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a revista do engenheiro civil techne téchne 136 julho 2008 www.revistatechne.com.br IPT apoio Edição 136 ano 16 julho de 2008 R$ 23,00 Laudo do metrô Sistemas construtivos Avaliação técnica de desempenho Esquadrias Aquecedor solar Retrofit ISSN 0104-1053 9 7 7 0 1 0 4 1 0 5 0 0 0 0 0 1 3 6 Sistemas construtivos Boom do segmento econômico fomenta novas tecnologias Como homologar um sistema construtivo Critérios da Caixa para a aprovação de métodos inovadores EXCLUSIVO Detalhes do laudo do IPT sobre a cratera do Metrô em São Paulo ESQUADRIAS 60 anos de evolução ARTIGO Retrofit de fachadas COMO CONSTRUIR Aquecedor solar de água HABITAÇÃO ECONÔMICA capa tech 135bx.qxd 4/7/2008 16:30 Page 1

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‘a revista do engenheiro civil

techne

téchne136 julho

2008

www.revistatechne.com.br

IPTapoio

Edição 136 ano 16 julho de 2008 R$ 23,00

Laudo do metrô

■Sistem

as construtivos ■Avaliação técnica de desem

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Sistemasconstrutivos■ Boom do segmento econômico fomenta novas tecnologias■ Como homologar um sistema construtivo■ Critérios da Caixa para a aprovação de métodos inovadores

EXCLUSIVODetalhes do laudo do IPT sobre acratera do Metrô em São Paulo

ESQUADRIAS

60 anos de evoluçãoARTIGO

Retrofit de fachadas

COMO CONSTRUIR

Aquecedorsolar de água

HABITAÇÃO ECONÔMICA

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SUMÁRIO

SEÇÕESEditorial 2Web 6Cartas 8Área Construída 10Índices 12IPT Responde 14Carreira 16Melhores Práticas 18Técnica e Ambiente 28P&T 64Obra Aberta 70Agenda 72

CapaLayout: Lucia LopesFoto: Roberto Allen

ENTREVISTAFinanciamento construtivoGerente nacional de Gestão,

Padronização e Normas Técnicas daCEF explica critérios para financiarobras inovadoras

42

20

CAPAIndustrialização econômicaBoom imobiliário acelera corrida por

novas tecnologias construtivas eresgasta sistemas esquecidos no passado

30 DESABAMENTO DALINHA 4

Roteiro acidentalConfira um resumo do laudo do IPT

sobre o acidente nas obras do metrô de São Paulo

50 DESEMPENHOExcelência atestadaOs ensaios e documentos necessários

para homologar um sistemaconstrutivo inovador

54 ESQUADRIAS – PINI 60 ANOS

Marco tecnológicoAo longo de 60 anos, a evolução das

tecnologias que possibilitaram osalto de qualidade das esquadrias

56 ARTIGORetrofit de fachadas: tecnologias

européiasPesquisadora do IPT analisa o mercado

e os materiais disponíveis pararequalificação de fachadas

76 COMO CONSTRUIRDimensionamento e instalação

de aquecedor solarVeja como dimensionar e instalar

sistema solar de aquecimento de água

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VEJA EM AU

EDITORIAL

2 TÉCHNE 136 | JULHO DE 2008

Em fevereiro do ano passado, no Editorial da edição no 119,

firmamos um compromisso com nossos leitores: apresentar as

causas técnicas que teriam levado ao desabamento do túnel da Linha

4 do Metrô de São Paulo, que vitimou sete pessoas no dia 12 de

janeiro de 2007. Compromisso que trazia uma ressalva importante:

"(...) Téchne não irá especular.Aguardaremos o laudo do IPT

(Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo), para

quem a missão foi sabiamente confiada. Será a partir desse

documento (...) que vamos debater, do ponto de vista técnico, as

causas diretas do desabamento". E assim foi. Passado um ano e cinco

meses do acidente, voltamos ao assunto para mostrar bem mais do

que foi noticiado e publicado pela imprensa desde a divulgação do

laudo, no dia 9 de junho. Obtivemos junto ao Ministério Público do

Estado de São Paulo um resumo em dois volumes do relatório do

IPT. O texto que publicamos nesta edição sintetiza em 11 páginas, na

mesma linguagem técnica do laudo, a versão do instituto sobre os

fatores que teriam determinado o curso do desabamento.

Importante ressaltar que nem o IPT nem o Ministério Público ou

qualquer outra fonte envolvida se pronunciou sobre o documento.

Téchne abre, desde já, suas páginas a todos os interessados, inclusive

ao Consórcio Via Amarela, para que apresentem outras versões para

os fatos. Quando se dispuserem a falar sobre o assunto, todas as

partes serão ouvidas pela revista.A despeito de o IPT ser parceiro da

PINI na publicação de Téchne desde a criação da revista, há 16 anos,

não obtivemos informação privilegiada do instituto. Restringimos-

nos ao conteúdo do laudo entregue ao Ministério Público. Há,

portanto, novos capítulos a serem escritos sobre essa história.

Paulo Kiss

Laudo da cratera: compromisso técnico

� Arquitetura latino-americana

� Especial PINI 60 anos: vidros

� Entrevista: Roberto Segre

� Boom industrial� Recuperação ambiental� Avaliação de imóveis� Imóveis econômicos

VEJA EM CONSTRUÇÃOMERCADO

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4 TÉCHNE 136 | JULHO DE 2008

Fundadores: Roberto L. Pini (1927-1966), Fausto Pini (1894-1967) e Sérgio Pini (1928-2003)

DDiirreettoorr GGeerraall

Ademir Pautasso Nunes

DDiirreettoorr ddee RReeddaaççããoo

Eric Cozza [email protected]

EEddiittoorr:: Paulo Kiss [email protected]:: Kelly Carvalho RReeppóórrtteerr:: Bruno Loturco; Renato Faria (produtor editorial)

RReevviissoorraa:: Mariza Passos CCoooorrddeennaaddoorraa ddee aarrttee:: Lucia Lopes DDiiaaggrraammaaddoorreess:: Leticia Mantovani e Renato Billa IIlluussttrraaddoorr:: Sergio Colotto

FFoottóóggrraaffoo:: Marcelo Scandaroli PPrroodduuttoorraa eeddiittoorriiaall:: Juliana Costa

CCoonnsseellhhoo AAddmmiinniissttrraattiivvoo:: Caio Fábio A. Motta (in memoriam), Cláudio Mitidieri, Ercio Thomaz,Paulo Kiss, Eric Cozza e Luiz Carlos F. Oliveira CCoonnsseellhhoo EEddiittoorriiaall:: Carlos Alberto Tauil, Emílio R. E.

Kallas, Fernando H. Aidar, Francisco A. de Vasconcellos Netto, Francisco Paulo Graziano, Günter Leitner,José Carlos de Figueiredo Ferraz (in memoriam), José Maria de Camargo Barros, Maurício Linn Bianchi,

Osmar Mammini, Ubiraci Espinelli Lemes de Souza e Vera Conceição F. Hachich

EENNGGEENNHHAARRIIAA EE CCUUSSTTOOSS:: Bernardo Corrêa Neto PPrreeççooss ee FFoorrnneecceeddoorreess:: Juliana Cristina Teixeira

AAuuddiittoorriiaa ddee PPrreeççooss:: Ariell Alves Santos e Anderson Vasconcelos FernandesEEssppeecciiffiiccaaççõõeess ttééccnniiccaass:: Ana Carolina FerreiraÍÍnnddiicceess ee CCuussttooss:: Maria Fernanda Matos Silva

CCoommppoossiiççõõeess ddee CCuussttooss:: Mônica de Oliveira FerreiraSSEERRVVIIÇÇOOSS DDEE EENNGGEENNHHAARRIIAA:: Celso Ragazzi, Luiz Freire de Carvalho e Mário Sérgio Pini

PPUUBBLLIICCIIDDAADDEE:: Luiz Oliveira, Adriano Andrade, Jane Elias,Eduardo Yamashita, Silvio Carbone e Flávio Rodriguez

EExxeeccuuttiivvooss ddee ccoonnttaass:: A C Perreto, Bárbara Monteiro, Daniele Joanoni, Danilo Alegre e Ricardo CoelhoMMAARRKKEETTIINNGG:: Ricardo Massaro EEVVEENNTTOOSS:: Margareth Alves

LLIIVVRROOSS EE AASSSSIINNAATTUURRAASS:: José Carlos Perez RREELLAAÇÇÕÕEESS IINNSSTTIITTUUCCIIOONNAAIISS:: Mário S. Pini AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO EE FFIINNAANNÇÇAASS:: Durval Bezerra CCIIRRCCUULLAAÇÇÃÃOO:: José Roberto Pini

SSIISSTTEEMMAASS:: José da Cruz Filho e Pedro Paulo MachadoMMAANNUUAAIISS TTÉÉCCNNIICCOOSS EE CCUURRSSOOSS:: Eric Cozza

EENNDDEERREEÇÇOO EE TTEELLEEFFOONNEESS

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AAllaaggooaass (82) 3338-2290 AAmmaazzoonnaass (92) 3646-3113 BBaahhiiaa (71) 3341-2610 CCeeaarráá (85) 3478-1611

EEssppíírriittoo SSaannttoo (27) 3242-3531 MMaarraannhhããoo (98) 3088-0528

MMaattoo GGrroossssoo ddoo SSuull (67) 9951-5246 PPaarráá (91) 3246-5522 PPaarraaííbbaa (83) 3223-1105

PPeerrnnaammbbuuccoo (81) 3222-5757 PPiiaauuíí (86) 3223-5336

RRiioo ddee JJaanneeiirroo (21) 2265-7899 RRiioo GGrraannddee ddoo NNoorrttee (84) 3613-1222

RRiioo GGrraannddee ddoo SSuull (51) 3470-3060 SSããoo PPaauulloo Marília (14) 3417-3099

São José dos Campos (12) 3929-7739 Sorocaba (15) 9718-8337

ttéécchhnnee:: ISSN 0104-1053Assinatura anual R$ 276,00 (12 exemplares)Assinatura bienal R$ 552,00 (24 exemplares)

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva do autor e não expressam,necessariamente, as opiniões da revista.

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Para solicitar reimpressões de reportagens

ou artigos publicados:

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PINIrevistasRReeddaaççããoofone (11) 2173-2303fax (11) 2173-2327e-mail: ccoonnssttrruuccaaoo@@ppiinnii..ccoomm..bbrr

PINImanuais técnicosfone (11) 2173-2328e-mail: mmaannuuaaiiss@@ppiinnii..ccoomm..bbrr

PINIsistemasSSuuppoorrtteefone (11) 2173-2400e-mail: ssuuppoorrttee@@ppiinniiwweebb..ccoomm

VVeennddaassfone (11) 2173-2424 (Grande São Paulo)0800-707-6055 (demais localidades)e-mail: vveennddaass@@ppiinniiwweebb..ccoomm

PINIserviços de engenhariafone (11) 2173-2369

e-mail: eennggeennhhaarriiaa@@ppiinnii..ccoomm..bbrr PROIBIDA A REPRODUÇÃO E A TRANSCRIÇÃO PARCIAL OU TOTAL TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

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6 TÉCHNE 136 | JULHO DE 2008

Fórum TéchneO site da revista Téchne tem um espaçodedicado ao debate técnico e qualificadodos principais temas da engenharia.Confira o tema em andamento.

Quem deve coordenar projetos?O coordenador de projetos não deveestar encarregado de executar qualquerum dos projetos (arquitetura, estrutura,elétrica, hidráulica, outros), mas devesaber exatamente do que o clienteprecisa, como deve ser feito e quempode fazê-lo. O fato de o profissional serengenheiro ou arquiteto, considero demenor importância.Paulo Roberto Gobbo [30/6/2008]

A coordenação dos projetos deve serexecutada por um profissionalespecializado, multidisciplinar, queesteja atento às necessidades do cliente,inclusive as que porventura o cliente nãoentenda que as tenha, como, porexemplo, o respeito às determinaçõesdas normas técnicas. Com base nesseconhecimento multidisciplinar, o maisapto é o engenheiro, não afirmo quearquitetos não o possam fazer, masterão que se aprofundar mais em ramosnão conhecidos.Alex Sandro Oliveira de Lira [27/6/2008]

Entendo que a coordenação deprojetos deve ser realizada porengenheiro com formação acadêmicarobusta e multidisciplinar, contratadopela construtora. Todavia, a arquiteturadeve estar representada porprofissional com poder de decisão nasreuniões deliberativas. Só assimresolvem-se todas as interferências eincongruências dos projetos,resultando no produto final econômicae tecnicamente idealizado.José Maurício de Almeida [18/6/2008]

Veja no site da Téchne a execução passo a passo de uma casa com blocos de EPS,desde a etapa de fundações até o acabamento. Material funciona simultaneamentecomo fôrma para concreto e isolamento térmico para o ambiente.

Sistemas construtivos industrializados

Confira trechos do laudo realizado peloIPT com resumo das investigações dosescombros e detalhes de como se deu odesabamento. Veja também os maioresacidentes nos últimos 15 anos envolvendoobras subterrâneas, com estatísticas,causas e os aprendizados da engenhariacom os desastres.

Desabamento do túneldo Metrô

Confira no site da Téchne fotos extras das obras, plantas e informações que complementam conteúdospublicados nesta edição ou estão relacionados aos temas acompanhados mensalmente pela revista

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www.revistatechne.com.br

Leia as perguntas mais freqüentes sobrehomologação de sistemas construtivosrespondidas pelo engenheiro epesquisador do IPT (Instituto de PesquisasTecnológicas do Estado de São Paulo) emembro do Sinat (Sistema Nacional deAvaliações Técnicas), engenheiro CláudioVicente Mitidieri Filho.

Homologação desistemas construtivos

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CARTASIntegração de projetosCom relação à reportagem de capa deTéchne 135,é preciso distinguir coorde-nador e integrador. Quanto ao atributodo processo: o coordenador coordenaas partes para interação ótima; o inte-grador integra as partes num sistemaorgânico total.Quanto à intenção orga-nizacional: o coordenador subordinaforma à função; o integrador integraforma e função. Atitude do coordena-dor: síntese. Atitude do integrador: in-tegração ou simultaneidade. Para inte-grar projetos deve-se dar ênfase máxi-ma em projeto total, análise e feedback.Bibliografia Strutural Concepts and Systems forArchitects and Engineers. T.Y. Lin; S.D. Stotesbury.

Fundações no Projeto de ArquiteturaTotal: uma Abordagem Integrada. R.W. R. Duarte.

Ricardo Wagner Reis Duarte, engenheiro civil,

mestre em Habitação pelo IPT

Corpos-de-provaGostaríamos de notificar que a seçãoMelhores Práticas, Téchne 134, pág.22, apresenta informação equivoca-da no item "Moldagem e identifica-ção", a respeito da amostragem doconcreto para moldagem dos cor-pos-de-prova. O trecho cita que"após descarregar 0,5 m³ do concretodo caminhão-betoneira, coletar umaamostra de aproximadamente 30 l".No entanto, a NBR NM 33/98, item3.3.1 prescreve: "a coleta das amos-

Envie sua crítica ou sugestã[email protected]

tras deve ser realizada durante a ope-ração de descarga, após a retirada dosprimeiros 15% e antes de completara descarga de 85% do volume totalda betonada". E ainda, em comple-mento à citação da NBR 7212, essanorma prescreve que a quantidademínima para ensaio é de dois exem-plares por idade.

Emerson Busnello, engenheiro, gerente de

Tecnologia e Qualidade da Cimpor Concreto

ERRATANa edição 135 de Téchne, na reporta-gem de capa "Projetos coordenados",foi informado erroneamente que Cín-tia da Silva Vedovello é engenheira.Naverdade, a coordenadora de projetosda Método é arquiteta.

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TÉCHNE 136 | JULHO DE 200810

ÁREA CONSTRUÍDA

Fibras de aço começaram a ser utiliza-das na confecção de tubos de concretopara sistemas de saneamento básico.Desenvolvido em parceria pela EscolaPolitécnica da Universidade de SãoPaulo e pela Sabesp (Companhia deSaneamento Básico do Estado de SãoPaulo), o produto é uma alternativaaos tubos de concreto armados comtelas de aço.Apesar de inovadores, esses tubos jásão contemplados pela versão final darevisão da NBR 8890, norma de espe-cificação para tubos de concreto paraáguas pluviais e esgoto publicada nofinal de 2007. A presença do produtona norma é indispensável para a suautilização em obras públicas.Por esse motivo, o produto ainda nãopôde ser avaliado em condições deuso, segundo seus desenvolvedores, oprofessor Antonio Domingues de Fi-gueiredo, do Departamento de Enge-nharia de Construção Civil da Poli-USP, e Pedro Chamma Neto, enge-nheiro da Sabesp. No entanto, acredi-tam que o produto apresenta resis-tência e durabilidade melhores doque os tubos convencionais, pois as

Poli e Sabesp criam tubos de concreto reforçados com fibras

fibras de aço reforçam uniforme-mente a peça em toda a sua espessura.Para as indústrias,o uso de fibras repre-senta uma economia de tempo no pro-cesso de produção, já que elimina aetapa de colocação da armadura de tela.Os custos de produção são próximosaos do tubo armado convencional. Fá-bricas de São Paulo,Rio de Janeiro e Rio

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Grande do Sul começam a adaptar suasinstalações para a produção dessaspeças, adquirindo equipamentos paraa alimentação e mistura das fibras aoconcreto. "As saídas das misturadorasde concreto, por exemplo, devem seradequadas, porque o concreto reforça-do com fibras é mais coeso e pode entu-pir essas conexões", afirma Figueiredo.

O 1o Seminário "Obras Logísticas e In-dustriais – Uma visão de Valor" reuniráengenheiros de projetos, indústria, as-sociações, construtoras e serviços liga-dos à qualidade e à produtividade emobras logísticas e industriais no Brasilpara debater a evolução da qualidade eda produtividade no setor. O cresci-mento do mercado de obras logísticas eindustriais, a importância do piso nes-sas operações, a demanda pela capaci-tação técnica do segmento e a evoluçãodo setor como um todo serão os temasa serem debatidos no evento. O semi-

Seminário discutirá obras logísticas e industriaisnário, promovido pela LPE Engenha-ria, será realizado no dia 6 de agosto noClub Transatlântico, em São Paulo.Palestras programadas:� Wagner Gasparetto (LPE Enge-nharia): Mercado de pisos e marke-ting de serviços� Alessandro C. Cezar (Mecalux doBrasil): Sistemas logísticos de altaprodutividade� Públio Penna Firme Rodrigues(LPE Engenharia): Evolução das téc-nicas de projeto e execução de pisos � Luís Augusto Milano (Matec): Ge-

renciamento de obra e garantia daqualidade� Daniel Fernandez (Sika): Necessi-dades das obras industriais � J. R. Braguim (Abece) – AssociaçãoBrasileira de Engenharia e Consulto-ria Estrutural: Qualidade em Projetos� Cláudio Borges (Dumont Enge-nharia): Pavimentos de concreto ae-roportuários� Lucio Vitor Soares (WTorre Em-preendimentos Imobiliários): Necessi-dades e exigências dos clientes – Uso daengenharia para o sucesso em obras

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Uma nova argamassa que utilizacomo matéria-prima resíduos finosgerados por serrarias de rochas seráproduzida em escala industrial noRio de Janeiro. A tecnologia foi de-senvolvida pelo Cetem (Centro deTecnologia Mineral) e pelo INT (Ins-tituto Nacional de Tecnologia) e li-cenciada para produção para a em-presa Argamil. A fábrica foi instaladana cidade de Santo Antônio dePádua, no noroeste fluminense, einaugurada em junho. Cerca de seismil pessoas trabalham no setor derochas da região, que é o maior pólomineral do Estado. Para a fabricaçãodo novo produto, a empresa se valerá

Argamassa ecológica será produzida em escala industrial

de um sistema de reúso da água em-pregada no corte das pedras Mirace-ma e Madeira – utilizadas em revesti-mentos de pisos e paredes pela Cons-trução Civil. O "pó de rocha" geradopelo processo de corte era lançado

diretamente sem tratamento nos riose riachos da região. Com a nova téc-nica, empresários locais do setor derochas ornamentais "fornecerão" àfábrica a água poluída gerada emsuas atividades. A mistura é encami-nhada para um processo de secagema partir do qual se obtém um resíduosólido, que é aproveitado na formu-lação da argamassa. Segundo o Ce-tem e o INT, cerca de 720 t de resí-duos finos são lançados mensalmen-te pelas serrarias de rochas ornamen-tais de Santo Antônio de Pádua. Asinstalações da Argamil têm capaci-dade de produzir cerca de 1,24 t/mêsda nova argamassa.

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O Confea (Conselho Federal de Enge-nharia, Arquitetura e Agronomia)criou o Prêmio de Inovação e Criati-vidade Tecnológica, de que poderãoparticipar todos os seus associados.Os melhores trabalhos produzidos noPaís por profissionais das áreas abran-gidas pela entidade serão contempla-dos em duas categorias: trabalhos es-critos e produtos. A primeira é volta-da à pesquisa e desenvolvimento emdissertações de mestrado, teses de

Inscrições para o Prêmio de Inovação do Confea vão até o dia 1o/8doutorado ou pós-doutorado. A se-gunda engloba pesquisas de criação,materializados em produtos paten-teados ou patenteáveis, apresentadosem forma de projeto. Os vencedoresde cada uma das categorias ganharãopassagem, diárias e inscrição paraparticipar de evento internacional re-lacionado à sua área de atuação. Ossegundos melhores trabalhos serãopremiados da mesma forma, maspara participar de evento realizado no

Brasil. A premiação acontecerá emdezembro, durante a Soeaa (SemanaOficial da Engenharia, da Arquiteturae da Agronomia), em Brasília. Os in-teressados devem enviar, até o dia 1o

de agosto, três exemplares impressosde seus trabalhos para a sede do Con-fea e uma cópia, por e-mail, para oendereço [email protected]. O Con-fea pretende realizar a premiaçãoanualmente, sempre com o desfechodurante a Soeaa.

O segundo Lenhs (Laboratório deEficiência Energética e Hidráulicaem Saneamento) brasileiro já está emfuncionamento no Laboratório deEngenharia Mecânica do Instituto deTecnologia da UFPA (UniversidadeFederal do Pará), em Belém. A redede laboratórios tem como objetivo setornar centro de referência em efi-

UFPA inaugura laboratório de pesquisa em eficiência energética e hidráulicaciência energética e hidráulica paraatividades de ensino, pesquisa aplica-da e extensão. Nos laboratórios,serão realizados treinamentos paraprofissionais do setor de saneamen-to, cursos de extensão voltados paraeficiência energética e redução dasperdas de água, além de pesquisaspara incorporação de inovações tec-

nológicas em metodologias e equi-pamentos. O primeiro Lenhs foi im-plantado na UFPB (Universidade Fe-deral da Paraíba), em abril; outrasunidades estão sendo implementa-das em universidades de outras trêsregiões geográficas brasileiras: UFMS(Centro-Oeste), UFMG (Sudeste),UFPR e UFRGS (Sul).

