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Técnica Militar de Dissimulação

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  • MINISTRIO DA DEFESA

    EXRCITO BRASILEIRO

    ESTADO-MAIOR DO EXRCITO

    OPERAES DE DISSIMULAO

    1 Edio 2014

    EB20-MC-10.215

  • PORTARIA N 007 - EME, DE 29 DE JANEIRO DE 2014.

    Aprova o Manual de Campanha EB20-MC-10.215 Operaes de Dissimulao, 1 Edio, 2014.

    O CHEFE DO ESTADO-MAIOR DO EXRCITO, no uso da atribuio que lhe confere o inciso VIII do art. 5 do Regulamento do Estado-Maior do Exrcito (R-173), aprovado pela Portaria do Comandante do Exrcito n 514, de 29 de junho de 2010, e de acordo com o que estabelece o art. 43 das Instrues Gerais para as Publicaes Padronizadas do Exrcito (EB10-IG-01.002), aprovadas pela Portaria n 770, de 7 de dezembro de 2011, resolve:

    Art. 1 Aprovar o Manual de Campanha EB20-MC-10.215 OPERAES DE

    DISSIMULAO, 1 Edio, 2014, que com esta baixa. Art. 2 Determinar que esta Portaria entre em vigor na data de sua publicao.

    Gen Ex JOAQUIM SILVA E LUNA Chefe do Estado-Maior do Exrcito

  • FOLHA REGISTRO DE MODIFICAES (FRM)

    NMERO DE ORDEM

    ATO DE APROVAO

    PGINAS AFETADAS

    DATA

  • NDICE DE ASSUNTOS

    Pag

    CAPTULO I INTRODUO

    1.1 Finalidade .......................................................................................................... 1-1

    1.2 Consideraes Iniciais ....................................................................................... 1-1

    1.3 Definio ............................................................................................................ 1-2

    1.4 Componentes da Dissimulao Militar .............................................................. 1-2

    1.5 Princpios da Dissimulao Militar ..................................................................... 1-4

    1.6 Fundamentos da Dissimulao Militar ............................................................... 1-6

    CAPTULO II A DISSIMULAO E AS OPERAES MILITARES ..................

    2.1 Generalidades ................................................................................................... 2-1

    2.2 Dissimulao Militar no Amplo Espectro das Operaes .................................. 2-2

    2.3 A Dissimulao Militar como uma capacidade das Operaes de Informao.. 2-3

    2.4 A Dissimulao Militar, a Camuflagem e a Cobertura ....................................... 2-7

    2.5 A Contradissimulao ........................................................................................ 2-8

    2.6 Tticas da Dissimulao Militar ......................................................................... 2-9

    2.7 Tcnicas de Dissimulao Militar ...................................................................... 2-11

    CAPTULO III CONCEPO, PLANEJAMENTO E CONDUO DAS OPERAES DE DISSIMULAO

    3.1 Generalidades ................................................................................................... 3-1

    3.2 Concepo Geral ............................................................................................... 3-1

    3.3 Planejamento das Operaes de Dissimulao ................................................ 3-2

    3.4 Processo de Planejamento de Dissimulao Militar .......................................... 3-4

    3.5 Execuo das Operaes de Dissimulao ...................................................... 3-15

    3.6 Concluso das Operaes de Dissimulao Militar .......................................... 3-16

    3.7 Capacidades, Limitaes e Riscos da Dissimulao Militar .............................. 3-18

    CAPTULO IV ATRIBUIES, COORDENAO E CONSIDERAES FINAIS

    4.1 Generalidades............................................................................................. 4-1

    4.2 Atribuies Relativas s Operaes de Dissimulao ...................................... 4-1

    4.3 Necessidades de Coordenao e Sincronizao............................................... 4-3

    4.4 Consideraes Finais ........................................................................................ 4-4

    ANEXO - APNDICE DE DISSIMULAO (PLANO DE DISSIMULAO) AO ANEXO DE OPERAO DE INFORMAES ORDEM/PLANO DE OPERAES

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    1-1

    1.1 FINALIDADE 1.2 CONSIDERAES INICIAIS 1.3 DEFINIO 1.4 COMPONENTES DA DISSIMULAO

    MILITAR 1.5 PRINCPIOS DA DISSIMULAO

    MILITAR 1.6 FUNDAMENTOS DA DISSIMULAO

    MILITAR

    CAPTULO I INTRODUO

    1.1 FINALIDADE 1.1.1 Este Manual de Campanha (MC) tem por finalidade apresentar os fundamentos e conceitos doutrinrios relativos s Operaes de Dissimulao (Op Dsml) e destina-se a orientar o planejamento e a conduo dessas operaes no mbito dos Grandes Comando Operativos (G Cmdo Op), Grandes Unidades (GU), Unidades (U) da Fora Terrestre. 1.2 CONSIDERAES INICIAIS 1.2.1 A Dissimulao Militar (Dsml Mil), normalmente, est associada a uma operao de

    maior vulto, contribuindo, como elemento multiplicador do poder de combate, para a ao principal. 1.2.2 O emprego da dissimulao decorrente de uma oportunidade ou de uma

    vulnerabilidade do oponente que deve ser explorada. A integrao entre a Operao Militar e a dissimulao deve ocorrer na fase inicial dos planejamentos, com a finalidade de aumentar as chances de sucesso e assegurar a sincronizao das atividades e tarefas. 1.2.3 Ao longo da histria militar, os exrcitos vm utilizando a Dsml como forma de

    assegurar uma vantagem sobre o seu oponente. A surpresa um dos elementos-chave para obteno do sucesso nas operaes, possibilitando a economia de foras, a reduo das baixas amigas e a proteo das estruturas crticas para as atividades. 1.2.4 O desenvolvimento tecnolgico criou novos desafios para a execuo das Op Dsml, considerando que as possibilidades de produzir, processar e utilizar as informaes aumentaram de forma exponencial, tanto para as nossas Foras como para o oponente. 1.2.5 A finalidade da Dsml Mil contribuir para consecuo da operao apoiada, induzindo o decisor oponente a reagir de forma favorvel aos nossos interesses. 1.2.6 A Dsml Mil normalmente requer substancial investimento, em termos de esforos e

    recursos, que poderiam ser empregados diretamente contra o oponente. Em consequncia, importante que o comandante conceba, de forma antecipada, a

    Quando capaz, finja ser incapaz; quando pronto, finja estar despreparado; quando prximo, finja estar longe; quando longe, faam acreditar que est prximo.

    Sun Tzu

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    1-2

    finalidade e a utilidade da Dsml, avaliando a relao custo-benefcio de empenhar meios nessa atividade. 1.2.7 As Op Dsml apresentam os seguintes objetivos:

    - causar ambiguidade, confuso ou erro nas percepes adversrias acerca das informaes crticas amigas, como identificao de unidades, localizaes, movimentos, dispositivos, fraquezas, capacidades, poder de combate, situao logstica e intenes;

    - induzir o oponente a alocar pessoal, recursos materiais e financeiros de forma que seja vantajosa para as foras amigas;

    - condicionar o oponente a padres de comportamento particulares por parte da tropa amiga, a fim de atrair o oponente a percepes que possam ser exploradas pela tropa amiga;

    - induzir o oponente a revelar seu poder de combate, localizao e intenes futuras; e

    - levar o oponente a desperdiar poder de combate em aes desnecessrias ou que consumam vultosos meios por longo perodo de forma inapropriada. 1.2.8 O comandante estabelecer como a Dsml ir contribuir para o sucesso da operao

    apoiada, estabelecendo a finalidade ou o resultado esperado. 1.3 DEFINIO 1.4 COMPONENTES DA DISSIMULAO MILITAR 1.4.1 ALVOS DE DISSIMULAO MILITAR 1.4.1.1 O alvo prioritrio da Dsml o comandante oponente com autoridade para decidir

    de forma favorvel conquista dos nossos objetivos. Os alvos de dissimulao so os indivduos chaves nos quais toda a Op Dsml ser focada. Diversos fatores devem ser considerados na seleo do alvo, de acordo com o que se segue. 1.4.1.2 O alvo de dissimulao deve ser de capaz reagir, conforme as nossas expectativas, ou seja, sua autoridade deve ser compatvel, de forma a decidir de acordo com a nossa vontade. 1.4.1.3 O Sistema de Inteligncia oponente funciona como um condutor ou um meio de ligao com o decisor. Esse sistema deve ser exaustivamente estudado para que se possa atingir o alvo com tempo suficiente para que ele reaja conforme a nossa aspirao. 1.4.1.4 O alvo de dissimulao normalmente possui ideias, modelos mentais e percepes preconcebidas sobre as nossas foras, que muitas vezes orientam suas

    A Dissimulao Militar (Dsml Mil) consiste em um conjunto de atividades destinadas a induzir o oponente ao erro, contribuindo para o xito das nossas operaes. O decisor oponente ser deliberadamente induzido a reagir conforme a nossa vontade, agindo ou deixando de agir.

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    decises. Exemplos histricos demonstram que as Op Dsml tm mais chances de xito quando so capazes de explorar essas opinies preconcebidas. 1.4.2 CONDUTORES DE DISSIMULAO 1.4.2.1 A mensagem de dissimulao dificilmente enviada de forma direta ao alvo, assim, faz-se necessrio o emprego de condutores para atingir o oponente. O Sistema de Inteligncia do prprio oponente consiste no principal condutor. 1.4.2.2 As novas tecnologias disseminadas em escala global e a socializao da Internet potencializaram as formas de se enviar uma mensagem de dissimulao. Esses meios contemporneos, como as redes sociais e a mdia instantnea, devem ser considerados no desenvolvimento de uma Op Dsml. 1.4.2.3 A seleo e a utilizao dos condutores devero observar os seguintes aspectos:

    a existncia (ou no) de lacunas ou hiatos entre a coleta e o alvo; a existncia de filtros que possam distorcer a mensagem de dissimulao; a existncia de outros condutores que possam validar ou contrariar a mensagem; e, em caso de utilizao de elementos de inteligncia como condutores, verificar a possibilidade de o condutor servir como um mecanismo de reforo da mensagem que se deseja passar ao decisor oponente. 1.4.2.4 O ideal que os condutores faam parte de um sistema fechado, no qual seja possvel rastrear o caminho da mensagem de dissimulao at o alvo, que deve ser claramente identificvel (Fig 1-1). Para isso, necessrio conhecer com profundidade o funcionamento do condutor a ser empregado.

    Figura 1-1 Relao entre os componentes da Dsml Mil

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    1.4.3 ESTRIA DE DISSIMULAO 1.4.3.1 A estria de dissimulao consiste em um cenrio fictcio que se deseja impor ao

    oponente. Esse cenrio permite que o alvo conclua de forma equivocada sobre as reais intenes e aes das nossas foras. O elemento fundamental de qualquer operao de dissimulao a estria, na qual o oponente ir se basear para fundamentar suas reaes. 1.4.3.2 A estria de dissimulao mescla aes reais e simuladas, que, ao serem

    analisadas pelo oponente, constroem um cenrio fictcio. O desenvolvimento da estria implica um processo analtico e criativo que requer conhecimento detalhado sobre o oponente, seus sistemas de obteno e de processamento de dados. 1.4.3.3 O cenrio fictcio, a ser apresentado para o decisor oponente, deve ser convincente para surtir o efeito desejado. A utilizao das ideias preconcebidas do oponente, a mescla de aes reais e simuladas so componentes importantes desse processo. 1.4.3.4 A estria deve ser confivel, verificvel, consistente e executvel.

