universal.
Concluo, portanto que a realidade no Brasil hoje é de poucos grupos de teatro
acessível. Entretanto, esta realidade pode ser modificada caso obtivermos
conhecimento de recursos e tecnologias que proporcionem a acessibilidade o
quanto antes. Como exemplo podemos pensar no aprendizado do Braile ainda na
escola e a inclusão da disciplina de acessibilidade nos currículos das faculdades,
além da discussão deste tema em oficinas, congressos e demais.
Mediante esses dados e estudos, visando o pioneirismo e a motivação para
formação de novos grupos de teatro acessível, acredito colaborar para a viabilização
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de um dos direitos básicos do cidadão: acesso a cultura. Depois de tamanha
pesquisa, comprovado a importância do tema, desejo disponibilizar este trabalho
para auxiliar a execução de eventos teatrais acessíveis.
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7. REFERÊNCIAS
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http://acessibilidadecultural.com.br/artigos/artigo.php?id=199&/acesso-a-cultura-um-
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45
9. ILUSTRAÇÕES E TABELAS
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