Ponte pré-fabricada poderia ser construída em 15 diasEstudo desenvolvido na UniversidadeTecnológica de Chalmers, na Suécia,afirma ser possível construir pontesem apenas duas semanas com sis-temas construtivos pré-fabricados. Osistema proposto pelos pesquisadoressuecos, chamado i-bridge, seria cons-

tituído de segmentos leves montadosin loco. A estrutura seria formada devigas de fibra de vidro com seção em"V", reforçadas com fibras de carbono,e tabuleiro pré-fabricado com concre-to de alta resistência reforçado com fi-bras de aço. A tecnologia propor-

cionaria à ponte, além da velocidadena execução, um aumento considerá-vel em sua vida útil. Mas o preço éamargo: os desenvolvedores estimamque o custo de projeto e execução da i-bridge seria duas vezes maior que o deuma ponte convencional.

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12

ÍNDICESInflação em junho Pelo segundo mês consecutivo o aumentodo diesel teve influência no custo dotransporte de materiais

Ocusto médio global de edificaçõesencerrou o mês de junho com alta

de 0,50%, percentual inferior à inflaçãode 1,98% apresentada pelo IGP-M (Ín-dice Geral de Preços de Mercado) daFundação Getúlio Vargas.

A alta do IPCE foi impulsionadapelo aumento do preço da barra deaço CA-50 3/8"(Ø=10 mm/m=0,617kg/m). Em maio seu reajuste foi de11,23%. No mês de junho, o insumosofreu inflação de 2,52% e seu preçosubiu de R$ 3,52/kg para R$ 3,61/kg.Esses aumentos são reflexo do segun-do reajuste do ano repassado pelas si-derúrgicas no mês de maio.

Pelo segundo mês consecutivo oaumento do diesel influenciou o custodos transportes dos materiais. A pedrabritada no 2, que no mês de maio jáhavia sofrido o impacto da inflaçãocom aumento de 3,68%, sofreu novoreajuste de 3,60% em junho, passandode R$ 56,40/m³ para R$ 58,43/m³. Aareia lavada média, que em maio cus-tava R$ 64,65/m³, teve seu preço rea-justado para R$ 66,44/m³ em junho, oequivalente ao aumento de 2,78%.

Insumos como tubo soldável decobre classe E (Ø=22mm) e tinta látexPVA (acabamento=fosco e aveluda-do) sofreram inflação de 7,21% e1,53%, respectivamente.

Devido à alta de preços em junho,não houve significativas deflações quecontribuíssem para a queda do índice.

Construir em São Paulo ficou, emmédia, 9,18% mais caro nos últimos12 meses. Contudo, o percentual é in-ferior ao apresentado pelo IGP-M,que registrou alta de 13,44% no mes-mo período.

SSuuppoorrttee TTééccnniiccoo:: para tirar dúvidas ou solicitar nossos Serviços de Engenharia ligue para (11) 2173-2373ou escreva para Editora PINI, rua Anhaia, 964, 01130-900, São Paulo (SP). Se preferir, envie e-mail:[email protected]. Assinantes poderão consultar indíces e outros serviços no portal www.piniweb.com

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Data-base: mar/86 dez/92=100MÊS E ANO IPCE – SÃO PAULO

gglloobbaall mmaatteerriiaaiiss mmããoo--ddee--oobbrraaJJuunn//0077 111133..990000,,1144 5533..667711,,0022 6600..222299,,1133jul 114.065,53 53.547,83 60.517,71ago 114.197,13 53.679,42 60.517,71set 114.636,80 54.119,10 60.517,71out 114.860,42 54.342,72 60.517,71nov 115.225,62 54.707,92 60.517,71dez 115.335,12 54.817,42 60.517,71jan 115.733,11 55.215,41 60.517,71fev 116.040,01 55.522,30 60.517,71mar 116.121,80 55.604,09 60.517,71abr 116.185,57 55.667,86 60.517,71mai 123.736,89 58.257,90 65.478,99JJuunn//0088 112244..335588,,1199 5588..887799,,2200 6655..447788,,9999Variações % referente ao último mêsmês 0,50 1,07 0,00acumulado no ano 7,82 7,41 8,20acumulado em 12 meses 9,18 9,70 8,72Metodologia: o Índice PINI de Custos de Edificações é composto a partir dasvariações dos preços de um lote básico de insumos. O índice é atualizado porpesquisa realizada em São Paulo. Período de coleta: a cada 30 dias com pesquisa na última semana do mês de referência.Fonte: PINI

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Envie sua pergunta para o email [email protected]

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IPT RESPONDE

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Aquecedor solar Em São Paulo, uma lei impõe que 40% doaquecimento de água seja feito por viasolar. Isso obrigará a casa a ter doisboilers de armazenamento? Edifíciosterão que ter boiler coletivo, paramisturar com a água do aquecedor?Rui Dante Costa

São Paulo

O sistema de aquecimento solar de águaresidencial opera elevando gradualmen-te a temperatura da água no interior doreservatório térmico (boiler) ao longo dodia. Mesmo que o sistema seja projetadopara atender a 100% da demanda deágua quente,é recomendável a instalaçãode um sistema complementar para atuarem dias com baixo nível de radiaçãosolar. O sistema complementar pode serde acumulação ou instantâneo (de pas-

sagem) e utilizar energia elétrica ou gáscombustível. Diversas configurações sãoadotadas no mercado. Não há obrigato-riedade de instalação de um segundoboiler, pois o sistema complementarpode estar integrado ao próprio reserva-tório térmico ou ser um aquecedor depassagem. O mais adotado para casaspossui uma resistência elétrica instaladano interior do reservatório térmico.Caso a temperatura da água não atinja atemperatura desejada via aquecimentosolar,o apoio elétrico entra em operação.De modo geral, existem duas alternati-vas em edifícios.A primeira (e mais ado-tada) é distribuir a água quente na tem-peratura de consumo.Nesse caso,o siste-ma solar e o complementar (elétrico ougás) fazem parte de um sistema centralcoletivo responsável por todo forneci-

mento de água quente da edificação. Asegunda é distribuir a água pré-aquecidapelo sistema solar central coletivo e oaquecimento complementar ser feito naunidade por um aquecedor individual(de acumulação ou instantâneo).Daniel Sowmy, engenheiro civil

Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do Ambiente

Construído/Laboratório de Instalações Prediais)

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Rachaduras Existe norma sobre limite de abertura derachaduras em alvenaria? Como avaliarse há risco de colapso? Marli Inez Gans

Porto Alegre

Não existe nenhuma norma que esta-beleça os limites perigosos para as aber-turas de fissuras em alvenarias. Atéporque os limites variariam muito emcada caso, função do tipo de material(concreto, cerâmica etc.), da naturezada parede (vedação ou estrutural), in-tensidade e tipo de tensões,esbeltez e es-pessura das paredes, distribuição etamanho de vãos de portas ou janelas,

configuração dos septos e direção dosfuros dos blocos, presença de ar-maduras nas paredes, tubulações,revestimentos e outros. Em geral, oslimites perigosos são representados por

incidência considerável de fissuras ver-ticais (causadas por fluxos isostáticos detração,perpendiculares às isostáticas decompressão), acompanhadas de outrasindicações do prejuízo à segurança:desaprumos/desalinhamentos das pa-redes; destacamentos/seccionamentosnos encontros com pisos, tetos oumesmo outras paredes; esmagamentosou destacamento de revestimentos;vazamentos/ruptura de tubulações;emperramento ou mau funcionamen-to de caixilhos; ruptura de placas devidro etc.Ercio Thomaz, engenheiro civil

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CARREIRA

Especializado em projetos liga-dos ao concreto armado e pro-

tendido de obras pesadas, Diaz par-ticipou de projetos como a ponteRio–Niterói, a Central Nuclear deAngra 2 e duas pontes sobre o rioPinheiros, na cidade de São Paulo,além de ter prestado consultoria deestruturas para os viadutos da Fer-rovia do Aço, dentre inúmeras ou-tras obras de grande porte. O inícioda carreira se deu com um estágioque o responsabilizava pelo contro-le e verificação de todos os dese-nhos de execução do primeiro edifí-cio de porte de aço no País, a estru-tura do Edifício Avenida Central,no Rio de Janeiro. Devido à com-plexidade e responsabilidade da ta-refa, o engenheiro considera essauma de suas principais realizaçõesprofissionais. Na mesma época, tra-balhou na montagem da ponte emarco de aço da Cachoeira dos Vea-dos, localizada no Rio São Francis-co a jusante da Barragem de PauloAfonso, entre Alagoas e Bahia.

As experiências mais importantespara o encaminhamento da carreirade Diaz, no entanto, se passaram naAlemanha, na década de 1960. Láatuou por quase quatro anos comoengenheiro de estruturas da firmaDyckerhoff & Widmann, desenvol-vendo pontes em balanços sucessivosem parceria com o Dr.Herber Kupfer.Na Universidade Técnica de Muni-

Benjamin Ernani DiazExperiência na Alemanha e criação de grupo de desenvolvimentotecnológico auxiliaram o engenheiro no desafio de projetar a ponteRio–Niterói e as estruturas da Central Nuclear de Angra 2

PERFIL

Nome: Benjamin Ernani DiazIdade: 71 anosNascimento: Rio de JaneiroGraduação: Engenharia Civil pela EscolaPolitécnica da UFRJ (UniversidadeFederal do Rio de Janeiro), em 1959Especializações: em concretoprotendido, em Munique, e doutoradona Escola Técnica de Hannover, ambasna Alemanha. É livre-docente na EscolaPolitécnica da UFRJEmpresas em que trabalhou: escritóriode projeto de Paulo Fragoso, Dyckerhoff& Widmann, Aço Torsima, NoronhaEngenharia, Promon Engenharia, EscolaPolitécnica da UFRJ, Prefeitura da UFRJ,Serviços de Engenharia B. Ernani DiazCargos exercidos: chefe dedepartamento da Escola Politécnica daUFRJ, professor titular e atualmenteprofessor emérito, decidido peloConselho Universitário, prefeito docampus da UFRJ

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que estudou matérias técnicas e pre-parou uma tese de doutorado sobrecascas. Para isso, não teve nenhumaorientação acadêmica, "como eracomum na Alemanha", conta. Anosmais tarde, Kupfer, que foi "o mestrecom quem pude aprender engenhariana prática", assumiria o cargo de pro-fessor titular de concreto armado eprotendido na mesma Universidade.

Sua "teoria de cascas com auxíliode funções hipercomplexas" tambémfigura dentre as principais realiza-ções. No desenvolvimento desse es-tudo aplicou uma álgebra diferencia-da à análise de cascas. "A parte mate-mática é muito interessante. Foi feitauma discussão inteiramente novasobre cascas formadas por superfí-cies de segunda ordem", comenta.Outro importante projeto pessoal foia criação de um grupo de informáti-ca aplicada à engenharia na firmaNoronha Engenharia. Esse grupo,nos idos de 1967, desenvolveu pelaprimeira vez um projeto totalmenteconcebido em computador. Tambémdesenvolveram os primeiros progra-mas de pontes, de distribuição trans-versal de pontes, de verificação detensões em peças de concreto proten-dido. Utilizaram, de maneira inédita,programas de análise de estruturasreticuladas no Brasil. Todas essas ini-ciativas se basearam em estudos iso-lados de linguagem Fortran e de aná-lise de estruturas.

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Obras marcantes das quaisparticipou: projeto da PonteRio–Niterói, como co-responsáveljuntamente com o engenheiro AntonioAlves de Noronha Filho; CentralNuclear de Angra 2, como chefe deprojeto dos prédios principais;Ferrovia do Aço, como consultor emestruturas da Engefer no projeto econstrução; e projeto da PonteBernardo Goldfarb, em São Paulo

Obras significativas da engenhariabrasileira: os edifícios A Noite,Copacabana Palace e Hotel Glória, noRio de Janeiro, a barragem da UsinaHidrelétrica de Itaipu, a ponteRio–Niterói, as rodovias Rio–Petrópolise São Paulo–Santos, o Metrô de SãoPaulo, a Central Nuclear de Angra 2, ostúneis e viadutos da Ferrovia do Aço, asobras iniciais de Brasília

Realizações profissionais: minha tese"Teoria de cascas com auxílio de funçõeshipercomplexas", a criação do primeirogrupo de informática em engenhariacivil do Brasil, a ponte Rio–Niterói e aCentral Nuclear de Angra 2

Mestres: professor Lindolfo Dias, queme passou conceitos importantes deanálise matemática, Dr. HerbertKupfer, com quem aprendi engenhariana prática na Dyckerhoff & Widmann,em Munique

Dez questões para Benjamin Ernani DiazPor que escolheu a engenharia: devido à facilidade em lidar com matemática, física e problemas novos

Que tipo de formação falta aosprofissionais recém-saídos dauniversidade: a capacidade doaluno em desenvolver um projeto de engenharia em que seusconhecimentos sejam utilizados. O trabalho acadêmico deve ter esseenfoque, pois o que se forma sãoengenheiros, não pesquisadores

Conselho ao jovem profissional: estudar, ler artigos técnicos, ficar atento àsnovidades, participar de palestras e congressos e se manter atualizadoem técnicas computacionais

Principal avanço tecnológicorecente: a tecnologia de novosmateriais, a técnica de processosconstrutivos e o uso cada vez maismaciço de computadores

Indicação de livro: os escritos por Stephen Timoshenko. Emconcreto armado e protendido, os de Fritz Leonhardt

Um mal da arquitetura: pensarque um projeto possa ser feito seminteração entre as especialidades

estruturas, considerados revolucioná-rios, são, segundo diz, coerentes e ade-quados, sem "elementos supérfluos".

Igualmente complexo foi o proje-to da Central Nuclear de Angra 2, cominúmeros carregamentos, combina-ções de cargas e consideração de cen-tenas de possibilidades de acidentes.Exigiu o uso de programas própriosautomáticos de dimensionamento depeças de concreto armado. "Talvez oprojeto mais bem-feito no Brasilquanto à qualidade de execução e con-trole impecável", afirma. De acordocom Diaz, o trabalho de dimensiona-mento das estruturas propiciou umaeconomia substancial de aço. Os con-ceitos exigidos para tantas análisesvieram da base adquirida ainda nagraduação, junto ao professor Lindol-fo Dias, que passou conceitos impor-tantes para a resolução de problemasde engenharia.

Diaz também atuou no meio aca-dêmico, tendo sido professor-adjuntoda Escola Politécnica da UFRJ, quan-do lecionou diversas disciplinas dodepartamento de estruturas.Assumiuo cargo de professor titular ao passarem concurso público. Na mesmaépoca, foi convidado pelo então rei-tor, professor Paulo Gomes, a assumira prefeitura da Cidade Universitária.Exerceu o cargo por quatro anos, emperíodo integral de tempo, tendo par-ticipado de projetos de refloresta-mento da Ilha do Fundão, projetos deurbanismo, iluminação, asfaltamen-to, de estudos de viadutos para cone-xão ao continente, de construção deobras civis, de subestações, de im-plantação do sistema digital de telefo-nia, dentre outros.

Uma realização não ligada à enge-nharia é a composição do livro "Fi-gueiras no Brasil", em parceria com obotânico Pedro Carauta. Organizadoe montado por Diaz, incluindo a pre-paração fotográfica, a publicação traza descrição detalhada de 50 espéciesde figueiras nativas e exóticas encon-tradas no País.

Bruno Loturco

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O pioneirismo e o espírito debusca por inovação tecnológica, queinclusive determinaram a escolha daprofissão, foram colocados à provacom o projeto e construção da ponteRio–Niterói. Nela foram exploradasnovas tecnologias de colagem deaduelas e de montagem, além de umagrande variedade de tipos de funda-ções, incluindo estacas escavadas até arocha, no trecho de mar. "Foram eli-minadas as transversinas intermediá-

rias de tabuleiros com longarinas múl-tiplas nos acessos da ponte sobre omar", salienta.

A admiração por essa obra vaialém de sua complexidade técnica. Doponto de vista estético, considera quea ponte foi bem inserida ao contextoda Baía de Guanabara, contando comcontinuidade arquitetônica entres ostrechos em concreto e aço, mesmotendo sido projetados por grupos dife-rentes. Os processos construtivos das

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MELHORES PRÁTICAS

Corte de lajes de concretoCorreto posicionamento das máquinas de corte e obediência a procedimentosde segurança garantem qualidade na execução do serviço

Montagem do trilhoApós a realização dos furos nasextremidades onde ocorrerá o corte dalaje, deve-se fixar o trilho por onde irácorrer o corpo de serra circular. Esseposicionamento é fundamental para que ocorte seja feito na posição correta.

Furo nas extremidadesO processo de corte na laje começa pelarealização de um furo nas extremidadesda peça a ser cortada. Ele evita que aserra, que será utilizada na etapaseguinte, realize um corte mais extensoque o necessário. A base da extratoradeve estar corretamente fixada: algumascontam com sistema de vácuo queconfere maior rigidez ao posicionamento,outras devem ser travadas por meio depinos cravados no piso.

Posição do corteNo processo de locação, deve-segarantir que o corte não causequalquer dano à estrutura ou àsinstalações da edificação. Para queisso não ocorra, é importanteconsultar os projetos do edifício.Para o corte em lajes armadas, pode-se lançar mão do ensaio depacometria, de modo a evitar cortesde vergalhões importantes.

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Colaboração: professor Antonio Domingues de Figueiredo, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, e Engefuro.

Ajuste da serraAntes de se proceder ao corte da peça, ésempre importante verificar o nível deajuste da serra de corte ao corpo doequipamento. Se os parafusos de fixação

Execução do corteNo momento do corte, seja com a serra circular, seja com a serra-copo, a presença de água emabundância é importante paraminimizar o desgaste doequipamento. A operação comcontrole remoto também é umfator promotor de segurançanesse tipo de serviço.

Fixação da placaAntes de se realizar o corte dalaje com a serra circular, éimportante que se tomem oscuidados necessários paraevitar a queda da laje. A fixaçãodo trecho cortado pode ser feitade diversas maneiras: pode-selançar mão da realização de umfuro no centro da placa, como oexibido na foto; da cravação depinos no teto e na partesuperior do trecho a sercortado; ou de tripés ecavaletes para sustentação dapeça a ser cortada.

não estiverem corretamente apertados,poderá haver curvaturas e empenamentosno plano de corte, além de riscos detravamento e danos à serra.

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ENTREVISTA

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CLÓVIS MARCELO DIAS BUENO

Formado em engenharia civil pelaUFMG (Universidade Federal deMinas Gerais), em 1983, e pós-graduado, em 2002, em NegóciosImobiliários, trabalha há mais de 25anos na CEF (Caixa EconômicaFederal). Já circulou entre as áreasde avaliação de imóveis, créditoimobiliário e perícias técnicas.Atualmente, é gerente nacional deGestão, Padronização e NormasTécnicas da CEF. Nesse cargo desde2006, responde pelas normas epadrões que regem as atividadesespecializadas de mais de milengenheiros e arquitetosempregados da instituição.

Para eliminar o déficit habitacional,oBrasil precisa construir 7,2 milhões

de novas unidades. A participação daCEF (Caixa Econômica Federal) é fun-damental para essa política social.A ins-tituição opera recursos de financiamen-to e repasse para a produção de habita-ções,respondendo por mais de R$ 13 bi-lhões de novas contratações em 2007. Aresponsabilidade de lidar com tal mon-tante de recursos se manifesta na preo-cupação com os padrões de desempe-nho mínimo exigidos dos sistemasconstrutivos que adota. A Caixa cuidapara que os produtos, financiados poraté 30 anos,durem por tempo suficientepara amortizar os investimentos. A ava-liação dos resultados que o empreendi-

mento trará, portanto, extrapola o cará-ter meramente técnico. Os mais de milengenheiros e arquitetos da CEF ava-liam o valor mercadológico das unida-des, bem como a infra-estrutura urbanadas regiões onde serão inseridas. É im-prescindível, ainda, a análise da adequa-ção da tecnologia à região,conforme de-fendeu Clóvis Marcelo Dias Bueno. "Éimportante conscientizar o setor daconstrução de que deve considerar espe-cificidades locais e agregar a inteligênciae racionalidade do trabalho de arquite-tos e engenheiros", afirmou. Para ele, énecessário estudar também a composi-ção do custo de produção de habitaçõesnas cidades, onde o insumo mais carocostuma ser o terreno.

Financiamento construtivo

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Gerente de padronização e normas técnicas da Caixaexplica os critérios do banco para financiar construçõescom sistemas inovadores

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O que a Caixa Econômica Federalespera de um sistema construtivo?Um sistema construtivo, convencionalou inovador, deve compatibilizar de-sempenho técnico e viabilidade econô-mica. Quando avalia um sistema cons-trutivo, a Caixa, como banco público einstituição responsável pela operaçãodas políticas públicas do Governo Fede-ral voltadas para habitação e cidades,foca o desempenho do produto final enão o do processo de projeto e execu-ção. Assim, uma unidade habitacional,casa ou apartamento, qualquer que sejaa forma como foi construída, deve ofe-recer condições de segurança estrutural,segurança ao fogo, estanqueidade, du-rabilidade, conforto térmico e acústico.

E o que leva à adoção de sistemasnão convencionais?Na aprovação de sistemas construtivosnão convencionais ou inovadores, ob-servamos a oportunidade de aplicaçãodesse sistema frente à solução conven-cional, identificando vantagens em rela-ção aos custos ou ao desempenho. Umsistema construtivo inovador deve ofe-recer custo menor e prazo reduzido,preservando desempenho mínimo noproduto final.Ou ainda,em outra abor-dagem, resultar em desempenho muitosuperior com o mesmo custo da solu-ção convencional.

Mais do que a redução de custos, aprioridade é elevar o desempenho?Na habitação popular, em que escala eindustrialização da produção costu-mam ser indicadas como soluções pelosetor da construção, a Caixa busca pre-servar a qualidade do produto final.Essa é a garantia do negócio de créditoimobiliário e o objetivo da política pú-blica: prover acesso à moradia digna.

Qual é o papel da Caixa nodesenvolvimento de novas tecnologiasconstrutivas? A instituição atua comofomentadora para o desenvolvimentode técnicas que reduzam custos eaumentem a rapidez da construção popular?A Caixa fomenta o desenvolvimento denovas tecnologias construtivas pormeio de programas de apoio às pesqui-

sas científicas, tais como o Habitare(Programa de Tecnologia de Habita-ção) e o Prosab (Programa de Pesquisasem Saneamento Básico), e ainda porpatrocínios a eventos,pesquisas e publi-cações relacionados à tecnologia cons-trutiva. Vale esclarecer que, alinhadacom as políticas nacionais, a Caixa en-tende que a solução para a demanda ha-bitacional não se restringe à produçãorápida e industrializada de unidades. Atecnologia, que constitui elemento fun-damental na construção das soluções,não responde por si completamente aoproblema. Há muito espaço para avan-ços nas questões tecnológicas, seja pelapesquisa de novos materiais e procedi-mentos de aplicação e execução.

