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a revista do engenheiro civil techne téchne 121 abril 2007 www.revistatechne.com.br IPT apoio Edição 121 ano 15 abril de 2007 R$ 23,00 Obras industriais Piso protendido Salas limpas Sidonio Porto Avaliação de concreto ISSN 0104-1053 9 7 7 0 1 0 4 1 0 5 0 0 0 0 0 1 2 1 COMO CONSTRUIR Piso protendido COMO CONSTRUIR Piso protendido Obras industriais Obras industriais Fábrica da Libbs Farmacêutica, em Embu das Artes (SP) Libbs, Embu das Artes (SP): limpeza padrão internacional Spaipa, Marília (SP): recorde de protensão de piso John Deere, Montenegro (RS): piso industrial com fibra de aço Ceitec, Porto Alegre (RS): salas limpas ISO 5 Libbs, Embu das Artes (SP): limpeza padrão internacional Spaipa, Marília (SP): recorde de protensão de piso John Deere, Montenegro (RS): piso industrial com fibra de aço Ceitec, Porto Alegre (RS): salas limpas ISO 5 ENTREVISTA Sidonio Porto fala da arquitetura nas indústrias ENTREVISTA Sidonio Porto fala da arquitetura nas indústrias capa tech 121.qxd 4/4/2007 16:33 Page 1

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‘a revista do engenheiro civil

techne

téchne121 abril 2007

www.revistatechne.com.br

IPTapoio

Edição 121 ano 15 abril de 2007 R$ 23,00

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bras industriais ■Piso protendido ■

Salas limpas ■

Sidonio Porto ■Avaliação de concreto

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COMO CONSTRUIR

Piso protendidoCOMO CONSTRUIR

Piso protendido

Obras industriaisObras industriais

Fábrica da Libbs

Farmacêutica, em

Embu das Artes (SP)

■ Libbs, Embu das Artes (SP): limpeza padrão internacional

■ Spaipa, Marília (SP): recorde de protensão de piso

■ John Deere, Montenegro (RS): piso industrial com fibra de aço

■ Ceitec, Porto Alegre (RS): salas limpas ISO 5

■ Libbs, Embu das Artes (SP): limpeza padrão internacional

■ Spaipa, Marília (SP): recorde de protensão de piso

■ John Deere, Montenegro (RS): piso industrial com fibra de aço

■ Ceitec, Porto Alegre (RS): salas limpas ISO 5

ENTREVISTA

Sidonio Portofala daarquitetura nasindústrias

ENTREVISTA

Sidonio Portofala daarquitetura nasindústrias

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2 TÉCHNE 121 | ABRIL DE 2007

É parte integrante desta revista uma amostra da manta tipo III da Denver

SUMÁRIO

SEÇÕESEditorial 4Web 8Cartas 10Área Construída 12Índices 18IPT Responde 20Carreira 22Melhores Práticas 24P&T 67Obra Aberta 72Agenda 74

CapaLayout: Lucia LopesFoto: Marcelo Scandaroli

ENTREVISTAIndústrias mais humanasSidonio Porto fala da humanização das

fábricas e da integração entrearquitetura e engenharia

50

26

LIBBS FARMACÊUTICAObra limpa As soluções de projeto para garantir

a assepsia na fabricação de medicamentos

34 REÚSO DE ÁGUAOpções racionaisConheça as tecnologias disponíveis para

reúso de água nas indústrias

36 SPAIPAProtensão recordePiso protendido de fábrica de

refrigerantes é o recorde brasileironessa tecnologia

40 JOHN DEEREPlanta flexívelVersatilidade é o ponto forte da obra

de fábrica de tratores

44 CEITECControle totalProdução de circuitos integrados exige

ambientes totalmente condicionados

56 CBAFundação diferenciadaEquipamento importado da Alemanha

facilita escavação de solo rochoso

60 ARTIGOAvaliação do concreto de peças

estruturais pequenas pelométodo dos cilindros montados

Pedro Carlos Bilesky e Carlos Eduardo deSiqueira Tango explicam o método

75 COMO CONSTRUIRPiso de concreto protendido Cuidados de execução dessa tecnologia

que pode reduzir patologias

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VEJA EM AU

EDITORIAL

4 TÉCHNE 121 | ABRIL DE 2007

As plantas industriais no Brasil e no mundo passam por um

momento de transformação. Na maioria dos casos, a área

construída e o número de usuários (leia-se operários) diminuíram.

A complexidade das instalações e o processo de montagem

industrial ficaram mais sofisticados. Exigências sanitárias,

ambientais e sociais assumiram um papel muito mais relevante.

Com isso, a prosaica idéia de "erguer um galpão" está cada vez mais

limitada às manufaturas de pouca tecnologia embarcada. Nesta

edição de Téchne, decidimos abordar algumas obras industriais

representativas desse novo momento. Salta aos olhos como cada

uma das empreitadas reserva peculiaridades que exigiram projetos

ou execução diferenciados. Foi o que ocorreu, por exemplo, com

o piso da área de produção da fábrica de tratores da John Deere,

em Montenegro (RS), que, ao invés de armaduras, foi reforçado

com fibras de aço. A alternativa foi necessária para evitar eventuais

transferências das armaduras na comunicação dos equipamentos

da fábrica, orientados por radiofreqüência. Esse e outros casos

revelam que o segmento de obras industriais dispõe de empresas

de engenharia cada vez mais especializadas. E não podia ser

diferente. Na década de 90, com a chegada ao País de várias

multinacionais, as obras nesse segmento passaram a atender aos

padrões internacionais de qualidade. Tiveram também que se

adaptar às especificidades de cada segmento industrial e suas

particularidades. Colocadas à prova, as empresas de engenharia

envolvidas mostraram criatividade e capacidade técnica,

apresentando alternativas economicamente viáveis. Se em outros

segmentos, como o de obras públicas, as empresas fossem exigidas

não apenas em relação ao custo, mas também em relação às

soluções técnicas, certamente a nossa Engenharia Civil estaria

desfrutando de uma outra imagem perante a sociedade.

Menores, melhores e mais exigentes

� Internacional: Day Care Center, em Copenhague

� Hospital Cidade Tiradentes, em São Paulo

� Revestir 2007

� Leilões extrajudiciais� INSS� Alojamentos para canteiros � Contratação de obras

públicas

VEJA EM CONSTRUÇÃOMERCADO

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6 TÉCHNE 121 | ABRIL DE 2007

Fundadores: Roberto L. Pini (1927-1966), Fausto Pini (1894-1967) e Sérgio Pini (1928-2003)

DDiirreettoorr GGeerraall

Ademir Pautasso Nunes

DDiirreettoorr ddee RReeddaaççããoo

Eric Cozza [email protected]

EEddiittoorr:: Paulo Kiss [email protected]:: Gustavo Mendes RReeppóórrtteerr:: Bruno Loturco; Renato Faria (produtor editorial)

RReevviissoorraa:: Mariza Passos CCoooorrddeennaaddoorraa ddee aarrttee:: Lucia Lopes DDiiaaggrraammaaddoorreess:: Leticia Mantovani e Maurício Luiz Aires;

Renato Billa (trainee) IIlluussttrraaddoorr:: Sergio Colotto PPrroodduuttoorraa eeddiittoorriiaall:: Juliana Costa FFoottóóggrraaffoo:: Marcelo Scandaroli

CCoonnsseellhhoo AAddmmiinniissttrraattiivvoo:: Caio Fábio A. Motta (in memoriam), Cláudio Mitidieri, Ercio Thomaz,Paulo Kiss, Eric Cozza e Luiz Carlos F. Oliveira CCoonnsseellhhoo EEddiittoorriiaall:: Carlos Alberto Tauil, Emílio R. E.

Kallas, Fernando H. Aidar, Francisco A. de Vasconcellos Netto, Francisco Paulo Graziano, Günter Leitner,José Carlos de Figueiredo Ferraz (in memoriam), José Maria de Camargo Barros, Maurício Linn Bianchi,

Osmar Mammini, Ubiraci Espinelli Lemes de Souza e Vera Conceição F. Hachich

EENNGGEENNHHAARRIIAA EE CCUUSSTTOOSS:: Regiane Grigoli Pessarello PPrreeççooss ee FFoorrnneecceeddoorreess:: Fábio Kawano AAuuddiittoorriiaa ddee PPrreeççooss:: Danilo Campos e Aparecido Ulysses

EEssppeecciiffiiccaaççõõeess ttééccnniiccaass:: Erica Costa Pereira e Ana Carolina FerreiraÍÍnnddiicceess ee CCuussttooss:: Juliana Cristina Teixeira CCoommppoossiiççõõeess ddee CCuussttooss:: Fernando Benigno

SSEERRVVIIÇÇOOSS DDEE EENNGGEENNHHAARRIIAA:: Celso Ragazzi, Luiz Freire de Carvalho e Mário Sérgio PiniPPUUBBLLIICCIIDDAADDEE:: Luiz Carlos F. de Oliveira, Adriano Andrade e Jane Elias

EExxeeccuuttiivvooss ddee ccoonnttaass:: Alexandre Ambros, Eduardo Yamashita,Patrícia Dominguez, Ricardo Coelho e Rúbia Guerra

MMAARRKKEETTIINNGG:: Ricardo Massaro EEVVEENNTTOOSS:: Vitor Rodrigues VVEENNDDAASS:: José Carlos Perez RREELLAAÇÇÕÕEESS IINNSSTTIITTUUCCIIOONNAAIISS:: Mário S. Pini

AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO EE FFIINNAANNÇÇAASS:: Tarcísio Morelli CCIIRRCCUULLAAÇÇÃÃOO:: José Roberto Pini SSIISSTTEEMMAASS:: José Pires Alvim Neto e Pedro Paulo Machado

MMAANNUUAAIISS TTÉÉCCNNIICCOOSS EE CCUURRSSOOSS:: Eric Cozza

EENNDDEERREEÇÇOO EE TTEELLEEFFOONNEESS

Rua Anhaia, 964 – CEP 01130-900 – São Paulo-SP – Brasil

PPIINNII Publicidade, Engenharia, Administração e Redação – fone: (11) 2173-2300

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MMiinnaass GGeerraaiiss (31) 3411-7333 RRiioo GGrraannddee ddoo SSuull (51) 3333-2756

RRiioo ddee JJaanneeiirroo (21) 2247-0407/9656-8856

RReepprreesseennttaanntteess ddee LLiivvrrooss ee AAssssiinnaattuurraass::

AAllaaggooaass (82) 3338-2290 AAmmaazzoonnaass (92) 3646-3113 BBaahhiiaa (71) 3341-2610 CCeeaarráá (85) 3478-1611

EEssppíírriittoo SSaannttoo (27) 3242-3531 MMaarraannhhããoo (98) 3088-0528

MMaattoo GGrroossssoo ddoo SSuull (67) 9951-5246 PPaarráá (91) 3246-5522 PPaarraaííbbaa (83) 3223-1105

PPeerrnnaammbbuuccoo (81) 3222-5757 PPiiaauuíí (86) 3223-5336

RRiioo ddee JJaanneeiirroo (21) 2265-7899 RRiioo GGrraannddee ddoo NNoorrttee (84) 3613-1222

RRiioo GGrraannddee ddoo SSuull (51) 3470-3060 SSããoo PPaauulloo Marília (14) 3417-3099

São José dos Campos (12) 3929-7739 Sorocaba (15) 9718-8337

ttéécchhnnee:: ISSN 0104-1053Assinatura anual R$ 276,00 (12 exemplares)Assinatura bienal R$ 552,00 (24 exemplares)

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva do autor e não expressam,necessariamente, as opiniões da revista.

VVeennddaass ddee aassssiinnaattuurraass,, mmaannuuaaiiss ttééccnniiccooss,, TTCCPPOO ee aatteennddiimmeennttoo aaoo aassssiinnaanntteeSegunda a sexta das 9h às 18h

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RReepprriinnttss eeddiittoorriiaaiiss

Para solicitar reimpressões de reportagens

ou artigos publicados:

fone (11) 2173-2304

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PINIrevistasRReeddaaççããoofone (11) 2173-2303fax (11) 2173-2327e-mail: ccoonnssttrruuccaaoo@@ppiinnii..ccoomm..bbrr

PINImanuais técnicosfone (11) 2173-2328e-mail: mmaannuuaaiiss@@ppiinnii..ccoomm..bbrr

PINIsistemasSSuuppoorrtteefone (11) 2173-2400e-mail: ssuuppoorrttee@@ppiinniiwweebb..ccoomm

VVeennddaassfone (11) 2173-2424 (Grande São Paulo)0800-707-6055 (demais localidades)e-mail: vveennddaass@@ppiinniiwweebb..ccoomm

PINIserviços de engenhariafone (11) 2173-2369

e-mail: eennggeennhhaarriiaa@@ppiinnii..ccoomm..bbrr PROIBIDA A REPRODUÇÃO E A TRANSCRIÇÃO PARCIAL OU TOTAL TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

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8 TÉCHNE 121 | ABRIL DE 2007

Fórum TéchneO site da Téchne tem um espaçodedicado ao debate técnico. Confira osúltimos temas abordados.

Proibir a construção de marquisessobre os passeios públicos é umasolução?Os problemas que resultam na quedade marquises só os profissionais daárea conhecem. Quem tem a obrigaçãode realizar manutenção e fiscalizaçãogeralmente desconhece ou não possuiprojetos e/ou dados para avaliar se épossível ou não a sobrecarga. Maiorfiscalização durante a execuçãotambém poderia ajudar no combateaos problemas de execução. Edison Silveira Rodrigues Jr.

Técnicos de edificações etecnólogos devem coordenar obras?Sou técnico de edificações e tenho todasas qualificações para assumir uma obra,sem esquecer que sou subordinado aoengenheiro civil, com o qual tenho odever de cooperar. Não se faz obrasozinho, mas sim em equipe. Reinaldo Manriques Filho

Engenheiros recém-formadosdevem fazer exame de ordempara exercer a profissão?Quando se toca nesse assunto, secompara com o "exame de ordem" daOAB. Esse argumento não é válido. Ocurso de direito não é profissionalizante.Na Engenharia, Arquitetura e Agronomia,o egresso sai titulado, pronto para oexercício da profissão na qual se graduou.Ao Crea resta reconhecê-lo comoqualificado e emitir sua carteira. Se a raizda preocupação está na formação escolar,cabe à instituição de ensino melhorar aqualificação profissional.Rosimeire A. Faccin

Confira planta da sala limpa, cortes e perspectivas gráficas do Ceitec (Centro de Excelênciaem Tecnologia Eletrônica Avançada), tema de reportagem desta Téchne. Também estádisponível artigo do diretor-presidente do Ceitec, Sérgio Souza Dias, no qual explica comofuncionará o processo de fabricação de CIs (circuitos integrados). Localizado em PortoAlegre e com obras em andamento, o Centro irá concentrar todas as etapas parafabricação de circuitos integrados. Será a primeira fábrica desse tipo na América Latina.

Ceitec mapeado

O corte dos cabos de protensão commaçarico exige cuidados especiais para queo calor não afete a dureza das cordoalhas. Atécnica está descrita no item 11 do "Manualpara a Boa Execução de EstruturasProtendidas Usando Cordoalhas de AçoEngraxadas e Plastificadas". O material estádisponível como complemento docomentário do engenheiro Eugenio LuizCauduro na seção "Cartas".

Acabamento de protensão

Confira no site da Téchne fotos extras das obras, plantas e informações que complementam conteúdospublicados nesta edição ou estão relacionados aos temas acompanhados mensalmente pela revista

www.revistatechne.com.br

Está disponível na versão online da reportagem"Protensão recorde" a planta da nova fábrica daSpaipa. A obra, localizada em Marília, interior deSão Paulo, bateu o recorde de protensão depiso com uma placa de 4.687,5 m2, sem juntas.Conheça também a solução encontrada paramanter intacta uma paineira cinqüentenárialocalizada no terreno da indústria.

Piso recordista

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10 TÉCHNE 121 | ABRIL DE 2007

CARTASProtensão Em relação à seção "Melhores Práti-cas" da Téchne 119, gostaria de alertaro desacordo do item "Protensão devigas" com a NBR 14931 (Execuçãode Estruturas de Concreto – Procedi-mento), de 2004. Enquanto a revistaindica o corte das pontas de cordoa-lhas com maçarico, a norma proíbetal procedimento.Maria Regina L. Schmid

Rudloff Sistema de Protensão Ltda.

Resposta do engenheiro Eugenio LuizCauduro: Essa oritentação existe nanorma, mas refere-se a um conjuntode duas ações, previstas no item"Confecção dos cabos". O procedi-mento vem da antiga norma de pro-tensão, de cuja elaboração participeicomo representante da Freyssinet. Àépoca, preferimos proibir o cortecom maçarico tanto durante a con-fecção dos cabos quanto junto às an-coragens. Durante a confecção, por-que o corte com maçarico forma umaborra de solda que engrossa a extre-midade do cabo e dificulta a enfiaçãodas cunhas pela sua extremidade.Além disso, caso um pingo de metalincandescente atinja outra cordoalha,esta pode se romper durante a pro-tensão. Para o corte final das pontas, o

receio era o aquecimento de formaexagerada tanto das cordoalhascomo das cunhas. Os nichos quecontinham as ancoragens eram degrandes dimensões, pois essas ti-nham pelo menos quatro cordoalhaspor bloco. Dessa forma, era fácil cor-tar as pontas com disco de corte, quepodia ser introduzido nos nichoscom facilidade. E assim ficou defini-do na época.Na ABNT NBR 14931:2004, de cujaelaboração também participei, oAnexo A "Execução da protensão emconcreto protendido com aderênciaposterior", item "A.5 – Confecçãodos cabos", diz o seguinte: "É vedadoefetuar no elemento tensor o cortecom maçarico, bem como o endirei-tamento através de máquinas endi-reitadeiras ou qualquer outro pro-cesso, pois esses procedimentos alte-ram radicalmente as propriedadesfísicas do aço".Na fase de confecção, o aquecimentose dá apenas na extremidade do cabo,após o ponto de engate do macaco,onde não há problemas quanto a al-terações nas características das cor-doalhas, pois os últimos, a aproxima-damente 50 cm de cabo, externos àsancoragens, serão descartados. A res-trição permaneceu nessa norma de-vido à formação da borra de solda,que engrossa a extremidade de cabo,e à possibilidade de um pingo de açoincandescente atingir locais depoistensionados. O que altera radical-mente as propriedades físicas do açoé o eventual endireitamento de cor-doalhas com máquinas, o que faz cairsignificativamente o limite de escoa-mento do aço em todo o seu compri-mento e impede seu uso como ele-mento de protensão.Na mesma norma citada, o Anexo C"Execução da protensão em concretoprotendido sem aderência", item C.5

- "Confecção dos cabos", diz: "O açodeve ser cortado de acordo com ocomprimento (...) por meio de es-meril rotativo ou tesoura". E ainda:"É vedado efetuar no elemento ten-sor o endireitamento através de má-quinas endireitadoras ou qualqueroutro processo de eliminar torçõesou dobramentos, pois esses procedi-mentos alteram as propriedades físi-cas do aço". Restrição semelhante àdo item A.5, porém, somente quantoao endireitamento.Quanto ao corte final das pontas apósa protensão, a norma se omite e dei-xou para as empresas a escolha daforma de corte conforme as técnicasmais modernas e o treinamento dopessoal. No caso da protensão nãoaderente, praticamente só é usado osistema "monocordoalha", onde cadaancoragem só prende uma cordoalha.Assim, os nichos para recesso das an-coragens têm dimensões reduzidas,com diâmetro de 5 cm, o que dificultao corte das pontas de cordoalhas comdiscos de corte, mantendo o necessá-rio cobrimento.Quando fomos aos Estados Unidospara conhecer e trazer a atual técnicada protensão não aderente ao Brasil,visitamos diversas firmas de proten-são e algumas dezenas de obras queusavam essa protensão com os pe-quenos nichos, e todas cortavam aspontas finais das cordoalhas com ma-çarico. Os especialistas americanosme disseram haver uma técnica sim-ples e de treinamento rápido para ocorte com maçarico, evitando que oaquecimento afete as características ea segurança das cordoalhas, das anco-ragens e das cunhas. Esse corte é feitoassim há mais de 40 anos. Outros en-genheiros que também visitaram osEstados Unidos, onde a utilização daprotensão em edifícios ocorre emmais de 80% dos edifícios de concre-

Envie sua crítica ou sugestã[email protected]

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to, fizeram a mesma constatação. Oresultado disso é que também noBrasil o corte das pontas finais doscabos com maçarico é a solução maiscorrente e não há notícias de qual-quer problema em cabos cortadosdesta forma, sendo perfeitamente se-guro. Algumas alternativas operacio-nais são aplicadas em algumas obraspara o uso de corte das pontas comdisco, porém, com importante perdada praticidade do sistema.A técnica e os cuidados para esse corteestão mencionados no item 11, da pá-gina 82 do "Manual para a Boa Execu-ção de Estruturas Protendidas Usan-do Cordoalhas de Aço Engraxadas ePlastificadas" *.Atenciosamente,Engenheiro Eugenio Luiz Cauduro

* Material disponível no site da revista

www.revistatechne.com.br

Acidente no metrôUma discussão profissional e respon-sável sobre um acidente em obra de

engenharia estabelece-se na Europa enos EUA imediatamente após o aci-dente. É da cultura técnica desses paí-ses mais adiantados aprender ao má-ximo com os acidentes para que coi-sas semelhantes não se repitam. A dis-cussão assim conduzida é entendidacomo uma efetiva colaboração às pró-prias investigações. Infelizmente, emnosso país, qualquer discussão que seinicie é tida como precipitada, acusa-tória, desrespeitosa etc. Em 2005,houve aquele acidente da Linha 4junto à rua Amaro Carvalheiro (pró-ximo ao local do acidente da EstaçãoPinheiros), em que três casas foramatingidas. Se esse primeiro acidentehouvesse sido discutido à exaustão,tenho absoluta certeza de que o trági-co novo acidente da Estação Pinheirosnão haveria acontecido. Mas na oca-sião venceu a cômoda tese dos "im-previstos geológicos e pluviométri-cos". É um preço muito caro que pa-gamos por cultivar uma cultura de"pôr as coisas para debaixo do tapete".

Sei, obviamente, que essa não é a pers-pectiva da Téchne, que apenas estáadotando cuidados para não cometerimprecisões ou até injustiças. Masconvidaria os amigos a refletir sobreessas minhas considerações, até por-que os resultados do trabalho do IPTsairão, na melhor das hipóteses, ape-nas em seis meses. Por que não publi-car desde já artigos sérios sobre, porexemplo, algumas hipóteses interpre-tativas sobre o acidente ocorrido? En-tenda-se esses artigos como parte deuma discussão respeitosa, como umacolaboração às investigações e nãocomo "atropelamento" destas.Álvaro Rodrigues dos Santos

Geólogo e consultor

ERRATANa revista Téchne de março (ed. 120),seção Área Construída, o nome doCBCA constou como "Câmara Brasi-leira de Construção em Aço". O cor-reto é Centro Brasileiro da Constru-ção em Aço.

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TÉCHNE 121 | ABRIL DE 200712

ÁREA CONSTRUÍDA

IPT entrega relatório sobre vizinhança da crateraO IPT (Instituto de Pesquisas Tec-nológicas de São Paulo) entregou aoMetrô um relatório técnico sobre asituação na vizinhança da futura es-

sonalizada. Entre os 45 segmentos demercado do Prêmio,o leitor pode sele-cionar somente aqueles que costumaespecificar ou comprar regularmente.Em 2006, mais de 1,8 mil leitores dasrevistas publicadas pela PINI respon-deram à pesquisa.Todos os assinantes a pagamento queresponderem ao menos a 15 catego-rias do Prêmio PINI 2007 receberão onovo CD-ROM "Téchne 2005/2006 -24 edições de Tecnologia na Constru-ção Civil". O processo de votação teminício às 12h do dia 23 de abril de2007. Mais informações pelo [email protected] ou pelo sitewww.premiopini.com.br

Chegou a hora de escolher os melho-res fornecedores da construção civil earquitetura. Os assinantes a paga-mento das revistas AU-Arquitetura &Urbanismo, Construção Mercado,Téchne e Equipe de Obra já começa-ram a receber, de forma escalonada,uma correspondência especial que in-forma a senha e o código que permi-tem o acesso à área de votação no sitewww.premiopini.com.br.O Prêmio PINI indica anualmente asempresas que se destacam na oferta deprodutos, sistemas e tecnologias paraos profissionais do setor. A votação érealizada pela internet, de forma per-

tação Pinheiros da Linha 4 – Amare-la, local do desabamento ocorridono último dia 12 de janeiro. O Insti-tuto avaliou a situação de 67 imó-veis e concluiu que 58 estão adequa-dos para a reocupação. Cinco imó-veis foram liberados com restrição,pois dependem da realização deobras de recuperação. Três imóveisforam considerados imprópriospara reocupação e um não apresen-tou condições de análise por estarobstruído por uma ruptura no teto.O IPT apontou também que, segun-do os instrumentos posicionados noentorno do local do acidente, não háindícios de movimentações do soloque indiquem para a ocorrência denovas instabilidades.Cl

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Começa votação do Prêmio PINI 2007

A Faculdade de Saúde Pública(FSP) da USP deu início à implan-tação de um "telhado verde" sobre acúpula do prédio do Centro deEducação Permanente em SaúdePública. No local foram colocadasnove estruturas metálicas, com telaspor onde se enredarão os galhos dasmudas de maracujá, cobrindo o te-lhado de fibra de vidro. A coberturavegetal servirá principalmente parareduzir o calor e o ruído provocadodentro do edifício em dias de chuva,além de contribuir para amenizar oefeito de ilha de calor no bairro dePinheiros. Em 2001, a FSP já haviarevitalizado os jardins lindeiros aosprédios da faculdade e construídouma pista de 320 metros para cami-nhadas, além de instalar equipa-mentos de lazer.