    1.4.3.4.1 Confivel A estria deve corresponder percepo do alvo de dissimulao acerca da misso, da inteno e das capacidades da tropa amiga. 1.4.3.4.2 Verificvel O oponente deve ser capaz de verificar a veracidade da estria de dissimulao por meio de diversos condutores. A estria de dissimulao leva em considerao todas as fontes de coleta do oponente que utilizar uma ou mais dessas fontes para confirmar a estria. 1.4.3.4.3 Consistente A estria de dissimulao deve ser consistente com a percepo que o alvo oponente possui sobre as nossas foras (doutrina, histrico de emprego e situao corrente). Isso demanda do planejador da Dsml Mil uma viso, o mais completa possvel, do nvel de conhecimento e crenas do alvo acerca desses elementos. 1.4.3.4.4 Executvel O alvo deve acreditar que as foras amigas possuem a capacidade de executar as operaes retratadas na estria de dissimulao. Essa estria deve estar dentro da capacidade de execuo das foras amigas, conforme a percepo do alvo de dissimulao.

    1.5 PRINCPIOS DA DISSIMULAO MILITAR 1.5.1 Assim como os Princpios de Guerra, que proporcionam uma orientao geral para a conduo de operaes militares, os princpios da Dsml Mil orientam o planejamento e a aplicao das Op Dsml.

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    Figura 1-2 Princpios da Dsml Mil

    1.5.2 Foco A Dsml Mil deve ser direcionada ao comandante oponente (alvo) capaz de gerar as aes desejadas. Os sistemas de inteligncia, reconhecimento, vigilncia e aquisio de alvos (IRVA) do oponente normalmente no sero os alvos, entretanto, so os principais condutores utilizados nas Op Dsml para transportar a informao selecionada ao decisor. 1.5.3 Objetivo O objetivo principal das Op Dsml definir aes e recursos para levar o oponente a realizar (ou no realizar) aes especficas, no apenas lev-lo a acreditar em determinada informao. 1.5.4 Planejamento e Controle Centralizados As Op Dsml devem ter planejamento e conduo centralizados. Essa abordagem necessria para evitar confuso e assegurar que os diversos elementos envolvidos na Dsml Mil retratem a mesma estria e no estejam em conflito com outros objetivos da operao. Entretanto, a execuo dever ser descentralizada, com todos os elementos participantes agindo de forma sincronizada. 1.5.5 Segurana Uma Op Dsml requer estrita segurana para ser bem sucedida, iniciando antes da execuo da operao apoiada, por intermdio de medidas que impeam ao oponente o conhecimento da nossa inteno. A disseminao das informaes e seus aspectos especficos devem ser preservados ao mximo, atravs da compartimentao de dados e da seleo dos militares que devero tomar cincia das aes a serem desenvolvidas. Medidas ativas de segurana devem ser implementadas

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    para proteger as operaes reais e de dissimulao. Os planos e ordens de dissimulao devem ser protegidos de forma cuidadosa, recebendo a devida classificao sigilosa. 1.5.6 Oportunidade A Dsml requer o judicioso estudo do tempo e explorao da ocasio. A inteligncia do oponente deve coletar, analisar e reportar as informaes obtidas ao decisor, que, por sua vez, deve reagir ou adotar uma atitude. Essa reao deve ser captada ou observada pelo nosso sistema de inteligncia. O responsvel pela dissimulao deve ter conhecimento do processo acima descrito para agir com oportunidade, ou seja, no h vantagens em realizar um esforo de dissimulao, se no houver tempo hbil para o processamento da estria (Fig. 1-3).

    Figura 1-3 Ciclo completo de uma Op Dsml

    1.5.7 Integrao A Dsml Mil deve estar totalmente integrada operao que apoia. O conceito da operao de Dsml deve ser desenvolvido em paralelo com o da operao apoiada, desde as fases iniciais do planejamento. Os planos dos escales subordinados devem estar em consonncia com os do escalo superior, inclusive os de dissimulao dos diversos nveis de planejamento. 1.6 FUNDAMENTOS DA DISSIMULAO MILITAR

    1.6.1 Os fundamentos fornecem as bases para apoiar o trabalho de planejamento e

    execuo das Op Dsml, sendo alicerados nas campanhas militares realizadas. Embora muitos possam parecer bvios, eles servem para balizar a concepo das aes de

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    dissimulao e para auxiliar na contradissimulao. 1.6.2 REFORO DE PREDISPOSIES 1.6.2.1 Tambm conhecido como Princpio de Magruder1, segundo o qual mais fcil reforar a percepo que o oponente tem da nossa conduta, ou inteno, do que criar-lhe uma percepo diferente.

    1.6.3 ASSOCIAO POR AMOSTRAGEM 1.6.3.1 A Associao por Amostragem ou Lei dos Pequenos Nmeros consiste na generalizao a partir de um pequeno nmero de experincias, o que um erro muito comum no processamento da informao pelo crebro humano. Existe uma tendncia natural de se transformar em regra aquilo que apenas um pequeno conjunto de coincidncias.

    1.6.4 SUSCEPTIBILIDADE AO CONDICIONAMENTO 1.6.4.1 O crebro humano mostra-se pouco sensvel ao reconhecimento de pequenas alteraes no ambiente envolvente. O alvo de dissimulao tem dificuldade de detectar pequenas mudanas nos indicadores do oponente, mesmo que tais mudanas acumuladas ao longo do tempo sejam significativas.

    1.6.5 DIFERENA ENTRE O IMPOSSVEL E O IMPROVVEL 1.6.5.1 Este fator se apoia na percepo entre o que pode ser realizado, mas que improvvel, em confronto com o que impossvel. A explorao desse fator, ao longo da histria possibilitou a realizao de aes militares audaciosas explorando a confuso entre aquilo que improvvel e aquilo que impossvel.

    1 John Bankhead Magruder (1807 1871) - Maj Gen Ex EUA durante a Guerra da Secesso (1861-1865)

    Um exemplo da aplicao do reforo de predisposio foi a realizao da Operao Fortitude South, que constituiu na explorao da ideia alem de que o desembarque Aliado na Europa, durante a 2 Guerra Mundial, ocorreria na regio de Calais, Frana. Por intermdio de uma Operao de Dissimulao, foi obtida a surpresa na Operao Principal, Operao OVERLORD, desencadeada na regio da Normandia.

    Por exemplo, quando a Alemanha desencadeou a Operao Barba Ruiva, Stalin foi surpreendido, pois estava convencido de que a Alemanha faria preceder qualquer ao ofensiva por um ultimato. Na realidade, antes de 9 de Abril de 1941, a Alemanha tinha formalizado ultimatos previamente conduo de aes militares contra outros pases. Esta convico fundamentava-se, afinal, em um universo reduzidssimo de

    amostras e era, portanto, potencialmente falvel.

    Uma aplicao deste fator ocorreu em 12 de fevereiro de 1942, quando a esquadra alem constituda pelos navios SCHARNHORST, GNEISENAU e PRINZ EUGEN conseguiu libertar-se do cerco a que estava sujeita em Brest. A manobra de dissimulao eletrnica orquestrada pelo General Wolfgang Martini, Chefe das Transmisses da LUFTWAFFE, consistia na saturao dos radares ingleses todos os dias, mesma hora, de maneira a criar nos operadores de radar a convico de que se tratava de perturbaes de origem atmosfrica, caractersticas daquele horrio. Esta atuao diminuiu a sensibilidade dos operadores de radar ingleses, permitindo que naquele momento os navios alemes, a coberto da saturao realizada sobre os radares do opositor, conseguissem furtivamente escapar ao cerco e lanar-se ao mar aberto.

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    1.6.6 FALSO ALARME 1.6.6.1 Trata-se da aplicao militar da sucesso de falsos alarmes, provocando a perda

    da confiana no sensor, fato que pode ser explorado pelo oponente para garantir a surpresa.

    1.6.7 DILEMA DA CONFIRMAO 1.6.7.1 Tambm conhecido como Dilema de Jones, este fator mostra que, aparentemente, quanto maior e mais diversificado for o conjunto de sensores disposio de uma fora militar, mais difcil ser conduzir aes de dissimulao sobre ela. No entanto, quanto maior for o nmero de sensores possveis de serem controlados ou influenciados, mais chances de sucesso ter a Op Dsml. Este dilema resulta do fato de, caso exista apenas um sensor, haver algumas reservas mentais sobre os resultados por ele apresentados. Tais reservas so dissipadas quando o resultado de um sensor confirmado pelo resultado de outros.

    1.6.8 AUMENTO OU DIMINUIO DA ESCOLHA 1.6.8.1 Este fundamento baseado na Teoria das Probabilidades e leva em conta dois aspectos opostos, pode ser denominado, ainda, de ambiguidade aumentada ou reduzida. Quando dois acontecimentos equiprovveis podem ocorrer, a probabilidade de acontecer um deles de 50%. No entanto, se o nmero de acontecimentos equiprovveis for aumentado para quatro, a probabilidade de ocorrncia de cada um baixa para 25%, esta a ambiguidade aumentada. De modo inverso, se o nmero de possibilidades for reduzido, ocorre a ambiguidade reduzida. 1.6.8.2 Em linguagem militar, este raciocnio pode ser transposto para as linhas de ao

    (LA). Caso existam apenas duas linhas de ao, a probabilidade de o oponente acertar a LA verdadeira de 50%. Se for criada no oponente a percepo de que no existem apenas duas, mas quatro linhas de ao, ento a probabilidade de acerto da LA verdadeira reduzida substancialmente. A palavra chave no aumento da escolha a equiprobabilidade das linhas de ao, o que significa que se deve dispor de capacidade

    Um exemplo foi a travessia do Chaco realizada por Caxias na Guerra da Trplice

    Aliana, a qual era considerada impossvel pelos planejadores oponentes.

    Por exemplo, na Guerra do VIETN, o Quartel General (QG) norte-americano em SAIGON alertava todos os anos para uma ofensiva comunista entre o inverno e a primavera, ofensiva que acabava por no se verificar. Quando a Ofensiva do TET, de 1968, estava em preparao, os avisos do QG norte-americano foram ignorados. Tambm durante o ano que precedeu a guerra entre Israel e os pases rabes, em 1973, uma fonte de informao israelense alertou por diversas vezes que a ofensiva rabe seria desencadeada em determinada data, o que no aconteceu. Quando a mesma fonte de informao forneceu a data do verdadeiro ataque rabe, os seus avisos foram ignorados.

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    para dar um mesmo grau de probabilidade s diferentes linhas de ao. Caso contrrio, o oponente concentrar-se- na mais provvel. 1.6.9 DILEMA DO SIGILO 1.6.9.1 O Dilema do Sigilo ou Contribuio de Axelrod, diz respeito necessidade de se tomar uma deciso diante de circunstncias em que se devem manter ocultas determinadas capacidades militares, mesmo correndo risco de suportar pesadas perdas, esperando o momento oportuno para o seu emprego.

