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I Circular técnica I ISSN 010G.7750 Fevereiro. 1984
-
ETIOLOGIA DE ALGUMAS DOENÇAS -- -. A . -
)DEBSZERt?QS DE CORTE NO ESTADO e 'P * - $
7;,1 .' .
i - DE MATO
155N 0100-7750
CIRCULAR TeCNICA N9 15 Fevereiro, 1984
ETIOLOGIA DE ALGUHAS DOENCAS DE BEZERROS DE CORTE NO
ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL
cláudio Roberto Madruga Ronaldo Gomes
Maria Aparecida Moreira Scbenk Raul Henrique Kessler
Geraldo Gratão Maria Elisa Gales
José Antonio Paim Scbenk Marcià Andreasi
Ivo Bianchin Midori Miguita
(õ) Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária-EMBRAPA Vinculada ao Ministério da Agricultura CC>~ Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Cor Campo Grande, M5
Exemplares desta publicacão -&em eer solicltadcs ao
cNP%
Rodovia DA 362 km 4
rclofonor (067) 382-3001 Telex: (06721 153
Caixa Postal 154
79100 - Campo Grande, MS
João C n n i i i c i Hiliqres - presidente Pernando Paim Costa - ~ecretãrio Executivo hntrinio & iiascímenta Rmsa
Arthur da Silva Mariastc
da i r0 M~-n.l,!a V ld i r.-
Jonj natpues da siivri
Jurandir Pereira d r Ollvclri
Maria Rcgina Jorqa Soares
RauL nenrique Kessler
c m r d e n q ã o : A r t h u r da Silva Iariante
Datilografia: ~ u r í ~ e d e s valêrio Bittencourt
Desenho: P a u l o Rokrto Duarte Paes
HADRüGA, C.R.; M O , R.; SWEW. K.A.U.: KESSLER, R.H.:
C R C I ~ ~ O , C.; CALES. n.e.; SCWEHK. J . A . P . ; MDREAS1.M.;
IlMOllM, I . 1 I i l C N l t A . H. ri i d l o g i u da* alausuu d r
tncai d. btzsrror c o r t e ao Errado do n i t a Crorao
do S u l . C i v Grande. HS, =PAPA-CRPCE, 1904. 2 l p .
( M W L C N P C C . Circular Técnici. 15).
I . Iczcrraa - b e q i i . t, Gumes, R. 11 . Schenk, R. A .
H. 111. K t i i l e r , R.H. W. Grario, C.. V. Ca l r i , M.E. V I .
Schenk, J.A.P.; VII. h o d r t a s i , H. VIII. Biirichiri. I . 1 X .
H i g u i t i , H. EmprmiA Bririlcira d i Pirquis i hropccu;ria.
Crncro Nicionrl d* Perqui~a de Gado de Cortt,Campo Crin-
d t . HS, 11. f í r u l o , X I I . S e r i e .
SUMAR 10
i INTROOUÇAO ......................................... 7 ............................ 2 MORBIDADE E MORTALIDADE 8
3 PROCESSOS PATOL6GICOS ...................I.....m.... 10
3.1 Onfalaflebites ................................. 10
3 . 2 Diar ré ia ....................................... 1 1
...................... 3 . 2 . 1 a i a r r é i a bacteriana 1 1
3 .2 .1 .1 Patologia das Enterobactér ias . .. . 1 1
. . . 3.2.1.2 Escherichia cozi I C o l i b a c i losej 13
.................... 3 . 2 . 1 . 3 SahoneZEa sp 14
3.2.2 ~ i a r r é i a por protozoãr io ................. 15
3 . 2 . 3 Helmintos gastrointestinais .............. 18
4 TRISTEZA P A R A S I T A R I A ............................. 18
5 LEPTOSPIROSE BOVINA ................................ 22
6 COMENTARI OS F i NA1 S ................................. 22
7 REFERENCIAS B I B L I O G R ~ F I C A S .................... ..... 24
ETfOLOGiA DE ALGUMAS DOENCAS DE BEZERROS DE CORTE NO
ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL
RESUMO - Foi rea1izado.w levantamento de algumas doen- ças de bezerros de corte do nascimento ao desmame criados exrensivamente na região de. Campo Grande, Estado de Mato Grosso do S u l .