Faculdade instala"telhado verde"

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Á R E A C O N S T R U Í D A

UFPR desenvolve cobertura popularPesquisadores do Núcleo de Design eSustentabilidade da UFPR (Universi-dade Federal do Paraná) desenvolve-ram kits "faça você mesmo" de tesou-ras de cobertura e de coleta de água dechuva, que poderiam ser usados emmutirões e construções de interessesocial. Segundo o coordenador dogrupo, Aguinaldo Santos, em seismeses os alunos também deverãoapresentar kits de montagem de di-

visórias-armário. O kit de coberturadesenvolvido pela UFPR inclui apenasa estrutura da cobertura, conhecidacomo "tesoura", pois, segundo os pes-quisadores, é a parte que despendemais recursos e gera mais erros na exe-cução. Segundo os idealizadores, o sis-tema não inclui telhas porque muitasfamílias usam sobras de construçõesanteriores. As peças são feitas de OSB(Oriented Strand Board) – material

leve e resistente, produzido a partir defibras de madeira e resinas sintéticas –,e chapas de aço galvanizado. Não hápregos, mas, sim, encaixes e compo-nentes de fixação mais ágeis.A estima-tiva é que os produtos estejam dispo-níveis no mercado até o próximo mêsde julho. A pesquisa contou com oapoio financeiro do Programa Habi-tare, da Finep (Financiadora de Estu-dos e Projetos).

Fibrocimento alternativo substitui amianto Material desenvolvido no Parqtec (Par-que de Alta Tecnologia de São Carlos -SP) poderá ser usado como alternativaao cimento-amianto na confecção detelhas,placas planas e acessórios, comocaixas d'água e suportes para ar-condi-cionado. Trata-se de um novo tipo defibrocimento, composto por fibras deescória, produzido pelo engenheiro

Carlos Eduardo Marmorato Gomes.Protótipos do produto já foram cons-truídos e aprovados em ensaios de re-sistência e durabilidade. A escóriausada em sua produção é um subpro-duto da siderurgia. Além da escória, onovo produto é constituído por umcomposto híbrido de fibras poliméri-cas e de celulose. D

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Á R E A C O N S T R U Í D A

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Conjunto habitacional terá contas individualizadas A partir deste mês, os moradores doConjunto Habitacional João Paulo II(Conjunto do Bolsão 7), em Cubatão,receberão a conta de água individuali-zada por apartamento. A individuali-

zação permitirá que cada família tenhaa conta de água representativa de seuconsumo e não mais como um rateiodo consumo geral de todo o empreen-dimento.Ao mesmo tempo,segundo aSabesp – companhia de abastecimen-to de água em São Paulo –, a industria-lização do consumo permitirá econo-mia no uso e melhor administração doprocesso de abastecimento de águapor parte da companhia. O conjuntohabitacional de Cubatão é o segundode um projeto piloto de contas indivi-dualizadas que a Sabesp desenvolve naBaixada Santista. O primeiro foi oConjunto Habitacional Mário Covas,em Santos, cujas contas já estão indivi-dualizadas há um ano.

Projetista Charles Thornton no BrasilEntrevistado da Téchne 120,de março,oengenheiro projetista de estruturas,Charles Thornton, esteve no Brasil parapalestrar durante o 5o Fórum Interna-cional de Arquitetura e Construção,ocorrido no dia 15 de março último, noâmbito da Revestir 2007, Feira Interna-cional de Revestimentos. Diretor-fun-dador da Thornton-Tomasetti Group,empresa especializada em engenharia,arquitetura e análise de falhas e reaçõesaos desastres, falou sobre a construçãoda Petronas Twin Towers e do Taipei101, o prédio mais alto do mundo naatualidade. Também comentou sobre ocolapso do World Trade Center, salien-tando que a causa da queda foi a retira-

da da proteção passiva ao fogo, e não oimpacto em si.Thornton também defendeu uma maisafinada integração entre os projetistas,incluindo o arquiteto, como forma dereduzir custos, além de afirmar que ofuturo da engenharia de estruturas estána modelagem em 5D, com softwaresque considerem tempo e custo.Em con-versa após o final da palestra, reforçou ointeresse em trazer para o Brasil seu pro-grama de profissionalização de jovens,conhecido como ACE Mentor Program,que coloca profissionais de arquitetura,construção e engenharia em contatocom jovens para lhes propiciar oportu-nidades profissionais.

SDE investiga supostocartel do cimentoA Secretaria de Direito Econômico(SDE),do Ministério da Justiça,está in-vestigando a formação de um supostocartel entre empresas do setor de ci-mento brasileiras. Há suspeitas, segun-do o órgão, de que os envolvidos fixa-riam preços de cimento e concreto, di-vidiriam os mercados de maneira re-gional, mapeariam e manipulariam aclientela e impediriam a entrada denovos concorrentes.Em fevereiro,a Po-lícia Federal realizou uma operação debusca e apreensão de documentos emempresas e associações do setor. Estãosendo investigadas oito empresas: Vo-torantim Cimentos, Camargo CorrêaCimentos, Lafarge Brasil, Companhiade Cimentos do Brasil, Holcim Brasil,Itabira Agro Industrial (Grupo Nas-sau),Soeicom e Companhia de Cimen-to Itambé –,além da Abesc (AssociaçãoBrasileira das Empresas de Serviços deConcretagem) e da ABCP (AssociaçãoBrasileira de Cimento Portland).Até o fechamento desta edição, no dia2 de abril, a ABCP, contatada 12 diasantes,não havia se manifestado sobre oassunto. A Abesc, por meio de seu ad-vogado, Pedro Zanotta, informou quedesconhecia o conteúdo do processopor completo, o que a impedia de semanifestar. No entanto, Zanotta disseque a Abesc "contesta toda e qualqueracusação de atividades ilícitas e temconfiança de que será absolvida noprocesso". A Votorantim declarou queseus procedimentos estão de acordocom as boas práticas de concorrênciado mercado e que continuará colabo-rando com as autoridades competen-tes para todo e qualquer esclarecimen-to. Segundo a empresa, "o mercadobrasileiro de cimento é pulverizado –contando com um grande número defornecedores –, e um dos mais compe-titivos do mundo". A Votorantim tam-bém afirmou que "a ausência de alí-quota de importação, aliada a investi-mentos realizados para aumento daoferta do produto, cria um ambientede queda dos preços de mercado, e queestes encontram-se atualmente abaixodos praticados em outros países".

O Senai (Serviço Nacional deAprendizagem Industrial) e a fabri-cante de tubos e conexões Amancoassinaram na última Feicon (FeiraInternacional da Indústria daConstrução) um convênio pararealização de um curso de instala-ções hidrossanitárias. O curso esta-rá disponível inicialmente em 12estados, mas deve chegar a 17 até ofinal de 2007. Os realizadores esti-mam poder formar 4 mil profissio-

Curso de instalador hidrossanitário em 12 Estados nais até dezembro. Os candidatosnão precisam ter conhecimentosanteriores sobre o assunto, devemter no mínimo entre 16 e 18 anos(dependendo do Estado) e ter con-cluído o ensino fundamental. O iní-cio dos cursos de Sergipe e Mara-nhão está previsto para maio; emjulho, começam os cursos no Acre,Espírito Santo, Pernambuco e MatoGrosso. Em outros seis estados asaulas já estão em andamento.

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ÍNDICESCustos deedificações em São PauloMaior inflação de março ocorreu nopreço do eletroduto de PVC rígidoroscável

Em março, o custo médio global doÍndice PINI de Custos de Edifica-

ções da região metropolitana de SãoPaulo encerrou o mês em 0,39% nega-tivo, percentual inferior à inflação de0,34% apresentada pelo IGP-M. Se-gundo o índice global, construir emSão Paulo está em média 5,71% maiscaro nos últimos 12 meses, percentualsuperior ao de 4,26% registrado peloIGP-M da Fundação Getúlio Vargas.

Dos reajustes ocorridos no mês demarço, destacam-se o fio isolado comPVC e o tubo soldável de cobre, quedeflacionaram devido à queda docobre. O fio isolado custava R$ 101,09e passou a custar R$ 86,81 por metro,registrando baixa de 14,13%. Já ometro do tubo soldável de cobre pas-sou de R$ 86,26 para R$ 72,49, obten-do uma variação negativa de 15,16%.

A maior inflação do mês está rela-cionada ao eletroduto de PVC rígidoroscável, cujo preço por metro subiude R$ 5,12 para R$ 5,67, variando em10,75% no período, devido à atualiza-ção na tabela do fabricante.

Materiais como a areia lavada e ocimento apresentaram pequena varia-ção, enquanto o azulejo esmaltado lisoe o vidro cristal comum permanece-ram com seus preços estáveis.

SSuuppoorrttee TTééccnniiccoo:: para tirar dúvidas ou solicitar nossos Serviços de Engenharia ligue para (11) 2173-2373ou escreva para Editora PINI, rua Anhaia, 964, 01130-900, São Paulo (SP). Se preferir, envie e-mail:[email protected]. Assinantes poderão consultar indíces e outros serviços no portal www.piniweb.com

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Índice PINI de Custos de Edificações (SP)Variação (%) em relação ao mesmo período do ano anterior

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Mar/06 Mai Jul Set Nov Jan Mar/07

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Data-base: mar/86 dez/92 = 100Mês e Ano IPCE – São Paulo

gglloobbaall mmaatteerriiaaiiss mmããoo--ddee--oobbrraaMMaarr//0066 110044..332277,,6622 5500..443355,,0066 5533..889922,,5566abr 104.425,80 50.533,25 53.892,56mai 109.352,73 52.161,98 57.190,76jun 110.471,04 53.280,28 57.190,76jul 110.411,03 53.220,27 57.190,76ago 110.432,28 53.241,52 57.190,76set 110.443,36 53.252,61 57.190,76out 110.677,85 53.487,10 57.190,76nov 110.937,11 53.746,35 57.190,76dez 111.010,59 53.819,83 57.190,76jan 110.759,12 53.568,36 57.190,76fev 110.716,18 53.525,42 57.190,76MMaarr//0077 111100..228899,,8877 5533..009999,,1111 5577..119900,,7766Variações % referente ao último mêsmês -0,39 -0,80 0,00acumulado no ano -0,65 -1,34 0,00acumulado em 12 meses 5,71 5,28 6,12Metodologia: o Índice PINI de Custos de Edificações é composto a partir dasvariações dos preços de um lote básico de insumos. O índice é atualizado porpesquisa realizada em São Paulo (SP). Período de coleta: a cada 30 dias com pesquisa na última semana do mês de referência.Fonte: PINI

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Traço de concreto

Envie sua pergunta para a Téchne.Utilize o cartão-resposta encartado na revista.

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IPT RESPONDE

TÉCHNE 121 | ABRIL DE 2007

Como calcular a proporção de materiaispara fazer 1 m3 de concreto? Atair de Almeida

São Paulo

Existem diversas formas de se estabele-cer o traço básico de um concreto, ne-cessitando-se ensaios de laboratóriopara se chegar ao traço definitivo. Porexemplo, as quantidades de materiaisem quilogramas por metro cúbico deconcreto (kg/m3) podem ser estimadaspor meio da seguinte seqüência:Passo 1: Escolha do abatimento dotronco de cone – Esse valor deve ser es-pecificado considerando-se a condiçãode trabalho e o tipo da construção.Como base, pode-se utilizar a tabela 1.Passo 2: Escolha da dimensão máxi-ma característica do agregado graúdo- Geralmente, esse valor deve ser omáximo possível, desde que coerente

com as dimensões da estrutura: a di-mensão máxima da pedra não devesuperar 1/5 da menor dimensão livreentre as faces da fôrma, 1/3 da espes-sura das lajes, ou 3/4 do menor espa-ço livre entre as armaduras.Passo 3: Estimativa da água e do teorde ar – Uma primeira estimativa daquantidade de água a ser utilizada nasmisturas experimentais, com ou semar incorporado, pode ser obtida deforma simplificada na tabela 2, consi-

derando o valor do abatimento dotronco de cone (Passo 1) e a dimensãomáxima característica do agregado(Passo 2). Admite-se que os agregadostenham forma arredondada e adequa-da distribuição granulométrica.Passo 4: Escolha da relação água-ci-mento – Na falta de dados que associema relação água-cimento com a resistên-cia do concreto, podem ser adotados osvalores aproximados dos concretosamassados com cimento Portland Tipo

Tabela 1Tipos de construção Abatimento do tronco

de cone, em mmMáximo Mínimo

Fundações, paredes e sapatas armadas 75 25Sapatas não armadas, caixões e paredes de vedação 75 25Vigas e paredes armadas 100 25Pilares de edifícios 100 25Pavimentos e lajes 75 25Concreto massa 50 25

Tabela 2Consumo de água, em kg/m3

Abatimento do tronco Dimensões máximas características do agregado, em mmde cone, em mm 9,5 12,5 19 25 38

Concreto sem ar incorporado25 208 199 187 178 16375 a 100 228 217 202 193 178150 a 175 243 228 214 202 187Teor aproximado de ar aprisionado, em % 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0

Concreto com ar incorporado25 a 50 181 175 166 160 14875 a 100 202 193 181 175 163150 a 175 217 205 193 184 172Teor recomendável total de ar, em %, em função do grau de exposição:Fraco 4,5 4,0 3,5 3,0 2,5Moderado 6,0 5,5 5,0 4,5 4,0Severo 7,5 7,0 6,0 6,0 5,0

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I, conforme a tabela 3. Atendendo aosrequisitos de resistência e durabilidade,esse valor pode ser reduzido em funçãodas condições de exposição da estrutura.Passo 5: Estimativa do consumo de ci-mento – Deve ser igual ao quociente doconsumo de água (Passo 3) divididopela relação água-cimento (Passo 4).

Passo 6: Estimativa do consumo deagregado graúdo – O volume do agre-gado seco compactado, em metro cúbi-co, para 1 m3 de concreto, é obtido como auxílio da tabela 4.Esse valor pode serconvertido em massa ou peso seco deagregado dividindo-se o produto dessevolume pela massa unitária do agrega-do no estado compactado seco.Passo 7: Estimativa do consumo deagregado miúdo – Ao completar oPasso 6 todos os materiais constituintesdo concreto estão determinados,menoso consumo de agregados miúdos, oqual é determinado por diferença. Ouseja, o total de volume ocupado pelaágua, cimento e agregado graúdo deveser subtraído de uma unidade de volu-me de concreto para se obter o volumerequerido de agregado miúdo. Os valo-res devem ser convertidos em massa,pela multiplicação do volume obtidopela massa específica de cada material.Passo 8:Ajustes devido à umidade dosagregados – Geralmente, o armazena-mento dos agregados é feito sob in-tempérie e estes, na prática, estão úmi-dos. Entretanto, as proporções deter-minadas nos Passos 1 a 7 são obtidasassumindo-se que os agregados estãona condição de saturados – superfícieseca. Assim, para as misturas experi-mentais, dependendo da quantidadede água livre nos agregados, a água deamassamento a ser adicionada deveser reduzida proporcionalmente euma quantidade correspondente deagregados deve ser aumentada.Passo 9: Ajustes nas misturas experi-mentais – Devido às hipóteses básicasexpressas anteriormente nas conside-rações teóricas, a proporção real dosmateriais que serão efetivamente usa-dos necessita ser confirmada e ajusta-da por misturas experimentais.Fabiana da Rocha Cleto

Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do Ambiente

Construído)

Tabela 3Resistência Relação água/cimento, em massaà compressão Concreto sem ar Concreto com ar a 28 dias, em MPa incorporado incorporado41 0,41 -34 0,48 0,4028 0,57 0,4821 0,68 0,5914 0,82 0,74

Tabela 4Dimensão máxima Volume de agregados secos (m3 ) por unidade característica do de volume de concreto, para os seguintes agregado, em mm módulos de finura da areia:

2,40 2,60 2,80 3,009,5 0,50 0,48 0,46 0,4412,5 0,59 0,57 0,55 0,5319 0,66 0,64 0,62 0,6025 0,71 0,69 0,67 0,6538 0,75 0,73 0,71 0,6950 0,78 0,76 0,74 0,7275 0,82 0,80 0,78 0,76150 0,87 0,85 0,83 0,81

Exemplo de aplicação: Passo 1 Concretagem de pilares e vigas, adensamento com vibrador de agulha →tabela 1 → abatimento = 80 mmPasso 2 Menor espaçamento livre entre barras = 30 mm → φmáx brita = 3/4 x 30 →φmáx brita = 22,5 mm → adotada brita 1 (dimensão máxima = 19 mm)Passo 3 Abatimento entre 75 e 100 mm, φmáx brita = 19 mm, não será utilizado aditivoincorporador de ar → tabela 2 → consumo de água (a) = 202 l de água/m3 de concreto Passo 4 Resistência média do concreto aos 28 dias de idade = 28 MPa → tabela 3 →teor água-cimento (a/c) = 0,57. Obs.: se tivesse sido especificado fck = 28 MPa, aresistência de dosagem poderia ser fcm = 28 + 1,65 S (distribuição normal dasresistências individuais e nível de significância de 95%, sendo S o desvio-padrão).Passo 5 a/c = 0,57; a = 202 l/m3 de concreto → c = a / 0,57 → c = 202/0,57→ c = 354,4 kg/m3 (354 kg de cimento por metro cúbico de concreto). Obs.: admitindoo valor de 3,15 kg/l para a massa específica do cimento, e sendo v = m/γ , tem-se que354 kg de cimento correspondem a 112,4 l de cimentoPasso 6 Uso de brita 1 e supondo areia média com módulo de finura = 2,80 → tabela 4→ 0,62 m3 de brita/m3 de concreto, ou 620 l de brita no estado solto/m3 de concreto. Obs.:admitindo para a massa específica da rocha o valor de 2,6 kg/l e para a massa unitária dapedra britada o valor de 1,6 kg/l, tem-se em 1 m3 de concreto um volume efetivo de britacorrespondente a 381,5 l (Mbrita= 0,62 x 1,6 = 992 kg → Vrocha = 992 / 2,6 = 382 l) Passo 7 Desprezando-se o teor de ar aprisionado (2%) e tendo os consumos de cimento(112,4 l), brita (382 l) e água (202 l), para inteirar 1 m3 de concreto (1.000 l) resta para aareia o seguinte volume: 1.000 - 112,4 - 382 - 202 → V(areia) = 303,6 l. Portanto,resultaria um traço em volume de 112,4 : 303,6 : 382 : 202 (cimento, areia, brita e água,em litros). Obs.: considerando as massas específicas antes indicadas, o consumo demateriais em massa seria: 112,4 x 3,15: 303,6 x 2,6 : 382 x 2,6 : 202 x 1 (354,06 kg decimento, 789,4 kg de areia, 993,2 kg de brita e 202 kg de água). Dividindo tudo por 112,4x 3,15, chega-se a um traço em massa de 1 : 2,23 : 2,80 : 0,57.

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CARREIRA

"Sempre fui muito tímido". Assimse define o projetista de estru-

turas Gabriel Oliva Feitosa. Mas quan-do se fala de suas obras, não há espaçopara timidez. Feitosa foi o responsávelpelos projetos de alguns dos shoppingsmais conhecidos de São Paulo: WestPlaza, Jardim Sul, Paulista. Aos 80anos, é freqüentador assíduo há pelomenos quatro décadas da Divisão deEstruturas do Instituto de Engenharia,da qual foi coordenador por 25 anos.

Nascido em 1926,viveu a infância ea adolescência em uma chácara emCarapicuíba, a 25 km da cidade de SãoPaulo. Fazia parte de uma famíliagrande: pai, mãe e 12 irmãos – seishomens e seis mulheres. Desses filhos,quatro tinham deficiência. Para darconta de tão numerosa prole, a mãe deFeitosa se virava como podia. "Ela ofe-recia grandes almoços e reunia pessoasque a ajudavam a trabalhar a pequenaplantação que tínhamos no quintal. Oque colhia, ela vendia e custeava a edu-cação dos filhos", lembra Feitosa.

Um amigo da família, que leciona-va em uma escola do Estado, sugeriu aFeitosa fazer uma prova para ingressona rede pública. "Todo ano surgiamvagas remanescentes nas escolaspúblicas. Vagas de alunos que se mu-davam ou repetiam de ano", conta.Quando completou o primeiro anoginasial, fez uma prova e concorreu auma das 11 vagas que surgiramnaquele ano. A segunda colocaçãogarantiu seu lugar na escola pública,onde permaneceu até completar o ter-

Gabriel Oliva FeitosaProjetista de alguns dos mais famosos shoppings de São Paulo,engenheiro construiu seu nome do zero

PERFIL

Gabriel Oliva FeitosaIdade: 80 anosGraduação: Engenharia Civil, em1952, pela Escola Politécnica daUniversidade de São PauloEmpresas em que trabalhou:Comissão de Construções Escolaresda Prefeitura de São Paulo, CivilTetra, Escritório Gabriel Oliva Feitosa;Escritório Técnico Feitosa e CruzCargos exercidos: estagiário e,depois, engenheiro na Prefeitura deSão Paulo; sócio dos escritórios CivilTetra, Gabriel Oliva Feitosa eEscritório Técnico Feitosa e Cruz

TÉCHNE 121 | ABRIL DE 2007

ceiro ano colegial. "Dessa forma,aliviei minha mãe da dificuldade debancar meus estudos", completa. Veioa fase de vestibular e a definição de seufuturo profissional. Mas Gabriel já es-tava decidido sobre os rumos de suacarreira: seguiria os passos do pai, en-genheiro civil do Departamento deObras Públicas do Estado de SãoPaulo. Prestou exame e foi estudar naEscola Politécnica da USP, onde cur-sou o ciclo básico e se especializou emEngenharia Civil.

Pouco antes de se formar, deuaulas particulares de reforço paraalunos do colegial. "Os pagamentosajudavam a bancar os estudos", conta.

Primeiros trabalhosRecém-formado,Feitosa especiali-

zou-se em cálculos estruturais, já quenão tinha capital inicial para realizarum empreendimento ou montar umaconstrutora. "Com projetos, você usacomo capital apenas seu conhecimen-to". Juntou-se a mais três colegas deturma e formou o escritório de proje-tos Civil Tetra.

"A gente começou na base da ou-sadia. Quando não tínhamos nomenenhum, relacionávamos uma sériede empresas e fazíamos visitas. Àsvezes, por simpatia, o cliente resolviafazer uma experiência conosco e nosdava algo para projetar", contaFeitosa. Foi assim que bateram à portado arquiteto Rubens Carneiro Viana econseguiram alguns de seus primeirostrabalhos. O mais importante desta

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Obras marcantes das quaisparticipou: shopping Praia de Belas,em Porto Alegre (RS); shopping WestPlaza, Jardim Sul e Paulista, todos emSão Paulo.

Obra mais significativa daengenharia brasileira: Ponte Rio-Niterói, construída no mar com águasmuito profundas.

Realização profissional: terconstruído boas amizades durantetodo o tempo em que coordenei aDivisão de Estruturas, encarando oscolegas sempre como amigos e nãocomo concorrentes

Mestres:Augusto CarlosVasconcelos, que, apesar de toda suacapacidade, não tem indícios deorgulho ou pretensão

Por que escolheu serengenheiro: influência de meu pai,que foi engenheiro do Departamentode Obras Públicas do Estado de São Paulo

Melhor instituição de ensino deengenharia: Escola Politécnica da

Dez questões para Gabriel Oliva FeitosaUSP; mas também a Escola deEngenharia do Mackenzie.

Conselho ao jovem profissional: oimportante é exercer a profissão comamor e com toda dedicação possível

Principal avanço tecnológicorecente: acredito que a protensão foium avanço muito grande. Em vez defazer a estrutura só com armaduraspassivas, entrou a protensão comoum elemento adicional. Somos muitoadeptos dessa idéia

Indicação de livro: a obra deTelêmaco van Langendonck, que éprofundamente teórica; e "NovoCurso Prático de Concreto Armado",de Aderson Moreira da Rocha, que dáum tratamento o mais simplespossível ao tema, para que o livro sejauma ferramenta de uso diário

Um mal da engenharia: algumaspessoas que vêem os colegas deprofissão como inimigos. Para mim,isso não acrescenta nada à profissão.É o que costumamos trabalhar naDivisão de Estruturas – estimular oespírito de colaboração

1978 e 1982. Gabriel continuou naárea e montou um escritório com seunome. Mais tarde, esse escritório virouo Escritório Técnico Feitosa e Cruz,que existe até hoje em um prédio nocentro de São Paulo. "O escritório já foimaior, com 500 m2, em outros locaisda cidade.Mas passamos por um aper-to financeiro e ele diminuiu".