    1.6.10 REGRA DA SEQUNCIA 1.6.10.1 Em uma operao de dissimulao existem acontecimentos que so mais difceis de simular do que outros. De acordo com a regra da sequncia, os acontecimentos mais difceis de simular, e, portanto, aqueles em que a probabilidade de que estria de dissimulao seja comprometida maior, devem ser deixados, se possvel, para o final. Desta forma, se a estria de dissimulao estiver tendo sucesso junto ao oponente, ele poder no ter mais tempo de reagir descoberta de que est sendo alvo de uma dissimulao. Tambm importante a anlise do momento oportuno de realizar o encerramento da Dsml e passar a encobrir uma atividade verdadeira ou vice-versa. Uma sequncia bem elaborada serve para ampliar uma Op Dsml e, se possvel, iniciar uma nova, sem interrupo, aproveitando o sucesso da anterior. 1.6.11 IMPORTNCIA DA CONFIRMAO

    1.6.11.1 Sempre que se planeja uma operao de dissimulao devem ser previstos

    mecanismos para confirmar se a operao est obtendo os resultados desejados. necessrio assegurar que os indcios difundidos, como elementos da estria de dissimulao, estejam atingindo os sistemas de busca do oponente. Deve-se considerar sempre a hiptese de que os indcios mostrados pelo oponente, em reposta nossa dissimulao, podem ser, eles prprios, uma operao de contradissimulao.

    1.6.12 REVERSO 1.6.12.1 Uma operao de dissimulao pode virar-se contra a fora que a executa. Estes

    efeitos indesejveis podem ocorrer por falta de conhecimento da forma de reagir do oponente, ou por insuficiente conhecimento da Op Dsml pelas foras amigas. Em virtude disso, faz-se necessrio realizar a coordenao apropriada, a fim de evitar os efeitos indesejados s foras amigas, como o fratricdio, por exemplo.

    Durante a 2 Guerra Mundial, os ingleses tiveram muita relutncia em iniciar o emprego de uma contramedida eletrnica chamada window, mais tarde apelidada de chaff pelos americanos, que consistia na utilizao de uma nuvem de pequenas fibras lanada por uma plataforma em perigo para criar uma imagem radar mais convincente que a prpria plataforma. Seu uso s foi implementado depois de uma discusso sobre os riscos de se utilizar uma tcnica cuja contramedida no era conhecida. Essa tcnica os alemes poderiam aprender e passar a utiliz-la contra os prprios ingleses.

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    1.6.13 PREVISIBILIDADE

    1.6.13.1 Nas Op Dsml, a previsibilidade um fator importante a ser analisado. Caso a conduta de determinada tropa nas aes de dissimulao se torne repetitiva ou padronizada a ponto de no admitir flexibilidade, sua conduta acaba por se tornar previsvel. Procedimentos padro de Dsml podem ser utilizados no adestramento, mas o treinamento deve estimular a flexibilidade nas solues.

    Em 1940 e 1941, na frica Oriental, o general WAVELL montou uma operao de dissimulao contra as foras italianas ao sul, de maneira que pudesse mais facilmente desencadear o ataque ao norte. A operao de dissimulao foi to bem montada que acabou por ter resultados inadequados: as foras italianas, convencidas da iminncia de um grande ataque ao sul, retiraram dali as suas foras e concentraram-nas ao norte, uma manobra que era contrria finalidade de

    dissimulao.

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    2.1 GENERALIDADES 2.2 DISSIMULAO MILITAR NO

    AMPLO ESPECTRO DAS OPERAES

    2.3 A DISSIMULAO MILITAR COMO UMA CAPACIDADE DAS OPERAES DE INFORMAO

    2.4 A DISSIMULAO MILITAR, A

    CAMUFLAGEM E A COBERTURA 2.5 A CONTRADISSIMULAO 2.6 TTICAS DA DISSIMULAO

    MILITAR 2.7 TCNICAS DE DISSIMULAO

    MILITAR

    CAPTULO II A DISSIMULAO E AS OPERAES MILITARES

    2.1 GENERALIDADES 2.1.1 A Dsml Mil uma atividade de considervel grau de complexidade e de elevado risco. Est condicionada s caractersticas da operao apoiada e aos impositivos de cada situao. Todavia, pode ser executada dentro do contexto de qualquer tipo de operao de guerra e no guerra no Amplo Espectro dos conflitos. 2.1.2 O emprego da dissimulao deve ser

    sempre avaliado quanto sua legalidade, pois a utilizao equivocada pode redundar em atos ilegais perante os diplomas nacionais e internacionais. Em uma situao de guerra, podem ocorrer atos de perfdia2 que so condenados pelo Direito Internacional dos Conflitos Armados (DICA). Na situao de no guerra, o emprego da Dsml deve ser cuidadosamente estudado, considerando que, em funo das condies temporais, polticas e legais, podem ser desfavorveis. 2.1.3 As Operaes de Informao (Op Info) agregam uma srie de capacidades

    relacionadas informao, influenciando grupos e indivduos. A Dsml Mil est intrinsecamente ligada as Op Info, devido sua caracterstica de trabalhar com a informao para levar o decisor oponente (alvo) a reagir de acordo com a nossa vontade. O oficial responsvel pelo planejamento da Op Dsml dever trabalhar dentro da clula Comando e Controle na seo de Op Info, assegurando que ambas as operaes atuem de forma sincronizada para a consecuo da ao principal.

    2.1.4 Assim como as nossas foras, o oponente poder empregar a Dsml para nos

    enganar. A utilizao da contradissimulao proteger os comandantes amigos da dissimulao do oponente, garantindo a liberdade de ao por ocasio da tomada de deciso. A contradissimulao visa a identificar e a explorar as tentativas do oponente de desorientar as nossas foras.

    2 A perfdia consiste no ato de empregar a proteo do Direito Internacional Humanitrio (DIH) para

    ludibriar ou restringir as aes do oponente. Alguns exemplos de atos de perfdia so: empregar a bandeira branca para conduzir o oponente a uma armadilha; o uso incorreto de sinais ou smbolos de proteo para matar, ferir ou capturar o oponente; e utilizar uma ambulncia com a cruz vermelha, o crescente vermelho ou o diamante vermelho para transportar combatentes armados, armas ou munio a fim de atacar o oponente ou iludir as suas foras.

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    2-2

    2.1.5 O emprego da Dsml Mil varia conforme a operao, devendo ser observada a nossa

    capacidade de execuo das atividades previstas. A Dsml se vale de tticas e tcnicas para cumprir sua misso. 2.1.6 O achatamento dos nveis decisrios e a prevalncia das Operaes Conjuntas so

    caractersticas dos conflitos modernos que induzem a coordenao das atividades de dissimulao ao decisor de mais alto nvel no campo de batalha. 2.2 DISSIMULAO MILITAR NO AMPLO ESPECTRO DAS OPERAES 2.2.1 As Operaes no Amplo Espectro requerem o emprego da Fora Terrestre mediante a combinao de Operaes Ofensivas, Defensivas, de Pacificao e de Apoio a rgos Governamentais, simultnea ou sucessivamente, prevenindo ameaas, gerenciando crises e solucionando conflitos armados, em situaes de guerra e de no guerra (Fig 2-1).

    Figura 2-1 As Operaes no Amplo Espectro

    2.2.2 DISSIMULAO NAS OPERAES DEFENSIVAS 2.2.2.1 As Op Dsml podem ajudar os defensores a compensar uma vantagem dos

    atacantes ou ocultar ou negar as deficincias e vulnerabilidades de nossas foras. So objetivos tpicos de Dsml de uma Operao Defensiva (Op Def): a) levar o alvo da Dsml a adiar um ataque (Atq) ou selecionar frentes equivocadamente. b) fazer com que o alvo direcione seu Atq a determinada parte da frente. c) confundir o alvo quanto profundidade, organizao ou valor da posio defensiva, e quanto durao e razo da Op Def.

    2.2.3 DISSIMULAO NAS OPERAES OFENSIVAS 2.2.3.1 Os atacantes detm a iniciativa, controlam o momento, local e objetivo da

    operao. Tal cenrio permite aos comandantes o estabelecimento de objetivos de dissimulao precisos. 2.2.3.2 Os eventos da Dsml podem iludir o oponente quanto hora, o local e o valor do

    Atq, criando vantagens para as foras amigas. Podem confundir quanto composio da fora e s tcnicas e tticas a serem empregadas e, ainda, mascarar a concentrao da tropa, permitir economia de foras e proteger o ataque principal da deteco prematura.

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    2-3

    2.2.4 DISSIMULAO NAS OPERAES DE PACIFICAO 2.2.4.1 Dependendo dos objetivos e das regras de engajamento, a Dsml Mil pode ser

    apropriada em uma Operao de Pacificao, desde que a transparncia da misso no seja um requisito importante. Seu emprego mais frequente visa a:

    - proteger a fora, desencorajando atos hostis por parte de elementos locais; - mascarar nossas intenes; - encorajar a cooperao entre os grupos beligerantes; e - ocultar ou negar a ocasio, condies e circunstncias da retirada, aps o final da

    misso.

    2.2.4.2 O emprego da Dsml, nessas Op, deve ser subordinado ao impacto poltico que pode ocorrer a curto e longo prazo. A determinao dos objetivos de dissimulao exigir criatividade, uma vez que o tempo e as informaes disponveis podero estar restritos em virtude do carter emergencial, muitas vezes evidenciado neste tipo de Op. 2.2.4.3 Quando houver oportunidade de emprego da Dsml Mil, devem ser consideradas

    as seguintes condies: - os objetivos polticos geralmente prevalecem sobre as consideraes de ordem

    operacional. A Dsml perfeitamente lgica do ponto de vista militar, porm pode no ser adequada perspectiva poltica da soluo do conflito;

    - tendo em vista a sensibilidade da questo poltica, a coordenao e a aprovao dos planos de Dsml podem ser longas e complexas; e

    - como a situao geralmente catica, pode ser difcil identificar o(s) alvo(s) da Dsml Mil. 2.2.5 DISSIMULAO NAS OPERAES DE APOIO A RGOS GOVERNAMENTAIS 2.2.5.1 As Op Dsml dificilmente sero empregadas no apoio a rgos Governamentais,

    em virtude do carter temporrio e pontual dessa atividade. O tempo reduzido da operao principal dificultar a ampla utilizao da Dsml. Contudo, em Operaes de Apoio a rgos Governamentais (Op Ap Org Gov) de longo prazo, em alguns casos e conforme a situao, como na Segurana Pblica, a Dsml Mil pode ser utilizada sobre alvos especficos e de forma restrita. As observaes descritas para as Operaes de Pacificao servem para o planejamento das Op Ap Org Gov. 2.3 A DISSIMULAO MILITAR COMO UMA CAPACIDADE DAS OPERAES DE INFORMAO 2.3.1 OPERAES DE INFORMAO 2.3.1.1 As Op Info consistem em um trabalho metodolgico e integrado de capacidades

    relacionadas informao, em conjunto com outros vetores, para informar e influenciar grupos e indivduos, bem como afetar o ciclo decisrio de oponentes, ao mesmo tempo protegendo o nosso. Essas operaes agregam as Capacidades Relacionadas Informao (CRI): de Comunicao Social, Operaes de Apoio Informao, Guerra Eletrnica, Guerra Ciberntica e Inteligncia. Alm disso, visam a evitar, impedir ou neutralizar os efeitos das aes oponentes na dimenso informacional.