Foi observado indice médio de mortalidade de 5,9% e o de morbidade de 26 ,8%. Os maiores índices de mortalidade ocorreram e m fazendas c o m vacas positivas ao teste soro- lógico para o diagnõstico d e brucelose.
A onfaloflebite teve uma freqÜéncia significativa em bezerros reck-nascidos, entretanto a diarréia foi o si- n a l clínico mais comum. A cocciodiose representadaporin- fecç6es de EUneriu a u s r n i i e E i m e ~ i u buvis f o i uma das causas que ocorreram com a l ~ a freqÜéncia.Asdiarréias por ent erobac t i r i a s tiveram uma baixa- f reqÜ&ncia. Apenas 10 cepas de Escherichiu coZ< patogenicas produtoras de roxi- na estive1 (S.T.) foram isoladas assim como 13 sorotipos de salmonela, predominantemente SaZnton~ZZa dubZin. As helmintoses também não constituíram uma importante causa de disturbioç gastrintestinais no sistema de criação EX-
tens iva . Os processos anêmicos tiveram como principal causa a
anaplasrnose e a babesiose que incidiram principalmente na faixa etãria de um a quatro meses. Neste estudo a infec- ção por leptospira raramente causou em bovinos jovens 'çi- nais clinicos da doença.
ETIOLOGY OF SOME DISEASES OF BEEF CALVES 1N THE STATE OF
MATO GROSSO DO SUL, BRAZIL
ABSTRACT - A $urvey was carried out in the region of Campa Grande, Mato Grossa do Sul State, ro determine some beef calf diseases frm b i r t h to weaning under extensive rais ing sys tem.
The average rate of mortality was 5.9% aiid the rnorbidi ty 26.82, The higher levels o£ mortality occurred in farms with cow reactors t o the brucellosis test.
The mphalophlebitis was an important i n fec t ion in newborn calves, therefare the diarrhea was the rnost' comon c l in i ca l signal. The coccidios is through infections o£ Eimer ia zuernii and Eiher ia bmks played an imporcan~ role in the incidente of gastrintestinal disturbances. The diarrheas by enterobactereaceas had low frequency. OnTy 10 strains o£ enteroparhogenic Escherichia caZi productors o£ stable toxins, were iaolated (S.T.) as w e l l as 13 strains o£ sa~monella, predominantly SuZrnoneZZa d u b l i n . The helmintosis were not an important cause of en t e r i c disease in the extensive conditions of cattle exploitation.
The anaplasrnoçis and babesiosis were rhe main et io logieç of anaemia in calves between 1 month and 4 months cf age. Leptospirosis seldom caused c l in i ca l signals of disease in young bovines.
ETIOLOGIA DE ALGUMAS DOENÇAS DE BEZERROS DE CORTE NO
ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL
Cláudio Robert o Madruga1 Ronaldo çomes2, 1 ' Maria Aparecida M. Schenk , Raul H. ~ e s s l e r ~ ,
Geraldo ~ r a t ã o ~ , Maria E. ales', .Tos< Antonio P. schenk2, Marcia Andreasi4,
Ivo ~ianchin' e Midori ~ i ~ u i t a '
A bovinocultura de-corte no Brasil, particularmente as criações extensivas de zebu que compreendem a quase tota- lidade do plante1 bovino do Brasil Central, tem apresen- t ado um desenvolvimento lento e l iaitado.
Concorre para os baixos índices d e produtividade dos rebanhos, além dos aspectos sócio-econ6micos, o emprego incoxreto de tecnologias, muitas destas desenvolvidas em outros e nem sempre cientificamente correta, quan- do aplicadas em nosso meio.