Mas de onde veio o "Cruz" do no-me do escritório, se o único dono é opróprio Gabriel? Alberto Cruz foi umantigo colega e sócio de Feitosa.Apaixonado por armas de fogo, viviacom medo de ser assaltado. Nas horaslivres, ia ao clube de tiro para treinar.Ao amigo Gabriel, contava sobre umrevólver velho, defeituoso, que tinha.Segundo Feitosa, Alberto era muitoapegado à arma, e por isso não se des-fazia dela. Um dia, porém, Cruz amanuseou de forma indevida e a armacarregada disparou, acertando-o nopeito. Não houve tempo para socorro."Como era um colega fantástico, man-tive o nome dele.Mas hoje não há maisnada de Cruz no escritório. Só a lem-brança", explica.

Quando montou seu primeiro es-critório, Feitosa começou a freqüentartambém a recém-criada Divisão deEstruturas do Instituto de Engen-haria, em São Paulo. Lá, ficou muitoamigo do fundador da divisão, o en-genheiro Roberto Rossi Zuccolo. "Poralgum motivo, ele adquiriu muitaconfiança em mim", conta. Algunsmeses depois, Zuccolo indicou Feitosapara assumir a coordenação da di-visão. Foi eleito por aclamação. "Euera recém-formado e tive que assumiruma coisa da qual eu morria de medo!Afinal de contas, eu era um 'caipira' deCarapicuíba", brinca Feitosa. O pro-jetista ficou na coordenação da di-visão por 25 anos.

Renato Faria

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fase inicial da carreira foi o Hotel Na-cional, em Assunção, Paraguai, em1954. A proposta de Viana havia sido avencedora de um concurso interna-cional e, para a construção, o arquitetoencomendou um projeto estrutural aoescritório de Feitosa. "Na inauguração,ganhamos as passagens e fomos aoParaguai. Fomos tratados como reis",brinca. "Era uma obra audaciosa, commuitos balanços e vãos muito gran-

des", lembra o calculista. Ele apontaesta obra como a que consolidou seunome no mercado de projetistas es-truturais. "Por ter sido fora do país, elateve grande repercussão".

A empresa teve duração efêmera, eos sócios – Luiz Altenfelder Silva, Ra-fael de Souza Campos e Waldyr MunizOliva –, seguiram caminhos distintos.Waldyr, inclusive, tornou-se professorda USP e reitor da universidade entre

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MELHORES PRÁTICAS

Esquadrias de alumínioProcedimentos simples, mas que exigem cuidado e atenção, sãoessenciais para preservar a estanqueidade e garantir bom desempenho

Aplicada com colher de pedreiro, aargamassa deve preenchercompletamente o interior do perfil em"U" do contramarco. Caso contrário, sãograndes as chances de ocorrereminfiltrações. A força de aplicação pode

deslocar o perfil ou até mesmo entortá-lo, o que é evitado com o uso degabarito metálico durante o processo,retirado em seguida. Para verificar apresença de vazios, bater no perfil àprocura de sons ocos.

Alinhamento global

GrapasCom a função de manter o contramarcono lugar correto de chumbar quando daaplicação da argamassa, as grapas podemser apenas encaixadas no perfil epressionadas contra a parede. No entanto,furar a alvenaria e inserir ferros auxiliaresque permitam soldar as grapas diminuibastante as possibilidades demovimentação no momento de chumbar.

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Para nivelar, utilize mangueira depedreiro; para alinhar verticalmente,prumo e comparação com a prumada emarame do edifício. As taliscas, que devemprever a espessura da parede acabada,determinam a profundidade do

contramarco em relação à parede epermitem corrigir eventuais distorções. Afixação no local correto deve ser feita comtravamentos de madeira, respeitandodistanciamento mínimo de 30 mm emtodas as laterais.

Aplicação de argamassa

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Nota: Devido ao longo período entre fixação do contramarco e instalação da janela, as fotos foram realizadas em duas obras diferentes,mas com a mesma construtora e fornecedora de esquadrias.

Colaboração: engenheiros Nelson Kost e Fábio Gadioli, da Igê Esquadrias Metálicas, Afeal (Associação Nacional dos Fabricantes deEsquadrias de Alumínio) e Hernandez Construtora.

Os furos do contramarco servem deguia para furar a esquadria nomomento da instalação. Parafusosauto-atarraxantes garantem ajunção precisa entre os elementos,além da vedação, já que pressionama janela contra a borracha adesiva.A fixação deve ser a última etapa,posterior à pintura do ambiente edos demais serviços, evitandodanos e avarias.

Já com o peitoril completamente limpo,os cantos do contramarco devem serpreenchidos com silicone. Dependendo domodelo da esquadria, uma espumaadesiva deve ser aplicada no ponto decontato entre os elementos. Quando doaparafusamento, a pressão vai evitar queocorram infiltrações de água, além deaumentar o isolamento acústico.

Após a fixação dos vidros, é necessário secertificar de que o equipamento funcionaadequadamente. Assim, é importanterealizar os ajustes finos na fechadura e notrilho. Ambos são realizados por meio deparafusos de ajuste. Os arremates queemolduram a esquadria são encaixadosnas presilhas presentes nos parafusos defixação da própria janela.

Ajustes finos earremates

Impermeabilizaçãoe vedação

Fixação de janela

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ENTREVISTA

26 TÉCHNE 121 | ABRIL DE 2007

SIDONIO PORTO

Nascido em Patrocínio (MG), em1940, formou-se arquiteto pelaFaculdade de Arquitetura da UFMG(Universidade Federal de MinasGerais), em 1964. Em 1967, passou aexplorar a tecnologia do concretopré-moldado. A partir do projeto docomplexo rodoviário para aItapemirim, em 1979, voltou-se aprojetos maiores e mais complexos,como conjuntos industriais, hotéis ecentros administrativos. Foi professorna FAU-UFMG e na EscolaPanamericana de Arte, em São Paulo.Dirigiu o IAB (Instituto dosArquitetos do Brasil), de MinasGerais, e foi Diretor e Conselheiro daAsBEA (Associação Brasileira dosEscritórios de Arquitetura), em SãoPaulo. Recebeu prêmios do IAB-SP eda AsBEA. Em 2005, venceu oconcurso nacional de Projetos deArquitetura para a Sede da Petrobras,em Vitória, no Espírito Santo.

Se o bom projeto de arquiteturadepende da eficiência na interpre-

tação de necessidades, o caminho se-guido pela arquitetura de indústriasfoi o natural. As fábricas humani-zaram-se para oferecer melhores con-dições aos operários e, principalmen-te, para aumentar a produtividade etambém promover a imagem positivada empresa. De acordo com SidonioPorto, seu estilo cresceu com a indus-trialização da construção e ganhouforça depois de projetos em que em-pregou peças industrializadas. Citacomo exemplo a fábrica de compo-nentes eletrônicos da Flextronics, de-vido ao tamanho do projeto e à enor-me liberdade de que dispôs. "Pratica-mente criei uma nova linguagem", ex-plica. A crítica fica por conta de clien-tes que não entendem a proposta epriorizam o corte de custos.

Para Porto, o sucesso do projetodeve-se, além do entendimento dasatividades, à perfeita integração comos demais projetistas. Por isso, é im-portante que os arquitetos sejam gene-ralistas e abranjam todas as especifici-dades, mas com a preocupação semprevoltada para demandas de insolação,ventilação e implantação, refletindo oconhecimento sobre a natureza e as ca-racterísticas do local.

Ainda que o projeto sustentávelpareça ser a saída para integrar obra enatureza, Porto afirma que não se deveter uma visão restrita da questão dasustentabilidade. "A qualidade do es-paço vai mudar, mas não acredito quesurgirá uma nova estética com a utili-zação de novos componentes e mate-riais", aposta. A seguir, a íntegra da en-trevista concedida em seu escritório,em São Paulo.

Indústrias mais humanas

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Como funciona a integração doarquiteto com outros profissionaisenvolvidos na construção de umaindústria? A equipemultidisciplinar aumentaconsideravelmente de tamanho?A interação com os projetistas de en-genharia é das mais intensas, masesta proximidade também existe noprojeto de complexos de edifícios deescritórios ou de hospitais. Recente-mente, fiz o projeto para a sede daPetrobras em Vitória, que é um pro-jeto multidisciplinar, com espaços al-tamente complexos. No caso, interagimuito com projetos complementaresde engenharia. Em todo projetogrande, com várias novidades, o ar-quiteto deve ser capaz de interagircom os profissionais envolvidos. Porisso, digo que a especialidade do ar-quiteto é ser generalista e abarcartodas as especificidades. Não poderáser especialista se quiser equacionargrandes projetos, mas deve conhecera fundo as especificidades de cadaprograma.

Falando em um programa industrial,que envolva grande controle deprazos e custos da obra, o clientedetermina exatamente como quercada espaço ou o arquiteto temliberdade de propor?Depende do cliente,da obra e do proje-to. Existem situações em que o profis-sional tem mais liberdade para propornovas maneiras de espacializar o pro-grama, e deve aproveitar este momen-to para soltar a mão. E existem projetosmais restritos, aos quais o arquiteto de-verá adequar sua criatividade a um or-çamento apertado. É uma questão deaproveitar muito bem quando hámaior liberdade para projetar comconfiança, competência e criatividade.

Foi este tipo de liberdade queexperimentou no projeto da fábricade componentes eletrônicosFlextronics, em Sorocaba?Esse projeto é um case. O planejamen-to inicial previa a construção de 13edifícios em uma área de 750 mil m2, enão somente as três fábricas atuais. O

mercado da China retirou os investi-mentos que faria no Brasil e a empre-sa decidiu parar por aí, por enquanto.Um dos prédios tem auditório, labo-ratório e restaurante, projetados paraatender a todo o conjunto, e hojeserve a apenas duas fábricas. Para de-senvolver o projeto visitei fábricas daempresa nos EUA, México e Europa,e busquei, por meio do entendimentodo programa básico, uma nova lin-guagem, que hoje é desenvolvida emprojetos da empresa fora do Brasil.Tive liberdade muito grande parapropor e tudo foi aceito, principal-mente porque a empresa foi repre-sentada pelo presidente para a Amé-rica Latina, que gostava de arquitetu-ra, entendeu a proposta e teve poderpara dizer sim, o que não é comum.Algumas vezes, os arquitetos têm quelidar com representantes de empresasque desconhecem seu trabalho e sóquerem cortar custos.

Na Flextronics não se nota a estéticado pré-moldado, muito difundido em

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projetos industriais. Esses materiaissão os mais recomendados para oemprego na construção industrial?A industrialização da construção nosforneceu racionalização, redução deprazos,aumento dos vãos e maior con-

trole da qualidade final. Além disso,possibilita ao arquiteto definir tama-nhos e formatos das peças. Toda a es-trutura da Flextronics é feita com pré-moldados de concreto, que em algunsespaços receberam estruturas metáli-

cas. A vedação também foi feita complacas pré-fabricadas revestidas comgranito branco, em algumas fachadas,ou pintura, no interior. Portanto, o em-prego atual de pré-fabricados não mi-nimiza o caráter inovador de um proje-to, muito menos sua qualidade estética.

Os projetos industriais recentesrevelam um peso maior daarquitetura dentro do planejamentogeral. Esta preocupação é puramenteestética?Não se trata somente de uma questãoestética que visa à compreensão ar-quitetônica do observador. Antes detudo, esta preocupação revela a buscade um ambiente agradável para quemtrabalha no local. A humanização doespaço industrial é um caminho semvolta. No passado, a fábrica era quaseum espaço de castigo e sofrimento.Trabalhar em uma delas era desuma-no. Mas a nova visão da arquiteturacontemporânea trouxe para dentro daindústria espaços agradáveis e huma-nizados, com conforto térmico e

Fábrica da Flextronics, em Sorocaba (SP): o emprego de pré-fabricados não cerceia otrabalho do arquiteto e aumenta a agilidade da obra

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acústico, para no fim, como conse-qüência, transmitir a quem passa narua, ao observador, uma imagem po-sitiva da empresa.

Quando se acentuou esse cuidadocom os projetos industriais?Ainda na faculdade eu já pesquisavaprojetos industriais da Europa e Esta-dos Unidos, pois demonstravampreocupação com a humanização dosespaços e estética arquitetônica. Emcontinuidade, iniciou-se o processode industrialização da construção noBrasil, que gerou demanda para a in-dústria e a arquitetura de maneirageral. Conjuntos habitacionais, cen-tros comerciais, galpões, escritórios, eaté edifícios sofisticados se beneficia-ram com alguns dos processos de pré-fabricação. O projeto industrial maisapurado caminhou junto com ummaior entendimento da industrializa-ção da construção. No entanto,mesmo antes, já existiam exemplaresde arquitetura industrial significati-vos. A fábrica de biscoitos da Duchen,

de 1951, de Niemeyer, marcou a in-fância de muitos garotos que compra-vam os biscoitos para verem estampa-da nas embalagens o desenho da fá-brica, com suas atrativas curvas.A boaarquitetura sempre deixa sua marca,independente da época.

Como fugir das tradicionais soluçõesgrosseiras e sem cuidado estético,comumente utilizadas em coberturasindustriais?É sempre uma questão de reinterpre-tar necessidades. Posso usar umaabertura zenital tipo shed, uma coisasimples do século 19, de maneira con-temporânea. Foi assim com o projetoda fábrica da Ipel, em Cajamar, emSão Paulo. Esta solução tradicionaltrouxe um resultado excepcional deentrada de luz pela face sul. Os gran-des sheds metálicos receberam vidroslaminados para, em algumas horas dodia, as luzes serem apagadas. Com estecliente também tive grande liberdade,embora com recursos muito meno-res, se comparados aos da Flextronics,

é claro. Existem soluções perfeitaspara uma cobertura industrial,mesmo sem grande apelo estético,como as telhas tipo sanduíche, que re-fletem o calor e minimizam o baru-lho, garantindo ambientes internoscom características térmicas e acústi-cas adequadas.

A obtenção de ambientes maisadequados passa pela aplicação deconceitos de sustentabilidade noprojeto de arquitetura?Desde sempre, e não somente agora,com tecnologias voltadas à sustenta-bilidade, o ponto principal é o arqui-teto saber trabalhar com a natureza,que tem elementos à sua disposição. Oarquiteto não parte do nada, mas con-sidera dados fundamentais do terre-no, ventilação, insolação etc. Em umprimeiro instante, adequar o projeto ànatureza não sai mais caro. Existemsoluções arquitetônicas de sombrea-mento, que geram ambientes maisfrescos. A consideração sobre a orien-tação do sol, sobre ventos dominan-

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tes, sobre a proximidade e interferên-cia dos prédios vizinhos são conceitosfundamentais na utilização de umprédio. A orientação correta de edifi-cação industrial permite a pouca inci-

dência solar em um local de muitamão-de-obra, de trabalho produtivointenso, que gera muito calor. Isto ébásico em arquitetura, e em todos ostipos de projeto.

E sobre a adoção de sistemasespecíficos, ditos mais sustentáveis,em um projeto de uma indústria. Sãosoluções que agregam um custoextra?Tudo o que se agrega à construçãotem custo. E nisto se incluem paredesduplas, painéis isolantes, soluções al-ternativas de captação de energia, sis-temas para uso racional de água.Eventualmente, é preciso adotar so-luções de ecoeficiência, proteçãosolar e captação de ventos que àsvezes geram custos, mas, se agregamem determinado momento, devempropiciar retorno a médio e longoprazos. A co-geração de energia é umdesses sistemas considerados dispen-diosos na instalação, mas extrema-mentes necessários no futuro energé-tico da indústria.

A sustentabilidade não se limita aocaráter dos sistemas empregados,mas passa pela proximidade deprodução dos materiais empregadose da preocupação social com o

Nem só de tecnologias se beneficia a sustentabilidade. Implantação correta noterreno, por exemplo, permite regular temperatura e iluminação

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entorno da obra. O arquitetobrasileiro consegue abarcar tantas questões?A nomenclatura vem crescendo, masestas questões sempre existiram parao profissional com visão holística.Não se pode ter uma visão estreita daquestão da sustentabilidade. Eumesmo já usei tijolo à vista em umaobra porque havia produção local.Quando projetei a fabrica da GessyLever, em Recife, tive restrições de or-çamento pois a fábrica iria produzirsabão popular, com tecnologia deprodução muito barata. Então, saíatrás de produção de matéria-primalocal e encontrei uma fábrica “que-brada” de pré-moldados na Paraíba.Negociamos com os proprietários,compramos os equipamentos e leva-mos para a obra, onde treinamos amão-de-obra e produzimos o queprecisávamos. Além disso, aproveiteitodo o coqueiral existente para criaralamedas nas ruas internas. A fábricaestá absolutamente integrada à geo-grafia local e adequada ao terreno.

Com tantos exemplos de construçõessustentáveis no mundo, e mesmono Brasil, é possível afirmar que a sustentabilidade é uma tendência irreversível? O progresso é imponderável. No bojoda evolução creio que tudo podemudar, mas o básico em arquiteturacontinua, que é o modo de projetaradequado ao ser humano e à natureza.A evolução dos materiais também nãoé tão rápida e ainda utilizamos o tijo-lo, que tem dois mil anos. A arquite-tura olha para a frente em busca demaior adequação ao clima e às neces-sidades locais. Por conta disto, a quali-dade do espaço vai mudar, mas nãoacredito que surgirá uma nova estéti-ca com a aplicação de componentes emateriais mais sustentáveis.Vamos teratitudes de projeto mais eficientes,não só no desempenho ao longo davida útil, mas também com relação amateriais que tenham metodologiasde gestão mais ecológicas. Se daquipara a frente eu tiver um painel de ve-dação com produtos mais renováveis,

e se for adequado ao local e à obra,vou preferi-lo. A tendência principal éa busca da ecoeficiência e sustentabili-dade, pelo menos em discurso. Comoisto vai ser traduzido em termos ar-quitetônicos, cada um terá sua forma.

Devido ao número de projetosindustriais que já desenvolveu,podemos dizer que se tornouespecialista no assunto. O senhoracredita na especialização emarquitetura?Os projetos industriais são muito es-pecíficos e complexos e o profissionalprecisa de vivência e experiência pararealizá-los. Mas não diria que o arqui-teto, que ao meu ver deve ser um ge-neralista, deva se ater a uma ou outraespecialidade, principalmente no Bra-sil que é um mercado mais difícil. Noentanto, acredito que podemos ser ge-neralistas desde que conheçamos afundo cada tema desenvolvido, poiscada projeto traz um universo total-mente diferente.

Simone Sayegh

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REÚSO DE ÁGUA

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Opções racionaisCustos, legislações restritivas e pressões sociaisdevem aumentar reúso de água nas indústrias.Conheça as tecnologias disponíveis

Acrescente demanda por águadoce, assim como as previsões

alarmantes que apontam para uma fu-tura escassez mundial deste recurso,tem feito do reúso planejado um temade importância fundamental nas in-dústrias. "A água vai se tornar um ele-mento estratégico para os negócios",sentencia Marco Antonio Barbieri, di-retor do Departamento de Meio Am-biente da Fiesp (Federação das Indús-trias do Estado de São Paulo).

Para Barbieri, as pressões de cus-tos da água, somadas às legislaçõescada vez mais restritivas e às pressõessociais em todo o mundo, exigem in-dústrias centradas no desenvolvimen-to sustentado. O resultado é o interes-se crescente do setor no tratamento deefluentes para reúso. No entanto, paraAnícia Pio, também do Departamen-to de Meio Ambiente da Fiesp, os pro-jetos desse tipo ainda são despropor-cionais à seriedade do problema. "Osprincipais motivos parecem ser a ine-xistência de legislação pertinente e afalta de conhecimento e divulgaçãodas tecnologias", aponta.

Implantação Segundo o professor Ivanildo

Hespanhol, diretor do Cirra (Cen-tro Internacional de Referência emReúso de Água), em alguns casos oretorno do investimento em siste-mas de reúso pode ocorrer em pou-cos meses, pois o custo da água noBrasil é considerado muito alto.Para ele, todos os sistemas podemser eficientes. No entanto, como têmcaracterísticas bastante específicas,é difícil compará-los, o que podelevar à aplicação incorreta. "Esterisco tem afastado muitas empresasda reciclagem da água. A falta dessesparâmetros impede também a apro-vação de uma legislação para regu-lar o reúso", diz.

Existem diversas formas de setratar e reutilizar recursos hídricosindustriais que, na prática, podemser empregados novamente na in-dústria para refrigeração, alimenta-ção de caldeiras, água de processa-mento, limpeza de maquinários, la-vagem de pátios, irrigação de plan-tas e bacia sanitária, entre outros.

São elas: evaporação, deionização,eletrodiálise e eletrodeionização,nanofiltração, osmose reversa, car-vão ativado, desinfecção com radia-ção ultravioleta, filtração em meiogranular ou poroso, microfiltração,ultrafiltração, oxidação ou reduçãoquímica, abrandamento, coagula-ção, floculação, sedimentação eaproveitamento de águas pluviais.Uma das novidades tecnológicas é osistema eletroquímico fotoassistido,também conhecido por fotoeletro-químico, realizado em reatores mo-dulares compostos por dois eletro-dos, placas metálicas de titânio re-vestidas de óxidos condutores.Sobre um deles incide a radiação ul-travioleta. Dentro do reator, os po-luentes orgânicos passam pela su-perfície dos eletrodos e sofrem oxi-dação, transformando-se em dióxi-do de carbono e água. Os organis-mos patogênicos tornam-se inativose os compostos inorgânicos, basica-mente metais pesados, ficam depo-sitados no eletrodo.

Dulce Rosell

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A microfiltração (à esquerda) e osistema de aproveitamento de águaspluviais são dois dos inúmerosprocessos que a indústria vem adotandopara a reciclagem de água

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SPAIPA

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ASpaipa, fabricante de refrigerantesque atua no oeste do Estado de

São Paulo e no Paraná, contratou aEmisa Plaenge Engenharia para reali-zar as obras de ampliação de sua uni-dade industrial de Marília, a 450 km dacapital. O serviço compreendia a cons-trução de um pavilhão de estoque eum pátio de manobras de caminhões;uma área de almoxarifado, depósito de

Protensão recordeConstrutora executa piso protendido para área de expedição de fábricade refrigerantes. Placa de 4.687,5 m2, sem juntas, é o recorde brasileiroem pisos desse tipo

açúcar e depósito de rolhas; sala decompressores de ar, reservatórios deáguas de chuva e uma nova portaria; ea pavimentação e execução de jardins,estacionamentos e pátios nos fundosdo terreno da fábrica. A construtoratinha oito meses para concluir asobras, prazo apertado que exigiu dosengenheiros soluções técnicas paraexecução rápida das instalações.

RESUMO

Obra: Ampliação de fábrica de RefrigerantesCliente: SpaipaExecução: Emisa PlaengeLocalização: Marília (SP)Área construída: 118 mil m2

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Para atender ao cronograma esti-pulado pelo cliente, a Emisa não hesi-tou em empregar sistemas construti-vos industrializados nas novas áreasda fábrica, como estruturas pré-fabri-cadas de concreto e coberturas metá-licas. Mas a execução do piso indus-trial exigia moldagem e concretagemin loco, o que poderia lhe custar umtempo precioso. Ainda mais quandose trata de uma área de 13.125 m2 e ocronograma está ameaçado pela esta-ção de chuvas de final de ano. O desa-fio estava lançado, e os construtoresprecisaram ousar. Em menos de trêsmeses, concretaram duas megaplacasde piso industrial protendido: a pri-meira, de 3.200 m2; a segunda, aindamaior, de 4.687,5m2, ambas sem jun-tas. Outras três células, menores,completavam a área total (duas iguais,de 1.875m2, e uma de 1.487,5m2).

Na placa maior, a concretagemdurou pouco mais de 14 h ininterrup-tas. Segundo o engenheiro responsá-vel pela obra, José Aparecido Oliveira,da Emisa, isso só foi possível após aavaliação da capacidade de forneci-mento das concreteiras da região deMarília. "Precisaríamos de camin-hões-betoneira descarregando a cadaoito minutos", explica Oliveira. Issodaria conta dos mais de 700 m3 deconcreto que a execução exigiria. For-mavam-se filas de caminhões paradescarregar o concreto. Tudo planeja-do, para garantir a folga no forneci-mento. "Se a betoneira seguinte de-morasse a chegar, tínhamos tempo deligar na concreteira e cobrar a sua lo-calização", conta o engenheiro.

A empresa que forneceu o concre-to à obra disponibilizou exclusiva-mente 15 caminhões-betoneira e trêsbombas de lançamento. Foram reali-zadas 115 viagens ao todo. A constru-tora procurava uma fornecedora queatendesse com folga à necessidade de

abastecimento na obra, durante a con-cretagem do piso. A execução exigiacerca de 50 m3 de concreto por hora,mas os construtores escolheram umacentral com capacidade de forneci-mento de 60 m3 por hora. Além dela,outra concreteira, menor, que conse-guia fornecer mais 25 m3/h, estava deprontidão para atender a quaisquerdemandas urgentes da Emisa.

Alteração de rumoOriginalmente, o projeto previa a

Concreteira disponibilizou três bombas (duas reservas) e 15 caminhões-betoneiraunicamente para execução do piso recorde.

