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a revista do engenheiro civil techne téchne 131 fevereiro 2008 www.revistatechne.com.br IPT apoio Edição 131 ano 16 fevereiro de 2008 R$ 23,00 Hospital São Luiz Shanghai World Financial Center Contenções Gesso projetado Tilt-up Casa sustentável Guinada estrutural Como um projeto concebido em aço transformou-se num ousado balanço de concreto armado Hospital e Maternidade São Luiz, unidade Tatuapé COMO CONSTRUIR Casa + sustentável GESSO Revestimento projetado SHANGHAI FINANCIAL CENTER O maior edifício da China Guinada estrutural Como um projeto concebido em aço transformou-se num ousado balanço de concreto armado capa tech 131.qxd 6/2/2008 17:06 Page 1

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‘a revista do engenheiro civil

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Edição 131 ano 16 fevereiro de 2008 R$ 23,00

Hospital São Luiz

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Casa sustentável GuinadaestruturalComo um projeto concebido em aço transformou-senum ousado balanço de concreto armado

Hospital eMaternidadeSão Luiz,unidade Tatuapé

COMO CONSTRUIR

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SHANGHAI FINANCIAL CENTER

O maior edifícioda China

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SUMÁRIO

SEÇÕESEditorial 2Web 6Área Construída 8Cartas 10Índices 12IPT Responde 13Carreira 14Melhores Práticas 16Técnica e Ambiente 24P&T 54Obra Aberta 57Agenda 58

CapaLayout: Leticia MantovaniFoto: Marcelo Scandaroli

ENTREVISTAArquitetura da baixa rendaArquiteto Wilson Marchi fala dos desafios

de projeto dos condomínios populares

26 GESSOAcabamento projetadoOs cuidados para preparar e projetar

argamassas à base de gesso

34

18

CAPABalanço concretoHospital São Luiz mostra arrojo

arquitetônico e nos balanços da estrutura

30 SHANGHAI WORLDFINANCIAL CENTER

Conforto nas alturasChina prepara-se para inaugurar sua

torre mais alta

40 ALVENARIA ESTRUTURALBlocos delgadosNorma abre espaço para uso de blocos

mais delgados

42 TILT-UPJogo de montarMétodo eficiente de pré-moldar galpões

46 CONTENÇÕES –ESPECIAL 60 ANOS

Terras estáveisSessenta anos de evolução contra a

força da natureza

50 ARTIGOReciclagem de RCD de acordo com a

resolução no 307 do ConamaUm roteiro para implantação do Plano

Integrado de Gerenciamento dosResíduos da Construção Civil

60 COMO CONSTRUIRHabitações de baixo custo mais

sustentáveisOs detalhes técnicos do protótipo

desenvolvido pela UniversidadeFederal do Rio Grande do SulFo

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VEJA EM CONSTRUÇÃOMERCADO

VEJA EM AU

EDITORIAL

2 TÉCHNE 131 | FEVEREIRO DE 2008

Oarquiteto Siegbert Zanettini é livre-docente da Faculdade deArquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-

USP) desde 2001. Apesar de rejeitar o rótulo de especialista, éreconhecido em todo o País como autoridade no uso do aço naconstrução civil. Sempre que o assunto são estruturas metálicastem convite certo. Quem o ouve pela primeira vez parece estardiante de um mestre renascentista, que se encanta com o pássaro,mas faz questão de entender como ele pode voar. Enquanto colegasmais novos lamentam as razões de o mercado de estruturasmetálicas não ultrapassar os 4% no Brasil, Zanettini vê um fossomais profundo. O recorrente desejo político de manter o caráterartesanal da construção civil no País para empregar grandescontingentes de mão-de-obra, o marketing irresponsável, o horrordas construtoras à industrialização e a falta de conhecimento sobreo aço continuarão a ditar o mercado. O desconforto só não é maiorcom a falta de cultura geral e de interesse técnico dos nossosprofissionais. Pela FAU-USP, coube a ele tocar o programa queforma, desde 2005, em conjunto com a Escola Politécnica,engenheiros-arquitetos e vice-versa, resgatando a dupla formação,extinta no final dos anos 1940. É a visão holística que preocupa omestre. A obra de capa desta edição é um bom exemplo. Projeto deZanettini, a Unidade Tatuapé do Hospital e Maternidade São Luizmigrou da estrutura metálica para o concreto armado quando oscustos apontaram uma diferença de 25%. Sem lamentar, Zanettinidispensou a idéia de uma "caixa de concreto" e recorreu a balançosescalonados, para "pendurar" os primeiros andares em umaestrutura rígida no quarto pavimento. Enquanto a Cia deEngenharia Civil, do engenheiro Virgílio Ramos aceitava o desafiode projetar uma estrutura tão inusitada e complexa, Zanettini teciapacientemente uma transição bem-sucedida. Autor de projetosmarcantes tanto em aço quanto em concreto armado, o professorbrindou a zona Leste da capital paulista com uma construçãoousada e, ao mesmo tempo, equilibrada.

Paulo Kiss

Contracultura arquitetônica

� Novo terminal do aeroportoSantos Dumont, no Rio

� Especial PINI 60 ANOS –Fechaduras

� Fusões� Especial Nordeste� Arbitragem� Tratamento de esgotos

� Concreto estampado� Cálculo de telhas� Planta de alvenaria� Instalações de PPR

VEJA EM EQUIPE DE OBRA

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4 TÉCHNE 131 | FEVEREIRO DE 2008

Fundadores: Roberto L. Pini (1927-1966), Fausto Pini (1894-1967) e Sérgio Pini (1928-2003)

DDiirreettoorr GGeerraall

Ademir Pautasso Nunes

DDiirreettoorr ddee RReeddaaççããoo

Eric Cozza [email protected]

EEddiittoorr:: Paulo Kiss [email protected]:: Gustavo Mendes RReeppóórrtteerr:: Bruno Loturco; Renato Faria (produtor editorial)

RReevviissoorraa:: Mariza Passos CCoooorrddeennaaddoorraa ddee aarrttee:: Lucia Lopes DDiiaaggrraammaaddoorreess:: Leticia Mantovani e Maurício Luiz Aires;

Renato Billa (trainee) IIlluussttrraaddoorr:: Sergio Colotto PPrroodduuttoorraa eeddiittoorriiaall:: Juliana Costa FFoottóóggrraaffoo:: Marcelo Scandaroli

CCoonnsseellhhoo AAddmmiinniissttrraattiivvoo:: Caio Fábio A. Motta (in memoriam), Cláudio Mitidieri, Ercio Thomaz,Paulo Kiss, Eric Cozza e Luiz Carlos F. Oliveira CCoonnsseellhhoo EEddiittoorriiaall:: Carlos Alberto Tauil, Emílio R. E.

Kallas, Fernando H. Aidar, Francisco A. de Vasconcellos Netto, Francisco Paulo Graziano, Günter Leitner,José Carlos de Figueiredo Ferraz (in memoriam), José Maria de Camargo Barros, Maurício Linn Bianchi,

Osmar Mammini, Ubiraci Espinelli Lemes de Souza e Vera Conceição F. Hachich

EENNGGEENNHHAARRIIAA EE CCUUSSTTOOSS:: Bernardo Corrêa Neto PPrreeççooss ee FFoorrnneecceeddoorreess:: Juliana Cristina Teixeira

AAuuddiittoorriiaa ddee PPrreeççooss:: Ariell Alves Santos e Anderson Vasconcelos FernandesEEssppeecciiffiiccaaççõõeess ttééccnniiccaass:: Ana Carolina Ferreira

ÍÍnnddiicceess ee CCuussttooss:: Andréia Cristina da Silva Barros CCoommppoossiiççõõeess ddee CCuussttooss:: Mônica de Oliveira Ferreira

SSEERRVVIIÇÇOOSS DDEE EENNGGEENNHHAARRIIAA:: Celso Ragazzi, Luiz Freire de Carvalho e Mário Sérgio PiniPPUUBBLLIICCIIDDAADDEE:: Luiz Carlos F. de Oliveira, Adriano Andrade, Jane Elias e José Luiz Machado

EExxeeccuuttiivvooss ddee ccoonnttaass:: Eduardo Yamashita, Bárbara Salomoni Monteiro, Danilo Alegre e Ricardo CoelhoMMAARRKKEETTIINNGG:: Ricardo Massaro EEVVEENNTTOOSS:: Vitor Rodrigues VVEENNDDAASS:: José Carlos Perez

RREELLAAÇÇÕÕEESS IINNSSTTIITTUUCCIIOONNAAIISS:: Mário S. Pini AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO EE FFIINNAANNÇÇAASS:: Durval Bezerra

CCIIRRCCUULLAAÇÇÃÃOO:: José Roberto Pini SSIISSTTEEMMAASS:: José Pires Alvim Neto e Pedro Paulo MachadoMMAANNUUAAIISS TTÉÉCCNNIICCOOSS EE CCUURRSSOOSS:: Eric Cozza

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AAllaaggooaass (82) 3338-2290 AAmmaazzoonnaass (92) 3646-3113 BBaahhiiaa (71) 3341-2610 CCeeaarráá (85) 3478-1611

EEssppíírriittoo SSaannttoo (27) 3242-3531 MMaarraannhhããoo (98) 3088-0528

MMaattoo GGrroossssoo ddoo SSuull (67) 9951-5246 PPaarráá (91) 3246-5522 PPaarraaííbbaa (83) 3223-1105

PPeerrnnaammbbuuccoo (81) 3222-5757 PPiiaauuíí (86) 3223-5336

RRiioo ddee JJaanneeiirroo (21) 2265-7899 RRiioo GGrraannddee ddoo NNoorrttee (84) 3613-1222

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São José dos Campos (12) 3929-7739 Sorocaba (15) 9718-8337

ttéécchhnnee:: ISSN 0104-1053Assinatura anual R$ 276,00 (12 exemplares)Assinatura bienal R$ 552,00 (24 exemplares)

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva do autor e não expressam,necessariamente, as opiniões da revista.

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6 TÉCHNE 131 | FEVEREIRO DE 2008

Fórum TéchneO site da revista Téchne tem umespaço dedicado ao debate técnico e qualificado dos principais temas da engenharia. Confira os temas em andamento.

A corrupção de fiscais do PoderPúblico aumentou com o atualboom imobiliário no Brasil?A corrupção é a pior atitude de umasociedade; é repugnante. Agora entendoque não existe corrupção somente porparte do poder publico, porque o poderpúblico é composto por pessoas quesaíram da sociedade. Devemos educar asociedade para que ela não se corrompa.Soraya Sayeg Luisi [08/12/2007]

Quais os desafios a seremvencidos para atuar no mercadohabitacional de baixa renda?Creio que o maior desafio será darmoradia digna de fato à população debaixa renda. Afinal, as incorporadorasestão profissionalizadas e capitalizadas osuficiente para construir habitaçõesmais baratas, que caibam no orçamentodessas famílias. O problema, no entanto,é garantir que essas habitações, além debaratas, estejam bem localizadas, nãoapresentem manifestações patológicase atendam às expectativas dos seusfuturos moradores. Temo, no entanto,que isso não deve ocorrer, visto que oscondomínios de baixa renda estãosendo "jogados" para as regiõesperiféricas, mal localizadas, com poucapreocupação dos órgãos públicos emplanejar os grandes fluxos de pessoasque serão gerados com essesempreendimentos. Ademais, o setor jáse mostra interessado em importarmateriais da China, o que preocupa notocante à qualidade.Claudio L. do Nascimento [01/02/2008]

Confira umaminientrevista comSiegbert Zanettini,arquiteto responsávelpela nova unidade doHospital e MaternidadeSão Luiz, no bairro doTatuapé, em São Paulo. O edifício, tema dareportagem de capa deste mês, possuibalanços escalonados,com estrutura emconcreto armado.

Arquitetura em balanço

Veja uma seleção das principaisreportagens da Téchne sobre contenções,entre elas: entrevista com o especialistaem fundações Ivan Joppert; obras decontenção do hospital Albert Einstein, emSão Paulo; e "como usar geossintéticos".O material está disponível como extra dareportagem "Terras estáveis", que traz umhistórico da evolução das técnicas decontenções nos últimos 60 anos.

Contenções em revista

Confira no site da Téchne fotos extras das obras, plantas e informações que complementam conteúdospublicados nesta edição ou estão relacionados aos temas acompanhados mensalmente pela revista

www.revistatechne.com.br

Confira fotos do canteiro deobras, dos elevadores de obra eda megamaquete do SWFC(Shanghai World FinancialCenter). Previsto para serconcluído antes das Olimpíadasde Beijing, o SWFC será o edifíciomais alto da China, com 492 m.

Shanghai WorldFinancial Center

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TÉCHNE 131 | FEVEREIRO DE 20088

ÁREA CONSTRUÍDA

Curitiba terá um dosmaiores edifícios dealvenaria estrutural do Sul

A Construtora Baú construirá emCuritiba um dos maiores edifícios emalvenaria estrutural da região Sul.Localizado no bairro Água Verde, o FeliceCondomínio Club terá dois subsolos,térreo e duas torres com 19 pavimentoscada, sendo um pavimento dúplexinferior e um superior, totalizando 180apartamentos. A solução foi adotada,principalmente, para reduzir em doismeses o prazo de entrega da obra doempreendimento. A logística do canteirotambém foi levada em consideração,pois o terreno encontra-se em ummiolo de quadra com apenas um acessoestreito, e o uso de blocos facilitaria ofluxo de fornecimento de materiais ecomponentes. O prazo de execução doedifício, cujos apartamentos foramcompletamente vendidos em doismeses após o lançamento, será de 18meses. A alvenaria será realizada emnove meses.

O projeto de Orçamento da Prefeitu-ra de São Paulo para 2008, aprovadopela Câmara de Vereadores, desti-nará cerca de R$ 2 bilhões para oMetrô da cidade. O investimento nãoacontecia desde a década de 1970,quando o controle ficou completa-mente com o Governo do Estado. Aemenda, aprovada pela Câmara, au-

Prefeitura de SP volta a investir no Metrô

A MPD-KC atualizou seu projetode alfabetização de trabalhadoresnos canteiros de obras, o Cons-truindo Letras. Desenvolvido emparceria com a Adventto Ética e Ci-dadania Empresarial, o curso tevesua duração reduzida de nove paraquatro meses. Segundo a MPD-KC,o novo formato do curso, já certifi-cado pelo MEC, foi adaptado à rea-lidade do setor. Com uma duração

Construtora readequa curso de alfabetizaçãode trabalhadores

menor, segundo a empresa, é possí-vel evitar a evasão dos alunos e au-mentar o aproveitamento durante operíodo de aprendizado. Ao con-cluir o curso, o trabalhador faz umaprova em uma das escolas da redepública para receber o certificadoaté a 4a série. As aulas têm duraçãode duas horas, iniciando depois doexpediente, às 17h30, sempre de se-gunda a quinta-feira.

O arquiteto inglês Norman Fosterapresentou ao Conselho de Arquitetosde Moscou e aos habitantes da cidadeo projeto do que seria o maior edifíciohabitável do mundo. A construção, aser erguida às margens do Rio Mos-cou, que corta a capital da Rússia, po-derá servir de residência para até 30mil pessoas. Concebido para ser uma"cidade dentro da cidade", o complexocontará com hotéis, museus, comér-cio, cinemas e residências.A 7,5 km doKremlin, sede do governo russo, a es-trutura de 2,5 milhões de m² de áreatotal construída – o equivalente a cercade 380 campos de futebol – terá for-mato espiralado e 450 m de altura,

Arquiteto projeta megaedifício para 30 mil moradores

com fachada em vidro. O edifício teráum átrio de 150 m de altura, que seabrirá no verão para refrescar a áreacomum central. Terraços com jardinsde inverno serviriam de barreira paraproteger o complexo das temperaturasextremas comuns em Moscou. Ocusto total da obra, que poderia serexecutada, de acordo com o arquiteto,em seis anos, é estimado em US$ 4,5bilhões e já tem autorização prévia dogoverno da cidade. Norman Fosterprojetou, entre outros, o novo estádiode Wemblei, em Londres, o Viadutode Millau, na França, e o Commerz-bank Tower, edifício de 56 andares,em Frankfurt, Alemanha.

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toriza o município a investir noMetrô o mesmo valor destinado aopagamento do acordo da dívida fe-deral, ou seja, 13% da receita líquidamunicipal. O valor seria suficientepara o financiamento da construçãode 1 km/mês de linha de Metrô. OOrçamento total da Prefeitura para2008 é de R$ 25,2 bilhões.

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O engenheiro mecânico João FernandoGomes de Oliveira assumiu em janeiroo cargo de diretor presidente do IPT(Instituto de Pesquisas Tecnológicas doEstado de São Paulo). Escolhido peloConselho de Administração do IPT,Oliveira terá um mandato de dois anose substituirá no cargo o engenheirocivil Vahan Agopyan. Oliveira é profes-sor titular do Departamento de Enge-

IPT tem novo presidentenharia de Produção da EESC (Escola deEngenharia de São Carlos da USP) e fezpós-doutorado nos Estados Unidos, naUniversidade da Califórnia – Berkeley.É presidente da Agência de InovaçãoFábrica do Milênio e coordenador doInstituto Fábrica do Milênio, projetonacional que tem por objetivo promo-ver o desenvolvimento tecnológico-in-dustrial brasileiro.

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Balanço mostra impactos do Programa Habitaretos desenvolvidos por universidadesde todo o País. Orientações parasubstituição de contaminantes emtintas; metodologias para aproveita-mento do resíduo da construção;materiais alternativos como telhasem fibrocimento e blocos com cin-zas; uma vila ecológica na Amazôniae casas-modelo que mostram comoa habitação social pode ter qualidade

De 1995 até o final de 2007, o Pro-grama Habitare (Programa de Tec-nologia de Habitação), da Finep (Fi-nanciadora de Estudos e Projetos),destinou R$ 21,6 milhões para pes-quisas na área de tecnologia do am-biente construído. O aporte finan-ceiro, que tem apoio da Caixa Eco-nômica Federal e do CNPq, é distri-buído na forma de bolsas para proje-

e incorporar requisitos da constru-ção mais sustentável são algunsexemplos de resultados das pesqui-sas financiadas pelo programa daFinep. Outros impactos tecnológi-cos, econômicos, sociais e ambien-tais do programa estão reunidos emuma edição especial da Revista Ha-bitare, disponível no portal do pro-grama (www.habitare.org.br).

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CARTAS Envie sua crítica ou sugestã[email protected]

Revisão de normasSobre o editorial da Téchne 91 ("VelhasNormas"), apresento "uma boa idéiapara fazer a normalização brasileiraandar melhor". Para que isso ocorra,toda a classe da construção civil deve-rá participar. As Associações de classede Engenharia e Arquitetura podem,de forma voluntária, participar da ela-boração e revisão das normas técnicas,via delegação da ABNT.Proponho a utilização de "Grupos detrabalho descentralizados via Associa-ções de classe", e a seguinte seqüência:1) ABNT emite roteiro para elabora-ção e/ou revisões das normas. A"Norma para elaborar normas"; 2)ABNT comunica quais normas devemser elaboradas e/ou revisadas; 3) Cada

AgradecimentoNa edição 127 da Téchne foi publicadoartigo de minha autoria com minhaorientanda, Rosiany Paixão, intitulado"Revestimentos de argamassa com fi-bras de polipropileno". Ao final, deixa-mos de colocar os agradecimentos. Oartigo foi resultado de pesquisa finan-ciada com recursos da Fapesp (Funda-ção de Amparo à Pesquisa do Estado deSão Paulo) e do Consitra (ConsórcioSetorial para Inovação em Tecnologiade Revestimentos de Argamassa) emconjunto com a Finep (Financiadorade Estudos e Pesquisas), a quem eu eminha orientanda agradecemos.Mercia Maria Bottura de Barros

Professora da Escola Politécnica da Universidade de

São Paulo

Associação assume o compromissocom determinada norma e gerencia ostrabalhos; 4) Finalizada pela Associa-ção, a norma vai à ABNT para consul-ta pública; 5) Realizam-se as revisõesno texto, e a ABNT emite a norma.Luiz Geraldo Crespo Arruda

Consultor em Construções Sustentáveis

ErramosAs obras do empreendimento VenturaCorporate Towers, tema da reporta-gem “Complexo Verde” (Téchne 129),estão a cargo de um consórcio forma-do pela Camargo Corrêa Desenvolvi-mento Imobiliário e Método Enge-nharia. Esta última não foi citada nareportagem da Téchne.

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ÍNDICESCimento recuaDepois de altas, cimento Portland CP IIdeflaciona 2% em janeiro

O índice global do IPCE iniciou oano de 2008 com alta de 0,35%,

percentual inferior à inflação de1,09% apresentada pelo IGP-M daFundação Getúlio Vargas.

A alta do IPCE foi impulsionadapelo reflexo das altas no preço do ci-mento ocorridas nos últimos meses etambém pelo repasse de alguns fabri-cantes. No entanto, após meses degrandes altas, o cimento Portland CPII volta a apresentar deflação. Apesarde nos últimos 12 meses o insumo terapresentado alta de 17,25%, em janei-ro seu preço caiu cerca de 2,00%. Osaco de 50 kg que custava R$ 15,83passou a custar R$ 15,51.

O bloco de concreto de vedaçãoapresentou reajuste pelo segundo mêsconsecutivo devido aos aumentospassados no preço do cimento. Obloco de concreto passou de R$ 1,11,em dezembro de 2007, para R$ 1,18,em janeiro de 2008, apresentando rea-juste de 6,29%.