~ ~ e b a r de não haver um diagnóstico adequado da situação
'~@d.~et., M.Sc. Pesquisador da EMBRA'PA-CNPGC
2 ~ g d .veta, B. S . Pesquisador da Empresa de Pesquisa, As- s i s t k c i a Técnica e Extensão Rural de Mato Grosso do Sul IEHPAER). Parque dos Poderes, 79100 - Campo Grande, MS
3 ~ f é d . ~ e t . , Ph.D. Pesquisador da E2SBRhPA-CNPGC 4 ~ ioquimica , B.S. Professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - Cidade ~ n i v e r s i t ã r i a , Caixa Postal 649, 79100 - Campo Grande, MS
'I3iÓloga, 3. S . Laboratoris t a da EMBEUPA-CNPGC
real do sistema de produção da de corte em nosso país, sabe-se que a maioria dos problemassanitãriosocor- re na fase de cria. Um dos coeficientes mais negativos 6 o a l to índice de mortalidade do nascimento ao desmame (Barros 1969; &apresa Brasileira de ~ssistência Técnica e Extensão Rural 1977).
Os subsídios para um diagnõstico da situação, bem como resultados de pesquisa de aplicação prática nestaáreasão nulos. Hã uma carência de informações sobre as medidas a serem tomadas diante de problemas sanítãrios que atingem os bovinos de corte e que desafiam a tecnologia veterinã- r ia disponível, bem como estimulam a criação denovas tec- nologias. Por esta razão, o CNPGC-EMSRAPA, a EHPAER e o Departamento d e Patologia da UFMS iniciaram, em 1981, um projeto de pesquisa com a finalidade d e estudar a s causas d e morbidade de bezerros do nascimento ao desmame, consi- derando o sistema de produção e as condições do ecossis- tema existentes no Estado de Mato Grosso do Sul.
2 MORBIOADE E MORTALIDADE
As enfermidades possuem características práprias d e d i - fusão, apresentando-se de diferentes formas, quanto ao nu- mero de casos c intensidades dos mesmos . Os fatores fun- darnenrais no processo de disseminacão das doenças são: as condições ecolõgicas naturais, o manejo e a raça do ani- mal. Por isto, a incidéncia e a eriologia das doenças de bezerros são variâveis d e região-para região ou, até mes- mo, d e fazenda para fazenda. Exemplos d i s t o são a "Cara Inchada", com maior incidência em bezerros criados nas pastagens d e salos fracos de cerrado, a fotossensibiliza- são, principalmente em animais desmamados em Brachiar-ia decwnbens e a coccidiose, que cem maior freqÜênciaemani- mais criados em fazendas c o m aguadas do tipo .açude.
Na Tabela t são apresentados alguns índices sanitários observados em seis fazendas acompanhadas no ano de 1982. A mortalidade de bezerros f o i bastante v a r i h e l entre es-
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tas propriedades, mas o índice mêdio de mortalidade f o i inferior ao valor d e 10% estimado para a região (Empresa Brasileira de ~ssistência Técnica e ~xtensao Rural 1977). Em duas fazendas, onde ocorreram u s maiores í n d i c e s d e aborto e mortalidade de bezerros, f o r a m também determi- nados, sorologicamente, níveis significativos d e ant i - corpos contra BmcceZa abortus. O í n d i c e d e rnorbidade f o i elevado e possivelmente e s t e fator tenha uma considerável importância no desenvolvimento pondera1 e produtivo des- tes animais.
Nas informaç6es preliminares, o b t i d a s através de inqué- ri to de opinião com proprietãrios e capatazes de fazendas, foram apontados como ~rincipais processos patoi8gicos, a s diarréias, as cinfaloflebites, a "Tristeza Parasirãria" e a "cara' Inchada", estando esta Ú l t i m a limitada a algumas fazendas. Estas informações foram comprovadas quase que totalmente pelos dados obtidos nas fazendas estudadas. No exame clinico efetuado, a onfaloflebitc, os pr~cessos diarréicos, o quadro de anemia, a "Tristeza ~arasitãria" tiveram uma participação importante.