Qual a influência da mão-de-obra?Há que se qualificar a mão-de-obrapara alcançar maior produtividade, in-serir racionalidade nos processos deexecução, minimizando desperdícios eretrabalhos. Temos que romper com ociclo da ilegalidade e atender às normase leis vigentes, sejam nacionais ou lo-cais, ambientais, urbanísticas, traba-lhistas ou do consumidor. Também éfundamental evitar que as normas téc-nicas se tornem apenas instrumentosde reserva de mercado a determinadosfabricantes, em detrimento da concor-rência,assim como fortalecer as entida-des representativas do setor e valorizaro trabalho de arquitetos e engenheiros.

Quais os procedimentos da Caixapara aceitação de novas tecnologias?Ou seja, como atesta a qualidade e odesempenho das metodologias?A Caixa acata a utilização de novas tec-nologias, sejam esses materiais, compo-

nentes ou sistemas construtivos, me-diante comprovação, no que couber aocaso específico, de desempenho nosquesitos segurança estrutural, seguran-ça ao fogo,estanqueidade,durabilidade,conforto térmico e conforto acústico.Esse desempenho é comprovado pelaapresentação de resultados de ensaiosrealizados por instituição independentee de reconhecidos saber e experiênciano tema em questão. Sendo assim, nãoatestamos qualidade e desempenho detecnologias, apenas decidimos, a partirde elementos técnico-científicos, se de-terminada tecnologia pode ser empre-gada nas obras financiadas pela Caixa.

Por que uma instituiçãofinanciadora deve se preocupar coma qualidade e o desempenho dossistemas construtivos?A preocupação da Caixa deve ser com-preendida a partir de dois enfoques dis-tintos. Como banco público, que deveapresentar resultados financeiros para asociedade brasileira, os produtos finan-ciados pela empresa, inclusive habita-ção, devem ser duráveis e correspondera garantias reais, aceitas e comercializá-veis em mercado. Produtos de melhorqualidade e desempenho têm preçomelhor e são mais fáceis de vender. Soboutro enfoque, quando pensamos napolítica pública para habitação e cida-des,que é operacionalizada pela Caixa,éimportante garantir a melhor aplicaçãopara os recursos disponíveis, produzin-do com qualidade e desempenho, deforma a alcançar resultados efetivos noatendimento da demanda habitacionale na inclusão social.

Quantas empresas de construçãocivil mantêm relacionamento decrédito com a Caixa? Esse número é considerado suficientepara a liberação do créditodestinado à redução do déficit habitacional?A Caixa opera recursos de financia-mento e repasse para produção habita-cional. No crédito imobiliário, a Caixaresponde por 31% dos recursos doSBPE (Sistema Brasileiro de Poupançae Empréstimo) e 51% dos recursos doFGTS (Fundo de Garantia do Tempo

“É fundamental evitar que as normastécnicas se tornemapenas instrumentosde reserva de mercadoa determinadosfabricantes”

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de Serviço), o que, em novas contrata-ções, totalizou em 2007, respectiva-mente, R$ 5,8 e R$ 7,3 bilhões. Nos re-passes do Orçamento Geral da União,em que os principais clientes são mu-nicípios e Estados, mantemos relacio-namento com mais de 2.200 municí-pios brasileiros, sendo que as contrata-ções habitacionais totalizaram R$ 6,2bilhões em 2007. Esses recursos sãoaplicados conforme orienta a políticado Governo Federal para enfrenta-mento do déficit habitacional.

Quais os critérios para que umempreendimento seja aprovado econte com financiamento da Caixa?As análises para aprovação de um em-preendimento incluem aspectos ca-dastrais, jurídicos, de risco de crédito,sociais e de engenharia. Considerandoapenas os aspectos de engenharia, umempreendimento precisa atender àsnormas técnicas, à legislação ambien-tal e urbanística, além de oferecer con-dições adequadas de infra-estruturaurbana para atendimento dos futurosmoradores. As análises de engenhariaobjetivam, ainda, verificar a viabilida-de técnica do empreendimento,em es-pecial a inserção mercadológica dasunidades que serão produzidas.

O que essas análises consideram?Englobam vistoria da área de inter-venção e entorno, além da verifica-ção de projetos, especificações, cus-tos, incorporações e viabilidadeeconômico-financeira, sendo que,nas propostas, são observados os as-pectos inerentes à concepção, fun-cionalidade, exeqüibilidade técnica,custos, prazos e necessidade de in-tervenções complementares.

Esses projetos devem ser,obrigatoriamente, concebidos apartir dos manuais internos da Caixa?As propostas devem atender a crité-rios mínimos, definidos pela Caixaconforme o recurso e o programa,relacionados às garantias das opera-ções de crédito, ao cumprimento dalegislação aplicável, especialmenteambiental e urbanística, e ao atendi-mento do consumidor final. Obser-

vados esses aspectos, que na maiorparte dos casos são definidos exter-namente, as propostas são livres.

Mas como a Caixa estimula a buscapor qualidade nas habitações?Evidentemente, quando falamos decrédito imobiliário, a Caixa tem prer-rogativa para escolha dos negóciosque pretende apoiar, privilegiando osbons projetos, independente da faixade renda alcançada. Acreditamos quea habitação social merece qualidadeem seus projetos e que é nesse seg-mento onde residem os maiores de-safios para arquitetos e engenheiros.

Como e para que esses manuais sãodesenvolvidos?Os manuais têm abrangência nacionale respondem pelos padrões de análisee acompanhamento de empreendi-mentos a serem observados em todo oPaís. São desenvolvidos internamente,pelo grupo de arquitetos e engenheirosda Caixa, e têm escopo restrito aos cri-térios já comentados anteriormente.Oquadro de funcionários da Caixa, queé a maior contratante de arquitetos doPaís, conta com mais de mil profissio-nais de engenharia e arquitetura.

Quais os riscos, para uma instituiçãofinanciadora, da adoção detecnologias ou sistemas construtivossem desempenho comprovado?Como banco público que opera recur-sos públicos e deve oferecer retorno àsociedade brasileira, a Caixa não podeser leviana ao aceitar como garantia decrédito unidades habitacionais que nãooferecem segurança estrutural ou dura-

bilidade. Não é possível aceitar que umaresidência financiada em 30 anos não re-sista a cinco anos de utilização. Esse riscoé importante e diretamente relacionadoà adoção irresponsável de tecnologiassem desempenho comprovado.

Há motivos tecnológicos para odéficit habitacional do País?A tecnologia deve ser encarada comoparte da solução do problema habita-cional. O enfrentamento do déficitpassa por medidas distintas, tais comointervenção efetiva nos processos espe-culativos que ocorrem nas cidades bra-sileiras, oferta regular de recursos parahabitação e para infra-estrutura urba-na,articulação entre instituições públi-cas e privadas, facilitação do crédito delongo prazo para famílias de menorrenda e pela tecnologia de construção.Uma habitação é um bem caro. Preser-vadas as condições de desempenho doproduto final, quanto mais rápida aconstrução, menor o custo financeiroenvolvido, quer para a empresa cons-trutora, quer para a família beneficia-da. Daí a importância da racionaliza-ção e da industrialização das obras.

E qual a importância da escala?Como o problema é grande e varia noterritório – o produto demandado emSão Paulo é diferente do produto para ointerior do Piauí,por exemplo –,não hásolução, sem alternativas tecnológicas,que alcance a produção massiva e tam-bém a individual. O desafio é grande.Aconstrução civil brasileira experimentagrandes contrastes.Às vezes,no mesmobairro, temos obras com a melhor tec-nologia disponível de gestão, projeto eexecução, e temos obras péssimas, emque qualquer leigo observa desorgani-zação e desperdícios. Some-se a isso aautoconstrução sem assistência técnica,responsável por parcela significativa daprodução habitacional para a popula-ção de menor renda.

A redução do déficit habitacionaldepende, obrigatoriamente, doestímulo à autoconstrução assistida?O enfrentamento do déficit passa porescala e velocidade,o que mantém fortecorrelação com a tecnologia. Isso não

“Um sistemaconstrutivo inovadordeve oferecer customenor e prazoreduzido, preservandodesempenho mínimono produto final”

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E N T R E V I S T A

significa que se tenha que desprezar aautoconstrução assistida, que respon-de hoje como opção preferencial deprodução habitacional das classes C eD, via crédito para aquisição de mate-rial de construção, e desempenhará,sem dúvida, importante papel na solu-ção do déficit.

Ainda assim, o senhor acredita queo nicho de moradias populares éatraente e pode ser explorado porconstrutoras?Não tenho dúvidas de que o segmentoé atraente. Estamos falando de mais de60% da demanda, em um período fa-vorável como nunca antes. Essa popu-lação experimentou nos últimos anosaumento relativo expressivo em renda,que ainda não foi capturada para aten-dimento das necessidades habitacio-nais. Uma família com R$ 800,00 derenda mensal é consumidora de crédi-to para bens como televisores e gela-deiras,mas não consegue obter créditohabitacional. Isso acontece um pouco

pela deficiência nas estruturas de ga-rantias e seguros, que estão sendo re-pensadas pelas instituições interessa-das em atuar nesse segmento.

A busca por novas tecnologias,que atendam a esse segmento,caminha no sentido daindustrialização ou, ao contrário, dabusca por materiais locais e técnicassimplificadas de construção?A solução é mista. Os produtos habi-tacionais demandados nos diversosterritórios do País, da metrópole àpequena cidade do interior, são dife-renciados. Nem todos serão executa-dos em escala e com industrialização.Hoje vemos espaço também para assoluções simplificadas e tradicionais.

De que maneira a alta dos preçosdos insumos afeta o segmento demoradias populares?Hoje,o principal insumo em uma uni-dade habitacional é a terra urbanizada.No mesmo patamar dos insumos bási-

cos, seja o cimento, o aço ou a madeira,no preço final da habitação, importa ovalor da terra. Daí a necessidade de am-pliar a discussão para o custo de produ-ção das cidades. Hoje, o desafio de dis-ponibilizar cidade digna, com serviços,transporte e infra-estrutura,aliado à in-dustrialização e boa técnica, consti-tuem as principais dificuldades paramoradias populares eficazes.

Onde estão os maiores custos de construção habitacional? Como reduzi-los?Como disse, o maior custo é a terra, olugar onde se constrói. Daí a importân-cia do planejamento urbano como ca-minho para minimizar a especulaçãoimobiliária nas cidades. Desde 2001,contamos com o marco regulatório,queé o Estatuto da Cidade.Ao lado da ques-tão da terra urbanizada, temos o custo-tempo e custo-desperdício,que tambémsão significativos. Daí a importância deaprimoramento da gestão das obras.

Bruno Loturco

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TÉCNICA E AMBIENTE

AResolução Conama (ConselhoNacional do Meio Ambiente) no

307, em vigor há seis anos, ao respon-sabilizar o gerador pelo destino dadoao entulho visa diminuir a quantida-de de resíduos depositados em bota-foras. De acordo com o texto, os resí-duos de gesso não podem ser descar-tados juntamente com os demais,uma vez que esse material não contacom tecnologia de reciclagem econo-micamente viável. A partir desse fato,a F A Oliva Empreendimentos Imobi-liários passou a buscar uma alternati-va de revestimento que gerasse menosresíduos no canteiro de obras.

Foi assim que a Comunidade daConstrução de Campinas, em parce-ria com a Abai (Associação Brasilei-ra de Argamassa Industrializada), aABCP (Associação Brasileira de Ci-mento Portland) e empresas de ci-mento, desenvolveu um revestimen-to cimentício de pequena espessurapara uso em interiores. VicentePaulo de Souza, engenheiro da F AOliva e membro do Conselho da Co-munidade da Construção, explicaque a empresa colocou uma de suasobras à disposição para a realizaçãode testes. Os trabalhos de desenvol-vimento do produto demandaramtambém treinamento de mão-de-obra para obtenção da produtivida-de almejada.

A argamassa, obtida à base de ci-mento, cal, areia e aditivos não tóxi-cos, tem tempo em aberto controlado.Foi atestada conforme a NBR 13281 –Argamassa para Assentamento e Re-

Fina e eficienteDesenvolvimento de argamassa de pequena espessura para revestimentointerno reduziu o consumo de material e a geração de resíduos, além dediminuir os custos com mão-de-obra

vestimento de Paredes e Tetos – Re-quisitos, em vigor desde 2005.

Inicialmente, o produto foi aplica-do nas paredes internas de quatro uni-dades do Residencial Torres da Ponte,localizado na cidade de Jundiaí, no in-terior paulista. Os resultados positivosmotivaram a F A Oliva a adotar o re-vestimento, em detrimento do gesso,nas 52 unidades de outro empreendi-mento na mesma cidade. Dentre as

vantagens observadas,Souza destaca aqualidade do acabamento final, a ve-locidade de execução, a limpeza commenor geração de resíduos e o desem-penho."O custo ficou próximo do quetínhamos com o gesso", conta. Umdos motivos para o custo competitivofoi a possibilidade de usar mão-de-obra própria, sem a necessidade deterceirização. "Antes, contratávamosgesseiros", explica Souza.

TÉCHNE 136 | JULHO DE 2008

Seqüência do desenvolvimento do revestimento debaixa espessura1. Disponibilidade da obra2. Caracterização do revestimento de gesso3. Experimentação com revestimento de argamassa – aplicação manual4. Observações comparativas dos sistemas5. Expectativas e resultados

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Para a aplicação, manual, foi ado-tado método semelhante ao do gesso."O maior tempo em aberto ajudou nodesempenho dos operários", observaSouza. Usou-se desempenadeira plás-tica para a aplicação, corrugada paradesempeno, e lisa para o acabamentofinal. O desempenho da aplicação foiatestado com medições de tempo decada etapa, desde a preparação até oacabamento final.

A forma de aplicação foi funda-mental para a economia de material.Em vez do sistema convencional – cha-pado com colher de pedreiro – a desem-penadeira com argamassa é comprimi-da contra o substrato. Isso possibilitouque o revestimento tivesse 5 mm de es-pessura, com consumo de 9 kg de arga-

massa por metro quadrado de parede.Os revestimentos cimentícios conven-cionais consomem até 16 kg de arga-massa para recobrir a mesma área. Ovolume de resíduos em comparação aototal consumido não chega a 4%.

A produtividade dos pedreirosatendeu às expectativas da Comunida-de da Construção campineira. Cadaoperário tem executado aproximada-mente 5,5 m2 de revestimento por hora,no caso das paredes, e 4 m2 por hora,quando se trata de teto. "Houve tam-bém resultados positivos obtidos comensaios de cisalhamento e resistência àaderência", comemora Souza.

Por se tratar de um procedimentoem desenvolvimento, alguns pontosestão sendo observados para aprimora-

mento. Um deles é a própria forma deaplicação. Embora a construtora perce-ba melhoras na performance da mão-de-obra,a Comunidade da Construçãoestá avaliando os benefícios da mecani-zação da aplicação. A intenção é elimi-nar a etapa de sarrafeamento com aprojeção da argamassa já na espessuradesejada. Outro ponto é a aplicação demassa corrida. "Acabamos utilizandoum pouco a mais desse material do queo utilizado para corrigir as imperfeiçõesdo gesso", conta Souza. É importanteressaltar que revestimentos tão delga-dos podem "fotografar" as juntas dosblocos. Também pode ocorrer rápidaevaporação da água, o que prejudica aaderência da camada ao substrato.

Bruno Loturco

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DESABAMENTO DA LINHA 4

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Roteiro acidentalLaudo do IPT reconstrói suposta seqüência de fatores que teriam culminado nodesabamento do túnel da Linha 4 de São Paulo. Resumimos aqui os principaispontos do relatório

Depois de um ano e cinco meses detrabalho, foram entregues ao Mi-

nistério Público, no dia 6 de junho úl-timo, os 29 volumes e dois CDs quecompõem o relatório elaborado peloIPT (Instituto de Pesquisas Tecnoló-gicas do Estado de São Paulo) sobre ocolapso do túnel da linha 4 do Metrôde São Paulo, ocorrido no dia 12 de ja-neiro de 2007, na futura estação Pi-nheiros. O acidente vitimou sete pes-soas e deixou mais de 200 desalojadas.

A matéria que se segue baseia-se ex-clusivamente nas informações contidasna cópia do laudo fornecida pelo Mi-nistério Público, uma vez que, por im-pedimento legal,nem o IPT nem o pró-prio MP ou fontes ligadas à investiga-ção puderam se manifestar até a data defechamento desta edição. Também nãose encontrará aqui a defesa do Consór-cio Via Amarela, que preferiu analisar atotalidade do laudo antes de fazer qual-quer manifestação. Trata-se, portanto,de uma sinopse dos principais trechosdo laudo, sem quaisquer comentários,opiniões ou pareceres que não estejamcontidos nos volumes.

Os trabalhos do IPT na cratera dopátio de obras de Pinheiros tiveraminício em maio de 2007 e envolveram30 pesquisadores. No total, 25 mil m³de escombros (rochas, concreto e ar-maduras de aço) foram objeto de ve-rificações, ensaios e análises. Com asatividades de campo encerradas nodia 4 de abril, os trabalhos custaramR$ 6,55 milhões, pagos pelo Metrô deSão Paulo, contratante do laudo, con-forme estabelecia o TAC (Termo de

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Os trabalhos do IPT começaram em maio de 2007 e envolveram 30 profissionais emcampo. Além disso, 5.800 documentos foram analisados

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Ajustamento de Conduta) promovi-do pelo Ministério Público e assinadopor todas as partes envolvidas.

O laudo foi realizado pari passu àretirada das várias camadas de escom-bros, para que nada passasse desperce-bido. À escavação, seguia-se a conten-ção, para garantir a segurança dos téc-nicos no local do acidente. Do lado defora da cratera,uma outra frente traba-lhava na reunião de informações e de-poimentos de testemunhas e de em-pregados do consórcio, totalizando5.800 documentos.

Em essência, segundo o relatóriodo IPT, os fatores contributivos e derisco que levaram ao acidente estão li-gados a falhas nos processos de enge-nharia (projeto e construção), de ges-tão da obra (controle da qualidade egestão da comunicação) e de geren-ciamento de riscos (identificação deperigos, plano de ações de contingên-cia e de emergência).

Falhas de engenharia, gestão daobra e gerenciamento de riscos

Para o IPT, a estrutura causal doacidente se inicia num projeto executi-vo frágil, sujeito a condições críticas deestabilidade durante a escavação do re-baixo do túnel. Passa a seguir por umprocesso construtivo que incorporadesvios de projeto significativos, e queé considerado pelo laudo como com-pletamente desconectado do projeto.

Os primeiros sinais do comporta-mento anômalo do túnel-estação senti-do Faria Lima poderiam ter sido nota-dos desde dezembro de 2006, revela o

laudo. Recalques muito acentuados emrelação aos previstos pelo projeto, comnítido aumento de velocidade a partirdo dia 15/12/2006, foram observadosem praticamente todas as seções ins-trumentadas, independentemente daposição da frente de escavação. Em 11de janeiro de 2007,com a intensificaçãodos deslocamentos e o agravamento dasituação, decidiu-se tomar providên-cias e reforçar o maciço para interrom-per a ruína em curso.A execução dessasações foi prejudicada pelo número in-suficiente de tirantes em estoque, infor-ma o relatório. Também não foram in-terrompidas as detonações, cujo ritmoprosseguiu acelerado. Além disso, anão existência de uma definição clarasobre a necessidade de paralisação daobra, segundo o IPT, aponta para fa-lhas de gestão, planejamento e comu-nicação. E por fim, falhas no plano deações de contingência.

Próximo ao horário do acidente,entre os indícios iniciais (trincas nointerior do túnel) até as manifestações

mais alarmantes do colapso, pas-saram-se de dez a 15 minutos. Isso,deduz o laudo, evidencia as deficiên-cias do plano de ações de emergência:falha na evacuação de operários (nointerior do túnel e da obra) e dos mo-radores e transeuntes em superfície enão interrupção do tráfego de veícu-los, o que culminou em sete mortes(seis transeuntes e um operário).

O laudo conclui que, embora osníveis numéricos de atenção e de aler-ta não tenham sido especificados peloprojeto, os valores, a distribuição emplanta e a evolução temporal dos re-calques e do restante dos dados moni-torados eram típicos de um processode ruína lento, mas progressivo. Essasituação, conflitante com o compor-tamento usual observado em escava-ções subterrâneas, indicava uma ano-malia, que, se percebida a tempo, seriasuficiente para cumprir os quesitosqualitativos estabelecidos no projetopara os níveis de atenção e de alerta.

O relatório acrescenta que a proxi-

Acidente:Colapso + consequências

Projeto executivonão validado

Processo construtivo nãovalidado e gestão deficiente

Presença de transeuntespor falha do plano deações de emergência

Colapso estruturaldo túnel-estação

Antes e depois: o desabamento do túnel sob a rua Capri estendeu-se até o poço de acesso à estação Pinheiros, que teve parte desua área soterrada. Ao todo, 25 mil m3 de escombros foram retirados

Esquema simplificado da estrutura causal do acidente

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midade do acidente teria sido notadase os dados de instrumentação tives-sem sido rotineiramente interpretadose analisados por profissionais expe-rientes, que motivariam o disparo deum plano de ações de contingência. E,caso necessário, ações de emergênciapara tentar impedir ou mitigar as con-seqüências de um eventual colapso.

NATM e contrato turnkeyQuanto ao método especificado, o

NATM (New Austrian TunnellingMethod), amplamente utilizado e co-nhecido da engenharia brasileira, aopção, segundo o IPT, foi acertada,por suas características de flexibilida-de geométrica e pelas condições demaciço. Conforme o laudo, o aciden-te não pode ser atribuído ao métodoconstrutivo em si. Porém, o NATMexige cuidadosa monitoração, funda-mental para a segurança da obra.Principalmente em maciços com con-dições geológico-geotécnicas comple-xas como as existentes nessa obra.

Alterações de projeto (ICE)sem fundamentação sólida

Projeto executivo frágil(não validado) associado

a índices alarmantesde instrumentação

Modelogeomecânico

Concepçãoestrutural do túnel

Cálculos edimensionamento

Validação do projeto combase na instrumentação

Mapeamentos precários

Projeto executivo frágil(não verificado)

Em relação ao contrato tipo turn-key, utilizado em diversos países nacontratação de obras subterrâneas, hávários exemplos de sucesso. Entretan-to, insucessos verificados em casos se-melhantes, em especial o colapso do

túnel do terminal central do aeropor-to de Heathrow, em Londres, levarama comunidade tuneleira internacionala rever a questão e estabelecer diretri-zes para promover a melhor práticana gerência de riscos e reduzir a pro-babilidade de ocorrência de acidentes.