Altas devido aos repasses dos fa-bricantes ocorreram com a manta bu-tílica e o vidro temperado incolor, queinflacionaram 10,91% e 4,14%, res-pectivamente. A manta butílica pas-sou de R$ 45,68 para R$ 50,67 o metroquadrado. Já o vidro temperado inco-lor passou de R$ 165,10 para 171,95 ometro quadrado.

Construir em São Paulo ficou, emmédia, 4,49% mais caro nos últimos12 meses. No entanto, o percentual éinferior ao registrado pelo IGP-M, queacumulou alta de 8,38% sobre omesmo período.

SSuuppoorrttee TTééccnniiccoo:: para tirar dúvidas ou solicitar nossos Serviços de Engenharia ligue para (11) 2173-2373ou escreva para Editora PINI, rua Anhaia, 964, 01130-900, São Paulo (SP). Se preferir, envie e-mail:[email protected]. Assinantes poderão consultar indíces e outros serviços no portal www.piniweb.com

TÉCHNE 131 | FEVEREIRO DE 2008

Data-base: mar/86 dez/92 = 100Mês e Ano IPCE – São Paulo

gglloobbaall mmaatteerriiaaiiss mmããoo--ddee--oobbrraaJJaann//0077 111100..775599,,1122 5533..556688,,3366 5577..119900,,7766fev 110.716,18 53.525,42 57.190,76mar 110.289,87 53.099,11 57.190,76abr 110.315,81 53.125,06 57.190,76mai 113.722,37 53.493,24 60.229,13jun 113.900,14 53.671,02 60.229,13jul 114.065,53 53.547,83 60.517,71ago 114.197,13 53.679,42 60.517,71set 114.636,80 54.119,10 60.517,71out 114.860,42 54.342,72 60.517,71nov 115.225,62 54.707,92 60.517,71dez 115.335,12 54.817,42 60.517,71JJaann//0088 111155..773333,,1111 5555..221155,,4411 6600..551177,,7711Variações % referente ao último mêsmês 0,35 0,73 0,00acumulado no ano 0,35 0,73 0,00acumulado em 12 meses 4,49 3,07 5,82Metodologia: o Índice PINI de Custos de Edificações é composto a partir dasvariações dos preços de um lote básico de insumos. O índice é atualizado porpesquisa realizada em São Paulo. Período de coleta: a cada 30 dias com pesquisa na última semana do mês de referência.Fonte: PINI

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Envie sua pergunta para: [email protected] RESPONDE

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Telhados Quais os cuidados de dimensionamen-to e instalação de estrutura pronta me-tálica para telhado?Daniel Gonçalves P. do Nascimento

Por e-mail

Além dos cuidados normais relativos aodimensionamento de estruturas, deve-

Pintura de metaisPara pintura de manutenção de estru-turas metálicas é necessário retirartoda a tinta até se chegar ao metal? Oupode-se simplesmente pintar sobre atinta existente?Geraldo M. Antunes Júnior

Por e-mail

No caso de repinturas, deve-se inspe-

Para construir sobre radier deve-se res-peitar qual limite de carga? Construçõesde multipavimentos também podemser executadas apenas sobre radier?Maria Elisa Santos Mohr

Por e-mail

Fundações superficiais tipo radier sãoaquelas que se estendem por toda abase da construção, podendo ser ado-tadas quando o solo apresenta boa re-sistência na superfície do terreno oulogo abaixo dela. Se existirem ca-madas profundas deformáveis (argilamole etc.), há necessidade de estudos

cionar previamente a estrutura. Nãohavendo falhas como descascamento,gretamento ou calcinação acentuadada película de pintura, pode-se sim-plesmente realizar leve lixamento su-perficial, limpeza e posterior apli-cação de nova pintura que, em geral,deve ser constituída por tinta damesma natureza química que a tinta

Construção sobre radier

muito cuidadosos para se definir pelapossibilidade da fundação direta oupela necessidade de ultrapassar-se acamada deformável com estacas ououtro tipo de fundações profundas.Edifícios multipavimentos também

podem ser construídos sobre radiers,bastando para tanto que haja com-patibilidade de cargas e de re-calques/deformações entre a fun-dação e a superestrutura. Há necessi-dade ainda de cuidadoso estudoeconômico para adoção do radier,observando-se que o sistema tem sidoviabilizado com a adoção de lajes pro-tendidas com espessura relativa-mente pequena, empregando-se ge-ralmente cordoalhas engraxadas.Ercio Thomaz

Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do Ambiente

Construído)

original. Havendo frestas, corrosãolocalizada ou outros defeitos, há quese remover toda a camada de pintura,sanar problemas de frestas e reaplicarfundo anticorrosivo, para só depoisrealizar a pintura.Ercio Thomaz

Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do Ambiente

Construído)

se tomar cuidados especiais frente aorisco de corrosão dos sistemas metáli-cos. Em qualquer situação devem serevitadas frestas, pontos ou peças compossibilidade de empoçamento de água,contato de metais diferentes etc. Nas es-truturas de alumínio, por exemplo, hágrande risco de corrosão de parafusos e

arruelas de aço,caso estejam em contatodireto com o alumínio. Nas estruturasde aço galvanizado, por exemplo, cortese soldas a posteriori podem criar gran-des diferenças de potencial.Ercio Thomaz

Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do Ambiente

Construído)

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CARREIRA

Por trás do sistema para projeto es-trutural em concreto armado e

protendido produzido pela empresaTQS há um profissional que dedicou amaior parte da carreira ao seu desen-volvimento. O engenheiro paulistanoAbram Belk, autodenominado "ratode cidade", sempre teve gosto pela ma-temática e pela física. No entanto, asdúvidas inerentes a um jovem de 17anos e a influência do pai, um enge-nheiro civil politécnico, o levaram àEscola Politécnica da USP, em 1976,com a opção pelo curso de engenhariacivil. "Era a área que oferecia mais op-ções de trabalho", lembra.

Ocorreu que, ainda no primeiroano, apaixonou-se pelo computadorBurroughs B6700 da Universidade efreqüentemente se desviava das aulaspara programar em Fortran, a lingua-gem ensinada na época do cartão per-furado. A ânsia de programar foiamainada quando conseguiu um está-gio no Escritório Técnico J.C. Figuei-redo Ferraz, onde trabalhou soborientação do engenheiro Hideki Ishi-tani no CPD (Centro de Processamen-to de Dados), ligado a um ControlData CDC-6600, um dos primeirossupercomputadores. "O Hideki meensinou a gostar e a praticar a progra-mação em Fortran. Foi um privilégiotrabalhar com ele, cujos programasrodavam 1.800 processamentos pormês em 1978."

Nessa empresa, Belk não traba-lhou na área de estruturas. Estagiárioorientado pelo engenheiro Ettore

Abram BelkAtraído pela programação de computadores, trabalhou no desenvolvimentode sistemas pioneiros de auxílio ao projeto estrutural

PERFIL

Nome:Abram BelkIdade: 49 anosGraduação: Engenharia civil, em1981, pela Escola Politécnica daUniversidade de São Paulo;especialização em Administração deEmpresas, na Fundação GetúlioVargas, em 1984Empresas em que trabalhou: noescritório técnico J.C. FigueiredoFerraz, entre 1977 e 1986, naIntertec, do grupo Themag;Compugraf, Método Informática e, a partir de 1987, na TQS InformáticaCargos exercidos: engenheiro dedesenvolvimento de sistemasaplicados à engenharia em todos osescritórios em que trabalhou, ediretor de desenvolvimento da TQS

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Bottura, desenvolveu os sistemas"Traçado" e "FFCogo" para traçadolongitudinal e transversal de estradas,usados no projeto da Rodovia dosBandeirantes. Também desenvolveusistemas para projeto de redes de águae esgoto, usados na concepção da redeCabuçu de Baixo, na Freguesia do Ó.

Em paralelo ao curso de engenha-ria civil entrou no Instituto de Mate-mática e Estatística da USP, abando-nado no segundo ano, quando da for-matura na Poli. "Tinha uma oportuni-dade de trabalho que exigia dedicaçãode corpo e alma, e não era possívelconciliar com o curso." Tal propostaveio em 1982, por meio do engenheiroNelson Covas, também politécnico, ecom experiência em projeto pelaMaubertec e pela Promon. A parceriadura até os dias de hoje.

Covas foi contratado pela Intertec,pertencente ao grupo Themag, paraescolher e adaptar o software gráficopara os projetos de tubulações indus-triais da usina de reprocessamento deurânio, a ser construída em Vitória, noEspírito Santo, e de prospecção depoços de petróleo, da Paulipetro. "Fuichamado para estudar e programar oequipamento Intergraph, que só a In-tertec tinha."

Nessa época, o Brasil entrounuma grave crise econômica e ambosos projetos foram cancelados. "Ficouo desafio de tornar o caro equipa-mento e software gráfico adquiridospela empresa em algo viável", lembra.Assim, desenvolveram uma aplicação

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Obras marcantes das quaisparticipou: trabalhando comdesenvolvimento de software,participei apenas indiretamente, massinto um pouquinho de participaçãoem cada projeto realizado com ossistemas da TQS

Obras significativas daengenharia brasileira: aquantidade e a qualidade dasedificações em concreto armado nasgrandes cidades brasileiras nosúltimos 20 anos tornaram o Brasil um país único

Realização profissional: ver que os sistemas que ajudei a escreverauxiliam milhares de engenheiros em todo o País

Mestres: mais que mestres eamigos, verdadeiros pais: HidekiIshitani, Nelson Covas, Gabriel de Oliva Feitosa e Augusto Carlos de Vasconcelos

Por que escolheu ser engenheiro:a curiosidade pelas ciências exatas e a matemática, mas desvirtuei umpouco no mundo da computação

Perspectivas para o seu campo deatuação: o Brasil tem grande déficitde obras de engenharia. A área deengenharia estrutural está crescendo

Dez questões para Abram Belk

e acredito que o crescimentocontinuará nos próximos anos

Conselho ao jovem profissional:abrir a cabeça para novosconhecimentos e procurar aprendersempre. O mercado precisa deprofissionais com conhecimentomultidisciplinar e capazes deencontrar soluções

Principal avanço tecnológicorecente: os avanços na eletrônica e informática surpreendem. Sãoferramentas que permitem aoengenheiro eliminar o trabalho braçal e dedicar tempo à essência da engenharia

Indicação de livro: todos os doprofessor Augusto Carlos deVasconcelos, incluindo a série "OConcreto no Brasil". Seu trabalhosobre "Estruturas da Natureza" é umexemplo genial de aplicação daengenharia a outras áreas doconhecimento humano

Um mal da engenharia: ainformática usada para dar um tirono pé. À medida que as ferramentasse sofisticam, precisam ser usadascom mais cuidado e consciência.Programas de computador nãoagregam conhecimento e nemfazem projeto

estrutural, fundaram a TQS inicial-mente chamada Teqsis e passaram adesenvolver sistemas para cálculo emconcreto armado. "A expectativa ini-cial era de que fosse um bom negóciopor três anos, no máximo", lembra.

A inexistência de boas bibliotecasem DOS para programação gráficarepresentou um novo desafio, resol-vido com o desenvolvimento, emlinguagens C e Assembler, de siste-mas de edição gráfica e drivers paraplotters, impressoras, mouses emesas digitalizadoras. "Os sistemasgráficos tornaram-se uma vantagemcompetitiva para nós, que desenvol-vemos bibliotecas próprias." Os sis-temas evoluíram gradativamente, deacordo com as demandas dos clien-tes, e os modelos iniciais de cálculose transformaram em um modelo depórtico espacial, flexibilizado comanálise não-linear física e geométri-ca. "Passei a entender melhor o com-portamento de estruturas espaciaisapenas depois de criar o sistema e vê-lo funcionando", conta.

Nesse período, desenvolveu, com aequipe da TQS, sistemas para a entra-da de fôrmas e o dimensionamento,detalhamento e desenho de vigas, pi-lares, lajes, fundações em concreto ar-mado, lajes protendidas, telas solda-das, lajes treliçadas, alvenaria estrutu-ral, escadas, estruturas pré-moldadas,interação solo–estrutura e gerencia-mento de corte e dobra de vergalhõesde aço produzidos pelos sistemas deprojeto em centrais.

Mesmo tendo se desviado para aárea de programação, Belk faria omesmo curso de graduação. "A enge-nharia civil é mais do que seguir ma-nuais e regras. Trata-se da capacidadede se adaptar e resolver problemas,sejam eles quais forem."

Bruno Loturco

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de coleta de dados gráficos de pros-pecção de petróleo para a Petrobras eum sistema para dimensionamento,detalhamento e desenho de vigas deconcreto armado. "Esse sistema devigas foi um protótipo do que viria aser o sistema da TQS", conta. Entre-tanto, era um sistema inviável pelocusto do equipamento.

Em 1985, por conta da crise, saiuda Intertec e trabalhou por um breveperíodo na Compugraf, uma repre-sentante de softwares CAD. "Foi umperíodo de muito aprendizado naslinguagens C/C++ em programas de

roteamento de placas de circuito im-presso." Logo depois foi trabalhar naMétodo Informática, em funçõestécnico-administrativas. Paralela-mente, voltando às origens junta-mente com Covas, iniciou o desen-volvimento dos sistemas de vigas epilares para os microcomputadoresque começavam a surgir.

O aquecimento econômico pro-piciado pelo Plano Cruzado, porvolta de 1986, levou à necessidade deautomação dos projetos, tornando oCAD/Vigas um sucesso imediato.Voltando esforços para a engenharia

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MELHORES PRÁTICAS

Steel deckExecução de lajes demanda atenção na fixação das chapase cuidados durante a concretagem. Confira as dicas.

RecortesEventualmente, nos cantos, ou nocontorno dos pilares, podem sernecessários recortes nas extremidades dospainéis, para possibilitar o ajuste final na

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geometria da estrutura da edificação. Casonecessário, esses recortes poderão serfacilmente realizados mediante o uso demáquinas com discos para corte de metal.

Soldagem Primeiramente, para a execução de cadaum dos pontos de solda bujão, deve-sefazer uma abertura com diâmetro deaproximadamente 16 mm na chapagalvanizada do steel deck, podendo-seutilizar para isso o próprio eletrodo desolda. Em seguida, o interior da aberturadeverá ser preenchido com a deposiçãodo material de solda.

MontagemApós o içamento dos fardos, os painéisindividuais deverão ser retiradosmanualmente e posicionados sobre ovigamento, seguindo as cotas e medidasindicadas no desenho de paginação. É importante estar atento para o fato de que as peças não sejam montadasinvertidas, "de cabeça para baixo".

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Colaboraram Paulo Pimentel, gerente comercial da Metform, e Maria Regina Braga Lagonegro, arquiteta da Studio Brasil Arquitetura.

Concretagem A concretagem das lajes deverá serrealizada com cautela, de maneira aevitar o acúmulo de materiais e depessoal sobre a plataforma.

Stud bolts

Vazios Ao colocar as armaduras de reforço nasaberturas sem vigas de contorno, oconstrutor deverá também prever o usode uma fôrma lateral, em isopor oumadeira, para que o concreto seja isoladoda região do vazio. É importante lembrarque o steel deck somente deverá serrecortado após a cura do concreto.

A umidade é um fator que exerce umainfluência desfavorável na solda dosstud bolts. Portanto, para que aqualidade da solda não sejacomprometida é recomendável que a

aplicação dos conectores ocorra logoapós a montagem do steel deck,impedindo a possibilidade de acúmulode água entre os painéis e a facesuperior das vigas de aço.

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ENTREVISTA

18 TÉCHNE 131 | FEVEREIRO DE 2008

WILSON MARCHI

Formado há 15 anos pela FAU-USP(Faculdade de Arquitetura eUrbanismo da Universidade de SãoPaulo), recebeu menção honrosapelo trabalho de graduação, em queapresentou uma proposta derequalificação urbana e implantaçãode subprefeitura e teatro no bairropaulistano de Pinheiros. Desde 1992no escritório EGC Arquitetura,tornou-se sócio de ElizabethGoldfarb em 2001. A atuaçãoprincipal voltou-se aodesenvolvimento de projetos deedifícios de escritórios e hoteleiros econjuntos residenciais. Após ofalecimento de Elizabeth, em 2004,assumiu a gestão do escritório, queconta 400 empreendimentosprojetados, 300 obras executadas,49 em construção e 51 em fase de desenvolvimento. Marchi é autor do livro Novas TecnologiasEGC Arquitetura.

As limitantes que costumam pautarqualquer projeto de arquitetura

são potencializadas quando se trata deum empreendimento residencial para osegmento econômico. Partindo da pre-missa do baixo custo de construção,nãohá escapatória, a primeira ação é a maisóbvia: reduzir o tamanho das unidades.Ainda assim, é necessário atentar para asempre presente necessidade de confor-to e de manter baixos os custos condo-miniais e até mesmo de vida dos mora-dores. Um dos motivos para que essesempreendimentos, em geral, contemcom grandes quantidades de unidades éa possibilidade de diluir os investimen-tos para implantar equipamentos delazer ou mesmo creches. O papel do ar-quiteto é fundamental enquanto profis-sional capaz de realizar estudos de ergo-nomia, pesquisar sobre novas técnicas,

produtos e sistemas construtivos, alme-jando sempre a racionalidade, confor-me atesta Wilson Marchi. Catalisadoradas soluções empregadas, a arquiteturapode interferir na escolha dos materiaise propor formas de baratear custos demanutenção dos espaços. Ao lidar comrepetitividade, apesar de sofrer com afalta de personalização dos empreendi-mentos, tem a chance de retroalimentarprojetos e processos a partir do observa-do durante a construção e mesmo ope-ração dos condomínios. Nesta entrevis-ta o arquiteto comenta sobre as nego-ciações com contratantes focados na re-dução de custos e especula sobre a máremuneração dos profissionais, afir-mando que,embora o volume de proje-tos seja maior – resultado do boomimobiliário – os custos e a complexida-de dos trabalhos também aumentaram.

Arquitetura da baixa renda

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Arquiteto fala do desafio de reduzir custos sem perder qualidade

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Como definir um empreendimentodestinado à população de baixarenda? Como projetar para essesegmento?

Legalmente estabeleceu-se que ashabitações de interesse social são em-preendimentos que atendem à popula-ção com renda de até seis salários míni-mos. Para que isso ocorra, as unidadesdevem ter área e custo reduzido. Proje-tar para esse segmento significa focar oprojeto em resultados de elevado de-sempenho tecnológico com baixo cus-to, viabilizando a implementação eatendendo, ao mesmo tempo, a viabili-dade financeira do incorporador, aqualidade dos espaços para o usuáriofinal e a adequada inserção urbana.

Em que sentido a arquitetura podebaratear os custos? É papel daarquitetura buscar novas tecnologiasconstrutivas ou novos materiais?

A arquitetura deve buscar o equilí-brio entre a funcionalidade e qualidadenos espaços, aliando racionalidadeconstrutiva a especificações técnicasadequadas e visando o baixo custo e aqualidade de vida para os futuros mo-radores. Também deve maximizar autilização das tecnologias existentes edesenvolver pesquisas com novas técni-cas construtivas, materiais e processos.

Com menos espaço para trabalhar,quais as diferenças fundamentais doprojeto de arquitetura paraapartamentos e casas voltados para abaixa renda?

O projeto deve buscar a maximiza-ção de todos os espaços, pois não háespaço para ociosidade. As plantas sãodefinidas a partir da organização rigo-rosa do mobiliário e da ergonomia.

É possível, mesmo com poucoespaço, garantir qualidade de vidanesses empreendimentos? Comonascem esses projetos?

A qualidade dos empreendimentosé um pressuposto inicial. Os projetosnascem da solução das unidades habita-cionais e são definidos para que aten-dam a uma família. Os espaços coletivossão dimensionados para atender ao pro-grama mínimo de atividades de lazer e

esportivas. A qualidade se dá pelo con-junto das soluções e por seus atributos,como bom dimensionamento dos espa-ços, conforto, segurança, entre outros.

Os projetos são concebidos de forma a poderem ser replicadosindefinidamente. Que vantagens e que problemas isso acarreta?

Podem ser replicados, pois as uni-dades habitacionais respondem aoprograma de espaços que atendem auma ampla gama populacional nosdiversos aspectos. Evidentemente, asimplantações são relativas à especifi-cidade dos terrenos. As vantagensestão no controle do projeto, do pro-cesso construtivo e do orçamento,pois se sabe de todas as interferências,quantidades de materiais e respecti-vos custos.A obra, como um todo, ficamais controlada. No entanto, não épossível replicar os projetos indefini-damente porque há a necessidadeconstante de rever o programa, os sis-temas construtivos, adequar às novasdemandas culturais e econômicas.Também há a questão da identidadede cada empreendimento, que para osmoradores é um fator importante.

Contratualmente, como é resolvida a questão da repetição de projetos? As construtoras têm permissão deutilizar o mesmo projeto dearquitetura em outras obras?

Normalmente são definidas algu-mas torres padrão a serem replicadas.Contratualmente essa repetição é resol-vida com a aplicação de um valor pelareutilização do projeto, como um ro-yalty. A implantação dessa torre, a defi-nição das locações,das vagas, lazer, cotasde implantação e adequações necessá-rias são remuneradas integralmente.

Em geral há pouca disposição nomercado de pagar por projetos?Com o boom imobiliário osarquitetos estão trabalhado maispelo mesmo preço ou a remuneraçãomelhorou?

Há disposição para pagar, masmenos do que o projeto, que concentraa expertise e pode gerar economia parao empreendimento. A receita aumen-

tou em virtude do volume,mas as basesde honorários não sofreram alteração.Por outro lado, as despesas aumenta-ram com a necessidade de adequar a es-trutura do escritório para atender à de-manda. Assim, trabalhamos mais pelomesmo preço, agravado pela própriaconjuntura do boom imobiliário, quelida com terrenos mais problemáticoscom relação a, por exemplo, documen-tação,contaminação do solo e desapro-priações. Também há mais restriçõespara a aprovação nos órgãos públicosseja pelo tamanho dos empreendimen-tos, pela indefinição da legislação oupor novas exigências.