3 PROCESSOS P A T O L ~ G I COS
3.1 Onfaloflebites
Apesar de todas as fazendas terem tido cuidado es- pecial c o m a d e s i n f e c ç ~ o do umbigo do recém-nascido, aon- falof lebite ocorreu c o m grande freqüéncia. A razão disto provavelmente es te ja relacionada ã s diversas-vias d e i n - fecção e aos diferentes agentes etiolõgicos desre proces- so infeccioso. As v i a s são: intra-uterina e extra-uteri- na, sendo que-esta Última pode ser exÓgena, através d o cordão umbilical ou endõgcna, arravk do trato digestivo.
Os agentes desta enfermidade podeni ser encontrados no solo, no tubo i n t e s t i n a l , na vagina e no iibere de vacas. Por i s s o , os animais podem s e i n f e c t a r facilmente aa ma- marem em Úberes contaminados ou, no momento do pa r to , p o r inges t ã o da secreção vaginal.
Nos casos de onfalaflebire observado neste trabalho, foram isoladas as seguintes bac té r ias : SaZmoneLZa, Esche- r-ichia co li, Znterobac*er, &D-roteus, Ci trobacter, Coryne- bacteria, Estreptococus e Esi5afiZocoeus auram. Estes e outros germes, caindo na corrente sangÜínea,provocam sep- ticemia, podendo desenvolver enterite ou localizarem-se em outros Órgâos,_produzindo focos inflamatõrios, princi- palmente nos pulmoes e membranas sinoviais.
Neste estudo f o i analisada a possivel relação entre a incidência de onfalof l e b i t e , Z s dc nascimento e precipi- tação pluviornétrica, entretanto, não houve correlação es- tatisticamente significativa entre estes dados.
Entre as diversas sinais clínicos observados, as diarrEias foram de maior frequência. Evidentemente as diarréias t ê m < iplas eriologias, tais comoag~ntesbac- terianos, paras i tár ios , v i r õ t i c o s , nurricionais e f is io- lÕgicos. Entretanto, serão mencionados apenas os agentes causadores de diarréias, isolados durante o desenvolvi- mento deste trabalho.
3 .2 .1 D ia r re ia bac ter iana
3 .2 .1 .1 Patolooia das EnterobaitErias
Recentes estudos tem indicado que a adesãa das bac- terias na superficie das mucosas 6 que desencadeia o pro- cesso patogênico d a maioria das doenças infecciosas.
Aç enterobactérias possuem as fimbrias, que são apêndi- ces filamentosos adesivos, contendo adesina, uma estrutu- ra polimera, que aderem em ireas especificas d a mucosa. Da mesma forma existem áreas receptoras de toxina ( F i g . 1 ) - E s t a aderência 6 determinada por txopismo tissular, espe- cificidade de espécie e a especificidade genética.
O microorganismo patogênico tem a capacidade de aderir
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* y T o x i n c livre
FIG. 1 . Esquema d e aderência da bactéria patogência na mucosa intestinal.
Fonte: Infec. Diseas. , 1 4 3 ( 3 ) : 3 3 5 , mara/1981.
mucosa e colonizar novas superfícies celulares da hos- pedeiro, e penetrar na barreira ce lu lar das células epi- te l ia is por invasão ou excreção de toxinas, por . são denwiinadas bactérias invasivas ou toxigênicas.
3.2.1 - 2 Escherichia cozi (col ibaci lose)
A E. coti 6 m rnicroorganismo comum 'da' flora intes- t inal; entretanto, existem formas patolõgicas que, de acordo com as suas caracteristicas de patogenicidade, pro- duzem d i s t in tas *formas clínicas: colisepticêmica e a en- rericatox&ica {Gay 1965, Gay e t al. 1964) .
Forma ~ o l i s e ~ t i c ~ r n i c a : O curso da infecção colisepticê- mica é bastante agudo. O bezerro retem nascido repentina- mente cessa de tomar leite, apresenta prostração, olhos profundos e, apesar de haver desidratação, a diarr&ia po- de ou não aparecer, até chegar a um estado comatoso. Os resultados da septicemia podem scõ observados principal- mente nas cavidades articulares e leptuutenínges, resul- tando em artrite e rneningoencefalite, provocando paresia, opis tõtono, ataxia, espasmos e midríase.