O relatório do IPT afirma que tiposde contrato não são responsáveis porsucessos ou insucessos de obras. O im-portante, segundo a avaliação do IPT, éentender a modalidade contratual,pre-parar o projeto base de licitação e es-pecificá-lo corretamente, incluindomeios e métodos de controle, consoli-dados num plano de gerenciamento deprojeto. Isso requer treinamento deequipes para desempenhar as funções.Ou a contratação de empresas inde-pendentes e especializadas. Uma juntade consultores é sempre benéfica, res-salta o laudo, para fazer verificações emmarcos relevantes nas diversas etapasdo empreendimento, além de blindar ereforçar as relações entre as partes.

Na avaliação do IPT, o Metrô deSão Paulo, devido à falta de experiên-cia com contratos turnkey, não ava-liou adequadamente a possibilidadede participar mais no processo deprojeto e construção da obra. Limi-tou-se a designar técnicos para acom-panhar a obra, com a responsabilida-de de verificar se o que estava sendoexecutado obedecia às característicasfísicas e funcionais do projeto. O

Esquema simplificado da linha causal do colapsoestrutural do túnel-estação sentido Faria Lima, comorigem no projeto executivo

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laudo afirma que as equipes do Metrôde São Paulo não interagiam com aprojetista e, portanto, não se certifica-vam se essa estava efetivamente ava-liando o comportamento estruturaldos túneis, com base na monitoração,embora recebessem diariamente osdados da instrumentação implantadana obra. A verificação do projeto, porelas realizadas, não contemplava as-pectos relacionados com a estabilida-de das estruturas temporárias.

O contrato facultava ao Metrô deSão Paulo a competência para parali-sar os serviços se julgasse existir moti-vo para isso. Nada o impedia de man-ter seu controle próprio sobre o anda-mento da obra, explica o laudo doIPT. O Metrô contratou uma empresapara fazer auditoria técnica da cons-trução, com a responsabilidade defazer a verificação dos ensaios corren-tes de controle da qualidade, o que foifeito, e também de apoiar a interpre-

tação da instrumentação, inclusivecom retroanálise da estabilidade dostúneis da via e das plataformas das es-tações. Esses estudos, entretanto, nãoforam feitos, não tendo, tanto a con-tratada como o Metrô de São Paulo,entendido que o escopo fosse tãoabrangente. Os recursos alocados aesse contrato eram muito inferioresaos requeridos para o cumprimentodas atividades contratadas, analisa oIPT. E conclui que o entendimento,por parte do Metrô de São Paulo, dopapel que lhe competia na condiçãode contratante de uma obra em regi-me de Preço Global, fez com que elenão se sentisse co-responsável pelaobra e, por conseguinte, não atuasseno sentido de detectar práticas capa-zes de comprometê-la.

Estudos geológico-geotécnicos O local da escavação da Estação Pi-

nheiros foi alvo de estudo geológico-

geotécnico aprofundado para o proje-to básico, utilizado para a licitação. Ascaracterísticas geológicas da região, e adisponibilidade de tempo para inves-tigações, em virtude do retardamentodo início das obras, inicialmente pre-visto para 1994, justificaram o deta-lhado mapeamento da região. O nú-mero de investigações fornecidas, porocasião da licitação (2001), ultrapas-sou as quantidades internacionalmen-te admitidas como adequadas.

Após a contratação da obra, cabiaao Consórcio Via Amarela realizar osestudos complementares que julgassenecessários. Sondagens adicionaisforam feitas e as investigações realiza-das na fase de projeto executivo con-firmaram o modelo geológico-geotéc-nico elaborado na fase de projeto bási-co. Foram confirmadas as alternânciasde litotipos e seus respectivos graus dealteração, as famílias de descontinui-dades presentes e reafirmada a hipóte-

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se de presença de falha geológica nessaregião. De modo geral, as característi-cas geológico-geotécnicas da regiãoeram bem conhecidas, no contexto doque é necessário para esse tipo de obra.

O relatório observa que a própriaexecução da obra, com a escavação dopoço, que expõe in loco o material es-cavado, é uma investigação geológicatão importante quanto as sondagensanteriormente feitas. Não se locali-zou, na investigação, um mapeamen-to geológico do poço Capri, emborase saiba que as observações efetuadasdurante sua escavação, indicandomenor cobertura de rocha sobre a ca-lota do túnel-estação sentido FariaLima, tenham motivado a revisão doprojeto desse túnel, ressalta o laudo.

Os mapeamentos da escavação aolongo do túnel-estação foram feitos so-mente em dez seções na calota e emduas seções no primeiro rebaixo. Commais de 20 frentes de escavação em cadaetapa, a boa prática recomendaria quetodas fossem mapeadas. Além disso, osmapeamentos não seguiram as normascorrentes de registro das característicasgeológicas, afirma o IPT. Restringiram-se somente às frentes de escavação, nãoincluindo tetos e paredes laterais. Essadeficiência de dados pode ser atribuídaà reduzida equipe alocada para essa im-portante atividade. O relatório do IPTcita, por exemplo, que um geólogo daequipe de Acompanhamento Técnicode Obra era responsável pelo acompa-nhamento de oito frentes de escavaçãosimultâneas. Não há registro, também,de que essa atividade tenha merecidoatenção devida,avalia o laudo,pois nemo fato dos croquis estarem sendo apre-sentados em escala equivocada foi per-cebido por quem deveria verificá-los einterpretá-los.

O modelo geológico observado du-rante a remoção dos escombros é omesmo estabelecido nos documentosde licitação e no projeto executivo ela-borado antes do início da escavaçãodos túneis da estação. O relatório doIPT conclui, portanto, que não cabequalquer tipo de reivindicação combase em surpresas geológicas ou condi-ções diferentes do maciço,como queriao relatório apresentado pelo inglês

Nick Barton, contratado pelo Consór-cio Via Amarela para dar um parecersobre o acidente.Caso o modelo geoló-gico ainda não tivesse sido confirmado,antes do início da obra ocorreram pelomenos mais duas oportunidades deobservação, uma durante as escavaçõesdo poço Capri e outra nas escavaçõesda calota do túnel.

Simplificação do projeto O memorial técnico do projeto do

túnel-estação sentido Faria Lima seinicia pela apresentação das feiçõesgeológicas do local, mostrando as fa-mílias de descontinuidades do maciçorochoso. Entretanto, de acordo com olaudo do IPT, o projeto apresentadopelo Consórcio no memorial não fazmais referência a essas característicasdo maciço e o considera como ummeio contínuo equivalente, formadode camadas horizontalizadas de ma-teriais com características distintas:aterro, argilas, areias, solo residual, sa-prolito e rocha, não levando em con-sideração as feições geológicas.

Assim, segundo o laudo do IPT, omodelo geomecânico adotado no pro-jeto executivo do túnel apresenta sim-plificações excessivas em relação aomodelo geológico-geotécnico estabele-cido, não contemplando feições estru-turais do maciço condicionantes para ocomportamento dos túneis da Estação

Pinheiros. A concepção estrutural dotúnel-estação – dimensionada nas me-mórias de cálculo do Consórcio, consi-derando as hipóteses simplificadoras eparâmetros geomecânicos adotados –,aprovada no projeto executivo, mos-trou-se sujeita a condições críticas deestabilidade durante a etapa de escava-ção do primeiro rebaixo, o que foi con-firmado pelas análises de verificaçãoefetuadas na investigação do IPT.

O plano de instrumentação pro-posto para o túnel-estação sentidoFaria Lima, essencial para o processode validação do projeto e métodoconstrutivo NATM, pode ser conside-rado como o mínimo aceitável paraesses fins, avalia o laudo. No entanto,os valores numéricos referentes aos ní-veis de atenção e alerta para instru-mentos-chave de controle não foramdefinidos, o que dificulta decisões emrelação ao próprio processo de valida-ção e de disparo de eventuais ações decontingência e emergência.

Além do mais, segundo o IPT, nãose justifica a adoção, ao se estabelecero estado de tensões in situ, de um coe-ficiente de empuxo em repouso (Ko)igual a 0,33 para o saprolito e o maci-ço rochoso, tendo em vista que en-saios pressiométricos na região indi-caram valores superiores e a experiên-cia nacional sugeria, para maciços ro-chosos, valores bem mais elevados.

A execução prévia do poço, comgrande influência no estado de ten-sões iniciais do maciço a ser perfura-do pelo túnel, conforme determinadoem análise apresentada no estudo doIPT, resultando em valores de Ko su-periores a um, não foi considerada. Obaixo valor de Ko tem grande influên-cia no projeto, como mostram os re-sultados das análises efetuadas. Ape-sar de todas essas deficiências de cál-culos, assevera o laudo, o próprio me-morial do Consórcio aponta parazonas críticas de estabilidade durantea escavação do primeiro rebaixo.

Diversos outros detalhes do proje-to do suporte primário da Estação Pi-nheiros são questionáveis, como mos-tra o relatório do IPT. O aspecto quemais chama a atenção é o de que, parauma região tão heterogênea, uma

Uma investigação preliminar doConsórcio feita pelo especialista inglêsNick Barton atribuiu o colapso àexistência de uma rocha de 15 mil t,não identificada nas sondagens

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única seção transversal tenha sido ob-jeto de análise numérica, ainda assimnão a menos favorável. Uma estaçãocomo essa requereria um projeto bemmais elaborado, com estudos paramé-tricos com diferentes valores dos parâ-

metros mecânicos, para as diferentesgeometrias existentes, para diferentesestados iniciais de tensão etc. Esse con-junto de estudos serviria de referênciapara o acompanhamento da obra,comos dados da monitoração.

Além disso,o relatório enfatiza quea experiência internacional mostraque,numa obra por NATM,o custo doitem tecnologia, compreendendo in-vestigações,projeto e acompanhamen-to por instrumentação, é da ordem de

O IPT faz questão de informar que não fazparte do escopo do Relatório Técnicoidentificar os responsáveis pelo colapso dotúnel-estação sentido Faria Lima e nemapontar nomes de técnicos ou de empresasque eventualmente tenham cometidofalhas, erros ou negligência, em quaisqueretapas do empreendimento. Nas análisescontidas nos anexos do relatório completo,alguns técnicos são nominalmente citadoscomo fonte de informações. O objetivo dainvestigação ficou restrito aos aspectostécnicos e gerenciais do colapso da Estação Pinheiros e aos processos deengenharia empregados.Para a realização dos trabalhos deinvestigação, a diretoria do IPT, por meio deuma Resolução, instituiu a equipe deinvestigação composta por um gestor, umgerente técnico e mais nove coordenadoresde equipes técnicas específicas. A equipe deinvestigação foi composta, ainda, por quatroconsultores nacionais, dois consultoresinternacionais e pelas equipes da Gestão daQualidade e de Apoio Administrativo do IPT.A equipe de investigação contou, também,com o apoio dos laboratórios do próprioInstituto para ensaios em amostras de aço,concreto, rocha e solo.O Instituto alocou duas salas para abrigar30 profissionais, com montagem de umarede interna para proteção contra a invasãode hackers nos computadores utilizados nostrabalhos. Além de toda a infra-estruturanecessária para a execução dos trabalhos,como telefone, fax, rede internet,computadores e mão-de-obra de apoio.Por sugestão do IPT, o Metrô de São Pauloimplantou um sistema paraacompanhamento das atividadesdesenvolvidas, cujo escopo foi avaliar aqualidade e os procedimentos adotadospelo IPT. Dessa forma, o projeto foiestruturado com base em conceitos degestão de projeto e gestão da qualidade.

A monitoração das atividades desenvolvidasfoi realizada por meio do gráfico de Gantt,elaborado com o software MS Project, econtribuiu para o controle no tocante aoescopo, prazos, custos, qualidade, recursoshumanos e comunicação. Essa estruturaçãofoi validada pela Rina Brasil ServiçosTécnicos Ltda., empresa especializada emcertificação da qualidade contratada peloMetrô de São Paulo, que acompanhou todoo trabalho do IPT e considerou-o realizadode modo adequado.Nas entrevistas realizadas com osobservadores que presenciaram o colapsodo túnel, as quais auxiliaram noestabelecimento da cronologia do acidente,adotou-se o princípio do método Bourdieude caráter qualitativo e sociológico,fundamentado no encadeamento deestímulos, com o intuito de recuperar amemória referente a um período de tempoou conjunto de fatos de interesse. Além dessa técnica de entrevistas,realizaram-se reuniões técnicas com afinalidade de obter informações nãodisponibilizadas em documentos ou paradirimir dúvidas em decorrência dedivergências existentes na documentaçãoanalisada. Nessas reuniões, compareceram apenas os técnicos doMetrô de São Paulo e um técnico daempresa que realizava trabalho deauditoria da qualidade dos serviços,embora o convite tivesse sido estendido

aos técnicos do Consórcio Via Amarela e deempresas subcontratadas, que realizavamatividades na Estação Pinheiros.A dificuldade em entrevistar os demaistécnicos do Consórcio motivou os técnicosdo IPT a participarem das oitivasrealizadas na 3a Delegacia Seccional dePolícia, quando os profissionais doConsórcio e de seu Consórcio deProjetistas prestaram informações pormeio de Termo de Declaração. Quanto aosdocumentos técnicos do projeto e doacompanhamento da execução da obra, oIPT recebeu todos os que foramsolicitados, totalizando mais de 5.800unidades compostas por relatórios,plantas, fichas de acompanhamento,desenhos de projetos, entre outros. Foco dos trabalhos de investigação do IPT:�Levantamento das informações básicasdisponíveis no processo de licitação.� Análise do contrato do Lote 2.�Avaliação do gerenciamento de risco, dosistema da qualidade e da gestão da obra,durante a construção.�Avaliação do projeto e da construção daEstação Pinheiros.� Identificação do mecanismo de ruptura.�Avaliação técnica do métodoconstrutivo adotado e da qualidade naexecução da obra.�Análise dos fatores técnicos e gerenciais relacionados com o colapso da Estação Pinheiros.

Como foi realizado otrabalho do IPT

Extração de testemunhos de concreto

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5% do valor do contrato de constru-ção, ultrapassado na Linha 2 do Metrôde São Paulo (Verde), por exemplo. Jána Linha 4 (Amarela), esses serviçosforam contratados por um valor quenão chega a 2,5% do custo total daobra. Tal limitação de recursos, deduzo laudo, afetou tanto a qualidade doprojeto, como a da instrumentação.

Diante das questões apontadas pelorelatório do IPT,em termos de compor-tamento estrutural, o projeto executivocontinha riscos associados, que foramtransferidos para a etapa de construçãoda obra, e estava sujeito a condições crí-ticas de estabilidade durante a etapa deescavação do primeiro rebaixo. Tais ris-cos poderiam ser identificados e, even-tualmente,mitigados no ciclo de valida-ção de projeto e método construtivo,preconizado pelo NATM.

Plano de monitoração do maciçoO relatório do IPT observa que o

método NATM é observacional, umprocesso no qual o projeto pré-elabo-rado é revisto com o avanço da escava-

ção, conforme as características domaterial escavado, os condicionantesgeológico-geotécnicos encontrados eos dados da monitoração. Isso é co-nhecido como processo de validaçãodo projeto e do método construtivo.Nesse contexto, os resultados da mo-nitoração são vitais, pois dão suporte àcomparação do desempenho versusprevisão do projeto, retroanálise docomportamento, análise do nível desegurança e eventuais adequações doprojeto e/ou método construtivo.

O plano de monitoração, portan-to, é de fundamental importância naconstrução de túneis pelo métodoNATM. O IPT constatou que na Esta-ção Pinheiros,o plano elaborado e im-plantado era deficiente para um bomacompanhamento da obra, provavel-mente em conseqüência da pequenaalocação de recursos para o item tec-nologia (investigações, projeto e mo-nitoração). O número de tassômetrose de marcos superficiais era reduzido.Em número muito abaixo do previstono projeto, poucos piezômetros e in-

dicadores do nível d'água foram insta-lados, não permitindo a avaliação deeventual carga hidráulica atuante nosistema de suporte do túnel.

Em resumo,de acordo com o relató-rio do IPT, a instrumentação do túnel-estação sentido Faria Lima foi suficientepara identificar comportamentos anor-mais durante a escavação, mas insufi-ciente em termos de informações maiscompletas que permitissem a realizaçãode retroanálises mais elaboradas. Emparticular, a instrumentação associadaao acompanhamento hidrogeológicofoi insuficiente,em termos de instalaçãode piezômetros destinados a confirmara hipótese de que o maciço escavado en-contrava-se efetivamente drenado.

Controle tecnológico Em relação ao concreto projetado,

principal peça estrutural do sistema desuporte primário do túnel, não existiuum controle sistemático e com fre-qüência adequada de sua resistência abaixas idades e do seu teor de fibras,emalguns trechos empregadas em menorquantidade que o especificado. Taiscontroles são fundamentais, destaca olaudo do IPT, pois afetam o tempo apartir do qual se pode contar com oconcreto projetado como parte do sis-tema de suporte. Ocorreram aindadescuidos na concretagem do pé daparede do rebaixo, o que resultou emtrechos sem apoio e sem suporte (faltade contato com o piso em rocha).

Em relação aos materiais empre-gados, telas de aço, cambotas treliça-das e tubulações de aço Schedule dasenfilagens, embora não tenham sidosubmetidos durante a obra a todos osprocedimentos de verificação e con-trole, atenderam aos requisitos míni-mos exigidos pelo projeto, com baseem amostragens e ensaios realizadosdurante a remoção dos escombros.

O controle da instalação das enfi-lagens foi precário, dadas as condiçõesem que foram encontradas junto aosescombros. Inspeções visuais mostra-ram que a injeção de calda de cimentofoi falha, pois foram encontradostubos com preenchimento internoapenas parcial e vazios entre os tubose o maciço.

Esquema simplificado da linha causal do colapsoestrutural do túnel-estação sentido Faria Lima, comorigem no Processo Construtivo

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Processo construtivo e desvios deprojeto

O procedimento construtivo,conforme estabelecido em projeto,previa a escavação da seção parcializa-da (calota e dois rebaixos), por meiode escavação a fogo. De acordo com otrabalho do IPT, na calota não houvemaiores discrepâncias entre o previs-to e o executado, mas na escavação doprimeiro rebaixo houve desvios deprojeto com impactos importantes nasegurança da obra.

Tais desvios nos procedimentos deescavação do primeiro rebaixo in-cluem inversão do sentido de escava-ção, aumento da altura da bancada es-cavada e alterações na seqüência doplano de fogo, que não respeitou a es-cavação do caixão central avante dosalargamentos laterais alternados pre-vista em projeto. Esse conjunto de des-vios,conclui o IPT,pode ser considera-do uma violação do projeto e deveriaimplicar necessariamente um processode verificações e ajustes e, conseqüen-temente, novas previsões de projeto.Do contrário, afirma o laudo, pode-sedizer que existe uma desconexão entreo projeto executivo e o processo cons-trutivo efetivamente executado.

A inversão do sentido de escavaçãodo primeiro rebaixo, executado a par-tir do túnel de via em direção ao poçoCapri, gerou uma redistribuição detensões mais desfavoráveis ao sistemamaciço-suporte do túnel do que a si-tuação prevista inicialmente em pro-

jeto (do poço Capri ao túnel de via).Isso é agravado pela execução préviado poço Capri, que gerou tensões me-nores no maciço no sentido do eixolongitudinal do túnel (descompressãodo maciço) e tensões mais elevadas nosentido transversal (compressão).Portanto, a inversão do sentido de es-cavação do rebaixo é consideravel-mente mais desfavorável do que o pre-visto em projeto, analisa o laudo.

Os trabalhos de investigação nocampo mostraram que a altura escava-da do primeiro rebaixo foi de 5,2 m,em média.Maior do que os 4 m previs-tos no projeto executivo, correspon-dendo a um acréscimo de 30%. O au-mento da bancada do rebaixo tambémé mais desfavorável às condições de es-tabilidade do túnel, afirma o laudo.

No levantamento da documentaçãotécnica sobre a escavação do primeirorebaixo, o IPT constatou que inexistemInstruções Complementares de Execu-ção ou outro documento que forneçasuporte técnico, como análises, cálculose justificativas, para as alterações de in-versão do sentido da escavação,de alturada bancada e da parcialização da escava-ção (bancadas laterais avante do caixãocentral),o que constitui em violações deprojeto,afirma o relatório.

Acompanhamento técnico da obraOs trabalhos do IPT apuraram

que a gestão da qualidade da obra eraprecária. As principais falhas pude-ram ser vistas nos mapeamentos de

frentes de escavação, na interpretaçãodo monitoramento de deslocamen-tos do maciço, no controle da quali-dade conduzido por pessoal não de-vidamente qualificado, e nas audito-rias internas que deixaram de cum-prir os procedimentos estabelecidos.Além disso, houve falha quanto aoplanejamento da qualidade, que nãoestabeleceu limites precisos de aten-ção e de alerta, o que dificultou a apli-cação de um critério de decisão con-tingencial para garantia de segurançada obra e não possibilitou o aciona-mento de um plano de emergência,quando essas condições de segurançadeterioraram.

As leituras da instrumentação(tassômetros, pinos de convergênciaetc.) eram feitas com freqüência acei-tável ao andamento dos trabalhos.Mas as detonações de explosivos paradesmonte das rochas ficaram muitopouco documentadas, constatou oIPT,não havendo indicação detalhadadas cargas aplicadas em cada ocasião eda posição correta dos explosivos. OIPT apurou que o trabalho do enge-nheiro consultor de fogo do Consór-cio, segundo seu depoimento, limita-va-se a verificar os registros das vibra-ções provocadas na superfície do ter-reno, e, estando elas abaixo do limitepreviamente estabelecido, autorizar acontinuidade dos trabalhos. Sua par-ticipação se fazia no canteiro da obra,sem que ele descesse ao fundo dopoço e à plataforma da estação.

A complexidade geológica do maciçorochoso não foi incorporada ao projetoda estação Pinheiros.

A rampa de ligação entre os túneis devia e de estação foi significativamenteaumentada, contrariando o projeto.

Os 11 fatores decisivos do acidente

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Foi constatada a presença de umacoluna de água acima do teto do túnel,indicando que o maciço estava sendoescavado sob condição não drenada, aocontrário do que considerava o projeto.

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O IPT afirma que não há registroda sistemática de acompanhamentodos dados obtidos na monitoração.Apurou que havia reuniões quinzenaisentre o Consórcio Via Amarela e oConsórcio Projetista. Segundo as atasdas reuniões a que o IPT teve acesso,tratava-se de medidas administrativas,como a fixação de datas para entregade plantas do projeto ou solicitação deinstrumentos. Não há registro de quese tenha discutido nessas reuniões ocomportamento da obra e alteraçõesno projeto em virtude dos dados demonitoração, informa o laudo.

Embora o mapeamento das frentesde escavação (no túnel-estação sentidoFaria Lima) tenha registrado, sistema-ticamente, a existência de rocha classe

III na faixa central da frente escavada ede rocha classe IV nas laterais, consti-tuição completamente distinta daseção transversal típica adotada noprojeto, o IPT não encontrou registrode que essa diferença – entre o maciçoobservado e o adotado nos modela-mentos numéricos – tivesse sido obje-to de qualquer atenção. Isso, de acordocom o relatório do IPT, deveria ter jus-tificado pelo menos uma retroanáliseda estabilidade da escavação.