Quais as demandas específicas decondomínios para essa faixa de renda?

Procura-se atender às demandas bá-sicas de lazer,como uma quadra esporti-va, churrasqueira, salão de festas e play-ground. Em alguns empreendimentosde grande porte o programa é mais ex-tenso, inclusive com a inclusão de cre-ches, já que a maioria dos casais trabalhafora de casa. As demandas específicas sereferem ao apoio para que as famíliaspossam ter tudo isso a um custo condo-minial reduzido e localização que facili-te o acesso ao transporte público.

A quantidade de pessoas morandono condomínio é o que define asinstalações a serem implantadas?

A quantidade de moradores defineas instalações de forma empírica, nãohá regras ou parâmetros de projeto es-tabelecidos. Há algumas condiçõesdefinidas pela legislação, mas que nãoabrangem características específicas.

Quais os aspectos técnicos maisdifíceis de atender no projeto?

As implantações dos empreendi-mentos exigem muito de toda equipe.A adequação à topografia, locação dastorres, vagas e áreas de lazer, coorde-nadas com a legislação e os parâme-tros técnicos de baixo orçamentocriam um conjunto de diretrizes deimplantação que exige muita expe-riência e conhecimento.

Qual é o papel da arquitetura naredução de custos de condomínio?

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E N T R E V I S T A

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Pode dar soluções de materiais deacabamento e espaços que exijam ma-nutenção de baixo custo dos edifícios edos equipamentos comunitários. Podepermitir implantação que minimize oconsumo de energia, aproveitando aorientação solar. Pode gerar economiade dispositivos de segurança com a im-plantação que permite o controle deacesso e da periferia pela portaria,entreoutros itens.Um projeto de arquiteturabem desenvolvido é peça-chave para ageração de economia desde a constru-ção até a ocupação. Essa inteligênciaprecisa ser melhor aproveitada e valori-zada, pois atende aos interesses dos in-corporadores e do usuário final.

Seu escritório tem experiência comprojetos para hotéis econômicos. Emtermos de concepção, o que essesempreendimentos podem agregar aosprojetos habitacionais econômicos?

Desenvolvemos alguns dos proje-tos da rede Formule 1 para a Inpar epara a Accor,na cidade de São Paulo.Oconceito e as metas desses projetos sãomuito parecidos, envolvem racionali-dade e funcionalidade. As pesquisaspara inclusão de elementos prontos,como banheiros pré-moldados, indi-cam um caminho possível para os edi-fícios residenciais.

As formas de financiamentoinfluenciam os métodos construtivosou a arquitetura? De que maneira?

Interferem na medida em que nor-malmente exigem rápida velocidadede execução para que os moradorespossam usufruir o imóvel rapidamen-te sem comprometer sua renda com ofinanciamento e também com umaluguel, por exemplo, durante a obra.

Costuma-se dizer que o resultado deuma construção não é obra doarquiteto, mas da vontade doincorporador. Às vezes, por causados custos, os limites éticos e da boaarquitetura precisam ser rompidos?

Uma boa obra resulta de um es-forço coletivo cujo empenho do in-corporador é determinante, e cadaprofissional é responsável por umaparte do sucesso. A arquitetura, por

onde transitam todas as demandas deprojeto, é a grande catalisadora e asíntese das soluções a serem emprega-das. Por ser a inteligência que envolveesses aspectos, e não apenas o conjun-to de plantas e desenhos, o nosso tra-balho vincula-se às idéias e à suatransformação em realidade. O limitede custo é mais um parâmetro, nãohavendo necessidade de romper limi-tes éticos para atendê-lo.E "boa arqui-tetura" é um termo muito vago e rela-tivo, que alguns erguem como ban-deira para defender uma visão e valo-res ultrapassados.

A necessidade por repetitividadeafeta de alguma maneira os projetos?

Interfere por permitir que os pro-jetos sejam retroalimentados pelas in-formações advindas das obras, possi-bilitando o aprimoramento de ques-tões construtivas, de custo e de ocupa-ção dos espaços. A retroalimentaçãoacontece por meio das complementa-ções de detalhes e soluções observa-das, pelo as builty e análises criticas doprojeto em obra.

Há aspectos negativos relativos à repetitividade?

Poderia ser a falta de identidadede um empreendimento, o que cria-ria empatia do morador com suamoradia. Outro possível problemaseria se as soluções arquitetônicasnão se adequassem às necessidades ecaracterísticas culturais e econômi-cas dos moradores.

Como a questão de logística executivapode ser otimizada a partir do projeto?

Por meio de um planejamento deexecução de obra que nasça junto comos projetos,prevendo todos os passos daexecução e da especificação. Por exem-plo durante a especificação de materiaisou componentes que sejam mais facil-mente disponibilizados na região onde aobra se localiza, o que reduz problemasrelacionados à logística de obra.

Quem deve ser o responsável peloplanejamento da execução? O arquiteto deve acumular a funçãode coordenador de projetos?

O planejamento da execução deobra deve ser de responsabilidade daconstrutora responsável, que pode de-legar a função a um engenheiro, umconsultor ou uma equipe de engenhei-ros. Não há modelo ideal, cada empre-sa pode encontrar seu próprio cami-nho. O arquiteto pode, sim, acumulara função de coordenador de projetos,pois a interação de toda a equipe e dosdiversos projetos passa necessaria-mente pelo projeto de arquitetura.

Onde se erra mais em projetos desse tipo?

Na compatibilização das informa-ções das equipes. É grande a quantida-de de informações técnicas, normati-vas e legais que precisam ser interpre-tadas, solucionadas e atendidas. A tro-ca dessas informações é sempre objetode muito cuidado e atenção.

Qualidade é um valor relativo emprojetos para a classe média baixa?

A qualidade é um valor absolutopara todas as classes, a exigência daspessoas só tem aumentado com o au-mento do acesso às informações e comlegislações que protegem os consumi-dores.Atentos a isso projetamos com ointuito de oferecer o maior nível dequalidade dentro das restrições orça-mentárias, sempre as questionandocom visão crítica.

Na sua opinião,os empreendimentosconstruídos hoje têm qualidade superioraos do passado apesar das restriçõesquanto a espaço e infra-estrutura?

“Não é possível replicaros projetosindefinidamente porquehá a necessidadeconstante de rever oprograma,os sistemasconstrutivos,adequar àsnovas demandasculturais e econômicas”

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Tecnicamente as construçõesatuais têm qualidade superior devi-do ao controle tecnológico mais ri-goroso. Os elementos da cadeia pro-dutiva têm sistemas de gestão e con-trole de qualidade, as normas técni-cas são mais rigorosas e os processosconstrutivos foram aperfeiçoados,além da implementação das avalia-ções pós-ocupação. Isso leva a umarevisão mais criteriosa dos empreen-dimentos, focada na qualidade.

Como se dá a relação entre sistema construtivo adotado econcepção de projetoarquitetônico?

A concepção do projeto arquite-tônico deve estar totalmente harmo-nizada com a melhor forma de utili-zar o sistema construtivo. Para tanto éimprescindível que as equipes de ar-quitetura e engenharia trabalhem deforma muito afinada para encontrarboas soluções.

Como retroalimentar o processopara que as interfaces e soluçõessejam otimizadas a partir daquiloque foi observado nas unidades jáprontas e em uso?

É necessário um trabalho rigorosoe uma equipe de projetos bem articu-lada, que realize uma análise críticados resultados. Deve considerar oprojeto, a execução, a ocupação e a ve-rificação de possíveis patologias parapossibilitar o aprimoramento de so-luções técnicas e executivas e assimalimentar os projetos de arquitetura.

É possível conciliar redução decustos com sustentabilidade? Como?

Com a racionalização e reduçãode desperdícios na obra há contribui-ção para a redução dos custos e doconsumo de recursos naturais. Proje-tos que garantam um bom desempe-nho de iluminação e ventilação natu-ral evitam o uso de equipamentos quedemandem gastos de energia. O reúso

da água para fins não potáveis não di-minui o custo da obra, mas diminui oscustos condominiais. Os custos de sis-temas de reúso de água, tratamento deesgoto, energia solar ainda são eleva-dos mas podem ser melhor absorvidosem empreendimentos com um grandenúmero de unidades.

Valorizar as áreas comuns, como salãode festas, pode diminuir a importância– e o custo – das unidades?

Os espaços partem de programasmínimos. Então fica difícil substituirou compensar uma área em outra. Oque é possível é a complementação dasunidades com as áreas coletivas.

As construtoras têm exigências maisrigorosas para reduzir os custos?Como o arquiteto estabelece limitespara essas exigências?

Há, por exemplo, muita limitaçãode custos com relação à utilização dosmateriais de acabamento e elementos

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E N T R E V I S T A

construtivos, como esquadrias, gradise elementos arquitetônicos, o que li-mita muito a elaboração das fachadas.Para atender às exigências das cons-trutoras e ao mesmo tempo proporsoluções diferenciadas há muita nego-ciação, pesquisas constantes de novosmateriais de acabamento e, necessa-riamente, criatividade para recriar so-luções estéticas a partir dos pouquíssi-mos recursos disponíveis. Os limitesdevem respeitar os critérios técnicos,das boas praticas construtivas e, prin-cipalmente, focar na garantia da quali-dade de vida aos moradores.

Como você vê o racha e a polêmicaem torno das eleições do IAB-SP? O senhor é favorável à criação doconselho de arquitetura? O que isso melhoraria?

Prefiro não me manifestar sobre oracha.Sou totalmente favorável ao con-selho exclusivo de arquitetura para quehaja uma efetiva aproximação dos pro-

blemas e questões pertinentes aos ar-quitetos e sua relação com a sociedade.

Numa idade em os arquitetos aindase esforçam para se estabelecer, asua sócia, Elizabeth Goldfarb,falecida em 2004, contabilizava umnúmero expressivo de projetosrealizados. Foi uma das arquitetasque mais projetou no País. O que issomexia na dinâmica do escritório?Qual o grande legado dela?

Elizabeth Goldfarb foi uma dasprimeiras arquitetas a perceber a ne-cessidade de reestruturar o escritóriode arquitetura para atender a uma de-manda mais intensa, profissional e es-pecializada. O modelo dos ateliêscedeu espaço para uma organizaçãoestruturada que atendesse às especifi-cidades do mercado imobiliário aindaem formação. Esse foco e a estrutura-ção permitiram absorver e produzirprojetos de arquitetura com maior efi-ciência e qualidade. O grande legadoque nos deixou é a clareza da visão in-tegrada de todos os aspectos do proje-to, da concepção à execução, precisãono tratamento dado a todas as ques-tões e a sensibilidade para transformarsonhos e necessidades em projetos eobras que perdurarão no tempo e noespaço. Filosofia que norteia nosso es-critório, que cresce em volume de tra-balho e qualidade juntamente comesse mercado tão intenso.

Bruno Loturco

“Um projeto dearquitetura bemdesenvolvido é peça-chave para a geraçãode economia desde a construção até a ocupação”

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TÉCNICA E AMBIENTE

Entrou em operação em fevereiro,em São Paulo, o primeiro labora-

tório clínico construído segundo os re-quisitos do Leed (Leadership in Energyand Environmental Design). Trata-seda unidade Dumont Villares da Delbo-ni Auriemo Medicina Diagnóstica,construída pela RMA Engenharia. Odestaque da obra foi a automação dosistema de ar-condicionado,que detec-ta as demandas por climatização dosambientes e permite racionalizar oconsumo de energia elétrica.

Nelson Ogassawara, gerentetécnico da RMA, conta que não épossível estimar diretamente aeconomia de energia elétrica pro-porcionada pelas instalações de ar-condicionado da nova unidade.Para chegar a esses valores, serianecessário, segundo ele, avaliar oconsumo dos equipamentos du-rante as primeiras semanas de ope-ração plena da unidade. Entretan-to, é possível afirmar que, em umaconstrução "comum", similar à daunidade Dumont Villares, entre40% e 60% do consumo energéticototal do edifício abastecem apenasos equipamentos de ar-condi-cionado. "Nessa obra, estimamosque o sistema consuma entre 10%e 15%", afirma o engenheiro.

O sistema está dividido em 16zonas de climatização, que cobremtodas as salas e corredores do edifí-cio de quatro andares. Sensores inte-ligentes instalados nos ambientesque dispensam climatização perma-nente – salas que não têm equipa-mentos, por exemplo – "informam"

Climatização econômicaSistema de ar-condicionado conectado a central de automação reduz consumode energia elétrica em laboratório médico

ao sistema central de automação aredução na demanda. A central,então, aciona variadores de freqüên-cia que reduzirão as atividades dasbombas de água gelada que alimen-tam os fancoils. Com isso, diminuitambém a operação do chiller querefrigera a água, gerando economiade energia elétrica.

Os 16 fancoils, equipamentosque renovam e refrigeram o ar queserá lançado nos ambientes, tam-bém foram especificados para redu-zir o consumo energético. Todoseles contam com motores de altorendimento (90%), identificadospela cor azul. Os motores tradicio-nais, de cor verde, apresentam ren-dimento médio de 50%.

Para atender aos requisitos desustentabilidade do Leed para ossistemas de ar-condicionado, o em-preendimento deve ter garantidoum consumo máximo de 1,7kW/m³/s. Ensaios feitos nos equipa-mentos do novo laboratório da ca-pital paulista mostram que o siste-ma atende com folga às exigências:obteve-se ali a taxa de 1,51kW/m³/s. Outro indicador, o coefi-ciente de performance, ficou em2,83. O Leed exige um coeficientemínimo de 2,80.

O sistema de iluminação tam-bém foi dividido em circuitos setori-zados que, da mesma forma, permi-tem acionar separadamente as lâm-padas dos ambientes. Na área exter-

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Central de automação aciona equipamentos de ar-condicionado apenas sob demandados ambientes internos da clínica

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na, o projeto luminotécnico tam-bém limitou a potência das luminá-rias, mantendo um nível de ilumina-ção confortável. Não se usaram pro-dutos que utilizassem mais do que11 W/m² de terreno. No ambienteinterno, algumas salas tambémforam equipadas com sensores depresença que acionavam as lâmpa-das apenas sob o estímulo de movi-mentação no ambiente.

A RMA, que já construiu outrasunidades da rede de laboratórios, co-nhece o perfil dos edifícios do cliente.Segundo o diretor de operações da

construtora, Renato Auriemo, a cons-trução da nova unidade ficou cerca de14% mais cara em comparação comas demais obras "tradicionais". "Sãocustos adicionais com projetos, trei-namento das equipes, certificação",explica. Além disso, lembra o enge-nheiro, os custos com os materiais deconstrução aumentam, já que a rigo-rosa lista de exigências para os produ-tos tende a reduzir os fornecedores."Com isso, a concorrência diminui efica mais difícil negociar uma redu-ção dos preços", acredita Auriemo.

Renato Faria

Edifício deverá ser o primeiro da áreade saúde a receber o certificado Leedde sustentabilidade no Brasil

Soluções sustentáveis

Estacionamento tem piso emconcregrama para facilitar a absorção daágua da chuva pelo solo. Conta, ainda,com vagas exclusivas para carros a álcoolou gás natural

No último andar, funcionários têm acessoa um terraço gramado, projetado para re-duzir a reflexão de raios solares

Na aquisição de tintas, vernizes, colas eadesivos, foram escolhidos produtos combaixa emissão de VOCs (compostosorgânicos voláteis)

Uma das exigências do Leed é utilizarprodutos originados de um raio máximo de800 km do local da obra. Por isso, o mármorebaiano original foi substituído pelo mármoreproveniente do Espírito Santo

Para reduzir o consumo de água, foramutilizadas, nos sanitários, válvulas de descarga com controle de fluxo de 3 l e 6 l

Móveis, pisos, revestimentos eesquadrias são fabricados apenas commadeira certificada

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GESSO

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Adepender do lugar onde se cons-trói, pode ser bem difícil encon-

trar empresas que tenham à disposi-ção bombas-misturadoras para aaplicação do revestimento interno degesso. Em todo o Brasil, há apenascerca de 130 desses equipamentos, eem cidades como São Paulo, aindacostuma-se dar preferência à aplica-ção manual do gesso liso.

"O gesso projetado, por sua vez,mesmo que ofereça maior produtivi-dade e melhor desempenho, tem umagrande desvantagem: custa, em mé-dia, 40% mais", aponta Marcelo Stie-

Acabamento projetadoTradicional, o gesso liso é largamente empregado em revestimentos internos. Usode equipamentos mecânicos aumenta produtividade, mas ainda tem altos custos

vano, engenheiro civil da Brascad En-genharia de Revestimentos.

Para São Paulo, o problema docusto está na distância até os fornece-dores, que ficam, em sua maioria, noNordeste do País, quando se contabili-za o frete. No Sudeste, enquanto ometro quadrado do gesso liso aplicadosai por R$ 8 ou R$ 9, o projetado podechegar a custar mais que R$ 13.

Outro item que deve ser conside-rado na utilização do gesso projetado émanutenção das máquinas, que exigeplanejamento e mão-de-obra especia-lizada. Uma máquina nova, importa-

da, custa a partir de R$25 mil – e é pre-ciso considerar que poucas peças dereposição são fabricadas no Brasil.Além disso, o uso do gesso projetadoexige material de melhor qualidade,que não é encontrado em qualquerlugar,ou mesmo próximo dos grandescentros consumidores.

Prós e contrasÉ possível encontrar no merca-

do, assim, duas formas de uso dogesso como revestimento interno. Oliso é aplicado manualmente, en-quanto o projetado, em materialtambém conhecido como argamassade gesso projetada, tem como prin-cipal aglomerante o gesso (sulfato decálcio hemidratado tipo beta, carbo-nato de cálcio, cal hidratada e aditi-vos orgânicos), e é aplicado com umabomba-misturadora.

O gesso projetado é uma técnicade revestimento para tetos e paredesexecutada mediante projeção mecâni-ca do material,por equipamento espe-cializado que dosa, mistura e bombeiaa matéria-prima através da mangueirade projeção.

A argamassa de gesso pode ser apli-cada diretamente sobre a alvenaria,substituindo o sistema tradicional dechapisco,emboço e reboco.Por não sermuito resistente à umidade, ela só éutilizada em ambientes internos, masproporciona grande economia nocusto final da obra, tanto em material –a máquina reduz o desperdício –,quanto em mão-de-obra, ao aumentarbastante a produtividade.

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Segundo Gilberto Nunes Ferreira,da Arga Jet Mix, um gesseiro faz 25 m2

numa espessura entre 0,50 e 1 cm pordia de trabalho, enquanto um aplica-dor de projetado consegue cobrir 40m2/dia, em espessuras de até 4 cm.

Para Marcelo Stievano, "o gesso lisonão é a melhor solução, porque nãopossui aderência ideal nem flexibilida-de suficiente, e sua trabalhabilidade émenor, o que significa que a mistura seinutiliza em pouco tempo, provocandogrande desperdício de material". Eleconta que, hoje, como os pilares sãomais estreitos do que antes, quandotudo era mais superdimensionado, osrevestimentos têm de ser mais flexíveis."As deformações naturais tornam-secada vez mais presentes e precisam serabsorvidas pela camada de gesso."

Já há no mercado, contudo, mate-riais para aplicação manual que pro-metem baixo desperdício (só 5%, aocontrário dos 45% estimados pelo

GESSO PROJETADO X ARGAMASSA DE CIMENTO X GESSO LISOEspecificações Gesso projetado Argamassa de cimento Gesso lisoEspessura mínima 5 mm 15 mm 5 mmEspessura máxima 100 mm 100 mm 15 mmElasticidade < 0,60 GPa < 1,20 GPa < 3,0 GPaAderência >0,38 MPa >0,20 MPa VariávelChapisco Dispensado Teto e parede Teto e paredePlanicidade Ótima Regular RuimProdutividade Alta Baixa RegularTempo de cura 7 dias 28 dias 15 dias

COMPARATIVO DE CUSTOS E CONSUMO DE MATERIAL PARA PINTURA XARGAMASSA DE GESSO PROJETADA X ARGAMASSA DE CIMENTO

Massa Selador Tinta látex Preço do m2

corrida (material + M.O.)Argamassa Consumo: Não se Consumo: R$ 8,30de cimento 20 m2 p/ lata aplica 80 m2 p/ lata p/ m2

Argamassa 1 demão Consumo: Consumo: R$ 7,00 p/ m2

de gesso consumo: 160 m2 80 m2

projetada 40 m2 p/ lata p/ lata p/ lataCatamento Idem Idem R$ 5,80 p/ m2

consumo:80 m2 p/ lata

COMPARATIVO DE CUSTOS E CONSUMO DE MATERIAL PARA REVESTIMENTO XARGAMASSA DE GESSO PROJETADA X ARGAMASSA DE CIMENTO

Custo Consumo Custo Total ProdutividadeM. O. Material Material m2

Argamassa R$ 9,52 18,95 R$ 1,15/ R$ 10,67 11 m2/de cimento m2 kg/m2/cm m2/cm homem/dia(feita na obra) espessura espessuraArgamassa R$ 9,52 16 R$ 3,68 R$ 13,20 11 m2/industrializada m2 kg/m2/cm /m2/cm homem/dia

espessura espessuraArgamassa R$ 8,00 17 R$ 3,23/ R$ 11,23 17 m2/de cimento m2 kg/m2/cm m2/cm homem/diaprojetada espessura espessuraArgamassa R$ 6,50 10 R$ 2,90 / R$ 9,50 35 m2/de gesso m2 kg/m2/cm m2/cm homem/diaprojetada espessura espessura

projeto Finep Habitare); maior tempoútil para a aplicação, graças à utiliza-ção de aditivos, como retardadores depega para maior durabilidade da mis-tura, além de exigirem menor esforçodos aplicadores.