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    2.3.2 A DISSIMULAO MILITAR E AS OPERAES DE INFORMAO 2.3.2.1 A Dsml Mil e as capacidades das Op Info so integradas para apoiar a Operao

    Militar em curso. Essas capacidades tm como alvo os decisores oponentes, os sistemas de informaes e os componentes da deciso. A dissimulao requer, portanto, um elevado conhecimento acerca do oponente e do seu processo de tomada de deciso. 2.3.2.2 Durante a formulao do Conceito de Dissimulao, pelos planejadores, deve ser dada particular ateno definio de como se pretende que as foras oponentes ajam em pontos crticos da operao. Essas aes adversrias almejadas comporo os objetivos da Dsml. 2.3.2.3 A Dsml Mil deve ser focada em um comportamento desejado e no apenas em

    confundir a maneira de pensar do oponente. A inteno levar o comandante oponente a formar um entendimento inapropriado acerca do dispositivo, das capacidades, das deficincias e vulnerabilidades e intenes das foras amigas; tornando imprecisos os seus meios de inteligncia, vigilncia e reconhecimento; e/ou levando-o a empregar de forma inadequada os seus meios de combate ou apoio ao combate. Para isso, ser necessrio, durante as Op Dsml, a identificao e a concentrao nos alvos de dissimulao; o desenvolvimento e apresentao de uma estria de dissimulao convincente; e avaliar e modificar, se necessrio, o Plano de Dissimulao at que se considere finalizada a operao. 2.3.3 A DISSIMULAO MILITAR E AS CAPACIDADES RELACIONADAS INFORMAO 2.3.3.1 A Dissimulao Militar e as Operaes de Apoio Informao

    2.3.3.1.1 As Operaes de Apoio Informao (OAI) so planejadas para levar

    informaes e indicadores selecionados para audincias externas a fim de influenciar suas emoes, motivar o raciocnio objetivo e, em ltima instncia, o comportamento de grupos ou indivduos oponentes. 2.3.3.1.2 A Dsml Mil e as AOI engajam o mesmo pblico alvo, simultaneamente, em apoio aos objetivos do comandante. Os temas e mensagens utilizados para engajar um pblico alvo devem manter-se coerentes durante as operaes a fim de garantir a credibilidade. 2.3.3.1.3 Os planejadores da Dsml Mil devem estar atentos aos temas e s mensagens de AOI que estejam sendo direcionadas para o alvo da Dsml Mil. Os temas e as mensagens das duas atividades podem beneficiar-se mutuamente, mas tambm podem prejudicar-se, caso no estejam devidamente coordenados e integrados. 2.3.3.2 A Dissimulao Militar e a Segurana das Operaes

    2.3.3.2.1 A Segurana das Operaes (Seg Op) uma atividade utilizada para negar

    informaes crticas ao oponente. Diferentemente de programas de segurana que buscam proteger informaes sigilosas, as medidas de Seg Op buscam identificar, controlar e proteger evidncias no sigilosas, em geral, que sejam associadas a operaes e atividades sensveis. Essas informaes no sigilosas so denominadas indicadores da segurana das operaes, que so atividades amigas detectveis e

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    oriundas de fontes abertas que podem ser interpretadas ou integradas pelo oponente para a obteno de informaes crticas. 2.3.3.2.2 A Seg Op e a Dsml Mil tm muito em comum porque as duas buscam limitar a capacidade adversria de deteco e utilizao de informaes pela simples observao das atividades amigas. A Dsml Mil tambm busca criar ou aumentar a probabilidade de deteco de certos indicadores que possam levar o oponente a chegar a uma concluso prevista/previsvel. 2.3.3.2.3 As Op Dsml podem apoiar diretamente a Seg Op pela criao de falsos indicadores. As estrias de cobertura, por exemplo, proporcionam explicaes plausveis para atividades que so de impossvel ocultao. 2.3.3.2.4 As Op Dsml, normalmente, necessitam de medidas especficas de Seg Op. A existncia da Dsml, por si s, pode levar a indicadores de segurana das operaes que revelem ao comandante oponente as reais intenes amigas. necessrio que se analise o Plano de Dissimulao pela perspectiva da Seg Op, a fim de prevenir a ocorrncia de um desfecho inadvertido ou no intencional. Uma Seg Op de Dsml ineficiente pode comprometer as aes e redirecionar os esforos dos elementos de inteligncia do oponente para a operao real. 2.3.3.3 A Dissimulao Militar e a Guerra Eletrnica 2.3.3.3.1 A Dsml Mil, juntamente com a Segurana das Operaes, apoia a Guerra Eletrnica por intermdio da proteo, aquisio e desdobramento de capacidades sensveis de Guerra Eletrnica (GE). Alm disso, pode amparar o emprego de unidades e sistemas associados a esta atividade. 2.3.3.3.2 A GE pode apoiar a realizao de tticas e tcnicas de Dsml. O posicionamento

    de uma quantidade significativa de meios de GE em uma rea particular, por exemplo, pode criar um indicador de que o esforo principal das foras amigas esteja direcionado quela regio. A atuao sobre os meios de comunicaes e sistemas de deteco pode facilitar a insero de informaes dissimulatrias, controlando a capacidade oponente de obteno de informaes. 2.3.3.3.3 A coordenao cerrada entre a GE, a Dsml Mil, as comunicaes, os elementos de Guerra Ciberntica, os gerentes do espectro eletromagntico e os planejadores de inteligncia fundamental para evitar que os meios oponentes utilizados como condutores sejam engajados pela GE, prejudicando as aes de dissimulao. 2.3.3.3.4 A dissimulao eletromagntica compreende as seguintes atividades: irradiao,

    reirradiao, alterao, supresso, absoro, negao, reforo ou reflexo de energia eletromagntica, de forma a conduzir informao desorientadora ao oponente ou s suas armas dependentes de energia eletromagntica, com intuito de degradar ou neutralizar a sua capacidade operativa. 2.3.3.3.5 Os tipos de dissimulao eletromagntica so os seguintes:

    a) Dissimulao Eletromagntica Manipulativa envolve aes para eliminar, revelar indicadores eletromagnticos ou conduzir indicadores desorientadores que possam ser utilizados pelas foras oponentes;

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    b) Dissimulao Eletromagntica Simulativa compreende as aes realizadas a fim de simular capacidades amigas, fictcias ou reais, para confundir o oponente; e c) Dissimulao Eletromagntica Imitativa introduz energia eletromagntica nos sistemas oponentes a fim de imitar as suas emisses. 2.3.3.4 A Dissimulao Militar e a Guerra Ciberntica

    2.3.3.4.1 Integrao da Guerra Ciberntica com as Op Dsml

    As Op Dsml e a Guerra Ciberntica podem se apoiar mutuamente, conforme os exemplos abaixo:

    - a Guerra Ciberntica e a Segurana das Operaes podem atuar apoiando a Op Dsml, atraindo os intrusos nas redes de computadores amigas para informaes de dissimulao, utilizando-os como condutores para os alvos de dissimulao;

    - Os planejadores da Dsml Mil podem auxiliar na preveno da destruio fsica de ns crticos, assegurando-se de que os sistemas de informaes de interesse, como condutores, sejam preservados.

    - Os sistemas de inteligncia e de aquisio de alvos do oponente, que prioritariamente podem atacar ou subverter os sistemas de informao amigos, podem ser dissuadidos da realizao dessa tarefa por intermdio da Dsml. Os meios de coleta do oponente podem ser redirecionados por intermdio de eventos de dissimulao de forma a revelarem o seu dispositivo, a fim de serem destrudos ou explorados pelas foras amigas. 2.3.3.4.2 Consideraes de Planejamento para Integrao a Guerra Ciberntica com a

    Dissimulao. a) Em funo do alto nvel de conhecimento tcnico necessrio para a conduo da Guerra Ciberntica e da experincia de planejamento especializada para a Dsml, a integrao dessas duas reas capital para o xito no cumprimento da misso. b) O Plano de Dissimulao deve considerar as capacidades e limitaes relacionadas Guerra Ciberntica, tanto das foras amigas, como do oponente. Um planejamento cuidadoso e detalhado deve assegurar que as aes reais e simuladas de ciberntica sejam coordenadas. c) O Plano de Dissimulao deve ser protegido, como um conhecimento altamente sensvel, e no deve ser exposto a redes de computadores no seguras ou remetido via e-mail sem a devida segurana. Qualquer exposio pode levar falha na execuo do plano. d) A aplicao limitada de meios cibernticos nas Op Dsml deve ser cuidadosamente considerada. Algumas questes devem ser respondidas previamente utilizao do componente ciberntico, tais quais:

    - O alvo pode ver a informao? A vulnerabilidade apresentada ter credibilidade ou o alvo ir desconsiderar a informao obtida?

    - Quais os meios de Guerra Ciberntica disponveis? Qual a capacidade desses meios de lidar com a demanda no relacionada s Op Dsml?

    - Quanto tempo necessrio para configurar, monitorar e utilizar a Guerra Ciberntica em apoio Dsml Mil? O tempo pode ser melhor utilizado se realizadas outras aes?

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    2.3.3.5 A Dissimulao Militar e o Ataque/Destruio Fsica

    2.3.3.5.1 O ataque/destruio fsica apoia a Dsml Mil moldando a capacidade de coleta de

    inteligncia do oponente pela destruio ou anulao de alguns elementos selecionados. Os ataques podem mascarar o esforo principal para o oponente. 2.3.3.5.2 O planejador da Dsml Mil deve participar do processo de seleo e priorizao

    de alvos de forma a determinar a avaliao das vantagens e desvantagens, sob a perspectiva da Dsml, no engajamento de determinados alvos. Isso visa a evitar a destruio de condutores. 2.3.3.6 A Dissimulao Militar e a Segurana das Informaes

    A Segurana das Informaes um elemento crtico para as Op Info, pois busca a proteo e a defesa das informaes, bem como dos sistemas de informao, assegurando a sua disponibilidade, integridade, autenticidade e confidencialidade. No tocante Dsml Mil, a Segurana das Informaes serve para detectar, proteger e suplantar tentativas de Dsml do oponente, ao mesmo tempo, busca a salvaguarda das informaes e indicadores que possam revelar as Op Dsml amigas. 2.3.3.7 A Dissimulao Militar e a Segurana Fsica

    A Segurana Fsica consiste nas medidas necessrias para proteger e salvaguardar o pessoal e as instalaes. Essas aes de segurana contribuem diretamente para o sucesso da Dsml Mil, devendo os Cmt assegurar que tais medidas estejam integradas em todas as fases do processo de planejamento das Op Dsml. 2.3.3.8 A Dissimulao Militar e a Comunicao Social

    As Op Dsml devem ser coordenadas com a Comunicao Social, a fim de evitar potenciais comprometimentos das operaes e para ajustes de planejamento, impedindo a divulgao inadvertida de aspectos relevantes das Op Dsml pelos elementos de Com Soc. As aes de Dsml que sejam potencialmente visveis pela mdia ou pelo pblico devem ser coordenadas com o Oficial de Comunicao Social, para a identificao de potenciais problemas. 2.3.3.9 A Dissimulao Militar e os Assuntos Civis

    Deve ser buscado o mximo de integrao de planejamento entre as Op Dsml e as Operaes de Assuntos Civis de forma a evitar o comprometimento dos esforos realizados na obteno do apoio da populao. 2.4 A DISSIMULAO MILITAR, A CAMUFLAGEM E A COBERTURA

    Embora as atividades de camuflagem e de cobertura estejam relacionadas Dsml Mil, elas so essencialmente diferentes. Camuflagem a utilizao de material natural ou artificial sobre pessoal, objetos ou posies tticas com a finalidade de confundir, iludir ou provocar a evaso do oponente. Cobertura a proteo contra observao e vigilncia. Esses dois elementos proporcionam proteo para as aes de Dsml Mil, particularmente no nvel ttico, por intermdio da manipulao das aparncias ou obscurecimento das reais atividades do dissimulador.