Opção por placas grandes atenderam à exigência da Spaipa: em 13.125m2 de piso,apenas 292,5 metros lineares de juntas

execução do piso protendido e comduas camadas de telas soldadas – umainferior e outra superior.Antes do iní-cio das concretagens, no entanto, aempresa que executaria o serviço de-clarou a impossibilidade de uso dastelas. "A máquina niveladora arrasta-ria as malhas superiores, e isso certa-mente atrasaria o cronograma daobra", explica Oliveira. O engenheiroAntônio de Oliveira Fernandes Tei-xeira, diretor da Fernandes Engenha-ria, empresa que prestou consultoria

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na execução do piso, conta que, pelohistórico de obras em que já havia tra-balhado, a utilização de telas soldadasera desnecessária em placas de pisoprotendido. "A função das telas solda-das é trabalhar durante a retração doconcreto, quando ele já está endureci-do. Porém, os cálculos de protensão jálevam em consideração estes esfor-ços", explica. Um novo projeto, então,foi elaborado e os trabalhos começa-ram dentro do prazo.

Como comparação, Oliveira ex-plica a diferença entre tempos de exe-cução das placas com protensão ecom armaduras passivas. Um levanta-mento feito pela Plaenge revelou quea empresa que conseguiria maior pro-dutividade no sistema convencionalera capaz de executar no máximo1.200 m2 de piso por dia. Mais traba-

lhosa, a execução deveria ser feita emquadrantes pequenos, de três ou qua-tro metros de lado, com nivelamentomanual. Pelas estimativas de Oliveira,com armaduras passivas, a área de4.687 m2 só ficaria pronta em dez dias.A alternativa adotada pela construto-ra foi a execução do piso protendido econcretagem ininterrupta das placas,com nivelamento automático a laser eduas Laser Screed.

Para realizar o acompanhamentotecnológico do concreto, a construto-ra instalou um laboratório de ensaiosdentro da fábrica, próximo ao piso."Como nós tiramos a tela, houve apreocupação com o surgimento depossíveis fissuras", conta Oliveira.Antes da concretagem definitiva,foram feitos testes em um pequenoanexo, de 700 m2 de área, onde se ana-lisavam características como o tempode pega inicial ou o tempo em que sealcançavam resistências mínimas àcompressão.

Um pedido feito pela Spaipa àEmisa era que os pisos tivessem amenor quantidade possível de juntas.Segundo Oliveira, a região das juntasestá sujeita a esforços de atrito maio-res, gerando desgastes em função damovimentação das placas. Quantomenos juntas o piso tivesse, menos in-tervenções corretivas eram necessá-rias no longo prazo. A interrupção oua redução das atividades na área de es-tocagem, para manutenção do piso,

seria um inconveniente bastante rele-vante para um produtor de refrige-rantes que abastece grande parte domercado da região do Oeste Paulista.

Concretagem noturnaExperiência pioneira da Plaenge, a

concretagem das duas megaplacasexigia alguns cuidados dos engenhei-ros. Com essas dimensões, se a con-cretagem fosse feita diretamente sob aação do Sol, a possibilidade de quesurgissem fissuras e patologias duran-te a execução seriam maiores. Nãopor acaso, ambas foram executadas,com sucesso, juntamente com umaplaca menor de 1.487m2, sob a prote-ção da cobertura metálica da área deestocagem. Ao concreto ainda foramadicionadas fibras de náilon para re-duzir as tensões que pudessem causarmicrofissuras nas primeiras horasapós a concretagem, durante o endu-recimento da mistura.

No entanto, do lado de fora da fá-brica, no pátio de manobra de cami-nhões, ainda havia duas placas de1.875m2 que também precisavam serproduzidas. A solução encontradapelos engenheiros da Emisa para"fugir" dos efeitos da exposição ao solfoi realizar a concretagem à noite. Paracada uma delas os serviços se iniciaramàs 18h e duraram seis horas. Toda a ex-tensão do piso possui 15 cm de espes-sura e foi dimensionada para suportar5 toneladas por metro quadrado.

Os compressores de ar da fábricasão equipamentos que vibram muitodurante seu funcionamento. Paraque as forças resultantes de seutrabalho não afetassem odesempenho do piso, a Emisaconstruiu uma base independentepara as máquinas, com fundaçõespróprias. Não há contato direto entreo piso e a base elevada – o espaço épreenchido por uma resinaemborrachada, que amortece avibração e evita a transmissão deesforços entre os elementos.

Vibrações neutralizadas

Amortecimentodas vibrações

Baseindependente

Fundaçõespróprias

Utilização de telas soldadas tornariainexeqüível o trabalho das duas laserscreed, máquinas niveladoras comprecisão a laser

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Todos os elementos estruturaisutilizados na fábrica eram pré-fa-bricados com concreto armado.Com a unidade em pleno funciona-mento, os engenheiros não pode-riam se estender muito no processode execução desta etapa da obra.Para atender ao cronograma, aEmisa trazia de Londrina – cidadedo norte do Paraná, a 200 km deMarília – todos os elementos estru-turais (pilares e lajes) prontos paraa montagem. Uma empresa de Ma-rília forneceu a estrutura metálicada cobertura dos pavilhões.

Uma das últimas etapas da obraenvolveu a construção de um sistemade captação de águas pluviais, in-cluindo um reservatório de 300 m3. Aágua seria aproveitada para fins não-potáveis, como lavagem de cami-nhões, de pisos e uso nos jardins.Junto ao reservatório há uma Esta-ção de Tratamento de Efluentes, que

recebe a água não utilizada no pro-cesso industrial. Antes de ser entre-gue ao sistema público de coleta, osefluentes passam por um pequenoreservatório cheio de peixes, queatestam a qualidade da água.

Para a água potável que seráusada na linha de produção, a fábri-

ca recebeu um reservatório de cercade 1.500 m3, suficientes para abaste-cer a unidade por até três dias, emcaso de falta d'água. O reservatórioelevado foi construído com fôrmasdeslizantes e tem 40 m de altura e 7,1m de diâmetro.

Renato Faria

Antes da ampliação, a área construídada Spaipa tinha 8 mil m2. A prefeitura,proprietária da área nos fundos dafábrica, concedeu à indústria mais 23 mil m2 de terreno. Parte dessa áreafoi aproveitada para a instalação denovos equipamentos de infra-estrutura.O terreno não era muito irregular,segundo José Aparecido Oliveira, daEmisa, mas o volume de terramovimentado não foi tão pequeno –cerca de 160 mil m3. O solo era argilosoe, na sub-base das regiõespavimentadas do interior da fábrica(estacionamentos e ruas internas) foiutilizado solo-cimento.A construção implicou mudanças nolayout da fábrica, com a realocação daportaria principal. O terreno estálocalizado na margem da rodovia SP-294, na pista sentido Bauru. Antes daampliação, os caminhões entravam esaíam da unidade por meio de umaportaria que ficava de frente para arodovia. Os veículos entravam em umapequena pista de desaceleração, queacabava na entrada da fábrica. À

Mudanças na planta

ampliação, entretanto, acompanhariatambém o aumento do tráfego decaminhões na entrada da Spaipa e apista não daria conta da demanda.Além disso, a fábrica se encontra emum trecho reto de alta velocidade darodovia. Por questões de segurança,portanto, o DER (Departamento deEstradas de Rodagem) vetou autilização da antiga portaria, que foiinstalada no terreno dos fundos dafábrica. Os caminhões, então,passaram a seguir mais 500 m até oretorno seguinte da rodovia. De lá, saíauma rua até a nova entrada da Spaipa.A prefeitura ficou responsável pelapavimentação da via.

Ampliação implicaria aumento de tráfego de caminhões na antiga portaria, namargem da SP-294. O DER vetou sua utilização, e uma nova portaria teve de serconstruída nos fundos do terreno

FORNECEDORES

Ancoragem: Dumetal; asfalto:Maripav; blocos: YamashitaArtefatos de cimento; caboselétricos: Guaçu Cabos; concreto:Cimpor; espaçadores plásticos:Coplas; esquadrias Metálicas:Esquamar; estacas pré-moldadas:Soenvil; estruturas pré-moldadas:Plenart Pré-Moldados; estruturaMetálica: Estrutura Metálica Brasil;forros de PVC: Divimar; luminárias:Philips, Sulpremix; muros e calçadas

(execução): Construtora Yamashita;piso industrial (execução): EP;Engenharia de Pisos; piso industrial(consultoria): FernandesEngenharia; pisos intertravados: SanCarlo; postes metálicos: NP Postes;resina para concreto: Fitesa; telhasmetálicas: Regional Telhas;terraplenagem: TerraplenagemTrevo; tubos PVC: Tigre; veneziana:Gradilux Fixadores: Hard Indústria eComércio Ltda.

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Todos os elementos estruturaisutilizados na fábrica eram pré-fa-bricados com concreto armado.Com a unidade em pleno funciona-mento, os engenheiros não pode-riam se estender muito no processode execução desta etapa da obra.Para atender ao cronograma, aEmisa trazia de Londrina – cidadedo norte do Paraná, a 200 km deMarília – todos os elementos estru-turais (pilares e lajes) prontos paraa montagem. Uma empresa de Ma-rília forneceu a estrutura metálicada cobertura dos pavilhões.

Uma das últimas etapas da obraenvolveu a construção de um sistemade captação de águas pluviais, in-cluindo um reservatório de 300 m3. Aágua seria aproveitada para fins não-potáveis, como lavagem de cami-nhões, de pisos e uso nos jardins.Junto ao reservatório há uma Esta-ção de Tratamento de Efluentes, que

recebe a água não utilizada no pro-cesso industrial. Antes de ser entre-gue ao sistema público de coleta, osefluentes passam por um pequenoreservatório cheio de peixes, queatestam a qualidade da água.

Para a água potável que seráusada na linha de produção, a fábri-

ca recebeu um reservatório de cercade 1.500 m3, suficientes para abaste-cer a unidade por até três dias, emcaso de falta d'água. O reservatórioelevado foi construído com fôrmasdeslizantes e tem 40 m de altura e 7,1m de diâmetro.

Renato Faria

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Antiga portaria

Nova portariaFábrica Spaipa

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SP-294

CeagespRodoviária

Antes da ampliação, a área construídada Spaipa tinha 8 mil m2. A prefeitura,proprietária da área nos fundos dafábrica, concedeu à indústria mais 23 mil m2 de terreno. Parte dessa áreafoi aproveitada para a instalação denovos equipamentos de infra-estrutura.O terreno não era muito irregular,segundo José Aparecido Oliveira, daEmisa, mas o volume de terramovimentado não foi tão pequeno –cerca de 160 mil m3. O solo era argilosoe, na sub-base das regiõespavimentadas do interior da fábrica(estacionamentos e ruas internas) foiutilizado solo-cimento.A construção implicou mudanças nolayout da fábrica, com a realocação daportaria principal. O terreno estálocalizado na margem da rodovia SP-294, na pista sentido Bauru. Antes daampliação, os caminhões entravam esaíam da unidade por meio de umaportaria que ficava de frente para arodovia. Os veículos entravam em umapequena pista de desaceleração, queacabava na entrada da fábrica. À

Mudanças na planta

ampliação, entretanto, acompanhariatambém o aumento do tráfego decaminhões na entrada da Spaipa e apista não daria conta da demanda.Além disso, a fábrica se encontra emum trecho reto de alta velocidade darodovia. Por questões de segurança,portanto, o DER (Departamento deEstradas de Rodagem) vetou autilização da antiga portaria, que foiinstalada no terreno dos fundos dafábrica. Os caminhões, então,passaram a seguir mais 500 m até oretorno seguinte da rodovia. De lá, saíauma rua até a nova entrada da Spaipa.A prefeitura ficou responsável pelapavimentação da via.

Ampliação implicaria aumento de tráfego de caminhões na antiga portaria, namargem da SP-294. O DER vetou sua utilização, e uma nova portaria teve de serconstruída nos fundos do terreno

FORNECEDORES

Ancoragem: Dumetal; asfalto:Maripav; blocos: YamashitaArtefatos de cimento; caboselétricos: Guaçu Cabos; concreto:Cimpor; espaçadores plásticos:Coplas; esquadrias Metálicas:Esquamar; estacas pré-moldadas:Soenvil; estruturas pré-moldadas:Plenart Pré-Moldados; estruturaMetálica: Estrutura Metálica Brasil;forros de PVC: Divimar; luminárias:Philips, Sulpremix; muros e calçadas

(execução): Construtora Yamashita;piso industrial (execução): EP;Engenharia de Pisos; piso industrial(consultoria): FernandesEngenharia; pisos intertravados: SanCarlo; postes metálicos: NP Postes;resina para concreto: Fitesa; telhasmetálicas: Regional Telhas;terraplenagem: TerraplenagemTrevo; tubos PVC: Tigre; veneziana:Gradilux Fixadores: Hard Indústria eComércio Ltda.

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JOHN DEERE

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Tão logo seja concluída a fábrica daJohn Deere, em Montenegro, no

Rio Grande do Sul, cerca de 40 tratoresproduzidos pela multinacional ganha-rão os campos brasileiros a cada dia.Trabalhando com o conceito on de-mand, ou seja, praticamente sem esto-que, a indústria conta com a previsãode ampliar a produção para até odobro desse número. Neste caso, oatual formato retangular da planta ga-nharia um nicho a mais no compri-mento e braços transversais, transfor-mando-se em um grande "T". As utili-dades, como tanques de GLP (Gás Li-qüefeito de Petróleo), de fluidos in-

Planta flexívelNovos conceitos de operação industrial e elevados padrões de qualidade pautaram projeto e gerenciamento da obra da fábrica de tratores

RESUMO

Obra: Fábrica de tratores da John DeereExecução: Hochtief do Brasil eMarco Projetos e ConstruçõesLocalização: Pólo Petroquímico,em Montenegro (RS)Área construída: fábrica – 52.6 mil m2; prédioadministrativo – 3.865,36 m²Área de depósito: 5.042 m2

Área de jardim: 317 mil m2

Pavimentos: concreto – 12.472 m²;asfáltico – 78.990 m²Terreno: total – 957.486,99 m²;preservação ambiental –391.100,00 m2; ocupado –566.386,99 m2

Volume de concreto: 19.880 m3

Quantidade de aço utilizada:concreto armado – 690 t; fibrapara piso – 191 t; estruturasmetálicas – 2.430 tIsolamento térmico: 63.904 m2

Painéis de fachada: 16.754 m2

Alimentação elétrica: 13,8 kVCarga instalada normal: 14 mil kVAÁrea de piso: 41.472 m2

Espessura do piso: estoques – 16 cm; produção – 15 cmResistência do piso de concreto:fctMk de 4,2 MPaCapacidade de operação: 40tratores agrícolas por dia

dustriais, reservatórios de água, casade bombas e central de água gelada,foram instaladas longe do edifício dafábrica para viabilizar a expansão.

O terreno onde está instalada amultinacional tem 957 mil m2, dosquais 41% (391 mil m2) configuramárea de proteção ambiental e nãopodem ser ocupados. Os outros 966mil m2 foram desmatados, terraplena-dos e receberam a infra-estrutura ne-cessária para a fabricação de tratoresagrícolas. A fábrica em si contabilizaárea construída de 52,6 mil m2. Algunsequipamentos auxiliares serão instala-dos externamente, na periferia da

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planta. Outros 5.042 m2 anexos a essagrande nave são ocupados pelo edifíciode pintura, um ambiente ainda maispressurizado que o restante da fábrica,para expulsão de partículas em sus-pensão, e sistema de ultrafiltragem pa-ra resíduos sólidos.

A expedição da produção ocorreráem edifício de 4.288 m2, em pavimen-to único ao nível do solo, onde serárealizado o acabamento do produto ea preparação para embarque. Além doedifício de escritórios, com 3.865 m2

em pavimento único, o restante daárea construída é compreendido pordepósito de rejeitos – onde ocorrerá otratamento de esgotos e o armazena-mento e processamento de rejeitos –,edifício de utilidades, portarias e siste-ma viário. Este último composto por

Se um dos princípios do projeto da fábricaé a flexibilidade, não faria sentido amarraro layout à fixação de ferramentas no chão.Sendo assim, a estrutura metálica parafixação aérea foi reforçada para que osinstrumentos fossem suspensos equalquer alteração fosse mais prática. Aspontes rolantes, que demandariam cercade 12 pilares cada, também são suspensas.Pelo mesmo motivo, nenhuma instalaçãohidráulica ou elétrica foi disposta sob opiso. Enquanto a rede de esgoto corre porfora, a de água e a elétrica são aéreas.Na cobertura foi adotado um sistema daFirestone Building Products, que mantémcontrato mundial com a John Deere etambém atende aos requisitos daseguradora. Trata-se do steel deck, comisolamento térmico e manta TPO(termoplástico poliolefínico), branca,reflexiva, ancorada e soldada. Ficaexposta, mas conta com garantia de 15anos da fabricante.Alguns desses critérios, inclusive,

extrapolam os exigidos em norma. Issoporque, em caso de sinistro, o segurocobre materiais e também prejuízosdecorrentes de paralisações. Com decisõestécnicas pautadas em padrões americanos,houve dificuldades no gerenciamento doempreendimento, na escolha de mão-de-obra capacitada e na compra de materiaispor meio de contratos de fornecimentomundial. "Foi difícil conciliar a cultura e ospadrões, visto que, para atender a todas asespecificações, tivemos que recorrer àimportação", comenta Giaretta.Outra diferença cultural foi encontrada naadoção do comissionamento, modelo decontrato comum nos Estados Unidos, maspraticamente desconhecido no Brasil.Nesses moldes, a construtora deverealizar uma série de ensaios durante eapós a execução dos serviços, além deentregar toda a documentação técnicados equipamentos e instalações, incluindo manuais de operação,treinamento e manutenção.

Reforço aéreo

Se nenhum projeto é definitivo, melhorpossibilitar que ferramentas einstalações sejam facilmentereposicionadas. Para tanto, foinecessário reforçar a estrutura metálica,evitando a existência de pilares extraspara as pontes rolantes

Com pressão maior que a do restanteda planta, para evitar a invasão departículas, a sala de pintura contacom sistema de coleta de resíduos detinta e sistema de ultrafiltragem paraa água descartada. Nesse ponto, asferramentas se apóiam no chão

12.472 m2 de pavimento de concreto,78.990 m2 de pavimento asfáltico, 317mil m2 de grama e mais de 5 mil m2 deárea de depósito em pedrisco.

Piso tecnológicoVia de regra, o maior desafio de

obras industriais é o piso, que deve serresistente o suficiente para suportarcargas elevadas. Nesta obra não foi di-ferente, devido às cargas estáticas deaté 7 t/m2, prateleiras e porta-paletesde 6 t, empilhadeiras de 6 t por eixo eveículos de 16 t.

O desafio da execução do pisoficou ainda maior devido a um detalhetécnico. Em vez de utilizar linhas deprodução baseadas em esteiras, a mul-tinacional usará AGVs (AutomatedGuided Vehicles, ou Veículos Orientá-

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veis Mecanizados). Esses veículosfazem parte de um moderno conceitode linha de produção conhecido comosistema flexível de fabricação.Baseadosem sinais de radiofreqüência emitidospor cabos dispostos no piso,os equipa-mentos rebocam produtos de umponto a outro para dar seguimento aoprocesso produtivo. Autônomos, esco-lhem o melhor caminho para realizaras tarefas, baseando-se, justamente,por tais cabos ou fios indutivos. Extre-mamente precisos, a margem de erroadmitida para o percurso é de uma po-legada, exigindo que o sinal de radio-

freqüência seja limpo. Por isso, o pisoprecisou de uma solução diferenciada,para que as armaduras não causassemas indesejadas interferências. "Foi ogrande desafio da obra, com algumasmudanças de layout e incrementos decarga no meio do projeto", lembra odiretor de negócios da Hochtief, PlínioMichalski Ramos.

As soluções possíveis para o impas-se eram três: ter uma quantidade redu-zida de armaduras ou eliminá-las; au-mentar o cobrimento de modo que asuperfície do piso ficasse suficiente-mente distante do aço ou, por fim, uti-

lizar fibra de aço."Inicialmente aumen-tei a espessura da placa, mas essa solu-ção se mostrou antieconômica", expli-ca Públio Penna Firme Rodrigues, daLPE Engenharia e Consultoria, enge-nheiro responsável pelo projeto dopiso.A fibra de aço,portanto, foi adota-da. O motivo: apesar de também sermetálica, a fibra de aço não causa inter-ferências nos AGVs por ser um elemen-to disperso,não contínuo.Logo,não hácorrente para transmitir o sinal emitidopelos cabos dispostos no piso.

Um dos efeitos colaterais positivosdo uso das fibras foi o incremento na

Por estar em uma área de preservaçãoambiental, a fábrica de tratores foiobrigada a respeitar algumasdeterminações da Fepam (FundaçãoEstadual de Proteção AmbientalHenrique Luís Roessler). Além de nãopoder ocupar 41% do terreno – e ter decercá-lo e cuidar dele – o grupo teve dereplantar todas as árvores nativasremovidas da seção ocupada.De acordo com Hélio Gregory GiarettaJúnior, engenheiro da John Deere, entrereplantios e novas plantas – para efeito decompensação ambiental – 30 mil mudasforam plantadas. Por determinação daFepam, a Jonh Deere fica responsável pormanter essas árvores por um período dequatro anos.

Dois lagos artificiais foram criados. Um,com 11,2 mil m2, para substituir umalâmina d'água existente no local ondehoje está a fábrica. Este deve semprepreservar determinado nível de água,permitindo o uso pelos animais daregião. O outro, uma bacia de 9,1 mil m2

de lado, retém a água da chuva.Durante a operação, uma área de resíduosirá receber, armazenar, processar edestinar adequadamente detritosresultantes da produção. A borra da tinta,por exemplo, será recolhida, armazenadaem tonéis e uma empresa terceirizadaficará responsável pela descaracterização.O esgoto biológico será totalmentetratado, com reaproveitamento de umaparte para irrigar áreas ajardinadas.

Ambiente protegido

Um dos entraves mais comuns para a ampliação de fábricas é a impossibilidade dedeslocar a central de utilidades, normalmente próxima ao prédio. Por isso, emMontenegro o edifício que as abriga fica distante e fora da rota de ampliação

Exigências da seguradora, superiores àsdas normas, e um contrato mundial coma Firestone levaram à adoção do sistemade cobertura em steel deck e com mantaTPO soldada a ar quente

Na área externa, o plantio das árvoresobedeceu à modulação de um eventualfuturo estacionamento. Os fechamentos,por motivos arquitetônicos, sãocompostos por blocos de concreto epainéis metálicos

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FICHA TÉCNICA

construção civil: Hochtief do Brasile Marco Projetos e Construções;gerenciamento: Envision;instalações elétricas e hidráulicas:Temon Técnica de Montagem eConstruções; estrutura de concretopré-moldado: Cassol Pré-fabricados; piso de concreto: EngelPisos Industriais; desmatamento eterraplenagem:TerramTerraplenagem Mecanizada; fibrade aço: Maccaferri do Brasil;concreto: Engemix; blocos defundação e estruturas pré-moldadas– montagem: Construtora Viero;forro de gesso, fibra mineral edrywall: Sistema Engenharia eArquitetura; sistema de drenagem,pavimentação e tubulaçõesenterradas: Conpasul Construção eServiços; estrutura metálica –projeto e execução: Medabil;automação e segurança: AnsettTecnologia; detecção de incêndio:Smart S.L.G. Sistemas deAutomação; serralheria:Metalúrgica Valenti; portaseccional: Inovadoor PortõesAutomáticos; caixilho de alumínio eportas automáticas: MetalúrgicaBez; piso vinílico: Forbo Pisos;vidros: Templex; piso de granito:Marmoraria Multipedras

Entre os pisos das áreas de produção (à esquerda) e estoque, a diferença é a dosagem de fibras de aço e a espessura, ambasmaiores no segundo. A ausência de armaduras permite que, no caso de ampliações, o estoque também receba os AGVs

resistência a impactos, uma vantagemem indústrias pesadas. A solução,bem como as características de plani-cidade e nivelamento que obedecemaos requisitos dos veículos, foramadotadas em toda a extensão do pavi-mento de 288 x 144 m, mesmo nospontos destinados, inicialmente, ape-nas à estocagem. "Com a expansão, osestoques podem vir a ser áreas produ-tivas, com possibilidade de trânsitodos AGVs", prevê Rodrigues.

Resistência sem retraçãoAs diferenças entre os pisos da pro-

dução e do estoque são a espessura e adosagem de fibras.No estoque,cerca de30% do total, naturalmente sujeito acargas elevadas e concentradas, o pavi-mento tem 16 cm de espessura e 30 kgde fibra por metro cúbico de concreto."A resistência por m2 é suficiente parasuportar as estantes, mas não a cargaconcentrada nos pés", explica HélioGiaretta.Na região de produção,onde acarga é menor,são 15 cm de espessura ea quantidade de fibras é de 20 kg/m3.

A resistência à tração na flexão(fctMk) desse piso mais espesso é de4,2 MPa, "equivalente a um concretocom fck de 30 ou 35 MPa", ilustra Ro-drigues. O agregado é o basalto, abun-dante na região e que contribui para oincremento da resistência. Ainda noestado úmido, os panos de 6 x 6 mforam aspergidos com agregados de

alta resistência – mais baratos que oepóxi – para o endurecimento super-ficial e aumento da resistência à abra-são. Cada uma das placas foi unida àsvizinhas por barras de transferênciade aço liso e tratada com selante semi-rígido com base epóxi.

Devido à alta dosagem de água,poderia apresentar retração hidráuli-ca, com empenamentos ou movi-mentação excessiva das juntas. Paraevitá-la, fibra plástica foi adicionada,mantendo a retração abaixo de 500µm/m e garantindo o controle da fis-suração nas primeiras idades.