A análise dos dados da instrumen-tação do túnel-estação sentido FariaLima, feita pelo IPT, indicou que aofinal da escavação da calota,no início denovembro de 2006, os deslocamentosque eram monitorados no túnel esta-vam praticamente estabilizados. Entre-

tanto,a magnitude de alguns desses des-locamentos foi bastante elevada em re-lação ao previsto no projeto,chegando aser sete vezes maior para os recalquesinternos dos pinos laterais, e seis vezespara as medidas dos tassômetros late-rais, em relação ao previsto em projeto.

Durante a execução do primeirorebaixo, etapa para a qual não se pre-viam grandes recalques na calota (in-feriores a 1 mm), observaram-se re-calques muito acentuados, com níti-do aumento de velocidade a partir dodia 15/12/2006, em praticamentetodas as seções instrumentadas, inde-pendentemente da posição da frentede escavação, relata o laudo do IPT.

Próximo ao Natal, quando esta-vam escavados cerca de 55% do pri-meiro rebaixo, os recalques internosno túnel-estação já chegavam a 12vezes, o deslocamento dos tassôme-tros a sete vezes e a convergência a 53vezes os respectivos valores esperadosno projeto para todo o período de es-cavação do rebaixo.

Esses dados já indicavam que ocomportamento da escavação se afas-tava das previsões de projeto, reque-rendo retroanálises e ajustes no proje-to e/ou no método executivo, afirma olaudo do IPT. Apesar desses indícios,houve continuidade da escavação noinício de janeiro de 2007, levando aobra a uma condição que exigia a to-mada imediata de ações de contin-gência e até mesmo de emergência,pondera o relatório do IPT.

Por volta do dia 08/01/2007, pro-curou-se convocar uma reunião para

Embora a instrumentação indicassecomportamento anômalo, não foramefetuadas retroanálises para avaliara segurança.

O primeiro rebaixo foi escavado emsentido contrário ao especificado no projeto.

A profundidade do primeiro rebaixo foisignificativamente aumentada emrelação à especificada no projeto.

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Tirantes já instalados na parede remanescente do poço Capri

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analisar o comportamento da obra,mas essa só se realizou no dia11/01/2007, o que mostra que a preo-cupação com o assunto não era gene-ralizada. Nesse dia, reuniram-se nocanteiro da obra engenheiros da cons-trutora e responsáveis pelo projeto,quando se decidiu que, para aumen-tar a estabilidade dos túneis escava-dos, seriam instalados 174 tirantes emcada um dos túneis (sentido FariaLima e sentido Butantã), dispostosem três níveis nas paredes. A eventualnecessidade dessa medida já estavaprevista no projeto original. Por outrolado, apurou o IPT, contrariando aoespecificado nas notas de projeto, nãohavia tirantes suficientes disponíveisno canteiro da obra, razão pela qual aexecução não teve início imediato.

Apesar da importância do assun-to, pondera o relatório do IPT, nãoficou registrada na Instrução Com-plementar de Execução, emanadanessa reunião, a necessidade da esca-vação ser paralisada até que esses ti-rantes fossem feitos. Segundo o IPT,participantes da reunião alegam queteria ficado subentendido que a obraseria paralisada até a execução dos ti-rantes, outros que o assunto não teriasido abordado. Diante do desenvolvi-mento dos recalques que estava ocor-rendo e da necessidade reconhecidade executar o reforço, era de se esperarque as obras fossem paralisadas, poisnão havia razão que justificasse seuurgente prosseguimento, ressalta o re-latório. De acordo com as conclusõesdo IPT, tudo indica que a suspensão

temporária da escavação, enquanto oreforço era executado, poderia ter evi-tado o acidente.

Desestabilização e colapsoDiferentes tipos de análises da esta-

bilidade da escavação (apresentadas norelatório do IPT) indicaram que a se-gurança do conjunto maciço-suporte,tal como foi construído, ficou abaixoda recomendável para túneis e estaçõessubterrâneas de metropolitanos esca-vados em áreas urbanas. Nas paredesdo primeiro rebaixo,o conjunto maciço-suporte, tal como concebido,portanto,sem a aplicação de nenhum tipo de re-forço estrutural suplementar, não su-portaria, com a segurança requerida, aredistribuição do campo de tensõesdecorrente das escavações.

Além disso,segundo o laudo,o des-monte a fogo do maciço, tendo sido

pouco controlado, provavelmente odanificou além do usual em trabalhosdo gênero, reduzindo sua resistência. Oresultado é que o conjunto maciço-su-porte, sem nenhum reforço estruturalextra,não foi capaz de resistir à redistri-buição das tensões acarretadas pelas es-cavações. Em alguma zona dos apoiosda calota ou das paredes do primeirorebaixo, iniciou-se um processo deruptura, seguido de nova redistribui-ção de tensões para os segmentos con-tíguos que,à medida que a escavação seaproximava do poço, também não re-sistiram ao acréscimo de solicitaçõesdecorrentes dessa redistribuição,deses-tabilizando-se, quase que simultanea-mente, todos eles. A manifestação daruptura se dá pelas paredes do primei-ro rebaixo, conclui o trabalho do IPT.

As escavações realizadas após a rup-tura mostraram as paredes do primeiro

Na escavação do primeiro rebaixo, nãofoi respeitada a escavação do caixãocentral avante dos alargamentoslaterais, como prevista em projeto.

Foram observadas não conformidadesnos aspectos construtivos e o controleda qualidade era deficiente.

Apesar de terem sido realizados osfuros para o atirantamento de reforçodas canbotas, não havia na obratirantes suficientes.

Configuração geral das estruturas de contenção envolvendo a área de estudo

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rebaixo sempre sob os escombros dosuporte da calota, indicando que o iní-cio da ruptura ocorreu no maciço aolado do suporte do primeiro rebaixo,provocando o seu tombamento. Comisso, o arco estrutural da calota perdeuseu apoio e se projetou na escavação,junto com o maciço que suportava. Talevidência exclui definitivamente a pos-sibilidade da ruptura ter se iniciado pelacalota, atesta o relatório do IPT.

A conclusão do IPT é que diantedesses fatos a decisão tomada na reu-nião do dia 11/01/2007, da qual resul-tou uma ICE, determinando a execu-ção de um reforço estrutural do maci-ço com três linhas paralelas de tiran-tes, estava na direção correta e o co-lapso da Estação Pinheiros, possivel-mente, teria sido evitado. Para tanto,era essencial que as escavações tives-sem sido imediatamente interrompi-das e retomadas somente após a con-clusão das obras de reforço.

Gestão da obraNa documentação disponibilizada

para a investigação do IPT não foi en-contrado um plano consistente e coe-rente que envolvesse todas as etapas degestão do projeto. Havia documentosde diversas espécies,tais como planos daqualidade ou os programas de gerencia-mento ambiental. Mas, segundo apu-rou o trabalho do IPT, não havia umdocumento central de gestão e, portan-to, a condução do processo dependiamuito da capacidade dos gestores paraencontrar soluções em cada caso.

Em um sistema de gestão deve exis-tir a preocupação em implantar as siste-

máticas descritas nos documentos. Nocaso da obra em análise, esses planos eprogramas apresentaram problemasquanto à aderência ao previsto e à exe-qüibilidade. Exemplo disso, aponta olaudo, é que havia disparidade entre osplanos da qualidade do Consórcio ViaAmarela e do Consórcio Projetista tor-nando a administração da qualidade,entre diferentes empresas,mais comple-xa.Outra falha descrita, foi que o mode-lo geológico-geotécnico estava bem es-tabelecido e conhecido por ocasião daelaboração do projeto executivo, mas omodelo geomecânico oriundo era extre-mamente simplificado, indicando umproblema de gestão da comunicação.

Não houve ação rápida das equipesenvolvidas na obra da Estação Pinhei-ros, quanto aos resultados da instru-mentação, na época anterior ao recessode final do ano de 2006 e nos primeirosdias de janeiro de 2007, antes do colap-so. Para o IPT, isso sugere que houvefalha de gestão da comunicação e/ououtro problema de gestão. A gestão derisco era praticamente inexistente e,portanto, não havia sistema de identi-ficação de riscos, nem plano de contin-gência capaz de evitar o colapso e nemplano de emergência capaz de evitar asgraves conseqüências que se sucede-ram ao colapso.

O relatório aponta ainda falhas dedecisão relativas à execução da obra,quenão emitiu documento de alteração deprojeto (ICE) conforme previsto noPlano da Qualidade da CoordenaçãoGeral das Projetistas em pelo menos trêssituações: escavação do rebaixo em sen-tido inverso ao estabelecido em projeto,

seqüência de detonações que não obe-deceu à escavação do caixão centralavante de alargamentos laterais alterna-dos, e escavação da bancada com alturamaior que os 4,0 m previstos.

Com exceção das falhas de decisão,as demais falhas observadas são sistê-micas e derivam da ausência de um pla-nejamento mais rigoroso do processogestor, descreve o IPT. Um sistema degestão adequado envolve a elaboraçãode documentação otimizada e o envol-vimento das equipes para o atendi-mento das diretrizes estabelecidas.

Gerenciamento de riscosUma obra como a construção de

um túnel urbano requer um Progra-ma de Gestão de Riscos que deve in-cluir pelo menos os seguintes proces-sos: identificação de perigos; dimen-sionamento qualitativo e quantitativode riscos, avaliação integrada de riscose planejamento de resposta aos riscos.Essa obra, segundo o IPT, não incor-porou esses processos. Não houve umtrabalho de identificação de riscoscapaz de constatar que colapsos sãoeventos que podem ocorrer e mere-cem cuidados específicos. Tambémnão havia planos de respostas aos ris-cos (contingência e emergência) ca-pazes de conduzir as tomadas de deci-são quando foram necessárias.

Um exemplo da precariedade doplano de emergência é que, desde osprimeiros sinais do início do processode ruptura até o colapso, decorreramcerca de 10 a 15 minutos, tempo essesuficiente para que o tráfego e a circula-ção de transeuntes fossem interrompi-dos. Uma medida desse tipo, que teriaevitado as conseqüências trágicas doacidente, não se toma de imediato, semque haja um treinamento antecipado; épor isso que se fazem simulações de aci-dente. Segundo o IPT, é compreensívelque as pessoas envolvidas, aos primei-ros sinais da ruptura, não tivessemnoção do vulto da catástrofe que se pre-nunciava e das conseqüências que teria.Entretanto, numa obra da importânciacomo a do túnel-estação, todas as me-didas de segurança deveriam ter sidopreviamente adotadas.

Seleção e organização: Heloisa Medeiros

Apesar dos indícios de anomalias nocomportamento do solo, as detonaçõesnão foram interrompidas.

O Consórcio não possuía um sistema degestão de riscos, tampouco planos decontingência e de emergência.

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Industrialização econômicaSistemas construtivos industrializados ganham força com expansão do segmento residencial econômico

Durante muitos anos os engenhei-ros civis se perguntaram se era

possível que a construção no Brasildeixasse seu caráter artesanal para se-guir o caminho da industrializaçãonos canteiros de obra. Após o fim daSegunda Guerra Mundial, os paísesdesenvolvidos da América do Norte,Europa e Ásia passaram a se valercom maior intensidade de sistemasconstrutivos prontos, pré-fabricados,que proporcionassem maior produti-vidade e economia de mão-de-obra –de custo muito alto nessas regiões.

CAPA

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Agora, o momento parece terchegado. A oportunidade surgecom a expansão dos empreendi-mentos voltados ao segmento eco-nômico: como a margem de lucrosobre cada unidade é pequena, onegócio só se viabiliza economica-mente com a produção de unida-des habitacionais em grandes volu-mes. E produção em larga escalaimplica industrialização, desde osmacrossistemas construtivos – es-trutura e vedação – até os elemen-tos construtivos menores – como

as instalações elétricas e hidráuli-cas e as coberturas.

Confira a seguir algumas dassoluções disponíveis no País paraempreendimentos do segmento,sejam eles horizontais (casas e so-brados) ou verticais (edifíciosmultipavimentos). Vale lembrarque está em vigor, desde maio de2008, a Norma de Desempenhoque traz requisitos específicospara edifícios residenciais de atécinco pavimentos.

Renato Faria

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Os construtores têm encarado amoldagem in loco de paredes de concretocomo a alternativa industrializada maisviável para a produção de unidadeshabitacionais em larga escala. Altaprodutividade, custos competitivos efamiliaridade com material e processo deexecução são fatores importantes naescolha dessa solução tecnológica. A Rodobens Negócios Imobiliários entroude cabeça na tecnologia. No ano passadoforam construídas 360 casas térreas com osistema na cidade de São José do RioPreto (SP). As primeiras fôrmas utilizadaseram de plástico e alugadas no Brasil.Prevendo a expansão do segmento e apossível falta de equipamentos nomercado interno, a empresa importou dosEstados Unidos jogos de fôrmas dealumínio. Quando necessário, a Rodobensse vale também do aluguel no Brasil defôrmas de alumínio e aço. Até ofechamento desta edição, a empresaexecutava 4.566 unidades em todo o País.Segundo Geraldo Cesta, gerente técnicoda Rodobens Negócios Imobiliários, naépoca dos estudos o sistema se mostroumais competitivo em comparação com osteel frame e com as paredes pré-moldadas. "O pré-moldado demanda

Steel frameO steel frame desembarcou no Brasilcomo uma solução construtivaindustrializada para construções de altopadrão. O arquiteto Alexandre Mariutti,diretor da construtora Seqüência, quetrabalha há seis anos com a tecnologia,conta que era preciso esperar a tecnologiase consolidar nesse segmento para depoisaplicá-lo a empreendimentoseconômicos. "Acreditamos que já é horade popularizá-lo", afirma.A construtora já desenvolveu algunsmodelos de casas para o ramo popular e oque se mostrou financeiramente mais viávelempregava fechamentos em placascimentícias. Até o momento, um protótipofoi erguido e uma réplica está sendoavaliada pelo IPT (Instituto de PesquisasTecnológicas do Estado de São Paulo).

equipamentos para movimentação daspeças. O custo do aço e do material depreenchimento do steel frame era inviávelpara um produto destinado a camadas demenor poder aquisitivo", explica oengenheiro. A aceitação dos consumidoresé outro aspecto importante. SegundoCesta, os compradores acreditam que asolidez das paredes monolíticas transmitemaior sensação de segurança. "O steelframe é uma solução técnica fantástica,mas acho que ele não atende cultural efinanceiramente a esse público."Executadas com concreto celular auto-adensável, as unidades são produzidas pelaRodobens Negócios Imobiliários à razão deuma a cada dois dias. As fôrmas dealumínio, adquiridas pela empresa, podemser utilizadas 1.500 vezes. "Mas a

Condomínios horizontais

Sobre a fundação tipo radier são erguidasas paredes de concreto com instalaçõeshidráulicas e elétricas embutidas

Mariutti estima que, em escala de produçãoindustrial, cada unidade de 48 m² possa serconstruída em cerca de uma semana.No entanto, o preço dos componentesainda é um fator que pressiona acompetitividade do custo do sistema. A começar pelo aço, commodity cujopreço é puxado para as alturas peloaumento da demanda mundial, sobretudoda China. O arquiteto critica também afalta de competição entre fornecedores de placas cimentícias e de drywall, o quemantém, em sua opinião, os preços dessesprodutos em patamares mais elevados.Se o sistema construtivo completo aindatem um caminho para trilhar rumo àviabilização econômica e técnica, pelomenos parte dele pode ser empregada deimediato em qualquer tipo de construção

residencial industrializada. "Já há empresasnos procurando para desenvolver ascoberturas metálicas para casas de PVC,por exemplo", revela Mariutti.

produtividade com a fôrma não é tudo,você precisa ter uma grande escala deprodução que possibilite uma economia nacompra dos outros insumos", lembra Cesta.

Até o momento a construtora executouapenas um protótipo de casa popular emsteel frame. Preço do aço e doscomponentes de vedação pressionamcompetitividade econômica do sistema

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uma equipe de quatro pessoas é capazde erguer uma casa de 40 m² em dezdias, a um custo médio de R$ 475 ometro quadrado. Com a produção em

larga escala, entretanto, a produtividadepode aumentar e alcançar a marca deuma casa a cada três dias, de acordocom Torres.

PVC+ConcretoAs primeiras casas construídas noBrasil com a tecnologia PVC+Concretoforam as 130 unidades de umcondomínio em Canoas (RS), entre2001 e 2002. Os perfis de PVC, queainda não eram produzidos no País,foram importados da Argentina. Entreobras industriais, comerciais eresidenciais, já foram construídos por aqui mais de 70 mil m² com a tecnologia.Os elementos que formam o conjuntosão os painéis vazados para paredesem PVC – modelados com um duploencaixe macho-e-fêmea –, marcos deportas e contramarcos de janelas.Após a montagem dos perfis deparede vazados, são inseridos osreforços de aço e as instalaçõeselétricas e hidráulicas. Por fim,executa-se a concretagem dosperfis-fôrmas. Segundo Carlos Eduardo Torres, gerentegeral da Royal do Brasil Technologies,fornecedora do sistema construtivo,

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Primeiras casas construídas no Brasil com o sistema PVC+Concreto foram concluídasem 2002, com perfis importados da Argentina

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Casa de madeiraUm dos materiais mais comunsempregados na construção de casas norte-americanas e canadenses, a madeira aindasofre, no Brasil, resistência cultural porparte da população. "É uma síndrome dosTrês Porquinhos, as pessoas acham que ascasas de madeira são mais frágeis que asde alvenaria", brinca Carlos Alberto Szücs,professor da UFSC (Universidade Federalde Santa Catarina) e coordenador do GrupoInterdisciplinar de Estudos da Madeira. Os testes realizados nos laboratórios daUniversidade, porém, atestam o bomdesempenho do material em itens comodurabilidade, resistência, confortotérmico e acústico. "Observadas asquestões de projeto, de tratamentoadequado e de manutenção, sãomoradias previstas para 50 anos", explica.Soluções construtivas industrializadascom o material têm potencial de uso emconstruções em larga escala decondomínios econômicos, sobretudo ospróximos a regiões madeireiras.A universidade desenvolveu e avaliou, emparceria com a iniciativa privada, umsistema construtivo leve chamado "SistemaPlataforma". Composto por painéis

Sistemas construtivos industrializados em madeira são alternativaspara condomínios em regiões madeireiras

estruturais revestidos e estruturados emmadeira, o sistema suporta os esforçosverticais e horizontais sem apoio de vigas ecolunas tradicionais. O "esqueleto" dospainéis é feito de réguas de seção 4 cm x 8cm e fechado com chapas de OSB oumadeira compensada. Como as paredes desteel frame ou drywall, é preenchido commaterial isolante térmico e absorventeacústico e tem as instalações elétricas ehidráulicas embutidas.O sistema ainda não foi utilizado em largaescala, mas no protótipo construído junto

com a fabricante Batistella, ospesquisadores conseguiram erguer umacasa de 40 m² em 30 dias com uma equipede três pessoas. "A casa foi produzida emum processo de baixo nível deindustrialização, com algum retrabalho eem um período chuvoso", explica Szücs. Emum sistema mais industrializado deprodução, o professor prevê que ahabitação possa ser produzida entre dez e15 dias. O sistema pode ser utilizado, comsegurança estrutural, em edifícios de atéquatro pavimentos.

As construtoras que pretendem sercompetitivas no segmento residencialeconômico devem pensar também naindustrialização das instalações elétricas ehidráulicas. Diferentemente dasconstruções de médio e alto padrão, osprojetos padronizados possibilitam essasolução. "Com ambientes de dimensõesconhecidas, fabricantes de fios e cabos,por exemplo, conseguem montar chicoteselétricos para cada uma das unidades",afirma Roberto Barboza, diretor técnico dainstaladora Sanhidrel.Segundo o engenheiro, dependendo dafamiliaridade da construtora comprocessos industrializados de produção, épossível reduzir em até 15% a mão-de-obranecessária para a execução das instalaçõeshidráulicas de um apartamento."Atualmente, pré-montamos as instalaçõesdos ramais dos edifícios de médio e altopadrão, mas em geral as prumadas ainda

Kits hidráulicos e elétricos

são artesanais", afirma. "Quando a obrapermite, as prumadas são pré-numeradase pré-montadas. Apenas barriletes einstalações especiais são montados nolocal, porque não há repetição."A empresa já firmou parcerias comalgumas construtoras para o

Kits hidráulicos são montados no próprio prédio da Sanhidrel eentregues prontos no canteiro da construtora

desenvolvimento de kits de elétrica ehidráulica para grandes empreendimentosdo segmento econômico. Detalhestécnicos, porém, estão sob sigilo. "Essasinformações serão divulgadas com otempo, com a construção das primeirasunidades", afirma Barboza.

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Blocos de EPSA construção em larga escala dehabitações do segmento econômicopode viabilizar o uso de tecnologiasbaseadas em materiais alternativos paraalvenaria. É o caso, por exemplo, dosblocos de EPS vazados que, armados epreenchidos com concreto, irão comporo fechamento da unidade residencial. A tecnologia é de origem alemã e existehá 30 anos no exterior. Trazido ao Brasilpela Isocret em 1999, somente agora osistema está sendo divulgado com maiorintensidade entre as construtoras. O motivo, segundo o engenheiro JoséAcilino dos Reis Filho, da Isocret, foramanos de testes e avaliações para atenderos requisitos técnicos da CaixaEconômica Federal e do Governo doEstado de São Paulo.O primeiro contrato para produção decasas em larga escala foi firmado com aCDHU (Companhia de DesenvolvimentoHabitacional e Urbano do Estado de São

Blocos de EPS são montados e posteriormente concretados, funcionando ao mesmotempo como fôrmas para o concreto e isolamento termoacústico. Casas podem serconstruídas em até uma semana

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Paulo) para a execução de 152 unidadesde 51 m² cada em Bocaina, interior deSão Paulo. Antes disso, algumas obras jáhaviam sido executadas no País com atecnologia, entre elas uma escola emBocaina (SP), o prédio de umauniversidade em Rio Claro (SP),instalações administrativas em São Paulo.Com uma equipe de quatro pessoas,pode-se construir uma casa de 45 m² ematé sete dias. As casas de Bocaina, por

exemplo, custarão à CDHU cerca de R$ 450 o metro quadrado, segundo JoséAcilino. Coberta com uma camada dechapisco rolado, a superfície de EPS dobloco pode receber qualquer tipo derevestimento. Ainda de acordo com Reis,os blocos podem ser utilizados emedifícios de até 12 pavimentos. Oconsumo médio de concreto, com o sistema, é de 1 m³ para cada 17 m2

de parede.

