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TÉCNICA DA ELABORAÇÃO LEGISLATIVA (LC 95/98) Nara Berté A técnica legislativa consiste no conjunto de normas, regras e procedimentos que devem ser seguidos pelos elaboradores dos atos jurídicos. Pode-se dizer que essa é a arte de redigir leis. As técnicas legislativas são também regras de boa escrita, que devem ser de conhecimento e domínio de todos os legisladores. Tão importante quanto observar as normas constantes da técnica legislativa, a elaboração de leis exige conhecimento amplo sobre a matéria, verificação de competência para disciplinar o assunto e reflexão acerca da composição do texto. Leis mal elaboradas suscitam dúvidas e incertezas e, por serem confusas, podem acabar sendo contrárias aos fins para os quais foram propostas. No Brasil, a elaboração, redação e alteração dos atos normativos são regulamentadas pela Lei Complementar n.º 95, de 26 de fevereiro de 1998, alterada pela Lei n.º 107, de 26 de abril de 2001. Todas as fases do processo legislativo têm sua regulamentação estabelecida no Regimento Interno, que disciplina as atribuições dos órgãos da Câmara Municipal, contemplando suas funções legislativas, fiscalizadoras e administrativas. Dessa forma, e para garantir efetividade nos processos legislativos, é fundamental que os

TÉCNICA DA ELABORAÇÃO LEGISLATIVA (LC 95/98)unipublicabrasil.com.br/uploads/materiais/f19fcd2fe7812397a4bc39b8... · A técnica legislativa consiste no conjunto de normas, regras

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TÉCNICA DA ELABORAÇÃO

LEGISLATIVA (LC 95/98)

Nara Berté

A técnica legislativa consiste no conjunto de normas, regras e procedimentos que

devem ser seguidos pelos elaboradores dos atos jurídicos. Pode-se dizer que essa é a arte de

redigir leis.

As técnicas legislativas são também regras de boa escrita, que devem ser de

conhecimento e domínio de todos os legisladores.

Tão importante quanto observar as normas constantes da técnica legislativa, a

elaboração de leis exige conhecimento amplo sobre a matéria, verificação de competência

para disciplinar o assunto e reflexão acerca da composição do texto.

Leis mal elaboradas suscitam dúvidas e incertezas e, por serem confusas, podem

acabar sendo contrárias aos fins para os quais foram propostas.

No Brasil, a elaboração, redação e alteração dos atos normativos são regulamentadas

pela Lei Complementar n.º 95, de 26 de fevereiro de 1998, alterada pela Lei n.º 107, de 26 de

abril de 2001.

Todas as fases do processo legislativo têm sua regulamentação estabelecida no

Regimento Interno, que disciplina as atribuições dos órgãos da Câmara Municipal,

contemplando suas funções legislativas, fiscalizadoras e administrativas.

Dessa forma, e para garantir efetividade nos processos legislativos, é fundamental que os

vereadores, os assessores e os servidores das Câmaras Municipais conheçam profundamente

o Regimento Interno das Casas em que atuam.

No que se refere à metodologia e sistematização, é possível consultar manuais e

seguir as orientações que constam na legislação e nos próprios regimentos das Câmaras,

porém, como bem pontua André Leandro Barbi de Souza:

"A lei não pode ser uma mera formalidade burocrática... Seu

conteúdo interfere no destino das pessoas, da sociedade e das instituições,

portanto, seu resultado não pode se dar ao acaso... A elaboração de uma

lei exige planejamento, método, avaliação técnica e política, formal e

material, coerência interna e externa, identificação de seu custo, definição

prévia de seus objetivos e precisão dos ambientes que ela quer intervir..."

É com esse entendimento que a abordagem sobre Técnica Legislativa, no curso

destinado a vereadores e servidores do Legislativo municipal, tem como foco o despertar

sobre a necessidade de uma reflexão acerca daquilo que escrevemos, visando à produção de

textos claros, coerentes e concisos. Como desenvolver a competência textual, iniciar e

estruturar textos argumentativos e, sobretudo, desenvolver a capacidade de apresentar ideias

que permitam ao leitor uma compreensão exata do que se pretendeu transmitir.