Assentado diretamente sobre oterreno, o piso tem sub-base de britagraduada, cuja qualidade foi verifica-da com viga Benkelman. "Permite ve-rificar a precisão mesmo sem controledurante a terraplenagem", comentaRodrigues. Ele explica que o pavimen-to pode ser considerado superplano,pois a relação entre planicidade e nive-lamento, o "F-number", é de 50/30.

A sala de CMM (Coordinate Mea-surement Machine), dotada de equi-pamentos de medição alemães, exigiuuma estrutura de piso separada dorestante da edificação a fim de evitar atransmissão de vibração. Conta combase especial de concreto e separaçãopor juntas, além de permanecer sobtemperatura constante de 18°C e terumidade controlada.

Bruno Loturco

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CEITEC

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No final da década de 90,os grandesfabricantes de semicondutores

começaram a enxergar além das fron-teiras européias e norte-americanas. Àépoca, mesmo com investimentos in-cipientes, o MCT (Ministério da Ciên-cia e Tecnologia) implantou os precei-tos do Ceitec (Centro de Excelência emTecnologia Eletrônica Avançada) paraconcentrar todas as etapas necessáriasao desenvolvimento e fabricação deCIs (circuitos integrados).

A expectativa é que a fábrica, queserá a primeira desse tipo na AméricaLatina, tire o atraso do País na forma-

Controle totalLimpeza, ausência de vibrações e ambiente totalmente condicionadodesde a construção são os desafios da obra que pode colocar o Brasilna rota da microeletrônica

ção de recursos humanos e na criaçãode centros de atividade de microele-trônica. A obra foi orçada em R$ 148milhões e está em estágio avançado deconstrução no bairro da Lomba doPinheiro, em Porto Alegre. A previsãode conclusão é para o segundo semes-tre – isso se não houver surpresas norepasse de verbas, que já foi interrom-pido quatro vezes.

Em um terreno de 56 mil m2, asáreas de projeto e produção do Ceitecsão separadas, interligadas por passa-rela metálica. A primeira fica no cha-mado prédio administrativo, com 5,1

RESUMO

Obra: Ceitec (Centro deExcelência em TecnologiaEletrônica Avançada)Cliente: Ministério da Ciência e TecnologiaExecução: Consórcio Racional –DeltaLocalização: Porto Alegre (RS)Construção: entre maio de 2005e o segundo semestre de 2007Área construída: 14,6 mil m2

Terreno: 56 mil m2

Volume de concreto: 5.350 m3

Quantidade de aço utilizada:concreto armado – 435 t;estruturas metálicas – 100 tIsolamento térmico: 5.100 m2

Painéis de fachada: 5.500 m2

Impermeabilizações: 5.150 m2

Esquadrias de alumínio: 20 tVidros laminados refletivos: 850 m2

Alimentação elétrica: duas linhasde 13,8 kVCarga instalada normal: 9 mil kVACarga instalada de emergência: 2,35 kVANo-breaks: 450 kVASala limpa classe 100: 800 m2

Sala limpa classe 10.000: 1.100 m2

Prédio administrativo: 5,1 mil m2

Capacidade de operação: 4 millâminas mensais, com 300 a 3 mil chips por lâminaGases: inertes – 9; tóxicoscorrosivos e inflamáveis – 27

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mil m2 divididos entre centro de de-sign, escritórios administrativos, en-genharia de processo, incubadora tec-nológica, salas de aula, anfiteatros eoutros. As fundações são em estacashélice contínuas, que propiciarammaior velocidade de execução, e os fe-chamentos em blocos de concreto epele de vidro.

Já o prédio da manufatura conta-biliza 9,6 mil m2, com 1,1 mil m2 desala limpa ISO 7 (classe 1.000) e 800m2 de sala limpa ISO 5 (classe 100).Esta, o coração da planta, onde serãoprocessadas até 4 mil lâminas de silí-cio, a matéria-prima dos CIs, pormês. Irão gerar, mensalmente, de 300

a 3 mil chips por lâmina. Inicialmen-te, o dimensionamento mínimo doscircuitos será de 0,65 µ, "mas o proje-to está dimensionado para produzirchips com 0,185 µ", salienta MarcosSantoro, diretor executivo da Racio-nal Engenharia.

Complexidade tecnológicaAs dimensões microscópicas, in-

compreensíveis à escala humana (verquadro), determinaram projeto, exe-cução e operação da fábrica. "Tudo emfunção do processo de manufatura,sendo determinante a espessura delinha", conta o gestor do contrato, oengenheiro Robinson Sezar, referindo-

se à miniaturização dos componentes.Primeiro,alterou-se a implantação

no terreno, que dispunha a sala limpapróxima demais à estrada. Com a ro-tação da planta em 180°, ficou a 40 mda via, distância suficiente para mini-mizar os efeitos da vibração. Com es-trutura totalmente isolada do prédioque a envolve, a sala limpa ISO 5 contacom fundações também em estaca hé-lice contínua. No entanto, penetram14 m no terreno e têm 1,6 m de diâme-tro para absorver cargas relativamentebaixas,da ordem de 125 t.Para a carga,as 55 estacas poderiam ter dimensõesreduzidas, mas o volume auxilia naabsorção de vibrações periféricas. A

No ambiente da sala limpa classe 100 – ouISO 5 – não são toleradas mais do que 100partículas por pé cúbico de ar, as quais nãosão maiores que 0,5 µm (mícron) – 1 µm éigual a um milionésimo de metro. O acessoé restrito e, para evitar queda de cabelo oumesmo de partículas de pele, a vestimentaé especial. Temperatura e umidade do artambém são rigidamente controladas.Para entender a necessidade de uma salatão limpa – mais até que salas cirúrgicas epara transplantes – e tão isenta devibrações, é necessário adentrar nouniverso das dimensões envolvidas namanufatura desses circuitos integrados.Para efeito de ilustração, uma das maiores

fabricantes de processadores do mundodiz, em seu site, que um grão de sal emum circuito integrado é como uma rochagrande o suficiente para bloquearcentenas de vias em uma grande cidade.Assim, apenas uma partícula microscópicaé capaz de obstruir diversos circuitos etorná-los imprestáveis."O Ceitec está preparado para recebertecnologias de até 0,18 µ", conta RobinsonSezar, gestor do contrato da obra. Com 0,3 mm de espessura e 6" de diâmetro, oswafers de silício – como são chamados aslâminas em que são confeccionados oscircuitos –, trabalham com espessuras até240 vezes mais finas que um fio de cabelo.

Estes circuitos são sobrepostos por entre16 e 50 camadas, conectadastridimensionalmente entre si. "Se umacontaminação se misturar ao processo defabricação, pode causar curto ouinterrupção do funcionamento de várioschips", explica Sezar.Além disso, a impressão dos circuitos éfeita por exposição à luz ultravioleta, emum processo semelhante ao dafotografia. A precisão, em decorrênciadas dimensões, é extrema. Logo, oambiente deve estar totalmente livre devibrações, que, como em uma fotografia,causariam imprecisões e inutilizariam os processadores.

Limpeza microscópica

Com fechamentos de blocos de concreto e painéis de concreto branco, o prédio onde estão as salas limpas seune ao de projeto por uma passarela metálica

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REDES DE UTILIDADESSistema Características Especificações técnicasUPW (Ultra Pure Water, Dimensionado para a tecnologia Composta por plantas de pré-tratamento; make-up;ou água ultrapura) de 0,65 µ, mas passível de acabamento; recuperação/recirculação e reutilização

expansão para 0,18 µ.Água resfriada Atende aos equipamentos da central Vazão: 150 m3/h; Pressão de utilização: 6,0 bar;

de utilidades e da sala limpa. Bombas de circulação: três, para 75 m3/h; TrocadoresTemperaturas no circuito secundário: de calor: três, de 530 KW; Estação de filtragem:Suprimento, 18 ºC; Retorno, 24ºC. 40 µm; Tanque de armazenagem: 20 m3; Tubulações

de aço inoxidável AISI 316L schedule 20Vácuo de limpeza predial Composto por bombas turbovácuo, Bomba turbovácuo: 600 m3/h, 24 Kpa; Bomba jockey

tubulações, mangueiras e válvulas. turbovácuo: 260 m3/h, 28 Kpa; Separador deDistribuição por tubulação principal partículas secas de 50 Kpa; Tubulação galvanizadacom conexões para mangueiras nas paredes e pisos.

Vácuo de processo Composto por bombas de vácuo em Capacidade total nominal: 405 m3/h; Redundância:redundância, tanques, tubulações 3+1 unidades bombas de vácuo; Pressão no ponto dee sistema de controle. utilização: 125 mbar; Capacidade de vazão na tubulação

principal: 540 m3/h - 6"; Capacidade de vazão natubulação lateral: 154 m3/h - 3"; Capacidade de vazãoda tubulação no ponto de uso: 54,3 m3 - 2"; Tubulaçãoprincipal na central de utilidades: aço inoxidável AISI 304;Tubulação na área da sub-fab: PVC (Schedule 80)

Ar comprimido Composto por compressores isentos Compressor parafuso, isento de óleo, refrigerado ade óleo, secadores, filtros, tubulações, água, pressão nominal 8,6 bar, 474 m3/h; Compressorsistema de controle. Utilização em parafuso, isento de óleo, refrigerado a água, pressãoequipamentos pneumáticos da sala nominal 8,6 bar, 930 m3/h; Tanque de ar, capacidadelimpa e equipamentos da fábrica. 5.000 l; Tubulações de aço inoxidável AISI 304 e

AISI 316 L, quimicamente limpasGases a granel Fornecimento de gases por tanques, Gases especiais inertes: Argônio 5.0, Argônio 4.8,

vaporizadores, filtros, reguladores, Argônio líquido 5.0, Nitrogênio 5.0, Nitrogênio 5.5,purificadores e distribuição para Nitrogênio 5.5(up), Nitrogênio líquido, Hélio 5.0,produção de gases ultrapuros Hélio 5.5. Tóxicos, corrosivos e inflamáveis: Trifloretopara utilização na sala limpa. de Boro, Arsina, Fosfina, Diclorosilano, Silano, Amônia,

Diborano 6,5%, Fosfina 15%, Óxido nitroso 4.8, Dióxidode Carbono 4.0, Clorina, Tricloreto de Boro, Brometode Hidrogênio, Hexafluoreto de Enxofre, Tetrafuormetano,Hexafloretano, Trifluormetano, Trifloreto de Nitrogênio,Hexafluoreto de Tungstênio Arsina 10%

Tratamento de efluentes Neutralização de ácidos fosfórico, fluorídrico e misturados com descarte do lodo ativado; Coleta de solventes; Tratamento de água pluvial e rejeito deUPW para reaproveitamento na planta

mesma função justifica a espessura de1,10 m da laje nervurada de concreto eo uso de bases e coxins antivibratóriosem equipamentos.O objetivo é limitara vibração a 6,25 µm por segundo. "Osseres humanos percebem vibraçõesapenas a partir de 500 µm por segun-do", compara Sezar.

A estrutura do prédio externo àsala limpa é pré-moldada. A sala

limpa em si foi moldada in loco. Issoporque, apesar de o primeiro ter exe-cução mais limpa, também está maissuscetível a vibrações.

A quantidade de sistemas envolvi-dos na produção tornou a obra aindamais complexa do ponto de vista exe-cutivo (veja tabela). "Tem praticamentetodas as exigências que uma indústriapode ter", afirma Santoro. A afirmação

é motivada pela quantidade de gasesministrados – 36, sendo nove inertes e27 corrosivos e/ou inflamáveis –, e quedepois de usados têm de ser lavadospara descarte. Para efeitos de compara-ção, um hospital trabalha com cerca dedez gases. Além disso, são dois sistemasde vácuo – um de limpeza e outro doprocesso –, sistema de água ultrapurapara manufatura das lâminas de silício,

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Caso algum líquido seja derramado, valasduplo-contidas evitam contaminação do solo e do lençol freático

água gelada para ar condicionado epara produção, água quente, ar com-primido, tratamento de efluentes e sis-tema elétrico redundante e protegidopor no-breaks e geradores.

No lado externo, valas duplo-contidas circundam a área de carga edescarga de químicos para a produ-ção. Em caso de derramamentos, oslíquidos não entram em contato como meio ambiente.

Acesso controladoTão logo os equipamentos este-

jam instalados, o que não havia ocor-rido até o fechamento desta edição, amontagem das salas limpas será ini-ciada. Nessa etapa, o prédio tem de

estar pressurizado e os equipamentosdevem ser devidamente higienizadosantes de adentrarem o ambiente dafábrica. "A obra tem que ter condiçõesrigorosas de assepsia para a instalaçãodos equipamentos", salienta Santoro.Os conceitos das salas limpas são ba-seados em não introdução, não gera-ção e não retenção de partículas.

Para tanto, três contêineres equi-pados para realizar a limpeza serãopassagem obrigatória para a entradatanto de pessoas quanto de maquiná-rio, que já é recebido em embalagensadequadas à higienização.

O acesso dos funcionários é proto-colado e exigiu treinamento para queos procedimentos fossem implanta-

dos desde as primeiras etapas de cons-trução. Os locais limpos só podem seracessados por pessoas treinadas para onível de limpeza ali exigido e portandoordens de serviço pertinentes ao am-biente. Os treinamentos são graduais eescalonados. A primeira fase garanteuma identificação de cor verde queatesta treinamento para ambientescom limpeza normal.A segunda,ama-rela, para a fase limpa.A vermelha, ter-ceira e última, é ultralimpa.

A laje de concreto que receberá opiso elevado de alumínio perfuradotambém é vazada para garantir ofluxo de ar contínuo e as 300 trocas dear por hora. Assim como as paredes, alaje foi pintada com epóxi para facili-

Na periferia da sala limpa ISO 5 ficam todas as utilidades que a atendem, comocentrais de água gelada, caldeiras e rede de gases. Por reunir equipamentosdiversos, a execução foi minuciosa

No topo da fábrica, torres de resfriamento natural de água minimizam a carga sobreos quatro chillers que abastecem a planta

Espessura de 1,10 m da lajenervurada auxilia na absorção devibrações; formato de grelhapermite fluxo de ar

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FICHA TÉCNICA

projeto básico: Spectra Consulting eTx-US; projeto executivo: ConsórcioRacional-Delta; consultoria emvibrações: Zuckriegel EngineeringGmbh; impermeabilização: PhiConsultoria e Projetos deImpermeabilização e RBLEngenharia; instalaçõeseletromecânicas, hidrossanitárias e deincêndio: Temon Técnicas deMontagens e Construções Ltda.;sistema de água gelada e água quente:Heating & Cooling; sistema de gases agranel: Air Products; sistema detratamento de efluentes industriais:Kurita do Brasil Ltda.; sistema detratamento de água ultrapura: GEWater & Process Technologies;sistema de vácuo de processo: Heating& Cooling; sistema de água resfriadade processo: Heating & Cooling;compressores: Atlas Copco; fundações:Serki; concreto: Supermix; aço: BelgoMineira; estruturas metálicas:Metasa/Metalplan; isolamentotérmico e impermeabilização:Firestone/Áries; painéis de fachada:Verticon; pavimentações:Concrepedra; blocos de concreto:Tecmold; epóxi: Fosroc/Laservi;esquadrias: Alcoa – Kadesk; chillers:York; sala limpa: RaumtechnikFellbach Gmbh – Inovate System;instrumentação: Jenoptik; mecânicaseca: VSS – Umwelttchnick Gmbh;sala limpa, instrumentação, mecânicaseca e vácuo de limpeza: MW ZanderFE; grupos geradores: Stemac; UPS:Caterpillar; instrumentação eautomação: Johnson Controls

Entre o forro da sala de manufatura e o steel deck estão as passarelas metálicas e todasas instalações e tubulações. Desse ponto é possível fazer manutenções sem adentrar osambientes limpos

tar a limpeza que é feita constante-mente. Sobre a sala, laje de steel deck,recoberta com um sanduíche demanta de EPDM, placas de isolamen-to térmico e, novamente, EPDM.

Condicionamento do arConsiderando que uma UTI

(Unidade de Terapia Intensiva) trocade ar cerca de 40 vezes por hora, é pos-sível compreender a importância doperfeito funcionamento das utilida-des e equipamentos em operação doCeitec. "Tem que se atentar para con-trole de temperatura, de umidade re-lativa, limpeza, pressão e nível deruído", resume a dupla de projetistasda MW Zander, responsável pelo ma-

evitar qualquer transmissão de vibra-ção aos ambientes de produção.

Dentro da sala, sensores mantêm atemperatura a 21°C, com variação de1°C para mais ou para menos, a umi-dade relativa a 45%, com variação de5%, e a pressão sempre positiva. Ele-mentos como divisórias, pisos, forrose luminárias têm superfície lisa paraevitar introduzir, gerar e acumularpartículas e facilitar a limpeza.

Bruno Loturco

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Apoio à sala limpa ISO 5, que abrigará a montagem, a sala limpa ISO 7 tem,no máximo, 1.000 partículas por pécúbico e será sede de treinamentos

quinário das salas limpas, CarlosAguiar e Hendrik Pantlen.

O sistema HVAC (Heating,Ventila-tion and Air Conditioning, ou aqueci-mento, ventilação e ar condicionado)conta com dois condicionadores de arinsuflando 100% do ar exterior. Cadaum, com 18 t, tem vazão de 66 milm3/h, capacidade de resfriamento de1.300 kW e de aquecimento de 700 kW.

Para que permaneça o ano todocom a mesma temperatura, umidade elimpeza, o ar oriundo do exterior écondicionado por dois ventiladores,duas serpentinas de água quente e duasde água gelada, um lavador de ar, umatenuador de ruído e três baterias de fil-tro.Cada uma responde por um estágiode filtragem: grosso, fino e absoluto.

Tratado, o ar é insuflado no ple-num, localizado sobre o forro, com99,999% de pureza. Ali, FFUs (FilterFan Units, ou unidades constituídaspor ventilador e filtro), em conjuntocom as serpentinas geladas, fazem a re-circulação do ar e o tornam 99,99999%limpo. A exaustão, após tratamento, éfeita por ventiladores.

As serpentinas são alimentadas poruma central de água gelada com capa-cidade para 2.300 TR (Toneladas de Re-frigeração) e por uma central de águaquente com capacidade de 2.800 kW.Todas as tubulações de água e dutos dear se apóiam em amortecedores para

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LIBBS FARMACÊUTICA

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Aconstrução de uma unidade deprodução farmacêutica abrange

uma série de particularidades, como oalto controle sobre técnicas e materiaisconstrutivos e a necessidade de apro-vação das instalações por órgãos ofi-ciais, como a Agência Nacional de Vi-gilância Sanitária (Anvisa) e do órgãonorte-americano Food and Drug Ad-ministration (FDA) – no caso dosgrandes players da indústria farma-cêutica mundial. Em Embu das Artes,

Obra limpaIndústria demanda sistema de fechamento, ar condicionado e hidráulicadiferenciados para atender às exigências de órgãos oficiais para produçãode medicamentos

na região metropolitana de São Paulo,a construção da nova unidade daLibbs Farmacêutica não escapou aessa regra. No local, onde a empresabrasileira pretende produzir 53,6 mi-lhões de unidades de medicamentospor ano, uma intrincada rede de utili-dades e instalações foi projetada e exe-cutada com tecnologias e materiais es-pecíficos para suprir a fábrica de água,energia, ar e gases, insumos impres-cindíveis para a produção de remédios

sólidos, semi-sólidos, líquidos, injetá-veis e hormônios.

Com 33.600 m² de área construídaem um terreno de 133 mil m², a novaunidade fabril compreende sete edifí-cios de produção (depósito de matéria-prima e produtos acabados,controle daqualidade, líquidos e semi-sólidos,hor-mônios, sólidos, central de embalagense centro de desenvolvimento de produ-tos), além de refeitório, estacionamen-to e edifícios de apoio, como central de

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lixo, manutenção, utilidades, caldeira,portaria e estação de tratamento deefluentes. A planta, que teve sua cons-trução iniciada em abril de 2003 e foiconcluída recentemente, dispõe, naárea de utilidades, de instalação elétricade alta e baixa tensão, abastecimentode vapor industrial e condensado, redede provimento de gás liquefeito de pe-tróleo (GLP), água purificada (PW) eágua para injetáveis (WFI), vaporpuro, compressores de ar respirável,nitrogênio, esgoto sanitário e indus-trial, além de uma moderna estação detratamento de efluentes (ETE), comtanques de neutralização e controle depH automáticos.

O projeto tinha como princípioseguir à risca as diretrizes GMP(Good Manufacturing Practice, emportuguês, "boas práticas de fabrica-ção"), obedecidas principalmente poraqueles que têm pretensão de expor-tar para Estados Unidos e Europa,como é o caso da Libbs. Entre as reco-mendações atendidas está, por exem-plo, garantir que todo e qualquer ma-terial ou serviço utilizado nas obrascivis da planta seja acompanhado deum certificado de garantia emitidopor seu fornecedor. "Isso significa quetoda nossa produção, os serviços e osmateriais que entraram na obra,desde um tubo de aço inox até uma

simples barra de ferro ou um bloco deconcreto, foram certificados", comen-ta João Carlos Rossi Neto, diretor deengenharia da Patri Empreendimen-tos Industriais, responsável pela cons-trução e pelos projetos de utilidades.

A cada material ou serviço entre-gue na obra, um certificado fornecido

RESUMO DA OBRA

Unidade de produção de sólidos,semi-sólidos, líquidos, injetáveis ehormônios da Libbs FarmacêuticaLocal: Embu das Artes (SP)Início da obra: fevereiro de 2004Conclusão: início de 2007Área construída: 33.600 m²Área do terreno: 133 mil m²Fundação: tubulões escavadosmecanicamente até 20 m deprofundidadeEstrutura: pré-fabricada de concreto armado com lajesnervuradas protendidasFechamento externo: painéisautoportantes termoisolantes (na área de produção) e alvenaria de blocos de concreto (nos demaisedifícios)Fechamento interno: painéistermoisolantesCobertura: telhas metálicas zipadascom núcleo de poliestirenoexpandido Piso: industrial, executado comconcreto de 30 a 35 MPa e adição defibra de polipropilenoRevestimentos internos: painéistérmicos com chapas de aço pré-pintado e isolante de EPS. Em áreasISO Classes 2 e 1, painéis térmicoscom chapas de aço inoxidável eisolante de EPS.Revestimento externo(fachada): painéis térmicos comchapas de aço pré-pintado eisolante de lã de rocha.Ar condicionado: sistema industrial com central de água geladae fancoils individuais para cadaambiente de produção.Instalações hidráulicas: tubos depolipropileno (esgoto industrial), açoinox eletropolido (águas limpas) ecobre (para rede de abastecimentode água e prevenção de incêndio)

Ao alto, central de utilidades ondeficaram as principais instalações dafábrica, em edifício separado da área deprodução; acima, corredor de acesso àssalas limpas

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pelo fabricante era arquivado para serentregue ao cliente no final do proces-so, junto com laudos de ensaios e tes-tes de todas as instalações. "O contro-le na construção de indústrias farma-cêuticas é enorme, exigindo criteriosaseleção dos fornecedores, ótimo pla-nejamento e perfeita sintonia entre odepartamento de compras da cons-trutora e os engenheiros residentes naobra", continua Rossi Neto.

Salas limpasA confiabilidade da produção de

medicamentos passa, em grandeparte, pelo desempenho das salaslimpas, locais que devem apresentarníveis de contaminantes e particula-dos dentro dos limites preestabeleci-dos, conforme a atividade exercida.Para se ter uma idéia, a produção demedicamentos injetáveis só pode serrealizada em ambientes ISO Classe 2e o envase só pode ocorrer com regi-me de fluxo laminar de ar ISO Classe1, o que significa que pode haver atédez partículas de tamanho igual oumaior que 0,1µm por metro cúbicode ar. Na nova unidade da Libbs,constituem salas limpas as áreas decontrole da qualidade, o centro de de-senvolvimento, a área de produção dehormônios, líquidos, matéria-prima,sólidos e embalagens.

Estanqueidade é pré-requisitofundamental nesses ambientes, para

evitar que haja fluxo e proliferaçãode partículas contaminantes, alémda troca externa de calor. Por isso, naobra em Embu, foram empregadospainéis termoisolantes de fachada edivisórias internas móveis (tambémtermoisolantes, especiais para essetipo de aplicação), com revestimen-to externo de aço zincado pré-pinta-do, material de superfície lisa que fa-cilita a higienização. Nas divisóriasinternas, onde foram empregadospainéis com recheio de poliestirenoexpandido (EPS) para garantir a as-sepsia do ambiente, as uniões pa-

rede-teto e parede-piso são arredon-dadas. Já nas fachadas, os painéis au-toportantes com 100 mm de espes-sura foram preenchidos com lã devidro e fixados à estrutura por meiode encaixes metálicos do tipo ma-cho-fêmea. Adicionalmente, paraatender às exigências de assepsia, foiaplicado mástique com bactericidana junção das placas.