No caso da argamassa de gesso,que é mais aderente, sua flexibilidadetambém é maior e pode, inclusive, serutilizada manualmente. O gesso liso,por outro lado,nunca será empregado

em equipamento de projeção, pois atécnica exige o melhor material.

O gesso deve ser estocado emlugar seco, sobre paletes de madeira,com empilhamento máximo de 15sacos e afastado das paredes, e deveser usado em até 120 dias após suadata de fabricação.

A questão da qualidade precisa sermuito bem observada: "Há inúmerosfornecedores, principalmente no

A máquina de projetar argamassa exigeum operador experiente, cuidados parao equipamento não entupir e matérias-primas de qualidade

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G E S S O

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Coloque no caixote de madeira 30 lde água (para um saco de 40 kg degesso)Pulverize o gesso sobre a água edeixe umedecer por um minutoCom auxílio de uma espátula,misture por cinco minutosColoque a pasta no desempeno dePVC, com auxílio da espátulaAplique a primeira camada de baixopara cimaAplique a segunda camada daesquerda para a direita, ou vice-versaConfira, nas duas camadas, osalinhamentos vertical e horizontalcom a régua de alumínio

Após a retirada de resíduos erespingos de massa, inicie osarrafeamento, com régua dealumínio "H", sempre no sentidovertical, de baixo para cima,apoiando-a sobre as mestras eevitando que o excedente demassa caia no chãoCom régua e nível, após fazercorreções necessárias, o esquadroé novamente verificadoApós umas duas horas, oacabamento final é dado com odesempeno de aço e a própriamassa de gesso, até que se chegueao ponto de pintura

Gesso liso – preparo manual

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Nordeste, onde se encontram as jazi-das de hemidrato de cálcio, e a quali-dade do material determina atémesmo seu nível de desperdício",alerta Antonio Carlos Franck, daGesso New .

Cuidados de baseAntes de dar início à aplicação,

seja ela manual ou projetada, deve-seobservar se a superfície está limpa depó, óleo, graxas ou outro material quepossa diminuir sua aderência.

Se a superfície for lisa, como nocaso de estruturas de concreto, o gessoliso pede aplicação de chapisco rolado(ou na colher), ou à base de emulsãoadesiva. É preciso sempre verificar oesquadro de encontro entre as paredese o teto, além dos alinhamentos verti-cal e horizontal e o prumo.

Quando a técnica empregada for aprojetada, o gesso pode ser utilizadopara revestir superfícies de concreto,blocos cerâmicos ou de concreto. "Ge-ralmente, o traço é feito em 27 l deágua para cada saco de 40 kg de gesso,sendo a trabalhabilidade da misturade até 180 minutos", explica Ferreira.

Para o gesso projetado, os cuida-dos iniciais são ainda maiores: a alve-naria deve estar concluída e verificada;os contramarcos das esquadrias, fixa-dos; os equipamentos devem estarajustados e com gesso e água disponí-veis nas quantidades certas, enquantoas instalações elétricas e suas caixasdevem estar protegidas com buchasde papel amassado.

Para preparar a base, primeiro éexecutado o assentamento de taliscasde no mínimo 5 mm de espessura.Elas ficam, no máximo, a 1,80 m dedistância umas das outras, e a 30 cmdos pontos de acabamento ou quinas.Passadas 24 horas do assentamento,inicia-se a execução de mestras, comuma régua de alumínio de pelo menos2 m de comprimento e 5 cm de largu-ra, finalizando-se o preparo da base.

Antes de usar o equipamento deprojeção, deve-se umedecer a man-gueira com um fluxo constante deágua e limpá-lo também após o uso,até que a água saia limpa.

Giovanny Gerolla

A execução começa com a projeção dogesso na parede, até que se chegue àespessura das mestras e se preenchamtodos os vaziosSarrafeie o trecho com régua dealumínio, de baixo para cima; aargamassa retida é retirada com umadesempenadeira ou espátula ereaproveitada nos espaços vaziosRepita a operação até que toda asuperfície fique preenchida ehomogênea; passe o sarrafo no sentidohorizontal e aguarde poraproximadamente 30 minutosPara o pré-acabamento, aplique gessosobre a superfície com a mão e raspe-ocom um facão, em movimentoshorizontais; aguarde mais 30 minutos

Gesso projetado

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1 O acabamento ou queima é realizadocom uma desempenadeira grande deaço: todos os poros da parede sãopreenchidos com uma argamassamais fluida que a anterior; emseguida, raspa-se o excesso. Aguarde10 minutosAntes do acabamento final, abra todasas caixas e pontos de luz e, com umadesempenadeira, repita oprocedimento anterior, aplicandomassa bem fluida em movimentoshorizontais, retirando-se o excessocom movimentos verticais; oprocedimento é repetido até que asuperfície fique com aspecto liso; apósuma semana, a parede estará prontapara ser lixada, selada e pintada

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SHANGHAI WORLD FINANCIAL CENTER

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Mais do que resistir aos esforçosverticais, a estrutura de edifí-

cios muito altos e esbeltos deve su-portar cargas horizontais intensasprovocadas pela ação do vento e deabalos sísmicos. Com 101 pavimen-tos e quase meio quilômetro de altu-ra, o SWFC (Shanghai World Finan-cial Center), localizado em Xangai,sul da China, cumpre tais requisitoscom sua megatreliça, formada porimensas colunas periféricas de con-creto conectadas por vigas treliça ediagonais metálicas, e um núcleocom pilares-parede. Instalado notopo da construção, um sistema deamortecedores sincronizados anti-vento, responsável pela redução dasoscilações causadas pela ação eólica,garantirá o conforto dos freqüenta-dores do arranha-céu.

Projetado pelo escritório de ar-quitetura norte-americano KohnPederson Fox Associates, a torre temsua história marcada por imprevis-tos e mudanças. Meses depois deanunciar a construção do edifício,em 1997, a incorporadora japonesaMori Building paralisou as obrasapós a execução das fundações, devi-do à crise financeira asiática. A obrafoi retomada somente em 2003, comalterações significativas no projetoestrutural. A edificação deverá serconcluída ainda neste ano, antes dosJogos Olímpicos de Pequim.

O primeiro projeto estrutural, deautoria da renomada empresa de en-genharia inglesa Ove Arup, foi altera-do pela Lera (Leslie E. Robertson As-

Conforto nas alturasCom quase meio quilômetro de altura, arranha-céu chinês dispõe deamortecedores para suavizar oscilações da torre

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sociates), escritório norte-americanoque carrega no currículo o cálculo es-trutural de construções famosascomo as Torres Gêmeas (World TradeCenter), em Nova York. A Lera tinhacomo desafio enrijecer a estrutura datorre, cuja altura foi aumentada de460 m para 492 m.Sua base,que antesmedia 55,8 m, passou a ter 58 m.

AdaptaçõesMais largo e 32 m mais alto, o

SWFC estará exposto a uma carga

horizontal 15% superior, provoca-da pela ação do vento em sua novasuperfície. Para ganhar mais rigi-dez, a antiga estrutura, compostapor um megapórtico externo e umnúcleo interno com pilares-paredede concreto armado (concepçãooriginal da Ove Arup), foi converti-da numa megatreliça externa como acréscimo de diagonais metáli-cas, que conectam as vigas treliça-das, dispostas a cada 12 pavimen-tos. "Isso era necessário, pois o mo-

RESUMO DA OBRA

Edifício: Shanghai World FinancialCenterLocalização: Street No Z4-1, LujiazuiFinancial Trade Center AreaÁrea do terreno: 30 mil m²Área construída: 381.600 m²Pavimentos: 101 acima do solo etrês abaixo do soloAltura da torre: 492 mProprietário: Shanghai WorldFinancial CenterSupervisão e projeto: Level-oneArchitecture Institute of Mori Hill Projeto de arquitetura: KPFCálculo estrutural: Lera (Leslie E.Robertson Associates)Consultoria de projeto: ShangaiModern Architecture Design (Group) Co.Construção: East China ArchitectureDesign and Research Institute, ChinaArchitecture Engineering General,Shangai Construction (Group)General Company AssociationConclusão da obra: segundosemestre de 2008

Fabricados pela Mitsubishi Heavy Industry,os dois amortecedores trabalham emconjunto para limitar o movimentooscilatório da torre. Os contrapesos semovimentam em oposição aosdeslocamentos gerados pelos ventosfortes, detectados eletronicamente. Com 9 m de largura x 9 m de comprimento

Amortecedores de massa sincronizados antivento

e 4 m de altura, cada amortecedor pesa150 toneladas. O objeto libratório oucontrapeso, localizado no centro de cadaamortecedor, trabalha num períodonatural igual ao do prédio e pode sermovimentado em todas as direções, sendocontrolado por um motor localizado notopo do equipamento.

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S H A N G H A I W O R L D F I N A N C I A L C E N T E R

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Resposta à aceleração no topo do edifício

0 500 1000 1500 2000 2500 3000Segundos

Gal

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Amortecedor ligado Amortecedor desligado*1 gal= 1 cm/s²

O amortecedor reduz em até 40% a taxa de aceleração provocada por umvento intenso

Megaestrutura – A carga vertical é sustentada por quatro megapilares periféricos de concreto armado e pelo núcleo interno compilares-parede de concreto armado. Já a carga horizontal, originada pela ação do vento e por abalos sísmicos, é suportada emconjunto por uma megatreliça externa e pelo núcleo de pilares-parede (shear-walls) conectados pelos outrigger truss. Grandesvigas treliçadas, dispostas a cada 12 pavimentos, configuram anéis que, além de ter função estrutural, abrigam andares técnicos e servem de apoio a pilares metálicos intermediários da fachada

Com 500 m de comprimento, o cabo deaço da supergrua suporta uma cargamáxima de 64 toneladas. Oequipamento será removido depois queo edifício estiver pronto

mento total de vento na base au-mentou em 25% depois das altera-ções", explica o projetista de estru-turas Ricardo França, que visitou oempreendimento.

As fundações – que já estavamconcluídas quando as obras foramretomadas – tiveram de ser minima-mente reforçadas, mesmo com oacréscimo estrutural. A façanha, se-gundo França, foi possível graças àredução das cargas, obtida pela dimi-nuição da espessura dos pilares-parede (shear walls) localizados nonúcleo da edificação. De acordo como engenheiro, os outrigger truss(altas treliças metálicas, em diagonal,que conectam o núcleo às megacolu-nas exteriores, mais comuns em edi-fícios com altura superior a 200 m), ea criação da megatreliça externa au-mentaram a eficiência estrutural doconjunto, transferindo parte dacarga do núcleo de pilares-paredepara a megatreliça externa, o que via-bilizou a necessária redução de es-pessura dos pilares-parede.

A segurança do SWFC foi garan-tida pelo conjunto estrutural forma-do pelo núcleo de pilares-parede,outriggers e megatreliça externa,que faz com que o edifício suporte

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Revisão do projeto alargou a base doSWFC de 55,8 m para 58 m

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até 40% das acelerações horizontaisprovocadas por um vento intenso."Mesmo durante um tufão, as pes-soas dentro da torre não sentirão aconstrução oscilar", informa docu-mento divulgado pela Mori Buil-ding Company.

Por Valentina N. Figuerola

Colaborou: Ricardo Leopoldo e Silva França

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ElevadoresDos 91 elevadores instalados no SWFC,39 possuem cabine dupla (doublé-deckelevators). Desses 39, 24 têmsupercabines duplas, com sistema de ajuste de altura de piso. O edifício é equipado com oito elevadoresexclusivos para a brigada de incêndio.Em caso de emergência e necessidadede evacuação da torre, os elevadoresnormais podem ser utilizados porusuários de cadeiras de rodas.

Escritórios: do 7o ao 77o andarO pavimento-tipo possui 3,3 mil m²,2,8 m de pé-direito e piso elevado a 15 cm. Também podem serencontrados pavimentos com 3 m de pé-direito e piso elevado a 30 cm.Os escritórios podem abrigar umapopulação total de 12 mil pessoas.

Hotel: do 79o ao 93o andarO hotel Hyatt Group contará com 180quartos de 60 m² cada.

Shopping center: B2, B1, 2F e 3FCom 13,6 mil m², disporá de 60 lojas e restaurantes.

Observatório no topoLocalizado a 472 m acima do solo, oobservatório do SWFC é mais alto do que oda CN Tower, no Canadá (447 m de altura).No 94o andar, um outro observatório, de700 m², com coberturas de 8 m de altura,abrigará shows e eventos.

Instalações para conferências: 3o

ao 5o pavimentoEspaço multifuncional com infra-estruturade alta performance e equipamentos deúltima geração.

94o ao 100o

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492 m101o pavimento

bem os esforços causados pelo ventoe terremotos. Mas como garantir oconforto dos usuários diante dessasvibrações estruturais causadas pelaação do vento? Apesar de reduziremo movimento oscilatório causadopela ação eólica, algumas das solu-ções estruturais adotadas na torrechinesa – como os braços diagonais

e estrutura tubular dupla – não se-riam suficientes para reduzir o des-conforto dos usuários.

Projetados para minimizar a os-cilação da estrutura, a instalação dedois atenuadores dinâmicos sincro-nizados antivento (em inglês, anti-wind tuned mass dampers) no topodo edifício, promovem a redução de

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BalançoconcretoEdifício da unidadeTatuapé do Hospital eMaternidade São Luiztem complexo sistemade distribuição decargas. Área em balançochega a 1.296 m²

Os balanços escalonados do edifí-cio que abrigará a nova unidade

do Hospital e Maternidade São Luiz,no bairro do Tatuapé, em São Paulo,diferenciam a construção de seu en-torno. Presentes nos quatro cantosdo edifício, foram a proposta do ar-quiteto Siegbert Zanettini para evi-tar que o conjunto parecesse umamonótona caixa quadrada "enterra-da" no chão.

A ousadia arquitetônica deman-dou soluções complexas de engenha-ria para viabilizar a construção da es-trutura em concreto armado. Doponto de vista do projeto estrutural,foi preciso "pendurar" os primeirosandares a uma estrutura mais rígida,no quarto pavimento. Na execução,foi necessário manter um sistema deescoramento permanente, com torresmetálicas, que chegou a vencer umaaltura de mais de 15 m entre a laje doquarto andar e a do terceiro subsolo.

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de materiais, farmácia e vestiários mé-dico e de enfermagem.

Do quarto ao último pavimento –onde ficarão os quartos de internação– hospital e maternidade ocuparãotorres independentes, conectadas porpassarelas metálicas. Entre as torres,apenas um jardim externo no quarto

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LocalizaçãoAntes da inauguração do edifício

no Jardim Anália Franco, o Hospitale Maternidade São Luiz contavacom duas unidades em São Paulo,uma no bairro do Itaim Bibi e outrano Morumbi, ambos na zona Sul dacapital paulista. O novo local foi es-colhido para atender à demanda dosmoradores da zona Leste, que preci-savam atravessar a cidade para che-gar a esses locais.

O terreno ocupa a área de umaquadra inteira de 8 mil m². SegundoJosé Alberto Ramos D'Oliveira, dire-tor técnico da Porte Construtora, queexecutou o empreendimento, essa ca-racterística lhes garantiram maiortranqüilidade com a logística da obra."Não se tratava de um canteiro aper-tado, com restrições ao trânsito de ca-minhões", ressalta.

O edifício de sete pavimentos di-vide-se em dois blocos, um para asinstalações do hospital, outro para amaternidade. Os três primeiros pavi-mentos são unidos e abrigarão ativi-dades similares. No primeiro andar fi-

carão a UTI tradicional e a UTI neo-natal; no segundo pavimento, o centrocirúrgico e o obstétrico; e no terceiro,um andar técnico receberá os equipa-mentos que alimentarão o andar infe-rior com energia, água e gases. A re-gião central desses pavimentos terááreas de serviço comuns, como centro

RESUMO DA OBRA

Edifício: Hospital e Maternidade São LuizCidade: São PauloÁrea do terreno: 7.950,00 m² Área total construída: 43.816,55 m²Pavimentos: 7Subsolos: 3 Leitos: 279 Vagas de garagem: 380Salas de cirurgia: 18Salas de parto: 11

Laje do andar técnico terá armadura reforçada para abrigar os pesados equipamentosque alimentarão salas de cirurgia do segundo pavimento

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Parede lateral, que tem função estrutural, retransmite parte da carga do edifício às paredes frontais do 3o pavimento.

A estrutura do primeiro, do segundo e do terceiro pavimento está pendurada portirantes presos a vigas de transição no quarto pavimento.

Parede frontal, uma viga de mais de 3 m de altura, apóia-se no pilar principal, na extremidade do edifício, e retransmite a ele os esforços do edifício.

Pilares em "U", nas extremidades do edifício, recebem maior parte de sua carga.Parte do carregamento é distribuída aos pilares do térreo, cada um com 1,5 m

de diâmetro.

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pavimento.Apoiado sobre elas,na co-bertura, um heliponto em estruturametálica e steel deck.

Segundo Zanettini, estima-se queem um hospital desse porte o númerode pacientes externos que transitam nolocal gire em torno de 1.500 a duas milpessoas por dia. Se os fluxos não forembem planejados, a movimentação des-ses pacientes e de seus acompanhantespode atrapalhar as demais atividadesdo hospital. "Não é o que ocorre nesseedifício", afirma o arquiteto. As entra-das principais da maternidade e dohospital ficam no térreo, respectiva-mente ao nível das ruas Francisco Ma-rengo e Corta-vento; o pronto-socorroe o centro de diagnósticos, locais de

maior movimentação, estão no pri-meiro subsolo,do lado oposto,no nívelda rua Antônio Camardo. Com isso, ospacientes que precisam dos serviços dopronto-socorro são atendidos na ruade baixo e quase não interferem no dia-a-dia do hospital. "O paciente só entrano hospital se precisar ser internado ouoperado; do contrário,volta para casa",raciocina Zanettini. "Isso dará ao restodo hospital maior sensação de ordem elimpeza."

EstruturaO hospital começou a ser cons-

truído há pouco mais de 40 meses. Oprojeto original concebia o edifícioem estrutura metálica, uma das "mar-

cas registradas" do arquiteto SiegbertZanettini. Mas os custos decorrentesda escolha desse partido estrutural se-riam maiores do que a opção peloconcreto armado, segundo os cons-trutores. D'Oliveira conta que, poucoantes do início das obras, o compara-tivo entre as soluções mostrava umaeconomia de cerca de 20% em favordo método tradicional. Argumentosuficiente para a alteração: sai o aço eentra o concreto armado.

O novo projeto estrutural ficousob responsabilidade da CEC (Com-panhia de Engenharia Civil), escritó-rio do engenheiro Virgílio Ramos. Seudesafio era viabilizar a execução doprojeto arquitetônico de Zanettini, so-bretudo os balanços escalonados nasextremidades do edifício. Com umprojeto racional, usando armadurasdensas apenas nos pontos mais críticosda estrutura,o engenheiro venceu comtranqüilidade esse desafio. E com umdiferencial: a taxa de aço ficou abaixodos 100 kg/m³ de concreto.

Por serem dinâmicos e constante-mente mutantes,os edifícios hospitala-res demandam flexibilidade de layout.Dessa forma, as lajes precisam ser con-cebidas de maneira a atender eventuaisnecessidades de cortes e furos paranovas instalações. Por esse motivo, ne-nhuma das lajes do edifício conta comprotensão: todas são planas, apoiadassobre pilares espaçados de 7,2 m.

O que mais chama a atenção noedifício é a dinâmica de distribuiçãode cargas nos três primeiros pavimen-tos, de transição. Ali, todas as paredes

2 x 3 N46 ø12.5 C=COR

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C=665ø

Armações inclinadas

Fixação parafusada da estrutura metálica do heliponto proporcionou agilidade namontagem e permitiu melhor tratamento superficial contra corrosão

Bielas comprimidas inclinadas a 45º foram a solução do projetista Virgílio Ramos para reduzir a deformaçãolenta da estrutura na região dos balanços

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de fechamento são feitas de concretoarmado e têm função estrutural. Naregião dos balanços, as paredes late-rais, mais longas, recebem carga dospavimentos superiores e a retransmi-tem às paredes frontais do terceiro pa-vimento. Essas paredes – na verdadeduas vigas de mais de 3 m de altura –têm a função de retransmitir os esfor-ços aos dois pilares principais, nas ex-tremidades do edifício. Em formatode "U", esses pilares enclausuram es-cadas do hospital e da maternidade.

Como são elementos importantesno sistema estrutural do edifício, asparedes laterais receberam reforçospara garantir a durabilidade no longoprazo. Além das tradicionais arma-ções horizontais e verticais, Virgílioadicionou às paredes bielas de com-pressão inclinadas a um ângulo de45º, de forma a minimizar a deforma-ção lenta do elemento.

A laje do andar técnico,no terceiropavimento, também exigiu do proje-tista um tratamento diferenciado.Base para os equipamentos que ali-mentarão o centro cirúrgico,ela preci-sava, ao mesmo tempo, suportar car-gas pontuais bastante elevadas e per-mitir futuras modificações de layoutno pavimento. Por isso, não era possí-vel posicionar vigas de apoio na re-gião: como em quase todos os demaispavimentos do edifício,Virgílio a pro-jetou como laje plana, nesse caso com30 cm de espessura.

ExecuçãoComo era de se esperar, a com-

plexidade da estrutura de transiçãodo edifício demandou procedimen-tos de execução meticulosamenteplanejados. E nessa fase da obra, odestaque ficou com o sistema de es-coramento das lajes.