Cabe a quem escreve dar caminho ao raciocínio, criando sentido entre todas as etapas

da redação. Para isso, além de aplicar um bom vocabulário, é fundamental que o redator

mantenha uma construção lógica de sua mensagem e organize o texto separando o essencial

do supérfluo, ordenando e classificando as ideias principais e secundárias, de forma a garantir

coerência, coesão e objetividade ao texto.

A linguagem não serve apenas para transmitir ideias. É muito frequente utilizar a

palavra para convencer outras pessoas a aceitar e/ou fazer algo que propomos e defendemos.

Portanto, comunicar não significa apenas "fazer saber" e a língua não é somente um

instrumento de comunicação. A língua é estratégia fundamental de convencimento e

persuasão.

A comunicação escrita é fator determinante para a imagem de uma autoridade e das

instituições. Aprimorar as técnicas de redação é fundamental para quem deseja se comunicar

melhor. No entanto, quando se trata do serviço público, a eficácia da comunicação é uma

obrigatoriedade, pois a falta de precisão na linguagem conduz a resultados confusos e,

consequentemente, acarretam problemas internos, que afetam o funcionamento do órgão, e

problemas externos, que podem comprometer a vida das pessoas.

As instituições e os agentes públicos, para bem cumprir sua missão e atender as

expectativas daqueles que representam, têm o dever de se comunicar com precisão, refletindo

acerca de seus atos e reconhecendo a comunicação como tema de interesse coletivo e de

cidadania.

REDAÇÃO OFICIAL: TEÓRICA

Nara Berté

A Comunicação nos tempos atuais

Twitter, Email, Facebook, WhatsApp, enfim, a internet nos obriga a escrever mais, e

aquilo que escrevemos pode circular rapidamente e atingir um número incalculável de

pessoas.

A comunicação é muito mais comprometedora que antigamente. Isso exige cuidados

especiais com o que vamos falar, especialmente se representamos uma instituição, nesse

caso, temos a responsabilidade de zelar, também, pela sua imagem.

Escrever Bem

A habilidade de escrever é resultado da habilidade de pensar – pensar de forma

ordenada, lógica e prática.

Três requisitos são fundamentais:

LER – CONHECER – REFLETIR

LER é importante para:

- Desenvolver melhor a escrita

- Incorporar bons modelos de estruturação de ideias

- Ampliar o vocabulário

- Ampliar o repertório de conhecimentos

CONHECER

Quanto mais conhecermos a respeito do assunto sobre o qual vamos discorrer, mais

argumentos teremos para compor um texto informativo e bem estruturado.

É impossível escrever sobre algo que não conhecemos.

REFLETIR

Toda mensagem tem um objetivo.

A comunicação é muito mais clara e efetiva quando fazemos uso inteligente da

linguagem.

Adaptar a linguagem entre os interlocutores é fundamental para uma boa

comunicação.

CONCEBER e ORGANIZAR

Conceber o texto faz parte do processo criativo. Organizar faz parte do processo

lógico.

Ao conceber o texto, o redator deve se preocupar em colocar a palavra certa no lugar

certo. Escolher verbos adequados, pois são eles que dão vigor às frases.

Exemplos:

1. Este trabalho visa analisar as causas da evasão escolar.

Este trabalho apontará as causas da evasão escolar.

2. Esta tese busca conhecer a realidade dos moradores de rua.

Esta tese revela a realidade dos moradores de rua.

3. O vereador pretende anunciar sua candidatura em duas semanas.

O vereador anunciará sua candidatura em duas semanas.

Evitar redundâncias:

- Amigo pessoal, comparecer pessoalmente, consenso geral, criar novo, pequenos detalhes,

empréstimo temporário, erário público, encarar de frente, gritar bem alto, manter a mesma,

minha opinião pessoal, multidão de pessoas, panorama geral, surpresa inesperada, vereador

da cidade.

- A decisão de toda a equipe foi unânime.

- É terminantemente proibido invadir a área delimitada.