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    2.5 A CONTRADISSIMULAO 2.5.1 A contradissimulao visa a identificar e a explorar as tentativas do oponente de

    desorientar as nossas foras. 2.5.2 A identificao ir proteger os comandantes amigos da dissimulao adversria,

    garantindo a liberdade de ao por ocasio da tomada de deciso. 2.5.3 Uma vez identificada essa Dsml, a mesma no deve ser simplesmente desmascarada e sim aproveitada ao nosso favor, forando o oponente a expandir os recursos utilizados. Em suma, devemos reforar a percepo de que as foras amigas no esto cientes dessas operaes, tirando o mximo proveito. 2.5.4 A deteco da Dsml adversria difcil, pois suas reais intenes e objetivos estaro mesclados com fatos verdicos e fictcios. O conhecimento das tcnicas e mtodos de Dsml, bem sucedidos, empregados pelo oponente importante para o esforo de revelar suas reais intenes. 2.5.5 As atividades de contradissimulao abrangem medidas ativas e passivas para forar o oponente a revelar suas intenes e objetivos, reais e de Dsml. 2.5.6 INTELIGNCIA, RECONHECIMENTO, VIGILNCIA E AQUISIO DE ALVOS 2.5.6.1 A capacidade de realizar inteligncia, reconhecimento, vigilncia e aquisio de

    alvos, propicia o entendimento da postura ou inteno do oponente, bem como identifica a tentativa oponente de realizar uma dissimulao contra as nossas foras. A anlise contnua sobre as operaes e atividades de dissimulao do oponente garante aos comandantes o entendimento acerca da doutrina, das tcnicas, das capacidades e das limitaes da dissimulao adversria. Com esse conhecimento, os planejadores podem auxiliar na identificao e resposta s medidas de dissimulao do oponente. 2.5.6.2 Analistas de Dsm Mil treinados devem ser integrados aos EM, possuindo acesso

    aos dados de inteligncia, informaes e produtos durante o desdobramento das tropas amigas e execuo das operaes. Caso os dados disponveis sugerirem ou revelarem a tentativa de dissimulao adversria durante o desdobramento ou execuo de uma operao, os planejadores devem assegurar-se de que esses dados e os potenciais impactos dessa tentativa sobre as foras amigas foram considerados. A contradissimulao baseada na integrao entre as operaes e os elementos de inteligncia. A identificao de uma tentativa de Dsml Mil oponente de responsabilidade da inteligncia, mas as aes decorrentes dessa informao responsabilidade do comandante. 2.5.7 CONTRAPOSIO DISSIMULAO ADVERSRIA 2.5.7.1 Aps a descoberta de uma Op Dsml adversria, o comandante pode adotar uma dentre vrias linhas de ao possveis: ignorar, expor, explorar ou eliminar os esforos de dissimulao do oponente. Cada uma dessas atitudes envolve um determinado nvel de risco. 2.5.7.2 Ignorar pode ser a melhor opo, caso se entenda que o reconhecimento da

    tentativa de Dsml revelar ao oponente a nossa capacidade de identificao.

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    2.5.7.3 A opo do comandante pode ser a exposio pblica, buscando causar

    embarao ou criar confuso no sistema e ambiente de informaes do oponente. A inteno, neste caso, demonstrar que as suas tentativas de Dsml so ineficazes, desencorajando futuras investidas. As tcnicas para realizar essa exposio podem incluir a utilizao da mdia (tanto escrita quanto falada). O risco, nessa situao, de o oponente aperfeioar seus mtodos. 2.5.7.4 Outra possibilidade a explorao do esforo de Dsml do oponente. Por exemplo, a simulao, por parte das foras amigas, de que o esforo do oponente est surtindo efeito at o momento culminante. A partir desse momento, ao invs de agir conforme as expectativas do oponente, as foras amigas passam a agir de maneira inesperada, utilizando o esforo de dissimulao do oponente contra ele. 2.5.8 O CONHECIMENTO DO PLANO DE DISSIMULAO DO OPONENTE 2.5.8.1 O conhecimento do plano de dissimulao do oponente possibilita ao comandante a adoo das medidas apropriadas de contradissimulao, bem como a obteno de um valioso entendimento acerca do oponente (os meios usados para conduzir a estria, os alvos e os objetivos), permitindo a tomada das medidas de proteo. A descoberta de uma Op Dsml oponente pode revelar a forma como o oponente v as nossas foras. 2.5.8.2 As informaes contidas no plano de dissimulao do oponente podem se constituir em uma importante ferramenta para influenciar as suas percepes a respeito das nossas tropas e, posteriormente, ser empregada contra ele prprio. Quando as foras amigas entendem a dissimulao e como o oponente a est aplicando, vivel estudar os mtodos possveis para explorar esse esforo. 2.6 TTICAS DA DISSIMULAO MILITAR 2.6.1 As tticas de dissimulao militar consistem na arte de dispor, movimentar e

    empregar foras militares com o intuito deliberado de enganar o oponente.

    2.6.1.1 Projeo de uma tropa de maior valor 2.6.1.1.1 A tropa que recebe a misso de projetar uma fora de maior valor, pode faz-lo, normalmente, um escalo acima do seu, ou seja, se um batalho recebe essa tarefa, pode projetar uma Brigada. Para que isso seja possvel, este batalho deve ser reforado pelo escalo que planeja a dissimulao, com meios compatveis, para que a projeo torne-se crvel pelo oponente.

    2.6.1.2 Finta 2.6.1.2.1 A finta uma ao ofensiva secundria com objetivo limitado, visando a iludir o oponente quanto real localizao ou hora da ao ofensiva principal (Fig. 2- 2).

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    Figura 2-2 Finta

    2.6.1.3 Demonstrao 2.6.1.3.1 A demonstrao uma exibio de fora executada fora do local decisivo e sem o contato com o oponente. Sua inteno levar o oponente a adotar uma linha de ao que seja favorvel s foras amigas (Fig. 2- 3).

    Figura 2-3 Demonstrao

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    2.6.1.4 Deslocamentos Furtivos 2.6.1.4.1 Deslocando-se furtivamente e noite, uma tropa pode confundir todo sistema de inteligncia oponente, aparecendo ao amanhecer em outra zona de ao e desestruturando toda manobra defensiva oponente. Para que isso seja factvel, a tropa deve estar muito bem adestrada em assuntos como: orientao noturna, uso de equipamentos de viso noturna, ocupao de zonas de reunio e posies de ataque noite, camuflagem, alm de ter rigorosas medidas de coordenao e controle. 2.6.1.4.2 Os deslocamentos furtivos podem ser empregados em ataques coordenados,

    mudando o dispositivo inicial de ataque; nas infiltraes, surpreendendo o oponente com um ataque pela retaguarda, etc. 2.7 TCNICAS DE DISSIMULAO MILITAR 2.7.1 As tcnicas de dissimulao militar consistem de mtodos e de particularidades de carter prtico com o intuito deliberado de enganar o oponente. 2.7.1.1 Ardil

    O ardil um truque concebido para, valendo-se de astcia, iludir o oponente a fim de obter vantagem para as foras amigas. Caracteriza-se pela deliberada exposio de informao falsa ou confusa para coleta e interpretao pelo oponente. 2.7.1.2 Simulao 2.7.1.2.1 A simulao consiste na utilizao de simulacros, disfarces e/ou a representao de objetos, unidades ou capacidades amigas, durante a projeo da estria de Dsml. Tais capacidades podem no existir de fato, mas, por intermdio da simulao, cria-se a iluso de que realmente existem (Fig. 2-4).

    Figura 2-4 Viatura Militar Inflvel (Simulao)

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    2.7.1.2.2 O uso de simulacros bem documentado na histria militar e, mesmo com todo o aparato tecnolgico dos dias de hoje, a sua utilizao perfeitamente aplicvel. Pode-se empreg-los na simulao de blindados, viaturas sobre rodas, avies e, at mesmo, instalaes fixas. O emprego correto pode levar o oponente a avaliar de forma equivocada o nosso poder de combate, garantindo vantagens tticas e, ainda, atraindo fogos de artilharia e ataques areos em reas onde no h tropas, apenas simulacros (Fig. 2-5).

    Figura 2- 5 Instalao logstica simulada na 1 Guerra do Golfo

    2.7.1.3 Utilizao Das Armas De Tiro Curvo

    O emprego das armas de tiro curvo em proveito das Op Dsml extremamente valioso, pois pode auxiliar a confundir o oponente na sua avaliao do dispositivo de nossas tropas. Do emprego de armas de tiro curvo, destacam-se os aspectos que se seguem:

    - prever o apoio de artilharia a um Batalho ou o apoio de morteiros a uma subunidade que fazem a simulao de elementos um nvel acima;

    - executar fogos de preparao com intensidade superior nas zonas de ao secundrias, nos momentos que antecedem ao lanamento do ataque principal;

    - ocupar falsas posies de artilharia e morteiro e, propositalmente, revelar tais posies para o oponente; e

    - utilizar simulacros juntamente com dispositivos explosivos e luminosos, que representem os disparos em posies que desviem a ateno do oponente em relao s verdadeiras j ocupadas.

    2.7.1.4 Repetio Incessante 2.7.1.4.1 Quando se repete uma ao, sem efeito decisivo, diversas vezes h a tendncia natural de que o oponente relaxe suas medidas de segurana. O sistema de inteligncia amigo tem que identificar esse momento para executar uma ao contundente e com efeito decisivo, adotando-se manobras ou modelos semelhantes ao que vinha sendo usado. 2.7.1.4.2 Sendo assim, pode-se empregar sistematicamente aes como: demonstraes, inquietaes e incurses de pequena monta, para causar o efeito psicolgico no oponente

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    de que todas as aes realizadas so apenas um blefe e que nada de importante ir ocorrer naquela frente de combate. 2.7.1.5 Utilizao De Sistemas De Alto-Falantes

    2.7.1.5.1 Os sistemas de alto-falantes podem ser utilizados aumentando a credibilidade

    da estria de dissimulao formulada, na medida em que reproduzem rudos tpicos de deslocamentos de viaturas e armamentos de uma maneira geral. importante, todavia, que sejam empregados em terrenos adequados e em frentes de ataque nas quais haja possibilidade e viabilidade de desdobramento de tropa orgnica do escalo que realiza a Dsml, com os meios aos quais esto tendo seus rudos reproduzidos. 2.7.1.6 Localizao De Postos De Comando 2.7.1.6.1 Os postos de comando (PC) so de importncia capital para a conduo das operaes, por isso devem ser tomados todos os cuidados necessrios para que os rgos de busca do oponente no os identifiquem. Esses cuidados podem contribuir para o esforo da dissimulao e, ainda, aumentar a segurana dessas instalaes. Com essa finalidade, devem ser utilizadas as seguintes medidas: a) reduo das dimenses dos PC, para induzir o oponente a existncia uma tropa de valor menor do que o realmente existe. Essa reduo pode ser realizada com a descentralizao das instalaes, isto , dispersando seus elementos e reas funcionais pelo terreno, como, por exemplo, o afastamento do stio de antenas que servem o PC. b) Outra medida factvel a reduo do trfego de viaturas e pessoal junto rea do PC. Devem ser previstos pontos de desembarque afastados e caminhos desenfiados que conduzam elementos a p ao PC. 2.7.1.7 Localizao e operao de locais de apoio logstico 2.7.1.7.1 A dimenso e localizao de locais de apoio logstico podem definir o escalo presente e at mesmo onde ser realizado o esforo principal. A Dsml Mil pode ser empregada para diminuir a vulnerabilidade das instalaes logsticas, mas tambm, a localizao e operao dessas reas podem ser utilizadas como mais um componente da estria de dissimulao que est sendo retratada. 2.7.1.7.2 Na incluso das instalaes logsticas no contexto da Dsml Mil devem ser adotadas certas medidas, tais como:

    - deslocamento de viaturas isoladamente, evitando-se a formao de comboios, sempre que possvel;

    - deslocamento de viaturas em perodos de visibilidade reduzida; - falsos locais de apoio logstico, com falsos meios de defesa antiarea; - a utilizao, ao mximo, de viaturas civis para transportar suprimentos;

    Como exemplo, na 2 Guerra Mundial, uma companhia snica foi empregada, com alto-falantes montados em half-tracks. Essa subunidade era orgnica de uma tropa organizada apenas para aes de Dsml. Outro exemplo clssico ocorreu na 1 Guerra do Golfo, em 1991, quando tropas norte-americanas utilizaram-se desse sistema para simular que uma fora blindada atacaria por uma frente de combate

    secundria, confundindo a defesa iraquiana.