Forma entérica: E s t a forma 6 também denominada de "cur- so branco". A desidratacão varia de moderada a severa. Aa fezes são aquosas devido ao excessivo acÜmulo de l íquido no intestino, produzindo diarrêia amare-lada. A c01 ibaci- - - lose enterica é, principalmente, um problema d e rebanho. Após o aparecimento dos primeiros casos pode se desenvol- ver uma situação de epizootia, podendo ocorrer perdas se- veras. Os bezerros afetados que não morrem permanecem doentes por algumas semanas,
Forma entérica roxemica: Esra forma de colibacilose é observada em casos indiv iduais . A apresentação da doenga é de caráter súbito, com colapsos e extrema prostração. O curso é tão rápido que a morte ocorre, geralmente, dentro de se i s a 16 horas, sem diarréia. Antes da morte. o ani- mal perde o tõnus muscular c torna'-se paralítico: ~ ã o observada bactdremia, mas existe uma .grande proliferacão d e E . catk na parte média e posterior do intestino. As
cepas de E . i(. I i sao do 1 t po mucn de, c i ass i r , adas .-orno do grupo 9 e 101 e porradores do antigeni* capsular, apre- sentando característica de nâo invadir os l inf onodos me- sentêricos.
Durante o desenvolvimento d e s t e trabalho foram isola- das 202 amostras de E . cozi de animais diarreicos. Entre- tanto, apenas cinco foram bioquimicamenre caracterizadas como enteroinvasivas e doze como toxigênica, produtora d e toxina termo estive1 (S .T. 1 . Há necessidade de testar as E. cozi isoladas como produtoras de toxinas termolãbeis (L.T.), através do t e s t e de imunohemÓlise.
E interessante observar que uma das E. coli toxigênica f o i i so lada de um bezerro com 159 dias de idade, que ao primeiro exame c 1 inico foram observadas h iper temia ( 4 0 . 5 ° C ) e diarréia esverdeada, No segundo exame, duas semanas após, o animal apresentou estada geral ruim, mu- cosas semipálidas, linfonodos aumentadas d e volume e a diarréia persistia esverdeada. Esta cepa, ao ser testada, demonstrou ser sensivel ã maioria dos a n t i b i õ t i c o s usuais para microorganismos gram negativos, exceto a carbenici- lina e ampicilina,
3 . 2 , 1 . 3 SahoneZZa s p ,
A salmonelose 6 uma doença, cuja incidência nos Ú l - timos anos, v e m aumentando nos rebanhos bovinos (NATIONAL ACADEMY QF SCIENCE 1975), causando sérios danos a r i a , além de ser uma zoonose.
A salmnelose 6 mais frequente em bezerros abaixo de doze semanas d e idade, entretanto, bovinos adultos podem ser infectados. A diarreia se caracteriza, frequentemente, por contermuco, f i b r i n a e e s t r i a s de sangue. A artrite e a pneumonia tém s i d o associadas a esta doença com altos índices de mortalidade, e muitos dos bezerros que não morrem tErn um baixo desenvolvimento, Entre os 1600 soro- t i p o s deste gênero de Enterobacteriacca, dois têm sido identificados e responsabíl izados como os pr i n c i ~ a i s cau- sadores de salmonelose, S. dubZin e S. tajphirvuriwn. A p r i -
m t ra tem s i d o : solada r-om m a l s f - r ~ ~ u ~ n c i a na Europa e a Segunda nus Estados Unidos e Ausrtalia.