Evitar gerundismo:

- O diretor vai estar analisando...

- Vou estar te encaminhando...

- A senhora pode estar acompanhando...

- Vou estar transferindo sua ligação..

Organizar o texto consiste em:

- Fazer a triagem (separar o essencial e o supérfluo).

- Classificar as ideias principais e secundárias.

- Ordenar as ideias.

Na triagem, elimina-se o desnecessário; na classificação, separam-se as ideias afins;

na ordenação, verifica-se a sequência, dando origem ao um roteiro para a escrita,

organizado em princípio, meio e fim.

A comunicação escrita oficial

É a maneira como se redigem as correspondências e os atos administrativos no

serviço público.

Se caracteriza pela impessoalidade, uso do padrão culto de linguagem, clareza,

concisão, formalidade e uniformidade.

Fundamentalmente esses atributos decorrem da Constituição Federal, que dispõe:

A administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da União,

dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,

impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência...

Constituição Federal, Art. 37.

Instrumentos de Consulta

1) Manual de Comunicação Escrita Oficial da Prefeitura de Curitiba.

2) Livro Correspondência e redação técnica. (Normélio Zanotto)

Características do Texto Oficial

Adequação

O texto, como unidade comunicativa, é interpretado a partir de uma série de elementos

extralinguísticos: interlocutores, espaço e tempo do que é dito, intenção e finalidade,

conhecimento de mundo compartilhado entre os interlocutores, papel e lugar social de quem

escreve e de quem lê.

Clareza

O texto claro é aquele que não abre espaço para dúvidas. Quem escreve deve pensar

para quem está escrevendo e antecipar-se às possibilidades de interpretação do interlocutor.

Para tanto, é fundamental:

Preferir períodos curtos e médios, de ordem direta, em vez de períodos longos e

intercalações excessivas.

- O diretor recebeu a intimação naquela manhã.

- Naquela manhã, o diretor recebeu a intimação.

- O diretor, naquela manhã, recebeu a intimação.

- O diretor recebeu, naquela manhã, a intimação.

- Definir a hierarquia das ideias existentes no texto (ideias fundamentais e secundárias)

- Escolher vocabulário acessível ao receptor.

- Evitar exibicionismo verbal, chavões e gírias.

- Utilizar termos técnicos somente quando forem indispensáveis e, nesse caso, é necessário

explicá-los.

“Todo mundo que escreve deve deixar

para o leitor o esforço de pensar sobre

o que leu, e não o sacrifício de adivinhar o que se queria ter dito – este é o ponto.”

Gustavo Bernardo

Concisão

- Significa transmitir o máximo de mensagem num mínimo de texto.

- Enxugar o texto, eliminando o supérfluo.

- Evitar repetições ou emprego de palavras da mesma família.

- Preferir períodos curtos, coordenados.

Exemplo de não concisão

Tenho a enorme satisfação de, através deste, convidar Vossa Senhoria para participar da

belíssima solenidade de inauguração da nova Unidade de Saúde do bairro Pinheirinho.

Tenho a satisfação de convidar Vossa Excelência para a solenidade de inauguração da

Unidade de Saúde do bairro Pinheirinho.

O profundo conhecimento dos hábitos e específicas necessidades dos potenciais

grupos de usuários de um espaço habitável será de inestimável valor para que, ao se elaborar

o projeto, se atinja o objetivo de conferir ao usuário o domínio sobre o uso do produto

adquirido – sua moradia – para que esse lhe seja de fato prazeroso, seguro e responsável por

um verdadeiro progresso na qualidade de vida de seus usuários, ou seja, o conforto

doméstico.

O conhecimento dos hábitos e necessidades dos moradores é fundamental para a

elaboração de um projeto arquitetônico de uma moradia confortável.

Impessoalidade

As comunicações oficiais se caracterizam pelo tratamento impessoal, ou seja, pela

ausência de impressões individuais, porque é sempre em nome do serviço público que são

feitas.

O destinatário sempre será outro órgão público ou o público. Os assuntos que constam

das comunicações oficiais dizem respeito às atribuições do órgão que emite a comunicação.