Completa o sistema de fechamen-to a cobertura com telhas tipo sanduí-che com núcleo de poliestireno ex-pandido na espessura de 75 mm e se-lagem por zipagem hermética. No

Resistência, facilidade de limpeza emanutenção e segurança para o tráfegode máquinas e pessoas são propriedadesdesejáveis em pisos industriais. Na buscapor tais propriedades, os projetistas daPatri especificaram um piso especial paratráfego pesado executado com concretodosado em central com fck entre 30 e 35MPa e adição de fibra de polipropileno,que tem a função de aumentar aelasticidade e ajudar a evitar fissuras. Oacabamento foi realizado comdesempenadeira mecânica dupla, composterior aplicação de resina epóximulticamada com pó de quartzo colorido.

No depósito de matéria-prima, uma área de3.200 m², o piso precisou ter característicasadicionais de nivelamento (FF entre 70 e80) e planicidade (FL de 100). Isso porqueno local são utilizadas empilhadeirastrilaterais com leitura ótica, que precisamacessar produtos em estanterias de até 14metros de altura (a mesma altura do pé-direito do edifício). "Qualquer erro de nívelou de planicidade no piso certamente vaicomprometer o funcionamento dessasmáquinas", justifica Neto, da Patri.Segundo ele, para alcançar essesresultados, o piso, de 15 cm de espessura,foi executado com armadura dupla de telas

soldadas e nivelado a laser. Além disso, como mesmo objetivo, os panos de laje foramreduzidos à metade, para 5 m de largura,com juntas construtivas.Cuidados adicionais em relação aoterreno, de solo muito expansivo, tambémtiveram de ser adotados. Sob o depósitode matéria-prima foi realizado um reforçode subleito com solo brita e uma camadade 15 cm de espessura de brita graduadatratada com cimento. Adicionalmente,sobre a sub-base foi colocada lonaplástica, com a finalidade de reduzir o seuatrito com a placa de concreto, além deevitar a perda de água do concreto.

Pisos diferenciados

Uma intrincada rede de instalações foi executada com tecnologias específicas para suprir afábrica de água, energia, ar e gases, insumos imprescindíveis para a produção de remédios

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total, a construção da Libbs Farma-cêutica consumiu 13 mil m² de pai-néis de forro e fechamento.

Com exceção do refeitório e departe do centro de desenvolvimento –onde se adotou vedação de alvenariacom blocos de concreto – todos osprédios tiveram estrutura e fecha-mentos industrializados a partir depré-moldados de concreto armado,com lajes alveolares de concreto pro-tendido e painéis termoisolantes. Aespecificação desses sistemas contri-buiu para o cumprimento do crono-

grama da obra, compensando omaior tempo despendido na comple-xa etapa de instalações, informa o en-genheiro João Carlos Rossi Neto.

Diante do grande número de uti-lidades a serem adicionadas, primeirooptou-se por executar as instalaçõesmais simples, de elétrica e hidráulicaindustrial. Só então passou-se para amontagem da infra-estrutura deabastecimento de água purificada(PW), que funciona por osmose re-versa, para a qual foi concebido umsistema de distribuição que sai da cen-

tral de utilidades e percorre aproxi-madamente 640 metros lineares, che-gando a todos os edifícios de produ-ção do complexo. O anel foi projetadocom bombas, válvulas, tubos de açoinoxidável 316 L eletropolido e soldasorbitais (ver boxe), de forma que o lí-quido fique em constante movimen-to, sem pontos de acúmulo de água ouresíduos, obedecendo às normas daAnvisa. Um anel semelhante, de apro-ximadamente 145 m lineares, foi pro-jetado para a distribuição de águapara injetáveis (WFI).

Um dos recursos especiais empregados naconstrução da nova unidade da LibbsFarmacêutica foi a solda orbital, sistema desoldagem automatizada GTAW (Gas TungsterArc Welding), no qual um microprocessadorcontrola todos os parâmetros durante oprocesso de soldagem, com grau depenetração correto e constante em todoperímetro do tubo, garantindo a fusãoadequada do material. A purga interna écontrolada com introdução de gás inerte(argônio puro), proporcionando melhoracabamento interno.Por conta de sua confiabilidade eestanqueidade, esta tecnologia foidesenvolvida pela indústria aeroespacial

para ser usada principalmente noscomandos hidráulicos e nas tubulações decombustíveis em foguetes e aeronaves. Masa partir dos anos 1980, por recomendaçãodo FDA, a solda orbital passou a serempregada nas indústrias farmacêuticas,em especial, nas linhas de água purificada(PW) e de água para injetáveis (WFI). Naobra da Libbs, foram executadas soldas nosanéis de aço inox 316L eletropolido, paradistribuição da rede de PW e WFI, e namontagem dos equipamentos depurificação de água, bem como nas linhasde vapor puro e água gelada.Além de garantir estanqueidade ehomogeneidade em todas as emendas,

outras vantagens desse tipo de solda são adiminuição da possibilidade dedesenvolvimento de colônia de bactérias,devido ao acabamento interno liso, e aredução da quantidade de intervenções nosistema para higienização da linha, informaRubem Born, da Torres & MarshalEngenharia. Segundo ele, em todas aslinhas montadas com solda orbital foramexecutados testes de endoscopia ecertificação das soldas, para elaboração dedocumentação de validação e qualificaçãodas linhas. Ao todo foram executadasaproximadamente 1.500 soldas nosdiâmetros de 1/2 polegada a 2 1/2 polegadas.

Soldagem automatizada

Todos os edifícios contam com piso técnico para possibilitar que serviços demanutenção sejam realizados fora das áreas de produção

Para garantir a assepsia do ambiente, asuniões das divisórias internas com o pisoe o teto são arredondadas

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FICHA TÉCNICA

Construção e projetos de utilidades:Patri EmpreendimentosIndustriaisProjeto arquitetônico: PlanevaleEstrutura pré-fabricada de concreto: ProtenditPainéis termoisolantes parafechamento, telhas metálicas zipadase assessórios para salas limpas:Dânica TermoindustrialConcreto: Embu ConcretoSistemas de vapor, válvulas ecomandos: Disparco e Spirax SarcoTubulação de cobre: ElumaAço para construção civil: Belgo-Arcelor BrasilAr condicionado (projeto einstalação): Ergo EngenhariaInstalações hidráulicas (projeto e instalação): Torres & MarshalAcabamento de piso para salaslimpas: ReadeLuminárias: Luminárias Projeto e Dânica TermoindustrialTubos de polipropileno: Plastolândiae Tecnoplástico BelfanoEstação de Tratamento de Efluentes: Ambiental

Grande parte da assepsia conferida àunidade produtiva da Libbs Farmacêuticase deve aos sistemas de ar condicionado,ventilação e exaustão. No local, adotou-sesistema de condicionamento de ar centralde água gelada, com chillers quealimentam fancoils com capacidade atualde 1.200 TR, podendo chegar a 1.800 TRinstaladas nos próximos anos. "O sistemade condicionamento de ar é todogerenciado por work station, que permitemonitorar sua atuação e a ventilação detoda a planta", explica a engenheiraRenata Salvador, da Ergo Engenharia.Uma característica importante agregadaao sistema de ar condicionado é apressurização dos ambientes, recursoempregado para evitar quecontaminantes entrem na sala limpa oupara impedir que substânciascontroladas e nocivas à saúde,manuseadas dentro dos laboratórios,extrapolem os limites das salas.João Carlos Rossi Neto, da Patri, contaque a maior parte das salas no novocomplexo da Libbs Farmacêutica trabalhacom pressão positiva, para evitar aentrada de bactérias na sala limpa e ascontaminações cruzadas. No entanto, emlocais como a sala de produção dehormônio, por exemplo, deve-se evitarque a substância em suspensão saia daárea onde está sendo manipulada. Porisso, além de filtros instalados no forro, a

Ambientes pressurizadospressão nessa área é negativa (o ar soprapara dentro da sala, e não para fora). Noentanto, como também é preciso evitarque agentes externos contaminem oambiente, antecâmaras foram construídaspara permitir que apenas ar limpo entrena sala de produção. Em salas onde ocorre o envase deinjetáveis, a atmosfera, mais do que limpa,deve ser estéril. Dessa forma, nesses locaishá o insuflamento do ar para baixo (fluxolaminar através do forro), evitando quehaja elementos em suspensão que possamcontaminar o produto.Na planta industrial da Libbs, o aparatode utilidades é tamanho que demandounão apenas a construção, mas tambémo reforço do pipe rack. Isso porque,durante a montagem das tubulações deágua gelada, os construtoresperceberam que a estrutura projetadanão suportaria a carga quando os tubosestivessem cheios de água gelada."Como a estrutura já estava montada epossui design próprio, não pudemosalterar as características arquitetônicas",explica Rossi. A solução foi redesenhar aestrutura, redimensionando os tubos dereforço. Assim, foram adicionadas barrasdiagonais e vigas horizontais ao sistema,o que permitiu dobrar a carga admissívelda estrutura, evitando suadesmontagem e sem comprometer a arquitetura.

Para abrigar as demais instalações– ar-condicionado, redutor de pres-são, central de tratamento de águaWFI, coletores de pó etc. – todos osedifícios foram construídos com pisotécnico de dimensões equivalentes aum segundo pavimento. Isso ajudou acumprir outra recomendação da An-visa: sempre que possível, alocar oacesso para manutenção fora das áreasde produção. "Sem isso, para trocaruma lâmpada em uma sala de injetá-veis, por exemplo, seria preciso inter-romper a produção", comenta Rossi.

Com a utilização de forros auto-portantes fixados sob um gradil re-movível metálico, tornou-se possívelintervir em luminárias e forro porcima, sem ter que entrar na área deprodução. Para isso, também foi im-portante o uso de luminárias estan-ques, que permitem a manutençãopela parte superior do forro.

Juliana Nakamura

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CBA

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Localizada a cerca de 75 km da capi-tal paulista,a cidade de Alumínio –

próxima a Sorocaba (SP) – tem econo-mia que gira em torno das instalaçõesda fábrica da CBA (Companhia Brasi-leira de Alumínio).A constante expan-são das linhas de fundição e transfor-mação de bauxita em produtos acaba-dos vem gerando forte demanda de

Fundação diferenciadaConstrutora entrega obra de 35 mil m2 com dois meses de antecedência.Uso de ferramenta importada da Alemanha permitiu escavar soloextremamente duro com rapidez e precisão

serviços de construção civil. Entregueem fevereiro, a Sala Fornos VII am-pliou a capacidade de produção de alu-mínio primário em 70 mil toneladaspor ano, gerando aumento de 17%.

As empresas envolvidas nessa obrajá haviam participado da construçãoda sala anterior, a Fornos VI, com asmesmas características, mas com di-

RESUMO

Obra: Sala Fornos VII, daCompanhia Brasileira de AlumínioExecução: Construcap (obra civil)Área total: 35.173 mil m2

Volume de concreto: 34.910 m3

Quantidade de aço usada: 3,65 mil t

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A Munte executou outra sala de fornos, umpouco menor, no complexo industrial daCBA, em Alumínio, SP. Chamada de Caster12, a sala é também dividida em doismódulos - um de fundição de alumínio eum de beneficiamento do material. Oconjunto tem 58 m de comprimento e 60m de largura (um vão de 30 m para cadamódulo). Um ambiente agressivo exigiamaior durabilidade das peças quecompunham a estrutura. "A CBA pediurelatórios técnicos que atestassem quenossas estruturas apresentariam maiorvida útil em relação aos outros galpões",explica o gerente de operações da Munte,Laércio de Souza Gil.A solução encontrada pelos engenheiros da

Galpão pré-fabricadoMunte foi alterar alguns itens do projetoestrutural que apresentavam para a CBA - aempresa de pré-fabricados já participou deoutras 13 obras deste cliente. "A primeiraprovidência foi aumentar, em pilares evigas, o cobrimento de 2 cm para 3 cm",revela Gil. A segunda solução apresentadapela empresa foi elevar a resistência àcompressão do concreto usado noselementos estruturais de 45 MPa para 50 MPa.O maior feito da obra, no entanto, estavana cobertura, também a cargo da Munte.Foram fabricadas 108 telhas de 1,25 m delargura e 30 m de comprimento, queconseguiam vencer cada um dos vãos daCaster 12. Ao concreto das telhas foi

adicionada uma mistura de microssílicaativa, que permitiu reduzir a permeabilidadeda telha. "Ela deixa o concreto mais denso emenos permeável. Com isso, a peça torna-se mais resistente à agressão do meioambiente e sua vida útil aumenta", informao engenheiro. Relatório técnico apresentadopela empresa à CBA mostra os resultados deensaios comparativos de absorção:enquanto o concreto "normal" apresentava4% de absorção de água, aquele com adição de microssílica ativa apresentava um índice de 1%. O transporte das telhas da fábrica da Munte,em Itapevi, à cidade de Alumínio demandouum esquema especial. "Não é por qualquerlugar que passa uma carreta com 35 m decomprimento", lembra Gil. O trecho maiscomplicado era dentro da cidade de Itapevi,SP, onde as ruas são bastante estreitas e,durante o dia, movimentadas. Por isso, ocaminhão saía da fábrica no começo damadrugada, para que pudesse sair da cidadeaté 5h da manhã, liberando as viasinterditadas para sua passagem. O trajetototal, de aproximadamente 120 km, era feitoem cerca de 3h. "Não seria possível fazertodo o trajeto pela rodovia Raposo Tavarescom um veículo com aquelas dimensões. Porisso, tivemos que seguir pela RodoviaCastelo Branco até Sorocaba e, de lá, voltarpara Alumínio por um trecho da RaposoTavares", afirma.

0 5

Pilarete in loco sobre o pilar existenteViga aproveitada Detalhe 2 Detalhe 1

Viga aproveitada

Consolo a demolir

Edifício existente

Pilaretein loco sobre opilar existente

0 1 2 3

Pilar pré-fabricado

0 1 2 3

mensões um pouco menores. O geren-ciador geral da obra é a própria CBA.Acargo da empresa ficou a contrataçãodireta dos projetos civis feitos pelaExata Engenharia; dos executores daobra, a Construcap;e da montadora dacobertura metálica, a Icec.

A sala, que receberá fornos de be-neficiamento de alumínio, é dividida

em dois módulos paralelos. Cada um,segundo a Construcap, com 720 m decomprimento, 25 m de largura e pé-direito de 15 m.

Toda a estrutura foi produzidacom concreto armado moldado inloco. Segundo o engenheiro FernandoJosé Relvas, responsável pelos projetoscivis da Exata Engenharia, os dois mó-

dulos tinham, juntos, mais de 5 mil pi-lares. A empresa, que já havia partici-pado da construção da Sala Fornos VI,aproveitou na nova obra boa parte doprojeto anterior, entregue em 2003.No entanto, houve necessidade de re-visá-lo com atenção para adequá-lo àsexigências da nova versão da normaNBR 6118. "Quando o primeiro pro-

detalhe 1 detalhe 2

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C B A

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jeto foi elaborado, estávamos no'período de carência' da versão ante-rior da norma. O novo projeto foi ela-borado em 2005 e, portanto, deveriaatender ao disposto na NBR versão2003", explica Relvas. Segundo ele, osprincipais pontos revisados foram ocobrimento das armaduras, a quanti-dade de armaduras mínimas e as ar-maduras de cisalhamento.

Outra sensível alteração em rela-ção ao projeto anterior foi o aumentoda especificação da resistência à com-pressão do concreto para os pilares.Segundo Relvas, na Sala Fornos VI, aresistência definida em projeto era de22 MPa, mas, como se verificava nosensaios, seguindo o traço de concretoespecífico, o mais comum era alcançarresistência real de 35 MPa. A Exatapropôs então à CBA a especificação,em projeto, de um concreto de 30MPa, um fck maior. Esse conjunto dealterações do projeto original gerou àCBA redução de 10% no consumo deaço. "A economia com aço compen-sou com folga o custo adicional doprojeto", afirma Relvas.

Plano de execuçãoO cronograma inicial previa a

execução dos dois módulos em 15

FICHA TÉCNICA

Projeto civil: Exata Engenhariaterraplenagem: Salioni Indústria eComércio; pavimentação: SpliceEngenharia; projeto de fundações:Luciano Décourt; execução dostubulões: Geosonda; edificação:Construcap; estrutura Metálica:Icec Construções; fabricação dosFornos: ICM Atlas; montagemMecânica: Montcalm; subestação:ABB e Liemus; automação: Atan;lavagem de gases: Alstom

meses. No entanto, a Construcap con-seguiu acelerar a execução da obra eentregá-la com dois meses de antece-dência. Segundo o vice-presidente daconstrutora, Roberto Capobianco, oganho de velocidade é resultado doplanejamento detalhado de cada umadas frentes de trabalho no canteiro."Antes de cada etapa, determina-setudo o que será necessário em termosde recursos humanos, segurança eequipamentos", explica.

O planejamento de execução daobra civil foi elaborado em função doritmo de montagem dos equipamen-tos industriais. Pela ordem, a seqüên-cia de montagem compreendia a exe-cução da obra civil, a execução da co-bertura metálica e a montagem dosfornos. "A CBA perderia muito tem-po se esperasse concluir cada um dosmódulos para só depois montar osseus equipamentos", lembra Capo-bianco. Para Willians Picinini, diretorcomercial da Icec, empresa que for-neceu e montou a cobertura metálicada obra, o maior desafio foi sincroni-zar o trabalho de sua equipe e o dosmontadores dos fornos, que vinhamlogo depois.

Mas a etapa da obra onde mais seconseguiu velocidade foi justamente

a mais desafiadora: a das fundações.A fábrica da CBA repousa sobre umsolo bastante resistente. A sondagemrevelou sua composição de filito, eensaios apontaram o SPT (StandardPenetration Test) em 45. Com o mé-todo tradicional de escavação, aplica-do pela Construcap na Sala FornosVI, os construtores se valeriam derompedores hidráulicos para abrir osolo. Este tipo de execução era consi-derado lento pela Construcap, quetrouxe da Alemanha uma fresadorade solos. O equipamento, acoplável àescavadeira, é composto por bites deaço de alta resistência, que giram emtorno de um eixo e realizam o "corte"do solo com rapidez até a cota estabe-lecida em projeto. "Com a precisãoda ferramenta, nós conseguimosabrir as valas na medida certa do bal-drame", explica Capobianco. "Com orompedor, o processo é mais lento e aescavação não é tão precisa. Então,precisaríamos colocar fôrmas e po-deríamos ter perda incorporada deconcreto", justifica.

A cobertura foi projetada deforma a proporcionar o adequadoconforto térmico que a sala de for-nos exigia. "O processo de produçãono edifício tem uma razoável emis-são de calor. Por isso, a coberturapossui aberturas que permitem a cir-culação interna de ar", afirma Picini-ni, da Icec. A luminosidade natural égarantida pela utilização de telhaszenitais transparentes.

Renato Faria

Uma fresa acoplável à escavadeira trazida da Alemanha abriu o solo de filito comrapidez e precisão

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Envie artigo para: [email protected] texto não deve ultrapassar o limitede 15 mil caracteres (com espaço).Fotos devem ser encaminhadasseparadamente em JPG.ARTIGO

60

A avaliação de propriedades mecâ-nicas em estruturas acabadas nem

sempre é viável, muitas vezes devido àgeometria dos elementos estruturais,quando esta não permite a extração detestemunhos com dimensões normali-zadas para os ensaios (altura do corpo-de-prova no mínimo igual ao diâme-tro,ou maior que três vezes a dimensãomáxima do agregado graúdo).

Os experimentos apresentadosmostraram ser possível "montar" umcorpo-de-prova extraído de relação al-tura-diâmetro ideal, empregando seg-mentos de testemunhos do mesmoconcreto solidarizados com argamas-sa, obtendo-se resultado semelhanteao de um corpo-de-prova ideal, ex-traído íntegro. A semelhança mos-trou-se bastante evidente para ensaiosa compressão e promissora para en-saios de módulo de deformação.

O método dos "cilindros monta-dos" vem, assim, auxiliar na análisedas propriedades mecânicas de estru-turas, nas quais, pelos métodos tradi-cionais, não era possível obter resulta-dos confiáveis.

MetodologiaEm caso de necessidade de avalia-

ção das propriedades mecânicas doconcreto, é comum efetuar os ensaios

Avaliação do concretode peças estruturaispequenas pelo métododos cilindros montados

em corpos-de-prova cilíndricos obti-dos de testemunhos extraídos da pró-pria estrutura, por meio de coroasdiamantadas rotativas, refrigeradas aágua, conforme a NBR-7680 (1983).

Extraídos os testemunhos, devidoa defeitos no concreto ou exigüidadede dimensões da peça, nem sempre épossível obter corpos-de-prova comdimensões adequadas para ensaio. Aaltura do corpo-de-prova, muitasvezes, tem que ser menor que o dobrodo diâmetro, relação consideradaideal, ou até mesmo menor que umavez o diâmetro, relação mínima admi-

Pedro Carlos Bilesky Encarregado da Área de Concreto do

Laboratório de Materiais de ConstruçãoCivil do Instituto de Pesquisas

Tecnológicas do Estado de São Pauloe-mail: [email protected]

Carlos Eduardo de Siqueira TangoDoutor em Engenharia – Consultor

autônomo e colaborador do Laboratóriode Materiais de Construção Civil do

Instituto de Pesquisas Tecnológicas doEstado de São Pauloe-mail: [email protected]

Figura 1 – Moldagem dos protótipos

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e 200 mm de altura e de 150 mm de diâ-metro e 300 mm de altura, para cadatraço de concreto avaliado (Figura 2).

Após 14 dias de cura dos protóti-pos, foram extraídos de cada laje(NBR-7680/1983) testemunhos de 150mm, 100 mm e 75 mm de diâmetro.Das vigas tipo I foram extraídos teste-munhos de 100 mm de diâmetro, com

210

420Medidas em cm

ø15

15 15 10

12,5

7,5 12,522,5

15

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15 15

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cbacbacba a

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ababababa b

15

1010

10

15

Figura 2 – Croqui da laje e pontos de extração

13010101010101010101010101010

Medidas em cm

3010

1010

22

20015151515151515151515151515

Medidas em cm

4515

1515

32

Figura 3 – Croqui da Viga tipo I epontos de extração

Figura 4 – Croqui da Viga tipo II epontos de extração

Figura 5 – Moldagem dos corpos-de-prova e dos protótipos

tida, o que inviabilizaria a avaliação.Considerando a exigência de que odiâmetro do corpo-de-prova deve serpelo menos o triplo da dimensão má-xima do agregado, ficam ainda maisevidentes as limitações dimensionaispara a viabilização de tais ensaios.Além disso, as correções usuais, paraos resultados de resistência à com-pressão obtidos com relações altura-diâmetro entre 2 e 1, não estão livresde propiciar erros de avaliação.

Propõe-se metodologia objeti-vando viabilizar a avaliação nas con-dições de impossibilidades geométri-cas acima assinaladas.

A metodologia consiste em avaliaras propriedades mecânicas do concre-to montando-se os corpos-de-provade modo a obter-se sempre uma rela-ção altura/diâmetro (h/d) igual a 2,0,a partir da superposição de segmen-tos de testemunhos extraídos damesma região, quando não for possí-vel obter-se um corpo-de-prova ínte-gro com esta relação h/d.

Cada corpo-de-prova representati-vo de uma região da estrutura a ser en-saiada é montado a partir de segmentosde testemunhos extraídos de locaispróximos,nessa região, tendo suas par-tes unidas por uma fina camada (< 3mm) de argamassa, que deve garantirdistribuição adequada dos esforços decompressão, sem alterar significativa-mente o resultado dos ensaios.

Para verificação da eficiência dométodo foram realizados, no Institu-to de Pesquisas Tecnológicas, ensaioslaboratoriais de desempenho com-parativos entre corpos-de-provamoldados, de acordo com a NBR-5738 (2003) e corpos-de-prova ex-traídos (NBR-7680/1983) de protó-tipos de elementos estruturais nãoarmados, lajes e vigas moldadas comconcretos de linha do mercado da ci-dade de São Paulo, com agregadograúdo de origem calcária, de 25mm de diâmetro máximo.Protótipos:� 2 vigas Tipo I: altura = 0,30 m x lar-gura = 0,22 m x comprimento = 1,30 m� 2 vigas Tipo II: altura = 0,45 m xlargura = 0,32 m x comprimento =2,00 m

� 1 Laje: altura = 0,15 m x largura =2,10 m x comprimento = 4,20 m

O concreto foi lançado nas fôrmasdiretamente do caminhão betoneira eadensado com vibrador de imersão(Figura 1).

Foram moldados e curados cor-pos-de-prova cilíndricos, de dimen-sões nominais de 100 mm de diâmetro

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h/d = 2,00 e das vigas tipo II foram ex-traídos testemunhos com diâmetro de150 mm de diâmetro, com h/d = 2,00,conforme Figuras 3 e 4.

Para consolidação dos testemu-nhos, utilizou-se argamassa dosadapara resistência média superior à doconcreto, preparada de acordo coma NBR-7215 (1996). A necessidadeda resistência da argamassa de con-solidação ser maior do que a resis-tência esperada do concreto foi veri-ficada em experimentos prelimina-res realizados com esta finalidade,variando-se a resistência das arga-massas conforme resultados apre-sentados nas Tabelas 1 e 2 e no Grá-fico da Figura 6.

A partir dos testemunhos extraí-dos dos protótipos, Figuras 7 e 8,foram montadas aos 25 dias de idadeséries de corpos-de-prova, usandopartes de testemunhos dos respecti-vos concretos, com as dimensões

apresentadas nas Figuras 9 a 12 e fo-tografia na Figura 13.