Sob a estrutura aparente, o hospi-tal tem três subsolos, em que funcio-narão – além do pronto-socorro e docentro de diagnósticos – almoxarifa-do, refeitório, vestiário de funcioná-rios e um estacionamento com 380vagas. Segundo Carlos Alberto Alar-con, engenheiro da Portella Alarcon,empresa responsável pela execuçãodas fundações da obra, foram cerca de

11 m de escavação, do térreo à cotamais baixa dos subsolos.

Por outro lado, toda a estrutura,do primeiro ao terceiro pavimento,está pendurada por tirantes a vigas detransição no quarto pavimento. Por-tanto, não era possível adotar uma se-qüência executiva de lajes tradicio-nais. Todos esses pavimentos deve-riam permanecer apoiados até a curacompleta da laje do quarto andar.

De início, imaginava-se economi-camente inviável manter todas as lajesapoiadas sobre escoramentos metáli-cos, durante cerca de dois meses, doterceiro subsolo ao quarto pavimento.Tanto que o projeto executivo inicialdas lajes dos pavimentos de transiçãoprevia o escoramento com pilares pro-visórios, apoiados sobre fundações noterceiro subsolo. Com isso seria possí-

vel dispensar o escoramento perma-nente e os custos com aluguel do equi-pamento.No entanto,após uma roda-da de negociações com o fornecedor, aPorte Construtora viabilizou a solu-ção: escoramento com torres metáli-cas triangulares do terceiro subsolo aoquarto pavimento.

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Detalhe da interface entre os caixilhos e a estrutura metálica das passarelas: amortecedoresprotegem o fechamento em vidro contra a movimentação da estrutura

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Armações reforçadas

Detalhe do reforço das armações eplanta do 3o pavimento

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metálicas à cobertura do edifício. Issolimitava o peso das peças, que deve-riam "caber" na capacidade de cargado equipamento. Por isso, o engenhei-ro precisou conceber uma estruturacomposta de peças menores e de mon-tagem rápida,para não estender muitoo tempo de locação do guindaste.

"Todas as ligações eram aparafusa-das", relata Freire. Segundo o enge-nheiro,a solução garantiu a montagemem apenas um fim de semana. Alémdisso, seria possível aplicar um melhortratamento superficial às peças, comgalvanização a fogo.

Um risco bastante comum namontagem de estruturas aparafusa-das, segundo Freire, é o da incompati-bilidade dos furos nos encontros daspeças. Isso exigiria improvisos quecausariam atrasos no processo de exe-cução e, conseqüentemente, aumentodos custos com a montagem. A causamais provável são os erros de projeto,já que os desenhos das peças são gera-dos em documentos digitais separa-dos, mais suscetíveis a incompatibili-dades. Freire acredita que conseguiueliminar esses problemas na obra doHospital São Luiz trabalhando comum software de desenho de estruturasmetálicas finlandês que utiliza a tec-nologia BIM (Building InformationModeling). Com a ferramenta, contao engenheiro, foi possível projetar aestrutura diretamente em 3D, a partirdo qual se geraram todos os desenhospara a produção das peças e assim ve-rificar os desenhos apresentados pelofabricante da estrutura.

Renato Faria

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FICHA TÉCNICA

Construtora: Porte Construtora Ltda.Arquiteto responsável: SiegbertZanettiniFundações: Portella AlarconProjeto da estrutura de concreto:CEC (Companhia de Engenharia Civil)Instalações: MHA EngenhariaProjeto da estrutura metálica:Edatec/Carlos Freire Escritório técnicoAcústica:Alexandre SresnewskyPaisagismo: Marta Gavião

O sistema ficou escorado até os 28dias de idade da laje do quarto pavi-mento. O descimbramento foi feito daspontas dos balanços para o centro,commedições rigorosas do nivelamentonesses pontos para acompanhamentodas deformações. A medição do dia se-guinte à retirada do escoramento mos-trou a deformação imediata de 3 mm,bem abaixo dos 11 mm previstos. Doismeses depois, com toda a estrutura doedifício pronta, a deformação observa-da foi de 9 mm, que segundo Virgíliopermite projetar uma deformação lentafinal inferior à esperada, de 39 mm.

HelipontoQuando chegou para o engenhei-

ro projetista Carlos Freire, o projetooriginal do heliponto do hospitalhavia sido concebido em estruturametálica. Sua tarefa era reduzir ocusto da estrutura,mantendo suas ca-racterísticas e o design imposto peloprojeto de arquitetura.

As dimensões mínimas de um he-liponto são definidas de acordo como tamanho do helicóptero de projeto.De acordo com Freire, elas devem ser1,5 vez maiores do que a distânciaentre a ponta do rotor principal e aponta do rotor de cauda da aeronave.

No caso da unidade Tatuapé do Hos-pital São Luiz, as dimensões originaisdo heliponto abrangiam uma área de24 m x 24 m, suficientes para receberum helicóptero de performance Clas-se I, de maior porte. A aeronave deprojeto inicial, segundo o engenheiro,era um Sykorsky.

No entanto, helicópteros de Clas-se I não são dos mais comuns noscéus da capital paulista. "Apenas o ex-governador Geraldo Alckmin costu-mava utilizar um desses helicópteros.O atual governador, José Serra, utilizaum Esquilo [helicóptero de perfor-mance Classe 3]", explica o engenhei-ro,que é também piloto.Dessa forma,optou-se por reduzir a área do heli-ponto do hospital para 21 m x 21 m,adotando-se o Dauphin como heli-cóptero de projeto. Mesmo com a al-teração, a totalidade das aeronaves deresgate operando em São Paulo seriaatendida com tranqüilidade. "A pro-babilidade de operação de um Syko-rsky no local era muito pequena",afirma Freire. A redução de custoscom o heliponto foi de 20%, explica.

A montagem da estrutura ocorreuem um momento em que não haviamais grua na obra. Foi necessário con-tratar um guindaste para alçar as peças

Painéis de eletricidade e tubulações hidráulicas e de gás são rapidamente acessadospor shafts presentes em todos os andares do edifício

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Detalhe do reforço dasarmações dos pilares em “U”

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de fechamento são feitas de concretoarmado e têm função estrutural. Naregião dos balanços, as paredes late-rais, mais longas, recebem carga dospavimentos superiores e a retransmi-tem às paredes frontais do terceiro pa-vimento. Essas paredes – na verdadeduas vigas de mais de 3 m de altura –têm a função de retransmitir os esfor-ços aos dois pilares principais, nas ex-tremidades do edifício. Em formatode "U", esses pilares enclausuram es-cadas do hospital e da maternidade.

Como são elementos importantesno sistema estrutural do edifício, asparedes laterais receberam reforçospara garantir a durabilidade no longoprazo. Além das tradicionais arma-ções horizontais e verticais, Virgílioadicionou às paredes bielas de com-pressão inclinadas a um ângulo de45º, de forma a minimizar a deforma-ção lenta do elemento.

A laje do andar técnico,no terceiropavimento, também exigiu do proje-tista um tratamento diferenciado.Base para os equipamentos que ali-mentarão o centro cirúrgico,ela preci-sava, ao mesmo tempo, suportar car-gas pontuais bastante elevadas e per-mitir futuras modificações de layoutno pavimento. Por isso, não era possí-vel posicionar vigas de apoio na re-gião: como em quase todos os demaispavimentos do edifício,Virgílio a pro-jetou como laje plana, nesse caso com30 cm de espessura.

ExecuçãoComo era de se esperar, a com-

plexidade da estrutura de transiçãodo edifício demandou procedimen-tos de execução meticulosamenteplanejados. E nessa fase da obra, odestaque ficou com o sistema de es-coramento das lajes.

Sob a estrutura aparente, o hospi-tal tem três subsolos, em que funcio-narão – além do pronto-socorro e docentro de diagnósticos – almoxarifa-do, refeitório, vestiário de funcioná-rios e um estacionamento com 380vagas. Segundo Carlos Alberto Alar-con, engenheiro da Portella Alarcon,empresa responsável pela execuçãodas fundações da obra, foram cerca de

11 m de escavação, do térreo à cotamais baixa dos subsolos.

Por outro lado, toda a estrutura,do primeiro ao terceiro pavimento,está pendurada por tirantes a vigas detransição no quarto pavimento. Por-tanto, não era possível adotar uma se-qüência executiva de lajes tradicio-

nais. Todos esses pavimentos deve-riam permanecer apoiados até a curacompleta da laje do quarto andar.

De início, imaginava-se economi-camente inviável manter todas as lajesapoiadas sobre escoramentos metáli-cos, durante cerca de dois meses, doterceiro subsolo ao quarto pavimento.Tanto que o projeto executivo inicialdas lajes dos pavimentos de transiçãoprevia o escoramento com pilaresprovisórios, apoiados sobre funda-ções no terceiro subsolo. Com issoseria possível dispensar o escoramen-to permanente e os custos com alu-guel do equipamento. No entanto,após uma rodada de negociações como fornecedor, a Porte Construtora via-bilizou a solução: escoramento comtorres metálicas triangulares do ter-ceiro subsolo ao quarto pavimento.

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Detalhe da interface entre os caixilhos e a estrutura metálica das passarelas: amortecedoresprotegem o fechamento em vidro contra a movimentação da estrutura

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Armações reforçadas

Planta do 3o pavimento com as posições dos pilares

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ALVENARIA ESTRUTURAL

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Há alguns meses, já é possível utili-zar blocos de concreto estrutu-

rais mais delgados em construções demenor porte, como casas e sobrados.A novidade está na revisão da NBR6136, que unificou as normas brasilei-ras de blocos de concreto.

Antes da revisão, duas normas re-giam as características físicas dosblocos de concreto – a própria NBR6136, de 1994, para blocos estrutu-rais; e a NBR 7173, de 1982, para blo-cos de vedação. Mas com a evoluçãodas pesquisas com concreto, sobretu-do a NBR 6136 tornou-se obsoleta. Oaumento das resistências obtidas domaterial permitia o desenvolvimentode peças de concreto com dimensõesmenores e com mesmo fbk. Foi o queocorreu em 1997, quando a fábricade blocos Glasser criou blocos comparedes menos espessas, sem perdasignificativa de resistência. "São pe-ças com características mais econô-micas", afirma o arquiteto LucianoPradella Zöllner, da Glasser, que par-ticipou da equipe técnica de revisãoda norma.

Junto com o IPT (Instituto de Pes-quisas Tecnológicas do Estado de SãoPaulo), foram realizados diversos en-saios no novo produto – resistência àcompressão do bloco, do prisma, deparedes inteiras, flexocompressão ecisalhamento. Em 1998, como teste,foram erguidos dois prédios com ca-racterísticas idênticas, cada um cons-truído com um tipo de bloco de con-creto estrutural – o novo e o tradicio-nal. Avaliado pela entidade paulista, o

Blocos delgadosCom a evolução tecnológica, foi possível criar blocos estruturais de concretosimples mais leves. Norma revisada adapta-se à nova realidade

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go”, lembra Cláudio Vicente MitidieriFilho, pesquisador do IPT.

A nova norma também teve adi-cionada a seu texto a classe D (fbk ≥ 2MPa), com as especificações para blo-cos de concreto sem função estrutural(somente vedação), objeto da antigaNBR 7173/82.

A estimativa de redução de custosna compra de blocos pelos construto-res é de aproximadamente 10%. Alémdisso, é possível haver ganhos de pro-dutividade, já que os novos blocos sãocerca de 2,5 kg mais leves que seus si-milares de classes A e B. "Em 1 m2 deparede, são 30 kg a menos. A paredefica mais leve e a mão-de-obra, maisprodutiva", explica o arquiteto CarlosAlberto Tauil, que também acompa-nhou a revisão da norma. Ele lembraque é possível, com peças mais leves,haver barateamento do frete.

Além da NBR 6136, também foicriada a NBR 12.118, que regulamen-ta o método de ensaio dos blocos va-zados de concreto simples. Quandoforem adquiridas, ambas devem seracompanhadas de emendas ao textoprincipal, publicadas no último dia 10de janeiro de 2008.

Renato Faria

ram,mas uma outra categoria foi acres-centada:a classe C (fbk ≥3 MPa),que re-gulamenta os novos blocos. Além deadmitir blocos estruturais com paredeslongitudinais e transversais menos es-pessas, de 18 mm, a norma permite,ainda, que blocos de 9 cm de largurasejam usados na construção de imóveisde um pavimento e blocos de 11,5 cmde largura, em sobrados. Para constru-ções maiores, devem ser utilizados osblocos de 14 cm e 19 cm de largura.“Entretanto,para a definição da largurado bloco a ser adotado, devem ser con-siderados outros parâmetros de de-sempenho além do comportamentoestrutural, como conforto térmico, de-sempenho acústico, resistência ao fo-

Espessura de parede�Admite blocos estruturais, na classe C,com paredes menos espessas (18 mm). A norma anterior só admitia blocos com,no mínimo, 25 mm de espessura.Aplicação� Blocos de 9 cm e 11,5 cm de largura, daclasse C, podem ser utilizados na

construção de casas térreas e sobrados,respectivamente. Antes, esses imóveis sópoderiam ser construídos com blocos de14 cm ou 19 cm de largura.Classificação�A norma inclui especificações de blocosde concreto de vedação, classe D, antesabordada por norma específica (NBR 7173)

O que mudou na norma

comportamento estrutural de ambasas construções mostrou-se o mesmo.

Estava aberto o caminho para bara-tear os custos de construções popula-res, obras de menor porte, como casas,sobrados e prédios de até cinco pavi-mentos. Entretanto, como os novosblocos não estavam previstos em nor-mas técnicas, não era possível obter fi-nanciamento para execução das obras.

Foi solicitada, em 1999, ao CB-18,Comitê de Cimento, Concreto e Agre-gados da ABNT (Associação Brasilei-ra de Normas Técnicas), a abertura deprocesso de revisão da NBR 6136. Ostrabalhos se estenderam por mais deseis anos, até a conclusão do texto, nofinal de 2006.

TextoA mudança fundamental da nor-

ma está na classificação dos blocos deconcreto. A NBR 6136, de 1994, quetratava apenas dos blocos estruturais,os dividia em classes A,mais resistentes(fbk ≥ 6 MPa) e B (fbk ≥ 4,5 MPa). Até2006, qualquer construtor que preten-desse executar uma casa ou sobradoem alvenaria estrutural respeitando asnormas técnicas tinha que usar, pelomenos, blocos da classe B – peças maispesadas e maiores, com, no mínimo,14 cm de largura.

No documento revisado, essas clas-ses de blocos estruturais se mantive-

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Confira as principais alterações da NBR 6136 no site da Téchne www.revistatechne.com.br

Antes de ser solicitada a revisão da NBR 6136, novo bloco passou por diversos ensaios

Confira algumas alterações na NBR 6136 – Blocos Vazados de Concreto Simples

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TILT-UP

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Executar as paredes na horizontal,erguendo-as prontas depois "é

uma prática adotada desde o ImpérioRomano", conta Ercio Thomaz, enge-nheiro civil, pesquisador do Cetac(Centro Tecnológico do AmbienteConstruído), do IPT (Instituto dePesquisas Técnológicas do Estado deSão Paulo).No século 19,as edificaçõesde madeira também eram feitas dessaforma – e até hoje nos Estados Unidos.

Só no início do século 20, o méto-do foi reconhecido como sistemaconstrutivo e passou a ser chamado detilt-up, que significa colocar paracima ou de pé. No Brasil virou marcaregistrada da Construtora WalterTorre Jr. "A invenção é atribuída a

Jogo de montarQuando é impossível recorrer ao pré-moldado industrializado, o tilt-up viabiliza projetos de grande porte, vence distâncias, otimiza custos e agiliza prazos

Thomas Edison, em 1906", ensina oengenheiro civil Francisco Oggi, con-sultor em sistemas construtivos.

O precursor do tilt-up foi o arqui-teto construtor americano RobertAiken, que em 1909 experimentou anovidade na construção do frontal daIgreja Metodista em Zion-Illinois, nosEstados Unidos. Ele construiu a pare-de pré-moldada de concreto sobreum estrado, que depois foi elevadopor uma plataforma basculante,levando-a até a posição final.

Após a Segunda Guerra Mundial,o tilt-up evoluiu e passou a ser muitoempregado nos Estados Unidos emgalpões industriais. "Com o surgi-mento das máquinas de içamento e

das grandes centrais de concreto, nadécada de 50, o método tomou im-pulso e hoje é referência em sistemaconstrutivo", conta o engenheiro civilFrancisco Caçador, diretor técnico daWTorre Engenharia, construtora es-pecializada no sistema.

A partir de então, o tilt-up virousinônimo de processo pré-moldadoem canteiro. As peças são fundidassobre o piso e depois içadas para olocal definitivo. As paredes são auto-portantes, e as lajes e a cobertura têma função de "travar" o conjunto. Issoelimina pilares periféricos e exigemenos elementos de fundação.

No Brasil, o tilt-up chegou em 1989por meio da Sociedade Torre de Vigia,"para a construção de seu parque gráfi-co com 210 mil m2 e mil apartamentos,em Cesário Lange (SP)", lembra Oggi.Quatro anos depois, foi introduzido co-mercialmente pela WTorre Engenharia.

DifusãoHoje o tilt-up é um sistema consa-

grado e aplicado de Norte a Sul no ter-ritório nacional, e em todos os conti-nentes do planeta, tornando exeqüí-veis projetos de grandes dimensões eassegurando maior controle da obra."Depois de 14 anos, no Brasil já exis-tem vários projetistas e, pelo menos,seis construtoras habilitadas no siste-ma", afirma Oggi. "Não é mais neces-sário importar os acessórios.Ao longodesse tempo, foram desenvolvidosfornecedores de insertos e de escoraspara o sistema", argumenta.

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Indicado para obras de um pavi-mento, com pé-direito de até 15 m,como galpões industriais, armazéns,centros de distribuição e edifícios cor-porativos, o tilt-up também pode ser ométodo construtivo de edifícios verti-cais,casas em larga escala,reservatórios,monumentos, shoppings e até estádios.

"Com a falta de mão-de-obra, atendência é o uso do tilt-up, que fun-ciona como uma linha de montagem",prevê Caçador. "Os custos com trans-porte e impostos, muitas vezes, invia-bilizam o pré-moldado industrializa-do", acrescenta o engenheiro civil Car-los Eduardo Carbone, diretor comer-cial da Carbone Construtora, que tra-balha há sete anos com o sistema. "Otilt-up é como uma fábrica itinerante.Equipamento, material e mão-de-obrasão locais. Só levamos o know-how, ogerenciamento e o armador", justifica.

QualidadesDe acordo com Rosa Pezzini, ar-

quiteta da WTorre Engenharia, o tilt-up é eficiente porque não exige trans-porte, otimiza o canteiro, as fôrmassão reutilizáveis e permite os mais va-riados desenhos, dimensões e formas."Se comparado ao pré-moldado in-dustrializado, possibilita a personali-zação do produto – com a inserção defrisos ou relevos variados – e o envol-

vimento do projetista no sistema",alega. A montagem é mais segura doque o processo tradicional, porque"não usa andaimes e os operários nãoficam pendurados", enfatiza Caçador.

Ele aponta a versatilidade de aca-bamentos externos como mais umaqualidade do sistema. "É possível agre-gar desde cerâmica até pedra", explica.Mas Oggi afirma que 99% das obrassão acabadas com pinturas lisas outexturizadas, facilmente obtidas com aaplicação de tinta diretamente no pai-nel, ou com a incorporação de formli-ners estampados.

"O sistema tilt-up permite expan-sões e mudanças de layout de maneirasimples, mediante o deslocamento depainéis ou a abertura de vãos, pormeio do corte do painel, sem demoli-ções e remendos", descreve Caçador.

Além das vantagens acima, o tilt-up é limpo, pois não desperdiça ma-deira e concreto (que vem dosado),gerando baixo resíduo; racional, por-que é um sistema planejado e propor-ciona ganhos em espaço interno; rá-pido – entre fabricação e montagem

� O piso de concreto deve ter entre 12 cme 15 cm;� O pavimento deve ser nivelado a laser eresistir à flexão, compressão e abrasão,bem como apresentar planicidade eacabamento final liso;�Cerâmica e outros materiais podem serincorporados ainda na moldagem, exigindoespaçadores especiais que determinam aregularidade das juntas entre as peças;

� Quando não for possível escorar pordentro, deve-se prever fundaçãoprovisória ou bloco de concreto para oapoio das escoras;�As escoras devem formar um ânguloentre 45o e 60o com o piso;� Correções de prumo podem ser feitasna rosca sem-fim da escora;� Um calço provisório na fundaçãogarante o ajuste de nivelamento da placa.

Dicas de execução

das peças, é possível formar a caixa doprédio em quatro a cinco semanas –; eeconômico, uma vez que é feito emcanteiro, com mão-de-obra local enão-especializada, e não requer o re-colhimento de IPI nem de ICMS.

ViabilidadeAntes de decidir pelo sistema, é

necessário avaliar uma série de fato-res. O primeiro é a disponibilidade deguindastes, concreto e aço na regiãoonde será erguida a edificação. Deacordo com Carbone, no litoral, ondehá a proximidade com portos, a ofer-ta de equipamentos é maior; em esta-dos da região Centro-Oeste é mais di-fícil encontrá-los.

O custo do aluguel e a taxa de mo-bilização do equipamento tambémdevem ser computados."Em Fortaleza,mesmo sendo uma cidade portuária, ahora do guindaste pode chegar a até R$1.200", exemplifica o engenheiro.

A condição de acesso ao local daobra é outro item a ser considerado.Em zonas centrais, onde o trânsito doequipamento é restrito ou dificultado,o tilt-up acaba sendo desvantajoso.