Objetividade

As informações devem ser as mais objetivas possíveis, incluindo, se necessário, dados

quantificados.

O texto deve ser direto, evitando-se rodeios, termos supérfluos, excesso de adjetivos,

ideias e vocábulos repetidos. Não se admite ambiguidade, trechos confusos, escolha

inadequada de palavras, termos desconexos, falta de ligação entre sentenças e parágrafos, ou

incoerência na exposição de ideias.

Coesão – “costura” formal

Uso adequado de conectores que traduzem as ideias de adição, alternativa, oposição,

causa, consequência, etc. (pois, mas, que, porém, todavia, entretanto, talvez, provavelmente,

apesar de, mesmo que, etc).

a. Observar criteriosamente o arranjo formal, a disposição de termos, orações, períodos e

parágrafos do texto.

b. Manter a sequência, a ordenação e a articulação.

c. Respeitar os elementos de transição, retomada e articulação.

d. Evitar frases soltas, incompletas ou fragmentadas.

Coerência – “costura” de ideias”

A coerência diz respeito à funcionalidade do que é dito, do como e para quem é dito.

O texto precisa fazer sentido.

Um conjunto qualquer de frases não constitui um texto. É preciso haver ligação entre

situações, acontecimentos ou ideias.

Conexão, nexo, lógica.

1. Qual a finalidade do texto? Para que ele serve?

2. Qual o assunto? Sobre o que vou escrever?

3. Quem vai ler o meu texto?

4. Qual tipo de texto vou fazer?

Exemplos de textos incoerentes

De início, manifestamos nossa satisfação em entrar em contato com Vossa Senhoria

mais uma vez. O motivo deste é informá-lo de que seu pedido de férias para o período de

4.1.2014 a 4.2.2014 foi negado.

Os últimos ataques de Israel renderam 200 palestinos mortos.

Em virtude da catástrofe climática ocorrida na última semana, cidades do litoral

decretaram estado de calamidade pública.

Manifestamos plena concordância com as informações prestadas por Vossa Senhoria,

mas observamos que a afirmação contida no item 5 deixa dúvidas quanto ao valor a ser

restituído.

Estamos certos que a proposta para a instalação de uma academia ao ar livre nesse bairro

vem de encontro aos anseios da população.

A nova unidade de saúde atende uma reivindicação antiga dos moradores. Essa obra é

mais uma demonstração da presteza da Prefeitura no atendimento aos cidadãos.

A mobilidade urbana sempre foi prioridade para esta administração. Importantes projetos

estão sendo desenvolvidos nessa área, mas não podemos esquecer que em primeiro lugar

precisamos cuidar da saúde da população.

Polidez

Polidez é sinônimo de respeito, educação e gentileza, pressupostos fundamentais da

comunicação oficial. Mesmo quando o texto trata de assuntos desagradáveis, a linguagem

deve ser cortês, evitando termos desrespeitosos. É possível ser firme sem agredir o leitor. Por

isso, é necessário eliminar expressões vulgares, irreverentes, gírias, banalidades, ironias e

leviandades

No que diz respeito à utilização das formas de tratamento e endereçamento, deve-se

considerar a área de atuação da autoridade (universitária, judiciária, religiosa, etc.) e a

posição hierárquica do cargo que ocupa.

Observar as formas de tratamento

(Página 17 do Manual)

Correção

O texto correto deve respeitar as normas de linguagem, as regras gramaticais e

ortográficas da norma padrão e, na redação oficial, deve atender às características de cada

gênero e situação. Deve-se evitar o uso de expressões estrangeiras, gírias, jargões, palavras

antiquadas ou não dicionarizadas.

Revisão

A versão definitiva de um texto se obtém após uma leitura minuciosa, adequando a

forma ao conteúdo e respeitando criteriosamente a estética, o estilo (clareza e precisão), a

estrutura (sequência, ordenação, coesão e coerência) e a gramática (ortografia, acentuação,

concordância, regência e pontuação).

A linguagem está adequada ao interlocutor?