A Jetcasa começou a desenvolver há dezanos seu sistema de painéis cerâmicospré-fabricados. Utilizados como paredesinternas e externas, os painéis sãoproduzidos com blocos cerâmicosestruturados com nervuras de concretoarmado e revestidos com argamassa. Instalações hidráulicas e elétricas sãoembutidas. A ligação mecânica entre ospainéis é realizada com soldas debarras e chapas de aço especiais e asjuntas são protegidas da infiltração deágua de chuvas ou de áreas molháveiscom selantes flexíveis. A tecnologiapode ser utilizada na produção decasas térreas e sobrados.Segundo Marcelo Bergamaschi, diretorcomercial da Jetcasa, as peças podemser produzidas no próprio canteiro ouconfeccionadas na fábrica etransportadas até a obra. Caso aprimeira opção seja a mais viável parao empreendimento, é necessária umaárea de 100 m x 15 m para a instalaçãoda pista de produção. A empresafornece a ponte rolante e as fôrmas

Painéis cerâmicos pré-fabricadose a construtora entra com ocaminhão-guindaste.A produtividade média com o sistema éde três casas por dia, sendo necessáriauma equipe de cinco pessoas para amontagem das casas e de outras 48para a produção dos painéis. De acordocom Marcelo Bergamaschi, para que ouso da tecnologia sejaeconomicamente viável emempreendimentos do segmentoeconômico, a área construída mínimadeve ser de 10 mil m², equivalentes a250 casas de 40 m², em média.O preço de venda do metro quadradodas casas varia entre R$ 450 e R$ 600,dependendo da sofisticação doacabamento interno das unidades.Desde o ano 2000, aproximadamenteoito mil unidades já foram ou estãosendo executadas com a tecnologia –75% dos contratos foram fechadosdesde o ano passado. Até o fim de 2008,a empresa acredita que deva fecharcontrato para a produção de mais dez mil unidades.

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Painéis cerâmicos estruturais podem serproduzidos na fábrica ou no canteiro.Sistema é composto por blocos cerâmicose nervuras de concreto armado

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A Sergus Construtora desenvolveu osistema construtivo com fôrmas tipobanche, que permite produzir edifíciosmultipiso com paredes de concreto emdois ciclos de concretagem porpavimento. Ele é composto por fôrmasmetálicas (paredes) e chapas demadeira (lajes).O sistema dispensa escoramento, poisas vigas de sustentação das chapas daslajes são apoiadas nas paredesestruturais anteriormente concretadas.A espessura mínima das paredes é de12 cm; a das lajes é de 8 cm. Ambassão armadas com telas de açosoldadas CA 60, com reforçoslocalizados em barras e treliças de açoCA 50 ou CA 60, de acordo com oprojeto estrutural. Segundo Sérgio Cristiano, diretortécnico da Sergus, o sistemapossibilita grande variedade de layoutàs unidades, já que as fôrmas usadas

Escalada de produtividade

para as paredes e para as lajes sãoindependentes. As fôrmas metálicassuportam até 500 utilizações. Para suamovimentação, é necessária a instalação

de uma grua no canteiro. Para eventuaisreparos e manutenções, Cristianorecomenda reservar no canteiro uma árealivre de cerca de 100 m².

Fôrmas tipo banche permitem executar pavimentos com paredes de concreto emdois ciclos. Sistema possibilita maior variedade de layout das unidades, pois fôrmaspara paredes e para lajes são independentes

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O sistema PAC, criado pelo grupo InMaxem 1982, é composto por painéisportantes pré-moldados de concreto epré-lajes. Apenas a capa das pré-lajes émoldada in loco no atual sistema daInMax. "No passado, erguemos algunsedifícios com a caixa do elevador moldadain loco, elemento que dava rigidez aoconjunto. Porém, com a evolução dosistema, conseguimos eliminar essaestrutura e fazer quase todo o edifício empré-moldados", afirma André AranhaCampos, diretor da InMax. Nos últimos 26 anos, a tecnologia haviasido aplicada somente na execução deedifícios de quatro ou mais pavimentos. Noentanto, a empresa começa a desenvolverprojetos para a utilização em casas térrease sobrados. "Nós nunca tínhamos feito issoporque nunca houve uma demanda quejustificasse", afirma Aranha. Cerca dequatro mil apartamentos já foramproduzidos com o sistema; até 2010, aempresa projeta a produção de mais deoito mil unidades entre condomínioshorizontais e verticais.A execução das torres com o sistema PACexige gruas para a movimentação doselementos pré-moldados e uma área nocanteiro para a instalação dos jogos defôrmas usados na confecção das peças deconcreto. Nesse sistema, as instalaçõeselétricas e hidráulicas e o espaço para oscaixilhos também são posicionados emontados antes da concretagem. O processo possibilita a produção de umapartamento por dia, cada um com 50 m2

ou 60 m² de área útil. A maioria dospainéis tem função estrutural, o quelimita a algumas paredes a flexibilidade

Paredes pré-moldadasde concreto

de abertura de vãos. As fôrmas –metálicas ou de fibra de vidro – sãoprojetadas pela própria InMax e conferemacabamento final liso às paredes deconcreto. Segundo Aranha, issoproporciona redução no consumo demassa corrida durante a execução doacabamento. "Não há a necessidade decorreção de rugosidade, apenas sefecham microporos." Depois de

posicionadas no pavimento, as juntasentre os painéis são grauteadas. Por fim, aexecução das lajes é feita em duas etapas– a primeira, de montagem das pré-lajes,que incorporam as armaduras positivas eos pontos de iluminação; seguida pelasegunda etapa, em que ocorrem amontagem da armadura negativa, daspassagens elétricas e a concretagem final,que solidariza as peças pré-moldadas.

Sistema para produção de edifícios multipavimentos é composto por painéis de paredeestruturais, escadas e pré-lajes, todos pré-moldados no canteiro

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Engate rápidoSistema Techouse/Casa Dez,fornecido pela gaúcha Lig e Lev, éum conjunto de painéis-sanduíche,cada um formado por duas placas deconcreto estruturadas com malhas evigas de aço eletrossoldadas epreenchidas com instalações

elétricas e hidráulicas e EPS. Ospainéis são unidos e fixados pormeio de encaixes autotravantes nasbordas das placas. Sua montagemexige a presença de um caminhão-guindaste para o transporte daspeças no canteiro

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DESEMPENHO

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Apalavra homologação remete aoconceito de reconhecimento oficial

com posterior divulgação. Ou seja, apartir da comprovação, ratificação ouconfirmação,por instituição autorizadapara tal, das características e proprieda-des de determinado objeto, dissemina-se o que se atesta. Tal objeto pode, por-tanto, ser um sistema construtivo. Enesse caso, a palavra homologação ésubstituída pelo DATec (Documento deAvaliação Técnica) que se aplica paraverificar o desempenho de sistemasconstrutivos. "Adotamos esse termo noBrasil. No IPT (Instituto de PesquisasTecnológicas do Estado de São Paulo)existe a RT (Referência Técnica)",expli-ca o engenheiro Cláudio Vicente Miti-dieri Filho, pesquisador do Instituto.

Excelência atestadaPara comprovar a qualidade das soluções inovadoras desenvolvidas e abrir o caminho para obtenção de financiamentos, empresas buscam aavaliação técnica de desempenho

Na construção civil,o DATec,é apli-cado nos sistemas considerados inova-dores. Isso porque os sistemas conven-cionais já carregam um histórico de usoou, também, são contemplados pornormas prescritivas. Um bom exemplopara entender a necessidade do DATec éo gesso acartonado. No começo de suaaplicação no Brasil, a indústria do dry-wall foi ao IPT obter Referências Técni-cas para os sistemas construtivos. Nototal, foram seis.Atualmente,no entan-to,nenhuma delas está ativa.O motivo:aos poucos o sistema vai sendo norma-lizado pela ABTN (Associação Brasilei-ra de Normas Técnicas), com regula-mentação para a chapa, os perfis, osacessórios e a forma de instalação. "Co-meça a sair de um ambiente inovador

para um em que é mais convencional",resume Mitidieri. Na prática, significaque o DATec é dispensado porque, teo-ricamente, ao comprar chapas e perfisque atendam à norma e instalar con-forme o preconizado, o desempenhoestá garantido.

O principal motivo que estimulauma empresa a buscar o DATec para osistema construtivo que comercializa éa possibilidade de garantir aos contra-tantes que, mesmo inovador, esse éconfiável e compete,quanto ao desem-penho, de igual para igual com os con-vencionais. No caso da Sergus Cons-truções, a necessidade pela RT do IPTveio das tentativas frustradas de viabi-lização de seu sistema construtivojunto a agentes de financiamento àprodução. "Em projetos públicos emque era possível sugerir a metodolo-gia, ficava difícil ofertar o sistema semembasamento", lembra o engenheiroAdalberto Magina, coordenador daqualidade da empresa. Conforme afir-ma Magina, a RT para o sistema comfôrmas tipo banche veio como um di-ferencial de mercado, uma garantia aocomprador de que houve a avaliaçãode um órgão com credibilidade. "Nãoimaginávamos que o sistema seriasubmetido a tantos ensaios", comenta.No caso da Sergus, a RT já foi renova-da e agora recebe o nome de RT-25A –Sistema Construtivo Sergus com Fôr-mas tipo Banche.

O fato de um sistema contar como DATec não significa que pode seradotado aleatoriamente, mas sim que

A avaliação técnica de sistemas construtivos é feita por meio de uma bateria deensaios em laboratórios especializados. Os parâmetros são obtidos a partir denormas técnicas nacionais ou estrangeiras

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tem o uso balizado. Conforme salien-ta Mitidieri e estampa a RT da Sergus,os sistemas são aprovados pelo IPT –ou, no caso de outros processos deavaliação técnica, por outras institui-ções – apenas para os usos avaliados."O DATec pode até ter restrições di-zendo que é adequado para algumasregiões climáticas e outras não",exemplifica o pesquisador. A RT daSergus diz que o "desempenho acústi-co do sistema é satisfatório", mas"pode ser melhorado revestindo-se ospisos com materiais apropriados".Logo, como a empresa entrega o imó-vel sem carpetes, o manual do pro-prietário recomenda que o revesti-mento seja aplicado para diminuir ageração de ruídos entre salas super-postas e, conseqüentemente, melho-rar o conforto acústico.

Caixa de exigênciasSe os institutos que realizam a ava-

liação de desempenho não contamcom critérios próprios para afirmar sedeterminado sistema atende ou nãoaos requisitos mínimos, a Caixa (Cai-xa Econômica Federal) também não.Ambos se baseiam nas normas nacio-nais – ou, na ausência dessas, em ou-tras referências, incluindo normas es-trangeiras. Atualmente, a Norma deDesempenho para edifícios habitacio-nais de até cinco pavimentos tem ser-vido como referência geral para ava-liar o desempenho estrutural, o con-forto térmico e acústico, a estanquei-dade à água, a durabilidade e a segu-rança contra incêndios.

Mesmo assim, a Caixa tem crité-rios diferentes a depender do tipo de

Ensaios de caracterização: para osmateriais e componentes que integram osistema construtivo. Podem variardependendo da constituição e natureza.Ensaios de desempenho:� Desempenho estrutural: compressãoexcêntrica, cargas laterais distribuídas econcentradas, cargas verticais distribuídase concentradas, cargas de uso, comopeças suspensas e solicitações

transmitidas por portas, impactos decorpo mole e de corpo duro� Estanqueidade à água: de paredesexternas e internas de áreas molháveis, depisos, à água de chuva de telhados� Segurança ao fogo: resistência ao fogo,propagação de chamas, densidade defumaça, gases tóxicos� Desempenho térmico: simulação dodesempenho, resistência térmica,

condutividade térmica, calor específico,densidade, medidas no local� Desempenho acústico: isolação a sonsaéreos, isolação a ruídos de impacto,medições de campo� Durabilidade: ensaios deenvelhecimento acelerado (névoa salina,câmara de umidade, de SO2, ultravioleta) eoutros ensaios dependendo da naturezado material.

Ensaios do sistema construtivo antes de receber o DATec:

Ao chegar ao País, indústria do drywall buscou atestar desempenho do sistemainovador junto ao IPT. Com o passar do tempo, o uso do sistema tornou-se maisconsagrado e ganhou normas para materiais e instalação

Ao procurar o IPT para obtenção do DATecpara seu sistema construtivo, umaempresa que atua no segmento deedifícios multipavimentos teve suasolução questionada. De acordo com oInstituto, a segurança ao fogo do sistema,que se valia de fôrmas tipo túnel, não erasuficiente para obtenção do documento.Isso porque as fôrmas, nesse caso, sãoretiradas pela fachada, que tem que serfechada com outro sistema. A empresafazia o fechamento com caixilhos dealumínio, que, de acordo com os ensaios,não impediriam a chamada "língua defogo", a propagação das chamas de umandar para o superior.Para obter o DATec bastou, então, mudar aforma de fechamento da parte inferior dafachada. A empresa passou a fazer comalvenaria ou, eventualmente, com concreto,e obteve o DATec. No entanto, parecia um

retrocesso em termos de racionalizaçãopara um sistema que já contava até mesmocom negativos nas fôrmas para astubulações e shafts para as prumadas einstalações elétricas. Além disso, astendências comerciais de mercadocomeçaram a apontar inadequaçõesdaquela tecnologia.Sendo assim, a empresa desenvolveuum sistema que lançava mão de fôrmastipo banche, que são retiradas não pelafachada, mas por cima, possibilitandouma gama maior de desenhos, comreentrâncias em planta. Uma vez que ofoco do DATec é sempre o desempenhodo produto acabado, muitos tópicosestavam praticamente pré-aprovadospara a avaliação do novo sistema.Muitos dos ensaios não precisaram serrepetidos e a migração foirelativamente simples.

Produto aperfeiçoado

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construção. É o que conta o engenhei-ro Luiz Guilherme de Matos Zigman-tas, da Gidur-SP (Gerência de Desen-volvimento Urbano de São Paulo), daCaixa. "As exigências para conjuntoshabitacionais são muito maiores do

que as para unidades isoladas", afirma.Ainda quanto às exigências, se o bene-fício social do empreendimento formuito elevado, atendendo a famíliascom renda de um salário mínimo, porexemplo, pode haver flexibilizaçãoquanto ao conforto. "Nunca para exi-gência estrutural ou segurança aofogo", salienta Zigmantas.

O referencial para a adoção sem fle-xibilização das normas brasileiras são asunidades com mais de 35 m2, dois dor-mitórios e valor acima de R$ 25 mil.

Nesses casos, não há redução dos crité-rios, e propostas de tecnologias inova-doras passam por todo o procedimen-to básico de aceitação, que envolve aviabilidade prévia e definitiva do siste-ma construtivo.

Assim,para conseguir a viabilidadeprévia, o proponente do sistema devecomprovar o desempenho junto aosinstitutos de tecnologia e universidadescapacitados para realizar os ensaios eanálises necessárias. Aprovado nessenível, o projeto está liberado para aconstrução de unidades isoladas e con-juntos habitacionais com até 50 unida-des. Durante a execução, há acompa-nhamento da obra e da padronizaçãodo processo produtivo da construtora,assim como há avaliação pós-ocu-pação para comprovar o desempenho."Se o sistema passa por essas etapas sempatologias, recebe a viabilidade defini-tiva", explica Zigmantas.

Como o processo não difere muitodaqueles adotados por institutos téc-nicos como o IPT, não há nenhumcaso de sistema com DATec que tenhatido problemas para ser aprovado naCaixa. Uma das diferenças é que, paraobter a viabilidade definitiva da Caixa,o sistema tem que ser aprovado naavaliação pós-ocupação.

O advento da norma de desempe-nho trouxe, além de uma referêncianacional para a definição de critérios,

Ao mesmo tempo em que pretendeestimular o desenvolvimento tecnológico,a comunidade técnica nacional sabe queprecisa minimizar o risco de insucesso noprocesso de inovação. Para tanto, foicriado o Sinat (Sistema Nacional deAvaliações Técnicas), que dá suporte àoperacionalização de um conjunto deprocedimentos de avaliação dos novosprodutos para a construção civil. Deacordo com o site do PBQP-H (ProgramaBrasileiro da Qualidade e Produtividade doHabitat), a proposta do Sinat é "suprir,provisoriamente, lacunas da normalizaçãotécnica prescritiva". Isso significa que sevolta a produtos que ainda não contamcom normas técnicas prescritivas.

Mais importante ainda é ahomogeneização dos critérios eprocedimentos, pois garante que oprocesso de avaliação considera todos osaspectos relevantes ao comportamentoem uso de um produto ou sistema. Alémdisso, traz resultados padronizadosmesmo quando a avaliação parte deinstituições diferentes. Na prática,quando uma ITA (Instituição Técnica deAvaliação) recebe uma proposta paraavaliar um sistema construtivo inovador,tem que criar diretrizes para os ensaios eanálises e as validar junto ao ComitêTécnico do Sinat.A partir da validação, sempre que umainstituição ligada ao Sistema for realizar

avaliações para sistemas semelhantes, éobrigada a seguir as diretrizes já definidas.Esse comitê é formado por representantesde toda a cadeia construtiva. "É umsistema descentralizado, mas que torna aavaliação homogênea", explica CláudioVicente Mitidieri Filho, pesquisador do IPT.O Instituto, que é uma ITA, já contavacom procedimentos padronizados para aemissão de sua RT (Referência Técnica).De acordo com Mitidieri, osprocedimentos propostos pelo Sinatforam baseados na estruturação da RT.Confira na ilustração a estrutura do Sinate como se dá o encaminhamento daspropostas de avaliação técnica dedesempenho em seu âmbito.

Desempenho padrão

Ensaios para comprovação do desempenhoindependem dos materiais ou do métodoexecutivo empregados. O interesse está nodesempenho do sistema concluído e em operação

A emissão do Documento de AvaliaçãoTécnica leva em consideração tambémrequisitos mínimos de desempenhoacústico e térmico. No caso de habitaçãode interesse social, itens de confortopodem ser flexibilizados

No caso de produtos ou elementosfabricados fora do canteiro, mesmo queo processo seja idêntico, o documentode avaliação técnica é válido para cadaplanta de produção

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Como funciona o Sistema Nacional de Avaliações Técnicas

uma tendência por padronização dalinguagem adotada pelos laboratórios.Ainda há, mas em menor grau, con-forme atesta Zigmantas, interpreta-ções e níveis de análise destoantesentre institutos em todo o País. "Issotem criado constrangimentos", apon-ta o engenheiro da Caixa em referên-cia à adoção de critérios consideradosinsuficientes pela instituição financei-ra. Ele cita o exemplo do Cefet-PA

(Centro Federal de Educação Tecno-lógica do Pará), que passou a usar osparâmetros da norma e já apresentarelatórios com padrão semelhante aodo IPT paulista. "Um Estado compouca tradição de desenvolvimentotecnológico já apresenta ensaios relati-vamente completos", comemora.

Ainda sobre a flexibilização de cri-térios para aprovação de financia-mento, Zigmantas questiona se não

merece ser discutida, no Brasil, a tran-sição entre a casa de palafita e a unida-de habitacional com critérios míni-mos de desempenho de conforto."Não há dinheiro suficiente para fazera passagem principal", afirma. Porisso, acredita que pode haver benefí-cios ao flexibilizar as exigências paraque a grande demanda comece a seratendida com unidades mais baratas.

Bruno Loturco

Ilustração Sergio Colotto

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ESQUADRIAS – PINI 60 ANOS

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Acrescente preocupação de arqui-tetos e construtores com a efi-

ciência energética das novas edifica-ções mudou a maneira de se especifi-car os caixilhos. De elementos isola-dos, sem muita interação com outrossubsistemas da construção, as esqua-drias passaram a ser vistas como umsistema importante no desenvolvi-mento de projetos com boa perfor-mance térmica e energética. A ten-dência é a procura por produtos quemaximizem a entrada de luz naturalno ambiente ao mesmo tempo emque bloqueiem as trocas de calor como exterior. A indústria de esquadriasnacional desenvolveu seus processos eprodutos para atender à demandamais sofisticada.

Até a década de 1950, apenas es-quadrias em madeira ou aço eram fa-bricadas no Brasil, dada a abundânciadesses materiais. Eram, em geral, con-feccionadas artesanalmente por serra-lharias e marcenarias, sob medida ecom desenhos e estilos rebuscados.No caso das metálicas, utilizavam-seperfis em forma de T, L e I. A herançado pioneirismo se reflete no domíniodo mercado brasileiro por esse tipo deesquadrias: juntos, os produtos emmadeira e em aço ou ferro respondempor mais da metade das unidades fa-bricadas no País. Seu principal merca-do consumidor é o segmento popular.

A produção industrializada doscaixilhos foi possibilitada pela intro-dução de perfis tubulares e abertos,obtidos a partir de chapas de aço. É

Marco tecnológicoMercado exige esquadrias que propiciem maior eficiência energética àsconstruções. Indústria se adaptou e disponibiliza produtos que atendam aessas novas necessidades

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nesse momento que começam a serfabricadas as primeiras esquadrias pa-dronizadas – janelas venezianas, decorrer, basculantes e em outros for-matos. O alumínio começava a serutilizado "timidamente" nas peças ecomponentes dos caixilhos.

A estréia desse material como pro-tagonista no mercado de esquadriasocorreu em um momento marcante dahistória da engenharia brasileira: aconstrução de Brasília.As fornecedoras

de perfis começaram a atentar para omercado da construção civil e a apri-morar sua tecnologia de extrusão,apre-sentando perfis mais adequados à pro-dução de caixilhos. O Brasil importavaalumínio primário até a década de1980, quando passou de um dos maio-res importadores dessa matéria-primaa quinto maior exportador do mundo– em 2008, o País deve alcançar a metade produção de um milhão de tonela-das do produto.As esquadrias produzi-

Além dos caixilhos, também a tecnologia dos vidros evoluiu no País. Se há 20 anosera preciso importar até vidros laminados, hoje o mercado já conta com grandevariedade de vidros duplos insulados e refletivos

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das com esse material ganharam parti-cipação no mercado e respondem hojepor 20% do volume de caixilhos fabri-cados no País, de acordo com informa-ções da Afeal (Associação dos Fabri-cantes de Esquadrias de Alumínio).

Com menor participação no mer-cado estão as esquadrias de PVC, cercade 2%, marca ainda distante das esqua-drias de madeira, de aço e de alumínio.E parte da "culpa" pode ser atribuída aobaixo desempenho dos primeiros cai-xilhos do tipo produzidos no Brasil."Na década de 1980 houve esse proble-ma porque os perfis importados eramdesenvolvidos para resistir às condiçõesclimáticas européias", afirma MiguelBahiense Neto, diretor-executivo doInstituto do PVC. A melhoria foi feitana década seguinte, quando alguns fa-bricantes reformularam o compostopara adaptá-lo ao clima brasileiro.