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    - utilizao de casas abandonadas, fbricas, tneis, cavernas, subterrneos e celeiros para a estocagem e distribuio dos diversos suprimentos;

    - utilizao de simulacros de instalaes logsticas, como postos de distribuio de suprimento; e

    - projeo de eixos alternativos de suprimento para no sobrecarregar a Estrada Principal de Suprimento (EPS), diminuindo a possibilidade de sua identificao pelo oponente.

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    3-1

    3.1 GENERALIDADES 3.2 CONCEPO GERAL 3.3 PLANEJAMENTO DAS OPERAES

    DE DISSIMULAO 3.4 PROCESSO DE PLANEJAMENTO DA

    DISSIMULAO MILITAR 3.5 EXECUO DAS OPERAES DE

    DISSIMULAO MILITAR 3.6 CONCLUSO DAS OPERAES DE

    DISSIMULAO MILITAR 3.7 CAPACIDADES, LIMITAES E

    RISCOS DA DISSIMULAO MILITAR

    CAPTULO III CONCEPO, PLANEJAMENTO E CONDUO DAS OPERAES DE

    DISSIMULAO

    3.1 GENERALIDADES 3.1.1 As Op Dsml so concebidas em trs

    fases: planejamento, execuo e concluso. O comandante da Operao Militar, apoiado pela dissimulao, deve designar um Oficial de Dissimulao (Of Dsml) ao visualizar a necessidade ou perceber uma oportunidade para execuo dessa atividade. 3.2 CONCEPO GERAL 3.2.1 O Of Dsml diligencia a constituio

    de um Grupo de Integrao de Dissimulao Militar (GIDM) que ir congregar as especialidades necessrias ao planejamento e execuo de uma Op Dsml. 3.2.2 Depois dos estudos preliminares, o comandante (Cmt) da operao militar, assessorado por seu Estado-Maior (EM), define a finalidade e os objetivos da dissimulao e baixa diretriz para o trabalho do GIDM. Ato contnuo, esse Grupo passa ao estudo detalhado, e, aps, analisar o oponente e os meios disponveis para execuo da Dsml, formula as possveis linhas de ao.

    3.2.3 No estudo do oponente, levanta as deficincias e vulnerabilidades e os preconceitos

    possveis de serem explorados na montagem da Op Dsml. O GIDM conjectura como o alvo de dissimulao deve comportar-se para que os objetivos estabelecidos pelo Cmt sejam atingidos, preparando a estria de dissimulao. 3.2.4 A estria de dissimulao preparada como a montagem de um cenrio fictcio, composto de eventos que iro induzir o oponente a adotar uma postura favorvel s nossas aes. Esse cenrio fragmentado em aes, que so expostas, por meio de vetores, ao sistema de Inteligncia do oponente. Em outras palavras, o cenrio fictcio apresentado ao oponente fracionado ou desmontado em partes, para que seja percebido, coletado e remontado por ele, durante a sua anlise de inteligncia. 3.2.5 O GIDM deve analisar os riscos e os benefcios para execuo da Op Dsml, pois os

    esforos e os recursos so significativos e sempre existe a possibilidade de insucesso. Em seguida, realizado o estudo detalhado do tempo para assegurar que a operao atinja o objetivo com oportunidade, gerando os efeitos desejados. 3.2.6 O Comandante, ciente dos riscos, dos benefcios, do tempo disponvel e da estria, deve decidir pela Linha de Ao de Dissimulao (LADsml) que melhor atenda

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    3-2

    operao principal. O decisor oponente (alvo), induzido pela estria de dissimulao, dever reagir conforme nossas expectativas. 3.2.7 A fase de concluso da dissimulao deve caracterizar o atendimento da finalidade da operao. O alvo no deve ficar sabendo que foi enganado, a fim de facilitar futuras Op Dsml. Caso contrrio, as oportunidades para ludibriar o oponente tornar-se-o, de forma crescente, restritas. A operao deve ser encerrada de forma a garantir o sigilo da Dsml.

    Fig 3-1 Concepo Geral da Dsml

    3.3 PLANEJAMENTO DAS OPERAES DE DISSIMULAO 3.3.1 O planejamento das Op Dsml um processo interativo, que requer uma avaliao

    detalhada e um constante reexame da finalidade, dos objetivos, dos alvos e da estria de dissimulao, de forma a garantir o pleno xito na sua execuo.

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    3-3

    3.3.2 A metodologia para planejamento pode ser resumida em trs aes: ver, pensar, agir (Fig. 3-2). A operao somente ser bem sucedida quando o alvo acreditar (ou pensar) que os aspectos envolvidos na Dsml so verdadeiros. A finalidade dessa metodologia manipular o processo cognitivo na mente do oponente, induzindo-o tomada de decises vantajosas para as foras amigas. Assim sendo, os trs aspectos ver, pensar e agir devem ser considerados da seguinte forma: a) ver - das operaes amigas, o que o alvo v? b) pensar - quais as concluses a que o alvo chega com base na sua observao? c) agir - quais as aes que o alvo poder tomar em decorrncia das concluses derivadas da observao?

    Figura 3-2 O Processo da Dsml Mil

    3.3.3 As Op Dsml devem ser planejadas de cima para baixo. Os Planos de Dissimulao

    dos escales subordinados devem ser coerentes com o plano do escalo superior. Independentemente do seu nvel, os comandantes e seus EM devem desenvolver os seus respectivos planos, desde que coordenados com o planejamento do escalo superior, a fim de assegurar a unidade do esforo de dissimulao. 3.3.4 O GIDM concebido de forma a incluir todas as especialidades necessrias ao

    planejamento e coordenao da Op Dsml, devendo ser composto por elementos representantes das 2a, 3a, 4a, 5a e 6a sees do Estado-Maior (EM), bem como elementos da Seo de Op Info ou outros planejadores determinados pelo comandante ou solicitados pelo Of Dsml.

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    3-4

    3.3.4.1 A composio desse grupo poder ser alterada durante a execuo da operao,

    porm deve-se levar em conta o carter sigiloso do Plano de Dissimulao e a restrio do seu conhecimento apenas ao pessoal estritamente necessrio. 3.3.4.2 O GIDM dever desempenhar as seguintes atribuies:

    - ou assessorar o Of Dsml; - planejar as atividades de dissimulao; - intermediar e trabalhar de forma integrada com as demais sees de EM; - responder s ordens de dissimulao do escalo superior e assegurar a

    apropriada execuo; - coordenar com o escalo superior os esforos de dissimulao planejados,

    dirimindo os potenciais conflitos; - solicitar recursos ao escalo superior para o desenvolvimento e o apoio ao Plano

    de Dissimulao; - buscar oportunidades de implementao da Dsml em apoio misso principal da

    fora; e - confeccionar o Apndice de Dissimulao (Plano de Dissimulao) do Anexo de

    Operaes de Informao Ordem/Plano de Operaes. 3.3.4.3 O Oficial de Operaes de Informao, que supervisiona os trabalhos do Of Dsml, auxiliar o E3 na integrao da Op Dsml com a operao apoiada como um todo. 3.3.5 Um reduzido nmero de oficiais em funes chaves e comandantes devem ter

    conhecimento do Plano de Dissimulao e das aes a serem executadas, garantindo a segurana. Isso, entretanto, pode causar desordem, mal-entendidos ou confuso entre as foras amigas, requerendo um cerrado monitoramento por parte do comandante e de seu EM. 3.4 PROCESSO DE PLANEJAMENTO DA DISSIMULAO MILITAR 3.4.1 A operao principal apoiada e a sua Dsml devem ser planejadas de forma paralela, levando em considerao a constante evoluo da situao (amiga e oponente). A relao custo-benefcio dever ser continuamente verificada, pois uma eventual falha pode colocar em risco o pessoal e os meios das foras amigas, bem como pode gerar efeitos e consequncias no previstas. O Processo de Planejamento de Dissimulao consiste de trs etapas e suas fases (Fig. 3-3):

    - Etapa 1: Recebimento da Misso

    - Etapa 2: Desenvolvimento do Conceito de Dissimulao

    - Etapa 3: Confeco e aprovao do Plano de Dissimulao

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    Figura 3-3 Processo de Planejamento da Dsml Mil

    3.4.2 RECEBIMENTO DA MISSO 3.4.2.1 O recebimento da misso determina o incio dos trabalhos relacionados ao planejamento da Dsml. 3.4.2.2 A determinao de preparar uma Op Dsml ocorre por uma necessidade do

    escalo superior (Esc Sp) ou pela visualizao de uma oportunidade pelo Cmt da operao militar. Essas necessidades, normalmente, consistem na realizao de eventos e aes para auxiliar na montagem do cenrio fictcio preparado pelo Esc Sp, enquanto a explorao da oportunidade carece de um planejamento mais elaborado do que simplesmente contribuir com parte da estria de Dsml. 3.4.2.3 As Op Dsml so planejadas e coordenadas de forma centralizada, portando necessria estreita ligao com os Esc Sp e subordinados para obteno da sincronizao das aes em todos os nveis de execuo.

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    3.4.3 DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO DE DISSIMULAO

    3.4.3.1 Fase 1 Anlise da Misso de Dissimulao 3.4.3.1.1 Aps o recebimento da misso, o comandante expede as orientaes iniciais

    para o Of Dsml, que com o GIDM, desenvolve as condies para montagem da Op Dsml, trabalhando em conjunto com os oficiais de operaes, inteligncia e informaes. Esse trabalho conjunto e integrado, desde o incio dos planejamentos, possibilita o levantamento das oportunidades e vulnerabilidades do oponente, assegurando o emprego da Dsml devidamente sincronizado com a operao apoiada. 3.4.3.1.2 O GIDM realiza os estudos preliminares sobre o oponente, as nossas foras, as limitaes de planejamento e a avaliao inicial dos riscos: a) o estudo inicial sobre o oponente foca nas informaes disponveis, ressaltando os seguintes aspectos: vulnerabilidades, preconceitos sobre as nossas foras, ideologias, doutrina, capacidades, funcionamento do Sistema de Inteligncia, provveis alvos de Dsml e novas necessidades de informaes sobre o oponente. b) o estudo inicial das nossas foras orientado para as nossas fraquezas e deficincias, meios existentes para emprego na Dsml, capacidades a serem mantidas em sigilo e principais necessidades de coordenao com o Esc Sp e subordinados. c) como restries de planejamento, devem ser considerados os diplomas legais, nacionais e internacionais, as limitaes impostas pelos nveis de planejamento superiores, particularmente o poltico, as regras de engajamento e a disponibilidade de tempo para execuo da operao, que podem interferir no curso da Dsml, d) na avaliao inicial dos riscos pesar a relao custo x benefcio da Dsml. 3.4.3.1.3 Depois dos estudos iniciais, o Of Dsml prope a finalidade e os objetivos da operao, caso o Cmt j no os tenha definido. Esses estudos preliminares so aprofundados e atualizados ao longo do planejamento, por meio do emprego do GIDM. 3.4.3.1.4 A finalidade descreve o resultado e efeitos esperados, enquanto os objetivos traduzem as contribuies da Dsml para a consecuo da Operao Militar como um todo. a) a finalidade estabelecida pelo comandante, descrevendo como a Dsml ir contribuir para o sucesso da misso/operao a ser apoiada ou o resultado esperado de forma positiva, como por exemplo: A dissimulao militar dever atrair as foras blindadas do oponente para o sul da rea de operaes. b) os objetivos so expressos por intermdio das vantagens a serem obtidas com a Dsml:

    - proteger as fraquezas, as capacidades e as intenes das foras amigas dos meios de coleta do oponente;

    - aumentar o poder relativo de combate das foras amigas em determinado ponto decisivo;

    - permitir a conquista de determinada posio com o mnimo de perdas humanas e materiais; e

    - ganhar tempo para a montagem de uma Operao Defensiva. 3.4.3.1.5 Ao concluir a Anlise da misso, o Of Dsml apresenta os resultados ao

    comandante, que expede sua Diretriz de Planejamento.