Todos os corpos-de-prova molda-dos e preparados conforme descritoanteriormente foram capeados compasta quente de enxofre e pozolana naproporção de 80% e 20% e ensaiadosaos 28 dias de idade, de acordo com aNBR-5739 (1994) e NBR-8522 (2003),sendo três dias a idade das argamassasde consolidação. Aspectos dos ensaiosa compressão e de módulo são apre-sentados nas figuras 15 e 16.

Os resultados obtidos nos ensaiosa compressão estão apresentadosgraficamente nas figuras 17, 18 e 19.

Na Figura 20, apresentam-se as di-ferenças observadas nos resultados mé-dios de resistência à compressão obti-dos em corpos-de-prova extraídos ín-tegros e montados, em relação aos res-pectivos corpos-de-prova moldados.

A avaliação da utilização de cilin-dros montados no ensaio de módulo

de elasticidade (NBR-8522/2003) foirealizada montando-se séries de trêscilindros de relação h/d = 2,00, mon-tagens Tipo A, B e C , de acordo comas figuras 9, 10 e 11.

Na figura 21, apresentam-se osdiagramas tensão-deformação (mé-dias de três corpos-de-prova cada)obtidos em primeiro carregamento,discriminados pelos tipos de corpos-de-prova.

Na figura 22, são mostrados osdiagramas tensão-deformação (mé-dias de três corpos-de-prova cada)obtidos em primeiro carregamento,discriminados pelos tipos de corpos-de-prova.

As Figuras 23 e 24 apresentama comparação das médias e dosdesvios-padrão obtidos para mó-dulos de deformação tangente ini-cial e módulo de deformação secan-te (nível de 0,3 vezes a carga de rup-tura prevista).

Tabela 1 – INFLUÊNCIA DA RESISTÊNCIA DA ARGAMASSA DE CONSOLIDAÇÃO – TRAÇOS ESTUDADOSConcreto A Concreto B Concreto C

Argamassa Cimento Areia Água Aditivo Cimento Areia Água Aditivo Cimento Areia Água AditivoTipo A 1,00 5,22 0,61 1% 1,00 4,00 0,49 1% 1,00 5,12 0,59 1%Tipo B 1,00 4,24 0,51 1% 1,00 3,00 0,39 1% 1,00 4,00 0,49 1%Tipo C 1,00 3,18 0,41 1% 1,00 2,49 0,34 1% 1,00 3,00 0,39 1%Tipo D 1,00 2,16 0,31 1% 1,00 1,97 0,29 1% 1,00 1,97 0,29 1%Consistência das argamassas: 260 ± 10 mm, ABNT-7215 (1996)Materiais utilizados: Cimento CP-V-ARI, Areia Rosa de Bofete-SP e aditivo superplastificante.

Resistência do cilindro montadovariando a da argamassa

15

20

25

30

35

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45

50

55

15 25 35 45 55 65 75 85Resistência da argamassa (MPa)

Resi

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cia

do c

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onta

do (M

Pa)

Concreto AConcreto A

Concreto BConcreto B

Concreto CConcreto C

Figura 6 – Experimentos preliminaressobre a influência da resistência daargamassa no resultado do ensaio Figuras 7 e 8 – Extração de testemunhos da laje

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Argamassa deconsolidação

A

B

CMedidas em mm

8812

088

150

Figura 9 – Croqui dos corpos-de-provada Série A: dimensão básica: 150 mm dediâmetro x 300 mm de altura. Trêspartes de testemunho: A - 88 mm + B -120 mm + C - 88 mm

Argamassa deconsolidação

Medidas em mm

5858

100

A

B

C

120

Figura 10 – Croqui dos corpos-de-provada Série B: dimensão básica: 100 mm dediâmetro x 200 mm de altura. Trêspartes de testemunho: A - 38 mm + B -120 mm + C - 38 mm

Argamassa deconsolidação

Medidas em mm

5858

100

A

B

C

80

Figura 11 – Croqui dos corpos-de-provada Série C: dimensão básica: 100 mm dediâmetro x 200 mm de altura. Trêspartes de testemunho: A - 58 mm + B -80 mm + C - 58 mm

Argamassa deconsolidação

A

B

Medidas em mm

9999

100

Figura 12 – Croqui dos corpos-de-provada Série D: dimensão básica: 100 mm dediâmetro x 200 mm de altura. Duaspartes de testemunho: A - 99 mm + B -99 mm

Tabela 2 – INFLUÊNCIA DA RESISTÊNCIA DA ARGAMASSA DE CONSOLIDAÇÃO – VERIFICAÇÃOArgamassa Concreto A Concreto B Concreto Ctipo Resistência Resistência da Resistência Resistência da Resistência Resistência da

do concreto argamassa de do concreto argamassa de do concreto argamassa de(cilindro consolidação (cilindro consolidação (cilindro consolidação

montado) MPa MPa montado) MPa MPa montado) MPa MPaA 21,2 20,1 45,7 33,9 40,0 21,0

21,0 47,7 42,521,7 45,2 40,0

B 28,0 34,3 45,5 51,3 45,5 33,927,2 47,2 43,527,0 48,0 42,0

C 28,2 45,6 49,5 59,6 45,7 51,328,7 47,5 43,728,2 45,2 44,7

D 27,5 71,6 46,5 78,5 44,0 78,528,2 48,2 44,228,2 47,7 44,0

Idade das argamassas no dia do ensaio: 3 dias

Pelos resultados obtidos nos en-saios de determinação da resistência àcompressão, figura 14, podemos con-cluir que os corpos-de-prova molda-dos de diâmetros 150 e 100 mm tive-ram desempenho praticamente se-melhantes, diferindo, ora para mais,ora para menos, cerca de até 3%, dife-renças provenientes da variabilidadedo próprio ensaio.

Os corpos-de-prova extraídosíntegros de diâmetros 150 e 100mm apresentaram resultados se-melhantes entre si e menores queos de corpos-de-prova moldados,diferindo destes em até cerca demenos 8%, diferenças estas bempróximas do percentual de majora-ção de 10% da resistência à com-pressão obtida no ensaio sugeridopela antiga NBR-6118.

Os corpos-de-prova extraídos ín-tegros de 75 mm de diâmetro apre-sentaram resultados sensivelmentemais discrepantes que os correspon-dentes, moldados, de 150 e 100 mmde diâmetro, não parecendo seremconvenientes para a avaliação dosconcretos em estudo, pois estes che-garam a menos 30%. Estas diferençaspodem ser justificadas pelo fato deestes corpos-de-prova sofrerem umadiminuição de seção efetiva no mo-mento do ensaio. Esta diminuiçãoteórica se dá em função da distribui-

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ção dos esforços de compressão quetendem a eliminar os grãos de agre-gado graúdo existentes em toda peri-feria do corpo-de-prova, que nãoestão confinados pelo efeito paredegerado pela argamassa do concretonas fôrmas, diminuindo assim a áreade reação.

Os corpos-de-prova montadosde 150 mm de diâmetro apresenta-ram comportamento em geral seme-lhante aos dos corpos-de-prova ex-traídos íntegros de mesmo diâmetro,isto é, diferenças porcentuais de atécerca de menos 8%. Assim, parecemprestar-se bem a uma avaliação depropriedades do concreto, com ex-

Figura 13 – Diversos tipos de montagensestudados antes da consolidação

Figura 14 – Aspecto do ensaio acompressão

Figura 15 – Detalhe dosextensômetros

Figura 16 – Aspectos dos ensaiosde módulo

Resistência à compressão (MPa)

moldadoh/d = 2

Série A 88/120/88m

extraídomontado

oldadoh/d = 2 extraído

Série D 99/99 montadoSérie C 58/80/58 montado

Série B 38/120/38 montadoh/d = 2 extraído

15 x 30 cm

0 5 10 15 20 25 30 357,5 x 15 cm

10 x 20 cm

Concreto A

Média Desvio-padrão

Figura 17 – Concreto A: Comparação de resistências à compressão média erespectivos desvios-padrão obtidos de corpos-de-prova moldados, extraídos íntegrose extraídos montados.

Resistência à compressão (MPa)

moldadoh/d = 2

Série A 88/120/88m

extraídomontado

oldadoh/d = 2 extraído

Série D 99/99 montadoSérie C 58/80/58 montado

Série B 38/120/38 montadoh/d = 2 extraído

15 x 30 cm

0 10 20 30 40 50 607,5 x 15 cm

10 x 20 cm

Concreto B

Média Desvio-padrão

Figura 18 – Concreto B: Comparação de resistências à compressão média erespectivos desvios-padrão obtidos de corpos-de-prova moldados, extraídos íntegrose extraídos montados.

Foto

s: d

ivul

gaçã

o

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pectativa de confiabilidade seme-lhante à existente em extrações usu-ais de corpos-de-prova.

Os corpos-de-prova montadosde 100 mm de diâmetro apresenta-ram diferenças porcentuais médiasmaiores que os correspondentes ín-tegros, em relação aos corpos-de-prova moldados. As diferenças por-centuais chegaram a menos de 15%.Essas diferenças são muito menores,em valor absoluto, às observadaspara os corpos-de-prova extraídosíntegros de 75 mm de diâmetro.Assim, os corpos-de-prova monta-dos de 100 mm de diâmetro devem,sempre que possível, ser adotadosem substituição aos íntegros de 75mm de diâmetro.

As formas de ruptura dos corpos-de-prova montados apresentaram-sesemelhantes às obtidas nos ensaios decorpos-de-prova íntegros.

Na montagem dos testemunhos,deve-se utilizar sempre argamassas deconsolidação com resistências maio-res que a do concreto em estudo. É re-comendável, inclusive, usar uma ar-gamassa de alta resistência, aumen-tando a probabilidade de atendimen-to desse requisito para concretos des-conhecidos a analisar, diminuindo-seassim a chance desta influenciar noresultado do ensaio.

A metodologia ora proposta,amostragem de testemunhos paramontagem de cilindros utilizados nadeterminação da resistência à com-pressão, foi aprovada em 05/12/2006,pela Comissão de Estudo de Méto-dos de Ensaios de Concreto (CE-18:300.02), do ABNT/CB-18 (Co-mitê Brasileiro de Cimento, Concre-to e Agregados), e foi disponibilizadapara consulta nacional até o dia12/03/2007. Em abril a Comissão sereúne para revisão final do texto eaprovação para publicação.

Os ensaios de determinação domódulo de elasticidade ou deforma-ção demonstraram que os resulta-dos obtidos em cilindros montadososcilaram em torno dos obtidos emcilindros moldados ou testemunhosextraídos íntegros, parecendo que ouso dos cilindros montados, confor-

Resistência à compressão (MPa)

moldadoh/d = 2

Série A 88/120/88m

extraídomontado

oldadoh/d = 2 extraído

Série D 99/99 montadoSérie C 58/80/58 montado

Série B 38/120/38 montadoh/d = 2 extraído

15 x 30 cm

0 10 20 30 40 50 607,5 x 15 cm

10 x 20 cm

Concreto C

Média Desvio padrão

Figura 19 – Concreto C: Comparação de resistências à compressão média erespectivos desvios-padrão obtidos de corpos-de-prova moldados, extraídos íntegrose dos montados.

Diferenças percentuais médias em relaçãoao resultado no corpo-de-prova moldado de diâmetro 150 mm

moldadoh/d = 2

Série A 88/120/88m

extraídomontado

oldadoh/d = 2 extraído

Série D 99/99 montadoSérie C 58/80/58 montado

Série B 38/120/38 montadoh/d = 2 extraído

15 x 30 cm

7,5 x 15 cm

10 x 20 cm

Concreto A Concreto B Concreto C0-5-10-15-20-25-30-35

(%)Figura 20 – Comparação entre as diferenças observadas

Família 13317 - Concreto "A"

0

10

20

30

0 40 80 120 160Deformação específica (x 10 )-5

Tens

ão (M

Pa)

15 x 30 moldado15 x 30 extraído inteiro15 x 30 extraído Série A10 x 20 extraído Série B10 x 20 extraído Série C10 x 20 moldado10 x 20 extraído inteiro

Figura 21 – Concreto "D": Diagramastensão-deformação obtidos para corpos-de-prova moldados, corpos-de-prova extraídosíntegros e cilindros montados (aquiindicados como "extraídos séries A, B e C").

Família 13320 - Concreto "B"

0

10

20

30

0 40 80 120 160Deformação específica (x 10 )-5

Tens

ão (M

Pa)

15 x 30 moldado15 x 30 extraído inteiro15 x 30 extraído Série A10 x 20 extraído Série B10 x 20 extraído Série C10 x 20 moldado10 x 20 extraído inteiro

Figura 22 – Concreto "E": Diagramastensão-deformação obtidos para corpos-de-prova moldados, corpos-de-prova extraídosíntegros e cilindros montados (aquiindicados como "extraídos séries A, B e C").

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A R T I G O

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LEIA MAIS

NBR 5738 – Moldagem e cura decorpos-de-prova cilíndricos deconcreto – Procedimento.Associação Brasileira de NormasTécnicas. Rio de Janeiro, 2003.

NBR 5739 – Concreto – Ensaio decompressão de corpos-de-provacilíndricos – Método de Ensaio.Associação Brasileira de NormasTécnicas. Rio de Janeiro, 1994.

NBR 7680 – Extração, preparo,ensaios e análise de testemunhosde estruturas de concreto –Procedimento. AssociaçãoBrasileira de Normas Técnicas. Riode Janeiro, 1983.

NBR 7215 – Cimento Portland –Determinação da resistência àcompressão. Associação Brasileira deNormas Técnicas. Rio de Janeiro, 1996.

NBR 8522 – Determinação domódulo de deformação estática ediagrama – tensão deformação –Método de ensaio.AssociaçãoBrasileira de Normas Técnicas. Rio deJaneiro, 2003.

Utilização de cilindros montadospara ensaios mecânicos deconcreto (I – Resistência àCompressão). P. C. Bilesky; C.E.S.Tango. 46o Congresso Brasileiro doConcreto. Florianópolis-SC,Ibracon, 2004.

Utilização de cilindros montadospara ensaios mecânicos deconcreto (II – Módulo deelasticidade). P. C. Bilesky; C. E. S.Tango. 47o Congresso Brasileiro doConcreto. Olinda-PE, Ibracon, 2005.

Utilização de cilindros montadospara ensaios mecânicos deconcreto (III – Resistência àCompressão, hd < 2,00). P. C.Bilesky; C. E. S. Tango. 48o CongressoBrasileiro do Concreto. Rio deJaneiro-RJ, Ibracon, 2006.

Módulo de Deformação Tangente Inicial (GPa)

Módulo de Deformação Tangente Inicial

moldado

íntegro

Série A

m

extraído

montado

oldado

íntegro extraído

Série B montado

Série C montado

15 x 30 cm

0 5 10 15 20 25 30

10 x 20 cm

Médias – concreto AMédias concreto BDDesvios-padrão concreto B

–esvios-padrão – concreto A

Figura 23 – Comparação de médias e desvios-padrão obtidos para módulos dedeformação tangente inicial ou módulo de elasticidade.

Módulo de Deformação Secante (0,3)

Módulo de deformação secante (0,3) (GPa)

moldado

íntegro

Série A

m

extraído

montado

oldado

íntegro extraído

Série B montado

Série C montado

15 x 30 cm

0 5 10 15 20 25 30

10 x 20 cm

Médias – concreto AMédias concreto BDDesvios-padrão concreto B

–esvios-padrão – concreto A

Figura 24 – Comparação de médias e desvios-padrão obtidos para módulos dedeformação secante (nível de 0,3 vezes a carga de ruptura prevista).

me os arranjos das figuras 8, 9 e 10,seria viável para aplicação nessesensaios no nível de carregamentode 0,3 vezes a carga prevista deruptura, em testemunhos extraí-dos. Isso era uma expectativa jáexistente, levando em conta que asjuntas de consolidação tendem anão influir nos resultados de en-saios a compressão, principalmen-te quando se apresentam com mó-dulo de deformação maior que odo concreto em estudo. Estas jun-tas estão posicionadas de forma apermitir a instalação de instru-mentos de medição no terço médiodo corpo-de-prova.

Os resultados obtidos de mó-dulo de deformação e elasticida-

de encorajam a ampliação do es-tudo para se analisar concretosde diferentes classes, melhoran-do a amostragem para criaçãode metodologia.

AgradecimentosAos engenheiros Fernando

Antonio Nogueira, da Tupi Con-creto, e Eliron Souto Maia, da En-gemix, pelo concreto usinado; aoengenheiro Antonio Carlos Zor-zi, da Cyrela Engenharia, pelasfôrmas para moldagem dos pro-tótipos; a Alcides Zanetti, da Di-nateste, pelos extensômetros uti-lizados nos ensaios de módulo, eaos técnicos e engenheiros do La-boratório de Concreto do IPT.

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PRODUTOS & TÉCNICAS

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COBERTURA,IMPERMEABILIZAÇÃOE ISOLAMENTO

ACABAMENTOS

CERÂMICASInspirada no design dostradicionais ladrilhos hidráulicos,a Baepi apresenta uma linha decerâmicas composta dedesenhos que proporcionam omesmo efeito arquitetônico dosladrilhos, mas com aplicação emanutenção mais simples. Osmotivos são geométricos,abstratos, florais, étnicos,marinhos, pincelados eesponjados.Baepi19 [email protected]

SELANTETrafix Mastique Mono, daBautech, é um adesivo selanteelastomérico para colagem não-estrutural de substratos comomadeira, alumínio, vidro ecerâmica, entre outros. Sua curaé feita a frio e, segundo afabricante, possui grandeaderência e desempenhomecânico.Bautech11 5572-1155www.bautechbrasil.com.br

TELHASA fabricante gaúcha CláudioVogel lança novas telhascerâmicas modelo Americana,disponíveis em variada cartela decores na linha esmaltada ou comrevestimento de poliéster.Segundo o fabricante, seusencaixes permitem o uso de 12peças por metro quadrado.Cláudio Vogel 51 3634.8000www.claudiovogel.com.br

CANTEIRO DE OBRA

PLACAS CIMENTÍCIASAs placas cimentícias Useplacaceitam os mais diversos tiposde revestimento e sãoresistentes às intempéries.Segundo a fabricante, as placassão incombustíveis e evitam odesenvolvimento de fungos ebactérias. Cada peça pesa cercade 18 kg/m2.Useplac11 [email protected]

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PRODUTOS & TÉCNICAS

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APARELHOS DE APOIOA Rudloff fabrica aparelhos deapoio que absorvem esforçoshorizontais e de rotação dasestruturas e os transmitem aosapoios verticais. Projetados deacordo com normas européias,acompanham a vida útilprojetada para a estrutura.Rudloff11 6948-1001www.rudloff.com.br

IMPERMEABILIZANTETecnoacqua, da Tecnocola, é umaargamassa cristalizantemonocomponente à base decimento Portland. É indicadapara impermeabilização de áreassujeitas à ação de umidade epode ser aplicada em interioresou exteriores.Tecnocola48 626-7676www.tecnocola.com.br

MANTA ASFÁLTICA A Bituthene 3000 é uma mantaauto-adesiva aplicada a frio,criada pela Grace paraimpermeabilizações. Suaespessura de 1,5 mm écomposta por 1,4 mm de asfaltoemborrachado e um filme de 0,1 mm de polietileno de altadensidade. Ideal para superfíciesque, em serviço, não atingirãotemperaturas maiores que 54 ºC.Grace(15) [email protected]

FÔRMASA cofragem modular Orma, daUlma, é constituída por painéisde 2,7 m de altura e por umagarra de regulação com outroselementos básicos. Painéis de1,2 m de altura, em conjuntocom esquadras e chapas decompensação, permitemcomplementar e adaptar osistema a qualquer formageométrica da obra.Ulma11 4619-1300www.ulma.com.br

CONCRETO E COMPONENTES PARA A ESTRUTURACOBERTURA, IMPERMEABILIZAÇÃO E ISOLAMENTO

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PAINÉIS DE FACHADAA Pavi fabrica painéis de fachadaem GFRC, um microconcreto dealta resistência formado porcimento, areia silicosa, aditivos efibras de vidro álcali-resistentes.Segundo o fabricante, o produtopossui alta resistência aodesgaste, a impactos, a agentesquímicos e ao fogo.Pavi11 3129-3783www.pavidobrasil.com.br

AÇO ESTRUTURALOs aços estruturais da Usiminas(USI Civil 300 e 350, USI SAC300 e 350 e o USI Fire 350) têm,segundo a fabricante, altaresistência à corrosãoatmosférica. O USI Fire possuiainda alta resistência ao fogo. Osmaiores níveis de escoamento,informa a Usiminas, possibilitamaior economia em peso.Usiminas31 3499-8690www.usiminas.com.br

ESTRUTURAS E PEÇASMETÁLICAS

FUNDAÇÕES E INFRA-ESTRUTURA

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PRODUTOS & TÉCNICAS

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BOMBA DE VÁCUOA Ingersoll-Rand possui umalinha de bombas a vácuo compotências que variam de 1,5 a 20HP. Os motores trabalham em umou dois estágios, e permitemalcançar, segundo o fabricante,vácuo perfeito em até 29,75 mmde mercúrio.Ingersoll-Rand21 [email protected]

MÁQUINAS,EQUIPAMENTOS EFERRAMENTAS

PISOPiso Box, da Astra, é umcompartimento pré-fabricado depoliéster reforçado com fibra devidro para aplicação em boxes debanheiros. É antiderrapante etem alta resistência mecânica equímica, segundo o fabricante.Astra11 4583-7777www.astra-sa.com.br

INSTALAÇÕESCOMPLEMENTARES EEXTERIORES

ILUMINAÇÃOA Reeme possui ampla linha deluminárias para iluminaçãopública. Fabricados com alumíniofundido, os produtos possuemdifusores de policarbonato. Aempresa dispõe, também, deluminárias de longo alcance,blindadas e industriais, entreoutras.Reeme11 [email protected]

DISJUNTORESAlém do novo design e do duplosistema de fixação, osdisjuntores DLBE apresentamoutros benefícios para asinstalações elétricas. Entre elesestão a melhoria contradesarmes indesejáveis, caixa etampa de poliamida aditivada,com elevada resistência ao calore à chama e propriedades deauto-extinguibilidade.Lorenzetti0800-7711657www.lorenzettieletric.com.br

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS E TELECOMUNICAÇÕES

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JATEAMENTOA Brasibrás forneceequipamentos para jateamentode vidros, mármores, granitos,acrílicos, resinas e metais. Comdimensões de 750 mm x 800 mmx 1.800 mm, possuem reguladorde pressão, filtro separador deumidade e exaustor com motorelétrico de 0,75 HP.Brasibrás11 [email protected]

ETEA EEA (Empresa de EngenhariaAmbiental) trabalha, entreoutros, com sistemas especiaisde esgoto. Um de seus produtos,o sistema anaeróbio seguido defiltros de areia, atinge eficiênciade até 90% na remoção dematéria orgânica e tem, segundoa empresa, baixo custooperacional e de implantação.EEA(19) 3524-5327www.eea.eng.br

PROJETOS ESERVIÇOS TÉCNICOS

MÁQUINAS,EQUIPAMENTOS EFERRAMENTAS

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OBRA ABERTALivros

Victor de Mellowww.victorfbdemello.com.brEx-presidente da ABMS(Associação Brasileira deMecânica dos Solos eEngenharia Geotécnica) e daISSMFE (International Societyfor Soil Mechanics andFoundatin Engineering), oengenheiro Victor de Melloagora disponibiliza em versãoonline seu conhecimento. Osite é um arquivo de artigos,teorizações, revisões,atualizações, publicações,obras e preceitos revisitados,uma coletânea de vivências eexperiências adquiridas aolongo de sua carreiraprofissional como engenheirogeológico e geotécnico, eprofessor. O conteúdo divide-se em tipologias de obras,como barragens, fundaçõesespeciais, obras subterrâneas,deslizamentos e obrasmarítimas costeiras.

Sites

* Vendas PINIFone: 4001-6400 (regiõesmetropolitanas) ou 0800-5966400 (demais regiões)

Fôrmas e Escoramentospara EdifíciosNilton Nazar176 páginasEditora PINIwww.piniweb.comCitando números e valores,mas baseado na prática, oautor fez análises técnico-comparativas para a confecçãoou aquisição de fôrmas usadaspara a execução de estruturasde concreto. Considerandoque o custo de um sistema defôrmas é composto pelosinsumos principais e oeventual uso de equipamentosmetálicos para escoramento emão-de-obra, apresentadetalhamento de custos para afabricá-las. Para escolher oscasos a estudar, o autor fezanálises holísticas dasestruturas, que extrapolam asfôrmas e osdimensionamentospropriamente ditos. Dasfôrmas, pesquisou sobre ostipos de madeira existentes nomercado e os processos defabricação. Tem como objetivofornecer subsídios para acomparação entre diversossubsistemas de fôrmas.

Fundações e Contençõesde Edifícios – QualidadeTotal na Gestão do Projetoe ExecuçãoIvan Joppert Jr.224 páginasEditora PINIwww.piniweb.comBastaria um ditado popularpara resumir o objetivo dessapublicação: melhor prevenirdo que remediar. A partir dessepreceito, Ivan Joppert Jr.explica a importância de bemcontrolar o projeto, osmateriais e a execução de umaobra de fundações. Ele alertaque as conseqüências deomissões em qualquer dessasetapas pode acarretar gravesprejuízos financeiros e deimagem. Procura expor,sempre de maneira prática, ospontos a serem controladosdesde a concepção até aconclusão das obras de infra-estrutura. Ressaltando ocaráter funcional, está repletode ilustrações e traz check-lists dos tópicos a verificar emcada etapa, além de umresumo das patologias,respectivas causas eprovidências para evitar oserros mais comuns.