É necessário levar em conta o perí-metro, para se certificar da viabilidadedo sistema. "Uma faixa de 12 m de lar-gura ao longo de uma das paredes comaos menos 50 m de comprimento jábasta para a preparação e a montagemdo sistema", recomenda Caçador.Conforme a área e o plano de logística,as placas podem ainda ser empilhadas,racionalizando o espaço interno.

Atendidos os pontos acima, a via-bilidade do sistema está diretamenterelacionada ao volume da obra. "Gal-

Uma das vantagens do tilt-up éfacilitar expansões e mudançasde layout, que podem serrealizadas com o deslocamentode painéis ou a abertura de vãos

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pões a partir de 3 mil m2 tornam oprocesso imbatível", afirma Carbone,que não indica o tilt-up para constru-ções pequenas e isoladas.

Projeto e dimensionamentoTomada a decisão pelo tilt-up, na

hora de projetar, é preciso atender àsnormas brasileiras NBR 9062 (parapré-moldados), NBR 6118 (para con-creto armado) e a americana ACI-318(específica para o sistema), "sempreadequando-se a peça à capacidade doequipamento disponível",diz Carbone.

Os painéis são moldados com con-creto com fck maior que 25 MPa e açoCA50 e apresentam dimensão médiade 5 x 18 m e espessura mínima de 12cm. No entanto, há exemplos de obrascom paredes de "até 28 m de largura e29 m de altura, pesando até 140 t", ar-

gumenta Oggi. Mesmo assim, o siste-ma não exige muita fundação: paracada painel, usa-se uma estaca.

Para o dimensionamento das pla-cas, Oggi lembra que se deve levar emconta as cargas verticais – o própriopeso no momento do içamento (con-dicionante do dimensionamento) e ascargas de lajes e coberturas –, cargashorizontais – ação dos ventos na horada montagem (plano de escoramento)e ação dos ventos depois de pronta –, ea flexão no plano do painel, devido àinterferência do contraventamento.

"As peças só são protendidas quan-do suas dimensões forem exorbitan-tes", justifica o engenheiro civil JoãoAlberto de Abreu Vendramini,especia-lista em estruturas e diretor técnico daEngenharia Vendramini. Ou quandose deseja economizar com o aço.

A versatilidade do sistema permi-te o planejamento das mais variadasformas e aberturas, estas últimas inti-mamente relacionadas às dimensõesdos painéis. "É possível atender a pra-ticamente todas as necessidades deabertura com uma paginação ade-quada", avisa Vendramini. Para edifí-cios verticais, o projeto deve prever asobreposição dos painéis.

Mecanismos para içamento e paraa solidarização das partes são planeja-dos ainda nesta etapa. São programa-dos insertos metálicos para as escoras(que devem medir 60% da altura daplaca); engastes, arranques, consoles,encaixes, barras de espera ou luvasrosqueadas para a união das peçascom piso, lajes e cobertura. "São recur-sos similares aos adotados nas cons-

truções pré-moldadas convencio-nais", ressalta Thomaz. "As paredessão justapostas e vedadas com juntasepoxídicas", esclarece Carbone. A es-trutura da cobertura é metálica, e astelhas podem também ser de concreto.

Logística"Na maioria dos casos, não é ne-

cessário o aumento de área para amontagem, uma vez que os painéispodem ser executados e montadosno interior da obra", afirma Vendra-mini. Conforme o número de placas,é possível otimizar o uso das fôrmas,planejando o reúso assim que com-pletado o perímetro da obra. Quan-do não há espaço suficiente, é possí-vel empilhar até seis painéis. Thomazlembra que "as primeiras peças fun-didas serão as últimas a serem mon-tadas". Segundo ele, a seqüência demontagem deve fazer parte de umplano bem elaborado, a fim de eco-nomizar com o aluguel de guindastese principalmente acelerar a solidari-zação do conjunto.

Esquema de içamentoA quantidade e o posicionamen-

to das pegas são determinados emfunção da geometria e do peso dasparedes. Segundo Vendramini, omais costumeiro é o emprego de doispares de quatro pegas com duas li-nhas. No entanto, se as placas foremirregulares, planeja-se mais cabos.Oggi diz que em uma mesma obra épossível ter diferentes configuraçõesde cabos.

Silvana Maria Rosso

A Carbone Construtora foi contratada pelaGomes da Costa para realizar uma série deobras em seu parque fabril, entre elas, aampliação da fábrica e dos depósitos deprodutos acabados para processamentode atum. Localizada à beira do rio Itajaí-Açu, a fábrica necessitava de fundações deestacas pré-moldadas. A solução foirecorrer a uma balsa, tanto para ainstalação de um bate-estacas quantopara o transporte da fundação. As vigas de

sustentação do piso foram moldadas inloco e apoiadas sobre toras de eucalipto,fixadas na própria estaca de concreto.Para a execução do piso, a construtoramontou uma estação de pré-moldados a100 m do local, onde foram fundidas aspré-lajes de concreto que serviram depoiscomo molde para o piso. Após a instalaçãodas pré-lajes sobre as vigas, o piso foicapeado e desempenado a laser, sendousado posteriormente como fôrma, tanto

para os painéis quanto para os pilares pré-moldados. Segundo Carlos Carbone,diretor comercial da Carbone Construtora,"os pilares foram usados para sustentaruma ponte rolante, que não poderiaapoiar-se diretamente no painel". Após oiçamento dos pilares, as paredes forammoldadas sobre o piso e fixadas nospróprios pilares com insertos metálicos.Neste caso, não foi necessário o uso deescoras provisórias.

Estrutura sobre o rio Itajaí-Açu

O custo do aluguel e a taxa paramobilização do equipamento sãofatores-chave para definir a viabilidadefinanceira do sistema

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A cada ligação entre duas placasusa-se uma estaca. O tilt-up exigemenos fundação do que o sistemaconvencional, que adota quatroestacas por pilar.

A qualidade do piso de concretoestá intimamente ligada ao sucessodo tilt-up, uma vez que os painéisserão moldados sobre ele. Opavimento deve ser executado comequipamentos de última geração,dotados de sistema de nivelamentoautomático a laser, com absolutagarantia de elevadas resistências àflexão, compressão e abrasão, bemcomo planicidade e acabamentofinal liso polido.

As fôrmas são montadas sobre opiso, definindo o desenho daestrutura e das aberturas em umaseqüência determinada previamente,visando ao melhor aproveitamento deárea. Para ajudar no deslocamento daplaca durante o içamento, aplica-sedesmoldante no piso. Nessa etapa,também podem ser incorporadosacabamentos, como cerâmica oupedra ou o formliner estampado.

Na próxima fase, a fôrma recebe aarmação e os insertos de ligação ede içamento.

Posicionados armação e insertos,inicia-se a concretagem dospainéis, que depois recebempolimento. Após atingida a curanos níveis de segurança exigidos,colocam-se manilhas/cabo de aço para início do içamento das paredes.

Quando não houver espaçointerno ou o edifício for vertical,os painéis podem ser empilhados.

O içamento da parede até o localdefinitivo é realizado por gruas ou guindastes.

Instalada na posição final, a placaé escorada provisoriamente atéque seja solidarizada no piso, naslajes e na cobertura.

A estrutura da cobertura e as lajes de pavimento travam o conjunto, permitindo a retiradadas escoras.

Passo-a-passo

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CONTENÇÕES – ESPECIAL 60 ANOS

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A comparação entre a evoluçãohistórica das contenções de talu-

des e dos aterros e a evolução das téc-nicas e tecnologias apenas brasileiraspara o mesmo fim têm uma seme-lhança marcante: a demanda pornovos conceitos. O desenvolvimentodas técnicas e tecnologias de conten-ção foi motivado pela expansão colo-nizadora européia, no século 16, querequereu a construção de estruturas

Terras estáveisSistemas de contenção de taludes mais modernos evitam perda de áreae permitem escavações mais profundas

de defesa e fortificações militares emterrenos bastante diversos.

Esses mesmos tipos de contençõeschegaram ao Brasil no século 18 paraserem aplicados em fortes costeiros,sendo adotados também para obrasportuárias e de contenções urbanas,na Bahia e no Rio de Janeiro, quandoda chegada da Corte portuguesa. "Adifusão só iria ocorrer com a expan-são das obras ferroviárias", especial-

mente a Estrada de Ferro de Petrópo-lis, em 1854, e a Companhia Estradade Ferro Dom Pedro II, em 1864, con-forme descrito no capítulo "Obras decontenção: tipos, métodos construti-vos, dificuldades executivas", do livroFundações – Teoria e Prática, editadopela PINI.

Uma vez que as contenções se di-videm entre obras de corte e de aterro,as demandas evolutivas também são

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Advento dos tirantes alterou a concepção das obras de contenção, que até então se baseavam no peso das estruturas e noreaterramento dos taludes

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diferenciadas. As primeiras geral-mente têm de lidar com a questão doespaço – e por isso são comuns emobras urbanas. Para as demais estádentre os maiores desafios manter oscustos baixos, assim como a demandapor mão-de-obra e materiais.

Tanto que, à época da escravidãono Brasil, surgiram os chamados"muros de cantaria". Os escravos,cantando – e daí vem o nome –, em-pilhavam pedras até que o peso fossesuficiente para conter o aterro a serexecutado. Eram os primeiros murosde gravidade, inspirados nas mais an-tigas obras de contenção da humani-dade, que remetem aos muros de al-venaria de argila na região sul da Me-sopotâmia, construídos entre 3.200 e2.800 a.C.

Os gabiões e o crib wall são a evo-lução natural dessa técnica. O ocasoda segunda, estrutura formada porelementos pré-moldados montadosem forma de fogueira e preenchidacom material local, se deu justamenteem virtude dos primeiros. "Não lem-bro de nenhum caso recente de uso decrib wall, o gabião tem execução maissimples", comenta Jaime DomingosMarzionna, da Engeos Engenharia eGeotecnia e professor assistente daEscola Politécnica da USP (Universi-dade de São Paulo).

Algo semelhante ocorre com osmuros de flexão e de contrafortes, quetêm o lastro na própria terra. Perde-ram espaço para a chamada terra ar-mada, em que há a formação de umcorpo monolítico que atua de formaúnica. Caso dos muros de geotêxteis,compostos por mantas dobradas. Osgabiões, versáteis, também estão pre-sentes nesse campo, quando recebemtelas compridas que atuam como ti-rantes e reforçam o solo. "Quando nãoé possível adaptar uma tecnologia, elacai em desuso", explica Marzionna.

Contenções com perfis metálicos e pranchões em madeira ou concreto surgiram paradiminuir as perdas de terreno

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Sistema anterior – Muro de pedra

Muro armado

Slump deancoragem

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Sistema atual – Muro de terra armada

EvoluçãoTecnologias mais modernas propiciam maior produtividade, melhoraproveitamento do terreno e escavações mais profundas e seguras

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Cortina executadaem cachimbos

Sistema anterior – Muro de cortina

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TirantesDrenos

Sistema atual – Muro de solo grampeado

Corte de talude

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causar problemas nos vizinhos. Já em1995, na edição de número 14, a Téch-ne trouxe uma reportagem sobre a exe-cução de paredes-diafragma para ob-tenção de garagens subterrâneas.Alter-nativas a essa tecnologia são as estacas-secante e até mesmo o solo grampeado.A primeira, há cerca de oito anos noBrasil, surgiu na Europa como formade evitar o uso da lama bentonítica. Osolo grampeado apresenta a desvanta-gem de não poder atuar como funda-ção para as lajes de subsolo."Hoje,alémdo desempenho, as soluções têm queatender às questões de espaço, custo eprazo", salienta Joppert.

A preocupação com os custospode ser observada no crescimentodo solo grampeado em detrimentodas soluções atirantadas. O primeiroevita o uso de caras cordoalhas neces-sárias ao atirantamento ao adotarbarras de aço CA-50, convencionais.Embora eficaz, exige mais cuidadopor não facultar rigoroso controletecnológico quando da execução.

Bruno Loturco

C O N T E N Ç Õ E S – E S P E C I A L 6 0 A N O S

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Aportes tecnológicosEm contrapartida, quando as tec-

nologias disponíveis não são suficien-tes para atender às exigências de de-terminada situação, novas técnicassurgem. Foi assim que, na década de1960, começaram a surgir no País asparedes-diafragma para a execuçãoda Linha 1 – Azul, do Metrô de SãoPaulo. Ao investir em pesquisa e téc-nicas construtivas, "o Metrô foi ogrande propulsor das contenções",conforme atesta Marzionna, que, em1979, participou da construção da Es-tação República do Metrô, que exigiuescavações de 30 m com parede-dia-fragma de 80 cm de espessura.

Outro fomentador das conten-ções foi o desenvolvimento da indús-tria automobilística nacional. Se atéos anos 1960 os prédios não tinhamsubsolo porque havia menos carros,na década de 1980 já "era usual ter atédois subsolos", conta Ivan Joppert,professor da Escola de Engenharia doMackenzie e sócio-diretor da Infraes-trutura Engenharia. Com mais car-

Confira outras reportagens da Téchne sobre conteções em www.revistatechne.com.br

ros, tornou-se necessário escavarmais, levando à interceptação do len-çol freático. "Passou a ocorrer a mi-gração da tecnologia das grandesobras para as residenciais", explica.

O desenvolvimento dos materiaisfoi fundamental para a evolução dascontenções. Atualmente o concretoprojetado com fibras vem ganhandoo espaço que antes era ocupado ape-nas pelas telas metálicas, por exem-plo. "Até surgirem os tirantes, o con-ceito era baseado no peso e no reater-ro", lembra Marzionna. Essa mudan-ça no conceito, apresentada na Téch-ne no 10, em 1994, foi fundamentalpara as obras urbanas, que passarama ocupar terrenos cada vez mais con-finados. "Por vezes o custo da cons-trução não é o da execução, mas doque se perde em relação ao metroquadrado da região", afirma Joppert.

Passaram a pautar as soluções trêsquestões, principalmente: esbeltez dacontenção para evitar qualquer perdade terreno, possibilidade de executar asfundações e a execução a prumo sem

Demanda por mais vagas de estacionamento levou ao uso intensivo dos subsolos, o que exigiu contenções que interceptassem olençol freático, caso das paredes-diafragma

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Envie artigo para: [email protected] texto não deve ultrapassar o limitede 15 mil caracteres (com espaço).Fotos devem ser encaminhadasseparadamente em JPG.ARTIGO

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Com este artigo, de forma resumida,será apresentado um roteiro para

implantação do PIGRC (Plano Inte-grado de Gerenciamento dos Resíduosda Construção Civil) nos municípiosde médio e pequeno porte.

O entulho começou a ser recicladoapós o término da 2a Grande Guerra.Na reconstrução das cidades euro-péias, houve a necessidade de aprovei-tar os escombros por falta de matéria-prima, cuja demanda era grande.

Com a aprovação da Resoluçãono 307, de 05/07/2002, pelo Conama(Conselho Nacional do Meio Ambien-te), foram criados instrumentos quedeterminam a responsabilidade do ge-rador do RCD (Resíduo de Constru-ção e Demolição). Pode-se citar comoresumo principal da Resolução no 307os seguintes itens:1) É pressuposto dessa resolução, alémdisso, que a responsabilidade pelos re-síduos é do gerador;2) Municípios e Distrito Federal de-vem implementar a gestão dos resí-duos da construção civil no Plano Inte-grado de Gerenciamento de Resíduosda Construção Civil, onde serão incor-porados o Programa Municipal de Re-síduos da Construção Civil e Projetosde Gerenciamento de Resíduos daConstrução Civil, oriundos de gerado-res de pequenos volumes, a partir de05/07/ 2003;3) Grandes geradores de RCD (nor-malmente acima de 1 m3) devem im-

Reciclagem de RCD de acordo com a resoluçãono 307 do Conama

plementar seus projetos de Gerencia-mento de Resíduos da ConstruçãoCivil, para estabelecer os procedimen-tos necessários ao manejo e destinaçãoambientalmente adequados dos resí-duos, a partir de 05/07/2004.

Com essa resolução, define-se aresponsabilidade do poder público eagentes privados para a implementa-ção de planos integrados de gerencia-mento dos resíduos de construção,criando condições legais para aplica-ção da Lei 9.605/1988 que define oscrimes ambientais.

Segundo a Resolução no 307 doConama os resíduos de construçãosão classificados em quatro categorias:Classe A – São os resíduos reutilizáveisou recicláveis como agregados de cons-trução, pavimentação e pré-moldados.Classe B – São os resíduos recicláveispara outras destinações, tais como:plástico, papel/papelão, metal, vidros,madeira e outros.Classe C – São resíduos onde nãoforam desenvolvidas tecnologias ouaplicações economicamente viáveispara reciclagem. Ex.: gesso.Classe D – São os resíduos perigososoriundos do processo de construção oudemolição, tais como: tinta, solvente,

óleo, de clínicas radiológicas e outros.O desenvolvimento das cidades

brasileiras aumenta a demanda pornovas moradias, ao mesmo tempo emque surge a construção de novas in-dústrias, estradas, obras-de-arte eobras de infra-estrutura. Isso mostra aimportância do ramo da construçãocivil no crescimento do País e a in-fluência das construções no meio am-biente. Tais projetos são desenvolvi-dos, geralmente, sem levar em contaos impactos ambientais que, cada vezmais agridem o meio ambiente. Hánecessidade de se construir uma basede conhecimento que sirva de refe-rência para a resolução dos problemasambientais, tais como a poluição, olixo e a geração de resíduos.

A partir da Resolução no 307 doConama verifica-se a necessidade daelaboração de um diagnóstico da si-tuação atual do entulho nos municí-pios. Por meio dele, é possível conhe-cer o modo como municipalidade einiciativa privada (construtores e co-letores) vêm tratando o assunto, alémde avaliar possíveis impactos ambien-tais, econômicos e sociais causadospor deposições irregulares.

Responsabilidade do poder públicoElaborar um Plano Integrado de

Gerenciamento dos Resíduos daConstrução Civil, tendo como objeti-vos gerais:a) Aprender a visão de diversos atores

José Roberto TrocaEngenheiro civil da Prefeitura

da Lavras (MG)

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sociais envolvidos nas práticas de gestãode resíduos. Portanto trata-se de umapesquisa acadêmica que inclui diferen-tes olhares sob o mesmo fenômeno;b) Centrar a atenção em diversos as-pectos que circunscrevem a realidadeinvestigada, políticas públicas, pro-cesso de reciclagem, repercussões so-cioeconômicas e ambientais associa-das às práticas de gestão de resíduosoriundos das atividades de constru-ção civil.

Visando o protocolo da pesquisaquantitativa e qualitativa, deve-setomar como objetivos principais:1) Estimar a quantidade de entulho ge-rado no município;2) Identificar atuais locais utilizadoscomo depósitos de entulho da constru-ção civil na cidade, legais e clandestinos,bem como os impactos por eles gerados,seja social, econômico ou ambiental;3) Realizar pesquisa junto às principaisconstrutoras atuantes na cidade paraverificar os possíveis impactos que aResolução no 307 do Conama geraráem suas atividades e a existência de al-guma política de gestão de entulho naprópria obra;4) Pesquisar, junto aos proprietários deempresas de caçambas, dados sobre aquantidade de entulho recolhido e pon-tos de destinação por eles utilizados;5) Elaborar diretrizes que venham acorroborar com o destino correto doRCD no município.

Essa pesquisa deve ser minuciosa,bem elaborada e por um período omaior possível, que é para espelhar arealidade do município. Coletar dadoscom todas as empresas transportado-ras, pequenos veículos e carroças espa-lhados em "ponto de aluguel".

Grande parte dos resíduos é gera-da por população de baixa renda, empequenas quantidades acumulativas,gerando custo elevado ao poder pú-blico para retirada do mesmo cons-tantemente.

Serão tratados apenas os resíduosgerados por atividades de construção,de manutenção e demolição, conheci-dos por resíduos de construção e de-molição (RCD) ou entulho de obra.Para garantir o referido rigor, deve-seoptar por desenvolver no mínimo trêsetapas, ou seja, pela aplicação combi-nada de técnicas de coleta de dados.

A quantidade dos resíduos geradospela construção civil no municípiodeve ser levantada por informações dediversas fontes, para compor dadosgerais sobre o assunto.

Pesquisa realizada na cidade de Lavras (MG)

Para a quantificação desses resíduosde construção e demolição, foi utilizadoum método desenvolvido pela I&T (In-formações e Técnicas), (Pinto, 1999). Ométodo agrega estimativas geradas apartir de dados sobre novas edificaçõese dados sobre a coleta de RCD em refor-mas e demolições. São apresentados,nos itens seguintes, em detalhes, os pro-cessos utilizados para a estimativa daquantidade de resíduos gerados pelaconstrução civil na pesquisa desenvolvi-da na cidade de Lavras (MG).

Na primeira etapa foram identifi-cadas todas as áreas clandestinas e au-torizadas que recebem RCD; no anode 2005, o Codema identificou dezáreas de deposição de RCD.Após estu-do, liberou somente duas áreas, con-forme mostradas no mapa acima.

Áreas autorizadasR. Dr. Álvaro Botelho – Bairro BelizandraR. Alfredo Marani – Bairro São Camilo

Áreas clandestinasR. Barbosa Lima – CentroR. Júlia de Oliveira – Jd. das AlterosasAv. Dr. Sílvio Menicucci – Bairro KennedyR. Belizandra Maciel – Vila Joaquim SalesR. Geraldo Ribeiro – Bairro Jd. FlorestaR. Aguinésio Franco de Carvalho –Bairro São VicenteR. 14 de Agosto – Vila MuradR. Desembargador Alberto Luz –Centro

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Dez áreas de deposiçãode RCD

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A R T I G O

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A R T I G O

Na segunda etapa, após a prepara-ção de um roteiro semi-estruturado,realizou-se um conjunto de entrevis-tas e coleta de dados, com a participa-ção das cinco empresas coletoras deentulho existente em Lavras (MG).Osdados foram coletados quinzenal-mente, por um período de 12 meses,sempre com orientação aos proprie-tários das empresas, para que o preen-chimento das planilhas espelhasse arealidade, evitando-se erros de quan-tidades muito discrepantes.