No Estado de Nato Grosso do Sul, ri sorot ipo predorriinan- t e é S. dub l in . Outros sorotipos foram isolados, como a S. sain-c pauL, S. m b i s Z m , S. g i v e , e nenhuma S . t y p h i - mrim (Tabela 2 ) . Estes resultados são distintos daque- les observados na Austrália (Murray & Jamiensen 1983). A fa ixa ctãria predominante co~ncide com a c i t a d a na l i t e - ratura (Smith 1980) e normalmente a diarré ia era de cor amarela.
No antibiograma as salmonelas demonstraram ser scnsi- veis 5 maioria dos antibiÓt icos, destacando-se a neornici- na, gentamicína, cloranf enicol e trimetoprimsu1Eametcsxazol com os m a i s e£ icientes (Fig. 21.
A coccidiose tem ocorrencia mundial e a sua impor- tância sanirãria e econõmica t e m s i d o variável nas diver- sas partes do mundo. Bhatia et al. {1968), atribuíram ã coccidiose uma importância reduzida, enquanto que, Chrust , citado p o r Schrag (19681, observou um índice de nwrtal i - dade por esta infecção em torno d e 27 a 49%. Estes d i fe - rentes resultados provavelmente estão associados ã intcn- sidade de coccidiose que, por sua v e z , depende das con- diçoes ecolÓgicas, manejo e, particularmente, dos fatores climáticos .
Na Europa Central e Canadá, o agente etiolÓgico mais comum da coccidiose bovina é EUnerfa zuernii,enquanto que em outras partes do mundo é a E k e r i a b o ~ 3 s ( N i i l o 1970). Entre os 113 casos de eimeriose identificados em fazendas de Mato Grosso do Sul , a E. z u e m i i f o i a espécie predo- minante, seguindo-se a E. bovis e , em algumas, a E . alaba- rnensis. Na literatura exis~ente hã referências ã idade do bezerro como um fator d e susceptibilidade. Surtos têm si- do observados em bezerros de nove a doze meses de idade (~raffner i% Ueichelt 19661, enquanto que animais com três meses ou menos de idade são bastante resistentes, Em nos-
TABE'LA 2 . Presença de sorotipos de SuhneZLa isoladas de bezerros d e diferentes idades e t i p o s de curso em propriedades estudadas -no. Estado d e Mato Grossa do S u l , 1981/82.
Sorot i p o s Idade do Bezerro (dias) T i p o d e Curso - . - . - . .
Dub Zin
Duh Zin
Dublin
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Dub t i n
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Dub Zin
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GEve
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so meio, entretanto, f o i observada a incidencia de eimc- riose em animais de 23 a 277 dias de i dade .
Nos c a s o s de coccidiose observados neste trabalho, a diarréia de sangue ou d e cor marron foi predominante e e s - teve associada ã infecção por E'. zuarnii e E . bovks, em- bora tenha sido constatada, tambsm, a diarréia esverdeada com alguma freqZncia.
A patogenia da E. zuemtii e E , bovis é causada pe la de- generação epitelial da mucosa intestinal, provocada p e l a invasão d e coccidiose, mas a patogenia d a E. atabmensks é praticamente desconhecida. Davis & Boughton (1955) re- produziram a coccidiose com doses maciças de E. alabamsn- s i s e concluiram que esta espécie, possivelmente, não se- ja suficientemente ~ a t o ~ ê n i c a para causar sinais c l í n i - cos, em condiçoes naturais .
3 . 2 . 3 Helmintos g a s t r o i n t e s t i n a i s
No presente t r aba lho as helmintoses não c o n s t i t u í - ram um problema importante na maioria das propriedades estudadas . 1s to comprova a observação de Mcllo ct a1 ( 1 9801, os quais demonstraram que na fa ixa etária do nascimento ao desmame, em criações extensivas de gado d e corte no cerrado, os problemas cm relação a helmintose são de me- nor importância, embora houvesse i n f e s tações signif i c a t i - vau em casos individuais, ou em propriedades onde a lota- ção era alta. Nestas circunçt~ncias f o i v e r i f i c a d o um nÜ- mero elevado de ovos de S t m n g y Z o i d ~ s papiZZosus e S$ron- gyloidea por grama de fezes.