Sinistros na ConstruçãoCivilMauricio Marcelli260 páginasEditora PINIwww.piniweb.comAfirmando que sinistro é tudoque causa danos ou prejuízos,a publicação abrange os maiscomumente ocorridos,discutindo causas e soluções.Ciente de que o tema ainda épouco explorado pelaengenharia nacional, o autorconclama as escolas a criaremcadeiras dedicadas a incutirnos alunos o conhecimentonecessário para lidar comimprevistos de projeto eexecução. O autor estruturouo livro de forma que cadacapítulo tratasse de um tipode obra. Assim, aborda desdeobras de terra, projetoestrutural, lançamento e curado concreto, análise de trincasaté sinistros provocados porreformas sucessivas ou poroutras edificações. Umcapítulo dedica-se à realizaçãodo orçamento de obrassinistradas, o que o consolidacomo ferramenta de trabalhodotada de subsídios paraações preventivas e corretivas.

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Seminários econferências20o Congresso Brasileiro deSiderurgia28 a 30/5/2007São PauloO período de intensas transformaçõespelo qual tem passado o setor será otema central dos debates a seremrealizados durante o evento. Em paralelo,ocorre a SiderExpo, exposição derepresentantes dos vários elos da cadeiaprodutiva do aço.Fone: (11) 4153-7588E-mail: [email protected] www.ibs.org.br

Solução para empresas de projeto –Uma nova visão sobre gestão 01/06/2007 São PauloO evento é resultado de um trabalhorealizado pelo Programa de Mestradoda Escola Politécnica da USP, com noveempresas de projetos, naimplementação de um plano de gestãoatravés do modelo desenvolvido peloProfessor Otávio de Oliveira. O objetivodo encontro é mostrar iniciativas deempresas do setor que conseguirammelhorar a organização interna e adivulgação de projetos, aumentar aprodutividade e dinamizar asatividades gerais.E-mail: [email protected]

Cinpar 2007 – CongressoInternacional sobre Patologia eRecuperação de Estruturas7 a 9/6/2007Fortaleza (CE)Promovido em parceria entre a Regionaldo Ibracon (Instituto Brasileiro doConcreto) no Ceará, a UVA(Universidade Estadual Vale do Acaraú) eo IEMAC (Instituto de Estudos dosMateriais de Construção), o evento

promoverá a divulgação de novosconhecimentos sobre as manifestaçõespatológicas das estruturas. Fone/Fax: (88) 3677-4261E-mail: cinpar2007@yahoo. com.br www.sobral.org/cinpar2007

10o Simpósio de Sistemas Prediais:Desenvolvimento e Inovação30 e 31/8/2007São Carlos (SP) O evento será realizado na UFSCar(Universidade Federal de São Carlos-SP) e é voltado ao estudo e à pesquisa desistemas que compõem o item serviçosdas edificações. Fone: (16) 3351-8262 r. 212E-mail: [email protected]/sispred10/

10a Construsul – Feira da Indústriada Construção1o a 4/8/2007Porto Alegre (RS)Vista atualmente como um dos principaiseventos dirigidos à construção civil daregião Sul, a feira é realizadaparalelamente à Expo Máquinas, queapresenta também uma grande exposiçãode plataformas elevatórias,retroescavadeiras, gruas, perfuratrizes ediversos equipamentos e máquinas paraconstrução pesada. Fone: (51) 3225-0011E-mail: [email protected]

Concrete Show South América 15 a 17/8/2007São PauloRealizado com o apoio de entidadesimportantes do setor, como a ABCP(Associação Brasileira de CimentoPortland), Abesc (Associação Brasileiradas Empresas de Serviço deConcretagem) e a Ficem (FederaçãoInteramericana do Cimento), o eventodeve se tornar um ponto de encontro

internacional de negócios e tecnologia dacadeia de concreto e seus usuários. Fone: (11) 4689-1935Site: www.concreteshow.com.br

Intercon25 a 29/9/2007Joinville (SC)Evento deve reunir fabricantes,distribuidores, revendedores,construtores, engenheiros, arquitetos eentidades de todo o Brasil e do exterior,promovendo a divulgação e,principalmente, a realização de negócios.Fone: (11) 3451-3000 E-mail: [email protected]

Cursos e treinamentosCurso Especializado para Projetistas7/5 a 25/6/2007São PauloO Departamento de Projetistas da Abrava(Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Aquecimento)inicia em maio um curso especializado paraprojetistas. São nove módulos e tem comoobjetivo formar e reciclar desenhistas/projetistas de ar-condicionado deindústrias, empresas e escolas. Fone: (11) 3361-7266 (r. 123)E-mail: [email protected]

2o Congresso Brasileiro de Pontes eEstruturas12 a 14/10/2007Rio de JaneiroPromovido pela ABPE (Associação Brasileirade Pontes e Estruturas), o evento pretendedivulgar trabalhos recentes e relevantes,tanto de pesquisa quanto de aplicação deinúmeros profissionais. Será aberto aengenheiros, projetistas, arquitetos,pesquisadores e professores que queiramse atualizar, discutir, divulgar e inovar idéiasna área de engenharia estrutural.Fone: (21) 2232-8334www.abpe.org.br

AGENDA

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COMO CONSTRUIR

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Pode-se dizer que a busca pormaior vida útil para pavimentos

está inversamente relacionada ao nú-mero de juntas que possuem. Cerca de90% das patologias que aparecem empisos e pavimentos estão diretamenteligadas às juntas, pois qualquer tipo demanutenção que o piso venha a sofrer,acarretará paralisações parciais e totaisdas atividades de trabalho e transpor-te no local, como em centros de distri-buição, fábricas e áreas com trânsitode empilhadeiras e maquinários.

Diante desses problemas, optarpor pisos de concreto protendidopode ser uma solução para reduzir aspatologias e paralisações. Trata-se deuma tecnologia superior, de elevadadurabilidade e mais competitiva eco-nomicamente.

Segundo Vasconcelos (1979), "aprincipal razão de se fazer pisos pro-tendidos é diminuir o número de jun-tas e eliminar o perigo de fissuraçãodos pisos e pavimentos de concreto".

Segundo Bina, Teixeira (2002), "ogrande diferencial do piso protendidoem relação às técnicas convencionaisde construção de pisos está na possi-bilidade de diminuição da incidênciade juntas".

Desta forma, o piso protendidomostra-se um excelente método cons-trutivo, tanto tecnicamente – pois eli-mina consideravelmente o número dejuntas – como economicamente, por-que na maioria das vezes seu custoimediato é inferior ao dos métodosconvencionais.

Histórico dos pisos protendidosAté dez anos atrás, a referência que

tínhamos para construção de pisos e pa-

Piso de concreto protendido

vimentos baseava-se no método cons-trutivo de cordoalhas aderentes,as quaiseram envoltas por bainhas metálicas.Após a protensão, inseria-se nata de ci-mento no interior da bainha.Este méto-do, além de demorado, acarretava custoelevado devido ao processo executivode protensão e aos materiais usados.Com o advento da cordoalha engraxa-da, cujo cabo de aço vem envolto porcamada de graxa protetora contra cor-rosão e coberta por uma bainha plásticade polietileno de alta densidade, extre-mamente resistente aos trabalhos exigi-dos no canteiro de obras, o processoficou muito mais simples e econômico.

A partir de 1995, a primeira inova-ção a chegar ao Brasil foi o lançamentodo sistema da européia Bekaert, deno-minado jointless floor, que consistia emum piso com menos juntas e placas de50 m x 50 m.O primeiro piso fabricadocom esta tecnologia foi o do Centro deDistribuição Bom Preço de Salvador,cujas placas chegam a 25 m x 25 m.

A partir daí, vários pisos de cen-tros de distribuição foram feitos comessa tecnologia, empregando-se tam-bém fibra de aço ou tela soldada. Mas

toda esta evolução ainda limitava-seao comprimento da placa, que muitasvezes exigia medidas bem acima dasque eram possíveis de alcançar com atécnica da época.

Com o desafio de construir pisoscom placas de mais de 25 m sem juntas,optou-se pelo sistema protendido comcordoalha engraxada, que pode chegara comprimentos superiores a 120 m,com ressalva econômica para medidassuperiores a 150 m, pois a perda poratrito impõe alta taxa de cordoalha.Com isso, as juntas de dilatação, maio-res fontes de quebras na placa conven-cional,podem ser distanciadas a até 150m umas das outras, sendo, porém, deexecução mais sofisticada.As fotos 1 e 2apresentam a vista geral de uma faixaprotendida com 20 m de largura e 120m de comprimento.

ProjetoHá vários requisitos mínimos a

serem atendidos para os projetos depisos de concreto protendido. Entreesses requisitos,podem ser citados o su-porte constante e uniforme do subleitoe da sub-base, as espessuras adequadas,

Antônio de Oliveira Fernandes TeixeiraDiretor da Fernandes Engenharia eProtensão

Kleber Basílio SenefonteGerente de Contrato da Engenharia dePisos EP

Fotos 1 e 2 – Piso industrial acabado de um centro de distribuição: poucas juntas eelevada planicidade garantem maior vida útil

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a dosagem racional do concreto, aconstrução e o controle apropriados.

Segundo Bina e Teixeira (2002),pode-se afirmar que, para pisos indus-triais, são importantes o baixo númerode juntas e a baixa ocorrência de fissu-ras, o correto acabamento superficial(planicidade, nivelamento e confortoao rolamento), a baixa incidência demanutenções e facilidade de restaura-ção,a alta produtividade e a fácil imple-mentação da tecnologia construtiva.

Portanto, as diretrizes a seremadotadas para a elaboração de umprojeto de piso protendido devemobedecer aos seguintes requisitos:

a) Estudos geotécnicos, tais comosondagem, ensaios de solo – ensaiode placa, ensaio de compactaçãoCBR (Índice de Suporte Califórnia,em Português);

b) Avaliação das condições doscarregamentos estáticos e dinâmicosàs quais o piso será submetido;

c) Concepção arquitetônica daedificação;

d) Estudos de layout com a dispo-sição das máquinas e equipamentosde fabricação, transporte e armazena-gem de materiais e produtos;

e) Tipo de equipamentos rodantessobre o piso (modelo das empilhadei-ras com suas respectivas capacidadesde carga).

As diretrizes descritas anterior-mente são requisitos básicos paraqualquer método construtivo a ser es-colhido, seja com concreto simples,concreto reforçado com fibras de aço econcreto armado (vergalhão ou tela).

Os critérios de dimensionamentodos pisos de concreto protendido con-

sideram sempre as tensões longitudi-nais e transversais que decorrem devários esforços solicitantes. Por se tra-tar, na maioria dos casos, de placas degrandes comprimentos e de relaçãoárea/espessura elevada, para que aprotensão seja eficiente, deve-se levarem consideração, no cálculo, os se-guintes fatores:�Variações de temperatura;�Atrito com a sub-base;� Força de protensão;�Carga de rodagem e armazenamento.

No projeto devem constar as se-guintes informações:

a) Projeto geométrico com todas asinformações topográficas necessárias àperfeita locação das placas de piso;

b) Detalhes de dimensionamentodos pisos com definições dos tipos, ca-racterísticas tecnológicas e espessurastanto dos pisos como das camadasconstituintes de sua estrutura;

c) Projeto geométrico de distribui-ção das placas, posicionamento doscabos de protensão, detalhamento dearmações de reforço e fretagem, deta-lhamento de todos os tipos de junta,bem como detalhes de interação dopiso com as demais estruturas (pilares,paredes, caixas, requadros e reforçosnecessários);

d) Recomendações de execução econtrole, com as especificações dosmateriais utilizáveis, tais como:� resistência característica do concre-to à tração na flexão (fct,k) medida aos28 dias;� resistência característica do concre-to à compressão (fcj) medida às 10, 12,14 e 20 horas e também aos três , sete e28 dias;

� parâmetros de dosagem do concre-to, como tipo do cimento, consumomínimo de cimento, relação água ci-mento, abatimento, teor máximo dear incorporado e aditivos, dimensãomáxima do agregado graúdo e teor deargamassa;� plano de controle tecnológico doconcreto no estado fresco e endurecido,ressaltando-se nesta etapa o controle doabatimento e o controle das resistênciasmecânicas e da espessura das placas;� Valores mínimos dos índices deplanicidade e nivelamento do piso(F- Numbers).

Para a determinação dos índices deplanicidade e nivelamento, deverá serempregado equipamento específicodenominado DipStick Floor Profiler.

A medição é feita pela amostra-gem total da superfície do piso, recor-rendo-se ao tratamento matemático eestatístico dos dados.

Execução – montagem das fôrmasAs fôrmas deverão ser convenien-

temente dispostas para a delimitaçãodas áreas a serem concretadas, confor-me definições de projeto. Poderão serusadas fôrmas de madeira ou metáli-cas, de modo a assegurar nivelamentoperfeito, alinhamento e contenção doconcreto fresco.

As fôrmas devem apresentar furaçõeslaterais para o correto posicionamentodos cabos de protensão e das barras detransferência,bem como apresentar localpara a fixação das ancoragens.Um exem-plo de fôrma usualmente empregada émostrado nas fotos 3 e 4.

Colocação da camada de deslizamento

A camada de deslizamento é exe-cutada mediante a colocação de duasmantas de polietileno (habitualmentechamada de lona plástica) sobre todaa área a ser concretada (foto 5). Tal ca-mada tem como função principal re-duzir o atrito entre a placa de concre-to e a sub-base, permitindo livre mo-vimentação da placa oriunda das ten-sões provocadas pelas variações tér-micas e aplicação da força de proten-são. Outras funções da camada dedeslizamento são manter a água de

Foto 3 –Vista do posicionamento dasfôrmas (alinhamento e nivelamento)

Foto 4 –Vista da furação e encaixe das fôrmas (parte inferior da foto)

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transferência da carga dos cabos de pro-tensão à placa de concreto.A foto 6 ilus-tra detalhes das armações.

Os cabos de protensão deverão sercortados em conformidade com oscomprimentos indicados em projeto.

Os cabos e demais armaduras de-verão ser convenientemente dispostosconforme definições de projetos e po-derão ser compostos de cordoalhas,telas, vergalhões, barras de transferên-cia e treliças.

Para a garantia do correto posicio-namento dos cabos e demais armadu-ras deverão ser usados espaçadoresplásticos e/ou metálicos, conformeilustrado na foto 7.

Os cabos devem estar alinhados ecom suas extremidades posicionadas eancoradas conforme definições deprojeto.

Concretagem da placaTendo em vista o volume de mate-

rial envolvido, deve-se utilizar concre-to usinado em conformidade com osparâmetros mínimos descritos no item"d", em "Recomendações". O lança-mento do concreto poderá ser realiza-do diretamente do caminhão betonei-ra e/ou por bomba e lança.

A área a ser concretada deverá serdividida em faixas, e a definição das lar-guras e comprimentos das faixas quecompõem uma placa deverá estar emconformidade com o tipo de equipa-mento que fará o espalhamento e aden-samento do concreto. Os equipamen-tos habitualmente utilizados são arégua vibratória treliçada, para traba-lho em faixas de menores dimensões,ilustrada na foto 9, e a laser screed, parafaixas e placas de grandes dimensões.Este equipamento executa sarrafea-mento, nivelamento e adensamento doconcreto, conforme ilustrado na foto10. O nível do piso em execução é con-trolado por meio de um emissor laserfixo e dois receptores existentes na má-quina, os quais recebem sinais do emis-sor e os informam ao comando hidráu-lico que, conseqüentemente, controla onível de concretagem com precisão.

O concreto deverá ser lançado demaneira uniforme, sem a formação depilhas, como ilustrado na foto 11. Oabastecimento de concreto deve serconstante, de modo que os equipa-mentos sejam regularmente abasteci-dos e não haja interrupção na concre-tagem, sob pena de retardar o início da

amassamento do concreto necessáriaà perfeita hidratação do cimento, evi-tando que seja absorvida pela sub-base, e formar uma barreira dificul-tando a ascensão de umidade do soloà superfície do piso.

Armação da placaA armação da placa de concreto

protendido recebe duas nomenclaturas:"armação ativa" (composta pelos cabosde protensão – no caso em estudo, ascordoalhas plastificadas engraxadas) e"armação passiva" (composta pelas de-mais ferragens – de fretagem e de refor-ço – constituídas de aço CA50 e CA60).

No processo de armação da placa deconcreto protendido também estão in-seridas as placas de ancoragem e acessó-rios de protensão, os quais são respon-sáveis pelo posicionamento, fixação e

Foto 5 – Colocação da camada de deslizamento

Foto 6 – Armações ativas e passivasFoto 7 – Armação ativa devidamenteposicionada com uso de espaçadores Foto 8 –Armação de reforço

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dução,por meio do manejo de insumose materiais acabados, seja pela necessi-dade de limpeza,higiene e manutenção.

A camada superficial do piso indus-trial deverá atender às definições deprojeto quanto aos requisitos de acaba-mento superficial (na maioria doscasos liso vítreo ou espelhado,podendoser também desempenado fino, quan-do necessário receber revestimentoposterior), planicidade e nivelamento.

O acabamento superficial do con-creto é iniciado com seu sarrafeamentoe desempenamento,que,embora sejamprocessos executados concomitante-mente à etapa de lançamento do con-creto, já constituem o início do acaba-mento. O sarrafeamento deve ser exe-cutado com régua vibratória ou laserscreed, em conformidade com o nivela-mento do piso definido em projeto. Já odesempenamento deve ser executadocom aplicação de rodos lisos (metálicosou de madeira) tipo float (foto 12).

Em seguida, após o endurecimentoparcial do concreto,deverá ser executa-do o desempenamento mecânico dasua superfície,com a finalidade de "tra-zer" argamassa à superfície,que forma-rá a camada final do acabamento. Taldesempenamento deverá ser iniciadoaproximadamente três horas após olançamento do concreto (este tempopoderá variar em função do concreto edo tipo de cimento utilizado). Na prá-tica, o início do desempenamento me-cânico usualmente ocorre quando asuperfície apresenta-se parcialmenteendurecida, de modo que uma pessoa,ao caminhar sobre o concreto, deixe"pegadas" com aproximadamente 4mm. Trata-se de avaliação bastanteempírica, demandando a fixação deoutros parâmetros. Os equipamentosempregados para o argamassamentomecânico são acabadoras autopropeli-das duplas, com utilização de discos deflotação (foto 13).

protensão, ou de gerar retrações dife-renciais ao longo da pista e afetar oacabamento superficial do piso. É re-comendável que o fornecimento mí-nimo de concreto seja de 35 m³/h.

O adensamento do concreto deveráser mais intenso nas regiões das fôrmasonde estão concentradas as placas deancoragem, para que permaneçam in-tegralmente envolvidas pelo concreto.Nesta região,o adensamento deverá serexecutado por vibradores de imersão.

Acabamento superficialO perfeito desempenho de um

piso industrial não está associado so-mente à qualidade dos materiais em-pregados e a um projeto bem elabora-do, mas também a todos os cuidadosna sua execução, de modo particularao seu acabamento superficial.

A camada superficial do piso cons-titui a plataforma onde o trabalho in-dustrial se realiza, seja escoando a pro-

Foto 9 – Régua vibratória treliçada Foto 10 – Equipamento laser screed

Foto 11 – Lançamento do concreto com utilização debomba lança Foto 12 –Aplicação de rodo tipo float

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Em seguida ao desempenamentomecânico deverá ser executada acorreção de possíveis ondulações su-perficiais, mediante o emprego dorodo de corte, ferramenta constituí-da de perfil de alumínio de seção re-tangular dotada de pesos para per-mitir o "corte da superfície", comoilustrado na foto 14.

O acabamento final da superfíciedeverá ser executado com acabadorasduplas autopropelidas dotadas de pás(fotos 15 e 16). As pás têm regulagemde inclinação para as variações neces-sárias aos serviços de acabamento,até a

Foto 13 –Acabadora dupla de superfíciecom disco de flotação, empregada nodesempenamento mecânico Foto 14 –Aplicação de rodo de corte

Foto 15 –Acabadora de superfície duplada,com o uso de pás para o acabamento final

Foto 16 –Acabamento final tipo liso vítreo executado com acabadorasduplas de alta rotação

obtenção de uma superfície com as-pecto vítreo (bastante liso).

Cura do concretoO processo de cura deverá ter iní-

cio tão logo a superfície esteja acabada,para evitar a evaporação da água e osurgimento de fissuras no piso, assimcomo para aumentar a resistência doconcreto à abrasão. Poderá ser feitacura química, aspergindo-se agentesde cura à base de sódio ou resinas, comou sem formação de película. Tambémpoderá ser realizada a cura úmida, em-pregando-se mantas de poliéster não-

tecido, saturadas em água. Em casosespecíficos, quando há alta exposiçãodo piso concretado ao vento, sol e lo-cais com baixa umidade do ar (porexemplo: locais descobertos ou comausência de fechamento lateral), deve-rão ser feitos os dois tipos de cura.

ProtensãoA protensão dos cabos deverá ser

executada em etapas, seguindo a se-qüência determinada pelo projetista,no intuito de combater o apareci-mento de fissuras.A primeira proten-são é feita poucas horas após a con-

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cretagem da faixa. A protensão inicialdos cabos longitudinais, da ordem de20% da carga total (para a cordoalhade 12,5 mm tem-se um total de 15 tfpor cordoalha), deverá ser feita quan-do o concreto atingir a resistência es-pecificada em projeto (habitualmenteda ordem de 10 MPa).

Para a execução da protensão,deverão ser seguidos critérios como:força de protensão e alongamentopara cada cabo, resistência mínimado concreto, número de etapas eordem de protensão, valor e varia-ção admitida para o alongamento decada cabo.

A protensão final deverá ser exe-cutada quando o concreto atingirresistência à compressão mínimaespecificada em projeto (habitual-mente da ordem de 25 MPa). A pro-tensão dos cabos longitudinais de-verá ser executada após a concreta-gem de todas as faixas que com-põem a placa.

Deverão ser tomados cuidadosespeciais na colocação das cunhas einstalação do macaco, para que fi-que perfeitamente apoiado nas an-coragens. As fotos 17 e 18 ilustrama operação.

JuntasComo abordado anteriormente,

o número de juntas no piso de con-creto protendido é extremamente re-duzido, quando comparado a outrostipos de pisos. As juntas são basica-mente de construção, situadas no en-contro lateral entre as faixas e nas jun-tas de articulação (região onde estãolocalizadas as ancoragens).

O preenchimento das juntas deve-rá ser executado com selante que apre-sente dureza mínima de 80 na escala"Shore A", podendo ser constituído depoliuretano ou epóxi.

Nos locais onde haverá tráfego deempilhadeiras, deverá ser executadoreforço de borda da junta, usualmentedenominado lábio polimérico, consti-tuído de argamassa à base de epóxi,conforme ilustrado na figura ao lado.

ConclusõesA utilização do concreto protendi-

do para pisos industriais acaba "im-pondo" controle mais eficiente ao pro-cesso, com ênfase na sistematização ena gestão eficientes das etapas de pro-jeto, execução e controle, as quais sãovitais para a qualidade do piso.

Não se trata, entretanto, de propora simples substituição dos pisos indus-

LEIA MAIS

A Arte dos Pisos Industriais – dosistema de damas ao protendido.P. Bina; A. O. F. Teixeira. Ibracon, SãoPaulo, 2002.

Como construir pisos e pavimen-tos de concreto protendido. P.Bina; A. O. F. Teixeira. Revista Téchne,edição 55, outubro de 2001.

Execução de radiers protendidos.Eugênio Cauduro. Artigo técnico, 42o

Congresso Brasileiro do Concreto.

NBR 7197 – Projeto de Estruturasde Concreto Protendido.AssociaçãoBrasileira de Normas Técnicas, 1988.

NBR 6118 – Projeto de Estruturade Concreto Armado.ABNT, Rio deJaneiro, 2003

Pavimentos Rígidos em ConcretoProtendido. M. T. Schmid. SãoPaulo, 1997.

Diretrizes de Projeto, Execução eControle de Pisos Industriais deConcreto Protendido. K. B. Sene-fonte. Monografia MBA (USP), SãoPaulo, 2007.

Cálculo Automático de Lajes Pro-tendidas. A. O. F.Teixeira. Disser-tação de Mestrado, Unicamp, 1988.Documentário sobre Pavimentos deConcreto Protendido para Aeroportose Rodovias. Augusto Carlos Vasconce-los. Ibracon, São Paulo, 1979.

Design of Prestresses ConcreteStrutures. New York, London, 1955

Documentário sobre pavimentosde concreto protendidos paraaeroportos e rodovias. A. C.Vasconcelos. Ibracon. São Paulo,1979.

Foto 17 – Nicho de apoio do macaco deprotensão junto à ancoragem

Foto 18 – Operação de protensão dos cabos

Figura 1 – Detalhe em corte de reforçode borda de junta (lábio polimérico)

triais com as tecnologias já existentespelos de concreto protendido. Trata-se de criar uma nova opção,que pode-rá se fixar ou não no mercado, sobre-pondo ou não as demais em função deseu desempenho não apenas inicial,mas ao longo do tempo.

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