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    3.4.3.2 Fase 2 Diretriz de Planejamento de Dissimulao O comandante emite a sua Diretriz de Planejamento para o EM, na qual, entre

    outras recomendaes, define a finalidade e os objetivos de Dsml com base nos estudos preliminares. Alm disso, deve proporcionar orientaes adicionais sobre a montagem das LADsml, a serem consideradas pelo EM, quando da realizao do Exame de Situao.

    3.4.3.3 Fase 3 Exame de Situao de Dissimulao 3.4.3.3.1 O Exame de Situao de Dissimulao conduzido como parte do Exame de Situao da operao apoiada. Os planejadores da Dsml Mil devem continuar trabalhando em coordenao com as sees do EM a fim de: a) obter e analisar as informaes acerca do oponente; b) identificar os decisores oponentes, estudando todas as informaes disponveis acerca das suas formaes acadmicas, perfil psicolgico, etc; c) identificar opinies preconcebidas que os lderes oponentes possam ter acerca das intenes e capacidades amigas; d) considerar o sistema de comando e controle e o processo decisrio oponente; e) estudar as capacidades de IRVA do oponente; e f) identificar as linhas de ao (LA) que o oponente pode adotar ou considerar. 3.4.3.3.2 Os analistas de inteligncia proporcionam avaliaes acerca das

    vulnerabilidades do oponente Dsml Mil, quando da realizao do estudo de inteligncia. a) Cada oponente avaliado especificamente, para que sejam determinadas as capacidades de IRVA mais utilizadas no processo decisrio, que normalmente so:

    - inteligncia humana, de fonte aberta, de sinais e geoespacial; e - capacidades orgnicas utilizadas pelo oponente, entre outras.

    b) Caso o oponente no disponha de uma adequada capacidade de IRVA, ele poder obter dados com os seus aliados. Dessa forma, a anlise de inteligncia deve incluir o levantamento das organizaes e sistemas de inteligncia que no so diretamente controlados pelo oponente, mas que estejam disponveis para sua utilizao. c) Identificao, se possvel, das LA possveis e provveis do oponente, bem como dos motivos que levaro os decisores oponentes a adot-las. d) Identificao de pessoal e/ou organizaes chaves na estrutura da fora oponente, que tomam decises ou realizam aes que venham a ter impacto na aceitao, ou no, da estria pelo alvo. e) Identificao dos condutores, potencialmente acessveis ou necessrios, para levar a estria de Dsml ao alvo. f) Antecipao de como a estria ser recebida, interpretada e as possveis aes decorrentes em funo do estilo de tomada de deciso do alvo. g) Escolha dos condutores apropriados para transmisso da estria de dissimulao, com base nas capacidades de IRVA do oponente, e a estruturao da linha do tempo para exposio dos eventos.

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    h) Os objetivos de Dsml so decompostos ou traduzidos nas reaes desejadas para o oponente, buscando, desse modo, determinar o comportamento necessrio para do alvo. Exemplo:

    - objetivo: ganhar tempo para a montagem de uma operao defensiva. - o oponente deve realizar reconhecimentos adicionais para atacar, aguardar a

    concentrao de meios para atacar com reforos, aumentar o desdobramento das foras de ataque, para ampliar a diferena do poder relativo de combate, e empregar meios desnecessrios para abertura de campos minados. 3.4.3.3.3 As informaes obtidas no estudo de inteligncia servem de base para o GIDM desenvolver as diferentes LADsml, capazes de atingir os objetivos estabelecidos pelo Cmt. 3.4.3.3.4 As LADsml devem identificar os alvos, avaliar possveis meios a serem empregados, estabelecer os condutores e indicar o esboo da estria de Dsml. 3.4.3.3.5 comum que as LA desenvolvidas para o cumprimento da operao apoiada

    sirvam de base para as LADsml. Essa integrao facilitar a sincronizao das aes para apoiar a Operao Militar. 3.4.3.3.6 A avaliao das LADsml deve levar em conta a ocorrncia de efeitos

    indesejados, caso o oponente responda Dsml Mil de forma inesperada (reverso). A seguinte pergunta deve ser respondida: Qual o risco, caso o oponente responda de forma diferente do planejado? 4.3.3.7 Devem ser analisados os pontos fortes e fracos das LADsml propostas. Para isso devem ser considerado(a)(s):

    - a praticabilidade; - o impacto na operao apoiada; - a segurana; - em que grau a LADsml apoia a Operao Militar; e - o impacto da LADsml na capacidade de auxlio operao principal, quanto

    Inteligncia, ao Pessoal e Logstica. 3.4.3.3.8 Na fase final do processo de realizao do Exame de Situao, os planejadores

    da Dsm Mil consideram todas as LA desenvolvidas para a execuo da operao apoiada. Quando da proposta ao comandante sobre a LADsml a ser adotada, um dos aspectos a ser considerado a forma como a Dsml apoia uma LA especfica, juntamente com outras capacidades das Operaes de Informao. 3.4.3.4 Fase 4 Deciso de Dissimulao do Comandante 3.4.3.4.1 No Exame de Situao, o comandante chega a uma deciso selecionando uma

    das LA para elaborao do Plano de Operaes, ou Ordem de Operaes, ao mesmo tempo seleciona a LADsml para elaborao do Plano de Dissimulao. 3.4.3.4.2 Nesta fase, elementos dos GIDM, dos escales subordinados, podem ser

    incorporados ao processo de planejamento, garantindo a unidade de esforo e a integrao dos Planos de Dissimulao de todos os nveis.

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    3.4.4 CONFECO E APROVAO DO PLANO DE DISSIMULAO 3.4.4.1 Fase 5 Confeco do Plano de Dissimulao

    A elaborao do Plano de Dissimulao a fase do processo de planejamento que consome o maior tempo. Ela pode ser dividida em 6 (seis) subfases: complementao da estria de Dsml, identificao dos vetores, desenvolvimento da matriz de eventos, estabelecimento das medidas de acompanhamento da operao, determinao dos indicadores de eficcia e desenvolvimento do conceito para o encerramento da operao de Dsml. 3.4.4.1.1 Complementao da Estria de Dissimulao

    a) Durante o Exame de Situao de Dissimulao, os planejadores desenvolvem o esboo da estria que deve ser detalhado e complementado. Para isso, os planejadores devem identificar todas as aes que devem, ou no, ser observadas pelos meios de IRVA do oponente. O apoio dos planejadores operacionais, logsticos e dos sistemas de comunicaes necessrio para assegurar que todas as atividades (reais ou no) a serem executadas estejam sendo identificadas pelo oponente. b) O fator tempo um elemento chave a ser considerado no desenvolvimento da estria de Dsml. Os planejadores da Dsml Mil devem determinar qual o tempo disponvel para apresentar ao oponente a estria, estimando quanto tempo necessrio para que o alvo processe a informao e tome a deciso com vistas ao desejada. O tempo disponvel pode determinar o escopo e a profundidade da estria. Os seguintes aspectos devem ser analisados:

    -Tempo Mnimo Necessrio: quando a ao (ou inao) adversria

    indispensvel? Amanh, na prxima semana ou no prximo ms? O tempo disponvel para o planejamento e execuo do Plano de Dissimulao pode limitar o intento da Op Dsml.

    - O Alvo de Dissimulao: o alvo cauteloso ou arrisca-se? O alvo ir reagir aos

    primeiros indcios ou ir demandar uma extensiva confirmao por intermdio do seu sistema de IRVA antes de tomar a deciso esperada? Quanto tempo o alvo normalmente leva para decidir?

    - A Execuo da Fora Oponente: uma vez que a deciso tenha sido tomada,

    quanto tempo o alvo necessita para formular e expedir uma ordem? Quanto tempo ser necessrio para o oponente realizar a ao esperada? Por exemplo, se o objetivo da Dsml o deslocamento de uma unidade adversria para um ponto distante, deve ser consentido o tempo necessrio para o alvo de Dsml formular e expedir a ordem de movimento para a Fora Oponente, que deve receber e executar essa ordem.

    - O Processamento de Inteligncia: Quanto tempo preciso para que os

    sistemas de deteco do oponente realizem a coleta, a anlise e a entrega da informao falsa ao alvo de Dsml? Esse tempo pode variar em funo do nvel de comando do alvo.

    - Execuo das Aes de Dissimulao: Quando as demonstraes, fintas, ardis ou outras atividades devem ser detectadas ou reconhecidas pelo sistema de IRVA do oponente? Por quanto tempo estas aes devem durar? 3.4.4.1.2 Identificao dos Vetores de Dissimulao

    Uma vez que a estria esteja completamente desenvolvida, o GIDM deve identificar os vetores a serem utilizados para retratar a estria. Essa tarefa requer um conhecimento detalhado das capacidades de IRVA do oponente e das foras amigas. Nessa identificao, h necessidade de determinar o perfil da atividade ou do elemento de

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    combate. Depois, as capacidades de IRVA do oponente devem ser relacionadas aos indicadores de perfil, concluindo com a seleo dos vetores a serem empregados na Dsml. a) Determinao do perfil da atividade ou do elemento de combate:

    - Cada elemento de combate ou atividade possui um determinado perfil, composto de diversos indicadores. O estabelecimento do perfil deve levar em considerao os equipamentos e os padres operacionais para retratar a estria de Dsml. Alguns aspectos devem ser considerados para identificao dos indicadores:

    - caso o plano demande a simulao de uma Brigada de Cavalaria Mecanizada (Bda C Mec), os planejadores devem determinar como o fluxo normal de comunicaes em uma Bda C Mec e como ela empregada.