A mensagem que se deseja transmitir está clara e de fácil entendimento?

O texto foi redigido com precisão vocabular?

A norma padrão e as expressões estão adequadas ao tipo de texto?

A ortografia e a pontuação estão corretas?

O texto está harmonioso?

Os nomes próprios estão corretos. Os pronomes de tratamento foram adequadamente

aplicados?

A apresentação geral está perfeita. A distribuição do texto na folha. A impressão está

boa?

Recomendações

- Não confie no revisor de texto do Word.

- Tenha cuidado com as reproduções, os modelos.

- Submeta seu texto à leitura de outra pessoa.

- Observe as regras aplicadas para abreviaturas, abreviações, siglas , constantes na página 21

do Manual – item 2.5 – Reduções.

- Procure utilizar apenas uma forma de destaque (negrito ou maiúsculas)

Palavras como honra, satisfação, prazer devem ser usadas somente em mensagens que sejam,

realmente, motivo de honra, satisfação, prazer.

- Temos a honra de convidar Vossa Excelência...

- Temos a satisfação de comunicar que está a sua disposição...

- Temos o prazer de enviar-lhe um exemplar do livro....

Organização das comunicações oficiais

INTRODUÇÕES

A correspondência deve ser iniciada sempre sem artificialismos, de maneira concisa, clara,

objetiva e direta.

Exemplos de introduções inadequadas e adequadas

Inadequada: Vimos por meio desta informar que...

Adequada: Informamos que...

Inadequada: Valemo-nos deste meio para fazer chegar

às mãos de Vossa Senhoria...

Adequada: Enviamos a Vossa Senhoria...

Inadequada: Tem a presente a finalidade de acusar o recebimento...

Adequada: Recebemos....

Inadequada: Vimos por intermédio desta solicitar...

Adequada: Solicitamos...

Inadequada: Procedemos à escolha de...

Adequada: Escolhemos...

Inadequada: Dirigimo-nos ao caro colega a fim de efetuar nosso

pedido de desculpas.

Adequada: Pedimos desculpas....

Inadequada: Desejo levar ao seu conhecimento que...

Adequada: Informo-lhe que... Comunico-lhe que...

Inadequada: Formulamos a presente para solicitar...

Adequada: Solicitamos...

Fechos

As correspondências devem ser finalizadas sempre com objetividade, evitando-se frases-

feitas, expressões vazias e arcaicas. É possível criar e personalizar uma despedida, desde que

se harmonize ao contexto da correspondência.

Na redação oficial, a saudação final deve se ater a duas expressões:

Atenciosamente

Para autoridades de hierarquia igual ou

inferior e para particulares.

Respeitosamente

Para autoridades de hierarquia superior.

Devido à formalidade dos documentos oficiais, é aconselhável não abreviar o

atenciosamente.

Em e-mails e similares é possível empregar a forma Atte., registrada no Vocabulário da

Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras.

Exemplos de fechos inadequados

• Sendo o que tínhamos para o momento...

• Nada mais tendo a acrescentar...

• Valemo-nos da presente para externar nossos votos de estima e consideração.

• Com elevada estima, subscrevemo-nos mui atenciosamente.

• Limitados ao exposto...

• Aproveitamos a oportunidade para reiterar nossos votos e elevado apreço.

• Colhemos o ensejo para expressar...

• Sem outro particular, subscrevemo-nos muito atenciosamente.

Gênero

Os textos oficiais devem seguir a flexão de gênero correspondente ao sexo da pessoa,

conforme Leis

n.º 2.749, de 2 de abril de 1956, e n.º 12.605, de 3 de abril de 2012.

Os símbolos de qualquer unidade de medida são escritos:

Com letra minúscula. Ex.: h, l, m, km, cm

Sem ponto.

Sempre no singular. Por exemplo, m serve tanto para metro quanto para metros.

Imediatamente após o número a que se referem. Ex.: 12h – 20km – 10cm.

Siglas

Se referem ao conjunto das iniciais dos nomes próprios, principalmente de locuções

substantivas próprias, como, por exemplo, Fundação de Ação Social – FAS.