4 TR I STEZA PARAS I TAR I A
Esta é uma doença causada por dois hemopro~ozoários,Ba- besia bovis e Babesia bigemina e por uma rickettsia deno- minada Anupkstnu marginaZe.
O conceito d e riscos e resistência babesiose e , p o r
extensão, anaplasmose, e s t f undamcntado cm algumas de- - finições pré-estabelecidas, com base em estudos que vem sendo desenvolvidos hã bastante tempo.
Em 1897 Connaway afirmou que bovinos jovens são natu- ralmente mais resis tentes que os adultos 5 babesiose e, ã medida que o animal cresce,' a tendência e de que a imuni- dade desapareça, embora a constante inoculação de hemopa- rasitos atravês do carrapato faça com que o estado imuni- t i r i o a e s t a doença seja mantido.
Nos es ~ u d o s desenv~lvidos por Mahoney et a1. (1 9731 , f o i estabelecido um conceito de r i s c o ã babesiose, e estes fundamentaram a dinámica d e infecção sob três aspectos:
- A imunidade após a primo-infecção perdura por vários anos, portanto o s animais susceptiveis são oriundos de uma Ünica f o n t e , que são os bezerros que crescem sem ex- posição ã infecção.
- Os bezerros são p r o t e g i d o s contra babesiose por uma série d e fa to res e por um período variável, apõs o nasci- rncnLo. O limite desta i d a d e e s t á provavelmente em torno de nove meses de i d a d e . Este é o período no qual o animal pode permanecer l ivre da infecção por Babesia em meio arp bientc infestado por carrapaLo.
- Para haver a chamada "estabil idade enzoótica", há ne- cessidade de expor os bezerros ã infecção por Babesia an- tes dos nove meses de idade.
Conclui-se, gortanto, que a imunidade passiva é subs t i- tuída por uma ~rnunidade ativa, adquirida arravcs de uma inf ecçãa branda sem rnanif es tações c l ín i ca s ,
Considerando estes conceitos cpidcmio16gicos, a babe- siose e a anaplasmose não deveriam ocorrer em nossa re- gião, pois todos os bezerros naturalmente se infectam por BaSesiu e Anaptusma antes dos nove meses de idade. Entre- tanto, neste estudo, foi verificado que a trisceza para- s i tár ia ocorreu em 26,39% dos casos c1 i n i cos observados.
No exame hernoparas i t o l a g i c o d e esf regaço sanguíneo, o A . marginale foi encontrado em 51,92%, a B . b igmina em
40,382 c a 3. bovis em 7 ,69%. Em muitos casos a infecção f o i m i s t a , p o r A. marginaZe e B. b i g m i n a , porém, em to- dos os casos graves d e "Tristeza ~arasitãria", f o i sempre identificada a presença de B. b o ~ i s &/ou A . marginaZs, Os animais c o m idade d e 30 a 120 dias foram oç mais atingi- das ( F i g . 31, coincidindo com o de baixo nível de imunoglobulinas específicas contra Babesia e Anap2asm (Madruga et al. s .d .1
Através dos dados o b t i d o s neste e s t u d o , observou-seque, apesar de haver uma estabilidade enzoótica, ocorre um pe- ríodo cr i t i co de incidência desta doença, com s i n a i s clí- nicos severos.
Em uma das propriedades onde sedesenvolvia e s t e estudo, um bezerro apresentou rnucosas pálidas e ictéricas, 48 ho- ras após o nascimento- Ao exame hemoparasitolÕgico, foi encontrado 2,5% d e parasitemia e, aos cinco dias, 20% das hemáceas estavam parasitadas por A . marginaZe.
A transmissão intrauterina ou vertical f o i demonstrada por Swift 8 Palmer (1976). Mais recentemente, Correa et al. (1978) descreveram a ocorrência d e aborto associado com a infecção por A . mrginaZe. Estes mesmos autores sa- lientam que e s t a ocorrência de anaplasma fera1 estava as- sociada ao baixo n íve l nurricional d e vacas portadoras de A. m r g i n a l e .