    - caso haja a necessidade de se retratar eletronicamente e visualmente um determinado elemento de manobra, por meio de simulacros, o dispositivo e quantidade desses simulacros, no terreno, devem replicar a composio real da tropa e a forma como ela se organiza no terreno;

    - mdulos de emprego de natureza similares possuem perfis diferentes (uma Brigada de Infantaria Leve possui perfil diferente de uma Brigada de Infantaria Mecanizada, em razo das diferenas de equipamento e dos diferentes sistemas de comunicaes); e

    - os perfis dos mdulos de emprego das nossas foras devem ser mapeados de forma a compor um banco de dados a ser utilizado pelos planejadores da Dsml Mil. b) Relacionar as Capacidades de IRVA do oponente com os Indicadores de Perfil: Essa comparao consiste em relacionar as capacidades de IRVA do oponente, avaliadas durante o exame de situao, com os indicadores apropriados. Aqueles indicadores que o oponente no tem condio de detectar e coletar com os seus meios no devem ser retratados. Se for conhecido que o oponente valoriza os dados provenientes de determinadas fontes, em detrimento dos dados advindos de outras, deve-se enfatizar os indicadores que sero coletados pelas fontes mais valorizadas. c) Selecionar os Vetores: Com base nos dados anteriores, devem ser selecionados os vetores a serem empregados para a Dsml, buscando aumentar a visibilidade dos indicadores ao oponente. Durante a seleo dos vetores, deve haver uma cerrada coordenao com os planejadores de Guerra Eletrnica, Operaes de Apoio Informao, inteligncia, fogos etc., para garantir a unidade de esforos. Se a estria de Dsml depende de certos meios de IRVA do oponente para ser conduzida at o alvo, ento esses meios no podem ser engajados pelas atividades amigas, para no comprometer a execuo do Plano de Dissimulao. 3.4.4.1.3 Desenvolvimento da Matriz de Eventos de Dissimulao

    a) Os eventos podem ser entendidos como as partes que formam a estria. O cerne da Dsml baseia-se na transmisso e negao de informaes, para isso esses eventos de Dsml so decompostos em vetores que podem ser de natureza fsica, tcnica e administrativa. Tais vetores podem ser empregados de forma individual ou combinados em funo da situao. b) Os vetores fsicos consistem em atividades ou recursos utilizados para transmitir ou negar informaes selecionadas a um oponente. Esses vetores incluem atividades operativas e recursos, como:

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    - movimento de foras; - exerccios e atividades de treinamento; - iscas, equipamentos e dispositivos falsos; - aes tticas; - aes logsticas, localizao de depsitos de suprimento e outras instalaes; - atividades de teste e avaliao; e - atividades de reconhecimento e vigilncia.

    c) Os vetores tcnicos so os recursos militares materiais e as tcnicas associadas sua operao, utilizados para transmitir ou negar informaes selecionadas a um oponente. Como qualquer utilizao de recursos militares materiais, o emprego de vetores tcnicos deve estar de acordo com a lei, tanto internacional como local. Dentre esses vetores podem ser destacados:

    - emisso deliberada, alterao, absoro ou reflexo de energia; - emisso ou supresso de odores qumicos ou biolgicos; e - multimdia (rdio, televiso, difuso sonora, computadores, redes de computador,

    smartphones e assistentes digitais pessoais). d) Os vetores administrativos incluem recursos, mtodos e tcnicas, designados para transmitir ou negar evidncias orais, pictricas, documentais ou qualquer outra evidncia fsica. e) O objetivo da matriz identificar o que ir ocorrer, quando, onde, e quem ir executar, devendo constar do Plano de Dissimulao (Fig. 3-4).

    Na concepo da matriz devem ser considerados: - as condies de tempo das atividades reais das foras amigas; - o tempo necessrio para as foras amigas conduzirem as atividades de Dsml; - a sequncia normal de eventos para o tipo de operao que est sendo

    retratada; - o tempo necessrio para que o sistema de IRVA do oponente faa a coleta,

    anlise e comunicao do evento; - o tempo necessrio para que o alvo de Dsml tome a deciso para a

    realizao da ao desejada; e - o tempo necessrio para a execuo da ao desejada.

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    Figura 3- 4 Exemplo de Matriz de Eventos de Dissimulao

    3.4.4.1.4 Estabelecimento das Medidas de acompanhamento da Dsml a) A execuo da Dsml Mil requer dois tipos fundamentais de acompanhamentos acerca da situao que devem ser preparados no planejamento. O acompanhamento dos condutores identifica qual a informao de dissimulao est atingindo o alvo. O acompanhamento do alvo identifica que decises, manifestadas em aes, o alvo est

    tomando em decorrncia dos eventos apresentados. b) O GIDM dever levantar os Elementos Essenciais de Informaes de Dissimulao (EEIDsml) de forma a conseguir realizar o acompanhamento da situao. Esses EEIDsml devem ser coordenados com os planejadores de Inteligncia, de modo que sejam includos nas Ordens e Pedidos de Busca para constar dentre os Elementos Essenciais de Inteligncia (EEI) da operao apoiada. Essa coordenao possibilitar que os EEIDsml sejam rapidamente coletados e repassados ao GIDM para o acompanhamento da situao. 3.4.4.1.5 Estabelecimento das Medidas de Eficcia (MEf) a) As medidas de eficcia so avaliaes qualitativas baseadas nas observaes de indicadores distintos, observveis e quantificveis. Essas medidas possibilitam ao comandante avaliar a contribuio do esforo de Dsml para a obteno do estado final desejado (EFD). Alm disso, as MEf facilitam a avaliao de como a Dsml est atingindo os seus objetivos especficos.

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    b) As MEf tm fundamental importncia para a medio de: - eficcia descrevem o relacionamento entre os resultados e os objetivos. Os

    objetivos de dissimulao foram atingidos? Se no, por que no? - eficincia descrevem a relao entre as aes e seus resultados. Embora o

    Plano de Dissimulao tenha sido eficaz, as aes para a sua consecuo foram as mais rpidas e com menos recursos empenhados?

    - adaptabilidade descreve a forma como o Plano de Dissimulao responde s mudanas de demandas. O plano suficientemente flexvel para ser ajustado de forma a reagir s situaes inesperadas? c) O emprego das MEf e seus indicadores so meios que permitem acompanhar a evoluo da Op Dsml, servindo como uma ferramenta de apoio deciso. d) Embora as MEf sejam diretamente relacionadas cada operao, os planejadores devem ter em mente os seguintes aspectos quando da sua concepo:

    - propriedade: as MEf devem ser estipuladas e dimensionadas de acordo com a pessoa ou o militar a ser assessorado com a informao. Caso sejam concebidas para fornecer informaes para elementos fora do comando que as concebem, devem ser gerais e em menor nmero. Caso se destinem a auxiliar o comandante, devem ser mais especficas e em maior nmero;

    - relacionamento com a misso: as MEf devem estar relacionadas misso; - ter quantidade razovel: deve-se evitar o estabelecimento de muitas MEf, haja

    vista que o seu controle pode se tornar impraticvel durante a operao; - sensibilidade: as MEf devem possuir sensibilidade performance da fora e

    refletir, de forma acurada, as mudanas relacionadas ao da fora. Fatores estranhos fora no devem afetar as MEf estabelecidas; e

    - utilidade: devem detectar, com rapidez suficiente, as mudanas de situao, a

    fim de possibilitar ao comandante a resposta imediata e eficaz nos pontos de deciso identificados no Plano de Dissimulao.

    e) As Op Dsml podem incluir indicadores tais como:

    - o comandante oponente est empregando suas foras de forma vantajosa em relao s nossas, apesar das aes de dissimulao;

    - a sobrecarga no sistema de inteligncia do oponente est trazendo os resultados esperados para as nossas operaes;

    - o oponente est desperdiando poder de combate em frentes secundrias; - o comandante oponente est revelando suas foras, dispositivos e intenes; e - o condicionamento do oponente est surtindo o efeito desejado.

    3.4.4.1.6 Desenvolvimento do Conceito de Concluso da Operao

    a) O Plano de Dissimulao deve abordar como concluir a operao, assegurando a divulgao ordenada e controlada das informaes relacionadas com o encerramento da Dsml. Para a execuo desse aspecto da operao, so necessrios os mesmos cuidados e ateno utilizados no planejamento das aes de dissimulao, incluindo medidas de contingncia para eventos imprevistos e prematuro comprometimento da operao. b) A manuteno do sigilo da Op Dsml muito difcil, pois muitas vezes o alvo saber que foi enganado. Em certas ocasies interessante divulgar como a Dsml contribuiu para

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    consecuo da operao apoiada, buscando a degradao da imagem e da liderana do comandante oponente. Entretanto, na maioria das oportunidades, a Op Dsml dever ser encerrada de forma sigilosa, sem revelar a sua existncia para as nossas foras e para o oponente. Essa atitude visa no comprometer a execuo de futuras dissimulaes, preservando tcnicas, tticas e modus operandi. c) Alguns cenrios potenciais para a concluso da Op Dsml so os seguintes:

    - Operao de Dissimulao bem sucedida: a Dsml seguiu conforme o planejado, atingindo os seus objetivos, e a sua concluso no afeta ou expe a dissimulao;

    - alterao no cenrio da misso: a situao da operao como um todo se

    modificou, e as circunstncias que motivaram a execuo da Dsml Mil no mais so vlidas;

    - o risco e/ou a probabilidade de sucesso so recalculados: alguns elementos levantados no Exame de Situao de Dsml Mil se alteraram de uma forma que o risco associado Op Dsml ficou insustentvel e o comandante resolve cancelar o componente de dissimulao adotada;

    - o tempo da operao no adequado: a Dsml Mil executada e pode ser bem sucedida, mas no est em uma linha do tempo adequada com a operao apoiada ou com outros aspectos relevantes das Op Info, ou ainda, se torna evidente que a janela de oportunidade para a explorao de certos condutores ou alvos de dissimulao foi fechada, nesse caso a Dsml Mil deixa de ser relevante para a operao apoiada;

    - aparecimento de uma nova oportunidade: em determinado ponto, durante a

    execuo da Op Dsml, fica aparente que caso alguns elementos, como os condutores, os objetivos e o alvo sejam modificados, a probabilidade de sucesso da operao ir aumentar, os riscos sero reduzidos ou o impacto da Op Dsml ser maior. Nesse caso, o dissimulador pode encerrar alguns eventos, enquanto reorienta o planejamento e a execuo.

    - comprometimento da Dsml Mil - o dissimulador levado a crer que alguns

    elementos da Op Dsml se tornaram conhecidos do oponente. d) O conceito de concluso da Dsml Mil poder ser atualizado, ao longo da execuo, em funo das mudanas de situao. Esse conceito inicial da concluso deve ser incorporado ao Plano de Dissimulao com:

    - uma breve descrio de cada circunstncia de cenrio de trmino; - os passos para dar incio ao trmino da Dsml para cada cenrio; e - a identificao do comandante que possui a autoridade para a concluso da

    operao. e) O conceito de concluso dever abordar a inteno de manuteno ou no do sigilo ao trmino da operao, bem como orientar o trato a ser dado com as informaes relacionadas com a Dsml. 3.4.4.2 Fase 6 Reviso e Aprovao do Plano de Dissimulao 3.4.4.2.1 O Plano de Dissimulao dever ser de conhecimento de um nmero limitado de

    militares, portanto devem participar de sua reviso e aprovao apenas os elementos diretamente envolvidos na sua elaborao. 3.4.4.2.2 Aps a reviso, o plano ser aprovado pelo respectivo comandante.

  • EB20-MC-10.215

    3-15

    3.5 EXECUO DAS OPERAES DE DISSIMULAO 3.5.1 O Plano de Dissimulao consiste na base para execuo, porm a operao exige

    avaliao contnua, que abrange desde o recebimento e o processamento das informaes de Dsml ao controle, caracterizado pelas decises emitidas ao longo da evoluo da situao at a concluso da operao. 3.5.2 COORDENAO DA EXECUO 3.5.2.1 Uma vez que o processo de planejamento tenha sido concludo, torna-se fundamental a realizao de uma coordenao constante, em todos os nveis, a fim de garantir o sucesso da operao. Esse processo contnuo de coordenao deve acompanhar o ciclo de execuo da dissimulao (Fig. 3-5).

    Figura 3-5 C