Não são acompanhadas de ponto. São escritas com letras maiúsculas quando:

- Tiverem até três letras: RG, ONU, CEF, MEC, ICS, PMC.

- Todas as letras forem pronunciadas: UFPR, BNDES, FGTS, INSS, IPTU.

Se a redução tiver caráter de palavra ou vocábulo, só a inicial é maiúscula: Aids, Mercosul,

Copel, Detran, Unicef, Petrobras.

TERMINOLOGIA ADOTADA PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

A Secretaria Especial dos Direitos da Pessoa com Deficiência - SEDPcD, de Curitiba,

em sua página na internet, destaca a importância do uso correto da terminologia em relação

às pessoas com deficiência. Esse cuidado deve ser ainda maior por parte do Poder Público,

que tem a responsabilidade de conhecer o vocabulário correto e jamais utilizar expressões

que denotam preconceito e desrespeito às pessoas.

A terminologia pessoas com deficiência, estabelecida na Convenção Internacional

sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, da ONU, foi ratificada e incorporada na

Constituição Brasileira.

Para evitar que o termo “pessoas com deficiência” seja empregado de forma repetitiva

em textos ou em discursos, a SEDPcD sugere substituí-lo por “cidadãos com deficiência” ou

“usuários com deficiência. Não se deve utilizar a sigla PcD, referindo-se a pessoas com

deficiência, pois ela tende a homogeneizar um grupo que é bastante diverso e heterogêneo.

É recomendado também empregar o termo usuário de cadeira de rodas no lugar de

“cadeirante”, pois não devemos nos referir às pessoas pelo instrumento que elas utilizam para

se locomover.

A seguir, transcrevemos alguns exemplos da terminologia correta e recomendamos a

coleção de manuais “Mídia Legal”, disponível no site da ONG Escola de Gente –

www.escoladegente.org.br, para mais informações sobre o tema.

FORMA CORRETA FORMA INCORRETA

Pessoas com deficiência

Pessoas deficientes/Deficiente

Portador de deficiência

Pessoas especiais

Pessoas portadoras de deficiência

Pessoa com deficiência visual Deficiente visual

Pessoa com deficiência física Deficiente físico

Pessoa com deficiência auditiva Deficiente auditivo

Pessoa com deficiência intelectual

Deficiente intelectual

Deficiente mental

Pessoa com tetraplegia Tetraplégico/Paralítico

Pessoa com paraplegia Paraplégico

Pessoa com paralisia cerebral Paralisado cerebral

Pessoa com síndrome de Down,

criança com Down Mongoloide ou mongol

Pessoa com lesão medular Lesado medular

Pessoas surdas Surdo-mudo

Usuário de cadeira de rodas Cadeirante

Formas de Tratamento

AUTORIDADES VOCATIVO TEXTO ENDEREÇAMENTO

(correspondência e

envelope)

Presidenta ou Presidente

da República

(para mulher)

Excelentíssima

Senhora

Presidenta (ou

Presidente) da

República

Vossa

Excelência

A Sua Excelência a

Senhora

(nome)

Presidenta (ou

Presidente) da República

Federativa do Brasil

Palácio do Planalto, 3º

andar

70150-900 – Brasília – DF

Presidente da República

(para homem)

Excelentíssimo

Senhor

Presidente da

República

Vossa

Excelência

A Sua Excelência o

Senhor

(nome)

Presidente da República

Federativa do Brasil

Presidente do Supremo

Tribunal Federal

Excelentíssimo

Senhor

(Senhora)

Presidente

Vossa

Excelência

Idem

Presidente do Congresso

Nacional

Excelentíssimo

(Senhora)

Presidente

Vossa

Excelência

Idem

Deputado/Deputada

Estadual

Deputado/Deputada

Federal

Desembargador/Desembar

gadora

Embaixador/Embaixadora

Governador/Governadora

Vice-

Governador/Governadora

Juiz/Juíza

Ministro/Ministra de

Estado

Prefeito/Prefeita

Vice-Prefeito/Vice-

Prefeita

Presidente dos Tribunais

Procurador-

Geral/Procuradora-Geral

(Estado, Justiça e

República)