Para conquistar espaço no merca-do,os fabricantes apostam nas caracte-rísticas do material para atender àsnovas exigências dos consumidores.Além da leveza, Bahiense aponta a altacapacidade do PVC em impedir as tro-cas de calor entre os ambientes inter-nos e externos. "Esses produtos têmmaior potencial de manutenção térmi-ca, o que possibilita economia de ener-gia com sistemas de ar-condicionado esistemas de calefação", argumenta.

Além do caixilho, o vidro tambémé responsável pelo conforto térmicodo ambiente. E a tecnologia dessecomponente evoluiu rápido, acompa-nhando a demanda dos consumido-res. A diversidade de produtos atual-mente disponíveis no mercado nacio-nal é incomparável com o que havia há20 anos. "Durante décadas foi precisoimportar até mesmo vidros lamina-dos", lembra Papaiz, da Afeal. Hoje, osconsumidores têm à disposição pro-dutos como os vidros duplos insula-dos e o Low-e, por exemplo, que apre-sentam ótimo desempenho quanto àemissividade, ao isolamento térmico,à transparência e à refletividade.

Os arquitetos passaram a vislum-brar novas possibilidades, como o usomais intensivo das fachadas-cortinaem edifícios comerciais. E nesse seg-mento, afirma Papaiz, "o alumínio seimpôs e atualmente está presente namaioria dos edifícios comerciais e cor-porativos". "Da pele de vidro ao maisatual sistema de instalação dasfachadas-cortinas,o unitizado,passan-do pelo structural glazing, esse seg-mento evoluiu muito", conclui.

Uma tendência que vem se conso-lidando na Europa e já foi até aplicadano Brasil é o uso de esquadrias mistasem edifícios históricos. Desgastadaspela ação do tempo, as janelas em ma-deira vêm sendo substituídas por cai-xilhos que mesclam a madeira e outrosmateriais.Do lado de fora,atende-se àsexigências de preservação da fachadaoriginal; dentro, os benefícios de umaestrutura mais resistente. Bahiense, doInstituto do PVC, conta que a soluçãofoi adotada recentemente na restaura-ção e transformação do Convento doCarmo, no bairro do Pelourinho, emSalvador,em um hotel de luxo."O PVCproporcionava, além do conforto tér-mico, isolamento acústico aos ambien-tes internos", explica. "Com a bandaOlodum passando na rua, o isolamen-to precisa ser muito bom", brinca.

Renato Faria

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Com uma fatia de 20% do mercado de esquadrias, caixilhos de alumínio têm fortepresença no segmento residencial de médio e alto padrão

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Fórmula do PVC europeu foi alteradapara adaptar resistência do material àscondições climáticas brasileiras. Essasesquadrias têm boa performance noisolamento térmico e acústico

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celo

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Durante décadas, vidros temperadosprecisaram ser importados. Hoje,mercado dispõe de variedade de vidrosinsulados e refletivos

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Envie artigo para: [email protected] texto não deve ultrapassar o limitede 15 mil caracteres (com espaço).Fotos devem ser encaminhadasseparadamente em JPG.ARTIGO

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A primeira discussão sobre retrofitdiz respeito à sua definição, sur-

gindo dessa forma alguns questiona-mentos: os diferentes tipos de inter-venção num edifício acabado sãotodos considerados como retrofit?Quando se fala em renovação, fala-seem retrofit? Qual a diferença entre re-novação, retrofit e reabilitação? Asoperações de restauro coincidem comalguma dessas? Buscando conceituaresses termos para facilitar a explicaçãodo objeto deste artigo, adotam-se, ba-seado em bibliografia francesa e suíça(Choay, 1992 e Koelliker et al, 1999), asseguintes definições:� reabilitação: ação de restabelecer oempreendimento ao seu estado deorigem, utilizando tecnologias dis-poníveis, restabelecendo seu valorvenal e prolongando sua vida útil,mas não necessariamente incorpo-rando novas tecnologias;� renovação: ação de restabelecer oempreendimento ao "novo" por "pro-fundas" transformações que tornam oempreendimento em melhor estado ecom "novo" aspecto, incorporandomodernas tecnologias. A renovação,diferente da restauração, é sinônimode perda de características históricas;� restauro: ação de restabelecer o edifí-cio ao estado original, buscando salva-guardar tanto a obra de arte quanto otestemunho histórico. As operações derestauro são geralmente feitas em edifí-cios tombados como patrimônio histó-rico e devem obedecer às regras especí-ficas ditadas em documentos como aCarta de Veneza de maio de 1964.

Retrofit de fachadas:tecnologias européias

A norma de desempenho brasilei-ra (NBR 157575-1) define retrofitcomo remodelação ou atualização doedifício ou de sistemas, pela incorpo-ração de novas tecnologias e concei-tos, o qual, normalmente visa valori-zação do imóvel, mudança de uso, au-mento da vida útil e melhoria da efi-ciência operacional e energética.

Comparando a definição de bi-bliografias européias e brasileira, con-clui-se que na Europa está sendo de-nominado de "renovação" o que osetor da construção civil brasileiratem denominado de retrofit.

No Brasil, o mercado de conserva-ção e renovação de edifícios, ou seja,aquele que considera operações de

reabilitação, renovação, restauro econservação, é ainda pequeno com-parado ao Europeu, mas apresentaum grande potencial de crescimento,especialmente nos grandes centrosurbanos, como São Paulo, Rio de Ja-neiro,Porto Alegre e outros, em razão:� da necessidade de modernizar fa-chadas e instalações face às novas tec-nologias e exigências funcionais ouestéticas atuais;� do número crescente de edifícioscom mais de 40 anos, quase semprecarentes por renovação;� do surgimento de leis fiscais quevisam incentivar ações para revitaliza-ção ou renovação de fachadas, comopor exemplo as leis da cidade de SãoPaulo no 12.350 de 1997 e no 14.223 de2006 (ambas prevêem descontos deIPTU para edifícios que recuperem ourenovem suas fachadas) etc.

Na Europa, o mercado de renova-ção é reconhecidamente importante,tanto ou mais que o mercado de cons-truções novas. Na França, por exem-plo, o volume de negócios do setor deconstrução, particularmente do seg-mento de edificações, é expressivopara obras de conservação e renova-ção, conforme ilustra a figura 1.

Observa-se que a participação dasatividades de manutenção e renovaçãoé bastante expressiva no setor da cons-trução francesa, em razão, entre outras,das várias operações de reurbanizaçãodas principais cidades da França (vejawww.grandsprojets.paris.fr) e da quanti-dade de edifícios antigos que precisamser conservados, renovados ou reabili-

Luciana A. OliveiraPesquisadora do IPT (Instituto de Pesquisas

Tecnológicas do Estado de São Paulo)M.Sc. Doutoranda da Escola Politécnica da

USP (Universidade de São Paulo) –Departamento de Engenharia deConstrução Civil – Epusp/PCC

e-mail: [email protected]

Ercio ThomazProf. Dr. Pesquisador do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado

de São Paulo)e-mail: [email protected]

Silvio B. MelhadoProf. Dr. da Escola Politécnica da USP –

Departamento de Engenharia deConstrução Civil – Epusp/PCC

e-mail: [email protected]

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tados (grande quantidade de edifíciosconstruídos no início do século 20).

As operações de reabilitação, ourenovação, especialmente das facha-das dos edifícios europeus acontecemporque essas já não atendem a algu-mas exigências de desempenho, sejamestéticos, de durabilidade, de seguran-ça ou outro. Especialmente na França,uma das razões para renovar ou reabi-litar as fachadas é o incremento do de-sempenho térmico dessas fachadas,visando melhorar a eficiência energé-tica do edifício (o desempenho térmi-co de um edifício depende, entre ou-tros, do comportamento interativo dafachada, cobertura e pisos). Cabe ob-servar que a renovação na Europa nãosignifica necessariamente alterar to-talmente as características arquitetô-nicas da fachada; pois caso as fachadastenham alguma importância no con-texto histórico da região, pode-se, porexemplo, substituir os componentesantigos por outros tecnologicamentemais apropriados, mantendo-se as ca-racterísticas arquitetônicas originais.

Ainda, no processo de renovaçãoe/ou reabilitação deve-se analisar aviabilidade técnico-econômica dessasoperações. Para tanto, quanto menosfor necessário interferir nas fundaçõese na estrutura do edifício, maior a pro-babilidade de que essas operaçõessejam viáveis.Assim sendo, o empregode componentes leves nesse tipo deoperação é quase obrigatório. Por isso,as tecnologias de fachadas leves são astecnologias comumente empregadasnas operações de renovação e reabili-tação dos edifícios europeus.

Dessa forma o objetivo deste artigoé descrever algumas tecnologias de fa-chadas leves empregadas nas operaçõesde renovação de edifícios europeus, issobaseado em visitas a obras e consultas acatálogos técnicos e à bibliografia.

O que são fachadas leves?A norma francesa NF P28-001 (Fa-

çade Légère – Définitions – Classifica-tions – Terminologie),1990,e a UEATC(Union Européenne pour l'AgrémentTechnique dans la Construction) defi-nem fachada leve como "um elementoconstrutivo constituído por compo-

nentes pré-fabricados, com função devedação vertical externa, constituído devárias camadas,sendo que pelo menos acamada mais externa tem massa infe-rior a 100 kg/m2". As fachadas leves sãogeralmente constituídas pelos compo-nentes mostrados na figura 2.� componentes de fechamento e/ourevestimento: placas de vidro, placascimentícias, placas metálicas, placasde rocha, placas cerâmicas, painéis demateriais sintéticos etc. (componen-tes pré-fabricados cujo peso é menorque 100 kgf/m2);� isolantes térmicos: placas de polies-tireno expandido ou extrudado, pla-cas em lã mineral etc.;� estrutura secundária: na Europa uti-liza-se estrutura secundária em madei-ra ou metálica. No Brasil, esse tipo deestrutura é mais comumente encontra-

do em perfis metálicos, que têm a fun-ção de apoiar os componentes de fe-chamento, revestimentos e materiaisisolantes, suportar cargas laterais,como a ação do vento,e absorver defor-mações provenientes da estrutura prin-cipal e também da própria fachada;� dispositivos de fixação: são res-ponsáveis por fixar a estrutura se-cundária da fachada à estruturaprincipal do edifício, e/ou fixar oscomponentes de fechamento ou re-vestimento à estrutura principal,quando esses são autoportantes;� componentes de preenchimentodas juntas: selantes, gaxetas em perfistermoplásticos extrudados e mem-branas flexíveis.

A NF P28-001 (Façade Légère –Définitions – Classifications – Termi-nologie) também classifica as facha-das leves segundo seu posicionamen-to com relação à estrutura principaldo edifício (face exterior das vigas deborda) em:� fachada-cortina: fachada leve,constituída de uma ou mais cama-das, posicionada totalmente externaà estrutura do edifício formandouma pele sobre o mesmo. Em francêsessa classificação é conhecida pelaexpressão façade rideaux e em inglêscurtain-wall;� fachada semicortina: fachada leve,constituída de uma ou mais camadas,cuja camada exterior é posicionada ex-terna à estrutura do edifício e a camadainterior interna e entre pavimentos.Essa norma considera que a camadainterior não deve ser obrigatoriamenteleve, existindo casos em que a camadainterior da fachada semicortina é umaparede em alvenaria, ou em concreto, ea camada exterior um revestimentonão-aderido constituído de compo-nentes pré-fabricados leves. Em fran-cês essa classificação é conhecida comofaçade semi-rideaux. Algumas biblio-grafias americanas e inglesas tratamessa classificação como cladding wall.

As figuras 3 e 4 ilustram as facha-das leves segundo seu posicionamen-to no edifício.

As tecnologias de fachadas leves,classificadas como fachada semicorti-na, tendem a ser as mais convenientes

Face externa(componentede vedação)Estrutura secundáriametálicaCamada isolanteDispositivosde fixaçãoFace interna(componentede vedação)Juntas

Figura 1 – Participação percentual das atividades no setor da construção,segmento edificações (Ministére del'Ecologie, du Developpement etd'Amenegement Durable, 2007. Disponívelem: http://www.btp.equipement.gouv.fr)

Figura 2 – Esquema em cortelongitudinal de fachada leve (adaptadoda Dissertação de V.G. Silva, EscolaPolitécnica da USP, 1998)

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A R T I G O

europeus, antes de serem aplicados nasobras, são obrigatoriamente objetos deavaliação, especialmente das suas carac-terísticas de desempenho, até porqueexiste a necessidade de que tais compo-nentes apresentem uma certificação(marca CE). Essa certificação foi criadaem função das regras de comércio daComunidade Européia, ou seja, os pro-dutos da construção a serem comerciali-zados no mercado comum europeudevem apresentar resultados de ensaiose controles conforme especificações denormas européias. Alguns dos compo-nentes relacionados com a tecnologia defachadas leves e que têm a marca CE são:� placas cimentícias reforçadas comfibra de vidro, ou fibras sintéticas, comacabamento incorporado;� painel composto por placas metáli-cas (alumínio) com miolo em poliesti-reno expandido ou extrudado;� placas de resinas acrílicas, cujo aca-bamento superficial pode imitar pla-cas de granito;� painel com placas de vidro insulado,os quais empregam venezianas ou pai-néis fotovoltaicos internamente.O vidroinsulado é uma combinação de vidrosfloat simples, formando um conjuntomúltiplo de placas intercaladas comgases inertes (como argônio ou criptô-nio). Um aspecto que tem sido ampla-mente explorado nos painéis de vidroinsulado é a inserção de algum compo-nente na câmara de ar, como persianas,brises e materiais transparentes que di-minuam a entrada de radiação solar.

A figura 5 ilustra uma fachada re-novada, cuja camada externa é forma-da por placas cimentícias com revesti-mento incorporado.

Empreendimentos de renovação e/oureabilitação com fachadas leves

A tabela 1 mostra alguns exemplosde empreendimentos de renovação oureabilitação realizados na França, paísque pode ser considerado pioneiro emobras de revitalização urbana em largaescala, com o emprego da tecnologiade fachadas leves.

Considerações relevantesNa Europa,diferentemente do Bra-

sil, o mercado de renovação de facha-

b) janelaposicionadana camadaexterna

a) janelaposicionadana camadainterna

d) janelaposicionadana camadainterna e placasenvidraçadas nacamada externa

Fachada leve

c) janeladupla

Figura 4 – Esquema da secção longitudinal de fachadas semicortina constituídaspor várias camadas, sendo a camada interior formada por paredes em alvenariaou em concreto

Figura 3 – Esquema da secção longitudinal de fachadas-cortina constituídas porvárias camadas

para aqueles casos de renovação de fa-chadas nos quais se pretende aprovei-tar a parede (vedo) existente que, emfunção de diversos problemas, já nãoatende integralmente sua funçãocomo vedação vertical externa. Dessaforma, adicionam-se à parede existen-te outras camadas, gerando uma parteadicional, cujo conjunto deve atenderaos requisitos de desempenho de umafachada.A expressão em inglês utiliza-da para esses casos é overcladding e

quando se faz necessária a substituiçãode todos os elementos da fachada, in-clusive do vedo existente, utiliza-se co-mumente a expressão recladding.

Tecnologias de fachadas leves Uma das principais diferenças entre

as fachadas leves empregadas no Brasil ena Europa diz respeito à quantidade decomponentes de fechamento atual-mente existentes no mercado europeu.Ressalte-se ainda que os componentes

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especial de avaliação – ATE (Aprova-ção Técnica Européia).

Pode-se dizer também que exis-tem na Europa diversos consultores eescritórios de projetos especializadosnesse nicho de mercado, sendo, por-tanto, as práticas de construção bemmais consolidadas que no Brasil.

Além disso, observa-se que umadas grandes preocupações e objetivosda renovação é, mais que a valorizaçãodo empreendimento, o incremento doseu desempenho térmico e energético,colocando-se em prática medidas quecontribuem com as políticas de preser-vação ambiental européias.

LEIA MAIS

NBR 15575 – Desempenho deEdifícios Habitacionais de atéCinco Pavimentos – Partes 1 a 6.ABNT (Associação Brasileira deNormas Técnicas), 2008.

NFP 28.001 – Façade Légère –Définitions – Classification –Terminologies.AFNOR (AssociationFrançaise de Normalisation), 1990.

L'Allégorie du Patrimoine. F.Choay, Paris, Seuil, 1992.

Évider, Rénover, Restaurer etRéhabiliter: Dix Interventions de la Ville de Genève Sur son Patrimoine.Publication:Conservation duPatrimoine Architectural de la Ville deGenève. M. Koelliker; P. Marti; D.Ripoll. Département des AffairesCulturelles, 1999. Disponível em:www.ville-ge.ch/geneve/amenagement/patrimoine/biblio.htm.

Tabela 1 – EXEMPLOS DE APLICAÇÃOItem Aplicação Fachada após operação

de renovação/reabilitação1 Renovação das fachadas Fachada renovada constituída de placas de

de uma escola pública revestimento em madeira, câmara de ar, estrutura secundária em madeira, isolante e parede de concreto (anteriormente existente).

2 Reabilitação das fachadas Fachada reabilitada formada de painéisde um edifício, com mudança pré-fabricados com estrutura em açode uso, mantendo as galvanizado divididos em duas partes: partecaracterísticas arquitetônicas inferior, placas sintéticas (face externa),da época da construção isolante e placa de gesso acartonado (face

interna); parte superior: painel de vidro insulado, constituído de duas placas de vidro laminado.

3 Renovação das fachadas Fachada renovada composta de painéis dede um edifício educacional vidro insulado azul, fixos a uma estrutura

secundária em alumínio, a qual foi fixada na parede existente do edifício.

4 Renovação das fachadas Fachada renovada composta de painéis(figura 6) cimentícios fixados a uma estrutura

secundária em perfis de aço galvanizado conformados a frio, câmara de ar e parede de concreto (existente).

5 Reabilitação das fachadas Fachada renovada formada por um conjuntoincorporando elementos de painéis pré-fabricados constituídos de trêsinovadores, porém mantendo partes: a) quadros em perfis tubulares deas características alumínio; b) parte inferior em placa cimentíciaarquitetônicas da época reforçada com fibra de vidro fixada diretamentede construção da obra sobre os perfis de alumínio, camada de ar,

placa de isolante em lã de rocha e placa de aço galvanizado; c) parte superior: placa de vidro insulado formada por vidros laminados.

Figura 5 – Fachada leve após renovação, do tipo semicortina, cujos componentes defechamento são em placas cimentícias com acabamento incorporado

das é expressivo e existem normas e le-gislações pertinentes, além da grandequantidade e diversidade de produtosexistentes, especialmente no que dizrespeito aos componentes de fecha-mento. Os componentes de fecha-mento existentes atendem a requisitosmínimos de qualidade, em função dagarantia decenal obrigatória que o fa-

bricante deve oferecer, além da marcaCE, a qual garante que o componenteatenda no mínimo à normalização eu-ropéia vigente. Entretanto, quandoum produto de construção ainda nãotem normas européias nem normasnacionais reconhecidas (produto nãotradicional), este, antes de ser comer-cializado,deve passar por um processo

Figura 6 – Fachada renovada compainéis cimentícios

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PRODUTOS & TÉCNICAS

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ACABAMENTOS

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CANTEIRO DE OBRA

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ISOLAÇÃOMidfelt é o sistema de isolaçãoda Isover para coberturas comtelhas duplas. Feltro leve eflexível em lã de vidroaglomerada por resinassintéticas, o produto éapresentado em rolos parafacilitar sua aplicação emcoberturas de dupla telha.Saint Gobain Isover0800-55-3035www.saint-gobain-isover.com.br

COBERTURA, IMPERMEABILIZAÇÃO E ISOLAMENTO

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CONCRETO ECOMPONENTES PARA A ESTRUTURA

CANTEIRO DE OBRA

COBERTURA,IMPERMEABILIZAÇÃOE ISOLAMENTO

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PRODUTOS & TÉCNICAS

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FECHADURASA nova linha Elegance defechaduras, da AliançaMetalúrgica, tem acabamento de espelho em aço inox e design sem parafuso aparente. O produto está disponível emtrês modelos de maçanetas equatro acabamentos de cores –Bronze Latonado, Antique Verdee Antique cromado.Aliança Metalúrgica(11) 2951-1500www.aliancametalurgica.com.br

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OBRA ABERTALivros

Geotecnia Ambiental *Maria Eugenia GimenezBoscov248 páginasOficina de TextosFone: (11) 3085-7933www.ofitexto.com.brA geotecnia ambiental sededica à proteção do meioambiente contra impactosantrópicos, atentando àoperação e monitoramento delocais de disposição deresíduos, avaliação do impactoambiental, prevenção dacontaminação do solosuperficial, do subsolo e daságuas superficiais esubterrâneas, dentre outros.A publicação é voltada aalunos de graduação deengenharia civil, ambiental e de minas e geologia. Oconteúdo, baseado nadisciplina de mesmo nomelecionada na EscolaPolitécnica da USP(Universidade de São Paulo),parte do pressuposto de queos alunos tenham noçõesbásicas de Mecânica dos Solos e Obras de Terra.

Resistência dos Materiais– para Entender e GostarManoel Henrique CamposBotelho248 páginasEditora Edgard BlücherFone: (11) 3078-5366www.blucher.com.brO livro aborda a resistênciados materiais enquantodisciplina fundamental aoensino da engenharia e daarquitetura. Do mesmo autorde publicações como"Concreto armado – Eu te amo" e "InstalaçõesHidráulicas Prediais", apublicação traz exemplos de resistência de elementos,como o comportamento de pilares e colunas deedificações frente a cargas decompressão. Ou, ainda, comocabos de sustentação resistema esforços de estiramento.Também aborda a ocorrênciade cortes (cisalhamento) e aresultante de flexões, dentreoutros esforços estruturais. O autor, como ocorre emoutros de seus livros, procuraapresentar o conteúdo deforma simples e prática, semprejuízo do rigor conceitual.

Engenharia Legal – NovosEstudos *Tito Lívio Ferreira Gomide168 páginasLeud (Livraria e EditoraUniversitária de Direito)Fone: (11) 3105-6374www.editoraleud.com.brA obra é composta por artigosanteriormente publicados nosite do Ibape/SP (InstitutoBrasileiro de Avaliações ePerícias de Engenharia de SãoPaulo) e na revista ConstruçãoMercado, da Editora PINIentre 2005 e 2007. Os temasabordados recorrem aaspectos polêmicos e àsnovidades da engenharia legal,como as avaliaçõesimobiliárias, a engenhariadiagnóstica e perícias daengenharia. O autor apresentade maneira lógica, simples eclara a necessidade doconhecimento da engenhariapara a realização dos trabalhosde avaliações e perícias. São18 capítulos que tratam deinspeção imobiliária,sustentabilidade naengenharia legal, manutençãopredial, qualidade predial total,fator humano na manutenção,perícia em fachadas e deincêndio, entre outros tópicos.