Outra forma de babesinse é a cerebral, causada por B. b u v d , já relatada em algumas regiões do Brasil (Kessler et al. 1980, Patarroyo et al. 1982) e também no Estado d e Mato Grosso do Sul ( ~ e s s l e r e t a l . 1983 ) . A sintomatnlo- gia se caracteriza por uma evolução aguda com manifesta- ções similares a raiva. O animal torna-se agressivo, cho- ca-se contra obstãculos e a morte ocorre dentrodealgumas horas.
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5 LEPTOSPIROSE BOVINA
A leptospirose, nos bezerros estudados, ocorreu de for- m a inaparente na maioria d a s vezes, devido ã baixa pato- genicidade para bovinos das sorotipos ( k p - tospim wolffi , L e p t o s p i m se j m e , Leptospira h r d j o ) . Os sinais clínicos desta enfermidade,. caracterizados porano- rexia, dispnéia, febre, anemia, ictericia e conjuntivite, em alguns casos foram observados em animais com t í tu lo s anti-leptospira, principalmente contra L. pòmona. Na Ta- b e l a 3 são apresentados resultados acumulados d e d o i s anos em dez fazendas.
6 COHENTARIOS FINAIS
O índice médio de mortalidade f o i i n f e r i o r ao que rem s ido obseruado em outros trabalhos, em- bezerros da fa ixa estudada no sistema de criação extensiva. Entretanto, o índice de morbidade f o i elevado e possivelmente, neste aspecto, es te ja a maior im~ortãncia das doeitças de bezer- ros, ~ o i s a enfermidade pode tornar-se crônica e impedir o desenvolvimento biológico normal do animale, consequen- ttxnentc, a total potencialidade produtiva.
OS resultados demonstraram a importância dos processos diarréicos'e das hemprotozooses como causas de doengas de bezerros na faixa etãria de O a 240 dias de vida.
Em razão das mültiplas causas de diarréia de bezerros, não f o i possivel determinar sempre a e t i o l o g i a , por f a l t a d e suporte laboratoria1 para a identifícação d e bacterias anaerõbias (o CZos tridim e o C q y Zobactsr) , Cryptospo- ~ d i m e as viroses.
e que-as viroses apresentem uma considerãvel parcela de partic ipação nos processos diarréicos. E reco- nhecido que a rinotraqueitc infecciosa d o s bovinos, a pa- rainfluenza-3 e outras enreroviroses podem causar diar- réia, que muitas v e z e s é caracterizada por curso branco ou desinteria, acompanhada frequentemente por pneumonia.
ThRELA 3 . ~ i " d l o anri-leptosp~ra em soros de bezerros das propriedades amoitradas no E s t a d o de Y a t o G r o s s o do 5u1, R5 - 1311142.
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1 D 1 4 O 0 . 0 O --- - TOTAI. 4 1 s 5 5 1 2 , 7 -- ---
Em recente estudo epidemiolõgico realizado no Es tado da Bahia, em bezerros de corte, f o i evidcnciadaumaalra fre- qüéncia de anticorpos contra o vírus da rinotraqueí'te in- fecciosa dos bovinos (29,521 , a da ~ a r a i n f luenza-3 (56,221 (~alvão & Ribeiro 1982) .
. As observaF6es obt idas neste trabalho indicaram algumas doenças como importantes para a de cria da re- gião, e também ressaltam, mais uma vez, a necessidade de um sistema de diagn6çtico e vigilãncia epidemiolõgica de maior capacidade, a f i m d e que sejam gerados esquemas prc- ventivos em que a relação entre o custo d a tecnologia e o benefício produzido por e s t a s e j a a mais a l t a possível.
Este trabalho realizado cm conjunto p e l a extensão, pes- quisa e ensino, representado p e l a s organizações envolvi- das, f o i um somatório d e força&, c o m resultadas positivos. E esperado que e s t a integração continue e no futuro possa ate const i r u i r imi modelo operacional para as atividades d e sanidade animal na região.
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