Promotor

Público/Promotora

Pública

Secretário/Secretária de

Estado

Senador/Senadora

Vereador/Vereadora

Senhor/Senho-

ra(cargo)

Vossa

Excelência

A Sua Excelência o

Senhor/a Senhora

(nome)

(cargo)

(endereço)

CEP – Cidade – UF

Reitor/Reitora de

Universidade

Magnífico

Senhor Reitor

ou

Excelentíssi-

mo Senhor

Reitor

Magnífica

Senhora

Reitora ou

Excelentíssi-

ma Senhora

Reitora

Vossa

Magnificência

A Sua Excelência o

Senhor (a Senhora)

(nome)

Magnífico (Magnífica)

Reitor (Reitora) da

Universidade...

(endereço)

CEP – Cidade – UF

AUTORIDADES

ECLESIÁSTICAS

VOCATIVO TEXTO ENDEREÇAMENTO

(correspondência e

envelope)

Arcebispo

Bispo

Excelentíssimo e

Reverendíssimo

Senhor

Arcebispo/Bispo

Vossa Excelência

Reverendíssima

(no primeiro

tratamento; nos

seguintes, Vossa

Reverendíssima)

A Sua Excelência

Reverendíssima o Senhor

Dom (nome)

Arcebispo

Metropolitano (esta

última palavra só é

empregada se a cidade

for sede de província

eclesiástica) de (nome da

cidade sede)

Endereço

CEP – Cidade – UF

A Sua Excelência

Reverendíssima o Senhor

Bispo Diocesano de

(nome da cidade-sede da

diocese)

Dom (nome)

Cardeal Eminentíssimo e

Reverendíssimo

Senhor Cardeal

Vossa Eminência

Reverendíssima

(no primeiro

tratamento; nos

seguintes, Vossa

Eminência)

A Sua Eminência

Reverendíssima o Senhor

Cardeal (nome)

(idem exemplo acima)

Papa Santíssimo Padre

ou

Beatíssimo Padre

Vossa Santidade A Sua Santidade o Papa

(nome assumido pelo

Papa)

Prefeitura da Casa

Pontifícia

00120 Cidade do

Vaticano

Estado do Vaticano

Padre

Pároco

Pastor

Frade

Cônego

Monsenhor

Freira

Irmã

Madre

Reverendíssimo/

Reverendíssima

(título)

Vossa

Reverendíssima

Ao Reverendíssimo

Senhor

(título e nome)

À Reverendíssima

Senhora

(título e nome)

AUTORIDADES

MILITARES

VOCATIVO TEXTO ENDEREÇAMENTO

(correspondência e

envelope)

Almirante (a)

Brigadeiro (a)

Comandante (a)

Contra-Almirante (a)

Coronel (a)

Delegado (a)

General (a)

Major-Brigadeiro (a)

Marechal

Sargento (a)

Tenente-Brigadeiro (a)

Tenente

Tenente-Coronel (a)

Vice-Almirante (a)

(ver obs.)

Senhor (cargo)

Senhora (cargo)

Vossa

Excelência

A Sua Excelência o Senhor (a

Senhora)

(nome)

(cargo)

(endereço)

CEP – Cidade – UF

OUTRAS

AUTORIDADES

VOCATIVO TEXTO ENDEREÇAMENTO

(correspondência e

envelope)

Chefe de Gabinete

Diretor (a)

Presidente ou Presidenta

(Associação/Conselho/Fundação)

Secretário/Secretária Municipal

Superintendente

Senhor (cargo)

Senhora (cargo)

Vossa

Senhoria

Ao Senhor/À Senhora

(nome)

(cargo)

(endereço)

CEP – Cidade – UF

Obs.: A forma feminina para alguns casos de autoridades militares é registrada por

gramáticos, como Antônio Houaiss, Aldo Canazio e Zelio dos Santos Jota. Percebe-se, no

entanto, que as corporações militares instituem seu próprio padrão,com predomínio da forma

masculina.