Tecnologia do ConcretoEstruturalPéricles Brasiliense Fusco180 páginasEditora PINIVendas pelo portalwww.lojapini.com.brOs temas abordados sãoimprescindíveis ao projeto,execução e utilização dasconstruções de concreto. Porisso, o autor, que é projetistade estruturas e tem mais de25 anos de experiência,atacou os conceitos e idéiasque condicionam as decisõesdiretamente relacionadas àdurabilidade e segurança dasestruturas. Com foco naresistência mecânica e nacapacidade de resistir aataques do meio externo,considera o entendimento dosfenômenos básicos docomportamento químico doscimentos. Também analisa aproteção das armadurascontra a corrosão e esclareceo controle da resistência pormeio dos corpos-de-prova.Apresenta, em detalhes, ateoria geral da flexão doconcreto estrutural, contida emtópicos referentes ao estadolimite último de compressão.

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Obras Logísticas e Industriais – UmaVisão de Valor6/8/2008São PauloO seminário organizado pela LPEEngenharia tem como objetivo debater aevolução da qualidade e da produtividadedo setor de obras logísticas industriais noBrasil. Entre os temas que serãodiscutidos, está a evolução das técnicas deprojeto e execução de pisos, pavimentosde concreto aeroportuário, o aumento dademanda por capacitação técnica,necessidade das obras industriais esistemas logísticos de alta produtividade.Fone: (11) 5093-4209www.lpe.eng.br/seminario2008

Empreendimentos ImobiliáriosSustentáveis – Viabilidade, Projeto e Execução19/8/2008São PauloO fórum organizado pela Editora PINImostrará como investir emempreendimentos sustentáveis utilizandoos melhores projetos e materiais deconstrução, de forma a evitar a perda dedinheiro e o desrespeito às legislações dosetor. Serão ministradas cinco palestrasno dia, entre elas: Oportunidades deNegócios com EmpreendimentosImobiliários Sustentáveis e Projetos deEcoeficiência em Edificações:Desempenho Ambiental e Energético.Fone: (11) [email protected]/sustentabilidade

Construmetal 20089 a 11/9/2008São PauloA 3a edição do Construmetal teráconferencistas brasileiros e internacionaisque discutirão os principais avançostecnológicos e inovações da construção

metálica. O evento é organizado pela ABCM(Associação Brasileira da ConstruçãoMetálica) com o apoio da AARS (Associaçãodo Aço do Rio Grande do Sul), do CBCA(Centro Brasileiro da Construção do Aço),do Ilafa (Instituto Latinoamericano delFierro y el Acero) e do AISC (AmericanInstitute of Steel Construction).Fone: (11) 3816-6597www.construmetal.com.br

Tecnologia de Edificações paraObras Rentáveis21/10/2008São PauloDiscutir e auxiliar os profissionais deengenharia civil, construção e arquitetura adesenvolver soluções técnicas inovadorasde projeto e execução para agilizar erentabilizar empreendimentos. Esse é oobjetivo desse seminário, promovido pelaPINI, que será realizado no âmbito doConstrutech 2008. Cases de projetistas,construtoras e incorporadoras e soluçõesindustrializadas para eliminação degargalos de materiais e mão-de-obraconstam entre os principais temas a seremabordados pelos palestrantes. Fone: 4001-6400 (regiões metropolitanas)ou 0800-596-6400 (demais regiões)www.piniweb.com/Construtech/

Engenharia de Custos no BoomImobiliário22/10/2008São PauloComo desenvolver diferenciais competitivospara construtoras e incorporadoras em ummomento de crescimento do setor. Esse é oobjetivo principal do seminário, promovidopela PINI, que será realizado no âmbito doConstrutech 2008. Análise da qualidade doinvestimento em empreendimentosimobiliários, perspectivas de evolução doscustos de materiais e mão-de-obra,metodologias e técnicas para estimativasorçamentárias, orçamentos de obras eestudos de casos constam entre os

principais temas a serem abordadospelos palestrantes. Fone: 4001-6400 (regiões metropolitanas)ou 0800-596-6400 (demais regiões)www.piniweb.com/Construtech/

80o Enic22 a 24/10/2008São LuísO Enic (Encontro Nacional da Indústria daConstrução) debaterá as perspectivas e osdesafios do crescimento do setor nospróximos anos. O evento atrairá diversosprofissionais da construção e as inscriçõesjá podem ser feitas no site do evento.Fone: (62) 3214-1005www.qeeventos.com.br

Arquitetura e Soluções Estruturais –Desafios de Forma e Técnica paraArquitetos e Engenheiros de Estruturas23/10/2008São PauloO objetivo do evento, promovido pela PINI no âmbito do Construtech 2008, é discutir arelação indissociável entre arquitetura eestrutura, entre forma e material, arte eciência. Pretende desmistificar o aparentedesinteresse de alguns arquitetos pelaengenharia e a questionável descrença dosarquitetos na engenharia. Vai apresentarprojetos e obras nas quais o bem-sucedidoencontro foi capaz de tornar imperceptíveis asbarreiras que costumam separar tais camposdo conhecimento. Abordará temas como anova plataforma BIM (Building InformationModeling) e a relação da arquitetura e daengenharia estrutural na obra de OscarNiemeyer. O fórum contará com a presençado arquiteto chileno Sebastian Irarrazaval.Fone: 4001-6400 (regiões metropolitanas)ou 0800-596-6400 (demais regiões)www.piniweb.com/Construtech/

Fórum Nacional de Compras eSuprimentos na Construção Civil23/10/2008São Paulo

AGENDASeminários e conferências

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Em tempos de altas de preços e eventualdesabastecimento de alguns insumos eequipamentos, o desafio de comprar econtratar equilibrando custo, prazo equalidade torna-se ainda maior.Ferramentas eletrônicas para especificaçãoe compras na construção civil, qualificaçãoe relacionamento com fornecedores demateriais e serviços e cases de grandesempresas, como Cyrela e Método, farãoparte do evento promovido pela PINI noâmbito do Construtech 2008.Fone: 4001-6400 (regiões metropolitanas)ou 0800-596-6400 (demais regiões)www.piniweb.com/Construtech/

Feiras e ExposiçõesFenasan 200819 a 21/8/2008São PauloA Feira Nacional de Materiais eEquipamentos para Saneamento chega àsua 19a edição e reunirá mais uma vezprofissionais, técnicos, empresários,gestores, pesquisadores, fabricantes efornecedores de materiais e serviços parasaneamento. O encontro proporcionará atroca de informações, a demonstração denovos produtos e tecnologias para o setor.O evento é realizado pela Aesabesp(Associação dos Engenheiros da Sabesp).Fone: (11) [email protected]

Concrete Show South América 200827 a 28/8/2008São PauloO evento é dirigido para a indústria deconcreto tanto nacional quantointernacional e reunirá exposições,demonstrações, seminários, workshops epalestras para apresentar novastecnologias, aplicações e forma de uso domaterial na América do Sul. O objetivo éestimular negócios e parcerias entrediversos construtores e distribuidores.Fone: (11) 4689-1935www.concreteshow.com.br

Construtech 2008 – Fórum PINI deTecnologias & Negócios daConstrução21 a 23/10/2008São Paulo

O encontro internacional dos profissionais daindústria da construção alia um ciclo depalestras e uma área de exposição com osmais avançados sistemas e tecnologiasdesenvolvidas para o setor. Nesse momentode crescimento, as empresas e profissionaisdevem buscar cada vez mais produtividade eexpertise para se diferenciarem em ummercado de grande competitividade. Tudoisso levando em conta novas e importantespreocupações, tais como a sustentabilidade,o respeito ao meio ambiente e aresponsabilidade social. Os temas escolhidospara as palestras e as empresas expositorasdo Construtech 2008 refletem tal realidade eos desafios atuais do construbusiness.Fone: 4001-6400 (regiões metropolitanas)ou 0800-596-6400 (demais regiões)www.piniweb.com/Construtech/

Bauma China 200825 a 28/11/2008ShangaiA maior e mais importante plataforma daindústria do mundo vai ser aberta pelaquarta vez para a visitação de especialistasem materiais, equipamentos, veículos emáquinas de construção. A idéia é que osfabricantes possam mostrar seus produtos,adquirir novos lançamentos eprincipalmente aproveitar a oportunidadede novos negócios.www.bauma-china.com

Cursos e TreinamentosMBA Economia da Construção eFinanciamento ImobiliárioA partir de 8/2008São PauloO número de financiamentos imobiliáriosaumentou cerca de sete vezes entre 2002 e2008. A principal proposta do MBA oferecidopela Abecip (Associação Brasileira dasEntidades de Crédito Imobiliário e Poupança)em parceria com a Fipe (Fundação Institutode Pesquisas Econômicas) e a OEB (Ordemdos Economistas do Brasil), é apresentar paraos profissionais do setor as diversasalternativas de crédito imobiliário disponíveisno mercado atualmente, além dos própriosaspectos sociais, jurídicos e ambientais daconstrução civil brasileira. As inscriçõespodem ser realizadas até o dia 30 de julho.Fone: (11) [email protected]

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COMO CONSTRUIR

Odimensionamento é uma dasetapas mais importantes no

projeto de implantação de umaquecedor solar em uma residência,pois é a partir dele que se chega aovolume de água quente e à área co-letora ideal para atender às necessi-dades diárias de água quente dosusuários e com isso atingir a sua sa-tisfação plena.

Apesar disso, é comum encon-trar no mercado diferenças signifi-cativas entre dimensionamentos eespecificação de produtos de dife-rentes fabricantes, o que faz comque o consumidor sinta-se perdidoe com grandes dificuldades de iden-tificar qual dos dimensionamentos econfiguração de produto que de fatoatenderão as suas necessidades diá-rias. Normalmente, essa situaçãoacontece por falta de capacitaçãotécnica do profissional de vendas oupor não haver consenso quanto ànecessidade do cliente.

De qualquer forma, para evitarque situações como essas aconte-çam, segue uma síntese das princi-pais informações quanto a produto,projeto, instalação e manutenção dosistema de aquecimento solar. Essasinformações permitirão entender oprocesso de inserção do aquecedorsolar e com isso ter condições deavaliar se de fato o sistema atenderáàs suas necessidades.

MateriaisAntes de entrarmos no dimen-

sionamento propriamente dito, éimportante entender que um siste-ma de aquecimento solar é compos-to principalmente de:

Coletor solar: elemento ativo dosistema e responsável pela conversãoda energia solar em energia térmicapor aquecimento da água. A maiorparte dos coletores solares são fabri-

cados de materiais nobres como alu-mínio e cobre.

Reservatório térmico: reservató-rio isolado termicamente responsávelpela armazenagem de toda a águaquente para que seja utilizada de acor-do com o perfil de consumo dos usuá-rios. O reservatório térmico normal-mente é fabricado de aço inoxidável epossui uma cobertura de alumínio.

É fundamental sempre optar por

Leonardo Chamone CardosoEngenheiro de Aplicação/GerentetécnicoTranssen Aquecedor Solar

Dimensionamento e instalação deaquecedor solar

Div

ulga

ção

Tran

sen

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77

um fabricante que possui a sua linhade produtos etiquetados pelo Inmetro(Instituto Nacional de Metrologia,Normalização e Qualidade Industrial).Dessa forma o consumidor tem a se-gurança de que o produto é de quali-dade e tem a sua eficiência térmica co-nhecida, fato esse essencial para o di-mensionamento. Para isso, exija do fa-bricante o selo do Inmetro ou pesqui-se na internet. No site do Inmetro épossível encontrar uma relação comtodos os fabricantes de aquecedoressolares que possuem produtos certifi-cados.Além disso, é possível compararo rendimento térmico e produção deenergia de cada um deles.

ProjetoPara dimensionar um sistema de

aquecimento solar, é necessário primei-ramente que se faça uma visita técnica,cujo objetivo é levantar o perfil de con-sumo de água quente do cliente,ou seja,conhecer as suas necessidades.Para isso,podem ser feitas as seguintes perguntas:� Quais os pontos de consumo deágua quente? � Qual a vazão prevista ou em uso?� Qual o tempo médio de uso?� Qual o número de usuários?� Qual a freqüência de uso?� Qual a temperatura de consumo?

Além disso, a visita técnica tam-bém tem o objetivo de levantar ascondições de instalação do aquece-dor solar disponíveis na residência.Para isso, é necessário estar seguro deque:� Há espaço disponível para instala-ção do sistema de aquecimento solar?� O local de instalação possui resis-tência estrutural compatível?�A orientação e inclinação dos cole-tores solares são adequadas?� O tipo de telhado permite a fixa-ção dos coletores?� Não haverá sombreamento noscoletores solares?�A qualidade da água é compatível?Há circuito hidráulico de água quen-te na residência?

Com base nas informações le-vantadas na visita técnica, é possível

fazer o dimensionamento do aquece-dor solar. Para isso, primeiramente édimensionado o volume de águaquente. Esse cálculo é feito seguindoa equação abaixo.

Vconsumo =

vazão do ponto de utilização x tempode utilização x frequência de uso

Onde:

Vconsumo é volume de consumo diárioem m³;Vazão dos pontos de consumo emm³/s;Tempo de utilização da peça de con-sumo em segundos;Freqüência de uso da peça de consumo.

A partir dessa equação é possívelquantificar o volume de água quenteconsumido diariamente, não esque-cendo que esse volume total corres-

Aleta de alumínioenegrecido

Isolamento térmicoem PU e/ou kraftsanfonado

Fundo e perfisem alumínio

Vidro divididoem três partes

Serpentina detubo de cobre

Isolamento térmicoprogressivo

Entrada de águafria e saída paraos coletores (S)

Saída consumo/respiro

Retorno de águaquente paraos coletores (R)

(S)

CB

A

D

Apoio Resistência

Termostato

Ligação elétrica

Vista expandida indicando componentes

Vista expandida indicando componentes boiler

Σn=i

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mática, desde que se tenha acesso às di-mensões do coletor solar e à curva deeficiência térmica do mesmo, de ondesão retirados os parâmetros adimensio-nais FRUL e FRτα. Para isso é fundamen-tal que o coletor solar seja testado e eti-quetado pelo Inmetro. O gráfico acimademonstra a influência do clima no de-sempenho térmico do coletor solar.

Além disso, as condições de instala-ção também têm influência grande naprodução de energia do coletor solar,principalmente a orientação do mesmoem relação ao norte geográfico, confor-me é demonstrado no gráfico.

Naturalmente o balanço de ener-gia determinará uma área coletora queirá variar ao longo do ano em função

ponde à quantidade de água quente natemperatura de banho, que varia entre36ºC e 40ºC. Isso significa dizer queparte dessa água consumida vem doaquecedor solar e parte vem da caixade água fria. A relação entre águaquente e água fria varia de acordo coma característica climática da região. Naprática, trabalha-se com as seguintesrelações na maior parte dos casos:Duchas: 40 l a 60 l/banho;Cozinha: 10 l a 15 l/pessoa;Lavatório e ducha higiênica: 3 l a 5l/pessoa Lavanderia: 10 l a 15 l/kg de roupa seca

Depois de dimensionado o volumede água quente, chega-se ao volumefinal do reservatório térmico. Em se-guida, é dimensionada a área coletoranecessária. Para isso é feito um balançode energia que consiste em levantar ademanda energética necessária paraaquecer o volume dimensionado e aprodução específica de energia do cole-tor solar dentro da condição de instala-ção levantada na visita técnica. A equa-ção abaixo esclarece melhor o conceito.

Área coletora = (kWh/mês)* (kWh/m2/mês)**

*Demanda energética mensal **Produção específica de energia

A demanda energética mensalpode ser calculada usando a equação:

DE = V . ρ . cp . (TF - TI) x 30 dias3.600

Onde,DE: Demanda energética mensal, emkWh;V: Volume de água quente em m³;ρ: Peso específico da água, conside-rando 1.000 kg/m³;cp : Calor específico da água, 4,18kJ/kgºC;TF: Temperatura de armazenagem daágua quente, em ºC;Ti: Temperatura de água fria, em ºC.

Quanto à produção específica deenergia do coletor solar, essa pode sercalculada para qualquer condição cli-

N

Consumo deágua quente

Alimentaçãoexclusiva deágua fria

Retorno dos coletoresinclinação mínima 3%

Alimentação dos coletoresinclinação mínima 3%

Mín

imo

10 c

m

Mín

imo

50 c

mM

ínim

o30

cm

Máximo7 m

Coletor solar

Dreno

Válvula ventosa

Válvula de retenção

Registro

Válvula de segurança

Instalação vista expandida termo

Cecomtur Executive Hotel em Criciuma (SC ) – 4 mil l – 36 coletores de 2 m

Foto

s: d

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anse

n

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das características climáticas de cadamês, conforme o gráfico.

Com isso é definida uma linha decorte que determinará a área coletorafinal, além de prever quais os mesesem que o sistema solar será auto-sufi-ciente e os meses em que será necessá-rio fazer uso do sistema de aqueci-mento auxiliar. Em linhas gerais, esse éo procedimento usado para dimensio-nar um sistema de aquecimento solar.

Para melhor ilustrar a metodo-logia, veja na página seguinte umexemplo de dimensionamento pas-so-a-passo de um sistema de aque-cimento solar residencial.

ExecuçãoO custo de execução torna-se

menor, à medida que a construção daresidência passa a ser planejada para re-ceber o aquecedor solar. Isso implica aadequação do projeto arquitetônico deforma a permitir que haja entre caixad’água, coletores solares e reservatóriotérmico os desníveis mínimos para quea circulação de água em termossifãopossa acontecer. Nesse caso, a radiaçãosolar incide sobre o coletor solar queaquece a água.Essa por sua vez torna-semenos densa, mais leve e tem a tendên-cia de migrar para a parte superior dosistema em direção ao reservatório tér-mico,a água mais fria,mais densa,tendea descer e ocupar o lugar da água maisquente. Dessa forma, a circulação natu-ral ou circulação em termossifão acon-tece,ou seja,a diferença de temperaturaentre água quente e água fria gera umadiferença de densidade que,por sua vez,provoca a circulação da água.

Caso a arquitetura da residêncianão permita a instalação em termos-sifão, é possível fazer a instalaçãobombeada, onde a circulação acon-tece com o uso de uma bomba hi-dráulica de baixa potência.

Controle da qualidadeAssim como é fundamental que os

produtos utilizados possuam o selodo Inmetro, também é diferencial quea instalação seja executada por umaempresa que possua o selo Qualisol.Esse selo foi criado recentemente, temo apoio do Inmetro e o objetivo de

180

120

60

0Jan Dez

Salvador Belo HorizonteSão Paulo Curitiba

(kW

h/m

ês)

Produção de Energia x ClimaColetor Vertical KPU.5 (1,72 m )2

180

120

60

0Jan Dez

Norte geográfico Desvio 45°Desvio 90°

(kW

h/m

ês)

Produção de Energia x OrientaçãoColetor Vertical KPU.5 (1,72 m )2

Área Coletora Necessária

Área

(m²)

4,64,1 4,0

5,16,0

6,7 6,45,8

5,2 4,95,4 5,5

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Linha de Corte

Residência em Cotia (SP) – 1.600 l – 16 placas coletoras

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atestar a qualidade do serviço de insta-lação dos sistemas de aquecimentosolar. Esse programa ainda está emfase inicial, contudo terá grande forçano mercado a curto prazo.

DIMENSIONAMENTO – ÁREA COLETORAEtapas Memória de cálculo ResultadoDemanda energética DE = [(VMCD x *Cp x **ΔT x 435,91mensal (DE) 30 dias) + Perdas térmicas] / kWh/mês

3.600 KJ / kWhProdução de energia PE = ***Produção estimada de energia 140,00por coletor (PE) em média mensal por coletor kWh/mêsNo de coletores NCD = DE / PE 3,11dimensionados (NCD) coletoresNo de coletores Número de melhor balanceamento 3recomendados (NCR) hidráulico e desempenho = coletoresÁrea coletora (AC) Área coletora equivalente 6,06 m2

* 4,18 KJ/KGOC, calor específico da água a pressão constante.** Ganho de temperatura: temperatura de ajusta de termostato – temperaturaambiente da água.*** Produção de energia mensal do coletor solar em condições de trabalhoconsiderando o posicionamento dos coletores (inclinação e orientação) ecaracterísticas climatológicas do local de instalação.

1. Dimensionamento de reservatório térmico – BoilerConsiderações:No de pessoas na residência: 5Frequência de banhos diários: 2Pontos de utilização de água quente:� Banheiro: 50 l/pessoa � Cozinha � Lavanderia � Banheirax

DIMENSIONAMENTO – RESERVATÓRIO TÉRMICOEtapas Memória de cálculo VolumeVolume máximo de VMC = no de pessoas x consumo/ 500 lágua quente (VMC) pessoa + volume da banheira =Volume médio de VMCD = VMC 500 lágua quente (VMCD)Volume do reservatório VRT = VMCD 500 ltérmico (VRT)Reservatório térmico Volume de água 500 ldimensionado (RTD) quente recomendadoReferência: Normas NBR 7198, NBR 15569 e procedimentos de dimensionamento Transsen

2. Dimensionamento da área coletoraConsiderações:Coletor solar Transsen etiquetado pelo Inmetro, modelo: Itapuã V2.0Orientação do local da instalação: Norte geográficoInclinação do local da instalação: Latitude + 10ºTemperatura de consumo: 40°CTemperatura de armazenagem: 45°CCaracterística climática: QuenteTemperatua ambiente: 23°C

Exemplo de dimensionamento

ManutençãoPara garantir uma longa vida útil

ao aquecedor solar e que o sistemaestará sempre trabalhando com omáximo de eficiência, é fundamen-

tal que o usuário siga à risca o pro-grama de manutenção preventivaindicado pelo fabricante. O ideal éque a manutenção preventiva sejafeita, pelo menos, a cada 12 meses.As principais ações são:

� Inspeção e lavagem de vidros doscoletores solares (excepcionalmentetodo mês);� Inspeção e teste na alimentaçãoelétrica;� Teste de funcionamento da(s) re-sistência(s) elétrica(s);� Teste de funcionamento do(s) ter-mostato(s) de acionamento do(s)aquecimento(s) auxiliar(es);� Inspeção de toda a tubulação hi-dráulica;� Inspeção e teste de todos os regis-tros, válvulas, respiro(s) e acessóriosde segurança;� Drenagem de todo sistema deaquecimento solar;� Inspeção, teste de funcionamentoe verificação da corrente elétricada(s) bomba(s) hidráulica(s);� Inspeção e teste de funcionamentodo quadro de comando elétrico;� Inspeção, limpeza e teste de fun-cionamento do(s) aquecedor(es) depassagem a gás;� Inspeção do(s) anodo(s) de sacri-fício;� Inspeção do suporte metálico doscoletores solares;� Inspeção da base de sustentaçãodo(s) reservatório(s) térmico(s);� Inspeção visual do(s) reservató-rio(s) térmico(s) quanto à deforma-ção ou deterioração.

LEIA MAIS

NBR 15569 – Sistema deAquecimento Solar de Água em Circuito Direto – Projeto e Instalação

Manual Técnico – TranssenAquecimento Solar

Procedimento deDimensionamento – TranssenAquecimento Solar

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