Devido à informalidade dostransportadores autônomos não re-gularizados (caminhonete, carroça)de pequenos volumes e à falta decondições de localização dos mes-mos, optou-se em não consideraresses volumes de RCD.

Na terceira etapa, foi enviado um

questionário para 74 empresas cadas-tradas na Prefeitura Municipal de La-vras no ramo de atividades e serviçosde engenharia, arquitetura e constru-ção civil, com a finalidade de sabercomo estão sendo gerenciados os resí-duos pelas empresas ligadas à cons-trução civil. Fechando essa triangula-ção, permitindo que se obtivessem aprofundidade e amplitude que mar-cam os estudos de caso.

Estimativa da quantidade de RCD emnovas construções e volume de RCDtransportado por coletores privados

1) Para estimar a quantidade deresíduos gerados pelas novas edifica-ções em Lavras (MG), tomaram-secomo ponto de partida informaçõesrelativas à concessão de alvarás deconstrução, no período de 12 meses,

conforme tabela 1, reconhecendo-seque eles não refletem a totalidade dasobras construídas na cidade. No casode Lavras, será agregada a essa estima-tiva a expectativa da geração de entu-lhos nas edificações informais, que ébastante significativa.

Segundo Almeida (2005),a estima-tiva da quantidade de resíduos geradaem novas edificações é realizada combase em indicadores de perdas, ampla-mente pesquisados nos últimos anos,em diversas regiões brasileiras. A taxade geração de resíduos apresentada éproveniente de dados apresentadospor Pinto (1999), podendo-se estimarque a construção convencional, técnicalargamente utilizada pelo setor, geredesperdício na ordem de 25% do pesodo material colocado na obra. Emmédia, metade desse percentual é reti-rada dos locais de trabalho na forma deentulho (150 kg/m2 ou 0,15 t/m2).

A Prefeitura Municipal de Lavrasestima que 30% das construções sejaminformais.

Sendo 30% construção informal,logo, 70% será construção formal.

Construção formal (com alvará):66.950,00 m2

→ 70% X ← 100%

↔ X = 95.643,00 m2/ano

Construção informal (sem alvará):95.643,00 m2

→ 100%X ← 30%

↔ X = 28.693,00 m2/ano

Provável geração de resíduos em novasconstruções:66.950,00 m2/ano + 28.693,00 m2/ano= 95.643,00 m2/ano

95.643,00 m2/ano x 0,15 t/m2 =14.346,00 t/ano

Logo: 25 dias úteis/mês x 12 meses =300 dias/ano14.346 t/ano ≅ 48,00 t/dia300 dias/ano

2) Para estimar a quantidade de re-síduos de RCD transportada foramcoletadas informações junto às em-presas de transporte de resíduos.

No entanto, em consultas com re-

Tabela 1 – ALVARÁS EMITIDOS ENTRE OUTUBRO/2005 E SETEMBRO/2006Mês Alvarás Residencial Alvarás Comercial Alvarás Misto

Quant. Área (m2) Quant. Área (m2) Quant. Área (m2)Out/05 39 4.169,33 05 3.223,19 02 641,57Nov/05 28 2.983,73 02 509,65 03 1.764,80Dez/05 19 10.999,25* - - 02 212,38Jan/06 23 1.940,15 03 3.331,34 - - - - -Fev/06 19 2.178,10 02 667,53 01 2.138,20Mar/06 33 3.523,00 01 231,90 - - - - -Abr/06 23 3.304,06 02 450,55 02 499,18Mai/06 19 2.818,63 05 1.188,30 03 3.289,17Jun/06 46 4.876,74 01 157,30 02 403,06Jul/06 36 4.568,02 03 2.425,37 03 1.434,33Ago/06 38 4.135,72 03 2.419,72 01 523,35Set/06 50 8.478,58 06 3.868,52 03 1.748,17Total anual 373 35.823,00 33 18.473,37 22 12.654,21Total – provável área formal construída 66.950,58* Implantação de casas de Cohab (9.248,85 m2)

Tabela 2 – ESTIMATIVA DA QUANTIDADE DO VOLUME DE RCD TRANSPORTADOPeríodo Entulho Entulho Poda Terra Outrosout/05 obra reforma/a set/06 nova demolição (m3/ano) (m3/ano) (m3/ano) (m3/ano) (m3/ano) (m3/ano)Empresa A 1.648 2.256 536 1.228 384Empresa B 3.058 3.074 472 1.782 134Empresa C 729 462 70 268 31Empresa D 486 518 82 184 39Empresa E* - 1.709 - 15.846 -Total 5.921 8.019 1.160 19.308 588*A empresa E trabalha com aterro e desaterro, em caminhões caçamba, logo, nãotransporta entulho em caçambas Brooks.

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presentantes das cinco empresas pes-quisadas, foi possível estimar a parce-la do mercado que tais empresas aten-dem. Os resultados da pesquisa comtransporte de RCD são apresentadosna tabela 2.

Entendendo-se que nem todo al-vará emitido é certeza de obra inicia-da, o comparativo entre os volumes deentulho por alvarás emitidos e o entu-lho realmente transportado serviupara verificar, na pesquisa, possíveisdivergências dos dados coletados.Estão incluídas nas informações dasempresas de transporte de entulhoobras novas, com alvarás emitidos noano anterior, justificando as variaçõesdos volumes estimados.

Segundo Polillo (1987), o peso es-pecífico do entulho é de 1.200 kg/m3

ou 1,2 t/m3.Volume transportado (ou coletado):Entulho obra nova +reforma/demolição = 5.921+8.019 =13.940 m3/anoEm toneladas: 13.940 m3/ano x 1,2 t/m3

= 16.728 t/ano

Por dia: 16.728 t/ano ≅ 56 t/dia

300 dias úteis

3) O resultado da pesquisa comas construtoras, com 74 questioná-rios enviados, via correio, para asempresas cadastradas no setor de al-varás da Prefeitura Municipal de La-vras, constando como ramo de ativi-dades serviços de engenharia, arqui-

tetura e construção civil, revelou queapenas 34 empresas estão atuando naárea de construção civil e, desse uni-verso, 20 responderam ao questioná-rio. Além disso, seis empresas foramcontatadas pessoalmente.

ConclusõesA quantidade estimada de RCD

gerado em Lavras (MG) é de 56 t/dia.De acordo com a identificação das

dez áreas que receberam RCD no anode 2005 e monitoradas durante o anode 2006, cinco continuam recebendoRCD, sendo duas autorizadas e trêsclandestinas, cinco não recebem, de-pois de tomadas as medidas indicadaspelo Codema.

A quantidade de volume de RCD,caso concentrado somente nas áreasautorizadas, sem nenhum programade gerenciamento dos resíduos, com-prova que a capacidade volumétricadesses locais será esgotada em curtoprazo.A área no final da rua Dr. ÁlvaroBotelho, bairro Belizandra (Área 01),não tem vida útil mais do que um ano.A outra área autorizada,na rua AlfredoMarani, bairro São Camilo (Área 02),tem vida útil para muitos anos.

Com o volume mínimo estimadode RCD, 56 t/dia, pode-se instalaruma usina de reciclagem com capaci-dade mínima de britagem de 10 t/h,custo estimado de R$ 146.300,00(ago/2006), não incluídos os custosdo terreno e suas benfeitorias.

REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS

Gestão sustentável de resíduos de construção no município deGuarulhos.A. L. Almeida.Monografia (Pós-Graduação "Lato-Sensu") – Universidade Federal deLavras, Lavras, MG. 92 págs., 2005

Metodologia para a gestãodiferenciada de resíduos sólidosda construção urbana.T. P. Pinto.Tese (Doutorado) – EscolaPolitécnica, Universidade de SãoPaulo, São Paulo. 189 págs., 1999.

Dimensionamento de concretoarmado. Polillo, A., 4a edição. SãoPaulo: Editora Nobel S. A., v. 1, 447págs., 1987.

LEIA MAIS

Perda de Materiais em ProcessosConstrutivos Tradicionais.Tarcísio.P. Pinto. São Carlos: Departamento deEngenharia Civil da UniversidadeFederal de São Carlos, 1989.Datilografado.

Tabela 3 – ESTIMATIVA FINAL DO VOLUME DE RCD GERADO EM LAVRAS (MG)Estimativas Estimado por alvará + informal Estimado por coleta

Toneladas diárias Toneladas diárias Provável geração 48 56de RCD em novas edificações

Tabela 4 – RESUMO DAS RESPOSTAS DAS EMPRESAS Pergunta Sim Não Tem conhecimento da Resolução 307 20 -Gerencia o resíduo - 20Faz seleção/separação do resíduo - 20Preocupa com o destino do resíduo 20 - Tem diretriz para reduzir o volume de resíduo 20 -Reutiliza seu próprio resíduo 10 10Treina sua mão-de-obra 14 6

Com a criação de áreas de trans-bordo, triagem e eventual reciclagem,será incentivada sua implantação poragentes privados que, logicamente,considerarão a distribuição geográfi-ca da geração de resíduos na cidade e amanifestação dos agentes coletorespara a definição de locais.

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PRODUTOS & TÉCNICAS

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PASTILHASA Gail amplia a sua linha deprodutos e lança as pastilhas devidro Vitra. Feita com 100% devidro não cortante, a coleçãoconta com 22 opções de coreslisas e oito em mesclasdesenvolvidas em variadosnuances de verde, marrom, azul,preto e cinza.Gail(11) 6423-2600www.gail.com.br

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COBERTURA,IMPERMEABILIZAÇÃO E ISOLAMENTO

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INSTALAÇÕES ELÉTRICAS E DE TELECOMUNICAÇÕES

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MINIBARRAMENTOA Comsystel lança o Mini-WayAlumínio, um minibarramentocom condutor elétrico emalumínio. O produto é destinadoà iluminação de grandes áreas,como shopping centers,hipermercados e centros dedistribuição, e alimentação demuitos equipamentos de pequenapotência, como em linhas deprodução de alta tecnologia,confecções e escritórios.Comsystel(11) 4158-2440.www.comsystel.com.br

DISJUNTOR Os produtos da nova linha dedisjuntores DIN, da LorenzettiMateriais Elétricos, possui doispontos de derivação dealimentação. Isso garante, deacordo com o fabricante, maiorflexibilidade de conexão,permitindo a alimentação dosistema por um ponto e adistribuição da energia noquadro por outro ponto. Lorenzetti Materiais Elétricos0800-7711657www.lorenzettieletric.com.br

CONCRETO ECOMPONENTES PARA A ESTRUTURA

ESCORAMENTOAs escoras extensíveis Ulmacaracterizam-se por seu sistemade regulagem e fixação dealtura. Segundo a fabricante, otratamento anticorrosivo empintura epóxi garante aoproduto maior durabilidade.Ulma(11) 3883-1300www.ulma.com.br

LOUÇAS SANITÁRIASA Serie Quattro da Inceparepresenta uma linha de cubas elavatórios com design inspiradonas quatro estações do ano. A linha conta com dois modelosde cubas e dois de lavatórios,possibilitando, segundo afabricante, a composição deambientes personalizados. Incepa(11) 4588-4600www.banheirosincepa.com.br

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FUNDAÇÕES EINFRA-ESTRUTURA

CONTENÇÃOA Maccaferri possui mais de 120 anos de experiênciamundial no controle da erosão,obras de contenção e proteçãoambiental. A empresa prestaassessoramento gratuito nasfases de definição, projeto econstrução das obras queenvolvam as tecnologias por ela oferecidas.Maccaferri(11) 4589-3239www.macaferri.com.br

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PRODUTOS & TÉCNICAS

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CORTEOs discos diamantados Irwin de180 mm são os mais resistentesao desgaste, sendo indicadosprincipalmente para materiaisabrasivos e para cortes maisprofundos. Os discos podem serutilizados a seco ou com aadição de água.Irwin0800- 9709044www.irwin.com.br

PLACA CIMENTÍCIAO Superboard é uma placaautoclavada produzida comcimento Portland, quartzo efibras de celulose. Disponívelnas espessuras de 6 mm, 8 mm,10 mm e 15 mm, o produto tem1,2 m de largura e 2,4 m decomprimento. Segundo ofabricante, possui resistência àflexão de 16 MPa.Promaplac(11) 5662-2142www.superboard.com.br

VEDAÇÕES, PAREDES E DIVISÓRIAS

MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS

BANHEIRAA Série Veranda da Roca contacom a Banheira com Sistema deHidromassagem Ar e Água. Comdimensões de 1,90 m x 1,10 m,o produto possui controleremoto que comanda diferentestipos de massagem. Roca(11) 4588-4600www.rocabrasil.com.br

INSTALAÇÕESHISDRÁULICAS

FIXAÇÃOA pistola DX 36M, da Hilti, é umsistema de fixação à pólvora paraconcreto e aço. A ferramentasemi-automática possui pente de dez cartuchos e regulagem de potências. A pistola temsilenciador integrado.Hilti0800-144448www.hilti.com.br

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JANELAS, PORTAS E VIDROS

PAINÉIS DE FACHADAOs painéis Isojoint Wall Pur sãoconstituídos de núcleo depoliuretano ou poliisocianuratode alta densidade e revestidoscom chapa de aço pré-pintado.Possuem sistema de fixação comparafuso escondido, ideal,segundo a fabricante, paraaplicação em fachadas efechamentos laterais industriais.Isoeste(62) 4015-1122www.isoeste.com.br

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OBRA ABERTA

Planos diretoresmunicipais: integraçãoregional estratégicaCoordenação: Carlos GeraldoLuz de Freitas184 páginasColeção Habitare ANTACwww.habitare.org.brDesenvolvido porpesquisadores do IPT (Institutode Pesquisas Tecnológicas doEstado de São Paulo), sobcoordenação do professor Luzde Freitas, traz diretrizes para aabordagem regional naelaboração de Planos Diretores.A abordagem leva em conta aspotencialidades e os problemasna gestão adequada do uso dosolo, extrapolando os limitesgeopolíticos das cidades. Maisinformações sobre o livropodem ser obtidas enviando e-mail para [email protected]. Osarquivos em PDF, quecompõem a publicação, estão disponíveis e podem ser baixados na seção"Publicações", do portal Habitarehttp://www.habitare.org.br/publicacao_colecao8.aspx

Livros

Novo conceito de BDI –Obras e serviços deconsultoria *Paulo Roberto Vilela Dias70 páginasIbec (Instituto Brasileiro deEngenharia de Custos)Vendas pelo portalwww.piniweb.com.brA publicação lança um olharcrítico sobre o despreparo queexiste, especialmente em obraspúblicas, entre engenheiros eadministradores no que tangeà concepção de orçamentos edeterminação de custos. Umadas críticas do autor refere-seao distanciamento dosengenheiros, já durante aformação acadêmica, entreconhecimentos técnicos eorçamentários. Nas 70 páginasdo livro o engenheiro formadopela UFRJ (UniversidadeFederal do Rio de Janeiro)apresenta o problemaconfigurado pela falta de plenoentendimento da boa técnicade engenharia de custos. O novo conceito, em si, étratado primeiramente sob aótica dos órgãos contratantes,pois é o modelo que tambémpode ser adotado pelasempresas prestadoras de serviços.

Manual prático deescavação – terraplenageme escavação de rocha *Hélio de Souza Ricardo eGuilherme Catalani654 páginasEditora PINIVendas pelo portalwww.piniweb.com.brA terceira edição atende àdemanda de leitores que,esgotada a edição anterior,continuaram a solicitar livros àPINI e aos autores. A publicação traz osaperfeiçoamentos das técnicasmais recentes de escavação deterra e rocha, sempre com oobjetivo de proporcionar maiorprodutividade, redução decustos e confiabilidade emrelação ao desempenho. Já naprimeira parte do livro, éabordado o uso de recursoseletrônicos no monitoramentode máquinas e sistemas. Aotratar da escavação em si, nasegunda parte, fala deequipamentos e cálculos paraelaboração do plano de fogo.Custos em geral sãoabordados no último capítulo.

A proteção contraincêndios no projeto deedificaçõesTelmo Brentano616 páginasT EdiçõesFone: (51) 3249-6362www.telmobrentano.com.brO autor explorou o uso defotografias e desenhosilustrativos para tornar o textoobjetivo e claro. Ao longo doscapítulos, incluiu comentários,mensagens e alertas sobre osassuntos tratados. Voltadopara profissionais envolvidoscom elaboração, análise,aprovação e execução deprojetos, o livro buscaestimular o desenvolvimentode uma cultura de segurançacontra incêndio emedificações. Dividido em 18capítulos, aborda instalaçõesde proteção e está atualizadode acordo com as normasbrasileiras de 2006. O autor éengenheiro civil e professordas faculdades de engenharia,arquitetura e urbanismo daPontifícia UniversidadeCatólica do Rio Grande do Suldesde 1980.

* Vendas PINIFone: 4001-6400 (nas principais cidades) ou 0800-5966400(nas demais cidades) www.LojaPINI.com.br

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Seminários econferências10 e 11/3/2008SNCC – Seminário Nacional daConstrução Civil no Brasil: desafiose oportunidadesBrasíliaO seminário reunirá setor privado, poderpúblico e pesquisadores para debater osprocessos construtivos e as perspectivasdas cadeias produtivas; a gestão doconhecimento como elemento deinovação que permite acompanhar astransformações em curso e o papel daconstrução civil na inserção social.www.snccb.com.br.

22 a 24/5/2008Sinco 2008 – IV Simpósio Internacionalsobre Concretos EspeciaisSobral (CE)O evento discutirá os componentes dosconcretos especiais, características,propriedades e possibilidades deaplicações. O Sinco é realizado peloIbracon (Instituto Brasileiro doConcreto), Iemac (Instituto de Estudodos Materiais de Construção) e a UVA(Universidade Estadual Vale do Acaraú).Fone: (88) 3611-6796www.sobral.org/sinco2008/

23 a 25/5/2008Eco Building – Fórum Internacionalde Arquitetura e Tecnologias para aConstrução SustentávelSão Paulo O fórum fomentará a discussão sobre aconstrução sustentável por meio deconceitos de arquitetura fundamentais ecomplexos, a aplicação de materiais,tecnologias e soluções construtivas.Haverá análises de casos,regulamentações e tendências demercado nacionais e internacionais para asustentabilidade na construção.www.anabbrasil.org/ecobuilding2008

25 a 28/6/2008Cinpar 2008 – 4o CongressoInternacional sobre Patologia eReabilitação de estruturasAveiro (Portugal)O congresso pretende discutir a evoluçãodo conhecimento nos domínios dapatologia e a reabilitação das construçõese os novos materiais e técnicasconstrutivas decorrentes desseconhecimentoE-mail: [email protected]

Feiras e exposições19 a 22/2/2008Vitória Stone Fair – 25a FeiraInternacional do Mármore e GranitoSerra (ES)A feira reúne os lançamentos demáquinas, equipamentos, ferramentas einsumos do mercado mundial.www.vitoriastonefair.com.br

11 a 14/3/2008RevestirSão PauloEm sua sexta edição, o evento reuniránovamente os maiores fabricantes derevestimentos e fornecedores,apresentando novidades e tendências,além de dar oportunidade para realizarnegócios com o mercado nacional einternacional.Fone: (11) 4613-2000E-mail: [email protected]

8 a 12/4/200816a Feicon Batimat – FeiraInternacional da Indústria daConstruçãoSão PauloO evento apresentará novidades emalvenaria e cobertura, esquadrias,instalações elétricas, hidráulicas,sanitárias, equipamentos elétricos,

dispositivos, condutores, fios, cabos etendências do mercado.Fone: (11) 6914-9087E-mail: [email protected]

8 a 12/4/2008Expolux – Feira Internacional daIndústria da IluminaçãoSão PauloA Expolux 2008 apresenta as principaistecnologias e inovações dirigidas ao setorde iluminação, abrangendo produtos parailuminação residencial, industrial epública.E-mail: [email protected]

29/4 a 2/5/2008CoveringsOrlando (EUA)A Coverings reúne os setores derevestimentos cerâmicos, rochasornamentais, utensílios e acessórios paracozinhas e banheiros, vidros, madeira,artesanato para revestimento,equipamentos, produtos da cadeia derevestimentos (argamassa, rejunte,películas anti-ruptura, produtosantiderrapantes, de limpeza e seladores).A feira é a maior do setor em terrasamericanas e uma das principais docalendário internacional da área.E-mail: [email protected]

Cursos e treinamentos22 e 23/2/2008A Concepção Estrutural naArquitetura em AçoRecife O curso pretende explicar a mecânica docomportamento do aço, dos sistemasestruturais e como executar edifíciosutilizando estruturas em aço.Fone: (11) 3816-0441www.ycon.com.br

AGENDA

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23/2/2008Gestão de Contratos na ConstruçãoCivilPorto Alegre Serão oferecidos conhecimentos básicospara se resguardar juridicamente emcontratações profissionais, seja comocontratado para concepção de projetos,para a execução de obras ou nacontratação de prestadores de serviços naconstrução civil. Fone: (11) 2626-0101E-mail: [email protected] www.aeacursos.com.br

2/2008MBA na Poli/UspSão PauloO Pece (Programa de EducaçãoContinuada da Escola Politécnica da USP)abriu inscrições para mais de 20 cursospresenciais e à distância em Engenharia.Entre as opções de MBAs há as áreas deTecnologia da Informação, EngenhariaFinanceira, Real Estate, Gerenciamento deFacilidades, Energia, Gestão de Qualidadee Tecnologias Ambientais e de Produtos.Já entre os cursos de especialização há osde Engenharia de Segurança no Trabalho,Gestão de Projetos de SistemasEstruturais – Edificações e TecnologiaMetroferroviária. Entre os cursos àdistância, três temas estão com inscriçõesabertas: Higiene Ocupacional(Especialização), Engenharia deSegurança no Trabalho (Especialização) eGestão e Tecnologias Ambientais (MBA). Asinscrições para os cursos se encerram emfevereiro de 2008. Fone: (11) 2106-2400E-mail: [email protected]

23/2, 1o e 8/3/2008Estruturas MetálicasSão PauloO segundo módulo do curso promovidopela Abece (Associação Brasileira deEngenharia e Consultoria Estrutural)tratará de assuntos como flambagemlateral de vigas, elementos fletidos ecomprimidos, vigas esbeltas etc.Fone: 3097-8591Email: [email protected]

6 a 11/4/2008Light + BuildingFrankfurt (Alemanha)A feira reúne questões que intercalamdesign da construção, iluminação,eletrotecnologia e automação de casas eedifícios.www.light-building.messefrankfurt.com

14 e 15/3/2008A concepção estrutural naarquitetura em concreto armadoRecife O objetivo do curso é esclarecer amecânica do comportamento do concretoarmado e dos sistemas estruturais.Fone: (11) 3816-0441www.ycon.com.br

20/3/2008A nova NB-1 e a tecnologia doconcretoSão PauloO curso pretende atualizar arquitetos,engenheiros e técnicos sobre a NBR6.118, que foi reescrita após 26 anos. A norma vigora desde abril de 2004 e estádirecionada para a durabilidade doconcreto, introduzindo modificações naespecificação e aplicação do concreto, naparticipação conjunta dos profissionaisresponsáveis pelo projeto, o usoconcomitante e complementar dasNormas de Controle (NBR 12655:1996) eExecução (NBR 14931:2003), aelaboração de documentaçãocomprobatória da qualidade da estruturae a criação da figura do Manual de Uso,Inspeção e Manutenção a ser entregueaos usuários da obra.Fone: (11) 5574-7766www.cma-ie.org.br

ConcursosInscrições até 29/2/2008Holcim AwardsA segunda edição do prêmio promovidopela Holcim Foundation reúne novamenteprojetos de construções sustentáveis detodo o mundo. As construçõesparticipantes não podem ter sido iniciadasantes de 1o/6/2006 e o material deve serenviado em inglês. www.holcimawards.org

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COMO CONSTRUIR

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Muito se tem falado ultimamentesobre sustentabilidade e construçõessustentáveis. Mas o que seriam cons-truções sustentáveis? Seriam aquelasque atendessem adequadamente àsdimensões da sustentabilidade. Nor-malmente, tais dimensões são enten-didas como aquelas associadas a ques-tões econômicas, sociais e ambientais.Mais recentemente, como menciona aAgenda 21 para a Construção Susten-tável, esse número de dimensões foiampliado e passou a incluir aspectosculturais (identidade com a culturaou anseios culturais de uma popula-ção), políticos (participação da popu-lação-alvo nas decisões que lhe dizemrespeito), entre outros. Dentro dessequadro cabe assinalar que não exis-tem (ou se existirem, são muito raras)construções sustentáveis. Elas consti-tuem metas a serem buscadas, grada-tivamente. O que se pode almejarconstruir são, então, construções maissustentáveis, em cuja materializaçãose tenta introduzir tais dimensões.

O Norie (Núcleo Orientado paraa Inovação da Edificação), um dosbraços do PPGEC-UFRGS (Progra-ma de Pós-Graduação em EngenhariaCivil da Universidade Federal do RioGrande do Sul), que se dedica à áreade construção, vem desenvolvendopesquisas, desde o início desta década,que resultaram em propostas paraconjuntos habitacionais e habitaçõesvoltadas a populações de baixa renda.

Neste artigo é apresentada umadessas habitações, o PCA (ProtótipoCasa Alvorada), cujo processo de

Habitações de baixo customais sustentáveis

projeto foi iniciado em 1997 e envol-veu uma equipe composta por maisde 30 profissionais de diferentes áreas(arquitetos, engenheiros civis e agrô-nomos), todos alunos do Norie. Ummodelo experimental foi construídono Campus do Vale da Universidadee, desde então, o foco dos estudos temsido o aprimoramento e a avaliaçãodas alternativas e soluções implanta-das (figura 1). O objetivo da constru-ção do protótipo não foi elaborar ummodelo a ser reproduzido em largaescala, mas testar, investigar e exami-nar alternativas tecnológicas maissustentáveis, com menor impacto aomeio ambiente, e capazes de efetiva-mente atender às necessidades dosfuturos moradores.

O modelo da Casa Alvorada tam-bém foi inserido em um estudomaior, o projeto CETHS (Centro deTecnologias Habitacionais Sustentá-veis) (figura 2), no qual oito habita-ções foram construídas, ocupadas eposteriormente submetidas a trêsavaliações pós-ocupação, quanto ao

alcance dos diversos aspectos prioriza-dos na etapa de projeto, tais comoconforto ambiental e funcionalidadeda edificação. O objetivo das avalia-ções foi a verificação da satisfação dosusuários depois de um, de três e decinco anos de ocupação.

ProjetoA concepção arquitetônica do Pro-

tótipo Casa Alvorada foi determinadaa partir de diretrizes gerais relaciona-das a projetos sustentáveis e de requi-sitos típicos do programa de necessi-dades para uma família pequena, oque incluiu: dois dormitórios, sala ecozinha conjugados, banheiro, área de

Eugenia Aumond KuhnArquiteta, doutoranda da Pós-Graduaçãoem Engenharia Civil da [email protected]

Miguel Aloysio SattlerEngenheiro civil e agrônomo; PhD pelaUniversity of Sheffield, InglaterraProfessor-adjunto da [email protected]

Figura 1 – Vistas nordeste e noroeste do Protótipo Casa Alvorada

Figura 2 – Unidades construídaspelo projeto CETHS

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Quarto (A = 8,95 m2)Quarto (A = 8,59 m2)Varanda/acesso (A = 3,59 m2)Banho (A = 4,43 m2)

Estar/cozinha (A = 18,31 m2)AquecedorÁrea de serviço (A = 2,78 m2)

Reservatório secundário (água de chuva)ReservatórioColetor solar

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serviço e uma área de acesso cobertapor pérgula. Em resposta às condicio-nantes, gerou-se uma habitação deplanta aproximadamente quadrada(figuras 3 e 4), com reentrâncias nosespaços correspondentes à área deserviço e à entrada. A área construídaresultante corresponde a 50,5 m², sen-do que o projeto buscou priorizar osseguintes aspectos:

Acessibilidade universal: todos osespaços de passagem, assim como obanheiro, foram projetados com es-paçamentos adequados para a movi-mentação independente de idosos edeficientes físicos.

Adequação climática: os espaçosde maior permanência foram volta-dos para norte e leste, por serem asorientações solares mais adequadaspara a cidade de Porto Alegre.Aquelesorientados para norte apresentam umpé-direito variável e, na parte maisalta, foram posicionadas janelas como intuito de favorecer a iluminaçãonatural e a ventilação convectiva (fi-gura 3). Essa diferença de altura é de-terminada pela inclinação da cober-tura, que é constituída de duas águase, predominantemente, voltada parasul, como artifício para a redução daintensidade de incidência solar.

A oeste da habitação foi implanta-da uma pérgula com o objetivo de

dotar essa fachada, que é a mais preo-cupante quanto à incidência de radia-ção solar, de sombreamento duranteo verão. Por meio da inserção de vege-tação caducifólia, esse sombreamentoé obtido sem comprometimento à in-cidência solar durante o inverno, vistoque, no Rio Grande do Sul, ganhostérmicos são desejáveis durante esseperíodo. Na área de acesso, ao norte,foi adotada a mesma alternativa desombreamento com pérgulas e comvegetação caducifólia, gerando um es-paço aberto, propício ao convívio nasdiversas estações do ano.

Águas: dois sistemas foram implan-tados. O primeiro é responsável pelacaptação e aproveitamento de água dachuva para fins não potáveis.A água co-letada do telhado é armazenada em umreservatório específico e reaproveitadapara descarga do vaso sanitário.

O segundo corresponde a um sis-tema local, modular, de tratamentodas águas residuárias. É um sistemasimplificado, que utiliza materiais co-muns, requer pouquíssima manuten-ção e não necessita de energia externapara o seu funcionamento.Os resulta-dos decorrentes de sua aplicação a vá-rios projetos demonstram que essesistema apresenta eficiência de trata-mento muito superior ao de sistemasconvencionais, particularmente em

empreendimentos habitacionais deinteresse social, normalmente fazen-do uso de soluções de "fim de tubo".

Energia: foi prevista, também, ainstalação de um coletor solar experi-mental, de baixo custo, para aqueci-mento de água. O objetivo principalfoi utilizar a energia solar – abundan-te e limpa – para substituir e/ou ame-nizar a utilização da ducha elétrica,usada por mais de 70% da populaçãobrasileira e responsável por grandeparte do consumo de energia elétricano horário de pico.

Para complementar o aquecimen-to de água no inverno e para propor-cionar um melhor condicionamentodos ambientes nesse período de frio,projetou-se, também, um aquecedorque utiliza a biomassa como fonte

Figura 4 – Maquete eletrônica do PCA

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Figura 3 – Planta e corte do PCA

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C O M O C O N S T R U I R

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construção e apenas 1,2% são oriun-dos de fora do Estado do Rio Grandedo Sul (figura 5).

A reutilização de materiais foioutra forma adotada para a reduçãode impactos ambientais. Uma estru-tura abandonada existente no terrenoforneceu as pedras de granito empre-gadas nas fundações. Chapas de off-set, resíduos de gráficas, foram utili-zadas no isolamento térmico da co-bertura e fôrmas de madeira utiliza-das na concretagem das vigas de con-creto foram parcialmente aproveita-das como caibros na cobertura. O be-nefício adicional desse reaproveita-mento foi uma economia correspon-dente a mais de 4,0% no custo totalde materiais.

ConstruçãoA construção mais sustentável, se-

gundo a Agenda 21 para ConstruçãoSustentável em Países em Desenvolvi-mento, respeita a cultura construtivalocal, busca capacitar a mão-de-obra einvestir em qualificação do corpo téc-

nico. Dessa forma, estimula a confian-ça em soluções e tradições locais, queproporciona independência tecnoló-gica de países desenvolvidos e impele acriação e aprimoramento de suas pró-prias tecnologias, estimulando a eco-nomia regional e consolidando a iden-tidade cultural.

As atividades para a construção doProtótipo Casa Alvorada envolveram15 profissionais-estudantes, desen-volvendo a coordenação, o planeja-mento e, no mínimo, um turno detrabalho semanal junto ao canteiro deobras (figura 6). Assim se verificaria aaptidão da proposta construtiva paraa autoconstrução, mesmo que pres-cindindo de mão-de-obra qualifica-da, que foi uma das diretrizes nortea-doras de seu projeto. O processo foiiniciado com a realização de um cursopreparatório, ministrado a todos osparticipantes engenheiros, arquitetose agrônomos das diversas especialida-des, com objetivo de capacitá-los, pro-porcionando a todos uma visão holís-tica e sistêmica. Entre os temas abor-

energética. Trata-se de um "equipa-mento" compacto e de simples cons-trução, onde se buscou aproveitar aomáximo o calor gerado. Para tanto,foram agregadas a ele três funções: (1)a de lareira, aquecendo o ambiente in-terno nos dias frios; (2) a de aquece-dor de água para banho, por meio daimplementação de uma serpentinaconectada a um reservatório de águasecundário; (3) e as funções de forno ede fogão.

Materiais: o requisito fundamen-tal considerado na especificação dosmateriais de construção foi a preser-vação da saúde dos usuários da habi-tação e dos trabalhadores envolvidosna sua produção. Uma análise crite-riosa da composição e dos processosprodutivos dos materiais embasou talseleção. Não foram utilizados tintas,vernizes, revestimentos, materiais ouprodutos que contivessem compostosorgânicos voláteis (VOCs), fibras queapresentem riscos à saúde, tais comoo amianto ou metais pesados. Essesmateriais e substâncias são, usual-mente, os principais poluentes dos es-paços internos.

Outra grande atenção foi dada àidentificação da origem dos materiais,já que o transporte implica o consu-mo de energia fóssil, gerando gases deefeito estufa. Adicionalmente, a espe-cificação de materiais da região tam-bém colaborou para o desenvolvi-mento das indústrias locais, contri-buindo para a dimensão econômicada sustentabilidade. Assim, 90% dosmateriais empregados no protótipo,em massa, são produzidos a uma dis-tância máxima de 100 km do local de

Figura 5 – Materiais de construção empregados

Figura 6 – Participação dos alunos na construção

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Vigas de concreto 15 cm x 20 cm

Blocos de granito parcialmentereutilizados 22 cm x 22 cm x 22 cm

Camada de areia espessura= 3 cm

Camada de solo-cimento compactadaespessura= 30 cm

Argamassa adesiva pré-fabricada

Placas cerâmicas esmaltadas

Placas cerâmicas corrugadas nãoesmaltadas

Argamassa de assentamento feita in loco

Contrapiso espessura= 5 cm

Lastro de pedra britada espessura=3 cm

Placas cerâmicas esmaltadas assentadascom argamassa adesiva pré-fabricada erejuntadas com argamassa feita in loco

Revestimento em massa única

Alvenarias em tijolos maciços de cerâmicavermelha assentados a chato (deitados)espessura da parede= 10 cm

Moldura em tijolos maciços

Janelas com barras de aço internas e vidrostransparentes espessura= 3 mm

Esquadrias de madeira de eucalipto:cinco portas e sete janelasTratamento alternativo com dois tiposde mistura: óleo de linhaça diluído emessência de terebintina, produtobiológico e água

Janela com venezianas e vidrotransparente 3 mm

Chapas de off-set reaproveitadas de gráficas

Arremates laterais: tábuas de cedrino

Acabamentos em aço galvanizado

Telhas cerâmicas não esmaltadas (tipo romana)

Ripas: sarrafos de cedrinho

Caibros: tábuas de pínus e cedrinhojustapostas parcialmente reutilizadas

Forro: ripas de cedrinho

Vigas de concreto (dimensões 16 cm x 25 cm)

Pergolado norte

Pergolado oeste

Linhas de eucalipto (Eucalyptos Grandise Eucalyptos Salignas)

Linhas de eucalipto (Eucalyptos Grandise Eucalyptos Salignas)

Vigas de concreto (dimensões 15 cm x 15 cm)

Blocos de granito parcialmente reutilizados

dados foram incluídos: como con-templar aspectos de sustentabilidadeem todas as atividades; elaboração decronogramas físico-financeiros, pla-nejamento e execução da obra, orga-nização do canteiro de trabalho e se-gurança dos trabalhadores.

Dada a dificuldade de coordena-ção das atividades acadêmicas dos en-volvidos, com aquelas de construção,somadas a uma série de circunstânciasque retardaram o início das obras, foicontratado um pedreiro para aceleraras atividades de execução, mas aindacontando com a participação dos es-tudantes. Os trabalhos executadosapresentaram grande qualidade deacabamento e foram obtidos indica-dores médios de perdas de materiaisexpressivamente pequenos, tomando-se como valores de referências os re-sultados obtidos pelas pesquisas emcanteiros de obras nacionais. Houvegrande preocupação do grupo partici-pante quanto à minimização de resí-duos gerados e de consumo de recur-sos naturais excedentes. Como resul-tado, o consumo, em massa, excedeuem apenas 7,0% a quantidade de ma-teriais estimada.

Onde identificada a possibilidade,práticas de reaproveitamento de ma-teriais foram empregadas. Além dasreutilizações já mencionadas, o pe-queno volume de caliça resultante daconstrução da edificação foi emprega-do no leito de evapotranspiração dosistema de tratamento de esgotos e naconformação do paisagismo local, deforma que, ao final do processo, ne-nhum resíduo precisou ser transpor-tado para fora do canteiro de obras.

Subsistemas do protótipoO Protótipo Casa Alvorada é des-

crito a seguir, segundo seus subsiste-mas (figura 7):

Fundações: executadas em pedrasde granito (parcialmente reaproveita-das), sobre camada compactada desolo-cimento, coroadas por vigas deconcreto com seção de 15 cm x 20 cm,impermeabilizadas com emulsão as-fáltica elastomérica.

Pisos: placas cerâmicas esmalta-das e não esmaltadas, lastro de pedraFigura 7 – Composição dos subsistemas do PCA

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REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS

Habitações de baixo custo maissustentáveis: a Casa Alvorada e oCentro Experimental deTecnologias HabitacionaisSustentáveis. M. A. Sattler. ColeçãoHabitare, v. 8. 488 p. Porto Alegre,Antac, 2007. Disponível em:www.habitare.org.br.Avaliação ambiental do protótipode habitação de interesse socialAlvorada. E. A. Kuhn. Dissertação(Mestrado em Engenharia Civil) –Escola de Engenharia, UniversidadeFederal do Rio Grande do Sul, PortoAlegre, 2006. Disponível em:www.bibliotecadigital.ufrgs.br/da.php?nrb=000599772&loc=2007&l=30263fedd0a4efd4. Agenda 21 para a construçãosustentável. Escola Politécnica daUniversidade de São Paulo –Departamento de Engenharia deConstrução Civil. Tradução dorelatório CIB – Publicação 237. 2000.Agenda 21 for sustainableconstruction in developingcountries: a discussiondocument. C. Plessis (Org.).Rotterdam: CIB; CSIP, 2002.

britada de 3 cm de espessura e con-trapiso de 5 cm. As placas cerâmicasesmaltadas, aplicadas no banheiro,foram assentadas com argamassaadesiva pré-fabricada, e aquelas não-esmaltadas, aplicadas no restante dahabitação, foram assentadas com ar-gamassa de cimento e areia. A arga-massa de rejuntamento para ambosos tipos de placas cerâmicas foi pro-duzida in loco.

Alvenarias: são predominante-mente constituídas por fiadas simplesde tijolos maciços de cerâmica verme-lha, com espessura total de 11 cm. Nasfachadas orientadas a sul e a oeste,foram aplicados também chapisco emassa única, como forma de aumen-tar a resistência térmica e a durabili-dade dessas, que se encontram em si-tuação mais crítica de exposição.

Esquadrias: são constituídas demadeira de eucalipto, de diversas es-pécies, e atendem aos padrões de fábri-ca,porém,com dimensões e alguns de-talhes específicos. Totalizam sete jane-las e cinco portas com um volume útilde madeira aproximado de 0,60 m³.Para proteção da madeira das esqua-drias foi testado um tratamento alter-nativo composto por dois tipos demistura. A primeira mistura, buscan-do evitar o ataque por insetos xilófa-gos, é composta pela diluição de umproduto biológico em água e aplicadacom borrifador de jardim. A segunda,aplicada com pincel, constituiu-se deóleo de linhaça, diluído em essênciade terebintina.

Cobertura: é constituída de duaságuas, com orientação predominan-temente sul. A estrutura de sustenta-ção é composta por vigas de concreto

e caibros de madeira de cedrinho epínus. Grande parte dos caibros foiconfeccionada com tábuas (40%)reaproveitadas das fôrmas de concre-tagem. As peças não receberam ne-nhum tipo de pintura, pois estavamprotegidas pelo excedente cimentícioda massa de concreto. Apenas aque-las não reaproveitadas sofreram umtratamento alternativo, com umamistura de cal e cola branca para ma-deira. As telhas de recobrimento sãocerâmicas, não esmaltadas, do tiporomana, e o forro é constituído porlambris de cedrinho. Um incrementono isolamento térmico do subsiste-ma é proporcionado por chapas dealumínio, reaproveitadas do proces-so de off-set de gráficas. Foram fixa-das entre os sarrafos e as tábuas daestrutura, com sua face polida volta-da para baixo. Com a mesma finali-dade térmica foi formado um "col-chão de ar" entre as chapas de alumí-nio e o forro, de modo a possibilitar oescoamento convectivo do ar aqueci-do (apenas no período de verão),através de aberturas reguláveis nobeiral inferior, e permanentes, nobeiral superior (figura 8).

Pergolados: são dois os pergola-dos presentes na habitação. Umorientado a norte e outro, a oeste daedificação. Os mourões (elementosverticais) e linhas (elementos hori-zontais) empregados na estrutura sãode madeira de eucalipto, não-tratada,das espécies Eucalyptus saligna e Eu-calyptus grandis. O apoio dos mou-rões no solo é feito por pedras de gra-nito, em parte reutilizadas, e peque-nos blocos de concreto que os man-têm distanciados do solo.

Avaliações posteriores Desde sua construção, até o mo-

mento, o Protótipo Casa Alvorada jáfoi tema de seis dissertações de mes-trado e uma tese de doutorado, quebuscaram avaliar desde o seu desem-penho térmico, até os impactos am-bientais gerados pelos materiais in-corporados, tais como consumo deenergia e emissões de gases de efeitoestufa. Verificou-se que, em geral, assoluções adotadas para aumentar odesempenho ambiental e de confor-to da edificação foram eficazes, secomparadas às alternativas usual-mente adotadas em habitações demesmo padrão. Essas pesquisaspodem embasar o desenvolvimentode novas propostas para habitaçõesde interesse social, buscando-se me-lhorias contínuas.

Figura 8 – Detalhes do pergolado oeste e das aberturas para ventilação da cobertura

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